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Educação Unisinos

17(3):238-249, setembro/dezembro 2013


© 2013 by Unisinos - doi: 10.4013/edu.2013.173.08

A Educação Especial nos cursos de Pedagogia:


considerações sobre a formação de professores
para a inclusão escolar

Special Education in Pedagogy courses: On training of


teachers for inclusive education
Natalia Neves Macedo Deimling
natalian@utfpr.edu.br

Resumo: O objetivo deste ensaio teórico consiste em discutir qual foi, qual é e qual poderia
ser o espaço reservado à Educação Especial nos cursos de formação de professores, em
particular nos cursos de Pedagogia. Para tanto, foi realizado um estudo bibliográfico de caráter
qualitativo, tendo como referencial teórico autores cujos estudos focam o curso de Pedagogia
e a temática Formação de Professores, especialmente no contexto da inclusão escolar, tendo
como foco principal o Estado de São Paulo. Da mesma forma, foram utilizadas para discussão
algumas das políticas e diretrizes públicas que têm fundamentado a formação de professores.
Ao longo da discussão, foi ressaltado o espaço reservado à Educação Especial na formação
docente antes e depois da promulgação da Resolução CNE/CP N° 1/2006 e, ao final, discutida a
importância dos conhecimentos sobre Educação Especial nos cursos de formação de professores,
apresentando o espaço que esses conhecimentos poderiam ter no momento de sua formação
inicial. O ensaio conclui que, apesar do avanço das discussões dessa área do conhecimento,
a Educação Especial pode, ainda, conquistar mais espaço no currículo desses cursos, não
necessariamente por meio de um aumento do número de disciplinas específicas, mas por meio
de conteúdos ou tópicos relacionados ao assunto em outras disciplinas da matriz curricular.

Palavras-chave: formação de professores, educação inclusiva, curso de Pedagogia.

Abstract: The aim of this theoretical essay is to discuss what was, what is and what could be
the role of Special Education in teacher training courses, especially in the Pedagogy courses.
A qualitative bibliographic study was done with the authors whose studies focus on theoretical
framework in Pedagogy courses and teacher training Education, especially inclusive education,
focusing mainly in the State of São Paulo. Public policies and guidelines that are the basis
of teacher training were used for this study. Throughout the study it was emphasized the
role of Special Education in teacher training before and after the enactment of the CNE/CP
No. 1/2006 and, in the end, it was discussed the importance of knowledge about special
education courses in teacher training, presenting the importance that this knowledge could
have during the teachers’ initial training. The essay concludes that, despite the progress in
these discussions, Special Education could have more space in the curriculum of these courses.
Not necessarily by increasing specific subjects but by presenting topics related to the matter
in other areas of curriculum.

Key words: teacher training, inclusive education, Pedagogy course.


A Educação Especial nos cursos de Pedagogia: considerações sobre a formação de professores para a inclusão escolar

Introdução Para o desenvolvimento desse instrumentalização técnica que lhes


ensaio teórico2, foi realizado um possibilitasse uma ação eficaz.
Ao longo dos últimos anos, ob- estudo bibliográfico de caráter O curso de Pedagogia teve ori-
servamos um aumento no número qualitativo, tendo como referencial gem, no Brasil, com o Decreto-Lei
de crianças e jovens com Neces- teórico autores cujos estudos e pes- nº 1190/39, de 4 de abril de 1939.
sidades Educacionais Especiais quisas focam o curso de Pedagogia e Ao organizar a Faculdade Nacional
(NEE)1 matriculados nas classes a temática Formação de Professores, de Filosofia, o mencionado Decreto
comuns do ensino regular (Brasil, em especial, a formação docente no estruturou-a em quatro seções: filo-
2010). Esse aumento deve-se às contexto da inclusão escolar, tendo sofia, ciências, letras e pedagogia,
iniciativas e reivindicações dos como foco principal o Estado de acrescentando, também, a didática
movimentos sociais de pessoas São Paulo. Da mesma forma, foram como seção especial. As seções de
com deficiência e de sua família em utilizadas para discussão algumas filosofia, ciências e letras compre-
prol de uma educação para todos das políticas e diretrizes públicas que endiam, cada uma, diferentes cursos,
e, consequentemente, das políticas têm fundamentado a formação de mas a seção de pedagogia, assim
públicas de educação na perspec- professores. A escolha do referencial como a seção especial de didática,
tiva da educação inclusiva, que teórico e das legislações esteve de era constituída de apenas um curso
proclamam uma escola para todos. acordo com o objetivo do trabalho. cujo nome era idêntico ao da seção.
Diante desse quadro, são também Surge, então, o curso de pedagogia,
elaboradas políticas que determi- A Educação Especial nos definido, a princípio, como um curso
nam, dentre outros aspectos, que os cursos de Pedagogia de bacharelado (Saviani, 2008).
cursos de formação de professores antes da Resolução O diploma de licenciado, para
da educação básica os capacitem CNE/CP N° 1/2006 todos os cursos, era obtido quando
a atuar, na rede regular de ensino, o estudante acrescentava ao curso
com alunos com NEE. Estudos e pesquisas sobre a for- de bacharelado o curso de didática,
Diante dessa realidade, buscamos mação de professores, em especial com duração de um ano (esquema
com esse ensaio teórico discutir qual sobre a formação inicial, têm sido “3+1”). No caso do curso de Pe-
foi, qual é e qual poderia ser o espaço desenvolvidos sob diferentes ân- dagogia, o bacharel deveria cursar
reservado à Educação Especial nos gulos e concepções. Alguns desses apenas duas disciplinas, uma vez
cursos de formação de professores, estudos discutem sobre a impor- que as demais disciplinas do curso
em particular nos cursos de Pedago- tância de esta formação oferecer os de didática já faziam parte de seu
gia que formam professores para atu- conhecimentos necessários e essen- currículo (Saviani, 2008). No mo-
ar nos anos iniciais da escolarização ciais para a atuação pedagógica dos delo de currículo implantado pelo
básica. Considera-se que o professor professores em sala de aula, seja qual Decreto nº 1190/39 não havia na
do ensino regular, para atuar em uma for a área de conhecimento. formação do pedagogo disciplinas
escola que se espera inclusiva, deva Já na década de 1970, Saviani relacionadas especificamente à
possuir, entre outros, conhecimentos (1976) discutia o papel dos cursos Educação Especial.
básicos sobre a Educação Especial, superiores, em especial dos cursos Essa estrutura prevaleceu até
para que possa atuar colaborativa- de graduação em Pedagogia, na a aprovação da primeira Lei de
mente com os demais profissionais formação inicial de professores, Diretrizes e Bases da Educação
da educação – e também da saúde, aventando que tais cursos deveriam Nacional - Lei nº 4.024 de 20 de
em casos específicos – no processo possibilitar aos licenciandos uma dezembro de 1961. A partir dessa
de ensino-aprendizagem de todos os aguda consciência da realidade de Lei e das alterações decorrentes do
estudantes, inclusive daqueles que, atuação, uma fundamentação teó- Parecer nº 251 do Conselho Federal
historicamente, estiveram excluídos rica que lhes permitisse uma ação de Educação (CFE), aprovado em
da escola. coerente, além de uma satisfatória 1962, o curso passou a ter nova re-

1
Optamos por utilizar o termo pessoa/criança/aluno com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) para designar os alunos da Educação Especial, ou
seja, educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, em conformidade com o documento sobre
a Política Nacional de Educação na Perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil, 2008). Vale ressaltar que o termo “aluno com necessidades educacionais
especiais” tem como referência o documento que estabelece as “Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica”, de 2001.
2
Trata-se de um recorte da dissertação de mestrado da autora, cujo objetivo principal consistiu em compreender de que maneira a Educação Especial
239
na perspectiva da Educação Inclusiva tem sido contemplada nos cursos de Pedagogia das três Universidades Públicas Estaduais de São Paulo a partir
da análise da Proposta Político-Pedagógica, da matriz curricular e das ementas das disciplinas oferecidas nesses cursos. O estudo foi realizado no
ano de 2010. Por esse motivo, a análise se apresenta restrita ao Estado de São Paulo.

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gulamentação. Na nova estrutura, o de 1º grau, Inspeção Escolar para o versidade Mackenzie (habilitação
curso passou a ter duração de quatro exercício na escola de 1º grau. O es- para o “Magistério de Deficientes
anos, englobando o bacharelado e a tudante poderia cursar, no máximo, Mentais”), pela Pontifícia Universi-
licenciatura. Neste novo modelo, as duas habilitações concomitantemen- dade Católica de São Paulo (habili-
disciplinas de licenciatura poderiam te, sendo permitido seu retorno para tação em “Educação de Deficientes
ser cursadas concomitantemente obter novas habilitações mediante da Audiocomunicação”) e pelas
com o bacharelado. O currículo ain- complementação de estudos, as Faculdades Metropolitanas Unidas
da manteve seu caráter generalista, quais seriam apostiladas no diploma (FMU); em 1975, pela Pontifícia
porém, com algumas alterações: (Mazzota, 1993; Saviani, 2008). Não Universidade Católica de Campinas
compreendia disciplinas obrigatórias havia, até este momento, habilitação (“Habilitação em Magistério para
e ganhou onze opcionais, das quais prevista para formação em Educação Deficientes Mentais”); e, em 1976,
duas deveriam ser cursadas pelos Especial no ensino superior. pela Faculdade “Auxilium” de Filo-
alunos (Saviani, 2008). A partir da década de 1960, al- sofia, Ciências e Letras (“Habilita-
Com a Lei da Reforma Universi- gumas iniciativas de formação na ção em Magistério para Deficientes
tária, Lei nº 5.540, de 28 de novem- área de Educação Especial foram Mentais”) e pela Universidade de
bro de 1968, houve uma nova regu- sendo criadas em alguns Estados do Mogi das Cruzes (“Habilitação em
lamentação do curso de Pedagogia, país, como é o caso, por exemplo, Educação de Deficientes da Audio-
levada a efeito pelo Parecer CFE do Estado do Rio Grande do Sul, comunicação” – reconhecida apenas
nº 252/69, do qual resultou a Re- que, já no ano de 1962, iniciou, em 1978). Todas essas habilitações
solução CFE nº 2/69, que fixou os na Universidade Federal de Santa eram oferecidas no curso de Peda-
conteúdos e a duração do curso de Maria (UFSM), as aulas do primeiro gogia (Mazzota, 1993).
Pedagogia. De acordo com esta Re- Curso de Extensão Universitária que Apenas no ano de 1977 concre-
solução, a formação de professores foi o marco na formação de recursos tizou-se a implantação da Educação
para o ensino normal e de especia- humanos para a Educação Especial3. Especial como habilitação específica
listas para as atividades de adminis- No entanto, foi apenas no ano de no curso de Pedagogia em uma Uni-
tração, supervisão e inspeção escolar 1972 que o primeiro curso de forma- versidade Pública Estadual. A Uni-
deveria ser realizada no curso de ção de professores de excepcionais versidade Estadual Paulista “Julio de
graduação em Pedagogia, fixando (área de ensino de deficientes men- Mesquita Filho” (UNESP) passou a
para esta formação o título único de tais) do país foi instalado no Estado oferecer a “Habilitação para o Ensino
licenciado com modalidades diver- de São Paulo, em nível superior, de Retardados Mentais e Deficientes
sas de habilitação (Saviani, 2008). como habilitação específica do Cur- Visuais” na Faculdade de Educação,
O currículo apresentava um nú- so de Pedagogia. Tal iniciativa foi Filosofia, Ciências Sociais e da Do-
cleo comum, composto pelas seguin- tomada pela Faculdade Pestalozzi cumentação de Marília, e, em 1986,
tes disciplinas: Sociologia Geral, de Ciências, Educação e Tecnologia, a “Habilitação de Educação Especial
Sociologia da Educação, Psicologia no município de Franca (SP). O – Ensino de Deficientes Mentais” no
da Educação, História da Educação curso de Pedagogia oferecia, além Instituto de Letras, Ciências Sociais
e Didática. Além do núcleo comum, das habilitações em Administração e Educação de Araraquara. Entre os
o currículo contemplava as habili- Escolar de 1º e 2º Graus, Orienta- anos de 1978 e 1983, algumas insti-
tações específicas. As habilitações ção Educacional de 1º e 2º Graus e tuições de ensino superior, como a
previstas eram: Orientação Educa- Ensino de Disciplinas e Atividades Universidade Metodista de Piracica-
cional, Administração Escolar, Su- Práticas do Curso Normal (Magis- ba, a Faculdade de Filosofia, Ciências
pervisão Escolar, Inspeção Escolar, tério), habilitação em “Educação de e Letras de Jaú, a Universidade de
Ensino das disciplinas e atividades Excepcionais Deficientes Mentais. Taubaté e o Centro de Estudos Supe-
práticas dos Cursos Normais, Admi- (Mazzota, 1993). riores do Carmo também passaram a
nistração Escolar para o exercício Após esta primeira iniciativa, ou- oferecer habilitações em Educação
na escola de 1º grau, Supervisão tras foram implementadas: em 1973 Especial em seus cursos de Pedagogia
Escolar para o exercício na escola pelo Colégio Universitário da Uni- (Mazzota, 1993).

240 3
Mais tarde, em 1974, foi criada a Habilitação em Deficientes da Audiocomunicação no curso de Pedagogia dessa mesma Universidade. Nos anos de
1977 e 1978, foi oferecido o Curso de Educação Especial – Licenciatura Curta e, a partir de 1982, o curso foi aprovado pelo então Conselho Federal
de Educação como Licenciatura Plena. A partir do ano de 1984, os ingressantes passaram a frequentar o Curso de Educação Especial. Trata-se do
primeiro curso de Licenciatura Plena em Educação Especial do Brasil. Informações disponíveis no Projeto Político-Pedagógico do curso de Licenciatura
Plena em Educação Especial da UFSM: http://coralx.ufsm.br/edespecial/.

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Finalmente, em 1983 a Univer- trizes Curriculares Nacionais para o privado. Defendia-se a diversifica-
sidade de São Paulo (USP) também Curso de Graduação em Pedagogia. ção das instituições, com formação
instalou, no curso de Pedagogia da profissional e técnica de curta du-
Faculdade de Educação (FEUSP), as A Educação Especial nos ração. Os cursos pós-secundários
habilitações em “Educação de De- cursos de Pedagogia deveriam ser elevados à categoria de
ficientes Mentais” e “Educação de após a Resolução nível superior e destinar-se aos mais
Deficientes Visuais”. A exemplo das CNE/CP N° 1/2006 pobres, sendo pagos e oferecidos
outras duas Universidades estaduais pelo setor privado. Reforçaram-se
– USP e UNESP –, a Universidade A configuração da formação as modalidades de ensino à distância
Estadual de Campinas instalou, no de professores em nosso país res- e semipresenciais e enfatizou-se um
ano de 1988, a “Habilitação em pondeu ao modelo de expansão sistema estratificado, com poucas
Educação de Deficientes Mentais”, do ensino superior implementado universidades de pesquisa, as quais
também no curso de Pedagogia na década de 1990, no âmbito das deveriam atender a elite intelectual do
(Mazzota, 1993). reformas do Estado e subordinado país e desenvolver projetos com o in-
Desde a criação da UNESP, o às recomendações dos organismos tuito de acelerar seu desenvolvimento
curso de Pedagogia do campus de internacionais. No âmbito da forma- econômico e a competitividade das
Marília formava, além do professor ção, caracterizou-se pela criação dos empresas (Siqueira, 2004).
para atuar no antigo primário e no Institutos Superiores de Educação e Foi neste contexto mundial que,
curso de magistério, o especialis- pela diversificação e flexibilização em 1996, foi aprovada a Lei de
ta para atuar na administração e da oferta dos cursos de formação – Diretrizes e Bases da Educação
supervisão de ensino, orientação normais superiores, cursos especiais Nacional (LDB) – Lei nº 9.394 de
educacional, educação infantil e e cursos à distância –, de modo a 20 de dezembro de 1996. A partir
na educação especial. Em 1994, o atender a crescente demanda pela de sua aprovação, acirraram-se os
curso foi reformulado e, a partir formação superior (Freitas, 2007). debates em torno da formação dos
das adequações requeridas pela Lei Em consonância com essas refor- profissionais da educação. Esta Lei
9394/96, atualizou suas habilita- mas, o Banco Mundial (BM) passou reforçou a dicotomia entre professo-
ções em Educação Especial. Até a ter como uma de suas prioridades o res e especialistas e tirou dos cursos
o ano de 2008, a atual Faculdade ensino superior, com base no discurso de Pedagogia e das Faculdades de
de Filosofia e Ciências de Marília da “sociedade do conhecimento”, Educação o lócus preferencial para a
ofereceu nove habilitações no curso segundo o qual níveis mais elevados formação do professor para a Educa-
de Pedagogia, dentre elas, quatro de educação seriam fundamentais ção Infantil e para as Séries Iniciais
em Educação Especial, nas áreas de para o desenvolvimento e compe- do Ensino Fundamental:
deficiência auditiva, física, mental e titividade das nações num mundo
visual. Da mesma forma, até o ano globalizado. Desde os anos 1980, a Art. 63. Os institutos superiores de
de 2007, a Faculdade de Ciência e educação superior havia perdido a educação manterão:
Letras de Araraquara ofereceu aos prioridade na política educacional do I - cursos formadores de profissionais
para a educação básica, inclusive o
licenciandos em Pedagogia forma- BM, sofrendo, em vários países do
curso normal superior, destinado à
ção docente para os anos iniciais mundo – como foi também o caso do formação de docentes para a educa-
do Ensino Fundamental e para a Brasil –, cortes severos e mudanças ção infantil e para as primeiras séries
Educação Especial, além da forma- afinadas com as diretrizes propostas do ensino fundamental;
ção para o magistério das matérias por este organismo, o qual financiaria Art. 64. A formação de profissionais
pedagógicas do Ensino Médio, para um grande número de projetos e es- de educação para administração,
administração e supervisão escolar tudos visando aos gastos apenas com planejamento, inspeção, supervisão
e para orientação educacional em o ensino básico público – geralmente e orientação educacional para a edu-
cação básica, será feita em cursos
instituições escolares nos diferentes reduzido aos primeiros dois ciclos
de graduação em pedagogia ou em
graus de ensino (Macedo, 2010). do ensino fundamental. No final da nível de pós-graduação, a critério da
A partir de 2006 todas as habi- década de 1990 e início deste século, instituição de ensino, garantida, nesta
litações específicas nos cursos de o BM voltou a defender a criação de formação, a base comum nacional
graduação em Pedagogia seriam for- Institutos Superiores de Educação, (Brasil, 1996, grifos nossos).
malmente extintas com a publicação mas não a partir de uma oferta do 241
da Resolução CNE/CP nº 1 de 15 de setor público, e sim para sua abertura Introduzindo como alternativa aos
maio de 2006, que instituiu as Dire- como uma área de negócios ao setor cursos de pedagogia e licenciatura os

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Institutos Superiores de Educação do ensino fundamental, inclusive nas ras (FORUMDIR), o Centro de Estu-
e as Escolas Normais Superiores, modalidades de educação especial dos Direito e Sociedade (CEDES) e
a LDB sinalizou para uma política e de jovens e adultos, admitida em Fórum Nacional em Defesa da For-
educacional tendente a efetuar um nível médio, modalidade normal. mação de Professores, provocaram
nivelamento por baixo: os Institutos Para as duas últimas modalidades novos debates acerca da formação
Superiores de Educação emergiram de ensino, o PNE estabeleceu como dos profissionais da educação, a fim
como instituições de nível superior meta, também, o oferecimento de de construírem uma proposta para as
de segunda categoria, provendo cursos de especialização. Diretrizes Curriculares do Curso de
uma formação mais aligeirada, mais Como princípios a serem seguidos Pedagogia, a qual foi encaminhada,
barata, por meio de cursos de curta na formação dos profissionais da edu- pela Comissão de Especialistas de
duração (Saviani, 2008), como foi o cação, o PNE estabeleceu que os cur- Pedagogia e Formação de Profes-
caso dos Cursos Normais Superiores, sos deveriam obedecer, em quaisquer sores, ao Conselho Nacional de
que passaram a ser oferecidos em de seus níveis e modalidades, dentre Educação (CNE) em 2002 (Campos,
instituições particulares de ensino, outros, “a inclusão das questões 2004), já que seria essa legislação a
em curta duração, para a formação relativas à educação dos alunos com que efetivamente ditaria qual a es-
de professores da educação infantil e necessidades especiais e das questões pecificidade do pedagogo e, assim,
anos iniciais do ensino fundamental. de gênero e de etnia nos programas a finalidade da formação no curso
A partir dessa nova estrutura de formação” (Brasil, 2001a). de Pedagogia.
organizacional, que colocou no Além desses princípios, o Plano No ano de 2002, foi promulgada
centro do debate sobre a formação de apresentou 28 objetivos e metas para a Resolução CNE/CP nº 1/2002, que
professores os Institutos Superiores a formação docente e valorização do instituiu as Diretrizes Curriculares
de Educação, as associações, como magistério para a “década da educa- Nacionais para a Formação de Profes-
a Associação Nacional pela Forma- ção”. No que se refere à formação do sores da Educação Básica, em nível
ção dos Profissionais da Educação professor para atuação com alunos superior, em cursos de licenciatura e
(ANFOPE), se posicionaram con- com NEE na escola regular, o PNE de graduação plena, e a Resolução
trárias a essas iniciativas, pois trouxe como meta a inclusão, em CNE/CP nº 2/2002, que instituiu a
indicavam uma reformulação às todos os cursos de formação pro- duração e a carga horária dos cursos
avessas, desconsiderando as atuais fissional, de nível médio e superior, de licenciatura, de graduação plena,
Instituições formadoras como lócus “conhecimentos sobre educação das de formação de professores da Edu-
de produção de conhecimento e pessoas com necessidades especiais, cação Básica em nível superior. Na
agências responsáveis pela forma- na perspectiva da integração social” perspectiva da educação inclusiva, a
ção de profissionais da educação. (Brasil, 2001a). Resolução CNE/CP nº 1/2002 definiu
A ANFOPE posicionou-se clara- Ainda como meta, o PNE es- que as instituições de ensino superior
mente contrária à criação da rede tabeleceu que, dentro do prazo de deveriam prever em sua organização
paralela de Institutos Superiores de um ano após sua aprovação, fossem curricular formação docente voltada
Educação. Essa posição contrária elaboradas diretrizes e parâmetros para a atenção à diversidade que
foi enviada ao Instituto Nacional curriculares para os cursos superio- contemplasse conhecimentos sobre
de Estudos e Pesquisas “Anísio res de formação de professores para as especificidades dos alunos com
Teixeira” (INEP) para a elaboração os diferentes níveis e modalidades NEE. Da mesma forma, seu Parecer
do Plano Nacional de Educação de ensino. (CNE/CP N° 9/2001), homologado
(Freitas, 1999). Neste período, um conjunto de no ano de 2001, reforça que
O Plano Nacional de Educação educadores integrantes das principais
(PNE), aprovado em 2001, veio entidades organizadas da sociedade A educação básica deve ser inclusiva,
reforçar os termos do artigo 62 da civil no campo da educação, como no sentido de atender a uma política
LDB sobre a formação do professor a Associação Nacional de Pós- de integração dos alunos com ne-
da educação básica, afirmando que a Graduação e Pesquisa em Educação cessidades educacionais especiais
formação inicial desses profissionais (ANPED), a ANFOPE, a Associação nas classes comuns dos sistemas de
ensino. Isso exige que a formação dos
deveria ser responsabilidade, princi- Nacional de Política e Administração
professores das diferentes etapas da
palmente, das Instituições de Ensino da Educação (ANPAE), o Fórum
242 Superior. Da mesma forma, reafir- Nacional de Diretores de Faculdades/
educação básica inclua conhecimen-
tos relativos à educação desses alunos
mou a habilitação de professores da Centros/Departamentos de Educação (Brasil, 2001b, p. 26).
educação infantil e dos anos iniciais das Universidades Públicas Brasilei-

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No entanto, apesar de terem recomposta e recebeu a tarefa de Evidencia-se, pois, uma inco-
disposto sobre a formação de pro- elaborar uma primeira proposta de erência entre a LDB (1996) e Re-
fessores e destacado a importância Diretrizes Curriculares para o curso solução CNE/CP nº 1/2006, já que
dessa formação para a integração dos de Pedagogia. Após aprofundar os a primeira vai ao encontro de uma
alunos com NEE no ensino regular, estudos sobre as práticas curriculares concepção que vê o pedagogo como
tais Resoluções não trouxeram, em vigentes nas licenciaturas e a situa- especialista, frisando a separação
seu bojo, diretrizes específicas para ção paradoxal da formação de pro- entre o pedagogo/especialista e o
o Curso de Pedagogia. fessores para a educação infantil e os professor, enquanto a segunda elu-
Com o objetivo de reavivar as anos iniciais do ensino fundamental, cida a concepção de pedagogo como
discussões e propor uma definição a Comissão submeteu uma primeira profissional cuja tarefa não se limita
para a formação do professor, as versão do Projeto de Resolução à à docência, mas cuja base está nela.
entidades e estudiosos da área enca- apreciação da comunidade educa- É importante salientar que, em-
minharam ao CNE, no ano de 2004, cional. Em resposta a essa consulta, bora as Diretrizes carreguem em
uma nova proposta para a elaboração de março a outubro de 2005, foram seu bojo as contradições e conflitos
das Diretrizes Curriculares Nacio- feitas críticas e sugestões, as quais de interesses que marcam as polí-
nais para os Cursos de Pedagogia. foram encaminhadas aos membros ticas educacionais no Brasil, elas
Neste documento, estas entidades da comissão (Brasil, 2005b). representam um relativo avanço na
enfatizaram a necessidade de defini- Em dezembro de 2005, foi apro- perspectiva de formação do peda-
ção de uma política nacional global vado o Parecer CNE/CP nº 5/2005, gogo, na medida em que assumem
de formação dos profissionais da o qual apresentou o relatório elabo- a docência como base da formação
educação e valorização do magis- rado pelo CNE que fundamentou do pedagogo, ampliam a perspecti-
tério que contemplasse, no âmbito a construção das Diretrizes Curri- va de formação para além da visão
das políticas educacionais, uma culares Nacionais para o Curso de disciplinar, destacam a importância
sólida formação inicial no campo Graduação em Pedagogia, aprovada da pesquisa e do estágio curricular
da educação, condições de trabalho, em 2006, por meio da Resolução e ampliam a carga horária para a
salário e carreira, bem como a for- CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006. formação em Pedagogia, o que im-
mação continuada como um direito O documento contemplou muitas plica, no mínimo, quatro anos para
dos professores e responsabilidade das contribuições apresentadas ao a realização dessa formação.
do Estado e das instituições esco- CNE pelas associações acadêmico- Apesar desse avanço, concor-
lares. O documento ainda reiterou científicas, comissões e grupos de damos com Saviani (2007, p. 127)
que a formação dos profissionais da estudo sobre a Educação Básica e quando discute sobre o caráter pa-
educação, no Curso de Pedagogia, a formação dos profissionais que radoxal das Diretrizes:
constitui um dos principais requi- nela atuam.
sitos para o desenvolvimento da A partir dessa Resolução, o cur- [...] são, ao mesmo tempo, extrema-
educação básica no país (Campos, so de Pedagogia recuperou para si mente restritas e demasiadamente ex-
2004). a formação de professores para a tensivas: muito restritas no essencial
Diante dos debates, o CNE desig- Educação Infantil e anos iniciais do e assaz excessivas no acessório. São
nou uma Comissão Bicameral com restritas no que se refere ao essencial,
Ensino Fundamental, além das fun-
a finalidade de definir as Diretrizes isto é, àquilo que configura a pedago-
ções não docentes desse profissional. gia como um campo teórico-prático
Curriculares Nacionais para o Curso De acordo com as Diretrizes, dotado de um acúmulo de conheci-
de Pedagogia. Após considerar as mentos e experiências resultantes de
contribuições apresentadas pelas O curso de Licenciatura em Pe- séculos de história. Mas são extensi-
associações de estudos e pesquisas dagogia destina-se à formação de vos no acessório, isto é, se dilatam em
em educação e por sindicatos e professores para exercer funções de múltiplas e reiterativas referências à
entidades estudantis, a Comissão magistério na Educação Infantil e linguagem hoje em evidência.
nos anos iniciais do Ensino Funda-
promoveu, em dezembro do mesmo
mental, nos cursos de Ensino Médio,
ano, uma audiência pública para a Nesta perspectiva, caberia ao
na modalidade normal, de Educação
participação de toda a comunidade Profissional na área de serviços e professor atuar em diferentes áreas,
na discussão sobre os princípios, em inúmeros espaços e desempenhar
formas de organização e titulação a
apoio escolar e nas outras áreas nas
quais sejam previstos conhecimentos diversas tarefas. 243
ser oferecida no curso de Pedagogia. pedagógicos (Brasil, 2006, p. 2). No que se refere às habilitações
Em 2004, a Comissão Bicameral foi específicas, podemos destacar o Ar-

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tigo 10º da citada Resolução. As Di- a atuação com crianças com NEE deverá conhecer esta língua e seus
retrizes extinguiram as habilitações limita-se a uma atividade comple- fundamentos, mesmo que de forma
nos cursos de Pedagogia e, diante da mentar, de caráter opcional, para não aprofundada (conhecimentos
nova mudança, tais cursos deveriam efeitos de integralização de estudos básicos), a fim realizar um trabalho
elaborar um novo Projeto Político- (Saviani, 2009). didático adequado também com este
Pedagógico no prazo máximo de um No entanto, mesmo não ressaltando aluno. O mesmo vale para outros
ano, a contar da data de publicação com maior atenção a necessidade de códigos de linguagem oral e escrita,
da referida Resolução. formação do pedagogo para atuação, como, por exemplo, o sistema Brail-
Como atribuições do pedagogo, na rede comum de ensino, com alunos le e as Comunicações Alternativas
as Diretrizes definem: lecionar na com NEE, o documento trouxe em seu (CA). Todavia, ressaltamos que,
Educação Infantil e nas séries ini- bojo alguns elementos importantes como profissional do ensino regular,
ciais do Ensino Fundamental, atuar para pensarmos esta formação. o professor não necessita conhecer
na gestão educacional, em espaços Ao estabelecer a organização com profundidade esses códigos.
não escolares, realizar pesquisas curricular do curso de Pedagogia, Como sabemos, não é função do cur-
dentro do campo educativo, além as Diretrizes apresentam os elemen- so de Pedagogia formar especialistas
de atender a novas demandas da tos formativos de cada núcleo de em Educação Especial. No entanto,
sociedade como o reconhecimento estudos. Para o núcleo de estudos consideramos ser necessário que
à diversidade – compreendida como básicos, é apresentada, dentre outros esses cursos ofereçam aos futuros
as diferentes peculiaridades do ser elementos, a professores os conhecimentos básicos
humano, características físicas, sobre esses diferentes códigos de lin-
culturais, sociais, religiosas, entre aplicação, em práticas educativas, guagem – ou, ao menos, uma discus-
outras – e contribuir para superação de conhecimentos de processos são sobre a existência e importância
de exclusões e preconceitos a essas de desenvolvimento de crianças, de cada um deles –, a fim de prepará-
diferenças (Brasil, 2006, grifos adolescentes, jovens e adultos, nas los, mesmo que minimamente, para a
nossos). dimensões: física, cognitiva, afetiva, atuação com alunos que apresentem
Como observa Saviani (2009), no estética, cultural, lúdica, artística, diferentes tipos de NEE.
ética e biossocial (Brasil, 2006, p. 3).
que se refere à formação do pedagogo No relatório apresentado no Pare-
para atuação com crianças com NEE cer CNE/CP nº 5/2005, é ressaltada
na escola regular, as Diretrizes pouco Com efeito, entendemos que, na ainda a importância da discussão
dispuseram. A questão é tratada ape- formação em Pedagogia, o licen- sobre o papel dos movimentos so-
nas em dois de seus artigos: artigo 5º, ciando, futuro professor da educação ciais, que demonstram a existência de
inciso X – “demonstrar consciência básica, deve obter conhecimentos uma demanda ainda pouco atendida,
da diversidade, respeitando as dife- sobre o desenvolvimento de todas no sentido de que os estudantes de
renças de natureza ambiental-ecoló- as crianças, adolescentes, jovens e Pedagogia sejam também formados
gica, étnico-racial, de gêneros, faixas adultos, incluindo aqueles que pos- para garantir a educação, com vistas
geracionais, classes sociais, religiões, sam apresentar NEE em alguma das à inclusão plena dos segmentos his-
necessidades especiais, escolhas se- dimensões citadas. toricamente excluídos. Além disso, o
xuais, entre outras” e artigo 8º, inciso Além disso, o documento traz documento estabeleceu que o projeto
III – “atividades complementares como elemento formativo do núcleo pedagógico do curso de pedagogia
envolvendo [...] opcionalmente, a de estudos básicos a “decodificação deveria contemplar, fundamental-
educação de pessoas com necessida- e utilização de códigos de diferentes mente, o compromisso social do
des especiais, a educação do campo, linguagens utilizadas por crianças pedagogo por meio da compreensão
a educação indígena, a educação em [...]” (Brasil, 2005a, p. 3). A Língua dos processos de formação humana
remanescentes de quilombos, em Brasileira de Sinais (LIBRAS) não e das lutas históricas conquistadas
organizações não-governamentais, é considerada uma linguagem ou pelos movimentos sociais. Nessa
escolares e não-escolares, públicas código de linguagem, mas, com perspectiva, destaca-se a importância
e privadas”. seu próprio conjunto de sinais e desses profissionais “conhecerem
Vemos, no primeiro artigo, que a de regras gramaticais, constitui-se as políticas de educação inclusiva
menção não chega a ser à modalida- como língua a ser compreendida e e compreenderem suas implicações
244 de de ensino, mas apenas a situa no decodificada. Assim, o professor que organizacionais e pedagógicas, para a
rol da consciência da diversidade. tiver em sua sala de aula algum aluno democratização da Educação Básica
No segundo caso, a formação para que necessite utilizar a LIBRAS, no país. A inclusão não é uma moda-

Educação Unisinos
A Educação Especial nos cursos de Pedagogia: considerações sobre a formação de professores para a inclusão escolar

lidade, mas um princípio do trabalho 2001; Glat e Nogueira, 2002; Freitas, dagogia e Psicologia apresentaram
educativo” (Brasil, 2005b, p. 12). 2007; Pletsch et al., 2006; Mendes, alterações na grade curricular, o que
De acordo com o Parecer, a in- 2008; Michels, 2009; Pletsch, 2009) significa uma quantidade de cursos
clusão e a atenção às necessidades têm reafirmado a importância da muito baixa, equivalendo a apenas
educacionais especiais são exi- melhoria da formação do professor 22,5% do total de cursos estudados.
gências constitutivas da educação como condição necessária para a Quando falamos sobre a forma-
escolar como um todo. Por isso, os efetiva inclusão de alunos com NEE ção do professor para a atuação nos
professores devem sentir-se sempre no ensino regular. Tais pesquisas anos iniciais do ensino fundamental
desafiados a trabalhar com postura evidenciam que os professores, de com alunos com NEE, damos ênfa-
ética profissional, acolhendo os maneira geral, não estão preparados se à sua formação geral, dada nos
alunos que demonstrem qualquer para receber em sua sala de aula cursos de Pedagogia, e não mais à
tipo de deficiência que alunos com tais necessidades. formação do professor habilitado em
Magalhães (1999), em uma pes- Educação Especial. As habilitações
os impeçam de realizar determinadas quisa realizada na rede municipal de em Educação Especial ou em suas
atividades; os levem a apresentar di- educação do Rio de Janeiro, ouviu áreas específicas, como já discuti-
ficuldades extremamente acentuadas a opinião de professores e diretores mos, foram extintas pelas Diretrizes
para a realização de determinadas
sobre a inclusão educacional de Curriculares do Curso de Pedagogia
atividades; requeiram meios não
alunos com NEE na rede regular de (Resolução CNE/CP Nº 1/2006)4.
convencionais ou não utilizados por
todos os demais alunos para alcançar ensino, segundo a qual a formação No entanto, não desconsideramos
determinados objetivos curriculares, de professores foi destacada como a importância e a necessidade da
ou, ainda; realizar apenas parcialmen- um aspecto relevante para a imple- formação desse profissional (espe-
te determinadas atividades (Brasil, mentação da proposta inclusiva. cialista) e de seu papel no processo
2005b, p. 13). Mesmo antes da promulgação de inclusão escolar, uma vez que
da LDB de 1996, a Portaria MEC são esses os que mais capacitados
Desta maneira, os Licenciandos nº 1793, de dezembro de 1994 (Bra- se apresentam para o Atendimento
em Pedagogia, futuros professores sil, 1994), recomendou, em seu arti- Educacional Especializado de alu-
da Educação Infantil e anos iniciais go 1º, a inclusão da disciplina “As- nos com NEE e para o suporte a
do Ensino Fundamental, níveis pectos Ético-Político-Educacionais esses alunos no ensino regular para
do sistema educacional que vêm da Normalização e Integração da o desenvolvimento de seu processo
matriculando cada vez mais alunos Pessoa Portadora de Necessidades de ensino-aprendizagem. Apenas
com NEE, “deverão ser capazes de Especiais”, prioritariamente, nos consideramos imprescindível que,
perceber e argumentar sobre e pela cursos de Pedagogia, Psicologia e na formação em Pedagogia, o futuro
qualidade da formação humana e demais Licenciaturas. professor do ensino regular adquira
social em escolas e organizações, No entanto, Chacon (2001), com os conhecimentos essenciais e ne-
incentivando para que haja a con- o objetivo de realizar um estudo cessários para o desenvolvimento
vivência do conjunto da sociedade, sobre as respostas das universidades de trabalhos colaborativos com
na sua diversidade, em todos os brasileiras a essa mesma Portaria, especialistas em Educação Especial
ambientes sociais” (Brasil, 2005b). analisou as disciplinas das grades – e com os demais profissionais
curriculares e suas respectivas necessários – e para um trabalho
O espaço que poderia ser ementas e/ou conteúdos dos cursos prático com alunos com NEE, vi-
reservado a Educação de Pedagogia e Psicologia das uni- sando à inclusão desse aluno, em seu
Especial na formação em versidades federais de todo o Brasil sentido concreto, no sistema regular
Pedagogia e das estaduais e particulares dos es- de ensino.
tados de São Paulo e Mato Grosso e, Sabemos que o professor da
Diversos estudos (Bueno, 1999; com os resultados obtidos, constatou sala de ensino regular não é o úni-
Magalhães, 1999, 2009; Chacon, que apenas 13 dos 58 cursos de Pe- co responsável pelo processo de

4
Atualmente, a formação do especialista em educação especial é aceita em níveis de graduação e pós-graduação (lato sensu e stricto sensu). Apenas
duas Universidades públicas brasileiras oferecem o curso de Licenciatura Plena em Educação Especial autônomo ao curso de Pedagogia: Universidade
Federal de Santa Maria (desde 1984) e Universidade Federal de São Carlos (desde 2009). Em nível de pós-graduação lato sensu, várias Instituições de
245
Ensino Superior (IES), públicas e particulares, oferecem o curso de especialização na área. Na modalidade stricto sensu, várias universidades públicas
e privadas oferecem linha ou núcleo de pesquisa específicos em Educação Especial, com pesquisas referentes, também, à formação de professores,
mas apenas a Universidade Federal de São Carlos possui um Programa de Pós-Graduação específico em Educação Especial.

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ensino-aprendizagem da criança É importante considerar que o pro- nos primeiros anos do ensino funda-
com NEE. Para isso, existe na es- fessor está inserido dentro de um mental, cabe aos cursos superiores
cola (ou deveria existir) também contexto, que é o da escola, e que de formação e, neste caso particular,
a figura do professor especialista, esta, por sua vez, insere-se em um aos cursos de Pedagogia, criar nos
que tem como função oferecer todo contexto maior, que é o sistema de futuros professores uma consciência
o apoio e suporte necessário para o ensino, guiado por políticas públi- crítica sobre a realidade na qual irão
trabalho prático com este aluno na cas. Assim, fatores como a estrutura trabalhar, bem como fornecer uma
sala de ensino regular, bem como física e organizacional da escola, boa formação teórica e prática, básica
na sala de recursos multifuncionais, os recursos financeiros, materiais, e comum a todos, independentemente
em casos específicos. No entanto, pedagógicos e humanos de que a es- da clientela para a qual ensinarão no
consideramos que, para que haja cola dispõe, bem como as condições futuro, que lhes possibilite uma ação
um trabalho colaborativo entre esses em que se desenvolve o trabalho do educacional eficaz (Mazzota, 1993;
profissionais, o professor da sala professor são também fatores im- Cartolano, 1998).
regular deve possuir, dentre outros, portantes que devem ser ponderados Atuar com alunos com NEE exi-
os conhecimentos básicos sobre o no momento da análise da prática ge do professor maior atenção em
processo de desenvolvimento dessa pedagógica do professor, na atuação relação à sua prática. Além de adap-
criança e das diferentes metodo- com alunos com ou sem NEE. tações do espaço físico, de serviços
logias que poderiam ser utilizadas Não basta, pois, pensarmos ape- de apoio, de um material pedagógico
quando do ensino dos conteúdos. nas em uma boa formação inicial. adequado ou de qualquer alteração
Desta maneira, o trabalho entre Não parece coerente que se projete necessária para facilitar o processo
esses profissionais poderá ocorrer uma formação com níveis de exigên- de aprendizagem, o aluno com NEE
de forma colaborativa. Caso con- cia que representem a importância necessita de intervenções e de algu-
trário, o trabalho será elaborado e do papel do professor sem consi- mas adaptações na apresentação dos
desenvolvido apenas pelo professor derar, por exemplo, a necessidade conteúdos. Assim, o professor que
especialista, em momentos de aten- de associá-la a uma carreira que possui um aluno com NEE em sua
dimento individualizado. seja atraente e que estimule inves- sala de aula não pode deter-se em
Assim, pensamos ser importante timento pessoal dos professores. planejamentos padronizados de ensi-
que o professor polivalente, respon- Pensar numa política de formação no. Ao contrário, as necessidades es-
sável pela sala regular de ensino, de professores implica tratar, com a pecíficas desse aluno também criam
adquira em sua formação inicial mesma seriedade, a formação inicial, a necessidade de novas e diferentes
uma base teórica sólida sobre as as condições de trabalho, salário e formas de apresentar o conteúdo
diferentes áreas de atuação da edu- carreira e a formação continuada, escolar, ação que proporciona maior
cação escolar, dentre elas os conhe- na busca por uma educação de qua- compreensão por parte deste aluno
cimentos sobre as características da lidade, que garanta a efetiva inclusão e dos demais.
criança com NEE e seu processo de de todos (Campos, 1999; Freitas, No entanto, nem todos os profes-
ensino-aprendizagem, a fim de que 1999, 2007). sores estão preparados para adequar
ele seja capaz, na prática, de contri- Dentre tantos elementos que in- a sua forma de ensinar às caracterís-
buir para o sucesso no processo de fluenciam e condicionam o trabalho ticas e necessidades particulares dos
aprendizagem desse aluno. pedagógico do professor em sala alunos ou não dispõem de recursos
Todavia, cabe-nos ressaltar que a de aula, está o dos conhecimentos materiais ou de apoio de um profis-
formação inicial não deve ser carac- adquiridos em sua formação inicial. sional especializado que o auxilie no
terizada como a única responsável Embora não determinante para o atendimento ao aluno que necessita
pela formação profissional docente, desenvolvimento profissional, a for- de atendimento educacional especial
tendo em vista que, como afirma mação acadêmica possui um papel em sala de aula. Assim, alunos que
Tardif (2002), os professores, em fundamental na atuação docente, precisam de intervenções específicas
sua ação pedagógica, mobilizam e pois é nela que os futuros professo- ou de suporte imediato não são logo
se apoiam em uma série de saberes res irão adquirir os conhecimentos atendidos, o que pode prejudicar seu
provenientes de diferentes fontes. essenciais que fundamentarão sua desempenho escolar.
Da mesma forma, não devemos prática. Consideramos que um importante
246 considerar que uma formação inicial Assim, por se configurarem como fator que pode prejudicar o processo
inadequada seja a causa exclusiva de o novo lócus de formação dos profis- de efetivação da inclusão nas escolas
práticas pedagógicas excludentes. sionais responsáveis pelo magistério seja a ausência de uma formação ini-

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A Educação Especial nos cursos de Pedagogia: considerações sobre a formação de professores para a inclusão escolar

cial adequada que forneça ao futuro com diferentes alunos, incluindo-se Considerações finais
professor que atuará na rede regular alunos com NEE.
de ensino, dentre outros elementos, Mas alcançar esse espaço no É consenso a importância de que
conhecimentos básicos sobre o pro- currículo não é tarefa fácil. Como os cursos de graduação, sobretudo
cesso de ensino e de aprendizagem sabemos, a área de currículo é uma os de formação de professores, in-
de alunos com NEE. E a ausência de área de tensão, e, por este motivo, cluam conteúdos e disciplinas sobre
uma preocupação clara, direta e ob- é preciso ter bastante cautela ao se educação especial em seus currícu-
jetiva com a formação do professor defender a tese de diluição de um los, mesmo que isto, por si só, não
na perspectiva da educação inclusiva conteúdo específico em disciplinas garanta a qualidade profissional dos
nas atuais Diretrizes de formação de diferentes áreas do saber. Muito futuros professores ou o sucesso da
docente pode agravar ainda mais irá depender, também, dos princípios inclusão escolar de alunos com NEE.
esse processo. que norteiam a Proposta Pedagógica De acordo com Magalhães (2009), a
Em pesquisa recente, verificamos dos cursos. construção identitária de pedagogos
que os cursos de Pedagogia das Defendemos a necessidade de os atentos à diferença e à diversidade
Universidades Públicas Paulistas cursos de formação de professores na escola não depende, somente, da
não têm contemplado nos princípios discutirem nas diferentes disciplinas presença, na estrutura curricular, de
que norteiam sua Proposta Político- de sua matriz curricular a questão disciplinas que discutam especifi-
Pedagógica a formação do futuro da inclusão escolar, em suas dife- camente essas temáticas. Todavia, a
professor para a perspectiva da rentes dimensões – respeitando as inexistência de espaços no currículo
educação inclusiva, com exceção de singularidades de cada conteúdo para se abordar essa temática é mais
um curso, o qual indica em sua Pro- curricular –, com vista a formar um um agravante para não se concretizar
posta que os licenciandos deverão profissional consciente e preparado uma educação inclusiva.
estar preparados, enquanto futuros para a atuação na perspectiva da edu- A formação do professor na
professores, para identificar e aten- cação inclusiva. Todavia, sabemos perspectiva da educação inclusiva
der em suas salas estudantes com que o oferecimento de disciplinas pode ser favorecida se a Proposta
NEE. Os resultados deste estudo específicas relacionadas à Educa- Pedagógica do curso contemplar,
indicaram ainda que todos os cur- ção Especial na matriz curricular nos princípios que a norteiam, a
sos têm contemplado as exigências obrigatória é, muitas vezes, a única preocupação com uma formação
da Resolução CNE/CP Nº 1/2006, garantia de que o licenciando terá docente para a educação inclusiva,
quanto à formação do professor contato efetivo com esta área do apresentando objetivos que visem à
para a consciência da diversidade, saber. Essas disciplinas específicas efetivação dessa formação. A Pro-
uma vez que oferecem, no mínimo, não podem garantir, por si só, a me- posta Pedagógica de um curso é a
uma disciplina obrigatória sobre lhoria na formação do professor que base para a elaboração de sua orga-
Educação Especial em sua matriz atua com crianças com NEE na rede nização curricular e as ementas são
curricular, além de outras disciplinas regular de ensino, mas é um campo elaboradas no momento mesmo da
não específicas que abordam conte- de forças do qual não se pode ausen- construção dessa Proposta. É a par-
údos ou tópicos relacionados a essa tar. De acordo com Chacon (2001), tir do Projeto Político-Pedagógico,
temática (Macedo, 2010). os profissionais da área que atuam elaborado pelo conselho de curso e
Apesar do avanço das discussões na formação desses professores aprovado por órgãos superiores da
e estudos dessa área do conheci- constituem, sem dúvida, um “grupo instituição, que os professores cons-
mento nos cursos de Pedagogia, de pressão”, cujo papel é, acima de troem seus planos de ensino. Assim,
consideramos que a Educação Es- tudo, político. Assim, no momento para o oferecimento de um curso que
pecial pode, ainda, conquistar mais de reestruturação curricular, os for- busque formar os professores, tam-
espaço no currículo desses cursos e madores da área de Educação Espe- bém, para a atuação em um sistema
das licenciaturas em geral. Talvez cial devem posicionar-se de maneira educacional inclusivo, é importante
não por meio de disciplinas espe- a evidenciar aos demais formadores que a Proposta Pedagógica desse
cíficas, mas por meio de conteúdos a importância e a necessidade dos curso apresente, nos princípios que
ou tópicos relacionados ao assunto conhecimentos dessa área para a a norteiam, essa preocupação.
em outras disciplinas da matriz cur- formação do professor, a fim de que A educação inclusiva coloca-se,
ricular. Afinal, estamos discutindo seja conquistado o devido espaço, na hoje, como um desafio tanto para 247
sobre a formação do professor que matriz curricular, para essa área do a formação inicial quanto para a
irá atuar, nas salas de ensino regular, conhecimento. formação continuada do professor.

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Natalia Neves Macedo Deimling

Portanto, é preciso que essa for- BRASIL. 2001b. Ministério da Educação. 4 de abril de 1939. Disponível em: http://
mação compreenda e considere Conselho Nacional de Educação. Diretriz- legis.senado.gov.br/legislacao/ListaTex-
es Curriculares Nacionais para a Forma- toIntegral.action?id=2782&norma=6444.
esse contexto, a fim de empreen-
ção de Professores da Educação Básica, Acesso em 15/08/2009.
der um processo de formação de em nível superior, curso de licenciatura, BUENO, J.G.S. 1999. A educação inclusiva
profissionais da educação críticos de graduação plena – Parecer CNE/CP e as novas exigências para formação de
e conscientes das relações entre a nº 9/2001. Diário Oficial da União de professores: algumas considerações. In:
sociedade e a escola, bem como de 18/1/2002, Seção 1, p. 31. M.A.V. BICUDO, C.A. da S. SILVA
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Brasília, MEC, SEESP, janeiro de 2008. nários e Debates).
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modelo de educação e de formação BRASIL. 1994. Ministério da Educação. e Sociedade, 20(68):126-142. Dis-
de educadores. Portaria Ministerial nº 1793 SEESP/MEC, ponível em: http://www.scielo.br/sci-
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cial da União de 28/12/1994. Disponível 73301999000300007&lng=en&nrm=
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cursos de Pedagogia, é o de produzir portarias_res/por_1793_94.pdf. Acesso 73301999000300007
nos licenciandos conhecimentos que em: 20/11/2008. CAMPOS, R. 2004. A definição das dir-
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sobre a Língua Brasileira de Sinais – Li- Disponível em: www.anped.org.br/2009
que eles, enquanto futuros professo-
bras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de 04posicaodiretrizescursospedagogia.doc.
res, possam desempenhar de maneira dezembro de 2000. Disponível em: http:// Acesso em: 15/03/2010.
responsável e satisfatória seu papel www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004- CARTOLANO, M.T.P. 1998. Formação
de ensinar para todos os alunos. 2006/2005/Decreto/D5626.htm. Acesso do educador no curso de pedagogia: a
Para tanto, faz-se necessário elabo- em: 14/01/2010. educação especial. Caderno CEDES,
rar políticas públicas educacionais BRASIL. 2005b. Ministério da Educação. 19(46):29-40. Disponível em: http://
voltadas para práticas inclusivas que Conselho Nacional de Educação. Diretriz- www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-
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Natalia Neves Macedo Deimling


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volume 17, número 3, setembro • dezembro 2013

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