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14/09  Introdução à Antropologia

21/09 A  etnografia como um  jeito de  entender (e  aprender)  AntropologiaBronislaw Malinowski


1. Estanhos no  exterior  – Fora  da  Varanda (Bronislaw Malinowski)  
https://www.youtube.com/watch?v=Qn_gLroH3bQ&t=182s
2. Os argonautas do  Pacífico Ocidental – Introdução:  Tema,  método e  objetivo dessa pesquisa
3. O  que  é etnografia (https://www.youtube.com/watch?v=H-­‐pAVymWhYo)

28/09 EVANS-­‐PRITCHARD,  E.E.  Bruxaria,  oráculos e  magia entre  osAzande.  Introdução.  Capítulos 1,  2  e  3.  Rio  de  
Janeiro:  Jorge  ZAHAREditor.

05/10 GEERTZ,  Clifford.  A  interpretação das  culturas.  Rio  de  Janeiro:  Guanabara  Koogan.  [1973]  1989.  Cap  9  Um  
jogo absorvente:  notassobre a  briga de  galos balinesa.
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Introdução à Antropologia

Ciência da  diferença :  compreensão e  explicação da  diversidade humana

Origens intelectuais da  Antropologia no  Ocidente /  História do  pensamento antropológico


-­‐ Controvérsias,  desvios,  caminhos alternativos,  especulações filosóficas

Destaques:
Sociedades com  projetos expansivos que  as  colocam ”em relação”  (de  poder)  com  outras sociedades e  outros  
povos.  Pensar sobre a  diferença a  partir dessa assimetria de  poder
Gregos – Mito  da  antiguidade clássica:  Império/  viagens – os ”outros”  – Ásia e  Egito
Império árabe

Viagens – Escrita de  viagens


Marco  Polo
Capitão Cook

Descoberta da  América
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Introdução à Antropologia

Questões gerais:

O  que  é o  humano?

Ideia de  progresso

Estudos de  culturas

Imaginações sobre o  ”primitivo”  e  o  ”selvagem”

Teólogos e  missionários – Cristianismo e  conversão (evolução moral)

Como  pensar o  outro?  Métodos e  questões – “formas de  observação”

”Os europeus não podiam descrever o  que  viam porque não tinham estoque cultural  para  ver o  que  acontecia”
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Introdução à Antropologia

Como  explicar sociedades humanas tão diferentes?  


-­‐ Teorias Raciais (biológicas)  
-­‐ Abordagem culturalista (antropológica)

RAÇA  X  CULTURA

Como  entender ”outros”  modos de  vida?

Como  sair da  perspectiva da  ausência?


Povos sem estado
Povos sem moeda
Povos sem ciência
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A  etnografia como um  jeito de  entender (e  aprender)  Antropologia


Bronislaw Malinowski
1. Estanhos no  exterior  – Fora  da  Varanda (Bronislaw Malinowski)  
https://www.youtube.com/watch?v=Qn_gLroH3bQ&t=182s
2. 1922  -­‐ Os argonautas do  Pacífico Ocidental – Introdução:  Tema,  método e  objetivo dessa pesquisa
3. O  que  é etnografia (https://www.youtube.com/watch?v=H-­‐pAVymWhYo)

Ruptura com  o  Evolucionismo Cultural  

As  sociedades são únicas e  têm seu próprio estilo de  vida


Como  entender vidas sociais tão diferentes?  Compreender o  ”ponto de  vista  nativo”

Método:  Observação Participante


Etnografia

Povos sem estado – pesquisa sobre instituições políticas e  formas de  organização social  
Povos sem moeda – pesquisa sobre sistemas econômicos e  de  trocas
Povos sem ciência – pesquisa sobre sistemas de  pensamento e  conhecimento
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A  etnografia como um  jeito de  entender (e  aprender)  Antropologia


Bronislaw Malinowski
1. Estanhos no  exterior  – Fora  da  Varanda (Bronislaw Malinowski)  
https://www.youtube.com/watch?v=Qn_gLroH3bQ&t=182s
2. 1922  -­‐ Os argonautas do  Pacífico Ocidental – Introdução:  Tema,  método e  objetivo dessa pesquisa
3. O  que  é etnografia (https://www.youtube.com/watch?v=H-­‐pAVymWhYo)

Observação participante:  “observações minuciosas e  detalhadas”  registradas na forma  de  um  diário,  aptas a  
captar os “imponderabilia da  vida real”,  os “acontecimentos”,  “ações”  e  “comportamentos”  das  pessoas (idem).

• “documentação concreta e  estatística”  feita por meio de  tabelas,  quadros sinópticos,  censos,  genealogias:  
apreender o  esqueleto – estrutura das  relações sociais –,  sendo necessário completá-­‐lo  com  a  apreensão da  
carne  e  do  sangue;

• observação de  como essa estrutura é vivida – ”espírito”  – entrevistas,  opiniões,  narrativas – do  organismo
social.

Questões importantes:  entrada  no  campo;  tempo  da  pesquisa;  aprendizagem da  língua;  convívio com  os
”nativos”;  participação na vida cotidiana;  diário de  campo;  sistematização das  informações;  registro;  saída do  
campo;  escrita
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EVANS-­‐PRITCHARD,  E.E.  Bruxaria,  oráculos e  magia entre  osAzande.  Introdução.  Capítulos 1,  2  e  3.  Rio  de  
Janeiro:  Jorge  ZAHAR  Editor.  [1937]

Fruto de  vinte meses de  trabalho de  campo,  realizado entre  1926  e  1929,  junto  a  este povo do  sul do  Sudão,  a  
monografia é vasta em contribuições tanto teóricas quanto etnográficas,  resultantes de  um  envolvimento intenso
com  as  ideias azande.

A  bruxaria,  questão central  do  livro,  longe de  ser um  tema concebido antes  da  ida a  campo,  se  impôs como objeto
de  estudo por conta de  sua presença constante entre  os nativos e  pela  importância atribuída a  ela,  notada desde
os primeiros contatos do  antropólogo com  a  sociedade.

Evans-­‐Pritchard descreve a  crença zande na bruxaria como um  meio de  explicar os infortúnios.

O  autor mostra como a  bruxaria faz parte  de  um  sistema de  pensamento racional e  coerente -­‐ que  envolve os
oráculos,  a  magia,  a  feitiçaria,  os adivinhos e  as  drogas etc.  -­‐ capaz de  dar sentido não apenas a  eventos físicos e  
objetivos,  como faz a  racionalidade científica ocidental,  mas  também aos acasos e  a  acontecimentos imprevisíveis.

https://ea.fflch.usp.br/obra/bruxaria-­‐oraculos-­‐e-­‐magia-­‐entre-­‐os-­‐azande
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EVANS-­‐PRITCHARD,  E.E.  Bruxaria,  oráculos e  magia entre  osAzande.  Introdução.  Capítulos 1,  2  e  3.  Rio  de  
Janeiro:  Jorge  ZAHAR  Editor.  [1937]

Os Azande entendem a  bruxaria como condição hereditária e  biológica,  que  é disparada por um  ato psíquico,  por
vezes involuntário,  incitado por ciúme,  inveja,  ódio ou cobiça,  e  que  desencadeia uma série de  infortúnios a  quem
ela se  destina.  

Evans-­‐Pritchard conta que  viu a  luz  característica da  bruxaria atravessar a  floresta e  se  instalar na residência de  um  
homem que  – não por acaso,  segundo a  lógica zande – faleceu pouco tempo  depois.

Nesta obra,  Evans-­‐Pritchard dialoga com  as  principais teorias então correntes sobre a  razão humana.  Ao identificar
a  racionalidade que  subjaz à bruxaria zande,  a  monografia avança em relação à teoria da  mentalidade primitiva de  
Lucien  Lévy-­‐Bruhl (1857-­‐1939)  e  à noção de  representações coletivas de Émile  Durkheim (1858-­‐1917),  que  lhe
serviram de  ponto de  partida.

https://ea.fflch.usp.br/obra/bruxaria-­‐oraculos-­‐e-­‐magia-­‐entre-­‐os-­‐azande
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GEERTZ,  Clifford.  A  interpretação das  culturas.  Rio  de  Janeiro:  Guanabara  Koogan.  [1973]  1989.  
Cap  9  Um  jogo absorvente:  notas sobre a  briga de  galos balinesa.

Antropologia Interpretativa
(Geertz  – Cap  1  -­‐ UMA  DESCRIÇÃO  DENSA:  Por uma Teoria Interpretativa da  Cultura)  

O  conceito de  cultura que  eu defendo,  e  cuja utilidade os ensaios abaixo tentam demonstrar,  é essencialmente
semiótico.  Acreditando,  como Max  Weber,  que  o  homem é um  animal  amarrado a  teias de  significados
que  ele mesmo teceu,  assumo a  cultura como sendo essas teias e  a  sua análise;  portanto,  não como uma
ciência experimental  em busca de  leis,  mas  como uma ciência interpretativa,  à procura do  significado.  É
justamente uma explicação que  eu procuro,  ao construir expressões sociais enigmáticas na sua superfície.
Todavia,  essa afirmativa,  uma doutrina numa cláusula,  requer por si mesma uma explicação.

Visto sob  esse ângulo,  o  objetivo da  antropologia é o  alargamento do  universo do  discurso humano.

Compreender a  cultura de  um  povo expõe a  sua normalidade sem reduzir sua particularidade.  (Quanto mais eu
tento seguir o  que  fazem os marroquinos,  mais lógicos e  singulares eles me  parecem.)  Isso os torna acessíveis:  
colocá-­‐los no  quadro de  suas próprias banalidades dissolve  sua opacidade.
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GEERTZ,  Clifford.  A  interpretação das  culturas.  Rio  de  Janeiro:  Guanabara  Koogan.  [1973]  1989.  
Cap  9  Um  jogo absorvente:  notas sobre a  briga de  galos balinesa.

(Geertz  – Cap  1  -­‐ UMA  DESCRIÇÃO  DENSA:  Por uma Teoria Interpretativa da  Cultura)  
Resumindo,  os textos antropológicos são eles mesmos interpretações e,  na verdade,  de  segunda e  terceira mão.  
(Por definição,  somente um  "nativo"  faz a  interpretação em primeira mão:  é a  sua cultura.)  Trata-­‐se,  portanto,  de  
ficções;  ficções no  sentido de  que  são "algo construído",  "algo modelado"  — o  sentido original  de  fictio — não que  
sejam falsas,  não-­‐fatuais ou apenas experimentos de  pensamento.

CAPÍTULO  9:  UM  JOGO  ABSORVENTE:  Notas sobre a  Briga de  Galos Balinesa
A  invasão
De  galos e  homens
O  embate
As  vantagens e  o  direito ao par
Brincando com  o  fogo
Penas,  sangue,  multidões e  dinheiro
Dizer alguma coisa sobre algo
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GEERTZ,  Clifford.  A  interpretação das  culturas.  Rio  de  Janeiro:  Guanabara  Koogan.  [1973]  1989.  
Cap  9  Um  jogo absorvente:  notas sobre a  briga de  galos balinesa.

Se  se  toma a  briga de  galos,  ou qualquer outra estrutura simbólica coletivamente,  organizada,  como meio de  "dizer
alguma coisa sobre algo"  (para  invocar um  famoso rótulo aristoteliano),  enfrenta-­‐se,  então,  um  problema não de  
mecânica social,  mas  de  semântica social.  Para  o  antropólogo,  cuja preocupação é com  a  fomulação de
princípios sociológicos,  não com  a  promoção ou a  apreciação de  brigas de  galos,  a  questão é:  que  é que  se
aprende sobre tais princípios examinando a  cultura como uma reunião de  textos?  (p.210).  

No  caso em pauta,  tratar a  briga de  galos como texto é salientar um  aspecto dela (na minha opinião,  o  aspecto
principal)  que,  tratando-­‐a  como um  rito ou um  passatempo,  as  duas alternativas mais óbvias,  se  tenderia a  
obscurecer:  sua utilização da  emoção para  fins  cognitivos.  O  que  a  briga de  galos diz,  ela o  faz num vocabulário de  
sentimento — a  excitação do  risco,  o  desespero da  derrota,  o  prazer do  triunfo.  Entretanto,  o  que  ela diz não é
apenas que  o  risco é excitante,  que  a  derrota é deprimente ou que  o  triunfo é gratificante,  tautologias banais do  
afeto,  mas  que  é com  essas emoções,  assim exemplificadas,  que  a  sociedade é construída e  que  os indivíduos são
reunidos.  Assistir a  brigas de  galos e  delas participar é,  para  o  balinês,  uma espécie de  educação sentimental.  Lá,  o  
que  ele aprende,  é qual a  aparência que  têm o  ethos  de  sua cultura e  sua sensibilidade privada (ou,  pelo menos,  
certos aspectos dela)  quando soletradas externamente,  num texto coletivo;  que  os dois são tão parecidos que  
podem ser articulados no  simbolismo de  um  único desses textos;  e  — a  parte  inquietante — que  o  texto no  qual se  
faz essa revelação consiste num frango rasgando o  outro  em pedaços,  inconscientemente.  (p.210)
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GEERTZ,  Clifford.  A  interpretação das  culturas.  Rio  de  Janeiro:  Guanabara  Koogan.  [1973]  1989.  
Cap  9  Um  jogo absorvente:  notas sobre a  briga de  galos balinesa.

A  cultura de  um  povo é um  conjunto de  textos,  eles mesmos conjuntos,  


que  o  antropólogo tenta ler por sobre os ombros daqueles a  quem eles
pertencem.  (p.212)
GOLDMAN, Marcio.  2003.  Os tambores dos  mortos e  os tambores dos  vivos.  Etnografia,  antropologia e  
política em Ilhéus,  Bahia.  Revista deAntropologia,  vol.46, n.2, São  Paulo,  pp.  423-­‐444.

GOLDMAN, Marcio.  Favret-­‐Saada,  os afetos,  a  etnografia.  Cadernos deCampo (USP),  n.13,  pp.  149-­‐153.  2005.

FAVRET-­‐SAADA,  Jeanne.  2005.  Ser afetado.  Cadernos de  Campo(USP),  n.13,  pp.  155-­‐161.

O  objetivo último deste texto é refletir sobre a  possibilidade de  manter o  ponto de  vista  antropológico
tradicional,  quando o  objeto observado faz parte  do  coração da  sociedade do  observador
GOLDMAN, Marcio.  2003.  Os tambores dos  mortos e  os tambores dos  vivos.  Etnografia,  antropologia e  
política em Ilhéus,  Bahia.  Revista deAntropologia,  vol.46, n.2, São  Paulo,  pp.  423-­‐444.

GOLDMAN, Marcio.  Favret-­‐Saada,  os afetos,  a  etnografia.  Cadernos deCampo (USP),  n.13,  pp.  149-­‐153.  2005.

FAVRET-­‐SAADA,  Jeanne.  2005.  Ser afetado.  Cadernos de  Campo(USP),  n.13,  pp.  155-­‐161.

Na  verdade,  o  fato de  os tambores que  ouvi serem ou não dos  mortos (ou de  alguma banda afro,  do  vento,  ou
outra coisa qualquer),  ou mesmo o  fato de  acreditar ou não que  o  eram,  não tem  a  menor importância.  O  que  
importa é que,  querendo ou não,  levei a  história a  sério,  fui por ela afetado no  sentido que  Jeanne  Favret-­‐
Saada (1990,  p.  7)  confere à expressão.  Ou seja,  o  evento me  atingiu em cheio – certamente de  maneira
distinta daquela pela  qual atingiu meus  amigos  (e  talvez até mesmo como parte  das  tradicionais histórias de  
antropólogos tendo experiências místicas)  mas,  não obstante,  de  um  modo que  permitiu o  estabelecimento de  
uma certa forma  de  comunicação involuntária entre  nós (p.  9).
GOLDMAN, Marcio.  2003.  Os tambores dos  mortos e  os tambores dos  vivos.  Etnografia,  antropologia e  
política em Ilhéus,  Bahia.  Revista deAntropologia,  vol.46, n.2, São  Paulo,  pp.  423-­‐444.

GOLDMAN, Marcio.  Favret-­‐Saada,  os afetos,  a  etnografia.  Cadernos deCampo (USP),  n.13,  pp.  149-­‐153.  2005.

FAVRET-­‐SAADA,  Jeanne.  2005.  Ser afetado.  Cadernos de  Campo(USP),  n.13,  pp.  155-­‐161.

Num registro menos acadêmico,  sempre imaginei que  as  técnicas de  trabalho de  campo  que  utilizei em
Ilhéus se  assemelhavam muito ao que  se  denomina,  no  candomblé,  “catar folha”  :  alguém que  deseja
aprender os meandros do  culto deve logo  perder as  esperanças de  receber ensinamentos prontos e  
acabados de  algum mestre;  ao contrário,  deve ir reunindo (“catando”  )  pacientemente,  ao longo dos  anos,  
os detalhes que  recolhe aqui e  ali (as  “folhas”  )  com  a  esperança de  que,  em algum momento,  uma síntese
plausível se  realizará.  (p.455)

Entretanto,  dado  o  caráter segmentar desse movimento,  foi preciso e  inevitável que  essa convivência fosse  
diferenciada.  O  que  significa que,  o  que  costumamos denominar “ponto de  vista  nativo”  ,  não deve jamais
ser pensado como atributo de  um  nativo genérico qualquer,  negro,  de  classe popular,  ilheense,  baiano,  
brasileiro ou uma mistura judiciosa de  tudo isso.  Trata-­‐se  sempre de  pessoas muito concretas,  cada uma
dotada de  suas particularidades e,  sobretudo,  agência e  criatividade (p.456).  
GOLDMAN, Marcio.  2003.  Os tambores dos  mortos e  os tambores dos  vivos.  Etnografia,  antropologia e  
política em Ilhéus,  Bahia.  Revista deAntropologia,  vol.46, n.2, São  Paulo,  pp.  423-­‐444.

GOLDMAN, Marcio.  Favret-­‐Saada,  os afetos,  a  etnografia.  Cadernos deCampo (USP),  n.13,  pp.  149-­‐153.  2005.

FAVRET-­‐SAADA,  Jeanne.  2005.  Ser afetado.  Cadernos de  Campo(USP),  n.13,  pp.  155-­‐161.

Favret-­‐Saada entende a  necessidade do  etnógrafo aceitar ser afetado pela  experiência indígena,  o  que,  diz
ela,  “não implica que  ele se  identifique com  o  ponto de  vista  indígena,  nem que  ele aproveite a  experiência
de  campo  para  excitar seu narcisismo”  (Favret-­‐Saada,  1990,  p.  7).

Favret-­‐Saada:  
Como  se  vê,  quando um  etnógrafo aceita ser afetado,  isso não implica identi.car-­‐se  com  o  ponto de  vista  
nativo,  nem aproveitar-­‐se  da  experiência de  campo  para  exercitar seu narcisismo.  Aceitar ser afetado supõe,  
todavia,  que  se  assuma o  risco de  ver seu projeto de  conhecimento se  desfazer.  Pois se  o  projeto de  
conhecimento for  onipresente,  não acontece nada.  Mas  se  acontece alguma coisa e  se  o  projeto de  
conhecimento não se  perde em meio a  uma aventura,  então uma etnografia é possível.

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