Regra das Três Pistas investigando a cena de um assassinato.
Ele
Cenários misteriosos para jogos de RPG
ganharam a reputação de se transformarem
em desastres absolutos: os PJs acabarão se
desviando totalmente do curso ou falhando
em encontrar uma pista específica e todo o
cenário irá parar bruscamente ou cair do
penhasco mais próximo. Os jogadores ficarão
inseguros sobre o que devem fazer. O GM
sentirá como se tivesse feito algo errado. E
toda a noite provavelmente terminará em
tédio ou frustração ou ambos.
Regra das Três Pistas - Sherlock
Holmes
Aqui está um exemplo típico: quando os PJs
se aproximam de uma cena de crime, eles
não procuram fora de casa, então nunca
encontram as pegadas do lobo que se
transformam nas pegadas de um humano.
Eles falham no teste de Busca para encontrar
as cartas de amor escondidas, então eles
nunca percebem que as duas mulheres
estavam sendo cortejadas pelo mesmo
homem. Eles encontram o caixote quebrado
onde se lê DANNER'S MEATS, mas em vez de
voltar para verificar o açougueiro local com
quem falaram antes, eles decidem vigiar a
fábrica de processamento de carne mais
próxima.
Como resultado de problemas como esses,
muitas pessoas chegam a uma conclusão
errônea: Cenários misteriosos em RPGs são
uma má ideia. Em um típico mistério de
assassinato, por exemplo, o protagonista é
um brilhante detetive. Os jogadores
provavelmente não são detetives brilhantes.
Portanto, os mistérios são impossíveis ou,
como alguém me disse uma vez: “Os
jogadores não são Sherlock Holmes”.
Embora a conclusão esteja incorreta, há um
elemento de verdade nisso. Por exemplo, em
A Study in Scarlet , Sherlock Holmes está
descobre uma pequena pilha de cinzas no
canto da sala. Ele os estuda cuidadosamente
e consegue concluir que as cinzas vieram de
um charuto Trichinopoly.
Agora, vamos analisar como esse exemplo
relativamente menor de dedução holmesiana
funcionaria na mesa de jogo:
(1) Os jogadores precisariam vasculhar a sala
com sucesso.
(2) Eles precisariam se preocupar o suficiente
com as cinzas para examiná-las.
(3) Eles precisariam ser bem-sucedidos em
um teste de habilidade para identificá-los.
(4) Eles precisariam usar esse conhecimento
para chegar à conclusão correta.
São quatro possíveis pontos de falha: Os PJs
podem falhar em vasculhar a sala (ou porque
os jogadores não pensaram em fazer isso ou
porque seus testes de habilidade foram
ruins). Os PJs podem deixar de examinar as
cinzas (porque não as consideram
importantes). Os PJs podem falhar no teste
de habilidade para identificá-los. Os PJs
podem falhar em fazer a dedução correta.
Se entender corretamente essa pista é, de
fato, essencial para o desenrolar da aventura
— se, por exemplo, os PJs precisarem ir até a
tabacaria especializada mais próxima e
começar a fazer perguntas — então a pista
serve como ponto de estrangulamento: ou os
PJs entendem a pista ou os PJs batem em
uma parede.
Os pontos de estrangulamento no design de
aventura são sempre um grande problema e
precisam ser evitados, mas podemos ver que
quando se trata de um cenário misterioso o
problema é muito pior: cada pista não é
apenas um ponto de estrangulamento, são na
verdade vários pontos de estrangulamento.
Portanto, a solução aqui é simples: remova os
pontos de estrangulamento.
A TRILHA DO PÃO
Sistema GUMSHOE - Robin D. LawsPara o
sistema GUMSHOE (usado em The
Esoterrorists , Fear Itself , e The Trail of
Cthulhu ), Robin D. Laws decidiu se livrar do
conceito de precisar encontrar pistas. Em
cada “cena” de um cenário de investigação,
existe uma “pista”. Supõe-se
automaticamente que os investigadores
encontrarão essa pista.
Isso remove três de nossos quatro pontos de
estrangulamento, deixando apenas a disse eu; mas e a altura do outro homem?”
necessidade de usar a pista para fazer a
dedução correta (ou seja, a dedução que o
move para a próxima “cena” onde a próxima
pista pode ser transmitida). E, no caso do
sistema GUMSHOE, até mesmo esta etapa
pode ser abordada mecanicamente (com os
jogadores comprometendo pontos das
habilidades de seus personagens para receber
“deduções” cada vez mais precisas do GM).
Esta é uma solução mecânica para o
problema. Mas, embora possa resultar em
uma sessão de jogo que segue
superficialmente a estrutura de uma história
de mistério, acho que falha porque não
parece que você está jogando um mistério.
O erro fundamental de Laws, eu acho, é
assumir que uma história de mistério é
fundamentalmente sobre seguir uma “trilha
de migalhas de pão” de pistas. Aqui está uma
citação de um ensaio de design sobre o
assunto:
Eu diria, antes de mais nada, que esses
medos são equivocados e surgem de uma
percepção errônea fundamental. O rastro de
pistas, ou enredo de migalhas de pão, não é a
história e não constitui uma experiência
pré-roteirizada. O que os PJs escolhem fazer
e como eles interagem uns com os outros
enquanto resolvem o mistério, é a história.
Conforme mencionado nas regras do
Esoterrorista , vimos isso em ação durante o
teste de jogo, pois todos os grupos tiveram
experiências muito diferentes do cenário de
amostra, pois cada combinação de GM e
jogador riffs em suas próprias maneiras
únicas das situações sugeridas.
Mas, na verdade, esse tipo de trama simplista
“A leva a B leva a C leva a D” não é típico do
gênero de mistério. Para um contra-exemplo
relativamente simplista, vamos voltar a
Sherlock Holmes em A Study in Scarlet :
WATSON: “Isso parece bastante simples”,
HOLMES: “Ora, a altura de um homem, em
nove casos em dez, pode ser medida pelo
comprimento de seus passos. É um cálculo
bastante simples, embora não valha a pena
entediá-lo com números. Eu tinha o passo
desse sujeito tanto no barro por fora quanto
no pó por dentro. Então eu tinha uma
maneira de verificar meu cálculo. Quando um
homem escreve na parede, seu instinto o leva
a escrever acima do nível de seus próprios
olhos. Agora aquela escrita estava a pouco
mais de um metro e oitenta do chão. Foi uma
brincadeira de criança.”
Esta é apenas uma pequena dedução em um
mistério muito maior, mas você notará que
Holmes de fato reuniu várias pistas,
estudou-as e depois extraiu uma conclusão
delas. E esta é, de fato, a estrutura típica do
gênero mistério: o detetive lentamente reúne
um corpo de evidências até que, finalmente,
surge uma conclusão. Nas famosas palavras do
próprio Holmes: “Quando você elimina o
impossível, o que resta, por mais improvável
que seja, deve ser a verdade”.
O que é verdade, no entanto, é que em
muitos casos é necessário fazer muitas
deduções menores para que todas as
evidências necessárias para resolver o
mistério sejam reunidas. No entanto, como
demonstra o exemplo de A Study in Scarlet ,
mesmo essas deduções menores podem ser
baseadas em um conjunto de evidências e
não apenas em uma pista isolada.
Esta constatação conduz-nos,
inexoravelmente, à solução que
procurávamos.
A REGRA DAS TRÊS PISTAS
Sempre que estiver projetando um cenário
misterioso, você deve seguir invariavelmente
a Regra das Três Pistas:
Para qualquer conclusão que você queira que
os PJs façam, inclua pelo menos três pistas.
Por que três? Porque os PCs provavelmente
perderão o primeiro; ignore o segundo; e
interprete mal o terceiro antes de dar um
incrível salto de lógica que os leve aonde
você queria que eles fossem o tempo todo.
Estou brincando, claro. Mas se você pensar
em cada pista como um plano (os PJs
encontrarão A, concluirão B e irão para C),
então, quando você tiver três pistas, não terá
apenas um plano - você também terá dois
planos de backup. E quando você percebe
que seus planos nunca sobrevivem ao contato
com os jogadores, a necessidade desses
planos de backup fica clara.
Na melhor das hipóteses, é claro, os
jogadores encontrarão todas as três pistas.
Não há nada de errado com isso. Eles podem
usar essas pistas para confirmar suas
suspeitas e reforçar suas conclusões (assim
como Sherlock Holmes).
Na pior das hipóteses, eles devem ser
capazes de usar pelo menos uma dessas
pistas para chegar à conclusão certa e manter
a aventura em andamento.
E aqui vai uma dica importante: não há
exceções à regra das três pistas.
“Mas Justin!” Eu ouço você dizer. “Esta pista
é realmente óbvia . Não há como os
jogadores não descobrirem.”
Na minha experiência, você provavelmente
está errado. Por um lado, você é quem está
projetando o cenário. Você já sabe qual é a
solução para o mistério. Isso torna muito
difícil para você julgar objetivamente se algo
é óbvio ou não.
E mesmo se você estiver certo, e daí? Ter
pistas extras não vai causar nenhum
problema. Por que não estar seguro em vez
de remediar?
ESTENDENDO A REGRA DAS TRÊS PISTAS
Se você pensar sobre isso em um sentido mais
amplo, a Regra das Três Pistas é realmente
uma boa ideia para se ter em mente ao
projetar qualquer cenário.
Richard Garriott, o designer dos jogos de
computador Ultima e Tabula Rasa , disse uma
vez que seu trabalho como designer de jogos
era garantir que pelo menos uma solução para
um problema fosse possível sem impedir que
o jogador encontrasse outras soluções por
conta própria. Por exemplo, se você
encontrar uma porta trancada em um jogo
Ultima , haverá uma chave para essa porta
em algum lugar. Mas você também pode abrir
caminho através dele; ou abrir a fechadura;
ou puxe um canhão até ele e exploda-o.
Deus Ex-Warren SpectorWarren Spector, que
começou a trabalhar com Garriott em Ultima
VI , viria a projetar Deus Ex . Ele segue a
mesma filosofia de design e fala com
entusiasmo sobre a emoção que sentiria ao
ver alguém jogar seu jogo e pensar: "Espere
... isso vai funcionar?"
Ao projetar uma aventura, tento levar essa
filosofia de design um passo adiante: para
qualquer problema, certifico-me de que haja
pelo menos uma solução e permaneço
completamente aberto a qualquer solução
que os jogadores possam apresentar por
conta própria.
Mas, para qualquer problema de ponto de
estrangulamento , garanto que haja pelo
menos três soluções.
Por ponto de estrangulamento, quero dizer
qualquer problema que deve ser resolvido
para que a aventura continue.
Por exemplo, digamos que haja uma porta
secreta atrás da qual está escondido algum
tesouro aleatório, mas sem importância.
Encontrar a porta secreta é um problema,
mas não é um gargalo, então só preciso
encontrar uma solução. Em D&D, essa solução
é fácil porque está embutida nas regras: a
porta secreta pode ser encontrada com um
teste de Busca bem-sucedido.
Mas digamos que, em vez de algum tesouro
aleatório, haja algo de importância
absolutamente vital atrás daquela porta. Para
que a aventura funcione, os PJs devem
encontrar aquela porta secreta.
A porta secreta agora é um problema de
ponto de estrangulamento e, portanto,
tentarei garantir que haja pelo menos três
soluções. A primeira solução permanece a
mesma: um teste de pesquisa bem-sucedido.
A isso poderíamos acrescentar uma nota em
um local diferente onde um cultista é
instruído a “esconder o artefato atrás da
estátua de Rá” (onde fica a porta secreta);
um diário muito danificado escrito pelo
designer do complexo que se refere à porta;
uma segunda porta secreta levando ao mesmo
local (isso conta como uma solução separada
porque introduz imediatamente a
possibilidade de um segundo teste de Busca);
um cenário provável em que o vilão principal
tentará fugir pela porta secreta; a habilidade
de interrogar cultistas capturados; e assim
por diante.
Depois de identificar um ponto de
estrangulamento como esse, torna-se
bastante trivial começar a adicionar soluções
como essa.
Já vi alguns GMs argumentarem que isso
torna as coisas “muito fáceis”. Mas a
realidade é que soluções alternativas como
essa tendem a tornar o cenário mais
interessante, não menos interessante. Veja
nossa porta secreta, por exemplo: Antes de
começarmos a adicionar soluções
alternativas, era apenas uma jogada de
dados. Agora é projetado por uma pessoa
específica; usado por cultistas; e
potencialmente explorado como uma fuga.
Ao começar a sobrepor essas técnicas da
Regra das Três Pistas, você descobrirá que
seus cenários se tornam ainda mais robustos.
Por exemplo, vamos pegar um mistério de
assassinato em que o assassino é um
lobisomem que procura seus ex-amantes.
Apresentamos três maneiras possíveis de
identificar o assassino:
(1) Patrulhe as ruas da pequena cidade na
noite de lua cheia.
(2) Identificar as vítimas como todas
ex-amantes do mesmo homem.
(3) Vá ao açougue local onde o assassino
trabalha e encontre suas confissões de
pesadelo e pecado escritas com sangue nas
paredes da sala dos fundos.
Para cada uma dessas conclusões (ele é um
lobisomem; ele é um ex-amante; devemos
verificar o açougue) precisaremos de três
pistas.

ELE É UM LOBISOMEM : Rastros que variam de
pegadas de lobo a pegadas humanas. Marcas
de garras enormes nas vítimas. Uma das
vítimas possuía uma pistola carregada com
balas de prata.
ELE É UM EX-AMANTE : Cartas de amor
escritas pelo mesmo cara. Um diário escrito
por uma vítima descrevendo como ele a traiu
com outra vítima. Fotos do mesmo cara nas
vítimas ou guardadas em suas casas em algum
lugar.
CONFIRA O AÇOUGUEIRO : Um caixote
quebrado com a inscrição DANNER'S MEATS
em uma das cenas do crime. Um bilhete
dizendo “me encontre no açougue” amassou
e jogou em uma cesta de lixo. Uma entrada
anotada dizendo “encontre P no açougue” na
agenda de uma das vítimas.
E assim você criou um cenário com nove
caminhos diferentes para o sucesso. E se você
mantiver sua mente aberta para a ideia de
que “mais pistas são sempre melhores” ao
projetar a aventura, você encontrará ainda
mais oportunidades. Por exemplo, quão
trivial seria colocar uma referência ao
açougue em uma daquelas cartas de amor?
Ou encher aquele diário com esboços meio
loucos de lobos a carvão?
A parte divertida de tudo isso é que, uma vez
que você se deu permissão para incluir
muitas pistas, você se deu a oportunidade de
incluir algumas pistas realmente esotéricas e
sutis. Se os jogadores os descobrirem, eles se
sentirão muito bem por terem feito isso. Se
eles não os notarem ou não os entenderem,
tudo bem também: você tem muitas outras
pistas para eles seguirem (e assim que
resolverem o mistério, eles realmente
gostarão de olhar para trás naqueles
mistérios esotéricos). pistas e entender o que
elas significam).
COROLÁRIO: ENCONTRO PERMISSIVO DE
PISTAS
A máxima “mais pistas são sempre melhores”
é importante. Há um impulso natural ao
projetar um mistério, eu acho, para reter
informações. Esta é a inclinação lógica:
afinal, um mistério é essencialmente definido
por uma falta de informação. E há uma
diferença entre ter muitas pistas e fazer o
assassino escrever seu endereço residencial
com sangue na parede.
Mas o desejo de reter informações faz mais
mal do que bem, eu acho. Sempre que você
retém uma informação, está essencialmente
fechando um caminho para o sucesso
potencial. Isso remonta ao conselho de
Garriott: a menos que haja algum motivo para
que a porta seja à prova de canhão, o jogador
deve ser recompensado por seu pensamento
inteligente. Ou, colocando de outra forma: só
porque você não deve deixar a chave de uma
porta trancada no chão em frente à porta,
isso não significa que não deva haver várias
maneiras de passar pela porta trancada. .
Com isso em mente, você deve se abrir
conscientemente para encontrar pistas
permissivas. Com isso, quero dizer que, se os
jogadores apresentarem uma abordagem
inteligente para sua investigação, você deve
estar aberto à ideia de fornecer a eles
informações úteis como resultado.
Aqui está outra maneira de pensar sobre isso:
não trate a lista de pistas que você criou
durante o tempo de preparação como uma
camisa de força. Em vez disso, pense nesse
trabalho de preparação como sua rede de
segurança.
Eu costumava ficar muito apegado a uma
solução particularmente inteligente quando a
projetava. Eu investiria emocionalmente na
ideia de meus jogadores descobrirem essa
solução inteligente que eu projetei. Como
resultado, eu tenderia a vetar outras soluções
potenciais que os jogadores apresentassem -
afinal, se essas outras soluções funcionassem,
eles nunca descobririam a solução inteligente
que eu criei.
Com o tempo, aprendi que na verdade é
muito mais divertido quando os jogadores me
surpreendem . É a mesma razão pela qual
evito falsificar jogadas de dados para
preservar qualquer conceito dramático que
eu tenha inventado. Como resultado, agora
tendo a pensar em minha solução predefinida
como o pior cenário possível - a rede de
segurança que se encaixa quando meus
jogadores não conseguem encontrar algo mais
interessante.
Para estar aberto a pistas permissivas, você
primeiro precisa entender a situação
subjacente. (Quem é o lobisomem? Como ele
matou esta vítima? Por que ele os matou?
Quando ele os matou?) Em seguida, abrace as
ideias e abordagens inesperadas que os PJs
terão e incline-se para o lado permissivo ao
decidir se eles devem ou não pode encontrar
uma pista que você nunca tinha pensado
antes.
COROLÁRIO: PISTAS PROATIVAS
Também conhecido como Bash Them On the
Head With It.
Às vezes, apesar de seus melhores esforços,
os jogadores chegam a um beco sem saída:
eles não sabem o que as pistas significam ou
estão ignorando as pistas ou usaram as pistas
para chegar a uma conclusão incorreta e
agora estão indo na direção completamente
errada. (Quando estou usando a Regra das
Três Pistas, acho que isso acontecerá com
mais frequência quando os PJs não
perceberem que há realmente um mistério
que precisa ser resolvido - afinal, nem todo
mistério é tão óbvio quanto um cadáver. )
É quando ter um plano de backup é útil. O
problema nesse cenário é que os PCs estão
sendo muito passivos — seja porque não têm
as informações de que precisam ou porque
estão usando as informações de maneira
errada. A solução, portanto, é fazer com que
algo ativo aconteça com eles.
O conselho de Raymond Chandler para esse
tipo de impasse foi: “Faça um cara com uma
arma entrar pela porta”.
Minha resposta típica segue a mesma linha: o
bandido descobre que é ele quem está
investigando o crime e manda alguém matá-lo
ou suborná-lo.
Outra boa é “alguém morre”. Ou, em um
sentido mais geral, “acontece a próxima
parte do plano do bandido”. Isso tem o efeito
de criar proativamente um novo local ou
evento para os PCs interagirem.
A ideia de tudo isso, é claro, não é
simplesmente “fazer algo acontecer”. Você
deseja especificamente que o evento forneça
a eles uma nova pista (ou, melhor ainda,
várias pistas) que eles possam acompanhar.
Na pior das hipóteses, porém, você pode criar
um cartão final “Saia da Cadeia Livre” que
pode ser usado para encerrar o cenário de
forma satisfatória, não importa o quanto os
PCs fiquem confusos. Por exemplo, em nosso
mistério de lobisomem — se os PJs se
perderem completamente — você pode
simplesmente fazer o lobisomem aparecer e
tentar matá-los (porque ele acha que eles
estão “chegando muito perto”). Isso
geralmente é menos do que satisfatório, mas
pelo menos tira você de uma situação ruim. É
o backup final quando todos os outros
backups falharam.
COROLÁRIO: RED HERRINGS SÃO
SUPERAVALIADOS
As pistas falsas são um elemento clássico do
gênero misterioso: todas as evidências
apontam para X, mas é uma pista falsa! O
verdadeiro assassino é Y!
Quando se trata de projetar um cenário para
um RPG, no entanto, as pistas falsas são
superestimadas. Não vou ao ponto de dizer
que você nunca deve usá-los, mas vou ao
ponto de dizer que você só deve usá-los com
extrema cautela.
Há duas razões para isso:
arenque vermelhoPrimeiro, conseguir que os
jogadores façam as deduções que deveriam
fazer já é bastante difícil. Jogar em um
arenque vermelho só torna tudo ainda mais
difícil. Mais importante, no entanto, uma vez
que os jogadores tenham chegado a uma
conclusão, eles tenderão a se agarrar a ela.
Pode ser extremamente difícil convencê-los a
deixar para lá e reavaliar as evidências. (Uma
das maneiras de fazer um arenque vermelho
funcionar é ter certeza de que haverá uma
refutação absolutamente incontestável dele:
por exemplo, os assassinatos continuam
mesmo depois que os PJs prendem um
suspeito. Infelizmente, seu conceito de uma
“refutação incontestável” pode conter tanta
água quanto o seu conceito de uma “pista
realmente óbvia que não pode ser perdida.)
Em segundo lugar, não há necessidade de
inventar uma pista falsa: os jogadores quase
certamente cuidarão disso para você. Se você
preencher sua aventura com nada além de
pistas que apontam de forma conclusiva e
decisiva para o verdadeiro assassino, posso
praticamente garantir que os jogadores
suspeitarão de pelo menos três outras
pessoas antes de descobrirem quem está
realmente por trás de tudo. Eles ficarão
muito apegados a essas suspeitas e
começarão a tecer teorias complicadas
explicando como as evidências que possuem
se encaixam no suspeito que desejam.
Em outras palavras, o grande truque ao
projetar um cenário misterioso é tentar
evitar um acidente de carro. Jogar pistas
falsas na mistura é como embriagar os
jogadores antes de colocá-los ao volante do
carro.
COROLÁRIO: NADA É CERTO
Você traçou cuidadosamente um cenário no
qual existem vários caminhos para a solução,
com cada etapa ao longo de cada caminho
suportada por dezenas de pistas. Você ainda
tem alguns planos de backup proativos
projetados para colocar os PCs de volta nos
trilhos se as coisas derem errado.
Nada poderia dar errado!
… por que você diz coisas assim?
A verdade é que você é um rato ou um
homem e, mais cedo ou mais tarde, seus
planos vão dar errado. Quando isso
acontecer, você vai querer estar preparado
para a possibilidade de lançar novos planos
de backup em tempo real.
Aqui está uma citação de um excelente
ensaio de Ben Robbins :
Armas normais não podem matar os zumbis.
MicroMan não confia no Capitão Fury. O
monstro do lago é na verdade o velho Wiggins
com uma máscara de borracha.
Estas são Revelações. São coisas que você
deseja que os jogadores descubram para que
possam fazer boas escolhas ou apenas
entender o que está acontecendo no jogo. As
revelações avançam no enredo e tornam o
jogo dramaticamente interessante. Se os
jogadores não descobrirem (ou não
descobrirem na hora certa), eles podem
atrapalhar o seu jogo.
Eu recomendo este ensaio altamente. Ele diz
praticamente tudo o que eu planejava incluir
em minha discussão deste corolário final,
então não vou perder meu tempo
reformulando algo que já foi escrito tão bem.
Em vez disso, vou me satisfazer apenas
citando este conselho:
Escreva suas revelações : Escrever suas
revelações com antecedência mostra como o
jogo vai fluir. Uma vez que o jogo começa, as
coisas podem ficar um pouco agitadas - você
pode acidentalmente ter o gênio do mal
aparecendo e entregando seu ultimato e
pisando duro novamente sem se lembrar de
deixar cair aquela dica chave que leva os
heróis à sua base. Se tiver sorte, você
reconhece a omissão e pode voltar atrás. Se
você não tiver sorte, não percebe nada e
passa o resto do jogo se perguntando por que
os jogadores têm uma ideia tão diferente do
que está acontecendo do que você.
Como discutimos, uma maneira de evitar esse
tipo de problema é evitar ter “uma
dica-chave” da qual depende a aventura. Mas
o conselho de “escrever suas revelações com
antecedência” é excelente. Como diz
Robbins, isso “deve ser uma lista de
verificação ou um gatilho, não toda a
explicação”.
Se você perceber que muitas pistas para uma
conclusão estão sendo perdidas, ou que todas
as pistas foram encontradas, mas os jogadores
ainda não descobriram, então você saberá
que provavelmente é hora de começar a
pensar em novas pistas que podem ser
trabalhou na aventura.
A PALAVRA FINAL
Basicamente, tudo isso se resume a algo
simples: planeje vários caminhos para o
sucesso. Encoraje a engenhosidade do
jogador. Dê a si mesmo um failsafe.
E lembre-se da regra das três pistas:
Para qualquer conclusão que você queira que
os PJs façam, inclua pelo menos três pistas.
LEITURA ADICIONAL
Não prepare tramas
usando listas de revelação
Criando pistas
Pistas de execução: o resultado nulo
Design de cenário baseado em
nó Maestria de jogo 101

O que eu recomendo é listar cada conclusão

que você deseja que os jogadores cheguem.
Abaixo de cada conclusão, liste todas as
pistas que podem levá-los a essa conclusão.
(Isso também pode servir como uma boa lista
de verificação de design para garantir que
você tenha pistas suficientes para apoiar cada
conclusão.) À medida que os PJs receberem
as pistas, marque-as. (Isso permite que você
veja, rapidamente, se há áreas onde os PJs
estão perdendo muitas pistas.)

Por fim, ouça atentamente o que os

jogadores estão dizendo uns aos outros.
Quando eles realmente chegaram a uma
conclusão específica, você pode riscar toda a
conclusão da sua lista. (Tenha cuidado para
não marcar assim que eles considerarem uma
possibilidade. Marque apenas quando eles
realmente concluírem que é verdade.)