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“ Todo homem traz consigo a inteira

condição humana”. (Montaigne)

Michel Montaigne, filósofo


francês (1533 – 1592)

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ÉTICA E DIREITOS HUMANOS: INTRODUÇÃO
O que legitima a desigualdade, a injustiça, a miséria entre nós?
Renato Janine Ribeiro, professor titular de Ética e Filosofia Política na USP,
conta-nos um episódio que ele presenciou:
“Na Medicina, justamente, não esqueço uma coisa que aconteceu quando fui
viver na França, como bolsista, em 1972: morreu uma pessoa na calçada, a dois
metros de uma farmácia, sendo que nenhum farmacêutico a acudiu. E os
farmacêuticos não a socorreram porque se tocassem nela se tornariam
responsáveis pelo atendimento. Propôs-se então uma lei que valorizasse o
atendimento de emergência”.

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PENSE BEM!!!
Se dependermos de leis para que as pessoas sejam
humanas, estaremos perdidos.
Ou seja: a conduta correta, eticamente, teria sido o
farmacêutico ou qualquer pessoa acudir o outro,
mesmo correndo o risco de depois ser enquadrado na
lei. Porque era um valor humano que estava ali, a vida
de alguém. E se o juiz tivesse bom senso, depois, diria
que não era o caso de aplicar a lei. E se o juiz não
tivesse bom senso, mesmo assim a pessoa diria: fiz o
que devia fazer.

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1. Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no
século XVIII — em 1789, precisamente — que uma Assembleia Constituinte
produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de
revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e
das mentalidades: o iluminismo. (FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São
Paulo: Brasiliense, 1981). Correlacionando temporalidades históricas, o texto
apresenta uma concepção de pensamento que tem como uma de suas bases a
A) modernização da educação escolar
B) atualização da disciplina moral cristã
C) divulgação de costumes aristocráticos
D) socialização do conhecimento científico
E) universalização do princípio da igualdade civil.
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A dignidade não nasce das leis. É uma qualidade intrínseca ao ser humano, um
predicado que fundamenta a doutrina dos direitos humanos e a luta contra toda
forma de desumanidade. Infelizmente, o conceito de dignidade tem sido tratado
mais como figura de linguagem e menos como fundamento para o
desenvolvimento de políticas sociais e econômicas que interrompam as
históricas degradações contra a pessoa humana, mesmo que presente em textos
constitucionais dos países signatários da Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948), criada no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU).

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O HOMEM GREGO
• Animal político
• Cidadão da pólis
• Ação política  Bem  felicidade
• Prática das virtudes  excelência moral
• Sabedoria prática  prudência
• Justiça  igualdade/eqüidade
PENSADORES E SUAS IDEIAS DE LIBERDADE E IGUALDADE
THOMAS HOBBES Homem é o
(1588-1679) Os seres humanos lobo do homem. É necessário
são livres e lutam um acordo
Filósofo político inglês.
uns contra os entre as
Escreveu sobre o contrato e o pessoas
outros.
Estado moderno para evitar a
autodestrui
ção.
Todas as pessoas da sociedade deveriam
renunciar à liberdade e dar ao Estado o direito
de agir em seu nome e reprimir todos os
excessos de liberdade e interesses pessoais.

Imagem: John Michael Wright / Public Domain

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JOHN LOCKE (1632 – 1704), filósofo inglês.

Se os governantes exercerem o
Nesse caso, os cidadãos possuem o poder além do direito, será uma
direito de resistência e contestação da degeneração tirânica.
legitimidade do governo.

A razão e a propriedade privada são


direitos naturais, portanto, o papel
do Estado é proteger a propriedade
privada.
Imagem: Sir Godfrey Kneller / Public Domain

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JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778)

O homem é bom Uma das falhas


por natureza, da sociedade é a
desigualdade

mas pode ser


corrompido pela decorrente do
sociedade. surgimento da
propriedade privada.
A igualdade e liberdade, devem
ser jurídicas.
“Todos devem ser iguais perante
a lei”.
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KARL MARX (1818-1883), pensador alemão.

A democracia
O trabalhador, como plena só ocorre
é explorado, não tem quando há
cidadania plena. igualdade social.

Por isso, a revolução


social seria o caminho para
a igualdade.

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2. (UERJ 2018) “Direitos Humanos” é uma daquelas expressões que, por sua amplitude, tem sido
usada de várias maneiras e a serviço de diversas ideologias. Cada um que queira definir quais são
os direitos, cada qual que queira estabelecer seu padrão do “humano”. No Brasil, por exemplo, a
mídia relaciona a dita expressão quase sempre com a questão policial, atribuindo-lhe um sentido
negativo de estímulo à impunidade. Essa imagem, além de reducionista, por desprezar outras
dimensões como a dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (DESCs) e a dos Direitos de
Solidariedade, é também falsa. No particular da luta contra a tortura, o que se defende não é o
“criminoso”, mas a pessoa, independentemente de quem seja e de que título carregue: assassino,
estuprador, menor infrator, policial, governador etc. Não se milita pela impunidade, mas pelo
respeito às garantias mínimas estabelecidas em nossa Constituição, por um sistema prisional mais
ressocializador, por uma polícia que transmita menos medo e mais segurança. Luta-se também
contra a impunidade daqueles que se julgam acima da lei.
(Adaptado de fundacaomargaridaalves.org.br, 06/09/2006).
A expressão analisada no texto tem como fundamento o seguinte princípio iluminista:

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A) legítima defesa
B) igualdade jurídica
C) soberania popular
D) liberdade individual
E) razão iluminista.

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