Você está na página 1de 11
estudos semidticos wwwifich.usp.br/al/semiotica/es val 6.101 pez ibe 1900-4016 te Junho de 2209 Alfabetizacdo visual: uma abordagem arte-educativa para a contemporaneidade Marla Marea Costa Oliveira" Resume: Diante da complexa realidade social contemporanea, a qual disponibiliza todo Upo de informacao por meio dos mals variados sistemas linguisticos e aparatos teenoldgicos, a escola necessita formar um cidade capaz de interagire se comunicar através de todos esses meios. Nesse contexto, uma linguagem constantemente utiliada é a visual. Ao situar a origem da linguagem visual na histérla da arte, tem-se a arle-edueacio como a principal responsavel pelo ensino dos codigos linguisticos visuais 0s quais constituem as imagens eriadas © difunididas pelos diversos melos de comunicagio. Dessa forma, este artigo prope uma abordagem arte-educaliva gue auxilie 0s individuos na realizacio de uma leitura critica das ideias ¢ valores veiculados no mundo de hoje através dessas imagens. Para tanto, analisa algamas das ulizacdes ¢ aplicacdes dos conhecimentos Visuals pelos meios de comunicacao ¢ pelo marketing. Em seyulda, associa-os a concelios € procedimentos cerados no contexto artistice, evidenckindo como a comuntcacao e 0 marketing se apropriam do repertorio artistico, ¢ mais, como 0 conhecimento prévio do universo da arte potencializa a qualidade da letura que 0 individuo realiza dessas imagens. Conclut-se que a alfabettzacao visual amplia o olhar do individu, 0 limite ¢a abrangénela de sua percepeao, sendo, portanto, impreselndivel para uma atu sociedadle eontemporsinea, Palavras-chave: arte-educacdo, alfabetizacao visual, contemporanetdade 000 TRABALHO QUE ENVOLVE erlagiio e/ou mani- pulacao de signos imageticos esta direta ou indi fetamente ligado a linguagem artistica. Isso porque a linguagem visual tem sua origem - embora com Bnalidade a prineiplo religiosa, e nao estética na historia da arte. Entao, toda a teoria semidtica que sustenta os trabalhos de comunicacao e eriacao visual fot produzida a parur de estudos do acervo artistico humano, Portanto, ¢ imprescindivel aos profissionais que trabalham em Areas ligadas a propaganda, edi- toras, inckistrias de audiovisual, indtistrias téxteis, arquitetura, designer e televisio, dentre outros grupos que representam mais de um quarto das profissoes no Brasil, um conhecimento minimo de artes plasticas visuals. A qualidade do desempenho de todos esses profissionais est necessariamente relacionada 20 co- nhecimento de arte que esses individuos tem, como nos confirma Barbosa: dutores até 0 camera man, seriam melhores se conhecessem arte, porque estariam me- Thor preparados para julgar a qualidade © a propriedade das imagens. Ja ha uma pesquisa nos Estados Unidos mostrando que 08 camera man que tiveram cursos de apreciacao artistica sa0 mais eficientes. escolhem melhor os enquadramentos, do- minam melhor a imagem que jogam em nossas casas. Pensemos também na in. duistria téxtil, que desde a textura a padro- nagem, se enriqueceria com profissionals que conhecessem arte, O desenho de nos- sas cadeiras, em geral to ruim, seria bem melhorado se aqueles que o fazem eonhe cessem arte (Barbosa, 1991, p. 31) Conhecer arte, contudo, nao € apenas apres arte ou saber identificar e classificar obras de acordo com Todos os trabalhadores de TV, desde 0s pro: * Centra Univeriliro de Belo Horton (cuecaie@yahoo com bp. seu momento histérieo de producao, como obs o un uil/Unlversidade do Estado de Minas Gerais (use). Enderego para correspondencta: estudiosa: Quando falo de conhecer arte falo de um conhecimento que nas artes visuals se or- ganiza inter-relacionando 0 fazer artistico, a apreciacio da arte e a histéria da arte. Nenhuma das trés areas sozinha corres. ponde a epistemologia da arte (Barbosa, 1991, p. 31). ‘Tal habilidade ¢ especialmente relevante no contexto contemporance nao 6 para profissionais das areas citadas, mas para toda a populagao. alto nivel de de- senvolvimento tecnologico aleancado na atual “era da informacdo” tem privilegiado a utilizacao de imagens. Para fazer circular tamanho fluxo de informacoes, a forma mais agil encontrada pela comunicacdo é a vi- sual: Iinguagem universal, de facil ¢ rapida decodttica cao, altamente atrativa ¢ envolvente. Em nossa vida diaria, estamos rodeados Maria Marcia C. Oliveira por imagens veiculadas pela midia, ven- dendo produtos. delas, conceitos, compor- tamentos, slogans politicos etc. Como re- sultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nés aprendemos por meio delas inconscientemente. |... © conhecimento critico de como os concettos formals. visu ais, sociais ¢ histéricos aparecem na Arte, como cles tém sido percebidos, redefintdos, redesignados, distoreldos, deseartados, re apropriados, reformulados, justificados e ctiticados em seus processos construtivos jlumina a pratica da Arte, mesmo quando essa pritica € meramente comercial (idem, 2002, p. 1). A quase totalidade de produtos atualmente dispo. niveis no mercado, nas suas mais variadas formas, modelos e utilidades, valoriza a utilizacao de imagens em sua produgao ¢ distributcao, Hoje, os aparelhos telefonicos considerados os me- Ihores do mercado - € mais caros ~ so aqueles que possucm cameras fotograficas, gravam © reproduzem ‘videos, além de proporcionar imagem a cores com boa resolucao. A organizacao espacial dos supermercados 6 cuidadosamente planejada: os produtos com melhor disposicao visual sao aqueles que possuem embala gens mals atrativas; setores de produtos de consumo diario, como a padaria, ficam sempre ao fundo (assim o cliente precisa passar ao longo de todo um corredor que o convida a adquirir produtos dos quais nao neces sita); os produtos de interesse infantil sao geralmente No supermereato aispostos em prateleiras mats balxas (Figura 1)*. Na seciio de achocolatados. 0 chocolate em po. geralmente procurado por adultos. fica rente a linha do horizonte. Ja 0 achocolatado liquido de 200 ml, pronto para 0 consumo imediato, flea abaixo do chocolate em po, ‘numa altura visivel e acessivel a qualquer crianca. Eo chocolate liquide de 1 litro, por sua vez, que tem menor niimero de consumidores, flea na prateletra inferior, de menor exposieio visual. Cada produto € disposto de forma a ser mais facilmente visualizado por seus consumidores-alvos. T Disponivel a pagina pessoal de Gustave Guimmaries (2008): (hip /wwuigustevogumeraes com br/erquvo/G. arquivo. 20.htm ) 18 12 eslucios semiticos. vol. 5.n° 1 ‘Varios produtos sao comercializados em embalagens com as quals ndo tém ligacao alguma. e que. se ndo estivessem dispostos em suas respectivas segoes, nao seriam facilmente identificados por mecio das embal gens?, como se pode observar na figura 2: ‘Embalagem em (rs diferentes postgoes undo ¢ tampa da embalagem Nessa embalagem sao vendidos biscoitos, mas essa informacao 86 ¢ dada ao consumidor, nia parte infe- rior da embalagem, com as seguintes palavras: “Mint Butter Cookies Chocolate”. Apesar de o fabricante ser brasileiro ¢ todas as cemais informacées estarem es- eriias em portugues, 0 nome do produto $6 aparece em ingles. A embalagem contém 100 g (Figura 3) de biscoltos amanteigados de chocolate € tem o custo médio de R$ 4,00. A mesma quantidade desse pro- duto pode ser comprada em casas de biscolte caseiro por R$ 1,00; nesse caso, o consumidor esta pagando R$ 3,00 pela embalagem e R$ 1,00 pelo produto. 0 que ele realmente esta comprando? Na figura 4 temos dois produtos semelhantes, indi- cados para a mesma finalidade, contude distribuidos or empresas distintas © comercializados em emball ens e quantidades diferentes. © produto da direita é vendido em uma latinha de base ¢ tampa de aluminio lateral de papelao, com rotulo de papel tipo craft com um trabalho grafico, Essa embalagem contém 150 ¢ de argfla em pé e € vendida a RS 10,00. Figura 4 CComparativ de prodatos 0 produto da esquerda ¢ comercializado em emba- lagem plastica transparente, o rotulo é impresso em The tlagralinn valde pela Kigras'2, 9 4 feet parte do wre pentoal da ators, 1 Maria Marcia C. Oliveira follha branca de gramatura pouco maior que folhas de papel offelo. Nessa embalagem é vendido | kg de argila pelo valor de RS 5,00. Muitas pessoas pagam 0 dobro do valor, consumindo menos de 1/5 do produto, para, evar para casa uma embalagem que Thes dart uma satisfacio estética, Esses so exemplos de mais uma das evidencias do “valor” da imagem e de como ela € uum forte determinante no consumo. Parte imiema de ons, As figuras 5 e 6 chamam a atencio, pois sio veicula- das em melos que poteneializam largamente seu poder de aleance, visto que o ambiente estimula o desejo de adquirir 0 produto anunciado. Na figura 5, por exem- plo, 0 onfbus. clreulando pela cidade durante as tardes de verao, torna a imagem litoranea e divertida ainda mais atraente. A ligacao com o produto é realizada através da frase: "Depots da praia, fome wn bartho de loja”. A frase evidencia a importancia da imagem nessa pega publicitaria, Na figura 6, a mensagem da Buz aparece no tntertor de um énibus junto a frase: “Conquiste sua lber- EE difiel encontrar, 0s espacos puiblicos urbanos, local ou objeto que nao seja utilizada como veiculo publicitario, As propagandas esto nos postes, nas fa chadas dos edificios, em bancos de pracas, nos muros. nas lixeiras, nos Onibus (Figuras 5 e 6), nos pontos de dnibus (Figuras 15, 16 ¢ 17)" e até em banheiros (como mostra a figura 7)* dade neste vero”. Novamente o ambiente 6 propicio aceltacdo leita pela publicidade. A peca € um con- vile ao usuario do transporte coletivo, para que ele se tome independente a partir do consumo do produto anunciado, As figuras 7jq) € 7) Sao de uma mesma mara de roupa e sao respectivamente veiculadas em banheiros feminino e masculino. Essas imagens sao bastante chamativas, pols nelas predomina o vermelho, cor quente, de grande impacto, Alem, as linhas de constituigao das formas foram concebidas por diferentes diagonals, conferindo Sas fologralias apresentadas nas figuras 56 foram reiradasdo sled ayéneia de publicidades Publicar (hip://wwpubhear come] 4 Veras figuras 15, 16 e 17 nas paginas 24 e 25 deste artigo. * As fotograllas apresentadas na figura 7 foram retradas do (http: peseuemiescin cor. 20 se da empresa Midia In, que pode ser acessado no endereco 12 eslucios semiticos. vol. 5.n° 1 grande dinamismo a composicao. As frases "Ta de Contagio, ta arrasando” e “Ta de Contagto, t4 bom bando” associam-se & marca Contaigio. O texto visual 0 texto escrito, formas simbolicas distintas, produ zem ¢ reforcam um mesmo significado: a exuberancia 0 sucesso dos consumidores de tal produto, Essas Imagens podem também ter um impacto consideravel ‘mente ampliado, se eolocadas em banheiro de bares € casas de show noturnas. ‘Jd na figura Zig, a Imagem utilizada - logomarca da empresa, usada inicialmente com deslocamento de seu significado — € colocada em banheiros mascul nos, aeima de mletérios, fazendo uma alusio ao érgio genital masculino, sob forma que sugere impotencia, sexual para atrair a atencao dos possiveis clientes. A. Jogomarea tem a forma de um “F*, que, no contexto, sugere impoténeia sexual, embora trata-se simples mente da letra inicial do nome da empresa, vendedora de produtos para madeira, metal, construcao civil € thinners. O texto: “Vooé conhece esse F de algum lugar, ndo 2, escrito no cartaz em tom jocoso, alude © retoma o significado da logomarca, Média cm banieiro: (2) esqueraa {A pnitica publicitiria de fazer alusiio a sexualidade para promover um produto nao algo exclusivo dos comerciais brasileiros de cerveja, apesar do destaque que the ¢ dado nesse setor. A sexualidade, princi- palmente femmnina, ¢ explorada em propagandas de Aiversos tipos de produtos com os quais, na maioria as vezes, nao possui relacao alguma. ‘A figura 8, amincio de um café italiano, intitulado “Lavazza 0 café preferido da alia", traz uma imagem dinmica (corpos em linhas diagonals, os grios de calé no ar) ¢ sedutora (um easal nu, com seus corpos, correspondendo ao padrio estético da sociedade de consumo). tatuagem, com 0 desenho de uma ar vore, valoriza a figura maseulina, além de estabelecer uma continuidade entre esta e os graos de café. A aisposieao do corpo feminino se inelinando sobre 0 corpo masculino estitico e com es bracos cima da cabeca. sugere um delette da nina em relac&o ao homem. AA tatuagem ainda sugere a relacdo do homem com 0 café: elemento que pro- poreiona prazer. A mulher, por sua ver, desfruta do prazer proporeionado pelo homem/eafé. Essa relacio de quem proporciona e de quem desiruta desse prazer sa rases we encontram nas figuras 7a 7. io e(@) iret 6 reforcada pela expresso facial das duas figuras: a masculina que se da passivamente, a feminina que se deleita de prazer. Contudo, nao ha nada nas figuras humanas que as ligue diretamente ao produto, ou que assegure a sua qualidade. Figure 8 Cafe tance 7 A fotografia da igur 8 fax parte de uma wére ininlads Bodies, de autora de Eryk Flkau, e encontra-vedlsponvel no ste pessoal do antor (p/w onvec 4). Para o presente trabalho, for iz 2 copia espomive no ste da empresa Calle Marketing fen para ‘2 campanha publlelurta do café Lavazza, podtendo ser acessada no endereco:(htp/wwn calfeinomatating com/ectogory/adverksng } O convite para assistir ans jogos de Toronto (Figura 9)8 ¢ feito através da imagem das pernas de uma te nista vestindo minissaia, “Vigiadas” por um publico exclusivamente masculino. O antincio tem uma com: posicao bastante equilibrada (um elemento sempre correspondendo ao outro}: luz, mais forte na parte superior da imagem, entre as coxas da esportista, esta cm equilbrio com a logomarea dos jogos, posicionada zna mesma direcio, na parte inferior do cartaz, ¢ em paralelo aos pés da atleta, formando um telangulo que ra aponta para a logomarca, ora aponta para as per- nas femininas. Existe ainda a linha de marcacao da quadra, que segue do centro da logomarea em dire- cho aos “torcedores". Esse tipo de composicao torna 8 imagem objetiva © possibilita mais rapidamente a transmissio da mensagem, facilitando a stia compre- ensiio, Contudo, novamente, a mensagem transmitida, pela imagem nao favorece a divulgacao do evento. ja Maria Marcia C. Oliveira que exclui mulheres, criancas, homosexuals € reais apreciadores do esporte. As figuras 10.) € 10,)'° apresentam um trata. mento extremamente pejorativo dado a mulher. No primeiro caso (Figura 10,q)), além de a modelo figurar como “sea” para o consumo do produto, ela ¢ iguallada cle, como se a mulher, assim como # cerveja, ose tum prodito de consumo nao duravel, O segundo caso {Figura 10,y) tem conotades ainda mais depreciativas, pois sobrepoe 0 objeto de consumo, o carro BMW, & figura feminima, destacando o carro como elemento mais atrativo que a mulher, a qual, por sta vez, € tratada como mero objeto. Ambos os antincios se uth liza de imagens que nie posmem relapde wlgima com 0 produit, no sentido de que nao atestam a sua. qualidade nem a sua eredibilidade, além do fato de excluir 0 puiblico consumidor feminine Figura 9 ‘Toronto Squash (stot (©) om ‘As figuras 11, 12, 15, 16 ¢ 17,.)"! apresentam des- vio ainda que reversivel - de funcao do objeto ou de parte dele, e/ow propostas interativas, dois elementos Temagern disponivel no sie da Calleine Marketi mato de 2007 caracteristicos das producoes artisticas modemas ¢ contemporineas, {hip wuicattenemarketng.com/category/acvering }, na materia do dia 8 de 1A imagem da Figura 10, fl reirada do Fogle Puragta, no enderego ( hiio//wsrulogao.com br fourogata/foto/27/6702001). 2© A imagem da figura 10) est sponte no ste da Cafeme Marketing (ip: wwnicarfonerratketng.com/caregery/acverting), ma maria do dia 28 de mareo de 2007. "Todas casas ligaras meneionadas serio apresentadas nan paginas aeguinten. 2 12 eslucios semiticos. vol. 5.n° 1 Figura 11 ‘As sacolas da YKM (Figura 112) — agéneta de “marketing e comunicacao interatives” — deslocam mo- ‘mentanca ou parcialmente a funcao da alca, criando situacoes divertidas ¢ interagindo com 0 consumi dor. Essa pritica se assemelha a téenica do ready: made, criada pelo artista plistico francés Marcel Du champ (1915), que consiste na concepeao do trabalho artistico por melo de uma téentea de deslocamento da funcionalidade dos objetos criados pela industria ‘Como se pode observar na figura 12, os objetos foram retirados de seu local e funcao habituais, mas ainda assim nio delsaram de ser uma roda de bicicleta e um banco. Figura 12 Marcel Duchamp. Roda de bicleta 1013, Em suas campanhas publicitarias de artigos espor- tivos, a Saatchi & Saatchi investe em antincios com imagens atrativas e elementos interativos (Figuras 15, 16 € 17% € 17) caracteristica também de varias 1 (nip /waibernewnal nly twa 69) obras de arte contemporanea. Exemplos dessa inte- racho sio as esculturas da artista plastica mineira Lygla Clark e as instalacdes do artista plastico earioca Ernesto Neto. 23 Figuea 13 yaa Clark, eho. 19608, ‘As obras (Figuras 13,q) € 13y))'9 de Lygia Clark (1960 e 1960), fettas com chapas de aluminio, sao mo veis para que as pessoas possam remonti-las, como Jogos, aos quals a artista atribul funcao terapeutic Ela explorou tanto esse aspecto que, por fim, chegou a se negar enquanto artista plastica Figura 14 Emesio Neto, Tres reigioes, nenduum deus as rtangas. 2008 Como fot dito anteriormente, esse processo de trazer o espectador para dentro da obra fot utilzado pela em- presa Saatchi & Saatchi. O objetivo, com isso, €levar 6 potenciais clientes para dentro do antineio e, assim, ialogar com esses clientes. O ponto de onibuts (Fig. ras 15 ¢ 16), completamente coberto pela imagem do 1 (rip fwwnnlbakodearte com/cotocoas/cloncFim Marie Mércia C. Oliveira Lia Clark, Preto para um planeta. 19600, Ja Emesto Neto trabalha com instalacoes (Figuras Mca)" € 14 yy) que permitem a interacao das pessoas. Estas interagem entrando dentro da obra, tocando e sentindo os cheiros dos condimentos que o artista deposita nos tecidos, ou deitando nesses tecidos pre- enchidos com materials macios. Figura 14 mar com uma onda como que prestes a quebrar e com acento em forma de prancha, erta um clima de ltoral, de surf, envolvendo as pessoas ¢ estimulando-as a se tornarem consumidores dos produtos oferecidos pela empresa Saatchi & Saatchi +4 ( nnpswwasertonuioca com.b4/aneta/emesto.net0/foN0 TON 35 (no /wuserlnvioce com br/rfeta/emesto;neto! 6 fa folow estan disponiveis no enderego:(Rtp/wer use net/2007/0/!2/euckaver outdoce) 12 Estudios semiticos vol. 5.9? 1 Ponte de onibus 2_| Ja nas figuras 17,4) © 17y)"7 ao antincio elementos que convidam os consumido res a interagir com a peca publicitaria, Esse Upo de a empresa integrou | Ponto de ontoas 1 Figura 16 publicidade ¢ extremamente efietente, pois domina 0 espacos urbanos, armando um cerco para a popula na tentativa de capturar sua atencao, Figura 17 Esses exemplos mostram que é praticamente mula a possibilidade de se sair de casa e andar pelo quarteirao sem ser abordado por algum antincio publicitario que Ihe diga “compre”, ou ainda ‘vocé precisa ser feliz’. ou qualquer outra mensage jencendo que a felicidade, a emocao, a seguranca, ou qualquer outra suber Figura 17 0, Ponto de onsbus coisa que 0 individuo n produto, site para viver esti no Anecessidade de alfabetizagao visual ver confirmando @ importanela do papel da Arte na Escola. A leitura do discurso vi sual, que nao se resume apenas andlise 77s folon eaio dinponivels no enderego:(hitp:/|wer ube net/2007/0/12/qucksvercutdoces!) Maria Marcia C. Oliveira de forma, cor, linha, volume, equilibrio, ‘movimento, ritmo, mas principalmente é centrada na significacao que esses atribu- tos, em diferentes contextos, conferem imagem é um imperativo da contempora- neldade, Os modos de recepesio da abra de Arte e da imagem ao ampliarem o signif cado da prépria obra a cla se incorporam. |. Aleitura das imagens fixas e méveis da publicidade e da Arte na eseola nos ajuda a exercilar a consciéneia acerea daquilo que aprendemos por meio de imagem (Barbosa, 2002, p. 18) A capacidade de devodiicacao permite a compre- ensao da mensagem expliita veiculada pela imagem qualquer pessoa ¢ eapa de identificar uma linha dliagonal, sm cio e cor vermelha em wn carte, Porem, a ineapacidade de realizar uma leltura critica dda mensagem implicita impede o receptor de compre- ender o contexto no qual se tnsere a imagem e, em comsequencia, cle pode ser manipiilado por cla um ‘nlmero significativamente menor de pessoas compre- ende que a linha diagonal, o cielo ea cor vermetha ‘lo elementos que conferem & composigao um aspecto dinamlco, atraente, estimulante, como mostraram as figuras Zo) © 7)" E nesse ambito que o estudo das artes plasticas visuals pode aunllaro individu da eociedade contemn: pordnea a ser mais crtico, a ampliar o seu olhar. 0 Tmitee a abrangencia de sua pereepao, Assim, fica nitida a necessidade da alfabetiacao visa, para que todo stelto possa anallsar o produto para além da baleen pain Gievoata ven Pn ver o°srWa para além da publicidade. Ver sob sua prépria otica decidir como Ihe enném o que é mals adequado © nnecessdrio a sua vida. © 7 Ver as fgaras 7) © 7m pina 21 deste artige 26 Referéncias Barbosa, Ana Mae 1991. A imagem no ensino da arte: anos oitenta € novos tempos. Sao Paulo: Perspectiva. Barbosa, Ana Mae 2002. Inquietacdes ¢ mudancas no ensino da arte. Sao Paulo: Cortez, Caffeine Mariceting (blog). Blog que abrange varios interesses por exem: plo, comerciais ¢ de divulgacdo— na area de marke- fing. Disponivel em: (htip://www.catteinomarketing com/category/advertisng ). Acesso em. 15 de marco de 2007. Clark, Lygia 1960a. Bicho. Duraluminio, 20 x 20 em. Sao Paulo, James Lisboa Eseritérlo de Arte. Disponivel em: (hip: /wwwbolsadearte.com/cotacoes/clarkhim ). Clark, Lygia 1960. Projeto para um planeta. Aluminio, 50 x 50 ‘em. Sio Paulo, James Lisboa Escritério de Arte. Dis ponivel em: (hitp://wawbolsadearie.com/eotacoes! Clork.him ). Duchamp, Marcel 1913, Roda de bicicleta. Ready-made: roda de bi- cicleta com diametro 64,8 cm, sobre um banco de 60,2 cm de altura. Original desaparecido, Colecao privada. Disponivel em: ( htip://wwabegallerycomy D/duchamp/duchamp him). Emesto Neto 2003. Tres religioes, nenhum deus e as crt ancas. Tecido, fibra de vidro, bolas de iso- por, arela, acafrao, cravo, orégano, lavanda, camomila © pimenta 600 x 720 x 705 cm. Sao Paulo, Galeria Fortes Vilaca. Disponivel em: (http://www fortosviaca com brfartstajemesto.neto/toto- soni), Exnesto Neto 2008. Our Mist info the Myth. Madeira, tule de poliamida, tecido de algodao, especia rias © sobakawa 650 x 760 x 930 em. Sao Paulo, Galeria Fortes Vilaca. Disponivel em: (http://www fortosviaca com brfartista/emesto-neto/toto- ont) Guimaraes, Gustavo 2004. No supermercado. Matheus day by day (site pessoal). Disponivel em: ( http://www gustavoguirna 095.com br/arquivo/GG_arquivo_20.him ). Acesso em 25, de agosto de 2007, 12 eslucios semiticos. vol. 5.n° 1 Midler In Publicar (site de servicos). Florianopolis, SC. Empresa que {site de servigos). Piracieaba, SP. Empresa de propa oferece servico de publicidade veiculada em locals ganda em onibus. Disponivel em: (hiip:(/mww ub como banheiros, halls e elevadores. Disponivel em: _carcom bri ). Acesso em 25 de agosto de 2007. Chttp:/fwwwmidiain.com.by ). Acesso em 25 de agosto de 2007. Dados para indexacdo em lingua estrangeira Oliveira, Maria Marcia Costa Visual literacy: an Aris Education approach to contemporanelty Estudos Semiéticos, vol. 5, 1. 1 (2009) ssw 1980 4016 Abstract: In face of the complex contemporary socal reality - which affers, Hirough a number of technological apparatus and varied lguistte systems, all sorts of yormation - the school needs to prepare cttizens capable of interaction and communication through all these means. In this cantext. a constantly used language is the visual fone. Seeing art history as the origin of wisual language, Arts Education comes across as the main responsible for the learning of Unguistic codes - which are comprised of the tmages created and spread by the communication media, In such context, his article proposes an Aris Education approach that will help people make erttical readings of ideas and values that circulate in the world fodeay through images. In order to do that, we analyze some of te usage and application of the visual knowledge in marketing avid media. We, then, associate them to ‘concepts and procedures from the artiste context. as means to show how communieation and marketing make use of the artistic epertore, and further. how a previous knowledge of the artsite universe poteneialtzes the quatiy of reading that a person makes of these pictures. In conclusion, the visual “Meracy” broadens a person's view, their limits anel the range of their perception: iis, therefore, indispensable to a conscious andl critical positioning in society nowadays. Keywords: art education, vista leracy, conlemporaney Como citar este artigo Olvera, Maria Marcia Costa. Alfabetizacao visual: uma abordagem arte-cducativa para a contempora- neidade. Estudos Semidticos. [on-line] Disponivel em: { hitp://wwortich usp br/ci/somioticayes }. Editores Respon. saveis; Francisco E. S. Mergon ¢ Mariana Luz P. de Barros. Volume 5, Numero 1, Sao Paulo, junho de 2009, P. 17-27. Acesso em “dia/més/ano’ Data de recebimento do artigo: 15/12/2008 Data de sua apravacao: 28/02/2009

Você também pode gostar