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Estágio Pré-Esquemático e Realismo Intelectual (4 a 7 anos)

Figura1

Desenho feito por Luis Fernando Salazar, de 6 anos

A figura 1 é um desenho que foi realizado por uma criança que está no primeiro
ano do Ensino Fundamental. Ainda está sendo alfabetizado. Identifica as letras e
escreve seu nome e algumas palavras. Ao ser questionada sobre o quê desenhou, a
criança relata que:
“Eu desenhei uma casa. Em cima tô eu e o Gu.
Aí embaixo tá a titia e o Osmar.
Depois tem o Gu de novo e aqui do lado embaixo tem meu pai e minha mãe”
Dentro da perspectiva de fases de desenvolvimento de Lowenfeld, de acordo com
a idade da criança e com as características do desenho, ele está na etapa de
desenvolvimento chamada Estágio Pré-Esquemático. Para Lowenfeld, este estágio se
estende dos 4 até os 7 anos. Neste estágio, a tentativa de representação do real ainda
é feita de forma desproporcional.
O desenho mostra uma figura humana um pouco mais detalhada, com pés, mãos,
expressão facial e óculos. Neste estágio a figura humana é representada por círculos e
rabiscos. Já está presente nesta fase, a imitação da escrita (SANS, 2009).
O desenho da Figura 01 pode ser considerado como ordenado, porque a criança já
respeita os limites do papel e segue a linha reta da folha.
[...] é neste período que aparece uma interessante característica dos
desenhos infantis: a criança dispõe os objetos que está retratando
numa linha reta, em toda a largura da margem inferior da folha de
papel. Assim, por exemplo, a casa é seguida de uma árvore, à qual
se segue uma flor que fica ao lado da pessoa que poderá ficar antes
de um cão, que é a figura final do desenho. (LOWENFELD,1977,
p. 55).

Luquet, também estabelece fases de desenvolvimento a partir do grafismo. No


caso da Figura 1, o desenho está enquadrado no Realismo Intelectual que vai dos 4
até mais ou menos os 10 anos de idade. Conforme é possível identificar na figura 1, já
há uma preocupação para respeitar a linha base (BERTOSO & BARROS, 2014).
Observa-se ainda, que a criança representa os “bonecos” da figura humana de todas
as pessoas desenhou mais ou menos da mesma maneira. Quanto a esta semelhança
nos traços e formas, Luquet fala do conceito de conservação, no qual a criança repete
várias vezes o desenho em um processo de automatismo gráfico. A criança seguiu
basicamente a mesma ordem para desenhar: cabeça, tronco, pernas, pés, olhos, boca,
braço e dedos. Quando o tipo apresenta este elemento de estabilidade, dá-se o nome
de conservação do tipo
( RODRIGUES, 2010)
Outro aspecto interessante no desenho é a falta de roupa todas as pessoas
desenhadas. Rodrigues (2010) sugere que para indicar o sexo utiliza outros itens,
como o comprimento dos cabelos ou algum acessório que identifique o gênero. Neste
caso, a criança acrescentou cabelos longos às figuras femininas que ele descreveu
como sendo a tia e a mãe.

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