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UNICEP

Centro Universitário Central Paulista

LILIANE TROVATI VIEIRA CHAVES

O CRISTIANISMO CONTEMPORÂNEO E
SEUS ABUSOS

São Carlos – SP
2008
Liliane Trovati Vieira Chaves

O Cristianismo Contemporâneo e Seus Abusos

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado ao Centro
Universitário Central Paulista
como requisito parcial para a
obtenção de Certificado de
Pós-graduação na disciplina de
História, Cultura e Educação.

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Pratta

São Carlos – SP
2008
Liliane Trovati Vieira Chaves

O Cristianismo Contemporâneo e Seus Abusos

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Centro Universitário Central Paulista, como
requisito parcial para a obtenção de Certificado
de Pós-Graduação em História, Cultura e
Educação

São Carlos, 22 de dezembro de 2008

_________________________________
Prof. Dr. Marco Antonio Pratta

_________________________________

_________________________________
Esta monografia é especialmente
dedicada a meu marido, Gilson e meus
filhos, Bryan e Stephanie, que
pacientemente ajudaram-me nos
serviços que não pude realizar para me
dedicar mais a este estudo, e por
sempre me apoiarem no
desenvolvimento deste tema tão
controverso. Através de suas
experiências e relatos, pude observar
exemplos práticos de como muitas
vezes a religiosidade é capaz de nos
afastar de Deus, de outros seres
humanos e de nós mesmos.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, sem o qual nada existiria e cujo amor e

paciência conosco são inexplicavelmente ilimitados.

Agradeço também a cada um de meus professores da pós-graduação do

curso de História, cujas aulas, preparadas com tanta presteza, me auxiliaram a

desenvolver um espírito mais crítico e questionador. Apresentaram-me a um

mundo de pensadores, onde pude desenvolver o respeito por aqueles que nem

sempre possuem o mesmo ponto de vista ao qual estou acostumada. Chamaram-

me a atenção para assuntos que eu jamais imaginara possíveis.

E por fim, agradeço a meus pais pelo dom da vida e por tentarem me dar

um desenvolvimento psíquico saudável sem medida, mantendo-se íntegros e

calmos nas mais terríveis adversidades, só para que eu pudesse ter um exemplo

correto e não me sentisse ferida.


RESUMO

Este trabalho teve como objetivo central exemplificar algumas questões que causam
controvérsias dentro do pensamento cristão em nossa sociedade, citando pensamentos, ações
ou posturas que deveriam ou não ser adotadas, segundo o ‘manual prático do cristão’, ou seja,
a Bíblia. Não houve em nenhum momento a intenção de se explicar as várias divisões e
segmentos do cristianismo; pelo contrário, foi continuamente enfatizado o fato de que as
várias denominações e desacordos no cristianismo provêm de tentativas de se manipular o
evangelho de Deus. Ao longo da história, o amor ao poder e o endeusamento de certos líderes,
a ganância e o amor ao dinheiro, a ignorância a respeito do verdadeiro papel do sexo na vida
dos casais, o machismo, o preconceito, as guerras ‘em nome de Deus’ e a criação de
convenções sociais meramente humanas vêm escandalizando e deturpando a Palavra de Deus.
Para grande parte daqueles que se professam cristãos, a falta de entendimento leva a um
conjunto de atitudes puramente exteriores, impedindo-os de avançar intrinsecamente em suas
vidas e serem curados em suas almas, voltando-se para questões realmente relevantes de
caráter e atitudes.
ABSTRACT

This work had as its main purpose the exemplification of some issues responsible for
causing controversy within Christian philosophy in our society; some thoughts, actions or
postures have been cited as relevant or non relevant, according to the one and only Christian
Manual, the Bible. There was no intention to explain the various divisions or segments of
Christianity; on the contrary, it has been entirely sustained that nowadays many
denominations and disagreements about Christian thoughts are raised from human attempts to
manipulate the real Gospel of God. Throughout history, the love for power and money, the
idolatry of certain leaders, greed, the ignorance about the real role of sex in the couples’ lives,
machismo, prejudice, wars in the ‘name of God’ and the creation of merely human social
conventions have been scandalizing and slandering the Word of God. For great part of those
who consider themselves Christians, the lack of understanding leads to a variety of exterior
attitudes (religiousness), preventing them from advancing inwardly within their lives, and also
preventing them from having their souls healed through meaningful actions and words.
SUMÁRIO

Introdução 8

1. Uma Breve História da Igreja Cristã 8

2. A Manipulação Econômica na Teoria da Prosperidade e Teologia da Libertação 8

2.1. A Teoria da Prosperidade como Marketing para se “Ganhar Almas para Jesus” 8

2.2. A Teologia da Libertação e Seu Falso Perfil Socorrista 8

3. Construir Templos ou Investir em Obras Sociais? 8

4. Religiosidade e Liderança 8

4.1. Líderes Religiosos e o Misticismo 8

4.2. A Religiosidade como Fonte de Intrigas, Orgulho e divisões na Igreja de Cristo 8

5. Sexo: Criação de Deus ou Consequência do Pecado? 8

6. O verdadeiro papel das mulheres e o mito da eterna virgindade de Maria, mãe de Jesus. 8

Considerações Finais 8

BIBLIOGRAFIA 8
8

Introdução

Na verdade não existe outro evangelho, porém eu falo assim porque há


algumas pessoas perturbando vocês, querendo mudar o Evangelho de
Cristo. Mas, se alguém, mesmo que sejamos nós ou um anjo do céu,
anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que temos anunciado,
que seja amaldiçoado! (Gálatas 1: 7-8).

O Cristianismo é a filosofia de vida que mais fortemente caracteriza a sociedade

ocidental. Vem, há dois mil anos, permeando a história e influenciando nitidamente a

literatura, sociologia, filosofia, as artes e arquitetura. É indispensável conhecê-lo e saber

analisar, à luz das Escrituras, os abusos e falácias que vêm sendo cometidos em nome de

“Deus”. Neste trabalho, não citaremos as divisões e diferenças denominacionais ocorridas ao

longo dos anos. Veremos o Cristianismo como um só, único e indivisível, pois é assim que o

próprio Jesus o descreveu.

A Bíblia é a referência inquestionável no Cristianismo e, portanto, o fundamento de

auxílio para a comparação entre seus escritos e as atitudes das igrejas. O Cristianismo prega,

através dos ensinamentos de Jesus, uma sociedade totalmente nova, um estilo de vida que

sofre mudanças diárias em cada indivíduo e em seu coletivo, e em nenhum momento no Novo

Testamento, a religião é citada como fonte de salvação ou de instrumento para agradar a

Deus. Através da figura dos Fariseus e dos Saduceus, que eram tidos como os maiores

religiosos de sua época na sociedade judaica, Jesus ataca com veemência a religião, indicando

que há um só caminho, estreito, para Deus: ELE (João 14:6). Os preceitos religiosos, dogmas

e ritos do Antigo Testamento já haviam sido cumpridos pelo próprio Jesus. Nenhum ritual

externo seria necessário a partir daquele momento. De acordo com Jesus, o Reino de Deus

havia chegado, dentro de cada um que o reconhecesse como Deus. Jesus cita o profeta Isaías,

com seus ensinamentos de aproximadamente 700 anos antes, para explicar a cegueira
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espiritual do povo em geral, tanto dos religiosos como agnósticos, e da iminente ajuda

sobrenatural de Deus para entender questões espirituais:

Vocês ouvirão, mas não entenderão, olharão, mas não enxergarão nada. Pois a
mente deste povo está fechada; eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos. Se
não tivessem feito isto, seus olhos poderiam ver e seus ouvidos ouvir, a sua mente
poderia entender, e eles voltariam para Mim e eu os curaria, disse Deus.
(Mateus 13: 14-15).

Jesus, o próprio Deus encarnado, sofreria os corriqueiros problemas humanos,

mostraria que, sendo homem, entende o que cada um sente. E deixaria, em um sermão, o do

Monte, (Mateus 5, Lucas 6), aquilo que deve ser considerado objetivo de vida para seus

seguidores. Deixa claro também que, para o homem, é impossível cumprir o sermão do Monte

ou entender o sentido espiritual de suas parábolas sem que haja uma interferência divina.

Assim que ressuscitasse, prometeu que viria o Consolador (Espírito Santo), que viveria dentro

de cada um que clamasse o seu nome como Deus, cresse em sua ressurreição e mantivesse um

relacionamento de amizade com Ele. O homem passaria então a perceber que tudo que há de

bom nele é o próprio Deus agindo intrinsecamente, e que sem essa presença divina, o ser

humano está entregue às vontades de seu próprio coração enganador, com amor falho, restrito,

condicional e duvidoso. E cabe a cada um, dia após dia, situação após situação, fazer a

escolha a quem ouvirá: a voz do Espírito Santo ou a voz de si mesmo. Se a primeira atitude

prevalecer, Jesus deu o nome a este ato de obediência. O Reino dos Céus, como Ele havia

prometido, chegou com sua presença física à Terra, imperceptível ao mundo material e à

mente humana entregues em si mesmos. Para compreendê-lo, um novo nascimento ocorre em

cada fiel que o confessa como Deus (João 3); Deus/Jesus/Espírito Santo vão aos poucos

abrindo-lhe os olhos espirituais. A mente humana, totalmente cega e alheia ao mundo

espiritual, definitivamente não consegue entender ou explicar em palavras esta outra esfera da

criação, sem que Deus lhe abra os ‘olhos do espírito’:


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Quando falamos, usamos palavras ensinadas pelo Espírito de Deus e não palavras
ensinadas pela sabedoria humana (...). Mas quem não tem o Espírito de Deus
(Espírito Santo) não pode receber os dons que vêm do Espírito e, de fato, nem mesmo
pode entendê-los. Essas verdades são loucura para essa pessoa porque o sentido
delas só pode ser entendido de modo espiritual. (1CORÍNTIOS 2:13-14).

Para Jesus, Roma não é mais o inimigo; na época de Jesus, o povo judeu estava sob o

domínio do Império Romano e muitos adeptos e leitores do Antigo Testamento imaginavam

que, se Jesus fosse verdadeiramente o Messias prometido nas Escrituras, especialmente no

livro do Profeta Isaías, Ele teria que lutar e subjugar todo o senhorio de Roma. Jesus,

entretanto, mostra que seu Reino não é deste mundo, ou seja, visível materialmente. Na

verdade, deixa claro que judeus, romanos, gregos e outros estão no mesmo patamar para

Deus: TODOS precisam de redenção, ou seja, perdão. Quando confessam suas falhas, à luz

dos ensinamentos de Jesus, reconhecem que não conseguem mudar. Para este processo Jesus

deu o nome de ‘humilhar-se’. Dizendo a Deus quais são suas mazelas, o Todo Poderoso,

perdoa-os e, em Seu tempo, cura-os. De tempos em tempos, especialmente quando a Igreja

encontra-se em posição de honra no mundo, ela passa a distorcer as verdades espirituais para

atender às suas próprias causas.

Jesus, sendo Deus de acordo com a Bíblia (João 10:30), sabia que haveria esforços

imensos em tempos futuros para que suas palavras fossem moldadas de acordo com os

interesses de cada grupo. Por isso deixa várias admoestações e inspira, através do Espírito

Santo, os evangelistas em seus livros para fazer o mesmo, alertando contra os falsos

ensinamentos, adições ao Evangelho, falsos profetas e religiosidade: “Quem não fica com o

ensinamento de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus. Porém, quem fica com o

ensinamento de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2 João 9).

Jesus fala também ao evangelista João, seu discípulo querido, na Ilha de Patmos, atual

Grécia, entre 85 e 95 d.C., indicando-lhe, ora em linguagem concreta ora em linguagem

figurada para explicar o mundo espiritual, qual seria a situação política, social e espiritual da

Terra um pouco antes do final de tudo. E este livro, o Apocalipse, em suas cartas enviadas às
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sete igrejas, a partir do capítulo 2, faz menção às grandes falhas das Igrejas Cristãs. Tais

Igrejas realmente existiram, no que hoje geograficamente consideramos a Turquia, mas, se

lermos as cartas de Jesus a estas sete igrejas, perceberemos claramente que os problemas de

religiosidade e maldade ali tratados são detalhadamente iguais aos de hoje, ainda que a época

e a cultura sejam outras.

Sabendo que, contrário à vontade de Deus, haveria rupturas e divisões nas Igrejas, com

dogmas humanos inventados, Jesus deixa a si próprio (sua Palavra) para guiar aqueles que o

consideram amigo: A Palavra ou a Verdade, como é conhecida a Bíblia, onde está o próprio

Jesus, orienta de uma maneira simples e clara os rumos a serem tomados. Por isso, nas

primeiras linhas do Evangelho de João, Jesus é chamado de “A Palavra” ou “O Verbo”. De

acordo com o Cristianismo, neste livro estão contidas todas as instruções imprescindíveis para

um ensinamento cristão pleno. Os acréscimos feitos por seres humanos, com seus ritos

doutrinários e denominações, não edificam o relacionamento Deus-homem. A maioria dos

Cristãos em todo o mundo, quando se despem de seus dogmas e religiosidade, estão aptos a

conformarem-se tão somente com as Escrituras.

Sem as adições humanas à Palavra de Deus movidas pelo amplo e insaciável desejo do

homem pelo poder, a Palavra de Deus seria muito melhor entendida e a imagem de Jesus bem

menos controversa, nebulosa e caluniada.

Não seremos mais como crianças, arrastados pelas ondas e empurrados


por qualquer vento de ensinamentos de pessoas falsas. Essas pessoas
inventam mentiras e, por meio delas, levam outros para caminhos errados
(Efésios 4: 14).
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1. Uma Breve História da Igreja Cristã

(. . .) Deus diz: ‘tudo o que meu servo (Jesus) fizer dará certo...Muitos
ficaram horrorizados quando o viram, pois ele estava tão desfigurado que
nem parecia um ser humano (na cruz). Mas agora (1ª. e 2ª. vindas de
Cristo) muitos povos ficarão admirados quando o virem (. . .) pois verão
coisas de que ninguém havia falado, entenderão aquilo que nunca tinham
ouvido (escrito, aproximadamente, em 700 a.C.) (Isaías 52: 13-15).

A primeira igreja cristã, logo após a ressurreição de Jesus, foi constituída por judeus,

com suas características religiosas específicas do Antigo Testamento, porém, com um fator

que os diferenciava dos demais: acreditavam que Jesus de Nazaré era o prometido Messias,

que veio cumprir as profecias de Isaías, escritas aproximadamente 700 anos antes de seu

nascimento.

A contínua difusão do Cristianismo, agora entre os povos gentios (não judeus), deu-se

graças ao trabalho do então fariseu Saulo (Paulo de Tarso), que estabeleceu, através de suas

cartas às várias Igrejas espalhadas pela Ásia e Europa, as fundações da teologia cristã. De

acordo com o livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 9, Saulo, um exímio religioso que tinha a

Lei de Deus (Antigo Testamento) na ponta da língua, perseguia e matava cristãos. Até que um

dia teve um encontro em pessoa com o próprio Jesus, que, com sua forte luz (espiritual), o

cegou. Jesus perguntou-lhe então porque Saulo o perseguia tanto. Perceba que isto ocorreu

depois da morte e ressurreição de Jesus. Após três dias, Saulo (agora chamado Paulo), é

levado totalmente cego por amigos até a casa de um cristão chamado Judas, onde Ananias

reza por ele e lhe caem escamas dos olhos (uma figura representativa da abertura dos olhos

espirituais no ser humano, realizada por Deus). Paulo passa então a confessar Jesus como o

Messias e o Deus prometido. Naquela hora, Deus lhe revela também o quanto a Palavra
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(Bíblia, o próprio Jesus) é importante e que de nada valem as atitudes religiosas, como lavar

as mãos, guardar o sábado, vestir-se de certa maneira, circuncidar-se, cortar o cabelo ou não.

De acordo com Hellern:

Uma questão fundamental na Igreja primitiva foi a relação entre os cristãos


judeus e os cristãos gentios (não judeus). Estariam os cristãos gentios sujeitos à
Lei de Moisés (ritos religiosos)? Deveriam eles, por exemplo, ser circuncidados
antes de se tornarem cristãos? Nas primeiras décadas após a morte de Cristo,
muitos líderes cristãos de Jerusalém, incluindo o irmão de Jesus, Tiago,
acreditavam que sim. Paulo, porém, tinha um ponto de vista diferente. Ele viajara
entre os ‘gentios’ e vira como eles adotavam a fé de Cristo sem ter um
conhecimento íntimo do judaísmo (Hellern, 2000, p.48).

Para os primeiros cristãos, o Cristianismo não significava religião, significava o

Caminho. Religião separa, o Caminho (Jesus) une. A Religião traz como consequências

desavenças, divisões, golpes. O Caminho restaura, acalma, conduz. Religião traz sentimentos

de culpa, impotência ou orgulho. O Caminho traz perdão, força, alegria e humildade.

Infelizmente, o Cristianismo está dividido hoje em muitas comunidades eclesiásticas,

com diferentes doutrinas, ordens e atitudes sociais. A Igreja praticamente permaneceu

indivisível até 1054, quando houve a ruptura entre Católica Romana e Ortodoxa. Entretanto,

sabe-se que seu poder era pouco questionado, devido ao medo imposto aos fiéis através das

mais diversas ameaças físicas e emocionais aplicadas pelo clero dominante.

Com a união da Igreja ao Estado, com Constantino, a partir de 313 d.C., através da

proclamação do Edito de Milão, percebe-se um desvio dos interesses humanos, e de um modo

geral, dos ensinamentos de Jesus. O amor ao poder vai aos poucos moldando as atitudes dos

cristãos. A Bíblia passa a ser lida por uma pequena elite, recolhida às casas clericais e mais

tarde aos mosteiros; a Igreja inicia então sua enganosa campanha de convencimento da

população de que ela é a representante infalível de Deus na Terra. Adota como verdades

incontestáveis muitas colocações de filósofos da Grécia antiga a respeito das ciências e das

relações sociais. Leva a sociedade européia e asiática a uma verdadeira escuridão espiritual e

intelectual que perduraria por toda a Idade Média. Torna-se a principal responsável por
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descaracterizar a pessoa da Trindade, afastando a maioria das pessoas de um relacionamento

familiar e íntimo com Deus. Cai em total descrença e humilhação após o desmascaramento de

várias de suas teorias, principalmente a respeito da ciência.

Jesus havia avisado a todos sobre estes tempos de ‘guerras santas’, divisão da Igreja,

abuso de poder, que perdurarão até o fim dos tempos:

Eu digo isso para que não abandonem sua fé. Vocês serão expulsos das
sinagogas e chegará o tempo em que qualquer um que os matar pensará que está
fazendo a vontade de Deus. Eles farão estas coisas por que não conhecem nem ao
Pai nem a Mim.... Eu lhes digo isso para que quando essas coisas acontecerem,
vocês lembrem que Eu já os tinha avisado (João 16: 1 a 4).

Lembremo-nos de que Jesus, enquanto homem na Terra, jamais forçou sua posição de

Deus às pessoas. Cabia a cada um tomar sua própria decisão.

No século XVI ocorreu a Reforma Protestante, quando muitos se levantaram em

protesto contra aspectos das doutrinas e práticas da Igreja Católica. Foram elas, a princípio, a

Igreja Luterana e a Anglicana. Logo após surgiram nomes como os Metodistas, Batistas,

Calvinistas, Presbiterianos, Pietistas, etc. Ainda que a Bíblia fosse tida como base para seus

estilos de vida, passaram também, muitas vezes, a adotar doutrinas humanas lapidadas por

aspectos meramente culturais, que levaram novamente a outras divisões e brigas, resultando

em inúmeros escândalos para o nome de Deus.

O não obedecer às palavras de Jesus leva ao caos religioso que ocorre hoje, por

exemplo, na Irlanda, onde Católicos e Protestantes literalmente se matam em nome de

“Deus”; no Brasil, estes grupos acusam-se mutuamente no quesito “salvação” e há várias

facções horrendas dentre as mesmas denominações. Não podemos deixar de mencionar

também o absurdo erro de perseguição aos judeus, ocorrido por várias vezes na história e em

várias localidades. Com a desculpa de que o povo judeu não aceitou, maltratou e matou Jesus,

muitos cristãos perseguiam e dizimavam famílias judaicas, considerando-as ‘assassinas do

Messias’. Preferiam manter a política da lei do Antigo Testamento do ‘olho por olho, dente

por dente’, ao invés de se lembrarem das últimas palavras de Cristo na cruz, pedindo não só
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pelos judeus e romanos que ali se encontravam, mas por toda a humanidade: ‘Pai, perdoa-

lhes, porque não sabem o que fazem’. Reis e rainhas medievais, considerados ‘cristãos’,

massacravam o povo judeu que vivia em suas regiões.

Alguns fatores que contribuíram para que os judeus contemporâneos de Jesus não o

recebessem seguem citados adiante. Ainda que vários profetas judeus tenham avisado seus

patrícios a respeito do Messias, era preciso que cada um se voltasse para Deus e tivesse seu

entendimento espiritual aguçado por Ele, para que assim compreendesse os livros de Isaías 9:

6, Isaías 7: 14, a respeito da virgem grávida que daria luz ao Messias, e Isaías 53, sobre a

crucificação, além das inúmeras profecias sobre o Filho de Deus nos salmos do Rei Davi.

O profeta judeu Miquéias, contemporâneo de Isaías, por exemplo, profetizou que o

Salvador nasceria em Belém: “O Senhor diz: ‘Belém, Eufrata, você é uma das menores

cidades de Judá, mas do seu meio farei sair aquele que será o rei de Israel. Ele será

descendente de uma família que começou em tempos antigos, num passado muito distante’”.

(Mq 5: 2). O povo desconhecia o fato de que Jesus havia nascido em Belém porque Ele

sempre morou em Nazaré.

Quando Maria estava grávida de Jesus, antes da consumação de seu casamento com

José, o imperador romano Augusto pediu para que todos fossem às cidades de origem para

serem recenseados. José era de Belém, pois sua família vinha da linhagem do Rei Davi, da

Tribo de Judá. Portanto, quando Jesus nasceu, eles estavam no meio desta viagem, em Belém

(Lucas 2).

Outro fato inacreditável ocorreu após a morte de Jesus. Para que o povo judeu não

cresse na ressurreição de Jesus, três dias após sua morte, os líderes religiosos subornaram os

soldados romanos que haviam ficado na frente do túmulo, mantendo sentinela. Mediante uma

grande quantia de dinheiro, os soldados mentiram dizendo a todos que o corpo não se
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encontrava mais no túmulo de José de Arimatéia, pois seus discípulos o haviam roubado

durante a noite. (Mateus 28: 11-15).

Irmãos, peço pela autoridade do nosso Senhor Jesus Cristo que vocês
estejam de acordo no que dizem e que não haja divisões entre vocês. Sejam
completamente unidos num só pensamento e numa só intenção. Pois
algumas pessoas da família de Cloé me contaram que há brigas entre
vocês. O que eu quero dizer é isto: cada um diz uma coisa diferente. Um
diz: ‘Eu sou de Paulo’; outro, ‘Eu sou de Apolo’; outro, ‘Eu sou de
Pedro’, e ainda outro, ‘Eu sou de Cristo’. Por acaso Cristo foi dividido em
várias partes? Será que Paulo morreu crucificado em favor de vocês?Ou
será que foram batizados em nome de Paulo? (1 Coríntios 1: 10-13).
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2. A Manipulação Econômica na Teoria da Prosperidade e Teologia da


Libertação

Mesmo assim, muita gente vai imitar a vida imoral deles, e por causa
desses falsos mestres, muitas pessoas vão falar mal do Caminho da
Verdade (Jesus). Em sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão
explorar vocês, contando histórias inventadas. Mas faz muito tempo que o
Juiz (Deus) está alerta, e o Destruidor deles está bem acordado (2 Pedro
2: 2-3).

Tais palavras falam por si mesmas. Representam a mais pura verdade em relação aos

dias atuais e a crescente ganância de muitos grupos religiosos. Através de modernas técnicas

de persuasão, marketing e utilização dos mais variados meios de comunicação, muitos vêm

sutilmente utilizando o vazio espiritual de uma população sedenta de consumo para assim

ensinar a política da ‘troca de Deus’. É como se Deus fosse um feirante, no qual você deposita

seu dinheiro, e ele, em troca, despeja sobre sua cabeça todos os bens necessários para lhe

garantir um conforto, de acordo com os moldes atuais da cultura consumista ocidental. É uma

junção nunca antes vista entre o indevido uso do nome de Deus e o capitalismo selvagem. Se

antes os fiéis eram ensinados a serem pobres, e foram literalmente abandonados pela Igreja no

quesito assistencialismo, hoje, o oposto vem ocorrendo: muitas igrejas perceberam que quanto

mais aliciar e seduzir as mentes com ofertas e promessas materialistas e de ‘felicidade rápida’,

mais pessoas atenderão ao seu apelo e, portanto, mais dinheiro arrecadarão. O evangelista

Judas (irmão de Jesus), fala sobre como os falsos religiosos xingavam seres espirituais e

demônios para atrair fiéis com sensacionalismo: “(...) Esses homens (falsos profetas de

Cristo), xingam aquilo que não entendem (...) por causa de dinheiro, eles se entregam ao

mesmo erro de Balaão (...)” (Judas 8: 13).


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Antes os indivíduos criam que eram inferiores à posição da Igreja e deveriam obedecê-

la cegamente, já que ‘não se deveria questionar a divina representante de Deus na Terra’.

Hoje, utilizam-na para sua ascensão social e econômica, como um livro de autoajuda e

amuleto para a obtenção da realização de seus desejos.

2.1. A Teoria da Prosperidade como Marketing para se “Ganhar Almas para


Jesus”

Jesus disse à multidão: “Eu afirmo que vocês estão me procurando


porque comeram os pães (multiplicados no milagre) e ficaram satisfeitos,
e não porque entenderam os meus milagres. (...) trabalhem a fim de
conseguirem a comida que dura para a vida eterna. O Filho do Homem
dará essa comida a vocês porque Deus, o Pai, deu provas (através dos
milagres realizados), de que Ele tem autoridade. (João 6:26)

De acordo com o versículo acima, fica claro que uma grande multidão seguia Jesus

pelas curas e milagres que realizava, mas, de acordo com suas palavras, muitos não o

entendiam, ou seja, não percebiam que os milagres eram apenas uma forma de mostrar à

humanidade que Ele era realmente o Filho de Deus tão esperado, que mudaria o aspecto

temporal, espiritual e moral de todo aquele que o procurasse.

Com o crescimento econômico, cultural e educacional de um modo geral e também

com as novas propostas de várias religiões nestes últimos tempos, muitas Igrejas passaram a

mudar a estratégia de arrebanhamento dos fiéis: pararam de ameaçar com o ‘fogo do inferno’

e iniciaram famosas campanhas chamativas para o sucesso imediato. Pouco citam do

Evangelho e quando o fazem, distorcem ou mencionam versículos soltos, sem o contexto

verdadeiro adiante. Pior ainda: inúmeras vezes fazem menção ao Antigo Testamento, escritos

da Lei Judaica, para coagirem os fiéis. O Antigo Testamento foi sempre citado para justificar

as famosas ‘Guerras Santas’ ou para pedirem dinheiro ilicitamente.


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De acordo com os falsos gurus monetários da Teoria da Prosperidade, toda a desgraça

financeira pela qual alguém possa estar sofrendo passa também a representar a consequência

de um ‘pecado’, gerando um sentimento de culpa nos indivíduos. Transformamos a antiga e

errônea noção religiosa medieval de que ‘Deus quer que sejamos pobres aqui na Terra para

sermos ricos no céu’, para um novo e também mentiroso conceito do amor de Deus: ‘Deus

quer que sejamos prósperos e ricos, que desfrutemos dos prazeres da vida; se não dermos o

nosso dinheiro no altar do Senhor, o diabo roubará toda a nossa honra e nossa conta bancária’.

Com este discurso nas mentes e coagidos pelo medo e por um sufocante sentimento de culpa,

as pessoas logo depositam o dinheiro na ‘sacolinha’. É claro que é pedido aos cristãos pelo

próprio Jesus, que dividam o que têm com aqueles que estão passando necessidades. E o

papel da coleta das Igrejas deveria ser justamente este: proporcionar um equilíbrio a todos,

onde os mais abastados cooperam com a ajuda aos mais necessitados. A origem da própria

palavra ‘prosperidade’ não possui relação alguma com o possuir posses e bens. Ser próspero

significa ter paz, estar tranquilo e feliz.

Até mesmo no Antigo Testamento, os 10% (dízimo) daquilo que os israelitas

ganhavam era trazido até o Templo e utilizado para a manutenção da família dos sacerdotes,

os chamados Levitas, uma vez que o trabalho destes era justamente ocupar-se dos serviços no

Santuário; eles não possuíam terras para plantar nem animais para criarem (Números 18:21 a

24). Os próprios Levitas também dizimavam do dinheiro recebido, os seus dez por cento, que

era então levado ao Sacerdote Principal para a manutenção do Templo em Jerusalém

(Números 18:25-32; Levítico 27:30). Em Deuteronômio 12:17, a instrução era para que o

povo comesse toda a oferta dos dízimos que sobrasse, reunidos como uma grande irmandade,

ou seja, um encorajamento à amizade e ao convívio social daquele povo, unidos em uma

grande festa de comes e bebes.


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Em 70 d.C., o Templo dos Judeus, o chamado Templo de Herodes, foi destruído pelas

tropas do general romano Tito e o que restou dele foi apenas o que conhecemos hoje como o

“Muro das Lamentações”. Com a formação da nova igreja cristã, após a morte de Jesus, as

reuniões eram feitas, muitas vezes às escondidas, nos próprios lares. Sempre que havia

pessoas necessitadas, era feita uma coleta, onde cada um ofertava de acordo com o que podia,

(às vezes muito mais do que dez por cento do que se ganhava), para ser distribuída a tais

indivíduos. Como exemplo disto, podemos citar a passagem de 2 Coríntios, capítulos 8 e 9, na

qual Paulo pede ajuda financeira aos Coríntios (gregos e prósperos economicamente) para ser

enviada aos cristãos na Judéia, especificamente em Jerusalém, onde literalmente estavam

passando fome.

Muitos líderes leem estes versículos da Bíblia sem contar aos fiéis o contexto

histórico, manipulando-os para pedir dinheiro para a compra de carros luxuosos, mansões, ou

mesmo enviá-lo a uma sede ou ‘Igreja central’, com uma visão totalmente empresarial. Basta

ler a Bíblia para compreender que, tanto no Antigo como no Novo Testamento, o dinheiro

coletado era para manter um equilíbrio de renda entre a população. Fica claro com o

ensinamento do apóstolo Paulo que cada um deve dar de acordo com suas posses. Tais

ensinamentos são opostos à mentalidade capitalista atual e ao egoísmo instalado mesmo entre

as instituições religiosas.

Em sua 1ª. carta ao missionário Timóteo, que encontrava-se ensinando sobre Jesus em

Éfeso, atual Turquia, Paulo descreve o famoso deslize da humanidade em relação à adoração

ao dinheiro, da seguinte maneira:

Se alguém ensina uma doutrina diferente e não concorda com as verdadeiras


palavras de Jesus Cristo, essa pessoa está cheia de orgulho e não sabe nada.
Discutir e brigar a respeito de palavras é como uma doença nessas pessoas. E
daí vêm invejas, brigas, insultos, desconfianças maldosas e discussões sem fim,
como costumam fazer as pessoas que perderam o juízo e não tem mais a Verdade.
Essa gente pensa que religião é meio de enriquecer. (...) o que trouxemos para o
mundo?Nada!E o que é que vamos levar para o mundo?Nada! Portanto, se temos
comida e roupas, fiquemos contentes com isso. Porém, os que querem ficar ricos
caem em pecado, ao serem tentados, e ficam presos na armadilha de muitos
21

desejos tolos (...). Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males.
E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e
encheram a sua vida de sofrimentos (1 Timóteo 6: 3-10).

Certamente, após a leitura de tais palavras, ficamos deslumbrados com o fato de que a

essência do ser humano pouco muda. O poder e o destaque também conduzem o homem

imprudente a tremendas armadilhas em busca do fútil e da autoexaltação. Por isso Paulo, após

citar os cuidados necessários para se escolher um líder e professor de uma comunidade,

adverte Timóteo para que mantenha os olhos bem abertos em suas decisões: “(...) o bispo

deve ser pacífico e calmo. Não deve amar o dinheiro. (...) Os diáconos devem ser homens de

palavra e sérios. Não devem beber muito vinho, nem ser gananciosos” (1 Timóteo 3, 3-8).

Paulo também deixa claro quando escreve uma carta à igreja em Tessalônica, hoje

norte da Grécia, que ele poderia até receber sustento da igreja por estar trabalhando como

missionário, entretanto preferia trabalhar confeccionando tendas para vender, para que

ninguém tivesse motivo de ser atrapalhado no entendimento do Evangelho que ele ensinava:

Não temos recebido nada de ninguém sem pagar; na verdade nós trabalhamos e
nos cansamos. Trabalhamos sem parar, de dia e de noite a fim de não sermos um
peso para vocês. É claro que temos o direito de receber sustento; mas não temos
pedido nada a fim de que vocês seguissem o nosso exemplo. Porque, quando
estávamos aí (em Tessalônica), demos esta regra: “Quem não trabalhar que não
coma”. (2 Tessalonicenses 3: 8-10).

Sabemos que o dinheiro pode ser um fator de fraqueza na vida de qualquer ser

humano, por isso os apóstolos sempre acautelavam os primeiros cristãos em relação a este

tema. Porque o principal motivo destes era dizer a todos sobre o Deus Jesus que havia vindo à

Terra e tentar viver de acordo com seus ensinamentos, sabemos que em suas reuniões as

Palavras do Messias eram constantemente repetidas e ensinadas. Em relação ao materialismo

sempre existente, Jesus advertiu:

“(...) Vocês não podem servir a Deus e também ao dinheiro. Por isso eu digo:
não se preocupem com a comida, com a bebida que precisam para viver nem
com a roupa que precisam para se vestir.(...). Portanto, ponham em primeiro
lugar em suas vidas o Reino de Deus e aquilo que Deus quer e Ele lhes dará
22

todas essas coisas. Não fiquem preocupados com o dia de amanhã(...).”


(Mateus 6:24,25 e 33,34)

Na igreja contemporânea moldada pelo pensamento capitalista vigente, o dinheiro

continua sendo muitas vezes o foco central. As pessoas normalmente encaram a moral cristã

como sendo uma espécie de barganha, na qual Deus diz: “Se você seguir uma série de regras,

vou recompensá-lo; se não seguir, farei o contrário”. E inúmeros indivíduos se apropriam

desta idéia errônea a respeito do semear e colher para ganhar dinheiro e poder.

Vivemos atualmente em um ambiente onde cada vez mais cresce o número de

religiões. Há todo tipo de religião conforme o gosto e a preferência. No mundo cristão já se

sabe de dezenas de concepções, denominações, grupos religiosos em geral. E um fenômeno

assustador é o surgimento nas últimas duas décadas de novas igrejas protestantes ou católicas

enfatizando a teologia da prosperidade e os ministérios de "libertação". Tais doutrinas chegam

inclusive a se confrontar, condenando as ações umas das outras, afirmando cada uma ser a

única representante de Deus aqui na Terra, dividindo a igreja de Cristo em inúmeras partes.

Neste caso, é possível notar que cada fiel religioso tem voltado a si mesmo, buscando sua

própria significação de vida, tendo como pano de fundo a ausência de solidariedade, vazio de

perspectiva, individualismo e orgulho. Cada um constrói um deus que se encaixe em suas

próprias necessidades. Estamos, na verdade, invertendo a passagem bíblica para: Deus feito à

nossa imagem e semelhança. Deus tem feito parte do ‘pacote espiritual’. Tudo isso foi muito

bem ilustrado por Paulo em sua carta a Timóteo, como neste trecho já citado anteriormente:

Porém os que querem ficar ricos caem em pecado ao serem tentados e ficam
presos na armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas à
desgraça e destruição. Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de
males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e
encheram a sua vida de sofrimentos. (1 Timóteo 6:9,10).

Quando andava por Israel, Jesus fazia milagres e curas, ensinava e se relacionava com

uma multidão. Todavia, sabia que muitos o seguiam por estarem na verdade em busca de

aquisição material ou bênçãos, ou seja, possuíam com Ele um relacionamento de interesses.


23

Por isso, quando um de seus discípulos lhe pergunta por que fala em parábolas, Jesus

prontamente lhe contesta que, apesar das parábolas serem histórias corriqueiras do cotidiano,

faz-se necessário o auxílio do Espírito Santo para seu total entendimento, uma vez que estão

sempre acompanhadas de conotação espiritual. Jesus afirma que o povo lhe segue por causa

de seus milagres, cura e expulsão de espíritos malignos; todavia, não o conhecem, não o

seguem pela pessoa Dele, mas sim com finalidades interesseiras; por isso impossibilitam suas

mentes de serem abertas pelo Espírito Santo, no ensinamento de verdades espirituais.

Se anteriormente, especialmente após a unificação da igreja e estado com Constantino

(313 d.C.), esta pregava a pobreza da população como forma de redenção, hoje, ao contrário,

utiliza-se o marketing de consumismo para atrair indivíduos, como se a satisfação pessoal

fosse o alvo de quem busca um relacionamento com Deus. Não nos esqueçamos que,

convenientemente, a igreja sempre afirmou que ela, como instituição, deveria ser rica, pois é a

‘única representante de Deus aqui na Terra’.

Como exemplo do falso marketing da redenção, podemos citar um pôster de uma

campanha evangelística em Londres, com a seguinte propaganda: “Esse será o fim de toda

frustração, ansiedade, solidão, tristeza, insegurança, pessimismo, insatisfação, instabilidade,

dependência”. Essa frase isolada é claramente uma inverdade. Fica clara a intenção de se

‘popularizar’ e arrebanhar pessoas para a tal igreja. Citei o exemplo de Londres, mas o mesmo

ocorre cada vez com maior intensidade em todo o mundo. E o Brasil, um país genuinamente

místico e religiosamente sincrético, não escapa às armadilhas do uso do nome de Deus para o

apelo material e o conforto de alguns.

Falsos apelos, como: “Pare de Sofrer”, “Seus problemas acabarão se fizer a corrente de

7 semanas”, “Acenda uma vela para o Senhor desatador dos nós”, “Jesus quer que você seja

um empresário bem sucedido”, “Jesus te dá o carro e a casa tão sonhados”, são apenas

algumas citações das aberrações ouvidas ultimamente, que chegam a ser ridículas.
24

Como já citamos anteriormente em outro capítulo, Deus pode sim abençoar quando e

como Ele quiser. Mas a Bíblia enfatiza que as riquezas devem ser usadas da maneira correta,

inclusive na distribuição de ajuda aos mais necessitados. O justo equilíbrio de renda, tão

pregado entre os cristãos, só pode acontecer em corações transformados espiritualmente por

Deus. No mais, o que fazemos de bom ao semelhante é muitas vezes impulsionado pelo nosso

próprio ego de parecermos bonzinhos perante a sociedade, a nós mesmos e a Deus.

2.2. A Teologia da Libertação e Seu Falso Perfil Socorrista

Nós que temos esse tesouro espiritual (Jesus), somos como potes de barro
para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós (...).
Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se
gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. E essa pequena e
passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna,
muito maior do que o sofrimento. Porque nós não prestamos atenção nas
coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto
dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre”.
(2 Corintios 4:7a 18)

Outro grande problema é o caráter redentor que a igreja vem assumindo, envolvendo-

se em movimentos mundanos, politicamente incorretos e socialmente estagnados. Líderes

religiosos que instigam a violência, a tomada do poder, assumem cargos políticos e acabam se

enveredando pelos males da corrupção e ganância. Jesus, vendo o povo de seu próprio sangue

e etnia (judeus), sendo muitas vezes humilhado por Roma, jamais se levantou contra tal poder.

Dizia apenas que seu reinado não era deste mundo. Ele ensinou seus seguidores a não se

preocuparem com a exorbitante quantia de impostos que pagavam, através da frase “Dá a

César o que é de César”, (Marcos 12:13 a 17), respondendo a uma pergunta de fariseus em

relação ao pagamento ou não dos impostos ao Império Romano. E afirmava que os filhos de

Deus (aqueles que receberam e acreditaram que Jesus é um com o Pai, ( João 1:12 ) ), sempre

teriam o suficiente para sobreviverem, ainda que sofressem.


25

Portanto, nem mesmo seus seguidores estariam isentos das tribulações. Muito pelo

contrário. Em sua carta aos cristãos de Roma, Paulo adverte sobre os sofrimentos vindouros:

“Eu penso que o que sofremos durante a nossa vida não pode ser comparado com a glória que

nos será revelada no futuro” (Romanos 8: 18).

Tiago, o irmão de Jesus, garante-nos também que certamente sofreremos: “(...) sintam-

se felizes quando passarem por todo tipo de aflições. Pois vocês sabem que, quando a sua fé

vence essas provações, ela produz perseverança” (Tiago 1: 2 e 3).

Por todo o Novo Testamento podemos presenciar palavras de consolo aos que sofrem

e também advertências a respeito de dias difíceis na vida de cada um. Ao invés de palavras

doces, que aguçam o nosso ego, lemos palavras de encorajamento, de conselhos para nos

desprendermos inteiramente do foco nos sofrimentos e advertências de que, enquanto

estivermos na Terra, iremos passar por agonias.

O próprio Jesus faz algumas citações em seu Sermão do Monte para encorajar os que

sofrem a não desistirem do Reino dos Céus e não pensarem que Deus os abandonou (Mateus

5 e 6).

A Teologia da Libertação, por sua vez, vem com um dogma de se implantar o Reino

do Céu aqui na Terra, agora, através de orientações totalmente desprendidas do espírito manso

de Cristo, fazendo muitas vezes, dependendo de sua ramificação, até mesmo uma apologia à

violência em casos necessários. Buscam uma mudança igualitária na sociedade, muitas vezes

ao molde marxista, onde o homem e seu bem-estar são o centro de suas aspirações. Lutam por

ideais de igualdade social, colocando a Palavra e Deus em segundo plano. Alguns teólogos da

libertação nem ao menos se preocupam com a violência gerada pelos conflitos em suas lutas

de classe. A Teologia da Libertação, quando implantada, resulta na edificação de líderes

ditadores e totalitários, mascarados de ‘defensores do próximo’. Transportando-a aos tempos

de Jesus, o deus da Teologia da Libertação seria um messias que reuniria seus discípulos ao
26

redor do palácio romano de César, faria reivindicações para seu bem-estar, munido de

palavras, estilingues e espadas. Enxergaria o poder dominante e a elite como verdadeiros

inimigos, bem ao contrário do que diz a Bíblia em Efésios a respeito da única luta que

devemos nos enveredar, (luta espiritual e jamais contra as pessoas):

Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra
as armadilhas do diabo. Pois nós não estamos lutando contra seres humanos, mas
contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as
autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão.
Entenda-se por armadura, a oração e leitura da Palavra (Efésios 6: 14 a 18).

Judas Iscariotes era um portador típico do pensamento hoje proliferado pela Teologia

da Libertação, e imaginava que Jesus fosse o Messias libertário de Roma, redentor do povo e

das riquezas judaicas. Seu pensamento havia sido moldado nas doutrinas do partido político

que pertencia, os Zelotes, uma ramificação judaica que defendia a luta armada para redimir o

povo judeu da opressão romana. Ao longo de sua convivência com o Mestre, não concordou

com os seus ensinamentos de paz e foi aos poucos percebendo que a opinião de Jesus era

totalmente distinta da sua. A verdadeira intenção por trás destas teologias é movida por

orgulho, um espírito de ‘mártir’ e ‘falsa generosidade’.

Jesus não hesitou em repreender Pedro e restituir a orelha do soldado romano, cortada

por seu discípulo ao tentar defender seu mestre, que seria preso. A atitude de Pedro, movido

pelo orgulho humano em dizer a si mesmo que seria corajoso o suficiente para proteger seu

Messias contra Roma, representa claramente os preceitos da Teologia da Libertação. Tal

atitude é posteriormente confirmada em seu ato medroso de negar 3 vezes seu amado Cristo.

A famosa frase representante da ideologia da Teoria da Libertação é: "só será possível

alcançar a redenção cristã com um compromisso político". Este ideal claramente contradiz as

Escrituras, que afirmam que a redenção se dá em um âmbito espiritual e não material, através

da pessoa de Jesus e da amizade e obediência cultivadas com Ele. Ninguém, de acordo com a

Bíblia, pode redimir-se a si mesmo: “Pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé.
27

Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos

esforços humanos; portanto, ninguém pode orgulhar-se de tê-la”. (Efésios 2:8,9).

Portanto, a retórica da Teologia da Libertação está repleta de ações aparentemente

puras e bondosas, camufladas por uma verdadeira intenção gerada no ego humano.

O teólogo e historiador Michael G. Moriarty explicita bem o que acontece quando se

une política com interesses mundanos e busca de poder com “Deus”, citando a unificação da

igreja-estado feita por Constantino, em 313:

A igreja foi investida com poder político, e investiu o imperador com poder
religioso (...) A Igreja entrou num período de corrupção e desintegração e perdeu
muito da sua autoridade moral, dinâmica e espiritual. A Igreja deixou de ser uma
comunidade zelosa de “ganhadores de almas” e “discipuladores” a fim de levar o
Evangelho a um mundo espiritualmente empobrecido para ser uma instituição
perseguidora que marcharia sobre o mundo Árabe nas Cruzadas dos séculos XI e
XII. A Igreja, que uma vez fora vítima injusta de perseguição, havia se tornado
perseguidora. A Igreja que irradiava paz e compaixão havia se tornado corrupta
pelo poder e corrupção (...)A Igreja, seduzida pelo poder político e aspirações
utópicas, falhou em entender que tais alianças antibíblicas (unindo igreja-estado)
subverteriam o Evangelho, trazendo sofrimento e morte para muitos.
(MORIARTY, Michael G., 1992, p.183)

Em relação ao Brasil e América colônia, fica implícita a seguinte questão: Quantos

evangelizadores e missionários que para cá vieram, tinham realmente a intenção de levar uma

palavra de salvação e consolo aos povos? Quantos almejavam, no íntimo, movidos pelo

orgulho, simplesmente doutrinar e subjugar os negros e indígenas à ‘Coroa Européia’? Por

trás da retórica salvadora da Igreja como único instrumento de redenção, o povo brasileiro e

da América de um modo geral, foram bombardeados com “slogans” de céu e inferno,

causadores de medo e submissão. Era a Teologia Libertária de Deus, onde muitos

moribundos, escravos e desprezados viam na igreja a esperança do porvir.

Jesus disse: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo, poderá
entrar e sair e achará comida. (...) Eu e o Pai somos um”. (João 10: 9 e
30)
28

3. Construir Templos ou Investir em Obras Sociais?

A mulher samaritana respondeu a Jesus: ‘agora eu sei que o Senhor é um


profeta! Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas
vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo’.
Jesus disse: ‘Mulher, creia o que eu digo: chegará o tempo em que
ninguém vai adorar a DEUS NEM NESTE MONTE NEM EM
JERUSALÉM (...) VIRÁ O TEMPO, E DE FATO JÁ CHEGOU, EM QUE
OS VERDADEIROS ADORADORES VÃO ADORAR O PAI EM ESPÍRITO
E EM VERDADE’.
A mulher respondeu: ‘eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E
quando vier, vai explicar tudo para nós’. Então Jesus afirmou: ‘pois eu,
que estou falando com você, sou o Messias’. (João 4:19 a 26)

O próprio Jesus, conversando com a mulher Samaritana, no capítulo 4 de João descrito

acima, deixa claro que não é mais necessário um lugar específico de adoração a Deus; basta

que a sua mente e o seu espírito estejam dispostos a travarem um diálogo com Deus, e ali Ele

estará. Não há mais a necessidade de utilização de utensílios específicos, de véus e cortinas

separando o sacerdote do povo, e nem mesmo de animais sacrificados para oferendas, como

faziam os judeus monoteístas e muitos outros povos politeístas. Deus é um espírito, e dessa

perspectiva aprendemos que de qualquer maneira, a qualquer hora e em qualquer lugar é ideal

para se falar com Ele. O que realmente devemos almejar é uma transformação diária em

diversas áreas de nossas vidas, de acordo com as ordens Dele; ainda que de início haja áreas

que acreditemos ser impossíveis de sofrerem mudanças, devemos pedir e desejar obedecer.

Jesus ficou especialmente indignado com o comércio inescrupuloso que se

desenvolvera nos portões do Templo dos judeus, onde animais eram vendidos a um preço

exorbitante, para serem usados nos sacrifícios; os interesses eram materiais e as ordens de

Deus em ajudar os pobres e cuidar dos órfãos e viúvas haviam sido esquecidas. O Templo

havia se transformado em um ‘covil de ladrões’ (Marcos 11: 15 a 17).


29

Após a morte de Cristo, o ritual continuou, ainda que em marcos culturais diferentes: a

venda de relíquias, de ‘santinhos’, de títulos de nobreza dentro do clero, e ainda hoje, de um

modo mais administrativo, podemos perceber o quão similar com a época de Jesus a ganância

se instala.

Incoerentemente acumulam riquezas e suntuosidade dentro de prédios de igrejas e

permitem que várias pessoas mendiguem e passem fome do lado de fora. Esta atitude

anticristã não possui nenhuma lembrança dos verdadeiros ensinamentos das Escrituras.

Juntam-se em reformas, construções e aquisições de objetos supérfluos para a suposta ‘casa

de Deus’, quando as Escrituras claramente nos ordenam e nos ensinam a gastarmos o dinheiro

com seres humanos, com os necessitados, para uma melhor distribuição de renda.

Para assegurar à humanidade que Jesus estava estipulando o tempo da ‘graça’,

totalmente sem rituais ou lugares religiosos ou sagrados, Ele fez questão de predizer a

destruição do símbolo mais santo de Israel, ou seja, o Templo. O episódio de fato ocorreu

aproximadamente 40 anos após a morte de Cristo, em 70 d.c. Nunca mais haveria um templo

para o povo monoteísta de Deus. Pelo menos, essa era agora a vontade do Pai. Após a

destruição do prédio pelo general Romano Tito, o que restou até os dias atuais daquele

Templo de Herodes foi apenas o Muro das Lamentações.

Em Mateus 26:61, Jesus transfere para si toda a atenção que antes era desprendida aos

aspectos religiosos de seu povo. Com sua afirmação “Eu posso destruir o Templo de Deus e

construí-lo de novo em 3 dias”, Ele deixa claro que a partir de sua morte, o novo Templo seria

seu corpo ressuscitado. Os líderes religiosos ficaram chocados porque não entenderam que o

Templo passaria a ser seu corpo crucificado e levantado aos céus. Não compreenderam

tampouco o significado do rasgar do véu dos Santo dos Santos no Templo, bem na hora da

morte de Jesus na cruz (Mateus 27:51). Entenda-se que o Santo dos Santos era um lugar no
30

Templo em Jerusalém onde somente os sacerdotes, purificados anteriormente, poderiam

adentrar.

O rasgar do véu, no exato momento da morte de Jesus, marca o fim da Lei e dos rituais

seguidos no Antigo Testamento. A Lei judaica de Deuteronômio já fora cumprida. O tempo

da Graça, tão previsto por vários profetas do Antigo Testamento, havia chegado. Deus passa

agora a pertencer a todos os povos, judeus ou gentios, e sua intimidade com cada indivíduo

depende de um coração aberto a acreditar, obedecer e dialogar diretamente com Deus,

adentrando no Santo dos Santos do Espírito (antes representado pelo véu do Templo). Não

mais se faz necessário o sacrifício de animais, a presença em um Templo específico, ou a

necessidade de um mediador, rogador ou intercessor entre o homem e Deus: Jesus cumpriu

todos estes papéis. O sábado passa a ser qualquer dia, os alimentos antes proibidos podem

agora ser totalmente ingeridos, a circuncisão dos homens não leva o homem ao céu, nem

tampouco apedrejar os pecadores o faz mais digno.

Esta foi na verdade, a grande chegada do Reino de Deus na Terra. A presença e a

construção meticulosa do Templo no Antigo Testamento era apenas uma figura material

tentando representar o mundo espiritual, ilustrando-o aos homens de uma era anterior. Após

os ensinamentos de Jesus, isso não mais se fazia prescindível. Infelizmente, ao longo de toda

a História após Cristo, o Cristianismo encontrou uma enorme dificuldade em compreender e

viver plenamente a era da Graça de Jesus. Muitos seguem, ainda hoje, doutrinas em suas

igrejas totalmente mundanas e inventadas por seres humanos dedicados à exaltação de si

mesmos, estipulando regras a serem obedecidas, como se fossem verdades divinas. O homem

não necessita de um Templo, pois a presença de Deus é constante, e o seu Reino está em cada

um, de acordo com as seguintes palavras de Jesus: “onde dois ou três estão juntos em meu

nome, eu estou ali com eles”. (Mateus 18:20).


31

Não há nada mais prejudicial ao relacionamento do homem com Deus do que a

religião. Os dogmas religiosos separam não somente o Pai dos filhos, mas também os

indivíduos em geral, estabelecendo-se graus de santidade para cada um, em um julgamento

totalmente arbitrário e contrário ao amor de Deus. Isso só leva ao caos, incitando o orgulho, as

divisões de doutrinas e ódios geradores das guerras santas, sejam elas de armas ou palavras.

No seguinte trecho do Novo Testamento fica claro que o equilíbrio de renda entre os

povos é o desejo de Deus: “Se alguém é rico e vê o seu irmão passando necessidade, mas

fecha o seu coração para essa pessoa, como pode afirmar que, de fato, ama a Deus? O amor

não consiste só em palavras, mas em ações também” (1João 3:17,18). Todos devem trabalhar,

inclusive para dar algo aos necessitados. A caridade é um elemento essencial da moralidade

cristã; na assustadora parábola das ovelhas e dos cabritos, ela parece ser a questão da qual

tudo o mais depende (Mateus 25:32). Hoje em dia, muitos dizem que deveríamos criar uma

sociedade onde os necessitados não existissem, ao invés de ajudá-los ‘dando esmolas’. Mas o

cristianismo nos ensina que os pobres e necessitados estarão sempre no meio de nós, como o

próprio Jesus afirmou, e que não é darmos 10% do salário que importa, como se assim agindo,

mostrássemos a Deus como somos ‘generosos’ e ‘desprendidos materialmente’.

A verdade é que quanto mais damos, mais aprendemos a amar, mais nos despojamos

de nosso egoísmo, mais empatia adquirimos. A prática comum de dar esmolas e fazer

caridade para aliviarmos nossa própria consciência é absolutamente anticristã. Cristo e sua

ordem de ajudar os que precisam vão nos auxiliar a nos interessarmos verdadeiramente pela

necessidade do outro e por seu bem estar. Ou seja, primeiro agimos, auxiliando o necessitado,

e a partir da ação há gradativamente a mudança da emoção em cada ser humano. Os

sentimentos de prazer em ajudar, empatia, compaixão não são natos, devem ser aprendidos a

partir das ações que realizarmos neste sentido.


32

É importante ressaltar que amor, no sentido em que Jesus empregava a palavra, não

era um sentimento ou emoção, mas sim uma atitude. A exortação que Ele fazia à caridade

deveria levar à ação. Significava ajudar o outro sem que fosse feita uma propaganda a respeito

disso, para que a pessoa não ficasse orgulhosa em ter feito uma boa ação ou se sentisse

‘santa’:

Quando você der alguma coisa a alguma pessoa necessitada, não fique contando
o que fez, como os hipócritas fazem nas igrejas e nas ruas. Eles fazem isso para
serem elogiados pelos outros.(...) quando ajudar alguém necessitado, faça isso
de tal modo que nem mesmo o seu amigo íntimo fique sabendo o que você fez.
Isso deve ficar em segredo, o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará
a recompensa. (Mateus 6:2 a 4).

O ajudar o outro mantém o equilíbrio em cada ser humano, capacitando-o a manter-se

distante de sentimentos como egoísmo e avareza e modificando-lhe a mente e o olhar quanto

às necessidades alheias. Não há prisão maior para o homem do que a obsessão doentia por

algo que não se pode alcançar, ou a sensação de culpa e remorso por situações passadas que

não foram resolvidas, perdoadas ou esquecidas. Todos, ao longo de suas vidas, terão

acontecimentos que lhes causarão a estranha sensação de escravidão. Algo que os

acompanhará no sono, nos sonhos, etc., levando muitos, inclusive, a uma consequente

debilidade mental. O dar, o desprender-se, o inovar, o ajudar sem questionar ou julgar

merecimento ou não, nos alivia e nos ensina a livrar-nos de nossos fantasmas. Fica claro que a

atitude, e não a quantidade faz parte deste nosso processo de cura: “Uma viúva pobre pôs na

caixa duas moedinhas de pouco valor. Jesus então chamou os discípulos e disse: ‘Esta viúva

pobre deu mais do que todos. Porque os outros deram o que estava sobrando. Porém ela, que é

tão pobre, deu tudo o que tinha para viver’”. (Marcos 12:42 a 44).

No remoto ano de 1675, no início da Idade Moderna, o assunto da importância da

caridade já era discutido e a atitude de desleixo quanto aos pobres foi extremamente criticada

por Phillip Spener, em seu livro ‘Pia Desidéria’:


33

Entre irmãos não é necessário que existam mendigos; eles (as pessoas da
igreja primitiva), considerariam inconcebível a situação chegar a esse ponto.
(...) Atualmente, entretanto, de tão generalizada, a coisa chegou a tal ponto que
a mendicância tem que ser encarada como um mal escandaloso da sociedade e
uma desonra para o Cristianismo. (...) A maioria, todavia, dificilmente pensa em
outras maneiras de ajudar o próximo, além de dar algumas moedas, de vez em
quando e com má vontade, como esmola. (...) a caridade dos que são bem
intencionados nunca passa da partilha daquilo que lhes sobra; isto tudo é
indicativo do quanto temos nos afastado da prática do correto e genuíno amor
fraternal. (SPENER, 1996, p. 55)

É interessante percebemos que o Novo Testamento, que significa a Nova Aliança do

homem e Deus através de Jesus, não estipula valores ou porcentagens que o homem deve ‘dar

a Deus’. Ele categoricamente afirma que, se quisermos fazer algo de bom a Deus, devemos

fazê-lo à pessoa que está ao nosso lado. E tudo isso, sem nos gabarmos, sem propagandas a

terceiros e especialmente, sem desejar nada em troca. O valor “10%” jamais é mencionado no

Novo Testamento.

Os religiosos judeus da época de Jesus memorizavam e tentavam seguir a Lei Mosaica

do Antigo Testamento; eram, porém, como túmulos caídos, de acordo com Jesus, ou seja,

bonitos por fora e podres por dentro (Mateus 23: 27,28). Por isso, e para alertar a todos

contra a religiosidade, o Mestre é enfático:

Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas!Pois vocês dão a Deus a


décima parte até mesmo da hortelã, erva-doce e do cominho, mas não obedecem
aos mandamentos mais importantes da Lei, que são: sejam justos com os outros,
sejam bondosos e honestos (...). Vocês lavam o prato e o copo por fora, mas por
dentro estão cheios de coisas que conseguiram pela violência e pela ganância.
(Mateus 23: 23 a 25)

Em outro versículo (Mateus 15: 4 a 9), Jesus condena veemente aqueles que entregam

os 10% de seus salários no Templo e não se sentem responsáveis em ajudar seus pais idosos.

A caridade pura, sem segundas intenções, mantém os homens em um patamar de dignidade e

garante uma vida justa no tocante à comida e vestimenta a todo o indivíduo, deixando claro que

aqueles que não têm condições financeiras ou mentais de se cuidarem deveriam ser tutorados

por outros.
34

Jesus diz: Ele porá os justos à sua direita e os outros, à esquerda. (..)
Então, o Rei (Jesus) dirá aos que estão à direita: ‘Venham, recebam o
Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo.
Pois eu estava com fome e vocês me deram de comer, estava com sede e
me deram água. Estava sem roupa e me vestiram, estava doente e
cuidaram de mim. Estava na cadeia e foram me visitar”. Então os justos
perguntarão:“Senhor, (...) quando fizemos estas coisas?”Aí o Rei
responderá: “(...) quando vocês fizeram isto ao mais humilde dos meus
irmãos, foi a mim que fizeram. (Mateus 25: 33 a 40)
35

4. Religiosidade e Liderança

4.1. Líderes Religiosos e o Misticismo

Jesus disse: “Cuidado com os falso profetas! Eles chegam disfarçados de


ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens. Vocês os conhecerão pelo
que eles fazem(...)” (Mateus 7:15,16)

O Cristianismo (amizade com Deus, Jesus) nos chama a reconhecer que a maior

batalha não se trava num campo espetacular, mas dentro do coração humano comum, quando

a cada manhã acordamos e sentimos a pressão do dia a nos afligir e temos que decidir que

tipos de mortais queremos ser. Talvez nos sirva de consolo lembrar que Deus ‘prega uma

peça’ nos que buscam o poder a qualquer preço. C.S. Lewis, o famoso autor de ‘Crônicas de

Nárnia’, afirmava que todos os tiranos e conquistadores eram monotonamente semelhantes, e

que aqueles que passavam a ter uma amizade com Deus (os santos), deveriam fazer a

diferença em suas sociedades. (Santos, de acordo com a Bíblia, não são os mártires do

cristianismo que morreram sob o poder de Roma devido à sua fé. Santos são todos aqueles

que têm um relacionamento com Deus, num âmbito pessoal e íntimo. Santo não significa ser

religioso, seguindo regras exteriores, nem tampouco bonzinho. A palavra Santo quer dizer

separado com Deus). A diferença era principalmente, despojar-se de si mesmo e não mais

querer ser o primeiro em tudo. Isto fica claro nas seguintes palavras de Jesus:

Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não merece ser meu seguidor.
Quem ama seu filho ou filha mais do que a mim, não merece ser meu seguidor.
Não serve para ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu
vou morrer e me acompanhar. Quem procura seus próprios interesses nunca terá
vida verdadeira. Mas quem esquece a si mesmo por minha causa, terá a vida
verdadeira. (Mateus 10: 37 a 39)

Todo tipo de religiosidade autocentrada foi descartada por Jesus. O homem não pode

tornar a si mesmo merecedor da redenção divina, porque o amor de Deus oferece o perdão
36

sem questionar o fato de merecê-lo ou não. Fica clara, portanto, a indicação bíblica de que os

homens, em nenhum momento, podem ser colocados em hierarquias de espiritualidade e

bondade. Deus jamais categorizou homens em hierarquias. O próprio Jesus nos ensinou que:

Na Terra há homens religiosos que gostam de ser cumprimentados com respeito


nas praças e serem chamados de ‘mestre’, para inflar o orgulho. Porém, vocês
não devem se chamar de ‘mestres ou líderes’, pois todos são membros de uma
mesma família e tem somente um Mestre e Líder (Jesus=Deus). Entre vocês, o
mais importante de todos é aquele que serve os outros. Quem se engrandece será
humilhado e quem se humilha e reconhece-se como ser humano falível, será
engrandecido (Mateus 23: 7 a 12).

Portanto, a hierarquização de pessoas (bispo, apóstolo, pastor, padre), colocando-os

uns acima dos outros através de títulos, só serve para ‘massagear’ o orgulho e o ego de cada

um e atribuir a falsa idéia de ‘semi-divindade’ ao homem.

Muitos líderes mal intencionados utilizam-se da Bíblia lendo apenas os trechos que

lhes interessam e omitindo os que supostamente contradizem e condenam suas ações ou

pensamentos. Por isso, infelizmente, há por parte de vários falsos líderes uma tentativa de

gradativamente abolir a leitura bíblica, para que possam ‘moldar’ e ‘doutrinar’ as pessoas a

bel prazer. Por vários livros das Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento,

somos avisados de que haveria falsos cristãos que buscariam seus próprios interesses, e que,

em nome de ‘Deus’, manipulariam as situações cotidianas para que pudessem obter

vantagens. Uma das passagens bíblicas que ilustram bem isto vem do próprio Jesus:

Não é toda pessoa que me chama de ‘Senhor, Senhor’, que entrará no Reino do
Céu, mas somente quem faz a vontade de meu Pai. Quando aquele dia chegar,
muitas pessoas vão me dizer: ‘Senhor, Senhor, pelo poder do seu nome
anunciamos a mensagem de Deus e pelo poder do seu nome expulsamos
demônios e fizemos muitos milagres!’ Então eu direi claramente a essas pessoas:
‘Eu nunca conheci vocês!Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal!’
(Mateus 7:21 a 23).

Por volta de 66 ou 67 d.C., sob o domínio romano do Imperador Nero, na segunda

carta que escreve a Timóteo, o amigo e missionário que reside em Éfeso, atual Turquia, Paulo
37

adverte-o contra a dureza do coração humano, a hipocrisia de muitos considerados ‘líderes

cristãos’ e antecipa os grandes problemas da alma humana:

Nos últimos dias, muitos serão egoístas, avarentos, orgulhosos, vaidosos,


xingadores, ingratos, desobedientes aos seus pais e não terão respeito a Deus.
Não terão amor uns pelos outros e serão duros, caluniadores, incapazes de se
controlarem, violentos e inimigos do bem. (...) amarão mais os prazeres da vida
do que a Deus. PARECERÃO SER PESSOAS DE DEUS, MAS COM SUAS
AÇÕES, NEGARÃO O SEU PODER.(...)alguns deles entram nas casas e
conseguem dominar mulheres fracas, que estão cheias de desejos malignos. São
mulheres que estão sempre tentando aprender, mas nunca chegam a conhecer a
Verdade.(...) (2Timóteo 3: 1 a 9).

Com o passar do tempo e o crescimento da ignorância sobre as Escrituras, a igreja foi

hierarquizando-se e alimentando os egos já inflados de seus líderes. Passaram a dar maior ou

menor importância aos cargos, atribuindo-lhes tarefas mais ou menos importantes. De acordo

com Efésios 4: 11 a 13, fica claro que nenhuma atividade realizada no corpo de Cristo (igreja)

possui maior ou menor importância:

Foi Ele quem deu dom às pessoas. Ele escolheu alguns para serem apóstolos,
outros para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e
mestres da igreja. (...). Desse modo, todos chegaremos a ser um na nossa fé e no
nosso conhecimento do Filho de Deus. (Ef 4: 11 a 13)

Bispo (ou pastor), mestre, nenhum é mais ‘dono’ ou mais ‘santo’ do que o outro. Cada

um desenvolve seu trabalho de acordo com o talento que lhe foi dado: Se o pastor (ou bispo) é

aquele que tem paciência de cuidar de pessoas, de ouvi-las, de aconselhar-las, o mestre

(professor) é talentoso em explicar a Bíblia da maneira mais clara e simples possível. Se o

apóstolo é uma pessoa desprendida de si mesma e de seus bens materiais e viaja pelo mundo

afora implantando igrejas e reunindo comunidades para o estudo bíblico, o evangelista é

igualmente precioso para falar de Jesus em meio àqueles que ainda não o conhecem, tolerando

com amor e amizade possíveis posições contrárias ao cristianismo.

Jesus ensina a todos que jamais procurem posições de líderes , mas que ‘humilhem-se’

para serem feitos grandes. O termo humilhar-se, de acordo com Ele, significa literalmente

voltar à inocência, ou seja, ser como uma criança, pura de coração: “Se vocês não mudarem
38

de vida e não ficarem iguais às crianças, nunca entrarão no Reino do Céu. A pessoa mais

importante do Reino é aquela que se humilha e fica igual a esta criança” (Mateus 18: 3 e 4).

Lutero já explicava, através das Escrituras, o quão perigosa é a armadilha de se

enaltecer certos indivíduos dentro de grupos sociais, levando ao fanatismo e criação de seitas

que nada lembram o cristianismo. Ele afirmava que toda pessoa é feita sacerdote por Deus, ou

seja, cada qual deve desempenhar sua função igualmente dentro do grupo de oração, de

acordo com o talento que lhe foi dado por Deus: uns cuidam mais dos necessitados, outros

ensinam as Escrituras, outros recolhem alimentos para distribuição, outros tocam canções,

outros rezam mais pelas pessoas, etc.

No Brasil, o ato de endeusamento de certos líderes religiosos já está impregnado na

cultura popular, e tem suas raízes ainda no Brasil colonial, quando, através do hábito do

‘padronado’, ou seja, a aliança entre o clero e a Coroa Portuguesa, criou-se uma imagem

vertical de Deus: O Rei, o Senhor do Engenho ou o Coronel eram enaltecidos como deuses

terrenos, protetores de seus aliados. Quem lhes desobedecesse, merecidamente era humilhado,

perseguido e castigado. Poucos contestavam suas ações, já que a grande maioria da

população, analfabeta e desconhecedora das Escrituras, misticamente acreditava que o poder

terreno destes senhores lhes era atribuído por Deus. E a igreja, na maior parte do tempo, fazia

o papel de edificadora e consolidadora destas idéias. Por isso é tão comum presenciarmos na

arquitetura dos templos brasileiros, a separação entre as construções para os ricos, pobres,

brancos e negros, especialmente aqueles edificados nos séculos XVII e XVIII. Cada um

aceitava sua posição social como sendo algo divinamente determinado aqui na Terra e que a

glória futura seria alcançada por aqueles que se portassem com humildade e conformismo.

Para ilustrarmos tal pensamento no Brasil colonial e imperial, os ensinamentos do

Bispo da Bahia Frei Francisco de São Damaso (1814-1816) caracterizam bem a mentalidade

cristã da época:
39

O principal dever do cidadão é ser vassalo fiel; devem os párocos insistir no


dever de obediência ao soberano, pois ‘não pode amar a Deus quem não ama o
seu legítimo soberano’. Um bom cristão não pode ser mau cidadão, mas é mau
cidadão aquele que, não se conformando com os preceitos de sua religião, dá
ouvidos à inquieta, turbulenta voz da rebelião, que arrasta após de si todos os
vícios, horrores e desordens, além de desafiar toda a cólera e as mais terríveis
maldições da divindade; os confessores inquiram com o maior cuidado os
penitentes e lhes mostrem que pecam mortalmente todas as vezes que
desobedecem a seus soberanos ou a seus ministros, porque é desobedecer ao
mesmo Deus.

A infabilidade de seres humanos ou seu enaltecimento é totalmente inconsistente com

as Escrituras.

O próprio apóstolo Pedro nos ensina a respeitarmos todas as pessoas, inclusive as

autoridades políticas, mesmo que fossem imperadores romanos e inimigos, e nos exorta que

aqueles que não conhecem Cristo vivem em um mundo naturalmente hierarquizado, de acordo

com as posses, nacionalidade, cargos, linhagem familiar, etc. Todos devem ser respeitados.

Entretanto, Pedro admoesta-nos a jamais seguirmos pensamentos contrários à Verdade de

Deus. Por isso, muitos que se dizem ‘líderes de Deus aqui na Terra’, acabam confundindo a

mente daqueles que jamais leram as Escrituras: “(...) Por causa desses falsos mestres, muita

gente vai falar mal do Caminho da Verdade” (Jesus é o caminho) (2Pedro 2: 2).

Jesus disse: “Como vocês sabem, os governadores dos povos gentis têm
autoridade sobre eles e mandam neles. Mas entre vocês não pode ser
assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e
quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos”. (Marcos 10:42
a 44)

4.2. A Religiosidade como Fonte de Intrigas, Orgulho e divisões na Igreja de


Cristo

Jesus também contou esta parábola (...). “Dois homens foram ao templo
para orar. Um era fariseu e o outro cobrador de impostos. O fariseu
ficou de pé e orou sozinho assim: Deus, te agradeço porque não sou
avarento, nem desonesto, nem imoral com outras pessoas. Agradeço-te
também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas
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vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho. Mas o
cobrador ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no
peito e dizia: Deus, tem pena de mim porque sou pecador!Eu afirmo a
vocês que foi este homem e não o outro, que voltou para casa em paz
com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado e quem se
humilha será engrandecido.” (Lucas 18: 9 a 14)

No capítulo 1 deste trabalho, na breve história da igreja Cristã, já citamos algumas

passagens bíblicas que afirmam ser errado causar divisões no corpo de Cristo. O próprio Jesus

nos alertou contra aqueles que matariam muitos em nome de Deus.

Assim como os fariseus religiosos, é muito comum hoje em dia as pessoas acreditarem

que para agradar a Deus é necessário seguir uma série de rituais e se absterem de certas

atividades praticadas pelos demais. É um erro concordar que os cristãos devem ser abstêmios.

O islamismo, por exemplo, pode ser considerada uma religião de abstinência em alguns

aspectos, bem como muitas seitas ‘cristãs’ de hoje em dia. Para exemplificarmos melhor, é

claro que abster-se de certas bebidas fortes é o dever de certos cristãos em particular, ou de

qualquer cristão em determinadas ocasiões, seja porque, rodeado de pessoas inclinadas ao

alcoolismo não quer encorajar ninguém com seu exemplo, ou seja, porque sabe que se tomar o

primeiro copo não conseguirá parar, devido à sua herança genética ou à sua história prévia

com o álcool. A questão é que ele se abstém por algum motivo que não é condenável em si; e

não se incomoda de ver os outros apreciando aquela bebida. C.S.Lewis, autor das Crônicas de

Nárnia, afirmava que “umas das marcas de um certo tipo de mau caráter é que ele não

consegue se privar de algo sem querer que todo o mundo se prive também. Esse não é o

caminho cristão”. (C.S. Lewis).

Percebemos que quando alguém se torna “religioso”, estabelecendo para si mesmo e

para os outros uma lista de coisas a fazer ou não, esta pessoa acaba caindo na hipocrisia. É

lógico que o Cristianismo, baseado nos ensinamentos de Jesus no Novo Testamento, dá


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algumas receitas do que deve ser mudado na vida de cada um, não para que seja merecedor de

um céu, mas para que aprenda a ser mais íntegro, agradando, inclusive a Deus. Entretanto, as

mudanças ocorrem internamente em cada indivíduo; quando alguém realiza seus atos para

esnobar-se, pensando na opinião alheia, ou para aguçar seu ego, de nada adianta o esforço.

Jesus jamais apresentou ensinamentos voltados a mudanças externas. O interior do

coração e da alma é que são os verdadeiros alvos de nossa sondagem e transformações. Jesus

deixa claro de que nada adianta ser religioso por fora e grosseiro intimamente. Ele

categoricamente diz: “Eu afirmo a vocês que só entrará no Reino do Céu se for mais fiel em

fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus” ( Mateus 5:20). Os fariseus

mencionados aqui nada mais são do que os religiosos hipócritas. Lembremo-nos de que todo

fariseu dizimava, jejuava, não cortava sua barba e carregava versículos das Escrituras em suas

capas.

É errôneo o que muitos ‘religiosos’ têm dito a respeito dos mais controversos assuntos

atuais. Cristianismo não é a religião da abstinência. Cristianismo é o olhar para si todos os

dias, o se autoanalisar após cada atitude. O perceber quando erra, deixar o orgulho de lado,

levantar-se, desculpar-se e seguir adiante. Este ato é chamado de inteligência intra-pessoal

pela psicologia moderna e Jesus o classifica como arrependimento. Ele afirma que não pode

herdar o Reino dos Céus quem não se arrepender: “Eu afirmo a vocês que, se não se

arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer” ( Lucas 13: 3). Ele fala aqui da 2ª.

morte, ou seja, a morte espiritual eterna e não a morte física.

Como exemplo de várias regras massacrantemente impostas às pessoas que são

íntimas de Deus, podemos citar a restrição ao lazer, ao consumo de certos alimentos ou

bebidas, a adoração de certos dias considerados ‘santos’, a abstinência de certas atividades, o

celibato, etc. De fato, no Antigo Testamento, o povo judeu vivia sob o julgo de muitas destas

regras, chamadas “A Lei”. Jesus as aboliu totalmente. Ele afirmou que já cumpriu a Lei, para
42

que todos que viessem a Ele pudessem ir ao Pai. Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e

a Vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim” (João 14:6). Certamente por isso

mesmo, era amigo das mulheres (consideradas seres totalmente inferiores), não costumava

lavar as mãos antes das refeições, andava rodeado de ‘gente que não presta’, para os

parâmetros judaicos, realizava curas e milagres aos Sábados (dia santo, proibido para a

realização de qualquer tarefa ou atividade), transformou água em vinho (seu primeiro milagre

em público), frequentava festas e reuniões barulhentas, ia à casa de cobradores de impostos,

ou seja, judeus considerados traidores, pois coletavam taxas para os romanos, além de muitas

outras atividades imundas para seus contemporâneos. O mais estarrecedor, entretanto, era o

fato de que Jesus não odiava os romanos (os romanos subjugavam os judeus nesta época e

haviam conquistado todas as suas terras).

É como se atualmente, vivendo corporeamente na Terra, Jesus saísse pelas ruas e

praças, prostíbulos, fosse ao Congresso Nacional, reunisse o maior número de gente podre e

corrupta em torno de si mesmo, e falasse sobre seu evangelho, vestido a caráter, de chinelos,

camiseta florida e bermuda, com tatuagem e brincos nas orelhas. Por isso os maiores inimigos

de Cristo eram justamente aqueles que se consideravam líderes religiosos de seus povos.

Aqueles que, quando diante de seus sermões e milagres, preferiram vestir-se de orgulho e

manter-se enraizados em ensinamentos culturais, do que humildemente confessarem que o

Homem que viam era o enviado de Deus, o próprio Deus encarnado, como previu o profeta

Isaías 700 anos antes. Todos sabem que Cristo foi morto pela religião. Por isso Deus ama

tanto aqueles que se sentem doentes, que choram por não serem bons, que se humilham diante

das dificuldades e confessam suas mazelas, aqueles que sabem que por si só jamais

conseguirão uma mudança de caráter em suas áreas mais imperfeitas.

A religião que matou Cristo (ainda que Ele tivesse que morrer e ressuscitar por nós),

está dotada do mesmo espírito atual, que separa e causa tantas denominações nas igrejas, que
43

impulsiona homens a proclamarem ‘guerras santas’, que leva muitos à falácia do orgulho por

portar-se de certa maneira ou por se vestirem de certo modo, atitudes de completa falta de

amor e recheadas pelo preconceito.

Veja o que Jesus diz a respeito da religiosidade: “João Batista jejua e não bebe vinho e

todos dizem que ele está dominado por um demônio. O Filho do Homem (Jesus) come e bebe

e todos dizem: “Vejam! Este homem é comilão e beberrão! É amigo de cobradores de

impostos e outras pessoas de má fama”. (Mateus 11:18,19).

Várias vezes, ao longo da história, ‘cristãos sedentos de poder e dinheiro’ citaram a

passagem de Mateus 10:34, onde Jesus afirma que não veio trazer paz, mas sim a espada. A

Guerra “Santa” foi formulada a partir deste versículo. Ora, todos sabem que a guerra santa era

uma luta por territórios e poder. A espada à qual Jesus se refere é a Palavra, ou seja, a nossa

‘espada’ de luta espiritual contra o ‘inimigo’, que são seres celestiais e não pessoas. Para

continuar firme com Deus a cada dia, é pedido aos cristãos que ‘tomem a espada’, ou seja,

leiam e meditem sobre a Palavra de Deus todos os dias, como explica Efésios 6: 12 e 17, para

assim resistirem muitas vezes à vontade impulsiva e enganosa de seus corações.

Ao contrário do que muitos ensinam, por ignorância ou interesse, ser Cristão é

importar-se com as Palavras da Escritura, analisar-se em relação a elas, detectar mudanças

internas que devem ser feitas, e pedir incessantemente a ajuda de Deus, sabendo que sem Ele,

nada vai adiante ou pode ser mudado.

Se as Escrituras forem substituídas em nossas vidas pelos dogmas das mais variadas

igrejas, deixamos de ser Cristãos para tornar-nos tiranos e fariseus, como os assassinos de

Cristo. Passamos a matar Cristo dentro daqueles que ainda não o conhecem, e impedimos que

suas Palavras sejam livremente espalhadas, animando e confortando a todos que as ouvem.

Devido às tantas falhas e falta de entendimento dos Cristãos em relação à Bíblia, criou-se um

preconceito ao redor do nome de Jesus.


44

Jesus respondeu: “Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim
os doentes. Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das
Escrituras Sagradas: ‘Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não
que me ofereçam sacrifícios de animais’. Porque eu vim para chamar
os pecadores e não os bons”. ( Mateus 9:12)
45

5. Sexo: Criação de Deus ou Consequência do Pecado?

O Espírito de Deus nos diz claramente que nos últimos tempos alguns
abandonarão a fé e darão atenção a espíritos enganadores e
ensinamentos de demônios. Ensinamentos estes espalhados por pessoas
hipócritas e mentirosas, cuja consciência está morta. Estas pessoas
ensinam que é errado casar e comer certos alimentos. (1Timóteo 4: 1 a 3)

O Cristianismo não inventou a reverência pela castidade, que de forma alguma proveio

de Jesus e seus ensinamentos. O paradigma da castidade foi inventado por homens religiosos,

sem o conhecimento puro da palavra de Deus, envoltos em um falso véu de orgulho e

endeusamento de si mesmos. Influenciados pelo gnosticismo e pensamento estóico vigentes

nos primeiros séculos depois de Cristo, acabaram por acrescentar falsos ensinamentos a

respeito da sexualidade e dos cuidados com o corpo.

Para irmos diretamente ao assunto, basta dizer que, de acordo com a história da

criação na Bíblia, encontramos a ordem de Deus dada ao homem e sua mulher, antes da

desobediência deles: “Assim Deus criou os seres humanos; ele os criou parecidos com Deus.

Ele os criou homem e mulher e os abençoou dizendo: Tenham muitos e muitos filhos;

espalhem-se por toda a terra e a dominem” (Gênesis 1:27,28). Isto nos mostra claramente o

quanto os chamados ‘pais’ da igreja vêm errando nos últimos dois mil anos, com

ensinamentos nada de acordo com o livro que eles mesmos intitulam “Livro Infalível”. Deus

havia criado o sexo muito antes da queda do homem. Alguns religiosos supuseram que o ato

de gerar filhos antes da queda poderia ser algo diferente de uma relação sexual. Entretanto,

não há o mínimo indício de que isto pudesse ser verdade, uma vez que não houve mudança

alguma no corpo físico do primeiro homem e mulher. O corpo humano é a máquina perfeita e
46

os órgãos sexuais são bem conhecidos e estudados, cada um com sua função, inclusive a do

prazer.

Quando se iniciaram as falsas doutrinas a respeito do ato sexual na igreja? Estas já

datam aproximadamente do ano de 300 d.C., uma época em que muitos estudiosos da Bíblia,

influenciados por pensamentos estóicos e doutrinas gnósticas (pessimismo em relação ao

homem, a seu corpo e tudo que é material), começaram a divulgar a ideia de que o desejo

sexual nada mais era do que a consequência do corpo físico pecaminoso do homem. Gregório

de Nissa (m.395), um sacerdote casado, já se colocava contra o sexo com finalidade de prazer,

influenciando seu contemporâneo e maior pregador da Igreja Oriental, João Crisóstomo (m.

407); ambos erroneamente acreditavam que homem e mulher, antes da queda, viviam na Terra

entre os anjos, sem inflamações pela ‘luxúria sensual’, como assim diziam, vivendo na mais

pura castidade. Entretanto, não há na Bíblia qualquer relato sobre esta falácia.

Santo Agostinho (m.430) e bem posteriormente São Tomás de Aquino (m. 1274)

foram também os grandes responsáveis pela propagação ao ódio ao sexo, que perdura até os

dias atuais, afirmando inclusive que sexo sem a finalidade de procriação é pecado, e que um

homem que deseja ardentemente sua esposa comete adultério contra ela. Provavelmente

jamais compreenderam ou talvez aboliram de suas Bíblias a parte que diz:

(...) O homem deve cumprir seu dever como marido e a mulher também o seu
dever como esposa. A esposa não manda em seu próprio corpo; quem manda é o
seu marido. Assim também o marido não manda no seu próprio corpo; quem
manda é sua esposa. Que os dois não se neguem um ao outro, a não ser que
concordem em não ter relação por algum tempo para se dedicar à oração. Mas
depois devem voltar a ter relações, para não caírem nas tentações de satanás
por não poderem se dominar. (1 Coríntios 7: 4,5).

O gnóstico repúdio ao corpo e ao sexo é amplamente condenado na Bíblia. Sabemos

que o corpo é perecível e o apóstolo Pedro deixa isto bem claro quando orienta as mulheres a

não se preocuparem com os ornamentos externos, mas sim com o coração e maneira de agir

(1 Pedro 3: 3,4). Porém de maneira alguma é pedido a qualquer pessoa que seja desleixado e

em uma falsa humildade machuque ou descuide de sua aparência física. Muito pelo contrário,
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a Bíblia nos ensina que o corpo físico e mortal é o templo do Espírito Santo, ou seja, é Deus

agindo em nós e tal corpo nos foi dado por Ele. Isto equivale a dizer que não pertencemos a

nós mesmos, mas a Deus, pois ele nos comprou e pagou o preço (1Coríntios 6: 19,20).

Lembremos que o Templo de Deus, após Jesus, não mais era uma construção de pedras e

objetos místicos, mas sim nosso próprio corpo.

O repúdio ao sexo vem causando escândalos incalculáveis e atitudes hipócritas em

homens que se dizem conhecedores da Palavra de Deus. Não estudaremos aqui a vida

particular de pessoas com esse posicionamento, mas a reprimida vida afetiva de Santo

Agostinho pode nos explicar em parte a sua perseguição ao sexo.

Agostinho era prometido de uma moça da alta nobreza, mas tinha que esperar até que

esta chegasse à idade para contrair o matrimônio. Neste período, viveu com uma mulher por

12 anos e teve um filho. A mando de sua mãe, Santa Mônica, o rapaz enviou sua concubina

para a África e ficou com o filho, separando, assim mãe e filho para sempre. Por mais 2 anos

esperou por sua rica noiva, contraindo amantes neste período. O próprio Agostinho conta a

história “(...) Assim, como eu era menos um amante do casamento do que um escravo da

luxúria, encontrei para mim outra mulher. (...) Nem cicatrizou a ferida causada pela separação

de minha amante anterior”. (Confissões, IV, 2, Ed. Vozes, Petrópolis, 10ª. Ed., 1990).

Agostinho é simplesmente uma repressão de sua consciência sexual arrependida, sua

aversão às mulheres uma revelação contínua da causa de seu próprio fracasso amoroso.

Tomou o versículo de Romanos 13:13, “Vivamos decentemente como pessoas que vivem na

luz do dia. Nada de farras ou bebedeiras, nem imoralidade ou indecência, nem brigas ou

ciúmes”, como sendo sua bandeira defensora da castidade, quando na verdade os escritos nos

advertem contra ações imorais, bebedeiras, orgias, discussões e ciúmes. O sexo monogâmico

entre homem e mulher é sempre encorajado por toda a Bíblia. Todos os apóstolos, com

exceção de Paulo, eram casados e levavam suas esposas aos campos missionários. Agostinho,
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em sua ojeriza pelo papel das mulheres, costumava afirmar que na solidão, um homem

significava mais para o outro do que uma mulher.

A proibição do casamento dos ministros da religião só aconteceu em 1074, a partir do

Papa Gregório VII (Editais Católicos). Ao contrário deste pensamento, a Bíblia afirma que o

bispo (=sacerdote, reverendo, padre, rabino, pastor, etc.) deve ser marido de uma só mulher (1

Timóteo 3:2).

1 Timóteo 4:1 a 3 fala que haveria falsas profecias, ensinadas por demônios,

erroneamente dizendo que alguns homens não devem se casar. Sabemos hoje que o celibato

imposto por religiosidade ou cultura muitas vezes desenvolve no homem desvios sexuais tais

como a pedofilia. De acordo com o psicoterapeuta sexual Oswaldo Rodrigues Jr. (Instituto

Paulista de Sexualidade), muitos homens e mulheres gostariam de servir a Deus, ajudando

pessoas em instituições, ensinando a Bíblia e causando transformações positivas na sociedade,

mas a maioria destes indivíduos não se encaixa na pequena estimativa de apenas 2,5%

daqueles que deliberadamente escolhem para si uma vida celibatária, não sentindo

necessidade de atividade sexual. Por que impor algo tão antinatural sobre alguém porque este

decide escolher este tipo de carreira? Seus estudos vêm demonstrando que ‘celibato e

pedofilia podem andar de mãos dadas’ (Revista Super Interessante, ed. 246, Dezembro 2007).

A hipocrisia é uma bola de neve, que só tende a aumentar. É certo que a imposição do

celibato aos sacerdotes em 1074 se deu apenas para proteger os bens materiais da igreja e

evitar que a mesma tivesse a obrigação de cuidar da esposa e filhos do líder religioso, caso

este viesse a falecer.

O que na verdade foi sempre ensinado por Jesus é exatamente o contrário: “O homem

deveria casar-se com apenas uma mulher e não serviria para cuidar de outras pessoas se não

soubesse cuidar de si mesmo e de sua própria família” (1Timóteo 3: 1 a 13).


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O uso de penitências, castigos físicos, abstinência sexual e tratamentos severos de

nada valem para mudar o interior das pessoas. Deus disse a respeito dos religiosos: “Este

povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim. A

adoração deles é inútil, pois ensinam leis humanas como se fossem meus mandamentos.”

(Mateus 15: 8,9).

O celibato cristão tem raízes pagãs. As práticas de castidade por toda a vida eram

adotadas por sacerdotes politeístas das mais diversas culturas para que não se vissem

maculados pelo sexo, considerando-se mediadores puros e santos entre o povo e o deus ou

deusa que cultuavam. O celibato atribuía ao indivíduo um ar de perfeição, onipotência e

infalibilidade. Através da prática do celibato por orgulho, o homem se autointitula deus,

semideus ou messias.

Para encerrar, gostaria de citar alguns versículos do livro judeu, escrito pelo Rei

Salomão, há mais de 1000 anos antes de Cristo, os Cantares de Salomão, afirmando a

importância do sexo no cotidiano das pessoas. Obviamente devemos levar em consideração os

aspectos linguísticos e culturais de suas escritas, o que as torna hoje até mesmo divertidas, e

um tanto ‘bregas’.

A mulher diz: “Que os seus lábios me cubram de beijos, o seu amor é melhor do que o

vinho (...) Leve-me com você, depressa, seja o meu rei e leve-me para o seu quarto” ( Cant 1:

2 e 4).

Eu me sinto feliz nos seus braços, e os seus carinhos são doces para mim. Ele
me levou ao salão de festas, e ali nós nos entregamos ao amor. Tragam passas
para eu recuperar as minhas forças e maçãs para me refrescar, pois estou
desmaiando de amor” (Cantares 2:4 e 5). “É doce beijar a sua boca, e tudo nele
me agrada. Assim é o meu amado, assim é o meu noivo, mulheres de Jerusalém
(Cantares 5: 16).
50

O homem (Rei Salomão) diz:

Os seus dentes são brancos como ovelhas com lã cortada, nenhum deles estão
faltando e todos são bem alinhados (...) Você tem o pescoço roliço e macio,
elegante como a Torre de Davi (...) Os seus seios parecem duas crias, crias
gêmeas de uma gazela, pastando entre os lírios (Cantares 4: 2 a 5).

Salomão, numa analogia às guerras que presenciava, termina sua declaração dizendo

“Eu estou tremendo, você me deixou ansioso para amar, tão ansioso como um condutor de

carros de guerra para entrar na batalha” (Cantares 6:12).

Podemos ver, portanto, que com a institucionalização da igreja a partir da queda do

Império Romano, no 4º. Século d.C, as Escrituras passam a ser utilizadas apenas em contextos

fragmentados, sendo retiradas de circulação e do acesso à população, encarceradas nos

mosteiros, para que assim o clero e o poder político aliado pudessem manipular as massas. O

mesmo vem ocorrendo incessantemente nos dias de hoje, onde muitos têm resgatado o hábito

de ler a Bíblia, e percebem a quantidade de bobagens que são mundialmente ensinadas e

pregadas para o benefício de uma pequena ‘elite religiosa’, em relação ao sexo, dinheiro e

poder.

Seja fiel à sua mulher e dê o seu amor somente a ela. Os filhos que você
tiver com outra mulher não lhe farão bem. Os seus filhos devem crescer
para ajudá-lo e não para ajudar os outros. Portanto, alegre-se com sua
mulher, seja feliz com a moça com quem você se casou, amorosa como
uma corça, graciosa como uma cabra selvagem. Que ela cerque você com
o seu amor e que os seus encantos sempre o façam feliz! Filho, por que
dar o seu amor a uma mulher imoral?Por que preferir os encantos da
mulher de outro homem? (Provérbio 5: 15 a 20, escrito aproximadamente
no séc. X a.C., em uma cultura judaica poligâmica, encorajando a
monogamia).
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6. O verdadeiro papel das mulheres e o mito da eterna virgindade de Maria,


mãe de Jesus.

“Os doze discípulos foram com Jesus, e também algumas mulheres que
haviam sido livradas de espíritos maus e curadas de doenças. Eram
Maria, chamada Madalena, de quem tinham sido expulsos sete demônios;
Joana, mulher de Cuza, que era alto funcionário do governo de Herodes;
Suzana e muitas outras mulheres que, com os seus próprios recursos
ajudavam Jesus e os seus discípulos”. (Lucas 8: 1 a 3)

Todo o sermão do Monte, proferido por Jesus em Mateus 5, vem contestar e anular

TODOS os ensinamentos religiosos externos dos antigos judeus, usuais no Antigo

Testamento. Propositadamente, as mulheres têm um papel fundamental na caminhada de

Jesus aqui na Terra. Os discípulos, que eram todos judeus e machistas em suas culturas,

surpreenderam-se quando souberam que o Messias, após ressuscitar, apareceu primeiro a duas

mulheres, Maria Madalena, e a outra Maria, irmã de Lázaro, duas das centenas de suas

seguidoras. (Mateus 28: 1 a 20 e João 20: 11 a 30). Jesus precisava mudar os paradigmas e

levar a humanidade adiante.

As mulheres haviam sido sim, suas melhores amigas e muitas até mantiveram Jesus

financeiramente durante seus três últimos anos de vida, onde Ele deixou de lado sua profissão

de carpinteiro para dedicar-se exclusivamente ao ensino de Seu novo Evangelho, realizando

milagres e convencendo o povo de que Ele era o Messias, o próprio Deus e que morreria por

todas as pessoas da Terra. Até na hora de sua crucificação, as mulheres, ao contrário da

maioria dos discípulos, que covardemente fugiram, ficaram ao pé da cruz de Cristo:


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Aí Jesus deu um grito forte e morreu. A cortina do Templo dos judeus (onde até
então separava o local santíssimo que só os sacerdotes podiam entrar), rasgou-
se em dois pedaços (todos são iguais, não há hierarquização de pessoas). Um
oficial romano, vendo Jesus morrer daquela maneira, entendeu que aquele era
de fato o Filho de Deus. Algumas mulheres também estavam ali, olhando de
longe (de acordo com a lei judaica, elas não podiam se aproximar muito do
Gólgota). Entre elas estavam Maria Madalena, Salomé e Maria, que era mãe de
José e Tiago. Elas tinham acompanhado e ajudado o Messias na Galiléia. Além
dessas, estavam ali muitas outras mulheres que haviam ido com Ele para
Jerusalém. (Mateus 15: 37 a 41).

Jesus, ao contrário do que sua cultura judaica pregava, amava as mulheres e estava

sempre cercado por elas. No intrigante caso da mulher samaritana, fez questão de passar por

Samaria só para ter um iluminador encontro com ela. Explicou-lhe, em João 4:21 a 24, que o

Reino de Deus já havia chegado na Terra e não estava em templos, sinagogas ou igrejas

erguidos por mãos humanas; ao contrário, o Reino estava dentro de cada um de nós, prontos

para reconhecermos nossas falhas dia após dia e pedirmos para Deus nos mudar, ainda que

achássemos impossível fazê-lo por nossas forças. Assim, com singeleza, ele falou à mulher

samaritana, que prontamente acreditou em suas palavras.

Talvez a maior polêmica que Jesus tenha causado entre seus discípulos machistas, para

ensiná-los e libertá-los dos aspectos maus e deturpadores de sua cultura, foi o encontro com

esta mulher. Desde a época do Rei Salomão, Israel havia sido dividido entre Judá (ao sul,

incluindo Belém e Jerusalém) e o Reino do Norte, cuja capital era Samaria. O fato de um

judeu (Jesus era filho de José, procedente do Reino de Judá) conversar com um samaritano

era tão remoto como hoje em dia dois judeus e palestinos fanáticos trocarem ideias. Jesus não

só propositadamente desviou seu caminho para encontrar a Samaritana, como também pensou

no fato dela ser uma mulher. E não era uma mulher qualquer. Ela estava tirando água do poço

ao meio dia, desacompanhada, deixando claro que não era aceita por sua sociedade (as

mulheres respeitadas socialmente iam aos poços bem pela manhã). Um pouco mais adiante na

história ficamos sabendo o porquê: Ela já estava com o 6º. companheiro, que nem mesmo era

seu marido. Aos olhos judeus, uma adúltera.


53

Jesus conversa com a samaritana, acostumada com as bofetadas do preconceito, que

fica estarrecida com o tratamento tão especial e carinhoso, especialmente por parte de um

HOMEM JUDEU. Ela rapidamente entende que falava com o Messias:

(..)Ali ficava o poço de Jacó. Era mais ou menos meio dia quando Jesus, cansado
da viagem, sentou-se perto do poço. Uma mulher samaritana veio tirar água e
Jesus lhe disse: “Por favor, me dê um pouco desta água”. A mulher respondeu:
“O Senhor é judeu, eu sou samaritana. Como é que o Senhor me pede água? (ela
disse isso porque os judeus não se dão com os samaritanos). Então Jesus lhe
disse: Se você soubesse o que Deus pode dar e quem é que está lhe pedindo
água, você pediria e ele lhe daria água da vida (...) Jesus disse:“Quem beber
dessa água do poço terá sede novamente, mas a pessoa que beber da água que
eu lhe der, nunca mais terá sede (água espiritual). Porque a água que eu lhe der
se tornará uma fonte de águas vivas(...). Vá chamar o seu marido e volte aqui,
ordenou Jesus (obviamente sabendo de sua vida).“Eu não tenho marido”,
respondeu a mulher. Então Jesus disse:“Você está certa ao dizer que não tem
marido, pois já teve cinco, e este que você tem agora não é de fato seu marido.
Sim, você falou a verdade. A mulher respondeu:“Agora sei que o senhor é um
profeta”(...) A mulher disse:“Eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir.
E quando vier, vai explicar tudo (verdades espirituais) para nós”. Então Jesus
afirmou:“Pois eu, que estou falando com você, sou o MESSIAS”.(27) NAQUELE
MOMENTO CHEGARAM OS SEUS DISCÍPULOS E FICARAM ADMIRADOS,
POIS JESUS ESTAVA FALANDO COM UMA MULHER!!!! ( João 4: 5 a 27).

O Cristianismo verdadeiro, em alinhamento com as Escrituras, jamais faz acepção de

pessoas, jamais as julga, nunca coloca a mulher em posição de inferioridade; pelo contrário,

ensina que cada um cumpre seu papel na família e sociedade, de acordo com sua capacidade e

dons, quer sejam herdados ou adquiridos por experiência.

Outra constante concepção errônea presente no Cristianismo de homens, diz respeito à

pessoa de Maria, a abençoada e querida mãe de Jesus. O mito de que ela continuou virgem até

sua morte também foi acrescentado às ideias cristãs a partir do 3º século. Os irmãos de Jesus

foram transformados em primos por alguns teólogos. Entretanto, sabemos que a Bíblia não

fala figuradamente, a não ser no Livro do Apocalipse, onde figuras e fatos exóticos são

alegoricamente utilizados para explicar o mundo espiritual e a atemporalidade existente fora

da matéria. Maria foi esposa de José e gerou outros filhos por meios naturais.

Assim que soube que estava grávida de Jesus, antes de seu casamento, Maria entendeu

que carregava em seu ventre o Salvador, ou seja, o próprio Deus. Entretanto, após o
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nascimento do Messias, foi uma mulher casada normalmente e teve outros filhos e filhas,

como podemos ver quando alguém disse a Jesus: “Escute! A sua mãe e os seus irmãos estão lá

fora e querem falar com o senhor” (Mateus 12:47 / Marcos 3:31/ Lucas8:19).

Outra passagem afirma a respeito dos irmãos de Cristo:

Jesus começou a andar pela Galiléia; Ele não queria andar pela Judéia, pois os
líderes judeus dali estavam querendo matá-lo. Aconteceu que a festa judaica
chamada “Festa das Barracas” estava perto. Então os irmãos de Jesus disseram
a ele: “Saia daqui e vá para a Judéia para que seus seguidores vejam o que está
fazendo. Quem quer ser bem conhecido não deve esconder o que está fazendo.
Já que você faz todas estas coisas, deixe que todos o conheçam”. Até os irmãos
de Jesus não criam nele. (João 7:1 a 5).

Os próprios irmãos até naquele momento estavam na verdade desdenhando da

afirmação de Jesus de que Ele era o próprio Deus, desafiando-o a ir para a Judéia, onde líderes

fariseus o esperavam com seus planos de morte.

Atos 1:14, nos diz que após a ressurreição de Jesus, os apóstolos sempre se reuniam

para rezar com as mulheres, com a mãe de Jesus e com os irmãos dele. Em Gálatas 1:19,

Paulo afirma não ter conversado com nenhum outro apóstolo, a não ser Tiago, irmão do

Senhor.

“Por acaso este não é o filho do carpinteiro? A sua mãe não é Maria? Ele
não é irmão de Tiago, José, Simão e Judas? Todas as suas irmãs não
moram aqui?” (Mateus 13:55)
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Considerações Finais

É interessante analisarmos ao longo da História do Cristianismo, as diferentes

doutrinas ensinadas, acrescentadas à Bíblia ou desviadas de suas verdades. Seja por pura

vaidade, misticismo, por amor ao poder, ignorância ou simplesmente ganância, muitos

decidem seguir seus próprios ‘achismos’ e assim passam adiante tolices e sistemas religiosos.

A lista de ‘não pode’ ou ‘deve-se obedecer à doutrina da igreja’ molda-se de acordo

com o tempo e cultura, proibições e leis jamais encontradas nos ensinamentos de Jesus.

Portanto, as pessoas, em seus próprios delírios, preferem dar crédito ao que um líder religioso

fala, sem questioná-lo e sem verificar se está de acordo com as Escrituras.

O sistema de hierarquização do homem faz do líder no ‘topo’ um semideus que deve

ser obedecido inquestionavelmente e convence o restante dos cristãos de que são ruins demais

e cheios de culpa para que possam mudar tais paradigmas. O Cristão Phillip Spener, em 1675

já dizia que “Na Teologia, aprendemos muito daquilo que jamais desejaríamos ter aprendido.

Com isso, são negligenciadas muitas das coisas fundamentais das Escrituras” (SPENER, apud

Encontrão Editora, 1996, p.47). Para exemplificar suas palavras, Spener cita a passagem

bíblica que diz:

Diga a essa gente que deixe de lado as longas listas de nomes de antepassados,
pois essas coisas só produzem discussões. Elas não têm nada a ver com o plano
de Deus, que é conhecido somente por meio da fé. A ordem é para que amemos
uns aos outros com amor que vem de um coração puro, de uma consciência
limpa e de uma fé verdadeira. Alguns abandonaram essas coisas e se perderam
em discussões inúteis. Eles querem ser mestres da lei de Deus, mas não
entendem nem o que eles mesmos dizem. (1 Timóteo 1:4 a 7).

1 Coríntios 2: 5 também foi citado: “A fé que vocês tem não se baseia na sabedoria

humana, nas no poder de Deus”.

Através da passagem em 1Coríntios 8:1, podemos entender que alguns tipos de

conhecimento só produzem soberba e orgulho e que o amor é que nos faz progredir na fé.
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Nestes 2000 anos de Cristianismo, os erros vêm se repetindo sistematicamente,

principalmente em épocas onde a influência política e econômica da igreja parecem dominar.

Quando há uma união entre igreja e estado passa a haver ensinamentos manipulados para que

uma certa elite possa, não só atingir seus objetivos, mas também escusar-se de erros

inaceitáveis perante a população. A única maneira de um cristão precaver-se contra isto é

lendo as Escrituras e compreendendo-as como fonte de verdade e não aceitando falsos ‘ventos

de ensinamentos’ (Efésios 4:14).

Na carta aos Colossenses, o apóstolo Paulo orienta:

Vocês morreram com Cristo e por isto estão livres dos espíritos maus que
dominam o Universo. Então, por que é que estão vivendo como se fossem deste
mundo? Não obedeçam mais a regras como estas: ‘não toque nesta coisa’, ‘não
prove aquela’, ‘não pegue naquela’. Todas essas proibições têm a ver com
coisas que se tornam inúteis depois de usadas. São apenas regras e
ensinamentos que as pessoas inventam. (Colossenses 2: 20 a 22).

O apóstolo Pedro realmente sabia o que estava dizendo em 2 Pedro 2:2, afirmando que

ao longo dos anos muitos falariam mal de Jesus (o Caminho), por observar justamente os

falsos profetas, as atitudes geradas em uma igreja dominada por ensinamentos falsos e

manipuladores.

“De fato, a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que


estão se perdendo; mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de
Deus. Pois as Escrituras Sagradas dizem:
‘Destruirei a sabedoria dos sábios e acabarei com o conhecimento dos
instruídos’ (Isaías 29:14).
Então, o que poderão dizer os sábios e os instruídos? O que vão dizer os
grandes oradores deste mundo? Deus tem mostrado que a sabedoria deste
mundo é loucura.
Pois Deus, na sua sabedoria, não deixou que os seres humanos o
conhecessem por meio da sabedoria deles. Pelo contrário, resolveu salvar
aqueles que creem e fez isso por meio da mensagem que anunciamos, a
qual é chamada de louca. Os judeus pedem milagres como prova e os não
judeus procuram a sabedoria. Mas nós anunciamos o Cristo crucificado:
uma mensagem que para os judeus é ofensa e para os não judeus é
loucura. Mas para aqueles a quem Deus tem chamado, tanto judeus como
não judeus, Cristo é o poder e a sabedoria de Deus. Pois aquilo que
parece ser loucura de Deus é mais sábio do que a sabedoria humana, e
aquilo que parece ser a fraqueza de Deus é mais forte do que a força
humana”. (1 Coríntios 1: 18 a 25)
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Filmes: Lutero, O nome da Rosa

Jesus disse: “Mas eu já disse que vocês não creem em mim, embora
estejam me vendo. Todos aqueles que o Pai me dá virão a mim; e de modo
nenhum jogarei fora aqueles que vierem a mim. Pois eu desci do céu para
fazer a vontade daquele que me enviou e não para fazer a minha própria
vontade. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum daqueles que
o Pai me deu se perca, mas que Eu ressuscite todos no último dia. Pois a
vontade do meu Pai é que todos que veem o Filho e creem nele tenham a
vida eterna; e no último dia, eu os ressuscitarei”. (João 6: 36 a 40)

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