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REFLEXÕES ESCATOLÓGICAS

Rev. Marcelo Gomes

I. INAUGURAÇÃO ESCATOLÓGICA – Gálatas 4:1-7

Introdução

Jesus virá outra vez! Sim: OUTRA vez! Sua 1ª vinda deve ser compreendida como a
Inauguração Escatológica.

Um conceito Importante e Difícil para a compreensão escatológica é o conceito TEMPO.


Como dizia Agostinho sobre o Tempo (Confissões): "Quando não me perguntam, eu sei; e quando
me perguntam; não sei."

Filosoficamente o tempo é conceituado pelo filósofo I. F. Askin (O Problema do Tempo): "O


tempo é uma forma de ser da matéria que expressa a ordem em que se sucede a existência das
coisas e a duração de tal existência."

A Bíblia fala do tempo como Chronos (54 vezes no NT): espaço de tempo; tempo cronológico;
como em Atos 1:21-22 – É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo
(chronos) que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que
dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição.

E também do tempo como Kairós (85 vezes no NT): tempo especial, apropriado; tempo crítico
(oportunidade/perigo), como em Marcos 1:14-15 – Depois de João ser preso, foi Jesus para a
Galiléia pregando e dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos
e crede no evangelho.

Intrigante, porém, é a expressão de Paulo no texto em questão (Gl 4): “Plenitude do Tempo”
(to pleroma tou chronou), que significa “clímax; auge – Tempo definitivo”! Nas palavras de H.
Schlier (Biblista): “o momento em que o chronos está completo, em que o tempo atingiu sua plena
medida, isto é, chegou ao seu fim”. Não se trata de um kairós, mas da plenitude do chronos.

O sinal da Plenitude do Tempo está na declaração histórica “Deus enviou seu Filho”.

Os sinais do Filho:

a) Ele assumiu sobre si o cumprimento das Promessas


2 Coríntios 1:19-20 – Porque o Filho de Deus, Cristo Jesus... não foi sim e não; mas sempre
houve nele o sim. Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim...

b) Ele entregou sua vida como sacrifício pelo pecado


1 João 2:2 – E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos
próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.

c) Ele proclamou o “evangelho” no mundo dos mortos


1 Pedro 3:19 e 4:4-6 – Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo
pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no
qual também foi e pregou aos espíritos em prisão [...] Por isso, difamando-vos, estranham que
não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar contas
àquele que é competente para julgar vivos e mortos; pois, para este fim, foi o evangelho
pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam
no espírito segundo Deus.
Efésios 4:8-10 – Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos
homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às regiões inferiores da
terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher
todas as coisas.
Credo Apostólico: “E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido
por obra do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu
e está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os
mortos.”

d) Ele tornou-se, pela ressurreição, o primogênito dentre os mortos


Colossenses 1:18 – Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de
entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia...

e) Ele fundou, no poder de Seu Espírito, uma nova comunidade


Mateus 16:18 – Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

A plenitude do tempo é, então, a inauguração de uma nova era. O tempo cronológico cede
lugar a uma espécie de Contagem Regressiva, como em Atos 1:10-11 – E, estando eles com os
olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado
deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que
dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir.

O tempo chamado HOJE deve ser compreendido como intervalo entre a Plenitude e a
Consumação. O tempo chamado HOJE é “Era Escatológica” (eschaton: final).

Marcas desta Era Escatológica

a) Tensão entre o “já” e o “ainda não” do Reino de Deus: Cumprimento e Promessa


Lucas 11:20 - Se expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente, é chegado o reino de
Deus.
Lucas 22:18 - não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.
Lucas 17:21 - Porque o reino de Deus está dentro de vós.

b) Operosidade do Mistério da Iniqüidade em Oposição ao Ministério do Espírito


2 Ts 2:7 - Com efeito, o mistério da iniqüidade já opera e aguarda somente que seja afastado
aquele que agora o detém;

c) A Grande Comissão como tarefa Primordial e Urgente da Igreja


Mateus 28:18-20 - Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi
dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos
tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.

Os desafios da Era Escatológica para o Crente:

1. DESAFIO DA ESPERANÇA CONTRA A ANSIEDADE


Romanos 8:24-25 – Porque na esperança fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é
esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com
paciência o aguardamos.
A ansiedade dos discípulos e da igreja iniciante pela vinda de Cristo é visível nos textos do
NT. O desafio é o da esperança com paciência: Deus é Fiel! Em Deus podemos confiar!
Calvino – Comentário aos Hebreus: “É-nos prometida a vida eterna – a nós, que estamos
mortos; é-nos anunciada uma feliz ressurreição, mas enquanto isso, estamos cercados de
corrupção; somos chamados justos, e não obstante reside em nós o pecado; ouvimos falar de
uma felicidade indizível e, enquanto isso, somos aqui oprimidos por uma miséria sem fim;
abundância de todos os bens nos é prometida, mas só somos ricos de fome e sede. O que
seria de nós se não nos apoiássemos na esperança, e se nossos sentidos não nos dirigissem
para fora deste mundo, no caminho iluminado pela Palavra e pelo Espírito de Deus em meio a
essas trevas?”

2. DESAFIO DA SANTIDADE COMO DEPENDÊNCIA DE DEUS E ADORAÇÃO


Gálatas 5:16-17 - Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da
carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos
entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer

É preciso entender, primeiro, o que santidade não é: impecabilidade, abundância de dons ou


intensidade ministerial. Santidade é Dependência de Deus e Adoração: entrega e reconhecimento da
grandeza daquele que convoca das trevas para a luz.

3. DESAFIO DA EVANGELIZAÇÃO DO MUNDO NO PODER DO ESPÍRITO SANTO


Atos 1:8 – Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo; e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.

O tempo se apresenta, finalmente, como “espaço” de salvação: trata-se do tempo estendido. A


evangelização deve ser feita no poder do Espírito e, somente assim, será evangelização eficaz.
Spurgeon: "Todo cristão ou é um missionário ou é um impostor."

Conclusão

Primeiramente devemos compreender o privilégio de vivermos numa “era” inaugurada por


Jesus: eis o convite à gratidão. Em segundo lugar devemos assumir os desafios de vivermos numa
“era” inaugurada por Jesus: eis o chamado à responsabilidade. Por fim devemos crer nesta “era”
inaugurada por Jesus como “era” do Espírito: eis a certeza da vitória.

II. ANTECIPAÇÃO ESCATOLÓGICA – 2 Timóteo 4:1-8

Introdução

Jesus virá outra vez! Mas até AGORA não veio! Seus primeiros discípulos já morreram e
tantos mais em toda história da Igreja Cristã (2000 anos). A morte deve ser compreendida como
Antecipação Escatológica.

Uma pergunta delicada e inquietante desde os primórdios do cristianismo: Por que a


DEMORA? Se concordamos com Karl Barth (Carta aos Romanos): “Não é o Retorno Glorioso que
tarda, mas o nosso despertamento.”

O problema para a compreensão da demora reside no anúncio Urgente dos Evangelhos a


respeito da iminência da vinda de Cristo, como em Mt 24:34; Mc 13:30; Lc 21:32 – Não passará esta
geração sem que tudo isso aconteça.
A evidência da demora como problema colocado pelos evangelhos está, ainda, na Expectativa
Imediata dos Primeiros Discípulos, como em Atos 2:17 – [Discurso de Pedro no Pentecostes] – E
acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e em
1 Pedro 3:3-4 e 8-9 – ...nos últimos dias virão escarnecedores, andando segundo as próprias paixões
e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as
coisas permanecem como desde o princípio da criação... Há, todavia, uma coisa, amados, que não
deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Não retarda
o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para
convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.

A própria relação de Paulo com a Expectativa da 2ª Vinda pode ser didaticamente dividida em 3
momentos distintos:

1º momento: expectativa acentuada sem contornos dogmáticos


Romanos 13:11 – já é hora de despertardes do sono, porque a nossa salvação está, agora,
mais perto do que quando no princípio cremos...
1 Ts 4:15 – Nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor...

2º momento: reflexão dogmática sem a influência de uma expectativa acentuada


2 Ts 2:1-2 – sobre a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e nossa reunião com ele vos
exortamos a que não vos demovais da vossa mente com facilidade, nem vos perturbeis, quer
por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha
chegado o Dia do Senhor.

3º momento: compreensão da morte como antecipação escatológica


2 Tm 4:6-8 – O tempo da minha partida é chegado... A coroa da justiça me está reservada...

Bases para a compreensão escatológica definitiva de Paulo:

a) O Ressuscitado é Ele mesmo a garantia do cumprimento de sua Promessa


Moltmann: “o futuro do reino pregado por Jesus, bem como a irrupção de sua 2ª vinda, são
confirmados e tornados certos pelas aparições do Ressuscitado”

b) O Ressuscitado é Ele mesmo a certeza de nossa própria Ressurreição


1 Coríntios 6:14 - Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu
poder.
2 Coríntios 4:14 - aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com
Jesus...

c) O Ressuscitado é Ele mesmo o anúncio da vitória sobre a Morte


1 Coríntios 15:54, 55 e 57 – E quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade,
e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita:
Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu
aguilhão? Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.

Bases para uma compreensão escatológica hoje:

a) O rompimento com conceitos como “espaço-tempo” na temática da Eternidade


Lucas 23:43 - Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
Mateus 12:40 - Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande
peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra.
Efésios 4:8-9 - Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu
dons aos homens. Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às regiões
inferiores da terra?
João 20:17 - Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu
Pai.
Anacronismo na Promessa do Paraíso: outras ocorrências do termo no NT
2 Coríntios 12:4 - [tal homem] foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais
não é lícito ao homem referir.
Apocalipse 2:7 - Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-
lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.Hoje estarás
comigo no paraíso

b) A centralidade da Ressurreição de Cristo como valorização de nossa Ressurreição


1 Coríntios 15:17-20 – E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis
nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa
esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os
homens. Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que
dormem. A analogia da Semente (34-49)

c) As experiências de “quase-morte”, indistintamente, como testificação


Mt 25:31-33 - Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele,
então se assentará no trono da sua glória; todas as nações serão reunidas em sua presença e
ele separará uns dos outros, como o pastor separa os cabritos das ovelhas; as ovelhas à
direita, os cabritos à esquerda;

Desafios de uma Compreensão Escatológica Bíblica e Relevante:

1. VIVER COMO QUEM SABE QUE SEU TEMPO É CURTO


E QUE A VERDADEIRA VIDA ESTÁ POR VIR
Efésios 5:15-16 – Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim
como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.

A transitoriedade da vida é um desafio à Mordomia. A certeza da Eternidade torna-se, então,


expectativa da verdadeira possessão.
Dietrich Bonhoeffer: “Quem, alguma vez em sua vida, experimentou a misericórdia de Deus,
dali por diante só desejará servir”.

2. VIVER SEM MEDO DO AMANHÃ


E NA CERTEZA DO HOJE SOB OS CUIDADOS DE DEUS
Lucas 12:5-7; 22 – Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois
de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer. Não se
vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento
diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais
valeis do que muitos pardais... não andeis ansiosos pela vossa vida.

A certeza do futuro garantido em Cristo pela ressurreição transforma-se em segurança pra o


crente. O anseio pelo futuro de Deus em Cristo é vitória sobre o medo.
Moltmann: “Quem crê em Deus não é um otimista. Ele não precisa do pensamento positivo.
Quem crê em Deus não é pessimista. Ele não precisa da lógica da dialética negativa. Quem
confia em Deus sabe que Deus aguarda por ele, que ele está convidado para o futuro de Deus
e tem em suas mãos, com isso, o mais maravilhoso convite de sua vida.”

3. VIVER EM BUSCA DA INTIMIDADE COM DEUS


COMO UMA ANTECIPAÇÃO PELA FÉ DA VIDA ETERNA
João 17:3 – E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste.

A vida eterna inaugurada pelo Espírito em nós é o convite ao Conhecimento de Deus. Este
conhecimento de Deus torna-se um aprofundamento da confiança na Vida Eterna.
Blaise Pascal: “Só existem duas espécies de pessoas a quem se possa chamar de
razoáveis: ou os que servem a Deus de todo o coração porque o conhecem, ou os que o
procuram de todo coração porque não o conhecem.”

Conclusão

É preciso reconhecer o triunfo da vida sobre a morte na ressurreição de Jesus Cristo. A nossa
morte não anula o cumprimento das promessas de sua vinda, mas é assumida como antecipação
escatológica da experiência da ressurreição. O Espírito, enfim, apresenta-se como aquele que nos
prepara para a vida e para a morte em Cristo Jesus, Senhor da Vida.

III. A CONSUMAÇÃO ESCATOLÓGICA – Tiago 5:7-11

Introdução

Jesus virá outra vez! De UMA vez por TODAS! A 2ª vinda é certa e deve ser compreendida
como a Consumação Escatológica.

A principal dificuldade e o principal fator gerador de Conflito neste tema é que trata-se de
Evento FUTURO! Segue como na fábula de Freud [atribuída por ele a Vitor Hugo] sobre o Rei que
sabia identificar bruxas: “basta coze-las e experimentar seu caldo; pelo gosto podem ser
identificadas”. Em outras palavras, como provar equívocos?

Outro problema está na abundância de Mapas Escatológicos e Profecias de “última hora” – A


Curiosidade do crente impõe-se à fé e ao conhecimento da Palavra!

Em primeiríssimo lugar: A consumação escatológica é um ato da SOBERANIA de Deus, como


em Mt 24:36 - a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos, nem o Filho, senão o Pai; e
em Atos 1:7 – Não vos compete saber tempos ou épocas que o Pai reservou por sua exclusiva
autoridade. Na seqüência, a consumação escatológica é um ato da COERÊNCIA de Deus.

Razões Teológicas para a Vinda de Cristo

a) O Cristo deve apresentar-se na história dos seres-humanos como Messias Triunfante


Apocalipse 1:7 - Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o
traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!

b) O Cristo deve realizar o Grande Julgamento


João 3:17-19 - Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o
mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não
crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. O julgamento é
este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as
suas obras eram más.

c) O Cristo deve estabelecer definitivamente – e para sempre – o Reinado de Deus


Mc 14:25 - jamais beberei do fruto da vide, até o dia em que o hei de beber, novo, no reino de
Deus.

d) O Cristo deve redimir toda a Criação


Rm 8:19-21 – A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois
a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou,
na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a
liberdade da glória dos filhos...
2 Pe 3:13 – Nós, segundo sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais
habita justiça.

Sinais da Vinda de Cristo:

a) Pregação do Evangelho a todas as Nações


Mt 24:14 - E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a
todas as nações. Então, virá o fim.

b) Rebelião generalizada contra Deus


Mateus 24:12 - E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos.
2 Ts 2:1-5 - nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas,
avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos,
irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio, cruéis, inimigos do bem,
traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que de Deus, tendo forma de
piedade, negando-lhe o poder. Foge deles.

c) Aparecimento do Anticristo
2 Ts 2:3-4 – Ninguém vos engane: isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e
seja revelado o homem da iniqüidade, o filho da perdição, que se opõe contra tudo que se
chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, como se
fosse o próprio Deus.

Todavia, é necessário muita atenção neste momento: TODOS OS SINAIS DA VINDA DE


CRISTO SÃO APRESENTADOS NA TOTALIDADE DO NT COMO JÁ REALIZADOS NO
CONTEXTO HISTÓRICO DOS PRIMEIROS DISCÍPULOS.

a) O evangelho já foi pregado às nações


Marcos 16:20 - E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o
Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam.
Colossenses 1:23 não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que
foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.

b) A rebelião generalizada está em vigor pelos séculos


Atos 7:51 - Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre
resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.

c) Os anticristos alternam-se no decorrer da história da humanidade


1 João 2:18 - Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também,
agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora.

Os sinais da vinda de Cristo são, portanto, o que podemos chamar de sinais continuamente
presentes. Em outras palavras: A segunda vinda de Cristo já não exige precedentes. Está legitimada!

 O Arrebatamento será um “fenômeno” da própria vinda


1 Ts 4:15-18 - nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem,
ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em
Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados
juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos
para sempre com o Senhor.
Mt 24:37 e 40-41 - Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do
Homem. Então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão
trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra.

 A Grande Tribulação está inaugurada e já é final


Lc 21:20-22 - Quando, porém, virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a
sua devastação. Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que se
encontrarem dentro da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela.
Porque estes dias são de vingança, para se cumprir tudo o que está escrito.

Desafios e Exigências para os que anseiam pela Vinda de Cristo:

1. DEVEMOS PERMANECER EM VIGILÂNCIA:


NÃO TEMOS A PRERROGATIVA DO PLANEJAMENTO PRÉVIO!
Mc 13:33-37 - Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo. É
como um homem que, ausentando-se do país, deixa a sua casa, dá autoridade aos seus
servos, a cada um a sua obrigação, e ao porteiro ordena que vigie. Vigiai, pois, porque não
sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela
manhã; para que, vindo ele inesperadamente, não vos ache dormindo. O que, porém, vos
digo, digo a todos: vigiai!

A era escatológica é totalmente era final, e a ausência de antecedentes torna-se, então, um


desafio à vigilância.
William Barklay: “Se ninguém além de Deus conhece o dia e a hora da vinda de Cristo, toda
a vida deve ser uma preparação constante para essa vinda: Viver sem estar em alerta conduz
ao desastre; O espírito que conduz ao desastre é aquele que diz que há muito tempo pela
frente; A rejeição baseia-se no fracasso no cumprimento do dever, e a recompensa na
fidelidade no cumprimento do dever.”

2. DEVEMOS NOS PREPARAR PARA O SOFRIMENTO:


OS MÁRTIRES NOS CHAMAM A IMITAR SEU EXEMPLO!
1 Pe 4:12-14 - Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a
provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário,
alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que
também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois
injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.

Os sofrimentos da era presente são um meio de identificação com Cristo. Os sofrimentos são,
também, instrumento de intensificação da expectativa escatológica.
Moltmann: “A vida sem paixão torna-se uma pobreza. A vida sem disposição para o
sofrimento torna-se mesquinha.”
Bonhoeffer: “Nos dias atuais importa, antes de tudo mais, que mostremos fidelidade diária e
firme. Se nesta hora nos tornarmos indolentes ou levianos, como estaremos perante nossos
irmãos presos? Como nos apresentaríamos perante o filho de Deus que por nossa causa
sofreu até a morte? Agora é necessário perseverarmos.”
Conclusão

A primeira vinda de Cristo é promessa cumprida e abertura graciosa em nova promessa. A


certeza da segunda vinda é para o crente expectativa e compromisso com Cristo. O Espírito Santo é
em confiança e para a fé o “penhor do nosso resgate até o último dia”.

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