A Constituição Federal possui um sistema complexo que, segundo SILVA (1997:
455), “busca realizar o equilíbrio federativo, por meio de uma repartição de
competências que se fundamenta na técnica de enumeração dos poderes da União (arts. 21 e 22), com poderes remanescentes para os Estados (art. 25, §1o) e poderes definidos indicativamente para os Municípios (art. 30), mas combina, com essa reserva de campos específicos (nem sempre exclusivos, mas apenas privativos), possibilidades de delegação (art. 22, parágrafo único), áreas comuns em que prevêem atuações paralelas da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23) e setores concorrentes entre União e Estados em que a competência para estabelecer políticas gerais, diretrizes gerais ou normas gerais cabe à União, enquanto se defere aos Estados e até aos Municípios a competência suplementar".
A competência de legislar pode ser atribuída a um ente da federação de
diversas formas: exclusiva, privativa, concorrente ou suplementar. As competências exclusivas e privativas estão elencadas na Constituição. O problema recai sobre as competências concorrente e suplementar, justamente no contexto em que se enquadram os municípios para legislarem sobre a proteção do patrimônio cultural.
Depois da competência exclusiva da União, com suas normas gerais, “restam a
Estados e Municípios o campo das regras especiais, divididas em concorrentes e suplementares. A concorrente pura é aquela cuja matéria não necessite de regra geral, pois o objeto jurídico protegido é tão especial que não existe em outras regiões.