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CLD Vida Cristã 2

Extraído da série Caminhando com Deus


Maria Cecilia Alfano

Material adaptado em lições para a disciplina Vida Cristã


Curso de Liderança e Discipulado CLD - 2021

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Material exclusivo para uso de alunos matriculados no CLD.
Proibida a reprodução e qualquer distribuição sem autorização

Textos bíblicos extraídos da Nova Versão Internacional (NVI) 1993 @Sociedade Bíblica Internacional

LIÇÕES
1. Hábitos que nos dominam
2. Emoções
3. Ansiedade e medo
4. Ira
5. Desânimo, tristeza e exaustão
6. Solidão, relacionamentos e amizades
7. Relacionamentos virtuais: uma vida conectada
8. Relacionamentos com boa comunicação: as nossas palavras
9. Relacionamentos com espírito submisso lidando com as autoridades
10. Relacionamentos com espírito manso e pacificador: lidando com críticas e conflitos

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1 Os hábitos que nos dominam

ANTES DE INICIAR
Conheça o Deus da esperança
A esperança bíblica, o tipo de esperança que devemos cultivar como filhos de Deus, está baseada no
caráter de Deus.
O Deus da esperança é base da nossa esperança
Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês
transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo. Rm 15.13
O Salmista compartilha sua esperança em Deus
Descanse somente em Deus, ó minha alma; dele vem a minha esperança. Salmos 62.5
Pois tu és a minha esperança, ó Soberano Senhor, em ti está a minha confiança desde a juventude.
Salmos 71.5
O apóstolo Paulo nos chama à esperança por causa de Cristo
Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de
quem obtivemos acesso pela fé a esta graça na qual agora estamos firmes; e nos gloriamos na esperança
da glória de Deus. Não só isso, mas também nos gloriamos nas tribulações, porque sabemos que a
tribulação produz perseverança; a perseverança, um caráter aprovado; e o caráter aprovado, esperança.
E a esperança não nos decepciona, porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do
Espírito Santo que ele nos concedeu. Rm 5.1-5
Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração. Rm 12.12
Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da
perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança. Rm 15.4
Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, dentre todos os homens somos os mais
dignos de compaixão. 1Co 15.19
Que o próprio Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa
esperança pela graça, dê ânimo aos seus corações e os fortaleça para fazerem sempre o bem, tanto em
atos como em palavras. 2Ts 2.16, 17
O apóstolo João nos chama a uma vida pura porque temos esperança em Cristo
Todo aquele que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro. 1Jo 3.3
RUMO
Compreender a dinâmica dos maus hábitos que nos prendem e dominam,
e comprometer-se com amar a Deus acima de todas as coisas,
apropriando-se da capacidade que Ele dá em Cristo para vencê-los.
PONTO DE CONTATO

diante de hábitos persistentes, que são prejudiciais para sua vida ou para as pessoas ao redor. As
compras, a internet, o trabalho, a malhação, o sexo e a comida, os jogos on-line e recentemente a onda
das selfies, unem-se hoje ao álcool e às drogas nos comportamentos chamados de

As vozes ao nosso redor falam nesses comportamentos como doença, ou apontam para causas como
herança genética, baixa autoestima ou falta de amor-próprio, história familiar e influência ambiental ou
mesmo demoníaca, e consideram a pessoa como vítima. Algumas observações são reais. Por exemplo,
é fato que uma substância pode afetar uma pessoa mais que outra. Também é fato que a história de vida
e o modelo familiar podem moldar a forma de certos vícios. E Satanás quer, sim, nos enganar. No entanto
nenhum desses fatores oferece plena explicação de causa para o comportamento do cristão.
A Bíblia nos orienta n

VERSÍCULO-CHAVE
Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Gl 5.16

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O ROTEIRO
1 - A essência do problema
A - O vício é uma adoração voluntária
B - O vício torna-se uma escravidão voluntária
C - O vício é pecado
2 - Os aliados do vício
A - Os desejos desmedidos e desvirtuados da natureza pecaminosa
B - Satanás e o mundo
3 A esperança em Cristo: vitória garantida
A Cristo é a única fonte de satisfação real
B Cristo é a única fonte de capacitação real
4 - Liberdade, mas ainda na luta
A - Crescer no temor a Deus
B - Voltar à cruz de Cristo diariamente
C - Andar no Espírito com domínio próprio

1 A essência do problema
muito desta palavra! Mas o que é um vício? No nosso caso, é um comportamento habitual em busca de
algum tipo de gratificação. A ideia é a de uma atividade, substância ou objeto que ocupa lugar central na
vida de alguém e controla seu pensamento, as emoções e os desejos a ponto de determinar as decisões
que aquela pessoa faz e trazer consequências prejudiciais para ela e para quem vive ao seu redor.
Algumas pe
coisas boas e mesmo legítimas como roupas, boa aparência, diversão, mas permitem que seus desejos
as controlem.

Como o viciado se sente? O viciado sente-se como se tivesse caído numa armadilha e estivesse fora
de controle. Ele se sente como um adorador infame, devoto de algo que pode ser extremamente
perigoso. Ele se sente desesperadamente sedento e faminto por algo. Ele se sente como se não
tivesse como largá-lo, apegando-se ao vício mesmo quando o comportamento viciado garante pouco
prazer e muita dor. Ele se sente escravizado. O viciado se sente fora de controle, cativo, preso e sem
esperança de libertação o escape. Algo ou alguém além do Deus vivo o controla, e este objeto
controlador lhe diz como deve viver, pensar sentir. Edward Welch 1

É mesmo importante entendermos biblicamente a dinâmica de um vício? Sim, pois não há como resolver
biblicamente um problema até diagnosticá-lo pela Bíblia. A definição do problema aponta o rumo para a
solução.
Se você está viciado em algo, você continua na prática do vício porque você gosta dele ou, mais
precisamente, porque você o ama. Nós fazemos aquilo que amamos e evitamos fazer aquilo que
odiamos. Inicialmente, o objeto do seu vício atraiu sua atenção; em seguida, você se apaixonou por
ele; mais adiante, o amor cresceu. O que você não previu é que sempre que o amor é egocêntrico,
ele amadurece em adoração e passa a ocupar o foco central de sua vida. E você se torna um escravo
daquilo que você adora. Isto explica por que você deseja o seu vício e, ao mesmo tempo, descobre
que ele é um peso que você carrega. Ter um vício significa que você está adorando algo e está
controlado por isso. Ele é seu dono. Edward Welch 2

A - O vício é uma adoração voluntária

ou ídolos, de modo a incluir tudo aquilo a que nos apegamos de forma excessiva, permitindo que ocupe
o lugar central da vida controle sobre pessoas e circunstâncias, sucesso e aceitação, alívio da
ansiedade ou de pressões. Colocamos o Deus verdadeiro em segundo lugar e seguimos os nossos
anseios, dispostos a tudo:
inverter prioridades,
mentir ou enganar para fazer e ter o que queremos,
3
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reagir de forma pecaminosa diante de um impedimento,
forçar pessoas a nos dar o que queremos,
prejudicar pessoas ou a nossa saúde,
justificar nossas atitudes e ações com desculpas vazias.

em sua primeira carta sobre os ídolos observáveis e físicos. No entanto, ele termina com uma advertência
clara contra a idolatria.
Filhinhos, guardem-se dos ídolos.
1Jo 5.21
B - O vício torna-se uma escravidão voluntária
A palavra "escravidão" é usada para identificar uma condição de cativeiro da qual a pessoa não tem como
escapar por si mesma. O vício começa com escolhas pessoais. No entanto, uma atividade, um objeto ou
relacionamento, que acreditamos inicialmente ter sob o nosso controle para nos dar os benefícios e
prazeres pelos quais tanto ansiamos, acaba por nos vencer e colocar na condição de escravos.
Prometendo-lhes liberdade, eles mesmos são escravos da corrupção, pois o homem é escravo
daquilo que o domina.
2Pe 2.19
O vício estabelece uma dependência. Ele pode até começar como um hábito legítimo. Sem moderação,
porém, esse hábito acaba por dominar e estender seu impacto a todas as áreas da vida da pessoa.
Pensamos estar no controle da situação, mas nos enganamos.
Tudo me é permitido", mas nem tudo convém. "Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que
nada domine. 1Co 6.12
C - O vício é pecado
Pecado é o diagnóstico final e bíblico para o vício. Genética, pais, amizades e muitos outros fatores podem
adoração
falsa e resulta em uma cilada que escraviza e domina.
Não sabem que, quando vocês se oferecem a alguém para lhe obedecer como escravos, tornam-
se escravos daquele a quem obedecem: escravos do pecado que leva à morte, ou da obediência
que leva à justiça?
Rm 6.16
A tentação vem de duas formas.
1. O pecado parece atraente.
2. O pecado parece inevitável. Sentimos como se não houvesse nada a fazer para evitá-lo. Sentimo-
nos presos em uma armadilha. E assim cedemos ao pecado. [...] Mas isso é mentira. O pecado não
é inevitável para um filho de Deus. Nós fomos libertados do seu poder. Eu preciso crer na verdade
de que Deus é maior que meu desejo pecaminoso. Tim Chester 3

vídeo games, academia, uso

variedade de ciladas atuais.


Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e
feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e
coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não
herdarão o Reino de Deus.
Gl 5.19-21
Ainda que a ciência descubra uma predisposição genética a certos vícios, esta nunca nos obrigará a
pecar. Algumas pessoas podem ser por natureza mais tentadas do que outras, mas o livramento para
não pecar está garantido.
Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá
que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes
providenciará um escape, para que o possam suportar. Por isso, meus amados irmãos, fujam da
idolatria.1Co 10.13, 14
O corpo pode ter uma profunda influência sobre o coração. [...] Mas o corpo não é a fonte do pecado.
Os problemas físicos não podem fazer com que uma pessoa seja pecadora nem obediente (cf. 2Co
4.16). O iniciador moral é o coração. O corpo é tanto uma influência sobre o coração quanto um
instrumento para que o coração se expresse. Edward Welch 4

4
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2 As aliados do vício
Os vícios revelam com clareza que estamos em uma luta, temos inimigos aliados do vício.
A - Os desejos desmedidos e desvirtuados da natureza pecaminosa
Embora salvos em Cristo, nossos desejos nos chamam a satisfazer a nós mesmas com aquilo que
acreditamos que possa nos dar prazer, conforto, senso de controle, aceitação. Decidimos usar atividades,
substâncias ou relacionamentos para o nosso benefício, expressando independência de Deus.
Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão
em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.
Gl 5.17
O coração enganoso quer agradar as pessoas mais do que temer a Deus.
Assim diz o Senhor: "Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a
sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor.
Jr 17.5
O coração enganoso anseia por prazeres imediatos mais do que por Deus.
Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: "Estou sendo tentado por Deus". Pois Deus não
pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça,
sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o
pecado, após ter-se consumado, gera a morte.
Tg 1.13-15
Os desejos desordenados do coração interagem com os desejos naturais do corpo. Comida, sexo, álcool
podem dar prazer físico. O coração rebelde quer mais prazer, e os desejos físicos despertados também
acabam por querer cada vez mais. Essa luta é retratada pelo apóstolo Paulo. Ele não diz que os desejos
do corpo são pecaminosos em si mesmos, mas diz que eles devem ser vigiados com cuidado e mantidos
em submissão para que não dominem.
Vocês não sabem que dentre todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram
de tal modo que alcancem o prêmio. Todos os que competem nos jogos se submetem a um
treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma
coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo, e não luto como
quem esmurra o ar. Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter
pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado.
1Co 9.24-27
Não r fácil para alguns admitir o

mais fácil conseguir uma confissão. William Playfair 5

B Satanás e o mundo
Os vícios têm por trás a atuação silenciosa de Satanás.
Pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os
dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.
Ef 6.12
Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando
a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que
vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos.
1Pe 5.8, 9
O mundo, o sistema de valores regido por Satanás e caracterizado pela rejeição a Deus, atrai-nos ao

opondo-se à verdade bíblica de que é nossa escolha fazer ou não a vontade de Deus.
Não amem o mundo nem o que nele há. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele.
Pois tudo o que há no mundo a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens
não provém do Pai, mas do mundo. O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade
de Deus permanece para sempre.
1Jo 2.15-17

O mundo evita qualquer discussão sobre o pecado porque não conhece a maravilhosa graça de
Deus. Nós podemos admitir o pecado porque confessamos a graça em Jesus. Edward Welch 6
5
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3 A esperança em Cristo: vitória garantida
A linguagem é vital para que tenhamos esperança verdadeira. Se o vício é uma compulsão invencível, a
pessoa viciada está presa a ele. Mas se chamarmos o vício de pecado, como a Bíblia faz, a solução está
em Cristo.
Todos os vícios, em essência, podem ser incluídos naquilo que a Bíblia chama de obras da carne (Gl
5.21). Aos coríntios, Paulo apontou as obras da carne e, em seguida, deu um testemunho de esperança
segura de mudança.
Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no
nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.
1Co 6.11
A Cristo é a única fonte de satisfação real
Ele satisfaz o vazio espiritual que nos leva a buscar prazeres longe de Deus.
Jesus respondeu: "Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu
lhe der nunca mais terá sede. Pelo contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de
água a jorrar para a vida eterna".
Jo 4.13, 14
Se você buscar satisfação ou plenitude, significado ou identidade, em qualquer lugar a não ser Jesus,
você ficará vazio. Pode haver um momento de alívio ou prazer, mas logo você estará novamente
com sede. Tim Chester 7

B Cristo é a única fonte de capacitação real


Para deixarmos os comportamentos que nos escravizam necessitamos da capacitação em Cristo. Se já
temos Cristo como Salvador pessoal, o vício não tem mais o direito de nos dizer o que fazer.
Da mesma forma, considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus.
Portanto, não permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que
vocês obedeçam aos seus desejos. Não ofereçam os membros dos seus corpos ao pecado, como
instrumentos de injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e
ofereçam os membros dos seus corpos a ele, como instrumentos de justiça.
Rm 6.11-13

4 Liberdade, mas ainda na luta!


Livres em Cristo, temos o novo desejo de servir a Deus. O velho desejo, porém, ainda está lá, e cada dia
temos diante de nós uma escolha a fazer.
Amados, insisto em que, como estrangeiros e peregrinos no mundo, vocês se abstenham dos
desejos carnais que guerreiam contra a alma.
1Pe 2.11

O problema é que como cristãos nós nos esquecemos frequentemente de que estamos em uma
batalha. Ou, ainda pior, nem ao menos sabemos que há uma guerra acontecendo. Diferente da
maioria das lutas, nas quais pelo menos sabemos que existe um inimigo em algum lugar, a batalha
espiritual tem a tendência de ser especialmente velada. Ninguém recebe tiros, e muitas pessoas
até mesmo os próprios viciados parecem lidar razoavelmente bem com a vida. Tudo parece estar
dentro da normalidade. Some-se a isso que gostamos de fato do inimigo, e torna-se fácil entender
porque muitos de nós agem como se estivessem de férias. Edward Welch 8

Aquilo que nos caracteriza é a justiça de Cristo. No entanto, ainda pecamos. A diferença é que não vamos
viver na prática habitual do pecado, mas em arrependimento e temor diante de Deus.
Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em
nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos
purificar de toda injustiça. Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um
mentiroso, e a sua palavra não está em nós. Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que
vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o
Justo.
1Jo 1.8-2.1

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A - Crescer no temor a Deus
Mergulhe em um programa consistente de leitura diária da Bíblia, oração, memorização de versículos
para conhecer cada vez mais o seu Deus, conforme Ele se revela nas Escrituras, e o plano dEle para
você.
Eu te busco de todo o coração; não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos. Guardei no
coração a tua palavra para não pecar contra ti.
Sl.119.10, 11
Cultive o ódio pelo pecado, não apenas pelas consequências do pecado e a vergonha a que ele expõe.
Temer ao Senhor é odiar o mal; odeio o orgulho e a arrogância, o mau comportamento e o falar
perverso.
Pv 8.13
Odeiem o mal, vocês que amam o Senhor.
Sl 97.10a
O temor do Senhor é saber que eu vivo coram deo, perante a face de Deus. É saber que o Santo
Deus vê todos os aspectos da minha vida. O resultado é que vivemos cientes de que somos
observados. Vivemos publicamente, e seguimos a Cristo em obediência alegre e reverente.
Edward Welch 9

Obedeça a Deus. O prazer do pecado pode ser real, embora passageiro, mas obedecer a Deus é um
prazer muito superior.
Tenho prazer nos teus mandamentos; eu os amo.
Sl 119.47

B Voltar à cruz de Cristo diariamente


Você tem em um novo propósito de vida: ser santo e inculpável. Derive sua identidade de Cristo e não do
comportamento pecaminoso. A definição mais importante a seu respeito é de pecador redimido pelo
sangue de Cristo, unido a Cristo e capacitado para não pecar.
Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também
na semelhança da sua ressurreição. Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com
ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado; pois
quem morreu, foi justificado do pecado. Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos.
Rm 6.5-8
O conhecimento do nosso pecado tem o intuito de nos direcionar para a graça redentora que
podemos receber por meio de Jesus Cristo. Edward Welch 10

Vá a Cristo nos momentos de maior necessidade, em busca de graça e misericórdia para não pecar.
Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus,
apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo sacerdote que
não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo
tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda
a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da
necessidade.
Hb 4.14-16
Vá a Cristo sempre que precisar de perdão.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos
purificar de toda injustiça. Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um
mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
1Jo 1.9, 10
Pecadores, como todos nós somos, nunca se tornam imunes ao pecado. Todavia, nossa força frente
ao pecado, nossa resistência ao pecado, nossa determinação de não pecar pode crescer dia a dia.
[...] Se perdemos o controle do pecado em nossa vida, podemos, pela graça de Deus e com Sua
a
. William Playfair 11

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Na luta contra os vícios, existe um ciclo comum: os desejos pecaminosos nos tentam, sucumbimos ao
pecado, sentimos culpa e vergonha. Este é o momento de chamar o pecado de pecado e praticar o
arrependimento humilde diante de Deus, que trata a culpa e restaura a alegria do relacionamento com
Ele. Se o arrependimento genuíno não acontece, vêm o isolamento, outras tentativas frustradas de
mudança, mentiras e racionalizações, o mergulho na culpa e na vergonha, e uma sucessiva prática do
pecado, ou de um novo vício paralelo, em busca de um alívio que nunca vem. A tentativa de praticar a
justiça própria orgulhosa pela autopunição ou isolamento é inútil.
Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra
misericórdia. Como é feliz o homem constante no temor do Senhor! Mas quem endurece o coração
cairá na desgraça.
Pv 28.13, 14
C - Andar no Espírito com domínio próprio
Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.
Gl 5.16
Domínio próprio não é confiança em si mesmo
Domínio próprio não é depender do poder da vontade própria para abandonar um vício. Pelo contrário, o
domínio próprio é parte do fruto do Espírito Santo, quando andamos diariamente em submissão a Deus.
Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão
e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a
carne, com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo
Espírito.
Gl 5.22-25
As tentações sabem onde moramos, como vamos ao trabalho, e o que fazemos nos fins de semana.
Mesmo que não as chamemos, elas sabem onde nos achar. [...] Quando uma serpente atravessa
seu caminho falando mentiras, você deve ou correr dela ou matá-la. Não se sente para bater um
bate-papo agradável com ela. Edward Welch 12

Domínio próprio é ...


Vida dentro de limites
Por natureza, resistimos aos limites e os consideramos uma violação da liberdade pessoal. A Bíblia, no
entanto, mostra-nos que é a nossa falta de limites pessoais que nos deixa vulneráveis à escravidão do
pecado.
Como a cidade com seus muros derrubados, assim é quem não sabe dominar-se.
Pv 25.28
Violência contra o pecado
Não devemos brincar com os desejos pecaminosos, mas lembrar sempre que estamos em uma guerra!
Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo, pois a nossa
luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste
mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais. Por isso, vistam toda a
armadura de Deus, para que possam resistir no dia mau e permanecer inabaláveis, depois de terem
feito tudo. Assim, mantenham-se firmes, cingindo-se com o cinto da verdade, vestindo a couraça
da justiça e tendo os pés calçados com a prontidão do evangelho da paz. Além disso, usem o
escudo da fé, com o qual vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno. Usem o
capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. Orem no Espírito em todas
as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na
oração por todos os santos.
Ef 6.11-18
A ideia básica [do domínio próprio] é que precisamos cultivar a capacidade de viver uma vida
ponderada e cuidadosa na qual fazemos o que é certo a despeito dos nossos desejos. O domínio
próprio é colocado à prova quando estamos sozinhos ou quando nos sentimos insatisfeitos. O que
fazemos quando ninguém está olhando? O que fazemos quando o desejo é tão forte que chega a
doer? O que ou quem o dominará então? Seus desejos ou o seu Deus? O domínio próprio é a
Edward Welch 13

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Vigilância constante
Não podemos baixar a guarda por um momento sequer. Pode haver uma forte influência externa ou maior
vulnerabilidade pessoal para alguns vícios, mas isso não significa que o domínio próprio é impossível e a
responsabilidade pessoal é menor. Significa apenas que a pessoa deve estar mais vigilante em situações
nas quais o pecado pode ser facilmente provocado e praticado.
Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como
sábios
Ef 5.15
Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando
a quem possa devorar.
1Pe 5.8
Duas práticas essenciais:
Identificar as possíveis fontes de tentação e proteger-se.
Pelo contrário, revistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não fiquem premeditando como satisfazer os
desejos da carne.
Rm.13.14
Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu
corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-
a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno.
Mt 5.29, 30
Evitar amizades nas quais as conversas e práticas levam ao pecado.
Aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio, mas o companheiro dos tolos acabará
mal.
Pv 13.20
Verdade em pensamentos, palavras e prática
Precisamos encher a nossa mente com a Palavra de Deus para estarmos prontos para responder às
pressões que incitam a prática do pecado.
Ganho entendimento por meio dos teus preceitos; por isso odeio todo caminho de falsidade. A tua
palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho
Sl119.104, 105
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e
para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para
toda boa obra.
2Tm 3.16, 17
Se quisermos extrair o ar de uma garrafa, talvez alguém possa sugerir que construamos uma
elaborada bomba de vácuo para sugá-lo. No entanto, há uma solução muito mais simples. Se a
enchermos com água, o ar terá de sair. Para derrotar o poder do pecado, teremos de substituir nossos
pensamentos pela Palavra de Deus. Erwin Lutzer 14

Deixar um vício inclui não somente eliminar as velhas práticas habituais que o alimentam, mas requer
colocar um novo hábito em seu lugar.
Dois aspectos fundamentais:
Falar a verdade sobre seu vicio
Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos
somos membros de um mesmo corpo.
Ef 4.25
Ao procurarmos substituir velhos comportamentos por novos, é fácil tirarmos os olhos do nosso status
de filhos de Deus. De fato, quanto mais lutamos com um problema, maior a probabilidade de nos
definirmos por aquele problema (divorciado, viciado, deprimido, codependente, hiperativo).
Passamos a crer que nosso problema é quem nós somos. Mas enquanto estes rótulos podem
descrever maneiras específicas de lutarmos como pecadores num mundo caído, eles não são a
nossa identidade! Se permitirmos que eles nos definam, viveremos presos em seus limites. Esta não
é a maneira pela qual um filho de Deus deve viver! Paul Tripp 15

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Deixar o comportamento egocêntrico e praticar o serviço amoroso.
Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à
vontade da carne; pelo contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor.
Gl 5.13
Vida em comunhão
O plano sábio de Deus é usar o convívio cristão para o crescimento espiritual.
Lembrar uns aos outros a verdade bíblica
Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do
Deus vivo. Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se
chama "hoje", de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado.
Hb 3.12, 13
Incentivar uns aos outros na prática da verdade
E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras
Hb 10.24
Orar uns pelos outros
Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.
A oração de um justo é poderosa e eficaz.
Tg 5.16
Prestar contas uns aos outros
Meus irmãos, eu mesmo estou convencido de que vocês estão cheios de bondade e plenamente
instruídos, sendo capazes de aconselhar-se uns aos outros
Rm 15.14

Quando termina a luta?


uta, porém, continua durante toda
nossa vida aqui na terra. Esta é a vida cristã normal. Uma disciplina diária de fé e arrependimento é o que
caracteriza a santificação progressiva.
Exercite-se na piedade.
1Tm 4.7a

O problema mais prevalente e sério é que enquanto as pessoas estão convencidas de que não
conseguem parar de fazer aquilo que não devem fazer, elas não irão parar. O problema é acreditar
em uma mentira. Esta é uma das principais razões por que o conceito do vício como doença é
contraproducente. A
Você faz ou deixa de fazer alguma coisa porque você quer ou não quer pecar. A prática habitual pode
fazer com que se torne muito difícil dizer não. Difícil, mas não impossível. Assim como os hábitos são
formados, eles podem ser quebrados e substituídos.
mais fácil. William Playfair 16

ENTRE VOCÊ E DEUS


Você ama o seu vício mais do que ama Deus?
Você acha que ele lhe proporciona coisas mais belas e satisfatórias?
Você construiu um mundo que gira em torno de você e seus desejos e não em torno de Deus e do
serviço amoroso ao seu próximo?

Talvez você diga: "Eu posso parar a qualquer momento que eu queira".
O orgulho é um engano típico no vício.

A resignação é um engano típico no vício.

quem nos transforma.


Também é verdade que você deve participar ativamente no processo, em lugar de ficar resignada,
esperando que o seu vício vá embora sem esforço algum de sua parte. Busque conselho para traçar uma
estratégia bíblica, busque companheiros de percurso que possam animar na nova caminhada e orar com
e por você. Siga diariamente em arrependimento e dê passos que expressam a verdadeira fé em Cristo.
10
Uso exclusivo dos alunos do CLD. Proibida a reprodução e qualquer distribuição sem autorização
1. WELCH, Edward. Hábitos escravizadores. São Paulo: NUTRA, 2015. p. 32.
2. WELCH, Edward. Help for addicts. Disponível em
http://www.familylife.com/articles/topics/life-issues/challenges/mental-and-emotional-issues/help-for-addicts .
Acesso em setembro 2012
3. CHESTER, Timothy. You can change: God's transforming power for our sinful behavior and negative emotions.
Westchester, Ill: Crossway, 2010. p. 113
Coletâneas de aconselhamento bíblico, Atibaia, SP, v. 4, p. 19.
5. PLAYFAIR, William L. The useful lie. Stanley,NC: Timeless Texts, 2004. p. 73.
6. WELCH, Edward. Vícios: nova maneira de ver, nova maneira de caminhar livre. Disponível em
http://pt.gospeltranslations.org/wiki/V%C3%ADcios%3A_Novas_maneiras_de_ver%2C_Novas_maneiras_de_cami
nhar_livre Acesso em setembro 2012
7. CHESTER, Timothy. Op. cit. p. 86
8. WELCH, Edward. Hábitos escravizadores. São Paulo: NUTRA, 2015. p. 283.
9. Idem. p. 222
10. WELCH, Edward. Hábitos escravizadores: São Paulo: NUTRA, 2015. p. 293.
11. PLAYFAIR, William L. Op. cit. p. 167
12. WELCH, Edward. Vícios: nova maneira de ver, nova maneira de caminhar livre.
13. WELCH, Edward. Hábitos escravizadoes. São Paulo: NUTRA, 2010. p. 270.
14. LUTZER, Erwin. Vencendo a luta interior. Belo Horizonte, MG: Betânia, 2003. p. 74
15. TRIPP, Paul David. Instrumentos nas mãos do Redentor. São Paulo: NUTRA, 2010. p. 343
16. PLAYFAIR, William L. Op. cit. p. 166.

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2 Emoções

ANTES DE INICIAR
Conheça o Salvador e Redentor
Em Cristo, encontramos não apenas a salvação, mas a restauração para o inteiro coração atingido pela
Queda. Á medida que crescemos na vida cristã, a beleza do caráter de Cristo é vista cada vez mais
claramente em nossa vida, e isso inclui nossa nova maneira de pensar e de avaliar as circunstâncias, as
nossas motivações e as expressões emocionais. As orações e exortações de Paulo falam desta verdade.
Na carta a Tito
Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à
impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente,
enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e
Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para
si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras. Tt 2.11-14
Na carta aos Filipenses
Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda a
percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de Cristo,
cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.
Fp 1.9-11
Na carta aos Colossenses
Por essa razão, desde o dia em que o ouvimos, não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam
cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual.
E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando
em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus e sendo fortalecidos com todo o poder, de
acordo com a força da sua glória, para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria,
dando graças ao Pai, que nos tornou dignos de participar da herança dos santos no reino da luz. Pois
ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem
temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados. Cl 1.9-14
Na carta aos Efésios
Por essa razão, ajoelho-me diante do Pai, do qual recebe o nome toda a família nos céus e na terra.
Oro para que, com as suas gloriosas riquezas, ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por
meio do seu Espírito, para que Cristo habite em seus corações mediante a fé; e oro para que vocês,
arraigados e alicerçados em amor, possam, juntamente com todos os santos, compreender a largura,
o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo
conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus. Ef 3.14-19

RUMO
Compreender que as emoções fazem parte do projeto de Deus, com uma
maravilhosa complexidade, e comprometer-se com aprender a gerenciá-
las de forma a honrar a Deus com a totalidade de sua vida.

PONTO DE CONTATO
Eu estou feliz, triste, alegre, aborrecido, estou com raiva ou com medo, e por aí vai! Estas expressões
fazem parte da nossa linguagem do dia a dia. Algumas dessas experiências são certamente mais
agradáveis do que outras, outras gostaríamos de nem mesmo conhecer, mas você já pensou como a vida
seria monótona sem as cores que as emoções acrescentam a todo momento?
Não é preciso muito para que nossas emoções oscilem. Um lindo dia de sol, um elogio, uma boa nota ou
algum outro objetivo a

manifestam às vezes confusas e conflitantes, com maior ou menor intensidade. O problema, porém, é
muito mais profundo do que um sentimento flutuante ou um comportamento externo descobriremos que
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estamos diante de um problema do coração, o nosso centro de comando. Nossas emoções são uma
parte importante da vida cristã. Elas são uma dádiva de Deus que precisamos aprender a gerenciar com
sabedoria bíblica.
Existem princípios bíblicos que podem nos ajudar a entender as emoções?
De onde elas vêm e qual o segredo para gerenciá-las dentro do plano de Deus e encontrar
um equilíbrio sábio no dia a dia?

VERSÍCULO-CHAVE
Mas eu cantarei louvores à tua força, de manhã louvarei a tua fidelidade; pois tu és o meu alto refúgio,
abrigo seguro nos tempos difíceis. Sl 59.16

ROTEIRO
1 As emoções estão presentes na Bíblia
2 - Maravilhosamente formados
A - Deus nos criou à Sua imagem, incluindo as emoções
B - Deus nos chama a uma vivência emocional rica.
3 Uma capacidade muito boa, tingida pelo pecado.
4 - Esperança em Cristo: uma vivência emocional agradável
diante de Deus
A A redenção abrangente
B O modelo perfeito
5 Como compreender as emoções do dia a dia
A A Bíblia indica que as emoções envolvem o coração
B A Bíblia dá ilustrações da vivência emocional
6 Como lidar com as emoções no dia a dia
A Aprofundar o relacionamento com Deus
B Identificar nossas emoções
C Aplicar o tratamento certo
D Adquir o hábito de testar as emoções
E Aproveitar para aprofundar relacionamentos interpessoais

1 As emoções estão presentes na Bíblia


A Bíblia não é um tratado sistemático sobre as emoções nem um manual de autoajuda para lidar com
elas. Não na concordância bíblica, mas ainda assim a Bíblia fala muito
a respeito das emoções.
Nosso Deus é infinito e nunca chegaremos a uma perfeita compreensão da Sua grandeza. No entanto,
Ele é um Deus pessoal, que se relaciona conosco. Nesse relacionamento, a Bíblia nos mostra claramente
que Deus vivencia e expressa uma variedade de emoções. Estes são alguns exemplos:
Alegria: O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar. Ele se regozijará em
você, com o seu amor a renovará, ele se regozijará em você com brados de alegria". Sf 3.17
Indignação e tristeza: Eles o irritaram com os altares idólatras; com os seus ídolos lhe
provocaram ciúmes. Sabendo-o Deus, enfureceu-se e rejeitou totalmente a Israel. Sl 78.58, 59
Compaixão: "Por um breve instante eu a abandonei, mas com profunda compaixão eu a trarei de
volta. Num impulso de indignação escondi de você por um instante o meu rosto, mas com bondade
eterna terei compaixão de você", diz o Senhor, o seu Redentor. Is 54.7, 8

2 Maravilhosamente criados
Deus se preocupou com cada detalhe, preparando-nos para uma vida rica também de emoções. Fomos
maravilhosamente criados e capacitados!

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Para os cristãos, compreender experiências emotivas começa com considerar o que a Bíblia diz
sobre a natureza humana, a forma como ela foi criada por Deus, distorcida pela Queda e restaurada
pela redenção em Cristo. Jeff Forrey1

A - Deus nos criou à Sua imagem, incluindo a capacidade de expressão emocional.


Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gn 1.27
A capacidade de expressão emocional existiu desde a criação como parte do projeto original de Deus
para que refletíssemos a Ele como criaturas e espelhássemos o Seu caráter. Está evidente o tom
emocional de grande satisfação, na resposta de Adão à criação da mulher.

Gn 2.23-NVT

B - Deus nos chama a uma vivência emocional rica


Deus quer que usemos a capacidade que Ele nos concedeu. Estes são apenas alguns exemplos de
ordens dadas por Ele que envolvem nossas emoções:
Devemos nos alegrar no Senhor, sempre.
Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se! Fp 4.4
Devemos odiar aquilo que Deus odeia.
Odeiem o mal, amem o bem. Am 5.15a-NVT
Devemos sentir compaixão uns pelos outros como Deus sente.
Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros. Ef 4.32a
Devemos nos entristecer com quem está triste, e nos alegrar com quem está alegre.
Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. Rm 12.15

Por toda a Escritura existem mandamentos para sentir, não somente pensar ou decidir. Deus requer
que experimentemos dezenas de emoções e não somente realizemos atos que requerem força de
vontade. John Piper2

3 Uma capacidade muito boa, mas manchada pelo pecado.


queda, continuamos
a ser portadores da imagem de Deus e nossa capacidade emocional, que em si é algo muito bom,
continua ativa. No entanto, ela requer agora que tenhamos redobrada atenção, pois foi contaminada pela
adoração a nós mesmos e à criatura, em lugar da adoração exclusiva ao Criador.
Deus nos adverte a respeito do que não fazer com a capacidade de que Ele nos dotou e que, agora,
podemos usar mal. Veja alguns exemplos:
Não deixar de anunciar o evangelho por temor
Quando forem perseguidos [..] não tenham medo deles. Mt 10.23, 26a.
Não andar ansiosos
Não andem ansiosos por coisa alguma. Fp 4.6a
Não odiar o próximo
Não guardem ódio contra o seu irmão no coração. Lv 19.17

4 Esperança em Cristo: uma vivência emocional agradável diante de Deus


Deus quer a nossa lealdade completa. Se estamos comendo ou bebendo, ou expressando ira, tristeza,
alegria ou compaixão, todas essas coisas devem ser feitas para a Sua glória espelhando a Ele e
espalhando o Seu nome. Portanto, nossa atenção não deve estar tanto no fato de uma emoção ser
a nós, mas em identificar se ela está sendo agradável diante de Deus.
Como vivemos isso na prática? Deus não está à distância esperando para ver como lidamos com nossas
emoções e nos repreender por estarmos tristes ou alegres. Em vez disso, Seu Espírito habita em nós e
Ele está nos transformando para que, embora continuemos a lutar contra o pecado, sejamos capazes de
ter uma vivência emocional adequada e agradável diante dEle.

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A - A redenção abrangente
Em Cristo, todo o nosso ser interior foi redimido, incluindo a capacidade emocional. Em medida crescente,
somos capazes de amar de todo o coração a Deus e ao próximo, odiar o mal e o pecado, deixar a ira
pecaminosa, a inveja, e assim por diante.
Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão,
bondade, humildade, mansidão e paciência. Cl 3.12
Ao expressar as emoções, manifestamos o caráter de Cristo que está sendo agora formado em nós.
Não só as paixões e desejos malignos foram crucificados com Cristo, mas a expressão das nossas
emoções também não precisa mais ser descontrolada. Ela é restringida pela vida de Cristo em nós. É
interessante nos dar conta de que o fruto do Espírito Santo na vida do crente inclui emoções como alegria
e ou paz, mas também inclui o domínio próprio.
Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. Mas o fruto
do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio
próprio. Contra essas coisas não há lei. Gl 5.16, 22, 23a
B O modelo perfeito
Além de um Redentor, temos em Cristo também um modelo a seguir, que nos mostra que não precisamos
temer as emoções. A Bíblia registra que Jesus experimentou um leque de emoções em toda a sua
complexidade da ira à compaixão, da alegria à tristeza, e assim por diante. Veja algumas das Suas
expressões emocionais:
Indignação, seguida de compaixão Marcos 3.5
Alegria Lucas 10.21
Tristeza e angústia Mateus 26.37, 38
Ira João 2.13-17
Tristeza empática João 11.33-35
Tristeza pelo pecado Lucas 19.41, 42

5 Como compreender as emoções


A Bíblia não nos explica de forma sistemática o mecanismo das emoções, mas os textos bíblicos nos
ajudam na compreensão.
A A Bíblia indica que as emoções envolvem os aspectos que pertencem ao coração
A Bíblia distingue entre o homem interior e exterior como componentes da nossa pessoa, e aponta para
uma interrelação complexa entre ambos corpo e coração interagem o tempo todo. Não só isso, mas
. As experiências
emocionais envolvem claramente pensamentos, crenças, julgamentos, anseios, valores, decisões.
Jesus encorajou seus discípulos:
Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os
seus corações, nem tenham medo. Jo 14.27
Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e
vocês se alegrarão, e ninguém lhes tirará essa alegria. Jo 16.22
Paulo, escrevendo a seus filhos na fé, disse:
Digo a verdade em Cristo, não minto; minha consciência o confirma no Espírito Santo: tenho
grande tristeza e constante angústia em meu coração. Rm 9.1, 2
B A Bíblia dá ilustrações que esclarecem a vivência emocional
As emoções crescem no o coração e são mediadas pelo corpo, onde elas se

que podem envolver diferentes aspectos da nossa vida: relacionamento com Deus e com outras pessoas,
saúde boa ou ruim, boas notas ou reprovação nos estudos, entre outros. Esse contexto costuma servir
. No entanto, como já vimos, as interações entre corpo e coração, bem como
entre os vários aspectos que compõe o coração, são maravilhosamente complexas e isso torna
impossível à nossa mente finita compreendê-las plenamente. Muitos têm observado o ser humano,
levantado pressupostos e elaborado as mais diversas teorias sobre as emoções, teorias essas que muitas
vezes contradizem umas às outras. Nós iremos nos limitar aqui às ilustrações e esclarecimento que a
Bíblia, a verdade de Deus para nós, providencia.

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As emoções estão intimamente ligadas à percepção do contexto em que vivemos.
As emoções costumam comunicar o que percebemos sobre as situações da vida. Nossa
percepção, porém, é finita, influenciada por imaginações e memórias, ou pelo esquecimento de
fatos e de conhecimento. Temos um exemplo nos discípulos de Jesus que, assustados pela
tempestade e pelo mar agitado, entregaram-se ao medo não compreendendo quem era Jesus
e que podiam depositar sua confiança Ele:
Em seguida, Jesus entrou no barco, e seus discípulos o acompanharam. De repente, veio sobre
o mar uma tempestade violenta, com ondas que cobriam o barco. Jesus, no entanto, dormia. Os
discípulos foram acordá- -
-se, repreendeu o vento
eom
Mt 8.23-27 -NVT
As emoções são moldadas pelas nossas crenças e por aquilo que mais amamos ou
tememos.
As emoções não são diretamente causadas pelo contexto que percebemos. Ela podem ser
ativadas por circunstâncias exteriores ou mesmo por alterações fisiológicas ocasionais como,
por exemplo, a falta ou excesso de um hormônio em nosso corpo , mas elas são moldadas pela
nossa maneira de pensar, pelos nossos valores e anseios, pelas escolhas morais e por aquilo
que mais amamos ou mais tememos. Nossas emoções, portanto, a
ser consideradas sempre perante Deus e no relacionamento com Ele. Dois exemplos podem
nos ajudar na compressão.
Considere as palavras de Jesus sobre como Seus discípulos podiam evitar o temor diante do
futuro que os aguardava:
Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Jo 14.1
Considere agora a expressão de desespero do coração ciumento e exigente de Raquel diante
da privação daquilo que mais amava e queria, e a expressão de choro do coração contrito de
Ana, esposa de Elcana, A situação era comum a ambas: eram estéreis em uma cultura onde a
mulher estéril era humilhada. O coração moldou respostas completamente diferentes.
Quando Raquel viu que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã. Por isso disse a
Jacó: "Dê-me filhos ou morrerei!". Gn 30.1
E [Ana, com a alma amargurada, chorou muito e orou ao Senhor. E fez um voto, dizendo:
"Ó Senhor dos Exércitos, se tu deres atenção à humilhação de tua serva, te lembrares de
mim e não te esqueceres de tua serva, mas lhe deres um filho, então eu o dedicarei ao
Senhor por todos os dias de sua vida, e o seu cabelo e a sua barba nunca serão
cortados".1Sm 1.10, 11
As emoções se expressam com uma linguagem fisiológica e corporal.
Algumas respostas fisiológicas podem ser observadas por medições como, por exemplo, a
variação da pressão arterial e o batimento do coração, e também já têm sido identificadas por

Por outro lado, a linguagem corporal das emoções fica evidente, por exemplo, no semblante,
gestos, postura, inquietação das mãos ou noites agitadas de insônia movendo-se de um lado
para outro na cama.
Voltemos à história de Ana para observar agora como a Bíblia descreve um conjunto de
alterações físicas visíveis:
Isso acontecia ano após ano. Sempre que Ana subia à casa do Senhor, sua rival a
provocava e ela chorava e não comia. Elcana, seu marido, lhe perguntava: "Ana, por que
você está chorando? Por que não come? Por que está triste? Será que eu não sou melhor
para você do que dez filhos?". 1Sm 1.7, 8
As expressões emocionais não devem ser o único foco da nossa atenção.
No processo que resulta na expressão emocional, podemos identificar três elementos: uma
percepção/avaliação mental da circunstância (elaborada no coração), que resulta em
motivação (elaborada no coração) para que se concretize determinada ação/expressão
(mediada pelo corpo). O processo nem sempre é puramente linear e pode se repetir em círculo,
pois somos seres complexos criados por um Deus de maneira que tantas vezes escapa à nossa

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compreensão, mas ao vivenciarmos as emoções no dia a dia podemos considerar basicamente
esses três elementos.
Para lidarmos bem com as emoções os três devem ser biblicamente adequados: percepção e
avaliação do ponto de vista de Deus, motivação centrada em Deus e não egocêntrica, expressão
controlada pelo Espírito que habita em mim. Não se trata de termos apenas autocontrole na
expressão, seja ela uma palavra irada, seja o choro ou outra mais, mas de termos um coração
que ama e teme a Deus por inteiro. Veja como Paulo foi motivado piedosamente pela indignação
que o levou a uma ação, que também foi correta diante de Deus:
Os homens que foram com Paulo o levaram até Atenas, partindo depois com instruções
para que Silas e Timóteo se juntassem a ele, tão logo fosse possível. Enquanto esperava
por eles em Atenas, Paulo ficou profundamente indignado ao ver que a cidade estava cheia
de ídolos. Por isso, discutia na sinagoga com judeus e com gregos tementes a Deus, bem
como na praça principal, todos os dias, com aqueles que por ali se encontravam.
At 17.15-17
No entanto, veja como Moisés, na sua irritação com o povo desobediente, acabou também sendo
desobediente a Deus na sua expressão:
E o Senhor disse a Moisés: "Pegue a vara, e com o seu irmão Arão reúna a comunidade e
diante desta fale àquela rocha, e ela verterá água. Vocês tirarão água da rocha para a
comunidade e os rebanhos beberem". Então Moisés pegou a vara que estava diante do
Senhor, como este lhe havia ordenado. Moisés e Arão reuniram a assembleia em frente da
rocha, e Moisés disse:
"Escutem, rebeldes, será que teremos que tirar água desta rocha para lhes dar? " Então
Moisés ergueu o braço e bateu na rocha duas vezes com a vara. Jorrou água, e a
comunidade e os rebanhos beberam. O Senhor, porém, disse a Moisés e a Arão: "Como
vocês não confiaram em mim para honrar minha santidade à vista dos israelitas, vocês não
conduzirão esta comunidade para a terra que lhes dou". Nm 20.7-12
As expressões emocionais podem, eventualmente, tornar-se habituais.
Já sabemos que devemos buscar a mudança de hábitos pecaminosos e o desenvolvimento de
hábitos piedosos. Precisamos agora estar atentos ao fato de que nossos pecados habituais
as emoções. O processo com que respondemos
emocionalmente e expressamos nossas emoções diante das circunstâncias do dia a dia pode se
tornar habitual para nós e necessitar de mudança.
Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda
maldade. Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se
mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo. Ef. 4.31, 32
ATENÇÃO: nossas emoções SEMPRE podem ser vividas de forma agradável perante Deus quer

Vivemos num mundo que busca sentir-se bem e ser feliz, eliminando tudo quanto possa ser desagradável.
Por essa razão, talvez você se surpreenda ao descobrir que uma emoção dolorosa ou desagradável pode
ser piedosa. A verdade é que a tristeza, o abatimento, a ira, podem estar presentes enquanto vivermos
nesse mundo imperfeito, onde o pecado ainda está presente. Podemos admitir que são emoções
não é preciso negar que preferiríamos que não estivessem presentes, mas
ainda assim elas podem ser vividas de maneira apropriada diante de Deus e das pessoas ao nosso redor.
Por exemplo, a tristeza diante do o pecado ou da morte não é agradável para nós, mas é inteiramente
apropriada para o cristão.
Perceba, por outro lado, que aquele tom de satisfação ou até de alegria ao presenciar a queda de alguém
que não admiramos pode ser humanamente natural e de certa forma agradável, mas é inteiramente
inadequado para o cristão é pecaminoso.
Qualitativamente, podemos identificar o que chamamos de emoções agradáveis/dolorosas (avaliadas
pela nossa perspectiva humana) e emoções piedosas/pecaminosas (avaliadas pela perspectiva de
Deus) Disso resultam quatro combinações que você pode identificar no quadro a seguir.

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CONTEXTO circunstâncias, fatos tudo o que está acontecendo ao redor e que nos influencia de
alguma forma.

HOMEM INTERIOR (coração) HOMEM EXTERIOR


Percepção Avaliação de Motivação no coração Expressão
acordo com emocional física em
valores, crenças, palavras, ações,
anseios atitudes.
Uma disposição para DOLOROSA PIEDOSA
buscar os dados reais, é avaliada por nós de mas controlada pelo Espírito
fazer perguntas acordo com valores Santo p. ex,. tristeza segundo
apropriadas, conferir bíblicos Deus, ira segundo Deus.
se estou enxergando a
verdade resulta numa DOLOROSA PECAMINOSA
percepção mais mas controlada pelo velho EU
precisa, embora p. ex., ódio, desespero.
sempre estejamos AGRADÁVEL PECAMINOSA
sujeitas a cair em é avaliada por nós de mas controlada pelo velho EU
algum engano. acordo valores p. ex. orgulho,
bíblicos autossatisfação.
AGRADÁVEL PIEDOSA
e controlada pelo Espírito
Santo p. ex., alegria
segundo Deus, satisfação
segundo Deus

é avaliada por nós de


acordo com valores O processo está comprometido pelo pecado, pois o
não bíblicos coração está dirigido por valores, crenças e anseios
enganosos, em lugar de ser dirigido pelo temor a Deus.
é avaliada por nós de
acordo com valores
não bíblicos
Um olhar abertamente
seletivo, imaginativo,
Todo o processo já estará comprometido, pois faremos uma avaliação e
parcial, ou guiado por
teremos uma resposta/expressão emocional a partir de algo que não é
memórias falhas,
verdadeiro!
resulta na percepção
incorreta, distorcida.

ATENÇÃO: nossas emoções ALGUMAS VEZES nos alertam para cuidar do corpo.
As emoções podem nos advertir de que no contexto está alguma condição física que precisa de atenção.
O corpo sofre fisicamente os efeitos da Queda. Os problemas com o mau funcionamento hormonal ou
reações emocionais.
Isso é diferente, porém, de ver as emoções como um fenômeno fisiológico em sua essência, atribuí-las
exclusivamente ao corpo e tratá-las apenas no âmbito do corpo para eliminar algo desagradável a nós. A
ideia de sempre responsabiliz apenas uma
solução medicamentosa pode ser atraente, porque tira de nós a responsabilidade, mas os problemas
físicos nunca são os diretos responsáveis pelas motivações e expressões pecaminosas. Nosso corpo não
nos obriga a pecar. Lembre-se de que o coração está sempre envolvido!

Há um número de doenças reais e sérias, que vem acompanhadas de transtornos do humor, dentre
elas o hipotireoidismo e o hipertireoidismo, o mal d de Cushing, o mal de Huntington, e o câncer
pancreático. É muito importante que essas doenças sejam identificadas e tratadas adequadamente.
Ao mesmo tempo há vários problemas sérios na vida que afetam nosso estado de humor, mas que
nada tem a ver com doenças. Charles Hodges, Jr. 3

Temos a responsabilidade de buscar auxílio médico para o cuidado do corpo, mas sem nos esquecer de
que temos igualmente a responsabilidade de depender do Espírito Santo para expressar de forma piedosa
algumas emoções que são desagradáveis. Podemos estar abatidos ou podemos ser mais sensíveis ao
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choro ou mais propensos a ficar irritados, mas pela graça de Deus em Cristo não precisamos pecar, ainda
que o corpo nos dê um trabalho a mais.
Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente
estamos sendo renovados dia após dia. 2Co 4.16
É bom lembrarmos também que podemos favorecer o equilíbrio emocional mantendo uma agenda bem
regulada, com períodos de estudo, descanso e sono adequados, e dando atenção à alimentação e à
prática de exercícios físicos.

6 Como lidar com as emoções no dia a dia


Embora não possamos controlar nossas emoções do mesmo modo como podemos fazer com nossos
pensamentos e ações, vimos que Deus dá orientações a seguir com respeito também às nossas
emoções. Ele nos diz como lidar com elas, e o ensino bíblico sobre a ansiedade é um exemplo.
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças,
apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os
seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro,
tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que
for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. Tudo o
que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim, ponham-no em prática. E o Deus da
paz estará com vocês. Fp 4.6-9

A Aprofundar o relacionamento com Deus


Nosso alvo é sermos imitadores de Cristo, com uma vivência emocional rica, muito variada. No entanto,
não estamos diante de um projeto que podemos traçar e cumprir apenas pelas nossas próprias forças e
autocontrole ou por outras técnicas quaisquer. Lidar bem com nossas emoções é resultado de um
caminhar diário ativo na busca de ser como Cristo e expressar o fruto do Espírito, mas sempre cientes e
confiantes no nosso Pai e em plena dependência da Sua atuação fiel em nossa vida
Uma dinâmica emocional transformada requer que conheçamos e confiemos no caráter de Deus -- a Sua
presença constante e amorosa, Sua autoridade sobre nós, Seu sábio e soberano controle sobre as
circunstâncias, Sua justiça e misericórdia, e a capacitação que Ele coloca à nossa disposição. Portanto,
o desejo de lidar adequadamente com as nossas emoções é a oportunidade perfeita para que
intensifiquemos o nosso relacionamento com Ele, buscando conhecer mais sobre o caráter de Deus por
meio da Sua Palavra e nos aproximando dEle em oração.

B Identificar nossas emoções


Precisamos olhar de frente para nossas emoções e identificá-las, dar nome a elas. Não queremos abafá-
las nem negá-las. Deus nos encoraja a colocar os lamentos do coração em palavras dirigidas a Ele
esse é o padrão que encontramos na Bíblia e especialmente no livro de Salmos. Às vezes não sabemos
como colocar em palavras nossas emoções, e os salmistas nos dão exemplos valiosos.
Senhor, diante de ti estão todos os meus anseios; o meu suspiro não te é oculto. Sl 38.9
Quando identificamos nossas emoções, devemos fazê-lo sempre na presença de Deus. Sozinhos, seria
fácil perder a perspectiva, atolar nas emoções e nos deixar controlar por elas.

C Aplicar o tratamento certo


Não vamos querer lançar mão de soluções fáceis na tentativa de escapar das emoções por meio de
distrações que no primeiro momento nos confortam por exemplo, mergulhar na comida, dormir ou
-
ingestão de um comprimido em que depositamos toda nossa esperança.
Nosso desejo natural é ter alívio para as emoções desagradáveis; o quanto antes o alívio vier, melhor
será! O desejo de Deus é que nós o procuremos em primeiro lugar.
Descanse somente em Deus, ó minha alma; dele vem a minha esperança. Confiem nele em todos
os momentos, ó povo; derramem diante dele o coração, pois ele é o nosso refúgio. Sl 62.5, 8
Ele é o nosso refúgio, pronto a nos ajudar. Vamos lembrar com gratidão de quem Deus é e decidir confiar
nEle, e com essa atitude podemos abrir o coração diante dEle com toda a honestidade e orar por um
coração transformado, aquietado, consolado.

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Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda
consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações. 2Co 1.3, 4a
Não vamos nos limitar a pedir que Deus remova imediatamente as circunstâncias difíceis que estão nos
afligindo, mas lembrar que Ele está interessado em moldar o nosso caráter em meio às mais diversas
situações que enfrentamos aqui na terra.
Nesse momento talvez precisemos dar passos práticos para nos arrepender de pecados cometidos, de
nossa maneira errada de pensar, de nossos ídolos do coração. Talvez seja o momento para restaurar
relacionamentos, cuidar da nossa saúde, rever prioridades, lidar da melhor maneira com perdas e outras
situações, e faremos tudo isso com um coração confiante e dependente de Deus.

D Adquirir o hábito de testar as emoções


Nossa cultura diz: Siga o seu coração! Será que você deve sempre seguir o que sente, ou deve antes
considerar com atenção e testar à luz da Bíblia o que as suas emoções estão querendo dizer? Elas são
como uma linguagem para expressar o que se passa no seu interior, são como uma luz que pisca num
painel de controle para indicar que algo necessita de atenção.
Em lugar de supervalorizar suas emoções e entregar a elas o controle, ou de procurar silenciá-las a todo
custo quando elas se manifestam, é preciso parar e fazer algumas considerações antes de simplesmente
segui-las.
É hora de examinar aquilo em que você acredita
Nem tudo aquilo que sentimos é fruto de percepções e crenças verdadeiras. Às vezes, você pode
sentir que Deus o abandonou, e uma angustiante solidão toma conta de você. Ou talvez você sinta
que não há perdão para você e uma culpa insistente pesa sobre seus ombros, mesmo após ter
buscado o perdão de Deus. Para um filho de Deus, sentimentos como esses não são um indicador
confiável. Eles precisam ser confrontados com a verdade bíblica a respeito de Deus (Seu caráter e
ação), do contexto em que vivemos neste mundo e de você mesmo.

Meus sentimentos não são Deus. Deus é Deus. Meus sentimentos não definem a verdade. A
Palavra de Deus a define. Meus sentimentos são ecos e reações ao que minha mente percebe.
E, às vezes - muitas vezes -, meus sentimentos ficam fora de harmonia com a verdade. Quando
isso acontece - todos os dias, em alguma medida -, tento não torcer a verdade para justificar
meus sentimentos imperfeitos. Em vez disso, rogo a Deus: purifica minhas percepções a respeito
da tua verdade e transforma meus sentimentos de modo que se harmonizem com a verdade.
John Piper 4

Quando você descobrir que não está seguindo a verdade bíblica, você deve confessar isso a Deus
com arrependimento sincero, e substituir seus pensamentos por pensamentos bíblicos que facilitam
uma mudança nas motivações e expressões emocionais.
Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e
levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo 2Co 10.5
Deixem que o Espírito renove seus pensamentos e atitudes e revistam-se de sua nova
natureza, criada para ser verdadeiramente justa e santa como Deus. Ef 4.23, 24-NVT
É hora de examinar o que o motiva
A verdade de Deus é o instrumento mais poderoso para examinar o coração e identificar o que você
mais quer, o que mais ama, ou que mais teme. Ela nos coloca diante da verdade e o Espírito Santo
convence o nosso coração mostrando se algo que não é Deus, ou seja, se um ídolo está ocupando
o centro da nossa vida e nos motivando em nossas expressões emocionais e ações.
Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes;
ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e
intenções do coração. Hb 4.12
Tantas vezes, não compreendemos a nós mesmos, mas devemos convidar o Senhor para nos
ajudar nesse exame do que está acontecendo, e Ele o faz mediante Sua Palavra aplicada ao
coração pelo Espírito Santo enquanto lemos a Bíblia e oramos.
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações.
Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno. Sl 139.23, 24

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Chegue à tua presença o meu clamor, Senhor! Dá-me entendimento conforme a tua palavra.
Sl 119.169
É hora de examinar a expressão das emoções e o seu resultado.
O fruto de sua vida emocional tem sido agradável diante de Deus? Ele tem contribuído para a glória
de Deus, ou seja, para que Deus seja conhecido por outros quaisquer que sejam as suas
circunstâncias de vida? Esse deve ser o seu objetivo. Talvez você se pergunte se isso é mesmo
possível ou se é
Uma vez que a nossa capacidade emocional está restaurada em Cristo e orientada continuamente
usadas por
Deus para nos mover em alguma direção proveitosa: aproximar-nos de Deus, evitar o mal, praticar
a mutualidade cristã, solucionar problemas, agradecer a Deus, fazer o caráter e a ação de Deus
conhecidos diante de outras pessoas.
Aqui você tem alguns exemplos.
O desânimo e o cansaço devem nos conduzir para mais perto de Deus
Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.
Mt 11.28
A alegria é um convite para celebrar um evento diante de Deus e de outros com gratidão, em lugar
de nos esquecermos dAquele que as proporciona.
Senhor, quero dar-te graças de todo o coração e falar de todas as tuas maravilhas. Em ti
quero alegrar-me e exultar, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo. Sl 9.1, 2
O medo é um alerta, algumas vezes, para que nos desviemos de um perigo real, e ele é sempre
um lembrete para renovar a confiança no Senhor.
O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as
consequências. Pv 22.3
Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti. Sl 56.3
A tristeza na tribulação é um chamado a regozijar-se na lembrança da esperança futura que nos
está reservada em Cristo
Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração. Rm 12.12
Emoções específicas podem, de fato, mover-nos à ação correta. Em 2Coríntios 7, Paulo escreve

ue costumamos identificar como


, produz morte. Em outras palavras, o problema que

emoções do homem natural, sem Deus.


Quando examinamos de perto, fica evidente a falácia do conselho de nossa cultura para que
seguimos o coração seja o que for que ele nos comunique. Esse conselho não é bíblico, muito pelo
contrário. A Bíblia considera que o nosso coração natural tem uma doença genética com terríveis
sintomas e, consequentemente, não é confiável.
Quem confia no seu próprio coração é tolo. Pv 28.26a NAA
Por outro lado, quando se você está em Cristo, redimida por Ele e guiada pelo Espírito Santo,
andando em comunhão com Deus e de acordo com a Palavra de Deus,

coração por meio de Sua Palavra. Mas vamos fazer! Isso soa como hipocrisia? Não. Seria hipocrisia
professarmos nosso amor a Deus e não fazer aquilo que Ele nos pede para fazer. Obedecendo a
Deus, experimentaremos a paz sobrenatural e a alegria que vem dEle em quaisquer circunstâncias.

E Aproveitar para aprofundar os relacionamentos interpessoais


As emoções não apenas são oportunidades para intensificar o nosso relacionamento com Deus,
buscando-O em Sua Palavra e em oração, mas são oportunidade para estreitar o relacionamento com os
irmãos em Cristo. Precisamos uns dos outros para que possamos orar uns pelos outros, estudar a Palavra
de Deus juntos, e juntos fazer o que agrada a Deus nas alegrias e nas lutas. Neste contexto, podemos
compartilhar os nossos fardos e alegrias. Uma amiga fiel pode nos desafiar a avaliar nossas percepções
e motivações, e nos ajudar a voltar à confiança em Deus quando as emoções querem assumir o comando.

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ENTRE VOCÊ E DEUS
Agradeça a Deus pela forma maravilhosa como Ele o criou, com uma perfeita interação entre o corpo e o
coração, capaz de vivenciar as emoções, e viva integralmente para Ele!
Perguntas finais para você fazer a si mesmo:
O que tenho feito para crescer em meu relacionamento com Deus conhecer e amar a Deus?
Quanto tempo e atenção concentrada tenho dado à Sua Palavra e à oração?
Tenho me disposto a olhar de frente minhas emoções, identificá-las e levá-las diante de Deus em
lugar de mergulhar nas emoções, negar as emoções, fugir delas por meio de distrações ou buscar
soluções imediatas esquecendo-me de Deus?
Tenho permitido que Deus oriente continuamente a minha vivência emocional por meio de Sua
Palavra e do Espírito Santo que produz em mim fruto agradável a Ele?
Tenho compartilhado meus fardos e alegrias com irmãos em Cristo para buscarmos juntos a
Deus?

A lei do Senhor é perfeita, e revigora a alma. Os testemunhos do Senhor são dignos de confiança,
e tornam sábios os inexperientes. Os preceitos do Senhor são justos, e dão alegria ao coração. Os
mandamentos do Senhor são límpidos, e trazem luz aos olhos. O temor do Senhor é puro, e dura
para sempre. As ordenanças do Senhor são verdadeiras, são todas elas justas. Sl 19.7-9.

1. FORREY, Jeff. A compreensão bíblica e o tratamento das emoções. In: KELLEMEN, Robert, VIARS, Steve,
MacDONALD, James. Aconselhamento bíblico cristocêntrico: mudando vidas com a verdade imutável de
Deus. São Paulo: Editora Batista Regular, 2016. p. 459
2. PIPER, John. Plena satisfação em Deus. São José dos Campos, SP: Fiel, 2009. p. 34
3. HODGES, Charles Jr. Depressão e transtorno bipolar: ajuda e esperança para o enfrentamento eficaz. Eusébio,
CE: Peregrino, 2015. p. 37.
4. PIPER, John. Finalmente vivos. São José dos Campos, SP: Fiel, 2011. p. 161

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3 Ansiedade e medo

ANTES DE INICIAR
Conheça o Deus da paz
O próprio Senhor da paz lhes dê a paz em todo o tempo e de todas as formas. O Senhor seja com todos
vocês. 2Ts 3.16
O cristão pode desfrutar de paz com Deus e da paz de Deus.
Quando você confiou em Jesus Cristo como seu Salvador, você foi justificado pela fé
e entrou em novo relacionamento com Deus, não mais como inimigo de Deus.
Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. Rm 5.1
A Paz de Deus Deus lhe deu tudo que você precisa para viver com uma atitude mental de tranquilidade
com base no relacionamento com Ele. Você desfruta de paz quando segue as Suas orientações. O
Espírito Santo habita em você e o fruto do Espírito expressa-se também em paz.
Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus
corações, nem tenham medo. Jo 14.27
Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade,
(5:23) mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Gl 5.22, 23

RUMO
Compreender que o descanso verdadeiro provém da confiança em Deus
e Suas promessas, e da comunhão com Ele em Cristo, e comprometer-
se com cumprir as responsabilidades pessoais, guardar seu coração da
incredulidade, e deixar que o temor do Senhor esteja sempre no controle
da sua vida.

PONTO DE CONTATO
Você crê que Deus ouve suas orações?
Você crê que nada em sua vida passa despercebido ao Todo-Poderoso?
Você crê que tudo quanto Deus permite em sua vida contribui para seu bem?
Você crê que Ele cuida fielmente de você nos pequenos detalhes diários e nos grandes desafios também?
Se você respondeu afirmativamente a essas perguntas, por que ficar ansioso e temeroso? Teoricamente
conhecemos essas verdades, sabemos vários versículos de cor. Ainda assim, a ansiedade e o medo são
experiências conhecidas por todos nós. Os motivos e cenár
mudanças, os problemas familiares, os estudos, o emprego, as contas para pagar, a saúde e por aí vai.
A percepção de que não temos controle sobre o futuro rouba-nos a paz e impede-nos de viver o presente.
O que as nossas experiências, embora tão diversas, têm em comum? Elas se alimentam da nossa
imaginação e deixam Deus do lado de fora do quadro.
Por que ficamos inquietos e temerosos, esquecendo-nos de quem é o nosso Deus que tudo
controla?
Por que desobedecemos às ordens bíblicas para confiar e não temer? Como mudar esse
quadro?

VERSÍCULO-CHAVE
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças,
apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus
corações e as suas mentes em Cristo Jesus. Fp 4.6, 7

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O ROTEIRO
1 - A primeira distinção importante
2 - A ansiedade e o coração
3 - A ansiedade e os seus frutos
4 - Esperança em Cristo: paz!
5 - Os passos para lidar com a ansiedade
6 - A segunda distinção importante
7 - Esperança em Cristo: relacionamento garantido pela cruz
8 - Os passos estratégicos na luta contra o medo

1 A primeira distinção importante


vezes, nós os usamos sem fazer muita distinção entre um e outro. Todos eles expressam o fato de que
temos a capacidade de avaliar as circunstâncias e agir preventivamente frente a elas, uma capacidade
boa dada por Deus, que podemos escolher se vamos usar dirigidos pela nossa natureza ou na
dependência de Deus
Quando permito que a ansiedade me domine, estou, na verdade, acreditando que Deus não se
importa comigo e não irá cuidar de mim na situação que está me deixando ansioso. Imagine que

Que afronta! Mas é isso que dizemos a Deus com nossa ansiedade. Jerry Bridges 1

A ansiedade que desagrada a Deus NÃO é...


uma preocupação amorosa e zelosa
Timóteo exemplificou esse cuidado para com os filipenses, e Paulo o expressou para com as igrejas que
implantara.
Não tenho ninguém como ele, que tenha interesse sincero pelo bem-estar de vocês.
Fp 2.20
Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas
as igrejas.
2Co 11.28
A preocupação é certa. Não é errada. Cada emoção que Deus deu ao homem é certa no lugar certo.
Ela é certa quando usada devidamente de acordo com os mandamentos e os princípios da Sua
Palavra. Jay Adams 2

uma preocupação sábia


É certo preocuparmo-nos com pensar de antemão e planejar para não sermos pegos despreparados
diante das diversas situações de vida. O cristão sábio prepara-se para o futuro, mas sempre guarda a
perspectiva de que Deus tem o futuro em Suas mãos.
O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as
consequências.
Pv 22.3
Observe a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos dela e seja sábio! 7Ela não tem nem chefe,
nem supervisor, nem governante, 8e ainda assim armazena as suas provisões no verão e na época
da colheita ajunta o seu alimento.
Pv 6.6-8
Em seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus passos.
Pv 16.9

A precaução prolonga vidas; a ansiedade encurta muitas delas. Jay Adams 3

uma preocupação ativa com o bom testemunho cristão


Pois estamos tendo o cuidado de fazer o que é correto, não apenas aos olhos do Senhor, mas
também aos olhos dos homens.
2Co 8.21

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A ansiedade que desagrada a Deus é...
o estado de inquietação intensa e dominante diante da noção vaga de uma circunstância futura
que escapa ao nosso controle.
a incredulidade que desobedece diretamente à ordem de Deus para que confiemos a Ele o dia de
amanhã.
Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber;
nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante do que a comida,
e o corpo mais importante do que a roupa?
Mt 6.25

Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta
a cada dia o seu próprio mal.
Mt 6.34

Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças,
apresentem seus pedidos a Deus.
Fp 4.6

O desafio real da vida cristã não é eliminar cada situação desconfortável de nossas vidas, mas sim
confiar em nosso Deus soberano, sábio, bondoso e poderoso em todas as circunstâncias.
John MacArthur, Jr.4

2 A ansiedade e o coração
A ansiedade que desagrada a Deus não é resultado inevitável das circunstâncias, de uma predisposição
herdada, de uma condição física ou da influência ambiental. Se assim fosse, Jesus não teria dado uma
ordem explícita para que não nos deixemos dominar por ela. A ansiedade que desagrada a Deus resulta
de atitudes pecaminosas. Ela revela o coração.

As dificuldades da vida neste mundo caído são a ocasião para a ansiedade, mas não a causa da
ansiedade. [...] A ansiedade ou o descanso sempre revelam os verdadeiros tesouros do seu coração.
Você descansará mais quando aquilo que você valoriza estiver mais seguro, e você ficará mais
ansioso quando aquilo que você valoriza correr um risco maior. O que o seu mundo de ansiedades
revela sobre os verdadeiros tesouros do seu coração? Diante dessa pergunta é que Mateus 6.19-34
é tão útil! J Paul David Tripp 5

A - A ansiedade revela a quem adoramos e servimos


Decidimos não dar a Deus o primeiro lugar, deixando-
queremos demais ou cuja falta tememos demais.
Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões
arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não
destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também
estará o seu coração. Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu
corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas.
Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são! Ninguém pode
servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro.
Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro. Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas
próprias vidas, quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir.
Não é a vida mais importante do que a comida, e o corpo mais importante do que a roupa?
Mt 6.19-25
B - A ansiedade revela de quem dependemos
Duvidamos do cuidado e poder de Deus.
Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai
celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?
Mt 6.26

25
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C - A ansiedade revela quem está no controle
Supomos ter poder para controlar a vida e carregar sozinhos os nossos fardos.
Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?
Mt 6.27
D - A ansiedade revela em quem confiamos
Deixamos de confiar na sabedoria de Deus e na provisão prometida por Ele a Seus filhos. Decidimos
confiar em nós mesmos, mas nos defrontamos com a nossa incapacidade de controlar o futuro.
Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não
trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-
se como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao
fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo:
Que vamos comer? ou Que vamos beber? ou Que vamos vestir? Pois os pagãos é que correm
atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.
Mt 6.28-32
E - A ansiedade revela quais são as nossas prioridades
Insistimos em estabelecer as nossas prioridades sem buscar a direção de Deus e os assuntos do reino.
Queremos controlar o amanhã em lugar de administrar fielmente as responsabilidades e desfrutar as
bênçãos do hoje. As responsabilidades não cumpridas, mas acumuladas, resultam em maior ansiedade
Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão
acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo
mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal.
Mt 6.33, 34
A ansiedade coloca em dúvida as promessas, o amor, a sabedoria, a soberania e o poder de Deus. Ela

Muitas vezes procedemos como pessoas que usam o elevador, mas não colocam a pesada mala no
chão, preferindo segurar todo o peso. Na verdade, somos crentes, mas simplesmente não nos
aventuramos a entregar a nossa carga de preocupações. Norbert Lieth 6

3. A ansiedade e os seus frutos


Quando ficamos ansiosos por controlar a vida, acabamos controlados pela ansiedade. A ansiedade dá
seus frutos nas várias áreas da nossa vida.

Alguém poderia dizer: Por que dar tanta importância à ansiedade? É apenas um pecado trivial. Não,
não é. Suspeito que a maioria das doenças mentais e algumas doenças físicas estejam diretamente
relacionadas à ansiedade. Muitos casos de embriaguez e dependência de drogas são sintomáticos
da ansiedade. E muitos tomam decisões tolas na vida por causa da ansiedade, incorrendo em
consequências dolorosas. A ansiedade é devastadora. No entanto, mais importante que aquilo que
a ansiedade faz com você é aquilo que você está comunicando a respeito de Deus. Quando você

ansiedade dá um golpe na pessoa e no caráter de Deus. John MacArthur, Jr. 7

A - A ansiedade abate o coração


O coração ansioso deprime o homem, mas uma palavra bondosa o anima.
Pv 12.25
B - A ansiedade prejudica o corpo
São inúmeras e comprovadas as manifestações fisiológicas e as possíveis doenças decorrentes de
expormos o nosso corpo a estado permanente de apreensão ou alerta: gastrite, colite, doenças cardíacas,
tensão muscular, alterações do sono e por aí adiante.
O coração bem-disposto é remédio eficiente, mas o espírito oprimido resseca os ossos.
Pv 17.22
C - A ansiedade rouba a energia que seria investida no trabalho

que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. 25Por isso, tive medo, saí e escondi o seu

negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? 27Então você devia
26
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ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta
com juros
Mt 25.24-27
D - A ansiedade rouba o foco que deveria estar no presente
A ansiedade estraga o hoje e, ainda assim, não altera o amanhã.
Sl 118.24
E - A ansiedade expressa-se em falta de equilíbrio
Ficamos instáveis, desanimados ou irados, paralisados ou excessivamente agitados, quietos demais ou
falantes demais. Certamente o domínio próprio, fruto do Espírito, não está presente.
Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão
e domínio próprio.
Gl 5.22, 23
F - A ansiedade impede o crescimento espiritual
As [sementes] que caíram entre espinhos são os que ouvem, mas, ao seguirem seu caminho, são
sufocados pelas preocupações, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida, e não amadurecem.
Lc 8.14
Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: Senhor, não
te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!
Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia
apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.
Lc 10.40-42

4. Esperança em Cristo: paz!


Deus nos conhece intimamente e sabe como nossos pensamentos ansiosos multiplicam-se com muita
facilidade. Ele quer que nós também o conheçamos intimamente em Cristo para podermos confiar que
Ele está no controle da situação. O resultado será que a nossa ânsia por resolver os problemas à nossa
maneira deixará de nos consumir e praticaremos o tipo certo de preocupação em amor a Deus e ao
próximo.
Quando eu disse: "Os meus pés escorregaram", o teu amor leal, Senhor, me amparou! Quando a
ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma. Mas o Senhor é a
minha torre segura; o meu Deus é a rocha em que encontro refúgio.
Sl 94.18, 19, 22
Graça e paz lhes sejam multiplicadas, pelo pleno conhecimento de Deus e de Jesus, o nosso
Senhor.
2Pe 1.2
Parem de lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na terra.
Sl 46.10
Homens e mulheres deixaram-nos exemplo de confiança e esperança depositadas em Deus diante de
situações que poderiam gerar forte ansiedade:
Maria, ao saber que estava grávida ainda solteira Lucas 1.26-56
Paulo e Silas, perseguidos Atos 16.16-34
Pedro, na prisão à espera de ser julgado Atos 12.5, 6

5. Os passos para lidar com a ansiedade


Não temos uma fórmula mágica para vencer a ansiedade, mas uma estratégia exposta e exemplificada
pelo apóstolo Paulo na sua carta aos Filipenses. Se aplicada de forma constante, ela resulta em uma
nova maneira habitual de responder às situações carregadas de potencial para gerar ansiedade.

Alegrar-se no Senhor - Fp 4.4


As circunstâncias da vida mudam, mas o Senhor não muda. Nossa alegria deve estar no Senhor, nas
verdades bíblicas a respeito do Seu caráter e atuação, e não nas circunstâncias.
Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!

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Lembrar-se da presença do Senhor - Fp 4.5
Deus está sempre presente conosco. Esta verdade é fonte de esperança, pois o Senhor é mais precioso
do que qualquer outra coisa que possamos querer, e ela também é um incentivo a demonstrarmos
áveis nos julgamentos, pacientes e humildes.
Seja a amabilidade de vocês conhecida por todos. Perto está o Senhor.

Orar biblicamente - Fp 4.6


Quando surge uma situação preocupante, devemos nos voltar em primeiro lugar para o Senhor:
oração com um conceito correto da Pessoa de Deus "diante de Deus"
oração constante e persistente "em tudo"
oração específica "petições"
oração fervorosa e humilde "súplica"
oração com coração grato "com ações de graça" pela confiança antecipada no que Deus
fará e pela memória da provisão e proteção de Deus no passado.
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças,
apresentem seus pedidos a Deus.

Em lugar de orarmos a Deus com sentimentos de dúvida, desalento ou descontentamento, devemos


aproximar-nos dEle com atitude de gratidão antes de pronunciarmos uma única palavra. Podemos
fazer isso com sinceridade, quando compreendemos que Deus promete não permitir que algo nos
aconteça além do que podemos suportar (1Co 10.13), fazer com que tudo concorra para o nosso

5.10). Esses são os princípios-chave da vida cristã. Memorize-os, permitindo que sejam o crivo pelo
qual você interpreta automaticamente tudo o que lhe acontece. Saiba que todas as dificuldades estão
dentro do propósito de Deus e agradeça-Lhe por Seu poder e promessas disponíveis.
John MacArthur, Jr.8

Pensar biblicamente - Fp 4.8 (cf. também Rm 12.1, 2; Ef 4.23;


Cl 3.10 e 1Ts 5.21)
O cristão ansioso, embora tenha uma nova capacidade de pensar a verdade, costuma acreditar em
mentiras: o mundo precisa estar sob seu controle, e ele não está conseguindo controlá-lo; os problemas
parecem enormes. Para combater a ansiedade, é preciso manter a mente continuamente renovada e
disciplinada na verdade bíblica, focalizando a presença de Deus, Sua ação e os recursos que Ele nos
dá para lidarmos com o problema. Um excelente recurso para fazer frente às situações que podem
despertar a ansiedade é memorizar versículos bíblicos e tê-los sempre prontos em mente.
Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o
que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou
digno de louvor, pensem nessas coisas
(cf. também Rm 12.1, 2; Ef 4.23; Cl 3.10 e 1Ts 5.21)

Agir biblicamente - Fp 4.9a


Ao contrário da ansiedade, a preocupação produtiva que resulta de uma mente controlada pela verdade
bíblica deve nos levar a algum tipo de ação. Isso inclui obedecer aos preceitos e princípios bíblicos que
já conhecemos, estudar a Bíblia em assuntos que precisamos conhecer melhor, buscar conselho com
crentes maduros na fé, traçar um plano de ação concreto e específico. A ansiedade será vencida passo
a

porém, perder de vista que a mudança de comportamento só é agradável diante de Deus quando ela é
fruto de uma mudança de coração.
Tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram em mim, ponham-no em prática.

Colher os resultados
O descanso: a paz um profundo senso de descanso que provém da confiança em Deus e Suas
promessas e da comunhão com Ele.

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Deus é bom, Deus está no controle. Paulo nos diz que a paz de Deus guardará a mente e o coração,
e também nos garante que o próprio Deus da paz estará conosco.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes
em Cristo Jesus. [...] E o Deus da paz estará com vocês.
Fp 4.7; Fp 4.9b
O contentamento: a satisfação um profundo senso de plenitude e estabilidade que independem
das circunstâncias.
Estar contente não significa negar as dificuldades, mas parar de querer ardentemente aquilo que não
temos e deixar de segurar com todas as forças aquilo que receamos perder. O contentamento provém
de um coração submisso ao plano divino, que usa todas as circunstâncias e as pessoas ao nosso
redor para nos fazer mais semelhantes a Cristo.
[...] aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. [...] porque para mim o viver é Cristo e o
morrer é lucro.
Fp 4.11b; Fp 1.21a

Jesus quer que você perceba que não faz sentido acreditar que Deus pode salvá-lo do inferno eterno,
mas não pode ajudá-lo nas questões práticas da vida. John MacArthur, Jr.9

6. A segunda distinção importante


Deus nos criou com a capacidade de sentir medo para que possamos nos precaver diante do perigo. Nem
todo medo é necessariamente pecaminoso.
A - O medo providencial: prudência e precaução
O medo pode ser uma capacidade aferida e produtiva, desde que guardada debaixo do temor ao Senhor.
O medo providencial deve nos levar a prever o dano de um perigo real para evitá-lo.
O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as
consequências.
Pv 22.3
O medo providencial deve nos levar à dependência de Deus para proteção diante de um perigo real.
Aleluia! Como é feliz o homem que teme o Senhor e tem grande prazer em seus mandamentos!
Não temerá más notícias; seu coração está firme, confiante no Senhor.
Sl 112.1, 7
B - O medo paralisador: uma armadilha
O medo pode ser uma capacidade contaminada e distorcida pelo pecado cada vez que o temor aos
homens e às circunstâncias tomam o lugar do temor ao Senhor ou quando nós nos esquecemos de
buscar socorro em Deus diante de um perigo real.
É claro que [quando falo em medo pecaminoso] não estou falando daquela espécie de medo que
evita que você caia dum penhasco ou que o ajuda a obedecer ao cartaz do zoológico que diz:
Mantenha as mãos fora da jaula dos leões. Não, Deus nos deu a capacidade de temer com um bom
propósito, assim como nos deu toda emoção para um uso certo, para o nosso bem e a honra de Seu
nome. Mas são os medos irracionais que vêm e vão e os temores em si mesmo razoáveis, mas que
nos submetem e dominam, que devemos considerar aqui. [...] O medo pode nos prender de tal forma
que parece ser uma força exterior que nos mantém cativos. Por causa do medo de gatos ou pontes
ou elevadores ou gente, pessoas têm desenvolvido estilos de vida estranhos e infrutíferos.
Jay Adams.10

O medo paralisador pode nos enganar.


Ele pode nos levar a crer que estamos à mercê das circunstâncias, pode alterar as proporções do perigo
e contagiar outros.
Os espias de Jericó:
E deram o seguinte relatório a Moisés: "Entramos na terra à qual você nos enviou, onde manam
leite e mel! Aqui estão alguns frutos dela. Mas o povo que lá vive é poderoso, e as cidades são
fortificadas e muito grandes. Também vimos descendentes de Enaque. Os amalequitas vivem no
Neguebe; os hititas, os jebuseus e os amorreus vivem na região montanhosa; os cananeus vivem
perto do mar e junto ao Jordão". Então Calebe fez o povo calar-se perante Moisés e disse:

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"Subamos e tomemos posse da terra. É certo que venceremos! " Mas os homens que tinham ido
com ele disseram: "Não podemos atacar aquele povo; é mais forte do que nós
Nm 13.27-31
O medo paralisador pode nos levar a escapar das responsabilidades.
O servo temeroso:
Então veio outro servo e disse:
de pano. Tive medo, porque és um homem severo. Tiras o que não puseste e colhes o que não

sabia que sou homem severo, que tiro o que não pus e colho o que não semeei. Então, por que não
confiou o meu dinheiro ao banco? Assim, quando eu vo .
Lc 19.20-23
O medo pode tomar várias formas, mas sempre que o medo o debilita de modo que você não possa
servir a Cristo como deve, e o desenvolvimento e uso dos dons que Deus lhe deu ficam amarrados
pelo medo, então é pecado. Jay Adams.11

O medo paralisador pode nos levar a manipular e mentir.


Abraão:
Quando estava chegando ao Egito, disse a Sarai, sua mulher: "Bem sei que você é bonita. Quando

é minha irmã, para que me tratem bem por amor a você e minha vida seja poupada por sua causa".
Gn 12.11-13
O medo paralisador pode nos levar a negar ao Senhor.
Pedro:
Então, prendendo-o, levaram-no para a casa do sumo sacerdote. Pedro os seguia à distância. Mas,
quando acenderam um fogo no meio do pátio e se sentaram ao redor dele, Pedro sentou-se com
eles. Uma criada o viu sentado ali à luz do fogo. Olhou fixamente para ele e disse: "Este homem
estava com ele". Mas ele negou: "Mulher, não o conheço". Pouco depois, um homem o viu e disse:
"Você também é um deles". "Homem, não sou! ", respondeu Pedro. Cerca de uma hora mais tarde,
outro afirmou: "Certamente este homem estava com ele, pois é galileu". Pedro respondeu: "Homem,
não sei do que você está falando! " Falava ele ainda, quando o galo cantou.
Lc 22.54-60
O medo paralisador revela que nosso foco está desajustado.
Os medos que nos paralisam e escravizam revelam nossa perspectiva de Deus: esquecemo-nos de Deus
ou consideramos que Ele é pequeno demais, distante e desinteressado demais para nos proteger. Toda
vez que somos tentados a nos deixar vencer pelo medo, temos, portanto, uma escolha: vamos acreditar
em nossos pensamentos distorcidos e nas emoções que querem nos controlar ou vamos acreditar na
presença protetora e no amor de Deus.
Vemos as circunstâncias como maiores do que Deus.
Os discípulos de Jesus:
Naquele dia, ao anoitecer, disse ele aos seus discípulos: "Vamos atravessar para o outro lado".
Deixando a multidão, eles o levaram no barco, assim como estava. Outros barcos também o
acompanhavam. Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma
que este foi se enchendo de água. Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um
travesseiro. Os discípulos o acordaram e clamaram: "Mestre, não te importas que morramos? " Ele
se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: "Aquiete-se! Acalme-se! " O vento se aquietou, e
fez-se completa bonança. Então perguntou aos seus discípulos: "Por que vocês estão com tanto
medo? Ainda não têm fé? " Eles estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: "Quem é este
que até o vento e o mar lhe obedecem?"
Mc 4.35-41

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Vemos alguém ou alguma coisa como maior do que Deus.
Os israelitas:
Talvez vocês digam a si mesmos: "Essas nações são mais fortes do que nós. Como poderemos
expulsá-las? " Não tenham medo delas! Lembrem-se bem do que o Senhor, o seu Deus, fez ao
faraó e a todo o Egito. Vocês viram com os próprios olhos as grandes provas, os sinais miraculosos
e as maravilhas, a mão poderosa e o braço forte com que o Senhor, o seu Deus, os tirou de lá. O
Senhor, o seu Deus, fará o mesmo com todos os povos que agora vocês temem.
Dt 7.17-19
Vemos nossa reputação e bem-estar como maiores do que o temor a Deus.
Pedro:
Pois, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios. Quando, porém, eles
chegaram, afastou-se e separou-se dos gentios, temendo os que eram da circuncisão.
Gl 2.12
Quando você pegar a sua mente andando por tais territórios proibidos (e esteja certo de que
acontecerá, com mais frequência a princípio, mas depois, com sua restrição e disciplina em amor no
poder de Deus, menos frequentemente), mude a direção do seu pensamento. Não permita em
nenhum momento cultivar essa espécie de pensamento. Em vez disso, peça a Deus que o ajude a

respeitabilidade, pureza, amabili


Jay Adams.12

7. Esperança em Cristo: relacionamento garantido na cruz


O medo que nos escraviza teve início no Éden, com a desobediência a Deus e a queda do homem.
Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava
a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim.
Gn 3.8
O medo paralisador foi vencido na cruz.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou
nudez, ou perigo, ou espada? [...] Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por
meio daquele que nos amou.
Rm 8.35, 37
O medo paralisador é vencido diariamente no conhecimento pessoal e no relacionamento com Deus por
meio de Cristo.
Não deixo de dar graças por vocês, mencionando-os em minhas orações. 17Peço que o Deus de
nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno
conhecimento dele. 18Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim
de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança
dele nos santos 19e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, conforme
a atuação da sua poderosa força.
Ef 1.16-19
Em Cristo, Deus nos promete Sua presença protetora e o perfeito amor, um amor que vence até mesmo
o medo da morte.
[...] contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: "Nunca o deixarei, nunca o
abandonarei". Podemos, pois, dizer com confiança: "O Senhor é o meu ajudador, não temerei. O
que me podem fazer os homens?
Hb 13.5b, 6
No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo.
Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.
1 Jo 4.18

8. Os passos estratégicos na luta contra o medo


Timóteo era um jovem discípulo do apóstolo Paulo que lutava, aparentemente, contra o medo.
Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.
2Tm 1.7

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Quando escreveu a segunda carta a Timóteo, Paulo sabia que o jovem enfrentava circunstâncias
Timóteo, porém, não precisava reforçar a
confiança em si mesmo para vencer o medo, mas se lembrar dos recursos já disponíveis em Cristo.
Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus.
2Tm 2.1
Assim, pois, era Timóteo: jovem, de estrutura física fraca, de disposição tímida; e, não obstante,
chamado a sérias responsabilidades na igreja de Deus. John Stott.13

Deus não nos dá espírito de covardia


Covardia é ceder ao medo e não lidar de frente com as situações de perigo. Coragem é enfrentar o medo
do perigo real com a percepção correta, a confiança correta e a resposta correta.
Mas eu, quando estiver com medo, confiarei em ti. Em Deus, cuja palavra eu louvo, em Deus eu
confio, e não temerei. Que poderá fazer-me o simples mortal?
Sl 56.3, 4
Deus nos dá espírito de poder
Cristo nos capacita para enfrentar a realidade e as dificuldades. Em Cristo somos mais que vencedores.
Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder.
Ef 6.10
Deus nos dá espírito de amor
Nós podemos amar porque fomos amados por Deus em Cristo Jesus. Uma das maneiras de crescer no
amor é obedecer ao Senhor a despeito do medo.
Nós amamos porque ele nos amou primeiro.
1Jo 4.19
Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será
amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.
Jo 14.21
E este é o amor: que andemos em obediência aos seus mandamentos. Como vocês já têm ouvido
desde o princípio, o mandamento é este: que vocês andem em amor.
2Jo 1.6
O amor olha para o interesse maior do próximo em lugar de olhar para as dificuldades e se deixar paralisar
pelo medo.
Pois o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos;
logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para
si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
2Co 5.14, 15
O inimigo de todo medo pecaminoso é o amor, amor para com Deus e para com o próximo (Mt 22.37-
44). A forma de eliminar o medo, portanto, é revestir-se de amor. Não existe poder expulsivo
comparável em força ao amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5.5).
Jay Adams.14

Deus nos dá espírito de equilíbrio


Temos a capacidade de pensar equilibradamente e avaliar
a situação
o contexto
a resposta habitual
se expressa?
os anseios do coração
a estratégia
bíblicas que conheço e agindo em amor?

Você deve colocar como seu alvo principal o agradar a Deus, e não o livrar-se do medo. Somente
quando você fizer isso é que estará pronto para considerar a única e verdadeira solução para o medo.
Jay Adams.15

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Você tem que aprender a focalizar a sua atenção totalmente em fazer o que, em amor, você sabe
que Deus requer de você. Assim como você gastava tempo ensaiando ao redor da sua experiência
de medo, agora você deve se envolver com planejar, desejar e trabalhar para alcançar a experiência
do amor. Assim como você aprendeu a antecipar (temerosamente) o que poderia acontecer para o
envergonhar ou colocá-lo em perigo, agora você tem que aprender a antecipar (ardorosamente)
aquilo que é possível fazer para agradar a Deus e aos outros. Jay Adams.15

ENTRE VOCÊ E DEUS


e quebra a sua comunhão com Ele. Avalie o quanto a ansiedade faz parte diariamente da sua vida mental
e molda aquilo que você fala e faz, ou deixa de fazer.
Será que a ansiedade influencia a sua vida mais do que você estava se dando conta até agora?
A afirmação de Paulo quanto a Deus nos ter dado um espírito de poder, de amor e de equilíbrio é fato.
O medo tem sido seu amigo ou inimigo?
Que tipo de medo escravizador você enfrenta com maior frequência?
Que responsabilidades você tem deixado de cumprir por causa do medo?
Você tem feito de Deus um mentiroso e se deixado paralisar pelo medo?
O que o medo revela a respeito do seu coração?
CONHECIMENTO Renove constantemente a sua mente com a verdade bíblica sobre Deus e Suas
promessas.
COMUNHÃO Cultive diariamente o relacionamento com Deus adoração, confissão, petição, gratidão.
CONFIANÇA Com conhecimento de Deus e comunhão com Ele, você está pronta para tirar proveito
das situações que despertam o medo, de forma a desenvolver sua confiança em Deus.
Nossa vida é controlada por aquilo que mais tememos. Tema ao Senhor!

1. BRIDGES, Jerry. Pecados intocáveis. São Paulo: Vida Nova, 2012. p. 62.
2. ADAMS, Jay. What do you do when you worry all the time? Phillipsburg, NJ: P & R, 1975.
3. PIPER, John. A cor favorita de Deus. Disponível em: http://pt.gospeltranslations.org/wiki/A_Cor_Favorita_a_Deus
Acesso em julho 2012
4. MacARTHUR, John Jr. Abaixo a ansiedade. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p. 29
5. TRIPP, Paul David. Thinking biblically about worry. Disponível em:
http://www.ligonier.org/learn/articles/thinking-biblically-about-worry/ Acesso em julho 2012
6. LIETH, Norbert - Deixar a ansiedade: a tarefa mais difícil dos cristãos. Disponível em:
http://www.apaz.com.br/mensagens/ansiedade.html. Acesso em julho 2012
7. MacARTHUR, John Jr. A worried Christian? Disponível em: http://www.gty.org/resources/artãicles/a112. Acesso
julho 2012
8. MacARTHUR, John Jr. Abaixo a ansiedade. p. 28.
9. MacARTHUR, John Jr. A worried Christian? Disponível em: http://www.gty.org/resources/articles/a112. Acesso
julho 2012
10. ADAMS, Jay E. Para vencer o medo. 3. ed. Brasília: Refúgio, 1985. p. 5
11. Idem. p. 8
12. Idem. p. 14
13. STOTT, John W. Tu, porém. São Paulo: ABU, 1982. p. 9.
14. ADAMS, Jay E. Op. cit. p. 10
15. Idem p. 11
16. Idem p. 8

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4 Ira

ANTES DE INICIAR
Conheça o Deus santo, que se ira.
A ira é um dos atributos morais de Deus e ela aparece ao longo de toda a Bíblia, sempre relacionada à
resposta de Deus ao pecado. As descrições da ira de Deus são frequentes nas passagens narrativas do
Antigo Testamento. No entanto, a ira de Deus é mencionada também no Novo Testamento.
A ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a
verdade pela injustiça. Rm 1.18
Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus
permanece sobre ele. Jo 3.36
Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês: imoralidade sexual,
impureza, paixão, desejos maus e a ganância, que é idolatria. É por causa dessas coisas que vem
a ira de Deus sobre os que vivem na desobediência. Cl 3.5, 6
Ao meditar na ira de Deus, devemos ser gratos porque o Senhor Jesus suportou a ira de Deus provocada
pelo nosso pecado, e que pesava sobre nós, para que fôssemos salvos.

RUMO
Compreender o ensino bíblico sobre a expressão apropriada da ira, e
comprometer-se com manifestar a ira nas ocasiões oportunas, e com
entendimento, controle e motivação de corrigir o erro.

PONTO DE CONTATO
Estou chateado, um pouco irritado, talvez frustrado ou, então, indignado e possivelmente magoado.
Irado? Eu? NÃO!!! O fato é que independentemente do nome que escolhermos para ela, a ira é uma
experiência universal e bem conhecida de todos nós. Identificada geralmente como um sentimento forte
de desprazer ou antagonismo, a ira en
irada usa intensamente sua mente. O corpo prepara-se para a ação: uma descarga de adrenalina produz
mento
cardíaco acelerado, entre outras. Ela pode se expressar de imediato em gestos agressivos e palavras
mordazes; outras vezes, esconde-se por trás de uma aparência exterior calma, mas fermenta sem que
outros possam.

qual dos
dois é o verdadeiro desafio da Palavra de Deus para o cristão?

VERSÍCULO-CHAVE
Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios
para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus. Tg 1.19, 20

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O ROTEIRO
1 - A essência da ira
2 - A ira divina
3 - A ira humana
A Cuidado com a sua ira
B Cuidado com o iracundo
4 Teste a sua ira
A O teste da percepção
B O teste da motivação
C O teste da expressão
5 Esperança em Cristo: mudança garantida
6 - A prática diária

1 A essência da ira
A ira é muito mais que uma emoção. Ela é um comportamento que tem por trás nossa percepção e
motivação. A ira não é neutra e o problema não está apenas no controle da sua expressão para evitar as
consequências práticas que ela traz. A ira é piedosa ou é pecaminosa. A ira é sábia ou estulta em sua
própria essência.
O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira
coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração.
Lc 6.45
2 A ira divina
A ira de Deus relaciona-se ao Seu julgamento justo.
Deus é um juiz justo, um Deus que manifesta cada dia o seu furor.
Sl 7.11
A ira de Deus relaciona-se à Sua santidade: é a resposta de Deus ao pecado.
Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que
suprimem a verdade pela injustiça.
Rm 1.18
A ira de Deus relaciona-se à Sua misericórdia: Deus quer corrigir o erro e resgatar o pecador.
O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não acusa sem cessar
nem fica ressentido para sempre; não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui
conforme as nossas iniquidades. Pois como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o
seu amor para com os que o temem; e como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta
para longe de nós as nossas transgressões. 13Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim
o Senhor tem compaixão dos que o temem.
Sl 103. 8-13
Quem é a pessoa mais irada da Bíblia? Deus. O profeta Isaías repete várias vezes que a ira de Deus
seus

sobre todo aquele que não crê no Filho de Deus para alcançar misericórdia: a ira esteve, está e
permanecerá sobre sua cabeça. O fato de Deus ficar irado comunica algo muito importante. A ira
pode ser totalmente certa, boa, apropriada, nobre, a única resposta justa para o mal e a resposta
amorosa a favor das vítimas do mal. David Powlison1

3 A ira humana
Como seres humanos criados e recriados à imagem do Deus Santo, fomos equipados com a
capacidade de nos irarmos diante da injustiça em uma expressão de amor tanto a Deus quanto
àqueles que são atingidos pelo mal. David Powlison2

A capacidade que temos de ficar irados deve nos levar a uma resposta diante do pecado, uma resposta
guiada pelo amor a Deus e ao próximo. A passividade diante do pecado não é sinal de santidade.
Odeiem o mal, vocês que amam o Senhor.
Sl 97.10a
35
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-se insensíveis e fechadas em si mesmas.
Pecam por omissão: são indiferentes, deixam de ajudar quando a atitude cristã seria expressar seu
aborrecimento e procurar uma maneira de causar impacto. David Powlison3

Como resultado da queda, porém, somos também capazes de alimentar no coração e expressar uma ira
pecaminosa, que é obra da carne.
Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e
feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções.
Gl 5.19, 20
As quais vocês praticaram no passado, quando costumavam viver nelas. Mas agora, abandonem
todas estas coisas: ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem indecente no falar.
Cl 3.7, 8
A Cuidado com a sua ira
Devido à nossa natureza pecaminosa, devemos ser muito cuidadosos com a ira. A Bíblia adverte sobre
o perigo da ira pecaminosa.
Meus amados irmãos, tenham isto em mente: Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e
tardios para irar-se, pois a ira do homem não produz a justiça de Deus.
Tg 1.19, 20
A Bíblia traz poucas ilustrações de ira humana de acordo com o caráter de Deus se comparado ao número
significativo de ilustrações de ira pecaminosa.
A ira de Caim resultou em abatimento e em um assassinato (Gn 4.5-8),
A ira de Esaú fez com que ele desejasse matar Jacó (Gn 27.41),
A ira de Moisés o impediu de entrar na terra prometida (Nm 20.10-12),
A ira de Saul quase custou a vida de seu filho Jonatas (1Sm 20.30-33),
A ira de Naamã quase o impediu de ser curado (2Rs 5.11, 12),
A ira de Jonas o levou a desejar a morte (Jn 4.1-11).
A Bíblia expõe com clareza os perigos da ira pecaminosa.
A ira pecaminosa sempre resulta em distanciamento de Deus.
Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção.
Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade.
Ef 4.30, 31
A ira pecaminosa impede a oração.
Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem
discussões.
1Tm 2.8
A ira pecaminosa caracteriza o tolo.
O homem paciente dá prova de grande entendimento, mas o precipitado revela insensatez.
Pv 14.29
A ira pecaminosa corresponde a um homicídio aos olhos de Deus.

julgamento.

Mt 5.21, 22
A ira pecaminosa ignora o amor cristão.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata,
não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com
a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1Co 13.4-7
A ira pecaminosa multiplica-se em mais transgressões.
O homem irado provoca brigas, e o de gênio violento comete muitos pecados.
Pv 29.22
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A ira pecaminosa acaba mal.
Evite a ira e rejeite a fúria; não se irrite: isso só leva ao mal.
Sl 37.8
A ira pecaminosa dá lugar a Satanás.
Quando vocês ficarem irados, não pequem". Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não
deem lugar ao diabo.
Ef 4.26, 27

B Cuidado com o iracundo


Temos a capacidade natural de aprender hábitos relacionados à ira pecaminosa especialmente quando
convivemos com pessoas iradas.
Não se associe com quem vive de mau humor, nem ande em companhia de quem facilmente se
ira; do contrário você acabará imitando essa conduta e cairá em armadilha mortal.
Pv 22.24, 25
Quando praticados habitualmente, os hábitos ligados à ira pecaminosa tornam-se um estilo de vida e

O homem irritável provoca dissensão, mas quem é paciente acalma a discussão.


Pv 15.18
Curiosamente, a maioria das palavras que as Escrituras usam para falar em ira comunicam por meio
de metáforas físicas bem vívidas. As duas palavras principais para ira no Antigo Testamento

suas narinas se inflam, a respiração fica audível e irregular, o sangue ultrapassa os capilares e chega
à pele. Semelhantemente, as principais palavras do grego referentes à ira comunicam a noção de
alor e o intumescimento evidente da face e
dos olhos. Também não é por acidente que muitas das nossas expressões idiomáticas para a ira
.
David Powlison4

4. Teste a sua ira


Três testes de avaliação podem ajudar a identificar a qualidade da ira: percepção, motivação e expressão.
Para ficarmos irados e não pecar, é preciso passar nos três testes e não apenas em um deles.
A - O teste da PERCEPÇÃO
Conheço todos os fatos envolvidos na situação?
Minhas conclusões são ponderadas?
A ira reflete o caráter de Deus quando é dirigida à solução de um pecado concreto, biblicamente definido
e percebido.
Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que
suprimem a verdade pela injustiça.
Rm 1.18
A ira é pecaminosa quando está baseada em suposições pessoais e conclusões precipitadas a respeito
de fatos.
B - O teste da MOTIVAÇÃO
É possível ver o erro corretamente, mas ter a motivação errada para corrigi-lo. É preciso sondar diante
de Deus o próprio coração não o de outros!
Qual é a minha motivação ao lidar com os fatos?
O que há em meu coração?

A ira humana reflete o caráter de Deus quando é provocada por um pecado que ofende primeiramente a
Deus, e a resposta é de indignação e tristeza. A ira é pecaminosa quando é provocada por preferências
pessoais que não combinam, expectativas não cumpridas, interesses pessoais frustrados ou exigências
insatisfeitas, e a resposta é de descontentamento, contrariedade, antagonismo.

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Uma motivação egocêntrica
A defesa de minhas preferências, meus valores, direitos ou aquilo que é precioso para mim.
De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam
dentro de vocês?
Tg 4.1
Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a
atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus.
Fp 2.4, 5

Observe com que

ver tais desejos satisfeitos o deixa irado, ou pelo menos irritado ou frustrado. Robert Jones5

O desejo de provar que a outra pessoa está errada, de vencer e humilhar em lugar de dar lugar à atuação
de Deus nas circunstâncias.
Moisés e Arão reuniram a assembleia em frente da rocha, e Moisés disse: "Escutem, rebeldes, será que
teremos que tirar água desta rocha para lhes dar? " Então Moisés ergueu o braço e bateu na rocha duas
vezes com a vara. Jorrou água, e a comunidade e os rebanhos beberam. O Senhor, porém, disse a
Moisés e a Arão: "Como vocês não confiaram em mim para honrar minha santidade à vista dos israelitas,
vocês não conduzirão esta comunidade para a terra que lhes dou"
Nm 20.10-12

A ira que reflete a Deus quer sempre a redenção em lugar da destruição. Brad Hambrick 6

Uma motivação teocêntrica


A correção de um problema para honrar o nome do Senhor.
MOISÉS -34
NEEMIAS 7
JESUS foi modelo da ira segundo o caráter de Deus.
Jesus ficou indignado diante da dureza de coração dos fariseus Mc 3.5
Jo 2.13-18

-25

Quando Jesus expulsou os mercadores e os cambistas do templo (Jo 2.14-15), Ele estava
genuinamente irado porque a casa de Seu Pai estava sendo profanada. Mas Ele nunca reagiu assim
quando foi pessoalmente atacado ou criticado. Da mesma forma, é certo você ficar irado quando os
outros são maltratados, quando Deus é ofendido ou quando a Palavra de Deus é deturpada. Mas o
. John MacArthur, Jr. 7

C O teste da EXPRESSÃO
É possível ver o erro acertadamente, ter a motivação certa para corrigi-lo, mas expressar-se de modo
errado. A minha reação expressa-se de maneira controlada pelo amor e pela busca daquilo que honra a
Deus e beneficia a outra pessoa?
Minha ira é precipitada em lugar de ser ponderada?
Quem é irritadiço faz tolices, e o homem cheio de astúcias é odiado.
Pv 14.17
Quando ouvi a reclamação e essas acusações, fiquei furioso. Fiz uma avaliação de tudo e então
repreendi os nobres e os oficiais, dizendo-lhes: "Vocês estão cobrando juros dos seus
compatriotas! Por isso convoquei uma grande reunião contra eles
Ne 5.6, 7
Minha ira é alimentada em lugar de ser logo trabalhada?
Quando vocês ficarem irados, não pequem. Apaziguem a sua ira antes que o sol se ponha.
Ef 4.26
Quando vocês ficarem irados, não pequem; ao deitar-se reflitam nisso, e aquietem-se.
Sl 4.4

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Minha ira corre descontrolada em lugar de estar sob o controle do Espírito?
A ira descontrolada pode ser tanto revelada quanto camuflada.

O tolo dá vazão à sua ira, mas o sábio domina-se.


Pv 29.11

Não permita que a ira domine depressa o seu espírito, pois a ira se aloja no íntimo dos tolos.
Ec 7.9
Algumas atitudes Algumas palavras
Amargura (Hb 12.15) Argumentação (Fp 2.14)
Briga (Gl 5.20) Calúnia (Rm 1.30)
Cólera (Ef 4.31) Engano (Rm 1.29)
Desdém (Rm 1.30; Pv 30.13) Gritaria (Ef 4.31)
Dureza (Ef 4.32) Murmuração (Rm 1.29; Fp 2.14)
Impaciência (Ef 4.2) Palavras ásperas (Pv 15.1)
Julgamento (Tg 4.11) Palavras mordazes (Ef 5.15)
Ódio (Gl 5.20) Palavras torpes (Ef 4.29)
Vingança (Rm 12) Palavras vulgares (Cl 3.8)

A expressão da minha ira ataca a pessoa, um substituto para a pessoa ou talvez um objeto,
em lugar de canalizar para a solução do problema?

Somos chamados a colocar nossa fé na

motiva-nos a intervir para fazer cessar a injustiça, proteger o fraco, desafiar os opressores,
repreender, advertir o insubordinado, alertar para o perigo. Mas a dinâmica de oferecer graça e ser
um pacificador deve finalmente permear nossa ira. David Powlison 8

Algumas pessoas expressam sua ira contra Deus quando não têm aquilo que querem, quando querem.

É sempre errado alimentar em seu coração ou expressar com sua voz ira contra Deus.
É sempre correto levar suas dúvidas e perguntas a Deus com humildade e um coração confiante nEle.

A ira contra Deus costuma mascarar invariavelmente uma profunda justiça-própria e expressar uma
incredulidade ostensiva. David Powlison 9

5. A esperança em Cristo: mudança garantida


O processo Despir-se do velho hábito - Renovar a mente Revestir-se de um novo hábito aplica-se
também à ira.
"Quando vocês ficarem irados, não pequem". Apazíguem a sua ira antes que o sol se ponha, e não
deem lugar ao diabo. [...]. Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil
para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Não
entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção.
Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade.
Ef 4. 26, 27, 29-31

Provérbios 16.32 ensina que o homem sábio domina seu espírito. Visto que temos Cristo, e em Cristo

essa pessoa sábia. Pelo poder do Espírito Santo que habita em nós, podemos controlar a nossa ira.
Wayne Mack 10

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6. A prática diária
Identificar
Faça um retrato honesto da sua ira pecaminosa habitual.
Todos os caminhos do homem lhe parecem justos, mas o Senhor pesa o coração.
Pv 21.2
O que acontece para desencadear a minha ira?
Identifique as circunstâncias provocadoras.
Qual costuma ser a minha motivação nessas circunstâncias?
Identifique aquilo que você queria muito ou que temia, em contraste como a motivação que Deus quer
ver em seu coração.
Como expresso minha ira?
Identifique aquilo que você costuma pensar, fazer ou falar, em contraste com aquilo que Deus quer
que você pense, fale ou faça.
Que consequências eu colho?
Identifique os frutos da ira pecaminosa que você costuma colher, em contraste com os frutos que
pode colher se você responder biblicamente.
Normalmente, ficamos irritados e irados quando alguém nos ofende, e não pelo tratamento injusto
dado a outrem. Ira é um sinal quase que infalível de uma expectativa pessoal não preenchida ou de
um direito pessoal violado. Pense nas situações a seguir.
-- A expectativa de poder expressar a minha opinião e ser ouvido com respeito.
-- A expectativa de poder descansar depois de um longo dia de trabalho.
-- A expectativa de decidir sobre o uso do meu tempo de lazer.
-- A expectativa de que meu amigo mantenha confidencial aquilo que compartilhei com ele.
-- A expectativa de que os outros conversem em voz baixa quando estou falando ao telefone.
-- A expectativa de ter o uso exclusivo do banheiro quando acordo e preciso preparar-me para sair.
David Smith 11

Reconhecer
Reconheça o seu problema com a ira pecaminosa tanto no coração quanto no procedimento.

Não transfira a culpa para outra pessoa --

Reconheça que as pessoas e situações difíceis provocam, sim, mas não são a causa da sua ira
pecaminosa. A ira pode ser influenciada também pela educação recebida, pela convivência com
pessoas iradas, por cansaço, deficiências hormonais, sofrimentos físicos. Um conjunto de fatores
podem expor você à tentação de responder de maneira pecaminosa. Você, porém, possui um

é sempre responsável por administrar a ira no seu coração, e também nas suas palavras e ações.

Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá: 6Ele deixará claro como a alvorada
que você é justo, e como o sol do meio-dia que você é inocente. 7Descanse no Senhor e aguarde
por ele com paciência; não se aborreça com o sucesso dos outros, nem com aqueles que maquinam
o mal.
Sl 37.5-7

Há pessoas que provocam os problemas, e há outras que prolongam os problemas. Ambas, tanto a
pessoa que provoca o problema quanto aquela que o prolonga, estão pecando. David Smith 12

Arrepender-se
Confesse o seu pecado com a ira primeiramente a Deus. Agradeça a Deus pelo perdão gracioso em
Cristo. Em seguida, peça perdão à pessoa contra quem você pecou por expressar a sua ira em
palavras e ações.
Atenção: Lembre-se de que se você pecou apenas em pensamento com/contra alguém, deve pedir
perdão a Deus, mas não deve ir à pessoa.
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Comprometa-se com a mudança, renove a sua mente com a Palavra de Deus e planeje respostas
bíblicas às circunstâncias que costumam desencadear a sua ira.
Confronte a pessoa face ao pecado que desonrou a Deus e deu mau testemunho; seja firme
quanto ao pecado, mas fale com a pessoa em amor e com brandura.
Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-
lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado.
Gl 6.1
Trate a pessoa com longanimidade quando você ficar frustrada com ela. Espere Deus trabalhar
na vida da pessoa.
Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem
como o Senhor lhes perdoou.
Cl 3.13
Trate a ira pecaminosa o quanto antes: nunca alimente a indignação nem pratique a vingança, mas
entregue sempre a ofensa a Deus na certeza de que Ele é o maior interessado na questão.
Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: "Minha é a
vingança; eu retribuirei", diz o Senhor.
Rm 12.19

ENTRE VOCÊ E DEUS


Você agora entende a ira não apenas como uma emoção, mas como uma resposta integral da mente,
corpo, vontade e ação diante de uma percepção do mal. Como cristão, você deve ficar irado diante do
pecado e quando a reputação de Deus está em jogo. Mesmo assim, a sua ira deve ser controlada e
agradável diante de Deus na expressão. Como você tem usado a capacidade para ficar irado, que Deus
lhe confiou para que você trabalhe os problemas?
Seja uma pessoa de espírito manso a entregar a Deus todas as

respeitado, ser ouvido, tomar as decisões como quer, ser atendido em seus desejos, casar-se, ter filhos,
ser apreciado, ter sucesso, entre outros. Ser manso não significa ser fraco nem deixar de agir, mas
lembrar que Deus está no controle, e não se exasperar.
Seja uma pessoa paciente e longânime
reação sem antes avaliar cuidadosamente a situação e também o seu coração. A paciência caracteriza
uma pessoa que busca a sabedoria divina para saber quando e como agir, e que sabe esperar pela
intervenção redentora de Deus.
Seja uma pessoa firme de não caracterizam uma pessoa fraca, que teme
a homens e encara a vida com passividade, mas distinguem uma pessoa firme, cuja eventual expressão
controlada de ira provém de um coração que teme a Deus em primeiro lugar.
Como prisioneiro no Senhor, rogo-lhes que vivam de maneira digna da vocação que receberam.
Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor.
Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Ef 4.1-3

Coletâneas de aconselhamento bíblico. Atibaia, SP, 2005, v. 5, p.60.


2. Idem p. 71.
3. Idem p. 74.
4. Idem p. 76
5. JONES, Robert. Ira. São Paulo: Nutra, 2010. p. 69.
6. HAMBRICK, Brad. Anger is a rushed emotion. Disponível em:
http://biblicalcounselingcoalition.org/blogs/2011/05/17/anger-is-a-rushed-emotion/ Acesso em agosto 2012
7. MacARTHUR, John Jr. Godly anger versus selfish anger. Disponível em: http://www.gty.org/Resources/Devotionals/
Acesso em agosto 2012

In: Coletâneas de aconselhamento


bíblico. Atibaia, SP, 2005, v. 5, p. 88.
10 MACK, Wayne. Anger and stress management God's way. Merrick, NY: Calvary, 2007. p. 45
11. SMITH, David W. Ira, inimiga da mansidão. Material não publicado.
12 MACK, Wayne. Op. cit. p. 31

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5 Desânimo, tristeza e exaustão

ANTES DE INICIAR
Conheça El-Shaddai o Deus Todo-Poderoso
"El Shaddai", o Deus Todo- Shaddai aparece 48
vezes no Antigo Testamento, 31 das quais no livro de Jó que relata uma situação de provação seguida
por bênção. O significado atribuído ao termo hebraico não é perfeitamente determinado e os
comentaristas, com base na raiz da palavra, têm apresentado duas possibilidades de interpretação. Uma
delas traz a ideia de força, poder; a outra traz a ideia de suficiência e suprimento.
MORRIS, Leon. Rute: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, Mundo Cristão, 1986. p. 251
O poder de Deus é superior a todos os outros poderes.
Graças te damos, Senhor Deus todo-poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande
poder e começaste a reinar. Ap 11.17
Em Seu poder, Deus pode nos provar, disciplinar.
Mas ela [Noemi] respondeu: "Não me chamem Noemi, chamem-me Mara, pois o Todo-poderoso
tornou minha vida muito amarga! De mãos cheias eu parti; mas de mãos vazias o Senhor me
trouxe de volta. Por que me chamam Noemi? O Senhor colocou-se contra mim! O Todo-poderoso
me trouxe desgraça!" Rt 1.20, 21
Em Seu poder, Deus também é nosso refúgio.
Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso pode dizer ao
Senhor: Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio l 91.1, 2

RUMO
Compreender a realidade da presença e da provisão de Deus para os
momentos de crise, e comprometer-se com responder biblicamente para
não chegar ao desfalecimento e para encontrar estabilidade sob pressão.
PONTO DE CONTATO
Para algumas pessoas é uma vaga sensação de desânimo, que dificulta concluir tarefas e manter
relacionamentos. Para outras, é uma tristeza, de maior ou menor proporção. Para outras ainda é a
angústia de sentir-se no fundo de um poço escuro. A palavra depressão, em seu uso comum, descreve
um leque de estados afetivos, com variadas manifestações cognitivas, comportamentais e emocionais, e
diferentes graus de severidade.

Ela é chamada tecnicamente de depressão, apesar de não podermos expressá-la em uma só


palavra. Você se sente entorpecido, mas ao mesmo tempo sua cabeça dói; sente-se vazio, mas ao
mesmo tempo há gritos no seu interior; sente-se fatigado, mas os seus medos afluem. Aquilo que
antes era prazeroso agora mal lhe chama a atenção. Seu cérebro está como que coberto
permanentemente por uma neblina. É como se algo o puxasse para baixo. Edward Welch 1
Outras vezes, o as exigências da vida diária na família, no trabalho, nos estudos e nos relacionamentos,

a impressão de estar presos em uma armadilha, exaustos e prontos para abandonar tudo e fugir. Os
relacionamentos sofrem. A memória falha, a concentração da atenção é mínima. O corpo dá sinais como
insônia, dores de cabeça, dores nas costas, pressão alta ou baixa, distúrbios gastrintestinais. O
diagnóstico? Estresse!
Na maioria das versões da Bíblia não encontramos o termo depressão, muito menos a palavra estresse
ou uma lista sistematizada de sintomas para o diagnóstico do nosso problema.
De onde vem a depressão? De onde vem o estresse?
Podemos achar na Bíblia algum entendimento e ajuda para esses momentos?
VERSÍCULO-CHAVE
Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim?
Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus. Sl 42.5

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O ROTEIRO
1 Os retratos da depressão
2 As inevitáveis fontes de abatimento
A A vida no mundo imperfeito, ao lado de pessoas imperfeitas.
B As limitações do corpo
C O pecado pessoal
D - Satanás
3 Esperança em Cristo: equilíbrio no abatimento
A A presença de Deus
B- As promessas de Deus
C O propósito de Deus
D A provisão de Deus
4 A alegria em Cristo: antídoto do desfalecimento
A A alegria no dia a dia
B A alegria genuína
5 Cuidado com o que você ouve e repete
6 A dinâmica estresse estabilidade exaustão
7 Os retratos na Bíblia
8 O contexto da exaustão
9 O coração da exaustão
A Eu exijo de mim mesmo e dos outros
B Eu construo com ativismo
C Eu defendo minha reputação e meus direitos
D Eu seguro a minha dívida e a dívida de outros para comigo
10 Esperança em Cristo: as bases de uma vida estável
11 Recuperação para a pessoa exausta
1. Os retratos da depressão
Uma das formas que Deus escolheu para comunicar-Se conosco são as histórias de vida. A Bíblia não
diz que "Elias ficou deprimido" nem que "Jeremias era depressivo" e não nos cabe fazer tais
ções da atual depressão.
Estou encurvado e muitíssimo abatido; o dia todo saio vagueando e pranteando. Estou ardendo em
febre; todo o meu corpo está doente. Sinto-me muito fraco e totalmente esmagado; meu coração
geme de angústia.
Davi, no Salmo 38.6-8
"Ana, por que você está chorando? Por que não come? Por que está triste?" [...] Ana respondeu:
"... Sou uma mulher muito angustiada.
Ana, em 1Samuel 1.8, 15
Agora, Senhor, tira a minha vida, eu imploro, porque para mim é melhor morrer do que viver.
Jonas, em Jonas 4.3
Minhas lágrimas têm sido meu alimento de dia e de noite [...] Minha alma está profundamente triste.
Um salmista da casa de Coré, em Salmo 42.3, 6

O corpo expressa a vida interior ele expressa o coração.

4.23).
O corpo em si não é pecaminoso.
Tanto o coração quanto o corpo foram afetados pela Queda. Após a Queda, o corpo está sujeito a
doença, malformação e mau funcionamento, que tratamos com os recursos da medicina.
O corpo nunca nos faz pecar, mas ele pode influenciar o coração.
Uma limitação ou alteração orgânica pode resultar em trabalho redobrado para resistir à tentação,
mas nunca limita a atuação do Espírito Santo e o processo de santificação (2Co 4.16). E o coração
pode responder de forma pecaminosa ao sofrimento ocasionado pelo corpo.
O corpo sempre representa de alguma forma os intentos do coração. Assim como o rosto fica abatido,
há ocasiões em que o corpo pode apresentar sintomas como resposta física à condição do coração.
O relacionamento entre coração e cérebro sugere também que o coração pode ser representado ou
expresso na atividade química do cérebro. 2

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Um bom ponto de partida para entendermos biblicamente a depressão é reconhecer que aquilo que
hoje costumamos identificar com esse termo inclui uma variedade de manifestações tanto físicas quanto
do coração.
MANIFESTAÇÕES NO CORPO MANIFESTAÇÕES NO CORAÇÃO
- alteração do peso, do apetite e do sono - tristeza
- diminuição da concentração mental - amargura
- choro por motivo indeterminado - senso de culpa
- falta de energia, cansaço - senso de desamparo e vazio
- expressão abatida - senso de inadequação e inutilidade
- lentidão motora e de pensamento - pensamentos pessimistas
- falha da memória - preocupação constante
- lentidão ou agitação na fala - angústia
- mudanças no equilíbrio hormonal - medo do futuro
- problemas gastrointestinais - insegurança
- postura curvada - senso de fracasso
CULMINAM EM
Prostração e abandono das atividades normais e Perda completa da alegria e da esperança.
das responsabilidades pessoais.

A Bíblia usa uma riqueza de palavras para expressar estados de ânimo. A experiência de Paulo ajuda-
nos a entender melhor a questão.
De todos os lados somos pressionados, mas não desanimados; ficamos perplexos, mas não
desesperados; somos perseguidos, mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos.
2Co 4.8, 9
Paulo descreve a si mesmo como pressionado, atribulado, perplexo, abatido, derrubado. No entanto, ele
diz que não está esmagado, desesperado, abandonado, destruído. Pouco antes, Paulo havia escrito:
Portanto, visto que temos este ministério pela misericórdia que nos foi dada, não desanimamos.
2Co 4.1
Visto que a nossa cultura atribui ao termo depressão um leque amplo de possíveis condições, desde a
tristeza temporária até a total prostração, escolhemos compreender biblicamente a dinâmica da
depressão por meio de dois dentre os vários termos usados por Paulo: abatimento e desfalecimento.
O abatimento é um estado de tristeza de proporção
variável e, em geral, passageiro. Por outro lado, o desfalecimento aponta para perder completamente
o ânimo, largar suas atividades normais e entregar-se à tristeza e à falta de esperança.

2. As inevitáveis fontes do abatimento


As fontes de abatimento são as mais diversas e elas são fato enquanto vivermos no mundo caído.
Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições;
contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.
Jo 16.33
A - A vida no mundo imperfeito, ao lado de pessoas imperfeitas.
É pecado ficar abatida? Não necessariamente. As provações não devem nos surpreender e nunca

guardando a esperança em Deus.


Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. 23E não só isso,
mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando
ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo. 24Pois nessa esperança
fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo?
25Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.
Rm 8.22-25
As situações de crise podem incluir o desapontamento com pessoas, frustração com as circunstâncias,
maus tratos, preocupação com outros.
ALGUNS EXEMPLOS BÍBLICOS: Moisés (Nm 11.10-17), Paulo (2Co 1.8, 2.13, 7.5-7), Epafrodito (Fp 2.25-28).

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As crises também podem incluir perdas como separação, mudança, morte de um ente querido, perda
do emprego, da estabilidade financeira, da saúde, de objetos de estimação.
ALGUNS EXEMPLOS BÍBLICOS: Noemi (Rt 1.19-21), Davi (2Sm18.33; 19.1-7), Jó (Jó 1.6-11; 3.1-3, 24-26),
Ana (1Sm 1.1-18).
O ambiente de convívio familiar e social, bem como a situação do mundo ao redor, também pode nos
afetar: insegurança, pessimismo, violência ou até a mesmice.
ALGUNS EXEMPLOS BÍBLICOS: os profetas (Lm 3.1-20; Hc 3.17, 18)
B - As limitações do corpo
Temos limitações próprias da nossa condição de seres humanos em um mundo caído, embora estejamos
espiritualmente vivos em Cristo:
irregularidades no sono, alimentação, exercício físico;
efeito colateral de medicamentos;
mau funcionamento glandular;
doenças diversas: anemia e doenças crônicas, entre outras;
alterações na mulher do ciclo menstrual, gravidez e menopausa;
reação ao cansaço intenso, seja físico, emocional ou mental;
.

Temos esse tesouro [Cristo em nós] em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo
excede provém de Deus, e não de nós.
2Co 4.7a
Não podemos descartar também a possibilidade de uma predisposição natural ao abatimento, embora
até o momento não haja pesquisas científicas que provem que a depressão tenho origem genética. Com
o avanço da ciência, esta comprovação poderia vir.

Certamente algumas pessoas são mais alegres por natureza do que outras, mas cada cristão deve
evidenciar um equilíbrio de todas as virtudes do caráter cristão, independentemente de suas
características pessoais. Jerry Bridges3

Independentemente dos avanços da ciência, uma coisa é certa: quando o abatimento vem por fatores
físicos, temos a responsabilidade de agir para atenuá-lo: buscar auxílio médico, ter uma boa alimentação,
praticar exercícios físicos e dormir o suficiente. Somos responsáveis por cuidar do corpo. Devemos
também estar atentos nos pontos em que nossa fragilidade física natural pode nos pressionar a pecar,
embora ela nunca nos obrigue a pecar.
C - O pecado pessoal
Embora nem sempre o abatimento envolva pecado pessoal, há situações em que isso acontece.
Desobediência a Deus gera culpa e consequente abatimento, que persiste enquanto o pecado não for
tratado biblicamente.
Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer.
Sl 32.3
Pecados como a inveja, a comparação, a amargura, a ira, os pecados na área sexual, a
autocomiseração, entre outros mais, esgotam as energias e trazem culpa e abatimento.
ALGUNS EXEMPLOS BÍBLICOS: Asafe (Sl 73.2, 3, 13-17, 21-28), Caim (Gn 4.1-7), Davi (Sl 32 e 51).
Os conceitos errados a respeito de Deus, da vida e de si mesma alimentam o abatimento. Quando
tememos alguma coisa ou pessoa acima do temor a Deus, quando interpretamos as circunstâncias sem
levar em conta o caráter de Deus, quando insistimos em querer a qualquer custo aquilo que Deus não

esperança e a alegria.
ALGUNS EXEMPLOS BÍBLICOS: Jonas (Jn 4.1-3, 8), Raquel (Gn 30.1).
Sempre que há pecado pessoal, a solução é arrependimento e mudança no estilo de vida, contando
com o perdão de Deus e Sua capacitação para mudar.
Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra
misericórdia. Como é feliz o homem constante no temor do Senhor! Mas quem endurece o coração
cairá na desgraça.
Pv 28.13, 14
Embora sejamos perdoados, podemos passar pela disciplina amorosa de Deus com o propósito de
restauração e crescimento em santidade.

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Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim de tristeza. Mais tarde,
porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram exercitados.
Hb 12.11
D - Satanás
Satanás nos aflige. Ele nos tenta com mentiras, procura separar-nos de Deus e nos enredar na
incredulidade. É o momento de resistir firme na fé.
Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando
a quem possa devorar. Resistam-lhe, permanecendo firmes na fé, sabendo que os irmãos que
vocês têm em todo o mundo estão passando pelos mesmos sofrimentos.
1Pe 5.8, 9

acabou. Você nunca mais será feliz, nunca mais será forte e nunca mais terá vigor e determinação.
Sua vida nunca mais terá propósito. Não há manhã depois desta noite. Nem alegria depois do choro.
Tudo está ficando cada vez mais sombrio e escuro. Isto não é um túnel, mas um buraco, um buraco
õe no nosso desânimo. E Deus teceu Sua Palavra com fios
de verdade diretamente opostos a essa mentira. A lei de Deus de fato revigora (Salmos 19.7). Deus
de fato conduz às fontes de água (Salmo 23.3). Deus de fato nos mostra o caminho da vida (Salmos
16.11). A alegria de fato vem com a manhã (Salmo 30.5). John Piper 4

3. Esperança em Cristo: equilíbrio no abatimento


Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim.
Jo 14.1
Estas palavras de Jesus não são um mero conforto. Elas contêm uma ordem. Em outras palavras, Jesus
chama Seus discípulos a não deixarem que as circunstâncias nos controlem. Embora uma multiplicidade
de fatores possa contribuir para o abatimento, o desfalecimento não resulta diretamente de nenhum deles,
mas da nossa incredulidade. Entregarmo-nos ao abatimento a aponto de chegarmos ao desfalecimento
é, sim, pecado!
Fixar os olhos nas circunstâncias, em pessoas, nos desconfortos físicos, em expectativas e exigências

do desfalecimento.

Frequentemente, descemos para o pântano do desânimo porque olhamos a vida apenas a partir de
uma perspectiva humana, divorciada de Deus. Às vezes, somos ateus práticos que pensam, sentem
e agem como se Deus não existisse. Ou, pelo menos, somos teístas que pensam, sentem e agem
como se Deus nada soubesse a nosso respeito nem quisesse saber. Afirmamos crer no amor de
Deus, na sabedoria de Deus, na soberania de Deus, na bondade de Deus. Mas quando se trata de
aplicar nossas convicções em situações de pressão, nós muitas vezes negamos com nossa forma
de agir aquilo que afirmamos crer. Wayne Mack 5

Fixar os olhos no Senhor e crer de coração nas verdades bíblicas a respeito de Deus, das circunstâncias
e de nós mesmas, com disposição para obedecê-las, é a prevenção segura para não chegarmos ao
desfalecimento e também a saída para quem já desfaleceu.
Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o
que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou
digno de louvor, pensem nessas coisas. Tudo o que vocês aprenderam, receberam, ouviram e viram
em mim, ponham-no em prática. E o Deus da paz estará com vocês.
Fp 4.8, 9
A - A presença de Deus
Deus está presente e Ele está no controle das circunstâncias. Ele não é um Deus distante, sem
envolvimento pessoal conosco e desinteressado, mas um Pai amoroso que nos toma em Seus braços no
meio da nossa fragilidade.
Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado.Por isso o meu
coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranquilo,
Sl 16.8, 9

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B - As promessas de Deus
Quando o sofrimento vem do nosso pecado, podemos ir a Deus e confessá-los com a certeza de que
receberemos o Seu perdão.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos
purificar de toda injustiça.
1Jo 1.9
Quando as provações vêm das mais diversas fontes, podemos ter certeza do amor de Deus mesmo
quando Ele não remove as dificuldades.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou
nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: "Por amor de ti enfrentamos a morte todos os
dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro". Mas, em todas estas coisas
somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem
morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes,
nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do
amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Rm 8.35-39
Nas crises, podemos sempre contar com a graça suficiente em Cristo.
Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza".
Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo
repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas
necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte.
2Co 12.9, 10
C - O propósito de Deus
Neste mundo, não poderemos compreender plenamente o propósito de Deus para as crises específicas
na vida de cada pessoa, mas Ele nos deu em Sua Palavra o suficiente para sabermos e confiarmos que
o Seu propósito é bom.
As crises revelam nosso coração.
Lembre-se de como o Senhor, o seu Deus, os conduziu por todo o caminho no deserto, durante
estes quarenta anos, para humilhá-los e pô-los à prova, a fim de conhecer suas intenções, se iriam
obedecer aos seus mandamentos ou não.
Dt 8.2
As crises promovem crescimento à semelhança de Cristo.
Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram
chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos.
Rm 8.28, 29
As crises promovem perseverança.
Elas nos fortalecem espiritualmente.
Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações,
pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança. E a perseverança deve ter ação
completa, a fim de que vocês sejam maduros e íntegros, sem lhes faltar coisa alguma.
Tg 1.2-4
O Deus de toda a graça, que os chamou para a sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem
sofrido durante pouco de tempo, os restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre
firmes alicerces.
1Pe 5.10

aos eventos difíceis da vida. Não é um suportar passivo, mas a qualidade de ficar em pé enquanto
se enfrenta temporais. Elizabeth George 6
As crises nos preparam para servir.
A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Sempre dou graças a
meu Deus por vocês, por causa da graça que lhes foi dada por ele em Cristo Jesus.
1Co 1.3, 4

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D - A provisão de Deus
Deus nos deu Sua Palavra para nos ensinar, para consolar e dar esperança.
Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da
perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança.
Rm 15.4
Precisamos cultivar uma perspectiva bíblica quanto à atuação de Deus no passado e no presente, mas
também no futuro. Nos momentos mais difíceis, a certeza de que um dia estaremos com Cristo ganha um
encanto especial.
Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, dentre todos os homens somos os
mais dignos de compaixão.
1Co 15.19
Deus nos colocou ao lado de irmãos em Cristo para que possamos encorajar uns aos outros e não permitir
que a incredulidade nos leve ao desfalecimento.
Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje",
de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado.
Hb 3.13
Por isso, exortem-se e edifiquem-se uns aos outros, como de fato vocês estão fazendo.
1Ts 5.11
Como você esperaria que Deus nos enchesse de alegria e esperança? A resposta razoável é por
meio do conforto das Escrituras. [...] Para que Ele use as Escrituras, porém, elas devem estar no
nosso coração pela leitura e meditação diária. Isso é nossa responsabilidade e é um dos meios
práticos que precisamos colocar em ação para exibir o fruto de alegria. Jerry Bridges 7

4. A alegria em Cristo: antídoto do desfalecimento


Abatimento e alegria no Senhor não são incompatíveis. Desfalecimento e alegria no Senhor são, sim,
incompatíveis. Em meio ao abatimento, a alegria nos fortalece e sustenta para não desfalecermos.
Não se entristeçam, porque a alegria do Senhor os fortalecerá.
Ne 8.10b
Mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de
azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos
estábulos, ainda assim eu exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação. O Senhor
Soberano é a minha força; ele faz os meus pés como os do cervo; ele me habilita a andar em lugares
altos. Para o mestre de música. Para os meus instrumentos de cordas.
Hc 3.17-19
Alegrar-nos no Senhor não significa rir ou sorrir o tempo todo. A alegria e as lágrimas podem estar no
mesmo coração, ao mesmo tempo.
Pelo contrário, como servos de Deus, recomendamo-nos de todas as formas: em muita
perseverança; em sofrimentos, privações e tristezas; entristecidos, mas sempre alegres; pobres,
mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.
2Co 6.4, 10
A verdadeira alegria não se baseia em circunstâncias instáveis. Ela tem base no relacionamento
permanente com Deus.
Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita.
Sl 16.11
A verdadeira alegria cristã é tanto um privilégio quanto uma ordem. Ela requer uma disposição pessoal
de rejeitar a autocomiseração e a incredulidade.
Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: alegrem-se!
Fp 4.4
Alegrem-se sempre.
1Ts 5.16
Somos responsáveis por cultivar a alegria, mas somos totalmente dependentes do Espírito Santo para
termos a capacidade de fazer isso. A alegria é fruto do Espírito que, em Cristo, habita em nós.
Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês
transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo.
Rm 15.13

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Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade.
Gl 5.22

prosperidade relacionado às circunstâncias e dependente delas. Quando tudo vai bem, somos
felizes; mas assim que uma nuvem escura ou uma perturbação entra em nossa vida, a felicidade
desaparece. [...] A alegria de Deus é uma dádiva divina quando enfrentamos os problemas, a
tribulação e a perseguição neste mundo, e essa alegria sobrenatural, concedida mediante o Espírito
Santo, transcende a todas as condições de vida. Elizabeth George 8

A - A alegria no dia a dia


Alegra-nos no Senhor é uma disciplina diária que impede que sejamos sugados em uma espiral
pecaminosa de envolvimento egocêntrico e pensamentos de autocomiseração.
A alegria no Senhor inclui gratidão
Não importa quais sejam as circunstâncias, temos motivos de gratidão. Pertencemos a Deus. Podemos
agradecer pela salvação em Cristo, por Sua presença, Seu amor, Seu cuidado diário. Podemos nos
alegrar porque Ele tem bons planos para o nosso futuro. Podemos agradecer as bênçãos e benefício que
recebemos também por meio das pessoas que Ele coloca ao nosso lado. Podemos agradecer pelas
pequenas coisas.
Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo
Jesus.
1Ts 5.18
A alegria no Senhor inclui serviço
A alegria no Senhor tira a atenção de nós mesmas e nos permite servir a Deus e ao próximo. Mesmo em
meio a dificuldades pessoais podemos tomar iniciativas, cumprir responsabilidades e abençoar outros.
Prestem culto ao Senhor com alegria; entrem na sua presença com cânticos alegres.
Sl 100.2
Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administrando fielmente a graça de
Deus em suas múltiplas formas.
1Pe 4.10
Esforce-se para servir alguém. Em minha experiência no aconselhamento de pessoas que lutam com
a depressão, é muito natural e fácil que elas fiquem paradas, sem fazer nada, apenas pensando em
como sua vida é horrível. Lutar pela alegria significa ir contra a corrente do que você sente vontade
de fazer, e fazer aquilo que edifica você e o próximo. A melhor maneira de tirar os olhos de suas lutas
é tomar a iniciativa de abençoar outra pessoa nas dificuldades dela. Brian Croft 9

B - A alegria genuína
Uma pergunta frequente é se a medicação psicoativa pode restituir a alegria. Reconhecemos que os
pesquisadores da área são observadores dedicados, que têm formulado teorias sobre os desequilíbrios
químicos do cérebro, possivelmente ligados à depressão, e proposto uma intervenção por meio de
medicação psicoativa. Os remédios podem aliviar sintomas da dor emocional gerada por um vazio de
esperança no Senhor, mas nunca conseguem preencher esse vazio nem produzir uma alegria genuína
e permanente.

Por enquanto, ninguém pode diagnosticar com certeza um desequilíbrio químico no cérebro porque
não há meios de fazê-lo. E mesmo que existisse um exame para isso (que atualmente não existe), o
exame não poderia dizer se o desequilíbrio causou a depressão ou se resultou dela. [...] A questão
não é se você deve ou não deve tomar uma medicação psicoativa, mas que a medicação não se
torne seu único plano de ataque. Mesmo que a medicação alivie parte do peso da depressão, ela
funciona como um analgésico. Ou seja, ela tira alguns dos sintomas, mas a raiz do problema persiste.
Edward Welch 10

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5 Cuidado com o que você ouve e repete!
de acreditar e passar adiante tudo o que você ouve,
pense biblicamente e teste a informação.

A - SERÁ VERDADEIRO? Não devemos usar o termo depressão porque ele não está na Bíblia.
Embora aqui tenhamos dado preferência a usar os termos que encontramos na Bíblia, como abatimento
e desfalecimento, não há razão para dizer que é errado usar o termo depressão. É preciso, porém, ter
um entendimento claro daquilo que ele quer dizer, pois uma palavra pode estar densa de significado
dependendo do contexto em que é usada. É necessário esclarecer que depressão, na nossa cultura, é
um termo comumente descritivo de um conjunto típico, e ao mesmo tempo muito amplo, de
comportamentos, emoções, atitudes, pensamentos. A Bíblia dirige-se singularmente e com autoridade a
ão
e lidar biblicamente com cada aspecto envolvido.
B - SERÁ VERDADEIRO? Depressão é consequência direta de pecado e falta de confiança em Deus.
Este é um conceito antigo (cf. Jó 22.5), mas nem sempre é verdadeiro. Há casos em que ele é verdadeiro,
como foi para Davi em seu relato nos Salmos 32 e 51. Em casos assim, é necessário ter uma consciência
sadia bem instruída biblicamente e limpa para eliminar o quanto antes a causa do abatimento e evitar
o desfalecimento sob o peso da culpa. Por outro lado, muitas pessoas que têm uma consciência boa e
limpa diante de Deus e dos homens passam por períodos de abatimento que não são consequência de
um pecado pessoal. Alterações na nossa saúde, o luto, e outras circunstâncias mais, podem gerar tristeza
e lágrimas, mas podemos e devemos lidar com esse abatimento sem desfalecer. A falta de confiança em
Deus pode não estar na raiz do abatimento, mas está na raiz do pecado de ceder ao abatimento e deixar
que este assuma o controle do coração. O resultado de um abatimento não equilibrado com a esperança
bíblica, firmada em Cristo, é o desfalecimento do coração.
C - SERÁ VERDADEIRO? A depressão pode ser sempre resolvida só com a Palavra de Deus.
A Palavra de Deus trata o coração. Ela também nos encoraja à boa mordomia do corpo. Não deixe,
porém, de consultar um médico: por traz do abatimento pode haver problemas orgânicos como alterações
hormonais ou efeitos colaterais de medicamentos, que necessitam de ajuda e acompanhamento médico.
No entanto, não podemos esquecer que os problemas físicos testam e desmascaram o coração. O
abatimento gerado por uma condição física é ocasião para pedirmos que Deus nos sonde, mostre se há
em nosso coração algo que não O agrada, e nos ajude a crescer em Cristo ao passar pela provação em
lugar de nos entregarmos ao desfalecimento.

pensamentos, emoções, vontade e vê na medicação psicoativa a solução para a depressão.


Biblicamente, porém, sabemos que o desfalecimento vem do coração e que o corpo inclusive o cérebro
interage e registra as expressões do coração. Quando os sintomas têm sua causa básica no coração,
a pessoa só experimenta melhora duradoura à medida que o coração é tratado e ele deve ser tratado
com a Palavra de Deus. Não iremos nem rejeitar nem colocar nossa esperança definitiva nos
medicamentos. Podemos recorrer a eles em determinadas circunstâncias, não para anestesiar a dor
emocional sem tratar sua causa, mas para um alívio temporário enquanto lidamos biblicamente com o
conjunto de fatores envolvidos no abatimento e no desfalecimento, e alcançamos a verdadeira mudança.
Um lembrete muito importante: nunca inicie nem suspenda um tratamento com medicação psicotrópica
sem acompanhamento médico.

6 - A dinâmica estresse-estabilidade-exaustão
Em sua origem, estresse é um conceito da física. No estudo da resistência dos materiais e estabilidade
das construções, estresse refere-se à condição de certos materiais de apresentarem deformações
quando submetidos a pressão. A capacidade que um material tem de receber pressão e retornar, em
seguida, à forma original sem sofrer deformações permanentes é chamada de resiliência. Sob pressão
continuada, quando não ocorre uma adaptação, ou resiliência, há uma diminuição gradual da resistência
até chegar à ruptura do material. No ser humano, acontece uma dinâmica semelhante.
Estresse
intensa mobilização com doses elevadas de adrenalina lançadas na corrente sanguínea. Trata-se de uma

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Estabilidade: ao estado de alerta segue-se um período em que a pessoa deve lidar com a pressão com
de forma que lhe permita restaurar e manter a estabilidade.
Exaustão: sob pressão continuada, quando a pessoa é incapaz de manter a estabilidade, ele entra em
lidade e
irresponsabilidade, respostas físicas e um cansaço que insiste em não ir embora depois de uma noite de
sono.
O ALERTA DA MEDICINA: o estresse é básico em nossa existência. Sem algum estresse nem mesmo
estaríamos vivos: tanta a mãe ao dar à luz seu bebê, como este ao nascer, estão sob estresse. O primeiro
dia de aulas e o exame vestibular acarretam estresse. O primeiro emprego e a aposentadoria, também.
E assim a vida prossegue. Sem estresse ela é impossível ou até mesmo perde o sabor. O fato é que a
pressão, em si, não é prejudicial. Ela pode favorecer uma produtividade maior, raciocínio mais rápido,
atenção e eficiência. O prejuízo vem quando não ocorre uma adaptação adequada e o organismo humano
comporta-se de modo semelhante aos materiais que entram em estado de ruptura.

Se você despertar à noite com um ladrão dentro de casa, o medo provoca os centros emocionais do
cérebro e causa alterações químicas definidas no próprio cérebro. Então este envia mensagens às
glândulas suprarrenais. Uma produção maior de hormônios -- adrenalina e hidrocortisona -- capacita
o coração a bater mais depressa e mobiliza açúcares do fígado, dando mais energia para brigar ou
para fugir. Essa reserva de energia pode poupar a vida se a pessoa está fugindo de um leão ou
cruzando uma rodovia movimentada. Mas se a pessoa se assenta em plena luz do dia, na segurança
de sua própria casa e, em vez de relaxar-se, permite que a mente pense em ladrões ou no homem
que resolveu destruir seus negócios e roubou suas expectativas, então os centros emocionais
expedirão mensagens de alarme às glândulas, ao coração e aos centros de pressão do sangue
exatamente como se o ataque fosse real. Embora o corpo necessite de um excesso de hormônios
para situações de emergência autênticas, uma produção excessiva e frequente de hormônios durante
semanas e meses resulta em efeitos danosos. S.I. McMillen 11
Precisamos aprender a lidar com as pressões da vida para prevenir a exaustão.
O ALERTA BÍBLICO: as pressões externas, a fraqueza física e o cansaço são parte da nossa vida durante
o tempo em que estivermos neste mundo.
A exaustão vem quando não lidamos biblicamente com as pressões.
Você está dando ouvidos a estes alertas?

Nosso objetivo principal ao lidar com pressões da vida é aprender a depender de Deus e agradá-lO,
não simplesmente livrarmo-nos do estresse. Brent Aucoin 12

7 - Os retratos na Bíblia
Não encontramos a palavra estresse na Bíblia. Ela fala, porém, em pressões que causam fadiga e
cansaço, e retrata até mesmo a exaustão.
A Bíblia menciona a fadiga como resultado das circunstâncias de vida decorrentes da Queda.
E ao homem declarou: "Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da
qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se
alimentará dela todos os dias da sua vida.
Gn 3.17
A Bíblia menciona o cansaço natural que resulta de atividade intensa e dedicação a uma causa.
Havia ali o poço de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Isto se deu por
volta do meio-dia.
Jo 4.6

exaustão.
E ele [Moisés] perguntou ao Senhor: "Por que trouxeste este mal sobre o teu servo? Foi por não te
agradares de mim, que colocaste sobre os meus ombros a responsabilidade de todo esse povo?
Não posso levar todo esse povo sozinho; essa responsabilidade é grande demais para mim. Se é
assim que vais me tratar, mata-me agora mesmo; se te agradas de mim, não me deixes ver a minha
própria ruína".
Nm 11.11, 14, 15

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8. O contexto da exaustão
Ninguém pode escapar às pressões. A Bíblia não nos garante tranquilidade nesse mundo. A pergunta
não é: Terei problemas? Claro que sim! A pergunta também não é: Como vou mudar as pressões? A
pergunta certa é: Como vou me preparar para enfrentar as pressões e resistir a elas?
Eu [Jesus] lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão
aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.
Jo 16.33b
Há pessoas naturalmente mais propensas à fadiga do que outras. O processo de santificação faz crescer
em nosso interior o caráter de Cristo, mas não muda as características físicas básicas. Somos vasos de
barro, incapazes de manter todos os aspectos da vida sob controle. No entanto, a fragilidade humana é
necessária para que possamos mostrar constantemente o poder de Cristo em nós. É na fraqueza que
descobrimos a realidade da graça de Deus.
Pois Deus que disse: "Das trevas resplandeça a luz", ele mesmo brilhou em nossos corações, para
iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo. Mas temos esse tesouro em vasos
de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós.
2Co 4.6, 7
A bagagem genética, os traços de personalidade herdados, a formação recebida e a influência do
ambiente social no qual vivem tornam algumas pessoas mais suscetíveis à exaustão. O contexto
individual e social, porém, não é suficiente para causar uma exaustão, embora possa ser necessário. Se
a exaustão não fosse evitá
que não é bíblica. Com certeza, algumas pessoas pertencem a um grupo de maior risco, embora nenhum
de nós esteja isenta do perigo de chegar à exaustão caso não tome o devido cuidado.
Não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá
que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes
providenciará um escape, para que o possam suportar.
1Co 10.13

9. O coração da exaustão
Um quadro de exaustão pode ter por trás uma diversidade de manifestações do coração, que variam de
pessoa para pessoa: são as motivações e os pensamentos do eu que contrastam com as motivações e
os pensamentos da pessoa que teme ao Senhor. Dificilmente escolheríamos ficar exaustos. O pecado
opera profundo e silencioso, e dá frutos quando menos o esperamos.
Para interromper o redemoinho do cansaço antes que ele coloque a saúde em risco, os
pesquisadores estudaram centenas de estratégias nos últimos anos. Muitos têm chegado à
conclusão de que os resultados mais eficientes na prevenção da exaustão não vêm de nenhum
tratamento mirabolante, mas de uma vida regrada, sem excesso de trabalho, com exercícios físicos,
repouso e lazer. A maioria, porém, ignora a verdade de que a prevenção da exaustão não é apenas
uma questão de estilo de vida. Há uma raiz a ser considerada ela está no coração. O conjunto bem
definido de conceitos e motivações que controla o indivíduo e molda sua vida precisa ser exposto e
transformado à luz do evangelho de Cristo. Maria Cecilia Alfano 13

A - Eu exijo de mim mesmo e de outros


Grande parte da fadiga que sentimos pode ter origem naquilo que esperamos de nós mesmas ou
acreditamos que outros, e também Deus, esperam e exigem de nós. Com frequência, estas expectativas
não são um reflexo da mente de Cristo formada em nós, mas do anseio de alcançar favor pelo
desempenho. É comum, também, que os padrões de desempenho que alguém exige de si mesmo sejam
os mesmos que exigirá de outros, atuando como uma pessoa crítica, intolerante e impaciente.
Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais
elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a
medida da fé que Deus lhe concedeu.
Rm 12.3
Quem teme ao homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro.
Pv 29.25
A VERDADE: Eu não preciso ser exigente, pois Deus opera em graça.

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Em Cristo, temos identidade segura e garantida graciosamente por Deus. O segredo para não cair na
exaustão é estar em relacionamento com Cristo de forma tal que seguimos os Seus padrões e atuemos
pelo Seu poder em nós.

Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em vão; antes, trabalhei
mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo.
1Co 15.10

O desejo de buscar sua identidade no desempenho não condiz para uma filha de Deus nem é um
reflexo da santidade e perfeição de Deus, mas está na verdade relacionado ao orgulho. Quando
substituímos a graça de Deus pelo desempenho, exigimos de nós aquilo que Ele não exige e ficamos
decepcionadas quando falhamos. Mas o próprio fato de ficar decepcionada consigo mesmo significa

limitações. Ela lida com erros, aprende dos erros, e sabe que seu desempenho não influencia a
estabilidade de sua posição como filha amada do Pai, pois a base de sua aceitação é a cruz de
Cristo, e na cruz todos fomos julgados como fracasso total. Vivendo pela graça de Deus, vamos
estender graça a outros. Maria Cecilia Alfano 14

Fomos condicionados a pensar que a fadiga é a virtude mais próxima da santidade. Achamos que
quanto mais exaustos estivermos (e nos mostrarmos!), mais consagrados às coisas espirituais
seremos, e mais receberemos aquele sorriso aprovador de Deus. Charles Swindoll 15

B - Eu construo com ambição e ativismo


A pessoa ambiciosa parece se sentir bem consigo mesmo e com o mundo na medida em que acumula
realizações. Não é errado sonhar e planejar. O problema, porém, está em querer realizar seus planos
pelas próprias forças, a qualquer custo. A preocupação constante está em querer mais e mais. Há uma
forte tendência a estabelecer comparações com outros, competir e lutar para chegar ao topo. Não há
descanso.
Pensei comigo mesmo: Vamos. Vou experimentar a alegria. Descubra as coisas boas da vida! Mas isso
também se revelou inútil. [...] Não me neguei nada que os meus olhos desejaram; não me recusei a dar
prazer algum ao meu coração. Na verdade, eu me alegrei em todo o meu trabalho; essa foi a recompensa
de todo o meu esforço. Contudo, quando avaliei tudo o que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que
eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há qualquer
proveito no que se faz debaixo do sol.
Ec 2.1, 10, 11
Em nossa sociedade, costumamos ser identificados pela atividade que exercemos. Não é de estranhar
que o trabalho passe a ser base para medir o valor pessoal. Se com uma tarefa realizada conseguimos
obter satisfação e elogios, com mais realizações obteremos maior satisfação e maior aprovação. Há
situações em que o trabalho duro é necessário. No entanto, quando ele se prolonga, é possível que a
necessidade esteja mais em nossas motivações egoístas do que na realidade da situação. Como Marta,
esquecemos que há hora para trabalhar e hora para assentar aos pés do Senhor. A palavra-chave é
escolher. O ativismo é uma escolha pessoal e não uma imposição externa.
Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E, aproximando-se dele, perguntou: "Senhor, não
te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude! "
Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia
apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada
Lc 10.40-42
A pessoa que está sobrecarregada pode ter chegado a tal ponto por não gostar de dividir
responsabilidades e por ter dificuldade para se agradar com o serviço feito por outros. A autossuficiência
toma o lugar da dependência de Deus e da interdependência com outros.
É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas
pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem
quem o ajude a levantar-se!
Ec 4.9, 10
A VERDADE: Eu não preciso construir sozinho, pois Deus está na direção do meu trabalho.

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Se cairmos no erro de não viver pela graça, de construir nosso próprio reino, de viver pelas
expectativas e demandas de outros, vamos nos queimar. Se

nossa eficácia para servir a Deus. A questão principal aqui é encontrar o equilíbrio para tirar o melhor
proveito de noss
16
sua vida para o Reino de Deus. David Merkh

O oposto da confiança em obras, do ativismo desenfreado e autossuficiência não é indolência nem


inatividade. A exaustão não vem pela operosidade diligente, mas pela ansiedade e ganância de ser, ter,
fazer e estar sempre certa, sem a devida consideração de princípios bíblicos como moderação, mordomia
do tempo e do seu corpo, humildade, divisão de responsabilidades e, acima de tudo, dependência
contínua de Deus.

C - Eu defendo minha reputação e meus direitos


Defender a própria reputação pode custar um grande gasto de energia. A pessoa preocupada com aquilo
que outros pensam a seu respeito quer provar seu valor e, geralmente, escolhe fazê-lo com a aquisição
de bens materiais, realizações no trabalho ou estudos, ênfase nos esportes, na beleza física, no sucesso
ou até na espiritualidade. Com medo de que seus direitos lhe sejam negados, ela presume que deve ter
o mundo sob seu controle. O gatilho da ira é disparado toda vez que alguém discorda de suas ideias, faz
uma leve crítica ou não alcança o cumprimento de suas expectativas. É comum que ela queira assumir a
responsabilidade por situações do presente e do futuro sobre as quais, na verdade, não têm controle
imediato nenhum. O resultado é a ansiedade e o desperdício de uma quantidade considerável de energia.
Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber;
nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante do que a comida,
e o corpo mais importante do que a roupa? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode
acrescentar uma hora que seja à sua vida?
Mt 6.25, 27
A VERDADE: Eu não preciso defender minha reputação e direitos, pois Deus está no controle.

direitos e os queremos defender? Se a ansiedade, a ira ou a murmuração surgem quando perdemos ou


pensamos que estamos prestes a perder o controle sobre algum direito, é tempo de parar para avaliar e
lembrar que não precisamos defender para nós e por nós aquilo que, na verdade, pertence a Deus.
Devemos apenas cuidar de algo que pertence a Deus, e descansar nEle.
Senhor, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com
coisas grandiosas nem maravilhosas demais para mim. De fato, acalmei e tranquilizei a minha alma.
Sl 131.1, 2

D - Eu carrego a minha dívida e a dívida de outros para comigo


A culpa merecida pode estar na raiz da exaustão. A ansiedade produzida pelo pecado continuado ou não
confessado pode abater não só coração, mas também o corpo.
Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer. Pois de dia e de noite
a tua mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca.
Sl 32.3, 4
Alguns insistem em julgar a si mesmos em vez de deixar o julgamento com Deus e aceitar o perdão em
Cristo. Tais pessoas vivem debaixo de um fardo pesado, crendo que podem fazer algo para pagar sua
dívida. Um verdadeiro desperdício de energia. O fato de não compreenderem nem viverem o perdão e a
graça de Deus não lhes permite também dispensarem perdão e graça a outros. O resultado é a total
exaustão.
A VERDADE: Eu não preciso carregar minha dívida e a dívida de outros para comigo, pois
Deus perdoa.
Se a culpa provoca um cansaço intenso, a solução de Deus é clara: confissão e pleno perdão. A graça
de Deus em Cristo é sempre suficiente. É pecado duvidar da Palavra de Deus; é pecado permitir que o
passado já resolvido por Deus roube a nossa alegria e utilidade no presente e no futuro. Carregar um
fardo estressante no presente por causa de algum fracasso pessoal ou ofensa recebida no passado é um
completo desperdício de energia.

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10. Esperança em Cristo: as bases de uma vida estável
A provisão bíblica não vem em forma de comprimidos contra o cansaço. O Senhor nos promete a Sua
Pessoa, a Sua suficiência. O oposto do eu no controle é uma entrega completa de nossa vida ao Senhor,
fruto da humildade que reconhece que eu não posso controlar o mundo, mas Ele pode.
Por onde quer que andasse, Jesus era reconhecido e solicitado. Algumas vezes Ele mesmo
convocava a multidão (Mt 15.10), outras vezes era seguido espontaneamente (Mt 14.13; 15.29, 30;
20.29; Mc 3.7, 8, 20). Não havia folga nem mesmo à hora da refeição. A quantidade de tempo que
Ele dispensava para dar atenção à multidão variava de horas (Mt 14.15) a dias (Mt 16.32), mas o
cuidado e a disposição permaneciam. Ele era paciente com as crianças (Mt 19.13-15; Mc 10.13-16),
com as mulheres (Mc 5.34), os doentes (Mt 20.30-34) e a qualquer hora do dia. Pressionado pelos
inimigos prontos a pegá-lo em algum deslize, Ele resistia (Mt 22.15-17, 35). Sua fama corria de um
lado para outro (Mc 1.45), as viagens eram constantes. Ninguém jamais teve sobre si as
responsabilidades que pesavam sobre Jesus. Entretanto, Ele nunca se mostrou tenso ou apressado.
-vos a paz, a minha paz vos
dou; não vô-la dou como

darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de
coração, e vocês encontra (Mt 11.28, 29). Maria Cecilia Alfano 17

O Senhor Jesus nos deixou o exemplo perfeito de como podemos enfrentar pressões sem perder a
estabilidade. Em Sua humanidade, Ele também estava sujeito ao cansaço. O retrato que os quatro
evangelhos nos dão de Jesus é de uma pessoa sob constantes pressões de amigos e inimigos. Embora
o mundo em que Ele se movia fosse aparentemente bem menos agitado que o nosso, Ele conviveu com
exigências semelhantes às nossas.

A - Estabilidade no relacionamento com o Pai


Jesus sempre tinha tempo para estar a sós com o Pai em momentos cruciais do ministério. Ele passou
uma noite em oração antes de selecionar os discípulos. Em outra ocasião, após um dia agitado de
trabalho, subiu à montanha de madrugada para orar. Antes de chegar ao momento culminante da Sua
obra, Ele gastou uma noite em oração. Jesus ilustrou algo que nós costumamos esquecer: o tempo com
o Pai, em oração na Sua Palavra, é essencial para nos fortalecer justamente quando estamos mais
atarefados.
Todavia, as notícias a respeito dele se espalhavam ainda mais, de forma que multidões vinham
para ouvi-lo e para serem curadas de suas doenças. Mas Jesus retirava-se para lugares solitários,
e orava.
Lc 5.15, 16

B - Estabilidade no planejamento submisso ao Pai


Jesus sabia claramente qual era a Sua missão, e tinha alvos e atividades definidas para cumpri-la.
Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate por muitos.
Mc 10.45
Jesus resistiu a pressões de outras pessoas (cf. Mc 1.33-38), resistiu a demandas urgentes (cf. Jo 11.3,
6, 17, 41-43), manteve-se firme em seguir o plano do Pai (cf. Lc 9.51) e glorificá-lO. Jesus não perdeu de
vista a razão por que dar cada passo, cumprir cada ação, dizer cada palavra.
Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer.
Jo 17.4

C - Estabilidade na perspectiva de futuro


Jesus fixava sua perspectiva não nas coisas terrenas, mas nas coisas do alto.
Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu
Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar.
Jo 14.1, 2
D - Estabilidade no trabalho sábio
Jesus nos deixou exemplo de empenho no trabalho.
Disse-lhes Jesus: "Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando".
Jo 5.17
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Ele também nos deu exemplo de como preparar pessoas e delegar responsabilidades para não cairmos
na armadilha de pensar que devemos e podemos fazer tudo sozinhas.
Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze deles, a quem também designou como
apóstolos. [...] Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas
novas do Reino de Deus. Os Doze estavam com ele.
Lc 6.13; 8.1
Reunindo os Doze, Jesus deu-lhes poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar
doenças, e os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos.
Lc 9.1, 2
Depois disso o Senhor designou outros setenta e dois e os enviou dois a dois, adiante dele, a todas
as cidades e lugares para onde ele estava prestes a ir.
Lc 10.1
E - Estabilidade na diversidade de relacionamentos interpessoais
Embora o relacionamento vertical com Deus seja prioritário, quando negligenciamos o relacionamento
horizontal com familiares e amigos, somos fortes candidatos à exaustão. Jesus deixou-nos o exemplo de
cultivo de relacionamentos diversificados. Seus doze discípulos eram companheiros constantes durante
os anos do Seu ministério, sendo que João, Pedro e Tiago parecem ter sido os mais chegados. Jesus,
porém, relacionou-se com um conjunto mais amplo de pessoas, que O seguiam e O serviam em Suas
necessidades veja o exemplo de Joana e Suzana, citadas em Lucas 8.3 e experimentou uma grande
diversidade nos investimentos ministeriais.
F - Estabilidade no descanso e na alimentação
O Novo Testamento não diz nem nos dá a entender que Jesus trabalhava habitualmente até à exaustão.
Há vários textos em que lemos que Ele parou deliberadamente suas atividades, seja para descanso ou
para alimentação. Jes cuidado do físico e
da mente fortalecem para enfrentar melhor a pressão sem chegar à exaustão. Os Evangelhos não
mencionam a prática de exercício físico, mas sabemos que Jesus e Seus discípulos faziam longas
caminhadas.
Às vezes acreditamos que só é possível descansar, e até comer, quando toda a tarefa estiver completa.
Jesus, porém, mostrou a importância de um intervalo para recuperar forças. Em Marcos 6, Ele enviou os
Seus discípulos a pregar. Vários fatores apontam para o grau de pressão a que eles estavam expostos:
- aquela havia sido a sua primeira missão oficial, sozinhos (v. 7);
- além da pressão de se sair bem, haviam enfrentado a pressão da oposição espiritual (v.7);
- haviam descoberto a necessidade de confiar em Deus na provisão das necessidades do dia a
dia (vv.8 e 9), na contínua mudança de casa em casa (v. 10), e na ameaça contínua de rejeição
(v. 11);
- após um período intenso de ministério desgastante, foram provavelmente informados da morte
de João Batista. (vv. 14-29).
Na volta, Jesus preocupou-se com eles e os encorajou ao descanso em um cenário diferente, mesmo
que por pouco tempo, pois havia ainda muito trabalho a ser feito.
Havia muita gente indo e vindo, a ponto de eles não terem tempo para comer. Jesus lhes disse:
"Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco".
Mc 6.31
O segredo para evitar a exaustão é trabalhar sob pressão, mas não sob tensão. É sábio relaxar por
alguns minutos durante o dia de trabalho, e o simples fato de levantar para tomar um copo de água
e colocar o corpo em outra posição já garante um alívio. Uma boa espreguiçada e movimentos de
rotação das principais articulações do corpo como braços e pescoço podem reativar a concentração
e renovar as energias para a pessoa prosseguir o trabalho, aumentando a capacidade criativa e a
eficiência. Também é sábio relaxar no final do dia de trabalho. Para a pessoa que passa o dia sentada
diante de uma mesa, relaxar significa movimentar-se. Para aquele que fala durante a maior parte do
dia, relaxar significa alguns minutos de quietude. Maria Cecilia Alfano 18

11. Recuperação para a pessoa exausta


Para quem já chegou à exaustão, há esperança: a condição não é irreversível, mas uma oportunidade
para provar o cuidado restaurador de Deus.

era homem s
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nós a lidar com suas fraquezas, chegou à exaustão. A partir de sua história, narrada em 1Reis 17 a 19,
podemos fazer algumas considerações.
A Rumo à exaustão
A exaustão pode vir após um longo período de desafios e expectativas, seguido de vitória. Elias
esperou durante anos por uma rendição do seu povo diante de Deus, até ter aquela experiência no monte
Carmelo (1Rs 18.37-40).
A exaustão pode vir depois de períodos de cansaço contínuo. Sob tensão, Elias ainda mostrou
energia fora do comum, correndo entre o monte Carmelo e Jezrel (18.46). Terminada a tensão, o corpo
volta ao normal: pode vir a fadiga física, mental, emocional.
O episódio de Elias nos mostra que o cansaço físico também nos leva ao estresse. Os dias antes e
logo depois da sua confrontação com Jezabel foram marcados por intensa atividade e viagens. De
Sarepta para Samaria são cerca de 130 Km; de Samaria para o Monte Carmelo 56 Km; do Monte
Carmelo para Jezreel 38 Km; de Jezreel para Berseba 155 Km; e de Berseba para o deserto mais
ou menos 30 Km. Agora imagine que ele fez todas essas viagens a pé! David Merkh 19

A exaustão pode vir depois de intenso desapontamento. Elias tinha grandes esperanças de um
arrependimento nacional, incluindo a rainha Jezabel, e animou-se com a resposta inicial de Acabe. Suas
expectativas, porém, não foram plenamente cumpridas (19.1, 2).
A exaustão pode resultar na perda de perspectiva. A oposição de Jezabel ganhou proporções

centrada em si mesmo, esquecendo-se de como Deus o havia conduzido no passado (19.4). Finalmente,
adormeceu exausto (19.5).
B Rumo à recuperação
A recuperação física pode ser o passo inicial para erguer da exaustão. Deus deu início ao processo
de restauração de Elias cuidando de seu corpo, conquanto esse não fosse o único problema do profeta
(19.5-8).
A recuperação do coração vem logo a seguir. Restabelecer a comunhão íntima com Deus e ganhar
a perspectiva de Deus é essencial. Deus ouviu Elias, mas não permitiu que ele repetisse mais que duas
vezes seu relato distorcido e se convencesse ainda mais daquilo que não era a verdade. Elias precisava
lembrar que Deus está graciosamente presente e no controle dos pequenos detalhes (19.9-14), e ouvir a
verdade de Deus (19.18).

Elias viu tantos milagres que parecia não enxergar mais a mão de Deus nas pequenas coisas.
Certamente a mão de Deus pode ser vista no vento, na tempestade, no terremoto e no fogo; mas Ele
não trabalha exclusivamente através de grandes demonstrações de poder, como muitos em nossos
dias querem. A suave voz só pode ser ouvida por aqueles que se aquietam e observam atentamente
a maravilhosa providência de Deus operando à sua volta. Veja: o dia nasce, o sol brilha, as plantas
germinam, as árvores dão seus frutos, os pássaros cantam... muitas coisas maravilhosas acontecem
todos os dias e tão somente são sustentadas pelo poder de Deus! Alegre-se com a ação de Deus
nas pequenas coisas!! David Merkh 20

A recuperação prossegue com a volta gradual à ação. Pela Sua graça, Deus provê reintegração no
trabalho frutífero (19.15-17).
A recuperação é beneficiada pelo relacionamento. Companhia na caminhada, assim como Deus
providenciou Eliseu para estar ao lado de Elias, pode ser parte importante no processo (19.19-21).

ENTRE VOCÊ E DEUS


Em meio às crises, Deus tem um propósito maior para você do que apenas o conforto imediato de escapar
do abatimento e evitar o desfalecimento. Ele quer que você se torne mais parecido com Cristo e esteja
melhor preparado para ser instrumento dEle em outras vidas.
Estas são duas perguntas básicas quando as crises chegarem:

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E estas são duas perguntas que ajudam a guardar a perspectiva certa:
Como a crise me aproxima mais de Deus?
Como Ele está me preparando para mostrar compaixão a outras pessoas?

Você não encontrará conforto e alegria por pensar que as coisas poderiam ser ainda piores. Também não
fingirá que os seus problemas não são graves quando eles forem realmente sérios. Você não evitará o
desfalecimento por sua força de vontade. MAS você pode estar sempre alegre no Senhor se lidar com os
problemas da forma que Deus quer.
Em meio às pressões, você pode dar o testemunho de ser uma pessoa que descobriu o segredo que
capacita a se manter estável, ainda que o cansaço esteja presente. E não existem fórmulas disponíveis
para evitar a exaustão, a não ser um relacionamento vital com Cristo e um trabalho em equipe com Deus,
com entendimento e perseverança.
A palavra perseverança não é muito popular. Esperamos soluções infalíveis e instantâneas para nossos
problemas. Ficamos impacientes quando a tecnologia não os resolve. Mas nenhum botão mágico garante
proteção contra os ventos da vida. O segredo da estabilidade é a vida em comunhão com Deus e
dependente dAquele que tem sob Seu controle todas as pressões e as usa para o nosso crescimento.
A exaustão não é algo que acontece com você, mas algo que você deixa acontecer!

Coletâneas de
aconselhamento bíblico, Atibaia, v.3. p. 113, 2003.
2 Resumo baseado em WELCH, Edward. Blame it on the brain. Greensboro, NC: New Growth Press: 1998.
3. BRIDGES, Jerry. The practice of godliness: godliness has value for all things. Colorado Springs: NavPress, 1996.
p. 118.
4. PIPER, John. Graça futura. São Paulo: Vida Nova, 2009. p. 292.
5. MACK The Journal of Pastoral Practice,
Glenside, v. 2, n. 2, 1978, p. 43.
6. GEORGE, Elizabeth. Descobrindo o caminho de Deus nas provações. São Paulo: Hagnos, 2009, p. 61
7. BRIDGES, Jerry. Op. cit. p. 113, 115
8. GEORGE, Elizabeth. A caminhada de uma mulher com Deus. São Paulo: Hagnos, 2001, p. 46.
9. CROFT, Brian. What can a depressed person do daily while fighting for joy? Disponível em:
http://practicalshepherding.com/. Acesso em agosto 2012.
10. WELCH, Edward. Depression: a stubborn darkness: light for the path. Greensboro, NC: New Growth: 2004, P.
30, 32.
11. MCMILLEN, S.I. Nenhuma enfermidade. São Paulo: Vida, 1986. p. 122.
12. AUCOIN, Brent. Handling stress. Disponível em: http://www.answersingenesis.org/articles/am/v4/n4/stress.
Acesso em agosto 2012.
13. ALFANO, Maria Cecilia. Estresse. Material não publicado.
14. Idem
15. SWINDOLL, Charles. Firme seus valores. Venda Nova, MG: Betânia, 1985. p. 165.
16. MERKH, David. Descansando em Cristo: sugestões práticas para tirar maior proveito da sua vida. Material não
publicado.
17 ALFANO, Maria Cecilia. Estresse. Material não publicado
18. Idem
19. MERKH, David. Estresse. Disponível em: http://bit.ly/PodZb4. Acesso em agosto 2012.
20. Idem

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6 Solidão, relacionamentos e amizades

ANTES DE INICIAR
Conheça o Deus de amor
O amor de Deus coloca-nos em perfeito relacionamento com Ele mediante Cristo
Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida
juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões pela graça vocês são
salvos. Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo
Jesus, para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça, demonstrada
em sua bondade para conosco em Cristo Jesus.
Ef 2.4-7
O amor de Deus nos sustenta a cada momento
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou
nudez, ou perigo, ou espada? [...] Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por
meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem
demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade,
nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor.
Rm 8.35, 37-39
O amor de Deus nos capacita para amar e Ele e aos outros
Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a nossa vida por nossos irmãos. [...] Filhinhos,
não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.
1Jo 3.16, 18
Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de
Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Foi assim que
Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que
pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus,
mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados,
visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros.
1Jo 4.7, 11
RUMO
Compreender que os relacionamentos interpessoais são parte do plano perfeito
de Deus para nós, e comprometer-se com aproveitar as oportunidades
preciosas de crescimento cristão e mutualidade que vêm por meio deles.
PONTO DE CONTATO
A solidão bateu à porta. Não, não faltam pessoas ao redor!
é profundo. As situações podem ser as mais diversas: uma mudança que afasta dos amigos e da família,
a perda de uma pessoa querida, um relacionamento rompido, um novo ambiente de trabalho, entre outras.
Mesmo rodeados de pessoas, nós percebemos estar sozinhos, sem saber em quem confiar e com quem
nos abrir.
Ainda assim, c . Por isso, é sábio identificar os diferentes graus de
relacionamento e, em particular, sabermos em que consiste uma amizade cristã, algo imprescindível para
a caminhada cristã bem-sucedida. Um amigo de verdade é alguém com quem tenho um relacionamento
de conhecimento pessoal e confiança mútua. Ele é um companheiro na caminhada, alguém cujo
compromisso com Cristo e com a mutualidade cristã resulta em crescimento cristão para nós dois.
Como lidar com o nosso anseio por contato humano, compreensão e companheirismo?
Como cultivar amizades no contexto da mutualidade cristã?
VERSÍCULOS-CHAVES
Quem se isola, busca interesses egoístas, e se rebela contra a sensatez. Pv 18.1
Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro. Pv 27.17

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O ROTEIRO
1Solidão ou solitude?
2Criados para relacionamento
3Esperança em Cristo: redimidos para relacionamento
A - Jesus buscou momentos de solitude
B - Jesus conheceu momentos de solidão
C - Jesus fez perfeita provisão para a nossa solitude e solidão
4 Comunhão em duas dimensões
A - Comunhão constante na dimensão vertical
B - Comunhão edificante na dimensão horizontal
5 Sinal de alerta: quando a solidão é a companheira constante
A - Um sinal de alerta para examinarmos nosso coração
B - Um sinal de alerta para mudarmos nossa prática diária
6 Orientações para as amizades cristãs
O amor é paciente
O amor é benigno
O amor não arde em ciúmes, não se ufana nem se ensoberbece
O amor não se conduz inconvenientemente
O amor não procura os seus interesses
O amor não se exaspera, não se ressente do mal
O amor não se alegra com a injustiça
O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta
7 Nem independentes nem dependentes: interdependentes
1 - Solidão ou solitude?
Solidão é um sentimento de isolamento e distância de relacionamentos humanos significativos. Ela
independe da presença de pessoas podemos nos sentir solitárias em meio à multidão, em uma reunião
social, na sala de aula cheia de colegas ou mesmo com a família. A solitude, por outro lado, é um

determinado período, embora contando com relacionamentos significativos. Ela pode nos enriquecer,
provendo momentos de sossego e restauração, tempo para desenvolver novas ideias, novos alvos e uma
comunhão renovada com Deus. Todos nós necessitamos de equilíbrio entre momentos de vivência social
e de solitude, mas não nos beneficiamos da solidão.

Seguindo um conselho de Elisabeth Elliot, eu transformo minha solidão em solitude e minha solitude
em oração. Desta forma, a solidão deixa de ser um mal para nós. Na verdade, ela se torna um guia
e um amigo. Mas isso só é verdadeiro quando respondemos à solidão como Deus quer. Se nos
entregarmos a fazer compras ou a comer chocolate sem limites, ou se sentarmos para lamuriar a
pessoa que nos deixou, sufocaremos a capacidade significativa da solidão para aprofundar a nossa
caminhada com Deus. Steve DeWitt 1

2 - Criados para relacionamento


A solidão não é natural para nós. Deus nos criou com desejo e capacidade de desfrutar de relacionamento
com Ele.
Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem
sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?
Sl 42.1, 2
Deus planejou também os relacionamentos interpessoais.
Então o Senhor Deus declarou: "Não é bom que o homem esteja só.
Gn 2.18a
No jardim do Éden, em comunhão com Deus e um com o outro, Adão e Eva não sentiam solidão. Na

a falsidade e o ódio passaram a provocar afastamento e destruição na vida do primeiro casal e de seus
descendentes. A perda essencial, porém, foi a quebra do relacionamento com Deus. Nenhum
relacionamento humano, por melhor e mais íntimo que seja, consegue suprir ao vazio da ausência do

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relacionamento com Deus. A boa nova é que tanto o relacionamento vertical quanto os relacionamentos
horizontais ganharam nova vida em Cristo.

Todos nós estamos à procura de estratégias ou técnicas que nos livrem da dor dos relacionamentos
e do penoso esforço que bons relacionamentos exigem. Temos a esperança de que um planejamento
melhor, uma comunicação mais eficiente, uma definição clara dos papeis, uma estratégia para

o tudo, mas se essas coisas fossem tudo o


que precisássemos, então a vida, a morte e a ressurreição de Jesus teriam sido desnecessárias ou,
no melhor dos casos, redundantes. Habilidades e técnicas nos atraem porque nos fazem acreditar
que os problemas relacionais podem ser resolvidos com ajustes de comportamento, sem mudanças
nas inclinações do nosso coração. A Bíblia, porém, diz algo muito diferente. Ela diz que Cristo é a
única esperança verdadeira para os relacionamentos porque somente Ele consegue sondar as
profundezas do nosso coração e tratar das motivações e dos desejos em seu âmago.
Timothy Lane e Paul Tripp 2

3 - Esperança em Cristo: redimidos para relacionamento


Enquanto viveu aqui na terra, Jesus conheceu lutas semelhantes às nossas, também nos
relacionamentos.
Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim
alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado.
Hb 4.15
A - Jesus buscou momentos de solitude
Durante Seu ministério aqui, Jesus escolheu estar a sós em algumas ocasiões.
Ele escolheu a solitude para descansar
Havia muita gente indo e vindo, a ponto de eles não terem tempo para comer. Jesus lhes disse:
"Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco". Assim, eles se afastaram num
barco para um lugar deserto.
Mc 6.31, 32
Ele escolheu a solitude para orar
Tendo despedido a multidão, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali
sozinho.
Mt 14.23
De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar
deserto, onde ficou orando.
Mc 1.35
Jesus retirava-se para lugares solitários, e orava.
Lc 5.16
B - Jesus conheceu momentos de solidão
Em sua perfeita humanidade, Jesus experimentou também a solidão.
No final de Seu ministério, Jesus sabia que Seus discípulos se afastariam em um momento crucial, mas
que o Pai ainda estava com Ele.
Aproxima-se a hora, e já chegou, quando vocês serão espalhados cada um para a sua casa. Vocês
me deixarão sozinho. Mas, eu não estou sozinho, pois meu Pai está comigo.
Jo 16.32
No entanto, quando Ele se fez pecado por nós na cruz, provou a completa solidão.
Por volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: "Eloí, Eloí, lamá sabactâni? " que
significa: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? "
Mt 27.46
C - Jesus fez perfeita provisão para a nossa solitude e solidão
Jesus provou a solidão da separação do Pai, levando nossos pecados na cruz, para que nós pudéssemos
ter a perfeita comunhão com Ele restaurada para sempre.
Estamos unidos em relacionamento eterno com Cristo.
Fiel é Deus, o qual os chamou à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.
1Co 1.9

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Podemos ter uma comunhão íntima e contínua com o Pai.
Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente
nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na
criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Rm 8.38, 39
Estamos unidos em relacionamento com a família cristã
Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros
da família de Deus.
Ef 2.19

A ênfase [das Escrituras] não está no crente solitário, mas na comunidade da fé. Somos o "corpo de
Cristo" (1Co 12.27), a "nação santa", o "povo de Deus" (1Pe 2.9,10); somos cidadãos da cidade que
está nos céus (Fp 3.20), e devemos "levar as cargas uns dos outros" (Gl 6.2). Deus sempre age por
intermédio de uma comunidade. Não era bom que Adão estivesse sozinho, então Deus fez Eva. Noé
não foi salvo sozinho, mas com sua família. Abraão foi chamado para que juntamente com Sara se
tornasse um povo mais numeroso que as estrelas do céu. No dia de Pentecostes, Deus instituiu a
Igreja. Deus nos fez seres sociais. J. Budziszewski 3

4. Comunhão em duas dimensões


Mantendo a comunhão com o nosso Melhor Amigo mediante a oração, o estudo da Palavra e a prática
das verdades bíblicas, podemos cultivar relacionamentos profundos e apropriados uns com os outros.

A - Comunhão constante na dimensão vertical


São diversas as circunstâncias da vida que podem fazer com que fiquemos sozinhos momentaneamente,
sem familiares e amigos ao nosso lado. Vivemos momentos de abatimento, mas não precisamos ser
consumidos pela solidão se mantivermos uma comunhão constante com Deus em Cristo.
A experiência diária na c
até que o confessemos a Deus para receber Seu perdão. Só o arrependimento e a confissão restauram
a plena alegria do relacionamento que preenche o vazio do nosso coração.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos
purificar de toda injustiça.
1Jo 1.9
Quanto mais os irmãos em Cristo aproximam-se dEle e têm suas habilidades naturais para
relacionamento moldadas em semelhança de Cristo, mais eles se aproximam uns dos outros e constroem
relacionamentos edificantes.
Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nele não há treva alguma.
Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos
a verdade. Se, porém, andamos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros,
e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
1Jo 1.5-7
B - Comunhão edificante na dimensão horizontal
O relacionamento com Deus produz um senso de contentamento que desfaz a solidão, mas não elimina
o lugar e a importância dos relacionamentos horizontais significativos.
Ao Senhor declaro: "Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti". Quanto aos fiéis que
há na terra, eles é que são os notáveis em quem está todo o meu prazer.
Sl 16.2, 3
Deus nos criou para o companheirismo.
É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas
pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem
quem o ajude a levantar-se! E se dois dormirem juntos, vão manter-se aquecidos. Como, porém,
manter-se aquecido sozinho? Um homem sozinho pode ser vencido, mas dois conseguem
defender-se. Um cordão de três dobras não se rompe com facilidade.
Ec 4.9-12

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Crescemos em Cristo como família
Na família da fé, gozamos de comunhão espiritual com os irmãos e irmãs em Cristo. Vivemos na
dependência de Deus e em interdependência uns com os outros enquanto somos transformados à
imagem de Cristo. São muitos os imperativos de mutualidade no Novo Testamento: edificar, amar,
acolher, aconselhar, instruir, admoestar, servir, consolar, encorajar uns aos outros.
Necessitamos de relacionamentos com irmãos e irmãs em Cristo para crescermos juntos rumo à
maturidade cristã, servirmos uns aos outros e proclamarmos juntos a Cristo. A Bíblia nos adverte, porém,
para que não nos juntemos a alguém que anda insistentemente em pecado sem mostrar arrependimento
nem fruto de arrependimento, embora diga ser irmão na fé.
Já lhes disse por carta que vocês não devem associar-se com pessoas imorais. Com isso não me
refiro aos imorais deste mundo, nem aos avarentos, aos ladrões ou aos idólatras. Se assim fosse,
vocês precisariam sair deste mundo. Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se
com qualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou
ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer.
1Co 5.9-11
Testemunhamos de Cristo como família
Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da
mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles
também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
Jo 17.20, 21
Nosso relacionamento como família de Deus atrai as pessoas ao redor e gera oportunidades para o
testemunho pessoal. Devemos buscar intencionalmente interações que permitam que as pessoas de fora
vejam Jesus em nossa vida e sejam atraídas a Ele.
Sejam sábios no procedimento para com os de fora; aproveitem ao máximo todas as oportunidades.
O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam como responder a cada
um.
Cl 4.5, 6
Jesus alcançou os gentios, os coletores de impostos, publicanos e pecadores.
Estando Jesus em casa, foram comer com ele e seus discípulos muitos publicanos e "pecadores".
Vendo isso, os fariseus perguntaram aos discípulos dele: "Por que o mestre de vocês come com
Ouvindo isso, Jesus disse: "Não são os que têm saúde que precisam
de médico, mas sim os doentes.
Mt 9.10-12
Convivemos sabiamente com pessoas de fora da família
Estamos no mundo, e é possível manter um relacionamento cordial com descrentes, embora alguns
cuidados sejam necessários. Nosso objetivo é influenciar para o bem, sem nos deixarmos influenciar para
o mal e sem sermos passivos diante do pecado. Por exemplo, você não precisa acompanhar todas as
séries disponíveis nem assistir a filmes pornográficos só para ter assunto para conversar com descrentes.
Mantenha relacionamentos amigáveis com descrentes sem ser amigo do pecado. Paulo é enfático:
Portanto, não participem com eles dessas coisas.
Ef. 5.7
Divida criteriosamente tempo e esforços entre amigos cristãos e descrentes.
E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos.
Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da
fé.
Gl 6.9, 10
Não estabeleça parceria com descrentes, embora convivamos com eles.
Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade?
Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas?
2Co 6.14
Identifique aquelas pessoas que devem ser alvo de nosso ministério e orações, mas não de
relacionamentos mais profundos.
Aquele que anda com os sábios será cada vez mais sábio, mas o companheiro dos tolos acabará
mal.
Pv 13.20
Evite andar com pessoas
-- violentas (Pv 3.31; 4.14, 15; 16.29),
-- iracundas (Pv 22.24, 25),
-- sem domínio próprio no falar, no comer e beber (Pv 23.20, 28.7),
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-- rebeldes, que resistem às autoridades (Pv 24.21),
-- insensatas (Pv 14.7).
A fraqueza de tantos cristãos modernos é que eles se sentem à vontade no mundo. Com seu esforço
à sociedade não regenerada, eles perderam seu caráter de
peregrinos e se tornaram uma parte da própria ordem moral contra a qual foram enviados para
protestar. O mundo os reconhece e os aceita pelo que são. E esta é justamente a coisa mais triste
que pode ser dita a seu respeito. Não são solitários, mas também não são santos. A. W. Tozer 4

5 - Sinal de alerta: quando a solidão é a companheira constante


Enquanto vivermos nesse mundo, nossa vida não estará livre de momentos de solidão. Quando, porém,
a solidão persiste e nos controla, é hora de verificarmos o que Deus quer nos apontar. Um senso ocasional
de solidão não é necessariamente pecado, mas pecamos quando nós nos entregamos à solidão,
ignoramos as verdades bíblicas para lidar com ela e permitimos que ela tome conta de nossa vida.

Meu desafio, e este é um desafio que enfrento o tempo todo, é impedir que a introversão permita ou
desculpe o pecado. A introversão pode facilmente, e com rapidez, tornar-se uma forma de validar o
pecado. Posso desculpar o egoísmo, o egocentrismo, o escapismo, a falta de hospitalidade, a
grosseria. Posso ficar longe de pessoas e me desculpar dizendo que este é o meu jeito de ser. Posso
ser tímido e quieto quando o Senhor me chama a ser forte e corajoso. Claro que a extroversão
também pode ser uma forma de validar o pecado. O extrovertido pode fugir da solitude, evitar
qualquer tempo a sós, enaltecer a si mesmo pela quantidade de tempo que ele investe em outros,
duvidar de si mesmo quando está sozinho. Tim Challies 5

A - Um sinal de alerta para examinar o coração


O coração enganoso pode fazer escolhas e alimentar uma perspectiva contrária ao plano de Deus para
os relacionamentos.
Expectativas e exigências
A solidão pode ser resultado de um coração que alimenta a expectativa e exigência de que outros supram
as necessidades que apenas Deus pode suprir no relacionamento vertical.
CUIDADO: quando buscamos a intimidade de um relacionamento mais do que buscamos a Deus, a cobiça
pode tomar conta e nos levar a caminhos perigosos: más companhias, intimidade sexual fora do
casamento, autocomiseração, excessos em alimentos, bebida, mídia, sono.
Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco intensamente; a minha alma tem sede de ti! Todo o meu
ser anseia por ti, numa terra seca, exausta e sem água.
Sl 63.1
Insatisfação e ingratidão
A solidão pode ser resultado de um coração insatisfeito e ingrato nos momentos em que alguma
circunstância de vida nos obriga a estar longe de familiares e amigos mais chegados.
CUIDADO: quanto mais focarmos a atenção naquilo que nos falta, maior será o mergulho na solidão. O
melhor antídoto nesses momentos é lembrar com gratidão as bênçãos que já recebemos de Deus por
meio de relacionamentos.
Agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês. Em todas as minhas orações em favor de
vocês, sempre oro com alegria
Fp 1.3, 4
Orgulho e egocentrismo
A solidão pode ser resultado de um coração orgulhoso, absorto em si mesmo. Ele seleciona de forma
egoísta seus relacionamentos, em busca das vantagens que pode obter, ou então acredita que não
necessita de ninguém.
Quem se isola, busca interesses egoístas, e se rebela contra a sensatez.
Pv 18.1
Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros
superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos
interesses dos outros.
Fp 2.3, 4

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Nós superamos a solidão quando nos esquecemos de nós mesmos e nos preocupamos com outras
pessoas e suas necessidades. [...] Quando o povo de Deus se envolve na vida da Igreja com o
propósito de obter a satisfação de necessidades pessoais, isso não funciona, e é por isso que muitos
de nós são extremamente solitários. Buscamos em meros mortais a satisfação para o vazio que
sentimos de Deus. O poder da comunidade cristã é este: quando invertemos o nosso desejo natural
de receber amor e escolhemos amar e servir aos outros, o amor de Deus dispensado por meio de
nós mitiga a solidão em nós. Steve DeWitt 6

CUIDADO

mandamento bíblico de praticar o amor sacrificial.


Quem teme ao homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro.
Pv 29.25
O "introvertido" (por falta de uma palavra melhor) supera o seu temor a homens escolhendo, em
obediência a Deus, fazer aquilo que deve fazer, contrariando suas fortes emoções de medo. Ele faz
isso por considerar a outra pessoa como mais importante (Fp 2.3) e, consequentemente, atravessa
o salão da igreja para falar com alguém que lhe é totalmente estranho. Sua escolha de amar aquela
pessoa superou o medo da rejeição. Quanto mais ele prática o amor focado em outros, mais ele
cresce rumo à maturidade e perfeição em Cristo. Paul Tautges 7

B - Um sinal de alerta para examinar a prática diária


A solidão que domina é uma escolha pessoal. Ela não precisa fazer parte de nossa vida. Algumas
medidas práticas podem dar nova direção.
Cultivar o relacionamento diário com Deus
O nosso relacionamento com Deus afeta diretamente os relacionamentos horizontais. Se buscarmos a
Deus em oração e na Sua Palavra, obedecermos a Ele, deixarmos que Ele molde nossa vida e transforme
as áreas necessárias, saberemos como nos relacionar adequadamente com as pessoas. Nossa
capacidade para relacionamentos depende da graça de Deus e da vida de Cristo em nós.
Aproximar-se das outras pessoas
Tomar iniciativas práticas é essencial para estabelecer relacionamentos. Precisamos olhar ao redor e
estabelecer um diálogo de aproximação, talvez a despeito de algumas lutas interiores e da falta de
costume. Sorrir, cumprimentar, chamar a pessoa pelo nome, estabelecer o primeiro contato a partir de
conversas corriqueiras sobre acontecimentos da atualidade, fazer perguntas gerais e mostrar interesse

contato.
Arriscar-se
A confiança em Deus é essencial para perseverar no desafio de arriscar-se em novos relacionamentos.
O Senhor está comigo, não temerei. O que me podem fazer os homens?
Sl 118.6
O risco de quem não se arrisca é perder a alegria de viver experiências significativas e jamais descobrir
o que de melhor Deus tem no Seu plano para nós. Algumas desculpas precisam ser abandonadas.
Vou me frustrar mais uma vez!
É uma possibilidade real. Deus não nos garante que de cada relacionamento que estabelecemos
florescerá uma amizade profunda.
Se eu me aproximar, posso ser rejeitado.
É desagradável, sim, mas se estamos seguros no nosso relacionamento com Deus, podemos
suportar a ideia de que alguém não goste de nós e não corresponda à nossa iniciativa. Deixaremos
de lutar exclusivamente por aquela amizade, e cultivaremos outras.
Um dia o relacionamento terminará, e eu sofrerei com isso.
Algumas pessoas evitam dizer "alô" para se prevenir do sofrimento de dizer "adeus". É preciso
lembrar que nem sempre Deus permite a convivência constante com um amigo ou amiga, e
devemos descansar nEle com relação ao futuro.
Se eu me deixar conhecer, minhas falhas ficarão expostas.
Não somos perfeitos, mas somos responsáveis por estender nossa vida aos outros e repartir
talentos, qualidades e dons que Deus nos confiou.
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Nós somos tão diferentes! Acho que não vale a pena eu me aproximar.
Somos naturalmente atraídos em direção àqueles com que temos algo em comum, mas é bom
lembrar que a diversidade enriquece. Jônatas era filho de um rei e Davi, de um camponês. Noemi
era uma senhora hebreia e Rute uma jovem moabita.
Identificar e desenvolver diferentes níveis de relacionamento

com muitas pessoas. A partir dos conhecidos, que encontramos casualmente, e que podem ser amigos
em potencial, alguns relacionamentos crescem enquanto outros nunca se aprofundam. O número de
pessoas em cada nível de relacionamento é inversamente proporcional à profundidade. Muitos são os
conhecidos, talvez dois ou três os amigos íntimos.
Jesus exemplificou os relacionamentos em diferentes níveis. Pedro, Tiago e João eram o círculo de
amigos íntimos. João foi talvez o discípulo que gozou de relacionamento mais profundo com Jesus.
Embora menos próximos, os demais discípulos eram os Seus amigos (cf. Jo 15.15).
Jesus relacionou- relacionamentos
circunstanciais diversos com companheiros e colaboradores. Ele apreciou o convívio com Marta, Maria
e Lázaro, e foi servido por várias mulheres como Joana e Suzana.
Ao seu redor havia uma multidão que O conhecia, ouvia e seguia.
Jesus passou tempo com crentes e descrentes, mas Ele nunca se deixou influenciar pelo erro. Pelo
contrário, Ele expôs abertamente a verdade e confrontou o pecado.

OS DIFERENTES NÍVEIS DE RELACIONAMENTO QUE DEVEMOS DESENVOLVER


Relacionamentos ocasionais: os conhecidos
CARACTERÍSTICAS
Contato ocasional no trabalho ou escola, nas compras, em viagens.
Tem base na oportunidade de encontro.
RESPONSABILIDADES
Considerar cada encontro como proporcionado por Deus e mostrar interesse pelas pessoas.
Relacionamentos circunstanciais: companheiros e colaboradores
CARACTERÍSTICAS
Contato regular em uma equipe de trabalho, grupo da escola, vizinhos, membros da igreja.
Tem base em interesses comuns.
RESPONSABILIDADES
Identificar de forma específica como Deus quer usar tal proximidade para influenciar vidas.
Relacionamentos comprometidos: os amigos
CARACTERÍSTICAS
Envolvimento em grupos pequenos de estudo bíblico, oração, e outras atividades.
Tem base em alvos cristãos comuns.
RESPONSABILIDADES
Visualizar o crescimento cristão na vida do outro e desenvolver projetos juntos.
Relacionamentos profundos: os amigos íntimos
CARACTERÍSTICAS
Envolvimento pessoal significativo, discipulado.
Tem base no compromisso de desenvolver qualidades no outro.
RESPONSABILIDADES
Praticar a mutualidade cristã de forma profunda e amorosa, incluindo a prestação de contas e a
confrontação em amor.
Manter equilíbrio na agenda
Para bons relacionamentos, é preciso manter uma administração sábia do tempo, que separa momentos

permitam conhecer as pessoas e investir em vidas.

Manter equilíbrio entre o virtual e o real


A redes socais podem enganar e fazer confundir quantidade com qualidade. Podemos ter inúmeros

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Os relacionamentos na mídia social podem complementar os relacionamentos no mundo real, face
a face, mas não podem substituí-los. Um homem com cem amigos do Facebook ainda é um homem
solitário. Um homem com duas amizades significativas no mundo real é um homem abençoado.
Tim Challies 8

6 - Orientações para as amizades cristãs


O que é um amigo?
allup

Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.


Pv 17.17
No Novo Testamento, quando Paulo instrui sobre o amor, ele não o define, mas o descreve
personificando-o e orientando-nos de maneira segura para entendermos o que Deus espera de nós nos
relacionamentos. É importante notar que Paulo usa verbos para descrever o amor. Verbos denotam ação.
Logo, amar significa fazer ou deixar de fazer determinadas coisas.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata,
não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com
a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
1Co 13.4-7
Precisamos compreender corretamente e praticar deliberadamente aquilo que Paulo ensina.
Nossos relacionamentos precisam ser moldados não por aquilo que nós queremos, mas por aquilo
que Deus quer. Timothy Lane e Paul Tripp 9

O amor é paciente
Paciência significa não ficar logo frustrada ao descobrir que, assim como você, seu amigo também
não é perfeito.
Paciente nas diferenças o amor aceita e entende a diversidade, bem como as limitações e as
qualidades da outra pessoa. Não precisamos ter tudo em comum para sermos amigos.
Portanto, aceitem-se uns aos outros, da mesma forma como Cristo os aceitou, a fim de que vocês
glorifiquem a Deus.
Rm 15.7
Paciente nas pequenas irritações o amor cobre aquelas pequenas irritações do dia a dia, não fica
logo irado e evita contender e murmurar enquanto coopera com a obra de Deus na vida da outra pessoa.
O ódio provoca dissensão, mas o amor cobre todos os pecados.
Pv 10.12
Paciente nas conversas
a conversa, explica-se de forma clara e não usa expressões faciais e gestos que mostrem irritação.
Quem responde antes de ouvir, comete insensatez e passa vergonha.
Pv 18.13
Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura.
Pv 12.18

O amor é benigno
A benignidade é o lado ativo do amor em serviço, encorajamento, participação na vida diária.
Benigno em ação o amor toma iniciativas práticas para benefício da outra pessoa.
Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da
fé.
Gl 6.10
Benigno em palavras o amor incentiva nos momentos de cansaço, quando um trabalho está difícil,
nos momentos de sucesso... enfim, sempre! Agrado e incentivo podem assumir a forma de uma
mensagem, um e-mail, um telefonema, um presente, uma refeição juntos, uma mão no ombro ou a
simples presença.

semelhança de Cristo e procura sempre destacar uma qualidade de caráter e não apenas a aparência ou
o bom desempenho.

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Quem adula seu próximo está armando uma rede para os pés dele.
Pv 29.5
MAS
Um olhar animador dá alegria ao coração, e as boas notícias revigoram os ossos.
Pv 15.30

O amor não arde em ciúmes, não se ufana nem se ensoberbece


Companheirismo é seguir lado a lado na caminhada cristã, é dar a preferência, é ser humilde.
Rejeita a inveja e a comparação o amor sabe que concentrar-se nas qualidades que se destacam em
outra pessoa e estabelecer um termo de comparação é uma armadilha enganosa que leva à insatisfação
contínua e à inveja. Quando damos espaço à comparação, nossa visão estreita-se e, à medida que a
mente se fixa exclusivamente no objeto de inveja, não demora muito para que a amargura por não termos
o que tanto queremos crie raízes e cresça. A arma mais eficaz contra a inveja é olhar para Cristo como
nosso modelo por excelência. Aspectos do caráter de Cristo refletidos na vida de outras pessoas não vão
provocar em nós inveja, mas nos motivar ao crescimento cristão.
Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo.
1Co 11.1

Regozija-se com o sucesso alheio o amor não apenas se alegra, mas coopera ativamente para o
melhor desempenho alheio.
E Jônatas fez um acordo de amizade com Davi, pois se tornara o melhor amigo de Davi. [...]Jônatas
falou bem de Davi a Saul, seu pai, e lhe disse: "Que o rei não faça mal a seu servo Davi; ele não
lhe fez mal nenhum. Ao contrário, o que ele fez trouxe grandes benefícios ao rei.
1Sm 18.3, 19.4
Não é arrogante nem se preocupa em competir o amor não admite a atitude de superioridade que
sufoca a amizade, ele não alimenta um espírito competitivo nem vê os outros como meros objetos a
superar em lugar de pessoas a amar.
Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos
a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos.
Rm 12.16

O amor não se conduz inconvenientemente


O amor evita toda e qualquer atitude desrespeitosa e desagradável; ele entende que todas as coisas nos
são lícitas, mas nem todas nos convêm.
Respeitoso no agir o amor sabe que há liberdade na amizade, e esta será maior quanto mais íntimo
for o relacionamento, mas é necessário sermos cordiais, honrarmos uns aos outros e não impormos nem
exigirmos mais do que aquilo que a pessoa está pronta a dar e a receber.
Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si
próprios.
Rm 12.10
Dois limites práticos podem orientar nessa área.
Evitar brincadeiras de mau gosto ou em excesso, pois podem ferir.
Como o louco que atira brasas e flechas mortais, assim é o homem que engana o seu próximo e
diz: "Eu estava só brincando! "
Pv. 26.18, 19
Respeitar a privacidade e os momentos em que a pessoa deseja ficar a sós, dar liberdade e não dominar
o tempo, as atividades ou a atenção da outra pessoa.
Não faça visitas frequentes à casa do seu vizinho para que ele não se canse de você e passe a
odiá-lo.
Pv 25.17
Respeitoso no falar o amor é espontâneo e ao mesmo tempo faz uso da liberdade sem malícia e
egoísmo, mas com sensibilidade. O propósito é edificar e isso significa nem sempre falar tudo quanto quer
e quando quer.
Quem ama a sinceridade de coração e se expressa com elegância será amigo do rei.
Pv 22.11
Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua.
Rm 14.19

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A afeição é algo ligado a roupas velhas, conforto, momentos descuidados, liberdades que seriam
descorteses se tomadas com um estranho. Mas roupas velhas são uma coisa, e usar a mesma
camisa até cheirar mal seria outra muito diferente. Existem trajes adequados para uma festa, mas as
roupas de casa devem ser também apropriadas, embora diferentes. Assim, também existe distinção
entre a cortesia pública e a doméstica. O princípio em que ambas se baseiam é o mesmo: que
ninguém dê preferência a si mesmo. C. S. Lewis 10

O amor não procura os seus interesses


Abnegação significa desviar o olhar de si mesmo para colocar os interesses da outra pessoa em
primeiro lugar.
Altruísta o amor cultiva a amizade com base naquilo que deseja oferecer e não naquilo que pode
ganhar em termos de vantagens materiais, prazer ou posição social.
Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.
Fp 2.4
Servo
tornemos sensíveis para identificar as necessidades da outra pessoa e estejamos dispostas ao sacrifício,
deixando de lado nossos planos pessoais para ajudá-lo ou para orar, dedicar tempo, energia e recursos
em favor da amiga.
Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios
Deus se agrada.
Hb 13.16
Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospitalidade.
Rm 12.13
O amor não se exaspera, não se ressente do mal
Mansidão e perdão são práticas constantes na amizade. Divergir em algum ponto é natural, mas a
forma de encararmos as divergências faz toda a diferença: se cuidamos dos conflitos um tijolo de
cada vez, cultivando o relacionamento enquanto as divergências são trabalhadas, não erguemos
um muro de separação.
Manso
benefício da outra pessoa, evitando discussões sem proveito em questões de preferência pessoal. Ele
não se sente rejeitado quando as suas opiniões não são aceitas e também sabe discordar da outra pessoa
sem explodir em ira e destruir o relacionamento.
Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor.
Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.
Ef 4.2, 3
Pronto a perdoar o amor não contabiliza as ofensas, não as relembra vez após vez e não guarda
mágoas nem ressentimentos.
Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam
bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus
perdoou vocês em Cristo.
Ef 4.31, 32
O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade
A lealdade marca a pessoa confiável e verdadeira em todos os seus caminhos.
Leal no círculo de relacionamentos o amor não espalha aquilo que lhe foi confiado, envolvendo
pessoas externas ao problema sem ter permissão para isso. O amor não sente prazer quando o amigo é
ferido por terceiros, e age contra a difamação e calunia.
Muitos se dizem amigos leais, mas um homem fiel, quem poderá achar?
Pv 20.6
Quem muito fala trai a confidência, mas quem merece confiança guarda o segredo.
Pv 11.13
Não testemunhe sem motivo contra o seu próximo nem use os seus lábios para enganá-lo.
Pv 24.28
o amor não é cúmplice do erro, não silencia diante do pecado nem
se alegra com a queda da outra pessoa, mas confronta fielmente com a verdade.
Melhor é a repreensão feita abertamente do que o amor oculto. Quem fere por amor mostra
lealdade, mas o inimigo multiplica beijos.
Pv 27.5, 6
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Meus irmãos, eu mesmo estou convencido de que vocês estão cheios de bondade e plenamente
instruídos, sendo capazes de aconselhar-se uns aos outros.
Rm 15.14
Leal para com a Palavra de Deus
ajuda, e não de obstáculo, para o crescimento na vida cristã. Ele mantém conversas sobre assuntos
espirituais, destaca a atuação de Deus na vida diária, encoraja ao estudo das Escrituras e oração,
dando oportunidade para uma prestação de contas mútua.
O homem honesto é cauteloso em suas amizades, mas o caminho dos ímpios os leva a perder-se.
Pv 12.26
Se entendemos que o alvo de Deus para a vida de cada um de nós é que nos tornemos semelhantes
ao Seu Filho, então devemos nos cercar de pessoas que nos encorajem e incentivem a seguirmos
fielmente o exemplo de Cristo. Esta é uma das razões por que é tão importante estarmos vitalmente
ligados a uma igreja local que creia na Bíblia, e ensine e pratique as verdades bíblicas. O livro de

(Hb 10.24). Irmãos e irmãs são chamados no corpo de Cristo a desafiarem em amor uns aos outros
para que cada um seja tudo aquilo que Deus o chamou para ser em Cristo. Devemos não apenas
procurar relacionamentos para que outros motivem o nosso crescimento, mas também para que
possamos por meio desses relacionamentos estimular o mesmo tipo de crescimento em outros.
Trey Garner11

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta


A perseverança é marca de quem se comprometeu como amigo e não desiste nem desaparece
ao primeiro sinal de problema.
Perseverante diante de desapontamentos
descobre no convívio mais íntimo da amizade. Ele lida habilidosamente, dando tempo para que a outra
enquanto coopera
ativamente com a transformação que Deus está operando naquela vida.
Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de
Cristo Jesus.
Fp 1.6
Perseverante em presumir o melhor
a imaginação vã, acredita sempre no melhor até que o contrário seja provado.
Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos.
Jo 7.24
Perseverante no processo de mudança o amor confia na obra graciosa de Deus na vida da outra
pessoa e dá liberdade para que o processo de crescimento aconteça no tempo de Deus. Durante todo o
percurso, não cessa de incentivar e sempre se alegra com o resultado já alcançado, reconhecendo que
também está sendo alvo de um processo parecido.
E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem
estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito.
2Co 3.18
Perseverante na adversidade que não é interesseiro nem
passageiro, mas é um compromisso que sobrevive mesmo em circunstâncias adversas e difíceis.
O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade.
Pv 17.17
Um amor oposto ao amor de Cristo: os relacionamentos prejudiciais

registro de todas as ofensas e guardam rancor.


-se quando uma outra pessoa parece idiota ou sente-se assim.

vez após vez.


protegem os outros e desistem facilmente das pessoas e da vida em
comum.
Adaptado de Robert Kellemen12
70
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7 - Nem independentes nem dependentes, mas interdependentes

alegria em inserir outras pessoas no relacionamento. Saindo do plano de Deus, o cristão pode caminhar
independente, quando decide viver orgulhosamente por si e para si, ou tornar-se dependente de um
amigo quando se apoia exageradamente nele, idolatrando (adorando, temendo) o relacionamento e
esperando receber dessa amizade em especial tudo quanto anseia para viver. Nesse contexto, tanto a
independência quanto a dependência são pecaminosas.
A - Alguns sinais da independência

não compartilhar suas alegrias e tristezas;


colocar-se na posição somente de dar e não abrir espaço ao leque da mutualidade no amor cristão.
A autonomia me diz que eu sou um ser independente, com o direito de fazer aquilo que quero fazer,
quando, onde, e como quero fazer. [...] A Bíblia nos diz claramente que somos pessoas que foram
feitas para a comunidade. Fomos criados para viver em comunhão com Deus e adoração, e em
comunhão humilde com as pessoas. Em momento nenhum fomos concebidos para viver por nós
mesmos. Paul Tripp13

B - Alguns sinais da dependência


permitir que uma amizade torne-se central em sua vida e tudo mais gire ao redor dela;
ter uma lealdade maior para com seu amigo do que para com Deus;
ter inveja, ciúmes, atitudes possessivas e de exclusividade;
perder o interesse por outras amizades e atividades, e centra-se exclusivamente em um amigo;
recusar-se a tomar decisões e fazer planos que não incluam o amigo;
mostrar-se defensivo quando o relacionamento é questionado;
demonstrar intimidade e afeto em gestos e palavras além do apropriado;
manipular por meio de palavras, expressões faciais, ameaças;
ficar angustiado quando não pode estar com o amigo ou comunicar-se frequentemente com ele.
O que pensamos se transforma em como nos sentimos e agimos. Quando pensamos (por qualquer
que seja a razão) que não podemos viver sem uma pessoa, então sentimos intenso desejo de nos
agarrarmos a ela. Semelhantemente, depois disso, faremos tudo que for preciso para tentar mantê-
la em nossa vida. Felizmente, para os cristãos aprisionados num relacionamento pecaminoso, existe
esperança [...] O domínio e o poder do pecado foi quebrado para o cristão mediante a morte do
Senhor Jesus Cristo na cruz. Martha Peace14

Um amigo nunca deve

relacionamentos pecaminosos

Dois, longe de ser o número necessário para a amizade, não é nem sequer o melhor. Em cada um
de meus amigos existe algo que somente um outro amigo pode trazer plenamente à tona. Por mim
mesmo não sou grande o bastante para fazer com que o homem total entre em atividade. Quero
outras luzes além da minha para mostrar todas as suas facetas. Naturalmente há limites para a
ampliação do círculo, mas dentro desses limites possuímos cada amigo mais e não menos à medida
que aumenta o número daqueles com quem partilhamos. C. S. Lewis15

ENTRE VOCÊ E DEUS


Às vezes, Deus escolhe aperfeiçoar nosso caráter de forma que não teríamos escolhido por nós mesmas.
Lidar com a solidão pode ser uma dessas formas. A Palavra de Deus é bem clara quando fala sobre
solidão, solitude e relacionamentos. O Espírito Santo a capacita para entender a Palavra, reformular
pensamentos e tomar decisões certas para escapar do labirinto da solidão. O resultado será um cristão
mais maduro, com um relacionamento íntimo com seu Pai e relacionamentos e edificantes.
Onde você investir seu tempo e esforços, obterá os tesouros. É sua escolha, portanto, dizer "sim" ou
de transformar sua experiência de solidão em uma oportunidade para cultivar
momentos preciosos de solitude com o Pai e também para construir novos relacionamentos
gratificantes!

71
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Um provérbio popular diz: "Diga-me com quem andas, e eu te direi quem és". No livro de Provérbios,
Deus diz: "Quem anda com os sábios será sábio, mas o companheiro dos insensatos se tornará mau"
(Pv 13.20).
Como cristão, você deseja ter amigos sábios?
E você, que tipo de amigo é?
Você tem amigos de verdade?
Que tipo de influência você é para eles?
Ser um amigo sábio é o desafio de Deus para você. Para que isso seja realidade em sua vida, busque
prioritariamente conhecer a Cristo e ser mais como Ele aumentando sua semelhança com Ele,
aumentará sua capacidade para estabelecer e cultivar amizades significativas.

1. DeWITT, Steve. Lonely me: a pastoral perspective


http://thegospelcoalition.org/blogs/tgc/2011/08/04/lonely-me-a-pastoral-perspective/ acesso em outubro 2012
2. LANE, Timothy, TRIPP, Paul. Relacionamentos: uma confusão que vale a pena. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
p. 19
3. BUDZISZEWSKI, J. Quando vão para faculdade: podemos protege-los? In: ZACHARIAS, Ravi; GEISLER,
Norman L. Sua igreja está preparada? Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p. 106
4. TOZER, Aiden Wilson. O melhor de A. W. Tozer. São Paulo: Mundo Cristão, 1984. p. 175.
5. CHALLIES, Timothy. Introverted http://www.challies.com/writings/podcast/introverted acesso em outubro 2012
6. DeWITT, Steve. Op. Cit.
7. TAUTGES, Paul.
http://counselingoneanother.com/2011/08/24/qa-introvert-application acesso em outubro 2012
8. CHALLIES, Timothy. The pain of loneliness http://www.boundless.org/2005/articles/a0002438.cfm acesso em
outubro 2012
9. LANE, Timothy, TRIPP, Paul. Op. cit. p 31
10. LEWIS, C.S. Os quatro amores. São Paulo : Mundo Cristão, 1983. p. 36,.37.
11. GARNER, Trey. How should we choose our friends http://blog.fbclafayette.org/how-should-we-choose-our-
friends/ acesso outubro 2012
12. KELLEMEN, Robert. Toxic relationship http://www.rpmministries.org/2012/08/toxic-relationship/ acesso em
outubro 2012
13. TRIPP, Paul D. - : in need of help. 18.4.2012
14. PEACE, Martha. Mulheres em apuros São José dos Campos, SP: Fiel, 2010. p. 47
15. LEWIS, C.S. Op. cit. p. 50

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7 Relacionamentos virtuais
Uma vida conectada
ANTES DE INICIAR
Conheça o Deus da eternidade
Deus não teve princípio nem terá fim. Nada é novo para Ele no tempo o mundo virtual não o pegou de
surpresa nem é novidade para Ele! Deus sabe como os acontecimentos irão se suceder de eternidade a
eternidade. Ele age no tempo, mas Ele não está limitado pelo tempo.

dias longa e frequentemente, perante a face do Senhor e à beira da eternidade. Pois fomos criados para
a eternidade tão certamente como fomos feitos para o nosso tempo, e como seres morais responsáveis
A. W. Tozer em Mais perto de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 1984, p. 52)
Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus.
Sl 90.2
Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória pelos séculos dos séculos. Amém!
1Tm 1.17

RUMO
Compreender a liberdade cristã no uso de todos os recursos da tecnologia, e
comprometer-se com avaliar cuidadosamente seus benefícios e perigos, e
fazer escolhas sábias.

PONTO DE CONTATO
A internet revolucionou a comunicação. Alguns termos do nosso vocabulário
ganharam novo significado. É
pessoalmente. Se em nossos dias tornou-se praticamente obrigatório termos não só o RG, mas também
perfis nas redes sociais, precisamos estar preparado
A internet descortina inúmeras oportunidades para colaboração, informação, educação, recreação e, por

leitura bíblica ao uso do tempo, dos relacionamentos à busca e organização da informação, e assim por
diante.
Com tantas oportunidades excelentes, ela traz também riscos aos quais devemos estar atentos. Diremos

e incondicional. Tomar uma atitude radical pode até ser mais fácil do que vivermos como conhecedores
da sua época que são capazes de aplicar com
equilíbrio como aplicar os princípios bíblicos à vida conectada.
Como dominar o mundo digital, com seus riscos e oportunidades, antes que ele me domine?
Como tirar proveito dos recursos do meu tempo sem perder a perspectiva da eternidade?

VERSÍCULO-CHAVE
"Tudo me é permitido", mas nem tudo convém. "Tudo me é permitido", mas eu não deixarei que nada
domine.
1Co 6.12

A pergunta que devemos fazer não é "Queremos a tecnologia?". Não faz nenhuma diferença se nós
a queremos ou não. Esta é a realidade. Este é o mundo de hoje. Nós apenas temos que aprender a
viver neste mundo. Tim Challies1

73
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O ROTEIRO
1 Mundo virtual, perigo real
2 Qualidade: as pegadas na rede
A - Integridade OU vida dupla
B - Vida OU morte nas palavras e imagens
C - Atualização OU autopromoção
D - Necessidade OU cobiça e consumismo
E - Alegria OU comparação e inveja
F - Temor a Deus OU temor a homens
G - Passatempo inofensivo OU diversão descuidada
H Consumo OU produção de pornografia virtual
I - Atividades legais OU ilegais
3 Quantidade: mais pode resultar em menos
A - Comunhão OU amizades superficiais
B - Reflexão OU conhecimento superficial
C - Conexão saudável OU saúde prejudicada
D - Multitarefa OU procrastinação
E - A sós com Deus OU superficialidade espiritual
4 Esperança em Cristo: o mau uso da internet tem cura!
1 - Mundo virtual, perigo real
O mundo digital e o mundo real não são dois mundos desconexos. Embora o mundo da internet ganhe o
ali é real. E os perigos são extremamente reais para a vida cristã.
É verdade que a Bíblia não nos diz o que podemos fazer ou não fazer on-line. Ela não dá uma lista dos
sites aprovados nem das mídias e jogos aprovados. Ela foi escrita quando a internet não existia. No
entanto, o problema fundamental do ser humano não mudou, e a Bíblia traz princípios e preceitos que
podemos e devemos aplicar na avaliação e no uso da tecnologia.
Boa parte da preocupação com o uso da internet está na qualidade do conteúdo que ela coloca ao nosso
alcance: banalização do sexo, comunicação deturpada, entre outros. Esse aspecto, no entanto, não é o
único que deve receber atenção. A falta de critério na quantidade de uso pode ser igualmente prejudicial.

2 - Qualidade: as pegadas na rede


Que rastro você deixa na internet?
Quando consideramos o uso da internet, devemos inicialmente lembrar nosso propósito aqui na terra:
representar e proclamar a Deus diante do mundo. A internet é uma excelente ferramenta: assim que algo
é publicado, está exposto ao mundo! Cada atualização de status, cada imagem ou vídeo é parte do nosso
testemunho público como cristãos e deve expressar Cristo em nós. Cada mensagem que direta ou
indiretamente passamos adiante revela quem somos

Pois, por meio da lei eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Fui crucificado com Cristo. Assim,
já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé
no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.
Gl 2.19, 20
Conte até dez antes de postar, compartilhar, enviar, submeter. Você já viu alguém que se precipita

discussões poderiam ser evitadas e quantos relacionamentos salvos se as pessoas fossem apenas
um pouco menos precipitadas em suas palavras? Antes de postar um artigo ou antes de comentar
um status do Facebook, é sempre (sempre!) uma boa ideia reler o que você escreveu e considerar
se suas palavras expressam fielmente seus sentimentos, e a expressão de tais sentimentos é
necessária e edificante. E, aproveitando este assunto, uma revisão ortográfica também não machuca .
Tim Challies2

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A - Integridade ou vida dupla

mesmas.
Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas
Cl 3.9
Siga: Seja honesto a seu respeito nas informações de perfil; seja a mesma pessoa no mundo real e no
virtual.
Pare: Não use um perfil falso para fazer aquilo que você não poderia fazer na vida real. Criar um perfil
mentiroso é pecado e pode abrir a porta para outras práticas pecaminosas.
B - Vida ou morte nas palavras e imagens
Uma atualização de status, um comentário, um e-mail ou mensagem de texto podem ser escritos e
comunicados em instantes. A internet, porém, propicia o uso descuidado de palavras e imagens e o
esquecimento de que os princípios bíblicos que governam a comunicação face a face são igualmente
válidos para os relacionamentos on-line.
O tolo não tem prazer no entendimento, mas sim em expor os seus pensamentos.
Pv 18.2
Siga: Compartilhe tudo aquilo que informa, diverte de forma sadia e com bom gosto, ensina, testemunha

virtual funciona igual ao do mundo real: use-o para edificar.


Os dedos fazem o trabalho da língua. Em vez das palavras fluírem da sua boca, elas são enviadas
a partir do seu teclado. O importante é que uma comunicação está acontecendo. E para as pessoas
que foram compradas pelo sangue precioso de Cristo, e receberam uma nova vida e uma herança
fantástica, até mesmo a comunicação informal é de grande importância. Por quê? Porque a sua
comunicação enaltece a reputação de Deus ou procura enaltecer a sua própria reputação. Como diz
o apóstolo Paulo, tudo aquilo que você faz deve ser feito para a glória de Deus. Jay Yountss3

Pare: Elimine toda fofoca, os comentários sarcásticos que humilham ou difamam, toda a murmuração
que para nada serve além de ventilar a sua frustração com relação a um vizinho, um logista ou colega.
Sim, é possível discordar on-
A discordância, porém, deve ser respeitosa e feita em bases sólidas, representando a outra opinião com
exatidão, sem distorcer fatos e conteúdo. Lembre-se ainda de que somos intensamente impactadas pelo
visual. Uma imagem vale mais que muitas palavras: nunca exponha a vida de outras pessoas na rede
sem prévia autorização. Não registre nem divulgue imagens que possam envergonhar ou constranger
alguém. Não divulgue conteúdo de que você mesmo possa vir a se arrepender no futuro diante de novos
relacionamentos, novas situações de emprego ou ministério.
C - Atualização ou autopromoção
Nas redes sociais, nossa vida está no palco. A linha entre a informação e a autopromoção pode ser fina.
A linha entre a alegria e a gratidão a Deus, de um lado, e o orgulho e a ostentação de outro lado, também
pode ser bem fina. Embora não seja errado contar para amigos e parentes onde almoçamos, com quem
estamos, onde foram nossas férias, qual filme acabamos de assistir, precisamos examinar o coração e
saber por que o fazemos.
Siga as maravilhas que Ele criou,
como Ele nos sustenta e nos usa como Seus instrumentos, as alegrias e as provações mas em tudo
isso exalte o seu Deus e mostre como você vive o evangelho de Cristo.
O Senhor nos CONVOCA para a grandiosa responsabilidade de REPRESENTÁ LO através de
TODOS os nossos atos e palavras, em TODOS os meios de comunicação e TODAS as formas de
relacionamento que existem ou que vierem a existir. Vlademir Hernandes4

Pare: Não chame a atenção para você com inúmeras atualizações que mostram suas mais novas
conquistas ou com as selfies. Não se entregue à ânsia de esperar elogios para sentir-se bem, contar as
-se da sua popularidade. Use as configurações de privacidade para
limitar a visibilidade de suas publicações ao contexto adequado.

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Que rastro a internet deixa em você?
O mundo digital dá acesso livremente a todo tipo de informação em palavras e imagens. Onde você fixa
os seus olhos? Onde coloca os ouvidos? Que tipo de alimento recebe pela internet? Qual a influência da
internet em sua vida?
D - Necessidade ou cobiça e consumismo
- -mails de

lançado, ele vem com a mensagem de


que é indispensável e com a promessa de que trará uma qualidade de vida melhor e satisfação.
De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro, 7pois nada trouxemos para este
mundo e dele nada podemos levar; 8por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos
com isso satisfeitos.
1Tm 6.6-8
Siga: Mantenha-se a par das novidades, mas exercite o contentamento e bom senso nas despesas. Na
área da tecnologia, considere programas gratuitos, contente-se com

Pare: Não gaste além do que o seu orçamento mensal ou anual permite, não alimente a cobiça. Não
compre mídias, aparelhos e programas ilegais.
E - Alegria ou comparação e inveja
Não é raro sentirmo-nos desanimados e insatisfeitos com a vida depois de visitar os amigos em uma rede
social e ficar sabendo de férias fabulosas, casas novas e magnificamente decoradas, emprego dos
sonhos, namoros e casamentos que parecem perfeitos. Ou talvez vemos nossos amigos em uma festa

franco crescimento enquanto a sua popularidade é menor.


O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos.
Pv 14.30
Siga: Cultive um coração grato a Deus por aquilo que você tem. Alegre-se com os outros por aquilo que
Deus lhes dá.
Pare: Não alimente inveja e ressentimento por não ter as mesmas oportunidades que você admira nas
atualizações e imagens de amigos. Não se entregue a uma atitude de competição desenfreada, pois seu
Pai cuida de você. Ele não erra!
F - Temor a Deus ou temor a homens
Com a internet vem também a pressão do grupo
todo mundo curte. Também somos pressionadas a estar sempre presentes ao toque do celular, à
mensagem de texto, ao e-
comunicação imediata. A pressão do grupo também pode nos chamar a banalizar o pecado, rindo daquilo
que Deus desaprova.
Há caminho que parece reto ao homem, mas no final conduz à morte.
Pv 16.25
Quem teme ao homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro.
Pv 29.25
Siga: Seja radical! Defina limites claros para suas escolhas, baseados em princípios e preceitos bíblicos.
Seja uma influência em seu grupo, em lugar de se deixar influenciar. Esteja segura na aprovação do
Senhor.
Pare: Nunca renuncie às suas convicções para se ajustar ao grupo. Deixe de seguir pessoas cujo
conteúdo não glorifica a Deus. Toda a sua presença on-line deve ser agradável diante de Deus.
G - Passatempo inofensivo ou diversão descuidada
Uma desculpa bastante comum é que se estamos assistindo a um vídeo ou jogando para nos divertir e
relaxar, não há como envolver o cérebro o suficiente para analisar o conteúdo. Esquecemos que a vida
em sua totalidade é vivida perante Deus. Há consequências para a nossa mente quando a alimentamos

parecer atraente. Tomamos doses homeopáticas de contaminação e, aos poucos, a nossa atitude para
com Deus e o pecado muda. Começamos a nos divertir com aquilo que Deus odeia mentira, adultério,
namoro sem compromisso.
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maldade, palavrões e palavras obscenas
Mas agora, abandonem todas estas coisas: ira, indignação, maldade, maledicência e linguagem
indecente no falar.
Cl 3.8
vida dissoluta, sexo ilícito
Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e
feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e
coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não
herdarão o Reino de Deus.
Gl 5.19-21
banalização da verdade bíblica sobre Deus, o homem, seu problema e a solução
O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de
vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo.
2Co 11.3
Siga: Mantenha-se firme nos critérios de avaliação estabelecidos com base bíblica e decida que as suas
práticas on-line serão agradáveis diante de Deus.
Pare: Não seja infiel para com Deus quando outros não estão olhando e não sabem o que você faz on-
line.
H - A pornografia
A pornografia está presente na internet e é problema para homens e mulheres também. O padrão de
Deus é "não cobiçar", não apenas "não praticar". Tanto as imagens quanto as fantasias românticas são
pecado e deixam marcas no coração.
Siga: Seja radical na pureza on-line. Use as redes sociais para divulgar conteúdo que reflete Cristo em
-
ele já elimina uma parte das imagens indesejadas. Você pode decidir usar também um programa de

Pare: Não mantenha conversas íntimas on-line. Não se detenha em conteúdo que estimule a fantasia e
desperte desejos sensuais.
I - Atividades legais ou ilegais

artigo ou imagem decide qual é a licença de uso, e devemos respeitar as leis.


Então Jesus lhes disse: "Deem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". E ficaram
admirados com ele.
Mc 12.17
Siga: Use o conteúdo da internet de acordo com a licença estabelecida e as leis que preservam os direitos
autorais. Quando você usar citações e imagens para trabalhos acadêmicos, ou no seu blog, faça
referência ao autor.
Pare: Não se aproprie indevidamente de textos, mídias e programas que possuam restrições de direitos
autorais nem os distribua a outros.

3. Quantidade: mais pode resultar em menos


Quando falamos em internet e em equilíbrio na vida cristã, quantidade pode ser tão importante quanto
qualidade.
A-
A internet pode nos aproximar de pessoas com as quais de outra forma perderíamos o contato. Mas ela
permite também que nos tornemos seletivos: podemos adicionar e ignorar amigos, podemos evitar os
desafios e frustrações dos relacionamentos face a face. A mídia social pode nos enganar fazendo-nos

esforço necessário para cultivar algumas amizades pessoais profundas e ministrar face a face.

Tenho muito que lhe escrever, mas não desejo fazê-lo com pena e tinta. Espero vê-lo em breve, e
então conversaremos face a face.
3Jo 13,14a

77
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Quando o apóstolo João não podia estar fisicamente presente em sua comunidade, ele sentia-se
confortável com o uso da tecnologia de sua época para se comunicar com aquelas pessoas. Mas ele
era sempre cuidadoso no afirmar que ele considerava as relações mediadas pela tecnologia
inferiores aos relacionamentos face a face. Para o apóstolo João, tanto a comunicação face a face
quanto aquela mediada pela tecnologia eram "reais"; ele simplesmente acreditava que somente a

discordar inadvertidamente de João e presumir que a presença on-line oferece o mesmo tipo de
"alegria completa" da presença off-line. John Dyer5

Siga: Use a tecnologia a serviço de relacionamentos, mas não em detrimento dos relacionamentos face
a face. Proteja o tempo com a

tamos ao lado da pessoa


podemos ministrar em profundidade.
Pare: Se você mergulhou no mundo virtual e deixou de dar atenção às pessoas que Deus colocou ao seu
tura
(cf. Tt 2.12).
B - Reflexão ou um conhecimento superficial
A riqueza das fontes de informação disponíveis na internet é incontestável. No entanto, precisamos
considerar que:
um aumento da facilidade de acesso à informação não significa um aumento da confiabilidade de
toda a informação disponível;
um aumento do volume de informação não significa diretamente um aumento de conhecimento e
sabedoria prática na vida;
um aumento na quantidade de informação pode significar uma ameaça à reflexão.
-mails,

a capacidade de concentração para seguir um argumento e expressar ideias completas.


O inexperiente acredita em qualquer coisa, mas o homem prudente vê bem onde pisa.
Pv 14.15
Ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom
1Ts 5.21
Os cristãos maduros refletem profundamente sobre as coisas de Deus e as verdades da Sua Palavra.
Eles não se limitam a poucos metros de largura e alguns centímetros de profundidade. Em vez disso,
a sua vida é marcada pela devoção abundante, o estudo centrado, a oração demorada, e meditação
cuidadosa. Cultivar essas disciplinas
privilegiados na era da informação. Os crentes não devem, portanto, permitir que os blogs, os tweets
e as atualizações de status tornem-se sua fonte principal de educação teológica ou alimento
espiritual. Se o fizerem, será inevitável que eles se tornem doutrinariamente superficiais e
espiritualmente desnutridos. John MacArthur, Jr6

Siga: Escolha sempre as fontes de informação confiáveis em lugar de buscar incessantemente por
informação. Aproveite os sites que disponibilizam bom material, cursos e conferências on-line com acesso
gratuito. No que diz respeito a verdades espirituais, teste toda verdade com a Verdade.
Pare: Não dê lugar a ingenuidade e preguiça na seleção e uso da informação. Não permita que os blogs,
e a mídia social sejam a sua única ou principal fonte de informação. Eles têm seu lugar, mas não podem
tomar o lugar do estudo consistente da Bíblia e da leitura de livros na forma impressa ou de e-books.
C - Conexão saudável ou saúde prejudicada?

organização pessoal, utilidades para a casa, e mais. É muito fácil passarmos horas a fio conectadas, com
os olhos na tela. Do ponto de vista da saúde, os prejuízos do excesso de tempo na internet podem atingir
a postura, a falta de exercício físico, os olhos e o sono.
Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que
lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço.
Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês.
1Co 6.19, 20
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Siga: Preste atenção à postura e levante-se a intervalos regulares. Proteja sempre suas horas de sono.
Pare: Não fique horas a fio diante da tela nem substitua o tempo de atividade física por tempo diante da
tela. Não verifique habitualmente mensagens de texto, e-mails e atualizações durante a madrugada.
D - Multitarefa ou procrastinação
A nossa capacidade de fazer várias atividades ao mesmo tempo é valiosa e também perigosa se não for
bem administrada. Trabalhar on-line pode dar abertura para distração e procrastinação: nós nos
conectamos com a intenção de realizar uma tarefa e acabamos vencidas pela curiosidade de saber o que
outras pessoas estão fazendo e dizendo. Procrastinação não é falta de operosidade, mas é fazer outras
coisas em lugar daquilo que se deve fazer.
Ouvimos que alguns de vocês estão ociosos; não trabalham, mas andam se intrometendo na vida
alheia. A tais pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo que trabalhem
tranquilamente.
2Ts 3.11, 12a
Siga: Proteja especialmente seu tempo para leitura e redação ou algum outro trabalho que você deva
executar on-line. Seja radical em um esforço intencional para concentrar a atenção naquilo que deve fazer
e completar uma tarefa antes de se permitir momentos de navegação recreativa ou informativa.
Pare: Desconecte seu aparelho quando a tarefa não depender da internet. Existem aplicativos que
bloqueiam sites à sua escolha durante um intervalo de tempo. Eles podem ajudar na autodisciplina.
E - A sós com Deus ou superficialidade espiritual
A Bíblia está disponível a qualquer momento e em qualquer lugar pelos meios digitais. Isso é fantástico,
mas as distrações também estão ali a um toque do dedo, e temos dificuldade para preservar os momentos
de solitude.
Jesus retirava-se para lugares solitários, e orava.
Lc 5.16
-
estímulos constantes da conexão. Os momentos de solitude em comunhão com Deus pela Palavra são
o pior momento possível para receber e enviar mensagens de texto, verificar e-mail ou jogar. A distração
produz um pensamento superficial, e um pensamento superficial produz uma vida espiritual superficial.
O aumento de informação acessível a um toque de tecla tira-nos o incentivo para usar a memória. Guardar
versículos bíblicos, porém, não apenas é útil para tê-los em mente a qualquer momento, mas a própria
disciplina de memorizar obriga-nos a meditar sobre o conteúdo para aplicá-lo.
Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti.
Sl 119.11
Siga: Você pode usar um aparelho digital no seu tempo a sós com Deus, mas desligue as notificações,
desconecte ou use um programa para bloqueio daqueles sites que a distraem.
Pare: Não permita que nada a distraia de buscar a Deus por meio da leitura, meditação e memorização
da Sua Palavra e da oração.
Se você está lendo sua Bíblia no computador, no smartphone ou tablet, a presença do aplicativo de
e-mail, dos aplicativos de notícias e mídia social ameaça a cada momento arrastar a sua atenção
para longe da Palavra de Deus. Isso é verdade. Lute contra isso. Se o seu dedo o faz pecar, corte-o

Deus. Mas não assuma uma postura essencialmente defensiva. Combata o fogo com fogo. Por que
pensar somente no fato de que o aplicativo de mídia social ameaça o aplicativo da Bíblia? Por que
não pensar que o aplicativo da Bíblia ameaça o aplicativo de mídia social, o aplicativo de e-mail e de
notícias? Decida que você pressionará o aplicativo de Bíblia três vezes durante o dia de hoje. Não,
cinco vezes. Dez vezes! Talvez você perca o controle e se torne viciado em Bíblia! Vez após vez
você tomará uma dose de dois minutos de alimento vital. Não só de mídia social vive o homem. Estou
falando sério. Nunca a voz de Deus esteve tão facilmente acessível. John Piper7

Tenha cuidado!
Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como
sábios, aproveitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus. Portanto, não sejam
insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor.
Ef 5.15-17
79
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Estas palavras valem com relação ao uso da internet e recursos da tecnologia, e também de todos os
demais meios de comunicação, inclusive os livros, os artigos e as cartas em papel todos são recursos
ótimos, mas estão nas mãos de pecadores em um mundo caído que, a menos que submetam cada área
da vida a Deus, têm boas chances de fazer mau uso deles.
Não rejeitaremos a internet porque alguns são estultos no seu uso, mas nos esforçaremos para
ser modelo de um uso que honra a Deus.
Uma das grandes utilidades da mídia social será provar que a falta de oração não se deve à falta de
tempo. John Piper9

4 Esperança em Cristo: mau uso da internet tem cura!

O uso excessivo da internet e de um smartphone é prejudicial e pode dominar a vida de uma pessoa.
Pode se tornar uma adicção ou vício. A palavra adicção parece talvez forte, mas retrata experiências
reais. Você poderia passar um dia sem acessar as redes sociais? Poderia passar uma hora sem olhar se
entraram novas notificações em seu celular? A conexão constante e seus atrativos que traz realização e
conforto, e ainda serve de escape para as dificuldades da vida.
Algumas características observadas nas pessoas dependentes da internet são: perda da noção do tempo
on-line, necessidade imperiosa de saber tudo o que se passa nas redes sociais, descuido de suas
necessidades básicas de alimento e exercício físico, redução na capacidade de concentração da atenção,
procrastinação na execução de tarefas, prejuízos no relacionamento com familiares e amigos, ansiedade
ou agressividade descontroladas quando é impossível estar conectado ou acessar o esperado, mentiras
para encobrir a dependência, desempenho prejudicado nos estudos e trabalho, sono interrompido para
acessar e-mails e atualizações durante a noite, refúgio no mundo virtual como fuga das dificuldades da
vida diária.
A Bíblia não fala em dependência da internet, mas ela se dirige plenamente aos diversos elementos do
retrato da dependência da internet que acabamos de esboçar. Edward Welch escreve no prefácio do seu
livro Hábitos Escravizadores
controladas, atualmente, por categorias seculares. Termos como doença, tratamento, e mesmo vício,
levam-nos à ideia de que estes problemas têm sua causa final no corpo ao invés de na alma uma visão
comumente aceita e que é completamente oposta ao ensinamento bíblico. [...] Em última análise, o vício
é uma desordem de adoração. Escolheremos adorar a nós mesmo e aos nossos desejos ou adoraremos

internet e os aparelhos que usamos para acessá-la podem se tornar ídolos se passamos a acreditar que
eles têm o poder de nos conceder a vida conectada pela qual tanto ansiamos. A internet também pode
servir como um facilitador de outros ídolos: o anseio de poder se expressar diante de uma grande
audiência, de ter inúmeros seguidores, de encontrar satisfação para os seus desejos sensuais, de superar
todas as fases de um jogo e vencer os desafios, de escapar das tensões do dia e assim por diante.
O comportamento on-line, e o comportamento que temos quando somos privados da experiência on-line
por alguma razão que escapa ao nosso controle, é um reflexo do coração e expressa nossa vida com
Deus. A cura para o coração vai além de medidas práticas para uma mudança de hábitos e está no
arrependimento verdadeiro e na volta ao único Deus que merece nossa adoração. Ainda que a conexão
seja proveitosa, ela não deve nos escravizar e ocupar o lugar central em nossa vida. Ainda que hoje
necessitemos de conexão em muitos momentos para estudo e trabalho, e que nossa vida esteja
organizada pela previsão de que ela estará disponível, Deus está acima e no controle de tudo.
Considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus. Portanto, não
permitam que o pecado continue dominando os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam
aos seus desejos. Não ofereçam os membros dos seus corpos ao pecado, como instrumentos de
injustiça; antes ofereçam-se a Deus como quem voltou da morte para a vida; e ofereçam os
membros dos seus corpos a ele, como instrumentos de justiça.
Rm 6.11-13

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ENTRE VOCÊ E DEUS
Para ser uma pessoa bem-sucedida na sua estratégia de uso da internet, guarde uma lembrança
constante de qual é o seu propósito de vida e quais são os seus valores. O mundo nos diz que o alvo é
ser feliz.
Como cristão, qual é o seu propósito de vida?
Em quais valores ele está alicerçado?
Como a internet contribui para que você alcance seu propósito?
Verifique o que você pode fazer para aproveitar bem todas as oportunidades que a tecnologia lhe oferece.

Sem termos medo do potencial da tecnologia, precisamos reconhecer os seus perigos e criar uma
estrutura e limites que nos ajudem a mantê-la em seu lugar. Devemos gostar de usar a mídia e a
tecnologia como ferramentas para a glória de Deus, mas ainda mais do que isso, devemos desejar
viver com sabedoria, escolhendo fazer aquelas coisas que valem a pena, uma por vez e muito bem-
feitas. Alex and Brett Harris10

net o compromisso de
usar a tecnologia para tudo aquilo que é Necessário, Edifica e Transmite a graça de Cristo.

Não saia da vossa boca nenhuma palavra suja, mas unicamente a que for boa para edificação, conforme
a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem (Ef 4.29 NAA - grifo adicionado).

1. CHALLIES, Tim. Idols of the heart: an interview with Tim Challies.


http://www.womenalive.org/2011/12/07/idols-of-the-heart-an-interview-with-tim-challies/ acesso em fev 2013
2. CHALLIES, Tim. Salomão nas redes sociais
http://iprodigo.com/traducoes/salomao-nas-redes-sociais.html acesso em fevereiro 2013. acesso em fev 2013
3. YOUNTS. Jay. Facebook and you
http://shepherding.typepad.com/my_weblog/2009/01/facebook-and-you.html . acesso em fev 2013
4. HERNANDES, Vlademir. Santidade multimídia.
www.ibcu.org.br/Cultos2012/2012%20.../121021noite_ap%20.pdf acesso fev 2013
5. DYER, John. From the garden to the city: the redeeming and corrupting power of technology. Grand Rapids,
Mich.: Kregel, 2011. p. 172.
6. MacARTHUR, John, Jr. Social media and digital discernment.
http://www.gty.org/Blog/B101110 acesso em fevereiro 2013. acesso em fev 2013
7. PIPER, John. 5 dangers of computer unreality
http://www.desiringgod.org/resource-library/taste-see-articles/5-dangers-of-computer-unreality acesso em fev
2013
8. PIPER, John. Beware: the Bible is about to threaten your smartphone focus.
http://www.desiringgod.org/blog/posts/beware-the-bible-is-about-to-threaten-your-smartphone-focus acesso em
fev 2013
9. HARRIS, Alex and Brett. Christians can't multitask
http://www.boundless.org/2005/articles/a0001434.cfm acesso em fev 2013

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8 Relacionamentos com boa comunicação
As nossas palavras

ANTES DE INICIAR
Conheça o Deus bondoso
Todos os atos de bondade e ternura têm sua origem na pessoa de Deus.
Tu és bom, e o que fazes é bom.
Sl 119.68a
As palavras bondosas agradam a Deus.
O Senhor detesta os pensamentos dos maus, mas se agrada de palavras sem maldade.
Pv 15.26
Toda bondade verdadeira que um cristão expressa é fruto do Espírito que nele habita.
Porque outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz, pois o fruto
da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; e aprendam a discernir o que é agradável ao Senhor.
Ef 5.8-10
Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade,
humildade, mansidão e paciência.
Cl 3.12

RUMO
Compreender o propósito de Deus ao nos dar a capacidade de comunica, e
comprometer-se com cultivar hábitos de comunicação interpessoal que
transmitam a graça de Deus e edifiquem ao próximo.

PONTO DE CONTATO
a sua idade nem sua nacionalidade, há uma coisa que você faz: você se comunica com outras pessoas
de diferentes formas. Você expressa o que deve e, algumas vezes, expressa o que não deve. Outras
vezes ainda, você deixa de se expressar quando deveria fazê-lo. A comunicação faz parte do nosso dia
a dia. Ela é o processo verbal ou não verbal de transmitir e receber uma mensagem. Somos, portanto,
responsáveis pelo uso de uma capacidade tremenda que nos foi confiada pelo Criador.
Vamos acertar o foco mais especificamente em nossas palavras. Você já parou para avaliar o impacto
daquilo que elas comunicam? As palavras nunca são neutras. Elas edificam ou destroem, fortalecem no
Senhor ou enfraquecem a fé, têm o potencial para trazer vida ou morte a quem as ouve.

Como dominar a língua para que as nossas palavras expressem sempre o caráter de Cristo
em nós?

VERSÍCULO-CHAVE
Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor,
minha Rocha e meu Resgatador!
Sl 19.14

Deus revela a si mesmo, seu plano e seu propósito em palavras. [...] Por intermédio de palavras,
aprenderemos as verdades mais importantes a serem conhecidas verdades que revelam a
existência e a glória de Deus, que geram vida. Paul Tripp 1

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O ROTEIRO
1 Criados pelo Deus que comunica
2 Técnicas de comunicação versus transformação do
coração
3 As palavras de morte
A - A língua fofoqueira
B - A língua difamadora
C - A língua mentirosa
D - A língua precipitada
E - A língua murmuradora
F - A língua irônica
G - A língua arrogante
H - A língua bajuladora
I - A língua tagarela
J - A língua frívola
K - A língua vulgar
4 Esperança em Cristo: a graça que transforma
5 As palavras de vida

1. Criados pelo Deus que comunica


A Bíblia tem muito a dizer sobre comunicação e sobre as nossas palavras.
Deus comunica-se conosco por Suas obras, Sua Palavra, Seu Filho.
Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala
disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua
voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Nos céus
ele armou uma tenda para o sol.
Sl 19.1-4
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e
para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para
toda boa obra.
2Tm 3.16,17
Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio
dos profetas.
Hb 1.1
Como pessoas criadas à imagem de Deus, e recriadas em Cristo, temos a capacidade de comunicar para
fazer Deus conhecido e transmitir vida.
Mas graças a Deus, que sempre nos conduz vitoriosamente em Cristo e por nosso intermédio exala
em todo lugar a fragrância do seu conhecimento.
2Co 2.14
Devido ao pecado, a capacidade de comunicação pode ser mal-usada, especialmente no que diz respeito
às palavras. Quando usamos mal as nossas palavras, deixamos de manifestar a Deus e o fruto traz dor
e muita confusão.
A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte; os que gostam de usá-la comerão do seu fruto.
Pv 18.21
Nós não estamos livres para buscar os nossos interesses com a nossa fala. [...] Deus chama cada
um de nós para viver e falar como seus embaixadores. Nós estamos nesse trabalho 24 horas por
dia. Tudo o que fazemos e falamos reflete nossa consciência daquele a quem representamos. Deus
nos chamou para ser parte de uma agenda superior às necessidades horizontais do momento. Nós
somos chamados para levar suas palavras de redenção a cada situação da vida. Paul Tripp 2

2. Técnicas de comunicação ou transformação do coração?


é a fala. As técnicas de comunicação e escolha de vocabulário podem ajudar, mas não resolvem o
problema. O silêncio muitas vezes é apropriado e sábio. No entanto, o silêncio também não resolve o
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problema todo, visto que a comunicação por palavras faz parte do plano de Deus. Precisamos encontrar
a raiz do problema e tratá-la.
O coração do sábio ensina a sua boca, e os seus lábios promovem a instrução.
Pv 16.23
nas árvores, a qualidade da raiz determina a qualidade do fruto.
Nenhuma árvore boa dá fruto ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom. Toda árvore é reconhecida
por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas.
Lc 6.43, 44
Há fatores como cansaço, frustração, ambiente familiar, hábitos adquiridos ou habilidades de
comunicação pouco desenvolvidas, que podem interferir em como nos expressamos, assim como o calor
ou frio interferem na produção dos frutos de uma árvore. Esses fatores podem dificultar nossa luta com
as palavras. No entanto, eles fornecem apenas o ambiente e a ocasião para que o coração se expresse
e revele a quem ele de serve: a Deus ou a nós mesmos e aquilo que mais amamos em lugar de Deus.
O homem bom, do seu bom tesouro, tira coisas boas, e o homem mau, do seu mau tesouro, tira
coisas más.
Mt 12.35
A pessoa sábia não deve banalizar o mau uso de suas palavras, chamando fofoca de compartilhar ou
comentários frívolos de graça e bondade. Nós queremos que o pecado soe bem, buscamos o que é mais
confortável para nós e arranjamos desculpas para justificar uma fala pecaminosa. Devemos lembrar que
nenhuma de nossas palavras passa despercebida a Deus.
Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que
tiverem falado. Pois por suas palavras você será absolvido, e por suas palavras será condenado.
Mt 12.36, 37
3 - Palavras de morte
As palavras insensatas, sejam elas falsas ou verdadeiras, provocam danos irrecuperáveis. Elas separam
amigos, criam mal-entendidos, desencorajam, cultivam desconfiança e incentivam julgamento. Malícia,
falsidade, orgulho, dureza de coração estão na raiz das palavras que destroem.
Você já reparou no poder das palavras para fazer bem ou mal? Consegue lembrar-se de uma vez
em que você ficou arrasado por causa de uma palavra maldosa ou mentirosa? Por outro lado, lembra-
se de alguma vez em que alguém falou uma palavra de encorajamento que mudou toda a sua
perspectiva de vida? A Palavra de Deus adverte-nos contra a destruição causada pela língua. Ao
mesmo tempo, ela nos encoraja apontando para o potencial que esta mesma língua tem para
transmitir vida e graça a pessoas desanimadas. David Merkh 3

A - A língua fofoqueira
"Não sei bem se eu deveria lhe contar, mas... confio que você é meu amigo e não contará a mais
ninguém." "Vou contar só para que você ore."
Fofocar é manter uma conversa de leva-e-traz. É um pecado sutil e perigoso: não devemos nem mesmo
parar para ouvir fofocas, evitando a tentação de praticá-la também.
A fofoca
pode ser fruto de um viver ocioso
Aprendem a ficar ociosas, andando de casa em casa; e não se tornam apenas ociosas, mas também
fofoqueiras e indiscretas, falando coisas que não devem.
1Tm 5.13
é porta aberta para outros pecados da língua
Evite as conversas inúteis e profanas, pois os que se dão a isso prosseguem cada vez mais para a
impiedade.
2Tm 2.16
viola diretamente a lei de Deus
Não espalhem calúnias entre o seu povo. Não se levantem contra a vida do seu próximo. Eu sou o
Senhor.
Lv 19.16
expõe a vida de outros e separa amigos
Aquele que cobre uma ofensa promove amor, mas quem a lança em rosto separa bons amigos.
Pv 17.9

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O DESAFIO BÍBLICO
Quem vive contando casos não guarda segredo; por isso, evite quem fala demais.
Pv 20.19
Quem muito fala trai a confidência, mas quem merece confiança guarda o segredo.
Pv 11.13
B - A língua difamadora
"Desde que seja verdadeiro, posso passar adiante. Eu não estou mentindo!"
Difamar é passar adiante comentários que mancham ou destroem a reputação de outra pessoa, e
espalhar o conhecimento de erros e pecados que deveriam ser tratados com o ofensor e apenas dentro
do círculo de pessoas diretamente envolvidas no problema.
A difamação
é característica de um coração perverso
Sua boca está cheia de maldade e a sua língua formula a fraude. Deliberadamente você fala contra
o seu irmão e calunia o filho de sua própria mãe. Ficaria eu calado diante de tudo o que você tem
feito? Você pensa que eu sou como você? Mas agora eu o acusarei diretamente, sem omitir coisa
alguma.
Sl 50.19-21
destrói amizades
O homem perverso provoca dissensão, e o que espalha boatos afasta bons amigos.
Pv 16.28
desqualifica-nos para a comunhão com Deus
Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte? 2Aquele que é
íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade 3e não usa a língua
para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo.
Sl 15.1-3
Farei calar ao que difama o próximo às ocultas. Não vou tolerar o homem de olhos arrogantes e de
coração orgulhoso.
Sl 101.5
O DESAFIO BÍBLICO
Guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade. Afaste-se do mal e faça o bem; busque
a paz com perseverança.
Sl 34.13, 14
Procure resolver sua causa diretamente com o seu próximo, e não revele o segredo de outra
pessoa, caso contrário, quem o ouvir poderá recriminá-lo e você jamais perderá sua má reputação.
Pv 25.9, 10
C - A língua mentirosa
"Uma mentirinha não faz mal a ninguém." "Só estiquei um pouquinho os fatos para dar maior efeito e
conseguir aquilo que eu queria."
"Mas... agora terei de contar outra mentira para encobrir a que já contei."
Mentir é comunicar algo que se sabe não ser a verdade, é distorcer os fatos para mais ou para menos
visando alcançar aquilo que se deseja.
A mentira
pode ser dita por brincadeira, mas é igualmente errada
Como o louco que atira brasas e flechas mortais, assim é o homem que engana o seu próximo e
diz: "Eu estava só brincando!".
Pv. 26.18, 19
é odiosa aos olhos de Deus
Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que ele detesta: olhos altivos, língua mentirosa,
mãos que derramam sangue inocente.
Pv 6.16, 17
O Senhor odeia os lábios mentirosos, mas se deleita com os que falam a verdade.
Pv 12.22
é o principal método de operação de Satanás
Ele [o diabo] foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele.
Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.
Jo 8.44

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acaba descoberta e não permanece impune
Os lábios que dizem a verdade permanecem para sempre, mas a língua mentirosa dura apenas um
instante.
Pv 12.19
A testemunha falsa não ficará sem castigo, e aquele que despeja mentiras não sairá livre.
Pv 19.5
impede a comunhão com Deus
Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que é
íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade.
Sl 15.1, 2
O DESAFIO BÍBLICO
Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo, pois todos
somos membros de um mesmo corpo.
Ef 4.25
Não mintam uns aos outros, visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e
se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador.
Cl 3.9, 10
Não conseguimos nos esconder; nossas palavras revelam quem somos. Nossa responsabilidade é
trabalhar para que as nossas palavras, assim como as nossas ações, sejam bíblicas e apliquem os
ensinamentos da Palavra. E. Bradley Beevers 4

D - A língua precipitada

A precipitação contribui para espalhar boatos, notícias sem fundamento concreto, baseadas em
julgamentos e conclusões falsas e/ou precipitadas.
A precipitação
conduz a pecar
Não é bom ter zelo sem conhecimento, nem ser precipitado e perder o caminho.
Pv 19.2
traz ruína
Quem guarda a sua boca guarda a sua vida, mas quem fala demais acaba se arruinando.
Pv 13.3
Você já viu alguém que se precipita no falar? Há mais esperança para o insensato do que para ele.
Pv 29.20
O DESAFIO BÍBLICO
Não darás falso testemunho contra o teu próximo.
Êx 20.16
Não faça declarações falsas e não seja cúmplice do ímpio, sendo-lhe testemunha mal-intencionada.
Êx 23.1
E - A língua murmuradora
"Estou somente expressando minha insatisfação."
"Mas está errado mesmo, não é justo; por que não posso falar?"
Murmurar é fazer comentários e críticas com um espírito depreciativo, que abriga uma atitude destrutiva
e/ou ingrata para com a situação ou a pessoa envolvida. A murmuração acontece e cresce quando
deixamos de levar o problema a Deus, deixamos de expressar nossa queixa com mansidão a quem tem
autoridade para resolver a questão, e contaminamos outros ao redor.
A murmuração
ignora a presença, o poder e a sabedoria de Deus,
cresce no contexto de ingratidão,
conduz à autocomiseração, dá lugar à rebeldia e contamina outros
E [os espias] espalharam entre os israelitas um relatório negativo acerca daquela terra.
Leia todo o relato em Números 13.31 a 14.37
O DESAFIO BÍBLICO
Façam tudo sem queixas nem discussões.
Fp 2.14
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F - A língua irônica

Ironizar é expressar o contrário daquilo que estamos pensando ou sentindo, com intenção de depreciar,
ofender ou expor ao ridículo outra pessoa.
A ironia
evidencia falta de senso
O homem que não tem juízo ridiculariza o seu próximo, mas o que tem entendimento refreia a língua.
Pv 11.12
O DESAFIO BÍBLICO
Os lábios do justo sabem o que é próprio, mas a boca dos ímpios só conhece a perversidade.
Pv 10.32
Quem ama a sinceridade de coração e se expressa com elegância será amigo do rei.
Pv 22.11
Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão,
bondade, humildade, mansidão e paciência.
Cl 3.12

Nossas palavras têm a incrível capacidade de incitar intrigas, destruir relacionamentos e provocar
inimizades impensáveis. Nossa língua consegue distorcer a verdade, propagar a mentira e ainda
manter uma maquiagem piedosa que impressiona a muitos desavisados mais ingênuos. Com nossa
língua conseguimos nos gabar de coisas grandiosas que realizamos (ela consegue amplificar a
importância dos nossos feitos). Com ela, conseguimos também entronizar os nossos egos mesmo
que seja à custa da depreciação das realizações alheias (ela consegue minimizar a importância dos
feitos alheios). Essa mesma língua que destila tamanha malignidade pode ser trazida dominicalmente
Como pode da mesma fonte jorrar o que é doce e o que
é amargoso . Vlademir Hernandes 5

G - A língua arrogante

Ser arrogante é manter a conversa circulando ao redor de si mesmo e das suas realizações. A arrogância
assume crédito que não lhe pertence
Como nuvens e ventos sem chuva é aquele que se gaba de presentes que não deu.
Pv 25.14
Pois, quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha
recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?
1Co 4.7
vangloria-se da sua capacidade de ter, ser ou fazer, sem reconhecer o poder e soberania divinos
Que o Senhor corte todos os lábios bajuladores e toda língua arrogante dos que dizem:
"Venceremos graças à nossa língua; somos donos dos nossos lábios! Quem é senhor sobre nós?
Sl 12.3, 4
Ouçam agora, vocês que dizem: "Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos
um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro". Vocês nem sabem o que lhes acontecerá
amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e
depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: "Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto
ou aquilo". Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é
maligna.
Tg 4.13-16
despreza o próximo
O homem que não tem juízo ridiculariza o seu próximo, mas o que tem entendimento refreia a
língua.
Pv 11.12
será finalmente humilhada
Pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado.
Lc 14.11

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O DESAFIO BÍBLICO
Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros
superiores a si mesmos.
Fp 2.3
Que outros façam elogios a você, não a sua própria boca; outras pessoas, não os seus próprios
lábios.
Pv 27.2
H - A língua bajuladora

"Depois de ouvir o que eu lhe disser, ele vai se sentir na obrigação de fazer o que eu lhe pedir."
Bajular é usar a língua para seduzir, conquistar e ganhar lucros pessoais, colocando a outra pessoa em
dívida para conosco.
A bajulação
não merece confiança
Nos lábios deles não há palavra confiável; suas mentes só tramam destruição. Suas gargantas são
um túmulo aberto; com suas línguas enganam sutilmente.
Sl 5.9
Quem fere por amor mostra lealdade, mas o inimigo multiplica beijos.
Pv 27.6
arma ciladas e traz ruína
Quem adula seu próximo está armando uma rede para os pés dele.
Pv 29.5
A língua mentirosa odeia aqueles a quem fere, e a boca lisonjeira provoca a ruína.
Pv 26.28
difere do elogio em sua motivação
Essas pessoas vivem se queixando e são descontentes com a sua sorte, seguem os seus próprios
desejos impuros; são cheias de si e adulam os outros por interesse.
Jd 16
O DESAFIO BÍBLICO
Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.
1Jo 3.18
[O amor] não maltrata, não procura seus interesses,
1Co 13.5a
Sem ser falso, quase sempre podemos achar algo positivo para falar. Claro que existem ocasiões
em que precisamos confrontar o pecado, criticar construtivamente ou condenar algum
comportamento. Mesmo assim, nossas palavras podem ser instrumentos de vida e graça, e não de
morte. Eis a escolha: palavras de vida ou palavras de morte. A nossa tendência natural é falar
palavras que destroem. Mas por causa da vitória que Jesus ganhou na cruz e na ressurreição, não

pessoas que espalham Seu favor não merecido (graça) para pessoas necessitadas. Em outras
palavras, quando tiver oportunidade de falar bem, fale. Quando for tentado a falar mal, morda a
língua! David Merkh 6

I - A língua tagarela
"Se eu falar pelos cotovelos vão perceber que estou aqui!"
Tagarelar é falar muito e à toa, abrindo a boca além do necessário e conveniente, às vezes querendo
monopolizar a conversa sem levar em conta aquilo que os outros têm para falar. A tagarelice
leva ao pecado e à ruína
Quando são muitas as palavras o pecado está presente, mas quem controla a língua é sensato.
Pv 10.19
Quem guarda a sua boca guarda a sua vida, mas quem fala demais acaba se arruinando.
Pv 13.3
evidencia insensatez e traz vergonha

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O tolo não tem prazer no entendimento, mas sim em expor os seus pensamentos. Quem responde
antes de ouvir, comete insensatez e passa vergonha.
Pv 18.2, 13
O homem prudente não alardeia o seu conhecimento, mas o coração dos tolos derrama insensatez.
Pv 12.23
O DESAFIO BÍBLICO
Quem tem conhecimento é comedido no falar, e quem tem entendimento é de espírito sereno.
Pv 17.27
A palavra proferida no tempo certo é como frutas de ouro incrustadas numa escultura de prata.
Pv 25.11
[Há] tempo de calar e tempo de falar.
Ec 3.7b
J - A língua frívola

A língua frívola é prima da língua tagarela: elas falam à toa. Falar de modo frívolo pode incluir o uso de

que a outra pessoa disse, dar um consolo sem base na compreensão da situação, pintar o mundo de
-de-
A frivolidade
não consola de verdade e pode machucar
Como tirar a própria roupa num dia de frio, ou derramar vinagre numa ferida, é cantar com o coração
entristecido.
Pv 25.20
não trata o pecado com a seriedade que restaura

alguma.
Jr 6.14
O DESAFIO BÍBLICO
Dar resposta apropriada é motivo de alegria; e como é bom um conselho na hora certa!
Pv 15.23
K - A língua vulgar

"Estou só desabafando!"
Expressões que se opõem à pureza ou à moral, linguagem de duplo significado, piadas que menosprezam
coisas preciosas aos olhos de Deus ou pervertem aquilo que Ele criou, são inconvenientes para um
cristão. Elas não são apenas torpes, mas são inúteis.
Expressões vulgares
são condenas por Deus
Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual nem de qualquer espécie
de impureza nem de cobiça; pois estas coisas não são próprias para os santos. Não haja
obscenidade nem conversas tolas nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés
disso, ação de graças. Porque vocês podem estar certos disto: nenhum imoral nem impuro nem
ganancioso, que é idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus. Ninguém os engane com
palavras tolas, pois é por causa dessas coisas que a ira de Deus vem sobre os que vivem na
desobediência.
Ef 5.3-6
são incompatíveis com a novidade de vida em Cristo
Porque outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz, pois o
fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; e aprendam a discernir o que é agradável
ao Senhor.
Ef 5.8-10
devem ser reprovadas
Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz.
Ef 5.11

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O DESAFIO BÍBLICO
Em tudo seja você mesmo um exemplo para eles, fazendo boas obras. [...] use linguagem sadia,
contra a qual nada se possa dizer, para que aqueles que se lhe opõem fiquem envergonhados por
não terem nada de mal para dizer a nosso respeito.
Tt 2.7, 8
Somos como uma esponja; as circunstâncias da vida espremem a esponja. O que sai de uma esponja
quando você a espreme? Bem, tudo depende do que estava dentro da esponja para começo de
conversa. Se a esponja está ensopada de tinta, sairá tinta; se a esponja está encharcada de água,
então sairá água. Assim é com o cristão. Se estamos repletos da vida de Jesus, então
responderemos às situações desagradáveis de uma maneira que reflete a pessoa de Cristo
E. Bradley Beevers 7

4 - Esperança em Cristo: a graça que transforma


A língua é o dreno do coração! A língua serve como escape daquilo que está borbulhando no
coração. Por isso, dizemos que É impossível domar a língua Se Jesus não domar o coração! Essa
é uma mensagem tão simples, mas que precisamos ouvir todos os dias de nossa vida.
David Merkh 8

O controle das palavras é algo impossível de alcançarmos por nós mesmos.


Semelhantemente, a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas.
Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha. Assim também, a língua é
um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a
pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno.
Toda espécie de animais, aves, répteis e criaturas do mar doma-se e é domada pela espécie
humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno
mortífero.
Tg 3.5-8
Ainda assim, na luta com as palavras, existe uma esperança segura. Cristo transforma o coração. A graça
que recebemos abundantemente em Cristo capacita-nos para mudar radicalmente nossa fala.
Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por
meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. Por
intermédio destas ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês
se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada
pela cobiça.
2Pe 1.3, 4
Precisamos, porém, buscar ativamente a mudança e os frutos bons.
Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao
conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; à
piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor. Porque, se essas qualidades existirem e estiverem
crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor
Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos.
2Pe 1.5-8
5. As palavras de vida
A solução para os problemas da língua não é deixar de falar. Quando não comunicamos, deixamos de
abençoar outros com nossas palavras. A Bíblia nos dá uma regra de ouro para nossas palavras.
Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros,
conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem.
Ef 4.29

Fale com propósito: 1. fale para edificação


2. fale para aproveitar a oportunidade
3. fale para transmitir graça

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Escolher suas palavras não significa escrever um roteiro para cada conversa. Ao contrário, ser
intencional de maneira redentora. Se meu propósito (intenção) é funcionar como um representante
de Deus, então preciso investir tempo para considerar o que isso significa praticamente em naquela
circunstância, com aquela pessoa. Muito do dano que causamos ocorre porque não nos preparamos
desse modo. Paul Tripp 9

Nunca esqueça: as palavras edificantes, oportunas e graciosas têm efeito de vida.

Não tome o nome de Deus em vão!


Tomar o nome de Deus em vão significa não tratar com o devido respeito o nome de Deus, usar o Seu nome de
forma banal, em frases vazias de significado, levianas
um conceito certo, conforme Tia
que é usado boa parte das vezes sem refletir naquilo que
está sendo dito.
Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão (Êx 20.7). A Bíblia nos mostra que Deus zela pelo Seu
nome. A irreverência
Deus, Jesus, a cruz quem Deus é e as coisas que Ele fez e faz devemos fazê-lo com respeito.
Não furtareis, nem, mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo; nem jurareis falso pelo
meu nome, pois profanaríeis o nome do vosso Deus. Eu sou o SENHOR (Lv 19.11, 12). Mais uma vez, a Bíblia
nos adverte sobre o uso do nome de Deus. É fato que vivemos em um mundo cercado de mentira, e nos
acostumamos com a mentira: promessas não cumpridas, exageros, meias verdades, desculpas furadas,
ameaças vazias. Isso resulta em falta de credibilidade naquilo que falamos, e é neste contexto que somos

humanas chamando a Deus para dar testemunho da verdade de algo.


Jesus
com o Senhor os teus juramentos. Eu, porém, vos digo: de modo algum jureis; nem pelo céu, por ser o trono de
Deus; nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser cidade do grande Rei; nem jures
pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não,
-37). Ele reafirmou o padrão dado por Deus no Antigo
Testamento. E em Números 30.2, Deus disse:
obrigar- Os juramentos
devem ser feitos somente em ocasiões muito especiais. Não temos a necessidade de validar continuamente as
nossas palavras. Jesus é a verdade e devemos refletir a Ele com credibilidade, honestidade e integridade em

Não é pecado fazer um juramento em ocasiões específicas e solenes e depender da graça e capacitação de
Deus para cumpri-lo. Por exemplo, o casal temente a Deus troca votos por ocasião do casamento, prometendo
diante de Deus passar a vida um com o outro em fidelidade e cuidado mútuos.
Em nossa sociedade, fazemos juramentos profissionais ao terminar um curso damos nossa palavra,
comprometendo-nos a obedecer a um código de procedimento no exercício daquela profissão, alinhando-nos
com as autoridades civis, pois elas foram instituídas por Deus (Rm 13.1). Também em tal caso, temos a
obrigação de cumprir a palavra dada. Não há desculpas para transgredir um código profissional e fazer aquilo
que melhor nos convém ou parece ser mais lucrativo financeiramente. Na vida da profissional crista, não há
.
Quando não concordamos com as exigências de determinada profissão, pois elas ferem a lei de Deus ou nos
impede de servi-lO como sabemos que devemos fazer, cabe-nos renunciar a exercê-la e buscar outra atividade
na qual não sejamos obrigadas a pecar.
o do seu
1. Lembre-se de que Deus ouve e pedirá conta de cada uma de suas palavras -vos que de toda

desnecessários, que o obrigarão ao cumprimento para que você não cometa pecado. Quando der sua palavra,
cumpra-a, pois você tem a responsabilidade de representar aqui na terra o Deus de toda verdade.
Se amamos a Deus de todo coração, quando falamos de Deus devemos dar a Ele o peso da Sua glória. Nossas
palavras não devem ser vazias de significado.
1MERKH, David. O peso de sua palavra. Sermão disponível em
http://www.palavraefamilia.org.br/site1/images/mateus_mp3/25 O Peso da Sua Palavra (Mt 5.33-37).mp3

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ENTRE VOCÊ E DEUS
A comunicação é uma disciplina de amor. Ela requer que você vá além de si mesma e entre no mundo
de outra pessoa, deixando para trás seus anseios egoístas e maliciosos, escolhendo falar aquilo que
edifica, no momento certo, e transmite a graça redentora de Deus.
Fala com sabedoria e ensina com amor.
Pv 31.26
Comprometa-se a seguir a regra de ouro para suas palavras. Se você a violar, examine seu coração,
arrependa-se e peça perdão a Deus e à outra pessoa. Então substitua o que você disse por aquilo que
você deveria ter dito.
Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor,
minha Rocha e meu Resgatador!
Sl 19.14

Como você avaliaria a si mesmo como comunicador?


Você busca ativamente comunicar-se de acordo com as orientações bíblicas?
O que seus relacionamentos revelam sobre seus hábitos de comunicação?
São relacionamentos sadios, que crescem, ou são fracos e se atrofiam?
Para honrar a Cristo, você não pode bobear nesta área. Precisa comprometer-se com uma
comunicação verdadeiramente cristã. Jeffery S. Forrey 10

1. TRIPP, Paul David. Guerra de palavras. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. p. 17
2. Idem p. 103, 113
3. David Merkh. Morda a língua. Atibaia, SP: SBPV, 2003. Material não publicado.
4. BEEVERS Coletâneas de aconselhamento bíblico. Atibaia, SP, v. 2,
2000, p. 111.
5. HERNANDES, Vladimir. Sobre línguas e linguajares. Disponível em: http://goo.gl/rhysk. Acesso em outubro
2012
6. MERKH, David. Morda a língua. Atibaia, SP: SBPV, 2003. Material não publicado.
7. Idem, p. 112.
8. MERKH, David. A fé que fala (e não fala). Disponível em: http://goo.gl/uxDGh. Acesso outubro 2012
9. TRIPP. Op. cit.. p. 204
10. FORREY The Journal of Biblical Counseling, Glenside, PA, v. 16, n. 2,
1998, p. 37.

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9 Relacionamentos com espírito submisso
Lidando com as autoridades
ANTES DE INICIAR
Conheça o Deus Altíssimo
O Deus Altíssimo é um dos nomes compostos de Deus usados na Bíblia. Ele expressa a grandeza e
supremacia de Deus sobre tudo e todos.
Ele [Melquisedeque] abençoou Abrão, dizendo: "Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador
dos céus e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou seus inimigos em suas mãos".
E Abrão lhe deu o dízimo de tudo.
Gn 14.19, 20
Lembravam-se de que Deus era a sua Rocha, de que o Deus Altíssimo era o seu Redentor.
Sl 78.35

RUMO
Compreender o conceito bíblico de submissão, e comprometer-se com aplicá-
lo nos relacionamentos diários de maneira agradável a Deus.

PONTO DE CONTATO
Vivemos cercados por incentivos à independência, à autossuficiência, a dirigirmos a própria vida como
Dicionário Michaelis
bmissão é definitivamente um nome feio.
No Novo Testamento, porém, a palavra submissão ( ) é usada para descrever uma expressão
do caráter que Deus está formando em nós: a atitude voluntária de alinharmo-nos debaixo de alguém,
considerando a outra pessoa superior a nós mesmos, motivados pelo amor a Cristo e nosso desejo de
agradar a Ele. No contexto bíblico, submissão está ligada não apenas a obediência e serviço, mas a
humildade, respeito, reverência, honra, no conjunto das qualidades que expressam a vida de Cristo em
nós.

O que significa sermos submissos a Deus e a outras pessoas?

VERSÍCULO-CHAVE
Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo.
Ef 5.21

Se você perguntar ao cristão, em geral, o que ele pensa quando ouve a palavra "submissão" é comum
que a resposta tenha algo a ver com casamento e, particularmente, a atitude e o comportamento que
uma mulher deve ter para com o marido. Uma razão para isto, sem dúvida, é que a Bíblia fala sobre
a submissão da esposa. Em três ocasiões, Paulo exorta as esposas a serem submissas a seus
maridos (Ef 5.22; Cl.3.18; Tt 2.5). Pedro faz o mesmo em sua primeira epístola (1Pe 3.1). Uma outra
razão para o cristão, em geral, pensar no relacionamento conjugal quando ouve a palavra
"submissão" é que temos negligenciado o seu uso amplo no Novo Testamento. Submissão não é
uma palavra usada exclusivamente para descrever o comportamento de uma esposa para com o
marido. Gene Getz 1

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O ROTEIRO
1 A submissão
A A submissão estabelecida na criação
B A submissão rejeitada na queda
C A submissão reafirmada na cruz
D A submissão exemplificada
2 Esperança em Cristo: a submissão é possível
A A submissão no corpo de Cristo
B A submissão com autoridades externas
3 As linhas de autoridades nas Escrituras
A Na família
B No trabalho
C Na igreja
D Na vida civil
4 Submissão, sem dúvidas!
5 Submissão no bom e no mau tempo
6 Uma ocasião para servir

1. A Submissão
A submissão é plano perfeito de Deus, presente ao longo das Escrituras.
A - A submissão estabelecida na criação
Deus é o Criador e Senhor soberano sobre todas as criaturas.
Louvado seja o nome de Deus para todo o sempre; a sabedoria e o poder a ele pertencem. Ele
muda as épocas e as estações; destrona reis e os estabelece. Dá sabedoria aos sábios e
conhecimento aos que sabem discernir.
Dn 2.20, 21
Ai daquele que contende com seu Criador, daquele que não passa de um caco entre os cacos no
chão. Acaso o barro pode dizer ao

Is 45.9
B - A submissão rejeitada
O ser humano quis dirigir a própria vida e tornou-se escravo do pecado, de si mesmo, daquilo ou daqueles
a quem ele teme
Houve tempo em que nós também éramos insensatos e desobedientes, vivíamos enganados e
escravizados por toda espécie de paixões e prazeres. Vivíamos na maldade e na inveja, sendo
detestáveis e odiando-nos uns aos outros. Mas quando se manifestaram a bondade e o amor pelos
homens da parte de Deus, nosso Salvador, não por causa de atos de justiça por nós praticados,
mas devido à sua misericórdia, ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,
que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador. Ele o fez a
fim de que, justificados por sua graça, nos tornemos seus herdeiros, tendo a esperança da vida
eterna.
Tt 3.3-7
C - A submissão reafirmada na Cruz
Cristo nos libertou para a submissão a Deus em amor.
Mas, graças a Deus, porque, embora vocês tenham sido escravos do pecado, passaram a obedecer
de coração à forma de ensino que lhes foi transmitida. (6:18) Vocês foram libertados do pecado e
tornaram-se escravos da justiça.
Rm 6.17, 18
D - A submissão exemplificada
Por Cristo no Seu dia a dia aqui na terra
Pois desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me
enviou.
Jo 6.38

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Por Cristo em momentos cruciais
"Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua".
Lc 22.42
Submissão cristã mútua é uma ordem baseada na reverência ao exemplo de Cristo.
Carlos Osvaldo Pinto 2

No relacionamento hierárquico
Quero, porém, que entendam que o cabeça de todo homem é Cristo, e o cabeça da mulher é o
homem, e o cabeça de Cristo é Deus.
1Co 11.3
Tire uma porta, e depois tente colocá-la de novo. É trabalhoso, mas se não encaixar todos os anéis
no suporte da porta, [a dobradiça] nunca funcionará direito. Um anel precisa alinhar-se debaixo de
outro anel, não porque é inferior, pois não é todos foram feitos do mesmo material, com a mesma

. David Merkh 3

2. Esperança em Cristo: a submissão é possível


ela condiz com humildade,
deferência, obediência a Deus.
Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros
superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos
interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus,
não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo,
vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana,
humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!
Fp 2.3-8
A - A submissão no corpo de Cristo
Deus nos chama à submissão de uns para com os outros. Como parte do amor cristão, Ele nos pede a
entrega de direitos e preferências, considerando os outros superiores a nós mesmos e prontificando-nos
para servir. No contexto de Efésios 5, a submissão é fruto de enchermo-nos do Espírito (v. 18) e da
reverência a Cristo, que nos leva a querer seguir Seu exemplo.
[...] deixem-se encher pelo Espírito. Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo.
Ef 5.18b, 21
Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo
nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus.
Ef 5.1, 2
Como irmãos em Cristo, somos todos essencialmente iguais perante Deus.
Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, 27pois os que em Cristo foram
batizados, de Cristo se revestiram. 28Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem
mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.
Gl 3.26-28
Submetermo-nos uns aos outros diz respeito também à escolha voluntária de nos alinharmos dentro das
estruturas de relacionamentos em que Deus soberanamente nos coloca. Viver sob a autoridade de Deus
significa estarmos dispostos a viver sob a linhas de autoridade humana estabelecidas por Ele.

B - A submissão para com as autoridades fora do corpo de Cristo


A nossa liberdade em Cristo não é pretexto para não nos sujeitarmos a quaisquer autoridades que estejam
sobre nós, independentemente do caráter e da atitude destas autoridades. Nós não nos submetemos
porque a autoridade é justa e bondosa, mas porque Deus é justo e bondoso. Resistir a uma autoridade
humana é resistir a Deus.
Pois é da vontade de Deus que, praticando o bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos.
Vivam como pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; vivam
como servos de Deus.
1Pe 2.15, 16

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Nós não olhamos primeiro para nós mesmos para ver o que sentimos vontade de fazer, nem olhamos
primeiro para a instituição (como, por exemplo, o governo) para ver se haverá consequências se não
nos submetermos. Olhamos primeiro para Deus. 1Pedro 2.13 subordina toda a submissão na terra a
uma submissão maior a Deus quando diz: "Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do
Senhor." John Piper 4

3 - As linhas de autoridade nas Escrituras


A - Na família
Marido e esposa
Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como
também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a
igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos. Maridos,
amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela para
santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e apresentá-la a si mesmo
como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável. Da
mesma forma, os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama
sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o
alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros do seu corpo.
"Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só
carne". Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja. Portanto, cada um de
vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito.
Ef 5.22-33 (cf. Cl 3.18, 19; 1Pe 3.1-7)
A submissão da esposa não é para com todos os homens em todos os contextos. Tenho ouvido
vários homens falando como se todas as mulheres fossem subservientes a eles. Mas o texto bíblico
é unânime e claro ao declarar não menos de QUATRO vezes que submissão é da esposa ao seu
próprio marido (Cl 3.18, 1Pe 3.1, Ef 5.22, Tt 2.2-5). O jovem namorado não tem direito nem razão em

na esposa de outro. David Merkh 5

Pais e filhos
Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. "Honra teu pai e tua mãe", este é o
primeiro mandamento com promessa: "para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a
terra". Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.
Ef 6.1-4 (cf. Êx 20.12; Mt 19.19); Cl 3.20, 21
B - No trabalho
Escravos, sujeitem-se a seus senhores com todo o respeito, não apenas aos bons e amáveis, mas
também aos maus. 19Porque é louvável que, por motivo de sua consciência para com Deus, alguém
suporte aflições sofrendo injustamente. 20Pois que vantagem há em suportar açoites recebidos por
terem cometido o mal? Mas se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável
diante de Deus.
1Pe 2.18-20
C - Na igreja
Agora lhes pedimos, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho
entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com
amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros.
1Ts 5.12, 13 (cf. Hb 13.17); 1Pe 5.2-5
D - Na vida civil
Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de
Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela
contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem
trazem condenação sobre si mesmos. Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos
que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o
enaltecerá. Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela
não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal.
Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da
possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência. É por isso também que

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vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse
trabalho. Deem a cada um o que lhe é devido: Se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor,
temor; se honra, honra.
Rm 13.1-7 (cf. Jo 19.11; Tt 3.1); 1Pe 2.13-17

4. Submissão, sem dúvidas!


O uso cultural depreciativo da palavra submissão, e também a tendência natural ao orgulho, podem dar
espaço a dúvidas que precisamos esclarecer.
Submissão não é fraqueza nem passividade
Submissão não significa anular sua capacidade de pensar e não poder expressar uma opinião. A
submissão é força voluntariamente colocada debaixo da autoridade de outra pessoa em mansidão por

Submissão é uma obra do Espírito Santo no coração


Não nos submetemos por sermos complacentes ou passivos, nem por sermos forçados pelo poder da
autoridade, mas em temor a Deus. Submissão é primeiramente um alinhamento vertical com Deus,
que resulta em alinhamento debaixo das autoridades por Ele instituídas.
Submissão não é humilhação
Em Cristo Jesus, não somos superiores nem inferiores em essência. Alinhamo-nos em uma hierarquia
funcional em humildade para com Deus, sabendo que Ele é quem nos exalta oportunamente.
Submissão é uma expressão de confiança em Deus
Embora as autoridades humanas não sejam perfeitas, por meio delas Deus desenvolve em nós
qualidades de caráter como mansidão, domínio próprio e perdão, bem como prova nossa confiança
nEle.

5. Submissão no bom e no mau tempo


Nem sempre o relacionamento com autoridades é fácil. O fato é que os princípios bíblicos de submissão
não mudam de acordo com a qualidade do caráter e o comportamento daqueles que estão em posição
de autoridade. Algumas medi
Fazer distinção entre a posição de uma autoridade e a sua condição espiritual e atitudes.
Devemos respeitar a posição de uma autoridade e nos submeter a ela mesmo estando cientes de
deficiências visíveis em seu caráter, que se expressam em suas atitudes e no comportamento. Deus
continua no controle e Ele age inclusive por meio dessas deficiências.
Assumir responsabilidade pelas próprias ações em resposta à autoridade.
Nosso comportamento não é condicionado pelo comportamento de uma autoridade, mas pelo temor a
Deus. Independentemente da coerência bíblica de um líder cristão ou do quanto um líder descrente
mostra-se cordato, somos responsáveis pela nossa resposta e pelas consequências dessa resposta.
CUIDADO: Dependendo da natureza da linha de autoridade, e do quanto nossa permanência prejudica
não só a nós mesmos, mas também outros, e limita o serviço cristão, há casos em que estamos livres
para considerar uma mudança: podemos, por exemplo, mudar de emprego, ministério ou escola se
entendermos em oração e pela Bíblia que esta é a orientação de Deus. No entanto, se temos certeza
de que Deus nos colocou onde estamos e nos quer ali, devemos continuar submissos à autoridade
desde que ela não obrigue a pecar.
A - Quando é possível dialogar
Quando uma autoridade pede alguma coisa que fere nossa consciência e dever para com Deus, é
possível buscar o diálogo. A exemplo de Daniel (Dn 1.5-16), podemos dar passos que nos ajudem a lidar
com as circunstâncias.
Passo 1. Discernir as intenções básicas das autoridades. Daniel buscou compreender quais os objetivos
da dieta imposta.
Passo 2. Identificar uma alternativa criativa e comunicá-la com humildade a fim de contribuir para alcançar
os objetivos da autoridade sem violar a nossa consciência para com Deus. Com atitude
humilde, em lugar de uma atitude de resistência direta, Daniel ofereceu uma alternativa
concreta.
Passo 3. Confiar na habilidade e capacidade de Deus para alterar as decisões da autoridade. Deus pode
mudar completamente uma inclinação da autoridade sem a nossa manipulação e pressão.
Daniel não manipulou nem pressionou, mas apresentou seu pedido e confiou os resultados a
97
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Deus. O maior teste de atitudes não acontece quando levamos nosso pedido a uma autoridade,
mas na espera da resposta ou se o pedido for rejeitado.
O coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer.
Pv 21.1
O exemplo de Daniel
O rei designou-lhes uma porção diária de comida e de vinho da própria mesa do rei. Eles
receberiam um treinamento durante três anos, e depois disso passariam a servir o rei.
6Entre esses estavam alguns que vieram de Judá: Daniel, Hananias, Misael e Azarias. 7O
chefe dos oficiais deu-lhes novos nomes: a Daniel deu o nome de Beltessazar; a Hananias,
Sadraque; a Misael, Mesaque; e a Azarias, Abede-Nego. 8Daniel, contudo, decidiu não se
tornar impuro com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao chefe dos oficiais permissão
para se abster deles. 9E Deus fez com que o homem fosse bondoso para com Daniel e
tivesse simpatia por ele. 10Apesar disso, ele disse a Daniel: "Tenho medo do rei, o meu
senhor, que determinou a comida e a bebida de vocês. E se ele os achar menos saudáveis
que os outros jovens da mesma idade? O rei poderia pedir a minha cabeça por causa de
vocês". 11Daniel disse então ao homem que o chefe dos oficiais tinha encarregado de cuidar
de Daniel, Hananias, Misael e Azarias: 12"Peço-lhe que faça uma experiência com os seus
servos durante dez dias: Não nos dê nada além de vegetais para comer e água para beber.
13Depois compare a nossa aparência com a dos jovens que comem a comida do rei, e trate
os seus servos de acordo com o que você concluir". 14Ele concordou e fez a experiência
com eles durante dez dias. 15Passados os dez dias eles pareciam mais saudáveis e mais
fortes do que todos os jovens que comiam a comida da mesa do rei. 16Assim o encarregado
tirou a comida especial e o vinho que haviam sido designados e em lugar disso lhes dava
vegetais. Dn 1.5-16

B - Quando é necessário desobedecer


Nosso dever de submissão é primeiramente para com Deus. Não só podemos, mas devemos recusar a
obediência a uma autoridade humana quando ela exige a violação de uma ordem explícita da Palavra de
Deus ou quando ela nos impede de testemunhar do evangelho de Jesus Cristo. No entanto, mesmo na
desobediência em temor a Deus, a nossa atitude deve ser de humildade e não de rebeldia que afronta.
Não devemos falar com superioridade nem agredir a autoridade, mas refletir a Cristo. No mais, devemos
ser obedientes quando uma autoridade nos pede algo que não vai frontalmente contra a lei de Deus,
ainda que não seja nossa preferência.
Pedro e os outros apóstolos responderam: "É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!
Atos 5.29
O exemplo de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam ao rei: "Ó Nabucodonosor, não
precisamos defender-nos diante de ti. Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus
a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das suas mãos, ó rei. Mas, se ele
não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses nem adoraremos a
imagem de ouro que mandaste erguer". Dn 3.16-18

C - Sempre!
Cada um de nós prestará contas dos seus atos perante Deus. Cabe-nos discernir biblicamente entre o
bem e o mal. Julgar e punir as autoridades cabe a Deus, e não a nós. Nosso foco deve estar em uma
atitude benigna.
Não difamar, não espalhar fofoca sobre a autoridade, não contender.
Lembre a todos que se sujeitem aos governantes e às autoridades, sejam obedientes, estejam
sempre prontos a fazer tudo o que é bom, não caluniem a ninguém, sejam pacíficos e amáveis e
mostrem sempre verdadeira mansidão para com todos os homens.
Tt 3.1, 2
Falar com docilidade
Quem ama a sinceridade de coração e se expressa com elegância será amigo do rei.
Pv 22.11

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Interceder, mesmo quando o relacionamento não for bom.
Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem.
Mt 5.44
Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos
os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida
tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade.
1Tm 2.1, 2
Fazer o bem e até mesmo ultrapassar as exigências impostas.
Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem.
Rm 12.21
Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas.
Mt 5.41
6. Uma ocasião para servir
Todos nós estamos ou estaremos pais,
professores, líderes de um grupo de estudo bíblico ou discipulado, líderes de equipes de ministério ou
mesmo no exercício de uma profissão. Quando ouvimos as expressões posição de autoridade
, é possível que venha à mente naturalmente imagem de alguém que tenha poder
para mandar sobre outras pessoas, colocá-las a seu serviço. Jesus apresentou a seus discípulos uma
perspectiva totalmente diferente, que os surpreendeu.
Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das
nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre
vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser
ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos".
Mc 10.42-45
Seguir o exemplo de Jesus no exercício da autoridade que Deus ocasionalmente nos confia significa
praticar uma liderança que conduz humildemente as outras pessoas com o propósito de que elas sirvam
melhor a Deus, e nunca para que sirvam aos interesses pessoais do líder.
Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar
os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz.
Jo 13.14, 15
Os cristãos que estão em posição de autoridade também devem atuar com uma atitude submissa.
Os maridos são orientados a amarem a esposa "como também Cristo amou a igreja" (Ef 5.25). Os
pais devem ser sensíveis no lidar com seus filhos, entendendo e suprindo suas necessidades (Ef 6.4;
Cl 3.21). Os líderes espirituais são chamados a serem "servos". E eles devem liderar como servos
(1Pe 5.3). Eles não devem ser dominadores sobre outros cristãos, usando sua posição como um
meio de ganho injusto quer no aspecto financeiro, emocional ou social (1Pe 5.1-4). Os empregadores
cristãos devem tratar seus funcionários de forma justa e sensível, como Cristo nos tratou quando Ele
deu a Si mesmo por nós (Ef 6.9; Cl 4.1). Em outras palavras, Paulo e Pedro estão simplesmente
reiterando aquilo que Jesus Cristo ensinou e demonstrou com a Sua própria vida. Gene Getz 6

Quando os líderes usam mal a autoridade que Deus lhes confiou, o próprio Deus pedirá contas.
Senhores, deem aos seus escravos o que é justo e direito, sabendo que vocês também têm um
Senhor no céu.
Cl 4.1

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ENTRE VOCÊ E DEUS
Por que Deus está tão preocupado com a submissão? Pense em qual é o oposto da submissão: rebeldia!
A natureza pecaminosa inclina-se para a rebeldia, primeiramente para com Deus. Há áreas em que você
conhece o que Deus espera que você faça, e você não faz. A mesma rebeldia estende-se para com as
pessoas que Deus colocou em posição de autoridade sobre você.

Se a sua ênfase principal está em cobrar os seus líderes, você está violando Mateus 7.3-5. Você está
se concentrando mais em julgar as autoridades naquilo que fazem do que em avaliar o seu
relacionamento com Deus e a sua atitude para com os líderes que Ele colocou sobre você. Você
precisa mudar. Você deve concentrar a sua atenção mais na sua atitude do que em exigir mudança
na vida de seus líderes. É obra do Espírito Santo convencer os líderes de seus pecados, e não nossa.
Nossa tarefa é fazer o bem em resposta ao mal. Isso vai exigir um planejamento. Primeiro, ore.
Segundo, esforce-se para ajudar em lugar de criticar. Se você responder a uma autoridade de forma
construtiva em lugar de crítica, estará impedindo que a amargura se desenvolva. De que forma você
pode servir seus líderes para vencer o mal com o bem? Robert Smith 7

Sua rebeldia custou o sofrimento de Cristo na cruz. Ele também lhe deixou um exemplo a imitar em Seu
relacionamento com o Pai e com as autoridades da época. Seguir a Cristo significa orientar sua vida de
itação que Ele lhe dá.
Você está pronto a confiar que Deus tem o bem para você e a se submeter a Ele?
Está pronto a ter um espírito submisso nos relacionamentos?

1. GETZ, Gene. Building up one another. Wheaton, Ill: Victor, 1978. p. 99


2. PINTO, Carlos Osvaldo C. Foco e desenvolvimento do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2008. p. 352
3. MERKH, David. O que a submissão da mulher NÃO significa http://goo.gl/bkWnC - acesso em novembro 2012
4. PIPER, John. Slaves of God: free from all to honor all http://desiringgod.org/resource-library/sermons/slaves-of-god-free-
from-all-to-honor-all acesso em novembro 2012
5. MERKH, David. O que a submissão da mulher é http://goo.gl/D89XY - acesso em novembro 2012.
6. GETZ, Gene. Op. cit. p. 100
7. SMITH, Robert. Frustrated by authority. http://goo.gl/bWncq - acesso em novembro 2012

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10 Relacionamentos com espírito manso e pacificador
Lidando com críticas e conflitos

ANTES DE INICIAR
Conheça o Deus justo, compassivo e paciente.
Deus é amor, Deus é misericordioso e compassivo, mas a Bíblia o apresenta também como o justo Juiz,
ou seja, Aquele que julga todas as coisas e de maneira nenhuma inocenta o culpado. Em Cristo, Ele nos
julgou retamente e, em Sua infinita graça, nos proporcionou justificação.
Longanimidade, uma palavra traduzida algumas vezes por paciência,
firmeza contrariedades e Dicionário Eletrônico Houaiss. Alguns

longanimidade e paciência alternativamente. Ser longânimo, porém, não significa ser fraco nem passivo.
Deus espera pacientemente pelo arrependimento do pecador. Quando Ele finalmente age, é em prol da
verdade e da justiça.
Justo és, SENHOR, e retos, os teus juízos. Sl 119.137
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda injustiça. 1Jo 1.9

não deixa o pecado sem punição. Nm 14.18a


Pois tu, Senhor, és bom e compassivo; abundante em benignidade para com todos os que te
invocam. [...] Tu, Senhor, és Deus compassivo e cheio de graça, paciente e grande em misericórdia
e em verdade. Sl 86.5, 15
O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Sl 103.8
Compassivo e justo é o SENHOR; o nosso Deus é misericordioso. Sl 116.5
O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é
paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao
arrependimento. 2Pe 3.9
Como filhos de Deus, refletimos Sua paciência nos nossos relacionamentos como fruto do Espírito que
habita em nós. Não somos passivos, acovardando-

Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade. Gl 5.22
Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão,
bondade, humildade, mansidão e paciência. Cl 3.12

RUMO
Compreender a perspectiva bíblica sobre a crítica e os conflitos interpessoais,
e comprometer-se com responder de maneira agradável a Deus e
considerando cada situação como um instrumento para crescimento cristão.

PONTO DE CONTATO
deve fazer nenhum tipo de julgamento? É bem provável. Ao nosso redor, as pessoas dizem que devemos
respeitar as preferências pessoais, resistem aos absolutos morais, fogem convenientemente de qualquer
confrontação. Ou talvez você já tenha sido alvo de julgamentos impiedosos e confrontações duras, e fique
arrepiado somente em pensar no assunto. No entanto, a falta de confrontação bíblica também pode trazer
problemas e há ocasiões em que o julgamento e a confrontação não são uma opção para o cristão, mas
um dever. Além disso, saber receber críticas também é essencial.
Infelizmente, julgamentos e críticas, quando não são feitos como a Bíblia ensina, causam boa parte dos
conflitos interpessoais que enfrentamos na família, na igreja, na escola, no trabalho, nos relacionamentos
em geral. caminhar
estas são algumas frases que ouvimos ou falamos com certa frequência. Uma palavra dura, talvez
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pronunciada sem pensar, e logo se estabelece um distanciamento. Nossa tendência pode ser minimizar
a situação, evitar o assunto ou lançar a culpa sobre a outra pessoa, e prosseguir a vida.
Com a ajuda da tecnologia, não é rara a situação em que duas pessoas em conflito não conversam entre
si, mas falam literalmente com o mundo uma sobre a outra!
Quando varridos para debaixo do tapete, os conflitos nos prejudicam de várias formas, além de que
podem explodir perigosamente a qualquer momento e distribuir estilhaços ao redor. A Bíblia não nos
chama a minimizar ou ignorar os conflitos, nem a expô-los indevidamente, mas a tratá-los com cuidado.
Veremos que eles revelam muito a nosso respeito e podem ser oportunidade para o crescimento cristão.
Temos como administrar nossas diferenças e erros. Como fazer da crítica um
instrumento para crescimento pessoal e investimento em vidas? E quando o conflito
acontece, o que fazer?

VERSÍCULOS-CHAVES
Melhor é a repreensão feita abertamente do que o amor oculto. Quem fere por amor mostra
lealdade, mas o inimigo multiplica beijos. Pv 27.5, 6
Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua. Rm 14.19

O ROTEIRO
1 Formular uma crítica: julgar ou não julgar?
A O alerta: cuidado com o julgamento
B As instruções: julgue corretamente
Preceitos e princípios bíblicos em lugar de preferências
pessoais.
Humildade em lugar de superioridade
Cautela em lugar de precipitação
Palavras e ações em lugar de motivações
2 Expressar uma crítica: confrontar ou não confrontar?
Teste sua vida
Teste sua motivação e atitude
Prepare a oportunidade
Prepare as palavras
3 Receber uma crítica: ouvir ou rejeitar?
A Como receber uma crítica
B Como responder a uma crítica
4 Solicitar a crítica: a prestação de contas
A O que a prestação de contas não é
B O que a prestação de contas é
5 A raiz dos conflitos
A A partir da Queda
B No dia a dia do cristão
6 A esperança bíblica para os conflitos
A Uma esperança firmada na cruz
B Uma esperança viva na caminhada cristã
7 A prevenção do conflito
A Determinação
B Comunicação
C - Humildade
8 A evolução do conflito
9 O tratamento do conflito
A Entender a situação com integridade
B Tomar iniciativa com humildade
C Depender de Deus com bom ânimo

102
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1 - Formular uma crítica: julgar ou não julgar?
Muitos reputam que não temos o direito de julgar o estilo de vida ou crenças de quem quer que
seja. Nosso compromisso com o individualismo radical e a privatização da fé nos deixou propensos
r
o mundo porque perdemos a competência de nos julgar. Afirmamos certos princípios e, depois,
agimos como se eles não importassem.

Erwin Lutzer 1

A palavra julgar significa examinar, emitir um parecer, separar o certo do errado, exercer discernimento.
Deus nos equipou com a habilidade necessária para avaliar tudo quanto vemos e ouvimos. E mais, Deus
nos incentiva a fazer avaliações e discernir entre o certo e o errado, o bem e o mal.
Ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom.
1Ts 5.21
Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom.
Rm 12.9
Esta é a minha oração: que o amor de vocês aumente cada vez mais em conhecimento e em toda
a percepção, para discernirem o que é melhor, a fim de serem puros e irrepreensíveis até o dia de
Cristo.
Fp 1.9, 10

alega-se, não temos


base para julgar uns aos outros. Este argumento contém uma contradição. Se toda verdade é relativa,

absolutamente verdadeira. O argumento também é falho no fazer distinção entre a verdade e as


crenças. Enquanto as crenças podem variar de pessoa para pessoa, a verdade não pode. A verdade
objetiva é encontrada nas Escrituras (Jo 17.17). Portanto, podemos testar a crença subjetiva de uma
pessoa diante do padrão objetivo da verdade D. Patrick Ramsey 2

A - O alerta: cuidado com o julgamento!


Alguns textos bíblicos claramente condenam algum tipo de julgamento.
Portanto, você, por que julga seu irmão? E por que despreza seu irmão? Pois todos
compareceremos diante do tribunal de Deus.
Rm 14.10
O alerta mais lembrado costuma ser o de Jesus, dado no Sermão do Monte.
Não julguem, para que vocês não sejam julgados.
Mt 7.1
B - As instruções: julgue corretamente!
No Sermão do Monte Jesus não está nos proibindo de expressar uma avaliação sobre o certo e o errado,
o bem e o mal, a verdade e a falsidade. Isto fica claro pelo contexto imediato, no qual Ele mesmo encoraja
a avaliação

O Senhor nunca proibiu que julgássemos os outros, e sim que o fizéssemos de maneira hipócrita,
maldosa e arrogante. Julgar faz parte essencial da vida cristã. Somos diariamente chamados a
exercer o papel de juízes movidos por amor pelas pessoas e zelo pelas coisas de Deus. Quem nunca
julga contribui para que o erro se propague, para que as pessoas continuem no erro. São pessoas
sem convicções. Elas se tornam coniventes e cúmplices das mentiras, heresias e atos imorais e
antiéticos dos que estão ao seu redor. Augustus Nicodemus Lopes 3

Seguindo o exemplo de Jesus, podemos e devemos avaliar ideias, situações e comportamentos para que
possamos responder de forma adequada. Jesus nos chamou a usar nossa capacidade de discernimento
e nos instruiu sobre como fazê-lo.
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Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos.
Jo 7.24
O alerta para não julgar provém do fato de que, devido à natureza caída, temos uma tendência natural
para ignorar nossas falhas e julgar os outros de forma errada: deturpar os fatos, fazer julgamentos sem
compaixão, formar opiniões desfavoráveis de suas palavras e ações sem base suficiente e razão bíblica,
atribuir motivações das quais não podemos ter certeza.
Em contrapartida, como cristãos, temos uma nova natureza e a mente de Cristo que nos permite usar a
capacidade de julgar, guiados pelo Espírito para viver segundo a vontade de Deus e contribuir para a
edificação de vidas.
Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura;
e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual
discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois "quem conheceu a mente do
Senhor para que possa instruí-lo? " Nós, porém, temos a mente de Cristo.
1Co 2.14-16
Preceitos e princípios bíblicos em lugar de preferências pessoais
Devemos conferir tudo à luz das Escrituras. Quando julgamos pela Bíblia, estamos apenas concordando
com Deus. É Deus quem julga!
Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com
grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo.
Atos 17.11
Quando julgamos e condenamos, deve ficar evidente que estamos lidando com o pecado, não com a
violação de tradições da nossa família e igreja ou de preferências pessoais.
Com grande desgosto vejo os infiéis, que não obedecem à tua palavra.
Sl 119.158
Naquilo em que a Palavra de Deus permanece em silêncio, sem fazer qualquer afirmação direta ou
implicação, estamos livres para fazer nossa escolha, em sã consciência.
Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada
um deve estar plenamente convicto em sua própria mente. Aquele que considera um dia como
especial, para o Senhor assim o faz. Aquele que come carne, come para o Senhor, pois dá graças
a Deus; e aquele que se abstém, para o Senhor se abstém, e dá graças a Deus.
Rm 14.5, 6
CUIDADO! O legalismo
Devemos ter opiniões definidas e podemos ter padrões pessoais com relação, por exemplo, a traje,
divertimentos, música ou outras áreas mais. Trata-se de regras que, embora não estejam na Bíblia, são
proveitosas no sentido de nos ajudarem a evitar o pecado. Elas não definem nossa relação com Deus,
embora possam nos ajudar a cultivar tal relacionamento, e nunca devem ser impostas a outras pessoas
como medida da espiritualidade. O legalismo na vida cristã adiciona exigências que as Escrituras não
fazem e orgulha-se em segui-las. O perigo é olhar para uma santidade externa enquanto o coração pode
estar longe de Deus: Jesus chamou isso de hipocrisia.
Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por
fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície.
Mt 23.27
Legalismo é o uso errado de leis ou regras. Se cumpro as regras pensando que isso me torna
religioso, então, sim, sou legalista. Erwin Lutzer 4

Humildade em lugar de superioridade


Quando julgamos de acordo com a Bíblia, mas o fazemos com superioridade, considerando-nos melhores
do que os outros e deixando de reconhecer que somos igualmente suscetíveis ao pecado, também
cometemos pecado. Jesus proíbe o julgamento duro e hipócrita, que vem para exaltar a justiça própria.
Eu lhes digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem
se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado.
Lc 18.14

CUIDADO!

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O espírito crítico alegra-se em achar falhas nos outros. A atitude crítica e as palavras cortantes podem se
tornar um hábito, e a pessoa passa a acreditar sempre o pior sobre os outros, esquecendo-se de olhar
para os pontos positivos e de encorajar. Algumas vezes, ela acentua as falhas dos outros para desviar a
atenção das próprias falhas.
Quando desenvolvemos uma atitude crítica em relação aos outros, começamos um processo sutil,
mas constante de coleta de dados seletiva. Nós facilmente ignoramos ou minimizamos as boas
qualidades dos outros, enquanto, ao mesmo tempo, procuramos e ampliamos as qualidades
desfavoráveis. Conforme encontramos falhas que reforçam opiniões que já havíamos formado, nós
as aproveitamos com entusiasmo, dizendo a nós mesmos (e às vezes a outros): "Veja, eu não tinha
dito?". Um juízo crítico busca das falhas de outra pessoa e delas se alimenta, enquanto o caráter
daquela pessoa é progressivamente diminuído e finalmente destruído em nossas mentes.
Ken Sande 5

Cautela em lugar de precipitação


Não devemos fazer um julgamento sem o pleno conhecimento dos fatos, ouvindo informações de
segunda mão, ouvindo metade de uma história ou tirando conclusões a partir de um ato que poderia ser
interpretado de diferentes maneiras. O amor cristão sempre se esforça para acreditar o melhor dos outros
e dá o benefício da dúvida.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
1Co 13.6
Não devemos avaliar situações pela mera aparência. Quando vemos sinais de condutas que nos
preocupam, é adequado fazer perguntas e obter os dados antes de tirar conclusões ou fazer acusações.
Você já viu alguém que se precipita no falar? Há mais esperança para o insensato do que para ele.
Pv 29.20
CUIDADO! A fofoca
Nosso pecado é agravado quando além de fazermos um julgamento precipitado, nós o espalhamos para
outros.
Senhor, quem habitará no teu santuário? Quem poderá morar no teu santo monte? Aquele que é
íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade e não usa a língua
para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo.
Sl 15.1-3
Os julgamentos que passamos adiante podem ser altamente contagiosos, e não será preciso muito tempo

Mas se vocês se mordem e se devoram uns aos outros, cuidado para não se destruírem
mutuamente.
Gl 5.15

retornando para nós mesmos.


Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será
usada para medir vocês.
Mt 7.2
Palavras e ações em lugar de motivações
Podemos julgar as palavras e ações que presenciamos, mas o julgamento de motivações não nos
pertence. Se o fizermos, usurparemos o papel de Deus. Só Deus conhece as motivações do coração de
outras pessoas e pode julgá-las apropriadamente. A nós não cabe o papel de juiz onisciente, capaz de
entender todas as circunstâncias e todos os motivos envolvidos.
Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará à luz
o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um
receberá de Deus a sua aprovação.
1Co 4.5
O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de
compreendê-lo? "Eu sou o Senhor que sonda o coração e examina a mente, para recompensar a
cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com as suas obras."
Jr 17.9, 10
CUIDADO! A caça às intenções e ídolos do coração

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Algumas pessoas são rápidas em atribuir as ações dos outro

conter verdades, não nos cabe inicialmente fazê-las. É errado presumir que podemos olhar para o coração
de outra pessoa e discernir as motivações de seu comportamento, a menos que a própria pessoa, diante
da verdade convencedora da Palavra de Deus, reconheça a sua motivação pecaminosa.
Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela
penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções
do coração.
Hb 4.12
2 - Expressar uma crítica: confrontar ou não confrontar?
Com discernimento bíblico, quando identificamos que alguém não alcançou o padrão estabelecido por
Deus, formulamos, uma crítica legítima. Nem sempre ela precisa ser verbalizada, mas há vezes em que
a crítica leva àquilo que costumamos chamar de confrontação. A palavra confrontar significa colocar em
frente, estabelecer comparação. Na confrontação bíblica, estabelecemos uma comparação de palavras
e ações com o padrão da Palavra de Deus e, com mansidão e compaixão, procuramos levar a outra
pessoa a uma mudança em obediência a Deus.
Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você
ganhou seu irmão.
Mt 18.15
Eu mesmo, meus irmãos, estou certo de que vocês estão cheios de bondade, têm todo o
conhecimento e são aptos para admoestar uns aos outros.
Rm 15.14 (NAA)
Considerar como falta de amor o discordar dos erros de alguém é desconhecer a natureza do amor
bíblico. Amor e verdade andam juntos. Oséias reclamou que não havia nem amor nem verdade nos
habitantes da terra em sua época (Oséias 4.1). Paulo pediu que os efésios seguissem a verdade em
amor (Efésios 4.15). Augustus Nicodemus Lopes 6

A confrontação mútua é uma responsabilidade que temos. O amor verdadeiro é corajoso e não se cala
intimidado, por receio de não agradar ou não ser aceito. Ele pensa mais nos outros do que em si mesmo
e no próprio conforto.
Não guardem ódio contra o seu irmão no coração; antes repreendam com franqueza o seu próximo
para que, por causa dele, não sofram as consequências de um pecado.
Lv 19.17
Quem repreende o próximo obterá por fim mais favor do que aquele que só sabe bajular.
Pv 28.23

Antes de expressar uma crítica, porém, precisamos fazer alguns testes.


Teste sua vida
Estou irrepreensível diante de Deus e dos homens ou existe algum pecado não tratado em minha
vida?
Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas
transgressões. Lava-me de toda a minha culpa e purifica-me do meu pecado. Pois eu mesmo
reconheço as minhas transgressões, e o meu pecado sempre me persegue. Então ensinarei os teus
caminhos aos transgressores, para que os pecadores se voltem para ti.
Sl 51.1-3, 13
Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está
-
quando há uma viga no seu? 5Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá
claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.
Mt 7.3-5
Teste sua motivação e atitude
Já levei a situação a Deus em oração?
O alvo da minha crítica é restaurar e edificar ou é humilhar, condenar e punir, enaltecendo a mim
mesmo?

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Embora minha ira contra o pecado possa ser correta, minha atitude é de mansidão ou é de
descontrole e superioridade?
Quero levar a pessoa a concordar com minhas ideias e planos ou quero que ela se submeta
primeiramente a Deus?
Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais deverão restaurá-
lo com mansidão. Cuide-se, porém, cada um para que também não seja tentado.
Gl 6.1
Prepare a oportunidade
Sou eu a pessoa indicada para confrontar? Considere, antes de tudo, se você viu o erro de primeira
mão ou só ouviu de outros. Para outras considerações sobre as situações em que é adequado ou
não confrontar uma pessoa, volte à lição 7 do volume 1: Perdão.
Qual é o melhor momento para falar de modo que a pessoa me dê atenção e tenhamos privacidade
para a conversa?
A palavra proferida no tempo certo é como frutas de ouro incrustadas numa escultura de prata.
Pv 25.11
Prepare as palavras
Como posso mostrar a graça da cruz e dar esperança a essa pessoa, quais exemplos específicos do
erro vou dar, quais textos bíblicos vou usar e qual alternativa bíblica vou sugerir em substituição ao
comportamento atual?
A verdade torna-se ríspida se não for equilibrada pelo amor; o amor torna-se frouxidão se não for
fortalecido pela verdade. John Stott 7

usado por Deus para promover conscientização e guiar na mudança não só do comportamento, mas
do coração?
O coração do sábio ensina a sua boca, e os seus lábios promovem a instrução.
Pv 16.23
Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua.
Rm 14.19

MUITO CUIDADO! A crítica on-line


Os meios de comunicação são ferramentas fantásticas, mas também armas perigosas que nos permitem
fazer críticas rápidas e públicas. Quando estamos on-line, sozinhos diante do nosso aparelho, podemos
exercer um julgamento de tudo quanto vemos, mas também não podemos nos esquecer de que estamos
nos dirigindo a pessoas reais e falando de pessoas reais.

Os princípios bíblicos para a crítica frente a frente valem também para a crítica on-line.
Como cristãos, devemos avaliar todas as coisas com uma cosmovisão bíblica (2Co 10.5). Desta
forma, avaliaremos toda ideia, prática, doutrina, estilo de vida e filosofia que estiver ao nosso redor.
Não podemos acreditar e concordar com tudo quanto vemos e ouvimos. Salomão, sabiamente,
orientou-no
(Pv 14.15). Além disso, não devemos tolerar e aceitar tudo o que vemos e ouvimos. Paulo nos ordena
que retenhamos o que é bom e nos abstenhamos de toda forma de mal (1Ts 5.21-22). Os cristãos
não podem ser como esponjas que retêm o que é bom e o que é mau; antes, devem ser filtros que
removem toda substância indesejada. D. Patrick Ramsey 8

Embora possamos expressar opiniões, não é recomendável nos envolvermos em polêmicas e discussões
on-line. Se queremos influenciar pessoas, que tal levantarmos perguntas e aos poucos conduzirmos a
um raciocínio bíblico? Se conhecemos a pessoa, que tal uma conversa honesta em particular? Um bom
teste: Meu alvo com os comentários é servir o reino de Deus e promover a Sua glória ou é construir meu
próprio reino e promover minha glória?
De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam
dentro de vocês?
Tg 4.1
Quando estamos incomodados com alguém, não precisamos expressar o descontentamento perante
todos. Não precisamos contar ao mundo sobre o atendente que não foi gentil na loja, o vizinho que está
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fazendo barulho no andar de cima quando queremos dormir, e assim por diante. Um bom teste é
perguntar: Estou querendo me sentir bem com esse desabafo, e celebrar a minha autocomiseração, ou
estou mais preocupada com a edificação e, para isso, devo envolver apenas a audiência necessária?
Procure resolver sua causa diretamente com o seu próximo, e não revele o segredo de outra
pessoa.
Pv 25.9

3 - Receber uma crítica: ouvir ou rejeitar?


Não gostamos de receber críticas. Não é fácil lidar com elas, mas Deus pode usá-las como uma
oportunidade para nosso crescimento. Tudo depende do que fazemos com a crítica se respondemos
com orgulho e irritação ou com humildade e mansidão.
A - Como receber uma crítica
Devemos fugir da tentação de partir para uma rápida defesa de nós mesmos diante de toda e qualquer
crítica. Um excelente antídoto para isso é lembrar que não precisamos temer a crítica do homem, pois já
concordamos com a crítica de Deus a nosso respeito na cruz. E não buscamos em última análise a
aprovação do homem, pois já ganhamos, pela graça, a aprovação de Deus.
Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo
Rm 5.1
Ouvir quem faz a critica
Provérbios nos aconselha a ouvir antes de responder, e isso vale também para as críticas. Devemos estar
dispostas a ver a pessoa que faz a crítica como um instrumento de Deus, ainda que ela tenha falhas em
sua vida.
Quem responde antes de ouvir, comete insensatez e passa vergonha.
Pv 18.13
Quem ouve a repreensão construtiva terá lugar permanente entre os sábios.
Pv 15.31
Ouça conselhos e aceite instruções, e acabará sendo sábio.
Pv 19.20

Ouvir a Deus
Uma vez ouvida a crítica, devemos levar o assunto a Deus em oração, dispostos a examinar a nós
mesmos e deixar que Ele fale pela Sua Palavra se o que está sendo dito é possível ou verdadeiro.

Refleti em meus caminhos e voltei os meus passos para os teus testemunhos.


Sl 119.59
B - Como responder a uma crítica
À luz do juízo e da justificação de Deus sobre o pecador na cruz de Cristo, podemos começar a
descobrir como lidar com toda e qualquer crítica. Ao concordar com a crítica de Deus sobre mim na
cruz de Cristo, posso enfrentar qualquer crítica que os homens possam apresentar contra mim. Em
outras palavras, ninguém pode me criticar mais que a cruz. ... Se você sabe que foi crucificado com
Cristo, então você pode responder a qualquer crítica, mesmo a equivocada ou hostil, sem amargura,
defesa ou transferência de culpa. Tais respostas tipicamente exacerbam e intensificam o conflito e
levam à ruptura de relacionamentos. Você pode aprender a ouvir a crítica como algo construtivo e
não condenatório porque Deus o justificou. Alfred Poirier 9

Quando a crítica é biblicamente consistente


Ouvida a crítica, devemos tomar providências para a mudança de acordo com a Bíblia. A solução bíblica
sempre envolve a substituição do comportamento pecaminoso (despojar-se) por uma alternativa bíblica
(revestir-se). Em outras palavras, não é suficiente simplesmente parar de praticar o que estávamos
fazendo de errado; devemos ter como propósito pela capacitação do Espírito Santo praticar o bem
que antes não praticávamos.
O caminho para a vida é de quem guarda o ensino, mas o que abandona a repreensão anda errante.
Pv 10.17
Quando um homem sábio é repreendido por aquilo que ele disse ou fez, ele examina sua vida e olha
além do problema aparente para determinar se há por trás atitudes ou estilos de vida habituais que
precisam ser substituídos para condizerem com a Bíblia. Lou Priolo 10
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Quando a crítica é biblicamente inconsistente
Ainda que a crítica seja errada, ou que parte dela se aplique e parte não, sempre há algo a aprender. Ela
é, no mínimo, uma oportunidade para aprendermos a ser sábios nos julgamentos e mansos nas
respostas. Devemos orar, pedir orientação de pessoas piedosas, certificarmo-nos do conteúdo errado.
Algumas vezes, ficaremos calados. Outras vezes, quando oportuno, daremos explicações uma atitude
que demonstra que levamos a sério o que nos é dito, mas que nunca deve se constituir em um contra-
ataque. Falaremos com brandura e, ao mesmo tempo, com firmeza bíblica.
A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira.
Pv 15.1
O apóstolo Paulo deu uma resposta relativamente longa aos coríntios, que sabiam de uma acusação

importante que você não deixe pontos mal resolvidos e pendentes com seu repreensor. Se você
chegar à conclusão de que você não pecou, mas deixar de comunicar isso a ele, a questão ficará
sem resposta na mente dele e poderá levantar dúvidas sobre a sua integridade. Ele jogou a bola na
sua área e agora o lance é seu. Lou Priolo 11

4 Solicitar a crítica
Temos várias partes do corpo que não conseguimos enxergar sem a ajuda de um espelho. Da mesma
forma, pode haver erros na nossa maneira de pensar e agir que não conseguimos ver sozinhos. Alguns
estão familiarizados com o que chamamos de prestação de contas , mas fogem dela o quanto podem
afinal, não costumamos nos sentir muito à vontade quando nossa vida é exposta a uma inspeção. A
autossuficiência natural nos diz que não queremos que alguém olhe criticamente para nossa vida e aponte
algum erro. O Novo Testamento, porém, alerta-nos sobre a importância da exortação mútua diária.
Encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje", de modo que
nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado.
Hb 3.13

A O que a prestação de contas não é


A prestação de contas não é um programa, mas é vida compartilhada, Para isso, é preciso investir tempo
juntos. O verdadeiro relacionamento de prestação de contas é amor em ação.
Fira-me o justo com amor leal e me repreenda, mas não perfume a minha cabeça o óleo do ímpio.
Sl 141.5a
O verdadeiro relacionamento de prestação de contas não concentra a atenção apenas em regras a
cumprir e pecados a confrontar/confessar. Não se trata de um
não banaliza o pecado, mas conduz a Cristo e incentiva a transformação.
Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra
misericórdia. Como é feliz o homem constante no temor do Senhor! Mas quem endurece o coração
cairá na desgraça.
Pv 28.13, 14
B O que a prestação de contas é
Para o cristão, prestar contas é fazer-se responsável perante um pequeno grupo de amigos cristãos ou
apenas um amigo, mas que recomendamos seja do mesmo sexo para facilitar a conversa sobre assuntos
que poderiam criar embaraço ou situações inconvenientes se tratados abertamente com alguém do sexo
oposto. Esses amigos, que convivem com você e observam sua vida, têm a liberdade de encorajar e
repreender honestamente para que você se mantenha firme em seus compromissos cristãos, e de
apontar soluções bíblicas que talvez você não esteja conseguindo ver.
Companheiros de prestação de contas
fazem perguntas específicas e querem receber respostas específicas
Eles não toleram desculpas vazias e respostas vagas, nem dão um simples tapinha nas costas. Eles
confrontam clara e diretamente com a Bíblia em áreas específicas.
Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro.
Pv 27.17
são leais e confiáveis biblicamente nas suas colocações
Claro, isso pode doer um pouco, mas sabemos que é para o nosso bem.
Quem fere por amor mostra lealdade, mas o inimigo multiplica beijos.
Pv 27.6
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encorajam às boas obras e falam sobre a graça, a esperança e as promessas do evangelho.
Os parceiros de prestação de contas não ficam à espreita para ver o outro escorregar, mas ajudam a
alcançar objetivos específicos e mensuráveis na vida diária, celebram as pequenas e grandes vitórias,
tudo dentro de uma estrutura que favorece o crescimento cristão.
Consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras.
Hb 10.24
ajudam um ao outro a carregar seus fardos.
Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo..
Gl 6.2
são parceiros de oração.
Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem
curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz.
Tg 5.16

5. A raiz dos conflitos


Na criação, Deus instituiu relacionamentos harmoniosos entre Ele e o homem, entre o homem e seu
semelhante, e entre o homem e o restante do mundo criado. Tudo em completa perfeição. No entanto, a
harmonia original foi manchada.
A - A partir da Queda
A desobediência de Adão e Eva quebrou o relacionamento com Deus.
Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a
brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim. Mas o Senhor Deus
chamou o homem, perguntando: "Onde está você? " E ele respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e
fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi"
Gn 3.8-10
Não demorou muito, e Adão e Eva entraram em conflito e acusação mútua (Gn 3.12, 13). Dali em diante,
já a partir do livro de Gênesis, o pecado trouxe consigo conflitos interpessoais contínuos: Caim e Abel
(4.2-10), Sara e Agar (16.3-6), Esaú e Jacó (27.41-45), Jacó e Labão (31.1-23), José e seus irmãos (37.3-
34) só para citar alguns. Ao longo da narrativa bíblica, o conflito entre o homem e seu Criador e também
a variedade de conflitos interpessoais estão claramente retratados.
B - No dia a dia do cristão
Com criatividade e sabedoria, Deus nos fez pessoas diferentes umas das outras. Recriados em Cristo,
recebemos também diferentes capacitações para o serviço cristão. Expressamos uma diversidade de
preferências, perspectivas e prioridades pessoais em diferentes esferas da vida.
A diversidade, que é perfeita dentro do plano de Deus, não precisa evoluir para um conflito algo
pecaminoso aos olhos de Deus. A diversidade pode resultar em divergências de opinião, mas nunca
determina o conflito. A diversidade não está na raiz do conflito. Quando falamos em conflito, nós nos

Uma divergência é uma diferença de opinião essencialmente no plano cognitivo, intelectual. Um


conflito é uma diferença de opinião que nos afeta seriamente no plano emocional e relacional.
Algumas pessoas aprenderam a prevenir os conflitos lidando com suas divergências biblicamente.
Não que estas pessoas sejam clones umas das outras. Elas têm opiniões próprias e as compartilham.
Mas elas respondem às divergências de forma tal que raramente estas se tornam conflitos.
Wayne Mack 13

referimos a uma desavença que resulta em rompimento do relacionamento, discussões acaloradas ou


distanciamento frio.
A raiz dos conflitos está nos desejos pecaminosos que ainda residem no nosso coração. Nem sempre
são desejos maus em sua essência, mas podem ser desejos que crescem de forma desmedida algo
que queremos demais. Quando alguém se interpõe no caminho, nós
5.15). Estamos dispostos a pecar para conseguir que a nossa vontade seja feita.
De onde vêm as guerras e contendas que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam
dentro de vocês?
Tg 4.1

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Por que você luta? Tiago NÃO diz que você luta porque a outra pessoa é cabeça dura, porque seus
hormônios estão alterados, porque o demônio da ira tomou conta de você, porque os seres humanos
são portadores de um gene de agressão transmitido pelo processo de evolução, porque seu pai
reagia da mesma maneira, porque suas necessidades básicas não foram satisfeitas, porque você
levantou com o pé esquerdo e teve um dia pesado no trabalho. No entanto, Tiago diz que você luta

(NVI). A análise bíblica é direta e vai à raiz. Você luta por uma razão: você não está conseguindo o

Você está lutando porque os seus desejos aquilo que o agrada ou desagrada, aquilo que você
anseia muito ter estão sendo frustrados. David Powlison 14

6 A esperança bíblica para os conflitos


Quando se trata de resolver conflitos, não há nada mais importante, mais prático e mais útil do que
um relacionamento vital com Jesus. Perceba que estou falando de um relacionamento vital com
Ele. Existem muitos cristãos que, embora tenham um relacionamento com Cristo, não tem um
relacionamento verdadeiramente vital e profundo. Wayne Mack 15

A Uma esperança firmada na cruz


Cristo fez provisão completa e definitiva para o conflito fundamental: o conflito entre o Deus santo e o
homem pecador. A Bíblia usa diversos termos e conceitos para se referir à natureza da obra de Cristo.
Dentre estes, ela diz que a obra de Cristo foi de reconciliação.
Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau
procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte,
para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação.
Cl 1.21, 22
Cristo não apenas nos reconciliou com Deus, mas uniu aqueles que nEle creem em um só corpo, agora
e para toda a eternidade.
Assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado
a todos os outros.
Rm 12.5
Jesus orou pela unidade daqueles que nEle creem.
Para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em
nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles
sejam um, assim como nós somos um.
Jo 17.21, 22
Paulo nos chamou à unidade em Cristo, que gera um estilo de vida caracterizado pelo
amor mútuo.
Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo
nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus.
Ef 5.1, 2
B - Uma esperança viva na caminhada cristã
Reconciliados com Deus na cruz, somos chamados a um ministério de reconciliação.
Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o
ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não
lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação. Portanto,
somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio.
Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus.
2Co. 5.18-20
Os pacificadores são pessoas que inspiram graça. Eles recorrem, continuamente, à bondade e ao
poder de Jesus Cristo, e então trazem o Seu amor, misericórdia, força e sabedoria aos conflitos da
vida diária. Deus se alegra em inspirar a Sua graça por meio dos pacificadores, e usa-os para dissipar
a ira, aprimorar o entendimento, promover justiça, e encorajar o arrependimento e a reconciliação.
Ken Sande 16

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Teremos conflitos essenciais
A impossibilidade essencial de comunhão entre luz e trevas persiste e pode nos causar dor embora
devamos nos esforçar para ter relacionamentos amigáveis com todos. Somos chamados a ser
pacificadores no sentido de atrair os descrentes ao relacionamento de paz com Deus, mas podemos ser
perseguidos ao expor as obras das trevas.
Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os
perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos céus. "Bem-aventurados serão vocês
quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra
vocês.
Mt 5. 9-11
Teremos conflitos acidentais
Andamos na luz, mas ainda somos pecadores que vivem ao lado de irmãs e irmãos pecadores neste
mundo caído. A nova vida em Cristo não elimina a possibilidade de conflitos, pois não elimina nossa velha
natureza que é propensa ao conflito. Se pela capacitação do Espírito não mortificarmos a carne, nossos
relacionamentos estarão expostos a conflitos pecaminosos.
Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão
em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. Mas, se vocês são
guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade
sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo,
dissensões, facções 21e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como
antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus.
Gl 5.17-21
Alguns conflitos interpessoais aconteceram na Igreja Primitiva e estão registrados com honestidade na
Bíblia. Evódia e Síntique, duas mulheres atuantes na igreja de Filipos, foram objeto da atenção de Paulo
devido a um conflito entre elas. No entanto, a ênfase bíblica está em reconciliação.
O que eu rogo a Evódia e também a Síntique é que vivam em harmonia no Senhor. Sim, e peço a
você, leal companheiro de jugo, que as ajude; pois lutaram ao meu lado na causa do evangelho.
Fp 4.2
Paulo e Barnabé, missionários comprometidos, após ensinarem juntos, separam-se em consequência de
um conflito.
Algum tempo depois, Paulo disse a Barnabé: "Voltemos para visitar os irmãos em todas as cidades
onde pregamos a palavra do Senhor, para ver como estão indo". Barnabé queria levar João,
também chamado Marcos. Mas Paulo não achava prudente levá-lo, pois ele, abandonando-os na
Panfília, não permanecera com eles no trabalho. Tiveram um desentendimento tão sério que se
separaram. Barnabé, levando consigo Marcos, navegou para Chipre,
Atos 15.36-39
Mais adiante, as palavras de Paulo para Timóteo indicam uma reconciliação com Marcos.
Só Lucas está comigo. Traga Marcos com você, porque ele me é útil para o ministério.
2Tm 4.11

7 - A prevenção do conflito
A evolução dos conflitos entre cristãos não só pode, mas deve ser prevenida.
Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito. Não sejamos presunçosos, provocando
uns aos outros e tendo inveja uns dos outros.
Gl 5.25, 26

A Determinação
Devemos investir em oração e ação para evitar ou trabalhar aquilo que impede a unidade. O verbo
perseguir como um caçador que trabalha duro para capturar sua
presa:
Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua.
Rm 14.19
B Comunicação
Devemos enviar mensagens verbais e não verbais palavras, expressão facial, postura corporal, gestos,
escolhas de forma clara e edificante, esforçando-nos para também ouvir com bom entendimento.

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Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros,
conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Livrem-se de toda amargura,
indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade.
Ef 4.29, 31
C Humildade
Devemos viver em paz mesmo se somos diferentes uns dos outros. Temos na Bíblia um padrão comum
para conversar sobre as diferenças, identificar o que é ou não pecado e tomar decisões que conciliem o
melhor para ambas as partes. Podemos discordar e amar ao mesmo tempo.
Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor.
Ef 4.2, 3
Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão,
bondade, humildade, mansidão e paciência.
Cl 3.12-14
Algumas vezes falhamos na prevenção do conflito. Mas não está tudo perdido! Os conflitos podem ser
tratados biblicamente.

8. A evolução do conflito
Evitar o assunto, fingir que o problema não existe, viver ao lado da pessoa e ao mesmo tempo ignorá-la,
evitar o encontro, descartar a amizade, construir muros invisíveis (e às vezes visíveis) de amargura no
coração estes são alguns meios que podemos usar para fugir de alguém em lugar de tratar o conflito.

Impor-se com poder ou volume de voz, ferir com palavras, acusar, gritar, difamar estes são alguns
meios que podemos usar para lutar contra alguém em lugar de tratar o conflito.
Os cristãos deixam suas igrejas locais, os ministérios sofrem, as famílias se dividem: o testemunho cristão
é manchado dentro e fora da Igreja.
Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros".
Jo 13.35
Você simplesmente não pode amar a Deus sem amar ao seu próximo. O apóstolo João elabora a

r avidamente a Bíblia,
desfrutar de um louvor enlevante com o corpo de Cristo, cultivar a pureza pessoal e falar de Jesus a
dezenas de pessoas a essência da vida cristã para algumas pessoas simplesmente não é o
suficiente se os seus relacionamentos estiverem se desintegrando. Robert Jones 17

É possível que algumas diferenças de perspectiva nunca sejam resolvidas, mas ainda é possível
reconhecê-las com franqueza e buscar a harmonia para andar lado a lado. Aquilo que nos une em Cristo
é maior do que as diferenças que temos: Cristo nos capacita para buscar a união, embora não exista
uma uniformidade.
Não importa o que aconteça, exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo,
para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu respeito em minha ausência, fique
eu sabendo que vocês permanecem firmes num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica.
Fp 1.27

Precisamos estar dispostos a enfrentar conflitos. Deus quer que cresçamos, e o conflito é o lugar
crucial onde crescimento, muitas vezes, acontece. Ele quer fazer de nós pessoas mais semelhantes
a Cristo, e ele pretende usar outras pessoas para que isso aconteça. Paul Tripp e Tim Lane 18

9. O tratamento do conflito
O primeiro passo para tratar um conflito é colocá-lo dentro do contexto muito maior da glória eterna de
Deus. "Como posso agradar e honrar a Deus nesta situação?" Não se trata de "ganhar" o conflito. Às
o conflito aos olhos humanos.

A - Entender a situação com integridade


O conflito pode ser uma oportunidade para crescimento se nos dispusermos a avaliar a nós mesmos para
adquirir uma compreensão mais clara da nossa contribuição na situação e de como lidar com o
113
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relacionamento quebrado: or meio desta situação? E como vou
mostrar a obra de Jesus em mim, assumindo a responsabilidade pela minha contribuição para este

A sabedoria do homem prudente é discernir o seu caminho, mas a insensatez dos tolos é enganosa.
Pv 14.8
A Bíblia nos chama a examinar as nossas ações e palavras antes de olhar para as coisas erradas que a
outra pessoa tenha dito ou feito.
Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está
em seu próprio olho? Com -me tirar o cisco do seu olh
quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá
claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão
Mt 7.3-5

Quando você e eu lutamos, nossas mentes ficam cheias de acusações: os erros que você comete e
aquilo em que eu estou certo é o que me importa. Representamos o papel de juiz cheio de justiça

Voc
discussão? A essência de uma discussão é que você ME ofendeu porque não fez o que eu queria e
eu reajo declarando as suas ofensas diante de você. Ao mesmo tempo, eu explico como todos os
meus erros são, na verdade, culpa sua. Se você fosse diferente, eu não seria como sou. Você faz o
mesmo comigo, declara meus pecados diante de mim e desculpa os seus. Em momento nenhum, no
calor do conflito, alguém confessa seus próprios pecados, exceto para ganhar tempo para o contra-

olhos (Mt 7.1-5) enquanto cada parte se faz de legislador e juiz. David Powlison 19

Buscar conselho
Deus é a primeira Pessoa a quem devemos ir com coração sincero e contrito, pedindo que nos dê
entendimento pela Sua Palavra.
Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça
o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.
Pv 3.5, 6
Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se
em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno.
Sl 139.23, 24

Conselheiros sábios podem ajudar a entender e aplicar a Palavra.


O orgulho só gera discussões, mas a sabedoria está com os que tomam conselho.
Pv 13.10

Algumas vezes, é preciso recorrer à mediação a ajuda de uma ou duas pessoas que facilitem a conversa
rumo à reconciliação, sem estarem pessoalmente envolvida no conflito. Elas podem fazer perguntas e
favorecer o entendimento e a solução do problema, podem trazer ensino bíblico e ainda encaminhar para
a liderança da igreja quando for preciso.

Passos práticos
Escolher o mediador: deve ser uma pessoa madura na fé cristã o pastor, um líder da igreja local ou
uma amiga fiel a Cristo.
Orar com a pessoa: trazer sempre para o quadro o Senhor, o maior Conselheiro Mediador.
Relatar a situação: expor os fatos essenciais e os possíveis passos já dados para restaurar o
relacionamento.
Evitar: palavras e comentários maliciosos sobre a outra parte, bem como uma interpretação das atitudes
e um julgamento da motivação da outra parte.
É bom que o mediador goze da confiança de ambas as partes. Ele é um pacificador, disposto a incentivar
sabiamente ambas as partes para que vivam o evangelho no seu relacionamento.

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Examinar a questão
Palavras e ações O que eu falei ou fiz, como fiz, e quando? As respostas a estas perguntas apontam
para os aspectos práticos do conflito. Não devemos, porém, supor que já temos uma avaliação
completa e precisa da situação. Pode haver algo que dissemos e fizemos sem nos dar conta, ou mais
detalhes dos quais não estamos cientes. O autoexame é fundamental, mas é apenas o início.
Precisaremos ouvir a outra parte.
O primeiro a apresentar a sua causa parece ter razão, até que outro venha à frente e o questione.
Pv 18.17

O coração O que eu quero muito, não estou recebendo e estou pronto a pecar para ter? A resposta
a esta pergunta aponta para os desejos que governam o coração e estão na raiz do conflito. Quanto
mais esses desejos crescerem, maiores as possibilidades de o conflito crescer. Não haverá um
verdadeiro tratamento do conflito se não estivermos dispostos a pedir que Deus exponha os desejos
pecaminosos e/ou desmedidos do nosso coração aquilo que realmente nos motiva e impede a
reconciliação genuína. Visto que o coração é tão enganoso, apenas Deus pode expô-lo de forma
eficaz.
O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de
compreendê-lo? "Eu sou o Senhor que sonda o coração e examina a mente, para recompensar a
cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com as suas obras. "
Jr 17.9, 10
Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela
penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções
do coração.
Hb 4.12
Uma vez identificado o nosso pecado em desejos, palavras e ações, devemos nos arrepender
imediatamente, confessar a Deus sem desculpas, e nos dispor a uma mudança em obediência a Ele.
Entregaremos a Deus os nossos anseios, confiando que Ele é quem nos capacita para colocarmos
nossos interesses, planos e perspectivas em segundo plano ao buscarmos uma reconciliação.
Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra
misericórdia.
Pv 28.13

B - Tomar iniciativa com humildade


Como posso incentivar uma solução para este conflito de forma obediente a Deus?". A reconciliação
deve vir antes que os conflitos se acumulem, mas um pequeno intervalo de tempo é útil para prevenir
reações impulsivas.
Não é bom ter zelo sem conhecimento, nem ser precipitado e perder o caminho.
Pv 19.2
Considerar o ponto de vista da outra pessoa
O quanto estiver ao nosso alcance, devemos pensar em alternativas para solucionar as diferenças e
promover a reconciliação. Estaremos dispostos a fazer perguntas relevantes que
esclareçam mais os fatos e ouvir perspectivas diferentes das nossas, em lugar de nos prendermos a um
único ponto de vista. Estaremos prontos para colaborar na busca de uma solução aceitável para ambos
os lados. Isso pode significar que aceitaremos algo que não nos parece ideal celebraremos a unidade
e não a vitória.
Cada um de nós deve agradar ao seu próximo para o bem dele, a fim de edificá-lo. Pois também
Cristo não agradou a si próprio, mas, como está escrito: "Os insultos daqueles que te insultam
caíram sobre mim".
Rm 15.2, 3a

Praticar o amor e promover a verdade


Praticamos o amor em prol do relacionamento: cedemos quando se trata de uma preferência, pois as
pessoas são mais importantes que as preferências pessoais.
Promovemos a verdade para obedecer a Deus: confrontamos quando se trata de pecado que desonra a
Deus e prejudica o corpo de Cristo, pois obedecer a Deus é mais importante do que uma paz enganosa.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
1Co 13.6

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Entrar em ação
Qualquer que seja o nosso envolvimento no conflito, somos responsáveis por entrar em ação e dar início
ao processo de restauração do relacionamento.
Quando ofendemos
Quando contribuímos pecaminosamente para um conflito, devemos tomar a iniciativa de ir à pessoa
com uma confissão sincera, específica e breve, em obediência a Deus e confiando nEle para os
resultados.
Quando somos ofendidos
Naquilo em que somos ofendidos, devemos estender à pessoa a mesma graça e perdão que
recebemos de Cristo, lembrando que graça nunca é dizer ou fazer de conta que o errado é certo.

Pacificadores bíblicos não são indivíduos quietos, de fácil convivência, que não querem agitar os
ânimos nem têm qualquer compreensão de justiça, que são apaziguadores bondosos, mas sem
convicções. Não. Em certo sentido, um verdadeiro pacificador não tolera o status quo se o status quo C -
desonra a Deus. Ele busca uma paz que exige a verdade. Ele procura trazer à luz o conflito para
resolvê-lo por meio da verdade. John MacArthur, Jr. 20

Depender de Deus com bom ânimo


Se -
vez que obedecemos a Deus, sabemos que temos a Sua aprovação e podemos esperar nEle. A
deixa claro que cada um de nós é responsável por atitudes
que possibilitem o relacionamento, mas que não temos garantia do sucesso.
Façam todo o possível para viver em paz com todos.
Rm 12.18
Lembre-se que Deus não mede o sucesso em termos de resultados, mas em termos de obediência
fiel. Ele sabe que você não pode forçar outras pessoas a agir de determinada maneira. Ele não irá,
portanto, responsabilizá-lo por suas ações ou pelo resultado final de um conflito. Tudo o que Deus
espera de você é a obediência tão fiel quanto possível à Sua vontade revelada (cf. Rm 12.18). Se
você fizer isso, independentemente do curso que o conflito tomar, você pode ficar com a consciência
limpa diante de Deus, sabendo que a Sua avaliação é: "Muito bem, servo bom e fiel". Ken Sande 21

Deus pode restaurar relacionamentos dentro de Sua vontade, embora o tempo em que Ele opera pode
ser diferente do nosso.
Quando os caminhos de um homem são agradáveis ao Senhor, ele faz que até os seus inimigos
vivam em paz com ele.
Pv 16.7
Nunca devemos concordar em pecar para agradar outra pessoa e ter um bom relacionamento com ela.
A reconciliação é algo bom e desejável, mas não é o bem maior. O relacionamento com Deus é aquilo
que possuímos de mais precioso, e Deus define o sucesso em termos de obediência e temor a Ele.
É melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal.
1Pe 3.17

ENTRE VOCÊ E DEUS


Você está pronto a ser um conhecedor e praticante fiel da Palavra de Deus, apto para ajudar outros
na identificação de mudanças necessárias na maneira de pensar e agir, fazendo-o com críticas
amorosas?
Você está pronto a dar a alguém permissão para entrar em sua vida e desafiá-lo a andar em
santidade, ajudando-a a colocar em prática a Palavra de Deus? Você já tem um parceiro ou
um pequeno grupo de parceiros de caminhada cristã para colocar em prática a prestação de
contas amorosa e sábia?
O que você escolherá: segurar as situações de conflito em suas próprias mãos e racionalizações,
ou dispor-se a confiar em Deus e obedecer à Sua Palavra para lidar com elas?

Somos chamados a mais do que apontar os pecados de outra pessoa. Somos chamados a encorajar
a fidelidade na batalha até que alcancemos a vitória. Todos necessitamos deste ministério de
encorajamento. Paul Tripp 12

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Uso exclusivo dos alunos do CLD. Proibida a reprodução e qualquer distribuição sem autorização
1. LUTZER, Erwin. Quem é você para julgar. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.p. 16
Coletâneas de aconselhamento bíblico. Atibaia, SP, v. 7, 2008, p.
27.
3. LOPES, Augustus Nicodemus. É proibido julgar http://tempora-mores.blogspot.com.br/2011/07/e-proibido-
julgar.html Acesso out. 2013
4. LUTZER, Erwin. Idem, p. 223.
5. SANDE. Ken. Charitable judgments: an antidote to judging others.
http://www.peacemaker.net/site/apps/nlnet/content3.aspx Acesso out. 2013
6. LOPES, Augustus Nicodemus. É sempre uma falta de amor criticar. http://tempora-
mores.blogspot.com.br/2011/06/e-sempre-uma-falta-de-amor-criticar-e.html Acesso em out. 2013.
7. STOTT, John. A mensagem de Efésios. 2.ed. São Paulo: ABU, 1987. p. 125.
8. RAMSEY, D. Patrick. Idem. p. 28.
9. POIRIER, Alfred. A cruz e a crítica. http:/monergismo.com/textos/cruz/cruz-critica_poirier.pdf Acesso outubro
2013
Coletâneas de aconselhamento bíblico.
Atibaia, SP, v. 5, 2006, p. 134
11. PRIOLO, Lou. Idem.
12. TRIPP, Paul. War of words. Phillipsburg, NJ: P&R, 2000. p. 151
13. MACK, Wayne. Your family, God's way: developing and sustaining relationships in the home. Phillipsburg, NJ:
P&R, 1991. p. 182
14 Coletâneas de aconselhamento bíblico. Atibaia,
SP, v. 5, 2006, p. 103.
15. MACK, Wayne. Op. Cit. p 200.
16. SANDE, Ken. O pacificador: como solucionar conflitos. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. p. 7.
17. JONES, Robert. Pursuing peace: a Christian guide to handling our conflicts. Wheaton, Ill: Crossway, 2012. p.
19.
18. LANE, Timothy, TRIPP, Paul. Relacionamentos: uma confusão que vale a pena. São Paulo: Cultura Cristã,
2011. p. 81.
19. POWLISON, David. Op. Cit. p. 104.
20. MacARTHUR, John Jr. The only way to happiness: be a peacemaker.
http://www.gty.org/resources/Sermons/90-195 acesso em nov. 2013
21. SANDE, Ken. The four G's. http://www.peacemaker.net/site/c.aqKFLTOBIpH/b.958149/k.303A/TheFourGs.htm
acesso em nov. 2013

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