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U M A V I AG E M P E LO S
V U LCÕ E S DA
G U AT E M A L A

DESTINOS

24 de abril de 2020 | por Thaís Teisen

As Américas oferecem aventuras para todos os gostos e


estilos. Desde os roteiros mais famosos, até países
pouco conhecidos, não faltam opções para quem quer
se jogar em viagens com experiências únicas. O
fotógrafo Fayson Merege já compartilhou algumas
histórias de suas viagens com a gente. Nós publicamos
aqui o relato dele pelo Caminho de Santiago
Santiago,
saindo da Espanha, e também os detalhes da trilha
de Salkantay
Salkantay. Dessa vez, ele dividiu um pouco da sua
saga pelos vulcões da Guatemala. O depoimento na
íntegra traz dicas e fotos que vão te fazer colocar esse
pequeno país na sua lista de viagens.

Confira abaixo:

Antígua é o HUB de todos os viajantes e onde a maioria


das viagens pela Guatemala têm início. A cidade
colonial e colorida é considerada Patrimônio Nacional
da Unesco. Antígua era a capital do país até que uma
grande tempestade atingiu a Guatemala e fez com o
que a cratera do Vulcão de Água, um dos mais próximos
à cidade, transbordasse e causasse um enorme
alagamento no ano de 1773.
O governo, então, decidiu transferir a capital para uma
nova cidade, que passou a se chamar “Cidade da
Guatemala”, um lugar mais seguro e protegido dos
vulcões. A título de curiosidade, a América Central
surgiu há milhares de anos por conta do movimento de
placas tectônicas, por causa disso, milhares de vulcões
surgiram ao seu redor. A Guatemala é a maior prova
disso, nos país são 37 vulcões, sendo que 3 deles ainda
permanecem ativos e em alerta: Vulcão Fuego, Vulcão
Pacaya e Vulcão Santiaguito.
A Guatemala é mais desenvolvida do que os seus
vizinhos Honduras e El Salvador – e mais barato de se
visitar do que os famosos Panamá e Costa Rica. Para os
amantes da natureza e aventureiros, com certeza é um
país que não pode faltar no roteiro.
“Guatemala? Que país é esse?”-Essa pergunta foi a que
mais respondi quando publiquei sobre minha vinda a
esse país cheio de beleza, mistérios e cultura Maia.
A Guatemala hoje possui 3 atrativos principais: As águas
cristalinas de Semuc Champey, o místico lago Atitlán e a
atração principal: Trilha ao Vulcão Acatenango
Acatenango.
A trilha até o topo do Acatenango não é fácil e leva de
6 a 8 horas (dependendo do seu ritmo e condições
físicas), sendo: aproximadamente 4 a 5 horas até o
campo base e mais 1 a 2 horas até o cume. Esse
percurso totaliza uma subida de 3976m acima do nível
do mar. Várias agências locais oferecem serviços de
guia, que variam entre 30 a 60 dólares. Uma opção para
quem gosta de mais liberdade é fazer por conta própria.
É um pouco mais trabalhoso sair de Antígua e chegar
até ao povoado próximo do início da trilha, mas, se
estiver em grupo, podem compartilhar um táxi, uma vez
que andar nos “chicken bus” é apertado e com muita
gente.

Entrada do Parque Nacional = 50 Qtz / R$33 | Foto: Fayson


Merege/Arquivo Pessoal

OBS: O parque é monitorado por guias e pela polícia


local. TODOS precisam, além de fazer o pagamento,
assinar o livro de registro (para caso de emergências e
regaste). A polícia faz ronda e caso precise de algo
durante à noite, os turistas podem solicitá-los.
Eu, particularmente, não gosto muito de fazer esse tipo
de aventura com agências. Faço quando é necessário ou
quando não encontro parceiros de aventuras (90% das
vezes estou viajando sozinho). Gosto da sensação de
liberdade, de aproveitar o momento e ‘sentir’ o lugar.
Acabei encontrando, no mesmo hostel onde eu estava,
outros viajantes que toparam se aventurar por conta
própria. Pedimos algumas informações básicas,
planejamos e fomos em um sábado.
O dia iniciara bonito. Do terraço do nosso hostel, era
possível ver os 3 vulcões aos arredores de Antígua:
Água, Acatenango e Fuego. Seguimos para nossa
aventura às 9h da manhã e iniciamos nosso hikking por
volta das 10h30. Nas primeiras horas, estava muito sol e
calor. Bastou 2 horas subindo para o tempo mudar
completamente. Chuva. Neblina. Frio. Estávamos em 6
pessoas e nos dividimos em duplas. Estávamos em um
ritmo bom, ora avançando e ora esperando a todos.
Atingimos o campo base por volta das 15h15 – já
passadas 4 horas e 15 minutos de ascensão. Queríamos
ter feito até a base mais próxima do Vulcão Fuego,
porém, com o clima instável e sem visibilidade, nós
decidimos não arriscar.
Além de carregarmos todo o nosso staff com barraca,
saco de dormir, comida e água (MUITA ÁGUA), nós
tivemos que ir atrás de lenha para nossa fogueira.
Montamos acampamento e iniciamos a fogueira para
nos aquecer da noite gélida que se iniciava. Fizemos
nossa janta com macarrão (pré cozido), queijo e vinho.
Em volta da fogueira, conversávamos sobre nossas
aventuras de viagens, enquanto, apreensivos, ficávamos
na expectativa de ver as erupções do Vulcão Fuego. Eu e
Raymond permanecemos na espreita, enquanto os
outros foram dormir por volta das 21h. A neblina trazia
pequenas gotículas de água, deixando a sensação
térmica ainda mais baixa.
Na missão de fazer centenas de fotos e montar um
timelapse, permaneci acordado até 1h da manhã.
Levantei em alguns períodos para novas tentativas de
fotos enquanto a temperatura caia drasticamente
durante à noite. O momento mágico da aventura é
chegar aos 3976m, no topo do Acatenango para o
nascer do sol acima das nuvens e ter uma vista ainda
mais privilegiada do Vulcão Fuego.

Primeira boa janela, às 8h. | Foto: Fayson Merege/Arquivo Pessoal

A jornada começa às 4h e, como nós estávamos sem


guia, esperamos os outros grupos para então seguí-los.
Sem a ajuda de guias profissionais nesse trecho, fazer
por conta própria é muito arriscado (se fizer por conta,
você pode optar por subir em outro horário), pois
somente quem conhece os ‘atalhos’, sabe por qual
caminho seguir.
Devido ao frio e aos ventos muito fortes, permanecemos
cerca de 20 minutos neste local e então voltamos ao
campo base. Com um café tropeiro quentinho e sem
açúcar, compartilhamos nossos últimos momentos
juntos antes de voltarmos à Antígua.

Vulcão Pacaya. | Foto: Fayson Merege/Arquivo Pessoal

Vulcão Pacaya
Embora não tão conhecido pelos viajantes, o Vulcão
Pacaya é uma aventura interessante a ser feita estando
na Guatemala. Sendo um dos 3 vulcões ativos do país e
podendo caminhar próximo à cratera e até mesmo na
base do mesmo, a visita precisa ser guiada com guias
credenciados, para garantir que o turista esteja em
segurança (houve mortes de aventureiros solos).
Minha aventura por esse vulcão aconteceu em dois
momentos diferentes. Uma visita durante o dia e outra
durante a madrugada. Enquanto no Vulcão Fuego a lava
e as explosões são mais frequentes, o Pacaya joga
rochas vulcânicas em alguns momentos. A ascensão até
a base leva aproximadamente 1h30 e, quanto mais
perto, mais se ouve as explosões e o avistamento das
rochas rolando vulcão abaixo. A trilha é de dificuldade
média e há um mirante no qual se pode avistar o Vulcão
de Água, Acatenango e o Vulcão Fuego.

A trilha que leva ao Pacaya é de dificuldade média. | Foto: Fayson


Merege/Arquivo Pessoal

Pacaya teve sua última erupção há seis meses, sendo


que em 2010 teve uma de suas maiores erupções,
deixando mortos e desabrigados por um raio de 50 km.
A maior parte da lava se transformou em rochas afiadas,
negras e escorregadias. Neste caminho, parece que você
está andando em outro planeta. Incrível mesmo é poder
comer marshmallows aquecidos apenas pelo calor da
lava solidificada bem ao lado da imponente cratera em
plena atividade.
A aventura durante a madrugada para ver o nascer do
sol desde a cratera é a mais emocionante e envolve um
pouco mais de adrenalina. Junto ao guia em um tour
privado (os tours não acontecem com frequência pois há
poucos turistas interessados), iniciamos nossa ascensão
às 3h. A caminhada exige cautela, principalmente na
última parte, que caminhamos entre pedras e rochas
que chegam à até 3 metros de altura. Ao caminhar na
cratera é possível sentir o mormaço da lava e um pouco
do cheiro de enxofre. Enquanto esperávamos o sol
nascer, fizemos nosso café esquentando água
diretamente no chão, usando os pontos mais quentes.
Infelizmente não conseguimos ver uma quantia
considerável de lava, porém, em total escuridão, vimos
pequenos focos.

Noite no Vulcão Pacaya. | Foto: Fayson Merege/Arquivo Pessoal

Onde esquentamos a água, o guia disse ter por volta


dos 100ºC enquanto nos pontos de lava a temperatura
chegava a 200ºC. A água ferveu em menos de 2
minutos, tempo em que colocávamos nosso
marshmallows no ‘fogo’. Durante a subida, pouco se nota
o cenário em que estamos caminhando. O único ponto
de foco e luz é a nossa lanterna na cabeça. São
necessários passos curtos e com muito cuidado para
não pisar em alguma pedra ‘falsa’ ou desbaliza.
Apenas se tem noção do local quando começa o
descenso e podemos ver todo o trajeto feito.

Foto feita às 6h em longa exposição de 30”. | Foto: Fayson Merege/Arquivo


Pessoal

É difícil descrever a sensação de estar literalmente na


cratera de um vulcão ativo e poder ‘senti-lo’. A emoção
foi completamente diferente do Acatenango e com
certeza uma das mais ‘loucas’ aventuras que já fiz em
toda minha vida.
Lago Atitlán e a Trilogia de Vulcões
Outro lugar a ser visitado no país é o Lago Atitlán.
Rodeado por três vulcões (San Pedro 3020m, Toliman
3158m e Atitlán 3535), o imenso lago, provavelmente,
oferece as melhores vistas da Guatemala. Ao todo são
12 vilarejos diferentes que podem ser visitados. Os mais
conhecidos são Panahajel, San Pedro de La Laguna e
Santa Cruz. Todos eles são conectados por frequentes
lanchas e barcos que oferecem propostas diferentes. Os
barcos públicos têm preço tabelado por cada vilarejo.

Lago Atitlán. | Foto: Fayson Merege/Arquivo Pessoal

O lago está a 1562m acima do nível do mar e oferece


diversas opções de aventura: caiaque, stand up,
paragliding, mergulho e diferentes hikkings entre os
vulcões e arredores. Para realizar qualquer aventura que
envolva visitas aos vulcões, também é preciso fazer o
registro nos livros e ir acompanhado de guias, além de
pagar as taxas municipais. Durante minha minha
jornada pela região, me aventurei ao vulcão San Pedro e
Atitlán. O Hikking ao Vulcão San Pedro, o grau de
dificuldade é médio, embora a trilha exija bastante dos
joelhos. A ascensão ao Atitlán possui grau de
dificuldade difícil e em algumas partes, achei mais
dificultoso que o próprio Acatenango.

Vista do topo da “Trilha Indian Nose”, de onde é possível avistar o Lago de


Atitlán e os 3 vulcões. | Foto: Fayson Merege/Arquivo Pessoal

Guatemala é um país barato de se viajar e não exigirá


muito do seu budget. É um país incrível e que com
certeza irá te surpreender. Coloque na mochila seus
equipamentos e roupas de camping, trilha e aventure-
se, principalmente, pelos vulcões guatemaltecos.
Certifique-se de contratar sempre guias/agências
credenciados e que lhe ofereçam segurança. Não
coloque sua vida em risco.
Lembre-se de fazer aclimatação e deixar o seu corpo
apto à altitude para subir os vulcões. Todos estão acima
de 2500m de altitude e exigem um esforço
médio/difícil de sua capacidade de oxigenação. Hidrate-
se muito com água ou isotônicos.
No mais, aventure-se e desfrute de sua viagem pela
Guatemala!

! o sol nascendo atrás do Vulcão de


Topo do Acatenango com vista para
Água. | Foto: Fayson Merege/Arquivo Pessoal

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AVENTURA FOTOGRAFIA GUATEMALA TRILHA

VULCÃO

   

Escrito por

Thaís Teisen
Jornalista, formada pela FIAM-
FAAM, com especialização em
Mídias Digitais pela Universidade
Metodista de São Paulo. É
apaixonada por espor tes, natureza,
música e faz par te do time The
Nor th Face de Conteúdo Digital.

2 comentários
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Claudio Faverzani
Guatemala é mágica! Fiz
um tour por lá em 2013.
Fiz uma trilha no vulcão
Pacaya, fui a Semuc
Champey, Lago Atitlán,
nas Pirâmides Mayas de
Tikal. Lugar maravilhoso
que vale a pena
conhecer.
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Mauricio M. Pereira
Fayson e muito foda! Só
foto incrível abrilhantando
ainda mais o texto
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como spam · 3 a

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