Você está na página 1de 101

Rosalee M.

Appleby

FLORILÉGIO CRISTÃO
(Compilação) 18a edição

Lançamento:

Digitalizado por : Dumane


Revisado : por amigo anônimo.
Conteúdo
Conteúdo....................................................................................................... .................3
APRESENTAÇÃO......................................................................................... .....................7
Missões................................................................................................................ ...........7
O BRASIL PARA CRISTO...................................................................................... ..........7
FAZE SILÊNCIO EM MIM............................................................................................. ...8
O PESO DE NOSSA TERRA...........................................................................................8
IDE E PREGAI......................................................................................... ......................9
O CAMPO É O MUNDO...............................................................................................10
APRENDENDO A RECITAR..........................................................................................11
PRECE.............................................................................................................. ..........11
SONHO MISSIONÁRIO................................................................................................11
A MIM O FIZESTES....................................................................................................11
QUEM ME CHAMA?................................................................................................. ....13
DEDICAÇÃO..................................................................................... ..........................13
UMA CESTA DE ALTRUÍSTICOS DESEJOS....................................................................15
O MUNDO PARA CRISTO........................................................................................... ..16
SALVA PARA SERVIR................................................................................. ..................18
O ESPÍRITO DE MISSÕES................................................................................... .........20
DAR E RECEBER................................................................................................... ......23
BRASIL E PORTUGAL..................................................................................................24
MISSÕES.................................................................................................... ................25
APOTEOSE.......................................................................................... .......................26
LÍNGUAS E TRIBOS QUE AINDA NÃO FORAM ALCANÇADAS.......................................27
MISSÕES... SANTA CHAMADA DE AMOR.....................................................................28
BRASIL E PORTUGAL..................................................................................................30
JOGRAL............................................................................................ ..........................31
OS CAMPOS ESTÃO BRANCOS PARA A CEIFA..............................................................32
Dia das Mães........................................................................................ ........................33
A ORIGEM DO DIA DAS MÃES....................................................................................33
MINHA MÃE.......................................................................................................... ......34
MÃE................................................................................................... ........................34
AS MÃOS DE MINHA MÃE.............................................................................. .............35
MÃE QUERIDA................................................................................................. ...........35
"CARTA DE MEU FILHO".............................................................................................35
ANTES QUE SEJA TARDE............................................................................................36
MAE................................................................................................... ........................36
MEU LAR CRISTÃO.....................................................................................................36
PARA MAMÃE DOENTE...............................................................................................37
RETRATO DE MULHER.................................................................................. ..............37
SE EU PUDESSE................................................................................. ........................38
MAMÃE......................................................................................... .............................38
MÃEZINHA....................................................................................... ..........................38
QUEM É?...................................................................................................... ..............38
A MÃE..................................................................................................... ...................39
EU QUISERA, MÃEZINHA............................................................................................39
O MONÓLOGO DA FILHA............................................................................................39
A MÃO QUE EMBALA O BERÇO................................................................................. ..40
Escola Bíblica Dominical.............................................................................. .................44
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL.....................................................................................44
BENDITA ESCOLA !....................................................................................................45
A MOCIDADE ESCOLHE A IGREJA...............................................................................45
AS DUAS ESCOLAS....................................................................................................48
Bíblia.......................................................................................... ..................................49
A BÍBLIA.......................................................................................................... ...........49
O MELHOR LIVRO DO MUNDO...................................................................................49
A BÍBLIA.......................................................................................................... ...........49
MINHA BÍBLIA............................................................................................................50
A BÍBLIA E A SUA INFLUÊNCIA PODEROSA.................................................................50
Natal e Ano Novo............................................................................................... ...........52
NATAL............................................................................................... .........................52
NASCEU JESUS............................................................................................... ............53
FELIZ NATAL............................................................................................................ ...53
NA HUMILDE MANJEDOURA DE BELÉM.......................................................................53
NATAL............................................................................................... .........................54
O PRESENTE DO NATAL............................................................................................. .54
JESUS CRISTO NASCEU..............................................................................................54
A ORAÇÃO DO NATAL........................................................................................ .........54
PRESENTE PARA JESUS..............................................................................................55
NATAL............................................................................................... .........................55
O ETERNO NATAL........................................................................................... ............55
ADORAÇÃO............................................................................................ ....................56
ANO NOVO......................................................................................................... ........56
ANO NOVO......................................................................................................... ........56
ANO NOVO......................................................................................................... ........56
O ANO QUE CHEGA............................................................................................. .......57
BALADA DO ANO NOVO.............................................................................................57
VOZES DE OUTRORA.................................................................................................57
O PRESENTE QUE JESUS QUER..................................................................................60
O PRESENTE QUE NÃO FOI ENTREGUE......................................................................61
OS MAGOS.................................................................................................... ............63
FESTEJANDO O NATAL DE JESUS................................................................................63
A GRANDE PROMESSA DE DEUS................................................................................66
AS BELEMITAS.......................................................................................................... ..67
A ESTRELA DO NATAL................................................................................................69
A VIDA DE CRISTO............................................................................. ........................70
ESCOLHAS DO NATAL...............................................................................................72
DIÁLOGO DAS PASTORAS........................................................................................ ...73
A MANJEDOURA E A ESTRELA....................................................................................74
DIÁLOGO DOS PASTORES..........................................................................................76
Patriotismo.................................................................................. .................................76
PELA PÁTRIA.............................................................................. ................................76
O ANIVERSÁRIO DE MÁRIO........................................................................................77
Assuntos Diversos........................................................................................................79
PARA QUÊ?............................................................................................................... ..79
MEU PAI VELA DE CIMA.................................................................................... .........79
CRUCIFICADO COM CRISTO.......................................................................................80
CONTATO INTERROMPIDO....................................................................................... ...80
A PAZ DO SENHOR................................................................................................ .....81
PERDOA, Ó SENHOR, PERDOA!..................................................................................81
JESUS............................................................................................................. ............82
AS MÃOS DE CRISTO................................................................................................. .82
PRECE.............................................................................................................. ..........82
O ECO......................................................................................................... ..............83
CANTO DO CRENTE...................................................................................................84
REPOUSE SOBRE NÓS A FORMOSURA DO SENHOR...................................................84
VOZ DE DEUS.................................................................................. .........................84
O NOME DE DEUS....................................................................................... ...............84
ONDE A SAPIÊNCIA DO HOMEM ?..............................................................................85
O CEGO DE JERICO....................................................................................................85
GUARDA O TEU CORAÇÃO.........................................................................................86
CRISTO É TUDO............................................................................... ..........................86
AS SETE PALAVRAS DA CRUZ...................................................................................86
O JARDINEIRO DO AMOR...................................................................................... ......87
AS DUAS ORAÇÕES........................................................................................... .........88
DIA DE ANIVERSÁRIO............................................................................................. ....88
PRECES DA INFÂNCIA.......................................................................................... .......88
ORAÇÃO DUM PEQUENO................................................................................... .........88
A ALEGRIA DA VIDA...................................................................................................88
GRAÇAS A DEUS......................................................................................................89
NA ESCOLA.................................................................................................. ..............89
O AMIGO DO GATO...................................................................................................89
OS PASSARINHOS............................................................................. .........................89
ERA UMA VEZ............................................................................................................90
RAPAZ DECIDIDO................................................................................... ....................90
A MENINA DA SOMBRINHA...................................................................................... ...90
PEQUENAS COISAS............................................................................... .....................90
AJUDADORES........................................................................................ .....................91
A VOVOZINHA............................................................................................... .............91
O QUE VOU FAZER...................................................................................... ...............91
ROSA................................................................................................. ........................91
TUDO PARA JESUS................................................................................................ ......92
NINHOS................................................................................................................... ...92
JESUS E AS CRIANÇAS.............................................................................................. ..93
A ESCADA DE JACO................................................................................ ..................93
A FLORI ST A................................................................................................... ..........95
O JARDIM DE DEUS....................................................................................................98

Todos os direitos reservados.


Copyright © 1984 da JUERP.

15a edição- 1983

16a edição— 1984

17a edição— 1986


245.3
App-Flo Appleby, Rosalee Mils, comp.
Florilégio cristão. 18a edição. Rio de Janeiro, Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1987.
303 p.

1. Programas Especiais. 2. Poesias Evangélicas. 3. Representações Evangélicas I. Título.

CDD — 245.3

Número de Código para Pedido: 27.C33


Capa de Hudson P. Silva - Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista
Brasileira Caixa Postal 320 - 20001 — Rio de Janeiro — RJ — Brasil3.000/1987 Impresso
em Gráficas Próprias

APRESENTAÇÃO
Florilégio Cristão é um desses livros que inspira, educa, recreia o espirito e renova o ânimo de quantos o lêem. As
poesias, as meditações e os dramas para as mais variadas ocasiões do calendário eclesiástico comunicam uma mensagem
plena de significado para a vida diária. Esta é a razão da grande aceitação da obra no meio evangélico.
As edições sucessivas — dezessete edições já esgotadas — são testemunho eloqüente do valor da obra. A edição
original foi acrescida de poesias e dramas de caráter mais recente. O aspecto gráfico do livro foi melhorado com uma
diagramação mais dinâmica e atraente. Tudo o que se fez teve como objetivo o aperfeiçoamento dos santos, através de
programas relevantes para a atualidade.

Manteve-se a estrutura básica das primeiras edições do Florilégio Cristão. Também foi mantida a nova forma e as
modificações Introduzidas na oitava edição. A obra continua sendo uma coletânea ou antologia de produções,
representações e poesias evangélicas para ocasiões variadas. Através de suas páginas, o espirito humano eleva-se das
profundezas de sua angustia e Incerteza para os píncaros da eternidade. A mensagem da cruz e da reconciliação por melo
de Jesus Cristo é uma constante em todas as suas páginas. A responsabilidade dos crentes para com as almas que se
encontram distantes do Salvador é acentuada. O valor, a inspiração e a importância da Bíblia são exaltados.

Preparado com a finalidade de fornecer elementos para os programas especiais das igrejas, Florilégio Cristão é útil
também como livro de leitura inspirativa e devocional.

Que as vidas conduzidas a uma aproximação maior com Cristo através da mensagem deste livro continuem a formar
um verdadeiro florilégio para a honra e glória de Deus!

Darci Dustlek

Missões
O BRASIL PARA CRISTO
Mário Barreto França
Levanta o teu olhar, ó mocidade crente, Até onde puder chegar teu sonho ardente! E vê todo
esplendor de nossa Pátria amada, Toda a grandeza, toda a fortuna ignorada, Que seriam no
mundo o máximo luzeiro, Se as soubesse explorar o povo brasileiro!
Porém tu — mocidade! — aceita o sacrifício De, com a Bíblia na mão, ir combater o vício, A miséria, a
indolência e o pecado infecundo Dos que vivem sem fé, chorando pelo mundo.. . Desfralda o pavilhão do
Evangelho de Cristo E acorda este país para a crença, porque isto É o problema moral de maior relevância
Pra salvar a velhice e restaurar a infância Ou para entusiasmar a pobre humanidade Nas lutas pelo bem, no
amor pela verdade.
A Crença é que desperta o gosto pelo estudo, O amor pelo trabalho empreendedor, por tudo Que representa,
em si, o progresso de um povo! Anuncia, portanto, esse amor sempre novo Que Cristo nos legou e no qual te
iluminas, Sorvendo a inspiração nas páginas divinas!
Em ti é que o Brasil descansa o seu futuro!
E, que farás, então, para vê-lo seguro
Na base do progresso e à vanguarda do mundo,
Cristãmente feliz, sabiamente fecundo? Olha-o na solidão cruel do extremo norte! Inculto,
sendo rico; estéril, sendo forte!

Contempla-o no Nordeste, entre as secas tremendas;


Ali, nesses sertões, da crendice e das lendas,
De anônimos heróis ou míseros escravos,
É que a Pátria suporta os maiores agravos...

É o Brasil de Goiás, de Minas, Mato Grosso, Do Amazonas, Pará... desse eterno colosso, Que dorme o sonho
vão da força adormecida E anseia despertar para o esplendor da vida!

É o Brasil infeliz das tribos decadentes, Expostas à cruel exploração das gentes, Donos de tanta cousa é sem
direito a nada, No império colossal da mata torturada.

É o Brasil de São Paulo, a rir nos cafezais, Brasil do industrial, do garimpeiro audaz; Brasil do extremo sul,
dos pampas verdejantes Que, coberto de bois, vão se perder distantes...

É o Brasil do campônio e do honesto operário, Do que arrasta na vida o trágico fadário De ver o seu labor tão
mal recompensado, Mas sempre esperançoso e sempre conformado...

Brasil comercial, ou Brasil idealista, A tudo — mocidade! — alonga a tua vista, E desfralda com fé a bandeira
da paz, E prega a salvação, e não te cales mais!

Levanta o teu olhar, ó mocidade crente, Até onde puder chegar teu sonho ardente! E, a crença a proclamar
sob este céu de anil, Conquista para Cristo o povo do Brasil!

(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões Nacionais.)

FAZE SILÊNCIO EM MIM


Especial para A Pátria para Cristo Mário Barreto França
Para que eu possa ouvir, Senhor, o teu chamado E não queira escutar a voz do mundo ruim; Para que o meu
pensar esteja a Ti voltado, Faze silêncio em mim!

A fim de que eu atenda, ó Deus, aos teus conselhos E possa te seguir até da vida ao fim; E, para que te adore
humildemente, de joelhos, Faze silêncio em mim!

Que os problemas do lar e as angústias da vida Não me afastem, Senhor, do teu caminho, e assim, Pra
receber do céu a mensagem querida, Faze silêncio em mim!

Se o estrépito cruel do insulto ou zombaria Ecoa na distância escura de onde vim; Para alcançar, ó Deus, tua
sabedoria, Faze silêncio em mim!

Senhor, para que eu sinta, em luz, tua presença, A paz celestial e o teu amor, enfim, Para nalma fruir a tua
graça imensa, Faze silêncio em mim!
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões Nacionais.)

O PESO DE NOSSA TERRA


Myrtes Mathias

Dizem os grandes poetas que o Brasil é todo sol, que o Brasil é todo festa, que
seu céu é sempre azul. Mas eu vejo mãos crispadas, erguidas, desesperadas,
clamando de norte a sul.

Mãos do Brasil primitivo, correndo na selva imensa, mergulhado na


descrença, fugindo no próprio lar! Nu, pagão e decadente, abandonado e
doente, sem forças para lutar.
Mãos crispadas do norte de minha terra, perdido no inferno verde do verde seringal; afogado na lama, em
cabana de palha, morrendo de febre — destino fatal!

Braços erguidos do nordeste, mãos crispadas, ressequidas de sol, Suplicando água, um arbusto,
uma sombra um resto de justiça, um novo arrebol.

Mãos do Brasil de roupa rasgada,


do homem da enxada, que faz "simpatia"
para não morrer.
Do Brasil que nunca fez greve, que nem sabe pedir aumento, para quem o sofrimento
já faz parte do viver.
Mãos do Brasil que vive em barracos, subindo o morro em busca de ar; que transforma em samba
a própria miséria; que se afoga no vício, para não chorar.
Mãos revoltas das filas enormes, dos desempregados, doentes e réus. Mãos que blasfemam,
maldizem e matam, mãos desgraçadas, perdidas, sem Deus.
Mãos pequeninas do Brasil criança que puxam miséria, em vez de carrinho; Crianças sozinhas, de
olhos enormes, que pedem migalhas de pão e carinho.
Basta, Senhor, de braços estendidos, de mãos descarnadas, quais estrelas apagadas, sem
brilho, sem luz. Basta, Senhor, por piedade, faze-nos raio da Tua claridade, para mostrar-
lhes Jesus.
Peso de nossa terra,
grito de nosso povo,
que suplica um mundo novo,
onde haja paz e amor.
Como gozar nossa crença,
deixando na treva imensa
o povo que é nosso povo,
a terra que é nossa terra, Senhor?
Olha, Senhor, teu povo ajoelhado, clamando, angustiado, pela grande nação. Arranca-nos, Senhor, do
comodismo, faze-nos mártires, se assim for preciso, mas salva nossa Pátria e limpa nossa mão.
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões Nacionais.)

IDE E PREGAI
Henry Crocker Trad. Jonathas Braga

Dai-nos uma palavra prodigiosa,


palavra emocional e poderosa
como um grito de guerra a clarinar!
Dai-nos a chama flamejante e intensa que desperte os cristãos da indiferença e os chame para o
campo a batalhar!
Santa convocação foi anunciada, como um toque vibrante de alvorada, dizendo para os
crentes: Despertai!
Uma palavra de ordem terminante ressoa pelo espaço a cada instante, nesta expressão sublime:
IDE E PREGAI!
Em nome de Jesus, que o amor encerra, disseminai agora pela terra O evangelho divino do
perdão
aos homens em delitos e pecados, que vivem, como ovelhas, desgarrados, sem esperança e sem
consolação!
Ao mundo pecador e decaído, fazei este evangelho conhecido, que é o dom supremo do
divino Pai,
e, aos que jazem nas trevas da maldade,
proferi a mensagem da verdade,
nesta expressão sublime: IDE E PREGAI!
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões Nacionais.)
Mas essa voz de entono extraordinário emudeceu um dia em plena lida, quando, subindo ao monte do
Calvário, o Nazareno ofereceu a vida,

num derradeiro esforço, pela glória de conquistar a salvação graciosa, o mais belo capítulo da
história de sua vida humilde e poderosa.
O CAMPO É O MUNDO
À Junta de Missões Estrangeiras
Jonathas Braga
I
Há dezenove séculos passados,
a voz do Nazareno, cristalina
como um aviso prévio aos descuidados,
vibrava nos rincões da Palestina,

Desde Jerusalém à Galiléia,


das praias do Mar Grande até o deserto,
de Gate ou Corazim a Cesaréia,
por vilas e cidades, longe e perto.

Era o supremo arauto da verdade a proclamar o reino do Messias, coisas melhores


para a humanidade e, para os homens maus, melhores dias.
Era o divino e santo mensageiro, que do evangelho as novas anunciava, chamando
para o bem o mundo inteiro, cujo pecado horrendo profligava.

Era o celeste porta-voz do eterno, com as boas-novas do perdão divino, para


livrar os homens do atro inferno e lhes fazer melhor o seu destino.
II
O mundo jaz em trevas do pecado e os homens no caminho da desdita, rolando pelo pântano
ensombrado da morte atroz, horrífica, maldita!

Gemidos e soluços mal contidos


e entrecortadas lágrimas de tédio
são eclosões de espíritos feridos
e almas que choram sem nenhum remédio.

Nos grandes centros, fremem as orgias, nas espeluncas, sórdidas risadas, como se fossem loucas
alegrias que embriagassem as almas angustiadas.

E mais além, nos antros nauseabundos, onde Satã firmou os seus esteios, ébrios, corruptos, maus e
vagabundos vivem de estranho e vil falerno cheios!
O panorama é triste, na verdade, porque o pecado as coisas desfigura e, nessa dolorosa realidade,
transforma num leproso a sã criatura!
(Pois o homem é, desde o alto da cabeça, uma terrível, fétida ferida, uma só chaga purulenta e espessa ainda
nem ao menos espremida!)
Quem os socorrerá em tal estado? E quem os livrará do inferno horrendo? — O mundo jaz em trevas
de pecado e o futuro dos ímpios é tremendo!
III
"O Campo é o Mundo" — A Europa, a Ásia, as Américas, o ártico solo, a Oceania cheia de ilhas... Montes,
cidades, plagas estratégicas, arranha-céus... prodígios... maravilhas...

"O Campo é o Mundo" — Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Holanda, Itália e Grécia... Rússia,
Turquia, Bélgica, Alemanha, Suíça, Iugoslávia, Dinamarca e Suécia...

"O Campo é o Mundo" — Arábia, Palestina, Iemém, Sibéria, Sião, Mesopotâmia, Índia, Israel,
Birmânia, Síria, China, Japão, Nepal, Iraque, Transjordânia...

"O Campo é o Mundo" — México, Bolívia, Haiti, Honduras, Chile e Paraguai... Brasil, Antilhas,
Canadá, Colômbia, Cuba, Estados Unidos e Uruguai...

"O Campo é o Mundo" — Príncipe, Libéria, Congo, Marrocos, Quênia, São Tome... Gâmbia,
Somália, Uganda, União, Nigéria, Niassa, Abissínia, Egito, Orã, Guiné...

"O Campo é o Mundo" — Austrália, ilhas e mares, plagas longínquas, rios e desertos, nações
selvagens, povos seculares, almas sem fé e corações incertos...

"O Campo é o Mundo" , sim, o mundo vário,


que jaz nas garras do feroz Mefisto...
Mas eis aqui um lema extraordinário:
— GANHAR O MUNDO INTEIRO PARA CRISTO!
APRENDENDO A RECITAR
(No dia de Missões)
Stela Câmara Dubois
Hoje é o dia de Missões,
E eu vou buscar, mamãezinha,
O meu cofre recheado
Com os tostões que lá guardei.
(Com mistério)
Como deve estar pesado!
(Sai para buscar o cofrezinho)
Ei-lo aqui. Mas que surpresa Vou fazer aos meus amigos Na sessão da Juvenil! Cada
um gastou o seu tanto Nos sorvetes, nos bombons, E, no dia de Missões, O pobre
mealheiro, a um canto, Ficou vazio... sem nada...
(Passeando)
Já posso ler no sorriso Da querida presidente Toda a sua aprovação!
(Muito alegre)
Melhor é dar do que ter, E ter muito para dar, Que bem faz ao coração!

PRECE
Heli Menegale
Os corações dos homens andam cheios de cicatrizes, quando não de chagas; Vê, meu Jesus,
se porventura apagas suas dores, seus males, seus anseios...

Ó carinhoso, doce Pai, que afagas as crianças, em dúlcidos enleios; ó poderoso! ó forte!
que pões freios no próprio leão indômito das vagas!

Senhor de poderio manifesto,


que numa simples frase, a um simples gesto,
a um cego, em Jerico, puseste são —

tantas almas no mundo andam nas trevas! tanta cegueira à perdição as leva! Dá-lhes, Senhor,
a luz da Redenção!

SONHO MISSIONÁRIO
Avany Bonfim
Sou pequena, bem o vejo, Porém, quando eu crescer, Irei sempre
alegremente Cumprir o meu dever.
Sou pequena, na verdade, Mas sou crente, minha gente, Na minha Sociedade,
Sou ativa e inteligente.
Esperem, não riam agora, Com minhas explicações, Pois o assunto é muito
sério, Vou falar-vos de Missões.
Tenho orado todos os dias E hoje trouxe o meu dinheiro, Para ajudar as
criancinhas, Crianças do mundo inteiro.
Por isso eu tenho pressa, quero depressa crescer, E, quando for bem grandinha,
Missionária quero ser.
(Extraído do livro Antologia Missionária, da Junta de Missões Nacionais.)

A MIM O FIZESTES
Jonathas Braga
(Salão familiar. Uma pequena mesa em cujas cabeceiras estão duas cadeiras. Sobre a mesa, um jarro de flores.
Celina e Marina, novas amiguinhas, sentadas, frente a frente, entreolham-se... Alguns segundos de
silêncio profundo.)

MARINA (levanta-se)
Não viste, porventura, o céu como está lindo?
Como os astros estão em pleno azul fulgindo?
O céu, o céu azul, o céu cheio de estrelas,
nessas noites de luar, miríficas e belas,
o céu é para mim um doce enlevo de alma.
Há tanta luz... há tanto encanto... há tanta calma,
que a gente cuida entrar nos paramos divinos,
ouvindo a orquestração dos mais profundos hinos!
Sozinha muita vez, eu fico embevecida,
sem mais pensar na dor em que se passa a vida,
a contemplar o céu distante, os sóis fulgentes,
miríades de sóis, grandes, tremeluzentes,
estrelas de clarões miríficos, profundos,
astros que, para mim, são outros tantos mundos. ..
Que belo é ver o céu, o espaço constelado,
esse zimbório imenso, etéreo, iluminado!
Não viste, porventura, o céu ainda, o lindo
cortinado onde estão as estrelas fulgindo?
Dizem que nele existe um rio, caudaloso,
cuja água de cristal a todos dá repouso. . .
Dizem que desse rio à margem muitas crianças,
tocando tamboris, ao compasso de danças, vivem alegremente e sem tristeza alguma
que lhes possa envolver o céu em densa bruma...
Será verdade, pois, que elas, essas criancinhas,
no rio vão tirar água com canequinhas
de ouro amarelo como as frutas bem maduras?
Como felizes são todas essas criaturas!

CELINA (levanta-se também)


Ora, vou contar-te uma história pungente que enche de comoção o espírito da gente.
(Marina senta-se)

CELINA (compassadamente)
Eu era pequenina ainda, quando, um dia,
ao regressar da escola, estudante de alegria,
encontrei no caminho uma criança, coitada,
de cabelo revolto e veste esfarrapada,
de pés descalços, triste e lacrimosa mesmo,
que era de causar pena, a pobrezita a esmo...
E pediu-me uma esmola, assim, piedosamente,
estirando-me a mão, num gesto comovente:
— Menina, estou com fome e, por sua bondade,
dê-me uma esmola, ouviu? Tenha de mim piedade.
Abri, então, a bolsa em que os livros trazia,
nem um vintém sequer, nem um vintém havia!
Confesso que fiquei bastante entristecida
e senti a maior angústia desta vida,
por não poder fartar aquela pobre criança
de olhar tão dulçuroso e voz tão pura e mansa.
Ofereci-lhe almoço em minha casa, e a pobre,
num gesto muito bom e sobretudo nobre,
sobre o peito cruzando as mãos emagrecidas,
olhava para o céu das nossas duas vidas:
eu, tão feliz no mundo, e ela, tão pobrezita,
tão triste na orfandade e tão cansada e aflita.
Não achas que fiz bem?! Não achas que cumpria
um restrito dever, de que Deus me incumbia?

MARINA (levanta-se outra vez)


Fizeste muito bem. Obraste retamente, Deus não esquecerá teu gesto comovente. Cumpriste o teu dever,
porquanto está escrito que se deve atenuar a dor ao que anda aflito, dar pão ao que tem fome, e vestes, ao
despido, e água ao que está sedento, e gozo, ao oprimido. A tua boa ação vale por um tesouro e escrita está
nos céus com grandes letras de ouro!
CELINA (suavemente)
Por isso, toda vez que fico, embevecida,
olhando para o céu, alheio à humana vida,
me lembro da orfãzinha e parece que a vejo
de mãos postas ao peito e a voz em gorgolejo,
dizendo para mim: — Menina, você é boa;
E Deus, a quem é bom, sempre, sempre abençoa...
O tempo tem passado e eu nunca mais no mundo
a pobre pude ver, de olhar triste e profundo.
Talvez ainda viva aquela humilde criança,
cujo divino olhar não me sai da lembrança.. .
Talvez Deus a chamou — quem sabe? — para a glória,
para o reino dos céus, num canto de vitória...

MARINA
Tu és muito feliz, mais do que eu certamente,
Porque sabes amar o próximo piamente!
O bem que tu fizeste àquela pequenina,
não lhe fizeste a ela apenas: mais do que isto,
fizeste aquele bem imenso a Jesus Cristo!
Quem faz um benefício a um desses, sem vaidade,
tem-no feito a Jesus, que está na eternidade,
pois ele disse aos seus apóstolos amados
que quem assim fizesse aos mais necessitados,
a ele mesmo, enfim, o estaria fazendo.. .

CELINA
Fi-lo. sim, a Jesus somente, bem o entendo, porque naquele tempo eu muito bem sabia que por mim meu
Jesus morrera certo dia, mas não me lembro mais do nome da criancinha, sei que ela era, coitada, humilde e
pobrezinha.. .

MARINA (com ênfase)


Desejarias ver, porventura, essa criança, cujo olhar te perdura ainda na lembrança?

CELINA (tristemente)
Ah! Eu me sentiria alegre se inda a visse
com aquele mesmo olhar mui cheio de meiguice,
para do meu Jesus falar-lhe e redimi-la
do pecado em que jaz, talvez, triste e intranqüila.
Mas deve já ser moça e, para conhecê-la. . .

MARINA (com expressão)


Deus te abençoe! Os céus te sejam benfazejos, são estes, pois, os meus fervorosos desejos, porque aquela
criancinha esfarrapada e triste que pra almoçar contigo, um dia, conduziste, também hoje é cristã, também
hoje é remida por aquele que deu por todos nós a vida! Aquela pobrezita humilde e pequenina,
(Indo abraçar a amiguinha) é hoje tua irmã na fé: sou eu, Celina!

QUEM ME CHAMA?
Dalva Nanci Alberti

NARRADORA — Quem me chama? Esta é a pergunta de Lúcia, jovem professora recém-formada. Qual a
razão desta interrogativa ?

LÚCIA (Entra com um diploma na mão) — Como estou feliz! Não sei se há alguém mais feliz do que eu!
Foi maravilhosa a festa de formatura! Tenho agora em minhas mãos o que almejei durante muitos anos.
(Abre o diploma e lê:) — "Lúcia Bastos, professora normalista. .." Oh! que felicidade, sou professora! Poderei
trabalhar como sempre desejei. Ter uma classe modelo, de acordo com a Pedagogia moderna. Papai me
prometeu uma nomeação na capital. Certamente ganharei o bastante para viver com todo o conforto!
Como estou cansada! Estudos, provas, festas... O tempo voa. Lembro-me bem do primeiro dia de aulas,
o uniforme, as colegas, a sala de aulas, as professoras... Ah!. . : (começa a folhear uns cadernos velhos e
encontra a poesia "Dedicação". Lê em voz alta:)

DEDICAÇÃO
Sady Machado

Se eu tivesse mais vidas, bom Jesus!. ..


Mais vidas te daria...
Todas seriam tuas,
Para pregar o Evangelho da Cruz,
Que salva e enche a alma de alegria,
Pela presença da radiante luz.. .
Se eu tivesse mais vidas!...
Para cantar bem alto
Um hino que fosse ouvido
Pelos quadrantes desta nossa terra. ..
Para ensinar o verdadeiro caminho
A quantos buscam a paz pelas armas da guerra.. .
Para amparar esse quase imensurável
mundo sofredor. ..
Para, mesmo no meio da luta,
Dizer, como Davi:
— "O Senhor é o meu Pastor..
Para viver!...
Viver intensamente,
Deixando uma estrada que possa
ser percorrida. ..
Para aproveitar o tempo...
Os talentos. ..
Dedicando-os a ti. ..
Somente a ti!. ..
Se eu tivesse mais vidas.
Todas seriam tuas, bom Jesus!.................
Afinal...
O que possuo já é por tua bondade.. . O que desejo só alcançarei ao teu lado... O de que preciso é a
tua verdade... O que me faz exultar é ser por ti amado...
Mas. ..
Quem sou eu para te pedir tanto ?... Certamente, por mim, nada de ti mereço. .. Teu sangue um dia
enxugou meu pranto. .. Do que me deste, então, eu te ofereço. . . Por isso. ..
Não preciso outras vidas. Não.
Esta me basta... Uma só inteligência.. Uma só alma. .. Um só
coração...
—Modesta flor do teu grande jardim. .. Pois eu bem sei o que querem de mim:
—é lealdade, santificação
—fé... perseverança — consagração... amor Impulsionando a minha própria vida. ..
Na vida inteira da minha dedicação
(Depois, senta e fica pensativa.)
NARRADORA — Lúcia foi a melhor aluna da classe, a mais inteligente e a mais dedicada. Bem merece o
título que agora lhe pertence. Está absorta, a recordar o passado e a fazer planos para o futuro.
Subitamente...
CRIANÇA SERTANEJA (vai entrando e chamando) — Lúcia, Lúcia, ajude-me! Eu preciso de você, Lúcia!
Por certo você já tem ouvido a meu respeito. Venho do sertão da nossa Pátria, onde habitam animais
selvagens e um povo sem recursos. Você acaba de receber seu diploma de professora, eu lhe suplico, venha
ajudar os pobres sertanejos, que, como eu, não sabem ler nem escrever. Também ouvi dizer que há um
Salvador — Jesus — mas quase nada sabemos sobre ele. Eu sei que você o conhece. Venha e nos conte a
sua história. Nós precisamos de uma professora como você, venha!... venha!... (sai).
MENINA POBRE — Eu também preciso de você. Vivo numa choça, às margens de um pequeno rio. O
sertão do Brasil é o meu mundo. Um dia eu vi uma menina da cidade. Como era linda! Tinha vestidos
bonitos, rosto corado e tinha livros para estudar. Tenho vontade de ter vestidos bonitos também e
principalmente livros, mas não sei como... Você pode nos ensinar a ler, a escrever e pode nos contar
histórias de um livro grande, que chamam de Bíblia, não pode? Venha comigo, Lúcia, porque onde moro
ninguém pode ler naquele livro e nem sabem contar suas histórias. Venha comigo!... (afasta-se, meio voltada
para Lúcia, olhando-a até desaparecer).

MOÇA (modestamente vestida) — Onde está você, Lúcia? Venho do meio de um povo rude e degradado.
Povo supersticioso e sem princípios morais. Sou moça como você, mas você mora na cidade e eu no interior,
você possui um diploma e eu não tive a oportunidade de estudar. Assim passei a infância. Muitas outras
jovens vivem Como eu. Venha, e nos auxilie. Muitas vidas, lá, dependem de você (sai).
VOZ — "O mestre chegou e te chama." Lúcia, Lúcia, não ouves? Parece que estás indiferente. Não venho
pedir-te auxílio, venho oferecê-lo. "O meu fardo é leve e o meu jugo é suave." Sou teu Mestre. Tenho falado a
ti através das petições dessa gente humilde e necessitada. "O Campo é vasto, mas os obreiros são poucos."
Ajuda a libertar essa gente opressa. Dá-lhes a tua sabedoria. Teus conhecimentos precisam penetrar no
coração dos ignorantes. Vai até os lugares obscuros, e leva a luz. Eu sou a água da vida e o sertão sedento.
Eu sou o pão da vida e o sertão faminto. Leva-me aos seus corações. Com a pujança e o vigor da tua
juventude, leva-me àquelas almas. Sê uma bênção. Eu te chamo para seres útil no coração da tua querida
Pátria.
LÜCIA — Diante de mim esteve o retrato do sertão brasileiro. Tive a visão do que é o interior de nossa
Pátria. E eu não havia pensado em tudo isso. Que fazer? Deixarei o conforto do meu lar, de minha cidade? E
os meus ideais, meus doces e elevados castelos? Apelos insistentes! Vozes me chamam! Quanta miséria! Que
farei? Jesus me falou ao coração — Eu sou teu Mestre. Sê uma bênção.
(Ouve-se o hino 298 do "Cantor Cristão".)

"Nem sempre será pra o lugar que eu quiser que o Mestre me tem de mandar..." Claramente percebo
meu lugar de servir. Não é na capital. (Levanta-se e fala com ênfase:) "Onde quer que seja com Jesus irei..."
(Ajoelha-se e ora:) Meu Senhor, meu Mestre, reconheço a tua chamada para a obra de Missões. Desejo ser
útil à minha Pátria, às almas sedentas e famintas. Irei proclamar meu Salvador. Eu me entrego ao teu
serviço. Irei confiante nas promessas de quem me comissionou. Em nome de Jesus. Amém (continua em
atitude de oração até o pano se fechar).

(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões Nacionais.)

UMA CESTA DE ALTRUÍSTICOS DESEJOS


(Adap.) Stela Câmara Dubois
(Um líder e seis crianças. 0 líder traz v/ma cesta, contendo seis pedaços de papel, nos quais estão escritos
legivelmente os seis desejos. As crianças que tomarem parte deverão ler corretamente, e o líder dará as
respostas.)

LÍDER — Trago u'a cesta de desejos, Como todos podem ver, Altruísticos desejos!
Quem não os quer conhecer? Seis desejos! Seis primores! Seis bandeiras
multicores! Vinde vê-los, abraçá-los, Fazê-los vossos, amá-los Com
devoção sem igual! Estendei a vossa mão, Tirai-os como se fora Um
prazer do coração!
(Todos se achegam e tiram os papéis da cesta)
No 1 — Quem me dera fosse RICO!
Se a abundância eu tivesse, Daria pão ao faminto E consolo ao que
padece.
LÍDER — (dirigindo-se a todos)
Acautelai-vos, queridos, De desejo tão dourado! Fervorosos no
cuidado,
Dai, o que tendes, com amor, Dai, o que tendes, agora: Um copo dágua ao sedento. Não queirais
ser ricos; sede Palavra doce ao que chora, E assim tereis ajuntado Riqueza melhor que o ouro:
— A recompensa do céu, Que é um perene tesouro!

No 2 — Quem me dera fosse eu GRANDE! Se a grandeza eu desfrutasse, Melhoraria este mundo Com os
trabalhos que encetasse!

LÍDER — Muito bem! Queres ser grande? Eis o meu modo de ver: — Cumpre, calma e fielmente, Cada
pequeno dever!

No 3 — Quem me dera que eu pudesse


IR ÀS TERRAS MUI DISTANTES, Levar o evangelho eterno, As mensagens mais tocantes!

LÍDER — Não gastes o tempo em vão, Cogitando nesse afã; Vai ao povo sem demora, De muitos modos, irmã:
— Orando, dando uma oferta, Pois o tempo é agora! É hoje!

No 4 — Quem me dera conhecer


DOS PAGÃOS A VIDA INCERTA!
Eu falaria do amor
E daquela estrada certa!

LÍDER — Deus te ajude, meu irmão, Nesse tão justo desejo! Faze um ato bom e nobre Que te servirá de
ensejo!

No 5 - Quem me dera que os CRISTÃOS Pudessem reconhecer QUE PROPAGAR O EVANGELHO Dos
deveres é o dever!

LÍDER — Sim, mas que estás tu fazendo? Já falaste ao teu vizinho?


Convidaste para a igreja Teu colega ou amiguinho?

No 6 — Quem me dera mais OBREIROS Na seara a embranquecer, Para de Deus nossa Pátria Mais
favores merecer!

LÍDER — E se o Mestre, caro amigo, Te chamasse a ti, irias? Ou, se voto a Deus fizesses, Dentro em pouco
esquecerias? Sinceridade! Eis o tema Para quantos são chamados! Quem redime u'alma aflita,
Cobre um milhão de pecados! Não gastes debalde o tempo, Delongando-o com demoras! Fala
aos outros! O que hoje é luz, E messes do céu, as horas! Da Boa-nova as sementes Espalha, à
mão cheia, amigo! Se ajuntares no celeiro Um por mil, os grãos de trigo, Um por mil, as vidas
puras, De consagração sem par, Terás provado que o amas E viverás no seu Lar!

(Colocam os papéis na cesta do líder e cantam o hino 436 do Cantor Cristão .)

O MUNDO PARA CRISTO


Jonathas Braga

Personagens: Esperança, Bíblia, Fé, Amor e Mensagem (moças); o Mundo e Pregador (rapazes).
I

O MUNDO (monologando) —
Olhai para este céu que sobre vós fulgura,
tauxiado de rubis de qualidade pura.
Olhai para este mundo imenso por Deus criado
sem trevas, sem sofrer, sem mágoas, sem pecado...
E meditai um pouco. — Alçai a vossa mente,
buscando explicação do enigma do presente:
tudo são trevas, tudo angústias, tudo prantos
e os entes a morrer sem doce paz são tantos.
Doridos corações estão agonizando
e almas sem salvação a paz vivem buscando,
porém a paz é um sonho, o gozo é fantasia
e ninguém vê na terra uns brotos de alegria!
Somente escuridão, somente desespero,
somente o vil pecado enchendo o mundo inteiro!

II
ESPERANÇA (entrando em cena) —
Por que vos lamentais assim? Eu inda existo e posso conquistar o mundo para Cristo!

MUNDO (admirado) —
O mundo para Cristo! É Cristo, porventura, o alívio, o bem-estar, o anelo da criatura?
De onde veio ele? É santo, é bem-aventurado? E pode aniquilar o vírus do pecado?!

ESPERANÇA (meigamente) —
Graças a Deus, a luz da eterna maravilha no tenebroso caos do coração rebrilha e pode
transformar num canto de alegria a sombra de pesar que as almas anuvia.

MUNDO (com indecisão) —


Porém vede... Os bordéis infestam-se... As estradas
cobrem-se do prantear das almas torturadas...
O vício, a corrução, o regabofe, a dança,
a fome, a sede, a peste, a morte, o ócio, a folgança,
a dúvida, a incerteza... eis tudo quanto existe
no palco terrenal deste planeta triste. ..

ESPERANÇA —
É verdadeiramente um quadro doloroso,
porém o amor de Deus é bálsamo precioso
que pode perfumar esses milhões perdidos
de almas e corações enfermos, doloridos.
Que o diga o Livro Eterno — as Santas Escrituras —
o Código de Deus entregue às vis criaturas.

III

BÍBLIA (entrando em cena, enquanto Esperança se retira) —

Palavra de Deus viva, ingente, palpitante,


sublime, salutar, veraz, vivificante,
a Bíblia é a luz que aclara os íngremes caminhos
e das trevas dissipa os negros torvelinhos,
abrindo ao pecador que está desalentado
a estrada de um porvir risonho, alcandorado!
MUNDO — Livro maravilhoso é a Bíblia, certamente...

BÍBLIA —
É no mundo o farol de Deus, resplandecente, É a palavra da vida eterna, é o livro augusto que ensina à
humanidade o trilho santo e justo e abre para os mortais a aurora refulgente da salvação de Deus plena e
perfeitamente.
Nações do mundo inteiro, homens de ciência e sábios,
para a Bíblia aclamar, todos abrem os lábios,
e, embora os vis ateus e os vis materialistas,
sob a capa de bons mestres e moralistas,
procurem desfazer tudo que está escrito,
debalde o tentarão, porque Deus infinito
nas páginas da Bíblia ao homem tem ditado
santas e puras leis contra o triste pecado!
E é a Bíblia que nos diz que, pelo mundo inteiro,
Jesus foi imolado em lúgubre madeiro,
a fim de redimir as míseras criaturas!
Benditas sejam, pois, as Santas Escrituras!
IV

(Fé e Amor entram em cena e entoam a primeira estrofe e o coro do hino 427 do Cantor Cristão , enquanto
Mundo e Bíblia se retiram do palco.)
V
PREGADOR (Ao retirarem-se Fé e Amor, ocupando o palco, repete o coro do hino 427 e em seguida recita) —
"O mundo conquistar para Cristo" eis a divisa
que um futuro radiante ao homem preconiza!
Brasil e Portugal, as Índias, a Alemanha,
China, Japão, Libéria, Angola, Congo, Espanha,
"raças, tribos, nações" de hectares habitados,
todos precisam ver a luz maravilhosa
que esplende no Calvário! A nova mui gloriosa
do evangelho há de entrar em todos esses lares
e soar aos corações de todos os lugares!
A mensagem do amor de Deus, de casa em casa,
como o ciciar da fronde ou qual ruflar de uma asa,
há de aos ouvidos soar dos pobres pecadores,
para lhes transformar as lágrimas em flores,
o desalento em riso, o pranto em alegria,
a nênia em epinício, em odes a alegria!
E todos — patagões, etíopes, chineses,
russos, hindus, nipões, egípcios, congoleses
— todos repetirão da alegria no gozo
um salmo triunfal ao Todo-poderoso
e todos vibrarão de fé e de esperança,
porque Jesus redime e o coração descansa!

MENSAGEM (enquanto Pregador permanece em cena) —

Eis a mensagem santa: o amor de Deus ao mundo,


ao pobre pecador perdido, é tão profundo
que Deus, para salvá-lo, o seu Filho tem dado,
santo, justo, divino, eterno, imaculado!
Todo que crê no Filho, a vida eterna alcança,
o gozo perenal, a bem-aventurança;
o que, porém, não crer, porque o tem desprezado,
será por isso mesmo à geena condenado
e, nesse hórreo lugar de sofrimento tanto,
existirá pavor e remorsos e quebranto!

PREGADOR (enquanto Mensagem se retira) —

"Ide por todo o mundo" — é Cristo quem o ordena! A salvação de Deus é dadivosa e plena, e aquele que
expirou na cruz, sendo inocente, morreu para livrar da morte a toda gente — branco, preto, amarelo,
indígena selvagem, o pária da ralé, o homem da alta linhagem, malaios, europeus, os da Ásia, americanos,
bárbaros ou pagãos, gentios, africanos.. . E, quem irá dizer a essas nações do mundo que em Cristo o amor
de Deus revelado profundo pode salvar, perdoando-a, a pobre humanidade? E o salvo é que conhece e possui
a verdade e vive pela fé e busca, nesta vida, as gloriosas mansões da Terra Prometida! Somos nós, os
cristãos! Nós somos os pregoeiros da salvação de Deus e dele mensageiros.

SALVA PARA SERVIR


Adapt. de R. M. R.

(Colocar sobre o palco: uma cadeira, uma cesta de papéis, uma mesa pequena com um vaso de flores, onde não
estorve a vista do auditório, e umas plantas e palmas ao fundo do palco.)

PERSONAGENS:
Maria e Eunice, moças em trajes costumeiros.
Riqueza — Moça ou senhora, vestida ostentosamente, muito enfeitada de jóias e levando um saco em que
está escrita a palavra "Ouro"; dentro deste, alguma coisa que dê a idéia de estar cheio de dinheiro. Deve ter
faixa a tiracolo, com a palavra "Riqueza" em letras grandes.
Tempo — Uma senhora vestida de capa comprida de cor cinzenta clara, com uma tira atravessando
diagonalmente o corpo, do ombro direito até a cintura do lado esquerdo, em que esteja escrita a palavra
"Tempo". Três rolos compridos ou tubos de papelão, marcados, respectivamente, "Futuro", "Passado" e
"Presente", devem ser preparados para representar os "telescópios" (aparelho com que se observa objetos
distantes).
Beleza — Uma jovem vestida na moda com certo exagero e vaidade, tendo uma faixa em diagonal, onde
está escrita a palavra "Beleza".
Prazer — Uma jovem vestida muito na moda, de aspecto jovial e brincalhão. Terá uma faixa a tiracolo, com
a palavra "Prazer".
Serviço — Uma senhora ou moça, com vestes brancas até ao chão, presas à cintura por um cordão branco.
No peito colocará uma tira, aplicada diagonalmente, em que esteja escrita a palavra "Serviço".
Rute, Ester, Lídia, Dorcas, Ana de Ava e Noemi Campelo — Podem ser representadas por moças e
senhoras que levam apenas uma placa, visível ao auditório, com o nome da personagem que representam, ou
poderá vestir-se cada uma de acordo com o nome que assumiu. Rute poderia levar um molho de trigo, Ester
teria à cabeça uma coroa, Dorcas levaria uma agulha na mão, e assim, por diante, conforme se achar bem.
Indiozinhos — Crianças, tendo todas um cordel em torno da cabeça e que serviria para prender uma pena
de galinha atrás. Seria preferível se todos se vestissem de modo idêntico, de caqui, por exemplo.
Portugueses — Crianças com blusas vermelhas e saias ou calças verdes. Ou então, todas de branco com
duas faixas diagonais, vindo uma de cada ombro, uma vermelha e outra verde. São estas as duas cores da
bandeira portuguesa.
Bolivianos — Crianças com blusas amarelas e saias ou calças verdes com uma faixa vermelha. Ou então
todas de branco, com faixas nas cores verde, amarelo e vermelho (faixa tricolor), que são as da bandeira
boliviana.
(Entra Maria e atira-se a uma cadeira com ar de cansaço.)
MARIA (monologando) — Como estou cansada! A reunião das moças sempre me enfada. Aquele
programa sobre o Serviço não me agradou. Não somos velhas ainda — a mocidade tem que gozar a vida um
pouco. A-a-a-a (bocejando), como estou com sono! (dorme).
Faz-se ouvir a música do hino 325 do Cantor Cristão , apenas a primeira estrofe, tocada suavemente pela
organista, e iniciado antes que Maria acabe de falar. Mal acaba o hino, começa Riqueza a falar.
(Entra Riqueza, levando um saco, marcando Ouro. Aproxima-se de Maria, que se levanta e olha
confusamente para Riqueza.)
RIQUEZA (oferecendo o saco de ouro) — Eis que te trago, aqui dentro deste saco cheio de ouro, gozo e
felicidade incontáveis. Meu nome é Riqueza e posso te dar alegria todos os dias. O dinheiro é a chave mágica
que abre as portas ao verdadeiro gozo.
MARIA (aceita o saco, olha-o com um sorriso e diz:) — Imaginem o que isso comprará — roupas, jóias,
viagens, automóvel, casa. Isso só pode trazer-me a maior das bem-aventuranças.
TEMPO (entra enquanto Maria está falando e toca-lhe no ombro por trás. Maria vira-se, espantada) — Faze
a tua escolha com prudência. Eu sou o Tempo. Considera a mim e o que os anos te trarão. As dádivas da
riqueza são bastante sublimes para durar sempre? Olha aqui por este telescópio e vê o Futuro. (Tempo
entrega o telescópio marcado Futuro à Maria, que olha por ele para o lado esquerdo, enquanto se ouve a música
do hino 259 Cantor Cristão , uma estrofe.)

MARIA (põe o telescópio na mesa e espera, cabisbaixa, o fim da música) — Vejo que o dinheiro não pode
comprar as coisas que satisfazem. O Futuro revela que não há gozo permanente no dinheiro (e entrega o saco
de ouro à Riqueza, que sai tristemente, enquanto Beleza entra pelo outro lado do palco).
MARIA — Quem vem entrando aqui? Oh! é a Beleza!
BELEZA (Entra, olhando-se num pequeno espelho e pondo pó de arroz. Em seguida, estende as mãos para
Maria e diz:) — Trago-te aqui o dom da beleza, que é a fonte de imensa felicidade.

MARIA (sorrindo e dando um passo para Beleza) — Disto é que preciso. (Sente neste momento a mão do
Tempo sobre o seu ombro e pára, hesitante.)

TEMPO (colocando o telescópio do Futuro diante dos olhos de Maria) — Cuidado, não te esqueças de que
os anos podem trazer-te o arrependimento, se escolheres a Beleza como teu padrão.
(Maria olha pelo telescópio e a música continua com o coro do hino 259).

MARIA (tristemente) — Vejo que a beleza passa e, que é que fica? Desejo uma coisa que me proporcione
gozo permanente.
(Sai Beleza, e Maria olha para o outro lado do palco, por onde entra Prazer, com um copo de vinho em uma
das mãos.)
MARIA — Ah! é Prazer que vem agora!
PRAZER (fala com muita vivacidade) — Venho oferecer mil alegrias, risos, danças, folguedos. "Comamos
e bebamos, que amanhã morreremos."

MARIA — É isso que sempre disse. A mocidade deve brincar e gozar.


(Tempo aplica o telescópio do Futuro aos olhos de Maria)
TEMPO — Devagar, sê prudente. Os folguedos limparão os olhos das tristezas da vida e darão gozo real
por todos os anos? (A música toca o coro do hino 259.)

MARIA — Ah!... Sinto-me velha e sozinha, cansada do prazer. Desejo uma coisa que perdure.
(Prazer sai e Serviço entra pelo outro lado.)

SERVIÇO (com os braços estendidos para Maria) — Não trago dádiva de prazer ou de riqueza, apenas
dum espírito puro e bondoso, que vive para os outros e procura imitar Cristo em tudo. "Porque o Filho do
Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos."

MARIA (virando-se para o Tempo) — Pode mostrar-me alguém no passado que já experimentou a vida de
serviço e achou o caminho de verdadeira satisfação? Quero as provas.

(Começa a música do hino 300 do Cantor Cristão e Tempo apanha o telescópio marcado Passado e coloca-o
diante dos olhos de Maria. Fazendo-a voltar o rosto para à direita, aponta para a porta, por onde entram, uma
por uma, Rute, Ester, Lídia, Dorcas, Ana de Ava e Noemi Campeio, com o espaço de mais ou menos dois metros
entre cada uma. Atravessam o palco devagar e desaparecem do outro lado.)

MARIA — Vejo Rute, que abandonou o lar paterno, a pátria, a religião da infância, para servir a Noemi;
Ester, que se pôs em perigo de vida para ser útil ao seu povo; Lídia, a negociante de púrpura, que abriu a
sua casa e seu coração ao evangelho; Dorcas, que consagrou sua agulha às necessidades das viúvas e
órfãos; Ana de Ava, que tão jovem deixou casa e pátria, para compartilhar com os labores missionários do
esposo. Noemi Campeio, primeira mártir das Missões Nacionais nas selvas da nossa Pátria. Será que ainda
hoje se precisa de serviço como no passado?

(Cada personagem deve iniciar sua travessia do palco somente quando Maria pronunciar o seu nome. A
música continua baixinho durante todo o tempo que estiverem passando.)

TEMPO (colocando à vista de Maria o telescópio marcado Presente) — Com isso vê se pode apanhar uma
visão das condições de hoje.

(Ouve-se a música do hino 30 de Cânticos para Crianças , e, pela ala do salão, vem para o palco um grupo
de crianças representando os índios. Cantam a 1a estrofe e o coro, ajoelham-se e estendem os braços para
Maria durante o cântico do coro. Ficam de pé e agrupam-se a um lado do palco. A música continua e vem para o
palco outro grupo de crianças, representando Portugal, que canta a 2a estrofe; também ajoelham-se e estendem
os braços para Maria durante o cântico do coro. Em seguida, ficam de pé e agrupam-se a um lado do palco. A
música continua. Entram as crianças representando a Bolívia, que cantam a 3a estrofe e o coro. Ajoelham-se
estendendo os braços para Maria e depois se juntam às outras crianças, ao lado do palco.)

MARIA (estendendo os braços para Serviço) — Deixa o teu espírito encher-me o coração, pois desejo ir
aos campos necessitados e fazer a minha parte em salvar os perdidos.
SERVIÇO — Muitas são as oportunidades para servir. Não são apenas os índios e os portugueses que
reclamam os dons das moças. De toda parte vêm as chamadas para professoras, enfermeiras, trabalhadoras
e obreiras das igrejas. "Salva para servir" deve ser a divisa de toda moça cristã. O serviço é o caminho da
felicidade, é o meio de garantir o gozo permanente. Viver pelos outros é a maneira de atingir a verdadeira
satisfação.
MARIA — Vejo agora que é à vida de serviço que estou procurando. Nem riqueza, nem prazer, nem
formosura me tentam mais. Em nome de Jesus, alegremente servirei naquilo que me for possível. "Eis-me
aqui, Senhor, envia-me a mim."
(Senta-se, e a música começa a tocar o hino 295. Os que estão no palco saem, cantando as palavras em
voz baixa. Maria fica na cadeira, como se estivesse dormindo. Entra Eunice apressadamente, com um exemplar
de O Jornal Batista nas mãos, e pára, ao ver Maria.)
EUNICE — Maria! (Maria acorda) Você está dormindo? Acorde! Quero falar-lhe.
MARIA — Ah! sim! Estava tão cansada que dormi e tive um sonho tão belo! Não lho posso contar agora;
um dia vou dizer-lhe tudo. Este sonho, porém, me deu a idéia de que queria servir à causa de algum modo
especial.

EUNICE — É justamente sobre este assunto que lhe quero falar. Há bastante tempo que me senti
chamada para o serviço e não sabia como me preparar, mas aqui em O Jornal Batista está explicado. (Abre o
Jornal e olha para ele como se estivesse lendo um artigo) Aqui diz que as moças batistas que desejam ser
obreiras na Causa devem entender-se com o Seminário de Educadoras Cristãs, no Recife, ou com o Instituto
Batista de Educação Religiosa, no Rio de Janeiro, conforme for mais perto e conveniente e investigar as

condições de entrada. Isto eu vou fazer, pois quero preparar-me o quanto antes para o serviço.
MARIA - Eu também. Vamos já conversar com o Pastor e consultar a sua opinião sobre a nossa ida ao
Colégio.
EUNICE — Salva para servir! E a Bíblia nos diz: "Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do
firmamento; e os que a muitos induzirem à justiça, como as estrelas sempre e eternamente."
(Saem, enquanto a música toca o hino 410 do Cantor Cristão .)

O ESPÍRITO DE MISSÕES
Adapt. de Olga Costa

I CENA

CENÁRIO — Um jardim em tempos de primavera. Música suave deve ser ouvida durante a cena, por piano
ou violino e piano.
Quatro jovens entram: primeiro, um moço elegantemente vestido; segundo, uma mocinha com uniforme de
um colégio; terceiro, uma moça usando um vestido branco muito simples; e, em quarto lugar, uma bela jovem,
também vestida de branco, porém com trajes mais luxuosos.

SEGUNDA PESSOA — Estou no início da vida, na primavera, como dizem algumas pessoas; muitas
oportunidades se apresentam e eu desejaria tanto saber como utilizar minha vida. Pico tão indecisa e não sei
mesmo o que fazer nem aonde ir.
TERCEIRA PESSOA — Querida, nossas vidas são presentes de Deus e devem ser usadas em seu santo
trabalho.
Grandes coisas poderemos fazer no mundo, se estivermos dispostas a dedicar-lhe os nossos talentos, a
fazer a sua vontade, a ir aonde ele nos mandar.

QUARTA PESSOA — Ó amigas, por que pensar tanto na vida e para que tantas preocupações? Deixem
estas conversas sobre oportunidade e religião; estes assuntos tristes e sem atrativos são para os velhos. Nós
precisamos gozar a vida. Vamos!
PRIMEIRA PESSOA — Mas... olhem! Quem está chegando ?
(Entra a Fama, jovem muito bem trajada, usando rico monóculo. Passeia de um lado para outro, com
aparência nobre.)

FAMA — Mocidade vigorosa e forte, tenho observado a vossa indecisão e venho para ajudar-vos. Eu sou
a Fama.

Há, realmente, um só problema que pode merecer a vossa atenção: deveis pensar somente em um modo
mais eficaz de adquirirdes fama. Quero revelar-vos muitas oportunidades hoje.

Podeis desvendar o reino das invenções, por meio das quais muitos dos meus filhos têm abençoado o
mundo; o reino da arte, que deleita e extasia o homem; o reino da música, que emociona e comove. Podereis
cantar e transformar este mundo de trabalhos e preocupações em um reino mais agradável e atraente.
Podereis, ainda, tornar-vos famosos na literatura, na escultura e em muitos outros ramos de trabalhos
e estudos. Posso garantir-vos que não haverá uma casa em todas as nações onde o vosso nome não se torne
conhecido e admirado, se me seguirdes.

Torna-se necessário, porém, que tenhais coragem, tenacidade, e que vos consagreis inteiramente à
tarefa que eu determinar.

Quereis vir?

(A estudante toma sua mão e segue-a.)

(Entra a Fortuna, jovem usando um vestido enfeitado com fios dourados; traz em suas mãos um rico porta-
jóias, do qual pendem pérolas, colares de diamantes, etc, para sugerir riqueza.)

FORTUNA — Mocidade de hoje, eu sou a Fortuna. Tenho ouvido as palavras da Fama, porém penso que
elas não são muito lógicas e verdadeiras. Existe só uma preocupação valiosa neste mundo: acumular
riquezas, que prazer!

Não haverá um desejo vosso que eu não possa satisfazer. Tereis muitos amigos, pois que todos os
homens inclinar-se-ão perante vós como súditos; em viagens longas e atraentes, conhecereis as belezas da
vossa pátria e do mundo. Palácios e reinos vos pertencerão e vossos navios mercantes sulcarão os mares.
Sereis felizes, com dias risonhos de prosperidade e paz, se entregardes corpo e alma à conquista de riquezas.
Quereis vir?

(O moço atende ao convite.)


(Entra o Prazer, jovem em toalete de tarde, adornada com flores.)
PRAZER — Jovens, eu sou o Prazer. Venho dizer-vos: enquanto fordes moços, deveis procurar-me.

É útil e agradável ao velho falar sobre religião e outros assuntos semelhantes, mas para vós, não. Agora
é tempo de gozar. Sois moços, porém a mocidade celeremente passa. Vinde, comei, bebei, sede felizes, porque
amanhã podereis morrer!

(A quarta jovem segue o Prazer, deixando sua companheira só, imersa em profunda meditação.)

(Entra o Espírito de Missões, moça com vestido branco, coroa dourada e cabelos longos.)

ESPIRITO DE MISSÕES — Amiga, eu sou o Espírito de Missões.

Desempenhando a minha nobre tarefa de evangelizar os povos, tenho viajado muito.

Conheço bem a vossa linda pátria, a extensa e rica terra brasileira. Contemplei seus campos floridos e
verdejantes, as suas belas florestas, os seus rios caudalosos e suas riquezas imensas.

Triste é, porém, afirmar, que toda esta grandiosidade e opulência foi toldada ante a visão angustiosa e
aflitiva da situação de muitos brasileiros; há milhões de almas que perecem sem Cristo e sem salvação,
espalhadas pelo Brasil inteiro! "Quem lhes dará o pão maravilhoso, o verdadeiro pão espiritual?"

E, se formos mais além, qual será a nossa visão?

Veremos que por toda a Europa, África, Ásia e América, há milhões de almas que perecem e corações
que gemem de amargor! há milhões de almas que perecem sem Cristo e sem salvação.

Tenho visto a ignorância, a degradação e a miséria desses escravos do pecado e do erro e venho pedir-
vos para irdes contar aos perdidos a maravilhosa história de Jesus e dizer-lhes que ele morreu por nós.

Não vos ofereço uma vida de comodidade e prazer. Longe, muito longe disto! Haverá trabalhos,
perseguições, lutas tremendas, fome e sede a suportar. Permanecereis no meio de sofrimentos, que
magoarão profundamente o vosso coração e algumas vezes poderão, quase, arrefecer o vosso ânimo. Sim,
haverá tentações e provas árduas e difíceis, porém eu não peço para irdes sós.
Se me seguirdes, eu vos enviarei como uma mensagem de amor ao mundo e convosco irá o Todo-
poderoso, aquele que disse: "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que
eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos."

(O Espírito de Missões permanece com as mãos estendidas, enquanto um quarteto canta a primeira estrofe
do hino 443 do Cantor Cristão .)
TERCEIRA PESSOA — "Tudo, ó Cristo, a Ti entrego.. ." Oh! eu sinto teu amor transformar a minha vida
e meu coração, Senhor!

(Ajoelha-se diante do Espírito de Missões, que põe a mão sobre sua cabeça, enquanto o quarteto canta a
primeira e última estrofes do hino 296 do Cantor Cristão . Saem.)

(Fim da 1a cena)

II CENA

(O cenário deverá se aproximar, tanto quanto possível, de uma representação do outono da vida: folhas,
plantas, etc. Música suave e triste deve ser tocada durante esta cena.

A cortina se ergue, aparecendo os quatro personagens da primeira cena, que estão agora velhos; deve ser
entendido que aproximadamente 50 anos são passados desde a primeira cena.)

AMIGO DA FAMA — Recordando com saudades os tempos já passados, eu me lembro bem daquele dia
quando nós, ainda em plena juventude, fizemos nossa escolha de vida. Atendi ao convite amável e atraente
da Fama e a segui. Alcancei o meu ideal, após dias e noites de fadigas e sacrifícios.

Posso dizer com certeza que não há hoje na terra um nome mais conhecido e admirado do que o meu.
No entanto, agora que estou chegando ao fim, que me vale tudo isto? Nada! Nada! É uma glória inútil para
mim.

AMIGO DA FORTUNA (vestido muito luxuosamente, porém acabrunhado, com fisionomia cansada e
apoiado em uma bengala) — Eu também fiz a minha escolha há muito tempo; escolhi riquezas, e conquistei-
as.

Tenho viajado e conseguido amigos, embora muitos falsos e atraídos pelo dinheiro.

Fui feliz e estou certo de que grande parte das riquezas da terra estão em minhas mãos. Triste é, porem,
pensar agora que a busca insaciável de dinheiro fez com que eu me esquecesse do meu Criador e da minha
alma imortal. E, finalmente, "que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?"

AMIGO DO PRAZER — Companheiros de tempos passados, não vos recordais como eu desprezei
algumas outras coisas, para seguir o prazer, quando estávamos fazendo nossas escolhas?

Na verdade, eu o encontrei e procurei segui-lo mui fielmente. Hoje, porém, sinto que as minhas forças
estão se acabando e que uma noite lúgubre e tediosa vem-se aproximando de mim.

AMIGO DE MISSÕES (o piano toca suavemente o hino 291 do Cantor Cristão .)

Eu também fiz minha escolha há muito tempo; tomei minha cruz e segui o meigo e terno Nazareno, sem
saber para onde ia.

Ele enviou-me como mensageiro a povos incultos e bárbaros. Por muitos anos trabalhei e lutei
tenazmente nos selvagens campos da inóspita África. Aí, com o bálsamo suave de Jesus, consolei muitos
corações aflitos, cuidei dos doentes e socorri os tristes. Contei aos pecadores a história de Jesus Cristo e o
apontei como o Filho de Deus, que foi morto pelos pecados do mundo.

Sim, houve trabalhos, sofrimentos e sacrifícios, porém nunca me senti desamparada; aquele que disse
"não te deixarei, nem te desampararei" estava sempre ao meu lado, transformando, com seu amor e sua
presença, os dias tristes e as experiências mais difíceis em bênçãos copiosas para mim.

Nem por um momento me arrependi da decisão que tomei. Vivo feliz, porque atendi à chamada divina,
entregando-me nas mãos de Deus para o seu trabalho.

"Combati o bom combate, acabei a carreira" e justamente agora, quando não posso mais trabalhar
muito, desejo, mocidade vigorosa e forte de hoje, que atendais ao convite para vos dedicardes ao glorioso
trabalho de nosso Salvador e Mestre.
Contemplai os campos, "que estão brancos para a ceifa". Pensai na Pátria brasileira, "a terra virente e
formosa", o país de vastos recursos e de grandes oportunidades, cujo futuro depende do trabalho eficiente e
da dedicação de seus filhos. Lembrai-vos da triste condição intelectual, moral e espiritual de muitos
brasileiros e ouvi o clamor de milhões de almas que o nome de Cristo não conhecem e que não confiam no
seu Redentor. Pensai no trabalho do Senhor em Portugal e nos milhões de almas que, em outras nações do
mundo, sofrem e são escravos do pecado e vícios, porque não crêem ainda naquele cujo amor tudo
transforma. "E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?"
Ide, cristãos, o vosso Deus vos chama: A seara é grande, o campo vasto! Sus! Amai as
almas como Deus vos ama E apregoai alto o nome de Jesus!

(Todos cantam a primeira e segunda estrofes do hino 398 do Cantor Cristão .)

DAR E RECEBER
Adapt. de O. Barros

CENÁRIO: Uma sala de jantar. Sobre a mesa, uma fruteira cheia de maçãs, laranjas, cachos de uva, etc.

PERSONAGENS: Roldão e Rute, irmãos.

(Roldão e Rute, atenciosos, lêem livros, sentados em cadeiras perto da mesa. De repente, Roldão joga o livro na
mesa e, bocejando e irritado, queixa-se.)

ROLDÃO — Ó gente! Não posso estudar e de forma alguma tiro do meu pensamento aquela história!

RUTE — Qual?

ROLDÃO — Não te lembras? A tal história que o pastor contou no domingo a respeito de "DAR". Antes
não tivesse ido à Escola Bíblica Dominical!

RUTE (admirada) — Roldão, estará por acaso arrependido de ter ido à Escola?! Você que é tão
interessado pela sua classe!

ROLDÃO (embaraçado) — Sim... foi isto que eu disse e acho que jamais iria a outra reunião na igreja em
toda a minha vida se nunca tivesse sido membro da Sociedade Juvenil.

RUTE — Mas eu não entendo por que você fala assim. Eu gosto tanto das reuniões da Sociedade
Juvenil! Aprendi tantas histórias a respeito dos meninos de outras partes do mundo que até me sinto
parenta deles e também já aprendi como é bom dar-lhes tudo o que pudermos.
ROLDÃO (aborrecido) — Já vem você também! Aí está por que me aborreço. É cacete a gente ouvir de
todos os lados a palavra DAR, DAR, DAR — tomara que nunca mais a ouça em toda a minha vida! Se é na
Sociedade Juvenil, a professora fala para sacrificarmos bombons, balas e qualquer outra coisa e que o preço
disto devemos dar às Missões. Se é na Escola Bíblica Dominical, lá está a professora com a mesma cantiga:
que trabalhemos e recebamos uma oferta especial como dádiva de amor e entreguemos às Missões. Se é na
igreja, o Pastor conta aquela história que tanto me tem apoquentado. Falaram tanto que já não posso gastar
um tostão para mim mesmo sem que me sinta mesquinho e descontente.

RUTE — Você parece que tem razão. (Pensa.) Eu ouvi também tudo isso que você disse. Achei os planos
bons e pensei com meus botões que ia me privar de qualquer coisa, porém agora estou achando que é ruim
mesmo e... "Toque estes ossos" (apertam as mãos), eu concordo com você. Devo deixar de prestar atenção a
esta conversa a respeito de dádivas, não acha?

ROLDÃO — Isso Rute, isso! Você é uma senhorita inteligente! Estou alegre em ter uma irmã que está
sempre a meu favor.

RUTE — Quer dizer que hoje não vamos à igreja porque...


ROLDÃO (interrompendo) — Sim, porque quem vai falar é aquele missionário que na Sociedade só falou
dos meninos portugueses que estão com fome, sem casa e com frio por causa de ser inverno rigoroso lá.
Disse-nos ele que o povo português é nosso vizinho e que Jesus quer que o amemos como a nós mesmos.
RUTE — Bem, Roldão, isso lhe toca, porque você gosta bastante de si mesmo.

ROLDÃO — Eu gosto de mim mesmo, como?


RUTE (irônica) — E quem é que está sempre comprando coisas para comer? Quem é que gosta tanto de
passear? Se você amasse tanto assim os portugueses, eles morreriam de fome? Morreriam os índios com
fome do pão da vida? (Medita um pouco e diz:) Ah! agora lembrei-me de uma coisa!!
ROLDÃO — De quê?
RUTE — Se você não vai mais usar a palavra DAR, nunca mais poderá pedir dinheiro a papai nem orar:
"O pão nosso de cada dia nos dá hoje."
ROLDÃO — Está aí! Você é exatamente igual os outros. Até papai fez-me sentir mal hoje pela manhã no
culto doméstico, quando ele falava tanto daquele versículo "de graça recebestes, de graça dai". (Nesse
momento Roldão estende a mão para apanhar a fruta mais vermelha e maior da fruteira, mas de repente pára
com olhar espantado, cobre o rosto com as mãos e diz:) Rute, você ouviu qualquer coisa estranha?
RUTE — Não ouvi nada, exceto o crepitar do fogo e o tique--taque do relógio. Por que você ficou tão
espantado e sua mão está tremendo tanto?

ROLDÃO — Escute!... Você não está ouvindo o que o relógio está dizendo?

RUTE — Estou ouvindo o que ele sempre diz: tique-taque, tique-taque. Que mais ele poderia dizer?

ROLDÃO — Pois justamente quando apanhei aquela maçã, aquele velho relógio da parede olhava
direitinho para mim e dizia: tome, tome, tome, e ainda está dizendo. Quer ouvir? Escute. .. (ambos
silenciosos escutam).
RUTE — Vamos fazer parar.
ROLDÃO — Parar o quê?
RUTE — Parar o relógio, naturalmente.

ROLDÃO — Não serve de nada. Mamãe e papai quererão saber a razão e se nós lhes explicarmos, eles
dirão, como têm dito tantas vezes, que eu sou egoísta, e têm razão.
RUTE (pensativa) — Não vejo outra coisa a fazer, senão deixar, de tomar tudo. Sempre tomamos comida,
roupa, bons passeios, livros e...
RUTE (servindo-se das uvas, continua:) — Tem razão... ele está dizendo: toma, toma, toma, e está falando
cada vez mais alto. Vamos pará-lo?
ROLDÃO — Saúde, divertimento e tudo que é bom.
RUTE (tristemente) — E tão poucas vezes DAMOS qualquer coisa,não é? Como somos ingratos, Roldão!
Tudo que temos, usamos e comemos é papai quem nos dá. Realmente papai é quem está contribuindo, e não
nós, entretanto, dizemos que estamos cansados de contribuir. É verdade, eu me sinto envergonhadíssima.
ROLDÃO (dando um grande pulo da cadeira ao ponto de arredá-la do lugar, vai em direção a Rute) —
Sabe, Rute, o que •devíamos fazer? Instituir uma regra.

RUTE — Regra, como?

ROLDÃO — Se nós vamos tomar e tomar de Deus, então vamos também dar, dar e dar- lhe. Que tal?

RUTE — Nunca pensei que você pudesse fazer regras. Eu julgava que só os gramáticos e matemáticos é
que fazem regras! Mas eu a acho ótima e estou pronta para a decorar e aplicar aos problemas que me
aparecerem, iguais a este. Deixe-me repetir com você.

OS DOIS — Se nós vamos tomar, tomar, tomar de Deus, então vamos também dar, dar, dar- lhe.

ROLDÃO — Excelente! Então você me julga um rapaz inteligente, não é? Neste momento vou buscar o
envelope e colocar a oferta dentro. Vou botar o dinheiro que mamãe me deu para fazer um passeio hoje à
tarde. Vou fazer de conta que o passeio foi em Portugal e que vi muitas crianças alegres porque meu dinheiro
foi socorrê-las. Vamos ouvir hoje o missionário, Rute?

RUTE — Oh! vamos! E vou ver se posso fazer alguma coisa para mamãe, e ela me dará a minha dádiva
de amor. Posso dar mais do que um envelope. Acho que posso encher uma caixa.

ROLDÃO — Vou usar também uma caixa. Parece que há duas lá em cima da cômoda de mamãe.

RUTE — Nós escreveremos na tampa, com letras bem bonitas:

"De graça recebestes, de graça dai."

ROLDÃO — Eu estou tão alegre! Sinto-me tão feliz! Nunca me senti assim! Como é bom dar! Jesus está
satisfeito com a nossa deliberação, não acha, Rute?

RUTE — Acho. Papai e mamãe também vão ficar bem alegres. Vamos contar-lhes a nossa deliberação
(Saem).

BRASIL E PORTUGAL
Arith Drummond Borges

(Entra uma menina ou menino, olhando através de um binóculo, trazendo a tiracolo uma fita verde-amarela com
a palavra: BRASIL.)

BRASIL (divisando Portugal ao longe) — Ó Portugal querido, tu és a Pátria dos meus avós. Amo-te tanto
como ao meu caro Brasil! Contemplo o teu passado, pleno de feitos brilhantes, admiro o heroísmo de teus
filhos, mas... o que me impressiona é ver-te ignorar a salvação outorgada por nosso Senhor Jesus Cristo.
(Senta-se e fica meditativo, enquanto ouve ao longe o cântico do hino 41 de Cânticos para Crianças .)
(Levantando-se) Parece que estou sonhando... Ouço o clamor de Portugal tão perto de mim... Será que
estou em terras portuguesas? O povo batista brasileiro tem procurado atender ao clamor incessante dos
portugueses. Lá, em terras lusas, estão os nossos emissários. (Levanta o binóculo, fingindo divisar Portugal ao
longe.)

(Entra um menino ou menina, trazendo a tiracolo uma fita verde-vermelha com a palavra: PORTUGAL.)

PORTUGAL — Lá em terras européias eu me acho, situado ao meio de um vulcão que vomita, momento
após momento, o fogo do ódio, da contenda, do egoísmo e da guerra! Tenho procurado educar os meus filhos,
afastando-os desses sentimentos tão vis e hediondos... Mas quase têm sido em vão todos os meus esforços...
Agora, mais do que nunca, rogo, à minha Pátria irmã, continue a dar-me o seu apoio na educação de meus
filhos. Somente o evangelho sublime de Jesus Cristo poderá modificar
Portugal! Há centenas de filhos meus cujas vidas têm sido uma inspiração! Aceitaram este evangelho e o têm
posto em prática.

BRASIL — Mas, Portugal, se estás tão desejoso de que continuemos a dar-te apoio na educação de teus
filhos, por que ainda há tantas restrições à pregação do evangelho?

PORTUGAL — Não é de mim que partem as perseguições; realmente tenho vexame de saber que ainda
tenho filhos que não reconhecem os verdadeiros valores.. . Mas o dia chegará quando todos os portugueses
reconhecerão os teus enviados e hão de ajudá-los a falar deste Jesus, que é a Fonte donde promana a Água
Viva que apaga o fogo do ódio, da contenda, do egoísmo e da guerra! Não te desanimes, Brasil querido! Os
teus esforços em benefício dos meus filhos nunca serão olvidados... Podes continuar essa tarefa árdua, mas
que no futuro se reverterá em bênçãos, não só para os meus filhos, mas para os teus próprios!

(Ouve-se ao longe o cântico das duas estrofes do hino 379 do Cantor Cristão . Brasil e Portugal ajoelham-se e
firmam o olhar no céu, enquanto ouvem o cântico do hino.)

BRASIL (levantando-se) — Ah! Portugal! Desde os primórdios de minha existência há entre nós um
intercâmbio... E agora estamos mais ligados do que nunca pelos laços indissolúveis do evangelho do nosso
Senhor Jesus Cristo! (Brasil dá a mão a Portugal) Temos agora um único ideal — o de conduzir os nossos
filhos aos pés do divino Salvador! Os meus filhos não têm poupado esforços na evangelização dos
portugueses. E de hoje em diante eles duplicarão as suas atividades em benefício de Portugal.

PORTUGAL — Bravo, meu Brasil querido! O sentimento de altruísmo tem dominado os corações de teus
filhos. Os meus filhos que já aceitaram o evangelho unificarão as suas forças à de teus filhos e juntos
trabalharemos para ganhar o Brasil e Portugal para Cristo.

(Saem abraçados, cantando a la estrofe do hino 379.)

MISSÕES
(Acróstico )

Cada criança leva a letra que forma a palavra MISSÕES, recita o versículo e todas ficam depois onde estão,
até que a congregação cante o hino 430 do Cantor Cristão . As crianças devem falar bem alto. Ao cantar-se o
coro pela última vez, saem. M — "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, a saber: aos que crêem no
seu nome" (João 1:12).
I —■ "Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo" (Mateus 28:19).
S — "Ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da
terra" (Atos 1:8).
S — "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai, e no seu amor permaneço" (João 15:10).
O — "Ó vós, todos que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei;
sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Isaías 55:1).
E — "E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos e fortificará os teus ossos; e
serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam" (Isaías 58:11).
S — "Suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o
bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!" (Isaías 52:7).

NOTA — Estes versículos da Palavra de Deus devem ser muito bem decorados e recitados em voz bem alta e
clara, de modo que todos ouçam e entendam. Para isso é preciso começar os ensaios com muita antecedência e
repetir muitíssimo. Também é de proveito despertar na criança a confiança em si, para fazer a parte de tal
maneira que o medo ou o nervosismo não atrapalhe. Um programa bem ensaiado e bem apresentado, mesmo
que seja bastante simples, vale mais do que um muito extenso.

Faça o programa assim: as crianças ficam sentadas juntas e a dirigente à mesa, de frente para elas. Sobre
a mesa deve haver uma jarra de flores e talvez uma cesta bonita, feita de cartolina, para receber as ofertas das
crianças. Assim tudo se processará como se fosse numa reunião informal e bem de crianças.

O programa parece complicado, mas verificar-se-á que é bastante simples. Comece a ensaiá-lo em julho, e
repita-o muitas vezes. Outras partes podem ser adicionadas, se bem que programa de criança deve ser curto e
bem apresentado.

(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões . Nacionais.)

APOTEOSE
(20 pessoas, tendo faixas com o nome de cada Estado do Brasil. Ao centro Brasília, envolta na bandeira
brasileira.)
AMAZONAS
Verdes matas, riquezas incontáveis tenho, em meu seio ubérrimo e fecundo, gratas
miragens, rios cristalinos, possuo mais que o resto deste mundo!

PARA

Quente, rica, esta terra se exprime por seu povo sadio e seu dulçor; Oriente
brasileiro, oculta o bronze onde a raça fundiu o seu amor!

MARANHÃO
Pequeno, encravado em terra densa, sou sentinela alada do Brasil; dei à Pátria mil
gênios, que a fizeram mais luzente, mais brava, mais viril!

CEARÁ

Terra da luz, terra do sol luzente, das serras no alcantil todo encrustado. Quando a
seca azoirraga, o céu se inclina e me dá mais virtudes e sou guardado!
PIAUÍ

Dos vales 'té às serras, nas caatingas, geme o gado e revoa o passaredo; Fortuna em caixa forte sou da
Pátria, em mim não há temor nem vaga o medo!
RIO GRANDE DO NORTE

Estrela pequenina do Nordeste, cada vez mais sublime em seu portento. Ao gigante brasílio que desperta,
pronto estou para dar o meu sustento.

PARAÍBA

No ra-rã das porteiras gemedoras, No gritar dos meus carros vagarosos, pela estrada do progresso vou
marchando, à frente vendo dias mais ditosos!
PERNAMBUCO

Fanal luzindo sobre o mar bravio, ergo bem alto a trompa da alvorada e desperto o meu povo para a glória de
ser feliz e amar a Pátria amada.

ALAGOAS

Dos marechais, terra e berço sobranceiro, enchi de heróis os cantos do país; não encontrei em meu caminho
a inércia, nem primazias, nem grandezas quis.

SERGIPE

Cantei as glórias do Brasil querido pelo cérebro ardente dos meus filhos; fui princesa — habitei entre
riquezas, fui rosa agreste — vivi entre junquilhos!

BAHIA
Monumento da terra brasileira, fui Rio Branco, Castro Alves e fui Rui, berço da Pátria — mão nacional cujo
heroísmo não cai nem diminui!
ESPIRITO SANTO

Um rubi que na costa apenas brilha, Mas vigia a grandeza do Brasil; Canaã de fartura e de bondade, Pálio de
amor por sob um céu de anil!

MINAS GERAIS

Geme o gado no vale ou na montanha, trabalha o lavrador na terra ingente; alterosas, risonhas, perfumosas,
as almas vibram, vibra a nossa gente.

RIO DE JANEIRO

Cidades, cafezais, riquezas tantas, Campeiam num progresso admirável; e eu vou cantando, e o canto meu
se avulta penetrando o infinito indecifrável.
SÃO PAULO

Sacrário pátrio. Caçador de pérolas, bandeirantes da fé e do progresso; para vencer, para subir, voar, não
vejo impasse nem perigos meço!
PARANÃ

Frio, mas belo e frio e morno, acalento o viajor no meu gasalho; para fazer o Brasil mais rico e nobre é que
luto nas lides do trabalho.
SANTA CATARINA

Humilde, pequenina, a voz alteio,


e louvo os feitos que dons meus confiro;
o ar saudável do clima mui sadio
na libação nacional respiro!
RIO GRANDE DO SUL

Do extremo sul, quase em estranhas terras, fito, ao longe, as terras do Brasil; e a sua gente adoro; e as suas
minas e os seus mares e os céus todos de anil.
MATO GROSSO

A araponga é o ferreiro das florestas, e o mundo inteiro ergue-se para o amar. O Brasil é o
celeiro deste mundo; é a garganta da pátria a clarinar.
GOIÁS

Do centro vejo a grandeza desta terra e exulto e estremeço no meu esto aqui, contente, de te amar, ó pátria
amiga, o meu anseio inteiro manifesto.
BRASÍLIA

Lançando o olhar por sobre a densa esteira


de corações que vibram nesta terra amada do Brasil,
alegremente rio; e ao mesmo tempo choro
por ver a alma robusta do meu povo, tão nobre e tão viril,
jazendo em demagoga ignorância e em trevas se abismar!
Ai! quanta dor eu sinto, ó doce Pátria,
por ver teus filhos todos no pecado metidos cruelmente, acérrimo, fatal,
entrando a perdição de par em par!
Que o evangelho de ti se assenhoreie, para tua felicidade! E que a ti, o Deus supremo e justo, que ama as
nações onde almas vagueiam — te revele a verdade!

E Jesus, que, morrendo no madeiro, seu sangue derramou, exulte de alegria por salvar-te como a nós já
salvou! E o pendão auriverde ainda drapeje, sereno, altivirente, como o símbolo da paz do evangelho pregado
a toda gente! E as almas de todos os brasileiros, num canto angelical, retumbem, dando glórias e aleluias ao
Pai Celestial!

LÍNGUAS E TRIBOS QUE AINDA NÃO FORAM ALCANÇADAS


Joaze Gonzaga de Paula
Personagens: Oito moças representando as línguas e tribos (linda não alcançadas: África (vestida de
capa preta), América do Sul, Sibéria, China, Indochina Francesa, Ilhas Filipinas, Bolívia, Colômbia,
e um intermediário, representando o Peru. Cada pessoa, além da vestimenta, deve trazer uma faixa
para identificação do lugar que representa. Deve-se convidar um quarteto ou conjunto para cantar
os hinos 428 e 427 do Cantor Cristão ; e um Narrador.

CENA

CONJUNTO — Entoa o hino 428 (preparando o auditório).


NARRADOR — Sabeis, por acaso, quantas são as línguas que se falam neste nosso mundo? Deixai que
vo-lo diga. Presentemente, existem pelo menos 2.974 idiomas chamados maiores. Sabeis quantos desses
idiomas já possuem a Palavra de Deus ou parte dessa Palavra? Até o presente, apenas 1.185. Portanto,
quantos são os que ficam sem nenhuma porção do Livro de Deus? Ficam 1.789, pensai nisso. Quase dois mil
anos de trabalho missionário e de evangelização mundial, e, apesar disso, ainda existem 1.789 línguas para
as quais a Palavra de Deus ainda não foi traduzida. E, que é que Deus diz? "A fé vem pelo ouvir... ouvir a
Palavra de Deus." Mas, "como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem
pregue?"
66
CONJUNTO — Entoa o hino 427 (1a estrofe).

NARRADOR — Descobriu-se que ainda existem mais de 1.000 tribos sem o evangelho. Além disso, essas
tribos já foram localizadas. Sabemos onde elas estão. Peço-vos que penseis nelas, à medida que as formos
citando. Deveis lembrar que não há nenhum missionário trabalhando entre elas. Que não existe ninguém
entre elas que já tenha ouvido falar de Cristo pelo menos uma vez.

ÁFRICA — (Entra vestida de preto, cabeça baixa e expressão de tristeza).

NARRADOR — Na África existem 350 tribos que ainda precisam ser alcançadas.

AMÉRICA DO SUL — (Entra com semblante triste e de cabeça baixa).

NARRADOR — Na América do Sul existem 3.000 tribos de índios, também sem Cristo.

ENTRA SIBÉRIA — (Na mesma atitude das anteriores).

NARRADOR — Na Sibéria encontramos 75 tribos. Depois vêm a China, a Indochina Francesa e as Ilhas
Filipinas.

ENTRAM a China, Indochina Francesa e Ilhas Filipinas — (Uma após outra, também na atitude das
outras).

NARRADOR — Nesses três lugares, o número de tribos chega a 175 ou mais, onde o evangelho nunca
foi pregado. Há milhões em densas trevas do pecado. Por aí se vê que ainda existem pelo menos 1.000 tribos
em plena escuridão espiritual, esperando pela Luz do evangelho.

ENTRA BOLÍVIA — (Como as outras).

NARRADOR — Na Bolívia, onde a Junta de Missões Estrangeiras mantém trabalho, há cerca de


1.000.000 (um milhão) de índios sem Cristo.

PERU — (Jovem intermediário, chega ao palco).

NARRADOR — No Peru, a população de índios é de 2.500.000 (dois milhões e quinhentos mil).

ENTRA COLÔMBIA — (Idem).


NARRADOR — Na Colômbia, 100.000, em sua maioria, estão vivendo nas condições mais primitivas.
Nas terras altas, contam-se cerca de 500.000 semicivilizados. Mas, como os havemos de alcançar? —
Somente por meio dos jovens de nossas igrejas, dos nossos seminários e demais escolas de educação
religiosa. A Seara é realmente grande, mas os obreiros são poucos. Rogai... Sim, rogai ao Senhor da Seara,
que envie mais obreiros para a sua Seara.

CONJUNTO — Hino 427 (2a e 3a estrofes).

PASTOR DA IGREJA: Apelo e conclusão.

(Colaboração do Departamento de Promoção da Junta de Missões Estrangeiras.)

MISSÕES... SANTA CHAMADA DE AMOR


Silas dos Santos Cunha
(Duas vozes fazem as alocuções iniciais em tom vibrante.)

1a VOZ — Missões... fala de amor, deste amor que leva uma mensagem de salvação.

2a VOZ — Missões... fala de renúncia, de consagração, fala de uma chama que arde, flamejante, na
obra de servir.
1* VOZ — Missões... fala de corações... de corações fiéis, que sentem a grandiosidade de uma obra de
amor.
2a VOZ — Fala de corações... ardentes, suplicantes; corações humildes, que vivem a chorar, sem
esperança, sem paz.

1a VOZ — Missões... uma chama; viva chama, desafiando corações.


(Uma jovem vestida de vermelho, vestido longo, representando "Missões", entra em cena, passeando de um
lado para outro. É interrompida por uma vos metálica, que a entrevista. Missões, surpreendida, pára e responde
em atitude preocupada.)

1» VOZ — (Metálica, penetrante) — Que te preocupa?

MISSÕES — Sim... preocupada, deveras preocupada com tantas oportunidades que um campo branco
apresenta. Sinto que as almas buscam a Jesus, suspiram pela paz, desejam a salvação, mas... eu não
encontro jovens que se proponham a obedecer ao ide de Jesus.
2a VOZ — Não fiques triste... ainda existe uma juventude, essa força pujante de vitalidade, de amor
pelas almas que não têm Jesus.

MISSÕES — Onde está? (Sai em direção mais próxima da ribalta do palco e diz, vibrante:) — Onde está
esta juventude que se agiganta nas artes, nos grandes ideais, no progresso ousado, atômico e das viagens
interplanetárias... juventude que inflama os corações e se esquece de uma ordem de Jesus?
1a VOZ — Portanto, ide. .. fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do PAI, do Filho e
do Espírito Santo.

MISSÕES — Ir... ensinar, pregar, levar este evangelho que prega a salvação. Ir. .. levar a semente,
derramar esta paz benfazeja, que brota duma cruz tingida pelo sangue remidor.

(Enquanto Missões profere este patético monólogo, um jogral com sete figuras entra suavemente, vestido de
azul. Para fundo musical do jogral, o harmônio apresenta a música do hino 298 do Cantor Cristão. )
JOGRAL —

CONJUNTO — Nossas vozes, unidas, proclamam Missões. Na santa missão de a semente lançar.
SOLO — Missões. .. uma chama ardente de amor,
CONJUNTO — buscando os perdidos, sem paz, sem Jesus.

Consagrar é viver no ideal de servir. Na santa vocação de o evangelho pregar.

SOLO 1o — Missões... alvorada da obediência.

SOLO 2o — Missões... uma chama de amor.


CONJUNTO — Aquele que leva a preciosa semente voltará jubiloso, trazendo seus molhos.
SOLO 1? —- Quem irá?

CONJUNTO — Sim; quem há de ir por nós? Missões é decisão de dar-se ao santo privilégio de servir.

SOLO 2o — Quem irá?

CONJUNTO — Iremos todos a sementeira santa, lavando os corações no sangue de Jesus.

MISSÕES (vibrante) — Vamos, jovens, à luta do bem, de pregar o evangelho da Cruz. Inflamados de
ardor por Jesus, na cruzada que fala de amor.

(Suavemente, empunhando suas Bíblias, dois ou quatro jovens vão chegando ao palco, saídos do auditório,
caindo de joelhos e exclamando em poética decisão:)

JOVENS (em conjunto) — Eis-nos aqui. . . mãos e pés,


Alma e corpo a Ti, Senhor, Entregamos, ao teu serviço o nosso viver.
Eis-nos aqui. .. para o Brasil ganhar para Ti.

(Enquanto se ouve, em solo vocal, o hino 298, Missões se retira, para apanhar um archote com chama
vermelha, entra novamente e, chegando-se aos Jovens decididos, exclama:)
MISSÕES — Juventude... heróica juventude,
Tomai a chama Sagrada de Missões! Por ela lutai decididamente com ardor. Missões é
chama ardente de um amor que leva a mensagem de salvação.

(Os dois ou quatro Jovens decididos, ainda ajoelhados, tomam e seguram o archote, enquanto a voz emite
a última alocução.)

VOZ — Moços!.. . levantai-vos e vede! Com esta chama ardente de Missões, lançai os vossos olhos sobre
o campo: branco para a ceifa, pois está no negror do pecado, sem alegria e sem salvação. IDE! — O CAMPO É
O MUNDO!

(Colaboração do Departamento de Promoção da Junta de Missões Nacionais.)

BRASIL E PORTUGAL
(Apoteose)
Francisco de Mattos

(Por duas crianças, com bandeiras dos dois países ou seus trajes característicos.)
PORTUGAL FALA —

BRASIL e PORTUGAL! Oh! povo independente! O mesmo céu! O mesmo mar! A mesma gente!...

O mesmo céu azul! O mesmo céu de anil! O céu de Portugal e o céu lá do Brasil!...

O mesmo verde mar... tão belo e sem rival, O mar lá do Brasil e o mar de Portugal!

A mesma gente heróica, altiva, hospitaleira, A gente Portuguesa e a gente Brasileira.

Por um beijo de luz, sois um astro preso...


Um grande templo aberto, um grande altar aceso.

Um loiro conquistado e vencido um troféu,


A mesma gente, o mesmo mar, o mesmo céu!...

Brasil e Portugal! Duas fortes Nações! O cérebro de Rui e o gênio de Camões!

Oh! vós, terras irmãs, banhadas de beleza! Oh! Terra Brasileira! Oh! Terra Portuguesa!
Terras irmãs no amor! Amor de que me ufano; Terras que estão no altar do coração
humano.
Unidas, sei que sois... e por um mesmo laço! E por um mesmo beijo, e por um mesmo abraço!

Ah! Nascer no Brasil é viver com altivez Dentro do coração do povo português!

Nascer em Portugal é viver sobranceiro, Dentro do coração do povo brasileiro!

Sois duas grandes naus, juntas a navegar... O mesmo céu! A mesma gente! O mesmo mar!

Brasil e Portugal! Sois dois filhos de Apoio, O mesmo povo, a mesma língua, o mesmo solo!

A mesma luz doirando o sol e os rosicleres, O mesmo coração bondoso das mulheres!

A mesma graça, o mesmo encanto, que eu invejo, No espelho de cristal, das águas brancas do Tejo!

Quanta coisa nos diz esse sossego!


A saudade sem fim das águas do Mondego!

Um povo só, um povo altiloqüente,


O mesmo céu, o mesmo mar, a mesma gente.

RESPOSTA DO BRASILEIRO —

Amigo, amo o país romântico das uvas, Onde o riso do sol e as lágrimas das chuvas

Têm muito mais poesia e muito mais beleza Que o lindo céu azul, sereno, de Veneza!

Esse país que eu amo, esse país risonho Do meu sincero, do meu primeiro sonho!

Amor puro de artista e sonho ideal de moço Esse país imenso, esse país colosso!
Que há sido muitas vezes de heróis torrão natal! Esse grande país amigo é Portugal!

Cada feito sem par, um prêmio de um troféu, Pedaço mui azul, tirado ao próprio céu!

Altar de pedra! Altar hercúleo de granito! Altar de glória, altar que vai no infinito.
Ante a voz do Brasil, descobre-se, altaneiro, O povo português, irmão do brasileiro!

Oiro velho no sol, oiro de lei no trigo, Portugal, teu país, de loiros, meu amigo!

Gigante, portentoso, heróico e varonil, A tua glória, irmão, é o teu irmão Brasil!

A vastidão sem fim dos desertos escampos, Oh! beleza paga, dos vales e dos campos!

Dessas terras de luz, tão cheias de esplendor, Terras irmãs na paz, terras irmãs no amor!

Portugal e Brasil! Duas fortes nações! Amor que conseguiu unir dois corações!

Corações a pulsar dentro do mesmo seio, O meu coração que se partiu no meio.

E rolou... e rolou... no chão exangue... Sentindo a mesma dor, chorando o mesmo sangue!

Um coração que rola assim partido em dois, Que ânsias de chorar nos provoca depois!

Amigo, amo o país das lindas alamedas,


Onde se ouve o rumor e o farfalhar das sedas,

E o donaire de graça, o encanto mais falado, Das mulheres gentis, que vêm a rir do Chiado!

Esse país que eu amo e com amor insano,


Com esse soberbo amor que penso sobre-humano,

De heróicas tradições e de bravura imortal, Esse grande país, amigos, é PORTUGAL!

JOGRAL
João Oliveira Santos
A- O Campo é o Mundo...
B- O Campo é o Mundo.. .
TODOS - Cristo, a Única Esperança!C - Se Cristo é a Ünica Esperança,
D- Se muitas almas perecem sem Cristo e sem salvação,
A- Quem levará esta mensagem aos homens?
E- Quem anunciará o amor de Deus ao mundo?
H- Cristãos do nosso querido Brasil, ouvi os clamores de
um povo que sofre. . .P - Que implora...
G- Busca...
A- Pede.. .
C- Luz...
B- Luz...
H- Luz. ..
TODOS - A luz do Evangelho de Jesus!
D- O caminho que encetamos é tão espinhoso,
F- A nossa Cruz é tão pesada,
G- Senhor, dá-nos forças para prosseguir!
A- Lutar!
H- Lutar!
E- Enfrentar com sorrisos nos lábios a amargura do
sofrer.
C- Eis que os campos estão brancos para a ceifa, a quem
enviarei?G -A quem?
P- Quem irá?
A- Quem?
B- Não ouvis?
C- Não vedes ?
H- Não sentis que a obra é grande demais para tão poucos
trabalhadores?
D- Ouvi a chamada do Mestre:
B-C-D- "Levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará."
C- Entregai os vossos bens para o sustento da obra. . .
A- Não negueis. . .
H- Não negueis. . .
B- Não retenhais a vossa oferta. . .
D- Ajudai a obra missionária. ..
D-B-A- Escutai, escutai, eles clamam por salvação,
F- A obra cresce. . .
H- Cresce.. .
E-G- Homens consagrados e decididos levantam-se para oscampos,
C- Moços, que deixam os seus lares,
B- Partem,
H- Partem,
P- Deixam tudo. ..
D- Deixam tudo. . .
A- Lares. . .
E- Pátrias...
G- Condições Sociais. ..
B- A vida feliz da cidade,
TODOS - E saem a proclamar as benditas sementes do evan-gelho.
C- O Campo é o Mundo. ..
G-H-F-A- E ele exige de nós mais,
B- Mais,
E- Mais,
D- Muito mais,
H- Ele exige abnegação das nossas vidas. . .
TODOS - O mundo tem fome e sede de justiça!
H- O mundo clama por salvação!
A- O mundo precisa de luz!
TODOS - A luz do Evangelho de Jesus.
C- Bolívia,
F- Portugal,
B- Paraguai,
D- Três Bandeiras,
E- Três países a nos desafiar e a nos inspirar por um
avanço de uma conquista maior.
H- Povos que lutam. ..
A- Ódio...
C- Contendas. ..
B- Ciúmes,
F- Guerras. . .
E- Misérias...
D- Lágrimas...
G- Perdição...
H- Desespero...
TODOS - Quantas vidas a perecer sem Cristo e sem salvação!G - E ele assim permanecerá...
A- Viverá...
B- Se não anunciares aos homens o amor eterno de Jesus.
C- Por que permaneces indiferente aos apelos de um mun-
do sofredor?
G- Por que não ergues o olhar para os campos?
H- Ó Senhor, desperta o teu-povo,
P- Levanta-te, moço corajoso e decidido, para a sua seara,
TODOS. Porque ela é grande, e poucos são os obreiros.A - O Campo é o Mundo...
TODOS - Cristo, a Única Esperança!

(Colaboração ao Departamento de Promoção da Junta de Missões


Estrangeiras.)

OS CAMPOS ESTÃO BRANCOS PARA A CEIFA


Eliézer Pereira de Barros

1o — Brancos... 2o — Brancos... 3o — Brancos...


TODOS — OS CAMPOS ESTÃO BRANCOS PARA A CEIFA! 2o — Os campos estão brancos para a ceifa... 4o —
Disse Jesus:
TODOS — "Levantai os vossos olhos e vede..."
3o — Aqui...
5o — Ali...
2o — Acolá...
4o — Gente... e mais gente...
1o — Todos sem Cristo.
2o — "Levantai os vossos olhos e vede..."
TODOS — Multidões desejosas de se encontrar com o Salvador.
2o — Há sempre, em cada lugar...
5o — Um campo branco para a ceifa.
3o — Há sempre uma pessoa...
4o — Duas...
3o — Três...
1o — Quatro e mais,
TODOS — Que estão prontas a aceitar a Cristo. 4o — Campos... 5o — Campos...
3o — Campos brancos e mais campos brancos há por toda parte...
1o — Levantai os vossos olhos e vede a Bolívia...
2o — E o Paraguai...
4o — Além mar, o velho Portugal...
TODOS — A todos levai o pendão real. . .
5o — Do Canadá ao poético Uruguai. . .
3o — Fazei Cristo conhecido.. .
2o — O Cristo sem igual.
3o — Os campos. . .
4o — Os campos. ..
5o — Os campos. ..
3o — O campo é somente a minha terra. . .5o e 4o — O campo é somente o meu país. . .3o e
1o — O campo é somente o meu Estado. ..TODOS — O Campo é somente a minha Igreja. ..3o
— LIMITADOS!
2o — Fracos!
4o - Fracassados1o — SABEIS O QUE DISSE O MESTRE?
TODOS — "O CAMPO É O MUNDO"... O MUNDO É O CAMPO,2o — O Mundo é o campo da igreja batista
local. ..3o — Uma igreja somente. ..5o — Sozinha. . .
1o — Grande, média ou pequena... 2o — Pouco ou bem pouco poderia fazer. .. 1o
o
— Mas todas as igrejas juntas.. . 3 — Juntinhas... 4o — Muito podem fazer. TODOS
o
— A união faz a força. .. 2 — Diz a sabedoria popular.
1o — Eu tenho força... Tu tens força... Ele tem força. .. TODOS — Nós temos força...
4o — E os batistas brasileiros, compreendendo o poder da
união, 5o — Uniram-se, 3o — Igrejas do Sul. .. 2o
— Do Norte. .. 3o — Do Centro... TODOS — Todas. . .
1o — E organizaram as Juntas de Missões. . .
4o — Nacionais (só no Brasil).
5o — Mundiais.. . fora do Brasil, todo o mundo...
1o — MISSÕES. .. campos brancos para a ceifa. ..
2o — Campos brancos para a ceifa. . .
5o e 3o — MISSÕES. ..
TODOS — Junta de Missões — ORGANIZAÇÃO — CORAÇÃO DE UM POVO UNIDO PARA A CONQUISTA DE
ALMAS — PARA CRISTO — ALÉM DOS LIMITES DA IGREJA. . .
1o — Da igreja local...
4o — Missões estaduais...
3o — Missões Municipais
TODOS — MISSÕES...
2o — Ordem de Jesus.
1o — E quem vai aos campos. .. ceifar?
TODOS CANTAM — "Oh! onde os obreiros pra trabalhar
Nos campos tão vastos a lourejar?
A causa requer prontidão, vigor.
Oh! quem quer ceifar com desvelo e ardor?"2o — Quem vai ceifar?1o — Somente
UM?
2o - TODOS. . . TODOS DEVEMOS IR. . .
TODOS — AOS CAMPOS BRANCOS PARA A CEIFA!

(Colaboração do Departamento de Promoção da Junta de Missões Estrangeiras.)

Dia das Mães


A ORIGEM DO DIA DAS MÃES
Romeu Reis
Dentre as grandes datas recordativas de nobres vultos e feitos heróicos, uma a todas sobreleva, pelo seu
profundo significado: é o Dia das Mães.

Nesse dia, tão cheio de gratas evocações e doces reminiscências, a humanidade cristã põe de parte os
afazeres costumeiros, para tributar sincera oblação ao ente querido que nos deu o ser.
Muita justiça e mérito há nessa homenagem. Se a gratidão fenecesse de todo no coração humano, quão
árida e escabrosa não seria a senda do exibir! A abnegação materna desperta em nós o reconhecimento, o
respeito e nos leva a admirar o grande amor de Deus por nós, suas criaturas.

Bendita e luminosa idéia a daquela jovem que, com sua nobre iniciativa, nos legou o Dia das Mães!

Remontemo-nos, por alguns instantes, à origem dessa solenidade.


A jovem Ana Jarvis, de Filadélfia, Estados Unidos, sofrerá o rude golpe de perder a extremosa mãe e, ao
pensar na homenagem que iria tributar à memória de sua genitora, ocorreu--lhe o plano de consagrar um
dia às mães em geral. A idéia foi
logo esposada pelas igrejas e congregações religiosas, sendo mais tarde aceita pelo público. Um decreto do
Presidente Wilson, assinado em 1914, tornava feriado o segundo domingo de maio, Dia das Mães, tomando
daí por diante significação nacional.
Hoje, em todo o mundo cristão essa data é comemorada com afeto e carinho.

MINHA MÃE
R. G. Lintner
Você foi aquela cujo coração pulsou de amor por mim em primeiro lugar. Você foi quem me apresentou
a melhor companhia, o riso, o canto, ao adormecer, e o amor. Você dirigiu os meus primeiros passos. Você
me ajudava a levantar, quando caía, e me encorajou a pisar firme neste mundo de volubilidade e inclinações
más, o qual subitamente se ergueu para encontrar--me com toda a sua confusão e fadiga.

Você me enxugou as lágrimas, beijou o lugar onde sentia dor, acalmou-me nas horas de temor e
confortou-me em todas as minhas tristezas. Você me ensinou a cantar e a rir e a conhecer a bondade,
quando a via praticada.

Você me ensinou a ver tudo quanto de belo me rodeia — no beijo do orvalho, na rosa e no pinheiro
coberto de neve, no céu estrelado e na gloriosa sinfonia do entardecer e, se bem nunca o tenha imaginado,
nos seus olhos, onde a ternura brilha com esplendor eterno.. .

Você me ensinou a ver o arco-íris que temporariamente vem residir em nossas lágrimas. Você me
ensinou a ver as estrelas que brilham unicamente quando as noites da vida nos surpreendem. . .

Você me ensinou o significado da bondade e me ensinou também a ver como o amor transforma
pequeninas coisas em maravilhas jamais sonhadas, e aquilo que é comum, em realidades grandiosas, a
brilhar sem esmaecer através dos anos.. .
Você me ensinou a andar sem temor pelo caminho silencioso onde só se ouve a voz do espírito. Você me
ensinou a ver quão sublime é o resplendor da fé que repousa na religião verdadeira, pela qual o caminho
pode ser iluminado. E era muito pequenino ainda quando você me mostrou a sublimidade de um rosto
voltado para Deus. ..

Você me ensinou a orar e me inspirou de tal modo que pude elevar o meu olhar, tirando-o da terra e
erguendo-o até o céu. Você me ajudou a descobrir o que é mais precioso do que a argila, a terra e o ouro, que
só neste mundo tem valor, e valor relativo. . .

Você me dotou de tal modo que jamais poderei retribuir-lhe, a não ser que eu também consiga acender
luzinhas poderosas nos espíritos em trevas, devido às desilusões e às derrotas, e a ajudar os necessitados e
aflitos e os que vivem em solidão, partilhando desta bondade que você me concedeu.

VOCÊ É MINHA MÃE!

(Da Revista de Senhoras e Moças Batistas )

MÃE
Pereira de Assunção

Um cravo branco. Um cravo branco na lapela representa tristeza e quer dizer saudade, É lembrança imortal
de um grande amor, daquela que a memória retém e que esquecer não há de!
Cravo branco a lembrar toda a virtude dela
— da mulher-coração, dessa mulher-bondade — Nome tão doce: Mãe! Quanto amor se revela em nome tão
pequeno, onde há grandiosidade!
O cravo branco diz desse amor que não vive
— desse sincero amor que eu na vida já tive — amor-consagração que a pena não descreve.
Nome bendito: Mãe! Oh! nesse nome se ouvem harmonias do som que consagrou Beethoven e é a "tradução
do amor numa palavra breve"!

AS MÃOS DE MINHA MÃE


Jorge César Mota

As mãos de minha mãe... Quanta bondade, Carinho, amor, delicadeza pura Me lembram, nessa doce
formosura Dos traços venerandos, sem vaidade!
Oh! Quem me dera apenas a metade Gozar dos dons da vida e da ventura Que elas suplicam, cheias de
ternura E incansáveis, ao Deus da Eternidade.

MÃE QUERIDA
Antônio de Campos Gonçalves
Ó minha mãe! Eu sei que as tuas magras E envelhecidas mãos assim ficaram Porque tiveste,
sim, tuas horas agras.
Quantas vezes teus olhos enxugaram
Essas mãos que ainda agora nos consagras!. ..
Se mais sofreram, foi que mais amaram!...
Terei palavra escolhida,
mãe querida, que traduza o teu amor e leve ao mundo a alegria
deste dia de tributo ao teu louvor.
Bem haja o dia formoso,
venturoso, para as mães no doce lar; jamais lhes falte o carinho
no seu ninho, desejado, singular.
De todos haja o respeito,
vivo preito, por memórias imortais, de mães chamadas à glória,
cuja história não se esquece nunca mais.
Às mães que vivem agora,
como outrora, empenhadas só no bem, sobeje a paz e a doçura,
por ventura, como a todas lhes convém.
Não falte aos filhos bondade,
por vontade de servir e benfazer, honrando as mães, cujas vidas
decididas não se devem esquecer.
E baixe Deus recompensa,
por sentença que se possa aqui cumprir: a bênção de vida nobre,
rica ou pobre, sinaleira do porvir.
(De Expositor Cristão

"CARTA DE MEU FILHO"


A. Marks
Permita Deus, ó Mãe, que estejas de saúde
Ao receberes esta epístola singela.
Quis escrever-te há mais tempo, mas não pude.
É tanto o frio que as mãos me enregela.
Não repares na letra, nas muitas garatujas:
Estou com minhas mãos trêmulas e grosseiras,
Nas nódoas do papel verás que até sujas...
Vivo metido entre a terra, a abrir trincheiras.
Quanta recordação e que funda saudade
Eu sinto ao grafar em este débil papel
A mensagem que por certo alegrar-te há de,
Ao saberes que ainda vive o filho Samuel!
Não temas por mim. Deus é quem me vai guardar.
É evidente que, entre os companheiros mil,
Alguns não possam, sim, um dia regressar
Ao seu torrão natal... a esse grande Brasil!
Acompanha-me o escudo indestrutível e forte;
Confio nele, e só com ele vencerei!
O anjo do Senhor me livrará da morte;
Dos que o temem, ao lado acampará, bem sei.
Mãe! faz hoje um ano que junto de ti estava
A olhar-te, embevecido, e a fruir de teu olhar
Em a nossa igrejinha, onde se festejava
O "Dia das Mães" — o mais belo e singular!
Por coincidência, Mãe, ao abrir o Livro Santo, U'a pétala encontrei de flor emurchecida E não pude, confesso,
então conter o pranto Ao beijá-la, pensando em ti, ó Mãe querida! Foi uma flor grená, que, no passado ano,
Ostentei na lapela, estando ao lado teu. E quanto me envaideço, e quanto me ufano, De seres uma santa, ó
Mãe, que Deus me deu! Vou terminar aqui, pedindo-te que saúdes Todas as mães de nossa amorável igreja,
Que sempre admirei por suas grandes virtudes. Deita a bênção, ó Mãe, ao filho que te beija.

(De Reforma)

ANTES QUE SEJA TARDE


Original inglês de Ida Goldsmith Moore Tradução de Alípio Bandeira
À tua velha mãe, que longe mora,
Na saudosa vivenda sossegada,
— Vamos! — senta-te à mesa e escreve agora
A carta já cem vezes protelada.
Não delongues até que a úmida cova Seu pobre corpo para sempre guarde; Dá-lhe do teu
carinho alguma prova,
Antes que seja tarde. ..
Se te vem à lembrança um doce agrado, Um gesto, uma palavra que enterneça, Não
demores: aplica o teu achado; Talvez, por demorar, tudo te esqueça
Ah! quem sabe que amargos pensamentos Colherás da expansão que se retarde... Abre a porta dos
gratos sentimentos,
Antes que seja tarde!.. .
As palavras de afeto improferidas, A carta, sempre em mão, nunca enviada, As mensagens cem
vezes esquecidas, A riqueza de amor não dissipada,
São de outros corações ardente anelo. . O mais caro, talvez, que o zelo aguarde... Por esses
mostra, pois, todo o desvelo,
Antes que seja tarde...

MAE
Kate Alice Ostergren
Mãe,
Eu vi cruzes enfileiradas e homens silenciosos e tristes. (Para alguns a guerra acabou.)
Eu vi generais recebendo medalhas, enquanto crianças choravam,
[famintas,
E velhinhos em confuso combate, querendo agarrar um pedaço
[de pão.
Eu vi mulheres sozinhas nos portos, à espera de alguém que
[nunca voltou,
E velhinhas chorando em silêncio, olhando o retrato do herói
[que morreu.
Mãe,
Se este é teu dia, antes que eles te abracem, vai tu ao encontro
[do filho que é teu,
E, ainda que o vejas num berço, dormindo, ou se é ele quem beija
[tua fronte, a sorrir,
Sê tu quem lhe mostra o caminho do céu.
Ensina teu filho a ser bom.
Mãe.
(De Expositor Cristão )

MEU LAR CRISTÃO


Guiomar Santos
Meu lar cristão é um templo, onde Deus vive Cercando-nos de bênçãos e alegria. Sentimos sua augusta
proteção Nos trabalhos e afãs de cada dia.
Deus presente conosco bem cedinho, Quando, em nosso culto doméstico o louvamos, Nossos bens,
nossa mente e coração Com prazer, nesse culto, lhe ofertamos.
Deus seguindo o papai no seu trabalho; Deus a mente aclarando aos que estudam; Deus
dirigindo as mãos de minha mãe E de todos aqueles que a ajudam.
À mesa, quando o pão mamãe nos parte, Deus, invisível hóspede, ali está. E então nós nos servimos
com prazer, Sabendo que esse pão não faltará.

À noite, ajoelhados, reverentes, Nossa alma, nossa vida lhe entregamos. E o sono vem
tranqüilo e benfazejo, Pois é Deus, nosso Pai, quem está velando.
Papai, mamãe, irmãos, agradeçamos Uma firme e suave proteção. Louvemos o bom Deus, que nos
concede Este querido e doce lar cristão.

(De Reforma )

PARA MAMÃE DOENTE


(NO DIA DAS MÃES)

Gióia Júnior
Neste dia alegre de felicidade,
neste dia lindo de poesia e canto,
vêm-me aos olhos tristes esse orvalho santo
que se chama pranto;
pois tenho saudade
de mamãe querida, que partiu, doente,
pra, longe da gente,
numa outra cidade,
ir beber um pouco de felicidade.
Vejo tanta força pelo mundo afora,
vejo tanta vida pelo espaço além;
como eu fico triste, ao ver que foi-se embora
minha mãe querida,
que minhalma adora,
procurando força, procurando vida,
quando a humanidade tanta vida tem.
Eu quisera dar-te um pouco do meu ser, eu quisera dar-te a minha própria vida, minha mãe
querida, que eu adoro tanto, doce e meigo encanto que me viu nascer.
Mas, como não posso, peço ao Deus Potente:
"Traz mamãe bonita, traz mamãe contente,
traz mamãe risonha,
pois minhalma sonha
vê-la satisfeita, vê-la sorridente;
traz mamãe bem forte, pra alegrar a gente."
Pode, por acaso, o tenro passarinho
longe da mãezinha ter felicidade?
o bichinho morre triste de saudade.. .
pobre. . . pobrezinho...
Traz mamãe depressa, ó Deus, escuta a prece, pois o dia tomba e a noite escura desce, e eu estou morrendo
bem devagarinho, sem o seu afago. . . sem o seu carinho...

RETRATO DE MULHER
Léa Gosta Araújo (Àquela que foi mestra, esposa e mãe exemplar.)
Um dia deparei um quadro original,
Belo em simplicidade e de valor real.
Num curioso gesto, eu quis analisá-lo,
Os seus traços olhando e ousando interpretá-lo.
Era um quadro comum, retrato de mulher. Enfeites não trazia ou pintura sequer! E, no entanto, era tal do
rosto a expressão Que me falou direto à mente e coração.
No seu cansado olhar eu pude muito ler
No afã da vida intensa o cumprir do dever.
No lar é esposa amiga e fiel, delicada,
É carinhosa mãe, vive sempre ocupada
Em dar aos filhos seus um mundo de carinhos
E vê-los a pisar flores em seus caminhos!
Mas não parou aí seu mister divinal:
Lutadora do Bem, combateu contra o mal,
Crianças — um milhar — a ela foram ter,
Levando de suas mãos as luzes do saber,
Ao Brasil, de sua vida, o melhor ela deu!
Para a Itália partiu querido filho seu.
Em seu olhar dorido e triste de saudade,
Há vivo lampejar de grã felicidade,
Por haver concorrido, em pequena parcela,
A engrandecer a Pátria, a tão querida dela!
E, que ganhou? Não foi o ouro vil, nem glória,
Somente uma coroa — os louros da vitória —
De cabelos tecida e que se embranqueceram, Que pelo sofrimento a sua cor perderam! Nos lábios seus
sorrindo, eu vejo um grande mundo De ensinamentos sãos e de um valor profundo. Seu todo é de ousadia,
enfrenta sacrifícios, Batalha neste mundo encharcado de vícios, Soube vencer com fé toda dificuldade,
Amando sempre o Bem, a Justiça, a Verdade.
E muda, extasiada, eu pude então notar Que aquele belo quadro era a mim familiar.,. E, num grito feliz, de
alegria tomada, No retrato revi minha Mãe adorada!
(De Expositor Cristão )

SE EU PUDESSE
Solon Borges dos Reis

Se eu tivesse os passarinhos que vivem sempre a cantar, eu mandaria formar todos


eles na floresta para fazer uma festa de cantores bonitinhos e minha mãe agradar!
Se fossem meus os peixinhos que há no fundo do mar, eu mandaria forrar com escamas
douradinhas, com escamas prateadas,
as ruas e os caminhos, para minha mãe passar!

(Extraído)

MAMÃE
Mamãe é tudo para mim, E o seu amor não tem fim! Nossa casa é doce ninho Onde ela manda
contente. E nós que inda somos pichotes, Nós somos os seus filhotes A receber seu carinho.

Pra mim é tudo na vida A mamãezinha querida. Às vezes, bate na gente! Mas
depois, tão mal se sente Que até parece ser ela Quem levou as chineladas, Os
beliscões, as palmadas.

Por todos nós mamãe zela E em carinho se desvela; A mamãe é sempre assim, Ela é tudo para
mim.
(Extraído)

MÃEZINHA
Heli Menegale

Minha mãezinha é a pessoa que a mim, na terra, mais ama. À noite, risonha e boa,
vem ver-me na minha cama,

cobre-me bem, faz-me festa. Se rio, indaga: — "Que foi?" Por fim, me beija na testa,
dizendo: — "Deus te abençoe."

Durmo. E, enquanto estou dormindo, de sonhos tudo se estrela. Mas o meu sonho mais
lindo é quando sonho com ela.

(De Jóias de Cristo )

QUEM É?
Acho que ela é diferente, Para mim, de toda gente; Até parece que entrevejo Em seus
olhos, num lampejo, Um céu radioso, um paraíso! Outras vezes o diviso Na meiga
expressão do rosto, Se me fita. E com que gosto E paciência me auxilia, Ensinando
cada dia, Quando erro ou me entristeço.
Também sofre, se padeço, Mas, ao ver-me bem contente, Mais prazer ainda sente. Se
consola, é com doçura; É justa e terna, se censura; Tudo nela é bom e belo, O amor é o
só anelo Do seu grande coração. "Mas, quem é tal perfeição?" — Talvez digam. Pois não
sabem? Ela. .. ela é minha mãe!

(De Bem-Te-Vi)

A MÃE
Antônio Ferreira de Melo

Seria a flor delicada sem matutino frescor a criança deserdada dos


tesouros do amor.

Oh! bem haja a Providência, que no seio maternal abriga a flor da existência como a
bonina no vai!

Feliz do que tem no mundo de sua mãe o sorrir, como o orvalho fecundo que
tem a flor ao abrir.

Há muito amor sobre a terra, afetos todos os têm, mas nenhum como o que encerra o
coração de uma mãe.
É como a rola que chora, junto do berço a cantar, e como o riso da aurora
é a luz do seu olhar.

Ide ao lar abençoado, onde desabroche a flor; naquele templo sagrado


não vereis senão amor.

EU QUISERA, MÃEZINHA
(Às mães da 1o Igreja de Belo Horizonte)

Gustavo A. Brasil

Quantas vezes, mãezinha, a sós contemplo a nuvem branca, altívola, no espaço! Parece um
sonho de grinaldas feito, peregrinando misteriosamente...

As galeras ao mar são companheiras dela! E, na distância, em surdina, vão cantando o poema
nostálgico do vento e o soneto sentido de minhalma.

Eu quisera, mãezinha, ser a nuvem e nas águas do mar ter minha imagem! Eu, no
espaço, vagando a vida inteira, refletindo, também, no teu olhar.

O MONÓLOGO DA FILHA
Isaac Nicolau Salum

Ah! se mamãe soubesse


como eu quase não posso deter o meu coração, quando a criançada em festa, no segundo domingo de maio,
atira flores nas suas mamãezinhas!... Se ela visse, no meu sorriso interior, o meu afeto, o meu carinho, o
meu amor... Se ela soubesse, como, no meu quarto, — quando eu me deito, e quando à noite acordo, e ao me
levantar da cama — lembro o seu nome a Deus e lhe agradeço a mãe que ele me deu tão carinhosa e boa...
Se ela soubesse disso tudo, ela haveria de ficar alegre e chorar até... de alegria! Ela haveria de ficar contente
por descobrir que sua filha é crente, por descobrir que sua filha a ama, por saber que por ela a filha ora...
Mas, não! Eu não lhe digo nada agora, nem noutro tempo hei de contar-lhe, não! Mas hei de amá-la sempre,
orar por ela sempre, olhá-la sorridente, viver pensando nela, ser sempre obediente, ser sempre carinhosa... E
tudo, tudo ela há de descobrir sozinha! E ela há de agradecer a Deus sozinha, o amor, a obediência e as
orações da filha!
E eu hei de ter esse gostinho de saber que, escondida e ajoelhada, ela ergue o olhar aos céus e ora assim a
Deus: "Ó Deus, eu te agradeço a filha boazinha, tão crente e carinhosa, feliz e obediente que tu me deste.
Faze-a sempre feliz e sorridente,
tão bela e delicada como a rosa!" Também ela há de ter o seu gostinho de imaginar quão cheia de
carinho eu oro no meu quarto com fervor:
"Ó Deus, eu te agradeço a boa mamãezinha,
a mamãezinha crente e carinhosa
que tu me deste.
Faze-a Senhor, feliz,
faze o papai feliz,
e cada irmão feliz,
e o nosso lar feliz,
cheio de paz, de amor,
como o teu céu, Senhor,
como o teu céu, Senhor!..."

(De Reforma )

A MÃO QUE EMBALA O BERÇO


(Alegoria para o Dia das Mães)

Stela Câmara Dubois


Cartaz — Faça um cartaz atraente, usando a figura de uma mãe, um bebê ou qualquer figura que dê a
idéia. Se há na igreja alguém que saiba desenhar, pode-se usar o motivo: o berço e uma mão embalando-o.
Coloque-o em lugar bastante visível, para chamar a atenção.

Sugestão — Esta representação poderá ser feita numa noite especial e um pouco diferente: com a ajuda
dos irmãos poderiam as filhas fazer um banquete em tamanho pequeno, usando mesas improvisadas e coisas
ligeiras, como sanduíches, doces, refrescos, flores, etc. Convidem-se os pais também. O programa poderia ser
realizado enquanto estão ao redor da mesa, antes ou depois do lanche. O artigo "Minha Mãe" que vem na p. 99,
pode também ser usado.

Cenário — Um cartaz com a paisagem que o título sugere trazido por duas moças, que se conservam de
cada lado. Atrás, um jovem, a fim de recitar o lema alegórico. Em círculo, um pequeno conjunto coral misto,
talvez um quarteto duplo. Coro final.

Personagens: Uma criança com uma boneca. Uma ginasiana com uniforme e livros. Um adolescente com
roupa esportiva, máquina fotográfica a tiracolo. Uma professora recém-formada. Mãe.

A DIRIGENTE: Dentre os confrontos incoerentes da vida, está o nome mulher. As duas correntes, pró e
contra essa criação de Deus, digladiam-se, cada qual buscando a persuasão, o apoio, a solução satisfatória
do problema suscitado.
O domínio das letras é mister elevado para ela. Os despeitados menosprezam-lhe o talento, se o tiver.
Fala-se dela quando as artes a governam. Atiram-se-lhe pedras sobre a moral, quando a política a
entusiasma e fascina. Nega-se-lhe a capacidade, quando a ciência a empolga. Em tudo, a mulher é alvejada
com as setas mais daninhas da mofa e do escárnio.
Os filósofos da antigüidade feriram-na com os mais acerbos doestos. Sócrates achou-a "a fonte de todo
o mal". Platão classificou-a de "aquela que tem menos virtudes que o homem". Aristóteles, que "é uma alma
de segunda ordem". Hipócrates, que "é perversa por natureza". Tito Lívio deu-lhe o nome de "fera indomável".
E o satírico Juvenal, "o maior dos males".
É de lastimar que esses homens se esquecessem de suas mães!
Entre os gênios da Idade Moderna, citemos o grande Milton, que, apesar de ter uma bondosa filha, disse
da mulher: "é um belo defeito da natureza."
No meio desse caos de ruína e fracasso em que a mulher foi colocada, aparece-lhe ao caminho a figura
máxima da História: NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, que, impulsionado por ilimitado amor,
incompreensível à mente humana, tirou-a do charco, segurou-a com o braço potente e, olhando os
escarnecedores, falou-lhes: "Quem for isento de culpas, atire-lhe a primeira pedra!"
Já se fala da mulher não tanto por justiça, como pelo velho instinto de imitação. Os grandes falaram
dela; os pequenos, fadados à grandeza, precisam, por isso, de falar dela também.
Entretanto, quando a maternidade a coroa, quando o cetro do lar a enobrece, quem ousa dar-lhe pechas
de mediocridade ou de inutilidade? Ela é, verdadeiramente, a governadora do mundo, através dos filhos.
Quem maldiria a própria mãe? Ou qual o filho que deixaria impune a sua honra ultrajada?
O inolvidável poeta, Olavo Bilac, conta uma interessante tradição dos papuas das ilhas Banks, que têm
a maternidade como o suprassumo de suas vidas, mas cuja selvageria é das mais atrasadas. "Acreditavam
aqueles selvagens que os seus antepassados eram tão privilegiados das divindades celestiais que, além de
não morrerem, podiam remoçar quando lhes aprouvesse." Conta o nosso altíssimo poeta e grande prosador:
"Mudavam de pele de quando em quando, como as serpentes, e, a cada muda, rejuvenesciam. Ora, um dia,
uma mulher, que já não era moça e tinha um filho pequenino, dirigiu-se ao rio, em cuias águas mudou a sua
pele, deixando a pele velha ir corrente abaixo, até ficar presa a um galho de árvore. E voltou para casa moça
e bela... Mas o filhinho, que só a conhecera velha e feia, não a reconheceu sob a pele nova, e não a quis
beijar. Então a vaidosa mulher, preferindo à sua vaidade de mulher o seu orgulho de mãe resignada, e mais
do que resignada, feliz, voltou ao rio, des-pojou-se da formosura, tornou a envergar a pele velha, e sacrificou
ao seu amor materno o seu amor de si mesma."
Há na vida contrastes chocantes, absurdos até, que pasmam e assombram, na grandeza e no valor de
sua insignificância! Ora é a semente que morre; ora a gota dágua que se refrata; ora o eléctron invisível que
traz dentro de si uma potencialidade. Coisas triviais. Quem não o diria? Entretanto, universos de grandeza!
Assim és tu, mãezinha, que te sublimizas no esconderijo do teu anonimato.
E agora, diante da tese incontestável de que a mão que embala o berço é a que rege o mundo, ouço,
dentro das minhas reflexões, o veredicto: não é mais o forte que protege o fraco, mas, sim, o fraco é o
protetor do forte!
(0 canto "Mãezinha Querida" em surdina.)
Uma das moças que seguram o cartaz: Mãe!
Teu nome se iguala À voz que te fala, Dizendo: és amor!

Embora na terra, No empíreo se encerra O teu resplendor.

(Todos cantam.)

Entra a criança:
Ela me embala cantando, E o seu cantar é tão brando, Que me torna
alegre a vida! E me calo... Só, baixinho, Digo-lhe, em tom de carinho:
Minha mãezinha querida...
E sai comigo a brincar...
Então juntas, a cantar,
Vamos as duas contentes:
Ela com a sua filhinha,
Eu com a minha bonequinha,
Sorrindo, mostrando os dentes...

Suas mãos são de setim, E ela, sorrindo pra mim, Aperta-me ao


coração. Eu escuto essas batidas, Muito fortes, repetidas, Como se
fossem oração.

Lá-lá-lá!... Mamãe tão boa! A minhalma assim entoa Esta canção de criança. Do
seu amor dá-me prova E a cada instante renova Um tesouro de esperança!

(O grupo canta e repete em surdina, enquanto o jovem recita o lema:)


JOVEM —
Escutai, escutai, este pensar profundo: "A mão que embala o berço é a mão que rege o mundo!"

Entra a ginasiana:

Vou marchando para a escola! Meu coração é corola, Todo aberto para
o sol. Quantas bênçãos eu recebo! E a linfa divina bebo, Defronte deste
arrebol!

Isso tudo me forneces, Com o carinho dessas preces Que te alentam, mãe
querida! Dizes que sou diamante, Lapidado a cada instante, Após lição
aprendida.

Se me levas a estudar, Tais conselhos são o altar, Sagrado como um


troféu. Vou nos livros aprendendo, Muitas graças recebendo, Num
privilégio do céu.

E saber para servir, Eis o ideal do porvir, Minha adorada visão! — Quero, meu
Deus, mais honrá-la! — Mamãe, teu nome trescala Aromas do coração.

(O grupo canta e o jovem recita o lema.)


Entra o adolescente:

Cheguei da vida na estrada, Quando a luta é controlada A peso de proteção. Tu,


meu anjo tutelar, Mãe! Minha estrela polar, Tu me deste a tua mão.

E agora feliz, ditoso,


A sair vitorioso
Nas batalhas mais renhidas,
Das mães proclamo a realeza,
Pois se da vida és grandeza,
És a grandeza das vidas!

Com o maior dos sacrifícios, Tu me livraste dos vícios, Da mentira e da vaidade.


Como um pouso, um doce
abrigo, Teu coração, tão amigo, Foi calma na tempestade.
Tua influência é alavanca; Se dos abismos me arranca, Tão logo me leva a
Deus. Oh! que feliz mocidade! Minha mãe, a liberdade, Colhi-a dos braços teus.

(O grupo canta e o jovem recita o lema.)


A professora:

Para eu galgar a montanha, Oh! que renúncia tamanha Foi a tua, mãe querida!
Preferiste, quanta vez, O desprezo, a insensatez, Para ver-me enaltecida.

Pois em casa, maltrapilha, Tu, beijando a tua filha, Sim, não podias sair...
Gastaste todo o dinheiro! E o meu traje? Era o primeiro, Belo, caro, a reluzir!...
Como esquecer a poesia, Ó mamãe, daquele dia, Na festa de formatura? Por que
negar? Fui chorando, Meu caminho palmilhando, Todo cheio de amargura.
A pobreza te rodeava... Tu te fazias de escrava, Humílima, a trabalhar... Qual a mãe
de Miguel Couto. Com o seu vestido tão roto, Lindas vestes a lavar,
Assim te mostras princesa, Do teu amor na grandeza, Que sobe às raias da
glória. Alcançado o magistério, Farei dele o meu saltério, Para louvar tua
história!
(O canto "Mãezinha Querida" e o recitativo do lema.) Entra a mãe:

Hoje sou mãe. Teu modelo, Copiei-o, com desvelo, Mãe querida, meu amor. Fiz-me
pronta na constância: Renovar meu lar de infância Com alegria e destemor.
Imitei da tua vida A vontade destemida, A suprema abnegação. Como Cornélia,
meus filhos, Comparei-os aos rebrilhos Das jóias do coração.
Minha casa! Meu sacrário! Contra o mundo temerário, Faço de ti fortaleza. Quando
vier a batalha, Que me proteja a muralha De tua vasta nobreza!
Meu lar é todo o meu mundo, Nele encontro o mais profundo, O mais real
dos prazeres. Filhos! Tesouros preciosos, Porque, dos seres ditosos, Os
mais ditosos dos seres!

Quem tem mãe, conhece o amor, Traz o divino esplendor, A engrinaldar-lhe a


cabeça. E mesmo que a injustiça, Na hedionda e humana liça, O coração lhe
emurcheça,

Nunca será destronado,


Desse trono alcandorado,
Que é o amparo maternal.
Glória às mães dos grandes filhos!
Que elas são os estribilhos
Do coro celestial!

(O canto e o recitativo do lema.)

A outra moça que segura o cartaz:

Mães! Ó mães abençoadas! Mães gloriosas! Abnegadas! Apanágios


do perdão!

Sois de Deus pedras de esquina,


De beleza peregrina,
A mais santa inspiração!

(Entra o grupo coral, completando o Quadro apoteótico, e todos entoam: "A Tua Casa É um Pedaço do Céu "■)
Escola Bíblica Dominical
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
Maria Lemos

Salve! Escola bendita, Onde se aprende a Verdade! Sabedoria infinita, O Verbo


da Cristandade.

Bendita Escola! Onde os povos Se podem matricular. Ricos, pobres e famintos A todos
quer ensinar!
Muitos são os seus alunos Aqui e em todo o mundo! O seu precioso ensino É
mui fácil, mas profundo!

Grande e florescente Escola, Que uma só ciência tem! E por toda a humanidade Espalha
as rosas do bem.

Salve! Escola bendita. De poder universal! Bendita seja pra sempre A


Escola Dominical.

BENDITA ESCOLA !
Guaracy Silveira
Bendita Escola! Bendita fonte
De eterna luz! Tu, da ignorância nos redimiste, Nos libertaste, como na cruz, De toda
a mancha nos tem livrado
Nosso Jesus.

Bendita sejas! Teu evangelho


É redenção. Eis a criança, na densa treva, Levada às cegas, na escuridão, Mas tu lhe
falas, tu lhe iluminas
O coração.

É bem possível que, em pequenino,


Nosso Senhor Tivesse um livro de letras de ouro
E, vindo a noite, findo o labor, Junto a Maria, lesse esse livro
Com muito amor.

A Escola é um templo, de onde a verdade


Surge a brilhar. Quem lê, medita, busca o infinito. Vai nas alturas a Deus achar. E a
quem o encontra jamais a treva
Pode enganar.
Oh! quem nos dera, na Pátria amada,
Podermos ver Pelas escolas a nossa infância, De alma tão boa para aprender! E iria a Pátria, de glória
em glória,
Sempre a crescer!

Vinde, crianças! Se em Jesus Cristo


Podeis sentir A luz eterna, na escola, a algema Da intensa treva, vereis cair! Jesus e a Escola — eis
vosso lema!
Vinde o seguir.

A MOCIDADE ESCOLHE A IGREJA


Para o aniversário da igreja

Mrs. Ware e Mrs. J. E. Lingerfelt


Margarida — moça atraente, que enfrenta uma grande escolha.
D. Ana — mãe de Margarida.
Nilza — consagrada sócia da Sociedade de Moças.
Valdemiro — dedicado ao trabalho da União de Treinamento.
Agências da igreja:
Escola Bíblica Dominical Escola de Treinamento União Feminina
Missionária
O Mundo
Agências do Mundo: Prazer Indiferença Comodismo
A Voz
(Uma sala com uma cadeira confortável, telefone, lâmpada de mesa etc. É domingo à tardinha. Margarida entra,
dando adeus para um grupo de moços e moças fora do palco. Todos passaram a tarde passeando de
automóvel. Pode-se ouvir de longe as vozes e risadas dos amigos.)
MARGARIDA (entrando) Decerto não me esquecerei disto. Adeus. (Senta-se, alisa os cabelos e suspira.)
Que horas serão? (Olha para o relógio de pulso.) Meu relógio parou.
Mamãe não há de gostar quando souber quanta distância percorremos no carro agora de tarde. Na noite
passada, quando voltei tão tarde duma festa, não disse nada, mas vi que não gostou.
D. ANA (chegando à porta) — Margarida, está quase na hora da U.M.B. Tens parte no programa hoje.
Está lembrada disso?
MARGARIDA — Mamãe, é necessário que eu vá? Não estou com vontade de ir, não.
D. ANA — Esperava que tivesse vontade de ir, Margarida. (Toca o telefone. Margarida levanta-se para ir
atender.)
MARGARIDA — Tomara que seja Celita que esteja me chamando. Estamos planejando uma reunião
social na casa dela para a semana. Vamos brincar muito.
Alô! sim, D. Elza (numa voz desapontada). Faça o favor de não me pedir para fazer isso, D. Elza. Eu não
posso. Já pensei bastante sobre o assunto. Meus estudos não deixam tempo para eu fazer estas coisas.
Muito agradecida, mas não posso. Adeus! (Pendura o fone.)
Foi a conselheira da Sociedade de Moças, amolando-me outra vez, mamãe. Já lhe disse na terça-feira
que não poderei aceitar a presidência da Sociedade quando Ester for embora. Ela disse que tem orado muito
e acha que eu sou a pessoa que deve assumir a presidência. Mas está enganada! Quero que ela me deixe em
paz!
D. ANA — É bem possível que a deixe em paz, Margarida. Ela é uma pessoa muito simpática e gosta
imensamente de ti. É uma ótima conselheira da Sociedade de Moças.
MARGARIDA — Mas, mamãe, vou à Escola Bíblica Dominical e ao culto todos os domingos pela manhã.
Isto não basta? Para que preciso ir à Sociedade de Moças e à U.M.B. também? Reuniões e mais reuniões!
D. ANA — Não, minha filha, não são simplesmente reuniões. Oh! se eu pudesse ajuda -la a compreender
que cada organização tem o seu lugar definido na vida da igreja, desenvolvendo os jovens crentes no serviço
de Cristo! (Alguém bate à porta. D. Ana retira-se. Margarida atende. Entram e ficam em pé junto à porta, Nilza e
Valdemiro.)
NILZA — Está pronta, Margarida?
VALDEMIRO — Depressa, Margarida! Devíamos estar na igreja um pouco mais cedo hoje. Você está no
meu grupo, e espero que possamos ter, um programa ótimo.
MARGARIDA — Então tem que realizá-lo sem a minha presença, porque não vou.
VALDEMIRO — Mas, Margarida, não nos deixe assim! Que aconteceu com você ultimamente?
NILZA — Não adianta insistir, Valdemiro. Margarida, não se esqueça da reunião da Sociedade de Moças
amanhã à noite lá na minha casa. Queremos...
MARGARIDA — Sim, eu sei. Você e D. Elza estão planejando muita coisa. Já soube, Nilza. Não conte
comigo, faça o obséquio!
VALDEMIRO — Então, adeus.
NILZA — Adeus (Nilza e Valdemiro retiram-se).
MARGARIDA (chamando) — Mamãe! (D. Ana não responde.)
Vou sentar-me aqui um pouco. Talvez que Celita e mais alguns amigos venham visitar-me. (Apaga todas
as luzes, menos a pequena lâmpada de mesa. Senta-se na cadeira e deita a cabeça no braço da mesma.
Dorme.)
(Uma música suave, enquanto a Voz recita a poesia.)
A VOZ —
Para todas as criaturas abrem-se
Vários caminhos na vida;
As almas redimidas
Sobem o caminho para cima
E as perdidas
Tateiam no caminho para baixo.
E, lá nos vales obscuros,
As outras almas permanecem na indecisão.
Há sempre dois caminhos a escolher —
Cada um de nós decidirá
Conforme a inclinação
Da própria alma. (Da esquerda, entra o Mundo, de roupa preta, com três companheiros, de roupa
festiva, cores berrantes, muito enfeite. O Mundo chega perto da moça e, olhando para ela, diz:)
O MUNDO — Sou o Mundo. Pedi a sua mão muito antes de a Igreja pedi-la. Pareceu-me por algum
tempo que a havia perdido, mas os meus companheiros aqui me ajudaram. Vejo agora que sou eu a sua
escolha (ri com satisfação).
Fale, Prazer, que tem feito?
PRAZER — Usei a minha influência para que ela adquirisse o hábito de ir às festas mundanas nos
sábados à noite, voltando tarde. Os passeios longos, o carro aos domingos à tarde, fazem também com que
ela fique muito cansada e não queira assistir à U.M.B. e ao culto à noite.
O MUNDO — E você, Indiferença?
INDIFERENÇA — Plantei na sua mente a idéia de que é bom ir à igreja de vez em quando, porém que
não é necessário ir regularmente, que é conforme a vontade na ocasião e que não tem muita importância.
COMODISMO — Eu, seu servo, Comodismo, fiz tanto quanto eles. Usei a minha influência para ela
preferir ficar em casa aos domingos à noite, descansando ou conversando com amigos, em vez de ir à igreja.
O MUNDO — Todos fizeram muito bem. Venham! Há outros moços e moças que precisamos visitar hoje
à noite. (Todos saem.)
(Margarida mexe-se. Ouve-se uma música suave. Entra, à direita, uma pessoa de manto branco,
representando a Igreja, com três companheiros, todos de branco e todos levando velas acesas. A da Igreja deve
ser maior. O efeito será melhor se for apagada a outra luz, deixando-se somente a luz das velas. A Igreja chega
perto de Margarida e fica olhanão-a detidamente.)
A IGREJA — Querida Mocidade, quão linda e quão preciosa és para mim!
Sou a Igreja. Tu és a minha filha, pois vieste abrigar-te em mim depois de dar o teu coração a Jesus.
Ultimamente, porém, tens vagueado longe de mim e dos meus conselhos. Necessitas escolher, querida filha,
entre mim e o mundo. Quanto te quero com a tua vivacidade e beleza! Necessito da tua mocidade, e tu, da
minha força. Estes companheiros são as minhas agências, que me ajudam a engrandecer a Cristo na terra e
fazer vir o seu reino. Elas vão falar, para que possas saber mais de Cristo (música suave, "Mais de Cristo").
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL (dá uns passos para a frente e fala com Margarida) — Sou o Programa de
Ensino da Igreja. Sou a Escola Bíblica, a Escola Bíblica Dominical. Nas cinqüenta e duas horas que me são
concedidas pela igreja durante o ano, explico e ensino a Palavra de Deus. Oh! Mocidade, dizes que me amas
e que és leal para comigo, mas estás tão cansada nos domingos pela manhã, devido ao hábito de buscares o
prazer nos sábados à noite, que não ouves as palavras do professor concernentes às verdades de Deus!
ESCOLA DE TREINAMENTO — Sou o Programa de Treinamento da Igreja. As noites dos domingos
pertencem ao culto de Deus. Nenhum crente cumpre a sua obrigação para _com a igreja por assistir somente
ao culto do domingo de manhã. Procuro ajudar a Igreja, treinando os seus membros a cumprirem o seu
dever como crentes e exaltando o culto da noite. Mocidade, o meu propósito não é somente treinar-te a ser
uma ganhadora eficiente de almas e membro capaz da igreja, mas é para tornar--te uma personalidade mais
eficiente em qualquer campo de trabalho. Quanto almejo alistar-te no serviço voluntário!
UNIÃO FEMININA MISSIONÁRIA — O coração da igreja é Missões e, portanto, cada organização da
verdadeira igreja promove missões. Mas a União Feminina Missionária dá ênfase a missões como seu
propósito preeminente. As crianças, as moças e as senhoras apresentam, em cada reunião, as necessidades
do mundo perdido no pecado. Desafiam a mocidade a saber que as boas-novas de paz e amor são para todas
as nações. Instruem a mocidade com verdades de todos os países, lançam-lhe um desafio às necessidades e
a induzem a contribuir com dinheiro, palavra e o próprio ser, a fim de trazer o mundo aos pés de Jesus. Não
queres achar o teu lugar em missões, pelo amor de Cristo?
A IGREJA (estendendo a mão sobre a moça adormecida) — Através dos séculos, ó Mocidade, ecoa a voz
do humilde Galileu, dizendo: "Segue-me." Eu também chamo-te para segui-lo. Ele é o Lírio do Vale, o mais
Formoso entre todos, aquele absolutamente amável e digno de ser amado! Se o escolheres, escolhes-me, a
sua Igreja. Se me escolheres, escolhes o caminho da cruz.
(A Voz, fora do palco, canta uma estrofe e o coro do hino 306 do Cantor Cristão , "Para o céu pela cruz
irei".)
A IGREJA — O caminho da cruz não será sempre fácil. O caminho para cima é muitas vezes difícil, e o
céu não será sempre azul. Mas é o caminho que conduz ao serviço e à felicidade, à vida completa e bela.
Queres escolher o mundo, querida filha, ou queres seguir-me?
(A Igreja e seus companheiros retiram-se. Se a luz foi apagada durante esta parte, deve ser acendida de
novo. Margarida acorda espantada. Levanta-se depressa, para ir atrás deles.)
MARGARIDA — Esperem! Peço-lhes que voltem. Irei com vocês. Escolho a Igreja de Deus.
(Entra D. Ana.)
D. ANA — Não quero que nós duas percamos a U.M.B., Margarida. Eu vou agora. Mas, querida, que tem
você?
MARGARIDA — Oh! mamãe, sonhei... tive uma visão!
Mas já estão cantando na igreja. Chegaremos tarde. Não poderíamos assistir a uma parte do programa
da U.M.B.? Quero ajudar Valdemiro com o programa (Margarida endireita o cabelo para sair).
Escute, mamãe, vou falar com D. Elza que trabalharei na Sociedade de Moças em qualquer atividade que ela
queira. Mamãe, pensou que eu tivesse escolhido o mundo?
D. ANA — Bem, querida, eu...
MARGARIDA — Sim, mamãe, sei. Parecia que tinha feito tal escolha, não é? Mas não tinha feito. Não
tenho sido leal para com a igreja também, porém agora, reconhecendo estas verdades, vou escolher o
caminho de cima e, mamãe, nunca mais quero cair no caminho de baixo.
(Abraça a mãe. Depois dá-lhe o braço, mostrando que está pronta a ir.)
Não é uma coisa admirável que Deus conceda a cada vida o direito, a livre vontade de escolher? Isto me
fará sempre fiel e leal a Cristo e à sua Causa. Antes de sairmos, quer orar comigo, mamãe, para que eu
possa ajudar os outros a terem a visão de Cristo e do programa inteiro da sua igreja?
(Abaixam a cabeça e D. Ana ora fervorosamente, agradecendo a Deus pela escolha de Margarida e
pedindo o auxílio de Deus para todos os que ainda têm que escolher entre a igreja e o mundo.)
(Toca-se o hino 452 do Cantor Cristão ou outro apropriado. O auditório levanta-se e canta com o dirigente.
D. Ana e Margarida retiram-se.)

AS DUAS ESCOLAS
Mário Barreto França Diálogo para meninas no Dia de Rumo.

(Cenário: Uma encruzilhada. De manhã. Uma menina em traje escolar, representando a Escola Primária, entra
pela esquerda, sobraçando uma cartilha e trazendo um pedaço de pão na mão esquerda. Outra, em traje
simples, de passeio, representando a Escola Bíblica Dominical, entra pela direita, sobraçando uma Bíblia e
cantando, à meia voz:)
E.B.D. — Eu sou da Igreja de Cristo A Escola Dominical, Que levo a todas as
almas O ensino celestial.
E.P. — Bom dia, minha amiga! aonde vais apressada?
Inda é cedo, não vês? não há ninguém na estrada; Conversemos um pouco e falemos em tudo,
Tudo o que diz respeito às belezas do estudo.
E.B.D. — Tenho pressa; preciso ir a um subúrbio pobre, Cumprir uma missão humilde, porém nobre: Levo à
mocidade uma boa lição, O prêmio de um conselho, um pedaço de pão E a palavra de fé que
encoraja e seduz, Na bondade de Deus e no amor de Jesus. Mas... quem és, afinal?
E.P. — Sou a Escola Primária.
É grande meu dever, minha missão é vária: Fazer duma criança uma útil criatura; Inicio-a no
edifício ao lado da leitura; Contando-lhe da Pátria os feitos de heroísmo,
Faço nascer-lhe nalma o são patriotismo, E, dirigindo-a assim por um caminho reto, Abro-lhe a
porta azul do reino do Alfabeto, Onde vive a cantar, onde vive a esplender A divindade da Arte e
a glória do Saber.
E.B.D. — É verdadeiramente altruísta o teu destino!
Moldas, em cada ser, com o escopo do ensino,
O caráter que tem na força do direito
O único ideal do cidadão perfeito
Que trabalha e que luta em prol da humanidade.
E.P. — No entanto, mais sublime é a tua caridade!
Eu, pelo bem da Pátria, ensino o principal...
Mas a ti, só te move o amor universal;
A todo coração ensinas a ser puro
Para alcançar o céu... Tua glória é o futuro,
O futuro melhor que se prometa a alguém
— a justiça do amor e o código do bem.
E.B.D. — Irmanemos, pois, na missão benfazeja
— Tu, escola da Pátria; eu, escola da Igreja — De oferecer ao mundo o bálsamo eficaz
Desse amor fraternal, que é o símbolo da paz.
E.P. — Pela Pátria terrestre, esforçar-me-ei em tudo, Pra dar à mocidade as riquezas do estudo.
E.B.D. — E eu, seja na cidade ou no sertão agreste, Eu sigo a trabalhar pela Pátria celeste, Pregando em
toda parte o evangelho da cruz E oferecendo ao mundo o perdão de Jesus.

(Saem juntas, cantando, pelo caminho da direita.)


E.B.D. e
E.P. juntas - Sigamos, pois, irmanadas Em nossa nobre missão.
E.P. — Eu, ensinando o alfabeto!
E.B.D. — Eu, pregando a salvação!
Bíblia
A BÍBLIA
G. M.
És dos livros, um dos mais antigos, majestoso, Elevando povos na compostura e na nobreza. Logo, tudo se
nos mostra mui sagrado, precioso. Livro, tens como teu autor o Deus da Natureza.
Séculos, trevas, falsa luz, tudo vences glorioso, Revelando a cada povo morto, com fraqueza, A Verdadeira
Vida, que só vem do Deus bondoso, Para quem pratica o bem e odeia a torpeza.
Dizes mal: Aqui é o lugar; hoje é tempo do perdão, Que do Novo Testamento é a nobre e rica herança. E,
como provas disso, dá-nos forças para a retidão.
Logo, neste Livro é que a minha alma descansa, Liberta das coisas torpes, da sua antiga corrução, Bíblia, do
universo todo, és a única esperança!

O MELHOR LIVRO DO MUNDO


Jonathas Braga
Se alguém me perguntasse, porventura, qual o melhor dos livros deste mundo, eu lhe
responderia num segundo que é, sem nenhuma dúvida, a Escritura.
É nesse grande livro que a criatura encontra a paz do coração jucundo e, pela fé
no amor de Deus profundo, vence o pecado e alcança a vida pura.
Bendito livro, a Bíblia! Todo dia tenho-o a meu lado, cheio de alegria, porque livro
melhor não há, enfim!
Sua mensagem me conforta e anima e me transporta às plagas lá de cima, onde
há melhores coisas para mim.

(Extraído da Revista A Bíblia no Brasil da Sociedade Bíblica do Brasil.)

A BÍBLIA
Stela Câmara Dubois
Fonte de Paz, que em borbulhÓes de luz Abre dos céus a entrada luminosa!
Guia que os passos dúbios me conduz, Sol fecundante! Inspiração gloriosa!
Meu Tesouro!

Fonte de Paz! E dessa fonte viva Nasceu o Autor da Grande Redenção!


Nublem-se os astros pela noite estiva, Eu tenho luz e paz no coração!
Meu Prazer!

Guia! Funesta se afigura a vida, Quando cresce a Razão do Pensamento! És


tu, Fanal, que as trevas intimida, No marasmo das mágoas dás alento, Meu
Consolo!

Sol fecundante! És Sol, porque és Verdade, Ó minha Bíblia, ó meu Amor


primeiro, Males dissipas, dás felicidade, Outorgas ao coração caminheiro
Proteção!

Inspiração gloriosa em fé conquisto,


Quando às tardes me inclino sobre ti
E quando a aurora em júbilo avisto,
Em tuas páginas vejo o que não vi: Minha Glória!
r
Tesouro meu! Quem pode avaliar A jóia eterna que de ti promana! Livro profundo, Livro
singular, Que enaltecer não pode a mente humana, Ó pórtico do céu!

Prazer e proteção, consolo e glória, E tudo, tudo a que minhalma aspira, Encontro em ti, ó
Livro de Vitória, Imaculado Livro que me inspira, Para louvar a Deus!

Na alegria ou na dor, na vida inteira, Quero-te, ó Livro, junto ao coração! O término do mundo
se aligeira, Para que eu veja a tua exaltação, Ô Bíblia, ó minha Bíblia!

( De Primícias )
MINHA BÍBLIA
Paulo Lício Rizzo

Bíblia! tua luz divina em facho alcandorado Levou à minha mente a glória da verdade, A paz e o conforto...

Meu coração febril, então desesperado, Achou, num mundo hostil e cheio de maldade, Um
remansado porto!

Bíblia! eflúvio doce em meio da amargura, Canto de amor na mata escura e tenebrosa Dos
ódios desta vida... Fazes lembrar a mãe que exorta, carinhosa, A filha mui querida!. .'.
Compasso da existência a apontar bem certo Ao viajor cansado as rotas da justiça E a porta do
infinito!
Eu quero ter-te aqui, aqui sempre bem perto, No fragoroso ardor desta agitada liça Por onde eu
periclito!...

Quero sentir-te quente, a acalentar-me a alma,


Quero sentir-te clara, a iluminar-me a fé,
Rasgando no horizonte esplendorosa luz,
E quero, ó, quero, sim, em ti encontrar calma,
Poder e proteção, ao vacilar-me o pé
Ao peso esmagador da esmagadora cruz...
Porque essa Bíblia Santa e muito mais que ensino,
É bússola certeira em todo desatino,
É uma espada e é broquel, é espírito e é vida,
É bálsamo eficaz pra alma dolorida...
Eu amo, sim, eu amo essas páginas belas
E reconheço e vejo em todas, todas elas,
Palavra de censura ou maternal carinho,
A lâmpada aos meus pés e a luz no meu caminho...

(De Unitas )

A BÍBLIA E A SUA INFLUÊNCIA PODEROSA


(Explicação: Aparece, em um canto do cenário, uma moça com vestes compridas e uma faixa, onde se lê: "A
Bíblia", e ainda com uma Bíblia em suas mãos. À sua frente, e juntas, aparecem quatro moças com vestes
compridas também e com faixas com suas respectivas inscrições. Elas representam em sua ordem: a nação, a
escola, o lar e a igreja.)
A NAÇÃO — Vedes este livro? É a Bíblia. O livro mais maravilhoso, mais útil, mais conhecido. Eu
represento a Nação e tenho uma palavra de agradecimento à Bíblia, porque este livro tem exercido salutar e
benéfica influência em minha vida e em minha história. Tenho muitos inimigos, todos eles hipócritas, que
pretendem fazer-me bem, quando somente males me causam; seus nomes vós os conheceis, pois que vos
perseguem também. São eles o maldito licor, a prostituição, os jogos de azar e outros mais; mas conto entre
meus melhores amigos a Bíblia, porque ela é uma conselheira insuperável. Aponta-me um caminho digno a
seguir e me apresenta uma base firme, sobre a qual eu possa levantar o edifício de minha história. Diz-me
que a justiça me engrandece mais do que o pecado me afronta. E assim é. Eu vejo em minhas irmãs as
demais nações. Os Estados Unidos são uma nação grande e próspera porque seus alicerces estão na Bíblia.
Como eu quero ser grande também, vou incentivar a circulação da Bíblia, estimular sua leitura e vou reger
minha vida segundo seus princípios. E por vós, que tem feito este Livro?
A ESCOLA — Sim. Eu represento a Escola. Por mim passam todas as gerações, os futuros cidadãos e
pais de família. Graças à influência deste livro, as escolas públicas tiveram sua origem na Alemanha no
século XVI. A Bíblia contém o mais alto e enobrecedor ensinamento. Ela me ajuda a forjar o bom caráter na
juventude; também é para mim uma muralha de defesa contra os ensinos do ceticismo, do materialismo e do
racionalismo. Nela aprendi que o princípio da sabedoria é o temor a Jeová.
O LAR — Pois, amigas minhas, eu sou o Lar, e não posso ficar atrás. Tenho também, como vós, uma
palavra. Os lares constituem a armação óssea no organismo de toda nação. Devo muito a este livro. O bem
que em mim existe, ele é que mo tem proporcionado. Leio suas páginas benditas diariamente. Minha vida
moral está muito ameaçada, mas neste livro encontro força e refrigério. Os melhores lares são aqueles que
não se apartam de suas sábias instruções. "Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando
envelhecer não se desviará dele."
A IGREJA — Chegou a minha vez. Eu sou a Igreja, e, talvez, mais que vós, tenho que agradecer à Bíblia,
porque em grande parte devo a ela a minha existência. Desempenho uma missão divina no mundo, e sou a
luz inextinguível de Deus na terra, mas devo todas as minhas vitórias a este Livro. Quando me oriento
estritamente por ele, a vitória me sorri; quando, como em alguns períodos tristes de minha história, me
desvio de seus ensinos, o fracasso me abate. Toda a minha seiva, a tiro dali; ela é para mim um manancial
de vida e espada invencível do Espírito. Eu a guardo em meu seio como a herança mais preciosa e o mais
rico tesouro. Com ela irei sempre, de luta em luta, até a consumação dos séculos.
A BÍBLIA — Tenho-vos escutado com a máxima atenção e com apurado interesse. Agradeço vossas
palavras. Mas desejo vos dizer que toda essa grandeza, essa influência e esse poder não são meus. Devo-os a
Cristo, o Filho de Deus, porque é ele o centro de minha mensagem, o coração que me dá vida. Sem ele, eu
seria um livro como outro qualquer. Minha missão é proclamar Seu nome. Meu objetivo, manifestar sua
glória. Minha ambição, que todos os homens cheguem a conhecê-lo como seu Salvador.
Sim, e como o tendes reconhecido, eu sou a Bíblia. Eu abro as minhas páginas de ouro aos que me
buscam. Para todos tenho uma mensagem de amor. Se estiverdes tristes, em mim achareis alegria; se
estiverdes sedentos, eu dou a água da vida; se estiverdes famintos, eu vos regalo com pão substancioso.
Eu venho de um lugar: o céu; vivo em um mundo: a terra; proclamo uma mensagem: o evangelho; apelo
a um ser: o homem; glorifico o meu autor: Deus. O segredo de minha grandeza, o centro de minhas palavras
e o selo de minha vitória é Jesus.
Eu sou a luz: quero guiar-vos; eu sou a verdade: quero instruir-vos; eu sou a vida: quero salvar-vos.
Eu sou a carta do viajante, a estrela do navegante, a espada do soldado e a arma invencível do cristão.
Lede minhas palavras, pregai minhas mensagens, amai meus ensinos, obedecei aos meus
mandamentos e vivei meus preceitos.
Minhas vitórias e tudo mais deponho humildemente aos pés de Jesus Cristo.
(Então, a Nação, a Escola, o Lar e a Igreja cantam o hino "Minha Bíblia". Enquanto cantam, a Bíblia se
retira.)
Natal e Ano Novo
NATAL
Alfredo Teixeira

O berço de Belém! Grata esperança Nasceu ali a toda a humanidade, Com os sinais seguros de
bonança, Em meio de terrível tempestade.

Oscilavam do mundo os fundamentos; Toda a ordem social se esboroava; Satã via cumprido
seus intentos; O homem no pecado naufragava.

Mas o Cristo nasceu! A débil mão Que se move naquela estrebaria, Procurando a humana
proteção, O aconchego do seio de Maria,

É a mesma poderosa mão divina Que os astros espalhou pelo infinito. Tornou-se, agora, tenra e
pequenina Para atender do pecador o grito.
Berço bendito! Berço que encerra Da humanidade a plena redenção! "Glória a Deus nas alturas, paz na
terra!" Eis a tua simpática missão.

Antes e após de ti, berços aos mil Têm surgido, mas tu não tens rival; De ti, sem ti, não logram um ceitil;
Nascem muitos, porém há um só Natal.

NASCEU JESUS
Jesus nasceu! Na terra há vozes de harmonia! Há no espaço, a vibrar, uma alegria santa; Um coro
divinal! Que linda sinfonia! A natureza em festa com fervor descanta!
Jesus nasceu! Ouvi o majestoso tema Da celestial canção: "Gloria in excelsis Deo!" Paz e redenção —
eis o luminoso lema DAquele que é o caminho certo para o céu.
Jesus nasceu— cumpriu-se antiga profecia! Anjos ridentes cantam perenal hosana A Cristo, o Rei
dos reis, ao Pilho de Maria, Que trouxe a salvação que só de Deus promana.
Natal! Feliz Natal! Viveiro de emoções! O teu programa tem a inspiração de cima E faz
de todos nós pulsar os corações De regozijo santo e inspiradora rima.

(Extraído da revista Brado de Guerra , dezembro de 1966.)

FELIZ NATAL
Jonathas Braga
Foi em Belém, naquele dia, quando uma estrela apareceu que, em cumprimento à
profecia, Jesus nasceu!
Tudo era então viva poesia, e anjos cantavam pelo céu, como a dizer com alegria: Jesus
nasceu!
E ele, na pobre estrebaria, olhando em torno o povo seu, qual novo sol
resplandecia! Jesus nasceu!
Feliz Natal o desse dia, quando uma estrela apareceu e disse ao mundo, entre alegria:
Jesus nasceu!

NA HUMILDE MANJEDOURA DE BELÉM


Lucas 2:1-20
Jonathas Bragi
Enfim outro lugar não mais havia, senão a pobre e humilde estrebaria, onde o casal,
solícito, pousou...

Ouviu-se um eco de trombetas várias e, pelas célias plagas solitárias, grandiosa estrela, súbito,
brilhou!

Alguns zagais, na estrela o olhar fixando, deixam os seus rebanhos repousando e vão depressa em busca de
Belém. ..

E ali, no feno, em seu fulgor divino, vão encontrar, enfim, o pequenino, a quem a Virgem, com amor,
sustem.

Quanta humildade existe nesse canto e ao mesmo tempo que divino encanto se pode ver em
torno de Jesus!

Ele os olhitos volve para o teto


e o seu olhar insonte e circunspecto
é para os pobres que derrama luz.

É para os pobres que ele tem nascido, porquanto o têm os ricos esquecido e nem sequer o buscam conhecer.
Toda a humildade que a Jesus circunda os corações dos míseros inunda como um clarão divino de
poder!
E, enquanto têm os príncipes toucados e vestem sedas, linhos e brocados, Jesus apenas pobres palhas tem...
Onde, porém, existe mais poesia
do que esse poema que enche de alegria
a manjedoura humilde de Belém?
NATAL
Jonathas Braga

Quando, no estojo azul do céu vasto e silente, aquele astro fulgiu maravilhosamente, Efrata despertou do seu
sono profundo e as pálpebras abriu para o resto do mundo!

Então, no seu regaço humilde e pequenino, a se balsamizar do aroma campesino, todos os reis da terra o
Prometido viram e a luz do estranho sol, atônitos, seguiram. Os anjos, na amplidão cerúlea, salmodiavam e
muitos corações aflitos exultavam... E quem fosse a Belém-Efrata nesse dia, na manjedoura o Rei dos reis
encontraria, cercado de pobreza e cheio de humildade...

Ele não conheceu o luxo da vaidade e não teve um palácio e nem rendas custosas, nem berço a fulgurar de
gêmulas preciosas, porém a manjedoura, onde o feno jazia, foi o próprio lugar onde nascer devia!

Assim quisera Deus que o Redentor nascesse e desde então o seu exemplo aos homens desse, a fim de que
na terra a pobre humanidade buscasse o Salvador nascido na humildade!

E quando, na amplidão do céu vasto e silente, aquele astro brilhou esplendorosamente, Efrata ressurgiu do
seu langor profundo, trazendo para nós o Salvador do mundo.

O PRESENTE DO NATAL
Jonathas Braga
Lúcio é um menino obediente e muito bom para seus pais; ele conversa com a
gente como se fosse um "rapaz.
De Lúcio a loira irmãzinha é muito boa também e nunca está zangadinha (de modo
algum!) com alguém.
Ambos estavam sentados,
naquele dia de luz,
tecendo sonhos dourados
em derredor de Jesus.
E relembravam a história
da manjedoura em Belém:
Jesus cercado de glória
e de presentes também. Então, o Lúcio dizia, com a voz quase angelical:
— Eu bem quisera, Maria, um bom presente ao Natal.
A pequerrucha, entretanto, voltando-se para o irmão, cheia de amor e de encanto, disse-
lhe apenas, então:
— Basta que nos alegremos com esse presente de luz,
e nele nos gloriemos: o bem amado Jesus!

JESUS CRISTO NASCEU


Gustavo A. Brasil

Jesus Cristo nasceu! A lei é morta. A graça, como a linfa da vida, à humanidade é dada. .. surgiu novo
arrebol para a alma sepultada, no flágido abismal da treva e da desgraça.
Jesus Cristo nasceu! Qual brilhante sem jaça, o seu brilho é o fanal da fúlgida morada... Esgotará, calado, a
dor da alma cansada, como a lia fatal do fundo de uma taça.
Há, no espaço, a vibrar, uma harmonia santa, um coro angelical que no infinito canta e um límpido rumor
de pura alacridade.
No entanto, sendo Deus o Verbo humanado, escondeu Jesus Cristo o célico reinado na dulcíssima paz de
mística humildade.

A ORAÇÃO DO NATAL
Grace Noll Crowell

(Adapt. de Gustavo A. Brasil)


Eu não tenho, Senhor, uma oferenda rica para dar nesse dia a meu irmão!... Mas, se tu me
ajudares a levar o peso ao peregrino pela estrada, alegrando, também, seu coração, em teu
nome, Senhor, me alegrarei.
Nenhuma jóia cintilante tenho, nem setim fulgurante posso dar! Mas, talvez, o teu verbo
luminoso possa eu entregar às criaturas e ajudar o viandante em seu caminho. Talvez possa
mostrar minha ternura aos que tudo perderam neste mundo...
Sejam estas, Senhor, as minhas jóias! Brilharão quais diamantes, se o quiseres: O bem
sublime da Palavra Santa, a bondade qual luz na treva densa, a suplicante mão que aos céus
se eleva são os presentes que te posso dar.

PRESENTE PARA JESUS


João de Deus Ferreira
Queria que o meu Jesus, que faz anos neste dia, tenha festa, tenha luz e
muita, muita alegria.
Como eu, ele há de gostar de receber um presente! Que lhe devo então levar, para ficar
mais contente?
Lindo brinquedo talvez lhe desse satisfação!... Mas será bem mais feliz, se lhe
der meu coração.
Meu coração pequenino, meu Jesus, of'reço a ti; Tu aceitas um menino, Tu recebes
mesmo a mim!

NATAL
Brant Horta

Jesus nasceu! Num pequeno E humilde leito de feno, Ei-lo coberto de luz.

É a luz do bem, da humildade, Que envolve de claridade O pequenino Jesus.


Natal! Natal! Que alegria! Pastores em romaria Vêm aos pés do Redentor. E os
reis Magos, enlevados, Chegam de longe, guiados Pela estrela do pastor.

Não vem ao mundo num leito


De púrpura e de ouro feito,
Por entre pompas, mas eis
Que nasce pobre, sem manto
Que o envolva, sendo, no entanto,
Maior que todos os reis.
Rebanhos, flores e, em bando, As aves vão proclamando: — Cristo acaba de nascer!
Herodes, grande e potente, Manda matar o inocente, Mas Jesus tem mais poder.
Nasceu Jesus! Todo o mundo Vai ver o poder fecundo Do seu amor sem rival! Na terra e
céus, tudo brilha! Tudo é luz e maravilha! E os anjos clamam: — Natal!

O ETERNO NATAL
Daria Gláucia

Abro o LIVRO, vovó, aquele livro que você lia com ternura infinda, e na mesma ansiedade
de criança, releio a velha história do Natal...
e lenta, lentamente, vovozinha, as páginas virando, vou sentindo, de longa antigüidade,
muito além, um perfume sutil, que vem surgindo das campinas floridas de Belém...
e sobe, pelo ar, suavemente, perdida na distância das alturas, um murmúrio de vozes, vozes
danjos, rasgando a espessa paz dessas planuras, e, no fundo da noite constelada, vejo surgir
— doce visão de luz, a lâmpada de Deus — estrela linda pra clarear a choça de Jesus!
Agora vovozinha, o livro fecho, mas vejo o mundo — livro colossal, as velhas folhas
denegridas, sujas da poeira das guerras e do mal, por séculos esparsas como levadas por
um vendaval!
Mas eu tenho, vovó, tenho esperança, com a mesma fé dos tempos infantis, que o mundo inda será um livro
novo, todinho de gravuras e paisagens de rútilo matiz.
E trago ao coração uma certeza
que atravessou comigo toda a infância,
pura e sem igual:
— Um dia a divina criança de Belém pequena se fará mais uma vez, para caber em cada coração...
na luz infantil da estrela santa levaremos nalma esta alegria, quais sininhos da noite festival; e, no mundo
de Deus, linda, tão linda, será eterna festa de NATAL!
ADORAÇÃO
(Autor desconhecido)
Natal — a mística cena
de uma humilde manjedoura,
numa aldeia bem pequena,
em que a claridade loura
de uma estrela cintilante
espalha faixas de luz
sobre o Menino-Jesus!
Natal — pastores nos prados, que ouvem de anjos a mensagem e caminham apressados
para ver a doce imagem de uma criança entre palha, com as mãozinhas em cruz, que a
todos salva — Jesus!
Natal — do Oriente distante,
três Magos, em três camelos,
seguem um astro brilhante,
trazendo, com mil desvelos,
perfumes, resinas e ouro
como oferta que traduz
seu amor ao Rei Jesus!
Natal — um verde pinheiro, sinos que acordam os ares, júbilo no mundo inteiro,
corações que são altares, onde o Cristo entronizado Caminho, Vida e Verdade oferece à
humanidade!

ANO NOVO
Jonathas Braga

Ano Novo, nova vida


que o Senhor dos céus nos dá!
Toda veiga está florida,
todo campo verde está:
tudo aspira nova vida
que o Senhor dos céus nos dá!

O Ano Velho tem passado, Para nunca mais voltar! O seu pranto tem cessado, para
nunca mais tornar, que o Ano Velho tem passado, para nunca mais voltar!

Tudo agora é novo, tudo numa nova vida traz! Dediquemos ao estudo nosso
tempo e nossa paz, pois agora é novo tudo, que uma nova vida traz!

Ao Altíssimo imploremos muitas bênçãos celestiais, e louvores mil lhe demos pelo Novo
Ano que traz, e, contritos, lhe imploremos muitas bênçãos celestiais!

ANO NOVO
Stela Câmara Dubois
De cada dia a aurora renovada Rompe da noite os negrejantes véus;
Sobre tufões, soalheiras e escarcéus, A primavera surge, transformada.
Rejuvenesce a árvore, enflorada; Após as nuvens, se clareiam os céus;
E só se apossa o herói dos seus troféus Sobre as ruínas da luta encarniçada!
O Ano Novo tem asas de esperanças! Trajado vem com as vestes das bonanças,
Que algemas quebram e anulam desenganos,

Para gritar, por vezes repetidas: Fazei, dentro das vidas, novas vidas,
Dentro dos anos, outros novos anos!

ANO NOVO
Mário Barreto França

O ano que é findo Se vai despedindo, Chorando e sorrindo, Por mal ou por
bem; Mas. .. velho ou criança, A mesma esperança Alegre descansa no ANO
QUE VEM.
O mundo emotivo Procura um motivo, Mais íntimo e vivo, De amar e
de crer; Por tudo o que espera Com alma sincera, Feliz primavera Na
vida há de ver.
Se o ano que nasce Reflete na face O encanto fugace De um raio a
luzir; Não veja desgraça No ano que passa, Mas toda essa graça De um
róseo porvir.
Ó Cristo, consente Que a vida da gente Te seja um presente De consagração; E, assim, no ANO NOVO, Mais
justo, o teu povo Se faça renovo De paz e perdão.
J

O ANO QUE CHEGA


Mário Barreto França

Mais um ano que chega e outro que passa, Num misto de ventura e de saudade; Suplica-se do céu divina
graça E o gozo de servir ao peito invade...
De joelhos em terra, a humanidade espera Do derradeiro instante do ANO VELHO, Há sempre
confissões, na mais sincera Vontade de viver para o evangelho.. .
E quando, ao som de um cântico sagrado, Saúda-se o raiar de um ANO NOVO, Sobe a Deus,
penitente do pecado E em místico louvor, a alma do povo.
Essa ingênua alegria das crianças Enfeita o coração da gente pobre, Que fica
colorido de esperanças E de bondade se ilumina e cobre.
ANO VELHO que vais, boa viagem! ANO NOVO que chegas, sê bem-vindo, Para encher a alma
humana de coragem, Para o mundo tornar mais justo e lindo!

BALADA DO ANO NOVO


Jonathas Braga
Ergue-se o véu e nesse instante, cheio de luz em profusão, surge o Novo Ano
triunfante, para alegrar os que ainda estão! Esse fulgor de um novo dia nos faz saber
com precisão que um riso santo de alegria enche de paz o coração.
O tempo é breve e já distante os dias bons e maus se vão.. . Ah! quanta vez, triste e
hesitante, não vi o fim de uma ilusão! Mas, eis que agora a sinfonia dos querubins
enche a amplidão e um riso santo de alegria enche de paz o coração.
E o sonho alegre e fulgurante Do Ano que vem numa canção, para trazer ao
caminhante, na sua peregrinação, tudo que é bom e delicia, um pouco de
consolação, um riso santo de alegria e a doce paz ao coração.
(OFERENDA)
Bem-vindo sê, ó Novo Ano, na tua alegre aparição!

VOZES DE OUTRORA
(ALEGORIA BÍBLICA)
Alfredo Mignac (De Horas Vibrantes )
(As dez cidades mais importantes da Palestina. Jovens com as insígnias declamarão ao som de instrumentos ou
à voz do coro
em surdina.)

BELÉM (trazendo à fronte uma estrela) —

Em mim nasceu o Redentor dos povos!


A Profecia predissera tudo
que acontecer devia sobre a terra!
Quando o tempo chegara, o céu se abrira,
apareceram anjos, coros sacros
e quanto a glória do Senhor encerra!
Cantavam. Harpas dedilhavam, ágeis,
em meio ao canto, de harmonias cheias,
em meio à Festa da Anunciação!
O povo em trevas assentado estava,
a Luz raiara, iluminando o mundo,
iluminando cada coração!
No firmamento, a Estrela peregrina
brilhando andava, assinalando o espaço,
a estrebaria onde Jesus nasceu!
Os pastores no campo ouvem, surpresos,
a Notícia maior, jamais ouvida,
— O Amor aos homens que do céu desceu!
NAZARÉ (com instrumentos de carpinteiro nas mãos)
Em mim cresceu aquele que, da glória
do Pai, ao mundo veio — ao mundo ingrato —
a alma perdida a Deus encaminhar! Operário — o trabalho amou na vida, Mestre — ensinou às multidões a
crença, Do coração no trono — quer reinar!

Com a serra, ele separa o Bem do Mal,


com o martelo, esmigalha do pecado
o poder, que aniquila, abate e mata!
O escopo é o bisturi que abre e descarna
a chaga cancerosa, e vê, profundo,
o que aflige o mortal, o que o maltrata!

Os nazarenos — que sofrer imenso! — um dia rejeitaram o Messias, Aquele que crescera no seu seio! Era o
Irmão Desconhecido, um pária, o Companheiro, agora indesejável, Ele, que é o nosso mais sublime anseio!

CANÁ (conduzindo uma talha) —

Em Caná, o milagre fez, primeiro, da água vinho puro de uvas frescas, denunciando ao mundo o seu poder!
Foi em mim que Maria, a Mãe bendita, ordenou-nos, a nós servos de Cristo:
— Fazei tudo quanto ele vos disser!

O milagre que ensina a utilidade, que evidencia a Fé que nos transforma, que principia em sangue e em
sangue acaba! O Cordeiro imolado — o apodo, o insulto, a cruz, os cravos, maldição e morte,
— tempestade de dor que atroz desaba!

BETÂNIA (trazendo livros) —

Em mim passou. E a glória que trazia


encheu de luz os filhos desta terra,
a doutrina ensinou do seu perdão!
Um lar — onde a tristeza entrara às portas,
fez à alegria retornar. A vida —
venceu a morte; a Luz — a escuridão!

Quanto bem, quanta graça, amor infindo, trouxe aqui, para o povo, abrindo a estrada larga, sublime, ao
pobre pecador! A Lázaro — exumou, ressuscitando, A Marta — aconselhou; disse à Maria, ter ganho a
melhor parte — o seu Senhor!
NAIM (uma viúva embuçada) —
Era tarde. O horizonte, uma fogueira, o caminho ensombrado. Em breve a noite cobriria o
infinito com o seu véu. O filho amado a morte arrebatara, o único arrimo do solar materno, ia
a caminho do seu mausoléu!
Ei-lo que surge! E com ele a morte estaca, e o pranto acaba e cessa a dor, e o luto cede o lugar
ao gozo, ao riso, à graça! Ao filho ressurgir, tornou-me a dar a alegria da vida! Ó Cristo amado,
tudo se acaba! O teu amor não passa!
JERICO (conduzindo uns cachos de uvas e figos) —

Aqui, a terra farta, Jerico,


hospedei-o, e feliz, inda sorri
entre as parreiras e figueiras bravas!
Ó mundo, andar queria em tua volta imensa
e ouvir a tua voz, sondar-te a mente,
para ver o que ví — quanto me davas?
Às minhas portas, Bartimeu, o cego, ao saber que Jesus ali estava, ao seu encontro foi,
clamando, certo de ter a luz dos olhos! E o milagre — ó mundo incréu — do cego de nascença,
todos conhecem — os de longe e perto!
E de Zaqueu, o rico publicano
que à figueira subira, para o Mestre,
que entre a turba se achava, contemplar!
A sua conversão ao evangelho,
a sua casa inteira aos pés do Mestre,
como a Jesus aprouve declarar!
GALILÉIA (trazendo um barco e rede) —
Ah! que céu e que mar, que lindas praias, quantas saudades, doce Galiléia, quantas
recordações tenho de ti! Chamando pescadores, barcos, redes, — Vinde após mim, deixai este
trabalho, almas ides pescar! Vinde, segui!
Mais tarde a tempestade o mar revolve e o vento e as ondas emudecem, quando a voz Suprema
se ouve, imperativa! A bonança se faz, a alma do crente

inflama-se de fé, arde de amor


e fica aos pés de Deus, contemplativa!

Galiléia de paz, de maravilhas, testemunha ante os séculos que passam, velozes, como o
doido furacão! Galiléia! o teu mar, as tuas praias, o teu céu sempre azul — palco sublime
— trazem saudades e recordação!

CAFARNAUM (com uma lâmpada acesa) —

Em mim foi que Jesus fez maravilhas como nunca se viu! Cafarnaum — a sede do
trabalho e da cultura! O inferno, recuando; a Luz, fulgindo, o Poder, em ação: e o
evangelho, sendo levado a cada criatura!

Os homens palmilhando outro caminho, os enfermos se erguendo, as sepulturas dando os seus


mortos. Cristo é a luz do mundo!
(Ouve-se a la estrofe do hino 183 do Cantor Cristão .)
SAMARIA (com um cântaro dágua) —
Meio-dia. A cidade sobre o monte;
os campos lourejando em trigo; a brisa
é suave; o sol passeia o céu profundo!

O poço de Jacó. Jesus chegara e descansava à sua borda, enquanto foram além os servos
comprar pão! A mulher desce ao poço cristalino, para água buscar — água terrena — e
encontra Água da Vida em profusão!

JERUSALÉM (uma espada, uma coroa e uma cruz) —

Foi aqui. O inimigo me trazia


sob o vil cativeiro! Ele pregava
o seu Perdão, a sua Paz e seu Amor!
Rejeitando a Palavra da Verdade,
sofri a mais acerba dor — grande martírio —
crucificando o Rei, o meu Senhor!

No templo, pelas ruas, nas cidades, nas casas, beira-mar, pelo deserto, ei-lo a falar
do seu poder imenso!
Em mim se deu o fato que estremece a natureza inteira — a sua morte — que o
mundo inteiro ainda traz suspenso!

Jerusalém! o mundo exclama; o Tempo, o Espaço, a Eternidade, bradam alto;


ninguém responde! Mas, um dia, o Rei virá nas nuvens claras do infinito, e a terra
inteira te verá, bendita, indo ao encontro da divina Grei!

(Cantando a letra abaixo com a música do hino 497 do Cantor Cristão , vão formando uma roda em torno de
Jerusalém, com os braços erguidos. Coro ou instrumentos acompanham.)

Longe, em Belém, Jesus nasceu, em Nazaré, cresceu, viveu; pelo


trabalho, que tanto amou, a alma perdida iluminou!

Foi em Caná — o vinho faltou, dágua, meu Mestre, vinho tornou;


em Betânia, a morte venceu, em um lar tristonho, alegria
[deu!

Coro :
Glória no mundo, Paz, Salvação, tudo deixou-nos e seu Perdão!
Jerusalém! cidade dos céus, em que habitam filhos de Deus!

Em Jerico o cego fez ver, depois Zaqueu salvou com poder;


na Galiléia — vinde após mim, barcos e redes deixai, enfim!

Cafarnaum, és facho de luz, Centro de fé e amor de Jesus; Ó Samária,


água bebei, glória rendamos ao nosso Rei!

O PRESENTE QUE JESUS QUER


June Bratcher

Personagens:
Raquel — Sara — Mamãe — Jacó — Abel — 2 pastores —
Maria — José — Leitor da Bíblia
Música
Leitor: Lucas 1:26-35 Continuação da música Leitor: Lucas 2:1-3

PRIMEIRA CENA

(Sara e Raquel entram em direção oposta e se encontram no centro do palco.)


RAQUEL — Oh! maninha... faz tanto tempo que não a vejo. Está passando bem? Não tenho podido ir visitá-
la, pois tenho trabalhado muito com Jacó na estalagem.

SARA — Sua visita me alegra muito, Raquel. Eu e Abel estamos passando bem. Cresceu tanto o seu
rebanho, que precisamos de mais homens para ajudar. Como vão Jacó e as crianças? Sinto tantas
saudades delas!

RAQUEL — As crianças vão bem, porém sentem sua falta e de suas histórias e brincadeiras. Quase toda a
alegria foi embora quando você saiu de nossa casa, Sara. Por que você não pergunta pela mamãe?

SARA — Por certo! Como vai mamãe? Você sabe como me sinto, Raquel. Gosto muito de minha mãe, mas
não posso esquecer sua atitude para comigo.
MAMÃE — Jacó, este homem está muito cansado e podemos oferecer-lhe o estábulo. Não é muito, mas pelo
menos é melhor do que passar a noite fora.

JACÓ O senhor não tem parentes ou amigos aqui em Belém ?


JOSÉ — Não conhecemos ninguém. Viemos de Nazaré.
RAQUEL — É, mamãe, nós podemos arrumar camas nas palhas e temos bastantes cobertores e travesseiros.
JACÓ (falando a José) — Com prazer lhe oferecemos o estábulo. É só isto que temos.
(Palco escuro)
Música durante a leitura de Lucas 2:9-15.

TERCEIRA CENA
(Raquel está à porta da estalagem com expressão de alegria no rosto. Sara entra.)
SARA — Raquel, Raquel, será verdade esta coisa maravilhosa de que tenho ouvido falar?
RAQUEL — Uma coisa maravilhosa aconteceu esta noite. Nasceu aqui uma criança. Não tínhamos lugar na
estalagem, mas oferecemos o estábulo. Mamãe está lá agora. E, Sara, como mamãe mudou, está tão
diferente! Ao visitar a criança parece ter aberto seu coração e deixado sair todo o amor oculto pelo
fanatismo de sua crença. O amor e a alegria deixaram-na radiante. Creio que ela gostaria de ver você
agora. Mas você ouviu falar desta criança recém-nascida?

SARA — Durante a noite um anjo veio a Abel e aos outros pastores enquanto vigiavam as ovelhas. O anjo
disse: "... na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por
sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura." Eles estão procurando o
bebezinho. Mas eu senti... eu vim aqui...
RAQUEL — O Salvador...
SARA — E o anjo disse: ". . .paz na terra, boa vontade para com os homens." Oh! Raquel, agora entendo.
Nunca podemos ter paz no coração, se não tivermos amor e boa vontade para com os homens. Tenho
pecado muito. Tenho sentido desgosto, sim, ódio para com os meus amigos, queridos e minha mãe. O
Todo-poderoso está conosco esta noite. Ele nos tem mostrado um caminho melhor — o caminho do
amor!
RAQUEL — Parece um sonho maravilhoso! Mas sinto no coração, que é verdade. O Messias veio, o Príncipe
da Paz! E nós não lhe demos o melhor que podíamos dar. Preciso ir. Vou levar um presente e adorá-lo.
Vamos juntas? Sara, eu arranjo um presente para você levar também.
SARA — Não, Raquel! Ele não quer presentes materiais. Eles não têm valor para o Todo-poderoso. Mas darei
um outro presente. Ele ganhará meu coração limpo de todo pecado e ódio e cheio de amor para com ele
e toda a humanidade. Dar-lhe-ei minha vida, servindo-o e amando-o sempre.

(Palco escuro)
QUARTA CENA (Tocar uma música durante esta cena)
Maria, José e a manjedoura no batistério. Três pastores à esquerda. Mamãe ajoelhada no centro. Quando
Raquel e Sara entram à direita (Raquel um pouco atrás), Sara aproxima-se de Abel (pastor em frente) e
vira para sua mãe, que mudou da posição ajoelhada e estende seus braços, indicando que dá o seu
perdão e bem-vindos. Sara ajoelha-se perto da mãe. Abel e Raquel seguem o mesmo gesto, ajoelhando-se
um pouco atrás. Esta cena permanece por um curto espaço de tempo.

(Cortina)

O PRESENTE QUE NÃO FOI ENTREGUE


Adaptação de Gláucia C. Peticov
(Esta pequena representação pode ter um efeito surpreendente, se for dramatizada corretamente. Um narrador
de histórias com algumas crianças aparecem a um canto do palco. Luz turva, pálida. Três rapazes representam
Geraldo. As idades sugeridas para os moços são: 12, 14 e 16 anos. Devem ter mais ou menos o mesmo tipo,
para que se tenha a impressão de que é o mesmo moço, com diferença de idade apenas. Deve haver um hino de
Natal cantado ou tocado suavemente, antes que a história se inicie. BASILIO é um moço enérgico, mas ao mesmo
tempo de bons sentimentos.)

NARRADOR (às crianças) — Desejo contar-lhes hoje uma história acerca de um Presente de Natal que
não foi entregue. É a história de um pobre menino que se chamava Geraldo. Na cidade em que ele morava,
era costume, em cada véspera de Natal, as pessoas ricas fazerem uma farta distribuição de brinquedos e de
presentes vários às crianças pobres do lugar. Havia uma árvore de Natal, muito enfeitada e iluminada. Ao
redor dela ficavam as crianças pobres, os desprivilegiados. E que alegria aquela festa levava a cada coração!
As crianças ganhavam carrinhos, bolas, bonecas, mobílias para as bonecas, joguinhos e muita coisa mais.
Quando o promotor da festa era um homem bastante generoso, então havia também distribuição de dinheiro
e de roupas. Era uma festa para a criançada pobre!

Na véspera de Natal de nossa história, Geraldo foi até aquele lugar também para receber o seu
presentinho. Seu nome estava na lista e ele esperava alguma coisa. Ele era muito pobrezinho e ali estava
esfarrapado, cheio de frio e de fome. Seus claros olhos azuis estavam fixos naquela maravilha, a árvore de
Natal. Mas os pezinhos entorpecidos mal podiam suportar o pouco peso daquele corpo fraquinho e mal
alimentado. Parecia que o seu nome era o último na longa lista de meninos pobres... E ele esperava,
ansioso...
Ali estivera também o menino Jorge, de sua idade. Roto e enregelado pelo frio. Jorge disse aos
companheiros:
— Não! Não ficarei mais aqui, para não morrer de frio.. . Vou desistir.' Não posso suportar mais o frio e
a fome. Se o dirigente do programa mencionar o meu nome, qualquer um de vocês (disse ele, dirigindo-se aos
companheiros) apanhará o meu quinhão e depois mo entregará. Mas não tenho muita esperança de que
alguém se lembre de mim...
E Jorge saiu.
Momentos depois o dirigente gritou:
—Geraldo Delamar! E logo em seguida:
—Jorge Cristie!
Geraldo se aproximou do dirigente, apanhou, cheio de alegria, o seu presentinho e exclamou:
— Se o senhor quiser, eu farei a entrega do presente do Jorge. Ele já saiu, porque estava com muito
frio.
O dirigente aceitou o oferecimento do Geraldo. Vejamos, a seguir, o que aconteceu:
(Aparece no palco um menino de 12 anos, maltrapilho, com dois embrulhos pequenos.)
GERALDO — Um para mim e outro para Jorge. Vejo que são dois presentes pequenos. E eu que
esperava pelo menos ganhar um par de sapatos este ano... (Abre o embrulho e fica estarrecido diante do que
vê.)
Que.. . que é isto?... estarei sonhando? Tanto dinheiro para mim? Será meu nome mesmo? (Examina o
papel e o cartãozinho.) Sim... meu nome está escrito aqui no papelzinho: Geraldo Delamar. Será possível?
(Cheio de alegria:) Que realidade feliz! Pensar que nunca mais terei fome! Não mais padecerei frio! Terei
roupas e calçados! Oh! sou rico! Isto significa uma nova vida para mim! Vou estudar! Que felicidade! (Anda
de um lado para outro.)
E este é o presente do Jorge. Mas não irei lá esta noite. Sem dúvida, ele há de querer saber o que eu
ganhei e ficará bastante desapontado, vendo o seu presentinho. Ninguém jamais ganhou tanto quanto eu. E
pensar que alguém me amou tanto, tanto para me dar este presente!
É... não irei hoje ver o Jorge. Não sei mesmo para que lado ele se dirigiu. Não sei onde ele mora. Eu o
procurarei amanhã... outro dia qualquer. Sempre é tempo oportuno para se ganhar um presente. Hoje eu
vou alegrar-me com o meu grande presente! Que alegria, gente. .. que alegria!.. . (Sai alegre, esfregando as
mãos de contentamento.)
NARRADOR — Os dias se passaram. A vida se tornou bastante diferente para o menino Geraldo daquele
dia em diante. Já não parecia o mesmo. Andava bem arrumadinho e bem alimentado. Estava estudando
numa boa escola e um Juiz de Menores cuidava do seu dinheiro. Tudo lhe era proporcionado para que ele se
tornasse um homem de bem. Dois anos mais tarde, nós o encontramos na véspera de Natal novamente.
(Um rapaz de 14 anos aparece no palco, representando Geraldo, bem vestido e alegre.)
GERALDO — Há dois anos passados eu vivia torturado com a incerteza sobre o meu futuro. Vivia pobre
e cheio de padecimentos. Um coração generoso veio em meu auxílio. Deu-me o necessário para que eu me
educasse e colocou meu dinheiro nas mãos de um Advogado, para que nada me faltasse. Há dois anos
passados eu não tinha roupa como esta. Bem me lembro daquela véspera de Natal em que fui, cheio de fome
e de frio, esperar um brinquedinho, uma roupa ou um par de sapatos. Foi quando recebi a grande dádiva de
amor que me tem feito feliz. E lembro-me também de uma coisa: naquele dia eu fiquei com o presente do
menino Jorge. Nunca aconteceu que eu pudesse encontrar o Jorge (tira do bolso o pequenino embrulho). E
pensar que tenho guardado por tanto tempo este presente, sem ter tido curiosidade de examiná-lo. Mas, para
que me preocupar com o que ele ganhou? Eu vivo tão contente com o meu grande presente! Que me importa
o presente de outros?
Na verdade este embrulho não mais parece um presente de Natal. Se eu não estivesse tão ocupado
agora, iria procurar o Jorge. Mas ele não está mais pensando nisto... Nem se lembra mais daquele dia...
Além disso, deve ser uma coisa sem valor: um lenço, talvez. . . Mas de qualquer jeito eu preciso
entregar. Para que fui apanhar este presente?! É. . . eu esperarei até que seja mais conveniente pensar nisto
(Sai).
NARRADOR — Dois anos mais tarde. Geraldo é agora um rapaz bonito e cheio de esperança. Tem 16
anos. Ainda não procurou o companheiro Jorge.
(Um rapaz de 16 anos aparece no palco. Bem vestido e com ares de importância.)
GERALDO — Outra véspera de Natal! Nunca posso me esquecer da grande dádiva que recebi no dia de
Natal! Que presente maravilhoso! Mudou a minha sorte. Eu era pobre, faminto, esfarrapado e passava frio. O
mundo se tornou outro para mim desde aquele dia. Tornei-me um novo homem.
Mas a minha consciência me atormenta por causa de uma coisa: o presente do Jorge. Ainda não o
entreguei e parece que quanto mais o tempo se passa, mas difícil se torna para mim. Pobre Jorge!... Nem me
lembro mais como ele é. Se eu o encontrar, talvez não o reconheça. Espero, no entanto, que ele esteja em
melhores circunstâncias agora.
Eu acho que não devo estar tão triste assim por causa deste presente. Não fiquei com ele para mim... Se
não o entreguei é porque não houve oportunidade. Além disso, se ele tem vivido estes quatro anos sem esta
lembrancinha, viverá mais algum tempo, até que eu o encontre. E eu preciso estar certo de que sou bom.
Sou um bom crente. Vou à igreja regularmente. Sou correto em meus deveres. Não tenho a intenção de ficar
com isto para mim. E isso se pode provar pela minha atitude. Não abri o embrulho, nem por curiosidade...
É... algum dia eu farei a entrega deste embrulhinho ao Jorge. Antes tarde do que nunca! (Entra no palco um
moço de mais ou menos 16 anos, triste e pensativo.)

GERALDO — Que houve com você, Basílio? Está tão triste... Não está se lembrando de que hoje é
véspera de Natal?!

BASÍLIO — Sim, colega, estou muito triste. Você acertou. Sou muito sensível e o quadro que há pouco
presenciei deixou--me deveras acabrunhado.
BASÍLIO — Um pobre moço, mais ou menos de nossa idade, andrajoso e faminto, desfaleceu, caindo na
rua. Deu com a cabeça sobre uma pedra e morreu. Era noite, estava escuro e ninguém viu. Seu corpo foi
encontrado hoje cedo.
GERALDO — Que coisa terrível, Basílio! É de arrepiar os cabelos! Se ele tivesse amigos que o
socorressem não teria chegado a esse estado. Você o conheceu? Sabe o seu nome?
BASÍLIO — As pessoas que estavam ao seu lado diziam tratar-se de um tal Jorge... Jorge Cristie. Mas
eu não o conhecia. ..
GERALDO — Quê?! Você falou Jorge Cristie?!
BASÍLIO — Sim, foi o que falei... Mas, Geraldo, você está se sentindo mal? Estou notando que você ficou
tão pálido... Você ficou diferente... Era seu conhecido, o Jorge Cristie?
GERALDO (falando com dificuldade) — Veja aqui, Basílio (Tira do bolso o pequenino embrulho). Há quatro
anos estou carregando este embrulhinho para entregar ao Jorge. Jamais pude encontrá-lo. Por favor, abra
você o embrulho e veja o que há...
(Basílio abre o embrulho e diz, respirando dificilmente:)
BAS1LIO — Geraldo, veja! Veja, Geraldo! Um cheque para o pobre moço... Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil
cruzeiros)! Homem! Você estava com a vida para aquele rapaz! Alimento, roupa, tudo ele poderia ter há tanto
tempo, e você reteve a sua felicidade. Oh! que pena que este presente nunca tivesse chegado às mãos do
pobre moço!...
(Geraldo curva a cabeça e sai do palco vagarosamente. Basílio o acompanha com olhar de censura e
aversão. Depois se retira.)

NARRADOR (dirigindo-se ao auditório) — Antes que acuseis Geraldo energicamente, deixai-me contar-vos
outra história. Isto que contei às crianças serviu apenas de pretexto. Mas esta história que agora vos irei
contar é verdadeira.
Uma dádiva maravilhosa de Natal foi feita ao Mundo há mais ou menos dois mil anos passados.
Presente inigualável, que tornou cada possuidor feliz e eternamente venturoso. Nós também recebemos esse
presente e com ele a incumbência de distribuí-lo a todos, para que todos sejam felizes. Muitos que jazem no
lamaçal do pecado serão desviados de uma vida indigna e cheia de infelicidade, como resultado da preciosa
dádiva de Deus na Pessoa do seu Filho unigênito. É nosso dever tornar essa Dádiva conhecida de todo o
mundo, para que todos tenham a mais perfeita e abundante vida.
Que tendes feito com essa Dádiva? Ela tem sido somente vossa, ou a tendes distribuído? Sois
indiferentes para com a sorte dos outros, uma vez que sois felizes e salvos? Tendes contribuído para Missões,
a fim de que o nome de Cristo seja proclamado a todo o Mundo? Vossa igreja está cooperando no trabalho
missionário? Não podeis dizer "Não sei!" indiferentemente. Deveis saber, "sim". A Palavra de Deus diz que, se
não afastarmos do erro o pecador, se não desviarmos o ímpio do seu caminho de impiedade, ele morrerá na
sua iniqüidade, "mas o seu sangue o demandarei da tua mão", diz Deus.
Estejamos diante de Deus com uma consciência limpa e pura neste Natal. Quantos estão se
preocupando com custosos presentes, e não se lembram de oferecer o presente mais precioso! Quantos
deixam de dar à igreja a mesma importância que dão a presentes, que perecem! Contribuindo para Missões e
apresentando Jesus aos pecadores, estaremos entregando a Dádiva que todos devem receber.
Devemos tão-somente obedecer ao mandamento de Cristo, que disse:
"Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura", e assim seremos achados fiéis!

(Da Revista da União Intermediária )

OS MAGOS
(Por três meninos de 10 a 12 anos. Cada um traz uma faixa com um dos seguintes nomes escritos: BELQUIOR,
GASPAR e BALTAZAR. Os três recitam, juntos, as duas estrofes a seguir:)
Alegres aqui estamos Para o Menino adorar. Uma estrela que
avistamos Nos trouxe a este lugar.
Lá do Oriente viemos Nossa dádiva trazer, E tudo, pois, o que
temos Queremos lhe oferecer.

BELQUIOR:
Só ouro é que poderia, Como símbolo de riqueza, De poder,
soberania, Majestade e realeza,
Ao Rei dos reis ofertar; Isto que o eterno Deus, Todo o tesouro dos
céus, À humanidade quis dar.
GASPAR:
Ao meu supremo Senhor, Em sincera adoração, O incenso do meu
louvor, Sobre o altar do coração,
Hoje desejo queimar; Pois dos celestes olores As almas dos pecadores
Estão a se impregnar.

BALTAZAR:

Como minha oferta olente, Para um culto merecido, Fruto de uma fé


ardente, Trago mirra ao Deus-nascido;

O Bendito do Senhor, O Santo de Deus ungido, Que veio, por seu


amor, Salvar o mundo perdido.
(Terminam cantando o hino 17 de Cânticos para Crianças .)

FESTEJANDO O NATAL DE JESUS


Arith Drummond Borges
(Ouve-se ao longe um grupo de crianças cantando:)

Viva o Natal! Viva o Natal! De Jesus, o bom Senhor, Que veio a este
mundo, Ser o nosso Salvador. Viva o Natal de Jesus! Viva o Natal de
Jesus!
(Música do hino 30 do Cantor Cristão ) MARIO (sentado, lendo, ergue a cabeça e
fala:) —

Que ouço? Um canto angelical saudando o Natal de Jesus! Ah! como. sou feliz!
No meu lar nunca se falou no Natal, ouço as crianças dizerem, no Colégio, que os seus pais fazem festa,
que elas visitam os orfanatos, os asilos, que levam presentes... Como gostaria de fazer parte de um grupo de
crianças que fazem todas essas coisas... (Passa um grupo de crianças cantando: "Viva o Natal", etc. Mário,
parado, contempla aquele grupo, depois retrocede, chorando) — Ah! quanto desejo tenho de fazer parte desse
grupo de crianças, mas... sei que não me é possível.. . (o grupo se aproxima de Mário e Roberto fala).

ROBERTO — Olá! Mário, que faz por aqui? Você hoje também não vai à aula? Nós não vamos porque
temos que preparar os festejos do Natal. Queremos que ele seja bem alegre este ano!

SILVIO (dirigindo-se a Roberto) — Vamos deixar de muita conversa, "senhor" Roberto, daqui a pouco o
Mário começa
a dizer a toda gente o que pretendemos fazer!
ÁLVARO — Oh! Sílvio, deixe de ser tão indelicado, você não deve dizer isto do Mário!
ROBERTO (falando com severidade) — Sílvio, Mário é muito meu amigo e, mesmo que o hão fosse, eu o
trataria como estou tratando. Você está esquecido do que aprendemos há poucos domingos na Escola Bíblica
Dominical? Vou repetir alguns versos, e você se recordará: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." "Amai-
vos uns aos outros como eu vos amei." "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos maltratam."

ÁLVARO (interrompendo) — Imagine, ainda mais que nos estamos preparando para celebrai' o
aniversário daquele que nos mandou fazer todas estas coisas! Nem sei como você pôde esquecer tão belas
lições, Sílvio!

MÁRIO (falando com ternura) — Não importa; sei que o Sílvio fez isto impensadamente; ele tem bom
coração!

SILVIO (abraçando Mário) — É verdade, Mário, você, sempre bondoso;-apesar de não ter as
oportunidades que temos, demonstra boa educação e bons sentimentos!

ROBERTO (dirigindo-se a Mário) — Eu o vi aqui sozinho, Mário, e vim convidá-lo para ir conosco até lá
em casa, ajudar-nos a preparar a árvore de Natal.

MÁRIO — Ah! Roberto, é muita honra para mim, eu sou tão pobre e quase nada sei a respeito dos
festejos de Natal, nem mesmo sei direito a história do Natal! Sempre tive desejo de saber, mas nunca achei
quem ma pudesse contar...

ÁLVARO (aproximando-se de Roberto) — Desculpem-me interrompê-los, Roberto, mas vou pedir-lhes


licença para eu e o Sílvio nos retirarmos. Vamos levar algumas coisas para casa, enquanto você conversa
com o Mário, está bem?

ROBERTO — Está bem, Álvaro, vocês vão na frente, daqui a pouco eu irei com o Mário.

SÍLVIO (aproxima-se de Mário e bate-lhe levemente nas costas) — Mário, desculpe a minha indelicadeza,
aprendi uma boa lição!
MÁRIO — Nada há a desculpar, Sílvio, tudo já passou, somos
agora bons amigos!
SILVIO — Muito agradecido, Mário.

ÁLVARO E SÍLVIO (dirigindo-se para os dois companheiros) — Então, até já. (Saem cantando:) Viva o
Natal!

ROBERTO (viranáo-se para Mário) — É verdade, Mário, o que você disse há pouco? Nunca ouviu contar a
bela história do Natal?

MÁRIO (com voz de choro) — Não, os meus pais não crêem em Deus e, todas as vezes que lhes faço
alguma pergunta sobre o Natal de Jesus, só falta eles me baterem; dizem uma porção de palavras feias e me
prometem pancada se souberem que eu pedi a alguém para contar-me alguma coisa a respeito de Jesus.
ROBERTO — Pois bem, Mário, vou contar-lhe, em poucas palavras, a encantadora história de Jesus. Há
muitos e muitos séculos passados, depois que Adão e Eva pecaram e foram expulsos do Jardim do Éden,
Deus prometeu mandar alguém para levantar o homem daquela queda. Depois disso, muitos homens,
chamados profetas, profetizaram a vinda de Jesus. Um deles foi o grande profeta Isaías. Vou repetir algumas
das suas palavras: "Porque um menino nos nasceu e um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus
ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz!"

MÁRIO (interrompendo) — Quantos nomes, e cada qual mais lindo do que o outro! Que coisa
interessante!

ROBERTO — Ele ainda tem outros nomes tantos, mas isto depois você aprenderá. Vou continuar a
história porque temos que trabalhar muito ainda hoje. Para encurtar: muito tempo se passou depois
daquelas profecias. E lá, num belo dia, na humilde manjedoura de Belém, entre as palhas frias, veio a
Criança Salvadora da humanidade. Era noite. Toda a cidade de Belém estava em completo silêncio! Os
pastores nos campos dormitavam, enquanto guardavam os seus rebanhos. De súbito foram despertados por
uma forte luz e por um cântico celestial entoado pelos anjos: "Glória a Deus nas alturas, paz na terra e boa
vontade para com os homens." Os pastores ficaram mui atemorizados com aquela linda visão. Então o anjo
do Senhor chegou perto deles e disse: "Não precisam ter medo; porque eu venho trazer-lhes uma nova que
igual jamais vocês ouviram. Hoje na pequena cidade de Belém nasceu Jesus Cristo, o Salvador da
humanidade." Então o anjo ensinou-lhes como irem a Belém. Os pastores, pressurosos, partiram em direção
ao lugar
indicado pelo anjo e, lá" chegando, viram que realmente Jesus houvera nascido. Quanta alegria sentiram nos
seus corações quando ajoelharam-se aos pés de Jesus para adorá-lo! Voltaram então para o campo cheios de
esperança porque o Salvador já havia nascido.

MÁRIO — Mas Jesus foi Salvador só do povo daquele tempo, Roberto?

ROBERTO — Não, Mário, ouça este verso das Sagradas Escrituras: "Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna"! Todos nós estamos incluídos na palavra "Mundo". Jesus morreu para salvar "todo aquele que nele
crê", portanto, todos os que crêem em Jesus serão salvos.

MÁRIO — Ora, veja, como é que os meus pais nada falam desse Jesus?...
i
ROBERTO — E a história dele não parou por aqui, Mário. Jesus cresceu, foi batizado no rio Jordão com
30 anos de idade; três anos ele andou pela Palestina, fazendo o bem: pregando, curando os enfermos do
corpo é do espírito, ressuscitando os mortos, ensinando, etc. Depois foi traído por Judas e crucificado pelos
seus inimigos. Lá sobre a cruz, Jesus levou todos os nossos pecados. Quem deveria sofrer na cruz éramos
nós, mas Jesus tomou sobre si todas as nossas culpas e hoje, para salvar--nos, basta apenas aceitá-lo como
nosso Salvador.

MÁRIO — Você já o aceitou, Roberto?

ROBERTO — Sim, Mário, já! Há dois anos que conheci esta bela história. Amei muito a este meu
Salvador e, cada vez que conto a sua história, amo-o ainda mais! Todos nós devemos amá-lo de todo o nosso
coração.

MÁRIO — Mas, Roberto, fico pensando, se eu amar este Salvador, os meus pais me abandonarão...

ROBERTO — Oh! Mário! Jesus disse que se alguém amar o pai ou a mãe mais do que a ele não é digno
dele. Quem sabe se você, seguindo a Jesus, não poderá levar os seus pais a amá-lo também?

MÁRIO — É verdade, Roberto, quem sabe se eu, aceitando este Jesus, poderei tornar o meu lar feliz?

ROBERTO — Mário, foi assim que o meu lar se tornou feliz. Eu conheci Jesus e levei meus pais a
conhecê-lo também.
Vou dizer-lhe uma coisa: Amanhã você celebrará o Natal comigo, mas tenho a certeza de que para o ano, o
Natal que vem, você o celebrará em sua própria casa. Vamos trabalhar para levar os seus queridos pais a
conhecerem Jesus e a aceitá-lo como Salvador !

MÁRIO — Que doce esperança, Roberto! Bendito Natal de Jesus! Só assim eu o pude conhecer e receber
inspiração e coragem para fazer outros conhecê-lo também!

ROBERTO — Bem, Mário, agora, mãos à obra! Sempre confiantes em Jesus, venceremos todas as
dificuldades e conseguiremos vitórias que aos nossos olhos parecem inatingíveis! Vamos sair depressa
porque Sílvio e Álvaro já devem estar cansados de nos esperar!
A GRANDE PROMESSA DE DEUS
(Duas meninas entram, trazendo suas Bíblias.)

MARLENE — Que dia bonito É esse do Natal! Por toda parte ouvem-se risos e cânticos! Não há pessoa que
deixe de pensar e sentir a beleza desse dia!
Todos os anos é assim: ao simples som da música do "Noite Silenciosa" transporto-me, em
pensamento, às regiÓes da Palestina, onde nasceu Jesus!

CARMEM — Eu também, como você, sinto o encanto do Natal! Há, entretanto, uma coisa que eu gostaria de
saber. Dizem que o nascimento de Jesus estava prometido há muitos séculos antes, já nos tempos de
Abraão. Como podia ser isso possível? Haveria quem acreditasse em tal coisa?

MARLENE — Sim, Carmem. Muita gente, desde Abraão, acreditava na vinda do Messias e o esperava
ansiosamente.
Lá em casa, papai nos falou a esse respeito e tenho marcadas, em minha Bíblia, muitas passagens
referentes a essa grandiosa promessa de Deus.

CARMEM — Mostre-mas, então, pois muito desejo conhecer os antecedentes desse fato extraordinário que
até hoje abala o mundo.

MARLENE — Bem, comecemos em Gênesis. .. Imaginemo-nos nas distantes paragens de Ur da Caldéia. .. Lá


encontramos. ..
(Entra Abraão, vestido à moda do seu tempo. Fala:)
— Eu sou Abraão. Hoje, saio de minha casa, da minha terra, abandono a minha parentela, para uma
terra que o
Senhor me há de mostrar. Ainda ouço as palavras de sua promessa: "Sai-te da tua terra e da tua
parentela, e da casa de teu pai, para uma terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e
abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem,
e em ti serão benditas todas as famílias da terra" (Gên. 12:1-3). (Sai.)

MARLENE — Em Deuteronômio vemos: (Entra Moisés. Fala:)


— Há 40 anos tenho guiado o povo de Israel, os filhos de nosso pai Abraão, através de desertos,
em direção à Canaã. Como tem sido grande a misericórdia do Senhor para conosco! Seu braço forte tem
estado com todo o meu povo desde o Egito, pois desse povo há de vir o Grande Profeta. Foi o Senhor
mesmo quem disse: "O Senhor teu Deus te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como
eu; a ele ouvireis" (Deut. 18:15). O Senhor cumprirá a promessa, pois "a porção do Senhor é o seu povo;
Jacó é a corda da sua herança" (Deut. 32:9).

MARLENE — Ouça, Carmem, o que diz Josué: (Entra Josué. Fala:)


— "Desta sorte deu o Senhor a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a possuíram e
habitaram nela. Palavra alguma falhou de todas as boas palavras que o Senhor falara à casa de Israel;
tudo se cumpriu" (Josué 21:48 e 45).

CARMEM — Que maravilha! Somente agora começo a compreender certas coisas que eu não entendia, assim
como a chamada Fé dos Santos. Continue, Marlene.

MARLENE — Em Rute encontramos: (Entra Rute e diz:)


— Sou Rute, a Moabita. Meu coração se rejubila, pois hoje fui aceita por Boaz para ser sua
mulher. Ainda soam aos meus ouvidos a voz do povo e dos anciãos, que diziam: "Somos testemunhas. O
Senhor faça a esta mulher, que entra em tua casa, como a Raquel e como a Leia, que ambas edificaram
a casa de Israel; e tu, Boaz há-te já valorosamente em Efrate, e, faze-te nome afamado em Belém" (Rute
4:11). (Sai.)

MARLENE — À Rute nasceu Obede, que foi avô de Davi. De Abraão a Davi são 14 gerações. De Davi até o
cativeiro de Babilônia são mais 14 gerações, no decurso das quais aparecem, anunciando o nascimento
de Jesus, muitos profetas.
(Entra Isaías, que diz:)
— Eu sou aquele cujos lábios foram queimados pela brasa viva do Senhor e chamado para ser
seu profeta. Ouvi, ó povos, a mensagem celeste: "Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que
uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel" (Isaías 7:14). (Sai.)
(Entra Miquéias e diz:)
— Miquéias é o meu nome. Mensageiro de Jeová, nosso Deus, convido-vos a ouvir o que é dito a
Belém: "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será
Senhor em Israel e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. E ele
permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e
eles permanecerão, porque agora será ele engrandecido até os fins da terra" (Miquéias 5:2 e 4). (Sai.)
MARLENE — Leia, Carmem, o que nos fala Amos, no capítulo 9, versículo 11.

CARMEM — (Abre a Bíblia e lê.)

MARLENE — E, depois do Cativeiro de Babilônia até Jesus, mais 14 gerações se passaram, e, um dia, Maria,
a virgem de Israel desposada com José, que pertencia à geração de Davi, é avisada de que seria a mãe do
Salvador do mundo, o Messias esperado há tantos anos! É mesmo noite bela: (Entram pastores, que logo se
assentam no chão. Logo depois entram anjos, que cantam:)
"Nasce Jesus, fonte de luz, Oh! glória a Deus nas alturas! Paz na terra aos homens,
A quem quer Ele bem!" (Os anjos saem.)
(Os pastores cantam a segunda estrofe do hino "Noite Silenciosa" e saem.) (Entram os reis magos.)
1o Rei — "Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos
adorá-lo" (Mat. 2:2).
Herodes — Que os traz aqui? Onde deve nascer o Cristo que procuram?
2o Rei — "Em Belém da Judéia; porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo
nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu
povo de Israel" (Mat. 2:6).
3o Rei — Trouxemos-lhe presentes e vamos adorá-lo. (Saem todos.)
(Outra cena — José e Maria em torno de uma manjedoura. Entram pastores e se ajoelham; em
seguida, os relê magos fazem o mesmo, depois de depositarem presentes perto da manjedoura.)
(Cantam o hino 27 do Cantor Cristão .)

CARMEM — Obrigada, Marlene, você me esclareceu satisfatoriamente. Hei de sempre me recordar dessa
noite, das muitas coisas aprendidas. Percebo agora com clareza o cumprimento da Grande Promessa de
Deus: o Nascimento de Cristo Jesus, nosso Salvador.
(Saem todos e, por último, Marlene e Carmem.)

OBSERVAÇÃO — Todos os personagens devem vir vestidos, tanto quanto possível, com trajes semelhantes
aos usados pelos representados.

(De Cruz de Malta )

AS BELEMITAS
Cinco meninas vestidas à oriental, se possível, carregando cada uma um cântaro (Fig. 5, pág. 27 de
Trabalhos Manuais ). No palco deve haver algo que se assemelhe a um poço (Fig. 232, pág. 55 do mesmo livro).
Enquanto o órgão toca o hino 28 do Cantor Cristão , duas meninas entram e, percebendo a música, põem os
cântaros no chão e, logo que o órgão pára, falam.
1a BELEMITA — Você já reparou que rebuliço vai lá por Belém? A vovó disse que nunca viu a cidade tão
cheia. É tanta cara desconhecida! Para que tudo isto? Será que vai haver festa?
2a BEL. — Você não sabe?! O imperador mandou que todos se alistassem, e cada um em sua própria
cidade. E assim todos os belemitas voltam a Belém a fim de obedecer à palavra do imperador.
1a BEL. — Mas é um horror! Não há mais lugar para ninguém. As hospedarias estão cheias. As casas
de família já não têm lugar para abrigar o povo. Tomara já se passarem estes dias e voltarmos ao sossego da
nossa calma Belém.
3a BEL. (chegando) — Oh! vocês vieram primeiro do que eu, hein?! Mas lhes conto por que me atrasei.
Quando saía de casa, passava um casal ainda à procura de hospedagem. Ela, moça e bonita. Ele, já um
tanto envelhecido. Tive tanta pena deles! Não acham lugar onde pousar. Diz-se que se hospedaram numa
estrebaria. Se lá em casa não estivesse tão cheio!...
1a BEL. — Pois é. Agora mesmo estávamos comentando, isto. Nunca se viu tanta gente assim em
Belém. É um burburinho, uma barulhada! Tomara que esse povo já vá embora.
3a BEL. — Ah! pois eu gosto desta agitação! A vida 681 Belém tem sido calma demais. Queria que
houvesse lugar para abrigar todos que vieram, para aquele pobre casal não ter de ficar numa estrebaria.
Como tenho pensado neles!
2a BEL. — Eu também gosto. Há mais alegria. E se encontram pessoas tão boas. Esse casal de quem
você fala está hospedado naquela estrebaria perto de sua casa?
3a BEL. — Está, sim. Coitados!
2a BEL. — Vamos visitá-los?
3a BEL. — Vamos, sim. Eles parecem ser tão bons! Ela tem um par de olhos meigos e um sorriso tão
puro! Parece uma pessoa muito boa.
1a BEL. — Eu também quero ir com vocês, posso?
2a BEL. — Pode, sim. Mas vamos embora, que está ficando tarde, e os pastores não tardam para dar de
beber aos rebanhos.
(Saem. Fora, cantam a terceira estrofe do hino 28. Após o cântico, aparecem as belemitas bem contentes.)
1a BEL. — Que! Sou a primeira a chegar hoje? Onde estão as minhas companheiras?
4a BEL. (entrando) — Olá, como vai? Há quanto tempo não nos vemos! Onde tem andado? E as outras,
já se foram?
1a BEL. — É verdade! Eu vou bem. Mas você é quem anda sumida. Da última vez que aqui estivemos,
você não veio.
2a e 3a BEL. (entrando apressadas e procurando encher os cântaros) — Oh! vocês ainda por aqui?!
4a BEL. — É verdade! E sentindo falta de vocês. Por que estão assim tão apressadas?
3a BEL. — Então vocês não sabem? Ainda não ouviram falar do menino que nasceu na manjedoura?!
1a BEL. — Ora, e você está assim tão impressionada com um acontecimento tão sem importância?
2a BEL. — Sem importância? É porque você não ouviu o que os pastores contaram, minha amiga. Esse
menino é o Filho de Deus, aquele de quem os profetas falaram. É chegado o tempo!
1a BEL. (com interesse) — Que foi?! Que foi que os pastores disseram? Que contaram eles?
2a BEL. — Os pastores disseram que, enquanto guardavam os rebanhos durante as vigílias da noite,
apareceu "o anjo do
Senhor, que veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor e tiveram grande temor. Mas o anjo
lhes disse: Não temais, porque aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo. Pois na
cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino
envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão
dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade
para com os homens."

1a BEL. — Que coisa interessante! Em Belém vir nascer o Filho de Deus?


2a BEL. — Não é de admirar; cumpre-se a profecia: "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os
milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos,
desde os dias da eternidade."
4a BEL. — E depois, que fizeram os pastores?
3a BEL. — "E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos
outros: Vamos, pois, até Belém e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos fez saber. E foram
apressadamente e acharam Maria, José e o menino deitado na manjedoura." E a estrela?! Dizem que no céu
refulgiu uma estrela, cujo brilho jamais foi visto tão intenso e lindo! Jesus nasceu! Agora haverá paz no
coração da humanidade!
1a BEL. — E vocês já viram o menino?

2a BEL. — Vimos, sim. Fomos até lá e encontramos a criancinha enrolada em panos e deitada na
manjedoura. Nós a adoramos! Como somos felizes!
5a BEL. (entra cantarolando "Nasceu Jesus!) — Oh! amigas, como folgo encontrá-las ainda aqui! Estarão
tão felizes e alegres quanto eu? Se vissem o que acabo de ver!. ..
1a BEL. — Que foi? Que foi?
3a BEL. — O menino da manjedoura?
5a BEL. — Foi, sim!
2a e 3a BEL. — Nós o vimos também!
5a BEL. — E os sábios?
AS QUATRO — Os sábios?
5a BEL. — Sim, os sábios que vieram do Oriente adorar o menino. Que vestimenta bonita trajavam eles!
Disseram que há muito esperavam o cumprimento da profecia e assim que viram a estrela vieram adorar o
Filho de Deus. Ajoelharam-se e ofereceram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra.

1a BEL. — E ainda estão aí?


4a BEL. — Mas, que significa dar ao menino nascido, ouro, incenso e mirra?
5a BEL. — Dizem que o ouro é símbolo do poder e o reconhecimento de que é verdadeiramente o Filho
de Deus, o Rei Todo-poderoso. E a profecia dando os nomes o indica: "Porque um menino nos nasceu, um
filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro,
Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz." Ofereceram o incenso porque o reconheceram como Deus,
pois assim é que o honram, ao Senhor, conforme o próprio Deus ordenou: "Quando alguma pessoa oferecer
ofertas de manjares ao Senhor, a sua oferta será de flor de farinha e nela deitará azeite e porá o incenso
sobre ela. E trará aos sacerdotes, um dos quais tomará dela um punhado de flor de farinha, e do seu azeite,
com todo o seu incenso; e o sacerdote queimará este memorial sobre o altar; oferta queimada e de cheiro
suave ao Senhor." E a mirra, como reconhecendo nele o Homem que há de morrer para salvar a
humanidade. "Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelos nossos pecados; o castigo que nos traz
a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados... E puseram a sua sepultura com os ímpios, e
com o rico na sua morte."
Como somos felizes! "E o seu nome será Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados." Que
felicidade!
5a e 3a BEL. — Vamos vê-lo?
5a BEL. — Vamos, sim, vamos adorá-lo!
4* BEL. — Vamos adorar Jesus, nosso Salvador!
2* BEL. — Vamos dar-lhe, neste dia, a nossa vida, o nosso amor!
TODAS — Vamos depressa!
(Apanham os cântaros e saem apressadamente. Fora, cantam a segunda estrofe e o coro do
hino 28.)
(Da Revista de Senhoras e Moças Batistas )

A ESTRELA DO NATAL
Arith Drummonã Borges
(Para 5 crianças. Pode-se usar uma grande estrela com as palavras nas pontas ou cada um pode trazer uma
estrela, com "Amor ao Próximo", etc., escrito em uma ponta da estrela.)
TODOS: Sabiamente alguém disse que a estrela do Natal tem cinco pontas (cada criança dá então seu
nome): "Amor a Deus", "Amor ao Próximo", "Cuidado", "Renúncia Própria" e "Prazer".
1. AMOR A DEUS — Disse Jesus: "Este é o primeiro e grande mandamento: Amarás ao Senhor teu
Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento."
Deus é amor e quer que o amemos também. Ofertando-nos Deus o seu Filho, provou a grandiosidade do seu
amor para conosco e para com a humanidade. Tal amor exige uma retribuição de nossa parte como prova de
nossa gratidão. Das dádivas que os homens sábios levaram a Jesus, o ouro e a mirra simbolizam nossas
possessões e renúncia e o incenso sugere nossas orações, que são a base da nossa comunhão com Deus.
Isto resulta do nosso amor ao grande Criador, Deus--Pai, a quem Jesus revelou. O espírito do Natal em
nossos corações estimula-nos a amar grande e profundamente ao nosso Deus.

Amor dos amores vindo no Natal,


Amor divino, que anjos e estrelas deram sinal.
Louvemos a Deus, amor encarnado, amor sem igual, Na pessoa de Cristo, o único Filho do Deus
eternal.
O amor de Deus é sem fim, que foi provado na cruz; Amou a ti e a mim, sacrificando Jesus.
2.AMOR AO PRÓXIMO — "E o segundo mandamento, semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo." Se não amamos o nosso semelhante que conosco convive e que está em toda parte do mundo,
tanto menos a Deus, que não vemos. Se dissermos que amamos a Deus e o nosso próximo sem que este
amor seja concretizado em ações, dificilmente será crido que o amor de Deus habita em nossos corações.
3.CUIDADO — Cuidado é a terceira ponta da estrela, porque, quando amamos uma pessoa, cuidamos
do seu bem-estar e conforto. Conhecemos uma história de duas crianças que amavam sua mãe. Uma
dizia muitas vezes: "Eu amo a mamãe", porém ficava brincando quando ela a chamava, fazia muito
barulho, esquecia-se de limpar os pés quando entrava em casa e negligenciava todas as pequeninas
coisas. A outra, que não fazia propaganda do seu amor, estava sempre ocupada, pensando na maneira
como agradar a mãe, fazia o que estava ao seu alcance para ajudá-la. Fazia tudo para concretizar esta
expressão "eu te amo". Cuidado pelo nosso próximo é um hábito tal como polidez e faz-nos estimados
por todos. Começando com este Natal, experimentemos ser atenciosos e cuidadosos para com o nosso
semelhante que convive conosco e que habita este grande mundo.
4.RENUNCIA PRÓPRIA — Cuidado é uma grande realidade cristã, que traz diante de nós os nossos
semelhantes de outras terras de toda espécie e condições e move-nos a renunciar-nos por eles. A coisa
de que eles mais necessitam é de Jesus Cristo. Há muitos que desconhecem o valor do Natal. Nós, que
sabemos que Cristo morreu por todos e que veio achar os perdidos, devemos levar-lhes esta mensagem,
embora tenhamos que nos sacrificar. Então, todos poderão amá-lo e servi-lo, reconhecendo assim o
valor do Natal.
5.PRAZER — "Ao avistarem a estrela, ficaram extremamente jubilosos." Quando a estrela brilha
realmente em nosso coração, sentimos em nós um grande gozo. Cristo é o único que promete dar-nos
gozo e é o único que realmente pode fazê-lo. Certa vez disseram que Buda sorriu e que pela radiosidade
do seu sorriso o mundo foi iluminado. Mas alguém disse: "Isto não é real." E a luz passou. Cristo,
porém, nosso Mestre querido, disse: "Eu vim para que o vosso gozo seja completo." A religião cristã faz
com que a criatura cante como fez Davi nos Salmos. O Novo Testamento começa com o alegre cântico
dos anjos no tempo do primeiro Natal. A nota de gozo soou clara e forte através de suas páginas até a
conclusão, que é um cântico de gozo e de prazer entoado por aquele que devotou seu amor a Jesus —
João — que escreveu o precioso livro da Revelação. O gozo do Natal é nossa herança porque somos
filhos de Deus através de Jesus Cristo. Repartamos esta gloriosa herança com os nossos semelhantes, a
fim de fazê-los felizes também.

A VIDA DE CRISTO
Reli Menegále
(As partes recitadas por diversas crianças podem ser acompanhadas de hinos e passagens bíblicas
apropriadas.)
NASCIMENTO Os humildes zagais sobre a montanha dormem. Na calma
noite constelada, a lua de alva luz a terra banha. Nem um rumor, nem um cicio,
nada.
O armento que de dia os acompanha, manso, repousa à espera da alvorada. Mas, a
uma luz, a uma harmonia estranha, ergue-se a pobre gente alvoroçada.
São os anjos, são arcanjos clarinando, são serafins e querubins cantando,
cercados de divina claridade,
horda que aos pegureiros anuncia ter, na simpleza de uma estrebaria, nascido o
Redentor da humanidade.
MENINICE

A casa humilde em que Jesus crescia era como, na terra, um céu pequeno: que paz,
que santidade, que harmonia, e quanto amor naquele lar ameno!
A sem mácula, a dúlcida Maria, José, varão temente, homem sereno, eram os
pais, a santa companhia desse filho modelo — o Nazareno.
E essa criança, que, ao nascer, primeiro por um coro de arcanjos foi saudada, era na terra um simples
carpinteiro,
viu o lume faltar para o candeeiro. Pobres! Se alguma vez essa morada da luz do céu foi
sempre iluminada!

NO TEMPLO

Páscoa. A Jerusalém, que está festiva, como é costume, vai, de Nazaré, no santo ardor da sua
crença viva, a família exemplar de São José.
Mas, de regresso, quando a comitiva já tinha andado um dia inteiro a pé, é que os pais do menino — ânsia
aflitiva! — da estranha ausência de Jesus dão fé.
Voltam atrás, buscam-no inutilmente pela cidade, pelos arredores, indagando por ele a toda
gente,
quando ao fim de três dias o vão ver no templo, a conversar entre doutores maravilhados pelo
seu saber.

O BATISMO

Clama o profeta. O seu clamor — como uma trompa, qual um trovão, e no deserto é visto — ao batismo a
chamar — como uma tromba que ao deserto varresse, de imprevisto.
E na água do Jordão, que foge e tomba, também Jesus desce ao batismo. Nisto, o Espírito de Deus, mudado
em pomba, baixa da altura e paira sobre Cristo.
E, recebendo o selo da Aliança,
na linfa do Jordão, sagrada e mansa,
o Cordeiro de Deus foi batizado.
Os céus se rasgam, e uma voz celeste ouve-se assim, rompendo as nuvens: "Este é o meu Filho dileto, em
quem me agrado."
A TENTAÇÃO

Depois do seu batismo, ele se faz, levado pelo Espírito ao deserto,


onde haveria de vencer, por certo, as grandes tentações de Satanás.

Ao cabo do jejum mais pertinaz,


eis que o demônio se lhe chega perto:
— Se tu és Pilho de Deus, babuja, esperto, faze pão destas pedras, se és capaz.
Mas o Senhor, na fé que o fortifica, na indignação que no seu peito lavra, no indomável calor dos lábios seus:
— Nem só do pão material — replica — o homem vivera, mas da palavra
que sai da boca patriarcal de Deus.
Foge Satã... Jesus sai triunfante! Então, para o servir, no mesmo instante, descem anjos, cantando do
infinito...
COM NICODEMOS

Como a serpente ao cimo de uma vara Com que Moisés ao povo israelita salvou do seu castigo, quando, em
grita, em caminho de Edom se rebelara,
de bondade insondável e infinita, Jeová nos deu Jesus, seu Filho, para nos resgatar da maldição amara em
que o mundo entre dúvidas se agita.
Amor inimitável e profundo! Sacrifício de Pai, bênção paterna! Pois Deus amou de tal maneira o mundo,
que o seu Filho lhe deu, para que aquele
que nele crê e que confia nele,
não pereça, mas tenha a vida eterna.
O MINISTÉRIO

Finalmente raiou a aurora fiava da humana redenção daquele dia, dia glorioso, em que Jesus saía, porque a
missão celeste começava.
Que inumerável multidão seguia os passos do Cordeiro, dele escrava, pelos prodígios que ele realizava, pelo
doce condão do que dizia!
Ia Jesus, o Mestre, o taumaturgo, de cidade em cidade, burgo em burgo, espalhando o perdão, a graça, a
paz.
E a sua voz se ouvia a todo instante, às vezes, como um látego cortante, às vezes, como um ósculo fugaz.
COM AS CRIANÇAS

Deixai vir a mim os pequeninos, porquanto o céu é deles, exclamava. E um bando garrulante de meninos a
Jesus Cristo dúlcido cercava.
Este, de escuros olhos, cristalinos olhos aquele, trança negra ou fiava, face rósea ou morena, purpurinos
lábios, este sorria, outro chorava...
Naquela tarde lírica de rosas, Jesus entre as crianças rumorosas, ah! parecia uma árvore que o bando
dos passarinhos busca pelos ares,
e onde eles, aos clarões crepusculares,
entre os ramos em flor ficam cantando!

A MORTE

"Este é o Rei dos Judeus." E, ensangüentado os pés e as mãos, ebúrneas mãos e a testa, a que o céu longe
áurea coroa empresta, Cristo prova os seus últimos bocados.
Junto da cruz, repartem-se os soldados suas vestes e a túnica, e sobre esta, que entre os santos despojos
ainda resta, lançam sorte em vozeios e altos brados.
A taça espumejante em mesas fartas, entrecruzando e levantando as cartas, debaixo do clarão de dúbia luz.
Sem que o sangue do mártir lhes importe, ainda agora homens há lançando à sorte a túnica escarlata de
Jesus.

RESSURREIÇÃO

Maria, a terna irmã do Nazareno, estava, enquanto suportava o bando das saudades, como
íntimo veneno, junto à entrada do túmulo, chorando.

E, em torno, em vão lançava os olhos, quando, circundados de um nimbo extraterreno, alvos, dois anjos
surgem, perguntando:
— Por que choras, mulher? A um meigo aceno,

levanta-se Maria e lhes responde:


— Levaram-me o Senhor, inutilmente procuro-o, que o puseram não sei onde.

E vai voltar, de novo, ao pranto. Nisto, numa auréola de luz auresplendente, aparece, sorrindo, Jesus Cristo.
ASCENSÃO

A pedra do sepulcro se descerra, porque Jesus rompe a cadeia forte — para ele fragílima — da morte, essa
visão que à humanidade aterra;

Anda o Senhor de novo sobre a terra;


a sua alma ainda é a mesma, e o mesmo o porte;
e, para que os instrua e que os conforte,
aos apóstolos fala e entre eles erra.

E depois de abençoá-los, em Betânia, enquanto eles o adoram, subitânea, triunfalmente ala-se para os céus.

E habita no seu reino e moradia


— lá de onde veio e há de voltar um dia — sentado à destra paternal de Deus.

SUA VOLTA

Ó Juiz dos juizes, o vindouro dia do julgamento será quando? Quando virás, dos altos céus baixando, entre
anjos a soprar as trompas de ouro?

Para o teu reino hão de subir cantando, aos arpejos das cítaras, em coro, os que te foram fiéis. E os maus,
em choro, eternamente ficarão penando.

Naquele dia, claridades puras


hão de rasgar as nuvens nas alturas...
na terra se abrirá cada jazigo.

Ah! quero ver, Senhor Jesus, minha alma em oblação, qual uma verde palma, na romaria dos que vão
contigo!

(Versos tirados do livro O Suave Poema .)

ESCOLHAS DO NATAL
Arith Drummond Borges

MOÇA — Digam-me, queridas crianças, se vocês residissem na decantada cidade de Belém no tempo em
que o Salvador deixou o seu lar celestial e veio à terra, qual a parte que gostariam de ter tomado na gloriosa
recepção, quando a brilhante estrela e o cântico das hostes angélicas proclamaram o nascimento do Rei?

TRÊS MENINOS — Gostaríamos de ter sido os homens sábios que vieram, de terras distantes ao lugar
onde Jesus estava, guiados por uma resplandecente estrela. Hoje, porém, não temos necessidade de irmos a
tão grande distância como os homens sábios foram a fim de encontrar o lugar onde Jesus mora, porque ele
vive em nossos corações.

MENINA — Eu gostaria de ter sido a brilhante estrela, tão pura e resplandecente, que mostrou aos
homens sábios o caminho que os levaria a Jesus naquela primeira noite de Natal, porém posso ser agora
uma brilhante estrela que conduza outros aos pés de Jesus, se eu o amar e orar diariamente ao Pai Celestial,
pedindo-lhe que conserve a minha luz cada vez mais radiante.

OUTRA MENINA — Eu gostaria de fazer coro àquele grupo que pôde visitar a manjedoura e ofertar, à
Bela Criança, ouro, incenso e mirra, porém posso visitá-lo diariamente e fazer-lhe uma oferta melhor do que
todos os tesouros — posso ofertar-lhe o meu jovem e leal coração.

ALGUNS MENINOS — Gostaríamos de ter sido os pastores que foram despertados com o resplendor do
céu e com o coro angelical que lhes anunciou: "Hoje vos nasceu o Salvador!" Porém agora podemos clamar
em altas vozes, enchendo toda a terra com a sublime mensagem que os pastores ouviram há séculos e
séculos.

MENINO — Eu gostaria de ter sido, naquela deslumbrante noite, um fiel pastorzinho, para ouvir,
enquanto vigiava as ovelhas, as canções alegres do coro angelical, porém, se hoje eu for um menino fiel e
procurar trazer as ovelhas ao redil do grande Pastor, ouvirei, em meu coração, os anjos cantarem um cântico
que jamais poderei esquecer!

TODAS AS CRIANÇAS — Gostaríamos de fazer parte das hostes celestiais que cantaram naquela noite:
"Glória a Deus nas alturas, paz e boa vontade na terra!" Mas hoje nós podemos cantar os mesmos e alegres
cânticos em coro, tão alto e claro que a nota sublime da vinda do maravilhoso Salvador ecoe através de todo
o mundo!
DIÁLOGO DAS PASTORAS
Jonathas Braga (Podem ser usados trajes característicos.)
A PRIMEIRA
É mesmo certo que foi neste dia
que, numa pobre e humilde estrebaria,
nasceu o prometido Rei da Glória,
cujo nome é grandioso em toda a História?

A SEGUNDA
Falas-me, com certeza, do Messias predito desde as velhas profecias...
A PRIMEIRA Sim, de Jesus...

A SEGUNDA

As tradições antigas
nos falam desse nome sem intrigas;
a própria História no-lo aponta, os velhos
gostam de repeti-lo, e os Evangelhos,
que são as inspiradas Escrituras,
e o código de todas as criaturas,
nos contam muitas coisas a respeito
desse que era divino, ente perfeito.

A PRIMEIRA
Mas todos esses velhos manuscritos devem conter também lendas e mitos,
como outrora os da Grécia e os da Caldéia, como os de Roma e mesmo os da Judéia. Menciona a História
tradições e lendas, alegorias, contos e legendas, e, sob mil hipóteses, julgamos muita coisa que nunca
contemplamos.

A SEGUNDA
Pode ser mito o tribunal de Eleusis, podem ser mitos gnomos, reis e deuses, que enchem toda a pagã
literatura, mas é verdade tudo que a Escritura nos revela a propósito de Cristo, o homem perfeito, o Salvador
previsto, desde os tempos remotos dos profetas, dos patriarcas, dos juizes e dos poetas! Prometeu-no-lo Deus
quando, em pecado, Adão, no Éden, havia-se abismado. Porque disse o Senhor: "Tu, mulher, hás de esmagar
o crânio da serpente, e de ti se levantará, no mundo, Salvador altíssimo, profundo."
A PRIMEIRA E se cumpriu à risca a profecia?
A SEGUNDA A Palavra de Deus não falha.

A PRIMEIRA
Então, fala-me um pouco acerca disto, desse perfeito e poderoso Cristo, pois quero conhecê-lo, a fim de amá-
lo e saber o que fez, para adorá-lo!

A SEGUNDA
Foi no tempo em que Augusto dominava
sobre Roma. Esse império se alongava
até a Palestina e pelo Oriente,
levando-lhes a fama do Ocidente.
O mundo estava em paz, e o soberano,
vendo fechados os portões do Jano,
um censo decretara certo dia,
para saber o povo que existia
nos seus domínios vastos e importantes.
De todas as comarcas mais distantes
partiram os romeiros a alistar-se. Era preciso tudo preparar-se para as longas jornadas.
Na Judéia, todo o povo seguiu a mesma idéia
e de todos os cantos acorria
para a cidade santa em romaria.
Ora, em Belém-Efrata, a pequenina
cidade onde brilhou a luz divina,
não havia lugar pra toda a gente
que a buscava, cumprindo a lei vigente,
e, por isso, um casal de forasteiros,
que haviam sido, ao certo, os derradeiros,
depois de perlustrar durante o dia,
achou pousada numa estrebaria...

A PRIMEIRA

Tal história é bonita, na verdade, e devia sabê-la a humanidade! Continua a contar-ma, é mesmo bela e eu
desejo também aprendê-la.

A SEGUNDA
Eis então quando viram, uns pastores que estavam a vigiar nos arredores, uma estrela que muito resplendia
e para os lados de Belém seguia. Eles foram então até a cidade e, revelando o Pai da Eternidade, acharam,
numas palhas, o menino, cheio de graça, insonte, pequenino. Era Jesus esse menino, entendes? Ele era o
nosso Salvador, compreendes?

A PRIMEIRA
E depois? E depois? Será verdade que, para redimir a humanidade, teve ele de morrer como cordeiro,
pregado sobre os braços do madeiro?

A SEGUNDA

Ele foi reputado como ovelha


e o coração enchendo de centelha
do amor, que é vivo, edificante e forte,
conquistou a vitória sobre a morte
e, para consumar a obra grandiosa
de nossa redenção maravilhosa,

levantou-se do túmulo silente


quando, ao terceiro dia, toda a gente
o aguardava, pois ele o predissera
ao tempo em que entre os homens estivera!

A PRIMEIRA
Maravilha-me a tua história! Eu quero, de coração arrependido e vero, seguir os mandamentos
do Messias e acompanhá-lo, enfim, todos os dias! Que hei de fazer, porém, para salvar-me e da
profunda dúvida livrar-me? Custa-me muito ? É muito necessário ingente esforço?

A SEGUNDA
Olha para o Calvário! Lá está Jesus crucificado e exangue, derramando por todos o seu
sangue! Quem nele crer se salvará ao certo e para o tal o céu se encontra aberto!
A PRIMEIRA Eu creio!

A SEGUNDA
Fazes bem. A nossa vida
é breve instante e passa, frementida,
e a alma que busca a Deus em Jesus Cristo
tem nascido de novo! Quem faz isto
se torna em manancial e, de verdade
cantando, voa para a eternidade.

(Entoam ambas um hino e se retiram.)

A MANJEDOURA E A ESTRELA
(DIALOGO PARA NATAL)

Jonathas Braga
ESTRELA (arrogante) —
Eu moro nas alturas consteladas e ando por entre as gázeas nebulosas, no éden, onde as
estrelas são as fadas de longas cabeleiras luminosas. A via-látea é o tálamo argentino onde
derramo toda a minha luz. .. — Iluminar o céu é o meu destino, pois para isso na amplidão me
pus. Nem águias, que transpõem cordilheiras, atingirão jamais onde eu habito, porque, cheias
de tédios e canseiras, jamais penetrarão pelo infinito.. . Estrela — sou na etérea imensidade, a
fúlgura janela de cristal por onde espia Deus, da eternidade, o mundo cheio de tristeza e mal.
E tu, quem és, humilde Manjedoura, para que contes toda a tua glória? Hás de passar: eu sou
imorredoura, pois não tem fim a minha trajetória. ..

MANJEDOURA (humilde) —
Eu nada valho diante de uma Estrela, que enche o infinito todo de clarão, porém, não sendo
eu fulgurante e bela, a minha glória não é sem razão — Vivo na terra, habito com a pobreza
e nada sei da tua formosura; sou palha seca, seca e sem beleza, e só o pobre pária me procura. Os bois, que
mugem ao cair do dia, buscam-me sempre com satisfação, porque o meu feno à fome que os crucia vai-lhes
servir de abençoado pão... Não sou de Deus janela, como dizes ser entre os astros todos do infinito, mas os
que vêm a mim são mui felizes e de alegria soltam o seu grito. Isso me satisfaz, é a minha glória, se não
clareio o céu, que quero mais? Cheia de ilustrações é a minha história, mais bela que a dos mundos siderais!

ESTRELA —

Não creio no que dizes, és falace e, arrependida, a fronte não inclinas. .. Que seria do mundo, se faltasse o
brilho das Estrelas peregrinas?

MANJEDOURA —

Embriaga-te o fascínio das alturas e muito grande tu desejas ser, mas, apesar de tudo, não procuras um
caso extraordinário me dizer!. . .

ESTRELA —

Pois ouve lá: Há séculos passados,


quando guerra no mundo não havia,
de entre outros Astros de clarões dourados,
que transformam a noite escura em dia,
fui escolhida, pelas mãos divinas,
para desempenhar uma missão
de procurar ao longo das campinas
a do Messias pobre habitação.
Tomei o meu diadema luminoso
e, de lampejos novos me vestindo,
tornei o espaço mais esplendoroso.
E nesse dia o céu ficou mais lindo.
E, cheia de fascínio, caminhando
través do atapetado céu, parti,
o berço do Messias procurando,
do Cristo cuja face inda não vi.
Errei pela amplidão da Palestina,
como quem busca para si tesouros,
como quem o seu nome não declina
quando a vitória aos pés lhe atira os louros.
Depois olhei no engaste azul celeste
para escutar dos anjos as canções
e embaixo vi Belém, de humilde veste,
sorrindo para todas as nações...
Jesus nascera, o Salvador do mundo,
cuja choupana iluminei, radiante,
ele na terra, em seu fulgor profundo,
eu a fulgir no páramo distante!
Tiveste tu a glória sublimada
de, sobre a casa onde Jesus nasceu,
brilhar — opala grande e iluminada —
como naquele dia brilhei eu?
MANJEDOURA —

Somente tu, Estrela fulgurante, brilhaste sobre o teto do Messias, mas não estavas tu no céu distante, como
ver ao menino poderias? Foste menos feliz do que eu, no entanto, porque não contemplaste o Salvador, teu
orgulho dos cimos era tanto que nem pudeste ver o bom Senhor! Pois eu vestes não tive aparatosas, nem me
enfeitei de contas de esmeraldas, nem o meu solo atapetei de rosas, nem ostentei coroas e grinaldas, para,
naquele dia memorável, ouvir dos anjos as canções sem fim, porque, sendo eu humilde e miserável, o
Salvador nasceu dentro de mim! Fui eu quem teve a dita sublimada de receber a criança no regaço, quando,
naquela noite iluminada, brilhaste no zimbório azul do espaço; fui eu quem, ao abrira? no infinito os olhos
abrasados pela luz, sorriu na terra para o peito aflito, no primeiro sorriso de Jesus!

ESTRELA —
Tu tens razão. .. Adeus! Onde cintilo, pairam as nuvenzinhas cor-de-rosa, e inda percebo ouvir no céu
tranqüilo as melodias da harpa sonorosa. .. Adeus! Adeus! O espaço me convida
e eu devo alar-me para os ceus azuis; vou procurar em Cristo a eterna vida, pois vida eterna só há em Jesus!

MANJEDOURA (sozinha) —
Nasceu Jesus! Hosanas nas alturas
e paz na terra aos homens que Deus ama!
Vibrem de gozo todas as criaturas,
porque do céu perfume se derrama
e a terra toda se enche de alegria
para aclamar Jesus, o sumo bem,
o Rei nascido numa estrebaria,
na manjedoura humilde de Belém.

DIÁLOGO DOS PASTORES


E, Moreira

PASTORA:
Donde vens tu, pastorzinho, Tão alegre, tão feliz?
PASTOR:
Venho de ouvir no caminho Um coro santo, que diz Ter nascido o Salvador, Pelo divino
favor, Num presepe de Belém. Vem tu, pastora, também, Ver o menino Jesus,
Banhado de pura luz.

PASTORA: Num presepe da estalagem? Mas que mísera equipagem Do Messias


de Israel!
PASTOR:
Sim. Cavalos e tropel São pra reis do mundo só. Deus lembrou que somos pó, Em
toda a nossa vaidade, E veio, com humildade, Pousar numa manjedoura. Veio como
rei, pastora, Mas rei dalma e coração, Numa nova criação.
PASTORA:
Não percebo, não concebo Esse Rei maravilhoso! É incrível, impossível Pensamento
mais formoso.

PASTOR: Sem demora, vem, pastora, Vamos ver o Sumo Bem. Na loucanda miseranda
No presepe de Belém. Vamos vê-lo, conhecê-lo, Adorá-lo muito ao pé; No futuro, te
asseguro, Fá-lo-emos pela fé.
PASTORA: Pois vamos, alegres, Cantemos a glória Do Rei da vitória, Do Príncipe da
paz!

PASTOR:
Pois vamos, alegres, Louvar o Menino, Que é Mestre divino Que a bênção nos traz.

Patriotismo
PELA PÁTRIA
(Autor desconhecido)
O desejo que domina No meu peito juvenil É de ver a sã doutrina
Propagada no Brasil.

Eu contemplo com tristeza Meu país na corrução, Bem distante da grandeza Que
provém da salvação.

Esta terra estremecida, Quero vê-la com Jesus, Nos seus braços acolhida,
Caminhando à sua luz.

Vou lutar por esta terra, Para dar transformação, Com o evangelho, que encerra O poder
da salvação.

Sou pequeno, na verdade, Mas, com Cristo, varonil, Pra lutar na mocidade,
Em favor do meu Brasil.
O ANIVERSÁRIO DE MÁRIO
R. M. A.
(Uma sala enfeitada com bandeiras e com qualquer outro enfeite próprio ou tipicamente brasileiro. É a festa do
aniversário de Mário, dia 7 de setembro. Mamãe e Mário encontram-se. Aquela dá-lhe um abraço, e sentam-se.)
MAMÃE — Bom dia, Mário! Feliz aniversário, meu filho! Escolheste um dia patriótico para teu
aniversário. Espero que sejas um grande e nobre cidadão de nossa pátria, servindo-a de algum modo útil.
RUTE (entrando) — Viva o Brasil! Viva o Mário! Viva o 7 de setembro! Parabéns meu mano! Não chegou
nenhum amigo ainda? (Rute, assenta-se, cantando, em voz natural, "O Brasil Amado" do Cânticos Juvenis .)
MILTON (entra assobiando o hino nacional) — Então, Mário, és filho da liberdade! Independência ou
morte! Parabéns mano! (Vão entrando outros amigos, João, Pedro, Raul e Maria, cumprimentando o
aniversariante.)
RUTE — Antes de brincarmos, temos um pequeno programa. Vamos cantar o hino 574 do Cantor
Cristão . Depois vamos ouvir uma poesia pelo Milton.
MILTON —
De Mário Barreto França
"Levanta o teu olhar, mocidade batista, Até onde puder alcançar tua vista, E vê todo o esplendor de
nossa pátria amada, Toda a grandeza, toda a fortuna ignorada,.
Que seriam no mundo o máximo luzeiro, Se a soubesse explorar o povo brasileiro!
Porém tu, mocidade, aceita o sacrifício De, com a Bíblia na mão, ir combater o vício. A miséria, a
indolência e o pecado infecundo Dos que vivem sem fé, chorando pelo mundo... Desfralda o
pavilhão do Evangelho de Cristo E acorda este país para a crença, porque isto É o problema maior
da nossa economia.
Porque se tendo crença é que se tem valia... A crença é que desperta o gosto pelo estudo, O amor
pelo trabalho, o amor ao bem de tudo... Que representa em si o progresso de um povo!... E por isto
anuncia esse amor sempre novo Que Cristo nos legou e no qual te iluminas, Sorvendo a inspiração
nas páginas divinas.
Em ti é que o Brasil descansa o seu futuro!
E o que farás, então, para vê-lo seguro
Na base do progresso e à vanguarda do mundo,
Para vê-lo feliz, religioso e fecundo?
Olha-o na solidão cruel do extremo Norte!
— Pobre, sendo tão rico, e fraco, sendo tão forte!
Repara-o no Nordeste, entre secas tremendas!
É o Brasil da pobreza e do honesto operário,
Dos que arrastam, na vida, o trágico fadário.
Brasil comercial, ou Brasil idealista,
a tudo, mocidade, alonga a tua vista,
E desfralda com fé a bandeira da paz,
E prega a salvação e não te cales mais!
Levanta o teu olhar, mocidade batista, Até onde puder alcançar tua vista, E a crença a proclamar,
sob este céu de anil, Conquista para Cristo o povo do Brasil."
RUTE — Agora, mamãe vai dizer uma palavra sobre a bandeira.
MAMÃE — Meus queridos, bela é a nossa bandeira! Grande a Pátria que representa! Ela encerra em
seus símbolos a nossa lealdade, a nossa fé e a nossa esperança! Fala-nos do passado, dos heróis que
viveram e morreram por ela, do sacrifício dos pioneiros através de longos anos.
"Sobre a imensa nação brasileira, Nos momentos de festa ou de dor, Paira
sempre sagrada bandeira. Pavilhão da justiça e do amor!"
A Bandeira nos fala do presente, com suas oportunidades para o desenvolvimento. Fala-nos também do
futuro, com as esperanças radiantes. O passado estava com os vossos avós. O presente está com vossos
pais. E o futuro vos pertence. É o porvir que vos interessa, não é? Como cidadãos brasileiros, cada um de vós
deve ter o desejo de achar o lugar onde melhor possa servir à nossa Terra amada. Quero perguntar ao Mário
especialmente, no seu aniversário, e a cada um de vós, o que ides fazer para engrandecer a nossa Pátria.
Vamos ouvir a palavra de cada menino presente.
MARIO — Aprendemos na Escola Bíblica Dominical: "Bem--aventurado ou feliz é o povo cujo Deus é o
Senhor." Querendo trazer a maior felicidade possível ao meu povo, vou pregar o evangelho. Sinto-me
chamado. Uma poesia exprimirá melhor a necessidade que o Brasil tem do evangelho mais do que eu posso
dizer. Vou recitá-la:

De Jonathas Braga
"Vede: é um colosso a terra brasileira, desde o Oiapoque às águas do Chuí; terra
onde geme a virente palmeira, terra onde arrulha a meiga juriti.

Aqui há campos sempre verdejantes, cheios de flores de festal matiz, árvores belas, rios
sussurrantes, pequenos édens, risos, colibris...

A natureza é cheia de poesia, o clima é suave, é benfazejo o sol, o céu é sempre


cheio de alegria, e há sempre muita luz pelo arrebol.

Mas há milhares de almas que perecem no meio desse mágico esplendor, porque de Deus o
nome não conhecem e não confiam no seu Redentor.

Entrai por essas portas que o sol beija e vede quantas lágrimas e dor, quanta alma que, sem
salvação, arqueja longe do terno abrigo do Senhor.

A idolatria, o jogo, a bebedeira, as ilusões da vida e males mil andam matando a


gente brasileira e amargurando os dias do Brasil.
E, enquanto os dias belos se sucedem e as alvoradas raiam no esplendor, almas
sem Cristo a salvação pedem e há corações que gemem de amargor.
Eles procuram paz inutilmente, querem um gozo que lhes traga o bem, e, vendo o sol no céu
resplandecente, clamam debalde, pois a paz não têm!
Quem lhes dará o pão maravilhoso, o verdadeiro pão espiritual? Quem os fará
saltar de grande gozo ante o da vida puro manancial?
Vede: é um colosso a terra brasileira e tudo nela inspira uma canção, mas este povo sofre de
canseira e pede ungüento e pede vida e pão!
Ide, cristãos, o vosso Deus vos chama: a seara é grande, o campo é vasto. Oh! Sus! Amai às almas
como Deus vos ama e apregoai alto o nome de Jesus!
E, da maldade um dia libertado, entoando hosanas e louvores mil, será
maior este país amado, será feliz, enfim, este Brasil!"
MAMÃE — Os outros, aqui, devem dizer uma palavra também.
MARIA — Não tenho o dom da palavra, mas posso viver uma vida nobre. Não são os rios, as florestas
verdejantes, os campos floridos que engrandecem um país. Antes é um povo forte, heróico, corajoso, de
corações bondosos e vidas puras. Dr. Daltro Santos diz:
"A grandeza moral é toda a glória.. . É o coração das mães grande e bendito, É a
pureza das virgens, a doçura Das esposas, gentis e imaculadas: É o sentimento
ingênito e infinito, Amor dos filhos teus, na leda e pura Alegria das almas devotadas."
Não são só as conquistas no campo de batalha que glorificam uma pátria. Antes são as vitórias contra o
vício, o mal e a escravidão do pecado. São as conquistas contra a doença e tudo que torna infelizes os
cidadãos. Os heróis não são só os que morrem no campo de batalha, mas os maiores heróis de qualquer país
são os que vivem pela justiça, pela pureza e por Cristo.
Minha vida poderá ser o maior serviço para a minha Pátria. Quero empregar o meu tempo de tal modo que
honre o Brasil e o represente como um país nobre.
RAUL — Não sinto a chamada para ser pregador, mas vocação para ser comerciante. Mesmo assim,
posso engrandecer o Brasil no comércio, como em qualquer outro trabalho, sendo justo e honesto. Vou usar
meu dinheiro para a glória de Deus. Reconheço que somos mordomos dos talentos, como do dinheiro. Por
meio de dádivas; posso cumprir sua ordem: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura."
Enquanto outros vão, eu posso pagar suas despesas. Reconheço que sou responsável pelo dinheiro que
ganho.
MAMÃE — Muito bem, Raul. Deus não chama todos para um mesmo trabalho. Mas espera fidelidade de
todos, em qualquer ramo de serviço. Mas você, Pedro, que está tão sério, como irá servir a Deus e ao Brasil?
PEDRO — Há muito tempo que estou querendo levar o evangelho aos índios do interior. Acho esta
missão a mais gloriosa que há — tornar conhecido aos primeiros habitantes da Pátria o evangelho. Enquanto
gozamos as primícias da terra, os verdadeiros brasileiros, que eram os seus donos antes de nós, jazem na
pobreza, na ignorância e nas trevas. Enquanto que nós já recebemos as Boas-novas, eles não têm o
conhecimento de Cristo. Quero banir as trevas destes índios do sertão. Tenho ouvido a chamada divina.
MAMÃE — Que ideal sublime! Todos têm planos elevados para o futuro. Agora parece que só falta o
João.
JOÃO — Pretendo servir os milhões de estrangeiros que aportam ao nosso querido Brasil. Pouco a
pouco eles e seus filhos vão-se integrando nesta pátria. Vou dedicar minha vida, dando--lhes o evangelho.
Chegam ao Brasil com fé em nós e com esperança no futuro. Sem Cristo, não têm luz na vida, não têm gozo
ou felicidade. Ele é tudo em todos. Jesus é a esperança de cada vida e do Brasil. "A justiça exalta o povo,
mas o pecado é o opróbrio das nações."
RUTE — Estamos satisfeitos em saber do plano de cada pessoa presente. O aniversário de Mário nos
proporcionou esta oportunidade tão boa para nos inspirar em planos úteis para o futuro. Somos verdadeiros
servos de Deus. Em conclusão vamos cantar o hino 349 do Cantor Cristão .

Assuntos Diversos
PARA QUÊ?
Daria Gláucia Yaz de Andrade
Para que desejar os sonhos que morreram E aquele antigo amor que nunca há de voltar? Para que desejar as
ilusões que foram Silenciosamente, PARA QUE DESEJAR?

Para que lamentar, amigo, a primavera


De risos e sons que nunca há de retornar?
Para que lamentar os rigores do inverno
E as nevadas da vida... PARA QUE LAMENTAR?

Para que suspirar por amigos que partem Para longe de nós.. . e a dor de separar? Para que
suspirar, se os amigos não vêem A nossa solidão? PARA QUE SUSPIRAR?

Para que prantear os mortos bem amados,


E as vozes, doces vozes, que nunca hão de voltar
À magia do riso e à magia do canto...
Este silêncio eterno... PARA QUE PRANTEAR?

Para um sonho que murcha, mil sonhos reverdecem, E nas cinzas do amor outro há de reflorir. As ilusões
que vão, elas também retornam Silenciosamente, como as vimos partir.

A primavera volta e o sol e a claridade, Seja um dia ou outro dia, hão sempre de brilhar; A invernia se vai... e
os rigores do inverno A presença do sol não podem perturbar!
Há amigos que partem, e há amigos que ficam, Cheios de amor profundo e de consolação; Vivem perto de
nós, mister os descubramos, Para encher-se de sons a nossa solidão.

E, para que chorar os entes que morreram, Se em nosso coração eles podem morar, Se a Saudade bem quer
repetir suas vozes, E eles podem viver dentro do nosso olhar?

E paira, além de tudo, esta grande certeza:


O meu PAI tudo vê, o meu PAI sabe amar. . .
Se o Pai cuida de nós e o seu amor é eterno
E a nossa vida breve. .. PARA QUE CHORAR?

MEU PAI VELA DE CIMA


Eu vi um verme, descuidado e lento,
— a quem força interior estimulava — arrastar-se na poeira duma estrada.
E os carros, em corrida disparada,
— enquanto vagaroso caminhava — passavam com ruído violento!
Seria o pobre reduzido a nada, confundido na poeira levantada. . . Mas quem se incomodava ?!. ..

Sou eu também um verme que vagueia, de vida longa e de pesares cheia? Reserva-me o destino o
esmagamento sob o girar de esferas, violento? Luto eu por um fim nobre, estremecido, sem ser de alguém
aqui compreendido? Alimento debalde o grande anelo de ser perfeito, de caráter belo, e, enquanto sofro,
triste, em agonia, não vejo simpatia?

"Não, não é assim", ao peito aqui me fala o coração, que um santo ardor alenta. E eu me sorrio, sem temor,
sereno, que não se esmaga um coração pequeno, se um Deus presente e amigo acalenta!

Nenhum temor esta certeza abala. .. Dentro em meu peito eternamente mora O Pai Celeste, que minhalma
adora. É essa a minha experiência gloriosa
que me leva a uma vida santa e pura e cada vez me dá maior certeza de que não poderei ser
esmagado! Oh! sim, eu vencerei qualquer tristeza e não serei vencido de amargura,
pois esta via poenta e dolorosa magoou também os pés do Mestre amado! O orgulho humano
creu tê-lo abatido, quando prostrou seu corpo ensangüentado e o sepultou, triunfante,
desdenhoso: — "Ei-lo vencido já e aniquilado!" —
Mas ele despertou vitorioso, agora vive e, já glorificado, vela com amor os seus,
compadecido. Ele está vivo e nele eu tenho vida, e nesta luta sua voz me anima.
Levantam-se, rugindo, o mal e o mundo
e em vão procuram quebrantar minhalma!
Eu sofro a dor com um prazer profundo.. .
que não há dor que em mim tristeza imprima!...
O mundo trama em vão; o fim da lida,
verei sereno e vencedor, com calma!...
Meu Pai vela décima!
(De A Voz Missionária )

CRUCIFICADO COM CRISTO


Tradução de Werner Kaschel

Senhor!
Quando me sentir cansado de lidar,
E pesados parecerem os teus mandamentos;
Se minha cruz levar-me a reclamar,
Então, Senhor, mostra-me tuas mãos,
Tuas mãos feridas
Pelos pregos,
Pungidas
Pelos pregos —
Meu Salvador, mostra-me as mãos! Cristo Jesus!
Se além meus passos resvalarem
E eu me dispuser a voltar atrás;
Se desertos e espinhos me fizerem lamentar,
Então, Senhor, mostra-me os pés,
Teus pés sangrados,
Teus pés rasgados
Pelos pregos —
Meu Jesus, mostra-me os pés!

Senhor!
Quando me encontrar profundamente ferido Pelo batalhar e labutar do dia E começar a me
queixar do meu sofrer, Então, Senhor, deixa-me ouvir tua voz, Dizendo:
"Contempla o meu lado,
O meu lado varado Pela lança, O meu lado Trespassado
Por tua causa, meu amigo." MEU DEUS,
COMO ME ATREVERIA EU
A MOSTRAR-TE MEUS PÉS E MINHAS MÃOS?

CONTATO INTERROMPIDO
Trad. de Isaac N. Salum

Apenas um sorriso — o olhar de simpatia


que visse em teu semblante a velha acabrunhada ter-lhe-ia dado alívio. E não custava nada!
Seu coração gemia e era profunda a dor.
Ela, porém, se foi, magoada e em agonia, porque, quando a encontraste e viste, aquele dia,
Estavas sem contato, irmão, com teu Senhor.

Somente uma palavra, uma palavra breve —


O Espírito dizia: "É hora!" E não o ouviste!
Foi-se o trabalhador desanimado e triste!.. . Mostrar-lhe simpatia e fé, mostrar-lhe
amor,
e assim, reanimá-lo em tuas mãos esteve.
Mas não pudeste ouvir aquela voz tão leve: Estavas sem contato, irmão, com teu
Senhor.

Apenas um recado, um rápido recado —


mensagem a um amigo em um país distante — o Espírito dizia: "Escreve!" E, nesse instante,
julgavas ter à frente ação de mais valor,
e não te incomodaste! E foste descuidado!. . . Terias salvo uma alma em pecado!
Mas não tinhas contato, irmão, com teu Senhor.

Um cântico somente, um cântico singelo — que o Espírito dizia: "Entoa nesta noite; tua voz pertence ao
Mestre: Ele a comprou." Mas foi-te
inútil a insistência. É que tiveste horror
de vir falar do céu à turba em atropelo!
Terias despertado corações de gelo!.. . Mas não tinhas contato, irmão, com teu Senhor.

Somente um breve dia, um dia pequenino —


calculas bem, qual seja, irmão, a conseqüência, de um momento esbanjado, inútil, na existência, das horas
que empregaste em cousas sem valor?! "Permanecei em mim", diz o Senhor divino; qualquer serviço é vão,
terá fruto mofino, se perdes o contato, irmão, com teu Senhor.
(De Reforma )

A PAZ DO SENHOR
Mário Barreto França
"Deixo-vos minha paz, a minha paz vos dou,
Não como o mundo a dá", disse Jesus! No entanto,
O homem, desprezando esse legado santo.
Quis firmá-la em convênio e em arma... E fracassou...
A bomba de hidrogênio, a linha Maginot, Bloqueios e sanções, a paz firmada no pranto
Dos órfãos e das mães, nada resolve, enquanto O mundo desprezar o que Cristo ensinou.
Nenhum bem pode ser imposto a ferro e fogo; O que os homens estão fazendo é o negro
jogo Que, no vale da morte, incita Satanás. ..
Só a fé santifica e só o amor constrói; E o verdadeiro santo, e o verdadeiro herói É aquele
que semeia a fé, o amor e a paz!

PERDOA, Ó SENHOR, PERDOA!


Ernest C. Durham Trad. Sady Machado

Jamais nas tuas mãos cravamos pregos


— fazendo-as sangrar,
Mas friamente passamos pelo próximo,
— deixando-o penar;

Jamais trespassamos o teu lado com a lança aguda


— e te fizemos sofrer,
Mas teus filhos queridos clamam por pão
— e os deixamos morrer!

Não te colocamos na cruz do Calvário


— para te supliciar,
Mas numa cruz sempre estás
— quando não sabemos amar;

Não tecemos uma coroa de espinhos


— ao redor da tua cabeça,
Mas o ódio invade milhões de vidas
— para que a tua pereça!

Por isso, ó Senhor, perdoa o teu povo


— ansiosamente oramos;
Sabemos que nossos pecados te conservam na cruz
— por onde quer que andamos!

Perdoa nossos atos impensados


—cheios do "eu", cada momento; Perdoa nossa fria complacência
—quando o povo carece de alimento!
Perdoa nossa luta constante
— que, parece, não se abranda;
Quanto melhor seria viver em santo amor boa vontade e paz, como Cristo nos manda!
Perdoa nossos preconceitos e ódios
— faze nossa vida boa.
Ó, concede-nos perdão completo e livre
— PERDOA, Ô SENHOR, PERDOA!. . .

(Extraído do Christian Advocate , North Garolina, USA —


N' 36 de 1951.)

(De Expositor Cristão )

JESUS
Gustavo A. Brasil

Era plano de Deus a morte do Messias! Devia derramar em cada coração o bálsamo de amor, o ungüento do
perdão, e suportar calado o tumultuar dos dias.
Que lhe importava o chasco e a dor das ironias
em face do valor da celestial missão?!
Seria conduzido à crucificação,
cumprindo a lei do Pai na voz das profecias. ..
Ante um povo traidor, que lhe cantara hosanas, expirou Jesus Cristo, humilde e lentamente, entre os gritos
de mofa e as decisões profanas.
O universo, porém, num soluçar profundo, lançou, pelo infinito extático e dormente, um brado de protesto à
ingratidão do mundo.

AS MÃOS DE CRISTO
F. F. Estrello
Trad. de Lauro Bretones
Mãos de Cristo,
Mãos divinas de Carpinteiro...
Não imagino aquelas mãos
Forjando lanças, forjando espadas
Nem desenhando novo modelo de bombardeiro;
Aquelas mãos, as mãos de Cristo,
Foram as mãos de um Carpinteiro.

Mãos de Cristo, calejadas, Lavrando cunhas,


Fazendo arados, lavrando a vida.. . Não imagino aquelas mãos Entretidas entre canhões,
Entre explosivos e entre granadas; Aquelas mãos calejadas Calejaram lavrando a vida.

Mãos de Cristo,
Mãos divinas de Carpinteiro. .. Não imagino aquelas mãos Brutalizando o labor
humano, Mas forjando a criação; Aquelas mãos, mãos de obreiro Edificando
continuamente.

Entre as mãos febricitantes


Que fazem cruzadores e bombardeiros
Não estão as suas!...
As suas levam os sinais dos cravos,
Mãos heróicas de sacrifício; Aquelas mãos, mãos feridas, Fortes nervuras, mãos de aço,
São rijas mãos de Carpinteiro Que quietamente modelam a vida!
(De Unitas )

PRECE
Senhor! que, em tua grande onipotência, Criaste o céu, a terra e o mar profundo; Que pelo amor e pela
onisciência Estás em toda parte neste mundo;

Senhor! que o dia e a noite separaste, Fazendo a luz do sol raiar bem cedo; Que docemente os montes
coroaste Com a folhagem verde do arvoredo;

Senhor! que no azulino firmamento Estrelas mil mergulhas no luar; Que lindas flores bordas num momento,
E aves semeaste pelo ar;

Senhor! que ao homem deste o dom da vida, E atendes sempre ao triste em aflição; Que ao pecador, em
sua ingente lida, Concedes, pela fé, a salvação;
Aquece o coração da humanidade! Relembra aos homens que os fizeste irmãos! Faze-os vencer, com Cristo,
em amizade, Unindo com carinho as suas mãos.

Inspira-nos também amor profundo,


Para levarmos com firmeza a cruz,
Qual "Sal da terra" e qual "Luz do mundo",
Vivendo o evangelho de Jesus.
Senhor! Deus de justiça e de bondade! Com simpatia atende esta oração! E lá dos céus
envia à humanidade A paz que falta em cada coração!

(De A Voz Missionária )

O ECO
Gióia Júnior
"Que fazes tu sobre a terra? E o eco responde: Erra!"
Castro Alves

O que posso fazer se, a vida, a glória fez-ma rotineira, a ilusão não muda, é sempre a mesma? Que fazer se o
prazer é sempre essa utopia de um minuto feliz?! A maior alegria é ligeira e fugaz como uma gargalhada, ...
inunda a sala e cessa e volta para o nada ?... Que fazer para ter alguma recompensa? Mecânico e fatal o eco
responde... pensa...

Pensar? como pensar? perder a mocidade


no egoísmo sem razão dessa inutilidade...
Pensar apenas? não, teria acaso um fim,
pensar, pensar, pensar, pensar... de mim e para mim?
esgotar a existência em um plano ilusório,
sozinho usufruir da paz de um escritório?
Quero menosprezar a vida dissoluta...
Mecânico e fatal o eco responde:... luta...

Lutar... por que lutar... ver bandeiras ao vento, tambores e clarins, gales e fardamentos, ver o sangue a
jorrar em vis revoluções, ver Césares, Pompeus, Felipes, Napoleões?... Lutar... por que lutar, se essa glória
que embriaga tem o brilho na aurora e no poente se apaga?... Quero mais, muito mais... quero a brasa que
inflama! Mecânico e fatal o eco responde. .. ama...
Amar... amei a vida e a vida é tão ingrata... "Traz o pó que alimenta o micróbio que mata"...
Não, de modo nenhum, permaneço na teima... "a fogueira que aquece e a mesma que nos queima". Amar...
de que nos vale amar, se o amor é vário, se ao beijo tem seqüência as dores do Calvário?... Quero fugir do
mundo e procurar a calma... Mecânico e fatal o eco responde: Alma...

Alma... quando escutei essa palavra, quando meditei, vi que havia uma força operando além da
compreensão... vi que o meu ódio acerbo era a minha impotência ante o mando do Verbo. Quando, porém,
notei que a paz aurifulgente está em nós firmada... algo puro, inerente ao nosso próprio ser... chama viva e
sagrada que opera no interior sem depender de nada;

Alma... quando notei que em meu corpo carnal morava um universo, uma essência imortal; entreguei-me a
Jesus e, firmado em seu nome, na vivificação matei a minha fome... Pensei... soube pensar em seu reino...
lutei sem medo de derrota ao lado do meu Rei... Amei os meus irmãos. E agora em mim revive a encantadora
voz do eco bradando: VIVE!

SER CRENTE
Ser crente é descansar num Deus que é caridade, A esperança que alenta e a fé que nos redime, É sentir
dentro dalma essa doce vontade De semear o Bem, de combater o crime...

Ser crente é refletir de Jesus a humildade,


Para os outros vivendo em renúncia sublime,
E ter sempre um consolo à dor que o peito invade...
É ter sempre um conforto à tristeza que oprime...

Ser crente é conquistar para Deus, que perdoa, Duma existência má, para uma vida boa, O coração que
sofre o peso de um labéu.

Ser crente é possuir como um prêmio fecundo: O encanto de viver e ser feliz no mundo, A glória de morrer e
ser feliz no céu.
CANTO DO CRENTE
(Autor desconhecido)

Meu Deus, eu creio em vós e venho, reverente,


À vossa Casa orar, ao pé do vosso altar...
A Fé aqui me trouxe, e eu vim, sereno e crente,
A minha fronte assim a vossos pés curvar...
A Fé é uma luz de imaculado alvor,
Luz divinal que unção nas almas derramou;
Só não a tem o peito onde há fel e rancor E o coração cruel que nunca palpitou.
Ao contemplar o céu, o mar e a natureza,
Ao aspirar a flor, ao ver o sol fulgente,
Tudo que é belo, enfim, porque nessa beleza,
Vós, Deus Todo-poderoso, estais sempre presente. ..
A Fé, meu Deus, é ela o anjo redentor
Que a vossa onipotência assim faz cintilar. ..
É pleno dessa Fé e envolto em seu fulgor
Que eu venho aqui tão crente aos pés do vosso altar...

REPOUSE SOBRE NÓS A FORMOSURA DO SENHOR


Mário Barreto França
Nas quadras liriais da vida peregrina Que levamos no mundo entre risos e dor,
Repouse sobre nós, como bênção divina, A formosura do Senhor.
Quer seja no jardim da infância sorridente Quer seja da velhice ao último sol pôr, Rebrilhe sobre
nós, qual estrela fulgente, A formosura do Senhor.
Nos sonhos cor-de-rosa e azuis da mocidade, Onde tudo aparece embalado no amor, Seja como um
farol de esperança e bondade A formosura do Senhor.
E, no infortúnio atroz de um órfão desta vida, Desprezado e à mercê do frio ou do calor, Brilhe de
novo o amor de sua mãe perdida, Na formosura do Senhor.
E quando o inverno vier a este viver incerto E o frio da saudade a nossa alma transpor, Repouse
sobre nós, como num céu aberto, A formosura do Senhor.

VOZ DE DEUS
Pereira d'Assunpção

Homem, Eu sou aquele qüe habitou primeiro Por sobre a vastidão dos revoltosos mares... Sou eu que bem
sustento os pássaros nos ares. . . Também sou eu o autor deste universo inteiro!
Não te aflijam na terra as dores e pesares! Também sofreu meu Filho as dores do madeiro, Sofreu, morreu na
cruz, humilde qual cordeiro, Oferecendo a ti de luz outros lidares. ..
Vem. Olha o manto azul do céu brilhante e belo.
Quanta fascinação encontrarás aqui!
Vem, vem, que eu te darei venturas perenais.
Sem vacilar, despreza o teu viver singelo E vem. Que doce paz eu te darei a ti, Ouvindo em
melodia os anjos divinais!

O NOME DE DEUS
Manuel d'Arriaga

Saí um dia a contemplar o mundo,


por ver quanto há de belo e quanto brilha
na múltipla e gloriosa maravilha
que anda suspensa em o azul profundo!
Vi montes, vales, árvores e flores, límpidas águas, murmuras torrentes, do grande mar as
músicas plangentes, dos céus sem fim os trêmulos fulgores!
Trouxe os olhos tão ricos de beleza,
o coração tão cheio de harmonia,
de quanto havia em terra, mar e céus,
que, interpretando a sós a natureza, dentro de mim esplêndido fulgia, num círculo de luz,
teu nome, ó Deus!

ONDE A SAPIÊNCIA DO HOMEM ?


Rosalino da Gosta Lima
Do nada fez Deus o mundo Por um imenso poder: Céus e terra, o mar
profundo, Tudo quanto implica o ser.

Por mais que se pense em tudo, Quanto dele contemplamos, O coração fica mudo,
São mistérios, não sondamos!

Por que fez Deus as montanhas ? Esses rios caudalosos? E do solo nas
entranhas Fez minérios tão custosos?

Por que criou as estrelas Que brilham na imensidão ? Nossos olhos só em vê-las
Nos deixam cega a razão!

Para que tantas florestas De variegados portes? E da primavera as festas?


E esses turbilhões tão fortes?

Por que deixou a formiga Pequenina e previdente? Cigarras cuja cantiga Enche de
tristeza a gente?
Por que fez a violeta De tamanha singeleza, O cipreste esguio, a seta, O junco nu, sem
beleza?

São mistérios da natura Desafiando o saber Da indigente criatura, Que não pode
responder!

O CEGO DE JERICO
Mário Barreto França

Perto de Jerico, à margem do caminho, Costumava sentar-se, esmolando sozinho, O cego


Bartimeu.
Ah! ele nunca vira A paisagem sorrir sob um céu de safira, Os rebanhos pastando em campos
verdejantes E os olhos de seu pai, de bênçãos transbordantes... Por que era, infelizmente, um cego de
nascença, Mergulhado na dor de sua treva imensa...

E ele, no íntimo dalma, exclamava: — "Quem dera Achar esse Jesus que milagres opera! Pois tanto
imploraria e choraria tanto Que ele havia de ter piedade de meu pranto E me daria então a luz para os meus
olhos, Guiando-me na vida entre tantos escolhos..."

Certo dia, porém, ele estava esmolando, Quando ouviu um rumor de turbas caminhando. Prestou toda a
atenção e descobr: sem custo Que era Jesus quem vinha — o poderoso e justo Mestre e Senhor.

E quando ouviu que perto estava, Na esperança de ser escutado, gritava: — Ó Filho de Davi, tem
piedade de mim! E livra-me, Senhor, destas trevas sem fim! E muitos, em ameaça, exclamavam: — Ó tolo,
Cala-te! e em teu silêncio encontrarás consolo!
E ele gritava mais: — Jesus, eu creio em ti! Tem piedade de mim, ó Filho de Davi!

É que ele meditava: "Ah! se agora não falo, Onde irei.. . onde irei outra vez encontrá-lo ? Se me passa veloz
essa oportunidade, Nunca mais eu verei minha felicidade."

E Jesus, que entre a turba ia calmo seguindo, Solícito, parou, aquela voz ouvindo.

— Chamai-o! — disse à turba. — Trazei-mo sem


[demora,
Porque na sua angústia ele suplica e chora!

E foram-no chamar, na alegria que inflama:


— Levanta-te com fé, porque o Mestre te chama! Tem esperança e vai!
E ele, a capa deixando,
Correu para o Senhor, de gozo transbordando.
GUARDA O TEU CORAÇÃO
Rosálee Appleby

Do que as riquezas ele é mais precioso E mais precioso até que o mundo inteiro; Longe dos
males guarda o coração, Na paz conserva o escrínio verdadeiro.
Manancial ele é do pensamento, Pois a mente arquiteta cada ação; E os lábios, meros
servos são do rei, O rei, que é bem chamado o coração.
Da vida os cursos brotam dessa fonte, Teu amor, teu desejo e tudo mais. Esconde, pois,
fielmente o bom tesouro, Se amas a vida e se desejas paz.
No mundo todo, existe um Rei, um só, Que, supremo, governa o coração; E o poder do Alto vem
banir as trevas, Deixando nesse reino o seu clarão.
Sem de Deus a presença, tu não podes Vencer, de pronto, o embate que te chama; Nele
perdura a necessária força, Pela qual o universo todo clama.
(Cantam "No Meu Coração".)

CRISTO É TUDO
Henry Maxwell Wright

Qual o esposo à sua esposa, Qual o rei ao seu país, Qual o piloto ao seu navio,
Qual ao tronco a raiz Es tu, Senhor, pra mim.

Qual a luz em noite escura, Qual a fonte no jardim, Qual maná na antiga arca, Qual o
coro no festim És tu, Senhor, pra mim.

Qual remédio ao enfermo, Qual na calma a viração, Qual o pão cotidiano. Qual
a chuva no verão És tu, Senhor, pra mim.

Qual o rio cristalino Nos desertos tropicais, Qual o orvalho sobre a relva, Qual ao rico os
cabedais És tu, Senhor, pra mim.

Qual mãe que seu filhinho Leva no seu coração, Qual o pai no lar paterno, Qual
amigo mais que irmão És tu, Senhor, pra mim.

AS SETE PALAVRAS DA CRUZ


David Carvalho Moura

(Uma ou sete jovens poderão recitar. cartões contendo as Sete Palavras da Cruz.)

Pleno zênite. O sol espalha seus lampejos! Consumam-se dos clérigos os vis desejos e as multidões em gritos
bestiais se comprazem, vendo Cristo na cruz. Ele nem profere um ai, mas em prol dos algozes uma prece —
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."
Ao lado de Jesus estão dois malfeitores
que, apesar de na cruz, sofrendo as mesmas dores,
lançam baldões, insultos e fazem esgares,
mas, de súbito, Dimas se arrepende, chora,
e, voltando-se a Cristo, seu perdão exora:
"Lembra-te de mim, quando no teu reino entrares."
Jesus não lhe falou em missa ou purgatório, nem reencarnação ou outro meio expiatório, antes, em um
período curto, mas conciso, sem mistificações, alegre, respondeu, àquela alma aflita que se arrependeu:
"Hoje estarás comigo no meu Paraíso."
Maria, sua mãe, junto ao madeiro estava, tristonha e humilde ao Filho de Deus adorava. Com aquele doce
olhar que não perdera o brilho, fitou sua mãe, bem como ao discípulo amado e a ambos incumbiu de mutual
cuidado: "João, eis tua mãe — Mulher, eis o teu filho."
Veio para os judeus, que mal o receberam, os seus próprios apóstolos não o entenderam,
'té Judas, um dos tais, vendeu-o. Que contraste, o próprio Pai virou-lhe o rosto em tal momento! e o cálice
transbordou... fugiu-lhe esse lamento: "Deus meu, Deus meu, porque tu me desamparaste?

Febo, na sua faina e brilho aurifulgente, crestando a rua, vai desde a terna semente ao pescador que ao mar
atira sua rede, 'té Jesus, que, sofrendo os cravos na cruz, (cujo suplício mais sede inda produz) nessa grande
agonia, brada: "Tenho sede."
A Cruz é o sacrifício vero e sem defeito.
Jesus, Sumo Pontífice uno e perfeito,
que de graça completa salvação nos dá,
que não carece mais de humanos sacramentos,
pois que fiel cumpriu a ambos Testamentos,
quando ele afirmou: "Tudo consumado está."

Sim, só Jesus, o homem extraordinário,


a glória do alto céu trocou pelo Calvário,
conseguiu esquecer-se sempre do seu ego,
para salvar o homem e servir a Deus,
'té quando ergueu a última sentença aos céus:
"Nas tuas mãos, ó Pai, a minha alma entrego."

O JARDINEIRO DO AMOR
João 20:11-16 Poesia sobre a ressurreição
Alfredo Mignac
Madrugada de luz, de paz e de vitória...
Jesus ressuscitara em meio à maior glória!
Por terra inerme jaz toda a guarda romana
e a potência do Império, abjeta, vil, profana,
a intriga farisaica, o ódio do judaísmo,
varridos como pó no ardor do cataclismo.
A cruz negra, de fel, para sempre vencida,
e, invés da guerra, o amor; e, invés da morte, a vida!

Maria Madalena o sepulcro bem cedo foi visitar, levando a alma cheia de medo. Temia a
guarda. Era inda escuro. A estrela radiante da manhã parecia que, ao vê-la, abria em leque,
espadanando a luz imensa, como para o caminho seu iluminar e Jesus Ressurrecto ao mundo
anunciar!

Umas flores ao braço e bálsamo olorante para a tumba de quem, agora tão distante, não pode mais ouvir
gemer o desgraçado, nem o pobre sem pão, nem o degenerado, nem o cego sem luz, nem da viúva tristonha,
ferida pela dor de saudade medonha, os queixumes de morte!

Ele, que era tão santo,


que da mãe triste e aflita estancou tanto pranto, que da doce criancinha a cabeça afagou, de tantos males,
tantas dores nos livrou...
Ele, da morte está no cárcere maldito, envolto no mistério abstruso do infinito!
— Para mim, que mulher outrora era do mundo, seu amor foi supremo, e seu perdão, profundo!

Dizia assim Maria, enquanto caminhava


para o jardim sombrio onde o sepulcro estava.
A dúvida pairava em seu cérebro ardente
e o coração no peito arfava tristemente.
O seu corpo embuçado era um fantasma esguio
que passava na noite exânime de frio...
Autômata, sublime, a correr, toda alerta,
ia depor aos pés do "morto" a última oferta
de um coração sangrando e uma fé impoluta,
frutos do grande amor de sua alma então sepulta!

Chegou. Eis o jardim do rico Arimatéia,


um discípulo oculto, um nobre da Judéia.
Aproximou-se. Ao longe, a dúbia luz boreal
refletia no céu. Silêncio matinal.. .
E sobre a enorme pedra, a que a tumba fechava,
mais belo que o clarão da Aurora que raiava,
um ser angelical olha a tumba vazia!
Maria Madalena, ao vê-la, se extasia. ..
o seu rosto molhado em lágrimas de dor...

— Oh! se ela o visse! Tinha o tom divino, a cor do jaspe reluzente ao sol entrando o Ocaso,
da luz a palidez no lago argênteo e raso!

Esboçando um sorriso, erguendo a fronte, brada o ser angelical, num toque de alvorada:
— Por que choras, mulher?
E ela, o pranto oprimido:
— Levaram meu Senhor... E, soluçando e saindo,
foi gemer tristemente a um canto do jardim, dando toda a expansão à sua dor sem fim! Nisto, encontra um
varão bem perto do canteiro, a fitá-la de pé. Por certo o jardineiro...

—Por que choras, mulher? E ela, o pranto oprimindo:


—Levaram meu Senhor. Eu o estou procurando. Dize-me onde o puseste e o levarei comigo,
pois é meu Rei, meu Deus, meu Senhor, meu Amigo! E o jardineiro, olhando a sua alma em agonia,
descobre-se, afinal, bradando alto: — Maria!
Ela responde: — Mestre! E, cheia de ventura,
ajoelha e o adora. A sua alma esclarecida e pura, tornou-se num jardim de gozo e de dulçor, onde o húmus
era a fé, onde a seiva era o amor, as flores, o perdão, e o trescalar ativo, a epopéia sem par do Cristo
Redivivo!

AS DUAS ORAÇÕES
Autor desconhecido Tradução de Werner Kaschel
Ontem à noite o meu filhinho
me confessou Um erro seu, um pecadinho,
e ajoelhou, orando, triste, desta sorte:
"Permite, ó Pai, que eu seja um homem sábio e forte
como papai."
Dormiu. Então, junto ao seu leito ajoelhei,
e, vendo o mal dentro em meu peito,
assim orei: "Ó Deus, transforma-me em criança
como esta aqui — tão pura e cheia de confiança,
meu Deus, em Ti."

DIA DE ANIVERSÁRIO
Cláudia Faria

Parabéns! Hoje é teu dia, Felicidade almejamos, A bênção do Salvador A ti e


aos teus desejamos.
Saúde, paz, mil venturas, Anos bons de alegria E a palavra de Deus No
coração cada dia.

Que muitos aniversários Possas fazer bem feliz; Isso terás, se escutares O
que o bom Jesus te diz.

PRECES DA INFÂNCIA
Vós me vedes, Deus Eterno, Como eu sou tão pequenina; Minhalma é inda inocente, Tão
pura como a bonina.
Débeis como minhas vozes São inda os meus pensamentos; Do mundo nada conheço,
Nem prazeres, nem tormentos.

ORAÇÃO DUM PEQUENO


O meu Jesus, que é tão meigo, Ama muito os pequeninos, Por isso disse uma vez:
"Deixai vir os meninos."
Dai-me, Jesus, teu auxílio A mim que sou tão fraquinho, Para nunca te deixar Nem
fugir do teu caminho.

Guia meus passos incertos, Em tudo vem me guardar, Para que eu nunca possa
Do meu Jesus me afastar.
Mesmo assim tão pequenino Sempre te quero servir E por minha vida fora Tua lei hei de
cumprir.

Sempre, sempre em toda a vida A Jesus eu quero amar E não me quero


esquecer Que morreu pra me salvar.
(De Raio de Sol )

A ALEGRIA DA VIDA
Uma palavra simples
de bondade — uma só — vale mais
do que um tesouro;

os corações a quem
a dor invade é amor que reclamam,
não é ouro.

Procura os fatigados
da viagem, os que a sorte maltrata
dia a dia;
estende-lhes a mão,
dá-lhes coragem, e sentirás a bênção
da alegria.

(De Raio de Sol )

GRAÇAS A DEUS
A.C. Gonçalves.

De manhã deixando a cama, Faço a Deus minha oração, Dou-lhe graças pela
noite, Seu repouso e proteção.
Mas também durante o dia, Sou mui grata ao meu Senhor, Pelo pão, o lar e a vida, Que
me provam o seu amor.

E depois, vindo a noitinha, Novamente, ao me deitar, Oro a Deus e, com mil


graças, Durmo em paz e sem recear.

NA ESCOLA
Odon Cavalcanti
Estou contente, é verdade, E confesso com prazer, Que, sendo de pouca idade,
Já sei ler bem e escrever.
Em contas sou muito esperta, Nelas ninguém me derrota; Faço qualquer, sempre certa,
Para ganhar boa nota.
No caderno tenho asseio, E traço letra bonita, Para a mestra, sem receio,
Mostrar a quem nos visita.
Meus trabalhos manuais, Que servem bem de modelo, Têm riscos lindos demais,
Bordados com grande zelo.
E mais coisas de valia Trago dentro da cachola, Que estava muito vazia,
Quando entrei nesta escola.

O AMIGO DO GATO
Afonso Celso
Eu gosto do gato, Que é manso, que é bom; Se o pelo lhe cato, Que meigo
ron-ron!...
Se o gato me arranha, Bem caro lhe sai; E o pobre, se apanha, Não
chama seu pai.
Das vis ratazanas Valente agressor, Em troças maganas O gato é
doutor.
Se a mão não lhe estendo, Não vem nem a pau; Só eu é que entendo Seu
doce miau.
Oh! nunca de ingrato Ninguém me chamou: Amigo do gato Serei, fui e
sou!

OS PASSARINHOS
Oliveira San-Bento
Tu nunca ouviste, ao despertar da aurora,
Por toda parte alegres passarinhos
A repetir uma canção sonora
Que as mães lhes ensinaram nos seus ninhos?
Se vais passear pelos caminhos, Ouves cantar uma lição que outrora Era ensinada assim
com mil carinhos Como te ensinam as lições agora...
Não chores... Nunca mais deves chorar,
Ao ir para a escola: os passarinhos
— Os teus irmãos — aprendem a cantar!.,.
Pois, se chorassem, nem voar sabiam E nas suas escolas — os ninhos — Não cantavam
aquilo que aprendiam.
(De Bem-Te-Vi )

ERA UMA VEZ...


Vou recitar um versinho Que eu com papai aprendi, É uma história engraçada, História de um Bem-te-vi.
Era uma vez... Como é mesmo ? Ora, que espiga medonha!... Me falha agora a memória... Que
maçada!... Que vergonha!..
Eu me esquecer deste modo Duma história tão curtinha E que me foi ensinada Ainda hoje à tardinha...
O papai fica zangado Quando esqueço assim depressa E não cumpre, isto é sabido, Dos brinquedos a
promessa.
Enfim, eu fiz o que pude De esquecer não tenho culpa, Mas por vos ter amolado, Saindo, peço desculpa.

RAPAZ DECIDIDO
Sou um valente esportista, Pulo! Salto! Sei nadar! Corro sempre, lá na pista, Muitos metros,
sem parar!
Levanto de madrugada, Bem antes de o sol nascer! Eu acordo a passarada Sempre ao amanhecer.
Começo logo cantando:
— Um! Dois! Um! Dois!... E zás-trás!
Meus braços vou levantando
Para a frente e para atrás!
E assim faço muitas vezes, Um! Dois!... Um! Dois!... Sem parar!
Passam os dias e os meses
E eu não quero "enferrujar"!...
"Um! Dois!... Um! Dois!...
para a frente! Um! Dois!... Um! Dois!... Atenção! Nunca se fica doente, Cuidando bem do pulmão!"
Vou-lhes contar um segredo: Pratico assim o esporte, Faço exercício sem medo, Pois quero ser grande e
forte!

Um dia... todo garboso, Passada a quadra infantil, Serei o mais musculoso Homenzarrão do Brasil!

A MENINA DA SOMBRINHA
Vejam-me só! Que elegância! Em que ponta hoje eu estou! Com esta bela
sombrinha, Que o paizinho me comprou!

Andando assim como eu ando, Tão galante de sombrinha, Não há ninguém que me deixe
De julgar uma mocinha!
Quero que todos exclamem: "Isso sim! Não é menina! Reparem: vejam que é
Uma moça pequenina!"

Seguro a minha sainha Como faz toda senhora, Mas não se riam de mim, Senão daqui
vou-me embora!
E quem muito há de gostar De me ver assim vestida, Toda catita e galante, É a
mãezinha querida!
(Extraída)

PEQUENAS COISAS
Formam grandes mares Gotas de águas só, E esta terra imensa Formam
grãos de pó.

Mesmo a eternidade É formada assim De horas e momentos Num passar sem fim.
E as pequenas falhas De dor formarão Vícios e pecados Para a perdição.

E os pequenos atos Feitos com amor Trazem a este mundo Bênçãos de louvor.
(Transe.)
AJUDADORES
C. E.

1. Agradecido, meu Deus,Pelos bons ajudadores


Que cercam meu lar e os meus De conforto e de primores.

2.De manhã chega o leiteiro Com a primeira refeição, A seguir bate o padeiro,
Trazendo biscoito e pão.

3.Às dez horas o carteiro Dá notícias da vovó, Vem ainda o quitandeiro, Que vende
alface e giló.

4.Carpinteiros e pintores, Polícia, bombeiro e mais


E um grupo de ajudadores Que a tudo bem satisfaz.

A VOVOZINHA
Áurea Nogueira Xavier

Coitada da vovozinha, Tem a cabeça branquinha, Branquinha como


algodão. Cada fio prateado É um pranto derramado Numa triste solidão.
A vovozinha, coitada, Tão velhinha, tão cansada, Sofreu tanto neste mundo, Tanta dor e
tanta mágoa, Que se vê no olhar profundo.
Vovozinha, vovozinha, Por que vive tão sozinha, Sem ninguém na vida sua?
Por que é que você chora Quando, à noite, se demora Na janela a ver a lua?
Vovozinha, que amo tanto, Eu não quero ver o pranto Os seus olhos orvalhar; Deixe
a saudade vovó, É bem melhor viver só Do que viver a chorar.

A vovozinha é tão bela! Quero ser igual a ela Quando eu for vovó também. A
vovozinha me entende, Ela sempre me defende, Se comigo ralha alguém.

(De Expositor Cristão )

O QUE VOU FAZER


Cláudia Faria

(Para uma ou quatro crianças de seis anos. Devem usar gestos apropriados.)

Nos passos de Jesus eu vou andar. Protegido por Deus sempre dormir, Cada dia na Bíblia
meditar E o que ela me disser também ouvir.

Dentro do coração vou escrever Tudo quanto tiver para lembrar Ás coisas que as
mãozinhas vão fazer, As coisas que a boquinha vai falar.

Para os bons amiguinhos, bater palmas, Para os maus, hei de as costas lhes voltar, Vou orar
com fervor nas horas calmas, Com bondade pra o próximo olhar.

A verdade sem medo sustentar, O pecado do peito vou varrer, Os perdidos pra Cristo vou
chamar E ao lado de Jesus permanecer.

ROSA
Oscar Leme Brisollo

(Para menina pequena)


Assim, pequena e formosa, Como estão vendo os senhores, Pertenço ao reino
das flores, Sou também galharda Rosa.

É verdade, assim me chamam, E gosto de um nome assim, E rainha me proclamam De


um fantástico jardim.
Mas nunca fui orgulhosa: Sou amiga das violetas, E jamais fui mentirosa
Ou pregadora de petas!
E dizem que sou boazinha, Modesta e mui recatada, Como compete à rainha De uma
região encantada.
Estudo e leio as lições Que a mestra prodigaliza... Sei costurar uns calçÓes E
lavar minha camisa!
Riram-se? Por quê? Patetas! Ai! desculpem esta ofensa. .. Se eu os chamasse de poetas,
Qual seria a diferença?
Sou mesmo uma grande prosa E tagarela a valer. . . Um perdão à pobre Rosa,
Que rainha julgou ser...

(De Poesias Escolares )

TUDO PARA JESUS


R. M. A.

(Seis crianças com menos de 8 anos de idade. Cantam juntas: "Eis-me aqui", Cânticos para Crianças ,
no 35.)
PRIMEIRA CRIANÇA (recita com as mãos estendidas:) As minhas mãos pequeninas A Jesus quero ofertar,
Fazê-las grandes pra o bem,
Pra o trabalho e para dar.

SEGUNDA CRIANÇA (dando um passo à frente:) Com meus pés irei andar Nas veredas do Senhor,
Ligeiros sempre serão,
Prosseguindo sem temor.

TERCEIRA CRIANÇA (apontando a boca:)Minha boca toma, ó Cristo,Pra falar só a verdade,

Dá que eu seja boa e terna,


Tenha paz, felicidade.

QUARTA CRIANÇA (colocando as mãos no peito:) Meu coração sempre quero Isento de todo o mal,
Livre do medo e perigo, Salvo de queda fatal.

QUINTA CRIANÇA (apontando a cabecinha:) E a minha mente imperfeita? Vou dar ao


Mestre também, A fim de que ela enriqueça Com os tesourosque ele tem.
TODAS JUNTAS (colocando as mãos postas e olhando para o alto:)

As nossas vidas aceita, Encaminha-as ao dever, Queremos, no fim


da lida, Teu poder e glória, ver.
(Cantam juntas "Pezinhos, cuidado", no 38 do Cânticos para Crianças .)

NINHOS
Zalina Rolim
MENINA:

Um casal de passarinhos, pequeninos, assim. . . Veio fazer o seu ninho num


arbusto do jardim.
Andaram dias e dias trabalhando com amor, para tecer o seu ninho bonito
como uma flor.
Folhinhas secas, palhinhas, penas, flocos de algodão, musgo fofinho e macio,
cabelos soltos no chão.
Tudo colhiam com jeito, conversando sem parar:
—Piu, piu, piu, vamos depressa?
—Piu, piu, piu, vamos voar?
No biquinho carregando a sua carga gentil, lá se iam pelos ares, num
vôo leve e sutil...
Com tanto mimo era feito o seu pequenino lar, que a gente tinha vontade de ir lá com eles morar.

MENINO:

E depois, você sabe?


Pois então escute lá,
que o melhor de toda a história
é sempre no fim que está.

— Um belo dia, no ninho, três ovitos descobri... A mãe olhou-me assustada eu tive pena.. . e fugi...

Dias passados, voltando, nem um ovo desta vez! E, abrindo ansiosos biquinhos, vi três passaritos... três!

Daquelas três criancinhas confesso que tive dó, não tinham penas ainda. . . só uma penugem, só, só!

Para elas, no biquinho, vinham os pais, com amor, trazer bichinhos gostosos e sementinhas de flor.

E as taisinhas, numa fome! Era logo: — piu, piu, piu. . Criaturas tão gulosas como elas nunca se viu!

Depois, cresceram. . . voaram. .. foram-se embora, por fim. Mas todas as tardes, todas Vêm cantar no meu
jardim.

JESUS E AS CRIANÇAS
Daria Gláucia Vaz de Andrade

Eu vi Jesus da Galiléia
Na mais sublime e esplêndida epopéia
Que haja visto um mortal...
Eu não o vi cercado de leprosos,
Curando os cegos, acalmando o mar,
E não o vi, mãos cheias de alimento,
À multidão faminta saciar. ..
Eu não ouvi a sua voz suave Chamando os pecadores para os céus; Não o avistei, altivo,
lá no templo, Entre escribas, doutores, fariseus.
Eu vi Jesus cercado de crianças,
À beira de uma estrada,
E, ao seu olhar nublado de esperança,
Calou-se a multidão admirada!
E Jesus,
Abençoando de leve as criancinhas, Parecia um lírio cor de neve Rodeado de dóceis
avezinhas.. .
E hoje há por aí tanta criança
Sem pão, sem lar, sem luz, sem esperança,
Que pena* santo Deus!
Que eu creio ver Jesus, Jesus chorando
No meio da alegria lá dos céus!
É que nos esquecemos, Deus bendito,
Daquele mandamento tão bonito Dado por Jesus,
E as criancinhas crescem sem conforto, Enquanto o nosso amor é quase morto E fraca a nossa luz.

Amemos os pequenos! E na terra Que de promessa e de beleza encerra — Bela das mais belas
esperanças — Hemos de ver Jesus, o Homem-Bondade, Simbolizando a própria Caridade, Rodeado de
anjos e crianças!

A ESCADA DE JACO
Julieta Guimarães Maia
Cenário: Uma escada com 7 degraus, escrito em cada um uma virtude por ordem crescente.

Personagens: No mínimo 7 crianças. O menino entra, coloca-se ao lado da escada e fala:

VISÃO:
Quando o jovem Jacó, fugindo à ira de Esaú, deixou Berseba, uma pedra lhe serviu de travesseiro.
Dormiu e teve um sonho, durante o qual viu uma alta escada posta em terra e tocando os céus. Para
alcançarmos este céu visto por Jacó em sonhos, teremos de galgar uma escada com sete degraus
representando as virtudes cristãs praticadas por nós diariamente e sustentadas pela fé em Deus. Esta
escada deve ser apoiada sobre a Rocha dos Séculos, Jesus Cristo. Vejamos agora o que representa cada
degrau.

1o DEGRAU — FÉ
A fé é o baluarte dos crentes na religião de Jesus. Irmã gêmea da esperança, fortalece a fé das almas da
sociedade hodierna, como fortaleceu nos tempos primitivos. É a fé a impulsionadora das almas sinceras. É
ela que estende os braços para o pobre náufrago do mundo contra os vagalhões das injustiças e dos
desenganos. Jesus disse: "Aquele que crer será salvo, e o que não crer já está condenado." Paulo, o apóstolo
aos gentios, disse, num êxtase de contrição: "É pela fé que entendemos que os mundos foram criados pela
Palavra de Deus, de modo que o invisível se tem feito das coisas que aparecem."
De Risoleta Silveira

A fé é a centelha viva, ardente, Desprendida do céu, Do ceticismo ignóbil do


descrente Pode rasgar o véu.

É a fé em Deus corrente imanada De paz e de candura; Atrai milhões para a


grei sagrada, Retém-nos com brandura.

Nada há no mundo que a compare, Nem mesmo a própria luz; Nada há que
tanto mal repare Quanto a fé em Jesus.

(Ouve-se o solo do hino 160 do Cantor Cristão .)

2o DEGRAU — HUMILDADE
Humildade é a inebriante essência das almas nobres, precioso adorno dos corações bem formados,
virtude sublime que caracteriza o verdadeiro cristão. Jesus amava tanto a humildade que foi ele o mais
perfeito exemplo dessa virtude. Uma vez tomou uma bacia com água e lavou os pés dos seus discípulos.
Jesus exaltava os humildes e repreendia os soberbos. Na controvérsia dos discípulos, sobre qual deles seria
o maior no reino de Deus, disse-lhes o Mestre Divino: "Todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja
vosso serviçal; qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo. Bem como o Filho do homem
não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos." E, observando, num
banquete para o qual fora convidado por um chefe de fariseus, como alguns convidados escolhiam os
primeiros lugares, Jesus propôs-lhes uma parábola e, concluindo, disse: "O que a si mesmo se exaltar será
humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado."
Pela sua humildade foi Davi ungido rei de Israel e pela sua soberba foi Nabucodonozor despojado da
coroa real e comparado aos brutos até reconhecer o poder de Deus. Pela sua humildade foi Maria escolhida
para ser a mãe de Jesus e pela soberba foi Jezabel castigada. "Amados, revesti-vos da humildade, porque
Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes."

3o DEGRAU — ARREPENDIMENTO
O arrependimento é a manifestação da graça e a chave que abre a porta do céu e tranca a do inferno. O
arrependimento salvou a cidade de Nínive, mas a impenitência abrasou Sodoma e Gomorra. Disse Jesus: "Eu
não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento." Oh! pecadores, arrependei-vos, pois,
e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, porque haverá alegria no céu por um pecador
que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
(Em dueto, o hino 274 do Cantor Cristão .)

4o DEGRAU — OBEDIÊNCIA
Obediência é o sinônimo de fé, testemunho fiel da verdadeira conversão. Quando o pecador se converte
sinceramente e aceita a Cristo como seu Guia, Mestre e Salvador, o maior desejo do seu coração regenerado
é fazer a vontade daquele que o resgatou. Disse Jesus: "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras
estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito." "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." "O mundo passa, e
a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." Cristo foi obediente
até a morte — e morte de cruz.

5o DEGRAU — PUREZA
Para se descrever a pureza, ainda que se tome por modelo as coisas mais belas e as coisas mais santas,
não se terá descrito esta virtude na sua perfeição. Os raios do sol, a alvura imaculada da neve, a claridade
laticente da lua cheia, os belos matizes e a fragrância das flores, a modéstia da violeta, a candura do lírio, o
fulgor das estrelas, as cintilações do diamante, o riso da criança e a lágrima da virgem — símbolos que são
da pureza — não são, contudo, a verdadeira descrição dela, porque mesmo comparada a essas coisas tão
belas, as mais puras que o nosso pensamento possa abranger está aquém da perfeição. Porque a pureza é
Cristo, o único ser que a encarnou. Em Cristo não puderam seus inimigos achar pecado. "Como é santo
aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver." "Sede santos, como eu
sou santo."
(Hino 123 do Cantor Cristão , 1a e última estrofes.) 6' DEGRAU — ABNEGAÇÃO
O princípio da vida cristã é o amor para com Deus e os homens. Para quem tem um coração cheio de
amor é fácil dar o primeiro lugar aos outros e é capaz, por estar preparado, para dar o importante passo que
Jesus ensinou quando disse: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua
cruz, e siga-me."
7o DEGRAU — AMOR

O amor é a vida. Pelo amor criou Deus o mundo. Pelo amor derramou Jesus seu precioso sangue. O
amor é o divino fator de todas as belas virtudes, de todo o nobre heroísmo. É o astro que guia o pobre viajor
e a Estrela do Oriente, guiando os pastores e os três magos ao presépio de Belém. Sim! o amor é o prodígio
de um Deus humanado para a redenção dos homens. O amor é o sentimento mais puro e elevado que
predomina no coração humano. Amor incomparável é o de Jesus Cristo, porque ninguém tem maior amor do
que este de dar a sua vida pelos seus amigos. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar
uns aos outros.

O amor é a escada sublime, Vasta, imensa e luminosa Que prende o


filho do crime Ao doce olhar de Jesus; É língua de fogo ardente Que
desce vertiginosa Dos sorvedouros do inferno Aos sorvedouros da luz!

(Hino 37 do Cantor Cristão , pelas jovens que estão representando.)

VISÃO:

A fé sem estas virtudes é morta. É semelhante a uma escada sem degraus. Da mesma forma, as obras
sem fé para nada servem, sendo como os degraus de uma escada sem os lados para sustentá-la. Assim como
a escada não ficará firme, se estiver colocada em um lugar duvidoso, também estas virtudes não terão valor
algum, se não estiverem colocadas sobre a Rocha dos Séculos — Jesus Cristo. Vivamos, portanto, amigos
que me ouvis, vivamos uma vida de fé e humildade, de arrependimento e abnegação, de pureza e obediência.
E assim o amor, que é a quinta essência da perfeição divina, será revelado em nós e por nós! Então, cheios
de fé e amor, galguemos os degraus desta escada sublime, donde nos havemos de alar para os céus e viver
eternamente com Jesus.

(Canta-se "Que a beleza de Cristo".)

A FLORI ST A
Cláudia Faria
(Drama em dois atos, que representa a felicidade que há em Cristo, tanto para os ricos como para os pobres.)

PERSONAGENS:

Rita — a moça rica Raul — seu irmão Ana — a florista Uma


criada

lo Ato

(Cenário: Sala luxuosa com piano, onde uma jovem muito bem vestida está costurando, depois pára e
começa a passear, monologando.)

RITA — Que coisa estranha! Todos me julgam feliz, muito feliz e sei que não o sou, porque considero a
felicidade um estado de alma e não o acúmulo de bens materiais, de que vivo rodeada. Tenho jóias, vestidos
bons.. . freqüento bailes e teatros e possuo dinheiro suficiente para satisfazer aos mínimos caprichos.
Entretanto, minhalma anseia qualquer coisa mais elevada; não vivo em paz. Dir-se-ia que sou criminosa,
quando não faço mal a ninguém. Nem no trabalho encontro prazer.

(Retoma à costura e instantes depois entra uma criada acompanhada de uma jovem simpática e modesta,
que traz umas flores. Estas devem ser brancas e vermelhas.)

CRIADA — Senhorinha Rita, esta moça insistiu tanto em falar-lhe que resolvi deixá-la entrar e trazê-la à
sua presença. (Retira-se a criada,)
RITA (levantando-se) — Que deseja?

ANA — Perdoe-me, senhorinha, se a importuno, mas a necessidade a isso me impele. Vendo flores para
sustentar-me e a minha mãe velhinha, e hoje ainda não vendi nenhuma. Julguei que talvez quisesse ajudar-
me, comprando estas (mostra-lhe as flores).
RITA (olhando o ramalhete) — São bonitas e estão bem feitas. Quem as fez?
ANA — Eu mesma; sou melhor costureira que florista. Mas, quando escasseia a costura, recorro às
flores.
RITA — Mas como se pode viver assim de meio tão incerto e conservar a expressão calma que noto em
seu rosto?
ANA — Com inteira fé num Ser Supremo, que do céu nos cuida e nos alimenta.. . nunca nos faltou o
pão diário, apesar de ter desde tenra idade perdido meu pai. Primeiro era minha mãe quem trabalhava; agora
sou eu quem a sustento. Foi com ela que aprendi desde muito cedo a conhecer a onipotência e o amor de
Deus. E como somos felizes, apesar de pobres!
RITA (à farte) — Felizes! Como desejaria poder expressar--me assim. (Para Ana:) Não gostaria de ser
rica? Não preferiria estar no meu lugar?
ANA — Se assim aprouvesse a Deus, sim. Entretanto, não trocaria a paz que tenho nalma por dinheiro
algum. Escolheria antes ser pobre como sou, do que rica e passar os dias ansiosamente, sem a felicidade
espiritual que Cristo me dá.
RITA — Fala de modo diferente daqueles de quem vivo rodeada! Suas palavras encerram uma sabedoria
que mal posso perceber e que nunca encontrei em livro algum dos muitos que já tenho lido.
ANA — São palavras referentes à verdadeira vida, à vida eterna e que se encontram no Livro dos livros,
na Palavra de Deus, que certamente a Senhorinha nunca leu.
RITA — De fato, nunca li nada desse livro de que me fala. E, sempre pensei que os assuntos sobre a
vida eterna não fossem para esta vida, mas para a de além-túmulo.
ANA — Pois é essa esperança de uma vida ditosa após essa existência terreal que nos faz prosseguir
sorrindo e cantando através das lutas e dificuldades neste mundo. A Palavra de Deus diz: "Não temais os que
podem destruir o corpo; se este corpo se desfizer, teremos um tabernáculo incorruptível, dado por Deus." Por
que temer, pois, a fome, a carência de bens materiais ou outra qualquer coisa dessa natureza?
RITA — O que diz é sublime e incita -me a averiguar mais a respeito. De hoje em diante, as portas de
minha casa estarão abertas sempre que quiser vir consolar-me com sua amável visita. Considerá-la-ei uma
boa amiga, pelo muito que me alegrou o espírito num dia em que desanimada me encontrava.
ANA — Muito agradecida.
RITA (dando-lhe dinheiro) — Aceite esta quantia como pagamento destas belas flores; porque flores do
seu bondoso coração sei que não as poderia pagar.
ANA (recebendo) — Tanto dinheiro! Muito agradecida pela sua generosidade!
RITA — Não há de quê. Agora, diga-me qual o seu endereço, pois pretendo ir ver sua mamãe e levar-lhe
mais algum auxílio.
ANA (muito constrangida) — Pouco adianta o dizer-lhe, pois hoje é o último dia em que poderemos lá
morar. Devido ao atraso de pagamento temos ordem de desocupar o quarto amanhã e não sabemos para
onde haveremos de ir.
RITA — Como? Deverão mudar-se amanhã e hoje ainda não sabem para onde irão?
ANA — Deus provera. Temos irmãos na fé, muito bondosos, que decerto não nos permitirão ficar
desabrigados, assim que souberem da nossa situação dificultosa.
RITA (reflete um instante) — Não disse no princípio que sabe costurar?
ANA — Sim.
RITA — Pois fica nomeada minha costureira. Não lhe faltará trabalho, nem casa, pois passará a morar
com sua mãezinha num dos quartos vagos que possui esta grande casa onde moro e que passará também a
ser sua.
ANA — Muito, muito agradecida! Tanta bondade me comove! Deus encaminhou-me à sua casa e me diz
ao coração que a senhorinha é uma boa alma que anseia pertencer ao redil do Senhor, mas ainda não
encontrou o Caminho, a Verdade, e a Vida. Deus a abençoe e, se me dá licença, vou correndo, apresentar à
mamãe o seu generoso oferecimento, que não deixará de aceitar, estou certa.
RITA — Pois não. (Toca a campainha, chamando a criada, que acompanha até a porta a florista. Rita fica
só; reflete um instante e fala:)
RITA — Nunca me senti tão bem! Tenho dado tanto dinheiro aos pobres e nunca fiz caridade (segundo
me diz o próprio coração) como esta de tratar com deferência esta pobre moça, oferecendo-lhe moradia em
meu palacete, que tem hospedado tanta gente ilustre! Mas também, quão diferente é ela das outras que me
procuram para pedir auxílio! Que pobreza nobre! Que modéstia digna! Verdadeiramente me fizeram bem as
suas palavras e espero que continue a trazer o bálsamo para minhalma aflita e ansiosa.
(Entra Raul alegremente e, depois de cumprimentar a irmã, fala:)
RAUL — Que fazes aí tão só? Ultimamente tenho achado minha boa irmã tão triste! Parece-me que não
te sentes feliz, Rita! Que tens? Bem sabes que não temos pai, nem mãe, mas, o que teu irmão puder fazer
para tua felicidade, não hesitará. Precisas de dinheiro? (mete a mão no bolso).

RITA — Agradecida, Raul. Não é dinheiro que me falta. É paz espiritual; é felicidade íntima. Não estou
satisfeita comigo mesma. Sinto-me responsável diante de Deus pelo conforto com que me presenteou,
quando em volta de mim há tantas pessoas que carecem de auxílio e ao mesmo tempo sinto que todo esse
dinheiro não me faz feliz.
RAUL —.Es incoerente em tuas palavras, minha irmã. Sentes responsabilidade por uma fortuna que
herdaste e dizes que ela não te faz feliz. Pensas, talvez, que se viesses a esmolar encontrarias felicidade? (ri)
Pois olha, estou com várias negociações já realizadas e sonho com o dia em que ficarei sendo o Rei do
Algodão! Que tal? (Reparando as flores em cima de um móvel) Que flores são estas? Algum presente?

RITA — Não; comprei-as de uma moça pobre que aqui veio e com quem muito simpatizei. Por sinal, que
a convidei para vir morar em nossa casa com a mãe, que é velhinha. Comovi-me com a vida de privações que
levam. Receberam ordem de mudança e não sabiam para onde ir.

RAUL — Como estás diferente, Rita! Sempre destes esmolas, mas evitaste sempre a aproximação de
gente que não fosse de nossa casta social, no que sempre concordei. Agora trazes para nosso palacete duas
pessoas paupérrimas! (Com orgulho) Enfim, será tua criada de quarto.

RITA — Não; será minha costureira e amiga. Se soubesses como me falou e como me fizeram bem as
suas palavras!

RAUL — Pobre da minha irmã!... De uns tempos para cá noto uma constante preocupação de teu
espírito, que não tem razão de ser. Precisas passear. (Com vaidade) Sabes que não nos falta dinheiro para
isso.
RITA — Falas sempre em dinheiro e, como pensas muito nele, não tens tempo de pensar também que
tens alma e que para ela de nada te servirão as grandes somas.
RAUL (irônico) — Foi a jovem pobre de que me falaste há pouco que te insinuou estas coisas?
RITA — Não; ela veio milagrosamente ao encontro dos pensamentos que me vêm preocupando há
bastante tempo. Falou--me do Livro de Deus onde se encontram ensinamentos que trazem a Felicidade e a
Paz verdadeira ao coração. Pretendo ler esse Livro e espero sentir-me num dia, talvez próximo, muito feliz.
RAUL — Quero ver-te feliz, minha mana, e folgo muito que assim aconteça. (Mudando de voz) Põe esse
coração à larga e conta sempre comigo, com a minha amizade e com meus esforços para cercar-te de
felicidade completa. Saberei substituir os cuidados de nossos pais, que não mais possuímos. (Entra a criada,
que anuncia:)
CRIADA — Com licença, o jantar está pronto.
RITA — Vamos jantar?
RAUL — Vamos! (Saem juntos e desce o pano.)
2o Ato
(Cenário: o mesmo anterior, se possível, com mais simplicidade e menos enfeites supérfluos. Rita elegante,
embora vestida com modéstia.)
RITA (monologando) — Como me sinto feliz! Faz apenas um mês que Ana aqui veio morar e como se
transformou em tão pouco tempo a minha vida! O tempo passa célere, porque o emprego em coisas que
aproveitam para o bem-estar de espírito. Minha preocupação constante agora é ser útil. Com o dinheiro dos
ricos vestidos de baile, de que agora não mais necessito, visto a pobreza e alivio-lhe a fome.
(Entra Ana)
ANA — Acabam de telefonar da casa do Dr. Antunes, convidando-te para tomares parte numa festa em
benefício da casa da criança pobre amanhã, tocando ao piano ou cantando. Aceitas?
RITA — Aceito, sim; ajuda-me a escolher, Ana. Que música deverei tocar? (ou cantar, conforme o que a
pessoa que fizer esse papel saiba fazer melhor.). (Vão as duas até ao piano e Ana sugere uma música. Uma
canta, a outra toca. Quando estão quase terminando, entra Raul, que ainda aprecia o número executado.)
RAUL (cumprimentando-as com distinção) — Como estão satisfeitas!
ANA — Estamos ensaiando uma música para Rita tocar amanhã.
RAUL (dirigindo-se a Ana) — Muito tenho a agradecer-lhe o bem que tem proporcionado à minha querida
irmã. Desde que a senhorinha veio para nossa casa, tem-se operado uma grande transformação em Rita.
Decerto é maravilhoso o poder que possui a sua pessoa para produzir milagre tão grande!
ANA — Não é meu o poder transformador. Não sou eu que a tenho mudado, mas Cristo, que habita
agora no seu coração. Fui apenas o instrumento nas mãos de Deus para apontar-lhe o caminho a seguir.
Rita era uma ovelha que vagava a espera de encontrar o Bom Pastor, Jesus. A sede e fome de Justiça que
possuía a sua alma permitiam que conhecesse o Mestre depressa quando muitos buscam durante anos e
anos a quem servir — se a Deus ou ao mundo.
RAUL — Para Rita, que é mulher, foi fácil decidir-se ao lado de Jesus; mas para mim, por exemplo,
homem de negócios, é muito difícil. Como se haveriam de rir de mim os grande industriais, meus
conhecidos, se me vissem fazendo parte desse grupo de homens de boa vontade!
ANA — Desculpe-me, Sr. Raul, mas Rita também estava relacionada com moços da alta classe social,
mas colocou o valor de sua alma acima de todas as demais coisas.
RITA (aparteando) — E não trocaria a paz que tenho em meu coração por aquele estado de perdição
eterna em que eu vivia antes...
ANA — O senhor poderia ser um vaso de bênçãos nas mãos de Deus com os dotes de que é possuidor:
talento, mocidade, honradez e o dinheiro que falta a muitos que gostariam de usá-lo em benefício dos menos
favorecidos de bens materiais.
RAUL (pensativo) — Mas Jesus não disse que os ricos não entrariam no reino dos céus?
ANA — Não; Jesus disse que era difícil, por causa da avareza que avassala grande número de ricos ou
da desonestidade dos meios usados por muitos ricaços. O senhor, porém, realiza negócios com uma das
riquezas agrícolas de nossa Pátria — o algodão. Poderia aceitar hoje mesmo a Cristo, sem nenhum
impedimento.
RAUL — E os meus pecados? pois sei que os tenho.
ANA — Esses mesmos, Jesus os quer, porquanto possui poder para perdoá-los. Ele é o filho de Deus,
cumpriu o plano de redenção deixando-se crucificar e só ele tem o poder de salvar. É tão-somente crer e
recebê-lo no coração como Rei e Senhor.
RAUL — Decididamente, a senhorinha foi a emissária de Deus nesta casa; de florista, passou a
jardineira de duas almas, que oscilavam ao léu do vento do destino. Prometo-lhe que de hoje em diante vou
procurar trilhar nos passos de Jesus e ler a Palavra de Deus com o desejo intenso de buscar a Verdade,e
somente a Verdade.

(Rita aproxima-se com uma caixa contendo o ramalhete comprado à Ana no princípio e fala:)
RITA — Raul, hoje que decides buscar o Mestre e segui-lo, quero ofertar-te estas flores, que para mim
têm alta significação. Comprei-as de Ana no primeiro dia em que aqui entrou. As vermelhas representam o
sangue remidor de Jesus; e estas brancas, as almas lavadas do pecado por seu poder salvador. Que elas
sirvam para lembrar-te o santo propósito que tomaste hoje e te ajudem, pelo símbolo de que estão
constituídas, a encontrares a salvação de tua alma.
(Raul recebe as flores e agradece.)
ANA — Vamos em regozijo louvar a Deus por meio da música como preito de gratidão por ter tornado
este lar tão feliz.
RITA e RAUL — Vamos!

(Raul toca para as duas cantarem ou escuta, atencioso, Ana e Rita, que tocam e cantam o hino 407 ou 402
do Cantor Cristão ou ainda outro que exprima a satisfação e a alegria do convertido. Ao terminarem, desce o
pano.)

O JARDIM DE DEUS
Waldemira Almeida
Música — "As Rosas Cheirosas", Cânticos para Crianças no 45. Enquanto o órgão toca este hino, um grupo de
meninas e mocinhas entra e toma os seus lugares no palco, sentando quieto, cada uma trazendo uma flor
natural ou artificial, para representar melhor, havendo umas três que sejam mato bravo e prejudicial ao jardim.
Sentadas ao som da música, que deve ser bem suave, alguém de dentro recita:

A alma humana é a mais bela flor Que no jardim de Deus medrar ousou,
Desabrochando da fraqueza sua, Em sabedoria e poder atua! Voltada para o céu, da
treva surge, Bela, venturosa e pura ela estruge, Exigindo cuidado e proteção, Suplica
auxílio, amor, consagração! E a alma esperando, implora, a chorar: Quem nos virá o
amor de Deus contar, Nossa alma do inferno resgatar?! Quem virá? Quem virá? Eis o
clamar, Clamar insistente, tocante a mim.. . A ti, que significa ele, enfim?! Quem virá,
quem virá, a mim salvar? A grande história de Jesus contar?

(Toca-se o hino 439 do Cantor Cristão , e entra uma jovem vestida de república brasileira e se coloca no
centro, ficando imóvel. Segue-a outra moça, vestida de branco com uma fita onde está escrito: — Evangelismo.
Quando o órgão pára, anda, tocando nas flores.)
Lindas, lindas flores, em vós que representais a mocidade desta grande Pátria repousa toda a minha
esperança. Vós sois o futuro risonho que diante dela desabrocha. A sua grandeza, o seu poder ao lado das
demais nações, tudo de vós depende. Este amor perfeito, ainda em botão, representa o arco-íris da
promessa. Assim também estas pequeninas violetas: elas serão a juventude, em cujas vidas as mais puras
influências se infiltrarão, a fim de que se tornem veras testemunhas por Cristo.
Minhas papoulas, vocês estão lindas, muito belas, mas noto que não possuem odor; conheço, no
entanto, a causa, pois bem no fundo da corola posso divisar uma cruz negra. Vocês também me dizem bem
alto e em bom som da mocidade inteligente e entusiasta desta grandiosa Nação, atraindo todos em derredor,
embora carregando no coração a negra cruz do pecado e egoísmo, porque faltam jardineiros que dela cuidem
com ardor, a fim de que conheça aquele cujo amor tudo transforma, dando--lhes a fragância que vem do
conhecimento seu, o qual é perfeito, e duma completa comunhão com o Mestre. Há tantas papoulas
espalhadas no meu território, pois até os meninos e meninas estão incluídos nesta classe quando o Salvador,
por boca do apóstolo Paulo, diz: "Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus." (Descobre joio
no jardim. Pausa.)
Joio também crescendo aqui? Oh! por que tem de haver também joio neste precioso jardim de Deus ?!
(As pessoas que representam o joio em lugar de planta devem levar tiras escritas: "Negligência", "Antipatia",
"Ignorância", levantando os nomes ao serem notadas.)
Como o joio cresce entre as flores, assim os filhos de Deus também vivem entre os inimigos, que
estorvam o seu crescimento. Jamais poderão desenvolver o poder e a beleza que os habilitam a levar avante o
meu plano. Como viverão o evangelho, cercados de tantos inimigos? E o meu sucesso no futuro sobre eles
tenho posto. Que hei de fazer? (Pensa.) Ah! vou mandar chamar os meus jardineiros mais fiéis e estudar esta
questão; preciso agora de auxílio mais do que nunca! (Dentro cantam a segunda estrofe do hino 512 do Cantor
Cristão e, no coro, LAR entra, trazendo a tiracolo a palavra — "Lar".)
EVANGELISMO (após o cântico) — O meu coração estremece, ao pensar na mocidade deste grande país.
A mocidade são as flores que, lindas e imaculadas, devem desabrochar no jardim de Deus. O meu futuro
dela depende. Não posso esquecer do adágio que diz: "Os erros da mocidade são os aguilhões e o cativeiro da
velhice." E a minha apreensão neste momento está baseada no passado: o que vêem hoje os meus olhos,
senão o reflexo e a continuação de um passado ignominioso, devido à ignorância do meu poder
transformador? E, para cúmulo, eis o joio crescendo no meio do jardim, entre as lindas flores do jardim de
Deus! Que fazer para evitar a contaminação? Como levar a mocidade a pensar nas grandiosas verdades
eternas, quando cercada por tantos inimigos? Como livrá-la do mundanismo, guiando-a por um caminho de
ventura e de gozo, que, principiando nesta vida, jamais terá fim? Como levá-la a desejar o que é puro, justo,
verdadeiro e santo, a fim de que a fragância — influência benéfica que das suas vidas exala — possa ser o
meio de salvar o Brasil?
LAR — Prezado Evangelismo, assim como o crescimento das plantas exige um solo fértil, o futuro da
mocidade também depende grandemente da atmosfera religiosa do lar. A maior influência da vida desponta
no lar, quando, ainda tenros os rebentos, são impressas as verdades que se eternizam. O primeiro banco
escolar deve ser o colo da mamãe, onde a criança ouve do amor de Deus, amor este que purifica o coração
infantil, forta-lecendo-o para a vitória na juventude, quando as lutas surgem.
A mordomia paterna e materna, isto é, o privilégio de ser pai e mãe, é talvez a mais sagrada da vida,
pois aos pais é dada a bênção de formar o caráter dos filhos, ajudando-os e preparando-os para uma vida
gloriosa na presença do Senhor, onde devemos andar todos os minutos da nossa existência. Eles, os pais,
são os responsáveis, até certo ponto, pelo futuro dos filhos, sendo muito maior a responsabilidade espiritual,
o que exige vida de oração e inteira consagração. E, neste assunto, tanto ao pai como à mãe cabe igual
porção, se bem que não possamos negar o fato de que às mães são outorgadas mais freqüentes
oportunidades, devido a viverem sempre no lar ao lado dos filhos — "A mão que embala o berço governa o
mundo." Quando em todos os lares cristãos os pais compreenderem esta verdade e não a descurarem, as
flores, mesmo entre o joio, irradiarão perfume e atrairão outras, derribando por terra a influência do joio.
Representando o lar, solo onde a semente germina e cresce, tudo farei ao meu alcance a fim de que a
mocidade cristã se torne uma glória, para alegria daquele que diz: "Ainda um pouco, e o mundo não me verá
mais, mas vós me vereis; porque eu vivo e vós vivereis."
EVANGELISMO — Sinto-me grandemente feliz com a sua resolução, jardineiro do solo. E sei que poderei
contar com a sua perfeita ajuda a fim de descobrirmos outros jardineiros que prontos estejam a alistar-se
nesta tarefa gloriosa.
(Com a música do hino 544 do Cantor Cristão , canta-se:) Vamos, jovens alunos, à escola, Desejando
aprender com ardor, Bons conselhos ouvir com respeito, Que se ensinam ali com amor.
Vinde, vinde à escola comigo, Aprender a lutar por Jesus, Para as Novas levar
aos perdidos, Que reclamam a mensagem da cruz.
(Escola entra quando começam a cantar o coro, trazendo à tiracolo a palavra — "Escola".)
EVANGELISMO — Grandiosa e importantíssima é a sua tarefa. Confio no seu auxílio quanto ao
crescimento vigoroso das minhas plantas. Considero-a a continuadora da obra do meu primeiro jardineiro, o
Lar. Precisamos trabalhar com mais ardor. Como podemos levar esta mocidade a trilhar o Caminho que deve
seguir?
ESCOLA — Reconheço grandiosa a minha tarefa, pois sou aquela que procura podar as tenras plantas,
para que cresçam com vigor e beleza. E, ai de mim se erro no cortar um galhinho fora de tempo ou se não o
decepo na ocasião própria! Estou providenciando a fim de que tenhamos escolas melhores e mais professores
cristãos. Sem estes, o meu esforço será improfícuo. (Atravessam o palco devagar uma professora com alunos
carregando livros.) Aqui está uma escola que, não sendo modelo, está, no entanto, ajudando muito em
alcançarmos o nosso alvo. Esta professora formou-se em uma das nossas escolas cristãs. Com ela temos
muitas outras espalhadas na vastidão deste território. De muitas, nada ouvimos a respeito, porém são elas
que preparam a juventude de amanhã, arrancando, com amor, dos seus corações, as plantas daninhas que
aparecem. Rendamos graças ao Pai, prezado Evangelismo, porque ele tem chamado um bom número de
moças crentes para este trabalho espinhoso e muitas se preparam este ano para a mesma obra. Lamentamos
profundamente que um grande número de moças deixa de receber preparo em nossas escolas cristãs por
falta de sustento. Desconhecem elas os cardos da profissão? Absolutamente. Mas a sua confiança está em
Deus. (Põe-se ao lado do Lar.)
EVANGELISMO — Que felicidade possuí-la como auxiliar nesta grande missão, Escola! Você tem razão;
professores cristãos que saibam orar diariamente, viver e ensinar o evangelho é o de que mais precisamos na
atualidade.
(Ao som do canto da primeira estrofe e coro do hino 382 do Cantor Cristão , entra Igreja, trazendo a tiracolo
a palavra "Igreja".)
EVANGELISMO — Que felicidade possuí-la como auxiliar! Igreja, fiel ajudadora. Com você a vitória será
completa. Como estou feliz! As nuvens se estão desfazendo. A luz brilha. Um novo dia surge.
IGREJA — Pronta estou a ajudá-lo, Evangelismo. Certa vez havia um lindo botão pronto a abrir-se e
transformar-se numa rosa. Todas as forças da natureza se prontificaram a auxiliá-lo no desprender de suas
pétalas. O vento foi o primeiro a dizer: "Eu posso ajudá-lo." Soprou forte e demoradamente. Conseguiu
apenas que o lindo botão vergasse, quase tocando o chão. A chuva veio, certa de que só o seu auxílio seria
bastante. E as gotas caíram uma após outra e o botão permaneceu fechado. O sol refletiu a sua luz, e em
pouco o botão desabrochava na mais linda flor. A luz bendita de Deus possui um poder maravilhoso! E esta
luz, de que tanto carecemos, se encontra na Escola Bíblica Dominical (atravessa o palco uma moça com
outras, trazendo Bíblias, revistas, etc), onde há possibilidade do estudo da Palavra de Deus e um lugar para
todos. Também vive nas organizaçÓes da União Feminina Missionária, Uniões de Mocidade (pode atravessar
o palco uma senhora, uma jovem, uma criança, um rapaz ao lado de uma jovem) e, enfim, nas diversas
realizações do trabalho. É uma realidade esta: (o órgão toca o coro do hino 129 do Cantor Cristão , enquanto a
pessoa recita):
Luz bendita, luz gloriosa, Concedida lá dos altos céus Só ao crente em Cristo,
o Redentor; A bendita luz de Deus!
(Dentro cantam a terceira estrofe do hino 129, enquanto entra uma pessoa, trazendo um grande fardo às
costas. Ao aproximar-se, tropeça e vai caindo, quando Lar, Escola e Igreja vão em seu auxílio e ajudam-na a
aproximar-se de Evangelismo. Ajoelha-se e deixa o fardo cair, ficando em atitude de oração. Ao terminar o hino,
levanta-se e diz:)
PECADORA — Luz bendita!. . . Luz gloriosa!. . .
Cor Concedida lá dos altos céus. . .
(Pausa) Venho de longe, de muito distante. Por muito tempo vagueio nas ruas desta cidade sem
encontrar consolo nem auxílio. Agora sou feliz! Os meus pecados estão perdoados. Volto ao meu povo, para
falar-lhe desta luz bendita e gloriosa. (Com tristeza:) Mas. . . há tanta gente na minha aldeia, tanta!. . .
Velhos, moços, crianças, que precisam ver esta luz. Eu sozinha, que farei? Quem irá ajudar-me? Quem está
pronto a ir comigo?
EVANGELISMO — Quem irá, quem irá o Evangelho de Cristo levar?
JOVENS (duas, que se aproximam) — Nós iremos.
PECADORA (para elas) — Quem sois vós?
JOVENS — Moças cristãs que tiveram o privilégio de fazer o curso secular e religioso em nossas escolas
de obreiras e têm entregue a sua vida ao Mestre. Iremos para onde quer que ele nos envie.
PECADORA — Vamos, vamos depressa, porque milhões perecem diariamente sem o conhecimento desta
luz, que vivifica e salva!
EVANGELISMO — Eu as acompanharei. Distender o jardim de Deus, derribar os muros de separação,
combater o erro, fazer Cristo conhecido, eis a sublime missão que cumprir devo.
LAR — Eu contribuirei, orarei e descobrirei outras, que a irão auxiliar.
ESCOLA — Eu prepararei novas ajudadoras.
IGREJA — Eu velarei por vós.
(Cantam o hino 308 do Cantor Cristão a duas vozes e, ao som, da música, saem., Evangelismo, Flores,
Pecadora, Jovens, Lar, Escola, Igreja e República.)
Nota — Se os hinos forem, cantados a quatro ou a duas vozes, ainda ficará melhor, sendo bem suaves e
harmoniosos.

Você também pode gostar