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Florilegio Cristão
Florilegio Cristão
Appleby
FLORILÉGIO CRISTÃO
(Compilação) 18a edição
Lançamento:
CDD — 245.3
APRESENTAÇÃO
Florilégio Cristão é um desses livros que inspira, educa, recreia o espirito e renova o ânimo de quantos o lêem. As
poesias, as meditações e os dramas para as mais variadas ocasiões do calendário eclesiástico comunicam uma mensagem
plena de significado para a vida diária. Esta é a razão da grande aceitação da obra no meio evangélico.
As edições sucessivas — dezessete edições já esgotadas — são testemunho eloqüente do valor da obra. A edição
original foi acrescida de poesias e dramas de caráter mais recente. O aspecto gráfico do livro foi melhorado com uma
diagramação mais dinâmica e atraente. Tudo o que se fez teve como objetivo o aperfeiçoamento dos santos, através de
programas relevantes para a atualidade.
Manteve-se a estrutura básica das primeiras edições do Florilégio Cristão. Também foi mantida a nova forma e as
modificações Introduzidas na oitava edição. A obra continua sendo uma coletânea ou antologia de produções,
representações e poesias evangélicas para ocasiões variadas. Através de suas páginas, o espirito humano eleva-se das
profundezas de sua angustia e Incerteza para os píncaros da eternidade. A mensagem da cruz e da reconciliação por melo
de Jesus Cristo é uma constante em todas as suas páginas. A responsabilidade dos crentes para com as almas que se
encontram distantes do Salvador é acentuada. O valor, a inspiração e a importância da Bíblia são exaltados.
Preparado com a finalidade de fornecer elementos para os programas especiais das igrejas, Florilégio Cristão é útil
também como livro de leitura inspirativa e devocional.
Que as vidas conduzidas a uma aproximação maior com Cristo através da mensagem deste livro continuem a formar
um verdadeiro florilégio para a honra e glória de Deus!
Darci Dustlek
Missões
O BRASIL PARA CRISTO
Mário Barreto França
Levanta o teu olhar, ó mocidade crente, Até onde puder chegar teu sonho ardente! E vê todo
esplendor de nossa Pátria amada, Toda a grandeza, toda a fortuna ignorada, Que seriam no
mundo o máximo luzeiro, Se as soubesse explorar o povo brasileiro!
Porém tu — mocidade! — aceita o sacrifício De, com a Bíblia na mão, ir combater o vício, A miséria, a
indolência e o pecado infecundo Dos que vivem sem fé, chorando pelo mundo.. . Desfralda o pavilhão do
Evangelho de Cristo E acorda este país para a crença, porque isto É o problema moral de maior relevância
Pra salvar a velhice e restaurar a infância Ou para entusiasmar a pobre humanidade Nas lutas pelo bem, no
amor pela verdade.
A Crença é que desperta o gosto pelo estudo, O amor pelo trabalho empreendedor, por tudo Que representa,
em si, o progresso de um povo! Anuncia, portanto, esse amor sempre novo Que Cristo nos legou e no qual te
iluminas, Sorvendo a inspiração nas páginas divinas!
Em ti é que o Brasil descansa o seu futuro!
E, que farás, então, para vê-lo seguro
Na base do progresso e à vanguarda do mundo,
Cristãmente feliz, sabiamente fecundo? Olha-o na solidão cruel do extremo norte! Inculto,
sendo rico; estéril, sendo forte!
É o Brasil de Goiás, de Minas, Mato Grosso, Do Amazonas, Pará... desse eterno colosso, Que dorme o sonho
vão da força adormecida E anseia despertar para o esplendor da vida!
É o Brasil infeliz das tribos decadentes, Expostas à cruel exploração das gentes, Donos de tanta cousa é sem
direito a nada, No império colossal da mata torturada.
É o Brasil de São Paulo, a rir nos cafezais, Brasil do industrial, do garimpeiro audaz; Brasil do extremo sul,
dos pampas verdejantes Que, coberto de bois, vão se perder distantes...
É o Brasil do campônio e do honesto operário, Do que arrasta na vida o trágico fadário De ver o seu labor tão
mal recompensado, Mas sempre esperançoso e sempre conformado...
Brasil comercial, ou Brasil idealista, A tudo — mocidade! — alonga a tua vista, E desfralda com fé a bandeira
da paz, E prega a salvação, e não te cales mais!
Levanta o teu olhar, ó mocidade crente, Até onde puder chegar teu sonho ardente! E, a crença a proclamar
sob este céu de anil, Conquista para Cristo o povo do Brasil!
A fim de que eu atenda, ó Deus, aos teus conselhos E possa te seguir até da vida ao fim; E, para que te adore
humildemente, de joelhos, Faze silêncio em mim!
Que os problemas do lar e as angústias da vida Não me afastem, Senhor, do teu caminho, e assim, Pra
receber do céu a mensagem querida, Faze silêncio em mim!
Se o estrépito cruel do insulto ou zombaria Ecoa na distância escura de onde vim; Para alcançar, ó Deus, tua
sabedoria, Faze silêncio em mim!
Senhor, para que eu sinta, em luz, tua presença, A paz celestial e o teu amor, enfim, Para nalma fruir a tua
graça imensa, Faze silêncio em mim!
(Extraído do livro Antologia Missionária , da Junta de Missões Nacionais.)
Dizem os grandes poetas que o Brasil é todo sol, que o Brasil é todo festa, que
seu céu é sempre azul. Mas eu vejo mãos crispadas, erguidas, desesperadas,
clamando de norte a sul.
Braços erguidos do nordeste, mãos crispadas, ressequidas de sol, Suplicando água, um arbusto,
uma sombra um resto de justiça, um novo arrebol.
IDE E PREGAI
Henry Crocker Trad. Jonathas Braga
num derradeiro esforço, pela glória de conquistar a salvação graciosa, o mais belo capítulo da
história de sua vida humilde e poderosa.
O CAMPO É O MUNDO
À Junta de Missões Estrangeiras
Jonathas Braga
I
Há dezenove séculos passados,
a voz do Nazareno, cristalina
como um aviso prévio aos descuidados,
vibrava nos rincões da Palestina,
Nos grandes centros, fremem as orgias, nas espeluncas, sórdidas risadas, como se fossem loucas
alegrias que embriagassem as almas angustiadas.
E mais além, nos antros nauseabundos, onde Satã firmou os seus esteios, ébrios, corruptos, maus e
vagabundos vivem de estranho e vil falerno cheios!
O panorama é triste, na verdade, porque o pecado as coisas desfigura e, nessa dolorosa realidade,
transforma num leproso a sã criatura!
(Pois o homem é, desde o alto da cabeça, uma terrível, fétida ferida, uma só chaga purulenta e espessa ainda
nem ao menos espremida!)
Quem os socorrerá em tal estado? E quem os livrará do inferno horrendo? — O mundo jaz em trevas
de pecado e o futuro dos ímpios é tremendo!
III
"O Campo é o Mundo" — A Europa, a Ásia, as Américas, o ártico solo, a Oceania cheia de ilhas... Montes,
cidades, plagas estratégicas, arranha-céus... prodígios... maravilhas...
"O Campo é o Mundo" — Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Holanda, Itália e Grécia... Rússia,
Turquia, Bélgica, Alemanha, Suíça, Iugoslávia, Dinamarca e Suécia...
"O Campo é o Mundo" — Arábia, Palestina, Iemém, Sibéria, Sião, Mesopotâmia, Índia, Israel,
Birmânia, Síria, China, Japão, Nepal, Iraque, Transjordânia...
"O Campo é o Mundo" — México, Bolívia, Haiti, Honduras, Chile e Paraguai... Brasil, Antilhas,
Canadá, Colômbia, Cuba, Estados Unidos e Uruguai...
"O Campo é o Mundo" — Príncipe, Libéria, Congo, Marrocos, Quênia, São Tome... Gâmbia,
Somália, Uganda, União, Nigéria, Niassa, Abissínia, Egito, Orã, Guiné...
"O Campo é o Mundo" — Austrália, ilhas e mares, plagas longínquas, rios e desertos, nações
selvagens, povos seculares, almas sem fé e corações incertos...
PRECE
Heli Menegale
Os corações dos homens andam cheios de cicatrizes, quando não de chagas; Vê, meu Jesus,
se porventura apagas suas dores, seus males, seus anseios...
Ó carinhoso, doce Pai, que afagas as crianças, em dúlcidos enleios; ó poderoso! ó forte!
que pões freios no próprio leão indômito das vagas!
tantas almas no mundo andam nas trevas! tanta cegueira à perdição as leva! Dá-lhes, Senhor,
a luz da Redenção!
SONHO MISSIONÁRIO
Avany Bonfim
Sou pequena, bem o vejo, Porém, quando eu crescer, Irei sempre
alegremente Cumprir o meu dever.
Sou pequena, na verdade, Mas sou crente, minha gente, Na minha Sociedade,
Sou ativa e inteligente.
Esperem, não riam agora, Com minhas explicações, Pois o assunto é muito
sério, Vou falar-vos de Missões.
Tenho orado todos os dias E hoje trouxe o meu dinheiro, Para ajudar as
criancinhas, Crianças do mundo inteiro.
Por isso eu tenho pressa, quero depressa crescer, E, quando for bem grandinha,
Missionária quero ser.
(Extraído do livro Antologia Missionária, da Junta de Missões Nacionais.)
A MIM O FIZESTES
Jonathas Braga
(Salão familiar. Uma pequena mesa em cujas cabeceiras estão duas cadeiras. Sobre a mesa, um jarro de flores.
Celina e Marina, novas amiguinhas, sentadas, frente a frente, entreolham-se... Alguns segundos de
silêncio profundo.)
MARINA (levanta-se)
Não viste, porventura, o céu como está lindo?
Como os astros estão em pleno azul fulgindo?
O céu, o céu azul, o céu cheio de estrelas,
nessas noites de luar, miríficas e belas,
o céu é para mim um doce enlevo de alma.
Há tanta luz... há tanto encanto... há tanta calma,
que a gente cuida entrar nos paramos divinos,
ouvindo a orquestração dos mais profundos hinos!
Sozinha muita vez, eu fico embevecida,
sem mais pensar na dor em que se passa a vida,
a contemplar o céu distante, os sóis fulgentes,
miríades de sóis, grandes, tremeluzentes,
estrelas de clarões miríficos, profundos,
astros que, para mim, são outros tantos mundos. ..
Que belo é ver o céu, o espaço constelado,
esse zimbório imenso, etéreo, iluminado!
Não viste, porventura, o céu ainda, o lindo
cortinado onde estão as estrelas fulgindo?
Dizem que nele existe um rio, caudaloso,
cuja água de cristal a todos dá repouso. . .
Dizem que desse rio à margem muitas crianças,
tocando tamboris, ao compasso de danças, vivem alegremente e sem tristeza alguma
que lhes possa envolver o céu em densa bruma...
Será verdade, pois, que elas, essas criancinhas,
no rio vão tirar água com canequinhas
de ouro amarelo como as frutas bem maduras?
Como felizes são todas essas criaturas!
CELINA (compassadamente)
Eu era pequenina ainda, quando, um dia,
ao regressar da escola, estudante de alegria,
encontrei no caminho uma criança, coitada,
de cabelo revolto e veste esfarrapada,
de pés descalços, triste e lacrimosa mesmo,
que era de causar pena, a pobrezita a esmo...
E pediu-me uma esmola, assim, piedosamente,
estirando-me a mão, num gesto comovente:
— Menina, estou com fome e, por sua bondade,
dê-me uma esmola, ouviu? Tenha de mim piedade.
Abri, então, a bolsa em que os livros trazia,
nem um vintém sequer, nem um vintém havia!
Confesso que fiquei bastante entristecida
e senti a maior angústia desta vida,
por não poder fartar aquela pobre criança
de olhar tão dulçuroso e voz tão pura e mansa.
Ofereci-lhe almoço em minha casa, e a pobre,
num gesto muito bom e sobretudo nobre,
sobre o peito cruzando as mãos emagrecidas,
olhava para o céu das nossas duas vidas:
eu, tão feliz no mundo, e ela, tão pobrezita,
tão triste na orfandade e tão cansada e aflita.
Não achas que fiz bem?! Não achas que cumpria
um restrito dever, de que Deus me incumbia?
MARINA
Tu és muito feliz, mais do que eu certamente,
Porque sabes amar o próximo piamente!
O bem que tu fizeste àquela pequenina,
não lhe fizeste a ela apenas: mais do que isto,
fizeste aquele bem imenso a Jesus Cristo!
Quem faz um benefício a um desses, sem vaidade,
tem-no feito a Jesus, que está na eternidade,
pois ele disse aos seus apóstolos amados
que quem assim fizesse aos mais necessitados,
a ele mesmo, enfim, o estaria fazendo.. .
CELINA
Fi-lo. sim, a Jesus somente, bem o entendo, porque naquele tempo eu muito bem sabia que por mim meu
Jesus morrera certo dia, mas não me lembro mais do nome da criancinha, sei que ela era, coitada, humilde e
pobrezinha.. .
CELINA (tristemente)
Ah! Eu me sentiria alegre se inda a visse
com aquele mesmo olhar mui cheio de meiguice,
para do meu Jesus falar-lhe e redimi-la
do pecado em que jaz, talvez, triste e intranqüila.
Mas deve já ser moça e, para conhecê-la. . .
QUEM ME CHAMA?
Dalva Nanci Alberti
NARRADORA — Quem me chama? Esta é a pergunta de Lúcia, jovem professora recém-formada. Qual a
razão desta interrogativa ?
LÚCIA (Entra com um diploma na mão) — Como estou feliz! Não sei se há alguém mais feliz do que eu!
Foi maravilhosa a festa de formatura! Tenho agora em minhas mãos o que almejei durante muitos anos.
(Abre o diploma e lê:) — "Lúcia Bastos, professora normalista. .." Oh! que felicidade, sou professora! Poderei
trabalhar como sempre desejei. Ter uma classe modelo, de acordo com a Pedagogia moderna. Papai me
prometeu uma nomeação na capital. Certamente ganharei o bastante para viver com todo o conforto!
Como estou cansada! Estudos, provas, festas... O tempo voa. Lembro-me bem do primeiro dia de aulas,
o uniforme, as colegas, a sala de aulas, as professoras... Ah!. . : (começa a folhear uns cadernos velhos e
encontra a poesia "Dedicação". Lê em voz alta:)
DEDICAÇÃO
Sady Machado
MOÇA (modestamente vestida) — Onde está você, Lúcia? Venho do meio de um povo rude e degradado.
Povo supersticioso e sem princípios morais. Sou moça como você, mas você mora na cidade e eu no interior,
você possui um diploma e eu não tive a oportunidade de estudar. Assim passei a infância. Muitas outras
jovens vivem Como eu. Venha, e nos auxilie. Muitas vidas, lá, dependem de você (sai).
VOZ — "O mestre chegou e te chama." Lúcia, Lúcia, não ouves? Parece que estás indiferente. Não venho
pedir-te auxílio, venho oferecê-lo. "O meu fardo é leve e o meu jugo é suave." Sou teu Mestre. Tenho falado a
ti através das petições dessa gente humilde e necessitada. "O Campo é vasto, mas os obreiros são poucos."
Ajuda a libertar essa gente opressa. Dá-lhes a tua sabedoria. Teus conhecimentos precisam penetrar no
coração dos ignorantes. Vai até os lugares obscuros, e leva a luz. Eu sou a água da vida e o sertão sedento.
Eu sou o pão da vida e o sertão faminto. Leva-me aos seus corações. Com a pujança e o vigor da tua
juventude, leva-me àquelas almas. Sê uma bênção. Eu te chamo para seres útil no coração da tua querida
Pátria.
LÜCIA — Diante de mim esteve o retrato do sertão brasileiro. Tive a visão do que é o interior de nossa
Pátria. E eu não havia pensado em tudo isso. Que fazer? Deixarei o conforto do meu lar, de minha cidade? E
os meus ideais, meus doces e elevados castelos? Apelos insistentes! Vozes me chamam! Quanta miséria! Que
farei? Jesus me falou ao coração — Eu sou teu Mestre. Sê uma bênção.
(Ouve-se o hino 298 do "Cantor Cristão".)
"Nem sempre será pra o lugar que eu quiser que o Mestre me tem de mandar..." Claramente percebo
meu lugar de servir. Não é na capital. (Levanta-se e fala com ênfase:) "Onde quer que seja com Jesus irei..."
(Ajoelha-se e ora:) Meu Senhor, meu Mestre, reconheço a tua chamada para a obra de Missões. Desejo ser
útil à minha Pátria, às almas sedentas e famintas. Irei proclamar meu Salvador. Eu me entrego ao teu
serviço. Irei confiante nas promessas de quem me comissionou. Em nome de Jesus. Amém (continua em
atitude de oração até o pano se fechar).
LÍDER — Trago u'a cesta de desejos, Como todos podem ver, Altruísticos desejos!
Quem não os quer conhecer? Seis desejos! Seis primores! Seis bandeiras
multicores! Vinde vê-los, abraçá-los, Fazê-los vossos, amá-los Com
devoção sem igual! Estendei a vossa mão, Tirai-os como se fora Um
prazer do coração!
(Todos se achegam e tiram os papéis da cesta)
No 1 — Quem me dera fosse RICO!
Se a abundância eu tivesse, Daria pão ao faminto E consolo ao que
padece.
LÍDER — (dirigindo-se a todos)
Acautelai-vos, queridos, De desejo tão dourado! Fervorosos no
cuidado,
Dai, o que tendes, com amor, Dai, o que tendes, agora: Um copo dágua ao sedento. Não queirais
ser ricos; sede Palavra doce ao que chora, E assim tereis ajuntado Riqueza melhor que o ouro:
— A recompensa do céu, Que é um perene tesouro!
No 2 — Quem me dera fosse eu GRANDE! Se a grandeza eu desfrutasse, Melhoraria este mundo Com os
trabalhos que encetasse!
LÍDER — Muito bem! Queres ser grande? Eis o meu modo de ver: — Cumpre, calma e fielmente, Cada
pequeno dever!
LÍDER — Não gastes o tempo em vão, Cogitando nesse afã; Vai ao povo sem demora, De muitos modos, irmã:
— Orando, dando uma oferta, Pois o tempo é agora! É hoje!
LÍDER — Deus te ajude, meu irmão, Nesse tão justo desejo! Faze um ato bom e nobre Que te servirá de
ensejo!
No 5 - Quem me dera que os CRISTÃOS Pudessem reconhecer QUE PROPAGAR O EVANGELHO Dos
deveres é o dever!
No 6 — Quem me dera mais OBREIROS Na seara a embranquecer, Para de Deus nossa Pátria Mais
favores merecer!
LÍDER — E se o Mestre, caro amigo, Te chamasse a ti, irias? Ou, se voto a Deus fizesses, Dentro em pouco
esquecerias? Sinceridade! Eis o tema Para quantos são chamados! Quem redime u'alma aflita,
Cobre um milhão de pecados! Não gastes debalde o tempo, Delongando-o com demoras! Fala
aos outros! O que hoje é luz, E messes do céu, as horas! Da Boa-nova as sementes Espalha, à
mão cheia, amigo! Se ajuntares no celeiro Um por mil, os grãos de trigo, Um por mil, as vidas
puras, De consagração sem par, Terás provado que o amas E viverás no seu Lar!
Personagens: Esperança, Bíblia, Fé, Amor e Mensagem (moças); o Mundo e Pregador (rapazes).
I
O MUNDO (monologando) —
Olhai para este céu que sobre vós fulgura,
tauxiado de rubis de qualidade pura.
Olhai para este mundo imenso por Deus criado
sem trevas, sem sofrer, sem mágoas, sem pecado...
E meditai um pouco. — Alçai a vossa mente,
buscando explicação do enigma do presente:
tudo são trevas, tudo angústias, tudo prantos
e os entes a morrer sem doce paz são tantos.
Doridos corações estão agonizando
e almas sem salvação a paz vivem buscando,
porém a paz é um sonho, o gozo é fantasia
e ninguém vê na terra uns brotos de alegria!
Somente escuridão, somente desespero,
somente o vil pecado enchendo o mundo inteiro!
II
ESPERANÇA (entrando em cena) —
Por que vos lamentais assim? Eu inda existo e posso conquistar o mundo para Cristo!
MUNDO (admirado) —
O mundo para Cristo! É Cristo, porventura, o alívio, o bem-estar, o anelo da criatura?
De onde veio ele? É santo, é bem-aventurado? E pode aniquilar o vírus do pecado?!
ESPERANÇA (meigamente) —
Graças a Deus, a luz da eterna maravilha no tenebroso caos do coração rebrilha e pode
transformar num canto de alegria a sombra de pesar que as almas anuvia.
ESPERANÇA —
É verdadeiramente um quadro doloroso,
porém o amor de Deus é bálsamo precioso
que pode perfumar esses milhões perdidos
de almas e corações enfermos, doloridos.
Que o diga o Livro Eterno — as Santas Escrituras —
o Código de Deus entregue às vis criaturas.
III
BÍBLIA —
É no mundo o farol de Deus, resplandecente, É a palavra da vida eterna, é o livro augusto que ensina à
humanidade o trilho santo e justo e abre para os mortais a aurora refulgente da salvação de Deus plena e
perfeitamente.
Nações do mundo inteiro, homens de ciência e sábios,
para a Bíblia aclamar, todos abrem os lábios,
e, embora os vis ateus e os vis materialistas,
sob a capa de bons mestres e moralistas,
procurem desfazer tudo que está escrito,
debalde o tentarão, porque Deus infinito
nas páginas da Bíblia ao homem tem ditado
santas e puras leis contra o triste pecado!
E é a Bíblia que nos diz que, pelo mundo inteiro,
Jesus foi imolado em lúgubre madeiro,
a fim de redimir as míseras criaturas!
Benditas sejam, pois, as Santas Escrituras!
IV
(Fé e Amor entram em cena e entoam a primeira estrofe e o coro do hino 427 do Cantor Cristão , enquanto
Mundo e Bíblia se retiram do palco.)
V
PREGADOR (Ao retirarem-se Fé e Amor, ocupando o palco, repete o coro do hino 427 e em seguida recita) —
"O mundo conquistar para Cristo" eis a divisa
que um futuro radiante ao homem preconiza!
Brasil e Portugal, as Índias, a Alemanha,
China, Japão, Libéria, Angola, Congo, Espanha,
"raças, tribos, nações" de hectares habitados,
todos precisam ver a luz maravilhosa
que esplende no Calvário! A nova mui gloriosa
do evangelho há de entrar em todos esses lares
e soar aos corações de todos os lugares!
A mensagem do amor de Deus, de casa em casa,
como o ciciar da fronde ou qual ruflar de uma asa,
há de aos ouvidos soar dos pobres pecadores,
para lhes transformar as lágrimas em flores,
o desalento em riso, o pranto em alegria,
a nênia em epinício, em odes a alegria!
E todos — patagões, etíopes, chineses,
russos, hindus, nipões, egípcios, congoleses
— todos repetirão da alegria no gozo
um salmo triunfal ao Todo-poderoso
e todos vibrarão de fé e de esperança,
porque Jesus redime e o coração descansa!
"Ide por todo o mundo" — é Cristo quem o ordena! A salvação de Deus é dadivosa e plena, e aquele que
expirou na cruz, sendo inocente, morreu para livrar da morte a toda gente — branco, preto, amarelo,
indígena selvagem, o pária da ralé, o homem da alta linhagem, malaios, europeus, os da Ásia, americanos,
bárbaros ou pagãos, gentios, africanos.. . E, quem irá dizer a essas nações do mundo que em Cristo o amor
de Deus revelado profundo pode salvar, perdoando-a, a pobre humanidade? E o salvo é que conhece e possui
a verdade e vive pela fé e busca, nesta vida, as gloriosas mansões da Terra Prometida! Somos nós, os
cristãos! Nós somos os pregoeiros da salvação de Deus e dele mensageiros.
(Colocar sobre o palco: uma cadeira, uma cesta de papéis, uma mesa pequena com um vaso de flores, onde não
estorve a vista do auditório, e umas plantas e palmas ao fundo do palco.)
PERSONAGENS:
Maria e Eunice, moças em trajes costumeiros.
Riqueza — Moça ou senhora, vestida ostentosamente, muito enfeitada de jóias e levando um saco em que
está escrita a palavra "Ouro"; dentro deste, alguma coisa que dê a idéia de estar cheio de dinheiro. Deve ter
faixa a tiracolo, com a palavra "Riqueza" em letras grandes.
Tempo — Uma senhora vestida de capa comprida de cor cinzenta clara, com uma tira atravessando
diagonalmente o corpo, do ombro direito até a cintura do lado esquerdo, em que esteja escrita a palavra
"Tempo". Três rolos compridos ou tubos de papelão, marcados, respectivamente, "Futuro", "Passado" e
"Presente", devem ser preparados para representar os "telescópios" (aparelho com que se observa objetos
distantes).
Beleza — Uma jovem vestida na moda com certo exagero e vaidade, tendo uma faixa em diagonal, onde
está escrita a palavra "Beleza".
Prazer — Uma jovem vestida muito na moda, de aspecto jovial e brincalhão. Terá uma faixa a tiracolo, com
a palavra "Prazer".
Serviço — Uma senhora ou moça, com vestes brancas até ao chão, presas à cintura por um cordão branco.
No peito colocará uma tira, aplicada diagonalmente, em que esteja escrita a palavra "Serviço".
Rute, Ester, Lídia, Dorcas, Ana de Ava e Noemi Campelo — Podem ser representadas por moças e
senhoras que levam apenas uma placa, visível ao auditório, com o nome da personagem que representam, ou
poderá vestir-se cada uma de acordo com o nome que assumiu. Rute poderia levar um molho de trigo, Ester
teria à cabeça uma coroa, Dorcas levaria uma agulha na mão, e assim, por diante, conforme se achar bem.
Indiozinhos — Crianças, tendo todas um cordel em torno da cabeça e que serviria para prender uma pena
de galinha atrás. Seria preferível se todos se vestissem de modo idêntico, de caqui, por exemplo.
Portugueses — Crianças com blusas vermelhas e saias ou calças verdes. Ou então, todas de branco com
duas faixas diagonais, vindo uma de cada ombro, uma vermelha e outra verde. São estas as duas cores da
bandeira portuguesa.
Bolivianos — Crianças com blusas amarelas e saias ou calças verdes com uma faixa vermelha. Ou então
todas de branco, com faixas nas cores verde, amarelo e vermelho (faixa tricolor), que são as da bandeira
boliviana.
(Entra Maria e atira-se a uma cadeira com ar de cansaço.)
MARIA (monologando) — Como estou cansada! A reunião das moças sempre me enfada. Aquele
programa sobre o Serviço não me agradou. Não somos velhas ainda — a mocidade tem que gozar a vida um
pouco. A-a-a-a (bocejando), como estou com sono! (dorme).
Faz-se ouvir a música do hino 325 do Cantor Cristão , apenas a primeira estrofe, tocada suavemente pela
organista, e iniciado antes que Maria acabe de falar. Mal acaba o hino, começa Riqueza a falar.
(Entra Riqueza, levando um saco, marcando Ouro. Aproxima-se de Maria, que se levanta e olha
confusamente para Riqueza.)
RIQUEZA (oferecendo o saco de ouro) — Eis que te trago, aqui dentro deste saco cheio de ouro, gozo e
felicidade incontáveis. Meu nome é Riqueza e posso te dar alegria todos os dias. O dinheiro é a chave mágica
que abre as portas ao verdadeiro gozo.
MARIA (aceita o saco, olha-o com um sorriso e diz:) — Imaginem o que isso comprará — roupas, jóias,
viagens, automóvel, casa. Isso só pode trazer-me a maior das bem-aventuranças.
TEMPO (entra enquanto Maria está falando e toca-lhe no ombro por trás. Maria vira-se, espantada) — Faze
a tua escolha com prudência. Eu sou o Tempo. Considera a mim e o que os anos te trarão. As dádivas da
riqueza são bastante sublimes para durar sempre? Olha aqui por este telescópio e vê o Futuro. (Tempo
entrega o telescópio marcado Futuro à Maria, que olha por ele para o lado esquerdo, enquanto se ouve a música
do hino 259 Cantor Cristão , uma estrofe.)
•
MARIA (põe o telescópio na mesa e espera, cabisbaixa, o fim da música) — Vejo que o dinheiro não pode
comprar as coisas que satisfazem. O Futuro revela que não há gozo permanente no dinheiro (e entrega o saco
de ouro à Riqueza, que sai tristemente, enquanto Beleza entra pelo outro lado do palco).
MARIA — Quem vem entrando aqui? Oh! é a Beleza!
BELEZA (Entra, olhando-se num pequeno espelho e pondo pó de arroz. Em seguida, estende as mãos para
Maria e diz:) — Trago-te aqui o dom da beleza, que é a fonte de imensa felicidade.
MARIA (sorrindo e dando um passo para Beleza) — Disto é que preciso. (Sente neste momento a mão do
Tempo sobre o seu ombro e pára, hesitante.)
TEMPO (colocando o telescópio do Futuro diante dos olhos de Maria) — Cuidado, não te esqueças de que
os anos podem trazer-te o arrependimento, se escolheres a Beleza como teu padrão.
(Maria olha pelo telescópio e a música continua com o coro do hino 259).
MARIA (tristemente) — Vejo que a beleza passa e, que é que fica? Desejo uma coisa que me proporcione
gozo permanente.
(Sai Beleza, e Maria olha para o outro lado do palco, por onde entra Prazer, com um copo de vinho em uma
das mãos.)
MARIA — Ah! é Prazer que vem agora!
PRAZER (fala com muita vivacidade) — Venho oferecer mil alegrias, risos, danças, folguedos. "Comamos
e bebamos, que amanhã morreremos."
MARIA — Ah!... Sinto-me velha e sozinha, cansada do prazer. Desejo uma coisa que perdure.
(Prazer sai e Serviço entra pelo outro lado.)
SERVIÇO (com os braços estendidos para Maria) — Não trago dádiva de prazer ou de riqueza, apenas
dum espírito puro e bondoso, que vive para os outros e procura imitar Cristo em tudo. "Porque o Filho do
Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos."
MARIA (virando-se para o Tempo) — Pode mostrar-me alguém no passado que já experimentou a vida de
serviço e achou o caminho de verdadeira satisfação? Quero as provas.
(Começa a música do hino 300 do Cantor Cristão e Tempo apanha o telescópio marcado Passado e coloca-o
diante dos olhos de Maria. Fazendo-a voltar o rosto para à direita, aponta para a porta, por onde entram, uma
por uma, Rute, Ester, Lídia, Dorcas, Ana de Ava e Noemi Campeio, com o espaço de mais ou menos dois metros
entre cada uma. Atravessam o palco devagar e desaparecem do outro lado.)
MARIA — Vejo Rute, que abandonou o lar paterno, a pátria, a religião da infância, para servir a Noemi;
Ester, que se pôs em perigo de vida para ser útil ao seu povo; Lídia, a negociante de púrpura, que abriu a
sua casa e seu coração ao evangelho; Dorcas, que consagrou sua agulha às necessidades das viúvas e
órfãos; Ana de Ava, que tão jovem deixou casa e pátria, para compartilhar com os labores missionários do
esposo. Noemi Campeio, primeira mártir das Missões Nacionais nas selvas da nossa Pátria. Será que ainda
hoje se precisa de serviço como no passado?
(Cada personagem deve iniciar sua travessia do palco somente quando Maria pronunciar o seu nome. A
música continua baixinho durante todo o tempo que estiverem passando.)
TEMPO (colocando à vista de Maria o telescópio marcado Presente) — Com isso vê se pode apanhar uma
visão das condições de hoje.
(Ouve-se a música do hino 30 de Cânticos para Crianças , e, pela ala do salão, vem para o palco um grupo
de crianças representando os índios. Cantam a 1a estrofe e o coro, ajoelham-se e estendem os braços para
Maria durante o cântico do coro. Ficam de pé e agrupam-se a um lado do palco. A música continua e vem para o
palco outro grupo de crianças, representando Portugal, que canta a 2a estrofe; também ajoelham-se e estendem
os braços para Maria durante o cântico do coro. Em seguida, ficam de pé e agrupam-se a um lado do palco. A
música continua. Entram as crianças representando a Bolívia, que cantam a 3a estrofe e o coro. Ajoelham-se
estendendo os braços para Maria e depois se juntam às outras crianças, ao lado do palco.)
MARIA (estendendo os braços para Serviço) — Deixa o teu espírito encher-me o coração, pois desejo ir
aos campos necessitados e fazer a minha parte em salvar os perdidos.
SERVIÇO — Muitas são as oportunidades para servir. Não são apenas os índios e os portugueses que
reclamam os dons das moças. De toda parte vêm as chamadas para professoras, enfermeiras, trabalhadoras
e obreiras das igrejas. "Salva para servir" deve ser a divisa de toda moça cristã. O serviço é o caminho da
felicidade, é o meio de garantir o gozo permanente. Viver pelos outros é a maneira de atingir a verdadeira
satisfação.
MARIA — Vejo agora que é à vida de serviço que estou procurando. Nem riqueza, nem prazer, nem
formosura me tentam mais. Em nome de Jesus, alegremente servirei naquilo que me for possível. "Eis-me
aqui, Senhor, envia-me a mim."
(Senta-se, e a música começa a tocar o hino 295. Os que estão no palco saem, cantando as palavras em
voz baixa. Maria fica na cadeira, como se estivesse dormindo. Entra Eunice apressadamente, com um exemplar
de O Jornal Batista nas mãos, e pára, ao ver Maria.)
EUNICE — Maria! (Maria acorda) Você está dormindo? Acorde! Quero falar-lhe.
MARIA — Ah! sim! Estava tão cansada que dormi e tive um sonho tão belo! Não lho posso contar agora;
um dia vou dizer-lhe tudo. Este sonho, porém, me deu a idéia de que queria servir à causa de algum modo
especial.
EUNICE — É justamente sobre este assunto que lhe quero falar. Há bastante tempo que me senti
chamada para o serviço e não sabia como me preparar, mas aqui em O Jornal Batista está explicado. (Abre o
Jornal e olha para ele como se estivesse lendo um artigo) Aqui diz que as moças batistas que desejam ser
obreiras na Causa devem entender-se com o Seminário de Educadoras Cristãs, no Recife, ou com o Instituto
Batista de Educação Religiosa, no Rio de Janeiro, conforme for mais perto e conveniente e investigar as
condições de entrada. Isto eu vou fazer, pois quero preparar-me o quanto antes para o serviço.
MARIA - Eu também. Vamos já conversar com o Pastor e consultar a sua opinião sobre a nossa ida ao
Colégio.
EUNICE — Salva para servir! E a Bíblia nos diz: "Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do
firmamento; e os que a muitos induzirem à justiça, como as estrelas sempre e eternamente."
(Saem, enquanto a música toca o hino 410 do Cantor Cristão .)
O ESPÍRITO DE MISSÕES
Adapt. de Olga Costa
I CENA
CENÁRIO — Um jardim em tempos de primavera. Música suave deve ser ouvida durante a cena, por piano
ou violino e piano.
Quatro jovens entram: primeiro, um moço elegantemente vestido; segundo, uma mocinha com uniforme de
um colégio; terceiro, uma moça usando um vestido branco muito simples; e, em quarto lugar, uma bela jovem,
também vestida de branco, porém com trajes mais luxuosos.
SEGUNDA PESSOA — Estou no início da vida, na primavera, como dizem algumas pessoas; muitas
oportunidades se apresentam e eu desejaria tanto saber como utilizar minha vida. Pico tão indecisa e não sei
mesmo o que fazer nem aonde ir.
TERCEIRA PESSOA — Querida, nossas vidas são presentes de Deus e devem ser usadas em seu santo
trabalho.
Grandes coisas poderemos fazer no mundo, se estivermos dispostas a dedicar-lhe os nossos talentos, a
fazer a sua vontade, a ir aonde ele nos mandar.
QUARTA PESSOA — Ó amigas, por que pensar tanto na vida e para que tantas preocupações? Deixem
estas conversas sobre oportunidade e religião; estes assuntos tristes e sem atrativos são para os velhos. Nós
precisamos gozar a vida. Vamos!
PRIMEIRA PESSOA — Mas... olhem! Quem está chegando ?
(Entra a Fama, jovem muito bem trajada, usando rico monóculo. Passeia de um lado para outro, com
aparência nobre.)
FAMA — Mocidade vigorosa e forte, tenho observado a vossa indecisão e venho para ajudar-vos. Eu sou
a Fama.
Há, realmente, um só problema que pode merecer a vossa atenção: deveis pensar somente em um modo
mais eficaz de adquirirdes fama. Quero revelar-vos muitas oportunidades hoje.
Podeis desvendar o reino das invenções, por meio das quais muitos dos meus filhos têm abençoado o
mundo; o reino da arte, que deleita e extasia o homem; o reino da música, que emociona e comove. Podereis
cantar e transformar este mundo de trabalhos e preocupações em um reino mais agradável e atraente.
Podereis, ainda, tornar-vos famosos na literatura, na escultura e em muitos outros ramos de trabalhos
e estudos. Posso garantir-vos que não haverá uma casa em todas as nações onde o vosso nome não se torne
conhecido e admirado, se me seguirdes.
Torna-se necessário, porém, que tenhais coragem, tenacidade, e que vos consagreis inteiramente à
tarefa que eu determinar.
Quereis vir?
(Entra a Fortuna, jovem usando um vestido enfeitado com fios dourados; traz em suas mãos um rico porta-
jóias, do qual pendem pérolas, colares de diamantes, etc, para sugerir riqueza.)
FORTUNA — Mocidade de hoje, eu sou a Fortuna. Tenho ouvido as palavras da Fama, porém penso que
elas não são muito lógicas e verdadeiras. Existe só uma preocupação valiosa neste mundo: acumular
riquezas, que prazer!
Não haverá um desejo vosso que eu não possa satisfazer. Tereis muitos amigos, pois que todos os
homens inclinar-se-ão perante vós como súditos; em viagens longas e atraentes, conhecereis as belezas da
vossa pátria e do mundo. Palácios e reinos vos pertencerão e vossos navios mercantes sulcarão os mares.
Sereis felizes, com dias risonhos de prosperidade e paz, se entregardes corpo e alma à conquista de riquezas.
Quereis vir?
É útil e agradável ao velho falar sobre religião e outros assuntos semelhantes, mas para vós, não. Agora
é tempo de gozar. Sois moços, porém a mocidade celeremente passa. Vinde, comei, bebei, sede felizes, porque
amanhã podereis morrer!
(A quarta jovem segue o Prazer, deixando sua companheira só, imersa em profunda meditação.)
(Entra o Espírito de Missões, moça com vestido branco, coroa dourada e cabelos longos.)
Conheço bem a vossa linda pátria, a extensa e rica terra brasileira. Contemplei seus campos floridos e
verdejantes, as suas belas florestas, os seus rios caudalosos e suas riquezas imensas.
Triste é, porém, afirmar, que toda esta grandiosidade e opulência foi toldada ante a visão angustiosa e
aflitiva da situação de muitos brasileiros; há milhões de almas que perecem sem Cristo e sem salvação,
espalhadas pelo Brasil inteiro! "Quem lhes dará o pão maravilhoso, o verdadeiro pão espiritual?"
Veremos que por toda a Europa, África, Ásia e América, há milhões de almas que perecem e corações
que gemem de amargor! há milhões de almas que perecem sem Cristo e sem salvação.
Tenho visto a ignorância, a degradação e a miséria desses escravos do pecado e do erro e venho pedir-
vos para irdes contar aos perdidos a maravilhosa história de Jesus e dizer-lhes que ele morreu por nós.
Não vos ofereço uma vida de comodidade e prazer. Longe, muito longe disto! Haverá trabalhos,
perseguições, lutas tremendas, fome e sede a suportar. Permanecereis no meio de sofrimentos, que
magoarão profundamente o vosso coração e algumas vezes poderão, quase, arrefecer o vosso ânimo. Sim,
haverá tentações e provas árduas e difíceis, porém eu não peço para irdes sós.
Se me seguirdes, eu vos enviarei como uma mensagem de amor ao mundo e convosco irá o Todo-
poderoso, aquele que disse: "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que
eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos."
(O Espírito de Missões permanece com as mãos estendidas, enquanto um quarteto canta a primeira estrofe
do hino 443 do Cantor Cristão .)
TERCEIRA PESSOA — "Tudo, ó Cristo, a Ti entrego.. ." Oh! eu sinto teu amor transformar a minha vida
e meu coração, Senhor!
(Ajoelha-se diante do Espírito de Missões, que põe a mão sobre sua cabeça, enquanto o quarteto canta a
primeira e última estrofes do hino 296 do Cantor Cristão . Saem.)
(Fim da 1a cena)
II CENA
(O cenário deverá se aproximar, tanto quanto possível, de uma representação do outono da vida: folhas,
plantas, etc. Música suave e triste deve ser tocada durante esta cena.
A cortina se ergue, aparecendo os quatro personagens da primeira cena, que estão agora velhos; deve ser
entendido que aproximadamente 50 anos são passados desde a primeira cena.)
AMIGO DA FAMA — Recordando com saudades os tempos já passados, eu me lembro bem daquele dia
quando nós, ainda em plena juventude, fizemos nossa escolha de vida. Atendi ao convite amável e atraente
da Fama e a segui. Alcancei o meu ideal, após dias e noites de fadigas e sacrifícios.
Posso dizer com certeza que não há hoje na terra um nome mais conhecido e admirado do que o meu.
No entanto, agora que estou chegando ao fim, que me vale tudo isto? Nada! Nada! É uma glória inútil para
mim.
AMIGO DA FORTUNA (vestido muito luxuosamente, porém acabrunhado, com fisionomia cansada e
apoiado em uma bengala) — Eu também fiz a minha escolha há muito tempo; escolhi riquezas, e conquistei-
as.
Tenho viajado e conseguido amigos, embora muitos falsos e atraídos pelo dinheiro.
Fui feliz e estou certo de que grande parte das riquezas da terra estão em minhas mãos. Triste é, porem,
pensar agora que a busca insaciável de dinheiro fez com que eu me esquecesse do meu Criador e da minha
alma imortal. E, finalmente, "que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?"
AMIGO DO PRAZER — Companheiros de tempos passados, não vos recordais como eu desprezei
algumas outras coisas, para seguir o prazer, quando estávamos fazendo nossas escolhas?
Na verdade, eu o encontrei e procurei segui-lo mui fielmente. Hoje, porém, sinto que as minhas forças
estão se acabando e que uma noite lúgubre e tediosa vem-se aproximando de mim.
Eu também fiz minha escolha há muito tempo; tomei minha cruz e segui o meigo e terno Nazareno, sem
saber para onde ia.
Ele enviou-me como mensageiro a povos incultos e bárbaros. Por muitos anos trabalhei e lutei
tenazmente nos selvagens campos da inóspita África. Aí, com o bálsamo suave de Jesus, consolei muitos
corações aflitos, cuidei dos doentes e socorri os tristes. Contei aos pecadores a história de Jesus Cristo e o
apontei como o Filho de Deus, que foi morto pelos pecados do mundo.
Sim, houve trabalhos, sofrimentos e sacrifícios, porém nunca me senti desamparada; aquele que disse
"não te deixarei, nem te desampararei" estava sempre ao meu lado, transformando, com seu amor e sua
presença, os dias tristes e as experiências mais difíceis em bênçãos copiosas para mim.
Nem por um momento me arrependi da decisão que tomei. Vivo feliz, porque atendi à chamada divina,
entregando-me nas mãos de Deus para o seu trabalho.
"Combati o bom combate, acabei a carreira" e justamente agora, quando não posso mais trabalhar
muito, desejo, mocidade vigorosa e forte de hoje, que atendais ao convite para vos dedicardes ao glorioso
trabalho de nosso Salvador e Mestre.
Contemplai os campos, "que estão brancos para a ceifa". Pensai na Pátria brasileira, "a terra virente e
formosa", o país de vastos recursos e de grandes oportunidades, cujo futuro depende do trabalho eficiente e
da dedicação de seus filhos. Lembrai-vos da triste condição intelectual, moral e espiritual de muitos
brasileiros e ouvi o clamor de milhões de almas que o nome de Cristo não conhecem e que não confiam no
seu Redentor. Pensai no trabalho do Senhor em Portugal e nos milhões de almas que, em outras nações do
mundo, sofrem e são escravos do pecado e vícios, porque não crêem ainda naquele cujo amor tudo
transforma. "E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?"
Ide, cristãos, o vosso Deus vos chama: A seara é grande, o campo vasto! Sus! Amai as
almas como Deus vos ama E apregoai alto o nome de Jesus!
DAR E RECEBER
Adapt. de O. Barros
CENÁRIO: Uma sala de jantar. Sobre a mesa, uma fruteira cheia de maçãs, laranjas, cachos de uva, etc.
(Roldão e Rute, atenciosos, lêem livros, sentados em cadeiras perto da mesa. De repente, Roldão joga o livro na
mesa e, bocejando e irritado, queixa-se.)
ROLDÃO — Ó gente! Não posso estudar e de forma alguma tiro do meu pensamento aquela história!
RUTE — Qual?
ROLDÃO — Não te lembras? A tal história que o pastor contou no domingo a respeito de "DAR". Antes
não tivesse ido à Escola Bíblica Dominical!
RUTE (admirada) — Roldão, estará por acaso arrependido de ter ido à Escola?! Você que é tão
interessado pela sua classe!
ROLDÃO (embaraçado) — Sim... foi isto que eu disse e acho que jamais iria a outra reunião na igreja em
toda a minha vida se nunca tivesse sido membro da Sociedade Juvenil.
RUTE — Mas eu não entendo por que você fala assim. Eu gosto tanto das reuniões da Sociedade
Juvenil! Aprendi tantas histórias a respeito dos meninos de outras partes do mundo que até me sinto
parenta deles e também já aprendi como é bom dar-lhes tudo o que pudermos.
ROLDÃO (aborrecido) — Já vem você também! Aí está por que me aborreço. É cacete a gente ouvir de
todos os lados a palavra DAR, DAR, DAR — tomara que nunca mais a ouça em toda a minha vida! Se é na
Sociedade Juvenil, a professora fala para sacrificarmos bombons, balas e qualquer outra coisa e que o preço
disto devemos dar às Missões. Se é na Escola Bíblica Dominical, lá está a professora com a mesma cantiga:
que trabalhemos e recebamos uma oferta especial como dádiva de amor e entreguemos às Missões. Se é na
igreja, o Pastor conta aquela história que tanto me tem apoquentado. Falaram tanto que já não posso gastar
um tostão para mim mesmo sem que me sinta mesquinho e descontente.
RUTE — Você parece que tem razão. (Pensa.) Eu ouvi também tudo isso que você disse. Achei os planos
bons e pensei com meus botões que ia me privar de qualquer coisa, porém agora estou achando que é ruim
mesmo e... "Toque estes ossos" (apertam as mãos), eu concordo com você. Devo deixar de prestar atenção a
esta conversa a respeito de dádivas, não acha?
ROLDÃO — Isso Rute, isso! Você é uma senhorita inteligente! Estou alegre em ter uma irmã que está
sempre a meu favor.
ROLDÃO — Escute!... Você não está ouvindo o que o relógio está dizendo?
RUTE — Estou ouvindo o que ele sempre diz: tique-taque, tique-taque. Que mais ele poderia dizer?
ROLDÃO — Pois justamente quando apanhei aquela maçã, aquele velho relógio da parede olhava
direitinho para mim e dizia: tome, tome, tome, e ainda está dizendo. Quer ouvir? Escute. .. (ambos
silenciosos escutam).
RUTE — Vamos fazer parar.
ROLDÃO — Parar o quê?
RUTE — Parar o relógio, naturalmente.
ROLDÃO — Não serve de nada. Mamãe e papai quererão saber a razão e se nós lhes explicarmos, eles
dirão, como têm dito tantas vezes, que eu sou egoísta, e têm razão.
RUTE (pensativa) — Não vejo outra coisa a fazer, senão deixar, de tomar tudo. Sempre tomamos comida,
roupa, bons passeios, livros e...
RUTE (servindo-se das uvas, continua:) — Tem razão... ele está dizendo: toma, toma, toma, e está falando
cada vez mais alto. Vamos pará-lo?
ROLDÃO — Saúde, divertimento e tudo que é bom.
RUTE (tristemente) — E tão poucas vezes DAMOS qualquer coisa,não é? Como somos ingratos, Roldão!
Tudo que temos, usamos e comemos é papai quem nos dá. Realmente papai é quem está contribuindo, e não
nós, entretanto, dizemos que estamos cansados de contribuir. É verdade, eu me sinto envergonhadíssima.
ROLDÃO (dando um grande pulo da cadeira ao ponto de arredá-la do lugar, vai em direção a Rute) —
Sabe, Rute, o que •devíamos fazer? Instituir uma regra.
ROLDÃO — Se nós vamos tomar e tomar de Deus, então vamos também dar, dar e dar- lhe. Que tal?
RUTE — Nunca pensei que você pudesse fazer regras. Eu julgava que só os gramáticos e matemáticos é
que fazem regras! Mas eu a acho ótima e estou pronta para a decorar e aplicar aos problemas que me
aparecerem, iguais a este. Deixe-me repetir com você.
OS DOIS — Se nós vamos tomar, tomar, tomar de Deus, então vamos também dar, dar, dar- lhe.
ROLDÃO — Excelente! Então você me julga um rapaz inteligente, não é? Neste momento vou buscar o
envelope e colocar a oferta dentro. Vou botar o dinheiro que mamãe me deu para fazer um passeio hoje à
tarde. Vou fazer de conta que o passeio foi em Portugal e que vi muitas crianças alegres porque meu dinheiro
foi socorrê-las. Vamos ouvir hoje o missionário, Rute?
RUTE — Oh! vamos! E vou ver se posso fazer alguma coisa para mamãe, e ela me dará a minha dádiva
de amor. Posso dar mais do que um envelope. Acho que posso encher uma caixa.
ROLDÃO — Vou usar também uma caixa. Parece que há duas lá em cima da cômoda de mamãe.
ROLDÃO — Eu estou tão alegre! Sinto-me tão feliz! Nunca me senti assim! Como é bom dar! Jesus está
satisfeito com a nossa deliberação, não acha, Rute?
RUTE — Acho. Papai e mamãe também vão ficar bem alegres. Vamos contar-lhes a nossa deliberação
(Saem).
BRASIL E PORTUGAL
Arith Drummond Borges
(Entra uma menina ou menino, olhando através de um binóculo, trazendo a tiracolo uma fita verde-amarela com
a palavra: BRASIL.)
BRASIL (divisando Portugal ao longe) — Ó Portugal querido, tu és a Pátria dos meus avós. Amo-te tanto
como ao meu caro Brasil! Contemplo o teu passado, pleno de feitos brilhantes, admiro o heroísmo de teus
filhos, mas... o que me impressiona é ver-te ignorar a salvação outorgada por nosso Senhor Jesus Cristo.
(Senta-se e fica meditativo, enquanto ouve ao longe o cântico do hino 41 de Cânticos para Crianças .)
(Levantando-se) Parece que estou sonhando... Ouço o clamor de Portugal tão perto de mim... Será que
estou em terras portuguesas? O povo batista brasileiro tem procurado atender ao clamor incessante dos
portugueses. Lá, em terras lusas, estão os nossos emissários. (Levanta o binóculo, fingindo divisar Portugal ao
longe.)
(Entra um menino ou menina, trazendo a tiracolo uma fita verde-vermelha com a palavra: PORTUGAL.)
PORTUGAL — Lá em terras européias eu me acho, situado ao meio de um vulcão que vomita, momento
após momento, o fogo do ódio, da contenda, do egoísmo e da guerra! Tenho procurado educar os meus filhos,
afastando-os desses sentimentos tão vis e hediondos... Mas quase têm sido em vão todos os meus esforços...
Agora, mais do que nunca, rogo, à minha Pátria irmã, continue a dar-me o seu apoio na educação de meus
filhos. Somente o evangelho sublime de Jesus Cristo poderá modificar
Portugal! Há centenas de filhos meus cujas vidas têm sido uma inspiração! Aceitaram este evangelho e o têm
posto em prática.
BRASIL — Mas, Portugal, se estás tão desejoso de que continuemos a dar-te apoio na educação de teus
filhos, por que ainda há tantas restrições à pregação do evangelho?
PORTUGAL — Não é de mim que partem as perseguições; realmente tenho vexame de saber que ainda
tenho filhos que não reconhecem os verdadeiros valores.. . Mas o dia chegará quando todos os portugueses
reconhecerão os teus enviados e hão de ajudá-los a falar deste Jesus, que é a Fonte donde promana a Água
Viva que apaga o fogo do ódio, da contenda, do egoísmo e da guerra! Não te desanimes, Brasil querido! Os
teus esforços em benefício dos meus filhos nunca serão olvidados... Podes continuar essa tarefa árdua, mas
que no futuro se reverterá em bênçãos, não só para os meus filhos, mas para os teus próprios!
(Ouve-se ao longe o cântico das duas estrofes do hino 379 do Cantor Cristão . Brasil e Portugal ajoelham-se e
firmam o olhar no céu, enquanto ouvem o cântico do hino.)
BRASIL (levantando-se) — Ah! Portugal! Desde os primórdios de minha existência há entre nós um
intercâmbio... E agora estamos mais ligados do que nunca pelos laços indissolúveis do evangelho do nosso
Senhor Jesus Cristo! (Brasil dá a mão a Portugal) Temos agora um único ideal — o de conduzir os nossos
filhos aos pés do divino Salvador! Os meus filhos não têm poupado esforços na evangelização dos
portugueses. E de hoje em diante eles duplicarão as suas atividades em benefício de Portugal.
PORTUGAL — Bravo, meu Brasil querido! O sentimento de altruísmo tem dominado os corações de teus
filhos. Os meus filhos que já aceitaram o evangelho unificarão as suas forças à de teus filhos e juntos
trabalharemos para ganhar o Brasil e Portugal para Cristo.
MISSÕES
(Acróstico )
Cada criança leva a letra que forma a palavra MISSÕES, recita o versículo e todas ficam depois onde estão,
até que a congregação cante o hino 430 do Cantor Cristão . As crianças devem falar bem alto. Ao cantar-se o
coro pela última vez, saem. M — "Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, a saber: aos que crêem no
seu nome" (João 1:12).
I —■ "Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo" (Mateus 28:19).
S — "Ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da
terra" (Atos 1:8).
S — "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho
guardado os mandamentos de meu Pai, e no seu amor permaneço" (João 15:10).
O — "Ó vós, todos que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei;
sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite" (Isaías 55:1).
E — "E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos e fortificará os teus ossos; e
serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam" (Isaías 58:11).
S — "Suaves são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia o
bem, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!" (Isaías 52:7).
NOTA — Estes versículos da Palavra de Deus devem ser muito bem decorados e recitados em voz bem alta e
clara, de modo que todos ouçam e entendam. Para isso é preciso começar os ensaios com muita antecedência e
repetir muitíssimo. Também é de proveito despertar na criança a confiança em si, para fazer a parte de tal
maneira que o medo ou o nervosismo não atrapalhe. Um programa bem ensaiado e bem apresentado, mesmo
que seja bastante simples, vale mais do que um muito extenso.
Faça o programa assim: as crianças ficam sentadas juntas e a dirigente à mesa, de frente para elas. Sobre
a mesa deve haver uma jarra de flores e talvez uma cesta bonita, feita de cartolina, para receber as ofertas das
crianças. Assim tudo se processará como se fosse numa reunião informal e bem de crianças.
O programa parece complicado, mas verificar-se-á que é bastante simples. Comece a ensaiá-lo em julho, e
repita-o muitas vezes. Outras partes podem ser adicionadas, se bem que programa de criança deve ser curto e
bem apresentado.
APOTEOSE
(20 pessoas, tendo faixas com o nome de cada Estado do Brasil. Ao centro Brasília, envolta na bandeira
brasileira.)
AMAZONAS
Verdes matas, riquezas incontáveis tenho, em meu seio ubérrimo e fecundo, gratas
miragens, rios cristalinos, possuo mais que o resto deste mundo!
PARA
Quente, rica, esta terra se exprime por seu povo sadio e seu dulçor; Oriente
brasileiro, oculta o bronze onde a raça fundiu o seu amor!
MARANHÃO
Pequeno, encravado em terra densa, sou sentinela alada do Brasil; dei à Pátria mil
gênios, que a fizeram mais luzente, mais brava, mais viril!
CEARÁ
Terra da luz, terra do sol luzente, das serras no alcantil todo encrustado. Quando a
seca azoirraga, o céu se inclina e me dá mais virtudes e sou guardado!
PIAUÍ
Dos vales 'té às serras, nas caatingas, geme o gado e revoa o passaredo; Fortuna em caixa forte sou da
Pátria, em mim não há temor nem vaga o medo!
RIO GRANDE DO NORTE
Estrela pequenina do Nordeste, cada vez mais sublime em seu portento. Ao gigante brasílio que desperta,
pronto estou para dar o meu sustento.
PARAÍBA
No ra-rã das porteiras gemedoras, No gritar dos meus carros vagarosos, pela estrada do progresso vou
marchando, à frente vendo dias mais ditosos!
PERNAMBUCO
Fanal luzindo sobre o mar bravio, ergo bem alto a trompa da alvorada e desperto o meu povo para a glória de
ser feliz e amar a Pátria amada.
ALAGOAS
Dos marechais, terra e berço sobranceiro, enchi de heróis os cantos do país; não encontrei em meu caminho
a inércia, nem primazias, nem grandezas quis.
SERGIPE
Cantei as glórias do Brasil querido pelo cérebro ardente dos meus filhos; fui princesa — habitei entre
riquezas, fui rosa agreste — vivi entre junquilhos!
BAHIA
Monumento da terra brasileira, fui Rio Branco, Castro Alves e fui Rui, berço da Pátria — mão nacional cujo
heroísmo não cai nem diminui!
ESPIRITO SANTO
Um rubi que na costa apenas brilha, Mas vigia a grandeza do Brasil; Canaã de fartura e de bondade, Pálio de
amor por sob um céu de anil!
MINAS GERAIS
Geme o gado no vale ou na montanha, trabalha o lavrador na terra ingente; alterosas, risonhas, perfumosas,
as almas vibram, vibra a nossa gente.
RIO DE JANEIRO
Cidades, cafezais, riquezas tantas, Campeiam num progresso admirável; e eu vou cantando, e o canto meu
se avulta penetrando o infinito indecifrável.
SÃO PAULO
Sacrário pátrio. Caçador de pérolas, bandeirantes da fé e do progresso; para vencer, para subir, voar, não
vejo impasse nem perigos meço!
PARANÃ
Frio, mas belo e frio e morno, acalento o viajor no meu gasalho; para fazer o Brasil mais rico e nobre é que
luto nas lides do trabalho.
SANTA CATARINA
Do extremo sul, quase em estranhas terras, fito, ao longe, as terras do Brasil; e a sua gente adoro; e as suas
minas e os seus mares e os céus todos de anil.
MATO GROSSO
A araponga é o ferreiro das florestas, e o mundo inteiro ergue-se para o amar. O Brasil é o
celeiro deste mundo; é a garganta da pátria a clarinar.
GOIÁS
Do centro vejo a grandeza desta terra e exulto e estremeço no meu esto aqui, contente, de te amar, ó pátria
amiga, o meu anseio inteiro manifesto.
BRASÍLIA
E Jesus, que, morrendo no madeiro, seu sangue derramou, exulte de alegria por salvar-te como a nós já
salvou! E o pendão auriverde ainda drapeje, sereno, altivirente, como o símbolo da paz do evangelho pregado
a toda gente! E as almas de todos os brasileiros, num canto angelical, retumbem, dando glórias e aleluias ao
Pai Celestial!
CENA
NARRADOR — Descobriu-se que ainda existem mais de 1.000 tribos sem o evangelho. Além disso, essas
tribos já foram localizadas. Sabemos onde elas estão. Peço-vos que penseis nelas, à medida que as formos
citando. Deveis lembrar que não há nenhum missionário trabalhando entre elas. Que não existe ninguém
entre elas que já tenha ouvido falar de Cristo pelo menos uma vez.
NARRADOR — Na África existem 350 tribos que ainda precisam ser alcançadas.
NARRADOR — Na América do Sul existem 3.000 tribos de índios, também sem Cristo.
NARRADOR — Na Sibéria encontramos 75 tribos. Depois vêm a China, a Indochina Francesa e as Ilhas
Filipinas.
ENTRAM a China, Indochina Francesa e Ilhas Filipinas — (Uma após outra, também na atitude das
outras).
NARRADOR — Nesses três lugares, o número de tribos chega a 175 ou mais, onde o evangelho nunca
foi pregado. Há milhões em densas trevas do pecado. Por aí se vê que ainda existem pelo menos 1.000 tribos
em plena escuridão espiritual, esperando pela Luz do evangelho.
1a VOZ — Missões... fala de amor, deste amor que leva uma mensagem de salvação.
2a VOZ — Missões... fala de renúncia, de consagração, fala de uma chama que arde, flamejante, na
obra de servir.
1* VOZ — Missões... fala de corações... de corações fiéis, que sentem a grandiosidade de uma obra de
amor.
2a VOZ — Fala de corações... ardentes, suplicantes; corações humildes, que vivem a chorar, sem
esperança, sem paz.
MISSÕES — Sim... preocupada, deveras preocupada com tantas oportunidades que um campo branco
apresenta. Sinto que as almas buscam a Jesus, suspiram pela paz, desejam a salvação, mas... eu não
encontro jovens que se proponham a obedecer ao ide de Jesus.
2a VOZ — Não fiques triste... ainda existe uma juventude, essa força pujante de vitalidade, de amor
pelas almas que não têm Jesus.
MISSÕES — Onde está? (Sai em direção mais próxima da ribalta do palco e diz, vibrante:) — Onde está
esta juventude que se agiganta nas artes, nos grandes ideais, no progresso ousado, atômico e das viagens
interplanetárias... juventude que inflama os corações e se esquece de uma ordem de Jesus?
1a VOZ — Portanto, ide. .. fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do PAI, do Filho e
do Espírito Santo.
MISSÕES — Ir... ensinar, pregar, levar este evangelho que prega a salvação. Ir. .. levar a semente,
derramar esta paz benfazeja, que brota duma cruz tingida pelo sangue remidor.
(Enquanto Missões profere este patético monólogo, um jogral com sete figuras entra suavemente, vestido de
azul. Para fundo musical do jogral, o harmônio apresenta a música do hino 298 do Cantor Cristão. )
JOGRAL —
CONJUNTO — Nossas vozes, unidas, proclamam Missões. Na santa missão de a semente lançar.
SOLO — Missões. .. uma chama ardente de amor,
CONJUNTO — buscando os perdidos, sem paz, sem Jesus.
CONJUNTO — Sim; quem há de ir por nós? Missões é decisão de dar-se ao santo privilégio de servir.
MISSÕES (vibrante) — Vamos, jovens, à luta do bem, de pregar o evangelho da Cruz. Inflamados de
ardor por Jesus, na cruzada que fala de amor.
(Suavemente, empunhando suas Bíblias, dois ou quatro jovens vão chegando ao palco, saídos do auditório,
caindo de joelhos e exclamando em poética decisão:)
(Enquanto se ouve, em solo vocal, o hino 298, Missões se retira, para apanhar um archote com chama
vermelha, entra novamente e, chegando-se aos Jovens decididos, exclama:)
MISSÕES — Juventude... heróica juventude,
Tomai a chama Sagrada de Missões! Por ela lutai decididamente com ardor. Missões é
chama ardente de um amor que leva a mensagem de salvação.
(Os dois ou quatro Jovens decididos, ainda ajoelhados, tomam e seguram o archote, enquanto a voz emite
a última alocução.)
VOZ — Moços!.. . levantai-vos e vede! Com esta chama ardente de Missões, lançai os vossos olhos sobre
o campo: branco para a ceifa, pois está no negror do pecado, sem alegria e sem salvação. IDE! — O CAMPO É
O MUNDO!
BRASIL E PORTUGAL
(Apoteose)
Francisco de Mattos
(Por duas crianças, com bandeiras dos dois países ou seus trajes característicos.)
PORTUGAL FALA —
BRASIL e PORTUGAL! Oh! povo independente! O mesmo céu! O mesmo mar! A mesma gente!...
O mesmo céu azul! O mesmo céu de anil! O céu de Portugal e o céu lá do Brasil!...
O mesmo verde mar... tão belo e sem rival, O mar lá do Brasil e o mar de Portugal!
Oh! vós, terras irmãs, banhadas de beleza! Oh! Terra Brasileira! Oh! Terra Portuguesa!
Terras irmãs no amor! Amor de que me ufano; Terras que estão no altar do coração
humano.
Unidas, sei que sois... e por um mesmo laço! E por um mesmo beijo, e por um mesmo abraço!
Ah! Nascer no Brasil é viver com altivez Dentro do coração do povo português!
Sois duas grandes naus, juntas a navegar... O mesmo céu! A mesma gente! O mesmo mar!
Brasil e Portugal! Sois dois filhos de Apoio, O mesmo povo, a mesma língua, o mesmo solo!
A mesma luz doirando o sol e os rosicleres, O mesmo coração bondoso das mulheres!
A mesma graça, o mesmo encanto, que eu invejo, No espelho de cristal, das águas brancas do Tejo!
RESPOSTA DO BRASILEIRO —
Amigo, amo o país romântico das uvas, Onde o riso do sol e as lágrimas das chuvas
Têm muito mais poesia e muito mais beleza Que o lindo céu azul, sereno, de Veneza!
Esse país que eu amo, esse país risonho Do meu sincero, do meu primeiro sonho!
Amor puro de artista e sonho ideal de moço Esse país imenso, esse país colosso!
Que há sido muitas vezes de heróis torrão natal! Esse grande país amigo é Portugal!
Cada feito sem par, um prêmio de um troféu, Pedaço mui azul, tirado ao próprio céu!
Altar de pedra! Altar hercúleo de granito! Altar de glória, altar que vai no infinito.
Ante a voz do Brasil, descobre-se, altaneiro, O povo português, irmão do brasileiro!
Oiro velho no sol, oiro de lei no trigo, Portugal, teu país, de loiros, meu amigo!
Gigante, portentoso, heróico e varonil, A tua glória, irmão, é o teu irmão Brasil!
A vastidão sem fim dos desertos escampos, Oh! beleza paga, dos vales e dos campos!
Dessas terras de luz, tão cheias de esplendor, Terras irmãs na paz, terras irmãs no amor!
Portugal e Brasil! Duas fortes nações! Amor que conseguiu unir dois corações!
Corações a pulsar dentro do mesmo seio, O meu coração que se partiu no meio.
E rolou... e rolou... no chão exangue... Sentindo a mesma dor, chorando o mesmo sangue!
Um coração que rola assim partido em dois, Que ânsias de chorar nos provoca depois!
E o donaire de graça, o encanto mais falado, Das mulheres gentis, que vêm a rir do Chiado!
JOGRAL
João Oliveira Santos
A- O Campo é o Mundo...
B- O Campo é o Mundo.. .
TODOS - Cristo, a Única Esperança!C - Se Cristo é a Ünica Esperança,
D- Se muitas almas perecem sem Cristo e sem salvação,
A- Quem levará esta mensagem aos homens?
E- Quem anunciará o amor de Deus ao mundo?
H- Cristãos do nosso querido Brasil, ouvi os clamores de
um povo que sofre. . .P - Que implora...
G- Busca...
A- Pede.. .
C- Luz...
B- Luz...
H- Luz. ..
TODOS - A luz do Evangelho de Jesus!
D- O caminho que encetamos é tão espinhoso,
F- A nossa Cruz é tão pesada,
G- Senhor, dá-nos forças para prosseguir!
A- Lutar!
H- Lutar!
E- Enfrentar com sorrisos nos lábios a amargura do
sofrer.
C- Eis que os campos estão brancos para a ceifa, a quem
enviarei?G -A quem?
P- Quem irá?
A- Quem?
B- Não ouvis?
C- Não vedes ?
H- Não sentis que a obra é grande demais para tão poucos
trabalhadores?
D- Ouvi a chamada do Mestre:
B-C-D- "Levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará."
C- Entregai os vossos bens para o sustento da obra. . .
A- Não negueis. . .
H- Não negueis. . .
B- Não retenhais a vossa oferta. . .
D- Ajudai a obra missionária. ..
D-B-A- Escutai, escutai, eles clamam por salvação,
F- A obra cresce. . .
H- Cresce.. .
E-G- Homens consagrados e decididos levantam-se para oscampos,
C- Moços, que deixam os seus lares,
B- Partem,
H- Partem,
P- Deixam tudo. ..
D- Deixam tudo. . .
A- Lares. . .
E- Pátrias...
G- Condições Sociais. ..
B- A vida feliz da cidade,
TODOS - E saem a proclamar as benditas sementes do evan-gelho.
C- O Campo é o Mundo. ..
G-H-F-A- E ele exige de nós mais,
B- Mais,
E- Mais,
D- Muito mais,
H- Ele exige abnegação das nossas vidas. . .
TODOS - O mundo tem fome e sede de justiça!
H- O mundo clama por salvação!
A- O mundo precisa de luz!
TODOS - A luz do Evangelho de Jesus.
C- Bolívia,
F- Portugal,
B- Paraguai,
D- Três Bandeiras,
E- Três países a nos desafiar e a nos inspirar por um
avanço de uma conquista maior.
H- Povos que lutam. ..
A- Ódio...
C- Contendas. ..
B- Ciúmes,
F- Guerras. . .
E- Misérias...
D- Lágrimas...
G- Perdição...
H- Desespero...
TODOS - Quantas vidas a perecer sem Cristo e sem salvação!G - E ele assim permanecerá...
A- Viverá...
B- Se não anunciares aos homens o amor eterno de Jesus.
C- Por que permaneces indiferente aos apelos de um mun-
do sofredor?
G- Por que não ergues o olhar para os campos?
H- Ó Senhor, desperta o teu-povo,
P- Levanta-te, moço corajoso e decidido, para a sua seara,
TODOS. Porque ela é grande, e poucos são os obreiros.A - O Campo é o Mundo...
TODOS - Cristo, a Única Esperança!
Nesse dia, tão cheio de gratas evocações e doces reminiscências, a humanidade cristã põe de parte os
afazeres costumeiros, para tributar sincera oblação ao ente querido que nos deu o ser.
Muita justiça e mérito há nessa homenagem. Se a gratidão fenecesse de todo no coração humano, quão
árida e escabrosa não seria a senda do exibir! A abnegação materna desperta em nós o reconhecimento, o
respeito e nos leva a admirar o grande amor de Deus por nós, suas criaturas.
Bendita e luminosa idéia a daquela jovem que, com sua nobre iniciativa, nos legou o Dia das Mães!
MINHA MÃE
R. G. Lintner
Você foi aquela cujo coração pulsou de amor por mim em primeiro lugar. Você foi quem me apresentou
a melhor companhia, o riso, o canto, ao adormecer, e o amor. Você dirigiu os meus primeiros passos. Você
me ajudava a levantar, quando caía, e me encorajou a pisar firme neste mundo de volubilidade e inclinações
más, o qual subitamente se ergueu para encontrar--me com toda a sua confusão e fadiga.
Você me enxugou as lágrimas, beijou o lugar onde sentia dor, acalmou-me nas horas de temor e
confortou-me em todas as minhas tristezas. Você me ensinou a cantar e a rir e a conhecer a bondade,
quando a via praticada.
Você me ensinou a ver tudo quanto de belo me rodeia — no beijo do orvalho, na rosa e no pinheiro
coberto de neve, no céu estrelado e na gloriosa sinfonia do entardecer e, se bem nunca o tenha imaginado,
nos seus olhos, onde a ternura brilha com esplendor eterno.. .
Você me ensinou a ver o arco-íris que temporariamente vem residir em nossas lágrimas. Você me
ensinou a ver as estrelas que brilham unicamente quando as noites da vida nos surpreendem. . .
Você me ensinou o significado da bondade e me ensinou também a ver como o amor transforma
pequeninas coisas em maravilhas jamais sonhadas, e aquilo que é comum, em realidades grandiosas, a
brilhar sem esmaecer através dos anos.. .
Você me ensinou a andar sem temor pelo caminho silencioso onde só se ouve a voz do espírito. Você me
ensinou a ver quão sublime é o resplendor da fé que repousa na religião verdadeira, pela qual o caminho
pode ser iluminado. E era muito pequenino ainda quando você me mostrou a sublimidade de um rosto
voltado para Deus. ..
Você me ensinou a orar e me inspirou de tal modo que pude elevar o meu olhar, tirando-o da terra e
erguendo-o até o céu. Você me ajudou a descobrir o que é mais precioso do que a argila, a terra e o ouro, que
só neste mundo tem valor, e valor relativo. . .
Você me dotou de tal modo que jamais poderei retribuir-lhe, a não ser que eu também consiga acender
luzinhas poderosas nos espíritos em trevas, devido às desilusões e às derrotas, e a ajudar os necessitados e
aflitos e os que vivem em solidão, partilhando desta bondade que você me concedeu.
MÃE
Pereira de Assunção
Um cravo branco. Um cravo branco na lapela representa tristeza e quer dizer saudade, É lembrança imortal
de um grande amor, daquela que a memória retém e que esquecer não há de!
Cravo branco a lembrar toda a virtude dela
— da mulher-coração, dessa mulher-bondade — Nome tão doce: Mãe! Quanto amor se revela em nome tão
pequeno, onde há grandiosidade!
O cravo branco diz desse amor que não vive
— desse sincero amor que eu na vida já tive — amor-consagração que a pena não descreve.
Nome bendito: Mãe! Oh! nesse nome se ouvem harmonias do som que consagrou Beethoven e é a "tradução
do amor numa palavra breve"!
As mãos de minha mãe... Quanta bondade, Carinho, amor, delicadeza pura Me lembram, nessa doce
formosura Dos traços venerandos, sem vaidade!
Oh! Quem me dera apenas a metade Gozar dos dons da vida e da ventura Que elas suplicam, cheias de
ternura E incansáveis, ao Deus da Eternidade.
MÃE QUERIDA
Antônio de Campos Gonçalves
Ó minha mãe! Eu sei que as tuas magras E envelhecidas mãos assim ficaram Porque tiveste,
sim, tuas horas agras.
Quantas vezes teus olhos enxugaram
Essas mãos que ainda agora nos consagras!. ..
Se mais sofreram, foi que mais amaram!...
Terei palavra escolhida,
mãe querida, que traduza o teu amor e leve ao mundo a alegria
deste dia de tributo ao teu louvor.
Bem haja o dia formoso,
venturoso, para as mães no doce lar; jamais lhes falte o carinho
no seu ninho, desejado, singular.
De todos haja o respeito,
vivo preito, por memórias imortais, de mães chamadas à glória,
cuja história não se esquece nunca mais.
Às mães que vivem agora,
como outrora, empenhadas só no bem, sobeje a paz e a doçura,
por ventura, como a todas lhes convém.
Não falte aos filhos bondade,
por vontade de servir e benfazer, honrando as mães, cujas vidas
decididas não se devem esquecer.
E baixe Deus recompensa,
por sentença que se possa aqui cumprir: a bênção de vida nobre,
rica ou pobre, sinaleira do porvir.
(De Expositor Cristão
(De Reforma)
MAE
Kate Alice Ostergren
Mãe,
Eu vi cruzes enfileiradas e homens silenciosos e tristes. (Para alguns a guerra acabou.)
Eu vi generais recebendo medalhas, enquanto crianças choravam,
[famintas,
E velhinhos em confuso combate, querendo agarrar um pedaço
[de pão.
Eu vi mulheres sozinhas nos portos, à espera de alguém que
[nunca voltou,
E velhinhas chorando em silêncio, olhando o retrato do herói
[que morreu.
Mãe,
Se este é teu dia, antes que eles te abracem, vai tu ao encontro
[do filho que é teu,
E, ainda que o vejas num berço, dormindo, ou se é ele quem beija
[tua fronte, a sorrir,
Sê tu quem lhe mostra o caminho do céu.
Ensina teu filho a ser bom.
Mãe.
(De Expositor Cristão )
À noite, ajoelhados, reverentes, Nossa alma, nossa vida lhe entregamos. E o sono vem
tranqüilo e benfazejo, Pois é Deus, nosso Pai, quem está velando.
Papai, mamãe, irmãos, agradeçamos Uma firme e suave proteção. Louvemos o bom Deus, que nos
concede Este querido e doce lar cristão.
(De Reforma )
Gióia Júnior
Neste dia alegre de felicidade,
neste dia lindo de poesia e canto,
vêm-me aos olhos tristes esse orvalho santo
que se chama pranto;
pois tenho saudade
de mamãe querida, que partiu, doente,
pra, longe da gente,
numa outra cidade,
ir beber um pouco de felicidade.
Vejo tanta força pelo mundo afora,
vejo tanta vida pelo espaço além;
como eu fico triste, ao ver que foi-se embora
minha mãe querida,
que minhalma adora,
procurando força, procurando vida,
quando a humanidade tanta vida tem.
Eu quisera dar-te um pouco do meu ser, eu quisera dar-te a minha própria vida, minha mãe
querida, que eu adoro tanto, doce e meigo encanto que me viu nascer.
Mas, como não posso, peço ao Deus Potente:
"Traz mamãe bonita, traz mamãe contente,
traz mamãe risonha,
pois minhalma sonha
vê-la satisfeita, vê-la sorridente;
traz mamãe bem forte, pra alegrar a gente."
Pode, por acaso, o tenro passarinho
longe da mãezinha ter felicidade?
o bichinho morre triste de saudade.. .
pobre. . . pobrezinho...
Traz mamãe depressa, ó Deus, escuta a prece, pois o dia tomba e a noite escura desce, e eu estou morrendo
bem devagarinho, sem o seu afago. . . sem o seu carinho...
RETRATO DE MULHER
Léa Gosta Araújo (Àquela que foi mestra, esposa e mãe exemplar.)
Um dia deparei um quadro original,
Belo em simplicidade e de valor real.
Num curioso gesto, eu quis analisá-lo,
Os seus traços olhando e ousando interpretá-lo.
Era um quadro comum, retrato de mulher. Enfeites não trazia ou pintura sequer! E, no entanto, era tal do
rosto a expressão Que me falou direto à mente e coração.
No seu cansado olhar eu pude muito ler
No afã da vida intensa o cumprir do dever.
No lar é esposa amiga e fiel, delicada,
É carinhosa mãe, vive sempre ocupada
Em dar aos filhos seus um mundo de carinhos
E vê-los a pisar flores em seus caminhos!
Mas não parou aí seu mister divinal:
Lutadora do Bem, combateu contra o mal,
Crianças — um milhar — a ela foram ter,
Levando de suas mãos as luzes do saber,
Ao Brasil, de sua vida, o melhor ela deu!
Para a Itália partiu querido filho seu.
Em seu olhar dorido e triste de saudade,
Há vivo lampejar de grã felicidade,
Por haver concorrido, em pequena parcela,
A engrandecer a Pátria, a tão querida dela!
E, que ganhou? Não foi o ouro vil, nem glória,
Somente uma coroa — os louros da vitória —
De cabelos tecida e que se embranqueceram, Que pelo sofrimento a sua cor perderam! Nos lábios seus
sorrindo, eu vejo um grande mundo De ensinamentos sãos e de um valor profundo. Seu todo é de ousadia,
enfrenta sacrifícios, Batalha neste mundo encharcado de vícios, Soube vencer com fé toda dificuldade,
Amando sempre o Bem, a Justiça, a Verdade.
E muda, extasiada, eu pude então notar Que aquele belo quadro era a mim familiar.,. E, num grito feliz, de
alegria tomada, No retrato revi minha Mãe adorada!
(De Expositor Cristão )
SE EU PUDESSE
Solon Borges dos Reis
(Extraído)
MAMÃE
Mamãe é tudo para mim, E o seu amor não tem fim! Nossa casa é doce ninho Onde ela manda
contente. E nós que inda somos pichotes, Nós somos os seus filhotes A receber seu carinho.
Pra mim é tudo na vida A mamãezinha querida. Às vezes, bate na gente! Mas
depois, tão mal se sente Que até parece ser ela Quem levou as chineladas, Os
beliscões, as palmadas.
Por todos nós mamãe zela E em carinho se desvela; A mamãe é sempre assim, Ela é tudo para
mim.
(Extraído)
MÃEZINHA
Heli Menegale
Minha mãezinha é a pessoa que a mim, na terra, mais ama. À noite, risonha e boa,
vem ver-me na minha cama,
cobre-me bem, faz-me festa. Se rio, indaga: — "Que foi?" Por fim, me beija na testa,
dizendo: — "Deus te abençoe."
Durmo. E, enquanto estou dormindo, de sonhos tudo se estrela. Mas o meu sonho mais
lindo é quando sonho com ela.
QUEM É?
Acho que ela é diferente, Para mim, de toda gente; Até parece que entrevejo Em seus
olhos, num lampejo, Um céu radioso, um paraíso! Outras vezes o diviso Na meiga
expressão do rosto, Se me fita. E com que gosto E paciência me auxilia, Ensinando
cada dia, Quando erro ou me entristeço.
Também sofre, se padeço, Mas, ao ver-me bem contente, Mais prazer ainda sente. Se
consola, é com doçura; É justa e terna, se censura; Tudo nela é bom e belo, O amor é o
só anelo Do seu grande coração. "Mas, quem é tal perfeição?" — Talvez digam. Pois não
sabem? Ela. .. ela é minha mãe!
(De Bem-Te-Vi)
A MÃE
Antônio Ferreira de Melo
Oh! bem haja a Providência, que no seio maternal abriga a flor da existência como a
bonina no vai!
Feliz do que tem no mundo de sua mãe o sorrir, como o orvalho fecundo que
tem a flor ao abrir.
Há muito amor sobre a terra, afetos todos os têm, mas nenhum como o que encerra o
coração de uma mãe.
É como a rola que chora, junto do berço a cantar, e como o riso da aurora
é a luz do seu olhar.
EU QUISERA, MÃEZINHA
(Às mães da 1o Igreja de Belo Horizonte)
Gustavo A. Brasil
Quantas vezes, mãezinha, a sós contemplo a nuvem branca, altívola, no espaço! Parece um
sonho de grinaldas feito, peregrinando misteriosamente...
As galeras ao mar são companheiras dela! E, na distância, em surdina, vão cantando o poema
nostálgico do vento e o soneto sentido de minhalma.
Eu quisera, mãezinha, ser a nuvem e nas águas do mar ter minha imagem! Eu, no
espaço, vagando a vida inteira, refletindo, também, no teu olhar.
O MONÓLOGO DA FILHA
Isaac Nicolau Salum
(De Reforma )
Sugestão — Esta representação poderá ser feita numa noite especial e um pouco diferente: com a ajuda
dos irmãos poderiam as filhas fazer um banquete em tamanho pequeno, usando mesas improvisadas e coisas
ligeiras, como sanduíches, doces, refrescos, flores, etc. Convidem-se os pais também. O programa poderia ser
realizado enquanto estão ao redor da mesa, antes ou depois do lanche. O artigo "Minha Mãe" que vem na p. 99,
pode também ser usado.
Cenário — Um cartaz com a paisagem que o título sugere trazido por duas moças, que se conservam de
cada lado. Atrás, um jovem, a fim de recitar o lema alegórico. Em círculo, um pequeno conjunto coral misto,
talvez um quarteto duplo. Coro final.
Personagens: Uma criança com uma boneca. Uma ginasiana com uniforme e livros. Um adolescente com
roupa esportiva, máquina fotográfica a tiracolo. Uma professora recém-formada. Mãe.
A DIRIGENTE: Dentre os confrontos incoerentes da vida, está o nome mulher. As duas correntes, pró e
contra essa criação de Deus, digladiam-se, cada qual buscando a persuasão, o apoio, a solução satisfatória
do problema suscitado.
O domínio das letras é mister elevado para ela. Os despeitados menosprezam-lhe o talento, se o tiver.
Fala-se dela quando as artes a governam. Atiram-se-lhe pedras sobre a moral, quando a política a
entusiasma e fascina. Nega-se-lhe a capacidade, quando a ciência a empolga. Em tudo, a mulher é alvejada
com as setas mais daninhas da mofa e do escárnio.
Os filósofos da antigüidade feriram-na com os mais acerbos doestos. Sócrates achou-a "a fonte de todo
o mal". Platão classificou-a de "aquela que tem menos virtudes que o homem". Aristóteles, que "é uma alma
de segunda ordem". Hipócrates, que "é perversa por natureza". Tito Lívio deu-lhe o nome de "fera indomável".
E o satírico Juvenal, "o maior dos males".
É de lastimar que esses homens se esquecessem de suas mães!
Entre os gênios da Idade Moderna, citemos o grande Milton, que, apesar de ter uma bondosa filha, disse
da mulher: "é um belo defeito da natureza."
No meio desse caos de ruína e fracasso em que a mulher foi colocada, aparece-lhe ao caminho a figura
máxima da História: NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, que, impulsionado por ilimitado amor,
incompreensível à mente humana, tirou-a do charco, segurou-a com o braço potente e, olhando os
escarnecedores, falou-lhes: "Quem for isento de culpas, atire-lhe a primeira pedra!"
Já se fala da mulher não tanto por justiça, como pelo velho instinto de imitação. Os grandes falaram
dela; os pequenos, fadados à grandeza, precisam, por isso, de falar dela também.
Entretanto, quando a maternidade a coroa, quando o cetro do lar a enobrece, quem ousa dar-lhe pechas
de mediocridade ou de inutilidade? Ela é, verdadeiramente, a governadora do mundo, através dos filhos.
Quem maldiria a própria mãe? Ou qual o filho que deixaria impune a sua honra ultrajada?
O inolvidável poeta, Olavo Bilac, conta uma interessante tradição dos papuas das ilhas Banks, que têm
a maternidade como o suprassumo de suas vidas, mas cuja selvageria é das mais atrasadas. "Acreditavam
aqueles selvagens que os seus antepassados eram tão privilegiados das divindades celestiais que, além de
não morrerem, podiam remoçar quando lhes aprouvesse." Conta o nosso altíssimo poeta e grande prosador:
"Mudavam de pele de quando em quando, como as serpentes, e, a cada muda, rejuvenesciam. Ora, um dia,
uma mulher, que já não era moça e tinha um filho pequenino, dirigiu-se ao rio, em cuias águas mudou a sua
pele, deixando a pele velha ir corrente abaixo, até ficar presa a um galho de árvore. E voltou para casa moça
e bela... Mas o filhinho, que só a conhecera velha e feia, não a reconheceu sob a pele nova, e não a quis
beijar. Então a vaidosa mulher, preferindo à sua vaidade de mulher o seu orgulho de mãe resignada, e mais
do que resignada, feliz, voltou ao rio, des-pojou-se da formosura, tornou a envergar a pele velha, e sacrificou
ao seu amor materno o seu amor de si mesma."
Há na vida contrastes chocantes, absurdos até, que pasmam e assombram, na grandeza e no valor de
sua insignificância! Ora é a semente que morre; ora a gota dágua que se refrata; ora o eléctron invisível que
traz dentro de si uma potencialidade. Coisas triviais. Quem não o diria? Entretanto, universos de grandeza!
Assim és tu, mãezinha, que te sublimizas no esconderijo do teu anonimato.
E agora, diante da tese incontestável de que a mão que embala o berço é a que rege o mundo, ouço,
dentro das minhas reflexões, o veredicto: não é mais o forte que protege o fraco, mas, sim, o fraco é o
protetor do forte!
(0 canto "Mãezinha Querida" em surdina.)
Uma das moças que seguram o cartaz: Mãe!
Teu nome se iguala À voz que te fala, Dizendo: és amor!
(Todos cantam.)
Entra a criança:
Ela me embala cantando, E o seu cantar é tão brando, Que me torna
alegre a vida! E me calo... Só, baixinho, Digo-lhe, em tom de carinho:
Minha mãezinha querida...
E sai comigo a brincar...
Então juntas, a cantar,
Vamos as duas contentes:
Ela com a sua filhinha,
Eu com a minha bonequinha,
Sorrindo, mostrando os dentes...
Lá-lá-lá!... Mamãe tão boa! A minhalma assim entoa Esta canção de criança. Do
seu amor dá-me prova E a cada instante renova Um tesouro de esperança!
Entra a ginasiana:
Vou marchando para a escola! Meu coração é corola, Todo aberto para
o sol. Quantas bênçãos eu recebo! E a linfa divina bebo, Defronte deste
arrebol!
Isso tudo me forneces, Com o carinho dessas preces Que te alentam, mãe
querida! Dizes que sou diamante, Lapidado a cada instante, Após lição
aprendida.
E saber para servir, Eis o ideal do porvir, Minha adorada visão! — Quero, meu
Deus, mais honrá-la! — Mamãe, teu nome trescala Aromas do coração.
Para eu galgar a montanha, Oh! que renúncia tamanha Foi a tua, mãe querida!
Preferiste, quanta vez, O desprezo, a insensatez, Para ver-me enaltecida.
Pois em casa, maltrapilha, Tu, beijando a tua filha, Sim, não podias sair...
Gastaste todo o dinheiro! E o meu traje? Era o primeiro, Belo, caro, a reluzir!...
Como esquecer a poesia, Ó mamãe, daquele dia, Na festa de formatura? Por que
negar? Fui chorando, Meu caminho palmilhando, Todo cheio de amargura.
A pobreza te rodeava... Tu te fazias de escrava, Humílima, a trabalhar... Qual a mãe
de Miguel Couto. Com o seu vestido tão roto, Lindas vestes a lavar,
Assim te mostras princesa, Do teu amor na grandeza, Que sobe às raias da
glória. Alcançado o magistério, Farei dele o meu saltério, Para louvar tua
história!
(O canto "Mãezinha Querida" e o recitativo do lema.) Entra a mãe:
Hoje sou mãe. Teu modelo, Copiei-o, com desvelo, Mãe querida, meu amor. Fiz-me
pronta na constância: Renovar meu lar de infância Com alegria e destemor.
Imitei da tua vida A vontade destemida, A suprema abnegação. Como Cornélia,
meus filhos, Comparei-os aos rebrilhos Das jóias do coração.
Minha casa! Meu sacrário! Contra o mundo temerário, Faço de ti fortaleza. Quando
vier a batalha, Que me proteja a muralha De tua vasta nobreza!
Meu lar é todo o meu mundo, Nele encontro o mais profundo, O mais real
dos prazeres. Filhos! Tesouros preciosos, Porque, dos seres ditosos, Os
mais ditosos dos seres!
(Entra o grupo coral, completando o Quadro apoteótico, e todos entoam: "A Tua Casa É um Pedaço do Céu "■)
Escola Bíblica Dominical
ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
Maria Lemos
Bendita Escola! Onde os povos Se podem matricular. Ricos, pobres e famintos A todos
quer ensinar!
Muitos são os seus alunos Aqui e em todo o mundo! O seu precioso ensino É
mui fácil, mas profundo!
Grande e florescente Escola, Que uma só ciência tem! E por toda a humanidade Espalha
as rosas do bem.
BENDITA ESCOLA !
Guaracy Silveira
Bendita Escola! Bendita fonte
De eterna luz! Tu, da ignorância nos redimiste, Nos libertaste, como na cruz, De toda
a mancha nos tem livrado
Nosso Jesus.
AS DUAS ESCOLAS
Mário Barreto França Diálogo para meninas no Dia de Rumo.
(Cenário: Uma encruzilhada. De manhã. Uma menina em traje escolar, representando a Escola Primária, entra
pela esquerda, sobraçando uma cartilha e trazendo um pedaço de pão na mão esquerda. Outra, em traje
simples, de passeio, representando a Escola Bíblica Dominical, entra pela direita, sobraçando uma Bíblia e
cantando, à meia voz:)
E.B.D. — Eu sou da Igreja de Cristo A Escola Dominical, Que levo a todas as
almas O ensino celestial.
E.P. — Bom dia, minha amiga! aonde vais apressada?
Inda é cedo, não vês? não há ninguém na estrada; Conversemos um pouco e falemos em tudo,
Tudo o que diz respeito às belezas do estudo.
E.B.D. — Tenho pressa; preciso ir a um subúrbio pobre, Cumprir uma missão humilde, porém nobre: Levo à
mocidade uma boa lição, O prêmio de um conselho, um pedaço de pão E a palavra de fé que
encoraja e seduz, Na bondade de Deus e no amor de Jesus. Mas... quem és, afinal?
E.P. — Sou a Escola Primária.
É grande meu dever, minha missão é vária: Fazer duma criança uma útil criatura; Inicio-a no
edifício ao lado da leitura; Contando-lhe da Pátria os feitos de heroísmo,
Faço nascer-lhe nalma o são patriotismo, E, dirigindo-a assim por um caminho reto, Abro-lhe a
porta azul do reino do Alfabeto, Onde vive a cantar, onde vive a esplender A divindade da Arte e
a glória do Saber.
E.B.D. — É verdadeiramente altruísta o teu destino!
Moldas, em cada ser, com o escopo do ensino,
O caráter que tem na força do direito
O único ideal do cidadão perfeito
Que trabalha e que luta em prol da humanidade.
E.P. — No entanto, mais sublime é a tua caridade!
Eu, pelo bem da Pátria, ensino o principal...
Mas a ti, só te move o amor universal;
A todo coração ensinas a ser puro
Para alcançar o céu... Tua glória é o futuro,
O futuro melhor que se prometa a alguém
— a justiça do amor e o código do bem.
E.B.D. — Irmanemos, pois, na missão benfazeja
— Tu, escola da Pátria; eu, escola da Igreja — De oferecer ao mundo o bálsamo eficaz
Desse amor fraternal, que é o símbolo da paz.
E.P. — Pela Pátria terrestre, esforçar-me-ei em tudo, Pra dar à mocidade as riquezas do estudo.
E.B.D. — E eu, seja na cidade ou no sertão agreste, Eu sigo a trabalhar pela Pátria celeste, Pregando em
toda parte o evangelho da cruz E oferecendo ao mundo o perdão de Jesus.
A BÍBLIA
Stela Câmara Dubois
Fonte de Paz, que em borbulhÓes de luz Abre dos céus a entrada luminosa!
Guia que os passos dúbios me conduz, Sol fecundante! Inspiração gloriosa!
Meu Tesouro!
Prazer e proteção, consolo e glória, E tudo, tudo a que minhalma aspira, Encontro em ti, ó
Livro de Vitória, Imaculado Livro que me inspira, Para louvar a Deus!
Na alegria ou na dor, na vida inteira, Quero-te, ó Livro, junto ao coração! O término do mundo
se aligeira, Para que eu veja a tua exaltação, Ô Bíblia, ó minha Bíblia!
( De Primícias )
MINHA BÍBLIA
Paulo Lício Rizzo
Bíblia! tua luz divina em facho alcandorado Levou à minha mente a glória da verdade, A paz e o conforto...
Meu coração febril, então desesperado, Achou, num mundo hostil e cheio de maldade, Um
remansado porto!
Bíblia! eflúvio doce em meio da amargura, Canto de amor na mata escura e tenebrosa Dos
ódios desta vida... Fazes lembrar a mãe que exorta, carinhosa, A filha mui querida!. .'.
Compasso da existência a apontar bem certo Ao viajor cansado as rotas da justiça E a porta do
infinito!
Eu quero ter-te aqui, aqui sempre bem perto, No fragoroso ardor desta agitada liça Por onde eu
periclito!...
(De Unitas )
O berço de Belém! Grata esperança Nasceu ali a toda a humanidade, Com os sinais seguros de
bonança, Em meio de terrível tempestade.
Oscilavam do mundo os fundamentos; Toda a ordem social se esboroava; Satã via cumprido
seus intentos; O homem no pecado naufragava.
Mas o Cristo nasceu! A débil mão Que se move naquela estrebaria, Procurando a humana
proteção, O aconchego do seio de Maria,
É a mesma poderosa mão divina Que os astros espalhou pelo infinito. Tornou-se, agora, tenra e
pequenina Para atender do pecador o grito.
Berço bendito! Berço que encerra Da humanidade a plena redenção! "Glória a Deus nas alturas, paz na
terra!" Eis a tua simpática missão.
Antes e após de ti, berços aos mil Têm surgido, mas tu não tens rival; De ti, sem ti, não logram um ceitil;
Nascem muitos, porém há um só Natal.
NASCEU JESUS
Jesus nasceu! Na terra há vozes de harmonia! Há no espaço, a vibrar, uma alegria santa; Um coro
divinal! Que linda sinfonia! A natureza em festa com fervor descanta!
Jesus nasceu! Ouvi o majestoso tema Da celestial canção: "Gloria in excelsis Deo!" Paz e redenção —
eis o luminoso lema DAquele que é o caminho certo para o céu.
Jesus nasceu— cumpriu-se antiga profecia! Anjos ridentes cantam perenal hosana A Cristo, o Rei
dos reis, ao Pilho de Maria, Que trouxe a salvação que só de Deus promana.
Natal! Feliz Natal! Viveiro de emoções! O teu programa tem a inspiração de cima E faz
de todos nós pulsar os corações De regozijo santo e inspiradora rima.
FELIZ NATAL
Jonathas Braga
Foi em Belém, naquele dia, quando uma estrela apareceu que, em cumprimento à
profecia, Jesus nasceu!
Tudo era então viva poesia, e anjos cantavam pelo céu, como a dizer com alegria: Jesus
nasceu!
E ele, na pobre estrebaria, olhando em torno o povo seu, qual novo sol
resplandecia! Jesus nasceu!
Feliz Natal o desse dia, quando uma estrela apareceu e disse ao mundo, entre alegria:
Jesus nasceu!
Ouviu-se um eco de trombetas várias e, pelas célias plagas solitárias, grandiosa estrela, súbito,
brilhou!
Alguns zagais, na estrela o olhar fixando, deixam os seus rebanhos repousando e vão depressa em busca de
Belém. ..
E ali, no feno, em seu fulgor divino, vão encontrar, enfim, o pequenino, a quem a Virgem, com amor,
sustem.
Quanta humildade existe nesse canto e ao mesmo tempo que divino encanto se pode ver em
torno de Jesus!
É para os pobres que ele tem nascido, porquanto o têm os ricos esquecido e nem sequer o buscam conhecer.
Toda a humildade que a Jesus circunda os corações dos míseros inunda como um clarão divino de
poder!
E, enquanto têm os príncipes toucados e vestem sedas, linhos e brocados, Jesus apenas pobres palhas tem...
Onde, porém, existe mais poesia
do que esse poema que enche de alegria
a manjedoura humilde de Belém?
NATAL
Jonathas Braga
Quando, no estojo azul do céu vasto e silente, aquele astro fulgiu maravilhosamente, Efrata despertou do seu
sono profundo e as pálpebras abriu para o resto do mundo!
Então, no seu regaço humilde e pequenino, a se balsamizar do aroma campesino, todos os reis da terra o
Prometido viram e a luz do estranho sol, atônitos, seguiram. Os anjos, na amplidão cerúlea, salmodiavam e
muitos corações aflitos exultavam... E quem fosse a Belém-Efrata nesse dia, na manjedoura o Rei dos reis
encontraria, cercado de pobreza e cheio de humildade...
Ele não conheceu o luxo da vaidade e não teve um palácio e nem rendas custosas, nem berço a fulgurar de
gêmulas preciosas, porém a manjedoura, onde o feno jazia, foi o próprio lugar onde nascer devia!
Assim quisera Deus que o Redentor nascesse e desde então o seu exemplo aos homens desse, a fim de que
na terra a pobre humanidade buscasse o Salvador nascido na humildade!
E quando, na amplidão do céu vasto e silente, aquele astro brilhou esplendorosamente, Efrata ressurgiu do
seu langor profundo, trazendo para nós o Salvador do mundo.
O PRESENTE DO NATAL
Jonathas Braga
Lúcio é um menino obediente e muito bom para seus pais; ele conversa com a
gente como se fosse um "rapaz.
De Lúcio a loira irmãzinha é muito boa também e nunca está zangadinha (de modo
algum!) com alguém.
Ambos estavam sentados,
naquele dia de luz,
tecendo sonhos dourados
em derredor de Jesus.
E relembravam a história
da manjedoura em Belém:
Jesus cercado de glória
e de presentes também. Então, o Lúcio dizia, com a voz quase angelical:
— Eu bem quisera, Maria, um bom presente ao Natal.
A pequerrucha, entretanto, voltando-se para o irmão, cheia de amor e de encanto, disse-
lhe apenas, então:
— Basta que nos alegremos com esse presente de luz,
e nele nos gloriemos: o bem amado Jesus!
Jesus Cristo nasceu! A lei é morta. A graça, como a linfa da vida, à humanidade é dada. .. surgiu novo
arrebol para a alma sepultada, no flágido abismal da treva e da desgraça.
Jesus Cristo nasceu! Qual brilhante sem jaça, o seu brilho é o fanal da fúlgida morada... Esgotará, calado, a
dor da alma cansada, como a lia fatal do fundo de uma taça.
Há, no espaço, a vibrar, uma harmonia santa, um coro angelical que no infinito canta e um límpido rumor
de pura alacridade.
No entanto, sendo Deus o Verbo humanado, escondeu Jesus Cristo o célico reinado na dulcíssima paz de
mística humildade.
A ORAÇÃO DO NATAL
Grace Noll Crowell
NATAL
Brant Horta
Jesus nasceu! Num pequeno E humilde leito de feno, Ei-lo coberto de luz.
O ETERNO NATAL
Daria Gláucia
Abro o LIVRO, vovó, aquele livro que você lia com ternura infinda, e na mesma ansiedade
de criança, releio a velha história do Natal...
e lenta, lentamente, vovozinha, as páginas virando, vou sentindo, de longa antigüidade,
muito além, um perfume sutil, que vem surgindo das campinas floridas de Belém...
e sobe, pelo ar, suavemente, perdida na distância das alturas, um murmúrio de vozes, vozes
danjos, rasgando a espessa paz dessas planuras, e, no fundo da noite constelada, vejo surgir
— doce visão de luz, a lâmpada de Deus — estrela linda pra clarear a choça de Jesus!
Agora vovozinha, o livro fecho, mas vejo o mundo — livro colossal, as velhas folhas
denegridas, sujas da poeira das guerras e do mal, por séculos esparsas como levadas por
um vendaval!
Mas eu tenho, vovó, tenho esperança, com a mesma fé dos tempos infantis, que o mundo inda será um livro
novo, todinho de gravuras e paisagens de rútilo matiz.
E trago ao coração uma certeza
que atravessou comigo toda a infância,
pura e sem igual:
— Um dia a divina criança de Belém pequena se fará mais uma vez, para caber em cada coração...
na luz infantil da estrela santa levaremos nalma esta alegria, quais sininhos da noite festival; e, no mundo
de Deus, linda, tão linda, será eterna festa de NATAL!
ADORAÇÃO
(Autor desconhecido)
Natal — a mística cena
de uma humilde manjedoura,
numa aldeia bem pequena,
em que a claridade loura
de uma estrela cintilante
espalha faixas de luz
sobre o Menino-Jesus!
Natal — pastores nos prados, que ouvem de anjos a mensagem e caminham apressados
para ver a doce imagem de uma criança entre palha, com as mãozinhas em cruz, que a
todos salva — Jesus!
Natal — do Oriente distante,
três Magos, em três camelos,
seguem um astro brilhante,
trazendo, com mil desvelos,
perfumes, resinas e ouro
como oferta que traduz
seu amor ao Rei Jesus!
Natal — um verde pinheiro, sinos que acordam os ares, júbilo no mundo inteiro,
corações que são altares, onde o Cristo entronizado Caminho, Vida e Verdade oferece à
humanidade!
ANO NOVO
Jonathas Braga
O Ano Velho tem passado, Para nunca mais voltar! O seu pranto tem cessado, para
nunca mais tornar, que o Ano Velho tem passado, para nunca mais voltar!
Tudo agora é novo, tudo numa nova vida traz! Dediquemos ao estudo nosso
tempo e nossa paz, pois agora é novo tudo, que uma nova vida traz!
Ao Altíssimo imploremos muitas bênçãos celestiais, e louvores mil lhe demos pelo Novo
Ano que traz, e, contritos, lhe imploremos muitas bênçãos celestiais!
ANO NOVO
Stela Câmara Dubois
De cada dia a aurora renovada Rompe da noite os negrejantes véus;
Sobre tufões, soalheiras e escarcéus, A primavera surge, transformada.
Rejuvenesce a árvore, enflorada; Após as nuvens, se clareiam os céus;
E só se apossa o herói dos seus troféus Sobre as ruínas da luta encarniçada!
O Ano Novo tem asas de esperanças! Trajado vem com as vestes das bonanças,
Que algemas quebram e anulam desenganos,
Para gritar, por vezes repetidas: Fazei, dentro das vidas, novas vidas,
Dentro dos anos, outros novos anos!
ANO NOVO
Mário Barreto França
O ano que é findo Se vai despedindo, Chorando e sorrindo, Por mal ou por
bem; Mas. .. velho ou criança, A mesma esperança Alegre descansa no ANO
QUE VEM.
O mundo emotivo Procura um motivo, Mais íntimo e vivo, De amar e
de crer; Por tudo o que espera Com alma sincera, Feliz primavera Na
vida há de ver.
Se o ano que nasce Reflete na face O encanto fugace De um raio a
luzir; Não veja desgraça No ano que passa, Mas toda essa graça De um
róseo porvir.
Ó Cristo, consente Que a vida da gente Te seja um presente De consagração; E, assim, no ANO NOVO, Mais
justo, o teu povo Se faça renovo De paz e perdão.
J
Mais um ano que chega e outro que passa, Num misto de ventura e de saudade; Suplica-se do céu divina
graça E o gozo de servir ao peito invade...
De joelhos em terra, a humanidade espera Do derradeiro instante do ANO VELHO, Há sempre
confissões, na mais sincera Vontade de viver para o evangelho.. .
E quando, ao som de um cântico sagrado, Saúda-se o raiar de um ANO NOVO, Sobe a Deus,
penitente do pecado E em místico louvor, a alma do povo.
Essa ingênua alegria das crianças Enfeita o coração da gente pobre, Que fica
colorido de esperanças E de bondade se ilumina e cobre.
ANO VELHO que vais, boa viagem! ANO NOVO que chegas, sê bem-vindo, Para encher a alma
humana de coragem, Para o mundo tornar mais justo e lindo!
VOZES DE OUTRORA
(ALEGORIA BÍBLICA)
Alfredo Mignac (De Horas Vibrantes )
(As dez cidades mais importantes da Palestina. Jovens com as insígnias declamarão ao som de instrumentos ou
à voz do coro
em surdina.)
Os nazarenos — que sofrer imenso! — um dia rejeitaram o Messias, Aquele que crescera no seu seio! Era o
Irmão Desconhecido, um pária, o Companheiro, agora indesejável, Ele, que é o nosso mais sublime anseio!
Em Caná, o milagre fez, primeiro, da água vinho puro de uvas frescas, denunciando ao mundo o seu poder!
Foi em mim que Maria, a Mãe bendita, ordenou-nos, a nós servos de Cristo:
— Fazei tudo quanto ele vos disser!
O milagre que ensina a utilidade, que evidencia a Fé que nos transforma, que principia em sangue e em
sangue acaba! O Cordeiro imolado — o apodo, o insulto, a cruz, os cravos, maldição e morte,
— tempestade de dor que atroz desaba!
Quanto bem, quanta graça, amor infindo, trouxe aqui, para o povo, abrindo a estrada larga, sublime, ao
pobre pecador! A Lázaro — exumou, ressuscitando, A Marta — aconselhou; disse à Maria, ter ganho a
melhor parte — o seu Senhor!
NAIM (uma viúva embuçada) —
Era tarde. O horizonte, uma fogueira, o caminho ensombrado. Em breve a noite cobriria o
infinito com o seu véu. O filho amado a morte arrebatara, o único arrimo do solar materno, ia
a caminho do seu mausoléu!
Ei-lo que surge! E com ele a morte estaca, e o pranto acaba e cessa a dor, e o luto cede o lugar
ao gozo, ao riso, à graça! Ao filho ressurgir, tornou-me a dar a alegria da vida! Ó Cristo amado,
tudo se acaba! O teu amor não passa!
JERICO (conduzindo uns cachos de uvas e figos) —
Galiléia de paz, de maravilhas, testemunha ante os séculos que passam, velozes, como o
doido furacão! Galiléia! o teu mar, as tuas praias, o teu céu sempre azul — palco sublime
— trazem saudades e recordação!
Em mim foi que Jesus fez maravilhas como nunca se viu! Cafarnaum — a sede do
trabalho e da cultura! O inferno, recuando; a Luz, fulgindo, o Poder, em ação: e o
evangelho, sendo levado a cada criatura!
O poço de Jacó. Jesus chegara e descansava à sua borda, enquanto foram além os servos
comprar pão! A mulher desce ao poço cristalino, para água buscar — água terrena — e
encontra Água da Vida em profusão!
No templo, pelas ruas, nas cidades, nas casas, beira-mar, pelo deserto, ei-lo a falar
do seu poder imenso!
Em mim se deu o fato que estremece a natureza inteira — a sua morte — que o
mundo inteiro ainda traz suspenso!
(Cantando a letra abaixo com a música do hino 497 do Cantor Cristão , vão formando uma roda em torno de
Jerusalém, com os braços erguidos. Coro ou instrumentos acompanham.)
Coro :
Glória no mundo, Paz, Salvação, tudo deixou-nos e seu Perdão!
Jerusalém! cidade dos céus, em que habitam filhos de Deus!
Personagens:
Raquel — Sara — Mamãe — Jacó — Abel — 2 pastores —
Maria — José — Leitor da Bíblia
Música
Leitor: Lucas 1:26-35 Continuação da música Leitor: Lucas 2:1-3
PRIMEIRA CENA
SARA — Sua visita me alegra muito, Raquel. Eu e Abel estamos passando bem. Cresceu tanto o seu
rebanho, que precisamos de mais homens para ajudar. Como vão Jacó e as crianças? Sinto tantas
saudades delas!
RAQUEL — As crianças vão bem, porém sentem sua falta e de suas histórias e brincadeiras. Quase toda a
alegria foi embora quando você saiu de nossa casa, Sara. Por que você não pergunta pela mamãe?
SARA — Por certo! Como vai mamãe? Você sabe como me sinto, Raquel. Gosto muito de minha mãe, mas
não posso esquecer sua atitude para comigo.
MAMÃE — Jacó, este homem está muito cansado e podemos oferecer-lhe o estábulo. Não é muito, mas pelo
menos é melhor do que passar a noite fora.
TERCEIRA CENA
(Raquel está à porta da estalagem com expressão de alegria no rosto. Sara entra.)
SARA — Raquel, Raquel, será verdade esta coisa maravilhosa de que tenho ouvido falar?
RAQUEL — Uma coisa maravilhosa aconteceu esta noite. Nasceu aqui uma criança. Não tínhamos lugar na
estalagem, mas oferecemos o estábulo. Mamãe está lá agora. E, Sara, como mamãe mudou, está tão
diferente! Ao visitar a criança parece ter aberto seu coração e deixado sair todo o amor oculto pelo
fanatismo de sua crença. O amor e a alegria deixaram-na radiante. Creio que ela gostaria de ver você
agora. Mas você ouviu falar desta criança recém-nascida?
SARA — Durante a noite um anjo veio a Abel e aos outros pastores enquanto vigiavam as ovelhas. O anjo
disse: "... na cidade de Davi vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por
sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura." Eles estão procurando o
bebezinho. Mas eu senti... eu vim aqui...
RAQUEL — O Salvador...
SARA — E o anjo disse: ". . .paz na terra, boa vontade para com os homens." Oh! Raquel, agora entendo.
Nunca podemos ter paz no coração, se não tivermos amor e boa vontade para com os homens. Tenho
pecado muito. Tenho sentido desgosto, sim, ódio para com os meus amigos, queridos e minha mãe. O
Todo-poderoso está conosco esta noite. Ele nos tem mostrado um caminho melhor — o caminho do
amor!
RAQUEL — Parece um sonho maravilhoso! Mas sinto no coração, que é verdade. O Messias veio, o Príncipe
da Paz! E nós não lhe demos o melhor que podíamos dar. Preciso ir. Vou levar um presente e adorá-lo.
Vamos juntas? Sara, eu arranjo um presente para você levar também.
SARA — Não, Raquel! Ele não quer presentes materiais. Eles não têm valor para o Todo-poderoso. Mas darei
um outro presente. Ele ganhará meu coração limpo de todo pecado e ódio e cheio de amor para com ele
e toda a humanidade. Dar-lhe-ei minha vida, servindo-o e amando-o sempre.
(Palco escuro)
QUARTA CENA (Tocar uma música durante esta cena)
Maria, José e a manjedoura no batistério. Três pastores à esquerda. Mamãe ajoelhada no centro. Quando
Raquel e Sara entram à direita (Raquel um pouco atrás), Sara aproxima-se de Abel (pastor em frente) e
vira para sua mãe, que mudou da posição ajoelhada e estende seus braços, indicando que dá o seu
perdão e bem-vindos. Sara ajoelha-se perto da mãe. Abel e Raquel seguem o mesmo gesto, ajoelhando-se
um pouco atrás. Esta cena permanece por um curto espaço de tempo.
(Cortina)
NARRADOR (às crianças) — Desejo contar-lhes hoje uma história acerca de um Presente de Natal que
não foi entregue. É a história de um pobre menino que se chamava Geraldo. Na cidade em que ele morava,
era costume, em cada véspera de Natal, as pessoas ricas fazerem uma farta distribuição de brinquedos e de
presentes vários às crianças pobres do lugar. Havia uma árvore de Natal, muito enfeitada e iluminada. Ao
redor dela ficavam as crianças pobres, os desprivilegiados. E que alegria aquela festa levava a cada coração!
As crianças ganhavam carrinhos, bolas, bonecas, mobílias para as bonecas, joguinhos e muita coisa mais.
Quando o promotor da festa era um homem bastante generoso, então havia também distribuição de dinheiro
e de roupas. Era uma festa para a criançada pobre!
Na véspera de Natal de nossa história, Geraldo foi até aquele lugar também para receber o seu
presentinho. Seu nome estava na lista e ele esperava alguma coisa. Ele era muito pobrezinho e ali estava
esfarrapado, cheio de frio e de fome. Seus claros olhos azuis estavam fixos naquela maravilha, a árvore de
Natal. Mas os pezinhos entorpecidos mal podiam suportar o pouco peso daquele corpo fraquinho e mal
alimentado. Parecia que o seu nome era o último na longa lista de meninos pobres... E ele esperava,
ansioso...
Ali estivera também o menino Jorge, de sua idade. Roto e enregelado pelo frio. Jorge disse aos
companheiros:
— Não! Não ficarei mais aqui, para não morrer de frio.. . Vou desistir.' Não posso suportar mais o frio e
a fome. Se o dirigente do programa mencionar o meu nome, qualquer um de vocês (disse ele, dirigindo-se aos
companheiros) apanhará o meu quinhão e depois mo entregará. Mas não tenho muita esperança de que
alguém se lembre de mim...
E Jorge saiu.
Momentos depois o dirigente gritou:
—Geraldo Delamar! E logo em seguida:
—Jorge Cristie!
Geraldo se aproximou do dirigente, apanhou, cheio de alegria, o seu presentinho e exclamou:
— Se o senhor quiser, eu farei a entrega do presente do Jorge. Ele já saiu, porque estava com muito
frio.
O dirigente aceitou o oferecimento do Geraldo. Vejamos, a seguir, o que aconteceu:
(Aparece no palco um menino de 12 anos, maltrapilho, com dois embrulhos pequenos.)
GERALDO — Um para mim e outro para Jorge. Vejo que são dois presentes pequenos. E eu que
esperava pelo menos ganhar um par de sapatos este ano... (Abre o embrulho e fica estarrecido diante do que
vê.)
Que.. . que é isto?... estarei sonhando? Tanto dinheiro para mim? Será meu nome mesmo? (Examina o
papel e o cartãozinho.) Sim... meu nome está escrito aqui no papelzinho: Geraldo Delamar. Será possível?
(Cheio de alegria:) Que realidade feliz! Pensar que nunca mais terei fome! Não mais padecerei frio! Terei
roupas e calçados! Oh! sou rico! Isto significa uma nova vida para mim! Vou estudar! Que felicidade! (Anda
de um lado para outro.)
E este é o presente do Jorge. Mas não irei lá esta noite. Sem dúvida, ele há de querer saber o que eu
ganhei e ficará bastante desapontado, vendo o seu presentinho. Ninguém jamais ganhou tanto quanto eu. E
pensar que alguém me amou tanto, tanto para me dar este presente!
É... não irei hoje ver o Jorge. Não sei mesmo para que lado ele se dirigiu. Não sei onde ele mora. Eu o
procurarei amanhã... outro dia qualquer. Sempre é tempo oportuno para se ganhar um presente. Hoje eu
vou alegrar-me com o meu grande presente! Que alegria, gente. .. que alegria!.. . (Sai alegre, esfregando as
mãos de contentamento.)
NARRADOR — Os dias se passaram. A vida se tornou bastante diferente para o menino Geraldo daquele
dia em diante. Já não parecia o mesmo. Andava bem arrumadinho e bem alimentado. Estava estudando
numa boa escola e um Juiz de Menores cuidava do seu dinheiro. Tudo lhe era proporcionado para que ele se
tornasse um homem de bem. Dois anos mais tarde, nós o encontramos na véspera de Natal novamente.
(Um rapaz de 14 anos aparece no palco, representando Geraldo, bem vestido e alegre.)
GERALDO — Há dois anos passados eu vivia torturado com a incerteza sobre o meu futuro. Vivia pobre
e cheio de padecimentos. Um coração generoso veio em meu auxílio. Deu-me o necessário para que eu me
educasse e colocou meu dinheiro nas mãos de um Advogado, para que nada me faltasse. Há dois anos
passados eu não tinha roupa como esta. Bem me lembro daquela véspera de Natal em que fui, cheio de fome
e de frio, esperar um brinquedinho, uma roupa ou um par de sapatos. Foi quando recebi a grande dádiva de
amor que me tem feito feliz. E lembro-me também de uma coisa: naquele dia eu fiquei com o presente do
menino Jorge. Nunca aconteceu que eu pudesse encontrar o Jorge (tira do bolso o pequenino embrulho). E
pensar que tenho guardado por tanto tempo este presente, sem ter tido curiosidade de examiná-lo. Mas, para
que me preocupar com o que ele ganhou? Eu vivo tão contente com o meu grande presente! Que me importa
o presente de outros?
Na verdade este embrulho não mais parece um presente de Natal. Se eu não estivesse tão ocupado
agora, iria procurar o Jorge. Mas ele não está mais pensando nisto... Nem se lembra mais daquele dia...
Além disso, deve ser uma coisa sem valor: um lenço, talvez. . . Mas de qualquer jeito eu preciso
entregar. Para que fui apanhar este presente?! É. . . eu esperarei até que seja mais conveniente pensar nisto
(Sai).
NARRADOR — Dois anos mais tarde. Geraldo é agora um rapaz bonito e cheio de esperança. Tem 16
anos. Ainda não procurou o companheiro Jorge.
(Um rapaz de 16 anos aparece no palco. Bem vestido e com ares de importância.)
GERALDO — Outra véspera de Natal! Nunca posso me esquecer da grande dádiva que recebi no dia de
Natal! Que presente maravilhoso! Mudou a minha sorte. Eu era pobre, faminto, esfarrapado e passava frio. O
mundo se tornou outro para mim desde aquele dia. Tornei-me um novo homem.
Mas a minha consciência me atormenta por causa de uma coisa: o presente do Jorge. Ainda não o
entreguei e parece que quanto mais o tempo se passa, mas difícil se torna para mim. Pobre Jorge!... Nem me
lembro mais como ele é. Se eu o encontrar, talvez não o reconheça. Espero, no entanto, que ele esteja em
melhores circunstâncias agora.
Eu acho que não devo estar tão triste assim por causa deste presente. Não fiquei com ele para mim... Se
não o entreguei é porque não houve oportunidade. Além disso, se ele tem vivido estes quatro anos sem esta
lembrancinha, viverá mais algum tempo, até que eu o encontre. E eu preciso estar certo de que sou bom.
Sou um bom crente. Vou à igreja regularmente. Sou correto em meus deveres. Não tenho a intenção de ficar
com isto para mim. E isso se pode provar pela minha atitude. Não abri o embrulho, nem por curiosidade...
É... algum dia eu farei a entrega deste embrulhinho ao Jorge. Antes tarde do que nunca! (Entra no palco um
moço de mais ou menos 16 anos, triste e pensativo.)
GERALDO — Que houve com você, Basílio? Está tão triste... Não está se lembrando de que hoje é
véspera de Natal?!
BASÍLIO — Sim, colega, estou muito triste. Você acertou. Sou muito sensível e o quadro que há pouco
presenciei deixou--me deveras acabrunhado.
BASÍLIO — Um pobre moço, mais ou menos de nossa idade, andrajoso e faminto, desfaleceu, caindo na
rua. Deu com a cabeça sobre uma pedra e morreu. Era noite, estava escuro e ninguém viu. Seu corpo foi
encontrado hoje cedo.
GERALDO — Que coisa terrível, Basílio! É de arrepiar os cabelos! Se ele tivesse amigos que o
socorressem não teria chegado a esse estado. Você o conheceu? Sabe o seu nome?
BASÍLIO — As pessoas que estavam ao seu lado diziam tratar-se de um tal Jorge... Jorge Cristie. Mas
eu não o conhecia. ..
GERALDO — Quê?! Você falou Jorge Cristie?!
BASÍLIO — Sim, foi o que falei... Mas, Geraldo, você está se sentindo mal? Estou notando que você ficou
tão pálido... Você ficou diferente... Era seu conhecido, o Jorge Cristie?
GERALDO (falando com dificuldade) — Veja aqui, Basílio (Tira do bolso o pequenino embrulho). Há quatro
anos estou carregando este embrulhinho para entregar ao Jorge. Jamais pude encontrá-lo. Por favor, abra
você o embrulho e veja o que há...
(Basílio abre o embrulho e diz, respirando dificilmente:)
BAS1LIO — Geraldo, veja! Veja, Geraldo! Um cheque para o pobre moço... Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil
cruzeiros)! Homem! Você estava com a vida para aquele rapaz! Alimento, roupa, tudo ele poderia ter há tanto
tempo, e você reteve a sua felicidade. Oh! que pena que este presente nunca tivesse chegado às mãos do
pobre moço!...
(Geraldo curva a cabeça e sai do palco vagarosamente. Basílio o acompanha com olhar de censura e
aversão. Depois se retira.)
NARRADOR (dirigindo-se ao auditório) — Antes que acuseis Geraldo energicamente, deixai-me contar-vos
outra história. Isto que contei às crianças serviu apenas de pretexto. Mas esta história que agora vos irei
contar é verdadeira.
Uma dádiva maravilhosa de Natal foi feita ao Mundo há mais ou menos dois mil anos passados.
Presente inigualável, que tornou cada possuidor feliz e eternamente venturoso. Nós também recebemos esse
presente e com ele a incumbência de distribuí-lo a todos, para que todos sejam felizes. Muitos que jazem no
lamaçal do pecado serão desviados de uma vida indigna e cheia de infelicidade, como resultado da preciosa
dádiva de Deus na Pessoa do seu Filho unigênito. É nosso dever tornar essa Dádiva conhecida de todo o
mundo, para que todos tenham a mais perfeita e abundante vida.
Que tendes feito com essa Dádiva? Ela tem sido somente vossa, ou a tendes distribuído? Sois
indiferentes para com a sorte dos outros, uma vez que sois felizes e salvos? Tendes contribuído para Missões,
a fim de que o nome de Cristo seja proclamado a todo o Mundo? Vossa igreja está cooperando no trabalho
missionário? Não podeis dizer "Não sei!" indiferentemente. Deveis saber, "sim". A Palavra de Deus diz que, se
não afastarmos do erro o pecador, se não desviarmos o ímpio do seu caminho de impiedade, ele morrerá na
sua iniqüidade, "mas o seu sangue o demandarei da tua mão", diz Deus.
Estejamos diante de Deus com uma consciência limpa e pura neste Natal. Quantos estão se
preocupando com custosos presentes, e não se lembram de oferecer o presente mais precioso! Quantos
deixam de dar à igreja a mesma importância que dão a presentes, que perecem! Contribuindo para Missões e
apresentando Jesus aos pecadores, estaremos entregando a Dádiva que todos devem receber.
Devemos tão-somente obedecer ao mandamento de Cristo, que disse:
"Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura", e assim seremos achados fiéis!
OS MAGOS
(Por três meninos de 10 a 12 anos. Cada um traz uma faixa com um dos seguintes nomes escritos: BELQUIOR,
GASPAR e BALTAZAR. Os três recitam, juntos, as duas estrofes a seguir:)
Alegres aqui estamos Para o Menino adorar. Uma estrela que
avistamos Nos trouxe a este lugar.
Lá do Oriente viemos Nossa dádiva trazer, E tudo, pois, o que
temos Queremos lhe oferecer.
BELQUIOR:
Só ouro é que poderia, Como símbolo de riqueza, De poder,
soberania, Majestade e realeza,
Ao Rei dos reis ofertar; Isto que o eterno Deus, Todo o tesouro dos
céus, À humanidade quis dar.
GASPAR:
Ao meu supremo Senhor, Em sincera adoração, O incenso do meu
louvor, Sobre o altar do coração,
Hoje desejo queimar; Pois dos celestes olores As almas dos pecadores
Estão a se impregnar.
BALTAZAR:
Viva o Natal! Viva o Natal! De Jesus, o bom Senhor, Que veio a este
mundo, Ser o nosso Salvador. Viva o Natal de Jesus! Viva o Natal de
Jesus!
(Música do hino 30 do Cantor Cristão ) MARIO (sentado, lendo, ergue a cabeça e
fala:) —
Que ouço? Um canto angelical saudando o Natal de Jesus! Ah! como. sou feliz!
No meu lar nunca se falou no Natal, ouço as crianças dizerem, no Colégio, que os seus pais fazem festa,
que elas visitam os orfanatos, os asilos, que levam presentes... Como gostaria de fazer parte de um grupo de
crianças que fazem todas essas coisas... (Passa um grupo de crianças cantando: "Viva o Natal", etc. Mário,
parado, contempla aquele grupo, depois retrocede, chorando) — Ah! quanto desejo tenho de fazer parte desse
grupo de crianças, mas... sei que não me é possível.. . (o grupo se aproxima de Mário e Roberto fala).
ROBERTO — Olá! Mário, que faz por aqui? Você hoje também não vai à aula? Nós não vamos porque
temos que preparar os festejos do Natal. Queremos que ele seja bem alegre este ano!
SILVIO (dirigindo-se a Roberto) — Vamos deixar de muita conversa, "senhor" Roberto, daqui a pouco o
Mário começa
a dizer a toda gente o que pretendemos fazer!
ÁLVARO — Oh! Sílvio, deixe de ser tão indelicado, você não deve dizer isto do Mário!
ROBERTO (falando com severidade) — Sílvio, Mário é muito meu amigo e, mesmo que o hão fosse, eu o
trataria como estou tratando. Você está esquecido do que aprendemos há poucos domingos na Escola Bíblica
Dominical? Vou repetir alguns versos, e você se recordará: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." "Amai-
vos uns aos outros como eu vos amei." "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos maltratam."
ÁLVARO (interrompendo) — Imagine, ainda mais que nos estamos preparando para celebrai' o
aniversário daquele que nos mandou fazer todas estas coisas! Nem sei como você pôde esquecer tão belas
lições, Sílvio!
MÁRIO (falando com ternura) — Não importa; sei que o Sílvio fez isto impensadamente; ele tem bom
coração!
SILVIO (abraçando Mário) — É verdade, Mário, você, sempre bondoso;-apesar de não ter as
oportunidades que temos, demonstra boa educação e bons sentimentos!
ROBERTO (dirigindo-se a Mário) — Eu o vi aqui sozinho, Mário, e vim convidá-lo para ir conosco até lá
em casa, ajudar-nos a preparar a árvore de Natal.
MÁRIO — Ah! Roberto, é muita honra para mim, eu sou tão pobre e quase nada sei a respeito dos
festejos de Natal, nem mesmo sei direito a história do Natal! Sempre tive desejo de saber, mas nunca achei
quem ma pudesse contar...
ROBERTO — Está bem, Álvaro, vocês vão na frente, daqui a pouco eu irei com o Mário.
SÍLVIO (aproxima-se de Mário e bate-lhe levemente nas costas) — Mário, desculpe a minha indelicadeza,
aprendi uma boa lição!
MÁRIO — Nada há a desculpar, Sílvio, tudo já passou, somos
agora bons amigos!
SILVIO — Muito agradecido, Mário.
ÁLVARO E SÍLVIO (dirigindo-se para os dois companheiros) — Então, até já. (Saem cantando:) Viva o
Natal!
ROBERTO (viranáo-se para Mário) — É verdade, Mário, o que você disse há pouco? Nunca ouviu contar a
bela história do Natal?
MÁRIO (com voz de choro) — Não, os meus pais não crêem em Deus e, todas as vezes que lhes faço
alguma pergunta sobre o Natal de Jesus, só falta eles me baterem; dizem uma porção de palavras feias e me
prometem pancada se souberem que eu pedi a alguém para contar-me alguma coisa a respeito de Jesus.
ROBERTO — Pois bem, Mário, vou contar-lhe, em poucas palavras, a encantadora história de Jesus. Há
muitos e muitos séculos passados, depois que Adão e Eva pecaram e foram expulsos do Jardim do Éden,
Deus prometeu mandar alguém para levantar o homem daquela queda. Depois disso, muitos homens,
chamados profetas, profetizaram a vinda de Jesus. Um deles foi o grande profeta Isaías. Vou repetir algumas
das suas palavras: "Porque um menino nos nasceu e um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus
ombros, e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz!"
MÁRIO (interrompendo) — Quantos nomes, e cada qual mais lindo do que o outro! Que coisa
interessante!
ROBERTO — Ele ainda tem outros nomes tantos, mas isto depois você aprenderá. Vou continuar a
história porque temos que trabalhar muito ainda hoje. Para encurtar: muito tempo se passou depois
daquelas profecias. E lá, num belo dia, na humilde manjedoura de Belém, entre as palhas frias, veio a
Criança Salvadora da humanidade. Era noite. Toda a cidade de Belém estava em completo silêncio! Os
pastores nos campos dormitavam, enquanto guardavam os seus rebanhos. De súbito foram despertados por
uma forte luz e por um cântico celestial entoado pelos anjos: "Glória a Deus nas alturas, paz na terra e boa
vontade para com os homens." Os pastores ficaram mui atemorizados com aquela linda visão. Então o anjo
do Senhor chegou perto deles e disse: "Não precisam ter medo; porque eu venho trazer-lhes uma nova que
igual jamais vocês ouviram. Hoje na pequena cidade de Belém nasceu Jesus Cristo, o Salvador da
humanidade." Então o anjo ensinou-lhes como irem a Belém. Os pastores, pressurosos, partiram em direção
ao lugar
indicado pelo anjo e, lá" chegando, viram que realmente Jesus houvera nascido. Quanta alegria sentiram nos
seus corações quando ajoelharam-se aos pés de Jesus para adorá-lo! Voltaram então para o campo cheios de
esperança porque o Salvador já havia nascido.
ROBERTO — Não, Mário, ouça este verso das Sagradas Escrituras: "Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna"! Todos nós estamos incluídos na palavra "Mundo". Jesus morreu para salvar "todo aquele que nele
crê", portanto, todos os que crêem em Jesus serão salvos.
MÁRIO — Ora, veja, como é que os meus pais nada falam desse Jesus?...
i
ROBERTO — E a história dele não parou por aqui, Mário. Jesus cresceu, foi batizado no rio Jordão com
30 anos de idade; três anos ele andou pela Palestina, fazendo o bem: pregando, curando os enfermos do
corpo é do espírito, ressuscitando os mortos, ensinando, etc. Depois foi traído por Judas e crucificado pelos
seus inimigos. Lá sobre a cruz, Jesus levou todos os nossos pecados. Quem deveria sofrer na cruz éramos
nós, mas Jesus tomou sobre si todas as nossas culpas e hoje, para salvar--nos, basta apenas aceitá-lo como
nosso Salvador.
ROBERTO — Sim, Mário, já! Há dois anos que conheci esta bela história. Amei muito a este meu
Salvador e, cada vez que conto a sua história, amo-o ainda mais! Todos nós devemos amá-lo de todo o nosso
coração.
MÁRIO — Mas, Roberto, fico pensando, se eu amar este Salvador, os meus pais me abandonarão...
ROBERTO — Oh! Mário! Jesus disse que se alguém amar o pai ou a mãe mais do que a ele não é digno
dele. Quem sabe se você, seguindo a Jesus, não poderá levar os seus pais a amá-lo também?
MÁRIO — É verdade, Roberto, quem sabe se eu, aceitando este Jesus, poderei tornar o meu lar feliz?
ROBERTO — Mário, foi assim que o meu lar se tornou feliz. Eu conheci Jesus e levei meus pais a
conhecê-lo também.
Vou dizer-lhe uma coisa: Amanhã você celebrará o Natal comigo, mas tenho a certeza de que para o ano, o
Natal que vem, você o celebrará em sua própria casa. Vamos trabalhar para levar os seus queridos pais a
conhecerem Jesus e a aceitá-lo como Salvador !
MÁRIO — Que doce esperança, Roberto! Bendito Natal de Jesus! Só assim eu o pude conhecer e receber
inspiração e coragem para fazer outros conhecê-lo também!
ROBERTO — Bem, Mário, agora, mãos à obra! Sempre confiantes em Jesus, venceremos todas as
dificuldades e conseguiremos vitórias que aos nossos olhos parecem inatingíveis! Vamos sair depressa
porque Sílvio e Álvaro já devem estar cansados de nos esperar!
A GRANDE PROMESSA DE DEUS
(Duas meninas entram, trazendo suas Bíblias.)
MARLENE — Que dia bonito É esse do Natal! Por toda parte ouvem-se risos e cânticos! Não há pessoa que
deixe de pensar e sentir a beleza desse dia!
Todos os anos é assim: ao simples som da música do "Noite Silenciosa" transporto-me, em
pensamento, às regiÓes da Palestina, onde nasceu Jesus!
CARMEM — Eu também, como você, sinto o encanto do Natal! Há, entretanto, uma coisa que eu gostaria de
saber. Dizem que o nascimento de Jesus estava prometido há muitos séculos antes, já nos tempos de
Abraão. Como podia ser isso possível? Haveria quem acreditasse em tal coisa?
MARLENE — Sim, Carmem. Muita gente, desde Abraão, acreditava na vinda do Messias e o esperava
ansiosamente.
Lá em casa, papai nos falou a esse respeito e tenho marcadas, em minha Bíblia, muitas passagens
referentes a essa grandiosa promessa de Deus.
CARMEM — Mostre-mas, então, pois muito desejo conhecer os antecedentes desse fato extraordinário que
até hoje abala o mundo.
CARMEM — Que maravilha! Somente agora começo a compreender certas coisas que eu não entendia, assim
como a chamada Fé dos Santos. Continue, Marlene.
MARLENE — À Rute nasceu Obede, que foi avô de Davi. De Abraão a Davi são 14 gerações. De Davi até o
cativeiro de Babilônia são mais 14 gerações, no decurso das quais aparecem, anunciando o nascimento
de Jesus, muitos profetas.
(Entra Isaías, que diz:)
— Eu sou aquele cujos lábios foram queimados pela brasa viva do Senhor e chamado para ser
seu profeta. Ouvi, ó povos, a mensagem celeste: "Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que
uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel" (Isaías 7:14). (Sai.)
(Entra Miquéias e diz:)
— Miquéias é o meu nome. Mensageiro de Jeová, nosso Deus, convido-vos a ouvir o que é dito a
Belém: "E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será
Senhor em Israel e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. E ele
permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e
eles permanecerão, porque agora será ele engrandecido até os fins da terra" (Miquéias 5:2 e 4). (Sai.)
MARLENE — Leia, Carmem, o que nos fala Amos, no capítulo 9, versículo 11.
MARLENE — E, depois do Cativeiro de Babilônia até Jesus, mais 14 gerações se passaram, e, um dia, Maria,
a virgem de Israel desposada com José, que pertencia à geração de Davi, é avisada de que seria a mãe do
Salvador do mundo, o Messias esperado há tantos anos! É mesmo noite bela: (Entram pastores, que logo se
assentam no chão. Logo depois entram anjos, que cantam:)
"Nasce Jesus, fonte de luz, Oh! glória a Deus nas alturas! Paz na terra aos homens,
A quem quer Ele bem!" (Os anjos saem.)
(Os pastores cantam a segunda estrofe do hino "Noite Silenciosa" e saem.) (Entram os reis magos.)
1o Rei — "Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no Oriente, e viemos
adorá-lo" (Mat. 2:2).
Herodes — Que os traz aqui? Onde deve nascer o Cristo que procuram?
2o Rei — "Em Belém da Judéia; porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo
nenhum és a menor entre as capitais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu
povo de Israel" (Mat. 2:6).
3o Rei — Trouxemos-lhe presentes e vamos adorá-lo. (Saem todos.)
(Outra cena — José e Maria em torno de uma manjedoura. Entram pastores e se ajoelham; em
seguida, os relê magos fazem o mesmo, depois de depositarem presentes perto da manjedoura.)
(Cantam o hino 27 do Cantor Cristão .)
CARMEM — Obrigada, Marlene, você me esclareceu satisfatoriamente. Hei de sempre me recordar dessa
noite, das muitas coisas aprendidas. Percebo agora com clareza o cumprimento da Grande Promessa de
Deus: o Nascimento de Cristo Jesus, nosso Salvador.
(Saem todos e, por último, Marlene e Carmem.)
OBSERVAÇÃO — Todos os personagens devem vir vestidos, tanto quanto possível, com trajes semelhantes
aos usados pelos representados.
AS BELEMITAS
Cinco meninas vestidas à oriental, se possível, carregando cada uma um cântaro (Fig. 5, pág. 27 de
Trabalhos Manuais ). No palco deve haver algo que se assemelhe a um poço (Fig. 232, pág. 55 do mesmo livro).
Enquanto o órgão toca o hino 28 do Cantor Cristão , duas meninas entram e, percebendo a música, põem os
cântaros no chão e, logo que o órgão pára, falam.
1a BELEMITA — Você já reparou que rebuliço vai lá por Belém? A vovó disse que nunca viu a cidade tão
cheia. É tanta cara desconhecida! Para que tudo isto? Será que vai haver festa?
2a BEL. — Você não sabe?! O imperador mandou que todos se alistassem, e cada um em sua própria
cidade. E assim todos os belemitas voltam a Belém a fim de obedecer à palavra do imperador.
1a BEL. — Mas é um horror! Não há mais lugar para ninguém. As hospedarias estão cheias. As casas
de família já não têm lugar para abrigar o povo. Tomara já se passarem estes dias e voltarmos ao sossego da
nossa calma Belém.
3a BEL. (chegando) — Oh! vocês vieram primeiro do que eu, hein?! Mas lhes conto por que me atrasei.
Quando saía de casa, passava um casal ainda à procura de hospedagem. Ela, moça e bonita. Ele, já um
tanto envelhecido. Tive tanta pena deles! Não acham lugar onde pousar. Diz-se que se hospedaram numa
estrebaria. Se lá em casa não estivesse tão cheio!...
1a BEL. — Pois é. Agora mesmo estávamos comentando, isto. Nunca se viu tanta gente assim em
Belém. É um burburinho, uma barulhada! Tomara que esse povo já vá embora.
3a BEL. — Ah! pois eu gosto desta agitação! A vida 681 Belém tem sido calma demais. Queria que
houvesse lugar para abrigar todos que vieram, para aquele pobre casal não ter de ficar numa estrebaria.
Como tenho pensado neles!
2a BEL. — Eu também gosto. Há mais alegria. E se encontram pessoas tão boas. Esse casal de quem
você fala está hospedado naquela estrebaria perto de sua casa?
3a BEL. — Está, sim. Coitados!
2a BEL. — Vamos visitá-los?
3a BEL. — Vamos, sim. Eles parecem ser tão bons! Ela tem um par de olhos meigos e um sorriso tão
puro! Parece uma pessoa muito boa.
1a BEL. — Eu também quero ir com vocês, posso?
2a BEL. — Pode, sim. Mas vamos embora, que está ficando tarde, e os pastores não tardam para dar de
beber aos rebanhos.
(Saem. Fora, cantam a terceira estrofe do hino 28. Após o cântico, aparecem as belemitas bem contentes.)
1a BEL. — Que! Sou a primeira a chegar hoje? Onde estão as minhas companheiras?
4a BEL. (entrando) — Olá, como vai? Há quanto tempo não nos vemos! Onde tem andado? E as outras,
já se foram?
1a BEL. — É verdade! Eu vou bem. Mas você é quem anda sumida. Da última vez que aqui estivemos,
você não veio.
2a e 3a BEL. (entrando apressadas e procurando encher os cântaros) — Oh! vocês ainda por aqui?!
4a BEL. — É verdade! E sentindo falta de vocês. Por que estão assim tão apressadas?
3a BEL. — Então vocês não sabem? Ainda não ouviram falar do menino que nasceu na manjedoura?!
1a BEL. — Ora, e você está assim tão impressionada com um acontecimento tão sem importância?
2a BEL. — Sem importância? É porque você não ouviu o que os pastores contaram, minha amiga. Esse
menino é o Filho de Deus, aquele de quem os profetas falaram. É chegado o tempo!
1a BEL. (com interesse) — Que foi?! Que foi que os pastores disseram? Que contaram eles?
2a BEL. — Os pastores disseram que, enquanto guardavam os rebanhos durante as vigílias da noite,
apareceu "o anjo do
Senhor, que veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor e tiveram grande temor. Mas o anjo
lhes disse: Não temais, porque aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo. Pois na
cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino
envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão
dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade
para com os homens."
2a BEL. — Vimos, sim. Fomos até lá e encontramos a criancinha enrolada em panos e deitada na
manjedoura. Nós a adoramos! Como somos felizes!
5a BEL. (entra cantarolando "Nasceu Jesus!) — Oh! amigas, como folgo encontrá-las ainda aqui! Estarão
tão felizes e alegres quanto eu? Se vissem o que acabo de ver!. ..
1a BEL. — Que foi? Que foi?
3a BEL. — O menino da manjedoura?
5a BEL. — Foi, sim!
2a e 3a BEL. — Nós o vimos também!
5a BEL. — E os sábios?
AS QUATRO — Os sábios?
5a BEL. — Sim, os sábios que vieram do Oriente adorar o menino. Que vestimenta bonita trajavam eles!
Disseram que há muito esperavam o cumprimento da profecia e assim que viram a estrela vieram adorar o
Filho de Deus. Ajoelharam-se e ofereceram-lhe dádivas: ouro, incenso e mirra.
A ESTRELA DO NATAL
Arith Drummonã Borges
(Para 5 crianças. Pode-se usar uma grande estrela com as palavras nas pontas ou cada um pode trazer uma
estrela, com "Amor ao Próximo", etc., escrito em uma ponta da estrela.)
TODOS: Sabiamente alguém disse que a estrela do Natal tem cinco pontas (cada criança dá então seu
nome): "Amor a Deus", "Amor ao Próximo", "Cuidado", "Renúncia Própria" e "Prazer".
1. AMOR A DEUS — Disse Jesus: "Este é o primeiro e grande mandamento: Amarás ao Senhor teu
Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento."
Deus é amor e quer que o amemos também. Ofertando-nos Deus o seu Filho, provou a grandiosidade do seu
amor para conosco e para com a humanidade. Tal amor exige uma retribuição de nossa parte como prova de
nossa gratidão. Das dádivas que os homens sábios levaram a Jesus, o ouro e a mirra simbolizam nossas
possessões e renúncia e o incenso sugere nossas orações, que são a base da nossa comunhão com Deus.
Isto resulta do nosso amor ao grande Criador, Deus--Pai, a quem Jesus revelou. O espírito do Natal em
nossos corações estimula-nos a amar grande e profundamente ao nosso Deus.
A VIDA DE CRISTO
Reli Menegále
(As partes recitadas por diversas crianças podem ser acompanhadas de hinos e passagens bíblicas
apropriadas.)
NASCIMENTO Os humildes zagais sobre a montanha dormem. Na calma
noite constelada, a lua de alva luz a terra banha. Nem um rumor, nem um cicio,
nada.
O armento que de dia os acompanha, manso, repousa à espera da alvorada. Mas, a
uma luz, a uma harmonia estranha, ergue-se a pobre gente alvoroçada.
São os anjos, são arcanjos clarinando, são serafins e querubins cantando,
cercados de divina claridade,
horda que aos pegureiros anuncia ter, na simpleza de uma estrebaria, nascido o
Redentor da humanidade.
MENINICE
A casa humilde em que Jesus crescia era como, na terra, um céu pequeno: que paz,
que santidade, que harmonia, e quanto amor naquele lar ameno!
A sem mácula, a dúlcida Maria, José, varão temente, homem sereno, eram os
pais, a santa companhia desse filho modelo — o Nazareno.
E essa criança, que, ao nascer, primeiro por um coro de arcanjos foi saudada, era na terra um simples
carpinteiro,
viu o lume faltar para o candeeiro. Pobres! Se alguma vez essa morada da luz do céu foi
sempre iluminada!
NO TEMPLO
Páscoa. A Jerusalém, que está festiva, como é costume, vai, de Nazaré, no santo ardor da sua
crença viva, a família exemplar de São José.
Mas, de regresso, quando a comitiva já tinha andado um dia inteiro a pé, é que os pais do menino — ânsia
aflitiva! — da estranha ausência de Jesus dão fé.
Voltam atrás, buscam-no inutilmente pela cidade, pelos arredores, indagando por ele a toda
gente,
quando ao fim de três dias o vão ver no templo, a conversar entre doutores maravilhados pelo
seu saber.
O BATISMO
Clama o profeta. O seu clamor — como uma trompa, qual um trovão, e no deserto é visto — ao batismo a
chamar — como uma tromba que ao deserto varresse, de imprevisto.
E na água do Jordão, que foge e tomba, também Jesus desce ao batismo. Nisto, o Espírito de Deus, mudado
em pomba, baixa da altura e paira sobre Cristo.
E, recebendo o selo da Aliança,
na linfa do Jordão, sagrada e mansa,
o Cordeiro de Deus foi batizado.
Os céus se rasgam, e uma voz celeste ouve-se assim, rompendo as nuvens: "Este é o meu Filho dileto, em
quem me agrado."
A TENTAÇÃO
Como a serpente ao cimo de uma vara Com que Moisés ao povo israelita salvou do seu castigo, quando, em
grita, em caminho de Edom se rebelara,
de bondade insondável e infinita, Jeová nos deu Jesus, seu Filho, para nos resgatar da maldição amara em
que o mundo entre dúvidas se agita.
Amor inimitável e profundo! Sacrifício de Pai, bênção paterna! Pois Deus amou de tal maneira o mundo,
que o seu Filho lhe deu, para que aquele
que nele crê e que confia nele,
não pereça, mas tenha a vida eterna.
O MINISTÉRIO
Finalmente raiou a aurora fiava da humana redenção daquele dia, dia glorioso, em que Jesus saía, porque a
missão celeste começava.
Que inumerável multidão seguia os passos do Cordeiro, dele escrava, pelos prodígios que ele realizava, pelo
doce condão do que dizia!
Ia Jesus, o Mestre, o taumaturgo, de cidade em cidade, burgo em burgo, espalhando o perdão, a graça, a
paz.
E a sua voz se ouvia a todo instante, às vezes, como um látego cortante, às vezes, como um ósculo fugaz.
COM AS CRIANÇAS
Deixai vir a mim os pequeninos, porquanto o céu é deles, exclamava. E um bando garrulante de meninos a
Jesus Cristo dúlcido cercava.
Este, de escuros olhos, cristalinos olhos aquele, trança negra ou fiava, face rósea ou morena, purpurinos
lábios, este sorria, outro chorava...
Naquela tarde lírica de rosas, Jesus entre as crianças rumorosas, ah! parecia uma árvore que o bando
dos passarinhos busca pelos ares,
e onde eles, aos clarões crepusculares,
entre os ramos em flor ficam cantando!
A MORTE
"Este é o Rei dos Judeus." E, ensangüentado os pés e as mãos, ebúrneas mãos e a testa, a que o céu longe
áurea coroa empresta, Cristo prova os seus últimos bocados.
Junto da cruz, repartem-se os soldados suas vestes e a túnica, e sobre esta, que entre os santos despojos
ainda resta, lançam sorte em vozeios e altos brados.
A taça espumejante em mesas fartas, entrecruzando e levantando as cartas, debaixo do clarão de dúbia luz.
Sem que o sangue do mártir lhes importe, ainda agora homens há lançando à sorte a túnica escarlata de
Jesus.
RESSURREIÇÃO
Maria, a terna irmã do Nazareno, estava, enquanto suportava o bando das saudades, como
íntimo veneno, junto à entrada do túmulo, chorando.
E, em torno, em vão lançava os olhos, quando, circundados de um nimbo extraterreno, alvos, dois anjos
surgem, perguntando:
— Por que choras, mulher? A um meigo aceno,
E vai voltar, de novo, ao pranto. Nisto, numa auréola de luz auresplendente, aparece, sorrindo, Jesus Cristo.
ASCENSÃO
A pedra do sepulcro se descerra, porque Jesus rompe a cadeia forte — para ele fragílima — da morte, essa
visão que à humanidade aterra;
E depois de abençoá-los, em Betânia, enquanto eles o adoram, subitânea, triunfalmente ala-se para os céus.
SUA VOLTA
Ó Juiz dos juizes, o vindouro dia do julgamento será quando? Quando virás, dos altos céus baixando, entre
anjos a soprar as trompas de ouro?
Para o teu reino hão de subir cantando, aos arpejos das cítaras, em coro, os que te foram fiéis. E os maus,
em choro, eternamente ficarão penando.
Ah! quero ver, Senhor Jesus, minha alma em oblação, qual uma verde palma, na romaria dos que vão
contigo!
ESCOLHAS DO NATAL
Arith Drummond Borges
MOÇA — Digam-me, queridas crianças, se vocês residissem na decantada cidade de Belém no tempo em
que o Salvador deixou o seu lar celestial e veio à terra, qual a parte que gostariam de ter tomado na gloriosa
recepção, quando a brilhante estrela e o cântico das hostes angélicas proclamaram o nascimento do Rei?
TRÊS MENINOS — Gostaríamos de ter sido os homens sábios que vieram, de terras distantes ao lugar
onde Jesus estava, guiados por uma resplandecente estrela. Hoje, porém, não temos necessidade de irmos a
tão grande distância como os homens sábios foram a fim de encontrar o lugar onde Jesus mora, porque ele
vive em nossos corações.
MENINA — Eu gostaria de ter sido a brilhante estrela, tão pura e resplandecente, que mostrou aos
homens sábios o caminho que os levaria a Jesus naquela primeira noite de Natal, porém posso ser agora
uma brilhante estrela que conduza outros aos pés de Jesus, se eu o amar e orar diariamente ao Pai Celestial,
pedindo-lhe que conserve a minha luz cada vez mais radiante.
OUTRA MENINA — Eu gostaria de fazer coro àquele grupo que pôde visitar a manjedoura e ofertar, à
Bela Criança, ouro, incenso e mirra, porém posso visitá-lo diariamente e fazer-lhe uma oferta melhor do que
todos os tesouros — posso ofertar-lhe o meu jovem e leal coração.
ALGUNS MENINOS — Gostaríamos de ter sido os pastores que foram despertados com o resplendor do
céu e com o coro angelical que lhes anunciou: "Hoje vos nasceu o Salvador!" Porém agora podemos clamar
em altas vozes, enchendo toda a terra com a sublime mensagem que os pastores ouviram há séculos e
séculos.
MENINO — Eu gostaria de ter sido, naquela deslumbrante noite, um fiel pastorzinho, para ouvir,
enquanto vigiava as ovelhas, as canções alegres do coro angelical, porém, se hoje eu for um menino fiel e
procurar trazer as ovelhas ao redil do grande Pastor, ouvirei, em meu coração, os anjos cantarem um cântico
que jamais poderei esquecer!
TODAS AS CRIANÇAS — Gostaríamos de fazer parte das hostes celestiais que cantaram naquela noite:
"Glória a Deus nas alturas, paz e boa vontade na terra!" Mas hoje nós podemos cantar os mesmos e alegres
cânticos em coro, tão alto e claro que a nota sublime da vinda do maravilhoso Salvador ecoe através de todo
o mundo!
DIÁLOGO DAS PASTORAS
Jonathas Braga (Podem ser usados trajes característicos.)
A PRIMEIRA
É mesmo certo que foi neste dia
que, numa pobre e humilde estrebaria,
nasceu o prometido Rei da Glória,
cujo nome é grandioso em toda a História?
A SEGUNDA
Falas-me, com certeza, do Messias predito desde as velhas profecias...
A PRIMEIRA Sim, de Jesus...
A SEGUNDA
As tradições antigas
nos falam desse nome sem intrigas;
a própria História no-lo aponta, os velhos
gostam de repeti-lo, e os Evangelhos,
que são as inspiradas Escrituras,
e o código de todas as criaturas,
nos contam muitas coisas a respeito
desse que era divino, ente perfeito.
A PRIMEIRA
Mas todos esses velhos manuscritos devem conter também lendas e mitos,
como outrora os da Grécia e os da Caldéia, como os de Roma e mesmo os da Judéia. Menciona a História
tradições e lendas, alegorias, contos e legendas, e, sob mil hipóteses, julgamos muita coisa que nunca
contemplamos.
A SEGUNDA
Pode ser mito o tribunal de Eleusis, podem ser mitos gnomos, reis e deuses, que enchem toda a pagã
literatura, mas é verdade tudo que a Escritura nos revela a propósito de Cristo, o homem perfeito, o Salvador
previsto, desde os tempos remotos dos profetas, dos patriarcas, dos juizes e dos poetas! Prometeu-no-lo Deus
quando, em pecado, Adão, no Éden, havia-se abismado. Porque disse o Senhor: "Tu, mulher, hás de esmagar
o crânio da serpente, e de ti se levantará, no mundo, Salvador altíssimo, profundo."
A PRIMEIRA E se cumpriu à risca a profecia?
A SEGUNDA A Palavra de Deus não falha.
A PRIMEIRA
Então, fala-me um pouco acerca disto, desse perfeito e poderoso Cristo, pois quero conhecê-lo, a fim de amá-
lo e saber o que fez, para adorá-lo!
A SEGUNDA
Foi no tempo em que Augusto dominava
sobre Roma. Esse império se alongava
até a Palestina e pelo Oriente,
levando-lhes a fama do Ocidente.
O mundo estava em paz, e o soberano,
vendo fechados os portões do Jano,
um censo decretara certo dia,
para saber o povo que existia
nos seus domínios vastos e importantes.
De todas as comarcas mais distantes
partiram os romeiros a alistar-se. Era preciso tudo preparar-se para as longas jornadas.
Na Judéia, todo o povo seguiu a mesma idéia
e de todos os cantos acorria
para a cidade santa em romaria.
Ora, em Belém-Efrata, a pequenina
cidade onde brilhou a luz divina,
não havia lugar pra toda a gente
que a buscava, cumprindo a lei vigente,
e, por isso, um casal de forasteiros,
que haviam sido, ao certo, os derradeiros,
depois de perlustrar durante o dia,
achou pousada numa estrebaria...
A PRIMEIRA
Tal história é bonita, na verdade, e devia sabê-la a humanidade! Continua a contar-ma, é mesmo bela e eu
desejo também aprendê-la.
A SEGUNDA
Eis então quando viram, uns pastores que estavam a vigiar nos arredores, uma estrela que muito resplendia
e para os lados de Belém seguia. Eles foram então até a cidade e, revelando o Pai da Eternidade, acharam,
numas palhas, o menino, cheio de graça, insonte, pequenino. Era Jesus esse menino, entendes? Ele era o
nosso Salvador, compreendes?
A PRIMEIRA
E depois? E depois? Será verdade que, para redimir a humanidade, teve ele de morrer como cordeiro,
pregado sobre os braços do madeiro?
A SEGUNDA
A PRIMEIRA
Maravilha-me a tua história! Eu quero, de coração arrependido e vero, seguir os mandamentos
do Messias e acompanhá-lo, enfim, todos os dias! Que hei de fazer, porém, para salvar-me e da
profunda dúvida livrar-me? Custa-me muito ? É muito necessário ingente esforço?
A SEGUNDA
Olha para o Calvário! Lá está Jesus crucificado e exangue, derramando por todos o seu
sangue! Quem nele crer se salvará ao certo e para o tal o céu se encontra aberto!
A PRIMEIRA Eu creio!
A SEGUNDA
Fazes bem. A nossa vida
é breve instante e passa, frementida,
e a alma que busca a Deus em Jesus Cristo
tem nascido de novo! Quem faz isto
se torna em manancial e, de verdade
cantando, voa para a eternidade.
A MANJEDOURA E A ESTRELA
(DIALOGO PARA NATAL)
Jonathas Braga
ESTRELA (arrogante) —
Eu moro nas alturas consteladas e ando por entre as gázeas nebulosas, no éden, onde as
estrelas são as fadas de longas cabeleiras luminosas. A via-látea é o tálamo argentino onde
derramo toda a minha luz. .. — Iluminar o céu é o meu destino, pois para isso na amplidão me
pus. Nem águias, que transpõem cordilheiras, atingirão jamais onde eu habito, porque, cheias
de tédios e canseiras, jamais penetrarão pelo infinito.. . Estrela — sou na etérea imensidade, a
fúlgura janela de cristal por onde espia Deus, da eternidade, o mundo cheio de tristeza e mal.
E tu, quem és, humilde Manjedoura, para que contes toda a tua glória? Hás de passar: eu sou
imorredoura, pois não tem fim a minha trajetória. ..
MANJEDOURA (humilde) —
Eu nada valho diante de uma Estrela, que enche o infinito todo de clarão, porém, não sendo
eu fulgurante e bela, a minha glória não é sem razão — Vivo na terra, habito com a pobreza
e nada sei da tua formosura; sou palha seca, seca e sem beleza, e só o pobre pária me procura. Os bois, que
mugem ao cair do dia, buscam-me sempre com satisfação, porque o meu feno à fome que os crucia vai-lhes
servir de abençoado pão... Não sou de Deus janela, como dizes ser entre os astros todos do infinito, mas os
que vêm a mim são mui felizes e de alegria soltam o seu grito. Isso me satisfaz, é a minha glória, se não
clareio o céu, que quero mais? Cheia de ilustrações é a minha história, mais bela que a dos mundos siderais!
ESTRELA —
Não creio no que dizes, és falace e, arrependida, a fronte não inclinas. .. Que seria do mundo, se faltasse o
brilho das Estrelas peregrinas?
MANJEDOURA —
Embriaga-te o fascínio das alturas e muito grande tu desejas ser, mas, apesar de tudo, não procuras um
caso extraordinário me dizer!. . .
ESTRELA —
Somente tu, Estrela fulgurante, brilhaste sobre o teto do Messias, mas não estavas tu no céu distante, como
ver ao menino poderias? Foste menos feliz do que eu, no entanto, porque não contemplaste o Salvador, teu
orgulho dos cimos era tanto que nem pudeste ver o bom Senhor! Pois eu vestes não tive aparatosas, nem me
enfeitei de contas de esmeraldas, nem o meu solo atapetei de rosas, nem ostentei coroas e grinaldas, para,
naquele dia memorável, ouvir dos anjos as canções sem fim, porque, sendo eu humilde e miserável, o
Salvador nasceu dentro de mim! Fui eu quem teve a dita sublimada de receber a criança no regaço, quando,
naquela noite iluminada, brilhaste no zimbório azul do espaço; fui eu quem, ao abrira? no infinito os olhos
abrasados pela luz, sorriu na terra para o peito aflito, no primeiro sorriso de Jesus!
ESTRELA —
Tu tens razão. .. Adeus! Onde cintilo, pairam as nuvenzinhas cor-de-rosa, e inda percebo ouvir no céu
tranqüilo as melodias da harpa sonorosa. .. Adeus! Adeus! O espaço me convida
e eu devo alar-me para os ceus azuis; vou procurar em Cristo a eterna vida, pois vida eterna só há em Jesus!
MANJEDOURA (sozinha) —
Nasceu Jesus! Hosanas nas alturas
e paz na terra aos homens que Deus ama!
Vibrem de gozo todas as criaturas,
porque do céu perfume se derrama
e a terra toda se enche de alegria
para aclamar Jesus, o sumo bem,
o Rei nascido numa estrebaria,
na manjedoura humilde de Belém.
PASTORA:
Donde vens tu, pastorzinho, Tão alegre, tão feliz?
PASTOR:
Venho de ouvir no caminho Um coro santo, que diz Ter nascido o Salvador, Pelo divino
favor, Num presepe de Belém. Vem tu, pastora, também, Ver o menino Jesus,
Banhado de pura luz.
PASTOR: Sem demora, vem, pastora, Vamos ver o Sumo Bem. Na loucanda miseranda
No presepe de Belém. Vamos vê-lo, conhecê-lo, Adorá-lo muito ao pé; No futuro, te
asseguro, Fá-lo-emos pela fé.
PASTORA: Pois vamos, alegres, Cantemos a glória Do Rei da vitória, Do Príncipe da
paz!
PASTOR:
Pois vamos, alegres, Louvar o Menino, Que é Mestre divino Que a bênção nos traz.
Patriotismo
PELA PÁTRIA
(Autor desconhecido)
O desejo que domina No meu peito juvenil É de ver a sã doutrina
Propagada no Brasil.
Eu contemplo com tristeza Meu país na corrução, Bem distante da grandeza Que
provém da salvação.
Esta terra estremecida, Quero vê-la com Jesus, Nos seus braços acolhida,
Caminhando à sua luz.
Vou lutar por esta terra, Para dar transformação, Com o evangelho, que encerra O poder
da salvação.
Sou pequeno, na verdade, Mas, com Cristo, varonil, Pra lutar na mocidade,
Em favor do meu Brasil.
O ANIVERSÁRIO DE MÁRIO
R. M. A.
(Uma sala enfeitada com bandeiras e com qualquer outro enfeite próprio ou tipicamente brasileiro. É a festa do
aniversário de Mário, dia 7 de setembro. Mamãe e Mário encontram-se. Aquela dá-lhe um abraço, e sentam-se.)
MAMÃE — Bom dia, Mário! Feliz aniversário, meu filho! Escolheste um dia patriótico para teu
aniversário. Espero que sejas um grande e nobre cidadão de nossa pátria, servindo-a de algum modo útil.
RUTE (entrando) — Viva o Brasil! Viva o Mário! Viva o 7 de setembro! Parabéns meu mano! Não chegou
nenhum amigo ainda? (Rute, assenta-se, cantando, em voz natural, "O Brasil Amado" do Cânticos Juvenis .)
MILTON (entra assobiando o hino nacional) — Então, Mário, és filho da liberdade! Independência ou
morte! Parabéns mano! (Vão entrando outros amigos, João, Pedro, Raul e Maria, cumprimentando o
aniversariante.)
RUTE — Antes de brincarmos, temos um pequeno programa. Vamos cantar o hino 574 do Cantor
Cristão . Depois vamos ouvir uma poesia pelo Milton.
MILTON —
De Mário Barreto França
"Levanta o teu olhar, mocidade batista, Até onde puder alcançar tua vista, E vê todo o esplendor de
nossa pátria amada, Toda a grandeza, toda a fortuna ignorada,.
Que seriam no mundo o máximo luzeiro, Se a soubesse explorar o povo brasileiro!
Porém tu, mocidade, aceita o sacrifício De, com a Bíblia na mão, ir combater o vício. A miséria, a
indolência e o pecado infecundo Dos que vivem sem fé, chorando pelo mundo... Desfralda o
pavilhão do Evangelho de Cristo E acorda este país para a crença, porque isto É o problema maior
da nossa economia.
Porque se tendo crença é que se tem valia... A crença é que desperta o gosto pelo estudo, O amor
pelo trabalho, o amor ao bem de tudo... Que representa em si o progresso de um povo!... E por isto
anuncia esse amor sempre novo Que Cristo nos legou e no qual te iluminas, Sorvendo a inspiração
nas páginas divinas.
Em ti é que o Brasil descansa o seu futuro!
E o que farás, então, para vê-lo seguro
Na base do progresso e à vanguarda do mundo,
Para vê-lo feliz, religioso e fecundo?
Olha-o na solidão cruel do extremo Norte!
— Pobre, sendo tão rico, e fraco, sendo tão forte!
Repara-o no Nordeste, entre secas tremendas!
É o Brasil da pobreza e do honesto operário,
Dos que arrastam, na vida, o trágico fadário.
Brasil comercial, ou Brasil idealista,
a tudo, mocidade, alonga a tua vista,
E desfralda com fé a bandeira da paz,
E prega a salvação e não te cales mais!
Levanta o teu olhar, mocidade batista, Até onde puder alcançar tua vista, E a crença a proclamar,
sob este céu de anil, Conquista para Cristo o povo do Brasil."
RUTE — Agora, mamãe vai dizer uma palavra sobre a bandeira.
MAMÃE — Meus queridos, bela é a nossa bandeira! Grande a Pátria que representa! Ela encerra em
seus símbolos a nossa lealdade, a nossa fé e a nossa esperança! Fala-nos do passado, dos heróis que
viveram e morreram por ela, do sacrifício dos pioneiros através de longos anos.
"Sobre a imensa nação brasileira, Nos momentos de festa ou de dor, Paira
sempre sagrada bandeira. Pavilhão da justiça e do amor!"
A Bandeira nos fala do presente, com suas oportunidades para o desenvolvimento. Fala-nos também do
futuro, com as esperanças radiantes. O passado estava com os vossos avós. O presente está com vossos
pais. E o futuro vos pertence. É o porvir que vos interessa, não é? Como cidadãos brasileiros, cada um de vós
deve ter o desejo de achar o lugar onde melhor possa servir à nossa Terra amada. Quero perguntar ao Mário
especialmente, no seu aniversário, e a cada um de vós, o que ides fazer para engrandecer a nossa Pátria.
Vamos ouvir a palavra de cada menino presente.
MARIO — Aprendemos na Escola Bíblica Dominical: "Bem--aventurado ou feliz é o povo cujo Deus é o
Senhor." Querendo trazer a maior felicidade possível ao meu povo, vou pregar o evangelho. Sinto-me
chamado. Uma poesia exprimirá melhor a necessidade que o Brasil tem do evangelho mais do que eu posso
dizer. Vou recitá-la:
De Jonathas Braga
"Vede: é um colosso a terra brasileira, desde o Oiapoque às águas do Chuí; terra
onde geme a virente palmeira, terra onde arrulha a meiga juriti.
Aqui há campos sempre verdejantes, cheios de flores de festal matiz, árvores belas, rios
sussurrantes, pequenos édens, risos, colibris...
Mas há milhares de almas que perecem no meio desse mágico esplendor, porque de Deus o
nome não conhecem e não confiam no seu Redentor.
Entrai por essas portas que o sol beija e vede quantas lágrimas e dor, quanta alma que, sem
salvação, arqueja longe do terno abrigo do Senhor.
Assuntos Diversos
PARA QUÊ?
Daria Gláucia Yaz de Andrade
Para que desejar os sonhos que morreram E aquele antigo amor que nunca há de voltar? Para que desejar as
ilusões que foram Silenciosamente, PARA QUE DESEJAR?
Para que suspirar por amigos que partem Para longe de nós.. . e a dor de separar? Para que
suspirar, se os amigos não vêem A nossa solidão? PARA QUE SUSPIRAR?
Para um sonho que murcha, mil sonhos reverdecem, E nas cinzas do amor outro há de reflorir. As ilusões
que vão, elas também retornam Silenciosamente, como as vimos partir.
A primavera volta e o sol e a claridade, Seja um dia ou outro dia, hão sempre de brilhar; A invernia se vai... e
os rigores do inverno A presença do sol não podem perturbar!
Há amigos que partem, e há amigos que ficam, Cheios de amor profundo e de consolação; Vivem perto de
nós, mister os descubramos, Para encher-se de sons a nossa solidão.
E, para que chorar os entes que morreram, Se em nosso coração eles podem morar, Se a Saudade bem quer
repetir suas vozes, E eles podem viver dentro do nosso olhar?
Sou eu também um verme que vagueia, de vida longa e de pesares cheia? Reserva-me o destino o
esmagamento sob o girar de esferas, violento? Luto eu por um fim nobre, estremecido, sem ser de alguém
aqui compreendido? Alimento debalde o grande anelo de ser perfeito, de caráter belo, e, enquanto sofro,
triste, em agonia, não vejo simpatia?
"Não, não é assim", ao peito aqui me fala o coração, que um santo ardor alenta. E eu me sorrio, sem temor,
sereno, que não se esmaga um coração pequeno, se um Deus presente e amigo acalenta!
Nenhum temor esta certeza abala. .. Dentro em meu peito eternamente mora O Pai Celeste, que minhalma
adora. É essa a minha experiência gloriosa
que me leva a uma vida santa e pura e cada vez me dá maior certeza de que não poderei ser
esmagado! Oh! sim, eu vencerei qualquer tristeza e não serei vencido de amargura,
pois esta via poenta e dolorosa magoou também os pés do Mestre amado! O orgulho humano
creu tê-lo abatido, quando prostrou seu corpo ensangüentado e o sepultou, triunfante,
desdenhoso: — "Ei-lo vencido já e aniquilado!" —
Mas ele despertou vitorioso, agora vive e, já glorificado, vela com amor os seus,
compadecido. Ele está vivo e nele eu tenho vida, e nesta luta sua voz me anima.
Levantam-se, rugindo, o mal e o mundo
e em vão procuram quebrantar minhalma!
Eu sofro a dor com um prazer profundo.. .
que não há dor que em mim tristeza imprima!...
O mundo trama em vão; o fim da lida,
verei sereno e vencedor, com calma!...
Meu Pai vela décima!
(De A Voz Missionária )
Senhor!
Quando me sentir cansado de lidar,
E pesados parecerem os teus mandamentos;
Se minha cruz levar-me a reclamar,
Então, Senhor, mostra-me tuas mãos,
Tuas mãos feridas
Pelos pregos,
Pungidas
Pelos pregos —
Meu Salvador, mostra-me as mãos! Cristo Jesus!
Se além meus passos resvalarem
E eu me dispuser a voltar atrás;
Se desertos e espinhos me fizerem lamentar,
Então, Senhor, mostra-me os pés,
Teus pés sangrados,
Teus pés rasgados
Pelos pregos —
Meu Jesus, mostra-me os pés!
Senhor!
Quando me encontrar profundamente ferido Pelo batalhar e labutar do dia E começar a me
queixar do meu sofrer, Então, Senhor, deixa-me ouvir tua voz, Dizendo:
"Contempla o meu lado,
O meu lado varado Pela lança, O meu lado Trespassado
Por tua causa, meu amigo." MEU DEUS,
COMO ME ATREVERIA EU
A MOSTRAR-TE MEUS PÉS E MINHAS MÃOS?
CONTATO INTERROMPIDO
Trad. de Isaac N. Salum
Um cântico somente, um cântico singelo — que o Espírito dizia: "Entoa nesta noite; tua voz pertence ao
Mestre: Ele a comprou." Mas foi-te
inútil a insistência. É que tiveste horror
de vir falar do céu à turba em atropelo!
Terias despertado corações de gelo!.. . Mas não tinhas contato, irmão, com teu Senhor.
A PAZ DO SENHOR
Mário Barreto França
"Deixo-vos minha paz, a minha paz vos dou,
Não como o mundo a dá", disse Jesus! No entanto,
O homem, desprezando esse legado santo.
Quis firmá-la em convênio e em arma... E fracassou...
A bomba de hidrogênio, a linha Maginot, Bloqueios e sanções, a paz firmada no pranto
Dos órfãos e das mães, nada resolve, enquanto O mundo desprezar o que Cristo ensinou.
Nenhum bem pode ser imposto a ferro e fogo; O que os homens estão fazendo é o negro
jogo Que, no vale da morte, incita Satanás. ..
Só a fé santifica e só o amor constrói; E o verdadeiro santo, e o verdadeiro herói É aquele
que semeia a fé, o amor e a paz!
JESUS
Gustavo A. Brasil
Era plano de Deus a morte do Messias! Devia derramar em cada coração o bálsamo de amor, o ungüento do
perdão, e suportar calado o tumultuar dos dias.
Que lhe importava o chasco e a dor das ironias
em face do valor da celestial missão?!
Seria conduzido à crucificação,
cumprindo a lei do Pai na voz das profecias. ..
Ante um povo traidor, que lhe cantara hosanas, expirou Jesus Cristo, humilde e lentamente, entre os gritos
de mofa e as decisões profanas.
O universo, porém, num soluçar profundo, lançou, pelo infinito extático e dormente, um brado de protesto à
ingratidão do mundo.
AS MÃOS DE CRISTO
F. F. Estrello
Trad. de Lauro Bretones
Mãos de Cristo,
Mãos divinas de Carpinteiro...
Não imagino aquelas mãos
Forjando lanças, forjando espadas
Nem desenhando novo modelo de bombardeiro;
Aquelas mãos, as mãos de Cristo,
Foram as mãos de um Carpinteiro.
Mãos de Cristo,
Mãos divinas de Carpinteiro. .. Não imagino aquelas mãos Brutalizando o labor
humano, Mas forjando a criação; Aquelas mãos, mãos de obreiro Edificando
continuamente.
PRECE
Senhor! que, em tua grande onipotência, Criaste o céu, a terra e o mar profundo; Que pelo amor e pela
onisciência Estás em toda parte neste mundo;
Senhor! que o dia e a noite separaste, Fazendo a luz do sol raiar bem cedo; Que docemente os montes
coroaste Com a folhagem verde do arvoredo;
Senhor! que no azulino firmamento Estrelas mil mergulhas no luar; Que lindas flores bordas num momento,
E aves semeaste pelo ar;
Senhor! que ao homem deste o dom da vida, E atendes sempre ao triste em aflição; Que ao pecador, em
sua ingente lida, Concedes, pela fé, a salvação;
Aquece o coração da humanidade! Relembra aos homens que os fizeste irmãos! Faze-os vencer, com Cristo,
em amizade, Unindo com carinho as suas mãos.
O ECO
Gióia Júnior
"Que fazes tu sobre a terra? E o eco responde: Erra!"
Castro Alves
O que posso fazer se, a vida, a glória fez-ma rotineira, a ilusão não muda, é sempre a mesma? Que fazer se o
prazer é sempre essa utopia de um minuto feliz?! A maior alegria é ligeira e fugaz como uma gargalhada, ...
inunda a sala e cessa e volta para o nada ?... Que fazer para ter alguma recompensa? Mecânico e fatal o eco
responde... pensa...
Lutar... por que lutar... ver bandeiras ao vento, tambores e clarins, gales e fardamentos, ver o sangue a
jorrar em vis revoluções, ver Césares, Pompeus, Felipes, Napoleões?... Lutar... por que lutar, se essa glória
que embriaga tem o brilho na aurora e no poente se apaga?... Quero mais, muito mais... quero a brasa que
inflama! Mecânico e fatal o eco responde. .. ama...
Amar... amei a vida e a vida é tão ingrata... "Traz o pó que alimenta o micróbio que mata"...
Não, de modo nenhum, permaneço na teima... "a fogueira que aquece e a mesma que nos queima". Amar...
de que nos vale amar, se o amor é vário, se ao beijo tem seqüência as dores do Calvário?... Quero fugir do
mundo e procurar a calma... Mecânico e fatal o eco responde: Alma...
Alma... quando escutei essa palavra, quando meditei, vi que havia uma força operando além da
compreensão... vi que o meu ódio acerbo era a minha impotência ante o mando do Verbo. Quando, porém,
notei que a paz aurifulgente está em nós firmada... algo puro, inerente ao nosso próprio ser... chama viva e
sagrada que opera no interior sem depender de nada;
Alma... quando notei que em meu corpo carnal morava um universo, uma essência imortal; entreguei-me a
Jesus e, firmado em seu nome, na vivificação matei a minha fome... Pensei... soube pensar em seu reino...
lutei sem medo de derrota ao lado do meu Rei... Amei os meus irmãos. E agora em mim revive a encantadora
voz do eco bradando: VIVE!
SER CRENTE
Ser crente é descansar num Deus que é caridade, A esperança que alenta e a fé que nos redime, É sentir
dentro dalma essa doce vontade De semear o Bem, de combater o crime...
Ser crente é conquistar para Deus, que perdoa, Duma existência má, para uma vida boa, O coração que
sofre o peso de um labéu.
Ser crente é possuir como um prêmio fecundo: O encanto de viver e ser feliz no mundo, A glória de morrer e
ser feliz no céu.
CANTO DO CRENTE
(Autor desconhecido)
VOZ DE DEUS
Pereira d'Assunpção
Homem, Eu sou aquele qüe habitou primeiro Por sobre a vastidão dos revoltosos mares... Sou eu que bem
sustento os pássaros nos ares. . . Também sou eu o autor deste universo inteiro!
Não te aflijam na terra as dores e pesares! Também sofreu meu Filho as dores do madeiro, Sofreu, morreu na
cruz, humilde qual cordeiro, Oferecendo a ti de luz outros lidares. ..
Vem. Olha o manto azul do céu brilhante e belo.
Quanta fascinação encontrarás aqui!
Vem, vem, que eu te darei venturas perenais.
Sem vacilar, despreza o teu viver singelo E vem. Que doce paz eu te darei a ti, Ouvindo em
melodia os anjos divinais!
O NOME DE DEUS
Manuel d'Arriaga
Por mais que se pense em tudo, Quanto dele contemplamos, O coração fica mudo,
São mistérios, não sondamos!
Por que fez Deus as montanhas ? Esses rios caudalosos? E do solo nas
entranhas Fez minérios tão custosos?
Por que criou as estrelas Que brilham na imensidão ? Nossos olhos só em vê-las
Nos deixam cega a razão!
Por que deixou a formiga Pequenina e previdente? Cigarras cuja cantiga Enche de
tristeza a gente?
Por que fez a violeta De tamanha singeleza, O cipreste esguio, a seta, O junco nu, sem
beleza?
São mistérios da natura Desafiando o saber Da indigente criatura, Que não pode
responder!
O CEGO DE JERICO
Mário Barreto França
E ele, no íntimo dalma, exclamava: — "Quem dera Achar esse Jesus que milagres opera! Pois tanto
imploraria e choraria tanto Que ele havia de ter piedade de meu pranto E me daria então a luz para os meus
olhos, Guiando-me na vida entre tantos escolhos..."
Certo dia, porém, ele estava esmolando, Quando ouviu um rumor de turbas caminhando. Prestou toda a
atenção e descobr: sem custo Que era Jesus quem vinha — o poderoso e justo Mestre e Senhor.
E quando ouviu que perto estava, Na esperança de ser escutado, gritava: — Ó Filho de Davi, tem
piedade de mim! E livra-me, Senhor, destas trevas sem fim! E muitos, em ameaça, exclamavam: — Ó tolo,
Cala-te! e em teu silêncio encontrarás consolo!
E ele gritava mais: — Jesus, eu creio em ti! Tem piedade de mim, ó Filho de Davi!
É que ele meditava: "Ah! se agora não falo, Onde irei.. . onde irei outra vez encontrá-lo ? Se me passa veloz
essa oportunidade, Nunca mais eu verei minha felicidade."
E Jesus, que entre a turba ia calmo seguindo, Solícito, parou, aquela voz ouvindo.
Do que as riquezas ele é mais precioso E mais precioso até que o mundo inteiro; Longe dos
males guarda o coração, Na paz conserva o escrínio verdadeiro.
Manancial ele é do pensamento, Pois a mente arquiteta cada ação; E os lábios, meros
servos são do rei, O rei, que é bem chamado o coração.
Da vida os cursos brotam dessa fonte, Teu amor, teu desejo e tudo mais. Esconde, pois,
fielmente o bom tesouro, Se amas a vida e se desejas paz.
No mundo todo, existe um Rei, um só, Que, supremo, governa o coração; E o poder do Alto vem
banir as trevas, Deixando nesse reino o seu clarão.
Sem de Deus a presença, tu não podes Vencer, de pronto, o embate que te chama; Nele
perdura a necessária força, Pela qual o universo todo clama.
(Cantam "No Meu Coração".)
CRISTO É TUDO
Henry Maxwell Wright
Qual o esposo à sua esposa, Qual o rei ao seu país, Qual o piloto ao seu navio,
Qual ao tronco a raiz Es tu, Senhor, pra mim.
Qual a luz em noite escura, Qual a fonte no jardim, Qual maná na antiga arca, Qual o
coro no festim És tu, Senhor, pra mim.
Qual remédio ao enfermo, Qual na calma a viração, Qual o pão cotidiano. Qual
a chuva no verão És tu, Senhor, pra mim.
Qual o rio cristalino Nos desertos tropicais, Qual o orvalho sobre a relva, Qual ao rico os
cabedais És tu, Senhor, pra mim.
Qual mãe que seu filhinho Leva no seu coração, Qual o pai no lar paterno, Qual
amigo mais que irmão És tu, Senhor, pra mim.
(Uma ou sete jovens poderão recitar. cartões contendo as Sete Palavras da Cruz.)
Pleno zênite. O sol espalha seus lampejos! Consumam-se dos clérigos os vis desejos e as multidões em gritos
bestiais se comprazem, vendo Cristo na cruz. Ele nem profere um ai, mas em prol dos algozes uma prece —
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."
Ao lado de Jesus estão dois malfeitores
que, apesar de na cruz, sofrendo as mesmas dores,
lançam baldões, insultos e fazem esgares,
mas, de súbito, Dimas se arrepende, chora,
e, voltando-se a Cristo, seu perdão exora:
"Lembra-te de mim, quando no teu reino entrares."
Jesus não lhe falou em missa ou purgatório, nem reencarnação ou outro meio expiatório, antes, em um
período curto, mas conciso, sem mistificações, alegre, respondeu, àquela alma aflita que se arrependeu:
"Hoje estarás comigo no meu Paraíso."
Maria, sua mãe, junto ao madeiro estava, tristonha e humilde ao Filho de Deus adorava. Com aquele doce
olhar que não perdera o brilho, fitou sua mãe, bem como ao discípulo amado e a ambos incumbiu de mutual
cuidado: "João, eis tua mãe — Mulher, eis o teu filho."
Veio para os judeus, que mal o receberam, os seus próprios apóstolos não o entenderam,
'té Judas, um dos tais, vendeu-o. Que contraste, o próprio Pai virou-lhe o rosto em tal momento! e o cálice
transbordou... fugiu-lhe esse lamento: "Deus meu, Deus meu, porque tu me desamparaste?
Febo, na sua faina e brilho aurifulgente, crestando a rua, vai desde a terna semente ao pescador que ao mar
atira sua rede, 'té Jesus, que, sofrendo os cravos na cruz, (cujo suplício mais sede inda produz) nessa grande
agonia, brada: "Tenho sede."
A Cruz é o sacrifício vero e sem defeito.
Jesus, Sumo Pontífice uno e perfeito,
que de graça completa salvação nos dá,
que não carece mais de humanos sacramentos,
pois que fiel cumpriu a ambos Testamentos,
quando ele afirmou: "Tudo consumado está."
O JARDINEIRO DO AMOR
João 20:11-16 Poesia sobre a ressurreição
Alfredo Mignac
Madrugada de luz, de paz e de vitória...
Jesus ressuscitara em meio à maior glória!
Por terra inerme jaz toda a guarda romana
e a potência do Império, abjeta, vil, profana,
a intriga farisaica, o ódio do judaísmo,
varridos como pó no ardor do cataclismo.
A cruz negra, de fel, para sempre vencida,
e, invés da guerra, o amor; e, invés da morte, a vida!
Maria Madalena o sepulcro bem cedo foi visitar, levando a alma cheia de medo. Temia a
guarda. Era inda escuro. A estrela radiante da manhã parecia que, ao vê-la, abria em leque,
espadanando a luz imensa, como para o caminho seu iluminar e Jesus Ressurrecto ao mundo
anunciar!
Umas flores ao braço e bálsamo olorante para a tumba de quem, agora tão distante, não pode mais ouvir
gemer o desgraçado, nem o pobre sem pão, nem o degenerado, nem o cego sem luz, nem da viúva tristonha,
ferida pela dor de saudade medonha, os queixumes de morte!
— Oh! se ela o visse! Tinha o tom divino, a cor do jaspe reluzente ao sol entrando o Ocaso,
da luz a palidez no lago argênteo e raso!
Esboçando um sorriso, erguendo a fronte, brada o ser angelical, num toque de alvorada:
— Por que choras, mulher?
E ela, o pranto oprimido:
— Levaram meu Senhor... E, soluçando e saindo,
foi gemer tristemente a um canto do jardim, dando toda a expansão à sua dor sem fim! Nisto, encontra um
varão bem perto do canteiro, a fitá-la de pé. Por certo o jardineiro...
AS DUAS ORAÇÕES
Autor desconhecido Tradução de Werner Kaschel
Ontem à noite o meu filhinho
me confessou Um erro seu, um pecadinho,
e ajoelhou, orando, triste, desta sorte:
"Permite, ó Pai, que eu seja um homem sábio e forte
como papai."
Dormiu. Então, junto ao seu leito ajoelhei,
e, vendo o mal dentro em meu peito,
assim orei: "Ó Deus, transforma-me em criança
como esta aqui — tão pura e cheia de confiança,
meu Deus, em Ti."
DIA DE ANIVERSÁRIO
Cláudia Faria
Que muitos aniversários Possas fazer bem feliz; Isso terás, se escutares O
que o bom Jesus te diz.
PRECES DA INFÂNCIA
Vós me vedes, Deus Eterno, Como eu sou tão pequenina; Minhalma é inda inocente, Tão
pura como a bonina.
Débeis como minhas vozes São inda os meus pensamentos; Do mundo nada conheço,
Nem prazeres, nem tormentos.
Guia meus passos incertos, Em tudo vem me guardar, Para que eu nunca possa
Do meu Jesus me afastar.
Mesmo assim tão pequenino Sempre te quero servir E por minha vida fora Tua lei hei de
cumprir.
A ALEGRIA DA VIDA
Uma palavra simples
de bondade — uma só — vale mais
do que um tesouro;
os corações a quem
a dor invade é amor que reclamam,
não é ouro.
Procura os fatigados
da viagem, os que a sorte maltrata
dia a dia;
estende-lhes a mão,
dá-lhes coragem, e sentirás a bênção
da alegria.
GRAÇAS A DEUS
A.C. Gonçalves.
De manhã deixando a cama, Faço a Deus minha oração, Dou-lhe graças pela
noite, Seu repouso e proteção.
Mas também durante o dia, Sou mui grata ao meu Senhor, Pelo pão, o lar e a vida, Que
me provam o seu amor.
NA ESCOLA
Odon Cavalcanti
Estou contente, é verdade, E confesso com prazer, Que, sendo de pouca idade,
Já sei ler bem e escrever.
Em contas sou muito esperta, Nelas ninguém me derrota; Faço qualquer, sempre certa,
Para ganhar boa nota.
No caderno tenho asseio, E traço letra bonita, Para a mestra, sem receio,
Mostrar a quem nos visita.
Meus trabalhos manuais, Que servem bem de modelo, Têm riscos lindos demais,
Bordados com grande zelo.
E mais coisas de valia Trago dentro da cachola, Que estava muito vazia,
Quando entrei nesta escola.
O AMIGO DO GATO
Afonso Celso
Eu gosto do gato, Que é manso, que é bom; Se o pelo lhe cato, Que meigo
ron-ron!...
Se o gato me arranha, Bem caro lhe sai; E o pobre, se apanha, Não
chama seu pai.
Das vis ratazanas Valente agressor, Em troças maganas O gato é
doutor.
Se a mão não lhe estendo, Não vem nem a pau; Só eu é que entendo Seu
doce miau.
Oh! nunca de ingrato Ninguém me chamou: Amigo do gato Serei, fui e
sou!
OS PASSARINHOS
Oliveira San-Bento
Tu nunca ouviste, ao despertar da aurora,
Por toda parte alegres passarinhos
A repetir uma canção sonora
Que as mães lhes ensinaram nos seus ninhos?
Se vais passear pelos caminhos, Ouves cantar uma lição que outrora Era ensinada assim
com mil carinhos Como te ensinam as lições agora...
Não chores... Nunca mais deves chorar,
Ao ir para a escola: os passarinhos
— Os teus irmãos — aprendem a cantar!.,.
Pois, se chorassem, nem voar sabiam E nas suas escolas — os ninhos — Não cantavam
aquilo que aprendiam.
(De Bem-Te-Vi )
RAPAZ DECIDIDO
Sou um valente esportista, Pulo! Salto! Sei nadar! Corro sempre, lá na pista, Muitos metros,
sem parar!
Levanto de madrugada, Bem antes de o sol nascer! Eu acordo a passarada Sempre ao amanhecer.
Começo logo cantando:
— Um! Dois! Um! Dois!... E zás-trás!
Meus braços vou levantando
Para a frente e para atrás!
E assim faço muitas vezes, Um! Dois!... Um! Dois!... Sem parar!
Passam os dias e os meses
E eu não quero "enferrujar"!...
"Um! Dois!... Um! Dois!...
para a frente! Um! Dois!... Um! Dois!... Atenção! Nunca se fica doente, Cuidando bem do pulmão!"
Vou-lhes contar um segredo: Pratico assim o esporte, Faço exercício sem medo, Pois quero ser grande e
forte!
Um dia... todo garboso, Passada a quadra infantil, Serei o mais musculoso Homenzarrão do Brasil!
A MENINA DA SOMBRINHA
Vejam-me só! Que elegância! Em que ponta hoje eu estou! Com esta bela
sombrinha, Que o paizinho me comprou!
Andando assim como eu ando, Tão galante de sombrinha, Não há ninguém que me deixe
De julgar uma mocinha!
Quero que todos exclamem: "Isso sim! Não é menina! Reparem: vejam que é
Uma moça pequenina!"
Seguro a minha sainha Como faz toda senhora, Mas não se riam de mim, Senão daqui
vou-me embora!
E quem muito há de gostar De me ver assim vestida, Toda catita e galante, É a
mãezinha querida!
(Extraída)
PEQUENAS COISAS
Formam grandes mares Gotas de águas só, E esta terra imensa Formam
grãos de pó.
Mesmo a eternidade É formada assim De horas e momentos Num passar sem fim.
E as pequenas falhas De dor formarão Vícios e pecados Para a perdição.
E os pequenos atos Feitos com amor Trazem a este mundo Bênçãos de louvor.
(Transe.)
AJUDADORES
C. E.
2.De manhã chega o leiteiro Com a primeira refeição, A seguir bate o padeiro,
Trazendo biscoito e pão.
3.Às dez horas o carteiro Dá notícias da vovó, Vem ainda o quitandeiro, Que vende
alface e giló.
A VOVOZINHA
Áurea Nogueira Xavier
A vovozinha é tão bela! Quero ser igual a ela Quando eu for vovó também. A
vovozinha me entende, Ela sempre me defende, Se comigo ralha alguém.
(Para uma ou quatro crianças de seis anos. Devem usar gestos apropriados.)
Nos passos de Jesus eu vou andar. Protegido por Deus sempre dormir, Cada dia na Bíblia
meditar E o que ela me disser também ouvir.
Dentro do coração vou escrever Tudo quanto tiver para lembrar Ás coisas que as
mãozinhas vão fazer, As coisas que a boquinha vai falar.
Para os bons amiguinhos, bater palmas, Para os maus, hei de as costas lhes voltar, Vou orar
com fervor nas horas calmas, Com bondade pra o próximo olhar.
A verdade sem medo sustentar, O pecado do peito vou varrer, Os perdidos pra Cristo vou
chamar E ao lado de Jesus permanecer.
ROSA
Oscar Leme Brisollo
(Seis crianças com menos de 8 anos de idade. Cantam juntas: "Eis-me aqui", Cânticos para Crianças ,
no 35.)
PRIMEIRA CRIANÇA (recita com as mãos estendidas:) As minhas mãos pequeninas A Jesus quero ofertar,
Fazê-las grandes pra o bem,
Pra o trabalho e para dar.
SEGUNDA CRIANÇA (dando um passo à frente:) Com meus pés irei andar Nas veredas do Senhor,
Ligeiros sempre serão,
Prosseguindo sem temor.
QUARTA CRIANÇA (colocando as mãos no peito:) Meu coração sempre quero Isento de todo o mal,
Livre do medo e perigo, Salvo de queda fatal.
NINHOS
Zalina Rolim
MENINA:
MENINO:
— Um belo dia, no ninho, três ovitos descobri... A mãe olhou-me assustada eu tive pena.. . e fugi...
Dias passados, voltando, nem um ovo desta vez! E, abrindo ansiosos biquinhos, vi três passaritos... três!
Daquelas três criancinhas confesso que tive dó, não tinham penas ainda. . . só uma penugem, só, só!
Para elas, no biquinho, vinham os pais, com amor, trazer bichinhos gostosos e sementinhas de flor.
E as taisinhas, numa fome! Era logo: — piu, piu, piu. . Criaturas tão gulosas como elas nunca se viu!
Depois, cresceram. . . voaram. .. foram-se embora, por fim. Mas todas as tardes, todas Vêm cantar no meu
jardim.
JESUS E AS CRIANÇAS
Daria Gláucia Vaz de Andrade
Eu vi Jesus da Galiléia
Na mais sublime e esplêndida epopéia
Que haja visto um mortal...
Eu não o vi cercado de leprosos,
Curando os cegos, acalmando o mar,
E não o vi, mãos cheias de alimento,
À multidão faminta saciar. ..
Eu não ouvi a sua voz suave Chamando os pecadores para os céus; Não o avistei, altivo,
lá no templo, Entre escribas, doutores, fariseus.
Eu vi Jesus cercado de crianças,
À beira de uma estrada,
E, ao seu olhar nublado de esperança,
Calou-se a multidão admirada!
E Jesus,
Abençoando de leve as criancinhas, Parecia um lírio cor de neve Rodeado de dóceis
avezinhas.. .
E hoje há por aí tanta criança
Sem pão, sem lar, sem luz, sem esperança,
Que pena* santo Deus!
Que eu creio ver Jesus, Jesus chorando
No meio da alegria lá dos céus!
É que nos esquecemos, Deus bendito,
Daquele mandamento tão bonito Dado por Jesus,
E as criancinhas crescem sem conforto, Enquanto o nosso amor é quase morto E fraca a nossa luz.
Amemos os pequenos! E na terra Que de promessa e de beleza encerra — Bela das mais belas
esperanças — Hemos de ver Jesus, o Homem-Bondade, Simbolizando a própria Caridade, Rodeado de
anjos e crianças!
A ESCADA DE JACO
Julieta Guimarães Maia
Cenário: Uma escada com 7 degraus, escrito em cada um uma virtude por ordem crescente.
VISÃO:
Quando o jovem Jacó, fugindo à ira de Esaú, deixou Berseba, uma pedra lhe serviu de travesseiro.
Dormiu e teve um sonho, durante o qual viu uma alta escada posta em terra e tocando os céus. Para
alcançarmos este céu visto por Jacó em sonhos, teremos de galgar uma escada com sete degraus
representando as virtudes cristãs praticadas por nós diariamente e sustentadas pela fé em Deus. Esta
escada deve ser apoiada sobre a Rocha dos Séculos, Jesus Cristo. Vejamos agora o que representa cada
degrau.
1o DEGRAU — FÉ
A fé é o baluarte dos crentes na religião de Jesus. Irmã gêmea da esperança, fortalece a fé das almas da
sociedade hodierna, como fortaleceu nos tempos primitivos. É a fé a impulsionadora das almas sinceras. É
ela que estende os braços para o pobre náufrago do mundo contra os vagalhões das injustiças e dos
desenganos. Jesus disse: "Aquele que crer será salvo, e o que não crer já está condenado." Paulo, o apóstolo
aos gentios, disse, num êxtase de contrição: "É pela fé que entendemos que os mundos foram criados pela
Palavra de Deus, de modo que o invisível se tem feito das coisas que aparecem."
De Risoleta Silveira
Nada há no mundo que a compare, Nem mesmo a própria luz; Nada há que
tanto mal repare Quanto a fé em Jesus.
2o DEGRAU — HUMILDADE
Humildade é a inebriante essência das almas nobres, precioso adorno dos corações bem formados,
virtude sublime que caracteriza o verdadeiro cristão. Jesus amava tanto a humildade que foi ele o mais
perfeito exemplo dessa virtude. Uma vez tomou uma bacia com água e lavou os pés dos seus discípulos.
Jesus exaltava os humildes e repreendia os soberbos. Na controvérsia dos discípulos, sobre qual deles seria
o maior no reino de Deus, disse-lhes o Mestre Divino: "Todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja
vosso serviçal; qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo. Bem como o Filho do homem
não veio para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos." E, observando, num
banquete para o qual fora convidado por um chefe de fariseus, como alguns convidados escolhiam os
primeiros lugares, Jesus propôs-lhes uma parábola e, concluindo, disse: "O que a si mesmo se exaltar será
humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado."
Pela sua humildade foi Davi ungido rei de Israel e pela sua soberba foi Nabucodonozor despojado da
coroa real e comparado aos brutos até reconhecer o poder de Deus. Pela sua humildade foi Maria escolhida
para ser a mãe de Jesus e pela soberba foi Jezabel castigada. "Amados, revesti-vos da humildade, porque
Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes."
3o DEGRAU — ARREPENDIMENTO
O arrependimento é a manifestação da graça e a chave que abre a porta do céu e tranca a do inferno. O
arrependimento salvou a cidade de Nínive, mas a impenitência abrasou Sodoma e Gomorra. Disse Jesus: "Eu
não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento." Oh! pecadores, arrependei-vos, pois,
e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, porque haverá alegria no céu por um pecador
que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
(Em dueto, o hino 274 do Cantor Cristão .)
4o DEGRAU — OBEDIÊNCIA
Obediência é o sinônimo de fé, testemunho fiel da verdadeira conversão. Quando o pecador se converte
sinceramente e aceita a Cristo como seu Guia, Mestre e Salvador, o maior desejo do seu coração regenerado
é fazer a vontade daquele que o resgatou. Disse Jesus: "Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras
estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito." "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." "O mundo passa, e
a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." Cristo foi obediente
até a morte — e morte de cruz.
5o DEGRAU — PUREZA
Para se descrever a pureza, ainda que se tome por modelo as coisas mais belas e as coisas mais santas,
não se terá descrito esta virtude na sua perfeição. Os raios do sol, a alvura imaculada da neve, a claridade
laticente da lua cheia, os belos matizes e a fragrância das flores, a modéstia da violeta, a candura do lírio, o
fulgor das estrelas, as cintilações do diamante, o riso da criança e a lágrima da virgem — símbolos que são
da pureza — não são, contudo, a verdadeira descrição dela, porque mesmo comparada a essas coisas tão
belas, as mais puras que o nosso pensamento possa abranger está aquém da perfeição. Porque a pureza é
Cristo, o único ser que a encarnou. Em Cristo não puderam seus inimigos achar pecado. "Como é santo
aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver." "Sede santos, como eu
sou santo."
(Hino 123 do Cantor Cristão , 1a e última estrofes.) 6' DEGRAU — ABNEGAÇÃO
O princípio da vida cristã é o amor para com Deus e os homens. Para quem tem um coração cheio de
amor é fácil dar o primeiro lugar aos outros e é capaz, por estar preparado, para dar o importante passo que
Jesus ensinou quando disse: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua
cruz, e siga-me."
7o DEGRAU — AMOR
O amor é a vida. Pelo amor criou Deus o mundo. Pelo amor derramou Jesus seu precioso sangue. O
amor é o divino fator de todas as belas virtudes, de todo o nobre heroísmo. É o astro que guia o pobre viajor
e a Estrela do Oriente, guiando os pastores e os três magos ao presépio de Belém. Sim! o amor é o prodígio
de um Deus humanado para a redenção dos homens. O amor é o sentimento mais puro e elevado que
predomina no coração humano. Amor incomparável é o de Jesus Cristo, porque ninguém tem maior amor do
que este de dar a sua vida pelos seus amigos. Amados, se Deus assim nos amou, também nós devemos amar
uns aos outros.
VISÃO:
A fé sem estas virtudes é morta. É semelhante a uma escada sem degraus. Da mesma forma, as obras
sem fé para nada servem, sendo como os degraus de uma escada sem os lados para sustentá-la. Assim como
a escada não ficará firme, se estiver colocada em um lugar duvidoso, também estas virtudes não terão valor
algum, se não estiverem colocadas sobre a Rocha dos Séculos — Jesus Cristo. Vivamos, portanto, amigos
que me ouvis, vivamos uma vida de fé e humildade, de arrependimento e abnegação, de pureza e obediência.
E assim o amor, que é a quinta essência da perfeição divina, será revelado em nós e por nós! Então, cheios
de fé e amor, galguemos os degraus desta escada sublime, donde nos havemos de alar para os céus e viver
eternamente com Jesus.
A FLORI ST A
Cláudia Faria
(Drama em dois atos, que representa a felicidade que há em Cristo, tanto para os ricos como para os pobres.)
PERSONAGENS:
lo Ato
(Cenário: Sala luxuosa com piano, onde uma jovem muito bem vestida está costurando, depois pára e
começa a passear, monologando.)
RITA — Que coisa estranha! Todos me julgam feliz, muito feliz e sei que não o sou, porque considero a
felicidade um estado de alma e não o acúmulo de bens materiais, de que vivo rodeada. Tenho jóias, vestidos
bons.. . freqüento bailes e teatros e possuo dinheiro suficiente para satisfazer aos mínimos caprichos.
Entretanto, minhalma anseia qualquer coisa mais elevada; não vivo em paz. Dir-se-ia que sou criminosa,
quando não faço mal a ninguém. Nem no trabalho encontro prazer.
(Retoma à costura e instantes depois entra uma criada acompanhada de uma jovem simpática e modesta,
que traz umas flores. Estas devem ser brancas e vermelhas.)
CRIADA — Senhorinha Rita, esta moça insistiu tanto em falar-lhe que resolvi deixá-la entrar e trazê-la à
sua presença. (Retira-se a criada,)
RITA (levantando-se) — Que deseja?
ANA — Perdoe-me, senhorinha, se a importuno, mas a necessidade a isso me impele. Vendo flores para
sustentar-me e a minha mãe velhinha, e hoje ainda não vendi nenhuma. Julguei que talvez quisesse ajudar-
me, comprando estas (mostra-lhe as flores).
RITA (olhando o ramalhete) — São bonitas e estão bem feitas. Quem as fez?
ANA — Eu mesma; sou melhor costureira que florista. Mas, quando escasseia a costura, recorro às
flores.
RITA — Mas como se pode viver assim de meio tão incerto e conservar a expressão calma que noto em
seu rosto?
ANA — Com inteira fé num Ser Supremo, que do céu nos cuida e nos alimenta.. . nunca nos faltou o
pão diário, apesar de ter desde tenra idade perdido meu pai. Primeiro era minha mãe quem trabalhava; agora
sou eu quem a sustento. Foi com ela que aprendi desde muito cedo a conhecer a onipotência e o amor de
Deus. E como somos felizes, apesar de pobres!
RITA (à farte) — Felizes! Como desejaria poder expressar--me assim. (Para Ana:) Não gostaria de ser
rica? Não preferiria estar no meu lugar?
ANA — Se assim aprouvesse a Deus, sim. Entretanto, não trocaria a paz que tenho nalma por dinheiro
algum. Escolheria antes ser pobre como sou, do que rica e passar os dias ansiosamente, sem a felicidade
espiritual que Cristo me dá.
RITA — Fala de modo diferente daqueles de quem vivo rodeada! Suas palavras encerram uma sabedoria
que mal posso perceber e que nunca encontrei em livro algum dos muitos que já tenho lido.
ANA — São palavras referentes à verdadeira vida, à vida eterna e que se encontram no Livro dos livros,
na Palavra de Deus, que certamente a Senhorinha nunca leu.
RITA — De fato, nunca li nada desse livro de que me fala. E, sempre pensei que os assuntos sobre a
vida eterna não fossem para esta vida, mas para a de além-túmulo.
ANA — Pois é essa esperança de uma vida ditosa após essa existência terreal que nos faz prosseguir
sorrindo e cantando através das lutas e dificuldades neste mundo. A Palavra de Deus diz: "Não temais os que
podem destruir o corpo; se este corpo se desfizer, teremos um tabernáculo incorruptível, dado por Deus." Por
que temer, pois, a fome, a carência de bens materiais ou outra qualquer coisa dessa natureza?
RITA — O que diz é sublime e incita -me a averiguar mais a respeito. De hoje em diante, as portas de
minha casa estarão abertas sempre que quiser vir consolar-me com sua amável visita. Considerá-la-ei uma
boa amiga, pelo muito que me alegrou o espírito num dia em que desanimada me encontrava.
ANA — Muito agradecida.
RITA (dando-lhe dinheiro) — Aceite esta quantia como pagamento destas belas flores; porque flores do
seu bondoso coração sei que não as poderia pagar.
ANA (recebendo) — Tanto dinheiro! Muito agradecida pela sua generosidade!
RITA — Não há de quê. Agora, diga-me qual o seu endereço, pois pretendo ir ver sua mamãe e levar-lhe
mais algum auxílio.
ANA (muito constrangida) — Pouco adianta o dizer-lhe, pois hoje é o último dia em que poderemos lá
morar. Devido ao atraso de pagamento temos ordem de desocupar o quarto amanhã e não sabemos para
onde haveremos de ir.
RITA — Como? Deverão mudar-se amanhã e hoje ainda não sabem para onde irão?
ANA — Deus provera. Temos irmãos na fé, muito bondosos, que decerto não nos permitirão ficar
desabrigados, assim que souberem da nossa situação dificultosa.
RITA (reflete um instante) — Não disse no princípio que sabe costurar?
ANA — Sim.
RITA — Pois fica nomeada minha costureira. Não lhe faltará trabalho, nem casa, pois passará a morar
com sua mãezinha num dos quartos vagos que possui esta grande casa onde moro e que passará também a
ser sua.
ANA — Muito, muito agradecida! Tanta bondade me comove! Deus encaminhou-me à sua casa e me diz
ao coração que a senhorinha é uma boa alma que anseia pertencer ao redil do Senhor, mas ainda não
encontrou o Caminho, a Verdade, e a Vida. Deus a abençoe e, se me dá licença, vou correndo, apresentar à
mamãe o seu generoso oferecimento, que não deixará de aceitar, estou certa.
RITA — Pois não. (Toca a campainha, chamando a criada, que acompanha até a porta a florista. Rita fica
só; reflete um instante e fala:)
RITA — Nunca me senti tão bem! Tenho dado tanto dinheiro aos pobres e nunca fiz caridade (segundo
me diz o próprio coração) como esta de tratar com deferência esta pobre moça, oferecendo-lhe moradia em
meu palacete, que tem hospedado tanta gente ilustre! Mas também, quão diferente é ela das outras que me
procuram para pedir auxílio! Que pobreza nobre! Que modéstia digna! Verdadeiramente me fizeram bem as
suas palavras e espero que continue a trazer o bálsamo para minhalma aflita e ansiosa.
(Entra Raul alegremente e, depois de cumprimentar a irmã, fala:)
RAUL — Que fazes aí tão só? Ultimamente tenho achado minha boa irmã tão triste! Parece-me que não
te sentes feliz, Rita! Que tens? Bem sabes que não temos pai, nem mãe, mas, o que teu irmão puder fazer
para tua felicidade, não hesitará. Precisas de dinheiro? (mete a mão no bolso).
RITA — Agradecida, Raul. Não é dinheiro que me falta. É paz espiritual; é felicidade íntima. Não estou
satisfeita comigo mesma. Sinto-me responsável diante de Deus pelo conforto com que me presenteou,
quando em volta de mim há tantas pessoas que carecem de auxílio e ao mesmo tempo sinto que todo esse
dinheiro não me faz feliz.
RAUL —.Es incoerente em tuas palavras, minha irmã. Sentes responsabilidade por uma fortuna que
herdaste e dizes que ela não te faz feliz. Pensas, talvez, que se viesses a esmolar encontrarias felicidade? (ri)
Pois olha, estou com várias negociações já realizadas e sonho com o dia em que ficarei sendo o Rei do
Algodão! Que tal? (Reparando as flores em cima de um móvel) Que flores são estas? Algum presente?
RITA — Não; comprei-as de uma moça pobre que aqui veio e com quem muito simpatizei. Por sinal, que
a convidei para vir morar em nossa casa com a mãe, que é velhinha. Comovi-me com a vida de privações que
levam. Receberam ordem de mudança e não sabiam para onde ir.
RAUL — Como estás diferente, Rita! Sempre destes esmolas, mas evitaste sempre a aproximação de
gente que não fosse de nossa casta social, no que sempre concordei. Agora trazes para nosso palacete duas
pessoas paupérrimas! (Com orgulho) Enfim, será tua criada de quarto.
RITA — Não; será minha costureira e amiga. Se soubesses como me falou e como me fizeram bem as
suas palavras!
RAUL — Pobre da minha irmã!... De uns tempos para cá noto uma constante preocupação de teu
espírito, que não tem razão de ser. Precisas passear. (Com vaidade) Sabes que não nos falta dinheiro para
isso.
RITA — Falas sempre em dinheiro e, como pensas muito nele, não tens tempo de pensar também que
tens alma e que para ela de nada te servirão as grandes somas.
RAUL (irônico) — Foi a jovem pobre de que me falaste há pouco que te insinuou estas coisas?
RITA — Não; ela veio milagrosamente ao encontro dos pensamentos que me vêm preocupando há
bastante tempo. Falou--me do Livro de Deus onde se encontram ensinamentos que trazem a Felicidade e a
Paz verdadeira ao coração. Pretendo ler esse Livro e espero sentir-me num dia, talvez próximo, muito feliz.
RAUL — Quero ver-te feliz, minha mana, e folgo muito que assim aconteça. (Mudando de voz) Põe esse
coração à larga e conta sempre comigo, com a minha amizade e com meus esforços para cercar-te de
felicidade completa. Saberei substituir os cuidados de nossos pais, que não mais possuímos. (Entra a criada,
que anuncia:)
CRIADA — Com licença, o jantar está pronto.
RITA — Vamos jantar?
RAUL — Vamos! (Saem juntos e desce o pano.)
2o Ato
(Cenário: o mesmo anterior, se possível, com mais simplicidade e menos enfeites supérfluos. Rita elegante,
embora vestida com modéstia.)
RITA (monologando) — Como me sinto feliz! Faz apenas um mês que Ana aqui veio morar e como se
transformou em tão pouco tempo a minha vida! O tempo passa célere, porque o emprego em coisas que
aproveitam para o bem-estar de espírito. Minha preocupação constante agora é ser útil. Com o dinheiro dos
ricos vestidos de baile, de que agora não mais necessito, visto a pobreza e alivio-lhe a fome.
(Entra Ana)
ANA — Acabam de telefonar da casa do Dr. Antunes, convidando-te para tomares parte numa festa em
benefício da casa da criança pobre amanhã, tocando ao piano ou cantando. Aceitas?
RITA — Aceito, sim; ajuda-me a escolher, Ana. Que música deverei tocar? (ou cantar, conforme o que a
pessoa que fizer esse papel saiba fazer melhor.). (Vão as duas até ao piano e Ana sugere uma música. Uma
canta, a outra toca. Quando estão quase terminando, entra Raul, que ainda aprecia o número executado.)
RAUL (cumprimentando-as com distinção) — Como estão satisfeitas!
ANA — Estamos ensaiando uma música para Rita tocar amanhã.
RAUL (dirigindo-se a Ana) — Muito tenho a agradecer-lhe o bem que tem proporcionado à minha querida
irmã. Desde que a senhorinha veio para nossa casa, tem-se operado uma grande transformação em Rita.
Decerto é maravilhoso o poder que possui a sua pessoa para produzir milagre tão grande!
ANA — Não é meu o poder transformador. Não sou eu que a tenho mudado, mas Cristo, que habita
agora no seu coração. Fui apenas o instrumento nas mãos de Deus para apontar-lhe o caminho a seguir.
Rita era uma ovelha que vagava a espera de encontrar o Bom Pastor, Jesus. A sede e fome de Justiça que
possuía a sua alma permitiam que conhecesse o Mestre depressa quando muitos buscam durante anos e
anos a quem servir — se a Deus ou ao mundo.
RAUL — Para Rita, que é mulher, foi fácil decidir-se ao lado de Jesus; mas para mim, por exemplo,
homem de negócios, é muito difícil. Como se haveriam de rir de mim os grande industriais, meus
conhecidos, se me vissem fazendo parte desse grupo de homens de boa vontade!
ANA — Desculpe-me, Sr. Raul, mas Rita também estava relacionada com moços da alta classe social,
mas colocou o valor de sua alma acima de todas as demais coisas.
RITA (aparteando) — E não trocaria a paz que tenho em meu coração por aquele estado de perdição
eterna em que eu vivia antes...
ANA — O senhor poderia ser um vaso de bênçãos nas mãos de Deus com os dotes de que é possuidor:
talento, mocidade, honradez e o dinheiro que falta a muitos que gostariam de usá-lo em benefício dos menos
favorecidos de bens materiais.
RAUL (pensativo) — Mas Jesus não disse que os ricos não entrariam no reino dos céus?
ANA — Não; Jesus disse que era difícil, por causa da avareza que avassala grande número de ricos ou
da desonestidade dos meios usados por muitos ricaços. O senhor, porém, realiza negócios com uma das
riquezas agrícolas de nossa Pátria — o algodão. Poderia aceitar hoje mesmo a Cristo, sem nenhum
impedimento.
RAUL — E os meus pecados? pois sei que os tenho.
ANA — Esses mesmos, Jesus os quer, porquanto possui poder para perdoá-los. Ele é o filho de Deus,
cumpriu o plano de redenção deixando-se crucificar e só ele tem o poder de salvar. É tão-somente crer e
recebê-lo no coração como Rei e Senhor.
RAUL — Decididamente, a senhorinha foi a emissária de Deus nesta casa; de florista, passou a
jardineira de duas almas, que oscilavam ao léu do vento do destino. Prometo-lhe que de hoje em diante vou
procurar trilhar nos passos de Jesus e ler a Palavra de Deus com o desejo intenso de buscar a Verdade,e
somente a Verdade.
(Rita aproxima-se com uma caixa contendo o ramalhete comprado à Ana no princípio e fala:)
RITA — Raul, hoje que decides buscar o Mestre e segui-lo, quero ofertar-te estas flores, que para mim
têm alta significação. Comprei-as de Ana no primeiro dia em que aqui entrou. As vermelhas representam o
sangue remidor de Jesus; e estas brancas, as almas lavadas do pecado por seu poder salvador. Que elas
sirvam para lembrar-te o santo propósito que tomaste hoje e te ajudem, pelo símbolo de que estão
constituídas, a encontrares a salvação de tua alma.
(Raul recebe as flores e agradece.)
ANA — Vamos em regozijo louvar a Deus por meio da música como preito de gratidão por ter tornado
este lar tão feliz.
RITA e RAUL — Vamos!
(Raul toca para as duas cantarem ou escuta, atencioso, Ana e Rita, que tocam e cantam o hino 407 ou 402
do Cantor Cristão ou ainda outro que exprima a satisfação e a alegria do convertido. Ao terminarem, desce o
pano.)
O JARDIM DE DEUS
Waldemira Almeida
Música — "As Rosas Cheirosas", Cânticos para Crianças no 45. Enquanto o órgão toca este hino, um grupo de
meninas e mocinhas entra e toma os seus lugares no palco, sentando quieto, cada uma trazendo uma flor
natural ou artificial, para representar melhor, havendo umas três que sejam mato bravo e prejudicial ao jardim.
Sentadas ao som da música, que deve ser bem suave, alguém de dentro recita:
A alma humana é a mais bela flor Que no jardim de Deus medrar ousou,
Desabrochando da fraqueza sua, Em sabedoria e poder atua! Voltada para o céu, da
treva surge, Bela, venturosa e pura ela estruge, Exigindo cuidado e proteção, Suplica
auxílio, amor, consagração! E a alma esperando, implora, a chorar: Quem nos virá o
amor de Deus contar, Nossa alma do inferno resgatar?! Quem virá? Quem virá? Eis o
clamar, Clamar insistente, tocante a mim.. . A ti, que significa ele, enfim?! Quem virá,
quem virá, a mim salvar? A grande história de Jesus contar?
(Toca-se o hino 439 do Cantor Cristão , e entra uma jovem vestida de república brasileira e se coloca no
centro, ficando imóvel. Segue-a outra moça, vestida de branco com uma fita onde está escrito: — Evangelismo.
Quando o órgão pára, anda, tocando nas flores.)
Lindas, lindas flores, em vós que representais a mocidade desta grande Pátria repousa toda a minha
esperança. Vós sois o futuro risonho que diante dela desabrocha. A sua grandeza, o seu poder ao lado das
demais nações, tudo de vós depende. Este amor perfeito, ainda em botão, representa o arco-íris da
promessa. Assim também estas pequeninas violetas: elas serão a juventude, em cujas vidas as mais puras
influências se infiltrarão, a fim de que se tornem veras testemunhas por Cristo.
Minhas papoulas, vocês estão lindas, muito belas, mas noto que não possuem odor; conheço, no
entanto, a causa, pois bem no fundo da corola posso divisar uma cruz negra. Vocês também me dizem bem
alto e em bom som da mocidade inteligente e entusiasta desta grandiosa Nação, atraindo todos em derredor,
embora carregando no coração a negra cruz do pecado e egoísmo, porque faltam jardineiros que dela cuidem
com ardor, a fim de que conheça aquele cujo amor tudo transforma, dando--lhes a fragância que vem do
conhecimento seu, o qual é perfeito, e duma completa comunhão com o Mestre. Há tantas papoulas
espalhadas no meu território, pois até os meninos e meninas estão incluídos nesta classe quando o Salvador,
por boca do apóstolo Paulo, diz: "Porque todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus." (Descobre joio
no jardim. Pausa.)
Joio também crescendo aqui? Oh! por que tem de haver também joio neste precioso jardim de Deus ?!
(As pessoas que representam o joio em lugar de planta devem levar tiras escritas: "Negligência", "Antipatia",
"Ignorância", levantando os nomes ao serem notadas.)
Como o joio cresce entre as flores, assim os filhos de Deus também vivem entre os inimigos, que
estorvam o seu crescimento. Jamais poderão desenvolver o poder e a beleza que os habilitam a levar avante o
meu plano. Como viverão o evangelho, cercados de tantos inimigos? E o meu sucesso no futuro sobre eles
tenho posto. Que hei de fazer? (Pensa.) Ah! vou mandar chamar os meus jardineiros mais fiéis e estudar esta
questão; preciso agora de auxílio mais do que nunca! (Dentro cantam a segunda estrofe do hino 512 do Cantor
Cristão e, no coro, LAR entra, trazendo a tiracolo a palavra — "Lar".)
EVANGELISMO (após o cântico) — O meu coração estremece, ao pensar na mocidade deste grande país.
A mocidade são as flores que, lindas e imaculadas, devem desabrochar no jardim de Deus. O meu futuro
dela depende. Não posso esquecer do adágio que diz: "Os erros da mocidade são os aguilhões e o cativeiro da
velhice." E a minha apreensão neste momento está baseada no passado: o que vêem hoje os meus olhos,
senão o reflexo e a continuação de um passado ignominioso, devido à ignorância do meu poder
transformador? E, para cúmulo, eis o joio crescendo no meio do jardim, entre as lindas flores do jardim de
Deus! Que fazer para evitar a contaminação? Como levar a mocidade a pensar nas grandiosas verdades
eternas, quando cercada por tantos inimigos? Como livrá-la do mundanismo, guiando-a por um caminho de
ventura e de gozo, que, principiando nesta vida, jamais terá fim? Como levá-la a desejar o que é puro, justo,
verdadeiro e santo, a fim de que a fragância — influência benéfica que das suas vidas exala — possa ser o
meio de salvar o Brasil?
LAR — Prezado Evangelismo, assim como o crescimento das plantas exige um solo fértil, o futuro da
mocidade também depende grandemente da atmosfera religiosa do lar. A maior influência da vida desponta
no lar, quando, ainda tenros os rebentos, são impressas as verdades que se eternizam. O primeiro banco
escolar deve ser o colo da mamãe, onde a criança ouve do amor de Deus, amor este que purifica o coração
infantil, forta-lecendo-o para a vitória na juventude, quando as lutas surgem.
A mordomia paterna e materna, isto é, o privilégio de ser pai e mãe, é talvez a mais sagrada da vida,
pois aos pais é dada a bênção de formar o caráter dos filhos, ajudando-os e preparando-os para uma vida
gloriosa na presença do Senhor, onde devemos andar todos os minutos da nossa existência. Eles, os pais,
são os responsáveis, até certo ponto, pelo futuro dos filhos, sendo muito maior a responsabilidade espiritual,
o que exige vida de oração e inteira consagração. E, neste assunto, tanto ao pai como à mãe cabe igual
porção, se bem que não possamos negar o fato de que às mães são outorgadas mais freqüentes
oportunidades, devido a viverem sempre no lar ao lado dos filhos — "A mão que embala o berço governa o
mundo." Quando em todos os lares cristãos os pais compreenderem esta verdade e não a descurarem, as
flores, mesmo entre o joio, irradiarão perfume e atrairão outras, derribando por terra a influência do joio.
Representando o lar, solo onde a semente germina e cresce, tudo farei ao meu alcance a fim de que a
mocidade cristã se torne uma glória, para alegria daquele que diz: "Ainda um pouco, e o mundo não me verá
mais, mas vós me vereis; porque eu vivo e vós vivereis."
EVANGELISMO — Sinto-me grandemente feliz com a sua resolução, jardineiro do solo. E sei que poderei
contar com a sua perfeita ajuda a fim de descobrirmos outros jardineiros que prontos estejam a alistar-se
nesta tarefa gloriosa.
(Com a música do hino 544 do Cantor Cristão , canta-se:) Vamos, jovens alunos, à escola, Desejando
aprender com ardor, Bons conselhos ouvir com respeito, Que se ensinam ali com amor.
Vinde, vinde à escola comigo, Aprender a lutar por Jesus, Para as Novas levar
aos perdidos, Que reclamam a mensagem da cruz.
(Escola entra quando começam a cantar o coro, trazendo à tiracolo a palavra — "Escola".)
EVANGELISMO — Grandiosa e importantíssima é a sua tarefa. Confio no seu auxílio quanto ao
crescimento vigoroso das minhas plantas. Considero-a a continuadora da obra do meu primeiro jardineiro, o
Lar. Precisamos trabalhar com mais ardor. Como podemos levar esta mocidade a trilhar o Caminho que deve
seguir?
ESCOLA — Reconheço grandiosa a minha tarefa, pois sou aquela que procura podar as tenras plantas,
para que cresçam com vigor e beleza. E, ai de mim se erro no cortar um galhinho fora de tempo ou se não o
decepo na ocasião própria! Estou providenciando a fim de que tenhamos escolas melhores e mais professores
cristãos. Sem estes, o meu esforço será improfícuo. (Atravessam o palco devagar uma professora com alunos
carregando livros.) Aqui está uma escola que, não sendo modelo, está, no entanto, ajudando muito em
alcançarmos o nosso alvo. Esta professora formou-se em uma das nossas escolas cristãs. Com ela temos
muitas outras espalhadas na vastidão deste território. De muitas, nada ouvimos a respeito, porém são elas
que preparam a juventude de amanhã, arrancando, com amor, dos seus corações, as plantas daninhas que
aparecem. Rendamos graças ao Pai, prezado Evangelismo, porque ele tem chamado um bom número de
moças crentes para este trabalho espinhoso e muitas se preparam este ano para a mesma obra. Lamentamos
profundamente que um grande número de moças deixa de receber preparo em nossas escolas cristãs por
falta de sustento. Desconhecem elas os cardos da profissão? Absolutamente. Mas a sua confiança está em
Deus. (Põe-se ao lado do Lar.)
EVANGELISMO — Que felicidade possuí-la como auxiliar nesta grande missão, Escola! Você tem razão;
professores cristãos que saibam orar diariamente, viver e ensinar o evangelho é o de que mais precisamos na
atualidade.
(Ao som do canto da primeira estrofe e coro do hino 382 do Cantor Cristão , entra Igreja, trazendo a tiracolo
a palavra "Igreja".)
EVANGELISMO — Que felicidade possuí-la como auxiliar! Igreja, fiel ajudadora. Com você a vitória será
completa. Como estou feliz! As nuvens se estão desfazendo. A luz brilha. Um novo dia surge.
IGREJA — Pronta estou a ajudá-lo, Evangelismo. Certa vez havia um lindo botão pronto a abrir-se e
transformar-se numa rosa. Todas as forças da natureza se prontificaram a auxiliá-lo no desprender de suas
pétalas. O vento foi o primeiro a dizer: "Eu posso ajudá-lo." Soprou forte e demoradamente. Conseguiu
apenas que o lindo botão vergasse, quase tocando o chão. A chuva veio, certa de que só o seu auxílio seria
bastante. E as gotas caíram uma após outra e o botão permaneceu fechado. O sol refletiu a sua luz, e em
pouco o botão desabrochava na mais linda flor. A luz bendita de Deus possui um poder maravilhoso! E esta
luz, de que tanto carecemos, se encontra na Escola Bíblica Dominical (atravessa o palco uma moça com
outras, trazendo Bíblias, revistas, etc), onde há possibilidade do estudo da Palavra de Deus e um lugar para
todos. Também vive nas organizaçÓes da União Feminina Missionária, Uniões de Mocidade (pode atravessar
o palco uma senhora, uma jovem, uma criança, um rapaz ao lado de uma jovem) e, enfim, nas diversas
realizações do trabalho. É uma realidade esta: (o órgão toca o coro do hino 129 do Cantor Cristão , enquanto a
pessoa recita):
Luz bendita, luz gloriosa, Concedida lá dos altos céus Só ao crente em Cristo,
o Redentor; A bendita luz de Deus!
(Dentro cantam a terceira estrofe do hino 129, enquanto entra uma pessoa, trazendo um grande fardo às
costas. Ao aproximar-se, tropeça e vai caindo, quando Lar, Escola e Igreja vão em seu auxílio e ajudam-na a
aproximar-se de Evangelismo. Ajoelha-se e deixa o fardo cair, ficando em atitude de oração. Ao terminar o hino,
levanta-se e diz:)
PECADORA — Luz bendita!. . . Luz gloriosa!. . .
Cor Concedida lá dos altos céus. . .
(Pausa) Venho de longe, de muito distante. Por muito tempo vagueio nas ruas desta cidade sem
encontrar consolo nem auxílio. Agora sou feliz! Os meus pecados estão perdoados. Volto ao meu povo, para
falar-lhe desta luz bendita e gloriosa. (Com tristeza:) Mas. . . há tanta gente na minha aldeia, tanta!. . .
Velhos, moços, crianças, que precisam ver esta luz. Eu sozinha, que farei? Quem irá ajudar-me? Quem está
pronto a ir comigo?
EVANGELISMO — Quem irá, quem irá o Evangelho de Cristo levar?
JOVENS (duas, que se aproximam) — Nós iremos.
PECADORA (para elas) — Quem sois vós?
JOVENS — Moças cristãs que tiveram o privilégio de fazer o curso secular e religioso em nossas escolas
de obreiras e têm entregue a sua vida ao Mestre. Iremos para onde quer que ele nos envie.
PECADORA — Vamos, vamos depressa, porque milhões perecem diariamente sem o conhecimento desta
luz, que vivifica e salva!
EVANGELISMO — Eu as acompanharei. Distender o jardim de Deus, derribar os muros de separação,
combater o erro, fazer Cristo conhecido, eis a sublime missão que cumprir devo.
LAR — Eu contribuirei, orarei e descobrirei outras, que a irão auxiliar.
ESCOLA — Eu prepararei novas ajudadoras.
IGREJA — Eu velarei por vós.
(Cantam o hino 308 do Cantor Cristão a duas vozes e, ao som, da música, saem., Evangelismo, Flores,
Pecadora, Jovens, Lar, Escola, Igreja e República.)
Nota — Se os hinos forem, cantados a quatro ou a duas vozes, ainda ficará melhor, sendo bem suaves e
harmoniosos.