Você está na página 1de 17

FOT OGRAFI A: CONT E XT O E REPRES ENT AÇÃO*

Ponto de par tida:


ν Os tr ês es tágios de pr odução e de difer enciação
da imagem.
ν Meios ou Pr oces s os de cr iação da imagem: 1.
ar tes anais (s upor te mater ial), ex pr es s ão da vis ão
e us o manual; 2. automáticos (químico ou
eletr omagnético), autonomia da vis ão atr avés de
pr ótes es óticas ; 3. matemáticos (computador e
vídeo, modelos , pr ogr amas ), decor r ência da vis ão
oper ada por uma matr iz numér ica.
HI S T ÓRI CO

Os antecedentes
ν câmar a es cur a; câmar a por tátil de K ir cher ,1645;
ν câmar a equipada de es pelhos : Johann Z ahn,1685;
ν máquina de r etr atar : divulgador : Albr echt Dür er
em 1535;
ν as câmer as têm o s eu tamanho r eduzido,
acr es cido de ador nos ar tís ticos , s éc. XVI I I ;
ν fis ionotr aço (phys ionotr ace): Gilles - Louis Chr éien
(1806), combina s ilhueta e gr avur a;
ν câmer a clar a/lúcida: lente per is cópica em
s ubs tituição das lentes es fér icas , Wollas ton,1806;
ν litogr afia cr iada p/ S enefelder em 1796,
intr oduzida em Fr ança em 1810.
A CÂMARA ES CURA

ν Em 1515 da Vinci observa (1797 apud SOUGEZ, 1996, p.


19-20) :”Quando as imagens dos objetos iluminados
penetram por um furo num quarto escuro, recebereis
essas imagens no interior do dito a aposento num papel
branco situado a pouca distância do furo; vereis no papel
todos os objetos com as suas formas e cores. Aparecerão
reduzidos no tamanho. Apresentam-se numa situação
invertida, e isto em virtude da intercepção dos raios. Se
as imagens procedem de um lugar iluminado pelo Sol,
aparecerão como pintadas no papel, que deve ser
transparente. O furo será feito numa chapa de ferro
também muito fina.”
A CÂMARA CLARA

ν De acor do com Mar ie- Loup S ougez (1996) as


câmar as clar as r epr es entam a s íntes e das
máquinas de des enhar utilizadas até início do
s éculo XI X. Entr etanto, o s eu aper feiçoamento
es teve ligado, apenas , às pos s ibilidades do
des envolvimento da ótica, is to é, do
apr imor amento de lentes . Em s eguida, coube aos
fr ances es Vicent e Char les Chevalier ,
r es pectivamente pai e filho, aper feiçoar em o
apar elho.
T RAJET ORI A T EMPORAL E ES PACI AL DA FOT OGRAFI A
PRECURS ORES :
ν Fr ança: N i céph or e N i epce (1816/1826),pr oces s o
heliogr áfico: papel s ens ibiliz ado c/ clor eto de pr ata
pr ecar iamente fix ado com ácido nitr ato e ex pos to
ao s ol, em 1822 utiliza betume da Judéia* .
ν Louis Jacques Mandé Daguerre, em 19/08/1839,
obtem, por par te da Academia das Ciências , o
r econhecimento do invento, na ocas ião, a
comunicação de Fr ançois Ar ago anunciava o
daguer r eótipo: “O s enhor Daguer r e des cobr iu
umas placas es peciais na quais a imagem óptica
deix a de s er uma per feita. A invenção do s enhor
Daguer r e é fr uto do tr abalho de vár ios anos ,
dur ante os quais teve como colabor ador o s eu
amigo e falecido s enhor Niepce, de Chalon- s ur -
S aône.” Cf. S ougez (1996, p.48)
PRECURS ORES
ν A polêmica em tor no da invenção:
ν No entanto, em fever eir o de 1839, Fr ancis B auer ,
membr o da S ociedade Real de Londr es j á
adiantava que Niepce, por ocas ião da vis itar que
fizer a a s eu ir mão em Londr es em1827, pôs B auer
(apud S OUGEZ , 1996, p.53- 54) a par da s ua
des cober ta que pos s ibilitava “fix ar de modo
per manente a imagem de qualquer obj eto por
acção ex pontânea da luz”.
ν Char les Chevalier : adver te “[ ...] convém r ecor dar
que vár ias pes s oas s entir am que não figur avam no
acto baptis mal dos nomes , em vez de um s ó. Já
que em meio a dupla pater nidade, a fotogr afia
s obr e a chapa foi chamada unicamente de
daguer r eótipo”.
PRECURS ORES : a r epr odutibilidade da imagem

ν I nglater r a: W i l l i am H en r y F ox T al bot (1835) pr oduz


os pr imeir os negativos
ν Pr oces s o de Calotipia ou T albotipia: - Repr odução
fotogr áfica em que o papel, antes da ex pos ição, er a
tr atado c/ iodeto de pr ata, depois s ubmetido a uma
s olução de ácido acético e nitr ato de pr ata.
ν Des dobr amentos pos ter ior es :
1851: ARCHE > colódio úmido;
1871: MADDOX > chapa manipulável, acr es cida de
gelatina e br ometo de pr ata;
1873: comer cializ ação de emuls ão gelatinos a;
E.U.A: Geor ge E as t m an as s ocia- s e ao fabr icante de
máquinas fotogr áficas W. H. Walker em 1884.
Lança no mer cado a câmar a K odak em 1888:
pr ática, c/ r edução de cus tos e aces s ibilidade. O
s logan ganhou o mundo: “Você aper ta um botão e
nós faz emos o r es to.”
PRECURS ORES
ν B r as il: An t oi n e H er cu l e R om u al d F l or en ce
(1833)
Década de 30: início dos pr imeir os ex per imentos
com o us o do nitr ato de pr ata. Nes te
empr eendimento, Flor ence s e as s ocia ao boticár io
Joaquim Cor r eia de Mello, na então Vila de S ão
Car los , hoj e, Campinas /S P. Flor ence s e antecipa a
s ir John F. W. Her s chel (1839) e cunha a palavr a
photogr aphy em 1834, em 1833 foi a vez do
boticár io Joaquim Cor r eia de Mello.
PRECURS ORES

“Nes te ano de 1832, (...), vem- me a idéia


que talvez s e pos s a fix ar as imagens na
câmar a es cur a, por meio de um cor po que
mude de cor pela ação da luz . Es ta idéia é
minha, por que o menor indício nunca tocou
antes o meu es pír ito. Vou ter com o S r .
Joaquim Cor r eia de Mello, boticár io de meu
s ogr o, homem ins tr uído, que me diz ex is tir
o nitr ato de pr ata.”
Antoine Her cule R. Flor ence, Vila de S ão
Car los , S P. (apud Monteir o, 2001, p.66)
FOT OGRAFI A ENQUANT O REPRES ENT AÇÃO

ν Por que a fotogr afia (...) não é apenas uma imagem


pr oduzida por um ato, é também, antes de qualquer
outr a cois a, um ver dadeir o ato icônico “em s i”, é
cons ubs tancialmente uma imagem- ato (cf. em
ex er go, a citação de Denis Roche)
Dubois , O at o f ot ogr áf i co, 1993, p. 59

ν Uma fotogr afia é s imultaneamente uma ps eudo


pr es ença e um s igno de aus ência.
S ontag, E n s ai os s obr e a f ot ogr af i a, 1986, p.25
FOT OGRAFI A E REPRES ENT AÇÃO

ν De todos os meios de ex pr es s ão, a fotogr afia é o


único que fix a par a s empr e o ins tante pr ecis o e
tr ans itór io. Nós , fotógr afos , lidamos com cois as
que es tão continuamente des apar ecendo, e, uma
vez des apar ecidas , não há mecanis mo no mundo
capaz de fazê- las voltar . Não podemos r evelar ou
copiar a memór ia. Car tier - B r es s on, Fr ança
T RÊS CONCEPÇÕES S OB RE A FOT OGRAFI A

ν 1. O DI S CURS O DA MI MES E. Aqui a fotogr afia é


concebida como es pelho do r eal. Atr ibuí- s e à
s emelhança entr e a foto e o s eu r efer ente. De
início, a fotogr afia s ó é per cebida pelo olhar
ingênuo como um “analogon” do obj eto. Aqui tem -
s e a r elação entr e fotogr afia e pintur a, o que
implica na opos ição, r es pectiva, entr e técnica e
ar te.
ν 2. O DI S CURS O DA CONS T RUÇÃO S OCI AL. “A
fotogr afia fomo tr ans for mação do r eal” e, como
“oper ação de codificação das apar ências ” . Não há
uma negação do r ealis mo, ele é apenas des locado.
O DI S CURS O DA CONS T RUÇÃO S OCI AL DA
FOT OGRAFI A: OS E XPOENT ES

ν Roland B ar thes : “ O que a fotogr afia tr ans mite?


Por definição a pr ópr ia cena, o r eal, o liter al [ ...]
decer to a imagem não é o r eal; mas é pelo menos
o s eu analogon per feito.”
ν Pier r e B our dieu: “A fotogr afia é um s is tema
convencional que ex pr ime o es paço de acor do com
as leis da per s pectiva (s er ia dizer de uma
per s pectiva) e os volumes e a cor es , por
inter médio de dégr adés do pr eto e br anco.”
ν Rudolf Ar nheim: O contr adis cur s o do mimetis mo e
a dimens ão ideológica do fotoj or nalis mo.
A ter ceir a concepção da imagem fotogr áfica

ν O DI S CURS O DO T RAÇO E DA REFERÊNCI A. A fotogr afia


como índice, is to é, como s igno indiciár io ou
r epr es entação por contigüidade fís ica do s igno em
r elação ao r efer ente.
ν Es ta concepção s e dis tingue das duas anter ior es pelo
fato dela admitir a imagem, apenas como um tr aço do
r eal, pos to que a impr es s ão luminos a r egida pelas leis
da fís ica e da química deix a em 1º lugar o tr aço, a
mar ca, o depós ito, ou ainda, “de s aber e de técnica”
s egundo Denis Roche.
ν Os s inais têm em comum o fato de que entr e a imagem
e o s eu r efer ente há uma r elação de conex ão fís ica,
confor me Peir ce.
O DI S CURS O DO T RAÇO E DA REFERÊNCI A

ν “T anto o momento que antecede a foto, como o


pos ter ior é deter minado por es colhas . Antes : a
es colha do apar elho, do filme, do obj eto, da vis ão,
do tempo de ex pos ição. Depois : a r evelação, a
tir agem, a difus ão. O homem s ó não inter vém
dur ante a fr ação de s egundos (1/18), tr ata- s e de
um ins tante de pur a indicialidade, por que é
cons titutivo.”
ν “A foto, apenas , ates ta a ex is tência, nunca o
s entido. Es te lhe é ex ter ior .”
CONCLUI NDO:

“ A r efer encialização da fotogr afia s e ins cr eve no


campo de uma per s pectiva pr agmática: a imagem
é ins epar ável da ex per iência r efer encial, do ato
que a funda. A foto é em 1º lugar índice. S ó depois
ela pode tor nar - s e par ecida e adquir ir s entido.”
DUB OI S . O at o f ot ogr áf i co
User:
User:OO CD-ROOM
CD-ROOMAPRESENTADO
APRESENTADONANAAULA
AULASERÁ
SERÁINDICADO
INDICADOÀÀDIRETORA
DIRETORADADA
BIBLIOTECA
BIBLIOTECA PARA INCLUIR EM UMA PRÓXIMA COMPRA DESTINADA À UNIDADE.ASSIM,
PARA INCLUIR EM UMA PRÓXIMA COMPRA DESTINADA À UNIDADE. ASSIM,
ESTAREMOS CONTRIBUINDO PARA UMA DISSEMINAÇÃO MAIS DEMOCRÁTICA
ESTAREMOS CONTRIBUINDO PARA UMA DISSEMINAÇÃO MAIS DEMOCRÁTICA DA DA
INFORMAÇÃO.
INFORMAÇÃO.LOURDES
LOURDESLIMA
REFERÊNCIAS: LIMA

ν DUB OI S ,Phillipe. O at o f ot ogr áf i co: e outr os


ens aios . 4ª ed. Campinas , S P: Papir us , 2000.
ν K OS S OY, B or is . H er cu l es F l or en ce: 1833, a
des cober ta is olada da fotogr afia no B r as il. 2ª ed.
r ev. e aum. S ão Paulo: Duas Cidades , 1980.
ν S ANT AELLA, Lúcia. Os tr ês par adigmas da
I magem.I n: S AMAI N, Etienne (Or g.). O
f ot ogr áf i co 2.ed. S ão Paulo: Editor a S ENAC;
HUCI T EC.
ν S OUGEZ , Mar ie- L oup. H i s t ór ia da f ot ogr af i a. 1ª
ed. Lis boa: Dinalivr o, 2001.
ν LEPÍ S COPO, Mar cos ; T RI GO,T hales . H i s t ór i a da
f ot ogr af i a: 1840- 1960. S ão Paulo: Editor a
S ENAC; FUJI FI LM, s /d. 1 CD- ROM.

Você também pode gostar