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1.

Diga que Me Ama


"A minha cabeça... o que... onde estou?" Quando Vanitas abriu os olhos, tudo ao seu redor estava
escuro como breu, pois ele ainda não havia se adaptado à presença distante da luz das velas. As
paredes de sua prisão ecoavam e o interior cheirava a umidade e mofo.

Será que ele estava nas catacumbas?

Os braços do humano estavam amarrados acima de sua cabeça, juntos à parede, com algemas de
aço cromado nos pulsos. Seus pés mal tocavam o chão, e ele não conseguia encontrar suas botas
em lugar algum. Vanitas estava apavorado. Não apenas pelo estado em que ora se encontrava,
preso e um tanto bêbado, mas porque não conseguia se lembrar de nada daquela noite.

Tenho que encontrar uma maneira de escapar. Pelo menos este não é o laboratório de Moreau.

"Você acordou, Vanitas..."

Uma voz o cumprimentou, à distância. Um par de passos se auto-convidou a entrar, as chaves da


prisão tilintando com seu som característico. Ele ouviu um berro alto quando o estranho se
aproximou dele e, logo, a porta da cela bateu atrás deles, confinando a ambos dentro de suas
paredes.

O aroma totalmente familiar que acompanhava seu captor nublou, imediatamente, seus
pensamentos. "... Jeanne? É você?" Seus sentidos ainda estavam se acostumando com o ambiente
à volta e sua cabeça girava, mas, aquela fragrância doce não poderia pertencer a mais ninguém.

Agradavelmente surpresa, ela respondeu: "Sim... Espero que tenha gostado da sua soneca,
Vanitas. Temos muitas atividades para hoje."

A fala de Jeanne soou rouca, antinatural e pouco característica. Será que isso fazia parte de seu
personagem, como aquele que ela interpretou durante o encontro deles, algumas semanas antes?
Poderia ser isso?

Ela usava saltos gigantescos, tão altos que ela conseguiria facilmente alcançar o pescoço de
Vanitas, na atual situação. Os contornos de uma pequena bolsa de ferramentas jaziam aos pés
dela - colocados ali bem antes, pelos idealizadores por trás de todo este esquema. As roupas de
couro preto que ela usava haviam sido um empréstimo da casa de Sade, a combinação ideal para
sua performance de dominatrix; um vestido de mangas compridas e bem ajustado, de
comprimento médio, com detalhes abertos mostrando seu decote exuberante. Luvas de couro
serviam de acessórios, meias arrastão pretas estavam presas a cintas-ligas. Um visual bastante
incomum para alguém ser visto trajando, e ela entendia isso, mas ele a fazia se sentir muito sexy
e poderosa. Em sua bolsa de transporte era possível encontrar velas, chicotes, loções e outras
novidades que Lady Dominique havia fornecido. A combinação de sede com a excitação de ter
um Vanitas amarrado já estava fazendo com que sua visão se embaçasse.

"Isso não tem graça, Jeanne. Não sei como você me sequestrou, para começo de conversa, mas,
deixe-me ir e eu estarei disposto a deixar passar este pequeno episódio, certo?" Embora ele
estivesse furioso com ela, não pôde deixar de notar que sua fragrância de canela e jasmim não
combinava com a ocasião.

Em resposta, ela riu. "Graça? E quem disse que eu estava brincando?

"Ah, Vanitas, sabe? Já estamos brincando de gato e rato por um tempo... e eu me cansei de ser o
rato." Jeanne valsou até mais perto de sua pobre vítima, "poderíamos chamar isso de um jogo de
rato... e leoa."

Então era disso que se tratava. Vingança. Vanitas soltou um suspiro de desalento. Ele se lembrou
de a ter beijado à força uma vez, e imaginou ser esta a maneira dela de ajustar as contas. Mais
uma vez, ele tinha sido traído por seus sentimentos confusos quanto à Bourreau e, como punição,
ele teria que se preparar para o que quer que viesse em sua direção. Ele zombou dela, 'Leoa'?
Não me faça rir. Não é assim, Jeanne. Eu te conheço este tanto."

A feroz determinação de Jeanne o encarou, como resposta. O que ele teria querido dizer com
'não é assim'? "Então, você quer ver por si mesmo?"

Vanitas era belo como uma garota. Tinha lindos traços masculinos mesclados a feições
delicadas, olhos hipnotizantes, de um azul-safira e sedosas madeixas negras que se estendiam por
suas costas; uma boca tão rosada e macia que poderia pertencer à princesa mais desejada de
algum reino.
Como é que um idiota podia ser uma visão daquelas? Jeanne se perguntou, incapaz de entender
a agitação em seu estômago.

Ainda assim, hoje ele era inteiramente dela, para usar como bem quisesse. Porque cada
centímetro da alma de Vanitas iria pertencer a ela. Seu olhar ia se aprofundando, na medida em
que ela se tornava cada vez mais entusiasmada com a fragilidade dele – cada segundo uma luta
árdua entre seu instinto e sua consciência – a Sede ameaçando assumir o controle a qualquer
momento.

De acordo com as instruções deles, devo manter a calma, para garantir o sucesso do plano.

"…Ma chérie, por que você não me desamarra, para que possamos conversar sobre esta
situação?" Ele notou que ela estava segurando algo comprido em suas mãos. Será que era o que
ele presumia que fosse? Seus olhos se arregalaram de medo. "V-você sabe que pode mesmo ter
meu sangue a qualquer momento que desejar, certo? Achei que vínhamos nos dando bem...
então, por que você me trouxe até aqui? Podemos-?"

Jeanne estendeu a mão até ele e viu o humano se encolher quando o objeto causou cócegas, ao
roçar em sua bochecha. "Shhhh, Vanitas... Quem te disse que é o seu sangue que eu quero?" Ela
se aproximou e pressionou o polegar sobre a boca dele, "nós estamos nos dando muito bem..."
Jeanne contornou os lábios dele, roçando e acariciando, deixando Vanitas estupefato com o que
estava acontecendo.

Afinal, por que é que ela o havia amarrado? Era por vingança ou não? Ele não estava gostando
nada de toda aquela provação, porque era impossível ler as verdadeiras intenções dela. Frustrado,
Vanitas baixou a cabeça um pouquinho e se esquivou dos olhares famintos dela - que ele não
conseguia ver bem, mas sabia que estavam lá. "Ouça, Jeanne... Se isso te faz sentir melhor, não
irei me mover. Eu entendo que minhas ações passadas possam ter te chateado a tal ponto. Eu...
me desculpe por ter sido um escroto." As bochechas e as orelhas dele, já então tingidas de
vermelho pela mistura de bebida e constrangimento, ficaram ainda mais escuras.

Ao menos uma vez, a postura de Vanitas parecia sincera e Jeanne ficou genuinamente satisfeita.
Ele realmente estava com medo dela. Como é que isso era possível? No dia em que Lady
Dominique lhe contou o novo plano, ela questionou sua própria capacidade de executá-lo. No
entanto, agora, que estava diante deste Vanitas vencido, a performance dela foi uma moleza.

Quando as penas do objeto roçaram em suas bochechas, sua vítima estalou a língua e virou o
rosto para o outro lado, protestando contra o toque dela. Era só o que ele podia fazer, tão
assustador quanto um cachorrinho latindo. Ele jamais conseguiria ficar mais fofo do que já
estava. Jeanne não conseguiria resistir nem mais um pouco àquela visão. Ele a excitava a um
grau enorme, sempre que se mostrava assim, tão vulnerável. Ela tinha a certeza de que ninguém,
jamais, o tinha visto assim - indefeso e aceitando abertamente o castigo - e o imaginário
exacerbou sua fome.

Talvez se tratasse do sangue dele também, afinal. "Relaxe, Vanitas. Não vou te machucar…
Muito."

Jeanne estava visitando o mundo humano, depois de um curto intervalo. O tempo estava perfeito
e o ar da manhã, tão puro. Paris era um lugar tão maravilhoso para se passar o tempo de lazer.

Ela também a fazia pensar em Vanitas…

Várias semanas haviam se passado desde o encontro deles, mas, ela não conseguira parar de
fantasiar sobre aquela tarde; os passeios, a brisa agradável, os sorrisos atrevidos dele. EIa
estivera indo encontrar-se com Lady Dominique, pois mestre Luca lhes havia oferecido um fim
de semana só para garotas, para passarem juntas:— Você tem andado mesmo muito distraída
ultimamente, Jeanne. Acho que você deveria descansar um pouco. Ele havia dito a ela, sem saber
dos eventos anteriores envolvendo Vanitas. Ela se preocupara quanto a deixar seu Mestre
desacompanhado por um fim de semana inteiro, mas, mesmo assim, estava animada de estar de
volta para mais alguns passeios turísticos.

Dominique quebrou o silêncio que havia se instalado por alguns minutos, "Então, como você tem
passado, Jeanne... alguma novidade?"

"Sobre o Mestre Luca, você quer dizer? Ele fez um desenho muito fofo de mim outro dia. Ele é
um menino tão doce!" Jeanne respondeu, com seu jeito distante e entusiasmado.
"Humm, não exatamente. O que eu quero saber é..." Dominique limpou a garganta, antes de sujar
os lábios com o nome daquele sujeito, "há algo acontecendo entre você e Vanitas?"

O rosto de Jeanne ficou vermelho como uma maçã madura com a pergunta de Dominique, e ela
realmente não conseguiu responder de maneira adequada.

"Ah, Jeanne, você é tão querida!" Dominique não pôde deixar de sorrir de alegria ao ver a
Chevalier tão enamorada. Sua beleza brilhava através de seu sorriso, de mais maneiras do que
ela jamais poderia ter imaginado.

Jeanne, tentando se trazer de volta à terra, engoliu um pouco de chá preto e reuniu a coragem
suficiente para confessar: "Na verdade, não nos vimos mais desde então... e as coisas estão mais
confusas na minha cabeça do que nunca..."

"É mesmo?" Dominique ficou desapontada, mas nem um pouco surpresa, já que os vinha
seguindo por toda Paris.

"Quero dizer... ele foi tão gentil comigo naquele dia e me mostrou aspectos que eu nunca tinha
visto antes..." No fundo, ela sabia que seus sentimentos pelo humano haviam mudado
drasticamente - e ela estava absolutamente apavorada com aquela constatação. "Lady
Dominique... mas mesmo que eu, hipoteticamente, viesse agora a dizer a Vanitas que nutro
sentimentos por ele, ele nunca os retribuiria. E, de verdade, desta vez, não sei o que fazer."

Jeanne suspirou com desesperança, seu coração doendo por dizer aquelas palavras. "Como foi
que eu pude acabar gostando dele depois de meus melhores esforços para tentar afastá-lo? Eu
sou tão burra!" E, que Diabos. Ela havia acabado de desabafar suas frustrações na frente de uma
nobre, usando um linguajar muito inapropriada. Tampando o rosto com as mãos, ela as esfregou
vigorosamente, como se quisesse desalojar quaisquer lembranças daquele homem.

"Ah, ma chérie…" A pobre garota não tinha ideia do que estava acontecendo com ela e estava
em apuros, bem na frente de Dominique. Uma visão tão cativante não poderia ser ignorada. "Não
consigo te ver nesse estado e não me preocupar com você, mesmo que seja a aquele esquisito que
você tenha entregado o seu amor."
Jeanne arqueou as sobrancelhas depois de ouvir a segunda metade da afirmação. Amor?
'Entregado o meu amor'???

Dominique se inclinou sobre a mesa e acariciou os cabelos de Jeanne, como se adulasse um


gatinho macio. "Veja, eu tenho um plano. Já funcionou comigo e estou certa de que vai
funcionar com você, também." A de Sade estava confiante em sua estratégia; ela iria até mesmo
ajudar aquele idiota, se isso significasse fazer Jeanne sorrir. "Você terá que jogar um pouquinho
mais duro desta vez, no entanto. ♥"

Jeanne não tinha certeza se havia entendido corretamente. Ela não havia sido ensinada a pensar,
amar, querer... Essas coisas não faziam parte do seu dia a dia como Bourreau ou Cavaleira.
Além disso, será que beber à vontade o sangue dele já não era duro o bastante, para começo de
conversa? Ela ponderou.

No dia seguinte, para surpresa de Jeanne, tudo já havia sido acertado entre Noé, Dominique e
Dante. Eles tinham armado uma armadilha para Vanitas, de modo a fazer o romance do casal
disparar - uma curiosidade mórbida sobre para onde a novela estaria caminhando agia, para eles,
como catalisador.

Dominique havia pedido a Noé que levasse Vanitas a um evento social naquela noite, onde ele
havia sido forçado a beber um pouco mais que demais. Dante, então, havia subido ao palco para
o segundo ato, e narrado sua falsa informação: 'Encontramos algumas pistas quentes sobre um
grupo de portadores de maldição não muito longe daqui. Mas você deveria investigar o mais
rápido possível, ou perderá a oportunidade.' Roland, de alguma forma, havia concordado em
participar, e ajudou seu novo amigo, Noé, a preparar um lugar nas catacumbas, longe o suficiente
do público.

Fortemente embriagado, Vanitas não havia pensado duas vezes. Ele havia corrido até o local
relatado por Dante, apenas para ser nocauteado por Noé enquanto entrava em um beco isolado. O
Dham e o Arquivista o amarraram e o levaram para o subterrâneo, certificando-se de que ele não
se machucaria se tentasse se libertar.

Tudo o que Jeanne tinha a fazer era seguir o roteiro. Ela não gostou a princípio, e achou aquilo
absurdo e imoral. No entanto, como agora ela fosse capaz de vê-lo e cheirá-lo de uma distância
tão curta, o modo de transporte não mais importava. Ela havia sentido fome dele de tantas
maneiras diferentes. Sendo que a primeira delas era sua fome literal.

"Isso está no meu caminho..." Jeanne desatou a gravata borboleta dele e olhou para seu pescoço
convidativo - que, agora, mal estava coberto por sua camisa de algodão, toda branca - e teve uma
ideia maravilhosa. Tremendo de emoção quando olhou nos olhos daquele Vanitas totalmente
alheio, ela enrolou a renda em volta da cabeça dele e o vendou com o pedaço de tecido. "Isso
deve ser adequado, por enquanto."

"Jeanne, por que você está fazendo isso? Você pretende me machucar?" Vanitas expressou seu
desespero em um tom extraordinariamente alto quando as luzes fracas ao seu redor cederam à
escuridão. Apesar de sua incapacidade de identificar o porquê de ela se comportar daquela
maneira, sua relutância ainda não foi suficiente para evitar que ele fosse sugado pelo plano dela;
seu fascínio pela vampira era, realmente, intransponível.

"Estou apenas te aclimatando, de modo que você não deve sentir nenhuma dor. Siga minha voz e
concentre-se no que você sente." Assim que ela terminou de amarrar a renda atrás da cabeça
dele, ela recuou para examinar a precisão de seu trabalho.

Aqueles lábios sensuais estavam tão perto dos dela...

Apesar de uma ânsia incessante de beijá-lo, ela resistiu ao impulso o melhor que pôde. Ela não
estava ali para recompensá-lo, mas para puni-lo, afinal.

Ela poderia facilmente ter rasgado a camisa dele, se quisesse, mas optou por desabotoar,
lentamente, os botões. Um por um. Ter sido usada como arma pelo Senado significava que ela
nunca havia alcançado esse grau de despir alguém, e a experiência provou ser incrivelmente
satisfatória. Seguindo-se a seu leve toque sobre a pele nua, ela notou nele o arfar excessivo e
provocou: "Você está se divertindo, até aqui?"

Ele tentou recobrar alguma compostura, respondendo a provocação dela com uma careta, "E-eu
só não estou acostumado a esse lado seu, mon lapin."
Jeanne desprezava tanto aquela expressão que queria destruí-la, sempre que a via - e hoje era o
dia em que ele iria se redimir de todas as vezes em que ele havia tentado enganá-la com sorrisos
falsos.

Quando terminou de desabotoar a camisa dele e expôs totalmente seu peito, porém, ela se
deparou com uma série de velhas cicatrizes, espalhadas por todo o torso do médico. Quase
inconscientemente, ela as roçou com as pontas dos dedos, desejando secretamente curá-lo de
quaisquer eventos que tivessem ocorrido no passado.

Mantenha sua mente no jogo, Jeanne. Mas aquela não era a hora de ficar admirando o peito
daquele homem. Ela cantou para si mesma seu mantra de performance, aumentando, assim, o
nível de seu foco.

Tentando correr para longe daqueles estranhos pensamentos, ela empunhou o objeto a seus pés.
A fina palmatória possuía penas macias e lustrosas em uma extremidade e a palmatória de couro,
em si, na outra. Em contraste com o brinquedo anterior, este possuía um cabo mais curto, além
das penas. "E então, o que temos aqui?" Ela optou pelo lado com as penas amontoadas e
acariciou levemente o peito dele. Vanitas sentiu suaves cócegas brotando dele e se sobressaltou
com aquela fagulha inesperada. "Olha... Se você se comportar bem hoje eu posso te oferecer todo
tipo de sensações..." A pressão aumentou na medida que as penas deslizavam para baixo por seu
abdômen e ao longo da linha de pelos em sua virilha, fazendo cócegas que eram, ao mesmo
tempo, desconcertantes e prazerosas. "Você parece estar aproveitando aqui também, ein?"

O rosto de Vanitas ficou vermelho com a observação dela. Ele não estava nada acostumado a ser
provocado. Jeanne era a primeira pessoa a despertar nele tais sensações. Uma coisa realmente
embaraçosa de se admitir, caso alguém soubesse que eles haviam começado com ele a coagindo
a beber do seu sangue. Sua racionalidade ficava severamente comprometida sempre que ele
lidava com Jeanne. Talvez fosse por esta razão que ele achava impossível resistir aos avanços
dela, mesmo agora.

Enquanto seguia perdido em pensamentos, ele sentiu a faixa à sua cintura sendo desamarrada e
arrancada de suas calças, e gritou, em estado de choque: "Jeanne, não! Por favor!" Ela iria ver
seu maior embaraço, e ele não sabia até que ponto ela pretendia iludi-lo esta noite.
Jeanne improvisou uma risada. "Hahaha, isso não é fofo? Há algo aqui respondendo às minhas
provocações. Mesmo com você algemado e parcialmente nu, ele ainda está pulsando." Uma
maravilha que ele não pudesse de fato vê-la, ou seria ele quem tiraria sarro dela, que tinha o rosto
vermelho-beterraba de constrangimento.

Ela desabotoou a braguilha de sua calça — sem saber o que esperar da estranha elevação em sua
virilha — e a abaixou até os joelhos dele, mantendo suas curtas ceroulas no lugar. O que havia
sob aquela roupa de baixo, provavelmente, ainda seria demais para que ela visse, porque aquilo
estava inchando ainda mais.

"Eu te imploro. Por favor, não me toque lá!" Vanitas se sentiu humilhado por sua falta de
controle e pelo fluxo de sangue para suas partes baixas. Ele mal conseguia respirar, de tanta
apreensão; se ela tentasse tocá-lo naquela região, ele temia que não conseguisse segurar por
muito tempo.

Usando a pena para cócegas e aplicando diferentes pressões e frequências, ela a movimentou
sobre as panturrilhas dele e, depois, para cima, até suas coxas, deliciando-se ao ver Vanitas
exercer um esforço significativo contra suas provocações.

Quando as penas fizeram cócegas em seu volume novamente, ele, de modo involuntário, soltou
um grito excitado. A situação estava ficando fora de controle, e ele se preocupou quanto ao
tempo que essa sessão duraria, até que ela tivesse tido o suficiente. A imprevisibilidade das
sensações havia deixado Vanitas em um estado de exaltação, tão bestial que ele fechou os olhos
para resistir às marés de satisfação que traçavam padrões ao longo dele.

Será que a intenção era, de fato, dar a ele uma punição?

Ela não conseguia deixar de apreciar as reações de seu prisioneiro, mas precisava recuperar sua
compostura. Que outras ferramentas será que ela poderia encontrar naquela bolsa? Ela se abaixou
e pegou uma vela perfumada vermelha e a acendeu - deixando-a queimar cuidadosamente, até
que houvesse cera derretida suficiente para usar, e começou a derramá-la sobre o peito dele.

O súbito cheiro de fogo o assustou, e Vanitas saltou, confuso. "O que é isto??? Jeanne, e-está
quente!"
As queixas dele caíram em ouvidos surdos, e Jeanne encurtou a distância entre eles, repousando
seu busto no peito dele, para permitir que um pouco da cera carmesim escorresse por seu decote
abaixo. Enquanto a vela permaneceu acesa, e a cera ainda líquida e maleável, ela continuou a
pingar o fluido derretido, esporadicamente, sobre os peitos de ambos. Um sorriso se manifestou,
lentamente, no rosto dela, enquanto a vampira entrava em transe com a cera escarlate que coloria
a pele pálida dele.

Enquanto isso, Vanitas observou que a sensação quente, antes desagradável, da cera da vela, se
transformara em um calor suave, à medida que a temperatura se dissipava rapidamente. Ele agora
sentia uma suavidade envolvendo as áreas maltratadas de seu corpo, e se descobriu agradecendo
involuntariamente a ela pela proximidade de seu corpo ao dele.

Quando Jeanne abandonou o conforto trêmulo que compartilhavam - produzindo um lamento


desolado do humano - ela levou a mão à bolsa e retirou um pequenino frasco de óleo corporal.
Ela descalçou as luvas e lubrificou as palmas das mãos com o líquido viscoso, esfregando as
mãos ao longo do peito dele para remover os resíduos de cera, suas mãos hábeis dissolvendo os
músculos tonificados de seu corpo a cada toque. Ela tinha lido algumas coisas sobre effleurage
antes, mas, como era a primeira vez que aplicava óleo à pele de alguém, ela não sabia dizer se
sua técnica era adequada ou não.

Mas Vanitas saberia. Ele suspirou com o toque gentil dela deslizando sobre ele, o calor de dentro
dele caminhando para uma violenta explosão. Sempre que o calor dela encontrava sua pele,
arrepios traíam sua determinação e lançavam faíscas por todo o seu organismo. Ele havia
tentado, ao máximo do máximo, suprimir os grunhidos sempre que Jeanne o tocava, mas sua
mente estava fixada em cada ato realizado contra sua vontade, e tanto, que seus grunhidos
haviam se tornado gemidos lascivos.

Ela continuou a esfregar mais e mais abaixo, tornando-se impaciente com as calças em torno dos
tornozelos dele, que bloqueavam seu caminho, e descobrindo que arrancá-las e jogá-las ao chão
era a melhor coisa a fazer. Aplicando uma pressão intensa e deliciosa, ela massageou as coxas
dele com um zelo tremendo, a ponto de fazê-lo babar um fio grosso de saliva pelo canto da boca.
Ele não conseguia mais suprimir seus gritos, nem poderia se manter blasé diante daquele
encontro. A sensação de cócegas de suas mãos delicadas a tocá-lo era contrastada pelo desejo cru
naquela massagem erótica, subjugando-o em múltiplos níveis.

Vendo gotas de suor se formando sobre o pescoço dele e ouvindo seu coração palpitar, ela
passou a língua ao longo de sua clavícula, saboreando sua pele para valer.

"Ah, Jeanne...!" Vanitas gritou, de pura luxúria. Era isso que ele mais apreciava, em todas as
vezes que estavam juntos. O calor úmido de suas carícias, seu corpo contra o dele com o
delicioso aroma de seus cabelos contaminando suas faculdades. Todos tinham sobre ele um
efeito avassalador, que ele não conseguia ignorar. Seus quadris se moviam, instintivamente, para
frente e para trás, tentando se libertar, ignorando as correntes que o impediam de encostar sequer
um dedo nela. Seu mastro estava dolorosamente afetado, queimando com intensa carência,
enquanto ele gritava o nome dela.

Jeanne estava tão embriagada com as reações dele que não resistiu a se alimentar dele; sua mente
ia se esvaindo, seus vibrantes olhos dourados ficando vermelhos e seus instintos a dominaram.

"... Relaxe, Vanitas. Não vou te machucar... Muito."

Jeanne o puxou gentilmente para mais perto, com as mãos em volta dos ombros dele. "Um
golinho de você seria maravilhoso, agora..." Ela depositou alguns beijos em sua nuca,
preparando o cenário para o que viria a seguir.

Aproximando gradativamente seus beijos do pescoço dele, ela raspou suas presas ao longo da
área escolhida, seu ofegar alto exalando um calor carregado de umidade, pleno de uma
expectativa ameaçadora. A pressão contra sua pele aumentou, e a dor ardente logo deu lugar ao
deleite, quando o soro venenoso dela se infiltrou em seu organismo. Vanitas arfava e se debatia
de modo errático, soltando gemidos e grunhidos em seu estado de êxtase contínuo.

Ao perfurar a frágil camada de pele, os olhos fechados dela tremularam em meio a uma multidão
de suspiros de contentamento. O gosto forte e doce do sangue dele, jorrando pelas feridas,
inundou sua boca, e o caldo grosso e quente se derramou por sua garganta como uma dolorosa
bem-aventurança.
Vanitas choramingava toda vez que ela chupava pesadamente de sua jugular, como ao se beber
suco por um canudo. O médico delirava, emitindo sons tremendamente inarticulados, destituídos
de seu sarcasmo habitual. Ele sempre reagiria assim, tão impotente, nos momentos que se
seguiam às suas sangrentas altercações, e Jeanne queria, tão perversamente, ver suas expressões.
Como é que ele se estaria? Com seus olhos fechados, concentrando-se nas sensações infligidas a
ele?

Quando seus gemidos cessaram momentaneamente, graças à vã curiosidade dela, uma voz rouca
tentou falar, "Jeanne, estou me sentindo fraco... Ahhh—já..."

Que caos ela havia feito dele, ela podia até mesmo sentir a pele arrepiada do pescoço dele com
os lábios. Ele esfregou seu rosto no dela como um cachorrinho tonto, seu sexo pulsando
freneticamente dentro de suas ceroulas e entre seus corpos. Será que aquela região também
estaria se sentindo bem? O corpo dela ia ficando mais quente enquanto o observava, perdido em
seu estado de encantamento, e Jeanne não pôde conter seus próprios gemidos de excitação.

Tudo o que Vanitas queria era imobilizar aquela maldita vampira contra o chão e tomá-la. Com
selvageria. Com força. Sem dó. Aqueles chamados ressoaram altos e claros em seus ouvidos,
implorando a ele que agisse para concretizá-los. Para que ele mergulhasse seus dedos em suas
mechas macias, apertasse suas mãos em torno da cintura dela e a sufocasse com beijos. Mas,
com as mãos desconfortavelmente apertadas contra a parede, ele fôra feito incapaz de se mover.

Mais algumas gotas de seu sangue de dar água na boca e Jeanne interrompeu seu ataque,
lambendo as feridas do pescoço dele para acelerar sua cicatrização.

Vanitas ainda choramingava, delirante, mesmo depois que ela já terminara de se alimentar de sua
força vital. Assim que ele recuperou algum fôlego de todo aquele estímulo, ele sussurrou
ternamente em seu ouvido, "Me liberte... você vai se sentir bem, também..."

No momento em que aquele timbre sublime atacou seus nervos auditivos, todo o corpo dela
enfraqueceu com o crepitar de sua voz deliciosamente masculina, como se uma bala tivesse
perfurado a parte baixa de seu abdômen. Embora sua fome tivesse diminuído, seus impulsos
sexuais estavam assumindo o controle de suas funções, e ela precisava, de alguma forma, se
libertar daquele transe induzido por Vanitas, ou sua fachada de dominatrix não duraria muito
mais.

Não posso me perder nessa interpretação de papéis. Não vou permitir que ele me engane
novamente.

Ele havia ganho margem demais para fazer exigências e, de acordo com Lady Dominique, ela
nunca deveria deixar isso acontecer quando jogasse esse tipo de jogo. "… Mantenha-se no seu
lugar, seu humano imundo." Jeanne sibilou, limpando o sangue dos cantos de sua boca para
repreendê-lo. "Estou sendo gentil com você e, ainda assim, continua tão cheio de si."

"Humano? Eu pens—!"

Vanitas tentou argumentar, mas não conseguiu ir muito longe, porque ela se aproximou
novamente e mordiscou e chupou o lóbulo da orelha dele, antes de declarar: "Acho que você
precisa aprender uma coisinha ou duas, criatura inferior. Você só fala quando eu quiser que
fale."

A última sentença o atravessou por inteiro, enquanto ele ia se perdendo em fortes espasmos. Ela
lambeu dentro de suas orelhas, provocou seus lóbulos, sussurrou obscenidades para ele em um
tom quase angelical. Vanitas tentou conter os arrepios que corriam por sua espinha abaixo, mas,
isso de nada adiantava, em sua posição atual. Ele já estava perto demais de um clímax, e havia
um limite para as provocações que ela poderia levar a cabo, antes que a alma dele fosse lançada
em um abismo arrebatador. Por que é que ela estaria tão ansiosa para lhe tirar o que restava de
sua sanidade? "Jeanne..." Ele suspirou o nome dela, com dificuldade, "Não quero que você se
arrependa disso no futuro..."

"Não quero saber a sua opinião, cãozinho. Você não disse que pertencia a mim? Agora você
pode provar isso." Jeanne comandou, fazendo com que ele se encolhesse, confuso. "Você
realmente não sabe aproveitar o que lhe é ofertado, Vanitas. Eu acho..." Lady Dominique a havia
instruído a disciplinar apenas quando medidas extremas fossem necessárias, e este era,
provavelmente, um desses momentos. Uma dor aguda percorreu o peito de Vanitas após o som
de um estalo, "Que, talvez, eu precise discipliná-lo melhor."
Vanitas não conseguia acreditar que Jeanne o havia chicoteado, contra todas as evidências.
Todos os seus deliciosos momentos juntos o haviam feito esquecer que ela havia sido uma
executora no passado, mas a dor aguda o lembrou disso. As tiras aveludadas do chicote o
alcançaram novamente. "Conte para mim. Agora."

"O que?" Outra chicotada, e ele pôde sentir os fios do açoite roçando sua carne. "D-desculpe…
D-dois… Três!" Ele tentava, desesperadamente, acompanhar os acontecimentos daquele dia, mas
continuava falhando miseravelmente.

No golpe de número seis, Jeanne engasgou, percebendo que sua irritação com a teimosia dele
havia tomado conta dela. Nas palavras de Dominique, esse tipo de dramatização exigia foco
extremo. 'Lembre-se, Jeanne. Sua intenção não é deixá-lo com cicatrizes. Você só deseja
aumentar o cacife um tantinho assim.' Jeanne imaginou que dez golpes deveriam ser suficientes.
Ela não estaria exagerando demais, e isso ainda daria a ele a mensagem de que não deveria
mexer com ela - uma punição que ele, já há muito, merecia.

Ainda que aterrorizantes, suas chicotadas não eram dolorosas demais. Ele estava aliviado por ela
de fato se importar com ele aquele tanto, mesmo que, tecnicamente, ele estivesse sendo ferido.
Sempre havia sido assim, de um jeito ou de outro. Não era diferente de nenhuma outra pessoa
que ele tivesse conhecido antes...

A mente de Vanitas estava, inadvertidamente, vagando em direção a um lugar mais sombrio. O


trauma do Dr. Moreau estava arraigado, de maneiras mais variadas do que ele havia percebido.

Jeanne notou que ele continuava a contar cada pancada, mas, aos poucos, começava a se alienar,
tornando-se cada vez mais distante. Ela se perguntou o que estaria acontecendo dentro de sua
mente, que tipo de turbulência ele estaria enfrentando. Quando chegou à oitava chibatada, ela
parou para avaliar a situação.

Ai, céus. Talvez eu tenha levado isso longe demais.

Ela viu a umidade escorrendo pelo rosto dele e removeu a venda, quase imediatamente. As
bochechas de Vanitas estavam intumescidas e inchadas. As lágrimas não paravam de rolar e seus
olhos estavam turvos. Ele parecia sofrer enormemente com algo sobre o qual ela nada sabia,
frágil e estilhaçado como um cristal.
"Vanitas? Fale comigo..." Jeanne não sabia como reagir adequadamente ao vê-lo daquele jeito.
Ele tremia violentamente, suas feições progressivamente mais pálidas e menos familiares. A
chibata parecia ter desencadeado memórias traumáticas de um Vanitas danificado, desconhecido
do resto do mundo. Ela tomou suas bochechas, deu-lhes leves tapinhas com as mãos - mal
percebendo alguma reação. Apesar do fato de que seu rosto se apoiava em suas palmas, seus
pensamentos poderiam estar dispersos demais para notar o olhar perturbado dela.

Seu contato com os humanos era limitado e ela não tinha ideia de como reparar as coisas quando
eles estavam mal. Como último recurso, ela buscou uma sensação que o induzisse a voltar
rapidamente à realidade, e levou a mão às ceroulas dele. "Você me disse para não fazer isso, mas
não sei o que mais posso tentar. Basta balançar a cabeça se você não quiser."

Não ouvindo nada em resposta, ela prosseguiu com seu plano, calçando novamente uma das
luvas. Sinto muito, Vanitas.

"Está bem assim? A sensação é boa?" As patilhas de suas ceroulas se abriam pela frente,
facilitando os movimentos de Jeanne sem despi-lo totalmente. Durante o tempo em que ela foi
circulando, apertando e variando a pressão, as respostas ardentes e desorientadoras dele
indicavam que ele estava completamente mesmerizado pelo que ela estava fazendo, deliciando-a
sem limites. Um calor intenso se espalhou pelo peito dela, invocando mais de seus clamores
tensos e agitados; com movimentos quase inconscientes, ela mexia sua pegada vigorosa para
cima e para baixo, o polegar acariciando a cabeça rígida através da luva, enquanto o pré-sêmen
quente descia ao longo de seu mastro.

A totalidade de seu ser estava desmoronando. Pura adrenalina corria por dentro, quando ele
sentiu a pegada em torno do seu pau ficar ainda mais forte; ela não ia mesmo soltar aquilo.
Depois de tentar, sem sucesso, escapar de suas amarras uma última vez, sua mente descambou
para a loucura, virtualmente como se o tempo tivesse parado. Seus gritos devassos tornaram-se
quase bestiais, os dedos dos seus pés se encurvaram, e Vanitas mergulhou no abismo. Um fogo
irrompeu de sua virilha quando ele chegou ao clímax, derramando anos de paixão reprimida
sobre as mãos de Jeanne.

Ele arfava freneticamente, enquanto tentava compreender o que acabara de ocorrer. Rios de suor
escorriam pelo corpo trêmulo do humano, sua figura contraída pelos estímulos intensos. Mantê-
lo atado e imobilizado enquanto a alma dele escapulia havia, de fato, sido uma sábia decisão; se
Jeanne não tivesse feito aquilo, o "eu" bêbado dele haveria, sem dúvida, perdido o controle sobre
suas ações e teria feito o que quisesse com a mulher, quer ela também quisesse ou não.

Embora tivesse estado atenta aos sons passionais dele todo o tempo, ela não havia notado nada
fora do comum, até retirar a mão e observar o líquido viscoso e branco escorrendo de sua luva,
completamente desconcertada - ainda sem saber que estivera igualmente ensopada até os ossos,
fato que ela descobriria mais tarde, naquele dia.

Vanitas sentiu tanta vergonha que não sabia onde se enfiar. A última coisa que poderia fazer
seria choramingar, derrotado, e esperar que ela o soltasse. "Não posso... Mais. Meus olhos estão
pesados. Não mais... Jeanne. Por favor." Seu rosto estava queimando, e seu corpo estava
cedendo, lentamente, pelo desgaste daquela brincadeira - além dos drinks para mais, mais cedo.
Com o peso daqueles fardos se fundindo em uma carga insuportável, os olhos de Vanitas se
fecharam, um final quase decepcionante para aquela aventura toda.

Em sua ignorância da fisiologia masculina - especialmente no que dizia respeito às


consequências de um orgasmo poderoso - Jeanne supôs, erroneamente, que o médico houvesse
sucumbido a algum mal-estar. Na realidade, a face corada e esgotada de Vanitas não passara de
pura exaustão, que o embalara em um sono profundo.

Enquanto o jovem rapaz navegava o reino dos sonhos, a vampira libertou Vanitas das correntes,
juntou suas roupas e o vestiu, cuidadosamente - seu repouso, ainda assim, imperturbado. Com o
retorno ao seu estado vestido e desamarrado, Jeanne simplesmente precisava esperar até que ele
recuperasse a consciência. Claro, isso não era estritamente necessário, dado que ela era forte,
mais do que o suficiente, para carregar sozinha o corpo esguio de Vanitas.

Erguendo-o em seus braços, ela gentilmente o carregou para fora da cela, colocando-o bem ao
lado da entrada da porta que dava para cima. No entanto, no momento em que Vanitas escapou
de suas mãos, algo agressivo, desenfreado e selvagem despertou, subitamente, dentro dele. Em
um piscar de olhos, ele passou por ela a uma velocidade tremenda, sua forma quase invisível,
exceto por seus olhos. Brilhando fortes no escuro como uma pantera assassina, aqueles orbes
azuis eram tudo em que Jeanne conseguia se concentrar, deixando-a cega para as garras das mãos
enluvadas dele, que arranharam o rosto dela em meio a sua fuga frenética.
"Vanitas, espere!" sua voz ecoou, reverberando enquanto o silêncio se seguia. Ela
instintivamente se protegeu de outro golpe, mas, felizmente, nenhum se seguiu àquela investida
inicial. Examinando seus arredores mais uma vez, ela percebeu que Vanitas não estava em lugar
nenhum e, provavelmente, havia usado aquela fração de segundo de sua vulnerabilidade para
escapar.

"… Por que?" Desolada, Jeanne levou a mão em direção a seu rosto, percebendo que sangue
havia sido derramado. Estranho, ela pensou, por que havia doído tanto? Não o ferimento
superficial em si, mas o fato de que ele a havia deixado para trás?

Os sentimentos dela, mais uma vez, rodopiavam por todos os lados. A única resposta vinha do
reconhecimento de que ela já havia perdido toda a força de vontade para suprimir seu crescente
desejo por aquele homem. "O que é que tudo isso significa?" Uma pequena lágrima rolou por
suas faces, enquanto seus joelhos desabaram até o chão. "Por que é que eu quero que você diga
que me ama?"

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