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DA TERRA
William Lau
Dei uma rápida olhadela para onde ela estava sentada, na outra
extremidade da mesa doméstica simples, e vi pouca reação. “Como tem
passado, Chen Sookmay?”, perguntou Lucille, esperando tranquilizá-la. Ela
sorriu fracamente por detrás de seus grossos óculos. Percebi que os ataques
diários de epilepsia a tinham deixado entorpecida, bem pouco consciente do
que estava à sua volta.
Para mim e Lucille aquilo soava como o caso do menino epilético que
foi levado por seu pai aos discípulos de Jesus, conforme o relato de Marcos 9.
As pessoas atribuíam aquela aflição a um espírito imundo poderoso, que os
discípulos não puderam expulsar.
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compreender o Evangelho, seu marido já era crente naquela ocasião. Em 1
Coríntios 7.14 Paulo escreve que a esposa descrente é santificada por seu
marido crente – e vice-versa. Os benefícios imediatos da salvação do
companheiro crente estão disponíveis até mesmo para o cônjuge descrente –
embora isso não inclua o livramento total do juízo. Assim, devido à fé e ao
pedido feito pelo marido, passamos a ordenar que o espírito imundo a
deixasse, em nome de Jesus Cristo. Durante cinco minutos nada aconteceu.
Ela apenas permanecia ali sentada, nem um pouco afetada pelos nossos
esforços. Então perguntamos ao Senhor o que deveríamos fazer.
Então ordenei: “Em nome de Jesus Cristo eu ordeno que você se manifeste,
demônio!” De repente, a cabeça de Chen Sookmay pendeu. Seus olhos, antes
abertos, se fecharam. “Isso geralmente acontece antes do ataque”, comentou
Chen Sook. Lucille colocou as mãos sobre a cabeça da mulher e, com os olhos
fechados, orava suavemente. Eu também fechei os olhos.
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Olhando para aquela frágil mulher inocente, fiquei penalizado. “Você está
bem?”, perguntei, olhando-a no rosto com ternura, o que ouvi e vi então, não
pode ser descrito adequadamente.
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Transferi-me para uma escola teológica e, durante meu primeiro
semestre de seminário na Califórnia, uma urgência poderosa tomou conta de
mim.
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Então, quando me vi frustrado com relatórios, exames e livros
(embora agora fossem de teologia), pensei em abandonar o seminário. Ainda
faltavam mais de dois anos para uma formação em Mestre em Divindade. Eu
não podia esperar. Será que, pela fé, deveria me lançar em um ministério de
tempo integral?
Mas a voz em meu coração não se calava. “Largue tudo o que estiver
fazendo”, ela dizia, “e vá, proclame as riquezas de Cristo Jesus às nações.”
Louvei a Deus quando percebi que o Espírito Santo havia dissipado a multidão
de argumentos humanos que fervilhavam em minha mente. Seu conselho
finalmente me colocaria na iminência da aventura da minha vida. Eu tinha que
ir. Mas para onde?
Em Lucas 6.38, a Bíblia diz, “Dêem, e lhes será dado: uma boa
medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês.”
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passagens para a Indonésia teriam ido embora. Mas parecia que eu não estava
mais no controle da minha própria língua.
“Nós, sim, sim, nós podemos lhe ajudar.” As palavras pareciam saltar
da minha boca por si mesmas. Mais tarde, naquela noite, fiz um cheque para
cobrir suas despesas e enviei para ele. Nosso reembolso do Imposto de Renda
se fora. Mas um sentimento de alegria e alívio me confortou, pois naquela
noite o Senhor havia me libertado do egoísmo e me capacitado a dar
generosamente. Aleluia! Por meio da obediência à Palavra nesta e em outras
ocasiões, coloquei em ação os inabaláveis princípios de dar e receber pelos
quais Deus supriria para nós as passagens para a Indonésia.
“Não, Bill. Apenas fui conduzida pelo Senhor para lhes enviar a
oferta.”
Com esse presente de minha irmã ainda nos faltava mil dólares. Mas
não tínhamos dúvidas de que em breve o Senhor proveria. Com uma alegre
expectativa começamos a fazer planos de partirmos para a Indonésia no verão
após o término do semestre letivo, no qual estava participando. Pois “tudo é
possível ao que crê.” (Marcos 9.23) Quando alguém crê verdadeiramente, age
sem esperar circunstâncias favoráveis. Restavam apenas meses para terminar
o semestre, quando um dia o presidente do Conselho Estudantil do seminário
nos chamou. Ele mencionou uma certa reserva financeira que seria destinada
às missões de verão. A cada verão o dinheiro nessa reserva era dividido e
canalizado aos alunos que desejavam se envolver em missões internacionais.
Naquela primavera, enquanto o Conselho Estudantil avaliava os vários
candidatos para essa ajuda, eles decidiram oferecer o valor total da reserva
para nós. Não sabíamos da existência dessa reserva nem jamais havíamos
pedido alguma ajuda ao Conselho Estudantil. E a quantia? Exatamente mil
dólares. Deus estava trabalhando em nosso favor, que críamos e desejávamos
serví-lO!
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Assim, no dia 10 de julho de 1978, eu e Lucille deixamos os Estados Unidos
para seguir nosso sonho. Ansiávamos ver a glória do Senhor. Muito tempo
atrás Deus desafiou um homem chamado Abraão a deixar seu país em favor
da grandeza do Reino. Igualmente, sentimos Deus nos desafiando a deixarmos
as planícies de uma existência tímida e monótona e andarmos sobre as águas
da fé. Nós aceitamos o desafio e saltamos em uma aventura, de deixar os
cabelos em pé, no Espírito, a qual incluiu a maravilhosa libertação de
Sookmay.
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Capítulo Dois
“Meu jovem”, respondeu ele, sem hesitação, “se você deseja servir o
Senhor aqui na Indonésia deve ir para Kalimantan.”
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Não, não conseguia imaginar-me brandindo um facão de corte, abrindo
caminho pelas matas à procura de nativos vestidos com tangas para
evangelizá-los. Eu definitivamente não era um homem do mato. Além disso,
Lucille era uma moça delicada, criada na cidade, quase nunca saía de casa
enquanto crescia em Jacarta. Simplesmente o fato de sair de caso, quanto
mais ir para Bornéu, a deixava ansiosa.
Mais uma vez ouvimos o mesmo conselho: “Não vão.” E caso fossemos, seria
apenas para observar e aprender. Alguém sem treinamento formal não poderia
esperar realizar nenhuma obra séria em Bornéu. Até mesmo missionários
experientes passavam por dificuldades. Deveríamos retornar aos Estados
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Unidos e ali sermos treinados e então, depois de alguns anos, tentarmos
novamente. Afinal de contas, como duas pessoas ingênuas, ainda que
transbordando fé e visão, poderiam ser bem sucedidas em Bornéu?
Impossível! Uma vez que eles experimentarem a severa austeridade de se
ministrar naquelas áreas primitivas, eles acordarão para a realidade. Desistirão
e correrão para casa.
O conselho parecia sábio. Porém quando Deus assim deseja, Ele pode
escolher “as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu
as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes.” (I Coríntios 1.27)
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Capítulo Três
Saindo do Barco
“Oh, Deus!”, exclamei, “é tão ruim quanto pensei que seria. É tudo
selva!” Eu conformei-me com o meu destino e lancei-me na misericórdia de
Deus, Aquele que nos chamou para seguirmos os passos de Abraão.
Uma coisa é ler sobre a fé de Abraão, mas tentar fazer o que ele fez é
algo completamente diferente. Abraão, em sua época, foi o único homem
chamado por Deus a tornar-se um novo tipo de ser-humano. Um tipo que
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viveria pela fé. Primeiramente ele foi chamado para demonstrar essa fé
deixando seu país de origem e migrando para uma terra estrangeira, onde não
haveria outras pessoas que tivessem seu chamado especial ou mesmo que
conhecessem seu Deus. Verdadeiramente ele estaria sozinho naquela nova
terra, forçado a confiar em ninguém mais exceto seu Deus. Nos Estados
Unidos dos dias de hoje, com a comunicação e transporte da era espacial
juntamente com um cristianismo bastante difundido, pode ser difícil vivenciar
as circunstâncias de Abraão. Deus, obviamente, não exige que,
intencionalmente, nos coloquemos na situação física de Abraão. Contudo para
compreendermos melhor o caráter de sua fé, a qual Deus nos encoraja a ter,
podemos, em nossa mente, nos colocarmos no lugar dele. Lucille e eu tivemos
o privilégio de viver uma aventura de fé, a qual nos permitiu sentir o que
Abraão deve ter sentido.
“Po Lan.” Ele não gritou, porem as palavras foram claras o suficiente
para serem compreendidas. Po Lan? Isso não parecia familiar? Po Lan? Oh,
não. Po Lan é o nome de Lucille em chinês! Aleluia! Louvado seja o Senhor que
jamais envergonhará aqueles que nEle confiam!
O Deus de Abraão fora fiel conosco. O homem que nos viera buscar
era um presbítero em uma igreja local de Pontianak. Ele ouviu de seus irmão,
um membro da igreja do meu sogro em Jacarta, que estávamos indo. Embora
não soubesse em qual voo embarcaríamos, ele foi ao aeroporto naquele dia e
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nos encontrou. Fomos levados de carro para a cidade na qual sua igreja nos
hospedou por uma semana. O Senhor é fiel.
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A igreja também hospedava um exército incontável de pequenas
formigas vermelhas. Essas formigas rastejam quase desapercebidamente
sobre nossos corpos vindas do chão, mesa ou cadeira, e exploravam ali
silenciosamente. De repente, sem aviso algum, elas cravavam suas pinças
minúsculas, porém poderosas, em nossa carne. Parecia que estávamos sendo
espetados por uma agulha fina. Às vezes um grande comitiva delas invadia
nossa cama à noite.
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estatutos!Antes do amanhecer me levanto e suplico o teu socorro; na tua
palavra coloquei a minha esperança.”
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Capítulo Quatro
Os Surdos Ouvem
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mas na realidade para nós ele já foi destruído pela morte de Jesus Cristo na
cruz. Não precisamos temê-lo, não importa quão assustadora a sua aparência.
“Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago. Eu lhes dei autoridade para
pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; nada
lhes fará dano.” (Lucas 10.18,19)
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transmitir a Palavra a outros, eu a busquei com todo o meu coração, e só
então ela se tornou parte de mim.
Naquele dia choveu o dia todo. Para chegar a sua casa, tivemos
que atravessar vários centímetros de profundidade de água suja. Um irmão da
igreja nos levou para sua casa em ruínas. Ela estava sentada quando entramos
e não conseguiu se levantar para nos cumprimentar. A história que ouvimos de
seus lábios era verdadeiramente lastimável. Olhando para ela, podíamos
acreditar em tudo que ela relatava. Sua pele, bronzeada pelos anos de
trabalho sob um sol equatorial, estava descascando, expondo manchas cor-de-
rosa de pele doente por todo o corpo. Parecia ser uma espécie de pelagra
causada por deficiência de vitaminas. A desnutrição havia feito seu trabalho
em sua mente, sua conversa às vezes ficava lenta e incerta. Ela tinha muito
pouca força em suas pernas e há muito tempo não era capaz de se levantar e
andar sozinha.
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Nos sentamos para conhecê-la. Ficou claro que seus problemas
físicos eram apenas um espelho que refletia muito sofrimento e amargura em
seu coração. Sua vida tinha sido preenchida com dificuldades insuportáveis
pelas quais ela culpou seu marido e que ela desabafava com seus filhos com
linguagem suja na nossa frente. Sua casa, há muito negligenciada, não
conseguia nem manter a família seca. A chuva caiu sem impedimentos na casa
através de grandes partes que faltavam no teto de palha. O assoalho de
tábuas de madeira abaixo estava podre por causa do contínuo derramamento
de água. Tudo estava em desordem e negligência - sua casa, sua família, seu
corpo e sua alma. Quanta miséria uma pessoa pode suportar?
Ela concordou.
"Pai, pedimos que o Senhor cure a sua filha desta doença de pele
maldita e dê força às suas pernas para que ela possa se levantar e andar. Por
meio de Jesus Tu a perdoaste de seus pecados. Agora, Pai através de Jesus
cure-a dessas enfermidades! Portanto, em nome de Jesus Cristo, eu ordeno
que suas pernas sejam fortalecidas agora mesmo. Em nome de Jesus Cristo,
levante-se e ande!
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Em nossos corações, estávamos gritando: "Louvado seja o
Senhor!"
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"Vovô, o senhor pode ouvir o que estou dizendo?" Eu perguntei,
cobrindo seu ouvido bom com a minha mão.
"O que você disse? Não consigo ouvir o que você está dizendo!" ele
respondeu. Sua audição não melhorou nada.
Porém, tarde naquela noite, muito depois de termos ido para casa,
uma coisa estranha aconteceu com o vovô. Quando estava deitado na cama,
seu ouvido esquerdo sentiu uma sensação fria, como se alguém estivesse
soprando suavemente nele. Continuou a noite toda. Ao amanhecer, o vovô
alegremente descobriu que ele podia ouvir com o ouvido esquerdo. Podia até
mesmo distinguir as palavras de uma de suas noras sussurrando na sala ao
lado!
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Capítulo Cinco
Ele nos ensinou Sua palavra e nos ungiu para pregar e ensinar o
rebanho. Ele nos ensinou como ministrar efetivamente aos enfermos em nome
de Jesus Cristo. Após quatro meses na Escola do Espírito Santo em Bornéu,
senti-me pronto para avançar para um desafio maior. Eu queria cumprir a
visão que nos havia levado à Bornéu no começo: pregar o nome de Jesus
Cristo e fazer discípulos onde o Evangelho nunca havia sido ouvido antes. Em
janeiro do ano seguinte, o Senhor nos liberou da igreja de Sanggau-Kapuas.
Buscamos Sua direção para o próximo passo, e o Senhor nos reuniu com um
irmão que nos contou sobre duas pequenas aldeias localizadas três horas rio
acima nas margens do rio Kapuas. Esse homem pastoreava outra igreja em
Sanggau-Kapuas e havia recentemente tentado começar um trabalho nessas
aldeias. Porém, apenas algumas crianças compareceram às reuniões e era
difícil encontrar um barco para a viagem de seis horas, de ida e volta, quando
ele precisava. Ele sugeriu que subíssemos nas aldeias e assumíssemos o
controle. Nós concordamos.
Naquela época, Biang era uma vila ainda não tocada pelo braço
benevolente do governo indonésio que procurava desenvolver milhares de
aldeias como Biang espalhadas por todo o país. Não havia eletricidade ou
serviço telefônico. Nenhum serviço postal ou correio. Não havia veículos
motorizados de nenhum tipo; até as pouquíssimas bicicletas encontradas não
eram adequadas para o caminho de terra que servia de avenida principal de
Biang.
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fluindo alguns centímetros abaixo. Esse buraco é o equivalente à privada do
ocidente. No entanto, como descobriríamos em breve, em Biang não havia
equivalente para papel higiênico. Como na maior parte do mundo, mãos
desnudas são usadas para se limpar depois de usar o banheiro.
O mais intrigante para mim era tomar banho. Isso também ocorria na
beira do rio. Para garantir a privacidade, a pessoa entrava no banheiro e
fechava a porta. Apenas um balde era necessário. Mas e a água para tomar
banho? Com o balde, pegava água no mesmo buraco que outras vezes servia
de vaso sanitário e despejava a água sobre si. Depois de se molhar, quem
estava tomando banho aplicava sabão em seu corpo. Um enxágue final seguia,
novamente usando a água retirada do buraco com o balde.
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Estranhamente, a vida nunca havia tido tanto sentido como quando
vivíamos nas margens do Kapuas. Estávamos vivendo para o Senhor e
realizando Sua obra. O desafio e a comissão que Ele havia colocado diante de
nós - levar o Reino de Deus ao povo de Biang - geraram em mim uma alegria
e um entusiasmo que nada mais importava no mundo.
Depois que nos instalamos em nosso novo lar, o irmão que nos
trouxe a Biang voltou para Sanggau. Agora fomos deixados sozinhos para
proclamar o Evangelho de Jesus Cristo àqueles que nunca haviam ouvido
antes.
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que ver que Ele poderia livrá-los do mal palpável que saturava o próprio ar que
respiravam.
Impus minha mão no olho dela e pedi ao Senhor para curá-la. "Ainda
dói?" Perguntei a ela depois, removendo minha mão do olho dela. Ela piscou.
Então ela disse: "Quando você colocou a mão no meu olho e começou a orar,
senti uma sensação fria no topo da minha cabeça. Enquanto você continuava a
orar, ela lentamente se espalhou pela minha cabeça até meu coração. Quando
o frescor chegou ao meu coração, senti uma libertação maravilhosa e uma
sensação de paz. E a dor no meu olho? Desapareceu!"
Algo no coração de Akong queimava. A mão dele subiu. Logo, ele foi
batizado no rio, significando que queria morrer para sua antiga vida sem valor,
a primeira pessoa a fazê-lo na vila de Biang. Akong havia se tornado uma nova
pessoa em Cristo.
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Vimos o Senhor restaurar a ordem em outras vidas, como um certo
garoto cuja mãe se aproximou de nós um dia. "Por favor, venha ver meu
filho", ela implorou. "Ele está com muita dor."
Era de manhã cedo. Tínhamos uma visita, uma mulher da vila que
havíamos visto antes em nossa vila, mas com quem ainda não nos
relacionávamos.
"Por favor, entre, titia. O que aconteceu com seu filho?" Lucille disse,
dirigindo-se a ela da maneira habitual.
Saímos com ela e a seguimos até sua casa. Ela nos levou a um
cômodo onde seu filho estava deitado no chão, vestido apenas com uma calça.
Ele tinha cerca de dezesseis anos de idade. Seu cabelo estava despenteado,
semi-círculos escuros pendurados sob os olhos.
"Eu não consegui dormir nada a noite toda", ele disse fracamente,
olhando para nós. "Minha perna doía tanto. Fiquei me contorcendo no chão a
noite toda. Não consigo me levantar ... não aguento mais." Dor e exaustão
estavam gravadas em seu rosto.
Eu olhei para ele e disse: "Se você acreditar em Jesus Cristo, você
será curado. Você quer acreditar nele?"
"Ah ... sim ... eu vou ... vou acreditar nele", ele respondeu com os
lábios contorcidos pela dor. Era difícil ver de que outra maneira ele poderia ter
respondido nessas circunstâncias.
"Em nome de Jesus Cristo", falei, "eu amarro este espírito que o tem
afligido. Levante-se e ande, em nome de Jesus!" Com isso, peguei-o pelo
braço e o arrastei a seus pés. "Ande!" Eu disse, puxando-o para frente e
liberando-o. Com um grande passo, ele avançou e seguiu em frente. Ele
alcançou a parede, parou e se virou, ainda de pé.
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"A dor foi embora?"
"Jesus curou você. Acredite nEle e siga-O pelo resto de sua vida."
O jovem, sua mãe e pai, seu irmão e irmã mais velhos, todos
passaram a crer em Jesus Cristo.
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alternavam dias com as reuniões em Biang, que também eram realizadas três
vezes por semana.
"O que estamos fazendo aqui neste pequeno barco a remos, no meio
de uma tempestade em um rio na remota Bornéu Ocidental? Como nos
metemos em tal perigo?" Mesmo quando segurava com mais força a alavanca
de direção do motor de popa e meus olhos examinavam a escuridão à procura
de luz, meus pensamentos se voltaram para dentro.
"Eu não deveria estar aqui. Eu nunca dirigi um barco antes na minha
vida, sou um péssimo nadador. Estamos em perigo! O que estamos fazendo
aqui? Eu deveria estar na América civilizada, seguindo uma carreira de sucesso
como cientista ou empresário de respeito. Eu deveria estar crescendo no
mundo, ter uma casa grande e dirigir um carro esportivo caro." Mas, de
repente, ficou claro para mim enquanto eu tremia sob o vento e chuva forte.
"Sim, isso mesmo. Deus tirou-me de tudo isso. Sim. Por Sua graça,
eu me tornei um cidadão de outro mundo, um reino celestial onde não estou
mais enredado nos desejos desta vida. Deus me escolheu para receber a mais
elevada chamada de todas, para desistir de tudo e para me tornar Seu servo.
É por isso que estamos aqui neste pequeno barco, no meio do nada. Quão
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diferentes e insondáveis são os caminhos de Deus. Louvado seja Seu
maravilhoso nome." Finalmente eu entendi.
"Bill! Bill! Tem uma luz ali!" Lucille gritou acima do barulho da chuva,
das ondas e do mar. Eu olhei, e ao longe à nossa esquerda uma luz cintilava
suavemente. Louvado seja Deus. Espero que não nos tenhamos afastado
muito, para além de Biang. Conduzi o barco em direção à luz, compensando a
corrente que nos empurrava firmemente para rio abaixo. À medida que nos
aproximávamos, mais luzes apareceram. Era Biang. Procuramos por luzes que
nos fossem indicadores conhecidos. A chuva tinha começado a diminuir, e
quando paramos ao lado de uma casa onde, temporariamente, poderíamos
amarrar o barco e levantar o motor, ela tinha parado. Eu estava molhado,
cansado e com frio. Eu queria ir para casa imediatamente e trocar de roupa,
vestindo algo quente e seco. Mas não podíamos deixar o motor de popa lá
fora à noite. Sem vigilância, tais coisas eram conhecidas por desaparecerem.
Com Lucille segurando a lanterna, eu soltei os parafusos que prendiam o motor
de popa ao barco e o puxei para fora da água para dentro do barco.
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Capítulo Seis
O Espírito de Elias
Olhei para a Lucille que estava sentada à nossa mesa de jantar, com
o rosto enterrado em suas mãos. Eu me levantei e fui até ela.
"O que você quer dizer?" Eu perguntei novamente, curioso para saber
o que poderia estar errado.
"O que você quer dizer, 'tudo está sem sentido e sombrio'? Temos
tido o privilégio de sermos chamados pelo Senhor para O servir em tempo
integral. Ele nos abriu a porta para virmos aqui para a Indonésia. Temos
levado almas para o Reino, temos visto milagres quase todos os dias! É tão
glorioso, como você pode sentir que tudo isso não tem sentido? O que pode
ser mais significativo do que o que estamos a fazendo?" Eu estava ficando
impaciente com ela.
"Não sei, Bill, parece tão escuro. Não consigo evitar. Tente me
compreender e me consolar."
Lucille clamava ao Senhor para que a depressão fosse tirada. Mas foi
em vão. Nada parecia ajudar. Porque é que o Senhor não nos ajudava?
Logo descobrimos que não era o Senhor que não nos ajudava. Pelo contrário,
era algo que há muito tempo Cristo tinha ordenado aos Seus discípulos que
fizessem em Seu nome. Marcos 16:17 inclui precisamente as últimas palavras
que Ele pronunciou antes de deixar este mundo: "Estes sinais acompanharão
os que crerem: em meu nome expulsarão demônios...". Quem expulsaria os
demônios de acordo com esse versículo? Nós, os crentes, faríamos isto em
nome de Jesus Cristo. Já que Ele nos deu a autoridade e a ordem, não seria
melhor para nós fazermos isso em vez de Lhe pedirmos? Ele seria obrigado a
fazer algo por nós que Ele já nos tenha dado a autoridade para fazer?
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igrejas recém-criadas, nós os entregamos todos nas mãos do Senhor que os
havia chamado. Depois voltamos para os Estados Unidos.
"Pai, obrigado por nos trazer a Batu Ampar. Mostra-nos a tua glória
lá, Pai, manifesta o teu poder e glória para que muitos possam crer no Teu
Filho, Jesus Cristo". Pois Tu és o Deus vivo, Aquele que criou tudo o que eu
vejo acima da minha cabeça esta noite. Não há ninguém como Tu; somente
Tu és digno de receber glória, honra e louvor”. Eu continuei a adorá-Lo por
mais alguns minutos, meus olhos se fixaram nos céus lá em cima. De repente
notei uma névoa leitosa distante no horizonte, na direção em que estávamos
indo. Olhei para a escuridão diante de nós e pude ver ao longe muitas
manchas de luz. Era a cidade de Batu Ampar! Eu continuei a minha oração.
"Pai, dê-me esta área. Dê-me Batu Ampar. Deixa-me levar esta
área para o Teu Reino. Concede-me a tua unção para proclamar a tua palavra
no poder do Espírito Santo, seguido de sinais e maravilhas. Deixe-me
glorificar o seu nome aqui, Pai!" Em meia hora, chegamos à doca de Batu
Ampar.
Nós tínhamos chegado. Mas sem saber para onde ir, percorremos o
calçadão que levava à cidade. O calçadão terminou em um caminho de terra
que foi para nossa esquerda e direita. Correntes de pessoas percorriam o
caminho nas duas direções. Não sabíamos se deveríamos ir para a esquerda
ou para a direita, mas de alguma forma escolhemos virar à esquerda e fomos
varridos em uma onda de pedestres. Não havia carros ou estradas
pavimentadas, apenas aquele único caminho de terra forrado em ambos os
lados com casas, lojas e lanchonetes, alguns iluminados com lanternas de
pressão de querosene brilhante, outros com luzes elétricas. À nossa direita,
passamos por um cinema rodando um filme de artes marciais de baixo grau de
kung-fu. Multidões de pessoas, homens e mulheres jovens, pais com seus
filhos pequenos, esmagados fora do teatro, esperando o próximo longa-
metragem para começar. Grandes megafones fixados no exterior do prédio
amplificavam o barulho da luta no interior da tela para fora do pátio do teatro.
Além do cinema, descemos por uma suave encosta, passando por um galpão
de serralheria deteriorado do lado esquerdo e mais lojas e cafeterias do outro
lado do caminho. Encontramos um outro cinema semelhante ao primeiro. Em
todos os lugares, as pessoas absorvidas pelos prazeres da vida noturna de
Batu Ampar.
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Enquanto caminhávamos, não tínhamos a menor ideia para onde estávamos
indo, mas continuamos a orar silenciosamente ao Senhor por sua orientação.
De repente, ao nos aproximarmos do segundo cinema, senti um desejo por um
sorvete. Logo depois do cinema, havia uma cafeteria. Eu puxei Lucille para
fora do caminho e nos sentamos em uma mesa externa. Tiramos nossas
mochilas das costas e as colocamos no chão. Uma jovem mulher saiu para
anotar nosso pedido. Pedimos sorvete, e ela voltou para dentro para preparar
nosso pedido.
Em pouco tempo, ela voltou com nosso "sorvete", que na verdade foi picado
com gelo temperado com água de açúcar vermelho. Colocando os dois
pequenos pratos diante de nós, ela perguntou: "Vocês dois são do cargueiro
marítimo? Grandes cargueiros marítimos, muitos de países estrangeiros,
frequentaram. Enquanto os navios estavam sendo carregados, suas
tripulações saíam em terra em Batu Ampar. Como nossa garçonete sabia por
nossa aparência que não éramos nativos de Batu Ampar, ela assumiu que
tínhamos vindo de um dos cargueiros oceânicos ancorados no porto.
"Não, nunca ouvi falar disso", ela respondeu. Houve uma pausa.
"Por que você não fica em minha casa?" ela ofereceu de repente.
"Meu marido e eu moramos aqui com seus pais", explicou ela. A cafeteria
ocupava a metade da frente do andar inferior da casa de dois andares. "Tenho
certeza de que podemos encontrar um lugar para você dormir". Talvez em
algum lugar lá em cima. E eu vou cozinhar para você".
Naquela noite ficamos com nossa nova amiga, cujo nome era Akim, e
sua família. Eles foram extremamente graciosos conosco. Seus sogros não só
nos receberam em sua casa, mas até nos deram sua própria cama para
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dormirmos. Eles se mudaram para a sala de estar onde dormiam no chão.
Eles fizeram este ato incomum de bondade para nós que éramos
completamente estranhos. Era Deus.
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Capítulo Sete
Nosso plano era iniciar o trabalho em Batu Ampar com uma grande
cruzada milagrosa ao ar livre. Trouxemos equipamento de som potente de
Pontianak, conseguimos permissão de uma serraria para usar seu campo de
futebol para a reunião e obtivemos aprovação das autoridades locais. Foram
impressos panfletos anunciando uma "noite de milagres" todos os dias durante
três dias. Até preparamos uma mensagem audiovisual para ser apresentada no
cinema convidando as pessoas a virem ao encontro de Jesus Cristo. Frescos
de nosso sucesso em Biang e Menjaya, estávamos prontos para o grande
momento: gloriosos milagres de cura e multidões de pagãos conquistados para
Jesus Cristo. Batu Ampar em breve seria nosso.
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Após nossa recuperação desta grande decepção, começamos o
trabalho com o que o Senhor nos havia dado. Deus nos havia dado uma casa
onde havia uma pequena sala na frente medindo cerca de nove por dezoito
pés. Aqui começaríamos nossas reuniões. Certamente muito humilhante em
comparação a uma cruzada milagrosa em massa. Mas às vezes Deus pode
estar mais interessado no desenvolvimento de nosso caráter do que
simplesmente no número de almas que podemos levar até Ele.
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Neste contexto, os missionários vieram da Europa e de outras regiões
distantes para as então Índias Orientais, trazendo suas religiões. O povo os
recebeu e os novos ensinamentos que trouxeram, mas apenas num sentido
formal, exterior. Pois os novos ensinamentos não substituíram
necessariamente as antigas crenças; na maioria dos casos, eles apenas as
suplementaram. O espírito politeísta embutido em sua herança lhes permitiu
receber a nova religião, mas não exclusivamente; o(s) deus(s) da nova
religião, para simplificar, foram anexados ao desfile do panteão das Índias
Orientais.
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Mas essas pessoas tinham vivido toda a vida pelo provérbio, "quanto
mais deuses, mais felizes". Eles não conseguiam entender nosso ensinamento.
"Quem é este Jesus Cristo para que abandonemos os deuses de nossos pais e
O adoremos somente? Se este Jesus Cristo pode se dar bem com nossos
deuses, tudo bem; talvez possamos acolhê-Lo e adorá-Lo também. Mas se
traíssemos nossos deuses, eles ficariam muito insatisfeitos conosco e poderiam
buscar vingança contra nós. Não queremos incorrer na ira deles, pois eles são
poderosos. Além disso, nossos pais ficariam desagradados se nos
recusássemos a adorar e oferecer comida aos seus espíritos depois que
morressem. Eles passariam muita fome e raiva e voltariam para nos
assombrar. E se alguém lançasse um feitiço maligno sobre nós? Nossos
feiticeiros podem às vezes encontrar maneiras de apaziguar o espírito maligno
e ele pode partir. Mas será que este Jesus Cristo pode nos proteger e nos
livrar desses feitiços? Talvez Ele possa nos salvar de nossos pecados e nos
levar ao céu, mas o que Ele pode fazer por nós aqui na Terra?".
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Assim, começamos a procurar oportunidades para ministrar aos
doentes. O recente fiasco da cruzada milagrosa havia amortecido nosso
entusiasmo por ministrar aos enfermos. Mas quando vimos que nosso trabalho
em Batu Ampar estava progredindo tão lentamente, sentimos que tínhamos
que dar ao povo uma demonstração do poder de Deus. Isto foi confirmado em
uma conversa com nosso irmão Akwet, que estava entre os poucos que
receberam Jesus nos primeiros meses de nosso trabalho.
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que era mudo, o homem que tinha sido mudo pôde falar. Eu sabia que alguns
aspectos deste ensino tinham se tornado um ponto de discórdia entre os
crentes. Estávamos cientes também que muitos não acreditam que um cristão
possa ter um demônio. Apesar de todos os argumentos teológicos a favor e
contra este ensinamento, considerávamos nosso pequeno rebanho de crentes.
Quase cada um deles tinha algum tipo de problema físico ou "psicológico".
Independentemente de como ministrávamos a eles, eles simplesmente não
conseguiam se curar. Mais importante ainda, eles exibiam uma monotonia
espiritual que os impedia de crescer em compreensão e zelo pelo Senhor. Por
mais poderosa ou apaixonada que fosse a palavra que lhes demos, eles
simplesmente não estavam sendo tocados pelo Espírito Santo. Alguma coisa
os estava impedindo de crescer. Fookso, uma irmã que foi uma das primeiras
crentes, era uma delas. (Fookso significa literalmente "esposa do irmão mais
velho chamado Fookso").
Quando ela era pequena, seu pai era um próspero comerciante que
trocava mercadorias pelos Dayaks, os povos indígenas de Bornéu, recebendo
de volta o ouro em troca. Seu sucesso, pensava ele, foi uma bênção do
grande ídolo montado em sua casa pelo tio de sua esposa, que era um hábil
praticante de feitiçaria. Ele estava tão determinado a permanecer nas boas
graças do poder por trás de seu ídolo que passaria horas de cada vez de
joelhos diante dele. A pele de seus joelhos se tornou macia e rachada. Com o
tempo, ele foi capaz de acumular uma riqueza considerável.
Como antes, ele foi até o seu feiticeiro de confiança e foi tratado.
Desta forma, começou um longo e repetido ciclo de dor, tratamento,
50
recuperação, pagamento e dor que acabou drenando a família dos recursos
financeiros que eles haviam trabalhado tanto para acumular. Eles perceberam
que o homem que o estava curando era também aquele que o estava afligindo.
Para aqueles do ofício, é simples enviar um espírito para afligir alguém com o
propósito de atrair a vítima a vir para receber tratamento. O tratamento
envolverá providenciar para que o espírito aflito desista até depois que o
paciente, agora "curado", tenha voltado para casa.
Jesus disse uma vez que "Satanás não pode expulsar Satanás",
respondendo aos fariseus que afirmavam que ele estava expulsando demônios
por Belzebu, o príncipe dos demônios. De fato, os feiticeiros não podem
expulsar os espíritos malignos. Às vezes, no entanto, eles podem parecer.
Mas na realidade, não está ocorrendo uma verdadeira libertação. Cheguei à
conclusão de que cada vez que um doente visita um feiticeiro para alívio de um
ataque demoníaco (nem todas as enfermidades físicas são resultado de
atividade demoníaca), outro demônio é convocado. O novo demônio ou
apazigua ou persuade o espírito afligido do sofredor a se abster por um
período. Ele pode até mesmo se juntar calmamente ao primeiro demônio,
fixando residência no corpo da pessoa. O paciente pode então se sentir
aliviado de seu sofrimento, sua fé no médico feiticeiro reforçada.
Desconhecida por ele, infelizmente, a cura é apenas temporária. Agora ele
tem dois demônios em vez de um (ou pelo menos mais do que ele tinha antes)
que em algum momento no futuro induzirá sintomas ainda piores do que
antes. A vítima se apressa de volta para prestar homenagem e dinheiro ao
médico bruxo enquanto leva, sem querer, mais hóspedes não convidados para
dentro de seu corpo.
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a fim de sustentar a família. Os poderes das trevas, no entanto, ainda não
estavam satisfeitos. Como eles não tinham mais dinheiro, não conseguiam
saldar as dívidas do feiticeiro pelos serviços prestados no passado. A mãe de
Fookso foi forçada a suportar uma vergonha insuportável e um tormento às
suas mãos. Então seu tio começou a ameaçar aniquilar a família inteira.
Fookso não foi a mesmo depois daquela noite horrível. Não era
apenas o medo que parecia segui-la aonde quer que ela fosse. Mas apenas
sair ao ar livre tornou-se uma provação agonizante para ela. Ela descobriu
que não podia mais controlar suas próprias pernas. Como um bêbado, ela
teceu vertiginosamente para frente e para trás enquanto caminhava. Algo,
não a sua própria vontade, estava movendo suas pernas nesta direção e não
naquela direção. Ela temia que um dia a força a levasse para fora da estrada
em direção às valas onipresentes que forravam um ou ambos os lados das
ruas de Batu Ampar. Foi necessário tanto esforço para permanecer no
caminho que uma curta caminhada ao ar livre a deixaria exausta.
Quando ela tinha cerca de 18 anos, ela se casou. Sua mãe estava
tão descontente com ela e seu marido que ela jurou uma maldição sobre eles
diante do templo de ídolos local. Não foi sem efeito. Quando a conhecemos,
ela já tinha tido seis filhos. Um faleceu na infância. Outro nasceu pouco mais
do que um vegetal e não viveu para ver seu décimo aniversário. Seu marido,
embora tivesse alguma educação, não conseguia se agarrar a um emprego.
Eventualmente, ele foi forçado a lidar com o jogo ilegal, foi pego, condenado e
encarcerado por um ano.
Depois que Fookso e sua irmã mais nova Asiu passaram a acreditar
em Jesus, pela fé eles se tornaram filhos de Deus Todo-Poderoso e receberam
a vida eterna. Mas no que diz respeito à condição lamentável de Fookso na
carne, não houve nenhuma mudança discernível. O peso de sua enfermidade
52
física paralisante, de seu medo e constante ansiedade continuava a pesar
sobre ela.
Onde estava a vitória sobre Satanás que Cristo havia comprado para
ela na cruz? Onde estava a vida da ressurreição? Fookso não era a única
crente nesta condição. A maioria dos outros novos crentes também estava em
posições semelhantes, embora não necessariamente tão severas quanto a
dela.
53
saíram deles. Os demônios haviam conseguido a entrada de suas vítimas
através de seu modo de vida passado. Note que mesmo depois de terem
escolhido seguir a Jesus, em muitos casos eles não foram libertados dos
espíritos malignos até que Jesus ministrou a eles especificamente.
Assim, vimos nossos irmãos Batu Ampar sob uma nova luz.
Praticamente todos eles tinham estado envolvidos no ocultismo até certo
ponto. Não só a feitiçaria e a bruxaria eram inerentes à herança de sua
cultura, mas também tinham sido implicados pessoalmente nela. Eles haviam
adorado seus pais falecidos. Eles haviam adorado em templos de ídolos.
Tinham consultado médicos feiticeiros. Alguns haviam até se envolvido
pessoalmente em práticas ocultistas. Mesmo que nunca tivessem feito estas
coisas, no mínimo quando estavam doentes, foram levados a feiticeiros por
seus pais para tratamento. O feiticeiro os faria ingerir várias preparações de
ocultismo e lhes daria um fetiche para se desgastarem para afastar os espíritos
que causavam a doença. Desnecessário dizer que estas atividades são um
convite direto para que os espíritos malignos entrem no participante.
A questão é, quando alguém que tem sido uma morada de longa data
para demônios se arrepende e se volta para Jesus Cristo, será que todos os
espíritos malignos saem automaticamente? Vamos fazer uma pergunta
paralela. Quando alguém que esteve profundamente envolvido em algum
pecado, por exemplo, olhando para revistas pornográficas, decide recorrer ao
Senhor para a salvação do pecado, ele automaticamente pára de olhar para as
revistas sem nenhum esforço de sua parte? A resposta é claramente não.
Embora seus atos pecaminosos tenham sido certamente perdoados, ele deve,
no entanto, tomar parte ativa na resistência a sua natureza pecaminosa que
Satanás tentará reavivar. Será de sua responsabilidade resistir, com a graça
de Deus, aos pensamentos e desejos impuros que muito provavelmente virão
a ele. Deus não o protegerá automaticamente. Se ele não resistir ativamente
às tentações, existe a possibilidade de que ele volte ao seu pecado.
Depois que nos sentamos, pedimos que ela orasse ao Senhor, renunciando a
suas práticas e crenças anteriores. Então comecei a falar com os espíritos
malignos que eu acreditava que ainda estavam lá.
55
Encorajado, renovei com vigor meus comandos aos espíritos
malignos. "Saiam, seus demônios. Sei que estão se escondendo ali dentro.
Vocês não podem mais nos enganar. Não me importa há quanto tempo vocês
vivem nesta mulher. Ela foi comprada pelo sangue de Jesus. Você não tem
mais o direito de viver aqui. A casa não é mais sua; ela pertence a Deus.
Saiam em nome de Jesus, seus invasores"!
"Seu demônio que a faz ter medo dos gatos, saia em nome de Jesus!"
No dia seguinte, Fookso nos relatou que ela estava bem. A partir
daquele dia, ela pôde caminhar normalmente.
Akwet e seus filhos, incluindo Ali, vieram para ser orados. Os espíritos maus
que durante tanto tempo atormentaram Ali com a doença foram expulsos em
nome de Jesus, e Ali não mais sofreu com os ataques semanais.
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Capítulo Oito
A Tempestade é Repreendida
Quase sem exceção, todos eles tinham saído do espiritismo de longo prazo, o
que significava que provavelmente todos eles precisavam ser libertos. Nos
Estados Unidos, somos sabiamente aconselhados a não procurar demônios por
trás de cada arbusto. Os americanos, em sua maioria, são criados em uma
cultura cristã e estão relativamente livres das consequências do envolvimento
com a bruxaria e o ocultismo. Entretanto, aqueles que são criados em uma
área onde o evangelho nunca foi pregado, onde os espíritos malignos são de
fato adorados, se encherão com esses espíritos. Da mesma forma, nós que
adoramos o verdadeiro Deus, nos tornamos cheios do Espírito de Deus.
58
sobre nós para expulsar os demônios de todo o povo na reunião de uma só
vez.
Pedi ao Senhor que parasse a tempestade por causa de Seu povo que
precisava ouvir Sua palavra. Jesus uma vez repreendeu o vento, a chuva e as
ondas, e a tempestade se acalmou. Em Seu nome, eu tentaria fazer o mesmo.
59
Senhor em relação ao encontro e à palavra que eu ia levar para o povo.
Quando olhei para cima vários minutos depois, o vento havia parado e a chuva
havia cessado de cair. Ainda faltava uma hora para o culto e eu sabia que os
irmãos iriam chegar. Durante a reunião naquela manhã, o Senhor derramou
Sua graça e manifestou Seu poder sobre os espíritos malignos. Enquanto eu
estava no púlpito e ordenava aos demônios ligados à adoração de ídolos, ao
espiritismo e à feitiçaria que deixassem o povo de Deus, os espíritos malignos
saíram.
Gostaria que eles me curassem, ela reclamou depois que sua amiga
tinha ido embora. Gingerly, a irmã Amee deitou-se sobre as almofadas gastas
por cima do chão do quarto que servia de cama para ela e seu marido.
Olhando para cima, ela inspecionou o cubículo vazio onde, durante o ano
passado, ela havia passado a maior parte de suas horas de vigília. À noite, ela
dormia lá com seu marido e sua filha de onze anos. Depois de terem gasto
tudo o que tinham para tratar de sua doença, foram forçados a se mudar para
esta lamentável cabana. Não mais que três metros de largura, tinha uma
pequena "sala de estar" voltada para a frente, uma área dilapidada e
desmoronada na parte de trás para cozinhar e um pequeno quarto dividido ao
meio. Estava tão quente por dentro; a cobertura de chapa de alumínio sobre
sua cabeça absorvia os raios de sol e com grande eficiência conduzia o calor
para baixo, transformando a casa em uma fornalha. E seu corpo...... era
pouco mais do que o proverbial esqueleto coberto de pele. Sua doença, fosse
ela qual fosse, a tinha definhado. Ela mal conseguia se levantar para comprar
mantimentos para alimentar sua família. Tinha começado há alguns anos,
ficando progressivamente pior.
60
A irmã Amee começou a pensar nos três filhos que eles perderam por
causa de enfermidades. Onde quer que eles estivessem, ela refletia: estava
prestes a se juntar aos filhos. Não havia esperança. Uma onda de tristeza a
varreu e ela chorou. Como uma criança cujos gritos não são ouvidos por sua
mãe abandonada, ela chorou até adormecer.
"Sim, entre."
"Como você está indo, Irmã Amee?" perguntou A Bakso em sua voz
rouca. Uma Bakso tinha bócio e isso havia afetado a voz normal de mulher.
"Irmã Amee, você já está doente há anos. Ninguém tem sido capaz
de ajudá-la. Mas há algumas pessoas novas em Batu Ampar que talvez
possam fazer algo. Você conhece aquele casal da América? Eles têm ensinado
sobre outro Senhor que se chama Jesus Cristo.......".
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entanto, estávamos ficando cansados. Por fim, acabamos por encerrar o dia e
dar boa noite a nossa irmã.
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vossos nomes estarem escritos no Livro da Vida". Mesmo a sabedoria terrena
reconhece os perigos de possuir um poder que pode corromper absolutamente.
Para nós, seres humanos, isto é verdade não apenas no domínio político ou
militar, mas também para o poder espiritual.
Uma vez uma mulher que havia se envolvido com bruxaria começou a
participar de nossas reuniões. Em um domingo específico, os espíritos
malignos dentro dela não podiam mais suportar a presença do Espírito Santo,
pois Deus estava sendo exaltado. Ela se levantou e saiu pela porta lateral.
Colocando as mãos sobre o estômago, ela se dobrou sobre o chão e vomitou
várias vezes com grande força. Espíritos malignos saem à medida que as
pessoas crescem na fé através da adoração conjunta e do recebimento da
palavra de Deus. Mas com tanta frequência os demônios cruzaram nosso
caminho que, gostando ou não, tivemos que enfrentá-los diretamente e
pisoteá-los. Nisto o Senhor nos enviou ajuda. Ao exaltar Seu nome através
de milagres, Ele começou a atrair Seus discípulos para que nos ensinassem a
fazer as mesmas obras. O primeiro de Seus discípulos a se juntar a nós foi
nosso irmão Akong de Biang.
Asiu tinha dado seu coração a Jesus. Sua mãe, seu pai e seu irmão
mais velho também tinham vindo para confessar Jesus como Senhor. Para sua
mãe, era o início de uma nova vida onde ela finalmente se libertava dos
horrores infligidos a ela pelos espíritos que seu marido havia venerado tão
intensamente em anos passados. Para o pai de Asiu, era preciso que ele
encontrasse Cristo face a face.
Quando ele ouviu pela primeira vez o evangelho, seu corpo já havia
sido devastado pelos anos de doença devido às maldições colocadas pelo tio de
sua esposa. Finalmente ele teve um derrame que o deixou muito fraco e
parcialmente paralisado. Sua ardente devoção ao espiritismo o havia
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quebrado física e financeiramente. Mas seu espírito ainda não havia sido
quebrado.
Ela passou a explicar quem era Satanás, o que ele havia feito à raça
humana e o que ele havia feito ao Tio pessoalmente. "Você tem venerado
Satanás durante toda a sua vida sem saber, tio, e por causa disso ele tem sido
capaz de fazer a você o que quer que ele queira. Você tem sido fiel a ele toda
a sua vida, mas veja o que ele tem feito a você e à sua família". Ele o
enganou e tentou destruí-lo de todas as maneiras possíveis. Mas Jesus pode
salvá-lo dele. E Jesus pode curar seu corpo quebrado".
"Você quer dizer que Jesus pode me salvar? Ele pode me salvar de
Satanás...", perguntou ele suplicando.
"Sim, tio, Jesus pode salvá-lo. Você deve acreditar nEle com todo o
seu coração e segui-lo para sempre". Ele se entregou para morrer na cruz
para receber o castigo que merecemos por nossos pecados".
"Não chore, tio", disse Lucille calmamente. "O que é isso? Por que
você está chorando?"
"Minha vida tem sido tão insuportável.....Eu passei por tanta dor e
perda....E não posso começar a contar tudo isso para você. E agora você me
diz que foi a pessoa a quem eu me entreguei que me fez passar por isso". Oh,
como eu o odeio. Como eu odeio Satanás! Se eu tivesse o pescoço dele em
minhas mãos, eu o sufocaria até a morte"! Raivosamente o tio juntou suas
mãos em um anel pronto para estrangular. Ele tentou se levantar como se
jogasse seu corpo inteiro em uma última represália contra Satanás.
"Tio, você não pode lutar contra Satanás dessa maneira", explicou
Lucille gentilmente. "Ele não é de carne e osso". Ele é espírito. A única
maneira de derrotá-lo é entregando-se a Jesus, que já o destruiu".
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O tio se acalmou. "Jesus pode realmente me salvar?"
"Sim, tio, ele pode salvá-lo se você realmente acredita nele", Lucille o
tranquilizou.
"Mas tio", lembrou Lucille, "Jesus pode salvá-lo". Não é tarde demais para
você. Acredite nEle agora. Você quer recebê-Lo como seu Senhor e
Salvador"?
A sala onde Uncle estava deitado foi separada da nossa por uma
porta e uma parede de madeira compensada com um oitavo de polegada de
espessura. Perto do teto, a "parede" consistia de uma peneira de arame para
circulação de ar entre o quarto de nossa filha Esther e o nosso.
À noite, então, podíamos ouvir cada som que ele fazia. De vez em
quando, um grito desamparado e excruciante abalava a quietude do nosso
sono. Não sabíamos que dor ele sentia, que medo o havia agarrado, que
solidão desoladora o havia aterrorizado na cela da prisão em que seu corpo
havia se tornado; sabíamos apenas que seu Deus jamais o abandonaria.
Durante as primeiras noites, Asiu havia dormido fielmente ao lado de seu pai.
Mas os gritos repentinos nas horas escuras da noite a abalaram tanto que ela
não pôde mais ficar com ele.
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Novamente ele olhou para mim suplicantemente, como se eu pudesse
ajudá-lo ou confortá-lo sobre o que iria acontecer. Quase instintivamente, eu
disse: "Espírito de morte, eu te amarro em nome de Jesus Cristo". Eu não
permito que você leve o tio. Deixe esta sala em nome de Jesus Cristo. Vá! E
ordeno que a vida da ressurreição se manifeste no corpo de Tio, em nome de
Jesus". Mais uma vez eu a repeti. Mas ele continuou afundando. O olhar de
medo desconcertado reapareceu em seu rosto como se a morte tivesse
conseguido apertar mais uma garra sobre ele. Seus olhos me suplicaram
novamente. Era como se ele tivesse depositado sua confiança em mim. O
quê? Depositar sua confiança em mim? Quem sou eu? Ou quem eu me fiz
passar por mim?
Ele ficou cada vez mais fraco e não podia mais focalizar seus olhos
em mim. Eu soltei suas mãos e coloquei meus braços ao redor dele, enquanto
continuava a resistir ao irresistível. Finalmente, percebi que tio ia morrer. Por
que eu continuava repreendendo a morte, mesmo naquela etapa, não entendo.
Talvez fosse para dar uma boa demonstração de fé para os parentes.
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De boca em boca a notícia de sua morte foi espalhada para os outros crentes.
Alguns vieram logo para confortar a família, outros ficaram para ajudar a
preparar o corpo para o enterro. Fookko, genro do tio por casamento com
Fookso, assumiu o comando. (Fookko significa "irmão mais velho Fook") Ele e
Chensook, da serraria, ajudaram a levar o corpo para fora do quarto de Esther
para nosso santuário semi-acabado na frente. Lá eles colocaram dois bancos
da igreja face a face e deitaram o corpo, cobrindo-o com um grande pano.
Lucille mandou esfregar completamente o quarto de Esther com uma solução
anti-séptica e sua cama se moveu de volta para o local onde Uncle havia
dormido.
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Capítulo Nove
O Chamado de Elias
A Bak chegou à conclusão sombria de que A Sia, seu filho, teria que
viver com sua doença física. A Bakso chegou à sua decisão ao ser informado
por sua esposa, A Bakso, quanto custaria para que o feiticeiro tratasse o
menino.
"Ele quer quanto"? Bakso perguntou à sua esposa, pensando que ele
deve tê-la ouvido mal da primeira vez.
Era estranho, refletia A Bak, como os tempos tinham sido tão bons
nos anos 70, quando o preço da madeira serrada no mercado mundial havia
disparado e o capital fluía como um rio para Batu Ampar para construir e
operar as dez serrarias locais. As serrarias obtiveram grandes lucros; os
trabalhadores convergiram para Batu Ampar de todo o Bornéu Ocidental e até
mesmo de outras províncias da Indonésia para trabalhar nas serrarias e gastar
seus salários em comida, bebida, roupas e diversão todas as noites na cidade.
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As pessoas estavam ficando ricas, pensavam A Bak, e eu mesmo não estava
indo muito mal vendendo gelo para os pescadores e para as cafeterias que
haviam brotado como cogumelos para distribuir cerveja e jovens meninas aos
trabalhadores sedentos das serrarias. Todos estavam indo tão bem, até
mesmo os cafetões e as prostitutas e os operadores de jogo ilegal. A polícia
não olhava apenas para o outro lado, eles até montavam espingardas para
eles se fossem pagos generosamente.
Mas agora, não é mais como nos velhos tempos, ele lamentou. Um Bak teve
que gastar quase seu último centavo para reconstruir a fábrica de gelo que
havia sido destruída no incêndio. Além disso, os preços da madeira haviam
caído, forçando as serrarias a cortar e demitir trabalhadores. O dinheiro em
todos os lugares era extremamente escasso.
Mas A Bak tinha feito o seu melhor para ganhar o favor dos poderes
acima. Ele havia apoiado generosamente todas as religiões locais,
contribuindo para o templo Batu Ampar, fazendo doações para a causa dos
adoradores do ídolo chinês e até mesmo comprando uma lanterna de pressão
para o local de encontro dos cristãos. A religião cristã tinha chegado
recentemente a Batu Ampar através de um casal que as pessoas diziam ser da
América.
Eu tenho sido bom para todos, disse A Bak para si mesmo. Eu toquei
todas as bases que conheço. Mas veja o que aconteceu comigo. Ainda
estamos lutando para ganhar a vida. O que eu perdi? Existe um Deus
verdadeiro? Todas estas religiões me confundem!
A Bak tentou raciocinar com ela. "Mas não há sombras. Elas não são reais;
elas estão apenas em sua mente. Por que ter medo?"
Por mais que ela tentasse, A Bakso não conseguia aplicar a razão
para dissipar o medo e a ansiedade muito reais que estavam gradualmente
invadindo sua sanidade. Ela não podia fechar os olhos até que o primeiro
vislumbre do amanhecer aparecesse no teto sobre ela.
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Mais tarde naquela manhã, A Bakso teve alguns negócios que a
levaram para a periferia da cidade. A luz da manhã trouxe esperança para ela,
e ela se sentiu muito melhor enquanto percorria o caminho de terra na
frescura da madrugada. De repente, ela sentiu algo escovar o rosto, como se
tivesse entrado em uma teia de aranha. Instintivamente, sua mão subiu para
escovar a teia, mas não havia nenhuma teia de aranha. O medo familiar
começou a crescer em seu coração. Quase desesperadamente, ela olhou para
cima e ao redor. Não havia árvores ou fios diretamente acima dos quais uma
teia de aranha pudesse ser suspensa. Oh, não, de novo não!
Quando A Bakso voltou para casa tarde naquela manhã, seu marido
estava na fábrica fazendo a manutenção de uma das máquinas a diesel. Os
motores funcionavam vinte e quatro horas por dia e precisavam de supervisão
constante. Uma avaria significava menos produção de gelo e isso significava
menos renda. Para estar perto das máquinas, eles tinham instalado seus
alojamentos no mesmo prédio que as máquinas. O barulho em seus aposentos
a partir dos diesels era ensurdecedor. Quando seu marido chegou da casa de
máquinas, A Bakso gritou: "Amanhã eu vou voltar para Serukam". Serukam
era um hospital missionário a dois dias ao norte, dirigido por Batistas
Conservadores da América.
"O que você disse?" A Bak gritou de volta sobre o rugido dos motores diesel a
vários metros de distância.
"Professora, minha nora está tendo problemas para dar à luz. O bebê
não quer sair. Por favor, venha depressa"!
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"Quem está lá agora acompanhando ao parto, titia?" perguntou Lucille,
querendo mais informações.
"A bruxa". Não conseguimos falar com a parteira; ela está ocupada
assistindo a outro parto. Então não tivemos escolha a não ser chamar a
feiticeira".
Lucille viu uma longa tira de pano amarrada como uma faixa ao redor
do corpo da mãe. Ela estava amarrada com muita força bem acima de onde o
bebê estava.
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"Isso é para evitar que o bebê volte mais para o útero, professora".
Os bebês podem subir e se perder lá dentro se não amarrar naquela faixa.
Isso os força a descer ao invés de subir.
Lucille não conseguia mais se conter. "Pare! Pare! Não vai funcionar
dessa maneira. Por favor, pare. O bebê não vai sair porque ainda não chegou
a hora"!
A tia respondeu: "Professora, por favor, fique quieta. Você não sabe
o que está fazendo. Deixe que a senhora bruxa se encarregue disso. Ela sabe
o que está fazendo"
"Eu dei à luz uns quinhentos bebês", ela balançou para Lucille, na
esperança de desviar a atenção da Asok ainda gemendo no momento do parto
no quarto ao lado. Mas ela não mencionou que talvez em metade dos
nascimentos ela lidava com os recém-nascidos não vivia por mais de alguns
dias. Após um parto, seu costume era cortar o cordão umbilical com uma
velha faca enferrujada. O tétano destruiria a vida jovem em poucos dias.
"Eles têm que tirar a placenta rapidamente antes que ela se perca por
dentro, professora", respondeu a tia, de fato. "Algumas mulheres morreram
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porque a placenta não saiu logo o suficiente". É por isso que você tem que
tirá-la pela força".
A Bakso ficou aliviada por finalmente ter chegado, mas pôde esperar
mais alguns minutos enquanto os outros passageiros se movimentavam sobre
as filas de bancos até a frente para subir até o píer. Outros com menos
paciência e mais agilidade haviam subido no topo do trilho externo do barco e,
como os andarilhos de corda bamba, estavam se aproximando da frente.
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cuidadosamente fez seu caminho para a frente, pisando sobre as filas de
bancos.
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