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de 2017 a 2023
Hanin El Husseini
Graduanda em Medicina
Instituição: Universidade Positivo
Endereço: Curitiba - PR, Brasil
E-mail: haninhusseini@hotmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0002-0971-4424
Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.10, p. 24113-24122, 2023 24113
Luma Aride Moreira
Graduanda em Medicina
Instituição: Universidade Santo Amaro
Endereço: São Paulo - SP, Brasil
E-mail: lumaaride5@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0008-5557-0090
Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.16, n.10, p. 24113-24122, 2023 24114
Adelcio Machado dos Santos
Pós-Doutor em Gestão do Conhecimento
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina
Endereço: Florianópolis - SC, Brasil
E-mail: adelciomachado@gmail.com
Orcid: https://orcid/0000-0003-3916-972X
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é expor o perfil das intoxicações exógenas em adultos no Brasil, no
período de 2017 a 2023. E, como objetivo secundário, traçar o perfil epidemiológico dos
indivíduos mais acometidos. Trata-se de um estudo ecológico, com abordagem quantitativa e
análise de sequências temporais. Foi estudada a população brasileira que sofreu intoxicações
endógenas entre 2007 e 2023, notificadas pelo SUS. Para a análise temporal das sequências
tarifárias foram definidas as seguintes variáveis: faixa etária; Região (Norte, Nordeste, Centro-
Oeste, Sul e Sudeste); Taxa de mortalidade; Agente tóxico; Circunstância; Ano de notificação e
sexo. Foram utilizadas as bases de dados compiladas no DATASUS, em especial o Sistema de
Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) em conjunto com o Sistema de Informações em
Saúde (TABNET) na aba “Intoxicações exógenas - notificações registradas na NET SINAN -
Brasil” que abrangem todas as regiões do Brasil, no período entre 2007 e 2023.
Aproximadamente 703.729 intoxicações exógenas em adultos foram confirmadas e notificadas
pelo SUS durante 16 anos. Esta proporção tem vindo a aumentar progressivamente ao longo dos
anos, em grande parte devido à modernização tecnológica dos meios de comunicação e
notificação, mas também à facilidade de acesso a determinados produtos tóxicos. Resultados
epidemiológicos indicam que as intoxicações medicamentosas exógenas são as mais prevalentes
no Brasil. Ressalta-se a necessidade de criação de ações integradas que preparem os profissionais
de saúde, bem como a população, para que o conhecimento sobre as intoxicações exógenas nas
regiões brasileiras possa ser ampliado.
ABSTRACT
The objective of this research is to expose the profile of exogenous poisonings in adults in Brazil,
from 2017 to 2023. And, as a secondary objective, to outline the epidemiological profile of the
most affected individuals. This is an ecological study, with a quantitative approach and analysis
of temporal sequences. The Brazilian population that had been endogenously poisoned between
2007 and 2023, reported by the SUS, was researched. For temporal analysis of rate sequences,
the following variables were defined: Age group; Region (North, Northeast, Central-West, South
and Southeast); Mortality rate; Toxic agent; Circumstance; Year of notification and gender. We
used the databases collected in DATASUS, in particular the SUS Hospital Information System
(SIH/SUS) together with Health Information (TABNET) in the tab “Exogenous poisoning -
notifications registered in SINAN NET - Brazil” covering all regions of Brazil, in the period
between 2007 and 2023. Approximately 703,729 exogenous poisonings in adults were confirmed
and reported by the SUS over 16 years. This proportion has gradually increased over the years,
largely due to the technological modernization of the means of communication and notification,
but also due to the ease of access to certain toxic products. Epidemiological results indicate that
exogenous drug poisoning is the most prevalent in Brazil. The need to create integrated actions
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that prepare health professionals, as well as the population, is highlighted so that knowledge
about exogenous poisonings in Brazilian regions can be expanded.
1 INTRODUÇÃO
É possível conceituar intoxicação como a representação de um conjunto de manifestações
clínicas, de caráter nocivo, pelo contato entre o organismo e a substância exógena, podendo ser
acidentais como também intencionais. Tais casos são cada vez mais frequentes nos atendimentos
em setores de emergência (KLINGER EI, et al., 2016; SOARES, et al., 2021). Nas regiões
brasileiras, o envenenamento exógeno é considerado como um obstáculo para a saúde pública,
afetando a estrutura administrativa e financeira do Sistema Único de Saúde (SUS), além de
possuir alta morbidade dentro da sociedade (MAGALHÃES, et al., 2014; SOARES, et al., 2021).
Sabe-se que, qualquer intoxicação exógena, pode acarretar desequilíbrio fisiológico,
acarretando estado patológico e, muitas vezes, irreversível. A interação do organismo e do agente
tóxico pode causar diversos sinais e sintomas, dos mais variados possíveis. Alguns exemplos
dessas manifestações são: taquicardia, hipertensão, depressão mental, depressão fisiológica e até
hipertermia. Todavia, essas manifestações clínicas somente serão produzidas se houver
integração do agente tóxico ao organismo com doses elevadas e tempo suficiente de exposição.
Pode-se destacar drogas, produtos domésticos, plantas e agrotóxicos, como as substâncias mais
relacionadas (ANDRADE, et al., 2013; FIOCRUZ/CICT/SINITOX, 2017).
O processo de intoxicação pode ser de origem acidental ou até uma tentativa de
autoextermínio, fato este confirmado pela equipe de suporte, deve-se ser considerado de extrema
gravidade. Assim, pesquisas epidemiológicas sobre a intoxicação exógena são relevantes, afinal,
apontam a dimensão da problemática e expõem as regiões afetadas com maior necessidade. Além
de auxiliar as entidades responsáveis a controlar e proporcionar medidas de controle (BRASIL,
2014; LIMA, et al., 2020; SOARES, et al., 2021).
Mundialmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) notifica anualmente,
aproximadamente 220000 óbitos por envenenamento exógeno, sendo dona de grande morbidade.
Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas, somente em 2017, 1437
internações por envenenamentos foram notificadas, resultando em 30,42% de óbitos (KAWANO
DF, et al., 2006; MAESTRI, et al., 2016; BRASIL, 2023). Logo, entende-se a necessidade de
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medidas governamentais e científicas contra esses episódios. Além de incentivar pesquisas
médicas para o desenvolvimento de estratégias e protocolos eficientes no que tange casos de
intoxicações exógenas. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa é expor o perfil das intoxicações
exógenas em adultos no Brasil, nos anos de 2017 a 2022. E, como objetivo secundário, traçar o
perfil epidemiológico dos indivíduos mais acometidos.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo ecológico, com abordagem quantitativa e análise de sequência
temporal. A população brasileira que sofreu intoxicação endógena foi investigada no período de
2007 a 2023, informada pelo SUS. Para análise temporal das sequências dos táxons, são definidos
como variados: faixa etária; Região (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste); Táxons de
mortalidade; Agente tóxico; Circunstância; Ano de notificação e sexo.
Foram utilizados os bancos de dados coletados no DATASUS, em especial o Sistema de
Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) em conjunto com o Sistema de Informações em
Saúde (TABNET) na seção “Intoxicação Exógena - Notificações Cadastradas no SINAN NET -
Brasil” abrindo todas elas. do Brasil, no período de 2007 a 2022. Após coleta e análise, os dados
são exportados para o programa “MS-Excel”, com a finalidade de organizar as planilhas e
calcular todos os números e adequar a representação dos resultados em tabelas e gráficos. Coletar
objetivamente dados quantitativos, fazendo uma coleta de números de grandezas, gerando
conjuntos ou massas de dados que possam ser analisados por meio de técnicas matemáticas como
o caso de porcentagens, estatísticas e probabilidades como será o caso do estudo proposto.
Considerando as espécies deste estudo, com base em dados secundários de domínio
público sem identificação de indivíduos e agregados populacionais como medida de análise, não
nos cabe realizar a submissão do projeto aos Comitês de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos. Seres, nos termos da Resolução CNS 510/2016 (artigo 1º, Parágrafo Único, incisos II,
III e V).
3 RESULTADOS
Segundo o banco de dados do DATASUS, durante o período de 2007 a 2023, no Brasil,
703.729 intoxicações exógenas, em adultos, foram confirmadas e notificadas pelo SUS. Na tabela
1, é possível observar a quantidade de casos de intoxicação por regiões que compõem o Brasil.
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Durante 16 anos, estima-se que a região Sudeste foi responsável pelo maior número de
ocorrências, com 49,3% dos episódios notificados. Seguida pela região Nordeste, com 20,2% dos
casos. As regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, correspondem a, respectivamente, 18,9%, 8,3% e
3,2%.
A análise computadorizou que, a maior causa de intoxicações endógenas, foram os
medicamentos, seguida das drogas de abuso, contudo, 9,4% das intoxicações gerais foram
ignoradas/em branco. Destaca-se uma tendência de estabilidade na quantidade de intoxicações
exógenas, durante o período do estudo, na região Sudeste, pois, a mesma, apresenta números
elevados em comparação às demais.
Ademais, pela variante “Circunstância”, foi identificado o suicídio como o maior fator
predisponente a intoxicação, sendo de caráter medicamentoso (74% do total), no país. Vale
ressaltar que, em 2019, foi registrado, pelo SUS, o maior número de intoxicações e tentativas de
suicídios, correspondendo a 80.920 notificações em todo Brasil. Além disso, foi o ano com as
maiores taxas de intoxicações por medicamentos do período estudado. Outrossim, homens
correspondem a 43,4% e mulheres, correspondem a 56,5% dos casos.
Fonte: Ministério da Saúde -Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Adaptado pelos autores.
4 DISCUSSÃO
Conceitua-se intoxicação exógena como um agrupamento de efeitos, de caráter nocivo,
com achados clínicos sugestivos de um desequilíbrio orgânico, originado da interação do
organismo com agentes tóxicos, tais como: medicamentos, agrotóxicos, produtos de limpeza ou
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plantas tóxicas. Seu aspecto de gravidade, pode ser diversificado e atrelado ao grau de toxicidade
do produto, ao tempo de exposição, quantidade absorvida, capacidade imunológica e o tempo
decorrido do socorro ao acidente (ZAMBOLIM, et al., 2008).
Aproximadamente, 703.729 intoxicações exógenas, em adultos, foram confirmadas e
notificadas pelo SUS durante 16 anos. Essa proporção foi crescendo gradativamente pelos anos,
muito pela modernização tecnológica dos meios de comunicação e notificação, mas também,
pela facilidade em acessar determinados produtos de caráter tóxico. A própria região domiciliar
pode ser um arsenal tóxico, pois apresenta uma grande gama de produtos químicos e agentes
tóxicos, tais como: plantas ou produtos de limpeza, que, quando manipulados inadequadamente,
acarretam riscos à saúde (BRITO, et al 2015).
Em suma, destaca-se historicamente a intoxicação por medicamentos como a mais
prevalente, seguida de drogas de abuso (BALTAR, et al., 2013; OLIVEIRA, et al., 2014).
Demonstrando uma condição grave e indelével na sociedade, afinal, foi constatado o
envenenamento por medicações como a principal causa, sobretudo, nos grandes centros urbanos
brasileiros. A literatura atual, afirma que a grande parte dos pacientes atendidos nos hospitais
por intoxicações exógenas na emergência, são adultos jovens (LIMA, et al.,
2020). Correlacionando ao resultado deste estudo, pois, segundo esta pesquisa, traçou-se um
perfil de pacientes mais acometidos: adultos jovens, do sexo feminino, com média de 20 a 39
anos de idade.
Em relação a circunstância do envenenamento, o estudo determinou que, 74% dos casos
totais, foram tentativas de suicídio. Dado este correlacionado aos estudos publicados e realizados
pelo governo brasileiro. Aproximadamente, 1437 internações por envenenamentos foram
notificados pelo Ministério da Saúde brasileiro, durante o intervalo de 2 anos, correspondendo a
1,77% por mês. A faixa etária dos acidentados foi de 0 a 24 anos, além de necessitarem de
investimentos próximos aos 500 mil reais durante o tratamento (WERNECK, et al., 2006;
BRASIL, 2014; LIMA, et al., 2020).
Contudo, destaca-se o ano de 2019 com a maior taxa de casos e tentativas de suicídios.
Isto decorre da pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2, que afetou mundialmente o
cotidiano dos cidadãos, por meio de medidas de distanciamento social. Estudos apontaram que,
a exclusão social, foi um dos primordiais pilares para o crescimento desordenado de patologias
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psicológicas nos últimos anos (GREFF, et al., 2020; SCHUCK, et al., 2020; PEDREIRA, et al.,
2022; SILVA JUNIOR, et al., 2023).
Todavia, há casos onde a intoxicação exógena passa a ser acidental, sobretudo, com
crianças. Alguns agentes tóxicos ficam acessíveis e, muitas vezes, sem a devida supervisão,
atiçando a curiosidade infantil, podendo resultar em acidentes graves (BRITO, et al., 2015).
Outrossim, independente do cenário, é de extrema importância a assistência médica imediata,
bem como iniciar o processo de descontaminação, pois, a estratégia usada só funcionará caso
seja realizada em tempo hábil, resultando na sobrevida do indivíduo intoxicado.
5 CONCLUSÃO
Após análise minuciosa, os resultados epidemiológicos apontam que a intoxicação
exógena por medicamentos é a mais prevalente no Brasil, além de ser a principal maneira que,
adultos-jovens, de 20 a 39 anos, tentam cometer autoextermínio. As mulheres são responsáveis
pela maioria dos casos, contudo, caso de crianças também foram notificados, mas de maneira
acidental. A região Sudeste foi a mais notificada de todo país, seguindo uma proporção gradual
durante o tempo pesquisado. Com esse estudo ressalta-se a necessidade da criação de ações
integradas que preparem os profissionais de saúde, assim como a população para que se possa
ampliar o conhecimento sobre as intoxicações exógenas no Brasil. Além disso, discutir a
dimensão dessa problemática e auxiliar medidas governamentais de controle contra as
intoxicações.
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