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“Temos o destino que merecemos.

O nosso
destino está de acordo com os nossos méritos.”
Albert Einstein

Prospecção e Pesquisa de Jazigos Minerais

Conteúdos

Depósitos vs. Jazigos minerais


Associações geoquímicas e minerais formadores de depósitos minerais
Depósitos minerais

 Depósitos Minerais são acumulações ou concentrações anómalas de


rochas e/ou minerais úteis ao Homem. As referidas acumulações, podem
ser de minerais metálicos ou não-metálicos. No jazigo “metálico” um
elemento químico presente é o objecto do interesse do Homem (por ex.:
na scheelite, o W; na pirolusite, o Mn; na cassiterite, o Sn, etc.),
enquanto no não-metálico é uma propriedade física, como, por exemplo:
minerais gemas (beleza, brilho, etc.), argila (plasticidade), moscovite
(resistência eléctrica), etc.

 Alguns depósitos minerais não-metálicos também são chamados de


depósitos de minerais industriais que são, na realidade, rochas e
minerais não-metálicos, aplicados em produtos e processos, como
matérias primas, insumos ou aditivos, em diversos segmentos
industriais, tais como, cerâmicas, tintas, fertilizantes, papel,
farmacêutico, vidro, abrasivos, plásticos, borracha, cimento e materiais
de construção. Alguns minerais metálicos também são englobados nessa
classificação dependendo do seu uso.
Depósitos minerais

 Quando o depósito mineral pode ser aproveitado economicamente é


chamado de jazigo mineral, ao passo que não sendo possível seu
aproveitamento económico denomina-se de ocorrência mineral.

Categorias de depósitos minerais

Resultados da Pesquisa

Recursos Minerais Reservas Minerais

Inferidos

Aumento do nivel Indicados Provaveis


de conhecimento
e confidencia
geologica

Medidos Provadas

Consideracao sobre mineracao, processamento, metalurgia, infraestrutura,


economia, marketing, aspectos legal, meio ambiente, factores sociais e governacao
(os “Factores Modificadores”).
Depósitos minerais

O mineral-minério é a substância mineral (útil ao Homem) objecto do


interesse económico, enquanto a ganga são todos os minerais constituintes
da rocha excepto o mineral do minério e o(s) possível(is) sub-produto(s).

O sub-produto é um mineral-minério cuja extracção não se justifica


economicamente a não ser que sua exploração seja realizada em conjunto
com um mineral-minério principal. Às vezes somente com a extração
conjunta do subproduto e do mineral-minério principal torna um jazigo
mineral viável do ponto de vista economico.

A rocha que contém o mineral-minério é chamada de minério (ou seja, a


rocha que hospeda a mineralização = hospedeira). A rocha directamente em
contacto com o minério é chamada de encaixante.

As rochas encaixantes e as porções do minério que não contém a


mineralização (o mineral-minério) são chamadas de estéril.
Depósitos minerais

O cut-off ou teor de corte é o teor mínimo da substância útil que permite a


sua extracção económica, enquanto o teor crítico é o teor limite entre o
lucro e prejuízo de uma actividade económica de mineração. Obviamente
que esses conceitos variam em função do preço de mercado do mineral.
Anomalia, Background, Limiar (Threshold), Cut-off, etc.

ANOMALIA é uma concentração ANORMAL de um elemento químico


e/ou mineral na crusta terrestre. A concentração NORMAL de um elemento
na crusta terrestre é chamada de CLARKE. A Tabela 1 lista os teores
considerados normais de alguns elementos químicos.

Devido à afinidade de determinados elementos químicos por determinados


tipos de rocha o seu teor é maior que o teor médio do elemento na crusta
terrestre sem que isso constitua necessariamente numa ANOMALIA,
menos ainda num “Alvo” para ser pesquisado. São as METALOTECTES,
ou seja, alguns elementos químicos (ou minerais de minérios) que tem
preferência por determinados tipos de rocha (por ex. cobre por peridotitos,
nióbio por carbonatitos, scheelite por skarn, volframite por rochas ácidas,
etc.).

Conceito semelhante pode ser estendido para alguns minerais de minérios


não-metálicos, por exemplo, diamantes que têm afinidade por kimberlitos,
água-marinhas por pegmatitos, esmeraldas por biotites, etc., etc.
Tabela 1: Abundância normal
(Clarke) de alguns elementos
químicos nas rochas da crusta
terrestre.
Anomalia, Background, Limiar (threshold), Cut-off, etc.
Saindo da escala que abrange toda a crusta e concentrando-se para o
detalhe, em que o enfoque seja uma região em particular (por ex. uma
área de pesquisa), a concentração considerada normal é chamada de
BACKGROUND. O teor que limita aqueles considerados como uma
concentração NORMAL e uma ANOMALIA é chamado de LIMIAR
(THRESHOLD), conforme ilustra a figura 1.
A definição de valores absolutos para ANOMALIA, LIMIAR
(THRESHOLD) e BACKGROUND depende de uma série de
variáveis, como o que está sendo mostrado na figura 1, o desempenho
do mineral (“commodity”) no mercado, entre outros factores.
Anomalia, Background, Limiar (Threshold), Cut-off, etc.
Assim, a equipa de um Projecto de Prospecção e Pesquisa Mineral
poderia definir como sendo Anomalia Positiva, por exemplo, os
valores maiores que a média mais dois desvios padrões (X + 2 σ). O
valor de (X + 2 σ) seria o Limiar (Threshold), aqueles entre (X + 2 σ) e
(X - 2 σ) seria o Background e abaixo de (X - 2 σ) anomalia negativa.
Na Prospecção e Pesquisa Mineral procuram-se Anomalias Positivas
Numa primeira etapa de trabalho, considera-se anomalia o valor acima
do Clarke e maior que aquele teor considerado Normal para o elemento
na sua respectiva Metalotecte. Porém, para caracterizar um Jazigo
Mineral, essa anomalia deve estar acima ou igual ao cut-off (teor de
corte).
A título de exemplo, considere que o teor médio de tungstenio
(volframio) num granito de Alto Ligonha é de 0,08%. Sabendo que a
abundância média deste elemento na crusta terrestre é de 1 ppm e que o
granito é a metalotecte de depósitos de volframite, pretende-se saber se
este pode ser considerado um provável Jazigo Mineral.
Anomalia, Background, Limiar (Threshold), Cut-off, etc.
É óbvio que o interesse económico é determinado pelo Cut-Off (0,2%)
e o teor encontrado de 0,08% W está muito abaixo do mesmo. Portanto,
considerando somente a relação entre os teores este não poderia ser
considerado um provável Jazigo Mineral.
Anomalia, Background, Limiar (Threshold), Cut-off, etc.
A Tabela 2 lista uma série de rochas ultrabásicas tidas como metalotectes
para o níquel (Ni sulfuretico) e os teores de Cr, Cu e Ni relativo a cada
uma dessas rochas. Em seguida lista o Clarke e o Cut-Off desses
elementos visando propiciar uma comparação em termos absolutos entre
os mesmos. Note que os teores de níquel nas suas respectivas metalotectes
são bem altos quando comparados ao teor do Clarke, mas estão abaixo
daquele considerado economicamente interessante para os Depósitos
Minerais (Cut-Off).

Tabela 2: Teor normal, cut-off e teor na metalotetcte dos elementos Cr, Cu e Ni


Teores

Depósito Mineral é uma concentração anómala de um determinado


mineral metálico ou não-metálico útil ao Homem. Tratando-se de
minerais metálicos essa concentração é expressa como teor, ou seja, na
quantidade relativa de mineral-minério presente no minério. Para que um
Depósito Mineral seja aproveitável economicamente (ou seja,
classificado como Jazigo Mineral) é necessário que o teor seja igual ou
superior ao CUT OFF e que esteja presente em quantidades (volumes)
significativas.

Teores acima do Clarke e menores do que aqueles considerados normais


nas Metalotectes não são suficientes para seleccionar uma área como
interessante para a Prospecção e Pesquisa Mineral. Já os teores acima dos
considerados normais para as metalotectes podem, ou não, se
constituírem em Alvos (“Target”) interessantes.
Teores
Nas actividades de Geologia de Minas e Lavra de Minas costuma-se
usar os seguintes teores:

Teor Crítico: é o teor em que a operação de lavra não dá lucro e nem prejuízo. É
uma espécie de limiar entre lucro vs. prejuízo. Matematicamente calcula-se como
sendo uma relação entre os custos para se produzir uma tonelada do concentrado
e o preço de venda de 1 tonelada do concentrado.

Teor de Corte: já definido anteriormente, pode ser resumido como o


Teor Crítico + Lucro.
Teor diluído:
Às vezes, devido a questões de engenharia, é necessário desmontar o minério e o
encaixante para que, por exemplo, a galeria (mineração subterrânea) ou a bancada
(mineração a céu aberto) tenha uma altura compatível com os trabalhos mineiros.

Assim, o teor da camada se dilui pela adição de partes da rocha encaixante. O


Teor Diluído é o teor resultante da operação de desmonte, representado
matematicamente pela expressão: Td = (Espessura da Camada X Teor da
Camada) / Espessura de Corte. A espessura de corte pode ser a altura ou largura
da galeria (mineração subterrânea) ou da bancada (mineração a céu aberto) a
depender do comportamento estrutural da camada de minério.
Teores
Nas actividades de Geologia de Minas e Lavra de Minas costuma-se
usar os seguintes teores:

Teor Limite: é o menor teor que se pode misturar (“BLENDAGEM”)


com o teor de uma camada que está sendo desmontada, de tal forma que,
dessa mistura a média seja coincidente com o teor de corte.

Teor de Alimentação: termo usado para se referir ao teor com


que o material que sai da mina (Run of Mine ou ROM) e chega à
planta de tratamento de minério;
Teores
Nas actividades de Geologia de Minas e Lavra de Minas costuma-se
usar os seguintes teores:

Teor de Concentrado ou Teor do Produto Final: é uma relação que


exprime quanto de substância útil tem no produto final. Quando trabalhamos
com mineral-minério pesado, o produto final é um concentrado, ou seja, um
produto que contém minerais pesados da ganga e o mineral minério. O
mesmo ocorre com minerais leves, pois, a planta não consegue recuperar
100%, sempre fica com impurezas. Os teores comerciais de concentrado de
scheelite ou volframite são de 65% de WO3, o de tantalite é de no mínimo
30% de Ta2O5.

Os valores arbitrários da figura ao lado servem para ilustrar as


definições acima em um gráfico. Todos os valores de teor abaixo
do Crítico darão prejuízo à empresa, ao passo que os teores com
valor acima dão lucro. Entretanto, deve-se trabalhar observando
a política da empresa de lucro igual ao teor de corte (= diluído).
Caso os desmontes se dêem somente naqueles locais de teor alto
(teor da camada) estaria se fazendo uma lavra predatória,
reduzindo a vida útil do depósito mineral.
Teores

Compilação dos principais métodos de análise de teor utilizado na


prospecção e pesquisa mineral
Associações geoquímicas e minerais formadores de depósitos minerais

As metalotectes podem ser encontradas com uma série de elementos


químicos e/ou minerais que se caracterizam pela afinidade e por
estarem juntos em determinados ambientes geológicos.

Algumas associações geoquímicas de elementos traços


Associações geoquímicas e minerais formadores de depósitos minerais

Minerais de sulfuretos hidrotermais

Rochas de metamorfismo de contacto


Associações geoquímicas e minerais formadores de depósitos minerais

Associações “sedimentares”

Diversos (miscelânea) - Associações plutónicas


Associações geoquímicas e minerais formadores de depósitos minerais

Geoquimicamente os elementos podem ser agrupados de acordo com


suas afinidades para formarem ligações químicas. Nestes termos, os
elementos são classificados em: siderófilos (afinidade pelo ferro),
calcófilos (afinidade pelo enxofre), Litófilos (afinidade pela sílica),
Atmófilos (afinidade pelo oxigênio e presente na natureza na forma
gasosa).

Siderófilos: Au, Fe, Co, Ni, Ru, Rh, Pd, Os, Ir, Pt
Calcófilos: Sulfocalcófilos: Cu, Ag, Zn, Cd, Hg e Oxi-calcófilos: Ge, Sn,
Pb,
Litófilos: sensu stricto Li, Na, K, Rb, Cs, Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Al, Si
Pegmatófilos: Ti, V, Zr, Mn, Nb, Ta, W, Mo, U, Th
Sedimentófilos: B, C, F, Cl
Atmófilos: H, N, He, Ne, Ar, Xe, Rn
A relação de afinidades entre os elementos químicos possibilita a pesquisa
de minerais mais raros. Assim, a Prospecção e a Pesquisa Mineral foca-se
no elemento mais abundante em uma associação geoquímica com aquele
mais raro ou de dispersão mais restrita. Este é o elemento indicador
(“farejador” ou pathfinder)
Associações geoquímicas e minerais formadores de depósitos minerais

Relação de alguns elementos indicadores de depósitos minerais

Desta forma, uma área em que o teor do elemento pesquisado


encontra-se abaixo do Clarke, pode ser um “Alvo” interessante desde
que o teor do elemento indicador esteja acima daquele teor
considerado normal para a sua metalotecte.

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