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1- Kin Dae-hyun

Tantas, tantas coisas acontecerem comigo nesses últimos dois anos, na verdade nem
sei ao certo o motivo pelo qual escrevo isso, para ser bem sincero, vejo poucas motivações
para continuar. Em meio a tiros, bombas, mortes e caos, tudo aquilo que achava ser uma luz
em meio a escuridão, tinha o destino de se tornar apenas mais trevas. Mas não posso desistir,
vou conseguir realizar aquilo que motivava eles a viver.

Meu nome é kin Dae-hyun, nasci na coreia, na província de Sokcho-si em Abaimaeul.


Dês dos meus 3 anos, minha família sempre percebeu em mim uma característica muito
marcante, mostrava sem muito cauteloso, par não dizer medroso. Nas piscinas nuca passava
dos degraus, tinha pavor da possibilidade de me afogar. Mar então... impossível aquelas ondas
eram apavorantes. Escuro... ficar em um lugar onde não tivesse ao menos um raio de luz que
chegasse aos meus olhos... simplesmente tenebroso, sempre dormia com meu abajur de
patinho ligado na tomada, aquela luz amarela era a única coisa que me fazia dormir bem.

Minha vida foi cercada de cuidados, não me lembro de uma vez que cai e ralei o
joelho, nem mesmo quando era criança. Meus pais eram extremamente protetores, não
poderia ter caído em uma família melhor. Amava tudo aquilo. Na escola nunca fui de ter
muitos amigos mas sempre tirei ótimas notas.

Dês de que me entendo por gente, meu pai tem o objetivo de alcançar a patente
máxima das forças aéreas, Major-Brigadeiro, acompanhei dês de novinho a longa caminhada
pelo qual ele percorrera, lembro exatamente do dia, 19 de fevereiro de 1912, acordei cedo
pois faltava apenas um dia para meu aniversário de 16 anos, logo fui ate a varanda ver as
correspondências do dia e me deparei em meio as cartas comuns com uma que se destacava,
ela era vermelha, com um selo dourado e o símbolo que sempre via na farda de meu pai.
Vendo a importância dessa encomenda, corri ao quarto dele, abri as cortinas, e com um grito
de bom dia acordei todos, papai havia ficado com raiva e quando estava prestes a me dar uma
linda bronca, levantei o envelope vermelho perto ao meu rosto, ele ficou pálido, seus olhos
encheram de lagrimas, mamãe o abraçou enquanto chorava, e repetia constantemente a
frase:

- Meu amor, você conseguiu

2- Mudanças

Ficamos todos muito felizes com a promoção, queríamos muito fazer uma festa
comemorando, mas não podíamos, por enquanto era segredo, essa informação não podia
vazar por enquanto. Mas como no dia seguinte era meu aniversário, resolvemos aumentar as
comemorações, alugamos um salão de festas caro e um espetacular buffet.

No dia seguinte todos colocaram as roupas mais chiques, entramos no carro e as 18:00
saímos de casa, foi uma noite linda, todos se divertiram, e quando os convidados haviam ido
embora, começamos a arrumar as coisas e juntar os presentes. Enquanto organizávamos as
tudo para sairmos, senti um calafrio ao olhar pela janela do salão e avistar um carro
completamente preto estacionando ali perto, mas não achei que fosse nada, sempre fui muito
medroso, esses pressentimentos ruins apareciam toda hora, então ignorei.

Ao sairmos, percebi havia algo de errado, olhei do banco de traz para o retrovisor, e não
encontrei o carro preto. Mas novamente ignorei meus instintos e permaneci quieto. Após
alguns minutos de carro, entramos na estrada, nossa casa se localizava um pouco fora da
cidade, poucos instantes depois o carro preto aparece atrás de nós, meu pai logo percebe que
aquilo era uma perseguição e acelera, mas o carro não desgrudava da gente, ate que ele
conseguiu velocidade suficiente para ficar lado a lado.

Tudo passou muito rápido diante meus olhos. Olhei para o banco do carona e vi minha
mãe rezando, olhei para meu pai e vi em seu rosto uma expressão extremamente marcante, as
veias de seu braço pulsavam de tanta força que punha no volante. Seus olhos serrilhados
enquanto rangia os dentes mostravam o ódio que estava naquele momento. Quando voltei a
encarar o carro preto, percebi que já era tarde demais, eu conseguia ver motorista em câmera
lenta virando o volante com tudo, jogando assim seu veículo contra o nosso..

Dias depois acordei em um hospital, estava sozinho no quarto, aos poucos conseguia
mover meus dedos, mãos, pés, braços e pernas. Quando consegui recuperar o controle total
do meu corpo, a única coisa que consegui fazer foi gritar, gritar como nunca havia gritado
antes. Ate que médicos entrarem em meu quarto e tentaram me acalmar. Quanto mais
pessoas apareciam maias alto eu gritava, eles tentaram me segurar, mas comecei a me
debater.

Um homem com uma seringa verde injeta um líquido em um dos tubos ligados ao meu
corpo e logo após isso eu apaguei.

Acordei algumas horas depois minha tia estava ali, sentada, com uma cara de desespero,
quando ele vê meus olhos que aos poucos as abriam, correu em minha direção segurou
minhas mãos e disse que tudo ia ficar bem.

Ao recuperar novamente o controle, um pouco mais calmo que dá última vez, perguntei o
que tinha acontecido, porque ela estava ali e onde estavam meus pais, ela não conseguiu
responder nenhuma de minhas perguntas e começou a chorar, aos poucos eu me lembrava do
que tinha acontecido. Ainda meio tonto somei dois mais dois e friamente, com um olhar vazio
perguntei:

- tia, meus pais estão mortos. Não estão?

- Dae, e-eles...

Titia foi interrompida por um médico que abriu a porta, e começou a me explicar tudo:

-Você e seus pais sofreram um acidente que acabou te deixando em coma por 3 dias

- Mas e meus pais, eles estão bem?

- Infelizmente seu pai já havia falecido quando chegamos lá, sua mãe resistiu mais, porem
acabou não ressentindo, algumas horas após dar entrada no hospital. Você foi o único
sobrevivente. Sinto muito!

Essas palavras entram profundamente em meu corpo, me paralisando, fiquei pálido e sem
reação. a partir daquele momento tudo que o médico falava entrava por um ouvido e saia por
outro:

- A recuperação pode levar de seis meses a vários anos, mas a reabilitação pode acelerar a
recuperação e torná-la mais completa. O tecido cerebral, que é destruído, não pode recuperar
sua função, mas outras partes do cérebro podem aprender a assumir algumas tarefas da área
destruída. A reabilitação pode ajudar esse processo de aprendizado. A extensão e a velocidade
de recuperação da função não podem ser previstas com certeza. Assim, a reabilitação começa
assim que as pessoas estão clinicamente estáveis. A reabilitação precoce também ajuda a
evitar complicações, como encurtamento dos músculos, enfraquecimento dos músculos
e depressão.

3- Novo começo

Ao longo do tempo, consegui retornar a 100% do meu condicionamento físico, com


diversos médicos, algumas cirurgias e muita fisioterapia. Mas meu emocional nunca foi o
mesmo. Me afastei dos poucos amigos que tinha, minhas notas despencaram, e minha vida
havia caído em um poço sem fundo, onde não conseguia mas enxergar luz nenhuma.

Quando completei 18 anos, minha tia começou a falar para eu me alistar no serviço militar,
não estava muito empolgado, mas aceitei, ela dizia que lá poderia encontrar o sentido da vida
que havia perdido quando meus pais morreram. Mesmo não encontrando motivações nas
palavras dela, segui seu conselho e me alistei.

Eles me avaliaram, meu peso, altura e porte físico eram relativamente bons devido a
genética herdada do meu pai. Meu primeiro dia, não podia ter sido pior. Estava com muito
medo, no início os treinamentos não eram tão intensos, mas mesmo tendo um corpo forte,
nunca havia enfrentado uma rotina de exercícios a não ser aquelas que eram passadas na
escola. Durante o almoço, hora do dia mais tranquila, um dos veteranos me empurrou e eu
acabei derrubando a comida em outro cara, ele ficou muito irritado e começou a gritar comigo,
não consegui nem explicar o que realmente tinha acontecido.

Mais tarde, no mesmo dia, após mais uma serie de treinamentos, encontrei ele sentado
em um banco de madeira, resolvi me aproximar para pedir desculpas e explicar o que tinha
acontecido. Ele entendeu e resolveu se apresentar, seu nome era Taesung.

Começamos a conversar, acabou que havíamos ficado o mesmo dormitório, ele disse que
tinha se alistado pois queria um dia chegar em uma patente alta as forças aéreas, pois ele
amava aviões, sempre quis pilotar um, além de ter uma enorme vontade de servir seu pais.
Logo lembrei do meu pai e fiquei muito abalado, meu semblante mudou na hora, ele
perguntou se tinha falado algo de errado, disse que não. Mesmo assim Taesung percebeu que
havia acontecido alguma coisa.

Quando chegou anoite minha ficha caiu, estava sem meu abajur de patinho, quando todos
deitaram para dormir, e desligaram as luzes, comecei a tremer, uma lagrima caiu do meu olho,
tudo que havia acontecido naquele noite veio a tona, e eu simplesmente não consegui dormir.

Amanhece o dia e meu desespero passa, mas outro estava prestes a começar. O dia foi
puxado, não estava conseguindo executar todos os exercícios, e quando a primeira parte
acabara, Taesung se aproxima de mim e pergunta porque eu não consegui dormir, ele e todos
os outros haviam percebido que eu chorava no dia anterior, eu com a voz tremula respondi

- saudade de casa...

Ele riu e disse que estava na cara minha mentira, e não precisava ser nenhum especialista
para saber disso. Rapidamente me desculpei, e falei a verdade, falei que não conseguia dormir
sem meu abajur. Tae, apelido que ele tinha me pedido para chamá-lo, perguntou se não queria
ajuda para dormir, ele disse que se eu quisesse, quando todos estiverem dormido, eu poderia
me deitar com ele caso não pegasse no sono.
De início fiquei meio em choque com a ideia, nessa noite, não consegui dormir novamente,
tive outro dia terrível e puxado. Na noite seguinte, aconteceu mais uma vez, já tinha percebido
que não conseguiria dormir sozinho, então após ter certeza de que todos haviam dormido, de
fininho me levantei e fui para cama dele. Quando me deitei ele acordou e ainda meio sonso de
sono, abriu um sorriso e disse:

-Que bom que veio, não queria ver você com aquela cara de sono durante o treinamento
de novo.

Eu, ainda meio desconfortável com a situação, não falei nada, mas ao me deitar junto a ele
senti algo estranho, era como se eu estivesse seguro, me fez lembrar novamente dos meus
pais, não de como eles haviam me deixado, mas de como era confortável dormir ao lado deles
nas noites que eu tinha medo.

4- Será isso uma luz o fim do túnel?

Meses se passaram, e eu continuava indo dormir todas as noites com ele, meu medo
de escuro já havia sumido, mesmo assim, eu continuava, o carinho na cabeça todas as
noites, os abraços apertados, era tudo muito incrível.

Com o passar do tempo fomos ficando mais próximos, eu estava amando tudo isso,
todos os intervalos entre os treinamentos marcávamos de se encontrar em um banco de
madeira que tinha atrás do banheiro, ficávamos conversando sobre tudo. Certo dia ele
começou a falar da vida amorosa dele, e como tinha sido seu último namoro:

-Meu último namorado me traiu, logo depois de descobrir terminei com ele, mas acho
que no fundo nem o amava de verdade. Mas e você, já teve algum namorado ?

-Namorado? Que ? eu não! já tive uma namorada, mas tive que terminar com ela por
causa do alistamento

Menti descaradamente na cara dele.

- Ata, entendi. Tirei conclusões precipitadas sobre você, rs

-como assim? que conclusões?

- Ah, nada de mais, achei que pudesse ser gay, ou algo do gênero,

- Como assim ?? gay? claro que não, eu sou homem, por acaso você é isso ai?

- Achava que você fosse gay, não mulher, são coisas bem diferentes na verdade, não
tem como ser os dois ao mesmo tempo rs. E então... na verdade sou sim, tem algum
problema? Inclusive continuo sendo homem kkk

-Claro que não, não tenho absolutamente nada contra, até tenho um primo que é.

Ele soltou uma forte gargalhada, e ficou nela por um bom tempo,

-Como assim? Disse algo engraçado

Ele continuou rindo:

-nada não, deixa isso quieto.


Na noite desse dia fiquei com vergonha de dormir junto a Tae, então achei melhor ficar
na minha cama. Os dias foram se passando e cada segundo que eu ficava junto a ele, me
faziam mais feliz. Algumas semanas se passaram sem que dormisse junto a ele, e a
saudade começou a bater, ate que certa madrugada, fui surpreendido por Taesung indo
se deitar junto a mim, disse que estava com saudade das nossas noites juntas. Eu sem
pensar muito falei que estava também.

Sua mão foi se guiando em direção aos meus cabelos, enquanto suas pernas se
entrelaçavam as minhas, nossas batidas se sincronizando, ficamos assim por alguns
minutos, ate que resolvi tomar coragem e o beijei.

Tae não teve reação nenhuma, não disse nada, e nem retribuiu o beijo, achei que tinha
entendido as coisas erradas, minha cabeça começou a rodar, tinha acabado de estragar a
melhor amizade de toda minha vida. Ao perceber que tinha cometido um erro comecei a
sussurrar:

-desculpa, desculpa, desculpa mesmo, foi sem querer, queria ter....

Ate que fui interrompido por ele com voz roca:

- Como assim? desculpa pelo oque?

-Como assim... pelo oque? você sabe do que estou falando

- Na verdade acabei cochilando rsrrsrs, falou alguma coisa?

Meu rosto ficou vermelho, não sabia o que fazer, mandei ele ir dormir e falei que não
tinha acontecido nada. Nesse dia descansei com um sorriso no rosto, um sorriso de quem
tinha acabado de ter o primeiro beijo com alguém que realmente amava.

Quando amanheceu, ele se levantou para voltar a sua cama, já que não podíamos ser
vistos desse jeito. Fomos ao treinamento, hoje iriamos executar batalha no campo aquático.
Eles selecionavam duas pessoas de mesmo peso e elas tinham que lutar corpo a corpo em uma
piscina, como eu e Tae tínhamos uma massa parecidas fomo selecionados. Enfim... tomei uma
surra épica, ele tinha muito mais experiência que eu, já que seu pai o treinava também.

Após isso fomos ao nosso banco de madeira. La ele pediu desculpas pelo acontecido, mas
que tinha achado legal lutar comigo, falou que eu era um ótimo adversário. Eu aceitei as
despulas e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ele me beijou, segurou em minha
cintura juntando meu corpo ao dele.

As noites juntas passaram a serem mais quentes, ele era tudo que eu precisava dês que
que meus pais se foram, um porto seguro onde podia descansar.

Dês daquele dia tudo parecia mais fácil, os treinamentos, as noites, a má convivência
daquele lugar, tudo, simplesmente tudo, havia se tornado fácil de suportar pelo simples fato
de poder contar com ele.
Quando o ano de alistamento militar acabou, fomos a festa de formatura, logo após a
cerimonia levei ele ao banheiro, e como forma de comemoração dei um beijo, nesse momento
supre conveniente, outros colegas da cerimonia apareceram e ficaram em choque com o que
tinham visto. Eram seis homens e todos partiram para cima de nós, como se aquilo que haviam
visto era a coisa mais errada de todo o universo.

Começaram a bater em mim, Tae me puxou e conseguiu derrubar dois deles, mas não
aguentou muito tempo logo já estava no chão. Eu não conseguia fazer nada, me senti tão
incapaz quanto aquele adolescente sentado no carro totalmente imóvel.

Eu via o amor da minha vida sendo espancado, cada chute, murro, cabeçada, que ele
recebia, era uma faca no meu coração que jamais seria retirada. Por fim quando ele não
mostrava mais reação partiram para cima de mim, por sorte, ou talvez azar, não puderam fazer
o mesmo comigo, a segurança do local havia chegado, alguns minutos depois a ambulância,
mas não havia mais jeito, ele já estava morto.

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