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CAPÍTULO TERCEIRO

AS MINORIAS PSICOLÓGICAS

Tendo situado Kurt Lewin na evolução da psicologia social,


compreenderemos agora melhor a importância de seus diversos
trabalhos e de suas descobertas. Ao expor suas hipóteses e suas
teorias, respeitaremos a ordem cronológica de sua elaboração e
de sua formulação. Assim veremos pouco a pouco precisar-se
sua concepção pessoal da gênese e da dinâmica dos grupos.
O primeiro problema social ao qual Lewin dedica sua aten­
ção, após emigrar para os Estados Unidos, é a psicologia de
seu próprio grupo étnico. As discriminações, as injustiças, os
vexames, o ostracismo aos quais ele e os seus foram submetidos
pelos nazistas nos últimos meses vividos na Alemanha trauma­
tizaram-no sob muitos aspectos. Lewin procura compreender e
encontrar uma interpretação científica para o que sofreu: seres
humanos que, pelo simples fato de pertencerem a um determi­
nado grupo étnico, vivem em uma insegurança permanente e
dependem das variações do clima político das comunidades hu­
manas nas quais procuram se integrar.
Depois de tentar elucidar a psicologia das minorias judias,
Kurt Lewin se esforça por elaborar uma psicologia dos grupos
minoritários. A partir do que descobre como fundamental para
a psicologia das minorias, é levado a repensar e a redefinir o
que se torna depois o objeto quase exclusivo de sua reflexão e
de suas pesquisas: que problemas constituem o centro da ex­
ploração e da experimentação da psicologia social? A dinâmica
dos grupos, tal qual a conceberá finalmente, será o resultado
desta
_ e série cada vez mais convergente de recolocação de ques­
toes de proposições sistemáticas.
DEMOGRAFIA E PSICOLOGIA

. J?esde o início de seus trabalhos sobre a psicologia das


mmonas, Kurt Lewin procura clarear e dissipar o que o termo
DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS
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30 GÉRALD BERNARD MAlLHIOT

noria demográfica no seio de uma maioria psicológica que ela


min�ri� comporta de ambigüidades e de equívocos no plano da controla e manipula a seu favor.
semantica.
A demografia utiliza os termos minoria e maioria em sen­ AS MINORIAS JUDIAS
tidos diferentes da psicologia. Em demografia um g rupo cons­
titui uma maioria desde que a porcentagem de seus membros Kurt Lewin publicou quatro e studos sobre a psicologia dos
ultrapasse de um a metade da população em que está inserido. judeu s. O primeiro aparece em 1 935 e tem por título: "Psycho:
Por outro lado todo grupo constituído de menos de 50% da sociological problem of aminority group". (58). O segundo e
população dada é considerado como uma minoria.
publicado em 1939 e traz o título: "�hen facing danger" (68).
. �� Psicologia minoria e maioria adquirem sentidos mais O terceiro e o quarto aparecem sucessivamente em 1940 e 1941.
diversificados. Um grupo é considerado fundamentalmente como Os títulos que Lewin lhes dá são os seguinte s : "Bringing up the
maiori� Pficológica quando dispõe de estruturas, de um estatuto jewsh chi/d" e "Self-hatred among jews" (73�' (78).
e de drr�1to s qu� lhe . permitam auto-determinar-se no plano do . .
Estes quatro estudos são de caráter fenotrp1co ou smtoma­
seu destmo coletivo, mdependentemente do número ou da por­ tico. Kurt Lewin aplica-se neste estágio em �os apres�nt�r uma
centagem ?e . seus . m�mbr �s. ;A-�sim, minori�s demográficas po­ caracteriologia étnica de seu povo e _um ps1co-�ragno strco. À
dem constituir ma10nas psicologicas. E considerado como maior margem de sua reflexão, ele se permite generalizar e �e stac�r
pelo psicólogo social todo grupo humano que se percebe na constantes que retomará mais tarde, ao elaborar sua ps1colog1a
posse de plenos direitos que dele fazem um grupo autônomo. Por das minori as.
ou!ro !ª?º, um grupo deve ser classificado como uma minoria
pszcologzca desde que seu destino coletivo dependa da boa von­ Não nos ocuparemos aqui senão da análise apresenta�a �os
tade de um outro grupo. Este grupo, mais ou menos conscien­ três últimos estudos mencionados acima, sendo que o primeiro
t�m�nte, pe:cebe-se como menor, isto é, como não possuindo estudo nada mais é que um esboço das teorias que os três outros
drre1t?s totais ou um e�tatuto completo que lhe permitam optar retoma rão de modo mais explícito e mais ar ticulado.
ou orientar-se nos sentidos mai s favoráveis a seu futuro. Desde
que se t r�te �a so_rte ?e. seu grupo, os membros que pertencem 1. O estudo intitulado "When facing danger" trata do futu­
a uma mmona ps1colog1ca se sentem, se percebem e se conhe­ ro ou das possibilidades de sobrevivência das minorias judias no
cem em estado de tutela. E isto independentemente da porcen­ Ocidente.
tagem de seus membros em r elação à população total onde vivem Lewin inicia com considerações sobre a perseguição em
A�si m �aiorias demográficas podem ter, por estas razões, um� massa aos judeus nos países que sofri�m então ª. do1:1inação na­
ps1colog1a de minorias. zista. Como, de fato, pergunta Lewm, uma mmona pode so­
Mas não para n:, aqui as d_is!inções da psicologia social. breviver em um contexto de perseguição como aquele ? Estudos
so ciológicos demonstraram que em todas as guerra s européia s
Como numeros?s so �!olog ?s e.ps1cologos sociais, antes e depois _
dele,_ K�rt L�"'.'m utiliza amda os termos: minoria di scriminada dos últimos séculos os judeus tiveram que luta r e morrer P,�r
e �m?r!a pnv1legiada. Vejamos em que sentido. Toda minoria seu país de adoção, fo ssem eles alemães, franceses, espanho1s
ps1colog1ca, tal qual foi definida acima, é sempre considerada ou ingleses. No momento dos combates n�o foram poupados.
como uma minoria discriminada ou susceptível de sê-lo pelo Ao contrário, em certos países, for am selecionados p_ara sofrer
fat� d � ,s�a sorte e seu destino estarem na dependência do grupo uma série de maus tratos tanto da parte de seus amigos como
maJontano. �or outro lado, toda maioria psicológica tende a de seus inimigos. Na maior parte das vezes, acrescenta Lewin,
estava-se disposto a lutar até o último judeu. E. o caso, espe­
torn��-se, mais ou menos rapidamente, um grupo privilegiado. cialmente, dos judeus alemães que tiveram, repet;d�s vezes, �e
1'.requentement : as m _ aiorias psicológicas, com o tempo, estrati­ um século para cá, a ocasião de morrer por s_ua p�tna. A pa rtlf
ficam-se. �º. mtenor destes grupos uma minoria de membros da tomada do poder pelos nazistas, os 1 orna1s ed1ta�os pelo re­
P?�e. constituu:-se em oligarquia e atribuir-se ou reservar-se pri­ gime passaram a sugerir com freqüência a formaçao de bata-
vilegios exclusivos. A minoria privilegiada é portanto uma mi-
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lhões judeus que seriam mobilizados para serem enviados aos manüesta, a necessidade para a m aioria �e um bod.e exp.iatório.
pontos m ais perigosos do front. Foi aliás o que de fat o ocorreu :e necessário precisar ainda, segundo Lewm, que sen� �ais exato
na Itália, na H ungria, na Polônia e em todos os países conquis­ falar de uma minoria privilegiada que consegue ?l�biliz�r e ma­
tados pelos nazistas e aterrorizados pel a Gestapo. nipular para seus fins um� m�ssa ?� uma mul�idao cuia agres­
Outro traço c omum às doutrinas nazista e facista f oi a são canaliza contra uma mmona re1eitada. Lewm pretende tam­
tentativa de justificar a reconstituição dos guet os para os judeus. bém que muitos judeus se enganam ao acreditar q�e, se. t odo.s
os judeus se c onduzissem decentemente, não havena anti-�emi­
E Lewin nota que os judeus não f oram realmente reconhecidos · tismo. Geralmente é o contrário que acontece. :e a capacidade
como seres humanos n a Europa Ocidental, senão a partir d o de trabalho dos judeus, seus sucessos profis�io�ais como mé?i­
momento em que as idéias das revoluções francesa e americana cos ou advogados, seus talentos para o comercio que, na. mai�r
fizeram deles seres humanos iguais em direitos e em privilégios. parte dos casos, pr ovocam periodicamente ondas de ar:1t1-semi­
C oncl ui daí que os direitos judeus sã o inseparáveis de uma fil o­ tismo. Na medida em que os judeus se sobressaem ar3isca�-se
sofia de igualdade dos homens. Os regimes políticos que per­ a ser perseguidos. C om o últim o argumento de que nao ha �e­
seguiram os judeus nestes últimos tempos tentaram sempre fazer lação entre a incidência do a_nti-se�tismo e a con�uta. delm­
prevalecer a teoria da inferioridade de certas raças e a superio­ qüente de certos judeu�, �ewm sahen_ta 9.1:1e a� razo�s mvoca­
ridade da sua. das pelas minorias privilegiadas para i ustificar iunto as I?assas
Lewin está consciente de não in ovar ao retom ar por sua seu anti-semitismo têm mudado de século p ara sécul o. Ha qua­
conta e ao c onsiderar como válidas estas observações já f ormu­ trocentos anos os judeus eram perseguidos p or m otivos religio­
ladas por sociól ogos c ontemp orâneos ( 68). As reflexões de sos. Em nossos dias as racionalizações pr omulgadas c omo b�m­
Lewin adquirem um caráter pessoal ao se perguntar em que -fundadas teorias racistas às quais adere oficialmente o partido
medida o problema judeu é um pr oblema individual ou um nazista, são retiradas de argumentos supostamente base ados na
problema social. Para decidir sobre o assunto lhe basta lembrar antropologia e na biologia.
que no momento da anexação da Áustria, os judeus foram me­
tralhados pelo simples fato de serem judeus, sem nenh uma con­ 2. O segundo estudo : "Bringing up the jewish child" trat_a
sideração por sua conduta passada ou seu status social. P ara da educação que deveria receber o jovem judeu para evolmr
Lewin o problema judeu é um problema essencial�ente social, normalmente.
um caso típico de minoria não privilegiada ou discriminada. O Kurt Lewin compara a educação do j ovem judeu à edu-
que caracteriza as classes ou os grupos não-privilegiados é que cação de uma criança adotada. Eis as razões que o levam a
em todos os casos eles têm em comum o seg uinte: não existem esta c onclusão. Lewin, pela primeira vez, n os revela suas con­
senão p orque são tolerados. Sua sobrevivência coletiva depende cepções, ainda embrionárias, sobre a psicologia dos grupos. O
da b oa vontade das classes privilegiadas. Para ilustrar seu pen­ grupo ao qual um indivíduo pertence pode comparar-se a o ter­
samento Lewin evoca o passado do grupo judeu. Segundo ele, reno sobre o qual ele se m antém e que lhe dá ou nega, segun­
a emancipação d os jude us d os g uetos não foi c onseguida por do o caso seu status social. Na medida em que o grupo lhe
eles, mas em c onseqüência da m odificação dos sentimentos e dá um status social o indivíduo se sente em segurança; ao c on­
das necessidades da maioria. AinC:a h oje pode-se demonstrar trário, se o grupo �ão lhe c oncede nenhum status social, t orna­
que as pressões e as discriminações contra os judeus aumentam -se f onte de insegurança para o indivíduo. Esta segurança ou
ou diminuem, conf orme as dificuldades econômicas da min oria insegurança relaciona-se com a solidez ou fluidez do terreno
crescem ou decrescem. Lewin acrescenta ironicamente: é uma sobre o qual o indivídu o se matém, uma vez que ele pode ou
das raz?es pelas quais os jude us de toda parte estã o necessaria­ não identificar-se com seu grupo .
mente mteressad os em contribuir para o bem-estar econômico Segundo Lewin, isto é verdadeiro sobretudo quando se
das maiorias no meio das quais vivem. trata do meio familiar. C om efeito, parece-lhe amplamente
O pr oblema judeu é um problema soci al. Mais explicita­ provado pelas descobertas recentes da psicologia da criança (as
mente, o anti-semitismo tem por fundamento, cada vez que se suas próprias não o tinham esclarecido sobre este pr oblema)
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não-judeus_. . Devem
que a estabilidade QU instabilidade do meio familiar det ermina uma condu ta exemplar em presença dos_ ça ª amb1c 1onar o s
a e stabilidade ou instabilidade emotiva da criança. A razão igualmente abster-se de constrange r a cnan .
a m q s orien Em u ma
fun��mental, Lewin é o primeiro a afirmá-lo, é que o meio altos postos n as diferentes
esfe r s � u � � ta
:
1 ud1a do � m1 0 de que
familiar n o qual a criança cr esce e evolui forma um único palavra, é necessário libertar a_ cr1_ ança se sobressair. Assim
campo d e f orças, "one dynamic field", segundo uma expr essão será f acilmente aceita pelos nao-Judeus o atingirem, ele estara:
sua. É. necessário pois levar em conta que o meio familiar, ou quando as expressões de anti-scmitis_ mo to-acusaçao que,
_
qualquer gr up o ao qual pert ence um indivíduo, nã o é para ele imunizado contra o jogo dos mecanismos de au ele em resposta à
som�nte uma font e �� pr oteção ou segurança. Todo grupo, in­ de outro modo, poderiam 5er adotados por
clusive o grupo familiar, d esenvolve suas leis seus tabus suas discriminação.
o jove�
proibições coletivas. E segundo os tabus, as p;oibições, os'mitos Os pais e os educadores no encargo d� social�arem e�tre s1
liga os J de
que prevalecem em um grupo, a criança ou o indivíduo que judeu dcvein lhe tr ansmitir que, o que
u us
ença que xiste m entre Judeus
per_tence a este grupo, disporá de um e spaço de moviment o livre não sã o as semelh anças ou as dife r s e
um g rupo e dele
mais_ ou menos extenso. Em c onclusão, c onforme seja largo ou e não-j udeus. O que constit ui e ss encia lme1: te
da sorte de seus
restrit o o espaço de m ovimento livre, o indivíduo t erá maior f az um todo dinâmico é a interdependência
o u menor facilidade de se adaptar à vida social ou n o caso da membros.
ao jovem
criança, d e socializar-se . Para Lewin o proble:na fundamental Finalmente é fundamental ensinar mu ito cedo ante toda
�m . q!1alquer grupo humano é o seguinte : em que medida um é de ser, d
judeu que o verdade�ro perigo l?ª r a ele '.
u
md1V1�uo, pertencendo a seu grupo, pode satisfazer suas próprias a sua vida um marginal n a socie
dade em que tenta mtegrar-se
nece ssidades ou aspirações psíquicas sem c ompr ometer indevi­ a a su� ex!s�ência um eterno
e assim p�rmanecer du rante tod
damente a vida e o s objetivos do grupo? adolescente incapaz como eles,
de se 1dentif1car ao grupo ao
er.
Lewin termina e ste estudo com c onsiderações de ordem qual pertedce ou aos gr upos aos quais deseja pertenc
pedagógica, d eduzidas do que lhe parece fundamental na so­
impor­
cialização do ser humano : não é o fat o d e p ertencer a vários 3 . O terceiro estudo é incontestavelmente o mais e trata
grupos que constitui a origem dos conflitos mas a incerteza tante dos três. Tem por título : "Self-hatred amon g � ews"
bserv ara
sobre sua própria participação num grupo determinado. Donde dos mecanismos de auto-depreciaç ão q ue Kurt Lewm o

os quatr o princípios pedagógic os nos quais deve inspirar-se a repetidas vezes em seu s próp rio gr upo. . . ros
hv
educação do jovem minoritário . No inicio deste estudo Kurt Lewin refere-se a dois p ro­
época (1930 ). O p ( meiro livr _ o é do _
Le win sugere, inicialmente, com muita insistência que, assim datando da mesm a r
g ia,
como a criança adotada se beneficia a o c onhecer o mais cedo fessor Lcssing que tenta, do ponto de vista da psicopatolo O
possível sua condição, também a criança que p ertence a um descrever o que ele chama "O ódio de si entre os _Judeu�"·
grupo minoritário deve conhecer o mais cedo possível, desde segundo é um romance americano do autor L udwig Lev1sohn­
que possa assimilá-lo emotivament e, o fato de o grupo s er "lsland within". Este romance tem como cenário a cosmopo
obj eto de vexames, discriminações, em uma situação não-privi­ lita cidade de Nova York no interior da qual os judeus consti­
legiada. Quanto mais os pais e educadores tardarem em rev e­ tuem uma ilha cultural, isolada e cercada de zonas de silêncio
lar-lhe o fat o, mais arriscam compromete r sua adaptação social. no seio da coletividade americana em constante interação.
Este conselho vale sobr etudo quando o meio educacional no Para Kurt Lewin o fenômeno do ódio de si entre os j udeus
qual a criança cresce nã o é confessional e mostra-se tolerante pode ser encarado ao mesmo tempo como um fenômeno indi­
para com as crianças judias. vidual, como um fenômeno de grupo e sobret udo como um
fenômeno social, conforme os aspectos estudados .
. ��I:1 dist o, a e ducação do j ovem judeu, como de tod o Como fenômeno de grupo, o ódio de si afeta as relações
mmontano, deve procurar sensibilizá-lo muito cedo ao fato de
qu� � questão judia é antes de tudo uma questão social. Os intragrupais no interior da grande família judia, ou melhor, as
pais Judeus devem d eixar de pressionar as crianças a adotarem relações entre os diversos grupos ou sub-grupos judeus que
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existem no mundo. E aqui Lewin evoca recordações pessoais dependesse de algum instinto d� base, �eria � personalidade de
que datam do tempo cm que vivia na Alemanha, onde por cada indivíduo que nos revelaria sua mtens1dade. Parece, ao
várias vezes foi testemunha de expressões de fortes ressentimen­ contrário, conclui Lewin, que este ódio de si - não obstan�
tos da parte dos judeus alemães em relação aos judeus dos os diversos graus em que se manifesta - depende rnmto mais
países eslavos. Os judeus alemães acusavam os judeus eslavos das atitudes que cada indivíduo adota em relação ao problema
de serem responsáveis pela perseguição nazista de que eram judeu do que das estruturas mentais ou emotivas de sua per­
vítimas. Lewin afirma ter observado o mesmo fato nos Estados
Uni�os: todos os judeus emigrados culpam os judeus alemães sonalidade.
considerando-os responsáveis por todas as desgraças que caem Aliás nota Lewin o ódio de si manifestado pelos judeus
sobre os judeus no mundo desde 1933. é um fenômeno observ�do em todas as minorias discriminadas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, os negros são muito sensí­
Segundo Lewin, o ódio de si pode, também, em certos veis às diferentes tonalidades de cor da epiderme humana. Aque­
casos, apresentar-se como um fenômeno individual. Neste caso les cuja epiderme é de cor "chocolate com leite" ou "café�creme"
há uma variedade quase infinita de formas que o ·ódio de si menosprezam aqueles que são "caf�-preto". Quanto n_ia1s a ':ºr
toma entre os judeus considerados como indivíduos. Certos da epiderme de um negro se aproxlI!la do branco, mais ten?e�­
judeµs, por exemplo, culpam o grupo judeu como tal ou se cia tem ele a dirigir aos outros negros um olhar de supenon­
identificam negativamente a uma fração particular de judeus, dade e, em conseqüência, a identificar-se negativamente com
ou difamam sistematicamente sua própria família. Outros rejei­ seu grupo étnico. O mesmo fenômeno foi observado e abun­
tam a si próprios, recusam aceitar-se como judeus e cedem pe­ dantemente descrito pelos sociólogos americanos ( 2), ( 141),
riodicamente a mecanismos de auto-acusação e de auto-punição. ao tratarem dos conflitos existentes entre_ a primeira e a segunda
Por outro lado, alguns judeus dirigirão o ódio de si exclusiva­ geração de imigrantes nos Estados Unidos. A_ �egunda geração
n �ente co_ntra as instituições, os costumes, a língua judia ou menospreza seus pais que nã? lhe parecem s_ uf1_ c1entemente ame­
ainda o sistema de valores próprios da raça ou da cultura judia. ricanizados e permanecem amd� por de_mais. l_1gad_os . a, sua . c�l­
Na maior parte das vezes, nota Lewin, este tipo de ódio de si tura de origem, dificultando assim uma 1dentif1caçao mcondic10-
não se manifesta abertamente, mas é camuflado por racionali­ nal com seu país de adoção.
zações de toda espécie. Vejamos agora, segundo Lewin, como o ódio de si aparece,
O ódio de si é sobretudo um fenômeno social, segundo tipicamente, em muitos judeus. Um indivíduo judeu te'? am­
Lewin. Neste nível sua análise e sua interpretação tornam-se bições, alimenta e constró! projetos pa�a, logo descobm qu_e
b�stante penetrantes. Para ele, Lessing e Levisohn, que se ins­ sua participação no grupo Judeu const1tu1I� sempre uma barr�1-
p1Iaram em Freud, quiseram explicar o ódio de si pelos instin­ ra intransponível à realização de seus projetos. Começa en� ao
tos primários que seriam inerentes à natureza humana. Em a perceber e a considerar seu grupo como fonte de frustraçoes
seu apoio recorrem à tese que Freud elaborou para explicar e passa a odiá-lo. Logo chegará à conclusão de que sua ascen­
as nevroses de fracasso, pÕstulando a existência em todo ser ção social como indivíduo está ameaçada e que sua segurança
humano de um instinto de morte que teria primazia sobre o sócio-econômica e seu próprio destino pessoal correm o perigo
insti �to. de vida. O que, sempre segundo Freud, explicaria a de ficar comprometidos por causa de sua participação no grupo
tcndencm que aparece com a idade, em todo ser humano, de judeu. Surge então em muitos judeus o sentimento agudo de
�ma 9c�enerescência progressiva que se conclui pelo retorno ao rejeição da interdependência de seu próprio destino e do des­
morgamco. Kurt Lewin recusa-se a explicar assim o ódio de si tino de uma minoria discriminada.
entre os judeus. Se assim fosse, argumenta, estaríamos em pre­ Kurt Lewin termina este estudo concluindo que o ódio de
sença de um dado da natureza e não seria então estranho não si entre os judeus não poderia, na maior parte dos casos, s�r
_
�e � ncontrar no mesmo grau o ódio de si entre os ingleses, os diagnosticado como do domínio da psicopatologia. Como mm­
ita!Janos '. os alemães e os franceses cm relação a seus próprios t_?s_ outros fenômenos psíquicos com componentes nevróticos,_ o
compatnotas? Além disto, se o ódio ele si sentido pelos judeus odio de si n ão é geralmente senão a expressão de um conflito
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DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS
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onstatar e salientar
apítulo próximo par a c
c�iado p ela situação social na qual um indivíduo é forçado a ao assunto em um c os interesses, as
3 a 194 6,
viver . Este fenômeno ap esenta- se so b tra ços nevróticos , mas a que ponto em três anos, de 194L ewin evoluíram. Este� três
na realida de não. se trata �e nevrose . Tanto assim que o ódio concepções e as aproximações de a científic a dos macr o-grupos
de . �s JUdeus é enc�n trado tanto entre os nevróticos anos lhe provaram que a inteligênci s longas e sistemáticas pes­
não se to rnará a cessíve
l senão apó
co:� :�:: no m De fato, trata -s e de um fenô­ psic olog ia dos grupos restritos. No mome ­
nto
meno sócio-psif�i5J;�� . � �� . . ponto que, cada vez que os quisas s br a
ão no séu estudo "Cultur
o e
truc
não nos deter emos sen
al Rec ons
tras,
j udeus dentro d c eti !d ��e: s ão a ceitos em clima de
tion". Nele encon tram os uma tese fundamental e três ou psi­
iguald� de de dir:it�:� ;� p�1vileg1os, . desaparecem então os mÍn rias , sua n ture za
dela d eduzidas: sobre a origem da
o a
traços nevróticos q /utores af1rm�m como típico do
s

u futu .
grupo judeu. Por ��t�i ��� qu�ndº os � u?eus to_rnam-se o coló gica e
r
ro
modo que transcende
se

obj eto sistemático d· e, d• iscr i11.1'i?açao, seu uruco me10 de n ão A tese fundamental é f ormulada de Kurt Lewin considera
l q
ceder ao ódi d tensif1c�r �ntre e!es �s tendên cias d e o caso judeu para tornar inteligíve todo grupo minoritário . Para
e o ue

atração e de ºcoe:ã�l et como as constantes psicológicas d tem suas dimensões antes de


e
u a. 1 � �po3tância :Vital
i
que os educadores e �ai: j����: �:ve?l �ª ar � cnaçao de chmas Lewin t oda min oria psicológica e social a ps íquico, mas disso­
de crescimento propícios - a que o s ) OVe�s. Judeu s, desd e se us tudo sociais. Com isto não opõ
orias psicológicas são sociais
primeiros anos d'e f.ormaçao, p ossam i dentificar-se positivame nte cia o social do individual. As min em sua evolução . Sua di­
as estruturas e
com· seu grupo etruco. em sua origem, em su
mesmo modo, a sobrevi­
nâmica é essencialmente social. Dopode ser assegurada senão
MINORIAS E MINORITARIOS vência dos grupos minoritários n ã am consciência deste dado
o

a partir do mome n to e m qu e eles tom


fundamental e aceitam.
e'
Kurt Lewin publica em se U!" da, . um e:tudo onde , a partir o

de suas interpretações de suaf ?1?er çoes sobre a min oria


judia, tent a formular uma teoria ���ic_1en:�I?�nte coerente para 1 . Origem das minorias.
explicar a psicologia de todo grupo �montano. Ser á sua últi- oria só
stência de toda min
ma pesqu isa ligada aos macro -fenomenos de g- rupo . El a o Para Kurt L ewin a própria exi à tolerância da maioria no
convencerá definitivament• e da _cer te za de sua opçao ao esc olher é possível, em última análise, graças é e m consideração aos com­
como centro d exper 1 mentaç_ao e!Il psicol ogia social o estudo meio da qual ela se insere. Não ão aos comportamentos re­
do.s micro-grup�s · Es tas teonas tiveram uma infI e• 1· portamentos aceitáveis ou em r eaç bem que isto seja, de fato,
tári s,. sobretudo no qu� �� �e1e:: à preensíveis de algun s indivíduos ( ses por motivos extrínsecos aos
r
n i
;:��;ia �:t::;��õ��
à compreen são das conc•ep
r:;:; �ia s
t vela ram -se fundamen tais
��:� �e 1Il1�:ivas sobre a gên ese e a
alegado como pretexto oficial), ma minorias, que as ma iorias
comportamentos dos membros dasou deixam cair as barreiras
licam
dinâmica dos grupos, que Kurt L e win defenderá nos anos se- edificam, fortificam, multip
o11i ntes• parece-nos também · il lportante destacar aqui as teses psicológicas com que cerc am as minorias. L ewin acre scenta que, do
ar as minorias de to
l a maioria tem sempre interesse em priv
o-
essenciais. ío o de
etudo em per
direi to e de todo privilégio. Mas é sobr
d
"C l O estu do de que trataremos inicialmente tem por titulo: a x rcer r e­
tensão e de perigo coletivo que
a maioria ten� e e e
u tural Reconstruction" e f .1 pu.bricad O e� 19�3 ( 88). Depois nec essi dad e e de car­
presálias contra as minorias, cedendo à de agressivida de, de­
d s
disto L ewin r efere-se à P si�ologia das mmonas d ua s outr as
vezes ( 103) , (-1 o4) -duran�e o ano que precede sua morte. regar sobre um bode expiatório as ondas e lhe são impostas
Suas preocu ' en tao _ex�lusivame�te de or dem me to­
sencadeadas pelas frustrações e privações quos de deslocamento
� ::� durante estes períodos críticos. Por mecanism relação às mino­
e
dológica. P.ir�k�� uas pro nas pesqu_1 sas sobre o proble­
ma, tentará destacar aqui! - 0 que e) �s lhe ensmar am sobre as exi- s�a agressividade torna-se cxtrapunitiva com
gências da expenm · nas sem defesa.
en taçao em p sicologia socia l. Retor nar emos
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à sua função de líder oficial, multiplicar seus contatos com a


2. Constituintes, constituídos e constitutivos das minorias. maioria e encontrar assim a lgum substitutivo de prestígio do
qual estão privados em virtude de sua ligação com a minoria.
Com esta terminologia tent aremos sistematizar o essen cial Por outro lado, numerosos são os grupos minoritários que es­
�o pens_ame_nto de Lewin sobre a existência das minorias. Esta peram que este líder seja melhor a ceito e pareça mais maleável
s1stemat12aç ao I?ºs parece_ necessári a para evitar que O leitor à maioria e conseqüentemente po ssa melhorar magicamente as
tenh� que seguir os caminhos tortuosos da a rgumentação de relações entre minoria e maioria.
Lewm. Faremos todos os esfor ços para não trair em nada seu
pensamento. b) Em relação à sua dinâmica de grupo, as minorias se
revelam ao observador como constituindo um equiHbrio mais ou
A . Os constituintes das minorias. menos estável entre dois campos de força. De um lado, um
campo de forç as que exerce sobre os membros uma influência
Os constituintes das minor,i as podem ser definidos diferen­ integrante de coesão. Estas forças são constituídas pela atração
temente, conf?rm� �e. faça referencia às estruturas ou à dinâmica que exercem sobre as minorias os traços culturais próprios a
dos grupos mmonta nos. este grupo e irredutíveis às culturas vizinh as. Estas forças centrí­
pedas desempenham o papel de núcleo dinâmico no seio das
�), Em rel a�ã_o à s suas estruturas, as minorias aparecem minorias. Elas engendram entre os minoritários atitudes de leal­
con dade p ara com seu grupo ou aquilo que Lewin gosta de chamar
;11tmda� de �a:1_as camadas. No centro encontram-se as ca­ de o chauvinismo positivo. Fazem nascer neles, paralelamente,
a as ma is solid1!1cadas. Elas compõem-se de membros que

� erem_ ':_0m a ma10r bo a vontade às instituições aos costumes um desejo cada vez mais intenso de se emancipar da maioria.
as tradiçoes e aos sistemas de valores, que. . disting' uem seu "'orup� No extremo oposto situa-se um campo de forças centrífugas
·
dos outros grupos . . Es t,es �em bros id. entif1cam-se positivamente que exercei uma influência dissolvente sobre os membros da
com tudo aqu1l<? ,q�e e tipicamente próprio ao seu grupo. Já minoria. Estas forças são constituídas pela atração, algumas
a s_ ca?Iadas_ penf�n�as, longe de serem solidificadas como as vezes irresistível, exercida pela maioria, com seus privilégios,
pnmerras, _sao moveis e fluidas. São compostas de membros incluindo as promessas de prestígio e de satisfação dos instintos
fuuJ expen��ntam uma _ ambivalência marcante em. relação a frustrados ou limitados pelas discriminações impostas pela "maio­
o que d1stmgue e P?r i_sto mesmo isola seu grupo da maioria. ria às minorias. As atitudes coletivas provocadas pelas forças
Sã O os membros J?argmais das minorias. Ele, suportam de má centrífugas são (isto em oposição à lealdade do grupo) de uma
vontade ter que vi�cr _ em um espaço vital onde são mantidos à parte, o desamor em relação a seu próprio grupo ou o chauvi­
força po_r �m� ma10na que constrói b;irrciras psicológicas in­ nismo negativo e, de outra parte, o desejo de assimilação à
transporu:eis a sua migração para a maioria que invej a m. maioria.
Lewm ac r�sce�t� �ue � sobretudo nas zonas periféricas que
se . situa m os m1?ontanos de maior sucesso, aqueles que conse­ B. A minoria como constituída.
g��ra1:1 sobressarr-s_e em seu trabalho ou profissão e em c onse­
f�:1�1a sent�m m aior atração pela maioria. Sua ilusão, segundo Se concebemos a minoria como uma totalidade dinâmica,
, _con�1ste em esperar que seus sucessos pessoais facilitem torna-se necessário assinalar o fator de integração deste grupo
su� ace1taçao J?Or �arte da maioria que lhe perdoará assim sua
ongem e sua identidade étnica. que faz destes indivíduos múltiplos um só grupo coerente. Este
fator de unificação é o constitutivo do grupo. Tentaremos des­
.Enfim, é nas cama da s pen"f'en·c as que as minorias têm ten- tacá-lo mais adiante. Mas se tentamos, agora, definir as mino­
d,encia a recrutar seu s d"mgente
· s ou a a grupar-se em torno de rias como constituídas, Kurt Lewin nos fornece os conceitos que
d"!.I entes que pertençam a estas camadas. Estes indivíduos são explicam o grau maior ou menor de integração que atingem
1
g a ment� designados para este posto em ra zão de seus suces- nos diferentes momentos de seu desenvolvimento.
sos pessoais · Ace1· tam o posto com a esperança de poder, graças
42 GÉRALD BERNARD MAILHIOT
DINÂMICA E GÊNESE DOS GRUPOS 43

���- 1�::
. Deste p onto de vista, tewin dis tin e dois
. tipos de
c nstitu_em _unida? es articuladas de modo min
0 â
gu
orgr­
O futuro das minorias não se coloca n os mesmos termos
de superação em que se c olo ca o futuro de um grupo
normal
s cam�das c en_tr a i s englo b ntra n nhum obstáculo
a maioria dos me b : =� �
as
r CUJ� que não s fr nenhuma pressão, nem enc
ig�çoes mwt
o e

forte adesão à s�a _sort� e destino. Para o es treitas e em uma


am
no processo de seu desenvolvimento. O futuro das minorias
o e

bros' seu grupo etruco e p ercebido em te a maioria dos mem­ não p ode se definir senão em termos de sobrevivência. A este
s1' ti'va.
rmos de valência po- respeito, três opções são possíveis, segundo Lewin. Há, inici
al­

Por outro lado, existem minorias �a1 mente, o caso das minorias que perdem a crença e m sua so­
ou n a- o mt brevivência e estão prontas a tudo que p ossa apressar ou favore­
.
que se revelam ao observad n-ao egra das

o rg ânica, mas como uma ruJ: mais co�� :uma unidade cer sua assimilação à maioria. Quanto às minorias que optam
de pressões e de c oerçoes
- u . aparente, artificial, resultante
de
por sua sobrevivênci a, duas atitudes são po ssíveis. Elas têm
. extenores. Estas minorias não c ons- em comum o seguinte : ambas concebem sua sobrevivência
como
tituem um grupo no sentido restrito. que as
agrega do de indivíduos a. s ou enos Trata-se! antes, de um uma emancipação do jugo arbitrário da mai oria. Ei s o
?1 submetidos às m esmas distingue : certas minoria qu rem as gurar sua sobrevivên cia
r.estrições, às mesmas pr' �açio_es, as s e se
. .
ttpo de mrnon as o núcleo dinâ . nao
mes mas frustrações. Nes
te atra vés da integração c o m a maioria, pela igualdade dos direitos
- e dos privilégios. Para conseguir seu intento e stes grupos mino­
indivíduos que não p erderamU::cfe, n? �ompreende senão alguns
qu ase totalidade dos membros - v est":o do seu grupo, a ritários têm tendência de sublinhar e de destacar, em suas rela­
e � ena.? da es� erança de
poder um dia pertencer à maio��º ções intergrupais com a maioria, muito mais o que os aparenta
fs g çoes en trei �s me ­
o u os une à maioria do que aquilo que os distingue ou os opõe
bros são p ortanto muito frágeis. O �qu. i �
ili no en tre os dif erent
m
es tratos é muito instáv a el a. Enfim, existem minorias que não acreditam p oder asse­
el e q uase mterr amente
es
v alências negativas. polarizado por gurar sua sobrevivência, senão separando-se ou emancipando-se
totalmente da maioria. Elas aspiram à independência total e
C. O fator constitutivo das minorias. definitiva em relação à maioria. Estão convencidas de que s ó
assim poderão conservar a integridade de sua cultura, prosseguir
Como explicar, p ergunta L,ew·.rn, na conquista de sua plena identidade e realização do seu destino
minorias constituam unidade !g ruca que em certos casos as coletivo. Lewin conclui que só estas últimas minorias têm algu­
s e, em outros, não tenham
senão a ap arência de integr�çºao.� ma p ossibilidade de assegurarem sua sobrevivência. Enganam-se
O fator consti tutivo de todo g p aquelas que acreditam poder integrar-se à maioria e nela con­
interdependência da sorte de eus m ru �, segundo Lewin, é a servar sua identidade étnica. Cedo ou tarde elas serão as si­
�m :º,s ·. N� caso da
no rias integr adas, sua
condi_çã� de montanos e a ceita, os mi­ miladas.
permite aos membros se u em_ n a f que Kurt Lewin termina e ste ensaio teórico sobre a psicologia
o utro lado, n o c aso
�ta _pela emancipação. Por
� das minorias, tentando caracterizar entre os minoritários as di­
gradas, sua condição de min����� _nao , mtegradas ou m al inte­ ferenças de atitudes coletivas que implicam estas três opções a
das

u�o:tada. Não existe


inter-dep endência en tre os- me��ros. \l uruc respeito do futuro de suas relações inter-raciais com a maioria
nos

que os une é sua disp os ·ç a co o fator negativo


ns
que as oprime e as discrimina.
missos, em to das a s se:V�º-oes �u entir em todos os compro­ Lewin afirma que as minorias que r enunciam à sua sobre­
_em
lhes facilitem a assun· ilaç-aoi à ma1on a. todas as baixezas que vivência e aquelas que optam pela integração em um contexto
d,e relações cordiais e um pouco servis em relação à maioria
3 · O futuro das minorias. tem tendência, ambas, a adotarem as mesmas atitudes col etivas.
Ele �onsider a , com efeito, que no plano inter-racial as atitudes
• Segund? _!-,e�, 0 futuro das minor coletivas destas minorias são tipicamente adolescentes. Suas es­
ongem e exrs tencr a, é a
i as assim como sua tratégias têm em comum o seguinte : elas se baseiam na hipó­
n tes de tudo social. ' tese de que a situação presente de discriminação desaparece rá
44 GÉRALD BERNARD MAILH
IOT

quando sua participação na mino


ria for desconhec1·da, ign
. orada
ou anulada Ass ·
mundo dos· adult� ����0 c�!��� n espera ser aceito pelo
°
que não é mais uma crian a Tam �:, �onvencer os adultos d e
comportamento social dest;s dois :; m �= o� adolescen!es, o
pela intra-agressão, pela auto-a ti s d onas caracteriza-se
cusa ão p
es,
� pelas recus�, �el�s protes�os' e ;�fO e��::t��: s;:
-fd��� i c ma�on � :
� ªambivalene _equivalen�e e nos dois c,asos
CAPÍTULO QUARTO
se no �:!�� . °if cta a · apoia-
tanto quanto a respeito do grupo respeito de seu prop no grupo
· · majoritário.
Quanto ' e ta m as egurar su � sobrev
DA. PESQUISA-AÇÃO À DINÂMICA DE GRUPOS
ª
pela independ :n:� ���e[:;ã� � ma _ �
n
ivência
são de um nível m ais adulto �! 10�, s�as atttudes �ole tivas
ar
à identificação positiva com . o g��p� na ;�at%t·atundade se
a

c omP?rtame ntos, vierem acrescen rram se seus Somente po r etapas Kurt Lewin chegará a definir par a si
tar-se, - mesmo o que são cien tificamente a dinâmica e a gênese dos
c a e de P:oceder periodicamente ao mes� grupos. Como acabamos de constatar, seus trabalhos sobre a
�:a: :i:� � s a autocrític�s :� ��n

p

dependênc�� ��� 0� ������m;��o! u! ����:endência pela inter- psicologia d as minorias lhe p ermitiram questionar as teori as e
r v

t as metodologi as tr adicionais da Psicologia Soci al. Ele tr ansporá


uma nov a etapa ao elabor ar, à luz de suas próprias experiências
n a explo ração das realidades sociais, uma concepção pessoal da
p esquisa e da exp erimentação em psicologia dos grupos.

PESQUISA EM LABORATóRIO E PESQUISA DE CAMPO


Ao término de seus trabalh os sobre as minorias psicológi­
cas, Kurt Lewin chegou a duas conclusões metodológicas. A
pri meira consiste na seguinte descoberta : para ser válida, toda
exploração científica de problemas relativos ao campo da psi­
cologia das relações intergrupais deve oper ar-se em constante
referência à sociedade glob al na qual estes fenôme nos de grupo
se inserem e se m anifesta m . Assim os reflexos e as atitudes
dos grupos minoritários não se tornari am inteligíveis senão em
referência a o contexto sócio cultural em que se inscrev em, isto é,
-
em r eferência às interações e às interdependências que toda
minoria estab elece forçosamente com a maioria pela qual é
discriminada . Além disso, Kurt Lewin chegou a sua segunda
conclusão: para abordar e interpretar cientificamente fenô­
menos desta m agnitude e desta complexidade, somente uma
aproximação comp lementar de todas as ciências do social ofe­
receria alguma possibilidade de identificar corretamente as cons­
tantes e as variáveis em causa. Estas duas conclusões se inpu­
seram a Lewin a partir do momento em que tomou consciência
de que as realidades soci ais er am multidimensionais ( 103),
(104).

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