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ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

A HISTÓRIA DA ARTE: DA ANTIGUIDADE À


ARTE MODERNA

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Compreender o conceito de arte.

2. Demonstrar a evolução da arte desde os primórdios do homem até o surgimento da fotografia no século XIX.

3. Apresentar os grandes artistas da história da arte.

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo a nossa aula!

Provavelmente um baile funk está mais próximo da ideia do que poderíamos chamar de arte na “Idade da Pedra

Lascada” (Paleolítico superior) do que as pinturas que decoram os lares modernos. Isso porque as imagens que

conhecemos hoje eram feitas em locais aonde os grupos humanos iam para uma espécie de ritual, as cavernas,

muitas vezes de difícil acesso.

Eles eram nômades que viviam atrás da caça e da colheita de frutos.

Assim como falamos em “tribos” quando nos referimos aos grupos que promovem suas identidades por meio de

roupas, códigos e símbolos (Caveiras, dragões, fadas, instrumentos musicais, armas, escudos e outros motivos

tatuados ou estampados em roupas, bandeiras e automóveis.), esses grupos promoviam sua identidade nesses

encontros, com rituais que incluíam músicas (Ou ao menos, sons.), danças e bebidas.

O que é salientado aqui é a proximidade que temos com esses nossos ancestrais.

Ela ajuda-nos a compreender as dificuldades que homens e mulheres têm para se adaptar às novas funções que a

sociedade moderna, que está sempre em transformação, nos atribui e exige. Nesse sentido, todos estão

convidados a pensar do ponto de vista das imagens a nossa própria condição, por meio de uma característica

humana: desde que o homem existe, ele produz arte.

Estudar suas variações, o que, como e em quais condições consideramos algo como arte pode nos ajudar a

entender a nós mesmos um pouco melhor.

Introdução – Da pré-história à antiguidade

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Figura 1 - Pintura do homem do período Neolitíco

Esse homem primitivo, do período Paleolítico1, produzia essas imagens não com o intuito de decorar suas

cavernas, mas como parte de rituais mágicos.


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Ou Pedra Lascada, cuja ideia que temos nos foi dada pelo cinema, a mais comercial e influente forma de arte

surgida no século passado

O objetivo seria o sucesso nas caçadas ou, talvez, para que a caça surgisse novamente2 com o fim da Era Glacial.
2
Há uma teoria que sugere que os desenhos foram feitos com esse propósito, já que essa produção coincide com

o desaparecimento de muitos animais, como mamutes, tigres de sabre, etc.

O fato é que ao observarmos essas imagens hoje percebemos que aquele homem que desenhava conhecia muito

bem esses animais e como representá-los (Conhecimento de desenho).

Provavelmente dedicava parte de seu tempo à coleta de terras e vegetais e à produção de pigmentos, gorduras e

instrumentos.

Daí a suposição de que esse “artista” foi provavelmente muitas vezes o feiticeiro e também talvez o chefe da sua

tribo.

A primeira revolução que temos notícia na evolução do homem moderno teve início com a transição para o

período a que denominamos Neolítico (Ou Pedra Polída.).

Essa revolução deu-se com a conquista do domínio sobre a agricultura e os animais.

O homem do neolítico aprendeu a cultivar o solo, a domesticar os animais e assim abandonou a vida nômade e

passou a se fixar em locais mais propícios. Logo desenvolveu as primeiras indústrias: cerâmica, pesca - anzol -,

tecelagem – agulha -, construção de habitações e armas. Com a agricultura esses homens começaram a prever o

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tempo (A esperar a estação de chuvas para plantar e estocar para o inverno) e, com isso, desenvolveram a

capacidade de abstração.

Surgiram então os primeiros indícios da maior abstração criada pelo homem: a crença em uma vida após a

morte.

O homem do Neolítico passou a cultuar seus mortos.

Figura 2 - Vênus de Willendorf

Pouco nos restou dessa arte produzida em aldeias, que não ficou protegida nas cavernas como a do período

histórico anterior.

Aferimos muito sobre esses povos a partir dos poucos objetos que encontramos (Em geral, cerâmicas, objetos

utilitários, armamentos, e esculturas femininas ligadas a ideia de fertilidade.) e pelos estudos realizados

principalmente no século XX por antropólogos que estudaram tribos ditas “primitivas” na América do Sul, na

Austrália, na Oceania e na África.

Atenção

Acabamos de falar em período histórico. A história acontece hoje e sempre, mas ligamos o conceito de história

(Surgido na Grécia com Herótodo e Plínio.) à escrita, pois é quando os fatos se tornam memoráveis (eles são

escritos). Então, com o surgimento da escrita, passamos da pré-história para a história.

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2 A antiguidade

As estátuas gregas do periodo de formação da cultura grega apresentam semelhanças com as estátuas egípcias,

mas como os gregos sentiam falta de expressão, criaram o “sorriso arcaico”, esse estranho sorriso nas estátuas

chamadas Corus.

Você percebe as semelhanças?

Figura 3 - Imagem de estátua egípcia.

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Figura 4 - Imagem de estátua grega do período arcaico.

A antiguidade clássica

Os gregos eram mercadores, já que o solo grego é montanhoso e pouco propício à agricultura. Assim, fizeram

uma espécie de inventário das culturas dos povos antigos. Depois a sintetizaram, adaptaram e desenvolveram

seus conhecimentos.

Mas até hoje permanece um tanto quanto inexplicável como essas tribos de jônicos, dóricos e coríntios

conseguiram atingir tão alto grau de desenvolvimento cultural, vários séculos antes de Cristo.

A Grécia clássica é considerada o berço da cultura ocidental. Havia conhecimento dos efeitos ópticos.

O Parthenon, por exemplo, possui linhas horizontais ligeiramente curvas - abauladas: chega a 6cm a mais no

meio da parte frontal (Que tem 30m.) e 10cm na lateral (Que tem 70m.). Assim parece ter linhas retas e não

fica achatado e “corrige” a ilusão de óptica.

A distância entre as pilastras são maiores no centro do que nos cantos.

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Figura 5 - Parthenon

• História
• Filosofia
• Arte
Somos todos gregos.

A Grécia produziu os conceitos de história, filosofia, arte e tentou explicar o da vida, por meio dos mitos e do

destino. No campo da arte surgiu o teatro (Nas festas dionisíacas.) e há um notável desenvolvimento técnico da

arquitetura, da pintura - segundo os textos - e da escultura.

O escultor Fídias elevou o status do artista plástico (Considerados inferiores porque trabalhavam com as mãos,

como os escravos.) ao mesmo nível do poeta e do músico. Depois dele o escultor Policleto desenvolveu o cânone

das proporções humanas (Aperfeiçoados posteriormente por Praxístoles, outro escultor.), utilizado até hoje

nos cursos de artes, possibilitando criar esculturas com as proporções humanas consideradas ideais.

A cultura grega expandiu-se com as conquistas territoriais de Alexandre, o Grande.

Figura 6 - Discóbulo de Myron

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Os gregos dominaram plenamente as relações de proporção anatômicas. Nessa escultura, um atleta ideal está

representado na eminência de lançar um disco. A Olimpíada é outro legado da cultura grega.

Posteriormente os romanos invadiram a Grécia e, se a conquistaram militarmente, são conquistados por ela

culturalmente. Adotaram seus hábitos e até seus deuses, criando a cultura greco-romana, que chegou até nós.

A Roma Imperial “importou” os artistas gregos e desenvolveu a arte dos retratos. Se na Grécia os deuses

recebiam a forma de homens ideais, em Roma os homens eram idealizados para se tornarem deuses na figura

dos governantes.

Se os egípcios representavam o que sabiam, os gregos reproduziam o que viam. Essa capacidade foi perdida

quando o Império Romano ruiu, e só foi reconquistada na Idade Moderna, no período conhecido como

Renascimento.

Figura 7 - Coliseu, em Roma.

3 A idade média

Figura 8 - Autor Desconhecido

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Gauguin foi um dos primeiros artistas do início do modernismo a revalorizar a arte produzida antes do

Renascimento, ou seja, a arte medieval, por sua expressão livre de convenções de representação. Mas,

estudaremos o assunto em detalhes na aula 4.

Chamamos de Arte Cristã Primitiva a arte dos povos romanos convertidos ao cristianismo, junto com o

Imperador Constantino (Ele mudou a capital do Império de Roma para Bizâncio, que passou a se chamar

Constantinopla.).

No Ocidente, com a instabilidade dos novos reinos, envolvidos em conflitos e sem recursos para manter

artistas profissionais, ocorreu um declínio técnico com o desaparecimento da profissão do artista (Dada

também a escassez de registros, já que os raros livros eram manuscritos.).

As imagens dessa arte apresentam muitos símbolos do cristianismo primitivo.

Em geral com uma força expressiva muito grande, advinda da fé simples.

Já em Bizâncio, com os artesãos da Corte, preservam-se os livros e as técnicas, mas um grupo iconoclasta

proclamou que as representações ficariam proibidas, para não serem confundidas com as

representações dos deuses pagãos (Na crença cristã, o Criador é onipresente e onisciente.).

Na parte ocidental do Império Romano essa orientação não era seguida quanto às pinturas, consideradas úteis

porque ajudavam a congregação a recordar os ensinamentos que os fiéis haviam recebido.

“A pintura pode fazer pelos analfabetos o que a escrita faz para os que sabem ler.” (Papa Gregório, o

Grande)

Ano 1000

Por volta do ano 1000, o mapa da Europa já começa a se parecer com o que conhecemos atualmente.

Havia então certa estabilidade com a formação de reinos e feudos.

Como o cristianismo era a religião dominante, iniciou-se uma onda de construção de igrejas, que eram a maior

edificação de cada aldeia medieval e motivo de orgulho e competição entre vilas.

São aproveitadas muitas bases de antigas basílicas romanas e inicia-se uma recuperação dos conhecimentos

tecnológicos das construções. Há destaque para o Império Carolíngeo (De Carlos Magno, que, embora

analfabeto, fundou bibliotecas e valorizou a escrita.). Por esse tempo livros eram artigos caros e raros.

Ano 1150

Por volta de 1150, na Ille de France, uma inovação técnica funda o estilo chamado de gótico.

Tratou da descoberta de que se poderia jogar todo o peso do telhado sobre as colunas e da substituição do arco

de plena volta pelo arco ogival na construção dos problemáticos telhados.

Puderam assim fazer construções mais altas com menos peso e material.

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Figura 9 - Notre Dame, em Paris

Esse estilo desenvolveu-se pelos séculos seguintes e culminou na construção de igrejas altíssimas como a de

Notre Dame, em Paris. É cheia de arcobotantes3 e contrafortes, que caracterizam a arquitetura desse período.
3
Para sustentar suas altíssimas paredes e torres, Desenho ilustrativo do que são arcobantes e contrafortes:

Nos telhados dessas igrejas encontram-se as gárgulas4, que eram as saídas de água (Calhas). Eram figuras

monstruosas, utilizadas para simbolizar os demônios que infestavam o mundo e que não podiam entrar na

igreja, onde o fiel estava protegido.


4
Presente ainda nas históris em quadrinhos e no cinema atual.

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Com essas encomendas e algumas outras que decoravam as igrejas, começaram a aparecer artesãos habilidosos

que viajavam vendendo seus serviços. Essa tradição acabou por despertar a carreira de artista profissional, que

estivera extinta, exceto em Bizâncio, para os poucos artistas da Corte.

Isso explica em parte o surgimento de tantos artistas quando as mudanças da transição do regime feudal para o

capitalista ou da Idade Média para a Idade Moderna se tornaram efetivas.

A escultura atingiu grande desenvolvimento, pois havia na Itália diversos exemplos (Como nas esculturas

equestres dos imperadores poupadas porque não eram de Deuses.).

Na pintura, Giotto pinta pela primeira vez cenas em lugar de histórias.

Figura 10 - A Lamentação do Cristo, de Giotto Mural da capella dell’Arena, em Pádua

4 A Renascença
O Renascimento - ou Renascença - é marcado por uma corrente de pensamento chamada de Humanismo, que

traz uma valorização do ser humano e da natureza, em oposição ao sobrenatural cultuado na Idade Média.

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Economia: agrária, artesanal e urbana.
Idade Média
Arte: formas góticas

P r é
Período em transição
Renascença

Idade Economia: manufatureira mercantilista e nacional.

Moderna Arte: formas renascentistas.

No período conhecido como Renascença, o escultor Donatello utilizou as estátuas para estudar as proporções e

criar novas estátuas equestres, o que não acontecia desde a Antiguidade clássica.

Sandro Botticelli destacou-se na transição da primeira fase para a alta Renascença, fazendo a ligação de temas

cristãos com temas clássicos, em pinturas de figuras elegantes e lineares.

Idade Média

Basílica cristã primitiva foi adaptada dos tempos romanos e transfomada em complicado desenho octogonal em

Bizâncio.

Época românica

Não confundir arte românica com arte romana.

Pesados templos com poucas janelas e grossas paredes.

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Gótico

Altíssimas igrejas que valorizavam a noção de infinitude.

Renascimento

De posse de todos esses conhecimentos técnicos desenvolvidos, a ideia de arquitetos como Brunelleschi foi no

sentido de refinamento estético, retornando aos conceitos clássicos de equilíbrio, harmonia e mantendo a ideia

de proporção entre as partes, a partir de relações matemáticas e compreensíveis de todas as vistas das

construções.

A ideia de Renascimento vem da ideia de renascer da cultura clássica ou greco-romana.

Iniciou-se por volta do final do século XIV e durou até o início do século XVII, com muitas variações entre as

diferentes regiões da Europa.

No desenvolvimento da arte Renascentista, houve:

Fase de desenvolvimento: O pré-renascimento

Fase de solidificação: O alto renascimento

Fase de transição: Maneirismo

O espírito de interpretação científica do mundo levou - na pintura - ao surgimento de diversas inovações, como a

perspectiva, a composição piramidal, a pintura a óleo e o claro escuro (Chiaroscuro), que ajudaram a criar a

ilusão de volume no plano da tela e iniciou uma tendência à busca de um maior naturalismo na representação

das imagens.

Leonardo Da Vinci

No alto Renascimento conhecemos a obra de muitos grandes artistas que consolidam essas descobertas.

Leonardo da Vinci é o homem renascentista por excelência.

Foi engenheiro, biólogo, escultor, pintor, arquiteto e um grande inventor.

Em sua pintura a óleo mais conhecida, a Mona Lisa, podemos ver a composição piramidal, a maestria no uso do

sfumato.

Leonardo inventou e usou a técnica do sfumatto.

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Figura 11 - Monalisa

Ele não terminou de desenhar os cantos dos olhos e a boca da figura. Deixa essas partes imersas em sombras

“esfumaçadas” e o observador completa a imagem. Esse recurso – de deixar para o observador a tarefa de

completar a imagem - foi compreendido somente no século XX pela teoria da Gestalt (Psicologia da forma).

Mas na arte foi “inventada” por Leonardo no Renascimento e desenvolvida depois no Barroco por Velasquez,

Rembrandt e usada em outras técnicas pelos impressionistas na arte moderna.

Observe a Monalisa pelos dois lados – direita e esquerda – e perceba como ela parece continuar olhando

pra você.

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Figura 12 - “Santa Ceia”, por Leonardo da Vinci

As composições renascentistas partiam da forma triangular.

Os apóstolos são agrupados três a três formando triângulos e a própria imagem do Cristo parece um triângulo

central, com as linhas de perspectiva convergindo para a sua cabeça.

Outros artistas são muito identificados com o período:

Michelângelo

Michelângelo considerava que a tarefa do escultor era a de remover as partes que ficavam ao redor da imagem e

que ele visualizava ainda no bloco de mármore.

Ficou conhecido como “O Divino”.

Atuou como pintor no teto da Capela Sistina no Vaticano (a imagem de Deus ainda hoje presente na infância).

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“Agonia e Extâse”

Filme aborda a saga de Michelângelo em decorar o teto da Capela Sistina.

Você Sabia?

Que as “Tartarugas Ninjas” receberam seus nomes como uma homenagem do desenhista aos artistas

renascentistas:

Raphael, Michelângelo, Leonardo e Donatello.

Que somente no Renascimento ressurgem artistas “famosos”.

Na Antiguidade Fídias tornou-se célebre ao dominar com maestria a arte de esculpir em formas proporcionais

consideradas ideais às imagens dos deuses.

A ele se seguiram muitos outros, como Praxístoles, Míron, Policleto, Lisipo e Escopas, que também se destacaram

por seu talento. Somente no Renascimento voltamos a ter artistas cuja fama conquistada fez com que seus

nomes chegassem até nós.

Raphael

Raphael ficou famoso não só pelo domínio das técnicas como também por sua capacidade de criar arranjos

harmoniosos com enormes grupos de personagens.

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Já Ticiano, em Veneza, inovou equilibrando os arranjos com cores e objetos.

O Maneirismo tem sido reexaminado, mas tende a ser visto como uma fase de transição e do surgimento de

novas pesquisas. El Greco, Tintoretto, Parmigianino, Holbein (pintores) e Celinni (escultor) são alguns exemplos

de artistas desse período.

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5 O Barroco
“Penso, logo existo.”

René Descartes

No século XVII inicia-se o período conhecido como Barroco. Ocorreram então grandes mudanças na estrutura do

pensamento ocidental com a revolução científica.O mais influente filósofo foi René Descartes.

Com esse espírito os pensadores deixaram de acreditar em dogmas e passaram a aceitar apenas aquilo que podia

ser experimentado ou compreendido racionalmente. Há então uma mudança da concepção aristotélica -

defendida pela Igreja - de um mundo ordenado, limitado e imóvel, para a de um mundo em constante

movimento, segundo Newton, Galileu Galilei, Kepler, Leibnitz, entre outros.

Figura 13 - “A descida da cruz”, de Rubens

A arte barroca desenvolveu as técnicas renascentistas no sentido da dramaticidade, intensidade e emoção

(Um processo iniciado pelo Maneirismo que parece um período de transição entre esses períodos.), de maneira

completamente diferente das formas estáveis, da composição equilibrada e muitas vezes estática (Em geral

em forma de triângulo.), utilizada pelos mestres renascentistas, mais racionais e menos emocionais que os

barrocos.

É caracterizada por suntuosidades, exageros ornamentais, efeitos de claro/escuro (Luzes por vezes teatrais,

conferindo dramaticidade às cenas.), de movimento, de contrastes e de cores.

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A origem da palavra “barroco” é irregular, contorcido, grotesco.

É o resultado na arte dos diversos acontecimentos do período, como restabelecimento de um catolicismo forte

em desacordo com o novo papel da ciência, como resultado da Contra- Reforma e o Estado Absolutista.

A arte barroca desenvolveu-se de modo diverso em locais como:

Na Holanda, com a Reforma desapareceu o principal cliente, a Igreja. Os artistas começaram a fazer seus quadros

sem encomendas e os levar para vender nas feiras, de modo semelhante ao que ocorre hoje.

Surgiram então os pintores de gênero, entre os quais “Veemeer Van Delf”, mestre da luz, que acaba com os

últimos vestígios de ilustrações bem humoradas e de cenas anedóticas (Que tinham sido muito comuns nos

períodos anteriores.), pintando mulheres em afazeres diários simples, porém cheios de dignidade. Com as

naturezas mortas produzidas pelos artistas holandeses, começou-se a demonstrar que o tema de uma pintura é

muito menos importante do que se pensava.

Na escultura do período há destaque para Lorenso Bernine, que criou efeitos extremamente emocionais para

despertar sentimentos e desenvolveu tratamentos das roupagens para aumentar o efeito de excitação e

movimento.

Em arquitetura, as regras de bom gosto – introduzidas por Andréas Palladio em seu livro Os quatro livros da

arquitetura – eram respeitadas.

Havia o ideal de dignidade e simplicidade em Igrejas protestantes – salas de reunião para meditação, em

oposição às Igrejas barrocas, que, para impressionar, dominar e exibir seu poderio, eram suntuosamente

decoradas.

No Brasil, guardadas as proporções com a Europa, também havia o contraste entre as casas simples e as Igrejas,

que até hoje impressionam.

Figura 14 - “Lição de Anatomia”, de Rembrandt. Exemplo de arte barroca.

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Figura 14 - “Lição de Anatomia”, de Rembrandt. Exemplo de arte barroca.

A tela “Lição de anatomia”, de Rembrandt, mostra um cadáver sendo dissecado.

Pouco mais de um século antes, Leonardo da Vinci quase foi queimado como bruxo por dissecar cadáveres.

No período barroco, o aprendizado é sistematizado em universidades e essa se torna uma prática usual, que

revela a mudança da mentalidade.

O Barroco no Brasil

A arte populariza-se por meio das Igrejas, principalmente em Minas Gerais, com destaque para Antonio

Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”, que sofreu de doença que levou gradativamente à amputação de seus dedos e

mãos.

Em sua fase final, consta que seus auxiliares amarravam as ferramentas para que ele pudesse trabalhar.

Em oposição ao estilo oficial que seria trazido pela Corte para a fundação da Real Academia de Artes e Ofícios,

o Barroco brasileiro apresenta traços de arte ingênua, destacando-se a liberdade de representação.

Com a despreocupação das relações de proporções corretas das obras neoclássicas, criam-se trabalhos de forte

apelo emocional e de grande expressão. É possível a comparação, em termos de história, com o período que se

seguiu à decadência da cultura greco-romana e da expansão do cristianismo, quando a arte se caracterizou pela

perda do conhecimento das proporções do desenho “correto” e pela maior transmissão das emoções e dos

sentimentos dos artistas.

É a primeira manifestação representativa de uma contribuição brasileira para a história da arte, e traz os

registros importantes de nossa história e cultura.

Trabalhos de Aleijadinho

Isolado da Europa, o Brasil desenvolveu um barroco tardio, próprio, muito expressivo e livre das regras de

proporção acadêmicas. O barroco brasileiro foi revalorizado principalmente a partir da década de 1920, quando

aflorou o sentimento de nacionalismo e o desejo de desenvolver uma arte genuinamente brasileira.

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Figura 15 - “Os doze profetas”, de Aleijadinho

6 O Rococó
Com a decadência do mundo aristocrático, os pintores passaram a observar a vida de homens e mulheres

comuns de seu tempo, Chardin foi o mais notável dentre esses J.H. Fragonard produziu temas de aspectos

“pitorescos” da natureza, onde mais coisas são sugeridas que mostradas.

Já Watteau pintou o gosto da aristocracia francesa do começo do século XVIII e o que é mais caracterizado como

período Rococó: a predileção por cores e decorações delicadas que sucederam ao gosto mais robusto do período

Barroco e que se expressou em alegre frivolidade.

7 A arte neoclássica
O Neoclássico será consolidado 100 anos depois na França, com as descobertas arqueológicas de Herculano e

Pompéia, somadas a um maior poder de reprodução e difusão de descobertas e de ideias. Foi o estilo oficial do

Absolutismo, mas novas condições surgiram durante o seu predomínio:

Revolução Industrial

Destruiu a tradição do artesanato e progressivamente vai transformando a vida, principalmente nas grandes

cidades.

Revolução Francesa

A França vivia o Absolutismo, mas a burguesia já era fundamental para a economia.

Filósofos como Rousseau e Voltaire pediam liberdade e respeito à vontade do povo

Independência Americana

Serviu como modelo para as independências das colônias da Europa e para o fim da escravidão.

O iluminismo

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A era da razão: desenvolve-se na França uma série de ideias que tem como objetivo combater a ignorância e o

obscurantismo. As ciências desenvolviam-se dando continuidade ao racionalismo proposto por Descartes.

Há uma inerente ideia de progresso, e foi um movimento intelectual do século XVIII, com base nas ideias de

progresso, liberdade e valorização do homem.

8 O Romantismo
O escritor Goethe proclamou:

“O sentido é tudo”

Foi uma reação contra a Idade da Razão e uma reação contra a industrialização gerada pelas primeiras

máquinas (vapor).

As novas fábricas geraram operários miseráveis nas cidades, próximos do convívio com os artistas e escritores e

sua pobreza deixou de ficar restrita aos campos distantes.

Os artistas confiavam no instinto, opondo-se ao racionalismo. Perseguiam a paixão e cultuavam a natureza

(Pintores como Constable e Turner eram paisagistas.) e a imaginação.

Eugène Delacroix

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Eugène Delacroix tornou-se o líder do movimento romântico depois da morte de Géricault. Pintava temas de

literatura e eventos comoventes, carregados de violência, em oposição à calma das pinturas neoclássicas.

Caracteriza-se por cores voluptuosas, curvas exuberantes, tons intensos, contrastes vívidos, formas turbulentas

e amplas pinceladas

Theodore Gericault

Na pintura, Theodore Géricault pintava corpos em luta e realidades contemporâneas suas, mas sua ênfase na

emoção o leva a ser considerado um dos precursores do movimento.

Willian Turner

Willian Turner pinta tempestades saídas de sua imaginação. Elimina os detalhes para concentrar-se no essencial,

em que a cor inspirasse sentimento.

Paradoxalmente venerava mestres clássicos como Claude Lorrain.

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O romantismo liberta a pintura da ideia de cor aplicada sobre um desenho.

A cor passa a ser modeladora de formas, ideia desenvolvida no moderno. Desafiou a tradição e pintou buscando

não reproduzir a realidade com precisão, mas captar sua essência. O caminho abriu-se à arte moderna, à

expressão e à abstração.

Figura 16 - Ilustração de Constable

Constable opunha-se a Turner nesse aspecto.

Desprezava a tradição e só confiava no que via.

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Pintou paisagens serenas e suaves que traduzem o conceito de pictórico (Belas paisagens, que se opunham às

manifestações do sublime da natureza.).

Esses dois pintores ingleses estabeleceram a pintura de paisagens como gênero de primeira grandeza no

romântico. Observe que foi então que o homem começou a deixar o campo para ir trabalhar nas indústrias e

morar nas cidades.

Começou a perder então o contato direto com a natureza, que passa a “entrar nas casas como paisagens

idealizadas”.

Ainda na Inglaterra, Willian Blake, outro artista de destaque, é anticlássico e mostra as primeiras inclinações ao

simbolismo. Pintor e poeta, faz da intuição das forças eternas e sobre-humanas da criação o tema de sua arte.

O escultor François Rude, cujos relevos podemos encontrar no Arco do Triunfo de Paris, alterou a composição

neoclássica e imprimiu movimento às esculturas. Rompeu assim com a frieza e o intelectualismo neoclássico em

prol da emoção romântica.

No pensamento arquitetônico, ocorreu uma onda de revalorização do gótico.

Figura 17 - “Três de Maio”

“Três de Maio”, de Francisco Goya. 1808. Está no Museu do Prado em Madrid.

Pintor espanhol que não se limita às classificações dos estilos, revelando as contradições e limitações das

classificações da história da arte. Embora tenha alguns aspectos românticos, sendo considerado um dos

primeiros pintores modernos, também foi pintor da Corte na Espanha.

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Retratista sem compaixão, Goya representava feições que revelavam a fealdade e o vazio de seus modelos. Suas

ilustrações não são de temas habituais, mas de visões fantasmagóricas e sobrenaturais. Algumas pinturas

mostram a guerra não como espetáculo glorioso, mas como opressora, cruel e injusta.

Figura 18 - Rude

No relevo de Rude também vemos figuras vestidas como soldados clássicos, porém apresentam o movimento e a

expressividade da arte romântica, mostrando como essas tendências se misturaram nas obras dos períodos.

Figura 19 - “As Damas de Honra ou as Meninas”

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Por Diego Velásquez, óleo sobre tela, 318 x 276 cm. Museu do Prado, Madri.

O jogo de espelhos revelado pela pintura “As meninas”, de Velásquez (Do período barroco.), fez com que o

quadro como um todo olhasse a cena para a qual ele representava. Uma cena com a pura reciprocidade do

espelho que olha e que é olhado já indicava o olhar da pintura sobre ela mesma. Esse caminho levou ao

desaparecimento da questão da representação clássica que permitia, por fim, a libertação da arte da tarefa de

representação deixada para a fotografia na arte moderna.

Velásquez potencializou a lição de Leonardo de apenas sugerir (Usada nos cantos da boca e dos olhos da Mona

Lisa.), estendendo-a também às próprias mãos (Que são apenas manchas.). Estas apenas dão a impressão de

mãos. Essa ousadia fará dele uma referência para os pintores impressionistas.

O que vem na próxima aula


Nessa aula vimos resumidamente o desenvolvimento da arte da pré-história até a modernidade.
• Na próxima aula, veremos o desenvolvimento dessa história a partir do período conhecido como arte
moderna.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreender as diversas transformações ocorridas com o conceito de arte;
• Ter noções de evolução histórica das sociedades e das suas transformações correspondentes nas artes,
percebendo que há uma ligação entre as duas;
• Identificar noções de história da arte;
• Conhecer os agentes principais (artistas) de cada corrente de pensamento (estilo);
• Familiarizar-se com nomes representativos da história da arte.

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