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ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

A ARTE E O MUNDO MODERNO

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Explicar o surgimento do Impressionismo e da arte moderna.

2. Promover a compreensão e análise da diferença entre arte realista ou naturalista clássica e arte moderna, pela

introdução de conceitos relacionados à imagem como representação e abstração.

3. Apresentar os grandes artistas do Impressionismo e do Pós-Impressionismo.

4. Entender os conceitos do Impressionismo e do Pós-Impressionismo.

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

A invenção da fotografia delimitou o campo de conhecimento da modernidade. Essa história vai ser vista em

nosso estudo por meio de alguns marcos conceituais estéticos. Na história da arte esses primeiros momentos são

estudados com os nomes de Impressionismo, Pós-Impressionismo e Expressionismo.

Hoje a fotografia é mais uma forma de arte, como a instalação, a arte digital, a pintura, o objeto, a escultura, a arte

pública etc. A compreensão dessa evolução da arte é fundamental para a atualização do profissional que trabalha

com a imagem. Vamos começar a estudar essas mudanças, ocorridas no final do século XIX e na virada do século

XX.

Na aula 1, vimos que a afirmação consciente de um “olhar puro1” surge com Manet, no domínio da pintura

impressionista.
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O termo designa a onipotência do olhar criador do artista sobre aquilo que lhe pertencia em particular, ou seja,

a forma e a técnica enquanto um fim exclusivo da arte, e como uma espécie de retorno reflexivo e crítico dos

produtores sobre sua própria produção.

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Figura 1 - ‘Un ba raux folies Bergère’, por Manet.

Essa ideia da forma e a técnica enquanto um fim exclusivo da arte significou uma espécie de retorno reflexivo e

crítico dos produtores sobre sua própria produção - e já era pressentido por Velasquez em As meninas.

Esse foi o caminho que caracterizou a arte moderna, principalmente na interpretação do principal crítico do

século XX: Clement Greenberg. Ele foi também o principal teórico do Expressionismo abstrato norte-americano,

período de predomínio da arte abstrata.

Vamos iniciar vendo como foi a história do nascimento da arte moderna, quando ela superou as concepções

acadêmicas (De herança renascentista) dominantes até então.

Figura 2 - “The Count-Duke of Olivares on Horseback”, por Diego Velázquez.

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Ainda na primeira metade do século XIX, Gustave Coubert passou a retratar temas sociais e pessoas simples,

contrapondo-se à concepção acadêmica tradicional dominante nos salões de arte até então, de haver “temas

dignos” de serem representados.

O sucesso nesses salões era o caminho para que um artista conseguisse estabelecer uma carreira. Esse tinha se

tornado o sistema, desde que o ensino e a formação do artista "passaram a ser feitos nas academias",

inicialmente mantidas pelas monarquias (Que as criaram) e, depois, pelo poder oficial das novas repúblicas.

Figura 3 - “Quebradores de pedras”

Figura 4 - “Auto Retrato”

Você sabia?

Que o aprendizado do artista no tempo de Leonardo da Vinci - antes da instituição das academias de arte - era

com um “mestre”, iniciando-se na juventude no preparo de tintas e telas e evoluindo sob a tutela do mesmo. O

mestre de Leonardo foi Verrochio!

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Figura 5 - “O Batismo de Cristo de Verrocchio” é o primeiro trabalho importante de Leonardo da Vinci como
aprendiz. A pintura foi feita junto com seu mestre Verrocchio.

Ao se recusar a pintar os temas aceitos pela academia, Coubert assinalou uma tendência social - ele era

comunista -, que já se fazia notar, por exemplo, nos trabalhos de Millet, Corot, Daumier, dentre outros artistas

anteriores ou do período. E que se fortaleceu com a propagação das ideias socialistas.

Essa primeira revolução, ainda que basicamente temática, recebeu o nome de Realismo. Ela irá se aprofundar

com Manet, que foi amigo e admirou Coubert e continuou o desenvolvimento dessa ideia, porém em sentido

técnico.

Imagens que mudaram o mundo:

Fotografia
Técnica
Ciência
(Na definição da estética impressionista.)

2 O impressionismo
O movimento impressionista surgiu em Paris, entre 1860 e 1870.

A primeira apresentação ao público incluiu artistas “independentes” em 1874, no estúdio do fotógrafo Nadar.

Artistas principais do Impressionismo:

Claude Monet (1840-1926)

Edouard Manet2 (1832-1883)

Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)

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Berthe Morisot (1841-1895)

Camille Pissarro (1830-1903)

Edgar Degas (1834-1917)

Paul Cézanne (1839-1906)

Georges Seurat 91859-1891)

Alfred Sisley 91893-1899)


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Precursor que nunca expôs com o grupo.

Conceitos estéticos do impressionismo

Necessidade de redefinir a essência pictórica diante da fotografia como novo modo de apreensão da realidade. A

tecnologia e a ciência ofereciam novas possibilidade, enquanto mudavam os rumos da arte e da pintura.

Principalmente porque a fotografia era, até então, uma das formas privilegiadas para se reproduzir (captar) a

realidade através do olhar do artista visual.

Origem do termo impressionismo

Deriva de um comentário irônico de um crítico de arte sobre um quadro de Claude Monet intitulado Impression,

Soleil, Lévant (Impressão, Sol, Nascente, 1872, oléo sobre tela, 50x62 cm, Museu Marmottan, Paris), o qual foi

adotado pelos artistas como um desafio nas exposições seguintes.

Figura 6 - “ILe Déjeuner sur l’herbe”, de Monet.

Afirmação da linguagem fotográfica

A invenção da fotografia, em 1839, exerceu uma profunda influência no direcionamento da píntura e no

desenvolvimento de correntes artísticas ligadas ao Impressionismo.

Com a difusão da fotografia, as serviços sociais passaram do pintor para o fotógrafo. A crise atingiu os pintores

de oficio, deslocando a pintura para o nível de atividade de elite, com público restrito e alcance social Limitado. A

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fotografia permitiu um rápido progresso técnico que permitiu a redução dos tempos de exposição das

imagens (Pela primeira vez, os modelos não precisavam pousar por horas e dias para o pintor.) e permitiu

alcançar o máximo de precisão.

A fotografia "artística" levantou a questão se a pintura como arte era "superior" à fotografia. O Impressionismo,

mesmo estando estreitamente vinculado à divulgação social da fotografia, tendeu a competir com ela em três

aspectos:

Na compreensão da tomada de imagem

Na instantaneidade da imagem

Na vantagem da cor

Os simbolistas, ao contrário, recusaram qualquer relação com a fotografia, reconhecendo que esta superava a

pintura quanto à apreensão e representação das aparências da realidade. Procuraram apelar para a imaginação,

argumentando que o pintor podia imaginar e criar o que a câmara fotográfica não poderia registrar.

A fotografia está na origem da “pintura de manchas” (Impressionismo) e de toda a pintura de orientação

realista do século XIX.

Descobriu-se que a fotografia, que era mais exata na reprodução da imagem, não utilizava a linha, base de toda a

arte desde o Renascimento. Os impressionistas passaram a formar suas imagens através de manchas e, nesse

sentido, retomaram a Velasquez que explorara essa técnica e desenvolveram as ideias de Coubert e Manet.

Observe no quadro “As meninas” - a última imagem da aula passada -, como esse artista apenas “deu a

impressão” de mãos nesse quadro, em lugar de detalhá-las.

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Figura 7 - “As Damas de Honra ou As Meninas”, por Diego Velásquez, óleo sobre tela, 318 x 276 cm. Museu do
Prado, Madri.

Aspectos técnicos-estéticos da fotografia

A objetiva fotográfica reproduz o funcionamento do olho humano.

O fotógrafo manifesta inclinações estético-psicológicas na escolha dos temas. Daí não haver um olho imparcial na

fotografia.

A fotografia permite ver um grande número de imagens que escapam, não só à percepção, como à atenção visual

que o olho humano, mais lento, não consegue captar.

Exemplo

Movimentos das pernas de uma dançarina, um cavalo a galope, os universos do infinitamente pequeno e

infinitamente grande (microscópio e telescópio).

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Como exemplos de manifestações artísticas do período (fim do século XIX), temos o realismo simbólico do Pós-

Impressionista Henri de Toulouse-Lautrec e o impressionismo de Edgar Degas que lançaram mão de materiais

fotográficos para expressar seu interesse pelo espetáculo social. Outros pintores tornaram-se fotógrafos.

No entanto, só surgiu uma fotografia modernista de alto nível técnico quando os fotógrafos deixaram de se

envergonhar por serem fotógrafos e não pintores e se assumiram como tal.

Figura 8 - “Rehearsal”, por Degas.

3 A arte no Brasil
No Brasil, D João VI criou no início do século XIX a Real Academia de Belas Artes, a partir de um grupo de artistas

franceses.

A Missão Francesa implementou no Brasil o estilo Neoclássico, que se tornou oficial. Logo, foi criado o Salão

Nacional, cujo primeiro prêmio era uma viagem à Europa. Assim se reproduziu aqui, ao longo do século XIX, o

modelo acadêmico.

Somente no final desse século, surgem as influências do Romantismo e do Realismo. O Impressionismo só vai

aparecer por aqui, bem mais tarde, no início do século XX, como tendência (influência) à exceção de alguns

poucos artistas como Eliseu Visconti. Esse artista será uma referência importante para o surgimento tardio do

Modernismo no Brasil.

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4 O pós-impressionismo
O Pós-Impressionismo é o nome dado hoje às diversas tendências que buscaram superar o Impressionismo, ou

seja, encontrar outros caminhos possíveis para o desenvolvimento da arte, após a compreensão e aceitação do

Impressionismo.

Figura 9 - “Os bêbados”, Vincent Van Gogh

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Figura 10 - “Montanha Santa Victoria”, Paul Cézanne.

Para aprofundar seus estudos, consulte o texto O Pós-impressionismo: http://estaciodocente.webaula.com.br

/cursos/DIS025/doc/01EH_aula03_O_pos-impressionismo.pdf

Principais tendências do final do século XIX

Pontilhismo

Esta técnica foi desenvolvida por Serrat e buscava estrutura e forma. Fragmentou a pincelada impressionista em

pontos coloridos, transformando manchas (Usadas no Impressionismo.) em pequenos pontinhos com

intensidade graduada para criar profundidade, assim buscando a mistura de cores pelo cérebro. Substituiu os

resquícios românticos dos impressionistas por termos científicos.

Figura 11 - “Um domingo de verão na Grande Jatte”, de Georges Seurat.

Os verdes desta pintura são formados por pequenos pontos azuis e amarelos que se somam em nossa visão,

criando a visão dessa cor (verde) por mistura ótica. Esse efeito também é usado para produzir outras cores.

A corrente do simbolismo (Que se apresentava como alternativa ao Pontilhismo.) queria superar a pura

visualidade impressionista em sentido espiritualista como proposta de um possível caminho para a

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sobrevivência da pintura. Os simbolistas queriam trazer à realidade (Em forma de pintura.) algo que pertence

ao espírito, valorizando a imaginação, pintando o sensível, sem ter necessariamente uma correspondência com o

real.

Figura 12 - “A aparição”, de Gustave Moreau

Os simbolistas buscavam representar o que não podia ser fotografado, mas imaginado, sonhado.

Alguns outros artistas fizeram pesquisas individuais que se tornaram muito importantes porque lançaram a base

para o desenvolvimento de movimentos da arte que se desenvolveram no século XX.

Gauguin

Inicialmente era um simbolista (Mas sua influência vai além deste movimento.). Defendia que se pintasse de

memória, com isso, favorecendo a sensação, a dimensão da imaginação. Acreditava que o homem tinha perdido a

força e a intensidade do sentimento e o modo de expressá-lo, propondo assim, um regresso ao primitivo, mas

sem ilusões de imitá-los.

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Cézanne

Deu importância à estrutura, à essência. Modulou pela cor pura e expôs com os impressionistas.

Figura 13 - “Cénario rochoso na Provença”, de Paul Cézanne.

Van Gogh

Por influência de Gauguin alguns dos seus quadros do início da carreira tinham cores lisas.

Posteriormente foi assumindo suas pinceladas que foram ficando mais marcadas, densas e vibrantes, tornando-

se sua marca pelo frêmito que transmitem.

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O que vem na próxima aula
Nesta aula você teve a oportunidade de perceber o surgimento do realismo, do impressionismo, do pós-

impressionismo e ainda assistir ao nascimento da arte moderna com a contraposição do impressionismo à

invenção da fotografia, a partir 1839.


• Na próxima aula vamos estudar os movimentos de caráter expressionistas e você se tornará capaz de
perceber a diferença entre estilo impressionista, típico da segunda metade do século XIX, estudado nessa
aula, e os movimentos de caráter expressionistas, característicos das primeiras décadas do século XX e
cujos embriões estão no pós-impressionismo.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreender o contexto histórico do final do século XIX, quando ocorreu o Impressionismo em Paris,
França;
• Contrapor o Impressionismo à invenção da fotografia, quando a máquina exigiu a definição de um “olhar
puro” por parte dos artistas modernistas;
• Perceber qual a imagética própria do movimento impressionista.

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