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Gastronomia No Brasil e No Mundo
Gastronomia No Brasil e No Mundo
Rivalizando com a mandioca, o milho da terra tem presença marcante em todo o país,
sendo o ingrediente principal das festas juninas. Os quitutes de milho típicos dessa
manifestação popular e gastronômica são a pipoca, a pamonha, o milho assado, o curau e a
canjica.
A maior parte das receitas nacionais salgadas é preparada com cebola, alho e muitas
vezes um bocadinho mais de pimenta no molho, herança indígena e africana que se tornou
um complemento importante de nossa culinária.
Pelo Brasil afora, verdadeiro manancial de frutas pode complementar a mesa na forma
de sucos, geléias e sorvetes. Há tanta variedade de frutas que é difícil encontrar alguém que
tenha provado todas. São nomes sonoros como cupuaçu, caju, abacaxi, coco, umbu, goiaba,
maracujá, cajá...
E para deixar este cardápio ainda mais gostoso, a nacional cachaça e, claro, um
especial cafezinho para finalizar.
Só de olhar para o mapa do Brasil dá para se ter uma idéia da dimensão deste
patrimônio da humanidade que é a região amazônica. Considerada celeiro do mundo, é de
extasiar a concentração de plantas: são 30 mil espécies dentre elas cerca de 180 tipos de
frutas comestíveis. E incontáveis variedades de peixes, mamíferos e aves. É fácil imaginar
por que hoje os profissionais da gastronomia estão de olho na Amazônia. Aos poucos seus
produtos estão sendo valorizados e incrementados em várias cozinhas do mundo.
Vive nessa imensa floresta, cortada pelo rio Amazonas e seus afluentes, a maior
população indígena do Brasil. É por esse motivo que a região preserva até hoje as raízes da
terra e que sua culinária é considerada uma das mais originais do país. Herança dos nativos,
a mandioca é riquíssima para a culinária. Com ela se produz uma infinidade de tipos de
farinhas, como a de tapioca que, misturada com água, faz um crepe bem fininho que não
deixa nada a desejar em requinte e sabor aos crepes suíços e franceses. Da mandioca
também se extrai o caldo de tucupi, muito usado para cozinhar peixes e fazer o molho com
pimenta-de-cheiro. E mais: com o tubérculo se faz o polvilho (goma) e de sua folha, a
maniva (a folha da mandioca brava, que precisa ser fervida cerca de sete dias para se
extrair o prejudicial ácido cianídrico), prepara-se a maniçoba.
Poucos sabem dos diversos atrativos de Macapá, no Amapá, única capital brasileira
banhada pelo rio Amazonas e cortada pela linha do Equador. É interessante imaginar que
metade da cidade fica no hemisfério Norte e a outra no hemisfério Sul. Navegando pelas
ilhas e igarapés, nota-se a quantidade de pitus (camarões de água doce) que chegam a
medir 40cm. Esses crustáceos podem ser saboreados em várias versões: o simples pitu ao
bafo e o filhote ensopado com pitu no leite de castanhas.
E os cheiros de todas essas iguarias? São tão particulares como os gostos de ervas
como jambu, que amortece leve e agradavelmente a boca. As diversas variedades de
farinha vão da mais grossa farinha de tapioca à finíssima carimã, usada para mingaus de
bebês. Há ainda o feijãozinho manteiguinha de Santarém (Pará), cujo grão é bem pequeno e
utilizado em saladas e que derrete na boca.
o açaí na tigela com granola, que ganhou fama nos Estados Unido na década de 1990,
por ser energético, também é produto made in. Pará. Importante para a cultura local, o açaí
é consumido a toda hora: no café da manhã e da tarde com açúcar e farinha d'água; e no
almoço com peixe frito e farinha. Bem se vê por que um dos ditos populares mais usados é
"quem foi ao Pará parou ... comeu açaí, ficou".
Outro hábito é o "tacacá das cinco", um caldo servido em cuia indígena pelas ruas de
Belém, em geral consumido no fim da tarde e que representa uma experiência única. Essa
verdadeira instituição paraense é composta por caldo de tucupi, goma de mandioca,
camarão seco, jambu e pimenta-de-cheiro.
O prato mais simbólico do Pará é o peculiar e ancestral pato no tucupi, que leva
também jambu na sua preparação. Seu sabor é inigualável. Você poderia perguntar de onde
vem o pato. Há indícios de que exista, desde o período pré-colonial, uma espécie selvagem
na região.
AS COZINHAS DO NORDESTE
o café da manhã do nordestino começa com cuscuz, feito com farinha de milho, sal,
água e acompanhado de leite e abóbora. O queijo de coalho - branco, de casca dura e
amarelada - é consumido em toda a região e das mais diversas maneiras. No sertão vira até
sobremesa, quando se junta ao melaço. Consumi-lo assado na brasa é moda não só nas
praias como nos restaurantes de todo o Brasil.
No Nordeste, o jerimum (abóbora) cozido com sal vira quibebe; se for misturado com
açúcar e coco ralado, transforma-se em um doce especial. Da macaxeira (mandioca
"mansa") se faz a tapioquinha (tipo de crepe) recheada com ingredientes locais salgados ou
doces, como carne-de-sol ou leite de coco.
PRATOS DO LITORAL
Entre os peixes, o beijupirá é um dos mais apreciados. Feito de várias formas, com
castanha-do-Brasil, abacaxi, manga, coco e mel de engenho. Como acompanhamento, o
pirão e a farofa são elementos comuns nos pratos do litoral.
E quem não gosta de beliscar, no fim da tarde, um camarão sete barbas fritinho ou
tomar um caldinho de feijão ou sururu?
É em Natal, no Rio Grande do Norte, que fica a casa de Câmara Cascudo, escritor e
folclorista que deixou o conhecido livro História da alimentação no Brasil. Além de visitar o
museu, dá para provar no local a frigideira de caju; o camarão à paçoca de pilão, feito
também com queijo de coalho. O acompanhamento dos pratos é, na maior parte das vezes,
o arroz de leite.
Na terra da mulher rendeira, o Ceará, reina a lagosta. Na cozinha local, ela pode ser
apreciada em porções generosas ao leite de coco, na carcaça ao forno ou cozida apenas
com sal. Também faz sucesso a peixada cearense, feita em geral com robalo, pargo ou
beijupirá, em postas, com limão, alho e ainda pedaços de cebola, batata, tomate e ovos
inteiros, acrescida de leite de coco. Outro prato típico é o pargo no sal grosso.
MARANHÃO
Por estar entre o Norte e o Nordeste, com características das duas regiões, o
Maranhão pode ser considerado um "estado de transição". Na sua capital, São Luís, estão
presentes tanto a culinária típica amazônica quanto a nordestina.
É forte a marca africana não apenas na cor de seu povo como nos temperos de sua
comida. Mas o uso de pouco tempero e gordura e bem menos pimenta torna a culinária
maranhense mais delicada do que a de seus vizinhos fronteiriços.
As frutas também são abundantes: bacuri, abricó, cupuaçu e juçara (o nome local da
palmeira do açaí do Pará). Entre os doces típicos estão o de buriti, vendido em caixas, e a
compota de bacuri. Verdadeira iguaria da região de Alcântara é o doce de espécie, feito de
farinha de trigo e doce de coco, assado em forminhas.
Na região da fronteira com o Piauí, certos pratos são tão populares nos dois estados
que ninguém sabe mais sua origem. É o caso, por exemplo, do maria-isabel carne-seca
refogada com arroz e farofa de banana.
Das bebidas, vale destacar a tiquira, uma aguardente feita de mandioca que adquire a
cor lilás. E o guaraná Jesus, feito com extratos do guaraná e adocicado com cravo e canela.
Sua cor característica faz com que seja chamado também de sonho-cor-de-rosa.
Ao viajar pelo litoral da Bahia, uma das coisas que mais encanta é o cenário de
coqueirais e dendezeiros, sendo difícil até imaginar que um dia eles não estiveram ali. Como
você deve lembrar, eles foram trazidos da África, mas se adaptaram tão bem à terra que
hoje são parte integrante da paisagem e da culinária.
Não dá para visitar a Bahia sem provar o vatapá (massa feita de castanha de caju,
camarão seco, amendoim torrado, leite de coco, caldo de peixe e gengibre), que, além de
ser um prato principal, compõe também o recheio do acarajé, considerado hoje patrimônio
cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
É bom visitá-lo na hora da fome para degustar um caldinho de lambreta (molusco local,
considerado afrodisíaco), ou um siri-mole, que tem esse nome por ser encontrado sem a
concha.
Esses e tantos outros pratos da cultura local fazem hoje o deleite não somente dos
orixás, como dos alegres mortais baianos que os saboreiam pelo menos uma vez por
semana - e, claro, dos muitos turistas que visitam diariamente a Bahia.
Maior planície inundada do mundo, de 140 mil km", o Pantanal Mato-grossense situa-
se em sua maior parte no estado de Mato Grosso do Sul e é considerado Patrimônio Natural
da Humanidade. Lá convivem em harmonia uma incrível variedade de peixes, revoada de
pássaros e criação de gado, tendo como figura humana principal a do boiadeiro, que muitas
vezes é também tocador de modas** de viola.
Com tanta água, o cardápio regional só poderia ter muitos peixes de sabores
marcantes. Entre os pratos mais apreciados estão o piraputanga frito, o matrinxã recheado
com farofa, o ventrecha (costela) de pacu frito. Da cozinha, não escapa nem a piranha, cujo
caldo, muito apreciado, é tido como afrodisíaco. Há ainda pintado de várias formas, em
mojica (ensopado de peixe com mandioca, temperado com cebolinha verde, cebola e
coentro), frito ao urucum, à pantaneira (ensopado, com banana-da-terra e mandioca, servido
na telha). A banana está sempre presente em várias versões: na farofa como
acompanhamento, banana verde frita em rodelas para servir como tira-gosto, no preparo de
sobremesas.
Muitos pratos goianos têm influência dos mineiros, que se espalharam por esta região
a partir do século XVIII. As cidades de Goiás Velho e Pirenópolis conservam até hoje os
casarões coloniais e as festas religiosas tradicionais como a Semana Santa e a do Divino
Espírito Santo, em que ocorre a Cavalhada.
A capital atual do país, Brasília, idealizada pelo arquiteto Oscar Niemayer e o urbanista
Lúcio Costa, foi construída pelos candangos. Assim eram chamados os trabalhadores que
vieram de outros estados, principalmente do Norte e Nordeste (para a construção da
capital). Até hoje Brasília é uma cidade de imigrantes brasileiros e estrangeiros, e isso se
reflete em sua gastronomia.
Como vimos, os ciclos do ouro e do café fizeram do Sudeste a região mais rica do país
e a mais cheia de contrastes. Assim, é o pedaço do Brasil com maior diversidade
gastronômica.
RIO DE JANEIRO
Por mais de dois séculos a cidade do Rio de Janeiro foi a capital da Colônia, do Império
e da República do Brasil, entre 1763 e 1960. Ter sido a capital do Império de Portugal
explica a forte influência da culinária portuguesa nos hábitos alimentares do carioca.
Exemplos dessa influência são os variados pratos à base de bacalhau. A começar pelo
bolinho e continuando com os pratos principais. A lista é extensa, entre os prediletos:
bacalhau à Gomes de Sá (assado desfiado, com cebola, alho, batata em rodelas e ovos
cozidos), bacalhau à Lagareiro (posta assada com alho torrado, cebola, batatas, e brócolis),
bacalhau à Zé do Pipo (gratinado com purê de batatas). A marca da tradição portuguesa
está também no gosto pelo caldo verde e pelas iscas de fígado.
Nascido nas boêmias noites cariocas do início do século XX, o picadinho ganhou fama
e foi exportado para São Paulo. A receita é tão simples quanto deliciosa: acém ou capa de
filé cortado na ponta da faca, marinado na cachaça, para depois ser cozido com toucinho,
tomate, extrato de tomate, cebola, alho e louro, acompanhado de banana, ovos fritos e
farofa feita na manteiga.
E a feijoada? Claro, essa é a marca registrada dos cariocas, que levam o mérito de
serem os grandes propagadores dessa receita nacional, como vimos no capítulo 'Brasil no
Século XX'.
MINAS GERAIS
tada nesta culinária em pratos como a canjiquinha com co elinha, o arroz com suã de
porco, o leitão à pururuca, o tutu à mineira (mexido de feijão com farinha, servido com
torresminho).
Depois de tanta comida boa, é preciso ter espaço para as diversas sobremesas, como
o clássico romeu-e-julieta (goiabada cascão com queijo minas), a ambrosia (doce com leite e
gemas) e todos os doces de frutas em compotas.
Para arrematar toda essa comilança, o mineiro adora tomar um cafezinho e uma dose
de cachaça. Em Minas, há muitas marcas de cachaças artesanais boas, destacando-se as
da região de Salinas.
O prato símbolo do Espírito Santo é a moqueca capixaba, que difere da baiana por não
levar nem azeite-de-dendê nem leite de coco, mas recebe cor de um ingrediente especial, o
urucum. No lugar do azeite-de-dendê entra o "azeite doce" (óleo de oliva).
Outro ícone do litoral é a torta capixaba, que vale por um prato principal, pois é
recheada de badejo e frutos do mar (sururu, ostras, camarões e caranguejos), além de
azeitonas, ovos e temperos como coentro e urucum. A garoupa salgada com banana-da-
terra também é famosa. Feita artesanalmente em panela de barro até hoje, é um exemplo da
preservação dos costumes da região, uma tradição de 400 anos.
Na região serrana, o clima mais frio foi um chamariz para os imigrantes italianos e
alemães, que preservam suas receitas típicas, seus costumes e seu folclore. No município
de Santa Teresa, alguns pratos típicos são o delicado tortei de abóbora (massa em formato
retangular, recheada do legume), o agnoiini (sopa de capeletti) e a pavesa (sopa feita com
caldo de carne, torradas e gema de ovo crua). Do outro lado da serra, a 43km de Vitória, fica
a cidade de Domingos Martins, reduto alemão com charmosos cafés coloniais, que serve o
típico michjabroud (pão de milho), brevidades com raspinha de limão, rocambole alemão,
vinho de jabuticaba (produzido na região), inúmeras geléias e rosquinhas e o clássico
apfelstrudell (torta de maçã). Mas a robusta culinária germânica também se mostra em pratos
como o guisado de pato caipira e o einsbein (joelho de porco). É muito característico da
região também a machacota, doce puxa-puxa (feito de farinha de mandioca, rapadura e
gengibre).
Povoada a partir do' século XVII por imigrantes portugueses açoríanos=', italianos e
alemães, entre outros, os hábitos e costumes dos sulistas fazem lembrar muito os
antepassados europeus. A maior parte dos pratos da região são receitas do Velho Mundo
adaptadas aos trópicos. Mas não podemos esquecer que o nosso querido churrasco
nacional nasceu nos pampas gaúchos.
PARANÁ
A contribuição dos imigrantes pode ser notada nas receitas locais alemãs como os
salsichões, as lingüiças de porco, as carnes defumadas, o chucrute (repolho azedo) e os
picles (conserva de legumes em vinagre, água e outros líquidos). São muito apreciados os
doces como o strudel de requeijão e o stolen (bolo de farinha de trigo, semelhante ao
panetone, com passas brancas e pretas, castanhas, frutas cristalizadas e rum).
Do lado dos poloneses, é típico o pierogi (pastel cozido, feito de massa de farinha de
trigo levedada, recheada com batatas cozidas e requeijão). E da comunidade ucraniana
pode-se provar pratos como o borscht (tradicional sopa de beterraba, feita com creme de leite
fresco).
Recheada de festas folclóricas, a bela Santa Catarina tem encantos que atraem turistas
o ano inteiro. Além de belas praias, os roteiros gastronômicos são a grande atração, como a
rota do marreco, no Vale do Itajaí, em que se pode saborear a ave assada recheada com
repolho roxo, acompanhada de purê de batatas e chucrute. Outro prato que preserva a
cultura germânica local é o kassler (chuleta de porco). Também é típica a carne de ovelha
seca ao sol.
Nosso churrasco nasceu pelas mãos dos gaúchos no extremo sul do país, na divisa
com os pampas uruguaios e argentinos. Como manda a tradição, ,o verdadeiro churrasco é
feito no espeto, assado durante horas, só com sal grosso, usando-se costela bovina
(chuleta), paleta e matambre, este sempre assado, com recheio de legumes, lingüiça e ovos.
O sucesso estrondoso das churrascarias com sistema de rodízio teve início na década
de 1960. A história começou nas estradas do Rio Grande do Sul, onde foram abertas
churrascarias para atender os motoristas e caminhoneiros. Visando um atendimento rápido,
assavam vários tipos de carnes em espetos (três ou quatro, entre peças bovinas, sumas e
aves).
Muitos gaúchos levaram esse sistema para o restante do país, também conhecido
como "espeto corrido": garçons passam constantemente pelas mesas servindo carnes
assadas em espetos. Os clientes escolhem as de sua preferência, comendo à vontade, a um
preço fixo.
Há rodízios para todos os bolsos. Isso atrai uma ampla clientela e mais ainda os
turistas estrangeiros, que se surpreendem com a quantidade de carnes oferecidas e o
imenso buffit de saladas, frios e pratos quentes. Hoje há centenas dessas churrascarias
espalhadas não só no Brasil como nos Estados Unidos, na China, no Japão e na Europa.