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REGIÃO

NORTE
Lar da maioria dos povos indígenas brasileiros e dono de uma
biodiversidade reconhecida mundialmente, o Norte chama atenção pela
riqueza cultural e natural. A história da região Norte também é muito
importante para o cenário atual do Brasil, com um desenvolvimento
econômico que faz dos seus sete estados excelentes oportunidades de
trabalho.
A região Norte do Brasil é composta por sete estados: Amazonas, Pará,
Acre, Rondônia, Roraima, Tocantins e Amapá. Com clima equatorial úmido,
sua marca registrada é o calor tropical e as chuvas abundantes, dois
fatores que contribuem com a biodiversidade rica do local.
Logo no início da ocupação portuguesa e espanhola no Brasil, a região
Norte chamou a atenção. Os colonizadores tentavam desbravar a densa
floresta e os rios abundantes em busca de El Dorado, a lendária cidade
feita de ouro.
A partir da década de 1960, o governo brasileiro implantou um plano
de integração da região Norte com o resto do país. Uma das iniciativas foi
a construção de grandes rodovias de ligação, como a Transamazônica,
além de um processo de industrialização e o estabelecimento da zona
franca de Manaus.
A cultura da região Norte é responsável pelas principais manifestações
folclóricas do Brasil, em sua maioria, fruto da herança indígena. A vitória-
régia, o boto-cor-de-rosa e o boitatá são alguns exemplos.
Para preservar essa cultura, o local conta com algumas festividades
típicas que mantêm os costumes vivos. Por exemplo, o tradicional Festival
de Parintins e a Cavalhada, além da famosa encenação da Paixão de Cristo
e o Marabaixo, que representam a influência católica da época de
colonização.
RONDÔNIA
As preparações da cozinha de Rondônia pouco se diferem das
cozinhas dos outros estados nortistas, mantêm as mesmas características
com base no que oferecem a região amazônica e seus imensos rios.
A cozinha do Estado de Rondônia é baseada nos peixes dos principais
rios da região, como o Madeira, o Guaporé, o Mamoré e o Ji-Paraná.
Tucunarés, tambaquis e surubins, entre outros, recebem temperos como
o cheiro verde, a cebolinha, a chicória, a alfavaca e as pimentasde-cheiro,
a pimenta-malagueta e a murupi. Caldeiradas e peixes na brasa
acompanhados de produtos obtidos da mandioca, como as farinhas e a
maniçoba, são as formas de preparo mais comuns na região, que tem a
maioria dos pratos também típicos em toda região Norte. O cupuaçu é o
fruto com o qual são feitos bolos e doces (COLEÇÔES ABRIL, 2009f, p. 24).
O monumental Rio Madeira, principal afluente do Rio Amazonas, com
mais de 3 mil km de extensão, fornece ao turismo gastronômico de
Rondônia o principal ingrediente: o peixe pirarucu. Ele é base do prato
típico da capital Porto Velho. O estado é o principal produtor e exportador
da espécie. Além da natureza generosa, a culinária é complementada pela
cultura indígena, que contribuiu para a criação de pratos saborosos e
práticos.
Conhecido como o bacalhau da região amazônica, o pirarucu é o maior
peixe de água doce do Brasil. Ele chega a medir três metros. O nome é uma
referência à cor da sua cauda: pirá quer dizer peixe e, urucum, vermelho.
O ingrediente principal de outros pratos saborosos da gastronomia
rondoniense também vem dos rios. Os peixes tambaqui e tucunaré são o
carro-chefe da caldeirada, que é uma mistura dos pescados com os
ingredientes nativos da região, servidos acompanhados de pirão.
O tacacá, muito comum nos estados da região Norte, é uma receita
que une camarão, goma de mandioca e jambu. Muito delicioso, ele
também mistura o tucupi (caldo amarelado) e leva bastante pimenta. A
origem do prato é indígena, demonstrando a influência na região.
Outro prato de origem indígena no turismo gastronômico dos
restaurantes rondonienses é a damurida. Mas, para degustá-lo é preciso
ter um paladar resistente ao gosto picante da pimenta. O prato reúne
vários tipos de pimenta, carne de boi ou de peixe, verduras e legumes
cozidos juntos. A damurida é servida com farinha e tapioca.
Alguns pratos típicos da culinária de Rondônia:
• Maniçoba.
• Tacacá.
• Mingaus.
• Tucunaré assado.
• Pirarucu na casaca.
• Caldeirada de Tambaqui.
• Tucunaré com bananas.
• Caruru.
• Tapiocas.
• Pamonha.
• Bolo de macaxeira.
• Cocada de castanha.
• Picles de palmito.
Tacacá: Esta é uma receita
que mostra muito bem a
mistura de influência do
estado. O mix de ingredientes
como o camarão, a goma de
mandioca e as folhas de
jambú, um tipo de erva que
deixa os lábios meio
dormentes, revela um gosto
único e bem exótico, além de
saboroso.
A caldeirada é um prato bem
comum em muitas partes da
Região Norte do Brasil, graças à
abundância dos pescados nesta
área. Os peixes mais populares
para a caldeirada de Rondônia são
o tambaqui e o tucunaré. É uma
comida para muitas pessoas e
costuma ser bem temperada. É
servida acompanhada por um
delicioso pirão.
Torta de cupuaçu: Algumas
frutas típicas da região são
bastante usadas em receitas de
tortas e outros tipos de
sobremesa. O cupuaçu é uma
delas. A fruta é parente próxima
do cacau, e por conta disso seu
gosto muitas vezes se assemelha
ao do chocolate. Além de tortas,
o cupuaçu pode ser usado para
fazer bombons e até mesmo
receitas de sabor azedo.
Doce de buriti: Outra fruta que
é bastante usada na gastronomia
rondoniense é o buriti. Apesar de
ser empregada na confecção de
tipos de produtos, de sabonetes a
vermífugos, a fruta é rica em
vitaminas e cálcio, o que valoriza
ainda mais o seu doce. Buriti (ou
muriti, como também é
conhecido) é também o nome da
palmeira na qual esse fruto nasce.
ACRE
O estado pertencia à Bolívia até novembro de 1903, quando
o Tratado de Petrópolis o integrou ao Brasil.
Além da influência boliviana, o Acre recebeu muitos
moradores do Nordeste brasileiro, que migraram no final do
século 19 para trabalharem nos seringais durante o primeiro
ciclo da borracha.
Desta forma nordestinos e outros povos se fixaram na
região. Nos anos 40, durante a Segunda Guerra Mundial, o
Acre viveu a segunda fase do ciclo da borracha devido à
destruição de grandes produtores mundiais de borracha
O Acre também carrega traços da gastronomia amazônica, tornando a
culinária local bem parecida com os demais estados do Norte, “embora
tenha uma maior influência dos imigrantes vindos do Nordeste, que foram
para o Estado atraídos pela riqueza gerada pela extração do látex”
(COLEÇÕES ABRIL, 2009f, p. 15).
“Os ingredientes mais apreciados são o pato e pescados como o
tambaqui, o filhote e o pirarucu. A costela de tambaqui e o pirarucu de
casaca estão entre as receitas mais consumidas” (COLEÇÕES ABRIL, 2009f, p.
15).
Dos estados nortistas o Acre herdou preparações como o vatapá, a
panelada e a carne de sol com macaxeira. Dos imigrantes sírios e libaneses
que ocuparam o estado, encontramos deliciosos pratos, que são vendidos
pelas ruas, é possível degustar uma infinidade de lanches típicos, como:
quibe, esfihas, tabule, charutos e outros.
Portanto, a cultura da floresta, a cultura indígena de comer e beber
e, sobretudo, a exploração da sua árvore nativa, a seringueira – por um
grande contingente humano que aflorou principalmente do nordeste
brasileiro para a chamada época de ouro da extração da borracha – vão
determinando sua cultura gastronômica. Repleta de exotismo e sabores,
o gosto desta terra é traduzido em cardápios fartos de sabores próprios.
Alguns pratos típicos da culinária do Acre:
• Quibe de Arroz.
• Quibe de Macaxeira.
• Saltenhas (original da Bolívia).
• Tambaqui à Moda Acreana.
• Pirarucu de Casaca
• Costela de Tambaqui.
• Rabada no Tucupi.
• Feijão ao Leite de Castanha do Brasil.
• Panelada.
• Pato no Tucupi.
• Tabule.
• Esfirra.
• Charutos Mariolas.
• Mingau de Banana e Tapioca.
• Açaí na Tigela.
• Pudins, cremes e sorvetes de frutas típicas (maracujá, cupuaçu, açaí, graviola,
jaca, abacaxi, buriti, beribá, cajá etc.).
• Cocadas.
• Bombom de Cupuaçu.
• Salames de Cupuaçu.
Por causa dessa proximidade
geográfica e histórica, a culinária
acreana ganhou toques
bolivianos.O principal deles é a
saltenha, um salgado muito
popular na Bolívia. Parecida com
um calzone, a saltenha é
recheada com carne. Ela pode
ganhar ingredientes extras, como
pimenta e azeitona.
Outro prato que virou
tradição no Acre, por conta
da migração nordestina,
leva um nome bastante
curioso: a ‘baixaria’. Ele é
uma receita baseada em
farinha de milho, carne
moída, cheiro-verde e ovo
frito.
Os restaurantes no Acre
costumam servir tucunaré recheado.
Esse prato é preparado com um
peixe bastante comum na região. O
recheio fica por conta da
combinação de legumes cozidos,
batata-doce e pimenta-do-reino.
Para o tucunaré ficar bem suculento
e saboroso, o segredo é mariná-lo no
vinho e no alho.
O quibe de arroz é uma
adaptação acreana do quibe
tradicional. A massa, ao invés de
ser preparada com trigo
amolecido, leva arroz cozido
com caldo de galinha e um
pouco de manteiga. Misture
bem os ingredientes, até formar
uma massa consistente. Abra um
pedaço da massa na palma da
mão, adicione a carne moída e
enrole, no formato de quibe.
Depois, é só fritar e servir como
lanche.
Amazonas
A culinária do estado do Amazonas é uma das mais exóticas de todo
o Brasil. O estado foi um dos que mais manteve as vertentes culturais
indígenas, tendo pouca influência portuguesa ou africana em sua
gastronomia. É banhado pela bacia hidrográfica do Rio Amazonas, e por
conta da grande presença de águas salgadas, os peixes são bastante
usados em seus pratos.
Algumas frutas também são bem comuns na região, como o tucumã,
que está presente em diversas receitas. Um outro ingrediente muito
usado é a farinha de mandioca e o tucupi, líquido amargo produzido a
partir da mandioca.
Muito parecida com a cultura do Pará, a cozinha amazônica também
preserva características de um Brasil indígena, “graças a uma
abundância de ingredientes locais e ao isolamento em relação a outras
regiões brasileiras” (COLEÇÕES ABRIL, 2009f, p. 14).
As influências externas vieram mais em forma de técnicas, como o
cozido, o ensopado e o frito. A utilização de dendê e leite de coco foi
inserida por meio dos africanos.
A base da alimentação no estado do Amazonas fica em torno das
frutas da região, dos peixes fornecidos pelos imensos rios e da
mandioca, alimento fundamental, que aparece em suas diversas
formas, em especial as diversas farinhas.
Alguns pratos típicos da culinária do Pará:
• Pato no Tucupi.
• Maniçoba.
• Tacacá.
• Tambaqui Recheado.
• Caldeirada de Tucunaré.
• Tartaruga à Moda Karajá.
• Costela de Tambaqui no Tucupi.
• Bolinho de Pirarucu e Batata.
• Farofa de Pirarucu.
• Matrinxã na Brasa.
• Peixe Moqueado.
• Pão francês com Tucumã e Queijo, também chamado de X-caboquinho.
• Tapioca de Tucumã e Queijo.
• Pirarucu de Casaca.
• Parmegiana de Pirarucu.
• Pavê de Cupuaçu.
Caldo de tambaqui
Feito com um dos peixes
mais comuns na região, esse
caldo é uma das receitas típicas
e em sua produção leva o
tucupi. O caldo é temperado
com sal, pimenta e um toque
de limão, além de ervas locais,
como o jambu.
Pirarucu frito
O pirarucu é um peixe muito
consumido no estado, mas esse
prato também pode ser feito com
diversas outras espécies de
pescado, como o jaraqui e pacu.
Os pratos de peixes fritos são
normalmente servidos com a
farinha de Uarini e o baião de
dois, composto por arroz, feijão e
cheiro-verde.
Tapioca de tacumã
A tapioca é um prato
comum em muitas partes do
Norte e do Nordeste, porém no
Amazonas essa receita leva um
toque especial. O tucumã é
uma das frutas típicas da
região, e é bem normal comer
uma tapioca recheada com a
fruta e um pouco de queijo
coalho.
X-caboquinho
Um outro prato bem comum nos cafés da manhã do amazonense é
esse sanduíche feito com pão francês e o bom tucumã com queijo
coalho. É uma receita simples, e normalmente é consumida
acompanhada de um café com leite.
RORAIMA
Roraima abriga uma variedade de culturas decorrente da migração de
pessoas das regiões Nordeste, Sul, Sudeste e de outros estados da
Região Norte, que optaram por Roraima como sua segunda terra, além
da culinária indígena local. O tacacá, a maniçoba, o acarajé, o churrasco
gaúcho, o vatapá e o queijo mineiro fazendo parte de uma mesma
culinária local — junto à culinária indígena original do lugar — são
uma pequena amostra do que define a gastronomia roraimense:
diversidade.
Assim como os demais estados do Norte do país, a culinária
roraimense carrega as influências indígenas, utilizando das ervas locais,
das raízes, das pimentas, dos peixes, dos frutos amazônicos e tudo o
que essa região pode oferecer.
Imigrantes nordestinos, sulistas e mato-grossenses, também
trouxeram um pouco da cultura de onde vieram.
“Com a mandioca são preparadas receitas como a farinha de tapioca, o
carimã (derivado da tapioca, mas bem fino) e o bolo de macaxeira.Com
os peixes são preparadas as caldeiradas de tucunaré, a damorida, um
peixe assado no espeto regado em um caldo de folhas de pimenta
malagueta e passado na farinha de jiquitaia (pimenta-malagueta seca e
moída), peixe moqueado e tambaqui recheado e assado na telha
(COLEÇÔES ABRIL, 2009f, p. 16).
Alguns pratos típicos da culinária roraimense:
• Chibé (Farinha de mandioca hidratada com água).
• Damorida.
• Caldeirada de peixe.
• Guisado de Galinha.
• Paçoca de carne com banana.
• Cuscuz de Milharina e Coco.
• Tapioca.
• Pé-de-Moleque roraimense (resultado de uma mistura de carimã, açúcar, ovos,
manteiga, sal, cravo, erva-doce. A massa preparada é enrolada em folha de
bananeira e levada ao forno para assar).
• Bolo de Macaxeira.
• Suco de Guaraná (com castanhas, amendoim ou acerola).
• Sucos de frutas amazônicas.
• “Vinho” de Buriti.
O pé de moleque é um
doce feito do carimã da
mandioca. Açúcar, ovos,
manteiga, sal, cravo e erva-
doce são misturados com a
massa. A massa é enrolada
em folha de bananeira e
levada ao forno para assar. É
servido com café ou café com
leite.
Pirarucu desfiado
É uma forma típica
roraimense de preparar o
pirarucu. O peixe é lavado com
água e limão, escaldado no
fogo e desfiado, retirando-se
todas as espinhas. É refogado
em uma panela com óleo e
temperos, e a esses
ingredientes é acrescentado
leite de coco ou de castanha do
Pará. O pirarucu desfiado é
servido acompanhado de arroz
e farinha.
Guisado de galinha caipira
Um tipo de receita muito
popular na região. A galinha
é cortada em pedaços,
guisada em óleo, cebola,
alho, pimenta-do-reino,
pimenta-de-cheiro, tomate,
sal, cheiro verde e colorau.
Acompanha pirão feito com
o próprio caldo.
Paçoca de banana
Prato preparado com
farinha, banana e carne
bovina bem seca ou
charque batida no pilão. É
indicado pelos roraimenses
como ideal para viagens
por conservar-se durante
muitos dias fora da
geladeira.
PARÁ
Belém não se precisa de grandes investimentos no que diz respeito
à culinária. Tudo ali é abundante e faz parte do DNA da região. Peixes,
folhas de mandioca e frutas típicas são aproveitados para nos fazer
brilhar os olhos e o estômago agradecer, com pratos tão diferentes
quanto deliciosos.
Essa cultura resgata o uso dos elementos locais e garante ainda mais
recursos para a comunidade, sendo um verdadeiro catalisador da
economia. Já que nada é importado, a economia gira, criam-se
empregos e, com o extrativismo consciente, é possível preservar os
bens naturais.
O Pará é um dos estados brasileiros que preservam os sabores de
um Brasil primordial, o Brasil que antecede as descobertas, “aquele
Brasil antes mesmo das caravelas e dos navios negreiros” (COLEÇÕES
ABRIL, 2009k, p. 11).
A cozinha paraense é considerada a mais verdadeira do Brasil, por
ter sofrido menor influência dos colonizadores manteve-se a mais
nativa possível, utilizando das fontes oferecidas pela Floresta
Amazônica e das técnicas criadas pelos povos indígenas.
A base da alimentação no Pará são os peixes amazônicos, os frutos-
domar e a mandioca, essa última utilizada quase que de forma integral,
desde as folhas até o líquido extraído da raiz — o Tucupi.
Alguns pratos típicos da culinária do Pará:
• Açaí com Peixe Frito.
• Arroz com Jambu.
• Arroz de Jambu.
• Arroz de Mariscos.
• Arroz Paraense (Camarão, Jambu e Tucupi).
• Bolinho de Piracuí.
• Bolo de Mandioca.
• Caldeirada.
• Caldeirada de Filhote.
• Caldeirada de Tucunaré
• Caldeirada Paraense.
• Caruru do Pará.
• Costela de Tambaqui Assada.
• Maniçoba.
• Mojica.
• Moqueca Paraense.
• Mugunzá.
• Pato no Tucupi.
• Pirarucu no leite de coco.
• Pirarucu seco ao molho de Leite de Castanha.
• Sopa de caranguejo.
• Sorvetes e cremes de frutas nativas.
• Tacacá.
• Tapioca.
• Tucunaré de Forno.
• Vatapá do Pará.
Os mingaus podem ser de
tapioca, de milho branco,
banana, ou açaí. O mingau de
açaí é muito comum entre os
paraenses. Faz-se um mingau
de tapioca, com água e açúcar.
Deixa-se esfriar um pouco e
junta-se, então, o açaí azedo,
guardado de véspera. Toma-se
mingau em qualquer
vasilhame, mas, o gostoso é
saboreá-los utilizando cuias.
O tucupi pode ser considerado o coringa da
culinária paraense. Caldo amarelo, produzido
a partir da fermentação da mandioca, raiz da
maniva, é servido com os mais diferentes
tipos de carnes. Mas é com o pato que o
tucupi ganha sabor extraordinário e status de
carro chefe da culinária paraense. O caldo do
tucupi deve ser bem fervido para eliminar o
ácido cianídrico, presente na mandioca. Em
seguida, temperá-lo a gosto com sal, alho,
chicória e pimenta de cheiro.
As folhas da planta maniva ou da
mandioca se transformam numa das
mais exóticas iguarias da culinária
paraense: a maniçoba. O preparo da
maniçoba demanda tempo. As folhas
depois de lavadas e moídas, devem ser
cozidas por 4 dias. No quinto dia,
acrescenta-se as carnes, as mesmas de
uma feijoada: charque, chouriço
português, paio, pé de porco, toucinho,
costela, já dessalgados. Deixa-se
cozinhar por mais dois dias. Acerta-se o
sal e pode servir com arroz branco,
farinha d’água e molho de pimenta de
cheiro à parte.
Com o tucupi, é muito comum
o paraense fazer também o arroz
de pato, um risoto que tem na sua
base o caldo do tucupi e o pato
assado. Para o prato é necessário
temperar o tucupi com sal, alho e
chicória e fervê-lo. À parte, asse o
pato também temperado com sal,
alho e pimenta do reino. Desfie a
carne e reserve. Cozinhe o arroz, no
caldo do tucupi e acrescen- te o
pato quando o arroz já estiver
quase no ponto. Acrescente o
jambú pré-cozido a gosto. Sirva
com molho de pimenta.
Para o vatapá paraense, usa-se
também o caldo resultante do cozimento
das cabeças e das cascas de camarão
salgado. Nesse caldo, temperado com
chicória, alhos e cheiro verde, adiciona-
se farinha de trigo, obtendo-se um
mingau mais ou menos consistente.
Acrescenta-se o leite de coco puro,
natural ou industrializado, os camarões
previamente limpos e dessalgados, por
último, o azeite de dendê. Acrescente ao
prato já servido a farinha, o molho de
pimenta, algumas folhas de jambú e
camarões cozidos no tucupi.
O pirarucu de casaca é feito a partir da
carne do peixe salgada. Depois de
dessalgado, o pirarucu é frito em pedaços e
desfiado. E refogado com cebola, tomate,
cheiro-verde e pimenta, azeite de oliva e sal,
se necessário. Além do peixe refogado, o
prato eva uma camada de farofa molhada,
feita com leite de castanha do Pará ou de
coco e farinha de mandioca. Para arrematar,
bananas compridas fritas e batata palha. Vai
ao forno apenas para amornar. Serve-se com
arroz branco.de mandioca.
O açai é fruto de uma
palmeira típica das regiões de
várzea da Amazônia. É tomado
gelado com farinha de mandioca
ou tapioca. Mas é comum se
comer o açaí em forma de pirão
feito com farinha d’água,
acompanhado de peixe assado
ou camarão. Há ainda os que
preferem o suco com açúcar.
Para o preparo da torta de cupuaçu com
queijo “cuia”, mistura-se biscoito maisena
triturado e margarina até obter uma massa
consistente. Coloca-se a massa em uma
forma de torta de aro, fazendo furinhos no
fundo com um garfo. Acrescenta-se uma
camada de queijo “cuia” (tipo Reino) ralado
misturado com gemas de ovos. Leva-se ao
forno para assar. Retira-se e acrescenta-se
uma camada de geléia de cupuaçu. Cobre-se
tudo com um suspiro feito à parte. Deixa-se
esfriar, retira-se da forma e enfeita-se com
queijo “cuia” ralado.
AMAPÁ
Parte da grande cultura amazônica, o Amapá não deixa a desejar
quando se trata de sua gastronomia. Aproveitando ao máximo a
biodiversidade que toda a Região Norte do Brasil oferece, a cozinha do
estado usufrui dos peixes e, obviamente, das diversas frutas da região.
Existe também uma herança adquirida dos migrantes de outras regiões
do Brasil.
A gastronomia amapaense é influenciada pelos povos indígenas e se
utiliza de elementos próprios da região como suas 200 espécies de
peixes de águas doce e salgada, a carne de búfalo, suas nove
variedades de camarão de água doce, além de frutas exóticas - como o
açaí e o tucumã.
Alguns pratos típicos da culinária do Amapá:
• Maniçoba.
• Rosquinha de Carimã.
• Pirarucu ao leite de castanha.
• Tacacá.
• Camarão ao molho de Tucupi.
• Pato no Tucupi.
• Caldeirada de Tucunaré.
• Tucunaré na brasa.
• Peixe na telha.
• Sopa de caranguejo.
• Unha de caranguejo.
• Coxinha de caranguejo.
• Gengibirra (bebida fermentada feita com frutos, gengibre, açúcar, ácido
tartárico, fermento de pão e água).
• Torta de cupuaçu.
• Suco de açaí e de frutas da região.
• Pudim de açaí.
• Docinho de açaí.
• Sucos e sorvetes feitos com cupuaçu, açaí, pupunha, bucuri, uxi, mari,
taperabá,
tucumã, macajá
Uma receita muito popular
nos restaurantes e nas mesas
das famílias do Amapá é o 
camarão no bafo. Fácil de
preparar, ele é cozido com a
panela bem tampada e
temperado apenas com alho,
sal e pimenta.
Para degustá-lo, assim
como na tradição indígena,
pimenta e farofa são os
acompanhamentos perfeitos.
Ideal para acompanhar o
camarão no bafo, a
gengibirra é uma bebida
alcoólica que mistura pinga,
água e açúcar.
O ingrediente principal é
o gengibre, raiz medicinal
de gosto forte e muito
eficaz no combate a
mazelas como tosse, dores
musculares, gastrite e
problemas na garganta.
É muito comum o uso
de peixes como
ingrediente em pratos
típicos da região
amazônica, uma vez que
eles são abundantes por
ali. No caso da gurijuba,
embora esse peixe possa
ser encontrado em quase
qualquer rio da região, a
receita da pescada está
firmada no Amapá.
Com as frutas do
Amapá são produzidos
sucos, doces, sorvetes e
picolés. Algumas frutas
são muito exóticas e mal
se tem conhecimento
delas fora da região
Norte: uxi, mari, taperebá
e tucumã são algumas
delas. Outras frutas são
mais comuns, como
cupuaçu e açaí, por
exemplo.
TOCANTINS
O Tocantins é um dos estados mais novos do Brasil, criado
pela Constituição de 1988. Sua gastronomia possui uma
grande variedade de pratos que agrada quem vive nele e
também quem visita a região. Com forte influência das
culturas indígena, portuguesa, paulista e mineira, a maioria de
suas receitas tem algum peixe como base. Não seria exagero
dizer que a culinária do Tocantins é como uma colcha de
retalhos cultural.
A gastronomia do Tocantins é influenciada por diversas
culturas, entre elas, a cultura indígena, portuguesa, paulista,
mineira e africana, assim como a de Goiás, uma vez que, até
1988, as terras do Tocantins eram a parte norte de Goiás.
Alguns pratos típicos da culinária do Tocantins:
• Arroz Cirigado (também conhecido como Maria-Izabel).
• Arroz com pequi.
• Biscoito de polvilho.
• Feijão-tropeiro.
• Galinhada.
• Galinha com pequi
• Pamonha.
• Peixe na telha.
• Peixe no leite.
• Peixe assado na folha de bananeira.
• Tigelada de guariroba.
• Doce de banana à moda tocantinense.
Uma receita típica da região,
a peixada é preparada com um
peixe em posta, alho, cebola,
cheiro-verde, cenoura e leite de
coco. O peixe é temperado com
alho e sal, e em seguida é
cozido em água fervente junto
com a cenoura, o cheiro-verde e
o leite de coco, até ganhar
maciez. O costume é servir logo
em seguida à preparação,
geralmente acompanhado de
arroz e farofa de manteiga.
Bastante apreciado pela
população local, o frango tostado
leva, além do frango, alho, sal,
toucinho, açúcar, cebola e
pimenta-do-reino. Após o frango
ser limpo, ele é temperado com
alho, sal e pimenta-do-reino. O
toucinho é derretido numa panela
com o açúcar e a cebola,
formando uma espécie de calda
que vai por cima do frango
enquanto ele é assado e tostado.
Outra especialidade
tocantinense é o peixe no leite de
coco babaçu. Essa receita é
preparada com caris, cheiro-verde,
tomate, cebola, pimenta-de-cheiro
e leite de coco babaçu. Depois dos
caris limpos, o peixe é colocado
para ferver junto com os temperos
para formar um molho. Depois
disso, é acrescentado o leite de
coco, sempre mexendo para não
talhar.
Um dos preferidos da
região, o peixe na folha de
banana é feito com um
peixe tucunaré, limão, sal,
pimenta-de-cheiro, alho e
cebola. Depois do peixe ser
limpo com limão e sal e
posto para descansar, é
temperado por fora e por
dentro com pimenta-de-
cheiro, alho e cebola. Por
último, é enrolado na folha
de bananeira e assado.

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