Você está na página 1de 29

O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.

Capítulo 4

O Método das Diferenças Finitas na Análise


de Placas Rectangulares Finas

4.1 Conceitos Básicos

A função contínua f (x1, x2) = f (x, y) tem valores conhecidos num conjunto discreto
de pontos (i, j, k, l, etc.) como se representa no quadro 4.1. A determinação das derivadas
da função f (x, y) nos pontos (i, j, k, ...) pode fazer-se recorrendo ao chamado método das
diferenças finitas.

ponto coord.x coord.y f(x,y)


... ... ... ...
i-1 x i-1 y i-1 f i-1
j-1 x j-1 y j-1 f j-1
... ... ... ...
i xi yi fi
j xj yj fj
... ... ... ...

Quadro 4.1: Função f (x, y) tabelada.


O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.2

Considere-se que os pontos (i, j, k, ...) no plano Oxy, para os quais se conhece o valor
f (x, y), de acordo com a figura 4.1, têm coordenadas tais que:

x i − x i − 1 = x k − x k − 1 = ... = ∆x e y i − y j = y k − y j = ... = ∆y 4.1

A consideração de intervalos ∆x e ∆y = constante, segundo os eixos dos xx e dos yy,


facilita a sistematização e aplicação do método das diferenças finitas, não é porém condição
necessária para efeitos de utilização do referido método. A consideração de ∆x ≠ ∆y pode
tornar-se necessária.

y
∆x ∆x ∆x ∆x ∆x

i-2 i-1 i i+1 i+2 ∆y

j-2 j-1 j j+1 j+2 ∆y

k-2 k-1 k k+1 k+2 ∆y

l-2 l-1 l l+1 l+2 ∆y

i-2 i-2 i-2 i-2 i-2 ∆y


m-2 m-2 m m + 1 m +2 ∆y
O x

Figura 4.1: Malha no plano Oxy.

A derivada da função f (x, y) em ordem a x, de acordo com a definição de derivada


parcial, num ponto, é:

∂f ∆f
= lim 4.2
∂ x ∆x →0 ∆ x

Se se considerar um intervalo ∆x suficientemente pequeno, pode considerar-se que:


O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.3

∂f ∆f
≅ 4.3
∂x ∆x

Considerando válida esta aproximação 4.3, para a função tabelada no quadro 1 e a


distribuição dos pontos no plano Oxy representada na figura 4.1, a derivada da função
f(x,y) em ordem a x no ponto k, pode determinar-se,
 ∂f  fk +1 − fk
pela diferença à frente:   ≅ (a)
 ∂ x k ∆x

 ∂f  f k − f k −1
pela diferença atrás:   ≅ (b) 4.4
 ∂ x k ∆x

 ∂f  f k +1 − f k −1
ou pela diferença central:   ≅ (c)
 ∂ x k 2∆ x

Destas três hipóteses possíveis para a determinação do valor aproximado da 1ª


derivada em ordem a x da função f (x, y) no ponto k, a chamada diferença central 4.4c,
conduz, em geral, a uma melhor aproximação.
A determinação das derivadas parciais de 2ª ordem, pode ser feita de modo análogo,
isto é:

 ∂f   ∂f   ∂f 
    −  
∂ f
2
 ∂ x   ∂ x D  ∂ x E
= lim ≅
∂ x 2 ∆x →0 ∆ x ∆x

 ∂f   ∂f   ∂f 
    −  
∂ f
2
 ∂ y   ∂ y  D′  ∂ y  E ′
= lim ≅ 4.5
∂ y 2 ∆x →0 ∆ y ∆y

Admita-se que os pontos D, E, D´, E´, são os pontos representados na figura 4.2, isto
é, os pontos correspondentes a metade dos intervalos k, k + 1; k - 1, k; j, k e k, l e
considerando o intervalo como sendo ∆x/2 e ∆y/2, as derivadas que aparecem no
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.4

numerador podem ser calculadas considerando uma das três hipóteses 4.4a, 4.4b e 4.4c.
Para as diversas hipóteses, obtêm-se expressões que correspondem a aproximações, por
diferenças finitas, distintas.

∆ x/2 ∆ x/2 ∆ x/2 ∆ x/2


j
D' ∆ y/2
k-1 E k D k+1 ∆ y/2
E' ∆ y/2
l x

Figura 4.2: Malha de diferenças finitas centrais.

Considerando que o cálculo das derivadas de 1ª ordem nos pontos D,E,D´,E´ é feito
recorrendo à fórmula 4.4c, diferenças centrais, obtém-se:

 ∂f  f k +1 − f k  ∂f  f k − f k −1
  ≈   ≈
 ∂ x D ∆x  ∂ x E ∆x

 ∂f  f − fk  ∂f  f1 − f k
  ≈ j   ≈ 4.6
 ∂ y  D′ ∆y  ∂ y  E′ ∆y

Substituindo estas aproximações para as derivadas parciais de 1ª ordem nas fórmulas


4.5, obtém-se:

 ∂2 f  f − 2 fk + fk − 1
 2  ≅ k + 1
∂x k ∆ x2

 ∂2 f  f − 2 fk + fi
 2  ≅ j 4.7
∂y k ∆ y2
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.5

∂2 f ∂2 f
As derivadas e determinam-se de modo análogo, ou seja:
∂x ∂y ∂y ∂x

 ∂f   ∂f 
  − 
 ∂ f 
2
 ∂x  j  ∂x  i
  = lim
 ∂x ∂y  k ∆y→0 2 ∆y

 ∂f   ∂f 
  −  
 ∂2 f   ∂y  k + 1  ∂y  k −1
  = lim 4.8
 ∂y ∂x  k ∆x →0 2∆x

Recorrendo à expressão 4.4.c, para a diferença ao centro, para efeitos de


determinação de um valor aproximado das derivadas:

 ∂f   ∂f   ∂f   ∂f 
  ,   ,   ,  
 ∂x  j  ∂x 1  ∂y  k +1  ∂y  k −1

obtêm-se para as derivadas 4.8, a expressão seguinte:

 ∂2 f   ∂ 2 f  f j + 1 − f j − 1 − f1 + 1 + f1 − 1
  =   ≅ 4.9
 ∂y ∂x  k  ∂x ∂y  4∆x∆y

∂3 f
A derivada , no ponto k, é determinada de modo análogo, sendo:
∂ x3

 ∂2 f   ∂2 f 
 2  −  2 
 ∂3 f   ∂x  k + 1  ∂x  k −1
 3  = lim (a) 4.10
 ∂x  k ∆x →0 2 ∆x

ou seja:
 ∂3 f  f − 2 f k +1 + 2 f k −1 − f k − 2
 3  ≅ k + 2 (b)
 ∂x 2 (∆x )
3
k
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.6

As derivadas de ordem superior determinam-se de modo análogo. Assim a


metodologia seguida para a determinação das derivadas de ordem ímpar é a utilizada na

determinação das derivadas ∂f / ∂x e ∂ 3f / ∂x 3 e para a determinação das derivadas de

ordem par, segue-se a metodologia utilizada para a determinação da derivada ∂ 2 f / ∂x 2 .


As expressões obtidas para as derivadas parciais necessárias à análise de placas
rectangulares por diferenças finitas são as representadas no quadro 4.2 e a notação está de
acordo com a figura 4.1. Podem utilizar-se outras aproximações por diferenças finitas para
efeitos de calculo das derivadas da função f, a aproximação aqui considerada é adequada ao
cálculo e os resultados obtidos são mais satisfatórios do que os resultados que se obteriam
usando a diferença atrás ou á frente na definição das várias derivadas.

 ∂f  f k +1 − f k −1  ∂f  f j − f l  ∂3 f  f j+1 − 2 f j + f j−1 − f l+1 + 2 f l − f l−1


  ≅   ≅   ≅
2
 ∂x k 2∆x  ∂y k 2∆x  ∂y∂ x k 2∆y∆x
3

 ∂ 2 f  f k +1 − 2 f k + f k −1  ∂3 f  f j+1 − 2 f k +1 + f l+1 − f j−1 + 2 f k −1 − f l−1


 2  ≅   ≅
 ∂ x k ∆x
2  ∂x∂ y2  2∆y∆x
3
 k

 ∂2 f  f j − 2 f k + f l  ∂ 4 f  f k + 2 − 4 f k +1 + 6 f k − 4 f k −1 + f k − 2
 2 ≅
 ∂y   ∂ 4  ≅ 4
 k ∆y
2
 x k ∆x

 ∂ 2 f   ∂ 2 f  f j+1 − f j−1 − f l+1 + f l−1  ∂4 f  f i − 4 f j + 6 f k − 4 f l + f m


  =   ≅  4 ≅
 ∂x∂y k  ∂y∂x k 4∆x∆y  ∂y  ∆y
4
 k

 ∂3 f  f k + 2 − 2 f k +1 + 2 f k −1 − f k −1  ∂4 f  − 2 f j + f j−1 − 2 f k +1 − 4 f k + f l+1 + 2 f l + f l−1


 3  ≅  2  ≅ f j+1
 ∂ x k 2 ∆x
3  ∂y ∂ 2  3 3
 x k ∆y ∆x

 ∂3 f  − 2f j + 2f l − f m
 3 ≅ fi
 ∂y  2 ∆y
3
 k
Quadro 4.2: Fórmulas das Diferenças Centrais
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.7

4.2. Representação da Equação de Lagrange pelo Método das Diferenças Finitas

A equação de Lagrange, obtida por consideração de equilíbrio na teoria geral das


placas, é:

∂4 ω ∂4 ω ∂ 4 ω p( x , y )
+ 2 + = 4.11
∂ x4 ∂ x 2 ∂ y2 ∂ y4 D

onde: ω representa o deslocamento transversal de um ponto do plano médio da placa

p(x,y) é a intensidade da carga aplicada;


D é a rigidez à flexão para placas finas.

Considere-se no plano médio da placa um conjunto discreto de pontos, como o que se


representa na figura 4.2, as derivadas do deslocamento transversal ω podem ser
determinadas no ponto k, a partir dos valores da função w nos pontos vizinhos de k, ou
seja:

 ∂4 ω  ω − 4 ω k + 1 + 6 ω k − 4 ω k −1 + ω k − 2
  = k+2
4 
 ∂ x k (∆x )4
 ∂4 ω  ω − 4 ω j + 6 ω k − 4 ω1 + ω m
  = i
4 
 ∂ y k (∆y )4
 ∂4 ω  ω − 2 ω j + ω j − 1 − 2 ω k + 1 − 4 ω k + ω1 + 1 − 2 ω1 + ω1 − 1
 2  = j + 1 4.12
∂x ∂y
2
k (∆x )2 (∆y )2

Tendo em conta as expressões das derivadas de 4ª ordem (4.12) intervenientes na


equação de Lagrange, esta toma a forma por diferenças finitas seguinte:

ω k + 2 − 4 ω k +1 + 6 ω k − 4 ω k −1 + ω k − 2
+
∆x 4
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.8

ω j + 1 − 2 ω j + ω j −1 2 ω k + 1 − 2 ω k −1 + 4 ω k + ω1 + 1 − 2 ω1 + ω1 −1
+2 +
(∆x )2 (∆y )2
ω1 − 4 ω j + 6 ω k − 4 ω1 + ω m pk
+ = 4.13 (a)
(∆y ) 4
D

à qual se pode dar a forma seguinte:

1
(∆ y )4

4
− −
2
(∆ y )4 2
(∆ x )2 (∆ y )2 4 (∆x )2 (∆ y )2
∆ x ∆ y2 2

4 6 6 4
− − + + − −
(∆ y ) 2
(∆ x ) 4
(∆ y ) 4 (∆ x )4
1 1 (ω)= p k D
(∆ x )4 4 8 4 (∆x )4
∆ x ∆ y2
2
(∆x )2 (∆ y )2 ∆x ∆ y 2
2

4
− −
(∆ y )4
2 2
(∆ x )2 (∆ y )2 4 (∆x ) (∆ y )2
2

∆x ∆ y 2
2

1
(∆ y )4
4.13 (b)
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.9

sendo o quadrado médio considerado localizado no ponto k e os restantes coeficientes


considerados nos pontos localizados para cima e para baixo para direita e para esquerda do
ponto k.
A determinação da carga pk faz-se considerando a área de influência da carga p no
ponto k como se refere posteriormente.
A equação de Lagrange representada pelas (4.13) a e (4.13b) pode ser considerada em
qualquer ponto da malha de diferenças finitas no domínio da placa, uma vez que em
qualquer ponto da placa se deve verificar a equação de equilíbrio em particular nos pontos
da malha considerada por diferenças finitas. A aplicação da equação (4.13) a pontos no
interior da placa não oferece em geral dificuldades, deve notar-se que os pontos foram
considerados igualmente espaçados segundo o eixo dos xx e segundo o eixo dos yy. Nos
pontos da fronteira da placa a verificação da equação de equilíbrio implica em geral a
consideração de pontos fictícios fora do domínio da placa.
A equação de equilíbrio deve ser escrita tantas vezes quantas as que correspondem
ao número de pontos da malha por diferenças finitas por forma a obter-se um sistema de
equações com n equações a n incógnitas que são os deslocamentos transversais nos pontos
da malha considerada. A consideração das equações de equilíbrio por si sós não chega para
se obter a resposta da placa, sendo necessário considerar as condições de fronteira.
Vejamos para a placa representada na figura 4.3, as dificuldades que podem surgir na
aplicação da equação de Lagrange em termos de diferenças finitas. Para facilitar vamos
admitir que a placa está simplesmente apoiada ao longo de parte do contorno, seja, por
exemplo o lado B-D e que está encastrada ao longo de outro dos lados, seja por exemplo o
lado C-D. Os outros lados consideram-se livres.
A escrita da equação de Lagrange, não oferece dificuldade, nos pontos 21, 22, 23,
24, 25. Todos os pontos necessários à escrita da referida equação aparecem no interior da
placa ou no seu contorno. Para os pontos 8, 17, 26, 35, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, surge
a necessidade de se considerarem pontos no exterior da placa como se constata da figura
4.4. Esses pontos terão de ser considerados como pontos fictícios no exterior da placa,
sendo os deslocamentos nesses pontos relacionáveis com os deslocamentos nos pontos do
interior da placa por consideração das condições de fronteira.
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.10

y ∆x ∆x

C 37 38 39 40 41 42 43 44 45
D
28 29 30 31 32 33 34 35 36
∆y
19 20 21 22 23 24 25 26 27
∆y
10 11 12 13 14 15 16 17 18

1 2 3 4 5 6 7 8 9 x
A B

Figura 4.3: Malha de diferenças para a placa ABCD.

y
∆x ∆x

59 58 57 56 55 54 53 52 51

C 37 38 39 40 41 42 43 44 45 50
D
28 29 30 31 32 33 34 35 36 49
∆y
19 20 21 22 23 24 25 26 27 48
∆y
10 11 12 13 14 15 16 17 18 47

1 2 3 4 5 6 7 8 9 46 x
A B

Figura 4.4: Pontos fictícios.

Isto é equivalente a dizer que são necessárias equações complementares que são as
equações correspondentes às condições de fronteira. O número de equações de fronteira a
serem consideradas é equivalente ao número de pontos fictícios que têm de ser
considerados para que se considere verificada a equação de Lagrange em todos os pontos
do domínio da placa.
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.11

4.3 Representação por Diferenças Finitas dos Esforços Unitários e das Reacções de
Apoio

Os esforços unitários M x , M y , M xy podem determinar-se a partir do deslocamento

transversal W como foi definido anteriormente, recorrendo às formulas seguintes:

 ∂2 ω ∂2 ω 
M x = − D  + ν 
∂x
2
∂ y 2 

 ∂2 ω ∂2 ω 
M y = − D  + ν 
2 
 ∂ y 2
∂ x 

∂2 ω
M xy = − D (1 − ν ) 4.14
∂x ∂y

∂2 ω ∂2 ω ∂2 ω
onde , , representam as curvaturas, ou deformações generalizadas.
∂ x 2 ∂ y 2 ∂x ∂y
Considere-se o ponto k da malha representada na figura 4.1 e admita-se que são
conhecidos os deslocamentos transversais nos pontos da referida malha, fazendo uso das
fórmulas de diferenças finitas representadas no quadro 4.2, calculam-se as curvaturas no
ponto k fazendo uso das formulas seguintes:

 ∂2 ω  ω − 2 ω k + ω k −1
  = k +1
2 
 ∂ x k (∆x )2

 ∂2 ω  ω − 2 ω k + ω1
  = j
2 
4.15
 ∂ y k (∆y )2

 ∂2 ω  ω − ω j −1 − ω1 + 1 + ω1 −1
  = j + 1
 ∂x ∂y  k (4 ∆x ∆y )
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.12

Tendo em conta as expressões (4.15) para as curvaturas os esforços (4.14) podem ser
escritos por diferenças finitas do seguinte modo:

 ω k +1 − 2 ω k + ω k −1 ω j − 2 ω k + ω1 
(M x )k = − D  +ν 

 (∆x ) 2
(∆y )2 

ou

ν
(∆ y )2
(M x )k = − D 1 −2 + − 2ν 1 (ω)
(∆ x )2 (∆ x )
2
(∆ y )2
(∆ x )2
ν
(∆ y )2
4.16

A expressão correspondente ao momento M y , no ponto k, é:

 ω j − 2 ω k + ω1 ω k + 1 − 2 ω k + ω k −1 
(M ) = − D  + ν 

y k
 (∆ y ) 2
(∆ x ) 2

ou seja:

1
(∆ y )2
ν −2 + − 2ν ν
(M y )k = − D (∆x )2 (∆ y)2 (∆ x )2 (∆x )2 (ω)
1
(∆ y )2
4.17
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.13

O momento torsor Mxy, em função dos deslocamentos nos pontos vizinhos do ponto
k, é:

(M ) = − D (1 − ν ) ω
xy
j +1 − ω j − 1 − ω1 + 1 + ω1 −1
c
4 ∆x ∆y

ou

1 −1
4∆ x ∆y 4∆ x ∆y
M xy = − D (1− ν ) (ω)
−1 1
4∆ x ∆y 4∆ x ∆y
4.19

Os esforços transversos e reacções Tx e Ty e as reacções Rx, Ry e Rv também


podem ser calculados a partir do valor da deformada num conjunto discreto de pontos. Os
esforços transversos exprimem-se em função da deformada ω (x, y), do seguinte modo:

 ∂3 ω ∂3 ω 
Tx = − D  + 
∂x ∂x ∂y 2
3

 ∂3 ω ∂3 ω 
Ty = − D  +  4.21
 ∂y ∂x
2
∂ y 3 

Por diferenças finitas as expressões dos esforços transversos são:

1 −1
2∆ x (∆ y ) 2
2∆ x (∆ y )
2

1 −1 +−1 1 + 1 −1
Tx = D 2(∆ x )
3 (∆x )3 ∆x (∆y )
2
(∆x )3 ∆x (∆y )
2
2(∆ x )
3
(ω)

1 −1
2∆ x (∆ y ) 2
2∆ x (∆ y )2

e
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.14

1
2(∆ y )3
1 1 1 1
− −
2(∆ x ) ∆ y
2
2(∆ y ) 3
(∆x ) 2
∆y 2(∆ x )2 ∆ y
Ty = D (ω)
−1 1 1 −1
+
2(∆ x ) ∆ y
2
2(∆ y ) 3
(∆x ) 2
∆y 2(∆ x )2 ∆ y
1

2(∆ y )3

As reacções de apoio Rx, Ry e Rv são de acordo com a "Teoria Geral das Placas
Finas", as seguintes:

∂3 ω ∂3 ω 
R x = − D  3 + (2 − ν ) 
∂ x ∂x ∂y 2 

∂3 ω ∂3 ω 
R y = − D  3 + (2 − ν ) 2 
∂y ∂x ∂y 

 ∂2 ω 
R v = − 2 (1 − ν ) D   4.26
 ∂y ∂x 

As expressões acabadas de determinar podem ser utilizadas para efeitos de obtenção


dos esforços unitários relevantes para efeitos da análise de placas, desde que sejam
conhecidos os deslocamentos num conjunto discreto de pontos. Estas reacções exprimem-
se por diferenças finitas do seguinte modo:
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.15

2 −ν ν −2
2∆ x ∆ y 2 2∆ x ∆ y 2
1 −1 ν −2 1 ν −2 1
R x =D + − − (ω)
2(∆ x ) (∆ x ) ∆ x(∆ y ) (∆ x ) ∆ x(∆ y )2 2(∆ x )
3 3 2 3 3

2 −ν ν −2
2∆ x ∆ y 2 2∆ x ∆ y 2
4.27

1
2(∆ y )
3

2 −ν −1 ν −2 2 −ν
+
2(∆ x ) ∆ y
2
(∆ x ) ∆ y (∆ x )2
3
2(∆ x ) ∆ y
2

R y =D (ω)

2−ν 1 ν −2 2−ν
− − −
2(∆ x ) ∆ y
2
(∆ x ) ∆ y (∆ x )2
3
2(∆ x ) ∆ y
2

−1
2(∆ y )
3

4.28

ν −1 1−ν
2∆ x ∆ y 2∆ x ∆ y
Rv = D (ω)
1−ν ν −1
2∆ x ∆ y 2∆ x ∆ y
4.29

Como foi referido anteriormente, a consideração da equação de Lagrange não é


suficiente para efeitos de cálculo do campo de deslocamentos, pelo que se deve considerar
também as condições de contorno.
4.4. Condições de Contorno
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.16

4.4.1 Bordo Simplesmente Apoiado

No caso do apoio da placa ocorrer segundo uma linha paralela ao eixo dos yy e a
uma distância x = a daquele eixo, para x = a é:

 ∂2 ω ∂2 ω 

M x = 0 e ω = 0 ou D  +ν = 0 e ω = 0
2 
 ∂ x 2
∂ y 

Mas ∂ 2 ω / ∂y 2 = 0 ao longo da direcção x = a e portanto as condições anteriores


resumem-se a:

∂2 ω
=0 e ω=0 4.30
∂ x2

No caso do apoio da placa ocorrer segundo uma linha paralela ao eixo dos xx e a
uma distância y = b daquele eixo, para y = b é:

My = 0 e ω = 0 ou D  ∂ ω + ∂ ω  = 0 e ω = 0
2 2

 ∂ x2 4.31
 ∂ y 2 

Mas para y = b é ∂ 2 ω / ∂x 2 = 0 e portanto estas condições resumem-se a:

∂2 ω
=0 e ω=0
∂ y2

Se existirem momentos aplicados ao longo do contorno o momento M x para x = a e


o momento M y para y = b, são iguais aos momentos aplicados.
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.17

Designe-se por j, k, l os pontos existentes, ao longo do bordo simplesmente apoiado,


quando se considera uma malha, para efeitos de integração da equação de Lagrange, pelo
método das diferenças finitas como se representa na figura 4.7.

l -1 l l+ 1 x

k -1 k k+1

j -1 j j+1

i -1

y B ordo Sim plesm ente A poiado

Figura 4.: Bordos Simplesmente Apoiados

No nó k deve ser, de acordo com as equações (4.30):

∂2 ω
ω = 0 ou seja ωk = 0 e ou seja ω k −1 − 2 ω k + ω k + 1 = 0 4.32
∂ x2

donde se conclui que deve de ser:

ωk = 0 e ω k + 1 = ω k −1 4.33

No nó i- 1 deve de ser:

ω i −1 = 0 e ω h −1 = ω j −1

Os pontos h -1 e k + 1 são pontos fictícios necessários para efeitos do


estabelecimento da equação de Lagrange nos pontos k -1 e j -1 da placa. O uso das
equações (4.32) e (4.33) conjuntamente com a equação de Lagrange nos pontos referidos
fornece as duas equações suplementares que permitem o relacionamento dos deslocamentos
nos nós fictícios com os deslocamentos de pontos no interior da placa.
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.18

4.4.2 Bordo Encastrado

No caso de se tratar de uma placa com bordos encastrados como se representa na


figura 4.8 e no caso do sistema de eixos ter origem num dos cantos da placa, se a placa
estiver encastrada em todo o contorno, as condições de fronteira são:

O
x
Bordo Encastrado

x
O
y k-4 k-3 k-2 k-1 k k+1

j-4 j-3 j-2 j-1 j j+1

i-4 i-3 i-2 i-1 i

y ∆x

Figura 4.8: Bordos Encastrados.

∂ω
ω=0e = 0 para x = a e para x = 0
∂x
∂ω
ω=0e = 0 para y = b e para y = 0 4.34
∂y

Na figura 4.8, os pontos i, j, e k estão sobre um bordo encastrado. Aplicando as


formulas por diferenças finitas às expressões 4.34 obtém-se, para o nó k as condições
seguintes:
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.19

ωk = 0 e ω k + 1 = ω k −1 4.35

Esta aproximação para a primeira derivada de ω utilizada para efeitos de cálculo do


deslocamento no nó fictício k + 1, é bastante grosseira. Os resultados obtidos considerando
este tipo de aproximação são bastante afastados dos resultados exactos a não ser que se
considerem malhas de diferenças finitas muito refinadas.
Para efeitos de estabelecimento das condições de fronteira de um bordo encastrado é
conveniente considerar-se um polinómio interpolador de ordem superior à primeira para
efeitos de cálculo de ∂ω / ∂x . Consideremos que ω (x + h, y) é definido considerando um
desenvolvimento em série de Taylor do seguinte modo:

∂ω h 2 ∂ 2 ω h 3 ∂ 3 ω h 4 ∂ 4 ω
ω (x + h , y ) = ω (x ) + h + + + + ... 4.36
∂x 2 ∂ x2 3 ∂ x3 4 ∂ x4

Admitindo que ∂ω / ∂x = 0 no ponto k, e considerando que h = ∆x, obtém-se:

∆x 2  ω k + 1 − 2 ω k + ω k −1  (∆x )  ω k − 2 − 3 ω k − 1 − ω k + 1 
3
ω k +1 = ω k +   +  +
2  (∆x )2  6  (∆x )3 

+
(∆x )4  ... 
24  ...  + ... +

Retendo os três primeiros termos da série de Taylor, obtém-se:

ωk − 2
ω k +1 = 3 ω k −1 − 4.37 (a)
2

No caso de se reterem os quatro primeiros termos da série de Taylor, obtêm-se:

ω k +1 =
1
3
(ω k − 3 − 6 ω k − 2 + 18 ω k −1 ) 4.37 (b)
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.20

No caso do bordo ser encastrado podem utilizar-se as equações 4.37 a) e 4.37 b) para
efeitos de cálculo do deslocamento no nó fictício k+1 que combinadas com a equação de
Lagrange podem conduzir às equações necessárias à resolução do problema. Os resultados
obtidos considerando estas aproximações para a primeira derivada do deslocamento
transversal são mais próximas das soluções exactas mesmo quando se consideram malhas
esparsas.

4.4.3. Bordo Livre

No caso do bordo livre e de acordo com a figura 4.9 têm de considerar-se as


condições de fronteira seguinte:

Para x = 0 e para x = a é:
Mx = 0 e R x = 0 ou Mx = MAplicado e R x= R Aplicado
Para y = 0 e para y = a é:
My = 0 e R y = 0 ou My = MAplicado e R y= R Aplicado 4.38

x
O

k-2 k-1 k k+1k+2

j-2 j-1 j j+1 j+2

x Bordo Livre

Figura 4.9: Bordo Livre.

Recorrendo às equações (4.17),(4.27),(4.28) e (4.29) podem determinar-se os


deslocamentos dos nós fictícios k+1, k+2 e j+1 e j+2 em função dos deslocamentos
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.21

transversais dos nós no interior da placa tendo em conta as condições (4.38) ou combinar
estas equações com as equações de Lagrange por forma a obter um sistema de equações
que permita a determinação do campo de deslocamentos.

4.5. Definição da Carga Elementar

No segundo da equação de Lagrange por diferenças finitas aparece a parcela


correspondente a carga que deve ser considerada na área de influência do nó, a qual para o
nó k é designada por pk. No caso da carga aplicada à placa ser uniformemente distribuída e
de intensidade p o valor a atribuir a pk é p qualquer que seja o nó que se esteja a considerar.
No caso de se tratar de uma carga distribuída de intensidade variável è necessário
determinar a área de influência do nó para se poder determinar o valor médio da carga
distribuída no nó k. Na figura 4.10 representam-se áreas de influência no interior e no
contorno de uma malha de diferenças finitas. Essas áreas elementares são:

∆x
A k = ∆x ∆y A k ′ = ∆y
2
∆y ∆x ∆y
A k ′′ = ∆x A k ′′′ = 4.39
2 2 2
No caso de se tratar de uma distribuição de cargas qualquer p (x, y) a carga pk deve ser

calculada a partir da resultante de p (x, y) na respectiva área de influência a qual se pode


designar por Rk ou seja:

Rk R
pk = , pk′ = k′
Ak Ak′

R k ′′ R
p k ′′ = , p k ′′′ = k ′′′ 4.41
A k ′′ A k ′′′
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.22

∆x

k k'
∆y

bordo
k'''

k'' ângulo

Figura 4.10: Áreas de Influência.

No caso de se tratar de uma carga concentrada P num dos pontos k, k', k'' ou k''' determina-
se o valor de pk correspondente substituindo Rk pelo valor ponderado da carga concentrada

no ponto k, k´, k´´, k´´´, nas expressões atrás consideradas.

4.6. Aplicações

4.6.1.Método das Diferenças Finitas na Análise de uma Placa Quadrada Simplesmente


Apoiada

Considere-se uma placa quadrada de lado l e espessura t , sujeita a uma carga


uniformemente distribuída de intensidade p, constituída por um material isotrópico com
módulo de Young E e coeficiente de Poisson ν .A placa é considerada simplesmente
apoiada ao longo do contorno. Para efeitos de análise da placa considere-se um sistema de
eixos Oxyz, sendo o plano Oxy coincidente com o plano médio da placa e o eixo dos zz
normal ao plano médio da placa. A origem do sistema de eixos é considerada coincidente
com o centro da placa. Note-se que para efeitos de utilização das expressões desenvolvidas
no capítulo 2 se considera x = x1, y = x2 e z = x3.
Na Figura 4.11 representa-se a placa pelo respectivo plano médio e considera-se uma
malha por diferenças finitas que corresponde a ∆x = ∆y = l/4 . Note-se que a numeração
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.23

dos nós na malha de diferenças finitas tem em conta a simetria existente em relação aos
eixos e às diagonais da placa.

l
6 5 y 4 5 6
C c
D
5 3 2 3 b

4 2 z 1 2 4 a
l
x
5 3 2 3 5

Bordo Simplesmente
6 5 4 5 6 Apoiado
A B

Figura 4.11: Placa Quadrada.

As condições de contorno que correspondem ao bordo simplesmente apoiado, são:

ω 4 = ω 5 = ω 6 = 0 e [M n ]4 = [M n ]5 = [M n ]6 =0 4.42

A equação de Lagrange deve ser verificada em todos os pontos da placa, em


particular nos pontos da malha por diferenças finitas. Note-se que nos pontos 4, 5, 6 não é
necessário considerar a equação de Lagrange uma vez que se conhecem os deslocamentos.
As equações que resultam da aplicação da equação de Lagrange aos pontos 1, 2 e 3, são:

p A4
20 ω1 − 32 ω 2 − 8 ω 3 + 4 ω 4 =
256 D

p A4
20 ω 2 − 8 ω1 − 16 ω 3 − 8 ω 4 + 4 ω 2 + 4 ω 5 + ω a + ω 2 + 2 ω 5 =
256 D

p A4
20 ω 3 − 16 ω 2 − 16 ω 5 + 4 ω 4 + 2 ω1 + 2 ω 6 + 2 ω b + 2 ω 3 = 4.43
256 D
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.24

onde D representa o modulo de rigidez à flexão Et3/12 (1 - ν2).


As equações anteriores podem ser simplificadas fazendo uso das condições de
fronteira que após impor a condição de momento nulo, são:

ω 4 = ω5 = ω6 = 0 e ωa = − ω 2 e ω b = − ω3 4.44

Substituindo estas condições nas equações (4.43), obtém-se:

p A4
20 ω1 − 32 ω 2 + 8 ω 3 =
256 D

p A4
− 8 ω1 + 24 ω 2 − 16 ω 3 =
256 D

p A4
2 ω1 − 16 ω 2 + 20 ω 3 =
256 D

Resolvendo este sistema de equações obtém-se:

p A4 p A4 p A4
ω1 ≈ 0.00403 ; ω 2 ≈ 0.00293 ; ω 3 ≈ 0.00214
D D D

O cálculo dos momentos flectores unitários é feito fazendo uso das expressões 4.17,
tendo em conta que ∆x = ∆y = l / 4, ou seja.

[M x ]1 = [M y ]1 = − D 322 [(1 + ν ) (ω 2 − ω1 )]
A
Para n=0.3, o momento no centro da placa é:

[M x ]1 = [M y ]1 = 0.04576p l2
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.25

Os resultados obtidos por diferenças finitas podem ser comparados com os resultados
tabelados do Timoshenko1 para o ponto médio da placa que são:
ω = 0.00406p l4 / D e M x = M y = 0.0479p l2 no caso de ser ν=0.3

constatando-se que o erro cometido no cálculo dos esforços,4.6%, é mais elevado que o
erro cometido no cálculo dos deslocamentos,.0.74%. Os outros esforços são facilmente
calculados uma vez conhecidos os deslocamentos e as tensões também são facilmente
calculadas.

4.6.2.Método das Diferenças Finitas na Análise de uma Placa Quadrada Encastrada

Considere-se uma placa quadrada de lado l e espessura t , sujeita a uma carga


uniformemente distribuída de intensidade p, constituída por um material isotrópico com
módulo de Young E e coeficiente de Poisson ν . A placa é considerada encastrada ao
longo do contorno exterior. A origem do sistema de eixos é considerada coincidente com o
centro da placa. Note-se que para efeitos de utilização das expressões desenvolvidas no
capítulo 2 se considera x = x1, y = x2 e z = x3.
Na Figura 4.12 representa-se a placa pelo respectivo plano médio e considera-se uma malha
por diferenças finitas que corresponde a ∆x = ∆y = l/4 . À semelhança do caso anterior
pode considerar-se simetria e portanto é suficiente considerar no interior da placa três
pontos com deslocamentos distintos, os pontos 1,2 e 3 da figura. Nos pontos do contorno é
conhecido o deslocamento e a inclinação, ou seja:

∂ω ∂ω ∂ω
ω 4 = ω5 = ω6 = 0 e = = =0
∂x 4 ∂x 5 ∂x 6

1
Stephen P. Timoshenko and S. Woinowsky-Krieger, Theory of Plates and Shells, McGRAW-HILL Book
Company.
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.26

l
6 5 y 4 5 6
C c
D
5 3 2 3 b

4 2 z 1 2 4 a
l
x
5 3 2 3 5

Bordo Encastrado
6 5 4 5 6
A B

Figura 4.12: Placa Encastrada sujeita a uma Carga Uniformemente Distribuida

As equações que resultam da consideração da equação de Lagrange nos pontos 1,2 e 3 são:
p A4
20 ω1 − 32 ω 2 − 8 ω 3 + 4 ω 4 =
256 D

p A4
20 ω 2 − 8 ω1 − 16 ω 3 − 8 ω 4 + 4 ω 2 + 4 ω 5 + ω a + ω 2 + 2 ω 5 =
256 D

p A4
20 ω 3 − 16 ω 2 − 16 ω 5 + 4 ω 4 + 2 ω1 + 2 ω 6 + 2 ω b + 2 ω 3 = 4.45
256 D
Tendo em conta que as condições de fronteira implicam que seja:
1
ω 4 = ω5 = ω6 = 0 e ωa = (19ω 2 − 6 ω1) e ω b = 1 (19ω 3 − 6 ω2 )
3 3
tendo em conta as equações (4.37b), o sistema de equações (4.45) toma a forma:
p A4
20 ω1 − 32 ω 2 + 8 ω 3 =
256 D

p A4
− 10 ω1 + 31.3(3) ω 2 − 16 ω 3 =
256 D

p A4
2 ω1 − 20 ω 2 + 34.6(6) ω 3 =
256 D
cuja solução é:
p A4 p A4 p A4
ω1 ≈ 0.001215 ; ω 2 ≈ 0.000757 ; ω 3 ≈ 0.000480
D D D
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.27

Pode comparar-se o valor obtido para w com o valor tabelado do Timoshenko que é:
p A4
ω1 = 0.00126
D
O erro cometido é de 3.57%, como se vê para uma malha análoga à malha utilizada no caso
da placa simplesmente apoiada o erro é mais elevado no caso de placa encastrada.
Podem calcular-se também os momentos no ponto médio da placa, que são:

[M x ]1 = [M y ]1 = − D 322 [(1 + ν ) (ω 2 − ω1 )] = 0.01905p A 2


A
O valor tabelado no Timoshenko para o momento é 0.0231p A 2 , o erro cometido no cálculo
do momento por diferenças finitas é 17.5%, bastante mais elevado que o erro cometido no
cálculo do deslocamento.
Problemas

1. Considere uma placa quadrada de lado a encastrada ao longo do contorno exterior e


p0 x p 0
submetida à acção de uma carga hidrostática tal que p = + . Designe por E o
a 2

módulo de Young e por ν o coeficiente de Poisson. Fazendo uso do método das diferenças
finitas, determine:
a) O deslocamento nos pontos 1, 2 e 3 da malha representada na figura.

a
6 5 y 4 5 6
C c
D
5 3 2 3 b

4 2 z 1 2 4 a
a x
5 3 2 3 5

6 5 4 5 6
A B

b) Os momentos flectores nos pontos 1 e 4.


c) O momento flector máximo.
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.28

d) As tensões σx , σy e σxy nos pontos 1 e 4.

e) Compare os resultados obtidos para o deslocamento e momentos no ponto 1 com os


resultados tabelados do Timoshenko . Comente os resultados obtidos por diferenças finitas.

2. Considere uma placa quadrada de lado a, encastrada em três lados e simplesmente


apoiada no outro, como se representa na figura , sujeita a uma carga uniformemente
distribuída de intensidade p. A placa é isotrópica sendo E o modulo de Young e ν o
coeficiente de Poisson. Fazendo uso do método das diferenças finitas, determine:

a
y
C c
D
5 6 b

z 3 4 a
a x
1 2

A B

a) Determine os deslocamentos nos pontos 1, 3 e 5.


b) Determine os momentos unitários nos pontos 1, 3, 5.
c) Determine o momento flector máximo na fronteira da placa.
d) Determine as tensões σx , σy e σxy no ponto 1. Trace os diagramas de tensões segundo

a direcção do eixo dos yy que passa no ponto 1.

3. Considere uma placa quadrada de lado a simplesmente apoiada ao longo do contorno e


sujeita a uma distribuição triangular de carga como se representa na figura. Considere que o
material da placa é isotrópico sendo E o modulo de Young e ν o coeficiente de Poisson.
Fazendo uso do método das diferenças finitas determine:
O Método das Diferenças Finitas na Análise de Placas Finas 4.29

− W2 − W4
a
C 6 x
z D
− W6 W6 W2 W4 − W4
p
a − W5 W5 W1 W3

x
− W6 W6 W2 W4 − W4

A B
y

a) Os deslocamentos nos pontos indicados na figura.


b) Os momentos unitários no ponto 1. O Diagrama de momentos segundo a direcção do
eixo dos xx que passa no ponto 1.
c) As reacções de apoio.

Você também pode gostar