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Capitulolivro Bernard Range
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Marco Callegaro
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All content following this page was uploaded by Marco Callegaro on 26 July 2014.
INTRODUÇÃO
(Schema Therapy) de Jeffrey Young (1990; 1999), uma abordagem integrativa que
e afetiva.
ASPECTOS HISTÓRICOS
mente, a maior parte da atividade mental é inconsciente e apenas uma pequena parte está
envolvida nos processos mentais conscientes (Damásio, 1999, 2000, 2003; Squire &
Kandel, 2003; Schacter, 2003; Squire, 1987). Na tradicional concepção Freudiana, esta
idéia é representada na metáfora do iceberg como modelo da mente, onde a maior parte
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metáfora do iceberg seja válida, o modelo detalhado sobre o funcionamento mental
inconsciente que Freud concebeu, o inconsciente dinâmico, em sua maior parte não
componentes do inconsciente dinâmico não pode ser observada, mensurada com precisão
A maior parte da atividade mental é composta por computação neural inconsciente, mas
hipótese freudiana desde sua popularização foi o único referencial abrangente disponível,
uma vez que nenhuma teoria científica alternativa tinha sido formulada para explicar o
cognitiva na psicologia estava atingindo seu ápice, e a metáfora favorita para a mente era
implícita”. Foi neste contexto que surgiu pela primeira vez a proposta de uma visão sobre
a mente inconsciente baseada nas ciências cognitivas, um modelo que foi chamado de
“Inconsciente Cognitivo”.
Freud, foi formulada pelo psicólogo John Kihlstrom, que cunhou a expressão
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Cognitivas como substrato teórico para entender o funcionamento consciente e
final.
operações que originam este conteúdo (Kihlstrom, 1984, 1985; Kihlstrom & Cantor,
1984). Segundo Kihlstrom (Glaser & Kihlstrom, 2005), desde sua formulação pioneira,
a noção inicial, com ênfase predominantemente cognitiva, para um novo modelo, onde
Este novo modelo tem seu marco fundamental a partir do livro The New
Unconscious (Hassin, Uleman & Bargh, 2005), obra na qual os pesquisadores mais
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social, cognitivo e neurocientífico, mostrando um quadro onde os processos inconscientes
de TC, uma vez que a psicanálise ou terapias de base dinâmica são as práticas que, em
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desativadas conforme a presença ou ausência de experiências estressantes. Um esquema é
aos esquemas, que podem ficar inativos e depois serem “energizados ou desenergizados
popularizado por Freud. O terapeuta cognitivo Arthur Freeman (1998) argumenta que os
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fisiologia e emoções, e se tornam, com o passar do tempo, a própria definição da pessoa
acredita que “pode-se dizer que eles são inconscientes, usando-se uma definição do
inconsciente como idéias das quais não temos consciência” (p. 32). Ou seja, os esquemas
mecanismo cognitivo que transforma os dados que chegam, fazendo com que fiquem em
conformidade com idéias preconcebidas (Beck, 1963; 1964; Beck & Emery, 1985).
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reestruturados, ocasionando novas interpretações mais condizentes com a realidade e
mais adaptativas.
raciocínio presentes durante o sofrimento psicológico (Beck, 1987; Beck, Rush, Shaw &
responsabilização pessoal pelas falhas e erros cometidos pelos sujeitos com depressão.
Veremos a seguir que os modelos cognitivos podem úteis para compreender os processos
Albert Ellis e Aaron Beck. Ambos reconheceram, neste encontro, o valor de algumas
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idéias de Sigmund Freud para suas teorias, particularmente o papel de destacar a
determinismo psicológico” e Ellis declarou sobre Freud que “uma das principais coisas
que ele fez foi chamar a atenção para a importância do pensamento inconsciente”
(Chamberlin, 2000).
pensamentos verbais. Aaron Beck, bem como outros teóricos da Terapia Cognitiva
(Squire & Kandel, 2003; Schacter, 1987, 1992, 1996, 2003), tem sido citada por teóricos
fundamental para compreender cognições que não são acessíveis à percepção consciente
do paciente, mas que podem ser modificadas pela identificação e testagem das crenças
Uma memória explícita, conforme Kilhstrom definiu, é aquela que se refere a uma
de algum aspecto da experiência quando questionado (Kihlstrom & cols, 1992, p. 21).,
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Uma memória implícita em contraste é demonstrada por qualquer mudança no
esquemas.
citar uma paciente que estruturou uma auto-imagem como incapaz de ser amada. Esta
que parecem certas e reais suas crenças sobre si mesmo, em um processo que cria um
modo a confirmar sua profecia catastrófica (a previsão sem fundamento de que algo
de forma tímida, não olhará nos olhos e falará baixo em uma situação social, conduta que
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presentes no funcionamento mental de todos, mas quando são disfuncionais muitas vezes
Normalmente, não estamos conscientes da operação dos esquemas, nem mesmo de sua
existência, somente dos resultados produzidos, que acabam compondo o núcleo de nossa
circular, como enfatizam Guidano e Liotti (1983), pois “a seleção de dados da realidade
A terapia focada no esquema foi desenvolvida por Jeffrey Young como uma
caracterizam a terapia cognitiva, como um papel mais ativo para o terapeuta, o uso de
colaborativo e uso de uma abordagem empírica, onde a análise das evidências tem papel
para tratamento dos transtornos de personalidade, sendo portanto mais longa do que a
TC, dedicando maior tempo para identificar e superar a evitação cognitiva, afetiva e
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o desenvolvimento de uma abordagem psicoterápica (alternativa à psicanálise) para
Jeffrey Young propõe cinco construtos teóricos para expandir o modelo cognitivo
modelo.
modo sutil, fora de nossa consciência” (p. 75). Os EIDs estruturam núcleos profundos do
orgânica.
desenvolvem cedo durante a infância, são elaborados ao longo da vida e são disfuncionais
incondicionais, como, por exemplo, quando o paciente sente que, não importa o que
possa fazer, não será amado, mas sim traído em sua confiança e abandonado. O sujeito
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A definição revisada e compreensiva de um Esquema Inicial Desadaptativo
para manter os esquemas. Isto confere outras características importantes dos EIDs, que
são seu caráter autoperpetuador e sua resistência a mudança. Desta forma, mesmo que o
sujeito seja enormemente bem sucedido na vida, isto não acarretaria alteração do
a pessoa, como, por exemplo, uma tarefa difícil para uma pessoa com esquema de
fracasso, que pode acionar pensamentos autoderrotistas com elevada carga emocional
subclínico.
DOMÍNIOS DE ESQUEMA
as influências sociais às quais a criança é exposta. Como exemplos, podemos citar uma
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criança biologicamente hiper-reativa à ansiedade que pode ter dificuldade de superar a
Desadaptativos, que são agrupados em cinco amplos domínios de esquema. Young (2003,
p. 24) argumenta que existem cinco tarefas desenvolvimentais primárias que a criança
aceitação por parte dos outros leva a desenvolver EIDs no domínio Desconexão e
PROCESSOS DE ESQUEMAS
Klosko & Weishaar, 2003, p. 32), mas não envolvem as respostas comportamentais; o
respostas quando percebem uma ameaça: luta, fuga ou congelamento (freeze). A ameaça
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espontaneidade e limites realísticos) ou mesmo o medo das intensas emoções que o
disfuncional à medida que a criança cresce, com as mudanças das condições. O padrão de
comportamento que era adaptativo na infância passa a ser desadaptativo para o adulto, e o
situações ou com diferentes esquemas (Young, Klosko & Weishaar 2003, p. 33).
SUPERCOMPENSAÇÃO (LUTA)
SUBORDINAÇÃO (FUGA)
EVITAÇÃO (CONGELAMENTO)
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Estes construtos tornam o modelo cognitivo mais flexível e aberto à identificação
do processamento inconsciente, uma vez que um EIDs se configura como uma estrutura
pensamentos automáticos.
DISTORÇÕES COGNITIVAS
(p. 25).
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intacto, no processo que Young denominou subordinação ao esquema. O paciente pode
verdadeiro, mesmo sem ter consciência de que está magnificando alguns elementos da
distorções.
autoderrotistas. Uma mulher, por exemplo, pode escolher sempre parceiros arrogantes e
consciência deste processo, age de forma tal que reforça sua visão de si mesma como
Young. Os EIDs acionam alto nível de afeto quando ativados, despertando reações
emocionais aversivas intensas como culpa, ansiedade, tristeza ou raiva. Estas reações
graças à evitação dos esquemas. A alta intensidade emocional pode ser dolorosa e o
sujeito “cria processos tanto volitivos quanto automáticos para evitar acionar o esquema
imagens que poderiam acionar o esquema. Uma pessoa pode evitar intencionalmente a
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focalização de acontecimentos dolorosos ou mesmo aspectos negativos de sua
medial, composto pelo hipocampo e regiões adjacentes, sistema este bastante danificado
(Sapolsky, 1998; 2003), o que pode explicar, em parte, o esquecimento das lembranças
defesa. Exemplos disto seriam repressão, supressão e negação” (2003, p. 26). Na evitação
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EID” (2003, p. 26) e os comportamentos compulsivos, que tem a função de distrair o
paciente sente-se irritado ou triste, mas não consegue relatar a que se referem estes
emoções primárias como raiva, medo ou tristeza, o que pode indicar evitação do
manifesta-se pelo isolamento nas relações humanas, por fobias e inibições que limitam a
fracasso, por exemplo, leva o sujeito a evitar desafios e situações competitivas, levando
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ao insucesso e a confirmação de suas crenças sobre si mesmo, de forma circular e
autoperpetuadora.
crenças, e o esquema pode nunca ser examinado de forma racional. Podemos perceber
conceito de repressão para Freud representava um papel crucial na gênese das desordens
mentais.
rejeitar todas as formas de influência; se foi subjugado, quando adulto tenta desafiar a
CONCLUSÕES
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processamento inconsciente. Contrastando com o inconsciente dinâmico, um modelo do
alguns aspectos do novo modelo do inconsciente, ilustrando com exemplos clínicos uma
estrutura teórica que cada vez mais vem se consolidando como um fundamento
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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