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Módulo 3 – Armas portáteis

Apresentação do Módulo

Neste módulo você estudará as armas portáteis: espingardas, carabinas, fuzis, metralhadoras
e submetralhadoras.

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

Identificar e classificar as armas portáteis;

Analisar o histórico das armas portáteis;

Identificar os principais componentes, peças e sistemas de operação das armas


portáteis.

Nota

Neste módulo não será trabalhado um armamento específico, mas o que é comum a todas as
forças policiais, pois se acredita que assim você estará apto a descrever e melhor entender as
armas portáteis de que dispõe para uso, além de conhecer alguns detalhes de armas
congêneres que serão estudadas aqui.

Estrutura do Módulo

Aula 1 – Armas portáteis

Aula 2 – Espingardas

Aula 3 – Carabinas

Aula 4 – Fuzis, metralhadoras e submetralhadoras


Aula 1 – Armas portáteis

1.1. O que são armas portáteis

Como você já estudou na legislação específica (Decreto nº 3.665, de 20/11/2000), entende-se


por arma portátil a:

“arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um único homem,
mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a
realização eficiente do disparo”. (art. 3º, inciso XXII, anexo)

Observe que a definição acima permite depreender que as armas portáteis podem ser
relacionadas às armas longas, tais como as espingardas, carabinas, fuzis, entre outras, que
apresentam a característica de uso individual.

Essas armas permeiam o universo policial, com empregos cada dia mais corriqueiros na
prática de crimes, especificamente os mais violentos, como assaltos a carros-fortes, roubos a
bancos, entre outros exemplos. Por outro lado, o seu emprego nas diversas unidades policiais
vem aumentando a cada dia, sendo extremamente comum a sua presença nas viaturas
policiais. Em quase todas as operações verifica-se a sua utilização pela eficiência e confiança
que esse armamento apresenta. Em função desse crescente uso, você deve mais do que nunca
conhecer sobre essas armas de fogo para melhor estabelecer a dinâmica do fato delituoso e
conhecer, entre os vestígios por elas deixados, os que podem ser encontrados na cena de
crime.

1.2. Classificação geral das armas portáteis

As armas portáteis são classificadas quanto:

À alma do cano;

À percussão;

Ao sistema de funcionamento.

Veja, a seguir, cada uma delas.

Quanto à alma do cano, as armas portáteis são subdivididas em:

- De alma lisa, como todas as espingardas;


- De alma raiada, como as carabinas e fuzis;

- Mistas, caso de armas que apresentam pelo menos um cano de alma lisa e
pelo menos outro de alma raiada.

Quanto à percussão, elas são classificadas em:

- De percussão direta;

- De percussão indireta.

Quanto ao sistema de funcionamento, são classificadas em:

- De tiro unitário ou simples, como as espingardas ou fuzis de um único cano;

- De tiro unitário múltiplo (espingardas ou fuzis de dois canos), de repetição,


semiautomática ou automática.

Aula 2 – Espingardas

2.1. O que é uma espingarda

Espingarda, pela definição da legislação específica (Decreto nº 3.665, de 20/11/20001, art. 3º,
inciso XLIX, anexo), é uma “arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, isto é, não
raiada”.2

As espingardas são armas de fogo com empregos que variam desde a prática desportiva até a
utilização em combate.

2.2. Peças da espingarda

Basicamente, as principais peças de uma espingarda de modelo simples, como as espingardas


de um só cano e de tiro unitário, são:

1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
2
Existem algumas espingardas modernas com alma raiada, a exemplo da espingarda da Mosberg, calibre 12,
modelo Trophy Sluger, com raiamento dextrogiro, pensadas especialmente para disparos com projéteis
singulares ou Slug. Muitas espingardas apresentam, após o calibre, a palavra “Gauge”, que pode ser traduzida
como calibre ou dimensão.
Cano com a câmara e o extrator;

Telha e coronha;

Caixa de mecanismos com gatilho, percussor, cão, molas e os pinos de fixação, bem
como sistema de abertura do cano.

A seguir, você estudará sobre elas.

2.2.1. Cano com câmara e extrator

O comprimento do cano varia com


as características do projeto e com a
Espingarda CBC, monocano, modelo 199-2
destinação que é dada à arma,
apresentando geralmente variações
compreendidas entre 500mm e
800mm.

Nas espingardas de retrocarga, na


parte posterior do cano, encontra-se
a câmara, destinada a alojar os
cartuchos.

As câmaras, nas espingardas modernas, apresentam comprimentos que podem ser de 70mm
ou de 75mm. As câmaras mais extensas são para a utilização de cartuchos Magnum,
naturalmente mais potentes.

Importante!

É importante observar que nas espingardas os cartuchos não ocupam toda a extensão da
câmara, pois os cartuchos com fechamento em estrela – sobre o qual se estudará mais à frente
– necessitam desse espaço para a abertura do estojo.

Junto à parte posterior da câmara trabalha o extrator, peça que promove a retirada do estojo
deflagrado com a abertura do cano. Na parte anterior dos canos, geralmente verifica-se o
choke que é uma pequena diminuição (estrangulamento) do diâmetro interno do cano, com
vistas a melhorar o agrupamento dos projéteis (balins).

2.2.2. A telha e a coronha

Como as espingardas são projetadas para


efetuar disparos utilizando-se as duas mãos e
ficando apoiadas no ombro, a coronha
consiste em uma das peças fundamentais em
todas as espingardas, estudando-se o seu
comprimento, altura e curvatura. Na parte
posterior da coronha, encontra-se a chapa da
soleira que, além de proteger a coronha, pode
dar maior aderência ao ombro e diminuir o
impacto provocado pelo recuo. A telha serve de suporte para uma melhor pegada e posição de
tiro.

2.2.3. Caixa de mecanismos

A caixa de mecanismos contém todos os


mecanismos de disparo e abertura do cano,
sendo que as principais peças nela montadas
são: gatilho, percussor, cão, molas e os pinos
de fixação.

Nota

Alguns modelos de espingardas de um cano e tiro unitário apresentam sistemas de segurança


contra disparo acidental.
Os principais modelos de espingardas de tiro unitário são as espingardas de cano único, de
canos duplos paralelos e de canos duplos sobrepostos.

2.3. Informações sobre outros modelos de espingardas

No Brasil, ainda é comum a utilização de espingardas de antecarga (espingardas de soca) e


percussão extrínseca, a maioria delas de produção artesanal. Nesse modelo de arma, a pólvora
é introduzida pela boca do cano, seguida pela bucha e os balins. A iniciação da pólvora
acontece pela detonação de espoleta colocada em uma peça comumente chamada de
“ouvido”, a qual permite que a chama e os gases aquecidos da detonação da espoleta atinjam
o interior da câmara, iniciando a queima do propelente.

Nos modelos de espingardas de repetição, o sistema mais comum é o sistema Pump Action ou
sistema de corrediça, que foi utilizado nas espingardas da Winchester, modelo 1897. Outro
exemplo desse sistema é o da espingarda Pump CBC 12. Nessa arma, a telha que
naturalmente é o apoio da mão do atirador apresenta também a função de movimentar o
mecanismo do ferrolho pela ação deslizante da telha e das hastes da corrediça, retirando o
estojo vazio ou o cartucho que se encontra na câmara e permitindo a introdução de um novo
cartucho. Nessa arma, os cartuchos são armazenados em um tubo de depósito localizado
abaixo do cano.

Nota

Em outros modelos de diversos fabricantes, os cartuchos são armazenados no carregador do


tipo cofre ou caixa (SPAS 15), ou em depósito localizado no corpo da arma.

Outro sistema de espingarda de repetição é por “ação Mauser”, em que uma alavanca ligada
ao ferrolho promove a extração e introdução de um novo cartucho.

Com as novas tecnologias, surgiram as espingardas semiautomáticas, como a Browning A-5,


e as que operam em sistema de repetição ou semiautomático, como as espingardas Benelli M3
e M4 super 90, as quais apresentam ainda o ferrolho de cabeça rotativa para o trancamento
deste na câmara, tecnologia empregada nos fuzis Colt, modelo M 16, entre outros.
2.4. Classificação das espingardas

Alguns autores classificam as espingardas em:

Espingardas de 1ª geração – Essas são as espingardas de tiro unitário, quer sejam de


um único cano ou de canos duplos dispostos paralelamente um ao outro ou
sobrepostos.

Espingardas de 2ª geração – Nessa categoria classificam-se as espingardas de


repetição como a Pump CBC 12, ou Mosberg 590.

Espingardas de 3ª geração – São as espingardas semiautomáticas, como a espingarda


Browning A-5.

Espingardas de 4.ª geração – São as espingardas que podem atuar tanto no sistema
semiautomático quanto no sistema de repetição, como a Benelli M3 Super 90.

Nota!

Vale relembrar que ainda há as armas mistas ou conjugadas, como aquelas que apresentam
um ou mais canos de alma lisa e um cano de alma raiada, a exemplo das diversas do tipo
drilling, que são armas com três canos onde se combinam geralmente dois canos de alma lisa
paralelos com um cano de alma raiada conectados em um mesmo sistema de disparo.

Entre as armas de dotação das forças armadas de diversos países estão espingardas que
operam em sistema automático, ou seja, que estão aptas para efetuarem rajadas, a exemplo da
espingarda AA-12, que apresenta a opção de usar um carregador do tipo caixa com 8
cartuchos ou um carregador do tipo tambor ou caracol com 20 ou 32 cartuchos (como aqueles
empregados nas primeiras submetralhadoras Thompson de calibre .45 ACP, imortalizado
pelos filmes policiais como Os Intocáveis3. Esta arma, que já aparece em uso em filmes
recentes, possui seletor de tiro com a opção da posição “travado”, tiro intermitente e
automático. A cadência de disparo teórica em sistema automático é da ordem de 360 tiros por
minuto, o que acarreta uma grande dispersão de balins sobre o alvo.

3
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-2770/
2.5. Alcance útil

A distância efetiva de utilização das espingardas é relativamente pequena, em função do


formato desfavorável dos grãos esféricos (balins), o qual causa uma grande diminuição na
velocidade e consequentemente na energia cinética. Dessa forma, o tamanho dos grãos de
chumbo são de fundamental importância na determinação do alcance útil e no grau das lesões
ou danos por eles produzidos.

O alcance útil em armas de alma lisa é determinado pela dispersão dos balins e pelas
possibilidades práticas de sua utilização pelo atirador. Nas espingardas, o diâmetro do círculo
de dispersão ou agrupamento é controlado pelo choque. Assim, o alcance útil teórico (na
prática esses valores são menores) torna o choque pleno (full choke) usado para tiros entre
44,5m e 54,5m (45 e 55 jardas); o choque modificado (modified choke) para tiros entre
24,75m e 44,5m (25 a 45 jardas); o choque cilíndrico modificado (improved cylinder) é usado
para tiros até 34,65m (35 jardas). O choque cilíndrico apresenta alcance útil da ordem de 30
metros. Essas são as distâncias que, de acordo com o choque do cano de uma espingarda, a
mesma ainda possui alcance útil.

Na prática, o alcance útil em tiros produzidos com espingardas é a distância-limite do tiro


eficaz, isto é, a distância além da qual os chumbos não possuem mais energia capaz de causar
lesões consideráveis. Com a utilização de projéteis singulares, o alcance útil é da ordem de
100 a 110 metros.

Aula 3 – Carabinas

3.1. O que é uma carabina

A carabina, pelo Decreto nº 3.665, de 20/11/2000 4(art. 3º, inciso XXXVII, anexo) é uma
“arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo –
embora relativamente menor que o do fuzil – com alma raiada”.

Embora essa definição apresente-se um tanto quanto confusa no que se refere a diferenciar a
carabina do fuzil, é possível tentar entendê-la melhor.

4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
O termo “carabina” apresenta relatos diferentes quanto a sua origem; entretanto, no século
XVII, ele era empregado para designar os arcabuzes e mosquetes de dimensões reduzidas, de
forma a torná-los de mais fácil manejo e
transporte, utilizados pelas tropas montadas.

O comprimento do cano das carabinas é que


as caracterizam como tal. Alguns destacam
que ele mede até 20 polegadas, ou seja, 508
milímetros; para outros devem ser menores
que 22 polegadas, ou seja, 558.8 milímetros.

3.2. Sistemas utilizados pelas carabinas

O maior destaque das carabinas acontece com as carabinas produzidas pela Winchester
(Winchester Repeating Arms Company), calibre .44-40, nos modelos 1866 e 1873, devido ao
papel que desempenharam na colonização americana e ao fato de terem sido imortalizadas
pelo cinema. Essas carabinas eram armas de repetição, com acionamento por alavanca (lever
action) localizada abaixo da caixa de mecanismo, sendo que essa alavanca, graças ao seu
desenho, exercia também a função de guarda-mato. Essas armas apresentavam outra
inovação: a utilização de um sistema de alimentação por depósito tubular. Com o movimento
semicircular da alavanca, indo à frente e retornando à posição de origem, eram realizadas as
seguintes operações:

1. Desbloqueio do ferrolho da câmara;

2. Recuo do ferrolho – Com o movimento à frente da alavanca, recuava-


se o ferrolho, promovia-se a extração do estojo ou do cartucho que se
encontrava na câmara e armava-se o cão;

3. Introdução do cartucho na câmara de forma propícia – Ao final do


curso do ferrolho, a mesa transportadora, juntamente com um cartucho
oriundo do tubo de depósito, inclinava-se, deixando o cartucho em
inclinação propícia para ser introduzido na câmara. Com o retorno da
alavanca, o ferrolho avançava e introduzia na câmara o cartucho que se
encontrava na mesa transportadora;
4. Travamento do ferrolho, cartucho e câmara perfeitamente alinhados,
impedindo a abertura do conjunto no momento do disparo.

Esse sistema permanece atual e ainda hoje é utilizado por diversos fabricantes, a exemplo da
indústria Rossi, que produzia as carabinas Pumas (sistema Lever Action) nos calibres: .38
Special, .357 Magnum e .44 Special, entre outros calibres. Hoje essas carabinas são
produzidas pela indústria Taurus e também por diversos fabricantes no mundo inteiro.

Outro sistema de repetição utilizado nas carabinas é o sistema de corrediça ou sistema Pump
Action (o mesmo sistema já estudado por você anteriormente), no qual a telha, além de ser o
apoio da mão, tem a função de movimentar o mecanismo do ferrolho pela ação das hastes da
corrediça, retirando o estojo vazio ou o cartucho que se encontra na câmara e permitindo a
introdução de um novo cartucho. No nosso país, a indústria Rossi produziu as carabinas
Gallery de calibre. .22, que utilizavam cartuchos .22 Short (curto), .22 Long (longo) e .22
Long Rifle (L.R.), ou no calibre .22 Magnum.

As carabinas da Winchester com acionamento por alavanca tiveram papel importante não só
na colonização americana, mas também na nossa história, pois foram utilizadas no cangaço,
na Coluna Prestes e até em diversas emboscadas feitas na luta por terra. Eram vendidas em
mercearias no interior do Brasil, como lembra a música do Lenine “Já foi-se o tempo do fuzil
papo amarelo (...)”. Um dos primeiros modelos de carabinas da Winchester foi o modelo
1866, cuja caixa de mecanismo apresentava partes de latão (liga metálica5 constituída de
cobre6 e zinco7); por isso, ficou conhecida como Yellow Boy (Rapaz Amarelo). Já o rifle da
Winchester, modelo 1873, calibre .44 – 408, cano octogonal, embora tivesse a caixa de
mecanismo de liga de ferro e tivesse poucas peças e chapa confeccionada em latão ou bronze,
ficou conhecido no Brasil como rifle papo amarelo, por herança do seu antecessor o
Winchester 66.

5
http://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_met%C3%A1lica
6
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cobre
7
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zinco
8
Como você estudará no módulo sobre calibres mais tarde, o calibre . 44 – 40, significa que o
diâmetro do projétil tinha 44 centésimos de polegada (11.17mm) e 40 grains de pólvora negra
(2,56 gramas).
Nota

O Winchester 73 foi produzido com comprimento de cano de 15, 20, 24 ou 30 polegadas. Por
isso, é correto afirmar que o Brasil teve tanto carabinas como fuzis papo amarelo, com
diferentes capacidades do tubo carregador.

Uma arma semiautomática por ação de gás, com características modernas, que revolucionou a
época pelo sistema de operação, pelo desenho e também pelo projeto do cartucho, foi a
carabina M1, calibre .30 Carbine, que foi desenvolvida nos Estados Unidos em 1941. Essa
carabina foi desenvolvida como uma arma leve para as unidades de comunicação, blindados,
artilharia, oficiais de intendência, entre
outros. Era dotada de cano com comprimento
de 457,2mm (18 polegadas), sendo
posteriormente modificada com o modelo
M2, com carregador com maior capacidade e
principalmente com sistema de tiro
semiautomático e automático através de
seletor. Foi utilizada na Segunda Guerra
Mundial, Guerra da Coréia e Guerra do
Vietnã; essa carabina também foi arma de
dotação das forças armadas e policiais de diversos países.

Entre as armas modernas que podem ser


classificadas como carabinas, destacam-se as
versões M16A1 Carbine e M16A2 Carbine
do fuzil Colt M16, adotadas pelas forças
armadas de muitos países. Essas armas são
produzidas no calibre 5,56 NATO e operam
tanto no sistema semiautomático quanto no
sistema automático por ação de gás. Possuem
cano com comprimento de 14,5 polegadas
(368,3mm) e apresentam a inovação da sua coronha ser retrátil – o que reduz ainda mais o
seu tamanho. O seu comprimento total, com a coronha retraída, é pouco maior que 750mm.
As carabinas permeiam o universo policial desde as antigas carabinas Puma, da Rossi. Nos
dias atuais, surgiram novas armas, a exemplo da indústria Taurus, que produz carabinas
policiais no calibre .40 S&W semiautomática pelo sistema Blowback com cano de 410
milímetros de extensão e a carabina calibre .30 Carbine semiautomática por sistema a gás
com o cano de 260 milímetros de extensão. Ambas apresentam peso na ordem de 3,3
quilogramas e se destinam à utilização policial – são empregadas pelas polícias de diversos
Estados – por serem armas relativamente pequenas (o que permite o uso urbano), leves para
armas de porte e de excelentes características balísticas.

Nota

A carabina MAGAL (Micro Galil), no calibre .30 Carbine, de origem israelense, adotada pela
Secretaria de Segurança do Estado do Pará, e as carabinas da IMBEL Ca MD97LM e Ca
MD97LC, com comprimento de cano da ordem de 330 milímetros, no calibre 5,56 x 45,
regime de tiro semiautomático, ou conforme o modelo semiautomático ou “buster” (rajada
curta) de 3 tiros e automático por sistema a gás e peso, também na ordem de 3,3 quilogramas,
utilizada pela Força Nacional, são outros exemplos da presença dessas armas no nosso dia a
dia.

3.3. As carabinas de pressão

As carabinas de pressão, embora não sejam armas de fogo, pois a impulsão dos projéteis se
dá pelo emprego de gases comprimidos que podem estar armazenados em um reservatório ou
por ação de um êmbolo solidário a uma mola e não pela queima de propelente, são também
objetos de estudo da balística forense, pois se trata de arma e, a ação dos seus projéteis pode
causar lesões graves ou, em determinadas situações, até a morte.
Aula 4 – Fuzis, metralhadoras e submetralhadoras

4.1. Fuzis, rifles e mosquetões

4.1.1. O que é um fuzil

Pela definição do Decreto n.º 3.665 (art. 3º, inciso LIII, anexo), fuzil é uma “arma de fogo
portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada”.

Nota

Embora os vocábulos fuzil e rifle tenham origens diferentes, nos dias de hoje, ambos são
empregados como sinônimos.

O termo “rifle” tem origem na palavra inglesa rifling, relativo às raias, responsáveis pelo
movimento rotacional do projétil. É utilizado nos países de língua inglesa para designar as
armas longas, portáteis, de uso individual, projetadas para serem usadas apoiadas ao ombro e
com canos de alma raiada, destinadas a uso militar ou desportivo.

O termo fuzil, de origem francesa, apresenta, nos países de línguas de origem latina, o mesmo
significado anteriormente descrito. Como visto, não há padronização entre os países nem de
nomenclatura, nem de definição.

Nota

Nos Estados Unidos, por lei federal, os fuzis (rifles) devem ter, no mínimo, 406,4mm (19
polegadas) de comprimento de cano. (Di Maio, 1999, p. 40). Quando possuem comprimento
de cano inferior a esse valor, os fuzis são classificados como carabinas.

4.1.2. Classificação

Os fuzis são classificados quanto ao funcionamento em: tiro unitário, de repetição,


semiautomáticos e automáticos.

Tiro unitário – As operações de carregar a arma, introduzindo diretamente o cartucho


na câmara e a extração do estojo deflagrado são realizadas de forma manual, após cada
disparo. Os exemplos mais comuns são os fuzis com um único cano ou de canos
paralelos ou sobrepostos, que foram utilizados para caças de animais de grande porte
na África. Entre os principais fabricantes desses fuzis estão a Holland & Holland,
Gibbs, Lancaster, entre outros, em calibres como o .700 Nitro Express, .470 Nitro
Express, .458 Winchester Magnum, .416 Rigby, .375 Holland& Holland Magnum, etc.

De repetição – A arma é recarregada por ação do atirador por intermédio de


mecanismo para esse fim específico, que promove o destravamento do conjunto do
ferrolho, a retirada do estojo deflagrado ou cartucho da câmara, a introdução de um
novo cartucho na câmara e o travamento do ferrolho. Diversos são os mecanismos
para tal fim, como o sistema Pump Action e o sistema de alavanca utilizado pelo
Winchester; entretanto, o mais conhecido é o sistema Mauser, patenteado pelos irmãos
Paul e Wilhem Mauser, em 1898. Nesse sistema, uma alavanca incorporada ao
ferrolho realiza dois movimentos básicos: o de rotação, que promove o destravamento
(giro no sentido anti-horário) e travamento (giro no sentido horário) do ferrolho, e o
deslocamento à retaguarda em relação ao eixo longitudinal da arma, promovendo a
retirada do estojo deflagrado, e à frente, conduzindo o cartucho do depósito para a
câmara, deixando o percussor na posição “armado” com o movimento do ferrolho e
permitindo acionar o sistema de segurança a ele incorporado.

O sistema Mauser, pela segurança e


praticidade, continua a ser utilizado
nos dias de hoje, a exemplo do fuzil
.308 IMBEL AGLC, que é um fuzil de
precisão que utiliza como sistema de
funcionamento a ação Mauser, ou do
fuzil de repetição da Remington (visto
na foto ao lado). Outro exemplo
comum de fuzis de repetição são os
mosquetões.
Nota

De acordo com o Decreto nº 3.665, de 20/11/20009, o termo ”mosquetão” consiste em “fuzil


pequeno, de emprego militar, maior que uma carabina, de repetição por ação de ferrolho
montado no mecanismo da culatra, acionado pelo atirador por meio da sua alavanca de
manejo”.

Semiautomáticos – São fuzis que recarregam automaticamente, aproveitando a


expansão dos gases após o disparo para realizar todo o ciclo de destravar o ferrolho,
extrair o estojo, recarregar a arma e travar novamente o ferrolho, deixando o fuzil
pronto para um novo disparo. O exemplo mais conhecido de fuzil semiautomático é o
fuzil AR-15, da Colt, pela divulgação que a mídia deu a essa arma e, claro, pela
grande utilização dela por narcotraficantes e outros grupos criminosos. Esse fuzil é
uma versão civil do fuzil militar M 16, do mesmo fabricante.

Automático – São fuzis que


além de recarregarem-se
automaticamente –
aproveitando a expansão dos
gases após o disparo –,
realizam disparos contínuos
enquanto o gatilho continuar
pressionado (rajada).
Geralmente são armas de uso
militar, dotadas de seletor de tiro, podendo geralmente optar-se por tiro automático
(rajadas), rajadas curtas de três ou cinco tiros ou ainda tiro intermitente
(semiautomático). Um exemplo comum são os diversos “fuzis de assalto”, utilizados
pelas forças policiais e militares de diversos países. Com o fim da guerra de
trincheiras, surgiram os fuzis de assalto que apresentam as características de poderem
efetuar disparos no sistema automático ou intermitente, de possuírem uma grande
capacidade de armazenar munições, comportando maior número de cartuchos no seu

9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
carregador, de serem de calibres intermediários, o que implica redução de peso e,
principalmente, de grande maneabilidade, inclusive em ambientes de pequenas
dimensões. Exemplos mais conhecidos são o AK 4”7 e o fuzil Colt M 16.

Nota

No sistema a gás – utilizado nos fuzis modernos, sejam semiautomáticos ou automáticos –,


existem diversas variações conforme modelo e geração. De forma simples, funcionam assim:
parte dos gases oriundos da queima do propelente que impulsiona o projétil durante seu
deslocamento pelo interior do cano é desviada para um orifício (geralmente chamado de
evento) próximo à boca do cano – espaço no qual a pressão está ligeiramente menor – e, pela
pressão exercida por essa coluna de gases desviada, movimenta-se um pistão ou êmbolo,
ligado ao ferrolho por uma haste, que, por sua vez, impulsiona o ferrolho para trás,
movimentando o mecanismo e conseguindo a extração e a introdução de novo cartucho na
câmara, realizando o ciclo completo do mecanismo da arma.

4.2. Metralhadoras e submetralhadoras

4.2.1 O que é uma metralhadora

O Decreto nº 3.665, de 20/11/2000 (art. 3º, inciso LXI, anexo), define metralhadora como
“arma de fogo portátil, que realiza tiro automático” e pistola-metralhadora como
“metralhadora de mão, de dimensões reduzidas, que pode ser utilizada com apenas uma das
mãos, tal como uma pistola.” (art. 3º, inciso LXVIII, anexo).

Pistola-metralhadora, submetralhadora ou metralhadora de mão são nomes dados para armas


automáticas que podem ou não atuar também em regime de tiro semiautomático, de tamanho
reduzido para uso de mão e normalmente desenvolvidas nos mesmos calibres10 usados nas
pistolas11, como os calibres 9 x 19mm12 e o .40 S&W13. A utilização mais adequada é em tiro
instintivo a pequenas distâncias, visto que sua precisão é prejudicada pela elevada cadência de
tiros, que variam, teoricamente, de 500 tiros por minuto a 1200 tiros por minuto.

10
http://pt.wikipedia.org/wiki/Calibre
11
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pistola
12
http://pt.wikipedia.org/wiki/9mm_Luger
13
http://pt.wikipedia.org/wiki/.40_S%26W
É possível que você nunca tenha ouvido o termo "pistola-metralhadora", pois ele é mais
empregado na Europa. No Brasil a denominação "submetralhadora" é mais comum. Uma das
submetralhadoras mais empregadas pelas unidades de operações especiais do mundo, como a
SWAT, BOPE COT, DOE, entre outras, é a HK MP5. A MP5 é fabricada pela empresa alemã
Heckler & Koch. As MP5 atuais disparam
basicamente em três tipos de regime de tiro:
automático (rajadas), semiautomático (um tiro
a cada vez que o gatilho é pressionado), bursts
(pequenas rajadas de 2 e 3 tiros a cada vez que
o gatilho é pressionado) e possuem modelos
com diferentes tamanhos e diversos acessórios,
como supressores de ruído, miras e lanternas.
É uma arma muito segura e relativamente leve. Isso faz da MP5 uma arma versátil e
empregada em quase todo o tipo de situação.

4.2.2 Outros exemplos de submetralhadoras

Outros exemplos de submetralhadoras muito utilizadas no meio policial são a Taurus MT 12 e


MT 12 A, que é o mesmo projeto da Beretta 912,
utilizada pelo Exército brasileiro. Elas são dotadas
de carregadores do tipo caixa, bifilar, com
capacidade para 30 cartuchos no calibre 9 x 19mm,
da mesma forma que a HKMP5. Em relação ao
tamanho e peso, também são armas práticas.
Apresentam a característica de ser uma
submetralhadora de ferrolho aberto, como a UZI e
as submetralhadoras mais antigas. Nesse sistema, o ferrolho permanece aberto sem introduzir
o cartucho na câmara; ao acionar o gatilho da arma, o ferrolho coleta o cartucho no
carregador, transporta-o, o introduz na câmara,
efetua o disparo e, com o retorno do estojo,
ejeta o estojo percutido e permace aberto se
estiver trabalhando no regime de tiro
semiautomático ou repete todas as operações anteriores enquanto o gatilho permacer
pressionado ou acabar a munição. Esse sistema é diferente da MP5, que trabalha com o
ferrolho fechado (funciona como uma pistola). No sistema de ferrolho aberto, acontecem com
maior frequência disparos acidentais e involuntários, o que a torna uma arma mais insegura.

A submetralhadora Taurus/FAMAE, que também opera no sistema semiautomático, bursts


(pequenas rajadas de dois tiros a cada vez que o gatilho é pressionado) e automático, de
calibre .40 S&W, Blowback, ferrolho fechado, com carregadores do tipo caixa, bifilar e com
capacidade para 30 cartuchos é outro exemplo de submetralhadora de uso policial.

Nota

A grande maioria das submetralhadoras trabalham no sistema Blowback de massa inercial, ou


seja, sem trancamento; por isso, o ferrolho dessas armas, para resistir à pressão dos calibres
.45 ACP, 9 x 19mm, .40 S&W, são pesados, de grande massa. Utilizam-se ainda molas
reuperadoras, com maiores resistências. As marcas de culatra e do percussor deixadas sobre o
estojo passam a ser extremamente características. Os principais exemplos são: a Beretta 912,
UZI, MAC 10, Taurus MT 12, entre muitas outras.

Finalizando...

Neste módulo, você estudou que:

o De acordo com a legislação específica (Decreto nº 3.665, de 20/11/2000)


entende-se por arma portátil a “arma cujo peso e cujas dimensões permitem
que seja transportada por um único homem, mas não conduzida em um
coldre, exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a realização
eficiente do disparo”. (art. 3º, inciso XXII, anexo);

o As armas portáteis são classificadas quanto à alma do cano, à percussão e ao


sistema de funcionamento;

o Espingarda, pela definição da legislação específica, Decreto nº 3.665, de


20/11/2000, (art. 3º, inciso XLIX, anexo), é uma “arma de fogo portátil, de
cano longo com alma lisa, isto é, não raiada”;
o As espingardas são armas de fogo com empregos que variam desde a prática
desportiva até a utilização em combate;

o As principais peças de uma espingarda de modelo simples, como as


espingardas de um só cano e de tiro unitário, são: cano com a câmara e o
extrator; telha e a coronha; caixa de mecanismos com gatilho, percussor, cão,
molas e os pinos de fixação, bem como sistema de abertura do cano;

o A carabina, pelo Decreto nº 3.665, de 20/11/2000 (art. 3º, inciso XXXVII,


anexo), é uma “arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões
reduzidas, de cano longo – embora relativamente menor que o do fuzil – com
alma raiada”.

o Pela definição do Decreto n.º 3.665 (art. 3º, inciso LIII, anexo), fuzil é uma
“arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada”.

o Os fuzis são classificados quanto ao funcionamento em: tiro unitário, de


repetição, semiautomáticos e automáticos;

o O Decreto nº 3.665, de 20/11/2000 (art. 3º, inciso LXI, anexo), define


metralhadora como “arma de fogo portátil, que realiza tiro automático” e
pistola-metralhadora como “metralhadora de mão, de dimensões reduzidas,
que pode ser utilizada com apenas uma das mãos, tal como uma pistola.” (art.
3º, inciso LXVIII, anexo).

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