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RESUMO

AVES

Professor: Dr. Luciano Naka


Monitor: Lucas Matheus Nascimento Silva
Características da classe Aves
• Vertebrados
• Endotérmicos
• Ovíparos
• Com penas
• Bípedes
• Bico córneo
• Ossos pneumáticos
• 2 grupos: Paleognatha e Neognatha
• Apêndices anteriores modificados em asas
• Surgimento no Cenozóico e diversificação no Mesozóico
As penas
• São consideradas as estruturas tegumentárias (da pele) mais
complexas dentre os vertebrados;
• Estruturas mortas, filamentosas, suaves, flexíveis, leves e feitas de
queratina (variam de acordo com o nicho, local do corpo, estágio de
vida → ocorrem mudas anuais);
• Funções:
➢ Isolamento térmico → além de permitir que as aves habitem
os lugares mais frios do planeta, o isolamento térmico permite
que as aves mantenham níveis elevados de T corpórea (40 a
44°C), o que permite elevadas taxas metabólicas;
➢ Voo (aerodinâmica) → camuflagem;
➢ Carácter sexual secundário;
➢ Impermeabilização;
➢ Modificações → som, acumular água, sensoriais;
➢ Comunicação visual e acústica.
• Contorno;
• Voo → retrizes e rêmiges (primárias e secundárias).
Tipos de penas
• Retriz
• Rêmige
• Semi-pluma
• Contorno
• Penugem
• Filo-pluma
• Vibrissa

Função e uso do bico


• Bico: estrutura óssea (extensões da maxila e da mandíbula)
recobertas por uma membrana cutânea (camada da epiderme)
queratinizada, chamada de ranfoteca.

• Funções: alimentação, limpeza, corte, defesa, comunicação (sons),


perda de calor (radiadores térmicos);
• Há uma enorme variedade de bicos nas aves, finamente adaptadas
ao tipo de alimento de cada grupo ou espécie;
• No entanto, não é uma característica única das aves.
Outras características típicas da classe Aves: o voo
• O voo das aves é o resultado de numerosas adaptações do corpo.
Principalmente a modificação dos membros anteriores em asas.
Evolução do voo
• Insetos (350 ma);
• Pterossauros (200 ma);
• Aves (150 ma);
• Mamíferos (65 ma);
• Outros animais voadores: esquilo, lagartos, peixes;
• Aves que perderam a capacidade de voar: moas, ave-elefante,
pinguim, alca gigante;
• Todas as aves existentes (+10.000 espécies) possuem asas;
• Outras espécies de aves não voadoras (dodô, auk) também foram
extintas;
• Aproximadamente 40 espécies de aves não voadoras vivas
(ancestral voador);
• Ilhas oceânicas: sem inimigos naturais (altas taxas de extinção).
O esqueleto das aves
• As aves herdaram o esqueleto dos seus ancestrais reptilianos;
• Necessidades do voo → modificações;
• Voo requer levantar o próprio corpo, portanto a redução do peso é
essencial;
• Quanto mais leve, mais fácil é levantar voo;
• Perda dos dentes, de ossos da mandíbula, da cauda óssea e fusão dos
ossos;
Adaptações do esqueleto para o voo
1. Ossos pneumáticos (leves, esponjosos, ocos);
2. Fortalecimento e enrijecimento do esqueleto. Reforçado para
suportar os efeitos físicos do voo (fusão das vértebras da cauda, da
pélvis, da cabeça e dos pés);
3. Projeções nas costelas (processo uncinar, reforçando as paredes do
tórax);
4. Quilha (inserção de músculos peitorais);
5. A fúrcula (fusão das clavículas) funciona como uma mola atuando
junto com as batidas das asas;
6. Desenvolvimento de músculos peitorais;
7. Redução do peso (sem músculos faciais, sem dentes, mandíbula
óssea reduzida, fusão de ossos do punho);

Esqueleto adaptado ao voo x aves não voadoras


• Ossos de aves não voadoras são geralmente pesados e não são ovos;
• Projeções nas costelas (processo uncinar) vestigiais;
• Pigóstilo ausente;
• Músculos peitorais e quilha reduzidos;
Marcas de campo
• Bico
• Região loral
• Coroa
• Anel ocular
• Supercílio
• Nuca
• Dorso
• Uropígio
• Coberturas supra-caudais
• Cauda
• Sub-caudal
• Primárias
• Secundárias
• Abdome
• Peito
• Região auricular
• Garganta
• Queixo
• Encontro
• Topete
• Íris
• Região malar
• Colar
• Pés
• Banda alar
Esqueleto das aves
• Esqueleto
➢ Axial (crânio, caixa torácica, vértebras);
➢ Apendicular (cintura pélvica, membros anteriores, cintura
peitoral, membros posteriores).
• Força, leveza, resistência, rigidez (fusão de elementos e
pneumatização);
• Ossos pneumáticos (Pterosauria, Theropoda, Sauropoda);
• Fusão de elementos (bacia);
• Cintura pélvica (sinsacro, ílio, ísquio, púbis);
• Notário → vértebras dorsais fusionadas em algumas aves;
• Os músculos peitorais se inserem na quilha;

• Cintura peitoral → fúrcula + escápulas + coracoides;


• Crânio → pedomorfose (o crânio de uma ave adulta tem algumas
características semelhantes ao crânio juvenil dos terópodes);
➢ Cinese (ex: podem mover tanto a maxila, quanto a mandíbula)
➢ Pequeno em relação ao corpo
➢ Anel esclerótico
• Membros → estrutura básica formada pelos mesmos ossos que nós
possuímos (herdaram apenas 3 dedos dos seus ancestrais
terópodes);
• Perna → tibiotarso;
• Tornozelo bem exposto e joelho mais escondido;
• Metatarsos elevados, sem contato com a superfície;
• Tarsometatarso;
• Praticamente não mexem o fêmur ao caminhar;
• Pescoço em S.
• Dedo virado pra trás → hálux;
• 2-3-4-5-0;
• Algumas aves são tridáctilas (ex: ema);
• Algumas aves são didáctilas (ex: avestruz).
Origem das aves
• Archaeopteryx lithographica (principal chave que relacionou as aves
com seus ancestrais)
➢ Archaeo (antigo) + pteryx (asa ou pena)
➢ Litho (pedra) + gráfica (escrita na)
➢ Bípede
➢ 120 a 250g (corvo)
➢ Penas em asas e cauda
➢ Dentes reptilianos
➢ Um pobre voador
➢ Endotérmico?

Aves possuem:
• Crânio expandido;
• Pélvis fusionada;
• Quilha desenvolvida;
• Processos ucinares nas costelas;
• Fusão dos ossos do crânio e da mão;
• Redução das vértebras caudais e aparecimento do pigóstilo;
• Provavelmente as aves descendem de alguns terópodes;
• Regra de Dollo
➢ “um organismo nunca retorna exatamente para um estado
ancestral, mesmo encontrando condições idênticas às
originais... Sempre aparecem evidências dos estágios
intermediários”

Hipótese de origem Techodonte


• Problemas da origem Thecodonte das Aves:
1. Nenhuma evidência de uma origem triássica (75 ma sem nenhuma
ave no registro fóssil)
2. Os dinossauros tinham clavículas e os terópodes tinham fúrculas
As aves são dinossauros
• Terópodes monitores;
• Coelurosauria (Téropodes) → Compsognathidae (pequenos animais
recobertos por penas); Tyrannosauroidea; Ornithomimosauria;
Maniraptora (Dromeosauros, Troodotidae, Avialae) → inclui as aves;
• Aviale → Ornithurae (Ichthyornithes, Hesperornithes, Neornithes –
aves modernas), Archacorhychus, Enantiornithes (120 – 65 ma)
(habitavam todos os continents, bico com dentes, pigóstilo, com
garras, extintos no K-T – cretáceo-terciário), Anchiornis (160 ma),
Archaeopteryx, Confuciusornis (135 – 120 ma) (1ª ave com bico – sem
dentes, pigóstilo).
Hesperornithes
• 100 – 65 ma;
• Hespero (oeste) + ornis (aves);
• Ambientes marinhos do hemisfério norte;
• Excelentes nadadores, provavelmente não-voadores;
• Ausência de quilha desenvolvida;
• Extintos no K-T.
Ichthyornites
• 95 – 85 ma;
• Ichthyo (peixe) + ornis (ave);
• Ambientes marinhos do hemisfério norte;
• Esqueleto de ave moderna (com dentes).

Aves mesozóicas: extinção em massa


• Diversos grupos de aves primitivas;
• Enantiornithes, Hesperornithes → desaparecem do registro fóssil →
65 ma (5ª extinção em massa).
Origem das aves modernas
• Tradicionalmente a explosão na diversidade de aves se associa com
o K-T;
• Falta de fósseis de aves modernas (ordens atuais) do Cretáceo;
• Vegavis (ordem Anseriformes) descoberto na Antártica em 1992;
• Cerca de 10 mil espécies de aves atuais (com 40 a 50 espécies não
voadoras).
Debate sobre a origem do voo nas aves
• Hipóteses (arbórea – tree down; cursorial – groun-up – mais aceita;
WAIR – Wing Assisted Incline Running);
• Arbórea (ancestrais arborícolas; o voo teria evoluído de planar e
paraquedas);
• Cursorial (ancestrais cursoriais; o voo teria evoluído desde o chão);
• WAIR (importante para fugir de predadores).
Paleognathae x Neognathae
• Diferença na morfologia do palato;
• Paleognathae (61 espécies) forma um grupo monofilético;
• Neognathae (9.939 espécies) ainda não está definido.
Paleognathae
• 5 ordens: Struthioniformes (avestruz), Rheiformes (emas),
Casuariformes (casuar e emú), Apterygiformes (kiwi), Tinamiformes
(inhambu);
• Todas não voam mais;
• Ancestrais voadores.

Neognathae
• 40 ordens;
• Representantes que voam e que não voam;
• Ordem mais conhecida: Passeriformes (os populares pássaros).
Fisiologia e Metabolismo das Aves
Metabolismo
• Processos físicos e químicos que mantêm a vida dos organismos;
• Para que o metabolismo funcione, os organismos precisam de
energia.
Taxas metabólicas
• Para calcular as taxas no uso de energia, é possível calcular o quanto
um animal consome de O2 em repouso;
• Taxa metabólica basal: Kcal de energia/peso do animal/hora;
• Modelo de endotermia (Scholander 1950): na região neutra, a
quantidade de O2 consumida pelas aves não muda com a
temperatura;
• Quanto menor for o animal, mais energia ele irá precisar;
• Beija-flores → campeões mundiais em gasto de energia (relação área
x volume);
• De fato, vertebrados endotérmicos não podem ser muito menores
que um beija-flor (Aves) ou musaranhos (Mammalia);
• Torpor como mecanismo de economia de energia.
Fatores-chave da vida das Aves
• Metabolismo elevado;
• Temperatura elevada;
• Alta demanda de energia;
• Muito ativos;
• Sistemas circulatório e respiratório: capacidade excepcional de suprir
as demandas de O2 e energia necessárias.
Para que manter a temperatura do corpo alta e constante
• A maior parte das aves mantêm uma temperatura do corpo
relativamente alta (entre 38 e 40° chegando a 44°C);
• Altas temperaturas do corpo → “superpoderes” (reflexo e força);
• As aves são criaturas rápidas e muito ativas;
• As taxas dos processos fisiológicos são mais velozes com maiores
temperaturas;
• A velocidade de transmissão dos impulsos nervosos aumenta 18x a
cada 10°C;
• A velocidade e a força de contração das fibras musculares aumentam
3x a cada 10°C.

O custo dos “superpoderes”


• A manutenção das altas temperaturas através da endotermia são
energeticamente caras;
• As aves precisam consumir entre 20 e 30 vezes mais alimento que um
“réptil” de tamanho semelhante;
• Além de velocidade e força, as aves são extremamente resistentes.
Sistema respiratório
• A taxa de respiração varia segundo o tamanho da ave (aves maiores
respiram menos vezes);
• Em voo, as aves precisam de mais O2 (respiram 12 a 20 vezes mais);
• O sistema respiratório das aves é muito eficiente. 4 partes do corpo
das aves transportam O2 da atmosfera para o sistema circulatório
das aves;
• Narinas, traqueia, pulmões, sacos aéreos;
• Pulmão faveolar (“favo de mel”) – maior superfície para trocas
gasosas;
• Septado rígido;
• Sacos aéreos (6 a 12 pares
➢ Oxigenação contínua do sangue
➢ Proteção dos órgãos internos durante o voo
➢ Remoção do calor metabólico produzido durante o voo
• Em comparação com os mamíferos, os pulmões das aves são
estruturas pequenas, compactas e esponjosas: pulmão faveolar;
• Mamíferos e aves de tamanhos semelhantes possuem pulmões com
pesos similares. Porém, o espaço que eles ocupam é quase a metade
(maior densidade);
• Maior transferência de O2 a cada respiração, se comparado a outros
grupos de vertebrados;
• Substituem quase o total de O2 presente nos pulmões (sem O2
residual);
• Oxigenação constante do sangue (inalação e exalação);
• Bomba de respiração: ventilação dos pulmões é realizada por
movimentos do tórax;
➢ Inspiração: maior pressão → a pressão interna dos pulmões é
menor que no exterior (sucção);
➢ Expiração: menor pressão → redução da cavidade torácica
aumenta a pressão nos pulmões.
• Ventilação unidirecional.

Sistema circulatório
• Responsável por:
➢ Distribuir oxigênio e nutrientes para as células
➢ Remover CO2
➢ Distribuir o calor produzidos pelos músculos
➢ Distribui anticorpos e hormônios
• Como os mamíferos, as aves possuem um sistema circulatório duplo
e um coração com 4 cavidades (2 ventrículos e 2 átrios);
• Répteis e anfíbios possuem 3 cavidades;
• Sangue oxigenado não se mistura com o sangue desoxigenado
(répteis e anfíbios misturam o sangue);
• 2 átrios → receptores;
• 2 ventrículos → bombeadores;
• O número de batimentos cardíacos nas aves é muito maior do que
nos mamíferos: humano (78 pulsos/min), tico-tico (460 pulsos/min),
beija-flor (600 a 1200 pulsos/min);
• As aves têm uma capacidade muito maior que os mamíferos em
realizar atividades aeróbicas;
• As fibras musculares das aves são mais finas e possuem mais
mitocôndrias;
• Fibras menores aceleram a transferência de O2 no sangue;
• Hemácias menores (baixa razão área/volume) → melhor difusão do
O2;
• Capilares pequenos (se comparados com os répteis) → melhor
difusão do O2;
• As características excepcionais do coração das aves têm o seu preço:
alta pressão arterial (300 a 400 mmHg – a maior de qualquer
vertebrado).

Sistema digestivo
• Bico, esôfago, papo, estômago (proventrículo – digestão química;
moela ou ventrículo – digestão mecânica), intestino delgado,
intestino grosso, cloaca;
• Glândulas salivares, fígado, pâncreas;
• Cigana → “ave ruminante” → papo grande
Controle da temperatura
• A relação entre a temperatura das aves e os ambientes onde elas
habitam é fundamental para a sua sobrevivência;
• A endotermia representa o equilíbrio entre o calor interno produzido
pelo metabolismo e a perda de calor para o ambiente;
• O calor é o resultado direto da ineficiência das reações químicas;
• Para atingir a homeotermia: alta taxa metabólica + manutenção do
calor;
• Importância da plumagem: galinhas com penas “frisadas” possuem o
dobro do metabolismo basal que galinhas normais;

• As aves regulam a sua temperatura, que varia de 40 a 42°C,


ajustando:
➢ O número de penas e penugem (pardais não migratórios na
Europa e América do Norte aumentam o número de penas
em 70% no inverno. Isto não ocorre em espécies tropicais
ou migratórias);
➢ A posição das penas (algumas espécies “inflam” as penas,
criando sacos de ar quente, próximas ao corpo – fluffing);
➢ Produzindo calor, tremendo;
➢ Perdendo água através da evaporação;
➢ Esticando as asas;
➢ Expondo a perna e o pé (no frio, as gaivotas podem diminuir
o sangue nas pernas, conservando calor, criando um
gradiente de temperatura).
Mecanismos para dissipar o calor
1. Evapotranspirar pela boca
2. Arejando as costas
3. Expondo o interior das asas
4. Expondo os tarsos
*pernas de aves aquáticas → no calor, as gaivotas podem fazer passar
o sangue através das pernas, dissipando calor. No frio, as gaivotas
podem diminuir o sangue nas pernas, conservando calor, criando um
gradiente de temperatura.
Economia de água
• Obter o alimento para satisfazer as necessidades energéticas é
apenas uma parte da equação. A economia de água em ambientes
secos é também fundamental;
• As aves repõem o líquido principalmente através da dieta:
➢ Néctar
➢ Frutos
➢ Pequenos vertebrados
➢ Insetos
➢ Sementes – pouco líquido
➢ Raramente bebem água (andorinhas – alto custo do voo
contínuo para se alimentar; comedores de sementes – pouca
água nas sementes);
➢ Através da água metabólica (produzida como um subproduto
da oxidação de componentes orgânicos com moléculas de H. A
água metabólica pode complementar a água ingerida através
dos alimentos);
➢ Excreção de resíduos metabólicos (N) na forma de ácido úrico:
✓ Mamíferos excretam ureia (soluções aquosas que
requerem grandes quantidades de líquido);
✓ Peixes e anfíbios: amônia;
✓ Répteis e aves: ácido úrico;
✓ O ácido úrico pode ser excretado em forma semi-sólida
(aves: 0,5-1mL de água para excretar x mL de N;
mamíferos: 20mL de água para excretar x mL de N);
✓ Vantagens: pouco tóxico e insolúvel em água (o ácido
úrico pode ser excretado em forma semi-sólida,
precisando de pouca água para ser excretado).
➢ As aves que habitam desertos possuem taxas metabólicas 40%
menores que aves que não vivem em desertos e também gastam
menos água.

Sistema excretor
• As 2 características mais importantes do sistema excretor das
aves são a ausência de bexiga e a excreção em forma de ácido
úrico;
• Partes do sistema excretor: rins, uretra, ânus, glândulas de sal;
• Glândulas de sal: aves marinhas;
➢ Glândulas cuja função é poder consumir água salgada e
excretar o sal dos alimentos marinhos. Há um transporte ativo
(bombas sódio-potássio) que leva o sal do sangue para a
glândula, onde é excretado em forma concentrada.
Fenologia das aves
• Fenologia → estudo do ciclo de vida dos seres vivos;
• Aves → período reprodutivo, muda das penas, acúmulo de gordura,
migração;
Os ciclos na vida das Aves
• Ciclo diário ou circadiano (dia e noite);
• Ciclo anual ou circanual (inverno/verão; seca/chuva);
• Padrão sazonal de chuva;
• Sazonalidade na disponibilidade de recursos alimentares;
• Sazonalidade na reprodução das aves;
• Sazonalidade na muda das penas;
• Período reprodutivo:
➢ Aumento no tamanho das gônadas
➢ Maior produção hormonal (machos começam a defender
territórios, se estabelecem os casais, acasalamento)
• O ciclo anual das aves envolve uma sequência complexa e ordenada
de condições comportamentais e fisiológicas;
• Uma rede de controles fisiológicos controla os períodos de
reprodução, muda, sono, alimentação e migração;
• Relógio biológico:
➢ Nas células das aves há o controle da liberação de hormônios
e outras substâncias químicas que regulam o metabolismo,
reprodução e o comportamento;
➢ Sistema neuroendócrino: responsável por sincronizar o ritmo
nas células, tecidos e órgãos. Também fundamental para a
navegação na migração.
Ritmos circadianos e circanuais: importância do fotoperíodo
• Fotoperíodo: é a reação fisiológica dos organismos às mudanças no
tempo de luz e escuridão, incluindo suas mudanças ao longo do ano;
• Em aves, o período de luz tem um papel fundamental no controle
fisiológico;
• Comprimento do dia (fotoperíodo).
Importância do fotoperíodo: receptores de luz
• Glândula pineal: localizada perto do centro do cérebro (entre os 2
hemisférios) das aves, sendo responsável pelo relógio biológico e
mecanismos fotorreceptores das aves. Responsável pela produção
de serotonina e melatonina;
• William Rowen (1929, 1930) mostrou que um incremento do
fotoperíodo em 5 a 10 min por dia causava um aumento no tamanho
dos testículos do Junco hyemalis (junco-comum);

Junco hyemalis

• As aves não monitoram a luz do dia visualmente (como os


mamíferos);
• Possuem fotorreceptores especiais no hipotálamo, sensíveis a certos
comprimentos de onda (500 nm) que penetram o crânio e o tecido
cerebral;
• Uma vez que os receptores foram estimulados pela luz, células
neurossecretoras no hipotálamo induzem a liberação de neuro-
hormônios (TSH);
• Esses neurormônios são levados pelo sangue até a glândula pineal
(hipófise), que induz a síntese e liberação de hormônios que afetam
diretamente a atividade sexual;
• Estes mecanismos são importantes para definir as atividades das
aves, porém, elas utilizam outros estímulos para fazer o ajuste fino:
➢ Chuva
➢ Disponibilidade de alimento
➢ Comportamento de outras aves
➢ Temperaturas mais quentes
Sistema reprodutor
• As aves são:
➢ Ovíparas

➢ Sexuadas
➢ Fecundação interna
➢ Sem aparelho reprodutivo externo (exceto algumas poucas
exceções – peru, avestruz, Annatidae - patos)
➢ Gônadas reduzidas sazonalmente
➢ Dimorfismo sexual

• Gônadas: responsáveis pela produção de gametas e hormônios


sexuais
➢ 1 par de testículos nos machos (geralmente assimétricos,
vesícula seminal – 4°C mais frio, vaso deferente, cloaca)
➢ 1 ovário nas fêmeas (2 em alguns gaviões e kiwis, oviduto,
cloaca)
O ovo
• O ovo das aves representa uma das mais complexas e mais
diferenciadas células reprodutivas no mundo animal;
• Formado por:
➢ Óvulo (ou embrião, se fertilizado)
➢ Alimento para o desenvolvimento do embrião (gema)
➢ Camada protetora para garantir a segurança do ambiente
interno (clara)
• A gema é colocada no óvulo antes da ovulação;
• Os outros componentes do ovo são adicionados durantes a passagem
do ovo pelo oviduto;
• Oviduto (normalmente 24h, mas pode demorar até uma semana
dependendo da espécie);
• Infundíbulo (lugar da fertilização: 20 min);
• Magno (formação da clara: 3-4h; 2.3mm/h);
• Istmo (formação da membrana da casca: 1 hora; 1.4mm/h);
• Útero (formação da casca do ovo: 19-20 horas);
• Vagina (formação da cutícula).
• Contém todos os nutrientes (inclusive água) para o embrião;
• Ovo fechado (ovo amniota);
• A diferença dos répteis, o ovo das aves é mais duro (maior proteção);
• O embrião dentro do ovo não se encontra completamente isolado do
ambiente externo (troca gasosa – entra O2 e sai CO2 e vapor de
água);
• Albúmen (90% água, 10% proteína): água, proteção e isolamento
térmico;
• Vitelo (nutrientes): 21 a 36% lipídeos, 16 a 22% proteínas e
aproximadamente 50% de água;
• Membranas externas: proteção do embrião, conserva água e
alimento, facilita a troca gasosa;
• Âmnion: membrana que recobre o embrião (água e sais);
• Córion: membrana protetora que recobre todas as estruturas
embrionárias;
• Cavidade alantóica: funções respiratórias e excretoras (aumenta em
tamanho com o desenvolvimento do embrião);
• Saco vitelínico: alimento e nutrientes para o embrião;
• O ovo será expelido mesmo quando não fecundado.

Quantos ovos?
• O tamanho da ninhada pode variar muito, dependendo da:
➢ Espécie
➢ Energia disponível
➢ Idade
➢ Variação genética individual
➢ Disponibilidade de alimento (a energia para os ovos provém de
uma alimentação reforçada + reservas + economia de energia)
➢ Mês do ano
• O ovo das aves representa uma das mais complexas e mais
diferenciadas células reprodutivas no mundo animal. Variam em
forma, tamanho, cor e textura;
• Embora o tamanho do ovo aumente com a biomassa da ave, aves
pequenas colocam ovos relativamente maiores que aves maiores;
• Extremos → 0,2g (beija-flor), 9kg (aves-elefante, Aepyornithidae – já
extintas);
• Dente do ovo → ajuda a furar a casca e é perdido com o tempo.

Ninhos
• Estruturas mais ou menos elaboradas destinadas a proteger e/ou
alojar o ovo durante o período de incubação, os filhotes no período
inicial de desenvolvimento, e também aos adultos durante o período
de cuidado parental. Embora algumas espécies utilizem cavidades ou
ninhos ao longo de todo o ano.
• Função:
➢ Proteção de predadores (a maior parte dos ovos ou filhotes é
predada. Maior causa de mortalidade em aves. Perto de 80%
dos ninhos perdidos se deve à predação, incluindo a fase do
ovo ou do filhote. Invisibilidade (camuflagem, difícil de achar).
Inacessibilidade (difícil de penetrar)
➢ Proteção do clima (chuva, vento)
➢ Isolamento térmico e de umidade
Modos de desenvolvimento dos filhotes
• Superprecocial
• Precocial Aumento do cuidado parental
• Altricial
• Superaltricial
• Tipos de ninhos
• Local do ninho
• Quantidade de gema no ovo
• Cuidado parental
Condição Penugem Visão Mobilidade Alimentação Cuidados Exemplos
dos pais parentais
Super- Sim Abertos Caminha Não Não Megapodidae
precocial
Precocial Sim Abertos Caminha Não Sim Patos,
maçaricos
Sub- Sim Abertos Caminha Não e Sim Sim Cegonhas,
precocial Rallidae
Semi- Sim Abertos No ninho Sim Sim Gaivotas,
precocial pinguins
Semi- Sim Fechados No ninho Sim Sim Garças,
altricial gaviões
Altricial Não Fechados No ninho Sim Sim Pássaros,
psitacídeos,
pica-paus
Sistemas sociais das aves
• Monogamia (90%)
➢ Com copulação extra-par;
➢ Sem copulação extra-par.
• Poligamia (≈3%) (poliginia - ≈2%, poliandria – <1%, poliginandria -
<1%);
• Promiscuidade (≈6%) (solitários, arenas).
Monogamia
• Cuidado parental compartilhado (construção do ninho, incubação,
alimento dos filhotes); defesa de território;
• De forma geral, quando a ajuda dos machos é essencial para criar os
filhotes, ou quando os machos não conseguem os recursos
necessários para ter mais fêmeas, a única opção é a monogamia;
• Ex: psitacídeos, albatrozes, cisnes, pombos;
• Divórcios associados geralmente com falhas na reprodução.
Poligamia
• Ocorre geralmente quando os recursos alimentares não se
distribuem de forma uniforme na paisagem. Possibilidade de
monopólio de recursos;
• Poliandria: existem poucos casos conhecidos onde as fêmeas
possuem vários machos, os quais incubam os ovos e cuidam dos
filhotes. Pode ser simultânea ou sequencial.
• Poliginandria - comum em Paleognathae.
Promiscuidade
• Solitária ou grupal;
• Seleção sexual: danças, plumagens conspícuas, comportamentos
agressivos, colaboração de machos, fêmeas responsáveis por todo o
cuidado parental;
• O problema deste sistema é que há uma enorme diferença no
sucesso reprodutivo dos machos. Poucos machos copulam com todas
as fêmeas disponíveis.
Sistemas de acasalamento e os recursos alimentares
• Monogamia → recursos alimentares distribuídos de forma uniforme
no espaço;
• Poligamia → recursos alimentares distribuídos de forma não-
uniforme. Passíveis de serem monopolizados (se a fêmea precisar do
território de um macho, o qual domina os recursos alimentares, a
poliginia pode ser uma boa opção);
• Promiscuidade → recursos alimentares distribuídos de forma não-
uniforme super-abundantes, sendo impossível de serem
monopolizados (associados com alimentação de frutos ou néctar –
recursos alimentares distribuídos em manchas, no tempo e no
espaço; emancipa a fêmea da necessidade de um macho – a comida
“quer” ser achada) – se a fêmea for capaz de criar os filhotes sozinha,
a promiscuidade é uma boa opção.
Morfologia preditiva de aves
• Bico → dieta e forma de captura e manipulação do alimento
• Pés (dedos) → captura e manipulação do alimento, locomoção
• Asa → locomoção
• Cauda → locomoção e display
• Levar em consideração todas as características das aves para melhor
prever seu comportamento na natureza.
Dieta
• Insetos → insetívoros (maioria)
• Frutos → frugívoros
• Insetos + frutos → onívoros
• Sementes → granívoros
• Néctar → nectarívoro
• Vertebrados → carnívoros
• Folhas → herbívoros
• 5440 espécies de aves se alimentam exclusivamente de insetos
• 1160 espécies de aves onívoras
• 1140 espécies de aves frugívoras
• 840 espécies de aves granívoras
• 540 espécies de aves nectarívoras
• 280 espécies de aves carnívoras
• 230 espécies de aves piscívoras
• 190 espécies de aves herbívoras
• Cerca de 110 espécies de aves detritívoras
Insetos
• Ar (voo elástico, voo de varredura);
• Vegetação (galhos e folhas) – bicos finos;
• Superfície de troncos – unhas e cauda se apoiando no tronco;
• Interior de troncos – bicos afiados e grossos, musculatura do pescoço
reforçada, tecidos esponjosos no crânio para aliviar o impacto,
adaptações na cauda e nas garras para poder escalar, língua grande;
• Chão ou folhiço – muitas vezes as adaptações são mais
comportamentais do que morfológicas;
• Correições de formigas – exclusivo dos trópicos;
• Voo elástico - ficar parado num galho exposto esperando que a presa
apareça (senta-e-espera);
• Vibrissas – penas modificadas que, em teoria, auxiliam na captura do
alimento;
• Voo de varredura – alta capacidade de voo; as aves capturam as
presas enquanto estão voando;
• Lama, areia e água – anelídeos, insetos, crustáceos, moluscos; aves
limnícolas, geralmente possuem bicos longos e especializados.

Granívoros
• Predadores de sementes (também podem atuar como dispersores)
→ diferente de dispersores de sementes;
• Passeriformes, faisões, codornas, perdizes;
• Bicos triangulares → adaptados para quebrar sementes.
Nectarívoros
• Polinizadores;
• Ladrões de néctar (não polinizam);
• Beija-flores, saíras (honeycreepers), sugarbirds, sunbirds,
honeycaters;
• Bico longo e curvado;
• Bicos em forma de gancho (ladrões de néctar – rasgar as flores e
beber o néctar sem se sujar de pólen; alguns comem flores;
• Línguas longas.

Carnívoros
• Tetrapoda (280 espécies) – Accipitriformes (gaviões), Strigiformes
(corujas), Falconiformes (falcões) – ponta do bico em forma de
gancho → rasgar a carne
• Detritívoros (menos de 100 espécies) – cabeça sem penas, bico com
gancho, visão acurada, asas longas e largas

• Piscívoros (230 espécies)


➢ Formas de captura: emboscadores, mergulhadores e
perseguidores;
➢ Emboscadores: bico em forma de adaga, pescoços longos,
pernas compridas, normalmente esperam o alimento em
silêncio;
➢ Mergulhadores: bico em forma de adaga, pernas curtas,
proteção ocular, narinas fechadas;
➢ Perseguidores: bico terminado em gancho, membranas
interdigitais, pernas curtas.

Frugívoros
• Bico muito variável;
• Há uma relação entre o tamanho do fruto e o tamanho do bico e do
corpo.

Onívoros
• Bico generalista → não muito largo, não muito longo, não muito alto
(médio)

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