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ISSN: 2525-8761
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo procurar demonstrar a importância da valorização
que o BPRONE (Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial) faz de sua
história, de sua doutrina e de sua cultura como meio de garantir a eficiência na execução
de suas atividades operacionais, bem como na produção de um intenso sentimento de
pertencimento por parte de seus integrantes, através de uma série de linhas de ação que
primam pelo respeito incondicional para com a unidade “Guardiã da doutrina de
Patrulhamento Tático Motorizado” da Polícia Militar do Paraná.
ABSTRACT
The present study aims to demonstrate the importance of the appreciation that the
BPRONE (Battalion of Ostensive Rounds of Special Nature) makes of its history, its
doctrine and its culture as a means of guaranteeing efficiency in the execution of its
operational activities, as well as as well as in producing an intense sense of belonging on
the part of its members, through a series of lines of action that excel in unconditional
respect for the unit “Guardian of the Motorized Tactical Patrol doctrine” of the Military
Police of Paraná.
1 INTRODUÇÃO
O Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial (BRONE) é uma unidade
de elite dentro da estrutura da Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR), que possui
uma tropa extremamente especializada e bem treinada, possuindo como missão principal
a realização do patrulhamento tático motorizado no Estado do Paraná, com o apoio das
2 HISTÓRIA
Um dos pilares fundamentais de respeito e valorização de qualquer instituição está
em conhecer os detalhes e as minúcias de sua história, sendo fundamental reconhecer as
peculiaridades e vicissitudes que culminaram em evoluções que carrearam suas trajetórias
e que demonstram como estão estabelecidas atualmente. É fomentar e aguçar a memória
institucional rumo a sua evolução organizacional. Para aclarar esse entendimento:
2.1 PMPR
A História das unidades táticas da Polícia Militar do Paraná deve-se em muito a
eclosão da Guerra do Contestado, isso porque no ano de 1914, o Presidente do Estado do
Paraná autorizou que o Batalhão de Infantaria fosse organizado como “Batalhão Tático”,
sendo comandado pelo Major Benjamin Augusto Lage. Foi determinado à apresentação
no QG da Região, ficando à disposição do General Inspetor.
O Batalhão Tático foi incorporado às tropas do Exército (Coluna Leste),
comandada pelo Coronel Ex Júlio César Gomes da Silva, ficando a sede do comando
fixado na cidade de Rio Negro/PR. Conseguiram reconquistar a cidade de Papanduva sem
grande dificuldade, sendo que no dia 28 de novembro de 1914 deslocou juntamente com
homens do Exército para Queimados, onde travaram combate com fanáticos, saindo
vitoriosos após fogo cerrado.
Por fim, uma fração do Batalhão Tático foi integrada ao contingente comandado
pelo Tenente do Exército Heitor Mendes Gonçalves, que partiu no dia 03 de abril de 1915
da Colônia Vieira a fim de fazer um reconhecimento no reduto de Santa Maria,
destacando que a frente dos milicianos das araucárias seguia o Tenente da PMPR João
Busse.
No dia 09 de abril de 1915, o Major Lage foi promovido ao posto Tenente-Coronel
por atos de bravura, sendo que em 02 de maio do mesmo ano, após a completa pacificação
do Contestado, a Coluna Leste foi dissolvida e os militares paranaenses regressaram para
o quartel com os mais honrosos feitos.
O tempo fez com que as ações da Polícia Militar fossem evoluindo taticamente e
tecnicamente, conforme já descrito nesse artigo. Por exemplo, tem-se a evolução de
atuação dos seguintes grupos que realizam as ações de Patrulhamento.
a) TMA (Tático Móvel Auto): era a tropa reserva do comandante de uma unidade
de área. Comandada por um oficial subalterno atuava no policiamento ostensivo
preventivo e repressivo. Tinha, a priori, 20 (vinte) policiais militares que eram
escolhidos dentre aqueles que se destacavam na unidade. Já possuíam habilitação
para a utilização de armas portáteis, bem como, para utilização das munições de
impacto controlado (IMPO) e conhecimento de técnicas não letais.
2.2 RONE
A RONE, originalmente, foi criada no dia 13 de julho do ano de 1992, fazendo
parte neste primeiro momento da Companhia de Polícia de Choque, que era
subordinada ao antigo CPC (Comando do Policiamento da Capital). Sua criação foi
devida ao crescimento da criminalidade violenta e da falta de um dispositivo de reação
ao recobrimento do policiamento ostensivo ordinário, conforme consta na Normas Gerais
de Ação – RONE – (1999, p.4). Nas palavras de Barroso Torres (2000, p. 17), falando
das missões da RONE na virada do milênio:
3 DOUTRINA
Nos dizeres de Matos e Chehade (2009, p. 60), doutrina tem por objetivo a
orientação, sistematização e coordenação da totalidade das atividades policiais militares,
estabelecendo, de tal forma, a legitimação para organização, preparo e emprego das forças
de segurança, notadamente as polícias militares.
De tal modo que executando missões operacionais táticas motorizadas de elevado
grau de complexidade, é necessário que o BPRONE possua uma sólida e segura doutrina
de emprego capaz de delimitar o modo de atuação dentro dos ditames legais, morais e
institucionais propostos.
seja, a atividade em que uma equipe tática realiza o patrulhamento, tendo como meio de
locomoção uma viatura quatro rodas e seus integrantes possuindo uma missão específica.
Como mencionado anteriormente, o policial militar deve possuir características
diferentes para a execução das missões propostas, capacidade psicológica estável, para
não oscilar suas ações e sua postura frente a uma ocorrência de extremo risco, pautando
sua conduta sempre na razão e nunca pela emoção da situação.
Cada integrante de uma equipe RONE, tem suas missões específicas e bem claras
dentro da NGA (Normas Gerais de Ação), norteadora das técnicas e especificidades da
atuação a que se dedica a unidade. E não é um mero documento, mas fonte de consulta,
adaptação, inovação constante e cobrança a todos aqueles que desejam ombrear lado a
lado junto aos roneanos.
Nela estão inseridos diversos subtemas de importância e de cumprimento
obrigatório por parte de seus integrantes, dentre os quais: valores doutrinários; objetivos;
missão e a própria doutrina em si do BPRONE.
Nesse cenário, diversas definições operacionais estão elencadas e merecem
destaque, como a definição de: composição das equipes; equipamentos e armamentos;
assunção do serviço; comunicação; patrulhamento; pontos base; regras de abordagens e
retorno do patrulhamento e encerramento do turno de serviço.
Para demonstrar na prática a importância de acatamento da doutrina, segue a
descrição da rotina da assunção de serviço operacional da RONE.
Ao assumir o serviço os pelotões RONE, todos os dias as 09hs da manhã,
praticamente realizam um ritual religioso. Ali é o momento em que o oficial de serviço,
ORAÇÃO RONE
Rondas Ostensivas de Natureza Especial
Cuja força vem do Senhor,
Nossa rocha,
Que nos orienta e nos protege na escuridão e na tormenta,
Guia teus soldados à guerra,
Para que os ímpios sintam o peso da justiça por nossa espada,
Conceda-nos Senhor,
Sabedoria para caminharmos pelas trilhas da humildade,
Da honestidade,
E da coragem,
E quando pelas nossas mãos houver derramamento de sangue,
Lembre-te do clamor dos aflitos,
Pois somos RONE,
E se preciso for,
4 CULTURA – TRADIÇÃO
A Cultura da RONE é um conjunto de regras formais e não formais, escritas e
não escritas, aceitas tácita e voluntariamente pelos Policiais de RONE, consideradas
como o elemento fundamental e diferenciador na qualidade da prestação do serviço.
Ela é composta por uma série de atos e atitudes dos integrantes da RONE em seu
dia a dia, que ao acatarem sua validade acabam produzindo uma valorização interna única
e forte, afastando a influência de situações ou indivíduos que busquem alterar ou
desconfigurar a tradição tão solidamente construída por diversos honrados policiais
militares que por ali trilharam suas sólidas carreiras. Nesse sentido, Ávila e Yonemoto
(2015, p. 19), citado por Enes (2019, p.10), acentuam que:
[...] com uma cultura bem definida e um bom clima organizacional que seja
reflexo desta cultura, os funcionários têm consciência dos comportamentos
esperados pela organização, cria-se sinergia de ações e atinge-se o máximo
desempenho. Pensamentos e atitudes divergentes dos pregados pela cultura são
naturalmente expulsos. Para que o norte cultural esteja bem definido e sirva de
direcionamento para as ações dos colaboradores, elementos como a missão,
visão, princípios e valores da empresa devem estar claros e serem reforçados a
todo momento. (AVILA; YONEMOTO. 2015, p. 19).
Verbi gratia, podemos indicar o cuidado que o motorista da viatura tem ao assumir
o serviço e realizar a manutenção preventiva e de limpeza da viatura que está sob sua
responsabilidade, como um dever natural, visto que a imagem de limpeza e cuidado dos
bens postos para uso da unidade representam o zelo, dedicação e orgulho que o roneano
tem de sua unidade perante o mundo exterior.
A ESPADA, que voltada com sua ponta para cima, identifica o poder militar, pois
é uma arma tipicamente de uso das forças militares no curso da história.
O RAIO representando a velocidade e o pronto e rápido atendimento.
O ESCUDO, no estilo português de sable, contornado de gules – arma medieval
utilizada nos primórdios das batalhas entre forças militares em campos abertos –
representa a defesa e proteção ofertada à sociedade.
5 CONCLUSÃO
Concluindo, a imagem identitária da RONE não é algo criado por um ou outro
comando que por ali tenha passado. É sim uma externalização normalizada de geração
para geração de policiais militares orgulhosos da farda que vestiram e, ainda, dos que as
vestem.
Briosos e corajosos guerreiros que tem verdadeiro orgulho do braçal com as letras
reluzentes da RONE; da limpeza e zelo com os materiais ostentados; forjados nas
condições mais severas de pressão física e psicológicas, que os possibilita a enfrentar as
mais árduas e complexas missões operacionais, de modo rotineiro.
Ser um roneano significa respeitar e zelar pelo bom trabalho realizado por diversos
policiais militares que arriscaram, e em alguns fatídicos momentos até perderam suas
vidas pela causa de bem servir. Essa imagem é enaltecida e vibrada pela sociedade que
tem pela RONE um enorme respeito, prova da credibilidade adquirida com o passar dos
anos. BASTOS e MEDEIROS (2014. p. 228.), afirmam nesse sentido
interna organizacional que reflete no planejamento e preparo da unidade militar. Para isso,
os já citados autores BASTOS e MEDEIROS (2014. p. 214), em referência a essa
memória institucional citam:
A memória institucional, por sua vez, nada mais é do que uma memória
coletiva que confere características identitárias a determinada instituição e a
seus membros, criando em seus integrantes um vínculo que os identifica
perante a sociedade e consolida os valores que regem sua conduta. Essa
memória é consubstanciada de diversas maneiras, que se evidenciam na
produção de documentos, fotografias, monumentos, lugares de memória, datas
de celebração, produção historiográfica, documentários, museus, publicações
na imprensa e na internet. (BASTOS Jr; MEDEIROS. 2014. p. 214).
Para Blum e Xavier (2023, p.10025) a Polícia Militar, dada a relevância do serviço
prestado à sociedade, na função de policiamento, tem além da previsão legal a existência
de características, princípios, modalidades, processos e variáveis que vão influenciar no
modo de atuação da corporação.
E para dar base a esse sentido verificou-se que há a necessidade de uma doutrina
e de uma estratégia organizacional coesa e bem construída que sustente por longos
períodos o respeito ao modo de atuação diferenciado que é empregado, e que seja
respeitado por todos os seus integrantes e legitimado pela instituição e pela sociedade.
Nesse entendimento, tudo isso ajuda no conhecido “Clima Organizacional”, que
refere-se ao ambiente interno existente entre os membros da organização e está
intimamente relacionado com o grau de motivação de seus participantes.
(CHIAVENATO, 2002, p.183).
E assim, todo esse ambiente proporcionado dentro da RONE é capaz de utilizar
da máxima potência individual e coletiva de seus integrantes no desenvolvimento de suas
atividades, fruto de um clima propício e ambiente organizado para a excelência, tal qual
afirmam Silva e Barbosa (2015, p. 12).
Logo, o presente trabalho procurou identificar todas essas marcas identitárias que
caracterizam a RONE, pondo-a como símbolo e expressão máxima da atividade
operacional de patrulhamento tático no Paraná. Marcas calcadas na história, na doutrina
e nos hábitos culturais de seus integrantes, que desenvolvem uma gama de ações
glorificantes àquela instituição, pois tem orgulho e apreço ao local de trabalho e à missão
desempenhada.
REFERÊNCIAS
Blum, W. H., & Xavier, M. (2023). Atuais ações de policiamento ostensivo na Polícia
Militar do Paraná no ano de 2022. Brazilian Journal of Development, 9(3), 10018–
10031. https://doi.org/10.34117/bjdv9n3-077
LUZ, Cecílio Campiolo. Estudo acerca das legislações relacionadas aos equipamentos
de proteção individual para os Policiais Militares da Polícia Militar do Paraná.
Brazilian Journal of Development. São José dos Pinhais-PR. 2021.
PMPR. Polícia Militar do Paraná. Boletim Geral n° 064, de 03 de abril de 2023. Cria a
Medalha de Mérito da RONE. Curitiba-PR. 2023.
PMPR. Polícia Militar do Paraná. Boletim 5a Seção do EM. Set, 1975.Curitiba-PR. 1975.
PMPR. Polícia Militar do Paraná. Aditamento ao Boletim Geral nº 092, de 22 maio 15.
Curitiba-PR. 2015.
PMPR. Polícia Militar do Paraná. Diretriz 004 – PM-3, 16 de maio de 2000. Curitiba-
PR. 2000.