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Brazilian Journal of Development 18680

ISSN: 2525-8761

Rone: valorização da história, doutrina e da cultura como garantidor


da eficiência da unidade de elite do serviço de patrulhamento tático da
PMPR

Rone: valuing history, doctrine and culture as a guarantee of the


efficiency of the elite unit of the PMPR tactical patrol service
DOI:10.34117/bjdv9n5-285

Recebimento dos originais: 26/04/2023


Aceitação para publicação: 31/05/2023

João Roberto Galeto Alves


Major da Polícia Militar do Paraná pela Academia Policial Militar do Guatupê (APMG),
Especialista em Administração Pública pela Faculdade Facear (UNIFACEAR)
Instituição: Polícia Militar do Paraná (PMPR)
Endereço: Av. Mal. Floriano Peixoto, 1401, Curitiba - PR
E-mail: jrone1@hotmail.com

RESUMO
O presente estudo tem como objetivo procurar demonstrar a importância da valorização
que o BPRONE (Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial) faz de sua
história, de sua doutrina e de sua cultura como meio de garantir a eficiência na execução
de suas atividades operacionais, bem como na produção de um intenso sentimento de
pertencimento por parte de seus integrantes, através de uma série de linhas de ação que
primam pelo respeito incondicional para com a unidade “Guardiã da doutrina de
Patrulhamento Tático Motorizado” da Polícia Militar do Paraná.

Palavras-chave: segurança pública, cultura, história, doutrina, patrulhamento tático.

ABSTRACT
The present study aims to demonstrate the importance of the appreciation that the
BPRONE (Battalion of Ostensive Rounds of Special Nature) makes of its history, its
doctrine and its culture as a means of guaranteeing efficiency in the execution of its
operational activities, as well as as well as in producing an intense sense of belonging on
the part of its members, through a series of lines of action that excel in unconditional
respect for the unit “Guardian of the Motorized Tactical Patrol doctrine” of the Military
Police of Paraná.

Keywords: public safety, culture, history, doctrine, tactical patrol.

1 INTRODUÇÃO
O Batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial (BRONE) é uma unidade
de elite dentro da estrutura da Polícia Militar do Estado do Paraná (PMPR), que possui
uma tropa extremamente especializada e bem treinada, possuindo como missão principal
a realização do patrulhamento tático motorizado no Estado do Paraná, com o apoio das

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unidades operacionais, atuando também de forma direta no atendimento de ocorrências


de vulto e, de modo secundário, em ações de operações de Polícia de Choque, no controle
de tumultos e de distúrbios civis.
Uma das marcas fundamentais de tal organização policial militar sempre esteve
pautada no resgate e respeito de sua história, bem como na valorização de sua cultura e
no fiel cumprimento de sua doutrina de patrulhamento motorizado, sendo exemplo de
fidelidade tática-operacional e de reconhecimento por parte da população paranaense e
de outras forças de segurança.
Deste modo, o presente artigo procurará demonstrar como essas variáveis
(História, Cultura e Doutrina) se correlacionam, definindo suas especificidades e
importância na adoção das posturas, regramentos e bases decisórias na formatação
organizacional e no modo de atuação de cada um dos seus integrantes.
Ainda, revelar que dessa integração multifacetada, mas integrativa, essas variáveis
se mesclam e conduzem o BPRONE a uma qualificação profissional distinta de seu
efetivo, pautada na excelência, bem como na eficiência de sua atuação na esfera de
segurança pública, através da apresentação de resultados estatísticos que a colocam no
patamar das melhores forças táticas do Brasil.

2 HISTÓRIA
Um dos pilares fundamentais de respeito e valorização de qualquer instituição está
em conhecer os detalhes e as minúcias de sua história, sendo fundamental reconhecer as
peculiaridades e vicissitudes que culminaram em evoluções que carrearam suas trajetórias
e que demonstram como estão estabelecidas atualmente. É fomentar e aguçar a memória
institucional rumo a sua evolução organizacional. Para aclarar esse entendimento:

Entre indivíduos, a memória é responsável por conferir sentido à vida, formar


identidade e senso de pertencimento social. Em uma organização, a memória
institucional relaciona-se diretamente com a formação de sua identidade e
reputação, possibilitando a construção de uma credibilidade calcada em uma
trajetória histórica constante. Nesse percurso, evidenciam-se valores, costumes
e tradições, referenciais que formarão o arcabouço valorativo a ser absorvido
e transmitido a seus integrantes e à sociedade em que atua. (BASTOS Jr;
MEDEIROS. 2014. p. 213).

Assim, nesse capítulo será desvelado, sucintamente, como se deu a formação


histórica da RONE ao longo dos tempos, e sua importância na execução operacional na
missão constitucional da PMPR.

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2.1 PMPR
A História das unidades táticas da Polícia Militar do Paraná deve-se em muito a
eclosão da Guerra do Contestado, isso porque no ano de 1914, o Presidente do Estado do
Paraná autorizou que o Batalhão de Infantaria fosse organizado como “Batalhão Tático”,
sendo comandado pelo Major Benjamin Augusto Lage. Foi determinado à apresentação
no QG da Região, ficando à disposição do General Inspetor.
O Batalhão Tático foi incorporado às tropas do Exército (Coluna Leste),
comandada pelo Coronel Ex Júlio César Gomes da Silva, ficando a sede do comando
fixado na cidade de Rio Negro/PR. Conseguiram reconquistar a cidade de Papanduva sem
grande dificuldade, sendo que no dia 28 de novembro de 1914 deslocou juntamente com
homens do Exército para Queimados, onde travaram combate com fanáticos, saindo
vitoriosos após fogo cerrado.
Por fim, uma fração do Batalhão Tático foi integrada ao contingente comandado
pelo Tenente do Exército Heitor Mendes Gonçalves, que partiu no dia 03 de abril de 1915
da Colônia Vieira a fim de fazer um reconhecimento no reduto de Santa Maria,
destacando que a frente dos milicianos das araucárias seguia o Tenente da PMPR João
Busse.
No dia 09 de abril de 1915, o Major Lage foi promovido ao posto Tenente-Coronel
por atos de bravura, sendo que em 02 de maio do mesmo ano, após a completa pacificação
do Contestado, a Coluna Leste foi dissolvida e os militares paranaenses regressaram para
o quartel com os mais honrosos feitos.

Figura 1. Foto Histórica da PMPR.

Fonte: PMPR (2023).

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Meio século depois, aproximadamente, conforme documento abaixo da 5ª Seção


do EM-PMPR, datado de 30 de setembro de 1975, temos a “princípio” o início do
Patrulhamento Tático Móvel, que se desdobra nos anos que se passam, sendo denominado
nos dias atuais como sendo o Patrulhamento Tático Motorizado:

A Polícia Militar, através do Batalhão de Guardas (criado no ano de 1952,


sendo que no ano de 1977 passou a denominar-se 12º Batalhão de Polícia
Militar), introduziu novo policiamento na área central da Capital, com a
finalidade de melhorar o policiamento ostensivo. Trata-se do Policiamento
Tático Móvel, que consiste na utilização de grupos de homens, que se
deslocam em viaturas, em contato via rádio com o COPOM e se estabelecem
bases táticas pré-fixadas na área central da cidade, onde a viatura permanece
estacionada aos cuidados do motorista e os demais ocupantes percorrem a pé
os pontos sensíveis próximos a essas bases táticas. Espera-se com essa
inovação, diminuir a incidência de delitos na área central. (PMPR, 1975).

Figura 2. Origem da PATAMO/PMPR.

Fonte: PMPR (1975);

O tempo fez com que as ações da Polícia Militar fossem evoluindo taticamente e
tecnicamente, conforme já descrito nesse artigo. Por exemplo, tem-se a evolução de
atuação dos seguintes grupos que realizam as ações de Patrulhamento.
a) TMA (Tático Móvel Auto): era a tropa reserva do comandante de uma unidade
de área. Comandada por um oficial subalterno atuava no policiamento ostensivo
preventivo e repressivo. Tinha, a priori, 20 (vinte) policiais militares que eram
escolhidos dentre aqueles que se destacavam na unidade. Já possuíam habilitação
para a utilização de armas portáteis, bem como, para utilização das munições de
impacto controlado (IMPO) e conhecimento de técnicas não letais.

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b) ROTAM (Rondas Ostensivas Tático Móvel): A ROTAM, com efetivo de


01(um) Pelotão PM, é a força tática de manobra do comandante da unidade. O
Comando da ROTAM é exercido preferencialmente por um 1º Ten QOPM, ou por
um 2º Ten. QOPM, com no mínimo 03(três) anos de exercício na atividade
operacional, a ser designado pelo Comandante da OPM. A aplicação das equipes
ROTAM poderá variar de acordo com o efetivo disponível e as demais
peculiaridades locais, porém deverá obedecer a sequência de aplicação como
efetivo de reforço e/ou recobrimento de área na malha protetora. A ROTAM
constitui o 3º Esforço e o 2º Recobrimento da Malha Protetora.
Os efetivos ROTAM deverão estar em constante e permanente treinamento,
com o foco na qualidade da prestação de serviços, buscando sempre a eficiência,
eficácia e a efetividade, propiciando melhor qualidade de vida à comunidade nas áreas de
responsabilidade territorial onde atuarão, buscando reduzir os índices de violência e
criminalidade e aumentando a sensação de segurança.
Cabe ao BPRONE orientar a atuação das ROTAMs nas unidades do Paraná e,
ainda, semestralmente, acompanhar o desempenho operacional, administrativo e o
nivelamento das instruções que estão sendo repassadas aos seus efetivos.

2.2 RONE
A RONE, originalmente, foi criada no dia 13 de julho do ano de 1992, fazendo
parte neste primeiro momento da Companhia de Polícia de Choque, que era
subordinada ao antigo CPC (Comando do Policiamento da Capital). Sua criação foi
devida ao crescimento da criminalidade violenta e da falta de um dispositivo de reação
ao recobrimento do policiamento ostensivo ordinário, conforme consta na Normas Gerais
de Ação – RONE – (1999, p.4). Nas palavras de Barroso Torres (2000, p. 17), falando
das missões da RONE na virada do milênio:

As Rondas Ostensivas de Natureza Especial constituem-se em tropa


especialmente treinada e preparada para o combate a criminalidade violenta,
atendendo ocorrências de vulto como roubos executados por quadrilhas,
latrocínios, extorsões mediante sequestra, tráfico de entorpecentes e outros.
Opera com viaturas de media porte, compostas por guarnição com (4) quatro
ou (5) cinco policiais militares comandadas por graduados, que estão
diretamente subordinados ao oficial comandante do pelotão. Utiliza
armamentos, equipamentos e uniforme específicos . 0 objetivo principal e a
incisiva e rápida capacidade de ação e reação na prevençãoo e repressão ao
crime, par meio das abordagens e busca pessoal e em edificações. (TORRES,
2000).

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Até o ano de 2010 esteve vinculada a então Companhia de Polícia de Choque,


juntamente com o Comando de Operações Especiais (COE) e o Comandos de Operações
com Cães (CANIL/COC).
Nesse período, era comandada por um 1º Tenente, possuindo efetivo distribuído
em 6 (seis) pelotões, todos estes comandados por um 2º Tenente, e em cada pelotão havia
6 (seis) equipes policiais, composta por 4 (quatro) integrantes cada.
Em outubro de 2010, a Companhia de Polícia de Choque foi extinta, sendo então
criado o BOPE (Batalhão de Operações Especiais), através do Decreto Estadual nº
8.627/2010, e a RONE fazia parte desta nova configuração operacional, juntamente a
outras 5 (cinco) companhias, momento extremamente importante frente a configuração
do planejamento estratégico da corporação.
Em nova formatação, com a criação do BPCHOQUE (Batalhão de Polícia de
Choque), por meio do Decreto Estadual nº 8.241 de 05 de agosto de 2021, a RONE
integrou esta Unidade, realizando as ações de Patrulhamento Tático Motorizado.
Por fim, através do Decreto Estadual nº 11.863, de 1º de agosto de 2022, foi criado
o Batalhão de Polícia de Rondas Ostensivas de Natureza Especial (BPRONE),
responsável pela execução do Patrulhamento Tático Motorizado, estando subordinado de
forma direta ao Comando de Missões Especiais (CME), e tendo abrangência em todo
território paranaense, conforme segue:

Art. 1° Fica criado o Comando de Missões Especiais (CME), escalão


intermediário de comando, sediado em Curitiba, responsável perante o
Subcomandante-Geral, pelos policiamentos especializados em todo Estado do
Paraná, abrangendo as seguintes unidades subordinadas:
V- Batalhão de Polícia de Rondas Ostensivas de Natureza Especial
(BPRONE). (Incluído pelo Decreto 11863 de 01/08/2022). (PARANÁ, 2022).

3 DOUTRINA
Nos dizeres de Matos e Chehade (2009, p. 60), doutrina tem por objetivo a
orientação, sistematização e coordenação da totalidade das atividades policiais militares,
estabelecendo, de tal forma, a legitimação para organização, preparo e emprego das forças
de segurança, notadamente as polícias militares.
De tal modo que executando missões operacionais táticas motorizadas de elevado
grau de complexidade, é necessário que o BPRONE possua uma sólida e segura doutrina
de emprego capaz de delimitar o modo de atuação dentro dos ditames legais, morais e
institucionais propostos.

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Como tropa reserva operacional do Comando-Geral da PMPR, agindo como força


terrestre, a doutrina roneana bebe da fonte das Forças Armadas, ao definir, por exemplo
no Manual C100-5 (EXÉRCITO BRASILEIRO, 1997), o que entende como sendo:

a doutrina da Força Terrestre enfatiza como fatores decisivos para a vitória


final: 0 espírito ofensivo; a importância da conquista e manutenção da
iniciativa; a rapidez de concepção e de execução das operações; a iniciativa
dos subordinados; a flexibilidade para alterar atitudes, missões e constituição
das forças; a sincronização das ações no tempo e no espaço; e a liderança e
capacidade de decisão dos comandantes em todos os escalões. (BRASIL,
1997).

Nesse diapasão, uma série de normatizações definem a estrutura e as atribuições


do BPRONE, as quais serão melhores analisadas a seguir.

3.1 DIRETRIZ GERAL DE EMPREGO


Conforme legislação vigente a missão principal da RONE é o patrulhamento
tático motorizado, em apoio as unidades operacionais da PMPR, prevenindo ações
delituosas e reprimindo ações criminosas.
Quanto a articulação operacional e momento de emprego do BPRONE, é
importante levar em consideração a previsão da Diretriz nº 004/PM3 (2000, págs. 18
usque 22) que define a atuação do BPRONE no 5º esforço, atuando em apoio as demais
unidades operacionais:

O 5º esforço “considerado o quarto recobrimento da malha protetora”, consiste


em manter efetivo operacional abrangendo a capital e região metropolitana,
ECD, dar resposta em situações normais e extraordinárias, atuando de forma
eficiente, eficaz e efetiva, sobre a criminalidade violenta e crime organizado,
através de uma força de manobra tático móvel, executada pela Companhia de
Polícia de Choque, denominada “Rondas ostensiva de Natureza Especial”.
(PMPR, 2000).

Importante destacar que, em virtude da criação do BPRONE, tal texto já está em


análise de alteração, junto ao Estado-Maior da Corporação, frente as novas denominações
das unidades e suas responsabilidades, pois além desta missão principal, tem o BPRONE
a responsabilidade de padronização, difusão e fiscalização das doutrinas de execução do
patrulhamento tático motorizado nas unidades da PMPR.

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3.2 CÂMARA TÉCNICA


O tema que atinge o patrulhamento tático motorizado vem sendo amplamente
debatido no Brasil, em razão do crescimento dos índices criminais e pela necessidade de
resposta do Estado no que tange às ações de segurança pública especializada.
No Paraná tais discussões temáticas estão atualmente sob égide da Portaria do
Comando-Geral nº 743, de 30 de agosto de 2021, que instituiu a Câmara Técnica de
Patrulhamento Tático Motorizado, conforme segue:

Art. 19. Criar a Câmara Técnica de Patrulhamento Tático Motorizado e


designar como membros efetivos os seguintes militares estaduais: (Alterado
pela Portaria CG nº 526, de 14 de junho de 2022). (Alterado pela Portaria CG
nº 1.217, de 06 de dezembro de 2022). (Alterado pela Portaria CG nº 197, de
13 de fevereiro de 2023). (PMPR, 2022).

Importante destacar que todos os membros da Câmara Técnica de


Patrulhamento Tático Motorizado, são policiais militares que integram os quadros do
BPRONE, justamente para obedecer ao que disciplina o Decreto de Criação do Batalhão:

Guardiã da doutrina de Patrulhamento Tático Motorizado, a RONE, tem como


missão principal aperfeiçoar policiais militares por meio de cursos de
especialização, de capacitação e nivelamento, doutrinando condutas
operacionais, definindo a missão que cada componente de sua viatura ao sair
para o patrulhamento rotineiro e diário deve observar. (PMPR, 2022).

Guardião da doutrina de Patrulhamento Tático Motorizado, O BPRONE, tem


como missão principal aperfeiçoar policiais militares por meio de cursos de
especialização, de capacitação e nivelamento, doutrinando condutas operacionais e
definindo a missão que cada componente desempenhará na execução do patrulhamento
ordinário.
Ponto fulcral está no aprimoramento técnico frente ao dinamismo exigido na
atividade de policiamento, em razão de alterações doutrinárias, legais, determinações do
escalão superior e exigências sociais que imprimem pela necessidade de adaptação
procedimental, sem nunca deixar de lado a eficiência e foco em resultados satisfatórios
em defesa do cidadão.
O Patrulhamento Tático Motorizado, tem como premissa básica a presença de
equipes policiais com efetivo reforçado, ou seja, operadores especialmente selecionados
de acordo com perfil desejado para a missão a ser executada – uso de armamentos,
equipamentos e treinamentos específicos – possuindo a finalidade de prevenção e
repressão às ocorrências de maior gravidade, denominada “atividade de PATAMO”, ou

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seja, a atividade em que uma equipe tática realiza o patrulhamento, tendo como meio de
locomoção uma viatura quatro rodas e seus integrantes possuindo uma missão específica.
Como mencionado anteriormente, o policial militar deve possuir características
diferentes para a execução das missões propostas, capacidade psicológica estável, para
não oscilar suas ações e sua postura frente a uma ocorrência de extremo risco, pautando
sua conduta sempre na razão e nunca pela emoção da situação.

3.3 NGA- RONE


Publicada através do Aditamento ao Boletim Geral da PMPR (2015), a Norma
Geral de Ações da RONE, tem como objetivo:

Visam doutrinar os procedimentos administrativos e operacionais, bem como


as missões a serem adotadas por um policial de RONE, e consequentemente
por guarnição de RONE, por meio de critérios técnicos e táticos, que
diferenciam-se, ante a população, o meio, e a ação desencadeada pelo meliante.
Tem como objetivo principal a padronização das condutas, através de ações e
procedimentos os quais possibilitam tornar o Policial Militar pertencente à
RONE, treinados e preparados para a atuação em Ações/Operações Policiais
Militares, em especial no que diz respeito ao atendimento de ocorrências de
vulto, uma vez que ânimo eminente de violência e/ou periculosidade dos
envolvidos recomende o emprego de guarnições policiais mais capacitadas
tecnicamente. (PMPR, 2015).

Cada integrante de uma equipe RONE, tem suas missões específicas e bem claras
dentro da NGA (Normas Gerais de Ação), norteadora das técnicas e especificidades da
atuação a que se dedica a unidade. E não é um mero documento, mas fonte de consulta,
adaptação, inovação constante e cobrança a todos aqueles que desejam ombrear lado a
lado junto aos roneanos.
Nela estão inseridos diversos subtemas de importância e de cumprimento
obrigatório por parte de seus integrantes, dentre os quais: valores doutrinários; objetivos;
missão e a própria doutrina em si do BPRONE.
Nesse cenário, diversas definições operacionais estão elencadas e merecem
destaque, como a definição de: composição das equipes; equipamentos e armamentos;
assunção do serviço; comunicação; patrulhamento; pontos base; regras de abordagens e
retorno do patrulhamento e encerramento do turno de serviço.
Para demonstrar na prática a importância de acatamento da doutrina, segue a
descrição da rotina da assunção de serviço operacional da RONE.
Ao assumir o serviço os pelotões RONE, todos os dias as 09hs da manhã,
praticamente realizam um ritual religioso. Ali é o momento em que o oficial de serviço,

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chamado internamente de RONE COMANDO, literalmente conversa com todos os


policiais militares que estarão ao seu lado durante todo o turno de serviço.
Neste momento são repassadas todas as orientações do comando do BPRONE e
do Comandante da Companhia RONE, sendo debatidas todas as ocorrências de vulto que
ocorreram no turno anterior e nos antecedentes; verificando o asseio pessoal de
RONEANO.
É feito o repasse de áreas territoriais de atuação para cada equipe; verificação da
condição física e psicológica de cada roneano e, por fim, todos em posição de honra,
entoam de forma vigorosa a ORAÇÃO RONE, que tem o propósito muito especial de
pedir a proteção divina antes das equipes saírem para o patrulhamento tático motorizado.

Figura 3. Oração da RONE (Gravada na entrada da sede do BPRONE).

Fonte: BPRONE (2023).

ORAÇÃO RONE
Rondas Ostensivas de Natureza Especial
Cuja força vem do Senhor,
Nossa rocha,
Que nos orienta e nos protege na escuridão e na tormenta,
Guia teus soldados à guerra,
Para que os ímpios sintam o peso da justiça por nossa espada,
Conceda-nos Senhor,
Sabedoria para caminharmos pelas trilhas da humildade,
Da honestidade,
E da coragem,
E quando pelas nossas mãos houver derramamento de sangue,
Lembre-te do clamor dos aflitos,
Pois somos RONE,
E se preciso for,

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Por ti sobrepujaremos os injustos,


Para que o bem triunfe sobre o mal,
Amém.

4 CULTURA – TRADIÇÃO
A Cultura da RONE é um conjunto de regras formais e não formais, escritas e
não escritas, aceitas tácita e voluntariamente pelos Policiais de RONE, consideradas
como o elemento fundamental e diferenciador na qualidade da prestação do serviço.
Ela é composta por uma série de atos e atitudes dos integrantes da RONE em seu
dia a dia, que ao acatarem sua validade acabam produzindo uma valorização interna única
e forte, afastando a influência de situações ou indivíduos que busquem alterar ou
desconfigurar a tradição tão solidamente construída por diversos honrados policiais
militares que por ali trilharam suas sólidas carreiras. Nesse sentido, Ávila e Yonemoto
(2015, p. 19), citado por Enes (2019, p.10), acentuam que:

[...] com uma cultura bem definida e um bom clima organizacional que seja
reflexo desta cultura, os funcionários têm consciência dos comportamentos
esperados pela organização, cria-se sinergia de ações e atinge-se o máximo
desempenho. Pensamentos e atitudes divergentes dos pregados pela cultura são
naturalmente expulsos. Para que o norte cultural esteja bem definido e sirva de
direcionamento para as ações dos colaboradores, elementos como a missão,
visão, princípios e valores da empresa devem estar claros e serem reforçados a
todo momento. (AVILA; YONEMOTO. 2015, p. 19).

Verbi gratia, podemos indicar o cuidado que o motorista da viatura tem ao assumir
o serviço e realizar a manutenção preventiva e de limpeza da viatura que está sob sua
responsabilidade, como um dever natural, visto que a imagem de limpeza e cuidado dos
bens postos para uso da unidade representam o zelo, dedicação e orgulho que o roneano
tem de sua unidade perante o mundo exterior.

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Figura 4. Policial Militar realizando a manutenção veicular.

Fonte: BPRONE (2023).

E assim se estendem todas as ações desenvolvidas pelo BPRONE em suas


atividades diuturnas e ininterruptas, em que cada integrante desempenha missões
específicas que agregam ao todo, num encaixe harmonioso de um conjunto que executa
sua missão de forma despersonalizada, desprovida de vaidades individuais e em busca do
enaltecimento do grupo como um todo.
Portanto, a valorização da cultura e a tradição pela RONE se dá por gestos; sinais
de respeito e devoção; símbolos; honra e valores próprios e pela fé, como veremos em
alguns exemplos.

4.1 ESTÁGIO (BRAÇAL)


O estágio operacional da RONE é um momento símbolo de passagem àqueles que
pretendam ingressar efetivamente na tropa dessa unidade de elite operacional. Nesse
período, a estrutura do BPRONE se volta a efetivar ao interessado um momento de
conhecimento geral sobre cada uma de suas particularidades, bem como das
especificidades internas da instituição.
Conforme documento do BPRONE, através do denominado Procedimento
Operacional Padrão – POP (2023), o estágio tem a duração de quarenta e cinco dias em
que o estagiário fica sob a tutela de um roneano experiente que assumirá a função de
coordenador de seu período probatório.
O período se divide em cinco etapas de avaliação calcadas na formação gradativa
e diária de repasse de informações e fiscalização acerca do compromisso, assiduidade,
comprometimento, responsabilidade e adaptabilidade demonstrada pelo estagiário.

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Antes de iniciar as cinco etapas propriamente ditas há o “Nivelamento” com a


apresentação do estagiário ao seu tutor, em que serão apresentadas as peculiaridades do
serviço; rotina operacional e administrativa; aspectos da vida pessoal do estagiário que
possam prejudicar essa etapa de formação; apresentação da Doutrina que envolve a
RONE; apresentação da Oração RONE; verificação de aprestamento; simulações técnicas,
bem como noções básicas das atividades que deverá desempenhar no período probatório.
Cada etapa subsequente tem o condão de aperfeiçoamento contínuo e gradativo do
estagiário, sendo avaliados diversos aspectos de formação e conhecimento técnico e
moral, como: conhecimento sobre o armamento/equipamento; destreza no serviço da
RONE; proatividade; apresentação pessoal; demonstração de interesse e curiosidade;
reprodução das técnicas operacionais; condutas em progressões táticas e vários outros
critérios avaliativos para se tornar apto a vestir a farda camuflada e usar o braçal da RONE.
Importante frisar que faz parte da avaliação a opinião de todos os roneanos, que se
reúnem para expor ao avaliador os aspectos positivos e negativos sobre o estagiário. Logo,
o processo de aceitação do estagiário é de construção identitária e de pertencimento pela
vontade do grupo de policiais já pertencentes à RONE.
O Procedimento Operacional Padrão do Estágio RONE estabelece como
resultados esperados da formação do estagiário o que segue:

1. Padronizar a formação do patrulheiro; 2. Estabelecer uma conduta única no


trajeto de estágio; 3. Estabelecer uma formação técnica e eficiente; 4. Fazer
com que o estagiário seja conhecido por toda a tropa; 5. Otimizar o
aproveitamento do policial que veio compor a unidade formando-o
efetivamente; 6. Evitar o desperdício e desgaste de mão de obra no
despreendimento de conhecimento sem garantia de formação do estagiário; 7.
Evitar transtornos administrativos com tratativas de permutas e remanejamento
de policiais que se formam sem obter a devida carga de conhecimento, ou
conhecimento insuficiente para o exercício da função; 8. Enaltecer o nome do
Batalhão por deter procedimento próprio de formação de patrulheiros; 9.
Estabelecer a identidade própria da unidade com relação ao estágio, em
consonância e harmonia com as doutrinas de RONE; 10. Inserir esta POP como
anexo do Aditamento ao Boletim-Geral nº 092 de 22 maio 15- Aj. Geral (NGA
RONE), uma vez que este encontra-se deficiente e com lacuna vaga quanto à
padronização de condução de estágio. (BPRONE, 2023)

Em recebendo a aprovação do Estágio RONE o policial militar passa, então, por


um momento especial à Unidade, em que efetivamente pode ser considerado um
integrante da RONE, e irmão de armas dos demais roneanos. Assim é tratada a Formatura
do Patrulheiro da RONE:

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Vencidas todas as etapas, o estagiário será agraciado com o nobre braçal de


RONE; 2. A cerimônia de passagem de braçal será realizada em data pré-
agendada e contará com a presença de representantes de todos os pelotões pelo
qual o estagiário passou e foi avaliado; 3. O Comandante do Batalhão, receberá
o novo Roneano através das palavras de ordem; 4. O padrinho realizará a
entrega do braçal; 5. O novo Roneano executará a Oração RONE de forma
vibrante, emocionada, com entonação alta e digna de um novo patrulheiro de
RONE; 6. Será realizada a tradicional recepção pela tropa; 7. O novo Roneano
será cumprimentado e aceito por todos os presentes. (BPRONE, 2023)

Demonstra-se que para fazer parte da seleta equipe de integrantes da RONE é


necessário capacidade técnica, mas além disso, é preciso vontade e espírito de
pertencimento, através da demonstração plena de irmandade e dedicação para com a
unidade policial militar em comento.

Figura 5. Entrega do Braçal da RONE.

Fonte: Internet (2023).

4.2 BRASÃO DA RONE


O brasão da RONE é outra marca de grande valor àquela instituição, pois
representa em seu escudo elementos figurativos que simbolizam valores cultuados por
seus integrantes.
A presença da ÁGUIA, um predador da natureza, com grande capacidade de visão
e rapidez, simboliza a nobreza, majestade, liberdade, agilidade e outras virtudes,
associado à imagem da coragem e da força.
A SERPENTE, também de sable, contornada em branco, simboliza o crime
(animal bíblico da origem do pecado), sendo uma das presas da ÁGUIA (Símbolo base
da RONE).

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A ESPADA, que voltada com sua ponta para cima, identifica o poder militar, pois
é uma arma tipicamente de uso das forças militares no curso da história.
O RAIO representando a velocidade e o pronto e rápido atendimento.
O ESCUDO, no estilo português de sable, contornado de gules – arma medieval
utilizada nos primórdios das batalhas entre forças militares em campos abertos –
representa a defesa e proteção ofertada à sociedade.

Figura 6. Brasão da RONE.

Fonte: BPRONE (2023)

4.3 MEDALHA “MÉRITO RONE”


Destinada a condecorar militares estaduais, civis e entidades públicas ou privadas,
pelos relevantes serviços prestados à RONE e à Segurança Pública no Estado do Paraná,
a Medalha “Mérito RONE” é a simbolização do respeito e gratidão externada a toda
gama de pessoas que de alguma maneira contribuíram para o engrandecimento e proteção
da imagem e pelo bom desenvolvimento das atividades da unidade.
Fica sob responsabilidade do Comandante do BPRONE a indicação dos potenciais
agraciados, devendo a lista ser encaminhada para manifestação à Comissão de Mérito da
corporação, que encaminhará o expediente para decisão final pelo Comandante-Geral da
PMPR.

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O ato de entrega acontece em ambiente militar, de forma solene, de modo anual,


em meio ao período de festividades alusivas ao aniversário de criação do BPRONE, com
a concessão máxima de 30 (trinta) medalhas. Excepcionalmente no primeiro ano há a
previsão de entrega de até 200 (duzentas) medalhas.
Podem pleitear o recebimento das condecorações os policiais militares que tenham
servido, por mais de 2 (dois) anos na RONE, independentemente da composição
estrutural da unidade à época (Cia Choque; BOPE ou BPCHOQUE).
Essa manifestação de apreço e reconhecimento é uma maneira de externar
reconhecimento e respeito a todos que comungam pelo sentimento de bem servir à
população paranaense, através de uma atividade operacional complexa, e que necessita
de apoio e suporte de diversos setores da sociedade e da própria instituição.

Figura 7. Medalha “Mérito RONE”

Fonte: BPRONE (2023).

4.4 ATIVIDADES SOCIAIS


Através do fomento e da realização de atividades sociais é que o BPRONE se
aproxima da sociedade paranaense de forma integrativa e comunitária. São diversas ações
esportivas; educacionais; filantrópicas e lúdicas que externalizam a imagem de proteção
e de serventia da unidade militar ao público em geral, causando uma maior confiança e
proximidade das pessoas de bem.
Na área esportiva pode-se destacar a realização anual da Corrida da RONE, evento
de corrida de rua, na modalidade de 7 (sete) quilômetros, ocorrida nos arredores da sede
do BPRONE, com a participação de diversos policiais militares e civis, admiradores das

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atividades desenvolvidas pela unidade. O evento ocorre sempre próxima a data de


aniversário da RONE, no dia treze de julho.
No campo filantrópico os integrantes da RONE, rotineiramente nas datas festivas
(Natal; Páscoa; Dia das Crianças, por exemplo), realizam campanha de doação de
materiais para pessoas em condições de vulnerabilidade. A entrega se dá em locais de
risco social e é feita pelos próprios integrantes roneanos.

Figura 8. Campanhas de apoio social do BPRONE.

Fonte: BPRONE (2022).

No campo educacional o BPRONE realiza visitações educacionais em escolas


com o intuito de apresentar a unidade ao ambiente escolar, mostrando suas missões,
tirando dúvidas e respondendo aos questionamentos da comunidade, de modo a
aproximar a PMPR de importante parcela da sociedade civil.
Outro símbolo marcante é trazido pelo cuidado aos animais. Isso é demonstrado
pelo cão “BÓRIS”, um Dog Alemão, animal de estimação de todos os policiais do
BPRONE, morador da unidade. O BÓRIS tem acesso livre a toda as dependências da
sede, sendo, normalmente, o primeiro roneano a dar as boas-vindas aos visitantes que ali
chegam.

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Figura 9. Campanhas de apoio social.

Fonte: BPRONE (2022).

5 CONCLUSÃO
Concluindo, a imagem identitária da RONE não é algo criado por um ou outro
comando que por ali tenha passado. É sim uma externalização normalizada de geração
para geração de policiais militares orgulhosos da farda que vestiram e, ainda, dos que as
vestem.
Briosos e corajosos guerreiros que tem verdadeiro orgulho do braçal com as letras
reluzentes da RONE; da limpeza e zelo com os materiais ostentados; forjados nas
condições mais severas de pressão física e psicológicas, que os possibilita a enfrentar as
mais árduas e complexas missões operacionais, de modo rotineiro.
Ser um roneano significa respeitar e zelar pelo bom trabalho realizado por diversos
policiais militares que arriscaram, e em alguns fatídicos momentos até perderam suas
vidas pela causa de bem servir. Essa imagem é enaltecida e vibrada pela sociedade que
tem pela RONE um enorme respeito, prova da credibilidade adquirida com o passar dos
anos. BASTOS e MEDEIROS (2014. p. 228.), afirmam nesse sentido

Por conseguinte, a imagem e reputação são aspectos externos de sua identidade


que devem ser valorizados pela instituição para que goze de credibilidade junto
à população para a qual seus serviços são voltados. Ressalta-se que essa
credibilidade decorrente da boa reputação só será legitima se a relação pública
e comunicação social estiverem amparadas em uma conduta eficiente e
pautadas em seus valores e tradições, calcadas em sua trajetória histórica.
(BASTOS Jr; MEDEIROS. 2014. p. 228).

Nessa senda, essa identidade solidificada e prestigiada intra e extracorporis, cria


um conjunto de valores especiais aos seus integrantes, tudo construído através da
realização de uma série de atos integrativos e identitários, criando a noção de cultura

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interna organizacional que reflete no planejamento e preparo da unidade militar. Para isso,
os já citados autores BASTOS e MEDEIROS (2014. p. 214), em referência a essa
memória institucional citam:

A memória institucional, por sua vez, nada mais é do que uma memória
coletiva que confere características identitárias a determinada instituição e a
seus membros, criando em seus integrantes um vínculo que os identifica
perante a sociedade e consolida os valores que regem sua conduta. Essa
memória é consubstanciada de diversas maneiras, que se evidenciam na
produção de documentos, fotografias, monumentos, lugares de memória, datas
de celebração, produção historiográfica, documentários, museus, publicações
na imprensa e na internet. (BASTOS Jr; MEDEIROS. 2014. p. 214).

Isso tudo só se legitima se for capaz de possibilitar a qualquer unidade policial


militar concluir com êxito sua missão constitucional e institucional. No caso do BPRONE
essa manifestação é ainda maior, dada a especificidade e peculiaridades que lhe são
obrigadas legalmente. De acordo com Luz (2021, p. 103510)

Devido às especificidades e periculosidade das missões que são executadas


pelos militares estaduais, demandam legislações, equipamentos, técnicas e
táticas próprias, muitas desenvolvidas nas próprias instituições militares de
forma que possibilitem o cumprimento das suas atribuições legais dentro dos
princípios constitucionais, seja no viés da missão da Corporação (art. 144
CF/88), dos princípios e garantias individuais e coletivos (art. 5º CF/88),
princípios da própria administração pública (art. 37 CF/88), dentre outros.
Nesse sentido, as legislações infraconstitucionais são redigidas de forma a
alcançar e possibilitar esses objetivos. (Luz, p. 103510).

Para Blum e Xavier (2023, p.10025) a Polícia Militar, dada a relevância do serviço
prestado à sociedade, na função de policiamento, tem além da previsão legal a existência
de características, princípios, modalidades, processos e variáveis que vão influenciar no
modo de atuação da corporação.
E para dar base a esse sentido verificou-se que há a necessidade de uma doutrina
e de uma estratégia organizacional coesa e bem construída que sustente por longos
períodos o respeito ao modo de atuação diferenciado que é empregado, e que seja
respeitado por todos os seus integrantes e legitimado pela instituição e pela sociedade.
Nesse entendimento, tudo isso ajuda no conhecido “Clima Organizacional”, que
refere-se ao ambiente interno existente entre os membros da organização e está
intimamente relacionado com o grau de motivação de seus participantes.
(CHIAVENATO, 2002, p.183).
E assim, todo esse ambiente proporcionado dentro da RONE é capaz de utilizar
da máxima potência individual e coletiva de seus integrantes no desenvolvimento de suas

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atividades, fruto de um clima propício e ambiente organizado para a excelência, tal qual
afirmam Silva e Barbosa (2015, p. 12).

A existência de um clima de trabalho agradável que propicie trocas internas


sadias e harmoniosas facilita imensamente essa busca pelo ajustamento e faz
com que as pessoas trabalhem mais satisfeitas e sintonizadas para a realização
dos objetivos comuns que é a efetividade organizacional e a realização do
indivíduo com o trabalho (SILVA; BARBOSA, 2015, p. 12).

Logo, o presente trabalho procurou identificar todas essas marcas identitárias que
caracterizam a RONE, pondo-a como símbolo e expressão máxima da atividade
operacional de patrulhamento tático no Paraná. Marcas calcadas na história, na doutrina
e nos hábitos culturais de seus integrantes, que desenvolvem uma gama de ações
glorificantes àquela instituição, pois tem orgulho e apreço ao local de trabalho e à missão
desempenhada.

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REFERÊNCIAS

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10031. https://doi.org/10.34117/bjdv9n3-077

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Campanha – Operações, 3a ed. 1997.

CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral de administração. 6.ed. Rio de janeiro:


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LUZ, Cecílio Campiolo. Estudo acerca das legislações relacionadas aos equipamentos
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GEHA, Chehade Elias. MATOS, Péricles. Doutrina de Emprego da Companhia


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