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Lei 83-2017
Lei 83-2017
1— .................................... CAPÍTULO I
2— ....................................
3 — Qualquer procedimento administrativo relativo Disposições gerais
à prospeção e pesquisa, exploração experimental e ex-
ploração de hidrocarbonetos é precedido de consulta SECÇÃO I
obrigatória aos municípios, nas respetivas áreas de ju-
risdição territorial. Objeto e definições
4 — Caso o procedimento administrativo tenha por
objeto uma exploração na zona económica exclusiva Artigo 1.º
nacional (offshore), a consulta é realizada aos municí- Objeto
pios da respetiva linha costeira. 1 — A presente lei estabelece medidas de natureza preven-
5 — Para efeitos do disposto nos números ante- tiva e repressiva de combate ao branqueamento de capitais
riores, os municípios pronunciam-se sobre as con- e ao financiamento do terrorismo e transpõe parcialmente
dicionantes ao desenvolvimento das atividades de para a ordem jurídica interna a Diretiva 2015/849/UE, do
prospeção e pesquisa, exploração experimental e Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de maio de 2015,
exploração de hidrocarbonetos, com o objetivo de relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro e
dotar o requerente de toda a informação disponível das atividades e profissões especialmente designadas para
sobre a área requerida. efeitos de branqueamento de capitais e de financiamento
6 — As consultas previstas nos números anteriores do terrorismo, bem como, a Diretiva 2016/2258/UE, do
são promovidas pela Direção-Geral de Energia e Geo- Conselho, de 6 de dezembro de 2016, que altera a Diretiva
logia, sendo as respetivas pronúncias publicitadas no 2011/16/UE, no que respeita ao acesso às informações anti-
seu sítio na Internet.» branqueamento de capitais por parte das autoridades fiscais.
2 — A presente lei estabelece, também, as medidas
nacionais necessárias à efetiva aplicação do Regulamento
Artigo 3.º (UE) 2015/847, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
Competências próprias das regiões autónomas 20 de maio de 2015, relativo às informações que acompa-
nham as transferências de fundos e que revoga o Regula-
O Governo deve promover as alterações necessárias ao mento (CE) 1781/2006 [adiante designado «Regulamento
Decreto-Lei n.º 109/94, de 26 de abril, por forma a garantir (UE) 2015/847»].
as competências próprias das Regiões Autónomas dos 3 — A presente lei procede, ainda, à alteração do:
Açores e da Madeira, em conformidade com os respetivos
estatutos político-administrativos. a) Código Penal, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 400/82,
de 23 de setembro;
b) Código da Propriedade Industrial, aprovado pelo
Artigo 4.º Decreto-Lei n.º 36/2003, de 5 de março.
Entrada em vigor
Artigo 2.º
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da sua
Definições
publicação.
1 — Para os efeitos da presente lei, entende-se por:
Aprovada em 19 de julho de 2017.
a) «Agente», uma pessoa singular ou coletiva que presta
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo serviços de pagamento em nome de uma instituição de
Ferro Rodrigues. pagamento ou de uma instituição de moeda eletrónica;
Promulgada em 3 de agosto de 2017. b) «Atividades imobiliárias», qualquer uma das seguin-
tes atividades económicas:
Publique-se.
i) Mediação imobiliária;
O Presidente da República, MARCELO REBELO DE SOUSA. ii) Compra, venda, compra para revenda ou permuta
Referendada em 7 de agosto de 2017. de imóveis;
iii) Arrendamento;
O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa. iv) Promoção imobiliária;
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c) «Auditores», os revisores oficiais de contas, as so- iii) A participação num dos atos a que se referem as
ciedades de revisores oficiais de contas, os auditores de subalíneas anteriores, a associação para praticar o refe-
Estados-Membros da União Europeia e os auditores de rido ato, a tentativa e a cumplicidade na sua prática, bem
países terceiros registados na CMVM; como o facto de facilitar a sua execução ou de aconselhar
d) «Autoridades Europeias de Supervisão», a Autori- alguém a praticá-lo;
dade Bancária Europeia, criada pelo Regulamento (UE)
1093/2010, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 k) «Centros de interesses coletivos sem personalidade
de novembro de 2010, a Autoridade Europeia dos Segu- jurídica», os patrimónios autónomos, tais como condo-
ros e Pensões Complementares de Reforma, criada pelo mínios de imóveis em propriedade horizontal, heranças
Regulamento (UE) 1094/2010, do Parlamento Europeu e jacentes e fundos fiduciários (trusts) de direito estrangeiro,
do Conselho, de 24 de novembro de 2010, e a Autoridade quando e nos termos em que lhes for conferida relevância
Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados, criada pelo direito interno;
pelo Regulamento (UE) 1095/2010, do Parlamento Euro- l) «Comissão de Coordenação», a Comissão de Coor-
peu e do Conselho, de 24 de novembro de 2010; denação das Políticas de Prevenção e Combate ao Bran-
e) «Autoridades policiais», os órgãos de polícia cri- queamento de Capitais e ao Financiamento do Terro-
minal competentes para a investigação dos crimes de rismo, criada pela Resolução do Conselho de Ministros
branqueamento e de financiamento do terrorismo, nos n.º 88/2015, de 6 de outubro;
termos da lei, bem como para a investigação dos respetivos m) «Contas correspondentes de transferência (payable
crimes subjacentes; through accounts)», as contas tituladas pelos corresponden-
f) «Autoridades setoriais», a Autoridade de Supervisão tes que, diretamente ou através de uma subconta, permitem
de Seguros e Fundos de Pensões, o Banco de Portugal, a a execução de operações, por conta própria, por parte dos
Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), clientes do respondente ou outros terceiros;
a Inspeção-Geral de Finanças, a Inspeção-Geral do Minis- n) «Direção de topo», qualquer dirigente ou colabora-
tério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o dor com conhecimentos suficientes da exposição da enti-
Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos do Turismo de dade obrigada ao risco de branqueamento de capitais e de
Portugal, I. P., o Instituto dos Mercados Públicos, do Imo- financiamento do terrorismo e com um nível hierárquico
biliário e da Construção, I. P. (IMPIC, I. P.), e a Autoridade suficientemente elevado para tomar decisões que afetem a
de Segurança Alimentar e Económica (ASAE); exposição ao risco, não sendo necessariamente um membro
g) «Banco de fachada», qualquer entidade que exerça do órgão de administração;
atividade própria ou equivalente à de uma entidade finan- o) «Distribuidores», as pessoas singulares ou coletivas
ceira que: que distribuem ou reembolsam moeda eletrónica nos termos
do disposto nos artigos 18.º-A e 23.º-A do regime jurídico
i) Seja constituída em país ou jurisdição em que não dis- constante do anexo I ao Decreto-Lei n.º 317/2009, de 30
ponha de presença física que envolva uma efetiva direção e de outubro, Regime jurídico relativo ao acesso à atividade
gestão, não configurando presença física a mera existência das instituições de pagamento e à prestação de serviços de
de um agente local ou de funcionários subalternos; e pagamento, alterado pelos Decretos-Leis n.os 242/2012, de
ii) Não se integre num grupo financeiro regulado; 7 de novembro, e 157/2014, de 24 de outubro;
p) «Entidades financeiras», as entidades referidas no
h) «Beneficiários efetivos», a pessoa ou pessoas singu- artigo 3.º;
lares que, em última instância, detêm a propriedade ou o q) «Entidades não financeiras», as entidades referidas
controlo do cliente e ou a pessoa ou pessoas singulares por no artigo 4.º;
conta de quem é realizada uma operação ou atividade, de r) «Entidades obrigadas», as entidades referidas nos
acordo com os critérios estabelecidos no artigo 30.º; artigos 3.º e 4.º;
i) «Bens», quaisquer: s) «Financiamento do terrorismo», as condutas previstas
i) Fundos, ativos financeiros, recursos económicos ou e punidas pelo artigo 5.º-A da Lei n.º 52/2003, de 22 de
outros bens de qualquer espécie, corpóreos ou incorpóreos, agosto, Lei de combate ao terrorismo, alterada pelas Leis
móveis ou imóveis, tangíveis ou intangíveis, independen- n.os 59/2007, de 4 de setembro, 25/2008, de 5 de junho,
temente da forma como sejam adquiridos, bem como os 17/2011, de 3 de maio, e 60/2015, de 24 de junho;
documentos ou instrumentos jurídicos sob qualquer forma, t) «Grupo», um conjunto de entidades constituído
incluindo a eletrónica ou digital, que comprovem o direito por:
de propriedade ou outros direitos sobre os bens, incluindo i) Uma pessoa coletiva ou outra entidade que exerce, em
créditos bancários, cheques de viagem, cheques bancários, última instância, o controlo sobre outra ou outras pessoas
ordens de pagamento, obrigações, ações, outros valores coletivas ou entidades que integram o grupo (empresa-
mobiliários, saques e cartas de crédito; -mãe), as suas filiais ou outras entidades em que a empresa-
ii) Juros, dividendos ou outras receitas ou rendimentos -mãe ou as filiais detêm uma participação, designadamente
gerados pelos bens referidos na subalínea anterior; quando se verifique um ou mais indicadores de controlo; ou
ii) Outras entidades ligadas entre si por uma relação de
j) «Branqueamento de capitais»: controlo, designadamente quando se verifique um ou mais
indicadores de controlo;
i) As condutas previstas e punidas pelo artigo 368.º-A
do Código Penal;
u) «Indicadores de controlo», qualquer uma das seguin-
ii) A aquisição, a detenção ou a utilização de bens, com
tes situações:
conhecimento, no momento da sua receção, de que pro-
vêm de uma atividade criminosa ou da participação numa i) Uma empresa-mãe controla de modo exclusivo outra
atividade dessa natureza; e entidade, nos termos do disposto nos n.os 3 e 4;
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ii) Uma entidade e uma ou várias outras entidades, bb) «Países terceiros de risco elevado», os países ou
com as quais a primeira não esteja relacionada conforme as jurisdições não pertencentes à União Europeia iden-
descrito na subalínea anterior, estão colocadas sob uma tificados pela Comissão Europeia como tendo regimes
direção única, em virtude de um contrato celebrado com nacionais de combate ao branqueamento de capitais e ao
aquela primeira entidade ou de cláusulas estatutárias destas financiamento do terrorismo que apresentam deficiências
outras entidades; estratégicas que constituem uma ameaça significativa para
iii) Os órgãos de administração ou de fiscalização de o sistema financeiro da União Europeia;
uma entidade e os de uma ou várias outras entidades, cc) «Pessoas politicamente expostas», as pessoas singu-
com as quais a primeira não esteja relacionada conforme lares que desempenham, ou desempenharam nos últimos
descrito na subalínea i), são, na sua maioria, compostos 12 meses, em qualquer país ou jurisdição, as seguintes
pelas mesmas pessoas em funções durante o exercício em funções públicas proeminentes de nível superior:
curso e até à elaboração das demonstrações financeiras
i) Chefes de Estado, chefes de Governo e membros do
consolidadas;
Governo, designadamente ministros, secretários e subse-
iv) O controlo efetivo de uma entidade é exercido por
cretários de Estado ou equiparados;
um número limitado de sócios e as decisões a ela relati-
ii) Deputados;
vas resultam de comum acordo entre estes (situação de
iii) Juízes do Tribunal Constitucional, do Supremo Tri-
controlo conjunto);
bunal de Justiça, do Supremo Tribunal Administrativo, do
Tribunal de Contas, e membros de supremos tribunais,
v) «Instituição financeira», qualquer das seguintes en-
tribunais constitucionais e de outros órgãos judiciais de alto
tidades:
nível de outros estados e de organizações internacionais;
i) Uma empresa que, não sendo uma instituição de cré- iv) Representantes da República e membros dos órgãos
dito, realiza uma ou mais das operações mencionadas no de governo próprio de regiões autónomas;
anexo I à presente lei, da qual faz parte integrante; v) Provedor de Justiça, Conselheiros de Estado, e mem-
ii) Uma empresa ou mediador de seguros, na medida em bros da Comissão Nacional da Proteção de Dados, do
que exerça atividade no âmbito do ramo Vida; Conselho Superior da Magistratura, do Conselho Superior
iii) Uma empresa de investimento na aceção do ponto 1 dos Tribunais Administrativos e Fiscais, da Procuradoria-
do n.º 1 do artigo 4.º da Diretiva 2004/39/CE, do Parla- -Geral da República, do Conselho Superior do Ministério
mento Europeu e do Conselho, de 21 de abril de 2004, Público, do Conselho Superior de Defesa Nacional, do
relativa aos mercados de instrumentos financeiros; Conselho Económico e Social, e da Entidade Reguladora
iv) Um organismo de investimento coletivo que comer- para a Comunicação Social;
cialize as suas ações ou unidades de participação; vi) Chefes de missões diplomáticas e de postos con-
v) As sucursais, situadas na União Europeia, das institui- sulares;
ções financeiras a que se referem as subalíneas anteriores, vii) Oficiais Generais das Forças Armadas em efetivi-
independentemente de a respetiva sede estar situada num dade de serviço;
Estado membro ou num país terceiro; viii) Presidentes e vereadores com funções executivas
de câmaras municipais;
w) «Membros próximos da família»: ix) Membros de órgãos de administração e fiscalização
de bancos centrais, incluindo o Banco Central Europeu;
i) Os ascendentes e descendentes diretos em linha reta
x) Membros de órgãos de administração e de fiscalização
de pessoa politicamente exposta;
de institutos públicos, fundações públicas, estabelecimen-
ii) Os cônjuges ou unidos de facto de pessoa politica-
tos públicos e entidades administrativas independentes,
mente exposta e das pessoas referidas na subalínea anterior;
qualquer que seja o modo da sua designação;
xi) Membros de órgãos de administração e de fiscaliza-
x) «Moeda eletrónica», o valor monetário abrangido
ção de entidades pertencentes ao setor público empresarial,
pela definição da alínea d) do artigo 2.º do regime jurídico
incluindo os setores empresarial, regional e local;
constante do anexo I ao Decreto-Lei n.º 317/2009, de 30
xii) Membros dos órgãos executivos de direção de par-
de outubro, alterado pelos Decretos-Leis n.os 242/2012, de
tidos políticos de âmbito nacional ou regional;
7 de novembro, e 157/2014, de 24 de outubro;
xiii) Diretores, diretores-adjuntos e membros do con-
y) «Ordens profissionais», a Ordem dos Advogados, a
selho de administração ou pessoas que exercem funções
Ordem dos Contabilistas Certificados, a Ordem dos Revi-
equivalentes numa organização internacional;
sores Oficiais de Contas e a Ordem dos Solicitadores e
dos Agentes de Execução, no âmbito das competências
dd) «Pessoas reconhecidas como estreitamente asso-
que exercem, ao abrigo da presente lei, relativamente aos
ciadas»:
respetivos membros;
z) «Organização sem fins lucrativos», pessoa coletiva, i) Qualquer pessoa singular, conhecida como compro-
entidade sem personalidade jurídica ou organização que prietária, com pessoa politicamente exposta, de uma pes-
tem por principal objeto a recolha e a distribuição de fundos soa coletiva ou de um centro de interesses coletivos sem
para fins caritativos, religiosos, culturais, educacionais, personalidade jurídica;
sociais ou fraternais ou outros tipos de obras de benefi- ii) Qualquer pessoa singular que seja proprietária de
cência; capital social ou detentora de direitos de voto de uma
aa) «Órgão de administração», o órgão plural ou singu- pessoa coletiva, ou de património de um centro de inte-
lar da entidade obrigada responsável pela prática dos atos resses coletivos sem personalidade jurídica, conhecidos
materiais e jurídicos necessários à execução da vontade como tendo por beneficiário efetivo pessoa politicamente
daquela; exposta;
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iii) Qualquer pessoa singular, conhecida como tendo b) Tiver o direito de designar ou destituir a maioria dos
relações societárias, comerciais ou profissionais com pes- membros do órgão de administração ou de fiscalização
soa politicamente exposta; dessa entidade, sendo simultaneamente titular de capital
da mesma;
ee) «Relação de correspondência», a prestação de servi- c) Tiver o direito de exercer uma influência dominante
ços por banco, entidade financeira ou outra entidade pres- sobre essa entidade, sendo um dos titulares do respetivo
tadora de serviços similares (o correspondente), a banco, capital, por força de um contrato celebrado com a referida
entidade financeira ou outra entidade de natureza equiva- entidade ou de cláusula estatutária desta;
lente que seja sua cliente (o respondente), a qual inclua a d) For titular de capital de uma entidade cuja maioria
disponibilização de uma conta corrente ou outra conta que dos membros do órgão de administração ou de fiscalização
gere uma obrigação e serviços conexos, tais como gestão em funções, durante o exercício em curso, bem como no
de numerário, processamento de transferências de fundos exercício anterior e até à elaboração das contas consoli-
e de outros serviços de pagamento por conta do respon- dadas, tenha sido exclusivamente nomeada por efeito dos
dente, compensação de cheques, contas correspondentes seus direitos de voto;
de transferência (payable-through accounts), serviços de
e) Controlar por si só, por força de um acordo celebrado
câmbio e operações com valores mobiliários;
com outros sócios dessa entidade, a maioria dos direitos
ff) «Relação de negócio», qualquer relação de natureza
empresarial, profissional ou comercial entre as entidades de voto dos titulares do capital da mesma;
obrigadas e os seus clientes, que, no momento em que se f) Puder exercer, ou exercer efetivamente, influência
estabelece, seja ou se preveja vir a ser duradoura, tenden- dominante ou controlo sobre essa entidade; ou
cialmente estável e continuada no tempo, independente- g) Gerir essa entidade como se ambas constituíssem
mente do número de operações individuais que integrem uma única entidade.
ou venham a integrar o quadro relacional estabelecido;
gg) «Titulares de outros cargos políticos ou públicos», 4 — Para os efeitos da aplicação das alíneas a), b), d)
as pessoas singulares que, não sendo qualificadas como e e) do número anterior, são:
pessoas politicamente expostas, desempenhem ou tenham a) Adicionados aos direitos de voto, de designação e
desempenhado, nos últimos 12 meses e em território nacio- de destituição da empresa-mãe os direitos de qualquer
nal, algum dos seguintes cargos: outra sua filial e os das filiais desta, bem como os de qual-
i) Os cargos enumerados no n.º 3 do artigo 4.º da Lei quer pessoa que atue em nome próprio, mas por conta da
n.º 4/83, de 2 de abril, Controle público da riqueza dos empresa-mãe ou de qualquer outra filial;
titulares de cargos políticos, alterada pelas Leis n.os 38/83, b) Deduzidos à totalidade dos direitos de voto dos titula-
de 25 de outubro, 25/95, de 18 de agosto, 19/2008, de 21 de res de capital da filial os direitos de voto relativos às ações
abril, 30/2008, de 10 de julho, e 38/2010, de 2 de setembro, ou quotas próprias detidas por esta entidade, por uma filial
quando não determinem a qualificação do respetivo titular desta ou por uma pessoa que atue em nome próprio, mas
como «pessoa politicamente exposta»; por conta destas entidades.
ii) Membros de órgão representativo ou executivo de
área metropolitana ou de outras formas de associativismo SECÇÃO II
municipal;
Âmbito de aplicação
hh) «Transação ocasional», qualquer transação efetuada
pelas entidades obrigadas fora do âmbito de uma relação Artigo 3.º
de negócio já estabelecida, caracterizando-se, designada-
Entidades financeiras
mente, pelo seu caráter expectável de pontualidade;
ii) «Transferência de fundos», qualquer transferência 1 — Estão sujeitas às disposições da presente lei, com
na aceção do n.º 9 do artigo 3.º do Regulamento (UE) exceção do disposto no capítulo XI, as seguintes entidades
2015/847; com sede em território nacional:
jj) «Unidade de Informação Financeira», a unidade cen-
tral nacional com competência para: a) Instituições de crédito;
b) Instituições de pagamento;
i) Receber, analisar e difundir a informação resultante c) Instituições de moeda eletrónica;
de comunicações de operações suspeitas nos termos da d) Empresas de investimento e outras sociedades finan-
presente lei e de outras fontes quando relativas a atividades ceiras;
criminosas de que provenham fundos ou outros bens; e e) Sociedades de investimento mobiliário e sociedades
ii) Cooperar com as congéneres internacionais e as demais de investimento imobiliário autogeridas;
entidades competentes para a prevenção e combate ao bran- f) Sociedades de capital de risco, investidores em capital
queamento de capitais e ao financiamento do terrorismo. de risco, sociedades de empreendedorismo social, socieda-
des gestoras de fundos de capital de risco, sociedades de
2 — O conhecimento, a intenção ou o motivo exigidos investimento em capital de risco e sociedades de investi-
como elemento das condutas descritas nas alíneas j) e s) mento alternativo especializado, autogeridas;
do número anterior podem ser deduzidos a partir de cir- g) Sociedades de titularização de créditos;
cunstâncias factuais objetivas. h) Sociedades que comercializam, junto do público,
3 — Para os efeitos do disposto na subalínea i) da
contratos relativos ao investimento em bens corpóreos;
alínea u) do n.º 1, considera-se que uma empresa-mãe
i) Consultores para investimento em valores mobiliários;
controla de modo exclusivo outra entidade quando:
j) Sociedades gestoras de fundos de pensões;
a) Tiver a maioria dos direitos de voto dos titulares do k) Empresas e mediadores de seguros que exerçam ati-
capital dessa entidade; vidades no âmbito do ramo Vida.
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2 — Estão igualmente sujeitas às disposições da pre- 2 — Os profissionais abrangidos pela alínea f) do nú-
sente lei, com exceção do disposto no capítulo XI: mero anterior estão sujeitos às disposições da presente lei,
quando intervenham ou assistam, por conta de um cliente
a) As sucursais situadas em território português das ou noutras circunstâncias, em:
entidades referidas no número anterior, ou de outras de
natureza equivalente, que tenham sede no estrangeiro, bem a) Operações de compra e venda de bens imóveis, esta-
como as sucursais financeiras exteriores; belecimentos comerciais ou participações sociais;
b) As instituições de pagamento com sede noutro Estado b) Operações de gestão de fundos, valores mobiliários
membro da União Europeia, quando operem em território ou outros ativos pertencentes a clientes;
nacional através de agentes; c) Operações de abertura e gestão de contas bancárias,
c) As instituições de moeda eletrónica com sede noutro de poupança ou de valores mobiliários;
Estado membro da União Europeia, quando operem em d) Operações de criação, constituição, exploração ou
território nacional através de agentes ou distribuidores; gestão de empresas, sociedades, outras pessoas coletivas
d) As entidades referidas no número anterior, ou outras ou centros de interesses coletivos sem personalidade jurí-
de natureza equivalente, que operem em Portugal em dica, que envolvam:
regime de livre prestação de serviços, apenas para os efeitos i) A realização das contribuições e entradas de qualquer
previstos no artigo 73.º tipo para o efeito necessárias;
ii) Qualquer dos serviços referidos nas alíneas a) a f)
3 — A presente lei aplica-se ainda, na medida em que do número seguinte;
ofereçam serviços financeiros ao público, com exceção do
disposto no capítulo XI: e) Operações de alienação e aquisição de direitos sobre
praticantes de atividades desportivas profissionais;
a) Às entidades que prestem serviços postais; f) Outras operações financeiras ou imobiliárias, em
b) À Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida representação ou em assistência do cliente.
Pública, E. P. E. (IGCP, E. P. E).
3 — Os profissionais a que se refere a alínea g) do n.º 1
Artigo 4.º estão sujeitos às disposições da presente lei quando não
Entidades não financeiras se enquadrem nas categorias profissionais previstas nas
alíneas e) e f) do mesmo número e prestem a terceiros os
1 — Estão sujeitas às disposições da presente lei, nos seguintes serviços, no exercício da sua atividade profis-
termos constantes do presente artigo, com exceção do dis- sional:
posto no capítulo XI, as seguintes entidades que exerçam
atividade em território nacional: a) Constituição de sociedades, de outras pessoas coleti-
vas ou de centros de interesses coletivos sem personalidade
a) Concessionários de exploração de jogo em casi- jurídica;
nos e concessionários de exploração de salas de jogo do b) Fornecimento de sedes sociais, endereços comerciais,
bingo; administrativos ou postais ou de outros serviços relaciona-
b) Entidades pagadoras de prémios de apostas e lotarias; dos a sociedades, a outras pessoas coletivas ou a centros
c) Entidades abrangidas pelo Regime Jurídico dos de interesses coletivos sem personalidade jurídica;
Jogos e Apostas Online (RJO), aprovado pelo Decreto- c) Desempenho de funções de administrador, secretário,
-Lei n.º 66/2015, de 29 de abril; sócio ou associado de uma sociedade ou de outra pessoa
d) Entidades não previstas no artigo anterior que exer- coletiva, bem como execução das diligências necessárias
çam qualquer atividade imobiliária; para que outra pessoa atue das referidas formas;
e) Auditores, contabilistas certificados e consultores d) Desempenho de funções de administrador fiduciário
fiscais, constituídos em sociedade ou em prática indivi- (trustee) de um fundo fiduciário explícito (express trust)
dual; ou de função similar num centro de interesses coletivos
f) Advogados, solicitadores, notários e outros profis- sem personalidade jurídica de natureza análoga, bem como
sionais independentes da área jurídica, constituídos em execução das diligências necessárias para que outra pessoa
sociedade ou em prática individual; atue das referidas formas;
e) Intervenção como acionista fiduciário por conta de
g) Prestadores de serviços a sociedades, a outras pes-
outra pessoa (nominee shareholder) que não seja uma
soas coletivas ou a centros de interesses coletivos sem sociedade cotada num mercado regulamentado sujeita a
personalidade jurídica; requisitos de divulgação de informações em conformidade
h) Outros profissionais que intervenham em operações com o direito da União Europeia ou sujeita a normas inter-
de alienação e aquisição de direitos sobre praticantes de nacionais equivalentes, bem como execução das diligências
atividades desportivas profissionais; necessárias para que outra pessoa atue dessa forma;
i) Operadores económicos que exerçam a atividade f) Prestação de outros serviços conexos de representa-
leiloeira, incluindo os prestamistas; ção, gestão e administração a sociedades, outras pessoas
j) Operadores económicos que exerçam as atividades de coletivas ou centros de interesses coletivos sem persona-
importação e exportação de diamantes em bruto; lidade jurídica.
k) Entidades autorizadas a exercer a atividade de
transporte, guarda, tratamento e distribuição de fundos e 4 — Excetuando os concessionários de exploração de
valores, prevista na alínea d) do n.º 1 do artigo 3.º da Lei jogo em casinos, o Governo, através de portaria dos mem-
n.º 34/2013, de 16 de maio; bros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e
l) Comerciantes que transacionem bens ou prestem ser- dos jogos, pode isentar, total ou parcialmente, da aplicação
viços cujo pagamento seja feito em numerário. da presente lei, os serviços de jogo previstos na parte final
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4789
da alínea a) e nas alíneas b) e c) do n.º 1, com base numa 2 — Para além das situações previstas nos n.os 2 a 4 do
avaliação demonstrativa da existência de um risco de bran- respetivo artigo 2.º, o Regulamento (UE) 2015/847 também
queamento de capitais e de financiamento do terrorismo não é aplicável aos prestadores de serviços de pagamento
comprovadamente baixo e que assente, pelo menos, na estabelecidos em Portugal, quando estejam em causa trans-
ponderação dos seguintes aspetos específicos: ferências de fundos integralmente efetuadas no território
a) Natureza e, se aplicável, escala de operações dos nacional para a conta de pagamento de um beneficiário
serviços em causa; para efeitos de pagamento exclusivo da prestação de bens
b) Grau de vulnerabilidade das transações associadas ou serviços, se estiverem preenchidas, cumulativamente,
aos serviços em causa, inclusivamente no que diz respeito as seguintes condições:
aos métodos de pagamento utilizados; a) O prestador de serviços de pagamento do beneficiário
c) Conclusões emergentes dos relatórios e respetivas ser uma entidade financeira, na aceção da presente lei;
atualizações a que se refere o n.º 4 do artigo 8.º, na parte b) O prestador de serviços de pagamento do beneficiário
aplicável, devendo a concessão de qualquer isenção ser poder rastrear, através do beneficiário e por meio de um
precedida da indicação do modo como tais conclusões identificador único da operação, a transferência de fundos
foram consideradas. desde a pessoa que tem um acordo com o beneficiário para
a prestação de bens ou serviços;
5 — As isenções concedidas ao abrigo do número c) O montante da transferência de fundos não exceder
anterior: € 1 000.
a) São notificadas pelo Governo à Comissão Europeia,
conjuntamente com a avaliação de risco específica que as 3 — O disposto no Regulamento (UE) 2015/847 não
fundamenta; prejudica a aplicação das demais disposições constantes
b) São objeto de um acompanhamento regular e baseado da presente lei e da regulamentação que o concretiza.
no risco, através da adoção de medidas, a especificar na
portaria referida no número anterior, que se mostrem ade-
quadas a assegurar que tais isenções não são utilizadas Artigo 7.º
abusivamente para fins de branqueamento de capitais e Conservadores e oficiais dos registos
de financiamento do terrorismo;
c) São objeto de imediata revogação, sempre que se 1 — São entidades auxiliares na prevenção e combate
verifique um agravamento do risco de branqueamento de ao branqueamento de capitais e ao financiamento do ter-
capitais e de financiamento de terrorismo que esteve na rorismo os conservadores e os oficiais dos registos.
base da concessão da isenção. 2 — Os conservadores e os oficiais dos registos estão
sujeitos, no exercício das respetivas funções:
Artigo 5.º a) Ao dever de comunicação previsto no artigo 43.º;
Entidades equiparadas a entidades obrigadas
b) Ao dever de colaboração previsto no artigo 53.º;
c) Ao dever de não divulgação previsto no artigo 54.º,
A presente lei é ainda aplicável: quanto às comunicações efetuadas ao abrigo das alíne-
a) Às pessoas singulares e coletivas que atuem em Por- as anteriores.
tugal na qualidade de agentes de instituições de pagamento
com sede noutro Estado membro da União Europeia, ou 3 — Sempre que estejam em causa atos de titulação,
na qualidade de agentes ou distribuidores de instituições os conservadores e os oficiais dos registos estão ainda
de moeda eletrónica com sede noutro Estado membro sujeitos aos deveres de exame e de abstenção previstos
da União Europeia, apenas para os efeitos previstos no na presente lei.
artigo 72.º; 4 — Para os efeitos do número anterior, são atos de
b) Nos termos previstos no capítulo X, às seguintes titulação aqueles em que se confira forma legal a um deter-
entidades que exerçam atividade em território nacional: minado ato ou negócio jurídico, designadamente, através
i) Entidades gestoras de plataformas de financiamento da elaboração de títulos nos termos de lei especial, da
colaborativo, nas modalidades de empréstimo e de capital; autenticação de documentos particulares ou do reconhe-
ii) Entidades gestoras de plataformas de financiamento cimento de assinaturas.
colaborativo, nas modalidades de donativo e com recom- 5 — As obrigações que emergem do disposto na pre-
pensa; sente lei e na regulamentação que as concretiza integram o
iii) Organizações sem fins lucrativos. vínculo de trabalho em funções públicas dos conservadores
e dos oficiais dos registos aplicando-se o regime previsto
para o respetivo incumprimento.
Artigo 6.º
6 — O Instituto dos Registos e do Notariado, I. P.,
Prestadores de serviços de pagamento sujeitos constitui entidade equiparada a autoridade setorial,
ao Regulamento (UE) 2015/847 aplicando-se-lhe, com as necessárias adaptações, o
1 — Independentemente de se encontrarem ou não sujei- respetivo regime.
tos às demais disposições da presente lei, os capítulos XI e 7 — A Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça veri-
XII são aplicáveis aos prestadores de serviços de pagamento fica o cumprimento, pelo Instituto dos Registos e do
estabelecidos em Portugal que se encontrem abrangidos Notariado, I. P., das funções conferidas pelo presente
pelo n.º 1 do artigo 2.º do Regulamento (UE) 2015/847, artigo, ficando autorizada a realizar as ações inspetivas
sem prejuízo do disposto no número seguinte. que para o efeito considere relevantes.
4790 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
tificação ao órgão governamental competente, o qual, por à natureza, dimensão e complexidade das entidades obri-
sua vez, transmite a informação à Comissão Europeia. gadas e das atividades por estas prosseguidas, tendo em
11 — O disposto no presente artigo não prejudica a conta as características e as necessidades específicas das
realização de avaliações de risco, setoriais ou de outra natu- entidades obrigadas de menor dimensão.
reza, pelas autoridades setoriais previstas na presente lei 3 — As entidades obrigadas estão proibidas de praticar
ou por outras entidades com responsabilidades no domínio atos de que possa resultar o seu envolvimento em qualquer
da prevenção e repressão do branqueamento de capitais e operação de branqueamento de capitais ou de financia-
do financiamento do terrorismo. mento do terrorismo e devem adotar todas as medidas
adequadas para prevenir tal envolvimento.
Artigo 9.º
Garantias em matéria de dados pessoais SECÇÃO II
1 — Sempre que, no decurso das avaliações nacionais Dever de controlo
de risco e suas posteriores atualizações, se suscitem pre-
ocupações em matéria de proteção de dados pessoais, a SUBSECÇÃO I
Comissão de Coordenação dá conhecimento das mes-
mas à Comissão Nacional de Proteção de Dados, a qual Disposições gerais
se pronuncia sobre elas no prazo de 30 dias a contar da
comunicação. Artigo 12.º
2 — A Comissão de Coordenação, decorrido o prazo Sistema de controlo interno
previsto no número anterior, propõe as medidas neces-
sárias à salvaguarda da eficácia do sistema nacional de 1 — As entidades obrigadas definem e asseguram a apli-
prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao cação efetiva das políticas e os procedimentos e controlos
financiamento do terrorismo. que se mostrem adequados:
a) À gestão eficaz dos riscos de branqueamento de
capitais e de financiamento do terrorismo a que entidade
CAPÍTULO III obrigada esteja ou venha a estar exposta;
b) Ao cumprimento, pela entidade obrigada, das normas
Limites à utilização de numerário
legais e regulamentares em matéria de prevenção do bran-
queamento de capitais e do financiamento do terrorismo.
Artigo 10.º
Limites 2 — As políticas e os procedimentos e controlos a que
As entidades obrigadas abstêm-se de celebrar ou de se refere o número anterior devem ser proporcionais à
algum modo participar em quaisquer negócios de que, no natureza, dimensão e complexidade da entidade obrigada
âmbito da sua atividade profissional, resulte a violação dos e da atividade por esta prosseguida, compreendendo, pelo
limites à utilização de numerário previstos em legislação menos:
específica. a) A definição de um modelo eficaz de gestão de risco,
com práticas adequadas à identificação, avaliação e miti-
gação dos riscos de branqueamento de capitais e de finan-
CAPÍTULO IV ciamento do terrorismo a que entidade obrigada esteja ou
Deveres gerais venha a estar exposta;
b) O desenvolvimento de políticas, procedimentos e
controlos em matéria de aceitação de clientes e de cum-
SECÇÃO I
primento do quadro normativo aplicável, designadamente
Disposição geral dos deveres preventivos previstos na presente lei;
c) A definição de programas adequados de formação
Artigo 11.º contínua dos colaboradores da entidade obrigada, apli-
cáveis desde o ato de admissão daqueles colaboradores,
Deveres preventivos
qualquer que seja a natureza do respetivo vínculo;
1 — As entidades obrigadas estão sujeitas, na sua atu- d) A designação, quando for caso disso, de um respon-
ação, ao cumprimento dos seguintes deveres preventivos: sável pelo controlo do cumprimento do quadro normativo
aplicável;
a) Dever de controlo; e) A instituição de sistemas e processos formais de cap-
b) Dever de identificação e diligência; tação, tratamento e arquivo da informação que suportem,
c) Dever de comunicação; de modo atempado:
d) Dever de abstenção;
e) Dever de recusa; i) A análise e a tomada de decisões pelas estruturas
f) Dever de conservação; internas relevantes, em particular no que se refere à moni-
g) Dever de exame; torização de clientes e operações e ao exame de potenciais
h) Dever de colaboração; suspeitas;
i) Dever de não divulgação; ii) O exercício dos deveres de comunicação e de cola-
j) Dever de formação. boração;
iii) A instituição de canais seguros que permitam preser-
2 — A extensão dos deveres de controlo, de identifi- var a total confidencialidade dos pedidos de informação,
cação e diligência e de formação deve ser proporcional sempre que aplicável;
4792 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
f) A divulgação, junto dos colaboradores da entidade d) Promover uma cultura de prevenção do branquea-
obrigada cujas funções sejam relevantes para efeitos da mento de capitais e do financiamento do terrorismo que
prevenção do branqueamento de capitais e do financia- abranja todos os colaboradores da entidade obrigada cujas
mento do terrorismo, de informação atualizada e acessível funções sejam relevantes para efeitos da prevenção do
sobre as respetivas normas internas de execução; branqueamento de capitais e do financiamento do terro-
g) A instituição de procedimentos de averiguação que rismo, sustentada em elevados padrões de ética e de inte-
garantam a aplicação de padrões elevados no processo de gridade e, sempre que necessário, na definição e aprovação
contratação de colaboradores cujas funções sejam rele- de códigos de conduta apropriados;
vantes para efeitos da prevenção do branqueamento de e) Proceder à designação do responsável pelo cumpri-
capitais e do financiamento do terrorismo, qualquer que mento normativo a que se refere o n.º 1 do artigo 16.º,
seja a natureza do vínculo; assegurando a rigorosa verificação das condições do n.º 3
h) A instituição de mecanismos de controlo da atuação do mesmo artigo;
dos colaboradores da entidade obrigada cujas funções f) Acompanhar a atividade dos demais membros da
sejam relevantes para efeitos da prevenção do branquea- direção de topo, na medida em que estes tutelem áreas
mento de capitais e do financiamento do terrorismo, qual- de negócio que estejam ou possam vir a estar expostas a
quer que seja a natureza do respetivo vínculo; riscos de branqueamento de capitais e de financiamento
i) A definição de ferramentas ou sistemas de informação do terrorismo;
adequados; g) Acompanhar e avaliar periodicamente a eficácia das
j) A instituição de mecanismos que permitam testar políticas e dos procedimentos e controlos a que se refere o
regularmente a sua qualidade, adequação e eficácia, inclu- artigo anterior, assegurando a execução das medidas ade-
sive através do estabelecimento, quando aplicável, de uma quadas à correção das deficiências detetadas nos mesmos.
função de auditoria independente;
k) A definição de meios internos adequados que permi- 3 — Em cumprimento do disposto no número anterior,
tam aos colaboradores da entidade obrigada, qualquer que o órgão de administração:
seja a natureza do vínculo, comunicarem, através de canal
específico, independente e anónimo, eventuais violações à a) Abstém-se de qualquer interferência no exercício
presente lei, à regulamentação que o concretiza e às polí- do dever de comunicação previsto no artigo 43.º, sempre
ticas, procedimentos e controlos internamente definidos; que, no cumprimento do dever de exame que o antecede,
l) O desenvolvimento de políticas e procedimentos em se conclua pela existência de potenciais suspeitas;
matéria de proteção de dados pessoais. b) Assegura a revisão crítica das decisões de não exercer
o referido dever de comunicação, sempre que, no cumpri-
3 — As entidades obrigadas reveem, com periodicidade mento do dever de exame que o antecede, se conclua pela
adequada aos riscos existentes ou outra definida por regu- inexistência de potenciais suspeitas.
lamentação, a atualidade das políticas e dos procedimentos
e controlos a que se referem os números anteriores. 4 — Sempre que adequado, podem as autoridades seto-
4 — As políticas e os procedimentos e controlos a que se riais exigir às respetivas entidades obrigadas que designem
referem os n.os 1 e 2, bem como as respetivas atualizações, um membro do órgão de administração responsável pela
são reduzidos a escrito, e devem ser conservados nos ter- execução do disposto na presente lei e na regulamenta-
mos previstos no artigo 51.º e colocados, em permanência, ção que o concretiza, sem prejuízo da responsabilidade
à disposição das autoridades setoriais. individual e colegial dos demais membros do órgão de
administração.
Artigo 13.º
SUBSECÇÃO II
Responsabilidade do órgão de administração
Disposições específicas
1 — O órgão de administração das entidades obrigadas é
responsável pela aplicação das políticas e dos procedimen- Artigo 14.º
tos e controlos em matéria de prevenção do branqueamento
de capitais e do financiamento do terrorismo. Gestão de risco
2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, ao 1 — As entidades obrigadas identificam, avaliam e mi-
órgão de administração incumbe em especial: tigam os concretos riscos de branqueamento de capitais e
a) Aprovar as políticas e os procedimentos e controlos de financiamento do terrorismo existentes no contexto da
a que se refere o artigo anterior, bem como proceder à sua sua realidade operativa específica.
atualização; 2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, à
b) Ter conhecimento adequado dos riscos de branquea- entidade obrigada incumbe:
mento de capitais e de financiamento do terrorismo a que a) Identificar os concretos riscos de branqueamento
a entidade obrigada se encontra a todo o tempo exposta, de capitais e de financiamento do terrorismo inerentes
bem como dos processos utilizados para identificar, avaliar, à sua realidade operativa específica, incluindo os riscos
acompanhar e controlar esses riscos; associados:
c) Assegurar que a estrutura organizacional da entidade
obrigada permite, a todo o tempo, a adequada execução das i) À natureza, dimensão e complexidade da atividade
políticas e dos procedimentos e controlos a que se refere o prosseguida;
artigo anterior, prevenindo conflitos de interesses e, sempre ii) Aos respetivos clientes;
que necessário, promovendo a separação de funções no iii) Às áreas de negócio desenvolvidas, bem como aos
seio da organização; produtos, serviços e operações disponibilizados;
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4793
iv) Aos canais de distribuição dos produtos e serviços ii) A adequação dos meios e procedimentos de controlo
disponibilizados, bem como aos meios de comunicação destinados à mitigação dos riscos identificados e avaliados,
utilizados no contacto com os clientes; bem como a forma como a entidade obrigada monitoriza
v) Aos países ou territórios de origem dos clientes da a sua adequação e eficácia.
entidade obrigada, ou em que estes tenham domicílio ou,
de algum modo, desenvolvam a sua atividade; 4 — Os documentos ou registos elaborados nos termos
vi) Aos países ou territórios em que a entidade obrigada do disposto na alínea c) do número anterior são conserva-
opere, diretamente ou através de terceiros, pertencentes ou dos nos termos previstos no artigo 51.º e colocados, em
não ao mesmo grupo; permanência, à disposição das autoridades setoriais.
5 — Caso os riscos específicos inerentes a um dado
b) Avaliar o risco de branqueamento de capitais e de setor de atividade sujeito à aplicação da presente lei sejam
financiamento do terrorismo associado à sua realidade claramente identificados e compreendidos, as autoridades
operativa específica, designadamente através da deter- setoriais podem, através de regulamentação:
minação: a) Dispensar a realização de avaliações de risco individuais
i) Do grau de probabilidade e de impacto de cada um e documentadas ou permitir que as mesmas sejam realizadas
dos riscos concretamente identificados, tendo em atenção, em termos simplificados, a definir pela respetiva autoridade;
para o efeito, todas as variáveis relevantes no contexto da b) Estabelecer os procedimentos alternativos à realiza-
sua realidade operativa, incluindo a finalidade da relação ção das avaliações de risco individuais ou simplificadas.
de negócio, o nível de bens depositados por cliente ou
o volume das operações efetuadas e a regularidade ou a Artigo 15.º
duração da relação de negócio; Gestão de risco na utilização de novas tecnologias e de produtos
ii) Do risco global da entidade obrigada e, se aplicável, suscetíveis de favorecer o anonimato
das respetivas áreas de negócio, a aferir com base na pon-
1 — As entidades obrigadas prestam especial atenção
deração de cada um dos riscos concretamente identificados
aos riscos de branqueamento de capitais e de financiamento
e avaliados;
do terrorismo que possam derivar:
c) Definir e adotar os meios e procedimentos de controlo a) Da oferta de produtos ou operações suscetíveis de
que se mostrem adequados à mitigação dos riscos especí- favorecer o anonimato;
ficos identificados e avaliados, adotando procedimentos b) Do desenvolvimento de novos produtos e novas prá-
especialmente reforçados quando se verifique a existência ticas comerciais, incluindo novos mecanismos de distri-
de um risco acrescido de branqueamento de capitais e de buição e novos métodos de pagamento;
financiamento do terrorismo; c) Da utilização de tecnologias novas ou em fase de
d) Rever, com periodicidade adequada aos riscos iden- desenvolvimento, tanto para produtos novos, como para
tificados ou outra definida por regulamentação, a atuali- produtos já existentes.
dade das práticas de gestão de risco a que se referem as
alíneas anteriores, de modo a que as mesmas reflitam ade- 2 — Em cumprimento do disposto no número anterior,
quadamente eventuais alterações registadas na realidade antes do lançamento de novos produtos, práticas ou tec-
operativa específica e riscos a esta associados. nologias, as entidades obrigadas:
a) Analisam os riscos específicos de branqueamento de ca-
3 — As práticas de gestão de risco a que se refere o pitais e de financiamento do terrorismo com eles relacionados;
número anterior, bem como as respetivas atualizações: b) Preveem e adotam procedimentos específicos de
a) Têm uma extensão proporcional à natureza, dimensão mitigação dos riscos associados àqueles produtos, práticas
e complexidade da entidade obrigada e da atividade por ou tecnologias.
esta prosseguida;
b) Consideram os riscos identificados: 3 — As análises de risco referidas na alínea a) do nú-
mero anterior são integradas nos documentos ou registos
i) Nas informações disponibilizadas pelas autoridades escritos a que se refere a alínea c) do n.º 3 do artigo 14.º
setoriais, ao abrigo do disposto na alínea d) do n.º 5 do 4 — Na condução das suas análises de risco e aquando
artigo 8.º; da disponibilização de informação às entidades obrigadas
ii) Nos relatórios e pareceres a que se refere o n.º 4 do ao abrigo da presente lei, as autoridades setoriais prestam
artigo 8.º, bem como nas respetivas atualizações; também especial atenção aos riscos que possam derivar
iii) Em quaisquer outras informações relevantes para das situações descritas nas alíneas a) a c) do n.º 1.
a condução daqueles exercícios, designadamente as que
venham a ser indicadas pelas autoridades setoriais, através Artigo 16.º
de publicação nas respetivas páginas oficiais na Internet
Responsável pelo cumprimento normativo
ou por outro meio, ou pela Comissão de Coordenação,
através do portal a que se refere o artigo 121.º; 1 — As entidades obrigadas designam um elemento da
sua direção de topo ou equiparado para zelar pelo controlo
c) Constam de documentos ou registos escritos que do cumprimento do quadro normativo em matéria de pre-
demonstrem detalhadamente: venção do branqueamento de capitais e do financiamento
do terrorismo, sempre que tal seja:
i) Os riscos inerentes à realidade operativa específica
da entidade obrigada e a forma como esta os identificou a) Adequado à natureza, dimensão e complexidade da
e avaliou; atividade prosseguida pelas entidades obrigadas; ou
4794 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
b) Exigível por lei, regulamentação ou determinação da 7 — Quando não seja exigível a designação referida
autoridade setorial competente. no n.º 1, as entidades obrigadas nomeiam um colaborador
que assegure o exercício das funções previstas na alínea e)
2 — Sem prejuízo do disposto em regulamentação seto- do n.º 2.
rial, compete em exclusivo à pessoa designada nos termos 8 — Quando tal decorra de regulamentação setorial ou
do disposto no número anterior: de solicitação das autoridades judiciárias, policiais ou seto-
a) Participar na definição e emitir parecer prévio sobre riais, as entidades obrigadas informam aquelas autoridades
as políticas e os procedimentos e controlos destinados a da identidade e demais elementos de contacto das pessoas
prevenir o branqueamento de capitais e o financiamento designadas nos termos previstos no n.º 1 ou no n.º 7, bem
do terrorismo; como de quaisquer alterações subsequentes.
b) Acompanhar, em permanência, a adequação, a sufi- 9 — Sem prejuízo do disposto em legislação especial,
ciência e a atualidade das políticas e dos procedimentos e as autoridades setoriais podem:
controlos em matéria de prevenção do branqueamento de
a) Sujeitar a autorização prévia a designação da pessoa
capitais e do financiamento do terrorismo, propondo as
necessárias atualizações; a que se refere o n.º 1 e estabelecer os pressupostos que
c) Participar na definição, acompanhamento e avaliação devam determinar a reavaliação da mesma;
da política de formação interna da entidade obrigada; b) Avocar a avaliação da adequação da pessoa designada
d) Assegurar a centralização de toda a informação nos termos do n.º 1, com base em:
relevante que provenha das diversas áreas de negócio da i) Circunstâncias já verificadas ao tempo da sua desig-
entidade obrigada; nação ou outras, caso entendam que tais circunstâncias
e) Desempenhar o papel de interlocutor das autorida- foram objeto de uma apreciação manifestamente deficiente
des judiciárias, policiais e de supervisão e fiscalização, pela entidade obrigada;
designadamente dando cumprimento ao dever de comuni- ii) Quaisquer circunstâncias supervenientes que possam
cação previsto no artigo 43.º e assegurando o exercício das fundamentar a inadequação para o exercício da função;
demais obrigações de comunicação e de colaboração.
c) Determinar as medidas necessárias a assegurar a
3 — As entidades obrigadas garantem que a pessoa
designada nos termos do n.º 1: eficaz gestão dos riscos de branqueamento de capitais e
de financiamento do terrorismo, incluindo, sempre que
a) Exerce as suas funções de modo independente, per- necessário, a suspensão provisória de funções e a fixação
manente, efetivo e com autonomia decisória necessária a de prazo para a substituição da pessoa designada nos ter-
tal exercício, qualquer que seja a natureza do seu vínculo mos do n.º 1.
com a entidade obrigada;
b) Dispõe da idoneidade, da qualificação profissional e Artigo 17.º
da disponibilidade adequadas ao exercício da função;
c) Dispõe de meios e recursos técnicos, materiais e Avaliação da eficácia
humanos adequados, nestes se incluindo os colaboradores 1 — As entidades obrigadas monitorizam, através de
necessários ao bom desempenho da função; avaliações periódicas e independentes, a qualidade, ade-
d) Tem acesso irrestrito e atempado a toda a informação quação e eficácia das suas políticas e dos seus procedimen-
interna relevante para o exercício da função, em particular a
tos e controlos em matéria de prevenção do branqueamento
informação referente à execução do dever de identificação
e diligência e aos registos das operações efetuadas; de capitais e do financiamento do terrorismo.
e) Não se encontra sujeita a potenciais conflitos fun- 2 — As avaliações referidas no número anterior devem
cionais, em especial quando não se verifique a segregação ter uma extensão proporcional à natureza, dimensão e com-
das suas funções. plexidade da entidade obrigada, bem como aos riscos asso-
ciados a cada uma das respetivas áreas de negócio, e:
4 — O exercício do dever de comunicação previsto no a) Decorrer com acesso irrestrito e atempado a toda a
artigo 43.º não pode depender de decisão dos membros do informação interna relevante para a realização das ava-
órgão de administração, nem da intervenção de quaisquer liações, incluindo quaisquer documentos elaborados em
terceiros externos à função, sempre que, no cumprimento cumprimento da presente lei ou da regulamentação que o
do dever exame que o antecede, se conclua pela existência concretiza;
de potenciais suspeitas. b) Ser asseguradas de forma independente pela função
5 — Cabe às entidades obrigadas verificar previamente
de auditoria interna, por auditores externos ou por uma
o preenchimento dos requisitos de idoneidade, qualificação
profissional e disponibilidade a que se refere a alínea b) do entidade terceira devidamente qualificada, na medida em
n.º 3, sendo os resultados dessa avaliação disponibilizados que tal seja:
às autoridades setoriais, sempre que solicitados. i) Adequado à natureza, dimensão e complexidade da
6 — As entidades obrigadas asseguram ainda que todos atividade prosseguida pelas entidades obrigadas; ou
os seus colaboradores, independentemente da natureza do ii) Exigível por lei, regulamentação ou determinação
respetivo vínculo, têm conhecimento: da autoridade setorial competente;
a) Da identidade e dos elementos de contacto da pessoa
designada nos termos do n.º 1; c) Ser efetuadas com uma periodicidade adequada ao
b) Dos procedimentos de comunicação àquela pessoa, risco associado a cada uma das áreas de negócio da en-
das condutas, atividades ou operações suspeitas que os tidade obrigada ou outra periodicidade determinada por
mesmos detetem. regulamentação;
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4795
d) Permitir a deteção de quaisquer deficiências que riais, designadamente no contexto das medidas reforçadas
afetem a qualidade, adequação e eficácia das políticas e a que se refere o artigo 36.º;
dos procedimentos e controlos adotados; g) A deteção de quaisquer pessoas ou entidades iden-
e) Incidir, pelo menos, sobre: tificadas em medidas restritivas, designadamente as que
decorram de resolução do Conselho de Segurança das
i) O modelo de gestão de risco da entidade obrigada e
Nações Unidas ou de regulamento da União Europeia;
demais políticas, procedimentos e controlos destinados a
dar cumprimento ao disposto na presente secção; h) O bloqueio ou a suspensão do estabelecimento ou
ii) A qualidade das comunicações e das demais infor- prosseguimento de uma relação de negócio, bem como
mações prestadas às autoridades setoriais; da realização de uma transação ocasional ou operação
iii) O estado de execução das medidas corretivas ante- em geral, sempre que dependam da intervenção de um
riormente adotadas. membro da direção de topo ou de outro elemento de nível
hierárquico superior;
3 — Sempre que as entidades obrigadas detetem quais- i) O bloqueio ou a suspensão da realização de operações
quer deficiências ao abrigo do disposto na alínea d) do ou conjunto de operações, designadamente quando:
número anterior, devem reforçar as políticas e os pro- i) A entidade obrigada deva abster-se de realizar uma
cedimentos e controlos adotados em matéria de preven- dada operação ou conjunto de operações, em face da exis-
ção do branqueamento de capitais e do financiamento tência de potenciais suspeitas;
do terrorismo, através da adoção das medidas corretivas ii) A entidade obrigada deva dar cumprimento às obriga-
necessárias à remoção das deficiências. ções de congelamento decorrentes das sanções financeiras
4 — Os resultados das avaliações a que se referem os a que se refere a alínea g);
n.os 1 e 2 são reduzidos a escrito, sendo conservados nos
termos previstos no artigo 51.º e colocados, em permanên- j) A extração tempestiva de informação fiável e com-
cia, à disposição das autoridades setoriais. preensível que suporte a análise e a tomada de decisões
pelas estruturas internas relevantes, bem como o exercício
Artigo 18.º dos deveres de comunicação e de colaboração legalmente
Procedimentos e sistemas de informação em geral previstos.
1 — As entidades obrigadas aplicam as ferramentas ou 3 — Os procedimentos e os sistemas de informação a
os sistemas de informação necessários à gestão eficaz do que se referem os números anteriores, em particular no que
risco de branqueamento de capitais e de financiamento respeita ao seu nível de informatização e parametrização,
do terrorismo e ao cumprimento do quadro normativo devem ser proporcionais à natureza, dimensão e comple-
aplicável nesse domínio. xidade da atividade da entidade obrigada, bem como aos
2 — Sem prejuízo do disposto em regulamentação seto- riscos associados a cada uma das respetivas áreas de negó-
rial, as ferramentas e os sistemas a que se refere o número cio, sem prejuízo do disposto em regulamentação setorial.
anterior permitem:
a) O registo dos dados identificativos e demais elemen- Artigo 19.º
tos relativos aos clientes, seus representantes e beneficiá- Procedimentos e sistemas de informação específicos
rios efetivos, bem como das respetivas atualizações;
b) A deteção de circunstâncias suscetíveis de parame- 1 — As entidades obrigadas aplicam os procedimentos
trização que devam fundamentar a atualização daqueles ou sistemas de informação adequados e baseados no risco
dados identificativos e elementos; que permitam aferir ou detetar as qualidades de «pessoa
c) A definição e atualização do perfil de risco associado politicamente exposta», «membro próximo da família» e
aos clientes, relações de negócio, transações ocasionais e «pessoa reconhecida como estreitamente associada»:
operações em geral; a) Antes do estabelecimento da relação de negócio ou
d) A monitorização de clientes e operações em face dos da realização da transação ocasional;
riscos identificados, incluindo a deteção atempada: b) No decurso da relação de negócio, quando ocorra a
i) De alterações relevantes ao padrão operativo de um aquisição superveniente de qualquer das referidas quali-
dado cliente ou conjunto de clientes relacionados entre si; dades.
ii) De operações ou conjunto de operações que denotem
elementos caracterizadores de suspeição, designadamente 2 — Na definição dos procedimentos ou sistemas refe-
os referidos no n.º 2 do artigo 52.º; ridos no número anterior, as entidades obrigadas:
iii) De outros eventos de risco ou elementos caracteri- a) Têm em atenção, pelo menos, os aspetos da sua ati-
zadores de suspeição de cuja deteção dependa o cumpri- vidade referidos na alínea a) do n.º 2 do artigo 14.º;
mento do quadro normativo aplicável, designadamente em b) Recorrem a fontes de informação que, no seu con-
matéria de reforço do dever de identificação e diligência junto e em face da sua concreta realidade operativa espe-
ou de cumprimento do dever de exame; cífica, permitam aferir de modo permanente a existência
ou a aquisição superveniente de qualquer das qualidades
e) A deteção da aquisição da qualidade de pessoa poli- ali mencionadas.
ticamente exposta ou de titular de outro cargo político ou
público, bem como de qualquer outra qualidade específica 3 — As entidades obrigadas adotam ainda procedimen-
que deva motivar a intervenção de um membro da direção tos razoáveis que permitam:
de topo ou de outro elemento de nível hierárquico superior;
f) A deteção de pessoas ou entidades identificadas em a) Aferir a qualidade de «titular de outro cargo político
quaisquer determinações emitidas pelas autoridades seto- ou público» antes do estabelecimento da relação de negó-
4796 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
cio ou da realização da transação ocasional, bem como a 5 — As comunicações efetuadas ao abrigo do presente
aquisição superveniente daquela qualidade no decurso da artigo, bem como os relatórios a que elas deem lugar, são
relação de negócio; conservados nos termos previstos no artigo 51.º e coloca-
b) Identificar em permanência o grau de risco associado dos, em permanência, à disposição das autoridades setoriais.
às relações de negócio e transações ocasionais, assim como 6 — As entidades obrigadas abstêm-se de quaisquer
as alterações daquele grau de risco no decurso da relação ameaças ou atos hostis e, em particular, de quaisquer prá-
de negócio. ticas laborais desfavoráveis ou discriminatórias contra
quem efetue comunicações ao abrigo do presente artigo,
4 — Após a cessação de qualquer uma das qualidades não podendo tais comunicações, por si só, servir de fun-
referidas nos números antecedentes, as entidades obriga- damento à promoção pela entidade obrigada de qualquer
das adotam procedimentos com o objetivo de aferir se os procedimento disciplinar, civil ou criminal relativamente
seus clientes continuam a representar um risco acrescido ao autor da comunicação, exceto se as mesmas forem
de branqueamento de capitais ou de financiamento do deliberada e manifestamente infundadas.
terrorismo, em função do respetivo perfil e da natureza das 7 — As autoridades setoriais podem exigir às respetivas
operações desenvolvidas antes e após a referida cessação. entidades obrigadas a apresentação de um relatório, nos ter-
5 — A periodicidade dos procedimentos referidos no mos e com a periodicidade a definir por aquelas autoridades,
número anterior deve ser adequada ao risco concreto iden- contendo a descrição dos canais referidos no n.º 1 e uma
tificado, não podendo, no caso de relações de negócio, ser indicação sumária das comunicações recebidas e do respetivo
superior a um ano. processamento.
6 — O disposto no presente artigo é aplicável às rela-
Artigo 21.º
ções de negócio e às transações ocasionais em que as
qualidades de pessoa «politicamente exposta», «membro Medidas restritivas
próximo da família», «pessoa reconhecida como estrei- 1 — As entidades obrigadas adotam os meios e os me-
tamente associada» ou «titular de outro cargo político ou
canismos necessários para assegurar o cumprimento das
público» se verifiquem relativamente a qualquer:
medidas restritivas adotadas pelo Conselho de Segurança
a) Cliente; das Nações Unidas ou adotadas pela União Europeia de
b) Representante do cliente; congelamento de bens e recursos económicos relacionadas
c) Beneficiário efetivo do cliente; com o terrorismo, a proliferação de armas de destruição
d) Beneficiário de contrato de seguro do ramo Vida; ou em massa, e o respetivo financiamento, contra pessoa ou
e) Beneficiário efetivo do beneficiário do contrato refe- entidade designada.
rido na alínea anterior, quando aplicável. 2 — Para cumprimento do disposto no número anterior,
as entidades obrigadas adotam, em especial:
Artigo 20.º a) Os meios adequados a assegurar a imediata e plena
Comunicação de irregularidades compreensão do teor das medidas restritivas referidas no
número anterior, em particular e quando aplicável, das
1 — As entidades obrigadas criam canais específicos,
listas de pessoas e entidades, emitidas ou atualizadas ao
independentes e anónimos que internamente assegurem,
abrigo daquelas medidas, mesmo que não disponíveis em
de forma adequada, a receção, o tratamento e o arquivo
língua portuguesa;
das comunicações de irregularidades relacionadas com
b) Os mecanismos de consulta necessários à imediata
eventuais violações à presente lei, à regulamentação que
aplicação daquelas medidas, incluindo a subscrição ele-
a concretiza e às políticas e aos procedimentos e con-
trónica de quaisquer conteúdos que, neste âmbito, estejam
trolos internamente definidos em matéria de prevenção
disponíveis.
do branqueamento de capitais e do financiamento do
terrorismo. SUBSECÇÃO III
2 — Os canais referidos no número anterior devem:
Políticas de grupo
a) Ser proporcionais à natureza, dimensão e complexi-
dade da atividade da entidade obrigada; Artigo 22.º
b) Garantir a confidencialidade das comunicações rece- Relações de grupo e estabelecimentos no estrangeiro
bidas e a proteção dos dados pessoais do denunciante e do
suspeito da prática da infração, nos termos da Lei n.º 67/98, 1 — As entidades obrigadas que façam parte de um
de 26 de outubro, alterada pela Lei n.º 103/2015, de 24 grupo promovem:
de agosto.
a) A aplicação ao nível do grupo das políticas e dos
procedimentos e controlos definidos e adotados em cum-
3 — As pessoas que, em virtude das funções que exer-
primento do disposto na presente secção;
çam na entidade obrigada, nomeadamente ao abrigo do
b) A definição e adoção de procedimentos de partilha de
artigo 16.º, tomem conhecimento de qualquer facto grave
informação no seio do grupo para efeitos de prevenção e
que integre as irregularidades referidas no n.º 1 do presente
combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento
artigo, têm o dever de as comunicar ao órgão de fiscaliza-
do terrorismo, designadamente tendo em vista:
ção, nos termos e com as salvaguardas estabelecidas no
presente artigo. i) A gestão dos riscos de branqueamento de capitais e
4 — Quando não tenha lugar a nomeação de órgão de de financiamento do terrorismo ao nível do grupo, bem
fiscalização, as comunicações referidas no número ante- como dos riscos que derivem da exposição, direta ou indi-
rior são dirigidas ao órgão de administração da entidade reta, a outras entidades e sucursais que integrem o mesmo
obrigada. grupo;
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4797
ii) O exercício do dever de identificação e diligência regulamentação setorial, aplicam medidas adicionais para
previsto na presente lei, por parte de todas as entidades controlar eficazmente o risco de branqueamento de capitais
e sucursais que, integrando o mesmo grupo, estabeleçam e de financiamento do terrorismo;
relações de negócio, realizem transações ocasionais ou b) Informam imediatamente as autoridades setoriais
executem operações que estariam sujeitas à aplicação da dos impedimentos verificados e das medidas adicionais
presente lei e regulamentação que a concretiza. adotadas.
2 — Para os efeitos do disposto na alínea b) do número 8 — Quando as medidas adicionais referidas no número
anterior, as entidades que integram o mesmo grupo par- anterior não se mostrem suficientes para controlar eficaz-
tilham quaisquer informações relevantes para efeitos de mente o risco de branqueamento de capitais e de financia-
prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao mento do terrorismo, as autoridades setoriais adotam as
financiamento do terrorismo, incluindo o fornecimento de providências adicionais necessárias à mitigação do risco
informação sobre: verificado, as quais podem incluir as seguintes ações de
controlo sobre o grupo:
a) Clientes, contas e operações concretas, designada-
mente aos elementos que, a nível do grupo, desempenhem a) Proibição de estabelecer novas relações de negócio
funções relacionadas com o controlo da conformidade e ou exigência de pôr termo a relações de negócio existentes;
auditoria e, no geral, com a prevenção e combate ao bran- b) Proibição ou limitação da execução de operações;
queamento de capitais e ao financiamento do terrorismo; c) Sempre que necessário, cessação da atividade no país
b) Suspeitas de que determinados fundos ou outros bens de acolhimento;
provêm de atividades criminosas ou estão relacionados d) Quaisquer outras medidas, de entre as previstas na
com o financiamento do terrorismo, desde que não se secção II do capítulo VII, que se mostrem adequadas à
verifique a oposição de qualquer unidade de informação mitigação dos riscos identificados.
financeira relevante.
SECÇÃO III
3 — A partilha de informação ao abrigo do número
anterior deve poder ocorrer entre quaisquer entidades e Dever de identificação e diligência
sucursais que integram o mesmo grupo, mesmo quando a
destinatária da informação partilhada não seja a empresa- SUBSECÇÃO I
-mãe do grupo.
Identificação e diligência normal
4 — As entidades obrigadas asseguram que as políticas e
os procedimentos e controlos referidos no n.º 1, bem como
DIVISÃO I
as obrigações de partilha da informação previstas no n.º 2,
são adotados, de modo eficaz e em permanência: Disposições gerais
a) Nas suas sucursais, ainda que fora do quadro de uma Artigo 23.º
relação de grupo;
b) Nas suas filiais participadas maioritariamente; Dever de identificação e diligência
c) Em outras entidades sob o seu controlo, designada- 1 — As entidades obrigadas observam os procedimentos
mente mediante a verificação de um ou mais indicadores de identificação e diligência previstos na presente secção
de controlo, nos termos a estabelecer por regulamentação quando:
setorial.
a) Estabeleçam relações de negócio;
5 — As entidades obrigadas que explorem estabele- b) Efetuem transações ocasionais:
cimentos noutro Estado membro da União Europeia, in- i) De montante igual ou superior a € 15 000, indepen-
cluindo as suas sucursais, agentes e distribuidores que aí dentemente de a transação ser realizada através de uma
operem, adotam e executam os procedimentos necessários única operação ou de várias operações aparentemente re-
a assegurar que esses estabelecimentos respeitam as leis, lacionadas entre si; ou
os regulamentos e as demais disposições locais em matéria ii) Que constituam uma transferência de fundos de mon-
de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e tante superior a € 1 000;
ao financiamento do terrorismo.
6 — Sempre que operem num dado país de acolhimento c) Se suspeite que as operações, independentemente do
nos moldes previstos nas alíneas a) a c) do n.º 4 e os requi- seu valor e de qualquer exceção ou limiar, possam estar
sitos mínimos aí aplicáveis no domínio da prevenção e relacionadas com o branqueamento de capitais ou com o
combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento financiamento do terrorismo;
do terrorismo se mostrem menos rigorosos, as entidades d) Existam dúvidas sobre a veracidade ou a adequa-
obrigadas asseguram a aplicação das leis, dos regulamentos ção dos dados de identificação dos clientes previamente
e das disposições nacionais nesse domínio, inclusive no obtidos.
que respeita à proteção de dados pessoais, na medida em
que o direito do país de acolhimento o permita.
2 — Os prestadores de serviços de jogo referidos nas
7 — Caso o direito do país de acolhimento não per-
alíneas a) a c) do n.º 1 do artigo 4.º observam os procedi-
mita a aplicação do disposto nos n.os 4 e 6, as entidades
mentos de identificação e diligência previstos na presente
obrigadas:
secção quando efetuem transações de montante igual ou
a) Asseguram que as suas sucursais e as filiais parti- superior a € 2 000, independentemente de a transação ser
cipadas maioritariamente nesse país, bem como outras realizada através de uma única operação ou de várias ope-
entidades sob o seu controlo nos termos a estabelecer por rações aparentemente relacionadas entre si.
4798 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
referidas divulgações do GAFI e outras fontes credíveis, d) Monitorizam em permanência e de forma reforçada
ou em outras informações que lhes sejam disponibilizadas as relações de negócio, tendo particularmente em vista
pelas autoridades setoriais. identificar eventuais operações que devam ser objeto de
comunicação nos termos previstos no artigo 43.º
3 — As entidades obrigadas tratam as situações previs-
tas na alínea a) do número anterior de acordo com uma 2 — O disposto no número anterior não prejudica a
abordagem baseada no risco. adoção de outras medidas reforçadas ou a intensificação
das medidas a que se referem as alíneas b) a d) do mesmo
Artigo 38.º número, sempre que o concreto risco acrescido da relação
de negócio ou da transação ocasional se revele particular-
Contratação à distância mente elevado.
1 — Nos casos em que o estabelecimento da relação 3 — O disposto nos números anteriores deve continuar
de negócio ou a realização da transação ocasional tenha a aplicar-se a quem, tendo deixado de deter a qualidade
lugar sem que o cliente ou o seu representante estejam de pessoa politicamente exposta, continue a representar,
fisicamente presentes, a comprovação dos documentos de acordo com os procedimentos previstos no artigo 14.º
referidos nos n.os 1 e 5 do artigo 25.º é efetuada através e nos n.os 4 e 5 do artigo 19.º, um risco acrescido de bran-
dos seguintes meios: queamento de capitais ou de financiamento do terrorismo,
devido ao seu perfil ou à natureza das operações desen-
a) No caso das pessoas singulares, nos termos previstos volvidas.
nos n.os 2 a 4 do referido artigo 25.º; 4 — O regime constante dos números anteriores é apli-
b) No caso das pessoas coletivas ou centros de interesses cável às relações de negócio ou transações ocasionais com
coletivos sem personalidade jurídica, nos termos previstos clientes, seus representantes ou beneficiários efetivos que
no n.º 6 do mesmo artigo. sejam:
regulamentação que o concretiza, as entidades obrigadas 4 — As entidades obrigadas estão impedidas de recorrer
podem igualmente adaptar a natureza e a extensão das a entidades terceiras estabelecidas em países terceiros de
obrigações de atualização dos meios comprovativos risco elevado, com exceção das sucursais ou filiais partici-
anteriormente obtidos e dos procedimentos de diligên- padas maioritariamente por entidades obrigadas, ou outras
cia, em função dos riscos de branqueamento de capitais de natureza equivalente, estabelecidas na União Europeia,
ou de financiamento do terrorismo existentes à data da caso essas sucursais ou filiais cumpram integralmente as
atualização, sendo aplicável, com as necessárias adap- políticas e procedimentos a nível do grupo, nos termos do
tações, o disposto no artigo 28.º disposto no artigo 22.º
4 — As entidades obrigadas procedem de imediato às 5 — Sempre que recorram à execução dos procedimen-
necessárias diligências de atualização dos dados sempre tos de identificação e de diligência por entidades terceiras,
que tenham razões para duvidar da sua veracidade, exatidão as entidades obrigadas:
ou atualidade ou tenham suspeitas de práticas relacionadas
com o branqueamento de capitais ou com o financiamento a) Asseguram-se que tais entidades estão habilitadas
do terrorismo. para executar os procedimentos de identificação e dili-
5 — A comprovação documental da informação a atua- gência enquanto suas entidades terceiras;
lizar pode ser efetuada por cópia simples, devendo, con- b) Avaliam, com base em informação do domínio
tudo, as entidades obrigadas solicitar a apresentação de público, a reputação e a idoneidade das entidades ter-
documentos originais, em suporte físico ou eletrónico, ceiras;
ou cópias certificadas dos mesmos, ou, em alternativa, c) Completam a informação recolhida pelas entidades
obter informação eletrónica com valor equivalente, sem- terceiras ou procedem a uma nova identificação, no caso
pre que: de insuficiência da informação ou quando o risco associado
o justifique;
a) A informação em causa nunca tenha sido objeto de
qualquer comprovação anterior, nos termos previstos no d) Cumprem todos os requisitos de conservação de
artigo 25.º; documentos previstos no artigo 51.º, como se tivessem sido
b) Os elementos disponibilizados pelo cliente para a as próprias a realizar os procedimentos de identificação e
atualização dos dados ofereçam dúvidas; de diligência executados pelas entidades terceiras.
c) As diligências de atualização forem desencadeadas
por suspeitas de branqueamento de capitais ou de finan- 6 — Sem prejuízo do disposto em regulamentação se-
ciamento do terrorismo; torial, as entidades obrigadas asseguram que as entidades
d) Tal decorra do risco concreto identificado ou de outra terceiras a que recorrem estão em condições de:
circunstância considerada relevante pela entidade obrigada a) Reunir toda a informação e cumprir todos os proce-
ou pela respetiva autoridade setorial. dimentos de identificação, diligência e de conservação de
documentos que as próprias entidades obrigadas devem
observar;
SUBSECÇÃO V
b) Quando solicitado, transmitir imediatamente cópia
Execução por terceiros dos dados de identificação e de verificação da identidade e
outra documentação relevante sobre o cliente, seus repre-
Artigo 41.º sentantes ou beneficiários efetivos que foram sujeitos aos
Execução do dever de identificação e diligência procedimentos de identificação e diligência.
por entidades terceiras
1 — As entidades obrigadas podem recorrer a uma 7 — A execução de procedimentos de identificação e
entidade terceira para a execução dos procedimentos de diligência por entidades terceiras deve estar prevista em
identificação e de diligência previstos na subsecção I da clausulado contratual que reja as relações entre a entidade
presente secção, com exceção dos procedimentos referidos obrigada e a entidade terceira.
nas alíneas b) e c) do artigo 27.º 8 — As relações de agência, de representação ou de
2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, subcontratação não configuram a execução por entidades
consideram-se entidades terceiras as entidades obrigadas, terceiras previstas neste artigo.
ou outras de natureza equivalente que tenham sede no 9 — Não podem estabelecer relações de agência, de
estrangeiro, que apliquem procedimentos de identificação, representação ou de subcontratação, para os efeitos pre-
de diligência e de conservação compatíveis com os pre- vistos n.º 1:
vistos na presente lei e que se encontrem sujeitas a uma
supervisão compatível com o disposto no capítulo VII, a) As entidades terceiras;
relativamente aos requisitos previstos na presente lei ou b) As entidades obrigadas, ou outras de natureza equi-
em normativo equivalente. valente que tenham sede no estrangeiro, que não possam
3 — As autoridades setoriais podem, através de regu- beneficiar do estatuto de entidade terceira, por força do
lamentação setorial, e de acordo com uma abordagem disposto no n.º 2 ou em regulamentação setorial.
baseada no risco, restringir:
a) O elenco de entidades obrigadas que podem recorrer 10 — Sem prejuízo da responsabilidade das entidades
a entidades terceiras; terceiras na execução dos deveres constantes da presente
b) A natureza ou o elenco das entidades que podem ser lei, as entidades obrigadas mantêm a responsabilidade pelo
consideradas entidades terceiras; exato cumprimento dos procedimentos de identificação e
c) O elenco de procedimentos que podem ser executados diligência executados pelas entidades terceiras, como se
pelas entidades terceiras. fossem os seus executantes diretos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4805
a) São efetuadas através dos canais de comunicação i) Identificação clara dos intervenientes;
externos definidos pelas autoridades destinatárias da in- ii) Montante global do negócio jurídico e do valor de
formação e nos termos por elas estabelecidos; cada imóvel transacionado;
b) São efetuadas logo que a entidade obrigada conclua iii) Menção dos respetivos títulos representativos;
que a operação é suspeita, preferencialmente logo que tais iv) Identificação clara dos meios de pagamento utiliza-
operações lhes sejam propostas; dos, com indicação, sempre que aplicável, dos números
c) Incluem, pelo menos: das contas de pagamento utilizadas;
v) Identificação do imóvel;
i) A identificação das pessoas singulares e coletivas vi) Prazo de duração do contrato de arrendamento,
direta ou indiretamente envolvidas e que sejam do conhe- quando aplicável.
4806 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
operações são sempre conservados, de modo a permitir a a) Os fundamentos da decisão de não comunicação, in-
reconstituição das operações, durante um período de sete cluindo os motivos que sustentam a inexistência de fatores
anos a contar da sua execução, ainda que, no caso de se concretos de suspeição;
inserirem numa relação de negócio, esta última já tenha b) A referência a quaisquer eventuais contactos infor-
terminado. mais que, no decurso daquele exame, tenham sido estabe-
3 — Para o cumprimento do disposto nos números ante- lecidos com a Unidade de Informação Financeira e com
riores, os elementos aí referidos são: as autoridades judiciárias e policiais, com indicação das
respetivas datas e dos meios de comunicação utilizados.
a) Conservados em suporte duradouro, com preferência
pelos meios de suporte eletrónicos;
5 — Os resultados do dever de exame, incluindo os
b) Arquivados em condições que permitam a sua ade-
documentos ou registos referidos no número anterior, são
quada conservação e fácil localização, bem como o ime-
reduzidos a escrito, conservados nos termos do artigo
diato acesso aos mesmos, sempre que solicitados pela
anterior e colocados, em permanência, à disposição das
Unidade de Informação Financeira e pelas autoridades
autoridades setoriais.
judiciárias, policiais, setoriais e pela Autoridade Tributária
e Aduaneira.
Artigo 53.º
4 — O disposto no presente artigo não prejudica nem Dever de colaboração
é prejudicado por outras obrigações de conservação que
1 — As entidades obrigadas prestam, de forma pronta
não decorram da presente lei, designadamente em matéria
e cabal, a colaboração que lhes for requerida pelo
de meios de prova aplicáveis a investigações e inquéritos
DCIAP e pela Unidade de Informação Financeira, bem
criminais ou a processos judiciais e administrativos pen-
como pelas demais autoridades judiciárias e policiais,
dentes.
pelas autoridades setoriais e pela Autoridade Tributária
e Aduaneira.
Artigo 52.º 2 — Em cumprimento do disposto no número anterior,
Dever de exame às entidades obrigadas incumbe, em especial:
1 — Sempre que detetem a existência de quaisquer con- a) Responder, de forma completa, no prazo fixado
dutas, atividades ou operações cujos elementos caracteriza- e através de canal seguro que garanta a integral con-
dores as tornem suscetíveis de poderem estar relacionadas fidencialidade dos elementos prestados, aos pedidos
com fundos ou outros bens que provenham de atividades de informação destinados a determinar se mantêm ou
criminosas ou que estejam relacionados com o financia- mantiveram, nos últimos 10 anos, relações de negócio
mento do terrorismo, as entidades obrigadas examinam-nas com uma dada pessoa singular ou coletiva ou centro de
com especial cuidado e atenção, intensificado o grau e a interesses coletivos sem personalidade jurídica, e qual
natureza do seu acompanhamento. a natureza dessas relações;
2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, b) Disponibilizar, de forma completa e no prazo fixado,
relevam especialmente os seguintes elementos caracte- todas as informações, esclarecimentos, documentos e ele-
rizadores, sem prejuízo de outros que se verifiquem no mentos que lhes sejam requeridos;
caso concreto: c) Conferir, sempre que requerido e no prazo para o
efeito fixado, acesso remoto àquelas informações, docu-
a) A natureza, a finalidade, a frequência, a comple-
mentos e elementos;
xidade, a invulgaridade e a atipicidade da conduta, da
d) Cumprir, nos termos e prazos fixados, quaisquer
atividade ou das operações;
deveres de comunicação periódicos estabelecidos em regu-
b) A aparente inexistência de um objetivo económico
lamentação setorial;
ou de um fim lícito associado à conduta, à atividade ou
e) Enviar, de forma completa e nos prazos fixados,
às operações;
quaisquer outras informações requeridas de forma perió-
c) Os montantes, a origem e o destino dos fundos movi-
dica ou sistemática, independentemente da existência de
mentados;
um dever de comunicação;
d) O local de origem e de destino das operações;
f) Colaborar plena e prontamente com as autoridades
e) Os meios de pagamento utilizados;
setoriais no exercício da sua atividade inspetiva, desig-
f) A natureza, a atividade, o padrão operativo, a situação
nadamente:
económico-financeira e o perfil dos intervenientes;
g) O tipo de transação, produto, estrutura societária ou i) Abstendo-se de qualquer recusa ou conduta obstrutiva
centro de interesses coletivos sem personalidade jurídica ilegítimas;
que possa favorecer especialmente o anonimato. ii) Facultando a inspeção de quaisquer instalações uti-
lizadas, ainda que por terceiros, para o exercício da sua
3 — A aferição do grau de suspeição de uma conduta, atividade e serviços conexos;
atividade ou operação não pressupõe a existência de qual- iii) Garantindo acesso direto e facultando o exame de
quer tipo de documentação confirmativa da suspeita, antes elementos de informação no local, independentemente do
decorrendo da apreciação das circunstâncias concretas, à respetivo suporte;
luz dos critérios de diligência exigíveis a um profissional, iv) Facultando cópias, extratos ou traslados de toda a
na análise da situação. documentação requerida;
4 — Sempre que, em resultado do exercício do dever v) Assegurando a comparência e a plena colaboração de
de exame, as entidades obrigadas decidam não proceder qualquer representante ou colaborador que deva ser ouvido
à comunicação prevista no artigo 43.º, fazem constar de pela autoridade inspetiva, qualquer que seja a natureza do
documento ou registo: respetivo vínculo;
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4809
g) Cumprir pontualmente, e no prazo fixado, as deter- 3 — O disposto no n.º 1 não impede a divulgação das
minações, ordens ou instruções que lhes sejam dirigidas informações e dos demais elementos ali previstos:
ao abrigo do disposto na presente lei;
a) Entre entidades financeiras e outras entidades de
h) Informar sobre o estado de execução das recomenda-
natureza equivalente situadas em Estado membro da União
ções que lhes sejam dirigidas ao abrigo do artigo 98.º
Europeia, independentemente da existência de uma relação
de grupo;
3 — O DCIAP ou a Unidade de Informação Financeira b) Entre entidades financeiras e as suas sucursais e filais
podem, em especial, determinar às entidades obrigadas que participadas maioritariamente situadas em países terceiros,
os informem, no imediato ou em outro prazo que para o desde que essas sucursais e filiais cumpram integralmente
efeito definirem, das operações propostas, tentadas, inicia- o disposto no n.º 4 do artigo 22.º;
das ou efetuadas no âmbito de contas ou outras relações c) Entre as pessoas referidas nas alíneas e) e f) do n.º 1
de negócio previamente identificadas, ainda que sobre tais do artigo 4.º, que estejam estabelecidas num Estado mem-
operações incida medida de suspensão adotada ao abrigo bro da União Europeia ou em país terceiro que imponha
dos artigos 48.º e 49.º requisitos equivalentes aos estabelecidos na presente lei
4 — O disposto nos números anteriores em caso algum e na regulamentação que o concretiza, quando exerçam a
pressupõe o exercício prévio do dever de comunicação sua atividade profissional, como trabalhadores assalaria-
a que se refere o artigo 43.º, sem prejuízo da solicitação dos ou não, dentro da mesma pessoa coletiva ou de uma
de quaisquer informações complementares ao exercício estrutura mais vasta a que pertence a pessoa e que partilha
daquele dever de comunicação por parte do DCIAP e da a mesma propriedade, gestão ou controlo da conformidade
Unidade de Informação Financeira, ao abrigo do disposto normativa;
nos números anteriores. d) Entre entidades financeiras, outras entidades de natu-
reza equivalente e as pessoas referidas nas alíneas e) e f) do
Artigo 54.º n.º 1 do artigo 4.º, quando troquem entre si informação que
Dever de não divulgação respeite a um cliente ou a uma operação comum e desde
que as entidades ou pessoas em causa:
1 — As entidades obrigadas, bem como os membros dos
respetivos órgãos sociais, os que nelas exerçam funções i) Estejam situadas ou estabelecidas num Estado mem-
de direção, de gerência ou de chefia, os seus empregados, bro da União Europeia ou em país terceiro que imponha
os mandatários e outras pessoas que lhes prestem serviço requisitos equivalentes aos estabelecidos na presente lei
a título permanente, temporário ou ocasional, não podem e na regulamentação que o concretiza;
revelar ao cliente ou a terceiros: ii) Pertençam à mesma categoria profissional; e
iii) Estejam sujeitas a obrigações equivalentes no que
a) Que foram, estão a ser ou irão ser transmitidas as se refere ao segredo profissional e à proteção de dados
comunicações legalmente devidas, nos termos do disposto pessoais.
nos artigos 43.º, 45.º, 47.º e 53.º;
b) Quaisquer informações relacionadas com aquelas 4 — O disposto no n.º 1 não prejudica ainda as obriga-
comunicações, independentemente de as mesmas decor- ções de partilha de informação previstas no artigo 22.º
rerem de análises internas da entidade obrigada ou de 5 — As entidades obrigadas agem com a necessária
pedidos efetuados pelas autoridades judiciárias, policiais prudência junto dos clientes relacionados com a execução
ou setoriais; de operações potencialmente suspeitas, evitando quaisquer
c) Que se encontra ou possa vir a encontrar-se em curso diligências que, por qualquer razão, possam suscitar a
uma investigação ou inquérito criminal, bem como quais- suspeição de que estão em curso quaisquer procedimentos
quer outras investigações, inquéritos, averiguações, análi- que visem averiguar suspeitas de práticas relacionadas
ses ou procedimentos legais a conduzir pelas autoridades com o branqueamento de capitais ou o financiamento do
referidas na alínea anterior; terrorismo.
d) Quaisquer outras informações ou análises, de foro ou 6 — Sempre que, ao abrigo do disposto no número ante-
interno ou externo, sempre que disso dependa: rior, as entidades obrigadas se devam abster da realização
i) O cabal exercício das funções conferidas pela presente de ulteriores diligências junto dos seus clientes, exercem de
lei às entidades obrigadas e às autoridades judiciárias, imediato o dever de comunicação previsto no artigo 43.º,
policiais e setoriais; com as informações de que disponham no momento.
ii) A preservação de quaisquer investigações, inquéritos,
averiguações, análises ou procedimentos legais e, no geral, Artigo 55.º
a prevenção, investigação e deteção do branqueamento de Dever de formação
capitais e do financiamento do terrorismo.
1 — As entidades obrigadas adotam medidas propor-
2 — Não constitui violação do dever previsto no número cionais aos respetivos riscos e à natureza e dimensão da
anterior a divulgação de informações: sua atividade para que os seus dirigentes, trabalhadores e
demais colaboradores cujas funções sejam relevantes para
a) Às autoridades setoriais, no âmbito das respetivas efeitos da prevenção do branqueamento de capitais e do
atribuições legais; financiamento do terrorismo tenham um conhecimento
b) Às autoridades judiciárias e policiais, no âmbito de adequado das obrigações decorrentes da presente lei e da
procedimentos criminais ou de quaisquer outras compe- regulamentação que a concretiza, inclusive em matéria de
tências legais; proteção de dados pessoais.
c) À Autoridade Tributária e Aduaneira, no âmbito de 2 — As entidades obrigadas asseguram que são minis-
procedimento de inspeção tributária e aduaneira. tradas às pessoas referidas no número anterior ações espe-
4810 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
cíficas e regulares de formação adequadas a cada setor 6 — As entidades obrigadas asseguram a confidenciali-
de atividade, que as habilitem a reconhecer operações dade da identidade dos colaboradores previstos no número
que possam estar relacionadas com o branqueamento de anterior perante quaisquer terceiros, nomeadamente perante
capitais e o financiamento do terrorismo e a atuar em tais os clientes e os demais colaboradores que não intervenham
casos de acordo com as disposições da presente lei e das no exercício dos deveres referidos no n.º 1.
normas regulamentares que a concretizam. 7 — Os elementos disponibilizados pelas entidades
3 — No caso de colaboradores recém-admitidos cujas sujeitas ao abrigo do n.º 1 podem ser utilizados em pro-
funções relevem diretamente no âmbito da prevenção do cesso penal, nos inquéritos que tiveram origem em comu-
branqueamento de capitais e do financiamento do terro- nicações de operações suspeitas, bem como em quaisquer
rismo, as entidades obrigadas, imediatamente após a res- outros inquéritos, averiguações ou procedimentos legais
petiva admissão, proporcionam-lhes formação adequada conduzidos pelas autoridades judiciárias, policiais ou
sobre as políticas, procedimentos e controlos internamente setoriais, no âmbito das respetivas atribuições legais e na
definidos em matéria de prevenção do branqueamento de medida em que os elementos disponibilizados se mostrem
capitais e do financiamento do terrorismo. relevantes para efeitos probatórios.
4 — As ações formativas, de natureza interna ou externa,
destinadas a dar cumprimento ao disposto no presente
artigo são: SECÇÃO VII
a) Asseguradas por pessoas ou entidades com reconhe- Proteção e tratamento de dados pelas entidades obrigadas
cida competência e experiência no domínio da prevenção e
combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento Artigo 57.º
do terrorismo;
b) Precedidas de parecer favorável do responsável pelo Objeto e finalidade
cumprimento normativo designado nos termos do n.º 1 do 1 — As entidades obrigadas ficam autorizadas, nos ter-
artigo 16.º, quando tal designação tenha tido lugar. mos previstos na presente secção, a realizar os tratamentos
de dados pessoais necessários ao cumprimento dos deveres
5 — As entidades obrigadas mantêm registos atualiza- preventivos previstos na presente lei.
dos e completos das ações de formação internas ou exter- 2 — O tratamento de dados pessoais efetuados pelas
nas realizadas, conservando-os nos termos previstos no entidades obrigadas ao abrigo do número anterior tem
artigo 51.º e colocando-os, em permanência, à disposição como finalidade exclusiva a prevenção do branquea-
das autoridades setoriais. mento de capitais e do financiamento do terrorismo, não
podendo tais dados ser posteriormente tratados, com base
Artigo 56.º na presente lei, para quaisquer outros fins, incluindo fins
Derrogação do dever de segredo e proteção comerciais.
na prestação de informações 3 — A prevenção e o combate ao branqueamento de
1 — As entidades obrigadas disponibilizam todas as capitais e ao financiamento do terrorismo são expressa-
informações, todos os documentos e os demais elementos mente reconhecidos como um domínio de proteção de um
necessários ao integral cumprimento dos deveres enume- interesse público importante, incluindo no que se refere
rados nos artigos 43.º, 45.º, 47.º e 53.º, ainda que sujeitos aos tratamentos de dados pessoais efetuados com base na
a qualquer dever de segredo, imposto por via legislativa, presente lei.
regulamentar ou contratual. 4 — O disposto no n.º 2 não prejudica o tratamento dos
2 — A disponibilização de boa-fé, pelas entidades obri- dados pessoais aí referidos com base em outras disposi-
gadas, das informações, dos documentos e dos demais ele- ções legais, nomeadamente no disposto na Lei n.º 67/98,
mentos referidos no número anterior não constitui violação de 26 de outubro, alterada pela Lei n.º 103/2015, de 24
de qualquer dever de segredo imposto por via legislativa, de agosto.
regulamentar ou contratual, nem implica responsabilidade
de qualquer tipo, mesmo quando se verifique um desco- Artigo 58.º
nhecimento da concreta atividade criminosa ou esta não Categorias de dados pessoais
tenha efetivamente ocorrido.
3 — As entidades obrigadas abstêm-se de quaisquer 1 — Para cumprimento do disposto na presente lei, as
ameaças ou atos hostis e, em particular, de práticas labo- entidades obrigadas ficam autorizadas a proceder ao trata-
rais desfavoráveis ou discriminatórias contra quem, de mento das seguintes categorias de dados pessoais:
boa-fé, preste as informações, os documentos e os demais a) Dados de identificação e de contacto, bem como da-
elementos referidos no n.º 1. dos fiscais e profissionais e as qualificações do respetivo
4 — A disponibilização das informações, dos documen- titular, incluindo os seguintes elementos:
tos e dos demais elementos referidos no n.º 1 não pode,
por si só, servir de fundamento à promoção, pela entidade i) Elementos previstos no artigo 24.º;
obrigada, de procedimento disciplinar, civil ou criminal ii) Elementos caracterizadores das atividades prosse-
contra quem os faculte, exceto se a referida disponibiliza- guidas;
ção for deliberada e manifestamente infundada. iii) Elementos relativos aos cargos políticos ou públicos
5 — As salvaguardas previstas nos números anteriores que sejam ou já tenham sido exercidos;
são aplicáveis aos colaboradores das entidades obrigadas iv) Elementos relativos a relações de parentesco e de
que internamente disponibilizem as informações, os docu- afinidade, bem como a relações societárias, comerciais,
mentos e os demais elementos referidos no n.º 1. profissionais ou sociais relevantes;
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4811
b) Podem solicitar àquelas entidades financeiras infor- identificam e verificam a identidade dos frequentadores e,
mações relacionadas com o desempenho da sua atividade sempre que aplicável, dos respetivos beneficiários efetivos,
em território nacional, nomeadamente, sobre: no momento da entrada dos frequentadores na sala de jogo
ou quando os mesmos adquirirem ou trocarem fichas de
i) O volume e os montantes das operações realizadas
jogo ou símbolos convencionais utilizáveis para jogar.
em Portugal;
2 — O disposto no número anterior não dispensa os
ii) As jurisdições de origem ou de destino das operações
concessionários de exploração de jogo em casinos de darem
realizadas em Portugal;
cumprimento aos demais procedimentos previstos na sec-
iii) Os produtos e serviços disponibilizados em Portugal,
ção III do capítulo IV, devendo conhecer as operações
bem como os respetivos canais de distribuição.
efetuadas pelo frequentador na sala de jogo e, em função
das mesmas, definir a natureza e a extensão daqueles pro-
2 — Quando, face às informações prestadas ou à ausên-
cedimentos.
cia ou clara insuficiência dos elementos facultados ao abrigo
3 — Os concessionários de exploração de jogo em
do número anterior, as autoridades setoriais detetem riscos
casinos ficam ainda sujeitos aos seguintes deveres espe-
relevantes de branqueamento de capitais ou de financia-
cíficos:
mento do terrorismo, podem as mesmas sujeitar as entidades
financeiras autorizadas a operar em Portugal em regime de a) Emitir, nas salas de jogos, cheques seus em troca de
livre de prestação de serviços ao cumprimento dos deveres fichas ou símbolos convencionais apenas à ordem dos fre-
preventivos previstos na presente lei, nos termos e com a quentadores identificados que os tenham adquirido através
extensão a definir, consoante os casos, por regulamenta- de cartão bancário ou cheque não inutilizado e no montante
ção setorial ou decisão da autoridade setorial competente. máximo equivalente ao somatório daquelas aquisições;
3 — As autoridades setoriais comunicam as medidas b) Emitir, nas salas de jogos e de máquinas automáticas,
adotadas ao abrigo do número anterior às autoridades cheques seus para pagamentos de prémios apenas à ordem
competentes do Estado membro da União Europeia onde dos frequentadores premiados previamente identificados e
tenham sede as entidades financeiras referidas naquele resultantes das combinações do plano de pagamentos das
número. máquinas ou de sistemas de prémio acumulado.
2 — No exercício das suas competências de análise, a 1 — Para os efeitos da presente lei, compete à Auto-
Unidade de Informação Financeira: ridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões a
supervisão das seguintes entidades financeiras:
a) Efetua análises operacionais centradas em casos,
atividades ou operações concretos, em alvos específicos, a) Sociedades gestoras de fundos de pensões;
ou em outras informações selecionadas de forma adequada, b) Empresas de seguros e mediadores de seguros;
de acordo com o tipo e o volume dos elementos obtidos c) Sucursais situadas em território português das enti-
e a expectável utilidade das informações após a respetiva dades financeiras referidas nas alíneas anteriores, ou de
difusão; outras entidades de natureza equivalente, que tenham sede
b) Efetua análises estratégicas das tendências, dos no estrangeiro;
padrões e das ameaças em matéria de branqueamento de d) Entidades referidas nas alíneas a) e b), ou outras
capitais e de financiamento do terrorismo. entidades de natureza equivalente, que operem em Portu-
gal em regime de livre prestação de serviços, apenas nos
3 — A Unidade de Informação Financeira pode solici- termos previstos no artigo 73.º
tar, nos termos previstos no n.º 4 do artigo 95.º, quaisquer
elementos ou informações que considere relevantes para 2 — A supervisão da mediação de seguros é uma com-
o exercício das funções que lhe são conferidas pela pre- petência exclusiva da Autoridade de Supervisão de Seguros
sente lei. e Fundos de Pensões, ainda que o mediador de seguros
Artigo 83.º exerça outras atividades sujeitas à supervisão ou fiscaliza-
ção de outras autoridades, nos termos da presente lei.
Independência e autonomia operacionais
1 — A Unidade de Informação Financeira tem indepen- Artigo 86.º
dência e autonomia operacionais, devendo estar dotada dos Competências exclusivas do Banco de Portugal
recursos financeiros, humanos e técnicos suficientes para
o desempenho cabal e independente das suas funções. Para os efeitos da presente lei, compete ao Banco de Por-
2 — A Unidade de Informação Financeira exerce as tugal a supervisão das seguintes entidades financeiras:
suas funções de modo livre e com salvaguarda de qualquer a) Instituições de crédito hipotecário;
influência ou ingerência política, administrativa ou do setor b) Sociedades financeiras, com exceção das sociedades
privado, suscetível de comprometer a sua independência financeiras de crédito e das sociedades de investimento
e autonomia operacionais. reguladas pelo Decreto-Lei n.º 260/94, de 22 de outubro,
3 — A Unidade de Informação Financeira decide, em e das sociedades financeiras referidas no artigo seguinte;
especial, de modo autónomo sobre:
c) Instituições de pagamento com sede em Portugal;
a) A análise, o pedido, a transmissão e a difusão de d) Instituições de moeda eletrónica com sede em Por-
informação relevante; tugal;
4818 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
e) Sucursais situadas em território português das enti- dos deveres e obrigações previstos na presente lei e nos
dades financeiras referidas nas alíneas anteriores, ou de respetivos diplomas regulamentares compete:
outras entidades de natureza equivalente, que tenham sede
no estrangeiro; a) Ao Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos do
f) Instituições de pagamento com sede noutro Estado Turismo de Portugal, I. P., relativamente às entidades re-
membro da União Europeia, quando operem em território feridas nas alíneas a) e c) do artigo 4.º;
nacional através de agentes; b) À Inspeção-Geral do Ministério do Trabalho, Soli-
g) Instituições de moeda eletrónica com sede noutro dariedade e Segurança Social, relativamente às entidades
Estado membro da União Europeia, quando operem em referidas na alínea b) do artigo 4.º;
território nacional através de agentes ou distribuidores; c) Ao IMPIC, I. P., relativamente às entidades referidas
h) Entidades referidas nas alíneas a) a d), ou outras na alínea d) do artigo 4.º;
entidades de natureza equivalente, que operem em Portu- d) À CMVM, que exerce a supervisão final do cumpri-
gal em regime de livre prestação de serviços, apenas nos mento dos deveres e obrigações previstos na presente lei e
termos previstos no artigo 73.º; nos respetivos diplomas regulamentares, relativamente aos
i) Entidades que prestem serviços postais, relativamente auditores sobre os quais a Ordem dos Revisores Oficiais
aos produtos financeiros que disponibilizem por conta de Contas possua igualmente atribuições;
própria. e) À Ordem dos Contabilistas Certificados, relativa-
mente aos contabilistas certificados;
Artigo 87.º f) À Ordem dos Advogados, relativamente aos advo-
gados;
Competências exclusivas da CMVM
g) À Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execu-
Para os efeitos da presente lei, compete à CMVM a ção, relativamente aos solicitadores;
supervisão das seguintes entidades financeiras: h) Ao membro do Governo responsável pela área
da justiça, coadjuvado pelo Instituto dos Registos e do
a) Empresas de investimento; Notariado, I. P., relativamente aos notários;
b) Sociedades gestoras de fundos de investimento e i) À ASAE, relativamente às demais pessoas ou entida-
sociedades gestoras de fundos de titularização de créditos; des que, estando abrangidas pelo artigo 4.º, não se encon-
c) Sociedades de investimento mobiliário e sociedades
trem sujeitas à supervisão ou fiscalização de uma outra
de investimento imobiliário, autogeridas;
autoridade referida no presente artigo.
d) Sociedades de capital de risco, investidores em capital
de risco, sociedades de empreendedorismo social, socieda-
des gestoras de fundos de capital de risco, sociedades de 2 — A CMVM e a Ordem dos Revisores Oficiais de
investimento em capital de risco e sociedades de investi- Contas integram a verificação do cumprimento, pelos au-
mento alternativo especializado, autogeridas; ditores, dos deveres e obrigações previstos na presente lei e
e) Sociedades de titularização de créditos; nos respetivos diplomas regulamentares, nas atividades de
f) Sociedades que comercializam, junto do público, supervisão que exerçam ao abrigo do Regime Jurídico de
contratos relativos ao investimento em bens corpóreos; Supervisão de Auditoria, aprovado pela Lei n.º 148/2015,
g) Consultores para investimento em valores mobiliários; de 9 de setembro, e do Estatuto da Ordem dos Revisores
h) Sucursais situadas em território português das enti- Oficiais de Contas, aprovado pela Lei n.º 140/2015, de 7
dades financeiras referidas nas alíneas anteriores, ou de de setembro.
outras entidades de natureza equivalente, que tenham sede 3 — Para os efeitos da presente lei, é da competência
no estrangeiro; exclusiva da CMVM:
i) Entidades referidas nas alíneas a) a g), ou outras enti- a) Supervisionar os auditores de entidades de interesse
dades de natureza equivalente, que operem em Portugal em público, como tal qualificadas no artigo 3.º do Regime
regime de livre prestação de serviços, apenas nos termos Jurídico de Supervisão de Auditoria;
previstos no artigo 73.º b) Instruir e decidir processos de contraordenação rela-
tivamente a quaisquer auditores, incluindo a aplicação de
Artigo 88.º sanções de natureza contraordenacional.
Competências partilhadas entre o Banco de Portugal e a CMVM
Artigo 90.º
Compete ao Banco de Portugal e à CMVM, no âmbito
das respetivas atribuições, a supervisão das entidades finan- Ordens profissionais
ceiras relativamente às quais não exerçam competências 1 — Sem prejuízo do disposto no artigo anterior quanto
exclusivas ao abrigo do disposto nos artigos anteriores, à supervisão dos auditores, cabe às ordens profissionais
designadamente das sociedades financeiras de crédito e verificar e adotar as medidas necessárias para assegurar
das sociedades de investimento reguladas pelo Decreto-Lei o cumprimento, pelos respetivos membros, dos deveres
n.º 260/94, de 22 de outubro. e obrigações previstos na presente lei e nos respetivos
diplomas regulamentares.
DIVISÃO II 2 — Com ressalva das especificidades constantes do
Setor não financeiro regime sancionatório previsto na presente lei, as ordens
profissionais são equiparadas às autoridades setoriais
Artigo 89.º para os efeitos previstos na presente lei, designadamente
no que se refere aos poderes que lhes são conferidos e
Entidades competentes
à necessidade de se dotarem de recursos financeiros,
1 — Sem prejuízo do disposto no artigo 91.º, a verifi- humanos e técnicos adequados para o desempenho de
cação do cumprimento, pelas entidades não financeiras, tais funções.
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4819
2 — Para os efeitos do disposto no número anterior, as tes diplomas regulamentares de aplicação setorial adotem
autoridades setoriais: as medidas ou ações necessárias a sanar ou prevenir tal
incumprimento.
a) Efetuam as inspeções periódicas e pontuais necessá- 2 — Para o efeito, as autoridades setoriais podem, entre
rias à verificação do quadro normativo aplicável; outras, determinar as seguintes medidas:
b) Requerem, de forma espontânea, periódica ou sis-
temática, a prestação das informações e dos demais ele- a) Exigir o reforço dos processos e mecanismos criados
mentos necessários à verificação do quadro normativo para gerir os riscos de branqueamento de capitais e de
aplicável; financiamento do terrorismo;
c) Emitem as determinações, as ordens ou as instru- b) Proibir, limitar ou suspender atividades ou operações,
ções de natureza específica destinadas a fazer cumprir no todo ou em parte;
o quadro normativo aplicável ou a prevenir situações de c) Impor medidas reforçadas relativamente a determi-
incumprimento; nadas operações;
d) Instauram e instruem os respetivos procedimentos d) Impor a comunicação de informação adicional ou
contraordenacionais ou disciplinares e, conforme o caso, intensificar a frequência das comunicações existentes,
aplicam ou propõem a aplicação de sanções. nomeadamente sobre operações efetuadas.
No exercício dos poderes de inspeção referidos na alí- 1 — Sem prejuízo das medidas reforçadas especifica-
nea a) do n.º 2 do artigo anterior, as autoridades setoriais: mente previstas na presente lei, as autoridades setoriais
adotam, na medida do legalmente admissível, as contra-
a) Têm acesso a quaisquer estabelecimentos ou instala- medidas necessárias a:
ções utilizadas, ainda que por terceiros, para o exercício da
respetiva atividade e quaisquer serviços conexos; a) Dar cumprimento a resolução do Conselho de Se-
b) Inspecionam e examinam os elementos de informação gurança das Nações Unidas ou a ato jurídico da União
no local, independentemente do respetivo suporte; Europeia, bem como aos demais atos jurídicos que aprovem
c) Obtêm cópias, extratos ou traslados dos documentos medidas restritivas de âmbito nacional ou supranacional;
que considerem relevantes, independentemente do respe- b) Dar cumprimento às declarações públicas e outras
tivo suporte; solicitações efetuadas pelo GAFI; ou
d) Solicitam a qualquer representante legal ou colabora- c) Fazer face aos riscos de branqueamento de capitais
dor das entidades inspecionadas, ou a quem colabore com e de financiamento do terrorismo emergentes de países
aquelas a qualquer título, quaisquer esclarecimentos sobre terceiros de risco elevado e de outras jurisdições de risco.
factos ou documentos relacionados com o objeto e a fina-
lidade da inspeção e registam as respetivas respostas; 2 — As contramedidas devem ser proporcionais aos
e) Solicitam o auxílio das forças e dos serviços de segu- riscos identificados e não podem colidir com outras con-
rança, quando o julguem necessário para o cabal desem- tramedidas decorrentes dos atos jurídicos referidos na
penho das suas funções. alínea a) do número anterior, quando tenham fundamento
diverso de tais atos.
3 — São exemplos de contramedidas, sem prejuízo de
Artigo 97.º
outras que se mostrem mais adequadas aos riscos concretos
Medidas corretivas identificados:
1 — As autoridades setoriais exigem que as entidades a) Determinar o reforço dos mecanismos de comunica-
obrigadas que não cumpram ou estão em risco de incumprir ção ou de envio de informação existentes, designadamente
as obrigações previstas na presente lei e nos corresponden- através da solicitação de informação adicional;
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4821
b) Determinar, numa base sistemática, a comunicação de c) Identificam e avaliam, numa base permanente, os
operações ou o envio de informação relativamente às mes- riscos de branqueamento de capitais e de financiamento do
mas, independentemente do disposto nos artigos 45.º e 46.º; terrorismo associados às respetivas entidades obrigadas ou,
c) Condicionar o estabelecimento de filiais, sucursais, quando o risco concreto não justifique uma análise indi-
escritórios de representação ou outros estabelecimentos à vidualizada, a um dado conjunto de entidades obrigadas.
observância de requisitos adicionais;
d) Limitar as relações de negócio ou operações com um 3 — Para os efeitos do disposto na alínea c) do número
dado território ou com as pessoas desse território; anterior, as autoridades setoriais:
e) Proibir o recurso a terceiros localizados num dado
território, mesmo quando esse território não seja qualifi- a) Exercem os poderes de verificação do cumprimento
cado como país terceiro de risco elevado; que lhe são conferidos pela presente lei para garantir o
f) Obrigar as entidades financeiras a analisar, alterar ou, acesso a toda a informação relevante sobre os riscos de
se necessário, pôr termo às relações de correspondência branqueamento de capitais e de financiamento do terro-
com entidades de um dado território; rismo a que as respetivas entidades obrigadas se encontram
g) Determinar o reforço dos procedimentos de super- expostas;
visão das sucursais e filiais de entidades com sede num b) Identificam os concretos riscos de branqueamento
dado território; de capitais e de financiamento do terrorismo inerentes
h) Determinar o reforço dos procedimentos de super- à realidade operativa específica das entidades obrigadas
visão do grupo, relativamente às suas sucursais e filiais e, quando aplicável, do grupo em que se inserem, consi-
localizadas num dado território; derando pelo menos os aspetos referidos na alínea a) do
i) Determinar o reforço dos procedimentos de gestão n.º 2 do artigo 14.º;
do risco e de auditoria das entidades que operem num c) Definem e categorizam o perfil de risco de
dado território. branqueamento de capitais e de financiamento do ter-
rorismo das entidades obrigadas, incluindo os riscos de
Artigo 100.º incumprimento da presente lei e dos respetivos diplomas
regulamentares de aplicação setorial;
Entidades equiparadas a entidades obrigadas
d) Reveem, nos seguintes termos, os exercícios de iden-
As autoridades setoriais exercem, relativamente às en- tificação e avaliação já efetuados:
tidades a que se refere o artigo 5.º e na extensão que for i) Numa base periódica, de acordo com os riscos ante-
aplicável, poderes idênticos aos de que dispõem face às riormente identificados;
respetivas entidades obrigadas. ii) Sempre que se verifiquem acontecimentos ou desen-
volvimentos na gestão ou nas atividades das entidades
SECÇÃO III obrigadas que justifiquem uma revisão extraordinária.
Deveres das autoridades setoriais
4 — As autoridades setoriais determinam o tipo, a
Artigo 101.º frequência e a intensidade das ações de supervisão ou
fiscalização, bem como das correspondentes medidas de
Disposição geral verificação do cumprimento, com base no perfil de risco
As autoridades setoriais dão cumprimento aos deveres das respetivas entidades obrigadas e nos riscos relevan-
constantes da presente secção e das demais disposições tes de branqueamento de capitais e de financiamento do
específicas previstas na presente lei. terrorismo de âmbito setorial, nacional ou supranacional.
5 — As autoridades setoriais, na condução da sua ativi-
Artigo 102.º dade de supervisão ou fiscalização baseada no risco, atuam
de harmonia com o princípio da proporcionalidade e têm
Supervisão ou fiscalização baseada no risco em consideração os seguintes aspetos:
1 — As autoridades setoriais fiscalizam ou supervisio- a) A dimensão, a natureza, o nível e a complexidade
nam o disposto na presente lei e nos respetivos diplomas das entidades obrigadas e das atividades por estas pros-
regulamentares de aplicação setorial de acordo com os seguidas;
riscos de branqueamento de capitais e de financiamento b) O grau de discricionariedade atribuído às entidades
do terrorismo existentes. obrigadas na identificação e avaliação dos riscos de bran-
2 — No exercício da sua atividade de supervisão ou queamento de capitais e de financiamento do terrorismo
fiscalização baseada no risco, as autoridades setoriais: a que se encontram expostas;
a) Obtêm a informação necessária a compreender, de c) A adequação dos exercícios de identificação, avalia-
forma clara e em permanência, os riscos de branqueamento ção e mitigação de risco efetuados pelas entidades obriga-
de capitais e de financiamento do terrorismo existentes a das, incluindo a pertinência e o nível de eficácia das suas
nível nacional e supranacional, considerando, pelo menos, políticas, controlos e procedimentos internos em matéria
as avaliações nacionais previstas no artigo 8.º e as fontes de prevenção do branqueamento de capitais e do financia-
referidas no respetivo n.º 4; mento do terrorismo.
b) Identificam e avaliam, numa base permanente, os
riscos de branqueamento de capitais e de financiamento 6 — As autoridades setoriais aprovam, por regulamen-
do terrorismo existentes no contexto dos setores que super- tação própria, os procedimentos internos necessários a
visionam ou fiscalizam, devendo, para o efeito, proceder dar cumprimento ao disposto no presente artigo, dando
a exercícios de avaliação periódicos; conhecimento dos mesmos à Comissão de Coordenação.
4822 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
lei, pode ser revogada, sem prejuízo de outros fundamentos cício de uma atividade comercial, empresarial ou profis-
legalmente previstos, em caso de violação grave ou reiterada sional, por autoridade, ordem profissional ou organismo
das disposições legais ou regulamentares destinadas a prevenir com funções análogas, ou destituição do exercício de um
o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo. cargo por entidade pública;
2 — A revogação da autorização ou habilitação compete d) A proibição, por autoridade judicial, autoridade, ordem
à autoridade que a concedeu. profissional ou organismo com funções análogas, de agir
3 — A decisão de revogação deve ser fundamentada, na qualidade de administrador ou gerente de uma socie-
notificada ao visado e, no caso das instituições de crédito dade civil ou comercial ou de nela desempenhar funções.
e das instituições financeiras, comunicada às respetivas
Autoridades Europeias de Supervisão e autoridades de 6 — No seu juízo valorativo, as entidades competentes
supervisão dos Estados-Membros da União Europeia onde devem ter em consideração, para além das situações enun-
a instituição tenha sucursais, filiais ou preste serviços. ciadas no presente artigo ou de outras de natureza análoga,
4 — A autoridade competente confere à decisão de revo- toda e qualquer circunstância cujo conhecimento lhe seja
gação a publicidade conveniente e toma as providências legalmente acessível e que, pela gravidade, frequência ou
necessárias para o imediato encerramento de todos os quaisquer outras características atendíveis, sejam relevan-
estabelecimentos. tes para a avaliação da idoneidade da pessoa em causa, de
acordo com as características, a complexidade e a dimensão
Artigo 111.º da entidade obrigada.
Avaliação de competência e idoneidade 7 — A verificação de alguma das situações previstas
no presente artigo não tem como efeito necessário a perda
1 — As pessoas que ocupem funções de direção nas de idoneidade para o exercício de funções na entidade
entidades obrigadas, com exceção das mencionadas na obrigada, devendo a sua relevância ser ponderada pela
alínea l) do n.º 1 do artigo 4.º, devem ser consideradas autoridade competente, entre outros fatores, em função da
competentes e idóneas pelas autoridades competentes para atividade desempenhada pela pessoa e do risco que esta
o seu registo, licenciamento ou autorização. representa para a entidade e para o setor, de acordo com as
2 — O disposto no presente artigo é aplicável na medida respetivas características, complexidade e dimensão.
em que tal não resulte dos diplomas setoriais que regulam 8 — As entidades competentes aplicam o disposto nos
o acesso às atividades abrangidas pela presente lei e não números anteriores, com as devidas adaptações, aos benefi-
contrarie o disposto em atos jurídicos da União Europeia ciários efetivos das entidades obrigadas que supervisionam
que regulam essas atividades. ou fiscalizam, podendo determinar a inibição do exercí-
3 — Na avaliação da competência, deve ser solicitado cio dos direitos de voto ou de outros direitos disponíveis
às entidades obrigadas que demonstrem que a pessoa que através dos quais aqueles beneficiários exerçam controlo
pretende ocupar a função de direção possui as competên- sobre a entidade obrigada em causa, pelo tempo necessário
cias e qualificações necessárias ao seu exercício, adquiridas à sanação dos requisitos em falta.
através de habilitação académica ou de formação apropria- 9 — Para os efeitos do disposto no número anterior, as
das ao cargo a exercer e através de experiência profissional autoridades competentes consultam o registo central de
com duração e níveis de responsabilidade que estejam em beneficiários efetivos previsto no artigo 34.º
consonância com as características, a complexidade e a 10 — Sempre que as autoridades competentes conside-
dimensão da entidade obrigada, bem como com os riscos rem, com base no presente artigo, que existe uma situação
associados à atividade por esta desenvolvida. de incompetência ou inidoneidade, justificam de forma
4 — Na avaliação da idoneidade, deve ser tido em con- fundamentada as circunstâncias de facto e de direito em
sideração o modo como a pessoa que pretende ocupar a que baseiam o seu juízo.
função de direção gere habitualmente os negócios, profis- 11 — Caso deixem de estar preenchidos os requisitos de
sionais ou pessoais, ou exerce a profissão, em especial nos competência e idoneidade das pessoas referidas no n.º 1,
aspetos que revelem a sua capacidade para decidir de forma as entidades competentes podem adotar uma ou mais das
ponderada e criteriosa, tomando em consideração todas as seguintes medidas:
circunstâncias que relevem para a atividade desenvolvida,
em face das características, da complexidade e da dimensão a) Fixar um prazo para a adoção das medidas adequadas
da entidade obrigada. ao cumprimento do requisito em falta;
5 — A apreciação da idoneidade deve ser efetuada com b) Suspender a autorização para o exercício das funções
base em critérios de natureza objetiva, e devem ser toma- em causa, pelo período de tempo necessário à sanação da
das em consideração, pelo menos, as seguintes situações, falta dos requisitos identificados;
consoante a sua gravidade: c) Quando aplicável, fixar um prazo para alterações na
distribuição ou composição do órgão social em causa;
a) A condenação, em Portugal ou no estrangeiro, com
d) Revogar a autorização para o exercício das funções
trânsito em julgado, pela prática de crime punível com pena
em causa, quando não sejam adotadas, no prazo fixado,
de prisão superior a seis meses, considerado relevante para
as providências necessárias a assegurar o cumprimento do
o exercício das funções, nomeadamente:
requisito em falta.
i) Crime de branqueamento;
ii) Crime de administração danosa ou corrupção ativa; 12 — No caso dos beneficiários efetivos referidos no
iii) Crimes de falsificação; n.º 8, a falta superveniente dos requisitos previstos no
iv) Crime de tráfico de influência; presente artigo pode determinar a inibição do exercício dos
direitos de voto ou de outros direitos disponíveis através
b) A declaração de insolvência por decisão judicial; dos quais aqueles beneficiários exerçam controlo sobre
c) A recusa, a revogação, o cancelamento ou a cessação a entidade obrigada em causa, pelo tempo necessário à
de registo, autorização, admissão ou licença para o exer- sanação dos requisitos em falta.
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4825
5 — As autoridades setoriais podem recusar a prestação 4 — Ficam sujeitas ao dever de segredo da autoridade
de informação a autoridade requerente que não esteja em de supervisão transmitente todas as autoridades, organis-
condições de assegurar a verificação das salvaguardas a mos e pessoas que participem nas trocas de informações
que se refere o número anterior. referidas no número anterior.
5 — Além da realização de inspeções, averiguações
DIVISÃO II ou quaisquer outras diligências em nome das autoridades
estrangeiras, as autoridades de supervisão das entidades
Cooperação entre autoridades de supervisão
do setor financeiro
financeiras, desde que previamente informadas, permitem
que aquelas realizem averiguações ou inspeções em ter-
Artigo 135.º ritório português.
6 — As autoridades de supervisão das entidades finan-
Dever de cooperação entre autoridades ceiras dão cumprimento ao disposto no n.º 3 do artigo
de supervisão do setor financeiro anterior na medida em que o contrário não resulte das
1 — As autoridades de supervisão das entidades fi- obrigações legais aplicáveis, devendo as autoridades de
nanceiras cooperam com as autoridades estrangeiras que supervisão informar imediatamente a autoridade estran-
prossigam funções análogas em matéria de prevenção do geira que lhes preste informações sobre quaisquer obri-
branqueamento de capitais e do financiamento do ter- gações legais que inviabilizem ou tenham inviabilizado
rorismo, independentemente da natureza ou do estatuto a obtenção de consentimento prévio para a divulgação a
organizacional destas. terceiros da informação prestada.
2 — Sem prejuízo do disposto no n.º 4, as autoridades
de supervisão das entidades financeiras trocam, esponta- SUBSECÇÃO II
neamente ou a pedido, todas as informações relevantes Cooperação entre Unidades de Informação Financeira
para a supervisão destinada à prevenção do branqueamento
de capitais e do financiamento do terrorismo, de acordo Artigo 136.º
com os padrões internacionais aplicáveis e na propor-
Princípios gerais
ção das respetivas necessidades, ainda que tais informa-
ções se encontrem sujeitas a qualquer dever de segredo, 1 — A Unidade de Informação Financeira coopera na
imposto por via legislativa, regulamentar ou contratual, máxima extensão possível com as suas congéneres, inde-
que impenda sobre as entidades financeiras ou sobre as pendentemente da natureza e do estatuto organizacional
autoridades de supervisão. destas.
3 — A informação trocada ao abrigo dos números ante- 2 — Ao desenvolver as suas atividades de cooperação, a
riores abrange toda a informação de que as autoridades Unidade de Informação Financeira observa, em especial:
de supervisão possam dispor ao abrigo da presente lei
e dos demais diplomas que regem a respetiva atividade, a) A carta e os princípios do Grupo de Egmont;
designadamente: b) Os memorandos de entendimento estabelecidos em
conformidade com aqueles princípios;
a) Informação que se encontre na posse ou que respeite c) Os instrumentos da União Europeia relativamente à
às entidades financeiras, incluindo informação sobre: troca de informações.
4832 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
b) Rever a adequação das obrigações legais e regula- b) Pode determinar, atendendo aos riscos existentes
mentares aplicáveis às organizações sem fins lucrativos, e nos termos a definir em regulamento, a aplicação às
em face dos riscos existentes; organizações sem fins lucrativos das demais disposições
c) Identificar as melhores práticas seguidas pelas orga- pertinentes previstas na presente lei;
nizações sem fins lucrativos. c) Pode oficiosamente considerar cumpridos os deveres
previstos no presente artigo ou na regulamentação para que
4 — As autoridades e os demais organismos públicos o mesmo remete, quando a informação prestada a outras
com competências no domínio das organizações sem fins autoridades ou organismos públicos com competências no
lucrativos prestam à Comissão de Coordenação todas as domínio das organizações sem fins lucrativos, ainda que
informações, incluindo as disponíveis em bases de dados para outros fins, seja suficiente para o efeito;
ou registos, relevantes para o cumprimento do disposto d) Acede a toda a informação necessária à verificação
no presente artigo. do cumprimento do presente artigo e da regulamentação
5 — A Comissão de Coordenação presta à ASAE toda para que o mesmo remete, ainda que na posse de outras
a informação elaborada ao abrigo do presente artigo, com autoridades ou organismos públicos com competências no
vista a facilitar a verificação do cumprimento das obrigações domínio das organizações sem fins lucrativos e mesmo
previstas no artigo seguinte e na regulamentação para que que tal informação se encontre sujeita a qualquer dever
o mesmo remete. de segredo, imposto por via legislativa, regulamentar ou
Artigo 146.º contratual.
Deveres das organizações sem fins lucrativos CAPÍTULO XI
1 — As organizações sem fins lucrativos: Medidas de execução do Regulamento (UE) 2015/847
a) Mantêm informação sobre:
Artigo 147.º
i) O objeto e a finalidade das suas atividades;
ii) A identidade dos seus beneficiários efetivos e das Verificação da exatidão das informações
relativas ao ordenante ou ao beneficiário
demais pessoas que controlam ou dirigem tais atividades,
incluindo os respetivos órgãos sociais e as demais pessoas 1 — Para os efeitos do disposto no n.º 5 do artigo 4.º do
responsáveis pela gestão; Regulamento (UE) 2015/847, considera-se que foi efetuada
a verificação prevista no n.º 4 daquele artigo se:
b) Promovem procedimentos adequados para garantir a
idoneidade dos seus órgãos sociais e das demais pessoas a) A identidade do ordenante tiver sido verificada ou
responsáveis pela respetiva gestão; atualizada nos termos das subsecções I e IV da secção III
c) Registam as transações nacionais e internacionais do capítulo IV da presente lei;
por si efetuadas; b) As informações obtidas forem objeto de conservação
d) Adotam procedimentos baseados no risco para asse- nos termos do disposto no artigo 51.º da presente lei.
gurar que as atividades concretamente desenvolvidas e o
modo de utilização dos fundos se enquadram no objeto e 2 — Para os efeitos do disposto no n.º 5 do artigo 7.º do
na finalidade da organização; Regulamento (UE) 2015/847, considera-se que foi efetuada
e) Obtêm e comprovam informação sobre a identidade a verificação prevista nos n.os 3 e 4 daquele artigo se:
das pessoas ou entidades que lhes entreguem ou delas a) A identidade do beneficiário tiver sido verificada ou
recebam fundos a título gratuito, sempre que as doações atualizada nos termos das subsecções I e IV da secção III
sejam de valor igual ou superior a € 100; do capítulo IV da presente lei;
f) Adotam procedimentos para assegurar o conheci- b) As informações obtidas forem objeto de conservação
mento das suas contrapartes, designadamente no que se nos termos do disposto no artigo 51.º da presente lei.
refere à identidade, experiência profissional e reputação
dos responsáveis pela respetiva gestão; Artigo 148.º
g) Informam de imediato o DCIAP e a Unidade de
Informação Financeira de quaisquer suspeitas de que certos Procedimentos baseados no risco
fundos podem provir de atividades criminosas ou estar rela- Os prestadores de serviços de pagamento do beneficiá-
cionados com o financiamento do terrorismo, guardando rio, na aplicação dos procedimentos baseados nos riscos
segredo quanto às comunicações realizadas e à identidade a que se refere a primeira parte do n.º 1 do artigo 8.º do
de quem as efetuou; Regulamento (UE) 2015/847, têm em conta os procedimen-
h) Conservam, pelo prazo de 10 anos, os elementos que tos adotados em cumprimento do disposto no artigo 28.º
comprovam o cumprimento do disposto no presente artigo da presente lei.
e na regulamentação para que o mesmo remete;
i) Prestam a colaboração que lhes for requerida pelo Artigo 149.º
DCIAP e pela Unidade de Informação Financeira, bem Comunicações sobre omissão de informação e adoção de medidas
como pelas demais autoridades judiciárias e policiais e pela
ASAE, incluindo a disponibilização dos elementos rele- Sem prejuízo do disposto no artigo seguinte, as comu-
vantes para aferir o cumprimento do disposto no presente nicações previstas na segunda parte do n.º 2 dos artigos 8.º
artigo e na regulamentação para que o mesmo remete; e 12.º do Regulamento (UE) 2015/847, são dirigidas ao
Banco de Portugal e, caso existam, a outras autoridades
2 — A ASAE: com competência para fiscalizar o cumprimento das dis-
posições em matéria de combate ao branqueamento de
a) Adota os regulamentos necessários para assegurar o capitais e ao financiamento do terrorismo, por parte dos
cumprimento do disposto no número anterior; prestadores de serviços de pagamento em causa.
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4835
seja feito em numerário e exceda os limites previstos nos ção, o tratamento e o arquivo das comunicações internas
n.os 1 e 3 do artigo 63.º-E da Lei Geral Tributária, em vio- de irregularidades, em violação do disposto nos n.os 1 a 4
lação do disposto no artigo 10.º da presente lei e nas cor- do artigo 20.º e nas correspondentes disposições regula-
respondentes disposições regulamentares; mentares;
b) A não adoção das medidas adequadas para prevenir n) A realização de ameaças, de atos hostis, de práticas
o envolvimento das entidades obrigadas em operações de laborais desfavoráveis ou discriminatórias ou a promoção
branqueamento de capitais ou de financiamento do terro- de procedimento contra quem efetue comunicações de irre-
rismo, em violação do disposto no n.º 3 do artigo 11.º e gularidades, em violação do disposto no n.º 6 do artigo 20.º
nas correspondentes disposições regulamentares; e nas correspondentes disposições regulamentares;
c) A ausência de definição ou aplicação efetiva de polí- o) A ausência, inadequação ou incompletude da aplica-
ticas e procedimentos internos de controlo adequados e ção dos meios e mecanismos necessários para assegurar
atualizados, em violação do disposto no artigo 12.º e nas o cumprimento das medidas restritivas de congelamento
correspondentes disposições regulamentares; de bens e recursos económicos, em violação do disposto
d) O incumprimento dos deveres do órgão de adminis- no artigo 21.º e nas correspondentes disposições regula-
tração previstos nos n.os 2 e 3 do artigo 13.º e nas corres- mentares;
pondentes disposições regulamentares; p) A ausência, inadequação ou incompletude da aplica-
e) A ausência, inadequação ou incompletude da identifi- ção de políticas, procedimentos e controlos e da partilha de
cação, avaliação e mitigação dos riscos concretos de bran- informação relevante para a prevenção e combate ao bran-
queamento de capitais e de financiamento do terrorismo queamento de capitais e ao financiamento do terrorismo,
ou da atualização periódica dessas práticas de gestão de em violação do disposto nos n.os 1 a 5 do artigo 22.º e nas
risco, em violação do disposto nos n.os 1, 2 e alíneas a) e b) correspondentes disposições regulamentares;
do n.º 3 do artigo 14.º e nas correspondentes disposições q) A ausência, inadequação ou incompletude da aplica-
regulamentares; ção das disposições nacionais de prevenção e combate ao
f) A não elaboração de documento ou registo escrito que branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo
evidencie as práticas de gestão do risco de branqueamento quando o país de acolhimento das sucursais, filiais partici-
de capitais e de financiamento do terrorismo, incluindo padas maioritariamente e outras entidades sob o controlo
as análises de risco de novos produtos, práticas ou tecno- das entidades obrigadas preveja requisitos menos rigoro-
logias, em violação do disposto na alínea c) do n.º 3 do sos neste domínio, em violação do disposto no n.º 6 do
artigo 14.º, no n.º 3 do artigo 15.º e nas correspondentes artigo 22.º e nas correspondentes disposições regulamentares;
disposições regulamentares; r) O incumprimento dos deveres de adoção de medidas
g) O incumprimento dos deveres prévios ao lançamento adicionais para controlar eficazmente o risco de branquea-
de novos produtos, práticas ou tecnologias, em violação mento de capitais ou de financiamento do terrorismo e de
do disposto no n.º 2 do artigo 15.º e nas correspondentes comunicação imediata às autoridades setoriais previstos
disposições regulamentares; nas alíneas a) e b) do n.º 7 do artigo 22.º e nas correspon-
h) A ausência de designação de um responsável pelo dentes disposições regulamentares;
cumprimento normativo ou de um elemento equiparado, s) O incumprimento dos procedimentos de identificação
em violação do disposto nos n.os 1 e 7 do artigo 16.º e nas e de diligência previstos nos artigos 23.º a 27.º, 76.º, 77.º
correspondentes disposições regulamentares; e 79.º e nas correspondentes disposições regulamentares;
i) O incumprimento das disposições atinentes ao exer- t) A não adequação da natureza e da extensão dos proce-
cício de funções do responsável pelo cumprimento nor- dimentos de verificação da identidade e dos procedimentos
mativo ou do elemento equiparado constantes dos n.os 2 de diligência ao grau de risco, bem como a ausência de
a 6 e 8 do artigo 16.º e das correspondentes disposições demonstração de tal adequação perante as autoridades
regulamentares; setoriais, em violação do disposto no artigo 28.º e nas
j) A ausência, inadequação ou incompletude da moni- correspondentes disposições regulamentares;
torização das políticas, procedimentos e controlos ou das u) O incumprimento dos deveres sobre conhecimento dos
medidas corretivas destinadas a remover deficiências dete- beneficiários efetivos, aferição da qualidade de beneficiário
tadas, em violação do disposto nos n.os 1 a 3 do artigo 17.º efetivo e compreensão da estrutura de propriedade e con-
e nas correspondentes disposições regulamentares; trolo, identificação de beneficiários efetivos e consulta ao
k) A ausência, inadequação ou incompletude dos pro- registo central de beneficiários efetivos previstos nos n.os 1
cedimentos ou dos sistemas de informação necessários à a 4 e 6 do artigo 29.º, nos artigos 31.º e 32.º, nos n.os 2 e 3 do
gestão eficaz do risco de branqueamento de capitais e de artigo 34.º e nas correspondentes disposições regulamentares;
financiamento do terrorismo e ao cumprimento do quadro v) A aplicação de medidas simplificadas de identificação
normativo aplicável, em violação do disposto no artigo 18.º e diligência, em violação do disposto no artigo 35.º e nas
e nas correspondentes disposições regulamentares; correspondentes disposições regulamentares;
l) A ausência, inadequação ou incompletude dos pro- w) A ausência, inadequação ou incompletude da aplica-
cedimentos, sistemas de informação e mecanismos que ção de medidas reforçadas de identificação e diligência, em
permitam, atempadamente, aferir ou detetar as qualidades violação do disposto no artigo 36.º e nas correspondentes
de «pessoa politicamente exposta», «membro próximo da disposições regulamentares;
família», «pessoa reconhecida como estreitamente asso- x) A ausência, inadequação ou incompletude da aplica-
ciada» e «titular de outro cargo político ou público» e ção de medidas reforçadas no âmbito do relacionamento
identificar o inerente grau de risco, em violação do dis- estabelecido com pessoas singulares ou coletivas ou cen-
posto no artigo 19.º e nas correspondentes disposições tros de interesses coletivos sem personalidade jurídica
regulamentares; estabelecidos em países terceiros de risco elevado, em
m) A não criação de canais específicos, independentes violação do disposto no artigo 37.º e nas correspondentes
e anónimos que, de forma adequada, assegurem a rece- disposições regulamentares;
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4839
y) A não adoção, no âmbito da contratação à distân- ll) O incumprimento dos deveres sobre recusa de exe-
cia, dos procedimentos de comprovação e das medidas cução de operações, de estabelecimento de relações de
reforçadas previstos no artigo 38.º e nas correspondentes negócio ou de realização de transações ocasionais previstos
disposições regulamentares; nos n.os 1 a 3 do artigo 50.º e nas correspondentes disposi-
z) O incumprimento dos deveres relacionados com pes- ções regulamentares;
soas politicamente expostas e titulares de outros cargos mm) A não elaboração de documento ou registo escrito
políticos ou públicos previstos no artigo 39.º e nas cor- que evidencie as análises, decisões e consultas relacio-
respondentes disposições regulamentares; nadas com o exercício do dever de recusa, em violação
aa) O incumprimento dos procedimentos de atualização do disposto no n.º 4 do artigo 50.º e nas correspondentes
previstos no artigo 40.º e nas correspondentes disposições disposições regulamentares;
regulamentares; nn) A restituição dos fundos ou de outros bens confiados
bb) O incumprimento dos deveres sobre execução do às entidades obrigadas, em violação do disposto nas dis-
dever de identificação e diligência por entidades terceiras posições regulamentares previstas no n.º 6 do artigo 50.º;
previstos nos artigos 41.º e 42.º e nas correspondentes oo) A não conservação dos documentos, registos, dados
disposições regulamentares; eletrónicos e outros elementos, ou a sua conservação de
cc) A ausência de comunicação imediata, ao DCIAP forma inadequada ou incompleta, em violação do disposto
e à Unidade de Informação Financeira, das suspeitas de nos n.os 1 a 3 do artigo 51.º e nas correspondentes disposi-
que os fundos ou outros bens provêm de atividades cri- ções regulamentares;
minosas ou estão relacionados com o financiamento do pp) O incumprimento do dever de examinar com espe-
terrorismo, ou a sua comunicação de forma inadequada cial cuidado e atenção as condutas, atividades ou operações
ou incompleta, em violação do disposto nos n.os 1 e 2 do cujos elementos caracterizadores as tornem suscetíveis de
artigo 43.º, no artigo 44.º e nas correspondentes disposi- poderem estar relacionadas com fundos ou outros bens
ções regulamentares; que provenham de atividades criminosas ou com o finan-
dd) A ausência de comunicação, ao DCIAP e à Unidade ciamento do terrorismo, em violação do disposto no n.º 1
de Informação Financeira, de tipologias de operações, em do artigo 52.º e nas correspondentes disposições regula-
violação do disposto no n.º 1 do artigo 45.º e nas corres- mentares;
pondentes disposições regulamentares; qq) A não elaboração de documento ou registo escrito
ee) A ausência de comunicação de atividades imobi- justificativo da não comunicação às autoridades de ope-
liárias, ou a sua comunicação de forma inadequada ou rações examinadas, em violação do disposto no n.º 4 do
incompleta, em violação do disposto no artigo 46.º e nas artigo 52.º e nas correspondentes disposições regulamen-
tares;
correspondentes disposições regulamentares;
rr) A ausência, inadequação ou incompletude da presta-
ff) O incumprimento do dever de abstenção de execu-
ção de colaboração ao DCIAP, à Unidade de Informação
ção de operações suspeitas de poderem estar associadas a
Financeira, às demais autoridades judiciárias e policiais
fundos ou outros bens provenientes ou relacionados com a
ou às autoridades setoriais, em violação do disposto no
prática de atividades criminosas ou com o financiamento do artigo 53.º e nas correspondentes disposições regulamen-
terrorismo, em violação do disposto no n.º 1 do artigo 47.º tares;
e nas correspondentes disposições regulamentares; ss) A divulgação, aos clientes ou a terceiros, de comuni-
gg) A ausência de comunicação imediata, ao DCIAP e cações, informações ou análises, em violação do disposto
à Unidade de Informação Financeira, da abstenção de exe- no n.º 1 do artigo 54.º e nas correspondentes disposições
cução de operações suspeitas ou, no caso de esta abstenção regulamentares;
não ser possível ou ser suscetível de prejudicar a preven- tt) A realização de quaisquer diligências que possam
ção ou a investigação do branqueamento de capitais, de suscitar a suspeição de que estão em curso procedimentos
atividades criminosas ou do financiamento do terrorismo, de averiguação relacionados com o branqueamento de
a ausência de comunicação imediata às mesmas entidades capitais ou o financiamento do terrorismo, em violação
das informações respeitantes às operações executadas, do disposto no n.º 5 do artigo 54.º e nas correspondentes
em violação do disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 47.º e nas disposições regulamentares;
correspondentes disposições regulamentares; uu) O incumprimento do dever de comunicação após
hh) A execução de operações subsequente ao exercício a abstenção de realização de diligências junto de clientes
do dever de abstenção, em violação do disposto no n.º 5 relacionados com a execução de operações potencialmente
do artigo 47.º e nas correspondentes disposições regula- suspeitas, em violação do disposto no n.º 6 do artigo 54.º
mentares; e nas correspondentes disposições regulamentares;
ii) A não elaboração de documento ou registo escrito vv) O incumprimento dos deveres decorrentes do dever
justificativo do incumprimento do dever de abstenção, em de formação previstos nos artigos 55.º e 75.º e nas corres-
violação do disposto no n.º 6 do artigo 47.º e nas corres- pondentes disposições regulamentares;
pondentes disposições regulamentares; ww) A realização de ameaças, de atos hostis, de práticas
jj) O incumprimento da decisão de suspensão temporária laborais desfavoráveis ou discriminatórias ou a promoção
de operações, em violação do disposto no artigo 48.º e nas de procedimento contra quem efetue denúncias às auto-
correspondentes disposições regulamentares; ridades setoriais, em violação do disposto nos n.os 4 e 5
kk) O incumprimento das decisões judiciais que confir- do artigo 108.º e nas correspondentes disposições regu-
mem a suspensão temporária de operações e das decisões lamentares;
judiciais que determinem o congelamento dos fundos, xx) A ausência, inadequação ou incompletude dos pro-
valores ou bens objeto da medida de suspensão aplicada, cedimentos destinados a preservar a confidencialidade da
em violação do disposto nos n.os 1, 2 e 6 do artigo 49.º e identidade dos colaboradores que disponibilizem infor-
nas correspondentes disposições regulamentares; mações, documentos e outros elementos, em violação do
4840 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
disposto no n.º 6 do artigo 56.º e nas correspondentes dis- atuem como respondentes, no quadro de quaisquer rela-
posições regulamentares; ções de correspondência transfronteiriças, em violação do
yy) O tratamento de dados pessoais para fins distin- disposto no artigo 71.º e nas correspondentes disposições
tos da prevenção do branqueamento de capitais ou do regulamentares;
financiamento do terrorismo, em violação do disposto jjj) O incumprimento dos deveres previstos no n.º 2
no n.º 2 do artigo 57.º e nas correspondentes disposições do artigo 72.º e nas correspondentes disposições regula-
regulamentares; mentares, pelas instituições de pagamento e instituições
zz) A não adoção de medidas de segurança para a efetiva de moeda eletrónica que atuem em Portugal através de
proteção da informação e dos dados pessoais tratados, a não agentes ou distribuidores;
disponibilização aos novos clientes de informações sobre kkk) A ausência, inadequação ou incompletude da pres-
tratamento de dados pessoais e a não eliminação de dados tação de informações pelas entidades financeiras autoriza-
pessoais tratados, em violação do disposto no artigo 59.º e das a atuar em Portugal em regime de livre de prestação
nas correspondentes disposições regulamentares; de serviços, em violação do disposto na alínea b) do n.º 1
aaa) O incumprimento dos deveres preventivos do bran- do artigo 73.º e nas correspondentes disposições regula-
queamento de capitais e do financiamento do terrorismo mentares;
relativamente às operações e respetivas contrapartes que lll) A ausência, inadequação ou incompletude dos
as entidades financeiras efetuem por conta própria e por mecanismos necessários à verificação da identidade de
conta de terceiros que não revistam a qualidade de cliente jogadores, em violação do disposto no artigo 78.º e nas
e, por conta própria ou não, entre a entidade financeira e correspondentes disposições regulamentares;
quaisquer outras entidades que integrem o mesmo grupo, mmm) A ausência, inadequação ou incompletude da
fora do âmbito de uma relação de clientela, em violação do prestação de colaboração pelos agentes ou distribuidores
disposto no artigo 63.º e nas correspondentes disposições de instituições de pagamento ou de instituições de moeda
regulamentares; eletrónica com sede noutro Estado membro da União Euro-
bbb) A abertura, manutenção ou existência de cader- peia, em violação do disposto no n.º 3 do artigo 107.º e nas
netas ou contas anónimas, a utilização de denominações correspondentes disposições regulamentares;
ou nomes fictícios ou a emissão ou utilização de moeda nnn) A realização de ameaças, de atos hostis, de práticas
eletrónica anónima, em violação do disposto no artigo 64.º laborais desfavoráveis ou discriminatórias ou a promoção
e nas correspondentes disposições regulamentares; de procedimento contra quem efetue denúncias às auto-
ccc) A permissão de realização de operações sobre uma ridades setoriais, em violação do disposto nos n.os 4 e 5
conta, pelo cliente ou em nome deste, a disponibilização de do artigo 108.º e nas correspondentes disposições regu-
instrumentos de pagamento sobre a mesma ou a realização lamentares;
de alterações na sua titularidade, enquanto não se mostrar ooo) A não disponibilização atempada, à autoridade
verificada a identidade do cliente e do beneficiário efetivo, setorial competente, da informação necessária à atualiza-
em violação do disposto no artigo 65.º e nas correspon- ção do registo de prestadores de serviços a sociedades, a
dentes disposições regulamentares; outras pessoas coletivas ou a centros de interesses coletivos
ddd) O estabelecimento ou manutenção de relações de sem personalidade jurídica, em violação do disposto no
correspondência com bancos de fachada ou com entidades artigo 112.º e nas correspondentes disposições regula-
financeiras que reconhecidamente permitam que as suas mentares;
contas sejam utilizadas por bancos de fachada, em violação ppp) O não retorno de informação à Unidade de Infor-
do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 66.º e nas correspon- mação Financeira, em violação do disposto no n.º 2 do
dentes disposições regulamentares; artigo 114.º e nas correspondentes disposições regula-
eee) A não cessação imediata de relações de correspon- mentares;
dência com bancos de fachada ou com entidades financeiras qqq) O incumprimento dos deveres de registo pelas
que reconhecidamente permitam que as suas contas sejam entidades gestoras de plataformas de financiamento colabo-
utilizadas por bancos de fachada e a não comunicação rativo por empréstimo e de capital, em violação do disposto
imediata à autoridade setorial, em violação do disposto no n.º 1 do artigo 144.º e nas correspondentes disposições
no n.º 3 do artigo 66.º e nas correspondentes disposições regulamentares;
regulamentares; rrr) O incumprimento dos deveres de registo pelas enti-
fff) A não adoção de medidas normais de natureza com- dades gestoras de plataformas de financiamento colabora-
plementar no âmbito de contratos de seguros do ramo Vida, tivo de donativo ou recompensa, em violação do disposto
em violação do disposto no artigo 68.º e nas correspon- no n.º 2 do artigo 144.º e nas correspondentes disposições
dentes disposições regulamentares; regulamentares;
ggg) A ausência, inadequação ou incompletude da sss) A não conservação, pelas entidades gestoras de
aplicação de medidas reforçadas no âmbito de contratos plataformas de financiamento colaborativo, dos elementos
de seguros do ramo Vida, em violação do disposto no de informação e do respetivo suporte demonstrativo, ou
artigo 69.º e nas correspondentes disposições regulamen- a sua conservação de forma inadequada ou incompleta,
tares; em violação do disposto no n.º 3 do artigo 144.º e nas
hhh) A ausência, inadequação ou incompletude da apli- correspondentes disposições regulamentares;
cação de medidas reforçadas quando as entidades finan- ttt) O incumprimento, pelas organizações sem fins lucra-
ceiras atuem como correspondentes, no quadro de relações tivos, dos deveres previstos no n.º 1 do artigo 146.º e nas
transfronteiriças de correspondência com respondentes de correspondentes disposições regulamentares;
países terceiros, em violação do disposto no artigo 70.º e uuu) A não redução a escrito, a não conservação ade-
nas correspondentes disposições regulamentares; quada e completa ou a não disponibilização permanente
iii) A ausência, inadequação ou incompletude da aplica- dos documentos, registos e outros elementos previstos
ção de medidas reforçadas quando as entidades financeiras no n.º 4 do artigo 12.º, no n.º 4 do artigo 14.º, no n.º 4 do
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4841
artigo 17.º, no n.º 5 do artigo 20.º, no n.º 5 do artigo 29.º, Regulamento (UE) 2015/847, e nas correspondentes dis-
no n.º 3 do artigo 43.º, no n.º 2 do artigo 45.º, no n.º 7 do posições regulamentares;
artigo 47.º, no n.º 5 do artigo 50.º, no n.º 5 do artigo 52.º ffff) A não aplicação, pelos prestadores de serviços de
e no n.º 5 do artigo 55.º, bem como nas correspondentes pagamento, de procedimentos baseados no risco, em vio-
disposições regulamentares; lação do disposto na primeira parte do n.º 1 do artigo 12.º
vvv) O incumprimento, pelos prestadores de serviços de do Regulamento (UE) 2015/847, e nas correspondentes
pagamento, dos deveres previstos nos artigos 4.º, 5.º e 6.º disposições regulamentares;
do Regulamento (UE) 2015/847, com as especificações gggg) A ausência, inadequação ou incompletude da
constantes do n.º 1 do artigo 147.º da presente lei, e nas prestação de colaboração, pelos prestadores de serviços de
correspondentes disposições regulamentares; pagamento, ao DCIAP, à Unidade de Informação Finan-
www) O incumprimento, pelos prestadores de serviços ceira, às demais autoridades judiciárias e policiais ou às
de pagamento, dos deveres previstos no artigo 7.º do Regu- autoridades setoriais, em violação do disposto no artigo 14.º
lamento (UE) 2015/847, com as especificações constantes do Regulamento (UE) 2015/847, e com as especificações
do n.º 2 do artigo 147.º da presente lei, e nas correspon- constantes da alínea a) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 151.º
dentes disposições regulamentares; da presente lei, e nas correspondentes disposições regu-
xxx) A não aplicação, pelos prestadores de serviços de lamentares;
pagamento, de procedimentos baseados no risco, em vio- hhhh) O incumprimento, pelos prestadores de serviços
lação do disposto na primeira parte do n.º 1 do artigo 8.º de pagamento, dos deveres previstos no artigo 54.º, em
do Regulamento (UE) 2015/847, com as especificações violação do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 151.º
constantes do artigo 148.º da presente lei, e nas corres- da presente lei e nas correspondentes disposições regula-
pondentes disposições regulamentares; mentares;
yyy) A não rejeição de transferências ou a não solici- iiii) O incumprimento, pelos prestadores de serviços de
tação de informações sobre o ordenante e o beneficiário, pagamento, dos deveres sobre proteção de dados pessoais,
pelos prestadores de serviços de pagamento, em violação em violação do disposto no artigo 15.º do Regulamento
do disposto na segunda parte do n.º 1 dos artigos 8.º e (UE) 2015/847, com as especificações constantes do
12.º do Regulamento (UE) 2015/847, nas correspondentes artigo 152.º da presente lei, e nas correspondentes dispo-
disposições regulamentares; sições regulamentares;
zzz) A não adoção de medidas, pelos prestadores de jjjj) O incumprimento, pelos prestadores de serviços de
serviços de pagamento, nos casos de não prestação reite- pagamento, dos deveres sobre conservação da informação,
rada de informações sobre o ordenante ou o beneficiário, em violação do disposto no artigo 16.º do Regulamento
em violação do disposto na primeira parte do n.º 2 dos (UE) 2015/847, com as especificações constantes do
artigos 8.º e 12.º do Regulamento (UE) 2015/847, e nas artigo 153.º da presente lei, e nas correspondentes dispo-
correspondentes disposições regulamentares; sições regulamentares;
aaaa) A não comunicação à autoridade competente, kkkk) A não instituição, pelos prestadores de serviços
pelos prestadores de serviços de pagamento, das omissões de pagamento, de procedimentos internos adequados que
de informação e das medidas adotadas, em violação do permitam aos funcionários ou pessoas equiparadas comu-
disposto na segunda parte do n.º 2 dos artigos 8.º e 12.º nicar infrações cometidas a nível interno, em violação
do Regulamento (UE) 2015/847, com as especificações do disposto no n.º 2 do artigo 21.º do Regulamento (UE)
constantes do artigo 149.º da presente lei, e nas corres- 2015/847, com as especificações constantes do artigo 156.º
pondentes disposições regulamentares; da presente lei, e nas correspondentes disposições regu-
bbbb) A ausência de ponderação, pelos prestadores de lamentares;
serviços de pagamento, do caráter omisso ou incompleto llll) A violação de normas constantes dos diplomas
das informações sobre os ordenantes ou os beneficiários, regulamentares, emitidos no exercício das competências
em violação do disposto nos artigos 9.º e 13.º do Regula- a que se referem o artigo 94.º e o n.º 3 do artigo 154.º, não
mento (UE) 2015/847, com as especificações constantes previstas nas alíneas anteriores;
das alíneas a) e b) do artigo 150.º da presente lei, e nas mmmm) A prática ou omissão de atos suscetíveis de
correspondentes disposições regulamentares; impedir ou dificultar o exercício da atividade inspetiva
cccc) A ausência de comunicação, pelos prestadores de das autoridades setoriais;
serviços de pagamento, de operações suspeitas, em viola- nnnn) A não prestação de informações e outros ele-
ção do disposto nos artigos 9.º e 13.º do Regulamento (UE) mentos requeridos pelas autoridades setoriais nos prazos
2015/847, com as especificações constantes da alínea c) estabelecidos ou a sua prestação de forma incompleta;
do artigo 150.º da presente lei, e nas correspondentes dis- oooo) A prestação às autoridades setoriais de informa-
posições regulamentares; ções falsas ou de informações incompletas suscetíveis de
dddd) A ausência de conservação, pelos prestadores de induzir a conclusões erróneas de efeito idêntico ou seme-
serviços de pagamento, das informações sobre os ordenan- lhante ao que teriam informações falsas sobre o mesmo
tes e os beneficiários juntamente com as transferências, objeto;
em violação do disposto no artigo 10.º do Regulamento pppp) A desobediência ilegítima a determinações das
(UE) 2015/847, e nas correspondentes disposições regu- autoridades setoriais, ditadas especificamente, nos termos
lamentares; da lei, para o caso individual considerado;
eeee) A não aplicação, pelos prestadores de serviços de qqqq) O incumprimento de contramedidas adotadas
pagamento, de procedimentos eficazes para a análise dos pelas autoridades setoriais;
campos de informação sobre os ordenantes e os benefi- rrrr) O incumprimento das decisões das autoridades
ciários e para a deteção da omissão de informação sobre setoriais que, nos termos da presente lei, determinem o
os mesmos, em violação do disposto no artigo 11.º do encerramento de estabelecimentos.
4842 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
ii) No caso das contraordenações praticadas pelas enti- 2 — A adoção de qualquer das medidas referidas no
dades referidas na subalínea i) da alínea b) do artigo 5.º; número anterior deve respeitar os princípios da necessi-
dade, adequação e proporcionalidade, sendo precedida
d) À Inspeção-Geral de Finanças, no caso das contra- de audição do agente da prática ilícita, exceto quando a
ordenações praticadas pela entidade financeira referida na aplicação da medida cautelar se revelar urgente ou quando
alínea b) do n.º 3 do artigo 3.º; aquela diligência puder comprometer a execução ou a
e) Ao Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos do utilidade da decisão.
Turismo de Portugal, I. P., quanto à competência instrutó- 3 — As medidas previstas no n.º 1 vigoram, consoante
ria, e à Comissão de Jogos do Turismo de Portugal, I. P., os casos:
quanto à competência decisória, no caso das contraorde-
a) No prazo estipulado pela entidade com competência
nações praticadas pelas entidades não financeiras referidas
decisória do procedimento contraordenacional;
nas alíneas a) e c) do n.º 1 do artigo 4.º;
b) Até à sua revogação pela entidade com competên-
f) À Inspeção-Geral do Ministério do Trabalho, Soli-
cia decisória do procedimento contraordenacional ou por
dariedade e da Segurança Social quanto à competência
decisão judicial;
instrutória, e ao membro do Governo responsável pelo
c) Até ao início do cumprimento de sanção acessória
Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social, quanto
de efeito equivalente.
à competência decisória, no caso das contraordenações
praticadas pelas entidades não financeiras referidas na
4 — As medidas previstas nas alíneas c) e d) do n.º 1
alínea b) do n.º 1 do artigo 4.º;
podem ser objeto de publicação.
g) Ao IMPIC, I. P., no caso das contraordenações prati-
5 — Quando, nos termos da alínea c) do n.º 1, seja deter-
cadas pelas entidades não financeiras referidas na alínea d)
minada a suspensão total das atividades ou das funções
do n.º 1 do artigo 4.º;
exercidas pelo agente da prática ilícita e este venha a ser
h) À ASAE:
condenado, no mesmo processo, em sanção acessória que
i) No caso das contraordenações praticadas pelas de- consista em interdição ou inibição do exercício das mes-
mais entidades não financeiras referidas no artigo 4.º, com mas atividades ou funções, é descontado no cumprimento
exceção dos contabilistas certificados, dos advogados, dos da sanção acessória o tempo de duração da suspensão
solicitadores e dos notários; preventiva.
ii) No caso das contraordenações praticadas pelas enti-
dades referidas nas subalíneas ii) e iii) da alínea b) do Artigo 175.º
artigo 5.º
Suspensão da execução da sanção
2 — As competências instrutória e decisória dos pro- 1 — As autoridades setoriais podem suspender, total
cedimentos instaurados pela prática da contraordenação ou parcialmente, a execução das sanções que apliquem,
prevista na alínea ee) do artigo 169.º cabem sempre ao sempre que concluam que, dessa forma, são ainda reali-
IMPIC, I. P., qualquer que seja a natureza da entidade zadas de modo adequado e suficiente as finalidades de
infratora. prevenção.
2 — A suspensão pode ficar condicionada ao cumpri-
Artigo 174.º mento de certas obrigações, designadamente as considera-
das necessárias para a regularização de situações ilegais, a
Medidas cautelares
reparação de danos ou a prevenção de perigos.
1 — Quando se revele necessário à salvaguarda da efi- 3 — O tempo de suspensão é fixado entre dois e cinco
caz averiguação ou instrução do processo de contraordena- anos, contando-se o seu início a partir da data em que a
ção, do sistema financeiro ou dos direitos dos interessados, decisão condenatória se torne definitiva ou transite em
a entidade com competência decisória do procedimento julgado.
contraordenacional pode: 4 — A suspensão não abrange as custas.
5 — Decorrido o tempo de suspensão sem que o agente
a) Determinar a imposição de condições ao exercício
tenha praticado qualquer ilícito criminal ou de mera orde-
da atividade pelo agente da prática ilícita, designadamente
nação social para cujo processamento seja competente a
o cumprimento de especiais deveres de informação ou de
mesma autoridade setorial, e sem que tenha violado as obri-
determinadas regras técnicas;
gações que lhe hajam sido impostas, considera-se extinta
b) Determinar a exigência de pedido de autorização
a sanção cuja execução tinha sido suspensa, procedendo-
prévia à autoridade setorial competente para a prática de
-se, no caso contrário, à sua execução, quando se revele
determinados atos;
que as finalidades que estavam na base da suspensão não
c) Determinar a suspensão preventiva do exercício de
puderam, por meio dela, ser alcançadas.
determinada atividade, função ou cargo pelo agente da
prática ilícita;
Artigo 176.º
d) Determinar o encerramento preventivo, no todo ou
em parte, de estabelecimento onde tenha lugar a prática Destino das coimas e do benefício económico
ilícita;
Independentemente da fase em que se torne definitiva ou
e) Determinar a suspensão preventiva da autorização
transite em julgado a decisão condenatória, o produto das
concedida para o exercício da atividade ou da profissão a
coimas e do benefício económico apreendido em processo
que a contraordenação respeita;
de contraordenação reverte:
f) Determinar a apreensão de objetos que tenham ser-
vido ou estivessem destinados a servir para a prática de a) Integralmente para o Fundo de Garantia de Depó-
uma infração. sitos, no caso de montantes relacionados com processos
4844 Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017
de contraordenação em que a entidade com competência de dados pessoais poderiam ser desproporcionadas face
instrutória seja o Banco de Portugal; à gravidade da infração, pôr em causa a estabilidade dos
b) Integralmente para o Sistema de Indemnização aos mercados financeiros, comprometer uma investigação em
Investidores, no caso de montantes relacionados com pro- curso ou causar danos desproporcionados às instituições
cessos de contraordenação em que a entidade com com- ou pessoas singulares em causa, a autoridade setorial deve:
petência instrutória seja a CMVM;
c) Em 60 % para o Estado e em 40 % para a respetiva a) Divulgar a decisão em regime de anonimato, apenas
autoridade setorial, no caso de montantes relacionados com completando a publicação com os dados pessoais quando
processos de contraordenação em que a entidade com com- deixarem de se verificar os motivos para a não divulgação
petência instrutória seja o Serviço de Regulação e Inspeção dos mesmos;
de Jogos do Turismo de Portugal, I. P., a Inspeção-Geral b) Adiar a divulgação da decisão até ao momento em
do Ministério do Trabalho, Solidariedade e da Segurança que deixem de se verificar os motivos para a não divul-
Social, o IMPIC, I. P., ou a ASAE; gação da mesma;
d) Integralmente para a respetiva autoridade setorial, c) Cancelar a divulgação da decisão, quando as soluções
nos demais casos. previstas nas alíneas anteriores se revelarem insuficientes
para garantir a proporcionalidade da medida de divulgação
Artigo 177.º face à gravidade da infração, bem como a estabilidade dos
mercados financeiros.
Responsabilidade pelo pagamento
1 — Quando as infrações forem também imputáveis 5 — Sem prejuízo da eventual aplicação de um prazo
às pessoas coletivas e às entidades equiparadas a pessoas mais curto previsto na legislação de proteção de dados pes-
coletivas, estas respondem solidariamente pelo pagamento soais, as informações divulgadas nos termos dos números
da coima e das custas em que, pela prática de infrações anteriores mantêm-se disponíveis no sítio na Internet da
puníveis nos termos da presente lei, sejam condenados os autoridade setorial competente durante cinco anos, conta-
respetivos titulares de funções de administração, gerência, dos, consoante os casos, a partir da data da publicação ou da
direção, chefia ou fiscalização, bem como os seus repre- data em que a decisão condenatória se torne definitiva ou
sentantes, trabalhadores ou demais colaboradores, perma- transite em julgado, e não podem ser indexadas a motores
nentes ou ocasionais. de pesquisa na Internet.
2 — Quando as infrações forem também imputáveis
aos titulares dos órgãos de gestão das pessoas coletivas e SUBSECÇÃO IV
entidades equiparadas a pessoas coletivas que, podendo
Recurso
fazê-lo, não se tenham oposto à prática das mesmas, aque-
les titulares dos órgãos de gestão respondem individual e
subsidiariamente pelo pagamento da coima e das custas Artigo 179.º
em que as respetivas pessoas coletivas e entidades equi- Tribunal competente
paradas a pessoas coletivas sejam condenadas, ainda que
as mesmas, à data da condenação, tenham sido dissolvidas O Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão é
ou entrado em liquidação. o tribunal competente para conhecer do recurso, da revisão
e da execução das decisões ou de quaisquer outras medi-
Artigo 178.º das legalmente suscetíveis de impugnação tomadas em
processo de contraordenação instaurado ao abrigo da pre-
Divulgação da decisão sente lei.
1 — Imediatamente após o decurso do prazo para a
respetiva impugnação judicial, a decisão condenatória Artigo 180.º
pela prática de contraordenações previstas na presente Reformatio in pejus
secção deve ser divulgada no sítio da autoridade setorial
competente na Internet, mesmo que tal decisão tenha sido Não é aplicável aos processos de contraordenação ins-
objeto de impugnação. taurados e decididos nos termos da presente lei o princípio
2 — A divulgação referida no número anterior pode ser da proibição de reformatio in pejus, devendo esta infor-
efetuada na íntegra ou por extrato que inclua, pelo menos, a mação constar de todas as decisões finais que admitam
identidade das pessoas singulares, coletivas ou equiparadas impugnação ou recurso.
a pessoas coletivas condenadas e informação sobre o tipo
e a natureza da infração. SUBSECÇÃO V
3 — Nos casos em que a decisão condenatória tenha Outras disposições
sido objeto de impugnação judicial, a autoridade setorial
competente deve: Artigo 181.º
a) Mencionar expressamente esse facto na divulgação Comunicação de sanções
da decisão;
b) Publicar no respetivo sítio na Internet quaisquer A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de
informações subsequentes sobre o resultado do recurso Pensões, o Banco de Portugal e a CMVM devem comunicar
interposto, incluindo qualquer decisão que revogue a deci- às Autoridades Europeias de Supervisão as sanções aplica-
são anterior. das às instituições de crédito e às instituições financeiras
pela prática de contraordenações previstas na presente lei,
4 — Quando, após uma avaliação casuística prévia, bem como a eventual interposição de recurso das decisões
se concluir que a divulgação da decisão e a publicação que as aplicam e o respetivo resultado.
Diário da República, 1.ª série — N.º 159 — 18 de agosto de 2017 4845
Lista não exaustiva dos fatores e tipos indicativos de risco Incremento das obrigações de planeamento e programação de me-
potencialmente mais elevado, em acréscimo didas de intervenção em situações de emergência radiológica
às situações especificamente previstas na presente lei ou de acidentes nucleares (primeira alteração aos Decretos-Leis
n.os 36/95, de 14 de fevereiro, e 174/2002, de 25 de julho).
1 — Fatores de risco inerentes ao cliente:
A Assembleia da República decreta, nos termos da
a) Relações de negócio que se desenrolem em circuns- alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
tâncias invulgares;
b) Clientes residentes ou que desenvolvam atividade Artigo 1.º
em zonas de risco geográfico mais elevado, apuradas de
Objeto
acordo com o n.º 3 do presente anexo;
c) Pessoas coletivas ou centros de interesses coletivos A presente lei procede ao incremento das obrigações
sem personalidade jurídica que sejam estruturas de deten- de planeamento e programação das medidas a tomar em
ção de ativos pessoais; caso de emergência radiológica ou de acidentes nucleares,
d) Sociedades com acionistas fiduciários (nominee sha- com vista a melhorar a prevenção de riscos coletivos, mi-
reholders) ou que tenham o seu capital representado por nimização dos seus efeitos, defesa e socorro das pessoas
ações ao portador; e proteção dos ecossistemas, procedendo:
e) Clientes que prossigam atividades que envolvam a) À primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 36/95, de
operações em numerário de forma intensiva; 14 de fevereiro, que transpõe para ordem jurídica interna
f) Estruturas de propriedade ou de controlo do cliente a Diretiva n.º 89/618/EURATOM, do Conselho, de 27
que pareçam invulgares ou excessivamente complexas, de novembro, relativa à informação da população sobre
tendo em conta a natureza da atividade prosseguida pelo medidas de proteção sanitária aplicáveis em caso de emer-
cliente. gência radiológica;
b) À primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 174/2002, de
25 de julho, que estabelece as regras aplicáveis à interven-
2 — Fatores de risco inerentes ao produto, serviço, ope-
ção em caso de emergência radiológica e transpõe para o
ração ou canal de distribuição: ordenamento jurídico interno o título IX, «Intervenção»,
a) Private banking; da Diretiva n.º 96/29/EURATOM, de 13 de maio, que fixa
b) Produtos ou operações suscetíveis de favorecer o as normas de segurança relativas à proteção sanitária da
anonimato; população e dos trabalhadores contra os perigos resultantes
c) Pagamentos recebidos de terceiros desconhecidos das radiações ionizantes.
ou não associados com o cliente ou com a atividade por
este prosseguida; Artigo 2.º
d) Novos produtos e novas práticas comerciais, Alteração ao Decreto-Lei n.º 36/95, de 14 de fevereiro
incluindo novos mecanismos de distribuição e métodos Os artigos 2.º, 3.º e 4.º do Decreto-Lei n.º 36/95, de 14
de pagamento, bem como a utilização de novas tecnologias de fevereiro, que transpõe para ordem jurídica interna a
ou tecnologias em desenvolvimento, tanto para produtos Diretiva n.º 89/618/EURATOM, do Conselho, de 27 de
novos como para produtos já existentes. novembro, relativa à informação da população sobre medi-
das de proteção sanitária aplicáveis em caso de emergência
3 — Fatores de risco inerentes à localização geográ- radiológica, passam a ter a seguinte redação:
fica:
«Artigo 2.º
a) Países identificados por fontes idóneas, tais como
[...]
os relatórios de avaliação mútua, de avaliação porme-
norizada ou de acompanhamento publicados, como 1 — A informação prévia deve assegurar à popula-
não dispondo de sistemas eficazes em matéria de pre- ção suscetível de ser afetada em caso de emergência
venção e combate ao branqueamento de capitais e ao radiológica ou de acidente nuclear o conhecimento das
financiamento do terrorismo, sem prejuízo do disposto medidas de proteção apropriadas, nomeadamente de
na presente lei relativamente a países terceiros de risco ordem sanitária, que lhes são aplicáveis e das normas
elevado; de comportamento a adotar em caso de emergência
b) Países ou jurisdições identificados por fontes credí- radiológica ou acidente nuclear.
2— .....................................
veis como tendo um nível significativo de corrupção ou
3 — A Comissão Nacional de Emergências Radio-
de outras atividades criminosas; lógicas, através de propostas a apresentar à Autoridade
c) Países ou jurisdições sujeitos a sanções, embargos, Nacional de Proteção Civil, pode complementar e refor-
outras medidas restritivas ou contramedidas adicionais çar a informação com vista a garantir que as populações
impostas, designadamente, pelas Nações Unidas e pela conhecem os perigos radiológicos, aos quais podem
União Europeia; estar expostas, e os cuidados imediatos a observar em
d) Países ou jurisdições que proporcionem financia- caso de acidente nuclear ou radiológico.
mento ou apoio a atividades ou atos terroristas, ou em cujo 4 — A informação, que deve encontrar-se perma-
território operem organizações terroristas. nentemente à disposição do público, designadamente