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Traduzido do original em Inglês

The Doctrine of Election


By A. W. Pink

A presente tradução consiste somente no Capítulo 10, Its Blessedness, da obra supracitada

Via: PBMinistries.org
(Providence Baptist Ministries)

Tradução por Camila Almeida


Revisão e Capa por William Teixeira

1ª Edição: Dezembro de 2014

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida permissão


do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-
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A Bem-Aventurança da Eleição de Deus
Arthur Walkington Pink

[Capítulo 10 do livro The Doctrine of Election • Editado]

Em primeiro lugar, a doutrina da eleição magnifica o caráter de Deus. Ela exemplifica a Sua
graça. A eleição torna conhecido o fato de que a salvação é dom gratuito de Deus, gratuita-
mente concedido a quem Ele quer. Isso deve ser assim, pois aqueles que a recebem são
eles próprios não diferentes e nem melhores do que aqueles que não a recebem. A eleição
permite que alguns vão para o inferno, para mostrar que todos mereciam morrer. Mas a
graça vem como um arrastão e atrai de uma humanidade arruinada um pequeno rebanho,
para ser por toda a eternidade o monumento de soberana misericórdia de Deus. Ela exibe
Sua onipotência. A eleição torna conhecido o fato de que Deus é todo-poderoso, governan-
do e reinando sobre a terra, e declara que ninguém pode resistir com êxito à Sua vontade
ou frustrar Seus propósitos secretos. A eleição revela Deus quebrando a oposição do
coração humano, subjugando a inimizade da mente carnal, e com poder irresistível atraindo
os Seus escolhidos para Cristo. A eleição confessa que “nós O amamos porque Ele nos
amou primeiro”, e que nós cremos, porque Ele nos fez mui voluntários no dia do Seu poder
(Salmos 110:3).

A doutrina da eleição atribui toda a glória a Deus. Ela não permite qualquer crédito para a
criatura. Ela nega que o não-regenerado seja capaz de predizer um pensamento reto, gerar
uma afeição correta ou originar uma volição certa. Ela insiste que Deus deve operar em nós
tanto o querer como o efetuar. Ela declara que o arrependimento e a fé são eles próprios
dons de Deus, e não algo que o pecador contribui para o preço da sua salvação. Sua lingua-
gem é: “Não a nós, SENHOR, não a nós”, mas “Àquele que nos amou e nos lavou de nos-
sos pecados em seu próprio sangue”. Esses parágrafos foram escritos por nós há quase
um quarto de século, desde então, e até o dia de hoje nós nem os rescindimos nem os
modificamos.

O Senhor faz distinções entre os homens culpados de acordo com a soberania de Sua
graça. “Porque eu não tornarei mais a compadecer-me da casa de Israel, mas tudo
lhe tirarei. Mas da casa de Judá me compadecerei”. Judá não havia pecado também?
Não poderia o Senhor ter desistido de Judá? Na verdade, Ele poderia justamente tê-
lo feito, mas Ele se deleita na benignidade. Muitos pecaram, e justamente trouxeram
sobre si mesmos o castigo devido pelo pecado: eles não creem em Cristo, e morrem
em seus pecados. Mas Deus tem misericórdia, de acordo com a grandeza do Seu
coração, de muitos que não podem ser salvos em qualquer outro fundamento, senão

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desta misericórdia imerecida. Alegando Seu direito real, Ele diz: “Terei misericórdia
de quem eu tiver misericórdia”. A prerrogativa de misericórdia é exercida pela sobe-
rania de Deus, esta prerrogativa que Ele exerce, Ele concede a quem Ele quer, e Ele
tem o direito de fazê-lo, já que ninguém tem qualquer direito sobre Ele (C. H. Spur-
geon: “A Salvação é Propriedade do Senhor”, um Sermão em Oséias 1:7).

O que foi exposto acima torna suficientemente claro que não é coisa leve rejeitar esta parte
abençoada da verdade eterna; não, é uma questão mui solene e séria fazer isso. A Palavra
de Deus não nos é dada para selecionarmos e escolhermos, para destacarmos as partes
que apelam para nós, e desprezar tudo o que em si não elogia a nossa razão e sentimentos.
Ela nos é dada como um todo, e por ela cada um de nós ainda será julgado. Rejeitar a
grande verdade que estamos aqui tratando é o cúmulo da impiedade, repudiar a eleição de
Deus é repudiar o Deus da eleição. É uma recusa a se curvar diante de Sua elevada
soberania. É o pregador corrupto opondo-se contra o santo Criador. É o orgulho presunçoso
que insiste em ser o determinante de seu próprio destino. É o espírito de Lúcifer, que disse:
“Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... Subirei sobre as
alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14:13-14).

Em segundo lugar, a bem-aventurança dessa doutrina aparece em que tudo é importante


no plano da salvação. Considere isto, primeiro, do lado Divino. A apresentação Escritu-
rística desta grande verdade é indispensável se os atos distintivos do Deus Triuno em maté-
ria de salvação devem ser reconhecidos, honrados e confessados. A salvação não procede
de uma só Pessoa Divina, mas igualmente das três Pessoas Eternas. Jeová, então, orde-
nou as coisas de forma que cada Um na Divindade deve ser magnificado e glorificado
igualmente. O Pai é tão real e verdadeiramente o Salvador do Cristão como é o Senhor
Jesus, e assim também é o Espírito Santo, note como o Pai é expressamente designado
“Deus, nosso Salvador” em Tito 3:4, como distinto de “Jesus Cristo, nosso Salvador” no
versículo 5. Mas isso é ignorado e perdido de vista, se esta doutrina preciosa for omitida. A
predestinação pertence ao Pai, a propiciação ao Filho, a regeneração ao Espírito. O Pai
originou, o Filho efetuou nossa salvação, e pelo Espírito ela é consumada. Repudiar o pri-
meiro é retirar o próprio fundamento.

Considere isso, agora, do lado humano: a eleição está na própria base da esperança de
um pecador. Por natureza, todos são filhos da ira. Na prática, todos se desviaram. O mundo
inteiro tornou-se culpado diante de Deus, todos estão expostos à ira, e se deixados a si
mesmos estariam envolvidos em uma ruína comum. Eles são “barro da mesma massa”, e
continuando sob a mão formadora da natureza seriam todos “vasos para desonra” (Roma-
nos 9:21). Quem quer que seja salvo, é pela graça de Deus (Romanos 11:4-7). Jesus Cristo,
o redentor dos pecadores, Ele mesmo é o Eleito, como descrito pelo profeta (Isaías 42:1).

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E todos os que alguma vez serão salvos, são eleitos nEle, dados a Ele pelo Pai, escolhidos
nEle antes da fundação do mundo. Foi para realizar a salvação que Deus entregou o Seu
Filho unigênito, e que Jesus Cristo assumiu a nossa natureza e deu Sua vida em resgate.

É para chamar os eleitos que as Escrituras são dadas, que os ministros são enviados, que
o Evangelho é pregado, e que o Espírito Santo está aqui. É para realizar a eleição que os
homens são ensinados por Deus, atraídos pelo Pai, regenerados pelo Espírito Santo, feitos
participantes da fé preciosa, dotados com o espírito de adoção, de oração e de santidade.
É em consequência de sua eleição que os homens são feitos obedientes ao Evangelho,
são santificados pelo Espírito, e tornam-se santos e irrepreensíveis diante de Deus. Se não
houvesse eleição Divina, não haveria salvação Divina. E isso não é uma afirmação mera-
mente arbitrária de nossa parte: “E como antes disse Isaías: Se o Senhor dos Exércitos nos
não deixara descendência, Teríamos nos tornado como Sodoma, e teríamos sido feitos
como Gomorra” (Romanos 9:29). Pecadores perdidos não podem se salvar. Deus não tinha
nenhuma obrigação de salvá-los. Se Ele Se agradou em salvar, Ele salva a quem quer.

A eleição não apenas está no fundamento da esperança de um pecador, mas também


acompanha cada passo do progresso do Cristão para o Céu. Traz-lhe as boas novas de
salvação. Ela abre seu coração para receber o Salvador. Ela é vista em cada ato de fé, em
cada dever sagrado, e em cada oração eficaz. Ela o chama. Ela o vivifica em Cristo. Ela
adorna a sua alma. Ela o coroa com justiça, vida e glória. Ela contém em si a garantia preci-
osa que “aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo”
(Filipenses 1:6). Não havia nada neles que levou Deus a escolhê-los como Seu povo; e Ele
então lida com eles, para não permitir que qualquer coisa neles ou a partir deles leve-os a
reverter essa escolha. Como Romanos 8:30 então definitivamente indica, a predestinação
envolve glorificação e, portanto, garante o suprimento de todas as necessidades dos esco-
lhidos entre os dois.

Em terceiro lugar, a bem-aventurança dessa doutrina aparece em seus elementos essen-


ciais. Destacaremos três ou quatro dos principais dentre estes. Em primeiro lugar, a honra
superlativa de ser escolhido por Deus. Em todas as escolhas que a pessoa faz, coloca um
valor sobre o escolhido. Pois, ser selecionado por um rei a um ofício, ou ser chamado para
algum emprego pelo Estado, será algo que dará dignidade para um homem. Assim ocorre
nos assuntos espirituais. Foi um elogio especial sobre Tito que ele havia sido “escolhido
das igrejas” (2 Coríntios 8:19). Mas que o grande Deus, o potentado bendito e único, esco-
lha essas criaturas miseráveis, desprezíveis, inúteis e vis como nós somos, excede todo o
entendimento. Pondere em 1 Coríntios 1:26-29, e veja como isso está ali colocado. Como
a escolha de Deus deve nos maravilhar. Como ela deve nos humilhar. Observe como essa
ênfase honrosa é colocada sobre o Senhor Jesus: “Eis o meu servo, a quem escolhi”

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(Mateus 12:18); assim sobre Seus membros também: “por causa dos eleitos que escolheu”
(Marcos 13:20).

Mais uma vez; a consequente excelência disso. Eles são os eleitos: os que Deus escolheu,
e isso não lhes confere necessariamente uma excelência elevada, valiosa, honrosa? Os
escolhidos de Deus, devem ser excelentes; é o ato de Deus que os torna assim. Observe
a ordem em 1 Pedro 2:6: “pedra angular, eleita e preciosa”, preciosa porque eleita. Pegue
o mais eminente dos santos de Deus, e qual é o seu maior título e honra? Este: “Por amor
de Davi, meu servo, a quem escolhi” (1 Reis 11:34). “Enviou Moisés, seu servo, e Arão, a
quem escolhera” (Salmos 105:26). Paulo “este é para mim um vaso escolhido” (Atos 9:15).
“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (1 Pedro
2:9), ou seja, eleitos. Essa expressão é retirada de “sereis a minha propriedade peculiar
dentre todos os povos” (Êxodo 19:5). Isso implica o que é precioso a Deus: “Visto que foste
precioso aos meus olhos, também foste honrado, e eu te amei” (Isaías 43:4).

Mais uma vez, observe a plenitude desse alto privilégio. “Bem-aventurado aquele a quem
tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios” (Salmos 65:4); sim, ele é
“abençoado para sempre” (Salmos 21:6), ou como o Hebraico o apresenta: “separado para
bênçãos”, isto é, separado ou nomeado para nenhuma outra coisa, senão para bênçãos.
Como o Novo Testamento expressa: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;
como também nos elegeu nele” (Efésios 1:3-4). Eleição, então, é a fonte do tesouro de toda
bem-aventurança. Os eleitos são escolhidos para uma maior aproximação e união a Deus
que é possível para as criaturas, para a maior comunhão com Ele próprio. Considere tam-
bém o tempo em que Ele nos escolheu, Paulo o datou: “o princípio” (2 Tessalonicenses
2:13). Deus nos amou desde que Ele era Deus, e enquanto Ele for Deus, Ele continuará a
nos amar. Deus é desde a eternidade e Ele continua sendo Deus pela eternidade (Salmos
90:2), e Seu amor por nós é muitíssimo antigo: “Com amor eterno te amei” [Jeremias 31:3].
E o Seu amor é como Ele mesmo: sem causa, imutável, infinito.

A bem-aventurança da eleição aparece novamente na comparativa raridade dos eleitos. A


escassez de homens desfrutando algum privilégio o magnifica, como no caso da preser-
vação de Noé e sua família: “a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram” (1
Pedro 3:20). Que contraste foi isso, em relação a todo o mundo “dos ímpios”, pois todos
pereceram! O mesmo fato e contraste foram enfatizados por Cristo em Lucas 12: “Porque
as nações do mundo buscam todas essas coisas” (v. 30), ou seja, as coisas temporais e
carnais, e Deus concede as tais para eles. Mas, em oposição a isso, o Senhor diz: “Não
temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino” (v. 32). Seu pro-
pósito era mostrar a mais grandiosa misericórdia de Deus, visto que tão poucos são reser-

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vados aos favores espirituais e eternos, enquanto todos os outros têm apenas coisas
materiais e temporais como a sua porção.

Como esse fato solene deve afetar os nossos corações. Volte seus olhos, caro leitor, sobre
o mundo de hoje, e olha para ele, o que você contemplará? Você não é compelido a dizer
sobre a atual geração, em todas as nações semelhantemente, que Deus as deixou a cami-
nhar “em seus próprios caminhos?”. Não devemos concluir tristemente sobre os homens e
mulheres desta época que “todo o mundo está no maligno” (1 João 5:19)? O número escas-
so dos que são de Deus, são, na verdade poucos semeados, um pequeno punhado colhido
em comparação com toda a grande safra da humanidade. E que não seja esquecido que o
que aparece agora diante de nossos olhos, é apenas a realização daquilo que foi preor-
denado na eternidade. Não há um Deus frustrado e derrotado no trono do universo. Ele tem
o Seu caminho “na tormenta e na tempestade” (Naum 1:3).

E mais uma vez nós dizemos o quão profundamente esse contraste surpreendente deve
afetar nossos corações. “Pois alguns serem escolhidos e salvos, quando uma multidão,
sim, a generalidade dos outros devem padecer a perecer, como isso aumenta a misericór-
dia e a graça da salvação para nós; pois Deus, em Sua providência ordenou muitos meios
exteriores para resgatar alguns, os quais Ele nega aos outros, que perecem. Como isso
deve afetar as pessoas que são preservadas? Quanto mais quando essa é “uma tão grande
salvação” (Thomas Goodwin). Isso aparece a partir do que eram tipos e meras sombras
disso nos tempos do Antigo Testamento, como no caso de somente a única e pequena
família de Noé sendo poupada do dilúvio universal. Assim, também, pelo exemplo de Ló,
retirado de Sodoma pela mão dos anjos. E por quê? “Sendo-lhe o Senhor misericordioso”,
diz Gênesis 19:16. Observe que profundo senso e valorização que Ló teve sobre o mesmo:
“Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus olhos, e engrandeceste a tua
misericórdia que a mim me fizeste, para guardar a minha alma em vida” (Gênesis 19:19).

Porém, há mais isso a ser considerado: a nossa libertação de uma condição de semelhante
miséria e ira, como a que pertence ao não-eleito, que não está mencionada nos casos
acima. Noé era “homem justo e perfeito em suas gerações” (Gênesis 6:9), e Ló era “justo”
e “enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis” (2 Pedro 2:7-8). Eles não eram
culpados daqueles pecados terríveis pelos quais Deus enviou aos seus semelhantes a
inundações e incêndios. Mas quando nós somos ordenados para a salvação, estamos
diante de Deus em uma condição de semelhante corrupção e culpa como toda a humani-
dade. Foi apenas o decreto soberano de um Deus soberano que determinou o nosso ser
trazido para fora de um estado de pecado e ira, para um estado de graça e justiça. Quão
estupenda, então, foi a misericórdia de Deus para conosco, em fazer esta diferença (1

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Coríntios 4:7) entre aqueles em quem não havia “nenhuma diferença” (Romanos 3:22)! Oh!
que amor, que obediência de todo o coração, que louvor são devidos a Ele.

Em quarto lugar, a bem-aventurança dessa doutrina aparece em que uma verdadeira apre-
ensão da mesma é um grande promotor da santidade. De acordo com o propósito Divino,
os eleitos são destinados a uma santa vocação (2 Timóteo 1:9). Na realização desse propó-
sito, eles são real e efetivamente trazidos à santidade. Deus os separa de um mundo ímpio.
Ele escreve no coração deles a Sua Lei e afixa neles o Seu selo. Eles são feitos partici-
pantes da natureza Divina, sendo renovados à imagem dAquele que os criou. Eles são uma
habitação de Deus, seus corpos se tornam o templo do Espírito Santo, e eles são condu-
zidos por Ele. Uma mudança gloriosa é, portanto, neles operada, transformando seu caráter
e conduta. Eles lavam as suas vestiduras e as branqueiam no sangue do Cordeiro. Para
eles, as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo. Esquecendo-se das coisas que atrás
ficam, eles prosseguem para as coisas que estão diante. Eles são reis e sacerdotes para
Deus e, ainda serão adornados com coroas de glória.

Há aqueles que, em sua ignorância, dizem que a doutrina da eleição é uma doutrina licenci-
osa, que a crença nela é avaliada como algo que leva a produzir descuido e uma sensação
de segurança enquanto se vive em pecado. Essa acusação é uma reflexão blasfema sobre
o seu autor Divino. Esta verdade, como nós mostramos longamente, ocupa um lugar de
destaque na Palavra de Deus, e esta Palavra é santa, e toda ela útil para a instrução na
justiça (2 Timóteo 3:16). Todos e cada um dos apóstolos criam e ensinavam essa doutrina,
e eles foram os promotores de piedade e não incentivadores da vida relaxada. É verdade
que esta doutrina, como todas as outras Escrituras, pode ser pervertida por homens ímpios
e colocada em mau uso, mas até agora, enquanto militando contra a verdade, isso apenas
serve para demonstrar a temível extensão da depravação humana. Nós também admitimos
que homens não-regenerados podem intelectualmente defender essa doutrina e, em então,
firmarem-se em uma inércia fatal. Mas nós enfaticamente negamos que uma recepção dela,
de coração, produzirá qualquer efeito tal como este.

Que fé, obediência, santidade são as consequências inseparáveis e frutos da eleição é ine-
quivocamente claro a partir das Escrituras (Atos 13:48; Efésios 1:4; 1 Tessalonicenses 1:4-
7, Tito 1:1), e tem sido totalmente estabelecido por nós nos capítulos anteriores. Como pode
ser de outra forma? A eleição sempre envolve regeneração e santificação, e quando uma
alma regenerada e santificada descobre que ela deve a sua renovação espiritual unicamen-
te à soberana predestinação de Deus, o que ela pode ser, senão verdadeiramente agrade-
cida e profundamente grata? E de que outra maneira ela pode expressar sua gratidão, do
que em um santo caminhar de obediência frutífera? Uma apreensão do amor eterno de
Deus por ela necessariamente despertará nela um amor sensível a Deus, e onde quer que

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este exista, haverá um esforço sincero para agradá-lO em todas as coisas. O fato é que um
sentido espiritual da distintiva graça de Deus é o mais poderoso motivo de constrangimento
para a piedade genuína.

Se entrássemos em detalhes sobre os principais elementos da santidade neste capítulo,


isso seria prorrogado por tempo indeterminado. Uma devida atenção ao fato de que não
havia nada em nós que moveu Deus a fixar Seu coração sobre nós, e que Ele nos previu
como criaturas arruinadas e merecedores do inferno, humilhará as nossas almas como
nada mais o fará. A compreensão espiritual que todos os nossos interesses estão inteira-
mente à disposição de Deus, operará em nós uma submissão à Sua vontade soberana
como nada mais pode. O fato de percebemos que Deus colocou Seu coração sobre nós
desde a eternidade, nos escolhendo para ser Seu tesouro peculiar, operará em nós um
desprezo pelo mundo. O conhecimento de que outros Cristãos são os eleitos e amados de
Deus evocará amor e bondade por eles. A garantia de que o propósito eterno de Deus é
imutável e assegura o suprimento de todas as nossas necessidades comunicará consolo
sólido em cada tribulação.

Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christus!
Soli Deo Gloria!

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— Sola Fide • Sola Scriptura • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —
2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
4
encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
5
de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
6
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
7
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
8
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9 10
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
11
se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
12 13
nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
14
por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
15
também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
16
Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
17
interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
18
produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas. Issuu.com/oEstandarteDeCristo

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