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BRASIL

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Censo 2022: entenda os dados da


pesquisa
27 DE JULHO DE 2023 PESQUISA E INOVAÇÃO

O Brasil atingiu a menor taxa anual de crescimento da população,


segundo os primeiros dados divulgados do Censo 2022 pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde 2010, o
ano em que foi realizado o Censo Demográfico anterior, o número
de habitantes do país cresceu 6,5%, representando uma taxa de
crescimento anual de 0,52% – menos da metade do que a da década
anterior (1,17%). Esse é o menor índice já observado desde a
primeira operação censitária do país, realizada em 1872. O que isso
pode significar? Nossa equipe conversou com pesquisadores da
UFJF para esclarecer dados e entender melhor como funciona o
Censo.

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O Brasil conta com 203 milhões de pessoas (Arte: Isabela Carpinski)

Em agosto de 2021, o IBGE publicou uma estimativa para a


população brasileira e, conforme indica a projeção do instituto, a
população do país chegaria aos 213,3 milhões de brasileiros, quase
10 milhões de pessoas a mais do que o número oficial divulgado
pelo Censo do ano passado. Para o professor Marcel Vieira, do
Departamento de Estatística da UFJF, é importante destacar que a
projeção populacional feita pelo IBGE há dois anos levou em
consideração os dados de 2010, que já estavam defasados.

Contudo, o último Censo foi realizado dois anos após a data em que
deveria ter acontecido inicialmente. Vieira aponta a pandemia da
Covid-19 em 2020 e os cortes orçamentários realizados pelo
Governo Federal em 2021 como os motivos para esse atraso. O

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pesquisador reitera: “certamente o atraso na realização do Censo
dificultou a elaboração, a aplicação e a avaliação das políticas
públicas dos municípios, dos estados e também do Governo
Federal.”

Vieira destaca outros


possíveis fatores para a
diferença observada, entre os
quais crises de saúde e
econômicas. Ele explica que,
em meados da década
passada, o Brasil foi atingido
simultaneamente por uma
grave crise econômica e pela
epidemia do Zika Vírus,
eventos que motivaram
muitas pessoas a postergar a
decisão de ter filhos devido aos riscos associados à situação. Há,
além disso, o impacto do coronavírus. “A pandemia de Covid-19,
que provocou, pelo menos, um milhão de óbitos a mais do que era
esperado no Brasil, também contribuiu para essa diferença. Assim
como, na segunda metade da década passada, o país passou por
uma grave crise política que, associada à crise econômica, também
pode ter aumentado o número de brasileiros que migraram para o
exterior”.

Análises econômicas

De acordo com o coordenador Ricardo Freguglia, do Programa de


Pós-Graduação em Economia (PPGE-UFJF), o freio populacional
tem certo impacto na economia nacional. “Um menor crescimento

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da população gera impactos na oferta de mão de obra futura do
mercado de trabalho, podendo afetar o crescimento do país. As
informações dadas pelo Censo são imprescindíveis para a
elaboração de previsões e a criação de cenários econômicos para
os próximos anos.”

Para Reinaldo Santos, crescimento populacional no Brasil deve atingir taxa


negativa até 2030 (Arte: Isabela Carpinski)

Os dados do Censo são cruciais para o planejamento, previsão e


criação de cenários econômicos futuros. “Desta forma, os recursos
econômicos podem ser alocados da melhor maneira possível para
gerar um maior bem estar social para toda a população. As
políticas públicas também podem ser delineadas a partir da
riqueza de dados do Censo, permitindo melhores alocações de
recursos dentre as diversas áreas e setores de atividade do país”,

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comenta Freguglia.

A pesquisa censitária
permite realizar análises
socioeconômicas mais
completas, propondo
políticas públicas e fazendo
previsões e cenários para o
crescimento e
desenvolvimento brasileiro.
Ao longo dos próximos
meses, o IBGE liberará
informações mais
aprofundadas sobre a
situação de vida da população em cada um dos municípios e
localidades do país, que, em conjunto, permitem investigar, por
exemplo, as desigualdades socioeconômicas por cor ou raça no
Brasil, identificando quais os seus fatores determinantes.

Freguglia expõe que as possibilidades de análise econômica são


vastas. “É possível realizar avaliações do mercado de trabalho
brasileiro, identificando a faixa etária, sexo, tempo de emprego e
taxa de informalidade da população em cada município do país.
Também há a possibilidade de investigação da imigração no país,
quais os impactos no mercado de trabalho local, dentre outras
análises.”

Grande fonte de dados

O professor Marcel Vieira explica que o Censo é a maior e principal


pesquisa que envolve coleta de dados no Brasil e que o IBGE utiliza

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métodos de investigação que são adotados por outros institutos de
estatística oficiais ao redor de todo o mundo. “O censo demográfico
é a fonte de dados que, além de sua abrangência temática, da sua
cobertura geográfica nacional e da sua ampla capacidade de
detalhamento geográfico, fornece informações básicas para as
demandas de pesquisas e políticas públicas nas áreas de saúde,
educação, saneamento, emprego e dimensionamento do público-
alvo dos programas sociais em cada município do Brasil.”

É a partir dos dados levantados pelo Censo que o governo, em suas


esferas municipal, estadual e federal, pode elaborar políticas
públicas ou aprimorar as já existentes de forma a atender melhor
às necessidades que são identificadas pela pesquisa. Para ilustrar,
o professor traz um exemplo sobre a distribuição de vacinas: “o
censo identifica a quantidade de habitantes de cada município, em
número total, por faixa etária e por sexo. A partir desses dados, o
Ministério da Saúde pode decidir quais vacinas comprar, em
quantas doses e quais tipos e quantidades enviar para cada um dos
municípios”, ilustra Vieira.

Diferentes informações

“As informações de perfil


também são coletadas com
detalhe apenas no censo
demográfico, como noções
sobre a população indígena,
quilombolas, vilas e favelas,
entre outros. Em outros
termos, várias populações,
principalmente as mais

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vulneráveis e que merecem
mais atenção das políticas
públicas, são identificadas e
quantificadas somente pelo censo demográfico”, afirma o professor
e pesquisador Reinaldo Santos, do Núcleo de Pesquisa Geografia,
Espaço e Ação (NuGea) da UFJF.

Segundo o professor, a desagregação das informações censitárias


permite análises microeconômicas, capazes de caracterizar o nível
de educação de uma população, movimentos migratórios ou
análises de oferta e demanda de mão de obra, por exemplo. “A
caracterização das famílias e domicílios também é de grande
relevância, permitindo identificar o público-alvo de beneficiários
de programas sociais, como o Bolsa Família.”

Entre os dados já liberados pelo Censo 2022, foi identificado um


aumento de 34% no número de domicílios frente ao penúltimo
Censo. Entretanto, ainda que a pesquisa mostre esse aumento (de
67,5 milhões em 2010 para 90,6 milhões em 2022), outro dado
relevante é quanto à média de moradores por casa: em 2010, eram
3,31 moradores por domicílio. Em 2022, o número caiu para 2,79.

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Número médio de moradores por casa caiu para 2,79 (Arte: Isabela Carpinski)

Santos concorda que os números podem estar relacionados a uma


mudança nas estruturas das famílias do país. “A família mudou
diante da queda da fecundidade acelerada no Brasil, reduzindo seu
tamanho. Da mesma forma, o aumento da longevidade e novas
formas de arranjo familiar proporcionaram domicílios com um
número menor de pessoas”. Ele faz uma previsão de que os dados
detalhados do Censo provavelmente irão indicar um grande
número de casais com um ou nenhum filho e indivíduos morando
sozinhos, em especial idosos, como uma parcela expressiva da
população.

O pesquisador conta que, dessa forma, as informações trazidas


pelo Censo 2022 não são novidade para os “estudiosos de

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população”. “Sabíamos que o crescimento populacional reduziria
seu ritmo e algumas regiões poderiam apresentar índice negativo.
Não sabíamos o quanto, mas imaginávamos que as crises
econômicas, o cenário de instabilidade política desde 2016 e a
pandemia iriam acentuar o cenário. Com os dados, vemos que é
possível que o Brasil apresente já na próxima década um
crescimento negativo. Algo que a ONU previu acontecer apenas em
2047.”

Outras informações:

Departamento de Estatística da UFJF

Programa de Pós-Graduação em Economia

Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação (NuGea) da UFJF

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