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Nome: Simone Patricia Tognon da Silva

Polo: IFSULDEMINAS – Campus Muzambinho

CARTA AOS NOVOS DISCENTE DO MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSISCA


EM REDE NACIONAL - PROEF

Gostaria de iniciar as primeiras palavras desta carta, a qual foi inspirada pelas
cartas pedagógicas do saudoso patrono da educação brasileira Paulo Freire, saudando
meus queridos companheiros e amigos da 3º turma do ProEF e nossos estimados
professores do IFSULDEMINAS, em especial gostaria de dar as boas-vindas aos novos
mestrandos da 4ª Turma do ProEF.
Fabiana, André, Lucas, Suelen, Juliana, Fabiane, Isa, Renato, Diane, Luma,
Fagner e Cesar, sabemos da luta que é para alcançar a tão sonhada vaga em um
mestrado, e de antemão, gostaria de parabeniza-los pela conquista e desejar um
proveitoso curso a todos. Muitos serão os desafios, assim como tivemos e porque não
ainda teremos, porém maior é o desejo de nos tornarmos mestres, por isso, desde já,
encorajo-os e também me encorajo a persistir neste percurso, que com certeza, todo
esforço valerá a pena.
No dia 1º de abril de 2022 em uma sexta feira, participávamos da aula
inaugural da 3º Turma do Mestrado Profissional em Educação Física do IFSULDEMINAS
campus Muzambinho, onde no sábado dia 2 andarilhávamos pelo cafezal do Instituto
Federal, degustávamos o saboroso café mineiro e mesmo naquele momento ainda
que de forma sucinta, decolonizávamos um pouco do currículo da Educação Física
escolar.
Nestas experiências do encontro inaugural, ao dialogar sobre a humanização na
educação, e ao desvelar o eixo temático articulador/integrador do IFSULDEMINAS que
é a Educação intercultural, pedagogia decolonial e Educação Física Escolar envolta de
propostas com intervenções educativas a partir da cultura corporal de movimento
levando em consideração os diferentes marcadores/sincronizadores socioculturais
como gênero, raça, classe, saúde, geração, dentre outros, fomos sendo familiarizados
com as propostas do nosso polo, e ao me reconhecer enraizada em uma formação
tradicional, tecnicista e porque não recreacionista, começam a surgir em mim os
primeiros sinais de uma luta interior em favor a uma educação inclusiva, que
problematize a partir das práticas corporais os marcadores socioculturais e as
desigualdades socioeconômicas, almejando assim uma prática libertadora e
humanizadora.
Dessa forma, a partir do nosso 2º encontro presencial e das contribuições da
disciplina D1: Problemáticas da Educação Física Escolar ministradas pelo profº Dr.
Daniel e pela Porfª Dra Samara minha orientadora, fomos sendo apresentados a
Temas contemporâneos os quais foram de grande valia para a delimitação do tema do
nosso projeto de pesquisa, e explorando as diversas possibilidades, ocorre o
desvelamento de uma Pedagogia da Alteridade, tema central de minha dissertação.
Assim , por meio das inúmeras contribuições dos docentes de nosso polo, as
quais citarei sucintamente, nossa formação e dissertação foram/vem sendo
constituídas. A Profª Dra Heidi ao ministrar a disciplina D2- Seminários de Pesquisa
da Educação Física quando já tínhamos possível delimitação do Tema e o orientador
definido para nossa dissertação, nos fez refletir e muito contribuiu a cerca do
questionamento que inquietava a todos. E agora? Por onde começar? A partir daí, em
colaboração com nossos orientadores, fomos desbravando os possíveis caminhos.
O Profº Dr. Arnaldo ao ministrar a disciplina D3 – Escola, Educação Física e
Planejamento, dentre as contribuições prestradas, nos permitiu explorar e colocar em
prática formas de um planejamento participativo, que contemple a participação dos
alunos e considere as possibilidades de organização do trabalho docente.
E por último e não menos importante, tivemos a disciplina D4- Metodologia
do ensino da Educação Física, ministrada pelo Profº Dr. Mateus, que inicialmente nos
fez refletir sobre uma frase de Paulo Freire : “ As cabeças pensam onde os pés pisam”,
e ao percorrermos os currículos da Educação Física em especial os currículos críticos e
pós críticos , refletimos sobre a necessidade que nós educadores temos em ensinar
para além dos conteúdos, propiciando aos estudantes uma análise e apropriação
crítica dos conhecimentos da cultura dominante.
E assim, em meio as atividades do AVA, as contribuições das disciplinas acimas
citadas, e as reuniões de tutoria com minha orientadora, o objeto de investigação da
minha dissertação foi sendo delineado, hoje intitulado: Pedagogia da alteridade e
práxis educativa na Educação Física Escolar à luz da perspectiva freiriana.
Com vista a uma autonomia pedagógica, em um ato de (auto) biografar-me,
busco compreender como a categoria central alteridade vem sendo articulada a
Educação Física Escolar, assumindo uma relação de sujeito autora, que ao pesquisar,
também me autoformo.
Talvez estejam se perguntando, o que é alteridade?
O princípio da alteridade me chega como uma forma de tornar realizável
estratégicas pedagógicas mais humanas e compromissadas com o outro, este outro
que precisa ser percebido e ouvido para ser compreendido, prescinde, portanto da
relação do eu-tu.
Dentre tantas denominações de alteridade pesquisadas no meu projeto posso
destacar como uma relação de tolerância e igualdade , como uma relação horizontal
de diálogo com o outro e reconhecimento de sua diferença, no movimento de reflexão
e construção de valores, dentre outros.
Diante o revelar da categoria alteridade, o fenômeno educativo investigado,
emerge da minha experiência docente no ensino fundamental (séries iniciais) numa
escola pública do interior de São Paulo, onde analiso e reflito sobre minha própria
prática, onde vou em um ato de biografar-me, narrando as minhas histórias nas
temporalidades da vida, formação e profissão, minhas potencialidades e fragilidades,
meus afetos e sentimentos.
Varias são as narrativas geradoras anunciadas no meu projeto de pesquisa as
quais emergem da minha prática docente, narrativas que me chegam em um
movimento autorreflexivo a partir das relações pedagógicas com meus discentes ,
cujas cenas educativas mobilizam o conceito de alteridade pelo vivido. Dentre as
narrativas concebidas, questões relacionadas a gênero, religiosidade, dentre outras
vão fluindo. Um dia ao acaso, na biblioteca da escola onde leciono, me surpreendi com
um aluno autista artista do 5º Ano o qual ficticiamente nomeamos de Vik Muniz, ele
estava ali provavelmente em um momento de fuga das atividades da sala de aula
confeccionando com muito zelo uma de suas artesanias. Mergulhada no desejo de
refletir sobre minha prática, aquela situação despertou-me para uma intriga
reflexiva a qual floresceu em mim o desejo de reconhecer em minhas aulas
propostas didáticas onde os alunos possam se expressar por meio de variadas
linguagens, valorizando assim o potencial dos meus discentes.
Dessa maneira, ao refletir constantemente sobre minha prática pedagógica,
trago como perguntas geradoras no meu projeto de pesquisa: Reconheço os corpos
marginalizados/excluídos nas minhas aulas? Como constituir uma práxis educativa
pautada na pedagogia da alteridade na Educação Física Escolar? Paulo Freire nos ajuda
a compreender uma Pedagogia da Alteridade na Educação Física Escolar?
Em contribuição a nossa formação e composição de nossas dissertações, em
janeiro deste ano tivemos presencialmente uma semana de estudos com nossos
professores Daniel e Samara onde dispusemos como pauta formativa as disciplinas:
Práticas corporais e marcadores socioculturais, que objetivou fundamentar por meio
de experiências políticos pedagógicas como é possível através das práticas corporais
problematizar as desigualdades socioeconômicas e a justiça social, e também a
disciplina Pedagogia Freiriana e Narrativas na/da/com a Educação Física Escolar, onde
pudemos refletir em como a educação crítica libertadora de Paulo Freire nos inspira e
nos desafia ao reposicionamento da Educação Física Escolar.
Sem mais delongas, quero deixar meus desejos de um ano produtivo, de muito
aprendizado e crescimento pessoal e profissional, e especificamente aos novos
alunos, que sejam todos bem vindos.

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