Carta aos discentes da segunda turma do ProEF: Polo IFSULDEMINAS
Percurso investigativo
Primeiramente parabenizo a todos os professores e professoras
ingressantes no Mestrado Profissional do polo IFSULDEMINAS
Me chamo Emerson e início o meu relato, rememorando a origem do
meu processo de escrita acerca da dissertação de Mestrado que iniciou-se a partir da disciplina Problemáticas da Educação Física, ao qual a Prof. Dr Samara Abreu e o Prof. Dr. Daniel Maldonado, trouxeram inúmeras contribuições demarcando efetivamente as problemáticas que a área de conhecimento já superou e temáticas, condicionantes sociais que precisam ser problematizados à luz dos conhecimentos científicos que vem sendo discutidos pela comunidade acadêmica em diálogo com o chão da escola, essas aulas foram extremamente enriquecedoras e de suma importância para que pudesse trilhar esse percurso.
Nesse movimento, relembrei inicialmente da minha trajetória enquanto
docente, em que, ao lecionar em diferentes escolas e diversos ciclos de ensino era nítida a desvalorização, a invisibilidade da área de conhecimento enquanto disciplina pedagógica, que era manifestada através do baixo status da Educação Física diante das demais disciplinas, da baixa participação nos projetos escolares, da falta de clareza em compreender o que se ensina e aprende nas aulas do componente curricular e qual o seu papel, a sua função social dentro da instituição escolar. Assim, a princípio procurei investigar o processo histórico da disciplina que, por vezes, foi utilizada como ferramenta política a serviço de diferentes projetos de governo, e que nem sempre apontavam na direção de melhores condições de vida para a população, mas pelo contrário, era utilizada como instrumento ideológico para que a sociedade continuasse alienada e impotente diante das reais necessidades que se apresentavam. Desse modo, perpassamos pelos currículos ginástico e esportivista, e que após a redemocratização do País, a partir da década de 80 esses métodos começaram a ser duramente criticados pelo movimento renovador da época, chegando nas teorias de currículo tradicionais, de viés psicomotricista, desenvolvimentista e da saúde renovada, que de certa maneira, ampliaram a visão da disciplina, mas definitivamente não romperam com a perspectiva biológica que sempre caracterizou a área de conhecimento. A virada epistemológica e cultural acontece de fato com as teorias de currículo críticas e pós-críticas, em que se vai questionar o objeto de estudo da Educação Física e qual a sua contribuição particular para explicação da realidade social. Nesse contexto, pensar e sistematizar a Educação Física dentro da área de linguagens e a cultura corporal como objeto de estudo do componente curricular, visando ressignificar a função social da disciplina perante a comunidade escolar em que atuo e o objetivo ao qual, me propus a investigar. Investigação que teve a valiosa contribuição das disciplinas Seminários de pesquisa da Educação Física, com a Prof.ª Dra. Heidi Jancer Ferreira (campus Poços de Caldas), em que foi possível reavivar a curiosidade epistêmica a luz do rigor de uma pesquisa cientifica, da disciplina Escola, Educação Física e Planejamento ministrada pelo Prof.º Dr. Arnaldo Sifuentes Pinheiro Leitão que nos acompanhou em parceira com os acadêmicos de graduação da instituição demonstrando a importância do planejamento participativo e da disciplina Metodologia do ensino da Educação Física ministrada pelo Prof. Dr. Mateus Camargo Pereira que contextualizou e problematizou os princípios que orientam as teorias de currículo críticas e pós- criticas. Nesse processo, percebi que esse desafio de efetivar uma práxis que dialoga com professores e professoras progressistas, além do envolvimento, engajamento, disposição, envolve compreender que a educação é um ato político, e que o(a) educador(a) necessita vivenciar o processo de ensino aprendizagem através de um diálogo com a realidade dos(as) educandos(as), e que, ao tematizar as práticas corporais necessariamente os condicionantes sociais que perpassam as práticas corporais precisam ser problematizados, refletindo acerca de um modelo de sociedade que esteja atenta as questões sociais, políticas, econômicas, raciais.
Posto isso, no mês de janeiro de 2023, tivemos uma semana de
estudos intensivos, com as disciplinas Práticas Corporais e Marcadores Socioculturais e Pedagogia Freiriana e Narrativas na/da/com à Educação Física Escolar ministradas pela Prof.(a) Dr. Samara Abreu e o Prof. Dr. Daniel Maldonado, em que estudamos, aprofundamos e buscamos relacionar as contribuições adquiridas com o nosso o objeto de estudo da dissertação, essas contribuições nos aproximaram da teoria de currículo critico libertadora e dos princípios epistêmicos do patrono da educação brasileira.
Assim, encerro meu relato, desejando a todos e todas ingressantes bons
estudos, e em especial que esse movimento de uma práxis política-pedagógica problematizadora que tem como intencionalidade descolonizar o currículo da Educação Física, problematizar os marcadores socioculturais que perpassam as práticas corporais, a partir de uma ecologia de saberes da cultura corporal, se renove com a nova turma e esteja pautando as futuras dissertações do PROEF.