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INFORMAÇÕES SOBRE MORADORES DE RUA

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Dados do IBGE de 2000 mostram que cerca de 60% das quase 150.000 toneladas
de lixo coletado no Brasil diariamente são depositados em lixões a céu aberto.
Nesses locais, além da poluição ambiental e da proliferação de vetores
transmissores de doenças, muitas pessoas trabalham catando materiais para
comercializar e disputam restos de comida com os animais.

No Brasil, parte dos resíduos urbanos constitui-se de materiais recicláveis – papel,


metal, vidro e plástico – que compõem de 25% a 30% do peso total do lixo.
Configura-se, portanto, uma situação de grande oferta potencial de matéria prima
para a cadeia produtiva da reciclagem, com tendência ao crescimento, já que a
quantidade de lixo gerada no país aumenta em proporções maiores que o
crescimento populacional – de 1989 a 2000 a população aumentou em 16%,
enquanto a quantidade de lixo coletado cresceu 56% (IBGE).

Na classificação mundial dos países atuantes nas atividades de reciclagem dos


materiais que compõem o lixo, o Brasil ocupa lugar de destaque, sendo recordista
mundial em reaproveitamento e reciclagem de latas de alumínio: 96% das latas
produzidas retornam como matéria prima, ao ciclo produtivo.

Mesmo havendo uma forte demanda por materiais recicláveis pela indústria de
reciclagem no Brasil, as indústrias periodicamente fazem importações desses
materiais, especialmente de aparas de papel. Quando há escassez da celulose, as
indústrias recorrem à importação de aparas em busca de melhores preços.

Sabe-se que a maioria dos materiais recicláveis encaminhados às indústrias de


reciclagem no Brasil decorre das atividades desenvolvidas por um grande
contingente de brasileiros que encontra no lixo um meio de sobrevivência. Estima-
se em 500 mil o número de brasileiros que vivem da renda obtida com a venda de
materiais recicláveis catados no lixo. Grande parte desse contingente desenvolve
suas atividades isoladamente. Isso não permite obtenção de escala comercial,
levando os catadores a comercializarem com intermediários os materiais obtidos,
a preços bem abaixo dos praticados pelas empresas recicladoras.

Atuando ao lado dos serviços municipais, esse exército de trabalhadores informais


dos lixões e das ruas das cidades desvia cerca de 10% dos resíduos urbanos para
um circuito econômico complexo, passando pelos intermediários e terminando nas
empresas de reciclagem de plástico, vidro, papel, alumínio e ferro. Além de terem
um importante papel na economia, os catadores diminuem a quantidade de lixo a
ser tratado pelas municipalidades. Esses trabalhadores são, ao mesmo tempo,
geradores de bens e de serviços, ajudando a diminuir a quantidade de lixo nos
aterros ou nos lixões e impulsionando o setor econômico de reciclagem.

Essa é uma das faces do contingente populacional que sobrevive de atividades


produtivas desenvolvidas nas ruas. Embora não existam estatísticas oficiais, em
âmbito nacional, é cada vez mais insistente a presença de pessoas em situação
de rua que utilizam a catação de materiais recicláveis como estratégia de
sobrevivência. É um grupo populacional heterogêneo, mas que possui em comum
a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados, e a
inexistência de moradia convencional regular, sendo compelidos a habitar os
logradouros públicos (ruas, praças, cemitérios, etc.), áreas degradas (galpões e
prédios abandonados, ruínas, etc.) ou que, ocasionalmente, utilizam abrigos e
albergues para pernoitar.

Desde o ano de 2003, o Presidente da República vem se encontrando anualmente


com representantes do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais
Recicláveis – MNCR e da População em Situação de Rua, para ouvir suas
reivindicações e levar respostas do Governo que atendam a essas demandas.

Esses encontros do Presidente da República evidenciam a importância dada pelo


Governo Federal a esse grupo populacional, refletida na criação, em setembro de
2003, do Comitê Interministerial para Inclusão Social dos Catadores, para
potencializar e integrar as ações do governo federal voltadas para a promoção da
melhoria das condições de trabalho e de vida desses trabalhadores. O Comitê é
coordenado pelos Ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome –
MDS e das Cidades, e conta também com representantes dos Ministério do
Trabalho e Emprego – MTE, da Educação – MEC, do Meio Ambiente – MMA, da
Saúde (Fundação Nacional de Saúde – Funasa), da Ciência e Tecnologia – MCT,
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC, além da Casa Civil,
Caixa Econômica Federal, BNDES, Fundação Banco do Brasil, Petrobrás e
representantes da coordenação do Movimento Nacional dos Catadores.

2 – Principais ações desenvolvidas pelo atual governo em relação aos


catadores de materiais recicláveis e população em situação de rua

Desde 2003, o Comitê coordenou uma série de iniciativas voltadas à inserção


social e à emancipação econômica dos catadores, incluindo:

 O Edital FNMA/MMA 04/2003 do Fundo Nacional do Meio Ambiente para


capacitação de catadores, gestão e infra-estrutura de trabalho das
cooperativas e associações das Regiões Metropolitanas e Capitais, com
recursos na ordem de R$ 4.000.000,00;

 O concurso de design do MDIC, em 2005, em parceria com o SEBRAE e a


Fundação Banco do Brasil, com recursos de R$ 235.000,00, para o
desenvolvimento de projetos de veículo para coleta de recicláveis pelos
catadores; para 2006, pretende-se viabilizar a produção de carrinhos, por
meio de capacitação de catadores, com apoio da Universidade de Londrina
e da FINEP;
 O convênio do MDS, assinado em dezembro de 2004, com O Movimento
Nacional dos Catadores, por meio da Organização do Auxílio Fraterno –
OAF, no valor de R$ 1.379.000,00, para capacitação de lideranças de
catadores, realização de estudos sobre a categoria, projeto de inclusão
produtiva em São Paulo e apoio à realização de duas pesquisas
censitárias de análise qualitativa sobre essa população, nas cidades de
Belo Horizonte e Recife.

 O convênio do MDS, assinado em dezembro de 2004 com a Cáritas


Brasileira, no valor de R$ 300.000,00 para implementação da coleta
seletiva solidária na Esplanada dos Ministérios com a doação dos materiais
recicláveis para organizações de catadores do Distrito Federal;

 Convênios do MDS com 6 Prefeituras e 2 organizações não


governamentais, em dezembro de 2005, direcionados para inclusão
produtiva de população em situação de rua, cujo valor total foi de
R$1.991.829,00;

 Realização do Primeiro Encontro Nacional sobre população em situação de


rua, organizado e realizado pelo governo federal em setembro de 2005,
com a participação de representantes de governos municipais,
organizações não governamentais e entidade ou fóruns de população em
situação de rua, para discutir os desafios e estratégias para a construção
de políticas públicas nacionalmente articuladas dirigidas a esse grupo
populacional;

 Aprovação da Lei 11.258, de 30 de dezembro de 2005, proposta pelo


Governo Federal, que altera a Lei Orgânica de Assistência Social para
incluir a obrigatoriedade de criação de programas para população em
situação de rua;

 O edital 18/2005 do MCT para apoio a projetos de tecnologias sociais para


a inclusão social de catadores, com o aporte de R$ 4.000.000,00;

 Celebração de convênios do MCT com 3 instituições (PANGEA, CEA e


INT) para fortalecimento da organização dos catadores, totalizando
investimentos de cerca de R$ 280 mil;

 Inclusão de associações e cooperativas de catadores no Programa Crédito


Solidário do Ministério das Cidades para construção de casas, com taxa de
juros zero, e apoio de consultores da Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental do Ministério das Cidades para elaboração de projetos para o
Programa;

 A priorização, pelo MTE, em 2006, de 15 vagas de capacitação de Agentes


de Desenvolvimento Econômico Solidário para o Movimento Nacional dos
Catadores; negociação de alocação de recursos do MDS para ampliação
... .

 Inclusão de proposta de priorização de contratação de cooperativas e


associações de catadores nos programas de coleta seletiva dos municípios
nos projetos de lei de saneamento e de resíduos sólidos.

 Investimento da Fundação Banco do Brasil de R$ 8 milhões em 70


cooperativas e associações de catadores entre 2003 e 2005; previsão de
aplicação de mais R$ 3,5 milhões em 2006, beneficiando cerca de 30
cooperativas e associações de catadores;

 Investimento da Petrobrás de R$ 8.326.947,79 entre 2003 e 2005, em


projetos com catadores de materiais recicláveis em 50 municípios e
previsão de investimentos de R$ 16.424.312,63 em 2006.

 Investimentos de R$ 3,5 milhão da FUNASA para projetos de infraestrutura


para catadores, constituição de uma mesa de debates sobre o trabalho dos
catadores em Congresso Internacional de Saúde Pública, a ser realizado
pela FUNASA em março de 2006;

 Inclusão de obrigatoriedade de apoio aos catadores para o financiamento


de projetos de resíduos sólidos no âmbito do Programa Resíduos Sólidos
Urbanos dos Ministérios das Cidades, do Meio Ambiente e da FUNASA.

 Projeto de atividades educativas complementares para filhos e filhas de


catadores de materiais recicláveis apresentado pela ONG “Moradia e
Cidadania” de Mato Grosso do Sul, no valor de R$ 100.000,00, em duas
etapas. O primeiro repasse – no valor de R$ 60.963,68 – será feito
brevemente. O restante do valor será pago de acordo com as liberações
possíveis do orçamento de 2006.

 Na Resolução que será publicada em 2006 para envio de projetos na área


de educação de jovens e adultos do MEC, os catadores de materiais
recicláveis serão identificados como um dos grupos prioritários para o
investimento dos recursos.

CENSO DE POPULAÇÃO DE RUA DE BELO HORIZONTE


Pela primeira vez, o governo federal financiou um censo para população de rua.
Os dados foram coletados em 2005 e comparam aos de 1998, quando a prefeitura
de BH realizou o primeiro censo da cidade. Mas este, de 2005, é o primeiro
financiado pelo governo. A divulgação foi no fim de agosto deste ano.

- De 1998 para 2005 em BH, houve uma redução de 18,21% para 6,05% de
moradores de rua na faixa etária de 1 até 17 anos. Houve, portanto, uma redução
da população menor de 18 anos.
- No censo de BH feito foram registrados 1.164 moradores de rua. A grande
maioria já está sendo atendida pelas políticas sociais do governo e em processo
de retirada das ruas: em moradias provisórias, abrigos, encaminhados a projetos
de inclusão produtiva etc.

- Já está em processo de licitação no MDS a realização do censo de moradores


de rua em capitais e cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes ( cerca de
60 municípios). Só não será feito em BH, SP e Recife.

- A grande maioria da população em situação de rua em BH é composta por


homens: 63,75%; mulheres: 18,03% e menores de 18 anos: 18,21%

- O aumento da população de rua em Belo Horizonte não é proporcional ao


aumento da população da cidade e, sim, menor Isto quer dizer que as políticas
adotadas em relação aos moradores de rua em BH estão dando resultados
satisfatórios.

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