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Camada de Ozônio
Prof.Haroldo Mattos de Lemos
O ozônio – O3 é um gás tóxico, com alto poder oxidante, que está presente no ar "natural"
(baixa atmosfera) em pequenas concentrações: 0,02 partes por milhão em volume - ppmv. A
concentração máxima permitida de O3 num ambiente de trabalho, para uma exposição de 8
horas por dia, é de 0,1 partes por milhão - ppm. O ozônio é produzido naturalmente pelo
efeito das radiações solares e relâmpagos. É produzido artificialmente (com descargas
elétricas - alta voltagem) em algumas estações de tratamento, para a desinfecção da água.
O ozônio está presente em quantidade relativamente pequena na atmosfera terrestre, e sua
concentração varia com a altitude, desde o nível do mar até cerca de 50 km de altura. Na
estratosfera (15 a 50 km de altura) a concentração de ozônio atinge seu valor máximo,
menor que 10ppmv, a cerca de 30 km. Por isso, dizemos que entre 12 e 35 km existe uma
“camada de ozônio”. Ela atua como um filtro para a radiação ultravioleta (UV) tipo B emitida
pelo Sol, que tem comprimento de onda entre 280 e 320 nanômetros – nm (1 nm = 10-9 m),
impedindo que a maior parte desta radiação nociva atinja a superfície da Terra.
O O3 é um gás tão reativo que ataca e oxida quase qualquer substância com quem entra em
contato, inclusive tecidos vegetais e pulmões humanos. Próximo da superfície da terra,
portanto, o O3 é um gás poluidor de vida curta, pelo número grande de partículas e
superfícies com quem reage. Na estratosfera encontramos poucas partículas, e as
moléculas de O3 duram mais tempo, entre 50 e 100 anos. Ozônio é constantemente
produzido na alta atmosfera pela ação da luz solar sobre as moléculas de oxigênio. Por este
motivo, uma “Camada de Ozônio” se formou entre 12 e 35 km acima da superfície da terra.
A cerca de 25 km de altitude, onde a “camada” é mais densa, temos menos de 10 moléculas
de O3 em cada um milhão de moléculas no ar. Mas esta concentração é suficiente para
absorver a maior parte da perigosa radiação ultravioleta B – UVB da luz solar incidente
sobre o planeta. A radiação UVB pode ser comparada a uma saraivada de pequenos
projéteis de energia que possuem a freqüência certa para quebrar moléculas orgânicas,
incluindo o DNA que carrega o código para a reprodução da vida. Quando a UVB atinge
organismos vivos, um das conseqüências pode ser o câncer de pele, (melanoma). O
melanoma ataca principalmente pessoas com peles claras que passam um tempo
considerável de suas vidas fora de casa. Estima-se que para cada 1% de redução da
camada de ozônio, teríamos um aumento de 2% de UVB na superfície da terra, e um
aumento de 3 a 6% na incidência de câncer da pele.
Na realidade, a UVB ameaça duplamente a pele humana: pela indução do crescimento de
câncer e pela supressão da habilidade do sistema imunológico de combater o câncer, o
herpes e outras doenças infecciosas.
Além da pele, os olhos também são atacados, provocando queimadura da córnea em
esquiadores e montanhistas a grandes altitudes. A chamada cegueira das neves (snow
blindness) ocasional é muito dolorosa, e sua repetição reduz permanentemente a
capacidade de visão. A UVB pode provocar também danos à retina e estimular a formação
de catarata nas lentes dos olhos.
Alguns resultados das pesquisas sobre os danos provocados pela radiação UVB são:
- Organismos unicelulares e pequenos organismos são mais vulneráveis aos danos
do que outros organismos maiores, porque a UVB penetra somente em poucas camadas de
células;
- A UVB penetra somente nos primeiros metros da superfície dos oceanos, que é
onde a maioria dos organismos aquáticos vive1. Mas estes organismos (como o krill, na
Antártica) são a base da maioria das cadeias alimentares oceânicas;
- A exposição à UVB reduz a área da folha das plantas, a altura das plantas e a
fotossíntese. O efeito da UVB varia com a espécie vegetal, mas para 60% dos vegetais
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produzidos para alimentação a produtividade cai com o aumento da UVB. Um estudo feito
com soja indicou que uma redução de 25% da camada de ozônio resultaria na redução de
20% da produção2.
- A radiação ultravioleta aparentemente degrada polímeros e plásticos usados ao ar
livre (como borracha de pneus), e é um agente na formação de ozônio na baixa atmosfera,
que é um ingrediente do smog urbano.
A energia solar que chega ao nosso planeta é composta por um conjunto de radiações,
denominado espectro solar, cujos comprimentos de onda variam entre 120 a 4.000 nm. A
parte visível do espectro solar (luz solar), com comprimentos de onda entre 400 e 700 nm,
promove a fotossíntese e é responsável pela vida na Terra. Mas uma parte das radiações
ultravioletas (invisíveis) pode danificar ou até destruir os ecossistemas terrestres e, portanto
a vida no planeta. A radiação ultravioleta A (320 a 400 nm) é menos perigosa, mas tem
efeitos sobre a pele, acelerando seu envelhecimento e contribuindo para o câncer de pele.
As radiações ultravioletas B (280 a 320 nm) e C (150 a 280 nm) são extremamente
perigosas. Como já vimos, a maior parte da radiação ultravioleta B que atinge a alta
atmosfera é "filtrada" pela camada de ozônio, e a parte que atinge a superfície da Terra
pode provocar os problemas mencionados acima. Felizmente, toda a radiação UV C que
atinge a alta atmosfera é absorvida totalmente pelas moléculas de oxigênio (O2), muito mais
abundante que o ozônio, e, portanto, não atinge a superfície da Terra.
não encontra moléculas de ozônio pelo caminho e atinge a superfície da Terra. O átomo de
oxigênio recém liberado ao encontrar uma molécula de oxigênio (O2) vem a formar uma
outra molécula de ozônio (O3), que ao encontrar o átomo de oxigênio (II) que tinha sido
liberado na primeira reação, se transforma em duas moléculas de oxigênio (O2).
As moléculas de óxido nítrico (NO) presentes na estratosfera catalisam esta última reação,
que resulta na destruição das moléculas de ozônio:
NO + O3 NO2 + O2
NO2 + O NO + O2
e o resultado final é:
O3 + O 2O2
Os NO são liberados na pelos fertilizantes nitrogenados e pela queima de combustíveis
fósseis, e apesar de terem uma vida relativamente longa na atmosfera, apenas uma
pequena fração atinge a estratosfera. Aviões supersônicos e foguetes espaciais emitem
óxidos de nitrogênio (NOX) na estratosfera, mas a quantidade ainda é relativamente
pequena.
Com base na explicação anterior, podemos entender porque os médicos recomendam que
freqüentemos as praias (principalmente se levamos crianças) de manhã cedo ou no fim da
tarde, evitando o sol do meio dia. Tanto na parte da manhã quanto no fim da tarde, os raios
solares percorrem um caminho maior dentro da camada de ozônio, aumentando assim as
chances de encontrar uma molécula de ozônio e ter sua energia absorvida na quebra desta
molécula. Significa que de manhã cedo e no fim da tarde, a quantidade de radiação UV B
que atinge a praia é menor do que a que atinge ao meio dia.
O ozônio é também um "gás estufa", e o aumento de sua concentração na baixa atmosfera
resulta num maior aquecimento da Terra. O O3 é produzido na baixa atmosfera pelas
descargas elétricas (relâmpagos).
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UV B e UVC
CFCl3 Cl + CFCl2
Cl + O3 ClO + O2 (repetidamente)
ClO + O Cl + O2 (repetidamente)
cujo efeito final é:
O3 + O 2O2
Este processo catalítico é tão eficiente que apenas um átomo de cloro, proveniente da
molécula de CFC quebrada pela radiação UV, é capaz de destruir até 100.000 moléculas de
ozônio. Os efeitos destrutivos dos átomos de cloro e dos átomos de bromo só são
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bloqueados quando eles combinam com outras substâncias presentes na estratosfera, como
o dióxido de nitrogênio (NO2) e o metano (CH4), formando ClNO3, HCl (ácido clorídrico) e
BrNO3, que não destroem o ozônio6.
É importante notar a demora para que as conseqüências ambientais da produção e uso dos
CFCs fossem notadas. Um CFC usado em um aparelho de refrigeração só era liberado
algum tempo após seu uso, ou por vazamento ou pelo descarte do aparelho. Uma vez
liberado na atmosfera, o CFC somente atinge a alta atmosfera, levado pelas correntes de ar,
alguns anos depois. E uma vez liberado pelas radiações ultravioletas, o átomo de cloro pode
durar muitos anos na alta atmosfera, destruindo cataliticamente as moléculas de ozônio.
Em 1974 ambientalistas americanos iniciaram uma campanha contra o uso de CFCs como
gases propelentes em sprays de perfumes, desodorantes e cremes de barbear, que resultou
numa queda de 60% na venda destes produtos, e pressão para uma lei que banisse o uso
de CFCs em sprays. Como sempre acontece nestes casos, a indústria resistiu. Richard E.
Benedick cita em “Ozone Diplomacy”, publicado pela Harvard University Press em 1991, que
um executivo da DuPont afirmou em 1974, em depoimento perante o Congresso Americano:
“a hipótese cloro-ozônio é neste momento meramente especulativa, sem evidência concreta
para apóia-la”. Mas prometeu: “Mas se dados científicos comprovados mostrarem que CFCs
não podem ser usados sem ameaça à saúde, DuPont cessará a produção destes produtos”.
Somente 14 anos depois esta promessa foi cumprida, mas uma lei proibindo o uso de CFCs
como propelentes foi aprovada pelo Congresso Americano em 1978.
Em 1975 a Organização Metereológica Mundial (OMM) publicou um documento científico:
"Modificações na camada de ozônio devido às atividades humanas e algumas
conseqüências geofísicas possíveis". Como resposta à crescente preocupação com a
possibilidade de destruição da camada de ozônio, o PNUMA e a OMM realizaram uma
reunião de cientistas em março de 1977, em Washington, que adotou o Plano de Ação
Mundial sobre a Camada de Ozônio. Em 1978, como vimos acima, os Estados Unidos
proibiu a utilização de CFCs como propelentes em aerossóis. Em maio de 1981, o Conselho
de Administração do PNUMA resolveu iniciar negociações para um acordo internacional
para proteger a camada de ozônio.
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4. O Protocolo de Montreal
Em setembro de 1987, foi assinado o Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que
Destroem a Camada de Ozônio, ratificado até março de 2004 por 187 países. O Protocolo
de Montreal definia medidas de controle para os cinco CFCs mais usados, cuja produção
deveria ficar congelada nos níveis de 1986. Os países desenvolvidos deveria reduzir sua
produção em 20% até 1993, e reduzir em mais 30% até 1998. Aos países em
desenvolvimento era permitido até aumentar seu consumo destas substâncias que destroem
a camada de ozônio (SDOs) antes de assumirem compromissos de redução.
Potencial de
Tempo de vida
Substância Destruição de Usos
na atmosfera
O3
Aparelhos de refrigeração, ar
CFC-11
1,0 75 condicionado, espumas flexíveis e
(CFCl3)
poliuretano rígido
Espumas de poliuretano rígido, ar
CFC-12
1,0 111 condicionado, refrigeração,
(CF2Cl)
aerossóis, esterilização
CFC-113
0,8 90 Solvente
(C2F2Cl3)
CFC-114 Espumas rígidas, ar condicionado,
1,0 185
(C2F4Cl2) refrigeração
CFC-115
0,6 380 Refrigeração, ar condicionado
(C2F6Cl)
Halon-1211
3,0 25 Extintores de Incêndio portáteis
(CF2BrCl)
Halon-1301
10,0 110 Sistemas de extinção de incêndio
(CF3Br)
Halon-2402
6,0 -- Extintores de Incêndio
(C2F4Br2)
3.2.4.1. Segunda Reunião das Partes do Protocolo de Montreal (MOP 2): Londres, 1990
Pouco tempo após a assinatura do Protocolo de Montreal, ficou claro que a redução
proposta não seria suficiente para evitar a destruição da camada de ozônio, mesmo que as
medidas fossem atendidas. A concentração dos átomos de Cl que destroem o ozônio na
estratosfera continuaria aumentando indefinidamente. Um dos motivos era a grande
quantidade de CFCs que já tinham sido produzidos mas ainda não haviam sido liberados na
atmosfera, e os CFCs que já tinham sido liberados mas não haviam atingido ainda a
estratosfera. A China, como a maioria dos países subdesenvolvidos que estavam se
industrializando, não assinou o Protocolo, e estava tentando equipar milhões de domicílios
com refrigeradores.
Com a divulgação do aumento progressivo do buraco de ozônio, a DuPont anunciou em
1988 que cessaria completamente a produção dos CFCs, e em 1989 os Estados Unidos e a
União Européia declararam que iriam parar toda a produção dos cinco CFCs mais usados
até o ano 2000. Como o Protocolo de Montreal previa avaliações periódicas da situação da
camada de ozônio e a tomada de medidas mais fortes, caso fosse necessário, após
negociações lideradas pelo PNUMA 92 paises se reuniram em Londres em 1990 e
concordaram em terminar toda a produção de CFCs até o ano 2000.
Durante a MOP 2, os delegados concordaram em apertar os planos de controle a
acrescentaram mais dez CFCs à lista de SDOs, além dos halons, tetracloreto de carbono e
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3.2.4.8. Resumo do plano atual de controle das SDOs, resultantes das várias emendas e
ajustes ao Protocolo de Montreal:
a) Os países desenvolvidos (não relacionados no Artigo 5) foram requisitados a
terminar a produção de halons até 1994, CFCs, tetracloreto de carbono,
metilclorofórmio e HBFCs até 1996, bromoclorometano até 2002, brometo de metila
até 2005. A produção de HCFCs devia ser estabilizada até 2004 e seu consumo
terminado até 2030.;
b) Os países em desenvolvimento (Artigo 5) foram requisitados a terminar a produção
de HBFCs até 1996 e bromoclorometano até 2002. Terão que parar de produzir
CFCs, halons e tetracloreto de carbono até 2010, metilclorofórmio e brometo de
metila até 2015. A produção de HCFCs deve ser estabilizada até 2016 e seu
consumo terminado até 2040.
O Governo Brasileiro criou um grupo interministerial, o Prozon, do qual fazem parte, entre
outros, os Ministérios: do Meio Ambiente; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
Ciência e Tecnologia e Relações Exteriores, para coordenar as ações internas para o
atendimento do que foi estabelecido pelo Protocolo de Montreal. Em 1994, o Prozon
encaminhou ao Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal o Programa Brasileiro de
Eliminação da Produção e Consumo das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio –
PBCO. Este Programa4, preparado com a participação do setor industrial e aprovado com
elogios pelo Fundo de Montreal, previa a antecipação da eliminação da produção dos
Halons 1211 e 1301 para 1994, dos CFCs 11, 12, 113, 114 e 115, e do Tetracloreto de
Carbono e Metil Clorofórmio para 2001. Em 1996 o Programa Brasileiro já estava
financiando 41 projetos, em diversos setores, com desembolso superior a US$23 milhões.
Desde 1991, o Fundo Multilateral já empregou mais de US$ 1 bilhão em mais de 110 países
em desenvolvimento para a adoção de novas tecnologias para substituir as substâncias
agressivas à camada de ozônio.
EM 2000, o consumo de CFCs no Brasil era de seis mil toneladas por ano, abaixo das 10 mil
por ano estabelecido como teto para 1999. No final de 2000, por solicitação de alguns
setores industriais, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, do Ministério do
Meio Ambiente, aprovou a Resolução n0 267/00 prorrogando os prazos anteriormente
acordados. A eliminação da produção de CFCs ficou para 2007, três anos antes do prazo
final estabelecido pelo Protocolo de Montreal para os países em desenvolvimento (2010).
Em setembro de 2003, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, assinou portaria criando o
Grupo de Trabalho do Ozônio, sob responsabilidade da Secretaria de Qualidade Ambiental
do MMA. Na cerimônia de lançamento da Semana Nacional de Proteção à Camada de
Ozônio, a Ministra anunciou investimentos de 26,7 milhões de dólares para o PBCO, sendo
9,5 milhões em 2003. Com os recursos de 2003 o governo distribuiu 12 mil equipamentos de
recolhimento de CFCs e vai implantar 10 unidades regionais de reciclagem e regeneração
destes gases.
Estima-se que cerca de 40 milhões de geladeiras ainda utilizem CFC no Brasil. Substituir
esses eletrodomésticos é outra estratégia para eliminar o uso do produto. Em alguns
estados, como a Bahia, por meio de programas de eficiência energética, concessionárias de
energia elétrica doam geladeiras novas para famílias de baixa renda e o MMA recolhe o gás
das velhas. A expectativa é de que no futuro sejam abertos mais dois centros de
regeneração, um na região Nordeste e um no Centro-Oeste.
O Ministério do Meio Ambiente entregou a associações de agricultores da região de Atibaia
(SP) em janeiro de 2007, oito caldeiras a vapor para tratamento de solo no valor de US$ 50
mil cada. Os equipamentos possibilitam eliminar o uso do brometo de metila, que teve sua
importação proibida no Brasil a partir de 01 de janeiro de 2007.
O MMA apresentou também o coletor solar, artefato que substitui a utilização do brometo de
metila em menor escala. O treinamento dos operadores faz parte do Programa Nacional de
Eliminação do Brometo de Metila, coordenado pelo MMA. Os 27 operadores aprenderam a
utilizar os equipamentos doados pelo governo brasileiro com recursos do Fundo Multilateral
do Protocolo de Montreal.
Até maio, será entregue o lote completo de caldeiras, com 27 unidades, um investimento de
US$ 1,35 milhão, ou quase R$ 3 milhões. O governo brasileiro prevê, ainda, entregar 600
coletores até o fim de 2007, em regiões produtoras de flores em São Paulo, incluindo
Atibaia, Ibiúna e Holambra, bem como no estado de Pernambuco.
Tanto a caldeira quanto o coletor podem ser aplicados para o tratamento do solo e o controle
de formigas sem causar danos ao meio ambiente ou à saúde das pessoas que o
manuseiam. A caldeira já é utilizada em outros países, inclusive na vizinha Argentina, onde
agrônomos brasileiros vinculados ao plantio de flores tiveram a oportunidade de conhecê-la.
Já o coletor solar foi desenvolvido pela Embrapa e possui tecnologia 100% nacional.
Parecido com uma mesa, o coletor é feito de madeira. Apoiado em quatro pés, possui uma
caixa de madeira no topo, recoberta por uma camada plástica. No interior da caixa estão
instalados tubos metálicos, onde a terra deverá ser depositada. Após o aquecimento a
temperaturas médias de 60ºC, a terra estará livre de organismos nocivos ao cultivo de
plantas ornamentais e hortaliças, como o morango. A caldeira também adota o aquecimento
da terra para tratar o solo, utilizando-se de vapor de água em grandes quantidades de terra.
A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial - UNIDO está
iniciando um processo de licitação para produzir os coletores em escala. Atualmente, o
custo estimado de cada coletor é de US$ 100 (R$ 220). O Fundo Multilateral do Protocolo
de Montreal dispõe de US$ 2 milhões (cerca de R$ 4,4 milhões) para investir nas caldeiras e
coletores.
6. Conclusão
Em 1995 e 1996 a redução da concentração de ozônio sobre o Pólo Norte atingiu recordes
históricos, incluindo uma redução de pouca duração de 45% sobre a Sibéria 11. Em 1998, 200
e 2003 o buraco de ozônio sobre o Pólo Sul bateu recordes de extensão e profundidade,
mas o crescimento do buraco de ozônio estava cada vez menor. Em 2002, a Avaliação
Científica da Organização Metereológica Mundial – WMO afirmou que a camada de ozônio
iria se recuperar lentamente durante os próximos 50 anos, supondo que o Protocolo de
Montreal e os acordos subseqüentes fossem cumpridos, que fosse finalizada a produção
ilegal de CFCs e outros produtos, e que não ocorressem grandes erupções vulcânicas (que
podem consumir ozônio estratosférico por curtos períodos). Mas um estudo mais recente
revelou (UNEP 2005 Annual Report) que mesmo que todas as metas do Protocolo de
Montreal sejam atingidas, a camada de ozônio não se vai se recuperar inteiramente até
2065, portanto 15 anos após o que tinha sido previsto anteriormente, devido à contínua
liberação de CFCs dos equipamentos de refrigeração antigos.
Uma das soluções intermediárias foi usar CFCs hidrogenados – HCFCs, que destruíam a
camada de ozônio somente entre 2 e 10% da destruição provocada pelos CFCs11. A
produção dos HCFCs será proibida a partir de 2030, tempo considerado suficiente para
encontrar soluções definitivas para o problema. Os Estados Unidos criou um imposto que
fez com que a reciclagem dos CFCs e o conserto dos vazamentos nos equipamentos seja
rentável.
Bibliografia
3. Kirchhoff, V. W. J. H., "A redução da camada de ozônio: efeitos sobre o Brasil", Revista
Engenharia Ambiental, vol. 7, 32-35, 1989.
4. Ministério do Meio Ambiente, "O Brasil e a Proteção da Camada de Ozônio", Brasília,
1977.
5. Arjun Makhijani, Annie Makhijani, e Amanda Bickel, “Saving Our Skins: Technical Potential
and Policies for the Elimination of Ozone-Depleting Compounds”, Environmental Policy
Institute and the Institute for Energy and Environmental Research, Washington DC, 1988.
6. Araújo, M. A. R., "O que é a Destruição da Camada de Ozônio – Como o Brasil pode ser
afetado", Coleção Cara Pintada de educação Ambiental, Belo Horizonte, 1993.
Haroldo Mattos de Lemos
Curso de Pós Graduação em Gestão Ambiental 2007