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O homem é âncora de seu próprio saber sobre amor.

Na série YOU, o que estrutura este


prefixo (você) é o que sai ou fica da relação entre Joe e sua mãe. Dessa relação entre mãe e
filho o que ficou foi reminiscências de que o amor é uma fantasia capaz de resgatar quem se é.
E assim o fez, Joe. Cada passo em torno do drama de ser um homem para uma mulher. Ser
homem para algo, para alguém. Ser “O homem” da “mulher”. Entre idas e vindas, que
podemos aproximar de nossa sociedade? De que o tempo não caducou e sua ação
impertinente debruçado sobre sempre a reter o saber do que uma mulher precisa, ou, o que
quer uma mulher, recai drasticamente em “o que quer um homem”, sendo esse ser comum,
extrínseco à relação com o feminino. Em nossa sociedade, portanto, o homem busca saber a
medida certa entre se reprimir e gozar do lugar de homem debruçado sobre uma mulher.
Fazer dessa fantasia a base de sua realidade. Estamos em tempos de traços perversos
aveludados sob uma camurça que recobre o desejo de fazer da mulher, a mulher de um
homem. Nisso, O homem acredita que detém todo amor, poder sobre uma mulher. Nesse
caldeirão, o capitalismo, a política, os grupos ideológicos e o alto grau de exibicionismo
particular de nossa contemporaneidade, se encarregam de enovelar requintes de tragédia,
suspeita, emergência e falsos discursos sobre quem é quem. Por esse Front podemos entender
que quem mais padece de orientação são os jovens e as crianças, ficando out, fora dessa
colheita do mal. Divirtam-se diagnosticando Joe e Love de perversos, psicopatas ou coisas
afins. Em paralelo, o universo daqui é bem real, e todos estão sob suspeita. Somos
representados o tempo todo por discursos, narrativas, pensamentos que em sua intimidade
não representam nada. Lembram do representante da representação que Freud trabalha? A
palavra não representa a coisa. Os objetos que narramos e consumimos estão ameaçados.
Nem verdade nem mentira. Somos versáteis. E o preço é sentir uma dor que não tem nome, é
planejar uma viagem sem bilhete de volta, é satisfazer-se com a história do outro.

Querido Joe, seja comum. Seja um homem, pois o homem foi fundado por uma ideia mítica.
Procure pelo amor com arestas, não as apare, flerte com sua própria impotência. O homem é
âncora de seu próprio saber sobre o amor.

Obs: Não consuma suas fantasias. Elas não sobrevivem na realidade, elas estruturam a
realidade.

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