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DECRETO Nº 6.

029/2007 - Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal


Art. 1o Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, competindo-lhe:
I - integrar os órgãos, programas e ações relacionadas com a ética pública;
II - contribuir e implementar políticas públicas, sendo a transparência e o acesso à informação fundamentais
para exercer a gestão da ética pública;
III – promover a compatibilização de normas, procedimentos técnicos e de gestão sobre ética pública;
IV - articular ações para incentivar e incrementar o desempenho institucional na gestão da ética pública.

Art. 2o Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal:


I - a Comissão de Ética Pública - CEP;
II - as Comissões de Ética; e
III - as demais Comissões de Ética e equivalentes das entidades e órgãos do Poder Executivo Federal.

Art. 3o A CEP é composta por sete brasileiros com idoneidade moral, reputação ilibada e notória experiência
em administração pública, designados pelo Presidente, por 3 anos, não coincidentes, com única recondução.
§ 1o A atuação na CEP não enseja remuneração e os trabalhos são considerados relevante serviço público.
§ 2o O Presidente terá o voto de qualidade nas deliberações da Comissão.
§ 3o Os mandatos dos primeiros membros serão de um, dois e três anos, conforme decreto de designação.

Art. 4o À CEP compete:


I - atuar em instância consultiva do Presidente e Ministros de Estado sobre ética pública;
II - administrar a aplicação do Código de Conduta da Alta Administração, devendo:
a) submeter ao Presidente medidas para seu aprimoramento;
b) dirimir dúvidas sobre interpretação de suas normas, deliberando os casos omissos;
c) apurar, por denúncia ou ofício, condutas incompatíveis, se praticadas pelas autoridades a ele submetidas;
III - dirimir dúvidas de interpretação sobre as normas do Código de Ética Profissional - Decreto no 1.171/1994;
IV - coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de Gestão da Ética Pública do Executivo Federal;
V - aprovar o seu regimento interno; e
VI - escolher o seu Presidente.
PU.: A CEP terá uma Secretaria-Executiva – Casa Civil, para prestar apoio técnico-administrativo à comissão.

Art. 5. Cada Comissão de Ética (Dec. 1171/1994) terá 3 titulares e 3 suplentes, sendo servidores e
empregados permanentes designados pelo dirigente máximo do órgão, em mandatos intercalados de 3 anos.

Art. 6o É dever do titular da entidade da Administração Pública Federal, direta e indireta:


I - assegurar as condições de trabalho para o cumprimento das funções das Comissões de Ética, para que do
exercício das atribuições dos seus integrantes não lhes resulte prejuízo;
II – avaliar em seu âmbito a Gestão de Ética, em processo coordenado pela Comissão de Ética Pública.

Art. 7o Compete às Comissões de Ética (incisos II e III do art. 2o):


I - atuar como instância consultiva no âmbito de seu respectivo órgão ou entidade;
II - aplicar o Código de Ética Profissional Público Civil Federal (Decreto 1.171), devendo:
a) submeter à CEP propostas para seu aperfeiçoamento;
b) dirimir dúvidas de interpretação normativa e sobre casos omissos;
c) apurar, por denúncia ou de ofício, conduta em desacordo com as normas éticas; e
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no seu âmbito, treinamento sobre normas de ética e disciplina;
III - representar a entidade ou órgão na Rede de do Poder Executivo Federal (art. 9); e
IV – vigiar a observância ao Código de Conduta da Alta Administração, comunicando à CEP caso de violação.
§ 1o Cada Comissão terá uma Secretaria-Executiva, vinculada à instância máxima do órgão, para cumprir
plano de trabalho por ela aprovado, provendo apoio técnico e material para desempenhar as suas atribuições.
§ 2o As Secretarias-Executivas serão chefiadas por servidor ou empregado do quadro permanente, ocupante
de cargo de direção, sem aumento de despesas.

Art. 8o Compete às instâncias superiores dos órgãos e entidades Federais, da ADM direta e indireta:
I - observar e fazer observar as normas de ética e disciplina;
II - constituir Comissão de Ética;
III - garantir os recursos humanos, materiais e financeiros para a Comissão cumprir suas atribuições;
IV - atender com prioridade às solicitações da CEP.
Art. 9o Fica constituída a Rede de Ética do Executivo Federal, formada pelos representantes das Comissões
de Ética (incisos I, II e III do art. 2), para promoção e cooperação técnica e avaliação em gestão da ética.
PU.: os integrantes da Rede de Ética se reunirão em fórum específico, sob coordenação da CEP, ao menos
uma vez por ano para avaliar os programas para a promoção da ética na administração pública.

Art. 10. Os trabalhos da CEP e demais Comissões de Ética devem ser céleres, observando os princípios da:
I - proteção à honra e à imagem da pessoa investigada;
II - proteção à identidade do denunciante, mantido sob reserva se desejar; e
III - independência e imparcialidade dos membros na apuração dos fatos, com as garantias deste Decreto.

Art. 11. Qualquer agente público, pessoa jurídica de direito privado, associação ou entidade de classe pode
provocar CEP e demais Comissões de Ética, para apurar infração ética de agente público ou órgão estatal.
PU.: entende-se por agente público quem por lei, contrato ou ato jurídico, preste serviço permanente,
temporário, excepcional ou eventual, com ou sem retribuição, a entidade pública federal, direta e indireta.

Art. 12. O processo para apurar desrespeito ao Código de Conduta da Alta ADM ou Código de Ética
profissional, será de ofício ou denúncia fundamentada, com contraditório e ampla defesa, pela CEP ou
demais Comissões de Ética (art. 2), notificando investigado para manifestar-se por escrito em 10 dias.
§ 1o O investigado poderá produzir prova documental para defesa.
§ 2o A Comissão de Ética pode requisitar documentos, promover diligências e solicitar parecer técnico.
§ 3o Juntadas novas provas, investigado será novamente notificado para manifestar-se em 10 dias.
§ 4o Concluída instrução processual, as Comissões de Ética proferirão decisão conclusiva e fundamentada.
§ 5o Se concluírem pela falta ética, além das providências do Código de Conduta e de Ética, providenciarão:
I - encaminhamento sugerindo exoneração a autoridade hierárquica superior ou devolução ao órgão original;
II – encaminhamento para CGU ou Sistema de Correição (Dec. 5.480) para examinar transgressão disciplinar;
III - recomendação de abertura de procedimento administrativo, se a falta assim exigir.

Art. 13. Será mantido como “reservado” até conclusão, o procedimento de desrespeito às normas éticas.
§ 1o Concluída investigação, após deliberação das Comissões de Ética, autos perdem status de ‘reservado’.
§ 2o Se autos possuírem documentos sigilosos, o acesso a esses só será permitido a quem detiver igual
direito perante o órgão originariamente encarregado da sua guarda.
§ 3o Para resguardar o sigilo dos documentos, as Comissões de Ética, após concluída investigação,
providenciarão que tais documentos sejam desentranhados, lacrados e acautelados.

Art. 14. Ao investigado é assegurado saber o que lhe está sendo imputado, o teor da acusação e vista dos
autos, no recinto das Comissões, mesmo sem a notificação da existência do procedimento investigatório.
PU.: o direito deste artigo inclui a obtenção de cópia dos autos e certidão do seu teor.

Art. 15. Toda solenidade de posse, investidura ou contrato de trabalho dos agentes públicos (PU do art. 11),
estes prestarão compromisso de observar as regras do Código de Conduta da Alta ADM, do Código de Ética
Profissional do Poder Executivo Federal e pelo Código de Ética do órgão.
PU.: a posse em cargo que submeta a autoridade às normas do Código de Conduta da Alta ADM, deve ser
precedida de consulta da autoridade à CEP, sobre situação que suscite o conflito de interesses.

Art. 16. As Comissões de Ética não podem escusar-se de decisão de sua competência alegando omissão do
Código de Conduta da Alta ADM, Código de Ética Profissional ou Código de Ética da entidade, sendo suprido
por analogia, se existir, e princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
§ 1o Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comissão deverá ouvir previamente o setor jurídico do órgão.
§ 2o Cumpre à CEP responder a consultas sobre ética das demais Comissões de Ética e órgãos Federais,
bem como cidadãos e servidores indicados para função abrangida pelo Código de Conduta da Alta ADM.

Art. 17. As Comissões de Ética, quando constatarem possíveis ilícitos penais, civis, de improbidade ou
infração disciplinar, encaminharão cópia dos autos às autoridades, sem prejuízo das medidas cabíveis.

Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise de fatos de sua competência, serão resumidas em
ementa, divulgadas no sítio do órgão, omitindo os nomes investigados, bem como remetidas à CEP.

Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética do art. 2, incisos II e III, são relevantes e têm prioridade sobre
as atribuições dos cargos dos seus membros, quando estes não atuarem com exclusividade na Comissão.

Art. 20. Os órgãos e entidades da ADM Federal darão prioridade às solicitações de documentos para à
instrução dos procedimentos de investigação das Comissões de Ética.
§ 1o Inobservado caput, Comissão de Ética recomendará abertura de processo administrativo (art. 12, §5, III).
§ 2o As autoridades não poderão alegar sigilo para negar informação solicitada pelas Comissões de Ética.

Art. 21. A infração ética cometida por membro de Comissão do art. 2, incisos II e III, será apurada pela CEP.

Art. 22. A CEP manterá banco de dados das sanções aplicadas por ela e demais Comissões, para consulta
pelos órgãos da ADM Federal, para caso de nomeação em cargo de comissão ou de alta relevância pública.
PU.: o banco de dados englobará as sanções de todos os agentes públicos mencionados no PU do art. 11.

Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética do art. 2, incisos II e III, atuarão como elementos de
ligação com a CEP, que disporá em Resolução as atividades necessárias para cumprir esse mister (ofício).

Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta ADM, do Código de Ética Profissional Federal e do Código
de Ética do órgão ou entidade, aplicam-se às autoridades e agentes públicos em licença.

Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXV do Código de Ética Profissional (Dec.
1.171); os arts. 2o e 3o do Decreto que cria a Comissão de Ética Pública; os Decretos de 30 de agosto de
2000 e de 18 de maio de 2001, que dispõem sobre a Comissão de Ética Pública.

Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação

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