Você está na página 1de 8

Religiosidade

Vamos ler o texto de Mateus 23, orar e depois ver um vídeo.

Vídeo: Um homem caiu em um buraco

Estamos finalizando esta série Papo reto. Já falamos sobre dinheiro, sobre sexo e sobre poder.
E hoje, pelo vídeo que usei para iniciar, será sobre a religião.

Primeiro, a definição para a palavra religião que vem do latim, religare, significar ligar-se
novamente à divindade. Então já traz em si uma ideia de separação, o homem está separado
do divino.

No entanto, para nós evangélicos, a palavra religião tomou uma conotação negativa. Pois nós
entendemos que religião não salva ninguém e que nós não temos uma religião e sim um
relacionamento com Deus.

Daí vem a expressão, também negativa, que é religiosidade. Para nós, religiosidade é uma
forma equivocada de se relacionar com Deus, muito baseada em regrinhas e usos e
costumes.

Vou usar então estas definições populares para que nós falemos a mesma língua: religião e
religiosidade no sentido negativo de ambos os termos.

Neste sentido, que é negativo para nós, podemos dizer que religião é quando um fiel cumpre
suas obrigações com a divindade e espera os favores desta divindade.

É algo semelhante ao vídeo que vimos. Chega um budista e fala para meditar até alcançar o
nirvana; o hindu dizendo que nada ali era real; o espírita ou alguma outra religião kármica
falando para fazer boas obras e cumprir o karma; o islâmico ensinado as 5 orações e os 5
preceitos para satisfazer a divindade. Todas elas têm em comum que o homem precisa se
esforçar para sair do buraco.

E o cristianismo se difere exatamente aí. No cristianismo, não são nossas obras que nos
salvam, não são nossos esforços. Nós cremos, como diz em Efésios 2.8 e 9 que somos salvos
pela graça, por meio da fé; isto não vem de nós e dom de Deus; não vem das obras para que
ninguém se glorie.

No cristianismo, Deus toma a iniciativa de vir até nós e nos salvar. Ele desce no buraco, nos
coloca nas costas, e nos tira do fundo do poço, do fundo do abismo, do fundo do buraco. É um
movimento do início ao fim executado por Deus.

Tenho certeza que ninguém aqui discorda disso. No entanto, por mais que no início da
caminhada cristã a gente entende que é pela graça, por meio da fé, nós simplesmente
prosseguimos a caminhada de outro modo.

Paulo fala em Colossenses 2.6 e 7 “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai
nele; nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo
em ações de graças”.

Portanto, da mesma forma que recebemos a Cristo, pela graça, por meio da fé, devemos
também andar Nele pela graça e por meio da fé.

Mas não é exatamente isso que acontece. Nós tratamos e lidamos com Cristo da mesma
forma que as demais religiões tratam e lidam com seus deuses.
Isso que acontece, é mais ou menos o que o Tim Keller fala, que existem 3 formas de nos
relacionarmos com Deus, mas apenas uma é a correta. Você pode se relacionar com Deus, não
estando nem aí para Ele, ou viver para Ele. Mas dentro desse viver para Ele, existe uma forma
que é a religiosidade: ou seja, eu obedeço a Deus, e logo sou aceito por Ele. Mas o Evangelho,
que é a forma correta, diz: eu sou aceito por Deus, por causa da obra de Cristo, e por isso eu
obedeço a Deus. Ao longo de toda a Bíblia é assim: Deus primeiro salva Israel do Egito e depois
ensina a eles como viver. Ele não dá os mandamentos, e diz: vivam isso aí uns 5 anos e depois
eu venho salvar vocês.

É por isso que a gente sempre está correndo o risco de lidar com Deus de forma religiosa e aí,
entramos no mesmo esquema, no mesmo mecanismo da religião.

O Ed René dá um exemplo muito perspicaz do mecanismo da religião. A religião se alimenta


da culpa, do medo e da ganância.

Se a pessoa está andando errado você a pega na culpa. A pessoa chega e fala: pastor, me ajuda
em oração, estou em dificuldade financeira, desempregado, com dificuldade no casamento. Aí
eu viro para ele e pergunto: o que você está fazendo de errado? Tá orando todo dia? Tá lendo
a Bíblia? E aí se ele estiver na média evangélica brasileira, provavelmente dirá: não tô pastor,
tô com essa dificuldade também. Pois é, não tá lendo a Bíblia, não tá orando, as coisas não vão
para frente mesmo.

Não é assim que a gente pensa? Agora, seu perguntar para você: o que você está fazendo de
errado... todo mundo está fazendo. Ninguém é perfeito diante de Deus... tá todo mundo
devendo. Então a religião se alimenta de culpa. Sempre você vai estar devendo.

Agora vamos supor que você é uma pessoa caxias, legalista, “irrepreensível”. Ou seja, você
acha que não está devendo nada para ninguém. Tipo é hipócrita, mas não sabe disso, e aí acha
que não tá devendo ninguém, nem a Deus. Fica regulando sua vida nas experiências místicas,
cheio de si porque Deus fala com você, né? E se Deus está falando significa que você não deve
nada.

Mas pode vir a dever, né? Aquele que está de pé, olhe para que não caia. Você hoje está na
fidelidade, mas satanás tá de olho em você, na sua família. Sua mulher não está se
estranhando com você, vocês não estão discutindo às vezes? Ela não está cobrando umas
coisas de você ultimamente? Pois é, é sinal que satanás está assediando sua família. Eu tenho
orado por vocês e tá pesado, tem sido luta, satanás tem ficado furioso contra mim por isso.
Tenho sofrido retaliação porque a coisa na sua casa tá pesada. E satanás quer atingir é suas
crianças. Seu filho num fica choroso, ou num tá doente nesses dias? Num tá pegando
resfriado, nariz escorrendo? Pegou dengue? Ih, é espiritual! Num é assim que a gente fala ou
pensa?

Agora imagine, você com seu filho, doente, com febre e um pastor vira e fala que é espiritual?
Você precisa ter muita fé para dizer que besteira e seguir dando remédio. Tipo, a mãe fala na
hora que é besteira, mas aí a noite chega em casa com a criança chorando, com febre, ela vira
para o marido e diz: o pastor lá falou que é espiritual. Besteira mulher, diz o marido. A mãe
retruca, é eu falei que era besteira, mas num sei, já vai para o terceiro dia que ele está de
febre. Aí, entrou o medo na cabeça, escravizou também.

Agora pode ser que a pessoa seja cuca-fresca, tranquila nestas questões. Aí você chega para
ela e pergunta: você tá fazendo o que de errado? Ah um monte de coisa pastor, você
descobriu qual delas? Esse você já não pega pela culpa. Aí você fala: olha meu irmão, você está
fazendo coisa errada aí, tá dando brecha, satanás vai te atazanar. Aí ele fala, o diabo tá
amarrado, pastor, tá vencido aqui debaixo do meu pé. Você já não pega ele pelo medo.

Você pega como? Irmão, Deus tem um propósito grande na sua vida. Você é um homem de
Deus, é alguém que realizará grandes coisas no nome do Senhor. Tenho orado por ti e Deus
tem falado isso sobre você para mim. Puxa pastor, sério? Sério, mas você tem que se santificar
mais, tem que vir aos cultos, na corrente da fé.

Então, não pegou na culpa, não pegou no medo, pega na ganância! É disso que a religião se
alimenta. E percebam que é tudo baseado na troca, no mérito.

Se eu fiz errado, tenho culpa. Alguma coisa está errada, eu por medo, busco mais a Deus. Ou
então eu me santifico mais para receber meu ministério, para fazer a diferença na nação, na
geração, para colocar meu nome na história.

A gente entende que a salvação é pela graça, que Deus é gracioso, que tudo é graça. Mas
porque vivemos de outra forma? Porque um Deus gracioso é um Deus livre, Ele dispensa seus
favores como e quando quer e nós não temos meios de exigir nada Dele.

Mas dentro de nós o que queremos é controlar a Deus. Então tentamos mover a Deus com
nossa oração, com nosso jejum, com nossos votos. Ou seja, com qualquer técnica que
conhecemos para colocar Deus a nosso favor. É o mesmo mecanismo da religiosidade. Isto
porque sempre queremos, na verdade, controlar a Deus.

Porque se eu fiz tudo certo, Deus tem que me atender. Se deu tudo errado, Deus está
zangado comigo, logo preciso corrigir o que estou fazendo de errado para Ele voltar a sorrir
para mim. Se bem que esse lance de Deus ficar zangado conosco é católico. Nós pensamos é
que se deu tudo errado, eu dei brecha e o diabo tá fazendo a festa. Então tenho que corrigir
tudo para fechar as brechas. Não dei o dízimo, o gafanhoto vai passar lá em casa. Parece
aqueles filmes de gangues que você paga uma garantia para dono da região para não ser
assaltado.

E essa forma de se relacionar com Deus, baseado na religiosidade vem desde a época de
Jesus. Havia o grupo dos religiosos, os fariseus. Eles é quem regulavam a religião judaica
popular.

Os fariseus e os escribas, isto é, os mestres da lei, eram o maior grupo que influenciava o povo
no aspecto religioso. Eram os líderes da religião popular dos judeus. E o problema é que eles
transformaram o relacionamento com Deus em algo completamente distorcido. Eles
distorciam a forma de interpretar a Lei de Deus para algo completamente aquém e
meramente de aparência.

E o grande discurso de Jesus contra eles relatado no Evangelho de Mateus demonstra o


quanto essa forma de se relacionar com Deus é perniciosa. Há uma sequência de 8 ais. Esses
ais são alertas de um julgamento vindouro caso eles não se arrependessem.

1º Ai - Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus
diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam
de fazê-lo. (v. 13)

Neste primeiro ai, fala desse relacionamento com Deus falsificado que é uma forma de
idolatria também.
A idolatria define a forma como você vê o mundo. Pense no futebol: tem o templo, tem a
contribuição financeira, tem os hinos de louvor, não é? E no campo, o que está acontecendo?
A batalha dos deuses. E se eu uso a camisa azul e a outra pessoa usa a camisa preto e branca, o
que ela é para mim? Inimigo, e o inimigo tem que morrer. Então a idolatria define a forma de
você ver o mundo e ver o outro.

Agora há uma forma de idolatria mais complexa e que tem a ver diretamente conosco: em
Êxodo 32.1-5, conta a história do bezerro de ouro. Moisés tinha sumido há muito tempo e aí o
povo desesperou e pediu para Arão fazer deuses para conduzir o povo. E aí Arão pede o ouro e
faz o bezerro. Mas o interessante é que ele fala assim: Eis aí, óh Israel, os deuses que os
tiraram do Egito. Amanhã é festa a Yaveh. A palavra Senhor, geralmente em destaque na sua
Bíblia no Antigo Testamento, é a tradução do próprio nome de Deus.

Então o povo confundia Deus com os outros deuses e fazia uma bagunça. Ou seja, eles
adoravam a imagem falsa do Deus verdadeiro. E era isso que regia a forma dos fariseus se
relacionarem com Deus. Eles achavam que estavam adorando a Deus, mas adoravam uma
imagem falsa, um deus inventando. O Deus dos judeus não é o Deus cristão e nem mesmo
tem a ver com Jesus.

E nós corremos o mesmo risco de confundir nosso relacionamento com Deus da forma que as
outras religiões fazem. Uma forma pagã de nos relacionarmos com Deus.

Quando adoramos a Deus de forma errada, nós não entramos no reino de Deus; e nem
deixamos os outros entrarem, porque iremos passar para as pessoas também a mesma
imagem falsa de Deus. E os fariseus, por rejeitarem a Cristo, estavam fazendo exatamente isso.

O problema é que criamos um Cristo à nossa imagem e semelhança, a gente começa a ditar o
que nosso deus pode ou não fazer, se pode perdoar pecados de um e do outro não, se pode
salvar este ou aquele. Na religião falsa é assim, a gente aprisiona Jesus na gaiola.

E Jesus chama isso de hipocrisia. Diferente do que a gente pensa, a hipocrisia não é só da
aparência exterior. Mas é o confiar nas suas obras, nos seus próprios méritos. Porque ao
confiar em si mesmo, você se apresenta diante de Deus como o fariseu, batendo no peito e
dizendo que não é igual ao pecador que estava ali dizendo para Deus: tenha misericórdia de
mim!

2º Ai - Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês devoram as casas das viúvas e,
para disfarçar, fazem longas orações. Por isso serão castigados mais severamente. (v. 14)

O segundo ai expressa algo muito comum no nosso meio. Uma falsa espiritualidade. Pessoas
que vão ao monte, oram dia e noite, mas internamente estão corrompidas por seus próprios
desejos. O pr Antônio Carlos Costa, escreveu um post uma vez falando que tem muita gente
que ora muito tempo, mas não fala nada com Deus.

Por quê? Porque suas orações são baseadas em si mesmo, ou seja, no Jesus que ela acredita,
mas que não é o da Bíblia.

Os fariseus aqui tinham a prática e se aproximarem de viúvas, especialmente as ricas, para


poderem orar por elas, mas eles cobravam por tempo de oração. E para demonstrar sua
honestidade e espiritualidade, faziam grandes e elaboradas orações, ocultando assim sua
ganância.
É claro que orar e ler a Bíblia são exercícios fundamentais na nossa vida. Você precisa fazer
isso, mas com motivação e o entendimento corretos. Mas se você não tem o entendimento
da Bíblia, você vai continuar orando do seu jeito e não como Deus espera. E você estará
orando a um Deus da sua cabeça e não ao nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo de Nazaré.

Tempo de oração não é necessariamente sinal de verdadeira espiritualidade, de


relacionamento verdadeiro com Deus. Os fariseus oravam de duas a três horas por dia!

3º Ai - Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas, porque percorrem terra e mar para
fazer um convertido e, quando conseguem, vocês o tornam duas vezes mais filho do inferno
do que vocês. (v. 15)

No terceiro ai, fala da prática dos fariseus se empenharem por ir nas sinagogas espalhadas
pelo mundo para se certificarem de que a doutrina farisaica fosse rigidamente cumprida e
também para converter novos membros do farisaísmo.

Então por que o sistema religioso existe nesta forma perversa, de clero e leigo, pastor e
ovelha, no sentido de domínio, igual a ilustração que fiz? Porque existe clientes. Se você
enxerga a igreja como um local para você ter suas necessidades atendidas, você não é um
discípulo de Jesus, mas um discípulo de fariseu. E o discípulo de fariseu confia nos seus
próprios méritos.

Quando eu confio nos meus próprios méritos e esforços eu estou negando o princípio de
relacionamento com Deus que é a graça. Os religiosos da época de Jesus se opuseram a Ele
porque a graça tira privilégios humanos. A graça faz com que não que haja um sacerdote e os
leigos, um sacerdote e o povão. A graça faz de todos sacerdotes. “Vocês, porém, são geração
eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas
daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. 1 Pedro 2.9

A reforma protestante recupera este princípio bíblico chamado sacerdócio universal dos
santos. Ou seja, todos nós somos sacerdotes. Só que nós não estamos acostumados a viver
como um povo sacerdotal. Nós estamos acostumados a ter um sacerdote e o povo. Só que
esta relação vira outra coisa. Vira o fornecedor religioso e o cliente gospel.

Eu ofereço meus produtos e serviços religiosos e você me contrata. Você vem aqui, dá sua
contribuição e etc. e eu oro por você, te abençoo, abençoo sua casa. Se eu não fizer minha
parte, você simplesmente muda de estabelecimento. Se eu falo algo que te desagrade, você
muda de estabelecimento. E aí vai vivendo a la carte. Escolhendo o que quer ouvir, ignorando
o que não quer. Se tá chato, você já pensa em ir para casa. É assim que o cliente pensa.

Aqui nós já tivemos casos assustadores de gente maltratando as meninas que recebem os
filhos no kids, de gente maltratando diáconos.

Entenda bem, você não é um cliente da Lagoinha Mineirão; você é um discípulo de Jesus e
expressa isso aqui conosco. Aqui não é um clube que você paga a mensalidade para depois
ficar exigindo serviços. Você contribui porque ama a Deus e aos irmãos. É voluntário isso.

Nós pastores não somos acima de vocês, nossa oração não tem mais poder que a sua nem
nada. Somos irmãos entre irmãos e a nossa diferença é apenas de dom e de função e não de
posição. Não é prestação de serviço, é serviço em comunhão!

Não seja um cliente, seja um discípulo. Mas também não pense que o fato de você servir, de
participar de ministério e de ter dons espirituais, que isto seja garantia de que você é discípulo.
Se você confia que o que você faz para Deus te salva, você está muito enganado. A única
confiança que você deve ter é na obra da cruz. Só em Cristo!

4º Ai - Ai de vocês, guias cegos!, pois dizem: ‘Se alguém jurar pelo santuário, isto nada
significa; mas se alguém jurar pelo ouro do santuário, está obrigado por seu juramento’.
Cegos insensatos! Que é mais importante: o ouro ou o santuário que santifica o ouro? Vocês
também dizem: ‘Se alguém jurar pelo altar, isto nada significa; mas se alguém jurar pela
oferta que está sobre ele, está obrigado por seu juramento’. Cegos! Que é mais importante:
a oferta, ou o altar que santifica a oferta? Portanto, aquele que jurar pelo altar, jura por ele
e por tudo o que está sobre ele. E o que jurar pelo santuário, jura por ele e por aquele que
nele habita. E aquele que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele se
assenta. (v. 16-22)

O quarto ai fala da casuística dos fariseus. Ou seja, aqueles rearranjos nas regras cerimoniais
para abrir concessões e no final as concessões se tornam a regra. Especialmente no caso dos
juramentos. Os fariseus faziam arranjos para poderem se beneficiar de seus próprios
juramentos ou de escapar de cumprir aquilo que jurou. E também porque estavam de olho nas
ofertas e no ouro que era trazido para o templo.

É o caso típico do nosso legalismo. Não pode ouvir música do mundo, mas pode ver filme. Não
pode ver novela, mas pode ver série. Um monte de regras e um monte de incoerências.

E aí a gente vai criando um monte de regrinhas para ajustar nossa conduta para parecer mais
santo. E gente fica mais intolerante com aqueles que descumprem as regras, porque no
fundo, nós queríamos descumprir também, mas não fazemos pois precisamos manter nossa
aparência espiritual.

5º Ai - Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do


endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a
misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas. Guias
cegos! Vocês coam um mosquito e engolem um camelo. (v. 23-24)

O quinto ai é semelhante. O religioso é tão detalhista com coisas menores que faz até o que
Deus não pediu. Dá o dízimo e fica com a consciência em dúvida se tem que ser do bruto ou
do líquido, se tem que dar dízimo do carro que ganhou, mas com a motivação de querer se
proteger do devorador.

Mas a única coisa que ele pensa é que o dízimo protege ele do devorador e a oferta vai trazer
para ele prosperidade. Ou seja, é movido puramente por sua ganância.

Não adianta dar seu dízimo para cumprir um protocolo religioso, se você não vive a partir da
obra da Cruz. Por que até seu dízimo tem que fazer parte do jeito certo de se relacionar com
Deus: pela graça e por meio da fé.

Você não contribui com objetivo de receber mais. Você contribui por amor aos irmãos e
porque é grato a Deus.

Senão, você estará coando mosquito e engolindo camelo. O mosquito era o menor animal
impuro e o camelo o maior. O judeu tinha tanto medo de engolir mosquito, que ele tomava as
bebidas em um copo com coador. E Jesus diz que a religiosidade deles era isso: coar as
pequenas impurezas, mas deixar passar as enormes.
6º Ai - Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês limpam o exterior do copo e
do prato, mas por dentro eles estão cheios de ganância e cobiça. Fariseu cego! Limpe
primeiro o interior do copo e do prato, para que o exterior também fique limpo. (v. 25-26)

O sexto ai tem a ver com uma prática de quando o fariseu ia no mercado fazer compras e, ao
chegar em casa, ele lavava tudo minuciosamente. Para eles, se um não judeu tocasse nos
utensílios ou nos alimentos, aquilo ficava impuro cerimonialmente. Então eles lavavam por
causa da religião e não por higiene.

É o mesmo que você não adulterar, mas se deixar levar pelos pensamentos pecaminosos. É o
mesmo que não assassinar, mas acolher o ódio. Tipo: eu perdôo, mas se ela vai viver o morrer
para lá eu não tô nem aí. Isso é assassinato, pois se a pessoa está viva ou morta não faz
diferença, ela está morta no seu coração.

E é dessa limpeza que Jesus está falando. O interior é que tem que estar limpo. É de dentro
para fora.

7º Ai - Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados:
bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim
são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e
maldade. (v. 27-28)

O sétimo ai é semelhante ao anterior. Os fariseus gostavam de adornar os sepulcros, de


enfeitá-los. E a religiosidade parece com isso. Ela enfeita você do lado de fora, parece que é
santo.

Paulo fala no final de Colossenses cap 2, que essas demonstrações de religiosidade com suas
regras: não toque, não pode isso, não pode aquilo, até parece algo sábio, piedoso, mas é
ineficaz para refrear os impulsos da carne.

Quando você cai, você não cai pelo que você aparenta. Você cai por aquilo que você vai
enchendo sua vida. Por fora você pode até aparentar algo justo. Mas quando você cai em algo
assustador, você não caiu no susto. Você trilhou um caminho de valores corrompidos até lá.
E sua religiosidade não te segura.

8º Ai - Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês edificam os túmulos dos


profetas e adornam os monumentos dos justos. E dizem: ‘Se tivéssemos vivido no tempo dos
nossos antepassados, não teríamos tomado parte com eles no derramamento do sangue dos
profetas’. Assim, vocês testemunham contra si mesmos que são descendentes dos que
assassinaram os profetas. Acabem, pois, de encher a medida do pecado dos seus
antepassados! Serpentes! Raça de víboras! Como vocês escaparão da condenação ao
inferno? (v. 29-33)

O último ai demonstra a profundidade terrível da religiosidade. Os fariseus falavam que eram


melhores que seus antepassados, que não perseguiriam os profetas antigos. Mas naquela
época já estavam arquitetando um meio de matar o próprio Filho de Deus.

A pessoa religiosa dessa forma acredita nos seus próprios méritos, nas suas próprias atitudes
exteriores. Dificilmente, um religioso toma uma mensagem como essa para si. Ele sempre acha
que serve para os outros. Mas para si mesmo não serve. É o crente pá. Fica só jogando para os
outros.
Mas essa forma de pensar e relacionar com Deus é uma desgraça! Não tem graça nisso. Me
deixa passar um vídeo sobre graça.

O medidor de bondade.

Perceberam o cara que disse que fez um monte de trabalhos na África, doou sangue. Ele
afirma que as assinaturas das obras todas eram dele, ou seja, mérito próprio, justiça própria.
Ele se gabando que tinha feito tudo aquilo. E aí no final, o povo acha tudo injusto. Mas por
quê? Porque o ser humano quer controlar a divindade e merecer a Deus.

É a parábola dos trabalhadores da vinha. O senhor da vinha contrata cada grupo em


determinado horário, mas paga o mesmo salário para todos. Os primeiros acham injusto e nós
achamos também. Mas porque nós nos enxergamos como sendo os primeiros e não os
últimos. Além disso, a condição de todos nós era de estarmos fora da vinha. A graça está em
trabalhar na vinha. O salário não é importante. Mas o estar com o Senhor da vinha.

Você também pode gostar