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Campus Pelotas
Programa de Pós-Graduação em Educação
Doutorado Profissional em Educação e Tecnologia
Anteprojeto de pesquisa
Pelotas
2023
Fernanda Xavier Ott Perotoni
Anteprojeto de pesquisa de
doutorado, na linha de pesquisa
Intervenções no Espaço-Tempo da
Educação Básica: filosofia, arte e
tecnologias, apresentado ao
Programa de Pós-Graduação em
Educação, ao curso de Doutorado
Profissional em Educação e
Tecnologia, do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia
Sul-Rio-Grandense, sob possível
orientação do Professor Doutor
Alberto D’Ávila Coelho.
Pelotas
2023
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SUMÁRIO
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1. Introdução: tema e problema
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O ambiente educacional, que é influenciado por fatores sociais, culturais e
tecnológicos em constante evolução, desafia constantemente os educadores a se
adaptarem às novas demandas. A presença de dispositivos eletrônicos, as redes sociais
e a dinâmica da sociedade moderna têm impacto direto nas relações humanas e, por
conseguinte, nas relações entre professores, alunos e suas famílias.
Nesse cenário de constante transformação, o papel do educador vai além da mera
transmissão de conhecimento. A necessidade de promover a humanização e a empatia
se destaca como um aprendizado fundamental para o desenvolvimento saudável e
integral dos indivíduos. Afinal, não basta apenas adquirir conhecimento acadêmico; é
igualmente relevante cultivar habilidades interpessoais, compreensão e respeito pelas
diferenças, e a capacidade de se colocar no lugar do outro.
Essa abordagem contribui para a formação de cidadãos mais conscientes, tolerantes
e capazes de enfrentar os desafios da sociedade contemporânea. Como Paulo Freire
(1980) afirmou com sabedoria, “Educação não transforma o mundo. Educação muda as
pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Através de uma educação humanizada,
podemos capacitar as pessoas a se tornarem agentes de mudança, capazes de impactar
positivamente o mundo ao seu redor.
A educação humanizada e a afetividade estão surgindo como temas de destaque na
pesquisa educacional contemporânea. Enquanto a educação humanizada coloca ênfase
no desenvolvimento integral dos alunos, levando em consideração seus aspectos
emocionais e sociais, a afetividade na educação tem um importante papel pela
espontaneidade e desenvolvimento de empatia. Nesse contexto, a arte, como meio de
expressão e comunicação, desempenha um papel fundamental na promoção da empatia
e na criação de experiências educacionais mais significativas.
A pesquisa irá abranger da educação infantil no recorte da idade obrigatória escolar,
ou seja, crianças entre 4 e 5 anos, ponto crucial da vida colegial, onde acontece a
introdução da aprendizagem e das trocas socioafetivas.
Nosso estudo será dividido em dois momentos. Primeiramente, buscaremos
compreender em que medida os três aspectos referenciais - arte, educação humanizada
e afetividade - estão atualmente presentes na educação, a partir das narrativas orais e
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escritas de profissionais que estão diretamente ligados a este contexto. Em seguida,
trabalharemos na criação de um material direcionado que possa facilitar a integração
eficaz desses elementos na formação integral do aluno, ou seja seria a produção de um
manual que contenha técnicas e orientações para o desenvolvimento de um trabalho
pautado na união da tríade arte, educação humanizada e afetividade. Com esse enfoque,
minha pesquisa, contribuirá para a evolução do cenário educacional, promovendo uma
educação mais problematizadora e enriquecedora.
2. Justificativa
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também a construção de relacionamentos positivos entre educadores e alunos, a
promoção do respeito à diversidade, a inclusão e a compreensão mútua. Essa
abordagem é fundamental para o desenvolvimento de cidadãos responsáveis e
solidários.
• Afetividade e Empatia: o papel da afetividade na educação não pode ser
subestimado. O afeto e a empatia entre professores e alunos criam um ambiente
acolhedor e seguro, estimulando a motivação para aprender e a confiança. Isso
também fortalece as relações interpessoais, promove a resolução de conflitos de
maneira saudável e contribui para a formação de indivíduos empáticos. Que
ultrapassa os muros da escola chegando aos lares e as comunidades.
• Necessidade de Mudanças Educacionais: a educação tradicional, muitas vezes, não
dá a real importância a afetividade, a arte e a educação humanizada. O projeto
busca ser um novo instrumento, fornecendo um espaço para refletir sobre e
implementar práticas educacionais mais inclusivas, centradas no aluno e ricas em
experiências.
• Preparação para o Futuro: a sociedade contemporânea exige não apenas
habilidades técnicas, mas também competências sociais, emocionais e criativas.
Este projeto visa preparar os alunos para enfrentar questões tão delicadas,
capacitando-os não apenas com conhecimento, mas com a capacidade de se
relacionar com os outros, resolver problemas e contribuir para um mundo mais
compassivo e justo.
Desta forma, o projeto Arte, Educação Humanizada e Afetividade: Um Caminho
para o Desenvolvimento Integral propõe uma abordagem educacional que busca tratar
sobre a diversidade e a complexidade da experiência humana, oferecendo possíveis
caminhos para o desenvolvimento integral dos indivíduos, bem como para a construção
de uma sociedade mais harmoniosa.
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3. Objetivos
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4. Revisão de literatura e referencial teórico
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atividades humanas. Neste viés, segundo César Nunes (2020), a educação humanizada
se mostra como uma grande aliada no contexto social, logo a
Por fim, não podemos esquecer do importante papel da afetividade em todo esse
envolvimento entre a arte e suas implicações e a educação e seus propósitos, Segundo
Castro (2017), a teoria das emoções de Wallon parte do pressuposto de que a
afetividade surge a partir de condutas cognitivas e, inicialmente, se manifesta como pura
emoção. A emoção é vista como uma manifestação afetiva, um meio de comunicação
expressivo e contagioso. Conforme o desenvolvimento humano avança, a emoção
encontra novas formas de expressão, adquire e compreende novos significados, o que,
por meio da diversidade de experiências emocionais, contribui para o aprendizado.
Para Henri Wallon (1986a [1954], p. 288) a afetividade ocupa lugar central
para a formação da pessoa e a construção do conhecimento, partindo do
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pressuposto de que as emoções também oportunizam os vínculos entre
os indivíduos. Em Wallon a emoção é capaz de realizar transições, é
compreendida como o ponto de partida do psiquismo com raízes na vida
orgânica e é sempre influenciada pelo meio social, cultural e ainda, pelo
biológico. (CASTRO, 2017, p.99).
5. METODOLOGIA
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dos referenciais bibliográficos selecionados, destacando suas contribuições para a
compreensão da relação entre arte, afetividade e educação humanizada.
Após uma Análise Comparativa, das abordagens teóricas dos autores e títulos
selecionados, identificar áreas de convergência e divergência em relação à integração da
arte na educação e à promoção da afetividade.
Dando sequência, a abordagem metodológica a ser empregada partirei para
pesquisa-ação, uma prática de investigação realizada em contextos de sala de aula,
visando aprimorar a compreensão de situações coletivas. Conforme Thiollent (2005), em
Metodologia da Pesquisa-ação, pode-se definir como:
A pesquisa em questão é caracterizada pelo seu enfoque qualitativo, uma vez que
busca aprofundar e especificar a compreensão, neste caso as questões relacionadas às
dinâmicas sociais. Após a definição do referencial teórico, seguida de uma revisão crítica
e análise comparativa, avançaremos para a fase de implementação prática. Esse estágio
engloba a pesquisa-ação e a exploração das relações afetivas e humanizadas,
principalmente no contexto da arte durante as aulas.
Na qualidade de coordenadora pedagógica, tenho acesso a um grupo de
professores e alunos que abrange desde a Educação Infantil até o 2º ano do Ensino
Fundamental. Isso me confere a oportunidade de supervisionar e orientar todo o
processo de pesquisa, além de conduzir estudos de caso e estratégias de ensino que
integrem o discurso e ações afetivas na aplicação prática de dimensão artística.
Primeiramente, ocorrerá a análise e a coleta de literatura baseada nos aspectos
artísticos, humanizadores e afetivos, de acordo com a proposta do projeto. Essa relação
bibliográfica é de suma importância para compreender o que será abordado nas
narrativas dos professores e como será feita a orientação, utilizando para tal o Manual de
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Orientação para os professores da Educação Infantil, que trabalham com crianças
pequenas (4a – 5a 11m), de acordo com a BNCC (2018).
Em um segundo momento, serão realizadas oficinas quinzenais que trarão nas
narrativas dos professores a temática apresentada como objeto de estudo. Nas primeiras
oficinas, a problemática será apresentada ao grande grupo, que será estimulado a
debater sobre o assunto. Esse debate será gravado para registro da pesquisa. Após
essa primeira discussão, sem contextualização teórica, iremos para um diálogo sobre os
referenciais e como eles se manifestam nas práticas pré-existentes.
Em seguida, passaremos para a experimentação de dinâmicas que,
posteriormente, serão aplicadas pelos professores em suas classes, com o objetivo de
iniciar, por meio do instrumental artístico, o desenvolvimento do socioafetivo e da
educação de maneira mais sensível e humanizada. Nos encontros posteriores a essa
aplicação, voltaremos às narrativas, registrando os resultados e debatendo como
aprimorar esses recursos.
Por fim, com todos esses registros, debates e sugestões em mãos, chegaremos
ao momento de avaliar e criar o Manual de Orientações, que utilizará as artes como
ferramenta para promover o desenvolvimento socioafetivo em uma abordagem
educacional mais humanizada.
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BIBLIOGRAFIA
BARBOSA, Ana Mae (org.) Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo:
Cortez, 2003.
DUARTE JUNIOR, João Francisco. Por que arte-educação?. 22. Ed. Campinas-SP:
Papirus, 2011.
DUARTE JUNIOR, João Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível.
Tese de Doutorado. UNICAMP: Campinas-SP (mimeo), 2000.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 11e. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1980
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REEVE, Johnmarshall. Motivação e emoção. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
RIES, Bruno Edgar; SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO. In: RIES, Bruno Edgar.; RODRIGUES,
Elaine Wainberg (Orgs). Psicologia e Educação: fundamentos e reflexões. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2004.
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