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“O jornalismo, na sua justa e O jornalista não: trabalha, luta, derrama
verdadeira atitude, seria a intervenção ideias, sistemas, filosofias sociais e
permanente do País na sua própria populares estudos refletidos,
vida política, moral, religiosa, literária e improvisações, defesas eloquentes,
industrial. Mas esta intervenção nos nobres ataques da palavra e da ideia,
factos, nas ideias, para ser fecunda, pois bem, tudo isso passa, morre,
elevada, para ter um carácter de esquece: aquela folha delgada e leve,
utilidade pública e largas vistas sociais, onde ele põe o seu espírito, a sua ideia, a
deve ser preparada pela discussão e sua consciência, a sua alma, perde-se,
pelo esclarecimento da direção desaparece, some-se, sem esperanças de
governativa, do estado geral dos vida, de duração, de imortalidade, como
espíritos, do vigor das consciências, da uma folha de árvore ou como um trapo
situação pública, da virtude das leis. É o arremessado ao monturo. O jornalismo
grande dever do jornalismo fazer ensina, professa, alumia sobretudo; é ele
conhecer o estado das coisas públicas, o grande construidor do futuro; não é só
ensinar ao povo os seus direitos e as o facto de hoje que o prende - isso é o
garantias da sua segurança, estar atento menos - é o facto que o futuro contém:
às atitudes que toma a política ele vai das relações presentes às
estrangeira, protestar com justa relações futuras e mostra a revolução
violência contra os atos culposos, lenta, serena, imensa, pela qual a
frouxos, nocivos, velar pelo poder humanidade transforma e refaz o seu
interior da Pátria, pela grandeza moral, destino no sentido da justiça. É por isso
intelectual e material em presença das que ele contradiz muitas vezes a opinião
outras nações, pelo recebida; e com razão; nem sempre a
progresso que fazem os espíritos, pela grande massa tem a consciência do bem,
conservação da justiça, pelo respeito do do direito e da sua verdadeira razão; é
direito, da família, do trabalho, pelo necessário que o jornalismo a esclareça,
melhoramento das classes infelizes (...). que a avise quando ela se transviar, que
O jornalismo não sabe o que é o a sustenha, quando ela for a cair. (...)
abatimento moral, o cansaço, a fadiga, o
repouso. Se ele repousasse, quem velaria
pelos que dormem?
Há homens, há trabalhadores de ideias, Eça de Queirós, in Páginas de Jornalismo
filósofos, que fazem o mesmo áspero - "O Distrito de Évora" (n.º 1, 6 de
trabalho incessante: mas esses têm a Janeiro de 1867), vol. II, Lello e Irmãos
glória, que é como um bálsamo divino Editores
derramado nos seus cansaços.
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EBS da Calheta VIVER EM PORTUGUÊS – 6654 LER A IMPRENSA ESCRITA 2023/2024
José Maria Eça de Queirós (Póvoa de Varzim, 1845 - Paris, 1900) - Formou-se em
Direito na Universidade de Coimbra. Participou nas Conferências do Casino e teve
um importante papel na Geração de 70. Foi nomeado cônsul em Havana (1872),
tendo viajado muito. Algumas obras: "O Crime do Padre Amaro" (1875-1876), "O
Primo Basílio" (1878), "A Relíquia" (1887), "Os Maias" (1888), "Contos" (1902) e
"Prosas Bárbaras" (1903). É considerado um dos maiores romancistas portugueses
do século
XIX.
Exercícios
Responde às questões que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Identifica o tema abordado neste artigo.
4. Explica, por palavras tuas, por que motivo o jornalismo é "o grande construidor do
futuro".
Bom Trabalho!!!