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Tenha uma conduta pessoal exemplar

por Reinaldo Polito

Nas últimas semanas estudamos três atributos para conquistar credibilidade com a
comunicação: naturalidade, emoção e demonstração de conhecimento. Hoje vamos analisar
o quarto e último requisito para que a nossa mensagem possa merecer confiança e ser
acreditada pelos ouvintes: a conduta pessoal exemplar.
E quando falamos em conduta pessoal exemplar, geralmente, pensamos nas
falcatruas, nos desvios de conduta, próprios de pessoas desonestas. Mas, esse conceito
para a credibilidade na comunicação está especialmente associado ao nosso comportamento
do dia-a-dia. Permita que eu me inclua nessa roda - nós somos pessoas inteligentes e, por
isso, sabemos que algumas qualidades são importantes para a projeção da nossa imagem.
Por exemplo, pontualidade, organização, tolerância com os mais humildes, espírito de
participação em equipe. E por sabermos que essas qualidades são importantes para a
projeção da nossa imagem, nós desejamos tanto possuí-las que às vezes julgamos que elas
já estão integradas à nossa conduta. E falamos como se as possuíssemos. Ocorre que as
pessoas que nos cercam, parentes, subordinados, colegas de trabalho, amigos, enfim,
aqueles que nos conhecem bem, observam que, na verdade, falamos de uma maneira, mas
agimos de outra forma totalmente distinta. Falamos com convicção que ser tolerante é
importante, mas demonstramos intolerância na primeira oportunidade; declaramos que é
importante trabalhar em equipe, mas nos recolhemos em tarefas solitárias. Por esse motivo,
passa a existir um divórcio, um descompasso entre a palavra e a atitude e a nossa
comunicação perde credibilidade.
O conceito de conduta exemplar está fundamentado na consistência e na coerência
do comportamento, ou seja, no falar e no agir de acordo com a pregação que fazemos.
As palavras não podem ser proferidas de maneira vazia e irresponsável como se não
tivessem significado e encerrassem em si mesmas o compromisso entre o que dizemos e a
forma como agimos.
Em uma das páginas mais significativas da oratória sacra, o Sermão da Sexagésima,
o Padre Vieira critica de maneira veemente os padres que não se comportavam de acordo
com as pregações que faziam: “Sabem, padres pregadores, por que fazem pouco abalo os
nossos sermões? Porque não pregamos aos olhos, pregamos só aos ouvidos. Por que
convertia o Batista tantos pecadores? Porque assim como as suas palavras pregavam aos
ouvidos, o seu exemplo pregava aos olhos.”
Essa é uma tarefa de todos os dias, observar se não estamos apenas falando por
falar, fazendo uso de palavras ocas, que não identificam exatamente o que pensamos,
acreditamos, sentimos ou fazemos.
Na próxima semana darei dicas de como usar bem a voz - não perca!
"Artigo publicado no site da Saraiva"

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