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“Adestra minhas mãos

para a batalha.”
Salmos 144:1
Como vencer gigantes

Copyright © William Douglas | Flavio Valvassoura


1a edição: Agosto 2023
Direitos reservados desta edição: CDG Edições e Publicações
O conteúdo desta obra é de total responsabilidade do autor
e não reflete necessariamente a opinião da editora.

Autores:
William Douglas
Flavio Valvassoura

Revisão:
Equipe Citadel

Projeto gráfico e capa:


Jéssica Wendy

Produção de eBook:
Loope

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Douglas, William
Como vencer gigantes : lições bíblicas da luta entre Davi e
Golias / William Douglas, Flavio Valvassoura. — Porto Alegre :
Citadel, 2023.
EPUB

ISBN: 978-65-5047-373-0 (eBook)

1. Autoajuda 2. Davi, Rei de Israel 3. Golias (Gigante bíblico) I.


Título II. Valvassoura, Flavio

23-4649 CDD - 158.1

Angélica Ilacqua - Bibliotecária - CRB-8/7057

Produção editorial e distribuição:


contato@citadel.com.br
www.citadel.com.br
Dedico este livro a Nayara, minha esposa, e a meus filhos, Luísa,
Lucas e Samuel. Enfrento qualquer gigante por vocês e sou grato
porque o amor que me dão me torna muito maior do que sou.

William Douglas

Dedico este livro à minha esposa, Ana Paula, e às nossas filhas,


Laura e Giovanna. Os gigantes ficam pequenos quando luto ao lado
de vocês. Obrigado por me amarem tanto.

Flavio Valvassoura
Sumário
Introdução
A história completa
Golias desafia os israelitas
Jessé envia Davi ao acampamento de Saul
Davi mata Golias
Israel derrota os filisteus
Quem é quem
Parte 1 | Antes da batalha
1. Guerras e gigantes
Atire A Pedra!
2. Gigantes que se criam sozinhos
Atire A Pedra!
3. Gigantes criados por nós mesmos
Atire A Pedra!
4. Gigantes que valem a pena
Atire A Pedra!
5. A estratégia torna o gigante menor
Fale!
Atire A Pedra!
6. O medo aumenta o tamanho do gigante
Não Aumente O Gigante, Aumente Você
Atire A Pedra!
7. Faça o que tem de ser feito
Acorde Cedo
Identifique O Seu Rebanho
Davi Partiu
Atire A Pedra!
8. Qual é a sua carga?
Atire A Pedra!
Parte 2 | Os gigantes antes dos gigantes
9. Desarmonia
Desarmonia
A Importância Da Liderança Na Harmonia Do Grupo
Atire A Pedra!
10. Desânimo
Atire A Pedra!
11. Desespero
Atire a pedra!
12. Descrédito
Atire A Pedra!
13. Desperdício de energia
Atire a pedra!
Parte 3 | A batalha
14. Motivação: o que ganhará quem matar o gigante?
Atire A Pedra!
15. Desenvolva habilidades e assuma suas responsabilidades
Atire A Pedra!
16. Seja você mesmo
Celebre Suas Vitórias
Atire A Pedra!
17. Não dê sua armadura para os outros
Displicência X Delegação
Atire A Pedra!
18. Escolha suas pedras… e lute!
As Pedras Do Caminho
Lute! Enfrente O Gigante!
Atire a pedra!
19. Termine o que começou
Passos De Bebê
Atire a pedra!
Parte 4 | Lições para o campo de batalha
20. Não basta ser grande
Atire a pedra!
21. Evite os excessos
Atire a pedra!
22. O dever de cada um
Atire A Pedra!
23. Os erros de Golias
Atire A Pedra!
24. Valorize o pouco
Atire A Pedra!
25. Pequenos unidos podem vencer o grande
Atire a pedra!
26. Gigantes podem ser derrotados
Atire A Pedra!
27. Vence quem se prepara melhor
Atire a pedra!
Parte 5 | Lições para as batalhas do dia a dia
28. Economize e desfrute
Atire a pedra!
29. Distancie-se para ver melhor
Atire a pedra!
30. Aprenda a dar, receber e recusar
Atire a pedra!
31. Você nunca está sozinho
Atire a pedra!
32. Procure o melhor ângulo
Atire a pedra!
33. Atitude vale mais que estatura
Atire a pedra!
34. Outros gigantes virão
Atire a pedra!
35. Os gigantes da velhice
Atire a pedra!
36. Amor paternal e filial
Atire a pedra!
37. Honra e reputação
Atire a pedra!
Conclusão
Bibliografia
Agradecimentos
Conheça outros títulos dos autores
Sobre o Autor
Colofão
Introdução
objetivo deste livro é ensinar você a enfrentar as batalhas do

O
dia a dia. Para isso, vamos analisar uma das mais conhecidas
histórias da Bíblia: a surpreendente luta entre Davi e Golias.
Toda batalha tem uma história pretérita, que explica
como os adversários chegaram até o momento do combate e
que pode justificar, na maioria das vezes, o porquê de um deles sair
vencedor. E, além de tudo o que a batalha em si representa, o que
acontece depois dela também ensina muita coisa. É preciso, portanto,
observar o quadro mais amplo para entender o que ele tem a nos
mostrar. E é exatamente isso que faremos aqui.
Essa batalha épica traz ensinamentos poderosos para nos inspirar a
vencer nossos próprios gigantes – sejam eles desafios no trabalho,
conflitos no relacionamento, crises pessoais, problemas de saúde etc.
As atitudes e escolhas de Davi, assim como as estratégias e
artimanhas de Golias, são fontes riquíssimas de aprendizado. Mas não
podemos cometer o erro de focar apenas o momento crucial em que
ambos estão frente a frente na arena. Essa abordagem,
definitivamente, não é o melhor modo de absorver todas as lições
desse episódio.
Assim, optamos por separar as lições por ordem lógica, mais do que
cronológica, traçando um perfil resumido de cada um de seus
participantes e dividindo a história em três momentos: antes, durante
e depois da batalha.
Nos capítulos em que tratamos das situações que aconteceram antes
da batalha, demonstramos maneiras de lidar com os diversos gigantes
da vida e apresentamos as características que diferenciam Davi dos
outros homens. Nos capítulos em que abordamos o momento da
batalha, discorremos sobre os pontos essenciais do combate. A seguir,
quando discorremos sobre o que acontece após a batalha, traçamos
uma série de lições para suas batalhas pessoais. Dentro de cada um
desses blocos, aí sim, seguimos a ordem cronológica dos fatos,
conforme o relato bíblico.
Nossa intenção foi sistematizar e estruturar as valiosas lições que
poderiam passar despercebidas ao longo da história. Mas é preciso
salientar que elas não foram criadas por nós, autores deste livro: são da
própria Bíblia. Nós apenas as trouxemos à luz. Cada uma delas,
individualmente, é poderosa e inspiradora. Juntas, são capazes de
mudar uma vida, um destino e até mesmo uma nação. Esperamos que
a vitória do jovem Davi sobre o temido filisteu seja uma inspiração
para sua vida daqui por diante. E que as lições dessa história o ajudem
a vencer os gigantes que você escolher enfrentar – e aqueles que
ousarem aparecer à sua frente.
William Douglas e Flavio Valvassoura
A história
completa
1 Samuel 17

GOLIAS DESAFIA OS ISRAELITAS

1 Os filisteus reuniram seu exército para a batalha e acamparam em


Efes-Damim, entre Socó, em Judá, e Azeca. 2 Em resposta, Saul
reuniu as tropas israelitas perto do vale de Elá. 3 Assim, os filisteus e
os israelitas ficaram frente a frente, em colinas opostas, com o vale
entre eles.
4 Então Golias, um guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do
exército filisteu. Ele tinha 2,90 metros de altura, 5 usava um capacete
de bronze e vestia uma couraça de escamas de bronze que pesava 60
quilos. 6 Também usava caneleiras de bronze e carregava no ombro um
dardo de bronze. 7 A haste de sua lança era pesada e grossa, como o
eixo de um tear, e a ponta de ferro da lança pesava cerca de 7 quilos.
Seu escudeiro caminhava à frente dele.
8 Golias parou e gritou para as tropas israelitas: “Por que saíram
todos para lutar? Eu sou filisteu, e vocês são servos de Saul. Escolham
um homem para vir aqui e lutar comigo! 9 Se ele me matar, seremos
seus escravos. Mas, se eu o matar, vocês serão nossos escravos! 10

Desafio hoje os exércitos de Israel. Mandem um homem para lutar


comigo!” 11 Quando Saul e os israelitas ouviram isso, ficaram
aterrorizados e muito abalados.

JESSÉ ENVIA DAVI AO ACAMPAMENTO DE SAUL

12 Davi era filho de Jessé, efrateu de Belém, na terra de Judá. Na


época do rei Saul, Jessé já era idoso e tinha oito filhos. 13 Os três filhos
mais velhos de Jessé – Eliabe, Abinadabe e Simeia – haviam se
alistado no exército de Saul para lutar contra os filisteus. 14 Davi era o
mais novo. Seus três irmãos mais velhos seguiam o exército de Saul, 15
enquanto Davi ia e voltava para ajudar seu pai a cuidar das ovelhas em
Belém.
16 Durante quarenta dias, pela manhã e à tarde, o guerreiro filisteu
se apresentava diante do exército israelita e o desafiava.
17 Um dia, Jessé disse a Davi: “Leve depressa para seus irmãos que
estão no acampamento este cesto com grãos tostados e estes dez pães.
18 Leve também estes dez queijos para o capitão deles. Veja como
estão seus irmãos e traga notícias deles.” 19 Os irmãos de Davi estavam
com Saul e o exército israelita no vale de Elá, lutando contra os
filisteus.
20 Davi deixou as ovelhas com outro pastor e, na manhã seguinte,
partiu bem cedo com os presentes, como Jessé havia ordenado.
Chegou ao acampamento quando o exército israelita saía para o
campo de batalha com gritos de guerra. 21 Logo filisteus e israelitas
estavam frente a frente, exército contra exército. 22 Davi deixou suas
coisas com o responsável pelos suprimentos e correu até a frente de
batalha para saudar seus irmãos. 23 Enquanto falava com eles, Golias,
o guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do exército filisteu. Davi o
ouviu gritar seu desafio habitual.
24 Quando os israelitas viram Golias, começaram a fugir,
apavorados. 25 “Vocês viram aquele homem?”, perguntavam uns aos
outros. “Ele sai todos os dias para desafiar Israel. O rei ofereceu uma
grande recompensa para quem o matar. Dará uma de suas filhas como
esposa e isentará toda a família dele de pagar impostos!”
26 Então Davi perguntou aos soldados que estavam por perto: “O
que receberá o homem que matar esse filisteu e acabar com suas
provocações contra Israel? Afinal de contas, quem é esse filisteu
incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo?”
27 Os soldados repetiram o que tinham dito e confirmaram: “Sim,
essa será a recompensa para quem o matar.”
28 Quando Eliabe, irmão mais velho de Davi, o ouviu falando com
os soldados, ficou furioso e perguntou: “O que você está fazendo aqui?
Não devia estar tomando conta daquelas poucas ovelhas? Conheço
sua arrogância e suas más intenções. Você quer apenas ver a batalha!”
29 “O que eu fiz agora?”, disse Davi. “Só fiz uma pergunta!”
30 Então foi até outros soldados, fez a mesma pergunta e recebeu a
mesma resposta. 31 Alguém contou ao rei Saul o que Davi tinha dito e
o rei mandou chamá-lo.

DAVI MATA GOLIAS

32 Davi disse a Saul: “Ninguém se preocupe por causa desse filisteu.


Seu servo vai lutar contra ele.”
33 Saul respondeu: “Você não conseguirá lutar contra esse filisteu e
vencer! É apenas um rapaz, e ele é guerreiro desde a juventude.”
34 Davi, porém, insistiu: “Tomo conta das ovelhas de meu pai e,
quando um leão ou um urso aparece para levar um cordeiro do
rebanho, 35 vou atrás dele com meu cajado e tiro o cordeiro de sua
boca. Se o animal me ataca, eu o seguro pela mandíbula e dou golpes
nele com o cajado até ele morrer. 36 Fiz isso com o leão e o urso, e
farei o mesmo com esse filisteu incircunciso, pois ele desafiou os
exércitos do Deus vivo!” 37 E disse ainda: “O Senhor que me livrou
das garras do leão e do urso também me livrará desse filisteu!”
Por fim, Saul consentiu. “Está bem, então vá”, disse. “E que o
Senhor esteja com você!”
38 Então Saul deu a Davi sua própria armadura, incluindo uma
couraça e um capacete de bronze. 39 Davi prendeu a espada sobre a
armadura e tentou dar alguns passos, pois nunca tinha usado essas
coisas.
“Não consigo andar com tudo isso, pois não estou acostumado”,
disse a Saul, e tirou a armadura. 40 Pegou cinco pedras lisas de um
riacho e as colocou em sua bolsa de pastor. Armado apenas com seu
cajado e sua funda, foi enfrentar o filisteu.
41 Golias, com seu escudeiro à frente, caminhava em direção a Davi,
42 rindo com desprezo do belo jovem ruivo. 43 Gritou para Davi: “Por
acaso sou um cão para que você venha a mim com um pedaço de
pau?” E amaldiçoou Davi em nome de seus deuses. 44 “Venha cá, e
darei sua carne às aves e aos animais selvagens!”, berrou Golias.
45 Davi respondeu ao filisteu: “Você vem a mim com uma espada,
uma lança e um dardo, mas eu vou enfrentá-lo em nome do Senhor
dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, que você desafiou. 46

Hoje o Senhor entregará você em minhas mãos e eu o matarei e


cortarei sua cabeça. Então darei os cadáveres de seus homens às aves e
aos animais selvagens, e o mundo todo saberá que há Deus em Israel!
47 E todos que estão aqui reunidos saberão que o Senhor salva seu
povo, mas não com espada nem com lança. A batalha é do Senhor, e
ele entregará vocês em nossas mãos!” 48 Quando o filisteu se
aproximou para atacar, Davi foi correndo enfrentá-lo. 49 Enfiou a mão
na bolsa, pegou uma pedra e atirou-a com sua funda. A pedra acertou
o filisteu na testa e ficou encravada ali. E Golias caiu com o rosto em
terra.
50 Assim, Davi venceu o filisteu e o matou com apenas uma funda e
uma pedra, pois não tinha espada. 51 Em seguida, correu até o filisteu,
puxou da bainha a espada dele e a usou para matá-lo e cortar-lhe a
cabeça.

ISRAEL DERROTA OS FILISTEUS

Quando os filisteus viram que seu melhor guerreiro estava morto,


deram meia-volta e fugiram. 52 Os soldados de Israel e de Judá
soltaram um forte grito de vitória e perseguiram os filisteus até Gate e
até os portões de Ecrom. E os corpos dos filisteus mortos e feridos
ficaram espalhados pelo caminho de Saarim até Gate e Ecrom. 53

Então o exército israelita voltou e saqueou o acampamento


abandonado dos filisteus. 54 (Davi levou a cabeça do filisteu para
Jerusalém, mas guardou as armas dele em sua própria tenda.) 55

Quando Saul viu Davi sair para lutar contra os filisteus, perguntou a
Abner, o comandante de seu exército: “Abner, quem é o pai desse
rapaz?”
“Não faço ideia, ó rei!”, disse Abner.
56 “Então descubra quem é o pai dele!”, ordenou.
57 Assim que Davi voltou, depois de matar Golias, Abner o levou a
Saul. Ele ainda carregava a cabeça do filisteu em suas mãos. 58 Saul
perguntou: “Quem é seu pai, meu rapaz?”
E Davi respondeu: “Sou filho de Jessé, que vive em Belém.”
Quem
é quem
batalha entre Davi e Golias não teria acontecido sem a

A
participação de Saul e dos outros personagens diretamente
envolvidos na trama. Por isso é importante entendermos
quem é quem nessa história:

SAUL – Foi o primeiro rei de Israel. Até então, Israel não era
governado por reis, mas o povo insistia em ser liderado por um
monarca, a exemplo de outros povos da época. Portanto, Saul não foi
criado para ser rei. Apesar disso, ele começou bem o seu reinado,
obtendo importantes vitórias. Depois, no entanto, o sucesso subiu-lhe
à cabeça. Saul deixou de respeitar a autoridade espiritual de Samuel e
desobedeceu a uma ordenança divina. A consequência por esse erro
foi ter sido destituído por Deus do seu trono (1 Samuel 13:1-14).
Começou a ser assombrado por espíritos malignos e sua vida entrou
em decadência física, moral e espiritual. Saul morreu em combate ao
lado de seu filho, Jônatas.

SAMUEL – Profeta escolhido por Deus para liderar seu povo, com
funções sacerdotais e políticas. Seu nascimento foi um milagre e,
desde a infância, Samuel tinha comunhão íntima com Deus. Logo
assumiu posição de destaque em Israel, tornando-se um dos principais
personagens da Bíblia Sagrada. Embora sábio e justo, Samuel tinha
temperamento forte e, como todo ser humano, também cometia erros.
Coube a ele ungir Saul e Davi reis de Israel.

JESSÉ – Pai de Davi, Eliabe e outros seis filhos. Como pai, seguia o
padrão da época e tinha preferência pelo primogênito, Eliabe.

DAVI – Filho caçula de Jessé. Quando enfrentou Golias, ainda era


praticamente um adolescente. Além de cuidar das ovelhas, tocava
harpa. Essa habilidade fez com que servisse na corte de Saul durante
um período, o que o aproximou do rei. Mais tarde, quando se ofereceu
para enfrentar o gigante, Saul indagou-lhe sobre quem era seu pai.
Alguns acreditam que Davi crescera e que, por isso, não foi
reconhecido; outros sugerem que a pergunta tinha relação com a
promessa de casamento com a filha do rei. Boa parte do que sabemos
sobre Davi nos é informada por ele mesmo, que afirmou já ter
enfrentado um urso e um leão no passado para defender as ovelhas de
seu pai.

ELIABE – Filho mais velho de Jessé e, aparentemente, seu predileto.


Segundo o relato bíblico, era alto, bonito e (por ser o primogênito)
tinha mais direitos que seus irmãos. Porém não foi capaz de cumprir
seu dever de cuidar dos mais novos. Em tese, ele é quem deveria ser
ungido novo rei, por ser o primeiro filho de Jessé. A unção de Davi
com certeza lhe desagradou.

GOLIAS – Principal guerreiro filisteu, considerado um herói por


seus companheiros de batalha. A Bíblia diz que era originário de Gate
e tinha 2,90 metros de altura. Usava armas temíveis, extremamente
pesadas e capazes de aniquilar seus inimigos com um único golpe.
Golias infligiu grande humilhação aos judeus, desafiando-os durante
dias seguidos a enviar um homem para que lutasse contra ele. Possuía
irmãos que também eram gigantes.
PARTE 1

Antes da
batalha
1

Guerras
e gigantes
Os filisteus reuniram seu exército para a batalha e acamparam em
Efes-Damim, entre Socó, em Judá, e Azeca. Em resposta, Saul reuniu
as tropas israelitas perto do vale de Elá. Assim, os filisteus e os
israelitas ficaram frente a frente, em colinas opostas, com o vale
entre eles.

1 Samuel 17:1-3

elo que temos observado ao longo da história, o mundo está

P
longe de conseguir resolver em definitivo seus conflitos e
guerras. Com as pessoas não é diferente. Todos enfrentamos
gigantes. Todos passamos por problemas emocionais,
profissionais e financeiros, assim como por conflitos nos
relacionamentos e na vida social. Alguns desafios podemos evitar ou
dispensar; há aqueles, porém, dos quais não podemos fugir. O
objetivo deste livro é ajudar você a se preparar para cada uma dessas
situações.
O desafio de Israel, apresentado no texto bíblico, era claro: derrotar
os filisteus. Antes mesmo de Davi entrar na história, a luta entre os
dois povos já existia. Tudo acontecia enquanto Davi cuidava das
ovelhas de seu pai, cumprindo seu papel familiar. Ele certamente
sabia que havia um conflito se desenrolando entre seu povo e os
inimigos, embora a guerra ainda não o tivesse atingido diretamente.
Da mesma forma, muitas vezes estamos cuidando de nossos
afazeres sem tomar ciência das inúmeras guerras que ocorrem ao
nosso redor. Podemos achar nossa vida difícil só por ignorar o que
acontece com os outros. Alguns conflitos afetam uma única pessoa,
outros são coletivos. É importante sermos sensíveis às lutas alheias. É
fácil manter o foco em nossas ovelhas enquanto o lobo abate o
rebanho vizinho. Mas ter consciência do que acontece à nossa volta
nos faz mais fortes, mais sábios e também mais humanos.
Quais são os gigantes que você tem enfrentado em sua vida?
Que batalhas vem travando no dia a dia?
Um gigante é qualquer situação que faça você se sentir oprimido,
paralisado, impotente. Desemprego, vícios, relacionamentos
desestruturados, dívidas, provas e doenças são alguns exemplos de
gigantes que assolam nossas vidas. Mas, nesta obra, ensinaremos você
a comemorar – e não lamentar – a existência deles, pois são uma parte
relevante da sua vida e fundamentais para o seu amadurecimento.
A luta que se anunciava no início do primeiro livro de Samuel,
embora arriscadíssima, trazia uma elevada carga de vantagens para o
povo que saísse vencedor. Se algum israelita derrotasse o gigante,
todos teriam paz. Logo, seria uma vantagem coletiva. Por outro lado,
esse guerreiro também receberia benefícios individuais: riquezas,
isenção de impostos e a mão da filha do rei em casamento.
Da mesma forma que “toda terra prometida tem um deserto antes”,
todo gigante vencido vale um prêmio depois. Se soubermos escolher
os gigantes certos – ou seja, não desperdiçando energia em batalhas
desnecessárias –, sempre teremos novos caminhos e oportunidades de
obter boas recompensas.
Nesse sentido, é melhor ter algum desafio pela frente do que não
ter nenhum. Os problemas nos fazem crescer. Eles funcionam como
um personal giant, uma espécie de treinador, um sparring, dado que
temos de evoluir e amadurecer para vencê-los. A nossa proposta é que
você aprenda a derrubar seus gigantes. Um bom método para alcançar
isso é, depois de listar todos os desafios que precisa enfrentar e que
consiga imaginar, buscar (a) lutar contra os gigantes certos; (b) no
lugar e na hora certos e (c) com as armas certas. Ao longo dos
capítulos falaremos sobre cada uma dessas situações.

Nossa proposta é fazer com que você defina seus


gigantes e aprenda a derrubá-los.

Muitos jovens no início da vida profissional deparam com uma


série de dúvidas e preocupações que lhes tiram o sono, como ter de
escolher uma profissão ou um curso universitário; crescer na carreira;
passar no almejado concurso público; conseguir o emprego que vai
garantir sua independência financeira; casar e constituir família etc. Já
para os mais velhos, os gigantes assumem outras facetas, em grande
parte das vezes ligadas a situações difíceis na vida profissional, nos
relacionamentos ou no convívio familiar. A realidade é que, não
importa a idade, sempre estaremos lutando contra algum Golias.
Dizem que a vida é uma professora que faz você repetir uma lição
até aprendê-la. Então, a melhor forma de se livrar de um problema é
superá-lo. É também verdadeiro que, ao superar uma dificuldade, você
passará a lidar com outra, e depois com outra, e assim por diante. É
desse modo que progredimos. Cada problema novo significa que você
venceu os anteriores e tornou-se capaz de enfrentar desafios maiores.
O psiquiatra e escritor Roberto Shinyashiki afirma que “sucesso é
ter problemas novos”. Ou seja, ser bem-sucedido não é deixar de ter
problemas, mas sim superá-los, por mais difíceis que se apresentem.
Golias era considerado imbatível até o momento em que Davi decidiu
enfrentá-lo com coragem, fé e criatividade.
Qualquer que seja o seu problema, você tem todas as condições
para vencê-lo. Acreditar nisso é o primeiro passo. Acredite! E, a cada
gigante vencido, você vai se tornando uma pessoa melhor e mais
experiente, mais capaz de enfrentar o que vier pela frente.

Dizem que a vida é uma professora que faz você


repetir uma lição até aprendê-la. Então, a melhor
forma de se livrar de um problema é superá-lo.

Esteja sempre preparado, porque os conflitos acontecem a todo


momento, em todos os lugares. Muitas pessoas se perguntam o
porquê de haver tantas guerras na Bíblia. Sendo um livro sagrado, não
deveria falar apenas de paz? A Bíblia retrata a história dos seres
humanos desde os primórdios até os dias atuais e, por isso, deve falar
sobre acontecimentos humanos, como as guerras. Conflitos fazem
parte de nossa evolução, seja como planeta ou como pessoas. E é com
a sucessão de batalhas que aprendemos.
Jesus falou o seguinte:
“Quem ouve minhas palavras e as pratica é tão sábio como a
pessoa que constrói sua casa sobre uma rocha firme. Quando
vierem as chuvas e as inundações e os ventos castigarem a casa,
ela não cairá, pois foi construída sobre rocha firme. Mas quem
ouve meu ensino e não o pratica é tão tolo como uma pessoa que
constrói sua casa sobre a areia. Quando vierem as chuvas e as
inundações e os ventos castigarem a casa, ela cairá com grande
estrondo”
(Mateus 7:24-27).

A grande lição que Jesus nos ensina é que a chuva acontece na vida
de todos. Sempre precisaremos enfrentar tempestades, gigantes e
guerras. Não há como evitá-los. O que podemos fazer é decidir se
vamos enfrentá-los ou nos deixar vencer sem fazer nada. A derrota
antecipada é uma péssima escolha. Seu futuro e sua felicidade
dependem das atitudes que você toma nos momentos mais difíceis.
Mantenha-se forte, atento e confiante diante das guerras do dia a dia.
Para manter-se forte você precisa buscar algo que o motive toda vez
que suas forças fraquejarem. Davi buscou sua força em Deus. Há
quem a busque na felicidade dos filhos, num sonho que deseja realizar
etc. Qual é a sua motivação?
Para manter-se atento é preciso sabedoria. Isso envolve fixar os
olhos no alvo, planejar suas ações, procurar o ponto fraco do seu
gigante, estudar os prós e os contras da situação e assim por diante.
Por fim, para manter-se confiante é preciso conhecer o seu potencial,
reunir as armas certas para a batalha e ter no coração o desejo de
vitória. Além disso, você precisa desenvolver as ferramentas e as
técnicas necessárias para usar no momento do confronto. Isso é o que
vai definir se você será abatido pelos desafios
ou se será capaz de construir uma vida plena.
Como disse Leif Hetland no livro Giant Slayers – Ground Rules for
Overcoming Life’s Biggest Obstacles (Matadores de gigantes: Regras
básicas para superar os maiores obstáculos da vida), “um gigante pode
fazer por você algo que um amigo não lhe proporcionou a vida inteira.
Os gigantes não precisam ser vistos apenas como ameaças e
problemas: eles também existem para promover você a um novo
degrau em sua vida”.

A cada gigante vencido, você vai se tornando melhor


e mais experiente, mais capaz de enfrentar o que vier
pela frente.

Atire A Pedra!

Estamos em um mundo cheio de guerras, conflitos e


gigantes.
Todos, assim como você, têm seus gigantes a vencer.
Gigantes fazem parte de sua vida; procure conhecê-los.
Existem gigantes que são encarados em uma “batalha única”
e outros que enfrentamos a vida inteira.
Celebre seus gigantes: eles são parte do seu crescimento!
2

Gigantes
que se criam
sozinhos
Então Golias, um guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do
exército filisteu. Ele tinha 2,90 metros de altura, usava um capacete
de bronze e vestia uma couraça de escamas de bronze que pesava
60 quilos. Também usava caneleiras de bronze e carregava no
ombro um dardo de bronze. A haste de sua lança era pesada e
grossa, como o eixo de um tear, e a ponta de ferro da lança pesava
cerca de 7 quilos. Seu escudeiro caminhava à frente dele.

1 Samuel 17:4-7

xistem dois tipos de gigantes: os que se criam sozinhos e os

E
que nós criamos. Golias, o filisteu de Gate, já existia. Ele
nasceu, cresceu, tornou-se um guerreiro temido, ganhou
destaque no exército filisteu. Imaginem o desânimo que os
soldados de Israel sentiram quando o avistaram do outro lado
do vale pela primeira vez. Um soldado daquele tamanho! Como já
dissemos, a vida vai lhe apresentar gigantes com fria naturalidade. De
uma hora para outra vai aparecer algum obstáculo ameaçador do outro
lado do vale. E ele será desafiador como Golias, que proferia insultos
e impropérios contra seus adversários.
A vida tem sua cota de problemas para todas as pessoas, até para
aquelas mais pacatas e ordeiras. Harold Kushner escreveu um livro
muito interessante, intitulado Quando coisas ruins acontecem às pessoas
boas, que fala sobre esse tema. A vida é assim mesmo: ainda que você
se previna e faça por onde, mais cedo ou mais tarde os problemas
virão ao seu encontro. Isso é parte do jogo da vida.

Pode ter certeza: de uma hora para outra vai


aparecer algum obstáculo ameaçador do outro lado
do vale.

Jesus nos alertou sobre isso de forma simples: “Aqui no mundo


vocês terão aflições.” Ao mesmo tempo, nos inspirou a ter coragem a
partir de seu exemplo: “mas animem-se, pois eu venci o mundo” ( João
16:33). Sim, os gigantes virão, mas eles podem ser vencidos. Outros já
os venceram antes de nós; portanto, não teremos a difícil missão de
ser os primeiros. Nossa missão é simplesmente enfrentar os nossos
gigantes da melhor forma possível em nosso próprio tempo.
Quando você estiver desanimado diante de uma realidade difícil,
lembre-se de que, às vezes, é melhor ter um gigante do que não ter
nenhum. Afinal de contas, é preciso reconhecer que a vida de Davi foi
muito impactada pelo episódio do confronto com Golias.
Os gigantes que enfrentamos são muito úteis, acredite.
Atire A Pedra!

Alguns gigantes se criam sozinhos, faça você a coisa certa


ou não.
Alguns gigantes são inevitáveis, mas há adversários que
podemos evitar.
Se as forças inimigas têm um Golias, é bom sabermos disso
com antecedência.
Às vezes, é melhor ter um gigante para enfrentar do que
não ter nenhum.
Enfrentar gigantes nos faz crescer.
3

Gigantes
criados por nós mesmos
Golias parou e gritou para as tropas israelitas: “Por que saíram
todos para lutar? Eu sou filisteu, e vocês são servos de Saul.
Escolham um homem para vir aqui e lutar comigo!”

1 Samuel 17:8

xistem gigantes que não podemos evitar. Alguns até

E
almejamos enfrentar, como os desafios de uma velhice
saudável em vez de uma morte prematura. Então, sabendo
que envelheceremos, podemos nos preparar para essa fase da
vida. Ao contrário desses “gigantes obrigatórios” –
dificuldades que surgem espontaneamente em nosso caminho –,
alguns problemas só existem porque os criamos ou imaginamos.

GIGANTES EVITÁVEIS – Pense na guerra entre Israel e os


filisteus. Talvez, com negociações de paz mais eficientes ou
diplomatas mais competentes, os dois lados pudessem ter evitado o
confronto. O que queremos mostrar é: a história de Davi começa com
a guerra entre os dois povos, mas talvez ela pudesse ter sido evitada.
Pare por alguns momentos e pense em quantos cenários de guerra
ainda não estão configurados, mas germinando; quantos gigantes
ainda estão do tamanho de um menino, mas crescendo.
Nossa capacidade de negociar e chegar a acordos pode evitar
guerras. Conhecer o inimigo, buscar informações e saber mais a
respeito do seu opositor é mais fácil que enfrentá-lo. Na medida do
possível, convença seu inimigo a entrar em um acordo. Quantas
pessoas não criam problemas para si mesmas por decidirem agir sem
dados ou reflexões suficientes? Saber com quem você está lidando é
essencial para poupar-se de confrontos que podem ser evitados e para
resolver os problemas enquanto eles são pequenos.
Além disso, se é bom saber se há um Golias do outro lado, também
é importante descobrir pessoas talentosas no próprio exército. Pode
ser que exista um Davi entre seus soldados e, por falta de liderança e
atenção, você não lhe dê a chance de lutar ao seu lado.
Buscar a paz e ter boa vontade são atitudes inteligentes e
construtivas. O conselho dos Salmos em relação a esse assunto é claro:
“Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz e esforce-se para mantê-
la” (Salmos 34:14). Paulo segue o mesmo caminho: “Nunca paguem
mal com o mal. Pensem sempre em fazer o que é melhor aos olhos de
todos. No que depender de vocês, vivam em paz com todos”
(Romanos 12:17-18).

Pode ser que exista um Davi entre seus soldados e,


por falta de liderança e atenção, você não lhe dê a
chance de lutar ao seu lado.
GIGANTES CRIADOS – Veja o termo “gigantes” como referência
a desafios ou problemas. Muitos dos gigantes que enfrentamos são
criados por nós mesmos. Por exemplo, todo mundo sabe que o
consumo de cigarros aumenta potencialmente o risco de câncer, mas
mesmo assim muitas pessoas insistem em fumar. Isso também
acontece com alguém que experimenta uma droga pela primeira vez;
ou que começa a participar de apostas; ou que envereda por um
relacionamento extraconjugal. Da mesma forma, alguém que relaxa
com sua saúde, com a administração da empresa ou a gestão da
carreira também está criando um gigante.
Todas essas pessoas estão preparando – ou, pelo menos, deixando
de evitar – uma guerra. Quem age assim prepara o terreno para o
exército inimigo. Estão fazendo com que o vale adiante não seja um
lugar de descanso, mas de combate. Em suma, estão criando os
próprios Golias.
Esta é uma das lições mais importantes deste livro: algumas das
batalhas que enfrentamos são alimentadas por nós mesmos. São
germinadas em nossos próprios quintais. Muitos gigantes são criados,
e eles podem ser bons ou ruins. Os ruins fomentam nossa destruição,
como acontece quando negligenciamos nossa saúde, os
relacionamentos, as finanças etc.
Em oposição a isso, também podemos criar gigantes bondosos, que
nos serão úteis. Dentro dessa categoria, temos nossos gigantes
internos, como a nossa reputação (Provérbios 22:1), e nossos gigantes
externos, que são as pessoas a quem nos associamos e empoderamos.
Imagine que você é Saul: todos esperam que você lute contra
Golias. Afinal, você é o mais alto oficial do exército (1 Samuel 9:1-2)
e o rei de Israel. Se você não quer lutar, ou não tem condições, nada
melhor do que encontrar alguém que o faça. Muitos líderes não
encontram seu Davi porque não sabem ouvir. Porém Saul ouviu Davi
e acabou permitindo que ele lutasse contra o enorme filisteu. Tomada
essa decisão, o rei procurou dar ao jovem o equipamento necessário
para o combate.
Saul, mesmo sem saber, estava criando um gigante útil. Davi se
transformou em um líder brilhante, uma inspiração para seu povo. Se
você buscar, achará gigantes do bem prontos ou em preparação em
muitos lugares.

GIGANTES IMAGINÁRIOS – Algumas das preocupações que


nos atormentam nunca chegam a se concretizar. Você já parou para
pensar nisso? Ficamos paralisados, ansiosos e desesperados diante de
obstáculos que na verdade não existem. Tenha uma vida correta e
sóbria para evitar os gigantes desnecessários, mas não perca sua paz
imaginando tragédias. O melhor conselho a esse respeito veio de
Jesus: “Portanto, não se preocupe com o amanhã, pois o amanhã trará
suas próprias inquietações. Bastam para hoje os problemas deste dia”
(Mateus 6:34).

Atire A Pedra!
Cuidado com os gigantes que você cria, inclusive os
imaginários.
Algumas guerras e determinadas barreiras são alimentadas
por nós mesmos.
Saiba identificar os “Davis” em seu exército.
Devemos buscar a paz sempre que possível, evitando
conflitos.
4

Gigantes
que valem
a pena
“Se ele me matar, seremos seus escravos.
Mas, se eu o matar, vocês serão nossos escravos!”

1 Samuel 17:9

e é certo que devemos evitar os Golias que pudermos, também

S
é correto dizer que, no caso de alguns deles, o que devemos
fazer é partir para cima. Há guerras que, por mais difíceis que
sejam, precisam ser lutadas. A guerra contra a corrupção e a
guerra contra a fome são dois exemplos. Governos,
organizações civis e cada cidadão devem estar engajados no combate à
cultura da corrupção. Essa é uma batalha difícil que precisa ser
vencida. Outro exemplo é o pesadelo das drogas, que tem vitimado
cada vez mais pessoas, sobretudo os jovens, trazendo ruína e
degradação não apenas para o próprio dependente, mas também para
sua família e toda a sociedade. E existem as lutas do cotidiano, como a
do trabalhador comum que levanta cedo todas as manhãs, pega sua
condução e tenta se manter ativo no mercado.
GIGANTE CERTO X GIGANTE ERRADO – O apóstolo Paulo
diz, em determinado momento, que lutou “o bom combate” (2
Timóteo 4:7). Ter uma boa estratégia significa tanto encarar as
batalhas importantes quanto abrir mão de sair lutando com todo
gigante que aparece. Assim como Davi ignorou as provocações de seu
irmão Eliabe, devemos evitar embates inúteis e lutar somente quando
o esforço compensar. A sabedoria popular fala sobre isso nos ditados
“não gaste vela com mau defunto” e “não faça tempestade em copo
d’água”.
O pastor Leif Hetland também afirma que não devemos nos
engajar em todas as batalhas. Reconhecer quais são essenciais faz toda
a diferença no nosso destino. Ninguém deseja enfrentar uma batalha
inútil e sem sentido. Conhecer nossa missão de vida quando nos
aproximamos dos gigantes do dia a dia nos ajudará a não desperdiçar
nosso tempo com batalhas que não nos pertencem.
Uma pessoa sábia deve escolher as guerras que valem a pena,
evitando as que não compensam. E, se decidir que é hora de lutar, é
fundamental saber quem está do seu lado e quais são os custos e as
consequências da batalha. Buscar sucesso profissional ou financeiro ao
custo da sua saúde, paz, honradez ou família é algo que não
compensa.
Há sacrifícios que valem a pena, mas há outros que não. Davi deve
ter pensado nos seus riscos pessoais, mas no seu caso ambos os
cenários eram assustadores: se tornar escravo junto com seu povo ou
encarar um guerreiro gigante. Optou por assumir a responsabilidade e
tomar uma atitude. Às vezes precisamos fazer algum tipo de sacrifício
pessoal em nome de um bem maior.
Um exemplo desse tipo de abnegação é o pastor Martin Luther
King Jr., símbolo da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados
Unidos na década de 1960. Sua guerra pela igualdade era árdua, mas
suas armas eram a paz e o uso de estratégias inteligentes. Grande
defensor das causas sociais e da não violência, King ganhou o Prêmio
Nobel da Paz e acabou sendo assassinado aos 39 anos. Dentre os seus
muitos discursos que ficaram famosos, destacamos o que cristaliza a
lição sobre o senso de responsabilidade a respeito de inimigos que
precisamos enfrentar – seja por uma questão de necessidade ou de
princípios:
A covardia coloca a questão: “É seguro?”
O comodismo coloca a questão: “É popular?” A etiqueta coloca a
questão: “É elegante?”
Mas a consciência coloca a questão: “É correto?”
E chega uma hora em que temos de tomar uma posição que não é
segura, não é popular, não é elegante, mas o temos de fazer porque a
nossa consciência nos diz que é essa a atitude correta.

Às vezes precisamos fazer algum tipo de sacrifício


pessoal em nome de um bem maior.

Não é difícil encontrar à nossa volta esses gigantes que valem a


pena. Por exemplo, na luta para melhorar de vida, muitas pessoas
abrem mão de quase tudo – lazer, convívio social, descanso, tempo
com a família – para avançar na carreira ou passar em um concurso
público. Com cada vez menos oportunidades no mercado de trabalho,
milhões de brasileiros sonham em conquistar uma remuneração
melhor e perspectivas reais de crescimento profissional. Em nome
disso, estão dispostos a anos de dedicação quase exclusiva. Nesse
sentido, é um desafio constante combater o desânimo, evitar as
distrações e afastar a falta de motivação.
A vida pessoal também é repleta de desafios. Crises internas,
conjugais e familiares precisam ser enfrentadas com coragem. Quem
de nós não conhece alguém que, a certa altura da vida, teve que parar
tudo, confessar seus erros, enfrentar as dificuldades e recomeçar? É
um processo difícil, já que tendemos a nos acomodar com os
problemas. É mais fácil deixar as coisas como estão e nos resignar com
relacionamentos medíocres do que enfrentar o desgaste da exposição e
do confronto. Da mesma forma, buscar cura para a solidão, a
ansiedade e os preconceitos também é uma batalha desafiadora.
Porém, quem enfrenta e vence estas lutas proporciona a si e aos
demais muito mais qualidade de vida e felicidade.
Além disso, cuidar da saúde é um desafio constante. Praticar
exercícios, evitar a sedução dos alimentos saborosos, porém nocivos, e
mudar hábitos negativos são atitudes que precisam de diligência e
perseverança diárias. Por fim, manter a integridade e a ética, mesmo
diante de tantas pressões e notícias de corrupção, é uma batalha
individual e permanente. Nos dois casos, os benefícios da vitória são
imensos.

Atire A Pedra!
Não fuja dos seus gigantes.
Escolha as batalhas certas. Reconheça os gigantes que você
precisa enfrentar. Não se detenha em questões menores que
apenas roubarão seu ânimo e sua energia. Concentre-se nas
reais dificuldades da vida, aquelas que atrapalham seu
crescimento pessoal ou trazem infelicidade às pessoas que
você ama.
Enfrente as dificuldades com bravura, mas não perca de
vista as consequências em caso de insucesso. Lembre-se de
que não há luta vencida de véspera e que sempre existe
oportunidade para um recomeço. Portanto, se você fracassar
em uma tentativa, prepare-se melhor na próxima
oportunidade.
Procure cercar-se de pessoas que lhe transmitam coragem,
confiança, bom senso e espírito de iniciativa.
5

A estratégia
torna o gigante
menor
“Desafio hoje os exércitos de Israel. Mandem um homem para lutar
comigo!”

1 Samuel 17:10

O de Golias. Ou seja, o problema era menor do que parecia. Uma


problema de Saul não era o tamanho do exército, mas o tamanho

análise cuidadosa do cenário e das regras faria Saul e seu exército se


animarem. Golias, por maior que fosse, era apenas um soldado. Será
que a soma de todos os soldados israelitas era maior que a de todos os
soldados filisteus? Se a resposta era sim, a solução era fugir do
combate individual, mas, se o exército filisteu era maior, então a luta
de um contra um era uma oportunidade.
A questão do combate homem a homem foi levantada na sexta
temporada da série Game of Thrones. No episódio intitulado “Batalha
dos bastardos”, Jon Snow propõe a Ramsay Bolton que, em vez de um
embate entre os seus exércitos, fizessem um combate individual, no
mesmo modelo de solução bélica que Golias propôs a Israel. Golias
estava confiante em sua capacidade de vencer o combate individual,
afinal era um grande guerreiro. Israel aceitou a proposta, ao contrário
de Ramsay Bolton, que não quis poupar seus soldados e assumir a
responsabilidade sozinho.
Ramsay, com medo de expor sua covardia e perder sua posição,
escondeu-se atrás de seu exército, muito mais numeroso e mais bem
preparado taticamente do que o do inimigo. Ramsay tinha sob seu
comando 6 mil homens, enquanto seu rival possuía pouco mais de 2
mil soldados. Outro dado que Ramsay levou em conta ao recusar a
proposta foi a fama de Jon Snow como guerreiro habilidoso. Mas essa
decisão não garantiu sua vitória. Apesar de estarem em menor
número, Snow e seu exército – como Davi – tinham a motivação
correta e estavam convictos de que fariam o que fosse necessário para
proteger suas famílias, sua liberdade, e combater a tirania de Bolton.
E, assim, venceram a batalha.
Muitos são aqueles que escolhem estratégias erradas ou aceitam que
o adversário dê as cartas. É preciso cuidado para não perder a batalha
não por ser mais fraco, mas por não saber escolher uma tática que
aproveite suas vantagens competitivas. Outro ponto importante a
analisar é o fato de Jon decidir o que fazer baseado na emoção e não
na razão. Quem é fã da série pode comparar o comportamento de Jon
com o da sua irmã, muito mais racional. Não é possível ir para a
guerra sem estudar bem o próprio exército e o exército inimigo, assim
como decidir sem reflexão e serenidade.
Estratégia ganha guerras.
É preciso cuidado para não perder a batalha não por
ser mais fraco, mas por não saber escolher uma
tática que aproveite suas vantagens competitivas.

Saul deveria ter se reunido com seu exército e discutido as possíveis


maneiras de derrotar Golias, que era o cerne do problema.
Presenciamos todos os dias, em nosso país, os reflexos de vários
gigantes, problemas que contornaríamos com o uso de estratégias
adequadas e ao descobrirmos as vigas mestras das fortalezas e dos
castelos que queremos conquistar. Se derrubarmos a viga certa, o
castelo inteiro cairá.
Conforme já citamos, era preciso considerar se o exército de Israel
era mais fraco ou mais forte que as tropas filisteias. Essa análise é
essencial. Quem ditou a regra do um contra um? E quem disse que
era necessário aceitar a proposta do gigante, de que mandassem um
homem para lutar sozinho contra ele?
A proposta de Golias era ótima… para ele mesmo. E era boa para
seu exército, que não teria que lutar. É muito fácil propor um combate
homem a homem quando se tem 3 metros de altura! E, acredite, a
vida diária está cheia de propostas assim. Infelizmente não faltam
exemplos no mundo dos negócios, em que muitos só se preocupam
com lucro e resultados materiais. Por isso é preciso ter cuidado na
hora de escolher parceiros comerciais e ler atentamente cada contrato
que colocam à nossa frente. Nas relações pessoais, há muitas pessoas
que só olham para o próprio umbigo e atuam como verdadeiros
“vampiros” emocionais, sugando nossa energia e nossa boa vontade.
Não devemos perder a fé nelas, então é necessário observar com
cuidado as relações pessoais e profissionais para não acabarmos
vítimas de indivíduos com ótimas propostas… para os interesses deles
mesmos!
Em muitas ocasiões, quando as condições não são favoráveis, um
“não, obrigado” é uma ótima resposta. Nem sempre você é obrigado a
aceitar as regras que o adversário impõe. Essa estratégia é capaz de
diminuir o gigante, pois você deixa de ser controlado por ele. Imagine
um empresário que está sob algum tipo de fiscalização e recebe a
proposta de suborno de um servidor corrupto para dar fim ao
processo. Esta pode ser a forma mais rápida de “se livrar do
problema”, mas, além de comprometer seus princípios, isso é crime.
Uma “solução” desse tipo pode ter um reflexo negativo a longo prazo,
dado que, uma vez sucumbindo à corrupção, o empresário estará
condenado a perpetuá-la, quando poderia regularizar sua atividade de
uma vez por todas, corrigindo eventuais falhas. Sabemos que nem
sempre é fácil recusar esse tipo de pressão, mas é necessário. O
exemplo inverso seria o do servidor que está em dificuldades
financeiras e aceita uma proposta ilegal de algum empresário ou de
um superior envolvido em corrupção. Mais uma vez, pode ser difícil
dizer “não”, mas é o que deve ser feito.
Estude sua situação e só aceite uma proposta quando ela for
realmente boa para você. Cuidado com aquelas que, como os
exemplos anteriores, parecem vantajosas à primeira vista, mas só irão
criar problemas maiores depois. Isso se aplica a diversas outras
situações, seja uma proposta de emprego, um novo relacionamento ou
a compra de uma mercadoria.
Em suma, analise bem as condições de uma disputa ou de um
negócio antes de entrar nele. Não entre em batalhas sem
planejamento prévio, sem analisar bem as regras ou exercer seu direito
de recusar propostas ruins.

Em muitas ocasiões, quando as condições não são


favoráveis, um “não, obrigado” é uma ótima resposta.

Veja bem, é importante respeitar as regras; porém, quando elas são


injustas, não podemos ficar calados – mesmo que nem sempre seja
fácil discutir o conceito de justiça. Desenvolva o hábito de avaliar as
regras, analisar o cenário e ver qual é o melhor caminho para não se
tornar escravo ou refém de alguém ou de alguma coisa. Já falamos
sobre escolher o gigante certo, então agora vamos dar um passo além.
Não é bom enfrentar o gigante certo na hora ou no lugar errados.

GIGANTE CERTO X HORA ERRADA – Um detalhe que


muitos esquecem é que definir a estratégia também envolve escolher a
hora do embate. Não se deve lutar a batalha certa na hora errada. O
momento do enfrentamento é um ponto importante. Imagine como é
a vida dos trapezistas: não basta saber saltar, não basta conhecer o
outro trapezista nem confiar nas cordas; também é importante saber a
hora certa de saltar em direção ao outro. Muitos exemplos mostram
que existe um momento ideal para entrar em ação. Devemos ter o
cuidado de não criticar alguém ou discutir alguma situação
desagradável quando estivermos de cabeça quente: esperar a raiva
passar pode ser essencial para resolver um problema de
relacionamento. Lançar um produto ou criar uma empresa é um
desafio gigante, mas saber a hora certa de fazer isso também é. A
sabedoria popular tangencia esse assunto ao dizer que “vingança é um
prato que se come frio”. Na verdade, acrescentamos que vale a pena
deixar a vingança a cargo do tempo, pois ela é um prato que não
devemos ficar desejando. Se ele vier, que seja servido pela mão dos
outros, não pela nossa! Buscar vingança é um bom exemplo de
desperdício de energia, um dos assuntos que tratamos nesse livro.

GIGANTE CERTO X ARMA ERRADA – Finalmente, escolher


as armas certas também faz parte da estratégia, faz parte da busca pelo
jeito certo. A sabedoria popular, aqui, diz para “não usar canhão para
matar passarinho”. Mas também “não se mata elefante com
atiradeira”. Portanto, escolha bem com quais armas irá lutar.
Falaremos sobre isso mais adiante.

FALE!

As palavras têm poder. Elas são como flechas – nunca as despreze. Se


Davi tivesse ficado calado, não teria tido a chance de enfrentar Golias.
Mas ele não apenas falou: ele falou as coisas certas, defendendo a
ideia de que era capaz de enfrentar adversários fisicamente mais fortes
que ele. Suas palavras foram positivas e animadoras, tanto que Saul
imediatamente mandou que o chamassem. Diante do rei, Davi foi
assertivo desde o início: “Ninguém se preocupe por causa desse
filisteu. Seu servo vai lutar contra ele” (1 Samuel 17:32). O uso
adequado das palavras é uma estratégia poderosíssima.
Elas são capazes de transformar a realidade. Podem levar ânimo,
conforto, conhecimento, orientação, entusiasmo; podem, inclusive,
mudar a vida das pessoas. Como um ímã, as palavras atraem a carga
positiva ou negativa daquilo que falamos ou pensamos. Queremos um
mundo melhor? Então vamos começar por nós mesmos, espalhando
boas palavras. As mensagens positivas se refletem em nossos atos e
nas atitudes das pessoas com quem temos contato. Podemos
disseminar nossas palavras por meio de livros, palestras, conselhos,
conversas e também pelas redes sociais. Hoje qualquer pessoa pode
transmitir suas ideias ao mundo – uma possibilidade impensável uma
geração atrás. As palavras vêm se espalhando como nunca. Há
mensagens que “viralizam”, sendo compartilhadas e replicadas,
podendo atingir milhões de pessoas quase instantaneamente.

As palavras têm o poder de transformar a realidade.


Elas podem levar ânimo, conforto, conhecimento,
orientação, entusiasmo; podem, inclusive, mudar a
vida das pessoas.

Cabe a cada um escolher suas palavras. Essa é uma


responsabilidade individual, já que as consequências de palavras mal
empregadas se voltam, principalmente, contra aquele que as proferiu.
Cada um decide a qualidade das mensagens que deseja emitir: notícias
ruins ou boas; desânimo ou esperança; descrédito ou confiança; ódio
ou amor; violência ou paz. Davi deixou de lado as palavras raivosas
que o irmão jogava sobre ele e preferiu disseminar a esperança,
candidatando-se a enfrentar e vencer Golias. E mudou a história do
seu povo.
Não se pode desprezar também o poder do silêncio, expresso na
história bíblica no momento em que Davi não perdeu tempo falando
com Eliabe. Calar também pode ser útil. Como disse Fernando
Pessoa: “Existe no silêncio uma tão profunda sabedoria que às vezes
ele se transforma na mais perfeita resposta.”
Infelizmente, não existe uma fórmula pronta ou uma receita que
nos mostre a hora de falar e a hora de calar. O que precisamos ter em
mente é que cada situação que vivermos irá demandar uma reflexão
sobre se devemos fazer uma coisa ou outra.
De modo geral, porém, podemos dizer que:
Nossos atos e resultados, positivos ou negativos, falam mais alto
do que nossa voz.
Devemos falar apenas após refletir e, de preferência, com
educação.
Pedir desculpas sinceras ou buscar pacificação é uma ótima
atitude.
Reclamar ou argumentar com quem não pode resolver o
problema é desperdício de energia.
Calar é uma ótima atitude quando estamos muito exaltados,
quando nossas palavras podem provocar mágoas, quando o que
dissermos pode ser usado contra nós ou quando podemos nos
arrepender depois.

Atire A Pedra!
Escolha os gigantes que valem a pena enfrentar e vá lutar
contra eles.
Às vezes, a batalha não compensa, mas não há como evitá-
la. Então lute.
Primeiro recolha informações sobre o combate e só depois
escolha a melhor estratégia.
Lute a batalha certa na hora certa.
Aprenda a hora de falar e a hora de calar.
6

O medo
aumenta
o tamanho
do gigante
“Quando Saul e os israelitas ouviram isso, ficaram aterrorizados e
muito abalados.”

1 Samuel 17:11

oje em dia vivemos preocupados pelos mais variados

H
motivos: brigas familiares, conflitos no trabalho, dívidas que
não conseguimos pagar, medo do desemprego, doenças que
podem se agravar, excesso de peso, falta de tempo para
cuidar de todas as demandas… Esses problemas ficam
martelando em nossa mente e trazendo angústia, mas pode ser que
nosso maior problema não seja o gigante em si, mas o medo que nos
imobiliza. O medo impedia o exército de Israel de desenvolver uma
estratégia para derrotar Golias.
Segundo um antigo provérbio alemão, “o medo faz o lobo maior do
que ele é”. A partir dessa ideia, pense o seguinte: será que o seu
gigante é tão grande assim? Ou será que ele vai ficando grande à
medida que você vai pensando cada vez mais nele?
Já falamos de gigantes imaginários e agora nos concentramos nos
gigantes superdimensionados por causa de uma falsa avaliação da
realidade. Às vezes o gigante não passa de invenção da nossa cabeça;
em outras ocasiões, ele de fato existe, mas é muito menor do que o
medo nos faz acreditar.

Não deixe sua imaginação fazê-lo crer que os gigantes


são maiores do que eles realmente são.

Davi ainda era muito jovem e não era alto. E quanto media Golias?
Algumas traduções da Bíblia adotam o sistema métrico da época e
mencionam 6 côvados e 1 palmo; outras versões fazem as conversões
necessárias e utilizam o sistema atual. O côvado correspondia à
distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio, ou seja, cerca de
45 centímetros. E um palmo ficava em torno de 20 centímetros.
Golias media, então, cerca de 2,90 metros. Experimente marcar essa
altura em uma parede ou no tronco de uma árvore, por exemplo.
Agora, olhe para a marcação como se estivesse diante de Golias.
Talvez você imaginasse que ele fosse bem maior. Muitas pessoas,
baseadas em filmes antigos ou mesmo em desenhos alegóricos,
imaginam um homem de proporções monstruosas, cinco a dez vezes
maior do que a realidade. Golias era muito grande, sim, mas não era
uma montanha em forma de homem.
No livro Click – Como resolver problemas insuperáveis, David Niven
mostra que uma das razões para o sucesso do filme Tubarão foi que os
produtores simplesmente não mostraram o tubarão! Steven Spielberg
trabalhou mais com a imaginação do que com a realidade, ou seja,
jogou com a tendência humana de sempre imaginar o perigo maior do
que ele é.
O caríssimo tubarão mecânico que Spielberg e sua equipe criaram
não funcionava e ainda teve sua pele artificial desfeita pela água
salgada. A solução foi fazer um filme sobre tubarão sem mostrar,
explicitamente, o animal. O diretor, genial como sempre, privilegiou a
insinuação de um tubarão, combinada de forma brilhante com a
tenebrosa e inesquecível trilha sonora de John Williams. E essa
insinuação do perigo forneceu a inequívoca e incomparável presença
da ameaça. Assim, curiosamente, em vez de ganhar destaque nas
principais sequências do longa, o tubarão que dá nome ao filme só
aparece inteiro na tela após 81 minutos.
Isso não acontece por acaso. O ser humano tende a
superdimensionar aquilo que lhe provoca receio. A mera repetição
inconsciente tende a aumentar o tamanho das angústias. Já ouviu a
expressão “quem conta um conto aumenta um ponto”? Os boatos e as
fofocas vão exagerando a realidade a cada vez que são repassados. Da
mesma forma, ficar remoendo seus temores os tornam maiores.
A verdade é que a maneira como você enxerga os desafios é um
reflexo do seu interior. Qualquer problema será muito grande
enquanto você se sentir pequeno. Se você costuma se desesperar
diante dos desafios, precisa fortalecer sua autoconfiança e entender
que obstáculos são apenas etapas necessárias à nossa evolução – e não
gigantes cujo principal objetivo de vida é nos destruir. Tudo pode ficar
mais fácil dependendo de como nós encaramos. Veja que ótimo
exemplo o escritor e palestrante T. Harv Eker usa para explicar esse
conceito no livro Os segredos da mente milionária:

O segredo do sucesso não é tentar evitar os problemas nem se esquivar


ou se livrar deles, mas crescer pessoalmente para se tornar maior do
que qualquer adversidade. Numa escala de um a dez, imagine-se uma
pessoa dotada de força de caráter e determinação de nível dois
enfrentando um problema de nível cinco. Essa dificuldade lhe parece
grande ou pequena? Olhando do nível dois, um obstáculo do nível
cinco há de parecer um grande problema. Agora imagine que você se
aprimorou e a sua força de caráter atingiu o nível oito. Esse mesmo
problema de nível cinco se mostra grande ou pequeno aos seus olhos?
Como num passe de mágica, ele se transformou num probleminha.
Para terminar, suponha que você deu um duro danado consigo
mesmo e tornou-se uma pessoa com força de caráter de nível dez. O
mesmo obstáculo de nível cinco é agora um grande ou um pequeno
problema? A resposta é: ele simplesmente não é mais um problema.
Seu cérebro nem sequer o registra como tal e tampouco esse entrave
produz qualquer energia negativa – é apenas uma ocorrência normal
do seu dia a dia, como escovar os dentes e se vestir.

Observe que, independentemente de você ser rico ou pobre, de


pensar grande ou pequeno, as adversidades não deixam de existir.
Enquanto você respirar, sempre estará diante dos chamados problemas
e obstáculos da vida. Para encurtar a conversa: o tamanho do
problema nunca é a questão principal – o que importa é o seu próprio
tamanho.
Enfim, aprenda a buscar a percepção correta da realidade e
descubra como lidar com ela. Porque a melhor forma de vencer um
problema é se tornar maior – ou mais eficiente ou mais rápido ou mais
esperto – do que ele.

NÃO AUMENTE O GIGANTE, AUMENTE VOCÊ

A imaginação é uma coisa muito poderosa: se ela pode tornar o


gigante maior, também pode fazer isso com você. Se você quer
realizar feitos extraordinários, precisa primeiro acreditar que pode
realizar feitos extraordinários. A física quântica está aí para mostrar
que a fé (a crença, a observação, a imaginação) pode influenciar e
alterar o mundo físico. Todo gigante só é invencível até alguém ir lá e
vencê-lo; todo sonho só é sonho até alguém realizá-lo. Acredite que
pode realizar o impossível. Embora essa imagem seja quase um clichê,
é um clichê correto, portanto vale citar o caso do besouro: pelas leis da
aerodinâmica, ele não devia ser capaz de voar, mas voa. Dizem que
isso acontece porque ele acredita que pode.
Não confunda crer no impossível e imaginar o melhor com
irresponsabilidade ou ingenuidade. Se você nunca estudou, não
adianta ficar imaginando que pode passar em um concurso ou entrar
para uma universidade de ponta; se nunca treinou, não conseguirá
correr uma maratona. O que queremos dizer é que você não deve
aceitar crenças limitadoras nem dar ouvidos às palavras de pessoas
pessimistas, mas sim acreditar que, com trabalho e tempo, pode
realizar coisas extraordinárias.
Atire A Pedra!

Avalie a melhor forma de lutar, se sozinho ou em grupo, ou


se é mais recomendável fazer um acordo.
Identifique o cerne do problema que deseja resolver.
Analise as regras, de forma a não aceitar aquelas que são
ruins para você.
Descubra qual o tamanho real do problema.
Mude o foco/pergunta para mudar o resultado/resposta.
O tamanho de sua atitude vale mais do que o tamanho do
problema.
Acredite que pode realizar feitos extraordinários.
7

Faça
o que tem
de ser feito
Levantando-se de madrugada, Davi deixou o rebanho com outro
pastor, pegou a carga e partiu, conforme Jessé lhe havia ordenado.
Chegou ao acampamento na hora em que, com grito de batalha, o
exército estava saindo para suas posições de combate.

1 Samuel 17:20 (NVI)

ACORDE CEDO

iz-se que, ao ser perguntado sobre o que uma pessoa deveria

D
fazer para ficar milionária, um magnata norte-americano
respondeu com três conselhos: 1) Acorde cedo; 2) Trabalhe
duro; 3) Ache petróleo. Quem deu essa resposta foi J. Paul
Getty, fundador da Getty Oil Company, e a frase ficou
famosa.
Os dois primeiros itens estão ao alcance de qualquer um. Só
dependem, afinal, de força de vontade. Davi, por exemplo, levantou-
se de madrugada para cumprir as ordens de seu pai. Ele não saiu de
casa às 10 horas ou ao meio-dia, depois de ficar enrolando na cama.
Sempre acordava cedo, antes do nascer do sol, para pastorear suas
ovelhas. Naquele dia específico, deve ter acordado ainda mais cedo,
porque tinha que ir primeiro ao campo, a fim de deixar o rebanho aos
cuidados de outro pastor. Depois, pegou as encomendas que deveria
levar ao acampamento militar e chegou lá a tempo de encontrar os
soldados entrando em formação, ouvir o grito de batalha e vê-los
saindo para ocupar suas posições no front.
Acordar cedo e trabalhar duro, tudo bem, mas… e quanto a achar
petróleo? Isso é piada de milionário, você pode pensar. O problema é
que talvez você esteja pensando literalmente no petróleo, o líquido
preto, viscoso, que sai de baixo da terra e movimenta os motores do
mundo. Contudo, que tal pensar de outra forma? O petróleo não é
um óleo que serve para os mais diversos usos, desde os combustíveis
aos plásticos? Então encare como petróleo qualquer coisa que resolva
a vida de alguém. Por exemplo, se você se inscreveu em um concurso
público ou em um vestibular e foi aprovado, achou petróleo! Se criou
uma solução ou um produto revolucionário, achou petróleo! Daí em
diante deverá aproveitar bem esse manancial que vai jorrar em sua
vida.
Não importa qual seja sua atividade profissional – empresário,
motorista, médico, professor, engenheiro, advogado, mecânico, artista,
vendedor –, se você der o melhor de si, pode descobrir o seu campo de
petróleo. Ninguém pode saber onde ele está exatamente. Encontrá-lo
só depende do seu talento e da sua dedicação. O importante é
continuar procurando.
Se Davi fosse mais descansado, talvez tivesse chegado tarde demais
e nós não estaríamos aqui, milhares de anos depois, falando dele. Mas
não: ele acordou cedo, trabalhou duro e achou seu petróleo. O petróleo,
nesse caso, foi a coragem de lutar contra o gigante – atitude que deu a
ele um diferencial sobre todo o exército.
E você? Qual é o seu petróleo? O que é preciso fazer para encontrá-
lo?

IDENTIFIQUE O SEU REBANHO

Nesse trecho da história há várias lições importantes:


1. Davi acordava cedo;
2. Davi não deixou de lado suas obrigações anteriores ao projeto;
3. Davi assumiu sua carga;
4. Davi cumpriu a missão de entregar as encomendas e só depois
foi fazer sua segunda tarefa, que era ver como estavam os irmãos.
E, nessas lições, podemos constatar que algumas atitudes de Davi
foram fundamentais para sua vitória:

OBEDIÊNCIA – Jessé ordenou ao caçula que fosse até o


acampamento militar, entregasse as encomendas e descobrisse como
estavam seus outros filhos. Davi era muito jovem e provavelmente
nem imaginava que logo seria um grande líder, mas já estava
preparado para isso. Afinal, ele sabia ser liderado. Ao obedecer às
ordens de seu pai, ele acabou indo parar justamente no lugar onde
aconteceu a grande virada de sua vida. Em geral, a obediência traz
recompensas. Como mostra o livro As 25 leis bíblicas do sucesso
(William Douglas e Rubens Teixeira), a realização daquilo que nos
cabe tem o poder de criar coisas boas. E as pequenas coisas realizadas
têm o poder de se reunir num grande patrimônio moral e de
conhecimento que permite novas conquistas.
Como disse Leif Hetland, “se não dermos tudo de nós agora, em
meio à vida cotidiana, provavelmente não iremos dar tudo de nós
quando os gigantes surgirem. Muitas pessoas falham em alcançar seu
potencial máximo porque falham em cultivar a obediência no dia a dia
e, assim, não se preparam para a grandeza para a qual foram criadas.
Nosso momento de virada não acontece da noite para o dia. A nossa
rotina é o que nos prepara para esse momento”.

CUIDADO COM AS MISSÕES ANTERIORES – Davi tinha


um rebanho para cuidar. Aquela era sua responsabilidade imediata,
antes mesmo de se envolver com guerras e Golias. Então, o jovem
pastor tomou o cuidado de pedir que alguém tomasse conta das
ovelhas do pai. Apesar de ter uma nova tarefa, Davi não menosprezou
sua obrigação de todos os dias e não deixou seu rebanho desprotegido.
Muita gente, quando se vê diante de um problema que precisa ser
resolvido, abandona tudo e parte imediatamente em busca de uma
solução. Será que esse é o seu caso? Pare e pense um pouco: você tem
sido cuidadoso com as coisas que estão sob sua responsabilidade?
Algumas pessoas têm tantos sonhos e planos que antes mesmo de
terminar um já começam outro, largando o primeiro pela metade.
Evite fazer isso. Conclua os projetos, termine tudo, encerre as fases.
Apenas em casos excepcionais devemos começar uma nova
empreitada antes de fechar a anterior. Antes de se mudar de novo,
esvazie a mala.
CUIDADO COM SEU REBANHO – Quando você sai para fazer
alguma coisa, costuma deixar o seu rebanho bem cuidado? “Que
rebanho?”, você pergunta. Se você é pai ou mãe, seu rebanho é a sua
família. Se exerce uma função de chefia no trabalho, seu rebanho é sua
equipe.
Pergunte ao seu pessoal como eles estão, como se sentem e o que
você pode fazer por eles. Em casa, indague a seu cônjuge o que você
pode fazer para ser um marido ou uma esposa melhor. Pergunte aos
seus filhos como você pode ser mais presente. Mas atenção: é bom
estar preparado para as respostas, pois nem sempre será fácil ouvi-las.
Esse exercício exige amor, compreensão, esforço e paciência. Ser bem-
sucedido, tanto no nível pessoal quanto no profissional, tem a ver com
a capacidade de cuidar bem das pessoas à sua volta – do seu rebanho.
Outra questão que devemos destacar aqui é: apesar do exemplo de
Davi, que deixou suas ovelhas aos cuidados de outro pastor, até que
ponto você deve delegar suas tarefas? É importante delegar, ensinar,
formar novos líderes… Mas isso é diferente de abrir mão de suas
responsabilidades. Quem delega mais do que pode (ou deve) acaba
perdendo o cargo. Se você é dono de uma empresa e deixa o comando
nas mãos de alguém despreparado, o empreendimento tende a
quebrar. Ou, se deixa o negócio com alguém preparado e depois
relaxa, acaba perdendo o comando – como aconteceu com Saul, que
perdeu o trono para Davi.

Ser bem-sucedido, tanto no nível pessoal quanto no


profissional, tem a ver com a capacidade de cuidar
bem das pessoas à sua volta – do seu rebanho.
DAVI PARTIU

Qual foi a última vez que você partiu? Existem pessoas que passam a
vida planejando: realizar um sonho, criar um produto novo, fazer um
curso no exterior ou ter coragem de declarar seu amor. Ou então fazer
algo diferente, sair da rotina – escrever um livro, por exemplo.
Uma das lições que aprendemos com Davi é que ele não ficou
parado, enrolando, planejando indefinidamente ou medindo riscos.
Ele tinha uma missão, traçou seu plano e partiu.
Sem dúvida, ninguém pode vencer gigantes se não for ao encontro
deles.
Partir envolve uma boa dose de coragem, de ousadia. A coragem
não se refere apenas àquilo que vamos encontrar pela frente, mas
também ao que vamos deixar para trás. Partir significa abrir mão da
segurança e do conforto, trocar o conhecido pelo desconhecido.
Talvez a melhor metáfora desse movimento seja usar mais uma vez a
imagem do trapezista. Se não tiver coragem de soltar a barra, ele não
consegue se lançar no ar em busca do outro suporte – e é aí que reside
o interesse do público.
Claro que um bom artista sabe qual é a hora de largar uma barra e
pegar a outra, e aqui existe uma segunda sabedoria envolvida: a hora
certa. Em algum momento ou você solta a barra antiga ou jamais
voará em direção à nova. Quando chegar a hora certa, tenha coragem
de saltar.

Sem dúvida, ninguém pode vencer gigantes se não for


ao encontro deles.
Segundo um ditado popular, há dois grandes erros na vida: pensar
que uma coisa é boa porque é nova ou que é ruim porque é antiga.
Não caia nesse erro. Você não é obrigado a sair mudando, inovando,
inventando. Mas, se quiser fazê-lo, precisa ter coragem de partir.
A mesma ideia foi abordada pelo professor de Literatura Fernando
Teixeira de Andrade, que, no seu artigo “O medo: O maior gigante da
alma”, diz:

Para quem tem medo e a nada se atreve, tudo é ousado e perigoso. É o


medo que esteriliza nossos abraços e cancela nossos afetos; que proíbe
nossos beijos e nos coloca sempre do lado de cá do muro. Esse medo que
se enraíza no coração do homem impede-o de ver o mundo que se
descortina para além do muro, como se o novo fosse sempre uma cilada
e o desconhecido tivesse sempre uma armadilha a ameaçar nossa ilusão
de segurança e certeza.
E se Cristo não tivesse ousado saber-se o Messias prometido? E se
Galileu Galilei tivesse se acovardado diante das evidências que hoje
aceitamos naturalmente? E se Freud tivesse se acovardado diante das
profundezas do inconsciente? E se Picasso não tivesse se atrevido a
distorcer as formas e a olhar como quem tivesse mil olhos?

É o tempo da travessia… E, se não ousarmos fazê-la, teremos


ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Enfim, precisamos refletir quando é hora de ficar e quando é hora


de partir. Se não for para partir, não sinta culpa nem se sinta como se
estivesse imobilizado. Ficar também pode ser uma boa escolha.
Porém, se chegar à conclusão de que é hora de ir, veja que bagagem
levará, qual deixará de lado e parta.
Atire A Pedra!

Analise quando é hora de ficar e quando é o momento de


partir de uma situação.
Ficar ou partir não é necessariamente uma escolha melhor
ou pior: você precisa decidir isso caso a caso.
Nunca despreze um dia normal de trabalho: foi em um dia
assim que o extraordinário aconteceu na vida do pastor de
ovelhas chamado Davi.
8

Qual é a
sua carga?
Levantando-se de madrugada, Davi deixou o rebanho com outro
pastor, pegou a carga e partiu, conforme Jessé lhe havia ordenado.
Chegou ao acampamento na hora em que, com grito de batalha, o
exército estava saindo para suas posições de combate.

1 Samuel 17:20 (NVI)

o versículo acima, Samuel diz que Davi deixou o rebanho

N
com outro pastor, pegou a carga e partiu. Em outras
passagens, como em Gálatas 6:2, a Bíblia diz para levarmos
os “fardos pesados uns dos outros” (NVI). A palavra “carga”
deriva do grego e remete a peso. Segundo o pastor e escritor
Fabrini Viguier em seu livro Ser homem, “os pesos podem ser
insuportáveis e precisam ser divididos. Divórcio, desemprego, luto e
enfermidades são exemplos de cargas pesadas. No entanto, elas não
precisam esmagar um homem, mas podem dar a ele a oportunidade
de repartir a própria carga com outros homens, aqueles que, como ele,
conhecem muito bem o incômodo de se mostrar fraco”.
Ou seja, cada um deve carregar a própria carga, mas precisamos
dividir o fardo quando seu peso é sufocante demais. Quando todos
estão unidos – quando uma equipe está lutando pelo mesmo ideal,
quando o casal está unindo forças pelo mesmo propósito –, tudo se
torna mais leve.
Mas atenção: tão louvável quanto assumir parte da carga de alguém
é ser humilde e admitir que precisa de ajuda para carregar a sua. No
entanto, isso é bem diferente de jogar nas costas de outra pessoa uma
responsabilidade que pertence exclusivamente a você. A ideia é
compartilhar, não transferir.
Quando chegou ao front, Davi percebeu que o exército israelita
tinha um gigantesco desafio pela frente e que aquela carga era pesada
demais para os homens que ali se encontravam. Não que não fosse
pesada para ele também – mas ele se sentia capaz de carregá-la. Então
decidiu tomar para si parte do fardo do grupo e salvou seu povo.

CARREGUE SUA CARGA – Em geral, quem tem o hábito de


jogar as próprias cargas nos ombros dos outros sabe fazer drama,
inventar explicações, encontrar culpados, manipular e formular
justificativas para não arcar com suas responsabilidades. É claro que às
vezes um imprevisto nos impede de cuidar de nossas tarefas, mas isso
deve ser a exceção, não a regra.
O maior problema de quem não carrega suas cargas é que, depois
de algum tempo, passa a ter ombros enfraquecidos, a ponto de não
conseguir mais carregar carga alguma. Como disse o pastor, escritor e
professor americano do século XIX Phillips Brooks: “Não ore por
cargas mais leves, ore por ombros mais fortes.”

O LADO OPOSTO DE “CARREGAR SUA CARGA” – No


interior do estado do Rio de Janeiro circula um ditado popular muito
interessante: “O morto, quando acha quem o carregue, dá voltas no
caixão.” Isso é uma triste realidade. Existem pessoas acomodadas que,
se acharem alguém que faça o trabalho que lhes compete, aproveitam-
se da bondade alheia. Esses aproveitadores existem em todos os
cantos, tanto nas empresas quanto nas famílias. Cuidado!

NÃO CARREGUE O MUNDO NAS COSTAS – Não tente ser o


salvador da pátria. Se quer ajudar, assuma as próprias cargas e faça
com que as pessoas assumam as delas. Não estamos sugerindo que
você deixe de ser generoso, gentil ou prestativo, ou que evite socorrer
alguém que passa por dificuldades. Esse comportamento é essencial
para a construção de uma sociedade melhor. O que queremos dizer é
que você não deve ser o tipo de pessoa que tem mania de resolver os
problemas de todo mundo, que não sabe dizer “não” ou que sofre
porque precisa agradar aos outros o tempo todo. Isso não ajuda – nem
a você nem a ninguém.
As cargas pesadas demais devem ser divididas pelo grupo. Não
devem ser carregadas por uma única pessoa. A sociedade das formigas
representa bem essa realidade: a colaboração entre elas torna o
formigueiro extremamente eficiente e preparado para lutar contra as
adversidades da natureza e contra os predadores.
Existem quatro tipos de “carga”:

TIPO DE O QUE VOCÊ DEVE FAZER


CARGA

Sua São as tarefas que cabem apenas a você e que não


devem ser jogadas nas costas dos outros.
Sua, mas São aquelas que, embora sendo suas, podem ser
Compartilhável divididas com pessoas próximas ou com sua equipe.

Dos outros São cargas que não são suas, mas algumas pessoas
podem querer lançar sobre você. Infelizmente, há
gente muito habilidosa em convencer os outros a
fazer seu trabalho. Isso ocorre muito nas famílias, nas
empresas e nas instituições religiosas, onde o
“vampiro”, apelando para seu amor, sua culpa, seu
bom coração ou outros artifícios, acaba colocando
você para trabalhar por ele. Não é fácil, mas você
precisa aprender a identificar essas pessoas e a dizer
“não” para elas.

Dos outros, Da mesma forma que às vezes você precisa de um


mas ombro, de um apoio ou de um amigo, outros também
compartilhável precisarão. É a sua vez de ajudar a carregar a carga de
alguém.

Ao contrário de Davi, que lutou sozinho, você pode ter parceiros


em suas batalhas, pode trabalhar em equipe. Quando compartilha ou
delega uma tarefa, você aumenta a sua capacidade de realizá-la.
Embora poucas, existem coisas que só nós podemos fazer. Para
trabalhar ou para sair à noite, por exemplo, você pode contratar uma
babá, deixar seu filho com um familiar ou amigo; mas não pode
terceirizar seu papel de mãe ou pai.
Nem sempre é fácil distinguir o tipo de carga que estamos
carregando. Além disso, existe um “prazo”, um tempo razoável, até
que uma carga compartilhável se torne não compartilhável. Veja o
caso dos pais, por exemplo: faz todo sentido que eles sustentem os
filhos durante sua formação ou os ajudem em alguma emergência.
Todavia, vemos casos em que os filhos permanecem na casa dos pais,
sem trabalhar, dependendo financeiramente deles, até os 30, 40 anos
ou mais. Em muitos casos, trata-se de simples exploração. Em outros,
os próprios pais preferem criar descendentes imaturos para não
“perder” os filhos, alimentando uma relação emocional no mínimo
doentia.

Atire A Pedra!

Não deseje cargas mais leves, mas ombros mais fortes.


Cuidado com as pessoas que não carregam as próprias
cargas.
Saiba dizer “não” a quem lhe oferece uma carga que não é
sua. Você pode até ajudar alguém em dificuldades ou por
algum tempo, mas não tente ser o “salvador da pátria”.
PARTE 2

Os gigantes antes dos


gigantes
9

Desarmonia
Então Golias, um guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do
exército filisteu. Ele tinha 2,90 metros de altura.

1 Samuel 17:4

Golias parou e gritou para as tropas israelitas: “Por que saíram


todos para lutar? Eu sou filisteu, e vocês são servos de Saul.
Escolham um homem para vir aqui e lutar comigo!”

1 Samuel 17:8

partir de agora vamos abordar alguns sentimentos e emoções

A
que costumam imobilizar as pessoas. O problema em si nem
sempre é tão grave. Às vezes, o pior problema reside dentro
de nós. Alguns gigantes moram do lado de fora e outros do
lado de dentro.
Com frequência as pessoas são derrotadas por causa do modo como
lidam com seus desafios. Como já dissemos, o medo faz o lobo
parecer maior do que ele é. Então, ao aprender a lidar com seus
sentimentos, você estará vencendo os gigantes internos e se
preparando para vencer também os desafios externos que surgirem
pelo caminho.
Neste capítulo e nos seguintes, vamos abordar cinco situações:
DESARMONIA – ocorre quando você não está em equilíbrio com
você mesmo ou com sua família ou equipe.

DESÂNIMO – é um sentimento natural em projetos grandes ou


demorados e precisa ser enfrentado com técnica, persistência e
motivação.

DESESPERO – ocorre quando você deixa o medo ou as


preocupações assumirem o controle da sua mente ou de sua família ou
equipe.

DESCRÉDITO – é a falta de confiança dos outros em você, que


pode ser originada por seus erros do passado, pelo tamanho do desafio
ou até mesmo por inveja. O descrédito também é utilizado por
algumas pessoas para enfraquecer o adversário em uma disputa – por
exemplo, nos esportes ou na política.

DESPERDÍCIO DE ENERGIA – ocorre quando você utiliza


força, recursos ou tempo em pessoas ou coisas que não vão ajudá-lo a
conquistar seus objetivos.

DESARMONIA

A desarmonia pode se manifestar de maneiras diferentes em cada


pessoa e é importante conhecer seus diversos tipos:

PESSOAL OU INTERNA – Algumas pessoas não conseguem se


aceitar como são, ou aceitar sua origem, ou suas características, e por
isso tornam-se amargas. Há também aquelas que não conseguem
superar as perdas e os traumas do passado, deixando que isso afete seu
presente e, consequentemente, seu futuro. O passado pode ser um
ótimo professor, mas não podemos aceitá-lo como opressor.
A desarmonia interna também pode se manifestar quando fazemos
algo contra nossa vontade. Ultimamente existe muita propaganda
sobre “só fazer o que se quer”, mas as coisas não são bem assim.
Muitas vezes temos que fazer o que é preciso, mesmo que não
estejamos dispostos. Às vezes temos que passar dias longe de nossa
família por causa de compromissos profissionais. Não gostamos de
fazer isso, mas entendemos que é parte do nosso trabalho e
aprendemos a apreciar a missão e o resultado. Por isso, tentamos ficar
“em harmonia” com nossa tarefa. Viajar mal-humorado não seria
pior? Ou seja, é preciso aprender a lidar com as partes difíceis da
jornada e, tanto quanto possível, administrar e minimizar os danos.
Toda criança reclama de arrumar a cama, muitos adultos reclamam de
ter de lavar a louça ou acordar cedo, algumas pessoas não conseguem
lidar com o horário dos compromissos profissionais. Mas de que
adianta reclamar se essas coisas não deixarão de existir? Não se deixe
afetar por pequenos geradores de desarmonia como esses.
Pessoas em desarmonia interna costumam pensar o pior dos outros
e trabalhar contra o time, mesmo que inconscientemente. Vivem
insatisfeitas, ressentidas e infelizes. Tendem a ter pouca (ou
nenhuma) alegria com a felicidade alheia, desejam ser diferentes ou,
no fundo, querem que todos acabem frustrados como elas. É comum
se considerarem injustiçadas, com o sentimento de que o mundo está
contra elas ou lhes devendo algo. O mundo, a família, o sócio, Deus…
enfim, alguém precisa ser o culpado por seu infortúnio. Sem perceber,
tais pessoas acabam criando a própria infelicidade.
Não gostar de algo não vai mudar o fato de que esse algo deve ser
feito. Por isso, o ideal é entender as tarefas, os compromissos e a
realidade como fatos inevitáveis da vida e tentar ficar em harmonia
com eles. Afinal, ir ao trabalho, cuidar dos filhos ou enfrentar as
tarefas cotidianas será mais penoso quanto mais mal-humorados
estivermos.
Como lidar com isso? Dependendo da gravidade, pode ser
necessário acompanhamento médico ou tratamento terapêutico. Os
primeiros passos para quem tem esse tipo de problema é se aceitar
como é, se perdoar, descobrir o que realmente deseja e começar a
buscar essa harmonia interna que ainda não existe. Leitura de livros,
aconselhamento religioso ou espiritual, coaching, mentoreamento ou
acompanhamento psicológico podem ajudar muito. Se esse é o seu
caso, comece essa jornada para dentro de você, faça as pazes consigo
mesmo e, em seguida, com o mundo.

RELACIONAL – Outro caso de desarmonia é a relacional, ou seja,


aquela que acontece com a família, a equipe ou o grupo em que a
pessoa está inserida. Cremos que boa parte dessa desarmonia externa
é criada pela interna; porém, às vezes o indivíduo está bem
internamente mas dá o azar – ou a sorte – de se envolver em uma
relação difícil, seja ela conjugal, familiar, profissional ou em alguma
outra área. Azar porque é trabalhoso enfrentá-la; sorte porque é uma
oportunidade de crescimento.
Quando um grupo está em desarmonia, é facilmente derrotado.
Como disse Jesus: “Um reino dividido internamente será destruído.
Da mesma forma, uma família dividida contra si mesma se
desintegrará” (Marcos 3:24-25). Tanto é assim que os melhores
estrategistas procuram criar conflitos internos nos grupos inimigos. A
sabedoria aqui está em criar união no próprio time para fortalecê-lo.

Os melhores estrategistas procuram criar conflitos


internos nos grupos inimigos. A sabedoria aqui está
em criar união no próprio time para fortalecê-lo.

A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA NA HARMONIA DO GRUPO

Se você pudesse escolher, preferiria fazer parte do exército de Saul ou


do de Golias? Quando acontece um problema, algumas pessoas
assumem a liderança e outras ficam perdidas. Saul era reconhecido
como líder, mas não assumiu sua responsabilidade a contento. Não foi
o caso de Golias. O gigante filisteu sabia que era o soldado de maior
compleição física, o campeão de seu povo, e assumiu a tarefa para a
qual era o mais indicado. Quando se está em um time, é preciso
aprender a “chamar o jogo para si”, a assumir a responsabilidade, a
“vestir a camisa”. Golias considerava como seus os problemas do seu
exército e não teve medo de fazer o que tinha que ser feito. Ele até
perdeu a batalha, em parte por excesso de autoconfiança, mas o fato é
que assumiu a posição de lutar pelo seu grupo.
E Saul? Ele tinha as vantagens de ser filho de um homem rico e
influente, de ser bonito e de se destacar fisicamente pois “era tão alto
que os outros chegavam apenas a seus ombros” (1 Samuel 9:2). Agora,
sendo rei, poderia ter assumido a responsabilidade de lutar contra o
gigante, ou ao menos deveria ter criado alguma alternativa. Contudo,
por sua inércia, seu exército ficou sendo afrontado por semanas.
Quem são seus líderes? Você segue pessoas corajosas ou covardes?
Quem comanda assume suas responsabilidades ou foge delas?
E você? Que tipo de líder você é?
Considere sempre os motivos e objetivos de quem está lutando.
Davi e Golias demonstraram estar mais motivados do que seus pares e
isso os levou para os lugares de maior destaque naquele ambiente –
lugares com maiores riscos, mas também com maiores prêmios. Os
reis de Israel e dos filisteus acabam ofuscados; Davi e Golias
assumiram o protagonismo.

Atire A Pedra!

Analise quanto há de harmonia ou desarmonia em você e


no seu time.
Escolha bem o seu líder.
Assuma suas responsabilidades e trabalhe para que seu
exército seja vencedor.
10

Desânimo
Davi deixou as ovelhas com outro pastor e, na manhã seguinte,
partiu bem cedo com os presentes, como Jessé havia ordenado.
Chegou ao acampamento quando o exército israelita saía para o
campo de batalha com gritos de guerra.

1 Samuel 17:20

A alcança.
atitude de uma pessoa faz toda a diferença nos resultados que ela
Tanto a motivação quanto a desmotivação são
contagiosas. Se você quer vislumbrar o futuro de uma pessoa, de uma
empresa ou de um projeto, verifique o grau de positividade, união e
ânimo que eles possuem.
Nunca se esqueça do poderoso efeito que a preparação tem sobre o
desempenho. Parte dessa preparação é física; parte é psíquica,
emocional. Todos sabem que muitas batalhas são vencidas – ou
perdidas – dentro da mente. E o desânimo é um dos piores vírus que
podem atacar alguém.
Nos jogos da NBA, a liga norte-americana profissional de
basquete, quando um jogador erra o lance livre, seus colegas batem na
mão dele como se tivesse acertado. Agora imagine o que aconteceria
com esse atleta se ele fosse ofendido ou destratado quando errasse um
arremesso. Como reagiria?
Frequentemente vemos as equipes de vôlei, handebol e basquete
soltando gritos de guerra no início ou no intervalo das partidas. No
futebol, os jogadores gritam e estimulam os companheiros antes de
uma grande decisão. Em todos esses casos, os atletas treinaram pesado
e são profissionais experientes – e, mesmo assim, precisam do apoio
do grupo e do grito de guerra.
O grito de guerra serve não só para motivar o próprio time, como
para intimidar o adversário.
O rúgbi é o esporte predileto da Nova Zelândia, uma obsessão tão
grande quanto o futebol para os brasileiros. A seleção nacional,
conhecida como os All Blacks, tem como marca registrada entoar,
antes de cada partida, a Haka – um ritual que nasceu das tradições
maoris, povo nativo das ilhas. É uma antiga forma de intimidação,
que acabou se tornando o mais famoso dos “gritos de guerra” da
história dos esportes competitivos. O grito é feroz e agressivo, e o
time repete essa performance antes de cada jogo. Se você procurar na
internet as palavras haka e all blacks, vai entender do que estamos
falando.
A questão aqui é indagar: quantas vezes você solta um grito de
guerra para motivar a si mesmo, sua família ou sua equipe? Quando
falamos em grito de guerra, não pense apenas em um time reunido,
berrando palavras de entusiasmo. Pense também em alguém dizendo
que confia em outro, dando tapinhas no ombro ou usando palavras de
estímulo para uma equipe de vendas, por exemplo. Isso também pode
funcionar como um grito de guerra.
A insistência, ou perseverança, tem um grande poder sobre o
desânimo. Podemos citar uma história com o piloto Rubens
Barrichello. Ele foi duas vezes vice-campeão da Fórmula 1, teve
vitórias históricas e é o recordista em participações em Grandes
Prêmios da categoria, mas mesmo assim alguns reclamam de uma
carreira que consideramos memorável. Como alertava Ayrton Senna,
o povo brasileiro, em sua maioria, não está interessado no esporte em
si, apenas nas vitórias.
Parte de nossa admiração por Rubinho vem da maneira como ele
agiu em um momento difícil de sua carreira, em 2009, quando estava
sem contrato e nem sequer sabia se teria um carro na temporada
seguinte. Havia quem dissesse que sua carreira estava acabada. Então,
o que ele fez? Simplesmente ficou acampado em frente à fábrica do
dono da nova escuderia Brawn GP (a Honda tinha sido vendida e
agora estava com esse novo nome). Ele teve a coragem e a humildade
de passar dias ali até que seu contrato fosse assinado. É claro que não
foi um acampamento qualquer: ele estava em seu motorhome (um
veículo luxuoso que, como o nome em inglês sugere, parece uma casa
sobre rodas), com certo conforto.
De qualquer forma, a situação em si não era muito confortável. Na
época, Rubinho disputava com outros pilotos uma vaga na nova
escuderia e ficou cinco dias diante da fábrica da Brawn. Seu currículo
nas pistas era respeitável, mas sua atitude mostrou a disposição e a
motivação para obter aquele contrato. Rubinho não desanimou – e
conquistou a vaga.
O desânimo nunca venceu nenhum jogo.
Assim, procure não se assustar com os gritos de guerra dos
adversários. Lembre-se de que Golias gritava muito bem… e perdeu a
batalha.
Crie seus gritos de guerra, aprenda a incentivar a si mesmo e ao seu
time, mas não esqueça que só isso não ganha o jogo. Por fim, encontre
uma forma de manter o entusiasmo por aquilo que você faz. Cuidado
com o excesso de trabalho e com a mania de deixar para depois as
atividades que lhe dão prazer. Leia um pouco sobre a síndrome de
burnout, gerenciamento de estresse, hábitos saudáveis etc. Isso ajudará
você a não perder o ânimo diante de tantas demandas da vida.

Procure não se assustar com os gritos de guerra dos


adversários. Lembre-se de que Golias gritava muito
bem… e perdeu a batalha.

Para encontrar entusiasmo e afastar o desânimo, você pode:


1. Criar uma rotina saudável, que envolva cuidar de si mesmo, do
seu ambiente e da sua equipe; ter tempo para descansar e praticar
atividades físicas (e espirituais, se você as aprecia); ter uma
alimentação adequada… Em suma, um conjunto de cuidados
para viver bem.
2. Desenvolver fontes de motivação e renovação do seu ânimo.
Descubra as atividades que o motivam e invista um pouco de
tempo diariamente naquilo que você gosta de fazer: tirar
fotografias, escrever poemas, tocar um instrumento musical, o
que for. Tenha momentos especiais só para você. Isso também
vale para seu casamento e para sua relação com quem você ama
(filhos, amigos etc.).
Atire A Pedra!

Não se intimide ou desanime com os impropérios dos


adversários.
Crie seus gritos de guerra e entusiasme seu time.
Identifique suas fontes de motivação e mantenha-se
entusiasmado.
11

Desespero
Golias parou e gritou para as tropas israelitas: “Por que saíram
todos para lutar? (…) Escolham um homem para vir aqui e lutar
comigo! Se ele me matar, seremos seus escravos. Mas, se eu o
matar, vocês serão nossos escravos!” (…) Quando Saul e os
israelitas ouviram isso, ficaram aterrorizados e muito abalados.

1 Samuel 17:8-11

(…) Golias, o guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do exército


filisteu. Davi o ouviu gritar seu desafio habitual. Quando os
israelitas viram Golias, começaram a fugir, apavorados. “Vocês
viram aquele homem?”, perguntavam uns aos outros. “Ele sai todos
os dias para desafiar Israel” (…)

1 Samuel 17:23-25

O dúzias delas. Esse sentimento nocivo permite que o gigante à


desespero faz com que a pessoa não veja uma saída onde existem

nossa frente pareça muito maior do que ele realmente é. Medo e


desespero são coisas diferentes. O medo tem o seu lado bom (quando
nos obriga a ser prudentes) e o seu lado ruim (quando nos impede de
agir). Por exemplo, o medo é bom quando nos faz pensar “Não vou
passar perto daquele cachorro feroz porque tenho medo de que ele
avance em mim”, e é ruim quando nos faz pensar “Nunca vou chegar
perto de cachorro nenhum, porque ele pode avançar em mim”.
O desespero, por outro lado, é sempre ruim. O desespero cega,
atormenta, nos faz perder a razão. No incêndio do Edifício Joelma,
em São Paulo, décadas atrás, pessoas desesperadas para não morrerem
queimadas se atiravam de janelas de andares altos. Pessoas
desesperadas cometem desatinos.
É preciso aprender a manter um mínimo de serenidade. No filme O
poderoso chefão é dito: “Não odeie os seus inimigos; isso atrapalha o
raciocínio.” A questão aqui é semelhante: não se desespere; o
desespero atrapalha o raciocínio.
Não sabemos qual é o seu gigante, mas essa história tem um:
Golias. E se todos nós conhecemos e comentamos até hoje esse
episódio, milhares de anos depois, é porque alguém teve coragem de
enfrentá-lo.
Os israelitas estavam submetidos a uma terrível pressão mental,
uma guerra psicológica que já vinha se estendendo havia semanas.
Davi chegou ao acampamento, cumpriu a primeira parte de sua
missão e correu para a frente de batalha para saber como estavam seus
irmãos. Ali ouviu Golias lançar o seu rotineiro desafio e viu os
soldados de Israel mais uma vez fugirem desesperados. Ao ver isso,
ficou surpreso, talvez pensando: “O que há com esse pessoal? Por que
eles fugiram desse jeito?” Davi ficou diante do mesmo discurso e do
mesmo gigante, mas sem o enredo de intimidação diária. Se ele
fixasse sua atenção na estatura do adversário, desse ouvidos às suas
provocações ou ficasse alimentando temores, provavelmente ficaria
sem ação como seus compatriotas.
O que fazer diante de um desafio tão gigantesco?
O primeiro passo de Davi foi não se desesperar, evitando focar no
tamanho do problema, e sim no modo de encará-lo. A forma como
você vê um desafio é mais importante do que o desafio em si. Um
pequeno problema visto como sendo sem solução é muito mais
complicado que um grande problema visto como algo em que se pode
dar um jeito. A forma de encarar os contratempos pode animar ou
desanimar a pessoa a buscar a solução. E tudo tem solução.

A forma como você vê o problema é mais importante


do que o problema em si.

Saul e seus soldados ficaram apavorados porque só pensavam no


problema – Golias –, e não na possibilidade de enfrentá-lo. O medo
os transformou num exército covarde. Filho de um homem rico e
influente, Saul quando jovem destacava-se fisicamente dos demais
israelitas: “era tão alto que os outros chegavam apenas a seus ombros”
(1 Samuel 9:2). Ele, que deveria ter tomado a iniciativa de encarar o
inimigo, foi vencido pelo medo e deixou seu exército cair em
desespero. Ignorou sua força, abdicou de sua função de líder.
Antes de ter se deixado dominar pelo medo, porém, devemos
lembrar que Saul já havia vencido várias batalhas difíceis. E mais
importante do que isso é refletir sobre o que nós faríamos numa
situação semelhante.
Você já desistiu de uma batalha por considerar a vitória impossível?
Já pensou em renunciar à posição que ocupava por causa das
dificuldades para seguir adiante? Já abriu mão de alguma conquista
para se ver livre de problemas que não conseguia resolver?
Nos momentos difíceis, você se preocupa com o tamanho do
problema ou com o modo de superar o desafio? Esse é o foco. Foi essa
a diferença entre Saul, que teve medo, e Davi, que o enfrentou e
venceu. Os ingleses, um povo historicamente acostumado a guerras,
dizem – e é verdade – que “o medo da morte é pior do que a própria
morte”. O medo imobiliza, ao passo que a morte encerra. Não
existem problemas grandes ou pequenos, e sim pessoas grandes ou
pequenas. Nós vamos além: acreditamos que as pessoas podem ser
estimuladas e ensinadas a se tornarem maiores.
No filme Troia, estrelado por Brad Pitt, em uma das primeiras
sequências aparece um garotinho que diz para Aquiles algo como:
“Nossa, você vai lutar contra aquele gigante? Ele é muito forte, eu não
teria coragem…” Então Aquiles responde: “É por isso que seu nome
nunca será lembrado.”

Atire a pedra!
Não se desespere; o medo torna o gigante maior do que ele
é.
Avalie até que ponto um gigante é grande por conta da
propaganda, da aparência ou de sua persistência em atacar.
Aprenda a fazer sua propaganda, a repetir e a usar o que
interessa para você.
12

Descrédito
Quando Eliabe, o irmão mais velho, ouviu Davi falando com os
soldados, ficou muito irritado com ele e perguntou: “Por que você
veio até aqui? Com quem deixou aquelas poucas ovelhas no deserto?
Sei que você é presunçoso e como seu coração é mau; você veio só
para ver a batalha.”

1 Samuel 17:28 (NVI)

O vezes, desespero. Ele solapa a autoestima, a autoconfiança e a


descrédito é um elemento que traz desarmonia, desânimo e, às

disposição para o combate. É como se diz nas artes marciais: “Quem


teme perder já está vencido.” Esse sentimento pode ter origem na
própria pessoa ou ser incutido por terceiros. Por vezes, ele é falso. Em
muitas ocasiões, contudo, é resultado das más ações de quem caiu em
descrédito.
Davi, ao chegar ao local onde a guerra era travada, estava animado.
Como o jovem que era, queria testemunhar os acontecimentos. Então
logo se interessou por saber em detalhes qual era o prêmio para quem
matasse o gigante. Ele poderia ter apenas uma curiosidade ou uma
simples ambição. É bom salientar que nem toda ambição é egoísta:
algumas levam o indivíduo ao crescimento, a uma vida melhor.
Foi nesse momento que Eliabe, seu irmão mais velho, irritou-se ao
ver Davi conversando com os soldados. O irmão caçula tinha ido levar
comida para ele, obedecendo às ordens do pai, e foi até a linha de
frente saber como ele e seus outros irmãos estavam para comunicar a
Jessé. Portanto, Davi estava simplesmente cumprindo o que lhe fora
determinado. No entanto, Eliabe o chamou de “presunçoso” e ainda
disse que o coração de Davi era “mau”.
Que belo exemplo, hein? Ninguém precisa de um irmão que aja
dessa forma e que só pense pelo lado negativo. Isso mostra tudo o que
um irmão mais velho não deve ser! Aliás, a Bíblia tem muitas histórias
de irmãos assim. Você é o primogênito? Como tem sido seu
relacionamento com os irmãos mais novos e com seus pais?
Não devemos ser um “Eliabe” para ninguém. E também devemos
ter cuidado quando alguém assim aparece em nossa vida.
Davi, contudo, ainda iria ouvir palavras desalentadoras de outras
pessoas: como você já sabe, Saul disse que ele não poderia vencer
(1 Samuel 17:33); Golias, disse o mesmo (1 Samuel 17:43-44). Saul
falou de modo mais gentil, Golias com desprezo e intimidação, mas o
conteúdo era equivalente: descrédito.
Uma das grandes lições da história de Davi é que ele não se deixou
desanimar pela falta de confiança e palavras negativas que ouviu, seja
de seu irmão, de seu rei ou de seus inimigos.
Lembre-se: ninguém pode tirar o seu direito de decidir o que fazer,
ainda que suas chances pareçam pequenas e ninguém aposte em você.
Como disse Rubens Teixeira, é possível vencer mesmo que as chances
estejam contra você, ideia que deu título a um de seus livros: Como
vencer quando você não é o favorito.
Tenha paciência com quem trata com descrédito os demais. Às
vezes as pessoas que desmerecem outra são as que mais precisam de
ajuda.
Você tem sido atacado por Eliabes? Ou tem sido um Eliabe para
alguém?
Às vezes o descrédito é gerado pela própria pessoa, e essa atitude
pode ter origem em problemas emocionais, traumas ou na chamada
síndrome do impostor, que é um fenômeno bastante comum, no qual a
pessoa se considera incapaz ou não merecedora do sucesso que
alcançou. Independentemente da causa do problema, ele deve ser
enfrentado – até mesmo com ajuda profissional, se necessário.
Quando o descrédito é disseminado por terceiros, ele pode ser fruto
de inveja, perseguição, discriminação, bullying ou competição
exacerbada. Pode até ser que o descrédito imputado por alguém seja
uma estratégia de abordagem.
Qualquer que seja o motivo, o importante é não se deixar levar pela
propaganda maldosa que fazem sobre sua vida, analisar as opiniões
com serenidade e dar sempre o seu melhor.
O caso mais difícil de descrédito é aquele gerado por erros que você
cometeu no passado ou por falta de preparo para lidar com alguma
situação. Se você ficou marcado por algo que fez, o caminho é
começar uma nova história. Ainda que leve tempo, as pessoas irão ter
uma nova imagem de você. Se você semeou errado no passado,
comece a agir corretamente agora e administre as consequências de
seus equívocos até que as novas sementes frutifiquem. Se o problema
foi gerado por falta de preparo, decida se é melhor sair de cena ou
enfrentar a questão, ainda que seja apenas a título de treinamento.
Dependendo dos riscos e dos danos envolvidos, qualquer um dos dois
caminhos pode ser adequado.
Quando alguém não confiar em você, lembre-se do que o
empresário e palestrante motivacional americano Jack Canfield
costuma dizer: “Sua opinião sobre mim não é problema meu.” Não
desanime. Ao mesmo tempo, aproveite as críticas para fazer uma
checagem: o que dizem a seu respeito é baseado em algo real? Se uma
pessoa, mesmo que por despeito ou inveja, fizer pouco de você, reflita
se o que ela diz tem fundamento ou não. A motivação de quem
desconfia de você é o que menos importa. O que realmente conta são
os fatos e o que você faz com eles.

Leve menos em consideração a fama e mais em conta


a competência – tanto a sua quanto a dos outros.

Não fique preso às opiniões alheias, mas lembre-se de que elas


podem ser um bom termômetro para analisar nosso comportamento,
então não deixe de pedi-las quando achar necessário. Até mesmo os
especialistas pedem uma segunda opinião. Vivemos em sociedade e
interagimos o tempo todo. Muitas vezes ouviremos palavras negativas,
sofreremos traições ou injustiças. Também enfrentaremos problemas
que podem afetar nossa alegria, nossa saúde e nossa disposição para
seguir em frente. Todavia, jamais devemos permitir que isso penetre
em nossa mente a ponto de nos desviar de nossos propósitos. As
atitudes alheias e as opiniões dos outros podem até nos ajudar a
entender a realidade e a buscar melhores oportunidades ou cenários
mais promissores. Mas não permita que o descrédito (ou outras
energias e ações negativas) ocupe espaço em sua vida. Aprenda a lidar
com isso e siga em frente, como fez Davi.
É muito importante aproveitar as críticas para se aperfeiçoar.
Mesmo que sejam de má-fé ou desonestas (as críticas “destrutivas”),
filtre o que podem ter de útil e verdadeiro e use essas informações a
seu favor. Não deixe que as críticas o imobilizem ou desanimem:
aqueles que enfrentam gigantes devem saber ignorar os críticos. No
final das contas, ser criticado é um indicativo razoável de que você
está fazendo algo novo, notável ou transformador.
Muitos críticos não querem ajudar, apenas sabotar. Alguns se
incomodam com o sucesso alheio, pois a ação dos outros revela
omissão ou mediocridade. Qualquer pessoa que deseja melhorar sua
vida ou a de outrem enfrentará alguma dose de criticismo. Em
paralelo, ouça as pessoas que o motivam e orientam, ouça as pessoas
mais experientes e que podem ajudar. No final, depois de ouvir a
todos, tome sua decisão e faça aquilo em que você acredita.

Atire A Pedra!
Que tipo de companheiro você é? Alguém que estimula ou
que desanima quem está perto?
Se não puder ajudar, não atrapalhe.
Lembre-se: “Sua opinião sobre mim não é problema meu.”
Isso significa que você deve se concentrar mais em seu
trabalho e sua competência do que naquilo que os outros
pensam a seu respeito. Se você trabalhar bem, o tempo se
encarregará de mudar a opinião das pessoas sobre você.
Quando estiverem desacreditando você, lembre-se de suas
vitórias passadas e, se for o caso, cite-as (mas sabendo que a
única pessoa que realmente precisa acreditar em você é você
mesmo).
13

Desperdício
de energia
“O que eu fiz agora?”, disse Davi. “Só fiz uma pergunta!” Então foi
até outros soldados, fez a mesma pergunta e recebeu a mesma
resposta. Alguém contou ao rei Saul o que Davi tinha dito e o rei
mandou chamá-lo.

1 Samuel 17:29-31

avi neutralizou a atitude destrutiva do irmão mais velho

D
simplesmente não dando importância ao que ele dizia e não
se permitindo desperdiçar energia discutindo. Como vimos
no capítulo anterior, Davi não deixou que palavras
desanimadoras e de descrédito afetassem sua mente e seu
coração; pelo contrário, manteve o foco naquilo que realmente
interessava: vencer o gigante Golias e ganhar as recompensas
oferecidas pelo rei Saul.
Muita gente faz o que Eliabe fez com seu irmão caçula. Sempre
haverá pessoas em nossa vida, até mesmo muito próximas – como um
irmão, um pai ou até mesmo um filho –, fazendo pouco de nós e
semeando intrigas. Por inveja ou infelicidade, há gente que tenta
minar nossa autoconfiança e nos fazer desistir de nossos sonhos. Só
sabem apontar defeitos e problemas. Criticam tudo. São pessoas
tóxicas, que gostam de espalhar veneno por meio das palavras. Mais
do que não nos deixar influenciar com esse tipo de atitude, precisamos
aprender a não repetir a falha que essas pessoas cometem: elas são
desperdiçadoras. É curioso pensar que tais pessoas estão
desperdiçando energia que poderiam empregar em algo produtivo
para si mesmas.
Em vez de cair na provocação do irmão, Davi continuou
conversando com outros soldados, sem perder tempo criticando
Eliabe ou falando mal do rei ou de qualquer outra pessoa. Ele preferiu
mostrar a todos como estava interessado em aceitar o desafio.
Existem vários modos de desperdiçar energia, entre os quais
citamos:

DISCUSSÕES INÚTEIS – O apóstolo Paulo, em orientação ao seu


aluno Timóteo, disse: “Não se envolva em discussões tolas e
ignorantes que só servem para gerar brigas” (2 Timóteo 2:23).
Quando o irmão mais velho veio cheio de críticas, humilhando,
duvidando e apequenando Davi, veja como ele reagiu: “O que eu fiz
agora?”, disse Davi. “Só fiz uma pergunta!” Então foi até outros
soldados, fez a mesma pergunta e recebeu a mesma resposta (1
Samuel 17:29-30).
Ora, para quê discutir com o irmão? Eliabe não decidia nada; ele
não acreditava em Davi e, muito provavelmente, nem em si próprio!
Se Davi tivesse outro temperamento, poderia começar uma longa
discussão, talvez nestes termos: “Quer dizer que você não acredita em
mim? Meu próprio irmão não me dá valor? Não percebe que eu tenho
um sonho? E além de tudo é ingrato com nosso pai, que me mandou
aqui para lhe trazer comida e saber se vocês estão bem! Pois você vai
ver, vou lhe mostrar do que sou capaz! Eu vou matar esse gigante!
Você tem medo dele, não é? Podia ter se oferecido para enfrentar
Golias, mas é um covarde! Um fraco! Você e todos esses outros
soldados não são de nada!”
De que adiantaria essa discussão? Que proveito teria? Para que ficar
brigando com alguém que não acreditava nele? Para ficar deprimido?
Com a autoestima ferida? Com raiva? Eis uma lição importante para
a nossa vida: não perder tempo discutindo com quem não tem nada
de bom para nos proporcionar. Há muitas pessoas que gostam de
discutir com gente assim. É tão inútil que, mesmo se ganhamos a
discussão, saímos perdendo.
Não havendo nenhuma recompensa por discutir com Eliabe, Davi
não ficou batendo boca. Ao contrário, foi habilidoso e deu uma
resposta evasiva. Se o interlocutor não acredita em você e fala mal de
seu comportamento, o melhor a fazer é afastar-se. Não vale a pena
perder tempo com ele. Lembre-se daquilo que já falamos: escolha as
guerras certas, evite as que nada proporcionam.
Não esqueça que Eliabe, enquanto irmão mais velho, tinha certo
grau de autoridade sobre Davi. Em geral não é um bom negócio
discutir com alguém que tem alguma posição de superioridade sobre
nós, seja ela hierárquica, econômica, intelectual ou qualquer outra. Só
entre em uma discussão desse tipo se ela for inevitável.
Outro personagem bíblico que reforça esse ponto é Neemias.
Quando decidiu reconstruir os muros de Jerusalém, não se deixou
distrair por seus inimigos. Eles convidaram Neemias para uma
reunião para demovê-lo do seu propósito de reconstruir a cidade.
Porém, Neemias foi taxativo: “Estou envolvido com uma obra muito
importante e não posso ir. Por que eu deveria interromper o trabalho
para me encontrar com vocês?” (Neemias 6:3).

PRESTAR ATENÇÃO DEMAIS À PLATEIA – O empresário


Jorge Paulo Lemann, que foi jogador de tênis durante sua juventude,
costuma dizer: “Olhe a bola, não a plateia.” O que chamamos de
“plateia” pode variar: pode ser a família, os amigos, ou até mesmo uma
empresa concorrente. Muitos empresários ficam tão preocupados com
as outras empresas que não cuidam bem da sua. Steve Jobs dizia não
se intimidar com a plateia dos consumidores, e certa vez afirmou: “As
pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas.”
O lugar de “plateia” pode ser ocupado por alguém por quem você
tenha algum interesse especial e que, infelizmente, não retribua esse
sentimento. Vale registrar que se uma pessoa acha que você não serve
para ela, talvez ela não sirva para você. Não caia na armadilha da
busca vazia por aceitação, dedique essa energia ao seu objetivo
principal. Davi, mesmo sem desperdiçar energia com Eliabe, não o
desmereceu, não o rebaixou, não o humilhou ou o renegou. Tão
errado quanto bajular demais a plateia é irritá-la. Aplica-se aqui o
conceito já trabalhado de não criar novos gigantes para atrapalhar sua
vida. Pior que desperdiçar energia é gerar energia no oponente ou na
plateia adversária, erro que Golias cometeu e que trataremos no
capítulo 23.

FALTA DE PRODUTIVIDADE – O livro de Provérbios (14:4)


diz: “Onde não há bois o celeiro fica vazio, mas da força do boi vem a
grande colheita” (NVI). Reformulando essa ideia para a linguagem
moderna, poderíamos dizer: “Onde não há tratores não existem
problemas de custo, manutenção e óleo diesel, mas da força dos
tratores vem a grande colheita.” Existem pessoas que fazem o que
chamamos de “economia burra”: para economizar tempo ou dinheiro,
deixam de trabalhar com as tecnologias mais modernas ou com os
melhores produtos e acabam desperdiçando em produtividade e
qualidade muito mais do que pensaram economizar.

FUGAS – Diante da pressão, do excesso de tarefas, do desânimo ou


do medo de enfrentar os desafios, muitas pessoas procuram alívio em
redes sociais, vícios, pornografia, televisão, esportes etc. Embora tal
estratégia traga um alívio ou prazer imediato, desperdiça-se energia
que poderia ser empregada para resolver os problemas reais.
Não gaste tempo ou energia com pessoas e coisas que não vão
ajudá-lo a eliminar seu gigante. Se há pessoas que desprezam você,
não discuta com elas. Pegue suas armas e, mais uma vez, vá em frente.

Atire a pedra!
Não desperdice energia com aquilo que não trará resultados
positivos para você.
Não discuta. Aja.
Palavras de ânimo produzem energia. Utilize-as.
PARTE 3

A batalha
14

Motivação:
o que ganhará
quem matar
o gigante?
“Vocês viram aquele homem?”, perguntavam uns aos outros. “Ele sai
todos os dias para desafiar Israel. O rei ofereceu uma grande
recompensa para quem o matar. Dará uma de suas filhas como
esposa e isentará toda a família dele de pagar impostos!”

1 Samuel 17:25

A não há dúvida de que ele ficou entusiasmado com as recompensas


curiosidade ajudou a levar Davi até o campo de batalha. Porém

oferecidas a quem acabasse com aquele gigante. Ele tinha mais de


uma motivação: seu fervor a Deus o movia, mas, pelo que se pode
perceber, não tinha problemas em pensar nos prêmios.
A Bíblia condena a “ambição egoísta”, mas não o desejo de
crescimento – pessoal ou profissional. Ao contrário: desde o Gênesis
há o que se convencionou chamar de mandato cultural: “Dominai.”
Conquistar, crescer e obter as consequências propícias do próprio
esforço são coisas boas. E, se bem recebidas e bem utilizadas, serão
ainda mais gratificantes e recompensadas.
O rei Saul, sentindo-se incapaz de assumir seu papel de líder e
enfrentar Golias, ofereceu um prêmio para quem fizesse isso. Só que
nenhum soldado aceitou o risco, porque todos só conseguiam
enxergar a figura avantajada do adversário. Ninguém via nada além do
tamanho do gigante. Isso encerra mais uma verdade: a de que só
progride quem é capaz de ver além do problema. E foi esse o caso
daquele rapaz que chegava de fora. Davi enxergou além, pensou
diferente. “Qual é mesmo a recompensa para quem derrotar esse
filisteu e salvar a honra de Israel?”, perguntou aos soldados.

Ninguém conseguia ver nada além do tamanho do


gigante. Isso encerra mais uma verdade: a de que só
progride quem é capaz de ver além do problema.

Enquanto todos olhavam o gigante, apareceu alguém que preferia


dar atenção aos frutos de uma eventual vitória. Se ele derrotasse o
filisteu, ganharia recompensas, isenção tributária e um casamento real.
Davi, jovem modesto que cuidava de animais, viu que a recompensa
era algo inalcançável para ele, exceto se se dispusesse ao risco. Havia
um gigante no caminho? Sim, mas seu foco principal estava no que
viria depois. Davi conseguiu fazer uma leitura diferente da situação.
Ele fixou sua atenção nas vantagens, não nos empecilhos.
Davi era interessado, curioso e atento às oportunidades, e, por isso,
foi capaz de enxergar além. E você? O que ganhará ao vencer seu
gigante? Como será sua vida quando derrotar os desafios da sua
profissão? O que mudará quando ultrapassar um obstáculo que o
atormenta? O que você fará quando conseguir realizar seu sonho e
mudar sua história?
Quem se propõe a estudar para um concurso público ou
universidade de ponta, por exemplo, não deve pensar nas dificuldades,
mas nas vantagens e nos benefícios que conquistará depois que for
aprovado. Quando nos preocupamos muito com nossas limitações,
tudo fica mais complicado. Vamos olhar para a frente! Há uma terra
prometida diante de nós. Planejando nossos passos e fazendo tudo
benfeito, podemos superar qualquer adversidade.
O que nos espera adiante nos ajuda a deixar para trás o que precisa
ser abandonado. O apóstolo Paulo assim nos aconselha: caminhar
sempre para o alvo, aprendendo com o que já passou e avançando para
as coisas que estão adiante (Filipenses 3:12-14).
Há pessoas que passam a vida inteira se queixando de suas
limitações. Usam as dificuldades como argumento para justificar tudo
o que não conseguiram realizar. Acomodam-se ao problema. Têm
preguiça de mudar. Apegam-se à própria infelicidade.
É preciso mudar o foco e libertar-se do medo diante do obstáculo.
Encarar cada problema como um professor, e não como um
carcereiro. O que há depois do muro que parece intransponível? Se
você fez algo e não deu certo, reflita: o que foi possível aprender com
isso? Tente de novo. Não valorize as dificuldades. O que acontecerá
quando você as superar? Isso é o que importa. Olhe para o que você
quer alcançar. Mire o prêmio. Veja além e esforce-se para chegar lá.

RECOMPENSAS – Um dos grandes desafios da vida é aprender a


aprender, e isso significa ser capaz de eliminar os próprios
preconceitos. Muitas pessoas não aprendem tudo o que é possível pois
se recusam a “ouvir” as lições daqueles que não admiram. A Bíblia fala
“Examinai tudo, retende o que for bom” (1 Tessalonicenses 5:21 –
BVKJ).
Saul, por exemplo, cometeu diversos erros, mas acabou ensinando
uma lição muito útil. Ele se dispôs a premiar quem o ajudasse. A
grande questão que deixamos para sua reflexão é: você está disposto a
premiar, recompensar e estimular as pessoas ao seu redor?
Quando recebemos alguma retribuição pelo que fazemos, temos a
tendência a nos empenhar ainda mais. Por exemplo: quando o dono
da empresa compartilha parte do lucro com seus funcionários, todos
ficam mais satisfeitos e trabalham com mais entusiasmo, o que acaba
aumentando o lucro da companhia. Quando um cônjuge elogia uma
atitude do parceiro, este se sente estimulado a reproduzir esse
comportamento, o que acaba sendo benéfico para a relação. A Bíblia
menciona isso em Provérbios 27:18: “Quem cuida da figueira comerá
de seus frutos; quem protege os interesses de seu senhor será
recompensado.”

Você está disposto a premiar, recompensar e


estimular as pessoas ao seu redor?

Por fim, lembre-se da importância de premiar a si mesmo. Há


pessoas que trabalham muito e não conseguem relaxar. A Bíblia
condena aquele que não sabe desfrutar do que tem. Aprenda a gozar a
vida, a viver plenamente e a aproveitar o fruto do seu trabalho, como
recomenda o texto do sábio rei Salomão: “Portanto, coma sua comida
com prazer e beba seu vinho com alegria (…) Vista roupas elegantes e
use perfume. Viva alegremente com a mulher que você ama (…) essa
é a sua recompensa por todos os seus esforços neste mundo. Tudo que
fizer, faça benfeito, pois quando descer à sepultura não haverá
trabalho, nem planos, nem conhecimento, nem sabedoria” (Eclesiastes
9:7-10).
Como já dissemos antes, não desperdice as coisas boas da vida! A
Bíblia nos alerta sobre isso: “Um homem pode ter 100 filhos e viver
muitos anos. No entanto, se não desfrutar das coisas boas da vida,
digo que uma criança que nasce morta e nem recebe um enterro digno
tem melhor sorte do que ele” (Eclesiastes 6:3).

Atire A Pedra!

Descubra o que você ganha (ou perde) se vencer o gigante.


Não tenha medo de querer crescer. Quando o gigante
interessar, ou seja, quando o prêmio por vencê-lo for bom,
ofereça-se para a batalha.
Concentre-se no prêmio, e não nos obstáculos.
Lembre-se: quanto maior o gigante, maior a recompensa.
Aprenda a premiar tanto sua equipe quanto a si mesmo.
15

Desenvolva habilidades
e assuma suas
responsabilidades
“Teu servo é capaz de matar tanto um leão quanto um urso.”

1 Samuel 17:36 (NVI)

ogo que chegou diante do rei, Davi foi direto ao ponto:

L
“Ninguém se preocupe por causa desse filisteu. Seu servo vai
lutar contra ele” (1 Samuel 17:32).
A resposta de Saul foi: “Você não conseguirá lutar contra
esse filisteu e vencer! É apenas um rapaz, ele é guerreiro desde
a juventude” (1 Samuel 17:33).
A princípio, Saul não queria deixar Davi lutar. Até dá para
entender os motivos: além do simples temor pela vida do rapaz, o rei
já o conhecia e tinha por ele certa estima. Mas Davi teve bons
argumentos e soube usá-los na hora certa. Davi disse que tomava
conta dos rebanhos do seu pai e que já tinha matado um leão e um
urso. Seus argumentos mostraram ao rei que não foi da noite para o
dia que ele resolveu enfrentar o gigante. Davi, apesar de ser “apenas
um rapaz”, já demonstrara ser corajoso e hábil.
Não teria sido assim se ele fosse um rapaz preguiçoso ou
acomodado. Quando o rebanho foi atacado, ele poderia ter dado uma
boa desculpa para a perda da ovelha e até pedir a seu pai para não
trabalhar mais: “Está perigoso, pai; hoje apareceu um leão. Outro dia
foi um urso. Não posso me arriscar assim.” Seria natural que o pai
perdoasse a perda da ovelha e talvez até concordasse em proteger
melhor a vida do filho. Afinal, qual pai não teria essa preocupação?
Mas Davi, embora fosse ainda muito jovem, estava focado em sua
responsabilidade e não na desculpa para deixar de fazer o que devia
ser feito.
Em nossa vida, atravessamos situações difíceis que somam pontos
valiosos em nossa experiência. De certa forma, na selva da cidade
também deparamos com leões e ursos que nos capacitam a enfrentar
gigantes nas batalhas do dia a dia. “Aqui nós temos que matar um leão
por dia” é uma frase muito comum no ambiente corporativo que
costuma ser dita em tom queixoso. Porém, para muitos, ela expressa o
entusiasmo de um espírito vencedor. Tirar bom proveito das situações
desafiadoras, portanto, é algo que depende das atitudes de cada um.
Saul estava prestes a recuar ante as ameaças de Golias. Muitos dias,
afinal, tinham se passado desde que o inimigo começara a fazer suas
provocações e nenhum soldado israelita se dispunha a enfrentá-lo.
Quem sabe o rei já não estivesse pensando se o melhor seria negociar
uma rendição que, embora vergonhosa, pouparia a vida de todos?
Davi, ao contrário, tinha fé e sabia que havia se tornado mais forte
e capaz após cada conquista. Foi desse modo que ele matou as feras
que atacaram seu rebanho; agora se sentia preparado para enfrentar a
fera que se materializava na figura de Golias.

Tirar bom proveito das situações desafiadoras é algo


que depende das atitudes de cada um.

Mais que isso – na sua labuta como pastor acumulou coragem e


sabedoria para a grande tarefa que teria pela frente, no comando da
nação de Israel. Foi por meio de cada uma das experiências que
acumulou que Davi pôde postar-se diante do rei e declarar-se capaz
de enfrentar alguém muito maior, mais forte e experiente do que ele.
Davi demonstrou tanta firmeza que Saul aceitou mandar para a luta
decisiva aquele rapaz aparentemente louco. O rei não tinha muitas
alternativas… e a saída foi aquiescer à proposta de seu jovem súdito.
Ninguém mais havia se apresentado como voluntário, só aquele
rapazola ruivo que afirmava já ter matado um leão e um urso com as
próprias mãos. Ele até podia ser maluco – mas sem dúvida era mais
valente que todos os soldados do exército de Israel.
Diante da confiança que Davi transmitia, o rei também se sentiu
seguro para autorizar e abençoar aquela decisão: “Está bem, então vá”,
disse. “E que o Senhor esteja com você!” (1 Samuel 17:37).
Há ainda mais uma importante lição aqui: não tente sair desde o
começo enfrentando tarefas enormes. Aprenda primeiro com as
pequenas. Como diz a Bíblia, quem é fiel no pouco será colocado
sobre o muito (Mateus 25:21). Inúmeras pessoas fracassam por não
terem a sabedoria e a humildade de começar com desafios pequenos e
só partir para lutas maiores à medida que evoluem. Nem sempre
podemos escolher, mas o ideal é que, antes de enfrentar um gigante,
você treine com um urso.

Atire A Pedra!

Não seja tímido ao demonstrar as suas habilidades e os seus


pontos fortes.
Quando for a hora, enfrente o leão e o urso.
Tenha consciência das suas habilidades e procure desafios
para utilizá-las e aperfeiçoá-las.
O ideal é que, antes de enfrentar um gigante, você treine
com um urso.
16

Seja você
mesmo
Então Saul deu a Davi sua própria armadura (…) Davi prendeu a
espada sobre a armadura e tentou dar alguns passos, pois nunca
tinha usado essas coisas. “Não consigo andar com tudo isso, pois
não estou acostumado”, disse a Saul, e tirou a armadura.

1 Samuel 17:38-39

O inesperado
rei Saul, preocupado com a integridade física de seu mais novo – e
– combatente, preparou Davi armando-o com os
apetrechos que ele mesmo usava em combate: armadura, capacete e
espada. Uma vez paramentado, o jovem pastor logo percebeu que mal
conseguia se movimentar com todo aquele peso sobre si. Há vários
aspectos importantes nesse detalhe da história.
O primeiro deles é que Davi talvez não tenha se dado conta da honra
de usar as vestes de batalha do rei de Israel. Porém, com ou sem esse
detalhe, sabemos que ele conseguiu ter a exata noção de que aquilo,
naquele momento específico, não lhe era adequado.
O que Davi realmente precisava era movimentar-se com agilidade
para combater Golias. Afinal, era assim, de maneira livre e despojada,
que ele enfrentava os predadores para defender o rebanho de seu pai.
Não estava acostumado com aquele equipamento militar, muito
menos com a solenidade das vestes de Saul. Davi não quis lutar com
armas que não eram suas, porque elas limitariam os seus movimentos.
Preferiu, sim, usar os próprios trajes e lançar mão dos próprios
recursos. Portanto, se você já estiver na posição que almeja, assuma
seus “trajes” e responsabilidades; mas se ainda não chegou lá, não
tenha pressa e não tente aparentar aquilo que ainda não é. Concentre-
se apenas em lutar bem.

É muito perigoso usar trajes que não nos pertencem.

Muita gente tenta ser quem não é, exibindo roupas, acessórios,


posses e títulos que não lhe pertencem. Exibem uma posição social e
financeira que não possuem, fingem exercer influências que não
exercem ou ostentam um conhecimento que não dominam ou uma
cultura que não compartilham. Como teria acontecido com Davi se
tivesse aceitado as vestes de Saul. Isso é muito arriscado.
Precisamos ser nós mesmos. Cada um de nós é um indivíduo único,
inimitável. Sua presença no mundo é mais forte e marcante quando é
inteiro, sincero, verdadeiro. De nada vale criar um personagem ideal,
fictício, para impressionar os outros. Tentar ser outra pessoa não dá
certo. Mais cedo ou mais tarde, a farsa será descoberta.
Não está satisfeito consigo mesmo? Muito bem, isso é um sinal de
que você deseja progredir e não que deve abandonar sua identidade,
negar sua personalidade ou repudiar sua história de vida. Pelo
contrário, o melhor a fazer é partir de quem você é para construir
quem deseja ser. Pode-se reforçar os alicerces ou empreender uma boa
reforma, mas o prédio sempre será o mesmo.
Uma coisa é querer ser alguém melhor e se empenhar em um
processo de crescimento, transformação e renovação. Outra bem
diferente – e muito prejudicial – é tentar parecer quem não é. Para
amadurecer e se desenvolver de forma saudável é preciso trilhar um
caminho que só você pode percorrer. E para dar o primeiro passo
basta assumir sua verdadeira identidade e trabalhar para melhorar
aquilo que lhe desagrada.
Precisamos jogar com as cartas que temos. Se os outros fazem de
você uma imagem diferente de quem você é, não adianta fingir para
não os decepcionar. Só é possível construir relacionamentos
verdadeiros se eles gostarem de nós como realmente somos. E, se
alguém não gostar, que seja pelos motivos corretos, em virtude do
personagem real – e não da imagem fictícia.
Não devemos perder tempo pensando no que não temos ou nunca
vamos ter. Quem faz isso deixa de olhar para o que tem e o que pode
ter. Davi não tentou ser o que não era e se recusou a usar roupas que
não eram dele. Você é mais habilidoso sendo você mesmo. E é assim
que consegue enfrentar as batalhas do dia a dia. Pense grande; pense
nos prêmios que receberá ao vencer gigantes, mas saiba que a vitória
só será possível se você assumir verdadeiramente a sua realidade, a sua
identidade, e não a de outra pessoa.
Um detalhe: as armaduras reais costumavam possuir pedras
preciosas, mas foi uma pedra simples e comum, de fundo de rio, que
derrubou Golias.
Por fim, “ser você mesmo” não significa não poder melhorar e
evoluir. Não seja uma dessas pessoas incapazes de admitir que
precisam mudar. Isso é tolice. Ninguém evolui se adota uma postura
arrogante e se recusa ao aperfeiçoamento. Com o tempo, mesmo Davi
evoluiu e percebeu que, em suas novas funções, era necessário usar
trajes de guerreiro e vestes reais.
Você está vestindo as próprias roupas? Enverga a própria armadura?
Tem sido quem você é de verdade? Tem se preparado para usar as
“roupas” novas que deseja?

CELEBRE SUAS VITÓRIAS

Não deixe passar este detalhe: a narrativa de Davi a respeito dos seus
feitos anteriores não só renovou em sua mente sua coragem e
capacidade, mas principalmente ajudou a convencer Saul a lhe dar a
oportunidade de lutar. A verdade é que nossas realizações, nosso
currículo e nosso passado nos credenciam (ou não) para os desafios
futuros. Claro que todo mundo pode mudar seu futuro, mas quem
tem um passado memorável e rico em experiências será mais bem
recebido e respeitado. Essa pessoa terá mais oportunidades. Por isso, é
importante registrar suas realizações. Isso pode parecer um ato de
vaidade, mas não é: a história de uma pessoa faz parte de sua vida e
não deve ser desprezada.
Uma das maneiras de rememorar seu passado é celebrá-lo.
Comemore sua vida, suas vitórias e, se você deu o seu melhor,
comemore suas derrotas também, pois fazem parte do seu
crescimento. Celebrar suas conquistas irá aumentar sua autoestima e
trará alegria para você e para aqueles que torcem pelo seu sucesso.
Atire A Pedra!

Preocupe-se menos com a honra dos trajes (títulos, cargos


etc.) e mais com vencer o gigante.
Use suas roupas, assuma quem você é, jogue com as cartas
que tem na mão.
Treine novas habilidades, mas, ao ir para a batalha, dispa-se
de tudo o que você não está acostumado a usar.
Trabalhe com aquilo em que você é realmente bom.
Seja quem você é, mas vista equipamentos adequados à
ocasião.
Registre, rememore e celebre as suas vitórias.
17

Não dê
sua armadura
para os outros
Então Saul deu a Davi sua própria armadura, incluindo uma
couraça e um capacete de bronze.

1 Samuel 17:38

aul transferiu suas roupas para Davi. A ele cabia enfrentar

S
Golias, mas não assumiu seu papel. Contudo, de certo modo,
esse ato revela que Saul estava abrindo mão de seu poder e,
assim, perdendo suas prerrogativas. Davi, com o tempo,
acabou ocupando seu lugar de rei.
Muitos empregadores/chefes, pais, cônjuges, passam sua armadura
para os funcionários, filhos etc., transferindo para eles suas
responsabilidades. Não raro, fazem isso por medo de assumir as
consequências de seus atos ou por estarem cansados de suas tarefas. O
que não falta no mundo são pessoas que colocam suas vestes nos
outros e, como consequência, acabam perdendo o próprio trono.
Quantos pais abandonam seus filhos emocional e materialmente,
deixando que outros (nem sempre bem-intencionados) ocupem seu
lugar? Quantos donos de empresa vivem em “férias” informais e
acabam perdendo seus negócios?
Às vezes isso acontece com as pessoas que, por conta de suas
habilidades, são escolhidas para uma posição de grande
responsabilidade, mas acabam entrando numa espiral de medo,
insegurança ou displicência. Sempre que transferimos para alguém
nossas obrigações, o tempo se encarrega de transferir também as
vantagens correspondentes.
Nunca entregue a sua armadura a outra pessoa, a não ser que você
esteja disposto a dar a ela os louros da vitória. Assuma – e não
transfira – uma responsabilidade que é sua. Não abra mão da função
de pai, mãe, líder, gestor, colaborador.

Nunca entregue a sua armadura a outra pessoa.


Assuma – e não transfira – uma responsabilidade que
é sua.

DISPLICÊNCIA X DELEGAÇÃO

Veja bem: não estamos falando de delegar funções nem de


descentralizar tarefas, pois quem faz isso da forma correta não está
abrindo mão de seu poder, e sim usando-o com sabedoria. Através de
cursos, livros ou programas de mentoria, é possível aprender a delegar
sem abrir mão de sua túnica – e, por conseguinte, de sua história.
Observe a diferença: uma coisa é delegar, treinar e inspirar alguém
para realizar suas tarefas; outra é abdicar de sua responsabilidade.
Dependendo do caso, transferir alguma tarefa pode ser um grande
erro ou um movimento muito inteligente. Nem sempre você precisa
ser o Davi da história: você também pode ser aquele que encontrou
Davi, reconheceu seu talento e o contratou. Assim, se você tiver
algum Davi na sua equipe, trate de identificá-lo e empoderá-lo, traga-
o para o seu lado e deixe-o vencer o gigante. Você não precisa encarar
a batalha sozinho.
Outra lição interessante sobre esse assunto pode ser extraída de 1
Samuel 18, que descreve os acontecimentos após a batalha:
“A partir daquele dia, Saul manteve Davi consigo e não o deixou
voltar para a casa de seu pai. Jônatas assumiu um compromisso solene
com Davi, pois o amava como a si mesmo. Para selar essa aliança,
Jônatas tirou seu manto e o entregou a Davi, junto com sua armadura,
sua espada, seu arco e seu cinturão” (1 Samuel 18:2-4).
O erro que Saul cometeu foi repetido em parte por Jônatas, seu
filho. Esse é um ótimo exemplo do poder que nossas atitudes (boas ou
ruins) exercem sobre as pessoas à nossa volta. Querendo ou não, Saul
ensinou a Jônatas uma má lição, e este, por sua vez, a repetiu. A
circunstância era diferente, mas a consequência foi a mesma: com o
tempo, a abdicação de suas “vestes” fez com que ele perdesse a
autoridade que elas representavam. Não é porque você ama alguém
que deve doar tudo o que é seu.
Vamos dar um exemplo prático sobre a importância de não vestir
trajes de honra (cargo, funções etc.) que ainda não lhe cabem. Pense
em um jovem profissional que logo nos primeiros meses em uma
função de nível intermediário recebe a oferta de um cargo gerencial. A
remuneração, o status e a perspectiva de poder da função enchem os
seus olhos; porém ele sabe que ainda não tem o preparo e, muito
menos, a experiência necessários para assumir tamanha
responsabilidade. Assim, para espanto dos colegas, ele recusa a oferta,
alegando que ainda não é o “seu” momento. A decisão desprendida,
contudo, agrada à diretoria da empresa e, tempos depois, ele é
promovido ao cargo de gerente, já dispondo de expertise suficiente
para ser bem-sucedido. Caso houvesse se deslumbrado da primeira
vez, era bem possível que tivesse se “queimado” e, quem sabe, até
perdido o emprego.
A boa notícia é que nossos filhos e nossos liderados também
tendem a repetir os acertos! Após a vitória de Davi, os soldados de
Israel começaram a vencer outros gigantes. Tanto o ânimo quanto o
desânimo são virais! Se você estiver desanimado, sua falta de
entusiasmo “contaminará” a equipe; por outro lado, se você fizer mais
do que sua obrigação, mantiver a motivação e tratar bem as pessoas,
esse comportamento será replicado por elas.

Atire A Pedra!
Não dê sua armadura para os outros.
Delegue, descentralize, confie, treine. Mas não abra mão
daquilo que lhe cabe fazer pessoalmente.
Seus filhos e liderados irão reproduzir seus erros e acertos.
Descubra se sua equipe tem algum Davi, ou contrate um, e
deixe-o fazer o que um Davi faz.
Respeite as individualidades de quem está ao seu lado:
desenvolva os Davis de sua equipe.
18

Escolha
suas pedras…
e lute!
Pegou cinco pedras lisas de um riacho e as colocou em sua bolsa de
pastor. Armado apenas com seu cajado e sua funda, foi enfrentar o
filisteu.

1 Samuel 17:40

O tantas vezes contada e recontada, de repente se revela como algo


que poderia parecer um detalhe insignificante nessa história,

decisivo quando o observamos com atenção. Isso pode acontecer


também na nossa vida, em momentos aparentemente triviais.
Repare bem: Davi foi ao riacho e não pegou uma pedra ao acaso.
Entre muitas outras, ele escolheu cinco pedras lisas. As pedras de um
rio não ficam lisas da noite para o dia. É preciso um longo processo de
erosão, que dura muitos e muitos anos, para que a força das águas vá
eliminando as pontas e rugosidades. A pedra fica rolando de um lado
para outro, sofre a ação da corrente e o efeito do tempo.
As pedras que Davi coletou no córrego haviam passado vários anos
debaixo d’água, o que as deixou polidas e perfeitas para o objetivo dele
naquele momento. Uma pedra lisa sofre menos atrito e adquire maior
força e velocidade quando lançada. Portanto, Davi escolheu pedras
apropriadas para derrotar seu gigante.
Na vida, você também não escolhe suas pedras aleatoriamente.
Você não se casa com qualquer pessoa, não se torna sócio de qualquer
pessoa, não aprecia a companhia de qualquer pessoa. Não é em
qualquer emprego que você se dispõe a trabalhar. Não é qualquer
negócio que você aceita fazer. Você não participa de qualquer
conversa. Não segue qualquer caminho. Não vai a qualquer festa. Não
dança ou canta qualquer música. Não vota em qualquer político. Não
compra qualquer briga. Não é qualquer produto que você consome.
Não é qualquer palavra que você diz. Não é qualquer livro que você lê.
E você sabe por quê. Porque tem que escolher as pedras certas.
Sabendo escolher, suas chances de vitória são maiores.

Você tem que escolher as pedras certas. Sabendo


escolher, suas chances de vitória são maiores.

AS PEDRAS DO CAMINHO

Quando aparece um desafio, você o enxerga como um problema ou


como uma oportunidade? Encara-o como um obstáculo ou um
degrau? Para você, o aparente empecilho é uma muralha que o
paralisa ou uma rampa que pode conduzi-lo a um lugar mais elevado?
É importante valorizar as pedras já polidas. Vamos imaginar, por
exemplo, um casal que está junto há muitos anos, construindo uma
vida em comum, criando seus filhos, tecendo seus planos, superando
fases difíceis e curtindo bons momentos. Duas pessoas que se amam e
que já enfrentaram diversas batalhas, ultrapassaram muitas
correntezas e, assim, vieram polindo um ao outro ao longo da vida.
Então, surgem apelos de fora, olhares provocantes, carências,
situações que colocam à prova a união desse casal. “Não!”, pensa ele
ou ela. “Não vou embarcar nessa história. Não está nos meus planos
procurar outra pedra além das que já temos. As nossas são lindas, já
estão lisas. Juntos já passamos por muitas águas turbulentas, e é com
elas que eu vou enfrentar os gigantes.” Essa lição também é válida
para o ambiente de trabalho. Se há vários anos você tem o seu
negócio, participa de uma sociedade, trabalha em uma empresa,
compartilha serviços com parceiros, contrata fornecedores ou
qualquer situação do tipo, valorize as relações que você já construiu e
que estão dando certo. É muito comum que pessoas de fora tentem
tomar o seu lugar, o de seu sócio, o de seus parceiros ou fornecedores.
Se as pedras colhidas por vocês durante todos esses anos já estão lisas
(mesmo que o trabalho sempre possa melhorar), por que romper o
que já existe? Para que se arriscar com outras pedras que você ainda
não conhece? Nem tudo que é antigo é ruim, nem tudo que é novo é
bom.
Você escolheu suas pedras e vem aprimorando suas parcerias ao
longo do tempo, não é verdade? Pois então dê valor ao que já tem!
Cultive a lealdade em suas escolhas.
Entre os amigos a ideia é a mesma. Imagine seus verdadeiros
amigos como pedras que foram lapidadas ao longo dos anos. Você
pode conhecer muita gente, conviver socialmente, trabalhar com
centenas de pessoas… Porém não é qualquer um que será seu amigo.
Nossos amigos nos ajudam a enfrentar os gigantes que
encontramos pelo caminho, assim como as pedras ajudaram Davi.
Afinal, ele não derrubou Golias sozinho – precisou usar suas pedras.
Foi necessária apenas uma para matar o inimigo, mas ele estava
prevenido e tinha mais munição caso fosse necessário. Nossos amigos
são a munição extra nos casos mais difíceis.
“Por si só, uma pedra é uma pedra”, diz o poeta Antonio Pereira
Apon. O uso que fazemos dela é que faz a diferença: construir,
descansar, brincar, poetizar, matar, esculpir…
A pedra
O distraído nela tropeçou,
o bruto a usou como projétil,
o empreendedor, usando-a, construiu,
o campônio, cansado da lida, dela fez assento.
Para os meninos foi brinquedo, Drummond a poetizou,
Davi matou Golias… Por fim,
o artista concebeu a mais bela escultura. Em todos os casos,
a diferença não era a pedra. Mas o homem.

E você, leitor? O que tem feito com as suas pedras?

LUTE! ENFRENTE O GIGANTE!

De nada adiantaria tudo o que acontecera até então se Davi não


tivesse lutado. Ele cumpriu suas tarefas de forma disciplinada,
entusiasmou-se com o que ganharia, convenceu Saul, escolheu seus
trajes e suas pedras… e então chegou o momento mais importante:
lutar! Enfrentar o gigante!
Não adianta ficar se preparando a vida inteira, ou fazer os melhores
cursos e planos, e não ir para o campo de batalha. Podemos imaginar
quanta tensão devia haver no ar naquele momento, quanto Davi devia
estar apreensivo, quanto deve ter sido assustador ver Golias preparado
para a luta e vociferando aquelas ofensas.
Nessa hora, Davi fez o que precisava: correu em direção ao
adversário e usou sua funda com toda a habilidade. Existe um
momento em que ou você corre para a batalha ou você corre da
batalha. Davi agiu certo: lutou. Apenas por isso pôde vencer uma
guerra. Se lutasse, ele podia ter apenas 1% de chance de vencer, mas
se não lutasse tinha 100% de chance de fracassar.
Pense por um instante na pedra atirada por Davi. Primeiro ela foi
retirada de seu ambiente, depois foi guardada na bolsa de Davi e
finalmente foi sacada e colocada na atiradeira. O couro da funda
envolveu a pedra e ela ficou no escuro; em seguida, foi apertada com
toda a força pela mão do jovem guerreiro. Não bastasse isso, ela
começou a ser puxada para trás! Quanto mais Davi puxava a pedra
para trás, mais apertado e escuro ficava para ela. Então, num átimo,
Davi soltou a mão e a pedra saiu em altíssima velocidade, seguindo
para a frente de forma exuberante… até atingir o alvo. Na vida
passamos por muitos momentos assim: o esforço da preparação, as
noites de estudo ou treinamento enquanto outras pessoas estão se
divertindo. Temos certeza de que estamos andando para trás! Porém,
na hora certa, a vida muda: seguimos em frente em alta velocidade
porque fomos capazes de suportar o escuro, a pressão e a sensação de
que não estávamos progredindo.
A pedra cumpriu seu serviço, Davi também. Cada um fez sua
parte. Davi correu em direção ao gigante, e não do gigante. Por isso o
venceu.

Atire a pedra!

Escolha bem com quem e com que irá trabalhar.


Não é qualquer pedra que mata o gigante; é a pedra certa.
As pedras levam tempo para ficar lisas.
A mesma pedra pode servir para construir ou para destruir:
depende de como você vai usá-la.
Não tenha medo de cumprir todas as fases da vida, mesmo
que você tenha que dar alguns passos para trás.
Lute!
19

Termine o
que começou
Enfiou a mão na bolsa, pegou uma pedra e atirou-a com sua funda.
A pedra acertou o filisteu na testa e ficou encravada ali. E Golias
caiu com o rosto em terra. (…) Em seguida, correu até o filisteu,
puxou da bainha a espada dele e a usou para matá-lo e cortar-lhe a
cabeça. Quando os filisteus viram que seu melhor guerreiro estava
morto, deram meia-volta e fugiram.

1 Samuel 17:49-51

O de Davi, mas foi apenas uma etapa do combate. Quando o gigante


lançamento da pedra configurou-se uma parte essencial da vitória

desabou, Davi correu até ele, tomou a espada de Golias e, com ela,
completou o serviço, cortando-lhe a cabeça. Portanto, Davi obteve a
vitória em etapas. Um grande desafio deve ser vencido assim, passo a
passo. Primeiro ele derrubou Golias usando a pedra; depois o matou
com a própria espada do adversário. Repare que Davi terminou o que
começou. Se, depois de acertar a pedrada, ele tivesse comemorado seu
triunfo, deixando Golias caído, talvez o gigante tivesse conseguido se
reerguer e revidar o ataque. Essa imagem é recorrente nos filmes: o
herói derruba o vilão, mas não completa sua ação… e o vilão se
levanta e contra-ataca (e perde de novo!). Infelizmente, a vida real
nem sempre reproduz a vitória do mocinho.
Existe muita gente que nem bem conquista um sucesso já sai
fazendo alarde, celebrando aquilo que não está completamente
terminado. Há também os que cantam vitória antes mesmo do
combate, como Golias. Cuidado com as pessoas que fazem muita
propaganda de si mesmas e que falam muito bem sobre suas
realizações – em geral elas não entregam o que prometem. Ou então
entregam de qualquer jeito, sem capricho, sem preocupação com os
detalhes. Você contrataria novamente um profissional que agiu assim
no primeiro atendimento? Um serviço completo e feito de forma
cuidadosa é outra história: faz diferença e abre novas portas no futuro.

Quando completamos uma tarefa com sucesso, é


como se recebêssemos um diploma que nos declara
capazes de assumir novos desafios.

Quando os filisteus viram seu maior guerreiro ser derrotado,


fugiram correndo, sendo perseguidos pelos israelitas. O combinado
era que os perdedores se tornariam escravos dos vencedores. Mas eles
desrespeitaram o acordo, porque não queriam ser escravizados, e
muitos foram mortos por causa disso.
O fato mais importante depois que Davi derrotou Golias foi que,
como já dissemos, outros gigantes começaram a ser combatidos e
vencidos pelos soldados do exército de Israel. Esses mesmos soldados
tinham ficado apavorados com as ameaças de Golias, mas a atitude
deles mudou. Sabe por quê? Porque Davi foi lá e venceu o primeiro
gigante. E, quando alguém faz algo espetacular pela primeira vez –
algo que antes era considerado impossível –, tudo muda. As pessoas
começam a pensar de outro modo: gigantes, afinal de contas, podem
ser vencidos! E tomam coragem para lutar suas batalhas.
Não é errado ter autoconfiança. Quando completamos uma tarefa
com sucesso, é como se recebêssemos um diploma que nos declara
capazes de assumir novos desafios.
Tome cuidado, porém, para não se vangloriar, mesmo tendo
grandes chances de vitória. Antes de tudo, prepare-se bem. Davi tinha
enfrentado um urso e um leão, e certamente exercitava desde criança a
pontaria no arremesso de pedras com uso da funda. Aquela era a arma
de que os pastores dispunham, e era preciso saber manejá-la com
habilidade para se defender de feras, ladrões e outras ameaças do
campo.
E você? Está preparado para os desafios que pretende assumir?
Tenha respeito pelo gigante que terá que enfrentar e não conte
vantagem antes da hora; lute para vencer e complete o serviço.

PASSOS DE BEBÊ

Outra lição que podemos aprender com essa história é a dos “passos
de bebê”. Como vimos agora, Davi não matou Golias de imediato.
Ele primeiro deu uma pedrada que derrubou o poderoso inimigo e só
depois o matou. Algumas pessoas querem fazer tudo com um só tiro,
de uma só vez. Se Davi quisesse matar Golias apenas com a pedrada,
seria mais difícil. Ou, se desse a luta por terminada porque o gigante
apenas desmaiou, também não seria o ideal. Mas não foi o que ele fez.
Sua vitória aconteceu em dois tempos. E, assim como houve
aprendizados e etapas antes, houve rituais e fases depois da luta: ele
guardou as armas na tenda antes de ir comemorar.
De modo semelhante, em problemas aparentemente complicados a
solução pode ser simples. Como dizia Leonardo da Vinci, repetido
depois por Steve Jobs: “A simplicidade é o máximo da sofisticação.”
Então, quando estiver diante de alguma tarefa, liste todas as etapas, da
execução à conclusão, e cumpra-as uma a uma. Sempre procure dar
soluções simples. Se o problema for complexo, veja-o por todos os
ângulos para compreender o conjunto, e não apenas uma parte. E o
mais importante: por maior que seja o gigante, não tenha medo e
vença-o aos poucos – mesmo que seja com passos pequenos e
inseguros como os de um bebê. Afinal, passos pequenos também
levam a pessoa ao seu destino, desde que sejam dados na direção certa.

Atire a pedra!

Termine o que começou.


Dependendo do tamanho da tarefa, faça-a por etapas.
Não comemore ou relaxe antes de realmente finalizar o
serviço.
Evite o excesso de autoconfiança.
PARTE 4

Lições para o campo de


batalha
20

Não basta
ser grande
Então Golias, um guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras do
exército filisteu. Ele tinha 2,90 metros de altura.

1 Samuel 17:4

ntigamente, as grandes corporações dominavam o mercado e

A
não deixavam espaço para as menores. Isso não é mais uma
regra, especialmente em um mundo de empreendedorismo e
startups: muitas vezes, as empresas mais ágeis, mesmo que
pequenas, acabam vencendo as maiores; e as iniciativas
criativas, mesmo que simples, vencem as tradições ultrapassadas.
A Bíblia conta que o profeta Samuel, instruído por Deus, foi a
Belém escolher entre os filhos de Jessé aquele que seria o futuro rei de
Israel. Ele olhou o primogênito, um rapaz alto e forte, e pensou: “É
este aqui, com certeza.” Nesse momento, ouviu a voz de Deus
dizendo que ele estava usando critérios equivocados, valorizando mais
a aparência que as virtudes interiores.
Ao ter seu primeiro filho rejeitado, Jessé lhe mostrou o segundo,
igualmente belo, e depois o terceiro, e assim por diante – sete, ao
todo. Não, não era nenhum deles. “Estes são todos os filhos que você
tem?”, inquiriu Samuel, ao que Jessé respondeu: “Ainda tenho o
caçula, mas ele está cuidando das ovelhas.” O filho caçula era Davi.
Ao vê-lo, Samuel ouviu de novo aquela voz interior, que dessa vez
dizia: “É este!” (1 Samuel 16:11-12).
As pessoas costumam dar muita importância ao tamanho do
inimigo, ainda mais quando não estão satisfeitas com a própria
estatura. A história de Davi é um belo exemplo de que tamanho não é
documento: nem para ser escolhido como rei (como no caso dos
irmãos de Davi) nem para vencer a batalha (caso de Golias).
Compreenda que “tamanho” deve ser visto no sentido figurado,
podendo significar competência, conhecimento, força, experiência ou
qualquer outra coisa em que seu oponente/concorrente possa ser
considerado superior.
Em 1 Samuel 16:7, lê-se: “As pessoas julgam pela aparência
exterior, mas o Senhor olha para o coração.” Então, em vez de desejar
ter uma grande estatura, o melhor é se preocupar em ter um bom
coração.
Foi trabalhando com as ovelhas que Davi, mesmo pequeno por
fora, tornou-se grande por dentro. Na solidão do deserto, enquanto
cuidava do rebanho da família, ele desenvolveu sua capacidade de
tocar harpa e aprendeu a enfrentar animais ferozes e toda sorte de
perigos.
Muitos aproveitam suas vantagens e sua posição social para não
trabalhar, ao passo que outros estão na labuta. Os que trabalham são
os que mais aprendem, influenciam e criam novas oportunidades. As
oportunidades surgem com mais frequência para aqueles que estão “no
campo cuidando das ovelhas”. Graças ao trabalho, o caçula Davi
tornou-se mais importante que todos os seus irmãos.

Os que trabalham são os que mais aprendem,


influenciam e criam novas oportunidades.

Quanto a Golias, ele realmente impunha respeito, porque seu


tamanho provocava pavor nos adversários. Sabemos que o tamanho,
porém, não é tudo. Golias atemorizava também por sua armadura e
pelas armas que empunhava. Só a couraça que usava pesava 60 quilos.
Somando a isso o capacete, as caneleiras e o dardo pendurado nas
costas, todos feitos de bronze, e a lança com ponta de ferro, ele devia
carregar cerca de 100 quilos de equipamento. Realmente era preciso
ser muito forte para carregar um peso desses e ainda conseguir lutar.
Por outro lado, essas coisas tiravam sua agilidade. Isso nunca havia
sido problema quando enfrentava homens que lutavam com o mesmo
aparato (guerra simétrica), mas resultou em derrota quando alguém
mudou as regras do jogo e travou uma guerra assimétrica: o pequeno
Davi, cujo peso talvez não chegasse a 70 quilos e que levava consigo
uma única arma, a funda, de poucos gramas. Mas o jovem pastor
reunia alguns trunfos que o gigante não possuía: leveza, pontaria,
determinação e fé.

Atire a pedra!
Tamanho nem sempre é documento.
Quem trabalha costuma receber mais recompensas,
aprendizado e oportunidades.
Ao enfrentar alguém maior, veja se é possível mudar as
regras/ paradigmas.
O coração é mais importante que a força ou a altura.
21

Evite os
excessos
Usava um capacete de bronze e vestia uma couraça de escamas de
bronze que pesava 60 quilos. Também usava caneleiras de bronze e
carregava no ombro um dardo de bronze. A haste de sua lança era
pesada e grossa, como o eixo de um tear, e a ponta de ferro da
lança pesava cerca de 7 quilos. Seu escudeiro caminhava à frente
dele.

1 Samuel 17:5-7

á vimos que a couraça de escamas de bronze, a lança, as várias

J
armas e as peças da armadura de Golias pesavam mais do que
seu jovem adversário. Se Davi nem mesmo conseguia usar a
roupa do rei, que era muito mais leve, ninguém acreditava que
ele pudesse resistir aos golpes daquele gigante por mais do que
alguns segundos.
Saul fez questão de vestir nele seus trajes, mas Davi não estava
acostumado a andar carregando aquele peso e tirou tudo. Então
colocou a tiracolo seu alforje de pastor, pegou seu cajado,
cumprimentou o rei e foi à luta.
A decisão de se libertar do peso é mais uma dica importante que
encontramos na história de Davi. Imagine alguém – eu, você,
qualquer um de nós – carregado de culpa por erros que cometeu, de
raiva por ofensas que sofreu, de aborrecimento por dívidas que não lhe
pagaram, de frustração por um projeto que deu errado, de desgosto
por causa de um empreendimento que faliu, de ressentimentos por
causa de uma traição amorosa, de trauma por ter sido vítima de
alguma crueldade, de revolta por haver sido injustiçado, de mágoa por
ingratidões… Ninguém consegue combater gigantes levando tanto
peso, martirizando-se e vivendo no passado.
Ao enfrentar uma terrível tempestade no mar Mediterrâneo, o
apóstolo Paulo e os outros passageiros aliviaram o peso do navio,
jogando sua carga e seus equipamentos ao mar (Atos 27:15-19). Isso
foi uma estratégia para deixar o barco mais leve e flutuar melhor,
aumentando a chance de sobrevivência de todos a bordo.
Problemas sempre existem. Fazem parte da vida e todo mundo
passa por eles. Mas não adianta ficar parado se lamentando ou, como
se diz, “chorando sobre o leite derramado”. O único jeito de superá-
los é descarregar a bagagem antiga, perdoar a si mesmo e aos outros e
livrar-se das cargas do passado para viver o presente de forma positiva,
semeando um futuro melhor.

Liberte-se das armaduras do passado para enfrentar


e vencer os gigantes do presente com agilidade e
leveza.

Hoje pode ser o dia de tirar o peso que carrega sobre seus ombros.
Precisamos ser capazes de colocar um ponto final em situações que
nos incomodam, de bater o carimbo de “caso encerrado” em algumas
relações ou empreendimentos que não deram certo. Ninguém sabe
onde você precisa bater esse carimbo… Mas você sabe muito bem.
O passado deixa de ser opressor quando passamos a vê-lo como
professor. Guarde consigo o aprendizado, mas jogue fora o que
atrapalha sua caminhada. Isso não significa, claro, que o assunto vai
deixar de existir, mas pelo menos você vai tirá-lo da sua mesa de
trabalho. Você não precisa carregar nenhum peso sobre os ombros.
Limpe a mesa. Crie espaço para coisas novas.
Liberte-se dos pesos e dos fantasmas do passado para enfrentar e
vencer os gigantes do presente com agilidade e leveza.

Atire a pedra!

Evite os excessos: quanto mais simplicidade, melhor. Como


disseram Leonardo da Vinci e Steve Jobs: “A simplicidade é
o último degrau da sofisticação.”
Liberte-se dos excessos. Menos é mais!
Lembre-se de que problemas existem e são parte da vida.
Deixe para trás os pesos do passado para enfrentar e vencer
os gigantes do futuro.
22

O dever de
cada um
Seu escudeiro caminhava à frente dele.

1 Samuel 17:7

Golias, com seu escudeiro à frente, caminhava em direção a Davi.

1 Samuel 17:41

olias tinha um escudeiro. Em regra, o escudeiro ajudava seu

G
senhor cuidando de sua segurança e de suas armas. Mas,
quando a pedra arremessada por Davi atingiu a testa do
gigante e ele caiu, o que fez o escudeiro? Parte das funções
dele era ficar próximo de seu amo, acontecesse o que
acontecesse; mas Davi teve tempo de pegar a espada e desferir no
gigante o golpe fatal. Qual foi a reação do escudeiro? Ficou parado
olhando? Se isso não foi contado na história, é porque não houve
mesmo o que contar.
Ao que tudo indica, Golias escolheu mal seu escudeiro. Claro que
você pode dizer que o combate se deu entre Davi e Golias e que o
escudeiro apenas respeitou essa regra. Mas, se você fosse o escudeiro
de Golias, deixaria o pequeno israelita aproveitar o desmaio de seu
chefe para matá-lo? É uma boa pergunta. Outra boa pergunta é: será
que Golias era um tirano que desrespeitava e maltratava seu
escudeiro? Talvez o rapaz fosse seu escravo. O texto não fala sobre
isso, mas, assumindo que essa era uma prática daqueles tempos, não
se pode afastar a ideia. Se o escudeiro era escravo, não era de esperar
que ele fosse fiel ao seu captor.
Ele pode ter aproveitado a derrota de seu amo para escapar, ter
ficado sem reação diante do ocorrido ou fugido, como os outros
filisteus.

Quem não cumpre os seus deveres está condenado à


irrelevância.

Como não há detalhes sobre isso no relato bíblico, podemos apenas


especular sobre o que teria acontecido se o escudeiro resolvesse
defender Golias. Davi não era grande e não tinha prática militar – um
quase adolescente, inexperiente em combate –, então poderia ser uma
presa fácil e a história teria um desfecho bem diferente. O auxiliar de
Golias também poderia ter pegado a espada caída no chão e se
colocado à frente do gigante ferido, impedindo que Davi se
aproximasse. Nesse meio-tempo, talvez Golias se recuperasse. Mas o
escudeiro não fez nada disso. Ele não fez o que era possível para
proteger seu time.
O escudeiro poderia ter mudado o rumo dessa história, mas não foi
o que aconteceu. Eis outra grande verdade da vida: quem não cumpre
os seus deveres está condenado à irrelevância.
O crescimento de uma pessoa ou de uma empresa gera a
necessidade de cada vez mais assessores, colaboradores, funcionários,
parceiros… enfim, mais escudeiros. Escolha bem os seus e oriente-
-os sobre quando devem agir. Trate-os com respeito e deferência e
eles estarão ao seu lado até nos momentos mais difíceis. É uma
questão de reciprocidade. Esse tema é abordado no livro As 25 leis
bíblicas do sucesso e citado em Efésios 6:5-9.

Atire A Pedra!

Você é escudeiro de alguém? Proteja essa pessoa.


Alguém é seu escudeiro? Treine-o e motive-o o suficiente.
Tome muito cuidado com escudeiros insatisfeitos.
Saiba respeitar aqueles que estão ao seu lado, ciente de que a
consideração e o respeito mútuos são caminhos seguros para
o sucesso de todos.
Quando alguém não cuida de seu time, o time perde; e,
quando o time perde, todos os seus integrantes perdem.
As vitórias são prováveis e também mais duradouras quando
seus benefícios são compartilhados com todos.
23

Os erros
de Golias
Olhou para Davi com desprezo, (…) e fez pouco caso dele.

1 Samuel 17:42 (NVI)

olias cometeu vários erros no célebre episódio narrado no

G
Antigo Testamento. O pior deles, sem dúvida, foi fazer
pouco caso do adversário. Esse é um erro que costuma ser
cometido por quem é (ou acha que é) grande. Vamos analisar
alguns dos equívocos cometidos pelo filisteu de Gate naquele
dia especial.
O capítulo 17 de 1 Samuel, versículo 8, conta que Golias gritou às
tropas de Israel: “Por que saíram todos para lutar? Eu sou filisteu, e
vocês são servos de Saul. Escolham um homem para vir aqui e lutar
comigo!” Golias provocava e atemorizava os seus inimigos; isso era
um fato. Repare, porém, que ele diz “servos de Saul”. Nessas
provocações, Golias mostrou que estava mal informado sobre o
inimigo – o que já é um forte motivo para se perder uma batalha.
Aqueles homens não eram nem se viam como servos de Saul. Todos,
inclusive o próprio Saul, se encontravam ali como servos de Deus.
Não é preciso ser religioso para concordar que esse foi um grande erro
de Golias e do comandante do exército filisteu. Mesmo não
compartilhando a crença do rei e de seus soldados, não podiam
ignorar que eles lutavam por uma causa muito maior. E foi justamente
essa confiança que levou Davi ao campo de batalha.
É bem comum que as pessoas ataquem os efeitos e não as causas
dos problemas. Saul, mesmo tendo sido ungido rei, não era o centro
daquela comunidade. Às vezes, as pessoas tentam conseguir o que
desejam e procuram a pessoa errada, ou não conseguem identificar
quem são os verdadeiros detentores do poder. Golias devia imaginar –
equivocadamente – que Saul era o centro da motivação e da
organização de Israel. E o resultado desse equívoco foi a morte do
gigante.
Desconhecer o que motiva ou desmotiva as pessoas pode ter um
alto custo. Por exemplo, uma das razões da derrota dos Estados
Unidos na Guerra do Vietnã foi o fato de que os vietcongues estavam
ali defendendo sua terra, seu modo de vida, sua sobrevivência como
povo. Por isso, estavam muito mais motivados que seus inimigos
ocidentais, muitos dos quais lutavam contra a vontade naquele terreno
hostil e por uma causa na qual não acreditavam ou, pelo menos, com a
qual não tinham grande compromisso.

É necessário conhecer bem o outro, assim como suas


motivações e seus interesses.

Em qualquer situação, precisamos saber claramente com quem


estamos lidando. É necessário conhecer bem o outro (adversário,
cliente, equipe), assim como suas motivações e seus interesses.
Encontramos esta lição no livro A arte da guerra, do sábio estrategista
chinês Sun Tzu:

Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o


resultado de 100 batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o
inimigo, para cada vitória obtida sofrerá também uma derrota. Se
você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as
batalhas.
Se estamos em uma disputa, precisamos descobrir quem é o
inimigo real. Não podemos subestimar nem superestimar os
adversários, inclusive aqueles que se apresentam na forma de
problemas do cotidiano.
Golias era ótimo em fazer provocações: “Escolham um homem
para lutar comigo e quem vencer, venceu a guerra”; “Mandem-me um
homem para lutar sozinho comigo”; e assim por diante. O gigante
gritava e todos morriam de medo. Suas palavras deixavam os israelitas
apavorados. Durante 40 dias, de manhã e à tarde, ele desafiou as
tropas de Israel. Falava, ameaçava, provocava… E este foi mais um de
seus erros: falar mais do que agir.
Outro erro foi ofender seu adversário. Nem todo mundo reage da
mesma forma a uma provocação. Por exemplo, se alguém diz “Você é
um idiota”, cada pessoa vai encarar essa agressão de maneira diferente.
Algumas vão se sentir depreciadas e cair numa crise depressiva; outras
vão ignorar o insulto; há ainda aquelas que vão partir para a briga,
com o sangue fervendo. Em geral, a melhor reação é simplesmente
dizer (ou pensar, dependendo do caso!): “Você acha isso? Sua opinião
não vale nada para mim!” Sua autoestima depende de você mesmo, e
não da opinião ou dos comentários das outras pessoas.
A atitude de Golias intimidava, mas provocou o efeito contrário em
Davi, despertando uma justa ira. “Quem é este incircunciso filisteu?”,
indignou-se Davi. Foi aí que ele se encheu de brios e procurou o rei
Saul para assumir o desafio de lutar pela dignidade do seu povo.
Imagine se fosse você o guerreiro escalado para travar um duelo deste
tipo: sua vitória significaria o triunfo de todo o seu exército. Você não
estaria lutando só em seu nome, mas também em nome de sua
família, de sua cidade e de seu país, de tudo o que você representa.
Em uma sociedade em que ainda existe muita discriminação, cada
vez que uma pessoa pertencente a um grupo minoritário ou
marginalizado chega ao sucesso, há uma valorização de sua gente e
um efeito motivador para todos. Ao vencer, você não representa
apenas a si mesmo. Estamos sempre levando conosco, dentro de nós,
nosso povo, nossos ancestrais, nossas tradições e nossos
companheiros. Mas o prepotente Golias, do alto de seus quase 3
metros, não percebeu isso.
O pior erro de Golias, como dissemos, foi julgar Davi pela
aparência inofensiva, sem notar que o rapaz tinha uma atiradeira e
sem saber quão habilidoso ele era no uso daquela arma. Se Davi fosse
tão fraco como aparentava, sorte de Golias: seria fácil para o gigante
simplesmente eliminar o adversário, como ele fazia com frequência
com inimigos muito maiores. No entanto, como sabemos, nem
sempre o mais forte vence. Nos esportes, em especial no futebol,
estamos mais que acostumados a presenciar verdadeiras “zebras” em
campo, quando um time mais bem preparado acaba caindo diante de
um azarão. Até mesmo algumas Copas do Mundo foram decididas
assim – os mais antigos hão de se lembrar da final de 1950, quando o
poderoso time do Brasil foi derrotado pelo Uruguai em pleno
Maracanã.
Isso acontece todos os dias: alguém despreza o adversário, ou se
acomoda em sua posição favorável, e perde. Para voltar ao exemplo do
futebol, nada mais perigoso do que “jogar pelo empate” ou podendo
perder por dois ou três gols de diferença. O time relaxa, acredita que
está com a partida ganha e acaba colocando tudo a perder.

Ao vencer, você não representa apenas a si mesmo.


Estamos sempre levando conosco, dentro de nós,
nosso povo, nossos ancestrais, nossas tradições e
nossos companheiros.

Os erros de Golias são muito comuns nos dias de hoje. Alguns


líderes os repetem: falam muito, exibem demasiadamente sua força,
não conhecem a situação por completo, não levam os problemas a
sério e, principalmente, não têm preparo suficiente para lidar com
as mudanças de cenário. Isso pode acontecer com empresários, atletas,
magistrados, governantes, religiosos, enfim, pessoas de todas as áreas
em posição de poder. Muitas pessoas e times, quando estão com o
jogo ganho – ao menos aparentemente –, passam a desprezar o
adversário, fazendo pouco caso de sua capacidade de reação, ou então
deixam de se dedicar com afinco a terminar a tarefa. Esse é um erro
que Golias cometeu antes de sua derrota. E, se não tomarmos
cuidado, podemos cometê-lo também.
Vivemos hoje uma época de grandes transformações e devemos
estar preparados para enfrentar as novidades. Grandes organizações,
consideradas verdadeiros gigantes em suas áreas de atuação, têm sido
derrotadas por novas empresas porque adotavam estratégias
tradicionais e antiquadas e não tiveram agilidade para perceber as
mudanças do mercado. Muitos times e atletas são derrotados em jogos
e competições importantes porque se sentem vitoriosos antes da hora
e não tratam o jogo com a devida seriedade. Tenha consciência de seu
tamanho, mas não subestime o outro. Respeite o adversário.

Atire A Pedra!

Não faça pouco caso do adversário, ainda que ele lhe pareça
fraco; respeite-o.
Conheça o oponente – suas forças, fraquezas e motivações.
Você pode até ser bom no que diz, mas faça mais do que
fala.
Cuidado para que você mesmo não motive seus adversários.
24

Valorize o pouco
(…) rindo com desprezo do belo jovem ruivo.

1 Samuel 17:42

m dos assuntos mais desprezados pelos profissionais são os

U
pequenos começos. Existem muitos palestrantes que se
recusam a falar para públicos pequenos ou em lugares sem
glamour. “Quem despreza o dia das coisas pequenas?”, é o
que lemos em Zacarias 4:10 (ACRF). Outras versões da
Bíblia falam em “pequenos começos”. Quem diria que o pequeno
pastor de ovelhas, que nem aguentava o peso das roupas de soldado,
viria a se tornar um grande guerreiro e rei? E quem diria que de uma
empresa de garagem nasceria a Microsoft? Ou que de uma
brincadeira entre universitários surgiria o Facebook, a maior rede
social já criada?
Jesus também falou sobre o poder das coisas pequenas, usando o
grão de mostarda como exemplo:

“É a menor de todas as sementes, mas se torna a maior das


hortaliças; cresce até se transformar em árvore, e vêm as aves e
fazem ninho em seus galhos” (Mateus 13:32).
Mais uma lição que podemos extrair daí é a seguinte: a fidelidade
deve existir também em relação às coisas pequenas. Muitas pessoas
dizem que não se esforçam mais no trabalho porque seus empregos
são humildes ou suas tarefas têm pouca importância. Porém, a Bíblia
diz: “Se forem fiéis nas pequenas coisas, também o serão nas grandes.
Mas, se forem desonestos nas pequenas coisas, também o serão nas
maiores” (Lucas 16:10).

Seja fiel onde você está, mesmo que seja um lugar ou


uma tarefa que pareça pouco importante ou até
mesmo irrelevante. Quem não é fiel no pouco não
será no muito e, por isso, nunca chegará a cuidar de
coisas grandes.

Davi foi fiel como cuidador de poucas ovelhas – e assim começou a


ser preparado o matador de gigantes.
Seja fiel onde você está, mesmo que seja um lugar ou uma tarefa
que pareça pouco importante ou até mesmo irrelevante. Quem não é
fiel no pouco não será no muito e, por isso, nunca chegará a cuidar de
coisas grandes. Ou, se vier a receber uma tarefa maior, terá grandes
chances de fracassar exatamente por falta de treinamento nas coisas
pequenas.
O sábio Lao Tsé disse que uma viagem de mil quilômetros começa
com um simples passo e que a mais larga das árvores nasce de uma
pequena semente. Quem duvida?
No caso de Davi, quando, tempos depois, ele quis construir o
templo, Deus lhe trouxe à memória o lugar de onde ele tinha saído:
“(…) Eu o tirei das pastagens onde você cuidava das ovelhas e o
escolhi para ser o líder de meu povo, Israel. Estive com você por
onde andou e destruí todos os seus inimigos diante de seus olhos.
Agora, tornarei seu nome tão conhecido quanto o dos homens
mais importantes da terra!” (2 Samuel 7:8-9).

Isto é o que Deus faz: “Levanta o pobre do pó e do monte de cinzas


tira o necessitado. Coloca-os entre príncipes e os faz sentar em lugares
de honra” (1 Samuel 2:8). Infelizmente, muitos são os que se
esquecem de seus pequenos começos ou que desprezam o início
tímido dos outros.

Atire A Pedra!

Não despreze os pequenos começos.


Não tenha vergonha de um início mais modesto, pois
árvores frondosas nascem de minúsculas sementes.
Dedique-se de corpo e alma àquilo que tem em suas mãos
hoje, ainda que lhe pareça pouco.
“O que vem para ficar às vezes demora para crescer.” Saiba
que o sucesso e as vitórias podem levar certo tempo para
acontecer. Portanto, persevere.
25

Pequenos unidos
podem vencer
o grande
As formigas que, embora não sejam fortes, armazenam alimento no
verão, os coelhos silvestres, que, embora não sejam poderosos,
fazem sua toca nas rochas, os gafanhotos, que, embora não tenham
rei, marcham em fileira, as lagartixas, que, embora sejam fáceis de
apanhar, vivem até nos palácios dos reis.

Provérbios 30:25-28

A deixou de ser verdadeira. Mas existe um motivo para que os clichês


união faz a força” é uma expressão que se tornou clichê, mas nunca

existam: são clássicos e funcionam. A espécie humana não teria


evoluído – nem mesmo sobrevivido – se não trabalhasse em equipe.
Desde as atividades mais primitivas, como a caça, a agricultura e as
primeiras construções, até a alta tecnologia e a elaborada organização
social dos nossos dias, tudo aquilo que o homem fez foi em sociedade.
As narrativas da história mostram grandiosos casos de superação
que resultaram da união de grupos em torno de objetivos comuns. Um
exemplo bíblico é o Êxodo, a libertação do povo hebreu escravizado
no Egito e a sua longa caminhada sob a liderança de Moisés até a
Terra Prometida. Quase todos os processos históricos de libertação de
um povo do jugo de outro se devem à união de pessoas em grupos
cada vez mais numerosos até que se tornam invencíveis.
A raça humana, mesmo com tantos conhecimentos, ainda tem
muito a aprender, inclusive com os animais, sobre o poder da união.
No livro A sabedoria dos lobos, o especialista em gestão organizacional
Twyman L. Towery observa as características daqueles canídeos em
uma alcateia. Ali, virtudes como lealdade, paciência, trabalho em
equipe, perseverança e até entretenimento produzem ótimos
resultados para o grupo. Temos muito a aprender com esses animais
no que diz respeito às nossas relações pessoais, familiares e
profissionais. Como escreveu Rudyard Kipling, “a força do
lobo está na alcateia, e a força da alcateia está no lobo”.
O livro Formigas – Lições da sociedade mais bem-sucedida da Terra, de
William Douglas e Davi Lago, reúne informações interessantíssimas
sobre esse animalzinho “frágil e desprotegido, que pode ser esmagado
facilmente com apenas um dedo”, mas que tem a capacidade de obter
resultados extraordinários. É na união que o formigueiro encontra sua
força. “Quando em grupo, as formigas se tornam fortes, capazes e
produtivas”, reunindo-se em perfeita divisão de tarefas para “construir
colônias, buscar alimento, defender seu território, combater
predadores e perpetuar sua espécie”.
A partir da análise de vídeos de formigas carregando enormes
pedaços de alimento, cientistas israelenses publicaram um trabalho na
revista Nature Communications revelando que um grande grupo desses
insetos fica encarregado de levar o peso, mas não tem senso de
direção; então algumas formigas-guias conduzem a jornada por curtos
períodos. “O grupo é afinado para responder aos líderes”, destaca o
físico Ofer Feinerman, um dos autores do estudo. Com efeito, um
líder que chega com novas informações e muda a direção de todos não
precisa ser mais forte que os demais: só precisa empurrar na direção
correta.

Unidos somos sempre mais fortes, capazes de


carregar pesos maiores que nós mesmos e de vencer
qualquer gigante.

O estudo também mostrou que, quanto maior era o objeto


carregado, mais esforço as formigas precisavam fazer e menos
liberdade individual elas tinham durante a tarefa. Consequentemente,
quanto menor o objeto, maior a liberdade de cada uma. É uma grande
lição sobre trabalho em equipe! Quando os desafios são maiores, os
integrantes da equipe precisam sacrificar-se mais.
Esteja atento à sua equipe e aos desafios que vocês enfrentam.
Unidos somos sempre mais fortes, capazes de carregar pesos maiores
que nós mesmos e de vencer qualquer gigante.
Novamente, como diz o estrategista chinês Sun Tzu em A arte da
guerra, um exército pequeno e bem treinado vence com facilidade um
exército maior sem liderança ou treinamento.

Atire a pedra!
Pequenos indivíduos reunidos podem vencer um grande
obstáculo.
Um exército pequeno e bem treinado vence com facilidade
um exército maior e sem treinamento.
Identifique sua alcateia e cuide dela e, na alcateia, cuide de
cada lobo.
Repetindo: “A força do lobo está na alcateia, e a força da
alcateia está no lobo” (Rudyard Kipling).
26

Gigantes
podem ser
derrotados
Davi respondeu ao filisteu: “Você vem a mim com um espada, uma
lança e um dardo, mas eu vou enfrentá-lo em nome do Senhor dos
Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, que você desafiou.”

1 Samuel 17:45

á sabemos que os pequenos reunidos podem vencer o grande.

J
Porém a história de Davi mostra que um único pequeno
também pode conseguir essa façanha. Esta é, portanto, uma
ótima notícia: quem é pequeno tem chance de vitória ao lutar
contra adversários maiores e mais fortes. Gigantes podem ser
derrotados!
Essa é uma das principais lições deste livro.
“Tamanho não é documento”, diz a sabedoria popular. E a filosofia
confirma isso desde a Antiguidade. No século IV a.C., por exemplo,
Sun Tzu já afirmava que “a prudência e a firmeza de um pequeno
número de pessoas podem chegar a cansar e a dominar, inclusive,
numerosos exércitos”.
O sábio chinês explicou que a superioridade numérica de um
exército não garante sua vitória, e por um motivo muito simples:
mesmo que você tenha os números a seu favor, se não souber
administrar isso, pode pôr tudo a perder. “É mais importante ser mais
inteligente que o inimigo do que ser mais poderoso que ele” e “Os
números, por si só, não asseguram qualquer vantagem”, afirmava Sun
Tzu.
A mesma lógica serve para os desafios que enfrentamos no dia a
dia. Imagine que você está diante de um problema e tem todas as
condições de vencê-lo. Quer uma sugestão? Fale para si mesmo:
“Tudo bem, as condições estão favoráveis, tenho muita chance, sou
inteligente (ou mais experiente, mais bem preparado, mais bonito,
mais forte, dependendo da situação), no entanto, se eu não souber
administrar isso, sei que posso perder a batalha.” Sabendo que essas
vantagens não lhe garantem a vitória, você vai se empenhar mais e
terá maiores chances de vencer.
Por outro lado, se você se sente pequeno, se seus números são
desfavoráveis ou se sua situação não é das melhores no momento do
conflito, você pode falar assim: “Calma aí, eu posso dar a volta por
cima. Estou em desvantagem agora, mas posso superar isso e vencer.
Vou vencer!”
O jornalista Malcolm Gladwell, no livro Davi e Golias, observa
que o guerreiro filisteu estava preparado para uma luta corpo a corpo
em que não precisaria se movimentar muito. Bastaria se defender dos
golpes com sua armadura e atacar com sua lança. O jovem Davi, por
sua vez, levando apenas um cajado e um alforje de pastor a tiracolo,
movimentava-se com agilidade, mas não se aproximou a ponto de
permitir um embate corporal no qual teria flagrante desvantagem.
“Davi põe uma pedra em sua funda e a gira cada vez mais rápido, a
seis ou sete revoluções por segundo, mirando seu projétil na testa de
Golias – o único ponto vulnerável do gigante”, diz Gladwell. Ele cita
um expert em balística, Eitan Hirsch, que afirma: o arremesso de
Davi foi equivalente ao tiro de uma pistola moderna de tamanho
razoável. Golias nem teve tempo de se proteger.
O cientista político Ivan Arreguín-Toft, também citado no livro de
Gladwell, fez um levantamento do resultado de todas as guerras
ocorridas nos últimos dois séculos entre países muito grandes e muito
pequenos. Sua conclusão foi surpreendente: em 28,5% das vezes
(quase um terço das guerras), a vitória foi da nação mais fraca. E esse
percentual sobe para 63,6% quando o lado considerado fraco adota
táticas não convencionais, surpreendendo o mais forte – exatamente
como fez Davi.
Os próprios guerreiros do rei Saul achavam impossível a vitória de
seu representante. Tanto o ceticismo deles quanto a prepotência do
exército filisteu, com Golias à frente, tinham como foco a força física.
Ninguém percebia que a força decisiva poderia estar em outros
fatores, como o elemento surpresa, a habilidade, a velocidade e a
determinação de vencer.
Uma das coisas que o lado menor e aparentemente mais fraco deve
fazer é aceitar suas características e trabalhar com elas. Como já
vimos, Saul chegou a vestir sua armadura em Davi, mas o jovem nem
sequer conseguiu se mover. Tentar ser quem não é faria de Davi
alguém sem mobilidade e agilidade, e essas eram justamente suas
maiores vantagens para enfrentar o enorme Golias.
Tentar parecer e agir como alguém que você não é traz mais ônus
do que bônus. Como disse o célebre presidente americano Abraham
Lincoln no século XIX: “Você pode enganar algumas pessoas o tempo
todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode
enganar todas as pessoas o tempo todo.” Assim, procure ser quem
você é, aproveitando-se de suas habilidades para vencer os gigantes
que tiver pela frente. Você terá mais chance de sucesso se utilizar seus
pontos fortes, ainda que sejam poucos, do que tentando simular
trunfos onde não tem.
Lembre-se: suas chances de vitória são maiores quando você
conhece as suas fraquezas e as do adversário do que quando ignora
ambas.

Você terá mais chance de sucesso se utilizar seus


pontos fortes, ainda que sejam poucos, do que
tentando simular trunfos onde não tem.

A grande lição deste capítulo é que os gigantes também podem ser


derrotados. Isso serve de estímulo para os pequenos e de alerta aos
grandes. Assim como o jovem Davi saiu triunfante da batalha épica
contra o colossal Golias há 3 mil anos, aquele que aparentemente não
tem forças ou condições pode vencer nas mais variadas situações da
vida.

Atire A Pedra!
Tamanho não garante a vitória.
Não tente parecer quem você não é: o pequeno obtém mais
sucesso quando assume e se utiliza inteligentemente de suas
características.
Conheça os seus pontos fortes e fracos e também os do seu
adversário.
Conheça as regras e quando é possível mudá-las.
27

Vence quem
se prepara
melhor
Quando o filisteu se aproximou para atacar, Davi foi correndo
enfrentá-lo.

1 Samuel 17:48

ale menos e faça mais.” Esse é um conselho útil a qualquer

V
pessoa. Porém Golias não o teria escutado, porque confiava
demasiadamente em sua força e em sua suposta
invencibilidade. A palavra tem poder, mas só falar não basta.
Precisamos juntar às palavras ações coerentes, disciplina,
perseverança e resultados. Muitas pessoas são especialistas em falar e
convencer, mas deixam a desejar quando partem para a ação. Nessas
horas, usam sua habilidade verbal para explicar o que deu errado.
Além de falar demais, Golias era muito grande – e isso o tornava
lento, como diversas vezes acontece com as pessoas nessas condições.
Ele estava preparado para lutar com alguém que usasse a força física e
equipamento militar tradicional, tal como ele. Nesse formato (guerra
simétrica) ele sempre teria vantagem. Ocorre que o combate se tornou
assimétrico. Davi não fez o jogo do adversário.
Golias desprezou Davi por causa de sua aparência, mas acabou
derrotado e morto por aquele rapaz franzino. Esse tipo de
discriminação infelizmente é comum ainda hoje. Quantos casos não
são relatados, na mídia e nos tribunais, de crimes de injúria racial,
discriminação social, intolerância religiosa ou de simples preconceito
pelo que é diferente? Assim como fez Davi, temos que enfrentar e
repudiar o preconceito e a discriminação. Esses são gigantes contra os
quais todos nós precisamos lutar, aprendendo a valorizar e a respeitar
o outro. O fato de discordarmos de afirmações, posições políticas ou
preferências dos outros não pode ser motivo para desrespeitá-los.
Há muitos exemplos, na história humana, de pessoas que superam
uma situação de inferioridade (física, cultural, econômica etc.) e se
destacam graças a muito treinamento, intensa preparação e uma
disposição mental e espiritual correta. Um dos maiores nomes das
artes marciais do mundo, o brasileiro Hélio Gracie era um menino tão
fraco, tão franzino, que não tinha força nem para ir à escola. Seu
irmão mais velho, Carlos, aprendeu jiu-jítsu com um lutador japonês
e começou a praticar perto do irmão. O pequeno Hélio não podia ter
aulas com Carlos, mas ficava observando suas lutas e, pouco a pouco,
foi adaptando os movimentos à sua condição física. Logo criaria
técnicas diferenciadas e golpes poderosíssimos, que não exigiam força
exagerada em sua execução. Em pouco tempo se tornaria um grande
campeão, vencendo lutadores três vezes mais pesados e mais fortes do
que ele. Hélio foi responsável pela difusão do jiu-jítsu no Brasil e é
reconhecido internacionalmente como o idealizador do estilo
brasileiro dessa arte marcial.
Outro exemplo de superação e preparação foi dado pelo moderno
Estado de Israel na Guerra dos Seis Dias. Em meados de 1967, uma
ampla coalizão de países árabes – Egito, Jordânia e Síria, apoiados por
Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão – mobilizava-se para
atacar Israel. Então a Força Aérea israelense lançou um ataque
preventivo e arrasador às bases militares egípcias, impedindo-as de
entrar em ação. O plano, chefiado pelo general Moshe Dayan,
derrotou um inimigo muito mais numeroso em armamento e
contingente. Israel venceu porque se antecipou.

A escolha do terreno e da modalidade da luta pode


ser crucial para o resultado.

O fato era que Davi se encontrava bem preparado para o tipo de


combate que estava prestes a realizar e se antecipou ao inimigo. A
rigor, o rei Saul não deveria ter aceitado que um adolescente sem
treinamento militar representasse seu povo. Qualquer soldado,
graduado ou não, também poderia ter impedido esse desatino. De
fato, enviar soldados sem experiência ao combate pode ser desastroso,
mas tudo deu certo no caso de Davi porque ele estava preparado para
surpreender Golias com uma estratégia diferente, um tipo de combate
que o gigante não esperava.
Golias era bom de marketing pessoal, mas inábil em lidar com
mudanças de cenário e com situações diferentes daquelas às quais
estava habituado. Ele não foi capaz de analisar a nova realidade. Não
estava preparado para combates assimétricos.
Uma das grandes lições da luta de Davi e Golias é que a escolha do
terreno/lugar e da modalidade da luta (arma certa, jeito certo) pode
ser crucial para o resultado. Ou seja, parte da preparação consiste em
escolher como o combate ocorrerá.
Outra lição importante é aprendermos a avaliar as pessoas por mais
de um prisma. Como disse Albert Einstein: “Todo mundo é um
gênio. Mas, se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em
uma árvore, ele vai gastar toda a sua vida acreditando que é estúpido.”
Portanto, para se preparar melhor, tenha o cuidado de não desprezar
alguém apenas em virtude de uma avaliação incompleta.

Atire a pedra!

Estar preparado é mais eficaz do que ter grande estatura.


Escolha, sempre que possível, o terreno em que irá
combater.
Aprenda a avaliar as pessoas por mais de um aspecto.
Analise se o cenário é de combate simétrico ou assimétrico,
buscando conduzir a luta para o modelo que lhe for mais
favorável.
PARTE 5

Lições
para as batalhas
do dia a dia
28

Economize
e desfrute
“Desafio hoje os exércitos de Israel. Mandem um homem para lutar
comigo!”

1 Samuel 17:10

omo já vimos, os dois exércitos em conflito estavam

C
posicionados cada um em uma elevação, com um vale entre
eles. Era muito arriscado realizar um avanço pelo vale
enquanto os oponentes permaneciam em sua posição elevada.
Assim, estava criado um impasse.
Uma solução militar que costumava ser adotada em algumas
batalhas daquela época consistia em propor um combate apenas entre
dois soldados – geralmente, o melhor guerreiro de cada lado. Foi com
base nesse costume que os filisteus escalaram Golias e ele desafiou os
israelitas a enviar um homem para um duelo definitivo.
O custo de uma guerra é imenso, tanto em recursos econômicos
quanto humanos. Portanto, a estratégia do duelo fazia sentido. Por
mais cruel que pareça escolher um único homem para morrer por
todos, essa é uma estratégia sábia – afinal, o custo de perder um só
homem é menor do que o de perder todos.
Limitar a luta a dois soldados para decidir uma disputa bélica é
uma forma de poupar recursos. E a lição que podemos extrair desse
pequeno detalhe da história é muito simples: sejamos econômicos. Se
gastarmos tudo o que temos, as dificuldades da vida serão muito
maiores.
Esse princípio também vale para a vida pessoal, pois precisamos
usar com sabedoria os recursos de que dispomos. Não podemos gastar
tudo o que temos ou, como se diz, não devemos “apostar todas as
fichas em um só número”. Sempre que possível, precisamos fazer
alguma provisão para tempos futuros. Desfrutar da prosperidade sem
essa visão de economia pode custar muito caro mais tarde, quando a
escassez vier. Infelizmente, muitas pessoas desperdiçam seus recursos
adquirindo bens supérfluos ou investindo em símbolos de status.
Como lembra a fábula da cigarra e da formiga, melhor faz quem se
esforça para, no tempo da fartura, economizar e investir pensando em
seu futuro.
Da mesma forma, devemos cuidar da saúde quando jovens a fim de
termos um corpo saudável e funcional para passar a velhice. Evitar o
cigarro e os excessos com o álcool, observar uma rotina básica de
atividade física e cuidar da alimentação são maneiras perfeitamente
viáveis de prevenir doenças metabólicas e degenerativas, que,
infelizmente, têm se tornado cada vez mais comuns. Afinal, a saúde é
um de nossos principais bens nesta vida – por isso precisamos poupá-
la.
Jesus nos deu um exemplo precioso a respeito da importância de ser
comedido: depois de multiplicar alguns poucos pães e peixes a ponto
de distribuir alimento farto para quase 5 mil pessoas, ele recomendou
aos discípulos: “Agora juntem os pedaços que sobraram para que nada
se desperdice” ( João 6:11-12).

É muito bom economizar e estocar, como fazem as


formigas, mas, vez por outra, também é importante
cantar como as cigarras.

É importante lembrar, no entanto, que as melhores coisas da vida


não precisam ser economizadas, simplesmente porque não custam
dinheiro: o afeto, os momentos de lazer e a alegria do convívio com as
pessoas que amamos. É muito bom economizar e estocar, como fazem
as formigas, mas, vez por outra, também é importante cantar como as
cigarras. Entre a batalha e o lazer, devemos cultivar bom senso e
equilíbrio. Economize o que for necessário, poupe recursos
indispensáveis, lute para conseguir o que você sonha, mas aprenda a
aproveitar o que já possui.

Atire a pedra!
Economize seus recursos, evitando desperdícios.
Invista parte de seus recursos, semeando um futuro mais
próspero e seguro.
Desfrute de seus recursos, ou seja, não se torne escravo da
ideia de apenas guardar, deixando de utilizar parte do que
tem para proporcionar conforto hoje. Aproveite o que
conquistou.
A utilização sábia do que se tem, inclusive com caridade, é
uma prática eficaz para trazer felicidade e realização pessoal.
Economizar de menos ou de mais não é bom. Busque
sabedoria e equilíbrio na utilização dos seus recursos.
Experimente ler livros, assistir a palestras ou fazer cursos
sobre a gestão de seus recursos.
29

Distancie-se
para ver melhor
Durante quarenta dias, pela manhã e à tarde, o guerreiro filisteu se
apresentava diante do exército israelita e o desafiava.

1 Samuel 17:16

xiste uma técnica eficiente para analisarmos um problema:

E
mudar a perspectiva pela qual o observamos. Quando estamos
fora do problema, devemos entrar nele; quando estamos
dentro, é recomendável nos afastarmos.
Usamos a primeira premissa com mais frequência, quando
tentamos nos colocar no lugar dos outros, entender suas motivações e
ajudá-los a solucionar suas questões. Contudo, fazer o inverso
também é necessário: se estamos envolvidos em uma situação, talvez
não consigamos avaliá-la bem, a menos que a observemos de certa
distância.
Às vezes, você precisa estar de fora para ver o tamanho do
problema. É sinal de sabedoria conseguir distanciar-se da situação e
olhá-la de fora. Quem observa de longe consegue avaliar com mais
clareza uma dificuldade ou um gigante que nos atormenta.
É importante questionar nossas perspectivas. Precisamos checar o
tempo todo se nosso “mapa” sobre o mundo ou se um determinado
assunto corresponde à realidade – porque, muitas vezes, não é o que
acontece. Lembra-se daqueles mapas antigos, em que se viam os
desenhos dos países, oceanos etc.? Eles são parecidos com os
contornos e acidentes geográficos reais, mas não têm precisão. Da
mesma forma, temos que verificar se o mapa que fazemos de nossos
problemas não está mostrando monstros que na verdade não existem.
E uma das formas de fazer isso é observá-lo de “fora”.

Precisamos checar o tempo todo se nosso “mapa”


sobre o mundo ou se um determinado assunto
corresponde à realidade – porque, muitas vezes, não é
o que acontece.

Foi por isso que, quando Davi chegou ao campo de batalha, achou
estranho o que estava acontecendo: “O que esse gigante está falando?
Isso aqui não é o povo do Deus de Israel? Por que vocês não estão
tomando uma providência?” Para ele, que não estava diretamente
envolvido com as provocações de Golias, a situação parecia absurda;
para os soldados atemorizados pelas palavras do inimigo, era
impossível avaliar a situação como um todo.
Um artista plástico costuma se afastar do quadro que está pintando
para ver o desenho inteiro com mais clareza. Se você quiser se
preparar para uma maratona e contratar um personal trainer
especializado nesse tipo de competição, provavelmente a primeira
instrução que ele lhe dará será a seguinte: “Corra naquela direção e eu
vou ficar distante, porque preciso observar você correndo para ver suas
passadas, quais são os defeitos e o que será preciso melhorar.”
Use o conceito do distanciamento para avaliar a sua vida. Imagine
que você está fazendo uma longa caminhada e resolve subir até o topo
de uma montanha para ver, lá de cima, a sua trajetória: de onde veio,
os rumos que vem tomando e os obstáculos que encontrará pela
frente.
Faça isso com seu casamento. Lembre-se de como era a relação no
início do namoro. Como era quando vocês estavam juntos? Como
seria se vocês voltassem a tratar um ao outro como naquela época? A
intimidade pode trazer coisas muito boas à medida que se aprofunda;
o relacionamento não precisa piorar conforme o tempo passa. Por que
deixamos isso acontecer? O convívio pode se tornar cada vez mais
amoroso e verdadeiro ao longo dos anos. Olhe de longe e perceba a
importância do relacionamento de vocês.
Quando não paramos para refletir sobre os caminhos que estamos
seguindo, podemos perder de vista o quadro geral da nossa vida. A
nascente de um rio nada mais é que um pequeno córrego. Mas os
afluentes vão aumentando as suas águas, até que a força da correnteza
torna uma margem mais distante da outra. Da mesma forma, se não
tomarmos cuidado, nossas margens vão se abrindo e acabamos
perdendo o controle de nosso destino. Acontece aos poucos, sem nem
nos darmos conta. Assim, nos afastamos de nossos parceiros, de
nossos sonhos, de nós mesmos.
Pense bem: se você jogar um sapo dentro de uma panela de água
fervendo, ele pula na hora para não morrer. É instintivo. Contudo, se
uma panela com água fria for sendo aquecida aos poucos, o anfíbio
não conseguirá sentir a mudança. O sapo morre sem perceber que está
sendo cozido; os humanos às vezes até percebem, mas quando já é
tarde demais.
Esse exemplo vale para todos nós. Precisamos tomar muito cuidado
para que algo assim não aconteça em nossa carreira ou afete nosso
casamento ou prejudique nossa saúde ou interfira em qualquer área da
nossa vida. Como se estivéssemos dentro de uma panela d’água que
ferve aos poucos, corremos o risco de não perceber as coisas se
deteriorando ao nosso redor. O relacionamento vai se enfraquecendo,
o trabalho vai perdendo qualidade, a saúde vai se deteriorando… E,
quando a água ferve, não tem mais jeito. Portanto, não deixe a água
ferver à sua volta. E é mais fácil fazer isso quando se tem o hábito de
vigiar a panela pelo lado de fora.

Atire a pedra!

O distanciamento ajuda a avaliar o quadro geral.


Analise as situações por mais de um prisma.
Quando estiver irado ou nervoso, use a “distância” do
tempo; acalme-se e reflita antes de agir.
30

Aprenda
a dar, receber
e recusar
Um dia, Jessé disse a Davi: “Leve depressa para seus irmãos que
estão no acampamento este cesto com grãos tostados e estes dez
pães. Leve também estes dez queijos para o capitão deles.”

1 Samuel 17:17-18

ominar a preciosa arte de dar, receber e recusar presentes

D
pode ajudar você em diversas situações da vida. Às vezes,
você deve aceitar um presente. Muitas vezes pessoas pobres
presenteiam um juiz, advogado ou líder religioso com uma
dúzia de ovos ou uma cesta de frutas para agradecer-lhes seu
empenho no cumprimento do dever. Recusar um gesto módico e
singelo, feito com esse espírito, seria uma indelicadeza.
Sempre que alguém lhe faz um agrado em forma de presente, pode
ser por mera gratidão ou por gentileza, mas também pode ser por
interesse. De um jeito ou de outro, quem presenteia costuma semear
alguma coisa. Como se diz, “presentes abrem caminhos”. Se você
souber presentear, obterá caminhos mais largos.
Quando você faz o bem a alguém, esse bem volta para você. O
presente dado de forma generosa traz benefícios para a pessoa que o
deu. Assim, se você não recebe o bem do outro, está impedindo que
ele cresça. Se tem dificuldade de aceitar presentes, reflita sobre qual é
o motivo disso. Pode ser orgulho, baixa autoestima, síndrome do
impostor, desconfiança ou até mesmo resultado de traumas
emocionais. Conseguindo identificar o motivo, é possível superar esse
sentimento ruim e permitir-se ser presenteado.
Vários estudos científicos comprovam que praticar a generosidade
traz uma série de benefícios, como a melhora nos relacionamentos e o
aumento do grau médio de felicidade. Mas não devemos só praticar a
generosidade, é preciso aprender a recebê-la de bom grado, até pelos
benefícios que ela traz para quem nos presenteia.
Se você “pisar na bola” com alguém que ama (seu cônjuge, por
exemplo), eis aí uma boa oportunidade para dar um presente, junto
com um pedido de desculpas. É claro que o presente não vai resolver
os problemas, mas pode ajudar. Quando a situação acontecer – e elas
vão acontecer –, experimente fazer isso. Funciona! E funcionará ainda
mais se você procurar não repetir o erro que gerou o conflito.

Quando você faz o bem a alguém, esse bem volta


para você.

Se você quer se aproximar de alguém que acabou de conhecer ou


quer agradar alguém que faz aniversário, que mudou de emprego, que
teve alta do hospital ou que passou em um concurso, um presente é
sempre um ótimo gesto. Nós, autores, sempre procuramos trazer um
mimo de nossas viagens não somente para nossas famílias, mas
também para nossos sócios e funcionários. É uma delicadeza que
gostamos de fazer para aqueles que são importantes em nossa vida.
Mas fique atento quando alguém lhe oferecer um presente. Muitas
vezes, as intenções por trás desse gesto não são assim tão nobres e as
pessoas podem esperar algum tipo de benefício em troca. O presente
dado em permuta com vantagens, como moeda de troca, nada mais é
do que uma forma velada de corrupção. Assim, saber identificar o
propósito do presente é fundamental. Na dúvida, recuse-o
educadamente.
Em geral, qualquer “presente” negociado ou pedido por alguém em
posição de autoridade provavelmente será ilícito ou imoral. Os
presentes devem primar pela simplicidade e espontaneidade. É claro
que nada nos impede de dar ou receber presentes valiosos, mas eles
devem ser avaliados com cuidado. No filme Desafiando gigantes, com
Alex Kendrick, por exemplo, um pai presenteia um professor com um
automóvel. O automóvel não foi dado em troca de algum benefício,
mas como agradecimento por algo excepcional que o professor
realizou. Nesse caso específico, presentear alguém com um carro era
algo bastante compatível com a situação financeira do doador. Em
suma: não tenha medo de dar ou de receber bons presentes, mas
reflita se eles de fato são adequados.
Vale o alerta de que “o perverso recebe suborno em segredo para
desviar o rumo da justiça” (Provérbios 17:23). Essa frase bíblica
demonstra que a corrupção que vemos hoje não é novidade: está
presente no mundo há milhares de anos. Mas, felizmente, é um
gigante que podemos vencer, e esse bom combate cabe a cada um de
nós. Cabe à nossa integridade, à nossa honestidade diante de
situações em que poderíamos obter pequenas vantagens ou até
enormes ganhos, mas nas quais declinar é o caminho certo.
É tudo uma questão de escolha. E são as sementes que você planta
que determinam o que colherá.
Todos nós colhemos o que semeamos. A gratidão é um sentimento
valioso entre os seres humanos. E elogiar, agradecer e presentear são
formas de expressar gratidão.
Responda com sinceridade: você tem semeado a gratidão ou
disseminado o ressentimento? Você se preocupa em ajudar as pessoas
mais necessitadas ou só tem tempo para aquelas que têm algo a lhe
oferecer? Quantas vezes você já exerceu a arte de agradecer a quem o
ajudou no passado?

Atire a pedra!

Toda dádiva oferecida ou recebida com segundas intenções


gerará dano para você.
Todo presente generoso traz alegria para quem recebe e, de
modos variados, traz benefícios também para quem oferece.
Cuidado para não misturar o conceito de “presente” (que é
positivo) com o de “suborno” (que é negativo e, em alguns
casos, até configura crime).
Se necessário, aconselhe-se com alguém mais experiente
para não cometer gafes (ou crimes!) na hora de presentear
servidores públicos, superiores, subalternos ou colegas de
trabalho.
Os presentes, quando dados com elegância e sensibilidade,
abrem portas e angariam simpatia.
Quando for presentear alguém, dê aquilo de que a pessoa
gosta ou precisa, e não aquilo de que você gosta ou precisa.
31

Você nunca
está sozinho
“O Senhor que me livrou das garras do leão e do urso também me
livrará desse filisteu!”

1 Samuel 17:37

avi não se propôs a enfrentar Golias sem qualquer experiência

D
anterior. Como já vimos, ele era um pastor que tomava conta
das ovelhas de seu pai. Nessa tarefa, já havia enfrentado pelo
menos um urso e um leão – ou seja, tinha alguma experiência
em lidar com situações perigosas. Porém Davi não se achava
“o tal” nem vivia se vangloriando de ter vencido sozinho aquelas feras.
Ao contrário: ele fez questão de dizer que fora ajudado por Deus. A
humildade é importante inclusive na hora de celebrar a vitória. A
explicação que Davi viu para o triunfo foi seu relacionamento com
Deus. No entanto, não devemos colocar apenas nas mãos de Deus
todas as nossas batalhas, pois o próprio Deus nos estimula a caminhar
por conta própria e fazer nossa parte. Embora fosse devoto e humilde,
Davi também tinha treinamento em combate. É disso que precisamos
para enfrentar as batalhas da vida. Na academia militar de West
Point, nos Estados Unidos, há um ditado que diz o seguinte: “Quanto
mais você suar no campo de treinamento, menos sangrará no campo
de combate.” Já o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da
Polícia Militar do Rio de Janeiro tem como um dos lemas a frase:
“Treinamento duro, combate fácil.” Ou seja, um guerreiro nunca vai
sozinho para o combate. Ele sempre leva consigo tudo o que treinou
até o dia da batalha. Cada vez que você luta está acompanhado de
todas as lutas que já travou um dia. É claro que, diante da grandeza da
disputa, podemos sentir medo. O medo é um sentimento primitivo do
ser humano – e, dentro de determinada medida, é útil para evitar
imprudências e riscos desnecessários. Todavia, o medo não pode nos
levar à inação. O que acontece, muitas vezes, é que nos paralisamos
diante dos desafios que demandam muita energia e motivação. Na
hora da batalha, Davi pode até ter sentido medo, mas agiu apesar
dele. Precisamos aprender a lidar com nossos temores para não deixar
que eles nos deixem sem ação diante dos perigos reais. Em geral,
sempre podemos contar com alguém para nos apoiar nos momentos
de temor, de dúvida ou de dificuldade. Essa pessoa pode ser o pai, a
mãe, um irmão, o parceiro, um amigo, um colega de trabalho… Seja
quem for, quase sempre podemos recorrer à ajuda de alguém.

Um guerreiro nunca vai sozinho para o combate. Ele


sempre leva consigo tudo o que treinou até o dia da
batalha. Cada vez que você luta está acompanhado de
todas as lutas que já travou um dia.

Quem está sempre ao seu lado quando você precisa de apoio? E


você, é essa pessoa para alguém? Quem em sua vida lhe dá a sensação
de que você não está sozinho? Quem faz com que seus medos se
tornem menores? Quem promove o treinamento de que você precisa
para enfrentar as batalhas da vida?
É curioso pensar que a situação pode se inverter e quem hoje ajuda
(ou ignora) pode ser aquele que necessitará de apoio amanhã. Algo
semelhante aconteceu com Davi. Ele foi duramente desprezado pelo
irmão mais velho, Eliabe, que mais tarde precisou engolir seu orgulho
e curvar-se diante do novo rei. Muitas pessoas agem como Eliabe e
depois precisam conviver com quem era pequeno e se tornou grande.
Não cometa esse erro para nunca estar sozinho e para que nunca
encontre pessoas que tenham “contas a acertar” com você. Esse
fenômeno é corriqueiro na vida: pessoas “grandes” ignoram ou
maltratam as “menores”, o tempo passa, as situações se invertem e
quem foi cruel com os mais frágeis acaba passando por maus bocados.
Seja grato e generoso. Esteja preparado para suas batalhas. Dê
apoio a quem precisa de ajuda. Permita-se ser ajudado. Assim você
nunca estará sozinho.

Atire a pedra!
Cada vez que você luta, está acompanhado de todas as
batalhas que já teve um dia.
O medo de lutar pode até ser sua companhia; só não pode
ser seu guia.
Não precisamos lutar sozinhos; sempre existe alguém que
pode ajudar.
Seja grato a quem o ajudou quando você estava sozinho ou
era pequeno.
Ajude quem é pequeno ou fraco.
32

Procure
o melhor
ângulo
Logo filisteus e israelitas estavam frente a frente, exército contra
exército.

1 Samuel 17:21

Quando o filisteu se aproximou para atacar, Davi foi correndo


enfrentá-lo.

1 Samuel 17:48

ostuma-se dizer que a melhor forma de enfrentar um

C
problema é encará-lo de frente. Não há dúvida de que
devemos olhar a realidade de frente, sem tentar negá-la ou
reclamar dela. De nada adianta fingir que o problema não
existe ou diminuir sua gravidade. Para superar um obstáculo,
devemos conhecê-lo. Para vencer um adversário ou um concorrente,
precisamos saber quais são seus pontos fortes e fracos – aliás, não só
os dele, mas também os nossos.
Porém nem sempre o ataque frontal é o mais recomendado para se
vencer um gigante. Muitas vezes, a melhor estratégia é atacar pelos
flancos, onde os exércitos costumam ser mais fracos. De fato, a
história registra que muitas forças militares foram derrotadas porque
eram fortes na frente e no centro, porém frágeis nas laterais.
Na Grécia Antiga, um dos segredos da força dos exércitos de
Esparta era a instrução para que cada soldado cuidasse do combatente
ao seu lado tanto quanto de si mesmo. Cada um defendia seu
companheiro mais próximo, formando um time coeso – e, assim,
nenhuma parte do exército ficava desprotegida.
Depois da Primeira Guerra Mundial, a França resolveu construir
uma série de fortificações interligadas ao longo de suas fronteiras com
a Alemanha e a Itália, com mais de 100 quilômetros de galerias
subterrâneas, obstáculos, baterias blindadas, postos de observação e
paióis de munição. Essa estratégia ficou conhecida como linha
Maginot, sobrenome do seu idealizador, o então ministro da Defesa
francês André Maginot.
Essa obra, de grande complexidade tecnológica para os padrões da
época, era a mais formidável linha defensiva militar jamais construída
no mundo e tranquilizou o país diante da ameaça nazista que
assustava a Europa na década de 1930. A população da França estava
segura de que os alemães jamais conseguiriam invadir seu território.
Na pior das hipóteses, a linha poderia conter um ataque germânico
durante o tempo necessário para que os franceses organizassem uma
mobilização geral.
A linha Maginot, no entanto, não se estendia até o mar do Norte,
deixando em aberto toda a fronteira com a Bélgica e até mesmo uma
parte da divisa com a Alemanha. Foi exatamente nesses pontos que os
exércitos de Hitler penetraram, avançando com rapidez e envolvendo
as tropas francesas pelos flancos e por trás da sua linha de defesa. Os
franceses não imaginaram que o inimigo entraria pelo lado,
contornando as fortificações, em vez de atacar pela frente. A partir
desse monumental erro estratégico, o termo “linha Maginot” tem sido
usado como metáfora para algo que se considera seguro e confiável,
mas que, na hora H, se mostra ineficiente. É mais um exemplo do que
ocorre quando um dos lados da contenda decide mudar o modelo da
disputa.
Guerras à parte, a estratégia de atacar pelos flancos também é
muito usada no mundo dos negócios, na política e até mesmo nas
relações humanas. Por exemplo, é mais fácil conseguir chegar a uma
pessoa importante e obter sua atenção conquistando antes o apoio ou
a simpatia de alguém próximo, como um amigo ou um assessor, do
que tentando um contato direto. Mas isso não é tudo: é preciso
escolher o ângulo certo, a melhor abordagem e a ocasião mais
propícia.
Davi sabia que precisava se posicionar de tal forma ao girar a funda
e soltar a pedra na trajetória exata para acertar o ponto vulnerável de
Golias. O gigante estava blindado por sua armadura e seu capacete de
bronze, mas não imaginava que uma pequena pedra poderia atingi-lo
no único ponto da testa que estava desprotegido.
A estratégia de Davi, aliada à sua iniciativa, tornou-o vencedor.
Essa combinação é essencial para o sucesso. Já falamos disso antes,
mas não custa reforçar: a falta de iniciativa é receita para o fracasso.
Lembre-se do exemplo do escudeiro de Golias, que, não sabemos por
qual motivo, não correu em socorro de seu chefe quando ele tombou.
Se tivesse agido, poderia ter evitado a morte de seu senhor.
Golias olhava Davi do alto, mas apenas por alto. Não podia
reconhecer, naquele pequeno rapaz, um gigante na fé, e por isso foi
derrotado. Já Davi escolheu o melhor ângulo para atacar seu
oponente. Muitas pessoas não dão atenção a detalhes que parecem
sem importância, mas que se revelam decisivos na hora do confronto.
Não cometa esse erro. Observe seu oponente – seu concorrente, seu
desafio, seu problema, sua realidade – por todos os ângulos, em todos
os detalhes e avalie qual a melhor maneira de atacar.
No filme Carruagens de fogo há um momento assim: o treinador do
time norte-americano avisa a seu atleta que o corredor britânico Eric
Lidell não tinha fôlego para a corrida de 400 metros livres, pois era
especialista nos 100 metros livres. No entanto, outro atleta dos
Estados Unidos diz: “Cuidado, ele está correndo por um motivo.” Às
vezes aquele que parece (ou é!) o mais fraco tem um motivo tão forte
que acaba por se superar. Como disse Friedrich Nietzsche: “Quem
tem uma razão para viver é capaz de suportar qualquer coisa.”

Muitas pessoas não dão atenção a detalhes que


parecem sem importância, mas que se revelam
decisivos na hora do confronto.

Por isso, não avalie apenas as circunstâncias exteriores, mas também


as motivações. E, quando for analisar um exército (ou equipe), o seu
ou o do adversário, pergunte-se: há coesão no grupo? Os flancos estão
protegidos?
No plano pessoal, indague-se: você dedica atenção às pessoas que
estão ao seu lado? Você cuida dos detalhes que cercam sua atividade
profissional e sua vida pessoal ou deixa brechas que podem ser
invadidas pelo exército inimigo?

Atire a pedra!

Estude todos os ângulos do problema que precisa enfrentar


e escolha o melhor.
Aconselhe-se com pessoas de sua confiança antes de tomar
decisões importantes.
Ouça pessoas que pensam de forma diferente para tentar
descobrir novas perspectivas.
Tomar a iniciativa é uma estratégia poderosa.
33

Atitude vale
mais que
estatura
Quando chegaram, Samuel olhou para Eliabe e pensou: “Com
certeza este é o homem que o Senhor ungirá!” O Senhor, porém,
disse a Samuel: “Não o julgue pela aparência nem pela altura, pois
eu o rejeitei. O Senhor não vê as coisas como o ser humano as vê.
As pessoas julgam pela aparência exterior, mas o Senhor olha para
o coração.” (…) Da mesma forma, todos os sete filhos de Jessé foram
apresentados a Samuel. Mas Samuel disse a Jessé: “O Senhor não
escolheu nenhum deles.” Então Samuel perguntou: “São estes todos
os seus filhos?” Jessé respondeu: “Ainda tenho o mais novo, mas ele
está no campo, tomando conta do rebanho.” “Mande chamá-lo”,
disse Samuel. “Não nos sentaremos para comer enquanto ele não
chegar.” Jessé mandou chamá-lo. Era um jovem ruivo, de boa
aparência e olhos bonitos. E o Senhor disse: “É este; levante-se e
unja-o com óleo.” Enquanto Davi estava entre seus irmãos, Samuel
pegou a vasilha com óleo que havia trazido e o ungiu. A partir
daquele dia, o Espírito do Senhor veio poderosamente sobre Davi.
Depois disso, Samuel voltou a Ramá.

1 Samuel 16:6-13
oltamos um capítulo na Bíblia para, mais uma vez, abordar a questão
de tamanho e estatura, um assunto que vale a pena enfatizar. Davi,
que tomou o lugar de Saul, foi ungido o segundo rei de Israel.

V
Mesmo sendo um dos mais importantes profetas de Deus,
Samuel errou, a princípio, em sua avaliação. Pensou que
Eliabe era o melhor candidato ao trono por ser o
primogênito, alto, forte e garboso – mas nós sabemos como
seu coração era mau.
O texto bíblico revela que Samuel quis ungir os irmãos mais velhos
e maiores, e que até mesmo o pai de Davi, Jessé, se esqueceu do
menino – por ser muito jovem, talvez; mas o fato é que Jessé não se
lembrou do caçula. Que isso lhe sirva de lição, aliás: se seu pai ou
outra pessoa (professor, chefe, líder religioso etc.) se esquecer de você
ou cometer alguma injustiça, não desanime nem perca a fé em si
mesmo. Todos podem errar; portanto, não deixe que a falta de
confiança ou o estímulo alheio tirem sua disposição de fazer o que
precisa ser feito. Deus orientou Samuel a que atentasse para o
coração, não para a aparência. Devemos fazer o mesmo: cuide do seu
coração, pois, se ele for grande, você também será.
Repare: mesmo que Deus não tivesse influenciado a escolha do
novo rei, não foi a opinião de Jessé, de Eliabe ou de Samuel que
contou, mas sim a personalidade de Davi. Se você seguir todos os
princípios sobre como vencer gigantes que vimos neste livro, sairá
vitorioso mesmo que não seja o favorito, o maior ou o mais forte.

Deus orientou Samuel a que atentasse para o


coração, não para a aparência. Devemos fazer o
mesmo: cuide do seu coração, pois, se ele for grande,
você também será.

Não desanime se sua família ou qualquer autoridade (da igreja, da


escola, da empresa etc.) não valorizar você. Seu valor pessoal
permanece constante, mesmo quando alguém duvida de sua
capacidade.
A maioria das pessoas, principalmente os homens, gostaria de ter
uma boa altura. Um menino que deseja ser alto quando crescer talvez
fique frustrado se por acaso se tornar um adulto baixinho.
Mas ele poderá aprender, com a experiência de vida, que o coração
e o caráter são muito mais importantes que a estatura.
A sabedoria popular, em frases como “Tamanho não é documento”,
“Beleza não põe mesa” e “Quem vê cara não vê coração”, nos lembra
sempre que as aparências enganam, pois o que vale é a essência de
cada indivíduo. A história de Davi, ao ser ungido por Samuel, é o
exemplo definitivo que comprova isso.
Deus não olha a estatura, e sim o coração. Esta é a grande lição
aqui: olhe o coração! É aí que está o seu verdadeiro valor.

Atire a pedra!
Atitude gera altitude.
Não deixe que a opinião dos outros determine quem você é
ou pode ser.
Julgue as pessoas pelo seu coração, não pela sua estatura.
34

Outros
gigantes virão
Em outra batalha com os filisteus em Gate, havia um homem de
grande estatura com seis dedos em cada mão e seis dedos em cada
pé, 24 dedos ao todo, que também era descendente de gigantes.

2 Samuel 21:20

Durante outra batalha contra os filisteus, Elanã, filho de Jair, matou


Lami, irmão de Golias, de Gate. O cabo da lança de Lami era da
grossura de um eixo de tecelão.

1 Crônicas 20:5

Esses filisteus eram descendentes dos gigantes de Gate, mas Davi e


seus guerreiros os mataram.

1 Crônicas 20:8

s pessoas evoluem quando passam de um problema para

A
outro – e só crescem quando vencem o problema anterior.
Simples assim: enquanto você não vence um gigante, outro
não aparecerá. Mesmo sabendo que os próximos combates
poderão ser mais difíceis, devemos esperar por novos Golias, pois são
eles que fazem nossa vida sair do lugar.
Depois que você matar o primeiro gigante, os seguintes não
parecerão tão assustadores. À medida que você os vence, vai ficando
mais experiente e mais forte para as próximas batalhas, e novos
gigantes começam a surgir… e será cada vez mais fácil derrotá-los.
Mais que isso: ao derrotá-los, você mostra para o mundo que
gigantes podem ser vencidos e inspira as pessoas a acreditar na
possibilidade da vitória sobre grandes desafios. Quando você vence,
toda a humanidade vence com você.

Mesmo sabendo que os próximos combates poderão


ser mais difíceis, devemos esperar por novos Golias,
pois são eles que fazem nossa vida sair do lugar.

Tudo o que você conquistou na vida é resultado das lutas que


enfrentou. Tanto as vitórias quanto as derrotas foram necessárias para
criar quem você é hoje. Não lamente as tempestades, não reclame dos
obstáculos do caminho, pois são essas coisas que vão construir o seu
futuro.
Se você tem filhos, deixe que eles enfrentem seus gigantes e lidem
com as questões próprias da idade. É tentador protegê-los do
sofrimento, mas, quando as pessoas crescem sem passar por problemas
e dificuldades, tornam-se incapazes e frágeis, despreparadas para a
vida. “Mar calmo não faz bons marinheiros”, como se diz. É
enfrentando gigantes que nos tornamos grandes.
Quando Davi venceu Golias, quebrou um paradigma. Após sua
vitória, outros homens se dispuseram a enfrentar gigantes e
conseguiram derrubá-los. Ele se transformou em um grande general e
governante, mas antes disso teve que enfrentar um gigante ainda mais
implacável: ao ser aclamado pelo povo como herói, despertou a inveja
e o ódio do rei Saul, e precisou fugir para não ser morto. Refugiou-se
numa caverna onde viviam cerca de 400 homens, todos perseguidos
pelos mais diversos motivos (1 Samuel 22:1-5). Davi poderia ter
reclamado de sua sorte, por estar sendo obrigado a viver como fugitivo
mesmo sem ter feito nada de errado. Afinal de contas, não fora ele
ungido por Samuel e escolhido por Deus como líder do seu povo?
Não tinha derrotado sozinho o gigante Golias, salvando sua gente da
morte e da escravidão? Como é que Deus permitia que ele estivesse
naquelas condições? Mas ele não reclamou: com sabedoria, Davi
transformou a realidade, fazendo daqueles homens rejeitados a sua
tropa de elite.
Somente depois da morte do rei Saul é que ele pôde governar a
tribo de Judá. Alguns anos depois, morreu Isbosete, filho de Saul, que
comandava as outras tribos de Israel. Somente então Davi foi
finalmente proclamado rei das 12 tribos.
Além de uma sequência infindável de guerras com outros povos,
Davi enfrentou rebeliões políticas lideradas até mesmo pelos próprios
filhos. Combatendo “gigantes” durante todo o seu reinado,
transformou o povo hebreu em uma nação solidamente estabelecida,
com capital em Jerusalém, conquistada por seu exército depois de
intensas batalhas contra os jebuseus. Davi chegou a enfrentar grandes
derrotas, mas estas não foram causadas por exércitos estrangeiros.
Uma de suas falhas foi cometer um homicídio, com o fim de esconder
um adultério. Seu romance com uma mulher casada começou quando
Davi parou de participar das guerras e ficou um tanto ocioso.
Posteriormente, teve que fugir de seu palácio por causa de uma
rebelião interna, comandada por seu filho Absalão. Em suma, Davi
tem uma história com altos e baixos e continua sendo uma referência
para todos os que desejam enfrentar gigantes e liderar um povo ou
uma equipe.
Ao final de sua vida terrena, Davi sabia que sua confiança em Deus
era a garantia de que iria vencer o seu último gigante e derradeiro
inimigo: “Mesmo quando eu andar pelo escuro vale da morte, não
terei medo, pois tu estás ao meu lado” (Salmos 23:4).
E, quase mil anos depois, na pequena cidade onde nasceu Davi,
nasceria Jesus, seu descendente.

“E você, Belém, na terra de Judá, não é a menor entre as principais


cidades de Judá, pois de você virá um governante que será o pastor
do meu povo, Israel.”

Mateus 2:6

Atire a pedra!
Após vencer um gigante, outros virão.
Vencer um gigante aumenta a chance de derrotar outros.
Uma pessoa vai se tornando mais competente e
autoconfiante a cada desafio que supera.
Não tenha inveja de quem vence o gigante: mantenha essa
pessoa ao seu lado.
Esteja sempre pronto para novos desafios, mas não deixe de
usufruir dos benefícios de cada batalha vencida.
Não se lamente pelas dificuldades que surgem em seu
caminho; todo ser humano está destinado a enfrentá-las.
35

Os gigantes
da velhice
Davi era filho de Jessé, efrateu de Belém, na terra de Judá. Na época
do rei Saul, Jessé já era idoso e tinha oito filhos.
Os três filhos mais velhos de Jessé – Eliabe, Abinadabe e Simeia –
haviam se alistado no exército de Saul para lutar contra os filisteus.

1 Samuel 17:12-13

essé viveu uma emoção extraordinária ao ver seu filho mais

J
novo ser ungido pelo profeta Samuel o futuro rei de Israel.
Depois disso, continuou contando com a ajuda de Davi nas
tarefas do dia a dia, enquanto os filhos mais velhos foram
servir o exército na guerra contra os filisteus. A maior emoção,
porém, estava por vir. Tudo indica que o velho Jessé foi poupado de
uma terrível apreensão, pois soube da luta contra Golias apenas depois
do desfecho – porém podemos imaginar o que sentiu quando recebeu
essas notícias: Davi derrotara um gigante e estava sendo aclamado
herói por salvar seu país! Além disso, o garoto receberia uma grande
fortuna e sua família seria isentada de impostos para toda a vida. Para
completar, Davi ainda desposaria a filha do rei.
Davi vencera um gigante e isso trouxe muitos benefícios a seu pai,
que vivia de forma modesta. Apesar disso, a vida de Jessé continuou
igual. As conquistas de Davi, embora influenciassem o pai, eram de
Davi. Durante a nossa vida, inclusive na velhice, temos que encarar
nossos desafios e viver nossas glórias.
Muita gente pensa na velhice como um ônus, uma etapa ruim em
nossa história. Mas que tal se a encarássemos como um bônus?
Chegar à terceira idade é um prêmio, é um benefício para a própria
pessoa, para seus filhos, netos e até bisnetos. Nessa fase acumulamos a
experiência de uma série de desafios (gigantes que foram enfrentados
ao longo das décadas) e dos prêmios recebidos após cada vitória: a
formação acadêmica, o casamento, a educação dos filhos, o
crescimento profissional, a evolução do caráter, o aprofundamento das
amizades e a sabedoria.
Nem todos conseguem alcançar essa etapa, e só o fato de chegar lá
já é considerado uma vitória. Porém só desfrutam desse bônus aqueles
que sabem extrair aprendizado dos seus erros e acertos, das suas
alegrias e tristezas, de seus limites e capacidades. Somente esses
desenvolvem a sabedoria, que é muito mais do que conhecimento. É
uma compreensão mais profunda, é saber o que fazer com o
conhecimento acumulado, é ter discernimento, capacidade de separar
o certo do errado e de compreender situações, avaliando-as com bom
senso, clareza, prudência e serenidade.
Um pequeno testemunho da sabedoria de Davi em Atos 13:36
declara ter ele “servido ao propósito de Deus em sua geração” (NVI).
A velhice nos aguarda como o tempo de completarmos os propósitos
maiores de Deus, principalmente se soubermos dividir nossa
experiência e nossos recursos com o próximo, a começar pelos
familiares e amigos.

Mesmo com as limitações físicas naturais da idade, é


muito bom poder envelhecer e continuar vivenciando
novidades e surpresas, inovações e aprendizados.

Infelizmente, há muita gente em idade avançada que fala assim:


“No meu tempo…” Isso significa que essas pessoas não vivem o
tempo atual? Estão aprisionadas em algum lugar do passado? Sua vida
ficou limitada a recordações? Quem vive assim não faz mais nada a
não ser esperar a morte. Quem se aposenta e – por problemas de
saúde ou falta de ânimo – passa os dias de pijama em casa, sem
produzir nada, não se afastou apenas do trabalho, mas também da
vida. Mesmo com as limitações físicas naturais da idade, é muito bom
poder envelhecer e continuar vivenciando novidades e surpresas,
inovações e aprendizados.
Davi enfrentaria ainda muitos gigantes durante as quatro décadas
em que liderou seu povo. Ele viveu 71 anos e, além de governar e lutar
até seus últimos dias, escreveu belíssimos salmos, cheios de sabedoria
– uma sabedoria que encontraria continuidade fértil em seu filho
Salomão, que também enfrentou muitas batalhas até a velhice
(estima-se ter vivido até os 94 anos) e foi considerado o homem mais
sábio de todos os tempos.

Deus concedeu a Salomão grande sabedoria e entendimento, e


conhecimento tão vasto quanto a areia na beira do mar. Sua
sabedoria era maior que a de todos os sábios do Oriente e de todos
os sábios do Egito.

1 Reis 4:29-30

Atire a pedra!

Não se preparar para o futuro é o caminho mais certo para


ter uma velhice infeliz.
Guarde recursos materiais para a velhice, mas não se
esqueça de investir também em relacionamentos
duradouros.
Desenvolver, ao longo da vida, uma vida familiar saudável e
harmoniosa proporciona ótimas chances de uma velhice
feliz e bem assistida. Prepare seus filhos tanto para o seu
envelhecimento quanto para eles aprenderem a envelhecer.
Jamais se considere velho demais para ter sonhos,
desenvolver projetos e enfrentar desafios.
36

Amor paternal
e filial
Um dia, Jessé disse a Davi: “Leve depressa para seus irmãos que
estão no acampamento este cesto com grãos tostados e estes dez
pães.”

1 Samuel 17:17

aralelamente à luta entre Davi e Golias, acontecem outras

P
situações que também merecem nossa atenção. Uma delas se
passa entre Jessé e seus filhos. Enquanto o caçula ficava
cuidando do rebanho do pai, os outros sete estavam no
exército. A mando de seu pai, Davi foi até o acampamento
buscar informações sobre seus irmãos e levar comida caseira para eles
– algo certamente melhor do que serviam aos demais soldados na
frente de batalha. Um carinho de pai, com a ajuda do filho mais novo.
Você, leitor, se é mãe ou pai, talvez tenha esse tipo de cuidado com
seus filhos. É um gesto típico do amor materno e paterno, que vale a
pena cultivar e transmitir para as gerações seguintes. Se estivesse na
condição de Jessé, você talvez fizesse o mesmo. É muito bom que seus
filhos saibam que você se preocupa com o bem-estar deles. E, como
filho, você também deve desenvolver esse carinho e cuidado por seus
pais.
A missão dos pais é ser um reflexo do amor de Deus por seus filhos.
O amor vivenciado no ambiente familiar é importante para que a
criança tenha autoestima, senso de solidariedade e confiança no
próximo. Esse amor deve incluir a tolerância e o respeito às diferenças
individuais, assim como a formação de valores éticos firmes e de um
bom alicerce moral. A educação que se recebe em casa é uma
preparação para a vida, para o convívio no trabalho e na sociedade e
para o enfrentamento dos gigantes que todos encontram pela frente.

Honre seu pai e sua mãe. Assim você terá vida longa e plena na
terra que o Senhor, seu Deus, lhe dá.

Êxodo 20:12

Honrar pai e mãe não significa apenas respeitá-los e demonstrar


gratidão a eles, mas também assisti-los na velhice, atendê-los em suas
necessidades, cuidar deles como eles cuidaram de você na infância.
Esse mandamento encerra uma promessa, reparou? Quem honrar seus
pais terá vida longa na Terra, recebendo, por sua vez, na própria
velhice, as atenções de seus filhos.
O amor filial é uma decorrência natural do amor que a criança
recebe dos pais desde o berço. Mas nem sempre esse amor floresce.
Não só nos dias de hoje, mas em todos os tempos, como se vê no caso
dos irmãos de Davi, há jovens ingratos que demonstram desprezo
pelos pais idosos. E há jovens rebeldes que, a certa altura da vida,
repudiam os valores que seus pais tentaram lhes transmitir.
É recomendável que toda virtude seja ensinada à criança o mais
cedo possível, pois isso a livrará de muitas complicações na vida
adulta: “Ensine seus filhos no caminho certo e, mesmo quando
envelhecerem, não se desviarão dele” (Provérbios 22:6).

A lógica cristã para se ajudar o próximo não depende


do merecimento da outra parte, mas sim daquilo que
Deus espera que você faça.

Os pais também devem ter cuidado com o que ensinam aos seus
filhos, seja por meio de lições diretas, seja através do exemplo, que é
um professor poderoso. Como já vimos aqui, o erro de Saul ao abrir
mão de sua armadura foi repetido por seu filho, Jônatas (1 Samuel
18:1,4). Os pais são chamados a não provocar seus filhos à ira, mas a
criá-los na disciplina e na instrução de Deus (Efésios 6:4).
Alguns pais cobram respeito dos jovens sem perceber que têm sido
desrespeitosos na relação com eles. A rebeldia, a ingratidão e o
comportamento desajustado de muitos jovens podem ocorrer por
causa de erros dos pais e dos educadores. Muitos dão péssimos
exemplos, são autoritários e injustos; alguns chegam a jogar sobre os
filhos a sua raiva do mundo, suas frustrações e derrotas; outros são
violentos, impacientes, inflexíveis. Há ainda os condescendentes
demais, que não impõem limites durante o desenvolvimento das
crianças. Fazer isso é como deixar os filhos chegarem perto de um
abismo sem afastá-los de lá e sem avisá-los do perigo. Se você disser
que seu pai ou sua mãe não merecem sua atenção e seus cuidados,
podemos lembrar que a lógica cristã para se ajudar o próximo não
depende do merecimento da outra parte, mas sim daquilo que Deus
espera que você faça. Também não merecíamos que Jesus viesse ao
mundo; então, segundo essa lógica, ele não precisaria ter vindo.
Porém o Salvador, em vez da glória que lhe estava guardada, abriu
mão de tudo e veio viver entre nós. Cristo ajudou a todos nós, sem
restrições, sem julgamentos. Ele transformou-se em filho do homem
para que nós pudéssemos nos transformar em filhos de Deus. “Todo
menino quer ser homem. Todo homem quer ser rei. Todo rei quer ser
Deus. Só Deus quis ser menino” (Leonardo Boff ).
Quando estamos diante da visão cristã da família, devemos lembrar
que: “Se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da
sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1 Timóteo 5:8
ACRF).

Atire a pedra!

Cuide dos seus pais.


Cuide dos seus filhos. Não delegue a educação e a
companhia dos seus filhos: separe tempo para conviver e
ensinar. As pessoas se arrependem de não ter estado com
seus filhos, ninguém se arrepende de ter estado com eles.
Cuidar dos pais, mais que um mandamento moral, é uma
obrigação que deve ser exercida com prazer e gratidão.
Carinho e respeito são sentimentos que alimentam a alma e
aproximam pais e filhos.
A melhor herança que podemos deixar aos nossos
descendentes é um legado de valores éticos, bom alicerce
moral e uma história de convivência.
37

Honra e
reputação
Quando Saul viu Davi sair para lutar contra os filisteus, perguntou
a Abner, o comandante de seu exército: “Abner, quem é o pai desse
rapaz?” “Não faço ideia, ó rei!”, disse Abner. “Então descubra quem é
o pai dele!”, ordenou.
Assim que Davi voltou, depois de matar Golias, Abner o levou a Saul.
Ele ainda carregava a cabeça do filisteu em suas mãos. Saul
perguntou: “Quem é seu pai, meu rapaz?” E Davi respondeu: “Sou
filho de Jessé, que vive em Belém.”

1 Samuel 17:55-58

Na luta entre Davi e Golias, como já vimos, cada um representava o


seu exército e todo o seu povo. Se Davi perdesse, os hebreus seriam
escravizados pelos filisteus. Como venceu, a vitória foi de todos os
seus. O comandante do exército procurou saber quem era o pai de
Davi, para honrá-lo. “De quem você é filho?”, foi a primeira pergunta
que o rei Saul fez ao jovem.
Quando você vence, toda a sua família é honrada. Você nunca
representa apenas a si mesmo, mas a todo o grupo ao qual pertence.
Essa transmissão do benefício entre as gerações é exaltada pelo rei
Salomão: “A boa reputação vale mais que grandes riquezas; ser
estimado é melhor que prata e ouro” (Provérbios 22:1).
Quando tomamos uma decisão no trabalho, estamos representando
nossa empresa. Isso acontece em todos os níveis, do mais alto cargo à
mais modesta função. Nossas ações carregam o nome da companhia e
aquilo que fazemos pode ajudar a construí-la ou a destruí-la. O
diretor que pratica corrupção em contratos superfaturados, o técnico
que descuida do controle de qualidade de um produto, a recepcionista
que atende mal a um cliente – todos esses atos podem gerar prejuízos
e afetam a honra e a imagem da organização.
Da mesma forma, o torcedor de um time de futebol que se envolve
em brigas no estádio ou grita xingamentos racistas contra atletas da
equipe adversária está prejudicando seu time de coração. O seguidor
de determinada crença que comete um ato violento ou desonesto está
comprometendo não apenas a si mesmo como também o sistema
religioso que diz integrar – isso sem falar na divindade que cultua.
A honra não se constrói apenas de grandes vitórias. Davi não ficou
esperando que surgisse um gigante para que pudesse derrotar e, só
assim, honrar o nome de seu pai e sua família. Ele fazia isso nas
tarefas mais simples do dia a dia, ao cuidar do rebanho de Jessé, levar
refeições para os irmãos na guerra e trazer notícias deles.
Demonstrar amor pelos seus é uma forma de honrá-los. Você faz
isso?
Dizer “Eu te amo” – uma frase tão simples, que verbaliza o sincero
sentimento amoroso de um casal – valoriza e dá vida longa ao
relacionamento. Algumas pessoas ironizam atitudes do cônjuge e
chegam a fazer críticas grosseiras sobre o parceiro até mesmo diante
de outros. Você valoriza o seu amor conjugal no dia a dia? Você honra
o seu relacionamento?
Você é generoso nas palavras que diz aos seus filhos, elogiando e
incentivando suas qualidades em vez de apenas criticar seus defeitos?
Essa é uma forma de ajudá-los a formar sua personalidade a partir do
que eles têm de melhor. E você também pode lhes dar um exemplo
valioso, buscando aperfeiçoar-se constantemente em todos os campos,
sem jamais se acomodar.

Transmitir palavras de estímulo aos companheiros e


colaboradores é uma forma de honrar todo o grupo e
semear prosperidade.

Você dedica tempo e atenção suficientes ao convívio em família?


Ou sobra pouco tempo para isso porque está sempre muito ocupado
com outros compromissos? “Dediquem-se uns aos outros com amor
fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês”, ensinou
o apóstolo Paulo (Romanos 12:10 NVI). Você honra a família,
evitando intrigas e implicância entre parentes em geral? Você decidiu
não dar importância à família de seu cônjuge ou procura construir
com eles um ambiente de harmonia? No trabalho, no lar, na igreja, no
clube, em qualquer atividade, transmitir palavras de estímulo aos
companheiros e colaboradores é uma forma de honrar todo o grupo e
semear prosperidade. Ser cuidadosos com o que dizemos às pessoas,
incentivar os pontos fortes de cada um, respeitar as diferenças
individuais e sempre ajudar no que estiver ao nosso alcance são
atitudes que todos podemos praticar para honrar a nossa grande
família que é a humanidade.

Atire a pedra!

O que você faz repercute na sua família.


Honre as pessoas que estão ao seu redor, assim como sua
família.
Pessoas que não compartilham seu sangue também podem
se tornar parte de sua família.
Evite ao máximo fazer coisas que manchem seu
nome/reputação.
Conclusão
o longo dos capítulos, apresentamos ferramentas e atitudes

A
que você pode desenvolver para enfrentar situações difíceis e
obstáculos, inspiradas na história de Davi e Golias.
A capacidade de derrotar gigantes, como Davi comprovou,
não depende de estatura, força física, riqueza material, idade,
sexo, estado civil, escolaridade, profissão ou crença religiosa; depende,
sobretudo, da disposição para enfrentar desafios. Derrotar seus
gigantes depende mais de você, da sua atitude e da sua perseverança.
No entanto, queremos concluir nossa conversa dizendo que você não
precisa estar sozinho nessa jornada.
Desde que se apresentou como voluntário até o fim da batalha,
Davi afirmou que contava com uma ajuda especial. Embora tivesse
habilidade (por conta de muito treinamento) para acertar uma pedra
no alvo, ele atribuiu sua vitória à intervenção divina, repetindo isso
para Saul e para Golias (1 Samuel 17:45). Esse aliado não só deu a ele
confiança para combater, como também esteve ao seu lado durante a
luta. E essa ajuda poderosa não é exclusiva de Davi. Ela está
disponível para todos nós, basta querermos.
Muitas pessoas, ao buscar o auxílio de Deus, adquirem coragem
para enfrentar grandes desafios e conquistam a vitória. Então, a
exemplo de Davi, afirmam com humildade: “Não fiz isso sozinho,
Deus me ajudou.” Nós, os autores, podemos dizer o mesmo: nossas
realizações até aqui contaram com a ajuda divina.
A teologia reformada chama de concorrência o tipo de intervenção
divina em que Deus entra com uma parte e você, com outra. É como
se Deus estivesse remando de um lado do barco e, você, do outro.
Parece bom, não é? Mas por que Deus não rema sozinho? Bem, por
alguma razão o Criador gosta de fazer isso com a gente. Imagine, por
exemplo, uma mãe preparando um bolo com sua filha de 10 anos. A
mãe, doceira experiente, se trabalhasse sozinha faria tudo muito mais
rapidamente. Porém ela coloca a filha ao seu lado e lhe delega tarefas,
ainda que a criança deixe cair alguns ingredientes e se demore mais no
preparo. Mas a mãe fica alegre por fazer aquele trabalho junto com
sua filhinha, que, assim, aprende também.
Às vezes, Deus intervém de outra forma, que os teólogos chamam
de providência: ele faz tudo o que precisa ser feito, trabalhando
sozinho. Entretanto, em quase todas as situações, ele gosta de fazer
junto conosco. É como se nos dissesse: “Esforce-se, dê seu jeito, você
precisa conseguir resultados sem ficar acomodado contando com seu
Pai do céu, porque é necessário crescer, meu filho. O mundo precisa
de vencedores de gigantes e você pode ser um deles!”
Uma pessoa pode até estar preparada para vencer, mas não deve ser
vaidosa nem arrogante. Todos podem contar com a ajuda de Deus.
Quando estamos seguros nele, fica até mais fácil atrairmos muitos
outros para lutar ao nosso lado e conquistar objetivos comuns. Assim
aconteceu com Davi, que acabou cercado por uma geração de homens
valentes (2 Samuel 23:8-39). Porém, não se esqueça: é apenas uma
ajuda. Deus não quer que fiquemos de braços cruzados, deixando tudo
nas mãos dele. Para agir, Deus conta com o seu braço. Encarar os
desafios desse modo é estabelecer uma verdadeira parceria com Deus.
O texto de Deuteronômio 8:17-18 afirma que não devemos dizer
que nosso braço conquistou a vitória, mas que Deus deu força ao
nosso braço, confirmando essa ideia de trabalho em coautoria. Davi
também falou sobre isso ao se referir a Deus: “Livrou-me de inimigos
poderosos, dos que me odiavam e eram fortes demais para mim. (…)
Ele treina as minhas mãos para a batalha e fortalece meus braços para
vergar o arco de bronze” (Salmos 18:17,34). Ou seja, o esforço fica
por nossa conta, mas, se quisermos, teremos sempre um aliado
lutando ao nosso lado.
Jesus se apresentou como filho primogênito de Deus e nos tratou
como irmãos, desejando criar conosco um relacionamento e
intimidade. Ao contrário de Eliabe, que foi um irmão ruim, temos em
Jesus o exemplo do mais perfeito irmão mais velho. Ele costumava
indagar às pessoas o que elas queriam, o que pensavam e se
precisavam de sua ajuda.
Saiba que esse interesse ainda existe e que esse irmão mais velho
quer estar ao seu lado. Jesus deseja participar inteiramente da nossa
vida – não só nos momentos em que estamos orando, em casa ou na
igreja, mas também nos ambientes familiares e sociais, em nossos
estudos, em nossa carreira e em todos os nossos negócios. Ele quer ir
com você todos os dias para o trabalho, para a escola, para o encontro
com os amigos. Ele quer fazer sociedade com você. Nada impede que
você entre de cabeça ou opte por começar essa relação aos poucos.
Creia que os planos de Deus são ótimos. São “planos de bem, e não
de mal, para lhes dar o futuro pelo qual anseiam”, conforme diz o
texto de Jeremias 29:11.
Não se preocupe caso você ache que tem pouca fé nesse parceiro de
caminhada. A fé é um fenômeno que convive com a dúvida, porque é
um relacionamento, e todo relacionamento é uma construção.
Caminhe com a pouca fé que tem hoje, e fique atento aos resultados.
Ao longo da caminhada, sua confiança vai crescer. E sua visão e sua fé
serão ampliadas.
Um dos primeiros efeitos dessa parceria será uma sensação de paz –
mas não será o único. Outro efeito importante é a adoção dos padrões
éticos recomendados por Jesus, algo de que o mundo precisa e muito.
Cada dia se exige mais que as organizações e os profissionais tenham
um comportamento ético em suas atividades. Isso repercute muitas
das lições transmitidas por ele, que nos alertou contra injustiças,
corrupção, fraudes, mentiras e iniquidades. Jogar sujo é um péssimo
negócio, basta ver como estão os países com alto grau de corrupção.
Governos e empresas que desrespeitam esses valores têm sua
sobrevivência ameaçada, ao passo que os empreendimentos éticos
ganham credibilidade por suas iniciativas corretas em todos os
aspectos – sociais, financeiros, políticos, ambientais etc.
Uma das promessas para quem adota esses novos propósitos e
comportamentos é, além da admiração coletiva, a bênção divina. Você
estará associado a algo maior do que você mesmo, e isso o ajudará na
caminhada. Buscar a excelência em seu trabalho também é uma forma
de honrar a Deus, assim como o sucesso que você terá em decorrência
disso. Veja o que diz o profeta Isaías a esse respeito:

“(…) Removam o jugo pesado de opressão, parem de fazer


acusações e espalhar boatos maldosos. Deem alimento aos famintos
e ajudem os aflitos. Então sua luz brilhará na escuridão, e a
escuridão ao redor se tornará clara como o meio-dia. O Senhor os
guiará continuamente, lhes dará água quando tiverem sede e
restaurará suas forças. Vocês serão como um jardim bem regado,
como a fonte que não para de jorrar.”

Isaías 58:9-11

Assim como Deus está pronto para nos ajudar em nossas batalhas,
ele deseja que participemos das dele: construir um mundo mais justo,
pessoa por pessoa; crescermos e ajudarmos os outros a crescer; tratar o
outro como gostaríamos de ser tratados; combater a pobreza, a
exploração do homem pelo homem, a desonestidade e a injustiça. Ele
conta com nossa ajuda nisso.
Ainda poderíamos refletir sobre muitas questões envolvendo o
combate entre Davi e Golias, mas cremos que abordamos os pontos
essenciais. Se assimilarmos essas lições estaremos preparados para
enfrentar e vencer os gigantes que surgirem.
A partir desse ponto, a descoberta de novas e importantes lições
está em suas mãos. Terminando a leitura deste livro, esperamos que
pense: “Quanta coisa interessante! Quanta riqueza em uma história
tão simples!” Você também pode continuar a pesquisar esse e outros
episódios da vida de Davi. O mais importante, porém, é colocar em
prática esses ensinamentos.
Além disso, procure manter sua humildade, equilíbrio e o respeito
aos valores éticos, em especial à medida que for colecionando
sucessos. Davi se esqueceu disso em certo momento da vida. Como já
falamos rapidamente, no auge de suas conquistas Davi parou de ir
pessoalmente às batalhas e ficou acomodado no conforto do seu
palácio, começou a achar que podia fazer tudo o que bem quisesse…
ou seja, se perdeu. Acabou sendo derrotado por gigantes internos. Ele
cobiçou Bateseba, mulher de Urias, um de seus melhores guerreiros.
Envolveu-se com ela e, para esconder seus atos, provocou a morte de
Urias, mandando-o de propósito para o ponto mais perigoso da linha
de batalha. Errou de forma grave e pagou um preço alto por isso. Há
um salmo em que ele descreve seu arrependimento:

Tem misericórdia de mim, ó Deus, por causa do teu amor. Por causa
da tua grande compaixão, apaga as manchas de minha rebeldia.
Lava-me de toda a minha culpa, purifica-me do meu pecado. Pois
reconheço minha rebeldia; meu pecado me persegue todo o tempo.

Salmos 51:1-3

Esses episódios confirmam que todos erram, mas que existe a


possibilidade de arrependimento. O foco de Deus sobre o homem é o
acerto, e não o erro. Sua misericórdia acolhe quem se arrepende e
retoma o rumo certo. Davi não perdeu a fé; ao contrário, pediu
perdão, mudou suas atitudes e foi perdoado.
Mil anos depois, o apóstolo Paulo relembra, em um sermão, a
história de Davi e afirma que ele foi um homem segundo o coração de
Deus (Atos 13:22). Ora, Davi não era perfeito, mas ao cair decidiu se
levantar. Também não somos perfeitos e precisamos voltar para o bom
caminho sempre que falharmos. Isso fará de nós homens e mulheres
segundo o coração de Deus. Como era Davi.
Imagine a cena bastante comum de um pai zeloso com seu filho
pequeno na beira do mar. O filho aprende aos poucos a se equilibrar
em meio às ondas. Às vezes, como é natural, a criança perde o
equilíbrio por alguns instantes, mas o pai não deixa que ela se afogue.
Ora, se esse pai é cuidadoso, por que permite que o filho se
desequilibre? Porque o menino precisa aprender a se equilibrar.
Precisa aprender a lidar com as pequenas ondas que chegam à praia, e
depois terá que continuar praticando à medida que cresce para saber
enfrentar as ondas muito mais fortes e desafiadoras que encontrará ao
longo da vida. Algum tempo depois, o menino é que estará ali, já
adulto, ensinando seu filho a enfrentar as próprias ondas.
Deus nunca deixa você completamente sozinho, mas se você quiser
essa proximidade pode ser maior.
Falamos que seguir a Jesus traz resultados pessoais e sociais, e que
você pode desenvolver essa relação com ele aos poucos. Cremos que o
ápice desse envolvimento ocorre quando há uma entrega total. Jesus
disse que veio com o propósito de ser nosso Senhor e Salvador e para
nos oferecer “vida, e vida em abundância” ( João 10:10). Esperamos
que você experimente isso, pois é algo que vai muito além de vencer
gigantes.
Quando você investe em seu crescimento e pede ajuda a Deus, você
vence e alcança uma vida plena. Não existem gigantes invencíveis – e,
se você quiser, conseguirá vencer os seus e viver em abundância.
Bibliografia
A BÍBLIA SAGRADA. Versões: ACRF: Almeida Corrigida e
Revisada Fiel; ARIB: Almeida Revisada Imprensa Bíblica;
NVI: Nova Versão Internacional; NVT: Nova Versão
Transformadora. Disponível em:
<https://www.bibliaonline.com.br>.
BRUM, Eliane. “Me chamem de velha. A velhice sofreu uma
cirurgia plástica na linguagem”. Revista Época. Disponível em:
<http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-
brum/noticia/2012/02/me-chamem-de-velha.html>. Acesso
em 19 de maio de 2016.
DOUGLAS, William. Como passar em provas e concursos. Rio de
Janeiro: Impetus, 2014. 28 ed.
______; LAGO, Davi. Formigas – Lições da sociedade mais bem-
sucedida da Terra. São Paulo: Mundo Cristão, 2016.
______; TEIXEIRA, Rubens. As 25 leis bíblicas do sucesso: como
usar a sabedoria da Bíblia para transformar sua carreira e seus
negócios. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
EKER, Harv T. Os segredos da mente milionária. Rio de Janeiro:
Sextante, 2006.
GLADWELL, Malcolm. Davi e Golias: A arte de enfrentar
gigantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.
HETLAND, Leif. Giant Slayers – Ground Rules for Overcoming
Life’s Biggest Obstacles. Shippensburg: Destiny Image
Publishing, Inc., 2017.
HILL, Napoleon. A lei do triunfo. Rio de Janeiro: José Olympio,
1994.
ISAACSON, Walter. Steve Jobs: As verdadeiras lições de liderança.
São Paulo: Penguin-Companhia das Letras, 2014.
MENCKEN. Henry Louis. O livro dos insultos. São Paulo:
Companhia das Letras, 1988.
SUN, Tzu. A arte da guerra. Porto Alegre: L&PM, 2006.
TEIXEIRA, Rubens. Como vencer quando você não é o favorito.
Rio de Janeiro: Sextante, 2015.
TOWERY, Twyman. A sabedoria dos lobos. São Paulo: Negócio
Editora, 1998.
VIGUIER, Fabrini. Ser homem: Um guia prático para a
masculinidade cristã. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil,
2015.
Agradecimentos
Agradeço especialmente ao amigo Flavio Valvassoura por mais esta
parceria. Agradeço às equipes da 4a Vara Federal de Niterói e do
Grupo Impetus por serem esses gigantes do bem que tanto
cooperam para o sucesso de todos nós. Agradeço a Ana Daysi
Araujo e a Letícia Barroso por me ajudarem na construção de livros
e palestras, e a Cristina Emília Pereira Pontes pelas ótimas
sugestões. Por fim, last but not least, a Virginie Leite e a Alice Dias
por melhorarem o livro que eu e Flavio tanto gostamos de escrever e
editar pela Editora Sextante, à qual também agradecemos.

William Douglas
www.williamdouglas.com.br

Meu agradecimento especial ao amigo William Douglas; sua


amizade é um presente de Deus. Aos meus pais, Aguiar e Lucia
Valvassoura, por me ensinarem desde pequeno que os gigantes
existem para serem vencidos. Agradeço à Igreja do Nazareno
Comunidade da Esperança e parceiros de jornada. Juntos somos
imparáveis!

Flavio Valvassoura
www.flaviovalvassoura.com.br
Conheça outros títulos dos
autores
WILLIAM DOUGLAS

As 25 leis bíblicas do sucesso (coautoria de Rubens Teixeira)


A Bíblia é o melhor manual sobre o sucesso já escrito até hoje. Ao
contrário do que se imagina, ela não trata apenas de religião, mas
também de valores fundamentais para se construir uma base sólida
para a vida profissional.
E foi nessa fonte de sabedoria milenar que William Douglas e
Rubens Teixeira garimparam as orientações para consolidar as 25 leis
que compõem este livro.
São lições sobre a importância do esforço e da dedicação ao
trabalho, da incansável busca de conhecimento e evolução pessoal, do
respeito aos outros e, acima de tudo, de um forte senso de
honestidade.
Para comprovar a eficácia dessas leis, os autores mostram que os
princípios de sucesso de grandes empresários e pensadores da
administração, como Warren Buffett, Napoleon Hill e Jim Collins,
são calcados em passagens das Escrituras.
Também dão exemplos de pessoas que venceram na vida seguindo
os preceitos bíblicos, às vezes sem motivação religiosa ou até mesmo
sem saber a origem dos ensinamentos pelos quais se pautavam.
Não importa sua orientação espiritual nem se você é dono de
empresa, gerente ou trabalhador, este livro pode transformar sua vida.

Sociedade com Deus (coautoria de Rubens Teixeira)


Como você reagiria diante da possibilidade de se tornar sócio de
Deus e poder contar com a ajuda dele para alavancar sua vida
profissional e financeira?
A ideia pode parecer ousada, mas a Bíblia nos mostra que Deus
quer participar de nossa vida como um todo, e não apenas da parte
espiritual. Jesus abordava com frequência temas como trabalho,
carreira e negócios e aproveitava as situações cotidianas para semear
valores e promover mudanças.
Em Sociedade com Deus, os autores do consagrado As 25 leis bíblicas
do sucesso voltam a se aprofundar na sabedoria milenar da Bíblia e
apresentam as leis para quem deseja atingir um padrão ainda mais alto
de sucesso e excelência com a condição de ter fé em Deus e buscar
firmar uma parceria com ele.
Nessa sociedade, como em qualquer outra, cada lado tem direitos e
deveres, ônus e bônus. Deus vai entrar com o “capital” e o “trabalho”
dele e espera que você faça a sua parte para que o projeto decole e
renda frutos a ambos.
Os princípios aqui reunidos formam um plano de ação para que
você alcance uma nova dimensão de ética e serviço ao próximo,
tornando-se uma pessoa íntegra, buscando superar-se em tudo o que
faz e cuidando das pessoas à sua volta.

FLAVIO VALVASSOURA
Não mais escravo do medo
Afinal, o que é o medo? Qual a sua natureza? Como ele se instala e
afeta a nossa psiquê? Existe um remédio para o medo? Como livrar-se
dele então?
Uma pessoa dominada pelo medo torna-se incapaz de tomar
decisões com consciência e segurança; decisões estas que poderão
melhorar o seu presente, e principalmente pavimentar as rotas do seu
futuro. Por quê? Porque o medo aprisiona a alma, cria fantasmas que
são tidos como reais, amplia as percepções negativas e obscurece o
horizonte à frente.
O medo é avassalador. Ninguém, por si mesmo, poderá enfrentá-lo
e derrotá-lo com êxito. Ele é um Golias que se levanta dentro de nós e
insiste em nos ameaçar. Todavia, não é invencível. Contudo,
precisaremos não só de coragem para fazer face a ele, inclusive
sabendo que sua superação não se dará exclusivamente nos limites de
um consultório de aconselhamento. Precisaremos usar armas e
escudos espirituais, as quais Deus já nos providenciou em Cristo. Se a
morte foi vencida, por que o medo não? É nesse contexto de
esperança bíblica e graça sobrenatural, que chega às nossas mãos essa
primorosa obra do pastor Flavio Valvassoura: Não mais escravo do
medo.

O que fazer diante das crises


Crises são inevitáveis. Isto não é pessimismo, mas apenas uma
constatação da realidade da vida e nossa fragilidade perante um
mundo que exige muitas escolhas e decisões.
De repente, somos atingidos por aquela avalanche de situações de
perda, sofrimento, angústia, desespero, e tudo mais que acompanha as
crises, e nos sentimos num beco sem saída.
Não temos tempo para tudo que é exigido de nós, vamos adiando
providências urgentes, coisas relevantes são esquecidas,
negligenciamos cuidados importantes, e pouco a pouco somos
sufocados pelo descontrole da situação.
Nesta obra, Flavio Valvassoura nos ajuda a enfrentar as crises e
sobreviver a elas com ânimo, fé e coragem.
O que fazer diante das crises, quando tudo parece estar perdido?
WILLIAM DOUGLAS
é desembargador federal no TRF2 e professor universitário.
Formou-se em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF)
e concluiu o mestrado pela Universidade Gama Filho.
Palestrante requisitado, já falou para mais de 3 milhões de pessoas
no Brasil e no exterior. Tem vários prêmios por produtividade como
magistrado e foi quem teve a iniciativa de propor a criação dos
Juizados Especiais Federais. Autor de mais de 70 livros, nas áreas de
direito, concursos públicos, educação e desenvolvimento pessoal.
Entre eles estão os best-sellers As 25 leis bíblicas do sucesso, Como
passar em provas e concursos e Formigas. Casado com Nayara e pai
de Luísa, Lucas e Samuel.
FLAVIO VALVASSOURA
é pastor sênior da Igreja do Nazareno Central de Campinas,
natural de Nova Iguaçu (RJ). Escritor e conferencista, é autor de
vários livros, entre eles os best-sellers Não mais escravo do medo,
Superando limites, O Deus da esperança e coautor do best-seller
Como vencer gigantes. É formado pelo Seminário Nazareno e pelo
Beeson Institute do Asbury Theological Seminary (EUA), com
especialização em pregação bíblica e liderança eclesiástica. É casado
com Ana Paula e tem duas filhas, Laura e Giovanna.
Livros para mudar o mundo. O seu mundo.

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