Você está na página 1de 144

O ÚLTIMO REDUTO

A HISTÓRIA ORGANZACIONAL DA FORÇA NACIONAL-SOCIALISTA


WERWOLF (1944-45)

Perry Biddiscombe, B.A., M.A.


(News Brunswick) Página 1 de 144
1990
O autor da tradução não reconhece o Acordo Ortográfico.
Este trabalho pode ser usado para fins de reflexão, ensino, pesquisa e
de estudos de Defesa Nacional e serve os propósitos para o estudo da
guerra irregular e adstrito ao grupo ODETE.

Declaração de conflito de interesses


O autor declara não haver conflito de interesses quanto à autoria e/ou
publicação deste trabalho.
O autor não recebeu apoio financeiro para a tradução.

Os detentores deste trabalho são avisados que contém


direito autoral (vd. infra) e assim deve
permanecer em respeito pelo autor.

Proibida a transmissão/revelação do conteúdo a


pessoas não autorizadas, por qualquer meio/forma.

Traduzido por
SAJ/INF Paraq Fernando Igreja [D’Eça Leal]
Oeiras-Estoril
(2021)

UMI U615731
Publicado pela ProQuest LLC 2014.
Copyright na Dissertação detida pelo Autor.
Edição Microform © ProQuest LLC.

Todos os direitos reservados. Esta obra está protegida contra cópia


não autorizada sob o Título 17, Código dos EUA.

ProQuest LLC
789 East Eisenhower Parkway
P.O. Caixa 1346 Ann Arbor, Ml 48106-1346

Página 1 de 144
ÍNDICE
RESUMO
AGRADECIMENTOS
TERMOS ESTRANGEIROS, ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS
TABELA DE POSTOS DE OFICIAIS

CAPÍTULOS
I. Introdução: A força da Werwolf como tópico de pesquisa
II. A Pré-história da Werwolf: Breve revisão da guerrilha e do terrorismo na Alemanha
III. Unternehmen Werwolf: Organização de manobras de diversões SS/HJ
IV. O RSHA e a Werwolf
V. A "Guerra Popular": O partido e o lobo de guerra
VI. Conclusão: Consequências e significado Werwolf

GRÁFICOS
(1) Unternehmen Zeppelin, início de 1944
(2) Dienstelle Prützmann
(3) HSSPF no Grande Reich, Outono de 1944
(4) A Estrutura de Comando da Polícia-SS
(5) Exemplo de organização Regional da Werwolf – Estado-maior Werwolf da HSSPF
Gutenberga (Wehrkreis VI)
(6) As SS-Jagdverbände
(7) Kampfgeschwader 200
(8) Exemplo de organização Regional da Jagdverbände – Jagdverbände Südest
(9) Exemplo Alemão do Grupo de Resistência Organizada – A "Divisão Central da Aktion
na Roménia"
(10) O Volkssturm

BIBLIOGRAFIA

Página 1 de 144
Resumo
Perto do final da IIªGM, o movimento de resistência nacional-socialista ganhou vida breve na
Alemanha e raias. Dedicado a retardar o avanço dos aliados e soviéticos triunfantes, esse
movimento guerrilheiro, a Werwolf (Lobo-de-combate)1, conseguiu actos dispersos de
sabotagem e violência, e também começou a assumir o carácter reactiva nazi vingativa contra a
própria população alemã; colaboradores e "derrotistas" foram assassinados, e cartazes grosseiros
advertiam a população de que a pena certa por não resistir ao inimigo era a morte. A
participação em medidas de "terra queimada" deu ao movimento o carácter quase ludita2.

Na análise final, no entanto, o Lobo-de-combate falhou por causa de duas fraquezas básicas que
erodiu o movimento. Primeiro, faltou apelo popular, o que condenou guerrilheiros e fanáticos
resistentes a uma vida marginal difícil da própria sociedade; tal existência simplesmente não era
viável num país fortemente ocupado por forças militares inimigas. Em segundo, o Lobo-de-
combate estava mal organizado e apresentava todos os sinais de confusão interna identificados
pela chamada escola funcionalista da historiografia alemã. De facto, a confusão e a barbárie
pioraram à medida que os laços do sucesso militar que uniam o Reich começaram a afrouxar e a
revelar-se; o Lobo-de-combate talvez possa servir como constructo final no modelo
funcionalista do IIIº Reich.

Apesar de ter falhado, o Lobo-de-combate teve algum significado permanente. Embora seja
exemplo clássico de guerra de guerrilha que correu mal, o simples facto de estar activa também
causou reacção entre os inimigos da Alemanha. Os Aliados ocidentais alteraram as próprias
políticas militares e políticas para permitir a extinção da ameaça dos Lobos-de-guerra, e é
provável que considerações de segurança imediatas tenham influenciado também a direcção das
políticas soviéticas na Alemanha.

1
Nota: A questão do significado que envolve Werwolf ou Wehrwolf se traduz como lobisomem/lobisomens. Ao avançarmos com o
Lobo-de-combate serve para separar o fenómeno licantropo mas na transfiguração do espírito animal, o animal de poder intrínseco no
humano que muitas correntes xamânicas ou similares e até tribos preconizam no tal espírito de grupo/grupal. Neste papel, de afinidade e
união com a família (Pátria, Nação…) encaixa no perfil de guerrilheiro, o habitante das montanhas, pelo perfil consagrado como
guardiães que vigiem o território sagrado pátrio por ser selvagem instintivo é animal nobre com mente ágil e decide com a racionalidade,
com todos os sentidos aguçados, com entrega e amor ao País incondicional. Nesta perspectiva o Lobo possui o simbolismo de luz e
sombras, dualismo que acompanha não só o humano guerreiro, o combatente, o defensor baseando-se na protecção, união, lealdade,
honra, intuição e coragem mas toda a natureza. Como tradicionalmente o Lobo está associado à Lua Cheia daí surgir o licantropo
2
Partidário do movimento ludismo surgido no início do séc. XIX em Inglaterra que se opunha à mecanização do trabalho e considerava
a industrialização – embora segundo historiadores é um erro dizer, que foi causadora do desemprego e da miséria social. O termo deriva
de Ned Ludd, personagem fictícia criada a fim de difundir o movimento entre os trabalhadores.

Página 1 de 144
RECONHECIMENTO
Em primeiro lugar, quero expressar o meu mais profundo agradecimento ao meu orientador,
Prof. D.C. Watt. Em muitas ocasiões, quando o caminho parecia perdido, o Prof. Watt que me
manteve no curso e forneceu o sentido de direcção para o meu trabalho. Também encontrei
inspiração na sua excelente bolsa de estudos e espero que este trabalho atenda plenamente aos
altos padrões que sempre me estabeleceu para si e discentes.

Também gostaria de agradecer aos muitos bibliotecários e arquivistas que me ajudaram,


particularmente Dr. Wolfe, Sr. Taylor, Sr. Reese e Sra. Marks, todos do Arquivo Nacional, M.
Hepp dos Arquivos Militares Franceses, Dr. Warner no Bundesarchiv e Dr. Ringsdorf no
Bundesmilitärarchiv. O Prof. Nish, da London School of Economics, gentilmente indicou-me a
Colecção Bramstedt na Biblioteca Robbins, enquanto o Prof. Erickson, da Universidade de
Edimburgo, ajudou-me com fontes na Frente Oriental. Lord Noel Annan, Sir Robbin Brook, Sir
Edgar Williams, Mr. Yevhen Shtendura e Mr. Lev Kopelev, todos forneceram-me as suas
memórias, seja em entrevistas ou por carta, pelas quais também estou grato.

Os agradecimentos também vão para, ao Instituto Histórico Alemão, de Londres, e ao Fundo


Central de Pesquisa da Universidade de Londres, que abonou a generosa verba para as minhas
viagens de pesquisa à Alemanha e à França.

Estou grato igualmente pelo trabalho feito pela Sra. Margaret Pirie, da Fredericton, N.B., que
diligentemente digitou resmas de material e processou a versão final.

Finalmente, quero expressar gratidão e amor à minha família, especialmente à minha mãe, avó e
filho Sandy. Acima de tudo, quero agradecer à minha esposa, Sharon, que me ajudou na
preparação de minha bibliografia e apoiou-me pacientemente na tarefa longa e às vezes difícil.

Página 1 de 144
Termos, Acrónimos e Abreviações Estrangeiros e outros
"Älter Kampfer" "Antigos Combatentes" veteranos da luta NS pelo poder
"die rachende Schar" "grupo vingador"
"Kurt Eggers" Standarte Unidade de propaganda SS
"Skorpion" Operação de propaganda SS na Frente Oriental
2ème (deuxième Bureau) Inteligência francesa
Abschnitt Secção
Abschnittsleiter Líder de Secção
Abwehr (lit. Defesa) Inteligência Militar Alemã
Aktion Bundschuh Grupo de Resistência Polícia Secreta
Alpenvorland Sopé Alpino
Amt Departamento
Amt III Segurança Interna [Sicherdienst]. Terceiro Departamento do RSHA
Amt IV Gestapo. Quarto Departamento do RSHA
Amt VI Segurança Externa. Sexto Departamento do RSHA
Amtschef Chefe de Departamento
Anlaufstelle Pontos de Contactos Secretos
antifa Comité Antifascista
Armija Krajowa (AK) Exército da Pátria polaco
Ausmustierugnaschein Documentos Militares de Desmobilização
Bataillon Batalhão
Baurnkrieg Guerra dos Campesinos
Beauftragter für den Westwallbau Representantes para a construção Westtall
Befehlshaber des Sicherheitspolizei (BdS) Comandante da Sicherheitspolizei [polícia secreta]
Brieftaube "Pombo-correio" centro de comunicações do Schutzkorps Alpenland [Corpo de Protecção do território Alpino]
Bund deutscher Madel (BDM) Federação Feminina Alemã, braço da mocidade feminia da HJ
Bund Wehrwolf Organização política e terrorista alemã entreguerras
Burgerkriegstruppe "Tropa de Guerra Civil/Cidade"
Burgrmeister Burgomestre = Presidente da Câmara
CIC Corpo de Contrainteligência do Exército (EUA)
Deutsche Arbeitsfront (DAF) Frente Alemã para o Trabalho
Deutsche Freiheits und Friedensbewegung (DFFB) “ Liberdade Alemã e Movimento pela Paz” grupo de resistência pós-guerra
Deutsche Revolution “Revolução Alemã” movimento de voluntários de resistência pós-guerra
Deutsche SS Widerstandsbewegung “Movimento de Resistência Alemã – SS”. Grupo de resistência pós-guerra
Deutschlandsender German Radio
Deuxième Bureau Inteligência Francesa
Die Spinne A Aranha, organização e sociedade de ajuda mutual
Dienstelle 2000 Sicherdienst Office for sabotage and espionage in the Balkans
Dienstelle Prützmann Estado-maior do QG da Werwolf
Edelweiss Piraten Quadrilha de jovens dissidentes
Einsatz Acção
Einsatzbataillonen "Batalhões de Acção" Móvel do Volkssturm [Temporal/Tempestade/Tormenta do Povo]
Einsatzqruppe "Grupo de Acção" muitas vezes a unidade SS usavam-nas para abater judeus e oponentes políticos
Elsa Grupo de resistência da Polícia Secreta
Entlassungstelle Centros de Desmobilização
Erganzungstelle Centros de Recrutamento
FAK Front Aufklarung – Frente de Inteligência Alemã
Feldjager Caçadores terrestres
Feldjagerdienst Serviço dos Caçadores terrestres
Freibattaillone "Batalhões Livres", Guerra dos 7 Anos
Freies Deutschland Com patrocínio soviético "Movimento Alemanha Livre"
Freiheitskämpfer "Combatentes Livres"
Freikorps "Corpos Voluntários" sobretudo nos períodos de 1813-14 e1919-20
Freikorps "Adolf Hitler" (FAH) Milícia do Partido de "elite"
Freikorps "Böhmen" Subsecção boémia do Freikorps "Adolf Hitler"
Freikorps "Frankreich" Corpo quiçá formado por alemães retardatários em França
Freikorps "Sauerland" Freikorps local na Ruhr oriental
Freikorpsmanner Membro do Freikorps [Corpos Voluntários]
Freischofen Jurados e algozes de penas Vehme [Vémicas]
Freiwillige Jagerschar Freikorps pós-WWI predecessor da Bund Wehrwolf
Fremde Heere Ost (FHO) Alto Comando de Inteligência da Frente Leste
Frontaufklärung (FAK) Frente de Reconhecimento
Führerreserven Reservas do Führer
Gaue (pl.) Administrador regional do NSDAP
Gauleiter Líderes regional do NSDAP
Gauleitung Comando regional do Partido
Gebirgsjäger Caçadores de Montanha
Geheimstaatspolizei (Gestapo) Polícia Secreta durante o IIIº Reich; parte do RSHA
General Inspekteur für Spezialabwehr Chefe da Werwolf
GM Governo Militar

Página 1 de 144
Großadmiral Grande Almirante
Gruppe Grupo
Gruppenleiter Líder de Grupo
Heeresschule Escolas do Exército
Heereswaffenamt Departamento das Armas do Exército
Heereswaffenschulen Escolas das Armas do Exército
Heimatschutz Segurança da Administração Interna
Hitler Juqend (HJ) Juventude Hitleriana
HJ-Beauftragter der Reichsjugendführung Juventude Hitleriana representante na Dienstelle Prützmann
Höhere SS und Polizeiführer (HSSPF) Grupo de Líderes superiores da SS e Polícia
Ideentrager “Portadores da Ideia”
Jagdeinsatz Companhia de pessoal Jagdverbände
Jagdkommando Pelotão de pessoal Jagdverbände
Jagdverbände “Unidades de Caçadores” Formações comandos SS
Jagerkorps Corpo Patrulheiro 1814
Junkerschule Escolas de cadetes das SS
Kameradenschaft Organização N-S pós-guerra e sociedade de ajuda mútua
Kampfaeschwader 200 Unidades de forças especiais da Luftwaffe [Força Aérea]
Kampfgruppe Grupo de Combate
Kampfpatrouillen “Patrulhas de Combate” do Serviço dos Caçadores terrestres [Feldjagerdienst]
Kampfzeit "Tempo de Luta" termo usado para o período pré-1933
Kennkarte Papéis/documentos de Identificação
Kleinkrieg Lit. Guerra de pequenos destacamentos; guerrilha
Kleinkrieg "Guerra pequena" às vezes usada permutável com "guerrilha "
Kommissar der Sicherheitspolizei (KdS) Comandantes da Sipo
KPD (Kommunistishe Partei Deutschlands) Partido Comunista Alemão
Kreisleiter Chefe de Área Nacional-socialista; subordinado ao Gauleiter
Kreisleitung Comando de nível de área do Partido
Kriminalpolizei (Kripo) Polícia Criminal
Kriminaltechnisches Institut (KTI) Grupo de Reflexão para Criminologia e Espionagem de Berlim
Kripo (Kriminal Polizei) Polícia Criminal, parte da RSHA
K-Staffel Esquadrão-K Manutenção Automóvel (HSSPF)
Landespolizei Polícia Provincial
Landrat Presidente Distrital (título prussiano)
Landsturm (antigo) Reserva territorial (miliciano) prussiano
Landwehr Milícia prussiana
Letzi Obras de defesa alpina
Luftflotte Reich Frota de Defesa Nacional da Luftwaffe
Luftwaffe Força Aérea alemã
Luxemburger Volksiuaend Versão da Hitler Jugend luxemburguesa
Machterarei funa Tomada do poder NS em 1933
Maquis Grupo da Mata/Maquisardo; guerrilheiro
Maquisards Combatentes da Mata/Maquisardos
MAREX Marechal do Exército [equivalente ao Marechal de Campo]
Militarisches Amt Departamento de Inteligência Militar do RSHA
Militz Milícia
Nachrichtenkopfe Grupos de contacto secretos
Narodnv Kommissariat Vnutrennikh Del (NKVD) Polícia Secreta soviética
NSDAP (Nationalsozialisstishe Deutsche Arbeipartei) Partido Nacional-socialista Alemão
Oberburaermeister Presidente da Câmara
Oberkommando Heeres (OKH) Alto Comando do Exército
Oberkommando Wehrmacht (OKW) Alto Comando das Forças Armadas
Obrana Guerrilha militar croatas
OKH - Abteilunq Ausbildungswesen Secção de Treino do Alto Comando
Organisation der SS-Angehoriqen (ODESSA) Organização NS pós-guerra sociedade de ajuda mútua
Organisation Schafer Organização de Pastores, Grupo de resistência NS dos Sudetos e Boémia
Panzer Carro blindado
Panzer Abwehr Organização de Carros blindados de Defesa
Panzer Jagdkommando/Panzer Jagdeinheit Unidade Caça-Carros Blindados
Panzerfaust Bazuka de Tiro único
Pionier Sonderkommando Unidade Especial de Sapadores
Pionier-Schule Escola de Sapadores
Politische Staffeln "Estado-maior Político" Esquadra paramilitar do NSDAP
Rächer Deutscher Ehre Vingadores da Honra Alemã
R-Aufgaben/Ruck-Auf gaben Missões de ficar para trás
Reich Arbeitsdienst (RAD) Serviço Laboral do Reich
Reichsicherheitshauptamt (RSHA) Departamento de Segurança Principal
Reichsjugendführunq Liderança da Juventude do Reich
Reichsverteidigungskommissar Comissário de Defesa do Reich
Reichswehr Exército alemão, termo particularmente usado para designar o Exército da República de Weimar

Página 1 de 144
SA Tropa de Choque (Sturmabteilung)
SA-Wehrschiessen Programa da SA de treino de tiro
Schutzkorps Alpenland "Corpos de Guarda Alpino" força de Reduto paisano
Schutzstaffel (SS) Quadro de Elite do IIIº Reich
Schutztruppe Tropas Coloniais
Schwarme Enxames
SD SS Serviço de Segurança (Sicherheitsdienst); parte da RSHA
Sektor Sector
Sicherdienst (SD) Serviço de Segurança SS: dividido em SD-Ausland [Exterior] e SD-Inland [Interior]
Sicherheitspolizei (Sipo) Polícia de Segurança
Sigrune Grupo de resistência da Polícia Secreta
Sonderauftrag Missão Especial
Sonderbeauftragter Representante Especial
Sondereinheit Unidade Especial
Sonderkommando Totenkopf Unidade Especial "Caveira" formação da Luftwaffe Werwolf
Spahtrupp Unidade de Reconhecimento
Sprenatruppe Tropas de Demolição
Sprenqkoinmando Unidade de Demolição
SS Corpo da Guarda (Schutzstaffel), movimento elitista Nacional-socialista
SS-Chef der Bandenkampverbande Chefe das Unidades SS de Contra-Guerrilla
SS-Hauptamt Serviço Central das SS
Staatssekretar Secretário de Estado
Stalag Ou Stammlager, campos de priosioneiros para praças e sargentos, totalizando 54 campos
Standbataillonen Batalhões locais da Volkssturm
Standschuzen Milícia alpina
Stapostelle Sede local da Gestapo
Streifkommandos Grupo de Assaltos
Stunde Null "Hora H" o fim do IIIº Reich
Sturmabteilung (SA) Tropas de Choque
Suchkommando Unidades de busca Anti-paisanos (partisanos/guerrilheiros)
Sudetendeutsches Freikorps Corpos Voluntários de Sudetos-alemães, 1938
Totaleinsatz "Acção Total" i.e. próximo de missões suicidas
Ukrainska Povstanska Armija (UPA) Exército Partisano Ucraniano
Unternehmen Compromisso
Unterqruppe Subgroup
Vehme (gericht) Órgãos de justiceiros medievais séc. XI (tribunal)
V-Manner Vertrauen-Manner, agentes de confiança
Volksbewegung Movimento Popular
Volksdeutsch Alemães étnicos a viver for a da Alemanha
Volksgruppenfuhrer Líder de Alemães étnicos "Volksqruppe"
Volkssturm Milícia de massa alemã
Volkssturmmanner Membros da Milícia de massa alemã
Waffen-SS Combate-SS
Wehrkreis (pl. Wehrkreise) Distrito Militar Nacional
Wehrmacht Forças Armadas alemãs
Wehrmachtführungstab Liderança das Forças Armadas
Werbkommissionen Juntas de Recrutamento
Werwolf Organização Werwolf
Werwolf -Beauftragter/W-Beauftragter Comandantes locais (mais tarde designado Kommandeur für Spezialabwehr)
Werwolf Festung Fortaleza Werwolf
Werwolf Referat Gabinete Werwolf do Ministro da Propaganda
Werwolf Sender Werwolf Radio
Widerstandsbewegung Movimento de Resistência
Wolf Freies Deutschland "Lobo" Liberta a Alemanha, movimento de resistência austríaco
Wolfsangel A "curva do Lobo" Símbolo da Werwolf
Zentrale für geheime Spezialzerst orungsmittel Sede para Material Destructivo Especial
Zhdanovschina Renascimento pós-guerra do Partido Comunista na URSS
Zug Pelotão
Zugvogel "Ave de Arribação" [figurado pessoa estranha ou manhosa], rede SD clandestina em Metz

Página 1 de 144
Quadro de Oficiais equivalências

Portugal Exército alemão SS NSDAP HJ


Marechal do Exército Generalfeldmarshall Reichsführer Reichsleiter Reichsjugendführer
General Generalobrst Oberstgruppenführer Gauleiter Stabschef
Tenente-General General Obergruppenführer Stellvertreter-Gauleiter Obergebeitsführer
Major-General Generalleutnant Gruppenführer Gebeisführer
Brigadeiro Generalmajor Brigadeführer Hauptbannführer
Oberführer Oberbannführer
Coronel Oberst Standartenführer Bannführer
Tenente-Coronel Oberstleutnant Oberststurmbannführer Kreisleiter Oberstammführer
Major Major Sturmbannführer Orstgruppenleiter Srammführer
Capitão Hauptmann Hauptsturmführer Zellenleiter Hauptgefolgshaftsführer
Tenente Oberleutnant Obersturmführer Blockleiter Obergefolgshaftsführer
Alferes Leutnant Untersturmführer Gefolgshaftsführer

Página 1 de 144
Introdução: O Movimento do Lobos-de-Guerra (Werewolf)3 como Tópico de Pesquisa

A ideia ortodoxa sobre a guerra paisana NS foi inexistente, ou mito produzido pela
campanha de propaganda de Goebbels de última hora; um historiador chega a afirmar que a
“Alemanha não produziu um único sabotador, muito menos um movimento de resistência"4.
O corolário dessa suposição é a crença de que a população alemã foi obediente, subjugada e
até apática durante a chamada Stunde Null (ou "Hora H"), quando o IIIº Reich desmoronou
e o controlo da Alemanha passou para as potências triunfadoras da Grande Aliança. Essa
ideia formou-se durante o período de ocupação e continuou a ser amplamente aceite hoje.
Inegavelmente em grande parte é exacto, mas não é totalmente verdade, quanto mais não
seja pelo colapso total e a desagregação do Reich converter-se em tais generalizações muito
simplistas.
De facto, houve activa campanha de resistência NS durante o período Stunde Null, embora
de combates dispersos e esporádicos variavam em intensidade regional e não conseguiu
aluir o avanço dos exércitos Aliados e soviéticos. A falta de sucesso, no entanto, não nega
reconhecer o Movimento de Resistência Nazi como o mesmo tipo de fenómeno vivido na
Europa ocupada de 1940 a 1945, ainda que em menor escala. Mesmo os grupos antinazis
mais célebres não conseguiram minar deveras a presença da potência ocupante até que as
tropas Aliadas e soviéticas nesse momento tinham empurrado para trás as fronteiras da
"Nova Ordem" do Eixo, e deve ser observado que as guerrilhas nazis – ao contrário de
outros movimentos de resistência europeus – careciam imprimir o envolvimento em massa
que forçosamente viria com o triunfo final, quando dezenas de candidatos oportunistas
procuravam no último minuto alinhar com o lado vencedor.
Um exame cuidadoso das evidências sobreviventes mostra que, contrariamente à sabedoria
convencional houve de facto vários incidentes terroristas nazis direccionados tanto às
potências inimigas quanto aos "colaboradores" alemães que trabalharam com os ocupantes
na manutenção do governo civil. Na Primavera de 1945, foram destruídas pontes por
sabotadores5, soldados Aliados e soviéticos assassinados e veículos emboscados6, edifícios
3
►Por não haver consenso na tradução de Werewolf, embora autores usem Werwolf outros optam por Lobo/Lobos. Assim iremos
traduzir por Lobos-de-guerra ou simplesmente Lobos embora no decorrer da tradução iremos alternar com Werewolf [vd. Rodapé 1
supra].
4
Cf. v.g., Willi Frischauer (1953), Himmler, The evil genius of the Third Reich, London, Odhams, pp. 229-230; Eugene Davidson
(1959), The Death and Life of Germany, NY, Jonathan Cape, p. 49; H.R. Trevor-Roper (1950), The Last Days of Hitler, London,
MacMillan, pp. 49, 51; Jurgen Thorwald (1967), Defeat in the East, NY, Ballantine, p. 211; Dietrich Orlow (1973), The History of the
Nazi Party (Pittsburg, Univ. of Pittsburg Press, p. 481; Jay Baird (1974), The Mythical World of Nazi War Propaganda, Minneapolis,
Univ. of Minneapolis Press, p. 307; Rodney Minott (1964), The Fortress that Never Was, NY, Holt, Rinehart e Winston, p. 93; e Peter
Black (1984), Ernst Kaltenbrunner, Princeton, NJ, Princeton UP, p. 234; e Walter Laqueur (1962), Young Germany, A History of the
German Youth Movement, London, Routledge & Kegan Paul, pp. 214-315.
5
The Christian Science Monitor, 06Abr45; David Yoakley Mitchell (1948), History of the 94th Infantry Division in World War Two, ed.
Laurence Byrnes, Battery Press, Washington, Infantry Journal Press, pp. 469, 471; (1959), History of the Counter Intelligence Corps,
Baltimore, US Army Intelligence Center, Vol. XX, p. 68, NA; Arno Rose (1980), Werwolf, 1944-1945, Eine Dokumentation, Stuttgart,
Motorbuch Verlag, p. 205; Lord Russel of Liverpool (1968), Return of the Swastika;, London, Robert Hale, p. 183; James Lucas (1986),
Last Days of the Reich London, Stoddart, p. 201; e TCOR. George Dyer (1947), XII Corps, Spearhead of Patton's Third Army, Baton
Rouge, La., XII Corps History Assc., p. 460. Sobre tentativas abortadas em pontes próximas de Barmen e Kassel, vd. German
Directorate "Weekly Intelligence Summary" n.º 36, 11Jul45, p. 1, OSS 140955, RG 226, NA; e Earl Ziemke (1975), The US Army in the
Occupation of Germany. 1944-1946, Washington, Center of Military History, US Army, pp. 245-246.
6
E.H. Cookridge (1971), Gehlen; Spy of the Century, NY, Random House, pp. 100-101; Roden Orde (1953), The Household Cavalry at
War, Second Household Cavalry Regiment, Aldershot, Gale & Polden, p. 490; MAJ L.C. Gates (1953), The History of the Tenth Foot.
1919-1950, Aldershot, Gale and Polden, p. 202; BRIG G.W.P.N. Burden (1953), History of the East Lancashire Regiment in the War
1939-1945, Manchester, H. Rawson, p. 204; TCOR Richard M.P. Carver (c.1952), Second to None, The Roval Scots Grevs. 1919-1945
(Glasgow, Royal Scots Greys Regt., p. 185; CAP J.S. McMath, The Fifth Battalion, the Wiltshire Regiment in Northwest Europe Jun44
to Mai45, London, Whitefriars Press, p. Ill; BRIG Dudley Clarke (1952), The Eleventh at War, Being the Storv of the XI Hussars,
(Prince Albert's Own). 1934-1945, London, Michael Joseph, p. 463; Arthur Dickens (1948), Lübeck Diary, London, Gollancz, p. 21;
Erich Kästner (1945), Notabene 45, Berlin, Cecilie Dressier, p. 150; MAJ Ann Bray (1959), History of the Counter Intelligence Corps,
Vol. XX, pp. 70, 74, 110-111, NA; Rose, pp. 316- 317; Interview with Lord Noël Annan, 29Abr86; Nigel Hamilton (1986), Montv, The
Field Marshal. 1944-1976, London, Hamish Hamilton, pp. 489-490; MAJ Desmond Flower (1950), History of the Argyll and
Sutherland Highlanders, 5th Battalion, 91st Anti-Tank Regiment, 1939-45, London, Thomas Nelson & Sons, p. 353; USFET "Military
Government - Civil Affairs Weekly Field Report" n.º 1, 14Jul45, p. 2, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; TGEN Lidnikov, "Befehl fur die Truppen der 39. Armee" n.º 5/oll (trad. alemão), 06Fev45, T-78, Records of
OKH, Rolo 488, fotograma 6474409, NA, M. Gross, "Beglaubigte Abschrift im Auszuge", 23Nov50, Ost Dok. 2/13, BA; Heinrich
Kober, untitled report, 07Fev51, Ost Dok. 2/189, BA; Oberkommando der Heeresgruppe Mitte, Abt. Ic/AO "Ic - Tagesmeldung vom

Página 1 de 144
públicos foram minados ou atacados à bomba7, e panfletos furtivos profusamente usados
para ameaçar oponentes domésticos do regime nazi derrotado8. Inclusive após as condições
se ajustaram à infeliz rotina do pós-guerra criada pelas potências ocupantes, continuaram
pequenas sabotagens, especialmente actos como cortar linhas telefónicas9, erguer obstáculos

1.3.45", p. 1, RH 2/2008, BMA; (1970), Karl Friedrich Grau (1970), Silesian Inferno, War Crimes of the Red Army on its March into
Silesia in 1945, A Collection of Documents, Koln, Informations - und Dokumentationszentrum, p. 43; Johannes Kaps (1953), The
Tragedy of Silesia. 1945-46. ed. J. Kaps, Munich, "Christ Unterwegs", p. 190; The Globe and Mail, 13Jun45; Headquarters Berlin área
"Intelligence Summary” n. 1, 08Jul45, p. 2, WO 205/1078 PRO; Ian Sayer e Douglas Botting (1989), America’s Secret Armv, London,
Grafton, pp. 233-234; Bdr. F.J. Way, “The Punishment Fits the Crime” in Khaki, The Army Bulletin, Vol. 4, n. 19 (11Jun45), p. 3;
Patton Diary, pp. 315, 322-323, in David Irving Papers Relating to the Allied High Command. 1943/45, Rolo n.º 4; Diary of MGEN
Everrett Hughes, p. 304, in David Irving. Papers Relating to the Allied High Command. 1943/45, Rolo n.º 5; Stars and Stripes, 25Set44;
27Mai45; 13Jun45; 18Jun45; The New York Times, 21Set44; 04Abr45; 13Abr45; 25Abr45; 17Abr45; 26Mai45; 03Jun45; SHAEF JIC
(45) 16 (Final) “Political Intelligence Report”, 14Abr45, p. 2; SHAEF JIC (45) 21 (Final) “Political Intelligence Report”, 07Mai45, p. 2,
ambos in WO 219/1700, PRO; "The Gore Report", Congressional Record, House, pp. 2483-2484; SHAEF G-5 "Weekly Journal of
Information" n.º 9, 19Abr45, p. 10, WO 219/3918, PRO; CAP Charles Leach (1956), In Tornado's Wake, A History of the 8th Armoured
Division, Chicago, Eighth Armoured Div. Assc., pp. 186-187; George Hoffman (1975), The Super Sixth, History of the 6th Armoured
Division in World War II and its post-war Association, Louisville, Ky.; 6th Armoured Div. Assc., p. 363; CAP Joseph Carter (1946), The
History of the 14th Armoured Division, Atlanta, Albert Love Enterprises; Joseph Binkoski e Arthur Plaut (1948), The 115th Infantry
Regiment in World War II, Washington, Infantry Journal Press, p. 341; James Huston (1950), Biography of a Battalion, Gehring, Neb.,
Courier Press, p. 258; SHAEF PWD "Citizens Security Organization in Hildeberghausen, Thueringen", 23Mai45, p. 1, OSS 131771, RG
226, NA; TEN Joseph Hasson (1945), With the 114th in the ETO, Army-Navy Pub. Co., p. 112; (1947), History of the 120th Infantry
Regiment, Washington, Infantry Journal Press, p. 253; FO Weekly Political Intelligence Summaries Vol. 11, Summary n.º 289, 18Abr45,
p. 3; 3rd US Army "Military Government Weekly Report", 11Jun45, p. 2, OSS 137425, RG 226, NA; Prevent World War III, Vol. I, n.º
8 (Mar-Abr45), p. 35; COR D. Kehm, 9th Army G-2 to ACoS SHAEF G-2, 28Mai45, WO 219/1651, PRO; e Walter Görlitz (1952), Der
Zweite Weltkrieq, 1939-1945, Stuttgart, Steingrüben, Band 2, p. 544.
7
American military intelligence report, p. 6, OSS 134791, RG 226, NA; SHAEF JIC “Political Intelligence Report”, 14Mai45, p. 3, WO
219/1659, PRO; CAP N. Hemmendinger, 6thAG G-5 Mission, "Alleged Sanctions at Freiburg and Freudenstadt", 26Jun45, State Dept.
Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Enclave Mil. Dist. ACoS G-2 “CI Periodic Report” n.º3, 18Jul45,
pp. 1-2, OSS XL 12926, RG 226, NA; The Stars and Stripes, 10Jun45; The Christian Science Monitor, 05Jun45; Rose, p. 304; e
Binkoski and Plaut, pp. 349, 351. Sobre tentativas abortadas de explodir o Schloss Eller em Düsseldorf, vd. History of the 94thInfantry
Division in World War Two, pp. 480-481. Sobre a destruição de comboios de munições, vd. The Stars and Stripes, 27Mai45; e Silesian
Inferno…, pp. 64- 65. Sobre mais detalhes sobre o incêndio suspeito no depósito de armas químicas perto de Grafenwohr (28Mai45), vd.
Dyer, p. 460.
8
Carta Werwolf incluída em TCOR R. Griswold, G-2 (OSS) 6thAG to R&A Branch (Paris), 01Mai45, OSS 128942, RG 226, NA; PID
"Germany, Weekly Background Notes" n.º 1, 08Jun45, p. 8, FO 371/46933, PRO; SHAEF JIC (45) 21 (Final) "Political Intelligence
Report", 07Mai45, p. 2, WO 219/1700, PRO; SHAEF G-5 "Civil Affairs - Military Government Weekly Field Report", 19Mai45;
"Military Government - Civil Affairs Report" n.º 50, 26Mai45, ambos no State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; Desmond Hawkins (1985), War Report, D-Day to V-E Day, London, Ariel Books/BBC, p. 303; The New York
Times, 13Abr45, COR Ralph Pearson (1958), Enroute to the Redoubt, Chicago, Ralph E.Pearson, Vol III, p. 429; DD Mil. Govt.
Branch, Main HQ 1st Canadian Army "Weekly Report" n.º 23, 24Abr45, Appendix "A", OSS 137147, RG 226, NA; History of the
Counter Intelligence Corps, Vol. XX, pp. 105, 151 e Vol. XXVI, pp. 13, 74, NA; CAP Pierre de Tristan, 1st French Army 5th Bureau
"Monthly Historical Report", 01Mai45, p. 6, WO 219/2587, PRO; FO Weekly Political Intelligence Summaries, Vol. 11, Summary n.º
289, 18Abr45, p. 3 e p. 2; PWE "German Propaganda and the German", 30Abr45, p. C4; 07Mai45, p. C6, ambos em FO 898/187, PRO;
ECAD "General Intelligence Bulletin" n.º 46, 01Jun45, p. 1, WO 219/3760A, PRO; "Le Nazisme Reste Encore a Extirper
d'Allegmagne", 21Jun45, P7 125, SHAT; e Leach, p. 187.
9
SHAEF JIC "Political Intelligence Report", 30Mai45, p. 7; 20Jun45, p. 3, ambos in WO 219/1700, PRO; Leach, p. 187; History of the
Counter Intelligence Corps, Vol. XXVI, p. 48, NA; 15thUS Army "G-2 Periodic Report", 06Jun45, p. 2, OSS XL 12254, RG 226, NA;
3rd US Army "MG Weekly Report" 11Jun45, p. 1, OSS 137425, RG 226, NA; 15thUS Army G-2 "Periodic Report" n.º 58, 20Jun45, pp.
1-2, OSS XL 11747, RG 226, NA; Enclave Military Dist., Office of ACoS G-2 "Cl Periodic Report" n.º 3, OSS 12926, RG 226, NA;
15th US Army G-2 "Periodic Report" n.º 60, 04Jul45, pp. 1-2, OSS XL 12368, RG 226, NA; SHAEF JIC "Political Intelligence Report",
02Jul45, p. 4; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 13, 11Out45, p. 2 através do n.º 76, 26Dez46, p. 3; 30Mai46, p. 4; Eucom
"Intelligence Summary" n.º 6, 28Abr47, p. C1O através do n.º 21, 18Nov47, p. A20, todos em State Dept. Decimal Files 1945-49,
740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Berlin Dist. G-2 "Weekly Summary", p. 2, OSS 140541, RG 226, NA; AFB Bulletin
"L'Activité du 'Werwolf' dans la Zone britannique en Allemagne", 07Jul45, 7P 125, SHAT; 21 AG "CI News Sheet" n.º 25, Part III, p.
14, 13Jul45; n.º 26, Part III, p. 11, 13Jul45, ambos em WO 205/997, PRO; Regional MG Land Hessen-Nassau, Det. E1G2 "Weekly Mil.
Govt. Report" n.º 3, 04Ago45, OSS XL 14169, RG 226, NA; 5 Corps "Weekly Intelligence Summary" n.º 6, 17Ago45, p. 8, FO
1007/299, PRO; GSI British Troops Austria "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 8, Part I, p. 8, 24Ago45, FO 371/46612, PRO;
MI-14 "Mitropa" n.º 4, 08Set45, p. 4, FO 371/46967, PRO; CCG (BE) Intelligence Div. "Summary" n.º 1, 15Out47, p. 22, FO
371/64647, PRO; OMGUS Dir. of Intelligence Chart for Dep. Mil. Governor, 22Out45, OMGUS Adj. General's Office Decimal File
1947, 091.411, RG 260, NA; ACA Intelligence Organisation "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 14, 13Out45, p. 13 através do n.º
19, 17 Nov45, p. 6, todos em FO 1007/300, PRO; Direction Générale des Études et Recherches "Bulletin de Renseignements" n.º 9,
08Nov45, p. 2, 7P 125, SHAT; USFET Information Control Div. "Daily Intelligence Digest" n.º 57, 21Nov45, OMGUS AG Security-
Classified Decimal File 1945-49, 350.09 (Intelligence, General), RG 260, NA; CCG (BE) "Intelligence Bulletin" n.º 7, 28Fev46, p. 6
através do n.º 15, 21Jun46, p. 4, FO 1005/1701, PRO; US Forces Austria "Intelligence Summary" n.º 42, 23Mar46, p. 4, State Dept.
Decimal File 1945- 49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; ACA (BE) Intelligence Organisation "Joint Fortnightly Intelligence
Summary" n.º 4, 06Abr46, p. B1; n.º 7, 18Mai46, p. B2, ambos em FO 1007/301, PRO; CCG (BE) "Intelligence Division Summary" n.º
3, 13Ago46, p. 5 através do n.º 12, 31Dez46, p. 7, todos em FO 1005/1702, PRO; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Report" n.º 4,
19Jul46, Annex n.º 1, pp. 1-2 através do n.º 131, 13 Dez48, Annex n.º 1, p. 1, WWII Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; CCG
(BE) "Intelligence Review" n.º 5, 06Fev46, p. 6, FO 371/55610, PRO; 250 British Liaison Mission Report n.º 7, Abr47, p. 17, FO
371/64350, PRO; ACA (BE) Intelligence Organisation "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 29, 05Abr47, p. 83 através do n.º
45, 15Nov47, p. A3, todos em FO 1007/302, PRO; Livingstone, British Consulate-General Baden-Baden to Bevin, 25Jul47, FO

Página 1 de 144
em estradas e "fios de decapitação"10, vandalizar veículos militares11 e ataques sobre as
tropas de ocupação, principalmente franco-atiradores e agressões físicas12. Ainda em 1946,

371/64351, PRO; FORD "Weekly Background Notes" n.º 111, 09Out47, p. E9, FO 371/46392, PRO; Eucom "Deputy Commander-in-
Chief's Weekly Staff Conference" n.º 24, 27Ago47, p. 3, State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA;
CCFA Direction de la Sûreté "Bulletin de Renseignements" n.º 43, 15Jan48, p. 3 através do n.º 80, 31Jul49, p. 6, OMGUS ODI Misc.
Reports, RG 2 60, NA; ACA (BE) Intelligence Organisation "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 52, 21Fev48, p. 3, OMGUS
ODI Misc. Reports (ACA Austria), RG 260, NA; FORD "Germany, Fortnightly Background Notes" n.º 134, 15Abr48, p. G2, FO
371/70617, PRO; CIC Region VIII "Periodic Report" n.º 95, 23Abr48, p. 10, OMGUS ODI Misc. Reports (CIC Region VIII, Berlin),
RG 260, NA; Memos by J.S. Arouet, Chief, Liaison Br., 04Fev49, p. 6 através do 15Mai49, p. 6, OMGUS ODI, General
Correspondence, 91 (Zona francesa), RG 260, NA; CCG (BE) Intelligence Div. "Summary" n.º 1, 15Out47, p. 22, FO 371/64647, PRO;
e MGEN E. Harmon (1970), Combat Commander, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall, p. 289.
10
Sobre os obstáculos, vd., Direction Générale des Études et Recherches "Bulletin de Renseignements" n.º 9, 8Nov45, p. 2, 7P 125,
SHAT; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 13, 11Out45, p. 42; n.º 16, 01Nov45, p. 52; n.º 26, 10Jan46, p. 58; n.º 68, 31Out45,
p. C13; n.º 73, 05Dez46, pp. C15-16; n.º 75, 19Dez46, pp. C8- C9, todos no State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; CCG (BE) "Intelligence Bulletin" n.º 7, 28Fev46, p. 6; n.º 8, 13Mar46, p. 4; 10Abr46, p. 4, todos no FO
1005/1701, PRO; CCG (BE) "Intelligence Division Summary" n.º 6, 27Set46, p. 9, FO 1005/ 1702, PRO; Constabulary G-2 "Weekly
Intelligence Report" n.º 6, 23Jul46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 19, 18Out46, Annex n.º 1, pp. 1-2; n.º 20, 25Out46, Annex n.º 1, p. 2; n.º 25,
30Nov46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 84, 12Jan48, p. 17, todos no WWII Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; e The New York Times,
20Jul47. Exemplos de pregos e vidros espalhados em auto-estradas usadas por veículos militares, vd., AFP Bulletin "L'activite du
'Werwolf’ dans la Zone britannique en Allemagne", 07Jul45, 7P 125, SHAT; HQ Berlin área "Intelligence Summary" n.º 11, 15Set45, p.
7, FO 1005/1706, PRO; 21 AG "Cl News Sheet" n.º 25, Part III, p. 14, 13Jul45, WO 205/997, PRO; USFET "Weekly Intelligence
Summary" n.º 36, 21Mar46, p. C12, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; CCG (BE)
"Intelligence Division Summary" n.º 2, 22Jul46, p. 3; n.º 4, 29Ago46, p. 8, ambos em FO 1005/1702, PRO; ACA (BE) Intelligence
Organisation "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 11, 13Jul46, p. B2, FO 1007/301, PRO; e 250 British Liaison Mission Report
n.º 6, Dez46, FO 1005/1615, 45 PRO. Sobre "os cabos de decapitação", vd., The Globe and Mail, 03Jul45; Harmon, p. 289; 15th US
Army G-2 "Periodic Report" n.º 60, 04Jul45, p. 2, OSS XL 12362, RG 226, NA; 21 AG "CI News Sheet" n.º 25, Part III, p. 14, 13Jul45,
WO 205/997, PRO; The Stars and Stripes, 02Jul45; 06Jul45; Intelligence Div., Office of Chief of Naval Operations, Navy Dept.
"Intelligence Report", 06Ago45, OSS XL 18145, RG 226, NA; Dyer, p. 453; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 13, 11Out45,
p. 42; n.º 14, 18Out45, p. 41; n.º 16, 01Nov45, pp. 51-52; n.º 18, 15Nov45, p. 64; n.º 23, 20dez45, p. 53; n.º 24, 27Dez45, p. 45; n.º 42,
02Mai46, p. C13; n.º 65, 10Out46, p. C14; n.º 74, 12Dez46, p. C16; Eucom 'Intelligence Summary" n.º 1, 13Fev47, p. C12; n.º 19,
23Out47, p. A24; "Monthly Report of the Military Governor, US Zone" n.º 2, 20Set45, p. 1, todos em State Dept. Decimal Files 1945-
49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; ACA Intelligence Organisation "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 14, 13Ou45,
p. 13; n.º 19, 17Nov45, p. 6, n.º 26, 12Jan46, p. 3, todos em FO 1007/300, PRO; CCG (BE) "Intelligence Bulletin" n.º 8, 13Mar46, p. 4;
n.º 13, 24Mai46, p. 4, FO 1005/1701, PRO; OMGUS Director of Intelligence Chart for Dep. Governor, 22Out45, OMGUS Adj.
General's Office Decimal File 1947, 091.411, RG 260, NA; USFET Information Control Division "Daily Intelligence Digest" n.º 57,
21Nov45, OMGUS AG Security-Classified Decimal File 1945-49, 350.09 (Intelligence, General), RG 260, NA; CCG (BE)
"Intelligence Division Summary" n.º 4, 29Ago46, p. 8; n.º 7, 15Out46, p. 6; n.º 11, 16Dez46, p. 11; n.º 12, 31Dez46, p.7, todos em FO
1005/1702, PRO; 250 British Liaison Mission Report n.º 6, Dez46, p. 22, FO 1005/1615, PRO; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence
Report" n.º 5, 26Jul46, Annex n.º 1, p. 2; n.º 12, 03Set46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 24, 22Nov46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 25, 30Nov46, Annex
n.º 1, pp. 1-2; n.º 29, 28Dez46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 34, 01Fev47, p. 3; n.º 63, 22Ago47, p. 7, Annex n.º 1, p. 1, todos em WWII
Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; ACA (BE) Intelligence Organisation "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 63,
24Jul48, p. A3, n.º 74, 25Dez48, p. A3, ambos em OMGUS ODI Misc. 46 Reports (ACA Austria), RG 260, NA; Memorando por J.S.
Arouet, Chief, Liaison Br., 15Mai49, p. 6, OMGUS ODI, General Correspondence, 91 (French Zone), RG 260, NA; e Norman Kirby
(1989), 1100 Miles With Montv, Gloucester, Alan Sutton, p. 176.
11
OMGUS Dir. of Intelligence Chart for Dep. Mil. Governor, 22Out45, OMGUS Adj. General’s Office Decimal File 1947, 091.411,
RG 260, NA; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 14, 18Out46, p. 40; n.º 18, 15Nov45, p. 64; n.º 34, 07Mar46, p. A7; n.º 56,
08Ago46, p. C10; n.º 58, 22Ago46, p. C9; n.º 61, 12Set46, pp. C11-C12; n.º 66, 17Out46, p. C16; n.º 67, 24Out46, p. C11; Eucom
"Intelligence Summary" n.º 6, 28Abr47, p. C10; n.º 19, 23Out47, p. A24; n.º 20, 06Nov47, p. A22, todos em State Dept. Decimal File
1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; CCG (BE) "Intelligence Bulletin" n.º 8, 13Mar46, p. 4; n.º 11, 26Abr46, p. 4,
ambos em FO 1005/1701, PRO; CG (BE) "Intelligence Division Summary" n.º 9 15Nov46, p. 6; n.º 10, 30Nov46, p. 9; n.º 11, 16Dez46,
p. 11; n.º 14, 31Jan47, p. 7, todos em FO 1005/1702, PRO; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 24, 30Nov46, Annex
n.º 1, p. 2; n.º 30, 4Jan47, Annex n.º 1, p. 2; n.º 38, 1Mar48, Annex n.º 1, p. 1, todos em WWII Operations Reports 1940-48, RG 407,
NA; CCFA Direction de la Sûreté "Bulletin de Renseignements" n.º 53, 05Jun48, p. 6; n.º 57, 15Ago48, p. 5; e n.º 65, 15 Dez48, p. 6,
todos em OMGUS ODI Misc. Reports, RG 260, NA. Sobre os atentados e tentativas bombistas a veículos Aliados, vd., CCG(BE)
"Intelligence Division Summary" n.º 10, 30Nov46, p. 9; n.º 11, 16Dez46, p. 11, ambos em FO 1005/1702, PRO; Constabulary G-2
"Weekly Intelligence Summary" n.º 18, 11Out46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 24, 22Nov46, Annex n.º 1, p. 1, ambos em WWII Operations
Reports 1940-48, RG 407, NA; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 73, 05Dez46, p. C13; OMGUS Public Relations Office
Press Release, 21Nov46, todos em State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; The Stars and
Stripes, 15Jan47; e The New York Times, 20Jul47.
12
USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 11, 27Set45, p. 47 através do n.º 73, 05Dez46, p. C11; Eucom "Intelligence Summary"
n.º 2, 27Fev47, p. C12; n.º 5, 14Abr47, p. C11; Office of MG for Germany, Dir. of Intelligence R & A Sect. "Weekly Intelligence Brief
for the Mil. Governor", 03Mai46, p. 4; 17Mai46, p. 2; 30Mai46, p. 2, todos em State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; OMGUS Dir. of Intelligence Chart for the Dep. Mil. Governor, 22Out45, OMGUS Adj. General's Office
Decimal File 1947, 091.411, RG 260, NA; HQ Berlin área "Intelligence Summary" n.º 11, 15Set45, p. 7, FO 1005/1706, PRO; ACA
Intelligence Organisation "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 15, p. 9; n.º 16, 27Out45, p. 7, ambos em FO 1007/300, PRO; The
New York Times, 25Jul45; 02Jan46; 10Jan46; 29Abr47; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Report" n.º 4, 09Jul46, Annex n.º 1, pp.
2-3 através do n.º 129, 22Nov48, Annex n.º 1, p. 1, todos em WWII Operation Reports 1940-48, RG 407, NA; Kirby, pp. 169-170; CCG
(BE) "Intelligence Bulletin" n.º 10, 10Abr46, p. 4 através do n.º 15, 21Jun46, p. 4, todos em FO 1005/1701, PRO; CCG (BE)
"Intelligence Division Summary" n.º 2, 22Jul46, p. 3; n.º 6, 27Set1946, p. 9, ambos em FO 1005/1702, PRO; 250 British Liaison
Mission Report n.º 9, Dez47, p. 26 FO 1005/1615, PRO; CCG (BE) "Intelligence Division Summary" n.º 2, 15Nov47, p. 26, FO
371/64647, PRO; The Stars and Stripes, 1Jan46; 16 Jan 1946; 05Mar47; CCFA Direction de la Sûreté "Bulletin de Renseignements" n.º
44, 31Jan48, p. 5 através do n.º 80, 31Jul49, p. 5, todos em OMGUS ODI Misc. Reports, RG 260, NA; Sp. Agent 0. Epp, 970th CIC,

Página 1 de 144
vários oficiais aliados da desnazificação foram vítimas de misteriosos assassinatos ao estilo-
Vehme, sendo o caso mais vil o assassínio do sociólogo estadunidense Edward Hartshorne,
emboscado na auto-estrada perto de Munique (28Ago46)13. Em vários casos, atentados à
bomba e ataques incendiários foram realizados em alvos como instalações do GM14,
tribunais de desnazificação15, e salas de reuniões comunistas16.

Reg. VIII to ODI, Eucom, 29Abr48, OMGUS ODI Excerpts of Misc. Reports, 23ª Resistance and Subversive Activities, RG 2 60, NA;
Memo by J.S. Arouet, Chief, Liaison Br., 29Jun49, p. 8, OMGUS ODI General Correspondence 91 (French Zone), RG 260, NA;
German Directorate "Weekly Intelligence Summary" n.º 38, 23Jul45, p. 1, OSS 142218, RG 226, NA; Prevent World War III. n.º 12
(Dez45), p. 30; The Christian Science Monitor. 22 Dez45; The Times. 13Mai46; e British HQ Berlin área "Intelligence Summary" n.º 5,
30Jul45, WO 205/1078, PRO. Sobre caos de agressões físicas, vd. USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 13, 11Out45, pp. 41-42
através do n.º 71, 21Nov46, p. C18; Eucom "Intelligence Summary" n.º 24, 8Jan48, p. A19; State Dept. Division of Foreign Activity
Correlation, Paraphrase of War Dept, telegram, 8Mai46, todos em State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany),
RG 59, NA; OMGUS Dir. of Intelligence Chart for Dep. Mil. Governor, 22Out45, OMGUS Adj. General Office Decimal File 1947,
091.411, RG 260, NA; The Stars and Stripes, 31Out45; 27Mar46; 28Mar46; CCG (BE) "Intelligence Bulletin" n.º 7, 28Fev46, p. 6
através do n.º 14, 7Jun46, p. 4, todos em FO 1005/1701, PRO; CCG (BE) "Intelligence Division Summary" n.º 1, 8Jul46, p. 3 através do
n.º 12, 31 Dez46, p. 7, todos em FO 1005/1702, PRO; ACA (BE) Intelligence Organisation "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º
11, 13Jul46, p. B2; e n.º 16, 21Set1946, p. Bl, ambos em FO 1007/301, PRO; CCG (BE) "Intelligence Division Summary" n.º 2,
15Nov47, p. 25, FO 371/64647, PRO; USFET Information Control Div. "Daily Intelligence Digest" n.º 57, 21Nov45, OMGUS AG
Security-Classified Decimal File 1945-49, 350.09 (Intelligence, General), RG 260, NA; Office of MG for Germany, Office of Dir. of
Intelligence R&A Sect. "Weekly Intelligence Brief for the Military Governor”, 3Mai46, p. 4 através do 30Mai46, p. 2, todos em State
Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Report" n.º 4, 9Jul46,
Annex n.º 1, p. 2 através do n.º 128, 15Out48, Annex n.º 1, pp. 1-2; Constabulary G-2 Journals, 18Jul47, todos em WWII Operations
Reports 1940- 48, RG 407, NA; The New York Times, 20Jul47; 15Ago47; FORD "Germany, Weekly Background Notes" n.º 104,
21Ago47, p. A5, FO 371/64392, PRO; CCG (BE) "Intelligence Division Summary" n.º 1, 15Out47, p. 21; Summary n.º 2, 15Nov47, p.
25, ambos em FO 371/64647, PRO; Public Safety Br. "Monthly Report, September 1947", 27Out47, p. 2, FO 371/64663, PRO; ACA
(BE) "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 39, 2 03Ago47, p. B7, FO 1007/302, PRO; 250 British Liaison Mission Report n.º 9,
Dez47, p. 25, FO 1005/1615, PRO; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Summary" 7Jan48, p. 7 OMGUS ODI Excerpts of Misc.
Reports, 23ª Resistance and Subversive Activity, RG 260, NA; CCFA Direction de la Surete "Bulletin de Renseignements" n.º 45,
15Fev48 através do n.º 80, 31Jul49, pp. 4-5, todos em OMGUS ODI Misc. Reports, RG 2 60, NA; Harmon, p. 289; ACA (BE)
Intelligence Organisation "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 61, 26Jun48, p. A3 através do n.º 77, 28Fev49, p. A3, todos em
OMGUS Misc. Reports (ACA Austria), RG 2 60, NA; Memos by J.S. Arouet, Chief, Liaison Br., 24Mar49, p. 6 através do 11Jul49, p.
7, OMGUS ODI General Correspondence, 91 (French Zone), RG 2 60, NA; e Fritz Lowenthal (1950), News from Soviet Germany,
London, Gollancz, p. 147.
13
Sobre o homicídio de Hartshorne, vd., The New York Times, 01Set46; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 63, 26Set46, p.
CIO, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany) RG 59, NA; James Tent (1982), Mision on the Rhine,
Reeducation and Denazification in American Occupied Germany, Chicago, Univ. of Chicago Press, pp. 81, 86, 95, 97-98; e Peter
Merkyl, review of Tent's Mission on the Rhine, in The Political Science Quarterly. Vol. 99, n.º 1 (Spring 1984), 169- 170. Em Jan46, 3
oficiais MG na área de – um dos quais a forçar a desnazificação – foram assassinados e a casa de campo ardeu completamente. O caso
nunca foi resolvido, embora a Werwölfe ou contrabandistas fossem os responsáveis. Vd., The New York Times, 12Jan46; 13Jan46;
14Jan46; 15Jan46; 17Jan46; The Stars and Stripes, 15Jan46; 16Jan46; 17Jan46; 18Jan46; 20Jan46; 21Jan46; 28Mar46; e USFET
"Weekly Intelligence Summary" n.º 31, 14Fev46, p. 74, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
14
5 Corps "Weekly Intelligence Summary" n.º 7, 30Ago45, p. 10, FO 1007/299, PRO; ACA (BE) Intelligence Organisation "Joint
Weekly Intelligence Summary" n.º 28, 26Jan46, p. 4, FO 1007/300, PRO; CCG (BE) "Intelligence Division 50 Summary" n.º 1,
08Jul46, p. 1; n.º 4, 29Ago46, pp. 4-5, FO 1005/1702, PRO; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Report,r n.º 11, 27Ago46, Annex
n.º 1, p. 2; n.º 10, 20Ago46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 20, 25Out46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 30, 4Jan47, Annex n.º 1, p. 2; n.º 86, 26Jan48,
Annex n.º 2, p. 9; n.º 133, 27Dez48, Annex n.º 1, p. 1, todos em WWII Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; CCFA Direction de
la Sûreté "Bulletin de Renseignements" n.º 80, 31Jul49, p. 6, OMGUS ODI Misc. Reports, RG 260, NA; USFET "Weekly Intelligence
Summary" n.º 59, 29Ago46, p. Cll; n.º 67, 24Out46, p. Al; n.º 68, 31Out46, p. C13; Eucom "Intelligence Summary" n.º 2, 27Fev47, p.
C16; n.º 5, 14Abr47, p. CIO; n.º 8, 22Mai47, p. C14; n.º 19, 23Out47, p. A24; n.º 21, 18Nov47, p. A20; USFET MG Office "Bi Weekly
Political Summary" n.º 6, 16Nov45, p. 6, todos em State Dept. Decimal Files 1945- 49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA;
CCG (BE) "Intelligence Bulletin" n.º 13, 24Mai46, p. 4, FO 1005/1701, PRO; The New York Times, 21Out46; 23Nov46; FORD "Digest
for Germany and Austria" n.º 704, 27Jan48, p. 11, FO 371/70791, PRO; The Times. 21Out46; e History of the Counter Intelligence
Corps, Vol. XXVII, pp. 56-57, NA. Sobre casos de tentativa de sabotagem em instalações Aliadas, vd., History of the Counter
Intelligence Corps, Vol. XXV, p. 20, NA; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 14, 18Out45, p. 40; n.º 16, 1Nov45, p. 52; n.º 45,
23Mai46, p. C12; n.º 60, 5Set46, p. C9; Eucom "Intelligence Summary" n.º 15, 2Set47, p. A17; n.º 18, 13Out47, p. A25, todos em State
Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Report" n.º 12,
3Set46, Annex n.º 1, p. 2, WWII Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; CG (BE) "Intelligence Division Summary" n.º 6, 27Set46,
p. 9, FO 1005/1702, PRO; e Memo by J.S. Arouet, Chief, Liaison Br., 11Jul49, p. 7, OMBGUS ODI General Correspondence, 91
(French Zone), RG 260, NA.
15
History of the Counter Intelligence Corps, Vol. XXVII, pp. 56-60, NA; Harmon, pp. 284-290; The Times, 21Out46; 23Out46;
21Nov46; 22Jan47; 2Fev47; The New York Times, 21Out46; 22Out46; 27Out46; 29Out46; 21Nov46; 27Dez46; 22Jan47; 2Fev47;
8Fev47; 28Mar47; 7Mai48; Kurt Tauber, The Eaale and the Swastika (Middletown, Conn., Wesleyan UP, 1967), p. 405; USFET
“Weekly Intelligence Summary" n.º 67, 24Out46, p. Al; n.º 68, 31Out46, pp. Al, Cl, C12; n.º 70, 14Nov46, pp. Cl, C12; n.º 72,
28Nov46, p. C15; n.º 73, 5Dez46, pp. C13, C15; n.º 74, 12Dez46, p. C15; OMGUS Public Relations Office Press Releases, 28Out46;
21Nov46; 26Dez46; 4Jan47; 14Jan47; Eucom "Intelligence Summary" n.º 1, 13Fev47, pp. C11-C12, C15, C19; n.º 5, 14Abr47, p. C12;
n.º 6, 28Abr47, p. C12; USFET "Theatre Commander’s Weekly Staff Conference" n.º 2, 14Jan47, p. 5; n.º 5, 4Fev47, p. 3, todos no
State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º
20, 25Out46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 21, 1Nov46, Annex n.º 1, p. 2; n.º 24, 22Nov46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 31, 11Jan47, Annex n.º 1, p. 1;
n.º 86, 26Jan48, p. 11, todos no WWII Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; The Stars and Stripes, 5Jan47; 9Jan47; 14Jan47;
15Jan47; 16Jan47; 17Jan47; 19Jan47; 22Jan47; 30Jan47; 3Fev47; 5Fev47; 18Mar47; FORD "Germany, Weekly Background Notes' n.º
78, 30Jan47, p. 4, FO 371/64389, PRO; FORD "Germany, Weekly Background Notes”, n.º 86, 28Mar47, p. D3; n.º 88, 17Abr47, p. D4,

Página 1 de 144
A maior parte dessa resistência foi gerada por indivíduos de direita ou quadrilhas pequenas
agindo de forma esporádica, como práticas violentas do Kampfzeit nazi anterior, quando
ameaças convulsivas ou actos de violência foram empreendidos por iniciativa nazi local, e
não como engrenagens de uma máquina de terror maior e impessoal. Em 1946-47, no
entanto, grupos organizados de resistência nazi desenvolveram-se também em todas as
quatro zonas de ocupação, apoiados principalmente em veteranos da SS, HJ e SA que
restabeleceram contacto e construíram redes amplas entre antigos camaradas-de-armas17.
Em retrospectiva, é claro, a realidade de tal resistência dispersa num país que abrigou o
movimento totalitário radical e ubíquo causa muito mais sentido intuitivo do que a
afirmação da resistência nazi estar totalmente ausente; o fanatismo, de facto, não se
esfumou totalmente.
Este trabalho, no entanto, não tem o escopo da história geral de tal resistência anti-aliada,
mas é essencialmente investigação mais limitada dos esforços nazis de última hora para
estimular a actividade clandestina e de guerrilha, feito principalmente através da série de
medidas desesperadas nos últimos oito meses da guerra. O principal termo associado a tais
esforços era "Werwolf" (Lobo-de-guerra), embora o uso da expressão se tenha tornado
rapidamente tão generalizada – um esquadrão suicida da Luftwaffe, v.g., recebeu o nome de
código “Werwolf”18 – acabou por ameaçar perder qualquer sentido específico19. É, portanto,

ambos em FO 371/64390, PRO; e ACC Report for the Moscow CFM Conference Fev47, Sect. II, "Denazification", Part 9, "American
Report" p. 2, FO 371/64352, PRO. O CIC também detectou o plano de cinco resistentes para explodir Soruchkammer em Dachau no
final de Mai47. Vd. Eucom "Intelligence Summary" n.º 8, 22Mai47, p. C13, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA.
16
British Troops Austria "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 10, 07Set45, p. 8, FO 1007/300, PRO; ACA Intelligence
Organisation "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 41, 20Set47, p. B2; n.º 43, 18Out47, p. A3, todos no FO 1007/302, PRO; MI-
14 "Mitropa" n.º 4, 8Set45, p. 6; n.º 5, 22Set45, pp. 6-7, ambos em FO 371/46967, PRO; The Times. 06Out47; MI-14 "Mitropa" n.º 21,
07Mai46, p. 5, FO 371/55630, PRO; FORD "Digest for Germany and Austria" n.º 690, 07Jan48, p. 4; n.º 693, 10Jan48, p. Ill, ambos em
FO 371/70791, PRO; FORD "Digest for Germany and Austria" n.º 731, 04Mar48, p. 7; n.º 732, 5Mar48, p. 7, ambos em FO 371/70792,
PRO; FORD "Weekly Background Notes" n.º 112, 16Out47, pp. C3-C4, FO 371/64392, PRO; FORD "Germany, Fortnightly
Background Notes" n.º 140, 08Jul48, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; ACA (BE)
Intelligence Organisation, Digest n.º 25, 1Mar46, p. 2, FO 1007/289, PRO; e USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 35,
14Mar46, p. A21, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
17
Sobre o "Deutsche Widerstandsbewegung SS", terminado pela Operation Lampshade em 1946, vd. CCG (BE) "Intelligence Bulletin"
n.º 12, 10Mai46, p. 1, FO 1005/1701, PRO; MI-14 "Mitropa" n.º 23, 05Jun46, p. 5, FO 371/55630, PRO; BAOR "Fortnightly Military
Intelligence Summary" n.º 4, 10Jun46, ETO MIS-Y- Sect. Misc. Intelligence and Interrogation Reports 1945-46, RG 332, NA;
CSDIC/WEA BAOR "Final Report on Willi Theile" FR n.º 99, 21Set46, pp. 4-8; CSDIC/WEA BAOR "Final Report on Robert Rathke"
FR n.º 96, pp. 1-4; CSDIC/WEA BAOR "Final Report on Ostubaf. Franz Riedweg and Hptstuf. Arthur Grathwol", 18Set46, p. 8; e
DIC/CCG (BE) "Final Report on Ernst Muller, Wolfgang Wegener, and Heinrich Wolpert" FR n.º 102, 5Out46, p. 1, todos no ETO
MIS-Y-Sect. Final Interrogation Reports 1945-47, RG 332, NA. Sobre o "Deutsche Freiheits und Friedensbewegunq". Vd. USFET
"Weekly Intelligence Summary" n.º 51, 4Jul46, p. C6; n.º 56, 08Ago46, pp. A1, C5; Eucom "Intelligence Summary" n.º 1, 13Fev47,
todos no State Dept. Decimal Files 1945-47, 74000119 Control (Germany), RG 59, NA; CCG (BE)"Intelligence Division Summary" n.º
5, 13Set46, pp. 1-2; n.º 11, 16Dez46, p. 9, ambos em FO 1005/1702, PRO; DIC/CCG (BE)"Final Report on Kurt Schmidt" FR n.º 108,
12Nov46, pp. 1-4; DIC/CCG (BE) "Final Report on Willi Beckmann" FR n.º 109, 18Nov46, pp. 1-9, ambos em ETO MIS-Y Sect.
CSDIC/WEA Final Interrogation Reports 1945- 47, RG 332, NA; CSDIC (WEA) BAOR "Report on Nursery" SIR 28, 18Abr46, Part I,
Appendix "E", pp. i-ü, ETO MIS-Y-Sect. Intelligence and Interrogation Records 1945-46, RG 332, NA; Constabulary G-2 "Weekly
Intelligence Summary" n.º 25, 30Nov46, p. 3, WWII Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; 250 British Liaison Mission Report n.º
6, Dez46, FO 1005/1615, PRO; The Times. 26Mar47; 09Abr47; 17Abr47; The New York Times, 27Mar47; 9Abr47; 10Abr47; 16Abr47;
The Stars and Stripes, 27Mar47; 07Abr47; 10Abr47; e 17Abr47. Sobre os grupos "Deutsche Revolution", terminado pela Operation
Selection Board em 1947, vd. Eucom "Intelligence Summary" n.º 2, 27Fev47, pp. C15-16; OMGUS Public Relations Office Press
Release, 23Fev47; Special Annex to Intelligence Division "Summary" n.º 21, 15Jul47; "Right Wing Movements Curtailed by Operation
Selection Board", todos no State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; The Times 24Fev47;
26Fev47; The Stars and Stripes, 24Fev47; 25Fev47; 27Fev47; The New York Times, 24Fev47; 25Fev47; 27Fev47; FORD "Germany,
Weekly Background Notes" n.º 83, 08Mar47, p. D3, FO 371/64389, NA; e Tom Bower (1985), Klaus Barbie, Butcher of Lyons,
London, Corgi, pp. 149-191. Sobre o "Wolf Freies Deutschland" e a sua interligação de grupos irmãs na Áustria, vd. ACA (BE) "Joint
Fortnightly Intelligence Summary" n.º 47, 13Dez47, p. 2; n.º 48, 27Dez47, pp. A2-A3; n.º 49, 10Jan48, p. A2- A3; n.º 50, 24Jan48, pp.
A2-A5; n.º 51, 7Fev48, p. A2; n.º 52, 21Fev48, p. 2; n.º 54, 20Mar48, p. A3; n.º 58, 15Mai48, p. A4; n.º 59, 29Mai48, pp. A2-A3; n.º
60, 12Jun48, p. A2; n.º 68, 2Out48, p. A3; n.º 66, 4Set48, p. A4; n.º 73, 11Dez48, p. A3; n.º 74, 25Dez48, p. A2; n.º 77, 28Fev49, p. A3;
n.º 81, 27Jun49, p. A3; n.º 82, 25Jul49, p. B2; n.º 79, 24Abr49, p. A3; n.º 80, 29Mai49, p. A6, todos no OMGUS ODI Miscellaneous
Reports (ACA Reports), RG 260, NA; US Forces Austria "Intelligence Summary" n.º 134, 31Dez47, pp. 3, 10-11, FO 371/70401, PRO;
US Forces Austria "Intelligence Summary" n.º 135, 9Jan48, pp. 3, 6-7, 9; n.º 136, 16Jan48, pp. 4-5, 12; n.º 137, 23Jan48, p. 4; n.º 140,
13Fev48, p. 4; n.º 141, 20Fev48, p. 3; n.º 142, 27Fev48, p. 4; n.º 143, 5Mar48, p. 4; n.º 144, 12Mar48, p. 4; n.º 146, 26Mar48, p. 4; n.º
154, 21Mai48, p. 11; n.º 155, 28Mai48, p. 6, todos no FO 371/70402, PRO; FORD "Digest for Germany and Austria" n.º 688, 3Jan48, p.
V; n.º 690, 7Jan48, pp. II-III; n.º 693, 10Jan48, p. II; e n.º 698, 17Jan48, pp. II-III, todos no FO 371/70791, PRO.
18
James Lucas (1985), Kommando, German Special Forces of World War Two, NY, St. Martin's, pp. 268-270; Rose, pp. 173-180; e
David Irving (1977), Hitler's War, NY, Viking, pp. 778- 779.

Página 1 de 144
a tarefa deste trabalho resolver os vários aspectos deste último reduto do Lobo-de-guerra e
assim, dar algum sentido de coerência à história do movimento.
Para fornecer essa coerência através de o arranjo lógico dos capítulos, "Werwolf " e outros
conceitos-chaves devem primeiro ser colocados em contexto histórico, e a tentativa será
feita para identificar a clara tradição alemã de guerrilha. Será mostrado então que as
diferentes funções do Movimento de Resistência Nacional-socialista foram divididas entre
vários protagonistas SS, Partido e órgãos governamentais que proliferaram durante o tempo
do IIIº Reich. Os Gruppen de Diversão dos Lobos básicos estavam sob alçada da polícia-SS
que manteve também suserania frouxa sobre o programa paisano20 autónomo da Hitler
Jugend (HJ). O Reichssicherheitshauptamt (RSHA) recebeu funções subsidiárias, tais como
a organização do serviço de inteligência para a Werwölfe a estruturação de grupos de
resistência estrangeira análogos ao modelo alemão embora o desempenho insípido da
principal organização Werwolf lançar acções diversionistas conduziu evidentemente, os
vários serviços do RSHA a preencher essa lacuna. Ao Partido, finalmente, foram confiados
aspectos políticos do movimento Werwolf, o que acabou por originar a disseminação de
doutrinas nülistas neonazis surgidas da fértil imaginação de Goebbels e difundidas
especialmente mediante propaganda radiofónica. Nenhum aspecto do movimento pretendia
influenciar eventos principalmente após a capitulação final do Reich, embora algumas
subsecções fizessem planos de última hora para a sobrevivência, geralmente sem muito
efeito.
Considerando a amplitude de tal envolvimento das principais instituições do estado NS,
pode-se argumentar que, embora os Lobos não tenham conseguido estabelecer base sólida
para a resistência organizada, esse fracasso não se deveu à falta de esforço. De facto, o
movimento Lobo constituiu das últimas grandes iniciativas militares e políticas do IIIº
Reich e, devido à pressão e tensão causadas pela aproximação da conclusão de uma guerra
perdida, revelou mais nitidamente a verdadeira natureza do regime NS. Visto nesses termos,
dois pontos imediatamente óbvios são: primeiro, o Reich dificilmente era estado totalitário
unificado, mas sim manta de retalhos feudatário de feudos rivais e principados burocráticos,
cada um geralmente em conflito com os outros; e segundo, o regime tinha caído muito em
termos de apoio popular desde os dias dourados do movimento em meados da década de 30.
Considerado como referendo sobre a Nova Ordem, os Lobos revelaram que o regime (em
1944) estava isolado e ter perdido o contacto com população alemã até mesmo com os seus
desejos mais básicos.
O leitor curioso perguntar-se-á, é claro, como esta história tão importante quase escapou por
entre as frestas do registo da História. Grande parte do problema está relacionada às fontes,
sobretudo ao facto de não haver uma colecção central de documentos do Werwolf. A
maioria dos registos foram destruídos propositalmente durante a retirada alemã, processo
não alheio ao facto de que a maioria dos alemães continuou a considerar a guerra de
guerrilha como táctica ilegal e, portanto, temia qualquer evidência sobrevivente pudesse ser
usada pelo inimigo para indiciar violações das regras da guerra. De qualquer forma, muitas
das mensagens mais sensíveis relativas a questões organizacionais dos Lobos talvez foram
comunicadas apenas verbalmente: "Nada escrito", ao que parece, era a palavra de ordem da
organização irregular. Devido à falta de documentação vasta e listas de filiação, é difícil
produzir a história quantitativa, sendo a presente monografia forçosamente narrativa e
19
Os Serviços de Inteligência francesa foram especialmente constrangidos pelo uso excessivo do termo "Werwolf" contestado por
qualquer sentido específico. Directions des Services de Documentation Allemagne "Note sur la Formation du Werwolf”, 06Jul45, p. 6; e
Direction Générale des Études et Recherches "Bulletin d'Information de CE" n.º 64, ambos em IRR File XE 049 888 "Werewolf
Activities Vol. I", RG 319, NA.
20
►Vamos usar este termo invés de partisano até porque é referente a indivíduo que em geral não é militar mas filiado num partido. O
termo partisano é antigo na língua francesa e alemã. Na primeira referia-se a forças irregulares que operavam nos limites do campo de
batalha das forças regulares, parties em francês, e partheyen em alemão. O comandante era designado por partisano, portanto
originalmente, o termo partisan, não se referia propriamente às forças em questão, mas ao comandante das forças, mais tarde Parthey, e
em alemão o líder seria o Partheyganger [vd. Beatrice Heuser (2010), “Small Wars in the Age of Clausewitz, The water shed between
partisan war and people's war”, Journal of Strategic Studies, Vol. 33, n.º 1].

Página 1 de 144
amplamente impressionista em conteúdo. É igualmente difícil produzir análise do estilo da
Werwolf (Lobo) ou Jagdverbände; portanto, este trabalho concentra-se principalmente na
estrutura organizacional desses grupos guerrilheiros.
O facto de ser possível formar a imagem do movimento é devido principalmente ao trabalho
dos serviços de Contrainteligência das potências ocupantes, que colectaram informações
sobre o movimento para o destruir. Os indícios dos Aliados sobre o movimento foram feitos
em grande parte com os registos de interrogatórios, que são fonte valiosa, atendendo ao
facto de os movimentos de guerrilha tradicionalmente relutam em criar registos escritos de
detalhes incriminatórios e os comandantes paisanos são, portanto, fontes de informação
extraordinariamente valiosas, precisamente porque muito material é reposto em memórias e
não em papel21. O problema é claro, os guerrilheiros capturados mais aptos a falar eram
geralmente os menos comprometidos com o movimento, mas os mais dispostos a falar aos
interrogadores o que estes queriam ouvir. Os detidos menos faladores negavam a
participação na organização ou juravam que estava inactiva, por temerem com razão que os
captores mostrassem reacção adversa como resultado em admitir abertamente assassinatos
ou sabotagens contra as forças ocupantes: v.g., o Oficial da Polícia-SS no comando dos
Lobos do Reno estava extremamente relutante em falar até mesmo sobre o assassinato do
camarada alemão, o Oberbürgrermeister de Aachen, e somente quebrou parcialmente sobre
este assunto após "intenso interrogatório"22 – (no final, recusou-se obstinadamente a admitir
envolvimento no assassinato de um Oficial superior alemão, o GEN Diether Korst, sobre o
qual questionado também por interrogadores britânicos)23. Com base nesses casos, é
correcto supor os factos revelados sobre os Lobos através do interrogatório especificamente
constituíam a ínfima parte, particularmente no que diz respeito às verdadeiras operações dos
Lobos. Essa fonte de informação é ainda limitada porque a maioria dos arquivos de
Contrainteligência estadunidenses, britânicos e franceses actualmente não estão abertos à
consulta pública.
Os relatórios dos interrogatórios foram influenciados também pela mentalidade dos
interrogadores, que filtraram todas as informações disponíveis através da peneira das
próprias percepções e preconceitos24. Tendo em conta a visão geralmente distorcida de
todas as coisas reais alemãs em 1945; considerar a imagem do nacional-socialismo como
extensão pura e inseparável da "filosofia nacionalista alemã"; e ter em mente a incapacidade
de muitas autoridades aliadas de distinguir entre diferentes faixas etárias e classes sociais
alemãs na relação com o NS, não surpreende que vários "especialistas" aliados tenham
superestimado ou subestimado o movimento, cada um de acordo com os próprios
preconceitos. A tese corrente de os alemães serem raça guerreira inerentemente ligada por
vínculo místico ao Führer, e que este pediria prontamente – e receberia – devoção firme,
guerra clandestina em grande escala e a decepção das autoridades aliadas. Quando os
militares Aliados encontraram soldados alemães desarmados a renderem-se massivamente,
v.g., houve grande tentação em desconsiderar a alegação destes de terem destruído as suas
armas, a favor da suposição mais paranóica de que as tropas derrotadas tinham dado as
armas a civis alemães para uso na guerra paisana25. Esse tipo de estereótipo, no entanto,
poderia apontar conclusão oposta, especificamente sob o fundamento de a luta de guerrilhas
exigir o grau de empreendimento independente supostamente alheio ao carácter alemão.
“Pensei desde o início”, disse o GEN Patton, que a ameaça dos 'lobos' e assassinato é
inconsequente porque o alemão é incapaz de acção de iniciativa individual"26.

21
Peter Watson (1978), War on the Mind, London, Hutchinson, pp. 342-343.
22
CSDIC/WEA BAOR "Interim Report on SS Obergruppenführer Karl M. Gutenberger" IR n.º 8, 08Out45, p. 1, ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC/WEA Relatórios de Interrogatórios provisórios 1945-46, RG 332, NA.
23
CSDIC (WEA) BAOR "Supplement to IRs n.º 8, 34, and 38 Notes on Interrogation of SS Obergruf. Gutenberger", 13Nov45, p. 2,
ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Relatórios de Interrogatórios provisórios 1945-46, RG 332,NA.
24
Pela falta de interrogadores britânicos treinados, vd. Tom Bower (1983), Blind Eve to Murder, London, Granada, p. 148.
25
The Globe and Mail. 02Abr45.
26
The Stars and Stripes, 28Set45.

Página 1 de 144
É provável que os Aliados também nunca tenham construído modelo totalmente realista dos
Werwolf, não só porque as conclusões foram influenciadas por dificuldades de percepção
objectiva e precisa, mas porque a disseminação de informações de inteligência não foi
sobretudo completa. Esse problema resultou indirectamente da crescente profissionalização
do trabalho de inteligência durante os anos entreguerras, tendente a separar as três funções
básicas de colecta, análise e disseminação de informações27. O problema na difusão da
inteligência sobre os Lobos é mostrado mais claramente pelo facto dos vários incidentes de
resistência violenta não são relatados uniformemente nas fontes de informação diferentes
agora disponíveis para o estudioso, em particular relatórios e resenhas de inteligência
Aliada28. Histórias unitárias, v.g., contêm informações abundantes aparentemente nunca
atingiu os serviços centrais de inteligência de informações no SHAEF, Grupos de Exércitos
e os QG dos vários exércitos de ocupação, e o Chefe da Contrainteligência do SHAEF,
COR H.G. Sheen, que ficou registado em meados de Abr45 ao pedir aos Grupos de
Exércitos fluxo adequado de informações sobre os Lobos – "solicitamos urgentemente aos
escalões inferiores estarem sensibilizados para a importância de enviar material de volta
através de si [para nós] o mais rapidamente possível"29.
É claro, colectar informações oportunas de unidades subordinadas era o tipo de problema
inevitável enfrentado por todos os comandantes dos QG, mas colectar informações sobre
guerrilheiros representava aparentemente particular dificuldade por causa da hostilidade e
desdém inerentes a essas forças dentro das forças armadas profissionais. R.F. Weigley nota
com razão: “a guerra de guerrilhas é tão incongruente com o método e os hábitos naturais
de uma sociedade estável e próspera que o Exército estadunidense tendeu a considerá-la
anormal e a esquecê-la sempre que possível”30. Igualmente óbvio que a grande preocupação
inicial demonstrada pelos Aliados sobre a possibilidade de guerra de guerrilhas começar
gradualmente a dissipar-se quando se tornou evidente que a maioria dos casos de guerrilha e
operações clandestinas eram descoordenadas e os Lobos não conseguiram estabelecer base
sólida para qualquer forma de acção concertada. Esse factor era particularmente aparente
nos resumos de inteligência estadunidenses e britânicos, onde os ataques às tropas e linhas
de comunicação Aliadas – durante a guerra e depois – eram rotineiramente negados porque
estavam descoordenados e, portanto, não representavam ameaça de longo prazo para as
forças ocupantes: v.g., é surpresa encontrar o SHAEF a relatar calmamente casos de franco-
atiradores e sabotagem na retaguarda Aliada geralmente obra de bandos de soldados
alemães desenquadrados e não de Lobos, o que aparentemente foi considerado bom sinal.
Após o derramamento de sangue em massa da Guerra Mundial, incidentes esporádicos
resultaram em pequenos inconvenientes e um punhado de baixas aparentemente não
inspiraram muita preocupação.
Os Lobos atacantes contra os próprios alemães mereciam ainda menos atenção,
principalmente porque as tropas Aliadas tinham dificuldade em imaginar as vítimas como
mártires. Como nota Earl Ziemke (a propósito do assassinato de o Bürgermeister), muitos
alemães morreram na Primavera de 1945, a maioria em circunstâncias esquecidas e a
maioria sem muitas perguntas31.

27
F.H. Hinsely et all (1979), British Intelligence in the Second World War, London, HMSO, Vol. I, p. 4.
28
Sobre os problemas da SHAEF na colecta de inteligência Werwolf dos Grupos do Exército, vd. Minutes of the 3rd Mtg., Political
Intelligence Committee, SHAEF JIC, 14Abr45, WO 219/1603, PRO. Por falta em geral de coordenação e de partilha de informações
entre os vários CIC regionais na Alemanha durante a pós-Guerra, bem como barreiras inter-zonais para o fluxo de inteligência, vd.
Bower, Klaus Barbie, pp. 150-164.
29
COR H.G. Sheen, SHAEF G-2 to ACoS 6th AG G-2, ACoS 12th AG G-2, BGS (I) 21st AG, e ACoS ETOUSA G-2, 16Abr45, WO
219/1602, PRO.
30
R.F. Weigley (1967), History of the United States Army, NY, MacMillan, p. 161. Das principais dificuldades em escrever sobre a
Guerra paisana envolvendo tropas dos EUA – pelo menos até ao momento do conflito do Vietname – é que os Oficiais treinados na
Academia deram pouco crédito ou reconhecimento às guerrilhas e em poucos casos em que foram mencionados em relatórios e
despachos, foram definidos só em termos gerais. Vid, v.g., Virgil C. Jones, "The Problem of Writing about the Guerillas", in Military
Affairs. Vol. XXI (1957), p. 21.
31
Ziemke, p. 184.

Página 1 de 144
Além de todos esses factores inibidores, deve-se notar ainda a censura imposta pelas
autoridades Aliadas, ao proibirem a imprensa na altura de fazer todas as investigações,
excepto as generalistas, sobre o movimento Werwölfe, assim, reforçou a sensação
dominante de docilidade alemã. O XIIº Grupo de Exércitos sugeriu no início de Abr45 que
os relatos da imprensa sobre os combates deveriam evitar extensa reportagem sobre a
actividade da Werwolf – principalmente com o fundamento de que qualquer publicidade
aumentaria o movimento e ganharia novos recrutas – essa política foi depois adoptada de
forma cautelosa pelas autoridades competentes em matéria de censura e RP da SHAEF32.
As restrições à censura estadunidense, britânica e francesa duraram até Set4533, e à época
tais medidas foram revogadas, a imprensa estadunidense pelo menos, tinha perdido o
interesse na Alemanha e deviou o olhar público para outro lugar34.
Ainda menos informações filtradas da zona soviética, embora seja verdade, os polacos e
checos divulgaram informações consideráveis sobre supostos ultrajes dos Lobos na
tentativa de provar a perfídia contínua das populações germânicas em áreas reanexadas (e,
assim, acelerar a expulsão forçada de tais grupos). Esta informação do Leste é de
confiabilidade duvidosa – considerando o facto de obviamente servir os desígnios da
política polaca, checa e soviética – mas no que diz respeito a isso, é notável as informações
da Europa de Leste geralmente tenham sido dada credibilidade suficiente para servir de
prova em casos de crimes de guerra julgados em tribunais estadunidenses. Mesmo que as
evidências fossem tratadas com a devida cautela, no entanto, ainda fica a impressão de que
Werwölfe e outros resistentes alemães realmente conseguiram muito mais do que
geralmente se reconhece, e mesmo os dados apresentados nas páginas seguintes constituem
só a ponta do icebergue.
É claro, historiadores superaram frequentemente a escassez de material de origem e ainda
produziram relatos volumosos de eventos passados. Com o movimento Lobos, no entanto,
não houve forte motivação para a erudição original. Na Alemanha Ocidental, os Lobos não
se encaixam facilmente na linha semioficial da História do Bundesrepublik, que se
concentra fortemente na resistência contra Hitler como base da legitimidade para o estado
alemão moderno e como meio de redenção moral para o povo alemão. Por muitos anos, o
único grupo de historiadores com interesse profundo e permanente no intrincado
funcionamento do IIIº Reich foi o Institut für Zeitgeschichte, que não publicou por acaso a
única pesquisa alemã sobre a Werwolf até a década de 80. Desde então, a história úbera foi
escrita por Arno Rose (1980), mas ainda é uma nota significativa na historiografia alemã
recente que existem só várias obras alemãs sobre os Lobos, enquanto se poderia
literalmente encher uma biblioteca com livros sobre a resistência clandestina contra Hitler.
Enquanto isso, os alemães do Leste e os soviéticos tradicionalmente tímidos em admitir
qualquer resistência popular ao triunfo do socialismo. Os historiadores soviéticos e Leste
europeu geralmente deram atenção primária à sobrevivência das elites industriais e militares
"fascistas", o que por sua vez serviu como meio conveniente de desacreditar a
Bundesrepublik. É obviamente difícil encaixar o impulso autodestrutivo como os Lobos na
historiografia geral que considera o IIIº Reich criatura do capitalismo alemão, embora

32
Sobre a evolução da política dos Aliados na censura Werwolf, vid, 12th AG from Sands from Sibert sgnd. Bradley to SHAEF Main G-
2 (CIB), 09Abr45; Maj. N.B.J. Huijsman, PWD SHAEF (Fwd) to SHAEF (Fwd), 28Abr45; COR G. Warden, Press Censors Guidance
n.º 57 (New Series) — "'Werewolves' or German Underground", 20Jun45, Todos em WO 219/1602, PRO; PWE Central Directive,
5Abr45; PWE Political Warfare Directive (European Theatre), 8Jun45, ambos em FO 371/46790, PRO; e SHEAF PRD, Press Censors
Guidance n.º 1 (New Series) - "Level of Security After V-E Day", 05Mai45, State Dept. Decimal Files 1945-49, 862.911, RG 59, NA.
Sobre interrupções específicas sobre a sabotagem alemã e actividade de resistência, vd. COR G. Warden, PRD SHAEF Press Censorship
to G-2 SHAEF, 17Abr45; COR H.G. Sheen, SHAEF G-2 to SHAEF PRD, 18Abr45; COR G Warden, PRD SHAEF to G-2
SHAEF(Fwd), 21Mai45; COR H.G. Sheen, G-2 SHAEF (Fwd) to PRD SHAEF (Main), 25Mai45, todos em WO 219/1602, PRO; 12th
AG Publicity and Psychological Warfare, Press Censorship Br., "Trend of Copy Submitted for 12th Army Group Censorship", 24Abr45,
published in P&W Section. 12th Army Group. Report of Operations. Vol. XIV, p. 90; The New York Times, 09Jul45; e The Globe and
Mail. 09Jul45.
33
Sobre o cancelamento da censura no Teatro Europeu, vid, The Stars and Stripes, 06Set45; 07Set45; e The New York Times, 07Set45.
34
Harold Zink (1957), The United States in Germany. 1944-1955, Princeton, N.J., Van Nostrand, pp. 89- 90.

Página 1 de 144
algumas tentativas tenham sido feitas nesse sentido: certas fontes soviéticas e checas, v.g.,
sugerem que a Werwolf foi estabelecida principalmente para sobreviver à derrota do
Reich35, ou que era composto por políticos e industriais nazis que mais tarde receberam o
patrocínio das potências ocidentais ("Os 'lobos' fascistas", disse o jornal russo Izvestia em
Fev49, "estão a tornar-se aliados e servos de Wall Street e da City")36.
É provável que o retrato comunista usual da luta paisana como reunião de patriotas
dedicados ao socialismo soviético tornou difícil reverter posteriormente as conotações
positivas desse tipo de luta, concentrando a atenção na versão especificamente NS da guerra
de guerrilha, mesmo que esta fracassado. As conclusões lógicas de um estudo do Lobo
podem parecer – na sociedade totalitária – diminuir o contraste entre as forças da luz (i.e., o
socialismo soviético) e as das trevas (o fascismo hitleriano). É perfeitamente possível, é
claro, na era emergente da Glasnost, com políticas mais liberais de acesso à informação
arquivística, ainda possa ser escrito o estudo soviético que averigue terminantemente os
problemas de segurança russos na Alemanha e na Europa de Leste durante os primeiros
anos da ocupação do Exército Vermelho.
Os historiadores ocidentais trabalham há muito tempo sobre a ideia uniforme da docilidade
alemã prevalecente desde 1945, embora vários escritores especialistas britânicos em
narrativas populares de guerra tenham discutido o Lobo em detalhes consideráveis. No
geral, no entanto, parece que inibições semelhantes às dos alemães e europeus do Leste
também existem no Ocidente. Na Europa Ocidental e mundo anglo-saxão, a visão popular
da resistência anti-alemã durante a guerra ainda é influenciada não só pelos efeitos
remanescentes da propaganda anos 40, mas pela voga do existencialismo humanista que
surgiu como produto intelectual da Resistência, e identificava o juízo individual de
moralidade e coragem como motor supostamente impulsionou a corajosa minoria de
resistentes. Esse renascimento do humanismo teve pouca ou nenhuma relação com o
nacional-socialismo: de facto, era sentido geralmente – e ainda é – a ausência de o juízo
interno de responsabilidade moral era das carências mais notáveis do carácter nazi, e dos
principais factores que levaram a Alemanha à ruína. Seguindo essa linha de raciocínio,
deve-se concluir que os nacional-socialistas careciam de ingrediente-chave essencial para
fundar movimento de resistência forte, principalmente porque, com a possível excepção do
Leste, a Alemanha ocupada não se deparou com a sombra tão negra quanto aquela que a
mesma tinha lançado sobre os territórios e protectorados ocupados. O historiador francês
Jean Hugonnot, v.g., sugere que o movimento guerrilheiro alemão "foi a negação da
realidade dos ensinamentos da história, ao esquecer que um exército de Resistência é
fundamentalmente um exército de homens livres, exército ao serviço da independência e da
liberdade nacionais; i.e., a antítese exacta do maquis artificial, o papel maquis... "Sem
surpresa, conclui que o Lobo foi o fracasso total37.
A principal suposição desta breve revisão certamente não é que tenha havido alguma
supressão aberta dos factos, nem havido algum plano nefasto para os encobrir; em vez
disso, houve simplesmente falta de interesse governada por forças historiográficas que
concentram a atenção dos historiadores em primeiro lugar. Assim, o fim deste trabalho é
desenterrar a história do Lobo, explorar e explicar os limites do seu sucesso e do fracasso
final. O objectivo não é revisionismo agressivo, mas o levantamento de homens e incidentes
esquecidos; a esperança é que tal relato seja lido em conjunto com a literatura existente para
criar uma visão mais equilibrada.

35
V. Styrkul (1982), The SS Werewolves, Lviv, Kamenyar, p. 37; e Pavel Drska (1979), Ceskoslovenska Armada v Norodni a
DemokrAtfc-Ke Revoluci. 1945-1948, Prague, Ziva minulost, pp. 62-64.
36
Current Digest of the Soviet Press. Vol. I, n.º 8 (22Mar49), p. 34.
37
Jean Hugonnet, "La Preparation du 'Maquis' allemand", in Cahier Internationaux de la Resistance, Vol. 3, n.º 6 (July 1961), p. 59.

Página 1 de 144
A Pré-história do Lobo:
Breve revisão da guerra de guerrilha e terrorismo na Alemanha

Das falácias mais comuns em relação ao movimento Werwolf é que a guerrilha fracassou na
Alemanha porque certos aspectos profundamente arraigados do "carácter nacional" alemão não
favoreceram tais tácticas, equívoco muitas vezes repetido até pelos próprios alemães. O povo
alemão, v.g., considerado como muito ordeiros, muito impregnados de tradição de estrita
obediência à autoridade estabelecida, muito cavalheirescos (em sentido fútil) e muito carentes
de iniciativa individual para recorrer a qualquer tipo de guerra popular ou paisana38. Um
General alemão observou que o "senso comum" germânico não permitia adoptar táctica mais
apropriada a latinos e eslavos de sangue quente, e esse tipo de comentário tendencioso foi
seriamente considerado pelo escritor militar britânico Kenneth MacKsey, que tais "aspectos
raciais" são relevantes e "dignos de estudo mais aprofundado"39.
Na verdade, é claro, a Alemanha tinha uma história de guerra à paisana tão cheia quanto a da
maioria dos países europeus – "o povo alemão", observou Friedrich Engels, "não carece de
tradição revolucionária"40. Também é verdade, no entanto, que a cultura colectiva alemã que
surgiu pós-1871 ensombrou esse método de guerra. Ao contrário de países como Grécia ou
Itália, a guerra de guerrilha não desempenhou papel significativo na saga da consolidação
nacional alemã, principalmente porque a unificação de o Estado alemão foi orquestrado de
cima, por Bismarque e Guilherme I, e não por iniciativa popular; afinal, os nacionalistas
liberais-burgueses tentaram tal curso revolucionário em 1848 e fracassaram. Bismarque e
contemporâneos foram felizes em converter o nacionalismo em suporte para o novo Império
Guilhermino, roubando assim o trono dos liberais alemães, mas certamente estes também não
estavam preparados para apoiar oficialmente a doutrina de a "guerra popular". O ponto de vista
Bismarquiano permaneceu o que há muito era aos olhos dos reaccionários e conservadores
europeus – i.e., prerrogativa exclusiva do Estado e do exército profissional.
De facto, a Prússia/Alemanha estabeleceu-se durante o período imperial como a força política
dominante na Europa e como potência em expansão externa; os comentadores de um país em tal
estágio de desenvolvimento tendiam a abrigar algum ressentimento natural contra o tipo de
guerra que era a arma natural dos fracos e só poderia significar problemas para uma nação
dinâmica que via no destino no domínio de porções consideráveis do globo. Esse preconceito
surgiu pela primeira vez como resultado de experiências prussiano-alemãs com franco-
atiradores franceses em 1870-71 – raça de guerreiros que posteriormente recebeu pouca atenção
nos relatos padrão alemães da guerra41 – e foi ainda mais exasperado por problemas com
guerrilheiros belgas e franceses na IªGM. Mesmo durante o período da República de Veimar –
quando o próprio Reichswehr enfraquecido experimentou tácticas de guerrilha – houve uma
grande manifestação em torno da bandeira em reacção às alegações belgas e francesas sobre a
ilegalidade das várias execuções sumárias ocorridas em 1914, quando franco-atiradores
inimigos atiraram contra o avanço das tropas alemãs. Esse tipo de preconceito popular foi ainda
mais inflamado durante os primeiros anos da IIªGM, quando a Alemanha estava assente na
maior parte da Europa, e quando essa situação foi finalmente revertida em 1944 – e os alemães
foram forçados a estabelecer os próprios movimentos paisanos – a liderança nazi foi
confrontada com o acúmulo incrustado de mais de 70 anos de doutrinação, através dos quais
muitos alemães passaram a considerar-se muito acima do nível do "banditismo de guerrilha".

38
PWE "German Propaganda and the German", 23Out44, p. C2; 23Abr45, p. C6, ambos em FO 898/187, PRO; DIC (MIS)
"Possibilities of Guerrilla Warfare in Germany as Seen by a Group of Seventeen German Generals", 17Mai45, pp. 1-2, OSS 130749,
RG 226, NA; The New York Times, 08Abr45; 26Abr45; A.J. Halpern, Paper on Counter-measures Against German Guerrillas, Filed
under A.J. Halpern, BSC (New York) to M. Wright, British Embassy (Washington), 30Out44, FO 115/3614, PRO; Hermann
Neubacher, Sonderauftrag Südost. 1940- 1945 (Gottingen, Musterschmidt-Verlag, 1956), pp. 29-30; Dr. Frederick Heymann, "Nazi
Germany's Death Struggles", in The Second World War, A Standard History, London, Waverly, p. 3635; Michael Balfour, "Four Power
Control in Germany”, in Michael Balfour e John Mair (1972), Four Power Control in Germany and Austria. 1945-1946, NY, Johnson
Reprint, p. 57; Charles Thayer (1964), Guerrilla, London, Michael Joseph, p. 162; e Görlitz, pp. 519, 544-545.
39
Kenneth MacKsey (1975), The Partisans of Europe in World War II, London, Hart-Davis/MacGibbon, pp. 248-249.
40
Friedrich Engels (1967), The German Revolutions, Chicago, Univ. of Chicago Press, p. 19.
41
Vd., v.g., Hans Wachenhausen (1898), Vom Ersten bis zum Letzen Schuss, Krieaserinnerungen. 1870/71, London, MacMillan, pp. 35-
36; e Dr. Moritz Busch (1973), Bismarck in the Franco-German War. 1870-1871, NY, Howard Fertig.

Página 1 de 144
Não é de surpreender, ideólogos e propagandistas NS buscarem desesperadamente por fontes
tradicionais de inspiração que pudessem despertar a Volkskrieg e corroer os preconceitos que se
acumularam desde 187142.
Na verdade, é claro, a guerrilha na Alemanha teve uma história iniciada nos tempos antigos,
quando as tribos teutónicas – como muitos povos primitivos – adoptaram tácticas de diversão e
furtividade para enfrentar o inimigo tecnológica e culturalmente superior, neste caso os
romanos43. No entanto, o primórdio de uma tradição identificável de guerra popular alemã data
apenas da Idade Média, quando a própria ideia de guerra "regular" e "honrosa" surgiu e assim
marcou o contraste entre operações "regular" e "irregular". Essa definição de guerra "honrosa" e
– em sentido lato – de "lei e ordem" em si fazia parte do sistema de valores que acompanhou a
série de mudanças sociais e militares ocorridas na Europa germânica durante o início da Idade
Média: em termos sociológicos, o factor voluntário da solidariedade do clã como elemento
associativo na organização militar e política, gradualmente substituído pelo autoritarismo
hierárquico44. Em termos militares, as tropas de infantaria tornaram-se nitidamente secundárias
à cavalaria fortemente armada; e em termos sociopolíticos, o poder armado foi reservado em
grande parte para a cavalaria e o campesinato efectivamente foi desarmado.
Apesar dessas mudanças cruciais, no entanto, é importante notar que o aspecto popular da
guerra nunca desapareceu completamente. Particularmente durante o período posterior ao século
XIII – quando o poder central do Império começou o declínio gradual – o campesinato alemão
foi submetido à opressão dos príncipes locais ou dos ocupantes exércitos estrangeiros, o que por
sua vez resultou na ocorrência repetida de "guerras dos camponeses" ou Bauernkrieg, bem
como o surgimento de forte tradição miliciana.
As revoltas camponesas foram principalmente reacção conservadora contra a arbitrariedade dos
príncipes locais ou ganância dos exércitos estrangeiros, e tais revoltas eram realmente
constitucionais sob a lei alemã medieval: o povo alemão possuía direitos antigos – datados pelo
menos da época da Völkerwanderung – que permitiu oposição violenta a qualquer forma de tirania
que desafiasse "a lei antiga", i.e., a "lei dos antepassados", que formava o código costumeiro de
direitos, deveres e obrigações. Algumas das rebeliões camponesas na Alemanha Ocidental, foram
coordenadas pelo movimento clandestino chamado Bundschuh, depois da bota de lavrador que
frequentemente aparecia nas bandeiras dos rebeldes camponeses, e os mais radicais buscavam
instituir a espécie de sistema político semi-republicano assente na autonomia e nos direitos das
comunidades locais45. O lumpengesindel armado também foi responsável por incursões ao estilo
guerrilheiro ou "banditismo social" – em áreas montanhosas ou densamente arborizadas, como o
Harz [cadeia montanhosa do Norte da Alemanha, trad.: Montanha Florestada], o Thüringer Wald
[florestas turíngia] ou as florestas que fazem fronteira com o Vale do Reno; Ainda no séc. XVIII,
o bandoleiro "Schinderhannes" alcançou reconhecida fama na região do Reno-Meno ao roubar
"dos ricos" (queria dizer judeus) e supostamente dar aos "pobres"46.
Peculiarmente durante a Guerra dos 30 Anos – exemplo da excelência de guerra ilimitada –
Alemanha e Áustria foram devastadas por ferozes batalhas entre guerrilheiros camponeses de

42
Maj. H.H. Zornig, Acting US Military Attache, Berlin, "The Franc-Tireur Controversy", Report n.º 9053, 26Out27, in US Military
Intelligence Reports, Germany. 1919-1941. Micf. Rolo XVII.
43
Nota, v.g., as observações feitas pela Rádio Werwolf em 04Abr45, "ouvimos que somos maltratados e ridicularizados e atiram-nos
lama... Os cobardes dizem que os alemães estão errados no papel 'werewolves’. 'Werewolf' não é invenção alemã que remonta à guerra
dos 30 Anos. PWE "German Propaganda and the German", 09Abr45, p. C7, FO 898/187, PRO.
44
E.A. Thompson, "Early Germanic Warfare", in Past and Present. n.º 14 (Nov58), pp. 5, 20-22; e John Ellis (1976), A Short History of
Guerrilla Warfare, NY, St. Martin's Press, pp. 21-22, 29-30.
45
Otto Hintze (1975), "Military Organization and State Organization", in The Historical Essays of Otto Hintze, ed. Felix Gilbert, NY,
Oxford UP, (1975), pp. 188-189.
46
Fritz Kern (1970), Kingship and Law in the Middle Ages, NY, Harper Torchbook, pp. 85-92; Günther Franze (1977), Der deutsche
Bauernkrieq, Darmstadt, Wissenschafftliche Buchgesellschaft; Heiko Oberman, "The Gospel of Social Unrest" (pp. 39-51); Siegfried
Hoyer, "Arms and Military Organization in the German Peasant War" (pp. 98- 108); Horst Buszello, "The Common Man's View of the
State in the German Peasant's War" (pp. 109-122), todos em The German Peasant War. 1525, New Viewpoints. ed. Bob Scribner e
Gerhard Benecke (1979), London, George Allen & Unwin; Peter Blickle (1981), The Revolution of 1525, The German Peasant's War
from a New Perspective, Baltimore, Johns Hopkins Press; Adolf Laube, "Die Volksbewegung in Deutschland von 1470 bis 1517,
Ursachen and Charakter”, in (1975), Historische Zeitschrifte — Revolte und Revolution in Europa, ed. Peter Blickle, München, R.
Oldenbourg, pp. 84-98; Adolf Laube, "Precursors of the Peasant War, Bundschuh and Armer Conrad - Movements at the Eve of the
Reformation" (pp. 49-53); Heide Wunder, "'Old Law' and 'Divine Law' in the German Peasant War" (pp. 56-60), ambos em The
German Peasant War of 1525 (1976), ed. Janos Bak, London, Frank Cass.

Página 1 de 144
um lado e vários príncipes, mercenários e exércitos de ocupação estrangeiros do outro47. Em
Harz, v.g., facções paisanas receberam apoio de dinamarqueses e atacavam os ricos e magnatas
locais, particularmente a riqueza dos burgueses ricos de Goslar48. Bandos similares percorreram
Lumeberg Heat durante o mesmo período, atraindo tropas suecas e geralmente procuravam
proteger as famílias e propriedades; segundo Hermann Löns, um destes bandos adoptaram o
nome Wehrwolf. E escolheram como símbolo aterrorizador o denominado "Wolfangel", que
parecia a letra N invertida [И]49.

O exemplo clássico de tais forças camponesas foi nos Alpes, onde as condições naturais e
sociais – i.e., lealdades tribais; cultura de rebuliço contínuo produzido pela criação de gado;
falta de meios para manter tropas permanentes; e, terreno que favorecia a infantaria ligeira em
detrimento de formas mais mecanizadas e organizadas de guerra – urdindo produzir
campesinato armado de mentalidade independente e cultura altamente marcial. Nessa área,
repúblicas camponesas independentes tomaram forma, e a defesa dependia do sistema de
milícias estilo guerrilha centrado na resistência escalonada em profundidade e apoiada por
obstáculos naturais. Após o séc. XIV, a guerra nos Alpes foi resistente em barricadas de barro
ou alvenaria chamadas "Letzi", e nos combates ocorridos – menos nos próprios Letzi – do que
em ampla frente tanto ambas atrás e na frente das barricadas; normalmente, as forças inimigas
eram emboscadas quando se concentravam em retardar as unidades estacionadas em Letzi50.
Essas tácticas tornaram-se em espécie de estratégia nacional para os suíços e, eventualmente
tomaram forma de "Reduto Nacional" suíço, sistema de fortificações montanhosas que, por sua
vez, prestou a ideia de "Reduto Nacional" nazi, também nos Alpes.
Em geral, a Alemanha medieval foi marcada por forte tendência entre indivíduos ou
comunidades de derrubar o governo ineficaz por meio da associação voluntária, e essa tendência
caracterizou particularmente os Vehme, ou tribunais secretos de justiça51. Por causa da
balcanização do Reich e ausência de poder central forte, alguns tribunais da Vestefália no séc.
XIII adoptaram práticas clandestinas como meio de preservar a justiça face aos príncipes locais
dispostos a adulterar a execução da lei normal. Os procedimentos desses tribunais foram
conduzidos à real moda de capa e espada, e jurados livres, ou Freischöfen – que decidiam os
casos e executavam os veredictos – criaram uma fraternidade secreta entre si. No séc. XIV, os
tribunais Vehme foram reconhecidos pelo imperador, principalmente como meio de contrariar o
poder desenfreado dos senhores regionais, e a jurisdição dos tribunais expandiu-se também para
outras áreas da Alemanha (1385).
Com o tempo, no entanto, os Vehmegerichte começaram a exercer a própria autoridade de forma
cada vez mais arbitrária: os acusados, v.g., eram muitas vezes condenados à revelia e
posteriormente considerados homens marcados pelos Freischöfen. Esses presos eram

47
Carsten Kuther (1976), Räuber und Gauner in Deutschland, Gottingen, Vandenhoeck & Ruprecht; e T.C.W. Blanning (1983), The
French Revolution in Germany, Oxford, Clarendon, pp. 286-300. Sobre a teoria do "banditismo social", vd. E.J. Hobsbawm (1959),
Primitive Rebels, Manchester, Manchester UP.
48
Walter Laqueur (Jul75), "The Origins of Guerrilla Doctrine", in The Journal of Contemporary History, Vol. 10, n.º 3, p. 341; William
Hagen, "The Seventeenth Century Crises in Brandenburg, The Thirty Years War, the Destabilization of Serfdom, and the Rise of
Absolutism”, in The American Historical Review, Vol. 94, n.º 2 (Abr89), pp. 317-318; Gerhard Benecke (1978), Germany in the Thirty
Years War, London, Edward Arnold, pp. 59, 63-64, 67-69; C.V. Wedgewood (1939), The Thirty Years War, New Haven, Yale UP, pp.
213-216, 257, 352-353, 413-414, 474; e Geoffrey Parker (1984), The Thirty Years War, London, Routledge & Kegan Paul, p. 93, 164,
268.
49
Ole Stender-Petersen (1980), "Harzskytterne, Et glemt Kapital Christian 4.s Nedersachsiske Krig " in Historie, Vol. 13, n.º 3 pp. 49-
70.
50
Hermann Löns (1965), Der Wehrwolf, Stuttgart, Fackelverlag, Sobre a origem da lenda do werewolf na mitologia germânica, vd.
Jakob Grimm (1966), Teutonic Mythology, NY, Dover, Vol. Ill, 1093-1097, e Vol. IV, 1629-1630.
51
Stefan Sonderegger (1988), "Der Kampf an der Letzi", in Revue Internationale d'Histoire Militaire, n.º 65, pp. 77-89.

Página 1 de 144
capturados e enforcados no escuro da noite, e geralmente marcados por um dos vários lemas que
mostravam que a vítima tinha sido alvo do Vehme. Este tipo de prática acabou por suscitar
críticas não só dos príncipes locais, mas da classe burguesa em ascensão e, finalmente, do
Imperador, e em finais do séc. XV o poder dos tribunais foi afastado, embora tenham
sobrevivido de forma muito enfraquecida até ao fim do Sacro Império romano-germânico52. É
importante para os nossos propósitos notar, no entanto, mesmo quando os tribunais declinaram,
foram lembrados e romantizados na cultura popular alemã, e escritores como Goethe e Kleist
fizeram do Vehme a base padrão na cultura popular alemã o novo género de Romanliteratur.
O elemento unificador em tais movimentos medievais era o desejo básico de proteger e honrar
"a lei antiga", bem como a vaga crença de que a ordem social e política existente na Alemanha
era desequilibrada. No entanto, com o declínio do feudalismo e a ascensão do estado
monárquico, o direito alemão antigo de resistência popular foi suplantado por novos princípios
jurídicos absolutistas, como a criminalização da resistência por portarias contra "traição" e
"sedição" (c. 1502-1532), ou o renascimento da antiga doutrina Lex Regia romana, que
sustentava que o povo transferia a soberania para o monarca em contrato social irrevogável53.
Além disso, prerrogativas sociais como manter a segurança civil ou fazer a guerra e de uma vez
por todas foram retiradas das mãos tais órgãos irregulares como os tribunais Vehme ou grupos
guerrilheiros, e monopolizados pela instituição do Estado.
Na Prússia, que emergiu como o estado monárquico por excelência e como o principal principado
do Norte da Alemanha, o termo "Militz" era estritamente proibido, e não tinha sistema de milícias
em todo o país após o início do séc. XVIII. É verdade que homens do campesinato foram
convocados para o Exército para aumentar o núcleo mercenário, mas não houve tentativa de
motivar essa tropa camponesa pelo patriotismo ou por qualquer outra coisa destinada a atrair o
homem comum. Pelo contrário, os Fredericos presidiram ao tipo de sistema militar esclavagista,
onde os varões das fileiras motivados só pela incorporação e pela ameaça de castigos corporais;
por sua vez, portanto, era impossível empregar mão-de-obra fora das formações de linha
restritivas – i.e., patrulhas de reconhecimento ou destacamentos de choque – por causa da
expectativa razoável de os homens das fileiras desertariam uma vez livres do controlo imediato
dos seus Oficiais54. Na medida do necessário, a actividade de reconhecimento e patrulhamento
militar era feita por unidades pequenas de elite, como Hussardos e Feldjäger (Caçadores furtivos),
cuja disciplina e lealdade eram asseguradas pelo tratamento preferencial; o Feldjäger, v.g., eram
recrutados só entre couteiros, aos quais prometiam empregos como caçadores em propriedades
reais e Junker (latifúndios) em troca do período de serviço militar leal55.
Na verdade, essa ordem hierárquica calcificada era regime frágil, era claramente demonstrado
pelos apelos desesperados ao "povo" que surgiam sempre que o sistema estava sob grande
pressão. Notar, v.g., que durante a Guerra dos Sete Anos, quando grande parte da Prússia foi
invadida, Frederico, o Grande, relutantemente levantou cerca de 23 Freibataillone, que eram
unidades de camponeses armados, estrangeiros e prisioneiros de guerra – na verdade milicianos
ou guerrilheiros – sob o comando de alguns Oficiais qualificados do Exército56.
A maior crise, no entanto, veio apenas na esteira da Revolução Francesa, quando as ideias
revolucionárias que arrastou a França foram usadas para derrotar o exército francês, que dispersou
de França e para a Alemanha. No início do séc. XIX, o poderoso círculo de Oficiais reformistas,
incluindo nomes memoráveis como Scharnhorst, Gneisenau, Boyen e Clausewitz, alegaram que a
Alemanha deveria ser libertada do domínio napoleónico pela dependência de a "Guerra de
Libertação" patriótica. A ideia básica era explorar o novo espírito do nacionalismo alemão como

52
William Stubbs (1969), Germany in the Later Middle Ages, 1200-1500, NY, Howard Fertig, p. 145.
53
Paul Wigand (1968), Das Femaericht Westfalens, Aalen, Scientia; e F.R.H. Du Boulay (1978), "Law Enforcement in Medieval
Germany”, in History. Vol. 63, n.º 209 pp. 345-355.
54
Peter Blickle, "The Criminalization of Peasant Resistance in the Holy Roman Empire, Toward a History of the Emergence of High
Treason in Germany", in The Journal of Modern History, Vol. 58, n.º 4 (Supplement) (Dez86), pp. 588-597; e, Kern, Kingship and Law
in the Middle Ages, pp. 90, 117-118.
55
Gerhard Ritter (1968), Frederick the Great, A historical profile, Berkeley, Calif., Univ. of California Press, pp. 134-135. Sobre a
proibição da Milícia, vd. Emil Obermann (1958), Soldaten - Burger – Militaristen, Stuttgart, J.G. Cotta'sche Buchhandlung, p. 36;
Hintze, p. 2034; e Robert Ergang (1941), The Potsdam Führer, NY, Columbia UP, p. 62.
56
Peter Paret (1966), York and the Era of Prussian Reform, Princeton, NJ, Princeton UP, pp. 23-31.

Página 1 de 144
meio de despertar o envolvimento colectivo na guerra contra a França, e abolir as extensas
isenções militares que dantes protegiam as classes privilegiadas do recrutamento – o objectivo
final era um verdadeiro exército de massa que atravessaria as classes sociais em nome da unidade
nacional. Os reformadores também foram inspirados por guerrilhas antifrancesas em Espanha e na
Rússia, e pela revolta camponesa no Tirol – sob liderança animada de Andreas Hofer – bem como
pela organização simultânea da milícia de massa, ou Landwehr, pelo regime austríaco57.
Os principais reformadores prussianos em 1806 estavam a planear converter o Bauernkrieg
tradicional em "guerra popular" moderna, e várias rebeliões precipitadas foram lançadas
realmente em 1809, a mais expressiva a revolta abortada de cinco mil homens Freikorps sob o
comando MAJ Ferdinand von Schill. A monarquia prussiana e as classes dominantes, no
entanto, ficaram compreensivelmente desconfiadas de uma sublevação popular dos súbditos,
mesmo se dirigida aos franceses, e só após as maciças derrotas francesas na Rússia em 1812 que
o chamado para a sublevação em massa se tornou tão tentador que não podia mais ser rejeitada,
mesmo pelos mais convictos defensores do Antigo Regime. O campesinato recém-emancipado
foi arrastado para o novo exército colectivo patriótico ou chamado para se juntar a bandos locais
da milícia à paisana, a Landsturm, e assim assediar os exércitos napoleónicos ao longo das suas
linhas de comunicação. A milícia mais formal, a Landwehr, tentou apelar para o campesinato e
a burguesia, enquanto destacamentos voluntários independentes (Jägerkorps) convocavam
jovens de origem nobre58. As unidades de guerrilha contribuíram – de certa forma marginal –
para subsequentes vitórias prussianas e aliados, e pensadores românticos, como Ernst Arndt,
disse sobre presumível renascimento do espírito associativo da antiga guerra tribal teutónica59.
É claro que a questão importante permanecia: i.e., como as forças da autocracia prussiana
poderiam materializar o génio do nacionalismo de massa – e o espírito "associativo" – de volta à
sua lâmpada? Embora os alemães paisanos de 1813 fossem "conservadores" no sentido de que
lutaram nominalmente pelo status quo e autorizados antecipadamente pela monarquia prussiana,
a relação implícita entre guerra à paisana, nacionalismo democrático e revolução era
praticamente impossível de ignorar. A massa da população, afinal, teve a hipótese de perceber a
própria unidade à parte da pessoa do monarca e, em áreas de controlo disputado, os
guerrilheiros puderam exercer a medida de poder antes que a Velha Ordem se restabelecesse
totalmente60. Além disso, unidades como a Lutzöwsche Freikorps recrutaram patriotas de toda a
Alemanha – não só da Prússia – e avançaram para a batalha sob a bandeira da "Pátria" e não sob
o Comando de qualquer monarca regional61.
De facto, no entanto, o Estado trabalhou para rapidamente reforçar a autoridade e minimizar
quaisquer implicações revolucionárias decorrentes da sua estratégia militar: um oficial de
ligação inglês constatou, v.g., que, embora o Landsturm fosse de facto uma sublevação popular,

57
Ibid., pp. 31-36; Ritter, Frederick the Great, p. 133; Michael Howard (1976), War in European History, London, Oxford UP, p. 78;
Ellis, p. 45; Robert Asperey (1986), Frederick the Great, NY, Ticknor & Fields, pp. 442, 485; e Chester Easton (1971), Prince Henry of
Prussia, Westport, Conn., Greenwood, p. 156, 171-172, 185. Os Freibattaillonen eram motivados não pelo patriotismo, mas pelo
menos em parte pelo desejo de saque e pilhagem. O próprio Frederico tomou a visão sombria de tais unidades e dispensou-as por serem
"aventureiros, desertores e vagabundos".
58
Raymond Aron (1982), "Clausewitz - Stratege und Patriot”, in Historische Zeitschrift. Vol. 234, n.º 2 pp. 299, 307; Gerhard Ritter
(1969), The Sword and the Scepter, Coral Gables, Flo., Univ. of Miami Press, Vol. I, 73-74, 76-77; Laqueur, "The Origins of Guerrilla
Doctrine", pp. 352, 373; Paret, pp. 155-156, 201; ereas Dorpalen (1969), "The German Struggle Against Napoleon, The East German
View”, in The Journal of Modern History. Vol. XLI, n.º 4 pp. 496-498; Christoph Prignitz (1981), Vaterlandsliebe und Freiheit,
Deutscher Patriotismus von 1750 bis 1850, Wiesbaden, Franz Steiner, pp. 106-107; Walter Simon (1971), The Failure of the Prussian
Reform Movement, NY, Howard Fertig, pp. 147-149; William O. Shanahan (1945), Prussian Military Reforms, 1786-1813, NY,
Columbia UP, pp. 154, 186, 193; Werner Hahlweg, "Clausewitz and Guerrilla Warfare", in The Journal of Strategic Studies. Vol. 9, n.º
2-3 (Jun/Set86), pp. 127-128; Rudolf Olden (1946), The History of Liberty in Germany, London, Victor Gollancz, p. 37; Friedrich
Meinecke (1977), The Age of German Liberation. 1795-1815, Berkeley, Calif., Univ,. of California Press, pp. 99-101, 104- 106.
59
Shanahan, pp. 96, 108, 116-124, 152-153, 158-159, 185-215, 229; Dennis Showalter, "The Prussian Landwehr and its Critics", in
Central European History. Vol. IV, n.º 1 (Mar71), pp. 5-12; Prignitz, pp. 105-111; Olden, pp. 38-39, 43-44; Meinecke, The Age of
German Liberation, p. 104-115; Simon, pp. 161-170; Ritter, The Sword and the Scepter, Vol. I, 93-126; Paret, pp. 120, 122, 134- 135,
137-138, 155-157, 194-195; Dorpalen, pp. 494- 503; 508-510; Roger Parkinson (1971), Clausewitz, NY, Stein & Day, pp. 135, 210-214,
227; Obermann, p. 149; Gordon Craig (1955), The Politics of the Prussian Army, 1640-1945, Oxford, Clarendon, pp. 49, 53-54, 59-60; e
Friedrich Engels, "Prussian Francs-Tireurs”, in Karl Marx and Frederick Engels (1966), Collected Works, NY, International, Vol. 22,
pp. 199-202. 23. Ritter, The Sword and the Scepter, Vol. I, p. 97. Sobre a mesma ideia, repetida um século depois, vd. Hintze, p. 207.
60
Ritter, The Sword and the Scepter, Vol. I, p. 97. Sobre a mesma ideia, repetida um século depois, vd. Hintze, p. 207.
61
Karl Metz, "Der kleine Krieg im grossen Krieg, Die Guerilla”, in Militaraeschichtliche Mitteilunaen, n.º 33 (1983), pp. 9, 12-14.
Sobre discussão mais geral do Volksbefreiunaskrieg e as implicações revolucionárias, vd. Obermann, pp. 151- 156.

Página 1 de 144
"diferente do da Espanha na medida em que foi firmemente organizado", e um contemporâneo
prussiano apresentou análise ainda mais fundamental, observa que o governo realmente estava a
sufocar sublevações espontâneas ao impor muitas regras62. No prazo de vários meses após o
decreto Landstrum, os guerrilheiros da Prússia afundaram-se sob o peso das ordens burocráticas
que lhes permitiam reunir-se apenas com a autoridade expressa dos governos militares
prussianos locais, e como os franceses se retiraram do território prussiano mais rapidamente do
que o esperado, as imposições de guerrilha foram rapidamente desmobilizadas ou usadas para
preencher as fileiras do Landwehr. O Landwehr, por sua vez, elevado a exército de campo
completo e, depois, desfrutou de breve período como força de combate de primeira linha, igual
em status ao Exército regular e ainda organizado como força de cidadãos assente em milícia.
Em 1819, no entanto, reduzido em status a reserva especial para o Exército regular, em parte
por causa das próprias inadequações, em parte porque nobres e Oficiais militares reaccionários
temiam o teor político de a força dominada pelas classes médias nacionalistas e democráticas.
Mesmo após essa emasculação, as tensões sobre o status do Landwehr permaneceram não muito
abaixo da superfície política prussiana por meio século, e na década de 1860 a monarquia e os
Junkers fortaleceram ainda mais o Exército regular às custas do Landwehr63.
A mensagem parece ter surgido da Guerra de Libertação – pelo menos para os militares
prussianos – a guerrilha era a táctica útil em tempos de desespero, conceito de facto, já tinha
sido avançado por alguns teóricos alemães do séc. XVIII e geralmente associado ao termo
Kleinkrieg (ou guerra pequena")64. Nos escritos pós-guerra de Clausewitz enfatizou a guerra à
paisana exactamente neste sentido: como revolta defensiva de "camponeses armados"
empreendida uma vez que o interior da pátria foi invadida, mas coordenada de perto pelo Estado
e conduzida como complemento de diversão às operações militares regulares. De facto,
proclamei, sem a direcção de destacamentos especiais do Exército regular, "os habitantes locais
geralmente não terão confiança e iniciativa para pegar em armas". Clausewitz encobriu a guerra
à paisana como meio de mudança social ou política radical, e recusou-se a considerá-la como
método em si capaz de alcançar a vitória em qualquer lugar, excepto em vastas extensões da
Rússia65, proposição que novamente minimiza aspectos revolucionários da Kleinkrieg.
Esta abordagem especificamente prussiana-alemã da guerra à paisana não teve muitas
oportunidades de aplicação durante o século após a Guerra de Libertação. É verdade, no
entanto, de 1814 a 1888, a Prússia/Alemanha manteve o status de Landsturm como espécie de
convocação final vaga no caso de o país ser invadido, e os depósitos de abastecimentos para
esses caçadores de última-hora foram supostamente preparados. A melhor tentativa individual
de definir esse fantasma do Landsturm foi a chamada "Lei Landsturm" de 1875, visando
especificamente invocar o espírito do decreto de 1813 e onde descrevia o Landsturm como um
Volksbewegung especial a ser levantado em caso de invasão inimiga e sujeito a possível serviço
de guerra como reserva de substitutos para o Landwehr66.
Com efeito, no entanto, muito pouca atenção foi dada ao Landsturm porque o principal impulso
do planeamento militar foi direccionado para a mobilização de emergência do maior número
possível de tropas da linha de frente, cuja principal tentativa era montar um ataque preventivo
bem-sucedido em caso de perigo iminente. As razões para esta orientação da estratégia não são

62
Prignitz, pp. 110-111; e Dorpalen, p. 511.
63
Meinecke, The Age of German Liberation, p. 114; e Simon, p. 180.
64
Engels, "Prussian Francs-Tireurs”, p. 202; Dorothea Schmidt (1979), "Die Landwehr im preussischen Militarsystem zwischen 1815
und 1819", in Revue Internationale d'Histoire Militaire, n.º 43, pp. 38-53; Showalter, pp. 13-33; Simon, pp. 171- 193, 220-221; Olden,
pp. 51- 53, 87-90; Ellis, p. 164; Hajo Holborn (1969), A History of Modern Germany. 1840-1945, NY, Knopf, pp. 139-142; Friedrich
Meinecke, "Boyen und Roon" (pp. 301-303, 307, 313); Friedrich Meinecke, "Landwehr und Landsturm seit 1814” (pp. 533-543, 554-
556), ambos em Friedrich Meinecke Werke (1979), ed. Eberhard Kessel, Stuttgart, K.F. Koehler, Vol. IX; Howard, pp. 94-95, 100;
Obermann, pp. 57-58, 117-119, 130- 131; Parkinson, pp. 293-298, 301-303; Laqueur, "The Origins of Guerrilla Doctrine", pp. 352-377;
Dorpalen, pp. 510-513; e Craig, pp. 61, 69-71, 74-75, 139-148, 151-152. No período entre as Leis Militares de 1814 e 1860, o
liberalismo germânico atinge o ponto mais alto (1848), e a nova milícia popular, the Burgerwehr, foi constituída brevemente. No
entanto, uma vez que as forças da reacção recuperaram a vantagem em finais de 1848, o Burgerwehr foi dissolvido abruptamente. Craig,
pp. 106, 111-112, 119-120.
65
Como Peter Paret notou, não há equivalente exacto em inglês para o termo Kleinkrieg. Sente que a interpretação mais verdadeira do
termo é a "guerra de destacamentos" embora seja reconhecidamente complicado. Paret, p. 21. Sobre menção a teóricos germânicos da
Kleinkrieg do séc. XVIII, e influência em Clausewitz, vd. Laqueur, "The Origins of Guerrilla Doctrine”, pp. 344-350.
66
Meinecke, "Landwehr and Landsturm seit 1814", p. 538, 544, 547-550.

Página 1 de 144
difíceis de determinar: a unificação alemã, afinal, foi alcançada por exércitos de campanha
regulares a operar sob o Comando da aristocracia prussiana, e o novo Império alemão tornou-se
em potência económica e militar que logo desenvolveu o método supostamente à prova de
falhas de "defesa ofensiva" na forma do Plano Schlieffen. Além disso, a sombra parecia cair
sobre a guerrilha como táctica e como estratégia; como supracitado, os únicos guerrilheiros que
o Reich realmente encontrou durante esse período foram aqueles que enfrentaram as tropas
alemãs e, para os europeus do Norte em geral, a guerra à paisana parecia encaixar-se
perfeitamente na visão popular de Spencer da guerra como produto de culturas bárbaras
existentes nas franjas da civilização ocidental67.
A eclosão da IªGM destruiu grande parte dessa arrogância spencerita sobre a natureza da guerra e,
até certo ponto, reviveu a legitimidade da guerra à paisana como táctica. É claro que, com a breve
excepção da campanha da Prússia Oriental em 1914, o Alto Comando germânico não teve que
enfrentar a perspectiva de defender o solo nacional alemão até o final da guerra, e mesmo nesta
hora final preferiram o armistício – supostamente em termos liberais wilsonianos – em vez de
apoiar a massa em comporta sugerido por homens como Walther Rathenau, o chefe da economia
germânica durante a guerra68. Interessa notar, porém, que em vários casos, onde as unidades
militares germânicas foram isoladas por forças inimigas, o corpo de Oficiais prussianos em
princípio despretensiosos e sem imaginação adoptou com sucesso para a guerra de guerrilhas,
embora em conjunto das estreitas linhas tácticas diversionista de a Kleinkrieg. Houve vários casos
de tal actividade nessas linhas fluidas da frente oriental, mas o exemplo clássico foi na África
Oriental germânica, onde o Oberstleutnant Paul von Lettow-Vorbeck que liderou a coluna de
guerrilha de vários milhares de Schutztruppe e africanos através de quatro anos odisseicos que
terminou só algumas semanas após o Armistício na Europa69 (Um dos Oficiais de Lettow-
Vorbeck, Theodor von Hippel, inspirado pela Campanha de Tanganica que mais tarde traçou,
arquitectou e liderou o chamado destacamento "Brandenburgo", a principal unidade comando da
Alemanha durante os estágios iniciais da IIªGM)70 Além disso, os agentes germânicos ainda
tentaram estimular a guerra de guerrilha na Polónia, Ucrânia, Pérsia e além de vários pontos71.
O período imediato após a Grande Guerra desenvolveu-se ao longo de linhas muito semelhantes
ao período anterior de derrota e humilhação de 1806 a 1813. Como durante o período
napoleónico, o exército regular era estritamente limitado em tamanho, e essa deficiência criou a
necessidade de tácticas inovadoras e métodos. Sob Comando do GEN Hans von Seeckt, o
Reichswehr desenvolveu a doutrina de guerra móvel para compensar as vantagens franco-
polocas em blindados, artilharia e aeronaves, e inculcou confiança em tácticas de manobra –
base eventual da guerra Blitzkrieg tinha sido estabelecido, particularmente após a plena
realização de oportunidades para forças mecanizadas operando dentro de tal doutrina de
mobilidade72. Oficiais alemães educados nesse ambiente desenvolveram um senso de iniciativa
independente e flexibilidade geralmente maior do que seus eventuais oponentes na IIªGM73, e

67
Carl von Clausewitz, On War, Princeton, NJ; vd. Ellis, pp. 63-64; Hahlweg, "Clausewitz and Guerrilla Warfare", p. 129; Paret, pp.
178-179; e 350. Sobre o contínuo interesse da Prússia na teoria da Guerra de guerrilhas durante o séc. XIX, vd. Paret, p. 176; e Laqueur,
pp. 354- 357.
68
Metz, pp. 8, 15.
69
Holborn, p. 508. Sobre a história completa, vd. Werner Conze (1964), Die Zeit Wilhelms II und die Weimarer Republik, Tubingen,
Wunderlich, pp. 112- 125.
70
Edwin Hoyt (1981), Guerilla, Colonel von Lettow-Vorbeck and Germany's East African Empire, NY, MacMillan, Leonard Mosely
(1963), Duel for Kilimanjaro, NY, Ballantine; Ellis, pp. 128-130; e Walter Laqueur (1977), Guerrilla, A historical and critical study,
London, Weidenfield & Nicolson, pp. 155-160.
71
Gert Buchheit (1966), Der deutsche Geheimdienst, München, List, p. 308; Heinz Hohne (1979), Canaris, NY, Doubleday, p. 376; e
Herbert Kriegsheim, Getarnt (1958), Getauscht. und doch Getreu, Die aeheimnisvollen "Brandenburger", Berlin, Bernard & Graefe, p. 296.
72
Antony PoLönsky (1984), "The German Occupation of Poland during the First and Second World Wars, A Comparison", in Armies of
Occupation, ed. Roy Prete & Hamish Ion, Waterloo, Ontario, Wilfred Laurier UP, p. 115; Waclaw Jedrzejewicz (1982), Pilsudski, A
Life for Poland, NY, Hippocrene, p. 57; Oleh Fedyshyn, "The Germans and the Union for the Liberation of the Ukraine, 1914-1917", in
The Ukraine, 1917-1921, A Study in Revolution, (1977), ed. Taras Hunczak, Cambridge, Mass.; Harvard UP, pp. 311, 314; Percy Sykes
(1951), A History of Persia, London, Macmillan, p. 442-447, 448- 450, 453-456, 460-461, 475-476; William Olson (1984), Analo-
Iranian Relations during World War I, London, Frank Cass, pp. 51-52, 71-75, 79-80, 88-90, 93-99, 103-104, 118, 153, 156, 162;
BGEN. F.J. Mobely (1987), Operations in Persia, 1914-1919, London, HMSO; e Fritz Fischer (1967), Germany's War Aims in the First
World War, NY, Norton, pp. 126-127, 137.
73
Robert Citino (1987), The Evolution of Blitzkrieg Tactics, NY, Greenwood; e Williamson Murray, "German Army Doctrine 1918-
1939, and the Post-1945 Theory of 'Blitzkrieg Strategy'" in German Nationalism and the European Response, ed. 101 Carole Fink, et all

Página 1 de 144
dificilmente se encaixam no usual estereótipo autómata prussiano brunido e obstinado,
alegadamente incapaz do exercício de iniciativa independente essencial à guerra de guerrilha.
Na verdade, a guerra de guerrilhas constituiu o elemento importante na nova estratégia:
Hauptmann Arthur Erhardt alegou que a crescente mecanização da guerra tornou as linhas de
abastecimento um alvo óbvio para os guerrilheiros74, e o especialista do Reichswehr em
"assuntos orientais", Oberstleutnant von Voss, observou que a Kleinkrieg era potencialmente de
grande valor desde que "organizado sistematicamente". Na prática, o Reichswehr ajudou a
formar unidades paisanas especiais que mantiveram a resistência contra as potências aliadas nas
zonas de ocupação renanas e – durante os anos sombrios de 1923 a 1925 – também no Ruhr.
Esses guerrilheiros formaram o núcleo original de a organização paisana nacional chamada
Feldjägerdienst, que esteve sob a alçada dos Comandos militares regionais (Wehrkreise) até
1928, quando foi transferido para a Grenzschutz. Guiado em parte por influências suíças e
soviéticas, o Feldjägerdienst era composto por 100 homens de companhia (Kampfpatrouillen)
que, por sua vez, eram subdivididos em 8 Gruppe e cujo objectivo era assediar a retaguarda
inimiga em caso de invasão da Alemanha, particularmente nas zonas desmilitarizadas e
ocupadas pelo inimigo na Renânia. Unidades especiais de Volksdeutsch também foram criadas
para executar de actividades de sabotagem no Sudentenland, Memelgebeit e nas fronteiras
anexas à Polónia, e o Feldjägerdienst também treinou e forneceu guerrilheiros estrangeiros,
como os separatistas ucranianos e revanchistas húngaros, que ofereceu todo o tipo de
oportunidade concebível para desviar as atenções inimigas da Alemanha75.
Após a Machtergreifung nazi em 1933, a guerra irregular continuou a desempenhar papel
importante na estratégia e táctica alemã – de facto, como observa David Thomas, a Wehrmacht
foi o primeiro exército a desenvolver um conceito sistémico do valor das operações comando e
a explorar tais tácticas em larga escala76. Ideologicamente, a imagem do guerrilheiro encaixava-
se à vontade na imagem romântica nacional-socialista do guerreiro individual – i.e., o homem
de acção de elite e ideólogo fanático, em vez do soldado-administrador actual. Este foi
exactamente o espírito usado para divinizar a memória de Leo Schlageter, ex-líder da equipa de
sabotagem nazi no Ruhr, capturado e executado pelos franceses em 1923. Schlagter
homenageado posteriormente como o "primeiro soldado do IIIº Reich", e em 1933 o novo
regime até inaugurou o enorme "Monumento Schlagter" no Golzheimer Heath77.
A esquerda alemã também desenvolveu o próprio fascínio pela guerra à paisana, e isso reuniu na
Weltanschauung do Sturmabteilung (SA), milícia militante do NSDAP. Foram as SA que
falaram em organizar um "Exército Popular" e estabeleceram campos de treino para
guerrilheiros78, que pararam abruptamente quando a milícia foi violentamente reprimida em
1934. O Exército convenceu Hitler de que falar de um "Exército Popular" e uma "Segunda
Revolução" eram tão perigosas para o próprio ditador quanto para o Corpo de Oficiais e as
Grandes Empresas. A breve história do Partido também sugeria simpatia pelos modos
irregulares de guerra e violência política. Muitas figuras importantes do Partido – incluindo
Martin Bormann, Heinrich Himmler e Reinhard Heydrich – tinham 11 membros de formações
militares irregulares, originalmente tomaram forma em 1918-19, quando a base do Exército se

(1985), Norman, Okla., Univ. of Oklahoma Press, pp. 76-86, 92-93. 37. Glen Scott, "British and German Operational Styles in World
War II”, in Military Review, Vol. 65, n.º 10 (Oct. 1985), pp. 38-41; e Antulio Echevarria, "Auftragstaktik, In Its Proper Perspective”, in
Military Review. Vol. 66, n.10 (Oct. 1986), pp. 50- 55. 38. Laqueur, Guerrilla, p. 199.
74
Glen Scott, "British and German Operational Styles in World War II”, in Military Review, Vol. 65, n.º 10 (Oct. 1985), pp. 38-41; e
Antulio Echevarria, "Auftragstaktik, In Its Proper Perspective”, in Military Review, Vol. 66, n.º 10 (Oct. 1986), pp. 50- 55.
75
Laqueur, Guerrilla, p. 199.
76
Obstl. v. Voss, "Denkschrift uber den Feldjagerdienst”, 01Abr28, pp. 1-5, 8, 13, 38, 49-50, 63-64; Obslt. v. Voss to the Leiter der
Heeres-Abteilung, 01Mai28; "Auslandsarbeit", 31Mar28, pp. 5, 11-12, 15-18, 22-24, 26, todos em RH 2/418, BMA; F.L. Carsten
(1966), The Reichswehr and Politics, 1918-1923, Oxford, Clarendon, pp. 154-155; Werner Hahlweg (1968), Guerilla, Krieg ohne
Fronten, Stuttgart, Kohlhammer, p. 110; Harold Gordon (1957), The Reichswehr and the German Republic, 1919-1926, Princeton, NJ,
Princeton UP, pp. 256-257; Rose, pp. 24, 61-65; e Kriegsheim, p. 292.
77
David Thomas, "The Importance of Commando Operations in Modern Warfare, 1939-82”, in The Journal of Contemporary History.
Vol. 18, n.º 4 (Oct. 1983), p. 691.
78
Jean-Claude Fauez (1969), La Reich devant l'occupation franco-belge de la Ruhr en 1923, Geneve, Libraire Droz, pp. 200-202;
Robert Waite (1952), Vanguard of Nazism; The Free Corps Movement in Postwar Germany, 1918-1923, Cambridge, Mass., Harvard
UP, pp. 235-238, 264; Laqueur, Guerrilla, p. 168; John W. Wheeler-Bennett (1954), The Nemesis of Power, NY, St. Martin's p. 104; e
Nigel Jones (1987), Hitler's Heralds, The Story of the Friekorps. 1918-1923, London, John Murray, p. 228.

Página 1 de 144
desintegrou. Durante esse período de caos e decadência, alguns Oficiais subalternos tinham
contratado serviços de formações de elite de tropas – as mais fanáticas e brutais de toda uma
geração brutalizada pela guerra – e a esse núcleo somaram a amálgama de cadetes e civis de
direita. O resultado final, uma variedade de unidades militares semiprivadas e nacionalistas, que
guardavam as fronteiras orientais e, em 1919, foram usadas pelo novo governo republicano para
defender as cidades do Reich contra insurreições comunistas79. Foram formados bandos
semelhantes nos países pós-IªGM, particularmente em nações ameaçadas pela anarquia ou pelo
comunismo, mas na Alemanha tais destacamentos adoptaram a denominação especificamente
alemã de Freikorps, que parecia ligá-los a feitos heróicos datados da época da Guerra dos Sete
Anos e campanhas de libertação contra Napoleão.
Em 1920, os Freikorps voltaram-se contra os antigos senhores republicanos e encenaram um
golpe de estado abortado sob a liderança do funcionário público prussiano Wolfgang Kapp.
Depois de terem mostrado as garras, as unidades foram utilizadas para esmagar mais uma
revolta comunista no Ruhr, e então receberam ordens para desarmar e desmantelar. Com efeito,
no entanto, os Freikorps degeneraram numa variedade de milícias menores, clubes patrióticos e
conspirações clandestinas, algumas das quais usadas pelo Exército para formar a reserva secreta
informalmente chamada de "Reichswehr Negro"80. Quando os polacos e os Aliados tornaram-se
excessivamente agressivos, tais grupos foram usados para a guerra de guerrilha: os
remanescentes de Freikorps, v.g., travaram a guerra de guerrilha na Alta Silésia contra os
polacos (1921) 81, e também foram activos no Ruhr contra os franceses e belgas82.
Outros fragmentos de Freikorps declararam guerra ao "inimigo interno" e reviveram os rituais
medievais do Vehme. Políticos que negociavam com "o inimigo" tornaram-se marcados pelos
assassinos deste novo Vehmegericht: o político católico Matthias Erzberger, que negociou o
Armistício e assinou o Tratado de Versalhes, foi morto a tiros em Ago21, um ano depois foi
Walther Rathenau, industrial e estadista judeu-alemão que, como ministro dos Negócios
Estrangeiros, negociou o Pacto Rapallo com a Rússia soviética. Mais de 400 vítimas caíram no
Vehme (de acordo com números compilados por E.J. Gumbel), e a tradição alemã de
vigilantismo ressurgiu assim de forma virulenta83.
Depois de meados da década de 1920, a maioria dos restos incompletos dos Freikorps
incorporaram no NSDAP, mas o excelente exemplo do tipo de organização que existia de forma
quase legal durante o ínterim – i.e., após a supressão do Freikorps, mas antes da ascensão final do
nazismo como um monólito radical de direita – foi o Wehrwolf. Este movimento, sob a liderança
do Leutnant Peter von Heydebreck, adoptou o nome de Der Wehrwolf (1910), romance histórico
obra de referência de Hermann Löns sobre os guerrilheiros que percorriam o Luneberg Heath
durante a Guerra dos 30 Anos. Os primeiros "Wehrwolfe" foram os remanescentes dispersos do

79
Rose, p. 25.
80
Waite, pp. 33-139; Laqueur, Guerrilla, pp. 166-169; Ernst von Salomon (1983), The Outlaws, Millwood, NY, Kraus Reprint, pp. 11-
134; Jones, Hitler's Heralds. pp. 47-97, 113-145; e Craig, pp. 355- 361. Sobre os antecedentes do Freikorps dos vários líderes NS, vd.
Jochen von Lang (1979), The Secretary - Martin Bormann, The Man Who Manipulated Hitler, NY, Random House, pp. 25-35, Bradley
Smith (1971), Heinrich Himmler, A nazi in the making, 1900-1926, Stanford, Calif., Hoover Institution Press, pp. 65-67, 93, 105, 125-
126, 131-132; G.S. Graber (1981), The Life and Times of Reinhard Heydrich, London, Robert Hale, pp. 13, 20, 21; Gunther Deschner
(1981), Heydrich, The Pursuit of Total Power, London, Orbis, p. 22; Edouard Calic (1985), Reinhard Heydrich, NY, William Morrow,
pp. 28-31; Jones, Hitler's Heralds. pp. 266-272; Waite, pp. 285-296; e OSS R&A n.º 1934, "The Problem of the Nazi Underground -
Appendix, Free Corps Members Prominent in the Nazi Party”, 21 Ago44, pp. 52-55, in OSS/State Department Intelligence and Research
Reports, Micf, Rolo n.º XIII.
81
Wheeler-Bennett, pp. 92-95, 111-112; Merkl, p. 201- 202; Waite, pp. 188-212, 240-254; Craig, pp. 401- 404; Emil Julius Gumbel
(1980), Vier Jahre Politischer Mord, Heidelberg, Verlag des Wunderhorn, pp. 128-140; e Jones, Hitler's Heralds, pp. 186- 192. Sobre
ligações entre a "Reserva Negra" e a Armada, vd. Hohne, pp. 82-86.
82
F.L. Carsten (1966), The Reichswehr and Politics. 1918- 1933 (Oxford, Clarendon, pp. 149-150; Salomon, pp. 215-227; Harry
Rosenthal, "National Self-Determination, The Example of Upper Silesia", in The Journal of Contemporary History. Vol. 7, n.º 3-4 (Jul-
Out72), pp. 236-237; Gordon, pp. 227- 228, 343, 345-346; Laqueur, Guerrilla, p. 167; Contemporary Poland. Vol. V, n.º3 (Mar71), pp.
15-16, 20-21; Patricia Gajda (1982), Postscript to Victory; British Policy in the German-Polish Borderlands, 1919-1925, Washington
UP, pp. 65, 68-71, 76-77, 86, 95-96, 127-129; Waite, pp. 190-191, 193, 227-232; Gumbel, pp. 129-130; Sir James Edmonds (1987), The
Occupation of the Rhineland, 103 1918-1929, London, HMSO, pp. 232-239; Peter von Heydebreck (1931), Wir Wehr-Wolfe,
Erinnerunaen eines Freikorns-Führers, Leipzig, K.F. Koehler, pp. 85-110; Jones, Hitler's Heralds, pp. 221-222; Richard Watt (1977),
Bitter Glory, Poland and its fate. 1918-1939, NY, Simon & Schuster, pp. 158-159; Gregory Campbell, "The Struggle for Upper Silesia,
1919-1921", in The Journal of Modern History, Vol. 42, n.º 3 (Set70), p. 378; e Howard Stern, "The Organisation Consul", in The
Journal of Modern History, Vol. XXXV, n.º 1 (Mar63), p. 23. 46.
83
Waite, pp. 233-238; Fauez, pp. 194-208; Wheeler-Bennett, p. 104; e Jones, Hitler's Heralds, pp. 227-228.

Página 1 de 144
"Freiwillige Jägerschar" de Heydebreck, elementos dos quais fugiram para a floresta após
desfecho das grandes operações na Alta Silésia, e empreenderam actividades terroristas até
Outono de 1922. Nos contíguos anos, também o Bund Wehrwolf foi activo no fomento da guerra
paisana no Ruhr, e mesmo dentro no interior do Reich representava tal ameaça de desestabilização
foi perseguido e parcialmente banido pelas autoridades estatais prussianas84.
Apesar da sua energia prodigiosa, no entanto, o Wehrwolf foi fenómeno de curta duração: o
arquivo do Reichswehr (mais tarde capturado pelas forças Aliadas em 1945) mostra que em
meados da década 20, subsecções regionais inteiras do Wehrwolf foram para o NSDAP em
bloco85. Heydebreck, velho amigo de Röhm, formou os próprios seguidores imediatos nas SA
da Alta Silésia e mais tarde nomeado comandante regional das SA na Pomerânia (1933)86.
É interessante notar, no entanto, que os nacional-socialistas eventualmente desenvolveram
sentimentos mistos em relação ao Wehrwolf e outros grupos do tipo Freikorps. Na prática, o
Partido adoptou muitas das piores características revolucionárias de direita do pós-guerra, como
a apreciação exagerada pela violência87, e uso de rituais Vehme na eliminação de inimigos
políticos88 – Peter Merkl, v.g., nota a particular importância da Resistência antifrancesa para o
estabelecimento de células locais do Partido na Alemanha Ocidental e para a injecção de uma
atmosfera violenta no movimento como um todo89. Por outro lado, tinha limite estrito para a
romantismo dos Freikorps e o Wehrwolf durante o IIIº Reich, principalmente porque a violência
e os vagos sentimentos revolucionários dos Freikorps eram precursores óbvios do mesmo
espírito dentro da desacreditada SA, e muitos dos Freikcorpsmänner e Wehrwolfe foram
realmente atraídos para esse segmento sedicioso do Partido, ou para as fileiras ainda mais
radicais da dissidente "Frente Negra". O próprio Heydebreck foi assassinado no Expurgo de
Sangue de Jun3490, e muitos outros ex-Wehrwolfe – sortudos por estarem vivos – foram
relegados a cargos menores dentro da burocracia nazi: o ex- Abschnitt Wehrwolf em Berlim,
v.g., acabou como sargento de Saúde da Wehrmacht num hospital militar em Varsóvia91. O
movimento Wehrwolf entre guerras raramente era mencionado na propaganda a convocar à
última resistência em 1944-45, nem foram ex-membros do Wehrwolf ou Freikorps envolvidos
especificamente na organização de novos grupos clandestinos durante este período posterior92.
Após o Machtergreifung o Partido teve pouca utilidade para manter o terror clandestino contra
oposionistas domésticos, uma vez que a polícia e a burocracia regulares eram agora empregadas
com esse propósito de impor um teor nazi à sociedade. No entanto, os seus métodos de terror e
intimidação virou-se para a política externa, e nesse processo o terrorismo e a guerrilha foram
convertidos de táctica defensiva – que tinha sido durante o período de Weimar – na arma para a
desestabilização de vários alvos de conquista. A Inteligência Militar (Abwehr) e vários aparatos
do Partido e SS foram usados para patrocinar tais actividades subversivas, e logo após a eclosão
da guerra em 1939, a unidade especial Abwehr de Hauptmann von Hippel, a "Estrutura
Brandenburg" foi organizada como destacamento especializado para operações comando e
guerra paisana. Houve algumas dúvidas momentâneas dentro da Abwehr sobre tal exploração do
Kleinkrieg – o ALM Canaris, v.g., mostrou respeito altivo por tais técnicas "bolchevistas" – mas
essas reservas foram mais do que compensadas pela óbvia conveniência de manter tropas

84
Stern, pp. 20-32; Waite pp. 212-227; Salomon, pp. 228-314; Wheeler-Bennett, pp. 69, 93-94; Gumbel, pp. 64-78; e Jones, Hitler's Heralds,
pp. 192- 210. Sobre dados Gumbel's, vd. "Denkschrift des Reichsjustizministers zu 'Vier Jahre Politischer Mord'", pp. 178, 182, in Gumbel.
85
Merkl, p. 80, 127, 141, 202, 237-238, 244-245, 318-319, 373-374; Waite, pp. 50, 56, 190-191, 193, 228- 229, 232, 248; Rose, pp. 46-
47, 54-60; Heydebreck, pp. 123-149, 158-162; e Jones, Hitler's Heralds, p. 221.
86
CCG "Intelligence Review", n.º 5, 06Fev46, p. 9, FO 371/55807, PRO. Vd. Merkl, p. 319; e Rose, pp. 58-60.
87
Waite, p. 254; Richard Bessel (1984), Political Violence and the Rise of Nazism, The Storm Troopers in Eastern Germany. 1925-
1934, New Haven, Yale UP, pp. 17, 41, 59; e Jones, Hitler's Heralds, pp. 220, 222.
88
Merkl, pp. 114-115, 220-221, 226-227.
89
Há alguma evidência que o preço colocado nas cabeças de proeminentes exilados durante o início do IIIº Reich, e os esquadrões
"Vehme" – na verdade destacamentos da Gestapo e Sicherdienst – eram mobilizados contra a comunidade exilada, em especial a checos
sudetas. O filósofo Theodor Lessing foi assassinado pelo esquadrão Vehme em Ago33, e Albert Einstein alegadamente foi figura
principal nas listas negras. Vd., v.g., Philipp Frank (1947), Einstein, His life and times, NY, Knopf, pp. 239-240; The New York Times,
12Abr33; 31Ago33; 01Set33; 02Set33; 03Set33; 07Set33; 08Set33; 17Set33; 8Nov33; 04Abr34; Calic, pp. 145- 150; e Victor
Alexandrov (1968), O.S.1, Services Secrets de Staline contre Hitler, Paris, Planete, pp. 57, 61-62.
90
Merkl, pp. 201-206.
91
Waite, pp. 254, 279; Bessel, pp. 41, 133, 137; e Jones, Hitler's Heralds, pp. 78, 220, 245.
92
"Werwolf" (sem data), IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.

Página 1 de 144
especiais que pudessem apoderar-se de objectivos cobiçados pelas forças alemãs em avanço,
como pontes estratégicas, e que poderiam também causar caos militar e político na retaguarda
das forças inimigas em retirada93. O Volksdeutschen foram especialmente favorecidos como
quinta-colunistas e como recrutas para a unidade Brandenburgo, embora o patrocínio da guerra
de guerrilha certamente não se limitasse exclusivamente ao apoio a alemães étnicos.
A primeira vítima externa das técnicas de desestabilização nazi foi a Áustria, onde estes nativos
lançaram a campanha de terror precipitada e assassinaram o chanceler pró-italiano em 1934, no
processo quase desencadeou um conflito ítalo-alemão94. Uma política mais cuidadosa foi
adoptada nos três anos seguintes, embora em 1937 se resumissem a provocações nazis em
grande escala95 e na Primavera de 1938 a Áustria caiu sem resistência no colo do IIIº Reich. O
próximo alvo foi a Checoslováquia, onde o "Sudetendeutsches Freikorps" ajudou a lançar as
bases para o Acordo de Munique96, seguido em pouco tempo pela Polónia, onde milhares de
guerrilheiros Volksdeutsch – alguns deles comandos especialmente treinados (K-Truppe) –
ajudaram a facilitar a Blitzkrieg em Set3997. Foram os veteranos dessas campanhas que
formaram o núcleo original da Estrutura Brandenburgo.
Houve pequenas escaramuças por parte dos quinta-colunistas do Volksdeutsch no Leste da
Bélgica durante o ataque aos Países Baixos em 194098, mas somente com a reorientação das
atenções alemãs para Leste em 1941 os esforços para explorar os rebeldes do Volksdeutsch mais
uma vez atingiram o ponto alto: o ataque à Jugoslávia em Abr41 foi acompanhado por acções de
guerrilha por alemães étnicos na Eslovénia e no Banato jugoslavo99, e os soviéticos também

93
O único caso Wehrwolf registado entreguerras foi apresentada como precedente para resistência obstinada paisana nazi estava no
discurso de Ortsgruppenleiter em Flensburg. PID "News Digest" n.º 1596, 04Nov44, p. 7, Bramstedt Collection, BLPES. Sobre
aparente ausência de veteranos da Bund Wehrwolf no movimento Werwolf de 1944-45, vd. Rose, pp. 60-61.
94
Buchheit, pp. 308-310, 312-314; Oscar Reile (1963), Geheime Ostfront, Die deutsche Abwehr im Osten. 1921-1945, München,
Wesermuhl, p. 366; German Military Intelligence. 1939-1945 (Frederick, Md., University Publications of America, 1984), p. 306; Paul
Leverkeuhn (1954), German Military Intelligence, London, Weidenfeld & Nicolson, pp. 44- 45; Louis de Jong /1956), The German
Fifth Column in the Second World War, London, Routledge & Kegan Paul, p. 287; Lauren Paine (1984), German Military Intelligence
in World War II - The Abwehr, NY, Stein & Day, pp. 155-156; ere Brissaud (1973), Canaris, London, Weidenfeld & Nicolson, pp. 31-
32; e Hohne, pp. 288-289, 376-377.
95
Donald McKale (1977), The Swastika Outside Germany, Kent State UP, pp. 78-79; Kurt Schuschnigg (1971), The Brutal Takeover,
London, Weidenfeld & Nicolson, p. 48-49, 92-93, 112-115, 156-157; Ernst Rudiger (1942), Prince Starhemberg, Between Hitler and
Mussolini, London, Hoder & Stoughten, pp. 136-138, 152-172; Gottfried-Karl Kindermann (1988), Hitler's Defeat in Austria, 1933-
1934, Boulder, Colo., Westview, pp. 35, 91-131; Radomir Luza (1975), Austro-German Relations in the Anschluss Era, Princeton, NJ,
Princeton UP, pp. 24-25; Jurgen Gehl (1963), Austria. Germany, and the Anschluss. 1931-1938, London, Oxford UP, pp. 58, 62, 89-91,
97-100; Bruce Pauley (1981), Hitler and the Forgotten Nazis, A History of Austrian National Socialism, Chapel Hill, Univ. of North
Carolina Press, pp. 105-107, 125-133; Graber, pp. 139-141; Calic, pp. 131-133; e William Shirer (1960), The Rise and Fall of the Third
Reich, NY, Simon & Schuster, pp. 279-280.
96
Schuschnigg, pp. 155, 168, 172; Luza, p. 40; e Shirer, p. 323.
97
Vaclav Krai (1962), "Odsun Nemcov z Ceskoslovenska", in Nemecka Otazka a Ceskoslovensko (1938-1961), Brataslava,
Vydavatel'stvo Slovenskej Akademie Vied, pp. 27-28; Martin Broszat, "Das Sudetendeutsche Freikorps”, in Viertel iahrshefte fur
Zeitaeschichte. Vol. IX, n.º1 (Jan. 1961), pp. 30-49; Hohne, pp. 291, 294-295, 302-303, 308-309; Gerald Reitlinger (1981), The SS, Alibi
of a Nation, London, Arms & Armour, pp. 117-118; Anthony Komjathy e Rebecca Stockwell (1980), German Minorities and the Third
Reich, NY, Holmes & Meier, pp. 40-41, 178; David Irving (1978), The War Path, Hitler's Germany. 1933-9, London, Micheal Joseph,
pp. 138-139; Erziehungshauptamt der SA, Munchen to O/Gruf. Herzog, Amt Reichsführerschule der SA (s/d), p. 3, Records of the
NSDAP, Microcópia n.º T-81, Rolo 93, fotograma 107361, NA; MacAlister Brown, "The Third Reich's Mobilization of the German
Fifth Column in Eastern Europe”, The Journal for Central European Affairs. Vol. XIX, nº 2 (Jul59), p. 134; Vera Olivova (1972), The
Doomed Democracy, Montreal, McGill- Queens UP, pp. 240-243; e Julius Mader (1971), Hitlers Spionage Générale sagen aus, Berlin,
Verlag der Nation, pp. 154-155, 315, 399.
98
Karol Marian Pospieszalski (1959), Sorawa 58.000 "Volksdeutschow", Poznan, Instytut Zachodni, pp. 47-52; Edmund Zarzycki, "La
Diversion Allemande le 03et39 a Bydgoszcz a la Lumiere des Actes du Tribunal Special Hitlerien de la Ville" (pp. 279-294); Tadeuz
Jasowski, "La Diversion Hitlerienne le 03Set39 a Bydgoszcz" (pp. 295-308), ambos no Polish Western Affairs/La Pologne et les
Affaires Occidentales. Vol. XXII, n.º 2 (1981); Edward Wynot, Jr., "The Polish Germans, 1919-1939, National Minority in a
Multinational State”, in Polish Review. Vol. XVII, n.º 1 (Winter 1972), pp. 61-62; Peter Aurich (1969), Der deutsch-polnische
September 1939, Eine Volksaruppe zwischen den Fronten, München, Gunter Olzag, pp. 10-11, 108-125; Buchheit, pp. 310-312; de
Jong, pp. 43-45, 150-151, 153-156; McKale, pp. 159-160; Brown, pp. 139, 144; Komjathy e Stockwell, pp. 93-96, 159, 191; Hohne, pp.
336-338, 345, 349-351, 354; Mader, Hitlers Spionage Générale saaen aus. pp. 13-14, 115-121, 156-157, 309, 318-319; Kriegsheim, pp.
293-295; Helmuth Spaeter (1978), Die Brandenburger, eine deutsche Kommandotruppe zbV800, München, Walther Angerer, pp. 13-18;
Otto Heilbrunn (1963), Warfare in the Enemy's Rear, London, George Allen & Unwin, p. 26; Elizabeth Wiskemann (1956), Germany's
Eastern Neighbours, London, Oxford UP, pp. 43-46; Abwehrstelle in Wehrkreise VIII to Abwehr-Abteilung II, 14Jun39 (fotogramas
720-722); "Zusammenfassung der Besprechung mit dem Fursten Henckel-Donnersmarck am 11.6.1939 bei Major Deibitsch in
Hochdorf im Beisin von Chef Abw. II", 14Jun39 (fotogramas 717-719); "Ergebnis der Besprechung mit den II-Referenten der Asten
VIII und XVII am 27 Juni 1939" (fotogramas 712- 713), todas em Records of OKW, Microcópia n.º T-77, Rolo 1499, NA; e
Leverkeuhn, pp. 45-46. 62. De Jong, pp. 197-198; e Spaeter, pp. 65-66. 63. De Jong, pp. 230, 232-233; Komjathy and Stockwell, pp.
141-142, 161, 199; e Mader, Hitlers SpiongeeGénérale saqen aus. pp. 346, 349.
99
De Jong, pp. 197-198; e Spaeter, pp. 65-66.

Página 1 de 144
alegaram que a constante angústia foi causada pelo trabalho de sabotadores alemães nas áreas de
assentamento de Volksdeutsch ao longo do Médio Volga100.
Como rapidamente supracitado, o IIIº Reich fez uso de minorias étnicas não-alemãs como fonte
potencial de problemas para os seus inimigos. Alguns sabotadores flamengos foram enviados para
a retaguarda Aliada durante a campanha de 1940 no Ocidente (Unternehmen Wespennest II), mas
uma vez mais, sobretudo no Oriente tais actividades atingiram magnitude significativa e
alcançaram resultados consideráveis. Os contactos contínuos entre a Abwehr e os grupos
separatistas ucranianos, como a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) foram usados
para desencadear rebeliões de pequena escala na Polónia Leste durante 1939101, e em 1941
elementos ustascha pró-alemães no Norte da Jugoslávia também foram capazes de ajudar o
avanço alemão102. A União Soviética, em particular, parecia campo vasto e agitado para acções
subversivas, e mesmo antes da invasão alemã no Verão de 1941, as fronteiras soviéticas eram
flageladas pela actividade da quinta-coluna103. Uma vez que a Wehrmacht invadiu a fronteira,
comandos pró-alemães lideraram revoltas e guerrilhas na Ucrânia, Bielorrússia e Estados
Bálticos104, e a mesma estratégia foi aplicada mais uma vez em 1942, quando o foco dos esforços
alemães se deslocou para Sul da Rússia. Embora os onze separatistas exuberantes do Oeste da
União Soviética estivessem a exasperar com a natureza exploradora e brutal do regime de
ocupação alemão, tinha a hipótese de obter nova safra de descontentamento em áreas como
Calmúquia105, e durante a campanha de ocupação militar de 1942 as autoridades fizeram algum
esforço para estabelecer um regime mais liberal em áreas invadidas efectivamente. No Cáucaso,
centenas de comandos da Abwehr e da SS foram infiltrados ou lançados de pára-quedas na
100
De Jong, pp. 230, 232-233; Komjathy e Stockwell, pp. 141-142, 161, 199; e Mader, Hitlers Spionage Générale saqen aus. pp. 346, 349.
101
A ordem real dos acontecimentos na região do Médio Volga em 1941 e difícil de reconstruir. O decreto soviético em 1941 contou que
"milhares e dezenas de milhares de diversionistas e espiões" que se tinham infiltrado na área não foram relatados pelas autoridades locais da
Volksdeutsch. No entanto, a resolução do Soviete Supremo em Ago34 alterou este documento de 1941, alegando que as acusações contra os
germânicos do Volga eram indiscriminadas e infundadas – "expressão de despotismo atribuível ao culto à personalidade de Estaline". Além
disso, Louis de Jong – escreveu em grande parte sobre fontes que tinham servido no Abwer – afirma que durante a década 50 não havia
nenhuma evidência para mostrar que a Abwer estava sempre em contacto com Volksdeutschen soviético. Esta alegação, no entanto, refutada
fortemente pelas memórias do antigo Oficial do NKVD, D.M. Smirnov, estacionado em Orenburg em 1941 e supostamente uma testemunha
ocular da actividade diversionista do Volksdeutsch na área do Volga. Smirnov afirma que a maioria do Volga Volksdeutchen eram leais ao
regime soviético, mas havia agitadores nazis na área, imprimiam clandestinamente jornais, preparavam sabotagens e tentavam incitar
revoltas. Segundo Smirnov, chegaram relatórios espantosos a Orenburg sugeriam a tentativa por comandos alemães para criarem um reduto
"insurgente", criar um exército clandestino de alemães prisioneiros de guerra evadidos e cortarem as comunicações soviéticas entre a Frente
Sul e o complexo industrial do Ural. As autoridades soviéticas, em qualquer caso, decidiram testar a lealdade do Volksdeutschen com a
unidade especial de provocadores do NKVD, lançados via aérea dentro da República Alemã do Volga disfarçados como comandos alemães
preparados com ordens para organizar uma falsa rebelião "antissoviética". A aeronave NKVD também atirava panfletos falsos
"antissoviéticos". Em resposta a estas provocações o Volksdeutschen, não chegou a quase de imediato apoiar o início estalinista, centenas de
líderes locais foram perseguidos e mortos. Depois disso, a República do Volga foi extinta e os habitantes expulsos para a Rússia asiática.
Ingeborg Fleischhauer, "Operation Barbarossa' and the Deportation", in Ingeborg Fleischhauer e Benjamin Pinkus (1986), The Soviet
Germans, Past and Present, London, C. Hurst, p. 80-81; John Gunther (1957), Inside Russia Today, NY, Harper & Bros., p. 190; Fred Koch
(1977), The Volga Germans, Univ. Park, Penn., Pennsylvania State UP, pp. 284-285, 290-291; (1986), The Modern Encyclopedia of Russian
and Soviet History, ed. Joseph Wieczynski, Gulf Breeze, FI., Academic International Press, Vol. 42, 231; De Jong, pp. 130-132, 239-240;
D.M. Smirnov (1972), Zapiski Chekista, Minsk, Bielarússia, pp. 180-192; e "Auszug aus SS-Jagdverb., 5.1.1945", 03Abr45, RH 2/2337,
BMA.
102
John Armstrong (1980) (1980), Ukrainian Nationalism, Littleton, Colo., Ukrainian Academic Press, pp. 42-44; Leverkeuhn, p. 160;
Nicholas Bethell (1972), The War Hitler Won, London, Allen Lane/Penguin, pp. 135-136; De Jong, pp. 153, 155; Reitlinger, p. 203;
Alexander Dallin (1957), German Rule in Russia, 1941-1945, London, MacMillan, pp. 114-116; Mader, Hitlers Spionage Générale
saaen aus., pp. 122-124; e Hohne, pp. 318-319, 321, 337-338, 345, 357-359. Planos para a rebelião em grande escala na Polónia
Oriental foi cancelada por causa da ocupação soviética de Galicia sob os termos do Pacto de Não-Agressão Nazi- Soviética.
103
J.B. Hoptner (1962), Yugoslavia in Crises. 1934-1941, NY, Columbia UP, pp. 136-138, 288; Jozo Tomasevich (1975), The Chetniks,
War and Revolution in Yugoslavia. 1941-1945, Stafford, Calif., Stanford UP, pp. 70-71, 75, 77-79; e Dimitrije Djordjevc (1971), "Fascism in
Yugoslavia, 1918-1941", in Native Fascism in the Successor States. 1918-1945. ed. Peter Sugar, Santa Barbara, ABC-Clio, p. 132.
104
John Erickson (1984), The Road to Stalingrad, Boulder, Colo., Westview, pp. 82, 97, 103, 109; Maurice Shainberg (1988), Breaking
from the KGB, NY, Berkeley Books, p. 162; Mader, Hitlers Spionage Générale saaen aus. pp. 267-269, 275, 324, 342. para a destruição em
1940 de um grande bando nacionalista bielorusso, armado com armas alemãs e supostamente dirigido pelo centro de control alemão em
Varsóvia, vd. S. Belchenko, "Na Belostokskom Napravlenü" in (1970), Front bez Linü Fronta, Moscow, Moscovskni Rabochni, pp. 15- 21.
Sobre actividade da OUN na Galicia e Ucrânia Ocidental em 1940-41, vd. Clarence Manning (1953), Ukraine Under the Soviets, NY,
Bookman, pp. 161-162. Sobre actividades de bandos similares na Bielorrússia vários dias depois do ataque final alemão, vd. Anthony Read e
David Fisher (1988), The Deadly Embrace, Hitler. Stalin and the Nazi-Soviet Pact. 1939-1941, London, Micheal Joseph, p. 625.
105
Reile, Geheime Ostfront. pp. 296, 366-371; Belchenko, pp. 23-24; Erickson, pp. 121, 166; Hans von Herworth (com S . Frederick
Starr) (1981), Against Two Evils, NY, Rawson Wade, pp. 200-201; Dallin, p. 119; Mader, Hitlers Spionage Générale saaen aus. pp.
185, 279-280, 334, 355-356, 366; Zenonas Ivinskis, "Lithuania during the War, Resistance Against the Soviet and Nazi Occupants", in
(1965), Lithuania under the Soviets, Portrait of a Nation. 1940-65. ed. Stanley Vardys, NY, Praeger, pp. 64-68; Visvaldis Mangulis
(1983), Latvia in the Wars of the 20th Century, Princeton, NJ, Cognition, pp. 93-97; Hohne, pp. 458- 460; Leverkeuhn, p. 167-171;
Armstrong, p. 76-7; e Sol Littman (1983), War Criminal on Trial, The Raucca Case, Toronto, Lester & Orpen Dennys, pp. 41-45.

Página 1 de 144
retaguarda soviética, num processo de diversão a várias divisões do Exército Vermelho e tropas de
segurança, cuja presença era necessária para conter essa encenação secundária106.
Depois de a Frente Oriental se consolidar em 1942, os alemães intensificaram a guerra
subversiva e duplicaram o número de sabotadores lançados na retaguarda soviética, com outro
novo aumento substancial subsequente em 1943. A Abwehr decidiu que missões de
reconhecimento e sabotagem de longo alcance poderiam alcançar o sucesso, e os grupos de
reconhecimento da frente da Abwehr (Frontaufklärungen - FAK) iniciaram actividades de
recrutamento e treino intensos entre prisioneiros de guerra do Exército Vermelho e
trabalhadores russos, muitos dos quais acabaram por ser enviados para trás das linhas
soviéticas107. Programa paralelo de lançar para-quedistas guerrilheiros pró-alemães na
retaguarda Soviética organizado pelo Sicherdienst-Ausland (SD), que era o sexto Departamento
(Amt) do Reichsicherheitshauptamt (RSHA), a directoria de segurança SS formada em 1939.
Este programa da SS, chamado Unternehmen Zeppelin, estabeleceu ligações com as unidades
FAK e com os serviços de inteligência dos vários "comités de libertação nacional", criados na
Alemanha com foco para o nacionalismo étnico em áreas desocupadas da URSS. De 1942 a
1945, vários milhares de comandos do Zeppelin foram treinados e várias centenas foram
infiltrados ou lançados na retaguarda soviética108.
Naturalmente tinha rivalidade congénita entre os dois principais actores no campo das operações
irregulares – a Abwehr de um lado e as SS do outro – a rivalidade intensificou-se com o passar do
tempo e a situação da Alemanha piorou. A Abwehr foi o lado perdedor neste confronto, em grande
parte porque escalão superior era fortemente composto por Junkers conservadores que tendiam a
manter opiniões antinazis e abnegados para derrubar o regime de Hitler. Os Brandenburgeses, v.g.,
eram vistos como tropa de choque da oposição antinazi; e a SS sem dúvida suspirou de alívio
quando a unidade foi gradualmente convertida em formação regular, na qual só algumas equipas
de treino retiveram interesse especializado na acção comando; em grande medida, as funções
especiais dos Brandenburgeses foram assumidas pelos destacamentos da FAK durante a última
metade da guerra109. O SD-Ausland e a Gestapo, e mais tarde no mesmo ano, as unidades FAK

106
Joachim Hoffman (1974), Deutsche und Kalmvken. 1942-1945, Freiburg, Rombach, pp. 43, 91-92, 95-96, 181, 192-193; e
Aleksandre Nekrich (1978), The Punished Peoples, NY, Norton, pp. 69-70, 72, 76-77, 80.
107
Mader, Hitlers Spionage Générale saaen aus. pp. 191- 193, 355-357, 369, 375-376; (1964), Soviet Partisans in World War II, ed.
John Armstrong, Madison, Univ. of Wisconsin Press, p. 582; I.A. Kosikov, "Diversanty 'Tet'ego Reikha1", in Novaia i Noveishaia
Istorüa, n.º 2 (Mar-Abr86), pp. 223-224; Leverkeuhn, p. 166; Patrik von zur Muhlen (1971), Zwischen Hakenkruez und Sowietstern,
Der Nationalismus de Sowjetischen Orientvolker im Zweiten Weltkrieg, Düsseldorf, Droste, pp. 172-173, 202-206; General Intelligence
Report, "Interrogation of PW Johannsohn”, 26Jul45, OSS XL 13274, RG 226, NA; Nekrich, pp. 53-55, 58-59; MAJ. Dudarow, Ost-
Stabsoffizier b. Kdr. d. Osttr. to the Kommandeur der Osttruppen, 05Set43, R 6/145, BA; Hgr. A Ic/AO "Auszug aus Ic Tages- Meldung
v. 2.11.44", 03Nov44; FHO Ilia "Auszug aus Kgf.-Vernehmung (lib – n.º 4364)", 06Nov44; Leitstelle I Ost fur FAK to OKH Gen. St. d.
Heeres/FHO, 21Dez44, todos em RH 2/2337, BMA; F H O (Ila) "Zusammenfassungder Frontaufklarungsmeldungen”, 20Nov44, p. 3,
RH 2/2126, BMA; OKH/Abt. Frd. Heere Ost (B/P) "Nachrichten uber Bandenkrieg", 06Jun43 (p. 4); Forschungsdienst Ost "Politische
Informationen", 15Ago44, ambos na Records of OKH, Microcópia n.º T-78, Rolo 493, fotogramas 6480051-6480052, 6480054-
6480055, 6480065-6480067, NA; "Zusammenstellung von Meldungen uber sowjetfeindliche Banden in rtickwartigen Feindgebeit",
Fev44, Records of OKH, Microcópia n.º T-78, Rolo 497, totogramas 6485197- 6485200, 6485204, NA; Erickson, pp. 378-379; Trevor
Dupuy (1965), European Resistance Movements, NY, Franklin Watts, pp. 77-78; 3rd US Army ACoS G-2 Intelligence Center
"Interrogation Report" n.º 26, 02Ago45, pp. 8-9, OSS XL 15457, RG 226, NA; The New York Times, 19Ago46; e Kriegsheim, pp. 90-
91, 95-98, 101-103, 109-114, 128-133.
108
Front bez Linü Fronta (1970), Moscow, Moscovskni Rabochni, p. 7; Mader, Hitlers Spionage Générale saaen aus. pp. 372-378, 381;
"Merkblatt fur Führer und Ausbilder der K-Trupps im Osten”, Records of OKW, Microcópia n.º T-77, Rolo 1499, fotogramas 896-907,
NA; Leverkeuhn pp. 162-163; Reile, Geheime Ostfront. pp. 396-398; "Small Unit Actions during the German Campaign in Russia", pp.
178-190, in (1979), World War II German Military Studies, NY, Garland, Vol. 18; e H.W. Posdnjakoff, "German Counter-Intelligence
in the Occupied Soviet Union", pp. 147-148, in (1979), World War II German Military Studies, NY, Garland, Vol. 19. Sobre cada
relatórios de missão Abwehrtruppe de 1942-1943, vd. Records of OKW, Microcópia n.º T- 77, Rolo 1499, fotogramas 892-976, NA.
Julius Mader afirma que, aproximadamente 2 milhares de commandos e agents pró-alemães foram lançados de pára-quedas na
retaguarda Soviética durante a IIªGM. Mader, Hitlers Spionage Générale saaen aus. p. 280.
109
Robert Stephen, "Smersh, Soviet Military Counter-Intelligence during the Second World War", in The Journal of Contemporary
History, Vol. 22, n.º 4 (Oct. 1987), pp. 604-606; Kosikov, p. 223; CSDIC (WEA) BAOR "Final Interrogation Report on Dr. Gerhardt
W. Teich”, FR n.º 31, 21Jan46, Appendix "B", pp. IIv, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Final Interrogation Reports 1945-47, RG 332,
NA; History of the Counter Intelligence Corps, Vol XXXVI, p. 76, NA; Hohne and Zolling, pp. 39-40; Muhlen, p. 173-177, 208-209;
A. Belyayev, et all, "The Failure of 'Operation Zeppelin'", in (1972), Collection of Articles on Soviet Intelligence and Security
Operations, Arlington, Va., Joint Publications Research Service/Dept, of Commerce, pp. 116-131; V.V. Korovin e V.I. Shibalin,
"Gitlerovskü Abwehr Terpit Parazhenie”, in Novaia i Noveishaia Istorüa, n.º 5 (Sept.-Oct. 1968), pp. 100-101; Walter Schellenburg
(1962), Hitler's Secret Service, NY, Pyramid, pp. 127-133; e David Kahn (1978), Hitler's Spies, German Military Intelligence in World
War II, NY, MacMillan, pp. 273, 295, 360-361. Unternehmen Zeppelin foi lançado em fluxo no fim do Verão de 1934 pela deserção de
dois milhares de aprendizes dos Zeppelin momentaneamente aplicados como contraguerrilheiros na Bielorússia. Esta unidade

Página 1 de 144
foram transferidos sob supervisão do RSHA, sendo colocadas sob controlo do Militarisches Amt,
a nova organização SS destinada a suceder a Abwehr110.
O RSHA, enquanto isso, desenvolveu a própria organização de comandos independente (além
do Unternehmen Zeppelin). O Führer, ao que parece, tinha memória curta em relação às
façanhas dos Brandenburgeses, e em 1942 enfureceu-se com a necessidade de uma unidade
alemã que pudesse corresponder plenamente às execuções dos comandos britânicos. O
ressentimento de Hitler agradou a Himmler, que queria que a própria força especial se igualasse
à de Canaris, e o resultado final foi a "Formação Especial de Friedenthal", liderada pelo
Hauptsturmführer Otto Skorzeny da Waffen-SS111. Esta foi berçário para alguns dos eventuais
grupos paisanos tomaram forma durante o período de 1944-45, e lançou Skorzeny no caminho
que acabou por torná-lo em figura dominante em quase todas as operações irregulares alemãs.
A Formação Friedenthal, no entanto, foi a última unidade comando alemã concebida como parte
da estratégia ofensiva de guerra irregular que guiou os esforços alemães neste campo na década
anterior – i.e., a ideia de que as operações de guerrilha tinham como objectivo suavizar as
defesas inimigas como parte da ofensiva militar (e política) geral. Depois de 1943, quase todos
os esforços alemães nesta área foram orientados defensivamente, e concebidos como meio não
de aumentar os avanços alemães, dos quais tinha muito poucos, mas de interromper o avanço do
inimigo. Nesse ponto, os estrategistas e formuladores de políticas alemães recorreram à teoria
clausewitziana da guerra defensiva paisana, e é aqui que nossa história principal começa.
Antes de prosseguir, porém, vale a pena reiterar duas conclusões primárias surgidas deste breve
levantamento e relacionado directamente com a história do movimento paisano em 1944-45.
Primeiro, é claro os alemães não estavam culturalmente ou racialmente mal equipados para
participar de a luta de guerrilha; de facto, a antiga preocupação germânica com a " lei antiga" —
evidente em fenómenos como o Bauernkrieg e o Vehme – compôs a tradição que evoluiu
lentamente para a doutrina de Volkskrieg moderna e nacionalista. No entanto, também seria
justo concluir que a cultura alemã do final do séc. XIX e séc. XX encorajou o preconceito em
massa contra a guerra paisana em si, simplesmente porque as tropas alemãs foram muitas vezes
confrontadas com tal ameaça.
Em segundo, os tácticos e estrategos alemães desenvolveram a doutrina de guerra de guerrilha
onde adaptou preconceitos da sua cultura e ajustava-se à natureza geralmente autocrática do
estado prussiano/alemão. Em suma, os princípios de guerra de guerrilha eram limitados em
aplicação por causa do medo prussiano – notável já em 1813 – de que o desastre surgiria de
qualquer subjugação total das prerrogativas do Estado aos desejos das massas mobilizadas. O
conceito prussiano/alemão de guerra de guerrilha evoluiu assim como a doutrina estreita de
mera actividade de diversão, rigidamente controlada de cima e religiosamente coordenada com
as operações do exército regular de campo. É verdade que depois da Grande Guerra, quando o
NSDAP emergiu como movimento de massas, esse novo partido opôs-se de várias maneiras à
tradição prussiana restritiva e foi pouco mais acolhedor para a visão popular-esquerdista da
guerra paisana. Também é verdade, no entanto, que o segmento do Partido que mais favorecia a
"Guerra Popular", a saber, as SA, foi desacreditado no início da era NS, e durante o curso do IIIº
Reich, a linha de pensamento prussiana tradicional foi profunda o suficiente para influenciar
quase todas as considerações oficiais da guerra de guerrilha, incluindo o planeamento e os
preparativos organizacionais de 1944-45.

"Druzhina", sob comando de Vladimir ("Gil") Rodinov, assassinou Oficiais de ligação SS e em seguida voltaram para o lado soviético.
Timothy Patrick Mulligan (1988), The Politics of Illusion and Empire, German occupation policy in the Soviet Union, 1942-1943, NY,
Praeger, pp. 156-157; Sven Steenberg (1970), Vlasov, NY, Knopf, pp. 105-110; Soviet Partisans in World War II. p. 236; e
Schellenberg, pp. 132-133.
110
Buchheit, pp. 307-308, 321-327; Thomas, p. 693; German Military Intelligence, 1939-1945. p. 306; Hohne, pp. 467-468, 490, 575;
Leverkeuhn, pp. 48- 49; Kriegsheim, pp. 305, 311, 314; e Spaeter, pp. 308-310. Sobre discussão, se ou não, a unidade Brandenburgo foi
a "Burgerkriegstruppe", vd. Kriegsheim, pp. 59-60, 288-289.
111
SS-0/Gruf. Juttner, Memo, 05Ago43, R 58/862, BA; Paine, pp. 154-156; Charles Foley (1987), Commando Extraordinary, London,
Grafton, pp. 48-50; Heilbrunn, p. 66; e MacKsey, p. 156. Buchheit, pp. 429-437; Mader, Hitlers Spionage Générale saaen aus. p. 140;
Paine, pp. 184-185; Kahn, p. 62, 249-250, 268-271; German Military Intelligence. 1939-1945. p. 308; Brissaud, pp. 315- 318; e Hohne,
pp. 553-554, 557-560.

Página 1 de 144
Unternehmen Werwolf
A Organização de Diversionista SS/HJ

Em 1944, com as crises militares a projectar-se tanto no Leste quanto no Oeste, a Alemanha foi
mais uma vez forçada pela própria fraqueza a volver à estratégia na qual a guerrilha defensiva
desempenhava papel importante. Como sugere o capítulo anterior, este é o tema repetido na
história alemã, e os líderes militares do país previamente tinham seguido essa via durante o
período de domínio napoleónico de 1807-1813, e novamente durante a era do Diktat versalhês.
Presumivelmente, a estratégia básica não era vencer a guerra através de operações de guerrilha,
mas apenas mudar o rumo, atrasar o inimigo o tempo suficiente para permitir o acordo político
favorável à Alemanha. Para Hitler e companhia, a dissolução da Grande Aliança parecia
vislumbrar claramente no horizonte.
Tal estratégia fundamentalmente errada não só por não compreender o opróbrio universal que o
regime nazi tinha causado a si – e forneceu a argamassa necessária para cobrir as fendas na
aliança inimiga – mas pelas fraquezas internas básicas. Um dos principais problemas, v.g., foi o
declínio da falta de base popular para a Nova Ordem, mesmo dentro do próprio centro
nevrálgico, onde o regime de Hitler se tornara ditadura assente somente no terror e não no apoio
das massas. As promessas nazis de uma paz justa ainda eram aceites pelo valor nominal só por
alguns devotos cegos do movimento; a maioria dos alemães tinha perdido a fé no Partido e,
embora estivessem física e moralmente exaustos para confutar contra, como também estavam
demasiados cansados – e muito desiludidos das noções de glória – para queimar casas; ou atirar
no inimigo; ou inscrever-se valentemente nas fileiras da milícia de massa112. O estabelecimento
de movimentos de guerrilha nazis significava que o próprio Estado arriscou no suicídio nacional
ao entrar pela via repleta de perigos; o povo recusou-se a seguir e o contrato social foi assim
ameaçado. Gradualmente, à medida que o colapso final se aproximava cada vez mais, o
Werewolf tornou-se algo semelhante ao meio de vingança que os fanáticos lançaram contra o
próprio povo, bem como contra o inimigo.
Outro problema emergiu imediatamente foi a desorganização dos bastidores associada a quase
todos os aspectos do estado NS, e considerada como resultado não intencional do estilo de
gestão desleixado de Hitler, ou táctica hitleriana deliberada destinada a incitar o sectarismo e,
assim, aumentar o poder e o prestígio ascendente do Führer. Seja qual for o caso, a lealdade no
IIIº Reich foi transformado na espécie de fidelidade medieval, e a grande confusão encorajou os
líderes nazis a reconstruir bases pessoais de poder reservando a base comum de quaisquer
recursos que tenham conseguido obter. Assim, o sistema de administração nazi foi fraccionado
em vez de totalitário, e o conceito de comunidade monolítica existia só na propaganda113. Além
disso, este sistema de anarquia feudal realmente aumentou à medida que a guerra atingiu a fase
de crise – cargas violentas e recriminações tendem a voar com ainda maior abandono entre os
chefes sátrapas nazis – e este ambiente caracterizaram naturalmente o programa de guerrilha,
que talvez tenha sido a última iniciativa do Reich decadente que valeu a pena a batalha
burocrática. "O caos interior", como observou o relatório da inteligência britânica, "não há
melhor exemplo que o movimento Werewolf"114.
As discussões sobre a carência de organização guerrilheira nazi na verdade começaram em 1943
e início de 1944, e tendiam a se concentrar em vários precedentes imediatos da história alemã:
sabemos, v.g., que o decreto Landsturm de 1813 foi desenterrado e divulgado; as avaliações do

112
ECAD, "General Intelligence Bulletin" n.º 31, 11Dez44, p. 4, WO 219/3716A, PRO.
113
Hugh Trevor Roper (1987), The Last Days of Hitler, London, Papermac, p. 54. Sobre comentários sobre o estilo de administração de
Hitler, vd. Sebastian Haffner (1979), The Meaning of Hitler, London, Weidenfeld & Nicolson, pp. 43-44; Edward Peterson (1969), The
Limits of Hitler's Power, Princeton, NJ, Princeton UP, pp. 4, 15; Martin Broszat (1981), The Hitler State, London, Longman, pp. 283-
286; Karl Dietrich Bracher, "Stages of Totalitarian 'Integration' (Gleichschaltung), The Consolidation of National Socialist Rule in 1933
and 1934", in Republic to Reich, ed. Hajo Holborn, NY, Pentheon, (1972), pp. 127-128; Joseph Nyomorkay (1967), Charisma and
Factionalism in the Nazi Party, Minneapolis, Univ. of Minneapolis Press, pp. 41-43; Hans Mommsen, "National Socialism, Continuity
and Change”, in (1976), Fascism, A Reader's Guide, ed. Walter Laqueur, Beverly, Univ. of California Press, pp. 195-197; e Hans
Mommsen (1981), "Hitlers Stellung im nationlalsozialistischen Herrschaftssystem", in Der 'Führerstaat', Mythos und Realitat/The
Führer State, Myth and Reality, Stuttgart, Klett-Cotta, pp. 67-68.
114
CA Intelligence Organization "Joint Weekly Intelligence Summary", n.º 16, 27Out45, p. 5, FO 1007/300, PRO. Vd. British Troops
Austria "Joint Weekly Intelligence Summary", n.º 9, 31Ago45, pp. 9-10, FO 1007/300, PRO.

Página 1 de 144
Feldjägerdienst foram retiradas dos arquivos militares em Potsdam e divulgadas; e passagens
relevantes de Clausewitz foram examinadas em detalhes115. Todas essas fontes de inspiração
implicavam o movimento de guerrilha tradicional ao estilo prussiano que cooperaria com o
Exército regular numa política de diversão e retardamento, embora certos líderes SS fossem
inspirados por vários dos movimentos clandestinos mais visionários que prolíficos durante a
IIªGM. De facto, a unidade especial da SS ultrassecreta formada para estudar detalhadamente
esses movimentos, e especialistas dessa unidade foram enviados para observar a Insurreição de
Varsóvia em 1944, principalmente porque o Armija Krajowa (AK) fosse considerado
movimento revolucionário por excelência116.
A actual organização de guerrilha da SS foi formada em Set44117, e talvez tenha sido
influenciada na forma exacta em memorando apresentado pelo Obergruppenführer Richard
Hildebrand, um Oficial superior da Polícia-SS na Frente Oriental118. A nova organização foi
chamada da Werwolf 119, termo emprestado directamente de Hermann Lons, e se encaixa bem
nas superstições primitivas e obsessões Volkish da SS.
Um dos problemas basilares do novo movimento era que não estar sob a alçada militar – sobre
os quais tinham caído suspeitas de traição – mas estava sob a SS, e mesmo dentro dessa esfera
não estava articulado às Waffen-SS. Em vez disso, a Werwolf foi colocada sob o controlo dos
próprios inspectores de polícia regionais de Himmler, o Höheren SS und Polizeiführer (HSSPF),
embora várias funções subsidiárias tenham sido também reservadas para o RSHA. Assim, não
só a organização diversionista foi separada da cadeia de comando militar – que teria sido o lar
mais natural e conveniente120 – mas a divisão efectiva do programa entre os dois serviços dentro
da SS criou desprezo, se não rivalidade real entre organizações. Parece, de facto, que os
principais chefes do RSHA, Obergruppenführer Ernst Kaltenbrunner e Brigadefüherer Walter
Schellenburg, definiram desde o início desactivar o corpo principal do movimento, estando fora
do seu controlo121.
Outra das características delimitadoras do novo movimento, evidente a partir do memorando de
Hildebrandt, nunca foi visto como algo mais do que mera organização diversionista destinada a

115
Rose, pp. 24-26, 29-31, 61, 65; PWE "German Propaganda and the German”, 02Out44, p. C7; e 23Out44, ambos em FO 898/187,
PRO.
116
Kazimierz Moczarski (1981), Conversations with an Executioner, Englewood Cliffs, NJ, Prentice-Hall, p. 240. Sobre informações
chegadas à Suécia sobre os guerrilheiros SS que observam a luta de Varsóvia, vd. 21 AG "CI News Sheet", n.º 7, 05Out44, Part I, p.8,
WO 205/997, PRO.
117
A primeira menção documental da organização foi o memorando de 16Set44, no qual assinala "a responsabilidade pelo movimento
de resistência nas provinciais fronteiriças alemãs é disseminada numa das minhas ordens verbais", SS-Rf. Himmler to O/Gruf.
Kaltenbrunner, 16Set44, Registos do Líder SS do Reich e Chefe da Polícia alemã, Microcópia n.º T-175, Rolo 122, fotograma 2648215,
NA. O boletim de inteligência francesa refere a ordem escrita de Himmler para criar a Inspecção-geral para supervisionar a guerra de
guerrilha "no solo alemão atrás das linhas inimigas" foi apreendido em Nuremberga, embora não reste qualquer vestígio do mesmo.
Direction des Services de Documentation Allemagne, "Note sur la formation du Werewolf", 06Jul45, p. 1, IRR File XE 049 888
"Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA. Segundo o testemunho do GEN SA, as directivas de Himmler sobre o assunto foi a ordem
dada por Hitler ao Reichführer. CSDIC (WEA) BAOR, "Final Report on SA Brigf. u. HDL Fritz Marrenbach", FR 29, Appendix "A",
p. IIi, ETO MIS-Y-Sect. Final Interrogation Reports, 1945-49, RG 332, NA.
118
SS-O/Gruf. Richard Hildebrandt a H. Himmler, 19Set44, NS 19/2884, BA.
119
O primeiro documento a mencionar ao título "Werwolf" foi no organigrama da SS-Police de 20Out44, referiam ao "Werwolf
Organisation fur Deutschland". "Liste der Hochsten-und Hoheren SS und Polizeiführer sowie de SS-und Polizeiführer", 2044, p. 3, NS
19/1637, BA. Mais tarde Otto Skorzeny disse que o título originalmente alvitrado pelo Secretário do Partido Martin Bormann, e é
verdade que o livro de Löns, Der Werwolf, foi reeditado em grande quantidade durante o Outono de 1944 sob alçada da Chancelaria do
Partido. De outra parte, o antigo militante do QG da Werwolf, observou que o nome Werwolf foi escolhido pelo Chefe da organização,
Hans Prützmann. Arno Rose sugere que o nome pode ter sido escolhido pelo Chefe SS-Haupamt. Gottlieb Berger, grande fã de Löns.
Seja como for, houve alguma oposição ao nome – tanto dentro como fora da organização – principalmente assente no facto de não ser
pouco militar em espírito e lembra bandos de civis militares armados que seriam sujeitos a execuções sumárias se capturados pelo
inimigo. Otto Skorzeny (1975), La Guerre Inconnue, Paris, Albin Michel, p. 196; M. Bormann, Partei-Kanzlei "Rundschreiben" 410/44,
23Nov44, NS 6/349, BA; 12th US Army "Werewolves", 31Mai45, p. 1, IRR XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA;
CSDIC WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl Gutenberger", IR 34, 01Nov45, p. 1, OSS 123190, RG 226, NA; e
Rose, pp. 35, 128.
120
As Waffen-SS tinham a própria formação de Reconhecimento Panzer Abteilung, que parece ter sido a base usada para preparar os
Werwolf.
121
21AG "Cl News Sheet" n.º 24, Part I, p. 3, 27Jun45, WO 205/997, PRO; e BAOR/Int. "Appreciation of the Werwolf Movement", p.
3, IRR XE 049 888" Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA. Schellenburg, importante Chefe do serviço estrangeiro do RSHA e
confidente pessoal de Himmler, queixou-se de viva voz ao Reichsführer sobre a "fraqueza" e "ineficiência" da Werwolf, alegando que
deve ser cancelado. Hugh Trevor Roper (1950), The Last Days of Hitler, London MacMillan, p. 52; Charles Whiting (1972), Hitler’s
Werewolves, The Storv of the Nazi Resistance Movement. 1944-45, NY, Stein & Day, p. 67; e Walter Schellenburg (1960), The
Schellenburg Memoirs, London, Andre Deutsch, p. 440.

Página 1 de 144
funcionar nas terras fronteiriças da Alemanha, pelo menos não até aos últimos dias sombrios da
guerra. Qualquer insinuação de que as forças armadas poderiam falhar em proteger as fronteiras
do Reich rescendia a "derrotismo" – pelo menos na Weltanschauung nazi – e isso levou os
guerrilheiros SS a proceder no pressuposto de que o grupo era só uma organização pré-derrota, e
que a potencial zona de operações se limitava às poucas áreas previamente ocupadas pelo
inimigo ou logo ameaçadas. Essa confusão de moral com o bom senso indicou que não foram
feitos preparativos para a resistência no interior até 1945122.
Concebidos dentro desse estreito mandato clausewitziano, os paisanos SS eram considerados
principalmente como meio de assediar as linhas de comunicação inimigas, particularmente as
ferrovias. Foram acusados de cometer actos improvisados de sabotagem política e económica;
matar colaboradores; incentivar a população a boicotes e resistência passiva; divulgação de
propaganda; infiltrar-se nos organismos inimigos do GM; e colectar informações sobre os meios
de abastecimento e rotas de transporte do inimigo123. Documentos capturados mostram que
Werwölfe era considerado o núcleo de futuros bandos de guerrilha e movimentos de resistência
local, uma vez que era esperado desaguaritados da Wehrmacht e civis nazis descontentes na
retaguarda inimiga naturalmente coalescessem em torno de tal núcleo124.
Essas tarefas deveriam ser executadas pelos Gruppen, ou células pequenas de 4 a 6 homens, que
por sua vez, agrupados em Sektors (por vezes chamados Züge, ou pelotões), consistiam de 6 a
10 células; 6 a 8 Sectores formavam uma Abschnitt (Secção). Os constituintes da célula estavam
equipados com armas ligeiras, granadas de mão, Panzerfäuste, e grande variedade de explosivos
plásticos Nipolit125 e Donarit126, muitas vezes contidos em estojo parecidos com lancheira. Cada
Lobo levava de 6 a 9 kg de material explosivo, além de minas de pressão e bastões incendiários
estadunidenses não-detonados, dos quais os alemães recolhiam em depósito no total aproximado
de 113,400 kg. As armas estadunidenses e britânicas eram obtidas através de lançamentos de
pára-quedas nos Países Baixos, com os quais os Aliados esperavam equipar patriotas
neerlandeses, mas na verdade caíram nas mãos das SS127. Os Werwölfe receberam uniformes
militares, mas tinham liberdade de se vestirem com roupas civis em "casos de emergência"128.
Aos Werwolf Gruppen foram providas munições em esconderijos129, e vários organismos do
governo e militares alemães fizeram alguns estudos detalhados sobre o uso de cavernas naturais

122
Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 147; Trevor-Roper (1950 ed.), pp. 51-52; BAOR Int. "Appreciation of the Werewolf Movement",
29Ago45, p. 4, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", R6 319, NA; e British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence
Summary" n.º 9, 31Ago45, pp. 9-12, FO 1007/300, PRO. Notar, v.g., que o manual Werwolf define guerrilha em termos puramente
clausewitziano, a Kleinkrieg, diz "é o meio eficaz para ajudar a própria luta militar e política [...] Em situações desesperadas, é o melhor
meio para defender a liberdade e a vida da nação ao máximo. Conduzido em conjunto com operações militares em geral, clara
objectividade política e meios qualificados, a (kleinkrieg) guerra de guerrilha pode levar ao sucesso crucial" [in (1982), SS Werewolf
Combat Instruction Manual, Boulder, Colo., Paladin, p. 5.
123
Whiting, Hitler’s Werewolves. pp. 66, 180; Direction Générale des Études et Recherches "Bulletin d'Information de CE" n.º 66 (s/d);
BAOR Int. "Appreciation of the Werwolf Movement", 29Ago45, pp. 1, 3; EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werewolves'"; Direction des
Services de Documentation Allemagne "Note sur la formation du Werwolf", 06Jul45, todos em IRR File XE 049 888 "Werewolf
Activities Vol. I”, RG 319, NA; Oberst Kemmerich, Stabe Gen d Pi u. Fest im OKH, "Kleinkrieg in eigenen Land", pp. 1-3, 9, RH 11
111/34, BMA; M. Bormann "Rundschreiben" 128/45 "Durchführing von Sonderaufgaben im Rücken des Feindes", 10Mar45, NS 6/354,
BA; Rose, pp. 131-135; Moczarski, p. 239; e SS Werwolf Combat Instruction Manual, pp. 5-6, 9-10, 38-42, 45-55, 61-62.
124
Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 180; Oberst Kemmerich, Stabe Gen. d Pi u. Fest im OKH, "Kleinkrieg in eigenen Land", p. 4, RH
11 111/34, BMA; e SS Werwolf Combat Instruction Manual, pp. 6, 9.
125
Nipolita é explosivo alemão usado na IIªGM, cuja composição, 29-34% nitrocelulose; 20-30% nitroglicerina ou dietileno diglicol; 35-
50% de Nitropenta.
126
Donarita, explosivo de mineração de Nitrato de amónio em pó, de composição, 55-84% de Nitrato de amónio; 6-15% de TNT; 5% de
Nitrato de potássio; 15-20% de Cloreto de sódio; 4% de Farinha de madeira (serradura). Há a gelatina para uso industrial, cuja
composição, 50% de Nitrato de amónio; 30% de Dinitrocloridrina com Nitroglicol; e 20% de outros aditivos.
127
USFET MIS Centre "Cl Intermediate Interrogation Report (CI-IIR) n.º 24 - O/Gruf. Jurgen Stroop", 10Out45, pp. 3-4, OSS XL
22157, NA; SHAEF Cl War Room "The SS Guerrilla Movement", 9Abr45, ETO MIS-Y-Sect. Relatórios de interrogatório diversos
1944-46, RG 332, NA; BAOR Int. "Appreciation of the Werwolf Movement"; EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werwolves'"; 12th US
Army "Werewolves", 31Mai45, p. 1; MFI 5/752 Notas sobre equipamento Werwolf, 27Abr45; USFET MIS Center "Intermediate
Interrogation Report (HR) n.º 18 - Krim Rat. Ernst Wagner", 30Ago45, p. 5; e 21 AG Int "Appendix 'C' to 2 Can. Corps Sitrep",
22Jun45, pp. 2-3, all IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; Moczarski, pp. 241- 242; Rose, pp. 136, 153;
Hugonnet, p. 58; e SS Werwolf Combat Instruction Manual, pp. 13-15.
128
Rose, p. 152; e SS Werwolf Combat Instruction Manual. p. 16
129
Literalmente milhares de armas clandestinas e depósitos esconderijos de abastecimento foram colocados na Alemanha com o
objectivo de fornecerem a Werwolf e outras guerrilhas alemãs. Os Aliados continuaram aos poucos a descobrir depósitos até, pelo
menos, 1947. 21 AG Int. "Appendix fC' to 2 Cdn. Corps Sitrep", 22Jun45, pp. 3-4; 12th AG "Unternehmen W", 12Jun45; Interrogatório
de Krim. Kom. Gerhard Kretschmer (no date); Direction Générale des Études et Recherches "Bulletin de Information de CE" n.º 66,

Página 1 de 144
como depósitos de suprimentos secretos em grande escala130. Deixados para trás das linhas
inimigas, os Gruppen foram sediados em abrigos subterrâneos escondidos, ou "galerias",
concebidas como alojamentos e postos de comando. No Sul e no Centro da Renânia, a maioria
das galerias consistia em cavernas camufladas, poços de minas não utilizados, abrigos
antiaéreos ou fábricas abandonadas, mais a Norte, os bosques densos do Reichswald ofereciam
a oportunidade para a construção de abrigos subterrâneos feitos sob medida. Cerca de 30 dessas
instalações foram escavadas pelos mineiros do Ruhr cedidos pela empresa de mineração
Hibernia, aparentemente sob a alçada do Beauftragter für den Westwallbau (Director de
Construção do Muro Oeste). O principal meio de comunicação com as linhas alemãs era por
TSF ou linhas, embora também houvesse plano nebuloso de ligar os abrigos subterrâneos por
rede telefónica subterrânea na Renânia operada por técnicos do Reichspost131.
Para supervisionar o Lobo, Himmler nomeou "representante pessoal" com o título de "General
Inspekteur für Spezialabwehr". Infelizmente para os nazis, o Oficial de Polícia-SS nomeado
para este posto foi o Obergruppenführer Hans Prützmann, membro fundador da aristocracia
Schutzstaffel, cuja inegável sagacidade e inteligência foi mais do que compensada pela vasta
presunção e pela notável falta de empenho, GEN Hans-Adolf Prützmann foi lendário
aventureiro e perdulário que adquiriu brutalmente imensa propriedade rural perto de Zhitomir
durante o apogeu da exploração colonial alemã na Ucrânia. Durante os estágios iniciais de
Unternehmen Werwolf, Prützmann surge no registo histórico como figura impetuosa que se
gabava de que a organização traria "melhoria radical na situação militar da Alemanha" e
deliciava-se em exibir equipamentos secretos de sabotagem para companheiros e conhecidos
impressionáveis132.
Natural da Prússia Oriental, Prützmann era fisicamente bonito que tinha comemorado o 43º
aniversário pouco antes da promoção. Como vários outros líderes superiores da SS, a

Todos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; CCG (BE) "Intelligence Review" n.º 5, 6Fev46, p. 7, FO
371/55610, PRO; JIC SHAEF G-2 "Political Intelligence Report", 3Abr45; JIC SHAEF G-2 "Political Intelligence Report", 14Mai45, p.
3, ambos em WO 219/1659, PRO; 21 AG "News Sheet" n.º 24, 27Jun45, Part III, p. 9; n.º 25, 13Jul45, Part III, p. 13; n.º 26, 30Jul45,
Part I, p. 2 e Annex 'A', Todos em WO 205/997, PRO; History of the Counter Intelligence Corps, Vol. XX, pp. 37, 63, 74, NA; Rose,
pp. 153-155; Direction Générale des Études & Recherches "Bulletin de Renseignements - Allemagne, Depot de Werwolf en Foret
Noire", 20Ago45; "Organisation du 'Werwolf’”, 19Jun45, ambos em P7 125, SHAT; USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 2,
24Jul45, p. 1; n.º 14, 18Out45, p. 40; n.º 16, 01Nov45, p. 52; n.º 44, 16Mai46, p. C6; n.º 62, 19Set46, p. C12; Eucom "Intelligence
Summary" n.º 9, 5Jun46, p. C6; n.º 19, 23Out47, p. A21; Office of MG for Germany, Dir. of Intelligence A & R Sect. "Weekly
Intelligence Brief for Military Governor" 24Mai46, p. 3; "Weekly Report, Military Government for Land Bavaria" n.º 53, 16Mai46, p.
10, "Weekly Intelligence Bulletin for the Military Governor", 30Mai46, p. 4, Todos em State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119
Control (Germany), RG 59, NA; SHAEF JIC "Political Intelligence Report" 2Jul45, WO 219/1700, PRO; CAP Pierre de Tristan, 1st
French Army 5th Bureau, Monthly Historical Report, 1Mai45, p. 7, WO 219/2587, PRO; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence
Report" n.º 11, 27Ago46, Annex n.º 1, p. 1, WWII Operation Office of Chief of Naval Operations "Intelligence Report", 6Ago45, OSS
XL 18145, RG 226, NA; SHAEF JIC "Political Intelligence Report", 20Jun45, p. 3, WO 219/1700, PRO; MI-14 "Mitropa" n.º 1,
29Jul45, p. 4, FO 371/46967, PRO; COR Sands, Chief 12th AG G-2 ACoS 3rd Army G-2 ACoS 9th Army G-2, e ACoS 15th Army G-2,
13Mai45, WO 219/1602, PRO. Fonte soviética nota que os "pontos fortes" também foram preparados para diversionistas alemães na
Frente Oriental e que foram armazenados com armas e rádios. Korovin & Shibalin, p. 104. Sobre a existência de depósitos na Boémia,
vd. Drska, pp. 62, 67.
130
Enemy Personnel Exploitation Sect., Field Information Agency Technical CCG (BE), "Two Brief Discussions of German CW Policy
with Albert Speer", 12Out45, pp. 20-21, FO 1031/141, PRO. Os services de inteligência Aliada anteciparam opossível uso de grutas
como depósitos e bases e prepararam listas das referidas grutas que foram distribuídas pelos Grupos de Exército Aliado em meados de
Mar45. Em Abril SHAEF G-2 até sugeriu ao Ramo de Operações que equipas especiais de soldados fossem treinadas em espeleísmo e
combates em grutas. COR D.G. White, SHAEF G-2 to MAJ E.M. Furnival-Jones, SHAEF G-2 EDS, 2Mar45, CAP D.A. Furnival
Jones, SHAEF G-2 EDS, 2Mar45; CAP D.A. Stewart, SOE to MAJ Furnival-Jones, SHAEF G-2 EDS to COR D.G. White, SHAEF G-
2 (Cl), 16Mar45; COR H.G. Sheen, SHAEF G-2 to Maj. E.M. Furnival-Jones, SHAEF G-2 EDS, 20Mar45; MAJ E.M. Furnival- Jones,
SHAEF G-2 EDS to SHAEF G-2 (Cl), 17Abr45; COR H.G. Sheen, SHAEF G-2 to SHAEF G-3 Op. "A", 25Abr45; COR D.G. White,
SHAEF G-2 to SHAEF G-2 MI-6 Liaison, 22Abr45; TCOR R.B. MacLoed, SHAEF G-2 Civil Sec. Sect. to SHAEF G-2 EDS,
25Abr45; SHAEF G-2 signed SCAEF to AFHQ G-2 Cl Plans, 02Mai45; ambos em WO 219/1602, PRO.
131
SHAEF Cl War Room "The SS Guerrilla Movement", 09Abr45, ETO MIS-Y-Sect. Miscellaneous Interrogation Reports 1944-46,
RG 332, NA; CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger" IR 34, p. 7, ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC/WEA Relatórios de Interrogatórios provisórios 1945-46, RG 332, NA; USFET MIS Center "Cl Intermediate Interrogation
Report (CI-IIR) n.º 24 - O/Gruf. Jurgen Stroop", 10Out45, p. 4, OSS XL 22157, RG 226, NA; 12th AG "Unternehmen W", 12Jun45; 9th
US Army, Report 1658, "Fritz Georg Schlessmann", 30Mai45; 21 AG BLA, Extract from "Current Notes on Enemy Espionage",
26Mai45, Part III, p. 1; 12th AG "Werewolves", 31Mai45, p. 1; BAOR Int. "Appreciation of the Werwolf Movement", 29Ago45, p. 3;
Direction des Services de Documentation Allemagne "Note sur la formation du Werwolf", 06Jul45, pp. 4-5, ambos em IRR Files XE
049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e SS Werwolf Combat Instruction Manual. pp. 63-64.
132
Rose, p. 26, 29; Moczarski, p. 23; CSDIC (WEA) BAOR "Final Report on SA Brgf. u. HDL Fritz Marrenbach”, FR 29, 21Jan46,
Appendix "A", p. IIi, ETO MIS- Y-Sect. Final Interrogation Reports 1945-49, RG 332, NA; e US 9th Army Report 1658, "Schlessman,
Fritz Georg”, 30Mai45, IRR XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I”, RG 319, NA.

Página 1 de 144
característica física mais notável era a cicatriz facial sofrida durante um duelo de espadas.
Prützmann era regedor agrícola de profissão, mas depois de ingressar nas SS em 1930, subiu
rapidamente para se tornar inspector-geral da Waffen-SS e Oficial de ligação com a Wehrmacht.
Após a eclosão da guerra, foi colocado como HSSPF em Hamburgo, onde depois foi transferido
para o mesmo posto em Königsberg e daqui para duas colocações como HSSPF da Ucrânia e do
Sul da Rússia. Depois de dois anos e meio no Oriente, onde comandou um Einsatzgruppe – com
toda a ferocidade que isso implicava – substituiu temporariamente Obergruppenführer Wolff
como HSSPF no Norte da Itália, e depois foi transferido de volta para a dupla posição na Frente
Oriental. Durante essas missões, Prützmann acumulou conhecimento quase incomparável de
guerra de guerrilha e, na verdade, negociou com o Exército Paisano Ucraniano (UPA) para aliá-
los à Alemanha. Essa experiência – além da experiência na Prússia Oriental – colocou-o em boa
posição para servir como Chefe paisano da SS, especialmente desde que as unidades Werwolf
foram mobilizadas pela primeira vez na Frente Oriental133.
Deve-se notar que a evacuação alemã da URSS significou que os antigos postos de Prützmann
como HSSPF naquele país se tornaram redundantes, e em Out44 – depois reconduzido para a
Werwolf – o SS Persona1-Hauptamt pediu permissão para anunciar que Prützmann tinha sido
dispensado das funções anteriores134. Em Novembro substituiu oficialmente o GEN Glaise-
Horstenau como plenipotenciário-geral alemão na Croácia135, mas a nomeação provavelmente
foi para fins de consumo público e Aliado; afinal, os Lobos-de-guerra eram empreendimento
ultra-secreto, e esperava-se que Prützmann aparecesse em algum lugar.
A edificação da inspectoria da guerrilha SS começou com a formação da equipa fulcral –
Dienstelle Prützmann – inicialmente fundada em Petz, perto de Berlim, e transferida depois para
Rheinsburg. Não havia perigo para Prützmann e companhia ficarem presos a uma base, no
entanto, em consequência o ostensivo General-Inspekteur dotou-se com comboio particular no
qual poderia viajar por toda a Alemanha; em vários ramais foram instalados cabos telefónicos
especiais com linhas directas para diversas partes do país. A equipa de 200 funcionários de
Prützmann era organizada como a de um corpo militar e era liderada pelo Standartenführer Karl
Tschiersky, que tinha experiência em dirigir o Unternehmen Zeppelin, mas entrou em conflito
com o infame Chefe do Comando RSHA, Otto Skorzeny – a animosidade pessoal depois disso
as relações tornaram-se de modo geral frias entre Werwölfe o RSHA. Tschiersky foi substituído
em Mar45 pelo Brigadeführer Opländer, Oficial da equipa de Karl Frank na Boémia-Morávia,
cujos serviços Prützmann tinha solicitado especificamente. Os principais Oficiais eram SA-
Brigadeführer Siebel, incumbido do treino e administração técnica (Inspectoria "I");
Standartenführer D'Alguen, assessor de imprensa da SS que dirigiu a Operação "Skorpion", na
difusão da propaganda "Libertação Russa" na Frente Oriental; Standartenführer Kotthaus, no
Comando de Pessoal; e Frau Maisch, que chefiou a componente feminina Werwolf constituída
no início de 1945 e quiçá compunha 10% do total136.
133
Wenck, OKH to the Heeresgruppen and Armeen, 06Fev45, RH 2/1930, BMA; CSDIC/WEA, BAOR, "Second Interim Report on SS
Obergruf. Karl Gutenberger" IR 34, 01Nov45, p. 1, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Relatórios de Interrogatórios provisórios, 1945-46,
RG 332, NA; CSDIC (WEA) BAOR "Final Report on SA Brgf. u. HDL Marrenbach" FR 29, 21Jan46, "Appendix A", p. IIi, ETO MIS-
Y-Sect. Final Interrogation Reports, 1945-49, RG 332, NA; USFET MIS Center "Cl Intermediate Interrogation Report (CI-IIR)" n.º 24,
10Out44, p. 2, OSS XL 22157, RG 226, NA; BIMO "Resume traduction d'un document de l’I.S.Anglais en Suisse", 29Out45, 7P 125,
SHAT; British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 9, 31Ago45, p. 10, FO 1007/300, PRO; USFET MIS Center
"Intermediate Interrogation Report (HR)" n.º 18, 30Ago45, p. 3; Cl Bureau 21 AG, BLA, "The Werwolf Movement", 29Ago45, p. 1;
EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werewolves'", p. 2; 2677th Regt., OSS (Prov.) Det. A, "The Werwolf Organization, Salzburg área”,
16Jul45; "Weekly Intelligence Summary" n.º 42, 29Mai45, p. 3, todos em IRR XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA;
Trevor-Roper (1950 ed.), The Last Days of Hitler, p. 52; SHAEF Cl War Room "Supplement to 'The SS Guerrilla Movement'",
23Abr45, ETO MIS-Y-Sect. Misc. Interrogation Reports, 1944-46, RG 332, NA; SSU Report n.º LP/2-13, 31Ago45, p. 4, OSS XL
27108, RG 226, NA; Rose, pp. 26-27; e Moczarski, pp. 102, 238-239.
134
"Liste der Hochsten - und Hoheren SS und Polizeifuhrer sowie der SS-und Polizeifuhrer", 20Out44, p. 3, NS 19/1637, BA.
135
Gesandter I. Klasse Schmidt to the Gesandtschaft in Zagreb, 28Nov44, in (1979), Akten zur Deutschen Auswartiaen Politik. 1918-
1945, Gottingen, Vandenhoeck & Ruprecht, Serie E, Band VIII, p. 571; PID Background Notes, 11Jan45; e PWE "Weekly Directive for
BBC Jugoslav Service, 12-19 January", 11 Jan 1945, ambos em FO 371/46789, PRO.
136
1945, p. 10, OSS 144337, RG 226, NA; USFET Interrogation Center, "Final Interrogation Report (FIR) n.º 6 - O/Gruf. Karl Frank",
07Jul45, p. 7, OSS 138456, RG 226, NA; USFET MIS Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 18 Krim. Rat. Stubaf. Ernst
Wagner", 30Ago45, pp. 3, 7; BAOR/Int., "Appreciation of the Werwolf Movement", p. 1; EDS Report n.º 34, "Notes on the
'Werewolves'"; "Weekly Intelligence Summary" n.º 42, 29Mai45, p. 3; SHAEF EDS CI/G-2 "Extract from Report of Interrogation of
POW, US Ninth Army", 28Abr45, todos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; CSDIC (WEA) BAOR
"Final Report on Dr. Gerhardt Willi Teich", FR 31, 21Jan46, "Appendix B - Unternehmen Zeppelin", p. vi, ETO MIS-Y-Sect.

Página 1 de 144
Além da central Werwolf Dienstelle, tinha a "Zentrale für geheime Spezialzerstorunasmittel" —
que reunia material para sabotagem – além do centro especial de comunicações de guerrilha
escondido nas montanhas Harz137. No entanto, a subsecção mais importante de Dienstelle
Prützmann era o semi-autónomo Comando Hitler Jugend, sob o Mando do Oberbannführer
Klos, líder HJ de 35 anos de Usingen onde foi líder com o título oficial de "HJ Beauftragter der
Reichs-Jugendführung". No Outono de 1944, Klos foi nomeado pelo Chefe de HJ, Arthur
Axmann, como Chefe da organização paisana independente – na verdade, mandatado para
educar toda a HJ para acções de guerrilha – mas na viragem de 1944/45 ele e a equipa foram
transferidos para Dienstelle Prützmann na sequência de o encontro conjunto de planeamento
HJ-Werwolf em Potsdam. A circular em Jan45 informou os Oficiais da Polícia-SS que a HJ
Gruppen guerrilheiro e agentes individuais estavam a partir desta data sob sua direcção táctica.
Mesmo após essa fusão HJ-Werwolf, no entanto, as guerrilhas HJ mantiveram muito da sua
independência – Klos, v.g., manteve um batalhão de treino separado, intitulado "Albert Leo
Schlageter", bem como o sistema separado de escolas de treino, sobre o qual os organizadores
na estrutura principal sabiam muito pouco. Sem surpresa, os Oficiais da Werwolf reclamaram
amargamente sobre a falta de cooperação entre as duas alas do movimento, e um General de
Polícia-SS foi levado a acreditar que o esforço da SS para anexar o programa HJ tinha
falhado138.
A organização HJ na Renânia era dirigida como um feudo praticamente independente pelo
Chefe, Hauptbannfürher Memminger, e muitos Oficiais HJ envolvidos no esquema manteve-se
sob a impressão de que o programa ainda era dirigido exclusivamente por Axmann e ocupação
integral da HJ139. Vários grupos de guerrilha HJ estavam activos na Alemanha Ocidental140,
sendo de longe o mais importante deles a Unterhehmen "Kurfürst Balduin", inteiramente
independente da Werwolf comandada pelo Hauptsturmführer Rolf Karbach, antigo HJ-
Oberaebeitsführer da região de Mosselle. Karbach atraiu recrutas da Wehrmacht, a Waffen-SS,
e HJ (incluindo a antiga Luxemburguer Volksjugend), e finalmente conseguiu reunir mais de
700 indivíduos, subdividindo-os em 12 Gruppen e 8 "Tropas Especiais", além de a equipa do
QG situado em Bingen. Tal Gruppen, de facto, classificado entre os mais bem-sucedidos de
todos os guerrilheiros alemães, conseguiu destruir vários troços de caminho-de-ferro na floresta
de Hunsrück, bem como demolir a fábrica de munições capturada e um depósito de combustível
estadunidense. O próprio sucesso de Karbach, no entanto, contribuiu para eventual demissão
como Chefe da guerrilha: Oficiais locais do Partido e da Polícia-SS ficaram com ciúmes das
acções de "Kurfürst Balduin", e após campanha de difamação contra Karbach, foi transferido

CSDIC/WEA Final Interrogation Reports 1945-47, RG 332, NA; BIMO, "Resume traduction d'un document de l'I.S. Anglais en
Suisse", 29Out45, 7P 125, SHAT; British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 9, 31Ago45, p. 11, FO 1007/300,
PRO; USFET Interrogation Center, "Final Interrogation Report" 13775, RG 226, NA; CSDIC/WEA, BAOR, "Second Interim Report on
SS Obergruf. Karl Gutenberger" IR 34, 01Nov45, p. 8, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Interim Int. Reports, 1945-46, RG 332, NA;
USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 9 - H/Stuf. Hans Gerlach", 11Ago45, p. 17, OSS XL 13744,
RG 226, NA; Kahn, pp. 262, 266; Rose, pp. 32, 35-36, 128, 153-154; e Ultra Document BT 9509, 5Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 69.
137
Hellmuth Auerbach, "Die Organisation des 'Werwolf'", in (1958), Gutachten des Instituts fur Zeitaeschichte, München, Instituts fur
Zeitgeschichte, p. 354.
138
PWE "German Propaganda and the German", 30Abr45, p. C4; 7Mai45, pp. C5-C6, ambos em FO 898/187, PRO; USFET MIS
Center "Cl Intermediate Interrogation Report (CI-IIR) n.º 24 - 0/Gruf. Jurgen Stroop", 10Out45, p. 5, OSS XL 22157, NA; Auerbach, p.
354; 21 AG "Cl News Sheet" n.º 10, Part I, p. 3, W0205/997, PRO; EDS Report n.º 34, "Notes on the 'Werwolves'"; USFET MIS Center
"Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 18-Krim. Rat. Stubaf. Ernst Wagner", 30Ago45, pp. 4-5, ambos em IRR file XE 049 888
"Werewolf Activities Vol I", RG 319, NA; Office of US Chief Counsel, Evidence Div. Interrogation Br., "Summary n.º 789 - Hans
Schweizer", p. 1, IWM; CSDIC/WEA BAOR, "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl Gutenberger" IR 34, pp. 5-6, ETO MIS-Y-
Sect. CSDIC/WEA Relatórios de Interrogatórios provisórios, 1945-46, RG 332 NA; BIMO, "Resume traduction d'un document de l'I.S.
Anglais en Suisse", 29Out45; État-Major Génèral de la Defense Nationale, "Note de Renseignements", 2Mai45, ambos em 7P 125,
SHAT; Rose, p. 122; Moczarski, p. 241; e Ultra Document BT 7004, 12Mar45, Ultra Micf. Coll., Rolo 65.
139
"Report from Captured Personnel and Material Branch, MID, US War Dept”., 09Mai45, pp. 1-3, State Dept. Decimal File 1945-49,
740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; e CSDIC Misc. Interrogation Report "Werwolf", 27Abr45, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC(UK)
Special Interrogation Reports, 1943-45, RG 332, NA. Havia também a intenção de estabelecer na Frente Oriental “organização tipo-
Werwolf" assente em recursos da HJ e sob alçada do Sturmbannführer Schimmelpfennig, the "Bevollmächtigter fur den Osteinsatz der
HJ”. Rose, p. 122. Sobre acções de sabotagens e reconhecimentos pelas equipas da HJ na Frente Oriental, vd. "Wichtigste Ereignisse
von H. Gr. Mitte”, 12Mar45, RH 2/2008, BMA; Max Florheim, "Der Einmarsch der Russen in mein Heimatgebeit Forst/Lausitz im
Frujahr 1945 und die dort durchgefuhrten Kampfe”, 11Jan56, pp. 1-2, Ost Dok. 8/711, BA; e Eberhard Schopfer, "Der Kampf in Elbing"
(no date), p. 16, Ost Dok. 8/247, BA.
140
Vd., v.g., Rose, p. 121; History of the Counter Intelligence Corps, Vol. XX, pp. 31-32, 64- 65; e Vol. XIX, pp. 40, 67, 71-72, 84, 98,
108- 109, NA.

Página 1 de 144
para o Reichsjugendführung e a organização formalmente colocada sob a principal cadeia de
Comando da Werwolf 141.
Além da subsecção autónoma da HJ, irregular, a Werwolf era organizada regionalmente de
acordo com os limites das regiões de defesa da Wehrmacht e dentro desses distritos era
controlado pelo Höhereh SS-und Polizeiführer, representou localmente Himmler na qualidade
de Chefe da Polícia Alemã. Sob o sistema inicialmente planeado para as regiões fronteiriças do
HSSPF e depois estendido alargada ao restante Reich, cada HSSPF foi ordenado por Himmler
nomear representante especial para controlar o recrutamento local, treino e implantação de
guerrilheiros; assim concebida a posição de "Werwolf Beauftragter", mais tarde designado
"Kommandeur für Soezialabwehr". Prützmann preferia que os Oficiais do Exército servissem
nesses postos locais, pois desejava construir a organização essencialmente civil à volta de um
núcleo militar142. Órgãos associados, como o Partido, a HJ e as SA, deveriam nomear o próprio
"Werwolf Beauftragter" regional para manter contacto com o movimento SS, embora incerto
que todos esses representantes tenham sido realmente nomeados143.
Como o movimento Werwolf foi organizado na estrutura de comando do HSSPF, de carácter
organizacional adequado pelo papel do HSSPF dentro da dupla cadeia de Comando existente
dentro da SS. O serviço do HSSPF originalmente criado no final da década de 30 como meio de
quebrar o monopólio dos canais de Comando estabelecido pelos Comandos superiores dos
vários serviços dentro do império Polícia-SS de Himmler, particularmente a Waffen-SS e a
Sicherheitspolizei. A cadeia de Comando altamente centralizada dentro dessas organizações
levou-as a um paroquialismo sufocante que dificultava a cooperação local entre dois ou mais
ramos da organização geral da SS – assim, Himmler introduziu o HSSPF como meio de impedir
as partes constituintes do seu império desmoronarem, e usou sobretudo o canal como meio de
contornar os serviços centrais da SS, especialmente o RSHA, a fim de realizar "tarefas
especiais"144.
Porque o HSSPF tinha certa autoridade sobre os serviços locais da polícia regular, o RSHA e a
Waffen-SS, tais autoridades tinham a capacidade (pelo menos em teoria) de reunir os vários
recursos considerados por Himmler como necessários para o sucesso das suas unidades
paisanas. Além disso, muitos dos HSSPF tinham experiência pessoal nos territórios orientais
ocupados, como Prützmann, devem ter acumulado conhecimento especializado de guerra
paisana. Importante notar, no entanto, é que a razão de ser original do HSSPF era a direcção
regional centralizada de todos os ramos numa organização geral – em oposição à direcção
centralizada em Berlim de serviços individuais da SS e da Polícia – e o padrão de organização
horizontal em vez de vertical naturalmente legado da Unternehmen Werwolf. Prützmann, por
sua vez, formalmente ligado ao SSHauptamt145, mas de outra forma estava directamente
subordinado a Himmler, o que indica que Dienstelle Prützmann era o único canal de Comando
intermédio entre Himmler e o HSSPF (na qualidade de organizadores regionais da Werwolf ).
Esse sistema de regionalização tinha vantagens precisas: v.g., permitia o grau de improvisação
local raramente evidente em estados "totalitários" e adequado para o período em que a unidade
geográfica do Reich estava a desmoronar-se sob pressão dos ataques aéreos anglo-

141
USFET MIS Center, "CI Intermediate Interrogation Report (CI-IIR) n.º 24 - O/Gruf. Jurgen Stroop”, 10Out45, p. 5, OSS XL 22157,
RG 226, NA; CSDIC (UK), "SS Hauptamt and the Waffen SS", 23Ago45, p. 10, OSS 144337, R6 226, NA; List of HJ leaders in
Mosselleland (untitled and undated); e 12th AG. "Unternehmen W", 12Jun44, todos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities, Vol
I", RG 319 NA; Rose, pp. 164-166; e Moczarski, p. 243.
142
BOAR/Int "Appreciation of the Werwolf Movement", p. 2; EDS Report n.º 34 "Notes on the ‘Werewolves’"; 12 US Army,
"Werewolves", p.l; Direction des Services de Documentation Allemagne, "Note sur la formation du Werwolf", 06Jul45, p. 1, todos em
IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e SHAEF Cl War Room, "The SS Guerrilla Movement", 09Abr45,
ETO MIS-Y-Sect. Misc. Interrogation Reports, 1944-46, RG 332, NA.
143
USFET Interrogation Center, "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 5 - O/Gruf. Freiherr Friedrich K. von Eberstein", 27Jul45,
IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA. Um oficial do Partido disse mais tarde, que era improvável que os
gauleiters do Partido local nomeassem uniformente um Werwolf Beauftragter, apesar de lhes ter sido ordenado a fazê-lo em Nov44 e de
a ordem ter sido repetida por Bormann em Mar45. CSDIC (WEA)/BAOR, "Final Report on SA Brigf. u. HDL Fritz Marrenbach", FR
29, 21Jan46, Appendix "A", p. II, ETO MIS-Y-Sect. Final Interrogation Reports, 1945-49, RG 332, NA.
144
Helmuth Krausnik, et all (1968), Anatomy of the SS State, London, Collins, pp. 213-241; e Heinz Artzt (1979), Mörder in Uniform,
München, Kindler, pp. 72-73. Sobre a tendência de Himmler para adoptar tácticas administrativas de organizar a desordem, vd. Felix
Kersten (1956), The Kersten Memoirs. 1940-1945, London, Hutchinson, pp. 216-217.
145
Oberst Bonin, OKH, Memo "Kampf in Rücken des Feindes" 12Nov44, RH 2/1929, BMA.

Página 1 de 144
estadunidenses. Por outro lado, a grande fraqueza do sistema era que as autoridades do HSSPF –
pela própria natureza – estavam isoladas dos canais de Comando regulares e, portanto, assentes
numa burocracia exangue. Porque lhe faltava recursos de pessoal e material, eram eficazes
apenas quando chamados pelo Reichfüherer para executar alguma "tarefa especial": somente
neste evento, o fluxo de executivo mudou dos canais de rotina para o canal especial que vai de
Himmler via HSSPF para os comandantes locais do RSHA, o Befehlshaber des
Sicherheitspolizei (BdS quando as "tarefas especiais" se estendiam por período considerável,
como Unternehman Werwolf, o RSHA e outros organismos da Polícia-SS poderiam levantar
número considerável de bloqueios de estradas para procuras exigentes. Assim, o HSSPF era
essencialmente marginal, muitas vezes em conflito com o RSHA, a Waffen-SS e o Partido146, e
esse problema foi transferido directamente para a organização Werwolf sobreposto ao sistema de
Comando HSSPF.
Para o bem ou para o mal, esse sistema foi aplicado primeiro nas regiões fronteiriças alemãs e
espalhou-se depois gradualmente para o interior. Na Frente Oriental, as unidades Werwolf foram
lançadas pela primeira vez durante o Outono de 1944 no antigo feudo de Prützmann na Prússia
Oriental, o campo de testes inicial para a milícia colectiva, ou Volkssturm. Como o HSSPF em
Königsberg ressentiu-se na época em que Werwolf foi lançado, Prützmann voltou a servir
pessoalmente como HSSPF-Interino e assim permaneceu disponível pelo resto de 1944147,
dando à Prússia Oriental posição especial dentro da organização geral. A ideia de Prützmann de
alicerçar a Werwölfe em subterrâneos camuflados, ou "galerias", parece ter sido originalmente
assente na adequação de tais estruturas nas florestas profundas da Prússia Oriental148, e no papel
dominante desempenhado pelos veteranos da Frente Oriental durante os estágios formativos do
Lobo – i.e., Hildebrandt, Prützmann, Siebel, Tschiersky, D'Alquen – geralmente dão a sensação
de a organização estar originalmente posicionada principalmente em direcção Leste.
Em 1945, unidades Werwolf foram mobilizadas ao longo da Frente Oriental, e os soviéticos
notaram número considerável de sabotadores ficara para trás quando invadidos pelos rápidos
avanços resultantes da Ofensiva de Inverno na Polónia e na Alemanha Oriental149. As cidades
capturadas foram atormentadas por franco-atiradores e incendiários150, e em Fev-Mar a
Wehrmacht e a Waffen-SS lançaram na tentativa desesperada de interromper as linhas de
abastecimentos soviéticas e, assim, desmantelar o ataque iminente soviético a Berlim151. Mesmo
após a queda da própria capital do Reich, a cidade experiencia a onda de terrorismo idêntica à
ocorrida em cidades mais a Leste152, e é possível que Lobos assassinos tenham sido

146
Krausnik, pp. 232, 237-238; Peter Hüttenberger (1969), Die Gauleiter, Studie zum Wandel des Machtqefuaes in der NSDAP,
Stuttgart, Deutsches Verlags-Anstalt, p. 178; e Artzt, pp. 73-74.
147
12th US Army "Werewolves", 31Mai45, p.l, IRR File XE 049888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; SS O/Gruf. von Herff,
Chef des SS Personalhauptamtes to RFSS Personlicher Stab, 11Set44, p. 2, NS 34/12, BA; e Liste der Hochsten-und Hoheren SS-und
Polizeiführer sowie der SS-und Polizeiführer, 20Out44, p. 7, NS 19/1637, BA. Prützmann acabou por ser substituído por um HSSPF
permanente a Leste, provavelmente Obergruppenführer Otto Hellwig, ex-SSPF em Bialystok (Polónia) território anexado pela
Alemanha.
148
12th US Army "Werewolves", 31Mai45, p. 1, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. 1", RG 319, NA.
149
Korovin e Shibalin, p. 104; Lucas, pp. 316-320, 329-331; e The Times. 12Mar45. Sobre provas de formação Werwolf conduzida por
Oficiais da FAK na Silésia, vd. 12th US Army "Werewolves", 31Mai45, p. 2, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG
319, NA; e History of the Counter Intelligence Corps, Vol. XX, p.4 NA. Notar também que os soviéticos desculparam algum do
comportamento bárbaro das próprias forças na Alemanha Oriental, culpando as Werwölfe e os diversionistas. Segundo as autoridades
soviéticas, essas unidades de retaguarda nazis supostamente vestidas de uniformes do Exército Vermelho aterrorizavam os próprios
compatriotas para desacreditar o Exército Vermelho. Vd., v.g., Conde Heinrich von Einsiedel (1953), The Shadow of Stalingrad,
London, Allan Wingate, p. 170; e I.A. Kosikov, "Diversanty 'Tet' ego Reikha”, in Novaia i Noveishaia Istoriva, n.º 2 (Mar-Abr86), p.
225. Sobre relatórios sobre Werwölfe e bamdos alemães alegadamente vestidos com uniformes soviéticos durante o período imediato
pós-Guerra, vd. The Stars and Stripes, 29Nov45; 14Jan46; e 03Mar47.
150
FHO (Ha) "Zusammenstellung von Chi-Nachrichten" n.º 1022, 04Abr45, Records of OKH, Microcópia n.º T- 78, Rolo 496,
fotograma 64884380, NA; The Christian Science Monitor. 17Jul45; The New York Times, 06Ago45; e The Globe and Mail, 06Ago45.
151
Max Florheim, "Der Einmarsch der Russen in mein Heimatgebeit Forst/Lausitz im Früjahr 1945 und die dort durchgeführten
Kampfe”, 11Jan56, p. 3, Ost Dok. 8/711, BA. Equipas de retaguarda Werwolf e HJ tornaram-se cada vez mais activos após início do
avanço final soviético sobre Berlim em meados de Abr45. De acordo com suposto testemunho de Oficiais de Inteligência alemães
capturados pelos soviéticos havia 800 diversionistas alemães activos no Sector da Frente de Berlim. Georges Blond (1955), The Death
of Hitlers Germany, NY, MacMillan, p. 252; Erich Kuby (1965), The Russians and Berlin. 1945 London, Heinemann, pp. 47, 238;
Vasily I. Chuikov (1967), The End of the Third Reich, London, MacGibbon & Kee, p. 168; Ruth Andreas Friedrich (1948), Berlin
Underground, NY, Henry Holt, pp. 302- 307; e Korovin e Shibalin, p. 104.
152
Harry C. Butcher, "Notes on Berlin Surrender" (s/d), p. 5, in David Irving, Papers Relating to the Allied Hiah Command. 1943/45.
Rolo n.º 3; PID "Germany, Weekly Background Notes" n.º 4, 04Jul45, p. 5, FO 371/46993, PRO; The New York Times, 12Mai45; The

Página 1 de 144
responsáveis pela morte em meados de Junho do GEN Polkovnik N.E. Berzarin, dos primeiros
comandantes soviéticos a invadir a capital e posteriormente designado comandante da cidade153.
Fontes comunistas soviéticas e polocas relatam que Werwölfe e "Paisanos Verdes"
permaneceram activos por todo 1945-46 na Alemanha Oriental ocupada154, e embora algumas
dessas alegações tenham sido certamente exageradas para desculpar as razias antigermânicas em
áreas do Reich anexadas pela Polónia155, há certa evidência independente de os guerrilheiros
alemães estarem realmente activos156.
Embora as operações no Ocidente nunca igualaram em intensidade evidente nas províncias da
Alemanha oriental, as marchas ocidentais certamente não foram esquecidas. Em Set, Prützmann
e o Ajudante visitaram Wehrkreis VI – Vestfália e Renânia Norte – e instruíram o HSSPF local,
Obergruppenführer Gutenberger, a formar a organização guerrilheira Wehrkreis. Medidas afins
foram feitas logo depois com os Obergruppenführers Stroop e Hofmann, que controlavam
respectivamente Wehrkreis XII – Eifel, Palafinado, Sarre, Sudoeste de Hesse e Lorena – e,
Wehrkreis V – Baden, Wurttemberg e Alsácia. Cada HSSPF foi instruído a reunir uma equipa
pequena para controlar a nova organização e nomear W-Beauftragter (respectivamente

Christian Science Monitor, 12Mai45; Time, 21Mai45, p. 20; MI-14 "Mitropa" n.º 1, 29Jul45, p.5, FO 371/46967, PRO; The Stars and
Stripes, 13Jun45; HQ Berlin área "Intelligence Summary" n.º 1, 08Jul45, p. 2; n.º 5, 30Jul45, ambos em WO 205/1078, PRO; The Globe
and Mail, 12Mai45; e 13Jun45. É talvez significativo que o Chefe de sabotagem para a região de Berlim só foi retirado do posto de
comando/galeria subterrânea 4 semanas após a capitulação da cidade. Mader, Hitlers Spionage Générale saaen aus. pp. 331-333.
153
John Erickson (1983), The Road to Berlin London, Weidenfeld & Nicolson, p. 779; e Albert Seaton (1976), Stalin as Warlord,
London, Batsford, p. 254. Oficialmente, Berzarin morreu em acidente de viação. Em Mar45, a radio alemã reivindicou que o MAR
Chernyakhovskyi, herói soviético do avanço soviético na Prússia Oriental, tinha sido morto pelo "projéctil de um trabalhador alemão”,
alegadamente em vingança por brutalidades perpretadas contra a família do assassino. FO "German Intelligence Report" n.º 166,
24Mar45, p. 4, FO 371/46764, PRO. Fontes soviéticas reclamam que Chernyakhovskyi foi morto por explosão de granada.
154
Sobre os polacos reivindicam sobre a clandestinidade nazi e a actividade paisana nos "territórios Ocidentais”, vd. PID, "Germany,
Weekly Background Notes" n.º 4, 04Jul45, p. 8, FO 371/469 33, PRO; The Stars and Stripes, 19Out45; 12Abr46; USFET G-2 "Weekly
Intelligence Summary" n.º 35, 14Mar46, p. A49; n.º 44, 16Mai46, p. A49; n.º 45, 23Mai46, p. A25; n.º 55, 01Ago46, p. A42; n.º 56,
08Ago46, p. A48; n.º 69, 07Nov46, p. A17, todos em State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG59, NA;
Radio Warsaw broadcast, PID Summary, 20Dez45, FO 371/46990, PRO; MI-14 "Mitropa" n.º 28, 12Ago46, FO 371/55630, PRO; The
New York Times, 20Jun46; 4Ago46; e Stefen Banasiak, "Settlement of the Polish Western Territories in 1945-1947”, in Polish Western
Affairs. Vol. VI, n.º 1 (1965), p. 122. A agência Tass informou em 28Mai45 que unidades guerrilheiras armadas alemãs ainda
vagueavam pela floresta em áreas ocupadas pelos soviéticos e estas travaram a Guerra de guerrilha contra o Exército Vermelho e
saqueram fazendas e aldeias isoladas. FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary n.º 276, 6Jun45, p. 3. For a report
on a Soviet expedition against a German guerrilla band in Saxony, vd. The New York Times, 3Jun45.
155
O estudo polaco salienta, v.g., que apesar de a Werwolf falhar nos seus objectivos, "não surpreende que... as pessoas suspeitas de
terem contacto com a resistência clandestina nazi foram expostas – especialmente enquanto a guerra ainda acontecia – a repressão das
autoridades militares soviéticas e polacas”, Stanislas Schimitzek (1966), Truth or Conjecture; German Civilian War Losses in the East,
Warszawa, Zachodnia Agencja Prasowa, p. 312. Sobre relatórios de refugiados alemães orientaius sobre invasões e prisões contra o
alegado clandestinidade nazi, vd. Walter Grabsch, "Augenzügenbericht uber die Vorgange bei der Raumung Schlesiens, 1945/1946",
22Ago49, pp. 1-2; Pastor Weichert, "An den grossen und kleinen Brennpunkten der Schlesischen Kirche vom 25.5.1943 bis 31.12.1946"
(s/d), p. 9; Gertrude Kromer, untitled report, 08Mai51; "Verhandlung gegen Max Gottwald”, 09Fev52, pp. 1-2, 4; Martha Pawlowski,
"Bericht uber die Ermorderung des Millermeisters Bernard Pawlowski”, 21Mai51, todos em Ost Dok. 2/177, BA; Erich Ritler, "Bericht
uber Verbrechen gegen Menschlichkeit”, 15Jul51, Ost Dok. 2/183, BA; sig. illegible, untitled report, 10Set53; Georg Thomas,
"Verbrechen in Schlaup, Kr. Jauer”, 09Out52, ambos em Ost Dok. 2/189, BA; e The Tragedy of Silesia. 1945-46 (Munich, "Christ
Unterwegs”, 1952-53), pp. 444, 488. Muitos destes relatórios clamam que as acusações polacas eram infundadas, mas motivadas pela
"psicose do medo”, ou por política deliberada guerra racial e económica contra a população alemã. De certa forma é verdade, o Vice-
Consul britânico em Stettin, v.g., relatou que a histeria Werwolf nesta cidade durante o Verão47 quase não tinha qualquer fundamento na
realidade objectiva. De acordo com este testemunho, vários fogos causados por incendiários alemães foi na verdade causada pelo tempo
seco do Verão combinado com vários outros factores especiais como o fogo negligente dos limpadores de terrenos polacos. F. Savory,
FO Northern Dept., Minute on the Stettin fires, 17Set47; e J. Walters, Vice-Consulate at Stettin to Russel, British Embassy, Warsaw,
21Nov47, ambos em FO 371/66217, PRO.
156
As escutas rádio mostraram após capitulação alemã, cerca de 200 Werwölfe permaneceram presos atrás das linhas soviéticas na
Prússia Oriental. Os soviéticos mobilizaram três divisões de segurança para localizar estas guerrilhas, provavelmente com sucesso
considerável, embora fonte disponível para os britânicos, relatava os paisanos SS espalhados ainda estavam a monte em Masuria em
finais de 1945. O despacho AK da Polónia Sudoeste (24Mar45) refer que as guerrilhas alemãs ainda estavam activas nesta área, onde
atacaram transportes soviéticos e pilharem povoações locais. O antigo prisioneiro de campo de concentração em nomeou-o como
Bürgermeister de várias povoações do Sul de Berlim relatou mais tarde que havia actividade Werwolf nesta área, em especial incêndios
florestais e na Pomerânia, um refugiado prussiano do Leste ficou diante de paisanos alemães locais quando ajudaram uma rapariga
infeliz das tropas soviéticas que a raptaram (Jun45). Arno Rose descobriu a história interessante de uma unidade Werwolf na Pomerânia
Oriental, que conduziu a campanha de sabotagem contra os soviéticos até finalmente recuar e irromper para o Ocidente no Outono de
1945. Rose, p. 324; MI-14 "Mitropa" n.º 12, 29Dez45, p. 6, FO 371/55630, PRO; AK to the Polish Gov t., London) 24Mar45, in
Documents on Polish- Soviet Relations. 1939-1945 London, Heinemann, 1967), Vol. II, 560; Gunther Weisenborn (1985), "Reich
Street”, in We Survived, ed. Eric Boehm, Santa Barbara, Calif., ABC - Clio, pp. 210-211; e Hanna Buettler, "Niederschrift uber Flucht
aus Ostprüssen”, 25Out50, p. 2, Ost Dok. 2/13, BA.

Página 1 de 144
Standartenführer Raddatz, Hauptsturmführer Gunther e Obersturmführer Müller). Três oficiais
da Waffen-SS foram enviados para seleccionar voluntários para o "Bataillon West"157.
Essas organizações baseadas na Wehrkreis dirigiram preparativos extensos para lutas de
guerrilha na Renânia, mas sem muito efeito final: a população local opôs-se tanto a tais
operações, os próprios Werwölfe desmoralizados, que quando as galerias Werwolf foram
invadidas pelos Aliados, os guerrilheiros renderam-se submissos ou fugiram para o campo
circundante com a intenção de voltar à vida civil158. Entre as linhas originais da Werwolf, só
Schwarwald produziu sinais de combates de guerrilha consideráveis, porque talvez mais
adequado geograficamente do que em áreas a Oeste do Reno, e porque os franceses eram
comparativamente mais fracos do que as outras potências ocupantes159.
Embora o Unternehmen Werwolf tenha sido depois alargado para dentro da Wehrkreise, nunca
foi tão bem organizado como nas regiões fronteiriças originais, principalmente porque
Prützmann deteve-se em questões organizacionais para poupar a ideia de penetrações Aliadas ou
Soviéticas no coração alemão; a procrastinação é inimiga i.e., não deixar para amanhã, o que se
pode fazer hoje. Em Weimar, v.g., Skorzeny inspeccionou o grupo local Werwolf em Mar45 e
encontrou-o com várias doenças: alguns dos guerrilheiros foram recrutados; armas e munições
eram escassas; não tinha provisão para contactar escalões superiores via rádio; e os guerrilheiros
tinham só uma vaga ideia da sua missão160. Em muitas áreas, os funcionários locais do Partido e
da Polícia que deveriam formar o núcleo da organização muitas vezes opuseram-se-lhe tanto na
prática quanto em princípio, particularmente em Hamburgo, Viena e Leipzig161. Na Áustria,
Oficiais de inteligência aliados concluíram mais tarde que "os encarregados das actividades [dos

157
CDSIC/WEA BAOR "Second interim Report on SS Obergrf. Karl Gutemberger", IR 34 01Nov45, p.1. ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC/WEA Interim Interrorgation Reports, 1945-46, RG 332, NA; Interim Interrogation Reports, 1945-46, RG 332, NA; USFET MIS
Center "Cl Intermediate Interrogation Report (CI-IIR) n.º 24 - O/Gruf. Jurgen Stroop", 10Out45, p. 2, OSS XL 22157, RG 226, NA;
Direction Générale des Études et Recherches, "Bulletin de Renseignements - Allemagne, Organisation du Werwolf", 20Ago45, p. 2; lére
Armée Française 2éme Bureau, "Bulletin de Renseignements", 16Mai45, Annex n.º 11, p. 1, ambos em 7P 125, SHAT; 12th US Army,
"Report on Unternehmen Werwolf", 12Jun45, IRR File XE 049 888 "Werwolf Activities Vol. I", RG 319, NA; Whiting, Hitler’s
Werewolves, p. 70; USFET Interrogation Center, "Intermediate Interrogation Report (IRR) n.º 9 - H/Stuf. Hans Gerlach", 11Ago45, p.
17, OSS XL 13744, RG 226, NA; e Rose, pp. 28-29.
158
pp. 3-4, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; CCG (BE) "Intelligence Review" n.º 12,Set46, p. 24, FO
1005/1700, PRO; History of the Counter Intelligence Corps, Vol. XIX, pp. 57, 78, Vol. XX, pp. 18, 26, 45, 59-60, 72, 125- 126, 144-
147, 152, NA; CAP Pierre de Tristan, 1st French Army 5th Bureau, "Monthly Historical Report", 1Mai45, p. 5, WO 219/2587, PRO;
SHAEF PWD Int. Sect., "A Volkssturm Company Commander", 15Mar45, OSS 120243, RG 226, NA; History of the Fifteenth United
States Armv, 21Ago44 to 11Jul45 (Bad Neuenahr, US 15th Army, 1945), p. 27; SHAEF PWD - "Reactions to 'Werwolf' in Cologne”,
26Abr45, OSS 128265,RG 226, NA; e Leach, p. 136. Cologne”, 26Abr45, OSS 128265, RG 226, NA; e Leach, p. 136. Houve
evidentemente, alguns sucessos na Renânia, é possível, v.g., que as equipas comandos da HJ estivessem relacionadas com a onda de
ataques nocturnos de esfaqueamento contra soldado de infantaria estadunidense na recentemente ocupada Colónia e o Chefe da HJ,
Arthur Axman, ainda alegou que os guerrilheiros da HJ tinham conseguido dinamitar pontes na retaguarda Aliada. FO Weekly Political
Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary n.º 289, 18Abr45, p. 3; The New York Times, 26Mar45; e 04Abr45.
159
Sobre evidências de acções de guerrilhaem Schwarzwald pelas Werwölfe e outros grupos paisanos, vd. CAP Pierre de Tristan, 1st
French Army 5th Bureau "Monthly Historical Report”, pp. 6- 7, 1Mai45, WO 219/2587, PRO; The New York Times, 03Jun45; 4Jun45;
lére Armée Française 2éme Bureau "Bulletin de Renseignements”, 16Mai45, p. 1 e "Annex" 3; "Maquis Allemands" (s/d), p. 6; Direction
Générale des Études et Recherches "Bulletin de Renseignements - Allemagne; Wehrwolf”, 26Jun45, pp. 1-2; Ministére de l’Information
"Articles et Documents”, 17Set45, Nouvelle Série n.º 274, p. 3, todos em 7P 125, SHAT; 6th AG Civil Security Report "Resistance
Organizations (Germany)”, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I”, RG 319, NA; CAP Pierre de Tristan, 1st French Army
5th Bureau "Monthly Historical Report”, 01Jun45, p. 7; CAP N. Hemmindinger, SHAEF Legal Liaison Officer to ACoS, 6th AG, G-5,
26Jun45; SHAEF G-5 "Military Government - Civil Affairs Weekly Field Report" n.º 48, 12Mai45, todos em State Dept. Decimal Files
1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; German Directorate "Weekly Intelligence Summary" n.º 38, 23Jul45, p. 1, OSS
142218, RG 226, NA; OSS Report from Switzerland, F-2320, 25Mai45, OSS L 57490, RG 226, NA; R.V. Jones (1979), Most Secret
War, Sevenoaks, Kent, Coronet, pp. 602-603; e SHAEF JIC "Political Intelligence Report”, 14Mai45, p. 3, WO 219/1659, PRO.
160
Glen Infield (1981), Skorzeny, Hitler's Commando, NY, St. Martin's Press, p. 110. Sobre ausência de medidas prepartórias da
Werwolf na conurbação de Ruhr e outras áreas adjacentes a Leste do Reno, vd. USFET MIS Centre "Cl Intermediate Interrogation
Report (CI-IIR) n.º 24-0/Gruf. Jurgen Stroop", 10Out45, p. 4, OSS XL 22157, RG 226, NA; e CSDIC/WEA BAOR, "Second Interim
Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger", IR 34, 1Nov45, pp 3-4, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports
1945-46, RG 332, NA.
161
"Extract from Interrogation of Karl Kaufmann", 11Jun45, "Appendix A - The Werwolf Organisation in Hamburg", p. 1, IRR File XE
049 888, "Werwolf Activities, Vol. I”, RG 319, NA; Kurt Detlev Muller (1947), Das Letzte Kapital, Geschichte der Kapitulation
Hamburgs, Hamburg, Hoffman und Campe Verlag, pp. 114-115; Trial of the Maior War Criminals before the International Military
Tribunal, (1948), Vol. XIV, Nuremberg, International Mil. Tribunal, pp. 448, 580; Office of the US Chief Counsel, Subs. Proceedings
Div. Interrogations Branch, "Summary n.º 166 - Baldur von Schirach", p. 2, IWM; e Generalmajor der Polizei Wilhelm von Grolmann,
Polizeiprasident von Leipzig, "The Collapse of the German Reich as Seen from Leipzig", p. 24, in World WarII German Military
Studies, NY, Garland, Vol. 24, (1979).

Página 1 de 144
lobos] fizeram pouco mais do que falar e tentaram, para própria segurança, dar a impressão de
que as ordens estavam a ser acatadas"162.
Menção especial deve ser feita a três regiões do interior que se distinguiram por esforços
especiais, particularmente pela intervenção pessoal de Prützmann em sobrepujar a prerrogativa
do HSSPF local de escolher os próprios comandantes Werwolf. Talvez a mais importante dessas
áreas tenham sido a Secção Sudeste de Wehrkreis XI, i.e., a região de Harz, tradicionalmente
refúgio para guerrilheiros alemães e se destacava no tipo de misticismo pagão teutónico163 tão
caro dentro da SS. Na Primavera de 1945, breves preparativos foram feitos para converter Harz
nums Werwolf Festung: o HJ-Gebeitsführer em Mansfeld, v.g., formou recrutas HJ em 600
homens "Kampfaruppe Ostharz", liderado por Sargentos Waffen-SS fora de combate de
hospitais militares locais. A Kleinkrieg intensa envolveu a área quando foi cercada por forças
estadunidenses em meados de Abr45 e, embora a bolsa tenha sido formalmente limpa em
21Abr, ataques de sabotagem e guerrilha continuaram a surgir por pelo menos mais um mês. Os
estadunidenses responderam com ataques aéreos ferozes e "medidas de represália imediatas e
eficazes" contra a população local, bem como o envio de contraguerrilheiros polacos, que
supostamente lançaram granadas a todos os cantos e recantos das montanhas. O principal
Werwolf Kampfgruppe foi quase completamente liquidado164, embora é interessante notar que
mesmo depois de o Exército Vermelho ocupar o Harz oriental no Verão de 1945, as tropas
soviéticas continuaram a correr certos riscos de emboscada e os prefeitos locais foram alertados
sobre a possibilidade de mais represálias165.
Em duas outras áreas consideradas suficientemente importantes, Prützmann escolheu os
próprios Oficiais que recebiam ordens directamente dele e não do HSSPF regional. Um desses
casos foi o Wehrkreis XIII – Francónia – que, na visão NS, exigia medida extra de acção de
guerrilha para se adequar à reputação como o centro espiritual do nazismo. O HSSPF local,
Benno Martin, foi-lhe ordenado em Fev45 a nomear um W-Beauftragter mas Martin manteve-se
fiel ao código nazi de optimismo injustificado – acreditava que os Aliados nunca capturariam o
seu Wehrkreis – e, portanto, adiou a colocação até inícios de Abril. Embora um Oficial da
Polícia-SS local tenha sido finalmente nomeado, Prützmann imediatamente interveio e
substituiu a escolha local pelo Dr. Hans Weibgen, nazi fanático que respondia directamente a
Dienstelle Prützmann. Weibgen rapidamente contou com o próprio pessoal para a região em
guerra, incluindo dois Oficiais da SS de Berlim, que deveriam preparar a Gestapo de
Nuremberga para "o vindouro Movimento de Libertação"166.
Os fanáticos nazis posteriormente fizeram esforço mais determinado para defender as cidades e
vilas da Francónia do que talvez qualquer outra área na Alemanha central, e o comandante
militar Wehrkreis, Weissenberger, abriu os arsenais da região aos guerrilheiros Werwolf, ao que
parece permitiu que grandes provisões de equipamentos fossem retiradas. Os civis foram
persuadidos a pegar em armas, e o levantamento civil prosseguiu com muito mais vigor do que

162
GSI 8th Army "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 5, 03Ago45, p. 12, FO 371/46611, PRO; e GSI British Troops Austria "Joint
Weekly Intelligence Summary" n.º 7, Part I, pp. 15-16, FO 371/46612, PRO.
163
É adjectivo masculimo oriundo do latim teutoni, refere a teutões, tribo germâmica, bastante conhecida a partir do séc. IV, pode ser
sinónimo de germânico, gótico ou alemão. Neste caso não está relacionada à Ordem Teutónica.
164
Rose, pp. 119-121; USFET Interrogation Centre "Preliminary Interrogation Report (PIR) n.º 50 Stubaf. W. Kraizizek”, 10Ago45,
OSS 141745, RG 226; NA; Rolf Schneier (1985), "Der Frieden begann mit Süssigkeit - Wernigerode/Harz 1945”, in 1945, Deutschland
in der Stunde Null, ed. Wolfgang Malanowski, Hamburg, Spiegel, p. 177; (1947), Conquer, The Story of the Ninth Armv, Washington,
Infantry Journal Press, pp. 299, 306-307; Leach, pp. 179-180; 186-187; The New York Times, 17Abr45; 25Abr45; The Stars and Stripes,
27Mai45; History of the 120th Infantry Regiment. p. 253; History of the Counter Intelligence Corps, Vol. XX, pp. 9, 50, 54-55, 84, 105,
NA; SHAEF JIC "Political Intelligence Report”, 20Jun45, p. 3, WO 219/1700, PRO; (1970), The Wartime Journals of Charles A.
Lindbergh, NY, Harcourt Brace Javanovich, p. 991; e Görlitz, p. 54.
165
Lowenthal, pp. 147-148. Lowenthal menciona ainda o caso pamfletário da Werwolf, bem como o julgamento e a execução de um
líder nazi local acusado de ocultar um Panzerfaust.
166
USFET Interrogation Center, "Preliminary Interrogation Report (PIR) n.º 40 - Benno Martin", 03Ago45, OSS 141752, RG 226, NA;
21 AG "Weekly Cl News Sheet" n.º 81, p. 2, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; 3rd US Army
Interrogation Center (Prov.) "Interrogation Report" n.º 39, 08Set45, OSS XL 19643, RG 226, NA; e History of the Counter Intelligence
Corps, Vol. XX, p. 97, NA. É significativo que Benno Martin foi Oficial de Polícia de carreira e não era tipo fanático nazi. Na verdade,
foi Martin que ajudou a delinear a queda de Julius Streicher como Gauleiter francónio. Em Abr45, Martin envolveu-se na tentativa com
vários Nazis alemães do Sul para se aproximar dos aliados e agendar o armistício. Peterson, The Limits of Hitler's Power, pp. 246-252; e
OSS Memo for the JCS, "Approaches from Austrian and Bavarian Nazis”, 09Abr45, in Records of the Joint Chiefs of Staff, Part I –
1942-45, European Theatre, Rolo n.º 11.

Página 1 de 144
em qualquer outra área, o que, por sua vez, tornou as travessias Aliadas do rio Meno mais
difíceis do que as travessias anteriores do Reno. Em cidades como Aschafemburgo, Vurzburgo,
Neustadt e Nuremberga, grande número de franco-atiradores combateu o avanço Aliado com
fereza arrebatada, geralmente não identificados pelas braçadeiras que os reconheciam como
combatentes167.
A terceira área de particular apreensão para os Lobos foi a região alpina de Tirol-Voralberg,
particularmente depois de Mar45, quando Hitler ordenou Prützmann preparassem os Lobos para
a luta prolongada e, se necessário, recuar para os Alpes austríacos para se juntarem às SS para o
último reduto168. O W-Beauftragter na área (Wehrkreis XVIII) era Hauptmann Anton Mair, mas
o Tirol-Voralberg era controlado de modo independente por Sturmbannführer Kurreck, que,
como Tschiersky, foi transferido para Werwolf de Unternehmen Zepelim. Kurreck designado no
final de 1944 e, embora ligado à equipa do Gauleiter Hofer, era responsável directamente por
Dienstelle Prützmann. Mair reportava a Prützmann depois que o HSSPF, Obergruppenführer
Rosener, mostrar sinais em Abr45 de querer abandonar o projecto Werwolf169.
Embora Tirol-Voralberg fosse o coração do chamado "Reduto Alpino", as abordagens Norte e
Nordeste da área – i.e., Wehrkreise XVII (Norte da Áustria) e VII (Sul da Baviera) – receberam
menos atenção. Os preparativos no primeiro foram iniciados em Jan45, sob Comando HSSPF
Schimana e W-Beauftragter Fahrion170, e neste último só no final de Mar45, sob Comando
HSSPF von Eberstein e W-Beauftragter Wagner. Esses preparativos extremamente tardios no
extremo Norte do Reduto sugerem que os nazis foram surpreendidos com a celeridade da
investida Aliada na Alemanha Central e por causa desse atraso, nem von Eberstein nem Wagner
tinham muita esperança no sucesso da organização bávara dos Alpes. De facto, o prazo desde a
nomeação de Wagner (13Abr) até ao dia em que abandonou o cargo diante do avanço
estadunidense (28Abr) foi só de duas semanas.
Depois de nomear Wagner, von Eberstein esperava ter-se livrado de todo o desagradável
assunto dos Lobos, mas ficou desconcertado ao descobrir que não lhe era permitido desvanecer-
se de qualquer forma do verdadeiro soldado, evitando assim o escrutínio das forças Aliadas que
avançavam. Por causa dos esforços estadunidenses quase dividiram o Reich em dois em meados
de Abril, a maioria dos serviços centrais do Reich foram divididos em secções autónomas do
Norte e do Sul, e o desanimado von Eberstein – com a força da reputação como o "älter
Kampfer" – viu-se escolhido como plenipotenciário de toda a componente meridional de
Unternehmen Werwolf. Quando o Brigadeführer Siebel chegou com a notícia dessa promoção
indesejada em 20Abr, von Eberstein ficou horrorizado e recusou-se a aceitar o pedido a menos
que fosse colocado de forma escrita, algo que Siebel não pode produzir imediatamente. Quando
Siebel voltou para von Eberstein – nessa altura tinha sido expulso de Munique e estabelecido
sede na cidade no Sternbergersee – o seu nome tinha sido retirado da nomeação. O próprio
Siebel assumiria o cargo e, em vista da óbvia recalcitrância de von Eberstein e equipa, o
fanático Weibgen recebeu a esfera de responsabilidade mais ampla como o franconiano W-
Beauftragter, adquiriu outras áreas da Baviera sob o seu controlo171.

167
Allied Intelligence Report, c. Mai45, IRR File XE 049888 "Werewolf Activities Vol I”, RG 319, NA; The New York Times,
29Mar45; 03Abr45; 20Abr45; 21Abr45; (1946), The Fighting Forty-Fifth, The Combat Report of an Infantry Division, Baton Rouge,
US Army, pp. 160-165, 181; The Seventh United States Army in France and Germany. 1944-1945, Report of Operations, Heidelburg,
US Seventh Army, (1946), Vol. Ill, pp. 766-767, 770, 795; The Globe and Mail, 03Abr45; Time, Vol. XLV, n.º 16 (01Abr45), p. 18;
Charles B. MacDonald (1973), The Last Offensive, Washington, Office of the Chief of Military History, US Army, p. 410; John Turner
e Robert Jackson (1975), Destination Berchtesgaden, The Storv of the United States Seventh Army in World War Two, London, Ian
Allen, pp. 157-158, 163; TCOR. Hugh Daley (1946), 42nd "Rainbow" Infantry Division, A Combat History of World War II, Baton
Rouge, 42nd Inf. Div.; e CAP Joseph Carter (1946), The History of the 14th Armoured Division, Atlanta, Albert Love Ent.
168
Infield, Skorzeny. p. 110.
169
MI-6, "CX-Report", 16Jun45; CSDIC/CMF "The Werwolf Organisation”, 10Jun45; 2677th Regt., OSS (Prov.) Det. "A” "The
Werwolf Organization(s), Salzburg Area", 16Jul45, ambos IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; GSI British
Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 7, Part I, pp. 15-16, FO 371/46612, PRO; e CSDIC (WEA) BAOR "Final
Report on Dr. Gerhardt Willi Teich", FR 31, 21Jan46, "Appendix B - Unternehmen Zeppelin", p. vi, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA,
Final Interrogation Reports 1945-47, RG 332, NA. 57. USFET Interrogation Center, "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 6 -
HSSPf Walter Schimana", 31Jul45, p. 2, OSS 142090, RG 226, NA.
170
USFET Interrogation Center, "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 6 - HSSPF Walter Schimana", 31Jul45, p. 2, OSS 142090,
RG 226, NA.
171
Allied Intelligence Report, c. Mai45; USFET Interrogation Center, "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 5 - O/Gruf. Freiherr
Friedrich K. von Eberstein", 27Jul45; USFET MIS Center, "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 18 - Krim. Rat. Stubaf. Ernst

Página 1 de 144
Antes de considerar completamente esses dias finais, no entanto, a narrativa deve primeiro
voltar aos problemas mais gerais que contribuíram para o colapso final – problemas que estão,
pelo menos em parte, na inadequação da base burocrática dos Lobos. Um documento da
Wehrmacht observou, v.g., que "o Werwolf não tem organização de abastecimento nem será
feita...”172, então ficou claro que a organização era totalmente dependente nesta matéria do
Exército, da Waffen-SS e grupos de sabotagem do RSHA, como as unidades Jagdverbände e
Frontaufklärung. O transporte era supostamente suprido pelo próprio "K-Staffel" do HSSPF, ou
Grupo Motorizado173.
Obviamente, esse sistema dependia essencialmente da boa vontade dos quartéis-mestres
envolvidos entre os órgãos e, portanto, ruiu rapidamente. No último ano da guerra, as várias
forças armadas alemãs enfrentaram escassez severa que era improvável que transferir
voluntariamente recursos para uma organização paisana nebulosa. Jagdverbände de Skorzeny,
v.g., estavam a lutar para efectivar a própria activação e, nesse estágio de formação, dificilmente
ofereceriam apoio entusiástico ao rival. Skorzeny disse ao Oficial de Abastecimento que os
representantes da Prützmann poderiam receber 10% a 20% das reservas da Jagdverbände, mas
em nenhuma circunstância os interesses da Jagdverbände seriam prejudicados para manter o
fluxo adequado de suprimentos para a Werwolf. Todas as dificuldades deveriam ser relatadas ao
QG de Skorzeny em Friedenthal, e eventualmente chegaram reclamações de cada unidade
Jagdverband sobre "exigências exorbitantes" dos organizadores da Werwolf. Skorzeny
categoricamente recusou cada um desses pedidos174.
O HSSPF regional frequentemente reclamava da falta de suprimentos, mesmo no crítico Reduto
Alpino, embora o esforço conjunto tenha sido feito para enviar armas, alimentos e valores para
esta região, onde foram posteriormente escondidos em esconderijos e cavernas secretas175. Os
relatórios de inteligência Aliada observaram que os recursos da Werwolf eram "em muitas áreas
plenamente inadequados" e, se os guerrilheiros da SS esperavam operar de forma eficaz, teriam
sido forçados a depender em grande parte dos suprimentos recuperados dos depósitos
abandonados da Wehrmacht ou roubados ao inimigo176. Prützmann só limitou o sucesso neste

Wagner", 30Ago45, pp. 2-4, ambos IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; USFET Interrogation Center,
"Preliminary Interrogation Report (PIR) n.º 36 - Krim. Rat. Ernst Wagner", 27Jul45, OSS 140564, RG 226, NA; USFET Interrogation
Center, "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 4 - Obst. d. Pol. Paul Schmitz-Voigt", 23Jul45, p. 2, OSS XL 13822, RG 226, NA;
3rd US Army G-2, "Information Bulletin n.º 72", 27 Mai45, p. 3, WO 219/1602, PRO; e History of the Counter Intelligence Corps, Vol.
XX, p. 97, NA.
172
Wenck, OKH to the Heeresgruppen and Armeen, 6Fev45, RH 2/1930, BMA.
173
Auerbach, p. 353; EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werwolves'"; USFET MIS Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º
18 - Krim. Rat. Stubaf. Ernst Wagner", 30Ago45, p. 4, ambos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA;
CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger", IR 34, 1Nov45, pp. 4-5, 7, ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports 1945-46, RG 332, NA; e Rose, pp. 153-154. De acordp co o sistema dividido pelo QG do
Exército de Himmler no Outono de 1944, todos os relatórios do HSSPF relativos a equipamentos, armas e munições passaram pela
Dienstelle Prutzmann; as alocações deveraim ser feitas através dos serviços militares do Wehrkreis. Ultra Document BT 7004, 12Mar45,
Ultra Micf. Coll., Rolo 65.
174
British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 9, 31Ago45, p. 11, FO 1007/300, PRO; BAOR/Int. "Appreciation
of the Werwolf Movement", p. 3; e US 12th Army "Werewolves", 31Mai45, p. 2, ambos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities
Vol. I, RG 319 NA. Prutzmann também implorou abastecimentos ao serviço central de ordens da RSHA ordinance service, que era
dirigido pelo seu antigo protegido, Josef Spacil, mas foi sistematicamente recusado todos os pedidos. USFET MIS Center, "Intermediate
Interrogation Report (IIR) n.º 16 - O/Führer Josef Spacil", 28Ago45, p. 19, OSS 15135, RG 226, NA.
175
CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger" IR 34, 01Nov45, pp. 1, 7, ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports 1945-46, RG332, NA; USFET MIS Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 18 -
Krim. Rat. Stubaf. Ernst Wagner", 30Ago45, p. 5; USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 5 - O/Gruf.
Freiherr Karl von Eberstein", 27Jul45; 12 AG Mobile Field Interrogation Unit n.º 4 "Gen. Lt. Walter Schimana", 27Mai45; MI-6 "CX
Report", 16Jun45; CSDIC/CMF "The Werwolf Organization", 10Jun45, ambos IRR File XE 049 888 "Werwolf Activities Vol. I", RG
319, NA; USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (IRR) n.º 6 - Walter Schimana", 31Jul45, pp. 2-3, OSS
142090, RG 226, NA; CSDIC (UK) "SS Hauptamt and the Waffen SS", 23Ago45, p. 10, OSS 144337, RG 226, NA; The Stars and
Stripes, 31Mai45; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 50, 27Jun46, p. C7; e n.º 69, 7Nov46, pp. C12-C13, ambos em State
Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA. Sobre a transferência dos recursos de financeiro do Reichsbank
para os Alpes a fim de patrocinar a actividade de resistência, vd. Ian Sayer e Douglas Botting (1985), Nazi Gold, London, Grenada, pp.
24, 29-38. Sobre a transferência de armas e material do Norte de Itáliaa fim para provisionamento das guerrilhas da HJ no reduto alpino,
vd. CX Report, 16Jun45; e CSDIC/CMF/SD 21 "The Werwolf Organization”, 10Jun45, ambos em IRR File XE 049 888 "Werwolf
Activities Vol. 19”, RG 319, NA. Depois da reunião dos Chefes de Sabotagem em Hamburgo, também foi decidido reservar a fábrica
Dynamit A.G. na zona dos Redutos exclusivamente para produzir material Werwolf e vários técnicos foram enviados para Sul a fim de
tomarem as medidas necessárias. Office of the Chief of Counsel for War Crimes, Interrogation Br. "Interrogation Summary n.º 819 -
Georg Gerhard”, 31Dez46, p. 1, IWM.
176
EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werewolves'", IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol I", RG 319, NA.

Página 1 de 144
campo que foi alcançado seguindo o conselho de Skorzeny de obter suprimentos directamente
das fábricas de munições locais, método que pelo menos funcionava por ordem de chegada177 e,
assim, eliminou graves dificuldades do transporte de longa distância178. Há evidências de que o
exército e o Ministério da Defesa e da Produção de Guerra tentaram impedir a entrega aos
Lobos179 – presumivelmente na tentativa de debilitar a organização – embora não se saiba o
quanto essa manobra obstruccionista foi realmente responsável pela crise na Werwolf.
O sistema de recrutamento e treino era mistura semelhante, eufemisticamente descrito como o
"sistema bola de neve" porque o movimento deveria crescer à medida que ganhasse força180.
Porque a Werwolf não tinha direitos exclusivos para qualquer grupo específico de pessoal, que
uma vez mais acabou com as sobras enviadas por outros organismos. Originalmente, essa
mistura de recrutamento consistia em três canais básicos de recrutamento:
Primeiro – a Waffen-SS: as Werbkommissionen (Comissões de Recrutamento) da SS-Hauptamt
visitavam os serviços locais do HJ, SA e vários outros organismos do Partido, das quais os
voluntários eram recrutados e depois examinados pelo Musterunas-Kommission. Os chefes do
partido na fronteira de Gaue também foram instruídos a darem listas de voluntários
recomendados ao HSSPF local – os recrutas posteriormente eram chamados através da Waffen-
SS Ergänzunastelle (Junta de Recrutamento) – e algumas divisões da Waffen-SS aparentemente
criaram Entlassungstelle especial (Centros de Desmobilização), onde os voluntários SS eram
munidos com documentos falsos de desmobilização e roupas civis, e depois enviados
secretamente para o serviço clandestino contra as forças de ocupação inimigas181. O problema
com esse sistema era que não tinha incentivo para enviar pessoas de primeira linha para os
Lobos: assim, a Waffen-SS naturalmente mantinha os melhores jovens nas próprias unidades182,
enquanto o Gauleiter também reservava candidatos adequados para o próprio sistema de defesa
local do Partido, a saber, a Volkssturm183.
Segundo – o Exército: no Outono de 1944, vários homens foram disponibilizados pelo Exército
para treino de guerrilha, e número limitado de soldados fornecido pelas Divisões e Corpos nos
distritos fronteiriços, e pelas Heereswaffenschulen (Escolas de Armas do Exército). Os
candidatos militares mais valiosos eram os que tinham qualificações técnicas, como operadores
rádio, embora a maioria do pessoal do Exército ligado ao Werwolf só tivesse sido nomeado há
pouco tempo e fosse transferido para escolas de treina Werwolf imediatamente após o treino
básico184.
177
US 12th Army, "Werewolves", 31Mai45, p. 1; MFI Report on Werwolf Sabotage Equipment, n.º 5/752, 27Abr45, ambos em IRR File
XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e USFET MIS Center "Cl Intermediate Interrogation Report (CI-IIR) n.º 24 -
O/Gruf. Jurgen Stroop", 10Out45, p. 4, OSS XL 22157, RG 228, NA.
178
O exemplo de dificuldades de transporte: os abastecimentos foram efectivamente postos de lado em Berlim, Hamburgo e Breslau
para a secção da tropa Werwolf em Wehrkreis XII, mas a organização regional da Werwolf foi responsável pelo transporte e, neste caso,
sá havia combustível suficiente para enviar os camiões de abastecimento de e para Berlim. Os recursos disponíveis nas outras duas
cidades nunca foram usados, pelo menos, através da Wehrkreis. 12th AG "Unternehmen W.", 12Jun45, IRR File XE 049 888 "Werewolf
Activities Vol I", RG 319, NA.
179
Rose, p. 154; e J.P. Nettl (1951), The Eastern Zone and Soviet Policy in Germany. 1945-50, London, Oxford UP, pp. 3-4.
180
USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 5 - O/Gruf. Friedrich K. von Eberstein", IRR File XE 049
888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.
181
CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger" IR 34, 01Nov45, p. 4, ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC/WEA Interim Int. Reports 1945-46, RG 332, NA; EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werwolves'"; BAOR/Int. "Appreciation of
the Werewolf Movement", ambos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; USFET MIS Center, "Cl
Intermediate Interrogation Report CI- IRR n.º 24 - O/Gruf Jurgen Stroop", 10Out45, p. 2, OSS XL 22157, RG 226, NA; SHAEF Cl War
Room, "The SS Guerrilla Movement", 9Abr45, ETO MIS- Y-Sect. Misc. Interrogation Reports 1944-46, RG 332, NA; e
"Entlassungstelle der Waffen SS, Lustheim and Other Locations", 17Abr45, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC (UK) Special Interrogation
Reports 1943-45, RG 332, NA.
182
Hove uma batalha particularmente feroz entre a Werwolf a as Waffen-SS na Primavera de 1945, travada inteiramente pelo
recrutamento. Os Oficiais na Wehrkreis XII tinham aparentemente convencido, os Oficiais SS do gabinete de recrutamento local em
Wiesbaden que a Werwolf tinha recebido direitos exclusives sobre várias classes de jovens (Jahrgänge) da HJ treinados no campo local
e para a classe 1927 do Reich Arbeitsdienst local, a maioria dos quais normalmente foram para as Waffen-SS. Com dois a 3 mil jovens
recrutas em jogo, esta era a conquista considerável para a Werwolf regional. No entanto, a notícia chegou aos ouvidos do suserano da
Waffen-SS, Oberaguppenführer Berger, e comunicou rapidamente o HSSPF local, Secção da tropa Werwolf, e proibiu de entregar
qualquer um dos “seus homens” para Untermann Werwolf. CSDIC (UK) "SS Hauptamt and the Waffen-SS", 23Ago45, p. 10, OSS
144337, RG 226, NA.
183
CSDIC/WEA BAOR "Final Report on SA Brgf. u. HDL Fritz Marrenbach" FR 29, 21Jan46, Appendix "A", pp. i-ü, ETO MIS-Y-
Sect. Final Interrogation Reports 1945-49, RG 332, NA.
184
CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger", IR 34, 01Nov45, pp. 4-5, ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports 1945-46, RG 332, NA. Um Memorando do OKW observou que os soldados dentro da

Página 1 de 144
Três – o RSHA: este meio de mobilização funcionava através do BdS regional, que controlava
os serviços locais da Gestapo, SD e o Kripo, e subordinado ao HSSPF sob a cadeia de Comando
de "tarefas especiais" que descia de Himmler para baixo. O primeiro apelo do BdS para
candidatos Werwolf foi emitido em Dusseldórfia em meados de Set44, e pedia "velhos membros
do Partido" dispostos a passar por um curso de demolições e causar danos ao inimigo na
retaguarda. Ao contrário dos outros dois canais de recrutamento, este teve sucesso considerável,
principalmente porque o tipo de indivíduos da Gestapo e SD assim atraídos pela bandeira do
Lobo eram muitas vezes tão irremediavelmente comprometidos que a ideia de rendição era
insuportável: o Lobo tornou-se assim na espécie de meios alternativos de cometer suicídio. O
SD, em particular, encontrou serviços no Leste da Alemanha esgotados por tais campanhas de
recrutamento do BdS para a Werwölfe outras medidas de defesa de última hora. Uma vez
alistados, esses elementos frequentemente tendiam a organizar-se como grupo à parte dos
recrutas que tinham sido confirmados para a organização, e aparentemente consideravam-se o
escol dos Lobos185.
Também deve ser lembrado que a HJ também controlava a própria ala semi-autónoma da
organização, por sua vez tinha o próprio sistema de recrutamento, assente principalmente em
listas apresentadas pelos HJ-Bannführers locais186.
Esse método de recrutamento disperso geralmente não produzia bons resultados. O número de
recrutas, em primeiro lugar, era simplesmente insuficiente, e o total de membros da organização
provavelmente nunca ultrapassou vários milhares de guerrilheiros187. Na verdade, Prützmann e
Siebel queixavam-se vigorosamente da carência de paisanos treinados – em particular daqueles
qualificados como operadores-rádio ou batedores – e recrutadores da SS eram ocasionalmente
ouvidos para dizer aos Oficiais do Exército que o alistamento de voluntários era extremamente
difícil188. Os recrutadores consequentemente recorreram, a tais expedientes como a mobilização,
em particular de alistados mais velhos189 e descrição adrede vaga ou falaciosa das actividades
que Werwölfe seria convocado a efectuar, ou aceitar suicídio com ampolas de veneno engolidas
em caso de captura iminente190. Muitos dos recrutas posteriormente desertaram ou recusaram a
submeter-se ao treino, quando Himmler reagiu ameaçou os desertores com sentença em campo
de concentração191, o moral da organização dificilmente foi encorajado192.

Werwolf eram voluntáriosd e foram usados como líderes das “tropas” Werwolf. Winter, memo from WFST./Op (H)/Ia to Chef WFST.,
Stellv. Chef, OP(H), la, Ic, Qu, 28Fev45, RW 4/v. 702, BMA.
185
PWE "German Propaganda and the German", 23Abr45, pp. C12-C13, FO 898/187, PRO; CSDIC (UK) Interrogation Report "Amt III
(SD Inland) RSHA", 30Set45, p. 14, ETO MIS-Y-Sect. Special Interrogation Reports 1943-45, RG 332, NA; EDS Report n.º 34, "Notes
on the 'Werewolves'"; BAOR/Int. "Appreciation of the Werwolf Movement", ambos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol.
I", RG 319, NA; Rose, p. 301; e 3rd Army G-2 "Interrogation Report" n.º 2, 14Mai45, pp. 8-9, OSS XL 11132, RG 226, NA.
186
CSDIC/WEA BAOR "Final Report on Gunther Haubold" FR 94, p. 8, ETO MIS-Y-Sect CSDIC WEA Final Interrogation Records
1945-47, RG 332, NA; BAOR/Int. "Appreciation of the Werwolf Movement", Jul45, p. 2; EDS Report n.º 34 "Notes on the
'Werewolves"'; e Direction des Services de Documentation Allemagne, "Note sur la formation du Werwolf", 6Jul45, pp. 2-3, ambos IRR
File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol I", RG 319, NA. O Segundo-comandante Axmann, Adjunto do Reichsjugendleiter Mockel,
foi de facto morto em acidente de carro em Fev45 enquanto numa jornada de recrutamentos para potenciais recrutas guerrilheiros. "The
Werwolf Movement", c. Abr45, IRR File 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 39, NA.
187 th
9 US Army, "Fritz Georg Schlessmann", Report n.º 1658, 30Mai45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol I", RG 319,
NA; CSDIC/WEA BAOR, "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger" IR 34, p. 5, 01Nov45, ETO MIS-YSect.
CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports 1945- 46, RG 332, NA; e PWE "German Propaganda and the German", 30Abr45, p. C4, FO
898/198, PRO. Sobre detalhes no recrutamento adaptado para Gruppenleiter na Áustria, vd. USFET Interrogation Center "Intermediate
Interrogation Report (IIR) n.º 6 - Schimana, Walter”, 31Jul46, p. 3, OSS 142090, RG 260, NA.
188 th
9 US Army, "Fritz Georg Schlessmann", Report n.º 1658, 30Mai45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol I", RG 319,
NA; CSDIC/WEA BAOR, "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger" IR 34, p. 5, 01Nov45, ETO MIS-YSect.
CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports 1945-46, RG 332, NA; e PWE "German Propaganda and the German”, 30Abr45, p. C4, FO
898/198, PRO. Sobre problemas no recrutamento de Gruppenleiter adequado na Áustria, vd. USFET Interrogation Center "Intermediate
Interrogation Report (IIR) n.º 6 - Schimana, Walter”, 31Jul46, p. 3, OSS 142090, RG 260, NA.
189
EDS Report n.º 34, "Notes on the 'Werewolves'", IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.
190
USFET MIS Center, "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 18", p. 4, 30 Ago45, p. 4; BAOR/Int. "Appreciation of the Werwolf
Movement", ambos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e Allied Intelligence Report, c. Ago45, pp. 30-
31, OSS OB 28993, NA. Um panfleto secreto de recrutamento de lobos preparado sob a direcção do gabinete da HJ em Wiesbaden –
principalmente para atrair jovens rapazes que viviam a Oeste do Reno – a de natureza genérica e não dava nenhuma dica do que se
esperava dos voluntários adolescentes. "Report from Captured Personnel and Material Branch, MID, US War Dept.", 09Mai45, p. 1,
State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
191
Trevor - Roper (1950 ed.), p. 52; SHAEF Cl War Room, "The SS Guerrilla Movement", 09Abr45, p. 1, ETO MIS-Y-Sect. Misc.
Interrogation Reports 1944-46, RG 332, NA; e CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger IR
34, p. 5, 01Nov45, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports 1945-46, RG 332, NA. Gutenberger afirmou mais

Página 1 de 144
Os recrutas, determinados ou não, eram treinados pela Wehrmacht. Os Oficiais da Waffen-SS e
Jagverband, geralmente veteranos na guerra anti-paisana na Rússia e Balcãs, embora o esforço
em grande parte abortífero também tenha sido feito para recrutarem ex-Feldjäger como
instrutores em técnicas de guerrilha. Não surpreende, a instrução ter sido conduzida nas escolas
HJ e Waffen-SS, e Skorzeny foi forçado a partilhar os seus campos de treino Jagverband em
Friedenthal, Neustrelitz, Kileschnowitz e Kloster Tiefenthal (perto de Viesbade). Todo o
programa coordenado com o SS Chef der Bandenkampfverbande, e Sturmbannführer Erhardt,
nesta equipa, esteve frequentemente em contacto com Dienstelle Prützmann e com a Abteilung
Ausbildungswesen (Secção de Treino) do OKH.
Os cursos ministrados sob este regime estavam assentes em traduções de manuais de treino de
guerrilheiros soviéticos, embora em Jan45 fosse impresso o manual alemão abrangente sob o
título "Werwof: Winke für Jagdeinheiten" ("Indicações para Unidades de Caça"). Os cursos
eram referentes a sabotagem, Morse, TSF, reconhecimento de terreno e técnicas de homicídio,
além de todos os esquemas usuais de treino, atletismo e marcha acelerada. As agentes femininas
eram especialmente treinadas para actuar como espias enquanto serviam como funcionárias e
secretárias nos serviços de GM, enquanto outras ensinadas a seduzir e assassinar soldados
aliados. Cada recruta foi privado de documentos de identificação, não só para impedir a
identitidade pelos Aliados em caso de captura, mas privá-lo do passado e acentuar total rendição
aos objectivos da organização SS; no lugar do próprio nome e história de vida, o recruta recebia
nova identidade, completa com caderneta de pagamento e placas de identificação da Waffen-SS.
Cada novo discípulo era obrigado a assinar o compromisso que – ao contrário do compromisso
militar a Hitler – não era direccionado a indivíduo vinculado por sua morte, mas à própria
organização e ao princípio da resistência nacional193.
Apesar do facto de o treino ser difícil, era muito curto, variava de cinco dias a cinco semanas.
Considerando todos os tópicos abordados, mesmo o mais longo desses cursos estava
completamente lotado, e os Aliados definiram – com base em contacto preliminar com a
Werwolf – que o treino de guerrilha foi "apressado e superficial"194. Prützmann estava

tarde que, embora o alto padrão de aptidão física tenha sido mantido para os participantes do Werwolf, foi dada menos atenção à força de
carácter e, como resultado, "a percentagem bastante grande de indesejáveis apenas trabalhava para o próprio ganho apareceu nas fileiras
do Movimento W". Isso supõe, ter sido uma das causas do fracasso da organização.
192
Um caso em questão foi a experiência de dois rapazes de 16 anos capturados pelo Exército dos EUA na Primavera de 1945.
Enquanto estavam na escola de líderes da HJ, foram obrigados a assinar documentos que não tinham lido e foram informados de que
eram principiantes paisanos e deviam considerar em inscrever-se num programa de treino completo. Quando recusaram, foram enviados
para um reformatório político em Ballenstadt, junto com outos 600 rapazes de idade semelhante. Mesmo assim, no entanto, os nazis
ainda não tinham desistido desses presumidos preguiçosos, que receberam instruções sobre armas e foram instruídos a voltar para casa
para organizar pequenos bandos de jovens em grupos de resistência atrás das linhas. Os dois em particular fugiram categoricamente
quando avistaram as forças estadunidenses a avançar. PWE "German Propaganda and the German", 30Abr45, p. C4, FO 898/187, PRO.
193 ère
I Armee Française 2ème Bureau, "Bulletin de Renseignements", 16Mai45, Annex II, p. 1; "Organisation du 'Werwolf', 19Jun45;
Direction Générale des Études et Recherches, "Bulletin de Renseignements - Allemagne: Wehrwolf", 23Jun45, p. 1; Direction Générale
des Études et Recherches, "Bulletin du Renseignements Allemagne: Organisation du Werwolf", 20 Ago45; Direction Générale des
Études et Recherches "Bulletin de Renseignements" n.º 9, 8Nov45, p. 3, todos em 7P 125, SHAT; Hans Nutt (with Larry Harris and
Brian Taylor), Escape to Honour (Toronto: MacMillan of Canada, 1984), p. 226; USFET Interrogation Center, "Intermediate
Interrogation Report (IIR) n.º 11 - Obst. Paul Kruger", 31Jul45, Annex II, p. 6, OSS XL 13775, RG 226, NA; USFET Interrogation
Center, "Intermediate Interrogation Report (IRR) n.º 6 - Walter Schimana", 31Jul45, pp. 2-3, OSS 142090, RG 226, NA; Drska, p. 63;
Rose, p. 66, 128-130, 133-134, 138- 140; Lucas, Kommando pp. 311, 314-316; BOAR/Int. "Appreciation of the Werwolf
Movement",Jul45, p. 3; 21 AG/Int. "Appendix C" to Cdn. Corps Sitrep, 22Jun45, pp. 1, 3-4; 12 US Army "Werewolves", 31Mai45, p. 2;
EDS Report n.º 34, "Notes on the 'Werewolves'"; 6th AG "Resistance Organizations (Germany); 21 AG BLA "Extract from 'Current
Notes on Enemy Espionage'", 26Mai45, p. 1; 12th US Army "Report on Unternehmen Werwolf", 12Jun45, p. 2; todos em IRR File XE
049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; USFET MIS Center, "Intermediate Interrogation Report (CI-IIR) n.º 24 - O/Gruf.
Jurgen Stroop", 10Out45, p. 3, OSS XL 22157, RG 226, NA; Auerbach, p. 353; British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence
Summary" n.º 9, 31 Ago45, p. 11, FO 1007/300, PRO; USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 9 -
H/Stuf. Hans Gerlach", 11 Ago45, pp. 16-17, OSS XL 13744, RG 226, NA; SHAEF Cl War Room”, The SS Guerrilla Movement”,
9Abr45, ETO MIS-Y-Sect. Misc. Interrogation Reports, 1944-46, RG 332, NA; CSDIC/WEA BAOR "Second Interrogation Report on
SS Obergruf. Karl M. Gutenberger" IR 34, 1Nov45, p. 5, ETO MIS-Y- Sect CSDIC/WEA, Interim Interrogation Reports 1945- 46, RG
332, NA; 12 AG from Sands from Sibert and Bradley to SHAEF Main G-2 (CIB), 09Abr45; 12 AG from Sands from Sibert sgnd.
Bradley to SHAEF Rear for Robertson for G-2 (Cl), 19Abr45, ambos em WO 219/1602, PRO; Charles Whiting, Hitler’s Werewolves,
pp. 73-74, 189; History of the Counter Intelligence Corps, Vol. XX, p. 37, NA; MIS Center "Cl Intermediate Interrogation Report (CI-
IIR) n.º 24", p. 3, OSS XL 22157, RG 226, NA; 15th US Army G-2 "Periodic Report" n.º 60, Annex n.º 3, p. 1, OSS XL 12362, NA;
CSDIC (WEA) BAOR "Final Report on Gunther Haubold", FR 94, pp. 9-10, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Final Interrogation
Records 1945-47, RG 332, NA; Allied Intelligence Report, c. Ago45, p. 31, OSS OB 28993, RG 226, NA; e SS Werwolf Combat
Instruction Manual, pp. 17-35.
194
SHAEF Cl War Room, "The SS Guerrilla Movement" 9Abr45, ETO MIS-Y-Sect. Misc. Interrogation Reports, 1944-46, RG 332,
NA.

Página 1 de 144
naturalmente ciente desse facto, e em várias ocasiões queixou-se a Skorzeny que a instrução
dada pelos Oficiais da Jagdverband era escassa em detalhes, mas o Chefe do Comando
respondeu que devido aos prazos e à pressão sobre o pessoal da Jagdverband para outras
funções, cursos mais completos eram impossíveis de serem proporcionados195.
Deve-se notar também que o Jagdverbände geralmente ensinava só a líderes de Gruppen, e que
a instrução básica recebida provavelmente era ainda menos completa. Oficiais da FAK que
visitaram uma unidade Werwolf perto de Stettin em Mar45, v.g., notaram a falta considerável de
instrutores treinados e, como resultado, a pressão extra foi colocada sob Oficiais que lideravam
a Werwolf Gruppen atrás das linhas soviéticas. Na cidade sudeta Kadanina (Chéquia), a
segurança da defesa da artilharia anti-aérea terminou o curso de formação inacabado para um
bando de raparigas mesmo antes de se perceber – estarrecedoramente – treinava uma unidade
Werwolf 196.
Uma vez que essa miríade de dificuldades no treino – para não mencionar o recrutamento e o
abastecimento – foram, pelo menos em parte, causadas pela falta de alicerce firme burocrático
dos Lobos, logo ficou óbvio que a organização não se poderia estabelecer adequadamente sem o
apoio do exército ou serviço paramilitar bem assente que pudesse manter-se no meio da luta
desesperada por recursos. Himmler, com visão para detalhes burocráticos, parecia ter entendido
esse factor subjacente e, durante a reunião dos chefes de segurança SS em Nov44, na verdade
deu o controlo dos Lobos a Skorzeny, proposta garantindo-lhes decididamente ficar na órbita da
SS. Prützmann, presente, baixou a cabeça e desconfortavelmente misturou os papéis, mas
Skorzeny respeitosamente recusou a tarefa, dizendo que por agora tinha trabalho mais do que
suficiente para preencher o tempo197. É evidente Skorzeny pensou que Werwolf era duplicação
ineficiente e desnecessária do próprio programa Jagdverband198 — no qual tinha investido
muito tempo e esforço — e, portanto, é possível que acreditasse que este último acabaria por
substituir a Werwölfe, convertendo-se em organização guerrilheira doméstica.
Embora Skorzeny não tenha assumido o controlo da Werwolf, negociou vários acordos com
Prützmann garantindo a participação da FAK na implantação da Werwolf Gruppen. As unidades
FAK foram instruídas a fornecer Oficiais instrutores à Werwölfe acesso limitado aos
abastecimentos da FAK – em particular na Frente Oriental – para o qual receberam
reciprocamente controlo operacional parcial da actividade da Werwolf 199.
Acordos idênticos foram negociados entre Prützmann e o Alto Comando militar na Frente
Oriental (OKH), principalmente ao longo do mesmo padrão de autonomia reduzida da Werwolf
em troca de atenções materiais. Embora a cooperação de alto nível já tivesse sido acordada em
1944 – com a linha traçada que ia do OKH ao SS-Hauptamt200 – no início de 1945, a
necessidade de colaboração muito mais estreita entre as forças armadas e os guerrilheiros era
óbvia: a Werwolf acumulava informações abundantes de importância táctica, e no período em
que os militares ampliam rapidamente a própria aptidão de guerra de guerrilha contra o Exército
Vermelho, a Werwolf já estava em posição de executar muitas dessas missões especiais; o
Exército, por outro lado, poderia oferecer abastecimentos e transporte aos guerrilheiros mal
equipados. Tais factores de necessidade mútua no momento reuniam o Exército e a organização
paisana russa do RSHA, Unternehmen Zeppelin, e o efeito idêntico funcionava agora sobre o
Exército e a Werwolf. Assim, decidido no início de Fevereiro a Werwolf coloca um Oficial de
ligação permanente nos vários QG das unidades do Exército ao longo da Frente Oriental, a fim
de garantir a participação mais próxima dos Oficiais de inteligência do Grupo de Exércitos no
destacamento da Werwolf Gruppen e aumentar o cruzamento do fluxo de informações sobre o
195
12th US Army, "Werewolves", 31Mai45, p. 2, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.
196
Sig. illegeable, Leitstelle II Ost fur FAK to OKH/Genst. d. H/Fremde Heere Ost, 20Mar45, Records of OKH, Microcópia n.º T-78,
Rolo 565, fotograma 915, NA; e Wilhelmine Hoffman, "Bericht Uber meine Erlebnisse in Sudetenland" (1956-57), p. 5, Ost Dok.
2/279, BA.
197
Direction des Services de Documentation Allemagne, "Note sur la formation du Werwolf", 6Jul45, pp. 1-2, IRR File XE 049 888
"Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; Skorzeny, La Guerre Inconnue, pp. 196-197; Whiting, Hitler’s Werewolves, pp. 68-69; e
Rose, p. 28.
198
British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence Summary” n.º 9, 31Ago45, p. 11, FO 1007/300, PRO.
199
Direction des Services des Documentation Allemagne, "Note sur la formation du Werwolf", 6Jul45, p. 4; EDS Report n.º 34 "Notes
on the 'Werewolves'"; e 12th US Army "Werewolves", 31Mai45, p. 2, todos em IRR File XE.
200
Oberst v. Bonin, OKH Op. Abt./Fest, Memo, "Kampf in Rücken des Feindes", 21Nov44, RH 2/1929, BMA.

Página 1 de 144
inimigo. OKH em troca emitiu a ordem (06Fev) onde capacitava os Oficiais de inteligência no
Nordeste da Alemanha para atender as necessidades de mantimentos da Werwolf, e "regulou"
outros grupos alemães que operavam na retaguarda inimiga – SS-Jagdverbände. Unidades FAK
e SS-Streifkommandos – como consequência do acordo Werwolf-Wehrmacht201. O OKH
Abteilung Ausbildungswesen solicitou também que a mesma ordem fosse distribuída via OKW
aos Comandos do Exército na Europa Ocidental202.
Não só os militares começaram a influenciar a implantação do Werwolf, mas o Exército ganhou
a função importante nos processos de recrutamento e treino da organização guerrilheira. O OKH
Abteilung Ausbildungswesen sempre teve proveito saudável por esses assuntos203,
particularmente a entusiástica Subsecção de Treino de "Equipas Sapadoras e Fortificações": a
documentação sobrevivente mostra, v.g., que durante 1944, as possibilidades da guerra de
guerrilha foram discutidas amplamente pelo corpo docente da Pionier-Schule I em Dessau-
Rosslau, cujo epílogo dos debates num memorando de dez páginas chamado "Kleinkrieg in Our
Own Country", que circulou entre vários Oficiais superiores da Wehrmacht204. Em 1945, a
Subsecção de Treino começou a designar tropas de engenheiros para as operações da Werwolf, e
vários desses indivíduos passaram por curso especial de treina Werwolf em Hoxter e,
eventualmente, transferidos para o controlo de Dienstelle Prützmann em Mar45205. Em conjunto
com o esforço do Exército para fortalecer aptidões de guerra paisana na Frente Oriental, em
Fevereiro foi feito o esforço para investigar a Wehrkreise em busca de tropas com treino de
engenharia dispostas a alistarem em Gruppen oito homens guerrilheiros para serem treinados
em Hoxter e depois enviados para o Leste206.
Além disso, o Exército no início de 1945 sugeriu novo canal de reunião da Werwolf quase
inteiramente em mãos militares. Desesperada por homens, Dienstelle Prützmann concordou em
enviar a ordem amplamente divulgada ordenando que os candidatos militares para a Werwolf
fossem treinados nas próprias instalações de formação especial da Abteilung Ausbildungswesen,
a Heereschulen. Embora diferentes versões da ordem fossem divulgadas, geralmente explicava
que novos candidatos militares eram vitais para "acelerar o estabelecimento da Organização
Werwolf ", e estes deveriam participar de programa de treino da Werwolf na Primavera em
Heersechule II, localizado em Turkenburg nas montanhas dos Cárpatos na Eslováquia ocidental.
Foi especificado que o pessoal considerado para o curso deve ter pelo menos uma Cruz de Ferro
de segunda classe e não deve ser católico; além disso, os recrutas deveriam vir de comunidades
ou áreas rurais apenas nas margens Leste e Oeste do Reich que estavam ocupadas ou
imediatamente ameaçadas pelo inimigo. Foi colocada "ênfase especial" no Leste e documentos
sobreviventes mostram pelo menos uma unidade foi solicitada especificamente para um sujeito
"cuja cidade natal está em território ocupado pelos russos".
Os resultados finais foram pouco impressionantes; embora algumas unidades tenham recusado
ou desobedecido à ordem, cerca de 300 homens passaram pelo curso de duas semanas, dois

201
Wenck, OKH to the Heeresgruppen and Armeen, 6Fev45, RH 2/1930, BMA; e Direction des Services de Documentation Allemagne,
"Note sur la formation du Werwolf", 06Jul45, pp. 3-4, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I" RG 319, NA. Nesse mesmo
período, a OKW publicou directrizes para estabelecer de depósitos de sabotagem para uso de grupos comando ou unidades militares
isoladas na retaguarda inimiga. "Richtlinien fur die Anlage von S- Depots", Records of OKW, Microcópia n.º T-77, Rolo 1441,
fotogramas 652-660, NA.
202
Sig. illegeable, OKH Gen. Std. H/Ausb. Abt (I) to OKW/WFSt., 06Fev45, RH 2/1523, BMA. Arno Rose descreve a chamada ordem
"Gneisenau-WerwoIf" da Secção de Operações da Wehrmachtführungstab, que estabelecia que os Oficiais de inteligência dos
Comandos de campo deveriam trabalhar em estreita colaboração com os HSSPF na organização do último reduto resistente, e os
guerrilheiros Werwolf deveriam ser liderados por voluntários do Exército. Rose, pp. 168-169.
203
"Weekly Intelligence Summary" n.º 42, 29Mai45, p. 3, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.
204
Oberst Kemmerich, Stabe Gen d. Pi u. Fest im OKH, Staffel to Oberst Mayer-Detring, Chef Op. Abt.- Wehrmachtführungstabe,
01Abr45, RH 11 II1/34, BMA.
205
Ultra Documents BT 1789, 9Jan45 (Reel 57); BT 7004, 12Mar45 (Reel 65); e BT 7689, 19Mar45 (Reel 62), todos em Ultra Micf.
Coll. Sobre a implantação de Pioneer Sonderkommandos em missões de Werwolf, vd. History of the Counter Intelligence Corps, Vol.
XX, pp. 84-85, NAy Robert Hewitt (1946), Work Horse of the Western Front: The Storv of the 30th Infantry Division, Washington,
Infantry Journal Press, p. 265; e 6 SFSS HQ 5 Corps "Notes on the Political Situation in Carinthia and Western StyriaMai45", 22Mai45,
FO 371/4610, PRO. Na Turíngia, as tropas estadunidenses capturaram documentos de uma companhia de engenharia alemã mostrando
que a unidade tinha ordens para se converter em actividade paisana em caso de avanço local das tropas estadunidenses – a palavra-chave
era "Werwolf ". 3rd Army G-2 Documents Sect., Translations of captured Werwolf orders, 19Abr45, IRR File XE 049 888 "Werewolf
Activities Vol. I”, RG 319, NA.
206
Ultra Document BT 5156, 19Fev45, Ultra Micf. Coll., Rolo 62.

Página 1 de 144
ciclos completos dos quais realizados antes de os soviéticos invadissem o Oeste da Eslováquia.
É possível que os candidatos militares adicionais tenham sido treinados na Heereschule I, perto
de Wismar207, e sabe-se que, no último mês da guerra, Oficiais da Wehrmacht estavam a ser
destacados directamente para a Werwolf sem treino intermédio208. O corpo docente da
Heereschule II foi próprio retirado para o Bohmerwald e convertido numa companhia Werwolf
com nome de código Kampfgruppe "Paul", após o nome do seu comandante, Oberst Paul
Krüger. A experiência especializada dos Oficiais e homens desta unidade tornou-o
potencialmente o grupo guerrilheiro Werwolf mais eficaz e perigoso na Alemanha, embora
ainda tenha sido destroçado com relativa facilidade em Mai45, depois de um dos membros
desertar para os Aliados209.
Pode-se argumentar, incidentalmente, que os militares como o todo degeneraram em força
paisana durante os últimos quatro meses da guerra. Esse processo começou a Nascente, onde o
desastroso colapso causado pela Ofensiva de Inverno Soviética forçou os exércitos de campanha
do Leste a recorrer a qualquer expediente capaz de retardar o ritmo do avanço soviético. Os
Grupos de Exércitos "Centro" e "Vístula" formaram unidades de ataque de guerrilha para
funcionar na retaguarda soviética, e organizaram os chamados Panzer Jagdkommandos, que
deveriam funcionar independentemente ao longo dos flancos e linhas de comunicação do
inimigo, a fim de interromper o avanço liderado pelos blindados210. Várias fontes alemãs
relataram em Fev45 que a guerra nazi extensiva tinha irrompido por trás da frente soviética no
Leste da Alemanha e aparentemente houve algumas tentativas de explorar bandos de
retardatários alemães na retaguarda soviética em conjunto com a abortada Contra-ofensiva de
Arnswald211.
O mesmo tipo de medidas tomadas a Ocidente depois dos Aliados encabeçarem a penetração em
profundidade na Alemanha central no final de Mar45, e neste caso é possível delinear o
desenvolvimento da estratégia de guerrilha com ainda mais detalhes devido à existência de
extensa documentação. Sabemos, v.g., que Generaloberst Jodi instruiu os exércitos de campo
ocidentais em 29Mar que os carros de combate aliados coordenados só poderiam ser derrotados
se cortada a comunicação retaguarda com as bases de abastecimentos212, cuja ordem foi seguida
por directrizes para unidades alemãs próprias que batiam insistentemente a necessidade de acção
de guerra de guerrilha213 doméstico. Além disso, as tropas alemãs, contornadas e presas pelos
Aliados na retaguarda foram encaminhadas a juntarem-se ao Werwölfe convertidas para
operações Kleinkrieg214: tais ordens, v.g., foram transmitidas à 6ª Divisão de Montanha SS

207
PWE, "German Propaganda and the German", 09Abr45, pp. C3-C4, FO 898/187, PRO; Mobile Field Interrogation Unit n.º 1, "PW
Intelligence Bulletin n.º 47", 13Mar45; Mobile Field Interrogation Unit n.º 1, "PW Intelligence Bulletin n.º 1/48", 16Mar45, ambos em
G-2 Int. Div. Captured Personnel and Material Branch Enemy POW Interrogation File (MISY), 1943-1945, RG 165, NA; Mobile Field
Interrogation Unit n.º 1, "PW Intelligence Bulletin n.º 1/51", 24Mar45, p. 29, OSS 125027, RG 226, NA; SHAEF G-5, "Weekly Journal
of Information" n.º 10, 26Abr45, p. 6, WO 219/3918, PRO; OSS R&A, "European Political Report", n.º 14, Vol. II, 6Abr45, p. 2, OSS
XL 7262, RG 226, NA; CSDIC (UK), "Interrogation Report", 20Abr45, p. 12, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; Lucas, Kommando. pp. 329-330; EDS Report n.º 34, "Notes on the ’Werewolf1"; "The Werwolf Movement",
IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e Rose, pp. 129, 167-168.
208
Sobre evidências da transferência direta de oficiais da Wehrmacht para unidades Werwolf em Magdeburg e Augsberg em Abr45, vd.
12th AG Mobile Field Interrogation Unit n.º 4, "PW Intelligence Bulletin" n.º 4/2, Annex "Notes on Werwolf", 07Mai45, pp. 15- 17, OSS
OB 27836, RG 226, NA; e Rose, p. 286.
209
Ultra Document KO 563, 16Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 71; USFET Interrogation Centre, "Final Interrogation Report (FIR) n.º 11
- Obst. Paul Krueger”, 31Jul45, OSS XL 13775, RG 226, NA; SHAEF G-5, "Weekly Journal of Information" n.º 13, 16Mai45, pp. 2-4,
WO 219/3918, PRO; Dyer, p. 428; e History and Mission of the Counter Intelligence Corps in World War II (Fort Holabird, Md.: CIC
School, 1951), p. 47.
210
Maj. Percy Schramm, "The Wehrmacht in the Last Days of the War (1 January - 7Mai45)”, pp. 451, 454- 455, in World War II
German Military Studies, New York, Garland, 1979), Vol. 11; Rose, pp. 171-172, 201-202; Ultra Document BT 8169, 24Mar45, Ultra
Micf. Coll., Rolo 67; e Die Geschichte des Panzerkorps Grossdeutschland, ed. Helmuth Spaeter, Duisberg-Ruhrort: Selbstverlag
Hilfswerk, 1958), pp. 287-289.
211
Schramm, p. 455; PWE "German Propaganda and the German”, 12Fev45, p. A5, FO 898/187, PRO; e Siegfried Schug, "Bericht uber
die Kreise Stargard- Saatzig und Pyritz”, 12Mar54, p. 8, Ost Dok. 8/637, BA.
212
Ultra Document BT 9227, 2Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 68.
213
Ultra Documents BT 6948, 6Abr45 (Reel 69); KO 4, 10Abr45 (Reel 70); KO 57, 10Abr45 (Reel 70); KO 24, 12Abr45 (Reel 71); KO
1201, 23Abr45 (Reel 72), todos em Ultra Micf. Coll.; Franz Kurowski (1967), Armee Wenck: Die 12. Armee zwischen Elbe und Oder.
1945, Neckargemund, Kurt Vowinckel, p. 31; e John Toland (1967), The Last 100 Days, NY, Bantam, p. 425.
214
Rose, p. 171.

Página 1 de 144
(Nord) – que ficou presa na região de Taunus em fins de Mar215 – bem como a outros restos do
Grupo de Exércitos "B", que foram invadidos no Ruhr cerca de duas semanas depois216.
Em tais condições, a criação e a mobilização de forças especiais foram bastante acelerados:
Oficiais de inteligência do Exército, v.g., receberam ordens de usar bandos de soldados
voluntários para atacar linhas Aliadas de abastecimentos e equipas217; tropas de comunicaçãos
da Luftwaffe na costa frisiana foram instruídas a formar equipas de reconhecimento218; os restos
do Kampfgruppe "von der Heydte", unidade de combate de pára-quedistas lançada nas Ardenas,
tornou-se em organização estilo-Werwolf 219; e Panzer Jagdeinheiten tornou-se sinónimo de
unidades Werwolf – na verdade, seis companhias Panzerjagd no Norte da Alemanha foram
formalmente subjugadas à Dienstelle Prützmann em meados de Abril220. Os Aliados realmente
encontraram algumas unidades do exército e Waffen-SS Diversionários durante o último mês da
guerra – v.g., em Teutobergerwald, Sauerlândia, Odewald e Altmark – e nalguns casos, as tropas
aliadas tiveram de ser retiradas da frente para debelar surtos de guerrilha organizados em
grupos221.
Um dos principais propulsores por trás desse crescente interesse militar no Kleinkrieg foi o
GEN Reinhard Gehlen, Abschnitt de Inteligência do OKH, Fremde Heere Ost (FHO). A
principal tarefa de Gehlen era colectar de informações, embora percebesse no Inverno de 1944-
45 que, nos desesperados apertos em que a Alemanha e os seus aliados se encontravam, as
operações de inteligência em larga escala na retaguarda soviética só poderiam ser motivadas no
inculcar de sentimento de orgulho na resistência directa da guerrilha anticomunista entre os
operativos. Assim, a FHO começou a interessar-se bastante pela teoria da guerra paisana222 e, no
início de 1945, Gehlen ordenou a elaboração de estudo para investigar a estruturação
clandestina antissoviética usando o Armija Krajowa como modelo estrutural. Em 09Fev,
Hauptmann Friedrich Poppenberger apresentou o documento preliminar sugerindo a Werwolf
expandida incorporando todos os grupos comandos alemães existentes e assentes sobretudo em
60 unidades militares Einsatz que operariam a partir de esconderijos secretos na retaguarda
soviética. Gehlen, no entanto, decidiu que tal programa deve ser precedido pela organização de

215
Grupos de guerrilha baseados em elementos da 6ª Divisão de Montanha SS, juntamente com número de civis armadas, causaram
considerável desordem em Taunus. Depois da Divisão ter sido decepada, o Grupo do Exército "B" no Ruhr ordenou que se formasse a
Werwolf Kampfgruppen e assediar as linhas de abastecimento estadunidenses, o que foi de facto feito com represália: vários milhares de
guerrilheiros da 6ª Divisão de Montanha SS emboscaram numerosos comboios de abastecimentos Aliados, invadiram um hospital
militar móvel e sitiaram o QG do Batalhão de Artilharia em Geisal. Tais guerrilheiros revelaram-se no código de Guerra brutal das SS:
num caso, os Prisioneiros de Guerra Wermacht recapturados foram metralhados; noutro caso, soldados pretos pertencentes à companhia
de municiomento estadunidense também foram massacrados. Tais incidents naturalmente causaram alarme entre os comandantes e
elementos de três divisões estadunidenses e um Grupo de Cavalaria foi chamado à retaguarda, a fim de lidar adequadamente com tais
atentados. A maioria dos guerrilheiros das SS foram presos ou lutaram pelo caminho de volta às linhas alemãs no início de Abril,
embora um esquadrão da Luftwaffe em registo de 17Abr ainda perguntava sobre os voos de abastecimentos para os elementos das SS em
Taunus. Dyer, pp. 392-393, 398; MacDonald, The Last Offensive, pp. 349-350; The New York Times, 04Abr45; The Times, 03Abr45;
04Abr45; (1945), The Fifth Infantry Division in the ETO, Vilshofen, Fifth Div. Hist. Sect.,; Whiting, Hitlers Werewolves, pp. 180-181;
Nat Frankel e Larry Smith (1978), Patton’s Best: An Informal History of the 44th Armoured Division, NY, Hawthorne, pp. 126-127;
CAP. Kenneth Koyen (1946), The Fourth Armoured Division: From the Beach to Bavaria, Munich, Fourth Armoured Div., p. 113;
(1965), Die Letzten Hunderte Tage, Mtinchen, Kurt Desch, p. 117; Ultra Documents BT 9333, 3Abr45 (Reel 68); KO 26, 10Abr45
(Reel 70); e KO 654, 17Abr45 (Reel 71), todos em Ultra Micf. Coll.
216
"An Interview with Genobst. Alfred Jodi” (1979), Ethint 52, 02Ago45, pp. 8-9, in World War II German Military Studies, NY,
Garland, Vol. 3; e Charles Whiting, The Battle of the Ruhr Pocket, NY, Balantine, 1970), p. 130. A única evidência subsequente de
guerra de guerrilha no Ruhr foi o tiroteio ocasional nocturno à volta de troços da estrada solitários, bem como problemas causados por
bandos SS franceses e neerlandeses perto de Rechlinghausen. History of the 94th Infantry Division in World War Two, p. 481; e History
of XVI Corps (Washington: Infantry Journal Press, 1947), p. 76 .
217
Ultra Document KO 780, 19Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 72.
218
Ultra Document KO 766, 18Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 72.
219
Field Interrogation Report, 21 AG/Int./2428 (116), 29Abr45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I”, RG 319, NA.
220
Ultra Document KO 387, 14 Aril 1945, Ultra Micf. Coll., Rolo 70. Sobre o uso da Panzer Jagdkommando para atacar as linhas de
abastecimento aliadas, vd. Ultra Documents KO 4, 10Abr45 (Reel 70); e KO 1230, 24Abr45 (Reel 71), ambos em Ultra Micf. Coll.
Panzer Jagdbrigade "Schill", que foi descrito para potenciais voluntários do Exército como formação para destruir carros blindados, era
na verdade uma unidade Werwolf de pleno direito. Quando as tropas voluntárias chegaram à base da unidade perto de Flensburg, viram-
se diante de curso intensivo de treino em sabotagem. Allied Intelligence Report, c. Ago45, pp. 3 0-31, OSS OB 28993, NA.
221
Direction Générale des Études et Recherche "Rapport sur les Organisations de Partisans en Allemagne", 23Abr45, 7P 125, SHAT;
Allied Intelligence Report, pp. 12-13, OSS 133195, RG 226, NA; History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, pp. 110-111, NA;
e Hewitt, p. 265.
222
Em Dez44 o FHO circulou pelo Estado-maior a traducção de trechos de The Guerrilla War, Partisanism and Sabotage (1931), obra
clássica do estratego soviético Drosov. Abt. Fremde Heere Ost (III F), "Teilübersetzung - Der Kleinkrieg, Partisanentum und Sabotage
von Drosow, 1931”, Records of OKH, Microcópia n.º T-78, Rolo 565, fotogramas 835-839, NA.

Página 1 de 144
a rede de colecta de inteligência pura e, para atender a esse propósito, enviou o apelo para que
mil voluntários da Wehrmacht se colocassem à disposição das unidades 102 e 103 da FAK,
como passadores de linha223.
Apesar do facto de o estudo final do AK aparentemente questionar a eficácia do movimento de
resistência a longo prazo, Gehlen avançou com o esquema paisano, em particular depois de ser
dispensado do Comando do FHO por desafiar o génio do Führer com relatórios de inteligência
embaraçosamente precisos sobre a força do Exército Vermelho. Gehlen, no entanto, teve
influência tão forte na FHO que conseguiu manter vivo o plano maquiavélico de transferir os
enormes arquivos da equipa para o Ocidente, onde esperava que fosse presente conveniente no
qual se apresentava aos estadunidenses, e neste mesmo sentido, viu o fornecimento de uma
guerrilha antissoviética existente como vantagem adicional. Com esses factores em mente,
Gehlen entrou em contacto com o amigo do RSHA, Schellenburg, que por sua vez usou os
recursos do Unternehmen Zeppelin para efectuar estudo paralelo do AK.
No início de Abril, Schellenburg apresentou alguns desses planos para a guerra de guerrilha
diante de Himmler, mas o Reichsführer reagiu com a récita padrão nazi de tabus sobre a
possibilidade de guerra paisana pós-capitulação, chamando-a de esquema "derrotista". Podemos
imaginar que Himmler reconheceu imediatamente que o plano Gehlen introduziu em larga
escala militar e influência RSHA na Werwolf, simultaneamente remove o próprio canal de
controlo directo através dos HSSPF, que lhe era adverso a qualquer redução das prerrogativas,
mesmo apesar de factores evolutivos como grande eficiência; afinal, o plano Gehlen ameaçou
recriar a Werwolf dentro das esferas militar e Serviço Secreto, onde deveria ter sido colocado
desde o início. Em qualquer caso, Schellenburg retirou imediatamente o plano224, embora os
polacos não iniciarem pelo menos parte do programa, em particular a infiltração de guerrilheiros
paisanos militares nas áreas polacas anexadas225.
Mesmo sem a implementação completa do plano Gehlen, Dienstelle Prützmann ainda sentiu o
arrastar burocrático quase inevitável que acabou por colocar a Werwolf dentro dos canais de
Comando mais naturais – na verdade, Prützmann e equipa tornaram-se assaz supérfluos para
todo o processo de colocar Werwolf Gruppen em campo. A divisão de inteligência de Dienstelle
tentou permanecer relevante emitindo resumos bimensais de inteligência para o serviço
daqueles organismos que controlavam directamente a implantação do Werwolf, mas pouco mais
puderam fazer para se envolver no processo. O Ajudante de Campo de Siebel, Oberstleutnant
Sulle, queixou-se ao supervisor local da Werwolf em Abril que, como tinha paralisado Centro de
Comando, Dienstelle Prützmann – não conseguia seguir mais o seu Werwolf Gruppen porque as
comunicações em toda a Alemanha foram interrompidas seriamente e porque as poucas estações
sem fio restantes estavam tão sobrecarregadas que raramente podiam ser usadas. Assim, com
efeito, o Gruppen permaneceu só nominalmente sob a autoridade de Prützmann – depois de
Fev45, rapidamente passaram para o controlo dos Oficiais de inteligência do Grupo do Exército
e FAK. Além disso, sob o novo regime, a natureza do trabalho alterou-se; autoridades militares
de escalão superior começaram a insistir, v.g., que guerrilheiros Werwolf fossem usados para
realizar missões de reconhecimento, propósito para o qual não se destinavam originalmente, e
um relatório francês nota que, em Mar45, o Gruppen na Frente Oriental não estavam dispersos

223
Generalmajor Gehlen, Abt. FHO "Vortragsnotiz liber zur Aktivierung der Frontaufklarung", 25Fev45, pp. 1-3, RH 2/1930, BMA;
Cookridge, pp. 96-98; Report by Generalmajor Gehlen, Generalstab des Heeres/Abt. FHO (s/d), Records of the Reich Leader of the SS
and Chief of German Police, Microcópia n.º T-175, Rolo 580, fotogramas 1-8, NA; e Heinz Hohne and Hermann Zolling, The General
Was a Spy, NY, Coward, McCann and Geohegan, 1972), pp. 44, 47-48, 50.
224
Reinhard Gehlen (1971), Der Dienst: Erinnerunq. 1942-1971, Mainz, v. Hase & Koehler, p. 126; "Report on Interrogation of Walter
Schellenburg, 27Jun-12Jul45", ETO MIS-Y-Sect. Miscellaneous Intelligence and Interrogation Reports, 1945-46, RG 332, NA.
Schellenburg mais tarde foi capaz de reconstruir as violentas observações de Himmler contra o plano verbatim:
"Isso é completo absurdo. Se discutir esse plano com Wenk [Comandante do Grupo de Exércitos do Vístula], seria o
primeiro derrotista do IIIº Reich. Esse facto seria servido num prato frio ao Führer. Não precisa dizer isso ao Gehlen só
precisa explicar-lhe que recuso-se terminantemente a aceitar o plano. Além disso, é típico da classe de Oficial Superior do
Estado-maior sentar-se no Frankenstrupp [reduto OKW] a cuidar de planos pós-guerra em vez de lutar".
Gehlen admite à vontade nas memórias (1971) ao lançar-se na auto-designada tarefa de redesenhar o movimento guerrilheiro para evitar
a Frente e, assim, salvar-se para a tarefa importantíssima de conduzir os arquivos da FHO para Oeste.
225
Hohne e Zolling, p. 48; MI-14 "Mitropa" n.º 5, 22Set45, p. 4, FO 371/46967, PRO; e MI-14 "Mitropa" n.º 12, 29Set45, p. 6, FO
371/55630, PRO.

Página 1 de 144
da forma usual da Werwolf, mas concentrados para que o Exército pudesse direcioná-los
rapidamente para tarefas novas quando os seus serviços fossem necessários226.
Com a guerra paisana directa a escapar do controlo, Prützmann gradualmente voltou-se para
acções mais ecléticas, como a possibilidade de assassinato por envenenamento em massa,
táctica que Winston Churchill certa vez chamou de "a diferença entre traição e guerra"227. O
RSHA tinha iniciado já a produção de venenos para para alimentos e álcool no Outono de 1944,
e em outubro uma conferência sobre o assunto foi realmente realizada em um centro de pesquisa
SSPolice em Berlim chamado Kriminaltechnisches Institut (KTI). Prützmann ao que parece
interessou-se imediatamente pelo assunto – principalmente porque antes o KTI era fonte de
ampolas venenosas de suicídio para uso dos próprios Werwölfe – e todo o projecto logo foi
entregue ao Departamento IVb de Dienstelle Prützmann, juntamente com grandes quantidades
de venenos. No início de 1945, foram feitos testes sobre a injecção de doses letais de metil em
álcool – nessa ocasião isso tinha sido decidido durante a Conferência de Outubro como o
melhor meio de envenenar bebidas alcoólicas – e outros testes em produtos químicos mais
exóticos estavam em andamento228. Conhecimento de tais métodos de envenenamento foi
amplamente disseminado entre os potenciais resistentes nazis, e esquadrões especiais foram
logo enviados ao longo das Frentes Ocidental e Oriental, cuja tarefa era envenenar bebidas e
alimentos que naturalmente seriam consumidos por tropas aliadas e soviéticas229. Infelizmente,
isso foi provavelmente o mais bem-sucedido de todos os programas Werwolf – pelo menos em
termos de contagem de corpos – e o efeito durou até o período pós-guerra. Centenas de soldados
Aliados foram assim mortos – particularmente por álcool metílico em bebidas alcoólicas230 – e
na Europa Oriental as baixas entre as tropas soviéticas certamente foram ainda maiores231.
Também é notável que as forças aliadas descobriram depósitos subterrâneos alemães de gás
venenoso e outras substâncias de guerra química, e também plantas piloto secretas que pareciam
projectadas para iniciar a produção adicional deste material após a ocupação inimiga. A I. G.
Farben tinha produzido reservas de gás venenoso, como o líquido altamente inflamável
chamado N-Stoff – que explodia ao contacto com a chama e emitia gases nocivos – e perto do
final da guerra, o Ministério dos Armamentos estava sob pressão para transferir tais substâncias
para a Werwölfe e ao grupo irmão, os Freikorps Adolf Hitler. Em entrevista pós-guerra, Albert
226
Direction des Services de Documentation Allemagne, "Note sur la formation du Werwolf”, 06Jul45, pp. 3, 5-6; USFET MIS Center
"Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 18 - Krim. Rat. Stubaf. Ernst Wagner", 30Ago45, p. 4, ambos em IRR File XE 049 888
"Werewolf Activities Vol I", RG 319, NA; e CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl M. Gutenberger” IR
34, 01Nov45, p. 6, OSS 123190, RG 226, NA.
227
ACA Intelligence Organization, "Joint Intelligence Summary” n.º 16, 27Out45, p. 5, FO 1007/300, PRO.
228
Hugh Dalton (1957), The Fateful Years; Memoirs 1931-1945, London, Frederick Muller, p. 371.
229 st
1 Canadian Army "Intelligence Periodical" n.º 3, 30Mai45, pp. 14-15, WO 205/1072, PRO; The Times, 04Out45; CSDIC (WEA)
BAOR, "Sixth Combined Interim Report - Stubaf. Kopkow, Stubaf. Thomsen, Stubaf. Noske", IR n.º 62, 31Mai46, ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC (UK) Interim Interrogation Reports 1945-46, NA; e USFET MIS Center, "CI Intermediate Interrogation Report (CI-IIR) n.º 24-
O/Gruf. Jurgen Stroop", 10Out45, p. 4, OSS XL 22157, RG 226, NA. O RSHA Amt VI teve também extenso programa de venenos sob
comando de Hauptsturmführer Winter no campo de treino de Jagdverband em Neustrelitz. A Amt VI desenvolveu cigarros deletérios
que só se tornavam tóxicos quando aquecidos, e havia rumores que durante 1944 um milhão destes foram distribuídos na Jugoslávia.
SHAEF Cl War Room, "German Terrorist Methods", 02Abr45, p. 2, WO 219/1602, PRO; CAP L.S. Sabin, US Navy to Director, CAD,
28Abr45, Enclosure "A" - "German Use of Poison for Assassination Purposes", CAD 014 Germany, RG 165, NA; e OSS Report from
Yugoslavia n.º GB-2787, 26Nov44, OSS 105325, RG 226, NA.
230
Col. Benton G. Wallace, Patton and His Third Army (Harrisburg, Pa.: Military Service Pub. Co., 1946), p. 188; The New York Times,
01Abr45; e 17Abr45. A inteligência francesa reportou que esta técnica de envenenamento da comida e água eram ensinadas na escola de
treino da Werwolf, lère Armée Française 2ème Bureau "Bulletin de Renseignements", 16Mai45, Annex n.º II, p. 1, 7P 125, SHAT. Vd.
also, Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 148.
231
O Médico-cirurgião Geral do Exército dos EUA informou que 188 soldados foram mortos por álcool metílico em licor durante o
período de 01Fev a 10Jul45. The Globe and Mail, 24Jul45. Sobre casos individuais e tentativas de envenenamentos durante o período
1945-47, vd. The Times, 26Abr45; 1st Canadian Army "Intelligence Periodical" n.º 3, 30Mai45, p. 14, WO 205/1072, PRO; USFET
"Weekly Intelligence Summary", n.º 11, 27Set45, p. 47; n.º 14, 18Out45, p. 41; n.º 26, 10Jan46, p. 58; n.º 32, 21Fev46, p. A14; n.º 45,
23Mai46, p. C12; n.º 48, 13Jun46, p. CIO; n.º 61, 12Set46, p. C12; n.º 65, 10Out46, p. C14; Eucom "Intelligence Summary", 5Jun47, p.
C7, todos em State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; The Stars and Stripes. 18Jan46; 28Fev46;
26Fev47; CCG(BE) "Intelligence Bulletin" n.º 12, 10Mai46, p. 2, FO 1005/1701, PRO; BAOR "Fortnightly Military Intelligence
Summary" n.º 4, 10Jun46, p. 2, ETO MIS-Y-Sect. Intelligence and Interrogation Reports 1945-46, RG 332, NA; CCG(BE) "Intelligence
Division Summary" n.º 7, 15Out46, p. 6, FO 1005/1702, PRO; e Frederic Sondern Jr., "Are We Bungling the Job in Germany;" in
Reader’s Digest, Fev46, p. 88. Dos casos citados, os investigadores britânicos não encontraram evidências de intenção maliciosa no
envenenamento de dois soldados britânicos por álcool metílico, embora a maioria dos casos tenham sido deixados em aberto ou
atribuída a sabotagem deliberada. Vários incidentes envolveram envenenamento deliberado de alimentos – onde não havia dúvida de
crime – e caso semelhante ocorreu num refeitório militar britânico em Gifhorn, onde soldados encontraram alfinetes inseridos na
comida. CCG(BE) "Intelligence Bulletin" n.º 10, 10Abr46, p. 4, FO 1005/1701, PRO.

Página 1 de 144
Speer aparentemente disse aos interrogadores britânicos que os Oficiais da Werwölfe Friekorps
foram encaminhados do serviço para a Repartição de Ordens da Wehrmacht (Heereswaffenamt),
que forneceu o material mortal232. Não há evidência, obviamente, que estas reservas foram
realmente usadas pelas Werwolf ou qualquer outro grupo militar, e o único caso conhecido em
que armas químicas foram deliberadamente enviadas para a área ameaçada – i.e., posicionadas
ofensivamente – na Prússia Oriental durante a campanha soviética em Jan45233.
O Werwolf também estava envolvido com actividades obscenas como assassinato e intimidação
por ameaça à violência. Em Out44, Himmler promulgou decreto a proibir funcionários civis não
evacuados em território inimigo de realizar "qualquer serviço ao inimigo" – embora a prestação
de serviços administrativos e bem-estar essenciais para a população restante fosse permitida – e
este decreto foi adido por ordens secretas ao HSSPF West, Gutenberger, a autorizar a
"organização ficar na retaguarda da Frente estadunidense para executar sentenças de morte
contra traidores"234. A seguir as hierarquias nazis começaram a escolher Oficiais dos territórios
ocupados que incorreram em descontentamento e foram, assim, objecto de equipas especiais de
ensaios Vehme. Algumas dessas conspirações não chegaram ao ponto de utilização235, mas em
vários casos no final de Mar-Abr45, funcionários civis locais dentro do território ocupado pelos
Aliados foram de facto liquidados por assassinos Werwolf 236. Os primeiros ataques isolados
contra mulheres "colaboradoras" – namoradas das tropas aliadas – ocorreram durante o último

232
R. Malinovsky, "Befehl an die Truppen der 2. ukrain. Front" n.º 017 (Germ, transl.), 8Fev45 (fotograma 6474401); "Auszug aus Frd.
Heere Ost (III g) Az. 6b Kgf. n.º 1291 v. 17.2 1945, Kgf. Vern" (fotograma 6474473); 3rd Byelorussian Front Pol. Office Memo,
(Germ, transl.), 22Fev45 (fotogramas 6474493 - 6474494), todos em Records of OKH, Microcópia n.º T-78, Rolo 488, NA;
Oberkommando der Heeresgruppe Mitte, Abt Ic "Ic Tagesmeldung vom 28.2.45", p. 7, RH 2/2008, BMA; Joseph Stukovski, "Bis
zuletzt in Schneidemuhl" (no date), p. 24, Ost Dok. 8/698, BA; e 5 Corps "Weekly Intelligence Summary" n.º 6, 17Ago45, p. 2, FO
1007/299, PRO. Embora o Exército Vermelho estivesse acostumado a ter tropas envenenadas por resistentes anti-soviéticos na Ucrânia,
os primeiros casos desse tipo em território alemão ocorreram em Dez44. O número de casos aumentou muito nos meses seguintes,
particularmente na Prússia Oriental, onde as tropas da 3ª Frente Bielorrussa cruzaram a fronteira em força. Como resultado, o Exército
Vermelho começou a emitir apelos urgentes para se protegerem contra o licor envenenado deixado para trás pelos "canalhas hitlerianos".
Tais advertências continuaram a circular na Áustria até ao Verão de 1945.
233
Office of the US Chief of Counsel for War Crimes, Evidence Division, Interrogation Br. "Interrogation Summary n.º 819 - Georg R.
Gerhard", 31Set46, pp. 1-2, IWM; e Enemy Personnel Exploitation Sect., Field Information Agency Technical CC(BE), "Two Brief
Discussions of German CW Policy with Albert Speer", 12 Oct% 1945, pp. 13-16, OSS XL 22949, RG 226, NA. As observações de
Speers no interrogatório em 21Set45 são motivo de alguma disputa. A própria transcrição datilografada do interrogatório afirma que
abastecimentos de guerra química podem ter sido fornecidos à Werwolf e Freikorps Adolf Hitler, enquanto os dois interrogadores
alegaram que durante a conversa Speer admitiu inequivocamente a transferência de tal material. Os interrogadores de Speer mais tarde
acusaram que a declaração escrita tinha deliberadamente turvado as águas para deixar um ar de ambiguidade ao admitir de que o gás
venenoso tinha sido de facto fornecido aos guerrilheiros. Maj. E. Tilley to Lt. Col. G. L. Harrison (undated), FO 1031/150, PRO.
234
Ultra Document BT 3170, 23Jan45, Ultra Micf. Coll., Rolo 59.
235
PWE "German Propaganda and the German", 25Fev45, p. C7, FO 898/187, PRO; Auerbach, p. 354; e Rose, p. 13.
236
Goebbels, em particular, iniciou duas tentativas de assassinato sem sucesso. Um era contra Bürgermeister Vogelsang, da cidade natal
de Goebbels, Reydt. O seu crime foi ter presidido à recepção dada às tropas estadunidenses que ocuparam a cidade. O outro alvo era o
ex-polícia judeu, Karl Winkler, nomeado em meados de Mar45 Polizeipräsident na Colónia ocupada. A equipa de assassinato designada
para matar Vogelsang foi realmente enviada, mas de alguma forma falhou no objectivo depois de deixar as linhas alemãs. (1978), Final
Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels, ed. Hugh Trevor-Roper, NY, Putnam's pp. 94-95, 105, 258, 279; e Wolfgang Trees e
Charles Whiting (1982), Unternehmen Karnival: Der Werwolf-Mord an Aa chens Oberbürgermeister Qppenhoff, Aachen, Triangei, pp.
261-262.

Página 1 de 144
mês da guerra237, embora essa forma de resistência só atingiu o nível significativo durante o
Outono de 1945, quando as proibições para não conviver com os aliados foram revogadas238.
A mais importante das missões Vehme – "Operação Carnival" – realizada na cidade alemã
ocidental de Aachen, que tinha sido a primeira grande comunidade a cair nas mãos dos Aliados.
O alvo infeliz foi o Oberbürgermeister, Franz Oppenhof, apontado por Himmler e Goebbels
como a primeira vítima exigida pelo braço longo da justiça nazi. A tarefa foi primeiro detalhada
para o Jagdverbände, que o recusou alegando tratar-se de assunto doméstico do Reich e,
portanto, de interesse próprio do Werwolf. Com o trabalho sujo de volta à órbita, Prützmann
delegou o trabalho ao W-Beauftragter de Wehrkreis VI, Raddatz, que por sua vez presidiu ao
treino de a equipa de cinco membros sob Untersturmführer Wentzel, veterano da organização
Skorzeny. No entanto, como tudo na Werwolf, o assassinato de Oppenhof foi cumprido com
relutância, e Gutenburger conseguiu adiar repetidamente a operação – originalmente pretendia
prosseguir através da infiltração da linha de frente da unidade de Wentzel – até Prützmann
finalmente forçar o assunto convencendo a Luftwaffe para fornecer um B-17 capturado para
lançamento de pára-quedas239.
Em 20Mar, a equipa de Wentzel foi lançada na região de fronteira arborizada no Sudeste dos
Países Baixos e quase imediatamente detectada por guarda de fronteira neerlandesa, morto
posteriormente na escaramuça. Em cinco dias, o grupo chegou aos arredores de Aachen, onde
rapidamente encontraram a casa de Oppenhof e, posteriormente assassinaram o infeliz
burgomestre com tiro de pistola na cabeça. Quatro dias depois, o DNB anunciou que Oppenhof
tinha sido julgado por "Tribunal de Honra" e condenado à morte240. O efeito dessa indignação
sobre a opinião pública – combinado com a notícia de outros assassinatos semelhantes – foi
imediatamente perceptível. Mesmo em Aachen, foi difícil encontrar candidato adequado,
corajoso o suficiente para aceitar a Câmara municipal, e após a morte de Oppenhof, a tarefa

237
Os burgomestres de Metzenich, Kirchlenger, Masstetten, e Krakenhagen foram todos mortos pela Werwölfe no final de Mar-início de
Abr45. Um médico colaboracionista em Geissen foi morto por uma equipa de dois Werwolf; um civil alemão em Burkhardsfelden foi
morto por retardatários alemães; e o assassinato de o polícia alemão em Colónia também foi considerado possível acto Werwolf – talvez
perpetrado por diversionistas da HJ que faziam travessias nocturnas do Reno em balsas de borracha. Em Dusseldórfia, nada menos que
cinco membros de uma antifa foram assassinados por terroristas nazis – supostamente da Sipo – depois que estes antinazis trabalhavam
para entregar a cidade e desnazificar a força policial. Rose, pp. 247, 304; The New York Times. 30Mar45; 11Abr45; History of the
Counter Intelligence Corps. Vol. XX, pp. 85-86, NA; Siegbert Kahn (1945), Werewolves German Imperialism - Some Facts, London,
ING, p. 38; Trees e Whiting, p. 262; 12th AG to SHAEF Main for G-2(CIB), 07Abr45; 12th Ag from sands from Sibert sgnd. Bradley to
1st US Army, 9th US Army, and 15th US Army, 8Abr45, ambos em WO219/1602, PRO; SHAEF JIC (45) 14 (Draft) 11Abr45, "Annex
A”, WO 219/1659, PRO; Whiting, Hitlers Werewolves, p. 179; Pearson, Vol. II, 170; FO Weekly Political Intelligence Summaries, Vol.
11, Summary n.º 289, 18Abr45, p. 3; PWE "German Propaganda and the German", 7Mai45, p. C6, FO 898/187, PRO; Görlitz, Vol. II,
551; e SHAEF JIC "Political Intelligence Report”, 30Abr45, p. 2, WO 219/1700, PRO. Houve relativamente poucos assassinatos ao
estilo Vehme após a conclusão das hostilidades. No entanto, o massacre de o antinazi do Tirol do Sul – junto com toda a sua família –
foi atribuído à Werwölfe. Não está claro se os assassinatos do chefe de polícia de Zehlendorf e do funcionário bancário de Berlim, ambos
no Verão de 1945, foram cometidos por motivos pessoais ou políticos. German Directorate "Weekly Intelligence Summary" n.º 36,
11Jul45, p. I, OSS 140955, RG 226, NA; USFET G-5 "Bi-Weekly Political Summary" n.º 3, 29Set45, p. 5, OSS XL 20917, RG
226,NA; e MI-14 "Mitropa" n.º 4, 8Set45, p. 4, FO 371/46967, PRO.
238
Nota, v.g., a mulher assassinada pela Werwölfe em Lorrach depois de namorar um SARG francês, e também a garota baleada nas
costas ao ser apanhada em flagrante com SOLD estadunidense na floresta perto de Passau. "Maquis Allemands" (no date), p. 6, 7P 125,
SHAT; e Peter Seewald (1985), "Gruss Gott, ihr seid frei”, in 1945: Deutschland in der Stunde Null, ed. Wolfgang Malanowski,
Hamburg, Spiegel, p. 105.
239
Sobre exemplos de espancamentos e cortes de cabelos por nacionalistas do "Clube das Tesouras", vd. The New York Times. 11Jul45;
The Globe and Mail, 11Jul45; 20Jul45; History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XXVI, p. 52, NA; The Stars and Stripes,
30Ago45; 27Set45; 09Fev46; GSI British Troops Austria "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 7, 17Ago45, Part II, p. II, FO
371/46612, PRO; USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 11, 27Set45, pp. 2, 43, 46; n.º 14, 18Out45, p. 37; n.º 16, 01Nov45,
p. 65; n.º 30, 07Fev46, p. 16; n.º 37, 28Mar46, p.C5; n.º 48, 13Jun46, p. C4; n.º 53, 18Jul46, the Military Governor, US Zone, 20Out45,
n.º 8 "Intelligence,11 p. 2; Eucom "Intelligence Summary" n.º 7, 8Mai47, p. C11, todos em State Dept. Decimal File 1945-49,
740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; ACA (BE) Intelligence Organisation "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 12, 27Set45,
p. 10; n.º 21, 1Set45, p. 5; n.º 24, 22Set45,p. 5, todos em FO 1007/300, PRO; PWB British Units (Austria) "Consolidated Intelligence
Report" n.º 17, 14Nov45, p. 8, FO 1007/297, PRO; "Monthly Report of the Miliary Governor, US Zone”, 20Mar46 n.º 8 "Denazification
and Public Safety”, FO 371/55661, PRO; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Report" n.º 5, 16Jul46, Annex n.º 1, p. 1; n.º 19,
18Out46. Annex n.º 1, p. 1; n.º 21, 01Nov46, Annex n.º 1, p. 1, todos em WW II Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; ACC
Report for the Moscow CFM Meeting, 1947, Sect. II "Denazification”, Part 9, "French Report”, p. 2, FO 371/64352, PRO; e Stephen
Spender, European Witness, NY, Reynal & Hitchcock, 1946), p. 170.
240
USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 9 - H/Stuf. Hans Gerlach", 11Ago45, p. 18, OSS XL 13744,
RG 226, NA; CSDIC/WEA BAOR "Interim Report on SS- Obergruppenfuhrer Karl M. Gutenberger" IR 8, 8Out45, pp. 1-2;
CSDIC/WEA BAOR "Third Interim Report on SS-Obergruppenführer Karl M. Gutenberger", IR 38, ambos em ETO Mis-Y-Sect.
CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports 1945-46 RG 332, NA; Whiting, Hitler’s Werewolves, pp. 72, 74-75, 96-97, 103-110; e
Rose, pp. 13-18.

Página 1 de 144
tornou-se ainda mais difícil, tanto nas cidades renanas ocupadas há algum tempo, quanto nas
comunidades recém-ocupadas na Alemanha central241. Além disso, em território controlado
pelos nazis, funcionários civis estavam a preparar-se para o avanço Aliado ficaram alarmados
com as actividades da Werwolf; em Stuttgart, o Oberbürgermeister Strolin escreveu ao HSSPF
local, Hofmann, alegando que a continuação do governo da cidade estava prevista na directiva
de Himmler de 1944 e eram necessárias ordens claras sobre a adequação de executar tarefas
administrativas em áreas ocupadas. Antes era mau o suficiente, observou Strolin, que os
funcionários públicos pudessem suportar o peso das represálias dos Aliados contra o
"Movimento da Liberdade", sem que os mesmos funcionários fossem o alvo do próprio
movimento242.
Oficiais como Strolin tinham bons motivos para se preocupar243, principalmente porque, mesmo
em território controlado pelos nazis, a Werwolf funcionava como unidade à força para os
defensores da resistência à "terra queimada" de Hitler; a conivência directa e indirecta do
regime em colapso em tal actividade deu assim ao Werwölfe aspecto não muito diferente dos
"esquadrões da morte" mais tarde característicos do terrorismo de direita na América Latina. Os
Werwölfe foram instruídos que "traidores" mereciam ser atacados mesmo em áreas ainda não
ocupadas pelo inimigo244, e em certas regiões o tema "Werwolf " tornou-se faculdade virtual
para a repressão extrajudicial de dissidentes pelo Partido: v.g., um relatório francês notou que no
Sudoeste da Alemanha, o Schwenningen Werwolf foi rapidamente transformado em instrumento
pessoal do Kreisleiter local, usou-o para lidar com oponentes políticos245.
Esse papel ampliado para a Werwolf resultou directamente do colapso desastroso do moral e da
óbvia falta de qualquer capacidade para mais resistência nacional – óbvia mesmo entre os
estratos médios e inferiores do Partido que formavam o baluarte usual do regime – e também
formou a culminação lógica da campanha geral da SS contra os "traidores", campanha, que
ardia desde a tentativa de Putsch (Golpe) de 20Jul. A tendência ao milicianismo autoritário –
mesmo dentro das fileiras do Partido – tornou-se evidente em Ago44, quando Bormann
suspendeu os procedimentos dos tribunais do Partido a favor de julgamentos sumários por
líderes políticos competentes246. Isto foi seguido a toque caixa pelos tribunais marciais de
âmbito militar e pelo memorando da HJ no final de Fev45 que recomendava que os funcionários
vacilantes fossem fuzilados, mesmo, se necessário, por subordinados, sugestão que Bormann
achou tão animadora que a circulou entre os seus Gauleiters247. Finalmente veio o "Sinal de
Ordem" que estipulava que qualquer que arvorasse bandeiras brancas estava sujeito a execução
imediata248. O nacional-socialismo, como nota Sebastian Heffner, finalmente se volta contra os

241
Whiting, Hitler’s Werewolves, pp. 3-17, 115-127, 131-137, 157-168, 190-192; SHAEF PWD Intelligence Section "Murder of Franz
Oppenhof, Mayor of Aachen”, 29Mar; "Public Reaction to the Murder of Dr. Oppenhof, Mayor of Achen", 29Mar45, ambos em OSS
124475, RG 226, NA; History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, p. 12, NA; Maj. H. Jones, Mil. Gov. Det FI G2, Co. "G", 2nd
ECAD to Commanding General, 15th US Army, 30Abr45, WO 219/1602, PRO; The Times. 29Mar45; DNB report "Sühne fur ehrlosen
Verrat", 29Mar45, R 34/270, BA; Mader, Hitlers Spionagegenerale saaen aus p. 15; Rose, pp. 18-21; Ian Sayer & Douglas Botting,
America´s Secret Army, London, Grafton, 1989), pp. 218-219; e Kriegsheim, pp. 274-279.
242
Georg Bonisch, "Alles leer, oder, zerstorte: Koln 1945", in 1945 - Deutschland in der Stunde Null, ed. Wolfgang Malanowski,
Hamburg, Spiegel, 1985), p. 75; The New York Times, 03Abr45; 17Abr45 History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, p. 97,
NA; e ECAD "General Intelligence Bulletin" n.º 44, 5Mai45, p. 5, WO 219/3760A, PRO. Relatos semelhantes sobre o medo
generalizado de retaliação nazi vieram de áreas ocupadas por franceses e soviéticos. CAP P. de Tristan 1st French Army 5th Bureau,
"Monthly Historical Report”, 01Mai45, p. 6, WO 219/2587, PRO; e PID "Germany: Weekly Background Notes" n.º 4, 4Jul45, p. 5, FO
371/46933, PRO.
243
K. Strolin, Der Oberbürgermeister der Stadt der Auslandsdeutsch to HSSPF Hofmann, 05Abr45, Records of the Reich Leader of the
SS and Chief of the German Police, Microcópia n.º T-175, Rolo 223, NA.
244
Strolin estava de facto na "lista negra" da SS. Lutz Niethammer, "Activitat und Grenzen der Antifa- Ausschusse 1945: Das Bespiel
Stuttgart”, in Vierteljo-hrshefte fur Zeitaeschichte. Vol. 25, n.º 3 (1975), p. 305.
245
Rose, pp. 238-239.
246 ère
l Armée Française 2ème Bureau, "Bulletin de Renseignements", 16Mai45, Annex II, pp.1-3, 7P 125, SHAT. Em Villingen, também
no Sudoeste da Alemanha, um Werwolf Gruppe tentou explodir o Stalag onde estavam prisioneiros de guerra aliados, provavelmente na
esperança de destruir qualquer hipótese de reconciliação entre compatriotas e as tropas aliadas que avançavam. Direction Générale des
Études et Recherches "Bulletin de Renseignements - Allemagne: Services Speciaux. Wehrwolf", 23Jun45, 7P 125, SHAT.
247
Donald McKale (1974), The Nazi Party Courts, Lawrence, Kans., UP of Kansas, pp. 183-184.
248
Jochen von Lang (1979), Bormann: The Man Who Manipulated Hitler, London, Weidenfeld and Nicolson, p. 315. Vd. Ultra
Document BT 4666, 12Fev45, Ultra Micf. Coll., Rolo 61.

Página 1 de 144
próprios alemães como vítima final: se a população não participasse fielmente da verdadeira
"guerra popular", então devia ser punido numa rajada final de destruição249.
O Werwölfe naturalmente prosperou dentro de tal clima, e em Abr45 foram encontradas paredes
da cidade pichadas com ditos ameaçadores como "Cuidado traidor, a Werwolf observa-te" – ou
"Quem desertar o Führer enforcar-te-á como traidor"250. As Unidades Vehme entraram numa
matança, executando desertores, políticos não confiáveis, e burgomestres ou funcionários
públicos que tiveram a ousadia de se preparar para continuar a vida civil com o mínimo de
destruição – todos foram baleados ou enforcados e os corpos marcados com notas de
advertência Werwolf 251. Na Alemanha ocidental, os padres eram alvos especiais por causa da
suspeita de muitos pregarem a doutrina de conciliação cristã com os vencedores; "Haverá",
disse Goebbels, "terreno fértil de actividade para os nossos grupos terroristas"252.
Finalmente, o frenesim começou a alimentar-se até mesmo do próprio Partido (destino que
parece aflição bastante comum dos movimentos revolucionários ao longo da história). a
Werwölfe perseguiu funcionários do Partido que fugiram dos postos diante do perigo253, e
também foram atrás de líderes locais do Partido que consideravam minimizar a destrutividade
do colapso – nada menos que Franz Hofer, Chefe político do Reduto Alpino, foi ameaçado com
retaliação da Werwolf depois deste pedir publicamente o cancelamento das medidas de defesa
para Innsbruck254. Os principais dissidentes do Partido, como o Ministro dos Armamentos,
Albert Speer, e o Gauleiter de Hamburgo, Karl Kaufmann, foram forçados a construir unidades
de guarda pessoal como defesa contra os terroristas nazis. "As acções do Wehrwolf", Speer
disse mais tarde aos Aliados, "foram dirigidas mais contra pessoas como ele do que contra os
estadunidenses"255.
Os terroristas nazis também eram necessários para aumentar a Wehrmacht, que teimosamente se
recusou a cumprir os infames decretos da "terra queimada" de Hitler. Em 19Mar, os Gauleiters
receberam a responsabilidade parcial pela destruição de empresas industriais e económicas de
provável utilidade para o inimigo, e Prützmann visitou zelosamente industriais alemães para
discutir a desconfortável possibilidade de colocar sabotadores dentro das fábricas para garantir a
destruição antes da chegada dos Aliados ou dos Soviéticos256. O Volkssturm especial e Werwolf
"Sprengtruppe" foram realmente treinados e distribuídos257, e esses sabotadores ocasionalmente

249
Joachim Fest (1974), Hitler, NY, Harcourt Brace Jovanovich, p. 731. Sobre o texto do "sinal de ordem", vd. Die Letzt en Hunderte
Taqe. p. 116. Quando Berlim foi atacada pelos soviéticos, os Werwölfe locais foram claramente encorajados a tomar "acção implacável"
contra pessoas que hasteassem bandeiras brancas; essas, disse a rádio Werwolf, eram agentes do comité "Freies Deutschland". PWE
"German Propaganda and the German”, 30Abr45, p. A4, FO 898/187, PRO.
250
Haffner, pp. 158-162.
251
(1960), The War, 1939-1945. ed. Desmond Flower & James Reeves, London, Cassell, p. 1011; James Lucas (1989), Reich! World
War II Through German Eves, London, Grafton, pp. 129, 131; 15th US Army Interrogation Report - "Friedrich Hollweg", 04Jun45, IRR
File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; Wilhelmine Hoffmann, "Bericht liber meine Erlebnisse in Sudentenland",
1956-57, pp. 5-6, Ost Dok. 2/279, BA; Peter Zolling, "'Was machen wir am Tag nach unserem Sieg;1: Freiburg 1945", in 1945 -
Deutschland in der Stunde Null, ed. Wolfgang Malanowski, Hamburg, Spiegal, 1985), p. 121; e History of the Counter Intelligence
Corps. Vol. XX, p. 134, NA. Em Hartmannsdorf, o chefe local do Werwolf forçou os habitantes da cidade a retirar as bandeiras brancas
içadas em antecipação à chegada das tropas estadunidenses. Pearson, Vol. III, p. 189.
252
Sobre a lista de pessoas mortas em território nazi pela Werwolf – incluindo o Bürgermeister de Schandalah, um inspector da polícia
em Wilhelmshaven e o Landrat de Braunschweig – vd. Rose, pp. 117-118, 208, 232-237, 239-240, 276-277, 286, 289. Os próprios
serviços de propaganda da Alemanha anunciaram que Bürgermeister Velten, Meschede, foi assassinado por Werwölfe em 28Mar45,
quase duas semanas antes de Meschede ser invadida por tropas estadunidenses, e em 07Abr Werwolf Sender acrescentou que Werwölfe
tinha assassinado "outro burgomestre alemão preparado para entregar a Vila". The Globe and Mail, 03Abr45; The New York Times,
03Abr45; 08Abr45; e Time, Vol. XLV, n.º 15 (09Abr45), p. 25.
253
Final Entries 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels, p. 105. Vários padres no Sudoeste da Alemanha foram assassinados por
Werwölfe. Vid, v.g., Rose, pp. 208-210, 304-305; Maj. Gen. Ralph Smith, Mil. Attache (Paris), MID Mil. Attache Report, 09Jun45, OSS
133586, RG 226, NA; e PID "Germany: Weekly Background Notes" n.º 4, 04Jul45, p. 11, FO 371/46933, PRO. Sobre as ameaças
Werwolf contra padres, vd. SHAEF G-5 "Civil Affairs - Military Government Weekly Field Report”, 19Mai45, State Dept. Decimal
Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; e PID "Germany: Weekly Background Notes " n.º 1, 8Jun45, FO 371/46933,
PRO. Sobre o relato do assassinato pelo Werwolf de o padre em Horschberg, Silésia, durante 1946, vd. The Christian Science Monitor,
12Set46.
254
Sobre o caso de o Oficial do Partido que tentou fugir de Hannover, que foi apanhado e morto pelo Werwölfe Ernst Jünger (1958),
Jahre der Okkupation, Stuttgart, Ernst Klett, p. 16. Sobre menção da unidade de guerrilha SS no encalço de Oficial do Partido cobarde,
vd. Allied Intelligence Report, p. 12, OSS 133195, RG 226, NA.
255
Franz Hofer, "National Redoubt" MS n.º B-488, p. 19, in (1979), World War II German Military Studies, NY, Garland, Vol. 24.
256
Albert Speer (1970), Inside the Third Reich, London, Weidenfeld & Nicolson, pp. 469, 475; e SHAEF G-2 "Interrogation of Albert
Speer - 7th Session, 01Jun45 - Part Two", p. 2, FO 1031/141, PRO.
257
Speer, pp. 442, 562; Lang, p. 310; e Infield, Skorzeny. p. 110.

Página 1 de 144
envolviam-se em brigas com trabalhadores indignados que defendiam furiosamente as
indústrias e a infraestrutura económica do país 258. As instalações económicas que não foram
destruídas antes do avanço inimigo às vezes eram preparadas para serem demolidas por agentes
que ficavam para atrás259, e a Werwolf também estava envolvida em minar edifícios passíveis de
serem usados como aquartelamentos ou QG inimigos, para serem depois detonados por
temporizados ou por sabotadores260.
Pode-se concluir, com razão, deste ataque infeliz à economia da nação, que o anti-industrialismo
puro há muito inerente ao nazismo finalmente foi libertado e que os "Sprengtruppe" eram
luditas modernos ordenados a desfazer a Revolução Industrial. É particularmente irónico,
enquanto os propagandistas nazis repreendiam os estadunidenses pelo infame "Plano
Morgenthau", sugeriam a desindustrialização do Reich, o governo e o Partido juntamente
atribuíram arruaceiros nazis para executar exactamente as mesmas medidas.
Em última análise, porém, tal terrorismo produziu medo e confusão, mas não conseguiu induzir
o espírito de resistência nacional, não emanou espontaneamente das fontes naturais do
sentimento alemão. Na verdade, a intimidação da Werwolf só aumentou o ódio público ao
regime agora desacreditado: o assassinato de funcionários civis, v.g., causou não só medo, mas
ressentimento – "Os Ludendorffs perderam as nossas guerras", disse um observador, "enquanto
os Erzbergers perdem as suas vidas"261. Em alguns casos, os bandos de diversionários da HJ
foram mesmo dissolvidos à força ou expulsos da cidade por funcionários locais262, e num caso o
Chefe regional Werwolf foi assassinado por membros do antifa local263. Além disso, a opinião
pública influenciada provavelmente pelo facto de que a Igreja católica finalmente posicionou-se
com força total contra o Nacional-Socialismo e condenou a Werwolf como coda brutal e inútil
para seis anos de guerra264.
Apesar dos esforços da Werwolf de impor o espírito de resistência a todos, o próprio moral da
organização foi desastroso e piorou à medida que o momento do colapso final se aproximava265.
O próprio Prützmann liderou o caminho: na Primavera de 1945, a sua vaidade desaparecera e o
humor oscilava descontroladamente entre a confiança superexpressiva e noites atormentadas de
embriaguez nas quais pensava em suicídio266. Além disso, estava no caminho de se tornar a

258
Sobre a organização e propósito de Sprengkommandos, vd. SS-Partei Kanzlei-Wehrmacht, "Verwendung des Deutschen
Volkssturms", 28Mar45, p. 2, NS 6/99, BA; 21 AG "C1 News Sheet" n.º 27, 14Ago45, Parte III, p. 8, WO 205/997, PRO; e Rose, pp.
227-228. Os agentes "Sprengkommando" também tinham ordens – nalguns casos – para operar após a ocupação inimiga se os seus alvos
não fossem devidamente destruídos. A Inteligência Aliada suspeitava que tal agente foi responsável por ataque incendiário ao edifício
principal da Siempelkamp Machine Works em Krefeld, que produzia blindagem para carros blindados, bem como outro material militar
vital. O principal suspeito era o executivo da fábrica que se pensava ser "espião nazi disfarçado”, e posteriormente evacuado como
ameaça à segurança, embora nunca tenha sido formalmente condenado. History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XIX, pp. 83-84,
NA.
259
SHAEF G-5, "Military Government - Civil Affairs Weekly Field Report" n.º 46, 28Abr45, State Dept. Decimal Files 1945-49,
740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; e Kuby, pp. 104-105. No Ruhr, Speer distribuiu metralhadoras aos gerentes de instalações e
fábricas para as proteger contra os esquadrões de demolição Gauleiter. Speer, (1971 Sphere ed.) pp. 446-447.
260
A estação eléctrica em Trier, v.g., foi preparada para ser destruída por sabotadores que ficaram para trás, embora os explosivos
tenham sido descobertos pelas tropas Aliadas antes de serem detonados. SHAEF JIC "Political Intelligence Report”, 3Abr45, WO
219/1659, PRO.
261
Os Werwölfe estavam envolvidos na tentativa de explodir o QG Aliado na Renânia – aparentemente foi bem-sucedida – como o
plano abortado para explodir a propriedade sumptuosa de Hermann Göring na Alemanha Oriental, Karinhall, sob controlo russo.
"Report from Captured Personnel and Material Branch, MID, US War Dept. — The Werewolf Movement" 9Mai45, p. 2, State Dept.
Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; e Memo for Dienstelle Obergruppenführer Prützmann
"Verbereitungen fur den Werwolf in Karinhall, 11 Records of the Reich Leader of the SS and Chief of the German Police, Microfilme
n.º T 175, Rolo 452, fotograma 2967661, NA. Sobre a explosão de edifícios minados na Alsácia-Lorena e Alemanha Ocidental, vd.
Dyer, p. 262; Wallace, p. 127; 21 AG "CCI News Sheet" n.º 14, Part I, pp. 6-7, WO 205/997, PRO; e American Military Intelligence
Report, p. 6, OSS 134 791, RG 226, NA.
262
Kästner, p. 79.
263
Rose, p. 119; e SHAEF PWO Int. Sect., "A Volkssturm Company Commander”, 15Mar45, OSS 120243, RG 226, NA.
264
US Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 98, 19Abr48, p. 6, WWII Operations Reports 1940-48, RG 407, NA.
265
O jornal vaticano L'Osservatore Romano chamou o Werwolf de "epílogo do ódio" da guerra, e o movimento foi ainda condenado em
carta pastoral do arcebispo de Friburgo, transmitida pela Rádio Vaticano. O Arcebispo, "ainda tenta envolver o exército vitorioso em
escaramuças de retaguarda, ou pior ainda, traçar planos de vingança; e quão criminoso é aterrorizar a população escondida nas
montanhas e vales da Floresta Negra e matar indivíduos inconvenientes e odiados". Time, Vol. LXV, n.º 16 (16Abr45), p. 26; e PID
"Germany: Weekly Background Notes" n.º 4, 04Jul45, p. 11, FO 371/46933, PRO.
266
De acordo com relato de um ex-prisioneiro aliado na Alemanha, que passou por um campo de treino da HJ em Abr45, o adolescente
Werwölfe correu para cumprimentar a coluna de prisioneiros de guerra e prontamente expressou a ansiedade por estar enleado com o
combate. Os seus Oficiais não fizeram nada para interferir na conversa. Aidan Crawley (1973), Spoils of War, Indianapolis, Bobbs-
Merrill, p. 15.

Página 1 de 144
versão alemã do líder chetnik jugoslavo, Costa Pecenac — i.e., o comandante de o movimento
de guerrilha "oficial" mais interessado na colaboração com as forças ocupantes do que na
resistência popular. Prützmann não só foi associado às tentativas de última hora de Himmler de
negociar com as potências ocidentais, mas estabeleceu também o próprio esforço independente
para alcançar o armistício geral com o Ocidente267, tentando eliminar a razão de ser da Werwolf
na Alemanha Ocidental e reorientar apenas para Leste.
Essa história começou em meados de Mar45 e desenrolou-se no antigo feudo de Hamburgo de
Prützmann, onde o chefe Werwolf já tinha servido como HSSPF. Prützmann presumivelmente
tinha bons contactos na área e, durante esse período, resumiu as relações estreitas com o
Gauleiter Kaufmann – importante Oficial alemão a favor da capitulação aos inimigos ocidentais
da Alemanha – e deu a entender que partilhava a avaliação severa de Kaufmann da situação
estratégica geral. Três semanas depois, Prützmann chegou a Hamburgo com notícias
importantes: Himmler disse-lhe, concordar em cancelar as operações de guerrilha da Werwolf a
ocidente da Alemanha, convertendo-o em órgão com a qual difundia a ideia de conciliação com
o Ocidente. Deste ponto em diante, disse Prützmann, a Werwolf trabalharia para o armistício
com as potências ocidentais e a defesa contínua das fronteiras do Reich a Leste; o objectivo final
seria a união antibolchevique destinada a proteger os "valores culturais seculares" da Europa268.
Como deve ser interpretada esta iniciativa ousada? Vários casos salientes de facto sugerem que
tal alteração da Werwolf estava pelo menos sob consideração nos níveis superiores da SS:
Primeiro, o projecto de plano da SS (03Abr45), encontrado mais tarde entre os arquivos do
OKW, discutia em detalhe a reestruturação do "Movimento da Liberdade" como ampla frente
neonazi que lutaria não só pela libertação do domínio estrangeiro, mas por nacional-socialismo
reformista, expurgado da corrupção burocrática do Partido e livre da arrogância da política de
poder tanto nacional quanto internacional – o objectivo final deste documento era encaixar a
Alemanha numa União Europeia igualitária269; segundo, Himmler no final de Abril disse ao
Chefe do esquadrão de serviços especiais da Luftwaffe que a principal tentativa era alcançar uma
"paz especial" com as potências ocidentais e posteriormente formar um "Freikorps"
anticomunista em Mecklenburg e Holstein270; e terceiro, Himmler falou em várias ocasiões
sobre as suas dúvidas sobre a Werwölfe o plano de organizar o reduto da Werwolf nos Alpes271.
Dados os factos, no entanto, evidências documentais claras e inequívocas mostram também que
a Werwolf ainda estava totalmente funcional no Ocidente ao longo de Abr45272, e qualquer
esquema para mudar o estatuto, portanto, nunca foi implementado totalmente. No máximo, o
plano parece nebuloso e provisório – mais balão de ensaio do que decisão sólida.
A tendência de Prützmann de empurrar essa intenção vaga como facto firmemente estabelecido
revela – na verdade – intenso desejo de agradar o elemento rebelde do Partido em Hamburgo,
talvez na esperança de colocar um pé no campo dos dissidentes, enquanto deixa o outro no
campo dos resistentes obstinados. De qualquer forma, o chefe local do HJ-Werwolf logo foi
conquistado para essa nova definição de actividade Werwolf, embora o W-Beauftragter geral.
Standartenführer Knoll, fanático nazi permaneceu lealmente ligado à causa do último reduto e
até mesmo fez arranjos para actividades pós-capitulação273.
Depois que Prützmann anunciou surpreendente sobre o suposto novo curso da Werwolf,
Kaufmann anunciou o próprio plano de agir de forma independente para garantir à população
Noroeste da Alemanha não fosse massacrada numa tentativa inútil de defender a área. Embora
Prützmann se preocupasse com o perigo de expressar abertamente tais pontos de vista, admitiu
concordância total com a proposta e, no final do mês, respondeu ao chamado do Gauleiter para

267
Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 147.
268
Ibid., pp. 184-186; e Rose, p. 319.
269
"Extract from Interrogation of Karl Kaufmann", 11Jun45, Appendix "A" - "The Werwolf Organisation in Hamburg", pp. 1-2, IRR
File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG319, NA.
270
"Die Deutsche Freiheitsbewegung (Volksgenossische Bewegung)”, 03Abr45, Records of OKW, Microfilme n.º T-77, Rolo 775,
fotogramas 5500617-5500621, NA.
271
Werner Baumbach (1949), Zu Spät, Aufstieq und Untergang der deutschen Luftwaffe, München, Richard Pflaum, p. 291.
272
Schellenburg, p. 440; e Moczarski, p. 238.
273
Pelos esforços dos líderes regionais de Werwolf em Abr45 para reforçar a actividade de Werwolf na Alemanha Ocidental ocupada, vd.
Ultra Documents BT 9696, 07Abr45 (Reel 69); e KO 729, 18Abr45 (Reel 71), ambos em Ultra Micf. Coll.

Página 1 de 144
ajudar a arranjar uma verdade na Frente Noroeste. No momento da morte de Hitler, os dois
tentavam entrar em contacto com a Resistência Dinamarquesa na esperança de usá-la como
intermediário para negociar com os britânicos274.
A última mensagem de Prützmann para os seguidores da Werwölfe instruiu que "perdas
desnecessárias" fossem evitadas, especialmente entre os jovens Werwolfe275.
O fim formal da Werwölfe é resultado da reafirmação do domínio militar dentro do Reich
moribundo após a autodestruição de Hitler e Goebbels em Berlim. O centro do poder voltou
depois para OKW, localizado primeiro em Plön e depois em Flensburg, e os militares tornaram-
se as figuras principais da nova constelação de poder político e militar, em particular o
Großadmiral Dönitz, o novo Chefe de Estado, e Generaloberst Kesselring, que comandava
poderes plenipotenciários nas regiões agora isoladas do Sul da Alemanha.
Perante tal desenvolvimento, algumas palavras supletivas devem ser ditas sobre o pano de fundo
das relações militares-Werwolfe: embora o Alto Comando estivesse confortável com a Werwolf
como rede de unidades adequadas rigidamente controlada para reconhecimento e diversão, a
maioria dos militares – independentemente da patente – opunham-se ao tipo de natureza
ideológica e política que o movimento Werwolf assumiu perto do fim da guerra (sobre o qual
falaremos mais adiante). Além disso, muitos militares alemães acreditavam que no período pós-
capitulação, a actividade da Werwolf degeneraria no caos incontido de banditismo fanático,
fundado em grande parte no núcleo da SS irresponsável e desesperados do Partido e quase
totalmente desprovidos de apoio público. Nesse cenário, os guerrilheiros dificilmente
alcançariam a vitória que a poderosa Wehrmacht não conseguira, mas impediriam apenas a
reconstrução e provocariam represálias inimigas maciças sobre a anteriormente maltratada
população alemã. De qualquer forma, tal actividade estava longe dos limites da ética militar
tradicional de Clausewitz276.
É verdade que tinha alguma simpatia do Exército pela causa dos guerrilheiros alemães nas
regiões ocupadas pelos soviéticos – onde parecia haver pouco a perder277 – e na Frente Oriental
vários casos isolados onde Oficiais subalternos resolveram ignorar a derrota e lutaram como
guerrilheiros, totalmente independentes dos quadros superiores das suas formações278. Mesmo
no Leste, no entanto, havia tensão forte do conservadorismo militar, combinada com o medo de
a propaganda obstinada dos Werwölfe só piorasse ainda mais a selvajaria soviética: várias
unidades, de facto foram directamente proibidas de participar da construção da Werwolf 279. No
final da Guerra, tais dúvidas sobre a guerra paisana foram quase abertamente expressas: a
transmissão rádio das Forças Armadas em 19Abr condenou amargamente a teoria e a prática da
guerrilha alemã280, ao mesmo tempo os Generais que defendiam Berlim eram coniventes com
Speer em conluio – que, aliás, nunca foi executado – para tomar o principal transmissor rádio

274
"Extract from Interrogation of Karl Kaufmann", 11Jun45, Appendix "A" - "The Werwolf Organisation in Hamburg", p. 2; e 21
AG/Int, "Appendix C" to 2 Cdn Corps Sitrep, 22Jun45, pp. 2, 4, ambos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319,
NA.
275
Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 187; "Extract from Interrogation of Karl Kaufmann", 11Jun45, Appendix "A" - "The Werwolf
Organisation in Hamburg", p. 2, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; British Troops Austria, "Joint
Weekly Intelligence Summary" n.º 9, 31Ago45, p. 11, FO 1007/300, PRO; e BIMO "Resume traduction d'un document de l'I.S. Anglais
en Suisse", 29Out45, p. 1, 7P 125, SHAT.
276
Rose, p. 327.
277
MID Report, 16Set44, OSS L 45595, RG 226, NA; SHAEF G-5 "Weekly Intelligence Summary" n.º 1, 22Fev45, p. 5, WO
219/3918, PRO; ECAD "General Intelligence Bulletin" n.º 39, 12Mar45, p. 3, WO 219/3513, PRO; DIC (MIS) Detailed Interrogation
Report”, Opinions of Generalleutnant Schimpf", 26Mar45, OSS 122312, RG 226, NA; SHAEF PWD Intelligence Sect. "Consolidated
Report on Reaction of 18 P/War on the 'Werwolf’", 16Abr45, WO 219/1602, PRO; 21 AG Int, "Enemy Resistance Organisations",
30Abr45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; DIC (MIS) Detailed Interrogation Report, "Possibilities of
Guerrilla Warfare in Germany as seen by a group of seventeen German Generals", 17Mai45, OSS 130749, RG 226, NA; e Whiting,
Hitler’s Werewolves. p. 208.
278
SHAEF G-5 "Weekly Intelligence Summary" n.º 1, 22 Feb. 1945, p. 5, WO 219/3918, PRO; ECAD "General Intelligence Bulletin"
n.º 39, 12Mar45, p. 3, WO 219/3513, PRO; e DIC (MIS) Detailed Interrogation Report "Possibilities of Guerrilla Warfare in Germany
as Seen by a Group of Seventeen German Generals", 17Mai45, p. 3, OSS 130749, RG 226, NA.
279
Rose, p. 172; Klaus von der Groeben, "Das Ende im Ostpreussen — Der Ablauf des Geschehnisse im Samland”, 1Out52, pp. 25, 27,
Ost Dok. 8/531, BA; e Die Letzten Hunderte Taqe. p. 156.
280
Schimitzek, p. 312; Dr. Victor Werbke, "Austellung neuer Truppenteile in Konigsberg; Verhaltnis zwischen Stab Lasch (Gen. d. Inf.)
u. Kommandant d. Festg. Konigsberg und Parteieinstellen, 1945", pp. 1-2, Ost Dok. 8/586, BA; e Rose, p. 172.

Página 1 de 144
Werwölfe depois difundir o discurso ousado de Speer a abolir o movimento e cancelar os
"decretos da terra queimada"281.
Portanto, não é surpresa, uma vez que os militares se tornaram a autoridade de último salvatério,
mostrando pouca tolerância para qualquer actividade da Werwolf, principalmente porque isso
podia atrapalhar o alcance de o modus vivendi com o Ocidente. Em 05Mai, um dia após a
proclamação do armistício regional no Noroeste da Europa, dois casos dessa actividade da
Werwolf vieram à tona, sendo o mais significativo a evidência do plano para implantar
sabotadores aereotransportados na retaguarda inimiga. Sem o conhecimento da OKW, o
Comando Oeste da Luftwaffe organizou em meados de Abril as próprias unidades Werwolf,
destinadas principalmente com base no Reduto Alpino e desembarcar equipas de sabotagem em
áreas ocupadas pelo inimigo com aeronaves ligeiras. Embora 30 a 40 aeronaves tripuladas por
tais agentes tenham sido enviadas, equipas cometeram alguns actos efectivos aparentemente de
sabotagem, e uma das unidades, o Sonderkommando Totenkopf, tinha agora começado a
desintegrar-se no final de Abril, depois de esgotar os recursos limitados de homens e
material282, a cessação da operação foi enviada para o QG da OKW em Flensburg.
Logo após recepção desta mensagem, Dönitz enviou ordens urgentes à Luftflotte Reich, a proibir
qualquer outra actividade da Werwolf, e chamou à sua presença também a figura melancólica de
Prützmann, que nesse meio-tempo efectivamente tinha abandonado a sua liderança da Werwolf,
mas agora prtendia ao estatuto de "oficial de ligação" entre Himmler e o novo Chefe de Estado.
O ALM Dönitz não tinha nenhum desejo de se relacionar com o desacreditado Himmler, que
tinha sido demitido inurbanamente do Gabinete, mas dirigiu-se a Prützmann no antigo papel de
Inspekteur für Spezial Abwehr, na verdade, diz-lhe que a Werwolf fosse imediatamente proibida
de actuar porque o fim da resistência da Wehrmacht tornou-a supérflua283.
Várias horas após as revelações sobre a Werwolf aérea, o OKW também recebeu a nota incisiva
do MAREX Montgomery, a alegar que o 21º Grupo de Exércitos tinha verificado o discurso
vitriólico proferido por Wilhelmshaven Sender – das poucas estações rádio alemãs ainda no ar –
onde apelava à rebelião e resistência contra o acordo de capitulação. Ainda outro telegrama da
OKW foi enviado, desta vez para Wilhemshaven, a ordenar a investigação e autorizar "medidas
drásticas" contra o Oficial do Partido que fizera tal discurso ofensivo284. Na noite de 05Mai,
Dönitz reuniu-se com o Gauleiter da área Wilhelmshaven (Gau Weser-Ems), e depois de
enfatizar novamente a necessidade de proibir a actividade da Werwolf 285, providenciou anúncio
público para o mesmo efeito a ser transmitido no comprimento de onda de Deutschlandsender,
então circunscrito em Flensburg. À meia-noite, a estação anunciou que os decretos de "terra
queimada" foram anulados e, uma hora depois, solicitaram aos alemães de se abster em
actividades clandestinas "ilegais" na Werwolf ou em organizações semelhantes, embora seja
notável o movimento não ter sido formalmente dissolvido nem a proibição contra a actividade
Werwolf se aplicou ao território ocupado pelos soviéticos286.
No dia seguinte, Kesselring instruiu o Obergruppenführer Hausser – o mais hábil e popular dos
Generais da SS – para evitar qualquer guerra de guerrilha nos Alpes por unidades SS

281
PWE "German Propaganda and the German", 23Abr45, pp. C5-C6, FO 898/187, PRO.
282
Trevor-Roper, Hitler's Last Days (1950), pp. 126-127; SHAEF G-2 "Interrogation of Albert Speer: Seventh Session, 1stJun45 - Part
Two", pp. 1-2, F0 1031/141, PRO; e Speer (1971 Sphere ed.), pp. 626-627.
283
Marlis Steinart, Capitulation 1945: The Storv of the Dönitz Regime, London, Constable, 1969), p. 179; Rose, pp. 180, 322-324;
Görlitz, p. 577; Ultra Document KO 2082, 08Mai45, Ultra Micf. Coll., Rolo 73; Minott, p. 129; Joachim Schultz-Naumann, Die letzten
dreissiq Taoe: Das Kriegstaoebuch des OKW April bis Mai 1945 (München: Universitats Verlag, 1980), p. 89; e Reitlinger, p. 445.
Sobre o estatuto de Prützmann em Flensburg, vd. "Report from Captured Personnel and Material Branch issued by MID, US War Dept,
by Combined Personnel of US and British Services for Use of Allied Forces”, 04Ago45, p. 4, OSS XL 15506, RG 226, NA; CSDIC
(UK) Interrogation Report "Amt III (SD Inland) RSHA", 30Set45, p. 23, ETO MIS-Y-Sect. Special Interrogation Reports 1943-45, RG
332, NA; Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 192; Rose, pp. 326-328; e Frischauer, pp. 253-255.
284
Gauleiter Wegener to Gauleiter Stellvertreter Joel, Wilhelmshaven, 5Mai45, Records of OKW, Microcópia n.º T-77, Rolo 864,
fotograma 5611864, NA; e Schultz-Naumann, p. 89. Vd. also FO Weekly Political Intelligence Summary. Vol. 11, Summary n.º 292,
9Mai45, p. 2.
285
Walter Lüdde-Neurath (1980), Regierung Dönitz: Die letzten Tage des Dritten Reiches, Leoni am Starnberger See: Druffel-Verlag,
p. 180.
286
PWE "German Propaganda and the German", 07Mai45, p. C5, FO 898/187, PRO; The New York Times. 6Mai45; PID "Background
Notes", 12Mai45, p. 1, FO 371/46790, PRO; Auerbach, p. 355; Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 190; e Peter Padfield (1984), Dönitz.
The Last Führer, NY, Harper & Row, p. 420.

Página 1 de 144
descontentes, e vários dias depois o Estado-maior do Grupo de Exércitos "G" avisou que
quaisquer esforços incipientes construir um Freikorps constituiria ameaça infrutífera para o
povo alemão287. A partir de então, a Wehrmacht deu profusamente aos Aliados informações
disponíveis sobre a Werwolf288, e em áreas onde o Exército derrotado recebeu responsabilidades
temporárias de policiamento e implementação de medidas de controlo, exerceram
escrupulosamente para evitar sabotagem e agitação civil ou militar289.
Quanto aos Senhores da Werwolf, o destino final não foi uma história feliz. Himmler recusou o
conselho dos adjuntos, que o encorajaram a exonerar a SS dos juramentos de lealdade e
dissolver formalmente a Werwolf, mas ficou completamente fixo no próprio destino.
Deambulou pelo Norte da Alemanha várias semanas incógnito e, quando capturado pelos
britânicos em 23Mai, dentou uma das ampolas de veneno suicidas que tinham sido distribuídas
profusamente dentro da organização Werwolf. Morreu em poucos minutos. Prützmann,
enquanto isso, testemunhou o discurso de despedida sentimental de Himmler em 05Mai e
depois brincou com a ideia de escapar num Submarino ou avião, embora na verdade tenha sido
logo capturado pelos britânicos e imediatamente enviado para o campo de detenção.
Inicialmente tentou convencer os interrogadores britânicos de que em Nov44 tinha sido
substituído pelo Brigadeführer Siebel como General Inspekteur für Spezialabwehr, mas quando
este enredo não conseguiu desviar os britânicos, foi à latrina e – como Himmler – partiu do
mundo físico com ampola suicida290. Havia rumores, que Himmler e Prützmann tinham
desistido de lidar com os Aliados e estavam a caminho do Sul em direcção no suposto reduto
Werwolf nos Alpes291.
Enquanto Prützmann originalmente se dirigiu ao Norte para Schleswig-Holstein, o seu Estado-
maior, sob o comando de Siebel, recuou para Sul em direcção ao Reduto Alpino. No entanto, o
Dienstelle não só viajou na direcção geográfica diferente do seu Chefe, mas no caminho em
termos filosóficos distintos – principalmente no sentido desses Oficiais permaneceram muito
mais dedicados do que Prützmann à ideia da última resistência e acção diversionista. De facto
enquanto a caminho do Reduto, os assessores de Prützmann desenvolveram a estratégia ousada
para as operações pós-guerra Werwolf: a intenção principal – notavelmente semelhante às
formulações posteriores de Guevera, Debray e Marighela – i.e., assediar as forças de ocupação,
causar represálias, e assim criar ódio mútuo entre a população e as forças ocupantes. Previa-se
que tal programa acabaria por criar condições para o renascimento político do nacional-
socialismo e lançar bases para a rebelião em caso de grande conflito armado entre o Leste-
Oeste292.
Na verdade, porém, o destino do Dienstelle foi pouco menos grandioso e importante do que
esses planos sugeridos: depois de chegar a Maishöfen, a equipa do QG transformou-se em
Werwolf Kommando de 75 homens e esta unidade posteriormente instruída a destruir a
instalação V-2 perto de Garmisch-Partenkirchen capturada pelos estadunidenses. A unidade foi

287
(1953), The Memoirs of Field-Marshal Kesselrina, London, William Kimber, p. 290. Vd. tb. p. 286; e Rose, pp. 293-204. Hauser
reuniu-se com vários HSSPF em Taxenbach em 07Mai, onde foi decidido que a ordem de rendição de Kesselring seria obedecida.
USFET MIS Centre "Cl Intermediate Interrogation Report n.º 24 - 0/Gruf. J. Stroop”, 10Out45, p. 5, OSS XL 22157, RG226, NA.
288 st
1 Canadian Army "Intelligence Periodical" n.º 1, 14Mai45, WO 205/1072, PRO. Os cépticos franceses ficaram surpreendidos
quando um TCOR no comando dos hospitais militares em Tübingen solicitou a prisão de um dos seus sargentos, que era propagandista
Werwolf. CAP P. de Tristan, 1st French Army 5th Bureau, "Monthly Historical Report", 01Mai45, WO 219/2587, PRO. Um esconderijo
Werwolf descoberto em Mai45 pela equipa hospitalar de campanha da Wehrmacht perto de Eutin foi quase imediatamente relatado às
autoridades britânicas, que o desmantelaram. CSDIC (WEA) BAOR "Final Report on Gunter Haubold" FR 94, p. 9, ETO MIS-Y-Sect.
CSDIC/WEA Final Interrogation Records 1945-47, RG 332, NA.
289
"Administration and Military Government", Report by British 2nd Army, Jun45, WO 205/1084, PRO. Dois exemplos de medidas
estritas dos militares contra sabotagem e distúrbios: vários alemães dispararam contra membros do Exército da Casa Norueguesa em
22Mai, posteriormente condenados à morte por tribunal militar da Wehrmacht em Trondheim; da mesma forma, um alemão na Holanda
acidentalmente explodiu alguns recipientes de gasolina depois de acender um cigarro foi baleado no local pelo próprio Oficial. Os
Oficiais canadianos foram informados: "Não devemos correr o risco de sabotagem nesta fase. Devemos dar o exemplo". PID "News
Digest" n.º 1770, 29Mai45, p. 20, Bramstedt Collection, BLPES; e The Stars and Stripes. 20Mai45.
290
Whiting, Hitler’s Werewolves. pp. 193-196; Reitlinger, pp. 447-448; EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werewolves"', in IRR File XE
049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; Rose, p. 328; e Frischauer, pp. 9, 255, 257. Ironicamente, o mesmo militar
britânico, o SMor Edwin Austin, estava a guardar Prützmann e Himmler quando cada um deles cometeu suicídio. Roger Manville e
Heinrich Fraenkel (1965), Heinrich Himmler, London, Heinemann, pp. 247-248.
291
Moczarski, pp. 244-246.
292
Tauber, Vol. I, 23-24.

Página 1 de 144
alvejada e dispersa pelas forças estadunidenses quando se dirigia para executar a missão
fracassada293.
As secções regionais Werwolf entraram em colapso de várias maneiras. Muitos dos HSSPF
imitaram o líder e negociaram a rendição294, enquanto várias organizações locais dissolveram-se
não oficialmente ou foram formalmente extintas; o exemplo particularmente notável foi a
supressão da Werwolf da Estíria pelo Gauleiter Oberreither em 04Mai, o que mostra que a
desintegração às vezes ocorreu mesmo em áreas prestes a cair para o Exército Vermelho295.
Holstein, onde o bando obstinado de 300 homens da SS e Werwölfe estava determinado a
prestar a homenagem final ao Deus das batalhas. Essa concentração foi dispersa em apenas
alguns dias após o armistício final, quando as forças britânicas isolaram a área e a OKW usou
tropas da 8ª Divisão Pára-quedista para esquadrinhar a floresta296.
Em certos casos, alguns dos Chefes Werwolf mais fanáticos fizeram planos preliminares para
acções pós-guerra, e é verdade que algumas células entraram no período pós-capitulação297,
mesmo apesar da ordem de extinção de Dönitz298. As autoridades de ocupação, v.g., obtiveram a
acta da reunião secreta da Werwolf "Unteraruppe VII, Secção 4", ficou decidido que os agentes
locais Werwolf deveriam passar-se por antinazis e fazer todos os esforços possíveis para ganhar
a confiança do Governo Militar Aliado e dos Oficiais de segurança299. Há algumas evidências
de certos Werwölfe na Europa de Leste tentaram manter o seu Gruppen intacto na esperança de
que pudessem desempenhar papel em qualquer avanço hostil dos Aliados contra os soviéticos:
v.g., cinco Werwölfe presos pelos checos em Znojemsku disseram aos captores que esperavam
lançamentos aéreos estadunidenses de armas e equipamentos, e esperavam ajudar o avanço das
forças estadunidenses tanto pela actividade de guerrilha quanto pelo serviço subsequente,
conforme apropriado300. Assim, enquanto os britânicos e estadunidenses estavam optimistas
sobre as capacidades Werwölfe tinham descartado a organização em meados do Verão de
1945301, os soviéticos e os seus aliados do Leste europeu mantiveram interesse activo na
Werwolf boa parte na década de 50302.

293
Rose, pp. 326-328; e Trees e Whiting, p. 275.
294
ACA Intelligence Organisation, "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 16, 27Out45, p. 5, FO 1007/300, PRO.
295
5 Corps "Weekly Intelligence Summary" n.º 7, 30Ago45, pp. 10-11, FO 1007/299, PRO. Uma das unidades Werwolf da Estíria
(Áustria) – Sondereinheit Kirchner – foi dissolvida em Paissail em 08Mai. Nazis locais da estírios dissream aos interrogadores
britânicos, no entanto, algumas unidades Werwolf intencionavam agir nos territórios ocupados pelos soviéticos. 6 SFSS HQ 5 Corps
"Notes on the Political Situation in Carinthia and Western Styria, Mai45”, 22Mai45, FO 371/46610, PRO.
296
The Globe and Mail. 10Mai45; Rose, p. 322; Lt. Gen. H.G. Martin (1948), The History of the Fifteenth Scottish Division. 1939-1945,
Edinburgh, William Blackwood & Sons, pp. 338-339; Arthur Dickins (1947), Lubeck Diary, London, Gollancz, pp. 235-236; Time. Vol.
XLV, n.º 21 (21Mai45), p. 20; The New York Times. 10Mai45; W. Kemsley and M.R.Riesco (1950), The Scottish Lion on Patrol,
Bristol, White Swan, pp. 218-219; e Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 189.
297
Nota, v.g., as células Werwolf no Sudeste da Baviera, sob o comando do Kriminalsekretar Huber, receberam instruções claras para
operar no período pós-capitulação. A estratégia dessas unidades era permanecer adormecidas cerca de seis semanas, mas incitar o
ressentimento das forças de ocupação ao espalhar notícias de violações por soldados negros. A próxima etapa era iniciar a campanha de
sabotagem em larga escala e eliminar colaboradores. Todas as ordens de cessação do governo de Dönitz deveriam ser ignoradas no
pressuposto de serem emitidas apenas para enganar os Aliados. Interrogation Report n.º 5, "Werwolf Organization in Bayern", OSS XL
11218, RG 226, NA. Desejo semelhante de sobreviver à capitulação foi demonstrado por líderes de Werwolf na Frísia alemã. De acordo
com o Oficial de Werwolf capturado mais tarde pelos britânicos, e transferido para controlo do Comandante da Werwolf de
Wilhelmshaven, Beauftragter Lotto, após a capitulação. Lotto disse-lhe para obedecer a todas as ordens, mesmo que mulheres alemãs
fossem baleadas por represália – "isso não deveria ser questionado por si. Temos mulheres suficientes na Alemanha. Já tratei da minha
família". O núcleo na Frísia Werwolf foi destroçado só com a prisão de Lotto no Outono de 1945. 21 AG/Int. "Appendix C" to 2nd Cdn.
Corps Sitrep, 22Jun45, pp. 4-5, IRR File "Werewolf Activities Vol. I”, RG 319, NA; e Direction Générale des Études et Recherches
"Bulletin de Renseignements" n.º 9, 08Nov45, p. 3, 7P125, SHAT.
298
A célula Werwolf em Hannover permaneceu intacta até 1950, enquanto a célula em Fulda envolveu-se na intimidação de membros
locais do KPD até 1946. Pelo menos uma dúzia de resistentes Werwolf foram presos no Oeste da Alemanha desde o Outono de 1945 até
à Primavera de 1947, um dos quais actuava como espião no grupo administrativo do QG britânico da MG em Hamburgo. Cookridge, pp.
100-101; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 58, 22Ago46, p. C6, State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; The Stars and Stripes. 23Out45; 28Jan46; The Times. 10Abr46; Direction Générale des Études et Recherches
"Bulletin de Renseignements" n.º 9, 08Nov45, p. 3, 7P 125, SHAT; British Liaison Mission Report 246 n.º 7, Abr47, pp. 18-19, FO
371/64350, PRO; e MI-14, "Mitropa” n.º 5, 22Set45, p. 5, FO 371/46967, PRO.
299
SHAEF ACoS G-2 "Minutes of a Secret Discussion of the Wehrwolf Untergruppe VII a, Section 4e”, 28Mai45, IRR File XE 049 888
"Werewolf Activities Vol. I”, RG 319, NA.
300
Drska, p. 65.
301
The Stars and Stripes. 25Jul45; 30Jul45; 04Ago45; The Times. 28Jul45; SHAEF JIC (45) "Political Intelligence Report", 09Jul45, in
Documents on British Policy Overseas, ed. Rohan Butler, London, HMSO, 1984), Series I, Vol. I, 97; e The Globe and Mail. 28Jul45. É
notável que os franceses eram aparentemente menos autoconfiantes do que os anglo-saxões em relação às capacidades de Werwolf. V.g.,
continuaram a acreditar por algum tempo que um Comando central Werwolf tinha sobrevivido e estava escondido nos Alpes ou além das

Página 1 de 144
O elemento importante da Werwolf que não se encaixava facilmente nesse quadro de colapso e
desintegração foi a subsecção HJ, que manteve o sentido de coerência e identidade
organizacional que durou até 1946. Isso deveu-se principalmente ao facto de o Chefe HJ,
Axmann, ser o único líder nazi de escalão superior que preparou o esquema detalhado para a
fase final da guerra, quando a maior parte – ou toda – da Alemanha estaria ocupada. Este "Plano
Axmann" parcialmente executado em Abr45, quando o Reichsjugendführung foi transferido
para os Alpes da Baviera e o esforço feito para preservar a "essência da nação", tentou a
transferência de 35 mil paisanos da HJ para a montanha inacessível país do Sul da Alemanha,
particularmente Alpes, o Böhmerwald e o Schwarzwald. Oficiais superiores de transmissões da
HJ foram enviados aos quatro cantos do Reich com ordens para os Estados-maiores da HJ locais
recuassem para o Sul, ou, se impossível, passassem à clandestinidade e aguardassem o
desenvolvimento de ambiente favorável para o trabalho clandestino. Panfletos circularam sob a
alçada do Chefe do RAD, Ley, aconselhando a Werwölfe que a sobrevivência prolongada em
Böhmerwald e outras áreas remotas era possível, e que os soviéticos e estadunidenses ainda
poderiam contrariar. De facto é desconhecido o número de guerrilheiros da HJ a chegar às
montanhas do Sul, onde foram instruídos a realizar actividades paisanas e a se prepararem para
a eclosão da guerra entre potências ocidentais e a União Soviética303. Os recursos locais da HJ
nos Alpes também foram explorados: os professores e alunos da principal escola de elite da HJ
(Junkerschule) em Bad Tolz, v.g., recuaram para os Alpes para formar unidade de guerrilha de
250 indivíduos304, enquanto mais a Leste, destacamentos HJ-Werwolf foram organizados e
vinculados ao 6º Exército Panzer SS para operações contra os russos305. O próprio Axmann
permaneceu em Berlim para dirigir a actividade de HJ na capital sitiada, mas após a morte de
Hitler infiltrou-se no anel soviético à volta da cidade e fugiu para esconderijos secretos na
Boémia e no Sul da Alemanha, onde permaneceu em contacto com seguidores306.
A verdadeira marca de genialidade no Plano Axmann foi o próprio reabastecimento para a fonte
de fundos contínua e auto-recarregável para a actividade da Werwolf. Além de nomear um líder
para a ala político-militar da Werwolf Alpino, o Hauptbannführer Franke, Axmann também
transferiu mais de um milhão de Reichsmarks para o assessor económico, Oberbannführer Willi
Heidemann, enviado para os Alpes como Chefe da Secção Independente Económica do
movimento. Heidemann recebeu ordens para se desligar de contactos casuais com activos
Werwölfe, mas para arquitectar um negócio legal em estreita associação com a AMG –

fronteiras da Alemanha. "Maquis Allemands" (s/d), p. 7; "Allemagne - Activité du Werwolf", 15Jun45; Direction Générale des Études et
Recherches "Bulletin de Renseignements - Allemagne; Wehrwolf", 23Jun45, pp. 2-3; Direction Générale des Études et Recherches
"Bulletin de Renseignements - Allemagne: Organisation du Werwolf", 20Ago45; e Ministre de l’Information "Articles et Documents",
17Set45, Nouvelle Serie n.º 274, p. 3, all in 7P 125, SHAT.
302
Whiting, Hitler’s Werewolves. p. 189; Lucas, Kommando, p. 333; e Hans Fritsche (1953), The Sword in the Scales, London, Allan
Wingate, p. 304. É possível que os soviéticos continuassem interessados no Werwolf porque suspeitavam que a deserção de Gehlen para
os estadunidenses a possibilidade de reanimar agentes Werwolf sob o controlo de Gehlen. De acordo com E. H. Cookridge, Dienstelle
Prützmann realmente disponibilizasse a Gehlen informações detalhadas sobre a implantação do Werwolf Gruppen atrás da linha da
Frente Oriental, e Gehlen conseguiu fazer uso dessas informações no período pós-guerra. Cookridge, p. 101.
303
USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 33, 28Fev46, State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG
59, NA; Tauber, Vol. II, pp. 1040-1041; CCG(BE) "Intelligence Review "n.º 13, Out46, p. 9, FO 100/1700, PRO; CSDIC (WEA)
BAOR, "Report on Nursery" SIR 28, 18Abr46, pp. iv, vii, ETO MIS-Y-Sect. Intelligence and Interrogation Records, 1945-46, RG 332,
NA; Ultra Documents KO 476, 15Abr45 (Reel 70); KO 1716, 30Abr45 (Reel 73), ambos em Ultra Micf. Coll.; Rose, p. 109; e
Moczarski, pp. 243-244. Sobre o testemunho dos líderes HJ que de facto percorreram e chegaram aos Alpes durante os últimos dias da
guerra, vd. Melita Maschmann (1964), Account Rendered, London, Abelard-Schumann, pp. 167-168; e Kastner, p. 94. Sobre a
actividade de emboscada nos Alpes por bandos Werwolf e HJ, vd. Dyer, p. 420; Turner e Jackson, p. 182; e Lucas, Last Days of the
Reich, pp. 203, 205-206.
304
USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 5 - O/Gruf. Friedrich K. von Eberstein", 27Jul45, p.3, OSS
XL 13016, RG 226, NA; e USFET MIS Center "Cl Intermediate Interrogation Report (CI-IIR) n.º 24 - O/Gruf. J. stroop", 10Out45, p. 5,
OSS XL 22157, RG 226, NA. Sobre detalhes sobre vários acampamentos de montanha ao Sul de Bad Tolz, preparadas como depósitos
de abastecimentos para HJ Werwölfe. Vd. Karl Sussmann, CIC Special Agent, Memo for the Commanding Officer, Garmisch Sub-
Region, HQ CIC Region IV, 10Set46, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I”, RG 319, NA. Esses acampamentos realmente
abrigaram guerrilheiros HJ até Jul45, quando foram abandonadas devido a ataques dos estadunidenses na área.
305
"Os destacamentos de ataque treinados pela HJ", ligados ao 6º Exército Panzer S, são referidos em Ultra Document KO 1702,
30Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 73. Sobre a unidade Werwolf composta pelo pessoal da "1ª Divisão HJ austríaca”, vd. ACA(BE)
Intelligence Organization, 248 "Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 50, 24Jan48, p. A3, FO 1007/303, PRO; e FORD "Digest
for Germany and Austria" n.º 698, 17Jan48, p. IV, FO 371/70791, PRO.
306
Trevor-Roper (ed 1987), p. 245; The New York Times. 01Abr46; The Stars and Stripes. 01Abr46; USFET G-2 "Weekly Intelligence
Summary" n.º 33, 28Fev46, State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; CCG(BE) "Intelligence
Review" n.º 13,Out46, p. 9, FO 100/1700, PRO; e MI-14 "Mitropa" n.º 19, 06Abr46, p. 6, FO 371/55630, PRO.

Página 1 de 144
exactamente o caminho que adoptou. Heidemann estabeleceu-se em Bad Tölz e em fins de Abril
fez o bom investimento ao comprar a Tessmann & Sons, empresa de transporte com serviços
em Dresden e Lübeck. Não só isso acabou por fornecer fluxo constante de fundos para os
obstinados nas montanhas, mas a própria natureza da empresa melhorou as comunicações do
Werwölfe os negócios em alimentos e carvão deram-lhe contactos próximos com o regime
laxista da AMG do GEN Patton na Baviera. Durante o Verão, Heidemann provou ser homem de
negócios hábil e, no final de 1945, comprou cinco empresas adicionais e expandiu-se pelas
zonas estadunidenses e britânicas e Áustria – principalmente, o medo do Deuxième Bureau,
manteve-o fora do mercado da Zona Francesa. Além disso, elementos HJ e Werwolf na Zona
Britânica reorganizaram-se espontaneamente durante o mesmo período, e no Outono de 1945
estavam em contacto com o acordo Heidemann, embora este não pudesse dar-lhes nenhuma
promessa de financiamento imediato307.
O aspecto mais notável desses desenvolvimentos, no entanto, foi a sobrevivência do movimento
não assistido por compromisso contínuo com o típico programa Werwolf de sabotagem e
assassinato. Heidemann acreditava que o seu sucesso nos negócios rápido seria ameaçado pela
opressiva actividade policial Aliada que as operações Werwolf certamente provocariam, e nesta
base rapidamente voltou-se contra tal actividade, que escarneceu como "raios e coriscos". Em
vez disso, dedicou-se ao objectivo mais alto e de longo prazo do Plano Axmann – i.e., a
preservação da "essência nacional", que esperava alcançar transformando o acordo em força
económica melhor na nova Alemanha, capaz de influenciar a política e servir de núcleo para os
portadores da tocha ideológica nazi (Ideenträger).
O lado político-militar do movimento tinha ideais semelhantes, embora seja possível que tenha
mantido maior compromisso com o princípio da acção directa, e causada tensão com a ala
económica de Heidemann308. Parece provável, v.g., que o grupo vagamente ligado ao
movimento na Zona Britânica operava em conjunto com quadrilhas de jovens violentos como o
Edelweiss Piraten, que perpetraram sabotagens na Zona Soviética – v.g., o suposto
descarrilamento do comboio perto de Magackwig em Nov45309. Claro, o HJ-Werwolf era
conluio tão grande que chamou logo a atenção dos serviços de Contrainteligência Aliada, que
esforçaram-se depois de entrarem como infiltrados. No final de 1945, os Aliados obtiveram
listas de membros – numa compilação de mil nomes ligados ao grupo do Sul e 1500 no Norte –
e, assento nisso, a missão complexa de Contrainteligência foi realizada durante o Inverno de
1945-46. Nome de código "Operação Viveiro [Nursery]", esta série de ataques apanhou quase
toda a liderança de HJ-Werwolf, a começar por Axmann em Dezembro, seguido por Heidemann
em Janeiro e os chefes da conspiração da Zona Britânica em Fevereiro. Mais de 800 dos
membros subordinados foram varridos numa razia em grande escala no final de Março, e em
pontos dispersos houve tiroteios entre tropas aliadas e Werwölfe caçados310. Algumas células

307
CSDIC (WEA) BAOR "Report on Nursery" SIR 28, 18Abr46, pp. i-xviii, Appendix "A", pp i-iv, e Appendix "B", p. i, ETO MIS-Y-
Sect. Intelligence and Interrogation Records 1945-46, RG 332, NA; USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 33, 28Fev46, pp.
C15-C17; CCG(BE) "Intelligence Review" n.º 13,Out46, pp. 9-11, FO 100/1700, PRO; The Stars and Stripes 31Mar46; The New York
Times, 31Mar46; Anthony Cave Brown (1982), The Last Hero: Wild Bill Donovan, NY, Times Books, pp. 766-767; MI-14, "Mitropa"
n.º 18, 23Mar46, p. 7, FO 371/55630, PRO; e The Times. 01Abr46.
308
CSDIC (WEA) BAOR "Report on Nursery" SIR 28, 18Abr46, pp. i-ii, vi, viii, xi-xiii, ETO MIS-Y- Sect. Intelligence and
Interrogation Records 1945- 46, RG 332, NA; The Times. 01Abr46; Brown, p. 767; CCG(BE) "Intelligence Review" n.º 13, Out46, pp.
9-11, FO 100/1700, PRO; MI-14 "Mitropa" n.º 18, 23Mar46, p. 7, FO 371/55630, PRO; USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary"
n.º 33, 28Fev46, pp. C16-C17 ; n.º 34, 07Mar46, pp. C16-C17, ambos em State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; The Stars and Stripes 31Mar46; 01Abr46; e ACC Report for the Moscow Meeting of the CFM, Fev47, Sect II
"Denazification", Part 9, p. 2, British Zone Report, p. 1, American Zone Report, p. 1, FO 371/64352, PRO. Houve algum diferendo entre
os serviços de inteligência, britânicas e estadunidenses, sobre a tendência para a sabotagem alimentada pela ala do movimento na Zona
Britânica. Os britânicos aceitaram as declarações dos conspiradores capturados de que proibiram a guerra clandestina entre os
seguidores, enquanto fontes estadunidenses afirmam que estes fizeram planos preliminares para acção directa. Anthony Cave Brown
sugere que pode ter havido ligação entre elementos que mais tarde surgiram na organização do Norte e a explosão em Jun45 da esquadra
da polícia em Bremen.
309
CCG (BE) Intelligence Division "Summary” n.º 12, 31Dez46, pp. 4-5, FO 1005/1702, PRO. Os soviéticos foram notificados em
Mar46 de que o HJ Werwolf tinha iniciado operações na zona soviética. The New York Times, 31Mar46.
310
The New York Times. 31Mar46; 01Abr45; 02Abr45; The Times. 01Abr46; 03Abr46; MI-14 "Mitropa" n.º 18, 23Mar46, pp. 7-8; n.º
19, 06Abr46, p. 6, ambos em FO 371 55630, PRO; CCG(BE) "Intelligence Review" n.º 13, Out46, p. 11, FO 100/1700, PRO; USFET
G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 33, 28Fev46, pp. C17- C20; Eucom "Intelligence Summary" n.º 1, 13Fev47, p. C19, ambos em
State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; The Stars and Stripes. 31Mar46; 01Abr46; 2Abr46; e

Página 1 de 144
sobreviveram à incursão “Viveiro” – sobretudo o mais notável grupo Scheswig, evacuado da
Prússia Oriental levantou o grupo de liderança HJ311 – mas em vários meses, acabariam por ser
neutralizados pelas autoridades ocupantes. Assim termina a última manifestação importante de
actividade baseada na organização Werwolf original e, portanto, o último lampejo do IIIº Reich.
Apesar deste remanescente pós-guerra quase bem-sucedido, deve-se reiterar que a maior parte
da Werwolf estava despreparada para o período pós-guerra e, portanto, tido como colapso geral.
Por outro lado – dado que a organização tinha mandato estrito de pré-capitulação – o
desempenho talvez não deva ser julgado pelo eventual colapso, pois a Werwolf nunca foi
planeada para operar em ambiente pós-capitulação. Considerado à luz de tarefa atribuída de
assediar a retaguarda inimiga, enquanto a Wehrmacht ainda estava em campo, a Werwolf obteve
resultados mistos. É verdade, as linhas de comunicação inimigas foram ocasionalmente
sabotadas, e os Soviéticos e Aliados ocidentais foram fortuitamente forçados a chamar homens
da frente para lidar com interrupções na retaguarda312: o Exército Vermelho, em particular, teve
que destinar quantidade considerável de soldados, para serviço de guarda a alvos industriais ou
militares valiosos capturados intactos, e imposto a formar "Suchkommandos" de 10 a 20 sujeitos
com o propósito de caçar guerrilheiros alemães313. Por outro lado, a Werwolf nunca conseguiu o
objectivo de Prützmann de promover a dita "melhoria radical" nos destinos militares da
Alemanha, e pode-se argumentar com razão, grande parte da ruptura na retaguarda dos exércitos
invasores foi na verdade causada por bandos desgarrados com pouca ou nenhuma conexão com
o organismo de Prützmann.
Portanto, é impossível não concluir que a Werwolf foi mal organizada e a maioria dos sucessos
limitados obtidos na guerra de guerrilha alemã apesar da organização e não por causa dela. Os
erros organizacionais básicos foram a falta de amplos poderes; a falta de líder competente; e
base burocrática insuficiente, sendo a última dos problemas a pior por deixar a Werwolf
impreparada para sobreviver no meio da batalha selvagem que surgira em 1944-45.
Em retrospectiva, parece que Himmler colocou a organização sob o canal de Comando no qual
teve a oportunidade de intervenções pessoais, mas, ao contrário de Churchill com os seus
comandos, ou John Kennedy com os Boinas Verdes, o Reichsführer não prestou a atenção
especial necessária para garantir o sucesso pleno de tal grupo. Numa nação cansada da guerra,
com falta de recursos, tempo e mão-de-obra – e sujeita à desintegração física pelos efeitos da
queda de bombas e exércitos inimigos invasores – tais problemas eram insuperáveis.
Mas poderia ter sido de outra forma? A natureza da ditadura de Hitler levou-a à confusão
burocrática, enquanto, ao mesmo tempo, o povo arrastado por seis anos de esforço debilitante
dificilmente suportaria mais destruição, particularmente a autodestruição. De qualquer forma,
esses elaborados esforços avançados para se preparar para a luta de guerrilha foram condenados
não só pela condição do Reich e o povo alemão, mas em primeiro lugar talvez tenham sido mal

Brown, pp. 767-770. Em conexão com a Operação Nursery, atiradores do Terceiro Exército dos EUA também invadiram um
aquartelamento alpino e um esconderijo próximo de armas usado pelo Werwolf clandestino.
311
CCG(BE) Intelligence Division "Summary" n.º 9, 15Nov46, p.2; n.º 12, 31Dez46, pp. 1-2, ambos em FO 1005/1702, PRO.
312
Lucas, Kommando. p. 331. Sobre um regimento do NKVD e algumas unidades pequenas de tropas de segurança foram transferidas
de Cracóvia para Pless, a fim de proteger a retaguarda soviética, vd. Abt. FHO (Ila) "Zusammenfassung der
Frontaufklarungsmeldungen”, 16Fev45, p.l, RH 2/2127, BMA. Sobre a retirada de unidades estadunidenses para controlar interrupções
na retaguarda, vd. SHAEF JIC "Political Intelligence Report", 14Abr45, p.l, WO 219/1700, PRO; Col. H.D. Kahn, US 9th Army 250 G-
2 to ACoS, SHAEF G-2, 28Mai45, W0219/1651, PRO; Col. H.G. Sheen, Office of ACoS SHAEF G-2 to British and American Political
Advisors and SHAEF JIC Secretary, 11Abr45, WO 219/1603, PRO; Dyer, pp. 392-393, 398; XX Corps: Assault Crossing of the Rhine
and into Germany (US Army, 1945), p.9; The Fifth Infantry Division in the ETO: Frankel e Smith, pp. 126-127; Koyen, p. 113; History
of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, pp. 110-111, NA; Binkoski and Plaut, pp. 329-330; Lt. Theodore Draper (1946), The 84th
Infantry Division in the Battle of Germany, NY, Viking, pp. 338-339; Conquer: The Story of the Ninth Army. pp. 306-308; Huston, pp.
258-259; With the 102d Infantry Through Germany. ed. Maj. Allan Mick, Washington, Infantry Journal Press, 1947), pp. 211, 217-220;
The Times. 21Abr45; 23Abr45; The New York Times. 20Abr45; 22Abr45; 23Abr45; e SHAEF PWD Intelligence Sect. "Citizen's
Security Organization in Hildburghausen, Thueringen", 23Mai45, OSS 131771, RG 226, NA.
313
Chuikov, p. 187; Sig. illegeable, "Kockendorf", 13Abr53, Ost. Dok. 2/1, BA; e Pastor Weichert, "An der grossen und kleinen
Brennpunkten der Schlesischen Kirche vom 25.5.1943 bis 31.12.1946", p. 6, Ost Dok. 2/177, BA. Pela necessidade de estacionar fortes
destacamentos de guarda do Exército Vermelho na retaguarda, vd. The Christian Science Monitor. 12Fev45; e Lt. Gen Ludnikov,
"Befehl fur den Truppen der 39. Armee" n.º 05/011 (Germ, transl.), 6 Feb, Records of OKW, Microcópia n.º T-78, Rolo 488, fotogramas
6474409-6474410, NA. Sobre os esforços soviéticos para vasculhar as florestas na retaguarda, vd. SD Report, "Verhalten der Sowjets in
den von ihnen besetzten Gebeiten des Gaues Mark Brandenburg", 20Fev45; "Auszug aus Schilderungen des Meisters d. Gen. d.
Friedrich Riekeheer - Verhaltnisse hinter des Sowj. Front "11Mar45, ambos em RH 2/2129, BA; e Conde Hans von Lehndorf (1963),
East Prussian Diary, London, Oswald Wolff, pp. 76, 114.

Página 1 de 144
concebidos. Os britânicos tinham experimentado dificuldades consideráveis com o mesmo
assunto em 1940 e, nos casos da Jugoslávia e da União Soviética, os planos permanentes de
actividade de guerrilha na retaguarda de um exército invasor tiveram pouco impacto no curso
efectivo da guerra paisana. Exemplo adequado no contexto alemão foi a configuração
geográfica da actividade guerrilheira dentro do Reich em colapso: embora a Werwolf estivesse
melhor preparado para a guerra de guerrilhas na Renânia, a área entre o Reno e o Elba que se
tornou mais um problema para as forças aliados, principalmente porque os retardatários e
bandos de HJ foram capazes de explorar as características do terreno adequadas, e porque a
população tendia a ser mais hostil do que em áreas mais a Oeste314.
Além de preparar esconderijos de armas e depósitos de suprimentos, pode-se argumentar que
uma potência em retirada pode fazer pouco para incentivar o tipo de actividade que deve, pela
própria natureza, emanar de fontes populares (embora possa ser organizada posteriormente). Os
Líderes de sabotagem escreve uma autoridade, "são menos chefes no sentido militar do que
chefes de tribos populares. Devem surgir do povo...315 Isso não é para argumentar que a
actividade de guerrilha não possa ser encorajada – estilo SOE – mas as burocracias elaboradas
destinadas a "semear" a guerra paisana são de pouca utilidade.

314
Sobre referência a vários retardatários e bandos da HJ na Alemanha Central (não incluindo grupos retardatários pelos Alpes, Harz,
Schwarzwald e Segeberg Forest), vd. Lord Ogmore, "A Journey to Berlin, 251 1944-45 - Part II”, in Contemporary Review. Vol. 206,
n.º 1189 (Fev65), p. 89; Kemsley e Riesco, pp. 203, 209, Flower, pp. 328, 332, 353; Lt. Commander P.K. Kemp (1960), The Red
Dragon: The Story of the Roval Welsh Fusiliers. 1919-1945, Aldershot, Gale & Polden, pp. 271-272; Orde, p. 490; Swift and Bold: The
Story of the King’s Roval Rifle Corps in The Second World War, ed. Maj. Gen. Sir Herewood Wake e Maj. W.F. Deedes (1949),
Aldershot, Gale & Polden, p. 335; History of the East Lancashire Regiment in the War. 1939-1945. p., 204; Gates, p. 202; George Blake
(1950), Mountain and Flood: The History of the 52nd, (Lowland) Division. 1939-1946, Glasgow, Jackson & Son, p. 190; The New York
Times. 03Abr45; 04Abr45; 26Abr45; FHO (Ila) "Zusammenstellung von Chi-Nachrichten" n.º 1023, 05Abr45, Records of OKH,
Microcópia T-78, Rolo 496, fotograma 6484378, NA; Historical and Pictorial Review of the 28th Infantry Division, Halle, USArmy,
(1945), pp. 41- 42; Conquer: The Story of the Ninth Army. p. 275; Leo Hoegh e Howard Doyle (1946), Timberland Tracks: The History
of the 104th Infantry Division. 1942-1945, Washington, Infantry Journal Press, pp. 303- 305; Charles B. MacDonald (1978), Company
Commander, NY, Bantam, pp. 225-226; Sayward Farnum (1946), "The Five by Five": A History of the 55th Anti-Aircraft Artillery
Automatic Weapons Battalion, Boston, Atheneum, p. 37; History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, pp. 16, 31-32, 64-65; A
History of the 90th Division in World War II, USArmy, 90th Div., 1945), p. 78; Wallace, p. 188; Nathan White (1947), From Fedala to
Berchtesaaden: A History of the Seventh United States Infantry in World War II, Brockten, Mass., 7th US Inf. Regt., pp. 257, 260;
Draper, pp. 236-237; Huston, p. 258; SHAEF G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 57, 22Abr45, Part I, WO 219/5170, PRO; 12
AG, Mobile Field Interrogation Unit n.º 4, PWQ Intelligence Bulletin n.º 4/2, Annex "Notes on Werwolf", 07Mai45, pp. 16-17, OSS OB
27836, RG 226, NA; With the 102d Infantry Through Germany, p. 235; SHAEF PWD Intelligence Sect., "Citizen’s Security
Organization in Hildburghausen, Thueringen", 23Mai45, OSS 131771, RG 226, NA; 21 AG "Weekly Cl News Sheet", n.º 20, p. 3, IRR
File 252 XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e US 3rd Army G-2 "Interrogation Report" n.º 26, 2Ago45, p. 6, OSS
XL 15457, RG 226, NA. Lista semelhante a mencionar grupos de intercepção e bandos retardatários na margem Ocidental do Reno é
muito mais curta: US 1st Army G-2 "Periodic Report" n.º 262, 27Fev45, p. 2, OSS OB 25552, RG 226, NA; Ralph Mueller and Jerry
Turk, Report after Action: The Story of the 103rd Infantry Division, Innsbruck, 103rd Inf. Div., 1945), pp. 110-111; The Times. 6Mar45;
e Koyen, p. 103.
315
Col. F.O. Miksche, apud. in Ladislas Farago, Spymaster, NY, Warner, 1962), pp. 192-193.

Página 1 de 144
O RSHA e a Werwolf

Recorde-se quando a Werwolf formada em Set44, parte do programa paisano estava reservado
ao RSHA. Depois de convocar a reunião de altos líderes da SS em meados de Setembro,
Himmler distribuiu a própria versão da "Carta" da SOE de 1940, afirma que o Amt VI do RSHA
era responsável pela organização e liderança de movimentos de resistência estrangeiros
constituídos por pró-alemães, em territórios ameaçados ou evacuados316. O memorando
posterior (datado de 12Nov44) deixou claro que o Amt VI deveria estabelecer ligações com
grupos antissoviéticos existentes na Frente Oriental – em particular Polónia, Ucrânia, Lituânia e
interior soviético – e as FAK e os serviços de inteligência do Grupo de Exércitos nesse
momento tinham estabelecido contacto com organizações como o Exército Paisano Ucraniano
(UPA)317. O Amt VI foi imediatamente responsável por todas as operações na retaguarda das
linhas na Frente Oriental318.
O Werwolf, por outro lado, estritamente limitado à actividade dentro do Reich, embora as
equipas de sabotagem Werwolf Gruppen e HJ funcionavam em áreas periféricas como Alsácia-
Lorena319, Eupen-Malmedy320, Sudeste dos Países Baixos321, Schleswig dinamarquês322, Tirol
Sul323, Norte da Eslovénia324, Boémia325 e o enclave ocidental húngaro de Sopron326. Como
originalmente concebido, no entanto, a linha divisória entre os dois serviços era bastante clara: a
Werwolf funcionava dentro dos limites do Grande Reich, enquanto o programa de guerrilha Amt
VI teve influência em territórios estrangeiros.

316
H. Himmler to O/Gruf. Kaltenbrunner, 16Set44, Records of the Reich Leader of the SS and Chief of the German Police, Microcópia
n.º T-175, Rolo 122, fotogramas 2648214-2648215, NA.
317
OKH Gen. St. d. H/Op. Abt./Fest "Kampf in Rucken des Feindes", 12Nov44, RH 2/1929, BMA; e Ultra Document HP 7004,
18Nov44, Ultra Micf. Coll., Rolo 50.
318
Cookridge, p. 93.
319
Extracto do 12th AG, Interrogation of H. Kaleske, 12Jun45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e
USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 9 - H/Stuf. H. Gerlach", 11Ago45, p. 9, OSS XL 13744, RG
226, NA. Sobre os vários círculos alsacianos e a presença sugerida da equipa especial de atentados em Schirmecht, vd. History of the
Counter Intelligence Corps. Vol. XVII, pp. 480-50, 52, NA; e Five Years - Five Countries - Five Campaigns, ed. CIifford Peek,
Munich, 141st Inf. Regt. Assn., (1945), p. 89. Segundo o relatório francês, a intenção original para estabelecer paisanos na Alsácia-
Lorena foi prejudicada pelo receio na OKW que as armas disponíveis para tal propósito podia voltar-se contra o Reich devido à
hostilidade da população local. Hugonnet, p. 58.
320
Sobre a actividade das unidade de retardatários da HJ em Eupen-Malmedy (tb. na Alsácia), vd. PID "Background Notes", 17Jan45,
FO 371/46789, PRO; History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XVIII, pp. 14, 18, 20-21, 47, 56-57, 064, 81, 95-97, 101-102, NA;
21st AG "CI News Sheet" n.º 23, Jan45, p. 8, WO 205/997, PRO; e The Stars and Stripes. 12Jan45.
321
Rose, pp. 299-300.
322
Sobre descrição da rede activa da Werwolf no Sul da Dinamarca em 1945-46, vd. SSU, WD Mission to Germany, Report n.º H-10,
"Werewolf Activities in Denmark", IRR File "Werewolf Activities Vol. I", XE 049 888, RG 319, NA; The Stars and Stripes. 12Fev46;
Intelligence Div., Office of Naval Operations "Intelligence Report", 12Fev46, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; e The News Chronicle (London), 09Fev46.
323
Direction Générale des Études et Recherches, "Bulletin de Renseignements - Allemagne: Werwolf", 23Jun45, pp. 1-2, P7 125,
SHAT; CSDIC "The Werwolf Organisation", 10Jun45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; 5th Army G-2
"General Security Report", 4Set45, p. 3, WO 204/805, PRO; e German Directorate "Weekly Intelligence Summary" n.º 36, 11Jul45, p.
1, OSS 140955, RG 226, NA.
324
CX Report, 16Jun45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; 5 Corps "Weekly Intelligence Summary" n.º
3, 25Jul45, Appendix "A", FO 1007/299, PRO; e AFP Bulletin, "Decouverte d'une organisation Nazi en Carinthie", 19Jul45, 7P 125,
SHAT.
325
Sobre os relatórios dos esforços organizacionais da Werwolf e actividade na Boémia, em particular nas Região dos Sudetas, vd.
Wilhelmine Hoffmann, "Bericht IIber meine Erlebnisse in Sudetenland", 1956-57, pp. 5-6, Ost. Dok. 2/279, BA; MI-14 "Mitropa" n.º 2,
11Ago45, p. 2; n.º 3, 25Ago45, p. 4; n.º 5, 22Set45, p. 4, todos em FO 371/46967, PRO; Dokumente zur Austreibung der
Sudetendeutschen. ed. Wilhelm Turnwald, (München, der Arbeitsgemeinschaft zur Wahrung sudetendeutscher Interessen), p. 237;
Tauber, pp. 1004, 1040-1041; The Globe and Mail. 12Jul45; USFET Interrogation Center "Final Interrogation Report (FIR) n.º 06 - Karl
Frank", 07Jul45, pp. 06-7, OSS 138456, RG 226, NA; M.R. Myant (1981), Socialism and Democracy in Czechoslovakia. 1945-48,
Cambridge, Cambridge UP, p. 065; Thorwald, p. 232; PID "News Digest" n.º 1763, 21Mai45, p. 17, Bramstedt Collection, BLPES;
History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XXVI, p. 77, NA; The Times. 28Jul45; 07Ago45; Christian Science Monitor. 25Jul45;
09Out45; "Bulletin of the Czechoslovak Ministry of Information11 n.º 8, 18Ago45, p. 4, State Dept. Decimal File 1945-49, 850F.00,
R659, NA; AFP Bulletin "Découverte d'une organisation 'Werwolf' dans les Sudetes", 13Jul45; AFP Bulletin "L'Activite du 'Werwolf'
dans les Sudetes", 16Jul45, ambos em 7P 125, SHAT; The New York Times. 29Jul45; 30Jul45; 03Ago45; 4Ago45; "Erlebnisbericht des
Landrates a. D. Dr. Karl Utischill in Lindau", c. 1950, p. 3, Ost Dok. 2/263, BA; Amb. L. Steinhardt, Prague, "Summary of Political
Events, 25 July-31 July", p. 3; USFET G-5 "Political Intelligence Letter' n.º 1, 03Ago45, p. 06, ambos em State Dept. Decimal File
1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 12, Summary n.º 304, 1Ago45,
p. 5; War and Peace Aims of the United Nations, ed. Louise Holborn, Boston, World Peace Foundation, (1948), Vol. II, p. 1048;
Wiskemann, p. 102; Lucas, pp. 199, 201; e Drska, pp. 55, 58-59, 062-68.
326
USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 06 - Walter Schimana", 31Jul45, p. 3, OSS 142090, RG
226, NA.

Página 1 de 144
A principal figura dentro do RSHA incumbida dessa nova responsabilidade organizacional era o
vienense Otto Skorzeny, muito mais eficiente do que o seu camarada à frente do Werwolf.
Nascido em 1908, Skorzeny ingressou no Partido Nacional-Socialista austríaco em 1930 e na
Waffen-SS uma década depois, embora em desacordo com a arregimentação e disciplinarismo
tradicionais das Forças Armadas alemãs. Embora licenciado por doeça no final de 1942, em
aparente revés na carreira, por causa de cálculos biliares, na verdade, sorte do destino, deixou-o
disponível em Berlim no momento em que Hitler pressionava por equivalente alemão ao corpo
comando britânico. O nome Skorzeny foi proposto por um conhecido da universidade e, em
Abr43, foi encarregue da organização da nova unidade de sabotagem SD-Ausland, a chamada
"Formação Friedenthal". A sua reputação disparou por causa da famosa operação de resgate de
Mussolini em Gran Sasso – embora a maior parte do planeamento tenha sido feita por pára-
quedistas da SS e da Luftwaffe – e o novo prestígio elevou-o ainda mais pelo comportamento
leal e eficiente durante a tentativa de golpe de 20Jul327. Assim, quando a liderança nazi procurou
organizar o grande programa de guerrilha em territórios evacuados, naturalmente voltaram-se
para esse aparente homem prodígio, principalmente porque tentou em mãos tais assuntos pelo
envio de comandos para o Irão328.
Assim munido da directriz para incendiar a Europa, Skorzeny e fiéis comissários,
Sturmbannführers Radi e von Folkersam, começaram a tarefa de criar o equivalente alemão à
SOE329. Com efeito, a Divisão Branderburgo tinha na ocasião atribuído falantes de línguas
estrangeiras para cumprimento de tal esquema, e durante o Verão de 1944 criaram a base da
estrutura para a série de patrulhas regionais – i.e., grupos de permanência na retaguarda
destinados a preparar as populações de territórios evacuados para a resistência guerrilheira e
facilitar a operação de destacamentos de ataque do Branderburgo a serem enviados do território
controlado pela Alemanha330. Após a dissolução da Abwehr, essas estruturas do Streifkorps
foram incorporados por Skorzeny e formados nos quatro batalhões regionais das SS-
Jagdverbände (Unidades de Caça[dores]) – Ost (cobria a União Soviética e a Polónia); Norwest
(Norte da Europa); Südwest (Europa Ocidental); e Südost (Balcãs, Eslováquia e Hungria). A
Formação SS-Friedenthal foi convertida em unidade núcleo central, Jagdverband Mitte, que
formou a Guarda Pretoriana para o Chefe comando. A organização Skorzeny incluía um
batalhão especial de pára-quedistas SS; QG em Viena para sabotagens nos Balcãs (Dienstelle
2000); além da organização especial da força aérea chamada Kampfgeschwader 200, que
permaneceu sob supervisão formal da Luftwaffe, mas controlava esquadrões especiais que
serviam a Jagdverbände, usando Heinkels e aeronaves inimigas capturadas para lançar
sabotadores alemães atrás das linhas inimigas331.
Os componentes de trabalho reais do Jagdverbände eram do tamanho de pelotão
"Jagdkommandos", que por sua vez agrupados em companhias sub-regionais chamadas
Jagdeinsatz (v.g., Jagdeinsatz italiana, Jagdeinsatz búlgara, Jagdeinsatz báltica, etc.). Cada
Jagdeinsatz consistia de três a oito companhias comando e um Estado-maior central, enquanto

327
Sobre a carreira de Skorzeny, vd. Infield (1957), Skorzeny; Otto Skorzeny, Skorzeny’s Special Missions, London, Robert Hale,; e
Foley.
328
Sobre as actividades no Irão do SD-Ausland e Abwehr, vd. Foley, pp. 55-56; Mader, Hitlers Spionage Générale sagen aus. pp. 324-
325, 348-349, 351-354, 370-371, 380-381, 388; Leverkeuhn, pp. 9-10; Keith Eubank (1985), Summit at Tehran, NY, William Morrow,
pp. 191-194; e MID Military Attaché Report from CAP Edwin Wright, G-2 USA FIME, 07Jul43, OSS 40955, NA. Sobre fontes de
ataques atentados contra a Terceira Grande Conferência em Teerão (Operação "Long Jump"), incluindo a menção do breve
envolvimento de Skorzeny, vd. Alexandrov, pp. 316-324; Erickson, The Road to Berlin, pp. 149-154; e A. Lukin (1970), "Zagover ne
Sostoyalsya", in Front bez linü Fronta, Moscow, Moscovskni Rabochni, pp. 328-349.
329
Von Folkersam assumiu o comando do Jagdverband Ost em Jan45, e posteriormente desapareceu depois de ficar preso atrás das
linhas soviéticas. Foi substituído pelo Obersturmführer Walter.
330
Spaeter, pp. 415-416, 487-501.
331
Military Intelligence Service in Austria, "First Detailed Interrogation Report - Girg, Walter", 22Jan46, pp. 3-4, OSS XL 41372, NA;
21 AG "CI News Sheet" n.º 24, 27Jun45, Part II, Appendix "C", WO 205/997, PRO; German Military Intelligence, 1939-45. pp. 306-
307; Rose, pp. 204-206; e Korovin e Shibalin, p. 104. De acordo com Otto Heilbrunn, cerca de 1.800 Oficiais e soldados Brandemburgo
foram transferidos para as formações de Skorzeny, enquanto Helmuth Spaeter coloca o número em 350. Heilbrunn, p. 064; e Spaeter, p.
501. Vd. tb. Kriegsheim, pp. 273, 305-306, 315. Sobre a História e composição da Kampfgeschwader 200, vd. Lucas, Kommando, pp.
281-304; The Stars and Stripes. 09Fev47; Air P/W Int. Unit, 1st Tact. AF, "Interrogation Report on Survivors of German Crew which
Flew a Captured B-17 Shot Down at 0615 Hours, 3Mar45, near Luvigny, France", 06Mar45, OSS 120249, RG 226, NA; Kahn, pp. 285-
286; Ultra Document BT 4583, 11Fev45, Ultra Micf. Coll., Rolo 061; e 15 AG "Notes on Counter Intelligence in Italy" n.º 8, 10Abr45,
p. 2, WO 204/822, PRO.

Página 1 de 144
Mitte era composto por três companhias de infantaria mais uma unidade blindada de
reconhecimento. Embora Skorzeny recebesse permissão de recrutar até 5 000 homens, só o Mitte
conseguiu alcançar a dotação completa até finais de 1944, enquanto os quatro batalhões
regionais estavam aproximadamente 70% completos332. A julgar pelos números disponíveis,
parece que o tamanho individual do bando Jagdverband variou de 400 a 600 homens333.
Em termos de organização, o Jagdverbände estava obviamente em posição mais forte do que a
Werwolf devido ao facto de os componentes regionais não serem meramente quase dependentes
a uma Inspectoria, mas subordinados directos perante Skorzeny, que por sua vez, tinha acesso
directo a Hitler. Além disso, o Jagdverbände beneficiou da inclusão no RSHA e do acesso
inerente às mesmas fontes de abastecimento e mão-de-obra disponíveis para os predecessores, a
Formação SS-Friedenthal e a Divisão Brandenburgo. Obviamente, essas vantagens
enfraqueceram-se na Primavera de 1945 – quando os recursos se esgotaram e as comunicações
falharam334 – mas esses golpes derradeiros foram causados pelo menos pelo progresso da guerra
e não pelo tipo de estultícia burocrática que enfraqueceu artificiosamente a Werwolf.
É importante notar que as unidades de Skorzeny eram compostas do melhor elemento humano
do que as fileiras de indivíduos inexperientes, hipócritas ou desesperados que foram forçados a
entrar na Werwolf. Em vez disso, muitos membros da Jagdverbände foram legados pelas
organizações-mãe e, tendo sido recrutados no auge do sucesso da Wehrmacht, eram expressões
de vitória e não de derrota alemã. Embora seja verdade percentagem considerável desses
indivíduos eram soldados da fortuna não-alemães, as convicções políticas pró-nazis eram
apoiadas por fortes factores psicológicos, como o orgulho de pertencer a unidades de elite e um
ethos de profissionalismo militar.
O Jagdverbände possuía algumas vantagens tácticas sobre a Werwolf, como o maior tamanho e
mobilidade dos grupos de ataque, enquanto grupos da Werwolf Gruppen eram pequenos e
geralmente ligados aos abrigos subterrâneos atrás das linhas335. Os grupos de ataque
Jagdverbände eram destacamentos do tamanho de pelotão que se infiltravam no território
inimigo – muitas vezes vestidos com roupas civis ou uniformes inimigos – e acampavam em
áreas arborizadas por períodos de até quatro semanas. Cada Trupp dividido em quatro esquadras
de seis homens funcionavam independentes, a menos que compenetrados num alvo principal, e
geralmente operavam assentes em informações fornecidas por colaboradores locais336. O KG
200 também facilitou esse trabalho, lançando mais de 600 comandos na retaguarda inimiga
durante os últimos oito meses da guerra337, alguns provocadores antissoviéticos vestidos com
uniformes estadunidenses338. Tal actividade desmente vários trabalhos publicados onde
implicam que a força de Skorzeny estava mal aproveitada; em vez disso, é provável muitas
dessas missões não fossem registadas porque os elementos assim mobilizados encontravam o

332
Military Intelligence Service in Austria "First Detailed Interrogation Report - Girg, Walter", 22Jan46, pp. 3, 5-6, OSS XL 41372, NA.
333
Karl Radi refere o número de 500 para Südost; Walter Girg afirma que Mitte tinha a força unitária de 400 unidades no final de 1944;
Os números calculados a partir do relatório do interrogatório de Hans Gerlach mostram uma reserva de mão-de-obra de pelo menos 500
a 600 para Südwest. Vd., respectivamente, 21 AG "CI News Sheet" n.º 24, 27Jun45, Part II, Appendix "C", WO 205/997, PRO; Military
Intelligence Service in Austria "First Detailed Interrogation Report - Girg, Walter", 22Jan46, p. 3, OSS XL 41372, PRO; e USFET
Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 9 - H/Stuf. Hans Gerlach", 11Ago45, p. 3, OSS XL 13744, RG 226,
NA. Os números de Radi – 90 homens cada um no Südwest e Ost e 120 no Nordwest – parecem irrealisticamente baixos, e mesmo o
número de 500 para Südost é baixo, considerando que este Jagdverband incluía oito Jagdeinsatz separados.
334
British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 9, 31Ago45, pp. 9-10, FO 1007/300, PRO. Acerca das reclamações
sobre escassez de recursos, principalmente no início e final da existência da Jagdverbande, vd. USFET Interrogation Centre
"Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 9 - H/Stuf. Hans Gerlach", 11Ago45, p. 15, OSS XL 13744, RG 226, NA; e USFET MIS
Center, "CI-IIR/42 - H/Stuf. W. Kirchner", 3Jan46, p. 4, OSS XL 40257, RG 226, NA.
335
Memo by Genlt. Winter, WFST. /Op. (H)/1a to Chef WFST. Stellv., Chef OP (H), Ia, Ic, Qu, 28Fev45, RW 4/ v. 702, BMA.
336
Military Intelligence Service in Austria, "First Detailed Interrogation Report - Girg, Walter", 22Jan46, pp. 2-3, OSS XL 41372, NA.
Sobre operações do Jagverbande em uniformes inimigos, vd. USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º
9-H/Stuf. Hans Gerlach", 11Ago45, p. 13, OSS XL 13744, RG 226, NA; e History of the Counter Intelligence Corps. Vol XX, pp.
14,70, NA.
337
The Stars and Stripes. 09Fev47.
338
Sobre o relato em segunda mão, vd. Maschmann, p. 170. No final da guerra, a inteligência soviética detectou um bando da SS na
floresta perto de Barth, na costa do Báltico, aparentemente a instigar ao estilo Jagdverbande – v.g., o grupo pretendia atacar
acampamento próximo de prisioneiros de guerra estadunidenses e canadianos libertados vestidos com uniformes soviéticos. O bando foi
eliminado por unidades soviéticas no início de Mai45. (1981), Soviet Generals Recall World War II, ed. Igor Vitukhin, NY, Sphinx, p.
xiv. 316.

Página 1 de 144
destino em bolsas de resistência isoladas e, portanto, não voltavam para contar a história339. Em
qualquer caso, é notável que a Inteligência Aliada tenha notado este aumento na sabotagem
assim que as Jagdverbände foram activadas340.
Além de grupos de ataque, a principal actividade da Jagdverbände-FAK era estabelecer campos
de treino para guerrilheiros estrangeiros e a colocação de depósitos de recursos para esses
grupos activos em território inimigo; as FAK, v.g., colocaram literalmente milhares de
esconderijos de abastecimentos na Europa do Oeste e do Leste341. No entanto, tal como todos os
desenvolvimentos na guerrilha alemã, o processo de apoio aos paisanos estrangeiros foi muito
desconfortável pelas rivalidades interserviços, neste caso entre a nova Jagdverbände que
estavam sob ferro e fogo nazi, e as evanescentes FAK, que mantinham um pouco do ainda
espírito da Abwehr. Os Oficiais da FAK tendiam a considerar os homólogos do Amt VI como
diletantes e submissos burocratas acríticos sem qualquer compreensão da guerra paisana e,
portanto, mereciam ser excluídos de vários programas e manobras; na França, v.g., Oficiais da
FAK recusaram alegremente ao Jagdverband Südwest usar qualquer um dos mil depósitos de
sabotagem constituídos antes da retirada alemã.
A Leste, ex-Oficiais da Abwehr sentiram que o RSHA contribuiu em muito para a alienação
deliberada de grupos nacionalistas independentes – como a UPA e o AK – que a Abwehr
esperava converter num curso pró-alemão. De facto, houve vários casos na Frente Oriental em
que os grupos armados militares e de defesa que as SS estavam a perseguir simultaneamente. O
confronto mais declarado ocorreu na Letónia no final de 1944, quando a Waffen-SS e a
Jagdverband Ost aparentemente inspiraram a tentativa desastrada de alemães de "impor" à força
membros de grupo paisano letão semi-independente – a organização "Kurelis" – que antes tinha
estabelecido estreita relação de trabalho com FAK 212. No processo, todo o programa de
guerrilha letão foi arruinado, e as relações alemãs com os nacionalistas letões em geral foram
tumultosas até o final da guerra342.
Na Europa do Leste, no entanto, o programa de guerrilha sofria de problemas ainda piores do
que a luta interna organizacional, pois todo o esforço foi assente na suposição falaciosa de
colaboradores pró-alemães possuir realmente grande atractivo, ou pelo menos tal chamamento
se desenvolver por vários regimes democráticos provisórios mostrarem-se incapazes de parar o
comunismo ou manter a ordem. Os comandos franceses e italianos activamente treinados para
acções de sabotagem na retaguarda aliada, mas geralmente eram capturados rapidamente uma
vez lançados ou infiltrados nas linhas de frente, processo repetido que eventualmente levou os
serviços de inteligência Aliadas perguntavam-se por que o RSHA se incomodou com o
esforço343. Claro, houve alguns sucessos isolados: na França, alguns grupos "White Maquis"

339
Heilbrunn, p. 067. As unidades de ataque Jagdverband em princípio eram concebidas a retornar às linhas alemãs, embora em 1944,
quando a liderança nazi se inspirou no exemplo das unidades kamikaze japonesas, a OKW introduziu o princípio de "Totaleinsatz" – i.e.,
missões altamente perigosas para voluntários que tinham pouca probabilidade de sobrevivência. Military Intelligence Service in Austria
"First Detailed Interrogation Report - Girg, Walter", 22Jan46, p. 10, OSS XL 41372, NA; e Baumbach, pp. 268-269.
340
21 AG "CI News Sheet” n.º 10, 22Nov44, Part III, p. 13, WO 205/997, PRO.
341
Sobre o trabalho FAK no estabelecimento de esconderijos de provisão secretos, vd. 21 AG "CI News Sheet" n.º 25, 13Jul45, Part III,
pp. 13-14, W0205/997, PRO; 5th Army G-2 Sect. Interrogation Center, Report n.º 1135, 21Jun45, pp. 3, 5, 9-10, OSS XL 11790, RG226,
NA; The Stars and Stripes. 31Mai45; e CSDIC/WEA BOAR "Interim Report on Obit. Helmut CIissmann" IR n.º 43, 15Nov45, pp. 3-4,
ETO MIS-Y-Sect. CSDIC(UK) Interim Interrogation Reports 1945-46, RG 332, NA.
342
German Military Intelligence. 1939-1945. p. 45, 290; USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 9 -
H/Stuf. H. Gerlach", 11Ago45, p. 14, OSS XL 13744, RG 226, NA; e Lt. Hasselmann, Truppenführer FAK 212, "Lage-Bericht",
23Nov44, pp. 3-9, RH 2/2129, BMA. Sobre menção da tensão entre SD-Ausland e ex-elementos da Abwehr no Norte da Itália,
presumivelmente por causa da tentativa do primeiro converter operações de sabotagem em exercícios políticos, vd. 5th Army G-2 Sect.
Interrogation Center, Report n.º 1135, 21Jun45, p. 9, OSS XL 11790, RG 226, NA. É interessante notar as facções antinazis dentro da
Abwehr tentaram forjar ligações com alguns grupos de resistência nacionalistas na Europa Oriental e França, embora muito pouco se
saiba sobre essa actividade. Harold Deutsch, "The German Resistance: Answered and Unanswered Questions", in Central European
History. Vol. XIV, n.º 4 (Dez81), p. 327. 317
343
Jacques Delarue (1987), The Gestapo: A History of Horror, NY, Paragon, p. 335; J. Delperrie de Bayac (1985), Histoire de la Milice,
Verriers, Marabout, Vol. II, pp. 295-296; David Littlejohn (1972), The Patriotic Traitors: The History of Collaborationism in German-
Occupied Europe. 1940-45, Garden City, Doubleday, p. 284; Dieter Wolf (1967), Die Doriot Bewegung, Stuttgart, Deutsche Verlags-
Anstalt, p. 296; SHAEF JIC (45) 5 (Final) "The Activities of the German Intelligence Service in France and Belgium", 0745, p. 2, WO
219/1700, PRO; The Overseas Targets: War Report of the OSS, NY, Walker, 1976), p. 250; AAI "Notes on CI in Italy", 27Out44, p. 3,
WO 204/831, PRO; AAI "Notes on CI in Italy", 28Nov44, p. 3; n.º 06, pp. 1-2; n.º 8, 10Abr45, pp. 1, 3, todos em WO 204/822, PRO;
History and Mission of the Counter Intelligence Corps in World War II. pp. 32-33; 426 CIC Det. "Monthly Information Report",
01Mai45, p. 2, WO 204/805, PRO; Rose, p. 148 - Ultra Document HP 3194, 13Out44, Ultra Micf. Coll., Rolo 45; Robert Aron (1958),
The Vichy Regime. 1940-44, London, Putnam, pp. 510-512; e Leverkeuhn, p. 062.

Página 1 de 144
foram reforçados por armas e pára-quedistas alemães lançados do ar, e mantiveram presença
espantosa em várias cadeias de montanhas do Sul; enquanto na Itália, agentes alemães foram
atribuídos por terem ajudado a provocar a revolta anti-recrutamento que abalou a Sicília no
Inverno de 1944-45344. Havia ainda alguma suspeita por parte das autoridades Aliadas de os
comandos franceses e belgas receberam ordens apoiar as contra-ofensivas das Ardenas e da
Alsácia no final de 1944345.
Foi no Leste, no entanto, que os esforços para estimular a guerrilha renderam dividendos
deveras consideráveis, mesmo apesar da falta de amizade entre as organizações de controlo
alemãs que apoiavam tal actividade. Um relatório alemão, v.g., observou que nada menos que
600 ataques de guerrilha antissoviética foram lançados no Oeste da União Soviética durante a
segunda metade de 1944, e outro relatório de inteligência em Fev45 observou que as linhas de
comunicação soviéticas foram tão acossadas e interrompidas que o Exército Vermelho estava
com dificuldade em reabastecer as suas forças na frente346. Ao longo da linha de batalha, as
unidades Jagdverbände e FAK treinaram comandos anticomunistas e enviados – ou deixados –
na retaguarda inimiga347, especificamente na Ucrânia348, Bielorrússia349, Polónia350, Estados
Bálticos351, Hungria352, Roménia353, Bulgária354, Grécia355, Croácia356e Sérvia357; de facto, toda

344
Fontes sobre o "White Maquis", o "Blue Maquis", e "Freikorps Frankreich", vd. FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol.
10, 08Nov44, Summary n.º 266, p. 2; SHAEF PWD Report, "Perpignon and the Spanish Border", 24Nov44, pp. 1-4, OSS XL 2356, RG
226, NA; OSS Report from France, FQ-132, 25Nov44, OSS L 50164, RG 226, NA; 5th Army G-2 Sect. Interrogation Center, Report n.º
1135, 21Jun45, pp. 7, 8-9, 15, 21, OSS XL 11790, RG 226, NA; USFET Military Intelligence Center "Intermediate Interrogation Report
(IIR) n.º 14 - Obst. Kurrer", 17Ago45, OSS XL 15372, RG 226, NA; USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report
(IIR) n.º 9 - H/Stuf. H. Gerlach", 11Ago45, pp. 12, 18, OSS XL 13744, RG 226, NA; The New York Times. 30Out44; 10Dez44; e
21Jan45. Sobre o envolvimento alemão na revolta contra o recrutamento na Sicília, vd. Stato Maggiore Generale, 808° Battaglione CS
"Rapporto Situazione del Mese di Gennaio, 1945", OSS XL 8290, RG 226, NA; C.R.S. Harris, Allied Military 318 Administration of
Italy. 1943-1945, London, HMSO, 1957), p. 221; e The New York Times. 01Fev45.
345
Gouvernement Militire de Lyon & 14° Region 2° Bureau "Renseignements sur l’Allemagne", 13Jan45, p. I, 7P 125, SHAT; 21 AG
"CI News Sheet" n.º 14, Jan45, Part III, p. 06, WO 205/997, PRO; PID "Background Notes", 17Jan45, FO 371/46789, PRO; Willem
C.M. Meyers, "La 'Vlaamse Landsleidung'", in Cahiers d'Histoire de la Seconde Guerre Mondiale n.º 2 (Out72), p. 266; The New York
Times. 18Dez44; 20Dez44; 23Dez44; e 24Dez44.
346
OKH/FHO "Zusammenstellungen von Meldungen IIber national-ukrainische (UPA), national-polnische und sowjet feindliche
Banden im ruckwartigen Feindgebeit", Records of OKH, Microcópia n.º T-78, Rolo 675, fotogramas 494-1109, NA; e A. Dorner, Hoh
Pi Fhr. Ung. Roem Eins C/AO to OKH/FHO, 07Mar45, RH 2/2006, BMA.
347
Ilya Dzhirkvelov (1988), Secret Servant: Mv Life with the KGB & The Soviet Elite, NY, Touchstone, pp. 34-35; e "Memorandum of
Conference with Marshal Stalin, 15Jan45", David Irving, Papers Relating to the Allied High Command. 1943/45. Rolo n.º 4. Estaline, ao
falar a um grupo de Generais britânicos e estadunidenses, observou "que os alemães, quando expulsos do território ocupado,
invariavelmente deixavam para trás agentes de origem letã, lituana, polaca, romena e ucraniana... Os agentes foram surpreendentemente
bem treinados e organizados e bem equipados com aparelhos rádio".
348
FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. II, Summary n.º 292, 09Mai45, pp. 06-7; Armstrong, Ukrainian Nationalism, p.
292; Lucas, Kommando. p. 286; 21 AG "CI News Sheet", n.º 27, 14Ago45, Part III, p. 06, WO 205/997, PRO; Steenberg, p. 163; The
Christian Science Monitor. 06Set46; Alexander Werth (1971), Russia: The Post War Years, NY, Taplinger, p. 106; Dallin, pp. 0621-
622; US 3rd Army G-2 Intelligence Center "Interrogation Report" n.º 26, 2Ago45, p. 9, OSS XL 15457, RG 319 226, NA; N. Sokolenko
(1970), "Serdtse Chekista", in Front bez linü Fronta, Moscow, Moskovskni Rabochni, pp. 378-381; Styrkul, pp. 24, 29, 36; V.F.
Nekrasov, "Vnutrennie Voiska na Zavershaiushchem etape Velikoi Otechestvennoi Voiny", in Voprosv Istorü, n.º 5 (Mai85), p. 98; 3
US Army ACoS G-2 "Interrogation Report", n.º 26, 02Ago45, p. 9, OSS XL 15457, RG 226, NA; e entrevista com Yevhen Shtendura,
25Out88. O Exército Paisano Ucraniano estava intimamente associado aos alemães que mantinha o Estado-maior de ligação no FAK
202, ligado ao Grupo de Exércitos Mitte. Hptm. Sperber, FAK 202 to Hptm. Lindeiner, Gen. St. DH/Fr. H. Ost, 27Mar45, RH 2/2008,
BMA.
349
John Loftus (1982), The Belarus Secret, NY, Knopf, pp. 42-43; Nicolas Vakar (1956), Belorussia: The Making of a Nation,
Cambridge, Massachusets, p. 278; e Smirnov, p. 261.
350
Sobre a ajuda alemã ao movimento guerrilheiro nacionalista poloco NSZ, vd. Stefan Korbanski (1978), The Polish Underground
State, NY, Columbia UP/East European Monographs, pp. 104, 106, 178; OSS Mission for Germany "General Situation Report" n.º 2,
15Jul-1Set45, p. 5, OMGUS AG Security-CIassified Decimal File 1945-49, 350.09 (Intelligence, General), RG 260, NA; Hanns von
Krannhals (1962), Der Warschauer Aufstand 1944, Frankfurt a.M.: Bernard & Graefte Verlag für Wehrwesen, pp. 52, 211; e Witold
Sagajllo (1984), Man in the Middle: A Story of the Polish Resistance. 1940-45, London, Leo Cooper, pp. 121-122. De acordo com o
GEN Gehlen, o AK – em Fev45 – também parecia pronto "para cooperar contra o bolchevismo sem condições políticas" e enviar
equipas de reconhecimento fortemente armadas para o território ocupado pelos soviéticos. Os próprios alemães vasculharam os campos
de prisioneiros de guerra em busca de "voluntários" – dispostos ou não – para lutar em guerra de guerrilha na Polónia. Pelo menos um
campo do SD para tal treino foi estabelecido em Tomosczow, e alguns desses grupos polacos foram realmente implantados em 1945.
FHO "Vertragsnotiz uber zur Aktivierung der Frontaufklarung", 25Fev45, pp. 2-3, RH 2/1930, BMA; Lev Kopelev (1977), No Jail for
Thought, London, Seeker Warburg, pp. 95-97; Reports from Tomosczow to the SD (re Polish deserters), 15Jan45; e 14Jan45, ambos em
R 70/134, BA; e Ultra Document KO 1122, 22Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 72.
351
Office of US Chief Counsel, Evidence Div., Interrogation Branch, "Summary n.º 710-Gehardt", p. 2, IWM; 21 AG "CI News Sheet"
n.º 24, 27Jun45, Part II, Appendix "C", WO 205/997, PRO; OSS Report "The Situation in East Prussia", 09Jan45, OSS L 52395, RG
226, NA; FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 10, Summary n.º 269, 29Nov44, p. 2; Stanley Vardys (1965), "The Partisan
Movement in Postwar Lithuania", in Lithuania under the Soviets: Portrait of a Nation. 1940-65. ed. Stanley Vardys, NY, Praeger, pp.
94-95; Juozos Saumantis (1975), Fighters for Freedom: Lithuanian Partisans versus the USSR (1944-1947), NY, Maryland Books, p.

Página 1 de 144
a operação foi tema e propósito tão bem sucedida que o GEN Gehlen até sugeriu coordenar os
grupos guerrilheiros pró-alemães sob organização-mãe chamada "Federação Secreta de Paisanos
Verdes"358. Tal como a Oeste, há evidências que os alemães esperavam aumentar a grande
contra-ofensiva – esta na região do Lago Balaton, Hungria – não só com guerra de guerrilha,
mas com revoltas em grande escala em vários países ocupados pelos soviéticos359.
Menção especial deve ser feita à tentativa de usar retardatários alemães e civis Volksdeutsch
presos atrás das linhas soviéticas na Europa Oriental, projecto também sob a direcção de
Skorzeny. De acordo com relatórios da inteligência alemã, milhares de retardatários alemães e
Volksdeutschen ficaram encurralados na retaguarda soviética durante 1943-44, e tais elementos
transformaram-se pouco a pouco em grupos guerrilheiros ou juntaram-se a bandos nacionalistas
existentes, particularmente UPA360. Para explorar esse recurso, Skorzeny organizou pequenos

79; e Enclosed Report by Lithuanian Refugees, pp. 45, H. Johnson, American Legation Stockholm to Sec. of State, 25Ago44, OSS
103435, RG 226, NA. Sobre registos alemães em missões de pára-quedas e actividades de passadores de linha na Lituânia, vd. Sig.
illegeable, FAK 103 to Ic/AO, 19Ago44; Anlage n.º 1 20 Nr. 166, 28Ago44; e FAK 103 "Einsatz" n.º 1485, 14Set44, p. 3, todos em RH
19 11/300, BMA.
352
USFET MIS Center "Intermediate Interrogation Report n.º 42 — H/Stuf. W. Kirchner", 3Jan46, pp. 3-4, OSS XL 40257, RG 226,
NA; e CSDIC (WBA) "Final Interrogation Report - Emo Forras", 10Dez45, pp. 1-3, Appendix "A", pp. ii-iv, ETO MIS-Y-Sect. Sect.
CSDIC/WEA Final Interrogation Records 1945-1947, RG 332, NA.
353
Andreas Hillgrüber (1965), Hitler, Konig Carol und Marschall Antonescu, Weisbaden, Franz Steiner, pp. 227-228;
"Organisationstand der National Rumanischen Regierung nach 06 wochiger Tatigkeit"; H. Sima, Kommandant der legionaren
Bewegung to von Ribbentrop, 29Out44, p. 3, ambos em NS 19/2155, BA; e Florin Constantiniu, "Victoria Insurectiei dinAgo44 si
Falimental Politic Definitiv al Garzü de Fier", in Revista de Istorie. Vol. 32, n.º 8 (1979), 1497.
354
Frhr. von Buttlar, OKW/WFst/Qu 2 (Sud/Südost) "KR - Fernsschreiben", 15Set44, in Akten zur Deutschen Auswartigen Politik.
1918-1945. Serie E, Band VIII, pp. 449-450; e PID "News Digest" n.º 1672, 1Fev45, p. 27, Bramstedt Collection, BLPES.
355
15th AG "Notes on CI in Italy" n.º 06, 8Fev45, pp. 8-9, WO 204/822, PRO; USFET Interrogation Center "Final Interrogation Report
(FIR) n.º 16", 06Ago45, p. 5, OSS XL 13597, RG 226, NA; The Overseas Targets: War Report of the OSS, p. 330; MID Military
Attaché Report by CAP W. McNeill,Greece, 21Fev45, OSS 117451, RG 226, NA; Lt. Col. H. Miller and CAP T.A. Thornton, Office of
Chief of Naval Operations, Intelligence Report, 8Mar45, OSS 119698, RG 226, NA; Intelligence Div., Office of Chief of Naval
Operations, Intelligence Report, 10Mar45, OSS 120820, RG 226, NA; e Lt. Col. H. Miller and CAP T.A. Thornton, Office of Naval
Operations, Intelligence Report, 16Mai45, OSS 130765, RG 226, NA.
356
Ultra Document HP 7635, 24Nov44, Ultra. Micf. Coll., Rolo 51; e Thayer, p. 152. Sobre a preparação de depósitos de sabotagem por
Jagdeinsatz Kroatien. Vd. GSI 8th Army "Joint Weekly Intelligence Summary", n.º 4, 27Jul45, p. 5, FO 371/46611, PRO. Sobre a
implantação – pelo Exército croata – de destacamentos de guerrilha "Obrana" para operar em territórios invadidos pelos paisanos de
Tito, vd. Gen. Vjekoslav Luburik (1970), "The End of the Croatian Army", in Operation Slaughterhouse, ed. John Prcela & Stanco
Goldescu, Philadelphia, Dorrance, pp. 52-53. Sobre a existência de uma unidade de ficar na retaguarda inimiga do RSHA em Zagrebe
descoberta e destruída quase um mês após a capitulação geral, vd. The New York Times. 04Jun45.
357
Sonderbevollmächtiger Neubacher to the Austwartiges Amt, 20Dez44, in Akten zur Deutschen Auswartigen Politik. 1918-1945. Serie
E, Band VIII, p. 0610; (1977), The Trial of Draioliub-Draza Mihailovic, Salisbury, N.B., Documentary Pub., pp. 85, 271-282; Milovan
Djilas, Wartime, NY, HBJ, 1977), p. 447; Tomasevich, pp. 434-435, 439; e OSS R & A Belgrade, untitled report on Germansponsored
anti-Partisan activity, 02Abr45, OSS 124423, RG 226, NA. Sobre a implantação de grupos de reconhecimento Chetnik – em conjunto
com o pessoal de transmissões alemão – na Bósnia, vd. Spaeter, pp. 435-436.
358
Generalmajor Gehlen, Abt. FHO "Vortragsnotiz uber zur Aktivierung der Frontauklarung", 25Fev45, RH 2/1930, BMA. Gehlen
sugeriu que a "Federação Secreta" poderia ser organizada só com o mote do anticomunismo e ser vagamente ligada aos alemães e
totalmente não associada ao GEN Vlasov, tornando-a aceitável para grupos étnicos paisanos dentro da União Soviética. Também o via
como intermediário através do qual a cooperação com o AK polaco poderia tornar-se aceitável tanto para os próprios senhores nazis
quanto para o regime de exílio polaco anti-germânico em Londres. "Através do uso de uma 'Organização de Paisanos Verdes'", disse, "a
cooperação com os polacos não será feita do lado alemão, mas sim do lado dos russos antibolchevistas. Isso evitará a possibilidade de a
cooperação possa de alguma forma irradiar para a esfera política". Sobre o pano de fundo histórico dos bandos "verdes" na União
Soviética, vd. Oliver Radkey (1976), The Unknown Civil War in Soviet Russia: A Study of the Green Movement in the Tambov Region.
1920-1921, Stanford, Calif., Hoover Institution Press; Micheal Malet Nestor Makhno (1982), in the Russian Civil War, London,
MacMillan, pp. 150-156; e Vakar, p. 139. Sobre o ressurgimento de bandos "verdes" na retaguarda soviética durante a IIªGM, vd. Abt.
FHO (Ha) "Frontaufklarungsmeldungen", 13Jan45, RH 2/2127, BMA; Hoffmann, Deutsche und Kalmvken. pp. 91-92; e Vakar, p. 196.
359
Schmidt, "Aufzeichnungen uber die zweite Unterredung zwischen dem Führer und dem ungarischen Nationsführer Szalasi ... in der
Reichskanzlei am 04Dez44", in Akten zur Deutschen Auswartigen Politik. 1918-1945. Serie E, Band VIII, p. 589; Joint Intelligence
Committee n.º 142 "German Strategy and Capacity to Resist", 28Mar45, Enclosure, p. 4, Records of the JCS. Part I, 1942-45: European
Theatre. Rolo 10; Hans Hartl (1958), Das Schicksal des Deutschtums in Rumanien, Wurzburg, Holzner, pp. 118-119; OSS Report from
Rumania, GR-291, 3Mar45, OSS L 55146, RG 226, NA; e Speer, p. 434. Sobre a formação da força-tarefa especial de três pelotões em
Jagdeinsatz Ungarn – projectada especificamente para emprego na contra-ofensiva do Lago Balaton – vd. USFET MIS Center
"Intermediate Interrogation Report n.º 42 — H/Stuf. W. Kirchner", 03Jan46, p. 4, OSS XL 40257, RG 226, NA.
360
"Zusammenstellung von Meldungen liber sowjetfeindliche Banden im rlickwartigen Feindgebeit", 11Fev44, Records of OKH,
Microcópia n.º T-78, fotogramas 06485198-6485199, Rolo 497, NA; Forchungsdienst Ost "Politische Informationen", 15Ago44,
Records of OKH, Microcópia n.º T-78, fotogramas 06480055, 06480066, Rolo 493, NA; "Abschrift der Anlage zu Schreiben
WehrkreisKommando XXI IcAz. Allg. vom 06.8.1944", RH 2/2129, BMA; ArmeeoberKommando 4 Vernehmungstelle fur Rlickkehrer
"Tagesmeldung", 23Ago44, RH 15/380, BMA; FAK 103 "Einsatz 1485", 14Set44, p. 3, RH 1911/300, BMA; Lt. M. Weisel, untitled
report, 04Out44, p. 2, RH 15/297, BMA; FAK 202 "15 Tage Meldung uber UPA Einheiten in Feindgebeit", 1Dez44, RH 2/2126, BMA;
Obergefreiter A. Schwaldt, "Auszug aus Vernehmung (ausser fur Gefallene)", 22Dez44, RH 15/326, BMA; FHO (Ha) "Zusammen fas
sung der Frontaufklarungsmeldungen", 23Dez44, p. 3, RH 2/2126, BMA; e Skorzeny, La Guerre Inconnue. pp. 336-338.

Página 1 de 144
Jagdverband equipas de pára-quedistas lançados no interior soviético, seja para ajudar esses
grupos a conduzir a guerra de guerrilha ou trazê-los de volta às linhas alemãs361.
O esforço mais intenso foi direcionado para a Transilvânia e o Banat romeno, com expressivas
minorias de língua alemã. Refugiados Volksdeutsch dessas áreas foram treinados para a guerra
de guerrilha e lançados de pára-quedas de volta para a retaguarda soviética, incluindo altos
funcionários nazis como o romeno Volksgruppenführer Andreas Schmidt. Juntamente com os
retardatários alemães e fascistas romenos, esses comandos conseguiram interromper
significativamente as linhas de comunicação soviéticas: os comboios de abastecimentos foram
sucessivamente emboscados; as tropas soviéticas ciladas ou envenenadas com aguardente tóxica
de ameixa; e o QG do Exército Vermelho em Brasov foi pelos ares (28Fev45). Schmidt e
colaboradores circulavam livremente atrás das linhas soviéticas até serem aos poucos cercados
pelos serviços de segurança soviéticos e romenos em 1945; o próprio Schmidt foi ferido em
desastre aéreo e capturado pelos romenos, que, por sua vez, rapidamente entregaram-no aos
russos362.
No início de 1945, R-Aufgaben, ou acções de resistência na retaguarda inimiga, foram delegadas
tanto à Jagdverbände quanto às FAK, o "Plano R" estipulou a todos os Jagdkommandos e
companhias sub-regionais fossem abandonados na retaguarda inimiga, de preferência dentro do
território do Grande Reich: para estas operações os nomes de código, não eram por acaso,
"Werwolf". Isolados no interior inimigo, as unidades comando deveriam continuar a ajudar os
movimentos de resistência pró-alemães nos países adjacentes e cooperar estreitamente com a
organização Prützmann. Ao longo da secção central da Frente Oriental, v.g., grande parte da
"Werewolf" boémia foi de facto formado a partir de unidades militares de reconhecimento
ligadas ao Grupo de Exércitos "Mitte" e Jagdverband Südost tentaram estabelecer refúgios
secretos clandestinos na Áustria Oriental e Morávia antes das ordens serem mudadas
apressadamente em Abril por causa da magnitude inesperado avanço soviético363. Südost então

361
L. Rossetto, "Skorzeny’s Testament", in The Army Quarterly & Defence Journal, Vol. Ill, n.º 4 (Out1981), p. 426; e Skorzony, La
Guerre Inconnue. pp. 337-338. A mais infame dessas missões foi o esforço para resgatar a chamada "Legião Perdida", suposto grupo de
mais de 2.500 alemães retardatários isolados na Bielorrússia. Relatos da existência deste grupo vieram originalmente de fontes de
inteligência alemãs em Moscovo no final do Verão de 1944, e após extensos esforços para verificar a autenticidade – incluindo o envio
de duas equipas de pára-quedistas Jagverband Ost – OKH assegurou ao Comandante da unidade, Oberstleutnant Scherhorn, que todo
esforço possível seria feito para devolver a formação às linhas alemãs. Posteriormente suprimentos e pessoal especializado foram
levados para a Bielorrússia pelo KG 200, enquanto atrás das linhas alemãs os militares e o FAK 103 lutaram com o Jägdverbande pelo
controlo no esforço de resgate. No entanto, após a Ofensiva de Inverno soviética – e a consequente mudança da frente para Oeste – toda
a esperança de extracção desapareceu e "Unternehmen Scherhorn" foi completamente entregue ao Jagverband Ost, que era suspeito de
querer usar a suposta "Legião Perdida" como bando guerrilheiro. Evidências que vieram à tona desde a guerra sugerem que a formação
Scherhorn nunca foi genuína, mas que Scherhorn e um pequeno número de prisioneiros de guerra alemães estavam a trabalhar para o
NKVD no esforço – aparentemente bem-sucedido – para desviar suprimentos e pessoal alemão. "Unternehmen Scherhorn", c. 31Dez44,
RH 2/2152, BMA; Abt. FHO "Vortragsnotiz", 25Fev45, pp. 1, 4; Hptm. Bahrenbruch, FAK 103 to Gen. St. d. Heeres/FHO, 12Fev45;
Ostubaf. Skorzeny to General Gehlen, FHO, 06Mar45; Abt. FHO (Ib) "Vortragsnotiz", 06Mar45; Obstlt. Scherhorn to Abt. FHO (Ib),
08Mar45; FHO (Ib) to Obstlt. Scherhorn, 9Mar45; FHO (Ib) "Vortragsnotiz", 9Mar45; FHO (Ib) "Vortragsnotiz", 10Mar45; OKH
Generalstab des Heeres Abt. FHO (Ib) "Unternehmen Scherhorn", 11Mar45; OKH Generalstab des Heeres Abt. FHO (Ib)
"Unternehmen Scherhorn", 17Mar45; Obit. Risler "Geheime Kommandosache", 10Abr45, todos em RH 2/2153, BMA; Foley pp. 170-
175; Dieter Sevin, "Operation Scherhorn", in Military Review. Vol. 46, n.º 3 (Mar66), pp. 35- 53; e Skorzeny, La Guerre Inconnue. pp.
349-355.
362
Rf-SS Himmler to O/Gruf. Kaltenbrunner, 16Set44, Records of the Reich Leader of SS and Chief of German Police, Microficha n.º
T-175, fotograma 2648214, Rolo 122, NA; Hans Kastenhuber, “Protokoll", 15Dez52, pp. 2-3, Ost Dok. 2/346, BA; Hans Kastenhuber
"Protokoll", 20Set52, pp. 5-15; Rudolf Sonntag, "Protokoll", 15Out52, pp. 8-9, ambos em Ost Dok. 2/347, BA; Herwert Scheiner,
"Erlebnisbericht", 10Jan52, p. 5, Ost Dok. 2/355, BA; Hartl, pp. 92, 116-119; Report by Legationsrats I. Klasse Reichel, 03Out44, in
Akten zur Deutschen Auswartigen Politik. 1918-1945. Serie E, Band VIII, p. 485; Dr. Otto Liess, Die Deutsche Volksgruppe in
Rumanien unter der Führung von Andreas Schmidt (1940-1944), pp. 30-31, Ost Dok. 16 Rum./8, BA; Ustuf. v. Stabsführer A. Ruhrig,
"Aktenvermark-Gedachtnisniederschrift uber ein Gesprach des Unterfertigen mit SS Standartenführer Weibgen betr. den Einsatz des
Volksgruppenführer Andreas Schmidt, 23Jan45, NS 19/3825, BA; British Military Mission Rumania to War Office, 16Fev45, FO
371/48573, PRO; OSS Report from Rumania, RB-9557, 31Mar45, OSS L 54831, RG 226, NA; OSS Report from Rumania, GR-152,
13Jan45, OSS L 51501, RG 226 NA; OSS Report from Rumania, GR-219, 7Fev45, OSS L 53621, RG 226, NA; e OSS Report from
Rumania, GR-291, 3Mar45, OSS L 55146, RG 226, NA.
363
History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, p. 4, NA; USFET MIS Center "CI-IIR/42 - H/Stuf. W. Kirchner", 03Jan46, pp.
4-5, OSS XL 40257, NA; Drska, pp. 062-63; Rose, pp. 200, 206-208; Sayer and Botting, America's Secret Army. p. 206; e Ultra
Document KO 780, 19Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 72. Há também evidências no final da guerra, a Jagdverbände começou a treinar
adolescentes que receberam ordens de Himmler identificando-os formalmente como membros da Jagdverbände e não como Werwölfe.
Um desses grupos de 55 adolescentes passou por um curso de oito dias na escola Jagverband Nordwest em Kileschnovitz, onde depois
foram infiltrados nas linhas estadunidenses em grupos de três a quatro, cada um acompanhado por Oficial da SS. A missão era sabotar
campos aéreos e ferrovias inimigos e executar colaboradores. Um destacamento de sabotagem envolvido em tiroteio com tropas
estadunidenses em Hof no início de Maio era provavelmente composto por graduados do curso Kileschnovitz. Officer de Liaison

Página 1 de 144
recuou para os Alpes, onde deveria desempenhar o papel em versão expandida do R-Aufgabe
chamada Schutzkorps Alpenland, dos quais falaremos mais adiante.
Enquanto as unidades comando de Skorzeny realizavam as chamadas actividades de "Werwolf",
os serviços domésticos do RSHA iniciaram a infiltração na esfera formal de Unternehmen
Werwolf. Na época da formação da Werwolf em Set44, ficou claro que a colocação na
retaguarda de espiões seria necessária para formar uma rede de inteligência para atender a
Werwölfe e outros grupos comandos alemães. Em alguns casos, essas missões de ficar para trás
inevitavelmente desenvolveram o aspecto mais activo do que mera observação, pois os agentes
de inteligência receberam instruções independentes para se envolver em sabotagem e subversão.
Em termso organizacionais, a secção de polícia interna secreta do RSHA foi subdividida em
dois Amts, o SD-Inland ou Amt III, e a Gestapo, ou Amt IV. O primeiro projectado para sondar a
opinião-pública e realizar vigilância de grupos oposicionistas supostamente servia às
necessidades de inteligência da Gestapo e da Polícia Criminal, ou Kripo. A Gestapo, por outro
lado, era o braço executivo da polícia secreta, que iniciou investigações mais limitadas e
prendeu suspeitos por segurança. O SD-Inland era a organização do Partido, financiado com
fundos do Partido, tornando-o praticamente independente do controlo normal do RSHA. A
Gestapo era organização estatal que consistia em aglomerado centralizado de departamentos de
polícia política formado pelos vários Länder durante a era de Weimar.
Como a mais mental e auto-importante dos serviços polícias alemãs, o SD, em particular, tinha
dificuldade em vislumbrar a continuação da vida em qualquer área do Reich ocupado sem
monitorar constantemente esse funcionamento da sociedade. No início, os planos para a
continuação de tal vigilância estavam confinados às áreas ocupadas da Renânia; nenhum
esquema semelhante foi estabelecido para os territórios orientais ocupados pelos soviéticos, pois
o SD considerava que os russos despovoariam as províncias orientais com a expulsão da
população para a Sibéria364.
Em Set44, quando a Werwolf se formou, havia pressão considerável para a continuidade das
actividades do SD nas áreas ocupadas; aparentemente, essa pressão veio tanto de cima –
Goebbels, Bormann, Hitler e Himmler – quanto de baixo, i.e., dos vários Gruppenleiters Amt
III. O SD Amtschef, Gruppenführer Otto Ohlendorf, discutiu o assunto com Himmler e
Schellenberg, cada um dos quais concordou que um serviço de informação teria de ser mantido
em áreas ocupadas do Reich. Posteriormente, Ohlendorf despachou o Obersturmbannführer
Rolf Höppner numa viagem pelas secções do SD Abschitte em Estrasburgo, Metz, Koblenz,
Colónia e Dusseldórfia, as áreas mais ameaçadas pela ocupação inimiga. A tarefa de Höppner
era delinear o esquema e questionar as secções sobre os requisitos técnicos para comunicações
de sinais. De regresso a Berlim Höppner conversou com os Abschittsleiters de Dortmund e
Bielefeld, mas cada um sentiu que a organização de redes na retaguarda nas suas cidades era
supérflua, uma vez que a penetração Aliada a essa profundidade significaria a perda do Ruhr e
consequente fim da guerra.
As Abschnitte ocidentais foram confrontadas com problemas consideráveis nas atribuições. Por
um lado, os melhores agentes e informadores estavam constantemente a serem atraídos para as
forças armadas, a Volkssturm, unidades de alarme ou o serviço de inteligência rival do SD
chamado Bundschuh. No entanto, considerou-se o número pequeno, mas possivelmente
adequado, de pessoal disponível, utilizados especialmente se fossem alsacianos e lorenos pró-
nazis. O problema pior dizia respeito ao despreparo dos agentes do SD para trabalhar em
território inimigo; na Alemanha, afinal, comunicaram as descobertas pelos meios de telégrafo,
telétipo ou serviço de emissário e, portanto, não tinham a menor experiência na operação de
equipamentos de transmissão rádio. Ohlendorf instruiu as secções a prosseguir com o treino de
pessoal, enquanto negociava com Schellenberg o fornecimento de equipamentos e operadores
rádio. A Amt VI foi capaz de fornecer o primeiro, mas não o segundo, e as coisas permaneceram

Aupres d'un Groupe D'Armes Americain "Saboteurs Allemands", 17Mai45, 7P 125, SHAT; e History of the Counter Intelligence Corps.
Vol. XX, p. 16, NA.
364
CSDIC (WEA) BAOR, "Final Report on SS Ostubaf. Freiherr Eberhard Loew von und zu Steinfurth", FR, n.º 27, 11Jan46, Appendix
"A", p. i, ETO MIS-YSect. CSDIC/WEA Final Interrogation Records, 1945- 47, RG 332, NA.

Página 1 de 144
até à perda de Metz e Estrasburgo, as primeiras grandes cidades dentro da esfera de operações
projectada.
Os problemas subsequentes experimentados pelas Abschnitte ocidentais foram talvez tipificados
pelo destino da Untermann Zugvogel, a rede SD de ficar na retaguarda projectada em Metz. Os
planos para Zugvogel desenvolvidos em Set44, logo após Ohlendorf ter emitido ordens para o
serviço de informação da Alemanha Ocidental, e colocados nas mãos do Haupsturmbannführer
Dupin. Ao longo do Outono, foi feito pouco progresso devido à escassez de equipamentos ou
técnicos rádios para instruir os homens do SD em procedimentos de rádio. No final do ano,
Dupin viajou a Berlim para conhecer Sturmbannführer Siepen, director do Instituto Havel e a
autoridade de transmissões competente para Amt VI. Siepen disse-lhe, devido à falta de tempo
para treinar operadores rádio SD, o único método possível de contacto seria transmissões de
curto alcance entre agentes e voo aéreo. Isso deslocou o cerne da queatão para a obtenção de
aeronaves, assunto naturalmente referido ao KG 200. Foi até onde o plano avançou; o KG 200
estava desesperadamente sobrecarregado durante esse período e não podia dispensar aeronaves
necessárias para a transmissão de informações de volta ao território desocupado365.
Apesar desses problemas, o SD continuou a tentar formar redes de informações locais em áreas
ameaçadas, mesmo depois o Reno ter sido forjado – ainda em meados de Abril, Ohlendorf
instruiu um dos Chefes de Secção a estabelecer o serviço de informação detrás das linhas na
Saxónia366. Todas as evidências disponíveis indicam que essas redes raramente funcionavam
adequadamente, se é que se desenvolveram além do estágio de planeamento. "A escassez de
conjuntos W/T [i.e. TSF] dificulta o trabalho dos agentes na retaguarda", disse o relatório do
SHAEF, "e embora a rede produza algumas informações, é muito menos do que os alemães
pretendiam"367.
A questão mais básica de organizar uma rede de resistência do SD para sobreviver à derrota
total da Alemanha era tão delicada que, como Höppner observou mais tarde, "nenhuma pessoa
responsável na Alemanha admitia tal possibilidade"368, os agentes do SD no Leste discutiram o
assunto em particular entre si369, e em Fev45, dois Chefes de Secção do SD, Standartenführer
Spengler e Obersturmbannführer von Kielpinski, vieram a Ohlendorf com planos para o serviço
de inteligência pós-derrota. O Amtchef inicialmente recusou o plano, presumindo que tal
sugestão "derrotista" lhe custaria a vida, mas acabou por reconsiderar devido à probabilidade de
os Aliados Ocidentais o considerarem tanto quanto os seus Oficiais superiores como criminosos
de guerra. Kaltenbrunner não decidiria nem a favor nem contra o projecto, então Ohlendorf
prosseguiu, confiando que a rede poderia continuar a servir secretamente qualquer governo
alemão sob administração Aliada. Alegou em interrogatórios pós-guerra que pretendia colocar a
rede à disposição dos Aliados para evitar o caos na Alemanha; isso pode ter sido verdade, mas
os Oficiais de inteligência Aliados consideraram o plano "finalmente destinado a ser meio eficaz
de resistência"370.
O plano original de Mar45 previa a retirada dos Oficiais mais proeminentes do SD das áreas
ameaçadas, mas previa a permanência de três Oficiais por secção, além do número discreto de
colaboradores ou "homens de confiança" (V-Manner) que eram leais, mas politicamente
ignotos. Estes grupos pequenos de contactos, ou Nachrichtenköpfe, formariam pontos de
contacto para o serviço de inteligência sobrevivente, cujo centro nacional deveria ser um QG
secreto do SD nas montanhas Harzgebirge. O movimento foi geograficamente dividido em

365
CSDIC (WEA) BAOR, "Final Report on Ostubaf. Rolf Heinz Hoppner", FR n.º 7, 8Dez45, pp. 1-3, ETO MIS -Y-Sect. Final
Interrogation Reports, 1945-47, RG 332, NA.
366
CSDIC (WEA) BAOR "Final Report on SS Ostubaf. Freiherr Eberhard Loew von und zu Steinfurth", FR n.º 27, 11Jan46, Appendix
"A", p. ii, ETO MIS-YSect. CSDIC/WEA Final Interrogation Records, 1945- 47, RG 332, NA.
367
SHAEF JIC (45) 14 (JIC Draft), "Security Problems Facing the Allies in Germany", 11Abr45, p. 1, WO 219/1659, PRO. Um ex-
Chefe de Secção do SD disse aos interrogadores aliados que os planos de agentes para ficar atrás sofreram "colapso total" e "nenhuma
informação foi recebida pela Amt III do território evacuado". CSDIC/WEA, "2nd Interim Report on Standf. Hans Erlic", IR 08Nov45,
ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Interim Interrogation Reports, 1945-46, RG 332, NA.
368
CSDIC (WEA) BAOR, "Final Report on Ostubaf. Rolf Heinz Hoppner", FR n.º 7, 8Dez45, ETO MIS-Y-Sect. Final Interrogation
Reports, 1945-47, RG 332, NA.
369
21 Army Gr., "CI News Sheet" n.º 10, 22Nov44, p. 1, WO 205/997, PRO.
370
CSDIC (UK) Interrogation Report, "Amt III (SD Inland) RSHA", 30Set45, pp. 16-17, ETO MIS-Y- Sect. Special Interrogation
Reports, 1943-45, RG 332, NA.

Página 1 de 144
quatro Secções, os sectores Norte e Sul, que por sua vez dividido em distritos Oriental e
Ocidental. Além disso, deveria haver várias subdivisões com pontos de contacto, ou
Anlaufstellen, cada um como centrais371. Toda a rede deveria ser unida pelo sistema de estafeta.
Escusado será dizer que a organização da rede não procedeu de acordo com este plano bem
ordenado. Em reunião de equipa com os Abschnittsleiters da Alemanha central em 03Abr, ficou
claro para Ohlendorf que "era tarde demais para formar a rede de inteligência clandestina bem-
sucedida e Harz não oferecia instalações de dissimulação reais para QG de inteligência". À
medida que as forças dos EUA avançavam em direcção a Harz, os esforços para prover recursos
às equipas do SD na retaguarda inimiga – incluindo artigos incomuns como roupas de luto e
realejos – encontraram a mesma resposta do serviço de abastecimentos RSHA que os pedidos
anteriores da Werwolf inspiraram, i.e., recusados categoricamente. Pior ainda, quase todos os
Oficiais do SD regionais enviaram telegramas a Berlim a declarar sérias dificuldades nas
funções e solicitavam mais instruções. Apenas o Abschnitt de Brunswick prontificou-se para
ficar na área e servir como ponto de contacto para a nova rede de inteligência; no entanto, foi
rapidamente feito prisioneiro pelos estadunidenses e, embora tenha conseguido escapar, ficou
tão abalado com a experiência que se recusou a buscar mais refúgio na própria Abschnitt, fugiu
para Berlim372.
Os mesmos problemas com equipamentos rádio inibiram a organização das redes regionais de
inteligência nas Abschnitte ocidentais causaram dificuldades no programa mais amplo e de
longo alcance. A necessidade de transmitir e receber aparelhos foi abordada por Kielpinski, com
a tentativa meticulosa, mas inútil, de proteger esses equipamentos directamente do serviço de
abastecimento RSHA. Falhado a obtenção de rádios, o melhor que se esperava era a transmissão
de inteligência por meio de estafeta. Além disso, Ohlendorf estava céptico de que tanto os
mensageiros quanto os membros principais dos Nachrichtenköpfe pudessem ser protegidos por
documentos de identidade falsos – "quanto mais tempo o uso de bilhetes de identidade falsos era
considerado, mais a futilidade era apreciada, pois descobriu-se que se tornou extremamente
difícil viver na Alemanha com nome falso". Assim, além de alguns "resquícios inúteis"
deixados em Dresden, Berlim, Brunsvique e Brémen, nenhum canal de informação adequado foi
organizado, nem nenhum relatório do sistema recebido pela equipa central do SD373.
Após captura no final de Maio – após a dissolução do regime de Dönitz – Ohlendorf e
subordinados alegaram opor-se à organização da resistência clandestina violenta; de facto
Ohlendorf sustentou a potencial rede de inteligência do SD deveria incluir grupos de resistência
nazis entre os objectos de sua observação374. Isto pode ser ou não verdade, mas é claro que os
senhores da guerra nazis mais antigos não gostavam de Ohlendorf – os relatórios da SD sobre a
opinião pública alemã no final da guerra era realista demais para ser consumida facilmente – e,
portanto, contornaram a cadeia de Comando ao organizar o serviço de inteligência clandestino
mais confiável.
Os hierarcas do partido não gostavam do Chefe da Gestapo, Heinrich Müller, polícia
profissional de Munique que realmente tinha lutado contra o partido durante o Kampfzeit e,
portanto, por muito tempo foi-lhe recusado ser membro do Partido, mesmo vários anos depois
de assumir o controlo do principal instrumento de coerção do regime. Em 1945, o criterioso
Müller começou a ressurgir às custas do fervor nazi tardio, com raízes na terra natal, tendia a
ver as coisas com mais clareza do que alguns líderes da linha Hitler-Himmler, perdidos em
nuvens da mitologia nórdica e do romance wagneriano. Incapaz de se enganar a si, Müller
observou desdenhosamente que Unternehmen Werwolf era "esforço inteiramente forçado"; o

371
Ibid., p. 17; 21 Army Gr., "CI News Sheet" n.º 23, 13Jun45, p. 13, WO 205/997, PRO; e Intelligence Div., Office of Chief of Naval
Operations, "Intelligence Report", 25Jun45, p. 3, OSS XL 12705, RG 226, NA.
372
CSDIC (UK) Interrogation Report, "Amt III (SD Inland) RSHA", 30Set45, p. 18, ETO MIS-YSect. Special Interrogation Reports,
1943-45, RG 332, NA; e USFET MIS Center, "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 16-O/Führer Joseph Spacil", 28Ago45, p. 19,
OSS 15135, RG 226, NA.
373
CSDIC (WEA) BAOR, “Final Report on SS Stubaf. Freiherr Eberhard von und zu Steinfurth", FR n.º 27, Appendix "A, “pp. i, iii,
ETO MIS-Y-Sect. CSDIC WEA Final Interrogation Records, 1945-47, RG 332, NA.
374
CSDIC (WEA) BAOR, “Final Report on SS Ostubaf. Freiherr Eberhard Loew von und zu Steinfurth", FR n.º 27, Appendix "A", p.
iii, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Final Interrogation Records, 1945-47, RG 332, NA; e CSDIC (UK) Interrogation Report, "Amt III
(SD Inland) RSHA", 30Set45, pp. 17, 21, ETO MIS-Y-Sect. Special Interrogation Reports, 1943-45, RG 332, NA.

Página 1 de 144
Partido estava a "contaminar-se com esse tipo de coisa"; e qualquer esforço de resistência
resultaria em ferozes represálias do inimigo375. Müller e Ohlendorf, embora se desprezassem,
estavam ligados pelo esforço comum de melhorar os meios de repressão, seguem
constantemente o pulso da nação; como resultado, foram as primeiras figuras importantes a
reconhecer a falta de apoio popular para alguma coisa aproximada a qualquer movimento de
resistência nazi.
Diante de tais sentimentos "derrotistas", Himmler ignorou tanto os homens quanto os estados-
maiores, o que significou abordagem directa aos serviços regionais do SD e da Gestapo para
construir o sistema de inteligência clandestino supostamente carregado com o verdadeiro
espírito de resistência nazi. Para fazer isso, o Reichsführer recorreu ao uso de Oficiais da Polícia
SS regionais como organizadores, a mesma táctica usada durante a formação da Werwolf. Neste
caso, os instrumentos escolhidos foram o Befehlshaber der Sicherheitspolizei e o Kommissioner
der Sicherheitspolizei (KdS), este último na série de cargos criados no Verão de 1944 para
supervisionar o controlo operacional conjunto da Gestapo e da Kripo376. Assim como a
Werwolf, os Oficiais da SS foram colocados por causa do seu controlo sobre os serviços
regionais da polícia secreta, particularmente a Gestapo e o SD.
Não está claro se o sistema de redes de inteligência assim estabelecido compreendia a união de
organizações locais, ou se cada grupo regional – apesar da semelhança com os demais – era
realmente independente; o último esquema de facto parece mais provável, uma vez que
ocasionalmente duas ou mais redes idênticas funcionavam na mesma área. Por outro lado, um
informador de uma dessas organizações disse aos interrogadores Aliados em Jun45 que um QG
principal, localizado algures na Europa, controlava todas as organizações locais de resistência
da polícia secreta sediadas em Gaue377. Seja qual for o caso, a organização dominante no
Noroeste era "Aktion Bundschuh", lembra as organizações camponesas secretas estabelecidas
durante o séc. XV, enquanto no Sudoeste era Elsa e no Sudeste Sigrune.
A primeira organização do tipo Bundschuh foi organizada na Alsácia e Baden no final de
Ago44, e relatórios de inteligência aliados no Outono de 1944 indicaram que a Gestapo estava a
formar redes de resistência no Sul de Baden. Para que tais precauções sejam julgadas como
"derrotistas", os organizadores da Gestapo explicaram que "o Estado-maior esperava a
possibilidade [de ocupação] mas que as forças alemãs voltariam em breve"378.
Este esforço inicial seguido pela Ordem de três páginas de Himmler para todos os BdS regionais
(15Jan45) delineou a necessidade de serviço organizado de informação e sabotagem nas áreas
ocupadas379. A Ordem de Himmler foi complementada por outros decretos de Kaltenbrunner, a
maioria chega aos serviços das polícias SS locais em Mar/início de Abril. Eram ordens para

375
USFET MIS Center, "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 16 - 0/Führer Joseph Spacil", 28Ago45, pp. 19-20, OSS 15135, RG
226, NA.
376
USFET MIS Center, "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 16 - 0/Führer Joseph Spacil", 28Ago45, pp. 19-20, OSS 15135, RG
226, NA.
377
MI-14 "Mitropa" n.º 1, 29Jul45, p. 4, FO 371/46967, PRO; 7th US Army SCI Report n.º 5-965, "Waffen SS and Werewolf Activities",
25Mai45, p. 3, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities", Vol. I", RG 319, NA; e Enclave Military District ACoS 06-2 "CI Periodic
Report" n.º 3, 18Jul45, pp. 2-3, OSS XL 12926, RG 226, NA. Havia também várias unidades independentes de reconhecimento e terror
da Gestapo, sediadas localmente, aparentemente não tinham relação com o Bundschuh, Werwolf ou qualquer outro programa de grande
escala. Vd., v.g., USFET 06-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 11, 27Set45, State Dept. Decimal File 1945- 49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; e Rose, pp. 298-299. O mais importante desses grupos foi criado pela Gestapo de Colónia, que em 1944/45 se
tornou a principal Gestapostelle do Ocidente por ser o ponto de colecta de todos os agentes fugidos de França, Países Baixos e Renânia.
Werner Klemmer, o Chefe do braço de investigação e controlo Stapostelle da Colónia, organizou muitos dos elementos que fluíram para
Colónia em unidades de travessia do rio com missões de inteligência e sabotagem na Renânia ocupada pelos Aliados. Tal actividade foi
seriamente comprometida pelo sucesso estadunidense em "tornear" os agentes capturados e chegou ao fim quando o Ruhrgebeit foi
cercado e invadido pelo inimigo. O próprio Klemmer acabou capturado e a esquadra terrorista de nove homens organizada para operar
no Ruhr desintegrou-se. USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 13, 11Out45, p. 46, State Dept. Decimal Files 1945-49,
740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; USFET Interrogation Center "Consolidated Interrogation Report (CIR) n.º 5", 24Jul45, pp.
1-4, OSS XL 13776, RG 226, NA; History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XIX, pp. 43-45, 95-97; Vol. XX, pp. 77-80, NA; e
Rose, p. 302.
378
British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 9, 31Ago45, p. 12, FO 1007/300, PRO; BIMO "Resume Traduction
d'un document de l'I.S. Anglais en Suisse", 29Out45, p. 3, 7P 125, SHAT; Intelligence Div. Office of Chief of Naval Operations,
"Intelligence Report", 06Ago46, OSS XL 18145, RG 226, NA; e Brig. Gen. B. R. Legge, Mil. Attaché, Bern, MID Military Attaché
Report, 29Dez44, OSS 123134, RG 226, NA.
379 th
7 US Army SCI, Report n.º 5-965, "Waffen SS and Werewolf Activities", 25Mai45, p. 3, IRR File XE 049 888 "Werewolf
Activities Vol I", RG 319, NA; e 21 Army Gr., "CI News Sheet" n.º 25, 13Jul45, Part I, p. 3, WO 205/997, PRO.

Página 1 de 144
tornar activo a convocação grupos de passadores para estabelecer redes de informação em
território ocupado; a informação de cada grupo deveria ser transmitida por pombos ou rádio e,
uma vez recebida por Oficiais alemães em áreas desocupadas, deveria ser imediatamente
endereçada a Berlim. Tais ordens seriam "executadas sem demora", e o texto posteriormente
queimado380.
Em Abril, formações locais do sistema Bundschuh começaram a tomar forma nas zonas
restantes desocupadas da Alemanha. Esses grupos locais adstritos tanto pelo SD, como em
Dresden e Brémen, ou Gestapo, como em Vurtemberga; também houve envolvimento limitado
do SD-Ausland, bem como da Kripo. O Bundschuh foi especialmente activo na área de Brémen
e ao longo da fronteira Norte da Charneca Luneburgo, organizado pelo Comandante do Sipo de
Hamburgo, enquanto a base principal da Elsa ficava em Vurtemberga, comandada por antigo
Oficial da Abwehr, Hauptsturmführer Renndorfer381. De facto, esses eram os dois principais
centros de actividade da rede Bundschuh-Elsa-Sigrune.
Os recrutas para o sistema vinham principalmente dos serviços regionais do SD ou da Gestapo,
mas os resultados eram geralmente escassos. Os polícias da SS geralmente tinham a opção de
ingressar na Waffen-SS ou na clandestinidade, medida da impopularidade deste último que a
maioria dos Oficiais optou pela Waffen-SS. O Bundschuh de Baden, v.g., podia reunir apenas 15
voluntários, e a organização só podia ter desempenho melhor marginal em Munique e Brémen, a
primeira com 20 membros e mais tarde 50382. A Elsa pelo seu lado, rapidamente construiu a
força de 150 a 200 voluntários, um quarto dos quais do sexo feminino383.
Em várias áreas, foi feita abordagem mais cuidadosa ao alistamento, apoiada na expectativa
natural de que os oficiais de segurança seriam o primeiro alvo das batidas dos Aliados, e
quaisquer organizações construídas alicerçadas na participação seriam fatalmente enfraquecidas.
Em Augsburgo, o Chefe local da Gestapo concebeu regras no final de Março para os
recrutadores elaborassem listas de indivíduos politicamente imperceptíveis que não eram
marcados por estreita associação com o NSDAP, e assim poderiam continuar a funcionar como
agentes Sigrune uma vez se a área fosse ocupada384. Em Dresden, oficiais do SD e da Gestapo
tentaram recrutar gerentes industriais e empresários para participarem na Sigrune385.
Essas organizações evoluíram tão rapidamente que o propósito original pretendido – fornecer
inteligência tanto para a Wehrmacht quanto para a Werwolf – logo superado pela intenção de
formar o Bundschuh, Elsa e Sigrune em grupos de sabotagem386. Essa mudança de propósito
resultou da extensão quase natural das actividades normais do SD, i.e., colecta de informações e
a orientação da opinião pública alemã. O SD estava familiarizado com a táctica de fazer
ameaças implícitas para forçar a opinião na direcção pretendida, mas percebeu que em áreas
ocupadas, meras ameaças nem sempre eram suficientes. Para esse fim, o Bundschuh e
organizações parceiras fizeram planos não só para colectar informações e intimidar

380
Extract from CI Spotlight n.º 2, 13Ago45, OSS 14083, RG 226, NA; e USFET Interrogation Center, "Intermediate Interrogation
Report (HR) n.º 4 - Obst. d. Pol. Paul Schmitz-Voigt", 23Jul45, p. 2, OSS 13822, RG 226, NA.
381
21 Army Gr., "CI News Sheet" n.º 24, 27Jun45, Part I, p. 2; 21 Army Gr. "CI News Sheet" n.º 26, 30Jul45, Part III, p. 2; 21 Army Gr.
"CI News Sheet" n.º 25, 13Jul45, Part I, p. 3, WO 205/997, PRO; CSDIC (UK) "Interrogation Report, "Amt III (SD Inland) RSHA",
30Set45, p. 23, ETO MIS-Y- Sect. Special Interrogation Reports, 1943-45, RG 332, NA; BIMO "Resume traduction d'un document de
l’I.S. Anglais en Suisse", 29Out45, pp. 2-3, 7P 125, SHAT; British Troops Austria, "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 9,
31Ago45, p. 12, FO 1007/300, PRO; Intelligence Div., Office of Chief of Naval Operations, "Intelligence Report", 20Ago45, OSS XL
18143, RG 226, NA; Enclave Military District G-2, “CI Periodic Report n.º 3", 18Jul45, pp. 2-3, OSS XL 12926, RG 226, NA; e
CSDIC (WEA) BAOR, “Final Report on Krim. Rat. Gottfried Richard Lothar Wandel (a) Ludwig Wagner", FR n.º 35, 26Jan46,
“Appendix C", ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Final Interrogation Reports 1945-47, RG 332, NA. Prützmann foi informado pelo
HSSPF Südwest que o Chefe da polícia uniformizada local decidiu deixar indivíduos seleccionados atrás das linhas estadunidenses para
fortalecer a vontade do "Movimento de Libertação Alemão". Ultra Document KO 899, 20Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 71.
382
Third US Army G-2 Intelligence Centre, "Interrogation Report n.º 26", 02Ago45, p. 2, OSS XL 15457, RG 226, NA; CI Annex
Bremen Interrogation Center, "Final Interrogation Report" (FIR) n.º 53", 06Ago45, p. 8, OSS XL 15537, RG 226, NA; e USFET
Interrogation Center, "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 4 - Obst. d. Pol. Paul Schmitz-Voigt", 23Jul45, p. 3, OSS XL 13822,
RG 226, NA.
383
21 Army Gr., "CI News Sheet", n.º 25, 13Jul45, Part I, p. 3, WO 205/997, PRO.
384
Extract from "CI Spotlight", n.º 2, 13Ago45, p. 3, OSS 14083, RG 226, NA.
385
CSDIC (WEA) BAOR, "Final Report on Krim. Rat. Gottfried Richard Lothar Wandel (a) Ludwig Wagner", FR n.º 35, 26Jan46,
“Appendix C", ETO MIS-Y-Sect. CSDIC/WEA Final Interrogation Reports 1945-47, RG 332, NA.
386
Intelligence Div., Office of Chief of Naval Operations "Intelligence Report", 25Jun45, p. 2, OSS XL 12705, RG 226, NA.

Página 1 de 144
colaboradores, mas punir oponentes com assassinato e destruição de propriedade387.Vários
assassinos do Bundschuh – apoiados pela Gestapo – foram capturados pelos estadunidenses
perto de Bensheim enquanto estavam a caminho de cumprir a missão, e em Friburgo um
Polizeimajor foi de facto assassinado por agente do Bundschuh sob a acusação de não cooperar
com a Werwolf 388.
O sistema Bundschuh recebeu mais responsabilidades por causa do desempenho anémico do
Unternehmens Werwölfe a incapacidade de cumprir o papel supostamente central no reino da
guerrilha. Em Abril, os organizadores de Bundschuh e Elsa foram instruídos a iniciar as
próprias acções de sabotagem "independentes" – para auxílio de – actividades da Werwolf.
Essas missões visavam impedir o tráfego ferroviário, destruir pontes e queimar mercadorias
confiscadas pelos Aliados, e sabe-se que em Hesse, pelo menos, a equipa Bundschuh de oito
homens foi efectivamente enviada para essas missões de sabotagem389. Além disso, por causa
do colapso da Werwolf no Sudoeste da Alemanha, Elsa recebeu a missão de organizar grupos
isolados Werwölfe bandos de soldados alemães que sobreviveram na retaguarda inimiga. Os
membros da Elsa deveriam assumir o Comando desses "grupos selvagens" e controlá-los,
embora ninguém, excepto o Comandante, devesse partilhar o conhecimento da organização-
maior. Os agentes da Elsa foram autorizados a usar "qualquer método" necessário para controlar
esses grupos guerrilheiros, e "membros indesejáveis" deveriam ser expulsos ou fuzilados390.
Para executar tais missões, os agentes da rede Bundschuh formaram-se em estrutura de comando
assente no Züge e avançando para Gruppe e Kommando, a última das quais era a unidade básica
de controlo local. Em muitas áreas, os membros do Bundschuh-Elsa foram formados em três
esquadrões terroristas de homens destinados a cometer sabotagem, assassinar Bürgermeisters, e
atacar as tropas Aliadas. Deveriam cumprir o "programa de recrutamento vigoroso", formar
pontos de contactos para a construção de grupos de guerrilha alicerçados nos retardatários da
Wehrmacht ou civis leais à causa nazi391. Em Elsdorf, o agente da Gestapo com ordem para
matar Bürgermeisters da Alemanha Ocidental foi encontrado dentro dos limites da cidade e era
suspeito de perseguir o burgomestre392.
As mulheres nas organizações Bundschuh eram formadas em unidades especiais de passadores e
de ligação ou atribuídas aos Gruppen regulares. Como eram muitas vezes jovens e atraentes,
esperava-se que pudessem "obter informações que os homens as não poderiam obter", como o
relatório dos Aliados afirmou delicadamente. A intenção básica era usar agentes do sexo
feminino para seduzir Oficiais aliados e, a partir de então, tomar nota de conversas
interessantes, especialmente informações sobre as capturas Aliadas de combatentes da
resistência nazi. Houve rumores de secretárias da burocracia do SD contratadas para o perigoso
trabalho de capturar Oficiais aliados e posteriormente usados como reféns393.
Para empreender tais proezas, os agentes do sistema Bundschuh foram naturalmente providos de
armas, recursos e documentos de identidade falsos. O armamento incluía granadas, revólveres,
armas pequenas e Panzerfäuste, e os recursos consistiam em alimentos básicos, estojo de
primeiros-socorros, saco de dormir, comprimidos suicidas venenosos e provisão de sacarina
destinada à troca com os habitantes locais. Estas disposições foram acrescidas por depósitos de
abastecimento estabelecidos pelo SD. Os papéis falsos incluíam o Kenkarte e
Ausmustierungschein, além de vários outros papéis de menor importância, bem como cartas
387 th
7 US Army SCI Report S-965, "Waffen SS and Werewolf Activities", 25Mai45, p. 3, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities"
Vol. I, RG 319, NA.
388
History of the Counter Intelligence Corps. Vol XX, p. 117, NA; e Rose, pp. 300-301.
389
5 Corps "Weekly Intelligence Summary" n.º 3, 25Jul45, p. 06, FO 1007/299, PRO; Intelligence Div., Office of Chief of Naval
Operations, "Intelligence Report", 25Jun45, p. 2, OSS XL 12705, RG 226, NA; e History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, p.
117, NA.
390 th
7 US Army SCI Report S-965, "Waffen SS and Werewolf Activities", 25Mai45, pp. 3-4, IRR File XE 049 888 "Werewolf
Activities" Vol. I, RG 319, NA.
391
21 Army Gr., "CI News Sheet" n.º 24, 27Jun45, Part I, p. 2, W0 205/997, PRO; 3rd US Army G-2 Intelligence Center, "Interrogation
Report n.º 26", 02Ago45, p. 2, OSS XL 15457, RG 226, NA; 3rd US Army G-2, "Information Bulletin" n.º 72, 27Mai45, pp. 2-3, WO
219/1602, PRO; e Draper, p. 227.
392
Whiting, Hitler’s Werewolves, pp. 179-180.
393 th
7 US Army SCI Report S-965, "Waffen SS and Werewolf Activities", 25Mai45, p. 3, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities
Vol. I", RG 319, NA; e 3rd US Army G-2 Intelligence Center, "Interrogation Report n.º 26", 2Ago45, pp. 2-3, OSS XL 15457, RG 226,
NA.

Página 1 de 144
falsas endereçadas ao portador em seu nome e endereço falsos394. A qualidade geral desses
documentos era muito fraca; o bilhete de identificação, v.g., violava a prática padrão alemã de
mostrar sempre a orelha esquerda do portador na foto que acompanhava, e os papéis para o
Bundschuh Brémen eram feitos com o tipo errado de tinta e não tinham o carimbo apropriado.
Em Maio, os Aliados alertaram as forças de segurança militar para procurar os defeitos, sendo a
palavra de ordem: "A orelha direita é a orelha do Werwolf"395.
Ironicamente, embora o Bundschuh e organizações congéneres originalmente concebidas como
redes de inteligência, nunca receberam transmissores rádio396, em grande parte por causa dos
mesmos problemas que simultaneamente debilitaram o serviço de inteligência SD de Ohlendorf.
No lugar de a rede rádio, o contacto era mantido por estafeta, de modo que as mensagens eram
retransmitidas verbalmente ou através de caligrafias codificadas. Os correios eram o único meio
de contacto entre Kommandos e, portanto, era o calcanhar de Aquiles da organização – o grupo
Elsa, v.g., recebeu o golpe fatal quando um dos três principais estafetas da organização desertou
para lado estadunidense em 03Mai, e consigo levava informações detalhadas sobre a estrutura
de Comando central da organização mais oito dos 20 comandos397.
A rede Bundschuh sofria de outros problemas, além do sistema de comunicações rudimentar. A
própria natureza da organização tornava-a ineficaz: por ter sido constituída muito tarde, todos
sabiam que iria falhar; por ser alternativa à Waffen-SS, atraiu indolentes e cobardes; e por essa
causa fornecia documentos de identidade falsos aos incorporados, provou ser método útil de
dissimulação para a polícia secreta que sabia que estavam marcados pelo regime de ocupação.
Em suma, como observado pelo serviço de inteligência Aliada, estes incorporados dos serviços
tipo Bundschuh consideravam-nos "como forma de desaparecer de vista, voltar para casa e
novamente tornarem-se civis"398. Assim, havia vários relatórios de membros da Bundschuh
recolhiam devidamente abastecimentos e identidades falsas, e então, depois de iniciar as
missões, de repente percebiam "que não estavam a fazer bem a ninguém, muito menos a si";
esse processo de reflexão normalmente concluía pela decisão de abandonar silenciosamente as
funções e voltar para casa399.
O ponto final do refúgio para grande parte restante do RSHA era o "Reduto Alpino", que apesar
da elevação na verdade era um sumidouro a sorver inúmeras probabilidades e fina com o regime
moribundo. Kaltenbrunner – encarregue da área – chegou ao final de Abril, junto com exército
em miniatura de ajudantes e assessores. Esperava que os Aliados tivessem medo da fortaleza
alpina, que o RSHA patrocinou, pudesse ser usado para persuadir o inimigo a reconhecer um
regime austríaco "independente" apoiado pela elite austríaca do RSHA, particularmente
Skorzeny e o próprio Kaltenbrunner400.
394
21 Army Gr. "CI News Sheet" n.º 25, Part I, p. 4, 13Jul45, WO 205/997, PRO; 3rd US Army G-2 "Information Bulletin n.º 72",
27Mai45, p. 3, WO 219/1602, PRO; Intelligence Division, Office of Chief of Naval Operations, "Intelligence Report, 25Jun45, p. 2,
OSS XL 12705, RG 226, NA; CI Annex Bremen Interrogation Centre, "Final Interrogation Report (FIR) n.º 53 - Freidrich Radiker",
06Ago45, Annex II, pp. 8-9, OSS XL 15537, RG 226, NA; Intelligence Div., Office of Chief of Naval Operations, "Intelligence
Report", 20Ago45, OSS XL 18143, RG 226, NA; e 3rd US Army G-2 Intelligence Center, "Interrogation Report n.º 26", 2Ago45, p. 2,
OSS XL 15457, RG 226, NA.
395
CI Annex, Bremen Interrogation Center, "Final Interrogation Report (FIR) n.º 53 - Friedrich Radiker", 06Ago45, p. 10, OSS XL
15537, RG 226, NA; Extract from 21 Army Gr. Report, 14Mai45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA;
OISE Intermediate Sect. Communications Zone ETO, "Intelligence Notes" n.º 46, p. 1, WO 219/ 1602, PRO; ECAD "General
Intelligence Bulletin" n.º 47, 11Jun45, pp. 15-16, WO 219/3760A, PRO; e SHAEF G-5, "Weekly Journal of Information" n.º 14, 25,
Mai45, p. 4, WO 219/3918, PRO.
396
Extract from "CI Spotlight n.º 2" 13Ago45, p. 3, OSS 14083, RG 226, NA; e 21 Army Gr., "CI News Sheet n.º 24", Part I, p. 2,
27Jun45, WO 205/997, PRO.
397 th
7 US Army SCI Report S-965, "Waffen SS and Werewolf Activities", 25Mai45, pp. 1-3, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities
Vol. I", RG 319, NA; e 21 AG "CI News Sheet" n.º 25, Part I, 13Jul45, p. 3, WO 205/997, PRO.
398
Enclave Military District G-2, "CI Periodic Report n.º 3", 18Jul45, p. 2, OSS XL 12926, RG 226, NA.
399
3rd US Army G-2 Intelligence Center, "Interrogation Report" n.º 26, 2Ago45, p. 2, OSS XL 15457, NA; CI Annex Bremen
Interrogation Center, "Final Interrogation Report (FIR) n.º 53 - Friedrich Radiker", 06Ago45, p. 9, OSS XL 15537, RG 226, NA; Extract
from "CI Monitor" n.º 18, 19Mai45, p. 5, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; Draper, p. 228; e Enclave
Military District ACoS G-2 11 CI Periodic Report" n.º 3, 18Jul45, p. 2, OSS XL 12926, RG 226, NA. Em Brémen, esse colapso das
operações foi auxiliado por Ohlendorf, que se aproveitou do colapso nos canais de Comando especiais dominados por Himmler,
intervindo para instruir o Chefe SD Abschnitt de Brémen a cessar a formação de unidades Bundschuh no Noroeste da Alemanha. CSDIC
(UK) Interrogation Report, Amt III (SD Inland) RSHA, "30Set45, p. 23, ETO MIS-Y-Sect. Special Interrogation Reports, 1943-45, RG
332, NA.
400
Minott, pp. 25-26, 28, 31, 41-42; Infield, Skorzeny. p. 112; 06th SFSS HQ 5 Corps "Notes on the Political Situation in Carinthia and
Western AustriaMai45", 22Mai45, FO 371/46610, PRO; Toland, p. 289; Bradley Smith e Elena Agarossi (1979), Operation Sunrise:

Página 1 de 144
Depois desse esquema falhar, Kaltenbrunner e vários colaboradores retiraram-se para Totes
Gebirge, perto de Altaussee, retiro que o chefe do RSHA preferia, mesmo acima do
recomendado por Skorzeny, devido à presença de a célula local do RSHA equipada com rádio.
Embora Kaltenbrunner não tivesse fé na perspectiva da clandestinidade alpina, procurou usar o
rádio para manter contacto com grupos furtivos regionais em toda a Alemanha, o qual poderiam
ser usados para sustentar a resistência contra os soviéticos. Igualmente equivocou-se ao pensar
que a população local o ajudaria a sobreviver; na verdade, porém, o próprio guia que o conduziu
à cabana na montanha forneceu de bom grado essa informação às forças de ocupação
estadunidenses, e vários dias após a capitulação o mesmo guia liderou dois pelotões de tropas
estadunidenses apresando o esconderijo de Kaltenbrunner401.
Como se esperava que pudesse ser reconstituído o RSHA nalgum canto remoto dos Alpes para
desempenhar o serviço coordenador de sabotagem e guerrilha em todo o território ocupado pelo
inimigo402, outros elementos-chave da organização também se reuniram nas montanhas. O SD-
Inland, v.g., enviou para o Sul enviados após o abandono do projectado reduto de Harzgebirge,
em especial dois Oficiais que primordialmente sugeriram levantar o SD clandestino, von
Kielpinski e Spengler. Como o próprio Ohlendorf fugiu para Norte de Flensburg, sobretudo pelo
resultado da ordem directa de Himmler para o fazer, Spengler foi designado como principal
representante no Sul e deveria cooperar com Skorzeny na construção de "organização terrorista"
clandestina403. Presença notável nos Alpes foi a equipa do infame Departamento de Assuntos
Judaicos do RSHA, Directório genocida cujo chefe, Adolf Eichmann, recebeu a missão de
formar força paisana em Totesgebirge apoiado em elementos andrajosos do RSHA e fascistas
romenos que tinham retrocedido para a área404.
Naturalmente, a figura central neste esforço final do RSHA foi Skorzeny, cuja brigada comando
compreendia a força latente dos Maquis alpinos. Apesar da aptidão para operações comando,
Skorzeny aparentemente tinha pouco apreço pelo curso geral da guerra, e só se interessou
activamente pelo Reduto Alpino após colapso da Frente da Renânia: ainda em Fev45, quando
Schellenburg discutiu sobre a necessidade de preparativos clandestinos dentro do Amt VI,
Skorzeny declarou a sugestão "derrotista" e imediatamente denunciou a Kaltenbrunner405. Em
Março, no entanto, até mesmo o mais determinado nazi percebeu que a única esperança para a
última resistência era os Alpes, e Skorzeny aceitou de bom grado quando nomeado pelo
Kaltenbrunner (31Mar45) para transferir a sua equipa para as montanhas. Depois de várias
reuniões com o Feldmarschall Schörner, que comandava a frente adjacente na Checoslováquia,
decidi-se formar o movimento de guerrilha alpino que deveria envolver-se em espionagem,

The Secret Surrender, NY, Basic Books, p. 062; Black, pp. 236-250; OSS Memo for the JCS, "Approaches from Austrian and Bavarian
Nazis", 27Mar45; e OSS Memo for JCS "Approaches from Austrian Nazis (Continued)", 13Abr45, ambos em Records of the Joint
Chiefs of Staff. Part I. 1942-45: European Theatre. Reel n.º 11. Kaltenbrunner deu ordens detalhadas no final de Março sobre a
organização de depósitos de provisões para grupos de resistência no Reduto. Oberaguppenführer Spacil, Chefe do serviço de
abastecimento RSHA, afirma que houve apenas resposta limitada. USFET MIS Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 16-
0/Führer Josef Spacil", 28Ago45, p. 19, OSS 15135, RG 226, NA.
401
Wilhelm Hoettl, The Secret Front, NY, Praeger, 1954), pp. 312-313; Pearson, Vol. Ill, pp. 230-231; Black, pp. 258-259; History of
the Counter Intelligence Corps. Vol. XXVI, pp. 78-79, NA; e Minott, p. 127.
402
GSI 8th Army "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 1, 06Jul45, Part I, p. 10, FO 371/46610, PRO.
403
CSDIC (UK) Interrogation Report "Amt III (SDInland) RSHA", 30Set45, pp. 20-21, ETO MIS-YSect. Special Interrogation Reports,
1943-45, RG 332, NA. O termo "organização do terror" usado por Ohlendorf no seu interrogatório inicial foi mais tarde seguido pela
retratação semelhante à expressa por Speer em relação ao fornecimento de gás venenoso aos guerrilheiros nazis. Após período de
reflexão, Ohlendorf negou usar o termo "organização do terror" e afirmou que foi mal interpretado pelos interrogadores.
404
Eichmann Interrogated; Transcripts from the Archives of the Israeli Police, ed. Jochen von Lang, London, Bodley Head, 1983), pp.
216-262; Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 188; Toland, p. 0639; e Hoettl, p. 309. O infame traidor britânico Norman Baillie-Steward
estava nos Alpes em Mai45 e relatou nas memórias que uma unidade RSHA não identificada com rádio transmissor/receptor estava
sediada em Altaussee, mas fugiu para posições pré-preparadas nas montanhas após o avanço estadunidense. Baillie-Stewart chamou ao
bando "o pior tipo de Guardas Gestapo e SS", sem dúvida, foram responsáveis por muita vilania, embora mais tarde tenham sido
dispersos sem disparar um tiro. Norman Baillie-Steward (1967), The Officer in the Tower, London, Leslie Frewin, pp. 198, 200.
405
"Report on Interrogation of Walter Schellenburg, 27Jun-12Jul45", 18Fev46, ETO MISY-Sect. Relatórios Diversos de Inteligência e
Interrogatórios, 1945-46, RG 332, NA. Schellenburg aprovou "preparativos técnicos" para a resistência, e o testemunho de um Oficial
da SD-Ausland capturado e interrogado em Fev45 dá ideia desses planos:
Em geral, os planos de resistência alemã são assentes em lições aprendidas com os guerrilheiros soviéticos. Os quadros do
movimento eram formados por Jagdverbände com unidades semelhantes de sabotagem e inteligência e cada agente... Os
planos de inteligência e sabotagem são elaborados pelo Amt VI supervisionado por Schellenburg, auxiliado por Schmitz, que
ajudou os exércitos de Franco na Guerra Espanhola. A maioria dos líderes da resistência virá do Amt VI...
Extracto de SHAEF Cable, 17Fev45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.

Página 1 de 144
executar pequenas acções de sabotagem e, geralmente, manter-se pronto para desempenhar
papel activo no embate iminente entre Aliados ocidentais e União Soviética, quase certamente
do lado do Ocidente. De acordo com um participante dessas reuniões, o movimento também
deveria manter relações estreitas com outros grupos antissoviéticos, particularmente os da
Ucrânia e Polónia, para se continuar assim o trabalho habitual da Jagdverbände 406.
Esse movimento de guerrilha começou a tomar forma em 15Abr45, quando Skorzeny e
Kaltenbrunner emitiram directivas finais a convocar os Jagdverbände se reunissem nos Alpes
sob nova designação de Schutzkorps Alpenland. O QG da companhia de Friedenthal e 250
homens de Mitte tinham sido nesse momento transferidos para as montanhas, mas a participação
dos outros batalhões era problemática: Ost, Nordwest, a unidade pára-quedista e grande parte de
Mitte agora tinham sido abatidas em combates convencionais na Frente Oder, onde Skorzeny
serviu pouco tempo como comandante de Divisão no início de 1945, embora o pequeno
sucessor de Ost, chamado batalhão Ost II, provavelmente esperava retirar-se para as montanhas
junto com o Grupo de Exércitos de Schörner. A Südwest, por sua vez, amplamente usada em R-
Aufgaben suicida no Oeste da Alemanha. Assim, só o Südost foi capaz de atrair recursos
consideráveis para as montanhas, embora seja provável pelo menos o Südwest Jagdkommando
tenha conseguido alcançar os Alpes da Baviera perto de Oberstdorf. Também assumido, no
entanto, que Alpenland poderia recrutar mais adeptos da população civil no Sul da Alemanha407.
Skorzeny visitou o QG local do Exército e da Waffen-SS, para tentar convencer os comandantes
das unidades a juntarem-se às suas forças de retirada para as terras altas. Poucos
concordaram408, mas antes que essa moreia fosse efectivamente conduzida à frente do avanço
aliado, 90% do efectivo militar nas montanhas era composto por tropas de escalão de retaguarda
evacuadas para a região. Poucos dias antes do fim da Guerra, houve a tentativa desesperada de
bloquear a entrada nas montanhas a qualquer coisa, excepto unidades de combate organizadas, e
a tentativa de enviar refugiados civis para fora das montanhas e de volta para as áreas de origem
onde o inimigo ocupava as planícies409: ambas as medidas, é claro, chegaram tarde demais para
ter algum efeito prático.
Hitler decidiu no final de Abril que deve ser feito esforço para sem demora utilizar as tropas do
escalão de retaguarda nos Alpes e, para esse fim, todos os serviços da Wehrmacht não
envolvidos decisivamente na guerra foram dissolvidos, e os Oficiais enviados para a Frente,
mantida para o Führerreserven no Reduto, ou com documentos de desquite especiais
preparatórios para ficar como Werwölfe na retaguarda inimiga. Na verdade, o mandatário
especial do Fuhrerreserven, o Oberstleutnant Ehrenspenger foi indicado para visitar o Reduto e
escolher os Oficiais adequados para servir como guerrilheiros410. Skorzeny recomendou o
"Plano Axmann" a Hitler, pelo qual os arregimentados da HJ fossem transferidos para as
montanhas para recebere treino Werwolf por Oficiais da Jagdverband411. Um relatório do OSS

406
Skorzeny, Skorzeny’s Special Missions, p. 195; e OSS Mission for Germany "General Situation Report" n.º 2, 15Jul-01Set45,
OMGUS AG Security Classified Decimal File 1945-49, 350.09 (Intelligence, General), RG 260, NA. Sobre saber mais sobre a intenção
de manter o Reduto como "último baluarte contra o bolchevismo", e a tentativa de reservar uma força alemã para participar num
confronto próximo entre Leste - Oeste, vd. Toland, The Last 100 Days, pp. 489-490.
Skorzeny, Skorzeny’s Special Missions, pp. 193, 195; Military Intelligence Service in Austria "First Detailed Interrogation Report -
Walter Girg", 22Jan46, p. 11, OSS XL 41372, NA; USFET MIS Center "Interrogation Report - H/Stuf. Wolfram Kirchner", 3Jan46, p.
5, OSS XL 40257, RG 226, NA; USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 9 - H/Stuf. Hans Gerlach",
11Ago45, p. 10, OSS XL 13744, RG 226, NA; OSS Report from Switzerland RB-10995, 21Abr45, OSS 126098, RG 226, NA; 21 AG
"CI News Sheet" n.º 26, Part III, p. 2, 30Jul45, WO 205/997, PRO; Foley, pp. 168-169, 181-188; e Rose, pp. 205, 311.407
408
Skorzeny, Skorzeny’s Special Missions, pp. 193, 195; Military Intelligence Service in Austria "First Detailed Interrogation Report -
Walter Girg", 22Jan46, p. 11, OSS XL 41372, NA; USFET MIS Center "Interrogation Report - H/Stuf. Wolfram Kirchner", 3Jan46, p.
5, OSS XL 40257, RG 226, NA; USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 9 - H/Stuf. Hans Gerlach",
11Ago45, p. 10, OSS XL 13744, RG 226, NA; OSS Report from Switzerland RB-10995, 21Abr45, OSS 126098, RG 226, NA; 21 AG
"CI News Sheet" n.º 26, Part III, p. 2, 30Jul45, WO 205/997, PRO; Foley, pp. 168-169, 181-188; e Rose, pp. 205, 311.
409
Infield, Skorzeny, pp. 112.
410
Ultra Document, KO 1858, 2Mai45, Ultra Micf. Collection, Rolo 73; e Black, p. 257.
411
Genlt. I.A. Maisal to OB West, AOK 1, AOK 19, Wkr. VII, and Wkr. XVIII, 28Abr45 (fotogramas 5610751-5610752); e Genlt. I.A.
Maisal, "Vortragsnotiz fur Chef HPA", 29Abr45 (fotograma 5610750), ambos em Records of OKW, Microcópia n.º T-77, Rolo 863,
NA. Esses documentos – que passaram de Hitler pelas mãos do Comandante do Reduto do Norte, GEN Ritter von Hengl, e para os
comandos da Wehrmacht – contradizem directamente a afirmação posterior de von Hengl aos interrogadores estadunidenses de “nunca
ter recebido nenhuma ordem relativa à guerra de guerrilha na região alpina". [Georg Ritter von Hengl (1979), Report on the Alpine
Fortress" 25Abr46, p. 11, in World War II German Military Studies, NY, Garland, Vol. 24]. Os relatórios de interrogatório de Von

Página 1 de 144
em 21Abr estimou, como resultado de todos esses esforços, que Skorzeny tinha reunido 100 mil
soldados e guerrilheiros sob o seu comando412, embora pareça substancialmente sobrestimado.
Com base nessa força incerta, deu-se realmente o início à activação da organização Alpenland:
foram distribuídas rações de três meses ao grupo principal de vários milhares de homens;
grandes recursos financeiros do RSHA foram transferidos para Skorzeny e escondidos nas
colinas; estabelecida a rede rádio rústica, centrada na estação principal chamada "Brieftaube"; e
depósito central de abastecimento enorme estabelecido numa mina de cobre perto de
Bischofshaven, Áustria. Esta última instalação foi abastecida com três quartos de milhão de
artigos de armas pequenas, granadas e munições, além de duas mil caixas de explosivos. Depois
da existência do arsenal finalmente revelada aos Aliados por Skorzeny, foi descrito como "a
descoberta de sabotagem mais importante até agora feita no Teatro Europeu"413.
Qualquer esforço de última hora, no entanto, suficiente para superar situações debilitantes que
cercavam o reduto malfadado. Posições reais do tipo "Letzi" foram preparadas só nas bordas Sul
e Oeste das montanhas – de frente para a Itália e Suíça – e houve poucos esforços de longo
prazo para armazenar recursos ou desenvolver indústrias essenciais na região. É verdade depois
de o 12º Grupo de Exércitos estadunidense cruzar o Reno, as sugestões para fortalecer as
aproximações ao Norte dos Alpes foram levadas a sério no QG do Führer, mas a directiva de
Hitler resultante foi datada de 20Abr, apenas duas semanas antes do término final da guerra414.
No entanto, o Oficial da OKW na área lembrou mais tarde que planos grandiosos ainda eram
superiormente transmitidos até 29Abr, a pedir a construção de fábricas subterrâneas de munição
e até fábricas de aeronaves415. Além disso – como supracitado – os Alpes foram invadidos por
influxo de burocratas militares e civis, que os bávaros e austríacos chamaram desdenhosamente
de "a invasão do Norte".
Talvez o pior de tudo, não havia sinal das novas 10 ou 12 Divisões Waffen-SS e Gebirgsjäger
que talvez pudessem ter ajudado a defender as passagens para as montanhas. Além disso, a
Wehrmacht severamente limitada pela táctica usual de Hitler de emitir ordens de vencer ou
morrer destinadas a defender posições avançadas em vez de favorecer a retirada deliberada para
terreno mais defensável. Assim, a maioria das forças alemãs na chamada "Alpenvorland" – tanto
a Norte quanto a Sul do maciço – foram destruídas na última quinzena de Abril, antes que
tivessem oportunidade de recuar: ao longo da margem Norte das montanhas, v.g., dois terços da
força de defesa foi destruída antes de chegar ao Reduto propriamente dito, e os restantes 300 mil
homens foram dispersos a tal ponto que fugiram para as colinas como turba desorganizada.
Esses desenvolvimentos e revelações aparentemente chocaram Skorzeny, como muitos alemães,
acreditava na mesma desinformação do SD transmitida aos Aliados, mas voltou-se contra a
própria Alemanha. Em todos os lugares, o Chefe comando confrontado com confusão e
despreparo, e até mesmo os supremos senhores da guerra no centro do seu universo limitado
pareciam enganá-lo – "imaginei de tudo o que ouvi em Berlim", lamentou mais tarde, "os
preparativos necessários tinham sido há muito concluídos"416.

Hengl formaram fonte importante para grande parte da literatura do pós-guerra sobre o Reduto, incluindo Rodney Minott’s, The
Fortress That Never Was.
412
Infield, Skorzeny. pp. 111-112.
413
US Military Intelligence in Austria "First Detailed Interrogation Report - Walter Girg", 22Jan46, p. 11, OSS XL 41372, RG 226, NA;
"BOAR/CIB CI News Sheet" n.º 29, 24Set45, Part III, pp. 5-6, WO 205/997, PRO; 06 SFSS 5 Corps "Notes on the Political Situation in
Carinthia and Western Styria, Mai45", 22Mai45, FO 371/46610, PRO; 5 Corps "Weekly Intelligence Summary", n.º 7, 30Ago45, pp. 5-
6, FO 1007/299, PRO; USFET MIS Center "Interrogation Report - H/Stuf. Wolfram Kirchner", 03Jan46, p. 5, OSS XL 40257, RG 226,
NA; The Stars and Stripes. 09Jul45; Maschmann, p. 170; Sayer e Botting, Nazi Gold, pp. 26-27, 41-44; e Glen Infield (1982), Secrets of
the SS, NY, Stein & Day, p. 222.
414
Franz Hofer, "The Alpine Redoubt" (s/d), p. 7- 8, 10-11, 22; Georg Ritter von Hengl, "Report on the Alpine Fortress", 25Abr46, pp.
1-5; e George Ritter von Hengl, "The Alpine Redoubt" (s/d), pp. 2, 9-10, todos em World War II German Military Studies. Vol. 24; e
Ultra Document, KO 1674, 29Abr45, Ultra Micf. Collection, Rolo 73. O memorando da Wehrmachtführungstab em 18Abr45 estimou
serem necessários 25 comboios de suprimentos, cada um com mil toneladas de mercadorias, para levar recursos aos Alpes até o nível
necessário para sustentar uma resistência de dois meses. Rose, p. 313.
415
ACA (BE) CMF "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 23, 15Dez45, p. 17, FO 1007/300, PRO.
416
Reuben James, "The Battle of the German National Redoubt - Planning Phase", in Military Review, Vol. XXVI, n.º 9 (Dez46), pp.
06-8; Reuben James, "The Battle of the German National Redoubt - Operational Phase", in Military Review. Vol. XXVI, n.º 10 (Jan47),
pp. 24-26; e Gen. Mark CIark (1950), Calculated Risk, NY, Harper & Bros., pp. 440-441. Não só Hitler falhou em retirar as forças
apropriadas para os Alpes, mas conseguiu desmoralizar o 6º Exército SS Panzer, que tinha sido empurrado para os Alpes orientais e que
poderia ter formado a força principal de guerrilha contra os soviéticos. Depois de várias divisões de elite da Waffen-SS não conseguirem

Página 1 de 144
Tais decepções no último mês de guerra conspiraram para transformar Skorzeny em
personagem muito desagradável, junto ao facto de os aparentes triunfos comando dos vários
anos anteriores tinham-lhe inflamado o ego a proporções quase incontroláveis. Grande parte da
confusão que Skorzeny viu nos Alpes atribuída à falta de líder forte para a área417, e igual falta
de líder para acções de sabotagem em geral: afinal, Prützmann era incompetente e – em
qualquer caso – tinha fugido para o Norte para Schleswig Holstein; Schellenburg da Alemanha
do Norte não estava interessado no Reduto e exibiu tendências exasperantemente moderadas
quando o fim da Guerra se aproximava; O Obergruppenführer Wolff, o principal Oficial da SS
no Norte da Itália, achava o conceito de Reduto era "loucura"418, e estava ocupado a negociar a
rendição aos Aliados ocidentais, enquanto o Comandante da guarnição nos Alpes do Norte,
Generalleutnant von Hengl, opunha-se à guerra de guerrilhas, alegava ser inútil, e até aprovou
memorando de Estado-maior para o efeito, enviado a Bormann419. Para o comandante formal
GEN Schörer favorável à guerra paisana, estava ocupado a defender deseperadamente bacia da
Boémia do Exército Vermelho420.
O egocêntrico Skorzeny é claro, procurou entrar nesse vácuo e estabelecer-se como o líder
supremo da luta de guerrilha final. Primeiro, convenceu Kaltenbrunner a demitir Schellenburg,
de quem Kaltenbrunner não gostava; no início de Abril, Skorzeny substituiu assim o mais
urbano e cosmopolita Schellenburg como chefe geral do Amt VI421. Schellenburg, em qualquer
caso, tinha sido informado abruptamente por Skorzeny que quem se lhe juntasse nos Alpes
"teria de se colocar sob as suas ordens; tudo o resto era lixo". No final de Abril, von Hengl foi
também demitido e substituído pelo GEN Jacksch mais flexível (ainda que não esteja claro se a
demissão de von Hengl foi directamente atribuída à influência de Skorzeny) 422.
O Chefe comando, como Prützmann, começou a adoptar ares de MAREX, transportando-se em
comboio pessoal do QG e dando ordens soberbamente a todos. Tal megalomania foi fonte de
diversão para Kaltenbrunner, que apelidou Skorzeny de "Napoleão Paisano"423, embora tenha
notado que o líder do RSHA mais do que suportar as palhaçadas de Skorzeny concedeu-lhe
quase carta-branca no final da Guerra.
O comportamento de Skorzeny nos Alpes variou de arrogante a brutal. As esposas e filhas de
agricultores alpinos, v.g., foram atiradas na preparação desesperada de última hora de obras de
defesa e paióis de munições com os usuais métodos de mão pesada nazis – muitas vezes ameaça
de morte para “traidores” que se recusavam a juntar-se à luta – e Skorzeny recebeu o Comando
de um Batalhão de Granadeiros SS-Sicherheits que vasculhou a retaguarda alemã em busca de
desertores e começou a assumir aspecto não muito diferente das infames "unidades de bloqueio"
do NKVD de 1941424. Tais relações com a população civil e o militarismo dificilmente
incentivaria, a dose necessária de entusiasmo e patriotismo local essencial para sustentar os
guerrilheiros alpinos durante qualquer período apreciável requisitou à força um camião cheio de
armas a caminho de um bando de guerrilheiros Werwolf rival425, enquanto os depósitos de
recursos da própria organização não estavam de modo algum a salvo de saques civis. Em vários

forçar o avanço na Hungria em Mar45, Hitler impetuosamente despojou-os das suas premiadas braçadeiras SS, dando a entender que as
unidades falharam-lhe e desonraram a causa nazi. Como nota Gerald Reitlinger, a raiva e a decepção assim induzidas "impediram
efectivamente que a SS desempenhasse o papel de candidatos fanáticos à autoimolação, consequência lógica do papel para o qual Hitler
sempre os destinara". Reitlinger, p. 87, 370-371; e Karl O. Paetel (1955), "The Reign of the Black Order - The Final Phase of National
Socialism: The SS Counter-State", in The Third Reich, London, Weidenfeld & Nicolson, pp. 672-676.
417
Skorzeny, Skorzeny’s Special Missions, p. 195. Vd. tb. Infield, Skorzeny. p. 116; e Foley, pp. 193, 195.
418
Skorzeny, Skorzeny’s Special Missions, p. 195.
419
Bradley e Agarossi, p. 97.
420
von Hengl, "Report on the Alpine Fortress", 25Abr46 p. 11, World War II German Military Studies, Vol. 24.
421
Minott, pp. 101-102. Sobre a nomeação de Schörner como comandante do Reduto, vd. Rose, p. 314; e Toland, pp. 489-490. Schörner
só chegou ao Reduto – de avião – no dia 09Mai, e escondeu-se logo.
422
Hoettl, pp. 310-311.
423
Report on "Interrogation of Walter Schellenburg, 27Jun-12Jul45", 18Fev46, ETO MIS- Y-Sect. Miscellaneous Intelligence and
Interrogation Reports, 1945-46, RG 332, NA. Sobre a demissão de von Hengl, vd. Ultra Documents, KO 1858, 2Mai45; e KO 2070,
06Mai45, ambos em Ultra Micf. Collection, Rolo 73.
424
Hoettl, p. 310.
425
Julius Mader, Jaqd nach dem Narbenaesicht (Berlin: Deutscher Militarverlag, 1963), pp. 136, 147-149; Hoettl, p. 308; e Manfried
Rauchensteiner (1984), Der Krieg in Osterreich. 1945, Wien, Osterreichischer Bundesverlag, p. 344.

Página 1 de 144
casos, os depósitos de Jagverbande Südost foram descobertos e destruídos por forças da
Wehrmacht em retirada426.
Portanto, não é de surpreender, uma vez os Aliados chegados ao coração dos Alpes, os
Schutzkorps Alpenland não estivessem em posição de liderar a luta de guerrilha popular contra
os invasores, embora tenham realizado algumas operações para evitar saques Aliados. Em
08Mai, o QG da Schutzkorps em Radstadt foi evacuado e Skorzeny fugiu do cerco para as
montanhas junto com o fiel Radi e vários outros Oficiais da SS. De acordo com Skorzeny, o
resto dos seus guerrilheiros de Alpenland recebeu ordens estritas para se esconderem nas
montanhas e aguardar novas instruções, embora era evidente muitos dos Oficiais obedeceram à
ordem de Dönitz de cessar a actividade guerrilheira e se renderam no momento da capitulação
geral427. Alega-se durante os últimos dias de guerra, mesmo Himmler proibiu a actividade anti-
aliada por guerrilheiros alpinos, e esta ordem foi encaminhada para o Sul por Kaltenbrunner e
resultou directamente no colapso do bando guerrilheiro de Eichmann no Totesgebirge428.
Alguns dos Comandos Jagdkommandos, no entanto, permaneceram nas montanhas por vários
meses além da capitulação, onde foram auxiliados por agricultores locais; em pleno Verão, v.g.,
tropas estadunidenses em Bad Aussee capturaram um Oficial do SD e quase 40 membros da
Alpenland escondidos na área circundante429. Outra unidade mostrou a proeza militar quatro
dias após a capitulação, atacando as forças húngaras perto de Badgstein e roubou algumas das
jóias da coroa húngara430, embora a subsequente disposição desse tesouro tenha causado brigas
internas dentro do bando. Uma rapariga do BDM retirada para as montanhas para actuar como
serviçal de uma dessas unidades lembrou mais tarde que a maioria dos comandos parecia mais
preocupada com a própria segurança pessoal do que com a promoção da causa nazi, embora
esse interesse próprio tenha sido suprimido abaixo da fina camada de fanatismo contínuo.
Brevemente suspensos nesta terra de fantasia, os guerrilheiros passavam os dias a planear
operações comando e as noites consumiam existências de conhaque e a ler poesia à luz de velas.
"Quatro semanas após o cessar-fogo", disse a informante do BDM, "ainda vivíamos no nosso
mundo familiar de procedimentos militares e ideias nazis. A esperança totalmente irreal de um
dia pudessemos restabelecer este mundo de nosso buraco protegeu-nos da percepção
aniquiladora do que havia deixado de existir"431.
O mais importante desses grupos díspares foi o grupo principal de Jagdeinsatz Kroatien, em
meados de Abril recebeu ordens para se retirar da base em Zagrebe e agir como unidade de
retaguarda inimiga na área de St. Veit, onde várias aldeias pequenas permaneceram
anormalmente simpáticas ao nazismo e deveriam abrigar a unidade e o equipamento de
sabotagem. Parte da unidade rendeu-se aos britânicos em 12Mai, mas outra subsecção –
denominada Einsatzgruppe Glödnitz, nome em homenagem à vila local – sobrevivente de forma
nebulosa muito além da capitulação. Esta unidade, v.g., pode estar relacionada com o
"considerável bando hostil" observado pelas tropas britânicas em Glödnitz no final de Maio, que
por sua vez estava relacionado com a fuga de 150 homens da Waffen-SS da área de
concentração local na noite de 28/29Mai. O bando de Glödnitz permaneceu fiel ao objectivo
principal de Alpenland, preservar a oposição à espera da invasão soviética ou jugoslava, pelo
menos até ser esmagada pelos britânicos em Jun45432. Mesmo assim, vários membros-chave do

426
USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 06 - Walter Schimana", 31Jul45, p. 3, OSS 142090, RG
226, NA.
427
USFET MIS Center "Interrogation Report - H/Stuf. Wolfram Kirchner", CI-IIR 42, 3Jan46, p. 5, OSS XL 40257, RG 226, NA.
428
Skorzeny, Skorzeny’s Special Missions, p. 195 (vd. tb. the 1950 edition of Skorzenv's Special Missions published by EP Dutton, NY,
pp. 255-256); US Military Intelligence in Austria "First Detailed Interrogation Report - Walter Girg", p. 12, 22Jan46, OSS XL 41372,
RG 226, NA; USFET MIS Center "Interrogation Report - H/Stuf. Wolfram Kirchner", CI-IIR/42, p. 06, 3Jan46, OSS XL 40257, RG
226, NA; 06 SGSS 5 Corps. "Notes on the Political Situation", in Carinthia and Western Styria, Mary 1945", 22Mai45, FO 317/46610,
PRO; e Infield, Skorzeny, p. 122.
429
Eichmann Interrogated: Transcripts from the Archives of the Israeli Police, p. 262. 115. BAOR/CIB "CI News Sheet" n.º 28, 9Set45,
p. 7, WO 205/997, PRO.
430
Winafoot (1945), The Rhineland and Central Europe Campaigns, Weinheim, US 101st Cavalry Gp., pp. 87, 92.
431
Maschmann, pp. 170-179.
432
15 AG "Security Summary", 16Jun45, p. 8, WO 204/831, PRO; GSI 8 th Army "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 3, 20Jul45,
pp. 12-14; n.º 4, 27Jul45, p. 5, ambos em FO 371/46611, PRO; n.º 7, p. 16, FO 371/46612, PRO; 5 Corps "Weekly Intelligence
Summary", n.º 1, 11Jul45, p. 06; n.º 7, 30Ago45, p. 9, FO 1007/299, PRO; e USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 16,
1Nov45, p. 1, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.

Página 1 de 144
grupo escaparam da captura e acabou por formar novo grupo clandestino, o
Widerstandsbewegung, que em 1946 estendeu tentáculos por toda a Caríntia433.
Quanto a Skorzeny, passou os últimos dias de liberdade escondido num chalé na montanha,
junto com Radi consideraram cuidadosamente as opções. O Chefe comando acabou por decidir
entregar-se com o grupo de 300 guerrilheiros do SD, provavelmente porque a unidade
Alpenland tinha sido projectada para operar principalmente contra os soviéticos e, como os
Aliados ocidentais ocuparam a maior parte dos Alpes, o Korps tornou-se redundante. De
qualquer forma, o QG da componente oriental de Alpenland – que sofreu o peso da actividade
paisana contra o Exército Vermelho – previamente destroçada e evadida para as linhas
estadunidenses em vez de recuar para as montanhas como planeado. Assim, em meados de Maio
de 1945, Skorzeny rendeu-se num posto avançado estadunidense em Annaberg e depois enviado
para a prisão em Salzburgo434.
Mesmo em cativeiro, no entanto, Skorzeny permaneceu no centro do submundo nazi. Manteve
contactos egrégios com membros de grupos Brandenburgo e Jagdverband dispersos, que se
uniram ao chamado "Movimento Skorzeny", sediada principalmente na Baviera e financiada
pelo menos em parte por activos recuperados da Alpenland de vários esconderijos secretos nos
Alpes. Esta rede era principalmente sociedade de ajuda mútua de veteranos – e como tal estava
associada à famosa "ODESSA" – embora realizasse a vigilância do KPD e num caso até
assumisse aspecto antiestadunidense; i.e., em Mannheim, mesmo antigo Ajudante de campo de
Skorzeny formou a célula de sabotagem ODESSA que fez planos elaborados para a destruir
depósitos de recursos estadunidenses e instalações de transporte.
O CIC estadunidense lançou investigação da organização Skorzeny em 1946 (Operação
Brandy), mas após a fuga de Skorzeny da prisão dois anos depois, a rede "vira" e indirectamente
passou a funcionar para vários serviços de inteligência estadunidenses. O intermediário nessa
relação foi o indestrutível Reinhard Gehlen, que nesse meio tempo teve sucesso no próprio
plano de transferir a organização para o controlo estadunidense435. Skorzeny eventualmente
apareceu em Espanha de Franco e ficou figura topo de grupos nazis sombrios do pós-Guerra
como Kameradenschaft e Die Spinne.
Várias das redes regionais de resistência do RSHA também tinham histórias do pós-guerra,
embora fossem breves e sem a importância relativa do "Movimento Skorzeny". Elsa, v.g., fez
planos para sobreviver à capitulação e, em reunião de agentes em 21Abr, o KdS de
Vurtemburgo, Obersturmbannführer Tümmler, anunciou que o conflito militar poderia durar
apenas mais duas semanas, que eram necessários preparativos para a continuar a luta política
ilegal. Tal como aconteceu com a Werwolf Axmann, saques de última hora feitos das contas do
Partido para fins de financiamento, e os membros da Elsa receberam pseudónimos e empregos
de cobertura, e depois instruídos a permanecer adormecidos por período de pelo menos seis
semanas. É claro – como supracitado – esses planos cuidadosos foram arruinados pela deserção

433
ACA (BE) Intelligence Organization "Digest", n.º 16, 16Jan46, p. 2, FO 1007/289, PRO; ACA (BE) Intelligence Organization "Joint
Weekly Intelligence Summary", n.º 26, 12Jan46, pp. 2-3; n.º 28, 26Jan46, p. 4; n.º 29, 2Fev46, p. 4, todos em FO 1007/300, PRO; e MI-
14 "Mitropa", n.º 15, 09Fev46, p. 8, FO 371/55630, PRO. A malha frouxa "Widerstandsbewegung" foi construída por colaboradores de
Obersturmführer Krüger, ex-Jagverband Südost e incluía pelo menos um ex-Werwolf. Especializaram-se em infiltração em escolas de
esqui do exército britânico como instrutores. É possível que a organização tenha sido auxiliada pelos soviéticos – supostamente o
principal inimigo de Schutzkorps Alpenland – nesse momento o Exército Vermelho forneceu documentos a Krüger depois de prendê-lo
na Zona Soviética da Áustria.
434
Infield, Skorzeny. pp. 122-123; Skorzeny, Skorzeny’s Secret Missions (1950 ed.), pp. 254-256; US Military Intelligence in Austria
"First Detailed Interrogation Report - H/Stuf. Walter Girg", 22Jan46, p. 12, OSS XL 41372, RG 226, NA; History of the Counter
Intelligence Corps. Vol. XXVI, p. 30, NA; e USFET MIS Center "Interrogation Report - H/Stuf. Wolfram Kirchner", CI-IIR/42,
3Jan46, p. 06, OSS XL 40257, RG 226, NA.
435
Infield, Skorzeny, pp. 130-132, 154-163; "Interrogation Report - Hans Gunther Redel", 18Abr48, pp. 1-2; I. Harris, Dept. Director of
Intelligence, OMGUS to Director of Intelligence, Commanding General, US Forces Austria, 14Dez48; J. McCraw, Chief, Public Safety
Branch OMGUS to Dir. of Intelligence OMGUS, 8Set48, todos em OMGUS ODI General Correspondence, 080.4, RG 260, NA;
USFET "Theatre Commander’s Weekly Staff Conference" n.º 28, p. 5, 2Jul46; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 062,
19Set46, p. C5, ambos em State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; CCG (BE) Intelligence
Division "Summary" n.º 5, 13Set46, p. 1, FO 1005/1702, PRO; Wiesenthal, pp. 89-93; e Infield, Secrets of the SS. pp. 195-198.

Página 1 de 144
do estafeta da Elsa em 03Mai e, no final do Verão de 1945, a Secção G-2 do 7º Exército dos
EUA concluiu que o grupo estava garantidamente "sob controlo"436.
Outro grupo semelhante com aspirações pós-guerra, o Sigrune da Turíngia, formado sob a
direcção do Oficial da Gestapo Friedrich Fischer durante Mar-Abr45. Fischer e vários membros
conseguiram manter solta a rede clandestina por várias semanas após o final da guerra, instalada
principalmente à volta de uma padaria que servia como central Anlaufstelle em Weimar. No
entanto, o CIC "transformou" com sucesso vários membros do Sigrune logo após a chegada
estadunidense à Turíngia, e esses agentes duplos participaram de a Operação "Rei", que logo
descobriu toda a rede. Pouco antes dos ajustes territoriais EUA-Soviéticos colocarem a maior
parte da Turíngia sob controlo soviético, o Sigrune foi desfeito pela prisão de 40 resistentes e a
captura de depósito de munição clandestino contendo mais de 5 400 kg de dinamite437.
Quanto à acção Aktion Bundschuh, algumas das células ressurgiram durante o Outono de 1945 e
foram ligadas por rede de correio com o nome de código "Danúbio", embora não esteja claro se
este era a verdadeira designação ou era só a palavra-chave para a operação investigativa lançada
pelos britânicos e estadunidenses. O CIC prendeu vários membros no final de 1945, embora o
grupo permanecesse activo – pelo menos na Zona Britânica – até ao ano seguinte. Evitou actos
de violência, mas concentrou-se na penetração dos serviços Aliados do GM, devolvendo assim
ao Bundschuh o propósito original438.
Em última análise, é difícil chegar a uma conclusão única sobre o Movimento de Resistência
RSHA, principalmente porque as actividades eram muito diversas. O único fio a percorrer todo
o processo de forma consistente foi o movimento gradual do RSHA para longe das margens de
envolvimento na acção diversionista em direcção ao papel principal, principalmente porque a
Werwolf não conseguiu administrar adequadamente a sua hegemonia.
Por outro lado, o estabelecimento da Polícia-RSHA não era particularmente adequado para
actividades clandestinas. Um membro da Gestapo sugeriu as razões quando mais tarde disse aos
interrogadores aliados "que qualquer tentativa de fazer sabotadores activos de Oficiais de meia-
idade da Stapostelle Nuremberga estava fadada ao fracasso"439. Apesar dos crimes desmedidos
da Gestapo e do SD, os membros dessas organizações estavam envoltos em véu de legalidade e
orgulhavam-se de serem os guardiões da ordem; não estavam, portanto, psicologicamente
predispostos a envolver-se em agendas que não fossem para além de ilegais e
desestabilizadoras. De qualquer forma, o melhor material humano estava agora nas forças
armadas, e muitos dos homens remanescentes da Gestapo e do SD que tiveram a perspicácia de
ver os nomes na lista negra dos Aliados – i.e., de se imaginarem como malfeitores e não como
representantes da lei – tinham-se juntado ao Werwolf. O Bundschuh e redes similares foram a
opção preferida de poucos.
Skorzeny e os seus cavaleiros andantes apresentavam problema diferente. Foram especialmente
eficazes e causaram problema não negligenciável aos inimigos da Alemanha, particularmente ao
ajudar grupos paisanos antissoviéticos na retaguarda da Frente Oriental. De facto, bandos de
guerrilheiros armados e treinados por alemães não só perturbaram as linhas de comunicação do
Exército Vermelho durante a Guerra, mas em muitos casos continuaram a lutar por pelo menos
vários anos depois de os benfeitores alemães morreram. Mesmo no Ocidente, Jagdverbände
Südwest deu aos Aliados problemas espalhados por rotas de abastecimento de mineração,
emboscadas a veículos e de outra forma apoiavam a actividade Werwolf na retaguarda aliada440.

436 th
7 US Army SCI Report S-965 "Waffen SS and Werewolf Activities", 25Mai45, p. 3, IRR File XE 049 888 "Werwolf Activities Vol.
I", RG 319, NA; e B. Morris, "Review of the Internal Security Situation in the Western Military District", 15Out45, State Dept. Decimal
File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
437
USFET MIS Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 20 - Krim. Rat. Friedrich Fischer", 31Ago45, pp. 3-4, OSS XL
15364, RG 226, NA; USFET MIS Center "Consolidation Interrogation Report (CIR) n.º 8 - King Operation", 31Ago45, pp. 2-6, OSS
XL 15368, NA; USFET MIS Center, "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 15 - Krim. Asst. Willi Holz", 22Ago45, pp. 4-7, OSS
XL 15537, RG 226, NA; USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 7 - Alice Hohne", 2 340, Ago45, pp.
3-6, OSS XL 13773, RG 226, NA; USFET MIS Center "Intermediate Interrogation Report (IIR) n.º 19 - Werner Huther", 30Ago45, pp.
3-4, OSS XL 15265, RG 226, NA; The New York Times. 7Set45; e The Stars and Stripes. 09Set45.
438
CCG (BE) "Intelligence Bulletin" n.º 13, 24 Mai46, p. 3 FO 1005/1701, PRO.
439 rd
3 US Army Interrogation Center (Prov.). "Interrogation Report" n.º 39, 8Set45, OSS XL 19643, RG 226, NA.
440
O R-Aufgaben efectuado por unidades da Jagverband Südwest é recontado em USFET Interrogation Center "Intermediate
Interrogation Report (HR) n.º 9 — H/Stuf. H. Gerlach", 11Ago45, pp. 9-10, OSS XL 13744, RG 226, NA.

Página 1 de 144
Pode-se então concluir, se havia base natural para a resistência diversionista alemã, a
organização Skorzeny compreendia tal núcleo. Esse factor aplicava-se, no entanto, apenas
enquanto o regime nazi ficasse de pé, e o Führer capaz de agitar desafiadoramente o punho
contra as potências inimigas invasoras. Após o colapso do regime, Skorzeny e correligionários
apresentaram-se humildemente aos Aliados ocidentais, excepto por alguns grupos resistentes
nos Alpes, obviamente esperavam cumprir papel em qualquer nova cruzada Ocidental contra o
Leste.
À primeira vista, a tentativa de conduzir a guerra de guerrilha nos Alpes poderia parecer o curso
natural para as Jägdverbande, em particular porque havia numerosos bandos Waffen-SS e HJ
nas montanhas que poderiam ter sido possivelmente convencidas a participar441. Então porquê
Skorzeny e camaradas não tentaram continuar a lutar como guerrilheiros alpinos? Foi referido
que o Alpenland Korps foi preparado principalmente para o combate contra os soviéticos, que
atingiram apenas o limite Leste da esfera de operações pretendida pelo grupo, mas houve
factores adicionais de importância talvez ainda maior.
Em primeiro lugar, Alpenland não tinha ampla base de apoio entre os montanheses – não só por
causa do comportamento violento de Skorzeny – mas porque partilhavam da opinião da maioria
dos alemães de que a guerrilha não conseguiria nada de importante e daria em represálias e
enorme atraso na reconstrução. De facto, os antifas austríacos e bávaros ajudaram os Aliados a
combater os Maquisardos nazis – os guerrilheiros perto de Oberstdorf, v.g., foram eliminados
pelo Heimatschutz local442 – e a Resistência austríaca teve mão na captura do próprio
Kaltenbrunner443. As bolsas pró-opinião nazis continuaram a existir não foram suficientes para
equilibrar esses factores adversos, nem se esperava que os paisanos pudessem substituir o valor
da lealdade popular pelos benefícios extraídos pela intimidação pura e dura.
Intimamente relacionado a esse fracasso sociopolítico estava o insucesso ideológico igualmente
desastroso, permitindo a dúvida e a incerteza se infiltrassem nas mentes dos próprios comandos,
principalmente porque não tinham a crença sustentada para neutralizar o desprezo aberto da
população. Como observou Hugh Trevor-Roper, o nacional-socialismo oferecia essencialmente
a troca de Poder ou Ruína mundial444, e havia pouco lugar nessa equação para guerrilheiros
nazis, principalmente porque havia pouca preparação para a sobrevivência ideológica do
movimento além da morte do fundador e principal profeta. Um participante do Alpenland
Maquis lembrou mais tarde o choque entorpecente e a sensação de traição vieram com a
eventual notícia do suicídio do Führer, e a única resposta disponível dos comandos era beber
até entorpecer anestesiado445. É verdade, o elemento ideológico é escasso em muitos
movimentos paisanos, e factores pessoais cumprem papel importante na adesão de número
considerável de novos membros446, mas as considerações ideológicas são importantes pelo
menos nos estágios iniciais de existência, antes de o impulso da expansão varrer grande número
de membros menos comprometidos.

441
Sobre a presença de bandos SS e HJ nas montanhas, vd. FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary n.º 293,
16Mai45, p. 3; lère Armée Française, 2ère Bureau "Bulletin de Renseignements", 16Mai45, p. 1 e "Annex 4"; Direction Général des
Études et Recherches, "Bulletin de Renseignements - Allemagne; Activité Clandestine dans le Voralberg", 02Jul45, pp. 1- 2, ambos em
7P 125, SHAT; 15 AG "Security Summary for Mai45", 16Jun45, pp. 3-4, WO 204/831, PRO; 15 AG "Security Summary" 16Jun45, p.
7 WO 204/831, PRO; SHAEF JIC "Political Intelligence Report" 20Jun45, p. 3, WO 219/1700, PRO; The Globe and Mail. 20Jun45; 5
Corps "Weekly Intelligence Summary" n.º 1, 11Jul45, p. 5; n.º 06, 17Ago45, p. 17; n.º 11, 14Set45, p. 06, todos em FO 1007/300, PRO;
MI-14 "Mitropa" n.º 4, 8Set45, p. 7, FO 371/46967, PRO; The Christian Science Monitor. 07Jul45; CAP P. de Tristan, 1st French Army,
5th Bureau, Monthly Historical Report, 1Jun45; R. Murphy, Pol. Adv. Germany via J. Caffrey to the Sec. of State, 29Mai45; Heath,
Office of Pol. Adv. Germany via J. Caffrey to the Sec. of State, 2Jun45, todos em State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; Lucas, Last Days of the Reich, p. 113; e The New York Times. 30Set45.
442
SHAEF JIC "Political Intelligence Report",0 2Jul45, p. 3, WO 219/1700, PRO; e 21 AG "Weekly Political Intelligence Summary" n.º
3, 21Jul45, p. 14, FO 371/46933, PRO. Sobre a ajuda dada pelos antifascistas residentes em reunir os bandos nazis alpinos, vd. B.
Morris, USGCC "Observations on the Situation in Munich", 16Jul45, State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany),
RG 59, NA; Direction Générale des Études et Recherches "Bulletin de Renseignements Allemagne: Activite Clandestine dans le
Voralberg", 2Jul45, p. 2, 7P 125, SHAT; Maschmann, p. 179; e History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XXVI, p. 068, NA. O
Pravda reivindicou actividade semelhante por socialistas e comunistas no Leste da Áustria. Soviet Monitor, 2Jul45, FO 371/46610,
PRO.
443
Walter Mass (1979), Country Without a Name, NY, Frederick Ungar, p. 148.
444
Trevor-Roper, The Last Days of Hitler, (1987 ed.), p. 56.
445
Maschmann, pp. 174-175.
446
Watson, pp. 343-344.

Página 1 de 144
É claro, os paisanos tinham a estratégia político-militar pronta assente na ruptura supostamente
iminente na aliança entre a União Soviética e os Aliados Ocidentais, mas isso não serviu como
substituto substancial para incentivos materiais mais realistas para continuar a luta,
especialmente porque o colapso previsto não ocorreu após curto intervalo. É verdade que
algumas unidades Jagdverband resistiram por vários meses além da capitulação – junto com
bandos SS dispersos – raramente capazes de converter o impulso negativo de escapar da captura
em intenção positiva de se opor às potências ocupantes. Sem forte motivo de resistência, os
últimos guerrilheiros abandonaram as residências nas montanhas quando o advento do primeiro
clima frio no final de 1945 tornava esse estilo de vida suficientemente desconfortável447.
Mais importante de tudo, no entanto, havia ausência crucial de algum meio de reabastecer
provisões e mão-de-obra. Ao contrário dos movimentos de resistência europeus antinazis dos
anos anteriores, Schutzkorps Alpenland não tinha esperança de vitória porque não tinha aliados
sobreviventes, além dos distantes japoneses. Assim, sem perspectiva de aviões de provisões
aliadas para lançarem armas e conselheiros, nem qualquer poder simpático para fazer
transmissões rádio inspiradoras para manter o moral. Combinado com a ausência de apoio
popular local e o conservadorismo emergente da empresa Tessmann – única fonte de recursos
auto-reabastecimento disponível para os Alpinos Maquis – o golpe devastador foi a falta de
aliados externos. Uma vez as reservas de armas e recursos financeiros do próprio movimento se
esgotavam, o Alpenland ficaria totalmente dependente da precária necessidade de capturar todas
as armas e recursos inimigos. Isso deve ter parecido asserção difícil até mesmo para a elite
comando de Skorzeny; na verdade, é possível que tal desafio representasse ameaça psicológica
para o grupo no qual o sentimento de superioridade inerente se baseava em escumar a nata da
mão-de-obra e tecnologia da Europa em armas pequenas, recursos que não estariam mais
disponíveis. A Götterdämmerung [mitologia] final nas montanhas tinha certo apelo heróico,
mas arriscava expor também o mito da preeminência inerente, principalmente porque sinais
claros de desintegração tinham aparecido anteriormente na época da capitulação geral.
Os primeiros dias tranquilos de Skorzeny no ar fresco da montanha parecem ter permitido que
tais realizações se desenvolvessem – ou pelo menos algum padrão parecido de raciocínio tomou
conta – e os planos para a glória como Chefe paisano começaram a derreter tão rápido quanto as
neves da montanha que se afastavam. Dez dias após a capitulação, "o homem mais perigoso da
Europa" emergiu do altivo retiro, seguro na suposição de os actos de ousadia passados não
tinham sido manchados pela luta final com poucas hipóteses de honra ou glória.

447
State Dept. Report "Comments of Russian Correspondents on the American Zone Appearing in the German Press", 11Fev46, State
Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG59, NA. As invasões nas montanhas por tropas Aliadas e Landespolizei
da Baviera na Primavera de 1946 confirmaram essa suposição. USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 32, 21Fev46, p. C6; n.º
42, 02Mai46, p. C5, ambos em State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; e The Stars and Stripes.
14Abr46.

Página 1 de 144
A "Guerra Popular": O Partido e a Werwolf

Além da intervenção do RSHA no campo Werwolf, houve também algumas tentativas de última
hora dos caudilhos do Partido para promover a guerra paisana. Essa tendência centrou-se em
particular nos esforços de três homens poderosos cujas carreiras tinham crescido dentro da
burocracia do Partido e cujas bases de poder estavam dentro desse reino: Josef Goebbels,
Gauleiter de Berlim e Ministro da Propaganda, o único intelectual de primeira linha no escol da
hierarquia nazi; Martin Bormann, o encorpado e funesto Chefe da Chancelaria do Partido, que
lutou uma vez contra os franceses como combatente clandestino durante a ocupação do Ruhr,
mas desde então trocou a experiência de combate para lutas internas burocráticas; e, Robert Ley,
o satiro-alcolátra que ascendeu da posição como Gauleiter da Colónia para se tornar Chefe do
Deutsch Arbeitsfront (DAF). Todos eram "velhos camaradas de Partido" que permaneceram
leais ao aparente desejo de Hitler de autoimolação do Reich, e durante os meses finais se
agruparam com o mestre no sombrio refúgio da Chancelaria.
É claro que só podem ser considerados vagamente um grupo por causa da rivalidade viciosa
entre si, particularmente entre Goebbels e Bormann, embora até mesmo esse antagonismo tenha
sido atenuado na Primavera de 1945 por causa do acordo de ambos sobre a necessidade de
apoiar a resistência alemã através da propaganda fanática448. Goebbels e Bormann tanto se
entregavam a sonhos diurnos sobre os bons velhos tempos do Kampfzeit, e esperavam perdurar
o Partido como unidade de luta política independente449: o primeiro procurou por tais meios
salvar o aspecto ideológico do nacional-socialismo – ou pelo menos forçar a Alemanha a
submeter-se no percurso do movimento por entre a chuva de fogo e enxofre revolucionário –
enquanto o segundo tinha o objectivo mais limitado de se salvar a partir do seu poder
burocrático.
Estes responsáveis imaginavam ter orientação esquerdista ou "popular" que naturalmente os
levava à expedita "guerra popular". Os paralelos com o papel assumido pelo Partido Comunista
Soviético em 1941-42 são óbvios. Recorde-se, no entanto, os principais proponentes de tal curso
ao longo do início da história do Partido foram as SA, e mesmo após o eclipse das SA,
continuou a dominar programas como o treino de civis armados, iniciado em 1939. Por curto
período na Primavera de 1944 – quando o curso de treino de civis armados propagados sob o
nome SA-Wehrschiessen – parecia que a SA poderia emergir das sombras, mas foi apenas
desenvolvimento efémero450. No final do Verão – com os soviéticos e Aliados a ameaçar as
fronteiras da Alemanha – a preparação da resistência doméstica de repente deixa de ser
precaução remota mas desígnio sério e nas quais as instituições principais do estado nazi
encetou a envolver-se. Tornou-se evidente que as SA nunca se recuperaram do golpe do
"putsch" de Röhm, e as Tropas de Choque impotentes, encontraram na antiga esfera de controlo
no treino paramilitar para adultos agora roubado por poderes de ordem superior. Um oficial das
SA capturado disse aos estadunidenses, o ponto central da guerra de resistência nazi, "as SA
podem ser vistas como tema morto"451.
Com a Wehrmacht à beira do colapso em Ago-Set44, vários Generais começaram a exigir
convocações de trabalho civil nas regiões fronteiriças – para edificar obras de defesa – e
solicitaram também a formação de milícia de defesa civil, criada talvez em torno do núcleo
sobrevivente das SA452. Hitler aceitou o plano principal, mas em vez de atribuir o dever às SA

448
J. W. Baird, "La Campaign de propagande nazie en 1945", in Revue d'Historique de la Deuxième Guerre Mondiale, n.º 75 (Jul69), p.
75.
449
Hans Mommsen, "National Socialism: Continuity and Change”, p. 204.
450
PWE "German Propaganda and the German", 03Abr44, pp. B5, C4; 22Mai44, pp. C5-C6; 28Mai44, pp. C3-C4; 12Jun44, p. C3;
26Jun44, p. C7; 03Jul44, pp. C5-C6; 10Jul44, pp. C1-C2, todos em FO 898/187, PRO; The Times, 31Mar44; OSS R & A n.º 1934 "The
Problem of the Nazi Underground", 21Ago44, pp. 46-47, in OSS/State Department Intelligence and Research Reports. Micf. Rolo XIII;
e OSS R & A n.º 1934.1 "The Clandestine Nazi Movement in Post-War Germany", 13Out44, p. 8, in OSS/State Department Intelligence
and Research Reports. Micf. Rolo XIV.
451 st
1 US Army Interrogation Report Extract "Lorenz1 Opinions on the Occupation of Germany" (s/d), OSS XL 5732, RG 226, NA.
452
Lucas, Reich!, p. 118; (1971), Blitzkrieg to Defeat: Hitler's War Directives. 1939-1945, ed. Hugh Trevor-Roper, NY, Holt, Rinehart
& Winston, pp. 172, 179, 182-184; e Heinz Guderian, Panzer Leader, NY, Ballantine, 1967), p. 288. A ideia de criar a Landsturm
(reserva territorial) nas províncias a Oeste ameaçadas há muito tinha sido advogada pelo departamento de Operações do OKH, mas
previamente recusada por Hitler.

Página 1 de 144
ou aos militares, voltou-se para os Gauleiters, por sua ordem nomeados como
"Reichsverteidigung Kommissars" ("Comissários de Defesa do Reich"). Os Gauleiters mais
enérgicos nas zonas fronteiriças rapidamente aproveitavam a oportunidade e estabeleciam-se
como senhores da guerra locais; Erich Koch, v.g., estabeleceu o "Exército Popular" na Prússia
Oriental453; Franz Hofer ajudou a convocar 50 mil milicianos alpinos, os Standschützen, no
Tirol454; enquanto no Ruhrgebeit oriental, Albert Hoffmann criou o "Freikorps Sauerland",
como formação regional de Guardas Territoriais455.
No início de Outono, essas organizações regionais foram incorporadas à nova milícia nacional
coordenada pela Chancelaria do Partido, embora Standschützen e Freikorps Sauerland
mantivessem a autonomia fixa dentro da organização maior456. Helmuth Auerbach sugere tanto
a Werwolf quanto a nova milícia, a Volkssturm, na verdade eram imagens invertidas do mesmo
programa457, com a Volkssturm a servir de componente da "guerra popular" na frente, e a
Werwolf como expressão na retaguarda inimiga. Certamente é verdade – pelo menos em teoria –
tanto a Werwolf quanto a Volkssturm deveriam combinar os esforços do Partido e da SS, com o
Partido na ala política e ideológica das questões, e as SS, da ala militar. Esta nova “guerra
popular” lançada com grande quantidade cerrada de propaganda, insinuando a possibilidade de
lutar atrás das linhas Aliadas, mas raramente declarava essa ameaça directamente por causa das
implicações “derrotistas” de tais declarações458.
Na época de estabelecimento, havia alguma dúvida sobre se os membros da Volkssturm eram
responsáveis só pelo serviço no lado alemão da frente, ou deveriam actuar também como
franco-atiradores e paisanos na retaguarda inimiga. Embora a Volkssturm fosse alicerçada por
decreto secreto do Führer de 06Set44 (e de outro decreto formal emitido três semanas depois)
459
, apresentado ao público no discurso de Himmler em 18Out. Não por acaso, o discurso foi
feito na Prússia Oriental, onde as unidades da Volkssturm começaram a operar, e comemorava-
se também o aniversário da Batalha das Nações de 1813, travada em parte pelo Landsturm
prussiano. Himmler continuamente voltado à inspiração do Landsturm, referiu ao renascimento
dos bandos da Werwolf activos durante a Guerra dos Trinta Anos – "mesmo em território que [o
inimigo] acredita ter conquistado, a vontade alemã de resistir irá deflagrar novamente na sua
retaguarda, e como Werwölfe, voluntários desafiantes da morte irão ferir o inimigo e dilacerar as
suas tábuas de salvação"460.
Esta declaração naturalmente criou alarme assombroso entre amigos e inimigos: "Hitler Rallies
Guerrillas", titulava o Stars and Stripes, e no SHAEF, Oficiais aliados insinuaram que o
Volkssturmmänner anonimamente operava na retaguarda Aliada não estava protegido pelas
Código de Guerra de Haia. No mesmo dia em que o Volkssturm foi anunciado, o SHAEF G-5
453
Thorwald, pp. 20-21.
454
Hofer, "National Redoubt", pp. 6-7, World War II German Military Studies. Vol. 24.
455
Willy Timm (1976), Freikorps "Sauerland”. 1944-1945, Hagen, Stadtarchiv Hagen, pp. 8-11; FO "German Intelligence Report" n.º
107, 14Jan45, p. 3, FO 371/46764, PRO; PWE "German Propaganda and the German", 15Jan45; 9Abr45, p. C5, FO 898/187, PRO; e
Mobile Field Interrogation Unit n.º 1 "PW Intelligence Bulletin” n.º 1/32, 30 January 1945, G-2 Intelligence Div. Captured Personnel
and Material Branch Enemy POW Interrogation File (MIS-Y) 1943-45, RG 165 NA.
456
Timm, pp. 9-12; Review of the Foreign Press. 1939-1945, Memorandum n.º 266, 2Jan45, p. 1, Series A, Vol. IX; Mobile Field
Interrogation Unit n.º 2, ”PW Intelligence Bulletin n.º 2/44”, 12Mar45, p. 4, OSS 124057, RG 226, NA; CC (BE) "Intermediate
Resistance in Germany", c. April-May 1945, p. 5, WO 219/1602, PRO; e K.G. Klietmann, "Der deutsche Volkssturm in Tirol-
Voralberg: Uniform und Abzeichen der Tiroler Standschützen, 1944-1945”, in Zeitschrift fur Heereskunde. Vol. 47, n.º 310 (1983), pp.
157-158. A circular da Chancelaria do Partido de 02Out44 proibia nomes de locais próprios para as unidades Volkssturm, embora a
provação de tais denominações para Gaue seja especialmente fiável foi reservada para o Führer.
457
Auerbach, p. 354. O título "Deutscher Volkssturm" aparentemente só foi escolhido pouco antes do Decreto do Führer de 25Set
imprimiu o movimento necessário. O memorando de Bormann aos Gauleiters apenas na semana antes à milícia pelas designações
alternativas de Volkswehr ou Landsturm. M. Bormann, Partei-Kanzlei, "Rundschreiben" 262/44, 18Set44, NS 6/98, BA. É possível que
a primeira metade do primeiro nome alternativo foi combinado com a última metado do segundo.
458
OSS R & A n.º 1934.1 "The Clandestine Nazi Movement in Post-War Germany", 13Out44, pp. 20-21, in OSS/State Department
Intelligence and Research Reports, Micf. Rolo XIV; OSS Report from Switzerland n.º TB 206, 05Set44, RG 226, OSS 90852, NA; OSS
Report from North Italy n.º J-2594, 15Out44, OSS 101229, RG 226, NA; The Times. 05Set44; 05Out44; FO Weekly Political
Intelligence Summaries. Vol. 10, Summary n.º 258, 13Set44, p. 2; PWE "German Propaganda and the German", 04Set44, pp. A2-A3;
11Set44, pp. A3-A4, C5-C6; 18Set44, p. Al; 09Ou44, pp. A1-A2, C4-C6; 16Out44, p. Cll; e 23Out44, p. 3, todos em FO 898/187, PRO.
459
A. Hitler, "Erlass IIber die Bildung des Deutschen Volkssturmes", 25Set44, NS 6/78, BA. O decreto original é citado pelo SS-
H/Stuf.e Adj. Eppenaur para Personlichen Stab Reichsführer-SS, 7Out44, Records of the Reich Leader of the SS and Chief of the
German Police, Microcópia n.º T-175, Rolo 122, fotograma 2648068, NA.
460
"Ansprache an Volkssturmanner in Bartenstein am 18.10.1944", NS 19/4016, BA; e PWE "German Propaganda and the German"
23Out44, pp. A3, C2-C4, FO 898/187, PRO.

Página 1 de 144
divulgou o plano legal para o governo militar Aliado, a autorizar os pelotões de fuzilamento a
lidar com civis alemães que bloqueassem a evolução dos exércitos Aliados461.
Enfrentando tal barreira quase intransponível para a construção da Volkssturm, a maioria dos
propagandistas nazis prontamente começaram a reverter o sinal enviado por Himmler. Tanto a
propaganda doméstica quanto a internacional enfatizaram fortemente que a milícia não seria
movimento paisano. "O Volkssturm" disse que o Das 12 Uhr Blatt [A Folha de 12 Horas], "não
é ajuntamento casual de civis mal armados, mas exército de soldados altamente disciplinados.
Não lutará com manguais ou machados sapadores, nem em emboscadas secretas e medrosas,
mas com armas de guerra actuais, e sem medo, como fazem os soldados verdadeiros”... A
mesma mensagem foi transmitida em jornais e revistas locais, e num discurso importante a
jornalistas estrangeiros pelo propagandista militar Sündermann, no mesmo dia do discurso de
Himmler. Para reforçar a reivindicação de tais formações irregulares ao tratamento adequado, os
alemães tiveram o cuidado de aplicar a Convenção de Haia aos membros do AK capturados na
Revolta de Varsóvia462.
Em fins de Outubro o SHAEF G-2 decidiu que inicialmente interpretaram mal o Volkssturm, e
na semana seguinte SHAEF CoS, GEN W.B. Smith, emitiu a directiva a observar que as
unidades da Volkssturm receberiam tratamento adequado pelo Código de Guerra de Haia, se
comandadas por Oficial responsável, com distintivo reconhecível e transportem armas
visíveis463. A inteligência britânica tinha descoberto agora que a referência a Werwölfe
provavelmente não se aplicava ao Corpo principal da Volkssturm, e no último dia de Outubro, o
Subsecretário do Ministério das Relações Exteriores disse à Câmara dos Comuns que "nenhuma
distinção significante pode ser feita entre a posição no direito internacional da Volkssturm e da
Defesa Local quando formados em 1940... têm o direito de serem tratados como combatentes
legítimos"464. Os soviéticos, no entanto, não estavam vinculados a qualquer sentimento de
contenção semelhante, talvez porque antes tinham usado unidades próprias de milícia como
bandos de guerrilha e, portanto, naturalmente esperavam que os alemães fizessem o mesmo; em
qualquer caso, massacravam amiúde os Volkssturmmänner capturados por suspeita de estes
serem guerrilheiros465.
De facto, o Volkssturm deveria ter carácter de guerrilha; as Directivas da Chancelaria do Partido
mostram nitidamente que a organização era vista principalmente como meio de deter os
blindados do inimigo, e destinava-se a operar estritamente dentro dos limites descritos na
Convenção de Haia; na verdade, Bormann até enviou aos Gauleiters resumos das regras de Haia
para orientar a formação e o treino adequados das unidades locais da Volkssturm466. Na prática,
havia dois tipos de destacamentos da Volkssturm: o Einsatzbataillonen eram móveis e usados
como reserva táctica para apoio de linha de frente; e o Standbataillonen criados localmente e

461
The Stars and Stripes. 19Out44; e 20Out44.
462
PWE "German Propaganda and the German", 2 3Out44, pp. A3, C2; 30Out44, pp. C1, C3, ambos em FO 898/187, PRO; The Times.
19Out44; Review of the Foreign Press. 1939-1945. Memorandum n.º 262, 12Set44, p. 1, Series A, Vol IX; OSS R & A "European
Political Report - RAL-3-33", 20Out44, p. 1, WO 219/3761A, PRO; e The New York Times, 14Mar45.
463
SHAEF G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 32, 29Out44, Part I, pp. 16-17, WO 219/5168, PRO; e SHAEF CoS Lt. Gen. W. B.
Smith, memo on "Treatment of Partisans in Germany", 6Nov44, WO 219/1602, PRO.
464
FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 10, Summary n.º 264, 25Out44, p. 2; e The Times, 1Nov44.
465
Soviet Partisans in World War II. p. 79; Silesian Infernp, pp. 55, 192; Thorwald, pp. 72, 13 5; Lucas, The Last Days of the Reich, pp.
28, 59; RSHA Amt VI C2b, "36 Wochenbericht IIber Aussen - und Innenpolitik der SU”, 10Mar45, p.13, RH 2/2330, BMA; Adolf
Fischer, "Insterburg und Ostpeussen in der Zeit vom 1.6.44 bis 10.2.1945”, 08Mar50, p.3; Frau Traum, "Mein Erlebnis', 1892-1951"
(s/d), ambos em Ost Dok. 2/18,BA; W. Magunia, "Der Volkssturm in Ostpreussen, 1944/45”, 10Abr55, Ost Dok. 8/592, BA; Dr.Carl
Brenke, "Die Vorgänge in Konigsberg seit Bedrohung der Stadt”, 07Mar53, p. 2, Ost Dok. 8/518, BA; Walter Petzel, "Militärische
Vorbereitungen für Verteidigung des Warthegaus”, 15Jun49, p. 4, Ost Dok. 8/399-400, BA; Oberstl. Kahl, "Ostwallbau u. Volkssturm
in Ost Brandenburg”, p. 3, Ost Dok 8/712, BA; e Dr. Münde, "Organisation und Einsatz des Volkssturms in und urn Landsberg/Warthe”,
Jan53, p.4, Ost Dok. 8/704, BA. A Soviet POW told the Germans that a Stalin Order in December 1944 had stipulated that
Volkssturmmänner be wiped out or summarily executed. "Auszug aus V.O. St. O. Pro. H. Gr. Mitte" (s/d), Records of OKH, Microcópia
n.º T-78, Rolo 488, fotograma 6474434, NA.
466
M. Bormann, Partei-Kanzlei "Anordnung" 290/44, 1Out44, e "Auszug aus der Haager Landkriegsordnung", Annex to "Anordnung"
277/44, 27Set44, ambos em NS 6/98, BA. Dietrich Orlow também argumentou que na sequência do 20Jul, Bormann – ao colocar o
instrumento de milícia de base regional nas mãos dos Gauleiters – é o suficiente para deter qualquer pretensão de golpe de estado pelos
Comandos militares do Wehrkreis. O envolvimento burocrático do Partido impede a outra força antirreaccionária principal – a SS –
empurre o Partido para segundo plano. O Volkssturm, nesta perspectiva, emerge como contrapeso vital para o Exército assente na massa
e como último esforço principal do Partido para lançar a revolução social do nacional-socialismo face às forces conservadoras como os
militares, nacionalistas ortodoxos e o clero. Orlow, pp. 462, 474- 475.

Página 1 de 144
destinadas à defesa do interior467, particularmente contra avanços de carros blindados ou
desembarques aéreos e marítimos, e serviam para proteger as linhas de comunicação alemãs468.
É claro a Volkssturm tinha a própria "Spähtruppe" (unidades de reconhecimento) que
patrulhavam atrás das linhas de frente inimiga469, e é possível, de acordo com as preferências
dos Gau- e Kreisleiters locais, todo o Standbataillonen fosse treinado para a guerra paisana470 –
sabe-se, v.g., que certos cursos de treino para o Standschützen em Mar e Abr45 eram de facto
programas de treino em sabotagem destinados a produzir o verdadeiro Werwölfe471. Também é
verdade que a Volkssturm tinha ligações específicas com a Werwolf, particularmente devido à
passagem limitada de pessoal do primeiro para o segundo472, e no Gau-Baixo Danúbio, havia
distinção em especial ténue entre os dois grupos, principalmente porque ambos funcionavam
sob o único comandante, o Obersturmbannführer Fahrion473. Arno Rose sugere, embora a
grande maioria dos Volkssturmmänner não se consideravam guerrilheiros ou terroristas, havia
alguns que se identificavam com a Werwolf, e essa minoria ocasionalmente envolvia-se em
actos que pouco tinham a ver com as preocupações próprias de milícia convencional474.
Por vários meses imediatamente após o discurso de Himmler na Volkssturm, nesse hiato, o
Partido visava manter-se longe do foco Werwolf dominado pela SS e no Volkssturm, onde o
Partido estava realmente a ganhar influência às custas das SS475. Recorde-se, v.g., que os
Gauleiters receberam funções importantes relativas ao recrutamento da Werwolf, mas essa
distribuição de responsabilidade falhou por causa da tendência dos senhores do Partido de
direcionar recursos para a Volkssturm. Os Gauleiters receberam amplo controlo local da
propaganda Werwolf (com princípios orientadores elaborados pelo Ministério da Propaganda), e
esperava-se que o material resultante fosse lançado em território inimigo ou atirados panfletos.
Mais uma vez, quase nada foi feito nesta esfera além do lançamento aéreo de algumas cópias
em miniatura de Völkischer Beobachter, e a reedição de Der Werwolf, de Lön, de leitura
obrigatória tanto para os membros da organização guerrilheira SS quanto para os chamados
"homens dignos" da Volkssturm476.

467
Nota: no texto original hinterland: significa terra atrás da costa ou nas margens do rio ou área do país que está longe das cidades ou
parte do país afastada das grandes cidades: o interior.
468
Review of the Foreign Press. 1939-1945. Memorandum n.º 161, 12Set44, Series A, Vol. IX; e PWE "German Propaganda and the
German" 20Nov44, pp. C7-C8, FO 898/187, PRO. Após o início de 1945, também foram formadas Batalhões Volkssturm, "para
"Serviço Especial", embora com propósito pouco claro. Provavelmente destinados àSegurança Interma. Ultra Document BT 5196,
19Mar45, Ultra Micr. Coll., Reel 62.
469
Sobre um exemplo – o relatório da patrulha do Sonder kommando Haupt de cinco homens de Volkssturm Gotha realizada atrás das
linhas inimigas – vd. assinatura ilegível, "Meldung", Abr45, NS 6/135, BA.
470
Civis interrogados pelo 1º Exército dos EUA nas proximidades de Eschweiler alegaram que as unidades Volkssturm recém-formadas
nesta área foram treinadas para sabotagem, interrupção de comunicações e atiradores de elite. Embora organizados como unidades
militares, foram instruídos a escapar do escrutínio inimigo, posando como civis normais. US 1st Army, "Intelligence Bulletin" n.º 2,
6Nov44, p. 7, WO 219/3761A, PRO.
471
Direction Générale des Études et Recherches "Bulletin de Renseignements - Allemagne: Wehrwolf”, 23Jun45, pp. 1-2, P7 125,
SHAT.
472
EDS Report n.º 34 "Notes on the 1Werewolves'", p. 4; 21 AG "News Sheet" n.º 20 Extract, ambos em IRR File XE 049 888
"Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e USFET MIS Center "Interrogation Report (CI- IIR/42) - SS-H/Stuf. Wolfram Kirchner",
03Jan46, p. 6, OSS XL 40257, RG 226, NA. Os Oficias da Werwolf do Norte da Alemanha disseram aos interrogadores Aliados que os
Oficiais superiores da Volkssturm também eram da Werwölfe ou conheciam os seus membros. 21 AG/Int. "Appendix "C" to 2 Cdn.
Corps Sitrep" 22Jun45, p. 4, in IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.
473
12th AG Mobile Field Interrogation Unit n.º 4 - Schimana, Walter, Gen/Lt.,11 27Mai45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities
Vol. 1”, RG 319, NA; e USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 6 - Walter Schimana", 31Jul46, p. 2,
OSS 142090, RG 226, NA. O Batalhão HJ Volkssturm em Viena ainda tinha o nome "Werwolf". Trial of the Major War Criminals
before the International Military Tribunal, Nuremberg, International Mil. Tribunal, (1948), Vol. XIV, 448.
474
Rose, p. 272.
475
A questão do declínio do envolvimento da SS na Volkssturm foi abordada pelo ex-polizeiprasident em Leipzig, afirmou que em
Dez44 Himmler confidenciou que estava a retirar-se do envolvimento profundo na Volkssturm porque tornou-se instrumento de poder
para Bormann. Grolmann, "The Collapse of the German Reich as Seen from Leipzig”, p. 19, World War II German Military Studies,
Vol. 24. No Outono de 1944, o Adjunto de Himmler, Berger, na verdade tentou aumentar o controlo da Waffen-SS dentro da
Volkssturm, mas isso encontrou reacção incandescente de Bormann, que estava determinado a manter a organização sob a supervisão do
Partido. Orlow, pp. 475-476; e Erickson, The Road to Berlin p. 399.
476
M. Bormann, Partei-Kanzlei "Rundschreiben" 410/44, 23Nov44, NS 6/349, BA; CSDIC WEA BAOR "Second Interim Report on SS
Obergruf. Karl Gutenberger", pp. 1, 6, OSS 123190, RG 226, NA; CSDIC (WEA) BAOR, "Final Report on SA Brgf. u. HDL Fritz
Marrenbach", FR n.º 29, 21Jan46, pp. ii-iii ETO/MIS-Y-Sect. Final Interrogation Reports 1945-49 RG 332, NA; Volkischer Beobachter.
16Nov44; e PWE "German Propaganda and the German", 23Out44, p. A3, FO 898/187, PRO. Logo em 1943, houve aumento da
discussão em jornais nazis sobre a guerra paisana. Werner Best, v.g., publicou vários artigos no Zeitschrift fur volkisch Verfassuna und
Verwaltung sobre os métodos usados pela resistência alemã contra as forças Aliadas na Renânia após a IªGM. (OSS R & A n.º 1934

Página 1 de 144
É verdade que o mestre propagandista da SS Gunther D'Alguen estava ligado à equipa de
Prützmann para lidar com assuntos de propaganda, e que em Out44, D'Alquen publicou um
artigo sobre a probabilidade de a guerra paisana nazi no popular jornal da SS, Das Schwarze
Korps477. No entanto, D'Alquen posteriormente incapacitado pela escarlatina no Inverno de
1944-45, teve no hospital desde o início de Novembro até Março478. Durante esse período, a
Werwolf foi deixado sem muita propaganda, embora na verdade agradou a alguns dos Oficiais
secretos da SS que dirigiam a organização, que viam o seu papel como força de diversão mais
bem servida pelo sigilo do que pela publicidade aberta.
Havia alguns problemas mais básicos a inibir a propaganda do Werwolf. Em primeiro lugar, a
consideração da guerrilha teria quebrado o tabu nazi ao admitir a possível perda de extensões
consideráveis de território, e presumir que a Wehrmacht não era mais capaz de defender o
Reich. Este acolhimento parecia especialmente inadequado durante o período em que as frentes
tanto a Leste quanto a Oeste tinham-se solidificado e o Exército e as Waffen-SS estavam de
facto a preparar o grande contra-ataque destinado a dividir as forças estadunidenses e britânicas.
Durante o período de pânico em Set44, certas fontes alemãs sugeriram a possibilidade de guerra
de guerrilhas – como supracitado – mas mesmo durante esse período, as garantias da capacidade
da Wehrmacht de defender as fronteiras alemãs facilmente superaram qualquer sugestão de luta
de guerrilha ocasionalmente ouvida ou vista, na comunicação social doméstica479. Pouco ou
nada foi dito sobre a guerra paisana contra os soviéticos.
A dificuldade adicional foi causada pela política de evacuação alemã, segundo a qual a maior
parte dos cidadãos leais deveriam deixar as áreas ameaçadas antes da chegada do inimigo.
Embora tais ordens fossem frequentemente alardeadas no Oeste da Alemanha, os serviços do
Partido e de propaganda dificilmente poderiam informar sobre as extensas actividades de
resistência em áreas que deveriam ser evacuadas, e o melhor que podiam fazer era sugerir que
civis alemães teriam prontamente emboscado os invasores se tivessem sido solicitados a fazê-
lo480.
Ainda outro problema para os nazis estava no facto de que a escala limitada de resistência
realmente em curso nas zonas ocupadas foi feita sobretudo por adolescentes. Embora a imprensa
e rádio ocasionalmente admitissem isso, os líderes de opinião nazis provavelmente temiam que
o conhecimento generalizado de tal guerra de crianças alienasse a população doméstica cada vez
mais irritável em áreas desocupadas, e até Mar45 relatos de sabotagem por membros
adolescentes da HJ foram atribuídos pelo DNB à propaganda negra aliada "sistémica"481.
No início de 1945, no entanto, factores que afastaram o Partido da Werwolf a favor da
Volkssturm começaram a desgastar-se. Em primeiro lugar, o tão aclamado Volkssturm mostrou-
se simultaneamente incapaz e imensamente impopular. Quando empenhado na frente, teve
desempenho tão deficiente que foram feitos planos em Janeiro para manter os batalhões da
Volkssturm constantemente reforçados pelas tropas do Exército e Waffen-SS, para não afracar e
criarem buracos na frente482. Além disso, a convocação em massa compulsória para a
organização causou enorme ressentimento, não só por causa das exigências causadas pelo treino
a tempo parcial, mas porque a formação de Einsatzbataillonen como reserva móvel foi

"The Problem of the Nazi Underground", 21Ago44, p. 46, in OSS/State Department Intelligence and Research Reports. Micf. Rolo
XIII). Kleinkrieg de Arthur Erhardt também foi reeditado em 1944. (A cópia edição de 1944 é mantida pela Biblioteca do Congresso).
477
Brown, p. 739; FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 10, Summary n.º 262, 11Out44, p. 2; e PWE "German Propaganda
and the German”, 09Out44, p. A2, FO 898/187, PRO.
478
Sobre refrência à hospitalização de D'Alquen's, vd. Steenberg, p. 149; e Jurgen Thorwald (1974), The Illusion: Soviet Soldiers in
Hitler's Armies, NY, Harcourt, Brace & Jovanovich, pp. 230-231. D'Alquen voltou ao service activo em meados de Mar45. Vd. Pavlo
Shandruk (1959), Arms of Valor, NY, Robert Speller & Sons, p. 237.
479
PWE "German Propaganda and the German", 18Set44, p. Al; e 9Out44, p. Al, FO 898/187, PRO.
480
FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary n.º 288, 11Abr45, p. 12.
481
FO "German Intelligence Report" n.º 162, 20Mar45, p. 4, FO 371/46764, PRO.
482
Blitzkrieg to Defeat: Hitler’s War Directives. 1939-1945. p. 204; The Memoirs of Field-Marshal Kesselring, p. 73; CSDIC (UK)
"Entlassungstelle der Waffen SS", 17Abr45, ETO MIS-Y-Sect. CSDIC (UK) Special Interrogation Reports 1943-45, RG 332, NA; Ultra
Document BT 4210, 06Fev45, Ultra Micf. Col., Reel 60; Barbara Selz (1970), Das grime Regiment, Freiburg, Otto Kehrer, p. 235; e
Wilhelm Pruller (1963), Diary of a German Soldier, London, Faber & Faber, p. 178. Sobre a ineficácia da Volkssturm, vd. SHAEF
PWD "The Volkssturm in Action", 15Mar45, FO 371/46894, PRO.

Página 1 de 144
considerada traição à garantia de a Volkssturm ser medida estritamente de defesa local483. Além
disso, as pessoas perceberam naturalmente que o levantamento armas por civis para tentarem ter
sucesso onde a Wehrmacht falhou era massacre; a comparação de Himmler do Volkssturm com
o "Freiheitskämpfer" de 1813 foi rejeitada como surreal484. Muitos alemães foram ainda
convencidos pelo discurso inaugural de Himmler de que o Volkssturmmänner era de facto
paisanos – apesar das garantias Aliadas de protecção ao abrigo da Convenção de Hais – esta
suspeita inquietante causou erosão contínua do moral485.
Outro problema dizia respeito à presença obstinada das forças anglo-estadunidenses, que se
recusavam a recuar para as reduzidas cabeças-de-praia486 em solo alemão. Havia sinais
perturbadores de timidez e colaboração dos poucos renanos sob o domínio desse inimigo, de
modo que, apesar das restrições psicológicas, os propagandistas alemães acabaram por admitir a
necessidade de punir colaboradores, mesmo que isso pudesse ser feito apenas em ficção e não
realmente. Para este fim, a política de propaganda foi alterada para permitir a introdução de a
suposta organização chamada "Rächer Deutscher Ehre" ou "Vingadores da Honra Alemã", que
deveria combater o colaboracionismo executando sentenças dos tribunais de Vehme. Ao longo
dos primeiros meses de 1945, vários jornais renanos publicaram notícias angustiantes sobre o
assassinato de alemães "desonrosos", a começar com o comerciante de Aachen supostamente
executado no início de Dez44. O aumento da actividade dos Rächer diziam os nazis, "tornaram
os estadunidenses muitíssimos nervosos" e "fortaleceu a resistência secreta da população de
mentalidade nacionalista"487. Os Aliados, no entanto, duvidavam que tais execuções realmente
tivessem ocorrido; a Divisão de Guerra Psicológica do SHAEF observou “não há qualquer
evidência recebida que sugira que as histórias são verdadeiras", e a unidade CIC estadunidense
caracterizou o Rächer como "produto... da ideia fantasiosa e fanática"488.
Em Fev45, os problemas colocados pelos territórios ocupados multiplicou-se por dez, agora que
os Aliados ocidentais expandiram ainda mais as posições na Renânia e os soviéticos também
capturaram grandes extensões de território na sequência da massiva ofensiva de Inverno. Os
líderes do Partido, portanto, começaram novamente a olhar para o movimento Werwolf, que as

483
USSBS "The Effects of Strategic Bombing on German Morale" (Mai47), Vol. I, p. 51, in The United States Strategic Bombing
Survey, NY, Garland, (1976), Vol. IV.
484
PWE "German Propaganda and the German", 27Nov44, pp. C4-C5; 8Jan45; 12Mar45, pp. C1-C2, todos em FO 898/187, PRO; SS
Ostuf. to SDRFSS- SD Leitabschnitt Stuttgart "Stimmen zum Erlass des Fuhrers uber die Bildung des Deutschen Volkssturms",
08Nov44, Records of the NSDAP, Microcópia n.º T-81, Rolo 95, fotogramas 108117-108119, NA; e OSS Report "Germany - Morale,
the Volkssturm, etc”., 27Nov44, OSS L 50687, RG 226, NA. A companhia Volkssturm em Saarland tinha o nome de código
"Massenmord" (Massacre), mas quando confrontados com a piada de mau gosto ser simplesmente muito flagrante, o código foi alterado
para "Alpenveilchen", (nomen scientificum - Cyclamen purpurascens) planta de montanha com flor perene. US 1st Army G-2 "Periodic
Report" n.º 262, 27Fev45, p. 5, OSS OB 25552, RG 226, NA. A Volkssturmanner em Eifel na verdade recusou-se a responder à
chamada ou se a aparecer na frente, muitas vezes abandonavam ou enterravam as armas.. Hptm. T. Heinz, Pz. jag.-Abt. 246 to
Reichsleiter M. Bormann, 15Mar45, p. II, NS 6/51, BA.
485
SS O/Stuf. to SDRR-SS-SD Leitabschnitte Stuttgart "Stimmen zum Erlass des Fuhrers uber die Bildung des Deutschen Volkssturms",
8Nov44, Records of the NSDAP, Microcópia n.º T-81, Rolo 95, fotogramas 108118- 108120, NA; The New York Times. 14Mar45; The
Christian Science Monitor. 14Mar45; The Times, 13Mar45; Dr. Heinrich Gröll (1953), "Die Ereignisse im Kreise Kranau O/S wahrend
der russissen Offensive auf Oberschlesien in Januar 1945" p. 2, Ost Dok. 2/768, BA; e Ultra Document, KO 340, 13Abr45, Ultra Micf.
Col., Reel 70. Pouco depois do discurso de Himmler, um alsaciano corajoso escreveu uma carta aberta ao seu Kreisleiter local, a alegar
que compatriotas duvidavam da protecção do direito internacional para a Volkssturm. Solicitou a divulgação dos textos relevantes de
Haia que protegem a milícia; "Se os alsacianos – contra todas as leis internacionais – estão forçados a lutar, sejam pelo menos soldados
honestos, e não terroristas ou bandidos". Annex "A" to SHAEF G-2 "Report" n.º 178, 14Set44, WO 219/1602, PRO.
486
Nota: São áreas conquistadas em litoral inimigo, geralmente por meio de assalto anfíbio, para se efectuar desembarque de tropas e
material e consequentes operações.
487
Rhein-Mainische Zeituna. 6Fev45; FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 10, Summary n.º 271, 13Set44, p. 3; Vol. 10,
Summary n.º 273, 27Set44, p. 2; PWE "German Propaganda and the German", 27Set44, p. A6; 29Jan45, p. A7; 12Fev45, p. A6, todos
em FO 898/187, PRO; SHAEF PWD "Weekly Intelligence Summary for Psychological Warfare" n.º 22, 24Fev45, Part I, p. 4, FO
371/46894, PRO; e FO "German Intelligence Report" n.º 222, 24Fev45, p. 3, FO 371/46764, PRO. Um boato corrente entre a população
de Colónia após a ocupação estadunidense da cidade afirmava que uma unidade da Gestapo de cem homens em roupas civis – "die
rächende Schar" – havia sido deixada para trás depois que o corpo principal da Gestapo foi evacuado. A principal missão da unidade era
supostamente a detecção e eliminação de colaboradores. A Inteligência Aliada considerou a história duvidosa. "Weekly Summary for
Psychological Warfare” n.º 25, 19Mar45, p. 3, FO 371/46894, PRO.
488
SHAEF PWD "Weekly Intelligence Summary for Psychological Warfare" n.º 22, 24Fev45, Part I, p. 4, FO 371/46894, PRO; e
History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XIX, p. 62, NA. Outra unidade CIC, no entanto, "desenvolveu novas informações que
mostraram que a organização clandestina conhecida como Racher Deutscher Ehre (Vingadores de Honra Alemã) era funcional". History
of the Counter Intelligence Corps. Vol. XIX, p. 73, NA.

Página 1 de 144
SS inconscientemente negligenciaram foram agora acusadas489. Vários militares de Bormann
produziram propostas para iniciar a guerra paisana, particularmente HauptbeReichsleiter Hans
Dotzler, avicultor e funcionário do Partido que de repente se transformou em especialista em
guerra de guerrilha ao longo da Frente Oriental. Bormann passou um dos memorandos de
Dotzler para Himmler, que, por sua vez, deu-o a Ptrützman e ordenou que o líder Werwolf
reportasse a Bormann e fornecesse ao Chefe do Partido detalhes completos sobre a sua
Sonderauguftrag (missão especial)490 .
Em Mar45, Bormann entrou profundamente no brejo Werwolf. Os Gauleiters em áreas
imediatamente ameaçadas foram-lhes fornecidos documentos de identidade falsos e ordenados a
passar à clandestinidade para ajudar na organização de grupos guerrilheiros, e os funcionários
do Partido foram mandados a desistir de quaisquer cargos estatais ou públicos que pudessem ser
ocupados simultaneamente com as posições no Partido. Esta última medida libertou os
burocratas do Partido para possível trabalho clandestino e criou a classe de "Oficiais de
capitulação" especificamente criados pelos nazis com o intuito de abatê-los depois, seja com
propaganda, ameaças ou equipas de atentados da Werwolf. Bormann começou a se interessar
pela ideia do Reduto Alpino: o memorando ao Führer sugeria edificar uma fortaleza alpina
apresentada em Nov44 pelo Gauleiter tirolês, Hofer, que tinha ficado a ganhar pó por quatro
meses até as opiniões de Bormann mudarem sobre o assunto e encaminhar o documento a
Hitler491.
Ainda mais importante, Dotzler foi nomeado para chefiar a directoria política Werwolf, que fez
planos para o restabelecer células secretas do Partido e a disseminação da propaganda
clandestina. De acordo com Kurt Tauber, os facínoras da Dienstelle Prützmann fizeram grandes
planos para o serviço de Dotzler, mesmo quando o IIIº Reich se desintegrou e estes fugiram para
o Reduto Alpino. Siebel e companhia teriam visto a presidência Dotzler como a força directora
em eventual renascimento político do nacional-socialismo, talvez sob camuflagem de um
movimento religioso com orientação cristã-comunista492.
Após a reunião de Bormann com Prützmann – na qual presumivelmente este se queixou do
incumprimento dos Gauleiters em ajudar as actividades da Werwolf – Bormann emitiu circular
aos Gauleiters ordenando-lhes estritamente a nomeação de um W-Beauftragter responsável pelo
recrutamento e, dali, enviassem os nomes do serviço de Dotzler na Chancelaria do Partido; a
colocação imediata de tais Oficiais, disse Bormann, "foi de grande importância para esta tarefa
altamente significativa''493. O esforço para incentivar a ajuda dos Chefes do Partido em assuntos
relacionados com a Werwolf tinha, portanto, caído sobre Prützmann, Ley e o Chefe do Partido
Hauptpersonalamt, Marrenbach494, mas nenhuma dessas figuras poderia garantir o tipo de
conformidade que Bormann poderia exigir com razão.
Não é irracional supor o crescente compromisso de Bormann com o activismo Werwolf durante
este período garantiu extensão recíproca de influência dentro da organização, particularmente
desde a reconversão da Werwolf em unidade de intimidação para fazer cumprir decretos de
"terra queimada" e assassinar "derrotistas" traz a marca inconfundível da sua influência. É

489
Numa nota para Himmler em 08Fev, Bormann deu a entender fortemente que a SS permitiu a preparação da guerra de guerrilha
ficasse para trás. M. Bormann to H. Himmler, 08Fev45, NS 19/3705, BA.
490
Noack to Ruder, "Richtlinien fur das Verhalten Der deutschen Zivilbevolkerung in den vom Feind besetzten Gebeiten", 14Fev45, NS
6/135, BA; Dotzler, "Vorschlage zum Aufbau einer Widerstandsbewegung in den von den Bolschewisten besetzten deutschen
Ostgebeiten", 23Jan45; M. Bormann para H. Himmler, 27Jan45; H. Himmler para M. Bormann, 08Fev45; SS-Staf. (ass. Ileg.) para
O/Gruf. Prützmann (s/d), todos em NS 19/832, BA; e Michael Kater (1983), The Nazi Party; A Social Profile of Members and Leaders.
1919-1945, Cambridge, Harvard UP, p. 227.
491
Lang, pp. 319; A. Hitler, "Verfügung 1/45", 14Fev45, NS 6/78, BA; SHAEF G-5 "Weekly Journal of Information" n.º 9, 19Abr45, p.
10, WO 219/3918, PRO; The New York Times. 8Abr45; Nettl, pp. 2-10; e Hofer, "National Redoubt”, pp. 9-11, 22- 23, World War II
German Military Studies. Vol. 24.
492
Tauber, pp. 23-24.
493
M. Bormann, "Rundschreiben 128/45 - Durchführung von Sonderaufgaben in Rucken des Feindes", 10Mar45, NS 6/354, BA;
CSDIC (WEA) BAOR "Final Report on SA Brgf. u. HDL Fritz Marrenbach” FR n.º 29, 21Jan46, Appendix "A”, p. iii, ETO MIS-Y-
Sect. Final Interrogation Reports 1945-49, RG 332, NA; USFET MIS Center, "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 18 - Stubaf.
Ernst Wagner”, 30Ago45, p. 2, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e Rose, pp. 231- 232.
494
CSDIC (WEA) BAOR "Final Report on SA Brgf. u. HDL Fritz Marrenbach" FR n.º 29, 21Jan46, Appendix "A", pp. i-iii, ETO MIS-
Y-Sect. Final Interrogation Reports 1945-49, RG 332, NA; e 9 th US Army "Report n.º 1658 - Fritz Georg Schlessmann", 30Mai45, IRR
File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.

Página 1 de 144
notável, v.g., que alguns dos atentados da Werwolf na área de Braunschweig foram realmente
cometidos pelo Kreisleitung "Rollkommando" (termo com conotações Vehmisch que remonta ao
início da década de 20), e a colocação de cartazes ameaçadores da Werwolf em Wuppertal foi
feita por funcionários de Kreisleitung encarreguedes de organizar a Werwolf local495. Vários
líderes superiores alemães que entraram em contacto com a Werwolf pela primeira vez em Mar
e Abr45 até acreditavam que a organização estava directamente sob o comando de Bormann e
mais tarde testemunhado nos Julgamentos de Nuremberg496.
O Partido interessou-se em reparar na atecnia da SS, incentivando a resistência em territórios
agora invadidos (apesar da severa repreensão de Bormann a Himmler "que no momento de
avanços em profundidade do inimigo de antemão é tarde demais"497). A reunião realizada em
Fevereiro entre o Adjunto de Bormann, Oberbefehlsleiter Friedrichs, e o principal subalterno de
Goebbels, Staatssekretär Naumann, na qual tais assuntos foram discutidos. A sugestão de
lançamento aéreo de instruções de sabotagem e propaganda em áreas ocupadas pelos soviéticos
foi rejeitada na hipótese de os soviéticos reagiriam com represálias maciças e que a medida
seria, portanto, contraproducente. Em vez disso, decidiu-se explorar o instrumento de
Unternehmen Skorpion, numa operação ultra-secreta para espalhar propaganda vlasovita e pró-
UPA originalmente lançada pela Standarte "Kurt Eggers" de D'Alquen na Polónia durante o
Verão de 1944. A operação Skorpion aparentemente tinha algum tipo de capacidade de
passadores de linha, e Naumann supostamente estabeleceu ligação com o omnipresente
Skorzeny, que desde então assumiu o controlo da companhia Skorpion; o apelo foi depois
emitido para voluntários TSF que eram "urgentemente necessários para um serviço especial"
com a unidade "Kurt Eggers"498. É provável que a construção de transmissor móvel para
controlar Werwolf Gruppen também tenha sido discutida na reunião Friedrichs-Naumann, e
pouco depois Naumann encaminhou instruções para outro Adjunto de Goebbels, Hans Fritsche,
dirigindo o desenvolvimento de planos para a estação móvel secreta499.
O interesse de Goebbels pelo Werwolf estava principalmente no seu potencial no Ocidente, o
que talvez fosse natural, pois o Ministro da Propaganda era nativo da Renânia. Foi nessa frente
que a política de evacuação sistêmica fracassou em Fevereiro – desenvolvimento que não teve
paralelo no Leste – e Bormann recomendou logo encerrar formalmente o processo por causa da
confusão que criou no interior. Na verdade, o Reichsleiter advertiu abertamente aos Gauleiters
no Ocidente que os civis alemães deixados na esteira do avanço inimigo não deveriam mais ser
vistos de forma desfavorável500. Um dos principais factores inibidores da campanha de
propaganda de guerrilha tinha desaparecido.
Havia necessidade óbvia do choque de propaganda para trazer os alemães ocidentais de volta à
linha, uma vez que a maioria da população permaneceu na retaguarda Aliada não estava
disposta a enfrentar o avanço inimigo ou mostrar hostilidade às tropas Aliadas quando
chegassem. Além disso, o Partido tinha dado relato de si embaraçosamente deficiente, os
funcionários muitas vezes eram os primeiros a fugir das cidades ameaçadas pelo inimigo501.
Goebbels, no entanto, não perdeu a fé na resistência dos compatriotas, acreditou que tinham
demonstrado coragem sob bombardeamento aéreo, mas essa campanha devastadora os destruíra

495
Rose, pp. 232-237; e 15th US Army HQ Interrogation Report on "Hellwig, Friedrich”, 04Jun45, IRR File XE 049 888 "Werewolf
Activities Vol. I”, RG 319, NA.
496
Trial of the Major War Criminals before the International Military Tribunal, Vol. XVII, 230; Rose, p. 218; Enemy Personnel
Exploitation Sect., Field Information Agency Technical CC (BE), "Two Brief Discussions of German CW Policy with Albert Speer",
12Out45, p. 12, OSS XL 22959, RG 226, NA; Tauber, p. 23; e Trevor-Roper (1950 ed.), p. 53. Speer acreditava que Bormann tentou
formar a Werwolf como movimento popular de massa, o que foi uma reacção ciumenta à formação da milícia de elite do Partido, os
Freikorps Adolf Hitler, controlada por Ley. As informações de Speer sobre a Werwolf eram em segunda mão, no entanto, fornecidas
principalmente pelos próprios Chefes de Secção do Ministério de Armamentos e por vários adjuntos de Bormann.
497
M. Bormann to H. Himmler, 08Fev45, NS 19/3705, BA.
498
Ass. Ileg. para Noack, 24Fev45, NS 6/135, BA; e Ultra Document KO 386, 14Abr45, Ultra Micf. Coll., Reel 70. Sobre os
antecedentes da Unternehmen Skorpion, vd. O/Stubaf. Grothman to Staf. D'Alquen, Kommandeur SS-Standarte "Kurt Eggers", 23Jun44,
NS 19/2451, BA; Thorwald, pp. 202-203; Steenberg, pp. 135-137; e Dallin, pp. 604-605.
499
Trial of the Major War Criminals before the International Military Tribunal. Vol. XVII, 229.
500
M. Bormann para H. Himmler, 08Fev45; Memorando de Bormann para dez Gauleiters do Oeste, "Vorbereitungen auf Feindoffensive
in Westen" (s/d), ambos em NS 19/3705, BA; e Ultra Document BT 4666, 12Fev45, Ultra Micf. Col., Reel 61.
501
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels, pp. 38,49, 68, 76, 94-95, 105, 114-115, 121, 134-135, 149, 233-234, 237, 244-
245, 258, 271.

Página 1 de 144
física e mentalmente, condição agravada pela experiência de ver a Wehrmacht derrotada. Em
retrospectiva, deve-se notar que Goebbels possuía fé incrivelmente optimista tanto na lealdade
dos alemães à causa nacional-socialista quanto na sua capacidade de manter o antagonismo
fanático em relação às potências ocupantes: "as pessoas precisam apenas de um bom sono e
libertação do flagelo da guerra aérea para voltarem a si... Sou da opinião que lentamente a
guerra paisana começará na Alemanha Ocidental. Nesta ocasião existem vários sinais disso"502.
Goebbels acreditava que a chave para tal reviravolta era a escassez prevista de alimentos e, se
tal factor não causou rebelião antes de perder partes restantes do território desocupado,
certamente o fariam depois. Os Aliados ocidentais supuseram, imprudentemente iriam tentar a
política de duas vias de fome forçada lado a lado com a democratização:

Se o inimigo em ódio cego realmente se deixasse levar em tal direcção, deixar o povo
alemão derrotado faminto num mundo de abundância, na verdade possivelmente por
meses e anos, então nunca saberiam o que os atingiu. Na Alemanha, não vão atrair o
biltre para fora dos bastidores só com a democracia. E se a teoria democrática na prática
denota fome, verão como os alemães esquálidos e aparentemente sem graça carregam
cartazes de fome nas suas cidades bombardeadas e como se atiram sem reservas para os
braços do radicalismo político. Onde o comunismo não pode colher frutos da
radicalização – e a hipótese de sucesso na Alemanha não é muito grande depois de todos
os erros e horrores que os bolcheviques causaram nas nossas províncias orientais – um
neo-nacional-socialismo nascerá, puro e honesto, intransigente e forte do colapso e a
subsequente miséria como emergência de um purgatório503.

Como a faísca acende essa guerra, Goebbels esperava ganhar o controlo de Unternehmen
Werwolf, e então reorientá-lo na direcção mais radical, iniciativa que se encaixava no esforço
geral de Goebbels para colocar quase todos os assuntos de política doméstica sobre si. Abordou
Hitler com essa sugestão no final de Mar45 e foi recompensado com a transferência da
iniciativa da propaganda Werwolf para longe dos Gauleiters e para o Ministério da Propaganda.
Embora presumivelmente tenha pedido mais, Goebbels ficou satisfeito com essa vitória parcial,
pelo menos deu-lhe o ponto de apoio para expandir ainda mais o seu domínio – no início de
Abril, observou que ainda tinha planos "para obter a organização do movimento Werwolf nas
próprias mãos", embora agora admitisse que isso deva ser feito gradualmente. "Não só me
considero adequado para tal", observou, "mas acredito que a Werwolf deve ser conduzida com
espírito e entusiasmo"504.
A intervenção de Goebbels nos assuntos da Werwolf naturalmente criou rivalidade aberta entre
si e Prützmann, principalmente porque este não era parte dos novos arranjos que permitiam ao
Ministério da Propaganda efectivar a campanha publicitária do Werwolf. Goebbels sentiu que
Unternehmen Werwolf era um fracasso, e que Prützmann procedia com muita hesitação.
Prützmann, na defesa, argumentou que a população dos distritos ocupados era apática e
abertamente contrária ao Partido, o que tornava necessário avançar lentamente na organização
da guerra paisana505. À luz de tal posição, não surpreende que Prützmann ficasse furioso quando
o Ministério da Propaganda passou a cercar a Werwolf com campanha de propaganda radical e
espirituosa não reflectindo as suas opiniões nem sequer tinha sido submetida anteriormente à
revisão no seu gabinete. Tal abordagem, disse ao Gauleiter Kaufmann, era "errada, perigosa e
estúpida" e causou-lhes "graves dissensões" entre si e o Ministério Goebbels506.
502
Ibid. pp. 188-189, 286-287. Vd. tb. pp. 170-171, 195. Sobre a mesma opinião da circular por Naumann, vd. Rose, p. 266.
503
Wilfred von Oven, Final Furioso: Mit Goebbels bis zum Ende (Tubingen: Grabert, 1974), pp. 619-620.
504
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 258, 269, 277, 296; e "Report from Captured Personnel and Material
Branch issued by MID, US War Dept., by Combined Personnel of US and British Services for the Use of Allied Forces", 04Ago45, p. 2,
OSS XL 15506, RG 226, NA.
505
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 258, 269, 289; e Rose, p. 253.
506
"Extract from Interrogation of Karl Kaufmann", 11Jun45, Appendix "A" - "The Werewolf Organization in Hamburg", pp. 1-2, IRR
File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA. Arno Rose afirma que causou grande desconforto entre os Prützmann
Werwölfe pelo trabalho de Werwolf Sender, principalmente porque esses comandos paramilitares agora se encontravam agrupados com
o espontâneo "Werwölfe" de Goebbels. Isso, por sua vez, aumentou ainda mais as hipótees de uma morte humilhante na ponta da corda
de um carrasco. Rose, p. 265.

Página 1 de 144
Vários dias após o início da campanha de propaganda, Prützmann irrompeu no gabinete de
Goebbels confrontando-o francamente, alega que os guerrilheiros precisavam operar com o
mínimo de sigilo507. Goebbels rejeitou totalmente tal visão: "não pretendemos tapar a nossa luz
com a peneira e fazer o serviço secreto", anotou no diário. "Pelo contrário, o inimigo deve saber
exactamente o que estamos a planear e a fazer"508. Além disso, o Ministério da Propaganda
tinha a visão particularmente ampla do Werwolf: de acordo com o memorando distribuído por
Naumann em 04Abr, a plena activação do movimento converteria todos os "lutadores activistas"
em Werwölfe, tanto em áreas ocupadas quanto na Alemanha desocupada509.
O tema principal da batalha Goebbels-Prützmann foi a Werwolf Sender, estação de rádio que
Goebbels começou a montar em Mar45, possivelmente com o apoio de Bormann510. Esse
desenvolvimento final da ideia do transmissor móvel – silenciado pela primeira vez em
Fevereiro – e depois da corrida considerável, começou a ser transmitido no domingo de Páscoa,
01Abr (quando o símbolo do renascimento e o símbolo da loucura caíram na mesma data). À
tarde, o Serviço Interno transmitiu a "importante notícia" que supostamente acabava de ser
recebida: "Nos territórios alemães do Ocidente ocupados pelo inimigo, surgiu o Movimento de
Libertação Alemão”... A partir daí, o fluxo constante de relatórios melodramáticos sobre o novo
movimento procurou criar entusiasmo, até finalmente ser anunciado que a Werwolf possuía o
seu transmissor atrás das linhas inimigas e seria feito "esforço" para retomar a proclamação
inaugural. Alcançado isso e a proclamação transmitida no horário nobre de escuta, entre as
19h00 e as 20h00. Depois, foi anunciado que Werwolf Sender iria transmitir todas as noites às
19h00 em 1339 m., antiga frequência da Deutschlandsender511.
Mais tarde, o especialista em comunicações da Wehrmacht apontou que Goebbels tinha de facto
estragado a proclamação, uma vez que atraía ouvintes tanto do Ocidente quanto do Oriente, mas
mencionava só o transmissor secreto atrás das linhas – o ouvinte inteligente teria percebido logo
que chegar a outros de ambas as frentes, a estação estava provavelmente a meio do país e tinha
que estar a usar instalações de transmissão de potência considerável512. Na verdade, o
transmissor localizava-se na antiga estação Deutschlandsender em Königswusterhäusen, a
Sudeste de Berlim, mas a ideia da estação secreta em solo ocupado pelo inimigo aparentemente
era considerado ingrediente necessário para a conduta desenvolver qualquer sentimento
aceitável de teoria conspiratória.
Para fornecer a estrutura organizacional para a nova estação, o ramo especial chamada Werwolf
Referat teria sido formado dentro do Departamento de Propaganda do Ministério de
Esclarecimento Público e Propaganda513. A própria estação de rádio foi colocada nas mãos de
Horst Slesina, transferido do cargo como Chefe do Departamento Regional de Propaganda em
Westmark. Foi escolhido para o cargo por causa de hábil compreensão da situação no Oeste da
Alemanha – para onde os principais esforços da Werwolf Sender foram dirigidos – e porque fez
esforço considerável na Frente do Sarre para despertar a resistência civil contra os exércitos
Aliados invasores514. Slesina, no entanto, permaneceu como Administrador subordinado, pois
Goebbels e Naumann tinham grande interesse nos assuntos diários da estação, além de escrever
regularmente cópias de propaganda para os locutores515.

507
Curt Reiss (1949), Joseph Goebbels, London, Hollis and Carter, pp. 400-401.
508
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. p. 234.
509
Rose, pp. 265-266.
510
Auerbach, p. 354.
511
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. p. 296; PID Background Notes, 5Abr45, p. 2, FO 371/46790, PRO; e PWE
"German Propaganda and the German", 2Abr45, p. A2, FO 898/187, PRO.
512
Detailed Interrogation Report, "German Signals Counter-Intelligence", 6824 DIC (MIS)/M.1136, 23Abr45, p. 4, OSS 126394, RG
226, NA.
513
7th US Army Interrogation Center "'Wehrwolf Section1 of Propaganda Ministry", 10Jul45, IRR File XE 049 888 "Werewolf
Activities Vol, I", RG 319, NA.
514
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 232-233, 289.
515
Ibid., p. 296; e Special Detention Center "Ashcan", "Detailed Interrogation Report Friedrich Wilhelm Kritzinger", 27Jul45, p. 7, OSS
XL 13731, RG 226, NA. Naumann mais tarde preso pelos britânicos em 1953 após a descoberta da infame Conspiração Naumann, na
qual o antigo Staatssekretär seguiu a táctica trotsquista de "entrismo" infiltrando nazis secretamente num partido político legítimo como
trampolim para o restabelecimento.

Página 1 de 144
Outro ajuste burocrático de Goebbels foi a demissão do Staatssekretär, Chefe de Imprensa do
Reich, Otto Dietrich, principalmente porque não demonstrou zelo suficiente para este último
desenvolvimento de propaganda – "homens como o Dr. Dietrich", Goebbels disse ao Führer,
"como conduzirei agora a propaganda, como a do movimento Werwolf, que deve ser de natureza
extraordinariamente radical". Dietrich irritou em particular Goebbels e Hitler por diluir o
anúncio de Goebbels com palavras fortes sobre o ataque ao Oberbürgermeister de Aachen,
especialmente porque tentou excluir a menção de julgamento Vehme fictício que supostamente
teria condenado o autarca à morte516. É notável, no entanto, com o Departamento de Imprensa
em alvoroço, Goebbels falhou a intenção de lançar o jornal Werwolf, projectado para servir
como parceiro natural de comunicação para a estação de rádio.
Durante as três semanas após a criação, Werwolf Sender envolveu-se em duas operações
principais, entre a música popular animada: uma estava a emitir ameaças e a outra estava a
relatar vários actos de sabotagem cometidos supostamente pelo movimento Werwolf. A
propaganda contra os colaboradores nativos não entrava em grandes detalhes, limitava-se a
ameaças gerais e nomear listas de indivíduos condenados. Uma invectiva especial foi dirigida a
agentes alemães do movimento Freies Deutschland, apoiada pelos soviéticos, que teriam sido
deixados para trás das linhas alemãs nas últimas semanas da guerra – "Após a descoberta de tal
agente", disse Werwolf Sender, "é dever de todos os cidadãos alemães eliminá-lo” 517. Quanto ao
inimigo, os principais alvos dos abusos foram o GEN George Patton e o financeiro e
conselheiro presidencial estadunidense Bernard Baruch, que visitou a Alemanha ocupada em
meados de Abril; Baruch, em particular, foi retratado como representante típico de influências
judaicas sinistras nos bastidores, e como era de facto veterano da delegação estadunidense a
Versalhes e dos principais apoiantes do Plano Morgenthau e enquanto na Europa, mereceu
repetidas ameaças de morte Werwolf. 518
A outra actividade principal da Werwolf Sender era fornecer relatórios sobre os sucessos da
Werwolf em infligir danos às forças Aliadas. A maioria dos relatórios transmitidos por Werwolf
Sender foi bastante incrível: em 04Abr, v.g., alegaram ter capturado o Secretário da "Comissão
Estadunidense de Extermínio", um aliado Einsatzaruppe supostamente apoiado em Koblenz,
enquanto três semanas depois "Werwolf Kommandos" foram referidos como terem explodido
parte da fábrica de Petróleo Sintético de Leuna perto de Leipzig, este deve ter parecido estranho
para os ouvintes aa área de Leuna, onde era bem conhecido que a maior parte da fábrica foi
arrasada por bombardeamentos Aliados519.
Na verdade, o Ministério da Propaganda admitiu em meados de Abril que – "Sabemos pouco ou
nada do que está a acontecer nessas áreas [ocupadas]", e Goebbels foi o primeiro a admitir, pelo
menos em particular, que a produção da Werwolf Sender não era realmente a notícia, mas "a
notícia como deve ser". Na verdade, o Ministro da Propaganda ditava pessoalmente muitos dos
relatórios fictícios da emissora e, quando perdia a inspiração, percorria os corredores do
gabinete, a pedir ideias aos colaboradores520. Desnecessário dizer que Goebbels e os assessores
não receberam ajuda da Dienstelle Prützmann – embora o serviço tenha preparado os próprios
relatórios internos a documentar os sucessos locais da Werwolf Gruppen – e um Oficial da
Werwolf observou com desaprovação em meados de Abril "que o heroísmo exaltado pela rede

516
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 277, 280; Oven, p. 611; e Otto Dietrich (1957), The Hitler I Knew,
London, Methuen, pp. 101-102.
517
PWE "German Propaganda and the German", 09Abr45, p. C5, FO 898/187, PRO; e Amb. Johnson, Stockholm to Sec. of State,
24Abr45, State Dept. Decimal Files 740.0011 EW, Micf. M982, Rolo 217, NA.
518
Bernard Baruch (1960), The Public Years, NY, Holt, Rinehart & Winston, p. 351; Jordan Schwarz (1981), The Speculator: Bernard
M. Baruch in Washington, Chapell Hill, N.C., Univ. of North Carolina Press, p. 478; SHAEF G-5 "Weekly Journal of Information" n.º
11, Mai45, WO 219/3918, PRO; The New York Times. 03Abr45; 12Abr45; e The Nation. Vol. 160, n.º 16 (21Abr45), p. 445. Até o GEN
Patton – que rotineiramente desconsiderava o perigo da guerrilha com base na sua experiência com os Villaistas no México – fez
questão de dormir com uma carabina no caso do QG ser atacado por assassinos no ar. GEN George Patton (1981), War As I Knew It,
NY, Bantam, pp. 274-275.
519
The Nation. Vol. 160, n.º 16 (21Abr45), p. 445; e The New York Times. 23Abr45.
520
PWE "German Propaganda and the German", 23Abr45, p. A4, FO 898/187, PRO; Lang, p. 313; e Reiss, pp. 401-402.

Página 1 de 144
de rádio Werwolf era pura ficção ou as realizações de pequenos remanescentes dispersos de
tropas não tinha ligação com o programa Prützmann"521.
O objectivo de transmitir relatórios amplamente fictícios era criar a impressão de que Werwolf
era difundido, ou pelo menos tinha amplo alcance, criando assim o clima psicológico adequado
para a real campanha terrorista. Também deu aos ouvintes simpáticos nos territórios ocupados
instruções implícitas sobre os tipos de actividades que poderiam usar para desmantelar as forças
Aliadas. Na verdade, Werwolf Sender transmitiu até indicações contundentes do que poderia ser
feito – "montar obstáculos e armadilhas nas estradas, remover nomes de lugares e placas de
sinalização... remover marcas de campos minados... tomar nota da localização das munições e
depósitos de gasolina do inimigo, reservas de alimentos e outros materiais. Sempre que houver
oportunidade – e tais possibilidades devem ser trazidas por todos os meios possíveis – os
depósitos e armazéns inimigos devem ser destruídos". Essas instruções formaram a grande parte
da transmissão dos "Dezasseis Mandamentos" da Werwolf em 07Abr, que o inimigo poderia
ouvir e tomar as contramedidas necessárias, mas Goebbels indicara agora – tanto para
Prützmann quanto no diário – que os seus voos de fantasia permaneceriam inalterados por esses
pequenos embaraços522. Na verdade, é claro, a transmissão pública de instruções de sabotagem
na verdade era indicação de extrema fraqueza – tal medida teria sido desnecessária, não fosse a
rapidez do avanço Aliado na Alemanha e a incapacidade de Prützmann preparar o próprio
serviço para atender plenamente a essa contingência.
Talvez o aspecto mais interessante da Werwolf Sender tenha sido a natureza altamente
ideológica de produção de propaganda, tanto lembrava as raízes revolucionárias do nacional-
socialismo quanto as recentes tendências políticas e sociais dentro do estado nazi. Goebbels
apontou repetidamente que Werwolf Sender representava o retorno às características essenciais
do nacional-socialismo e desempenharia o papel extremista semelhante ao jornal Der Angriff
"nos bons e velhos tempos da nossa luta". Até mesmo o notório agitador nazi Julius Streicher,
cujo comportamento patológico causou a demissão como Gauleiter da Francónia em 1940, foi
chamado de volta do deserto para entregar pequenas diatribes da Werwolf, embora Werwolf
Sender aparentemente tenha parado de transmitir antes que o mundo fosse tratado com
vislumbre desse regresso político. A presença de Streicher não passou despercebida, no entanto,
só o próprio Goebbels escreveu muitas cópias para a estação, que orgulhosamente não levava
em conta "os métodos regulares de condução da guerra ou de política externa de guerra", e
assim – em termos de radicalismo – superou em muito a propaganda regular em que a autoria de
Goebbels era abertamente reconhecida. Foi grande alívio psicológico para o Ministro da
Propaganda que, depois de amordaçado desde 1934, finalmente conseguia desabafar a própria
marca de radicalismo de esquerda – "É realmente revigorante", disse, "por uma vez poder falar
como costumava fazer durante o período de luta". É interessante notar, em Abr45, Goebbels
gostava de se colocar na mesma categoria de Stennes, Strasser e Röhm, excepto que era leal ao
Führer os outros supostamente não o eram523.
De acordo com as opiniões de Goebbels, Werwolf Sender achou a guerra quase irrelevante em
comparação com o facto de a revolução pan-europeia e antiburguesa estava em andamento, e
reviveu a velha heresia da SA sobre a necessidade da "revolução permanente”, questão que
custou a cabeça de Röhm em 1934524. Goebbels acreditava no curso da tal luta revolucionária,
os métodos de guerra "burguesa" deveriam ser totalmente abandonados, e principalmente
através da intervenção de tais "moderados" como Himmler e Göring que o apelo para revogar
unilateralmente a Convenção de Genebra passou despercebida. Werwolf Sender forneceu um
fórum útil para tais pontos de vista, no entanto, declarou no dia de estreia que Werwölfe iria

521
USFET MIS Center "Intermediate Interrogation Report (HR) n.º 18 - Krim. Rat. Stubaf. Ernst Wagner", 30Ago45, p. 3, IRR File XE
049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.
522
PWE "German Propaganda and the German", 9Abr45, p. C6, FO 898/187, PRO; e The Nation. Vol. 160, n.º 16 (21Abr45), p. 445.
Durante o mesmo período em que Werwolf Sender se tornou activo, a HJ também publicou a própria série de folhetos de massas
contendo ampla informação sobre técnicas de sabotagem. The New York Times. 01Abr45; The Christian Science Monitor. 31Mar45; e
Hoegh and Doyle, pp. 318-319.
523
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 269, 277-278, 280, 296, 310; e Oven, p. 641.
524
PWE "German Propaganda and the German", pp. 2-3, 16Abr45; 23Abr45, pp. C9-C10, ambos em FO 898/187, PRO; e SHAEF G-5
"Journal of Information" n.º 10, 26Abr45, p. 4, WO 219/3918, PRO.

Página 1 de 144
alegremente desconsiderar as regras da guerra525. Em Abril, a emissora foi forçada a transmitir a
longa apologia, na qual a negação das regras da guerra foi atribuída à propaganda inimiga e
contestada pelo argumento de que foram os Aliados a violaram o direito internacional ao
desencadear a guerra de agressão e realizar bombardeamentos aéreos – a Werwolf, afirmou
"levantar-nos para repor a lei"526.
Desde o início, Werwolf Sender foi projectado para apelar para "a pertinaz minoria política que
sempre formou a ponta de aço da popular lança plúmbica". Acreditava-se que essa vanguarda
consistia cerca de 10% da população alemã, mas pensava-se capaz de levar a maioria na direcção
que liderou527, conceito desde então se tornou artigo de fé geral entre os revolucionários. A fim
de construir a atitude de tolerância para as actividades Werwolf além da minoria activista, no
entanto, Werwölfe Sender teve em consideração as opiniões da população em geral. Apesar de
se afastar abertamente da "opinião pública silenciosa", Werwolf Sender demonstrou
surpreendente vontade de reconhecer e até perdoar à população alemã ocidental o cansaço da
guerra – "Nós Werwölfe não culpamos ninguém por estar cansado. Esse quebranto vai passar.
Ninguém pode fazer mais do que próprias forças permitem". Uma transmissão inicial da estação
admitiu abertamente que pressionar civis para se juntarem ao Werwolf seria inútil, mas indicou
que "chegará o momento em que todos se juntarão a nós, incluindo os que estão cansados pela
guerra e os bombardeamentos criminosos"528.
A fim de se tornar ainda mais palatável para a população em geral, Werwolf Sender dificilmente
poderia retratar os seguidores como vanguarda da revolução nacional-socialista – a
popularidade nazi estava, afinal, em sério declínio – mas procurou retratar Werwölfe como
milícias populares locais, a proteger civis da crueldade desenfreada dos soldados aliados. Em
Colónia, v.g., um Werwolf ter-se-ia distinguido por atacar um soldado estadunidense por ter
empurrado uma velhota com o cano da arma, e dezenas de histórias semelhantes foram
contadas. Werwolf Sender alegou que os guerrilheiros roubaram comida dos depósitos Aliados
para frustrar a "campanha de fome" inimiga529.
Goebbels injectou na Werwolf Sender a repugnância pelos Gauleiters do Oeste, cuja corrupção e
paroquialismo geralmente impediram o esforço de concentrar o poder doméstico sua volta,
especialmente depois da nomeação como Plenipotenciário Geral para a Guerra Total em Jul44.
No entanto, essa tendência anti-ordem estabelecida; autoridade institucional e sistema
ideológico, político, legal e burocrático da sociedade surgiram não apenas da obsessão particular
de Goebbels, mas provavelmente inevitável dada a situação em que o estado nazi se encontrava:
Werwolf Sender, v.g., seguiu de perto o exemplo do Partido Republicano Fascista na Itália,
quando, na esteira do armistício de 1943, restabeleceu as credenciais como movimento radical e
condenou os "chefes" do Partido que sacrificaram o patriotismo pela riqueza, posição e vida de
conforto530. A Werwolf Sender proclamou a intenção de "não sofrer de carreiristas, nem de
caçadores de emprego, sem lugares reservados, nem patrões, pois colocaram os próprios fins
antes do bem comum"531. O programa da estação de 13Abr foi especialmente crítico dos Chefes
do Partido e Bürgermeisters corruptos:

Nos bons velhos tempos fizeram uso da posição social para enriquecer às custas do
povo. Por anos pregavam vida espartana sem a viver. As próprias posições eram-lhes
mais importantes do que a vida moral. A maioria deles nunca chegou perto de sequer

525
PWE "German Propaganda and the German", 02Abr45, p. A-2, FO 898/187, PRO; FO Weekly Political Intelligence Summaries.
Vol. 11, Summary n.º 187, 4Abr45, p. 2; e FORD "Review of the Foreign Press, Series A n.º 319 - The German Home Front and the
War (April 1945)" in Review of the Foreign Press. 1939-1945. Series A, Vol. IX, p. 2.
526
PWE "German Propaganda and the German", 9Abr45, p. C7, FO 898/187, PRO.
527
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 296, 304; PWE "German Propaganda and the German", 09Abr45, pp. Al,
C4; 16Abr45, p. 3, ambos em FO 898/187, PRO; ECAD "General Intelligence Bulletin" n.º 43, 26Abr45, p. 2, WO 219/3760A, PRO; e
CX Report "Werewolf Personnel", 24Abr45, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.
528
PWE "German Propaganda and the German", 09Abr45, p. C8; 16Abr45, p. 3; 23Abr45, p. C12, todos em FO 898/187, PRO.
529
SHAEF G-5 "Weekly Journal of Information" n.º 9, 19Abr45, p. 17, WO 219/3918, PRO; OSS Report, OSS XL 7836, RG 226, NA;
e EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werewolves'", p. 8, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA.
530
SHAEF Report, "Observations Concerning Occupied Germany", 05Mai45, p. 11, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119
Control (Germany), RG 59, NA.
531
PWE "German Propaganda and the German”, 9Abr45, p. C4, FO 898/187, PRO.

Página 1 de 144
uma luta real nesta guerra; nunca a sentiram na mesma medida as massas do povo...
São preguiçosos e buscam apenas o poder pessoal532.

Em conversas privadas com os Adjuntos, Goebbels foi ainda mais longe, alegou a crescente
correnteza do caos causado pela Werwölfe pela ocupação inimiga foi bênção disfarçada: o fogo
do Nacional-socialismos disse, "ameaçou sufocar sob a escória do 'regime dos chefes' no IIIº
Reich. A tempestade do domínio inimigo vai reacender de novo o calor”533.
A propaganda da Werwolf foi notável por evitar o nome do Führer, como se esse "Chefe"
supremo fosse considerado passivo e não activo. Quando Hitler foi mencionado, no aniversário
em 20Abr, foi apresentado como socialista revolucionário", cuja "conquista histórica é ter
libertado o socialismo de de toda a propaganda, mentiras, distorções e interpretações falsas e tê-
lo levado à vitória”. Mesmo esta ocasião foi usada como mais de circunstância para atacar
aquelas "almas burguesas" que "proclamaram em voz alta o nome [de Hitler]" porque "temiam o
socialismo"534. Somente durante as últimas horas de existência, quando o Führer foi sitiado em
Berlim, Werwolf Sender apresentou-o como figura heróica tão comum na propaganda nazi:
"Hitler" referiu-se, "não fugiu para o Sul da Alemanha... Está em Berlim com todos aqueles que
achou dignos de lutar ao seu lado”. Os "chefes", "elementos reaccionários", "cobardes" e outros
"elementos obstrutores" foram todos expulsos, de modo "só os combatentes revolucionários
intransigentes permaneceram" – liderado, é claro, pelo Gauleiter Goebbels, "o amigo de
confiança do Führer"535.
Por causa de tal retórica, não é de surpreender que a Werwolf tenha sido formalmente repudiada
pela ordem estabelecida do Partido, retratando-a como movimento espontâneo de combatentes
da liberdade sobre o qual pouco se sabia. Talvez a liderança do Partido sentisse tal renúncia
automaticamente a absolveria da culpa pela actividade guerrilheira536; afinal, não estava
disposta a aceitar a culpa por um movimento de propaganda abertamente hostil a muitos
funcionários do Partido, bem como às potências inimigas. Mesmo os nazis mais devotos tinham
dúvidas consideráveis sobre todo o princípio da luta paisana, pois, como quase todos os
alemães, temiam represálias aliadas e o prolongamento indefinido da confusão. Talvez seja a
medida da distinção da Werwolf Sender – e o contraste com a ordem estabelecida nazi – que o
termo "neo-nazi" tenha sido cunhado pela primeira vez em Abr45 como descrição do
resultado537.
A Werwolf Sender foi certamente prenúncio de tendências futuras – a maioria das características
distintivas do eurofascismo do pós-guerra eram aparentes nas transmissões – mas foi o produto
de correntes radicalizantes surgidas nos vários anos antes do nascimento, em particular a
viragem para a esquerda do Nacional-socialismo e o renascimento de sentimentos
revolucionários a lembrar o período de 1933-34. Após o Putsch de Jul44, os nacional-socialistas
viram-se cada vez mais como a ponta de lança da "guerra popular" não só contra os judeus,
bolchevismo e a plutocracia ocidental, mas também contra as forças sobreviventes da reacção e
derrotismo do país – forças que, por acaso, podiam antever revelar a traição por colaborarem
com as potências inimigas assim que cruzassem a fronteira alemã.
Outra tendência radicalizadora foi o nivelamento de classes causado pelos bombardeamentos,
racionamentos e guerras terrestres, que destruíram bens materiais que formavam o pano de
fundo da sociedade burguesa. Goebbels e companhia mal podiam conter a alegria decorrente
desse processo de "proletarização", começado na Grande Guerra e avançado pelos anos erosivos
entre guerras de inflação e depressão. Essa destruição do modo de vida burguês criou novas

532
Ibid.. 16Abr45, p. 3, FO 898/187, PRO.
533
Oven, p. 620.
534
PWE "German Propaganda and the German", 23Abr45, pp. A3, C5, FO 898/187, PRO; e FO Weekly Political Intelligence
Summaries. Vol. 11, Summary n.º 290, 25Abr45, pp. 2-3.
535
EDS "Extract from PID Daily Intelligence Summary for Germany and Austria, n.º 211 of 24Abr45", IRR File XE 049 888
"Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; e The Globe and Mail. 24Abr45.
536
FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary n.º 287, 4Abr45, p. 2; OSS Report, p. 9, OSS XL 7777, RG 226,
NA; ECAD "General Intelligence Bulletin" n.º 42, 11Abr45, p. 11 WO 219/3760A, PRO; e The Times. 3Abr45.
537
PWE "German Propaganda and the German", 23Abr45, pp. C4, C10-C11, FO 898/187, PRO; e PID "Background Notes", 26Abr45,
pp. 1-2, FO 371/46790, PRO.

Página 1 de 144
legiões de párias sem propriedade e vítimas da sociedade, exactamente o tipo de pessoa que
formou o alicerce do nazismo antes de os Junkers e industriais se tivessem unido à estrela em
ascensão. Na década de 30, o Nacional-socialismo diluiu-se ao apelar para a classe média que
ainda existia, mas se sentia ameaçada, principalmente no nível superior pelo comunismo e no
nível pequeno-burguês pela competição económica judaica. A Werwolf Sender, por outro lado,
procurou construir a base nova entre os despossuídos pelas bombas da "plutocracia anglo-
estadunidense", sem negligenciar totalmente o perigo para a "cultura" da Alemanha
representado pela "barbárie" russa538.
A retórica para estimular os impulsos antiburgueses desejados ultrapassou bem os limites do
radicalismo socialista e entrou no reino do nülismo:

Juntos com a memória da cultura [disse Werwolf Sender!] desmoronam também os


últimos obstáculos que nos separam do cumprimento da missão revolucionária. Agora
que tudo está em ruínas, somos forçados a reconstruir a Europa. No passado, as
possessões privadas ligavam-nos à moral e à mentalidade burguesa; essas posses foram-
se e como toda a nossa contenção burguesa. Longe de matar todos os europeus, as
bombas apenas destruíram os muros das prisões que os mantinham cativos... Ao tentar
destruir o futuro da Europa, o inimigo só conseguiu destruir o passado e tudo o que era
antigo e aparente foi-se. O desmoronamento da fachada da tradição só revelou o início
da nova revolução, e todos os que são fortes e saudáveis realizam a missão, que é a de
revolucionário539.

Assim foi revelado o que Hugh Trevor-Roper chamou "a autêntica voz do nazismo desinibido"
– "A doutrina da destruição sem propósito, mas alegre da vida e da propriedade e todos aqueles
valores da civilização que o nazi alemão, embora às vezes dolorosamente tentasse imitá-los,
fundamentalmente invejava e detestava”540. A "Revolução do Nülismo" de Hermann
Rauschning foi assim completada.
O segundo elemento principal da propaganda da Werwolf Sender era o aventureirismo
romântico, projectado especificamente para rapazes e raparigas adolescentes. A estação deu
atenção notável às histórias de aventura de Karl May, escritor literário do séc. XIX cujos
romances sobre o velho oeste estadunidense foi consumido avidamente por várias gerações de
jovens alemães. Este romanticismo adolescente reanimou a vida, inspirou as organizações
Wandervogel do final do período imperial e, desde o início da guerra, motivou grupos como
Edelweiss Piraten de mente independente que lutaram contra a HJ e cujos membros tinham uma
vida vagamente anarquista assente no amor pela aventura. Esses grupos – e número muito maior
de adolescentes agiam sozinhos ou em pequenas quadrilhas – foram responsáveis pelo aumento
acentuado da delinquência juvenil na Alemanha após 1940 e pelo aumento geral da má conduta
e falta de educação entre os jovens alemães. Esses problemas agravaram-se à medida que os
adolescentes se afastavam cada vez mais da influência da família e até da escola, à medida que
eram convocados para as indústrias de guerra ou dedicados como auxiliares de Artilharia Anti-
aérea541.
A Werwolf Sender procurou converter esses problemas passivos em activos ao usar o espírito de
rebelião adolescente contra as novas figuras de autoridade nas zonas ocupadas ocidentais; os
seguidores da Werwolf Sender eram, na verdade, Edelweiss Piraten nazificados542. Apela ao
romantismo adolescente era sobretudo aparente nos símbolos que a Werwolf Sender forneceu
para o movimento de resistência e até mesmo na história de origem do nome Werwolf, que

538
PWE "German Propaganda and the German", 23Abr45, pp. C9-C10, FO 898/187, PRO; Trevor-Roper, pp. 57-58; e SHAEF G-5
"Weekly Journal of Information" n.º 10, 26Abr45, p. 4, WO 219/3918, PRO.
539
PWE "German Propaganda and the German", 16Abr45, p. 2; e 23Abr45, p. C9, ambos em FO 898/187, PRO.
540
Trevor-Roper, p. 57.
541
PWE Report "Edelweiss-Piraten and Similar Oppositional Groups", 4Set44, FO 898/187, PRO; 21 AG "Cl News Sheet" n.º 7,
5Out44, Part I, p. 3, WO 205/997, PRO; SHAEF PWD "Guidance Notes for Output in German for the Week 30 April - 7Mai45",
29Abr45, p. 1, FO 371/46894, PRO; e EDS Report n.º 34, "Notes on the 'Werewolves'", p. 7 IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities
Vol. I", RG 319, NA.
542
SHAEF PWD "Guidance Notes for Output in German for the Week 30 April-7Mai45", 29Abr45, pp. 1-2, FO 371/46894, PRO.

Página 1 de 144
alegadamente deriva dos "homens selvagens" da mitologia alemã, "que se vestiam com peles de
animais vindos da obscura floresta com toda a fúria sobre
todos os seres vivos"543. O símbolo Werwolf da Wolsangel,
que variadamente foi explicada tanto como a curva do canino
do Werwolf, ou o gonzo da armadilha para lobos, símbolo que
durante a Guerra dos Trinta Anos foi esculpido em árvores
onde soldados estrangeiros foram enforcados544. A Werwolf
Sender forneceu também o próprio tema, adequadamente
cantado "Açucena Werwolf":

Sou tão selvagem; estou cheio de raiva,


Hoo, Hoo, Hoo
Chamo-me Açucena o Werwolf,
Hoo, Hoo, Hoo,
Mordo, Devoro, não sou subjugado,
Hoo, Hoo, Hoo,
As minhas presas de Werwolf ferram o inimigo,
Liquida-o e depois desaparece,
Hoo, Hoo, Hoo545.

Foi com este material recheado, com o qual Werwolf Sender procurou então, inspirar a nova
geração de heróis alemães.
Por mais surpreendente que pareça, no entanto, Werwolf Sender naquela conjuntura causou
algum impacto nas mentes jovens orientadas para a ideologia nazi. Dentro dos limites cada vez
reduzidos do Reich desocupado, o afluxo de novos recrutas adolescentes ao que parece
adiantou-se a voluntariar-se para Unternehmen Werwolf546, e em todas as zonas ocidentais
ocupadas a variedade de bandos de resistência local foram inspirados – pelo menos no mote –
pela campanha de propaganda de Goebbels; poucos desses grupos tiveram algum contacto
formal com o programa Prützmann. Esses grupos Werwolf espontâneos permaneceram activos
até 1947, praticavam pequenas sabotagens e propaganda contra as forças de ocupação e assédio
ao funcionamento do KPD547.
Quando não pregavam aos convertidos, mesmo assim, a Werwolf Sender surtia muito menos
efeito, até a própria emissora admitiu: “Só uma diminuta minoria” observaram, “se recusa a
intimidar-se e aceita o desafio”. O restante não só achou as transmissões da Werwolf
absurdas548, mas ressentiu-se profundamente do perigo representado para a população em geral
ao apelar às armas. Além disso, grande parte da audiência foi permeada à aversão à luta de

543
FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary n.º 287, 04Abr45, p. 2.
544
Kahn, p. 37.
545
The New York Times. 06Abr45; 8Abr45; e Time. Vol. XLV, n.º 16 (16Abr45), p. 26.
546
Whiting, Hitler’s Werewolves, pp. 146-147. Mesmo poucos dias após o início das actividades do Werwolf Sender, o correio alemão
capturado pelos Aliados rendeu várias cartas de jovens ansiosos para se juntar à recém-revelada organização Werwolf. Notas de fundo
do PID, 19Mai45, p. 1, FO 371/46790, PRO. O particular exemplo dessa onda de última hora que aderiu ao programa Werwolf foi Ruth
Thieman, capturada pelo CIC em Frankfurt em 1946. Thieman era membro do BDM desde 1938, e nas últimas semanas da guerra
ofereceu-se para servir na Werwolf. Após a capitulação, juntou-se ao grupo de direita Edelweiss Piraten, e como membro concorrente
em ambas as organizações, ajudou a esconder homens da SS, comprou e distribuiu armas, cortou linhas de comunicação do Exército dos
EUA e cortou o cabelo de várias mulheres associadas com as tropas de ocupação estadunidenses. "Ainda sou muito a favor da
organização Werwolf", disse aos interrogadores do CIC. "Sou e sempre serei nacional-socialista; ninguém me pode convencer do
contrário". USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 58, 22Ago46, p. C6, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA.
547
Intelligence Office, Chief of Naval Operations "Intelligence Report", 26Jul45, p. 2; Col. C.M. Culp, Acting Chief CIC, USFET to
Brig. Gen. Edwin Sibert, 13Abr46, ambos em IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; Intelligence Division,
Chief of Naval Operations "Intelligence Report”, 1Ago45, p. 2, OSS XL 14154, RG 226, NA; ACA (BE) CMF "Joint Weekly
Intelligence Summary" n.º 21, 1Set45, p. 5, FO 1007/300, PRO; History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, p. 126, NA;
USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 18, 15Nov45, p. 2; n.º 74, 12Set46, p. C15; Eucom "Intelligence Summary" n.º 8, 22Mai47,
pp. C13-C14, todos em State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), NA; CCG (BE) "Intelligence Review" n.º 5,
6Fev46/ p. 1, FO 371/55807, PRO; MI-14 "Mitropa" n.º 21, 07Mai46, p. 10, FO 371/55630, PRO; e 250 British Liaison Mission Report
n.º 8,Jul47, p. 18, FO 1005/1615, PRO. Em Hamburgo, antigos líderes da HJ organizaram o "Hermann Löns Klub", em homenagem ao
autor Der Wehrwolf. MI-14 "Mitropa" n.º 8, p. 4, FO 371/46935, PRO.
548
Baird, "La Campagne de Propagande Nazie en 1945”, p. 84.

Página 1 de 144
guerrilha que Werwolf Sender – apesar do máximo empenho para retratar a Werwölfe como
milícia de autodefesa – não conseguiu erodir. A maioria dos alemães, afinal, aprendeu desde a
experiência prussiana com os franco-atiradores franceses em 1870-71 que a guerra paisana era
desonrosa, e a propaganda nazi desde 1940 certamente reforçou essa doutrina, particularmente
ao igualar guerrilheiros a bandidos e criminosos549. A extrapolação de tais atitudes em relação
aos próprios guerrilheiros era quase inevitável, pelo menos até certo ponto, de modo que em
1945 não era raro encontrar alemães que acreditavam que a Werwölfe deveria sofrer o mesmo
destino de outros bandidos-partidários, i.e., deveriam ser fustigados, presos ou fuzilados. Um
renano disse aos Oficiais estadunidenses que os Aliados não precisam se preocupar em infligir
tais punições – "Nós, tratamos disso"550.
O fecho da Werwolf Sender veio com o avanço final soviético sobre Berlim, o que levou à
mudança de foco de última hora do Ocidente para o inimigo que avançava de Leste. Em 23Abr,
Werwolf Sender anunciou que Hitler e Goebbels permaneciam em Berlim e seriam defendidos
pelas melhores forças sobreviventes à disposição de Hitler, mesmo que tivessem que ser
retiradas da Frente Oeste; dizia-se que 16 divisões progrediam em direcção à capital ameaçada e
logo eram esperadas. "Com isso", disse a emissora, "o Reich testemunha a resolução de
defender Berlim a todo custo". Além disso, Werwolf Sender observou, mesmo que a cidade
fosse perdida, "a Werwölfe nela nunca será vencida... Lutaremos até a capital do Reich seja
novamente a capital da liberdade". Tais declarações foram apoiadas com afirmação retumbante
de que "o inimigo principal agora estava a Leste"551.
Após este comunicado final bombástico, a Werwolf Sender suspende a emissão porque o
transmissor foi invadido pelo Exército Vermelho, e logo uma semana depois Goebbels cometeu
suicídio no abrigo da Chancelaria, logo após ser nomeado como Chanceler do Reich. No ínterim
entre esses dois eventos, pouco mais se ouviu falar da Werwolf em qualquer dos serviços de
meios de comunicação de massas remanescentes do Reich, política aparentemente ditada pela
necessidade de reconstruir pontes para os Aliados e recrutá-los na cruzada anticomunista. De
qualquer forma, o transmissor mais poderoso ainda em território nazi foi mantido fora das mãos
de fanáticos pelas acções astutas do Gauleiter Kaufmann, que em 27Abr enviou uma companhia
especial Volkssturm para ocupar Hamburgo Sender e, assim, impedir se tornasse o substituto
para a estação de Königswüsterhausen552.
No final de Abril, no entanto, unidades do Serviço de Interceptação de Rádio da Luftwaffe
receberam instruções para se dividir em grupos pequenos e infiltrarem-se nas linhas Aliadas
para estabelecer postos auxiliares e "complementar a actividade Werwolf", e é provável que os
membros do Serviço de Interceptação SS e o Serviço Rádio da Gestapo receberam missões
semelhantes. Pouco resultou desses planos para estabelecer realmente redes de propaganda
clandestinas, embora uma unidade da Werwolf de cerca de uma dúzia de indivíduos tenha sido
relatada no distrito de Andreasberg-Westharz (Abr45)553, e poucos transmissores clandestinos
nazis estivessem esporadicamente activos durante o período pós-guerra imediato 554.

549
PWE "German Propaganda and the German", 9Abr45, p. C5; 16Abr45, pp. 3-4, ambos em FO 898/187, PRO; Baird, p. 84; Rose, pp.
260-261; Theodore Heuss (1966), Auf zeichnunaen. 1945-1947, Tubingen, Rainer Wunderlach, pp. 48-49; e Kastner, p. 79.
550
SHAEF PWD Intelligence Div. "Reactions to ‘Werewolf’ in Cologne", 18Abr45, OSS 128265, RG 226, NA.
551
PID Background Notes, 26Abr45, p. 1, FO 371/46790, PRO; FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary n.º
290, 25Abr45, p. 2; The New York Times. 24Abr45; The Globe and Mail. 24Abr45; PWE "German Propaganda and the German”,
30Abr45, pp. A4, C4, FO 898/187, PRO; Amb. Johnson, Stockholm to Sec. of State, 24Abr45, State Dept. Decimal Files 740.0011 EW,
Micf. n.º M982, Rolo 217, NA; SHAEF G-5 "Journal of Information" n.º 12, 11Mai45, p. 4, WO 219/3918, PRO; e EDS "Extracts from
PID Daily Intelligence Summary for Germany and Austria n.º 211 of 24Abr45", IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol I", RG
319, NA.
552
Moller, p. 114.
553
EDS Report n.º 34 "Notes on the 'Werewolves'", IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I", RG 319, NA; 21 AG "Cl News
Sheet" n.º 25, 13Jul45, Part III, pp. 16-17; e n.º 28, 9Set45, pp. 6- 7, ambos em WO 205/997, PRO.
554
Sobre casos específicos de radiodifusão ilícita transmitida, vd. PID "News Digest" n.º 1767, 25Mai45, p. 16, Bramstedt Coll.,
BLPES; HQ 3rd US Army, "Military Government Weekly Report”, 11Jun45, p. 1, OSS 137425, RG 226, NA; The Stars and Stripes,
14Jun45; PWD Liaison Sect. SHAEF to SHAEF G-2, 30Jun45; Col. H.G. Sheen, Office of ACoS SHAEF G-2 to ACoS, 12 Army
ACoS USFET G-2 to ACos SHAEF G-2, 10Jul45; Col. H.G. Sheen, SHAEF G-2 to PWD Liaison Sect. SHAEF, 12Jul45, WO
219/1602, PRO; FO Weekly Political Intelligence Summaries, Vol. 11, Summary n.º 298, 20Jun45, p. 3; "Allemagne - Activite du
Werwolf", 15Jun45, 7P 125, SHAT; Intelligence Office, Chief of Naval Operations "Intelligence Report”, 26Jul45, IRR File "Werewolf
Activities Vol. I", RG 319, NA; The Times. 07Ago45; USFET G-5 "Political Intelligence Letter" n.º 1, 03Ago46, p. 6; SHAEF JIC
"Political Intelligence Report”, 2Jul45, p. 4; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 30, 07Fev46, p. 69 through to n.º 56, 8Ago46,

Página 1 de 144
Antes de concluir, deve-se mencionar a terceira grande figura do triunvirato do Partido, Dr.
Robert Ley. Durante o período em que Bormann e Goebbels estavam a tentar fortalecer a
Werwolf – ou pelo menos manipulá-lo para fins específicos – Ley foi consumido pelos
problemas colocados pelo fracasso da Volkssturm, em particular na questão de saber se o
Partido ainda era capaz efectivamente de acção de massa. Ley firmemente convencido de que,
apesar de todas as aparências, o Partido ainda era agente credível do zelo revolucionário e,
como prova, abordou a ideia de Freikorps nacional baseado no Partido, o que presumivelmente
mostraria o espírito ardente que faltava recentemente nos esforços de defesa alemães555.Ao
seguir vários precedentes ao nomear um Freikorps em homenagem ao líder, Ley decidiu dar o
nome do próprio Führer para designar a unidade.
Ley era figura estranha para liderar a organização paramilitar de "elite". Na verdade, era o
Chefe de guerrilha ainda mais improvável do que Bormann que, aliás, manteve-se bem longe do
projecto Freikorps porque estava convencido de que Ley não tinha temperamento nem prestígio
para o liderar. Ley, ao contrário de Bormann, não era antigo membro do Freikorps pós-IªGM,
nem especialmente apto em questões organizacionais. Em vez disso, era mais conhecido como
bêbado e mulherengo inveterado, e não particularmente bem-sucedido mesmo depois, uma vez
que a constituição robusta, baixa e atarracada davam-lhe aparência brutal e neandertal. Não teve
experiências emocionantes no passado, era químico de profissão que deixou o emprego na IG
Farben para se tornar membro a tempo inteiro do NSDAP, depois sobe nas fileiras do
movimento. Ideologicamente, simpatizava com a ala radical do Partido e, no entanto, a
capacidade como principal organizador do Partido levou-o à estreita associação com a
hierarquia corrupta e superburocratizada do Partido556.
Finalmente, vale a pena notar que nos últimos meses da guerra, a instabilidade inerente de Ley
fez dele a bomba-relógio proverbial perdida do Estado. Goebbels no final de Mar45 observou
no diário que Ley "tornou-se um tanto histérico... Facilmente anulado e de enervar pelos
desenvolvimentos recentes, particularmente a Oeste". As anotações do diário de outro alto
funcionário do Ministério da Propaganda foram redigidas com menos delicadeza: "Como
sempre, Ley teve uma fantasia como o ignorante palhaço desorientado. Colocou-se no papel de
salvador de última hora. Todos, até Goebbels, riem desse idiota abjecto"557.
A inspiração para os Freikorps aparentemente chegou a Ley como lampejo repentino no final de
Março, durante a digressão por Viena e Leste da Áustria. Como era sujeito cuja paixão por uma
ideia ardia intensamente, apesar de geralmente ser Sol de pouca dura, imediatamente regressou
a Berlim e exigiu ver Hitler. Conduzido à presença do Führer, Ley sugeriu entusiasticamente
que um corpo de voluntários de elite poderia ser formado por funcionários nacional-socialistas
fugidos do território ocupado e, portanto, estavam prontos para nova missão. "Posso-lhe
prometer pelo menos 40 mil combatentes fanáticos, mein Führer. Podem segurar o Alto Reno e
passar pela Floresta Negra. Pode acreditar nisso".
Hitler, a princípio, não pareceu muito impressionado, mas gradualmente animou-se com a ideia
– na verdade, dois dias depois de Ley sugerir a formação dos Freikorps. Ouviu-se Hitler a
balbuciar que se as brechas na Frente Ocidental pudessem ser tapadas para o futuro imediato, "o
Freikorps Adolf Hitler pode então surgir lentamente". Com intuição, Hitler aparentemente
começou a sentir que o entusiasmo radical de Ley era mais inspirador do que quaisquer
dificuldades práticas envolvidas no esquema básico ou na sugestão de Ley de o executar – Ley,

p. C4, todos em State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; CCG (BE) "Intelligence Bulletin" n.º 7,
28Fev46, p. 6; n.º 8, 13Mar46, pp. 2-3; n.º 10, 10Abr46, p. 3, todos em FO 1005/1701, PRO; 12 (Berlin) Intelligence Staff "Monthly
Summary" n.º 7, 30Set47, p. 9, FO 1005/1708, PRO; Constabulary G-2 "Weekly Intelligence Report" n.º 9, 18Out46, Annex n.º 1, p. 1,
WWII Operations Reports 1940-48, RG 407, NA; Livingston to Bevin, 25Jul47, FO 371/64351, PRO; e ACA Intelligence Organisation
"Joint Fortnightly Intelligence Summary" n.º 51, 7Fev48, p. A2, FO 1007/303, PRO.
555
Arno Rose afirma que Ley concebeu este Freikorps como concentração de elite de fanáticos e activistas do Partido dentro da
Volkssturm. Rose, p. 281.
556
7th US Army Interrogation Center "Interrogation of Dr. Robert Ley", 29Mai45, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119
Control (Germany), RG 59, NA; Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels, pp. 269-270; PWE "German Propaganda and
the German", 23Abr45, p. C9, FO 898/187, PRO; e Rose, p. 280.
557
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 243-244; e Rudolf Semmler (1947), Goebbels - The Man Next to Hitler,
London, Westhouse, p. 189.

Página 1 de 144
disse, era o "verdadeiro fanático que, dentro de certas limitações, pode ser útil para tarefas que
exijam fanatismo” 558.
Ley argumentou que o objectivo do Freikorps Adolf Hitler (FAH) era emboscar carros
blindados pontas de lança com o Panzerfäuste, função esperada da Volkssturm559, mas essa
organização raramente executava com eficácia. Durante o último ano da guerra, a ameaça de
ataques de carros blindados se tornou cada vez mais severa, embora se esperasse que, uma vez
que ocorressem em solo alemão, pudessem pelo menos ser combatidos pela população civil
preocupada. No final de 1944, as autoridades militares e políticas formaram a "Panzerabwehr
Organisation" a partir de vários elementos das tropas de substituição e da Volkssturm560,
definitivamente compreendia a iniciativa do Partido para consolidar esforços nessa direcção –
de facto, várias unidades da Wehrmacht Panzerabwehr na Alemanha Ocidental estavam
formalmente subordinadas à autoridade do Freikorps (embora permanecessem sob controlo
operacional do Exército)561. Não surpreendentemente, os Freikorps sofreu rápida transição para
a actividade de guerrilha semelhante à que inculcou o Exército em Abr45, pois o combate contra
os carros de combate pontas de lança inimigos naturalmente degenerou em guerra de guerrilha.
O objectivo e a constituição da FAH foram esclarecidos num trio de documentos assinados em
28Mar e publicados vários dias depois. O primeiro deles foi a directiva do Führer a decretar a
criação do movimento e ordenou que fosse formado por voluntários do Partido, a Volkssturm e a
Wehrmacht. Esta não foi recrutamento comum de pessoal estranho, mas simplesmente o esforço
de roubar essas organizações dos seus melhores funcionários, a fim de criar um bando de elite
de destruidores de carros blindados e paisanos inimigos. O Volksturm, cujas preocupações
militares e negociais estavam sob compulsão para libertar voluntários de 18 anos ou mais que
desejassem alistar-se no Freikorps, medida que irritou até os nazis mais duros562. Apoiantes do
Volksturm sentiram que a sua organização, em particular, perderia a pouca coragem que ainda
possuía563.
O segundo documento inicial consistiu no apelo histérico de Ley a tentar derrogar a própria
doutrina do movimento blindado e superioridade concentrada que anteriormente formou a base
da Blitzkrieg alemã:

O número pequeno de carros blindados inimigos está empenhado em utilizar situações


críticas na frente para invadir o Reich. Na verdade, não passam de bicho-papão.
Temos homens e armas para os aniquilar e aos grupos miúdos de infantaria restantes
que os seguem. É só questão de vontade e prontidão para agir. Vós, meus antigos
camaradas do Partido, conquistasteis uma vez a vitória como minoria, mas obstinados
da nossa nação em fiel auto-sacrifício e energia... Voluntários, avancem! Para a
aniquilação impiedosa desses intrusos no nosso país. Têm de manter-se e manter-se-ão
sem descansar. Invisíveis e, portanto, difíceis de capturar, irão continuamente atacá-
los e aniquilá-los.

Ley delineou a estrutura organizacional dos Freikorps, constatou como o Volkssturm, os


destacamentos seriam liderados pelos Gauleiters e estabelecidos pelos Kreisleiters e
Ortsgruppenleiters564.
No terceiro documento distribuído por Goebbels, superou a própria oposição original aos
Freikorps assim que soube da aprovação do Führer; depois disso, recebeu Ley para consulta e

558
Guderian, p. 348; e Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 243, 278-279. Semmler notou isso, "Ley era
efusivamente apoiado por Hitler". Semmler, p. 190.
559
PWE "German Propaganda and the German", 23Out44, p. A3, FO 898/187, PRO.
560
General-Inspekteur d. Pz.-Truppen, "Richtlinien fur die Durchführung der Panzerabwehr im rückwartigen Gebeit und in den
Grenzwehrkreisen", 01Jan45 (fotogramas 109899-109903); e Kommandant, Wehrmachtkommandateur, Hamburg to Kreisstabsführer,
Obersturmführer Koppenberg, 11Abr45 (frames 109887-109888), ambos em Records of the NSDAP, Microcópia n.º T-81, Rolo 95,
NA.
561
Rose, p. 281.
562
PWE "German Propaganda and the German", 23Abr45, p. C7, FO 898/187, PRO.
563
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. p. 269.
564
PWE "German Propaganda and the German”, 23Abr45, pp. C7-C8, FO 898/187, PRO

Página 1 de 144
ajustar o controlo da propaganda Freikorps565. O documento de Goebbels tratou de outras
questões organizacionais, em particular o facto de os voluntários serem empregues a tempo
inteiro pela FAH, independentemente da importância dos seus trabalhos civis. Observa também
que os voluntários da Freikorps deveriam fornecer os próprios apetrechos de campo e roupas –
de preferência com corte e cores militares – mais rações para três dias. O transporte deveria ser
feito não por ferrovia, mas por bicicleta, dos próprios candidatos ou retiradas de o armazém
comunal. Finalmente, Goebbels constata que cada Gau deveria contribuir com 100 indivíduos,
embora isso possa ter sido apenas a quota inicial566 – no diário, o Ministro da Propaganda
mencionou que os Gauleiters eram realmente capazes de contribuir com 10 mil "activistas" para
o movimento567.
Embora os Oficiais do Partido não estivessem particularmente satisfeitos com tal alarido no
feriado da Páscoa568, a formação do Korps prosseguiu rapidamente nas semanas seguintes. A
equipa da estruturação e depósito principal de recursos foi estabelecida em Heuberg, na Suábia,
e a equipa operacional foi estabelecida e colocada em Berlim569. Os voluntários foram
recrutados principalmente da própria organização de Ley, a DAF570, embora tenham sido
reportados voluntários da HJ, SA, e as equipas de Gau. De acordo com relatórios de inteligência
Aliada, a nova organização dependia fortemente dos quadros da Politische Staffeln, que eram
esquadrões paramilitares germânicos formados por Ley em 1943 para dar aos Kreisleiters locais
contrapeso à Gestapo571. Extraídos de elementos tão incongruentes, aproximadamente três mil
voluntários apresentaram-se no início de Abril em campos de treino militar espalhados por toda
a Alemanha, principalmente em pontos entre o Reno e o Elba572. Como observa James Lucas, a
imagem mental apresentada por essa congregação é triste: centenas de ciclistas de meia-idade
pedalam tranquilamente pelo interior da Alemanha, vestidos com roupas adequadas e o farnel,
fornecido pelas mulheres, poucos com alguma ideia realista do que estava para vir573.
Certamente bem diferente das marchas de legiões arianas jovens super-homens porque foram o
único material adequado para as unidades de "elite" nazis.
Como Lucas sugere, muitos dos voluntários do Freikorps eram burocratas de meia-idade,
embora as fileiras fossem quase igualadas por vários adolescentes superexcitados. Quase 15% do
total de membros da organização era composto por raparigas e mulheres (das quais Lore Ley,
filha do próprio chefe dos Freikorps)574. Quando este ajuntamento misto atingiu vários campos
de treino, os instrutores da Wermacht e as SS descobriram que geralmente não eram o tipo de
formando que respondia facilmente às tarefas que lhes eram apresentadas, embora ainda fossem
forçados a porfiar através do cronograma de treino extremamente restrito no máximo, a
preparação para o combate consistia em duas semanas de treino. Os breves cursos que os

565
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. pp. 234, 261, 269-270. É notável, no entanto, que Goebbels minimizou a FAH
na propaganda, para não chamar atenção e recursos dos próprios esforços para impulsionar o Werwolf. Rose, p. 280.
566
Gauleiter Karl Wahl, "Rundspruch n.º 11 an alle Kreisleiter", 30Mar45, Records of the NSDAP, Microcópia n.º 7-81, Rolo 162,
fotogramas 300554-300555, NA. Vd. also Lucas, Kommando. pp. 338-339.
567
Final Entries. 1945 - The Diaries of Joseph Goebbels. p. 270.
568
Gauleiter Karl Wahl, "Rundspruch n.º 11 an alle Kreisleiter", 30Mar45, Records of the NSDAP, Microcópia n.º T-81, Rolo 162,
fotograma 300555, NA.
569
Ultra Document KO 1402, 25Abr45, Ultra Micf. Col., Reel 72; e Air P/W Int. Unit, 1st Tactical AF (Prov.) (Adv.), "Detailed
Interrogation of an ME 109 Pilot”, 25Abr45, p. 4, OSS 127823, RG 226, NA.
570
Ass. ileg., NSDAP - Gauleitung Schwaben, "Rundschreiben n.º 96/45", 18Abr45, Records of the NSDAP, Microcópia n.º T-81, Rolo
162, fotograma 300551, NA; e 7th US Army Interrogation Centre "Interrogation of Dr. Robert Ley", 29Mai45, State Dept. Decimal Files
1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
571
SHAEF Rear G-2, EDS to SHAEF Main for G-2 (Cl), 19Jun45, WO 219/1603, PRO; e OSS R & A Branch, "European Political
Report", RAL-3-33, 20Out44, p. 3, WO 219/3761A, PRO. O OSS suspeitava que a formação da Politische Staffel tinha ramificações
definitivas para a resistência do pós-guerra, e esta teoria posteriormente fundamentada parcialmente por um prisioneiro de guerra
alemão, que alegou "que os membros da Politische Staffel estavam sob as ordens de ficar para trás em caso de ocupação". OSS R & A
n.º 1934.1, "The Clandestine Nazi Movement in Post-War Germany", 13Out44, pp. 9-10, in OSS/State Department Intelligence and
Research Reports. Rolo XIV; e 15th US Army G-2, "Periodic Report" n.º 58, Annex 4, p. 2, OSS XL 11747, RG 226, NA. Vd. tb, Kater,
p. 216.
572
SHAEF G-5 "Weekly Journal of Information" n.º 11, 4Mai45, p. 6, WO 219/3918, PRO. Sobre a estimativa da mão-de-obra da FAH,
vd. British Troops Austria "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 9, 31Ago45, p. 11, FO 1007/300, PRO.
573
Lucas, Kommando, p. 339.
574
Air P/W Int. Unit, 1st Tactical AF (Prov.) (Adv.), "Detailed Interrogation of an ME 109 Pilot", 25Abr45, p. 4, OSS 127823, RG 226,
NA; e CSDIC/WEA BAOR, Appendix H, "Report on Nursery", SIR 28, Part I, pp. i-ii, 18Abr46, ETO MIS-Y- Sect. Intelligence and
Interrogation Records 1945- 46, RG 332, NA.

Página 1 de 144
instrutores tiveram tempo de apresentar enfatizavam técnicas de combate a carros blindados,
além de tácticas de guerrilha como armar armadilhas e aprender a explodir alvos de sabotagem
com altos explosivos. As mulheres receberam o mesmo curso de treino que os homens, embora
menos intensivo, e esperava-se que participassem do combate, se necessário575.
Perto do final do curso formativo dos Freikorps, os organizadores acordavam cada vez mais
com o facto de os membros da FAH provavelmente iriam envolver-se em guerras paisanas,
mesmo porque o campo para a guerra anticarro blindado convencional estava decrescer
rapidamente. Em resposta, esconderijos secretos de armas foram colocados, documentos de
identidade falsos forjados e os quadros receberam missões alternativas, como estarrecer
colaboradores, no caso das posições na linha de frente fossem invadidas576. Nas profundezas do
Último Reduto alpino (perto de Admont), Ley ordenou a criação de campo de treino especial –
designado como instalação da Werwolf – no qual 135 guerrilheiros foram instruídos em guerra
de guerrilhas e, posteriormente, formados em sabotagem "Schwärme" de 25 homens cada577.
Quando Ley começou o Freikorps Adolf Hitler, preocupou-se com o armamento adequado para
as tropas e, no final de Março, disse a Hitler que a OKW teria de disponibilizar 80 mil pistolas-
metralhadoras. Ley depois saltou de uma autoridade para outra em busca de armas, até
finalmente chegar ao gabinete do GEN Juttner, Chefe do Heereswaffenamt (ou Direcção de
Material de Guerra do Exército). Uma vez conduzido ao canal certo, no entanto, Ley foi tratado
como um rei, as suas necessidades tinham precedência até mesmo sobre as Wehrmacht. Um
Oberleutnant do Heereswaffenamt foi colocado no seu Estado-maior, e os paisanos da FAH
tiveram acesso às melhores armas pequenas restantes do Reich, incluindo pistolas-metralhadoras
e espingardas com miras telescópicas. O próprio Hitler foi induzido a pressionar um dos Chefes
de Secção de Speer a disponibilizar 20 mil Panzerfäuste para a novel organização e, como
supracitado, é provável que tenham sido emitidos também reservas de gás venenoso578.
Em meados e finais de Abril, as unidades Freikorps foram realmente implantadas na Frente,
especialmente em vários pontos no Sudoeste da Alemanha e em Berlim; no Protectorado Checo,
a formação especial, "Freikorps Böhmen", estava também em processo de formação e
implantação. O Freikorpsmanner enfrentou o inimigo em uniformes da Wehrmacht e bonés de
pala camuflados, embora as instruções estipulassem que esse uniforme deveria ser descartado
rapidamente em caso de mudança para actividades paisanas, e sabe-se que membros femininos
da FAH frequentemente realizavam missões de reconhecimento em roupas civis. As tropas
Freikorps lutaram ao lado da Wehrmacht, e geralmente eram desdobradas como contingentes
Gau de 100 homens, embora esses grupos fossem subdivididos em unidades operacionais de
oito a dez homens, obviamente preparatórias para conversão em células paisanas. Relatórios de
inteligência e histórias divisionárias dos exércitos Aliados ocidentais não apresentam relatos de
encontros com os Freikorps Adolf Hitler, embora isso possa resultar em grande parte do facto
de os contingentes FAH possam facilmente ter confundido apressadamente unidades da
Volkssturm ou da Wehrmacht. Dois mil membros da FAH em Berlim lutaram ao lado das
Waffen-SS na desesperada última defesa da secção do governo central, e mais tarde Ley
testemunhou que essas formações foram quase completamente exterminadas579.

575
History of the Counter Intelligence Corps. Vol XXVI, p. 43, NA; e CSDIC/WEA BAOR Appendix H, "Report on Nursery", SIR 28,
Part I, p. i, 18Abr46, ETO MIS-Y-Sect. Intelligence and Interrogation Records 1945-46, RG 332, NA. De acordo com a Rádio de
Berlim, as mulheres da FAH teriam-se juntado aos combates em Berlim. The Globe and Mail. 24Abr45.
576
History of the Counter Intelligence Corps. Vol XX, p. 98; Vol XXVI, p. 44, NA; e CSDIC/WEA BAOR, Appendix C, "Report on
Nursery", SIR 28, Part I, p. vi, 18Abr46, ETO MIS-Y-Sect. Miscellaneous Intelligence and Interrogation Reports 1945-46, RG 332, NA.
577
5 Corps "Weekly Intelligence Summary" n.º 1, 11Jul45, p. 6, FO 1007/299, PRO.
578
Enemy Personnel Exploitation Section, Field Information Agency Technical CC (BE), "Two Brief Discussions of German CW
Policy with Albert Speer", 12Out45, pp. 12-16, OSS XL 22959, RG 226, NA; Air P/W Int. Unit, 1st Tactical AF (Prov.) (Adv.),
"Detailed Interrogation of an ME 109 Pilot”, 15Abr45, p. 4, OSS 127823, RG 226, NA; Guderian, p. 348; e History of the Counter
Intelligence Corps. Vol. XXVI, p. 43, NA. Embora a FAH tenha tido alguma sorte em desviar recursos do Exército, aparentemente teve
menos sucesso de filtrar as SS. Uma unidade Freikorps no Reduto Alpino falhou em meados de Abril em obter equipamentos ou
requisições do SS Hauptamt. Ultra Document KO 1007, 21Abr45, Ultra Micf. Col., Reel 72.
579
The Times. 24Abr45; 7th US Army Interrogation Center "Interrogation of Dr. Robert Ley", 29Mai45, State Dept. Decimal Files
1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Air P/W Int. Unit. 1st Tactical AF (Prov.) (Adv.), "Detailed Interrogation of an ME
109 Pilot", 25Abr45, p. 4, OSS 127823, RG 226, NA; History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XXVI, p. 43, NA; David Irving
(1977), Hitler's War, NY, Viking, pp. 782-783; CSDIC/WEA BAOR, Appendix H, "Report on Nursery", SIR 28, p. i, 18Abr46, ETO
MIS-Y-Sect. Intelligence and Interrogation Records 1945-46, RG 332, NA; Rose, pp. 281-282; e Tony le Tissier, The Battle of Berlin.

Página 1 de 144
No Sudoeste da Alemanha, a FAH foi mobilizada contra o chamado "inimigo interno",
particularmente os separatistas bávaros que se revoltaram no final de Abr45. Após a retirada de
cerca de 600 membros do Freikorps da frente em colapso em Baden, foi formada a força-tarefa
parapolítica "Gruppe Hans", assim chamada porque o Chefe regional da FAH era o escritor
Hans Zöberlein. Os membros do "Gruppe Hans" serviram em esquadrões de execução especiais
com o nome de código "Werwolf Oberbayern", especializou-se em estarrecer "derrotistas" e
quebrar as posições particularistas580 bávaras que ressurgiram das sombras à medida que os
Aliados se aproximavam. Em 28Abr, ebriosos esquadrões de "Werwolf Oberbavern" reagiram
às manifestações separatistas na cidade de Penzberg, lançando ataque selvagem contra a
comunidade, que resultou em pelo menos 15 mortos e num renhido tiroteio na periferia da
cidade. O Sul da Baviera também foi inundado com folhetos "Werwolf Oberbavern", que
mostravam o Wolfsangel e advertiam: "A vingança é a morte!" 581
À medida que o fim se aproximava, Ley, como tantos líderes guerrilheiros alemães, não se
conseguiu imolar num enfurecido final, mas procurou diluir-se no contexto. Interceptações
radicais mostram que ainda estava ocupado em criar contingentes de Gau da FAH até 24Abr582,
mas depois recusou juntar-se às suas unidades de "elite" no combate final; em vez disso fugiu
para o Reduto, supostamente juntar-se no último esforço por uma força militar mais confiável, o
6º Exército Panzer SS. Tal acção não ocorreu – Ley alegou que a mulher de Sepp Dietrich
convenceu-o da futilidade dessa intenção583 – e em Maio o Chefe Freikorps foi descoberto perto
de Berchtesgaden por tropas estadunidenses; a imagem de perigoso bandido, Ley foi capturado
e levado sob custódia de pijama e chinelos. Cinco meses depois, pouco antes do início dos
Julgamentos de Nuremberga, pôs termo à vida com suicídio desagradável aflitivo na cela.
Enquanto isso, a maioria dos destacamentos Freikorps dispersaram, incluindo a Werwolf
Schwärme em Admont, e proibidos de matar Oficiais aliados584. Como foi o caso da Werwolf,
algumas unidades sobreviveram à deserção do Chefe e tentaram manter a existência de
capitulação, embora não fossem de forma alguma destinados a tal papel. V.g., uma unidade da
FAH liderada por Hauptmann Keller – e composta principalmente por marginais da Politische
Staffel – fugiu para os Alpes em Voralberg, obviamente com a intenção de formar um bando de
guerrilha585. Várias outras células Freikorps na Baviera também sobreviveram ao fim da guerra,
e depois se ocuparam-se com a tarefa de redigir cartas e panfletos ameaçadores; como represália
aos processos de desnazificação, v.g., ameaçaram suspender a proibição de assassinatos imposta
em Mai45586. Os remanescentes da FAH operavam também em áreas ocupadas britânicas e
francesas, e as autoridades francesas acusaram em 1946 que uma organização de 2 mil membros
dos Freikorops existia no Sudoeste da Alemanha, ainda sob a Comando de Zoberlein587.

1945, London, Jonathan Cape, 1988), p. 31. Sobre referência ao "Freikorps Bohmen", vd. Ultra Document BT 9963, 9Abr45, Ultra
Micf. Col., Reel 69; e Ultra Document KO 1581, 28Abr45, Ultra Micf. Col., Reel 73. É provável que "Freikorps Bohmen" tenha sido o
precursor de o grupo de resistência chamado Organização Schäfer, que se limitava estritamente aos Sudetos e à Boémia. Como os
Freikorps, Schäfer era composto inteiramente por membros do Partido nazi e estava sob o controlo operacional do Partido, embora
treinado pela SS deveria cooperar estreitamente com Unterhehmen Werwolf. Uma reunião para lançar Schäfer em 30Abr, quando foi
decidido que os membros deveriam permanecer inactivos por vários meses até as restrições de segurança fossem aliviadas. Sinais a giz
de Schäfer foram ocasionalmente vistos nas paredes após a ocupação inimiga dos Sudetos. History of the Counter Intelligence Corps.
Vol. XXVI, pp. 76-77, NA.
580
Nota: Refere-se ao particularismo i.e., às qualidades dos povos ou grupos étnicos em que prepondera a defesa das próprias
características distintivas.
581
Rose, pp. 282, 284, 289-293, 305-306.
582
Ultra Document KO 1581, 28Abr45, Ultra Micf. Col., Reel 73.
583 th
7 US Army Interrogation Centre "Interrogation Centre "Interrogation of Dr. Robert Ley", 29Mai45, State Dept. Decimal File 1945-
49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
584
GSI 8th Army "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 5, 03Ago45, p. 12, FO 371/46611, PRO; CSDIC/WEA BAOR Appendix H,
"Report on Nursery", SIR 28, Part I, p. ii, 18Abr46, ETO MIS-Y-Sect. Intelligence and Interrogation Records 1945-46, RG 332, NA;
British Troops Austria "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 5, 03Ago45, p. 12, FO 1007/300, PRO; 5 Corps "Weekly Intelligence
Summary" n.º 1, 11Jul45, p. 6, FO 1007/299, PRO; e MI-14 "Mitropa", 8Set45, p. 4, FO 371/46967, PRO.
585 ère
l Armée Française 2ème Bureau "Bulletin de Renseignements", 16Mai45, "Annex 4", 7P 125, SHAT.
586
Brewster Morris, USGCC "Observations on the Situation in Bavaria", 16Jul45, State Dept. Decimal File 1945-49, 740.00119 Control
(Germany), RG 59, NA; Richard Barnett (1983), Allies, America - Europe - Japan Since the War, London, Jonathan Cape, p. 20; ACA
(BE) Intelligence Organisation "Digest" n.º 15, 8Jan46, pp. 3-4, FO 1007/289, PRO; MI-14 "Mitropa" n.º 4, 8Set45, p. 4, FO 371/46967,
PRO; e MI-14 "Mitropa" n.º 12, 29Set45, p. 5, FO 371/55630, PRO.
587
ACA Intelligence Organisation "Joint Weekly Intelligence Summary" n.º 11, 14Set45, pp. 11- 12, FO 1007/300, PRO; e ACC Report
for the Moscow CFM Meeting, Fev47, Sect II, "Denazification", Part 9, French Report, pp. 2-3, FO 371/64352, PRO. As agências de
segurança britânicas suspeitavam que a linha de raciocínio evidente nos panfletos da FAH espalhados por toda a Caríntia no Verão de

Página 1 de 144
Na análise final, porém, nem os Freikorps nem a sombra do pós-guerra foram eficazes.
Localmente é claro, tenha algum significado quando organizado por um Gauleiter eficaz ou
quando comandado em combate por oficial da SS hábil588. Alguns remanescentes do Freikorps
pós-capitulação, em particular, foram dominados por antigos Oficiais e Sargentos das SS que
representava a tomada de posse de organismo originalmente produto do lado político do Partido,
em especial a DAF. Considerada na forma inicial, no entanto, a FAH estava fadada ao fracasso
apenas porque foi criada pelo segmento mais ineficiente e corrupto do NSDAP. Além disso, o
próprio conceito era fatalmente falho; pretendia substituir a Volkssturm por espécie de elite,
super-Volksturm assente no Partido, mas a maioria da elite estava nas forças armadas ou morta,
deixou apenas miúdos e funcionários de meia-idade para servir no Freikorps, como carne para
canhão. Qualquer material humano adequado entre esses extremos geralmente consistia em
profissionais ociosos que usavam todas as desculpas possíveis para escapar do serviço activo e,
portanto, provavelmente não dariam o exemplo de coragem no campo.
Um resumo da inteligência Aliada do final de Abr45 provavelmente tocou na essência dos
Freikorps ao supor que surgiu da rivalidade mesquinha entre o Partido propriamente dito e as
SS, que tinham organizado anteriormente a Werwolf. "É difícil acreditar", disse o relatório,
"que, a sua formação não se deveu à súbita percepção tardia dos 'Chefes' do Partido que a
direcção dos Werwolf caiu nas mãos de pessoas hostis e não amigáveis à hierarquia estabelecida
do Partido. O "Freikorps Adolf Hitler" nada é do que a organização quase militar de todos esses
"chefes", desde a base o Ortsgruppenleiter local até ao gordo e bêbado Reichsleiter Ley no
topo, a quem os Werwolf renegaram"589. Embora apenas alguns fanáticos equivocados estavam
dispostos a lutar pela revolução nacional-socialista, ainda menos prontos estavam para se
sacrificar por causas dos medíocres do Partido e manda-chuvas políticos locais que dificilmente
representavam o lado idealista do movimento.
O Freikorps não foi o único movimento de resistência nazi que se desintegrou enquanto os
líderes fugiam por segurança ou negociavam com o inimigo; de facto, certos chefes do Partido
mostraram tendência pronunciada de sacrificar a Werwolf na tentativa de última hora para se
preservar ou salvar a pequena parte do seu poder. O próprio Bormann pode servir como o
principal exemplo: em 02Mai45 – com o Exército Vermelho a apenas alguns quarteirões de
distância – chegou a acordo de última hora com o Adjunto de Goebbels, Fritsche, no qual a
capitulação da guarnição de Berlim foi adiada brevemente para facilitar a tentativa (de
Bormann) fugir do bairro governamental e depois da capital cercada; Bormann, em troca,
concordou com a alegação de Fritsche de que a guerra de guerrilha não fazia sentido e emitiu a
ordem para dissolver a Werwolf, último acto como funcionário público590.
O próprio Bormann despachou equipas de assassínio Vehme para actos que levaram em
comparação a esta traição final do espírito Werwolf.
Mesmo Goebbels estava disposto a imolar-se a si e à família na pira funerária do regime, fez
pouco esforço durante os últimos dias para manter a hostilidade da Werwolf contra o Ocidente.
Goebbels, no entanto, era muito mais do que um apparatchik591 glorificado do tipo Bormann ou
Ley; antes, o revolucionário arquetípico; agitador – muito mais eficaz em minar a autoridade do
que a exercê-la. Como observa Joachim Fest, o poder de Goebbels recuperou exactamente
durante o período em que a posição do IIIº Reich se tornou crítica precisamente porque ninguém
era mais psicologicamente adepto de travar a desesperada batalha de sobrevivência; só então a

1945 – i.e., que os resistentes deveriam perpetrar a sabotagem individualmente e não em grupos – mostrava que os escritores não eram
membros originais dos Freikorps, mas estavam usam o nome para dar maior significado às actividades do que alcançariam de outra
forma.
588
Várias fontes alemãs notaram que certas formações de Freikorps eram de impressionante calibre de combate. Air P/W Int. Unit, 1st
Tactical AF (Prov.) (Adv.), "Detailed Interrogation of an ME 109 Pilot", 25Abr45, p. 4, OSS 127823, RG 226, NA; e History of the
Counter Intelligence Corps. Vol. XX, p. 98, NA.
589
PWE "German Propaganda and the German", 23Abr45, p. C9, FO 898/187, PRO.
590
Simon Wiessenthal (1967), The Murderers Among Us, London, Heinemann, p. 279; von Lang, p. 333; Thorwald, Defeat in the East,
p. 211; Histoire secrete de la Gestapo, ed. Jean Dumont, Geneve, Editions de Cremille, (1971), Vol. 4, p. 190; e Rose, pp. 319-320. De
acordo com a secretária pessoal de Bormann, a sua última ordem para ela – em 01Mai45 – foi retirar as ordens da Werwolf e proibir a
autoridade da Werwolf de executar sentenças de morte.
591
Nota: Indivíduo pertencente à estrutura burocrática de organização ou partido e segue a linha oficial de forma acrítica e submisso
face à estrutura interna, geralmente com o objectivo de preservar e/ou conquistar vantagen pessoal.

Página 1 de 144
demagogia brutal e paixões revolucionárias poderiam ser desencadeadas sem medo de ofender.
“Nós queimamos as pontes atrás de nós”, disse em 1943. “Somos forçados a ir aos extremos e,
portanto, resolutos a ir a extremos” 592.
Além disso, Goebbels era o único líder de alto escalão nazi plenamente consciente da
necessidade de uma base política e ideológica para a guerra paisana; na verdade, partilhava
muito do espírito da guerra revolucionária marxista e anticolonial travada tão intensamente nos
anos após 1945. Enquanto estadistas e soldados anglo-estadunidenses se preocupavam em
desencadear o caos da guerrilha, Goebbels pensava mais como Mao Zedong, que explorou a
guerra paisana não só como táctica de diversão, mas como meio de unir um partido
revolucionário ao povo que afirmava representar. A Werwolf, na visão de Goebbels, surgiu
como o meio de mudar a sociedade e como verdadeiro movimento e não como mera
organização. Foi nesse sentido que Werwolf Sender obviamente procurou dar o mote para a
resistência pós-capitulação593, apesar da ausência de qualquer admissão explícita nesse sentido.
Nesse momento foi demonstrado que a propaganda de Goebbels atingiu o ritmo certo para parte
da minoria entre o eleitorado cada vez menor do Partido, mas para a maioria dos alemães na
altura não nutria qualquer simpatia. Os temas antimaterialistas e antisistema eram mais
adequados à sociedade materialista madura que começava a estar cansada do consumismo do
qual o povo que acabava de amoldar-se com os benefícios das revoluções industrial e agrícola,
para logo depois os perder. O refugiado dos bombardeamentos que só desfrutou de uma lareira
quente e cama confortável dificilmente encontraria satisfação ideológica ao dormir ao frio,
comer sopa de nabo ou – pior de tudo – arriscar-se a represálias violentas com o propósito de
prolongar ainda mais a violência que agora lhe arruinou o país. A resistência em massa apoia-se
no cálculo da parte significativa da população de que as condições actuais certamente não são
piores do que os riscos que implica a resistência (esta, é claro, ganha atracção adicional por
expectativas idealistas de vida melhor após a expulsão do invasor). Essas suposições não
existiam no Reich ocupado – pelo menos não no Ocidente – nem qualquer valor grandiloquente
nülista capaz de compensar essa falta, ou mesmo causar deterioração das condições de tal forma
que a equação da resistência produzisse efeitos.
É verdade que os primeiros anos de ocupação inimiga de manter a defesa quimérica causaram
anseio espiritual em muitos alemães – particularmente à luz do vácuo que se seguiu à falência
do nacional-socialismo – mas esse anseio foi preenchido principalmente pela religião e não pela
ideologia. De qualquer forma, os primeiros sinais de recuperação económica em 1948
encorajaram os alemães ocidentais a abraçar o materialismo com mais força do que nunca, e
juntaram-se-lhes literalmente milhões de compatriotas do Leste que obviamente desejavam
viver nessa sociedade. As crises revolucionárias de confiança nas coisas materiais que Werwolf
Sender procurou criar só ocorreram na década de 1960 e, por sua vez, criaram o impulso para
grupos terroristas radicais da década seguinte.

592
Joachim Fest (1970), The Face of the Third Reich, London, Weidenfeld and Nicolson, pp. 94-97. 142. PWE "German Propaganda
and the German”, 16Abr45, p. 2, FO 898/187, PRO; e Rose, pp. 148-149.
593
PWE "German Propaganda and the German," 16Abr45, p. 2, FO 898/187, PRO; e Rose, pp. 148-149.

Página 1 de 144
Conclusão: Consequências e Significado Werwolf

Foi abordado neste trabalho muitos assuntos, mas desta massa material surgem algumas
conclusões elementares. Talvez o mais básico desses pontos seja a própria existência intensa em
1944-45 da organização Werwolf, que compreendia das principais iniciativas do moribundo
Reich, e que pretendia assediar os exércitos Aliados e soviéticos invasores em tal grau, que o
regime nazi poderia salvar alguma aparência de poder e autoridade.
Além disso, a Werwölfe grupos irmãos eram esporadicamente activos, particularmente se
aceitarmos a definição alargada de Goebbels do movimento; i.e, qualquer alemão que cometesse
um acto de resistência – mesmo por iniciativa própria – era de facto um[a] Werwolf. Sabemos
agora, v.g., que os franco-atiradores civis ocasionalmente disparavam contra as tropas Aliadas;
que grupos de soldados e da SS contornavam as linhas de abastecimentos Aliadas (e foram
ocasionalmente reforçados por brigadas especiais permanentes na retaguarda de equipas de
sabotagem); que dezenas de "derrotistas" e colaboradores alemães foram liquidados por sicários
da Werwolf; que unidades de retaguarda da Werwölfe e SS tentaram interromper a reserva da
Frente Oriental soviética; e a sabotagem e terrorismo exíguo continuou por város anos após o
final da Guerra. Além disso, sabemos agora que os alemães tentaram apoiar Volksdeutsch e a
resistência guerrilheira não-alemã e obteram algum sucesso nesse esforço na Frente Oriental,
onde os guerrilheiros nacionalistas interromperam activamente as linhas de abastecimentos
soviéticas – na verdade, a Guerra não se extinguiu totalmente na Europa Oriental até o final da
década de 40.
O número final de tal violência é desconhecido, mas certamente deve chegar aos milhares,
mesmo não se inclua estritamente os danos causados por grupos guerrilheiros nacionalistas
aliados aos alemães. Além das pessoas mortas directamente como resultado das acções Werwolf,
o número deve conter também muitas centenas de mortos em represálias ou em grandes
incursões antipaisanas, como a ocorrida em Aussig-an-der-Elbe no final de Jul45. O total final
de pelo menos mil mortos classifica a Werwolf como a última gota no fluxo de sangue
derramado durante a IIªGM, mas é ainda significativo se considerar por si só como exemplo de
guerra paisana e terrorismo na Europa recente.
Embora em grau considerável de guerra paisana nazi deva ser concedido, no entanto, a última nota
sobre a Werwolf deve abordar por que falhou nos objectivos. Os determinantes mais óbvios desta
falha aparecem repetidamente ao longo deste estudo e compreendem as falhas estruturais
debilitantes no movimento. Lembre-se, v.g., da ausência de liderança forte; falta de acesso
independente a armas e pessoal pelo serviço Prützmann; e o emprego geral de polícias que assaz
eram sobrecarregados com a atitude excessivamente legalista em relação às tácticas de guerrilha.
Também a competição acirrada entre serviços rivais e, à medida que o ciclo de tomada de decisões
da Werwolf crescia, o controlo de Prützmann diminuiu de forma correspondente: os militares
assumiram a Werwolf Gruppen para uso em missões tácticas ou de reconhecimento; Bormann
expandiu a Werwolf como força doméstica de terror; e Goebbels estabeleceu o canal de
propaganda que lançou o apelo às armas dirigido principalmente aos adolescentes.
O pior de tudo é que tanto Prützmann quanto Skorzeny estavam presos à estrutura de
pensamento delineada por Clausewitz mais de um século antes, que considerava a guerra de
guerrilhas estritamente como complemento às operações militares regulares. Apenas no último
minuto desesperado a guerra de guerrilhas foi considerada como táctica pós-capitulação, tipo de
táctica revolucionária, e mesmo esses planos precipitados era mera espiral de fumo que
desapareceu durante a luta final por segurança – só Axmann teve a coragem de levar a cabo a
tentativa de levar a Werwolf para o período pós-capitulação. Entre o escalão mais alto da
liderança nazi, apenas Goebbels percebeu as vastas possibilidades revolucionárias da guerra
paisana, embora lhe faltasse tempo ou meios para moldar tal movimento.
A evidência de tal caos e confusão dentro do regime nazi acrescenta peso extra à chamada
escola de historiografia "estruturalista" ou "funcionalista", que considera o IIIº Reich como

Página 1 de 144
"poliocracia"594 de centros de poder concorrentes e retrata o Führer como figura estranhamente
distante das operações diárias das burocracias civil e paisana595. A Werwolf, na verdade, foi o
penúltimo acto na confusão burocrática que resultou na noite negra de ilegalidade e auto-
destruição tão apropriadamente descrito por Hans Mommsen. Por outro lado, alguém duvidaria
que mesmo os defensores mais ferrenhos de a historiografia “programática” centrada em Hitler
negassem que a posição deste tivesse enfraquecido drasticamente em 1944-45, e que qualquer
“programa” defendido pelo ditador tinha agora falhado, permitindo assim às facções
burocráticas dentro do regime espiralassem em turbilhão de confusão e barbárie.
Outro problema básico – de impacto ainda maior – era a Werwolf não gozar de apoio público
além de o elemento marginal geralmente estimado em 10 a 15% da população596. Na verdade, a
maioria dos alemães estava ansiosa para apontar os sabotadores nazis às autoridades de
ocupação, uma vez que o fracasso em eliminar esse perigo de forma rápida e eficiente parecia
prenunciar represálias como consequência. Na verdade, todo o programa Werwolf foi assente na
premissa defeituosa, pelo menos na Alemanha Ocidental, onde os Aliados eram a única força
potencial no caminho da ocupação soviética; o alemão médio dificilmente teria gostado da
perspectiva do contínuo avanço soviético para Oeste se as forças Aliadas diminuíssem o ritmo
de avanço para lidar com as hostilidades na retaguarda. Só que o apoio público considerável tem
sido tradicionalmente considerado como pré-requisito necessário para a guerra de guerrilha em
larga escala – ponto amiúde mencionado no próprio manual de instruções da Werwolf – e a
organização Werwolf deve ser considerada esforço mal concebido.
Além das complicações psicológicas da estratégia Werwolf básica a Oeste, cinco factores
principais contribuintes para a desilusão generalizada com a guerra da Werwolf:
Primeiro, a Werwolf estava irrevogavelmente associado ao Partido Nacional-Socialista – apesar
dos esforços de propaganda para impedir essa associação – e em 1945 o Nacional-socialismo
estava desacreditado aos olhos da maioria dos alemães. Os nazis, como observa Edward
Peterson, eram um partido populista dependente do sucesso e, nesse sentido, não podiam
sustentar o terrível fracasso incorrido597. É evidente que o colapso do IIIº Reich deu origem à
reafirmação da secular tradição alemã de aversão à política, em vez de a onda de lealdade final
ao Partido ou ao Führer: "Alles vorüber, alles vorbei" tornou-se a divisa do homem comum598.
Dadas essas circunstâncias, a melhor hipótese de sucesso para a Werwolf teria sido converter-se na
manifestação estritamente patriótica contra os ocupantes ou de se apresentar como estrutura de
autodefesa. Ambas as estratégias foram de facto aplicadas – geralmente sem muito efeito –
embora talvez seja indicativo que os soviéticos e franceses, os menos benevolentes dos
conquistadores, provavelmente de terem experienciado os maiores problemas. Também é
interessante notar que o esforço nazi para incitar o espírito de vingança – baseado no Luftkrieg
aliada – o tiro saiu quase totalmente pela culatra: a maioria da população em áreas fortemente
bombardeadas sentiu o fracasso dos próprios governos em limpar os céus do Reich era

594
Nota: O mais interessante percurso interpretativo do sistema político nacional-socialista é a da definição como “poliocracia”, i.e.,
sistema político construido progressivamente vários centros de decisão, mediatizados de forma compartimentada por Hitler, com tensões
variadas, v.g., entre o partido e o seu aparelho burocrático e administração central e local. Esta investigação tem matizado algumas
interpretações que nos legaram a imagem de forçada coerência onde esta não existia. A guerra evidentemente potenciou estes factores,
que de outro modo, teriam provavelmente seguido outro caminho.
595
Sobre o pensamento da escola "funcionalista", vd. Broszat; Peterson, The Limits of Hitler's Power; e Hans Mommsen, "Hitlers
Stellung im nationalsozialistischen Herrschaftssystem".
596
Sobre estimativas de que o "núcleo duro da resistência" compunha aproximadamente 10 a 15% da população e soldados alemães, vd.
"Weekly Summary of Psychological Warfare" n.º 25, 19Mar45, p. 13, FO 371/46894, PRO; OMGUS Information Control "Weekly
Review" n.º 13, 01Mar47, p. 9, State Department Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Morris Janowitz e
Edward Shils, "Cohesion and Disintegration in the Wehrmacht in World War II”, in Morris Janowitz (1975), Military Conflict; Essays
in the Institutional Analysis of War and Peace, Beverly Hills, Sage, p. 183; M.I. Gurfein e Morris Janowitz, "Trends in Wehrmacht
Morale”, in The Public Opinion Quarterly. Vol. 10, n.º 1 (Spring 1946), p. 82; e Henry Dicks, "Personality Traits and National Socialist
Ideology”, in Human Relations. Vol. III, n.º 2, (Jun50), p. 152.
597
Edward Peterson, The American Occupation of Germany; Retreat to Victory, Detroit, Wayne State UP, 197), p. 341. vd. tb, CSDIC/WEA
BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl Michael Gutenberger”, IR 34, 01Nov45, p. 7, ETO MIS-YSect. CSDIC.WEA Interim
Interrogation Reports 1945- 46, RG 332, NA; DIC(MIS) "Possibilities of Guerrilla Warfare in Germany as Seen by a Group of Seventeen
German Generals”, 17Mai45, p. 4, OSS 130749, RG 226, NA; e Janowitz and Shils, pp. 205-206. O próprio Prützmann foi forçado a relatar
que a população civil no Ocidente não queria nada com o Partido ou a Werwolf. Lucas, Reich!, pp. 130-131.
598
Earl Beck (1986), Under the Bombs: The german home front, 1942-1945, Lexington, UP of Kentucky, p. 187.

Página 1 de 144
imperdoável e recusaram firmemente de se tornarem carne para canhão nos esforços de
resistência599.
Em segundo, o momento de derrota da Alemanha foi muito pior do que o de países como a
França ou Jugoslávia, no sentido de os paisanos dessas nações terem fontes estrangeiras de
abastecimento e esperança justificada de vitória final. Mesmo nesses casos, foi importante a
resistência ter sido mínima até bem depois da entrada da URSS e dos EUA na guerra.
Alternativamente, os guerrilheiros nazis não tinham bases de abastecimento estrangeiras600, nem
eram capazes de preservar o chamado "Reduto Nacional" como área de base (outro pré-requisito
para a guerra paisana bem-sucedida). Considerando que a maioria dos Werwölfe julgava, com
base em Clausewitz, que os guerrilheiros sozinhos eram incapazes de derrotar uma força militar
regular, não acreditavam nessa possibilidade de vitória final. O único lampejo de esperança para
a mera sobrevivência do nacional-socialismo foi o confronto entre os Aliados ocidentais e a
União Soviética, e a existência contínua do movimento, mesmo no meio das chamas de tal
conflito, parecia improvável. O desespero dessa situação percebido pela maior parte da
população e fez a Werwolf parecer o esforço totalmente sem esperança.
Terceiro, o povo alemão estava muito cansado, tanto física quanto psicologicamente, para
responder aos apelos da Werwolf, factor que até a Werwolf Sender foi forçado a reconhecer.
Pessoas que trabalhavam 10 horas/dia; passavam quase todo o tempo livre em filas de comida; e
sofria sob a barragem constante de bombardeamentos aéreos, dificilmente poderiam esperar que
se opusesse ao desfecho final do conflito que tinha criado essas condições em primeiro lugar.
"A população cansada da guerra provará ser terreno pobre para actividades de guerrilha de
qualquer tipo que não seja de natureza irresponsável e esporádica", disse um General alemão601.
Da mesma forma, no período pós-capitulação, o alemão médio estava muito preocupado com a
própria imediata sobrevivência e da família para encontrar tempo para se envolver em
actividades de resistência – alimentação e operações no mercado negro necessariamente
consumiam tempo livre. De facto, os relatórios da inteligência britânica notaram no início de
1947 que a resistência ao domínio Aliado era esperança razoável, mas para os factores frio e
fome governavam amplamente o comportamento alemão602, lembra a máxima de que as
revoluções não são feitas por desesperados, mas pelos marginalmente abastados. Por outro lado,
certamente não é por acaso o espírito de resistência clandestina nazi floresceu mais entre
crianças e adolescentes, segmento da população menos afectado pelas demandas da guerra e –
pós-guerra – o único grupo social com tempo disponível.
Quarto, havia grande medo de represálias inimigas contra qualquer um que abrigasse
resistentes603, e mesmo em território ocupado pelos soviéticos, onde o ódio profundo ao
conquistador criava a base psicológica considerável para a guerra de guerrilhas, a intensa
selvageria das tropas de ocupação paralisava amplamente a população e minava qualquer
capacidade de actividade vigorosa604. Alguns apoiantes da Werwolf confiavam que as duras
represálias inimigas realmente ajudariam o movimento, empurrando alemães não comprometidos

599
Clifford Kirkpatrick, "Reactions of Educated Germans to Defeat", in American Journal of Sociology. Vol. 54 (1948/49), pp. 39-42,
46-47; e USSBS "The Effects of Strategic Bombing on German Morale” (Mai47), Vol. I, pp. 1, 12, 17-18, 21, 51-52, 62, 76-77, 97-99,
in The United States Strategic Bombing Survey, NY, Garland (1976), Vol. IV. Ao contrário de todas as expectativas, as forças Aliadas
relataram que os habitantes das cidades fortemente bombardeadas, na verdade, tendiam a ter atitude mais cooperativa em relação aos
ocupantes do que os habitantes das cidades que não foram danificadas. SHAEF G-5 "Political Intelligence Letter" n.º 8, 28Mai45, State
Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
600
Vd., v.g., Steven Ambrose (1967), Eisenhower and Berlin: The decision to halt at the Elbe, NY, Norton, pp. 73-74; ECAD "General
Intelligence Bulletin" n.º 25, 12Nov44, p. 2, WO 219/3761A, PRO; e The New York Times. 08Abr45, Sect. IV.
601
DIC (MIS) "Possibilities of Guerrilla Warfare as Seen by a Group of Seventeen German Generals”, 17Mai45, OSS 130749, RG 226,
NA. vd. tb, Heuss, p. 48.
602
Hamburg Regional Intelligence Office "Political Intelligence Summary" n.º 7, 31Jan47, p. 1; e n.º 8, 28Fev47, p. 1, ambos em FO
371/64527, PRO. vd. tb, "Monthly Report of the Military Governor, US Zone: Intelligence and Confidential Annexes" n.º 6, 20Jan46, p. 2,
FO 371/55659, PRO.
603
PWE "German Propaganda and the German”, 23Abr45, p. Cll, FO 898/187, PRO; SHAEF Report "Observations Concerning
Occupied Germany”, 05Mai45, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; SHAEF PWD
"Consolidated Report on the Reaction of 18 Ps/W on the 'Werewolf' 16Abr45, WO 219/1602, PRO; Direction Générale des Études et
Recherches "Bulletin de Renseignements - Allemagne: Wehrwolf”, 26Jun45, pp. 1-2, 7P 125, SHAT; e Lucas, Reich!. p. 133.
604
Silesian Inferno, pp. 11, 72, 79; Rose, pp. 318- 319; Alfred de Zayas (1977), Nemesis at Potsdam, London, Routledge & Kegan Paul,
p. 202; David Childs (1988), The GDR: Moscow's German Ally, London, Unwin Hyman, p. 3; e Max Florheim, "Der Einmarsch der
Russen in mein Heimatgebeit Forst/Lausitz im Frujahr 1945 und die dort durch gefuhrten Kampfe”, 11Jan56, p. 3, Ost Dok. 8/711, BA.

Página 1 de 144
para o campo nazi605, mas, na verdade, o medo de retaliação produziu o efeito oposto: capturados
Werwölfe disseram aos interrogadores Aliados, que muitas vezes tinham tanta dificuldade em
fugir de civis alemães quanto em se esquivar das tropas Aliadas, e muitos alemães estavam
seriamente tentados a atacar ou desarmar Werwölfe para evitar possíveis distúrbios606. E os
esconderijos de abastecimentos da Werwolf foram saqueados ou entregues às autoridades
ocupantes607, e o relatório escrito de um bando de guerrilheiros da SS – ao notar tais saques –
explicava a oposição da população local geralmente tornava as operações paisanas mais difíceis:
"Os civis estão contentes que a guerra acabou para eles. Cedem aos estadunidenses da maneira
mais revoltante e fecham as portas aos soldados alemães ainda dispostos a lutar"608.
Certamente esse medo generalizado dos Kleinkrieg não era sem razão, uma vez que as potências
invasoras geralmente adoptavam tranquilidades draconianas para esmagar a resistência paisana –
medidas que, em alguns casos extremos, levaram a incidentes infelizes poderiam ser
correctamente descritos como atrocidades. A resistência de guerrilheiros ou civis armados resultou
na destruição total ou parcial de várias cidades capturadas em represália, principalmente Jarmin,
Naumberg e Koch, todas na Frente Oriental609, Sogel e Freisoythe, que foram destruídas pelos
canadianos610, e Marbach, parcialmente saqueada e destruída por soldados franceses e
marroquinos611; o diário de guerra pessoal do GEN Patton revela que várias cidades próximas à
Floresta da Turíngia foram "retiradas" pelo Terceiro Exército dos EUA devido a franco-atiradores
e à emboscada de o carro de Estado-maior estadunidense612. Outras cidades foram evacuadas à
força ou feitos reféns e às vezes fuzilados613 – em pelo menos três casos – Arnsberg614,
Freudenstadt615, e Memel616 – todas as populações masculinas de comunidades recém-ocupadas
foram trancadas em complexos de concentração por período limitado. As tropas invasoras tinham
ordens para executar sumariamente quaisquer resistentes em trajes civis que escondessem armas
ou atirassem sob as forças de ocupação617, e ao longo de 1945 por tais motivos dezenas de

605
Schimitzek, p. 313.
606
Intelligence Div., Office of Chief of Naval Operations, "Intelligence Report”, 25Jun45, p. 2, OSS XL 12705, RG 226, NA. Um dos
principais objetivos dos "antifas" estabelecidos na Primavera de 1945 foi a neutralização da Werwolf. Vid, v.g., Niethammer, pp. 307-308,
312. Um panfleto antinazista circulou em Berlim nessa Primavera de a encorajar abertamente os berlinenses a exterminar os membros da
Werwolf. Intelligence Div., Office of Chief of Naval Operations, "Intelligence Report”, 25Jun45, p. 2, OSS XL 12705, RG 226, NA.
607
History of the Counter Intelligence Corps. Vol. XX, p. 72, NA; e Whiting, Hitler’s Werewolves, p. 189. 14. Allied Intelligence
Report, pp. 12-13, OSS 133195, RG 226, NA.
608
Allied Intelligence Report, pp. 12-13, OSS 133195, RG 226, NA.
609
M. Gross, "Beglaubigte Abschrift im Auszuge”, 23Nov50, Ost Dok. 2/13, BA; Silesian Inferno, p. 77; e The Tragedy of Silesia.
1945-46, p. 190. According to a report forwarded to American sources by the Vatican, the Soviets waged a fierce campaign against
partisan resistance in Berlin - "Russian reprisals to certain reactions of the Wehrwolf were terrible; using flame throwers the Russians
destroyed entire blocks of houses causing the deaths of hundreds of the inhabitants”. Enclosure, H. Tittmann, Asst, to the Representative
to the Holy See to the Sec. of State, 15Out45, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
610
The Globe and Mail. 20Abr45; 23Abr45; The New York Times. 20Abr45; CAP R. Spencer (1945), History of the Fifteenth Canadian
Field Regiment, Amsterdam, Elsivier, pp. 248-251; Col. C.P. Stacy (1960), The Victory Campaign: Operations in Northwest Europe.
1941-45, Ottawa, Ministry of National Defence, p. 558; Tony Foster (1986), Meeting of Generals, Toronto, MacMillan, pp. 436-437,
489; Maj. R.A. Paterson, A Short History; The Tenth Canadian Infantry BDE, (10th Inf. Bde., c. 1945) , p. 66; e Terry Copp e Robert
Vogel (1988), Maple Leaf Route: Victory, Alma, Ont.: Maple Leaf Route, p. 129.
611
Hermann Riedel (1971), Marbach: Eine Badisches Dorf bei Villingen im Schwarzwald und ein franzosische Kompanie im Wirbil des
Krieges Ende April 1945, Villingen, Albert Wetzel, pp. 15, 35-42.
612
Patton Diary, pp. 315, 322-323, in David Irving, Papers Relating to the Allied High Command. 1943/45. Rolo n.º 4.
613
Görlitz, Vol. II, pp. 544-545; von Lang, p. 313; White, p. 199; Roy Willis (1962), The French in Germany. 1945-49, Stanford, Calif.:
Stanford UP, pp. 71, 262; Alfons Heck (1988), The Burden of Hitler's Legacy, Frederick, Colo.: Renaissance House, p. 2; The New York
Times. 21Mai45; 26Mai45; PID "Germany: Weekly Background Notes”, 08Jun45, pp. 8-9; Extractos da imprensa suíça sobre a
Alemanha, 26Jul45, pp. 4-5, ambos em FO 371/46933, PRO; Kuby, p. 238; The Tragedy of Silesia. 1945-46. p. 454; Silesian Inferno,
pp. 39, 65, 76-77; e Dickens, p. 86. Sobre os casos específicos em que franceses e soviéticos ameaçaram executar reféns, vd. The Stars
and Stripes. 30Nov45; The Times. 02Dez44; 4 Dez44; FORD "Review of the Foreign Press: Series F; France and the French Empire”,
11 Dez44, n.º 48, in Review of the Foreign Press. 1939-1945. Series F: France n.º 1-62, p. 175; FO Weekly Political Intelligence
Summaries. Vol. 10, Summary n.º 271, 13 Dez44, p. 8; The Times. 2Jun45; PID "Germany: Weekly Background Notes" n.º 1, 8Jun45,
pp. 1-2; e n.º 4, 4Jul45, pp. 2, 14, ambos em FO 371/46933, PRO. 469.
614
The Fifth Division in the ETO. 21. 6th AG G-5 Mission "Alleged Sanctions at Freiburg and Freudenstadt", 26Jul45, pp. 1-2, State
Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
615
The Fifth Division in the ETO. 21. 6th AG G-5 Mission "Alleged Sanctions at Freiburg and Freudenstadt", 26Jul45, pp. 1-2, State
Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA.
616
Fremde Heere Ost (III/Prop.) Memo, p. 8, Records of OKH, Microficha n.º T-78, Rolo 488, fotograma 6474504, NA.
617
Resistência armada, sabotagem e posse de armas foram todos definidos como crimes capitais nas determinações do SHAEF
promulgadas no Outono de 1944, embora o GEN William Beddell-Smith tenha removido do rascunho final da Proclamação Aliada n.º 1
a ameaça directa de morte para os resistentes, que substituiu por anotação que – "a resistência às Forças Aliadas será impiedosamente
eliminada". Foi somente depois que as forças Aliadas encontaram resistência civil pesada na área à volta do Rio Meno (i.e., finais de

Página 1 de 144
alemães foram executados618. Além disso, as tropas soviéticas foram instruídas a considerar como
guerrilheiro qualquer indivíduo encontrado na floresta e tratá-lo de acordo; também, todos os civis
apanhados a ajudar os retardatários do Exército e da SS foram executados e as casas
incendiadas619.
As represálias contra os resistentes alemães e Volksdeutsch na Europa do Leste foram
especialmente duras, tendo os soviéticos estabelecido precedente infeliz com a expulsão em
massa de Volksdeutschen ao longo do Médio Volga (Ago41)620 e na Transilvânia e no Banat
(Jan45)621, em ambos os casos em razão da actividade da resistência pró-alemã. A partir de
então, os russos realizaram regularmente "projectos de trabalho" em massa entre as populações
germânicas nas áreas recém-ocupadas, e até sugerido por Oficial soviético capturado que tinha
planos para dispersar todas as áreas de assentamento germânico na Europa Oriental por causa da
ameaça de guerra paisana622. Ainda em 1946, os surtos de resistência na zona soviética eram
rotineiramente replicados pela captura em larga escala e deportação de adolescentes na área
afectada (para grande constrangimento dos soviéticos quando as notícias de tais operações
espalharam-se para Oeste)623.
Regimes pró-soviéticos em vários países da Europa Central exploraram a resistência de étnicos
alemães para desarraigar cidades e vilarejos inteiros em expulsões em massa624, e em vários
casos, grupos grandes de reféns foram fuzilados como represália por suposta actividade de
resistência625, no Banato jugoslavo, v.g., 175 Volksdeutschen foram executados em Mar45
porque o Oficial soviético foi morto por atirador civil626. Tais medidas lembravam uma das
tácticas nazis na Europa de Leste onde as operações antipaisanos foram traçadas para alcançar o

Mar45) que Eisenhower autorizou a execução imediata de franco-atiradores alemães. MG Ordinance n.º 1 - "Crimes and Offences”,
arquivado sob a directiva SHAEF para o governo militar na Alemanha antes da derrota ou rendição, 09Nov44, WO 219/1634, PRO;
SHAEF Hist. Sect. Analysis Sheet, 06Nov44, containing draft Proclamation n.º 1, WO 219/3761A, PRO; The New York Times.
26Mar45; 28Mar45; 12Abr45; e Wallace, p. 184.
618
The New York Times. 01Abr45; 18Mai45; 11Jun45; 20Jun45; 25Jun45; 1Jul45; 25Jul45; The Globe and Mail. 18Mai45; 11Jun45;
25Jun45; News of Germany. 21Jul45, p. 2; PID "Germany: Weekly Background Notes" n.º 2, 15Jun45, p. 2, FO 371/46933, PRO;
Christen Andree, "Die Heimat in der Handen der roten Armee und der Polen" (s/d), Ost Dok. 2/1, BA; Dickens, pp. 163, 252; The Stars
and Stripes. 28Jun45; 03Jul45; SHAEF G-5 "Civil Affairs - Military Government Weekly Field Report" n.º 54, 23Jun45, State Dept.
Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Cookridge, p. 100; Gen. Devers HQ Communications Zone ETO to
WD, 19Jun45; Gen. Bradley, HQ Communications 470 Zone ETO to WD, 26Jun45, ambos em CAD 250.401, RG 165, NA; Lord
Ogmore, "A Journey to Berlin, 1944-45 — Part II”, in Contemporary Review. Vol. 206, n.º 1189 (Fev65), pp. 88-89; Rose, p. 121;
Judith Strick Dribben (1970), A Girl Named Judith Strick, NY, Cowles, pp. 224-225; Trees e Whiting, p. 263; e Conquer: The Storv of
the Ninth Army. p. 342. Em pelo menos dois casos, Werwölfe foi capturado e executado imediatamente após assassinar oficiais aliados.
SHAEF JIC (45) 16 (Final) "Political Intelligence Report”, 14Abr45, p. 2, WO 219/1700, PRO; e The New York Times. 26Mai45.
619
The Tragedy of Silesia, p. 329, 450; SD Report "Verhalten der Sowjets in den von ihnen besetzten Gebeiten des Gaues Mark
Brandenburg”, 20Fev45; "Auszug aus Bericht IIber die Erlebnisse des SS-Stunnscharführers Säss in dem von den Russen besetzten
Gebeit und die dort gemachten Beobachtungen”, 17Fev45; "Auszug aus Schilderungen des Meisters d. Gend. Friedrich Reikeheer -
Verhaltnisse hinter der Sowj. Front”, lltMar45, todos em RH 2/2129, BMA; Wilhelm Heinel, "Anlage 1: Schilderung der Ereignisse in
Lauenbrunn”, 03Jul54, Ost Dok. 2/177, BA; e Heinrich Kober, untitled report, 07Fev51, Ost Dok. 2/189, BA.
620
Sobre o decreto soviético a ligar as deportações do Volga à ameaça de "diversionistas e espiões”, vd. Koch, p. 284; e Fleischhauer, p. 81.
621
Sobre alegações de que a deportação de 1945 de 100 mil transilvanos e Banato Volksdeutschen estava relacionada com os perigos
causados pela guerrilha nazi, vd. OSS Report from Rumania, GR-136, 07Jan45, OSS L 51159, RG 226, NA; OSS Report from
Rumania, GR-150, 13Jan45, OSS L 51507, RG 226, NA; OSS Report from Rumania, GR-160, 16Jan45, OSS L 51646, RG 226, NA;
Joseph Schechtman (1946), European Population Transfers. 1939-1945, NY, Oxford UP, p. 236; e Das Schicksal Der deutschen in
Rumanien. ed. Theodore Scheider, Band III (1957), Dokumentation der Vertreibunq Der deutschen aus Ost-Mitteleuropa, Bonn,
Bundesministerium für Vertreibene, Flüchtlinge und Kriegsgeschädigte, pp. 233-234.
622
Oberkommando der Heeresgruppe Mitte Abt. Ic/AO "Ic Tagesmeldung vom 24.4.1945”, RH 2/2008, BMA. Vd. tb. The Christian
Science Monitor. 12Fev45; "Auszug aus Meldehaupt Kdo. 'Weichsel' n.º 220/45 u. 23.3.45"; e "Auszug aus 'Feststellungen zur
Feindliche (A/Ausw. 314)' - Leitst. III Ost f. FAK n.º 3181/45 geh. Lge M vom 14.3.45”, ambos em Records of OKH, Microficha n.º T-
78, Rolo 488, fotograma 6474436, NA.
623
USFET G-2 "Weekly Intelligence Summary" n.º 46, 30Mai46, p. C4; R. Murphy to State Dept., Eur. , "Summary of Coordinating
Committee Meeting of 29Out46”, 30Out46; R. Murphy, US Pol. Adv. Germany to Sec. of State, 16Ago46, todos em State Dept.
Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; The Times. 19Ago46; Intelligence Control Staff Berlin "Intelligence
Summary”, n.º 58, 22Ago46, p. 1, FO 1005/1707, PRO; e FORD "Germany: Weekly Background Note" n.º 87, 2Abr47, pp. B1-B2, FO
371/64390, PRO.
624
Vd., v.g., The Tragedy of Silesia, p. 345; The Stars and Stripes. 23Jul45; e Ass. Ileg. to Dr. Renner, 11Ago45, p. 5, Ost Dok. 2/240, BA.
625
Em pelo menos três casos separados, grupos de 20 reféns sudetos-alemães foram baleados por milicianos checos em represália por
supostos ataques e sabotagem da Werwolf. Franz Dresler, untitled report, 05Mar53; Emil Kirmke, "Bericht IIber die Austreibung
1945/46”, 8 Dez55, p. 3; Johann Wildner, "Schreckensregiment und Blutgericht in Freudenthaler KZ”, 28Ago47, p. 2, todos em Ost
Dok. 2/253, BA; Ass. Ileg., "Meine Erlebnisse in der Tschechoslowakei nach Beendigung des Krieges" (undated), Ost Dok. 2/313, BA;
Hans Happ, "Verhandlungsschrift”, 03Jul54, p. 2; e Johann Weisbach to the Staatskommissariat für das Flüchtlingswesen, 28Mar47, pp.
1-3, ambos em Ost Dok. 2/262, BA. 472
626
The Times. 09Mar45.

Página 1 de 144
genocídio, bem como eliminar fisicamente os paisanos activos. O pior exemplo desta política de
vingança hipócrita ocorreu na cidade sudeta de Aussig-an-der-Elbe, onde paiol de munições foi
rebentado por suposta "sabotagem da Werwolf" em meados do Verão de 1945, e onde grande
número de inocentes cidadãos dos Sudetos alemães foram posteriormente espancados e mortos
numa incursão selvagem pelas forças de segurança checas – o total de mortes decorrentes desse
pogrom estima entre 400 e 2 mil627. Não é de admirar, portanto, que um sindicalista checo ao
visitar os Sudetos em meados de 1945 relatou que, apesar de numerosos relatos de sabotagem, a
maioria da população germânica estava em estado de mortos-vivos e parecia não ter
capacidades psicológicas para qualquer resistência efectiva628.
O quinto e último factor de mitigação contra a resistência foi o clima social e político do Reich
unificado tinha condicionado várias gerações sucessivas de alemães a considerar a guerra
paisana táctica ilegítima. A propaganda da Werwolf procurou desesperadamente reverter essa
crença apelando para fortes tradições de guerra "popular" alemã, mas dado o pouco tempo em
que Werwolf Sender poderia influenciar a opinião, não é de surpreender pouco tenha sido feito.
Em última análise, a maioria dos alemães mantinha quase tanto desprezo pelos próprios
guerrilheiros quanto pelos "bandidos" e "vermelhos" que assediavam a Wehrmacht. Seria
incorrecto concluir, no entanto, que os alemães eram de alguma forma inadequados para a
guerra paisana por motivos raciais ou culturais de longo prazo.
Finalmente, deve-se acrescentar que a falta de apoio popular condenou muitos dos movimentos
de resistência estrangeiros patrocinados pelas unidades Jajdverbande e FAK, embora os
alemães tenham alcançado resultados consideráveis na Roménia, e também conseguiram incitar
vários grupos de resistência independentes, como UPA e Chetniks, para o programa de
cooperação com as forças alemãs. Certamente não havia acumulador de sentimento pró-alemão
na Europa Oriental, mas havia grande onda de sentimento anticomunista que os alemães foram
capazes de explorar. A tentativa correspondente de semear a guerra de guerrilha na Europa no
Leste libertada fracassou quase completamente – particularmente na França e Países Baixos –
mas o facto de os alemães ainda avançarem com tais questões não é surpreendente; lembre-se,
v.g., da estranha euforia que tomou conta da Inglaterra no Verão de 1940, quando se esperava
que façanhas secretas e o chamamento à rebelião na Europa pudessem reverter os vastos
recursos materiais então lançados contra a Grã-Bretanha em apuros.
O exame do lado alemão da história é claro, não conta toda a narrativa. Ninguém pode ter lido este
relato sem se perguntar sobre as reacções dos Aliados e soviéticos, e talvez seja apropriado
apresentar algumas notas finais sobre esse assunto antes de o encerrar. Em suma, pode-se concluir
que a ameaça da guerra paisana nazi teve efeito geralmente doentio em amplas questões de
política entre as potências ocupantes. O GEN Eisenhower, v.g., considerava os alemães raça
guerreira que nunca se renderia e sugeriu que o exército alemão se dividisse em centros
individuais de resistência – possivelmente ancorados num reduto alpino – em vez de capitular629.
Com base nessas expectativas, contribuiu substancialmente para o endurecimento da política de
ocupação estadunidense no final do Verão e Outono de 1944: em Agosto, encorajou a busca do
secretário do Tesouro Morgenthau pela chamada "paz difícil"630, e logo depois pediu a revisão de
627
Dokumente zur Austreibuna der Sudetendeutschen. pp. 121-125, 151-152, 317; Die Vertreibung Der deutschen Bevolkeruna aus der
Tschechoslowakei. pp. 284-286, 626; Geflohen und Vertrieben. ed. Rudolf Muhlfenzel (Konigstein: Athenaum, 1981), pp. 217- 218;
Emil Franzel, Die Vertreibung Sudetenlanj.1945- 1946 (Munchen: Aufstieg, 1980), pp. 248-251; "Deportation Drama in
Czechoslovakia: The Case of a Dying People”, ed. Wenzel Jaksch, London, Sudeten German Social Democratic Party, 1945), pp. 9-10,
FO 371/46901, PRO; F/O A. Reitzner, RAF, "Reports on his Observations in Sudeten Territory" (undated), FO 371/46901, PRO; Erich
Kern, Das Andere Lidice (1950), Weis, Verlag Welsermuhl, pp. 80, 100-101, 103; Dr. Franz Bardachzi to Dr. Korb, 22Mai46; Dr. F.
Bardachzi, "Schilderung der Ereignisse in Aussig/Elbe nach dem Umsturz 1945”, 31Out48; H. Horejschi to Herr Saksch, 21Jun47; Dr.
Adalbert Kohler, "Gesamtdokumentation IIber Ausweisung Der deutschen aus der Tschechoslowakei", 09Mar47, pp. 4, 8, 11-14, 21-22;
Theresia Mayer, "Augenzeugen-Bericht IIber das Blutbad von Schonpriesen am 3 0 Juli 1945", 11Ago46; Ass. Ileg. to Dr. Renner,
11Ago45, pp. 4-5; Fritz Schneidler, "Das Blutbad von Aussig-Schreckenstein am 31.7.1945”, 01Ago45; e Hermann Schindler to
Arbeitsgemeinschaft zur Wahrung Sudeten-deutschen Interessen, c.Jun47, todos em Ost Dok. 2/240, BA.
628
Relatório da delegação dos Trabalhistas sudetos em Inglaterra, "The 'Prodigious Drama' of the Sudeten People”, Out45, FO
371/46901, PRO.
629
(1970), The Papers of Dwight David Eisenhower - The War Years, ed. Alfred Chandler, Baltimore, Johns Hopkins Press, IV, pp.
2107, 2119, 2187; The Times. 13Out44; The New York Times. 06Abr45; e The Globe and Mail. 17Abr45.
630
Fred Smith, "Rise and Fall of the Morgenthau Plan”, in U.N. World. Vol. I (March 1947), p. 32; Henry Morgenthau, "Our Policy toward
Germany”, in The New York Post. 24Nov47; The Morgenthau Diary 473 (Germany), Washington, D.C.: Subcommittee on Internal Security,
US Senate (1967), p. 424; Stephen Ambrose (1984), Eisenhower the Soldier, London, Allen and Unwin, p. 422; Dwight D. Eisenhower

Página 1 de 144
a directiva dos Chefes de Estado-Maior Combinados que tornaram as forças Aliadas inicialmente
responsáveis pela manutenção de serviços públicos regulares e utilitários na Alemanha ocupada:

... pode ser que o exército alemão como um todo nunca se renda de facto e entremos no
país sem encontrar nenhuma autoridade central alemã no controlo, com a situação
caótica, provavelmente combates de guerrilha e possivelmente até guerra civil em certos
distritos... Se as condições na Alemanha forem as descritas, será totalmente impossível
controlar ou salvar efectivamente a estrutura económica do país... e sentimos que não
devemos assumir a responsabilidade no seu apoio e controlo631.

Os pragmáticos britânicos ficaram mortificados com tal sugestão632, mas o Departamento de


Guerra Estadunidense naturalmente levou em consideração as opiniões do Comandante
Supremo e por algum tempo foi bastante receptivo às sugestões do Tesouro de que a política de
ocupação deveria ser mais draconiana por natureza633.
O resultado final dessas mudanças na política foi a Directiva 1067 dos Chefes de Estado-Maior
Conjunto (somente para as forças dos EUA), a directiva de Ocupação do SHAEF de 09Nov44 e
o Manual do Governo Militar na Alemanha, muitas vezes revisto, cuja versão final foi
publicada em Dez44634. Tais documentos exigiam ordens rígidas de desnazificação,
dessocialização entre tropas Aliadas e civis alemães, e a escolarização e reeducação da
juventude alemã – todas medidas destinadas a salvaguardar a segurança imediata de as forças
ocupantes, bem como lançar bases para a solução a longo prazo do "problema alemão"635.
Quando as forças Aliadas chegaram à Alemanha, trouxeram consigo imenso sistema de regras e
regulamentos que governavam a existência diária dos alemães até o Verão de 1945 e, nalguns
casos, por muito mais tempo. A vida alemã, v.g., era regulada pelo toque de recolher e por
estritas restrições de viagem (prejudicando a produção agrícola)636 todas as reuniões com mais

(1948), Crusade in Europe, Garden City, NY, Doubleday, p. 287; Bradley Smith (1981), The Road to Nuremberg, London, Andre Deutsch,
p. 21; e Foreign Relations of the United States. 1945, Washington, USGPO, (1968), Vol. III, p. 390.
631
SCAF 68, SHAEF to AGWAR for CCS, 23Ago44, CAD 014 Germany, RG 165, NA. Um dos principais conselheiros de Eisenhower
sobre a política do governo militar, o GEN Julius Holmes, observou em Set44 que a rejeição do SHAEF à reanimação obrigatória da
infraestrutura económica alemã na verdade antecipou a nova política morgenthauista – "...facto de que seria não só perigoso, mas inútil
para tentarmos sustentar a frágil estrutura económica e financeira da Alemanha”... Gen. J. Holmes to Gen. J. Hilldring, 11Set44, CAD
014 Germany, RG 165, NA.
632
Rascunho de telegrama ao JSM em Washington, Anexo II à Nota da Secretaria, APW, 29Ago44, CAB 87/8, PRO. Churchill, em
26Jul44, avisou o Gabinete de Guerra que a Alemanha se submeteria "totalmente" assim que a resistência organizada cessasse, e que
haveria pouca guerrilha SS nas áreas montanhosas do Reich. [Jonathan Cape, (1986), The Second World War Diary of Hugh Dalton,
London, ed. Ben Pimlott, p. 774.] Um estudo britânico concluído e divulgado pelo Comité Conjunto de Inteligência durante esse mesmo
período concluiu que era de se esperar resistência limitada da guerrilha nazi, mas estava implícito que não era mais preocupante do que o
ressurgimento do comunismo alemão ou o enfraquecimento dos sistemas de recolha da alimentos e controlo de preços. Mesmo com
esses elementos considerados, a Alemanha provavelmente não voltaria ao estado de caos económico. Joint Intelligence Committee (44)
38, "Estimate of Conditions in Germany following Collapse”, pp. 2-3, 5-8, 10, CAB 87/88, PRO.
633
Ziemke, p. 105; Foreign Relations of the United States. 1944, Washington, USGPO, (1966), Vol. I, p. 420; Foreign Relations of the
United States. 1945. Vol. III, p. 457; The New York Times. 20Mai49; e Peterson (1955), The American Occupation of Germany, pp. 33, 39.
634
Foreign Relations of the United States: The Conferences at Malta and Yalta. 1945, Washington, USGPO, (1955), pp. 143-154;
SHAEF Directive for Military Government of Germany Prior to Defeat or Surrender, 09Nov45, WO 219/1634, PRO; e The Handbook
for Military Government in Germany. Part III, Dez44, WO 219/2920, PRO.
635
Sobre o aspecto de segurança imediata da desnazificação, vd. 21 AG "Counter Intelligence Instruction No. 4: The Occupation of
Germany", 1944, WO 205/1086, PRO; e Gen. Robertson to Jenkins, Control Office, 07Mar47, FO 371/64352, PRO. Sobre a relação
sem confraternizar com questões de segurança contra terroristas nazis, vd. SHAEF G-5 Historical Sect. Analysis Sheet, 2Ago44,
Hilldring to Troops in Germany, p. 3, WO 219/3652, PRO; Paraphrase of State Dept, cable information War Dept., 13Jul45; e Maj. Gen.
R.B. Lord, Comm. Zone ETO, Memo on "Relations with German Clergy”, 09Abr45, ambos em CAD 250.1, RG 165, NA. Sobre o
desejo de levar as jovens alemães de volta à escola para ocupar o seu tempo e remover quaisquer influências residuais que as levem a
actividades de resistência, vd. SHAEF G-5 "Educational Technical Manual Advanced Edition”, Jan45, p. 1, WO 219/2587, PRO.
636
Sayer e Botting, America's Secret Army. pp. 203- 204; Signature X, SHAEF G-5 to Chief, Post-Hostilities Planning Sub-Section,
SHAEF G-3, 29Jul44, WO 219/3868, PRO; 21 AG "Cl News Sheet" n.º 13, Part III, p. 15, WO 205/997, PRO; SHAEF CAD (Govt.
Affairs Br.) "Staff Study - Travel Restrictions and Exemptions in Liberated and Occupied Territories”, 27Fev44; 7th Army to 6th AG G-
5, 11Mai45; Col. H.G. Sheen, SHAEF G-2 (C1) to Col. O'Rorque, SHAEF G-5 Public Safety Sect.; Lt. Col. R.E. McLeod, SHAEF G-2
to AG Int. Staffs, 18Mai45; Col. S.B. Story, Chief SHAEF 475 G-5 Internal Affairs to ACoS SHAEF G-2, 1Jul45, todos em WO
219/1648A, PRO; SHAEF sigd. SCAEF to AMSSO for JIC, 17Mar45, WO 219/1651, PRO; SHAEF G-5 "Political Intelligence Letter”
n.º 9, 04Jun45, FO 371/46933, PRO; Peterson, The American Occupation of Germany, p. 157; e Dyer, p. 462. Extensas restrições de
movimento também foram impostas aos pescadores do Norte da Alemanha, uma vez que os Aliados estavam bem cientes do valor dos
navios de pesca em fornecer rotas de fuga e ajudar na subversão. Mais uma vez, no entanto, essa restrição reduziu a produção de
alimentos. SHAEF G-5 "Political Intelligence Letter" n.º 9, 4Jun45, FO 371/46933, PRO; e 21 AG "News Sheet" n.º 26, 30Jul45, Part
III, p. 10, WO 205/997, PRO.

Página 1 de 144
de cinco pessoas foram proibidas (o que efectivamente eliminou toda actividade política)637; os
alemães tiveram que entregar armas de caça e armas cerimoniais (significava que os agricultores
não podiam proteger as colheitas de animais selvagens)638; os serviços de correio e os meios de
comunicação alemães foram fechados e, quando reabertos, estavam sujeitos a estrita censura
(sufocando a liberdade de comunicação e expressão)639; e as crianças alemãs foram proibidas de
formar Escoteiras640 ou clubes ligados aos desportos "militaristas"641 (que colocavam o ónus
sobre tropas Aliadas mal equipadas para entreter e remodelar a juventude alemã) 642. Além
disso, os prisioneiros de guerra estavam detidos por vários anos após a conclusão da guerra –
em violação do direito internacional643 – e em 1945 várias centenas de milhares de nazis
suspeitos foram confinados em campos de detenção644.
Essas medidas antipaisanas certamente contribuíram para a supressão bem-sucedida da
actividade clandestina, mas a preço considerável: tratar a nação alemã como entidade
uniformemente hostil minou a confiança dos alemães antinazis e criou grande abismo entre as
forças ocupantes e o povo alemão durante breve período de profundo deslocamento psicológico
e social, quando a sociedade alemã poderia ter sido mais aberta a novas influências. Os comités
revolucionários, ou "antifas", foram desfeitos, e a primeira grande manifestação antinazi na
Alemanha do pós-guerra – um comício em Colónia para prisioneiros de campos de
concentração regressados a casa (20Mai45) – foi dispersada pela polícia militar Aliada que
disparou sobre as cabeças dos manifestantes645.
Tais incidentes ocorreram não pelo medo consciente da esquerda, como às vezes é sugerido646,
mas na aplicação zelosa de medidas especificamente destinadas a sufocar a oposição nazi. A
mania de segurança dos aliados, v.g., ficou evidente em resumo da inteligência estadunidense no
Verão de 1945, que observou que mesmo movimentos políticos aparentemente legítimos
poderiam ser disfarce para subversivos, ou sob directiva britânica que advertia que "é... necessário

637
John Gimbel (1961), A German Community Under American Occupation; Marburg. 1945-52, Stanford, Calif.: Stanford UP, p. 49;
S.F.V. Donnison (1961), Civil Affairs and Military Government. Northwest Europe. 1945-1946, London, HMSO, pp. 240-241; e John D.
Montgomery (1957), Forced to Be Free: The Artificial Revolution in Germany and Japan, Chicago: Univ. of Chicago Press, pp. 3 6- 69.
638
Peterson, The American Occupation of Germany, p. 138; Davidson, p. 137; The Stars and Stripes. 09Mar47; James Warburg (1947),
Germany - Bridge or Battleground, London, William Heinemann, p. 7; e Zonal Advisory Council, Minutes of the 3rd Meeting Held in
Hamburg, 2/3Mai46, FO 371/55614, PRO.
639
MG Notice for Reichspost Officials, WO 219/3499, PRO; "Plan for Censorship in Germany" (Goldcup), c.Fev45, WO 219/1826,
PRO; Col. H.G. Sheen, SHAEF G-2 (Cl) to Cl War Room, 01Abr45; SHAEF Signal Div. Memo on Monitoring of German
Telecommunications, 07Jan45, pp. 3-7, ambos em WO 219/1561, PRO; Report by British 2nd Army "Administration and Military
Government”, WO 205/1084, PRO; Peterson, The American Occupation of Germany, p. 157; The New York Times. 11Mai45; e FO
Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary n.º 298, 20Jun45, p. 2.
640
W. Strang, "Diary of a Tour through Westphalia and the North Rhine Province, 15-17Out45", FO 371/46935, PRO; US Berlin District,
"The Problem of German Youth”, 03Dez45, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; R. Murphy,
Pol. Adv. Germany to Sec. of State, 10Ago45, State Dept. Decimal Files 1945-49, 862.4081/1-145, RG 59, NA; e CG, USFET from Clay
sgd. Eisenhower to War Dept. CAD, 03Ago45, CAD 080 Boy Scouts of America, RG 165, NA. O Movimento Escoteiro foi inicialmente
proibido pelos aliados e soviéticos por causa do medo de que os grupos escoteiros locais pudessem se metamorfosear em células neo-HJ.
641
MI-14 "Mitropa" n.º 10, 01Dez45, pp. 3-4, FO 371/46967, PRO; e FORD "Digest for Germany and Austria" n.º 726, 26Fev48, p. 9,
FO 371/70792, PRO.
642
Sobre os programas medíocres de formação de jovens para apoiar nas Zonas Ocidentais, vd. USFET MG Office "Weekly Intelligence
Summary" n.º 19, 21Nov45, p. 7; USFET "Weekly Intelligence Summary" n.º 13, 11Out45, p. 1; n.º 22, 13 Dez45, pp. 52-54; n.º 30,
07Fev46, pp. 71-72; n.º 37, 28Mar46, p. C8; n.º 38, 4Abr46, p. A22; n.º 42, 2Mai46, p. C9; n.º 44, 16Mai46, p. C8; n.º 45, 23Mai46, p.
A10; USFET "Theatre Commander's Weekly Staff Conference" n.º 16, 09Abr46, p. 3; State Dept. Div. of Foreign Activity Correlation
Memo, 16Mai46; OMGUS Information Control "Intelligence Summary" n.º 23, 15 Dez45, p. 1; n.º 45, 88Jun46, pp. 1-2, todos em State
Dept Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; The New York Times. 17Abr46; 11Ago46; Mission
Accomplished: Third US Army Occupation of Germany, Munich, US Third Army, (1947), pp. 22, 28; The Stars and Stripes. 13Set45;
10Fev47; 07Mar47; e 06Abr47.
643
Davidson, p. 168. Churchill anunciou na Câmara dos Comuns em Abr45 que a política Aliada era manter todos os Oficiais alemães como
prisioneiros de guerra enquanto existisse a ameaça de guerrilha nazi. The New York Times. 25Abr45; e The Globe and Mail. 25Abr45.
644
"Draft: Outline for Instructions for the Organizational Administration of Internment Camps in Germany"; 21 AG to 1st Canadian
Army and 2nd British Army, 12Mai45, ambos em WO 205/388, PRO; Mission Accomplished: Third US Army Occupation of Germany,
p. 44; C.O. Debate 29/vii/46, FO 898/386, PRO; W. Griffiths, cited in Peterson, The American Occupation of Germany, pp. 146, 168;
Bower, Blind Eye to Murder, p. 485; Donnison, pp. 360-362; ACC Report for the Moscow Meeting of the CFM, 21Fev47, Sect. II -
"Denazification”, Part 5, p. 3, FO 371/64352, PRO; The Times. 5Jun46; The New York Times. 2Abr46; The Observer. 26Mai46; e
Montgomery, pp. 38-39.
645
Gimbel, A German Community under American Occupation, pp. 52-53; Lt. Cdr. R.W.B. Izzard, "Situation Report on Conditions in
Germany”, 17Ago45, FO 371/4 6934, PRO; PID "Background Notes”, 26Mai46, p. 2; 02Jun46, p. 4, ambos em FO 371/46790, PRO; e
Lt. Col. M.E. Lockyer, 12 Ag G-5 to ACoS SHEAF G-5, 29Mai45, WO 219/1648A, PRO.
646
Balfour, "Four Power Control in Germany”, p. 68; e Gabriel Kolko (1969), The Politics of War: Allied Diplomacy and the World
Crises of 1943-1945, London, Wiedenfeld and Nicolson, pp. 509-510.

Página 1 de 144
assegurar que o lugar [do nazismo] não seja ocupado por outros movimentos antidemocráticos,
reaccionários e militaristas mais disfarçados"647. Os resultados finais de tais medos seriam em
breve óbvios: o PM de Schleswig-Hiltstein, Herr Steltzer, observou em Dez46 que as expectativas
Aliadas de resistência Werwolf levaram à tentativa de controlo burocrático e, assim, resultou em
reinado de ineficiência debilitante. Perante este "vasto aparato" existia, afirmou Steltzer, tornou-se
num fim em si e funcionou "tão negativamente" que esmagou qualquer esperança de qualquer
recuperação alemã e geralmente convenceu os alemães de que era instrumento para "aniquilar ou
escravizar" o país648.
As primeiras medidas de segurança a serem revogadas foram os limites estritos de viagens e toque
de recolher, que prejudicaram a economia alemã, mas somente após a Conferência de Potsdam,
em meados do Verão de 1945, que o degelo geral começou, primeiro na remoção das proibições à
actividade política649, e depois no cancelamento das regras formais de dessocialização650. Mesmo
assim, os vários serviços de seguranças aliados continuaram a desvendar zelosamente tramas
clandestinas e geralmente caluniar o "carácter nacional" alemão, e inúmeras restrições à sociedade
alemã permaneceram em vigor. Ainda em 1948-49, a União das Liberdades Civis Estadunidenses
reclamou que regulamentações restritivas de licenciamento e censura ainda eram impostas aos
alemães ocidentais651. Em 1945, percebeu-se que os alimentos teriam necessariamente de ser
importados para a Alemanha, a fim de evitar a fome e o consequente colapso da lei e ordem,
particularmente porque se suspeitava que muitas das armas e esconderijos de sabotagem mantidos
pelos comandos nazis ainda não tinham sido descobertos. "Se estiverem com fome neste Inverno",
disse um Oficial aliado, "vão desenterrar as armas e começarão a disparar"652.
O medo da guerrilha nazi influenciou a estratégia militar Aliada durante os meses finais da guerra.
À medida que os Aliados avançavam para a Alemanha, o GEN Eisenhower instruiu
especificamente que nenhuma cidade fosse deixada desocupada e nenhuma bolsa fosse deixada na
retaguarda Aliada, política que complementou naturalmente a estratégia de frente ampla e evitou o
tipo de erros cometidos pelos próprios alemães na Rússia e a Jugoslávia – erros que acabaram por
gerar resistência de guerrilha em grande escala. Em vez de atingir alvos geográficos, Eisenhower
enfatizou constantemente a destruição da Wehrmacht alemã e a capacidade de resistência nazi.
Assim, os Aliados raramente ignoravam os bandos de guerrilheiros/retardatários, mas usavam
tropas constantemente para voltar atrás e eliminar esses perigos653. Vários manuais de combate
Contrainsurgência foram publicados654, e as tropas treinadas nos métodos necessários para
sufocarem a resistência da guerrilha655. Em Mar45, todo o 15º Exército, foi accionado como força
de guarnição na Renânia, especificamente com o objectivo de bloquear possíveis tentativas de
sabotagem de bandos alemães na margem ocidental do rio656.

647
Berlin Dist. "Weekly Intelligence Summary”, 26Jul45; e "Guidance for Output in German for the Week 23-30Abr45”, 21Abr45, p. 1,
FO 371/46894, PRO. Mesmo o movimento de autonomia dinamarquês em Schleswig do Sul foi suprimido com mão pesada do governo
militar – as autoridades britânicas suspeitaram que era um movimento nazi disfarçado. 21 AG "Weekly Political Intelligence Summary"
n.º 4, 28Jul45, p. 16, FO 371/46933, PRO.
648
Steltzer interview in Der Zeit. 05Dez46 (press extract); e FORD "Germany Weekly Background Notes" n.º 74, 02Jan47, p. 1, ambos
em FO 371/64389, PRO.
649
R. Murphy, US Pol. Adv. (Frankfurt) to Berlin, 08Ago45, State Dept. Decimal Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59,
NA.
650
Sobre o abrandamento geral das regras de não-fraternização, vd. I. Kirkpatrick, SHAEF Pol. Off. to A. Eden, Sec. of State for Foreign
Affairs, 18Jun45, FO 371/46933, PRO; F. Matthews, State Dept. Eur. to Gen. J. Hilldring, Dir. CAD, 20Jun45, CAD 250.1, RG 165,
NA; FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 12, Summary n.º 302, 18Jul45, pp. 1-2, 4; The Stars and Stripes. 14Jun45;
15Jul45; 22Ago45; 8Set45; e 21Set45.
651
Peterson, The American Occupation of Germany, p. 157.
652
The New York Times. 26Jun45.
653 th
7 Army, Memo on "Military Operations in Germany Territory”, 10Abr45, p. 2, WO 219/3513, PRO; e D. Lerner, SHAEF PWD "Notes
on a Trip through Occupied Germany”, 18Abr45, p. 1, State Dept. Decimal Files 740.0011 EW, Micf, M982, Rolo 217, NA. Foram
formadas e enviadas esquadras especiais do CIC para aldeias isoladas no Sul da Alemanha relatadas como possíveis centros de resistência
clandestina. 6th AG Report "Resistance Organizations (Germany)”, IRR File XE 049 888 "Werewolf Activities Vol. I”, RG 319, NA.
654
SHAEF G-3 "Combatting the Guerrilla”, WO 219/2921, PRO; e G (trg.) GHQ MEF "Notes on the Development of Guerrilla
Warfare in Europe", Mar45, OSS 128640, RG 226, NA.
655
SHAEF G-3 (Main) Memo "German Guerrilla Warfare Tactics and Underground Activity”, 01Nov44, p. 1, WO 219/1602, PRO. O
Comando do Primeiro Exército francês, em particular, ordenou a cada divisão treinasse unidades especiais para operações anti-paisanas.
Tais destacamentos foram formados em grande parte por ex-membros dos guerrilheiros [maquis] franceses. Ministre de l’Information
"Articles et Documents", 17Set45, Nouvelle Serie n.º 274, p. 3, 7P 125, SHAT. 479.
656
Eisenhower, p. 398.

Página 1 de 144
As decisões de Eisenhower de eliminar o Reduto Alpino e o Bolsa do Ruhr, em vez de se dirigir
sobre Berlim, constituíram o culminar natural da ampla estratégia da frente e o desejo de eliminar
quaisquer possíveis bolsas de resistência paisana. A mudança de última hora da ênfase de Berlim
para Berchtesgaden foi a escolha particularmente difícil, e certamente influenciada pela enxurrada
de inteligência de baixo nível que surgia no SHAEF desde 1943 e falava de extensos preparativos
para a guerra de guerrilha alemã, possivelmente alicerçada em redutos numa área de base
alpina657. Houve alguma tendência a desconsiderar esses relatórios como desinformação
deliberada do SD658, mas muitas autoridades de inteligência altamente competentes tomaram a
inteligência disponível pelo valor nominal – o COR Dick White, v.g., observou em Fev45, "não é
dado peso suficiente a muitos relatos de provável última posição nazi nos Alpes da Baviera659.
Durante esse período, o SHAEF recebeu a primeira Ultra inteligência sobre as intenções alemãs de
transferir importantes instalações de fabrico de aeronaves para montanhas660, e no início de Março
vieram as primeiras confirmações do Ultra da retirada alemã do QG militar para os Alpes e das
tentativas de estabelecer um movimento generalizado de guerrilha Werwolf661. O reconhecimento
aéreo mostrou a construção de abrigos subterrâneos na área de Berchtesgaden662.
Por volta desse mesmo período, o Comité Conjunto de Inteligência do SHAEF alertou que, se
os Alpes não fossem rapidamente ocupados, "os movimentos de guerrilha ou dissidentes

657
Sir Kenneth Strong (1968), Intelligence at the Top, London, Cassell, pp. 187-188; Ambrose, Eisenhower and Berlin, pp. 74-75;
Jenkins, "The Battle of the German National Redoubt - Planning Phase”, p. 3; "Intelligence Bulletin" n.º 28, 20Nov44, p. 2, British
Embassy/Washington, FO 115/3614, PRO; Ministère de la Guerre, EMSS 5ème Bureau "La Situation Intérieure de l'Allemagne d'Aprés
les Renseignements du 04Dec. au 28Dec.”, 29Dez44, p. 4; État Major de l'Armée 2ème Bureau "Le Reduit National”, 24Abr45, ambos
em 7P 125, SHAT; Minott, p. 93; OSS R & A n.º 1934 "The Problem of the Nazi Underground”, 21Ago44; JIC "German Plans for
Underground Operations following Surrender", JIC 208/M, 09Ago44, ambos em OSS/State Department Intelligence and Research
Reports, Micf. Rolo XIII; OSS R & A n.º 1934.1 "The Clandestine Nazi Movement in Post-War Germany”, 13Out44, in OSS/State
Department Intelligence and Research Reports. Micf. Rolo XIV; Time. (17Jul44), p. 17; OSS Report from Switzerland, n.º TB-192,
12Ago44, OSS 86424, RG 226, NA; OSS Report, 2Set44, p. 3, OSS L 45338, RG 226, NA; OSS Report from England n.º 5BP-397,
05Set44, OSS 91402, RG 226, NA; PID "News Digest”, 05Out44, n.º 1570, p. 11, Bramstedt Col., BLPES; ECAD "General
Intelligence Bulletin”, n.º 25, 12Nov44, p. 3, WO 219/3761A, PRO; OSS Report from Paris n.º FF-2182, 27 Dez44, WO 219/1602,
PRO; PWE "German Propaganda and the German”, 08Jan45, p. C2, FO 898/187, PRO; ECAD "General Intelligence Bulletin" n.º 48,
27Fev45, p. 2, OSS 118572, RG 226, NA; US 7th Army G-2 "Information from an Allied Source in Switzerland”, 21Fev45, WO
219/1602, PRO; Mobile Field Interrogation Unit n.º 2/44 "PW Intelligence Bulletin - Alpine Redoubt Area”, 12Mar45, OSS 124057,
RG 226, NA; SHAEF Asst. CoS G-2, "Economic Intelligence Summary" n.º 29, p. 2, 21Mar45, p. 1, 31Mar45, OSS 124186, RG 226,
NA; MFIU "PW Intelligence Bulletin" n.º 1/56, 09Abr45, OSS 125114, RG 226, NA; DIC (MIS) "Summary Interrogation Report - The
National Redoubt”, 10Abr45, OSS 124431, RG 226, NA; ECAD "General Intelligence Bulletin" n.º 42, pp. 1-2, 480 11Abr45, WO
219/3760A, PRO; FO Weekly Political Intelligence Summaries. Vol. 11, Summary 290, p. 4, 25Abr45; e OSS Report from Switzerland
n.º B-2612, 25Abr45, OSS 125162, RG 226, NA.
658
Jenkins, "The Battle of the German National Redoubt — Planning Phase”, p. 6; Col. G.B. Conrad, ETOUSA G-2 to M.I.S. War
Dept., 27Mar45, Army-Intelligence Project Decimal File 1941-45, 370.64 (Germany), RG 319, NA; e SHAEF G-5 "Weekly Journal of
Information" n.º 3, 07Mar45, p. 2, WO 219/3918, PRO.
659
Col. D.G. White, SHAEF G-2 (Cl) to Col. Sheen, Head SHAEF Cl and Lt. Col. MacLeod, Civil Security, 12Fev45, WO 219/1602,
PRO. O comentário de White relacionado especificamente ao artigo sobre a provável resistência nazi preparado pelo MI-14. Nota: O
M14 ou Inteligência Militar, Secção 14, agora extinta, passou para o Serviço MI6, foi serviço do Ministério da Guerra, especializada em
Inteligência sobre a Alemanha durante a IIªGM. Originalmente fazia parte do M13 ainda nesta Guerra, foi importante para o esforço de
guerra que transformou-se numa secção de Inteligência Militar própria.
660
Ultra Document BT 4477, 10Fev45, Ultra Micf. Coll., Rolo 61.
661
Ralph Bennett, Ultra in the West; The Normandy Campaign. 1944-45, London, Hutchinson, 1979), p. 238; e Ultra Document BT
7004, 12Mar45, Ultra Micf. Col., Rolo 65. A Ultra inteligência sobre a Werwolf foi imediatamente reforçada pelos interrogatórios de
prisioneiros de guerra alemães que viram os memorandos divulgados por Dienstelle Prützmann em Fev45, que convocavam voluntários
do Exército para participar do curso de treino Werwolf na Heereschule II. Field Interrogation Unit n.º 1 "PW Intelligence Bulletin" n.º
1/47, 13Mar45, G-2 Intelligence Div. Captured Personnel and Material Branch Enemy POW Interrogation File (MIS-Y) 1943-45, RG
165, NA. Vd. tb. Strong, Intelligence at the Top, p. 188.
Walter Bedell Smith (1956), Eisenhower's Six Great Decisions, NY, Longmans, Green & Co., pp. 189-190.
Combined Intelligence Committee Memo n.º 49 "Ability of the German Army in the West to Continue the War”, 15Mar45, Enclosure,
in Records of the JCS. Part I. 1942-45: European Theatre. Micf. Rolo 481 n.º 10.
Jenkins, "The Battle of the National Redoubt - Planning Phase", p. 4; Minott, pp. 47-55, 68; SHAEF G-5 "Weekly Journal of
Information" n.º 9, 19Abr45, pp. 11-12, WO 219/3918, PRO; Omar Bradley (1983), A Generals Life, NY, Simon & Schuster, p. 418-
420; Eisenhower, pp. 397-398; Gen. James Gavin (1981), On to Berlin, NY, Bantam, pp. 308, 313-315, 333-337; Tony Sharp (1975),
The Wartime Alliance and the Zonal Division of Germany, Oxford, Clarendon, p. 123; Stephen Ambrose, Eisenhower, The Soldier, pp.
391-392; Ambrose, Eisenhower and Berlin, pp. 67, 77-80; Bedell Smith, pp. 182-183; Strong, Intelligence at the Top , p. 191; Maj. L.F.
Ellis (1968), Victory in the West, London, HMSO, pp. 298-299, 302-304; e MacDonald, The Last Offensiv, pp. 340-341, 407-409.
662
Jenkins, "The Battle of the National Redoubt - Planning Phase", p. 4; Minott, pp. 47-55, 68; SHAEF G-5 "Weekly Journal of
Information" n.º 9, 19Abr45, pp. 11-12, WO 219/3918, PRO; Omar Bradley (1983), A Generals Life, NY, Simon & Schuster, p. 418-
420; Eisenhower, pp. 397-398; Gen. James Gavin (1981), On to Berlin, NY, Bantam, pp. 308, 313-315, 333-337; Tony Sharp (1975),
The Wartime Alliance and the Zonal Division of Germany, Oxford, Clarendon, p. 123; Stephen Ambrose, Eisenhower, The Soldier, pp.
391-392; Ambrose, Eisenhower and Berlin, pp. 67, 77-80; Bedell Smith, pp. 182-183; Strong, Intelligence at the Top , p. 191; Maj. L.F.
Ellis (1968), Victory in the West, London, HMSO, pp. 298-299, 302-304; e MacDonald, The Last Offensiv, pp. 340-341, 407-409.

Página 1 de 144
ganhariam terreno e os nazis poderão colocar em prática alguns planos de criar organizações
subversivas na Alemanha e noutros países”. A conclusão era óbvia: "Devemos... estar
preparados para empreender operações no Sul da Alemanha, a fim de superar rapidamente
qualquer resistência organizada pelas Forças Armadas alemãs ou por movimentos guerrilheiros
que possam ter recuado para a zona interna e para este reduto"663.
Com base em tal conselho, Eisenhower e Bradley decidiram, em meados de Março, mudar o foco
das operações aliadas de Norte em direcção a Berlim, a favor do avanço para a Alemanha Central,
a fim de dividir a Alemanha em duas, ligando-se aos soviéticos – no ajuste, os Aliados obteriam o
complexo industrial da Turíngia, centro da produção alemã de armas ligeiras e que se acreditava
desempenhar papel importante no fabrico de armas para a guerrilha nazi. O segundo passo,
destruir as forças nazis no Sul da Alemanha antes que pudessem retirar para o Reduto Nacional664.
Muitas vezes é alegado, claro, que os impulsos central e sulista de Eisenhower resultaram da
estratégia defeituosa que superenfatizou a ameaça de um reduto alpino e subenfatizou o valor
político de Berlim. No entanto, dado o facto dentro de várias semanas da decisão de
Eisenhower, vários bandos guerrilheiros alemães realmente se reuniram na retaguarda Aliada;
dado o facto de que a Werwolf e os Jagdverbände realmente tentaram transformar as montanhas
em fortaleza de guerrilha; e dado o facto de que Hitler decidiu só em 22Abr ficar em Berlim e
renunciar à tremenda opção de reunir pessoalmente suas tropas nas montanhas665, a decisão de
Eisenhower talvez não tenha sido totalmente equivocada, afinal. Além disso, a real inadequação
dos preparativos nos Alpes não deve obscurecer o facto de que os alemães tinham histórico
consistente de se atrapalhar com essas deficiências e conseguir mais com menos, principalmente
quando lhes era dado espaço para recuperar. Nas memórias do pós-guerra, tanto Eisenhower
quanto o Chefe de inteligência, GEN Kenneth Strong, lembraram que o movimento de guerrilha
nazi era ameaça real que poderia representar perigo considerável para as forças Aliadas se não
tivesse sido rapidamente neutralizado666.
É provável que a estratégia soviética e a política de ocupação tenham sido influenciadas pelo
perigo do Werwolf, embora o esboço dessa história não seja tão claro quanto no Ocidente.
Sabemos, no entanto, que, como os Aliados ocidentais, os soviéticos foram exercitados pela
possibilidade de reduto guerrilheiro nos Alpes (ou na Prússia Oriental) 667; que, como os aliados
ocidentais, os soviéticos desconfiavam profundamente dos alemães que alegavam tendências
socialistas ou democráticas e, portanto, desmantelaram os antifas locais sob a suspeita de que
foram penetrados por nazis668; e que, como os Aliados ocidentais, os soviéticos mantiveram
medidas de segurança rigorosas669 e até adicionou elemento extra pela implantação de divisões
NKVD em grande escala organizadas para manter a segurança na retaguarda670.
Embora as evidências sejam escassas, parece que o desenvolvimento da política soviética na
Alemanha foi a imagem espelhada do mesmo processo no Ocidente. Primeiro veio a política
reactiva projectada em parte para esmagar a resistência clandestina nazi, embora essa política
fosse muito mais dependente da população indígena do que na sua contraparte ocidental. Uma
vez que a Werwolf não se transformou em grande ameaça às forças de ocupação, essa política
improvisada foi gradualmente substituída pela tentativa ideológica de moldar os alemães à
imagem de seus ocupantes, como também ocorreu no Ocidente.

663
Combined Intelligence Committee Memo n.º 49 "Ability of the German Army in the West to Continue the War”, 15Mar45,
Enclosure, in Records of the JCS. Part I. 1942-45: European Theatre. Micf. Rolo 481 n.º 10.
664
Sobre a decisão de Hitler, vd. Shirer, p. 1113; Trevor-Roper (Ed. 1987), pp. 158-159; Toland, p. 471; Fest, Hitler pp. 737-738; Alan
Bullock (1964), Hitler: A Study in Tyranny, London, Odham, p. 783; e Irving, Hitler's War, p. 802.
665
Eisenhower, p. 397; e Strong, Intelligence at the Top), p. 188.
666
Sobre descrições de medidas de segurança soviéticas em território alemão, vd. The Christian Science Monitor. 12Fev45; Auswertstelle
Ost (Heer) des OKH "Auszug aus o.a. Meldungen”, 01Abr45, RH 2/2330, BMA; e Lt. Gen. Lidnikov, "Befehl für die Truppen der 39.
Armee" n.º 05/011 (Germ, transl.), 06Fev45, Records of OKH, Microficha T-78, Rolo 488, fotogramas 6474409-6474410, NA.
667
S.M. Shtemenko (1970), The Soviet General Staff at War. 1941-1945, Moscow, Progress, p. 307; Erickson, The Road to Berlin, p.
554; e Pravda, cit. in The Christian Science Monitor. 05Mar45, Part II.
668
Wolfgang Leonhard (1957), Child of the Revolution, London, Collins, pp. 318-319. Vd. tb. Strick Dribben, p. 253.
669
Sobre descrições de medidas de segurança soviéticas em território alemão, vd. The Christian Science Monitor. 12Fev45; Auswertstelle
Ost (Heer) des OKH "Auszug aus o.a. Meldungen”, 01Abr45, RH 2/2330, BMA; e Lt. Gen. Lidnikov, "Befehl für die Truppen der 39.
Armee" n.º 05/011 (Germ, transl.), 06Fev45, Records of OKH, Microficha T-78, Rolo 488, fotogramas 6474409-6474410, NA.
670
"Memorandum of Conference with Marshal Stalin, 15th January, 1945”, in David Irving. Papers Relating to the Allied High
Command. 1943/45. Rolo n.º 4.

Página 1 de 144
Durante o início de 1945, a política soviética na Alemanha era claramente desorganizada, de curto
prazo e exploradora. As figuras dominantes eram Georgi Malenkov, cujo Comité de Organização
procurou desindustrializar a Alemanha o mais rápido possível671, e Ilya Ehrenburg, cuja
propaganda de ódio de gelar o sangue ajudou a levar milhões de soldados a um frenesi de
pilhagem e estupro. Além dessas forças destrutivas, a política oficial soviética baseava-se na
"libertação" do povo alemão672 e na destruição final do fascismo por meio da unidade da Grande
Aliança contínua. Os quadros comunistas alemães foram treinados para ajudar as forças de
ocupação, mas instruídos a não esperar o estabelecimento do socialismo, em vez disso, a tarefa era
"democratizar" o povo alemão e construir uma organização de massas antifascista e democrática,
cujo objectivo final era "convencer [a população] de que o extermínio do nazismo é do interesse
do povo alemão, e que, portanto, todos os alemães honestos devem ajudar no rastreamento e
eliminação de criminosos de guerra, terroristas fascistas e sabotadores" (05Abr45) 673. A
propaganda soviética apelou aos alemães para os ajudarem a eliminar os resistentes nazis e
ameaças de morte em retaliação ao terrorismo nazi foram cuidadosamente canalizados através de
funcionários civis alemães recém-nomeados, a fim de manter tais declarações a um passo das
autoridades militares soviéticas674.
Quando várias equipas especiais comunistas alemãs foram realmente enviadas para a Alemanha
Oriental no início de Mai45, ajudaram na liquidação de células secretas da resistência nazi e
supostamente tentaram evitar "excessos" nas relações germano-soviéticas. Na verdade, a equipa
de Berlim foi encorajada pelo MAR Zhukov a ser ainda mais vigilante em tais assuntos, e o seu
Chefe, Walter Ulbricht, respondeu irritado que era a inteligência soviética que estava a falhar
em manter activistas nazis mesmo depois de ter sido identificado e apreendido. "No grupo
Ulbricht", observou um membro, "superestimamos muito a influência dos nazis"675.
Em Junho, porém, os contornos da política comunista soviética e alemã começaram a mudar. O
Chefe da Werwolf de Berlim capturado recentemente e, embora tenha havido tiroteios dispersos,
ataques incendiários e guerrilha, não houve grandes surtos de rebelião, com a possível excepção
de revolta no distrito de Charlottenburg, em Berlim. Sem surpresa, nesse ponto que a política
comunista mostrou sinais de se afastar da posição exclusivamente reactiva e consciente da
segurança e em direcção à política mais orientada ideologicamente: o KPD oficialmente
refundado, a imprensa comunista estabelecida e as directrizes de Moscovo aceleraram as
políticas de esquerda, como a reforma agrária. Embora essa mudança tenha sido revestida como
parte do renascimento democrático geral, no qual os principais partidos burgueses identicamente
foram autorizados a reorganizar-se, a verdadeira mudança na política era impossível de ignorar:
o movimento antifascista monolítico, previamente colocado como arma contra o nazismo
clandestino, estava agora a ser substituído antes mesmo de aparecer, principalmente por um
Partido Comunista restabelecido676. Houve outras manifestações externas de renascimento
comunista muito anunciado – o chamado Zhdanovschina – dentro da União Soviética: v.g., o
poderoso Comité para Organização de Malenkov foi progressivamente enfraquecido pela

671
William McCagg, Jr. (1978), Stalin Embattled 1943-1948, Detroit, Wayne State UP, p. 136; e Barbara Ann Chotiner e John Atwell,
"Soviet Occupation Policy Toward Germany, 1945-1949”, in US Occupation in Europe After World War II (Lawrence, Kans.: Regents,
(1978), pp. 59, 61.
672
De acordo com prisioneiros de guerra soviéticos, a ordem do diá do Exército soviético de 13Out44 instruiu que o território alemão
ocupado fosse tratado da mesma forma que o território "libertado", desde que a população civil não oferecesse resistência. "Analage zu
VI Wi Wiesbaden, n.º 708/45" (s/d), Records of OKH, Microficha n.º T- 78, Rolo 488, fotograma 6474435, NA. Vd. tb. K.
Rokossovsky, A Soldier's Duty (Moscow: Progress, 1970), pp. 288-289.
673
Arnold Sywottek (1971), Deutsche Volksdemokratie: Studien zur Politische Konzeption der KPD 1935-1945, Dusseldorf,
Bertelsmann, p. 186. Vd. tb. p. 184; e Leonhard, pp. 280-283.
674
Silesian Inferno. pp. 181, 183; PID "Weekly Background Notes" n.º 1, 08Jun45, pp. 1-2, FO 371/46933, PRO; The Times. 02Jun45; e
05Jun45. O comandante soviético em Berlim, GEN Gorbatov, anunciou em Jul45 que a prática soviética padrão era meramente dar
lições ao jovem Werwölfe e depois mandá-lo para casa dos pais. MI-14 "Mitropa" n.º 2, 11Ago45, pp. 5-6, FO 371/46967, PRO.
675
Leonhard, pp. 307-308, 319; The Memoirs of Marshal Zhukov, NY, Delacorte, 1971), p. 636; e Martin McCauley, "East Germany”,
in Communist Power in Europe. 1944-1949. ed. Martin McCauley, London, MacMillan, 1973), p. 61. Essa diferença entre expectativas
e realidade é confirmada também pelo escritor soviético exilado Lev Kopelev, que serviu na unidade de propaganda soviética na Prússia
Oriental durante a Primavera de 1945. "Os nossos comandantes", disse Kopelev, "assustaram os oficiais e soldados [soviéticos] com
esse conceito 'Werwolf' antes de entrarmos em território alemão. Mas nem eu nem nenhum dos meus camaradas, nem na Prússia
Oriental ou em nossas prisões e campos, encontramos qualquer 'Werwolf' ". Carta ao autor de Lev Kopelev, 11Jun90.
676
Leonhard, pp. 326-329.

Página 1 de 144
oposição do Partido, dos militares e do Comissariado de Comércio Exterior677. Além disso,
Oficiais Políticos ligados ao Exército fizeram esforço desesperado para parar de saquear e
estuprar as tropas do Exército Vermelho e, em Abr45, a propaganda nacionalista de ódio de
Ehrenburg foi denunciada publicamente por um alto funcionário do Partido678.
Com o patrocínio soviético garantido, os comunistas alemães posteriormente foram capazes de
agarrar a oportunidade de Comando da burocracia em expansão da Zona Leste. Juntamente com
os serviços de segurança soviéticas, gradualmente combinaram o processo de aniquilar a oposição
nazi sobrevivente com o acto de castrar todos os candidatos legítimos ao poder. Excepcionalmente
é possível, como nota Isaac Deutscher, separar os dois processos e decidir quando as autoridades
estavam a agir com preocupações válidas para as linhas de comunicação do Exército Vermelho e a
supressão do fascismo, e quando estavam a ajustar contas com partidos e grupos não-nazis,
ansiosos de os suprimir679. Dentro de o período de tempo relativamente curto, no entanto, os
departamentos de polícia dominados pelos comunistas começaram a lançar uma rede cada vez
mais ampla revelando supostas ligações entre a clandestinidade armada e grupos políticos
burgueses legítimos, ou pelo menos "demonstravam" tolerância burguesa à actividade nazi680.
Ataques terroristas ocasionais – como a tentativa de assassinato do presidente da Dieta da
Turíngia, ou o ataque bombista de um dos líderes do Partido da Unidade Socialista em Halle –
foram fabricados em elaboradas conspirações e, assim, aproveitadas como oportunidades para
persuadir as várias Länder Diets para aprovar as "Leis para a Protecção da Democracia"681. Esses
incidentes terroristas esporádicos como desculpa para repressões autoritárias são a tradição
familiar tanto na história da União Soviética (i.e., o Expurgo dos Velhos Bolcheviques, 1935),
quanto na história da Alemanha (i.e., os Decretos de Karlsbad, 1819; as Leis Anti-Socialistas,
1878; e a Lei de Habilitação, 1933). Em tal meio, as eleições acabaram por se tornarem pouco
melhores do que simulações encenadas, e os partidos da oposição foram neutralizados ou – no
caso dos socialistas – anexados e comunizados pelo KPD.
O significado integral dessa reviravolta na Zona Soviética representava apenas o exemplo do
padrão geral de negócios na Europa Oriental – admitindo, é claro, variações regionais. Em toda a
chamada "zona de segurança soviética", os partidos comunistas foram uniformemente colocados
no Comando do aparelho policial pelos soviéticos e, assim, foram encorajados a avançar como
guardiões da lei e da ordem. No processo de esmagamento de grupos clandestinos pró-alemães –
muitos dos quais organizados ou pelo menos tardiamente apoiados pelas unidades Jagdverbände e
FAK – os comunistas ajudaram a lançar as bases para as próprias ditaduras682. O caso clássico foi
a Roménia, onde guerrilheiros treinados e apoiado pelo Jagdverbände conseguiram, no início de

677
McCagg, pp. 136-137; e Chotiner e Atwell, pp. 54, 61-62.
678
OMGUS Office of Dir. of Intelligence "Special Intelligence Summary - Soviet Russia in Germany”, 08Mar47, p. Al, State Dept. Decimal
Files 1945-49, 740.00119 Control (Germany), RG 59, NA; Gen. Konev, "Befehl an die Truppen der 1. Ukrainischen Front" n.º 004 (Germ.
transl.), 26Mar45 (fotogramas 6474428-6474430); "Auszug aus Meldungen der Hgr. Weichsel Ic Nr. 221/45 vom 21.2.45" (Fotograma
6474412); Lt. Col. Maljarov to the Mil. Justice Div., 48th Army (Germ, transl.), 23Jan45 (fotogramas 6474499-6474500); Col. Orlov,
"Befehl an die Truppen der Garnison der Stadt Koben" (Germ, transl., 26Mar45; "Auszug aus Kgf.-Aussagen - Pz. Div. 'Kurmark' Ic v.
16.2.45" (fotograma 6474470); "Auszug aus 208. Inf. Div. Ic v. 11.3.45: Gef. Vern. n.º 38" (fotograma 6474470); "Auszug aus
1Feststellungen zur Feindlage (A/Ausw.Ill)1 — Leitst III Ost für FAK n.º 2012/45 geh. Lage vom 9.2.45" (fotograma 6474479); Col.
Rodionov, Chief of the Pol. Sect./VIII Gde. Corps to the Pol. Office/Rgts. Comm. (Germ, transl.), 25Jan45 (fotogramas 6474471-6474472);
"Auszug aus Frd. Heere Ost (III g) Az. G b. Kgf. n.º 1291 v. 17.23.45, Kgf. Vern" (fotograma 647443); "Auszug aus Kgf. - Aussagen - 203.
I.D. Ic v. 7.2.45" (fotograma 6474475); "Auszug aus 'Wichtige Gefg.-Aussagen' - I/M vom 3.3.45" (fotograma 6474478); Leitstelle III Ost
für FAK "Feststellungen zur Feindlage, A-Auswertung 273 - Grundstazliche sowjetsche Befehle zum Verhalten in den besetzten Gebeiten”,
07Mar45 (fotograma 6474482); Gen. Rokossovski, "Befehl an die Truppen der 2. Weissruss. Front" n.º 006 (Germ, transl.), 22Jan45
(fotogramas 6474495-6474496); "Auszug aus Kgf.-Aussagen-FAK Kdo 103 v. 15.2.45" (fotograma 484 647520); Heeresgruppe Mitte Abt.
Ic/AO "Sowjetische Befehle IIber Verhalten der RA auf deutschen Boden”, 03Fev45, pp. 1-2 (fotograma 6474524); "Auszug aus Kgf.-
Vernehmung-Hgr. Nord IC/AO/Ausw.vom 20.2.45" (fotograma 6474531); e Maj . Shatilov, Chief Pol. Office/lst Ukr. Front to Chief Pol.
Sect./3rd Artillery Bgd. (Germ.transl.) , 12Jan45 (fotogramas 6474537-6474539), todos em Records of OKH, Rolo 488, NA. Sobre a
denúncia de Ehrenburg, vd. Foreign Relations of the United States. 1945. Vol. 5, pp. 829-831.
679
Isaac Deutscher (1967), Stalin: A Political Biography, London, Oxford UP, pp. 533-534. A observação de Deutscher se aplica a todas
as áreas invadidas pelo Exército Vermelho em 1944-45.
680
Já no Verão de 1945, o chefe dos democratas-cristãos de Berlim, Andreas Hermes, foi demitido como Chefe da Administração Regional
de Alimentos por causa da alegação de ser Werwölfe disfarçado dentro do sistema para sabotar as entregas de alimentos. FO Weekly Political
Intelligence Summaries. Vol. 12, Summary n.º 304, 01Ago45, pp. 2-3; e Vol. 12, Summary n.º 305, 08Ago45, p. 2. Alegações semelhantes
foram feitas pela imprensa comunista na zona soviética da Áustria, onde a escassez de alimentos foi atribuída a "sabotadores e reaccionários
fascistas" supostamente ligados ao Partido Popular. MI-14 "Mitropa" n.º 10, 1 Dez45, p. 5, FO 371/46967, PRO.
681
FORD "Germany: Weekly Background Notes" n.º 112, 16Out47, p. C4, FO 371/64392, PRO.
682
FORD "Germany: Weekly Background Notes" n.º 112, 16Out47, p. C4, FO 371/64392, PRO.

Página 1 de 144
1945, criar confusão considerável nas profundezas da retaguarda soviética; com a grande contra-
ofensiva alemã e surgir na frente adjacente na Hungria, os soviéticos voluntariamente substituíram
o moderado governo de coligação romeno pelo regime fortemente pró-soviético, alegando que os
romenos eram incapazes ou relutantes em proteger as linhas de comunicação soviéticas683.
Juntamente com a polícia secreta soviética, este regime fantoche romeno posteriormente eliminou
toda a oposição, tanto fascista quanto democrática.
Visto em termos dialécticos, pode-se concluir que a antítese ao Werwölfe aos grupos do mesmo
tipo que deu ao movimento guerrilheiro nazi significado histórico: a Werwolf teve impacto não
porque teve sucesso, mas simplesmente porque existiu. Como diversão, afastou as tropas Aliadas
de Berlim – apenas para permitir que a capital caísse nas mãos dos soviéticos – e desviou
momentaneamente as potências ocupantes da tarefa de longo prazo de impor as próprias crenças
sociais e sistemas de valores à Alemanha. No breve intervalo, quando rapidamente ficou claro que
as forças de ocupação não teriam de funcionar sob um estado de sítio contínuo, as potências
ocupantes voltaram ao trabalho de alcançar os próprios objectivos de longo prazo dentro do Reich
truncado. A influência reactiva da ameaça Werwolf, portanto, data principal de alguns meses na
Primavera e início de Verão de 1945, o chamado "Stunde Null", embora o significado desse breve
período para a história geral da ocupação não deva ser subestimado. Somente a abordagem
profunda da historiografia whiggish684 negariam que os períodos perdidos e os movimentos
fracassados da história não têm influência sobre a continuidade dos eventos.
É claro que, considerado só pelos méritos de sucesso em provocar a guerra de guerrilha, a
Werwolf foi o movimento que alcançou alguns sucessos limitados, mas por outro lado, permanece
como exemplo clássico da Kleinkrieg que deu errado. É especialmente lembrado de outro imposto
partidário levantado numa causa perdida, o franco-atirador francês de 1870-71, particularmente no
sentido de que ambos os movimentos causaram muito mais danos ao próprio povo do que ao
inimigo. A óbvia disposição do regime de Hitler de submeter o povo a este julgamento final é
talvez a acusação final do sistema nazi; Hitler foi, de facto, ouvido murmurar que, como a
Alemanha tinha perdido uma guerra de extermínio, o bem-estar da população sobrevivente não era
mais a questão importante685. "Homo homini lupus est" — o homem é de facto o lobo de seu
semelhante686.

683
Sobre a discussão deste processo dos vários pontos de vista, vd. Hugh Seton-Watson, The East European Revolution, NY, Praeger,
1956), pp. 167-171; Joseph Nogee and Robert Donaldson, Soviet Foreign Policy Since World War II, NY, Pergamon, 1981), pp. 55-56;
Adam U1am, Stalin: The Man and His Era, NY, Viking, 1973) , p. 598- 599; e Joyce and Gabriel Kolko, The Limits of Power: The
World and United States Foreign Policy. 485 1945-1954, NY, Harper & Row, 1972) , pp. 200- 201, 215-217.Foreign Relations of the
United States. 1945. Vol. V, p. 484-485, 497-498, 500, 504-505; The New York Times, 15Mar45; 10Set45; 9Set45; e The Times.
26Mar45. Roosevelt observou que "com a Roménia a atravessar as linhas de comunicação russas, é... difícil contestar a alegação de
necessidade e segurança militar que estão a usar para justificar a acção".. Foreign Relations of the United States. 1945. Vol. V, p. 510.
684
Nota: Membros de partido político da Grã-Bretanha que, depois da revolução de 1688, prtendia subordinar o poder da Coroa ao do
Parlamento.
685
Foreign Relations of the United States. 1945. Vol. V, p. 484-485, 497-498, 500, 504-505; The New York Times, 15Mar45; 10Set45;
9Set45; e The Times. 2 6Mar45. Roosevelt observou que "com a Roménia a atravessar as linhas de comunicação russas, é... difícil contestar a
alegação de necessidade e segurança militar que estão a usar para justificar a acção".. Foreign Relations of the United States. 1945. Vol. V, p.
510. Speer, p. 440. Na ordem de 29Mar45, para os "fanáticos" ataques às linhas de comunicação por trás das pontas de lança inimigas, Hitler
observou que "nenhuma consideração [deve] ser dada...”. Ultra Doc. BT 9227, 2Abr45, Ultra Micf. Coll., Rolo 68; Speer, pp. 456-457; e
Fest, Hitler, p. 731.
686
Nota: Homo homini lupus expressão latina o homem é o lobo do homem [alusão à ferocidade com que os homens procuram
prejudicar-se mutuamente, Tito Mácio Plauto, in comédia Asinária, 2, 4, 88]

Página 1 de 144
Gráfico (1)
Unternehmen Zeppelin, início de 1944
Amt VI, Gruppe VI C
Localidade: Berlim

Hauptkommando Nord Hauptkommando Sud


Abt. “A” Abt. “B” Abt. “C” Abt. “A” Abt. “B” Abt. “C”
Op. Op.
e Adm Int e Adm Int
Instrução Instrução

Escolas de Treino Escolas de Treino

Sonderlager “L”
Local: Blamau

Unidades Unidades
Especiais: Especiais:
Udarnaja Bgd. Cossacos;
Arménios;
Turcomanos;
Etc.

Nebenkommandos Nebenkommandos

Fonte: CSDIC (WEA) BAOR "Final Report on Dr. Gehhardt Willy Teich " FR n.º 31, 21Jan46, ETO MIS-Y-Sec t. CSDIC/WEA Final Interrogation
Reports 1945-1947, RG 332, NA.

Gráfico (2)
Dienstelle Prützmann
Reichsführer - SS
Henrich Himmler
(Abwer Operacional)

Ligação OKW General Inspektor


Lt. Unger für Spezialabwer
O/Gruf Hans Prützmann
Adjunto (para
Prützmann):
Gllt. Juppe
(Abr45)

Chefes de Gabinete Ajudantes de campo


Staf. Tschiersky Stubaf. Kamm
Depois Brgf. Opländer Stubaf. Müller-West

Pessoal Instrução Transmissões Saúde W Feminina


Stubaf. Kothaus Brgf. Siebel Hptm. D. Pol. Dr. Hühn Frau. Maish
Schweizer
Ajudante de campo
Oblt. Sulle

Fonte: CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS Obergruf. Karl Gutenberger", IR n.º 34, 01Nov45, OSS 123190, NA.

Página 1 de 144
Gráfico (3)
HSSPF no Grande Reich, Outono de 1944
Wehkreis HSSPf QG Extensão de influência
I (Nordost) O/Gruf. Georg Ebrecht (depois substituído por Prützmann) Könisberg Prússia Oriental, Memel
II (Ostsee) O/Gruf. Emil Mazew Stettin Mecklenberg, Pomerânia
III (Spree) O/Gruf. August Heissmeyer Berlim Brandengurgo, Altmark, Neumark
IV (Elba) O/Gruf. Rudolf Alvensleben Dresden Saxónia, Turíngia, Sudetos Nordeste
V (Südwest) O/Gruf. Otto Hoffmann Estugarda Wuttemberg, Baden, Alsácia
VI (West) O/Gruf. Karl Gutenberg Dusseldórfia Vestefália. Renânia, Bégica Oriental
VII (Süd) O/Gruf. Karl von Eberstein Munique Sul da Bavária
VIII (Südost) O/Gruf. Heinrich Schmauser Breslau Silésia
IX (Fulda-Werra) O/Gruf. Josias, Erbprinz zu Waldeck und Pyrmont Kassel Hessen, Turíngua Ocidental
X (Norsee) Gruf. Georg von Bassewitz-Behr Hamburgo Frísia, Schleswig
XI (Mitte) Gruf. Hermann Höfle (depois substituído por Querner) Hanover Prov. Hanover, Brunswick, Anhalt
XII (Rhein-Westmark) Gruf. Jürgen Stroop Wiesbaden Hesse Sudoeste, Eifel, Palatinato, Sarre, Lorena
XIII (Main) Gruf. Benno Martin Nuremberga Norte da Bavária, Boémia Ocidental
XVII (Donau) O/Gruf. Rudolf (depois substituído por Schima) Viena Norte da Áustria, Sudetos do Sul
XVIII (Alpenland) Gruf. Erwin Rösener Salzburgo Sul da Áustria, Norte da Eslovénia
XX (Weichsel) Gruf. Fritz Katzmann Danzing Corredor polaco, Danzing, Leste ocidental da Prússia
XXI (Warthe) Brgf. Heinz Reinefarth Posen Polónia Ocidental
Governo-Geral (Ost) O/Gruf. Wilhem Koppe Carcóvia Polónia Central e Sul
Boémia-Morávia O/Gruf. Karl Frank Praga Boémia Central, Morávia
Bialystok (sob Wkr. Nordost) Brgf. Otto Hellwig Bialystok Polónia Nordeste

Fonte: "Liste der Hochsten und Hoheren SS - und Polizeiführer sowei der SS-und Polizeiführer", 20Out44, NS 19/ 1637, BA.

Gráfico (4)
A Estrutura de Comando da Polícia-SS

Ministério do Interior do
Reich Chef d. Deutschen Polizei Reichsführer-SS
H. Himmler H. Himmler H. Himmler

Chef der Sicherheits-


Chef der Ordnung-Polizei Polizei und des SD
A. Wunnenberg E. Kaltenbrunner

Polícia Regular Hauptamt Reichssicherheits


(ORPO) Hauptamt (RSHA)

Höhrer SS u. Polizeiführer
(HSSPf)

Befehlshaber ou
Befehlshaber Inspekteur de
Höhere Polizei-Behorden Da Polícia Regular Sicherheispolizei u, des SD
(BDO) (BdS ou IdS)

Administração da Polícia Autoridade Local Kripo Regional, Gestapo


Nacional de Polícia E Agentes do SD

Fonte: Finding Guide to the Records of the Reich Leader of the SS and Chief of German Police, German Military Records, NA.

Página 1 de 144
Gráfico (5)
Exemplo de organização Regional da Werwolf
– Estado-maior Werwolf da HSSPF Gutenberga (Wehrkreis VI)

Dienstelle Prützmann

HSSPf
Karl Gutenberger
Esola de Formação
Werwolf
Local: Lubbecke e Schloss
Hülcrath Werwolf Beauftragter
SS-Standf. Raddatz

Instrutor Responsável
U/Stuf. Wenzel
Formação e Organização Ligação com o Grupos
Executiva de Exércitos “B” e “H”
Obstlt. Neinhaus
Werwolf Gruppen

Administração Pessoal Saúde Transporte


Ostuf. Haase Hptm. Hansen Dr. Ostermeyer Hptm. Schröder

Fonte: CSDIC/WEA BAOR "Second Interim Report on SS-Obergruf. Karl Gutenberger", IR n.º 34, 01Nov45, OSS 123190, NA.

Gráfico (6)
As SS-Jagdverbände
Flusskampfschvimmer
Escolas: Local: Viena
Neustrelitz Estado-maior
Frieden Comandante: Ostubaf.
Seehof Skorzeny
Kunhof Chefe de EM: Stubaf. Von Dienstelle2000
Heinrichsberg Fölkersam (depois Local: Viena
Harzgebirge (Sig. Sch.) O/Stubaf. Walter
Kloster Tiefenthal Local: Sachsenhausen
Kileschnowitz SS-Fallschirm-
jägerbataillon 800

Kampfgeschvader 200
Local: Gatow

Transmissões Abastecimento

Jagdverband Südost Jagdverband Ost Jagdverband Mitte Jagdverband Nordwest Jagdverband Südwest
Local: Krems Local: Hohensalzach Local: Friedenthal Local: Neustrelitz Local: K. Tiefenthal
Cmdt: O/Stubaf.Benesch Cmdt: Stubaf. Auch Cmdt: S/Stuf. Fucker Cmdt: H/Stuf. Heuer Cmdt: H/Stuf. Gerlach
Composição: Composição: Composição: Composição: Composição:
­ germânicos, ­ germânicos, ­ volunt. alemães ­ flamengos, ­ belgas,
­ húngaros, ­ ucranianos, ­ neerladeses, ­ franceses,
­ romenos, ­ finladeses, ­ dinamarqueses ­ italianos
­ eslovacos, ­ polacos,
­ búlgaros ­ russos

Fonte: "Cl News Sheet" n.º24, 27Jun45, Appendix "C", W0 205/997, PRO; and Mil. Int. Service in Austria "1st Detailed Interrogati on Report - W. Girg",
22Jan46, OSS XL 41372, NA.

Página 1 de 144
Gráfico (7)
Kampfgeschwader 200
Oberkommando der
Luftwaffe

Luftlotte Reich

RSHA Abwer
(até ao Verão 1944)
Jagdverbände Central
Staff
(O/Stubaf . Skorzeny)

KG 200 HQ
Cmdt: Oberst Heigel
(depois Oberst. Baumbach, a
seguir Major von Hernier)
Local: Gatow

Grupo n.º 1 Grupo n.º 2

n.º 1 Staffel n.º 2 Staffel n.º 3 Staffel n.º 4 Staffel


Longo Raio de Acção Curto Raio de Acção Formação Técnico

Estações Avançadas

“Olga” “Carmen” “Tosca” “Clara”


Fonte: James Lucas (1985), Kommando, NY, St. Martin's, p. 285.

Gráfico (8)
Exemplo de organização Regional da Jagdverbände – Jagdverbände Südest
Jagdverband Südwest
Unidade W/T Cmdt: H/Stuf. Gerlach Kampfschule
Local: K. Tiefenthal

Exército e Waffen-SS HSSPf West


Agentes de Inteligência Wehrkreis XII
Werwolf

Jagdeinsatz Nord Jagdeinsatz Süd Jagdeinsatz


Jagdkommandos: Italien
- Stein Jagdkommandos: Jagdkommandos:
-Pavel -Haase -Meyer
-Weissenberger -Hossfeld -Fischer
(depois -Perner -Stiegler
Weissenberger II) -Kieswetter
- Berndt -Solder
-Well
(Transferidos para
Jagdverband
Nordwest)

Movimento de Resistência Neerlandesa Gruppe Spanien


(depois sob Jagdverband Nordwest) (Roland)

Unternehmen Reichstadt
(Movimento Fascista de Resistência Francesa)

Unternehmen Moretti
(Movimento Fascista de Resistência Norte-italiana)

Fonte: USFET Interrogation Center "Intermediate Interrogation Report n.º 9 - H. Gerlach", 11Ago45, OSS XL 13744, RG 226, NA.

Página 1 de 144
Gráfico (9)
Exemplo Alemão do Grupo de Resistência Organizada – A "Divisão
Central da Aktion na Roménia"
“Governo Nacional”
romeno

Escolas de Formação Sede Central


(Inteligência, Comunicações, Para a Aktion
Serviço Especial)
Local: Viena
Volksgruppe alemão
Na Roménia

SD

Inteligência Militar

Sede Subsidiária
Para a Aktion na Roménia
Local: Budapeste

Frente do Grupo de Frente do Grupo de Aktiongruppe


Inteligência Recrutamento Na Roménia

Inteligência Recrutamento Organização

Fonte: "Organisationstand der Nationalen Rümanischen Regierung nach 6 wöchiger Tatigkeit", NS 19/ 2155 , BA.

Gráfico (10)
O Volkssturm
Reichsführer-SS
e
Leiter der Partei
M. Bormann
Befehlshaber des Ersatzheeres
H. Himmler

Treino, equipamento,
assuntos militares
Administrativa
e assuntos políticos
Chef der SSHauptamt
O/Gruf. Berger

Beauftragter für Bevaffnung


und Ausrüstung des Deutschen
Volkssturm
Staf. Purucker

Abastecimentos Treino de Tiro Treino Mecânico Corpo de Saúde

Reichsleiter DAF
Dr. Ley

Visitas de Inspecção

Gauleiters e Reichsverteidungskomissars

Fonte: "Bezeichnung der Dienstellen des Deutschen Volkssturms Records of the NSDAP, Microcópia n.º T-81, Roll 94, frames 107830-107832 , NA.

Página 1 de 144
Ensaio Bibliográfico

O material de fonte primária colectado para este estudo tende a se enquadrar em quatro
categorias básicas: 1) documentos originais alemães referentes ao Werwolf; 2) resumos da
inteligência aliada, muitos dos quais baseados em interrogatórios de alemães capturados, ou nas
transmissões da Werwolf Sender; 3) relatórios de interrogatório directos; e 4) reminiscências de
eventos durante os últimos dias do IIIº Reich, quer reunidos na Colecção Ost Dokumente no
Bundesarkiv, quer incluídos em memórias publicadas.

O material original da Werwolf é, obviamente, o tipo de fonte mais valioso mas, infelizmente,
raro. Em todo este estudo, só alguns documentos citados realmente se originaram em Dienstelle
Prützmann, a maioria versões da Ordem de Fev45 a instruir vários comandos militares a
fornecer pessoal para o curso Werwolf na Heeresschule II. Nota para Dienstelle Prützmann
sobre a mineração da propriedade de Göring na Alemanha Oriental também é citada, mas além
de alguns desses documentos, muito poucas comunicações de ou para o Comanda Werwolf são
viáveis nos arquivos.

A maior parte do material alemão remanescente compreende registos militares, da SS ou do


Partido Nacional-socialista que abordam a relação desses grupos com a Werwolf, ou sobre o
próprio desenvolvimento das chamadas operações "Werwolf". Esses registos do Partido estão
nos arquivos alemães em Koblenz, enquanto o material da SS e militar está disponível tanto na
Alemanha quanto em microfilme dos Arquivos Nacionais. Estão incluídos nesta esfera várias
dezenas de interceptações Ultra – comunicações de rádio alemãs monitoradas e decodificadas
pelos Aliados – embora os textos sobreviventes dessas mensagens infelizmente não estejam na
redacção original em alemão, mas resumos parafraseados preparados por analistas de
inteligência aliados. Estes ainda são viáveis em microfilme. Também fiz uso de diários
publicados, particularmente os rabiscos diários de Goebbels, que constituem das principais
fontes sobre Werwolf Sender e sobre a política do Partido perante os guerrilheiros.

Esse material original alemão, visto isoladamente, teria sido muito difícil de moldar em
qualquer tipo de narrativa compreensível. A cola que mantém este estudo em conjunto é,
portanto, derivada da segunda e terceira categorias de fontes, a saber, registos de inteligência
Aliados e resumos de interrogatórios. Esse tipo de informação é claro, não é isento de
limitações. Relatórios de inteligência Aliados datados de antes de Abr45 são quase inúteis como
fontes confiáveis sobre a Werwolf porque apoiados em grande parte no ouvir dizer ou em
relatórios de agentes de confiabilidade duvidosa. O grande problema, v.g., foi durante este
período o SD deliberadamente disseminou o medo em relatórios sobre o Reduto Alpino para
apavorar os Aliados em negociações com Berlim, e essas histórias frequentemente apareciam
nos resumos de inteligência dos Aliados. Tal material tem valor de segunda mão, no entanto,
como indicador do tipo de expectativas e medos em que se apoiou o planeamento dos Aliados.

Após o final de Março, Werwölfe capturado e, ocasionalmente, documentos capturados,


contribuíram para a melhoria radical no calibre dos relatórios Aliados. Em 09Abr, v.g., o
SHAEF nesse instante podia produzir o estudo chamado "O Movimento de Guerrilha SS", que
era a avaliação bastante precisa de toda a organização Werwolf. A qualidade desses relatórios
aumentou de forma constante ao longo do ano subsequente, embora se deva ter em mente que as
informações fornecidas pelos alemães capturados ainda eram filtradas pelos preconceitos e
percepções dos agentes de inteligência Aliados que redigiram esses relatórios. A History of the
Counter Intelligence Corps, muito utilizada neste estudo, é semelhante tanto em alcance quanto
em limitações. Os documentos que mais reduzem essa intervenção avaliativa são resumos de
interrogatórios nítidos de líderes regionais da Werwölfe Jagdverband como Karl Gutenberger,

Página 1 de 144
Ernst Wagner ou Hans Gerlach, embora mesmo esses documentos sejam resumos dos
interrogatórios, em vez de transcrições palavra por palavra.

É importante notar que após o início de Abr45, a existência da Werwolf tornou-se público
conhecimento por causa das actividades do transmissor Königswüsterhausen, e que o melhor
registo existente dessas transmissões está nos relatórios de vigilância dos Aliados. As avaliações
do PWE sobre a produção da Werwolf Sender, apresentadas em "German Propaganda and the
German", são extensas, detalhadas e incluem quantidade considerável de material citado.

Embora a maioria desses relatórios de inteligência Aliados e resumos de interrogatórios estejam


amplamente espalhados por vários arquivos do Ministério da Guerra, FO, OSS e do Estado e
Departamento de Guerra, dois conjuntos específicos de informações são dignos de nota. Um é o
arquivo grosso designado "Actividades da Werwolf Vol. I", que é o arquivo do Estado-maior
estdunidense anteriormente armazenado em Fort Meade como parte do Repositório de registos
de Investigação (IRR), actualmente disponível na secção de Registos Militares Contemporâneos
dos Arquivos Nacionais. Este arquivo inclui vários relatórios de primeira linha colectados de
várias fontes subsidiárias. Outro arquivo consolidado pouco semelhante, 7P 125, encontra-se
nos Arquivos Militares Franceses em Vincennes, e abrange o moral da população civil na Zona
de Ocupação Francesa, incluindo informações detalhadas sobre todos os tipos de grupos de
resistência nazistas activos no Sudoeste da Alemanha e Voralberg.

Embora resumos de inteligência e relatórios de interrogatório forneçam a superestrutura básica


para este estudo, material suplementar valioso também foi colectado de o quarto tipo de fonte
essencial, i.e., das reminiscências de vários alemães. Milhares de pequenos relatórios escritos no
final dos anos 1940 e 1950 por refugiados da Alemanha Oriental são colectados no arquivo Ost
Dokumente no Bundesarkiv, a maioria dos quais repete interminavelmente os horrores selvagens
vividos por essas pessoas nas mãos dos soviéticos e aliados. Vários desses relatos, no entanto,
detalham a estrutura de organizações da Werwolf ou a presença de guerrilhas alemãs em
território inimigo ocupado, embora deva-se reconhecer que havia tendência natural dos autores
de não enfatizar qualquer coisa que tornasse os maus tratos colectivos parecem absolutamente
justificados. Também fica claro a partir desses relatórios os soviéticos, polacos e checos
justificaram muito da própria brutalidade por meio do suposto desejo de acabar com a Werwolf.

Além do Ost Dokumente, várias outras memórias publicadas também foram consultadas,
particularmente obras de Skorzeny. O importante livro de memórias usado foi Conversations
with an Executioner, de Moczarski, onde detalha as confissões na cela de Jürgen Stroop, ex-
HSSPf e suserano da Werwolf. Essas conversas, conforme averbadas pelo companheiro de
prisão de Stroop, Moczarsci, complementam os registos de interrogatório de Stroop nos
Arquivos Nacionais.

Finalmente, breve menção deve ser feita ao material de fonte secundária que provou ser um
activo valioso para a pesquisa. As obras em língua alemã de Arno Rose e Hellmuth Auerbach
compreendem os únicos estudos existentes a envolver o movimento Werwolf como um todo, e
as únicas fontes com as quais poderia comparar minhas próprias descobertas, enquanto Hitler's
Werewolves de Charles Whiting é o estudo definitivo de Unternehmen Karnival, o assassinato
do Oberbürgermeister de Aachen. Livros de E. H. Cookridge e James Lucas contêm também
capítulos valiosos sobre a Werwolf, particularmente o Kommando de Lucas. O grande número
de históricos de unidades Aliadas também foi consultado, alguns dos quais forneceram
informações importantes sobre incidentes individuais da actividade guerrilheira alemã.

Página 1 de 144
Bibliografia
Colecção de documentos inéditos
 British Library of Political and Economic Science, London. Bramstedt Collection
 Bundesarchiv, Koblenz.
Deutschesnachrichtenbüro (R34)
Ost Dokumente
Parteikanzlei (NS 6)
Personlicher Stab Reichsführer-SS (NS 19)
Reichsministerium fur die besetzten Ostgebeite (R6)
Reichssicherheitshauptamt (R 58)
SS- Fuhrungshauptamt (NS 34)
 Bundesmilitärarchiv, Freiburg
Heeresgruppenkommandos (RH 19)
Oberkommandos des Heeres/Generalstab des Heeres (RH 2)
OKH/Allgemeines Heeresamt (RH 15)
OKW/Wehrmachtfuhrungstab (RW 4)
 Imperial War Museum
Office of US Chief of Counsel for War Crimes (Interrogations)
 National Archives, Washington, D.C., e Suitland, Maryland.
Army Staff (RG 319)
History of the Counter Intelligence Corps (Baltimore: US Army Intelligence Centre, 1959), Vols. XVII, XVIII, XIX, XX,
XXV, XXVI, XXVII, e XXXVI.
Office of Military Government, United States (RG 260)
Office of Strategic Services (RG 226)
State Department (RG 59)
US Theatres of War, WWII (RG 332)
War Department (RG 165)
World War II Operations Reports (RG 407)
 Public Records Office, Kew Gardens, London.
Allied Commission, Austria, Library Material (FO 1007)
Allied Forces, HQ (WO 204)
Control Commission, Germany (FO 1005)
Control Commission, Germany HQ T-Force and Field Information Agency (FO 1031)
Embassy and Consular Archives, USA Correspondence (FO 115)
Foreign Office (FO 371)
Political Warfare Executive (FO 898)
Supreme Headquarters, Allied Expeditionary Force (photostats) (WO 219)
21st Army Group (WO 205)
War Cabinet, Committees on Reconstruction (CAB 87)
 Service Historique de l'Armee de Terre, Vincennes, Paris
Le moral de la population civile et la resistance allemande (7P 125)

Acervo de documentos em Microfilme


David Irving Collection - Papers Relating to the Allied High Command. 1943/45. East Ardsley, Wakefield: Microform Ltd., 1983.
Rolos n.º 3, n.º 4 and n.º 5.
German Military Records. National Archives.
 Records of OKH (Microcópia n.º T-78)
 Records of OKW (Microcópia n.º T-77)
 Records of the NSDAP (Microcópia n.º T-81)
 Records of the Reich Leader of the SS and Chief of the German Police (Microcópia n.º T-175)

OSS/State Department Intelligence and Research Reports: Germany and its Occupied Territories during World War II. Washington:
UPA, 1977. Rolos XIII e XIV
Records of the Joint Chiefs of Staff. Part I - 1942-45: European Theatre. Frederick, Md.: UPA, 1981. Rolos n.º 10 e 11.
State Department Decimal Files 740.0011 EW. National Archives. Micf. n.º M982. Rolo 217.
Ultra Documents Collection. The Public Records Office. Rolos n.º 45, n.º 50, n.º 51, n.º 59, n.º 61, n.º 62, n.º 65, n.º 67, n.º 68, n.º
69, n.º 70, n.º 71, n.º 72 e n.º 73.
US Military Intelligence Reports: Germany. 1919-1941. Frederick, Md.: UPA, 1983. Vol. XVII.

Documentos e Diários publicados


Akten zur Deutschen Auswarticren Politik. 1918-1945. Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1979. Serie E, Band VIII.
Blitzkrieg to Defeat: Hitler’s War Directives. 1939-1945. ed. Hugh Trevor-Roper. NY: Holt, Rinehart and Winston, 1971.
Current Digest of the Soviet Press. Vol. 1, n.º 8 (22 March 1949).
Documents on British Policy Overseas, ed. Rohan Butler. London: HMSO, 1984. Series I, Vol. I.
Documents on Polish-Soviet Relations. 1939-1945.London: Heinemann, 1967. Vol. II.
Dokumente zur Austreibung der Sudetendeutschen.ed. Wilhelm Turnwald. München: der Arbeitsgemeinschaft zur Wahrung
sudetendeutscher Interessen, s/d.
Eichmann Interrogated: Transcripts from the Archives of the Israeli Police, ed. Jochen von Lang. London: Bodley Head, 1983.
Final Entries 1945 — The Diaries of Joseph Goebbels. ed. Hugh Trevor-Roper. NY: Putnam's, 1978.
Foreign Office Weekly Political Intelligence Summaries, Vols. n.º 10, n.º 11 e n.º 12.

Página 1 de 144
Foreign Relations of the United States: The Conferences at Malta and Yalta. 1945. Washington: USGPO, 1955.
Foreign Relations of the United States. 1945. Washington: USGPO, 1968. Vols. III, e V.
Foreign Relations of the United States. 1944. Washington: USGPO, 1966. Vol. I.
Geflohen und Vertrieben. ed. Rudolf Mühleenzel. Königstein: Athenaum, 1981.
The Moraenthau Diary (Germany). Washington: Subcommittee on Internal Security, US Senate, 1967.
The Overseas Targets: War Report of the OSS. NY: Walker, 1976.
The Papers of Dwight David Eisenhower - The War Years, ed. Alfred Chandler. Baltimore: Johns Hopkins Press, 1970. Vol. IV.
Review of the Foreign Press. 1939-1945. München: Kraus International, 1980. Series A, Vol. IX, e Series F: France.
Das Schicksal der Deutschen in Rumanien. ed. Theodore Scheider. Bonn: Bundesministerium für Vertreibene, Flüchtlinge und
Kriegsgeschadigte, 1957.
The Second World War Diary of Hugh Dalton, ed. Ben Pimlott. London: Jonathan Cape, 1986.
Silesian Inferno: War Crimes of the Red Army on its March into Silesia in 1945: A Collection of Documents. ed. Karl Friedrich
Grau. Koln: Informations- und Dokumentationszentrum, 1970.
The Tragedy of Silesia. 1945-46. ed. Johannes Kaps. Munich: "Christ Unterwegs,11 1952/53.
The Trial of Draioliub-Draza Mihailovic. Salisbury: Documentary Pub., 1977.
Trial of the Maior War Criminals before the International Military Tribunal. Nuremburg: International Military Tribunal, 1948.
Vols. XIV e XVII.
The United States Strategic Bombing Survey. NY: Garland, 1976. Vol. IV.
War and Peace Aims of the United Nations, ed. Louise Holborn. Boston: World Peace Foundation, 1948. Vol. II.
Wartime Journals of Charles A. Lindbergh. NY: Harcourt Brace J ovanovich, 1970.
World War II German Military Studies. NY: Garland, 1979. Vols. n.º 2, n.º 3, n.º 18, n.º 19, e n.º 24.

Jornais e Revistas
The Christian Science Monitor
The Globe and Mail
The Nation. Vol. 160.
The NY Times
The News Chronicle
News of Germany
The Observer
Prevent World War III. Vol. 12.
Rhein-Mainische Zeitung
The Stars and Stripes
Time Magazine. Vol. 45.
The Times (London)
Volkischer Beobachter

Livros
Ahlfen, Gen. Hans von, e Gen. Hermann Niehoff. So Kämpfte Breslau. München: Grafe und Unzer Verlag, 1959.
A1exandrov, Victor. O.S.1: Services Secrets de Staline contre Hitler. Paris: Planete, 1968.
Ambrose, Stephen. Eisenhower and Berlin: The Decision to Halt at the Elbe. NY: Norton, 1967.
Eisenhower the Soldier. London: Allen & Unwin, 1984.
Armstrong, John (ed.) Soviet Partisans in World War II. Madison: Univ. of Wisconsin Press, 1964.
Ukrainian Nationalism. Littleton, Colo.: Ukrainian Academic Press, 1980.
Aron, Robert. The Vichy Regime. 1940-44. London: Putnam, 1958.
Artzt, Heinz. Mörder in Uniform. München: Kindler, 1979.
Asprey, Robert. Frederick the Great. NY: Ticknor & Fields, 1986.
Aurich, Peter. Der Deutsch-Polnische September 1939: Eine Volksaruppe zwischen den Fronten. München: Gunter Olzag, 1969.
Bailie - Steward, Norman. The Officer in the Tower. London: Leslie Frewin, 1967.
Baird, Jay. The Mythical World of Nazi War Propaganda. Minneapolis: University of Minneapolis Press, 1974.
Bak, Janos (ed.) The German Peasant War of 1525. London: Frank Cass, 1976.
Barnett, Richard. Allies: America-Europe-Japan Since the War. London: Jonathan Cape, 1983.
Baruch, Bernard. The Public Years. NY: Holt, Rinehart and Winston, 1960
Baumbach, Werner. Zu Spät: Aufstiea und Untergang der deutschen Luftwaffe. München: Richard Pflaum, 1949
de Bayac, J. Delperrie. Histoire de la Milice. Verriers: Marabout, 1985. Vol. 2
Beck Earl, Under the Bombs: The German Home Front. 1942-1945. Lexington: University of Kentucky, 1986.
Benecke, Gerhard. Germany in the Thirty Years War. London: Edward Arnold, 1978.
Bennett, Ralph. Ultra in the West: The Normandy Campaign. 1944-45. London: Hutchinson, 1979.
Bessel, Richard. Political Violence and the Rise of Nazism: The Storm Troopers in Eastern Germany, 1925-1934. New Haven: Yale
University, 1984.
Bethell, Nicholas. The War Hitler Won. London: Allen Lane Penguin, 1972.
Binkoski, Joseph, e Arthur Plaut. The 115th Infantry Regiment in World War 2. Washington: Infantry Journal Press, 1984.
Black, Peter. Ernst Kaltenbrunner. Princeton, New Jersey: Princeton University, 1984.
Blake, George. Mountain and Flood: The History of the 52nd (Highland) Division. 1939-1946. Glasgow: Jackson and Son, 1950.
Blanning, T.C.W. The French Revolution in Germany. Oxford: Clarendon, 1983.
Blond, Georges. The Death of Hitler's Germany. NY: MacMillan, 1955.
Blickle, Peter. The Revolution of 1525: The German Peasant's War from a New Perspective. Baltimore: Johns Hopkins Press, 1981.
Bower, Tom. Blind Eve to Murder. London: Granada, 1983.
Klaus Barbie: Butcher of Lyons. London: Corgi,1985.
Bradley, Omar. A General's Life. NY: Simon & Schuster, 1983.
Brissaud, Andre. Canaris. London: Weidenfeld & Nicolson, 1973.
Brown, Anthony Cave. The Last Hero: Wild Bill Donovan. NY: Times Books, 1982.
Broszat, Gert. Der Deutsche Geheimdienst. München: List, 1966.
Bullock, Alan. Hitler: A Study in Tyranny. London: Odham, 1964.

Página 1 de 144
Busch, Dr. Moritz. Bismarck in the Franco-German War. 1870-1871. NY: Howard Fertig, 1973.
Byrnes, Lawerence, (ed.) History of the 94th Infantry Division in World War Two. Washington: Infantry Journal Press, 1948.
Calic, Edouard. Reinhard Hevdrich. NY: William Morrow, 1985.
Carsten, F.L. The Reichswehr and Politics. 1918-1923. Oxford: Clarendon, 1966.
Carter, CAP. John. The History of the 14th Armoured Division. Atlantic: Albert Love Enterprises, 1946.
Carver, TCOR. Richard M.P. Second to None: The Royal Scots Greys. 19119-1945. Glasgow: Royal Scots Greys Rgt.,c. 1952.
Childs, David. The GDR: Moscow's German Ally. London: Unwin Hyman, 1988.
Chuikov, Vasily I. The End of the Third Reich. London: MacGibbon & Kee, 1967.
Citino, Robert. The Evolution of Blitzkiea Tactics. NY: Greenwood, 1987.
Clark, Gen. Mark. Calculated Risk. NY: Harper Bros., 1950.
Clarke, Brig. Dudley. The Eleventh at War: Being The Storv of the XI Hussars (Prince Albert's Own). 1934-1945. London: Michael
Joseph, 1952.
Clausewittz, Carl Von. On War. Princeton, NJ: Princeton University, 1976.
Conquer: The Storv of the Ninth Army. Washington: Infantry Journal Press, 1947.
Copp, Terry, e Robert Vogel. Maple Leaf Route: Victory. Alma, Ont,: Maple Leaf Route, 1988.
Conze, Werner. Die Zeit Wilhelms II and die Weimarer Republik. Tubingen: Wunderlich, 1964.
Cookridge, E.H. Gehlen: Spy of the Century. NY: Random House, 1971.
Craig, Gordon. The Politics of the Prussian Army. 1640-1945. Oxford: Clarendon, 1955.
Crawley, Aidan. Spoils of War. Indianapolis: Bobbs-Merrill, 1973.
Daley, Hugh. 42nd “Rainbow” Infantry Division: A Combat History of World War 2. Baton Rouge: 42nd Inf. Div., 1946.
Dallin, Alexander. German Rule in Russia. 1941-1945. London: MacMillan,1957.
Dalton, Hugh. The Fateful Years: Memoirs 1931-1945. London:Frederick Muller, 1957.
Davidson, Eugene. The Death and Life of Germany. NY: Jonathan Cape, 1959.
Delarue, Jacques. The Gestapo: A History of Horror. NY: Paragon, 1987.
Deschner, Gunter. Heydrich: The Pursuit of Total Power. London: Orbis, 1981.
Deutscher, Isaac. Stalin: A Political Biography. London: Oxford University, 1967.
Dickens, Arthur. Lübeck Diary. London: Gollancz, 1948.
Dietrich, Otto. The Hitler I Knew. London: Methuen, 1957.
Donnison, S.F.V. Civil Affairs and Military Government. Northwest Europe. 1945-1946. London: HMSO, 1961.
Draper, Lt. Theodore. The 84th Infantry Division in the Battle of Germany. NY: Viking, 1946.
Drska, Pavel. Ceskoslovenska Armada v Norodni a Demokraticke Revoluci. 1945-1948. Prague: Ziva minulost, 1979.
Dumont, Jean (ed.) Histoire secrete de la Gestapo. Geneve: Editions de Cremille, 1971. Vol. 4.
Depuy, Trevor. European Resistance Movements. NY: Franklin Watts, 1965.
Djilas, Milovan. Wartime. NY: HBJ, 1977.
Dyer, TCOR. George. XII Corps: Spearhead of Patton’s Third Army. Baton Rouge, La.: XII Corps History Assc., 1947.
Dzhirkvelov, Ilya. Secret Servant: My Life with the KGB & the Soviet Elite. NY: Touchstone, 1988.
Easton, Chester. Prince Henry of Prussia. Westport, Conn.: Greenwood, 1971.
Edmonds, Sir James. The Occupation of the Rhineland. 1918-1929. London: HMSO, 1987.
Eisenhower, Dwight D. Crusade in Europe. Garden City, N.Y.: Doubleday, 1948.
Einsiedel, CONDE Heinrich von. The Shadow of Stalingrad. Allan Wingate, 1953.
Ellis, John. Short History of Guerrilla Warfare. NY: St. Martin' Press, 1976.
Ellis, MAJ. L.F. Victory of the West. London: HMSO, 1968.
Engels, Friedrich. The German Revolution. Chicago: Univ. of Chicago Press, 1967.
Ergang, Robert. The Potsdam Führer. NY: Columbia UP, 1941.
Erickson, John. The Road to Berlin. London: Weidenfeld and Nicolson, 1983.
The Road to Stalingrad. Boulder, Colo.: Westview, 1984.
Eubank, Keith. Summit at Tehran. NY: William Morrow, 1985.
Farago, Ladislas. Spvmaster. NY: Warner, 1962.
Farnum, Sayward. "The Five by Five": A History of the 55th Anti-Aircraft Artillery Automatic Weapons Battalion. Boston:
Atheneum, 1946.
Fauez, Jean-Claude. La Reich devant 1'occupation franco-belge de la Ruhr en 1923. Geneve: Librafne Droz, 1969.
Fest, Joachim. The Face of the Third Reich. London: Weidenfeld and Nicolson, 1970.
Hitler. NY: Harcourt Brace Jovanovich, 1974.
Fifth Infantry Division in the ETO. Vilschofen: Fifth Div. Hist. Sect., 1945.
The Fighting Forty-Fifth: The Combat Report of an Infantry Division. Baton Rouge: US Army, 1946.
Fischer, Fritz. Germany’s War Aims in the First World War. NY: Norton, 1967.
Flower, Desmond. History of the Arcrvll and Sutherland Highlanders. 5th Battalion: 91st Anti-Tank Regiment. 1939-1945. London:
Thomas Nelson, 1950.
e James Reeves. The War. 1939-1945. London: Cassell, 1960.
Foley, Charles. Commando Extraordinary. London: Graftons, 1987.
Foster, Tony. Meeting of Generals. Toronto: MacMillan, 1986.
Frank, Philipp. Einstein: His Life and Times. NY: Knopf, 1947.
Frankel, Nat e Larry Smith. Patton’s Best: An Informal History of the 44th Armoured Division. NY: Hawthorne, 1978.
Franze, Günther. Der Deutsche Bauernkrieg. Darmstadt: Wissenschafftliche Buchgesellschaft, 1977.
Franzel, Emil. Die Vertreibung Sudetenland. 1945-46.
München: Aufstieg, 1980.
Freidrich, Ruth Andreas. Berlin Underground. NY:
Henry Holt, 1948.
Frischauer, Willi. Himmler: The Evil Genius of the Third Reich. London: Odhams, 1953.
Fritsche, Hans. The Sword in the Scales. London: Allan Wingate, 1953.
Gajda, Patricia. Postscript to Victory: British Policy in the German-Polish Borderlands. 1919-1925. Washington: Washington UP,
1982.
Gates, MAJ. L.C. The History of the Tenth Foot. 1919-1950. Aldershot: Gale and Polden, 1953.
Gavin, GEN. James. On to Berlin. NY: Bantam, 1981.

Página 1 de 144
Gehl, Jurgen. Austria. Germany and the Anschluss. 1931- 1938. London: Oxford UP, 1963.
Gehlen, Reinhard. Der Dienst: Erinnerung. 1942-1971. Mainz: v. Hase & Koehler, 1971.
German Military Intelligence. 1939-1945. Frederick, Md.: University Publications of America, 1984.
Gimbel, John. A German Community Under American Occupation: Marburg. 1945-52. Stanford, Calif.: Stanford UP, 1961.
Gordon, Harold. The Reichswehr and the German Republic. 1919-1926. Princeton, NJ: Princeton UP, 1957.
Görlitz, Walter. Der Zweite Weltkrieg. 1939-1945. Stuttgart: Steingruben, 1952. Band 2.
Graber, G.S. The Life and Times of Reinhard Hevdrich. London: Robert Hale, 1981.
Grieger, Fredrich. Wie Breslau Fiel... Metzingen: Verlag die Zukunft, 1948.
Grimm, Jakob. Teutonic Mythology. NY: Dover, 1966. Vols. 3 and 4.
Guderian, Heinz. Panzer Leader. NY: Ballantine, 1967.
Gumbel, Emil Julius. Vier Jahre Politischer Mord. Heidelberg: Verlag das Wunderhorn, 1980.
Gunther, John. Inside Russia Today. NY: Harper and Bros., 1957.
Haffner, Sebastian. The Meaning of Hitler. London: Weidenfeld and Nicolson, 1979.
Hahlweg, Werner. Guerilla: Krieg ohne Fronten. Stuttgart: Kohlhammer, 1968.
Hamilton, Nigel. Monty: The Field Marshal. 1944-1976. London: Hamish Hamilton, 1986.
Harmon, MGEN. E. Combat Commander. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1970.
Harris, C.R.S. Allied Military Administration of Italy. 1943-1945. London: HMSO, 1957.
Hartl, Hans. Das Schicksal des Deutschtums in Rumanien. Wurzburg: Holzner, 1958.
Hartung, Hugo. Schlesien 1944/45. München: Bergstadtverlag, 1956.
Hasson, TEN. Joseph. With the 114th in the ETO. Army-Navy Pub. Co., 1945.
Hawkins, Desmond, (ed.) War Report: D-Day to V-E Day. London: Ariel Books/BBC, 1985.
Heck, Alfons. The Burden of Hitler's Legacy. Frederick, Colo.: Renaissance House, 1988.
Heilbrunn, Otto. Warfare in the Enemy Rear. London: George Allen & Unwin, 1963.
Herworth, Hans von, e Frederick S. Starr. Against Two Evils. NY: Rawson Wade, 1981.
Heuss, Theodore. Aufzeichnungen. 1945-19.47. Tubingen: Rainer Wunderlach, 1966.
Hewitt, Robert. Work Horse of the Western front: The Storv of the 30th Infantry Division. Washington: Infantry Journal Press, 1946.
Heydebreck, Peter von. Wir Wehr-Wölfe: Erinnegungen eines Freikorps-Führers. Leipzig: K.F. Koehler, 1931.
Hillgruber, Andreas. Hitler. Konig Carol und Marschall Antonescu. Wiesbaden: Franz Steiner, 1965.
Hinsely, F.H., et al. British Intelligence in the Second World War. London: HMSO, 1979. Vol. I.
Historical and Pictorial Review of the 28th Infantry Division. Halle: US Army, 1945.
History and Mission of the Counter Intelligence Corps in World War II. Fort Holabird, Md.: CIC School, 1951.
History of the East Lancashire Regiment in the War. 1939-1945. Manchester: H. Rawson, 1953.
History of the Fifteenth United States Army: 21 August 1944 to 11 July 1945. Bad Neuenahr: US 15th Army, 1915.
A History of the 90th Division in World War II. US Army, 90th Div., 1945.
History of the 120th Infantry Regiment. Washington: Infantry Journal Press, 1947.
History of the XVI Corps. Washington: Infantry Journal Press, 1947.
Hobsbawm, E.J. Primitive Rebels. Manchester: Manchester UP, 1959.
Hoegh, Leo, e Howard Doyle. Timberland Tracks: The History of the 104th Infantry Division. 1942-1945. Washington: Infantry
Journal Press,|946.
Hoettl, Wilhelm. The Secret Front. NY: Praeger, 1954.
Hoffmann, George. The Super Sixth: History of the 6th Armoured Division in World War II and its Post-war Association. Louisville,
Ky.: 6th Armoured Div. Assc., 1975.
Hoffman, Joachim. Deutsche und Kalmvken. 1942-1945. Freiburg: Rombach, 1974.
Höhne, Heinz. Canaris. NY: Doubleday, 1979.
e Hermann Zoiling. The General Was a Spy. NY: Coward, McCann and Geohegan, 1972.
Holborn, Hajo. A History of Modern Germany. 1840-1945. NY: Knopf, 1969.
Hoptner, J.B. Yugoslavia in Crises. 1934-1941. NY: Columbia UP, 1962.
Howard, Micheal. War in European History. London: Oxford UP, 1976.
Hoyt, Edwin. Guerilla: Colonel von Lettow-Vorbeck and Germany's East African Empire. NY: MacMillan, 1981.
Huston, James. Biography of a Battalion. Gehring, Neb.: Courier Press, 1950.
Hüttenberger, Peter. Die Gauleiter: Studie zum Wandel des Machtgefuges in the NSDAP. Stuttgart: Deutsches Verlags-Anstalt,
1969.
Infield, Glen. Secrets of the SS. NY: Stein & Day, 1982.
Skorzenv: Hitler's Commando. NY: St. Martin’s Press, 1981.
Irving, David. Hitler’s War. NY: Viking, 1977.
The War Path: Hitler's Germany. 1933-1939. London: Micheal Joseph, 1978.
Jedrzejewicz, Waclaw. Pilsudski: A Life for Poland. NY: Hippocrene, 1982.
Jones, Nigel. Hitler's Heralds: The Storv of the Freikorps. 1918-1923. London: John Murray, 1987.
Jones, R.V. Most Secret War. Sevenoaks, Kent: Coronet, 1979.
de Jong, Louis. The German Fifth Column in the Second World War. London: Routledge & Kegan Paul, 1956.
Jünger, Ernst. Jahre der Okkupation. Stuttgart: Ernst Klett, 1958.
Kahn, David. Hitler's Spies: German Military Intelligence in World War II. NY: MacMillan, 1978.
Kahn, Siegbert. Werewolves German Imperialism - Some Facts. London: ING, 1945.
Kastner, Erich. Notabene 45. Berlin: Cecilie Dresler, 1945.
Kater, Michael. The Nazi Party: A Social Profile of Members and Leaders. 1919-1945. Cambridge, Mass.: Harvard UP, 1983.
Kamp, Cmdt. P.K. The Red Dragon: The Story of the Royal Welsh Fusiliers. 1919-1945. Aldershot: Gale and Polden, 1960.
Kemsley, W. e M.R. Riesco. The Scottish Lion on Patrol. Bristol: White Swan, 1950.
Kern, Erich. Das Andere Lidice. Weis: Verlag Welsermuhl, 1950.
Kern, Fritz. Kingship and Law in the Middle Ages. NY: Harper Torchbook, 1970.
Kerston, Felix. The Kersten Memoirs. 1940-1945. London: Hutchinson, 1956.
Kessel, Eberhard, (ed.) Friedrich Meinecke Werke. Stuttgart: K.F. Koehler, 1979. Vol. 9.
Kesselring, Albert von. The Memoirs of Field-Marshal Kesselring. London: William Kimber, 1953.
Kindermann, Gottfried-Karl. Hitler's Defeat in Austria. 1933-1934. Boulder, Colo.: Westview,
1988.

Página 1 de 144
Koch, Fred. The Volga Germans. University Park, Penn.: Pennsylvania State UP, 1977.
Kolko, Gabriel. The Politics of War: Allied Diplomacy and the World Crises of 1943-1945. London: Weidenfeld & Nicolson, 1969.
Kolko, Joyce, e Gabriel. The Limits of Power: The World and United States Foreign Policy. 1945-1954. NY: Harper & Row, 1972.
Komjathy, Anthony e Rebecca Stockwell. German Minorities and the Third Reich. NY: Holmes & Meier, 1980.
Kopelev, Lev. No Jail for Thought. London: Seeker Warburg, 1977.
Korbanski, Stefen. The Polish Underground State. NY: Columbia UP/East European Monographs, 1978.
Koyen, CAP. Kenneth. The Fourth Armoured Division: From the Beach to Bavaria. Munich: Fourth Armoured Div., 1946.
Krannhals, Hans von. Der Warschauer Aufstand 1944. Frankfurt a.M.: Bernard & Graefe Verlag für Wehrwesen, 1962.
Krausnik, Helmuth, et al. Anatomy of the SS State. London: Collins, 1968.
Kriegsheim, Herbert. Getarnt. Getauscht und Doch
Getrue: Die Geheimnisvollen "Brandenburaer". Berlin: Bernard & Graefe Verlag, 1958.
Kuby, Erich. The Russians and Berlin. 1945. London: Heinemann, 1965.
Kurowski, Franz. Armee Wenck: Die 12. Armee zwischen Elbe und Oder. 1945. Neckargemund: Kurt Vowinckel, 1967.
Kuther, Carsten. Räuber und Gauner in Deutschland. Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1976.
Lang, Jochen von. Bormann: The Man Who Manipulated Hitler. London: Weidenfeld and Nicolson, 1979.
The Secretary - Martin Bormann: The Man Who Manipulated Hitler. NY: Random House, 1979.
Laqueur, Walter. Guerrilla: A Historical and Critical Study. London: Weidenfeld and Nicolson, 1977.
Young Germany: A History of the German Youth Movement. London: Routledge & Kegan Paul, 1962.
Leach, CAP Charles. In Tornado's Wake: A History of the 8th Armoured Division. Chicago: Eighth Armoured Div. Assc., 1956.
Lehndorf, CONDE Hans von. East Prussian Diary. London: Oswald Wolff, 1963.
Leonhard, Wolfgang. Child of the Revolution. London: Collins, 1957.
Die Letzten Hunderte Tage. München: Kurt Desch, 1965.
Leverkeuhn, Paul. German Military Intelligence. London: Weidenfeld and Nicolson, 1954.
Littlejohn, David. The Patriotic Traitors: The History of Collaborationism in German-Occupied Europe. 1940-45. Garden City:
Doubleday, 1972.
Littman, Sol. War Criminal on Trial: The Raucca Case. Toronto: Lester & Orpen Dennys, 1983, 1983.
Loftus, John. The Belarus Secret. NY: Kopf, 1982.
Löns, Hermann. Der Wehrwolf. Stuttgart: Fackelverlag, 1965.
Löwenthal, Fritz. News from Soviet Germany. London: Golancz, 1950.
Lucas, James. Kommando: German Special Forces of World War Two. NY: St. Martin's, 1985.
Last Days of the Reich. London: Stoddart, 1986.
Reich! World War II through German Eves. London: Grafton, 1989.
Lüdde-Neurath, Walter. Regierung Donitz: Die letzten Tacre des Dritten Reiches. Leoni am Starwberger See: Druffel-Verlag, 1980.
Luza, Radomir. Austro-German Relations in the Anschluss Era. Princeton, NJ: Princeton UP, 1975.
McCagg, William Jr. Stalin Embattled. 1943-1948. Detroit: Wayne State UP, 1978.
MacDonald, Charles B. Company Commander. NY: Bantam, 1978.
The Last Offensive. Washington: USGPO, 1973.
McKale, Donald. The Nazi Party Courts. Lawrence, Kans.: UP of Kansas, 1974.
The Swastika Outside Germany. Kent State UP, 1977.
MacKsey, Kenneth. The Partisans of Europe in World War II. London: Hart-Davis/MacGibbon, 1975.
McMath, CAP J.S. The Fifth Battalion, the Wiltshire Regiment in Northwest Europe. June 1944 to May 1945. London: Whitefriars
Press, s/d.
Mader, Julius. Hitlers Spionaaeaenerale sagen aus. Berlin: Verlag der Nation, 1971.
Jagd nach dem Narbengesicht. Berlin: Deutscher Militarverlag, 1962.
Malet, Michael. Nestor Makhno in the Russian Civil War. London: MacMillan, 1982.
Mangulis, Visvaldis. Latvia in the Wars of the 20th Century. Princeton, NJ: Cognition, 1983.
Manning, Clarence. Ukraine Under the Soviets. NY: Bookman, 1953.
Manville, Roger, e Heinrich Fraenkel. Heinrich Himmler. London: Heinemann, 1965.
Martin, TGEN. H.G. The History of the Fifteenth Scottish Division. 1939-1945. Edinburgh: William Blackwood, 1948.
Maschmann, Melita. Account Rendered. London: Abelard-Schumann, 1964.
Mass, Walter. Country Without a Name. NY: Frederick Ungar, 1979.
Meinecke, Friedrich. The Age of German Liberation 1795-1815. Berkeley, Calif.: Univ of California Press, 1977.
Merkyl, Peter. Political Violence Under the Swastika. Princeton, NJ: Princeton UP, 1975.
Mick, Maj. Allan, ed. With the 12nd Infantry through Germany. Washington: Infantry Journal Press, 1947.
Minott, Rodney. The Fortress that Never Was. NY: Holt, Rinehart and Winston, 1964.
Mission Accomplished: Third US Army Occupation of Germany. Third US Army, s/d.
Mobely, F.J. Operations in Persia. 1914-1919. London: HMSO, 1987.
Moczarski, Kazimierz. Conversations with an Executioner. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1981.
Montgomery, John D. Forced to be Free: The Artificial Revolution in Germany and Japan. Chicago: University of Chicago Press,
1957.
Mosely, Leonard. Duel for Kilimanjaro. NY: Ballantine, 1963.
Mueller, Ralph, e Jerry Turk. Report After Action: The Storv of the 103rd Infantry Division. Innsbruck: 103rd Inf. Div., 1945.
Mühlen, Patrik von zur. Zwischen Hakenkreuz und Sowietstern: Der Nationalismus der Sowietischen Orientvölker im Zweiten
Weltkrieg. Düsseldorf: Droste, 1971.
Muller, Kurt Detlev. Das letzte Kapital: Geschichte der Kapitulation Hamburas. Hamburg: Hoffmann und Ca-mpe, 1947.
Mulligan, Timothy Patrick. The Politics of Illusion and Empire: German Occupation Policy in the Soviet Union. 1942-1943. NY:
Praeger, 1988.
Myant, M .R . Socialism and Democracy in Czechoslovakia. 1945-48. Cambridge: Cambridge UP, 1981.
Nekrich, Aleksandre. The Punished Peoples. NY: Norton, 1978.
Nettl , J.P. The Eastern Zone and Soviet Policy in Germany. 1945-50. London: Oxford UP, 1951.
Neubacher, Hermann. Sonderauftrag Südost. 1940-1945. Gottingen: Musterschmidt Verlag, 1956.
Nogee, Joseph, e Robert Donaldson. Soviet Foreign Policy Since World War II. NY: Pergamon, 1981.
Nutt, Hans (com Larry Harris e Brian Taylor). Escape to Honour. Toronto: MacMillan of Canada, 1984.
Nyomorkay, Joseph. Charisma and Factionalism in the Nazi Party. Minneapolis: Univ. of Minneapolis Press, 1967.

Página 1 de 144
Obermann, Emil. Soldaten-Büraer-Militaristen. Stuttgart: J.G. Cotta1sche Buchhandlung, 1958.
Olden, Rudolf. The History of Liberty in Germany. London: Gollancz, 1946.
Olivera, Vera. The Doomed Democracy. Montreal: McGill-Queens UP, 1972.
Olson, William. Analo-Iranian Relations Purina World War I. London: Frank Cass, 1984.
Orde, Roden. The Household Cavalry at War: Second Household Cavalry Regiment. Aldershot: Gale & Polden, 1953.
Orlow, Dietrich. The History of the Nazi Party. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 1973.
Oven, Wilfred von. Final Furioso: Mit Goebbels bis zum Ende. Tubingen: Grabert, 1974.
Padfield, Peter. Donitz. The Last Führer. NY: Harper & Row, 1984.
Paine, Lauren. German Military Intelligence in World War II - The Abwehr. NY: Stein & Day, 1984.
Paret, Peter. Yorck and the Era of Prussian Reform. Princeton, NJ: Princeton UP, 1966.
Parker, Geoffrey. The Thirty Year's War. London: Routeledge & Kegan Paul, 1984.
Parkinson, Roger. Clausewitz. NY: Stein & Day, 1971.
Paterson, Maj. R.A. A Short History: The Tenth Canadian Infantry BDE. 10th Inf. Bde, c. 1945.
Patton, Gen. George. War As I Knew It. NY: Bantam, 1981.
Pauley, Bruce. Hitler and the Forgotten Nazis: A History of Austrian National Socialism. Chapel Hill: Univ. of North Carolina
Press, 1981.
Pearson, Col. Ralph. Enroute to the Redoubt. Chicago: Ralph E. Pearson, 1958.
Peek, Clifford, ed. Five Years - Five Countries - Five Campaigns. Munich: 141st Inf. Div. Assn., 1945.
Peterson, Edward. The American Occupation of Germany: 1971.
The Limits of Hitler's Power. Princeton, NJ: Princeton UP, 1969.
Pospieszalski, Karol Marian. Sorawa 58.000 "Volksdeutschow". Poznan: Instytut Zachodni, 1959.
Prignitz, Christoph. Vaterlandsliebe und Freiheit: Deutscher Patriotismus von 1770 bis 1850. Wiesbaden: Franz Steiner, 1981.
Prüller, Wilhelm. Diary of a German Soldier. London: Faber & Faber, 1963.
Radkey, Oliver. The Unknown Civil War in Soviet Russia: A Study of the Green Movement in the Tambov Region. 1920-1921.
Stanford, Calif.: Hoover Institution Press, 1976.
Rauchensteiner, Manfried. Der Kriea in Osterreich. 1945. Wien: Osterreichischer Bundesverlag, 1984.
Read, Anthony, e David Fischer. The Deadly Embrace: Hitler. Stalin, e the Nazi-Soviet Pact. 1939-1941. London: Michael Joseph,
1988.
Reile, Oscar. Geheime Ostfront: Die Deutsche Abvehr im Osten. 1921-1945. Munchen: Wesermuhl, 1963.
Reiss, Curt. Joseph Goebbels. London: Hollis and Carter, 1949.
Reitlinger, Gerald. The SS: Alibi of a Nation.
London: Arms and Armour, 1981.
Riedel, Hermann. Marbach: Eine Badisches Dorf bei Villincren im Schwarzwald und ein französische Kompanie im Wirbil des
Krieges Ende April 1945. Villingen: Albert Wetzel, 1971.
Ritter, Gerhard. Frederick the Great: A Historical Profile. Berkeley, Calif.: Univ. of California Press, 1968.
The Sword and the Sceptre. Coral Gables, FI.: Univ. of Miami Press, 1969. Vol. I.
Rokossovsky, K. A Soldier's Duty. Moscow: Progress, 1970.
Rose, Arno. Werwolf. 1944-1945: Eine Dokumentation. Stuttgart: Motorbuch, 1980.
Russell, Lord of Liverpool. Return of the Swastika?. London: Robert Hale, 1968.
Sagajllo, Witold. Man in the Middle: A Storv of the Polish Resistance. 1940-45. London: Leo Cooper, 1984.
Salomon, Ernst von. The Outlaws. Millwood, N.Y.: Kraus Reprint, 1983.
Saumantis, Juozos. Fighters for Freedom: Lithuanian Partisans versus the USSR (1944-1947). NY: Maryland Books, 1975.
Sayer, Ian e Douglas Botting. America’s Secret Army. London: Grafton, 1989.
Nazi Gold. London: Grcuiada, 1985.
Schechtman, Joseph. European Population Transfers. 1939-1945. NY: Oxford UP, 1946.
Schellenburg, Walter. Hitler's Secret Service. NY: Pyramid, 1962.
The Schellenburg Memoirs. London: Andre Deutsch, 1960.
Schimitzek, Stanislas. Truth or Conjecture? German Civilian War Losses in the East. Warszawa: Zachodnia Agencja Prasowa,
1966.
Schultz-Naumann, Joachim. Die letzten dreissig Tage: Das Kriegstagebuch des OKW April bis May 1945. München: Universitats
Verlag, 1980.
Schuschnigg, Kurt. The Brutal Takeover. London: Weidenfeld & Nicolson, 1971.
Schwarz, Jordan. The Speculator: Bernard M. Baruch in Washington. Chapel Hill, N.C.: Univ. of North Carolina Press, 1981.
Scribner, Bob e Gerhard Benecke, (eds). The German Peasant War. 1525: New Viewpoints. London: George Allen & Unwin, 1979.
Seton, Albert. Stalin as Warlord. London: Batsford, 1976.
Selz, Barbara. Das grüne Regiment. Freiburg: Otto Kehrer, 1970.
Semmler, Rudolf. Goebbels - The Man Next to Hitler. London: Westinghouse, 1947.
Seton-Watson, Hugh. The East European Revolution. NY: Praeger, 1956.
The Seventh United States Army in France and Germany. 1944-1945: Report of Operations. Heidelburg: US Seventh Army, 1946.
Vol. 3.
Shainberg, Maurice. Breaking from the KGB. NY: Berkeley Books, 1988.
Shanahan, William O. Prussian Military Reforms. 1786-1813. NY: Columbia UP, 1945.
Sharp, Tony. The Wartime Alliance and the Zonal Division of Germany. Oxford: Clarendon, 1975.
Shandruk, Pavlo. Arms of Valor. NY: Robert Speller & Sons, 1959.
Shirer, William. The Rise and Fall of the Third Reich. NY: Simon & Schuster, 1960.
Shtemenko, S .M . The Soviet General Staff at War. 1941-1945. Moscow: Progress, 1970.
Simon, Walter. The Failure of the Prussian Reform Movement. NY: Howard Fertig, 1971.
Skorzeny, Otto. La Guerre Inconnue. Paris: Albin Michael, 1975.
Skorzenv’s Special Missions. London: Robert Hale, 1957.
Smirnov, D.M. Zaoiski Chekista. Minsk: Belarus, 1972.
Smith, Bradley. Heinrich Himmler: A Nazi in the Making. 1900-1926. Stanford, Calif.: Hoover Institute Press, 1971.
The Road to Nuremberg. London: Andre Deutsch, 1981.
e Elena Agarossi. Operation Sunrise: The Secret Surrender. NY: Basic Books, 1979.
Smith, Walter Bedell. Eisenhower's Six Great Decisions. NY: Longman's, Green and Co., 1956.

Página 1 de 144
Spaeter, Helmuth. Die Brandenburger: eine deutsche Kommandotruppe zbV 800. München: Walter Angerer, 1978.
(ed.) Die Geschichte des Panzerkorps Grossdeutschland. Duisberg-Ruhrort: Selbstverlag Hilfswerk, 1958.
Speer, Albert. Inside the Third Reich. London: Weidenfeld and Nicolson, 1970.
Spencer, CAP R. History of the Fifteenth Canadian Field Regiment. Amsterdam: Elsivier, 1945.
Spender, Stephen. European Witness. NY: Reynal & Hitchcock, 1946.
SS Werwolf Combat Instruction Manual. Boulder, Colo.: Paladin, 1982.
Stacy, C.P. The Victory Campaign: Operations in Northwest Europe. 1941-45. Ottawa: Ministry of National Defence, 1960.
Starhemberg, Prince Ernst Rudiger. Between Hitler and Mussolini. London: Hod^er & Stoughton, 1942.
Steinart, Marlis. Capitulation 1945: The Storv of the Donitz Regime. London: Constable, 1969.
Steenberg, Sven. Vlasov. NY: Knopf, 1970.
Strong, Sir Kenneth. Intelligence at the Top . London: Cassell, 1968.
Stubbs, William. Germany in the Later Middle Ages. 1200-1500. NY: Howard Fertig, 1969.
Styrkul, V. The SS Werewolves. Lviv: Kamenyar, 1982.
Sykes, Percy. A History of Persia. London: MacMillan, 1951.
Sywottek, Arnold. Deutsche Volksdemokratie: Studien zur Politische Konzeption der KPD 1935-1945. Düsseldorf: Bertelsmann,
1971.
Tauber, Kurt. The Eagle and the Swastika. Middletown, Conn.: Wesleyan UP, 1967.
Tent, James. Mission on the Rhine: Reeducation and Denazification in American Occupied Germany. Chicago: Univ. of Chicago
Press, 1982.
Thayer, Charles. Guerrilla. London: Michael Joseph, 1964.
Thorwald, Jurgen. Defeat in the East. NY: Ballantine, 1967.
The Illusion: Soviet Soldiers in Hitler's Armies. NY: Harcourt Brace and Jovanovich, 1974.
Timm, Willy. Freikorps "Sauerland.11 1944-1945. Hagen: Stadtarchiv Hagen, 1976.
le Tissier, Tony. The Battle of Berlin. 1945. London: Jonathan Cape, 1988.
Toland, John. The Last 100 Days. NY: Bantam, 1967.
Tomasevich, Jozo. The Chetniks: War and Revolution in Yugoslavia. 1941-1945. Stanford, Calif.: Stanford UP, 1975.
Trees, Wolfgang e Charles Whiting. Unternehmen Karnival: Der Werwolf-Mord an Aachens Oberburqermeister Qppenhoff.
Aachen: Triangel, 1982.
Trevor-Roper, Hugh. The Last Days of Hitler. London: MacMillan, 1950.
The Last Days of Hitler. London: Papermac, 1987.
Turner, John, and Robert Jackson. Destination Berchtesqaden: The Storv of the United States Seventh Army in World War Two.
London: Ian Allen, 1975.
XX Corps: Assault Crossing of the Rhine and into Germany. US Army, 1945.
Ulam, Adam. Stalin: The Man and his Era. NY: Viking, 1973.
Vakar, Nicolas. Belorussia: The Making of a Nation. Cambridge, Mass.: Harvard UP, 1956.
Vitukhin, Igor (ed.) Soviet Generals Recall World War Two. NY: Sphinx, 1981.
Wachenhausen, Hans. Vom Ersten bis zum Letzten Schuss: Krieqserinnerunqen. 1870/71. London: MacMillan, 1898.
Waite, Robert. Vanguard of Nazism: The Free Corps Movement in Postwar Germany. 1918-1923. Cambridge, Mass.: Harvard UP,
1952.
Wake, MAJ. Gen. Sir Herewood e MAJ. E.F. Deedes (eds.) Swift and Bold: The Storv of the Kings Royal Rifle Corps in the Second
World War. Aldershot: Gale and Polden, 1949.
Wallace, COR. Benton G. Patton and His Third Army. Harrisburg, Pa: Military Service Pub. Co., 1946.
Warburg, James. Germany - Bridge or Battleground. London: William Heinemann, 1947.
Watson, Peter. War on the Mind. London: Hutchinson, 1978.
Watt, Richard. Bitter Glory: Poland and its Fate. 1918-1939. NY: Simon & Schuster, 1977.
Wedgewood, C.V. The Thirty Years War. New Haven: Yale UP, 1939.
Weigley, R.F. History of the United States Army. NY: MacMillan, 1967.
Werth, Alexander. Russia: The Postwar Years. NY: Taplinger, 1971.
Wheeler-Bennett, John W. The Nemesis of Power. NY: St. Martin's, 1954.
White, Nathan. From Fedala to Berchtesgaden: A History of the Seventh United States Infantry in World War II. Brockten, Mass.:
7th US Inf. Regt., 1947.
Whiting, Charles. The Battle of the Ruhr Pocket. NY: Ballantine, 1970.
Hitler's Werewolves: The Story of the Nazi Resistance Movement. 1944-45. NY: Stein and Day, 1972.
Wieczynsi, Joseph, (ed.) The Modern Encyclopedia of Russian and Soviet History. Gulf Breeze, FI.: Academic International Press,
1986. Vol. 42.
Wiessenthal, Simon. The Murderers Among Us. London: Heinemann, 1967.
Wigand, Paul. Das Femgericht Westfalens. Aalen: Scientia, 1968.
Willis, Roy. The French in Germany. 1945-49. Stanford, Calif.: Stanford UP, 1962.
Winqfoot: The Rhineland and Central European Campaigns. Weinheim: US 101st Cavalry Gp., 1945.
Wiskemann, Elizabeth. Germany's Eastern Neighbours. London: Oxford UP, 1956.
Wolf, Dieter. Die Doriot Bewegung. Stuttgart: Deutsche Verlags-Anstalt, 1967.
Zhukov, MAR Grigori. The Memoirs of Marshal Zhukov. NY: Delacorte, 1971.
Ziemke, Earl. The U.S. Army in the Occupation of Germany. 1944-1946. Washington: USGPO, 1975.
Zink, Harold. The United States in Germany. 1944-1955. Princeton, NJ: Van Nostrand, 1957.

Página 1 de 144

Você também pode gostar