Você está na página 1de 94

MANUAL DO FUTURO DELTA

Estratégia Carreira Jurídica

CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Delegado de Polícia é o chefe da polícia civil, responsável por coordenar e comandar as
atividades da polícia judiciária e da investigação criminal. Em face disso, trata-se de carreira
instigante, mas que exige sobremaneira do profissional. Naturalmente, embora haja certo
desequilíbrio entre os estados, excelente remuneração.
Entre as diversas carreiras jurídicas, percebe-se que quem a escolhe, o faz, em grande medida,
por dom, o que é excelente notadamente pela repercussão direta em nossas na comunidade.
Quiçá, a carreira de delegado é a que mais tem impacto social direto.
Na qualidade de autoridade policial e para que possa realizar funções de formalização de atos
procedimentais, apuração de infração penal, ações territoriais especializadas e ações de
inteligência policial, para ingresso na carreira, requer formação em direito e vasto conhecimento
em disciplinais penais e de direito público.
Devido às características acima, o exercício da função requer alto nível de conhecimento,
conduta pregressa absolutamente adequada e, inclusive, compleição física. Justamente por isso,
torna-se um dos concursos mais desafiadores e completos da área jurídica. Com provas
objetivas, escritas, exames psicotécnicos, títulos e, eventualmente, provas orais, o candidato
passará por uma batalha, que é vencida apenas após a academia de polícia.
Nosso intuito aqui é reunir as principais informações de que você precisa para estudar de forma
correta. Sabidamente, o Estratégia Carreira Jurídica oferta conteúdos de altíssima qualidade. É,
entretanto, nossa preocupação, a efetividade desse estudo e a expectativa gerada,
especialmente porque na internet muito se fala técnicas de estudos (algumas mirabolantes),
sobre tempo de preparação, sobre sorte, sobre escassez (e, para alguns, o fim) dos concursos.

Para isso, reunimos neste material:

Dados Estatísticos sobre Concursos de Delegado de Polícia .............................................................. 2

Dados Estatísticos das Provas de Delegado de Polícia ...................................................................... 4

Melhores Técnicas de Estudo..................................................................................................... 21

Diário de Leitura da Legislação................................................................................................... 25

Caderno de Jurisprudência ........................................................................................................ 30

Ciclo de Estudos ...................................................................................................................... 89

São 6 capítulos com muito contéudo, nada de enrolação, nada de marketing barato ;)

Ainda, coloco-me à disposição. Qualquer dúvida, comentário, sugestão ou crítica, me procure


pessoalmente em rst.estrategia@gmail.com ou pelo WhatsApp em 11-91610-1471

Prof. Ricardo Torques


Diretor do Estratégia Carreira Jurídica
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

DADOS ESTATÍSTICOS SOBRE CONCURSOS DE DELEGADO DE


POLÍCIA
Em 2019 houve aplicação das provas da PCES (posteriormente anulado).

Em 2020 houve aplicação das provas da PCSE.

Em 2021, tivemos:

1. PCMG
2. PCMS
3. PCPR
4. PCRN
5. PCPA
6. DPF

Neste ano, até aqui tivemos:

1. PCES
2. PCSP
3. PCAM
4. PCRJ
5. PCPB
6. PCRO
7. PCRR
8. PCBA

Embora não vivamos do passado, 2021 e 2022 marcam forte retomada dos concursos de
Delegado de Polícia. Isso poderia levar à conclusão de que não teremos novas (e boas!)
oportunidades. Contudo, o cenário ainda é positivo.

Em apuração com nosso time de jornalismo, estão com editais publicados: PCGO e PCAL. Mais
importante do que isso, há prognóstico para mais 9 editais de Delta:

Concursos Previstos Vagas Situação

Delegado SP 552 Autorizado - Janeiro2023

Delegado PI A definir Previsto

Delegado RS A definir Anunciado

Delegado DF 50 + 100 CR Regulamento publicado

Delegado AC A definir Previsto

Delegado TO 45 Autorizado/comissão formada/ edital em novembro

Delegado SC 29 Comissão formada

Estratégia Carreira Jurídica 2


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Delegado MT A definir Comissão formada

Delegado PE 47 Autorizado

Mesmo que, com o advento das eleições e com a possível mudança na gestão de governos
estaduais, cremos que muitos desses editais devem ser publicados nos próximos meses. Até
porque, segurança pública continuará a ser pauta forte em governos, independentemente da
legenda que estiver à frente.

Para encerrar, um estudo consiste requer preparação de médio prazo. Em regra, para quem
estiver começando, a aprovação se dá no prazo de 2 a 3 anos. Assim, se você estiver em nível
avançado de preparação, as oportunidades estão aí. Se estiver começando, quando estiver
pronto – pela recorrência dos concursos e a importância da pauta – haverá boas oportunidades
em concurso de Delta.

Estratégia Carreira Jurídica 3


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

DADOS ESTATÍSTICOS DAS PROVAS DE DELEGADO DE


POLÍCIA
O Estratégia Carreira Jurídica possui amplo mapeamento das questões objetivas cobradas em
provas de Delegado de Polícia. Nosso objetivo é entender quais foram os assuntos prediletos
dos examinadores ao longo dos anos, o que viabiliza melhor planejamento de estudos. É natural,
no processo de preparação, a priorização, mormente em períodos de reta final. Não há (e nem
é indicado!) estudar todos os pontos do edital com igual afinco. É fundamental dar atenção às
disciplinas mais relevantes e aos assuntos mais cobrados.

Antes disso, porém, compartilhamos com vocês um gráfico interessante, que distribui a cobrança
a partir das fontes:

Legislação Local
3% Jurisprudência
11%

Doutrina
25%
Lei
61%

Já era esperado que as a maior parte das questões fossem elaboradas a partir da legislação.
Primeiro porque é a principal fontes, segundo porque se tratar de uma fonte “segura” e objetiva
para o examinador. Questões a partir do texto literal raramente são objeto de anulações. Esse
dado, inclusive, reforça a importância de conteúdos que serão expostos neste material, a
exemplo das técnicas de estudo e do diário de leitura da legislação.

Entretanto, o chama atenção neste dado é o volume de questões doutrinárias. ¼ das questões
cobram conceitos doutrinários. É percentualmente índice superior a outras carreiras jurídicas,
como a magistratura e defensorias.

Quanto ao estudo da jurisprudência, de fato, deve ser objetivo. Não se trata de cobrança
marginal. Contudo, nunca devemos priorizar a leitura de informativos de justiça frente a leitura
do Código Penal.

Por fim, em relação à legislação local, a estratégia deve ser estruturada a partir do edital. Há
editais de Delegado de Polícia que cobram várias questões de legislação local, outros não. Dar

Estratégia Carreira Jurídica 4


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

um pouco mais de atenção a Lei Orgânica da Polícia ou Estatuto dos Servidores Públicos
somente se o edital expressamente prever e destinar questões na grade de disciplina.

Feito isso, podemos nos debruçar sobre as disciplinas, aqui o esperado se confirma: Penal,
Processo Penal, Legislação Penal Especial, Constitucional e Administrativos representam
praticamente 70% das questões objetivas (68,97% para ser exato!).

Direito Processual Penal 14,43%


Legislação Penal Especial 14,32%
Direito Penal 13,82%
Direito Constitucional 13,27%
Direito Administrativo 13,13%
Criminologia 4,74%
Direito Civil 4,67%
Medicina Legal 4,54%
Direitos Humanos 3,06%
Direito Tributário 2,75%
Direito Institucional 2,32%
Direito Ambiental 2,27%
Direito Empresarial 1,77%
Direito Processual Civil 1,60%
Direito Eleitoral 1,27%
Legislação Civil Especial 0,45%
Direito Previdenciário 0,30%
Direito Financeiro 0,24%
Filosofia e sociologia jurídica 0,18%
Direito da Criança e do Adolescente 0,11%
Direito do Consumidor 0,10%
Direito Notarial e Registral 0,05%

Se você estiver começando, já sabe por onde iniciar. Se você deseja revisar, sabe que disciplinas
priorizar. É evidente que o edital deve ser o parâmetro máximo, mas raramente as cinco
disciplinas acima mencionadas não serão objeto de cobrança em provas.

Diferentemente de outras carreiras, a preparação para delta é absolutamente focada nas


disciplinas centrais. As demais matérias representam pouquíssimas questões, no máximo 4 ou 5.
Logo, o estudo deve necessariamente estar voltado para os assuntos mais importantes, ainda
mais se o edital estiver publicado. Num estudo de médio prazo você pode esgotar o edital todo
e, a partir daí, dispor do esforço de revisões e aprofundamento para direcionar tempo de estudo
a mais para as disciplinas mais cobradas.

Estratégia Carreira Jurídica 5


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Como se sabe, a leitura do conteúdo por uma única vez não irá garantir satisfatório aprendizado.
A repetição é técnica absolutamente necessária e natural. Como você não conseguirá repetir o
estudo de todo o edital por diversas vezes, o faça em relação às disciplinas que são as mais
cobradas.

Aprofundando um pouco mais, trazemos a vocês o detalhamento de assuntos mais cobrador por
matéria. Esse dado é fundamental por duas razões.

1ª – Nas disciplinas importantes, você deve aprofundar os estudos especialmente nos


assuntos mais cobrados;

2ª – Nas disciplinas menos cobradas, eventualmente você estudará apenas os assuntos


mais cobrados.

Dito isso, sintetizamos os dados das disciplinas mais relevantes para as menos importantes.

Antes, vale a pena organizar o estudo das disciplinas em três tranches: disciplinas importantes,
disciplinas intermediárias e disciplinas periféricas:

Disciplinas Importantes: Disciplinas Intermediárias Disciplinas Periféricas

• Direito Processual Penal • Criminologia • Direito Institucional


• Legislação Penal • Direito Civil • Direito Empresarial
Especial • Medicina Legal • Direito Processual Civil
• Direito Penal • Direitos Humanos • Direito Eleitoral
• Direito Constitucional • Direitos Tributário • Legislação Civil Especial
• Direito Administrativo • Direito Previdenciário
• Direito Financeiro
• Filosofia e Sociologia
Jurídica
• Direito da Criança e do
Adolescente
• Direito do Consumidor
• Direito Notarial e
Registral

DISCIPLINAS IMPORTANTES

Direito Processual Penal

Direito Processual Penal é disciplina central, cuja preparação é específica, divergindo do que
você encontrará para outras carreiras jurídicas, como magistratura e defensorias. Em termos de

Estratégia Carreira Jurídica 6


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

assuntos, embora você deva estudar absolutamente tudo para a prova de Delta, sugerimos
priorizar cinco deles:

1. Prova;
2. Investigações Preliminares;
3. Prisão e Medidas Cautelares;
4. Jurisdição, Competência e Sujeitos Processuais;
5. Ação Penal.

Esses cinco temas reúnem 80% das questões (79,83%), para ser mais exato.

Da prova em geral e em espécie 22,85%

Investigações preliminares. 19,78%

Prisão e medidas cautelares 16,23%

Jurisdição, competência e sujeitos processuais 11,43%

Ação penal. 9,54%

Noções introdutórias do processo penal 5,44%

Recursos e ações autônomas de impugnação 4,26%

Procedimentos, incidentes processuais 3,47%

Sentença e nulidades 3,07%

Citações e intimações 2,13%

Lei processual no tempo e no espaço. 1,81%

Legislação Penal Especial

Talvez um dos maiores volumes de conteúdos concentrados em uma só matéria. São diversas as
leis passíveis de cobrança e com exigência absolutamente capilarizada. Impossível fazer
escolhas. Dada a importância tudo é importante, à exceção, talvez, das questões cujo índice
proporcional de cobrança fique abaixo de 2%.

Estratégia Carreira Jurídica 7


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Lei nº 11.343/2006 (Crimes relacionados a drogas) 11,73%


Lei nº 9.605/1998 (Lei dos Crimes Ambientais) 9,71%
Lei nº 12.850/2013 (Lei de Combate às Organizações… 8,41%
Lei nº 9.099/1995 e Lei nº 10.259/2001 (Leis dos… 6,72%
Lei nº 11.340/2006 (Crime de descumprimento de… 5,74%
Lei nº 10.826/2003 (Lei de Armas). 4,37%
Lei nº 9.503/1997 (Crimes do Código de Trânsito… 4,21%
Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) 4,21%
Lei nº 8.069/1990 (Crimes contra crianças e adolescentes) 4,21%
Lei nº 8.072/1990 (Crimes hediondos e equiparados) 4,13%
Lei nº 12.830/2013 (Investigação conduzida por Delegado) 4,05%
Lei nº 8.137/1990 e nº 8.176/1991 (Crimes contra a… 3,96%
Lei nº 13.869/2019 (Crimes de abuso de autoridade) 3,56%
Lei nº 9.613/1998 (Lavagem de capitais, bens e valores). 3,24%
Lei nº 7.960/1989 (Prisão Temporária) 2,51%
Lei nº 9.296/96 (Crimes da Lei de Interceptação das… 2,51%
Lei nº 8.078/1990 (Crimes contra as relações de consumo) 2,35%
Lei nº 4.737/1965 (Crimes eleitorais) 2,02%
Lei nº 11.101/2005 (Crimes falimentares) 1,94%
Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Contravenções penais). 1,70%
Lei nº 7.716/89 (Crimes de racismo) 1,62%
Lei nº 9.455/1997 (Lei dos Crimes de Tortura). 1,62%
Crimes previstos na Lei nº 8.666/1993 (Crimes de… 1,05%
Lei nº 9.807/1999 (Proteção a testemunhas, vítimas e… 0,73%
Lei nº 10.741/2003 (Crimes do Estatuto do Idoso). 0,73%
Lei nº 9.609/1998 (Lei de Proteção intelectual ao… 0,57%
Lei nº 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa… 0,49%
Lei nº 10.671/2003 (Crimes do Estatuto do Torcedor). 0,49%
Lei nº 1.521/51 (Crimes contra a economia popular) 0,49%
Lei nº 13.260/2016 (Crimes de terrorismo) 0,40%
Dec-lei 201/67 (Crimes de responsabilidade de prefeitos… 0,24%
Lei nº 10.446/2002 (Atribuição da Polícia Federal) 0,16%
Lei nº 6.001/73 (Crimes descritos no Estatuto do Índio) 0,16%
Lei nº 7.492/86 (Crimes contra o sistema financeiro) 0,00%
Lei nº 2.889/56 (Crimes de genocídio) 0,00%

Direito Penal

Quiçá a matéria mais desafiadora para provas de Delegado de Polícia. Além da relevância nas
provas, tem cobrança doutrinária forte. “Apenas” 53% das questões cobram legislação, 12% é
jurisprudência e 35% é doutrina. Logo, o estudo deve ser feito com premissas doutrinárias claras.

Em relação aos assuntos mais cobrados, é importante dominar a maior parte dos assuntos, mas
um deles se destaca com 32%, a Teoria do Crime.

Estratégia Carreira Jurídica 8


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Teoria do Crime 32,70%


Crimes contra a pessoa 13,49%
Teoria da Pena 10,60%
Crimes contra o patrimônio 9,77%
Crimes contra a administração pública 7,70%
Lei penal 7,70%
Crimes contra o sentimento religioso, respeito aos mortos… 6,21%
Princípios Penais 3,64%
Conceito e evolução histórica do Direito Penal 2,98%
Crimes contra a fé pública 2,73%
Crimes contra a incolumidade pública e a paz pública 0,83%
Crimes contra a família 0,83%
Crimes contra a propriedade imaterial e organização do… 0,83%

Direito Constitucional

Teoria da Constituição representa 17% das questões. Os cinco assuntos mais cobrados (Teoria
da Constituição, Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Controle de Constitucionalidade,
Intervenção Federal e Defesa do Estado e Poder Legislativa) abrangem 60% das provas.

Teoria da Constituição (doutrina) 17,38%

Direitos e deveres individuais e coletivos e Remédios… 12,34%

Controle de constitucionalidade 10,86%

Intervenção federal e estadual e Defesa do Estado e das… 10,51%

Poder Legislativo 8,25%

Organização político-administrativa do Estado 7,04%

Princípios fundamentais e Teoria dos direitos e garantias… 5,39%

Poder Judiciário 5,04%

Direitos políticos e Partidos políticos 4,95%

Processo Legislativo 4,34%

Poder Executivo 3,74%

Funções essenciais à Justiça 2,87%

Direitos sociais e Direitos de nacionalidade 2,78%

Ordem social 2,35%

Ordem econômica e financeira 1,82%

Tributação e orçamento 0,35%

Estratégia Carreira Jurídica 9


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Direito Administrativo

Matéria de fundamental importância para prova de Delegado de Polícia, cuja cobrança é


bastante diluída, à exceção de Agentes Públicos e Processo Administrativo, que representam ¼
das questões em provas de Delegado de Polícia nos últimos 6 anos.

Agentes Públicos e Processo Administrativo Disciplinar 23,40%


Atos administrativos e Processo Administrativo 12,65%
Controle da Administração Pública e Improbidade 11,27%
Licitações e Contratos Administrativos 11,09%
Organização da Administração Pública 8,93%
Deveres e Poderes da Administração 7,97%
Regime jurídico administrativo / Introdução / Princípios 6,93%
Responsabilidade Civil do Estado 6,07%
Intervenção do Estado na Propriedade 5,55%
Serviços públicos 5,20%
Bens Públicos 0,87%

DISCIPLINAS INTERMEDIÁRIAS

Criminologia

Tal como Medicina Legal, é disciplina específica e característica de provas de Delegado de


Polícia. 40% das questões envolvem assuntos gerais de criminologia, que deve ser o seu foco
para fins de aprofundamento.

Criminologia geral 39,57%

Prevenção criminal 11,99%

Vitimologia 10,79%

Sociologia criminal 10,79%

Métodos, técnicas e testes criminológicos 10,79%

Temas especiais de criminologia 8,87%

Classificação dos criminosos 7,19%

Estratégia Carreira Jurídica 10


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Direito Civil

37% das questões cobram pessoas e bens! Ainda, caso possível vale a pena inserir no
planejamento o estudo de Posse e Propriedade em Geral e Negócio Jurídico.

Pessoas e bens 36,65%


Posse e propriedade em geral 12,62%
Negócio jurídico 12,62%
Introdução ao Direito 9,47%
Responsabilidade civil 8,98%
Prescrição, decadência e provas 8,01%
Sucessão testamentária e inventarial 3,16%
Sucessão geral e legal 1,46%
Direitos reais de garantia e laje 1,46%
Direitos reais sobre coisa alheia 1,46%
Direito pessoal de família 1,21%
Adimplemento, extinção e inadimplemento das obrigações 1,21%
Direito patrimonial de família 0,73%
Modalidades e transmissão das obrigações 0,73%
Espécies de contratos e atos unilaterais 0,24%
Direito assistencial 0,00%
Limites à propriedade 0,00%
Teoria geral dos contratos 0,00%

Medicina Legal

Disciplina estratégica e específica. Há dois assuntos (Traumatologia Médico Legal e Tanatologia


Médico Legal) são mais de 40% das questões. Não obstante, há outros três assuntos com 30%
das questões: Asfixiologia Médico Legal, Antropologia Forense e Sexologia Médico Legal.

Traumatologia médico legal 23,31%

Tanatologia médico legal 18,05%

Asfixiologia médico legal 11,53%

Antropologia forense 11,03%

Sexologia médico legal 10,03%

Perícia e perito 10,03%

Toxicologia médico legal 7,52%

Psicologia e Psicopatologia médico legais 6,02%

Medicina legal 2,26%

Estratégia Carreira Jurídica 11


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Direitos Humanos

Três assuntos dominam as questões objetivas de Direitos Humanos em provas de Delegado de


Polícia: DUDH, Convenções do Sistema Interamericano e Teoria Geral dos Direitos Humanos.
Esses assuntos representam mais de 55% das questões e deve ser o foco de quem se prepara
para a Carreira de Delegado de Polícia.

Declaração Universal de Direitos Humanos e Pactos… 20,07%


Convenções Específicas do Sistema Interamericano 19,70%
Teoria Geral de Direitos Humanos 18,59%
Convenções Penais Específicas 9,29%
Proteção Internacional dos Direitos Humanos 8,92%
Convenções Específicas sobre Genocídio e Refugiados 7,81%
Convenções Específicas sobre Gênero, Sexo, Igualdade,… 5,58%
Convenções Específicas do Sistema Global de Direitos… 4,09%
Convenções Específicas sobre Crianças, Adolescentes,… 2,60%
Organização das Nações Unidas 2,60%
Grupos Vulneráveis 1,49%
Acesso à justiça e Lei Orgânica de Assistência Social 0,00%
Política Nacional de Direitos Humanos 0,00%
Direitos Humanos e Constituição Federal 0,00%
Sistema europeu e interamericano de direitos humanos 0,00%
Características e dimensões dos Direitos Humanos 0,00%

Direitos Tributário

Em Direito Tributário há três temas que dominam as provas de Delta: Crédito Tributário,
Obrigação Tributária e Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar. Somados representam
cerca de 60% das questões em provas objetivas.

Crédito Tributário (lançamento, suspensão, extinção,… 26,86%


Obrigação tributária 17,77%
Limitações constitucionais ao poder de tributar e… 12,40%
Tributos federais 8,26%
Sistema Tributário Nacional (Noções introdutórias,… 7,44%
Processo judicial tributário 6,61%
Processos administrativo tributário e Administração… 6,61%
Tributos estaduais 6,20%
Tributos municipais 4,13%
Fontes, interpretação e integração da legislação tributária 2,89%

Estratégia Carreira Jurídica 12


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

DISCIPLINAS PERIFÉRICAS

Direito Institucional

Aqui em Direito Institucional, o foco são as normas locais e do próprio órgão. Para as Carreiras
de Delegado de Polícia temos diplomas tradicionais, tais como Estatuto da Polícia, Estatuto dos
Servidores Públicos. Esses conteúdos devem ser estudados, ainda que se trate de disciplina
periférica, dada a especificidade.

Não cabe falar em assuntos mais cobrados, pois para cada órgão, temos assuntos próprios. Aqui,
nos parece o dever de tranquilizá-los, no sentido de que o estudo da legislação é mais do que
suficiente para você acertar questões de prova. Em nossa apuração, 98% da cobrança é
legislativa. Desses 98%, 85% é legislação local, 13% é legislação federal do órgão.

Direito Empresarial

Matéria com cobrança concentrada na legislação, centrada em 4 assuntos, os quais somados


representam mais de 85% das questões em provas de delegado de polícia. De todo modo, dado
tratar-se de matéria pouco relevante, o foco deve ser estudar Direito Societário.

Direito societário 34,62%

Títulos de crédito 19,23%

Direito falimentar 17,31%

Teoria geral 15,38%

Direito de propriedade industrial 6,41%

Sociedade Anônima 3,85%

Contratos empresariais (mercantis e bancários) 3,21%

Direito concorrencial 0,00%

Direito Processual Civil

Disciplina periférica, mas com cobrança absolutamente concentrada em 4 temas. Mesmo assim,
apenas dois assuntos (Competência e Processo Coletivo) representam mais de 50% das
questões!

Estratégia Carreira Jurídica 13


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Competência 27,66%
Processo coletivo 26,24%
Tutela provisória 16,31%
Jurisdição, ação e processo 10,64%
Procedimento comum 4,26%
Juizados especiais estaduais e federais 3,55%
Atos processuais 3,55%
Sujeitos do processo e formas de intervenção 3,55%
Normas fundamentais e aplicação das normas processuais… 3,55%
Cumprimento de sentença e execução 0,71%
Processos nos tribunais e meios de impugnação 0,00%
Procedimentos especiais e legislação extravagante 0,00%

Direito Eleitoral

Direito Eleitoral é absolutamente periférico em concursos de Delta, à exceção de alguns editais


que trazem a matéria (ex. PCSE e PCGO). Contudo, o direcionamento do examinado é claro, pois
Direitos Políticos e Partidos Políticos representam 44% das questões. Em segundo lugar, temos
ações eleitorais com 16%.

Direitos Políticos e Partidos Políticos 44,64%

Ações Eleitorais 16,07%

Sistemas Eleitorais 13,39%

Introdução ao Direito Eleitoral 13,39%

Justiça Eleitoral e Alistamento 8,93%

Propaganda Eleitoral e Votação 2,68%

Reforma Eleitoral 0,00%

Legislação Civil Especial

A Legislação Civil Especial é ampla e contempla as mais diversas normas, inclusive, protetivas
não penais. Embora tenhamos poucas questões, são 6 anos normativos já cobrados em provas:

1º - Estatuto da Igualdade Racial (com 27,5% das questões);

2º - Lei 8.629/1993 – Reforma Agrária (com 22,5% das questões);

Estratégia Carreira Jurídica 14


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

3º - Estatuto do Idoso (com 12,5% das questões);

4º - Estatuto da Pessoa com Deficiência (com 12,5% das questões);

5º - Estatuto da Terra (com 12,5% das questões);

6º - Estatuto da Cidade (com 12,5% das questões).

Outras leis, ainda que mencionadas em edital, não devem ser objeto de estudo para provas de
Delegado de Polícia.

Direito Previdenciário

Direito Previdenciário é matéria periférica, cuja cobrança é concentrada em dois assuntos:


Benefícios do Regime Geral de Previdência e Regime de Previdência dos Servidores. Somados,
os assuntos ultrapassam 65%.

Direito Financeiro

Direito Financeiro é disciplina periférica, cujo estudo deve estar localizado em dois temas:
Orçamento Público e Leis Orçamentárias e Controle Financeiro.

Orçamento público e leis orçamentárias


42,86%
Controle Financeiro 23,81%

Sistema Financeiro Nacional e Atividade Financeira do Estado


(Fontes, competência e princípios). Aspectos Constitucionais 19,05%

Crédito e Endividamento públicos 4,76%

Despesa pública (incluindo precatórios) 4,76%

Receita pública 4,76%

Filosofia e Sociologia Jurídica

Disciplina de baixa incidência, com menos de 10 questões nos últimos 6 anos. À exceção de
previsão expressa em edital, não deve ser preocupação do aluno.

Direito da Criança e do Adolescente

Em ECA, o histórico de questões é baixo, cerca de 10 questões. Quanto ao assunto, 5 questões


abordaram Legislação Específica da Infância, outras 5 abordaram temas de Prevenção e Medidas

Estratégia Carreira Jurídica 15


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

de Proteção. Não me parece assunto a ser estudado para Delegado de Polícia, exceto numa
preparação de médio/longo prazos.

Direito do Consumidor

Em Direito do Consumidor, caso seja cobrado em seu concurso de Delegado, o foco deve ser
estudar dois assuntos: Princípios, Política Nacional, Direitos Básicos e Qualidade dos Produtos e
Serviços e Introdução e Âmbito de Aplicação.

Direito Ambiental

Direito Ambiental é disciplina pouco exigida em provas de Delta, com cobrança relativamente
capilarizada, o que dificulta a escolhe de temas para aumentar a probabilidade de acerto de
questões. Diante disso, o ideal é estudar um bom resumo ou focar na resolução de questões.

Código Florestal 20,00%

Aspectos Constitucionais 15,00%

Licenciamento Ambiental 13,00%

Responsabilidade Civil Ambiental 10,00%

Introdução e Princípios 10,00%

Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC 9,00%

Política Nacional do Meio Ambiente 8,00%

Outros Temas (biodiversidade, patrimônio genético,… 7,50%

Tutela Processual do Meio Ambiente 2,50%

Política Nacional de Recursos Hídricos 2,50%

Direito Internacional

Conteúdo específico e praticamente irrelevante para concursos de delegado de polícia. Quiçá,


se o assunto for estudado, deverá estar orientado para compreender os principais tratados
internacionais da área, especialmente a Convenção de Viena que domina 64% das questões
objetivas em provas de delegado.

Direito Notarial e Registral

Em Direito Notarial e Registral há 4 registros de questões, todas em Registro de Imóveis. Não me


parece assunto a ser estudado para Delegado de Polícia, exceto numa preparação de
médio/longo prazos.

Estratégia Carreira Jurídica 16


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

DISCIPLINAS DE CONHECIMENTOS GERAIS


Reunimos essas disciplinas, sem análise meticulosa. São disciplinas que felizmente tem sido
cobradas menos frequentemente, não obstante Língua Portuguesa ainda predomine em provas
de Delegado de Polícia. Aqui, a sugestão é um estudo focado na resolução de questões da banca
examinadora.

Português 60,59%

Informática 14,51%

Geografia 10,38%

História 7,42%

Raciocínio Lógico 4,45%

Administração 2,65%

TOP 58 TEMAS
Toda essa análise de temas permite estabelecer lista dos assuntos mais cobrados em provas de
delegado de polícia entre as diversas matérias já cobradas. Vale a pena tê-la em mãos para
garantir que seja feito estudo consistente desses assuntos, com aprofundamento e revisões
intervaladas.

A partir da análise acima, compilamos quais são os temas mais importantes para se estudar para
Delegado de Polícia. Certamente são os temas que você deve destacar no seu planejamento de
estudos.

Você perceberá que disciplinas mais importantes conterão número maior de temas, mas sempre
considerando números absolutos de cobrança. Vale dizer: se o conteúdo foi fundamento de ao
menos uma alternativa por 50 vezes nos últimos 6 anos, constará da nossa lista. Naturalmente,
disciplinas muito pequenas (as periféricas) não constarão da nossa lista.

Disciplinas Importantes

Direito Processual Penal

1. Provas
2. Investigações Preliminares
3. Prisão e Medidas Cautelares
4. Jurisdição, Competência e Sujeitos do Processo
5. Ação Penal
6. Noções Introdutórias de Direito Penal

Estratégia Carreira Jurídica 17


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

7. Recursos e Ações Autônomas de Impugnação

Legislação Penal Especial

8. Lei 11.343/2006
9. Lei 9.506/1998
10. Lei 12.850/2013
11. Lei 9.099/1995
12. Lei 11.340/2006
13. Lei 10.826/2003
14. Lei 9.503/1997
15. Lei 7.221/1984
16. Lei 8.069/1990
17. Lei 8.072/1990
18. Lei 12.830/2013

Direito Penal

19. Teoria do Crime


20. Crimes contra a Pessoa
21. Teoria da Pena
22. Crimes contra o Patrimônio
23. Crimes contra a Administração Pública
24. Lei Penal
25. Crimes contra o Sentimento Religioso, Respeito aos Mortos e à Dignidade Sexual

Direito Constitucional

26. Teoria da Constituição


27. Direito e Deveres Individuais e Coletivos;
28. Controle de Constitucionalidade;
29. Intervenção Federal e Defesa do Estado;
30. Poder Legislativo;
31. Organização Político-Administrativa do Estado;
32. Princípios Fundamentais e Teoria Geral dos Direitos Fundamentais;
33. Poder Judiciário;
34. Direitos Políticos e Partidos Políticos;
35. Processo Legislativo.

Direito Administrativo

36. Agentes Públicos e Processo Administrativo Disciplinar;


37. Atos Administrativos e Processo Administrativo;
38. Controle da Administração Pública e Improbidade;
39. Licitações e Contratos Administrativos;
40. Organização da Administração Pública;
41. Deveres e Poderes da Administração;
42. Regime Jurídico Administrativo, Introdução e Princípios;

Estratégia Carreira Jurídica 18


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

43. Responsabilidade Civil do Estado;


44. Intervenção do Estado na Propriedade;
45. Serviços Públicos.

Disciplinas Intermediárias

Criminologia

46. Criminologia em Geral


47. Prevenção Criminal

Direito Civil

48. Pessoas e Bens


49. Posse e Propriedade em Geral
50. Negócio Jurídico

Medicina Legal

51. Traumatologia Médico-Legal


52. Tanatologia Médico-Legal

Direitos Humanos

53. Declaração Universal dos Direitos Humanos


54. Convenções Específicas do Sistema Interamericano
55. Teoria Geral dos Direitos Humanos

Direitos Tributário

56. Crédito Tributário

Disciplinas Periféricas

Direito Institucional

Sem indicação de temas.

Direito Empresarial

57. Direito Societário

Direito Processual Civil

Sem indicação de temas.

Direito Eleitoral

58. Direitos Políticos e Partidos Políticos

Estratégia Carreira Jurídica 19


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Legislação Civil Especial

Sem indicação de temas.

Direito Previdenciário

Sem indicação de temas.

Direito Financeiro

Sem indicação de temas.

Filosofia e Sociologia Jurídica

Sem indicação de temas.

Direito da Criança e do Adolescente

Sem indicação de temas.

Direito do Consumidor

Sem indicação de temas.

Direito Notarial e Registral

Sem indicação de temas.

Estratégia Carreira Jurídica 20


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

MELHORES TÉCNICAS DE ESTUDO


As provas estão cada vez mais difíceis: basta comparar questões atuais às de 10 anos atrás. A
concorrência é muito maior, basta comparar número de inscritos em concurso. Nos últimos 15
anos, experimentamos a profissionalização na oferta de ensino para concursos e a ampla
disseminação de informações sobre oportunidades em concursos públicos.

A conclusão natural é a de que temos que estudar cada vez mais. Não que isso seja mentira, mas
entendo que é minha função - como professor - proporcionar uma aprendizagem efetiva. Quanto
mais efetivo for o processo para a assimilação de conteúdos, maior a probabilidade de êxito.

Compreender o processo de aprendizagem é importante para que o aluno procure adotar as


melhores técnicas de estudo e para que nós, professores, façamos uso correto e assertivo dessas
ferramentas na transmissão do conteúdo. Nos últimos 100 anos, experimentamos forte evolução
no campo da neurociência e da psicologia cognitiva. Conceitos como memória de trabalho,
memória de longa duração, carga cognitiva e plasticidade cerebral são úteis para que possamos
adotar melhores estratégias de aprendizagem. Não obstante, ainda há muito a ser estudado e
compreendido acerca de um dos aspectos mais ricos da nossa inteligência, que é a capacidade
de aprender.

A APRENDIZAGEM
A aprendizagem pode ser entendida como o processo de codificação e armazenamento de
conteúdo na memória de longo prazo, de modo que possa ser resgatado e aplicado futuramente
quando desejarmos ou quando necessário. Para a neurociência, a aprendizagem envolve a
capacidade de os neurônios se regularem conforme os estímulos externos, agregando novos
dados às informações já armazenadas na memória. O cérebro se adapta, se molda conforme
armazena novos dados codificados.

De forma simples, a aprendizagem é o processo de transformar o conteúdo absorvido pela


memória de trabalho (também conhecida como de curto prazo) em memória de longo prazo.

Vamos compreender melhor esses conceitos de memória.

Caminho necessário para aprendizagem: da memória de trabalho à de longo prazo

A memória é um complexo sistema que permite registrar, reter e recuperar experiências. Em um


primeiro momento, somos expostos a diversas informações, com as quais podemos interagir e
por um breve período lembrar, contudo, rapidamente esqueceremos. Esse é o conceito de
memória de trabalho, compreendido como a forma que armazenamos o conteúdo recebido para
que seja utilizado de forma imediata e que, em poucos segundos, será descartado. A memória
de trabalho é operada por intermédio de estímulos sensoriais, auditivos ou visuais.

O garçom vai até a mesa, ouve os pedidos. Sem anotá-los, direciona-se até a cozinha e repassa o
pedido no sistema de controle do restaurante. Após - e, portanto, sem precisar interagir mais com

Estratégia Carreira Jurídica 21


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

aquela informação -, o conteúdo é descartado. Após finalizados os pratos, precisará consultar o


sistema para saber a que mesa levar os pratos recém feitos.

Naturalmente, para o manejo da informação na memória de trabalho ela não deve ser longa, sob
pena de não ser armazenável.

Caso na mesma mesa tenhamos muitos pedidos, o garçom poderá chegar à cozinha sem lembrar
de todos. Em situações como essa, intuitivamente, ele recorre a um caderninho.

Há, entretanto, garçons que ouvem dezenas de pedidos e repassam todos eles corretamente à
cozinha. Como isso se dá? É inteligência? Sim, a de manter a memória de trabalho, revisitando a
informação durante a interação. Não é a memória de trabalho que se alonga, mas a interação
com ela é maior. Assim, enquanto se desloca para a cozinha, mentalmente, o garçom repete para
si mesmo os pedidos feitos. Isso pode ocorrer inclusive de forma inconsciente, por estímulos ou
pela relevância que damos à informação.

Contudo, o aprendizado em si se dá a nível da memória de longo prazo.

A memória de longo prazo é consequência da formação de uma rede estruturada de


informações. De acordo com neurocientistas, é necessário modificar a estrutura e as funções das
sinapses dentro do cérebro. A formação de memória se dá pela capacidade de o cérebro se
adaptar, receber marcas da informação codificada. Assim, o nosso cérebro torna-se único: reune
as informações já retidas às novas. Nosso cérebro está em constante construção, conforme o
conhecimento que adquirimos.

Toda semana, a mesma família vai ao mesmo restaurante e, com pouquíssimas variações, pede
os mesmos pratos. O garçom, atencioso ao cliente frequente e pela repetição, lembra-se dos
pedidos feitos nas semanas anteriores a ponto de sugerir à família o “mesmo pedido de sempre”.

Esse processo de formação da memória de longo prazo - que resulta na aprendizagem - é, ainda,
um tanto misterioso. Não temos clareza científica de como ocorre. Fato é que a importância que
damos à informação, gosto, motivações pessoais e a repetição são decisivos para que a
informação seja estruturada numa rede.

Estudos recentes indicam que a formação da memória de longo prazo passa por três etapas:
repetição, elaboração e consolidação. Pela repetição somos expostos a diferentes fontes sobre
o mesmo conteúdo, de modo a fortalecer os conhecimentos e registros já existentes. Por
elaboração entende-se a associação que fazemos com as informações já existentes. É, de certo
modo, a experiência. Assim, quem traz alguma bagagem, tem melhor capacidade de aprender
novos conteúdos e registrá-los permanentemente. Pela consolidação entende-se o processo
biológico de alteração das ligações entre os neurônios com acúmulo de proteínas e outras
substâncias para robustecer as sinapses.

Enfim, a aprendizagem é justamente essa adaptação do cérebro (plasticidade cerebral) pela


codificação da informação nos neurônios e o fortalecimento das sinapses. O aprendizado implica
em alterações químicas, anatômicas e fisiológicas no cérebro.

Estratégia Carreira Jurídica 22


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Tendo isso como premissa, a partir de experimentos e também das percepções da psicologia
cognitiva, foram desenvolvidas estratégias para tornar o processo de aprendizagem mais eficaz.
Justamente neste ponto, há interesse tanto de quem estuda (para melhor estudar) como de
quem ensina (para melhor ensinar).

RECURSOS PARA FORMAÇÃO DA MEMÓRIA DE LONGO PRAZO


O papel dessas técnicas de formação da memória de longo prazo é potencializar a
aprendizagem, de modo que o aluno tenha melhor controle sobre o processamento,
armazenamento e recuperação da informação. São diversos os recursos, alguns menos eficazes,
outros mais. Mais do que isso, para diferentes pessoas, o mesmo recurso pode ter eficácia
distinta.

Fato é que a informação precisará ser classificada, organizada, conectada e armazenada


juntamente com as informações já existentes. Além disso, quanto mais diversificada for a
experiência, melhor será assimilada e consolidada.

Entre todas as técnicas, destacam-se:

1) Repetição. A depender de como é feita, pode ser pouco efetiva e demorada. De toda forma
proporciona trabalhar a mesma informação por diferentes perspectivas. Ao estudar, a revisão é
a técnica de repetição por excelência.

2) Evocação expandida. Constitui técnica de repetição da informação a ser memorizada em


intervalos de tempo que aumentam gradativamente. Em concursos públicos se fala muito em
curva do esquecimento e de retenção e o uso de revisões periódicas como forma de reduzir o
efeito do esquecimento ou de maximização da retenção. Quem não ouviu falar em revisão de
24h, de 7 dias e de 1 mês?!

3) Mnemônicos. A associação de um conjunto de informações, imagens, frase cômica ou frase


rimada é de grande relevância para introjetar informação no longo prazo. Quem não lembra do
SOCIDIVALPLU, CAPACETE DE PM ou do LIMPE?!

4) PQRST. É uma técnica que amplia a quantidade de neurônios utilizados para potencializar o
aprendizado. Em síntese:

Preview - leitura inicial do conteúdo;

Question - perguntas sobre o material lido;

Read - nova leitura do mesmo material;

Estratégia Carreira Jurídica 23


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

State - síntese do material lido;

Test - teste de compreensão e de memorização.

5) Referência. É a técnica que permite acessar o conteúdo aprendido por intermédio de uma
palavra, imagem ou frase de referência. Muitos alunos estudam fazendo grifos. Se bem feitos -
leia-se: de forma objetiva, pontual - ao revisar a leitura de uma palavra destacada ou da primeira
frase grifada, você é capaz de lembrar da informação completa antes de concluir a leitura dos
destaques. A referência vai muito além, e pode ser representada por uma imagem, por uma uma
fotografia mental da página em que se encontra o conteúdo ou até mesmo pela ligação
emocional com aquele conteúdo cobrado na questão do último concurso que você fez e não foi
aprovado por uma questão.

Essas técnicas - no ato de estudar - impactam decisivamente a memória de trabalho, gerando


estímulos suficientes para que o conteúdo transcenda para a memória de longo prazo. Assim,
quanto mais técnicas forem empregadas, maior o estímulo e mais rico será o processo de
aprendizagem.

CONCLUSÃO
É importante conhecer a base do processo de aprendizagem para compreender que um bom
desempenho em uma prova não é trivial. É fruto de muito esforço, da experiência acumulada, do
grau e da capacidade de buscar estímulos quando somos submetidos à carga de conteúdos.

Além disso, ter claras as técnicas farão compreender a importância de nos valermos de todas
elas. É um erro ignorar o processo de revisão, por exemplo. É equivocado não variar entre os
recursos didáticos à disposição. E mais do que isso, é necessário entrar nessa empreitada ciente
de que, além de todo o esforço que será necessário, é preciso resiliência.

Estratégia Carreira Jurídica 24


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

DIÁRIO DE LEITURA DA LEGISLAÇÃO


A leitura da legislação é imprescindível para qualquer prova de concurso, mesmo os jurídicos e,
principalmente, para delegado de polícia. 60% das questões são criadas a partir do texto legal.
A principal dificuldade, quando estamos tratando da leitura da legislação, é o volume. Você tem,
verdadeiramente, em concursos jurídico, que ler (e memorizar!) um vade-mécum. Some-se a isso
não se tratar de um texto agradável, feito para proporcionar a compreensão, mas técnico,
truncado. Naturalmente, o rendimento é menor e isso deve fazer parte da sua conta. Não adianta
ler 100 páginas por dias, se você fizer uma leitura desatenta, apenas para “cumprir com a meta”.
Há, ainda, vários trechos cuja leitura é desnecessária, assuntos burocráticos/procedimentais cujo
interesse para fins de prova é reduzido. Contudo, você não tem como, previamente, ler para
selecionar o que é útil, estudar para decidir o que deve ser estudado. Aqui entramos em campo!

Com base do amplo estudo estatístico que fizemos e valendo-se do corpo de professores do
Estratégia, montamos o Vade-Mécum Estratégico, cuja premissa é trazer 40% da legislação mais
incidente em provas. O histórico é o principal insumo para que saibamos o que é importante.
Além disso, o professor responsável por fazê-lo decidiu incluir temas ainda que não cobrados,
com o intuito de trazer normas recentes, atualizações, temas em discussão. Ainda, o Vade-
mécum Estratégico contempla excerto da jurisprudência e súmulas. Trata-se, assim, de poderoso
instrumento de estudo da legislação.

A partir das premissas acima e com as características de nosso material legislativo, propomos um
diário de legislação. Todos os dias, 7 dias por semana, você reservará cerca de 1h para leitura
de 20 páginas de legislação. Em 90 dias, você terá lido toda a legislação relevante para a sua
prova. Para tornar o estudo mais aprazível, você poderá consultar a legislação completa, afinal o
processo de aprendizagem é seu, com suas necessidades. Talvez você decida ampliar o escopo
de leitura ou aprofundamento. O que você não pode abrir mão é e da leitura das 20 páginas
naquele dia.

Não imprima! Faça a leitura do arquivo na sua versão digital e use de “adesivo eletrônicos” e de
grifos. Você não irá consultar esse material apenas uma única vez, mas voltará a ele durante o
estudo regular e, também, nas revisões. Assim, pelo menos por três vezes, você terá contato com
a legislação mais relevante.

A seleção das normas segue a premissa básica: cobrança em provas. A listagem que apontamos
abaixo é decorrente do resultado das normas cobradas nos últimos anos. Pode haver, em
determinado concurso específico, alguma norma não listada. Compete e a você adicioná-la.

Vamos à estruturação do diário de leitura. A ideia é que a cada dia você se dedique a uma norma.
Naturalmente, algumas delas consumirão vários dias, em outros dias você lerá mais de uma
norma. Depende da extensão. Além disso organizamos a leitura de modo que você possa passar
por normas absolutamente relevantes (grupo A), normas importantes (grupo B), normas
específicas (grupo C) e normas pontuais (grupo D). Não é para escolher, pois você lerá todas
elas. Os grupos são para que você intercale. Por exemplo, na segunda, você lê normas do grupo
A, na terça você lê normas do grupo B, e assim sucessivamente.

Estratégia Carreira Jurídica 25


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

CONTROLE DA LEITURA DA LEGISLAÇÃO

Grupo A
l à o | Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

l à o | Código Penal

l à o | Código de Processo Penal

Grupo B
l à o | Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984

l à o | Decreto-Lei nº 3.688, de 03 de outubro de 1941

l à o | Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986

l à o | Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989

l à o | Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990

l à o | Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995

l à o | Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996

l à o | Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997

l à o | Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998

l à o | Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999

l à o | Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006

l à o | Lei nº 12.016, de 7 de agosto de 2009

l à o | Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011

l à o | Lei nº 12.850, de 5 de junho de 2013

l à o | Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019

l à o | Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001

l à o | Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990

l à o | Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003

l à o | Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006

l à o | Lei nº 12.830, de 20 de junho de 2013

Estratégia Carreira Jurídica 26


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

l à o | Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016

l à o | Lei nº 1.521, de 26 de dezembro de 1951

l à o | Lei nº 8.176, de 8 de fevereiro de 1991

l à o | Lei nº 10.446, de 8 de maio de 2002

l à o | Lei nº 12.037, de 1º de outubro de 2009

Grupo C
l à o | Código Civil

l à o | Código de Processo Civil

l à o | Código Tributário Nacional

l à o | Código de Trânsito Brasileiro

l à o | Código Eleitoral

l à o | Código de Defesa do Consumidor

l à o | Código Florestal

l à o | Estatuto da Criança e do Adolescente

l à o | Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967

l à o | Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000

l à o | Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990

l à o | Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992

l à o | Lei nº 14.133, de 1º abril de 2021

l à o | Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997

l à o | Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999

l à o | Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999

l à o | Lei nº 9.882, de 3 de dezembro de 1999

l à o | Lei nº 10.671, de 15 de maio de 2003

l à o | Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003

l à o | Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015

l à o | Lei nº 13.300, de 23 de junho de 2016

Estratégia Carreira Jurídica 27


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

l à o | Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006

Grupo D
l à o | Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942

l à o | Decreto nº 200, de 25 de fevereiro de 1967

l à o | Decreto nº 25, de 30 de novembro de 1937

l à o | Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942

l à o | Lei Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 20

l à o | Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005

l à o | Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964

l à o | Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965

l à o | Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976

l à o | Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979

l à o | Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981

l à o | Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985

l à o | Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990

l à o | Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991

l à o | Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991

l à o | Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994

l à o | Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995

l à o | Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996

l à o | Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996

l à o | Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997

l à o | Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998

l à o | Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999

l à o | Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000

l à o | Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004

l à o | Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011

Estratégia Carreira Jurídica 28


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

l à o | Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011

l à o | Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013

l à o | Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964

l à o | Lei nº 5.474, de 18 de julho de 1968

l à o | Lei nº 7.357, de 2 de setembro de 1985

l à o | Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993

l à o | Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997

l à o | Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998

l à o | Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002

l à o | Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005

l à o | Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006

l à o | Lei nº 6.001, de 19 de dezembro de 19

l à o | Lei nº 6.969, de 10 de dezembro de 1981

l à o | Lei nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993

l à o | Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994

l à o | Lei nº 9.609, de 19 de fevereiro de 1998

l à o | Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998

l à o | Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006

l à o | Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016

l à o | Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017

Estratégia Carreira Jurídica 29


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA
Não obstante apenas 11% das questões, na média das diversas disciplinas, estejam fundadas em
jurisprudência, não é conteúdo a ignorado. Cremos que esse estudo deve ser feito diariamente
durante o estudo de cada uma das matérias que compreendem o seu ciclo de estudo. Contudo,
como um incentivo para você que se prepara com foco em provas de Delegado, trouxemos aqui
um meticuloso trabalho do Prof. Jean Vilbert de análise dos principais precedentes do STJ e do
STF, a partir dos informativos publicados nos últimos 3 anos, totalmente voltado para provas de
Delegado de Polícia.

REVISÃO
CONSTITUCIONAL
ASSUNTO/PONTO DESTAQUE
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita quando amparada em fundadas razões,
devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante
INVIOLABILIDADE DO delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de
DOMICÍLIO nulidade dos atos praticados. STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
4 e 5/11/2015 (repercussão geral) (Info 806)

É inconstitucional a lei que determina que, na votação eletrônica, o registro de cada voto deverá ser
impresso e depositado, de forma automática e sem contato manual do eleitor, em local previamente
lacrado (art. 59-A da Lei 9.504/97, incluído pela Lei 13.165/2015). Essa previsão acaba permitindo a
identificação de quem votou (quebra do sigilo), e, consequentemente, a diminuição da liberdade do
voto, violando o art. 14 e o § 4º do art. 60 da Constituição Federal. Cabe ao legislador fazer a opção
VOTO SIGILOSO E
pelo voto impresso, eletrônico ou híbrido, visto que a CF/88 nada dispõe a esse respeito, observadas,
MODELO HÍBRIDO
entretanto, as características do voto nela previstas. Acontece que o modelo híbrido trazido pelo art.
PROTEÇÃO

59-A constitui efetivo retrocesso aos avanços democráticos conquistados pelo Brasil para garantir
eleições realmente livres, em que as pessoas possam escolher os candidatos que preferirem. STF.
Plenário. ADI 5889/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 6/6/2018 (Info 905).
A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, caput, da CF/88 (autorização parlamentar para a
instauração de processo) não se estende para os codenunciados que não se encontrem investidos nos
AUTORIZAÇÃO cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da República e Ministro de Estado. A finalidade
PARLAMENTAR PARA A dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos, razão pela qual não é extensível a
INSTAURAÇÃO DE codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções. STF. Plenário. Inq 4483 AgR-
PROCESSO segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017
(Info 888).

Conforme o art. 86, § 4º, da CF/88: “O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode
IMUNIDADE CONTRA ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções”. Por se tratar de um dispositivo
ATOS ESTRANHOS À de natureza restritiva, não é possível qualquer interpretação que amplie a sua incidência a outras
FUNÇÃO autoridades, como o o Presidente da Câmara dos Deputados. STF. Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816).

O STF pode impor a Deputado Federal ou Senador qualquer das medidas cautelares previstas no art.
319 do CPP. No entanto, se a medida imposta impedir, direta ou indiretamente, que esse Deputado ou
Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a Câmara ou o Senado poderá rejeitar (“derrubar”) a
MEDIDAS CAUTELARES medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário. Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do
DIVERSAS DA PRISÃO art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas da prisão. STF. Plenário. ADI 5526/DF,
CONTRA PARLAMENTAR rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/10/2017 (Info
881)

Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba denúncia
ou queixa e instaure ação penal contra Governador de Estado, por crime comum. Em outras palavras,
AUTORIZAÇÃO não há necessidade de prévia autorização da ALE para que o Governador do Estado seja processado
IMUNIDADES

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA por crime comum. Se a Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja
PARA PROCESSAR O processado criminalmente, essa previsão é considerada inconstitucional. STF. Plenário. ADI
GOVERNADOR 5540/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC,
ADI 4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados
em 4/5/2017 (Info 863).

Estratégia Carreira Jurídica 30


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Não é nula a condenação criminal lastreada em prova produzida no âmbito da Receita Federal do Brasil
ACESSO PELO FISCO À por meio da obtenção de informações de instituições financeiras sem prévia autorização judicial de
MOVIMENTAÇÃO quebra do sigilo bancário. São constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso
FINANCEIRA DO direto da Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes. STF. 2ª Turma. RHC
CONTRIBUINTE 121429/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822).

As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações sobre as
movimentações bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se prevista no art. 6º da LC
105/2001, que foi considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta previsão não se caracteriza
REQUISIÇÃO DE
como “quebra” de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência de sigilo” dos bancos ao Fisco. O
INFORMAÇÕES
art. 5º da LC 105/2001, que permite obriga as instituições financeiras a informarem periodicamente à
BANCÁRIAS PELO FISCO
Receita Federal as operações financeiras realizadas acima de determinado valor, também é
SIGILOS

considerado constitucional. STF. Plenário. ADI 2390/DF, ADI 2386/DF, ADI 2397/DF e ADI
2859/DF, Min. Dias Toffoli, j. 24/2/2016 (Info 815). STF. Plenário. RE 601314/SP, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 24/2/2016 (repercussão geral) (Info 815).
O ensino religioso nas escolas públicas brasileiras pode ter natureza confessional. STF. Plenário. ADI
ENSINO RELIGIOSO 4439/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
27/9/2017 (Info 879).
O Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer vaga em creche a criança de até 5 anos de
idade. A educação infantil, em creche e pré-escola, representa prerrogativa constitucional indisponível,
VAGA EM CRECHE – sendo dever do Estado (art. 208, IV, da CF/88). Os Municípios, que têm o dever de atuar
OBRIGAÇÃO DO prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil (art. 211, § 2º, da CF/88), não podem se
MUNICÍPIO recusar a cumprir este mandato constitucional, juridicamente vinculante, que lhes foi conferido pela
Constituição Federal. STF. Decisão monocrática. RE 956475, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
12/05/2016 (Info 826).
Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores ao prazo da licença-gestante, o mesmo
valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos
LICENÇA MATERNIDADE diversos em função da idade da criança adotada. É inconstitucional o art. 210 da Lei nº 8.112/90, assim
DIREITOS

NO CASO DE ADOÇÃO como outras leis estaduais e municipais que prevejam prazo menor de licença maternidade para o caso
de adoção. STF. Plenário. RE 778889/PE, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 10/3/2016
(repercussão geral) (Info 817).
É lícito ao Poder Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção
de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar
OBRIGAÇÃO DE FAZER – efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua
REALIZAR OBRA EM integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5º, XLIX, da CF, não sendo oponível à
PRESÍDIO decisão o argumento da reserva do possível nem o princípio da separação dos poderes. STF. Plenário.
RE 592581/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 13/8/2015 (Info 794).

O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando verifica-se a existência de um quadro de violação


generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou incapacidade reiterada e
persistente das autoridades públicas em modificar a conjuntura, de modo que apenas transformações
estruturais da atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de autoridades podem
modificar a situação inconstitucional. O sistema penitenciário brasileiro vive um “Estado de Coisas
Inconstitucional”, com violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas
ESTADO DE COISAS de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. A responsabilidade por
ATIVISMO JUDICIAL

INCONSTITUCIONAL essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da União
como dos Estados-Membros e do Distrito Federal. A ausência de medidas legislativas, administrativas
e orçamentárias eficazes representa uma verdadeira “falha estrutural” que gera ofensa aos direitos dos
presos, além da perpetuação e do agravamento da situação. Cabe ao STF (o herói improvável )o
papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações visando a resolver o problema e
monitorar os resultados alcançados. STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 9/9/2015 (Info 798).
O habeas data é a garantia constitucional adequada para a obtenção dos dados concernentes ao
pagamento de tributos do próprio contribuinte constantes dos sistemas informatizados de apoio à
HABEAS DATA PARA
AÇÕES E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

arrecadação dos órgãos da administração fazendária dos entes estatais, com o SINCOR (Sistema de
DADOS TRIBUTÁRIOS
Conta Corrente de Pessoa Jurídica) da Receita Federal. STF. Plenário. RE 673707/MG, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 17/6/2015 (repercussão geral) (Info 790).
A MODULAÇÃO DOS Caso o STF, ao julgar uma ADI, ADC ou ADPF, declare a lei ou ato normativo inconstitucional, ele
EFEITOS PODE SER FEITA poderá, de ofício, fazer a modulação dos efeitos dessa decisão. STF. Plenário. ADI 5617 ED/DF, Rel.
DE OFÍCIO Min. Edson Fachin, julgado em 2/10/2018 (Info 918).
É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida (por maioria qualificada de 2/3 dos membros)
MODULAÇÃO DOS
em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida. Para que seja realizada esta modulação.
EFEITOS EM RE
STF. Plenário. RE 586453/SE, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, 20/2/2013 (Info 695 STF).
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo STF, em ADI e ADC, produzem eficácia contra todos
INCONSTITUCIONALIDADE e efeito vinculante. Tais efeitos não vinculam, contudo, o próprio STF. As sentenças contêm
implicitamente a cláusula rebus sic stantibus, de modo que as alterações posteriores (na realidade
normativa ou na orientação jurídica sobre a matéria) podem tornar inconstitucional norma
“SUPERVENIENTE” anteriormente considerada legítima. STF. Plenário. Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes,
18/4/2013.

Estratégia Carreira Jurídica 31


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

É possível que o STF, por meio de reclamação, faça a (re)interpretação de decisão proferida em controle
de constitucionalidade abstrato. Ao julgar uma reclamação, o STF realiza um juízo de confronto e de
adequação entre o objeto (ato impugnado) e o parâmetro (decisão do STF tida por violada). Isso pode
fazer com que se conclua pela necessidade de redefinição do conteúdo e do alcance do parâmetro
(decisão que havia sido proferida). Ao analisar uma reclamação, o STF faz uma espécie de “balançar de
ALTERAÇÃO DO
olhos” (expressão cunhada por Karl Engisch) entre o ato impugnado (objeto) e que havia sido decidido
PARÂMETRO EM
(parâmetro) e poderá chegar a conclusão diferente do que já tinha deliberado anteriormente. É por
RECLAMAÇÃO
meio da reclamação, portanto, que as decisões do STF permanecem abertas a esse constante processo
hermenêutico de reinterpretação realizado pelo próprio Tribunal. A reclamação, dessa forma, constitui
um instrumento para a realização de mutação constitucional e de inconstitucionalização de normas que
muitas vezes podem levar à redefinição do conteúdo e do alcance, e até mesmo à superação, total ou
parcial, de uma antiga decisão. STF. Plenário. Rcl 4374/PE, rel. Min. Gilmar Mendes, 18/4/2013.
EFEITO VINCULANTE DA Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, essa decisão, assim
DECLARAÇÃO DE como acontece no controle abstrato, também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. Houve
INCONSTITUCIONALIDADE mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte: quando o STF
NA VIA INCIDENTAL declara uma lei inconstitucional, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes e o STF apenas
comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade daquilo que foi
decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em
29/11/2017 (Info 886).
ALTERAÇÃO DO A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em curso, não prejudica o
PARÂMETRO E NÃO conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que uma lei que nasceu claramente inconstitucional
PREJUDICIALIDADE DO volte a produzir, em tese, seus efeitos. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
OBJETO DA ADI 20/6/2018 (Info 907).
É possível a cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única demanda de controle
concentrado. A cumulação de ações, neste caso, além de ser possível, é recomendável para a
promoção dos fins a que destinado o processo objetivo de fiscalização abstrata de constitucionalidade,
destinado à defesa, em tese, da harmonia do sistema constitucional. A cumulação objetiva permite o
CUMULAÇÃO DE ADI COM
enfrentamento judicial coerente, célere e eficiente de questões minimamente relacionadas entre si.
ADC
Rejeitar a possibilidade de cumulação de ações, além de carecer de fundamento expresso na Lei
9.868/1999, traria como consequência apenas o fato de que o autor iria propor novamente a demanda,
com pedido e fundamentação idênticos, ação que seria distribuída por prevenção. STF. Plenário. ADI
5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info 786).
NOVA ADI POR O fato de o STF ter declarado a validade formal de uma norma não interfere nem impede que ele
INCONSTITUCIONALIDADE reconheça posteriormente que ela é materialmente inconstitucional. STF. Plenário. ADI 5081/DF, Rel.
MATERIAL DE ATO Min. Roberto Barroso, julgado em 27/5/2015 (Info 787).
FORMALMENTE VÁLIDO
A Ação Direta de Inconstitucionalidade é meio processual inadequado para o controle de decreto
ADI PARA DECRETO regulamentar de lei estadual. Seria possível a propositura de ADI se se tratasse de decreto autônomo.
REGULAMENTAR Mas sendo decreto apenas regulamentar, não autoriza a propositura de ADI. STF. Plenário. ADI
4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905).
Não cabe arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) contra decisão judicial
ADPF CONTRA DECISÃO transitada em julgado. Este instituto de controle concentrado de constitucionalidade não tem como
TRANSITADA EM JULGADO função desconstituir a coisa julgada. STF. Decisão monocrática. ADPF 81 MC, Rel. Min. Celso de
Mello, julgado em 27/10/2015 (Info 810).
O Estado-membro não possui legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em sede de
controle concentrado de constitucionalidade, ainda que a ADI tenha sido ajuizada pelo respectivo
ESTADO - LEGITIMIDADE
Governador. Os Estados-membros não se incluem no rol dos legitimados a agir como sujeitos
RECORRER ADI
processuais em sede de controle concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 4420 ED-
AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 05/04/2018.
Se já houve pronunciamento anterior, emanado do Plenário do STF ou do órgão competente do TJ
AFASTAMENTO DA local declarando determinada lei ou ato normativo inconstitucional, será possível que o Tribunal julgue
CLÁUSULA DE RESERVA DE que esse ato é inconstitucional de forma monocrática ou por um colegiado que o Plenário sem que isso
PLENÁRIO implique violação à cláusula da reserva de plenário. STF. 2ª Turma. Rcl 17185 AgR/MT, Rel. Min.
Celso de Mello, julgado em 30/9/2014 (Info 761).
PARTIDO COMO AMICUS Não cabe intervenção de partido político como amicus curiae em processo criminal de seu filiado. STF.
CURIAE EM PROCESSO 1ª Turma. AP 504/DF, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
CRIMINAL 9/8/2016 (Info 834).
O STF decidiu que o requisito relativo à existência de controvérsia judicial relevante (artigo 14 da Lei
9.868/99) é qualitativo e não quantitativo. Não é necessário que haja muitas decisões em sentido
contrário à lei. Mesmo havendo ainda poucas decisões julgando inconstitucional a lei já pode ser
ADC E CONTROVÉRSIA possível o ajuizamento da ADC se o ato normativo impugnado for uma emenda constitucional
JUDICIAL RELEVANTE (expressão mais elevada da vontade do parlamento brasileiro) ou mesmo em se tratando de lei se a
matéria nela versada for relevante e houver risco de decisões contrárias à sua constitucionalidade se
multiplicarem. STF. Plenário. ADI 5316 MC/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 21/5/2015 (Info
786).
É excepcionalmente possível que o STF, ao julgar MS impetrado por parlamentar, exerça controle de
constitucionalidade de projeto que tramita no Congresso Nacional e o declare inconstitucional,
determinando seu arquivamento, em caso de (a) Proposta de emenda constitucional que viole cláusula
pétrea; e (b) Proposta de emenda constitucional ou projeto de lei cuja tramitação esteja ocorrendo com

Estratégia Carreira Jurídica 32


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

violação às regras constitucionais sobre o processo legislativo. STF. Plenário. MS 32033/DF, rel. orig.
Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20/6/2013 (Info 711).
O art. 62, § 6º da CF/88 afirma que “se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco
dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada uma
das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando”. Apesar de o dispositivo falar em “todas
MP E TRANCAMENTO DE as demais deliberações”, o STF entende que (a Constituição não sabe de nada kkkk) e que ficam
PAUTA sobrestadas apenas as votações de projetos de leis ordinárias que versem sobre temas que possam ser
tratados por medida provisória. Assim, a Câmara ou o Senado poderão votar normalmente propostas
de emenda constitucional, projetos de lei complementar, projetos de resolução, projetos de decreto
legislativo e até mesmo projetos de lei ordinária que tratem sobre um dos assuntos do art. 62, § 1º, da
CF/88. STF. Plenário. MS 27931/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 29/6/2017 (Info 870).
É inconstitucional medida provisória ou lei decorrente de conversão de medida provisória cujo
conteúdo normativo caracterize a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória anterior
REEDIÇÃO DE MP NA
rejeitada, de eficácia exaurida por decurso do prazo ou que ainda não tenha sido apreciada pelo
MESMA SESSÃO
Congresso Nacional dentro do prazo estabelecido pela Constituição Federal. STF. Plenário. ADI
LEGISLATIVA
5717/DF, ADI 5709/DF, ADI 5716/DF e ADI 5727/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em
27/3/2019 (Info 935).
É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, desde que veiculando
normas favoráveis ao meio ambiente. A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à
MP SOBRE NORMA
edição de medida provisória, ainda que não conste expressamente do elenco das limitações previstas
AMBIENTAL
no art. 62, § 1º, da CF/88. STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
5/4/2018 (Info 896).
A iniciativa popular de emenda à Constituição Estadual é compatível com a Constituição Federal,
encontrando fundamento no art. 1º, parágrafo único, no art. 14, II e III e no art. 49, VI, da CF/88. Embora
INICIATIVA POPULAR DE
a Constituição Federal não autorize proposta de iniciativa popular para emendas ao próprio texto, mas
EMENDA À CONSTITUIÇÃO
apenas para normas infraconstitucionais, não há impedimento para que as Constituições Estaduais
PROCESSO LEGISLATIVO

ESTADUAL
prevejam a possibilidade, ampliando a competência constante da Carta Federal. STF. Plenário. ADI
825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921).
É possível que haja emendas parlamentares em projetos de lei de iniciativa dos Poderes Executivo e
EMENDA A PROJETO DE Judiciário, desde que (a) guardem pertinência temática com a proposta original (tratem sobre o mesmo
INICIATIVA DO EXECUTIVO assunto); e (b) não acarretem aumento de despesas. STF. Plenário. ADI 5087 MC/DF, Rel. Min. Teori
E DO JUDICIÁRIO Zavascki, julgado em 27/8/2014 (Info 756). STF. Plenário. ADI 1333/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 29/10/2014 (Info 765).
LEI COMPLEMENTAR x Não existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. STF. Plenário. RE 509300 AgR-EDv, Rel.
ORDINÁRIA Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/03/2016
O § 2º do art. 53 da CF/88 veda apenas a prisão penal cautelar (provisória) do parlamentar, ou seja, não
PRISÃO DE PARLAMENTAR
PRISÃO

proíbe a prisão decorrente da sentença transitada em julgado, como no caso de Deputado Federal
POR SENTENÇA
condenado definitivamente pelo STF. STF. Plenário. AP 396 QO/RO, AP 396 ED-ED/RO, rel. Min.
TRANSITADA EM JULGADO
Cármen Lúcia, 26/6/2013 (Info 712).
CRIMES DE Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das
RESPONSABILIDADE respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.
É inconstitucional dispositivo de CE que exija que o Superintendente da Polícia Civil seja um delegado
CHEFE DA POLÍCIA CIVIL de polícia integrante da classe final da carreira. STF. Plenário. ADI 3077/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 16/11/2016 (Info 847).
COMPETÊNCIA

Lei estadual que disponha sobre bloqueadores de sinal de celular em presídio invade a competência
LEI ESTADUAL E da União para legislar sobre telecomunicações. STF. Plenário. ADI 3835/MS, Rel. Min. Marco
BLOQUEADORES DE Aurélio, ADI 5356/MS, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, ADI 5253/BA, Rel. Min. Dias Toffoli,
CELULAR EM PRESÍDIO ADI 5327/PR, Rel. Min Dias Toffoli, ADI 4861/SC, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 3/8/2016
(Info 833).
Os substitutos eventuais do Presidente da República a que se refere o art. 80 da CF/88, caso ostentem
INEXPLICÁVEIS

a posição de réus criminais perante o STF, ficarão impossibilitados de exercer o ofício de Presidente da
RÉU CRIMINAL NA ORDEM República. No entanto, mesmo sendo réus, podem continuar na chefia do Poder por eles titularizados.
DE SUCESSÃO DA Caso concreto: o então Presidente do Senado Renan Calheiros tornou-se réu em um processo criminal;
PRESIDÊNCIA logo, ele não poderá assumir a Presidência da República na forma do art. 80 da CF/88; porém, ele pode
continuar normalmente como Presidente do Senado, não precisando ser afastado deste cargo. STF.
Plenário. ADPF 402 MC-REF/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/12/2016 (Info 850)

DIREITO PENAL
ASSUNTO/PONTO DESTAQUE
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da
IMPUTABILI

RESPONSABILIDADE PENAL responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais
PESSOA JURÍDICA CRIMES adota a chamada teoria da “dupla imputação”. STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rel. Min. Rosa Weber,
DADE

AMBIENTAIS julgado em 6/8/2013 (Info 714).

Estratégia Carreira Jurídica 33


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica
DE
DE

O regime inicial nas condenações por crimes hediondos ou equiparados (como é o caso do tráfico de
REGIME INICIAL CRIMES drogas) não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser também o regime semiaberto ou
HEDIONDOS aberto, desde que presentes os requisitos do art. 33, § 2º, alíneas “b” e “c”, do Código Penal. STF.
Plenário. HC 111840/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 27/6/2012.
CUMPRIMENTO

É legítima a fixação de regime inicial semiaberto, tendo em conta a quantidade e a natureza do


QUANTIDADE DA DROGA E entorpecente, na hipótese em que ao condenado por tráfico de entorpecentes tenha sido aplicada
pena inferior a 4 anos de reclusão. A valoração negativa da quantidade e da natureza da droga
REGIME

FIXAÇÃO DE REGIME
PENA

INICIAL representa fator suficiente para a fixação de regime inicial mais gravoso. STF. 2ª Turma. HC
133308/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
A circunstância judicial “conduta social”, prevista no art. 59 do Código Penal, representa o
comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento com outros
CONDENAÇÕES
indivíduos. Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus antecedentes criminais. São
ANTERIORES
circunstâncias distintas, com regramentos próprios. Assim, não se mostra correto o magistrado utilizar
TRANSITADAS
as condenações anteriores transitadas em julgado como “conduta social desfavorável”. STF. 2ª Turma.
RHC 130132, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/5/2016 (Info 825).
É legítima a utilização da condição pessoal de policial civil como circunstância judicial desfavorável
para fins de exasperação da pena-base aplicada a acusado pela prática do crime de concussão. Aquele
AUMENTO DE PENA CRIME que está investido de parcela de autoridade pública — como é o caso de um juiz, um membro do
PRATICADO POR POLICIAL Ministério Público ou uma autoridade policial — deve ser avaliado, no desempenho da sua função, com
maior rigor do que as demais pessoas não ocupantes de tais cargos. STF. 1ª Turma. HC 132990/PE,
rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 16/8/2016 (Info 835).
As circunstâncias agravantes genéricas não se aplicam aos crimes culposos, com exceção da
AGRAVANTES E CRIMES
reincidência. STF. 1ª Turma. HC 120165/RS, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2014 (Info
CULPOSOS
735).
A causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi revogada tacitamente pela Lei
AUMENTO PENAL ARTIGO n.° 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art. 224 do CP, que era mencionado pelo
9º LCH referido art. 9º. STF. Primeira Turma. HC 111246/AC, rel. Min. Dias Toffoli, 11/12/2012.
O fato de o Estado ter gasto muitos recursos para investigar os crimes (no caso, era uma grande
O DOS CRIMES CONTRA A DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DAS PENAS

CUSTOS DA INVESTIGAÇÃO operação policial) e de o réu ter obtido enriquecimento ilícito com as práticas delituosas não
E ENRIQUECIMENTO DO constituem motivação idônea para a valoração negativa do vestftor “consequências do crime” na 1ª
RÉU - PENA-BASE fase da dosimetria da pena. STF. 2ª Turma. HC 134193/GO, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
26/10/2016 (Info 845).
Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário que, no
momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a idade após a
sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes do julgamento de
REDUÇÃO PRAZO apelação interposta contra a sentença. Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será
PRESCRICIONAL beneficiado pela redução do art. 115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a sentença ou
CONDENADOR MAIORES acórdão condenatório: quando o condenado opõe embargos de declaração contra a decisão e esses
DE 70 ANOS embargos são conhecidos. Nesse caso, o prazo prescricional será reduzido pela metade se o réu
completar 70 anos até a data do julgamento dos embargos. STF. Plenário. AP 516 ED/DF, rel. orig.
Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2013 (Info 731). STF. 2ª
Turma. HC 129696/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822).
O pagamento integral do débito tributário, a qualquer tempo, até mesmo após o trânsito em julgado
CRIMES TRIBUTÁRIOS E da condenação, é causa de extinção da punibilidade do agente, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei nº
PAGAMENTO DO DÉBITO 10.684/2003. STF. 2ª Turma. RHC 128245, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 23/08/2016.
O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV (traição, emboscada,
DOLO EVENTUAL E dissimulação). STF. 2ª Turma. HC 111.442/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/8/2012
QUALIFICADORA TRAIÇÃO (Info 677).

A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria gestante (art. 124)
ou com o seu consentimento (art. 126) não é crime. É preciso conferir interpretação conforme a
Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para excluir do
ABORTO NO PRIMEIRO
seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A
TRIMESTRE DE GESTAÇÃO
PESSOA

criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio
da proporcionalidade. STF. 1ª Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Roberto Barroso, julgado em 29/11/2016 (Info 849).
É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno
(art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º). Não existe nenhuma
CONTRA

incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias


AUMENTO DE PENA FURTO
diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente
QUALIFICADO DURANTE O
seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em
REPOUSO NOTURNO
1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topográfica do § 1º (vem antes do §
4º) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STF. 2ª Turma.
DOS CRIMES
PATRIMÔNIO

HC 130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851)


Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados em conjunto.
CONTINUIDADE DELITIVA Isso porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são de espécies diversas. STF.
ROUBO E EXTORSÃO 1ª Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado
em 24/4/2018 (Info 899).

Estratégia Carreira Jurídica 34


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

O reconhecimento da referida causa de aumento do art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal prescinde
AUMENTO DE PENA POR (dispensa) da apreensão e da realização de perícia na arma, desde que o seu uso no roubo seja
USO DE ARMA NÃO provado por outros meios de prova, tais como a palavra da vítima ou mesmo de testemunhas. STF. 1ª
APREENDIDA Turma. HC 108034/MG, rel. Min. Rosa Weber, 7/8/2012.

AUMENTO DE PENA USO É irrelevante o fato de estar ou não municiada para que se configure a majorante do roubo STF. 2ª
DE ARMA DESMUNICIADA Turma. RHC 115077, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 06/08/2013.

AUMENTO DE PENA A participação do menor de idade pode ser considerada com o objetivo de caracterizar concurso de
CONCURSO DE PESSOAS E pessoas para fins de aplicação da causa de aumento de pena no crime de roubo. STF. 1ª Turma. HC
ADOLESCENTE 110425/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 5/6/2012.

Se houver pluralidade de causas de aumento no crime de roubo (art. 157, § 2º do CP), o juiz não poderá
AUMENTO DE PENA incrementar a pena aplicada com base unicamente no número de majorantes. Para se proceder ao
PRESENÇA DE MAIS DE aumento, é necessário que o magistrado apresente fundamentação com base nas circunstâncias do
UMA MAJORANTE caso concreto STF. 2ª Turma. RHC 116676/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.8.2013.
Aquele que se associa a comparsa para a prática de roubo, sobrevindo a morte da vítima, responde
LATROCÍNIO E CONCURSO pelo crime de latrocínio, ainda que não tenha sido o autor do disparo fatal ou que sua participação se
DE PESSOAS revele de menor importância (assumiu o risco de produzir resultado mais grave). STF. 1ª Turma. RHC
133575/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/2/2017 (Info 855).
Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize
CONSUMAÇÃO
LATROCÍNIO o agente a subtração de bens da vítima.

O agente que passa as mãos nas coxas e seios da vítima menor de 14 anos, por dentro de sua roupa,
pratica, em tese, o crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP). Não importa que não tenha
ESTUPRO - PASSAR MÃO
havido penetração vaginal (conjunção carnal). STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco
NAS PARTES ÍNTIMAS
Aurélio, red. p/o acórdão Min. Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).

A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei nº 12.015/2009. Assim, em caso
de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada mesmo após a
Lei nº 12.015/2009. STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

A Súmula 608 do STF prevê que “no crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal
AÇÃO PENAL CRIME DE é pública incondicionada.” O entendimento dessa súmula pode ser aplicado independentemente da
ESTUPRO existência da ocorrência de lesões corporais nas vítimas de estupro. A violência real se caracteriza não
apenas nas situações em que se verificam lesões corporais, mas sempre que é empregada força física
contra a vítima, cerceando-lhe a liberdade de agir segundo a sua vontade. STF. 2ª Turma. RHC
117978, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 05/06/2018 (Info 905).

CUIDADO à nova redação do artigo 225 do CP: “Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título,
procede-se mediante ação penal pública incondicionada”. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018)
Os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, mesmo que cometidos antes da edição da Lei nº
12.015/2009, são considerados hediondos, ainda que praticados na forma simples. Em outras palavras,
seja antes ou depois da Lei nº 12.015/2009, toda e qualquer forma de estupro (ou atentado violento
HEDIONDEZ ESTUPRO
ao pudor) é considerada crime hediondo, sendo irrelevante que a prática de qualquer deles tenha
SIMPLES
causado, ou não, lesões corporais de natureza grave ou morte. STF. 1ª Turma. HC 100612/SP, rel.
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 16/8/2016 (Info
835).
A arma desmuniciada configura o crime, ainda que não haja condições de pronto municiamento (STF,
RHC 117.566). O fato de estar desmuniciado o revólver não o desqualifica como arma, tendo em vista
PORTE DE ARMA
que a ofensividade de uma arma de fogo não está apenas na sua capacidade de disparar projéteis,
DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO

DESMUNICIADA
causando ferimentos graves ou morte, mas também, na grande maioria dos casos, no seu potencial de
intimidação (STF, HC 95.073/MS).
O porte ilegal de arma de fogo deve ser absorvido pelo crime de homicídio?

NÃO: o crime de porte não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente portava ilegalmente
a arma de fogo em outras oportunidades antes ou depois do homicídio e que ele não se utilizou da
arma tão somente para praticar o assassinato.
PORTE DE ARMA E
HOMICÍDIO
SIM: se não houver provas de que o réu já portava a arma antes do homicídio ou se ficar provado que
ele a utilizou somente para matar a vítima.

STF. 1ª Turma. HC 120678/PR, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, j. em 24/2/2015 (Info 775).

Estratégia Carreira Jurídica 35


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

A posse ou o porte apenas da munição (ou seja, desacompanhada da arma) configura crime. Isso
porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja caracterização não importa o
POSSE/PORTE DE
resultado concreto da ação. O objetivo do legislador foi o de antecipar a punição de fatos que
MUNIÇÃO
apresentam potencial lesivo à população, prevenindo a prática de crimes. STF. 1ª Turma. HC
131771/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/10/2016 (Info 844)
É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição desacompanhada de arma.
MUNIÇÃO PARA PINGENTE STF. 2ª Turma. HC 133984/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 17/5/2016 (Info 826).

O grau de pureza da droga é irrelevante para fins de dosimetria da pena. De acordo com a Lei nº
11.343/2006, preponderam apenas a natureza e a quantidade da droga apreendida para o cálculo da
PUREZA DA DROGA dosimetria da pena. STF. 2ª Turma. HC 132909/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/3/2016
(Info 818).
A aplicação da causa de aumento prevista no art. 40, III, da Lei nº 11.343/2006 se justifica quando
constatada a comercialização de drogas nas dependências ou imediações de estabelecimentos
TRÁFICO DE DROGAS NAS prisionais, sendo irrelevante se o agente infrator visa ou não aos frequentadores daquele local. Assim,
IMEDIAÇÕES DE PRESÍDIO se o tráfico de drogas ocorrer nas imediações de um estabelecimento prisional, incidirá a causa de
E AUMENTO DE PENA aumento, não importando quem seja o comprador do entorpecente. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).
A majorante do art. 40, II, da Lei 11.343/2006 somente deve ser aplicada nos casos em que ficar
demonstrada a comercialização efetiva da droga no interior do transporte público. Se o agente leva a
DROGA EM TRANSPORTE
droga, mas não a comercializa dentro do meio de transporte, não incidirá essa majorante. STF. 1ª
PÚBLICO
Turma. HC 122258-MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/08/2014. STF. 2ª Turma. HC
120624/MS, Red. p/ o acórdão, Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 3/6/2014 (Info 749).
O chamado "tráfico privilegiado", previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), não
TRÁFICO PRIVILEGIADO E
deve ser considerado crime equiparado a hediondo. STF. Plenário. HC 118533/MS, Rel. Min.
HEDIONDEZ
Cármen Lúcia, julgado em 23/6/2016 (Info 831).
IMPORTAÇÃO SEMENTES Não configura crime a importação de pequena quantidade de sementes de maconha. STF. 2ª Turma.
MACONHA EM PEQUENA HC 144161/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
QUANTIDADE
O réu não tem o dever de demonstrar que a droga encontrada consigo seria utilizada apenas para
consumo próprio. Cabe à acusação comprovar os elementos do tipo penal, ou seja, que a droga
apreendida era destinada ao tráfico. Ao Estado-acusador incumbe demonstrar a configuração do
ÔNUS DA PROVA DA tráfico, que não ocorre pelo simples fato dos réus terem comprado e estarem na posse de
FINALIDADE DA DROGA entorpecente. Em suma, se a pessoa é encontrada com drogas, cabe ao Ministério Público comprovar
que o entorpecente era destinado ao tráfico. Não fazendo esta prova, prevalece a versão do réu de
que a droga era para consumo próprio. STF. 1ª Turma. HC 107448/MG, red. p/ o acórdão Min.
Marco Aurélio, 18.6.2013 (Info 711).

Não é crível que o réu, surpreendido com mais de 500 kg de maconha, não esteja integrado, de alguma
QUANTIDADE DE DROGAS forma, a organização criminosa, circunstância que justifica o afastamento da causa de diminuição
E REDUTOR prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas. STF. 1ª Turma. HC 130981/MS, Rel. Min. Marco Aurélio,
VIOLÊNCIA DA LEI DE DROGAS

julgado em 18/10/2016 (Info 844).


É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do
tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do uso do bem para
tal finalidade, a sua modificação para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga
CONFISCO DE BENS
ou qualquer outro requisito além daqueles previstos expressamente no art. 243, parágrafo único, da
Constituição Federal. STF. Plenário. RE 638491/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/5/2017
(repercussão geral) (Info 865).
IGUALDADE E LEI MARIA Não há violação do princípio constitucional da igualdade no fato de a Lei n.° 11.340/06 ser voltada
DA PENHA apenas à proteção das mulheres. STF. Plenário. ADC 19/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9/2/2012.
Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher não se aplica a Lei dos
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
Juizados Especiais (Lei n.° 9.099/95), mesmo que a pena seja menor que 2 anos. STF. Plenário. ADI
JUIZADOS ESPECIAIS
4424/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9/2/2012.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DOMÉSTICA

A Lei de Organização Judiciária poderá prever que a 1ª fase do procedimento do júri seja realizada na
COMPETÊNCIA CRIMES
Vara de Violência Doméstica em caso de crimes dolosos contra a vida praticados no contexto de
DOLOSOS CONTRA A VIDA
violência doméstica. Não haverá usurpação da competência constitucional do júri. Apenas o
NO CONTEXTO DE
julgamento propriamente dito é que, obrigatoriamente, deverá ser feito no Tribunal do Júri. STF. 2ª
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
DOS CRIMES CONTRA A DA

Turma. HC 102150/SC, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/5/2014 (Info 748).
Em regra, é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem
juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o
INSIGNIFICÂNCIA E
interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território
CONTRABANDO
nacional. Trata-se, assim, de um delito pluriofensivo. STF. 1ª Turma. HC 133958 AgR, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 06/09/2016.
É atípica a conduta de “peculato de uso” de um veículo para a realização de deslocamentos por
PECULATO DE USO interesse particular. STF. 1ª Turma. HC 108433 AgR/MG, rel. Min. Luiz Fux, 25/6/2013.

ADULTERAÇÃO DE SINAL A conduta de colocar uma fita adesiva ou isolante para alterar o número ou as letras da placa do carro
IDENTIFICADOR E FITA e, assim, evitar multas, pedágio, rodízio etc, configura o delito do art. 311 do CP. STF. 2ª Turma. RHC
ADESIVA 116371/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/8/2013.

Estratégia Carreira Jurídica 36


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

O crime de desacato é compatível com a Constituição Federal e com o Pacto de São José da Costa
Rica. A figura penal do desacato não tolhe o direito à liberdade de expressão, não retirando da
DESACATO E LIBERDADE
cidadania o direito à livre manifestação, desde que exercida nos limites de marcos civilizatórios bem
DE EXPRESSÃO
definidos, punindo-se os excessos. STF. 2ª Turma. HC 141949/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 13/3/2018 (Info 894).
O diretor de organização social pode ser considerado funcionário público por equiparação para fins
DIRETOR DE
penais (art. 327, § 1º do CP). Isso porque as organizações sociais que celebram contratos de gestão
ORGANIZAÇÃO SOCIAL É
com o Poder Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327, § 1º do
FUNCIONÁRIO PÚBLICO
CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2018 (Info 915).
É dispensada a existência de procedimento administrativo fiscal com a posterior constituição do
crédito tributário para a configuração do crime de descaminho (art. 334 do CP), tendo em conta sua
natureza formal. STF. 1ª Turma. HC 121798/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/5/2018
DESCAMINHO É CRIME (Info 904).
FORMAL
Para que seja proposta ação penal por descaminho não é necessária a prévia constituição definitiva do
crédito tributário. Não se aplica a Súmula Vinculante 24 do STF. STF. 2ª Turma. HC 122325, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 27/05/2014.
A causa de aumento prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal (“a pena será aumentada da terça
CAUSA DE AUMENTO parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão
OCUPANTES CARGOS EM ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia
COMISSÃO OU DE FUNÇÃO mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público”) é aplicada aos agentes detentores
DE DIREÇÃO de mandato eletivo (agentes políticos). STF. 2ª Turma. RHC 110513/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa,
29/5/2012.

A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é constitucional, posto
AFASTAR-SE O CONDUTOR
não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito ao silêncio e ressalvadas as hipóteses
DO VEÍCULO DO LOCAL DO de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade. STF. Plenário. RE 971.959/RS, Rel. Min. Luiz Fux,
ACIDENTE julgado em 14/11/2018 (repercussão geral) (Info 923).
Se um indivíduo, que não possui habilitação para dirigir (art. 309 do CTB), conduz seu veículo de forma
imprudente, negligente ou imperita e causa lesão corporal em alguém, ele responderá pelo crime do
art. 303, § 1º, do CTB, ficando o delito do art. 309 do CTB absorvido por força do princípio da
OUTROS CRIMES CÓDIGO DE TRÂNSITO

consunção.
DIRIGIR SEM HABILITAÇÃO
É ABSORVIDO PELA LESÃO Se vítima não exercer seu direito de representação no prazo legal quanto ao crime do 303 do CTB, o
CORPORAL CULPOSA Ministério Público não poderá denunciar o agente pelo delito do art. 309, já foi absorvido pela conduta
de praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor (crime de ação pública
condicionada à representação).

STF. 2ª Turma. HC 128921/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 25/8/2015 (Info 796).
Não ofende o princípio constitucional da presunção de inocência a exigência de comprovação da
origem de valores estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96. Para o STF, o contribuinte, ao não
EXIGÊNCIA DE comprovar a origem dos recursos depositados em sua conta bancária, cria, contra si, uma presunção
COMPROVAÇÃO DA relativa de que houve omissão de rendimentos, ensejando a condenação criminal. Não há ofensa ao
ORIGEM DE VALORES princípio da presunção de inocência porque se trata de um procedimento legalmente estabelecido e
disciplinado, sendo certo que ao contribuinte é garantido o contraditório e a ampla defesa. STF. 2ª
Turma. HC 121125/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/6/2014 (Info 750).
Não se admite a remição ficta da pena. Embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos
que desejem laborar, reconhecer a remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as pessoas
do sistema prisional obtivessem o benefício, fato que causaria substancial mudança na política pública
do sistema carcerário, além de invadir a esfera do Poder Executivo. O instituto da remição exige,
REMIÇÃO FICTA necessariamente, a prática de atividade laboral ou educacional. Trata-se de reconhecimento pelo
Estado do direito à diminuição da pena em virtude de trabalho efetuado pelo detento. Não sendo
realizado trabalho, estudo ou leitura, não há que se falar em direito à remição. STF. 1ª Turma. HC
124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 29/5/2018
EXECUÇÃO DE PENA

(Info 904).
Segundo o art. 33 da LEP, a jornada diária de trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6 horas e,
no máximo, 8 horas. Apesar disso, se o condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha
4 horas diárias (menos do que prevê a Lei), este período deverá ser computado para fins de remição
JORNADA INFERIOR AO
de pena. Como o trabalho foi feito por orientação ou estipulação da direção do presídio, gera legítima
MÍNIMO LEGAL E REMIÇÃO
expectativa de que será aproveitado, não sendo possível que seja desprezado, sob pena de ofensa
aos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança. STF. 2ª Turma. RHC 136509/MG,
Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017 (Info 860).

Estratégia Carreira Jurídica 37


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Como regra, o inadimplemento deliberado da pena de multa cumulativamente aplicada ao


sentenciado impede a progressão no regime prisional. Em outras palavras, a pessoa só poderá
progredir se pagar a pena de multa. Excepcionalmente, pode ser permitida a progressão de regime
INADIMPLEMENTO PENA se ficar comprovada a absoluta impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa. Se o juiz
DE MULTA E REGRESSÃO autorizar que o condenado pague a pena de multa parceladamente, o apenado poderá progredir de
DE REGIME regime, assumindo o compromisso de quitar todas as prestações da multa. Caso deixe de pagar
injustificadamente o parcelamento, haverá a regressão de regime. STF. Plenário. EP 16 ProgReg-
AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/7/2016 (Info 832).

A data-base para subsequente progressão de regime é aquela em que o reeducando preencheu os


requisitos do art. 112 da LEP e não aquela em que o Juízo das Execuções deferiu o benefício. A decisão
DATA-BASE PROGRESSÃO do Juízo das Execuções que defere a progressão de regime é declaratória (e não constitutiva). Não se
DE REGIME pode desconsiderar, em prejuízo do reeducando, o período em que permaneceu cumprindo pena
enquanto o Judiciário analisava seu requerimento de progressão. STF. 2ª Turma. HC 115254, Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015.

O inciso I do art. 118 da LEP afirma que o apenado deverá regredir de regime se “praticar fato definido
como crime doloso”. Não é necessário que o juiz das execuções penais aguarde que a pessoa seja
COMETIMENTO DE NOVO condenada com trânsito em julgado para determinar a sua regressão. Logo, a regressão de regime
CRIME E REGRESSÃO DE pela prática de fato definido como crime doloso, durante a execução da pena, não depende do trânsito
REGIME em julgado da condenação. STF. Plenário. EP 8 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 1º/7/2016 (Info 832).
A exigência objetiva do art. 37 da LEP de que o condenado tenha cumprido no mínimo 1/6 da pena,
para fins de trabalho externo, aplica-se apenas aos condenados que se encontrem em regime fechado.
TRABALHO EXTERNO E Assim, o trabalho externo é admissível aos apenados que estejam no regime semiaberto ou aberto
CUMPRIMENTO MÍNIMO mesmo que ainda não tenham cumprido 1/6 da pena (o condenado ao regime semiaberto ou aberto
DE 1/6 DA PENA tem direito ao trabalho externo já no primeiro dia de cumprimento da pena). STF. Plenário. EP 2
TrabExt-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/6/2014 (Info 752).

A contagem do prazo do benefício de saída temporária de preso é feita em dias e não em horas (art.
PRAZO SAÍDA
10 do CP) – o apenado pedia que o prazo fosse computado em horas, uma vez que só é liberado do
TEMPORÁRIA – CONTAGEM
presídio às 12 horas do primeiro dia do benefício (na prática, usufrui de 6 dias e meio). STF. 2ª Turma.
EM DIAS
HC 130883/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 31/5/2016 (Info 828).
A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime
prisional mais gravoso. Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (1) a saída antecipada de
sentenciado no regime com falta de vagas; (2) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado
FALTA DE VAGAS NOS que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (3) o cumprimento de
REGIMES SEMIABERTO E penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto. Até que sejam
ABERTO estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao
sentenciado. STF. Plenário. RE 641320/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2016
(repercussão geral) (Info 825).

Não há previsão legal estabelecendo o prazo prescricional para apurar falta disciplinar. Por essa razão
PRAZO PRESCRICIONAL aplica-se, por analogia, o menor prazo prescricional existente no Código Penal, qual seja, o de 3 anos
FALTAS DISCIPLINARES (art. 109, VI). STF. 2ª Turma. HC 114422/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 6/5/2014 (Info
745).
A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que
sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção
EXECUÇÃO PROVISÓRIA de inocência. Em outras palavras, é possível o início da execução da pena condenatória após a
DA PENA prolação de acórdão condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional da
presunção da inocência. STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
17/2/2016 (Info 814).

DIREITO PROCESSUAL PENAL


ASSUNTO/PONTO DESTAQUE

Estratégia Carreira Jurídica 38


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

As delações apócrifas não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de
investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação
telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas
que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do Poder Judiciário. Diante de “denúncia
anônima”, a autoridade policial deve: (1) Realizar investigações preliminares para confirmar a
credibilidade da “denúncia”; (2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência
mínima de procedência, instaura-se inquérito policial; (3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial
DENÚNCIA ANÔNIMA deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (ultima ratio). Se houver
indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o
INVESTIGAÇÃO

crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC
106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).

Não é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em “denúncia anônima”.
STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
A prova é considerada lícita, mesmo que o “crime achado” não tenha relação (não seja conexo) com o
delito que estava sendo investigado, desde que tenham sido respeitados os requisitos constitucionais
e legais e desde que não tenha havido desvio de finalidade ou fraude. No caso, o réu estava sendo
investigado pela prática do crime de tráfico de drogas. Presentes os requisitos constitucionais e legais,
CRIME ACHADO OU
o juiz autorizou a interceptação telefônica para apurar o tráfico. Por meio dos diálogos, descobriu-se
SERENDIPIDADE
que o acusado foi o autor de um homicídio. A prova obtida a respeito da prática do homicídio é lícita,
mesmo a interceptação telefônica tendo sido decretada para investigar outro delito que não tinha
relação com o crime contra a vida. STF. 1ª Turma. HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/6/2017 (Info 869).
As investigações envolvendo autoridades com foro privativo no STF somente podem ser iniciadas após
autorização formal do STF. De igual modo, as diligências investigatórias envolvendo autoridades com
INVESTIGAÇÃO DE foro privativo no STF precisam ser previamente requeridas e autorizadas pelo STF. STF. 2ª Turma. Inq
AUTORIDADE COM FORO 3387 AgR/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/12/2015 (Info 812)
POR PRERROGATIVA NO
STF
CUIDADO: Investigação envolvendo autoridades com foro privativo em outros tribunais: NÃO é
necessária prévia autorização judicial (STJ, REsp 1563962/RN).
A apreensão de documentos no interior de veículo automotor constitui uma espécie de "busca
pessoal" e, portanto, não necessita de autorização judicial quando houver fundada suspeita de que em
seu interior estão escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados. Exceção:
BUSCA E APREENSÃO EM
será necessária autorização judicial quando o veículo é destinado à habitação do indivíduo, como no
VEÍCULOS
caso de trailers, cabines de caminhão, barcos, entre outros, quando, então, se inserem no conceito
jurídico de domicílio. STF. 2ª Turma. RHC 117767/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
11/10/2016 (Info 843).
São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados nas ruas como
AGENTE INFILTRADO SEM agente de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, como agente infiltrado em grupo
AUTORIZAÇÃO JUDICIAL criminoso. STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2019 (Info
932).
A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser determinada quando não
SUBSIDIARIEDADE houver outro meio para se apurar os fatos tidos por criminosos, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei n.
INTERCEPTAÇÃO 9.296/1996. Desse modo, é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base
em “denúncia anônima”. STF. 2ª Turma. HC 108147/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 11/12/2012.
INTERCEPTAÇÃO Segundo o art. 6º, da Lei n.° 9.296/96, os procedimentos de interceptação telefônica serão conduzidos
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

TELEFÔNICA NÃO É pela autoridade policial (Delegado de Polícia Civil ou Federal). Contudo, tal acompanhamento poderá
EXCLUSIVA DA ser feito por outros órgãos, como, por exemplo, a polícia militar, não sendo atribuição exclusiva da
AUTORIDADE POLICIAL autoridade policial. STF. 2ª Turma. HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15/5/2012.
PRORROGAÇÃO DA É inconstitucional Resolução do CNJ que proíbe o juiz de prorrogar a interceptação telefônica durante
INTERCEPTAÇÃO o plantão judiciário ou durante o recesso do fim de ano. STF. Plenário. ADI 4145/DF, Rel. Min. Edson
TELEFÔNICA NO PLANTÃO Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
OU RECESSO
Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que possibilitado ao
investigado o pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como disponibilizada a totalidade do
TRANSCRIÇÃO
material que, direta e indiretamente, àquele se refira, sem prejuízo do poder do magistrado em
CONVERSAS
determinar a transcrição da integralidade ou de partes do áudio. STF. Plenário. Inq 3693/PA, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/4/2014 (Info 742).
É inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito (tal qual a suspeição
ANULAÇÃO DO PROCESSO
de autoridade policial). As nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de ordem
POR IRREGULARIDADE NO
INQUÉRITO

jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória. STF. 2ª
INQUÉRITO
Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824).
O ato de indiciamento é atribuição exclusiva da autoridade policial. STF. 2ª Turma. HC 115015/SP,
INDICIAMENTO
Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/8/2013 (Info 717)

Estratégia Carreira Jurídica 39


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada. Existem duas exceções
previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: (a) Magistrados (art. 33, parágrafo
único, da LC 35/79); (b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41,
INDICIAMENTO
parágrafo único, da Lei nº 8.625/93). Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o
AUTORIDADE COM FORO
indiciamento de autoridades com foro por prerrogativa de função. No entanto, para isso, é
POR PRERROGATIVA
indispensável que a autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar
esta autoridade. STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em
18/04/2016 (Info 825).
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após terem sido feitas
diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução do inquérito, não
foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade (art. 231, § 4º, “e”, do RISTF). A pendência
ARQUIVAMENTO DE
de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente, ofende o direito à
OFÍCIO PELO STF
razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III,
da CF/88). STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info
912).
É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação criminal para serem utilizadas,
COMPARTILHAMENTO DE como prova emprestada, em inquérito civil público e em outras ações decorrentes do fato investigado.
PROVAS COM INQUÉRITO Esse empréstimo é permitido mesmo que as provas tenham sido obtidas por meio do afastamento
CIVIL ("quebra") judicial dos sigilos financeiro, fiscal e telefônico. STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info 815).
O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a competência da
CRIME PRATICADO NO
justiça federal. STF. 1ª Turma. HC 105461/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016
EXTERIOR
(Info 819).
CRIME PRATICADO As condutas ilícitas praticadas ofenderam diretamente interesse da União (como o crime praticado
CONTRA CONSULADO contra consulado estrangeiro), atrai a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, IV, da
ESTRANGEIRO CF/88. STF. Decisão Monocrática. RE 831996, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/11/2015.
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir
CRIME DE DISPONIBILIZAR material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando
OU ADQUIRIR MATERIAL praticados por meio da rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG,
PORNOGRÁFICO INFANTIL Rel. Orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015
(repercussão geral) (Info 805).
CRIMES AMBIENTAIS Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva
ENVOLVENDO ANIMAIS animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos
SILVESTRES, EM internacionais assumidos pelo Brasil. STF. Plenário. RE 835558/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
EXTINÇÃO, EXÓTICOS OU 9/2/2017 (repercussão geral) (Info 853)
PROTEGIDOS
DESMEMBRAMENTO O desmembramento de inquéritos ou de ações penais de competência do STF deve ser a regra geral,
PROCESSOS QUANDO admitida exceção nos casos em que os fatos relevantes estejam de tal forma relacionados, que o
HOUVER CORRÉUS SEM julgamento em separado possa causar prejuízo relevante à prestação jurisdicional. STF. Plenário. Inq
PRERROGATIVA 3515 AgR/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13/2/2014 (Info 735).
As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de função
devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido praticados
durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o
indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo ele
RESTRIÇÃO AO FORO POR
ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal. Além disso, mesmo
PRERROGATIVA DE
que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito não apresentar relação
FUNÇÃO
direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. TESE FIXADA: O foro por
prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 03/05/2018 (Info 900).
Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação
de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em
MARCO PARA O FIM DO
razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja
FORO POR PRERROGATIVA
o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info
900).
Durante a investigação, conduzida em 1ª instância, de crimes praticados por pessoas sem foro
privativo, caso surja indício de delito cometido por uma autoridade com foro no STF, o juiz deverá
paralisar os atos de investigação e remeter todo o procedimento para o Supremo. O juiz não pode
decidir separar os procedimentos e remeter ao Tribunal apenas os elementos colhidos contra a
DECISÃO SOBRE
autoridade, permanecendo com o restante. Cabe apenas ao STF decidir sobre a necessidade de
DESMEMBRAMENTO E
desmembramento de investigações que envolvam autoridades com prerrogativa de foro.
LEVANTAMENTO DO
SIGILO INTERCEPTAÇÃO
ENVOLVENDO De igual forma, se surgem diálogos envolvendo autoridade com foro no STF, o juiz que havia
COMPETÊNCIA

AUTORIDADE COM FORO autorizado a interceptação não poderá levantar o sigilo do processo e permitir o acesso às conversas
PRO PRERROGATIVA porque a decisão quanto a isso é também do STF.

STF. Plenário. Rcl 23457 Referendo-MC/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 31/3/2016 (Info
819).

Estratégia Carreira Jurídica 40


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos. Cabe à
CRIMES ELEITORAIS E Justiça Eleitoral analisar, caso a caso, a existência de conexão de delitos comuns aos delitos eleitorais
CONEXOS e, em não havendo, remeter os casos à Justiça competente. STF. Plenário. Inq 4435 AgR-quarto/DF,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019 (Info 933).
Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de redução à condição análoga à de escravo (art.
149 do CP). O tipo previsto no art. 149 do CP caracteriza-se como crime contra a organização do
REDUÇÃO A CONDIÇÃO
trabalho e, portanto, atrai a competência da justiça federal (art. 109, VI, da CF/88). STF. Plenário. RE
ANÁLOGA À DE ESCRAVO
459510/MT, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
26/11/2015 (Info 809).
Em regra, o CPP acolhe a teoria do resultado, considerando como lugar do crime o local onde o delito
se consumou (crime consumado) ou onde foi praticado o último ato de execução (no caso de crime
tentado), nos termos do art. 70 do CPP. Excepcionalmente, no caso de crimes contra a vida (dolosos
TEORIA DA ATIVIDADE
ou culposos), se os atos de execução ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a
PARA O HOMICÍDIO
competência para julgar o fato será do local onde foi praticada a conduta (local da execução). Adota-
se a teoria da atividade. STF. 1ª Turma. RHC 116200/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
13/8/2013.
É constitucional a citação com hora certa no âmbito do processo penal. STF. Plenário. RE 635145/RS,
CITAÇÃO POR ORA CERTA
rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 1º/8/2016 (Info 833).
A expressão “para o interrogatório”, prevista no art. 260 do CPP (“Se o acusado não atender à intimação
para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a
autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”), não foi recepcionada pela Constituição
Federal. Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para
interrogatório, tal conduta poderá ensejar: (a) a responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade; (b) a ilicitude das provas obtidas; (c) a responsabilidade civil do Estado.
CONDUÇÃO COERCITIVA
PARA INTERROGATÓRIO MODULAÇÃO dos efeitos: o entendimento não desconstitui (não invalida) os interrogatórios que
foram realizados até a data do julgamento, ainda que os interrogados tenham sido coercitivamente
conduzidos para o referido ato processual.

STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 13 e
14/6/2018 (Info 906).

O incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é possível
RECUSA AO INCIDENTE DE
ATOS

determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua realização. STF. 2ª


INSANIDADE
Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/9/2016 (Info 838).
O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial,
ACORDO DE respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante,
COLABORAÇÃO previamente à decisão judicial. Os §§ 2º e 6º do art. 4º da Lei nº 12.850/2013, que preveem essa
PREMIADA CELEBRADO possibilidade, são constitucionais e não ofendem a titularidade da ação penal pública conferida ao
POR DELEGADO DE Ministério Público pela Constituição (art. 129, I). STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco
POLÍCIA Aurélio, julgado em 20/6/2018 (Info 907).

Não existe obrigatoriedade legal absoluta de que as declarações do colaborador premiado sejam
registradas em meio audiovisual. O § 13 do art. 4º da Lei nº 12.850/2013 prevê que “sempre que
possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética,
REGISTRO DAS
estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das
DECLARAÇÕES DO
informações”. Há, portanto, uma recomendação da Lei no sentido de que as declarações sejam
COLABORADOR
registradas em meio audiovisual, mas isso não é uma determinação absoluta a ponto de gerar nulidade
pelo simples fato de o registro não ter sido feito dessa forma. STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 22/6/2016 (Info 831).
A colaboração é um meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete à reserva de jurisdição
(não exige autorização judicial), diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na
JUDICIÁRIO NO ACORDO quebra de sigilo bancário ou fiscal. Nesse sentido, as tratativas e a celebração da avença são mantidas
DE COLABORAÇÃO exclusivamente entre o Ministério Público e o pretenso colaborador. O Poder Judiciário é convocado
PREMIADA ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos legais de existência e validade, com a
COLABORAÇÃO PREMIADA

indispensável homologação. STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21,
22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).
O acordo de colaboração premiada, além de meio de obtenção de prova, constitui em um negócio
jurídico processual personalíssimo, cuja conveniência e oportunidade estão submetidos à
discricionariedade regrada do Ministério Público e não se submetem ao escrutínio do Estado-juiz. Em
O JUDICIÁRIO NÃO PODE
outras palavras, trata-se de ato voluntário, insuscetível de imposição judicial. No entanto, que o ato do
OBRIGAR O MINISTÉRIO
membro do Ministério Público que se nega à realização do acordo deve ser devidamente motivado.
PÚBLICO A CELEBRAR
Essa recusa pode ser objeto de controle por órgão superior no âmbito do Ministério Público
ACORDO
(Procurador-Geral de Justiça ou Comissão de Coordenação e Revisão), por aplicação analógica do art.
28 do CPP (art. 62, IV, da LC 75/93) STF. 2ª Turma. MS 35693 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
julgado em 28/5/2019 (Info 942).

Estratégia Carreira Jurídica 41


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Mesmo sem ter assinado o acordo, o acusado pode colaborar fornecendo as informações e provas
que possuir. Ao final, na sentença, o juiz irá analisar esse comportamento processual e poderá
SANÇÃO PREMIAL SEM conceder benefício ao acusado mesmo sem que tenha havido a prévia celebração e homologação do
ACORDO acordo de colaboração premiada. Ou seja, o acusado pode receber a sanção premial mesmo sem a
celebração do acordo caso o magistrado entenda que sua colaboração foi eficaz. STF. 2ª Turma. MS
35693 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/5/2019 (Info 942).
Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por autoridade
(ex: Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração
deverá, obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação
COMPETÊNCIA PARA
pelo Tribunal competente (STJ). Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente
HOMOLOGAÇÃO DO
por um Tribunal (foro por prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá
ACORDO DE
ser homologado por este respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado. A
COLABORAÇÃO
delação de autoridade com prerrogativa de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a
DELATADO COM FORO
respectiva homologação e, em consequência, do órgão do Ministério Público que atua perante a
POR PRERROGATIVA
Corte. Se o delator ou se o delatado tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação da
colaboração premiada será de competência do respectivo Tribunal. STF. 2ª Turma. HC 151605/PR,
Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895).
A decisão do magistrado que homologa o acordo de colaboração premiada não julga o mérito da
pretensão acusatória, mas apenas resolve uma questão incidente. Por isso, esta decisão tem natureza
meramente homologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e
voluntariedade do acordo (art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013). O juiz, ao homologar o acordo de
NATUREZA DA DECISÃO
colaboração, não emite juízo de valor a respeito das declarações eventualmente prestadas pelo
QUE HOMOLOGA O
colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus
ACORDO
depoimentos posteriores. A análise se as declarações do colaborador são verdadeiras ou se elas se
confirmaram com as provas produzidas será feita apenas no momento do julgamento do processo, ou
seja, na sentença (ou acórdão), conforme previsto no § 11 do art. 4º da Lei. STF. Plenário. Pet
7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).
No ato de homologação da colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma antecipada e
LIMITES DA ANÁLISE PARA
extemporânea, tecer juízo de valor sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos casos de
A HOMOLOGAÇÃO DO
flagrante ofensa ao ordenamento jurídico vigente. STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson
ACORDO
Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).
O direito subjetivo do colaborador nasce e se perfectibiliza na exata medida em que ele cumpre seus
deveres. Assim, o cumprimento dos deveres pelo colaborador é condição sine qua non para que ele
possa gozar dos direitos decorrentes do acordo. Por isso diz-se que o acordo homologado como
DIREITOS DO
regular, voluntário e legal gera vinculação condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela
COLABORADOR
colaboração, salvo ilegalidade superveniente apta a justificar nulidade ou anulação do negócio
jurídico. STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017
(Info 870).
Em regra, o delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo de colaboração premiada. Assim,
em regra, a pessoa que foi delatada não poderá impetrar um habeas corpus alegando que esse acordo
possui algum vício. Isso porque se trata de negócio jurídico personalíssimo. Esse entendimento,
LEGITIMIDADE DO contudo, não se aplica em caso de homologação sem respeito à prerrogativa de foro. Desse modo, é
DELATADO PARA possível que o delatado questione o acordo se a impugnação estiver relacionada com as regras
IMPUGNAR O ACORDO constitucionais de prerrogativa de foro. Em outras palavras, se o delatado for uma autoridade com foro
por prerrogativa de função e, apesar disso, o acordo tiver sido homologado em 1ª instância, será
permitido que ele impugne essa homologação alegando usurpação de competência. STF. 2ª Turma.
HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895)
Não se pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de ele ter descumprido acordo
de colaboração premiada. Não há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre a prisão
preventiva e o acordo de colaboração premiada. Tampouco há previsão de que, em decorrência do
DESCUMPRIMENTO DO descumprimento do acordo, seja restabelecida prisão preventiva anteriormente revogada. Por essa
ACORDO E PRISÃO razão, o descumprimento do que foi acordado não justifica a decretação de nova custódia cautelar. É
necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não podendo o
decreto prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo. STF. 1ª Turma. HC 138207/PR,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 25/4/2017 (Info 862).

Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em
ACESSO AOS TERMOS DE um acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito
DECLARAÇÃO DO aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo
COLABORADOR investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.850/2013.
STF. 2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814).
No procedimento penal comum, após o réu apresentar resposta escrita à acusação, não há previsão
PROCEDI
MENTO

MANIFESTAÇÃO DO MP À legal para que o MP se manifeste sobre esta peça defensiva. No entanto, caso o juiz abra vista ao MP
RESPOSTA À ACUSAÇÃO mesmo assim, não haverá qualquer nulidade. STF. 1ª Turma. HC 105739/RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio, 1ª Turma, julgado em 08/02/2012.

Estratégia Carreira Jurídica 42


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

É cabível a aplicação analógica do art. 191 do CPC 1973 (art. 229 do CPC 2015: “Os litisconsortes que
tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados em
APLICAÇÃO ANALÓGICA dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, independentemente de
DE PRAZO EM DOBRO AO requerimento”) ao processo penal. Se no processo civil, em que se discutem direitos disponíveis,
PROCESSO PENAL concede-se prazo em dobro, com mais razão no processo penal, em que está em jogo a liberdade do
cidadão. STF. Plenário. Inq 4112/DF, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Gilmar
Mendes, julgado em 1º/9/2015 (Info 797).
Em regra, é cabível a aplicação analógica do prazo em dobro previsto no art. 229 do CPC/2015 ao
prazo previsto no art. 4º da Lei nº 8.038/90 (“Apresentada a denúncia ou a queixa ao Tribunal, far-se-á
a notificação do acusado para oferecer resposta no prazo de quinze dias”). No entanto, não cabe tal
PRAZO EM DOBRO AUTOS aplicação subsidiária em inquéritos e ações penais originárias em que os atos processuais das partes
ELETRÔNICOS são praticados por via eletrônica e todos os interessados — advogados e membros do Ministério
Público — têm acesso amplo e simultâneo ao inteiro teor dos autos. Incide aqui a regra de exceção do
§ 2º do art. 229: "§ 2º Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos." STF. 2ª
Turma. Inq 3980 QO/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/6/2016 (Info 829).
Súmula 723 do STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a
PENA MÍNIMA NO CRIME
soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um
CONTINUADO
ano.
RECUSA DO MP EM Súmula 696 do STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do
OFERECER A SUSPENSÃO processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão
CONDICIONAL ao Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.

Súmula vinculante 35 do STF: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei


TRANSAÇÃO PENAL NÃO 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação
FAZ COISA JULGADA
anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante
MATERIAL oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
É inconstitucional lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a polícia e o
Ministério Público. É constitucional lei estadual que preveja a possibilidade de o MP requisitar
TRAMITAÇÃO DIRETA informações quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-se de indiciado solto.
STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 3/4/2014 (Info 741).
Se o acusado, à época do oferecimento da denúncia, não era mais funcionário público, não terá direito
DEFESA PRELIMINAR à defesa preliminar de que trata o art. 514 do CPP. STF. Plenário. AP 465/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 24/4/2014 (Info 743).
É possível que os Ministros do STJ e STF, em ações penais originárias destes Tribunais, deleguem a
realização de atos de instrução aos chamados juízes instrutores, não havendo nulidade nesta prática.
Os juízes instrutores atuam como longa manus do magistrado relator e, nessa condição, procedem sob
JUÍZES INSTRUTORES NAS
sua supervisão. Trata-se, portanto, de delegação limitada a atos de instrução, com poder decisório
AÇÕES PENAIS NO STF/STJ
restrito ao alcance desses objetivos. A atuação dos juízes instrutores encontra respaldo no art. 3º da
Lei 8.038/90. STF. 1ª Turma. HC 131164/TO, rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/5/2016 (Info
827).
A antecipação da prova testemunhal prevista no art. 366 do CPP pode ser justificada como medida
necessária pela gravidade do crime praticado e possibilidade concreta de perecimento, haja vista que
as testemunhas poderiam se esquecer de detalhes importantes dos fatos em decorrência do decurso
ANTECIPAÇÃO DA PROVA do tempo. Além disso, a antecipação da oitiva das testemunhas não traz nenhum prejuízo às garantias
TESTEMUNHAL inerentes à defesa. Isso porque quando o processo retomar seu curso, caso haja algum ponto novo a
ser esclarecido em favor do réu, basta que seja feita nova inquirição. STF. 2ª Turma. HC 135386/DF,
rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2016
(Info 851)
Se houver mais de um acusado, cada um dos réus não terá direito de acompanhar o interrogatório dos
corréus. Se o réu for advogado e estiver atuando em causa própria, mesmo assim deverá ser aplicada
INTERROGATÓRIO
a regra do art. 191 do CPP. Em outras palavras, quando o corréu for ser interrogado, o acusado (que
CORRÉU ADVOGADO
atua como advogado) terá que sair da sala de audiência. STF. 2ª Turma. HC 101021/SP, Rel. Min.
Teori Zavascki, julgado em 20/5/2014 (Info 747)
A tradução para o vernáculo de documentos em idioma estrangeiro juntados aos autos só deverá ser
realizada se tal providência for absolutamente “necessária”. É o que prevê o CPP: “Art. 236. Os
TRADUÇÃO DE documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se necessário,
DOCUMENTOS traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade”. A decisão
sobre a necessidade ou não da tradução dos documentos cabe ao juiz da causa. STF. Plenário. Inq
4146/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 22/6/2016 (Info 831).
RECURSOS E INSTRUÇÃO

Não há nulidade no depoimento de pessoa que, ouvida na condição de testemunha, assumindo o


TESTEMUNHA QUE
compromisso de dizer a verdade, venha depois a ser denunciada se a ela foi conferido o direito de não
POSTERIORMENTE SE
responder a perguntas cujas respostas possam eventualmente acarretar sua autoincriminação. STF.
TORNA RÉ
Plenário. Inq 3983/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 02 e 03/03/2016 (Info 816).
Não há que se falar em nulidade do julgamento da apelação interposta pelo Ministério Público se a
CONSTITUCIO

defesa, regularmente intimada para a apresentação de contrarrazões, permanece inerte. Em outras


AUSÊNCIA DE
palavras, a ausência de contrarrazões à apelação do Ministério Público não é causa de nulidade por
APRESENTAÇÃO DE
cerceamento de defesa se o defensor constituído pelo réu foi devidamente intimado para apresentá-
AÇÕES

CONTRARRAZÕES
las, mas não o fez. STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão
NAIS

Min. Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).

Estratégia Carreira Jurídica 43


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Súmula 448 do STF: O prazo para o assistente recorrer supletivamente começa a correr
PRAZO PARA RECORRER
imediatamente após o transcurso do prazo do MP.
Não é possível a interposição de recurso por e-mail. É certo que o art. 1º da Lei nº 9.800/99 prevê que
“é permitida às partes a utilização de sistema de transmissão de dados e imagens tipo fac-símile ou
INTERPOSIÇÃO DE outro similar, para a prática de atos processuais que dependam de petição escrita”. Contudo, o e-mail
RECURSO POR E-MAIL não configura meio eletrônico equiparado ao fax, para fins da aplicação do disposto no art. 1º da Lei
nº 9.800/99, porquanto não guarda a mesma segurança de transmissão e registro de dados. STF. 1ª
Turma. HC 121225/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (Info 857).
Não cabe habeas corpus para discutir processo criminal envolvendo o art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei
HC EM PROCESSO DE de Drogas), porte de drogas para consumo pessoal, considerando não haver risco à liberdade (não há
PORTE DE DROGAS PARA possibilidade de prisão). STF. 1ª Turma. HC 127834/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
CONSUMO ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/12/2017 (Info 887).
Não cabe habeas corpus contra decisão que negou direito de familiar de preso internado em unidade
HC E DIREITO DE VISITA A
prisional de com ele ter encontro direto, autorizando apenas a visita por meio do parlatório. STF. 2ª
PRESO
Turma. HC 133305/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/5/2016 (Info 827).
Não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do trânsito
em julgado da ação originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão criminal. A nulidade
HC E NULIDADE NÃO não suscitada no momento oportuno é impassível de ser arguida através de habeas corpus, no afã de
ALEGADA superar a preclusão, sob pena de transformar o writ em sucedâneo da revisão criminal. STF. 1ª Turma.
RHC 124041/GO, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em
30/8/2016 (Info 837).
Os advogados, membros da Magistratura, do MP e da Defensoria Pública, se forem presos antes do
trânsito em julgado da sentença penal condenatória, possuem o direito de ficar recolhidos não em
uma cela com grades, mas sim em uma sala de Estado Maior. A palavra “Estado Maior” representa o
grupo de Oficiais que assessora o Comandante das Forças Armadas, do Corpo de Bombeiros ou da
Polícia Militar. Logo, sala de Estado-Maior é o compartimento localizado na unidade militar que é
PRISÃO EM SALA DE utilizado por eles para o exercício de suas funções. Em interpretação teleológica dessa garantia, os
ESTADO MAIOR integrantes dessas carreiras, quando forem presos provisoriamente, não precisam ficar em uma sala
dentro do Comando das Forças Armadas, mas devem ser recolhidos em um local equiparado à sala
de Estado Maior, ou seja, em um ambiente separado, sem grades, localizado em unidades prisionais
ou em batalhões da Polícia Militar, que tenha instalações e comodidades adequadas à higiene e à
segurança do preso. STF. Plenário. Rcl 5826/PR e Rcl 8853/GO, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o
acórdão Min. Dias Toffoli, julgados em 18/3/2015 (Info 778).
Em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam: (a) gestantes;
(b) puérperas (que deram à luz há pouco tempo) ; (c) mães de crianças (isto é, mães de menores até
12 anos incompletos); (d) mães de pessoas com deficiência. Não deve ser autorizada a prisão
domiciliar se: (1) a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça; (2) a mulher tiver
praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos); (3) em outras situações
excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o
benefício. STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018
GESTANTES E MÃES (Info 891).

ATENÇÃO: CPP, art. 318-A. “A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou
responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
PRISÃO

I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não tenha cometido o crime
contra seu filho ou dependente”. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). O legislador estendeu
ainda mais o benefício ao não incluir a exceção número 3 (situações excepcionalíssimas).
As hipóteses de impedimento previstas no art. 252 do CPP constituem rol taxativo. STF. 2ª Turma. HC
ROL DE IMPEDIMENTOS 94089/SP, Rel. Min. Ayres Britto, julgado em 14/2/2012.

O princípio da congruência preconiza que o acusado se defende dos fatos descritos na denúncia e
não da capitulação jurídica nela estabelecida. Assim, é necessário apenas que haja a correlação entre
o fato descrito na peça acusatória e o fato pelo qual o réu foi condenado, sendo irrelevante a menção
PRINCÍPIO DA expressa na denúncia de eventuais causas de aumento ou diminuição de pena. Se o MP ajuizar ação
CORRELAÇÃO E penal contra o réu por sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90) e narrar que o réu sonegou tributos
CONGRUÊNCIA E em montante superior a R$ 4 milhões, o juiz pode, na sentença, reconhecer a incidência da causa de
EMENDATIO LIBELLI aumento de pena prevista no art. 12, I, da Lei, uma vez que o fato que ela representa (vultosa quantia
sonegada que gera dano à coletividade) foi devidamente narrado, ainda que não haja menção
expressa ao dispositivo legal. STF. 2ª Turma. HC 129284/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 17/10/2017 (Info 882).
OUTROS TEMAS

A esposa tem legitimidade para propor queixa-crime contra autor de mensagem que insinua que o
LEGITIMIDADE ESPOSA seu marido tem uma relação extraconjugal com outro homem. Se alguém alega que um indivíduo
PARA PROPOR QUEIXA- casado mantém relação homossexual extraconjugal com outro homem, a esposa deste indivíduo tem
CRIME – RELAÇÃO legitimidade para ajuizar queixa-crime por injúria, alegando que também é ofendida. STF. 1ª Turma.
EXTRACONJUGAL MARIDO Pet 7417 AgR/DF, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/10/2018
(Info 919).

Estratégia Carreira Jurídica 44


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

A decisão que, na audiência de custódia, determina o relaxamento da prisão em flagrante sob o


argumento de que a conduta praticada é atípica não faz coisa julgada. Assim, esta decisão não vincula
CUSTÓDIA E COISA o titular da ação penal, que poderá oferecer acusação contra o indivíduo narrando os mesmos fatos e
JULGADA o juiz poderá receber essa denúncia. STF. 1ª Turma. HC 157.306/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
25/9/2018 (Info 917).
“O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo
razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem
a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus
agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais
PODERES
de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os
INVESTIGATÓRIOS DO
incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado
MINISTÉRIO PÚBLICO
democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente
documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos membros dessa Instituição.”
STF. Plenário. RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgado em 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL

ASSUNTO/PONTO DESTAQUE

A interceptação telefônica é subsidiária e excepcional, só podendo ser determinada quando não houver
SUBSIDIARIEDADE outro meio para se apurar os fatos tidos por criminosos, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei n.
INTERCEPTAÇÃO 9.296/1996. Desse modo, é ilegal que a interceptação telefônica seja determinada apenas com base
em “denúncia anônima”. STF. 2ª Turma. HC 108147/PR, rel. Min. Cármen Lúcia, 11/12/2012.
DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

INTERCEPTAÇÃO Segundo o art. 6º, da Lei n.° 9.296/96, os procedimentos de interceptação telefônica serão conduzidos
TELEFÔNICA NÃO É pela autoridade policial (Delegado de Polícia Civil ou Federal). Contudo, tal acompanhamento poderá
EXCLUSIVA DA ser feito por outros órgãos, como, por exemplo, a polícia militar, não sendo atribuição exclusiva da
(LEI Nº 9.296/1996)

AUTORIDADE autoridade policial. STF. 2ª Turma. HC 96986/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 15/5/2012.
POLICIAL

PRORROGAÇÃO DA É inconstitucional Resolução do CNJ que proíbe o juiz de prorrogar a interceptação telefônica durante
INTERCEPTAÇÃO o plantão judiciário ou durante o recesso do fim de ano. STF. Plenário. ADI 4145/DF, Rel. Min. Edson
TELEFÔNICA NO Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 26/4/2018 (Info 899).
PLANTÃO OU
RECESSO

Não é necessária a transcrição integral das conversas interceptadas, desde que possibilitado ao
investigado o pleno acesso a todas as conversas captadas, assim como disponibilizada a totalidade do
TRANSCRIÇÃO
material que, direta e indiretamente, àquele se refira, sem prejuízo do poder do magistrado em
CONVERSAS
determinar a transcrição da integralidade ou de partes do áudio. STF. Plenário. Inq 3693/PA, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 10/4/2014 (Info 742).

ACORDO DE O delegado de polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada, na fase de inquérito policial,
COLABORAÇÃO respeitadas as prerrogativas do Ministério Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante,
previamente à decisão judicial. Os §§ 2º e 6º do art. 4º da Lei nº 12.850/2013, que preveem essa
DA COLABORAÇÃO PREMIADA

PREMIADA
CELEBRADO POR possibilidade, são constitucionais e não ofendem a titularidade da ação penal pública conferida ao
DELEGADO DE Ministério Público pela Constituição (art. 129, I). STF. Plenário. ADI 5508/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
(LEI Nº 12.850/2013)

POLÍCIA julgado em 20/6/2018 (Info 907).

Não existe obrigatoriedade legal absoluta de que as declarações do colaborador premiado sejam
registradas em meio audiovisual. O § 13 do art. 4º da Lei nº 12.850/2013 prevê que “sempre que
possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética,
REGISTRO DAS
estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das
DECLARAÇÕES DO
informações”. Há, portanto, uma recomendação da Lei no sentido de que as declarações sejam
COLABORADOR
registradas em meio audiovisual, mas isso não é uma determinação absoluta a ponto de gerar nulidade
pelo simples fato de o registro não ter sido feito dessa forma. STF. Plenário. Inq 4146/DF, Rel. Min. Teori
Zavascki, julgado em 22/6/2016 (Info 831).

Estratégia Carreira Jurídica 45


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

A colaboração é um meio de obtenção de prova cuja iniciativa não se submete à reserva de jurisdição
(não exige autorização judicial), diferentemente do que ocorre nas interceptações telefônicas ou na
JUDICIÁRIO NO
quebra de sigilo bancário ou fiscal. Nesse sentido, as tratativas e a celebração da avença são mantidas
ACORDO DE
exclusivamente entre o Ministério Público e o pretenso colaborador. O Poder Judiciário é convocado
COLABORAÇÃO
ao final dos atos negociais apenas para aferir os requisitos legais de existência e validade, com a
PREMIADA
indispensável homologação. STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28
e 29/6/2017 (Info 870).

O acordo de colaboração premiada, além de meio de obtenção de prova, constitui em um negócio


jurídico processual personalíssimo, cuja conveniência e oportunidade estão submetidos à
O JUDICIÁRIO NÃO discricionariedade regrada do Ministério Público e não se submetem ao escrutínio do Estado-juiz. Em
PODE OBRIGAR O outras palavras, trata-se de ato voluntário, insuscetível de imposição judicial. No entanto, que o ato do
MINISTÉRIO membro do Ministério Público que se nega à realização do acordo deve ser devidamente motivado.
PÚBLICO A Essa recusa pode ser objeto de controle por órgão superior no âmbito do Ministério Público
CELEBRAR ACORDO (Procurador-Geral de Justiça ou Comissão de Coordenação e Revisão), por aplicação analógica do art.
28 do CPP (art. 62, IV, da LC 75/93) STF. 2ª Turma. MS 35693 AgR/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 28/5/2019 (Info 942).

Mesmo sem ter assinado o acordo, o acusado pode colaborar fornecendo as informações e provas que
possuir. Ao final, na sentença, o juiz irá analisar esse comportamento processual e poderá conceder
SANÇÃO PREMIAL benefício ao acusado mesmo sem que tenha havido a prévia celebração e homologação do acordo de
SEM ACORDO colaboração premiada. Ou seja, o acusado pode receber a sanção premial mesmo sem a celebração
do acordo caso o magistrado entenda que sua colaboração foi eficaz. STF. 2ª Turma. MS 35693 AgR/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 28/5/2019 (Info 942).

Se a delação do colaborador mencionar fatos criminosos que teriam sido praticados por autoridade (ex:
Governador) e que teriam que ser julgados por foro privativo (ex: STJ), este acordo de colaboração
COMPETÊNCIA
deverá, obrigatoriamente, ser celebrado pelo Ministério Público respectivo (PGR), com homologação
PARA
pelo Tribunal competente (STJ). Assim, se os fatos delatados tiverem que ser julgados originariamente
HOMOLOGAÇÃO
por um Tribunal (foro por prerrogativa de função), o próprio acordo de colaboração premiada deverá
DO ACORDO DE
ser homologado por este respectivo Tribunal, mesmo que o delator não tenha foro privilegiado. A
COLABORAÇÃO
delação de autoridade com prerrogativa de foro atrai a competência do respectivo Tribunal para a
DELATADO COM
respectiva homologação e, em consequência, do órgão do Ministério Público que atua perante a Corte.
FORO POR
Se o delator ou se o delatado tiverem foro por prerrogativa de função, a homologação da colaboração
PRERROGATIVA
premiada será de competência do respectivo Tribunal. STF. 2ª Turma. HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895).

A decisão do magistrado que homologa o acordo de colaboração premiada não julga o mérito da
pretensão acusatória, mas apenas resolve uma questão incidente. Por isso, esta decisão tem natureza
meramente homologatória, limitando-se ao pronunciamento sobre a regularidade, legalidade e
NATUREZA DA voluntariedade do acordo (art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013). O juiz, ao homologar o acordo de
DECISÃO QUE colaboração, não emite juízo de valor a respeito das declarações eventualmente prestadas pelo
HOMOLOGA O colaborador à autoridade policial ou ao Ministério Público, nem confere o signo da idoneidade a seus
ACORDO depoimentos posteriores. A análise se as declarações do colaborador são verdadeiras ou se elas se
confirmaram com as provas produzidas será feita apenas no momento do julgamento do processo, ou
seja, na sentença (ou acórdão), conforme previsto no § 11 do art. 4º da Lei. STF. Plenário. Pet 7074/DF,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).

LIMITES DA ANÁLISE No ato de homologação da colaboração premiada, não cabe ao magistrado, de forma antecipada e
PARA A extemporânea, tecer juízo de valor sobre o conteúdo das cláusulas avençadas, exceto nos casos de
HOMOLOGAÇÃO flagrante ofensa ao ordenamento jurídico vigente. STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin,
DO ACORDO julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).

O direito subjetivo do colaborador nasce e se perfectibiliza na exata medida em que ele cumpre seus
deveres. Assim, o cumprimento dos deveres pelo colaborador é condição sine qua non para que ele
DIREITOS DO possa gozar dos direitos decorrentes do acordo. Por isso diz-se que o acordo homologado como
COLABORADOR regular, voluntário e legal gera vinculação condicionada ao cumprimento dos deveres assumidos pela
colaboração, salvo ilegalidade superveniente apta a justificar nulidade ou anulação do negócio jurídico.
STF. Plenário. Pet 7074/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 21, 22, 28 e 29/6/2017 (Info 870).

Estratégia Carreira Jurídica 46


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Em regra, o delatado não tem legitimidade para impugnar o acordo de colaboração premiada. Assim,
em regra, a pessoa que foi delatada não poderá impetrar um habeas corpus alegando que esse acordo
possui algum vício. Isso porque se trata de negócio jurídico personalíssimo. Esse entendimento,
LEGITIMIDADE DO
contudo, não se aplica em caso de homologação sem respeito à prerrogativa de foro. Desse modo, é
DELATADO PARA
possível que o delatado questione o acordo se a impugnação estiver relacionada com as regras
IMPUGNAR O
constitucionais de prerrogativa de foro. Em outras palavras, se o delatado for uma autoridade com foro
ACORDO
por prerrogativa de função e, apesar disso, o acordo tiver sido homologado em 1ª instância, será
permitido que ele impugne essa homologação alegando usurpação de competência. STF. 2ª Turma.
HC 151605/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 20/3/2018 (Info 895)

Não se pode decretar a prisão preventiva do acusado pelo simples fato de ele ter descumprido acordo
de colaboração premiada. Não há, sob o ponto de vista jurídico, relação direta entre a prisão preventiva
e o acordo de colaboração premiada. Tampouco há previsão de que, em decorrência do
DESCUMPRIMENTO descumprimento do acordo, seja restabelecida prisão preventiva anteriormente revogada. Por essa
DO ACORDO E razão, o descumprimento do que foi acordado não justifica a decretação de nova custódia cautelar. É
PRISÃO necessário verificar, no caso concreto, a presença dos requisitos da prisão preventiva, não podendo o
decreto prisional ter como fundamento apenas a quebra do acordo. STF. 1ª Turma. HC 138207/PR, Rel.
Min. Edson Fachin, julgado em 25/4/2017 (Info 862).

Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em um
ACESSO AOS
acordo de colaboração premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos
TERMOS DE
fatos pelos quais ele está sendo acusado, especialmente se tais declarações ainda estão sendo
DECLARAÇÃO DO
investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do art. 7º da Lei nº 12.850/2013. STF.
COLABORADOR
2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814).

Saber na Ponta da Língua (2019-2022)

Constitucional

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Estado não pode ser obrigado a fornecer medicamentos experimentais. 2. A ausência de registro
na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impede, como regra geral, o fornecimento de
medicamento por decisão judicial. 3. É possível, excepcionalmente, a concessão judicial de
medicamento sem registro sanitário, em caso de mora irrazoável da Anvisa em apreciar o pedido
(prazo superior ao previsto na Lei 13.411/2016), quando preenchidos três requisitos: (i) a existência
de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para
doenças raras e ultrarraras);(ii) a existência de registro do medicamento em renomadas agências
de regulação no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. 4. As
ações que demandem fornecimento de medicamentos sem registro na Anvisa deverão
necessariamente ser propostas em face da União.
RE 657718/MG, Plenário, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 22.5.2019. (Info 941)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Os entes da Federação, em decorrência da competência comum, são solidariamente responsáveis
nas demandas prestacionais na área da saúde e, diante dos critérios constitucionais de
descentralização e hierarquização, compete à autoridade judicial direcionar o cumprimento
conforme as regras de repartição de competências e determinar o ressarcimento a quem suportou
o ônus financeiro.
RE 855178 ED/SE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 23.5.2019
(Info 941)

MANDADO DE SEGURANÇA

Estratégia Carreira Jurídica 47


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Deve-se manter a titularidade de serventia judicial provida, em caráter privado, antes da


Constituição Federal de 1988.
MS 29998/DF, 1ª Turma, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 28.5.2019 (Info 942)

Agravo em RECURSO EXTRAORDINÁRIO


Compete aos municípios legislar sobre assuntos de interesse local, notadamente sobre a definição
do tempo máximo de espera de clientes em filas, sejam de instituições bancárias ou de mercados.
ARE 809489 AgR/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 28.5.2019. (Info 942)

HABEAS CORPUS
É facultativa a decisão de comparecer, ou não, à Câmara dos Deputados, perante comissão
parlamentar de inquérito (CPI), para ser ouvido na condição de investigado, sendo garantido ao
investigado, caso queira comparecer ao ato: a) o direito ao silêncio, ou seja, a não responder
perguntas a ele direcionadas; b) o direito à assistência por advogado durante o ato; c) o direito de
não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade ou de subscrever termos com esse
conteúdo; e d) o direito de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício
dos direitos anteriores.
HC 171438/DF, 2ª Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento 28.5.2019. (Info 942)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO e MANDADO DE INJUNÇÃO


Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados
de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as
condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à
orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo,
compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante
adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de
08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica,
por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”).
ADO 26/DF, Plenário, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13.6.2019 e MI 4733/DF, Plenário,
rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. (Info 944)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional lei estadual que proíba que as empresas concessionárias exijam taxa de
religação no caso de suspensão (corte) de fornecimento de energia por inadimplemento. Lei nesse
sentido: (a) invade a competência privativa da União para dispor sobre energia, violando, assim, o
art. 22, IV, da CF/88; (b) interfere na prestação de serviço público federal (art. 21, XII, “b”, da CF/88).
STF. Plenário. ADI 5610/BA, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 8/8/2019 (Info 946).
Votação: Maioria.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Nos termos expressos da Constituição Federal (CF), é vedada a reedição, na mesma sessão
legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada. STF. Plenário. ADI 6062 MC-Ref/DF, ADI
6172 MC-Ref/DF, ADI 6173 MC-Ref/DF, ADI 6174 MC-Ref/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados
em 1º/8/2019 (Info 946).
Votação: Unanimidade.

Estratégia Carreira Jurídica 48


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


É inconstitucional lei municipal que autoriza o Executivo a conceder exploração de radiodifusão,
por invasão da competência privativa da União para dispor sobre radiodifusão, em ofensa ao art.
21, XII, a, da Constituição Federal (STF. Plenário. ADPF 235/TO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
14/8/2019 - Info 947)
Votação: Unanimidade.

AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA


Não cabe ao STF julgar ação proposta contra a União para obrigar Banco do Brasil a cumprir lei
estadual que determina o repasse de parte dos valores dos depósitos judiciais para o caixa único
do Estado (STF. Plenário. ACO 989/BA, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 11/9/2019).(Info 951)
Votação: Unanimidade.

RECLAMAÇÃO
Em regra, as ações ordinárias contra atos do CNJ devem ser processadas e julgadas na Justiça
Federal. Contudo, a hermenêutica sistemático-teleológica do mencionado preceito conduz a que
sejam submetidas a processo e julgamento no STF as ações ordinárias que impugnam atos do CNJ
de cunho finalístico, concernentes aos objetivos precípuos de sua criação. (STF. 1ª Turma. Rcl
15564 AgR/PR, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgado em 10/9/2019)(Info
951)
Votação: Maioria.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional lei estadual que confira à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) competência para
controlar os serviços jurídicos e para fazer a representação judicial de empresas públicas e
sociedades de economia mista, previsão que cria ingerência indevida do Governador na
administração das empresas públicas e sociedades de economia mista. O art. 132 da CF/88
confere às Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal as atividades de consultoria jurídica e
de representação judicial apenas da administração pública direta, autárquica e fundacional. (STF.
Plenário. ADI 3536/SC, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 2/10/2019-Info 954).
Votação: Maioria.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Deve-se realizar uma interpretação conforme a Constituição Federal para o fim de reconhecer que
existe, no caso, uma coabitação normativa entre os Poderes Executivo (decreto) e Legislativo (lei
formal) para o exercício da competência destinada à denominação de próprios, vias e logradouros
públicos e suas alterações, cada qual no âmbito de suas atribuições (STF. Plenário. RE 1151237/SP,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 3/10/2019-Info 954).
Votação: Maioria.

AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE


(I) O tão só fato de uma lei possuir destinatários determináveis não retira seu caráter geral e abstrato
e nem a transforma em norma de efeitos concretos; (II) O fato de a norma ter sido fruto de acordos
homologados judicialmente e transitados em julgado não afasta a possibilidade de controle
concentrado de constitucionalidade da norma (STF. 1ª Turma. RE 1186465 AgR/TO, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 8/10/2019-Info 955)

Estratégia Carreira Jurídica 49


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Votação: Unanimidade.

MANDADO DE SEGURANÇA
Os recursos destinados ao Fundo Constitucional do Distrito Federal pertencem aos cofres federais,
consoante disposto na Lei 10.663/2002. Logo, a competência para fiscalizar a aplicação desses
recursos é do Tribunal de Contas da União (STF. 2ª Turma. MS 28584/DF, rel. orig. Min. Ricardo
Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/10/2019-Info 958).
Votação: Unanimidade.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
A questão da possibilidade de retenção do valor de honorários advocatícios contratuais da verba
executada (diferenças do FUNDEF), na forma do art. 22, § 4º da Lei 8.906/1994, possui natureza
meramente infraconstitucional, não admitindo, portanto, discussão via recurso extraordinário (STF.
1ª Turma. ARE 1066359 AgR/AL, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/11/2019-Info 961)
Votação: Maioria.

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
O STF tem competência para apreciar ação ordinária ajuizada contra ato do Conselho Nacional de
Justiça (STF. 2ª Turma. Rcl 15551 AgR/GO, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/11/2019-Info
961)
Votação: Maioria.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A ampliação, por Constituição Estadual, da reserva de lei complementar para além das hipóteses
já previstas no texto constitucional federal restringe indevidamente o arranjo democrático-
representativo desenhado pela Constituição da República (STF. Plenário. ADI 5003/SC, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 5/12/2019-Info 962)
Votação: Unanimidade.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Nos casos em que não tenha havido declaração de inconstitucionalidade de ato normativo, o
quórum para modular os efeitos de decisão em julgamento de recursos extraordinários repetitivos,
com repercussão geral, é de maioria absoluta dos membros da Corte.
RE 638115 ED-ED/CE, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.12.2019 (Info 964)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Lei municipal a versar a percepção, mensal e vitalícia, de “subsídio” por ex-vereador e a
consequente pensão em caso de morte NÃO é harmônica com a Constituição Federal de 1988.
RE 638307/MS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 19.12.2019 (Info 964)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
O afastamento de norma legal por órgão fracionário, de modo a revelar o esvaziamento da eficácia
do preceito, implica contrariedade à cláusula de reserva de plenário e ao Enunciado 10 da Súmula
Vinculante.
RE 635088 AgR-segundo/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 4.2.2020. (Info 965)

Estratégia Carreira Jurídica 50


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Os atos de natureza técnica, subsequentes ao ajuizamento e ADI, devem ser empreendidos pelos
procuradores da parte legitimada. Assim, os procuradores têm legitimidade para a interposição
de recursos em ação direta de inconstitucionalidade.
RE 1126828 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia, julgamento em
4.2.2020.(Info 965)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


NÃO pode a lei impor a presença de representante de autarquia federal (OAB) em órgão da
Administração Pública local.
ADI 4579/RJ, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 13.2.2020. (Info 966)

RECLAMAÇÃO
A intimação do advogado para comparecer perante a autoridade judiciária e depor sobre fatos
relacionados a feito em que atuou, por si só, não está em desacordo com a lei, mas o advogado
somente pode optar por depor se liberado do sigilo profissional pelo cliente anteriormente
defendido.
Rcl 37235/RR. rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 18.2.2020.(Info 967)

AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA


Tratando-se de terras devolutas, que não têm divisas certas, recai sobre quem alega o ônus de
provar que adquiriu as terras por meio de compra ou anexação; que as terras lhe eram úteis; e a
exata individuação para fins de saber se elas coincidem com as áreas. É importante garantir
segurança jurídica aos ocupantes de imóveis no Brasil. A incerteza quanto ao domínio pode
provocar conflitos fundiários e desestimular investimentos.
ACO 158/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 12.3.2020.(Info 969)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Em regra, o Estado não está obrigado a dispensar medicamento não constante de lista do Sistema
Único de Saúde (SUS). Os requisitos para o reconhecimento do direito individual ao fornecimento,
pelo Estado, de medicamento de alto custo, não incluído em política nacional de medicamentos
ou em programa de medicamentos de dispensação em caráter excepcional, serão avaliados na
fixação da tese de repercussão geral em julgamento futuro.
RE 566471/RN, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 11.3.2020.(Info 969)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


O amicus curie, por não ter legitimidade para propositura de ação direta, também não tem para
pleitear medida cautelar.
ADPF 347 TPI-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 18.3.2020.(Info 970)

MANDADO DE SEGURANÇA
A Constituição Federal não estabelece prazo para julgamento de pedido de revisão processos
disciplinares de juízes e membros de tribunais pelo CNJ, apenas prazo para a instauração da
revisão (CF, art. 103-B, § 4º, V) julgados há menos de um ano. A CF e o Regimento Interno do

Estratégia Carreira Jurídica 51


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

CNJ conferem legitimidade universal para propositura da revisão disciplinar, a qual pode ser
instaurada por provocação de terceiros e até mesmo de ofício, o que demonstra a legitimidade do
Ministério Público. A revisão não é recurso ou revisão administrativa ordinária, menos ainda
instrumento exclusivo da defesa.
MS 30364/PA, Segunda Turma, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 17.3.2020.(Info 970)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


O Presidente da República poderá dispor, mediante decreto, sobre os serviços públicos e
atividades essenciais, considerando a necessidade de se tomar medidas de enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus. Contudo,
como a competência para questões de saúde é concorrente, na forma do art. 23, inciso II, da CF,
o poder da União, sobretudo em caso de a omissão, não diminui a competência própria dos
demais entes da Federação na realização dos serviços de saúde.
ADI 6341 MC-Ref/DF, Plenário, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento
em 15.4.2020.(Info 973)

RECLAMAÇÃO
É possível limitar o acesso ao preso (entrevista jornalística) em virtude de outros princípios
constitucionais, como o direito ao silêncio e a necessidade de proteção do próprio custodiado.
Rcl 32052 AgR/MS, Segunda Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14.4.2020.(Info 973)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


É possível, durante a emergência em Saúde Pública de importância nacional e o estado de
calamidade pública decorrente do novo coronavírus, que as medidas provisórias sejam instruídas
perante o Plenário da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, ficando, excepcionalmente,
autorizada a emissão de parecer em substituição à Comissão Mista por parlamentar de cada uma
das Casas designado na forma regimental; bem como, que, em deliberação nos Plenários da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, operando por sessão remota, as emendas e
requerimentos de destaque possam ser apresentados à Mesa, na forma e prazo definidos para
funcionamento do Sistema de Deliberação Remota (SDR) em cada Casa; sem prejuízo da
possibilidade das Casas Legislativas regulamentarem a complementação desse procedimento
legislativo regimental?
ADPF 661 MC-Ref/DF e ADPF 663 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes.(Info 974)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Ante os princípios da publicidade e transparência, não é possível suspender os prazos de resposta
a pedidos de acesso à informação nos órgãos ou nas entidades da administração pública cujos
servidores estejam sujeitos a regime de quarentena, teletrabalho ou equivalentes e que,
necessariamente, sequer durante o período de calamidade pública.
ADI 6351 MC-Ref/DF, ADI 6353 MC-Ref/DF e ADI 6347 MC-Ref/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes,
Plenário, julgamento em 30.4.2020.(Info 975)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A União NÃO deve ter o monopólio de regulamentar todas as medidas que devem ser tomadas
para o combate à pandemia. Ela tem o papel primordial de coordenação e de atuar quando houver
interesse geral, mas a autonomia dos entes federados deve ser respeitada. Assim, os estados têm

Estratégia Carreira Jurídica 52


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

o poder de regulamentar o transporte intermunicipal para realizar barreiras sanitárias nas rodovias
(interesse for regional). Contudo, NÃO podem fechar fronteiras, pois sairiam de suas competências
constitucionais.
ADI 6343 MC-Ref/DF, Plenário, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 6.5.2020.(Info 976)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional a MP 954/2020, que dispõe sobre o compartilhamento de dados por empresas
de telecomunicações prestadoras de Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) e de Serviço Móvel
Pessoal (SMP) com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para fins de
suporte à produção estatística oficial. A manipulação e tratamento de dados pessoais devem
observar, sob pena de lesão a esses direitos, os limites delineados pela proteção constitucional.
Não emerge da MP interesse público legítimo no compartilhamento dos dados pessoais dos
usuários dos serviços de telefonia, consideradas a necessidade, a adequação e a
proporcionalidade da medida, uma vez que não definiu apropriadamente como e para que serão
utilizados os dados coletados, nem apresenta mecanismo técnico ou administrativo apto a
proteger tais dados.
ADI 6387 MC-Ref/DF, ADI 6388 MC-Ref/DF, ADI 6389 MC-Ref/DF, ADI 6390 MC-Ref/DF, ADI 6393
MC-Ref/DF, Plenário, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 6 e 7.5.2020.(Info 976)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE e ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE


PRECEITO FUNDAMENTAL
Os arts. 10, § 2º, e 12, III e IV, da Lei 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) podem ser utilizados
para fundamentar justificar decisões judiciais que determinaram a suspensão temporária de
serviços de mensagens entre usuários da Internet como sanção pelo descumprimento, por parte
de empresa responsável pelo aplicativo, de ordem judicial de disponibilização do conteúdo das
comunicações?
ADI 5527/DF, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 27 e 28.5.2020 e ADPF 403/SE, rel. Min. Edson
Fachin, julgamento em 27 e 28.5.2020.(Info 979)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


(1) É possível a descentralização e repasse de recursos destinados à educação, via unidades
executoras, a associações privadas sem fins lucrativos. (2) As Caixas Escolares têm personalidade
jurídica de direito privado. Logo, não podem pagar suas dívidas por precatório. (3) Os princípios
da separação dos poderes e do fomento à educação são violados por decisões judiciais que gerem
bloqueio, penhora ou sequestro, para fins de quitação de débitos trabalhistas, de verbas públicas
destinadas à merenda, ao transporte de alunos e à manutenção das escolas públicas.
ADPF 484/AP, Plenário, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 4.6.2020 (Info 980)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A autonomia municipal seja princípio constitucional, ela é limitada pelo poder constituinte em
inúmeros pontos. Assim, a Constituição do estado de São Paulo não fere a autonomia municipal
ao dispor sobre o Tribunal de Contas do Município.
ADI 346/SP e ADI 4776/SP, Plenário, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.6.2020.(Info 980)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Estratégia Carreira Jurídica 53


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

São inconstitucionais dispositivos de constituição estadual que versem sobre indicações de


conselheiros do tribunal de contas estadual e exijam a arguição e aprovação de autoridades
(dirigentes das autarquias e das fundações públicas, de presidentes das empresas de economia
mista e assemelhados, interventores e do defensor público-geral do estado) pelo Poder Legislativo
regional antes de serem nomeadas pelo chefe do Poder Executivo.
ADI 2167/RR, Plenário, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 3.6.2020 (Info 980)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


(1) A conversão da Medida Provisória em lei torna prejudicada a análise sobre o atendimento dos
pressupostos de admissibilidade daquela espécie legislativa. (2) É vedada a ultra-atividade das
normas coletivas no ordenamento jurídico brasileiro.
ADI 2200/DF e ADI 2288/DF, Plenário, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 4.6.2020. (Info 980)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


É constitucional a Portaria GP 69/2019, que instaurou o inquérito das fake news, e também o art.
43 do Regimento Interno do STF (RISTF), que lhe serviu de fundamento legal.
ADPF 572 MC/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 17 e 18.6.2020 (Info 982)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A polícia científica não precisa estar vinculada à Polícia Civil. Contudo, não pode ter caráter de
órgão de segurança pública, pois o rol previsto no art. 144, I a V, da CF, é taxativo.
ADI 2575/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, 24.6.2020 (Info 983)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


O art. 102 da Lei Orgânica da Magistratura – Loman (LC 35/1979) não foi recepcionado pela
Constituição Federal, de modo que não subsiste interpretação segundo a qual apenas os
desembargadores mais antigos possam concorrer aos cargos diretivos dos tribunais, devendo a
matéria, em razão da autonomia consagrada nos arts. 96, I, a, e 99 da CF, ser remetida à disciplina
regimental de cada tribunal.
ADI 3976/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 25.6.2020 e MS 32451/DF, rel. Min. Edson
Fachin, julgamento em 25.6.2020 (Info 983)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional, por ferimento a ato jurídico perfeito, o art. 26 da Lei 8.177/1991, que determina
que as operações de crédito rural, contratadas junto a instituições financeiras, com recursos
oriundos de depósitos à vista e com cláusula de atualização pelo Índice de Preços ao Consumidor
(IPC), sejam atualizadas pela Taxa Referencial de Juros (TR).
ADI 3005/DF, Plenário, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 1.7.2020 (Info 984)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


Diante dos princípios da precaução e da prevenção, no que respeita à proteção à vida e à saúde;
da necessidade de diálogo institucional entre o Judiciário e o Poder Executivo, em matéria de
políticas públicas decorrentes da Constituição Federal (CF); e da imprescindibilidade de diálogo
intercultural, em toda questão que envolva os direitos de povos indígenas, cabe o deferimento de

Estratégia Carreira Jurídica 54


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

liminar para determinar medidas ao Poder Público relacionadas ao combate à pandemia por
Covid-19, considerando o alto risco de contágio e de extermínio de diversos povos indígenas.
ADPF 709 Ref-MC/DF, Plenário, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 3 e 5.8.2020. (Info 985)

AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA


Não se pode conceber comportamento discriminatório da União em virtude do local de residência
de brasileiros em idêntica condição.
ACO 3359 Ref-MC/DF, Plenário, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 5.8.2020 (Info 985)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


A omissão do Poder Executivo estadual em realizar o repasse de dotação orçamentária da
Defensoria Pública na forma de duodécimos afronta os arts. 134, § 2º, e 168 da Constituição
Federal.
ADPF 384 Ref-MC/MG, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 6.8.2020 (Info 985)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Ocorrida a morte do instituidor da pensão em momento posterior ao da Emenda Constitucional
19/1998, o teto constitucional previsto no inciso XI do artigo 37 da Constituição Federal (CF) incide
sobre o somatório de remuneração ou provento e pensão percebida por servidor.
RE 602584/DF, Plenário, em repercussão geral, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 6.8.2020
(Info 985)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Os órgãos componentes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) somente podem fornecer
dados e conhecimentos específicos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) quando
comprovado o interesse público da medida, afastada qualquer possibilidade de esses dados
atenderem interesses pessoais ou privados. Toda e qualquer decisão que solicitar os dados deverá
ser devidamente motivada para eventual controle de legalidade pelo Poder Judiciário.
ADI 6529 MC/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 13.8.2020. (Info 986)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


É vedada a produção ou compartilhamento de informações (relatório de inteligência) sobre a vida
pessoal, as escolhas pessoais e políticas, as práticas cívicas de cidadãos, servidores públicos
federais, estaduais e municipais identificados como integrantes de movimento político antifascista,
professores universitários e quaisquer outros que, atuando nos limites da legalidade, exerçam seus
direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se.
ADPF 722 MC/DF, Plenário, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 19 e 20.8.2020, Info 987. (Info
987)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Não há impedimento, nem suspeição de ministro, nos julgamentos de ações de controle
concentrado, exceto se o próprio ministro firmar, por razões de foro íntimo, a sua não participação.
ADI 6362/DF, Plenário, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 2.9.2020 – Info 989.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Estratégia Carreira Jurídica 55


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

As requisições administrativas realizadas por estados, municípios e Distrito Federal, no contexto da


pandemia causada pelo Covid-19, independem da oitiva do atingido ou de prévia autorização do
Ministério da Saúde, mas pressupõem, nos termos da lei, evidências científicas e motivação,
observado o princípio da proporcionalidade.
ADI 6362/DF, Plenário, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 2.9.2020 – Info 989.

AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA


É plausível a alegação de que a norma inscrita no art. 4º do Decreto 5.289/2004, naquilo em que
dispensa a anuência do governador de estado no emprego da Força Nacional de Segurança
Pública, viole o princípio da autonomia estadual.
ACO 3427 Ref-MC/BA, Plenário, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 24.9.2020 (Info 992)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE e ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE


PRECEITO FUNDAMENTAL
Os estados-membros detêm competência administrativa para explorar loterias. A competência da
União para legislar exclusivamente sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive loterias, não
obsta a competência material para a exploração dessas atividades pelos entes estaduais ou
municipais.
ADPF 492/RJ, ADPF-493, ADI-4986, Plenário, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 30.9.2020
(Info 993)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional norma estadual que dispõe sobre a implantação de instalações industriais
destinadas à produção de energia nuclear no âmbito espacial do território estadual.
ADI 330/RS, Plenário, rel. min. Celso de Mello, julgamento virtual em 9.10.2020 (Info 994)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional norma estadual que dispõe sobre a obrigatoriedade de rotulagem em produtos
de gêneros alimentícios destinados ao consumo humano e animal, que sejam constituídos ou
produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, no percentual igual ou superior a
1%, no âmbito do Estado federado (Lei 14.274/2010 do Estado de São Paulo)
ADI 4619/SP, Plenário, rel. min. Rosa Weber, julgamento virtual em 9.10.2020 (Info 994)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
A exigência de garantia para o exercício da profissão de leiloeiro, prevista nos artigos 6º a 8º do
Decreto 21.981/1932, é compatível com o art. 5º, XIII, da Constituição Federal de 1988
RE 1263641/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
virtual em 9.10.2020 (Info 994)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É constitucional a lei de iniciativa parlamentar que cria conselho de representantes da sociedade
civil, integrante da estrutura do Poder Legislativo, com atribuição de acompanhar ações do
Executivo.
RE 626946/SP, Plenário, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual em 9.10.2020. (Info 994)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Estratégia Carreira Jurídica 56


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e mulheres


(Constituição Federal, art. 5º, I), a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de
outorga de pensão por morte de ex-servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges
ou companheiros/companheiras (CF, art. 201, V).
RE 659424/RS, Plenário, rel. Min. Celso de Mello, julgamento virtual em 9.10.2020. (Info 994)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A entidade que não representa a totalidade de sua categoria profissional não possui legitimidade
ativa para ajuizamento de ações de controle concentrado de constitucionalidade.
ADI 6465 AgR/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 19.10.2020 (Info
996)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Ante o postulado da separação de Poderes, o Congresso Nacional não pode autorizar, atuando de
forma abstrata e genérica, a distribuição de medicamento.
ADI 5501/DF, Plenário, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 23.10.2020. (Info
996)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Inexistindo comprovação da ausência de urgência, não há espaço para atuação do Poder
Judiciário no controle dos requisitos de edição de medida provisória pelo chefe do Poder
Executivo.
ADI 5599/DF, Plenário, rel. min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 23.10.2020. (Info
996)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


São inconstitucionais normas estaduais que imponham obrigações de compartilhamento de dados
com órgãos de segurança pública às concessionárias de telefonia, por configurar ofensa à
competência privativa da União para legislar sobre telecomunicações (CF, arts. 21, XI, e 22, IV).
ADI 5040/PI, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020. (Info 997)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional norma estadual que disponha sobre a exposição de produtos orgânicos em
estabelecimentos comerciais.
ADI 5166/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020 (Info 997)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional a Lei 5.751/1998 do estado do Espírito Santo, de iniciativa parlamentar, que versa
sobre a responsabilidade do ente público por danos físicos e psicológicos causados a pessoas
detidas por motivos políticos.
ADI 3738/ES, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 3.11.2020. (Info 997)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


São constitucionais as restrições impostas aos auditores independentes pelo art. 31 da Instrução
308/1999 da Comissão de Valores Mobiliários.

Estratégia Carreira Jurídica 57


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

ADI 3033/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (Info 998)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Em tese, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo constituinte
reformador quando eivada de vício a manifestação de vontade do parlamentar no curso do devido
processo constituinte derivado, pela prática de ilícitos que infirmam a moralidade, a probidade
administrativa e fragilizam a democracia representativa.
ADI 4887/DF, ADI 4888/DF, ADI 4889/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em
10.11.2020. (Info 998)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional norma de iniciativa parlamentar que preveja a criação de órgão público e
organização administrativa.
ADI 4726/AP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 10.11.2020. (Info 998)

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming” apenas
porque seu conteúdo desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra
fundamento em uma sociedade democrática e pluralista como a brasileira.
Rcl 38782/RJ, 2ª Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.11.2020. (Info 998)

Agravo em RECURSO EXTRAORDINÁRIO


Os estados-membros e o Distrito Federal têm competência legislativa para estabelecer regras de
postagem de boletos referentes a pagamento de serviços prestados por empresas públicas e
privadas.
ARE 649379/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
virtual finalizado em 13.11.2020 (Info 999)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Possui plausibilidade e verossimilhança a alegação de que constituição estadual não pode atribuir
foro por prerrogativa de função a autoridades diversas daquelas arroladas na Constituição Federal.
ADI 6501, ADI 6508, ADI 6515, ADI 6516, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado
em 20.11.2020 (Info 1000)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


A redução da transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-19 representa violação a
preceitos fundamentais da Constituição Federal, nomeadamente o acesso à informação, os
princípios da publicidade e transparência da Administração Pública e o direito à saúde.
ADPF 690 MC-Ref/DF, ADPF 691, ADPF 692, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual
finalizado em 20.11.2020 (Info 1000)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É possível a fixação de obrigações alternativas a candidatos em concursos públicos e a servidores
em estágio probatório, que se escusem de cumprir as obrigações legais originalmente fixadas por
motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a preservação da

Estratégia Carreira Jurídica 58


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à Administração
Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada.
RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento em 19.11,
25.11 e 26.11.2020 e ARE 1099099/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 19.11, 25.11 e
26.11.2020. (Info 1000)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional norma estadual que disponha sobre a obrigação de as operadoras de telefonia
móvel e fixa disponibilizarem, em portal da “internet”, extrato detalhado das chamadas telefônicas
e serviços utilizados na modalidade de planos “pré-pagos”.
ADI 5724/PI, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
virtual finalizado em 27.11.2020 (Info 1000)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Não é possível o estabelecimento de subteto remuneratório para a magistratura estadual inferior
ao teto remuneratório da magistratura federal. A correta interpretação do art. 37, XI e § 12, da
Constituição Federal exclui a submissão dos membros da magistratura estadual ao subteto de
remuneração.
ADI 3854/DF, ADI 4014/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020.
(Info 1001)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É incompatível com a Constituição Federal norma de Constituição estadual que disponha sobre
nova hipótese de foro por prerrogativa de função, em especial relativo a ações destinadas a
processar e julgar atos de improbidade administrativa.
ADI 4870/ES, Plenário, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 14.12.2020 (Info
1002).

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A fixação de limite etário, máximo e mínimo, como requisito para o ingresso na carreira da
magistratura viola o disposto no artigo 93, I, da Constituição Federal.
ADI 5329/DF, Plenário, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual finalizado em 14.12.2020 (Info 1002).

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
“A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a
veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de
forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local”.
RE 806339/SE, Plenário, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin,
julgamento virtual finalizado em 14.12.2020

Estratégia Carreira Jurídica 59


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
“É impenhorável a pequena propriedade rural familiar constituída de mais de 01 (um) terreno,
desde que contínuos e com área total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do município de
localização”.
ARE 1038507/PR, Plenário, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 18.12.2020
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
“É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão
de vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha
sua aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado,
Distrito Federal ou município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se
caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis,
nem tampouco ao poder familiar”.
ARE 1267879/SP, Plenário, relator Min. Roberto Barroso, julgamento em 16 e 17.12.2020

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É formalmente inconstitucional lei estadual que concede descontos aos idosos para aquisição de
medicamentos em farmácias localizadas no respectivo estado.
ADI 2435/RJ, Plenário, relator. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgamento virtual finalizado em 18.12.2020

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


“É inconstitucional lei estadual que fixa critério etário para o ingresso no Ensino Fundamental
diferente do estabelecido pelo legislador federal e regulamentado pelo Ministério da Educação”.
ADI 6312/RS, relator Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 18.12.2020

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Não é possível a recondução dos presidentes das casas legislativas para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura. Admite-se a possibilidade de reeleição
dos presidentes das casas legislativas em caso de nova legislatura.
ADI 6524/DF, Plenário, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 14.12.2020.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional a legislação estadual que estabelece a redução obrigatória das mensalidades da
rede privada de ensino durante a vigência das medidas restritivas para o enfrentamento da
emergência de saúde pública decorrente do novo Coronavírus.
ADI 6575/BA, Plenário, relator Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual finalizado em 18.12.2020.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Estratégia Carreira Jurídica 60


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

“(A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento
do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais
compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de
determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e (i) tenham como base
evidências científicas e análises estratégicas pertinentes, (ii) venham acompanhadas de ampla
informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes, (iii) respeitem a
dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; (iv) atendam aos critérios de
razoabilidade e proporcionalidade, e (v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e
(B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União
como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de
competência”.
ADI 6586/DF e ADI 6587/DF, Plenário, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 16 e
17.12.2020.

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


A repartição de receitas prevista no art. 157, II, da CF não se estende aos recursos provenientes
de receitas de contribuições sociais desafetadas por meio do instituto da Desvinculação de
Receitas da União (DRU) na forma do art. 76 do ADCT.
ADPF 523/DF, Plenário, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 6.2.2021 (Info
1004)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como
o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e
licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais.
Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser
analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à
proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e
específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.
RE 1010606/RJ, Plenário, relator Min. Dias Toffoli, julgamento finalizado em 11.2.2021 (Info 1005)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada. Manifestada a aquiescência do Poder
Executivo com projeto de lei, pela aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão
entre as etapas do processo legislativo, sendo incabível eventual retratação.
ADPF 714/DF, ADPF 715/DF, ADPF 718/DF, Plenário, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento
virtual finalizado em 13.2.2021 (Info 1005)

INQUÉRITO
Atentar contra a democracia e o Estado de Direito não configura exercício da função parlamentar
a invocar a imunidade constitucional prevista no art. 53, caput, da Constituição Federal.

Estratégia Carreira Jurídica 61


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Inq 4781 Ref, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 17.2.2021 (Info 1006)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


Os estados, o Distrito Federal e os municípios, no caso de descumprimento do Plano Nacional de
Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 ou na hipótese de cobertura imunológica
intempestiva e insuficiente, poderão dispensar às respectivas populações (a) vacinas das quais
disponham, previamente aprovadas pela Anvisa; e (b) no caso não expedição da autorização
competente, no prazo de 72 horas, vacinas registradas por pelo menos uma das autoridades
sanitárias estrangeiras e liberadas para distribuição comercial nos respectivos países, bem como
quaisquer outras que vierem a ser aprovadas, em caráter emergencial.
ADPF 770 MC-Ref/DF, Plenário, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado
em 24.2.2021 e ACO 3451 MC-Ref/MA, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual
finalizado em 24.2.2021 (Info 1006)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


É dever do Poder Público elaborar e implementar plano para o enfrentamento da pandemia
COVID-19 nas comunidades quilombolas.
ADPF 742/DF, Plenário, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin,
julgamento virtual finalizado em 24.2.2021 (Info 1006)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional a norma federal que prevê a forma de atualização do piso nacional do magistério
da educação básica.
ADI 4848/DF, relator Min. Roberto Barroso, julgamento virtual finalizado em 27.2.2021 (Info 1007)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A competência atribuída ao chefe do Poder Executivo para expedir decreto em ordem a instituir
ou eliminar a prestação do serviço em regime público, em concomitância ou não com a prestação
no regime privado, aprovar o plano geral de outorgas do serviço em regime público e o plano de
metas de universalização do serviço prestado em regime público está em perfeita consonância
com o poder regulamentar previsto no art. 84, IV, parte final, e VI, da Constituição Federal (CF). O
art. 18, I, II e III da Lei 9.472/1997 (1) é compatível com os arts. 21, XI, e 48, XII, da Constituição
Federal.
ADI 1668/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 27.2.2021 (Info 1007)

AÇÃO ORDINÁRIA
É incabível a requisição administrativa, pela União, de bens insumos contratados por unidade
federativa e destinados à execução do plano local de imunização, cujos pagamentos já foram
empenhados.

Estratégia Carreira Jurídica 62


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

ACO 3463 MC-Ref/SP, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em
8.3.2021 (Info 1008)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Ao restringirem a comercialização e o uso de testes psicológicos aos profissionais regularmente
inscritos no Conselho Federal de Psicologia (CFP), o inciso III e os §§ 1º e 2º do art. 18 da Resolução
2/2003-CFP (1) acabaram por instituir disciplina desproporcional e ofensiva aos postulados
constitucionais relativos à liberdade de manifestação do pensamento [CF, art. 5º, IV, IX e XIV (2)] e
de liberdade de acesso à informação [CF, art. 220 (3)].
ADI 3481/DF, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 6.3.2021 (Info
1008)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
“São constitucionais a cota de tela, consistente na obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais
nos cinemas brasileiros, e as sanções administrativas decorrentes de sua inobservância”.
RE 627432/RS, relator Min. Dias Toffoli, julgamento em 18.3.2021 (Info 1010)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A previsão de nomeação “pro tempore”, pelo Ministro da Educação, de dirigentes de instituições
de ensino federais viola os princípios da isonomia, da impessoalidade, da proporcionalidade, da
autonomia e da gestão democrática do ensino público.
ADI 6543/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 26.3.2021 (Info 1011)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


O preceito veiculado pelo art. 75 da Constituição Federal aplica-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal e dos
Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios, excetuando-se ao princípio da simetria os
Tribunais de Contas do Município.
ADPF 272/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento em 25.3.2021 (Info 1011)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e bibliotecas públicas
estaduais configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa consagrada pela
Constituição da República de 1988.
ADI 5258/AM, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 12.4.2021(Info 1012)

MANDADO DE SEGURANÇA
A instauração de Comissão Parlamentar de Inquérito depende unicamente do preenchimento dos
requisitos previstos no art. 58, § 3º, da Constituição Federal, ou seja: (a) o requerimento de um

Estratégia Carreira Jurídica 63


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

terço dos membros das casas legislativas; (b) a indicação de fato determinado a ser apurado; e (c)
a definição de prazo certo para sua duração.
MS 37760 MC-Ref/DF, relator Min. Roberto Barroso, julgamento em 14.4.2021(Info 1013)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional lei estadual que destine parcela da arrecadação de emolumentos extrajudiciais a
fundos dedicados ao financiamento da estrutura do Poder Judiciário ou de órgãos e funções
essenciais à Justiça.
ADI 3704/RJ, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento
virtual finalizado em 26.4.2021(Info 1014)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional norma constitucional estadual pela qual se prevê hipótese de intervenção
estadual em municípios não contemplada no art. 35 da Constituição Federal (CF).
ADI 6616/AC, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 26.4.2021(Info 1014)

MANDADO DE INJUNÇÃO
(1) Cabe mandado de injunção em face da ausência de fixação do valor da renda básica de
cidadania, instituída pela Lei 10.835/2004, cuja omissão é atribuída ao Presidente da República.
(2) A falta de norma disciplinadora dá ensejo ao conhecimento do mandado de injunção apenas
quanto à implementação do referido benefício assistencial para pessoas em situação de
vulnerabilidade socioeconômica. (3) Constata-se existir proteção insuficiente de combate à
pobreza, a recomendar a correção de rumos. (4) Presente estado de mora inconstitucional, deve
ser fixado o valor da renda básica de cidadania para o estrato da população brasileira em condição
de vulnerabilidade socioeconômica — pobreza e extrema pobreza — a ser efetivado, pelo
Presidente da República, no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do julgamento de mérito
(2022).
MI 7300/DF, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgamento
virtual finalizado em 26.4.2021(Info 1014)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Governador de estado afastado cautelarmente de suas funções — por força do recebimento de
denúncia por crime comum — não tem legitimidade ativa para a propositura de ação direta de
inconstitucionalidade.
ADI 6728 AgR/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 30.4.2021 (Info
1015)

Estratégia Carreira Jurídica 64


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA


É possível que ente federado proceda à importação e distribuição, excepcional e temporária, de
vacina contra o coronavírus, no caso de ausência de manifestação, a esse respeito, da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA no prazo estabelecido pela Lei 14.124/2021
ACO 3451 TPI-Ref/DF, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em
30.4.2021(Info 1015)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


(1) É constitucional dispositivo de lei estadual que prevê a autonomia financeira do Ministério
Público. (2) É inconstitucional dispositivo de lei estadual que institui gratificação aos membros do
MP pela prestação de serviço à Justiça Eleitoral a ser paga pelo Poder Judiciário.
ADI 2381/RJ, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual finalizado em 30.4.2021 (Info 1015)
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
É inconstitucional a cobrança de tarifa bancária pela disponibilização de limite para “cheque
especial”.
ADI 6407/DF, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 30.4.2021(Info 1015)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É incompatível com a Constituição Federal ato normativo estadual que amplie as atribuições de
fiscalização do Legislativo local e o rol de autoridades submetidas à solicitação de informações.
ADI 5289/SP, relator Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em 7.6.2021(Info 1020)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Os Estados podem optar por garantir a autonomia formal aos institutos de criminalística ou podem
integrá-los aos demais órgão de segurança pública sem que isso importe ofensa material à
Constituição.
ADI 6621/TO, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 7.6.2021 (Info 1020)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Em respeito ao princípio da separação dos poderes, previsto no art. 2º da Constituição Federal,
quando não caracterizado o desrespeito às normas constitucionais pertinentes ao processo
legislativo, é defeso ao Poder Judiciário exercer o controle jurisdicional em relação à interpretação
do sentido e do alcance de normas meramente regimentais das Casas Legislativas, por se tratar de
matéria ‘interna corporis’.
RE 1297884/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 11.6.2021 (Info 1021)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


(1) Não cabe mandado de segurança contra atos de gestão comercial praticados por
administradores de empresas públicas, sociedades de economia mista e concessionárias de
serviço público (Lei 12.016/2019, art. 1º, § 2º. (2) É inconstitucional a proibição da concessão de

Estratégia Carreira Jurídica 65


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

liminar para a compensação de créditos tributários e para a entrega de mercadorias e bens


provenientes do exterior. (3) É inconstitucional a exigência de oitiva prévia do representante da
pessoa jurídica de direito público como condição para a concessão de liminar em mandado de
segurança coletivo.
ADI 4296/DF, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes (Info 1021)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
“A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a
veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de
forma pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local”.
RE 806339/SE, Plenário, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin,
julgamento virtual finalizado em 14.12.2020

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Não é possível a recondução dos presidentes das casas legislativas para o mesmo cargo na eleição
imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura. Admite-se a possibilidade de reeleição
dos presidentes das casas legislativas em caso de nova legislatura.
ADI 6524/DF, Plenário, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 14.12.2020.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como
o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e
licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais.
Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser
analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à
proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e
específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.
RE 1010606/RJ, Plenário, relator Min. Dias Toffoli, julgamento finalizado em 11.2.2021 (Info 1005)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada. Manifestada a aquiescência do Poder
Executivo com projeto de lei, pela aposição de sanção, evidencia-se a ocorrência de preclusão
entre as etapas do processo legislativo, sendo incabível eventual retratação.
ADPF 714/DF, ADPF 715/DF, ADPF 718/DF, Plenário, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento
virtual finalizado em 13.2.2021 (Info 1005)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Cabe ao Estado fornecer, em termos excepcionais, medicamento que, embora não possua registro
na Anvisa, tem a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde que
comprovada a incapacidade econômica do paciente, a imprescindibilidade clínica do tratamento,

Estratégia Carreira Jurídica 66


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

e a impossibilidade de substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação
de medicamentos e os protocolos de intervenção terapêutica do SUS.
RE 1165959/SP, relator Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, (Info
1022)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


Em juízo de delibação, não é possível a convocação de governadores de estados-membros da
Federação por Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada pelo Senado Federal.
ADPF 848 MC-Ref/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 25.6.2021 (Info
1023)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Não se admite controle concentrado de constitucionalidade de leis ou atos normativos municipais
em face da lei orgânica respectiva.
ADI 5548/PE, relator Min. Ricardo Lewadowski, julgamento virtual finalizado em 16.8.2021 (Info
1025)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Os estados-membros, no exercício de suas autonomias, podem adotar o modelo federal previsto
no art. 81, § 1º, da Constituição, cuja reprodução, contudo, não é obrigatória.
ADI 1057/BA, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 16.8.2021 (Info 1025)

RECLAMAÇÃO
Os conselhos seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) possuem legitimidade para
ingressar com reclamação perante o STF em defesa dos interesses concretos e das prerrogativas
de seus associados, nos termos da expressa previsão legal.
Rcl 43479/RJ, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento em 10.8.2021 (Info 1025)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inadmissível a previsão de “controle de qualidade” — a cargo do Poder Executivo — de serviços
públicos prestados por órgãos do Poder Judiciário.
ADI 1905/RS, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 16.8.2021 (Info 1025)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional norma estadual que estabelece limites etários para ingresso na magistratura.
ADI 6794/CE, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 24.9.2021 (Info 1031)

Estratégia Carreira Jurídica 67


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional o dispositivo de constituição estadual que confere ao tribunal de justiça local a
prerrogativa de processar e julgar ação direta de constitucionalidade contra leis e atos normativos
municipais tendo como parâmetro a Constituição Federal, desde que se trate de normas de
reprodução obrigatória pelos estados
ADI 5647/AP, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 3.11.2021 (Info 1036)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É inconstitucional a exigência de inscrição do Defensor Público nos quadros da Ordem dos
Advogados do Brasil.
RE 1240999/SP, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 3.11.2021 (Info
1036)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A Defensoria Pública pode prestar assistência jurídica às pessoas jurídicas que preencham os requisitos
constitucionais.
ADI 4636/DF, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 3.11.2021 (Info 1036)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas encontra-se estritamente vinculado à estrutura da
Corte de Contas e não detém autonomia jurídica e iniciativa legislativa para as leis que definem
sua estrutura organizacional. (1) É inconstitucional a exigência de lei complementar para regular a
organização do Ministério Público especial. (2) A Constituição não autoriza a equiparação de
“vencimentos” e “vantagens” entre membros do Ministério Público especial e membros do
Ministério Público comum. (3)
ADI 3804/AL, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 3.12.2021 (Info 1040)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional norma estadual que assegure a independência funcional a delegados de polícia,
bem como que atribua à polícia civil o caráter de função essencial ao exercício da jurisdição e à
defesa da ordem jurídica).
ADI 5522/SP, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 18.2.2022 (Info 1044)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A Defensoria Pública detém a prerrogativa de requisitar, de quaisquer autoridades públicas e de
seus agentes, certidões, exames, perícias, vistorias, diligências, processos, documentos,
informações, esclarecimentos e demais providências necessárias à sua atuação.
ADI 6852/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 18.2.2022 (Info 1045)

Estratégia Carreira Jurídica 68


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
“A EC nº 57/08 não convalidou desmembramento municipal realizado sem consulta plebiscitária
e, nesse contexto, não retirou o vício de ilegitimidade ativa existente nas execuções fiscais que
haviam sido propostas por município ao qual fora acrescida, sem tal consulta, área de outro para a
cobrança do IPTU quanto a imóveis nela localizados.”
RE 614384/SE, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 29.4.2022 (Info 1052)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É obrigatória a inclusão da União no polo passivo de demanda na qual se pede o fornecimento
gratuito de medicamento registrado na Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas não
incorporado aos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Sistema Único de Saúde.
RE 1286407 AgR-segundo/PR, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 26.4.2022 (Info
1052)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional norma estadual que restabeleça, no âmbito do Poder Judiciário local, cargos de
Advogado da Justiça Militar vocacionados a patrocinar a defesa gratuita de praças da Polícia
Militar.
ADI 3152/CE, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 26.4.2022 (Info 1052)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É formalmente inconstitucional norma federal que concede anistia a policiais e bombeiros militares
estaduais por infrações disciplinares decorrentes da participação em movimentos reivindicatórios
por melhorias de vencimentos e de condições de trabalho.
ADI 4869/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 27.5.2022 (Info 1054)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


Os órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência, conquanto necessários para a segurança pública,
segurança nacional e garantia de cumprimento eficiente dos deveres do Estado, devem operar
com estrita vinculação ao interesse público, observância aos valores democráticos e respeito aos
direitos e garantias fundamentais.
ADPF 722/DF, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 13.5.2022 (Info 1054)

Estratégia Carreira Jurídica 69


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional a requisição, sem prévia autorização judicial, de dados bancários e fiscais
considerados imprescindíveis pelo Corregedor Nacional de Justiça para apurar infração de sujeito
determinado, desde que em processo regularmente instaurado mediante decisão fundamentada
e baseada em indícios concretos da prática do ato.
ADI 4709/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 27.5.2022 (Info 1056)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


O poder de veto previsto no art. 66, § 1º, da Constituição não pode ser exercido após o decurso
do prazo constitucional de 15 (quinze) dias.
ADPF 893-DF, julgamento em 20/06/2022 (Info 1059)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A requisição administrativa “para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias,
decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias”
— prevista na Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (Lei 8.080/1990) — não recai sobre bens
e/ou serviços públicos de outro ente federativo.
ADI 3454-DF julgado em 20/06/2022 (Info 1059)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


As regras previstas nos arts. 18 a 21 do Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994) — que tratam da
relação de emprego, salário, jornada de trabalho e honorários de sucumbência — são aplicáveis
aos advogados empregados de empresas públicas e de sociedade de economia mista que atuam
no mercado em regime concorrencial (sem monopólio).
ADI 3396/DF, relator Min. Nunes Marques, julgamento finalizado em 23.6.2022 (Info 1060)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional norma estadual que dispõe sobre valores correspondentes a depósitos judiciais
e extrajudiciais de terceiros, ou seja, em que o ente federado não é parte interessada.
ADI 6660/PE, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 20.6.2022 (Info 1060)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É inconstitucional norma de Constituição estadual que dispõe sobre serviços de atividades
nucleares de qualquer natureza.
ADI 6858/AM, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento virtual finalizado em 1º.7.2022 (Info
1061)

Estratégia Carreira Jurídica 70


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Direito da Criança e do Adolescente

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


São constitucionais o art. 16, I, o art. 105, o art. 122, II e III, o art. 136, I, o art. 138 e o art. 230 do
ECA. Tais dispositivos estão de acordo com o art. 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LXI e com o art. 227
da CF/88. Além disso, são compatíveis com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH),
a Convenção sobre os Direitos da Criança, as Regras de Pequim para a Administração da Justiça
de Menores e a Convenção Americana de Direitos Humanos. STF. Plenário. ADI 3446/DF, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 7 e 8/8/2019 (Info 946).
Votação: Unanimidade.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A norma fundada no art. 7º, XXXIII, da Constituição Federal, na alteração que lhe deu a Emenda
Constitucional 20/1998, tem plena validade constitucional. Logo, é vedado “qualquer trabalho a
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”.
ADI 2096/DF, Plenário, rel. Min. Celso de Mello, julgamento virtual em 9.10.2020. (Info 994)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


É constitucional legislação estadual que proíbe toda e qualquer atividade de comunicação
comercial dirigida às crianças nos estabelecimentos de educação básica.
ADI 5631/BA, relator Min. Edson Fachin, julgamento em 25.3.2021 (Info 1011)

Direito Penal

MANDADO DE SEGURANÇA
Inexiste direito líquido e certo a compelir o ministério público à celebração do acordo de delação
premiada.
MS 35693 AgR/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 28.5.2019 (Info 942)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO e MANDADO DE INJUNÇÃO


Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a implementar os mandados
de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art. 5º da Constituição da República, as
condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou supostas, que envolvem aversão odiosa à
orientação sexual ou à identidade de gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo,
compreendido este em sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante
adequação típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de
08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância que o qualifica,
por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in fine”).
ADO 26/DF, Plenário, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13.6.2019 e MI 4733/DF, Plenário,
rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 13.6.2019. (Info 944)

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
A prolação do juízo condenatório é matéria constitucionalmente afeta ao Tribunal do Júri e infensa
à reforma pelo Tribunal de Justiça, ao qual não cabe a valoração da prova.
Rcl 29621 AgR/MT, 1ª Turma, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 25.6.2019 (Info 945)

Estratégia Carreira Jurídica 71


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
A prolação do juízo condenatório é matéria constitucionalmente afeta ao Tribunal do Júri e infensa
à reforma pelo Tribunal de Justiça, ao qual não cabe a valoração da prova.
Rcl 29621 AgR/MT, 1ª Turma, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 25.6.2019 (Info 945)

HABEAS CORPUS
Com a revogação do art. 224 do CP pela Lei 12.015/2009, há de ser redimensionada a pena
aplicada ao condenado, subtraindo-lhe o acréscimo sofrido em razão do aumento da pena previsto
no art. 9º da Lei nº 8.072/90, que foi tacitamente revogado (STF. Plenário. HC 100181/RS, rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/8/2019 - Info 947)
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
O assessor jurídico que assina a dispensa da licitação só pode ser responsabilizado criminalmente
pela sua participação ativa no esquema criminoso, de modo a se beneficiar dele, não pela pura
emissão do parecer. A jurisprudência da Corte, inclusive, é firme no sentido de que o parecer
puramente consultivo não gera responsabilização do seu autor. Eventual responsabilização penal
apenas se justifica em caso de indicação de circunstâncias concretas que o vinculem,
subjetivamente, ao propósito delitivo. (STF. 2ª Turma. HC 171576/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 17/9/2019-Info 952).
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
Aplica-se o princípio da insignificância para a conduta de transmitir sinal de internet como
provedor sem autorização da ANATEL (art. 183 da Lei nº 9.472/97) (STF. 2ª Turma. HC 157014
AgR/SE, rel. orig. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. Min Ricardo Lewandowski, julgado em
17/9/2019-Info 952).
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
O art. 227, § 4º, da CF/88 exige que a lei imponha punição severa à violação da dignidade sexual
da criança e do adolescente. Além do mais, a conduta de manter conjunção carnal ou a prática de
qualquer ato libidinoso diverso (como o beijo lascivo) com menor de 14 anos se subsume, em
regra, ao tipo penal de estupro de vulnerável (CP, art. 217-A), restando indiferente o consentimento
da vítima (STF. 1ª Turma. HC 134591/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 1/10/2019-Info 954).
Votação: Maioria.

INQUÉRITO
Não configura o crime de lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98) a conduta de esconder
dinheiro ilícito (derivado de propina) nas vestimentas (bolsos do paletó, cintura e meias), buscando
viajar com as notas ocultas em voo doméstico. Também não configura o delito a conduta de
dissimular (mentir), uma vez descoberto, a natureza, a origem e a propriedade dos valores (STF. 1ª
Turma. Inq 3515/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/10/2019-Info 955).
Votação: Unanimidade.

Estratégia Carreira Jurídica 72


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

HABEAS CORPUS
A habitualidade no crime e o pertencimento a organizações criminosas deverão ser comprovados
pela acusação, não sendo possível que o benefício seja afastado por simples presunção. Assim, se
não houver prova nesse sentido, o condenado fará jus à redução da pena. A quantidade e a
natureza são circunstâncias que, apesar de configurarem elementos determinantes na definição
do quanto haverá de diminuição, não são elementos que, por si sós, possam indicar o
envolvimento com o crime organizado ou a dedicação a atividades criminosas (STF. 2ª Turma. HC
152001 AgR/MT, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 29/10/2019-Info 958)
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
Se houver a devida comprovação de que o julgamento em outro país sobre os mesmos fatos não
se realizou de modo justo e legítimo, desrespeitando obrigações processuais positivas, a vedação
de dupla persecução pode ser eventualmente ponderada para complementação em persecução
interna. Porém, não havendo elemento que indique dúvida sobre a legitimidade da persecução
penal e da punição imposta no estrangeiro por idênticos fatos, a proibição de dupla persecução
deve ser respeitada de modo integral, nos termos constitucionais e convencionais. (STF. 2ª Turma.
HC 171118/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/11/2019-Info 959)
Votação: Unanimidade.

RECURSO EM HABEAS CORPUS


O contribuinte que, de forma contumaz e com dolo de apropriação, deixa de recolher o ICMS
cobrado do adquirente da mercadoria ou serviço incide no tipo penal do art. 2º, II, da Lei
8.137/1990 (apropriação indébita tributária).
RHC 163334/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 18.12.2019 (Info 964)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
O acórdão, mesmo o confirmatório da condenação, interrompe o curso da prescrição, sendo
matéria atinente ao poder do Estado na persecução penal, à luz do devido processo legal, de
cunho constitucional.
RE 1241683 AgR/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 4.2.2020. (Info 965)

HABEAS CORPUS
A previsão da redução de pena contida no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006 tem como
fundamento distinguir o traficante contumaz e profissional daquele iniciante na vida criminosa. E
para legitimar a não aplicação do redutor é essencial fundamentação corroborada em elementos
capazes de afastar um dos requisitos legais, sob pena de desrespeito ao princípio da
individualização da pena e de fundamentação das decisões judiciais. A habitualidade e o
pertencimento a organizações criminosas deverão ser comprovados, não valendo a simples
presunção. Não havendo prova nesse sentido, o condenado fará jus à redução de pena. Em outras
palavras, militará em favor do réu a presunção de que é primário e de bons antecedentes e de que
não se dedica a atividades criminosas nem integra organização criminosa. O ônus da prova, nesse
caso, é do Ministério Público.

Estratégia Carreira Jurídica 73


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

HC 154694 AgR/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em
4.2.2020. (Info 965)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para dirigir veículo automotor
ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito.
RE 607107/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 12.2.2020.(Info 966)

RECURSO EM HABEAS CORPUS


Cabe a aplicação do princípio da insignificância ao réu reincidente.
RHC 174784/MS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 11.2.2020.(Info 966)

HABEAS CORPUS
Considerando que a existência de inquéritos policiais e processos criminais sem trânsito em
julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena,
aplica-se a causa de diminuição de pena, prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006, a paciente
condenada pelo crime de tráfico de drogas, não obstante a existência de outra ação penal, pela
prática do mesmo delito, ainda não transitada em julgado.
HC 173806/MG, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18.2.2020. (Info 967)

PETIÇÃO
O fato de o parlamentar estar na Casa legislativa no momento em que proferiu as declarações não
afasta a possibilidade de cometimento de crimes contra a honra, nos casos em que as ofensas são
divulgadas pelo próprio parlamentar na Internet.
PET 7174/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgamento em
10.3.2020.(Info 969)

HABEAS CORPUS
Não cabe afastar a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas)
com base em condenações não alcançadas pela preclusão maior.
HC 166385/MG, Primeira Turma, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 14.4.2020.(Info 973)

HABEAS CORPUS
Incide a causa de diminuição prevista no artigo 16 do CP (arrependimento posterior), se a parte
principal do dano foi reparada antes do recebimento da denúncia, mesmo sejam pagos valores
após esse fato, se referentes juros e a correção monetária.
HC 165312/SP, Primeira Turma, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 14.4.2020.(Info 973)

HABEAS CORPUS
Para a aplicação do princípio da bagatela, devem ser analisadas as circunstâncias objetivas em que
se deu a prática delituosa e não os atributos inerentes ao agente. Reincidência ou maus
antecedentes não impedem, por si sós, a aplicação do postulado da insignificância. Ademais, fato
de o furto se qualificado ou majorado (ex: repouso noturno) não impede a possibilidade de
aplicação do princípio da insignificância.

Estratégia Carreira Jurídica 74


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

HC 181389 AgR/SP, Segunda Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 14.4.2020. (Info
973)

HABEAS CORPUS
É penalmente típica (crime de desobediência – CP, art. 330) a conduta de não atender a ordem
dada pelo oficial de justiça na ocasião do cumprimento de mandado de entrega de veículo,
expedido no juízo cível, recusando-se, na qualidade de depositário do bem, a entregar o veículo
ou a indicar sua localização. O fato de se tratar de atentatório à dignidade da Justiça, sujeitando-
se à imposição de multa, a teor dos arts. 77, §§ 1º e 2º; e 774, IV, do CPC de 2015 não afasta a
tipicidade penal. Não há prejuízo da responsabilidade penal, ainda que possível a aplicação de
sanções cíveis e processuais civis.
HC 169417/SP, 1ª Turma, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 28.4.2020.(Info 975)

HABEAS CORPUS
“Denúncias anônimas” (delações apócrifas) não podem embasar, por si sós, medidas invasivas
como interceptações telefônicas, buscas e apreensões, e devem ser complementadas por
diligências investigativas posteriores.
HC 180709/SP, 2ª Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 5.5.2020.(Info 796)

HABEAS CORPUS
No caso de promotor de justiça, julgado perante o tribunal de justiça, aplica-se a norma do art. 7º
da Lei 8.038/1990, segundo a qual a audição do acusado é o primeiro ato do procedimento. Não
se aplica ao caso a regra geral do art. 400 do CPP.
HC 154508/RJ, 1ª Turma, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2.6.2020 (Info 980)

AÇÃO PENAL
(1) O crime de corrupção passiva cometido pelo ex-deputado, o colegiado afirmou que o tipo
exige a demonstração de que o favorecimento negociado pelo agente público se encontre no rol
das atribuições previstas para a função que exerce. Mas no “presidencialismo de coalização”,
confere-se aos parlamentares um espectro de poder para além da mera deliberação de atos
legislativos. Logo, configura o delito de corrupção passiva quando a vantagem indevida é
solicitada, recebida ou aceita pelo agente público, em troca da manifestação da força política. (2)
Há a possibilidade de se processar a condenação ao dano moral no próprio processo penal.
AP 1002/DF, 2ª Turma, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 9.6.2020 (Info 981)

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


É constitucional a Portaria GP 69/2019, que instaurou o inquérito das fake news, e também o art.
43 do Regimento Interno do STF (RISTF), que lhe serviu de fundamento legal.
ADPF 572 MC/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 17 e 18.6.2020 (Info 982)

HABEAS CORPUS
Para fins de comprovação da reincidência, é necessária documentação hábil que traduza o
cometimento de novo crime depois de transitar em julgado a sentença condenatória por crime
anterior, mas não se exige, contudo, forma específica para tal comprovação.
HC 162548 AgR/SP, 1ª Turma, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 16.6.2020.(Info 982)

Estratégia Carreira Jurídica 75


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

AÇÃO PENAL
A liberdade de opinião e manifestação do parlamentar, ratione muneris, impõe contornos à
imunidade material, nos limites estritamente necessários à defesa do mandato contra o arbítrio, à
luz do princípio republicano que norteia a Constituição Federal. A veiculação dolosa de vídeo com
conteúdo fraudulento, para fins difamatórios, a conferir ampla divulgação pela rede social ao
conteúdo sabidamente falso, não encontra abrigo na imunidade parlamentar.
AP 1021/DF, 1ª Turma, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 18.8.2020, Info 987.

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE


É constitucional o tipo penal que prevê o crime de fuga do local do acidente (Código de Trânsito
Brasileiro, art. 305)
ADC 35/DF, Plenário, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgamento
virtual em 9.10.2020. (Info 994)

AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE e AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE
É inconstitucional a restrição do porte de arma de fogo aos integrantes de guardas municipais das
capitais dos estados e dos municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes e de
guardas municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000
(quinhentos mil) habitantes, quando em serviço.
ADC 38/DF, ADI 5538/DF e ADI 5948/DF, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual
finalizado em 27.2.2021 (Info 1007).

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


O patamar mínimo diferenciado de remuneração aos presos previsto no artigo 29, “caput”, da Lei
7.210/1984 (Lei de Execução Penal - LEP) (1) não representa violação aos princípios da dignidade
humana e da isonomia, sendo inaplicável à hipótese a garantia de salário mínimo prevista no artigo
7º, IV, da Constituição Federal (CF) (2).
ADPF 336/DF, relator Min. Luiz Fux, julgamento virtual finalizado em 27.2.2021 (Info 1007)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


A autonomia dos estados para dispor sobre autoridades submetidas a foro privilegiado não é
ilimitada, não pode ficar ao arbítrio político do constituinte estadual e deve seguir, por simetria, o
modelo federal. Extrapola a autonomia do estado previsão, em constituição estadual, que confere
foro privilegiado a Delegado Geral da Polícia Civil.
ADI 5591/SP, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 20.3.2021 (Info 1010)

Estratégia Carreira Jurídica 76


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
“É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do Código Penal, com redação
dada pela Lei 9.677/1998 (reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese prevista no seu § 1º-B, I,
que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária. Para
esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação originária
(reclusão, de 1 a 3 anos, e multa)”.
RE 979962/RS, relator Min. Roberto Barroso, julgamento em 24.3.2021 (Info 1011)

HABEAS CORPUS
Para o cálculo de dias remidos pelo estudo, a Recomendação 44/2013 do Conselho Nacional de
Justiça orienta-se pelos parâmetros previstos na Resolução 3/2010 do Conselho Nacional de
Educação, a qual, todavia, deve ser conjugada com a carga horária prevista na Lei 9.394/1996, por
tratar-se de interpretação mais benéfica ao réu.
HC 190806 AgR/SC, Segunda Turma, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 30.3.2021
(Info 1011)

RECURSO EM HABEAS CORPUS


Não se admite condenação baseada exclusivamente em declarações informais prestadas a
policiais no momento da prisão em flagrante.
RHC 170843 AgR/SP, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento em 4.5.2021(Info 1016)

HABEAS CORPUS
A homologação de acordo de colaboração, em regra, terá que se dar perante o juízo competente
para autorizar as medidas de produção de prova e para processar e julgar os fatos delituosos
cometidos pelo colaborador. Caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença e o julgamento
pelo órgão recursal, a homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão.
HC 192063/RJ, Segunda Tuma, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento em 2.2.2021 (Info 1004)

INQUÉRITO
Atentar contra a democracia e o Estado de Direito não configura exercício da função parlamentar
a invocar a imunidade constitucional prevista no art. 53, caput, da Constituição Federal.
Inq 4781 Ref, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 17.2.2021 (Info 1006)

RECURSO EM HABEAS CORPUS

Estratégia Carreira Jurídica 77


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Não se admite condenação baseada exclusivamente em declarações informais prestadas a


policiais no momento da prisão em flagrante.
RHC 170843 AgR/SP, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento em 4.5.2021(Info 1016)

HABEAS CORPUS
O crime de injúria racial, espécie do gênero racismo, é imprescritível.
HC 154248/DF, relator Min. Edson Fachin, julgamento em 28.10.2021 (Info 1036)

AÇÃO PENAL
A liberdade de expressão existe para a manifestação de opiniões contrárias, jocosas, satíricas e até
mesmo errôneas, mas não para opiniões criminosas, discurso de ódio ou atentados contra o Estado
Democrático de Direito e a democracia.
AP 1044/DF, relator Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 20.4.2022 (Info 1051)

PETIÇÕES.
A liberdade de expressão não alcança a prática de discursos dolosos, com intuito manifestamente
difamatório, de juízos depreciativos de mero valor, de injúrias em razão da forma ou de críticas
aviltantes.
Pet 8242 AgR/DF, relator Min. Celso de Mello, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 3.5.2022 (Info 1053)

Direito Processual Penal

AÇÃO PENAL
O tipo previsto no inciso III do art. 1º do DL 201/1967consiste em o administrador público aplicar
verba pública em destinação diversa da prevista em lei. NÃO se trata, portanto, de desviar em
proveito próprio, sendo irrelevante a verificação de efetivo prejuízo para a Administração.
AP 984/AP, 1ª Turma, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 11.6.2019. (Info 944)

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
É nula a entrevista realizada por autoridade policial no interior da residência de investigado,
durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão.
Rcl 33711/SP, 2ª Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 11.6.2019 (Info 944)

RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL
A determinação de busca e apreensão nas dependências do Senado Federal, desde que não
direcionada a apurar conduta de congressista, não se relaciona com as imunidades parlamentares.
Ademais, no caso de prova determinada por juízo incompetente, não devem ser considerados
contaminados os elementos probatórios cuja produção prescindem de prévia autorização judicial.
Rcl 25537/DF e AC 4297/DF, Plenário, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 26.6.2019.(Info 945)

AÇÃO ORIGINÁRIA

Estratégia Carreira Jurídica 78


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Não há nulidade se o advogado de um dos réus foi intimado para o interrogatório dos demais
corréus, mas não compareceu. Entretanto, excepciona-se a regra da faculdade da participação
quando há a imputação de crimes pelo interrogado aos demais réus, como nos casos de
colaboração premiada. Nessas hipóteses, deve-se exigir a presença dos advogados dos réus
delatados (STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/9/2019 - Info 950).
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
A ausência de defensor, devidamente intimado, à sessão de julgamento não implica, por si só,
nulidade processual (STF. 1ª Turma. HC 165534/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Roberto Barroso, julgado em 3/9/2019 - Info 950)
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
É inviável a execução da pena privativa de liberdade antes do trânsito em julgado (STF. 2ª Turma.
HC 151430 AgR-segundo/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 3/9/2019 - Info 950)
Votação: Maioria.

REVISÃO CRIMINAL
A norma de regência elenca as causas de admissão do pedido de revisão criminal e, ao fazê-lo,
limita essa possibilidade à desconstituição de decisões condenatórias. Ela não funciona, portanto,
como instrumento de impugnação de outras decisões (como a decisão que se limita a inadmitir
recurso), ainda que potencialmente prejudiciais ao condenado (STF. Plenário. RvC 5480 AgR/AM,
rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 12.9.2019-Info 951)
Votação: Maioria.

INQUÉRITO
Não traduz lastro probatório mínimo, consistente em conjunto de evidências seguro e idôneo
capaz de demonstrar a materialidade do crime e indícios razoáveis de autoria, o fato de o Ministro
do TCU ter pedido vista de processo, se isso não vier acompanhado de indícios razoáveis de que
sabia que estava impedido e/ou de que tenha efetivamente praticado tráfico de tráfico de
influência (art. 332, caput, do Código Penal) (STF. 1ª Turma. Inq 4075/DF, rel orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 10/9/2019-Info 951)
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
O HC 143.641 e o artigo 319-A do CPP não determinam que toda mãe de criança seja submetida
a medida alternativa à prisão (prisão domiciliar), mas que o juiz analise as condições específicas do
caso, porque o mais salutar é evitar a prisão e priorizar o convívio com a criança. Entretanto, pode
haver situações em que o crime é grave e o convívio pode prejudicar o desenvolvimento do menor.
(STF. 1ª Turma. HC 168900/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/9/2019-Info 953)
Votação: Unanimidade.

AGRAVO EM HABEAS CORPUS


(I) Do ponto de vista estritamente formal, o perito papiloscopista não se encontra previsto no art.
5º da Lei nº 12.030/2009, que lista os peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia

Estratégia Carreira Jurídica 79


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser excluída
do processo. (II) Não deve o juiz presidente do Tribunal do Júri alegar que tal laudo não é oficial,
o que, para o jurado leigo, equivale a taxar de ilícita a prova nele contida, maculando a neutralidade
do conselho de sentença. Caberá às partes, respeitado o contraditório e a ampla defesa, durante
o julgamento pelo tribunal do júri, defender a validade do documento ou impugná-lo (STF. 1ª
Turma. HC 174400 AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 24/9/2019-Info 953)
Votação: Maioria.

INQUÉRITO
(I) O fato de o agente ocupar cargo público não gera, por si só, a competência da justiça federal.
Esta é definida pela prática delitiva. (II) Se delitos imputados, apesar de supostamente cometidos
quando o investigado ocupava o cargo político, não estão relacionados a esse cargo, não incide o
Foro por Prerrogativa de Função (STF. 1ª Turma. Inq 4624 AgR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado
em 8/10/2019-Info 955)
Votação: Maioria.

REVISÃO CRIMINAL
(I) A análise empreendida em sede de revisão criminal cinge-se a aspectos de legalidade da
condenação proferida sem lastro jurídico ou probatório. A revisão criminal não é apta para
equacionar controvérsias razoáveis acerca do acerto ou desacerto da valoração da prova ou do
direito. (II) Não se aplica a minorante do arrependimento posterior (art. 16 do CP) no caso do crime
do art. 20 da Lei nº 7.492/86, considerando que se trata de crime formal (STF. Plenário. RvC
5475/AM, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/11/2019-Info 958)
Votação: Maioria.

AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE


O art. 283 do CPP, no que condiciona o início do cumprimento da pena ao trânsito em julgado do
título condenatório, tendo em vista o figurino do art. 5º, LVII, da CF, é constitucional (STF. Plenário.
ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019-Info 958)
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
Se o acórdão absolutório foi combatido tempestivamente pelo assistente de acusação, não houve
formação de coisa julgada em favor do réu e o recurso deve ser apreciado pelo Tribunal (STF. 2ª
Turma. HC 154076 AgR/PA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/10/2019-Info 958)
Votação: Unanimidade.

HABEAS CORPUS
O habeas corpus não é sede processual adequada para discussão sobre a correta fixação da
competência, bem como sobre a existência de transnacionalidade do delito imputado (STF. 1ª
Turma. HC 151881 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2019-Info 959)
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS

Estratégia Carreira Jurídica 80


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Não é possível a execução provisória da pena antes do trânsito em julgado sequer em caso de
condenações pelo Tribunal do Júri (STF. 2ª Turma. HC 163814 ED/MG, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 19/11/2019-Info 960).
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
Não pode ser mantida a prisão antes do trânsito em julgado, determinada em razão da
confirmação da condenação pelo Tribunal de Justiça sem que tenha sido decretada a prisão
preventiva. Não cabe execução provisória da pena, conforme decidido nas ADOs 43, 44 e 54 (STF.
1ª Turma. HC 169727/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 26/11/2019-Info 961)
Votação: Maioria.

HABEAS CORPUS
Nos casos em que o tribunal de origem não examinou a necessidade de manutenção das medidas
cautelares ou mesmo de decretação de prisão preventiva porque havia a possibilidade da
execução provisória (antes de 07/11/2019), tal reanálise é medida necessária em virtude da
alteração de posicionamento do STF, principalmente para crimes graves, com violência ou grave
ameaça, e aqueles em que a primeira instância havia determinado restrições (STF. 1ª Turma. HC
174875/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
3/12/2019-Info 962)
Votação: Maioria.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra
do procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do
tributo, com os órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia
autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos
formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional. Esse compartilhamento pela
UIF e pela RFB deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de
sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e
correção de eventuais desvios (STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990-Info 962)
Votação: Maioria.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
É constitucional o compartilhamento dos relatórios de inteligência financeira da UIF e da íntegra
do procedimento fiscalizatório da Receita Federal do Brasil (RFB), que define o lançamento do
tributo, com os órgãos de persecução penal para fins criminais, sem a obrigatoriedade de prévia
autorização judicial, devendo ser resguardado o sigilo das informações em procedimentos
formalmente instaurados e sujeitos a posterior controle jurisdicional. Esse compartilhamento pela
UIF e pela RFB deve ser feito unicamente por meio de comunicações formais, com garantia de
sigilo, certificação do destinatário e estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e
correção de eventuais desvios (STF. Plenário. RE 1055941/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
4/12/2019 (repercussão geral – Tema 990-Info 963)
Votação: Maioria.

Estratégia Carreira Jurídica 81


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

MANDADO DE SEGURANÇA
O arquivamento do PIC, promovido pelo PGJ, nos casos de sua competência originária, não
reclama prévia submissão ao Poder Judiciário (STF. 1ª Turma. MS 34730/DF, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 10/12/2019-Info 963)
Votação: Unanimidade.

HABEAS CORPUS
A Súmula 606 do STF continua firme e forte: “Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal
Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso”.
HC 162285 AgR/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 19.12.2019 (Info 964)

RECLAMAÇÃO
É excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de caráter privado de diversas
pessoas, que não dizem respeito ao direito de defesa dele, sob pretexto de obediência à Súmula
Vinculante 14.
Rcl 25872 AgR-AgR/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 17.12.2019 (Info 964)

RECLAMAÇÃO
Em decisão devidamente fundamentada, com indicação das circunstâncias fáticas exigiriam que o
acusado estivesse algemado, é possível a manutenção das algemas do preso submetido a
julgamento perante o tribunal do júri.
Rcl 32970 AgR/RJ, rel. Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 17.12.2019 (Info 964)

HABEAS CORPUS
O princípio do juiz natural não se estende às autoridades policiais, porquanto não investidas de
competência para julgar. É, portanto, inadequado pretender-se a anulação de provas ou de
processos em tramitação com base na ausência de atribuição da autoridade policial que conduziu
o inquérito.
HC 169348/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 17.12.2019 (Info 964)

HABEAS CORPUS
A questão sobre a possibilidade de prisão após julgamento pelo Tribunal do Júri ainda será
decidida, não sendo o caso de conceder HC para libertação do agente.
HC 175808/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 17.12.2019 (Info 964)

HABEAS CORPUS
A liberação de réu condenado em segunda instância não é automática, sendo for o caso cabendo
reanálise dos requisitos da preventiva pelo Tribunal ad quo.
HC 175405/PR, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 17.12.2019 (Info 964)

HABEAS CORPUS

Estratégia Carreira Jurídica 82


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Com a alteração da jurisprudência do STF para a prisão em segunda instância, em caso de


condenação em regime semiaberto, deve o Tribunal ad quo analisar se é caso de aplicação de
medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319).
HC 175841/SC, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 17.12.2019 (Info 964)

HABEAS CORPUS
Não é o caso de liberação se, ainda que o tribunal de origem tenha ordenado a execução
provisória, repetiu a necessidade de garantia da ordem pública.
HC 176723/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 17.12.2019 (Info 964)

HABEAS CORPUS
A realização de acordo de transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus
anteriormente impetrado.
HC 176785/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 17.12.2019 (Info 964)

RECLAMAÇÃO
O terceiro delatado por corréu, em termo de colaboração premiada, tem direito de ter acesso aos
trechos nos quais citado, com fundamento no Enunciado 14 da Súmula Vinculante. O acesso deve
ser franqueado caso estejam presentes dois requisitos. Um, positivo: o ato de colaboração deve
apontar a responsabilidade criminal do requerente (Inq 3.983). Outro, negativo: o ato de
colaboração não deve referir-se à diligência em andamento (Rcl 24.116).
Rcl 30742 AgR/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4.2.2020. (Info 965)

HABEAS CORPUS
O disposto no art. 318 do Código de Processo Penal (prisão domiciliar para mães e gestantes) tem
aplicação em casos de prisão preventiva, sendo inadequado quando se trata de execução de título
condenatório alcançado pela coisa julgada.
HC 177164/PA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18.2.2020.(Info 967)

HABEAS CORPUS
O laudo elaborado de forma unilateral NÃO constitui prova pericial, mas documental, razão pela
qual a validade como elemento de convicção não se submete à observância dos requisitos
previstos nos arts. 158 e seguintes do Código de Processo Penal.
HC 136964/RS, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 18.2.2020.(Info 967)

PETIÇÃO
É possível a imediata remessa dos autos às instâncias competentes (como no caso de declinação
da competência), inclusive antes da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado, quando
constatado o risco de prescrição.
Pet 7716 AgR/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em 18.2.2020.(Info 967)

HABEAS CORPUS

Estratégia Carreira Jurídica 83


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

O sistema processual garante a possibilidade de recurso da decisão do Conselho de Sentença,


tanto para a acusação quanto para a defesa, em casos como esse, sem que haja vulneração à
soberania do Tribunal do Júri.
RHC 170559/MT, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgamento
em 10.3.2020.(Info 969)

HABEAS CORPUS
Não se pode classificar como insatisfatória a atuação do advogado, que exerceu a defesa
(sustentação oral) de acordo com a estratégia que considerou melhor no caso. A sustentação oral
mais sucinta pode funcionar em benefício da defesa.
HC 164535 AgR/RJ, Segunda Turma, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento em 17.3.2020.(Info 970)

PETIÇÃO
A Lei 12.850/2013 prevê o sigilo do acordo de colaboração, como regra, até a denúncia, se
estendendo aos atos de cooperação, especialmente às declarações do cooperador. Contudo, o
sigilo dos atos de colaboração não é oponível ao delatado. A ele, o acesso deve ser garantido caso
estejam presentes dois requisitos: (1) positivo: o ato de colaboração deve apontar a
responsabilidade criminal do requerente; (2) negativo: o ato de colaboração não se deve referir a
diligência em andamento.
Pet 7494 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgamento em
19.5.2020.(Info 978)

HABEAS CORPUS
Há nulidade processual a partir da audiência de instrução e julgamento se o juiz inquirir
diretamente as testemunhas antes das partes.
HC 161658/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 2.6.2020 (Info 980)

HABEAS CORPUS
Cabe HC para discutir medida diversa da prisão, uma vez que descumprida a medida alternativa,
é possível o estabelecimento da custódia, alcançando-se o direito de ir e vir.
HC 170735/RJ, 1ª Turma, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 30.6.2020 (Info 984)

HABEAS CORPUS
No sistema acusatório não há possibilidade de assegurar ao magistrado poderes instrutórios
autônomos, especialmente quando o ato instrutório é tomado para constranger e macular a
posição jurídica do réu, o que atrai a incidência do art. 157 do CPP, que preleciona a
inadmissibilidade das provas ilícitas.
HC 163943 AgR/PR, 2ª Turma, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento em 4.8.2020 (Info 985)

HABEAS CORPUS
Como o acordo de colaboração premiada é meio de obtenção de prova, é possível declarar a
nulidade de acordo realizado em cenário de fragilização da confiabilidade das declarações
prestadas pelos delatores.

Estratégia Carreira Jurídica 84


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

HC 142205/PR e HC 143427, 2ª Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25.8.2020. (Info
988)

RECURSO EM HABEAS CORPUS


Há quebra da imparcialidade do juiz condutor da ação penal ao tomar diretamente o depoimento
de colaboradores no momento da celebração de acordo de colaboração premiada, de modo a
ativamente participar da própria produção da prova na fase investigativa, e determinar a juntada
de documentos determinar ex officio a juntada aos autos de documentos utilizados para
fundamentar a condenação, após a apresentação de alegações finais, o magistrado teria suprido.
RHC 144615 AgR/PR, 2ª Turma, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 25.8.2020. (Info 988)

HABEAS CORPUS
A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto no art. 483, § 2º, do
Código de Processo Penal [CPP (1)], independe de elementos probatórios ou de teses veiculadas
pela defesa, considerada a livre convicção dos jurados.
HC 178777/MG, Primeira Turma, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 29.9.2020. (Info 993)

HABEAS CORPUS
No contexto da audiência de custódia, é legítima a conversão da prisão em flagrante em prisão
preventiva somente se e quando houver pedido expresso e inequívoco por parte do Ministério
Público, da autoridade policial ou, se for o caso, do querelante ou do assistente do Parquet.
HC 188888/MG, 2ª Turma, rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 6.10.2020 (Info 994)

SUSPENSÃO DE LIMINAR
A inobservância do prazo nonagesimal do art. 316 do Código de Processo Penal não implica
automática revogação da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a reavaliar a
legalidade e a atualidade de seus fundamentos.
SL 1395 MC Ref/SP, Plenário, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 14 e 15.10.2020 (Info 995)

HABEAS CORPUS
Não retroage a norma prevista no § 5º do art. 171 do Código Penal, incluída pela Lei 13.964/2019
(“Pacote Anticrime”), que passou a exigir a representação da vítima como condição de
procedibilidade para a instauração de ação penal, nas hipóteses em que o Ministério Público tiver
oferecido a denúncia antes da entrada em vigor do novo diploma legal.
HC 187341/SP, Primeira Turma, Min. Alexandre de Moraes, julgamento em 13.10.2020 (Info 995)

HABEAS CORPUS
Tem direito à substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar — desde que observados os
requisitos do art. 318 do Código de Processo Penal e não praticados crimes mediante violência ou
grave ameaça ou contra os próprios filhos ou dependentes — os pais, caso sejam os únicos
responsáveis pelos cuidados de menor de 12 anos ou de pessoa com deficiência, bem como
outras pessoas presas, que não sejam a mãe ou o pai, se forem imprescindíveis aos cuidados
especiais de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência.
HC 165704/DF, Segunda Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 20.10.2020. (Info 996)

Estratégia Carreira Jurídica 85


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

HABEAS CORPUS
A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não constitui critério de
determinação, de modificação ou de concentração da competência.
HC 181978 AgR/RJ, Segunda Turma, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 10.11.2020 (Info
999)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
A CF estipula ser a prescritibilidade das pretensões penais a regra e, salvo opção constitucional
expressa, não autorizou que o legislador ordinário crie hipóteses de imprescritibilidade não
previstas no texto constitucional.
RE 600851/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 (Info 1001)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
Inexiste razão para se condicionar o reconhecimento de falta grave no curso de execução penal,
consistente na prática de crime doloso, ao trânsito em julgado de condenação criminal no juízo de
conhecimento.
RE 776823/RS, rel. Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020. (Info 1001)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


Os Juizados Especiais Criminais são dotados de competência relativa para julgamento das
infrações penais de menor potencial ofensivo, razão pela qual se permite que essas infrações sejam
julgadas por outro juízo com vis atractiva para o crime de maior gravidade, pela conexão ou
continência, observados, quanto àqueles, os institutos despenalizadores, quando cabíveis.
ADI 5264/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020. (Info 1001)

HABEAS CORPUS
A homologação de acordo de colaboração, em regra, terá que se dar perante o juízo competente
para autorizar as medidas de produção de prova e para processar e julgar os fatos delituosos
cometidos pelo colaborador. Caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença e o julgamento
pelo órgão recursal, a homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão.
HC 192063/RJ, Segunda Tuma, relator Min. Gilmar Mendes, julgamento em 2.2.2021 (Info 1004)

HABEAS CORPUS
Em face da reforma introduzida no procedimento do Tribunal do Júri (Lei 11.689/2008), é
incongruente o controle judicial, em sede recursal [Código de Processo Penal (CPP), art. 593, III,
“d”] (1), das decisões absolutórias proferidas com fundamento no art. 483, III e § 2º, do CPP (2).
RHC 192431 e RHC 192432, 2ª Turma, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em
23.2.2021 (Info 1007)

Estratégia Carreira Jurídica 86


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL


A tese da legítima defesa da honra é inconstitucional, por contrariar os princípios da dignidade da
pessoa humana (Constituição Federal, art. 1º, III), da proteção à vida e da igualdade de gênero (CF,
art. 5º, “caput”)
ADPF 779 MC-Ref/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 13.3.2021 (Info
1009)

HABEAS CORPUS
Não cabe ao juiz, na audiência de instrução e julgamento de processo penal, iniciar a inquirição
de testemunha, cabendo-lhe, apenas, complementar a inquirição sobre os pontos não
esclarecidos
HC 187035/SP, relator Min. Marco Aurélio, julgamento em 6.4.2021(Info 1012)

RECURSO EM HABEAS CORPUS


Caracteriza manifesta ilegalidade, por violação ao princípio da “non reformatio in pejus”, a
majoração da pena de multa por tribunal, na hipótese de recurso exclusivo da defesa.
RHC 194952 AgR/SP, relator Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 13.4.2021(Info 1013)

HABEAS CORPUS
A alteração promovida pela Lei 13.964/2019, que introduziu o § 5º ao art. 171 do Código Penal
(CP), ao condicionar o exercício da pretensão punitiva do Estado à representação da pessoa
ofendida, deve ser aplicada de forma retroativa a abranger tanto as ações penais não iniciadas
quanto as ações penais em curso até o trânsito em julgado.
HC 180421 AgR/SP, relator Min. Edson Fachin, julgamento em 22.6.2021 (Info 1023)

HABEAS CORPUS
É indispensável a existência de prévia autorização judicial para a instauração de inquérito ou outro
procedimento investigatório em face de autoridade com foro por prerrogativa de função em
tribunal de justiça.
HC 201965/RJ, relator Min. Gilmar Mendes (Info 1040)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE


O transcurso do prazo previsto no parágrafo único do art. 316 do Código de Processo Penal (CPP)
não acarreta, automaticamente, a revogação da prisão preventiva e, consequentemente, a
concessão de liberdade provisória.
ADI 6581/DF, relator Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, (Info 1046)

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

Estratégia Carreira Jurídica 87


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

É constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos circunstanciados


pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiro Militar.
ADI 5637/MG, relator Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em 11.3.2022 (Info 1046)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
São lícitas as sucessivas renovações de interceptação telefônica, desde que, verificados os
requisitos do artigo 2º da Lei 9.296/1996 e demonstrada a necessidade da medida diante de
elementos concretos e a complexidade da investigação, a decisão judicial inicial e as prorrogações
sejam devidamente motivadas, com justificativa legítima, ainda que sucinta, a embasar a
continuidade das investigações.(1) São ilegais as motivações padronizadas ou reproduções de
modelos genéricos sem relação com o caso concreto.(2)
RE 625263/PR, relator Min. Gilmar Mendes, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgamento em 17.3.2022 (Info 1047)

RECURSO EM HABEAS CORPUS


A ineficiência do Estado em fiscalizar as horas de estudo realizadas a distância pelo condenado
não pode obstaculizar o seu direito de remição da pena, sendo suficiente para comprová-las a
certificação fornecida pela entidade educacional.
RHC 203546/PR, relatora Min. Cármen Lúcia, julgamento em 28.6.2022 (Info 1061)

Estratégia Carreira Jurídica 88


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

CICLO DE ESTUDOS
Neste ponto traremos um ciclo padrão de estudos, com duração média de duas semanas, o qual
você irá repetir até a conclusão do estudo de base. Não se trata de um plano de estudo, nem
mesmo substitui a ideia de um plano de estudos individualizado. Contudo traz boas premissas
para quem tem dificuldades de organizar a preparação. Ele é indicado especialmente para quem
está começando a jornada para Delta.

ORGANIZAÇÃO
A partir da elaboração do cronograma de estudos, você poderá desenvolvê-lo em ciclos
quinzenais. Toda semana você repetirá a mesma grade de estudos. Dessa forma, NÃO IMPORTA
QUANDO VOCÊ VAI COMEÇAR ESSE PLANO DE ESTUDO, você sempre começará e concluirá
no mesmo dia da semana, não importa quanto tempo reste até a prova.
Primeiramente, devemos definir as matérias que entrarão em nosso planejamento. Vamos utilizar
aqui as disciplinas mais frequentes em provas de Delta. Naturalmente, se o seu escopo é um
concurso em específico, você deve adaptar para as disciplinas próprias do seu edital.
Da distribuição de disciplinas em importantes, intermediárias e periféricas, vamos desconsiderar
as periféricas. Como dissemos, a pretensão deste ciclo de estudos é formar a base de conteúdo
para provas de delegado. Se você precisar, ajuste.

Disciplinas Importantes: Disciplinas Intermediárias

• Direito Processual Penal • Criminologia


• Legislação Penal Especial • Direito Civil
• Direito Penal • Medicina Legal
• Direito Constitucional • Direitos Humanos
• Direito Administrativo • Direitos Tributário

Farão parte do nosso plano 10 disciplinas, sendo que em relação as 5 importantes, destinaremos
mais tempo comparado com as menos relevantes. Desse modo, ao final dos 15 dias, você terá
estudado todas as matérias, mas destinado mais tempo às disciplinas mais relevantes.

Disciplina Peso
Direito Processual Penal 3
Legislação Penal Especial 3
Direito Penal 3
Direito Constitucional 2
Direito Administrativo 2
Criminologia 1
Direito Civil 1
Direitos Humanos 1
Direito Tributário 1

Estratégia Carreira Jurídica 89


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Vamos supor um plano de 3 horas diárias de estudos. Optamos por uma carga horária reduzida,
pois você provavelmente tem outras ocupações, como trabalho, família. Não obstante, caso
possa estudar mais, você pode dobrar a carga para 6 horas, de modo dobrar a meta diária.

Considerando que você estude 6 dias por semana (deixamos um para descanso e para cumprir
com eventuais falhas ao longo da semana), você estudará em 14 dias o equivalente a 36 horas
que serão distribuídas proporcionalmente às disciplinas acima.

Assim:

Disciplina Peso horas


Direito Processual Penal 3 6
Legislação Penal Especial 3 6
Direito Penal 3 6
Direito Constitucional 2 5
Direito Administrativo 2 4
Criminologia 1 2
Direito Civil 1 2
Direitos Humanos 1 3
Direito Tributário 1 2

Na sequência, algumas observações fundamentais:

1) Revise! Reserve para revisar, pelo menos, 4 horas a mais aos finais de semana. A revisão é
importante para a fixação dos assuntos estudos.

2) As matérias penais demandam esforço extra em provas de Delta. Talvez, valha a pena
incluir Direito Constitucional. Não estude essas matérias de forma superficial, até mesmo
porque você precisará delas na fase escrita. Invista num estudo aprofundado e voltado para
delegado de polícia.

3) Direitos Humanos é disciplina ingrata! Trata-se de disciplina extensa, com bastante


conteúdo. Contudo, o tempo de estudo é relativamente pequeno. Logo, você deve saber bem
priorizar os temas.

4) Direito Civil é ainda mais ingrato. Cuidado! Não encare o CC todo. Há pontos que não são
cobrados em provas de Delegado de Polícia.

4) Estudar com base em questões é importantíssimo para obter um bom desempenho, com
menor esforço. Além do condicionamento de prova, resolver questões é fundamental no
processo de fixação pela repetição.

5) Não perca muito tempo com organização, procure por materiais já preparados e
organizados. Você pode perceber que o tempo é escasso e a agenda é apertada. Por isso
ofertamos cursos direcionados para aquilo que você precisa, com todos os principais assuntos,
informações relevantes esquematizas e questões anteriores para treinar.

Estratégia Carreira Jurídica 90


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

7) Reserve um tempo para o corpo e para a mente. Procure descansar, fazer exercícios e
alimentar-se bem. Além disso, cuidado com o sono. Dormir de forma adequada é importante
para o processo de memorização.

Tendo em vista tudo o que expusemos acima, vamos ao ciclo.

Estratégia Carreira Jurídica 91


Ricardo Strapasson Torques 93
MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

Ciclo Quinzenal

Meta
Dia 1º período (1h30) 2º período (1h) 3º período (30m) Revisão
Global
Dia 1 segunda 3 horas Processo Penal Direito Administrativo Direito Tributário ***
Dia 2 terça 3 horas Legislação Penal Especial Direito Constitucional Direito Civil ***
Dia 3 quarta 3 horas Direito Penal Direitos Humanos Criminologia ***
Dia 4 quinta 3 horas Processo Penal Direito Constitucional Direito Tributário ***
Dia 5 sexta 3 horas Legislação Penal Especial Direito Administrativo Direito Civil ***
Dia 6 sábado 6 horas Direito Penal Direitos Humanos Criminologia Revisão Semanal
Dia 7 domingo Descanso e/ou recomposição de dia atrasado.

Dia 8 segunda 3 horas Processo Penal Direitos Humanos Direito Tributário ***
Dia 9 terça 3 horas Legislação Penal Especial Direito Constitucional Direito Civil ***
Dia 10 quarta 3 horas Direito Penal Direito Administrativo Criminologia ***
Dia 11 quinta 3 horas Processo Penal Direito Constitucional Direito Tributário ***
Dia 12 sexta 3 horas Legislação Penal Especial Direito Administrativo Direito Civil ***
Dia 13 sábado 6 horas Direito Penal Direito Constitucional Criminologia Revisão Semanal
Dia 14 domingo Descanso e/ou recomposição de dia atrasado.

Algumas observações finais:

1) Se você dobrar o planejamento, mantenha ciclos de, no máximo, 1h30 minutos. Considerando a segunda-feira como exemplo, você
fará dois ciclos de Processo Penal, dois de Administrativo e 1 de Tributário (porém de 1 hora). Além disso, caso você faça a dobra, não
será possível estudar 12 horas no sábado, deixe, nesse caso, a revisão para o domingo.

2) Entre os ciclos descanse 10 minutos, não mais do que isso.


MANUAL DO FUTURO DELTA
Estratégia Carreira Jurídica

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Amigos, chegamos ao final deste material. Nossa pretensão foi reunir de forma objetiva tudo o
que você precisa em termos de carreira, expectativa de editais e prognóstico de médio prazo,
dados estatísticos relevantes para fins de estudo, técnicas de estudo, método para leitura de
legislação, caderno de jurisprudência e ciclo de estudos.

Talvez você use todo ou apenas parte deste material, mas certamente se você chegou até o final,
este material será de algum modo profícuo para a sua preparação.

Conte conosco,

Prof. Ricardo Torques

Diretor do Estratégia Carreira Jurídica

email: rst.estrategia@gmail.com

whatsapp: 11-91610-1471

Você também pode gostar