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Mecânica

Transmissões
Transmissões
ÍNDICE

Introdução 05

1ª parte

A história das transmissões 06

A evolução das transmissões 07

2ª parte

A embreagem 14

Conhecendo a embreagem 15

Possíveis sinais de inconvenientes 23

3ª parte

A caixa de mudanças 32

Câmbio: os componentes e seu funcionamento 33

4ª parte

O diferencial 48

Entendendo o diferencial 49

5ª parte

As semi-árvores 62

O papel das semi-árvores 63

A junta homocinética 65
Transmissões

Introdução

Nada adiantaria se um torque gerado pelo motor de alta tecnologia não chegasse, também,
com tecnologia às rodas.

Desde o início, a FIAT estava presente, investindo em tecnologia e dando sua contribuição para
o progresso do conjunto de transmissão dos veículos, sempre inovando no desenvolvimento dos
componentes e em suas publicações a respeito dos mesmos.

Esta apostila o levará a conhecer todo o percurso do movimento, desde o motor até as rodas
além de todos os componentes que constituem a transmissão. Aproveite!

05
Transmissões

1ª parte

A história das transmissões

06
Transmissões

A evolução das transmissões


A transmissão evoluiu juntamente com a história do automóvel. Foi em 1895, que os irmãos
Lanchester lançaram o eixo de transmissão.

Não muito satisfeitos, lançaram ainda naquela década, a caixa de mudança de engrenagens
planetárias e a transmissão por eixo cardan.

Mais tarde, a transmissão automática era lançada nos Estados Unidos por Sturtevant.

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Transmissões

Muitos sistemas de transmissões foram desenvolvidos, ocasionando a mudança na posição dos


motores. O motor, juntamente com a transmissão, pode estar alojado na parte dianteira ou
traseira do veículo...

... ou ainda, posicionado longitudinalmente ou


transversalmente ao chassi.

Quando o motor estiver posicionado transversalmente, não será necessária nenhuma alteração
na direção do movimento, pois os eixos estarão paralelos aos eixos das rodas.

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Transmissões

Entretanto, se o motor estiver montado longitudinalmente, será necessário o uso de um diferen-


cial que fará o desvio na direção num ângulo de 90°.

Nas décadas de 20 e 30 surgem as primeiras caixas de mudanças sincronizadas e as embrea-


gens automáticas acionadas por depressão do motor.

Nessa época a FIAT já investia em tecnologia para melhorar a construção de seus veículos. Foi
em 1936 que lançou o FIAT 500, o “Topolino”, com câmbio de quatro marchas sincronizadas
entre outras novidades.

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Transmissões

Essas alterações foram motivadas pelas competições automobilísticas que, de fato, contribuíram
para o progresso e para a história dos veículos, sobretudo no que se refere às transmissões, ou
mais especificamente à embreagem, câmbio e diferencial.

A transmissão é um conjunto de dispositivos


utilizados para transmitir a força produzida no
motor às rodas motrizes, para que o veículo
entre em movimento.

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Transmissões

Os componentes do sistema de transmissão evo-


luíram e se tornaram muito importantes para os
veículos.

Existem vários tipos de transmissão, como transmissão de energia mecânica por meio de fluidos,
embreagens hidráulicas e, sobretudo, as caixas de mudanças automáticas.

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Transmissões

O movimento de rotação da árvore comando de manive-


las (virabrequim) do motor, provocado pelo conjunto biela
e pistão, é transmitido às rodas por órgãos mecânicos
que compõem o sistema de transmissão.

O sistema de transmissão é composto pela embreagem, caixa de marchas, diferencial, semi-


árvores, homocinéticas e rodas. Esses componentes estão ligados e possuem interdependência
de funcionamento.

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Transmissões

Num automóvel com motor dianteiro, a transmissão passa por todos esses componentes.

Eles impõem às rodas a potência do motor


transformada em energia mecânica.

Quando colocamos um carro em movimento, primeiramente, debreamos para engrenar uma


velocidade. O movimento é transmitido ao diferencial que movimentará as rodas através das
semi-árvores.

Vejamos então como isso acontece!

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Transmissões

2ª parte

A embreagem

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Transmissões

Conhecendo a embreagem

É um conjunto de peças articuladas para ligar e desligar o motor do sistema de transmissão e


efetuar a progressão do torque do motor permitindo uma partida suave do veículo.

Está localizada entre a caixa de mudanças e o


volante do motor.

Esses são os principais componentes da embreagem:

Mola do diafragma

Rolamento de encosto

Árvore primária
do câmbio
Disco de embreagem

Alavanca que aciona


Cabo de comando a embreagem
da embreagem

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Transmissões

Rebite distanciador Mola-membrana

Placa de
pressão

Tampa (carcaça)

Anéis

Mola-chapa

O platô é composto por uma chapa de pressão, anéis de aço, mola-membrana e pela carcaça
de montagem do conjunto.

A ligação entre o motor e a caixa de mudanças é feita quando o disco de embreagem é compri-
mido
d entre o platô
l e o volante
l do motor, através d
d do sistema d
de comando
d composto pelo
l pedal,
d l
cabo, garfo, guia e rolamento (colar de embreagem).

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Transmissões

O projeto da embreagem é específico para cada veículo.


É calculado em função de muitas variáveis, dentre elas, a
potência do motor e a relação de marchas no câmbio,
que irão determinar o dimensionamento desse componente.

Quando o pedal da embreagem não está acionado, o platô


aplica a mesma força em toda a superfície da placa que faz
a pressão do disco contra o volante do motor, permitindo a
transmissão do torque para o câmbio.

B A

Quando o pedal é acionado, a placa libera a pressão


exercida e faz o desacoplamento da embreagem com
o sistema de transmissão, permitindo assim, a
passagem de marcha.

A - Embreagem em posição de engate


B - Embreagem em posição de desengate

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Transmissões

Dentre os componentes da embreagem, o disco cumpre a impor-


tante função de acoplamento ao volante do motor.

O disco de embreagem montado na extremidade da


árvore primária é de aço. Em suas faces estão fixadas
guarnições de alto coeficiente de atrito. Uma das faces
do disco, quando acoplada, adere ao volante e a outra ao platô.

Em alguns modelos, o disco possui entalhes na superfície para permi-


tir a dispersão dos resíduos dos desgastes que poderiam provocar a
diminuição do atrito.

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Transmissões

Esteja atento! Uma embreagem rumorosa ou que provoque golpes na caixa de mudanças pode
danificar a transmissão. Para que isso não aconteça, a embreagem é provida de um dispositivo
para amortecimento de golpes.

Ao acionar o pedal e, conseqüentemente, desacoplar o disco de


embreagem do volante, estabelecemos um afastamento chama-
do de “debreagem”.

Para atuar no pedal, a fim de debrear, o motorista deve imprimir


uma força que pode ser reduzida quando é utilizado um dispositivo
hidráulico auxiliar ao sistema. (Embreagem hidráulica).

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Transmissões

Assim como no freio, a embreagem, auxiliada por um cilindro com um


êmbolo, atua sobre o fluido desacoplando o disco de embreagem do volan-
te do motor. Dessa forma, libera a caixa de câmbio para as mudanças de
marchas.

Esse dispositivo é composto por uma


bomba de óleo, um cilindro operador e
um reservatório que deverá ser sempre
verificado quanto ao nível do fluido...

...e à necessidade de sangria do sistema


hidráulico.

É bom ressaltar que bolhas de ar no siste-


ma reduzem a sua eficiência e aumentam
a carga de acionamento.

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Transmissões

O cabo, que transmite o movimento do pedal para a alavanca


externa, pode também transmitir as vibrações do motor para
a carroceria.

Para que isso não ocorra, os cabos são providos dos chamados “dampers”, que
são elementos de borracha que absorvem essas vibrações.

Através do garfo interno, a pressão é transmitida para o


colar de embreagem, que atua sobre o diafragma para
fazer o ligamento e o desligamento entre o conjunto
platô - disco de embreagem - volante do motor.

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Transmissões

A embreagem é um dispositivo muito usado no veículo. A cada mudança de marcha, ela é


acionada. Seus componentes são passíveis de desgaste e podem apresentar inconvenientes que
devem ser imediatamente solucionados...

...ou então, corre-se o risco de estendê-los a outras partes


do motor, sobretudo o câmbio.

Os principais inconvenientes que podem ocorrer na embreagem são a trepidação, a patinação e


a rumorosidade.

22
Transmissões

Possíveis sinais de inconvenientes

Marcas de vibrações acentuadas sobre a placa de


pressão, devido ao não deslizamento do cabo de
embreagem, à folga nas articulações ou ao motor
desregulado.

Marcas de graxa espirrada do cubo no revestimento


quando é lubrificado em excesso.

Superfície de revestimento carbonizada. Ocorre quando


há inconvenientes nos retentores da árvore comando de
manivelas (virabrequim) do motor ou da transmissão
permitindo a passagem de óleo para o revestimento.

23
Transmissões

Placa de pressão com sulcos em sua superfície, causada por incon-


venientes no acionamento da embreagem que não libera o disco
totalmente.

Revestimentos gastos até os rebites quando a


carga de pressão do platô é baixa.

Perfil do cubo danificado por ter sido montado forçadamente na


árvore primária do câmbio.

24
Transmissões

Oxidação (ferrugem) no cubo quando esse não é


lubrificado adequadamente.

Molas de segmento quebradas quando o motor não


está alinhado ao câmbio.

Amortecedor de torção quebrado quando o condutor


dirige o veículo em rotações baixas.

25
Transmissões

Marcas de desgastes excêntricas sobre as lingüetas do platô quan-


do o garfo de debreagem está desgastado ou empenado.

Revestimento quebrado quando o condutor engrena incorretamente


uma marcha.

Mola-chapa quebrada ou deformada por folga excessiva no siste-


ma de transmissão.

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Transmissões

Lingüetas da mola-membrana quebradas ou deformadas


por erro na montagem da embreagem.

Bucha da guia e rolamento da embreagem destruídos


quando trabalham fora do centro.

Lingüeta da mola-membrana desgastada quando o


rolamento da embreagem está grimpada.

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Transmissões

Desgaste nas paredes da bucha da guia causado pela regulagem


incorreta do garfo de embreagem.

Placa de pressão quebrada quando superaquecida ou quando o


revestimento do disco está desgastado ou sujo de óleo.

Carcaça do platô deformada quando é montada incorretamente.

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Transmissões

Mola-chapa tangencial deformada por folgas no sistema


de transmissão.

Revestimento oxidado quando o veículo não é utilizado


em longos períodos de tempo.

Revestimento queimado e destruído por estar sujo de óleo


ou pelo sistema de debreagem estar emperrado.

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Transmissões

Carcaça de rolamento deformada quando a mesma está emperra-


da sobre o tubo-guia.

Rebites distanciadores do amortecedor de torção desgastados por


erro de seleção de marchas.

Perfil do cubo com sinais de batidas, entrando cônico no eixo piloto


com amortecedor de torção destruído, em conseqüência de inconve-
nientes no rolamento da guia e do desalinhamento entre o motor e
a transmissão.

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Transmissões

É importante reduzir o esforço de acionamento, lubrificando


as estrias da árvore primária piloto, a guia do rolamento, a
extremidade do garfo e as buchas de articulações.

Utilize somente lubrificantes indicados pelo fabricante.

Peças Uno / Palio Tempra Ducato Marea

Unimoly R50/10 Unimoly R50/10


Estria do eixo Unimoly R50/10 Unimoly R50/10
Kluber ou Kluber ou
piloto Kluber Kluber
Molykote D 32/R Molykote D 32/R
Unimoly R50/10
Guia do Unimoly R50/10
Kluber ou Tutela Tutela Zeta II Tutela Zeta II
rolamento Kluber
MR3
Extremidades do
Tutela Zeta II Tutela Zeta II Tutela Zeta II Tutela Zeta II
garfo
Buchas de
Tutela Zeta II Tutela Zeta Tutela Zeta II Tutela Zeta II
articulação

Uma embreagem bem cuidada significa durabilidade.

A caixa de mudanças é a maior prejudicada quando a embreagem


não funciona, e é dela que vamos falar agora.

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Transmissões

3ª parte

A caixa de mudanças

32
Transmissões

Câmbio: os componentes e seu funcionamento

Quando um veículo está em movimento, as resistências que o opõem são as mais variadas. Ele
está sob resistência do ar, do solo, do atrito dos pneus, e ainda, do peso do veículo.

Devido a isso, o torque fornecido pelo motor deve variar


de acordo com essas resistências.

A caixa de velocidades tem esse objetivo, ou seja,


fornecer o torque à árvore motriz de acordo com a
resistência que se opõe ao veículo.

33
Transmissões

Para isso, o câmbio de velocidades deve possuir, geralmente, quatro ou cinco relações de
composições de engrenagens. Essas relações são obtidas mediante um comando mecâni-
co, auxiliado por sincronizadores que facilitam o engate das marchas.

Os comandos devem proporcionar mudanças de marchas suaves e seguras, sem permitir que as
marchas escapem.

O mecanismo de comando é formado por hastes que


acionam os garfos que deslocam as luvas sincronizadoras.

Essas luvas estão situadas entre as engrenagens de velocidades.

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Transmissões

As hastes e os garfos não devem apresentar deformações ou desgastes, devendo as


hastes deslizarem livremente sem folgas excessivas em suas sedes na caixa de mudanças.

O garfo é construído em ferro fundido com as pontas, que funcionam na luva, revestidas com
uma fina camada de cobre e alumínio antiatrito que evitam o desgaste.

A luva é confeccionada de aço ao manganês e cromo. Ela recebe um tratamento térmico que a
protege contra desgastes e garante o bom funcionamento nas trocas de marchas.

35
Transmissões

As engrenagens que compõem o câmbio são cilíndricas de dentes helicoi-


dais, com exceção da marcha à ré que tem os dentes retos e não possui
dispositivos de sincronização.

1
2

O câmbio possui três árvores, além do conjunto de


marcha à ré e os sincronizadores. São elas:
árvore primária (1), secundária (2) e intermediária
da marcha-à-ré (3). As trocas de marchas são
3
efetuadas por meio de garfos que movimentam
as luvas dos sincronizadores.

Quando a embreagem está acoplada, o volante do motor está transmitindo velocidade para a
caixa de mudanças. A árvore primária recebe o movimento de rotação do motor para transmiti-
lo à árvore secundária e à intermediária.

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Transmissões

A árvore secundária está acoplada à árvore primária. É uma


transmissão de rotação com redução de velocidade, pois a
engrenagem da árvore secundária é maior que a da árvore primária.

Na árvore intermediária está situada a engrenagem que inverte o movimento para marcha à ré.

37
Transmissões

A árvore secundária está acoplada à árvore primária, da qual recebe o torque transmitindo-o
com um valor maior às rodas motrizes.

Suas engrenagens estão constantemente ligadas à árvore pri-


mária. Assim, as engrenagens não poderiam estar fixas às suas
árvores, pois não seria possível a passagem de marchas.

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Transmissões

Cada marcha corresponde a uma combinação de


engrenagem entre a árvore secundária e a árvore
primária.

1ª marcha

A primeira marcha é de baixa velocidade e de muito torque, ou seja, menor engrenagem na


árvore primária e maior na árvore secundária.

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Transmissões

2ª marcha

A segunda marcha, assim como as outras, vai aumentando o diâmetro e o número de dentes das
engrenagens da árvore primária e diminuindo o diâmetro e o número de dentes das engrena-
gens da árvore secundária.

Estabelece desse modo uma relação de transmissão, como nesse caso de 5:1 entre a velocidade
de rotação do motor e as rodas.

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Transmissões

Quando o veículo se desloca a uma velocidade constante que não exige um torque elevado,
uma relação do tipo 2:1 é suficiente...

...contudo, numa subida íngreme, será necessária uma relação mais alta para que o motor traba-
lhe com maior número de rotações em relação às rodas, multiplicando-se assim o torque.

41
Transmissões

É como andar de bicicleta. Quando descemos por uma via, selecionamos a engrenagem menor
da “caixa de velocidade”, diminuindo a relação de transmissão e, conseqüentemente, aumentan-
do o número de voltas que a engrenagem movida efetuará, já que não será necessário imprimir-
mos um torque tão elevado.

Para obter a relação de transmissão, basta dividirmos o número de dentes da engrenagem movi-
da pelo número de dentes da motora.

ENTRADA
MOTORA SAÍDA
10
26

MOVIDA
MOVIDA

MOTORA
30
13

i = 30 = 3 : 1 i = 26 = 2 : 1
10 13

RELAÇÃO DE TRANSMISSÃO
i=3:1 x i=2:1 i=6:1

42
Transmissões

No sistema redutor, o número de dentes da engrenagem motora


é menor do que o número de dentes da engrenagem movida.
Geralmente esse sistema equipa os veículos com transmissão
automática.

O sistema multiplicador, ao contrário, possui o número de


dentes da engrenagem motora maior que o da movida e no
sistema “prize” direta, as engrenagens possuem o mesmo
número de dentes.

É possível encurtar ou alongar a relação final de transmissão. Se temos uma relação de 5:1, ou
seja, cinco voltas da motora por uma volta da movida e queremos proporcionar mais velocidade
ao veículo, será necessário encurtarmos a relação.

43
Transmissões

É muito simples. Basta selecionarmos um par


de engrenagens em que a movida tenha um
menor número de dentes.

Para cada velocidade selecionada, teremos uma relação de transmissão


diferente. A redução mínima em uma relação de transmissão deve elevar
o torque o suficiente para que o veículo possa subir uma rua íngreme.

44
Transmissões

Para selecionar uma marcha, serão usados os sincronizadores.


Vamos em frente!

O sincronizador é um dispositivo que possibilita o acopla-


mento, sem trancos, de engrenagens das árvores primária
e secundária, fixando-as ao eixo para a transmissão.

5
4

1
2
3

O conjunto sincronizador compõe-se de anel sincronizador (1), cubo (2), luva (3), rolamento (4),
anel (5) e mola (6).

45
Transmissões

A luva transmite rotação ao cubo que está


ligado à árvore secundária através de estrias.
É por isso que a árvore gira com a mesma
rotação que a engrenagem selecionada, de
forma a proporcionar um engrenamento suave.

O tipo de sincronizador que a FIAT utiliza é o BORG WARNER. Ele proporciona eficiência nos
engates das marchas e, conseqüentemente, maior durabilidade ao conjunto de transmissão.

46
Transmissões

Há um conjunto sincronizador para a primeira e segunda velocidades localizado na árvore


secundária; outro para a terceira e quarta localizado na árvore primária e outro para a quinta
velocidade, situado na mesma árvore próximo à engrenagem da quinta.

No percurso do movimento desde o volante do motor até as rodas, um componente tem função
importante na transmissão dos movimentos às rodas.

47
Transmissões

4ª parte

O diferencial

48
Transmissões

Entendendo o diferencial

O diferencial é um conjunto de engrenagens que combinam


entre si por movimentos rotativos e têm a função de reduzir,
através da coroa e do pinhão, a velocidade da árvore de
transmissão para a velocidade exigida pelas rodas.

Nos veículos em que a caixa de mudanças é longitudinal ao chassi, as rodas motrizes não gir
giram
ças.
no mesmo plano ao da rotação de saída da caixa de mudanças.

O diferencial faz essa mudança de direção do movimento. Além disso, em uma curva, as rodas
não giram com a mesma velocidade. Se as árvores fossem fixas, a roda que imprimisse menor
velocidade se arrastaria a fim de acompanhar o trajeto da curva.

49
Transmissões

Atua a partir de duas semi-árvores de maneira que uma roda gire inde-
pendente da outra, recebendo o movimento da árvore secundária que está
acoplada por uma coroa. Dessa forma a árvore secundária funciona como
um pinhão.

Esse componente é constituído de engrenagens planetárias, paralelas à coroa, e de satélites que


estão a 90°, de maneira que, quando as semi-árvores giram na mesma velocidade, as satélites
giram em volta das planetárias.

Quando uma das árvores é imobilizada, a outra continua a girar em torno de seu eixo e da
planetária móvel, fazendo a outra girar, proporcionalmente, mais depressa.

50
Transmissões

O diferencial, quando constituído do conjunto pinhão-coroa, exige uma folga no engrenamento


dos dentes.

A regulagem dessa folga é importante para o funcionamento e a durabilidade das peças que
compõem a caixa de mudanças.

Na manutenção do diferencial ou da caixa de câmbio, não se esqueça de verificar o nível de


óleo e a data da troca do mesmo.

51
Transmissões

O óleo recomendado é o de base mineral, multiviscoso, e deve


conter aditivo de extrema pressão. Estes são os óleos indicados
para engrenagens hipóides e para outras com altas solicitações de
carga.

O aditivo de extrema pressão é que irá reduzir o


desgaste das peças que estão em movimento e onde
a lubrificação é mais exigida.

Esse aditivo forma uma película protetora sobre as superfícies metálicas, a fim de
evitar o grimpamento das engrenagens.

52
Transmissões

Para uma lubrificação eficiente, o óleo é obrigado a vencer várias dificuldades, devendo ser
fino o suficiente para penetrar nas menores folgas e espesso para manter, sempre constante, a
película protetora de óleo.

Deve possuir características que evitem o


desgaste das engrenagens,...

...ser quimicamente estável e possuir viscosidade


apropriada,...

53
Transmissões

...proteger contra a corrosão e a ferrugem...

...e contribuir para a refrigeração do sistema.

Além dessas características, deve ainda manter uma lubrificação plena e eficiente em uma ampla
faixa de temperatura.

54
Transmissões

Os óleos podem ser classificados pela SAE (Sociedade


dos Engenheiros Automotivos) segundo a sua viscosi-
dade...

...ou segundo o API (Instituto do Petróleo Americano) que os classificam quanto aos seus desem-
penhos, baseando-se no tipo de engrenagem, no grau de proteção antidesgaste e na característi-
ca de extrema pressão.

A viscosidade dos óleos varia em função da mudança de temperatura.

55
Transmissões

Nesse caso, a cada estação do ano deveríamos modificar o óleo que utilizamos. Para evitar
essas trocas, existem os óleos multiviscosos que satisfazem às exigências climáticas e possuem
características de obter fácil partida a frio,...

...lubrificação adequada para ampla faixa de temperatura...

...e menor desgaste com menos consumo de óleo e combustível.

56
Transmissões

E lembre-se que os óleos possuem tempo determinado de utilização. Sendo assim, deve-se respei-
tar os intervalos de troca recomendados pelo fabricante.

Alguns pontos no automóvel não podem


ser lubrificados com óleo exigindo, assim,
um lubrificante que permaneça mais tempo
sem ser preciso lubrificar.

Na transmissão, é o caso da homocinética, que deve ser lubrificada com graxa.

57
Transmissões

A graxa é usada quando se requer um lubrificante sólido ou semi-sólido com características


lubrificantes.

É feita de sabão metálico enriquecida, às vezes, com lubrificantes sólidos à base de chumbo,
grafite ou molibdênio.

As graxas devem possuir adesividade, resistência à água, à umidade e à temperatura.

58
Transmissões

Atualmente a FIAT utiliza, nas graxas, o aditivo de molibdênio que proporciona maior aderência
nas superfícies e melhor preenchimento das microcavidades.

Ao montar algum componente, observe sempre se deve ser usado algum tipo de lubrificante ou
carga especificada em sua montagem.

59
Transmissões

Na montagem do diferencial, é importante considerar a espessu-


ra dos anéis de regulagem da pré-carga dos rolamentos.

Ferramenta para assentamento


do rolamento

Para determinar a espessura do anel, deve-se seguir os seguintes


Prensa
passos: primeiramente, aplicar na pista externa do rolamento,
uma carga específica para sua montagem, lembrando de girar o
diferencial...
Rolamento

...e também usar uma ferramenta de apoio entre a prensa e o


rolamento, para facilitar seu assentamento.

Ferramenta para assentamento


do rolamento

60
Transmissões

Relógio comparador

Rolamento
P

Carcaça do diferencial

Depois de assentado, medir a profundidade “P” usando o relógio comparador. Lembre-se de


apoiar bem o relógio no plano de apoio da tampa para obter uma medida precisa.

O próximo passo é medir a altura “H”


do flange de retenção do rolamento do
diferencial.
Flange H

A espessura do calço “S” será determinada pela fórmula S = P - H + 0,12 mm, ou seja, a pro-
fundidade menos a altura do flange, acrescida de 0,12 mm que será o valor da interferência
prescrita para a pré-carga do rolamento do diferencial.

Anel Flange

= P - H + 0,12 mm

Rolamento

Carcaça do diferencial

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Transmissões

5ª parte

As semi-árvores

62
y
;y;
Transmissões

O papel das semi-árvores

A semi-árvore é uma barra de aço cilíndrica com as extremidades sujeitas a acoplamentos.

São utilizadas para transmitir o torque recebido


do diferencial aos cubos das rodas. Suas
extremidades estão ligadas às planetárias
do diferencial.

As semi-árvores, direita e esquerda, compõem a árvore motriz juntamente com coifas, massa
amortecedora, junta tripóide, junta homocinética, rolamentos e anéis retentores.

63
Transmissões

A massa amortecedora tem a finalidade de balancear a semi-árvore, portanto, quando for


retirada para a manutenção, deve ser reposicionada respeitando as medidas estabelecidas pelo
fabricante.

O lado da semi-árvore que está acoplado ao cubo da roda


possui uma junta homocinética que é muito importante na trans-
missão.

64
Transmissões

A junta homocinética

Quando o veículo está em movimento, em um terreno acidentado


ou em uma curva, os eixos das rodas deslizam ou oscilam (sobem
e descem) com rapidez devido à suspensão.

As juntas homocinéticas têm a finalidade de compensar essas oscilações além de possibilitar o


esterçamento (virada) das rodas dianteiras em função da mudança da direção imposta pelo mo-
torista. São construídas para suportar as solicitações de aceleração e desaceleração do veículo,
transmitindo o movimento de rotação às rodas motrizes.

Para melhor entender a sua função é bom lembrar que o termo


“homocinética” significa velocidade igual.

65
Transmissões

Gaiola
Esfera

Elas são compostas de anel interno, sino,


esferas e gaiolas.

Anel interno

Sino

São utilizadas entre duas árvores para permitir que ambas girem juntas e com a mesma veloci-
dade, não importando o ângulo que formem. As esferas localizadas dentro do sino permitem
que as juntas trabalhem em ângulos.

66
Transmissões

As juntas homocinéticas podem ser fixas ou deslizantes, sendo as primeiras, localizadas próxi-
mas ao cubo da roda, e as segundas, próximas à transmissão.

Alguns veículos FIAT utilizam, do lado do câmbio,


a junta tripóide. Essa junta está alojada dentro
da caixa de câmbio e funciona compensando a
mudança de ângulos e as variações axiais prove-
nientes das mudanças angulares.

A junta tripóide permite as oscilações das rodas e


das semi-árvores, eliminando a rumorosidade
provocada pela transmissão.

67
Transmissões

A junta homocinética fixa tem um único movimento que é o angular e tem a finalidade de com-
pensar as mudanças angulares descritas pela suspensão e pela direção. São elas que permitem
a tração suave sem flutuações nos veículos.

Bem! Chegamos ao final. Juntos aprendemos muito sobre o sistema de transmissão, um tema tão
complexo que deve ser bem compreendido. Esse é o objetivo do Treinamento Assistencial FIAT.

Até a próxima!

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Transmissões

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COPYRIGHT BY FIAT AUTOMÓVEIS S.A. - PRINTED IN BRAZIL - Os dados contidos
nesta publicação são fornecidos a título indicativo e poderão ficar desatualizados
em conseqüência das modificações feitas pelo fabricante, a qualquer momento, por
razões de natureza técnica, ou comercial, porém sem prejudicar as características
básicas do produto.
Impresso n° 53001160 - 05/2008

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