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Astronomia e Astrologia Centro de Pesquisas Astrológicas Hermes

A maior vantagem em se possuir um irmão


gêmeo univitelino, é o fato de que sempre se pode usar as semelhanças para trair e por a
culpa no outro. A maior desvantagem entretanto, é que se desejarem mostrar-se diferentes,
o nariz acabará por trair a ambos.

Carlos Fini

Astrologia e Astronomia estão segundo as leis jurídicas do Século XXI divorciadas.


Isto não significa que o amor tenha acabado de ambas as partes, e sim que existe entre elas
um relacionamento de aparências. Astrólogos sempre procuram estudar Astronomia e são
ávidos freqüentadores de planetários e Astrônomos acabam sempre por dar aquelas
olhadelas nos livros de Astrologia nas boas livrarias, mesmo quando argumentam que o
fazem por mera diversão. Sempre sabem eles também seus signos solares também.
Na antigüidade, o termo “ Astronomia “ não existia. O termo usado para o estudo dos
movimentos dos corpos celestes era “Astrologia “. A realidade entretanto é que em função
das necessidades de sobrevivência, homem sentiu-se obrigado a relacionar os movimentos
do céu com seus ciclos aos eventos da natureza que o envolvia e dos quais dependia. A
Astronomia-Astrologia portando não nasceu como alguns acreditam, do imaginário de
pessoas crédulas e despreparadas cientificamente, e sim de pesquisadores que se ocupavam
em criar calendários, e prever o clima de médio e longo prazo, colecionando observações e
as comparando como demonstram os cuneiformes mesopotâmeos.
Com isto, o aperfeiçoamento dos cálculos tornou-se necessário em função da
precisão que se desejava obter nos processos preditivos de sobrevivência agrícola, cuja
importância capital na época , superava o simples deleite intelectual matemático-mecânico.
Para o corpo, o cérebro é o segundo orgão mais adorado depois do estômago.
Por outro lado, o zodíaco nada mais é que um rico diagrama de mutações ambientais
dotado da capacidade de contar várias histórias com as mesmas imagens em seqüência.
Uma espécie de holograma filosófico ou para simplificar um calendário dos movimentos de
vida. A Astronomia e a Astrologia trilharam caminhos comuns durante aproximadamente
7.300 anos de História desde os Sumérios ao advento das chamadas novas ciências.
Aristóteles, Ptolomeo de Alexandria, Kepler, Ticho, são grandes exemplos de idealizadores
de mecânicas para o universo que se ocupavam da arte de prever o futuro através de uma
ciência que estuda a relação do orgânico com o inorgânico chamada Astrologia.

Como o pensamento humano resolveu separar o mundo em dois universos , o orgânico


e o inorgânico, ou seja os fenômenos de vida dos fenômenos físicos no século XVII, o
termo “Astronomia “ precisou ser cunhado para designar a ciência que se ocupava dos
movimentos e dos estudos dos astros em si, não procurando focar-se em um possível
diálogo com o meio ambiente no qual estamos imersos.
A grande realidade, é que a Astronomia se desenvolveu muito à partir deste divórcio, e
em seu caminho solitário, ajudou em muito a difícil tarefa de calcular efemérides, e
posições astronômicas. A Astronomia precisava de um tempo.
As brilhantes descobertas de Urano, Netuno e o pequeno Plutão, foram capitais para uma
reformulação complexa que se estabeleceu na Astrologia nos séculos XVIII, XIX, e XX.
Sem dúvida, Astrólogos devem muito à Astronomia e não faz sentido algum voltar as
costas a ela. Astrólogos devem utilizar-se de informações astronômicas, procurando sempre
se atualizar, se não deseja cometer o mesmo erro às avessas : O esquecimento da realidade
do movimento.
O contrário também é verdadeiro. Se não fossem as necessidades de adaptação ao
meio, e o advento da Astrologia, nenhuma hipótese sobre movimentos de corpos celestes
existiria. A gravidade poderia ser uma grande desconhecida.

Hora ou outra, vê-se, trocas de farpas entre Astrônomos e Astrólogos, como um casal
em crise. Qual seria a gênese deste abismo cultural criado por ambos ?
A grande realidade é que se muitos Astrônomos desconhecem os fundamentos da
Astrologia, o contrário também é verdadeiro. Existem muitos Astrólogos usando planetas
hipotéticos, e outros inventado movimentos não encontrados na natureza. Astrólogos
muitas vezes odeiam cálculos e fundamentos, e adoram falar mais de psicologia.
Para um diálogo e respeito mútuo, se torna necessário dois movimentos básicos:
Astrônomos começarem a entender os fundamentos da Astrologia, e os Astrólogos
estudarem melhor as questões Astronômicas com as quais a Astrologia lida.

O zodíaco.

É de fundamental importância que se entenda o que seja o zodíaco. Astrônomos


acreditam que o zodíaco tem seu fundamento nas constelações. Para eles esta palavra “
zodíaco “ refere-se a agrupamentos de estrelas do ponto de vista aparente. Com isto
acreditam que os astrólogos estão a calcular posições equivocadamente com um signo de
erro. A confusão torna-se maior, quando um astrólogo menos instruído ainda tenta explicar
assim: “O zodíaco é uma jornada simbólica de transformações arquetípicas e transpessoais
que serve para ajudar o homem a transmutar-se ”. Isto poderia ser dito de outra maneira.

Pode-se dizer assim : O zodíaco é plotado sobre a Eclíptica ( Caminho aparente do Sol
na Esfera Celeste ) à partir do ponto vernal , independente de onde esteja este ponto
orientado no espaço. Á partir deste ponto e não de nenhuma constelação, divide-se esta
trajetória em 12 setores iguais de 30 graus cada. Portanto, não se deve confundir “
Constelações “ com “signos Astrológicos “. O zodíaco Astrológico encontra seu
fundamento no Sistema eclíptico de referências astronômicas ensinado em qualquer livro
básico de Astronomia Esférica.
Esta definição está na bíblia dos astrólogos o “ Tetrabiblos “ do também Astrônomo
Cláudio Ptolomeo. ( Séc. II d.c. ). Portanto, nenhum signo mudou. Tudo nasce de uma
tremenda confusão semântica.
É como confundir, “ Carlos Magno “ com “Alberto Magno “.
Se astrônomos precisam entender esta confusão por um lado, os Astrólogos tem por
obrigação entenderem os fundamentos do que estudam. É como ser um cozinheiro italiano,
e não saber de que é feito o Macarrão.

Ascendente

Um ponto muito falado mais pouco conhecido. A mesma confusão acaba acontecendo.
Astrônomos querem entender o que é isto afinal. Existem dois sistemas de coordenadas
astronômicas, um o Horizontal e outro o eclíptico. Quando eles se relacionam se
movimentando um sobre o outro, a eclíptica ( onde está o zodíaco ) toca a esfera local em
muitos pontos. O do lado do Leste refere-se à ascensão dos objetos celestes daí o termo “
ascendente “ . Ele seria a interseção do plano da eclíptica com o horizonte astronômico do
lado do leste. Para a Astrologia é de fundamental importância entender-se isto, pois como a
eclíptica se projeta muitas vezes em ângulos inclinados, um determinado signo ascendente
irá ser mais comum no ascendente que outros para determinadas latitudes por exemplo. Isto
poderá afetar cálculos estatísticos por exemplo.

Meio do Céu

O Meio do céu em astronomia é o “zenith “ ou seja o polo do sistema horizontal de


referências. A grosso modo um ponto imediatamente sobre a cabeça do observador. Em
Astrologia , o mesmo nome é entendido como “ A interseção da eclíptica com o plano do
meridiano diurno ( acima do horizonte ). São dois pontos distintos mas com significados
parecidos que podem ser confundidos.

Trânsitos

Nunca se refira a um Astrônomo com a palavra “ Trânsitos “ sem explicar o que você
quer dizer com isto. Para a Astronomia , trânsito significa “ Passagem de um astro de
dimensão menor aparente sobre um outro astro de dimensão maior aparente “ . Por
exemplo, Mercúrio passando sobre o disco solar. Um outro significado para transito na
Astronomia seria a passagem de um astro pelo meridiano. Para um astrólogo, trânsitos são
comparações entre posições astronômicas de um determinado dia, com as posições dos
astros para um determinado mapa a estudar. Veja a confusão se um astrólogo interpreta um
mapa de um Astrônomo ou ele lê em um artigo que diga : “ Urano está transitando sobre
seu Sol em Touro “. Isto é impossível para a Astronomia, pois para que um astro passe
sobre o disco solar do ponto de vista da terra , ele terá de Ter órbita inferior a órbita da
Terra, que não é o caso de Urano. Portanto, ele irá achar que Astrólogos falam absurdos
astronômicos. Uma questão de terminologia apenas.

A gramática sempre fez parte das artes Universitárias do Trivium Medieval. Ela existe
para ajudar a ciência, mas às vezes ela é exatamente o motivo de terríveis litígios.
Astrólogos tem por obrigação estudar o mínimo possível de Astronomia para entender o
que estão fazendo e possuir senso crítico para o que lêem. Uma vez que se conhece o fato
de que Vênus retrograda apenas 8% do tempo, é natural que a cada 100 pessoas só
aproximadamente 8 o tenham retrógrado. Não se pode culpar a retrogradação de Vênus
pelas pessoas serem infelizes em termos afetivos, pois se assim o fosse, enxergaríamos uma
quantidade ínfima de clientes com problemas afetivos.
Por outro lado, julgar o que não se conhece é no mínimo insensato. Astrônomos não
são más pessoas, e sim pessoas que querem como nós, entender o mundo que nos cerca.
Eles querem explicações , que de preferência consigam entender. Se eles tem medo de
descobrir que estavam equivocados em julgar alguns pontos técnicos da Astrologia , ai já
um problema para psicanalistas e nada se poderá fazer.

Estas duas ciências podem conviver pacificamente. Como diz Cláudio Ptolomeo, A
Astronomia estuda a Anatomia do Universo e a Astrologia tenta descrever sua fisiologia,
como a de um ser vivo à lá Ervin Laszlo. ( 1 )
Diferenças à parte, ambas se bem praticadas, elevam o nível de entendimento deste tão
vasto lugar chamado Universo, mesmo que por vezes o nariz das ciências gêmeas ponha
tudo a perder.

Carlos Fini

( 1 ) Ervin Laszlo - Filósofo das Ciências, conselherio especial do diretor geral da Unesco,
e reitor da Academia de Viena, autor de mais de 50 livros sobre ciência e
interdiciplinariedade.

Ponto vernal : Ponto formado pela Interseção entre os planos da eclíptica e o equador
Celeste quando o Sol se desloca do hemisfério Sul Celeste para o Norte Celeste.

Eclíptica : caminho aparente do Sol na esfera Celeste. Plano orbital da terra visto da ótica
geocêntrica.

Sistemas de referências : Sistemas utilizados para a localização de corpos celestes que


podem tomar como referência : O Equador Celeste, o Plano da Eclíptica, o Horizonte
Astronômico, o equador galáctico, etc...

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