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CADA PESSOA TEM UM CHAMADO DE

DEUS
Publicado em: 01/04/2018 Autor/fonte: Harold Walker

Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois aquele
dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de
cada um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão.
Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo, todavia,
como que pelo fogo. (1 Co 3.9-15)
Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua presença? Se subir ao
céu, tu aí estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar
as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, ainda ali a tua mão me guiará e a
tua destra me susterá. Se eu disser: Ocultem-me as trevas; torne-se em noite a luz que
me circunda; nem ainda as trevas são escuras para ti, mas a noite resplandece como o
dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa. Pois tu formaste os meus
rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe. Eu te louvarei, porque de um modo tão
admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma
o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram
encobertos, quando no oculto fui formado, e esmeradamente tecido nas profundezas da
terra. Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram
escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não
havia nem um deles. E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão
grande é a soma deles! Se eu os contasse, seriam mais numerosos do que a
areia; quando acordo ainda estou contigo. (Sl 139.7-18)
Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus
antes preparou para que andássemos nelas. (Ef 2.10)
Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me
chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os
gentios, não consultei carne e sangue; (Gl 1.15,16
O que é que liga todas essas passagens bíblicas? “Deus nos conheceu antes que nós
nascêssemos!” Havia bilhões de possibilidades, mas entre elas foi você quem nasceu.
Você não nasceu por acaso, mas foi concebido propositalmente, intencionalmente. Você
é diferente de todo mundo que já existiu e que vai existir. Não é só pela íris do seu olho
ou pelas suas digitais, mas você é uma pessoa única, porque nunca
houve ou haverá alguém igual a você. Foi assim que o nosso grande Deus nos formou.
Bilhões de pessoas, entre trilhões de possibilidades e nenhuma igual à outra. Mas todas
elas nasceram, vieram a existir, porque Deus assim programou.
No Salmo 139, Davi disse que se ele pudesse contar os pensamentos de Deus, seria uma
tarefa impossível, porque são mais numerosos que a areia do marSabe por quê? Porque
para cada pessoa que já nasceu, Deus tem um plano específico. Ele tem um livro e nele
estão escritos todos os dias das nossas vidas. Se você é cristão não pode apoiar a prática
do aborto, porque o Salmo 139 diz que Deus vê a substância ainda informe de cada
pessoa – ou seja, só a primeira célula resultante da união do espermatozóide e do
óvulo. Para ele, essa já é uma vida, uma pessoa para quem ele fez planos. Então não é
apenas o seu D.N.A. que é diferente, mas Deus também lhe deu um destino específico!
Você não nasceu para simplesmente “passar” pela vida, curtindo ou sofrendo, sem saber
o que fazer ou para quê veio. Paulo disse que, mesmo antes dele nascer, Deus já tinha
um plano para ele. Demorou para o Senhor chamá-lo, mas desde o ventre de
sua mãe sua missão como apóstolo já havia sido preparado por Deus.

Você crê que tem um destino em Deus? Que você não está aqui à toa, para viver como
quer e fazer o que quer? Todo mundo, no começo de cada ano, gosta de fazer metas,
propósitos, promessas. É bom aproveitar a virada do ano para mudar hábitos, mas não
precisa ser cristão para isso; todos podem fazê-lo se tiverem força de vontade e decisão.
Prova disso é que um dos livros mais vendidos nos últimos anos é “O Poder do Hábito”.
Pessoas param de fumar, de beber, mudam sua alimentação, começam a se exercitar,
ficam
saudáveis, alteram completamente seus hábitos – e isso tudo pode ser feito sem Deus!

Isso não quer dizer que Deus não se interessa em mudança de hábitos ruins para hábitos
saudáveis. Só estou dizendo que não devemos pensar que só porque uma pessoa parou
de fumar ou foi liberta de algum vício, que ela está cumprindo sua missão na vida. Deus
criou o mundo natural e podemos praticar e usufruir do uso correto das leis naturais. É
possível plantar uma lavoura sem Deus ou fazê-lo com Deus. Só porque você confia em
Deus não significa que você vai ficar só orando para a lavoura prosperar. Você precisa
arar,
plantar, cultivar e irrigar sua plantação assim como qualquer lavrador sem fé em Deus.
Mas além de fazer tudo isso no nível natural, você, que confia em Deus, precisa buscar
a ele para receber uma bênção sobrenatural sobre seus esforços. Assim também
devemos pensar sobre o nosso estilo de vida. Não tem nada errado em você usar
técnicas naturais para mudar de hábitos, mas isso não quer dizer que está mudando para
cumprir o propósito de Deus em sua vida.

Você sabe qual é a sua missão de vida? Se não sabe, está procurando com toda a sua
força? Você sabe a contribuição que deve dar a este mundo antes de morrer? Você sabe
o que vai falar para Deus quando chegar no Céu? Ele lhe dirá: “Eu lhe coloquei no
mundo para fazer isso e aquilo; escrevi no meu livro todos os dias da sua vida. Mas
você não fez o que eu queria! Você vai ser salvo, porque creu em Jesus, mas tudo o que
você fez foi palha, madeira e feno, e o fogo queimará tudo isso! Eu lhe vi orando, mas
você só pedia: ‘Deus,
me abençoe, me dê um emprego melhor, me ajude a casar, a ganhar mais dinheiro etc.’”
Ora, não é errado pedir essas coisas, mas às vezes, não são prioridades de Deus em sua
vida, pois sua prioridade é QUE VOCÊ CUMPRA A MISSÃO PARA A QUAL ELE
LHE COLOCOU NA TERRA.

Nenhum de nós vive ou morre para si (2 Co 5.15). Nós fomos colocados aqui para fazer
alguma coisa. Estamos aqui para fazer diferença, para que o mundo seja diferente por
causa de nós e, quando morrermos, as pessoas sentirão a nossa falta; haverá impacto,
porque ninguém mais poderá fazer o que somente nós fazíamos.
Só há um fundamento: JESUS! Fora dele não dá para fazer nada que preste, que
permaneça. Tudo é Jesus, só Jesus e mais nada a não ser Jesus. Então, A MISSÃO
PRINCIPAL DE QUALQUER PESSOA É MANIFESTAR JESUS. Mas ele foi
embora, está à destra do Pai esperando para voltar, e agora é a nossa
hora de o revelar ao mundo, de sermos suas testemunhas na Terra. Só que cada um de
nós o faz de um jeito diferente! Ninguém pode mostrar Jesus igualzinho ao outro.
Ninguém é cópia do outro, ninguém tem uma história de vida igual ao outro, pois todos
nós somos únicos. Por exemplo, o sanguíneo vai mostrar Jesus com entusiasmo, rindo,
abraçando todo mundo. O melancólico vai mostrar Jesus fazendo poesias, pintando
quadros, fazendo uma ou duas amizades com muito custo, mas que vai mudar a vida
dessas pessoas para sempre.
Não há um padrão! Deus não quer que você seja o outro! Ele quer que VOCÊ SEJA
VOCÊ, pois ELE LHE FEZ PARA VOCÊ SER VOCÊ! E ninguém é igual a você! A
maneira como você olha, sorri, fala, ora, se comunica, se relaciona, toma decisões, lida
com os problemas – tudo isso é único, é seu, é você! E Jesus
quer se manifestar através da sua vida de uma forma única e maravilhosa. O Salmo 139
diz que Deus me viu como substância ainda informe” – antes dos meus ossos serem
formados, todos os meus dias já estavam escritos no seu livro. Efésios 2 diz que Deus
preparou boas obras para mim antes que eu nascesse. Ou seja, minha maior tarefa na
vida é descobrir o que ele quer fazer comigo, como ele quer me usar, o que eu posso
fazer para ele, como eu posso manifestar Jesus, como eu posso deixar de fazer palha,
madeira e feno – coisas que eu originei – e fazer ouro, prata e pedras preciosas – coisas
que ele planejou. A minha maior tarefa é descobrir qual é o plano, o propósito, o
projeto, o rumo de Deus para a minha vida. É descobrir para onde ele quer que eu vá, o
que ele quer que eu faça, para quê estou vivo.

Eu me lembro que a maior preocupação da minha mãe, depois que meu pai morreu, era:
“Para que estou viva ainda? Ainda tem algo para eu fazer? O que é que eu devo fazer?”
Entenda algo: crente não aposenta! Se você está vivo é porque tem um propósito, é
porque ainda não cumpriu sua missão, pois, no dia em que você a cumprir, partirá para
o céu. Tem gente que está em coma, não faz nada – mas Deus tem algum propósito com
isso e vai usar essa pessoa para alguma situação. Ele é o Soberano, o Dono dos vivos e
dos mortos!
Jesus terminou o propósito da vida dele com 33 anos. Por 30 anos ele não curou, não fez
milagres, não pregou para ninguém. O próprio Deus estava presente em carne no
mundo, podia fazer qualquer coisa, podia curar milhões de pessoas, mas não o fez. Por
que? Porque não era a hora! Ele só fazia o que o Pai queria, na hora e no momento do
Pai, e somente pela vontade do Pai. Ele disse: “O Filho de si mesmo nada pode
fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz
igualmente.” (Jo 5.19). Ele poderia ter dito: “Pai, mas tem tanta gente morrendo!” E
Deus lhe diria: “Fica tranquilo; ainda não é sua hora.” Mas, quando chegou sua hora,
Jesus curou multidões!

Entenda o que eu estou dizendo nessa palavra. Deus ama você, tem um projeto para a
sua vida e você tem uma missão! Se você está vivo é porque ele quer lhe usar para fazer
alguma coisa. Ele lhe colocou no mundo para manifestá-lo, e você o manifesta de um
jeito que ninguém mais consegue fazer. MAS É VOCÊ QUEM TEM QUE
DESCOBRIR ISSO! Ninguém pode fazê-lo por você. Ninguém pode abrir a “senha”
que Deus
deu a você. Só você pode fazê-lo. E Deus não abre tudo de uma vez, mas aos poucos.
Ele diz: “A primeira coisa é essa; a próxima é essa; a terceira é aquela…” E você diz:
“Mas Deus, porque o Senhor já não fala tudo?” Ele responde: “Não! Se eu contar tudo
você não vai aguentar!” Então, viva passo por passo, mas procure seu propósito com
todo o seu coração.
Não queira chegar ao final da sua vida e só então descobrir que tudo que fez foi apenas
madeira, palha e feno. Eu não quero chegar ao fim da minha vida e descobrir que
desperdicei muitos momentos, preocupando-me comigo mesmo, me distraindo, saindo
fora do rumo. Eu quero acertar o alvo! Eu quero descobrir para quê estou aqui, o que eu
posso fazer que ninguém mais pode. Deus preparou boas obras para você e eu fazermos
HOJE! Talvez seja quase nada; talvez seja apenas dar um sorriso para alguém, pois esse
alguém pode estar justamente precisando receber um sorriso hoje. Tudo o mais que
fizermos neste dia poderá ser madeira, palha e feno, mas esse sorriso, se foi ideia de
Deus, é ouro,
e irá permanecer.
Deus é muito simples. Ele não está procurando coisas grandes, coisas que todo mundo
aplaude. Todos acharam um absurdo Jesus ter morrido na cruz, como bandido,
humilhado, sem se defender, mas ele mudou a história do mundo justamente porque fez
somente o que o Pai queria. E você também vai mudar o mundo se fizer apenas o que
Deus quer que você faça. Só que você precisa colocar isso como alvo! Levante-se cada
manhã e pergunte: “Deus, o que o Senhor quer de mim hoje? Por que eu estou vivo?
Quais são as boas obras que o Senhor escreveu no seu livro para eu fazer hoje?”
Entenda: Ele não vai falar em voz audível, não vai fazê-lo por escrito, mas se você orar
com sinceridade, ficar atento para os impulsos do Espírito Santo, seu dia será diferente.
Por exemplo, você poderá encontrar uma pessoa e deixar outros compromissos
“urgentes” só para conversar com ela por algum tempo e, então, sentirá Deus satisfeito,
sorrindo para você. Você deixou de fazer algum projeto, dispendeu horas que nos seus
planos seriam dedicadas a outra coisa, mas aquela pessoa que não estava em sua agenda,
foi o Espírito Santo quem colocou à sua frente e lhe disse: “Faça diferença na vida dela
agora.”
Talvez você não perceba essas coisas na hora em que acontecem, mas, quando você se
torna maleável nas mãos de Deus e permite que ele lhe surpreenda com coisas que não
estava esperando, quando você tem esse anseio de agradar a Deus acima de todas as
coisas e fazer apenas aquilo que está no coração dele para sua vida, irá notar que o
Espírito Santo lhe usará como um lápis na mão dele. Ele escreverá uma história com a
sua vida e muitas pessoas serão mudadas por seu intermédio. E, acima de tudo, DEUS
FICARÁ SATISFEITO COM VOCÊ!

Você já sentiu, ao final do dia, que o Senhor está sorrindo para você? Ele lhe ama de
qualquer jeito – mesmo você não fazendo nada, mesmo desobedecendo em tudo, pois
você é filho dele, e ele não lhe ama pelas suas obras, pelo que você faz ou deixa de
fazer. Mesmo que todas as suas obras se queimem e você seja salvo pelo fogo, ele
continuará lhe amando do mesmo jeito. Só que ele vai ficar triste, porque tinha uma
história para sua vida e você se negou a escrevê-la.
Então eu lhe pergunto hoje: Você quer mesmo agradar a Deus? Quer cumprir a sua
missão? Quer buscar isso de todo o coração? Quer tirar os olhos dos seus projetos
pessoais e buscar os projetos do Senhor? Quer aceitar o que Jesus falou: “Sem mim
nada podeis fazer” (Jo 15.5)? Porque sem Jesus nós somos um fracasso, mesmo tendo
boas intenções; mas com Jesus, mesmo o mínimo que fizermos, trará a presença de
Deus para este mundo tão necessitado.
A sombra de Pedro curava; o lenço de Paulo curava. Nós também podemos viver desta
forma no mundo. Nosso simples sorriso pode fazer diferença na vida das pessoas,
porque NÓS SOMOS COLOCADOS NO MUNDO PARA FAZER DIFERENÇA! Mas
não nós, e sim, CRISTO EM NÓS! Assim construiremos ouro, prata e pedras preciosas
sobre este alicerce.
Deus ama a sua Igreja; ela é a noiva de Cristo; nós somos um só Corpo – não só a nossa
congregação, mas todas as que existem na face da Terra, todos aqueles que servem a
Deus – somos UM só com eles. “Um só coração, uma só mente, um só propósito” tem
que começar entre nós, mas depois precisa se alastrar para com todos os nossos irmãos,
em todos os lugares.
Jesus é um grande “imã”: ele está nos atraindo para pensar, sentir e agir como ele, para
ter o coração dele, para não ter partidos ou preferências, para não conhecer uns aos
outros segundo a carne. No entanto, só seremos úteis para esse Corpo coletivo se
tivermos um RELACIONAMENTO PESSOAL COM DEUS! Você tem um dom que
ninguém mais tem. Esse dom não é só para você, uma “coroazinha” para ficar curtindo.
Não! Esse dom é para você edificar a Igreja, para você contribuir para que o Corpo de
Cristo coletivo seja enriquecido.
Não podemos pensar que a Igreja é um “purê de batatas”. Purê é algo que desmancha
tudo e vira uma massa só, mas a Igreja não é assim. Você não perde a identidade
quando entra no Corpo de Cristo: ou você é fígado, ou é rim, ou é olho, ou é orelha –
você não é igual a ninguém, mas é único, diferente, pessoal. Sua individualidade não
acaba, não morre. Você tem uma história com Deus e a está desenvolvendo. É essa sua
história que enriquece a Igreja e faz com que ela tenha um só coração, uma só mente,
uma só alma. Assim, nunca permita que o coletivo destrua a sua individualidade.
Nós não vamos chegar todos juntos, “por atacado”, diante do Trono de Deus. Você não
vai dizer a Deus: “Ah, Você precisa me aceitar porque eu faço parte da igreja em
Jundiaí”, porque não é sobre isso que ele vai perguntar. Nós não vamos para o céu como
quando alguém entra no metrô ou o trem suburbano em São Paulo. Ali você nem
precisa levantar o pé para entrar, quando as portas se abrem. É tanta gente entrando na
mesma hora que você é levado para dentro do trem, querendo ou não querendo! O
difícil é conseguir colocar
o pé no chão depois! Não! A Igreja coletiva não salva ninguém! Ela é composta de
PESSOAS, indivíduos preciosos, escolhidos e amados por Deus, que abrem mão de
seus projetos pessoais para viver o sonho de Deus para suas vidas e, assim, a Igreja é
enriquecida com dons e contribuições diversas e brilha como diamante – com muitas
facetas, variedades e riquezas que foram feitas pelo nosso Joalheiro Celestial.

O ALVO DE EVANGELHO
Publicado em: 06/01/2019 Autor/fonte: Harold Walker

Neste início de 2019 precisamos saber o que realmente agrada a Deus e termos uma
expectativa de mudanças, não nos outros, mas em nós mesmos. Para isso, quero
explanar vários princípios que precisamos entender e crer acerca do verdadeiro
evangelho.
1. A igreja não salva – é o evangelho que salva.
Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual
também recebestes, e no qual perseverais, pelo qual também sois salvos, se é que
o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. (1 Cor 15.1,2)

Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está
encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para
que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de
Deus. (2 Co 4.3,4)
Para ser salvo eu preciso ouvir e receber o evangelho, perseverar nele e conservá-lo do
jeito que ele é, não escutando evangelhos errados, pois senão irei crer em vão. Somente
desta forma é certeza que eu serei salvo.
Não estou dizendo que não precisamos da igreja, pois a própria Bíblia diz: “não
abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos
uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.” (Hb
10.25). Antes da volta de Jesus haverá muitas tentações, muitas dúvidas e se não
estivermos juntos com outros irmãos seremos derrotados. Todos nós precisamos uns dos
outros. Ninguém é tão forte que não precise do outro. Às vezes estamos mal, “lá
embaixo” e um irmão chega e nos exorta, nos levanta. Portanto, a igreja não salva, mas
nos ajuda a conservar o evangelho que nos salva. Sem a igreja não conseguimos
perseverar no evangelho e, por isso, precisamos dela. Por outro lado, não basta
frequentarmos cultos se não perseverarmos no evangelho. Este precisa ser um
evangelho correto, precisa ser conservado, sob risco de crermos em vão.
A Bíblia fala de “outro evangelho”:
Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na
graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que
vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. (Gl 1.6,7)
Muitas igrejas em nossos dias praticam evangelhos falsos, e aqueles que creem neles
serão desapontados no último dia. Por esse motivo, devemos sempre ler a Bíblia para
verificar se o nosso evangelho é verdadeiro, autêntico e correto.
Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de
todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. (Rm 1.16)
Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para
por todos os meios chegar a salvar alguns. (1 Co 9.22)
Ser fraco para com os fracos não significa pecar com os pecadores, mas significa não
viver apenas uma imagem de religioso. Os não crentes dizem: “Ah, esse negócio de
igreja, de crente não é comigo!” O crente pode e deve se fazer como eles, mas nunca
pecar; pode ficar junto deles, se fazer fraco com os fracos, sempre esperando uma
oportunidade para poder inserir neles a verdade do evangelho: “Essa pessoa não vai à
igreja, só vai nesse tipo de lugar. Então eu vou com ele, vou fazer-me de fraco com ele
para ganhá-lo para Cristo.”
Paulo não salvava ninguém, mas dizia:

Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me coparticipante. Não sabeis
vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só é que recebe o
prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. (1 Co 9.23)
Portanto, quem salva é o evangelho, mas as pessoas só ouvirão o evangelho se nós nos
tornamos amigos delas, se formos até onde elas forem. Não vamos praticar os pecados
que elas praticam, não vamos frequentar ambientes terríveis e demoníacos, mas
podemos e devemos achar espaços para inserirmos nelas aquilo que irá salvá-las: o
evangelho de Cristo.

2) Existem evangelhos falsos ou incompletos que não salvam. É possível “crer em


vão”.
E nós, cooperando com ele, também vos exortamos a que não recebais a graça de Deus
em vão (2 Co 6.1)
Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só Esposo,
Cristo, para vos apresentar a ele como virgem pura. Mas temo que, assim como a
serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte
corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há
em Cristo. Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado,
ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não
abraçastes, de boa mente o suportais! (2 Co 11.2-4)
Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na
graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que
vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos
ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja
anátema. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos
pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. (Gl 1.6-9)
Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus
Cristo como crucificado? Só isto quero saber de vós: Foi por obras da lei que
recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado
pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis? Será que padecestes tantas coisas em
vão? Se é que isso foi em vão. (Gl 3.1-4)
Grande parte do Novo Testamento foi escrita porque muitos falsos obreiros passavam
pelas igrejas ensinando coisas erradas aos crentes. Paulo e outros apóstolos viviam
alertando os irmãos que havia muito mais coisas além do que lhes era pregado, que não
bastava somente frequentar cultos ou realizar algumas práticas; eles tinham de combater
continuamente os ensinos errados ou parciais do evangelho.
Várias cartas de Paulo foram escritas em suas prisões e graças a Deus por isso, porque
se ele não estivesse preso talvez não tivesse tempo de escrevê-las. Ele não podia ir
pessoalmente às igrejas e, então, lhes escrevia as cartas. Suas palavras eram fortes,
incisivas, atacando e condenando os falsos obreiros e seus ensinos:
Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de
Cristo. E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz.
Não é muito, pois, que também os seus ministros se disfarcem em ministros da justiça;
o fim dos quais será conforme as suas obras. (2 Co 11.13-15)
Paulo ensinava que se ele mesmo ou até um anjo pregasse outro evangelho (mais light),
deveriam ser amaldiçoados, pois o evangelho que ele havia pregado era o que realmente
trazia salvação; os outros não. Portanto, qualquer coisa diferente do que a Bíblia ensina
é falsa, errada, distorcida, demoníaca.
No texto de 1 Coríntios 9, Paulo afirma que abriu mão do seu direito de receber sustento
para pregar o evangelho, porque queria que as pessoas cressem no verdadeiro
evangelho; dizia que os falsos obreiros só visavam lucro e não praticavam a verdade.
Isso porque havia muitos obreiros pregando a Palavra apenas para ganhar dinheiro
(motivação errada). Eles aliviavam as cargas dos crentes ensinando um evangelho light,
suave, sem implicações futuras. Ora, se naquela época já existia isso, hoje muito mais e,
por isso, precisamos vigiar, nos cuidar, lutar para preservar a Palavra da verdade.
Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido na fé e no amor que há em
Cristo Jesus; guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo, que habita em
nós. (2 Tm 1.13,14)

3) Jesus nos livrou de ter de seguir regras e preceitos da lei para sermos salvos.
Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos
circuncidardes, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos. (…) Mas alguns da
seita dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se dizendo que era necessário
circuncidá-los e mandar-lhes observar a lei de Moisés. Congregaram-se pois os
apóstolos e os anciãos para considerar este assunto. E, havendo grande discussão,
levantou-se Pedro e disse-lhes: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me
elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho
e cressem. E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, dando-lhes o
Espírito Santo, assim como a nós; e não fez distinção alguma entre eles e nós,
purificando os seus corações pela fé. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre
a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas
cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles
também. (At 15.1, 5-11)
O evangelho que Jesus e os apóstolos pregaram foi, primeiramente, ouvido pelos
judeus. Todos já eram circuncidados e seguiam as leis judaicas. Eles criam, eram
batizados, recebiam o Espírito Santo e viviam na igreja. Paulo, então, começou a pregar
para não-judeus que começaram a se converter. Porém, ele não os obrigava a seguir os
preceitos judaicos. Eles deveriam apenas crer no Senhor Jesus e ser batizados para a
salvação; não precisavam fazer mais nada além disso.
No entanto, muitos irmãos judeus se escandalizavam com isso: “Ora, então eles podem
fazer qualquer coisa, viver como gentios, não seguir a nossa lei, comer carne de porco
etc. e mesmo assim ser salvos? Jesus disse para o aceitarmos, sermos batizados, mas nós
já somos judeus, já seguimos as leis judaicas e não podemos deixá-las! Mas esses
gentios que não fazem nada disso ‘vão direto para o céu’ sem precisar fazer mais nada?
Não precisam circuncidar, seguir a nossa lei? Podem cortar atalho? É só crer em Jesus,
ser batizado e pronto? Isso está errado!” Outros, alguns gentios, diziam: “Sim! Basta
crer em Jesus, ser batizado e receber o Espírito Santo – mais nada. Jesus já perdoou
todos os nossos pecados e agora somos amigo de Deus!” Mas os judeus retrucavam:
“Não! Vocês têm de ser circuncidados, guardar a lei de Moisés etc.!” E, assim,
aconteceu a imensa confusão e discussão que lemos no texto acima.
De repente, Pedro se levantou e trouxe um equilíbrio para a situação. Lembrando que
Pedro foi o mesmo que foi relutante à casa de Cornélio e lhe pregou o evangelho (At
10), mesmo sendo ele judeu e Cornélio gentio. No entanto, vendo o Espírito Santo
descer sobre todos, Pedro mudou seu coração:
Os crentes que eram de circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro,
maravilharam-se de que também sobre os gentios se derramasse o dom do Espírito
Santo; porque os ouviam falar línguas e magnificar a Deus. Respondeu então Pedro:
Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que
também, como nós, receberam o Espírito Santo? (At 10.45-47)
Pedro testemunhou este ocorrido diante daqueles líderes e exortou-os para que não
tentassem a Deus colocando um jugo pesado sobre aqueles novos gentios convertidos.
Esta foi a chave que Deus deu a Pedro. Ele disse: “Deus me escolheu, me mandou a
eles, operou tudo isso que lhes contei, derramou o Espírito sobre eles. Ele mesmo
mostrou que não precisa circuncidar e cumprir esta lei, porque Ele mesmo os purificou e
os salvou pela graça. Aliás, nós também não somos salvos por obedecer a lei, mesmo
porque não conseguimos fazê-lo direito, mas somos salvos pela graça, assim como eles.
Nós fomos circuncidados, eles não; não comemos carne de porco, eles comem. Mas não
tem problema, porque Deus santificou os nossos corações e também os deles. E a maior
prova disso foi que o Espírito Santo desceu sobre eles, falaram em outras línguas,
glorificaram a Deus, foram batizados e transformados pelo Senhor porque creram na
obra de Jesus na cruz. Essa é a graça salvadora de Deus!”
Pedro disse ainda: “Por que vocês querem colocar sobre eles um jugo que nem nós e
nem nossos pais conseguiram? Nós tentamos, nos esforçamos, mas não conseguimos!
Como eles vão conseguir? Mas não precisa disso, pois o próprio Deus falou e
demonstrou isso!”
Jesus nos livrou das regras e preceitos da lei. Ele não disse que o cristão deve ficar
obedecendo regras e normas. Entenda: os dez mandamentos foram escritos em pedra,
Deus nunca vai mudar de ideia, eles são válidos até hoje. Porém, nenhum homem
conseguiu cumpri-los até hoje e, portanto, não é condição para salvação. Inclusive,
Paulo chama isso de “ministério da morte” e da “condenação”:
E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de
pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o
qual também nos capacitou para sermos ministros dum novo pacto, não da letra, mas
do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica. Ora, se o ministério da morte,
gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não
podiam fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual se
estava desvanecendo, como não será de maior glória o ministério do espírito? Porque,
se o ministério da condenação tinha glória, muito mais excede em glória o ministério
da justiça. (2 Co 3.4-9)
Ou seja, ele chama essa coisa gloriosa (as leis de Deus escritas nas tábuas de pedra) de
ministério da morte, da condenação! Isso porque “a letra mata, mas o espírito vivifica”.
Inclusive, ele reforça muito essa ideia nas suas cartas aos colossenses e aos gálatas:
Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim também nele andai,
arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados,
abundando em ação de graças. Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua,
por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; porque nele habita corporalmente toda a
plenitude da divindade, e tendes a vossa plenitude nele, que é a cabeça de todo
principado e potestade, no qual também fostes circuncidados com a circuncisão não
feita por mãos no despojar do corpo da carne, a saber, a circuncisão de Cristo; tendo
sido sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no
poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos; e a vós, quando estáveis mortos nos
vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele,
perdoando-nos todos os delitos; e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra
nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós,
cravando-o na cruz; e, tendo despojado os principados e potestades, os exibiu
publicamente e deles triunfou na mesma cruz. Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou
pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados, que são
sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo. Ninguém atue como árbitro
contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha
visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal, e não retendo a Cabeça, da qual
todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o
aumento concedido por Deus. Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do
mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais
como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer
pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade,
alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade
para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne.
(Cl 2.6-23)
Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus
Cristo como crucificado? Só isto quero saber de vós: Foi por obras da lei que
recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado
pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis? Será que padecestes tantas coisas em
vão? Se é que isso foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres
entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé? (Gl 3.1-5)
Ele disse: “Vocês foram salvos pela graça e agora estão se firmando em regras? Não
faça isso, não faça aquilo, não toque nisso, guarde tal dia… Ora, de que adianta tudo
isso? Muitos que o fazem são piores do que aqueles que não fazem! Então não adianta
nada! Vocês receberam a graça e estão voltando de novo para a lei? Jesus já cravou na
cruz essas coisas e nos deu a graça! Não precisamos mais fazer nada disso para sermos
salvos!”
Talvez, então, você possa pensar: “Puxa, mas isso é muito bom! Eu posso fazer o que eu
quiser, posso pecar à vontade, afinal, Jesus já pagou pelos meus pecados!” Não! Devido
à essa dúvida, entramos no quarto ponto:

4) Não recebemos “licença para pecar”! Recebemos poder para viver em


santidade.
A graça de Deus revogou todas aquelas exigências, purificou nossos corações pela fé,
derramou o Espírito Santo sobre nós, tirou toda condenação e exigência de cumprir
regras – mas isso tudo não anula o que o próprio Paulo explica em sua carta aos
romanos:
Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou,
superabundou a graça; para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim
também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso
Senhor. Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De
modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou,
porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos
batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos
nós também em novidade de vida. (Rm 5.20,21; 6.1-4)
A expressão “de modo nenhum” é muito mais forte do que pensamos. É como se ele
dissesse: “Você está louco? Quer dizer então que agora, porque você está na graça, pode
pecar à vontade, não precisa obedecer mais a nada da lei e vai para o céu mesmo
pecando? Não, de modo nenhum! Se você já morreu para o pecado, como continuará
vivendo nele?” Em seguida, ele explica que quando alguém recebe a Cristo e é batizado,
morre para o velho homem, para a natureza pecaminosa e renasce para uma nova vida
em Cristo.
Quando nós recebemos a graça do Senhor Jesus, não recebemos uma carteira escrita:
“Licença para pecar”. Recebemos, sim, o poder de Deus para vivermos uma vida muito
além da lei, das regras. Recebemos uma força, um poder, um querer, um desejo, uma
motivação, uma vida abundante em nós para vivermos em santidade.
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei eu como sábio construtor, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois aquele
dia a demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de
cada um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá galardão.
Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será salvo todavia
como que pelo fogo. Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de
Deus habita em vós? (1 Co 3.10-16)
Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé
igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo: Graça e paz vos
sejam multiplicadas no pleno conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor; visto
como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade, pelo
pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória e virtude; pelas
quais ele nos tem dado as suas preciosas e grandíssimas promessas, para que por elas
vos torneis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela
concupiscência há no mundo. E por isso mesmo vós, empregando toda a diligência,
acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, e à ciência o domínio próprio, e
ao domínio próprio a perseverança, e à perseverança a piedade, e à piedade a
fraternidade, e à fraternidade o amor. Porque, se em vós houver e abundarem estas
coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos no pleno conhecimento de nosso
Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, vendo somente o
que está perto, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados.
Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição;
porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente
concedida a entrada no reino eterno do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (2 Pd
1.1-11)
Nesses textos, Paulo fala que o alicerce da fé cristã é Jesus Cristo. Quando pregamos o
evangelho e alguém crê no mesmo; quando ele não crê em obras ou regras, mas só em
Jesus; quando ele confia em Jesus, reconhece que não presta, que merece ir para o
inferno, mas que Jesus o salvou e resgatou; quando ele crê e deseja essa salvação, essa
transformação – então o Espírito Santo desce sobre esta pessoa e começa a transformar
todas as áreas da sua vida. Isso se chama ALICERCE, a base sobre onde ele começará a
construir sua vida cristã.
Paulo disse: “Eu lancei um alicerce, agora cada um deve saber como vai edificar sua
casa, sua vida sobre ele. Se você entrou pela graça, continue permitindo que essa nova
vida construa uma nova casa sobre sua vida. Permita que o Espírito Santo construa
sobre esta graça. Alguém pagou sua culpa, sua pena pelos pecados; você foi solto, saiu
da cadeia que vivia; agora se tornou uma nova pessoa e, portanto, deve começar a
escrever, a construir uma nova história de vida.”
Assim, o alicerce é a graça e a sua vida, após esse alicerce, é o resultado da operação
dessa graça. Porém, construa “ouro, prata e pedras preciosas”. Muitos creem em Jesus,
recebem a graça, mas constroem “madeira, feno e palha”. Quando o fogo vier, tudo o
que ele construiu irá virar cinzas. A graça de Deus veio a nós para edificarmos nossas
vidas em cima da base do evangelho. Você está edificando sua casa em cima dessa base
sólida, que passará pelo fogo e suportará, sobreviverá? Paulo está dizendo que não é
pelas obras, pelas leis, pelas regras que seremos salvos, pois agora existe uma vida nova
para nós que é recebida pela graça.

5) A salvação não é só receber vida eterna depois da morte. É ser reconciliado com
Deus agora e andar no Espírito, guiado por ele. Não estamos “sem lei”, vivendo na
anarquia. Agora temos “a lei do Espírito da vida em Cristo Jesus”.
Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis
que tudo se fez novo. Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo
mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação; pois que Deus estava
em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação. De sorte que somos
embaixadores por Cristo, como se Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por
Cristo que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não conheceu pecado, Deus o fez
pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. (2 Co 5.17-21)
Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque
não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas
recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai! O Espírito mesmo
testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus; (Rm 8.14-16)
Alguns pensam que basta receber um “bilhete para a vida eterna”. Não funciona assim!
A salvação é um chamado para nos reconciliarmos com Deus. Precisamos aprender a
reconhecer a voz de Deus e não dependermos da voz dos pastores, discipuladores,
líderes de grupos. Fomos salvos e reconciliados para ouvirmos a voz do Supremo
Pastor, sem intermediários. Deus coloca pessoas para nos ajudar a discernirmos a voz
dele, mas não para substituí-la, para vivermos dependentes de “gurus” espirituais.
E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, aquele que tu enviaste. (Jo 17.3)
Eu e você precisamos aprender a ouvir a voz de Deus, pois quem não faz isso, quem só
constrói madeira, feno e palha terá tudo isso queimado no futuro. Quem, porém, ouve a
Deus, constrói ouro, prata e pedras preciosas e, quando o fogo vier, permanecerá
intacto. Precisamos, sim, dos irmãos mais velhos, pois eles nos ajudam a conhecer, a
discernir a voz de Deus. Mas o alvo da nossa salvação é conhecer Jesus, conhecer a
pessoa do Espírito Santo e aprendermos a ouvir e reconhecer sua voz mansa e suave.
Entenda isso: o evangelho é graça e não obras! Mas entenda também que não é uma
licença para você fazer o que quiser da sua vida. A graça de Deus deve levá-lo a um
desejo tremendo de ser como Jesus, à uma vontade de manifestar Deus na Terra, a ficar
triste quando entristecer o Espírito Santo.
Nós não fomos salvos para permanecermos apenas com o alicerce. Este foi de graça,
mas agora precisamos construir em cima dele. Mas vamos cuidar em como fazê-lo. O
que estamos construindo com nossas vidas, com nossos dias, horas, minutos? Devemos
construir para que, no fim, nos apresentemos diante de Deus e digamos: “O Senhor me
colocou neste mundo e eu fiz o que tu querias que eu fizesse.”
É isso que Deus quer de nós! Ele quer que as nossas vidas deixem marcas permanentes
de Jesus; porém, não conseguimos fazer isso por nós mesmos. Nossas obras são apenas
madeira, feno e palha. Somente aquilo que o Espírito nos manda fazer (e que
obedecemos) é que ficará para a eternidade. Muitas dessas coisas fazemos sem saber os
motivos, mas o importante é obedecermos à voz do Espírito – e é isso que permanece,
que tem valor para Deus.
Por que gostamos de crianças? Porque elas não são falsas. Elas falam o que pensam,
fazem o que querem. Jesus disse que temos de ser assim, como crianças. Pessoas que
não ficam olhando para regras, mas que ouvem a voz interior do Espírito Santo. Esta
voz é amar, perdoar, não ofender, servir e ajudar o próximo etc. Mas não fazemos essas
coisas porque a Bíblia diz que devemos fazê-las e, sim, porque sentimos vontade de
fazer, porque a nova vida de Cristo em nós nos leva a praticá-las.
Escute o que estou suplicando a você neste momento: NÃO LEVE EM POUCA
CONTA A GRAÇA DO NOSSO SENHOR JESUS. Não fique olhando para regras, se
comparando com outras pessoas. Você é único, sua tarefa é única e não de outros. Meu
pai sempre nos falava de uma mensagem que havia ouvido: “Outros podem; você não.”
Às vezes eu digo: “Deus, mas o outro fez isso e aquilo. Por que ele pode e eu não?” E
Deus responde: “Sim, mas ele é ele e você é você! Eu não quero que você faça o
mesmo!”
Nós não estamos liberados para fazer tudo o que queremos. Hoje, em vez de existir uma
lei que nos impeça, nós temos o dono da lei dentro do nosso coração que diz: “E não
entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.”
(Ef 4.32)
Estou lendo um livro em que o autor havia jurado que não entristeceria o Espírito Santo,
mas depois descobriu que tudo o que ele fazia entristecia a ele. Qualquer coisinha errada
que ele fizesse, sentia que o Espírito se afastava dele. Isso porque o Espírito não é uma
pessoa que impõe, que obriga, que força. Ele é uma pomba e, por isso, facilmente se
afugenta. Se você quer a presença dele em sua vida deve ficar muito sensível e se
perguntando a cada instante: “Será que eu o ofendi? Será que ele quer isso? Será que ele
gostou ou não disso? Será que ele está triste ou feliz com isso?” A Bíblia chama isso
de “a lei do espírito da vida, em Cristo Jesus” (Rm 8.2)
Eu não preciso fazer o que os outros fazem, mas preciso fazer o que o Espírito Santo
mandou eu fazer. Ananias e Safira, por exemplo (At 5), morreram porque mentiram ao
Espírito, dizendo que haviam dado todo o valor do campo que haviam vendido. Pedro
lhes disse que eles não precisavam ter vendido e nem dado nada. E, se quisessem dar,
que não precisavam dar tudo. No entanto, eles mentiram, quiseram se mostrar mais
santos do que os outros, demonstrar uma aparência de crentes dedicados e despojados.
Mas não foi assim e, por isso, morreram.
Entenda: o que Deus pede de você Ele não pede de outros. As ordens dele são pessoais,
porque você é único. Talvez outros possam, mas você não. Meu pai tinha seis filhos. Às
vezes, ele dava algo para um e não dava para os outros. Imagine como ficavam! “Você
deu para ele e não deu para mim!” E ele dizia: “Sim! Você é meu filho e eles também
são meus filhos. Mas hoje é a hora dele e outro dia será a sua. Não tem de ser igual,
democrático. Cada um nasceu em um ano diferente, há homens e mulheres… Eu amo a
todos por igual, mas cada um é diferente do outro. Não meça meu amor alegando que
faço distinções, pois para cada um meu amor se manifesta de forma diferente.”
O Espírito Santo tem ciúmes de nossas vidas. Todas as vezes que você não vai para o
quarto orar, ler a Bíblia e buscar a vontade dele, Ele não vai lhe amaldiçoar ou tirar sua
benção, mas ficará triste. Talvez você não se interessou por Ele ou pela opinião dele
naquele dia, talvez você queira viver sua própria vida e só recorra a Ele quando tiver
problemas etc. Deus não vai lhe castigar por isso, mas ficará triste, e a Bíblia diz que
não devemos entristecê-lo.
E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito…
(Ef 5.18).
Como podemos fazer isso? Se eu quero construir ouro, prata e pedras preciosas, isso só
vem de ouvir a voz do Espírito. Eu preciso que a vida do Espírito esteja fluindo
continuamente em meu interior, caso contrário, não vou escutar, não vou saber o que
fazer. Mas não existem mais regras, leis ou normas para isso. Agora é algo pessoal,
direto. Quando Deus lhe diz: “Visite fulano” ou “ajude beltrano”, Ele quer que você
faça isso, independentemente de outros fazerem ou não o mesmo. Portanto, não olhe
para os outros. Olhe para o poder de Deus dentro de você e obedeça a voz dele.
…falando entre vós em salmos, hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando
ao Senhor no vosso coração, sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome de
nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo. (Ef 5.19-
21)
A palavra de Cristo habite em vós ricamente, em toda a sabedoria; ensinai-vos e
admoestai-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a
Deus com gratidão em vossos corações. (Cl 3.16)
Nós precisamos do Espírito e da Palavra! Eu já li a Bíblia incontáveis vezes, mas
preciso ler cada vez mais, pois minha mente é atacada continuamente com pensamentos
contrários a Deus. Vivo rodeado por dentro e por fora por pensamentos que me
oprimem e deprimem, que querem me derrubar. Por isso eu preciso da Palavra. Às
vezes eu não entendo quase nada do que leio, mas sinto o frescor de uma mente
diferente da minha. Eu leio Paulo e todos os outros passando por imensas lutas e mesmo
assim falando de coisas espirituais, celestiais, vivendo completamente para o Senhor…
Tudo isso me anima, renova e fortalece muito. É maravilhoso ler a Bíblia e deixar os
pensamentos de Deus entrar em nossas mentes e nos proteger, guardar, renovar,
fortalecer.
O que estou dizendo não é algo difícil ou impossível de fazer, mas é simples: receba a
graça, não se justifique pelas obras da lei, se encha do Espírito e obedeça a voz do
Espírito Santo. Seja uma pessoa radical. O Espírito traz alegria, paz, segurança. Você
pode estar no meio de uma luta imensa, de uma grande confusão, mas quando está
dentro da vontade de Deus, quando sabe que está obedecendo a Ele, que está fazendo o
que Ele lhe mandou fazer, então terá paz, fé, tranquilidade. Se Ele quiser que você
morra hoje, assim será. Você não pode desejar viver mais do que Ele quer que você
viva, então não precisa ter medo de nada. Se você estiver onde Deus lhe mandar estar,
estará em paz.
Este é o sinal para você saber que está obedecendo a voz do Espírito: sentir paz! Você
não está correndo atrás dos seus alvos ou projetos pessoais, não está lutando para
alcançar seus sonhos. Descubra quais são os sonhos de Deus para sua vida e busque
isso. O meu sonho é chegar na presença de Deus e Ele olhar para mim e dizer: “Bem
feito! Você fez o que eu queria que você fizesse!” Não tenho outro sonho além deste.
Será trágico chegar diante de Deus e Ele falar: “Você está salvo porque creu em Jesus,
mas você não fez o que eu queria que fizesse!”
Eu sei que por muitos anos na minha vida eu não fiz o que Deus queria que eu fizesse.
Todos nós somos assim, mas a cada ano Ele nos dá novas chances. Deus não tem
miséria com isso. Perdemos muitas horas, dias e anos deixando de fazer a vontade dele;
ele queria que fizéssemos tantas coisas e não fizemos. Mas Deus tem uma vida de
muitos dias, de muitos anos e Ele sempre renova nossas chances. Não precisamos viver
nos lastimando pelo tempo passado, mas olharmos para Ele e clamar: “Deus, eu quero
ouvir a tua voz em meu coração; eu quero obedecer a ti; eu quero ter paz e alegria no
Espírito Santo; eu quero que a minha vida seja revestida de prata, ouro e pedras
preciosas; eu quero construir a minha casa em cima do alicerce do evangelho, da tua
Palavra.” Amém!

AVIVAMENTO: HÁ ALGO QUE NÓS


PODEMOS FAZER?
Publicado em: 09/03/2021

Aqueles que vêm acompanhando a situação nos EUA em relação ao


cristianismo, a política, a administração Trump e a eleição de Joe Biden
estão cientes das turbulências e controvérsias, das questões proféticas e
dos desapontamentos. Já escrevi sobre isso no passado, sempre
apontando que o progresso da justiça na sociedade, por meio da política,
só pode ser permanente se houver um Corpo de Cristãos crescente e
avivado construindo comunidades com discipulado de qualidade em todo
o país, mudando a cultura da nação. Minha maior esperança é um
avivamento, seja para trazer um período de descanso e restauração aos
Estados Unidos, seja para preparar-nos para a grande tribulação que
está por vir.
Já argumentei teologicamente, assim como vários outros intérpretes da
Bíblia – de puritanos e pietistas luteranos até avivalistas do século
dezessete até o século vinte – que o Milênio será precedido de um
tremendo avivamento, suficiente para que seja cumprido o mandamento
de evangelização mundial. Ele também irá chegar a Israel, e será
essencial para sua salvação. Segundo esse raciocínio, Atos 2 foi a
primeira – e significativa – parcela de Joel 2, mas o cumprimento
completo somente ocorrerá logo antes da volta do Senhor, e incluirá os
sinais restantes descritos ali. Esse ponto de vista, além de bem
embasado historicamente, é bastante adotado entre os estudiosos.
Tivemos, entretanto, outros avivamentos nesse meio tempo.
Em 1968, o historiador J. Edwin Orr, do Fuller Theological Seminary,
falou sobre avivamentos no Wheaton College. Na ocasião, defendeu que
os grandes avanços do Evangelho resultaram de derramamentos do
Espírito. Sua obra discorre com riqueza de detalhes sobre o tema.
Richard Lovelace, do Gordon Conwell Theological Seminary, na obra
Dynamics of Spiritual Renewal, endossa sua posição.
Eu próprio assisti um derramamento no Wheaton College, quando minha
esposa estava no terceiro ano do curso, que transformou o campus em
1969 e outra vez nos anos 90. Beth Messiah, minha congregação, foi
tocada e influenciada pelos avivamentos e renovações de Pensacola, na
Florida e Toronto, no Canadá. Recebemos várias visitas de líderes
desses movimentos, que levaram muitas pessoas a se entregarem
radicalmente a ministérios de evangelismo. Enviamos dezenas delas em
ministério integral. Foi incrível.
Existe, porém, algo que possamos fazer para incentivar um avivamento,
mesmo que ainda não seja o grande derramamento final pelo qual
oramos e esperamos? Charles Finney, o grande evangelista do século
dezenove, escreveu em Lectures on Revival que basta cumprirmos
algumas condições para que venha um avivamento. Lovelace, um
historiador mais calvinista em suas colocações, argumentou que
campanhas de oração são essenciais para um avivamento, mas que
Deus é soberano e pessoas não são capazes de iniciar um avivamento
sozinhas. Mesmo assim, será que podemos aumentar as chances de que
aconteça um avivamento?
Seguem algumas conclusões, baseadas em minha experiência e meus
estudos, sobre avivamento:
1. É muito mais provável haver um avivamento quando há um povo
preparado para ansiar por ele. Como isso acontece? Por meio de
pregação que enfatiza avivamento, primeiro baseado nos textos bíblicos
e depois nas histórias de avivamentos passados e no que aconteceu
naquelas épocas e que podem voltar a acontecer. Alimentar esse anseio
em grupos de oração e congregações cada vez mais numerosos é algo
que costuma preceder um avivamento.
2. Pregadores de avivamento são essenciais. Eles galvanizam o povo,
convocando-o ao arrependimento e à dedicação. Isso também acontece
durante o avivamento, mas existe uma preparação. Creio que ministros
de avivamento, movidos pelo poder do Espírito, foram essenciais para o
que ocorreu em nosso meio nos anos 1990. Incentivamos pessoas a
visitar os lugares onde os derramamentos estavam acontecendo,
buscando também trazê-los para nossa comunidade. Não permitimos
que nossa origem e identidade judaicas fossem obstáculos para isso.
Também aceitamos certas manifestações que talvez fossem
questionáveis de um ponto de vista histórico. Não impedimos aquilo que
nos deixava desconfortáveis. Pelo contrário, preparamos nosso povo
para isso. (Ver obra do psiquiatra John White, When the Spirit Falls in
Power.)
3. Outro ponto importante é a necessidade de preparação para que os
frutos do avivamento não venham a se perder. Certamente muitos diriam
que desejam ver um avivamento, sem saber que isso poderá revirar suas
vidas caso se submetam ao que Deus quer fazer em tempos de
avivamento. Noites inteiras poderão ser tomadas por um evangelismo de
poder, com sinais e maravilhas durante os ajuntamentos. Alguns serão
tão tocados pelo Senhor que passarão horas em sua presença, às vezes
deitados no chão, incapazes de se mover. Isso aconteceu no ministério
de Jonathan Edwards, com Ludwig von Zindendorf e os morávios, com
John Wesley e os avivamentos metodistas, com Peter Cartwright, com
Evan Roberts e o avivamento no País de Gales, na rua Azusa e o
avivamento pentecostal, no movimento Chuva Serôdia no Canadá e
outros. Randy Clark, em seu livro There is More, faz um excelente
resumo – os paralelos entre esses avivamentos são impressionantes.
4. Creio que seja mais provável que Deus envie um avivamento desse
tipo quando existe uma preparação para lidar com ele. Isso inclui a
capacidade de ensinar grandes grupos de novos convertidos. Ensinar-
lhes a Bíblia e como caminhar como cristãos é algo que pode acontecer
em reuniões maiores, mas também irá ocorrer em grupos pequenos
como os metodistas faziam. Esse é o modelo de Atos 2.42. Talvez Deus
não enviou o avivamento ainda por saber que não há gente suficiente
disposta a pagar o preço de receber a glória.
Sim, os maiores avivamentos resultaram em transformações sociais.
Entretanto, mais importantes ainda são os avanços que eles trouxeram
para a divulgação do Evangelho e para a multiplicação de congregações.

Não Consigo Ver Jesus!


Publicado em: 22/02/2021 Autor/fonte: Ian Farr, da África do Sul
Um precioso homem de Deus e amigo, John Noble, ao ver o título do meu livro "Sai da
Frente! Quero ver Jesus!", me mandou a seguinte história que pedi para traduzir para o
português e espero que seja uma benção para todos!

"NÃO CONSIGO VER JESUS!”

Um burburinho excitado enchia a escola primária Blitzkop. Empolgados com a chegada


dos feriados de Natal, alunos corriam de um lado para outro enquanto funcionários
exaustos tentavam restabelecer um mínimo de ordem e disciplina.

Pais corujas iam entrando no auditório para pegar os melhores lugares. Por trás das
cortinas, alunos e professores finalizavam os últimos preparativos para o espetáculo. As
asas dos “anjos” precisavam ficar firmes, sem entortar. Uma professora tentava prender
os lençóis que fariam as vezes de roupas de pastores hebreus do século primeiro, para
que ninguém tropeçasse e causasse um acidente. Outra estava colocando as coroas nas
cabeças dos “reis magos”, e lembrando-os do significado de seus presentes – que por
algum motivo estavam embrulhados em papel de presente do século vinte e um.
Andiswa, estrelando no papel de Maria, arrumava seu lençol azul e discutia com
Luthando, que faria José, sobre algo aparentemente muito importante. Andiswa nunca
gostara muito de Luthando, com sua certeza de que meninos eram melhores que
meninas, mesmo que estas sempre terminassem primeiro suas atividades e tivessem
notas mais altas do que as dele.

A diretora, Miss Thofu, estava de olho em tudo, particularmente nos pais e convidados
que chegavam e onde estavam se sentando. Sua preocupação, como sempre, era a
opinião das pessoas sobre a escola – e ela se esforçaria ao máximo para causar uma boa
impressão, especialmente com os visitantes mais “importantes” da cidade. Vendo que
Thando Skosana chegara com sua esposa, apressou-se a acompanhá-los até os melhores
lugares. O sr. Skosana não era apenas o gerente do banco mais importante da cidade;
também era presbítero da igreja que a srta. Thofu frequentava, além de pai de Andiswa,
de quem se esperava uma apresentação brilhante.
A plateia já estava quase completa e o público se preparava para o entretenimento da
tarde, quando, de detrás das cortinas, a voz angustiada de Andiswa foi ouvida
claramente: “Onde está Jesus, onde vocês o colocaram? Não consigo ver Jesus!” O riso
tomou conta do auditório. O sr. Skosana não só não ficou envergonhado de sua filha
como mal podia conter as gargalhadas. Seu corpo se sacudia com o riso contido,
enquanto sua esposa, temendo que ele risse muito alto, o cutucava e olhava para ele de
cara fechada. Ele acabou conseguindo abafar o riso enfiando na boca o lenço que
carregava no bolso, e a apresentação anual da Natividade na escola primária Blitzkop
prosseguiu sem mais delongas, com o público, no fim, sendo unânime em considerá-la a
melhor de todos os anos.

No caminho de casa com Andiswa seus pais evitaram mencionar o divertido incidente,
preferindo elogiar a atuação da filha. Mais tarde, depois de uma boa refeição em
família, quando Andiswa já havia sido mandada para a cama, o sr. Skosana sentou-se
com a esposa, conversando sobre o dia. Ao falarem da peça e da atuação elegante da
filha, o sr. Skosana teve outra crise de risos: “Onde está Jesus? Não consigo ver Jesus”
exclamava, imitando sua vozinha infantil. Dessa vez, longe dos olhos do público, a
esposa juntou-se a ele, rindo até as lágrimas. Pelo resto da noite, vez por outra ele
voltava a fazer voz de criança e gritar “Onde está Jesus, não consigo ver Jesus!”, e eles
gargalhavam outra vez.

No dia seguinte, como de costume, o sr. Skosana saiu cedo para o trabalho, parando no
caminho para pegar seu amigo Vuyani, cujo trabalho era próximo ao seu, e costumava
pegar carona com ele para deixar o próprio carro com a esposa. Enquanto dirigia pelo
trânsito mais pesado que o de costume, o sr. Skosana contou a Vuyani sobre o dia
anterior. “E afinal”, perguntou Vuyani, “onde estava Jesus?” “Estava no berço,
exatamente onde deveria estar”, respondeu o sr. Skosana, rindo tanto que quase não
conseguia dirigir, “mas parece que alguém colocou tanta palha e cobertores em cima
dele que escondeu o boneco, e Andiswa se assustou."

Os amigos seguiram rindo em meio ao trânsito, mas Vuyani ficou subitamente quieto e
sério.

– O que foi?, perguntou o sr. Skosana, notando a súbita mudança de humor. Em que
você está pensando?

– Estou pensando que fizemos exatamente o mesmo.

– Como assim?.

– Escondemos Jesus debaixo de tanta coisa que ninguém consegue mais vê-lo.
– De que você está falando, meu caro? Não acompanhei o raciocínio.

– Estou dizendo que há tantas camadas de cristianismo, tantas camadas de igreja –


programas, regras, expectativas, julgamentos, costumes, comportamentos religiosos etc.,
que ninguém mais enxerga Jesus. Todos vêem as “coisas” – a religião, os prédios,
pregadores interessados em autopromoção, pastores andando em carrões, desfilando
títulos, reconhecimentos e aquilo que chamam de unção. Com tanta coisa por cima,
como é que alguém vai conseguir enxergar Jesus? Para dizer a verdade, poderíamos
eliminar Jesus e essas coisas todas seguiriam em frente.

– Hmmm, entendi, meu amigo. Mas será que você não está sendo duro demais? A
situação é tão ruim assim?

– O quanto de Jesus as pessoas vêem no evangelho que a sua igreja e a minha pregam?
Ele foi radical e disruptivo. Os líderes religiosos, os fariseus e outros com certeza o
viam como um rebelde. Os políticos e os usurpadores do poder econômico o
consideravam uma ameaça ao status quo. Foi por isso que o mataram! Você acha que
nossas igrejas ameaçam o status quo? Ou fazem parte dele? Preferimos estar rodeados
de pessoas respeitáveis, mas Jesus comia com “publicanos e pecadores”, com os
excluídos da sociedade, com prostitutas e gente desse tipo! Nós somos o oposto! Vamos
à igreja bem vestidos todos os domingos, afinal aquele é um lugar de gente boa e
agradável. Quem não for respeitável não é bem vindo, e temos vergonha quando
aparece gente assim. Somos “bons cristãos”, mas não somos muito parecidos com Jesus.

Ao deixar o amigo em frente a seu escritório, o sr. Skosana também estava pensativo.
“Você me fez pensar, meu caro”, disse a Vuyani que descia do carro. Os risos da noite
anterior e daquela manhã haviam evaporado, e ele estava sério. Foi um sr. Skosana
bastante sóbrio que chegou ao estacionamento.

Ao entrar no prédio em direção à sua sala, ele parou por um momento e cumprimentou
sua secretária.

– Segure minhas ligações por uns quinze minutos por favor, Mimi. Preciso de um
tempinho sem ser interrompido.

– Sim senhor.

Ele sentou-se e abriu uma gaveta, pegando uma Bíblia que raramente usava. Abriu-a ao
acaso no trecho que retrata Jesus chamando Pedro, André, Tiago e João. O sr. Skosana
mal se lembrava de quando ainda não cria em Jesus. Seus pais haviam sido membros
assíduos da igreja, e ele frequentara a escola dominical desde garotinho. Aos oito anos
de idade, mais ou menos, “fez um compromisso” e “aceitou Jesus como seu salvador
pessoal”. Mas ao ler que Jesus havia dito “Sigam-me”, começou a questionar. “Jesus
não disse ‘Aceitem-me’, disse ‘Sigam-me’. O que será que isso significou para aqueles
homens?” O sr. Skosana conhecia bem a Bíblia, e meditou a respeito daqueles homens,
em particular Pedro. Deteve-se para pensar no quanto seguir a Jesus havia custado a
eles. Havia sido uma jornada de crescimento e transformação de suas vidas. Não apenas
isso, haviam se transformado em homens que, como Jesus, faziam o mundo os levar a
sério. Onde quer que fossem, era como se Jesus estivesse ali. Ele recordou a ocasião em
que os líderes religiosos, sentindo-se ameaçados pelo comportamento de Pedro e João,
“lembraram que eles haviam estado com Jesus”.
O sr. Skosana olhou para sua sala. Fora bem sucedido e conquistara muita coisa. Tinha
uma família adorável e uma boa reputação na comunidade. Ele baixou a cabeça sobre os
braços cruzados sobre a mesa. “E eu, Senhor”, orou, “estou te seguindo? Acho que
estou parado há muito tempo. Fiquei preso à respeitabilidade. As pessoas vêem meu
aparente sucesso, minha bela casa, meu casamento perfeito e até minha posição na
igreja, mas não vêem Jesus, vêem somente a mim. Nesta sala eu quase nunca penso que
sou um seguidor de Jesus. É tão fácil cair na rotina de ser um bom gerente de banco e
não pensar em quem realmente sou. Meu cristianismo aparece somente aos domingos.
Às vezes fico tão focado em meu trabalho que me sinto dominado pelo sistema
econômico, e sou frio e duro com os clientes em dificuldades. Será que o Senhor faria
isso? Comprometo-me a te seguir, custe o que custar, a partir de hoje não quero mais
esconder Jesus, mas mostrá-lo em meu comportamento, palavras e atitude”.

Quando o telefone tocou, ele percebeu que já haviam passado bem mais de quinze
minutos. Atendeu, e Mimi disse: “O sr. Mfundo gostaria de falar com o senhor”. A
reação imediata foi: “Oh, não!” Mfundo era bem pouco confiável, e certamente queria
um novo empréstimo. No passado, o sr. Skosana inventaria uma desculpa ou uma
mentirinha inofensiva para evitá-lo – mas um seguidor de Jesus não faria isso, faria?

– OK, deixe que ele venha falar com Jes... digo, comigo.

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