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Estudo Panorâmico em Números

1. Introdução

Em nossa Bíblia, o título deste quarto livro do Antigo Testamento é Números, conforme o
título dado pela Vulgata Latina: Numeri. É usado, sem dúvida, para destacar os dois censos
registrados em seu texto. Mas, na verdade, estas “numerações” ocupam pequena porção do
livro, qual seja, os capítulos 1 a 4 e 26. Em hebraico o livro se chama “bemidhbar”, que
significa “no deserto”, o título é mais adequado, porque Números registra fatos importantes
associados ao período de peregrinação no deserto antes da morte de Moisés e da ocupação de
Canaã pelos hebreus.
No período entre as duas contagens, os israelitas haviam chegado até Cades-Barnéia,
localizada no sul de Canaã, porém não conseguiram entrar por ali na Terra Prometida. Eles
passaram muitos anos nesta região e, depois, foram até a região montanhosa que fica a leste
do rio Jordão. Uma parte do povo decidiu ficar ali, e a outra parte se preparou para atravessar
o rio e entrar na Terra Prometida.
Números relata a história da jornada desde o Sinai até Canaã, a última etapa da longa viagem
que conduz da escravidão ao descanso na Terra Prometida. À medida que lemos Números,
vemos que a jornada foi cheia de provas e desafios, e percebemos que isto poderia ter
ocorrido com sucesso somente pela obediência que cresce a partir de uma fé forte e viva.
O Livro de Números também poderia ter o título “A História da Fidelidade de Deus”. O enredo
básico do livro é Deus trabalhando entre o povo. Ele é a Coluna de Fogo, durante a noite, a
Coluna de Nuvem, durante o dia, o Provedor de água e maná, o Capitão à frente dos exércitos,
a Presença pairadora acima e ao redor de todo o acampamento. Por conseguinte, no decorrer
dos séculos, Números tem contribuído de forma substancial para firmar a fé basilar dos
israelitas em Deus.

2. Autor, data e destinatário

Junto com o restante do Pentateuco, Números tem sido tradicionalmente atribuído a Moisés.
Essa conclusão baseia-se no caráter do Pentateuco como uma obra única e no testemunho
contido tanto no Antigo quanto no Novo Testamento que atribuem esses cinco livros a Moisés.

A data de composição do livro pode situar-se no período após a peregrinação no deserto e


antes da morte de Moisés, em torno de 1406 a.C. Assim, é bastante razoável compreendermos
a data da primeira publicação de Números como parte da sagrada Torá (Lei) entre 1450 a 1410
a.C. O livro foi destinado ao povo de Israel.

3. Propósito

Contar como Israel se preparou para entrar na Terra Prometida, como os israelitas pecaram,
foram punidos e prepararam-se para uma nova investida.

4. Versículos Chaves

Números 6.24-26 – "O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto
sobre ti e te conceda graça; o Senhor volte para ti o seu rosto e te dê paz.”

Números 10.9 – “Quando em sua terra vocês entrarem em guerra contra um adversário que os
esteja oprimindo, toquem as cornetas; e o Senhor, o Deus de vocês se lembrará de vocês e os
libertará dos seus inimigos.”
Números 10:35 “Sempre que a arca partia, Moisés dizia: "Levanta-te, ó Senhor! Sejam
espalhados os teus inimigos e fujam de diante de ti os teus adversários".

Números 14.22,23 – “que nenhum dos que viram a minha glória e os sinais miraculosos que
realizei no Egito e no deserto, e me puseram à prova e me desobedeceram dez vezes —
nenhum deles chegará a ver a terra que prometi com juramento aos seus antepassados.
Ninguém que me tratou com desprezo a verá.”

Números 23.19 – “Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se
arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?”

5. Panorama

O vasto deserto da região do Sinai, bem como as terras ao sul e a leste de Canaã. De acordo
com as datas apresentadas no Pentateuco, o livro de Números abrange aproximadamente um
período de quase trinta e nove anos de jornada do povo de Israel no deserto, desde cerca de
1490 até 1451 antes de Cristo.

6. Esboço

a. Breve Esboço
1. Israel no Sinai (1-10).
2. Do Sinai a Cades (11-19).
3. De Cades a Moabe (20 – 36).

b. Esboço geral

A. O preparo para jornada (1.1 – 10.10)


1. O primeiro censo da nação
2. A função dos levitas
3. A pureza do acampamento
4. Orientação para a jornada

B. A primeira investida para conquistar a Terra Prometida (10.11 – 14.45)


1. O povo murmura
2. Miriã e Arão se opõem a Moisés
3. Dez espias incitam uma rebelião contra Deus

C. A peregrinação no deserto (15.1 – 21.35)


1. Regras adicionais
2. Muitos líderes se rebelam contra Moisés
3. Deveres dos sacerdotes e dos levitas
4. A nova geração

D. A segunda investida para conquistar a Terra Prometida (22.1 – 36.13)

1. A história de Balaão
2. O segundo censo da nação
3. Instruções quanto às ofertas
4. Vingança contra os midianitas
5. As tribos além do Jordão
6. Acampados nas planícies de Moabe
7. Conteúdo

7.1 O preparo para jornada ( 1.1 10. 10)

Como parte da preparação de Israel para possuir sua herança, o Senhor deu rígidas
instruções quanto à santidade.
Aplicação: O Senhor deseja para seu povo um estilo de vida diferente das nações que o
cercam, almeja um povo santo. Devemos preocupar-nos com a santidade da Igreja!

7.2 A primeira investida para conquistar a Terra Prometida (10.11 14.45)


Os israelitas foram impedidos de entrar na Terra Prometida por causa de sua
descrença. O povo de Deus sempre enfrentou lutas devido à falta de fé.
Aplicação: Precisamos impedir que a incredulidade tenha lugar em nossa vida, pois ela
nos priva de gozarmos as bençãos prometidas por Deus.

7.3 A peregrinação no deserto (15.1 – 21.35)


Quando reclamaram contra Deus e criticaram Moisés, os israelitas foram severamente
punidos. Mais de 14 mil homens morreram como resultado da rebelião contra Moisés,
entre eles Corá, Data, Abirã e toda a família deles e 250 sacerdotes.
Aplicação: Se permitirmos que a insatisfação e a murmuração tenham lugar em nossa
vida poderemos, facilmente, ser conduzidos ao desastre. Não devemos reclamar ou
criticar nossos líderes!

7.4 A segunda investida para conquistar a Terra Prometida (22.1 – 36.13)

Os moabitas e os midianitas não conseguiram fazer com que Balaão amaldiçoasse


Israel, mas obtiveram do profeta conselhos sobre como levar os israelitas à derrota,
fazendo com que adorassem ídolos.
Aplicação: Balaão conhecia a verdade, mas caiu na tentação das recompensas
materiais e pecou. Conhecer a verdade não é o suficiente. Precisamos também fazer o
que é certo.

8. Mensagem

8.1. O fato de Deus fazer uma aliança com o povo de Israel no Monte Sinai (Ex 20)
não muda a atitude desse povo. Continuam com as mesmas fraquezas que tinham antes
(Ex 14.10-12; 16.1-30; 17.1-7). Diante das dificuldades e dos perigos, repetidas vezes
reclamam contra Deus e contra Moisés (11.1-3,4-6; 14.1-4; 16.1-3; 20.2-5; 21.4-5). Se
mesmo assim chegam à Terra Prometida, isso se deve à paciência e fidelidade de Deus.

8.2. Deus está sempre presente com o seu povo para abençoar e castigar. Mesmo quando
os israelitas se revoltam contra Deus e contra Moisés, Deus atende ao pedido de Moisés e
continua a cuidar deles (11.31-34). O povo caminha e para de caminhar de acordo com as
ordens de Deus (9.15-23; 10.33-36).

8.3. Deus exige que o seu povo seja obediente às leis que ele lhes dá. Deus é fiel, e o povo
também precisa ser fiel e obediente. Quem não obedecer a Deus será expulso do meio do
povo de Israel (9.13).

8.4. Moisés, o homem mais humilde do mundo (12.3), se destaca pela sua fé e sua
coragem. Ele nunca perde a sua confiança em Deus. Quando o povo peca, ele pede a Deus
que os perdoe, e Deus concorda (14.11-26). Aborrecido, Moisés se queixa diante de Deus
(11.10-15), sem que Deus se ofenda por causa disso. Mas Moisés não entrará na Terra
Prometida, porque ele e Arão desobedeceram a Deus (20.1-13; 27.12-14).

9. Conclusão

O livro de Números no ensina mais sobre Deus. Ele está com o Seu povo enquanto eles
viajam. Sua santidade é expressa em ordens por obediência. Contudo, a santidade é
temperada com misericórdia e graça. Ao pecar ou ao obedecer, no sucesso e no
fracasso, Deus fica conosco. Ele está empenhado em nos levar, finalmente, à Sua
própria Terra Prometida.
Números é um relato histórico da experiência do Israel antigo. Porém, pode também
ser lido como uma analogia da experiência do crente. Nós também somos um povo
redimido, em jornada para a Terra Prometida de Deus. Nossa caminhada é também
preenchida com provas e desafios. E, também para nós, somente uma fé que responda
obedientemente ao Senhor pode nos preservar de desastres ao longo deste caminho.

10. Oração

O Senhor te abençoe e te guarde, faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha


misericórdia de ti, sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz. O pronunciamento desta
benção sela a aliança de Deus para com o seu povo. No nome de Jesus eu oro. Amém.

11. Questões

1. Qual foi o pecado de Moisés no capítulo 20? Qual foi a consequência dele?
2. Liste os requisitos do voto de um nazireu (Nm 6.1).
3. Por que Levi não era numerado junto com as outras tribos (Nm 1.49)?

12. Bibliografia

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.


Bíblia de Estudo Esquematizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.
Bíblia de Estudo Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil,
2005.
DIAS, J. Estudo do Livro de Números. Disponível em: <
http://www.santovivo.net/page419.aspx>. Acesso em 19 de março de 2017.
LASOR, William S; HUBBARD, David A; COX, BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo
Testamento. 2 Ed. São Paulo: Vida Nova, 2002.
LIVINGSTON, George Herbert; COX, Leo G. et al. Comentário Bíblico Beacon: Gênesis a
Deuteronômio. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
PEARLMAN, Myer. Através da Bíblia: Livro por Livro. 2. Ed. São Paulo: Editora Vida, 2006.
RICHARDS, Lawrence C. Guia do Leitor da Bíblia: uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo
por capítulo. 8 Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
SILVA, José Apolônio da. Sintetizando a Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1984.
UTLEY, Bob. Estudos no Antigo Testamento. Marshall, Texas, USA: Lições Bíblicas
Internacional, 2003.

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