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Volume 2

LAITMAN
KABBALAH
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Rav Baruch Shalom Halevi Ashlag


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Por qualquer meio sem a permissão por escrito do editor
Exceto no caso de breves menções ou citações em críticas ou avaliações

Tradução para o Português: Grupo de Portugal


Pós-produção: Uri Laitman

Primeira Edição: setembro de 2016


Conteúdo
Tav-Shin-Mem-Dalet ............................................................................................................6
11. O Propósito da Sociedade (1) ............................................................................................7
12. O Propósito da Sociedade (2) ............................................................................................9
13. Sobre o Amor dos Amigos ..............................................................................................10
14. Amor de Amigos ..........................................................................................................11
15. Eles Ajudaram Cada Um de Seus Amigos ..........................................................................12
16. O Que A Regra, “Ama Teu Amigo Como A Ti Mesmo”, Nos Dá? .........................................13
17. Amor de Amigos ..........................................................................................................14
19. De Acordo Com o que é Explicado em Relação a “Ama Teu Próximo Como a Ti Mesmo”.........17
21. Qual Observação da Torá e Mitzvot Purifica o Coração? ......................................................20
23. One Should Always Sell the Beams of His House ...............................................................22
26. Qual é o Grau Que Se Deve Alcançar Para Não Reencarnar Mais? .........................................26
28. Mérito Ancestral ...........................................................................................................28
29. Sobre a Importância da Sociedade ....................................................................................30
31. Por vezes Espiritualidade É Chamada de “Uma Alma” .........................................................32
34. Deve-se Sempre Vender Tudo o Que Se Tem E Casar-se Com a Filha de Um SábioDiscípulo .....35
37. Pode Uma Coisa Negativa Descer De Cima .......................................................................38
41. A Respeito da Doação ....................................................................................................42
48. Sobre a Importância dos Amigos ......................................................................................49
50. A Agenda da Assembleia ................................................................................................52
52. E Virá A Passsr-se Quando Vieres para A Terra Que o Senhor Teu Deus Te Dá ........................54
56. Aqui Estão Hoje Todos Vocês .........................................................................................59
Tav-Shin-Mem-Hey ...........................................................................................................65
63. Faça para Si Um Rav e Compre Um Amigo (1) ..................................................................66
67. O Significado de Ramo e Raiz .........................................................................................72
70. O Significado de Verdade E Fé ........................................................................................76
74. Estas São as Gerações de Noé .........................................................................................80
77. Sai de Teu País .............................................................................................................84
80. E O Senhor Lhe Apareceu nos Carvalhos de Mamré ............................................................87
82. A Vida de Sara .............................................................................................................90
84. Faça para si um Rav e Compre para si um amigo (2) ............................................................93
87. E As Crianças Lutaram Dentro Dela .................................................................................97
90. E Jacó Saiu ................................................................................................................101
94. Sobre o Debate Entre Jacó e Labão .................................................................................106
97. Jacó Habitou na Terra Onde o Seu Pai Havia Vivido ..........................................................110
101. Poderosa Rocha de Minha Salvação ..............................................................................115
104. Eu Sou O Primeiro , Eu Sou O Último ...........................................................................119
107. E Esequias Virou Sua Face Para A Parede ......................................................................123
110. Mas Quanto Mais Eles Os Afligiam ..............................................................................126
113. Sabe Hoje eb Responde ao Teu Coração ........................................................................130
115. A Respeito dos Caluniadores .......................................................................................133
118. Vinde ao Faraó — 1 ...................................................................................................137
121. Aquele que Endurece Seu Coração ...............................................................................141
123. Devemos Sempre Discernir Entre a Torá e o Trabalho ......................................................144
125. O Todo da Torá É Um Nome Sagrado ...........................................................................147
129. Na Minha Cama à Noite .............................................................................................152
133. Três Tempos no Trabalho ...........................................................................................157
136. Em Cada Coisa Devemos Discernir Entre a Luz e o Kli ....................................................161
138. Mostra Me Tua Glória ................................................................................................164
140. Arrependimento ........................................................................................................167
147. Os Espiões ...............................................................................................................177
151. O Senhor Está Perto de Todos Que O Envocam...............................................................182
154. Três Orações — 1......................................................................................................185
158. Não se considera a si mesmo um Ímpio .........................................................................189
161. Sobre a Recompensa dos Receptores .............................................................................193
163. Os Criminosos de Israel ..............................................................................................196
166. E Eu Supliquei Com o Criador .....................................................................................199
169. Quando Uma Pessoa Sabe o que é Temor ao Criador ........................................................203
173. E Houve Noite e Houve Manhã ....................................................................................207
176. Quem Testemunha a Uma Pessoa? ................................................................................211
182. Um Justo Que é Feliz, Um Justo que Sofre .....................................................................219
188. Escuta A Nossa Voz ..................................................................................................226
195. Moisés Foi ...............................................................................................................231
199. Dai Ouvidos, Ó Céus .................................................................................................236
206. O Homem É Recompensado com Retidão e Paz Através da Torá ........................................244
209. Sobre Chessed[Misericórdia] .......................................................................................248
213. Sobre Respeitar o Pai .................................................................................................253
216. Confiança ................................................................................................................257
225. A Importância da Oração de Muitos ..............................................................................269
230. A Respeito da Ajuda Que Vem do Alto .........................................................................275
236. A Respeito da Vela de Chanucá ...................................................................................282
240. A Respeito da Oração.................................................................................................287
243. Uma Verdadeira Oração é Sobre uma Verdadeira Deficiência ............................................291
246. Qual é a Principal Deficiência Pela Qual Se Deve Orar? ...................................................294
249. Vem ao Faraó – 2 ......................................................................................................298
257. Qual é a Necessidade de Tomar Emprestado Kelim [Vasos] dos Egípcios? ...........................307
262. A Oração de Muitos ...................................................................................................313
265. O Senhor Escolheu Jacó Para Si Mesmo ........................................................................317
267. The Agenda of the Assembly .......................................................................................320
270. Quem Causa a Oração ................................................................................................324
273. Sobre a Alegria .........................................................................................................328
281. Se A Pessoa Pecar E For Culpada .................................................................................337
284. Acerca de Acima da Razão ..........................................................................................341
291. Se Uma Mulher Inseminar ..........................................................................................350
298. Sobre o Temor e a Alegria ..........................................................................................358
300. A Diferença Entre Caridade e um Presente .....................................................................361
307. A Medida de Praticar Mitzvot [Mandamentos] ................................................................370
312. Um Caminho Perto e Um Caminho Longe .....................................................................376
319. O Criador e Israel Foram Para O Exílio .........................................................................385
325. Uma Congregação Não São Menos que Dez ...................................................................392
330. Lishmá e Lo Lishmá ..................................................................................................398
339. A Klipá [Casca/Pele] que Precede o Fruto ......................................................................410
347. Sobre Yenika [Amamentação] e Ibur [Impregnação].........................................................419
357. A Razão para Endireitar as Pernas e Cobrir a Cabeça Durante a Oração ...............................432
363. Quais são os Mandamentos que uma Pessoa Atropela com Seus Pés ...................................439
368. Juizes e Guardas .......................................................................................................445
373. Quinze de Av ...........................................................................................................452
377. O Que é Preparação para Selichot [Perdão] .....................................................................457
Tav-Shin-Mem-Dálet
11. O Propósito da Sociedade (1)

Artigo 1, Parte 1, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Reunimo-nos aqui para estabelecer uma sociedade para todos que desejam seguir o caminho e
o método de Baal HaSulam, o caminho pelo qual a subir os graus de homem, e não
permanecer como uma besta, como nossos sábios disseram (Yevamot, 61) sobre o verso: “E
vós, minhas ovelhas, as ovelhas do meu pasto, sois homens”. Rashbi E disse: “Vocês são
chamados 'homens', e adoradores de ídolos não são chamados de 'homens'“.
Para entender o mérito do homem, vamos agora trazer um verso de nossos sábios (Berachot,
6b) sobre o verso: “O fim da matéria, tendo todos sido ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus
mandamentos, porque este é o homem todo” (Eclesiastes, 0:13). E o Gemará pergunta: “O
que é 'porque este é o homem como um todo? Rabi Eleazar disse: ‘O Criador disse’: O
mundo inteiro foi criado somente para isso. “Isto significa que o mundo inteiro foi criado para
o temor de Deus’”.

No entanto, precisamos entender o que o temor de Deus é, sendo a razão pela qual o mundo
foi criado. De todas as palavras de nossos sábios, aprendemos que o motivo para criação foi
fazer o bem à Suas criações. Isto significa que o Criador quis para encantar as criaturas para
que eles se sentiriam felizes do mundo. E aqui nossos sábios disseram sobre o verso, “pois
este é o homem como um todo”, que a razão para a Criação foi o temor de Deus.

Mas de acordo com o que é explicado no ensaio “Matan Torá”, ele escreve que a razão pela
qual as criaturas não estão recebendo o deleite e prazer, mesmo que seja a razão para a
Criação, é a disparidade de forma entre o Criador e as criaturas. O Criador é o doador e as
criaturas são os receptores. Mas há uma regra que os ramos são semelhantes a raiz de onde os
ramos nasceram.

E uma vez que não há recepção na nossa raiz, uma vez que o Criador não é de forma
deficiente, a necessidade de receber qualquer coisa para satisfazer o Seu querer, o homem
sente desconforto quando ele precisa ser um receptor. É por isso que cada pessoa tem
vergonha de comer o pão da vergonha.

E para corrigir isso, o mundo teve que ser criado. Olam (Mundo) significa He'elem
(Ocultação), que o deleite e o prazer têm que ser ocultados. Por que é assim? A resposta é,
por medo. Em outras palavras, é assim o homem teria medo de usar seus vasos de recepção,
chamados de “amor próprio”. Isto significa que se deve evitar receber prazeres, porque a
pessoa os deseja, e deve ter a força de prevalecer sobre o desejo, o objeto de um desejo.

Em vez disso, a pessoa deve receber prazeres que trazem contentamento ao Criador. Isto
significa que a criatura vai querer doar ao Criador, e terá medo do Criador, de receber para si
mesmo, uma vez que a recepção de prazer, quando alguém recebe para seu próprio benefício
o remove da adesão ao Criador.

Portanto, quando uma pessoa realiza uma das Mitzvot (Mandamentos) do Criador, deve ter
como objetivo que esta Mitzvá irá trazer pensamentos puros a ela, que ela vai doar ao Criador,
mantendo as Mitzvot de Deus. É como nossos sábios disseram: “Rabi Ben Hanania Akashia
diz”: ‘O Criador quis purificar Israel, daí, deu-lhes Torá em abundância e Mitzvot’”.

E é por isso que nos reunimos aqui para estabelecer uma sociedade onde cada um de nós
segue o espírito de doar ao Criador. E para atingir a doação ao Criador, devemos começar
com a doação ao homem, que é chamada de “o amor aos outros”.
E o amor aos outros só pode acontecer com a anulação de si mesmo. Assim, por um lado,
cada pessoa deve sentir-se humilde, e por outro lado, se orgulhar de que o Criador lhe deu a
chance de estar em uma sociedade onde cada um de nós tem apenas um único objetivo: a
Divindade estar entre nós.
E embora ainda não tenhamos alcançado esse objetivo, temos o desejo de alcançá-lo. E isto,
também, deve ser apreciado por nós, por, apesar de estarmos no início do caminho, nós
esperamos atingir a meta elevada.
12. O Propósito da Sociedade (2)

Artigo 1, Parte 2, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Uma vez que o homem é criado com um Kli chamado “amor-próprio”, onde se a pessoa não
vir que uma ação venha lhe render benefício próprio, ela não tem motivação para fazer sequer
um minúsculo movimento. E sem anular o amor próprio, é impossível alcançar a Dvekút
(adesão) com o Criador, isto é equivalência de forma.

E desde que isto que é contra a nossa natureza, nós precisamos de uma sociedade que venha a
formar uma grande força para que possamos trabalhar juntos para anular a vontade de
receber, chamada “mal” pois ela impede a concretização do objetivo para o qual o homem foi
criado.

Por esta razão, a sociedade deve consistir de indivíduos que unanimemente concordam que
devem alcançar a meta. Então, todos os indivíduos tornam-se uma grande força que possa
lutar contra si mesma, dado que cada um é integrado em todos os outros. Então, cada pessoa
se fundamenta em um grande desejo de alcançar o objetivo.

Para ser integrada uma na outra, cada pessoa deve anular a si mesma perante os outros. Isto se
dá quando cada uma vê os méritos dos amigos e não seus defeitos. Mas aquela que pensa que
é um pouco mais elevada que os amigos, não pode mais se unir com eles.

Também, é importante permanecer sério durante a assembleia para não perder a intenção,
pois este é o objetivo pelo qual se reuniram. E para caminhar humildemente, deve-se
acostumar a parecer como se não estivesse sério. Mas na verdade, o fogo arde dentro de seus
corações.

Todavia, para pessoas pequenas, durante a assembleia devem estar cautelosas de seguir
palavras e ações que não rendam o objetivo da reunião - que é alcançar a Dvekút com o
Criador. E sobre Dvekút, veja o ensaio, “Matan Torá”.
Mas quando a pessoa não está com os amigos, é melhor não mostrar a intenção que está em
seu coração e aparentar ser como todos os outros. Este é o significado de “caminha
humildemente com o Senhor teu Deus”. Enquanto existem interpretações mais elevadas que
isso, a simples explicação é também uma grande coisa.

Então, é bom que haja igualdade entre os amigos que se unem, para que um possa ser anulado
perante o outro. E deve haver cuidadosa guarda na sociedade, proibindo frivolidade entre eles,
dado que a frivolidade arruína tudo.
Mas como nós dissemos acima, esta deve ser uma questão interna.

Mas quando há alguém que não é desta sociedade, nenhuma serosidade deve ser mostrada,
mas deve igualar-se à pessoa que acaba de entrar. Em outras palavras, evite falar de assuntos
sérios, mas apenas de coisas que sirvam àquela que acabou de entrar, que é chamada uma
“hospede não convidada”.
13. Sobre o Amor dos Amigos

Artigo 2, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


1. A necessidade de amor de amigos.
2. Qual é a razão pela qual escolhi especificamente estes amigos, e porque os amigos me
escolheram?
3. Deve cada um dos amigos divulgar o seu amor pela sociedade, ou é suficiente sentir
amor no coração e praticar o amor de amigos em ocultação, e então não necessitar de
abertamente mostrar o que está no seu coração?
É sabido que ser humilde é uma grande coisa. Mas nós podemos também dizer o oposto – que
a pessoa deve divulgar o amor em seu coração para com os amigos, dado que ao revelá-lo ele
evoca os corações de seus amigos para os amigos para que eles, sentiriam que cada um deles
está praticando o amor de amigos. O benefício disso é que desta maneira, se ganha força para
praticar o amor de amigos mais forçosamente, dado que a força do amor de cada pessoa é
integrada em cada uma.

Acontece que onde uma pessoa tem uma medida de força para praticar o amor de amigos, se o
grupo consiste de dez membros, então ela é integrada com dez forças da necessidade, que
compreendem que é necessário se empenhar no amor de amigos. Contudo, se cada uma delas
não mostrar à sociedade que ela está praticando o amor de amigos, então precisará da força do
grupo.
Isto é assim pois é muito difícil julgar o seu amigo em uma escala de mérito. Cada pessoa
pensa que ela é justa e que apenas ela se empenha no amor de amigos. Nesse estado, a pessoa
tem muito pouca força para praticar o amor de amigos. Então, este trabalho, especificamente,
deve ser público e não oculto.
Mas a pessoa deve sempre recordar a si mesmo do propósito da sociedade. Caso contrário, o
corpo tende a enevoar o objetivo, dado que o corpo se preocupa sempre pelo seu próprio
benefício. Nós devemos recordar-nos que a sociedade foi estabelecida somente sobre a base
de alcançar o amor de outros, e que isto seria o trampolim para o amor de Deus.

Isto é alcançado especificamente ao dizer que uma pessoa precisa da sociedade para que seja
capaz de doar ao seu amigo sem qualquer recompensa. Em outras palavras, ela não precisa de
uma sociedade para que a sociedade lhe dê assistência e presentes, que fariam os vasos de
recepção do corpo contentes.

Tal sociedade é construída sobre amor-próprio e promove apenas o desenvolvimento dos seus
vasos de recepção, pois agora ela vê uma oportunidade de ganhar mais posses através da
assistência de seu amigo para obter posses corpóreas.

Em vez disso, devemos recordar que a sociedade foi estabelecida sobre a base do amor de
outros, para que cada membro receba do grupo o amor de outros e ódio de si mesmo. E vendo
que seu amigo está se esforçando para anular o seu eu e para amar os outros causaria que
todos fossem integrados nas intenções de seus amigos.

Então, se a sociedade é feita de dez membros, por exemplo, cada uma terá dez forças
praticando auto anulação, ódio ao eu, e amor de outros. Caso contrário, permanece com
apenas uma força singular de amor de outros, uma vez que a pessoa não vê que os amigos
estão praticando, dado que os amigos estão praticando o amor de outros em ocultação. Além
do mais, os amigos fazem com que perda sua força no seu desejo de percorrer o caminho de
amar os outros.
Nesse estado, ele aprende das suas ações e cai no domínio do amor-próprio.

4) Devem todos saber as necessidades de seus amigos, especificamente para cada amigo, para
que ele saiba como ele as pode satisfazer, ou é suficiente praticar amor de amigos em geral?
14. Amor de Amigos

Artigo 3, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


““E um certo homem encontrou-o, e eis que ele estava vagando no campo. E o homem
perguntou-lhe, dizendo: “Que procuras”? E ele disse: “Procuro os meus irmãos. Diz-me,
peço-te, onde estão eles alimentando o rebanho” (Gênesis, 37).
Um homem “vagando no campo” refere-se a um lugar a partir do qual a colheita do campo,
para sustentar o mundo, deveria florescer. E os trabalhos do campo consistem em lavrar,
semear e colher. Diz-se sobre isso: “Os que semeiam em lágrimas colherão com alegria”, e
isto é chamado de “um campo que o Senhor abençoou”.
Baal HaTurim explicou que uma pessoa vagando pelo campo refere-se a quem se desvia do
caminho da razão, que não conhece o verdadeiro caminho que leva ao lugar onde ele deve
chegar, como em “um burro vagando pelo campo”. E ele chega a um estado em que ele pensa
que nunca alcançará a meta que deve alcançar.
“E o homem perguntou-lhe, dizendo: “Que procuras”? Significa “Como posso ajudar-te”? “E
ele disse: “Procuro os meus irmãos”. Por estar junto com os meus 13 Os Escritos Sociais –
Rabash irmãos, isto é, estar num grupo onde existe o amor de amigos, eu serei capaz de subir
pela trilha que conduz à casa de Deus.
Esta trilha é chamada de “o caminho da doação”, e esta via é contra a nossa natureza. Para ser
capaz de alcançá-la, não há outro caminho senão o amor de amigos, pelo qual cada um pode
ajudar o seu amigo.
“E o homem disse: “Partiram daqui”. E Rashi interpretou que eles próprios tinham se
separado da irmandade, ou seja, eles não se querem unir-se. Isto, no final, originou o exílio de
Israel no Egito. E para sermos redimidos do Egito temos de tomar sobre nós a entrada em um
grupo que queira estar no amor de amigos, e por isso seremos recompensados com o êxodo
do Egito e com a recepção da Torá.
15. Eles Ajudaram Cada Um de Seus Amigos

Artigo 4, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Nós devemos entender como alguém pode ajudar a seu amigo. Será quando existirem ricos e
pobres, sábios e tolos, fracos e fortes? Mas quando todos forem ricos, inteligentes, ou fortes,
etc., como alguém poderá ajudar o outro?
Nós percebemos que há uma coisa que é comum a todos - o estado de ânimo. É dito, “Uma
preocupação no coração da pessoa, deixe-a falar sobre isso com os outros”. Isso porque, no
que diz respeito ao sentimento de bom ânimo, nem a riqueza, nem a erudição podem ajudar.
Pelo contrário, é a pessoa que pode ajudar o outro, vendo que seu amigo está por baixo,
deprimido. Está escrito: “A pessoa não sai sozinha da prisão”. Pelo contrário, é seu amigo que
pode elevar seu ânimo.
Isto significa que seu amigo a eleva de seu estado atual para um estado de animação. Então, a
pessoa começa a readquirir força e confiança na vida e na riqueza, e começa como se o seu
objetivo estivesse agora próximo a ela.
Acontece que todos devem estar atentos e pensar como podem ajudar seu amigo a aumentar
seu ânimo, porque em matéria de ânimo, qualquer pessoa pode encontrar um lugar de
carência em seu amigo, o qual possa preencher.
16. O Que A Regra, “Ama Teu Amigo Como A Ti Mesmo”, Nos Dá?

Artigo 5, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


O que faz o Klal [“regra”, bem como “coletivo”], “Ama teu amigo como a ti mesmo, nos dá?
Através desta regra, podemos chegar a amar o Criador. Se isto é assim, o que manter as 612
Mitzvot [mandamentos] nos dá?
Primeiro, precisamos saber o que é uma regra. É sabido que um coletivo (Klal) consiste de
muitos indivíduos. Sem indivíduos, não pode haver um coletivo. Por exemplo, quando nos
referimos a uma audiência como “um público sagrado”, estamos nos referindo a um número
de indivíduos que se reuniram e formaram uma unidade.
Depois, uma cabeça é nomeada para o público, etc., e isto é chamado de Minian (dez /
quórum) ou uma “congregação”. Pelo menos dez pessoas devem estar presentes, e então, é
possível dizer Kedushá (a parte específica de uma oração judaica) na cerimônia.
O Zohar diz sobre isso: “Onde quer que haja dez, a Divindade habita. “Isso significa que em
um lugar onde há dez homens, há um lugar para a Divindade habitar.
Daí resulta que a regra, “Ama teu amigo como a ti mesmo” é construída sobre 612 Mitzvot.
Em outras palavras, se mantivermos as 612 Mitzvot, seremos capazes de alcançar a regra,
“Ama teu amigo como a ti mesmo”.
Acontece que os elementos específicos nos permitem alcançar o coletivo, e quando temos o
coletivo, seremos capazes de alcançar o amor do Criador, como está escrito: “A minha alma
anseia pelo Senhor”.
No entanto, não se pode manter todas as 612 Mitzvot sozinho. Tomemos, por exemplo, a
redenção do primogênito. Se o primeiro filho nascido for uma menina, ele não pode manter a
Mitzvá de redenção do primogênito.
Além disso, as mulheres estão isentas de observar Mitzvot dependentes do tempo como Tzitzit
e Tefilin. Mas porque “todo Israel é responsável uns pelos outros”, através de todos, eles são
todos mantidos. É como se todos mantivessem todas as Mitzvot juntos.
Assim, através das 612 Mitzvot, podemos alcançar a regra, “Ama teu amigo como a ti
mesmo”.
17. Amor de Amigos

Artigo 6, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


“Ama teus amigos como a ti mesmo”. Rabi Akiva diz: “É uma grande regra”. (Em
hebraico: também coletivo). Na Torá “Isso significa que, se o indivíduo mantém essa
regra, todos os detalhes são incluídos na mesma”, o que significa que é dado como certo
que chegaremos às indicações sem esforço, sem ter que trabalhar para ele.

No entanto, vemos que a Torá nos diz: “O que o Senhor busca de ti? Temer-Lhe. “Assim, a
exigência principal de uma pessoa é apenas o medo. Se a pessoa observa o
mandamento de medo, toda a Torá e Mitzvot estão contidos neste, mesmo
mandamento: “Ama teu amigo como a ti mesmo”.

No entanto, de acordo com as palavras do rabi Akiva, é o oposto, o que significa que o
medo está contido na regra de “Ama teu amigo”.

Além disso, de acordo com nossos sábios (Berachot p. 6), o significado não é como diz
o rabino Akiva. Eles se referiam ao verso, o fim do assunto, tudo tendo sido ouvido:
“Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o homem completo”. A
Gemara pergunta: “O que significa, ‘isto é o homem completo’, disse o rabi Eleazar,
O Senhor disse que o mundo todo não foi criado, a não ser para isso”.

No entanto, de acordo com as palavras do rabi Akiva, parece que tudo está contido na
regra, “Ama teu amigo”. No entanto, encontramos nas palavras de nossos sábios (Makot
24) que eles disseram que a fé é o mais importante. Eles disseram que Habacuque veio e
declarou que só há uma: “o justo deve viver pela sua fé”.

O Maharsha interpreta: “A única coisa que é mais conclusiva para qualquer pessoa de
Israel, a qualquer momento, é a fé”. Em outras palavras, a essência da regra é a fé. Assim,
verifica-se que tanto medo quanto “Ama teu amigo” estão contidos na regra de fé.

Se quisermos entender o acima, temos de examinar de perto o seguinte:

1. O que é fé?

2. O que é medo?

3. O que é “Ama teu amigo como a ti mesmo”?

A coisa mais importante é sempre lembrar o propósito da criação, que é conhecido


por ser “fazer o bem às Suas criações”.

Assim, se Ele quer dar-lhes deleite e prazer, por que estas três questões: fé, medo e
“ama teu amigo”?
Isto significa que eles só precisam qualificar os seus vasos para poder receber o deleite e
prazer que o Criador quer dar para as criaturas.

Agora, temos de entender para que estas três coisas citadas acima nos qualificam. Fé,
confiança incluída, nos dá uma convicção preliminar no objetivo, que é fazer o bem às Suas
criações. Nós também devemos crer com certeza que nós podemos prometer a nós
mesmos que, também, podemos alcançar esse objetivo. Em outras palavras, a
finalidade da criação não é necessariamente para um seleto grupo. Ao contrário, o
propósito da criação pertence a todas as criações sem exceção. Não é necessariamente
o forte e hábil, ou as pessoas corajosas que pode superar. Em vez disso, pertence a todas
as criaturas.

(Examine a “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” o item 21, em que cita o Midrash
Rabá, Porção, “Este é a Bênção”: “O Criador disse a Israel: “Lembrem- se, toda a
sabedoria e toda a Torá são fáceis: “Quem Me teme e faz as palavras da Torá, toda a
sabedoria e toda da Torá estão em seu coração”).

Assim, também temos de usar a fé para ter confiança de que podemos atingir a meta e não
se desesperar no meio do caminho e fugir da campanha.

Ao contrário, devemos acreditar que o Criador pode ajudar até mesmo uma pessoa
baixa e ignóbil como eu. Isso significa que o Criador vai levar-me para perto dele e eu
serei capaz de alcançar a adesão com Ele.

No entanto, para adquirir a fé, o medo deve vir em primeiro lugar, uma vez que está
relacionado em a introdução do Zohar: “O medo é um mandamento de que contém todos
os mandamentos da Torá, uma vez que é a porta para a fé Nele. De acordo com o
despertar do medo da pessoa (em Sua orientação), de modo que acredite na Sua
orientação”.

Termina aí: “O medo é para que ele não diminua a doação de contentamento ao seu
Criador”. Isso significa que o medo que a pessoa deve ter em relação ao Criador é que
talvez ele não seja capaz de dar contentamento ao Criador, e não que o medo incidirá
benefício próprio. Daqui resulta que o portão para a fé é medo; é impossível chegar a fé
de alguma outra maneira.

Para adquirir o medo, o medo de que não se possa ser capaz de dar contentamento ao
seu Criador, ele deve primeiro desejar e ansiar doar. Depois, ele pode dizer que não há
espaço para o medo que ele pode não ser capaz de sustentar o medo. No entanto, a
pessoa geralmente tem medo de que talvez o seu amor-próprio não será completo, e ele
não se preocupe com não ser capaz de doar ao criador.

Por qual substância se pode ser levado a adquirir uma nova qualidade que ele deve doar,
e que a recepção para si mesmo é uma falha?

Isso é contra a natureza! Embora às vezes, a pessoa receba um pensamento e desejo que
tem que abandonar o amor-próprio, que vem a nós por ouvir isso dos amigos e livros, é
uma força muito pequena, o que nem sempre brilhará para nós para que possamos
apreciá-lo constantemente e dizer que esta é a regra para todos os Mitzvot na Torá.
Assim, não há senão um conselho: Vários indivíduos devem se juntar com o desejo de
abandonar o amor-próprio, mas sem a força e a apreciação suficiente pela doação tornar-
se independente, sem ajuda do exterior. Agora, se estes indivíduos antes anulam um
ao outro, uma vez que cada um deles tem pelo menos potencial amor do Criador,
embora eles não podem, na verdade, mantê-lo, em seguida, por cada um aderir à sociedade
e anular a si mesmo antes disso, eles se tornam um só corpo.

Por exemplo, se houver dez pessoas nesse corpo, terá10 vezes mais energia do que uma
única pessoa tem. No entanto, existe uma condição: Quando eles se reúnem, cada um
deles deve pensar que chegou para a finalidade de anular o amor-próprio. Isso significa
que ele não irá considerar como satisfazer sua vontade de receber agora, mas vai
pensar tanto quanto possível somente no amor dos outros. Esta é a única maneira de
adquirir o desejo e a necessidade de adquirir uma nova qualidade, chamada de “o desejo
de doar”.

E do amor de amigos pode chegar ao amor do Criador, o que significa querer dar
contentamento ao Criador. Acontece que apenas assim alguém obtém uma necessidade e
compreensão que a doação é importante e necessária, e isso vem a ele através do amor
de amigos. Então, podemos falar sobre o medo, o que significa que a pessoa tem medo
de que não será capaz de dar contentamento ao Criador, e isso é chamado de “medo”.

Assim, a base primária sobre a qual o edifício da santidade pode ser erguido é a regra de
“Ama teu amigo”. Com isso, pode-se adquirir a necessidade de dar contentamento ao
Criador. Após que, pode haver medo, ou seja, o medo de talvez não ser capaz de dar
contentamento ao Criador. Quando, na verdade, passado o portão do medo, ele pode
chegar à fé, porque a fé é o vaso para incutir a Divindade, como é explicado em vários
lugares.

Nós, portanto, descobrimos que existem três regras diante de nós: a primeira regra é a
do rabi Akiva, que é “Ama teu amigo como a ti mesmo”. Antes disso, não há nada que
forneça combustível para uma pessoa que lhe permita modificar a sua situação apenas
um pouco, como esta é a única maneira de sair do amor próprio em direção ao amor ao
homem e o sentimento de que o amor-próprio é uma coisa ruim.

Agora chegamos à segunda regra, que é o medo. Sem medo, não há espaço para a fé, como
diz o Baal HaSulam.

Finalmente, chegamos à terceira regra, que é a fé. Afinal as três regras acima
mencionadas foram adquiridas, a pessoa chega a sentir o propósito da criação, que é fazer
o bem à Suas criações.
19. De Acordo Com o que é Explicado em Relação a “Ama Teu Próximo Como a Ti
Mesmo”

Artigo 7, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


De acordo com o que é explicado em relação a “Ama o teu amigo como a ti mesmo”,
todos os detalhes das 612 Mitzvot estão contidos nesta regra. Assim dizem os nossos
sábios: “O resto é seu comentário; vá estudar”. Isto significa que, mantendo as 612
Mitzvot, seremos recompensados com a regra “Ama o teu amigo’ e, subsequentemente,
com o amor de Deus.

Assim, o que nos dá o amor pelos amigos? Está escrito que reunindo alguns amigos
juntos, visto que cada um tem apenas uma pequena força de amor pelos outros, o que
significa que só conseguem realizar o amor pelos outros apenas em potencial, quando o
implementam eles recordam-se de ter decidido renunciar ao seu amor próprio em favor do
amor pelos outros. Mas, na verdade, ele vê que não consegue renunciar a qualquer prazer
da vontade de receber em favor de outro, nem sequer um pouco.

No entanto, reunindo algumas pessoas que concordam que têm de alcançar o amor pelos
outros, quando se anulam diante um do outro, eles estão todos interligados. Assim, em
cada pessoa presente acumula uma grande força, de acordo com a dimensão da sociedade.
E então eles conseguem executar realmente o amor pelos outros.

Assim, o que nos acrescentam os detalhes das 612 Mitzvot, que dissemos existir para se
manter a regra, já que a regra é mantida pelo amor de amigos? E vemos que na realidade
também existe amor de amigos entre os seculares. Eles também se reúnem em vários
círculos a fim de obter o amor de amigos. Qual é então a diferença entre religioso e
secular?

O verso diz (Salmos 1): “Nem sentou no banco dos escarnecedores”. Devemos
compreender a proibição sobre o “banco dos escarnecedores”. É por calúnia ou palavras
vãs? Portanto, a proibição não é por causa de um “banco de escárnio”. O que nos
acrescenta então o “banco de escárnio”?

O significado é que, quando algumas pessoas se unem com o propósito de amor pelos
amigos, com a intenção de que todos e cada um ajudarão o seu amigo a melhorar o seu
estado corpóreo, cada um antecipa que tendo mais reuniões lucrarão com a sociedade e
melhorarão o seu estado corpóreo.

No entanto, depois de todas as reuniões, toda a gente calcula e vê o quanto recebeu da


sociedade em termos de amor-próprio, o que o desejo de receber ganhou com isso, uma
vez que ele investiu tempo e esforço em benefício da sociedade, portanto o que ganhou ele
com isto? Ele provavelmente obteria mais sucesso se tivesse estado ocupado em benefício
próprio, pelo menos no que respeita os seus próprios esforços. Mas: “eu entrei na
sociedade porque pensei que, através da sociedade, seria capaz de ganhar mais do que
poderia ganhar sozinho. Mas agora vejo que nada ganhei”.

Então, ele lamenta e diz: “Eu estaria melhor usando a minha pequena força própria do que
dando o meu tempo à sociedade. No entanto, agora que dei o meu tempo à sociedade, a
fim de ganhar mais propriedades através da ajuda da sociedade, finalmente percebi que
não só eu não ganho nada da sociedade, como até perdi o que poderia ter ganho sozinho”.

Quando há alguém que deseja dizer que se se deve envolver no amor de amigos com o
objetivo de dar, que toda a gente trabalhará para beneficiar os outros, toda a gente se ri e
se alegra com isso. Parece-lhes uma espécie de piada, e este é um banco dos seculares. É
dito sobre isso: “mas o pecado é uma desgraça para qualquer povo, e todas as graças que
eles fazem, fazem para si mesmos”. Uma sociedade assim separa uma pessoa da
santidade. Ela lança uma pessoa no mundo da zombaria, e esta é a proibição do banco dos
escarnecedores.

Os nossos sábios disseram sobre tais sociedades: “Dispersem-se os ímpios; é melhor para
eles e melhor para o mundo”. Em outras palavras, é melhor que eles não existam. No
entanto, é o oposto com os justos: “Juntem os justos; é melhor para eles e melhor para o
mundo”.

Qual é o significado de “justo”? Trata-se daqueles que pretendem cumprir a regra: “Ama o
teu amigo como a ti mesmo”, cuja única intenção é sair do amor próprio e assumir uma
natureza diferente, a de amor pelos outros. E embora seja um Mitzvá que deve ser
mantida, e que uma pessoa se pode forçar a manter, o amor não deixa de ser, não obstante,
algo que é dado ao coração, e o coração não concorda com ele por natureza. O que pode,
então, um fazer para que o amor pelos outros toque o coração?

É por isso que nos foram dados as 612 Mitzvot: eles têm o poder de induzir uma sensação
no coração. No entanto, uma vez que vai contra a natureza, a sensação é demasiado
pequena para ter a capacidade de manter o amor pelos amigos de fato, ainda que ele tenha
uma carência por isso. Portanto, agora ele deve procurar aconselhar-se sobre a forma de
como o implementar realmente.

O conselho para que a pessoa seja capaz de aumentar a sua força na regra “Ama o teu
amigo” é o amor pelos amigos. Se cada um for anulado perante o seu amigo e se misturar
com ele, tornam-se uma massa, onde todas as pequenas partes que querem o amor pelos
outros se unem numa força coletiva que consiste de muitas partes. E quando ele tem
grande força, ele consegue executar o amor pelos outros.

E então ele pode alcançar o amor de Deus. Mas a condição é que cada um se anule perante
o outro. No entanto, quando ele é separado do seu amigo, ele não pode receber a parte que
deveria receber do seu amigo.

Assim, cada um deveria dizer que não é nada, quando comparado com o seu amigo. É
como escrever números: Se você primeiro escrever “1” e “0”, é dez vezes mais. E quando
você escreve “00” é cem vezes mais. Em outras palavras, se o seu amigo é o número um
seguido pelo zero, considera-se que ele recebe do seu amigo dez (10) vezes mais. E se ele
disser que é duplamente zero relativamente ao seu amigo, ele recebe do seu amigo 100
(cem) vezes mais.

No entanto, se for ao contrário, e ele disser que o seu amigo é zero e ele é um, então ele é
dez vezes menor do que seu amigo: 0,1. E se ele puder dizer que ele é um e que tem dois
amigos que são zeros relativamente a ele, então ele é considerado uma centena de vezes
menos do que eles, significando que ele é 0,01. Assim, o seu grau diminui de acordo com
o número de zeros que ele tem dos seus amigos.

No entanto, mesmo após ele ter adquirido essa força e conseguir manter realmente o amor
pelos outros, e sentir a sua própria gratificação como má para si, mesmo assim, não
acredite em si próprio. Tem que existir medo de se cair em amor-próprio no meio do
trabalho. Em outras palavras, caso lhe seja dado um prazer maior do que está acostumado
a receber, embora ele já consiga trabalhar com o objetivo de doar relativamente a
pequenos prazeres, e esteja disposto a abdicar deles, ele vive com medo de grandes
prazeres.

A isto chama-se “medo” e este é o portão para receber a Luz da fé, chamada “A inspiração
da Divindade”, como está escrito no Sulam: “pela medida medo é a medida da fé”.
Por isso, devemos lembrar que o assunto de “Ama o teu amigo como a ti mesmo” deve ser
preservado, porque é um Mitzvá, uma vez que o Criador ordenou o envolvimento no amor
pelos amigos. E o rabino Akiva só interpreta esta Mitzvá que o Criador ordenou. Ele
pretendia fazer desta Mitzvá uma regra segundo a qual todos as Mitzvot fossem cumpridas
por causa da ordem do Criador, e para a gratificação pessoal.

Em outras palavras, não é que as Mitzvot devam expandir a nossa vontade de receber, ou
seja, que por cumprirmos as Mitzvot sejamos recompensados generosamente. Pelo
contrário, mantendo as Mitzvot alcançaremos a recompensa de sermos capazes de anular o
nosso amor-próprio e atingir o amor pelos outros e, subsequentemente, o amor de Deus.
Agora podemos entender o que os nossos sábios disseram sobre o verso, “os coloque”.
Provém da palavra “poção “: “Se concedida, é uma poção de vida, se não concedida, é
uma poção de morte”. Não concedida significa alguém que se envolva na Torá e nas
Mitzvot para multiplicar o amor-próprio, para que o corpo adquira posses em troca do seu
trabalho. Se concedida, o amor-próprio da pessoa é anulado e ela pretende receber uma
recompensa que é a força do amor pelos outros, através da qual alcançará o amor do
Criador: que o seu único desejo seja dar contentamento ao Criador.
21. Qual Observação da Torá e Mitzvot Purifica o Coração?

Artigo 8, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Pergunta: Será que manter Torá e Mitzvot, a fim de receber recompensa purifica o coração,
também? Nossos sábios disseram: “Eu criei a inclinação ao mal; Eu criei o tempero da
Torá. “Isso significa que ele não purificar o coração. Mas é assim, quando se visa
especificamente por não receber uma recompensa, ou também purificar o coração se a
pessoa trabalha, a fim de receber uma recompensa?

Resposta: Na “Introdução ao Livro do Zohar” (item 44), está escrito: “Quando a pessoa
começa a se envolver em Torá e Mitzvot, mesmo sem qualquer intenção, ou seja, sem
amor e medo, como é apropriado ao servir o Rei, mesmo em Lo Lishmá (não em Seu
Nome), o ponto em seu coração começa a crescer e mostrar a sua atividade. Isto é assim
porque Mitzvot não exige intenção, e até mesmo ações sem intenção podem purificar a
vontade de receber, mas em seu primeiro grau, chamado de “inanimado”.

E na medida em que se purifica a parte inanimada do desejo de receber, se constrói


gradualmente os 613 órgãos do ponto no coração, que é o inanimado de Néfesh de
Kedushá (santidade) “.

Assim, vemos que observar Torá e Mitzvot, mesmo em Lo Lishmá purifica o


coração.

Pergunta: O caminho de observar Torá e Mitzvot a fim de não ser recompensado é


destinado somente para uns poucos escolhidos? Ou alguém pode trilhar este caminho de
observar tudo a fim de não ser recompensado, e através disso seriam recompensados
com Dvekút (adesão) com o Criador?

Resposta: Embora a vontade de receber somente para si mesmo surgiu com o


pensamento da criação, sendo dada uma correção que as almas irão fazer para existir com
a finalidade de doar, ou seja, por meio da observação da Torá e Mitzvot, vamos
transformar nossa vontade de receber para ser a fim de doar. Isto é dado a todos,
sem exceção, para todos foi dado este remédio, não necessariamente para poucos
escolhidos.

Mas uma vez que esta é uma questão de escolha, alguns avançam mais
rapidamente e outros mais lentamente. Mas, como está escrito na “Introdução ao livro do
Zohar” (Itens 13, 14), no final, todo mundo vai atingir sua perfeição completa, como está
escrito: “Aquele que é banido não será um pária dele. “

Ainda assim, quando se começa a aprender a observar Torá e Mitzvot, se começa em Lo


Lishmá. Isto é porque o homem é criado com um desejo de receber; assim, ele não entende
qualquer coisa que não lhe dê benefício próprio e que ele nunca mais vai querer começar a
observar Torá e Mitzvot.

É como o Rambam escreveu (Hilchot Teshuva, Capítulo 10) “, disseram os


Sábios”, deve-se sempre envolver-se em Torá, mesmo em Lo Lishmá, porque a partir de
Lo Lishmá, se chega a Lishmá. “Assim, ao ensinar crianças e mulheres e a população,
somente serão ensinados a trabalhar por medo e para receber recompensa. E quando
eles ganham conhecimento e adquirirem sabedoria, o segredo é revelado a eles pouco a
pouco. Eles serão acostumados a isso com calma até que O alcancem e O sirvam com
amor”. Assim, vemos pelas palavras do Rambam que todos devem alcançar Lishmá, mas
a diferença está no tempo.

Pergunta: Se uma pessoa vê e sente que está trilhando um caminho que leva a Lishmá,
deve tentar influenciar os outros para que eles trilhem o caminho certo, também?

Resposta: Esta é uma pergunta geral. É como uma pessoa religiosa examinasse uma
pessoa secular. Se ela sabe que pode reformá-la, então ele é preciso reformá-la,
devido à Mitzvá: “Hás de repreender o teu próximo”. Da mesma forma, neste caso,
pode-se dizer que você deve informar o seu amigo sobre a melhor caminho a seguir,
desde que a sua intenção seja apenas a Mitzvá. Mas há muitas vezes quando uma pessoa
repreende a outra apenas com o propósito de dominação, e não para “repreender o teu
próximo”.

E nós aprendemos do exposto que o desejo de todos que os outros trilhem o caminho
da verdade criou disputas entre ortodoxos e seculares, entre a facção lituana e Chassadim,
e entre os Chassadim mesmo. Isto é porque todos pensam que eles estão no direito, e todo
mundo está tentando persuadir o outro a trilhar o caminho certo.
23. Uma Pessoa Deve Vender Sempre As Vigas Da Sua Casa

Artigo 9, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


“Rabi Yehuda disse, ‘Rav disse, “ Uma pessoa deve vender sempre as vigas da sua casa”.
Devemos entender com precisão acerca das vigas da nossa própria casa e a grande
importância dos sapatos, ao ponto de vender as vigas por eles, quer dizer, ter a habilidade
de colocar os sapatos em seus pés.

Devemos interpretar isso no trabalho. Korat (vigas) vem da palavra Mikreh


(acontecimento/ evento), quer dizer tudo aquilo que a pessoa experimenta na sua casa.
Nós entendemos o homem através de dois discernimentos: o conhecimento, que
significa através do intelecto; e da emoção, ou seja, através do que sentimos nos nossos
corações, se somos felizes ou infelizes.

Estes acontecimentos que experimentamos todos os dias, suscitam as questões no nosso


dia a dia. O que se aplica, entre a pessoa e o Criador, bem como entre a pessoa e o seu
amigo.

Entre uma pessoa e o Criador (Boré), significa que ela se lamenta que o Criador não
está satisfazendo todas as suas necessidades. Em outras palavras, que Boré devia realizar o
que a pessoa pensa que necessita porque a regra é que a conduta do Bem é fazer bem. E
por vezes ela lamenta-se como se sentisse o oposto – que a sua situação é sempre pior
que a daqueles que se encontram em um grau mais elevado que o seu.

Sucede que ela se encontra num estado chamado de “espiões” que culpa a Providência
porque não encontra o deleite e prazer na sua vida, sendo para ela difícil de dizer “só a
bondade e a graça me seguirão todos os dias da minha vida”. Por isso, nessa altura ela está
num estado de “espiões”.

Os nossos Sábios disseram a este respeito (Berachot [bênçãos], 54 que “devemos dar
graças tanto pelo mal com pelo bem” uma vez que a base do Judaísmo está
construída na fé acima da razão. Isto significa não confiar no que o intelecto o leva a
pensar, dizer e fazer, mas na fé em uma Providência benevolente, mais elevada. E
precisamente por defender a Providência se é recompensado com sentir deleite e
prazer.

Baal HaSulam utilizou uma alegoria sobre uma pessoa que tinha queixas e exigências
para com o Criador, que Ele não lhe garantira todos os seus desejos. É como uma pessoa
que passeia na rua com uma criança pequena, e a criança chora aflitivamente. Todas as
pessoas na rua olham para o pai e pensam “Quão cruel é este homem que pode ouvir o
seu filho chorando sem lhe dar qualquer atenção? O choro da criança faz com que mesmo
as pessoas da rua sintam pena da criança, mas este homem, que é seu pai, não sente. E há
uma regra ‘Como um pai que tem compaixão pelos seus filhos’”.

O choro da criança fez algumas pessoas irem a ter com o pai e perguntarem, “Onde está a
sua piedade”? Então o pai respondeu, “Que posso eu fazer se o meu filho, que
mantenho como a menina dos meus olhos, pede-me que lhe dê um alfinete para que coce
o olho porque tem uma comichão nos olhos? Posso ser chamado “cruel” por não
satisfazer o seu desejo, ou é por piedade que não darei a ele para que não o espete no seu
olho e fique cego para sempre?

Portanto, devemos acreditar que tudo o que o Criador nos dá é para o nosso próprio
bem, embora devamos rezar, pelo sim pelo não, que o Criador levantará estes
problemas de nós. Contudo, devemos saber que aquele que reza e a garantia da
prece são dois assuntos separados. Em outras palavras, se fizermos o que devemos,
então o Criador fará o que é bom para nós, tal como na alegoria acima. Sobre isso é
dito que, “E o Senhor fará aquilo que Lhe parecer bom”.

O mesmo princípio se aplica a uma pessoa e a seu amigo, o que significa que ele deve
vender as vigas de sua casa e colocar sapatos nos pés. Em outras palavras, uma
pessoa deve vender as vigas de sua casa, ou seja, todos os incidentes que a sua
casa experimentou no que diz respeito ao amor de amigos.

Alguém pode ter dúvidas e reclamações sobre seu amigo, pois ele está
trabalhando com dedicação no amor de amigos, mas ele não vê nenhuma
resposta por parte dos amigos que iriam ajudá-lo de qualquer forma. Eles não estão
se comportando de acordo com seu entendimento de como o amor de amigos deve
ser, o que significa que cada um vai falar com seu amigo de forma respeitável, como é
entre indivíduos distintos.

Além disso, quanto às ações, ele não vê nenhuma ação por parte dos amigos que ele
pode olhar em relação ao amor de amigos. Em vez disso, tudo é normal, como é
comum entre as pessoas que ainda não têm um interesse em se unir e tomar a decisão
de construir uma sociedade onde exista amor de amigos, onde cada um cuida do bem-
estar dos outros.

E então ele vê que é tudo conversa fiada. Ele descobre que até na fala não há amor
aos outros, e esta é a coisa mais pequena. Em outras palavras, se ele faz a alguém
uma pergunta, ele responde-lhe bruscamente, indiferentemente, não da maneira que
um responde a um amigo. Em vez disso, é tudo frio, como se ele se quisesse se ver
livre dele.

E não me perguntem, “Se estás pensando sobre amor aos outros, porque tu estás a
criticando se teu amigo te ama, como se o amor de amigos fosse estabelecido
sobre a base do amor próprio, e é por isso que eu quero ver o que meu amor próprio
ganhou deste envolvimento”? Estes não são os meus pensamentos. Em vez disso, eu
quero verdadeiramente amar os outros.
É por isso que eu estava interessado em estabelecer esta sociedade, para que eu vise
que todo e cada um está se envolvendo em amor aos outros, para que através disso, o
pequeno pedaço de força que eu tenho em amor aos outros fosse aumentado e eu tivesse a
força para me envolver no amor aos outros mais poderosamente que eu poderia por
mim mesmo. Mas agora eu vejo que não ganhei nada porque eu vejo que nem um e
está fazendo bem. Logo, seria melhor se eu não estivesse com eles e não tivesse
aprendido de suas ações.

Para isso, existe a resposta que, se uma sociedade é estabelecida com certas pessoas, e
quando e quando se reuniram, deve ter havido alguém que pretendeu estabelecer
especificamente este “bando”. Assim, ele selecionou estas pessoas para ver que eram
compatíveis entre si. Em outras palavras, cada uma delas possuía uma centelha de amor
pelos outros, mas a centelha não podia acender a luz do amor para brilhar em cada um,
por isso elas concordaram que, através da sua união, as faíscas tornar-se-iam uma chama
grande.

Portanto, agora, também, quando ele os está espiando, ele deve superar e dizer: “como
todos eram de uma só mente, que tinham que percorrer o caminho do amor pelos outros,
quando a sociedade foi estabelecida, também agora é assim”. E quando todos
julgarem os seus amigos favoravelmente, todas as centelhas se acederão uma vez
mais e novamente haverá uma grande chama.

É como Baal HaSulam disse certa vez quando questionado sobre a aliança que dois
amigos fazem, tal como encontramos na Torá (Gen. 21:27): “Abraão tomou então
ovelhas e bois e deu-os a Abimeleque, e fizeram uma aliança entre si”. Ele perguntou:
“Se os dois se amam, é claro que eles fazem bem um ao outro. E, naturalmente,
quando não há amor entre eles devido ao amor ter diminuído por alguma razão, eles
não fazem bem um ao outro. Então, como é que estabelecer uma aliança entre eles pode
ajudar”?

1. Ele respondeu que a aliança que fizeram não era para agora, pois agora que o amor é
sentido entre eles, não existe necessidade de fazer uma aliança. Pelo contrário, a aliança
é para o futuro. Em outras palavras, é possível que passado algum tempo, eles não
sintam o amor como agora, mas manterão as suas relações como antes. Para isto,
serve a realização da aliança.

2. Nós também podemos ver que embora agora eles não sintam o amor como quando
a sociedade foi criada, todo mundo tem ainda que superar a sua opinião e ir acima da
razão. Por isso, tudo será corrigido e cada um vai julgar seu amigo favoravelmente. Agora
podemos compreender as palavras de nossos sábios, que disseram: A pessoa deve sempre
vender as vigas de sua casa e colocar sapatos nos pés. Minalim [sapatos] vem da palavra
Neilat Delet [fechar uma porta], o que significa fechamento. Uma vez que uma pessoa
tenha espionado o seu amigo e Rigel [espionado] vem da palavra Raglaim [pés /
pernas] ele deveria vender as vigas de sua casa, ou seja, tudo o que aconteceu à sua casa
na ligação entre ele e seu amigo, significando que ele tem espiões, que caluniam os
amigos.
Em seguida, vender tudo significa remover todos os incidentes que os espiões trouxeram para
ele e colocar sapatos nos pés, em vez disso. O significado é que ele deveria trancar os
espiões como se eles já não existissem na terra, e jogar fora todas as questões e demandas
que ele tem sobre eles. E então tudo chegará ao seu lugar em paz.
26. Qual é o Grau Que Se Deve Alcançar Para Não Reencarnar Mais?

Artigo 10, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Pergunta: Qual é o grau que cada um deve alcançar, para não ter que reencarnar?
Resposta: Está escrito no livro Sha'ar HaGilgulim (Portão das Reencarnações) que
“Todos os filhos de Israel devem reencarnar até que eles estejam completos, com toda a
NARANCHAY. No entanto, a maioria das pessoas não têm todas as cinco partes chamadas
NARANCHAY, apenas Néfesh, que é de Assiá”.

Isto significa que cada pessoa deve corrigir apenas sua própria parte e a raiz da sua própria
alma e nada mais e, isso completa o que a pessoa deve corrigir. O fato é que devemos
saber que todas as almas vêm da alma de Adam HaRishon. Depois do pecado da Árvore
do Conhecimento, a alma de Adão dividiu em 600.000 almas. Isto significa que a única
luz que Adam HaRishon tinha no Jardim do Éden, que o Zohar Sagrado chama, “Zihara
Ilaa” (Luz Superior), dispersou-se em muitos pedaços.

No livro, Panim Masbirot (p 56), Baal HaSulam escreve: “Depois do bom se misturar
com o mau (após o pecado), uma grande estrutura de Klipót (cascas) foi estabelecida, com
o poder de se apegar a Kedushá (Santidade) ”. Com o fim de cuidar-lhes, a Luz dos sete
dias da Criação foi dividida em pedaços muito pequenos, que são pequenos demais para
que as Klipót possam sugar deles.

Isso pode ser comparado a um rei que pretendia entregar uma grande soma de dinheiro
para seu filho, que morava do outro lado do mar. Infelizmente, todas as pessoas no país do
rei eram coniventes ladrões e ele não conseguia encontrar um emissário leal. O que ele
fez? Ele dividiu o dinheiro em moedas de um centavo e as enviou com um grande número
de emissários. Assim, eles descobriram que o prazer do roubo não valia a pena desonrar a
realeza.

Desta forma, ao longo do tempo e em muitas almas, através da iluminação dos dias, foi
possível separar as centelhas sagradas que foram roubadas pelas Klipót (cascas), pelo
pecado da Árvore do Conhecimento. “Muitas almas” se refere à divisão em luzes internas
e, muitos dias é uma divisão em muitas luzes externas. E os pedaços acumulados numa
grande quantidade de Luz na qual Adam HaRishon pecou e então trará o fim da correção.

Isso leva à conclusão de que cada um nasce com apenas um pequeno pedaço da alma de
Adam HaRishon. Quando se corrige esse pedaço, então não precisa mais reencarnar. É por
isso que cada um só pode corrigir o pedaço que lhe pertence. Está escrito sobre isso no
livro do Ari A Árvore da Vida, “Não há um dia como outro dia, um momento como outro
momento ou, uma pessoa como outra pessoa.
E o Helbona (parte do incenso sagrado) irá corrigir o que o Levona (outra parte do incenso
sagrado) não irá. Cada um deve corrigir a sua própria parte”.

No entanto, devemos saber que cada pessoa tem uma escolha, pois não nasce um justo.
Nossos sábios disseram (Nida 16b): “Rabi Chanina Bar Pappa disse: ‘O anjo nomeado na
concepção é chamado Laila (noite). É preciso uma gota para colocá-lo diante do Criador,
e diz: ‘Meu Deus, essa gota, o que deve tornar-se dela? Um herói ou um fraco? Um sábio
ou um tolo? Rico ou pobre’? Mas ele não pergunta: ‘justo ou perverso’”.

Isto significa que não se nasce justo, pois “não pergunte, ‘justo ou perverso’”. Isto é
deixado para a nossa escolha, cada um segundo o seu trabalho na Torá e Mitzvot. Assim,
se é recompensado com a limpeza do seu coração, com a correção do que deve, de acordo
com a raiz da sua alma e, então ele será completo.
O Primeiro Grau Quando Alguém Nasce
Está escrito no Zohar (Mishpatim, 04:11 no Sulam): "Vem e vê. Quando uma pessoa
nasce, a ela é dada uma alma do lado da besta, o lado da pureza, do lado daqueles que são
chamados santo Ofanim, ou seja, a do mundo de Assiá. Se merece mais, lhe é dado Ruach
do lado dos animais sagrados, ou seja, do lado de Yetzirá. Se ele merece mais, lhe é dado
Neshamá do lado do trono, ou seja, a partir do mundo de Briá. Se ele merece mais, lhe é
dado Néfesh no caminho de Atzilut. Se ele merece mais, lhe é dado Ruach de Atzilut do
lado do pilar do meio, e ele é chamado de "filho do Criador", como está escrito: "Vocês
são os filhos do Senhor teu Deus”. Se ele merece mais, lhe é dado Neshamá, que é Biná,
da qual foi dito, toda a Neshamá (alma) louvará o Senhor, e o nome HaVaYaH está
concluída nelas.
Assim, a conclusão da alma é quando tem NRN de BYA e NRN de Atzilut. Esta é a
conclusão de que Adam HaRishon tinha antes do pecado. Somente após o pecado ele
desceu de seu grau e sua alma foi dividida em 600.000 almas.
Por causa disso, a espiritualidade de uma pessoa é chamada Neshamá [alma], mesmo
quando tem apenas Néfesh de Néfesh, uma vez que existe uma regra: sempre que falamos
de algum discernimento, falamos de um discernimento superior. E porque o discernimento
superior de uma pessoa é o grau de Neshamá, em geral, nós sempre nos referimos a
espiritualidade do homem pelo nome, Neshamá.
No entanto, apesar de cada pessoa nascer no menor grau, disseram (veja Portão das
reencarnações, p 11b): "Cada pessoa pode ser como Moisés, se deseja limpar suas obras,
desde que possa tomar outra, de espírito superior, da altura de Yetzirá, e também um
Neshamá a partir da altura de Briá. "por que você também vai entender o assunto famoso
nas palavras de nossos sábios, que os espíritos dos justos, ou suas almas, vem e se tornam
impregnados em uma pessoa, no que é chamado de impregnação para ajudá-los na obra do
Criador.
Isso também é apresentado no Sulam (Introdução do Livro do Zohar, p 93), e estas são as
suas palavras: "Essa coisa do condutor de burro é a assistência às almas dos justos, que é
enviada para eles de Cima a fim de elevá-los de grau em grau. Se não fosse por esta
assistência que o Criador envia para os justos, eles não seriam capazes de sair do seu grau
e subir mais alto. Portanto, o Criador envia a cada justo e a todos eles uma alma mais
elevada do Alto, a cada um segundo o seu mérito e grau-que lhe auxilia no seu caminho. E
isso é chamado, 'a impregnação da alma do justo, "e é chamado”, a revelação das almas
dos justos'".
Daqui resulta que, quando dizemos que não há geração na qual não há ninguém como
Abraão, Isaac e Jacob, isso não significa que eles nasceram desta maneira e eles não têm
escolha. Em vez disso, estas são as pessoas que se esforçam em caminhar no caminho da
verdade, e fazem o esforço que têm quefazer. Essas pessoas sempre recebem ajuda do
Alto através da impregnação da alma do justo. Ou seja, recebem a força para se elevar aos
graus superiores.
Segue-se que tudo o que é dado de Cima é como assistência, mas não sem qualquer
trabalho e escolha.
E a persistência do mundo é através destes justos que estendem a abundância do Alto, e
por isso há persistência para o mundo.
28. Mérito Ancestral

Artigo 11, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Uma disputa é apresentada a respeito do mérito ancestral (Shabat, p 55): “Shmuel disse,
'Mérito ancestral terminou. ’ Rabi Yochanan disse, ‘Mérito ancestral perdoa’”. No
Midrash (Midrash Rába, Vayikrá, 37), “Rav Aha disse, ‘Mérito ancestral existe para
sempre e para sempre é mencionado’”. E lá, no Tosfot, se diz, “Rabeinu Tam diz que
mérito ancestral terminou, mas a aliança ancestral não terminou”. Para Rabi Yochanan
parece que não há disputa entre Shmuel e Rabi Yohanan: Shmuel disse que ele terminou
para os ímpios, mas não para os justos e Rabi Yochanan refere-se aos justos.
De acordo com o citado, podemos interpretar o que está á a ser questionado sobre a
escolha: “Se há mérito ancestral, então não há escolha aqui, uma vez que mérito ancestral
faz com que uma pessoa seja justa. E de acordo com as palavras do Tosfot, em nome do
ARI, que diz que mérito ancestral é somente para os justos, sucede-se que inicialmente um
tem escolha, sobre ser justo e subsequentemente ele pode desfrutar do mérito ancestral.
Do ensaio Matan Torá [“A Entrega da Torá”] (item 19), parece que graças ao mérito
ancestral nós temos o poder para tomar a escolha e não fosse o mérito ancestral não
seríamos capazes de tomar a escolha. Na realidade, nós vemos que embora tenhamos
mérito ancestral, ainda não vemos que cada um tenha a força para tomar a escolha. Em
vez disso, cada um o acha difícil. Porém, o mérito ancestral nos assiste para tomar a
escolha.
Significa isto que escolher se aplica onde há duas coisas iguais e eu devo decidir. Mas
quando um lado é mais difícil que o outro, não se pode dizer que eu tenho de decidir, uma
vez que naturalmente pendo para o lado mais forte. Desta forma, graças ao mérito
ancestral elas são duas forças iguais e nós podemos decidir. Isto é chamado que nos foi
dada a força para tomar a escolha.
Para entender estas questões devemos olhar para o que está escrito no ensaio, “A Entrega
da Torá” (item 19): “Deste modo, o Criador não achou uma nação ou uma língua
qualificada para receber a Torá, senão os filhos de Abraão, Isaac e Jacó, cujo mérito
ancestral refletia sobre eles, como disseram nossos sábios, 'Os Patriarcas observavam toda
a Torá até antes de ela ter sido dada.' Significa isto que devido à exaltação de suas almas,
eles tinham a habilidade de alcançar todos os caminhos do Criador em respeito à
espiritualidade da Torá, que deriva de sua Dvekút [adesão] com Ele, sem primeiro
necessitarem da escada da parte prática da Torá, que eles não tiveram possibilidade de
observar de todo (como escrito no item 16). Indubitavelmente, tanto a pureza física e a
exaltação mental de nossos sagrados pais grandemente influenciaram seus filhos e os
filhos de seus filhos”.
Sucede-se desta forma que graças ao mérito ancestral podemos tomar a escolha.
Inversamente, seria impossível.
Contudo, precisamos de grande misericórdia até assim que tenhamos o mérito ancestral,
para que possamos tomar a escolha, ou seja, abandonar o amor-próprio e assumirmos
sobre nós mesmos o amor pelos outros e que todas nossas aspirações sejam somente para
doar contentamento sobre o Criador. E até com todos os poderes da Torá e
Mitzvot [mandamentos], que seremos de derrotar o mal em nós e o transformar em bem.
Porém, devemos entender por que ele diz “Mérito ancestral terminou”. A questão é, “O
que existia antes do fim do mérito ancestral”? E se assim era, porque não havia
necessidade de uma escolha então, dado que ele tinha mérito ancestral. Todavia, devemos
dizer que o pedido de uma pessoa que Ele a ajude a se aproximar Dele—ao verdadeiro
serviço ao Criador—é a oração em si mesma. Seu pedido que Ele a ajude com o mérito
ancestral é em si mesmo considerado uma “escolha”. A Escolha é que ele está a fazer
aquilo que pode e isto já é considerado uma escolha.
29. Sobre a Importância da Sociedade

Artigo 12, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Sabe-se que desde que o homem está sempre entre pessoas que não tem ligação com o
trabalho, no caminho da verdade, mas, ao contrário, sempre resistem àqueles que
andam no caminho da verdade e uma vez que os pensamentos das pessoas se misturam
os pontos de vista daqueles que opõem ao caminho da verdade, permeiam aqueles que
têm algum desejo de caminhar no caminho da verdade.

Por isso, não há outro conselho a não ser estabelecer uma sociedade separada para eles
mesmos, para ser sua moldura, ou seja, uma comunidade separada, que não se misture
com outras pessoas cujos pontos de vista diferem dessa sociedade.

Eles devem constantemente invocar neles mesmos a questão do propósito da


sociedade, para que não sigam a maioria, porque seguir a maioria é a nossa natureza.

Se a sociedade se isola do resto do povo, se eles não têm nenhuma conexão com outras
pessoas em relação aos assuntos espirituais e seu contato com eles é apenas sobre
questões corporais, eles não se misturam com o seu ponto de vista, pois não existe
ligação em assuntos de religião.

Mas quando uma pessoa está entre os religiosos e começa a conversar e discutir com eles,
ela imediatamente se mistura com suas opiniões. Seus pontos de vista penetram na sua
mente, abaixo do limiar de sua consciência a tal ponto que ela não será capaz de discernir
que estes não são os seus próprios pontos de vista, mas o que ela recebeu das pessoas
com quem se conectou.

Portanto, em assuntos de trabalho no caminho da verdade, deve-se isolar das outras


pessoas. Isso porque o caminho da verdade requer um fortalecimento constante, uma
vez que é contrário a visão do mundo. A visão do mundo é saber e receber, enquanto a
visão da Torá é a fé e doação. Se alguém se desvia disso, imediatamente se esquece de
todo o trabalho do caminho da verdade e cai no mundo de amor-próprio. Somente a
partir de uma sociedade sob a forma de “Eles ajudaram cada um ao seu amigo” que cada
pessoa na sociedade recebe a força para lutar contra a visão do mundo.

Além disso, encontramos o seguinte, nas palavras do Zohar (Pinchas, p 31, item 91, e
no Sulam): “Quando uma pessoa mora em uma cidade habitada por pessoas más e
não pode manter as Mitzvot da Torá e não tem êxito na Torá, ele muda-se e arranca suas
raízes desse lugar e as plantas num lugar habitado por pessoas boas, com Torá e Mitzvot.
Isso ocorre porque a Torá se chama ‘Árvore’, como está escrito: ‘Ela é uma árvore de
vida para os que se apegam a ela’. E o homem é uma árvore, como está escrito, ‘é para
a árvore do homem do campo’. E as Mitzvot na Torá são comparadas aos frutos. E o
que ela diz? ‘Somente as árvores que tu sabes não serem árvores de alimento, poderás
destruir e cortar’, destruir deste mundo e cortar do outro mundo”.
Por esta razão, ele deve arrancar-se do lugar onde há maus, pois lá, não terá sucesso
na Torá e Mitzvot e plantar-se em outro lugar, entre justos e, ele terá sucesso em Torá
e Mitzvot.

E o homem, a quem O Zohar compara com árvore do campo, como a árvore do campo
sofre de maus vizinhos. Em outras palavras, devemos sempre cortar as ervas más que
nos rodeiam que nos afetam e devemos também manter-nos longe de ambientes ruins,
de pessoas que não favorecem o caminho da verdade. Precisamos de uma vigilância
atenta de modo a não sermos atraídos a segui-los.

Isso é chamado de “isolamento”, quando se tem pensamentos de “autoridade única”,


chamado “doação”, e não “autoridade pública”, que é o amor-próprio. Isso é chamado
de “duas autoridades” - a autoridade do Criador e sua própria autoridade.

Agora podemos compreender o que nossos sábios disseram (Sanhedrin, p 38), “Rabi
Yehuda disse: ‘o Rabi disse, ‘Adam HaRishon foi herege’, como está escrito: ‘E o Senhor
Deus chamou ao homem, e disse: lhe: ‘Onde estás’? ‘Onde foi o teu coração’”?

Na interpretação de Rashi, “herege” se refere a uma tendência para a adoração de ídolos.


E no comentário, Etz Yosef (A Árvore de José), está escrito: “Quando se escreve, ‘Onde,
onde foi o teu coração’? É heresia, como está escrito, ‘que vos não sigais vosso próprio
coração’, isso é heresia, quando o seu coração se inclina para o outro lado”.

Mas tudo isso é muito complicado: Como se pode dizer que Adam HaRishon estava
inclinado para a idolatria? Ou de acordo com o comentário Etz Yosef, que estava sob a
forma de “que não segue o seu próprio coração”, isso é heresia? De acordo com o que
aprendemos sobre a obra de Deus, que é exclusivamente sobre a intenção de doar, se uma
pessoa trabalha, a fim de receber, este trabalho é estranho para nós, pois precisamos
trabalhar apenas para doar e ele pegou tudo a fim de receber.

Este é o significado do que ele disse: que falhou em “não seguir seu próprio
coração”. Em outras palavras, ele não poderia comer da Árvore do Conhecimento,
a fim de doar, mas recebeu o alimento da Árvore do Conhecimento, a fim de
receber. Isso é chamado “coração”, significando que o coração deseja apenas receber
para autogratificação. E este foi o pecado da Árvore do Conhecimento.

Para entender este assunto, veja a introdução ao livro Panim Masbirot. E a partir disso,
podemos compreender os benefícios da sociedade, ela pode criar um ambiente
diferente, trabalhando só para doação.
31. Por vezes Espiritualidade É Chamada de “Uma Alma”

Artigo 13, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Devemos compreender a razão da espiritualidade ser por vezes chamada “uma alma” [hebr.
Neshamá], como está escrito “corpo e alma”, e algumas vezes a espiritualidade é chamada
“alma” [hebr. Néfesh], como em, “E tu amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e
com toda a tua alma”.
Normalmente, ao falar-se de espiritualidade, falamos da sua mais elevada percepção, que é
Neshamá, de forma a que possa saber que um elevado grau foi completado para ela, que é
Neshamá, para invocar em seu coração o desejo de o alcançar e pensar na razão porque ainda
o não alcançou. Então chegará a saber que tudo o que precisamos para atingir a
espiritualidade é equivalência de forma.
O corpo nasceu com uma natureza do amor-próprio, que é disparidade de forma em relação
ao Criador, que atingimos somente através do dar. Assim, a pessoa deveria purificar o corpo e
chegar à equivalência de forma, para que, também, queira fazer coisas que sejam somente
para doar. Através disso, a pessoa poderá alcançar este elevado grau chamado Neshamá. É
por isso que sempre falamos em termos de corpo e Neshamá [alma].
Mas em relação à ordem do trabalho, após o grau do corpo vem o grau de Néfesh. É por isso
que está escrito, “E amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma”
[hebr. Néfesh], porque este é o próximo grau depois do corpo.
É por isso que diz: “Com todo o teu coração” e subsequentemente: “com toda a tua alma”.
Em outras palavras, é preciso que a pessoa esteja disposta a dar tudo o que tem ao Criador.
Mas depois, se ela obtiver um grau mais elevado, ou seja, Ruach [espírito], e depois
Neshamá, ela deve estar ainda disposta a dar tudo ao Criador. Mas o texto começa com o
primeiro grau que vem depois do corpo.
Tudo o que um homem tem, ele deve dar ao Criador. Isso significa que ele não faz nada para
seu próprio benefício. Em vez disso, tudo é por causa do Criador. Isto é considerando que
todas as suas obras são apenas de doação, enquanto ele é completamente irrelevante. Em vez
disso, tudo é por causa do Criador.
Agora você pode entender o que está escrito no Zohar (Teruma [Contribuição], p 219, número
479 no Comentário Sulam): “Com toda a tua alma”. Ele pergunta: “Ele deveria ter dito, em
sua alma” o que é “Com toda a sua alma”? Por que ele diz, ‘com’? 'Ele responde que se trata
de incluir Néfesh, Ruach, Neshamá. Isto é, “Com toda a sua alma”, onde ‘todos’ significa o
que esta Néfesh agarra’”.
A partir disso, vemos que o Zohar interpreta o “tudo” que a Torá acrescenta a nós, como
vindo nos dizer que Ruach e Néfesh estão incluídas na Neshamá. No entanto,
deliberadamente se inicia com Néfesh, pois depois do corpo vem Néfesh. Mas quando
falamos de espiritualidade em geral, referimo-nos a espiritualidade como Neshamá, como está
escrito: “E ele soprou em suas narinas a Neshamá [“alma” ou “respiração”] da vida”.
Para obter o grau de NRN [Néfesh, Ruach, Neshamá], temos que ir por um caminho de
doação e tentar sair do amor próprio. Isso é chamado de “o caminho da verdade”,
significando que assim fazendo, vamos atingir a qualidade da verdade que existe em sua
Providência, que se comporta em relação a nós com a qualidade de benevolência.
Isto é chamado “O selo do Criador é a verdade”. Isto significa que o objetivo da obra do
Criador, isto é Seu trabalho em criar os mundos – que é de fazer bem às Suas criações – é que
o homem tem de alcançar a qualidade do Criador da verdade. O homem saberá que ele
alcançou sua completude após ele ter alcançado a orientação do Criador como benevolente,
tenha ele abundância. Mas também, ele deve ver que os outros têm abundância, também, isto
é ver que cada um tem completa abundância.
Isto é apresentado na “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” (Item 150), “O quarto
discernimento de amor, que é amor incondicional, é eterno. Isto é assim porque após ele ter
julgado o mundo inteiro favoravelmente, o amor é eterno e absoluto. Não pode haver
cobertura e ocultação no mundo porque lá, ele é um lugar de completa divulgação da face,
como está escrito, ‘Teu Professor não mais se esconderá a Si Mesmo, mas teus olhos verão
teu Professor’, uma vez que ele já conhece todas as relações do Criador com todas as pessoas
na forma de verdadeira Providência que aparece de Seu nome, ‘O Bom que faz o bem aos
bons e aos maus’”.
Segue-se desta forma que se a pessoa alcança completa perfeição, alcança seu verdadeiro
estado. Contudo, há graus preliminares antes disso, como está escrito na “Introdução ao
Estudo das Dez Sefirot”, que o primeiro discernimento é arrependimento por temor. Está
escrito sobre isso (Item 63), “O primeiro grau de realização da divulgação da face, isto é, a
realização e sensação da Providência de recompensa e punição de uma maneira que O que
conhece todos os mistérios testemunhará que ele não voltará à folia, é chamado ‘justo
incompleto’ ou ‘médio’”.
No entanto, de acordo com o que foi escrito acima, existe outro sinal de que uma pessoa está
percorrendo o caminho da verdade: o estado de negação. Em outras palavras, não obstante ela
vê que agora está num estado pior, isto é, antes de começar a percorrer o caminho da verdade
ela sentia-se mais perto de Kedushá [santidade], enquanto agora que começou a caminhar por
este caminho ela sente-se mais distante. Mas, de acordo com a conhecida regra: “a Santidade
é aumentada, não diminuída”, surge a pergunta: “Porque agora que ela está andando no
caminho da verdade, ela se sente que está regredindo, em vez de avançar, como deveria
suceder quando se está percorrendo o caminho da verdade? Pelo menos, ela não deveria
baixar do seu estado anterior”.
A resposta é que tem que haver ausência antes que haja presença. Isto significa que primeiro
deve haver um Kli [vaso], que é chamado de “falta” e então haverá espaço para preencher a
falta. Portanto, em primeiro lugar, é preciso uma pessoa ir em frente e colocar-se cada vez
mais perto da verdade. Em outras palavras, cada vez que for em frente, verá a sua situação:
que está imerso em amor-próprio. E em cada vez vê mais claramente que o amor-próprio é
mau porque o amor-próprio é o que nos impede de alcançar o deleite e o prazer que o Criador
preparou para nós, visto que é isto o que nos separa do Criador.
Desta forma, podemos entender que sobre aquilo que uma pessoa pensa (que está regredindo,
agora que começou no caminho da verdade), ela deve saber que isto não é assim. Pelo
contrário, ela está avançando em direção à verdade. Anteriormente, quando o seu trabalho não
se baseava em doação e fé, ela estava longe de ver a verdade. Mas agora ela tem de vir a
sentir o mal dentro de si, como está escrito: “Não haverá nenhum deus estranho dentro de ti”.
Os nossos sábios disseram “Quem é o estranho Deus no corpo de um homem? É a inclinação
ao mal”. Em outras palavras, dentro de uma pessoa, o desejo de receber é o seu maior mal.
E quando ela consegue reconhecer o mal, consegue dizer que o vai corrigir. No entanto, antes
que o mal atinja uma dimensão que não suporte, não haverá nada para corrigir. Assim, ela
terá de fato que percorrer um longo caminho frente à verdade, para ver a sua situação real.
E quando uma pessoa vê em si o próprio mal a uma extensão, que não consiga tolerar, ela
começa a procurar conselhos para sair dele. Mas o único conselho para um homem de Israel é
voltar para o criador, assim Ele abrirá seus olhos e seu coração e os preencherá com suprema
abundância, como os nossos sábios disseram: “Aquele que vem para ser purificado é
ajudado”.
Então, quando ele recebe ajuda do Criador, todas as suas falhas são preenchidas pela luz do
Criador, e ele começa a subir os degraus da santidade porque a necessidade já foi preparada
dentro dele, para ver o seu verdadeiro estado. Portanto, agora há espaço para receber a
perfeição.
E então a pessoa começa a ver como, a cada dia, de acordo com o seu trabalho, ascende cada
vez mais. No entanto, temos que despertar sempre o que o coração esquece, aquilo que é
necessário para a correção do coração: Amor de amigos, cujo objetivo é atingir o amor pelos
outros.
Esta não é uma coisa agradável para o coração, que é chamado “amor próprio”. Assim,
quando há uma reunião de amigos, devemos recordar-nos de trazer a pergunta, isto é que cada
um se deve perguntar a si mesmo quanto nós avançamos no amor aos outros, e quanto nós
fizemos para nos promover dessa maneira.
34. Deve-se Sempre Vender Tudo o Que Se Tem E Casar-se Com a Filha de Um Sábio
Discípulo

Artigo 14, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Um sempre deve vender tudo aquilo que tem e casar com a filha de um sábio
discípulo” (Pesachim, 49). Significa isto que ele deve vender todas as posses que ele adquiriu
através de seu trabalho. Portanto, ele deve dar tudo e abdicar de tudo e por sua vez levar a
filha de um sábio discípulo.
Significa isto que se ele não levar a filha de um sábio discípulo, todo o trabalho o trabalho
dado durante toda a sua vida em Torá e Mitzvot [mandamentos] está incompleto sem isso.
Somente se ele casar com a filha de um sábio discípulo será ele recompensado com sua
completude. É por isso que nossos sábios dizem que ele deve vender tudo aquilo que tem, ou
seja, que é vantajoso vender tudo pela filha de um sábio discípulo. Desta forma, devemos
entender o sentido de “a filha de um sábio discípulo”.
Baal HaSulam disse que um sábio discípulo é aquele que é um discípulo do sábio, ou seja,
que ele aprende do sábio e então ele é considerado um discípulo. Um sábio é o Criador, cuja
qualidade é somente doar. Aquele que aprende Dele a qualidade de doação é chamado um
“sábio discípulo” pois ele está a aprender Dele a qualidade de doação.
Com isso entenderemos aquilo que nossos sábios disseram, “Um sempre deve vender tudo
aquilo que ele tem e casar com a filha de um sábio discípulo”. Isto é, ele deve dar todo o
trabalho que ele deu em Torá e na obra e em troca receber uma posse de doação.
Significa isto que ele estabelecerá no seu coração uma nova natureza, em vez daquela que ele
tem naturalmente — um desejo de amor próprio. Agora ele receberá uma segunda natureza: o
desejo de doar. Isto é, todo o seu pensamento, palavra e ação serão somente em prol de doar
sobre o Criador, pois isto é o homem inteiro. Significa isto que um deve alcançar somente
este grau, pois tudo o que precisamos de alcançar são os Kelim [vasos]. Mas a abundância,
que é o preenchimento dos Kelim, vem do Criador, uma vez que mais que o bezerro quer
mamar, a vaca quer alimentar. Desta forma, tudo o que nos falta é o poder de doação.
Com isso podemos interpretar aquilo que está escrito em O Zohar (Pinehás, p 78, item 218),
“Se Israel forem recompensados, Ele desceria como um leão de fogo para comer as oferendas.
Se eles não forem recompensados, Ele desceria como um cão de fogo. ” É sabido que leão
implica Chéssed [misericórdia], que é a direita da Merkavá [carruagem], “Se eles forem
recompensados”. Onde ser-se recompensado significa puro, ou seja, doação. Então nos é
mostrado um olho por olho — que do alto, também, vem o discernimento de leão, ou seja, a
qualidade de Chéssed se expandiu aos inferiores e então a abundância foi bastante para os
inferiores.
“Se eles não forem recompensados”, ou seja, que eles não se envolveram em doação, mas
somente em amor próprio, então do alto o discernimento de cão seria prolongado. Um cão
implica, como está escrito em O Zohar sobre o versículo, “A sanguessuga tem duas filhas que
uivam como cães, dá-nos a riqueza deste mundo e dá-nos a riqueza do mundo vindouro”. Por
outras palavras, duas filhas que ladrão como cães: “Dá-nos a riqueza deste mundo e dá-nos a
riqueza do mundo vindouro”, que se trata somente de recepção e não de doação. Desta forma
do alto, também, nos é mostrado que não podemos doar abundância abaixo e isto é chamado
um “olho por olho”.
Sucede-se que nossa obra é somente sermos recompensados com Kelim [vasos] que sejam
adequados para a recepção da abundância, que são vasos de doação. Desta forma, uma pessoa
deve concentrar todos seus esforços numa coisa apenas, chamada “vasos de doação”. Esta
deve ser a única recompensa que ela quer alcançar da Torá e Mitzvot [mandamentos]. Com
isso ela vai alcançar Dvekút[adesão] com o Criador, que é o propósito do homem: de
alcançar Dvekút com o Criador.
Também vemos nas palavras de O Zohar que foi dito sobre o versículo, “A misericórdia das
nações é um pecado”. “Todo o bem que elas fazem, elas fazem por si mesmas”. Significa isto
que sua meta com toda a misericórdia, ou seja, os atos de doação que elas fazem, não são para
doar. Em vez disso sua intenção é para si mesmas, ou seja, para receber recompensa por isso.
Inversamente, elas não conseguem realizar atos de doação.
Mas o povo de Israel é capaz de realizar atos de doação. Devemos entender por que o povo de
Israel consegue realizar atos de doação e devemos também entender, de acordo com o que
escutamos das pessoas que se tornaram religiosas, que dizem que antes de se tornarem
religiosas eram mais capazes de realizar atos em prol de doar, mas posteriormente, ou seja,
assim que se tornaram religiosas, se tornou mais difícil para elas realizarem atos de doação.
Para entender o supracitado devemos recordar-nos o sabido que uma pessoa é chamada um
“ser criado” somente em que há uma vontade de receber nela, pois isto é chamado “criado em
existência a partir da ausência”. Sucede-se desta forma que por natureza ela é incapaz de
realizar qualquer ato de doação a menos que ela receba alguma recompensa em troca.
A recompensa não tem de ser que ele recebe alguma coisa pelo esforço. Em vez disso, ela
pode ser pacificar aquilo que ele recebe. Isto é, se certa compaixão despertou nele para
outrem e sua consciência não o deixa descansar, ao ponto que tem de ajudar outro, isto,
também, é considerado uma recompensa. Mas simplesmente fazer algo por outrem, para que
o outro desfrute, então diz para si mesmo, “O que eu vou ganhar com isso”?
Mas o povo de Israel, através do poder da Torá e Mitzvot, são capazes de obter uma segunda
natureza. Isto é, em vez da natureza com a qual nasceram — um desejo só de receber — eles
receberão uma segunda natureza, onde agora trabalham somente em prol de doar. Ele obtém
isto através da Torá e Mitzvot, que insta nele centelhas de doação que lhe trazem uma
sensação de querer se assemelhar a sua raiz. Mas sem a Torá e Mitzvot, uma pessoa não
consegue sair da sua própria natureza, que é o desejo de receber para si mesma e não
consegue realizar qualquer ato de doação sem recompensa.
Com isto vamos entender o que questionaram sobre aqueles que se tornam religiosos e dizem
que antes de serem religiosos tinham mais força para realizar atos de doação. Mas mais tarde,
quando se tornaram religiosos, eles sentem que é mais difícil realizar atos de doação.
Nós devemos responder a isso, como é explicado em A Introdução para o Livro
do Zohar (itens 29-30), onde ele escreve que na hora do seu nascimento sua vontade de
receber é somente por corporeidade. Desta forma, embora ele tenha obtido a vontade de
receber excessiva antes de ter treze anos, ainda não é o fim do crescimento da vontade de
receber. O principal crescimento da vontade de receber é retratado somente na espiritualidade,
uma vez que, por exemplo, antes de ter treze anos seu desejo de receber quer devorar toda a
riqueza e honra neste mundo corpóreo, que é revelado a todos, que é para ele um mundo
transitório que está acessível a todos e é percebido por todos como uma sombra fugidia.
Mas quando ele obtém a vontade de receber excessiva e espiritual, ele quer devorar para seu
próprio prazer todo o deleite e riqueza do eterno mundo vindouro, que é para ele uma posse
interminável para toda a eternidade. Assim, a vontade de receber é completada somente com
o desejo de receber espiritualidade.
Acontece que antes de se terem tornado religiosos eles tinham uma vontade de receber
corpórea, que ainda não era tão grande. É por isso que eles tinham mais força para realizar
atos de doação. Mas assim que se tornaram religiosos e sua vontade de receber cresceu com a
vontade de receber pela espiritualidade, tornou-se mais difícil pois agora a vontade de receber
tem mais força que quando eles tinham somente uma vontade de receber corpórea. Desta
forma, antes de se tornarem religiosos, eles tinham alguma força para realizar atos de doação.
Mas assim que se tornaram religiosos, obtendo a vontade de receber espiritual, é agora mais
difícil para eles se envolverem em questões de doação.
Por esta razão, não pode ser dito que agora se tornaram piores, ou dizer que os religiosos são
piores pois é mais difícil para eles realizarem atos de doação. Em vez disso, a vontade de
receber se tornou maior, então é mais difícil a superar. Por exemplo, antes de ele ter obtido a
vontade de receber espiritual, seu mal era de trinta por cento. Posteriormente, assim que
obteve a vontade de receber espiritual, seu mal adquiriu outros setenta por cento. Desta
forma, agora ele precisa de poderes maiores para ser capaz de a superar.
Porém, não devemos dizer que agora sua força diminuiu. Pelo contrário, agora ele deve achar
o remédio para derrotar o poder do mal que obteve. E o remédio para isto é manter Torá
e Mitzvot com a intenção que a luz nela o reforme.
Sucede-se desta forma que ele avançou e obteve mais mal em prol de o corrigir. Mas todo o
começo é difícil e desta forma agora ele pensa que se tornou pior. Porém, ele deve saber que
cada vez lhe é dado mais mal para corrigir até que seja recompensado com corrigir tudo.
[Para continuar os esclarecimentos do Artigo, veja o próximo Artigo]
37. Pode Uma Coisa Negativa Descer De Cima

Artigo 15, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Uma explicação sobre aquilo que foi dito no artigo nº 14 sobre as palavras em O Zohar,
Pinehás (item 78) “Se Israel forem recompensados, desceria como um leão de fogo para
comer as oferendas. Se eles não forem recompensados desceria como um cão de fogo”.
Foi questionado sobre isso, “Como pode algo negativo descer do alto”? Devemos entender
que o que vem do alto é para fazer o bem. Quando algo não positivo vem, que correção vem a
partir daí, que possamos dizer que veio do alto como um cão de fogo? Afinal de contas isto
não é positivo.
Devemos entender isto com uma alegoria. Uma pessoa que tinha um filho doente foi ao
médico, que lhe deu um remédio. Contudo, isto não ajudou seu filho. Os amigos o
aconselharam que uma vez que há um grande professor lá, embora ele cobre imenso dinheiro
é vantajoso o ver pois ele é um grande perito. Quando foram até ele, ele examinou a criança
doente e disse que seu filho estava perigosamente doente e disse o nome da doença da
criança.
O homem pagou-lhe o preço que haviam acordado em avançado e quando regressou ao seu
lar disse aos seus amigos, “Tu me aconselhaste a ir ver este grande perito e que é vantajoso
lhe pagar imenso dinheiro. Mas no fim, o que fez o grande perito? Ele disse que meu filho
tem uma doença pior que o médico que não é perito me disse. Foi vantajoso para mim pagar
tanto dinheiro, para que ele me dissesse que meu filho tem uma doença tão terrível? Afinal,
por que fui eu ao médico? Para curar o paciente, não para dizer que meu filho tem uma
terrível doença.
Os amigos lhe disseram que de acordo com o diagnóstico do grande perito da sua precisa
doença, agora podemos saber como o curar. Curar a doença não exige um grande médico pois
nós já sabemos que remédio receitar para cada doença. A coisa importante é saber qual é a
verdadeira doença. Sucede-se que a grande soma que se paga a um grande perito em
comparação com um médico que não é especialista é precisamente qual é a doença.
Acontece que determinar o defeito, que é considerado negativo, isso é independentemente
positivo. Isto é, conhecer a doença é na realidade uma correção pois agora ele sabe o que
corrigir. Sucede-se que conhecer a doença faz parte de curar a doença, uma vez que é
impossível curar a doença se ele não souber a causa da doença. Desta forma, quando um cão
de fogo desce, a imagem do cão indica que os inferiores estão debaixo do governo do amor
próprio, a que o Zohar chama Hav!,Hav! [Ladrar, mas também “dá”]como um cão, isso é
considerado positivo, pois agora sabemos o que corrigir, que tudo o que é necessário é
corrigir os vasos de recepção.
Sucede-se que a imagem do cão de fogo que desce do alto vem para o propósito de correção,
não para o propósito de corrupção. Desta forma, isto, também, é considerado positivo e não
como negativo. Tudo aquilo que vem do alto, embora pareça um defeito para o inferior,
quando na verificação os inferiores veem que tudo é pelo seu bem, então saberão o que
devem corrigir em si mesmos.
Uma explicação para o artigo nº 14 (1984) a respeito da vontade de receber corpórea, que é
apenas metade de um grau da vontade de receber. Quando ele recebe a vontade de receber
espiritual, ele é complementado com a completa vontade de receber. Desta forma se sucede
que quando ele tem uma vontade de receber corpórea, ele não é mau, então por que precisa
ele de receber uma vontade de receber espiritual, para ser pior? Assim, eu diria que é melhor
dizer que é melhor permanecer na vontade de receber corpórea. Por que me devo eu esforçar
para obter a vontade de receber espiritual e me tornar pior? E por que deve um entrar num
local de perigo que ele pode não ser capaz de corrigir? Deste modo, é certamente melhor
permanecer na vontade de receber corpórea, ou seja, que todas suas paixões sejam somente
por coisas corpóreas e não desejar a espiritualidade de todo.
Está escrito na “Introdução ao Livro do Zohar” (item 29): “A primeira divisão é para obter a
excessiva vontade de receber sem restrições, na sua completa, medida corrompida de debaixo
das mãos dos quatro mundos impuros ABYA. Se não tivermos essa vontade de receber
corrupta, não seremos capazes de a corrigir, pois um não consegue corrigir aquilo que não se
encontra nele”.
Assim, não temos escolha senão fazer coisas que nos tragam ao atingimento da vontade de
receber espiritual. Mas isso, também, não é fácil. Uma pessoa pode obter a vontade de receber
espiritual pois isso depende da medida de fé. Isto é, uma pessoa deve primeiro acreditar que
há a espiritualidade e que ela é mais importante que qualquer prazer corpóreo, à medida que é
vantajoso abdicar de prazeres corpóreos em prol de obter prazeres espirituais. Assim, há
muito trabalho para fazer e nem todos a conseguem obter.
E, todavia, isto ainda é considerado mau, ou seja, que ela obteve uma vontade de receber
corrupta. Este é o sentido de, de Lo Lishmá [não pelo Seu bem] um chega a Lishmá [pelo Seu
bem]. Isto é, primeiro um deve alcançar o grau de Lo Lishmá e então é possível corrigi-lo
para Lishmá, pois é impossível direcionar onde não há ação. Assim que há uma ação, é
possível tentar fazer com que a ação siga o caminho certo chamado “pelo Criador”.
De acordo com o citado, sucede-se que temos quatro discernimentos gerais na obra do
homem, que ele precisa em prol de alcançar a completude para a qual foi criado. 1) receber
em prol de receber 2) doar em prol de receber; 3) doar em prol de doar; 4) receber em prol de
doar.
O primeiro discernimento, receber em prol de receber, é o primeiro grau e as criaturas
nasceram com este discernimento. Isto é, elas nada entendem mais que amor próprio. Elas
não têm interesse em fazer alguma coisa boa para alguém e estão totalmente imersas — de
acordo com a natureza com a qual nasceram — na vontade de receber somente para si
mesmas. O mundo inteiro está neste estado e não há diferença de um para o outro.
O segundo discernimento é doar em prol de receber. Este é um grau que transcende a maioria
das pessoas, que estão habituadas a fazer coisas somente em prol de receber, enquanto essa
pessoa realiza uma ação de doação. Porém, ela deve explicar por que quer ela ser diferente do
resto do mundo, ou seja, fazer coisas contrárias à natureza com a qual ela nasceu. Nessa altura
ela diz para seu corpo: “Sabei, que ao realizar uma ação de doação, tu receberás mais prazer”.
Ela deixa seu corpo entender que é vantajoso acreditar que vai compensar cancelar as ações
de auto recepção e realizar ações de doação. Isto é chamado Lo Lishmá, da qual disseram
nossos sábios, “De Lo Lishmá chegamos nós a Lishmá. ”
Isto é um trampolim para avançar de estado para estado — do estado de Lo Lishmá para um
estado de Lishmá, uma vez que em respeito à ação elas são o mesmo. Isto é, você não
consegue discernir e dizer que há alguma coisa para acrescentar a uma ação Lishmá. Desta
forma, pois em termos de ação são o mesmo, não há trabalho aqui no que diz respeito à ação.
Em vez disso, seu inteiro trabalho está na intenção. Significa isto que eles precisam de pensar
somente se aquilo que estão verdadeiramente a realizar é por causa do mandamento do
Criador, pois o Criador nos ordenou a fazer Mitzvot [mandamentos] e nós queremos manter
suas Mitzvot pois é uma grande recompensa para nós O servirmos e Ele nos deixou saber
como O podemos servir.
Nessa altura vem o trabalho do escrutínio de se realmente é assim — que sua inteira intenção
em Torá e Mitzvot é de doar ou se ele tem outras considerações, ou seja, considerações de
amor próprio e é por isso que ele observa Torá e Mitzvot.
Quando vê que ainda está longe de realizar todas as suas ações pelo Criador, ele precisa de
um verdadeiro escrutínio. Há muitas pessoas que não têm esse escrutínio da verdade, que
pensam que estão realmente a trabalhar pelo Criador. Embora não sejam a cem por
cento Lishmá, frequentemente sentem que isto é Lishmá, embora haja ainda mais para
acrescentar a respeito de Lishmá. Contudo, a verdade é que elas não têm a verdadeira
percepção, ora por causa de sua natureza ou pois ainda não tiveram um bom professor para
lhes mostrar o modo de não se enganarem a si mesmas.
Desta forma, elas não conseguem alcançar Lishmá pois Lishmá é chamada “verdade”, e Lo
Lishmá é chamada “falsidade”. Todavia, deve haver um meio entre a verdade e falsidade, de
modo a ser um trampolim da falsidade para a verdade. O meio entre a verdade e a falsidade é
uma mentira na verdade. Por outras palavras, há uma mentira, mas não é realmente uma
mentira pois ele pensa numa mentira que é a verdade. Sucede-se que ela não é realmente uma
mentira. Contudo, se ele sabe que está a avançar em falsidade então ele caminha no caminho
da verdade pois ele já sabe que é na realidade uma mentira. Nessa altura, ele tem um
trampolim, pois somente então pode ele realmente chegar à verdade real, ou seja, da verdade
da falsidade até à verdade da verdade.
Enquanto um não sabe que ele avança pelo caminho da falsidade, por que deve ele mudar seu
caminho e avançar por outro caminho, se ele não tem o entendimento de que está na
falsidade? Somente se ele chegar a conhecer que realmente está na falsidade será ele capaz de
mudar seu caminho e avançar pelo caminho da verdade.
Deste modo sucede-se que se uma pessoa já tem o caminho da verdade ela avança no
caminho de Lishmá, embora ela ainda esteja a meio do caminho. Por exemplo, uma pessoa
que quer ir para Jerusalém entra num automóvel e conduz de acordo com o sinal que diz,
“Jerusalém”. Porém, até se ela já viajou oitenta ou noventa por cento do caminho para
Jerusalém, ela ainda não está em Jerusalém. Somente quando ela chega realmente a Jerusalém
se pode dizer que ela está em Jerusalém.
Isso é semelhante na espiritualidade. Se dizemos que Jerusalém se chama “verdade”, ou seja,
Lishmá, então antes de uma pessoa entrar em Lishmá, que é a verdade, temos de dizer que ela
ainda está em falsidade, ou seja, em Lo Lishmá, que é chamada “falsidade”. Até quando ela
avançou quase o dia inteiro e já se encontra perto do portão, chamado “verdade”, que
é Lishmá, ela ainda está fora. Acontece que uma pessoa não consegue saber se ela
alcançou Lishmá antes que seja recompensada com entrar em Lishmá.
Mas quando pode um saber se ele já entrou no grau de Lishmá? Qual é o sinal pelo qual saber
se ele já está no grau da verdade?
Encontramos a resposta para isto na “Introdução a Talmud Eser Sefirot” (item 56): “Com isto
entendereis aquilo que disseram nossos sábios, ‘Como é o arrependimento? Até que Aquele
que conhece todos os mistérios testemunhe que ele não regressará à folia’”. Isto parece
perplexo, pois quem pode ir até aos Céus e escutar o testemunho do Criador? Também
perante quem deve o Criador testemunhar? Não é suficiente que o Próprio Criador saiba que a
pessoa se arrependeu de todo o coração e não venha a pecar novamente? Do que é explicado,
a questão é muito simples. Certamente, um não está completamente certo que ele não venha a
pecar até que tenha sido recompensado com a supracitada orientação clarificada da
recompensa e punição ou seja, a revelação da face. Essa revelação da face da parte do Criador
é chamada “testemunho”. Foi por isso que lhe foi dado um claro sinal, ou seja, “até Aquele
que conhece todos os mistérios venha a testemunhar por ele”.
Acontece que quando uma pessoa alcançou a doação ela é recompensada com a revelação da
face do Criador. Isto é chamado de Aquele que conhece todos os mistérios testemunha sobre
ela que ela alcançou Lishmá. Isto é chamado o “terceiro discernimento”, doar em prol de
doar, considerado ter alcançado Lishmá, que significa que ela alcançou o grau da verdade.
Isto veio até ela através do trampolim que é ir de Lo Lishmá até Lishmá, mas certamente com
todas as condições a que temos de obedecer de modo a não permanecer em Lo Lishmá.
E depois dela ter completado o grau de doar em prol de doar vem o quarto discernimento, que
é receber em prol de doar. Este é o grau da inteireza. Significa isto que ela alcançou um grau
onde ela diz, “Eu quero receber a luz e prazer pois seu que quero manter o propósito da
criação, pois o Criador criou a criação pois Ele deseja fazer o bem às Suas criações”. Deste
modo, ele quer receber o deleite e prazer do Criador, pois esta é Sua vontade.
Pela razão do amor próprio, ele não tem desejo ou anseio por isto, dado que ele já alcançou o
grau de equivalência de forma chamado “doar em prol de doar”. Deste modo, agora ele quer
obedecer à vontade do Criador, que é Seu desejo de fazer o bem às Suas criações.
Devemos saber que há a questão do propósito da criação e a questão da correção da criação.
O propósito da criação é fazer o bem às Suas criações, ou seja, que as criaturas recebam
deleite e prazer. Acontece que quanto mais elas recebem prazer, mais o Criador desfruta.
Portanto, aquele que está num grau de completude quer sempre receber muito deleite e prazer.
Como foi explicado, este é o propósito da criação — de fazer o bem às suas criações.

Mas aquele que alcançou o grau de doar em prol de doar, que é Dvekút [adesão] e
equivalência de forma, está ainda somente na correção da criação. Significa isso que a criação
deve chegar a um estado onde eles receberam deleite e prazer e posteriormente recebendo
todos os prazeres eles ainda permanecem na doação. Isto é chamado “receber em prol de
doar”.
41. A Respeito da Doação

Artigo 16, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Explicando a respeito da doação. Quando uma pessoa serve alguém que o mundo considera
importante, a pessoa importante não precisa recompensá-la pelos seus serviços. Pelo
contrário, o próprio serviço a uma pessoa importante já é considerado, por si só, como
recompensa. Isto significa que se alguém sabe que se é uma pessoa importante, desfruta em
servi-la e não precisa de mais recompensa pelo seu serviço. Pelo contrário, o próprio serviço é
o seu prazer.

Mas se estiver servindo a uma pessoa comum, ele não obtém prazer no serviço e tem que ser
recompensado pelo serviço. Isto significa que se ele fizer o mesmo serviço para uma pessoa
importante, não precisa de recompensa.

Por exemplo, uma pessoa importante chega de avião, carregando uma mala pequena, muitas
pessoas estão esperando sua chegada e, a pessoa importante entrega a sua mala a alguém para
levá-la ao carro que a levará para casa. Por esse serviço, ela quer dar-lhe, digamos, cem
dólares. Ele certamente se recusará a receber dela, porque o prazer que ele obtém por seu
serviço é maior que os cem dólares que ela está lhe dando.

Mas se fosse uma pessoa comum, ele não a serviria nem por dinheiro. Em vez disso, ele lhe
diria: “Aqui há porteiros, eles carregarão a sua mala para o carro. Quanto a mim, servi-lo é
rebaixar-me. Mas, uma vez que é o trabalho dos porteiros, eles ficarão felizes em servi-lo se
você os paga”.

Assim se vê, que na sua mesma ação, há uma diferença e uma significativa distinção, não no
ato, mas para quem é feito—se o está fazendo para uma pessoa importante. Isso depende
apenas da importância do indivíduo aos olhos da pessoa, isto é, o que ele sente sobre a
grandeza da pessoa. Não importa se ele entende que é uma pessoa importante ou se outros à
sua volta lhe dizem que é uma pessoa importante; isto por si já lhe dá a força para servi-la
sem necessitar qualquer recompensa.

De acordo com o exposto, devemos entender a verdadeira intenção de quem está servindo a
pessoa importante. Sua intenção é desfrutar servi-la, já que considera isso um grande
privilégio? Ou é por obter um grande prazer em servi-la? De onde o prazer de servir a pessoa
importante chega a ele? Ele não sabe. No entanto, está vendo algo natural—que há um grande
prazer aqui envolvido— portanto ele quer servi-la.

Em outras palavras, é seu objetivo que esta é uma pessoa importante e, portanto, ele quer que
a pessoa desfrute? Ou será que quer servi-la porque lhe dá alegria? Ou seja, se pudesse ter o
mesmo prazer, que obtém em servi-la, através de outros meios, será que renunciaria este
serviço, uma vez que só quer servi-la por sentir que aqui poderia encontrar um bom
sentimento e é por isso que a serve?

A questão é se o serviço é por querer que a pessoa importante se sinta bem, sendo o prazer
que obtém em servi-la apenas um resultado, mas seu propósito não é por ele próprio, mas
apenas para que a pessoa importante se sinta bem. Ou não está de fato pensando na pessoa
importante, mas todos os seus cálculos são sobre quanto prazer consegue obter disso?
E se perguntarmos: “Será que importa com que intenção ele está trabalhando”? A resposta é
que devemos saber o que os vasos de doação significam.

Há três discernimentos que encontramos em um ato de doação:

Ele se engaja na doação aos outros—seja com o seu corpo ou com o seu dinheiro— a fim de
ser recompensado por isso. Em outras palavras, o serviço em si não é suficiente para lhe dar
prazer. Pelo contrário, ele quer que lhe seja dado algo mais em contrapartida por isso. Por
exemplo, ele quer receber honra em troca do seu trabalho de doação. Por isso, ele tem força
para trabalhar. Mas se ele não estivesse confiante de que receberia honra em contrapartida, ele
não faria o que faz pelos outros.

Ele se engaja na doação aos outros e não deseja receber qualquer recompensa pelo seu
trabalho, ou seja, outra coisa, algo mais. Em vez disso, ele se satisfaz realizando atos de
doação. Está na sua natureza gostar de fazer bem aos outros e este é todo o seu prazer.
Certamente, este é um grau superior ao primeiro, pois daqui vemos que ele faz as coisas com
o objetivo de fazer bem aos outros. Devemos chamar isso: “Doando com a finalidade de
doar”.

No entanto, se olharmos um pouco mais fundo e analisarmos a sua intenção real em dar aos
outros, ele faz todas essas ações porque deseja desfrutar—ou seja, por amor-próprio, já que
pela sua natureza ele aprecia atos de doação—ou é o seu objetivo desfrutar os outros tendo
coisas boas?

Em outras palavras, ele está desfrutando que os outros estejam de bom humor e é por isso que
ele tenta fazer bem aos outros, para que eles estejam com o espírito elevado e desfrutem suas
vidas? E se por acaso ele visse que existe outra pessoa e, que essa pessoa fosse mais bem-
sucedida que ele em fazer o que ele deseja fazer às pessoas de sua cidade, renunciaria ele seu
prazer em realizar atos de doação e tentaria que a outra pessoa o fizesse?

Com efeito, se essa pessoa—que se envolve em atos de doação sem querer qualquer
recompensa por seu trabalho—não puder fazer a concessão de deixar a outra pessoa fazer tais
coisas pelas pessoas da sua cidade, embora saiba que a outra pessoa é mais competente, ainda
não podemos chamar a isto de “doar com a finalidade de doar” já que, ao fim de contas, o
amor-próprio é o seu fator determinante.

Ele está trabalhando para não receber qualquer recompensa. E se ele vê que há outra pessoa
que é mais competente, ele declina do prazer de doar aos outros e preocupa-se somente com o
bem-estar do outro. Isso é chamado de “doar com a finalidade de doar”.

Assim, há um amplo escrutínio que deve ser feito aqui sobre a sua real intenção: se quer
espírito elevado para si mesmo e é por isso que o serve, ou se está a tentando dar espírito
elevado à pessoa importante.

Para compreender a distinção anterior, podemos entender a questão através de uma pessoa
imaginando a si mesma como alguém muito importante e, é por isso que deseja agradar-lhe,
para que fique com espírito elevado e, é por isto que quer servi-la. Mas, durante o serviço, ela
própria fica com espírito elevado e sente-se eufórica. Agora sente que todos os prazeres que
sentiria na sua vida não são nada comparados com o que está sentindo agora, dado estar
servindo a pessoa mais importante do mundo e, não tem palavras para descrever a satisfação
que decorre de querer que a pessoa importante esteja em espírito elevado.

Agora ele pode analisar-se, ou seja: Qual seu objetivo em querer satisfazer a pessoa
importante—estará ele cuidando do seu próprio bem, isto é, quer agradar-lhe porque isto lhe
daria espírito elevado—ou sua intenção é apenas que a pessoa importante desfrute, para que a
pessoa esteja com espírito elevado e tem um grande desejo em servi-la só pela grandeza dessa
pessoa?

Assim, embora durante o serviço ele sinta o grande prazer que é obtido durante o serviço, não
obstante, se ele sabe que há alguém que poderia dar mais satisfação à pessoa importante se
fosse esse outro a servi-la, ele cede o seu próprio prazer, que possa sentir durante o serviço.
Em vez disso, deseja de todo o coração pelo outro para fazer este serviço, porque lhe traria
mais satisfação que se fosse ele a servi-la.

Resulta que, se ele concordar em ceder o seu serviço—mesmo que experimente um grande
prazer do seu serviço e ainda, para beneficiar a pessoa importante e torná-la mais contente,
deixa-a porque não está pensando em si mesmo, mas apenas no benefício da pessoa
importante—considera-se que ele não tem intenção de benefício próprio. Em vez disso, é tudo
a fim de doar e não tem nenhuma consideração de si mesmo. Então, tem o escrutínio
completo, pois não pode enganar a si mesmo, e isso é chamado de “doação completa”.

No entanto, devemos saber que não se pode atingir isto por conta própria. Pelo contrário, é
dito sobre isto (Kidushin, 30): “a inclinação do homem supera-o cada dia e tenta matá-lo,
como está dito: ‘O ímpio espreita o justo e procura matá-lo’. E se o Criador não o ajudar, ele
não iria vencê-lo, como está dito: ‘O Senhor não o deixará na mão’”.

Isto significa que primeiro, é preciso ver se ele tem a força para vir a ser capaz de agir com a
intenção de dar contentamento ao Criador. Então, quando tiver percebido que não pode
alcançá-lo por si mesmo, essa pessoa foca sua Torá e Mitzvot num único ponto, que é esse: “a
luz nela contida corrige-a”, então, esta será a única recompensa que quer da Torá e Mitzvot.
Em outras palavras, a recompensa pelo seu trabalho será para o Criador para dar-lhe essa
força chamada de “o poder de doação”.

Existe uma regra que quem faz um esforço, ou seja, cancela seu descanso, é porque quer
alguma coisa, pois sabe que sem trabalho não lhe será dado, então ele precisa trabalhar. Por
este motivo, uma pessoa que se esforça em manter Torá e Mitzvot certamente deve ter falta
de alguma coisa, por isso se esforça em Torá e Mitzvot, para obter o que deseja através dela.

Assim, é preciso prestar atenção e contemplar o que quer—qual é a recompensa que quer pelo
seu trabalho—antes de começar o seu trabalho de servir o Criador. Ou, simplesmente, qual é a
razão que o obriga a envolver-se em Torá e Mitzvot? Então, quando determina o que
necessita, pelo que deve trabalhar, uma pessoa começa a pensar muito, até ser difícil para ela
saber o que realmente quer.

É por isso que existem muitas pessoas que, quando começam a contemplar a finalidade do seu
trabalho, não conseguem determinar a verdadeira meta. Por esta razão, eles dizem: “Porque
devemos cansar-nos de examinar”? Em vez disso, eles trabalham sem qualquer propósito e
dizem: “Estamos trabalhando para o próximo mundo”.

E o que é o próximo mundo? “Porque deveremos pensar sobre isso? Nós só acreditamos que é
bom e isso basta. Quando recebermos a recompensa do próximo mundo, então saberemos o
que é. Por que devemos começar com escrutínios”?

Apenas alguns dizem que há a questão de Dvekút [adesão] com o Criador e que para alcançar
Dvekút precisam alcançar equivalência de forma, ou seja: “Como Ele é misericordioso,
também vocês também são misericordiosos”. E então ele começa a tentar atingir equivalência
de forma—que todas as suas ações serão em doação—pois só então a restrição e a ocultação
que existem no mundo são removidas dele, e ele começa a sentir a Kedushá [santidade].

Mas quando começa a atingir o grau de doação em seu trabalho, vê que está muito longe
disso, que não tem qualquer desejo por um pensamento, palavra ou ato que tenha a
capacidade de direcionar para doação. E então ele não sabe o que fazer para obter o poder da
doação. E cada vez que aumenta o seu esforço, vê que toda esta questão está longe dele. Ao
final, percebe que não é humanamente possível que nunca vai alcançá-lo.

Então, percebe que só o Criador pode ajudá-lo e só então entende que deve envolver-se na
Torá e Mitzvot para receber recompensa. E a recompensa pelo seu trabalho será que o
Criador lhe dê o poder da doação. Esta é a recompensa que ele espera, visto que quer atingir
Dvekút com o Criador, que é equivalência de forma, ou seja, doação.

E esta é a única recompensa que espera—que através do seu trabalho em Torá e Mitzvot lhe
seja dado o que ele não pode obter por si mesmo, pelo contrário, ele precisa que outrem lhe
dê. É como o trabalho na corporeidade: uma vez que alguém não consegue obter dinheiro
por si mesmo, trabalha e, em troca é pago com dinheiro. Da mesma forma, na
espiritualidade, o que não consegue obter por si mesmo, precisa que alguém lhe dê e isto é o
que chamamos “recompensa”.

Portanto, quando uma pessoa deseja alcançar a qualidade de doação, porque quer atingir
Dvekút com o Criador e, não pode obter esta qualidade, mas, precisa que o Criador lhe dê,
aquilo que ela quer que lhe seja dado é chamado “recompensa”. Visto que existe uma regra
que se alguém quiser recompensa, precisa fazer um esforço e trabalhar, ele mantém Torá e
Mitzvot para que lhe seja dada esta recompensa, o que é chamado “o poder de doação”, no
sentido de sair do seu amor-próprio e receber um desejo de ter a força para se envolver
somente no amor dos outros.

Este é o significado de “Deve-se sempre envolver-se em Torá e Mitzvot em Lo


Lishmá (não em Seu nome), para de Lo Lishmá chegar-se a Lishmá (em Seu nome), porque
a luz nela reforma-a”. Assim, através do trabalho em Torá e Mitzvot para alcançar Lishmá,
atingirá o grau de Lishmá por trabalhar em primeiro lugar. É por isso que ela é
recompensada com a luz aí contida, que a reforma e, é considerado que lhe foi dado do alto
o poder de doação.

No entanto, devemos perguntar: “Porque é necessário primeiro se esforçar para depois ser
dada a luz da Torá? Porque não é dada a luz da Torá imediatamente, para que o reforme
instantaneamente? Também, porque esforçar-se e trabalhar por nada e perder tempo por
nada? Não seria melhor se lhe fosse dado o direito à luz logo no início do seu trabalho, ou
seja, que recebesse imediatamente a luz e começasse imediatamente seu trabalho em
Lishmá”?

A questão é que não há luz sem um Kli (vaso), e um Kli significa um desejo. Em outras
palavras, quando uma pessoa tem uma necessidade e deseja satisfazer essa necessidade, isso
é chamado “um Kli”. Só então, quando ela tem um Kli— ou seja, um desejo por alguma
satisfação—pode-se dizer que lhe é dado o preenchimento e ela está satisfeita com o
preenchimento que lhe foi dado, pois foi por isto que desejou. Recompensa é considerada
um preenchimento, quando o desejo recebe. Além disso, a medida da importância do
preenchimento depende da medida do desejo. E na medida do seu sofrimento, nessa
amplitude, desfruta-se o preenchimento.

Por esta razão, é impossível dar a uma pessoa uma luz que a corrigirá quando não tem
qualquer desejo por ela. Isto porque corrigi-la significa que perderá o poder do amor-próprio
e receberá o poder do amor dos outros.

Se uma pessoa não deseja sair do amor-próprio e lhe é dito: “Faça algum trabalho e em troca
não terá qualquer desejo de amor-próprio”, ela não considera isto uma recompensa. Pelo
contrário, acha que pelo trabalho que fez para o patrão, ele a deveria ter recompensado pelo
seu trabalho. Mas em troca, ele está lhe dando algo muito ruim, de tal forma que ele perderia
todo o amor-próprio num instante. Quem concordaria com isso?
Por esta razão, primeiro deve-se estudar em Lo Lishmá, para que através disso, o corpo a
apoie, uma vez que uma pessoa está disposta a desistir de um pequeno prazer para receber
um grande prazer. Mas, por natureza, é incapaz de imaginar prazer, ao menos que esteja
baseado em amor-próprio. Por isso, lhe é dito que será recompensada pelo envolvimento na
Torá e Mitzvot. Isto não é uma mentira, pois ela será certamente recompensada. Em outras
palavras, lhe é dito que, pelo seu esforço na Torá e Mitzvot, ela será recompensada, e esta é
a verdade, visto que será efetivamente recompensada, mas a recompensa mudará.

Por exemplo, um pai diz ao seu filho: “Se você for um bom menino, vou comprar-lhe um
carro de brinquedo, um carro de plástico”. Depois, o pai vai para o estrangeiro e volta vários
anos mais tarde. O filho já cresceu, chega ao pai e diz-lhe: “Pai, antes de ir para o
estrangeiro, prometeu-me um carro de brinquedo de plástico”. Então o seu pai vai e compra-
lhe um carro de verdade, que pode viajar grandes distâncias.

O filho já é inteligente e entende que agora não é hora de um carro de plástico, mas de um
carro de verdade. É isto considerado um engano do seu pai? Claro que não! Em vez disso,
agora o jovem vê que quando era uma criança, só podia entender uma recompensa
insignificante.

Também aqui ele começa com uma recompensa insignificante, chamada Lo Lishmá,
significando que está esperando ser recompensado com algo que não vale nada comparado
com a verdadeira recompensa que irá receber—sendo recompensado com Lishmá, que é o
Kli no qual se pode receber o deleite e o prazer que o Criador deseja doar. Esses são os
verdadeiros prazeres.

Segue que, dizendo-lhe para trabalhar em Lo Lishmá, ou seja, para ser recompensado, isso é
verdade, significando que quando tem por objetivo doar, ele também será recompensado. A
única falsidade é na própria recompensa. Enquanto uma pessoa está em Lo Lishmá, pensa
que lhe será dada uma recompensa diferente, que o Kli que a recebe é chamado de “amor-
próprio”.

Mas depois, quando uma pessoa cresce, começa a entender que os Kelim [vasos] que
realmente recebem a recompensa são os Kelim de doação, que é precisamente através
daqueles Kelim que o verdadeiro deleite e prazer é recebido. Nesse momento, sente que é o
homem mais feliz do mundo. Mas a recompensa que desejava ter recebido enquanto estava
em Lo Lishmá era uma recompensa adequada somente para um menino.

Assim, quando se ensina a receber recompensa e prazer pelo seu trabalho em Lo Lishmá,
isso não é considerado uma mentira, pois ele não perde nada por a sua recompensa ter sido
trocada por uma recompensa maior. Só devemos explicar que Lo Lishmá, ou seja, esta
recompensa, não é o nome verdadeiro, como ele pensa. Pelo contrário, a recompensa tem
um nome diferente do que ele pensava. No entanto, uma recompensa continua a ser uma
recompensa, e a recompensa não é alterada; somente o nome da recompensa muda: de uma
recompensa falsa e imaginária para uma recompensa verdadeira.

De todo o exposto, conclui-se que a principal coisa que uma pessoa precisa em troca do seu
trabalho em Torá e Mitzvot é que o Criador lhe dê os vasos de doação, os quais não
consegue obter por si mesma, porque são contrários à natureza. No entanto, este é um
presente do alto—que a sua recompensa será sempre esperar o momento em que possa
trazer satisfação ao Criador. E uma vez que esta é a recompensa que espera, isto é chamado
“a sua recompensa”.

Para entender o exposto, devemos olhar no “Prefácio Geral da Árvore da Vida” (ponto 3),
onde está escrito: “A raiz da escuridão é o Massach no Kli de Malchut e, a raiz da
recompensa está enraizada na Luz Refletida que sai através de um Zivug de Haka’á”.
Aí ele oferece a raiz do que vemos neste mundo—que tudo o que vemos neste mundo é
um ramo que se estende das raízes, dos mundos superiores. Então ele diz: “A raiz do
trabalho que uma pessoa sente neste mundo provém da raiz do Massach no Kli de
Malchut”.

Isto significa que o Kli que as criaturas têm é chamado “um desejo de receber prazer”,
que o Criador criou devido ao Seu desejo de deleitar as Suas criaturas. Por isso, Ele
criou nas criaturas um desejo de receber prazer. Nas Sefirot superiores, isto é chamado
Malchut.

Depois, aprendemos que havia um Tzimtzum (restrição). Isto significa que a pessoa não
quer ser um receptor, porque quer equivalência de forma com o Criador; assim, uma
regra foi criada na Kedushá (santidade) de que nada é recebido, ao menos que haja uma
intenção de doar.

Este é o significado da correção do Massach (tela). Já que estamos falando de luzes


superiores, não querer receber a luz é chamado “Massach”. É como uma pessoa que
coloca uma cortina ou um véu quando o sol brilha muito intensamente e não quer
receber a luz solar, de modo que o sol não brilhe na casa.

Assim, quando se fala de luzes superiores, embora Malchut tivesse um grande vontade
e desejo de receber a luz do prazer, mesmo assim abdicou do prazer, não o recebendo
porque queria equivalência de forma. Isto é chamado “trabalho”, ou seja, fazer algo
contra a sua vontade—prevenindo-se de receber o prazer.

No mundo corpóreo, também, quando uma pessoa deve abdicar algum prazer é
considerado um esforço. Por exemplo, se uma pessoa gosta de descansar e por algum
motivo tem que deixar o seu descanso e fazer alguma coisa, isso é chamado “trabalho”.

Ele também nos mostra como, quando o ramo corpóreo recebe uma recompensa, onde
está enraizada nos mundos superiores. Nos mostra que a raiz da recompensa se estende
da Luz Refletida—o desejo de doar que sai do Zivug de Haka’á que ocorreu entre a luz
superior e o Massach e Aviut [espessura] (ver O Estudo das Dez Sefirot, Parte 4, Item
8). Ele escreve: “A vestimenta Luz Refletida surge como resultado de duas forças”.

Na espiritualidade, um Zivug de Haka’á significa que se duas coisas são opostas uma a
outra, é considerado como Haka’á (colidindo/batendo). Isso significa que, por um lado,
uma pessoa realmente quer tal coisa, porque vê que lhe dará imenso prazer, mas por
outro lado, ele supera e não a recebe, porque quer equivalência de forma.

De fato, existem dois desejos aqui: 1) O desejo da pessoa de receber prazer, e 2) o seu
desejo por equivalência de forma. E, desses dois, nasce uma coisa nova, chamada
“vestimenta de Luz Refletida”. Com esta força, ela pode posteriormente obter a
abundância superior, porque esta Luz Refletida é o Kli adequado para a recepção da
graça.

Em outras palavras, com este Kli ele tem duas coisas: 1) recebe o prazer que é
encontrado na abundância superior, que vem do pensamento de criação, de fazer bem às
Suas criações. 2) ao mesmo tempo, ele encontra a si mesmo, em equivalência de forma,
que é o segundo discernimento que ele tem sobre a recepção da abundância.

De todo o exposto, vemos que a recompensa total é somente a Luz Refletida, que é o
poder de doação que o inferior recebe do superior, que ele chama de “Luz Refletida”,
significando o que o inferior dá ao superior. Isto significa que a abundância que
inicialmente veio do Criador é chamada “Luz Direta”, como está escrito: “Deus criou o
homem diretamente”. É como aprendemos, que o pensamento da criação foi fazer bem
às Suas criações, ou seja, para os inferiores receberem abundância e isto é chamado
“diretamente”.

Mas os receptores da abundância desejam equivalência de forma, portanto temos uma


correção chamada “Luz Refletida”. Isto significa que o receptor da abundância não a
recebe por desejar desfrutar, mas porque deseja dar ao superior. Em outras palavras,
como o superior deseja que o receptor desfrute, o receptor da abundância procura
devolver o prazer ao doador, ou seja, que o superior desfrute a realização do Seu
pensamento. Daí resulta que a recompensa é principalmente a Luz Refletida, ou seja, o
poder de doação que o inferior recebe do superior.

Mas ainda devemos entender porque dizemos que o Kli, que é chamado “poder de
doação”, é toda a recompensa. Afinal, “recompensa” implica algo que é recebido. Nós
dizemos: “Eu trabalho pelo pagamento”, ou dizemos que a finalidade da criação é fazer
bem às Suas criações, o que significa que elas receberão recompensa. E aqui nós
estamos dizendo que a recompensa é chamada “o poder de doar”. E o que entendemos?
Que a recompensa deveria ser para uma pessoa seria dada a realização da Divindade e
os segredos da Torá, e assim por diante. Mas porque ele está dizendo que a recompensa
está na obtenção do poder de doar, ou seja, o poder de doação? Além disso, ele nos está
dizendo que isto se estende da raiz superior, chamada “Luz Refletida”.

Existe uma regra conhecida de que a vaca quer amamentar mais do que o bezerro quer
mamar. Daí resulta que o Criador deseja mais doar às criaturas do que as criaturas
desejam receber. Então, quem está inibindo? Devemos lembrar o Tzimtzum ocorrido
para que as criaturas pudessem ter equivalência de forma. Esta é uma correção para
prevenir o pão da vergonha, que se espraia da nossa raiz porque o Criador diz respeito a
doação e não a recepção, pois Ele não tem necessidades e não existe tal coisa como
recepção n’Ele. Assim, de acordo com a regra existente na nossa natureza—que cada
ramo deseja assemelhar-se à sua raiz—quando o inferior tem que realizar uma ação que
não está presente na raiz, sente desagrado.

Segue-se que, para receber abundância, que é luz e prazer, a pessoa não precisa fazer
nada por isso, uma vez que o Criador quer doar à criatura mais do que a criatura quer
receber. No entanto, a criatura não tem Kli no qual desfrute os prazeres que lhe serão
dados, devido à vergonha. Daí resulta que a única recompensa de que precisamos é o
Kli, que é chamado de “o poder da doação”. Assim, tudo o que precisamos são Kelim
(plural de Kli) e não luzes e, é por isso que a recompensa é basicamente o poder de
doação.

No entanto, para obter esse Kli, chamado de “o desejo de doar”, precisamos de um


desejo, ou seja, sentir que precisamos deste Kli. É por isto que nós devemos envolver
primeiro na Torá e Mitzvot em Lo Lishmá e este é o nosso trabalho—ver que tudo o que
fazemos é para benefício próprio, sem qualquer intenção de doar.

E então vemos que precisamos do poder de doação e, queremos uma recompensa pelo
nosso trabalho—que o Criador nos dará esta recompensa—o desejo de doar. E quando
temos esse poder, seremos capazes de receber o deleite e o prazer que já estão
disponíveis e pelos quais não precisamos trabalhar minimamente, porque o Criador nos
dá. Mas para uma pessoa subir de grau em grau, deve adquirir sempre o poder da
doação e então nada mais está faltando.
48. Sobre a Importância dos Amigos

Artigo 17, Parte 1, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


A respeito da importância dos amigos na sociedade e como os apreciar, isto é, com
que tipo de importância todos devem considerar seu amigo. O senso comum dita
que se a pessoa considerar o seu amigo como estando num grau inferior que o seu
mesmo, então ele irá querer ensiná-lo como se comportar mais virtuosamente que as
qualidades que ele tem. Então, ele não pode ser seu amigo; ele pode tomar o amigo
como um estudante, mas não como um amigo.

Ao ver seu amigo como estando em um grau superior que o seu próprio, e vê que ele
pode adquirir boas qualidades dele, então ele pode ser seu Rav, mas não seu amigo.

Isto significa que precisamente quando uma pessoa vê o seu amigo como estando
num grau igual ao seu próprio, pode aceitar o outro como um amigo e se unir com ele.
Isto é assim pois um amigo significa que eles estão ambos no mesmo estado. Isto é o
que é o senso comum dita. Em outras palavras, eles têm as mesmas visões e então
decidem se unir. Então, ambos estes agem para o objetivo que ambos eles desejam
alcançar.

É como dois amigos de mesma opinião que estão fazendo certo negócio juntos, para
que este negócio lhes traga lucros. Nesse estado, eles sentem que têm poderes
iguais. Mas caso um deles sinta que é mais competente que o outro, não irá querer
aceitá-lo como um parceiro igual. Em vez disso, eles criariam uma parceria
proporcional de acordo com a força e qualidades que um tem sobre o outro. Nesse estado,
a parceria é uma parceria de trinta e três ou trinta e cinco, e não pode ser dito que
eles são iguais no negócio.

Mas com amor dos amigos, quando amigos se unem para criar união entre si mesmos,
isso significa explicitamente que eles são iguais. Isto é chamado “união”. Por
exemplo, se eles fazem negócio juntos e dizem que os lucros não serão distribuídos
igualmente, é isto chamado “união”? Claramente, um negócio de amor de amigos deve
ser quando todos os lucros e posses que o amor de amigos rende será igualmente
controlado por eles. Eles não devem esconder ou ocultar um do outro, mas tudo deve ser
com amor, amizade, verdade e paz.

Mas no ensaio, “Um Discurso para a Conclusão do Zohar”, está escrito, “A


medida da grandeza vem sob duas condições: 1) de escutar sempre e receber a
apreciação da sociedade, à extensão da sua grandeza; 2) o meio ambiente deve ser
grande, como está escrito, ‘Na multidão do povo está a glória do rei’”.

Para aceitar a primeira condição, cada estudante deve sentir que ele é o menor entre
todos os amigos, e então ele será capaz de receber a apreciação da grandeza de
todos. Isto é assim pois o maior não pode receber do menor, muito menos ser
impressionado por suas palavras. Apenas o menor é impressionado pela apreciação do
maior.
E pela segunda condição, cada estudante deve exaltar o mérito de cada amigo como se
ele fosse o maior na geração. Então o meio ambiente irá afetá-lo como um grande
ambiente o deveria, dado que qualidade é mais importante que quantidade.

Segue-se que na matéria de amor de amigos, eles ajudam-se um ao outro, isto é, que é
suficiente para todos de considerar o seu amigo como sendo do mesmo grau que seu
mesmo. Mas porque todos devem aprender de seus amigos, há o assunto do Rav e
discípulo. Por esta razão, ele deve considerar o amigo como maior que si mesmo.

Mas como se pode considerar o seu amigo como maior que si mesmo, quando ele pode
ver que os seus próprios méritos são maiores que os do seu amigo, que ele é mais
talentosos e tem melhores qualidades naturais? Existem duas maneiras de
compreender isto:

1. Ele avança com fé acima da razão: assim que ele o escolheu como um amigo, o
aprecia-o acima da razão.

2. Isto é mais natural - dentro da razão. Se ele decidiu aceitar o outro como um amigo, e
trabalha sobre si mesmo para o amar, do que é natural com o amor de ver apenas coisas
boas. E mesmo embora existam coisas más no seu amigo, ele não as pode ver, como está
escrito, “o amor cobre todas as transgressões”.

Nós podemos ver que uma pessoa pode ver falhas nos filhos do seu próximo, mas
não em seus próprios filhos. E quando alguém menciona algumas falhas de seus filhos,
ele resiste imediatamente ao seu amigo e começa a declarar os méritos de suas
crianças.

E a questão é, qual delas é a verdade? Afinal, existem méritos nas suas crianças, e então
ele está perturbado quando outros falam de suas crianças. A coisa é esta, como eu a
escutei de meu pai: Certamente, cada pessoa tem vantagens e desvantagens. E ambos
o próximo e o pai estão dizendo a verdade. Mas o próximo não trata as crianças do
outro como um pai às suas crianças, dado que ele não tem o mesmo amor pelas crianças
como o pai tem.

Então, quando ele considera as crianças do outro, ele vê apenas falhas das crianças,
dado que isto lhe dá mais prazer. Isto é assim, porque ele pode mostrar que ele é mais
virtuoso que o outro porque as suas próprias crianças são melhores. Por esta razão,
ele vê apenas as falhas do outro. O que ele está vendo é verdade, mas ele vê apenas
coisas que lhe agradam.
Mas o pai, também, vê apenas a verdade, exceto que ele considera apenas as coisas
boas que as suas crianças têm. Ele não vê as falhas das suas crianças, dado que isso
não lhe dá qualquer prazer. Então, ele está dizendo a verdade sobre o que ele vê em
suas crianças. E porque ele considera apenas as cosias que lhe podem agradar, ele vê
apenas as virtudes. Acontece que se há amor de amigos, a lei no amor é que você
queira ver os méritos dos amigos e não suas falhas. Então, se um vê certa falha em seu
amigo, não é um sinal que seu amigo esteja em falha, mas que a falha está nele, isto é,
porque ele falhou no amor de amigos, ele vê falhas no seu amigo.

Desta forma, agora ele não deve ver pela correção do seu amigo. Em vez disso, ele
mesmo precisa de correção. Segue-se de tudo o mencionado que ele não deve cuidar pela
correção das falhas do seu amigo, que ele vê no seu amigo, mas ele mesmo precisa de
corrigir a falha que ele criou no amor de amigos. E quando ele corrige a si mesmo, verá
apenas os méritos do seu amigo e não suas falhas.
50. A Agenda da Assembleia

Artigo 17, Parte 2, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


No princípio da assembleia, deve haver uma agenda. Cada um deve falar da importância da
sociedade tanto quanto puder, descrevendo os lucros que a sociedade dará a ele e as coisas
importantes que ele espera que a sociedade lhe traga, as quais não pode obter por ele mesmo,
e como ele aprecia a sociedade em conformidade.

É como os nossos sábios escreveram (Berachot 32), “Rabino Sambai disse, ‘Deve-se sempre
louvar o Criador, e então orar’. De onde recebemos isso? De Moisés, como está escrito: Eu
roguei ao Senhor naquela época. Também está escrito: ‘O Senhor Deus, Tu começastes’, e
está escrito: ‘Deixai-me passar, peço-te, e ver a boa terra’”.

E a razão que precisamos começar a louvar o Criador é que é natural que hajam duas
condições quando um pede por algo ao outro:

Que ele tem o que pedir dele, tal como riqueza, poder, e reputação como rico e afluente.

Que ele tenha um coração bondoso, isto é um desejo de fazer bem aos outros.

De tal pessoa você pode pedir um favor. Foi por isso que eles disseram, “Deve- se sempre
louvar o Criador, e então orar”. Isto significa que depois que acredita na grandeza do Criador,
que Ele tem todos os tipos de prazeres para dar às criaturas e Ele deseja fazer o bem, então é
pertinente dizer que ele está orando ao Criador, que o irá certamente ajudar, dado que Ele
deseja dar. E então o Criador pode dar-lhe o que ele deseja. Então, também a oração pode ser
com confiança que o Criador a irá conceder.

Similarmente, com o amor dos amigos, bem no início da assembleia, quando reunidos,
devemos louvar os amigos, a importância de cada um dos amigos. À extensão que assumimos
a grandeza da sociedade, se pode apreciar a sociedade.

“E então orar”, isto é que cada um deve examinar a si mesmo e ver quanto esforço está dando
à sociedade. Então, quando eles veem que você está impotente de fazer alguma coisa pela
sociedade, não há lugar para orar ao Criador para o ajudar, e lhe dar força e desejo para se
empenhar no amor aos outros.

E posteriormente, cada um deve comportar-se da mesma maneira que nas últimas três da
“Décima Oitava Oração”. Em outras palavras, depois de ter pedido perante o Criador, o
Sagrado Zohar diz que nas últimas três da “Décima Oitava Oração”, deve-se pensar como se
o Criador já tivesse concedido seu pedido, e ele partiu.

No amor de amigos devemos comportar-nos da mesma maneira: Depois de nos examinarmos,


a nós mesmos, e seguir o conhecido conselho de orar, devemos pensar como se a nossa
oração tivesse sido atendida e rejubilar com nossos amigos, como se todos os amigos fossem
um corpo. E como o corpo deseja que todos os seus órgãos desfrutem, nós, também,
queremos que todos os nossos amigos desfrutem também agora.

Então, depois de todos os cálculos vem o tempo de alegria e amor de amigos. Nessa altura,
cada um deve sentir que ele é feliz, como se ele tivesse acabado de selar um negócio muito
bom que lhe irá render muito dinheiro. E é costume que em tal altura ele dê bebidas aos
amigos.

Similarmente, aqui todos precisam dos seus amigos para beber e comer bolos, etc. Porque
agora ele está feliz, ele deseja que os seus amigos se sintam bem, também. Daí a dispersão da
assembleia deve ser em um estado de alegria e elação.
Isto segue a maneira de “um tempo de Torá” e “um tempo de oração”. “Um tempo de Torá”
significa plenitude, quando não existem carências. Isto é chamado “direita”, como está
escrito, “na Sua mão direita estava uma lei ardente”.

Mas “um tempo de oração” é chamado “esquerda”, dado que um lugar de carência é um lugar
que precisa de correção. Isto é chamado “a correção dos Kelim (vasos) ”. Mas no estado de
Torá, chamado de “direita”, não há lugar para correção, é por isso que a Torá é chamada uma
“dádiva”.

É costume dar presentes a uma pessoa que você ama. E é também costume não amar quem é
carente. Então, num “tempo de Torá”, não há lugar para pensamentos de correção. Então,
quando sair da assembleia, deve ser como nas últimas três da “Décima Oitava Oração”. E por
esta razão, cada um irá sentir plenitude.
.
52. E Virá A Passar-se Quando Vieres para A Terra Que o Senhor Teu Deus Te Dá

Artigo 18, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984

Os interpretes questionam sobre o versículo, “E virá a passar-se quando vieres para a terra
que o Senhor teu Deus te dá como herança e a herdarás e morarás nela”. Eles questionaram
o que é a precisão, “que o Senhor teu Deus te dá”? Afinal todo o povo de Israel a
conquistou pela guerra. Eles explicaram que um deve saber no seu coração que não é pelo
seu poder que ele chega a herdar a terra. Em vez disso, ela é um presente do Criador, como
disseram eles, “que o Senhor teu Deus te dá como herança e não pela minha força e poder
da minha mão”.
Para entendermos o supracitado na obra, precisamos de saber que Éretz [terra]
significa Ratzon [desejo], ou seja, que o desejo no coração do homem é chamado terra. As
nações do mundo vivem nessa terra, que é chamado o coração do homem e o povo de Israel
vive nele. Porém, devemos saber que eles não conseguem viver nele juntos. O povo de
Israel e as nações do mundo não conseguem governar juntos. Ora há governação das nações
do mundo lá, ou a governação de Israel.
Para entender a verdadeira razão pela qual ambos não podem estar em um lugar, é sabido
que a criação do mundo foi por causa de Seu desejo de fazer o bem às Suas criações. Por
esta razão Ele criou a vontade de receber deleite e prazer. Isto é, Ele criou nas criaturas uma
carência de sempre desejarem prazeres, pois vemos que a criatura sente prazer de acordo
com o seu desejo.
Este é o Kli [vaso] que foi criado pelo Criador e ele é o primeiro discernimento que
discernimos nas criaturas. Se as criaturas não têm esse desejo, elas não são consideradas
seres criados. Sucede-se que não se pode falar de qualquer discernimento se lá não houver
vontade de receber. E esta é a inteira criação da qual falamos, que é o Kli para a recepção do
prazer.
Mas por causa da vergonha, que nossos sábios chamam de “pão da vergonha” houve uma
restrição para não receber em prol de receber a menos que um se consiga direcionar para
doar, considerado equivalência de forma. Isto é, se um conseguir receber os prazeres com a
intenção de doar contentamento sobre o Criador, então ele recebe. Inversamente, ele não
quer receber. Isto é chamado Israel, portanto Yashar Kel [direito ao Criador] ou seja, que
tudo aquilo que ele pensa é somente se tudo vai chegar ao Criador e ele não é tomado em
consideração pois não pensa em si mesmo de todo. Em vez disso todos seus pensamentos
são somente pelo Criador.
Isto é chamado a “terra de Israel”, ou seja, que ele tem um desejo diretamente para o
Criador. Ou seja, ele não tem desejos de amor próprio, mas de amor pelos outros e quanto a
si mesmo, ou seja, que ele desfrute da vida, ele não tem desejo de todo. Tudo aquilo que ele
deseja é ter o meio para doar sobre o Criador e todas as nutrições que ele dá ao seu corpo
são somente para ter a força para trabalhar em prol de doar.
Isto é semelhante a uma pessoa que tem um cavalo e ela lhe dá comida e água. Isto é, tudo
aquilo que ela dá ao cavalo não é por ela o amar, mas porque ele tem de trabalhar para ela.
Desta forma, todos seus pensamentos de agradar o cavalo não são por amor, mas
simplesmente porque ela quer usar o cavalo para seu próprio benefício e ela não pensa de
todo a favor do cavalo. Isto é chamado a “terra de Israel, ou seja, que todos seus
pensamentos são somente Éretz [terra], Ratzon [desejo] que tudo seja direto ao Criador.
Isto assim não é com a terra das nações. Esta é uma terra, um desejo de amor próprio, que é
chamado “pessoas da terra”. Significa isto que todos seus desejos são somente os desejos
das pessoas, cuja intenção não é a vontade do Criador, mas a vontade das pessoas, ou seja, a
vontade das criaturas que são chamadas “nações” enquanto o Criador é aquele que criou a
nação. Também (Ki Tavo) “e todas as nações da terra verão que o nome do Senhor é
evocado sobre vós e elas vos temerão”. Está também escrito (Chayei Sára) “Abraão
levantou-se e dobrou-se perante as pessoas da terra, os filhos de Hete”. E isto significa que
elas não sabem ou sentem coisa alguma senão as pessoas, que é amor próprio e somente isto
é considerado criaturas.
Mas o povo de Israel assim não é. Eles querem se anular a si mesmos e a seu ser. É por isso
que dizemos e a Kidush (santificação) de um bom dia “que nos escolheu de cada nação”.
Essas duas governações não podem estar juntas. Ora a vontade de doar governa ou a
vontade de receber governa. Ambas não podem existir juntas pois cada uma contradiz a
outra e dois opostos não podem estar no mesmo sujeito.
Disto vem a guerra da inclinação, que um deve lutar contra si mesmo para subjugar o
coração, que é onde estes desejos se vestem, expulsar a dominação da vontade de receber e
dar inteira governação ao desejo de doar sobre o Criador. Quando ele começa a trabalhar na
obra sagrada, que é direcionar toda sua obra para o Criador, as guerras entre esses dois
desejos começam. Então, através de grande trabalho, uma pessoa é recompensada com a
superação e ela vence a guerra. Nessa altura o governo dá vontade de doar sobre o Criador
entra no seu coração e uma pessoa pode dizer, “Meu poder e a força da minha mão me
deram estas riquezas”, e somente através de seu trabalho, herdou ela o coração, que é agora
chamado a “terra de Israel” pois seu desejo é direito ao Criador.
Neste respeito, o versículo vem e nos diz, “Quando vieres para a terra que o Senhor teu
Deus te dá”. Isto é, que você não a conquistou pela sua própria força, mas em vez disso “o
Senhor teu Deus te dá”, ou seja, que assim que uma pessoa fez os esforços suficientes para
conquistar o coração através das guerras que ela travou com as nações do mundo e as
derrotou, ela herdou o coração, que é agora chamado “a terra de Israel” e não a “terra das
nações” .Ainda assim, deve ela acreditar que ela não conquistou a terra mas que “o Senhor
teu Deus te dá” e “não pela minha força e poder da minha mão me deram estas riquezas”.
Com isso devemos entender o que há de difícil nisso, que o Criador prometeu a Abraão,
como está escrito (Lech Lechá), “e disse para ele Eu sou o Senhor que te tirou de Ur dos
Caldeus para te dar esta terra para a herdares”.
Deste modo, por que deu ele primeiro a terra às nações do mundo e então o povo de Israel
chegou e teve de lutar contra elas e as expulsar da sua terra e o mundo inteiro se queixa,
“Por que conquistaste uma terra que nunca foi tua e somente pela conquista através da
guerra dizes que esta é a tua terra”? Todos entendem que seria certamente melhor se Ele não
desse esta terra às nações do mundo, pois então não haveria escassez de lugares para
as nações do mundo habitarem. Afinal, posteriormente novos países foram feitos e o
Criador podia ter feito com que eles não habitassem neste lugar.
Mas não foi isto que aconteceu. Em vez disso, primeiro as sete nações se sentaram lá, bem
como o resto dos reis e o povo de Israel teve de lutar contra elas e as expulsar e todas as
nações do mundo gritam para o povo de Israel, “Vocês são ladrões! Vocês conquistaram as
terras das sete nações”! Por que precisam deste problema? RASHI apresenta a interpretação
de nosso sábio (Beresheet, Capítulo 1): “Qual é a razão que ela começa com Beresheet [no
princípio]? Por causa do poder das Suas ações, Ele disse ao Seu povo para lhes dar uma
herança de nações, pois se os idolatras dissessem para Israel, ‘Vós sois ladrões, vós haveis
roubado as terras das sete nações’, eles lhes dizem, ‘A terra inteira pertence ao Criador. Ele
a criou e Ele a deu a quem Lhe agrada. Sob Sua vontade ele a dará a elas e sob Sua vontade
Ele a levou delas e a deu a nós’”.
Isto é perplexo. Por que preciso eu desta ordem que aconteceu, ou seja, que antes de Ele a
dar a nós, primeiro Ele a deu às nações do mundo e somente assim que elas se
estabeleceram, Ele nos disse para irmos, “Expulsem-nos desta terra pois Eu a prometi a
Abraão”.
Por meio de raiz e ramo podemos interpretar toda esta questão. É sabido que Éretz [terra] é
chamada Malchut, que é as raízes das criaturas, que é chamada “receber em prol de
receber”. Esta é a raiz, ou seja, o primeiro receptor, chamado o mundo de Ein Sof (infinito).
Posteriormente correções foram feitas para não receber devido à auto recepção, mas porque
o inferior quer doar sobre o Criador. Isto é, ele quer que a vontade de receber para si mesmo
seja anulada, ou seja, para não ao usar e que todo o seu trabalho seja somente para doar
contentamento sobre o Criador.
De acordo com o citado sucede-se que na ordem da criação também do mundo corpóreo,
devia haver a mesma ordem como na espiritualidade. Isto é, primeiro esta terra é dada às
nações do mundo e então, pela superação terminam as guerras, as nações do mundo são
expulsas desta terra e o povo de Israel a conquistam e herdam o lugar das nações dos
mundos.
Isto assim é, pois, a raiz das nações do mundo é o ponto médio sobre o qual houve a
restrição. Isto é, uma vez que o primeiro discernimento que apareceu no mundo tinha de ser
um receptor em prol de receber, pois inversamente não se pode dizer que ele se restringe a
si mesmo para não receber, uma vez que a superação se relaciona a um lugar onde há um
desejo e anseio de receber e ele supera seu anseio e quer equivalência de forma.
Desta forma as nações do mundo primeiro tinham de receber esta terra, como na raiz, onde
a vontade de receber primeiro emergiu, que é a essência da criação e então pode ser dito que
precisamos de fazer correções lá. Portanto, assim que as nações do mundo receberam esta
terra, o povo de Israel chegou e corrigiu a terra para ser inteiramente pelo Criador. Isto é
chamado a “terra de Israel” como está escrito (Ekév) “Uma terra que o Senhor teu Deus
sempre exige; os olhos do Senhor teu Deus estão sobre ela desde o princípio do ano até ao
fim do ano”.
Devemos entender sobre o que está escrito que a terra de Israel é chamada “uma terra que os
olhos do Senhor teu Deus estão sobre ela desde o princípio do ano até ao fim do ano”. Isso
significa que a orientação do Criador está sobre ela, ou seja, especificamente sobre a terra
de Israel. Mas a orientação do Criador está por todo o mundo, como diz o poeta “os olhos
do Senhor deambulam por todo o lado”. Logo, como podemos dizer que Sua orientação é
somente na terra de Israel?
Devemos interpretar o que é a terra de Israel. Isso significa que a terra já saiu da autoridade
das nações do mundo e já entrou na autoridade de Israel. É isto o que o versículo nos está a
tentar dizer e insinua para nós de modo a sabermos se eles estão na terra de Israel ou se
estão ainda na terra das nações.
O sinal para isto é como está escrito, “uma terra que o Senhor teu Deus sempre exige”. O
versículo diz-nos o que é a terra de Israel. Ele diz-nos que precisamos de saber que o
Criador sempre a exige. E qual é Sua exigência? O versículo diz continuando, “Os olhos do
Senhor teu Deus estão sobre ela desde o princípio do ano até ao fim do ano”, pois a
orientação do Criador é chamada “os olhos do Senhor”. Assim, se uma pessoa vê Sua
orientação desde o princípio dos tempos, que é chamado de “o princípio do ano”, até ao fim
do ano, que significa que ela vê a interminável orientação do Criador, isto é chamado a
“terra de Israel”.
Mas a terra das nações significa que somente o Criador sabe que Ele zela sobre o mundo
inteiro, mas as nações do mundo não o veem. Foi por isso que Ele nos deu um sinal, de
modo a sabermos se estamos na terra de Israel, ou se a terra na qual moramos é ainda a terra
das nações do mundo.
Sucede-se de tudo o citado que primeiro, as nações do mundo entrariam nesta terra, que
implica que implica a vontade de receber, que é o lugar onde ela primeiro nasce e então elas
travam a guerra com a vontade de receber e a subjugam para a autoridade da santidade, ou
seja, que tudo o que ele faz será de acordo com a exigência do Criador.
Com tal os interpretes explicaram sobre as palavras, “E virá a passar-se quando vieres para
a terra que o Senhor teu Deus te dá”, significa que um não deve dizer após todas as guerras
com a inclinação, que ele teve sempre de a superar, todo e cada dia, ele não deve pensar que
ele concretizou aquilo que concretizou pela sua própria força. Em vez disso, o criador o
deixou vencer esta guerra.
Este é o sentido de “que Ele te dá”. Precisamos de fazer dois discernimentos em “Ele te
dá”: 1) Mitzvá (mandamento), que é a fé. Isto é chamado os “Tefilin da mão”. A respeito
dos Tefilin da mão, disseram nossos sábios “e que isso seja para ti como um símbolo e não
para os outros como um símbolo”. Por causa disso, os Tefilin da mão devem ser cobertos,
que significa que a fé é chamada “sê humilde com o Senhor teu Deus”, que é acima da
razão.
2) Torá, que é chamada os Tefilin da cabeça. A respeito dos Tefilin da cabeça, disseram
nossos sábios sobre o versículo (Ki Tavo): “E todas as nações da terra verão que o nome do
Senhor é evocado sobre vós e elas vos temerão”. Estes são os Tefilin da cabeça, ou seja, o
que lá está escrito, “e todas as nações da terra verão”, pois os Tefilin da cabeça devem ser
revelados a todos. Isto é discernido como “Torá” e a Torá é chamada tão precisamente que
ela é revelada.
Mas os Tefilin da mão devem ser cobertos, que significa acima da razão. Desta forma não
podemos dizer palavras uns aos outros pois tudo o que um consegue dizer ao outro é
somente através da razão e com algo que está acima da razão, não há palavras. Foi por isso
que foi dito, “para vós como um símbolo e não para os outros”. Desta forma se sucede que
esta doação, que o Criador deu ao povo de Israel, é em prol de produzir frutos a partir dela.
Como explicámos acima, quando falamos da obra, terra significa o “coração” e o criador
deu dois discernimentos no coração: 1) fé, 2) Torá. Através de ambos, alcança uma pessoa a
completude. E embora ambos venham através de mim, devemos ainda saber que ambos vêm
do Criador e um não deve dizer “Minha força e o poder da minha mão me deram estas
riquezas”.
Com isto vamos entender o que os interpretes questionaram, “Por que está escrito a respeito
do primogénito, ‘E Vós respondereis e Vós direis alto’, mas na leitura da confissão do
dízimo, está escrito, ‘e Vós haveis dito’ e não está escrito, ‘e Vós haveis respondido’, como
está escrito com o primogénito”? Desta forma, a confissão do dízimo é dita numa voz suave.
Dízimo é considerado um Mitzvá [mandamento], que é o reino dos céus e nisso há a questão
de ser humilde, que são os Tefilin da mão, dos quais disseram nossos sábios “para vós como
um símbolo e não para os outros como um símbolo. ” Portanto, com um dízimo, que implica
um Mitzvá, está escrito somente, “e Vós haveis dito” que é com uma voz suave que não é
ouvida no exterior pois isto é considerado ser-se humilde.

Mas o primogénito implica os Tefilin da cabeça, que é a Torá, sobre a qual está escrito, “e
todas as nações da terra verão que o nome do Senhor é evocado sobre vós e elas vos
temerão”. É por isso que está escrito sobre o primogénito, “e Vós respondereis e Vós
direis”. Isto é, que deve ser com uma voz alta que é a Torá, que deve ser revelada a todos,
ou seja, que fazer o bem às Suas criações deve ser revelado ao mundo inteiro.
56. Aqui Estão Hoje Todos Vocês

Artigo 19, Tav-Shin-Mem-Dálet, 1984


Os intérpretes perguntam sobre as palavras: “Hoje vocês estão, todos vocês ... suas
cabeças, suas tribos, seus anciãos e os seus oficiais, cada homem de Israel. “Começa com
a forma plural, Vocês [forma plural em hebraico], e termina no singular: Todo homem
de Israel”.

O autor do livro, Luz e Sol, explica que, ao usar plural e singular, ele aponta para a
questão do amor de amigos. Embora no meio de vocês haja “cabeças, tribos”, etc.,
ainda ninguém vê maior mérito em si mesmo do que em qualquer homem de Israel. Ao
invés, todos são iguais já que ninguém se queixa sobre o outro. Por esta razão, de cima,
também, eles são tratados da mesma forma, e é por isso que grande abundância é dada
abaixo.

É nossa maneira de estudar tudo dentro de um assunto. Acontece que uma pessoa
deve tomar sobre si o peso do reino dos céus como um boi para a carga e como um burro
para a carga, que são a mente e o coração. Em outras palavras, todo o trabalho deve ser a
fim de doar.

Assim, se a pessoa trabalha a fim de doar e não deseja qualquer recompensa em troca,
exceto servir na obra sagrada sem esperar receber qualquer adição ao que ele tem, ele não
tem nenhum desejo mesmo por um trabalho adicional. Em outras palavras, recebendo
algum conhecimento de que ele está andando no caminho certo é certamente uma
justa demanda, e ainda assim ele abandona até mesmo isso, porque ele deseja ir com
os olhos fechados e acreditar no Criador. E o que ele pode, ele faz e ele está contente
com sua sorte.

E ele ainda sente que há pessoas que têm alguma compreensão da obra do Criador,
enquanto ele vê que ele está completamente vazio. Em outras palavras, muitas vezes ele
se sente um bom gosto no trabalho, e às vezes ele sente que ele está em um estado de
“Suas cabeças”. Em outras palavras, às vezes ele pensa que agora ele alcançou um
ponto onde é impossível que ele caia a um estado de baixeza, um estado no qual se
desejasse envolver-se na obra de Deus, ele teria que fazer um grande esforço para forçar
seu corpo.

Nesta hora, o que ele faz é por obrigação, porque ele não tem desejo pelo
trabalho, e o corpo só quer descansar e não se importa com nada. Em vez disso, nesta hora
ele sente que ele já chegou à certeza de que não há mais nada no mundo, exceto
trabalhar em prol de doar, e, em seguida, ele certamente acha bom gosto no trabalho. E
quando ele respeita seus estados anteriores, ele não pode compreender, agora que ele
está em um estado de ascensão. Assim, por todos cálculos, ele decide que agora é
impossível que ele sofra um declínio.

Mas por vezes, depois de um dia, uma hora, ou poucos minutos, ele desce a um tal estado
de baixeza que ele não pode imediatamente sentir que ele caiu de seu estado elevado para
a “profundidade de um grande abismo”. Pelo contrário, às vezes, depois de uma ou duas
horas de repente ele vê que ele caiu de mais alto nível, ou seja, de sua certeza anterior de
que ele era o homem mais forte, e ele é como qualquer homem de Israel, ou seja, como
uma pessoa comum. Depois ele começa a procurar aconselhamento no seu coração:
“O que devo fazer agora”?

“Como posso me levantar para o estado de Gadlút [grandeza / idade adulta] que eu tinha
antes”?

Nesta hora, deve-se caminhar no caminho da verdade-dizer, “Meu estado atual, estando
em baixeza absoluta, significa que eu fui deliberadamente jogado para fora de cima para
saber se eu realmente desejava fazer o Trabalho santo a fim de doar, ou se eu queria
ser um servo de Deus porque acho que é mais gratificante do que outras coisas”.

Então, se alguém pode dizer: “Agora eu quero trabalhar em prol da doação e eu não
quero fazer o trabalho santo para receber alguma gratificação no trabalho. Em vez disso,
vou resolver fazer o trabalho da santidade como qualquer homem de Israel, orando ou
assistindo uma lição da porção diária.

E eu não tenho tempo para pensar com qual intenção. Eu estudo ou rezo, mas vou
simplesmente observar as ações sem qualquer intenção especial. “Nesta hora, ele vai
reentrar no trabalho santo, porque agora ele deseja ser um servo de Deus, sem
quaisquer condições prévias.

Este é o significado do que está escrito: “Hoje vocês estão, todos vocês”,
significando tudo o que você passou, todos os estados que você experimentou, sejam
eles estados de Gadlút ou estados menores que Gadlút, que foram considerados
intermediários ou algo assim. Você leva todos esses detalhes e você não compara
um grau ao outro porque você não cuida de qualquer recompensa, mas apenas
quer fazer a vontade do Criador. Ele nos ordenou observar Mitzvot [mandamentos] e
estudar Torá, e isso é o que fazemos, como qualquer homem comum de Israel. Em
outras palavras, o estado em que ele está agora é tão importante para ele como quando
ele pensou que estava em um estado de Gadlút. Naquela época, “O Senhor seu Deus faz
com você este dia”.

Isto significa que, em seguida, o Criador faz um pacto com ele. Em outras
palavras, precisamente quando se aceita a Sua obra sem quaisquer condições e
concorda em fazer o trabalho santo, sem qualquer recompensa, que é chamado de
“rendição incondicional”, este é o momento em que o Criador faz um pacto com ele.

Baal HaSulam explicou a questão de fazer um pacto: Quando duas pessoas veem que
se amam, eles fazem um pacto entre eles de que seu amor será sempre resistirá. E ele
perguntou: “Se eles se amam e entendem que esse amor nunca vai deixá-los, por que
essa aliança? Por que eles fazem esse pacto, ou seja, com que propósito”? Em outras
palavras, o que eles ganham ao fazer esta aliança? É apenas um ritual ou é por algum
benefício? Ele disse que a questão de fazer uma aliança é que agora eles entendem que
é do interesse que cada um ame o outro por causa de razões que agora podem ver-que
cada um sente ao outro e só se preocupa com seu bem-estar, assim eles fazem um pacto.

E como agora não tem quaisquer queixas contra seu amigo, ou eles não iriam fazer a
aliança, eles dizem uns aos outros: “vale a pena fazer uma aliança uma vez por todas”.
Em outras palavras, se houver um estado onde um terá queixas contra o outro, ambos irão
se lembrar da aliança que fizeram quando o amor foi revelado entre eles.
Da mesma forma, mesmo que atualmente não sente o amor como eles sentiram antes,
então, eles ainda invocam o antigo amor e não olham para o estado em que se
encontram. Em vez disso, eles vão voltar a fazer coisas um para o outro. Este é o
benefício da aliança. Assim, mesmo quando o amor que havia entre eles perdeu a sua
fantasia, porque eles fizeram o pacto, eles têm a força para despertar o amor
brilhante que eles tinham antes. Desta forma, eles se escoltam um ao outro de volta para o
futuro.

Segue-se que fazer o pacto é para o futuro. Isto é, como um contrato que se assina
onde eles não vão ser capazes de se arrepender quando veem que os laços de amor
não são como eram, que este amor lhes deu grande prazer enquanto eles estavam
fazendo o bem para cada um, mas agora que o amor foi corrompido, eles estão
impotentes e ninguém pode fazer nada para o outro.

Mas se eles quiserem fazer algo por seus amigos, eles devem considerar a
realização do pacto que eles tinham antes, e de que eles deveriam reconstruir o amor. É
como uma pessoa que assina um contrato com o seu amigo, e que o contrato os
conecta para que não possam separar-se um do outro.

Daqui resulta que, “Você estão hoje, todos vocês”. Em outras palavras, ele pensa em
detalhes: “Suas cabeças, as suas tribos, seus anciãos e seus oficiais, todos os homens de
Israel. “Isto significa que de toda a altos graus que ele teve, agora se considera estar em
um estado de “Todo homem de Israel”, e ele assume este estado, como quando ele estava
em um estado que ele considerava bom. Ele diz: “Agora Eu faço a minha parte, e eu
concordo que o Criador me dê o que Ele quiser, e eu não tenho nenhuma crítica”.
Nesta hora, ele é recompensado com fazer um pacto. Em outras palavras, a ligação
permanece para sempre, porque o Criador fez um pacto com ele para toda a eternidade.

De acordo com o exposto, devemos interpretar o versículo: “As coisas encobertas


pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as coisas que são reveladas pertencem a nós e
aos nossos filhos para sempre, para que possamos cumprir todas as palavras desta lei”.
Devemos entender o que este versículo vem nos dizer. Não podemos dizer que veio
nos dizer que nós não sabemos o que está oculto e somente o Criador sabe. Nós não
podemos dizer isso porque sem o verso, não sabemos o que está oculto de nós. Assim, o
que o verso vem nos dizer?

Sabe-se que existe uma coisa que está oculta e uma coisa que está revelada. Isso
significa que a parte ativa do que fazemos é quando podemos ver se estamos ou não
fazendo. E se o corpo não deseja executar a Mitzvá [mandamento], há uma tática-
pode-se forçar a si mesmo, o que significa que ele é obrigado a fazer a Mitzvá contra a
sua vontade. Acontece que a coerção é relevante com coisas reveladas.

A coisa oculta é a intenção da Mitzvá. Esta, não se pode ver, o que significa que o outro
tem a intenção ao fazer. É o mesmo com a própria pessoa, a pessoa que age. Ele,
também, não pode saber, a não ser que ele minta para si mesmo ao fazer. Ele acha que
ele não tem outro objetivo e que ele está totalmente dedicado ao Criador. Mas com a
ação, chamada de “a parte revelada”, é irrelevante falar de uma pessoa mentindo para
si mesmo, que pensa estar vestindo Tefilin (filactérios), quando na verdade, não é
Tefilin. Da mesma forma, uma mulher não pode mentir para si mesma dizendo que
ela acende as velas de sábado, quando na verdade ela não acende.

Mas, com intenção, pode-se dizer que a pessoa mente encontra-se a si mesma. Ele
pensa que ele está trabalhando em Lishmá [em Seu nome] quando na verdade ele
está inteiramente em Lo Lishmá [não em Seu nome]. Além disso, não pode haver coerção
porque não se pode coagir o pensamento da pessoa para pensar o que ela quiser.
Considerando coisas que pertencem a emoção ou conhecimento, a pessoa é
impotente. Não pode forçar sua mente a entender de forma diferente do que faz ou sente
de forma diferente de como ele sente.

Agora podemos entender a questão acima, onde tudo o que nos resta é para nós é a parte
prática. Isso é chamado de “As coisas que são reveladas pertencem a nós e aos nossos
filhos para sempre, para que possamos cumprir todas as palavras desta lei”. Somos
ordenados a realizar a ação, o que significa que é a ação que somos ordenados a fazer,
mesmo coercitivamente.

Mas, como para a intenção, chamado de “a parte oculta”, em que, nenhum homem
tem qualquer visão ou governança. Assim, o que devemos fazer para manter a parte
oculta, também? Aqui tudo o que se pode fazer é testar, o que significa examinar a si
mesmo para ver se está realmente fazendo tudo para doar, ou se o corpo resiste o
objetivo de doar.

Ele sente que é removido disso, na medida em que não existe nada que ele possa fazer
sozinho, uma vez que tudo o que ele pretende fazer, todas as táticas para ser capaz de
direcionar-se a fim de doar, não o ajudam.

É sobre isso que o verso vem nos dizer que este assunto de Lishmá, chamado de “a
parte oculta”, pertence ao Senhor nosso Deus. Em outras palavras, somente o
Criador pode ajudá-lo, enquanto que não há absolutamente nenhuma possibilidade de
que ele próprio possa realizá-lo. Não está nas mãos do homem, porque isto está acima
da natureza. Esta é a razão do verso dizer: “As coisas secretas pertencem ao Senhor
nosso Deus” o que significa que pertence a ele, que o Criador deve fornecer esta força
chamada “doar”.

É por isso que nossos sábios disseram (Kidush 30), “a inclinação do homem o subjuga
todos os dias e procura matá-lo, como é dito: ‘O ímpio espreita o justo, e procura matá-
lo’. E se o Criador não o ajudar, ele não iria superá-lo, como é dito, ‘O Senhor não o
deixará na mão'”.

A questão de tentar matá-lo significa que ele deseja que o homem faça tudo com o intuito
de receber, que é considerado como sendo separado da Vida das Vidas. Naturalmente, a
pessoa continua a ser uma besta. É por isso que nossos sábios disseram, “Os ímpios são
chamados mortos” enquanto eles estão vivos. “Acontece que ele é chamado de morto”
quando sua intenção é receber. Esta é considerada a separação. Ser recompensado com
a Dvekút [adesão], ou seja, receber a força de doar, para ter uma coisa dessas só o
Criador pode dar a ele; não está no poder do homem obter a doação.

É por isso que nossos sábios disseram, a inclinação do homem o domina todos os dias e
procura matá-lo, e se o Criador não o ajudar, ele não iria superá-lo, como dito, ‘O
Senhor não vai deixá-lo na mão’. Do que nós explicamos, podemos entender o versículo:
“As coisas secretas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as coisas que são reveladas
pertencem a nós e aos nossos filhos”.

Assim, apenas o ato é para nós fazermos, mas a parte oculta é para o Criador fazer.

Assim, há ainda algo para fazermos sobre o oculto, de modo que o Criador nos dê a
parte oculta. Isto segue a regra de que tudo requer um despertar de baixo. Há uma regra
que não há luz sem Kli [vaso], o que significa que não há realização sem uma deficiência.
Você não pode inserir nada a não ser que haja uma vaga, e então você colocar lá
qualquer coisa que quiser.

Mas se não houver uma cavidade, não há lugar vazio, como podemos inserir alguma
coisa? Portanto, em primeiro lugar, devemos ver que não temos o vaso de doação,
chamado “desejo de doar”, e que esta é a nossa luz. Como explicamos em artigos
anteriores, a nossa recompensa principal é a obtenção do desejo de doar, chamada de
“Luz Refletida”, como é dito, “Toda recompensa que esperamos é a Luz Refletida”
(Prefácio Geral para a Árvore da Vida).

Portanto, se o desejo de doar é chamado de “luz”, então, essa deficiência, quando se vê


que ele não tem o poder de doar, que é chamado de “um Kli”. Ele sente que é isso que
ele está faltando, ou seja, ele vê o que ele está perdendo por não ter esse poder
chamado “O poder de doação”. Por isso, a sua deficiência é construída nele de
acordo com a sua sensação. Isso é chamado de “um Kli” e “espaço vazio” pois aqui-
onde ele não tem o poder de doação-há espaço para este preenchimento entrar. Isso é
chamado de “a chegada da luz no Kli”.

No entanto, devemos saber que receber esse Kli requer muito trabalho. Temos Kelim
[plural de Kli], chamados de “deficiências” que desejamos receber preenchimento.
Eles são chamados de “Kelim de amor próprio” o que significa que desejamos receber
realização. Estes são Kelim muito importantes, porque eles vêm por parte do Criador,
que os criou existência da ausência, porque Ele deseja fazer o bem às Suas criações, o
que significa que Ele deseja dar satisfação. No entanto, como é possível dar satisfação
ou preenchimento se não houver espaço vazio no qual colocar o preenchimento? Por esta
razão, ele criou estes Kelim existência da ausência para colocar o deleite e prazer neles.
Acontece que esta é a essência do Kli que o Criador criou. No entanto, porque este Kli
é chamado de “desejo de receber”, ele desejou ter equivalência de forma, chamada de
“Dvekút [adesão] com o Criador”. É por isso que este Kli foi desclassificado em
ser um Kli para a recepção da abundância superior. Agora há uma necessidade de um
novo Kli para a recepção, o qual se veste no Kli anterior, onde somente através de
ambos, por revestir a vontade de doar dentro do desejo de receber este Kli pode ser
próprio para recepção.

O Kli anterior, chamado de “desejo de receber”, veio do Emanador. E o inferior não tem
parte no trabalho do desejo de receber, apesar de tudo vir do Emanador. Da mesma forma,
o segundo Kli, chamado de “desejo de doar”, só apenas do Emanador, também, e o
inferior não pode adicionar, exatamente como no primeiro Kli, chamado “desejo de
receber”.
No entanto, a diferença é que o vaso de doação deve ter primeiro uma demanda do
inferior, que busca com que o Criador lhe dê o novo Kli. Isto, o primeiro Kli não tinha
porque veio a ele sem nenhum despertar por parte do inferior.
Tav-Shin-Mem-Hey
63. Faça para Si Um Rav e Compre Um Amigo (1)

Artigo 1, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Na Mishná (Avôt, 1), Yehoshua Ben Perachia diz: “Faça para si mesmo um Rav
[grande/professor], compre um amigo, e julgue cada pessoa favoravelmente”. Vemos
que há três coisas aqui: 1) faça para si mesmo um Rav, 2) compre para si mesmo um
amigo; 3) julgue cada pessoa favoravelmente.

Isso significa que além de fazer para si mesmo um Rav, há algo mais que ele deve
fazer em relação ao coletivo. Em outras palavras, envolver-se no amor aos amigos não é
suficiente. Além disso, ele deve ser atencioso para com todas as pessoas e julgá-las
favoravelmente.

Devemos entender a diferença de formulação entre o “faça”, “compre” e


“favoravelmente”. Fazer é uma coisa prática. Isto significa que não há mente
envolvida aqui, só ação. Em outras palavras, mesmo se a pessoa não concordar com a
coisa que quer fazer, mas, pelo contrário, a mente lhe faz ver que não é uma ação que
valha a pena, isto é chamado fazer, ou seja, força bruta, sem cérebro, uma vez que é
contra a sua razão.

Assim, devemos interpretar em relação ao trabalho, que o fato de que é preciso assumir
o reino dos céus é chamado de “um ato”. É como colocar o jugo sobre um boi para que
ele lavre a terra. Embora o boi não queira tomar esse trabalho para si, o forçamos mesmo
assim.

Da mesma forma, com o reino dos céus também devemos nos forçar e escravizar porque é
o mandamento do Criador, sem qualquer rima ou razão. Isto é assim porque o homem
deve aceitar o reino dos céus não porque o corpo sentir que algum benefício lhe
chegará como resultado, mas com a finalidade de dar satisfação ao Criador.

Mas como o corpo pode concordar com isso? É por isso que o trabalho deve ser feito
acima da razão. Isso é chamado Faça para si mesmo um Rav, já que deve existir o
reino dos céus pois “Ele é grande e Governa”.

Está escrito no Zohar (“Introdução ao Livro do Zohar”), “ ‘O temor é o mais


importante, para o homem temer O Superior pois Ele é grande e governa, a essência
e a raiz de todos os mundos, e todos não têm consequência comparado a Ele’. Assim, a
pessoa deve temer o Criador pois Ele é grande e governa sobre tudo. Ele é grande pois
Ele é a raiz da qual todos os mundos se expandem e Sua grandeza é vista pelas suas
ações. E Ele governa sobre tudo pois todos os mundos que Ele criou, tanto
superiores quanto inferiores, são considerados como nada comparados a Ele, pois eles
não adicionam nada à sua essência”.
Portanto, a ordem do trabalho é que a pessoa comece com “Faça para si mesmo um Rav”,
e tome sobre si mesmo o jugo do reino dos céus acima da lógica e acima da razão.
Isto é chamado “fazer”, ou seja, somente a ação, apesar do corpo não concordar. Depois,
“compre para si mesmo um amigo”. Comprar é apenas como quando uma pessoa deseja
comprar algo; ela deve abrir mão de algo que ela já tenha adquirido. Ela dá o que possuía
por algum tempo e em troca compra um novo objeto

É semelhante com o trabalho de Deus. Para uma pessoa atingir Dvekút [adesão] com o
Criador, que é equivalência de forma, como em: “assim como Ele é
misericordioso, sê misericordioso, também”, ele deve conceder muitas coisas que
possui para comprar a ligação com o Criador. Este é o significado de “Compre
para si mesmo um amigo”.

Antes de uma pessoa fazer para si mesmo um Rav, ou seja, o reino do céu, como ela pode
comprar um amigo, ou seja, ligar-se ao Rav? Afinal, ela ainda não tem Rav. Só depois
de ter feito para si um Rav fará sentido exigir ao corpo fazer concessões para
comprar a ligação, que ela pretende dar satisfação ao Criador.

Além disso, devemos entender que ela tem a força para observar “compra para si mesma
um amigo” na mesma medida da grandeza do Rav. Isto é assim porque ela está disposta a
fazer concessões a fim de se ligar ao Rav na exata medida em que sente a importância
do Rav, dado que então entende que a obtenção da Dvekút [adesão] com o Criador vale
qualquer esforço.

Acontece que se uma pessoa vê que não consegue superar o corpo, por achar que não
é suficientemente forte e que nasceu com uma natureza fraca, não é assim. A razão é
que ela não está sentindo a grandeza do Rav. Em outras palavras, ela ainda não
tem a importância do reino do céu, por isso não tem força para superar algo que
não é muito importante. Mas por uma coisa importante, qualquer um consegue ceder
coisas importantes que ama e receber o que precisa.

Por exemplo, se uma pessoa está muito cansada e vai se deitar por volta das 23h, se
ela é acordada às 3 da manhã, é claro que vai dizer que não tem energia para levantar e
estudar, porque está muito cansada. E, se ela se sente um pouco fraca ou tem um pouco
de febre, certamente o corpo não terá poder para levantar-se à hora que costuma
levantar.

Mas se uma pessoa está muito cansada, sentindo-se doente e vai deitar-se à meia-
noite, mas é acordada à uma da manhã, lhe dizem “Há fogo no quintal, quase entrando
em seu quarto. Depressa, levante-se e salve sua vida em troca do esforço que está
fazendo”. Não vai arranjar nenhuma desculpa sobre estar cansada, desatenta ou doente.
Mesmo que esteja muito doente, vai fazer todos os esforços para salvar a sua vida.
Evidentemente, porque ela vai obter algo importante, o corpo tem energia para fazer o
que puder, para obter aquilo que deseja.
Assim, ao trabalhar para “fazer um Rav para si mesma”, a pessoa acredita que é, “Pois
são nossas vidas e a duração dos nossos dias”. Na medida em que ela sente que esta é a
sua vida, o corpo tem força suficiente para superar todos os obstáculos, como está
escrito na alegoria. Por esta razão, em todo o trabalho do homem, no estudo ou na
oração, ele deveria focar todo o seu trabalho na obtenção da grandeza e importância
do Rav. Muito trabalho e muitas orações devem ser feitas apenas para isso.

Nas palavras de O Zohar, isto é chamado “Levantar a divindade do pó”, o que


significa elevar o reino dos céus, que está reduzido ao pó. Em outras palavras, não se
coloca uma coisa importante no chão enquanto que uma coisa que não é importante é
atirada no chão. E desde que o reino dos céus, chamado “Divindade”, é
“rebaixado até o fundo”, é dito nos livros que antes de cada ação espiritual é preciso
rezar para “erguer a Divindade do pó”. Isto significa, que devemos orar para
considerar o reino dos céus como importante e que valerá a pena esforçar-se para elevá-
lo à sua importância.

Agora, somos capazes de compreender o que dizemos na oração Rosh Hashaná


[Véspera do Ano Novo], “ Glorifica o Seu povo”. Isto parece bastante confuso. Como
é permitido orar por honra? Os nossos sábios disseram, “Sejam muito, muito
humildes”, assim como podemos orar para que o Criador nos dê glória?

Devemos interpretar que rezamos para que o Criador dê a glória de Deus ao seu povo,
uma vez que não temos nenhuma glória de Deus, mas “A cidade de Deus é rebaixada ao
fundo”, chamado “Divindade no pó”. Também, não temos a verdadeira importância
do tema “Faça um Rav para si mesmo”. Por isso, em Rosh Hashaná, quando
tomamos sobre nós o reino dos céus, pedimos ao Criador para dar a glória de Deus
ao Seu povo, para que o povo de Israel sinta a glória do Criador. E então seremos
capazes de guardar completamente a Torá e Mitzvot [mandamentos].

Por isso, devemos dizer, “De a glória de Deus ao Seu povo”, querendo dizer que Ele
dará a glória de Deus ao povo de Israel. Isto não quer dizer que Ele dará a glória de
Israel ao povo de Israel, mas que o Criador dará a glória de Deus ao povo de Israel,
porque isto é tudo o que precisamos para sentir a importância e grandeza da Dvekút
com o Criador. Se percebermos esta importância, cada pessoa será capaz de fazer
esforços e não haverá ninguém no mundo dizendo que não tem força para salvar a sua
vida, desejando assim permanecer animal, se sentir que a vida é uma coisa muito
importante porque pode gozar a vida.

Mas se a pessoa não sentir que a vida tem sentido, muitas pessoas escolhem morrer.
Isto é assim porque ninguém pode experimentar sofrimento na vida porque o
propósito da criação é fazer o bem às Suas criaturas, querendo isto dizer que elas
deveriam gozar a vida. Por isso, quando alguém percebe que não pode ser feliz agora,
ou pelo menos mais tarde, se suicida porque não tem objetivo na vida.
Segue-se que tudo o que nos carece é, “Faça para si mesmo um Rav, para sentir a
grandeza do Criador. Então, cada um será capaz de alcançar o objetivo, que é aderir a
Ele.

E nós devemos também interpretar as palavras de Rabi Yehoshua Ben Perachia que diz
três coisas: 1) Faça para si mesmo um Rav. 2) Compra para si mesmo um amigo. 3)
Julgue cada pessoa favoravelmente – com respeito ao amor de amigos.

Faria sentido pensar que amizade se relaciona a duas pessoas do mesmo nível de
habilidades e qualidades, dado que então acham fácil se comunicarem, e elas se unem
como um. E então, “Eles ajudaram cada um o seu amigo”, como duas pessoas que
fazem uma parceria e cada uma investe igual energia, recursos e trabalho. Então os
lucros, também, são divididos igualmente entre elas.

Contudo, se uma é superior à outra, ou seja, ela investe mais dinheiro ou mais perícia ou
mais energia que a outra, a divisão de lucros é desigual, também. Isto é chamado “parceria
de um terço” ou uma “parceria de um quarto”. Logo, não é considerada uma verdadeira
parceria porque um tem status superior ao outro.

Acontece que a verdadeira amizade, quando cada um efetua o pagamento


necessário para comprar o seu amigo, existe precisamente quando ambos têm igual
status, e então ambos pagam de forma igual. É como um negócio corpóreo, onde ou
ambos dão tudo de forma igual ou não pode haver uma verdadeira parceria. Assim,
“Compre para si mesmo um amigo”, já que pode haver ligação quando cada um compra
o seu amigo - apenas quando são iguais.

Mas, por outro lado, é impossível aprender um com o outro, se não se vir que o seu
amigo é maior do que ele próprio. Mas se o outro é maior, ele não pode ser seu amigo,
mas seu Rav [professor/grande], enquanto ele é considerado um estudante. Nessa
altura, ele pode adquirir conhecimento ou virtudes dele.

É por isso que se diz: “Faça um Rav para si mesmo e compre um amigo para si
mesmo”; ambos têm de existir. Em outras palavras, cada um deve considerar o outro
como um amigo, e então há espaço para comprar. Isto significa que cada um deve pagar
com concessões ao outro, como um pai concede o seu descanso, trabalha para seu filho,
gasta o dinheiro com o seu filho, e tudo é por causa do amor.

No entanto, nesse caso é amor natural. O Criador deu amor natural pela educação
dos filhos para que o mundo persistisse. Se, por exemplo, o pai criasse os filhos por ser
uma Mitzvá [mandamento], os seus filhos teriam comida, roupa e outras coisas,
necessárias para as crianças, na medida em que uma pessoa se comprometesse a
cumprir todas as Mitzvot (plural de Mitzvá). Às vezes ele manteria as Mitzvot e às
vezes só faria o mínimo, e os seus filhos poderiam morrer de fome.
É por isso que o Criador deu aos pais um amor natural pelos seus filhos, para que
houvesse persistência no mundo. Isto não é assim com o amor dos amigos. Aqui todos
devem fazer grandes esforços por si mesmo para criar o amor aos amigos no seu
coração.

É o mesmo com “e compre para si mesmo um amigo”. Uma vez que ele entende, pelo
menos intelectualmente, que precisa de ajuda e não consegue realizar o trabalho santo,
na medida em que ele entende isso em sua mente, ele começa a comprar, a fazer
concessões para o bem dos seus amigos.

Isto é assim, porque ele entende que o trabalho é essencialmente em doar ao Criador.
No entanto, é contra a sua natureza porque o homem nasce com o desejo de receber
apenas para benefício próprio. Portanto, foi-nos dada a cura pela qual vamos do amor
próprio ao amor aos outros, pelo qual podemos chegar ao amor ao Criador.

Assim, ele pode encontrar um amigo ao seu nível. Mas depois, fazer do amigo um Rav,
significa para ele sentir que o seu amigo se encontra num grau mais elevado que ele, é
algo que não se vê, que o seu amigo é como um Rav e ele como um estudante. Mas se ele
não considera o seu amigo como um Rav, como vai aprender com ele? Isto é chamado
“Fazer”, significa uma ação sem a mente. Em outras palavras, ele deve aceitar, acima da
razão, que o seu amigo é melhor do que ele, e isto é chamado “Fazer”, que significa
agindo acima da razão.

No ensaio, “Um Discurso para a Conclusão do Zohar”, está escrito, “Para receber a
primeira condição, cada estudante deve sentir-se o menor entre todos os amigos.
Nesse estado, pode receber o apreço da grandeza do Grande”. Assim, mostra
explicitamente que cada um deveria ver-se como o menor entre os estudantes.

E, contudo, como é possível ver-se a si próprio como o menor dos estudantes? Aqui, é
pertinente apenas acima da razão. A isto se chama “Faça um Rav para si mesmo”
querendo dizer que cada um deles é considerado um Rav em comparação a si
mesmo, e ele é visto meramente como um estudante.

Isto é um grande passo, uma vez que há uma regra que diz que as faltas dos outros
estão sempre à vista enquanto as próprias estão sempre ocultas. E, contudo, deve se
olhar o outro como sendo virtuoso, e que vale a pena aceitar o que ele diz ou faz, aprender
com as ações dos outros.

Mas o corpo não concorda com isto porque sempre que se deve aprender de outrem,
isto é, quando se tem elevado apreço pelo outro, o outro o incumbe de trabalhar, e o
corpo nega as opiniões e ações do outro. Como o corpo quer descansar, é melhor e
mais conveniente para ele livrar-se das opiniões e ações dos amigos de forma a não ter
que fazer nenhum esforço.
É por isso que é chamado de “Faça um Rav para si mesmo”. Isto significa que para o
amigo ser o seu Rav, você tem que o fazer. Em outras palavras, não é através da razão,
uma vez que a razão afirma o contrário, e às vezes até lhe mostra o contrário, que ele
pode ser o Rav e o outro seu aluno. É por isso que é chamado de “Fazer”, significando fazer
e não raciocinar.

3) “E julga cada pessoa favoravelmente”.

Depois, dissemos: “compre um amigo para si mesmo”, permanece a pergunta: “E o resto


do povo”? Por exemplo, se uma pessoa escolhe alguns amigos de sua congregação e deixa
os outros e não se vincula a eles, a pergunta é: “Como ele deve tratá-los”? Afinal, eles não
são seus amigos, e por que ele não os escolheu? Nós provavelmente deveríamos dizer que ele
não encontrou virtudes neles para fazer valer o seu tempo para vincular-se a, significando
que ele não os aprecia.

Assim, como deve ele tratar o resto do povo em sua congregação? E o mesmo vale para o
resto das pessoas que não estão no meio do povo da congregação. Como ele deveria tratá-
los? O Rav Yehoshua Ben Perachia diz sobre isso “Julga cada pessoa favoravelmente”,
significando que cada um deve julgar a todos favoravelmente.

Isso significa que o fato de que ele não encontra qualidades neles não é culpa deles. Pelo
contrário, não está em seu poder ser capaz de ver o mérito do público em geral. Por esta
razão, ele vê de acordo com as qualidades de sua própria alma. Isto é verdade de
acordo com seu entendimento, porém não com a verdade. Em outras palavras, não
existe tal coisa como verdade em si mesma, independentemente de quem alcança.

É verdade que cada um alcança de acordo com seu entendimento, ou seja, que a verdade
muda de acordo com aqueles que alcançam. Ou seja, está sujeita a alterações de acordo com
a mudança de estados naquele que alcança.

Mas a verdade real não se alterou na sua essência. É por isso que cada pessoa pode alcançar
a mesma coisa de forma diferente. Portanto, aos olhos do público, pode ser que o público
esteja muito bem, mas ele vê de forma diferente, de acordo com sua própria qualidade.

É por isso que ele diz, “E julga toda a pessoa favoravelmente”, isto é, ele deve julgar todos
os outros, além de seus amigos, favoravelmente – que eles são todos dignos em e por si
mesmos e ele não tem queixas a respeito de sua conduta. Mas para si mesmo, ele não pode
aprender alguma coisa deles porque ele não tem equivalência com eles.
67. O Significado de Ramo e Raiz

Artigo 2, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


O significado do ramo e da raiz. A terra de Israel é um ramo da Sefira Malchut. Malchut é
chamada o Kli [vaso] que foi emanado pelo Emanador para se tornar um Kli para a recepção
da abundância que o Emanador quis doar sobre Suas criações. Esse Kli é chamado Malchut.
A ordem foi que primeiro havia o vaso de recepção em prol de receber e então houve uma
correção que era proibido receber nesse Kli, a menos que possamos direcionar em prol de
doar e então a abundância é atraída para esse Kli. Essa correção foi feita para que quando a
abundância chegue às criaturas, não haja qualquer deficiência nelas, chamada "pão da
vergonha”.
Em vez disso, elas sejam capazes de receber a abundância ilimitadamente pois não haverá
vergonha nelas aquando da recepção da abundância. Em vez disso, elas direcionarão todo o
deleite e prazer que recebem somente para o benefício do Criador. Então elas vão derivar
continuamente abundância pois não serão capazes de dizer que deram ao Criador o suficiente
e não precisarão de doar sobre Ele mais. Desta forma, eles terão sempre uma razão para
derivar abundância.
Isto assim não é se eles receberem a abundância para si mesmos, ou seja, por causa do amor
próprio. Nessa altura eles devem ser limitados por causa da vergonha. Terão de dizer que o
deleite e prazer que Ele nos deu é suficiente. Por causa disso houve a correção chamada
restrição de modo a não receber luz no Kli de Malchut a menos que possamos receber em prol
de doar.
Da raiz de Malchut se propaga para baixo para o ramo corpóreo a Éretz [terra] que é um ramo
de Malchut do alto. Essa terra é chamada a Terra Santa. Por esta razão, aqui na Terra Santa há
correções especiais, ou seja, Mitzvot [mandamentos] que são dependentes da terra, tais como
donativos e dizimo. Isto assim não é com o resto das terras.
E também há uma raiz especial para a Jordânia, uma raiz especial para a Síria, uma raiz
especial para a Babilónia e uma raiz especial para o resto das terras (Ver Talmud Eser Sefirot,
Parte 16, p 1930). Por esta razão, em respeito ao ramo e à raiz, o lugar do Templo foi
precisamente na Terra Santa, que é a terra de Israel. Isto assim foi após ela ser santificada.
Mas antes do povo de Israel ter entrado nesta terra, houve um lugar de sete nações, que
correspondem às sete sagradas Sefirot. Elas eram opostas à santidade, derivando de Malchut,
onde não há correção da Massach [tela] que é a intenção de doar. Por esta razão, primeiro as
nações do mundo chegaram lá, pois assim era a ordem na espiritualidade: 1) a chegada da
vontade de receber veio, 2) a correção de a tornar em prol de doar. Por esta razão para a Terra
Santa: 1) As nações do mundo tinham de chegar primeiro, pois elas pertencem a Malchut
antes que ela fosse corrigida com uma Massach para que tudo fosse em prol de doar. 2)
Posteriormente, Israel chegará e as conquistará.
Sucede-se que a Terra Santa deriva de Malchut e a vontade de receber numa pessoa também
deriva de Malchut. Por esta razão houveram 1) as nações do mundo na terra primeiro, 2) então
o povo de Israel chegou.
É semelhante no coração do homem: 1) Primeiro chega a inclinação do homem; 2) então
chega a boa inclinação. Tudo deriva das raízes superiores.
Contudo, há uma diferença entre o coração do homem, que deriva de Malchut e a terra de
Israel, que deriva de Malchut, uma vez que devemos discernir entre interioridade e
exterioridade. Na exterioridade, deve haver um lugar do ramo que corresponde à raiz. Mas na
interioridade, não é necessariamente o lugar do ramo que corresponde a ele.
Na terra de Israel, que aponta para o coração de uma pessoa, que deriva da raiz de Malchut,
uma pessoa não precisa de estar especificamente na terra de Israel para lhe ser concedido o
reino dos céus, chamado “terra de Israel”. Internamente, uma pessoa pode ser recompensada
com a unção da Shechiná [divindade] e com as maiores realizações no estrangeiro também, tal
como todos os nossos grandes sábios que estavam no estrangeiro.
Também, pessoas que vivem na terra de Israel podem ser os piores criminosos. A terra de
Israel, chamada “Terra Santa”, não os obriga de maneira alguma a manter Torá e Mitzvot,
uma vez que o que diz respeito à interioridade, a exterioridade não os obriga de todo, pois a
interioridade é o trabalho no coração e está completamente desconexa da exterioridade.
Contudo, ao mesmo tempo há a questão da exterioridade. Isto é, há uma regra que é proibido
dizer Kadish a menos que dez homens estejam presentes. E não verificamos se estes dez
homens têm temor completo, mas em vez disso quando dez homens simples se juntam eles
podem dizer Kadish e “Abençoar” e ler na Torá, etc. Porém, se há nove sábios justos, eles
estão proibidos de dizer Kadish e “Abençoar” pois a lei revelada é de acordo com a
exterioridade e não de acordo com a qualidade da interioridade.
65) Assim, podíamos questionar, “Por quê, então, é proibido discordar com os primeiros na
Torá revelada”? Isso é pois, no que diz respeito à parte prática das Mitzvot [mandamentos], é
ao contrário: os primeiros eram mais completos neles que os últimos. Isto assim é, pois, a
ação deriva dos sagrados Kelim [vasos] das Sefirot (chamadas ‘exterioridade’ pois Kelim são
chamados ‘exterioridade’ em respeito às luzes e as luzes são chamadas ‘interioridade’). E os
segredos da Torá e os Ta’amim (sabores) do Mitzvá [mandamento] derivam das Luzes nas
Sefirot. Já deveis saber que há uma relação inversa entre as Luzes e vasos”.
Sucede-se que em respeito à revelada, ou seja, à parte prática, isso pertence à exterioridade.
Desta forma, em respeito à parte prática, há coisas que podem ser feitas somente na terra de
Israel, tal como a proibição de construir o Templo no estrangeiro.
Mas na interioridade, que diz respeito ao coração do home, isso não tem de ser
especificamente na terra de Israel, embora o ramo de Malchut seja especificamente na terra de
Israel. Todavia, há unificações que se um quiser fazer uma unificação no exterior, também,
eles têm de fazer essa unificação especificamente na terra externa.
É como descobrimos que há uma unificação de ASHAN, que é um acrónimo de Olam, Shaná,
Néfesh [mundo, ano, alma respectivamente], ou seja, que essa unificação deve ser
especificamente de acordo com estas três condições que são: Olam [mundo] —
especificamente o lugar do Santo dos Santos; Shaná — em respeito ao tempo, deve ser
especificamente em Yom Kipur [Dia da Expiação], que é
considerado Shaná [ano]; Néfesh [alma]—em respeito a Néfesh, deve ser especificamente
através do alto sacerdote.
Desta forma, em respeito à interioridade, quando falamos do coração do homem, quando ele
começa a servir o Criador, ou seja, a obra de sair do amor próprio, que é chamado a “terra dos
povos” e a instar o povo de Israel em vez deles, ou seja, que sua intenção seja somente o amor
pelo Criador, então há a questão do dia e noite.
“Dia” significa que ele tem ânimos elevados sem qualquer necessidade de correções, tais
como quando o sol nasce e uma pessoa não precisa de fazer qualquer correção para fazer o sol
nascer. Contudo, um precisa de ser cuidadoso para não colocar interferências de modo a que o
sol não seja capaz de brilhar onde ele deve brilhar, tal como não entrar numa casa sem janelas,
pois isto interrompe o brilho do sol.
Inversamente, “noite” é o tempo em que uma pessoa deve fazer correções para que ele
ilumine para ela. Por exemplo, na corporeidade, a noite é o tempo em que está escuro na casa.
Através de correções, ou seja, ao colocar uma vela ou uma lâmpada lá, há luz. Sem correções,
até se um não colocar quaisquer interferências, ainda assim, sem esforço, que é chamado
correções, nada brilhará para ela. Em vez disso, onde quer que ela olhe é como se olhasse
através de óculos escuros: tudo é escuro.
Este é um tempo em que um deve refletir sobre o seu estado atual, quão afastado está ele da
espiritualidade e imerso em amor próprio e que ele não tem chance de sair da sua situação
sozinho. Nessa altura ele deve ver sua situação real — como pela natureza uma pessoa não
consegue fazer coisa alguma. Em vez disso, como disseram nossos sábios, “Não fosse a ajuda
do Criador, ele não a superaria”.
Porém, devemos saber que o Criador criou a noite e certamente Ele a criou para um propósito,
que é o de fazer o bem às Suas criações. Desta forma, cada um questiona: Por que criou Ele as
trevas que são à noite? Afinal, de acordo com o propósito da criação, Ele devia ter criado
somente o dia e não a noite. O versículo diz, “E houve tarde e houve manhã, um dia”. Isto é,
especificamente através de ambos, que são a noite e o dia, vem um dia.
Contudo, a noite foi criada deliberadamente para não iluminar sem correções, em prol de
realizar as correções que a noite revela a uma pessoa. Isto assim é, pois, os Kelim são
baseados na sensação de trevas. Estas são necessárias para que eles tenham uma necessidade
que o Criador os ajude. Inversamente, não há necessidade da salvação do Criador. Isto é,
nessa altura não há necessidade da Torá, que é considerada “a luz nela o reforma”.
Para isto vêm as correções chamadas “Torá e Mitzvot”. Torá é o que nos é revelado na parte
que é chamada revelada, que são regras e histórias dos pais, etc. Tudo isto é chamado Torá.
Esta parte é chamada a Torá revelada e a Torá nos ensina a realizar Mitzvot e como os
fazermos. Ela também nos conta histórias dos pais.
Contudo, devemos saber que há uma parte escondida na Torá, ou seja, que a Torá está
escondida de nós. Devemos saber que a inteira Torá são os nomes do Criador, ou seja, a
revelação da Divindade, chamada os “segredos da Torá”, que uma pessoa começa a alcançar
especificamente após ela ter sido recompensada com Torá Lishmá [pelo Seu bem].
Nas palavras de Rabi Meir (Avôt, Capítulo 6), “Rabi Meir diz, ‘Qualquer um que se envolva
em Torá Lishmá é recompensado com muitas coisas, os segredos da Torá lhe são revelados e
ele se torna como uma nascente sempre fluindo’”. Acontece que a parte revelada na Torá nos
deve trazer, pelo seu mérito, a Lishmá, ou seja, a termos a habilidade de direcionar toda a
palavra pensada e ação para serem em prol de doar.
Posteriormente, assim que ele tenha sido recompensado com Lishmá, começa o envolvimento
na Torá oculta e nos sabores das Mitzvot. Ao fazê-los, ele propaga a abundância superior para
baixo. E já falámos sobre os 613 Mitzvot serem chamados “613 conselhos”, bem como “613
depósitos”.
Está escrito na “Introdução ao Livro do Zohar”, O Zohar chama às Mitzvot na Torá pelo nome
“depósitos”. Contudo, elas também são chamadas “613 conselhos”. A diferença entre eles é
que em tudo há face e dorso. A preparação para alguma coisa é chamada o “dorso” e a
realização dessa coisa é chamada a “face”. Em respeito ao dorso dos Mitzvot, que são
chamados então “depósitos”, Rabi Shimon explica os quatorze supracitados depósitos.
Nós vemos do citado que a parte escondida é chamada “dorso” e um é recompensado com a
face depois dele ter sido recompensado com alcançar Lishmá.
70. O Significado de Verdade E Fé

Artigo 3, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Verdade e Fé são duas coisas contraditórias. Nós vemos que na nossa oração, que foi
estabelecida pelos membros da Grande Assembleia, também temos duas coisas que se
contradizem uma à outra. Por um lado, eles ordenaram para nós o processamento da oração e
a oração deve ser dita especificamente quando uma pessoa está deficiente. Além do mais,
nossos sábios disseram, “Uma oração deve ser do fundo do coração”, ou seja, que a oração
que oramos para o Criador deve ser do fundo do coração, ou seja, que sentiremos a
deficiência através do coração.
Significa isto que dentro do coração não deve haver lugar que seja inteiro, mas em vez disso
somente deficiências. E quanto maior a deficiência, mais a oração é aceite em comparação às
outras orações. Está escrito em O Zohar sobre o versículo, “Uma oração pelo pobre quando
ele está fraco e derrama suas palavras perante o Senhor” (Balak, itens 187-88): “Mas há três
que são chamadas uma ‘oração’: uma oração por Moisés, homem de Deus — não há oração
como esta noutro homem. Uma oração por — não há outra como ela noutro rei. Uma oração
pelo pobre. Das três orações, qual é a mais importante? É a oração pelo pobre. Esta oração
vem antes da oração de Moisés, antes da oração de David e antes de todas as outras orações
no mundo. Qual é a razão? O pobre tem o coração partido. Está escrito, ‘O Senhor é próximo
dos de coração partido’. E o pobre sempre discute com o Criador e o Criador escuta suas
palavras”. Até aqui foram suas palavras.
Sucede-se, de acordo com as palavras do sagrado Zohar, que a oração é precisamente quando
uma pessoa está quebrada, quando ela nada tem com o qual reanimar sua alma. Então isso é
chamado uma “oração do fundo do coração”. Esta oração é mais importante que todas as
orações no mundo pois ele não tem mérito com o qual dizer, “Eu não sou como meus amigos
pois tenho algum mérito que meus amigos não têm”. Acontece que ele está cheio de
deficiências e então há espaço para uma oração honesta do fundo do coração. Isto é, quanto
maior a deficiência, mais importante é a oração.
E correspondendo à oração que eles ordenaram para nós na ordem das orações, ordenaram
para nós uma ordem de louvores e gratidão. Isto contradiz a oração em súplica que existe na
ordem das orações, uma vez que normalmente, quando um faz alguma coisa de bom
para outro, ele fica grato por isso. Mas a medida da gratidão é sempre de acordo com
a medida do benefício que ele faz por ele. É assim que ele exprime a gratidão para o receptor
do benefício.
Por exemplo, se uma pessoa ajuda outra com metade do seu sustento, ou seja, que se ela
obteve através dela provisão que seja suficiente para fornecer as necessidades de metade do
seu agregado, a gratidão que ele lhe dá é incompleta. Mas se ele tentou achar para alguém
provisão completa e até luxos, ou seja, que ele não tem deficiência que não preencheu,
certamente ele agradece e louva tal pessoa com seu coração e alma.
Acontece desta forma que quando uma pessoa agradece e louva ao Criador e quer louvar e
agradecer ao Criador do fundo do seu coração, ela deve ver que o Criador lhe deu todos os
seus desejos e ela não carece de coisa alguma. Inversamente, sua gratidão não pode ser
completa.
Desta forma, uma pessoa deve tentar ver que ela não carece de coisa alguma, mas o Criador
complementou todas suas deficiências e ela é deixada sem deficiências. Somente então pode
ela dar graças ao Criador e este é o sentido dos cânticos e louvores que eles ordenaram para
nós na oração.
Por esta razão, elas, ou seja, as orações e súplicas e cânticos e louvores, são opostos, dado que
se ele não tem completude durante a oração e súplica e ele está cheio de deficiências, sua
oração é completa. Mas com os cânticos e louvores é o oposto: se ele não tem lugar de
deficiência que não estiver completamente preenchido, especificamente então pode ele dar
verdadeiras graças.
Devemos entender por que eles ordenaram para nós esses dois opostos, para que propósito e o
que nos dá esta ordem. Também, devemos entender como é possível manter estes dois
opostos, uma vez que eles se contradizem um ao outro.
O santo Ari diz (Talmud Esser Sefirot, P 788, item 83), “Devem haver duas portas numa
mulher, de modo a fechá-las e segurar o feto no interior, para que ele não saia até
estar completamente formado. Deve também haver nela uma força que forme a forma
do feto”.
Lá explica a razão: “Como na corporeidade, se há um mau funcionamento no abdómen da
mãe, a mãe aborta o feto. Isto é, se o feto sai do abdómen da mãe antes que a forma do
feto tenha sido suficientemente formada ao grau de Ibur [impregnação], esse nascimento não
é considerado nascimento pois a Ibur não pode existir no mundo. Em vez disso, isso é
chamado de “aborto”, ou seja, que ele não nasceu, mas caiu do abdómen da mãe e não
consegue viver”.
Similarmente, na espiritualidade, há dois discernimentos no Ibur:
1. A forma do Ibur, que é o grau de Katnút [pequenez/infância], que é a verdadeira forma.
Porém, uma vez que ele só tem Katnút, é considerado como uma deficiência e onde quer que
haja uma deficiência na santidade, há uma garra para as Klipot [cascas/peles]. Nessa altura
as Klipot podem causar o aborto — que o feto espiritual caia antes da sua fase de Ibur tenha
sido completada. Por esta razão, deve haver um elemento de impedimento, que é que lhe é
dada inteireza, ou seja, Gadlút[idade adulta/grandeza].
2. Porém, devemos entender como ao recém-nascido pode ser dada Gadlút enquanto ainda ele
é desadequado para receber até a Katnút suficientemente, uma vez que ele ainda não tem
os Kelim [vasos] nos quais receber em prol de doar. Para isso há lá uma resposta: Nossos
sábios disseram, “Um embrião do abdómen da sua mãe come aquilo que sua mãe come”. Ele
também disse, “Um feto é a anca da sua mãe”. Significa isto que uma vez que um feto é a
anca da sua mãe, o Ibur não merece seu nome próprio. Por esta razão, o feto come aquilo que
sua mãe come. Isto é, o feto recebe tudo aquilo que recebe nos Kelim da mãe. Por esta razão,
embora o feto não tenha Kelim que sejam adequados para receber Gadlút, mas nos Kelim do
superior, que é sua mãe, ele pode receber pois está completamente anulado perante a mãe e
não tem autoridade própria. Isto é chamado Ibur, quando ele está completamente anulado
perante o Superior.
Então, quando ele recebe Gadlút, isso é em inteireza. É por isso que não há garra para
as Klipot lá e é por isso que ela é chamada a “força de impedimento”. Isto impede o feto de
cair na espiritualidade, como um aborto num feto corpóreo, de, onde a mãe deve zelar pelo
seu feto para que não haja mau funcionamento lá. É similar na espiritualidade.
Acontece de tudo o citado que devemos discernir dois estados na obra do homem:
1. O seu verdadeiro estado, o seja sua Katnút, quando tudo aquilo que ele faz e pensa
é Katnút. A sensação da Katnút começa quando ele quer caminhar no caminho da verdade,
que é trabalhar em prol de doar. Nessa altura ele começa a ver sua Katnút, quão afastado ele
está das questões da doação e não consegue fazer coisa alguma em prol de doar. Isto é
chamado “verdade”, ou seja, o seu verdadeiro estado.
Então, pois ele é Katnút, pode haver uma garra para o Sitra Achra e ele pode chegar ao
desespero. Sucede-se que ele entrar na obra é considerado Ibur e ele pode chegar ao aborto,
ou seja, cair do seu grau, semelhante ao feto corpóreo que cai do abdómen da mãe e
não consegue ficar vivo. Similarmente na espiritualidade, ele cai do seu grau e precisa de uma
nova Ibur. Isto é, ele precisa de começar seu trabalho de novo como se nunca tivesse servido
o Criador.
Por esta razão, deve haver uma força de impedimento para que o feto não caia. Isto
significa que nessa altura ele deve estar em inteireza, ou seja, sentir que não carece de coisa
alguma na obra, mas que agora ele está próximo do Criador em completa Dvekút [adesão] e
ninguém lhe pode dizer, “Mas vês que não fizeste progresso na obra do Criador. Esta forma,
te esforças em vão e és desadequado para servir na santidade. Deste modo, precisas de ser
como todos os outros. Por que fazes tanto alarido que queres estar num grau mais alto que
todos os outros, embora não derives satisfação da obra do público geral? Foi isto que te deu o
empurrão de modo a ser capaz de ter pensamentos e desejos que deves sair do trabalho das
pessoas comuns e ir mais além na direção da verdade. É verdade que isto é a verdade, mas vês
que embora queiras caminhar no caminho da verdade, és desadequado para ele, ora porque te
falta o talento ou porque te falta a força para superar, pois és incapaz de superar a natureza do
amor próprio com a qual nasceste. Desta forma, larga este trabalho. Não te demores na
humildade como o resto das pessoas e não levantes teu coração acima do teu irmão, para ser
altivo. Em vez disso, é melhor que te retires deste caminho”.
Por esta razão, em prol de não cair em tais pensamentos, ele precisa da força de impedimento.
Isto é, ele deve acreditar acima da razão que a garra que ele tem no caminho da verdade é
grande e muito importante e que ele não consegue sequer valorizar a importância de tocar no
caminho da verdade pois este é o Kli inteiro no qual a Luz do Criador estará. Contudo, isto é,
nos Kelim do superior. Portanto, o Criador sabe quando uma pessoa deve sentir
sua Dvekút com o Criador.
Nos seus próprios Kelim ele sente o oposto — que agora ele está pior que quando caminhava
no caminho do público geral, onde ele sentia que cada dia ele somava boas ações e Torá
e Mitzvot. Mas agora, desde que começou a caminhar no caminho do indivíduo, de sempre
manter a intenção de quanto ele consegue trabalhar em prol de doar e quanto ele consegue
abdicar do amor próprio, nessa altura frequentemente ele vê quanto ele se aproxima da
verdade. Nessa altura, ele sempre vê mais da verdade, que ele é incapaz de sair do amor
próprio.
Ainda assim, nos Kelim do superior, ou seja, acima da razão, ele se consegue elevar acima de
si mesmo e dizer, “Não me importa como estou a doar sobre o Criador. Eu quero que o
Criador me aproxime Dele e o Criador certamente sabe quando a hora vai chegar em que eu
sentirei que o Criador me aproximou Dele. Entretanto, acredito que o Criador sabe o que é
melhor para mim e é por isso que Ele me faz sentir os sentimentos que sinto. Mas qual é a
razão pela qual o Criador me quer guiar neste caminho, ou seja, que eu devo acreditar no
caminho da fé que Ele se comporta comigo benevolentemente? E se eu acreditar nisso, Ele me
deu um sinal: a quantidade de alegria que tenho a quantidade de gratidão que consigo dar que
isso é para nosso benefício, que especificamente através da fé conseguimos alcançar a meta,
que é chamada “receber em prol e doar”. Inversamente, o Criador certamente nos conduziria
no caminho do conhecimento e não pelo caminho da fé.
Com isso entendereis o que questionámos, “Por que precisamos de duas coisas que se neguem
uma à outra”? Isto é, por um lado, devemos caminhar no caminho da verdade, ou seja, sentir
nossa situação, que sentimos que estamos nos afastando do amor próprio e na direção do amor
pelos outros e quanto gostaríamos que o mundo estivesse em, “Que Seu abençoado nome
cresça e seja santificado”.
E quando vemos que a espiritualidade ainda não é tão importante, sentimo-nos em grande
deficiência e também vemos quanto nos arrependemos disso e como nos dói que
estejamos removidos Dele. Isto é chamado “verdade”, ou seja, o estado em que sentimos
nossos Kelim de acordo com nossa sensação.
Também, nos foi dado o caminho da fé, que é acima da razão, nomeadamente não tomar
nossas sensações e razão em consideração, mas dizer, como está escrito, “Eles têm olhos e
não veem. Eles têm ouvidos e não escutam”. Em vez disso, devemos acreditar que o Criador é
certamente o Messias e Ele sabe o que é bom para mim e o que não é bom para mim. Desta
forma, Ele quer que eu sinta o meu estado como sinto e quanto a mim mesmo, não me
importa como me sinto pois quero trabalhar em prol de doar.
Deste modo, a coisa principal é que preciso de trabalhar pelo Criador. E embora sinta que não
há inteireza no meu trabalho, ainda assim, nos Kelim do superior, ou seja, da perspectiva do
superior, sou absolutamente completo, como está escrito, “Os exilados não serão exilados
Dele”. Assim, estou satisfeito com minha obra — que tenho o privilégio de servir o Rei até no
mais baixo dos graus. Isso, também, considero como um grande privilégio que o Criador me
permitiu me aproximar Dele pelo menos até certo grau.
Isto dá-nos duas coisas: 1) Em respeito à verdade, ele vê seu verdadeiro estado — que ele não
tem lugar para a oração e então ele tem lugar para a deficiência. Nessa altura pode ele orar
que o Criador complemente sua deficiência e então ele pode subir pelos graus de santidade. 2)
O caminho da fé, que é inteireza — que daqui ele pode louvar e agradecer ao Criador e então
pode estar ele em alegria
.
74. Estas São as Gerações de Noé

Artigo 4, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“Estas são as gerações de Noé. Noé foi um homem justo. Ele foi completo nas suas gerações.
Noé caminhou com Deus.
RASHI interpreta, para vos ensinar que as gerações dos justos são principalmente boas ações.
RASHI explica porque diz ele, “Estas são as gerações de Noé”. Devia ter dito os nomes de
seus filhos, ou seja, Sem, Cam e Jafé. E por que lá diz, “Estas são as gerações de Noé. Noé foi
um homem justo”? Ele explica que isso é, pois, as gerações dos justos são principalmente
boas ações.
“Nas suas gerações”, uma vez que nossos sábios o louvam — que se ele estivesse numa
geração de justos, ele teria sido mais justo. Outros o condenam — se ele estivesse na geração
de Abraão, ele seria considerado como nada.
“Noé caminhou com Deus”. Interpreta RASHI, com Abraão diz ele, “Perante quem caminhei
eu”. Noé precisava de assistência para o apoiar, mas Abraão era forte e caminhou com sua
retidão sozinho.
Para explicar tudo o citado na obra, devemos saber que pai e filho, pais e gerações
[descendência], significam causa e consequência. Normalmente, quando uma pessoa faz
alguma coisa, ela está certa que esta ação vai engendrar alguma coisa. Por exemplo, uma
pessoa que vai trabalhar em certa fábrica quer produzir um salário através de suas ações, para
que ela possa se sustentar. Acontece que o pai é o trabalho e a geração [descendência] é a
provisão. Similarmente, quando uma pessoa aprende alguma sabedoria ela quer ser valorizada
como sábia por siso, ou seja, que tudo o que uma pessoa faz é somente para ver as gerações
das suas ações.
Desta forma, quando uma pessoa se envolve em Torá e Mitzvot [mandamentos], ela
certamente quer que algumas gerações nasçam das suas ações.
De acordo com o que está escrito no sagrado Zohar (Introdução para o Livro do Zohar, item
189) e na Sulam e estas são suas palavras (na Sulam, item 190), “Temor é interpretado de três
maneiras, duas das quais não têm raiz adequada e uma é a raiz do temor. Há uma pessoa que
teme o Criador para que seus filhos vivam e não morram, ou teme uma punição monetária.
Por esta razão, ela sempre O teme. Acontece que este temor do Criador não é a raiz, dado que
seu próprio benefício é a raiz e o temor é sua consequência [geração]. E há uma pessoa que
teme o Criador porque ela teme a punição daquele mundo e a punição do inferno. Esses dois
temores — medo da punição neste mundo e medo da punição no mundo vindouro — não são
a essência do temor e sua raiz”. (No item 191) “Temor, que é a essência, é que um deve temer
o seu Mestre pois Ele é grande e governador, a essência e raiz de todos os mundos e tudo é
considerado como nada em comparação com Ele”.
Acontece do citado que da obra na qual uma pessoa trabalha, que é chamada o “pai”, ela quer
ver gerações do seu trabalho, que é chamado o “fruto do seu trabalho”.
Há três tipos de gerações que aqui devemos ver. 1) Recompensa neste mundo, portanto que
seus filhos vivam e ela tenha sucesso no sustento, etc. 2) Recompensa no mundo vindouro. 3)
Pois Ele é grande e governador. Isto significa que todas as gerações às quais ela aspira é para
que seja capaz de doar contentamento sobre o Criador.
De acordo com o que está acima há a questão das gerações que são chamadas “boas ações” e
boas significa doar sobre o Criador, como está escrito (Salmos 45), “Meu coração transborda
de uma coisa boa. Digo, ‘Minha obra é pelo Rei’”. Isto significa que tela quer que todas suas
ações sejam pelo Criador e isto é chamado “boas ações”. Para seu próprio benefício ela não
quer recompensa e toda a recompensa que ela espera é ser capaz de fazer coisas que tragam
contentamento ao Criador sem qualquer recompensa pelo seu próprio trabalho. Isto significa
que sua recompensa é que lhe seja dado o presente de ser capaz de fazer coisas somente pelo
bem do Criador, sem qualquer mistura de intenção para se beneficiar a si mesma. Esta é a
recompensa pela qual ela se envolve em Torá e Mitzvot. Por tais boas ações espera ela
alcançar com seu trabalho. Foi dito sobre isto (Kidushin 30): “Eu criei a inclinação do mal; Eu
criei para ela a Torá como tempero”.
De acordo com isso, o que são as gerações dos justos? Somente boas ações, ou seja, o
resultado que deriva da razão e a razão é o trabalho na Torá e Mitzvot. Para o resto das
pessoas, os resultados da razão são recompensa neste mundo ou recompensa no mundo
vindouro. Mas para os justos, seus resultados da razão são que seu pai, que produz gerações,
são somente boas ações. Esta é a única recompensa que eles esperam — de serem capazes de
trazer contentamento ao Criador.
Este é o sentido daquilo que RASHI interpreta, “Que as gerações dos justos são
principalmente boas ações”. Isto é considerado que todas as suas ações são somente para doar
contentamento sobre o Criador. Porém, devemos entender o que RASHI interpreta sobre a
essência das gerações dos justos e o que eles consideram secundário, que eles não consideram
como essência.
É sabido que há ações e há entendimento e conhecimento. Isto é, que aquilo que é dentro da
razão chamado entendimento e conhecimento, ou seja, que o corpo, também, concorda que
nós devemos envolver em Torá e Mitzvot, dado que assim que uma pessoa alcançou o grau
de Lishmá [pelo Seu bem], ela é recompensada com a luz da vida, que se encontra na Torá
e Mitzvot. É como está escrito (Salmos 19), “Mais desejável que o ouro, e muito mais fina que
o ouro e mais doce que o ouro e a colmeia”. Isto é chamado “entendimento”, onde o corpo,
também, entende que é vantajoso ser servo do Criador.
Rabi Meir diz (Avôt, Capítulo 6), “Qualquer um que se envolva em Torá Lishmá é
recompensado com muitas coisas. Além do mais, o mundo inteiro é vantajoso para ele e os
segredos da Torá lhe são revelados”.
Para os justos, todas estas coisas alcançadas ao se envolverem em Lishmá não são
consideradas a essência. Isto é, esta não é sua intenção no trabalho em Torá e Mitzvot. Em vez
disso, o que é mais importante para eles são boas ações, ou seja, doar contentamento sobre o
Criador. É nesse respeito que eles são esperados alcançar um grau de ações acima da razão.
Sua intenção foi não ter gerações de entendimento e conhecimento, mas em vez disso, sua
intenção foram somente as ações. Este é o sentido daquilo que explicou RASHI, “Para vos
ensinar que as gerações dos justos são principalmente boas ações”.
De acordo com o citado, podemos interpretar aquilo sobre o qual RASHI explica, “nas suas
gerações”. “Alguns dos nossos sábios o louvam: Além do mais, se ele estivesse numa geração
de justos, ele teria sido mais justo. Outros o condenam: Se ele estivesse na geração de Abraão,
ele seria considerado como nada”.
Nas suas gerações significa suas duas gerações, pois dois é plural. Mas a respeito da obra,
todo e cada estado é chamado uma “geração”. Este é o sentido de “Uma geração louvará tua
obra para outra”. Isto significa que se uma pessoa está numa geração de ímpios, ou seja, se
uma pessoa tem pensamentos e desejos dos ímpios, nesse tempo uma pessoa tem grande
esforço para ser capaz de superar os argumentos dos ímpios, que debicam sua mente e
pensamento com as questões de quem e o quê. Nessa altura, ela não consegue superá-los
senão com o poder de fé acima da razão. Isto é considerado subjugar os argumentos dos
ímpios não com respostas dentro da razão, mas em vez disso somente com o poder da fé
acima da razão os pode ela derrotar.
Isto é chamado uma “ação”, ou seja, sem intelecto e isto é chamado, “Se ele realizou um
Mitzvá [mandamento] ele é feliz, pois ele se sentenciou e ao mundo inteiro a uma escala de
mérito”, pois somente com uma ação consegue ele derrotar o argumento dos ímpios e não
com intelecto e razão.
De acordo com isso, devemos dizer que a geração de Noé se refere a uma geração de ímpios.
Ele deve ser louvado pois então ele teve o trabalho duro principal. Mas ele deve ser
condenado pois no final, ele está numa geração de ímpios, ou seja, que ele tem pensamentos
estranhos e é impróprio de um servo do Criador ter tais ímpios na sua mente e coração.
Devemos também dizer, que na geração de Abraão, ou seja, numa geração onde há justos,
nomeadamente quando ele tem bons pensamentos, de justos, é quando há somente um desejo
na sua mente e coração — de trazer contentamento ao Criador — e pensamentos e desejos dos
ímpios nunca cruzaram sua mente e coração. Tal pessoa está numa geração de justos.
Outros louvam, pois se Noé estivesse no estado de justos, ou seja, se ele tivesse igualado os
poderes de superação que tinha na geração dos ímpios, o que teria ele sentido em comparação
com a sensação que agora ele tem, que é a agradabilidade e doçura da Torá? Certamente, o
tempo da geração de Noé, que foi chamada uma “geração de ímpios”, esse tempo foi
considerado como nada, pois então ele não sentiu o deleite e prazer que ele sente numa
geração de justos.
Mas em respeito à obra, o tempo em que ele estava numa geração de ímpios foi o lugar de
trabalho. Sucede-se que a geração de Noé é mais importante pois ele tem o que fazer, pois as
gerações de justos são principalmente boas ações.
“Noé caminhou com Deus”, RASHI interpreta que com Abraão ele diz, “Perante quem andei
eu”? Noé precisava de assistência que o apoiasse, mas Abraão era forte e caminhou pela sua
retidão. Significa isto que há dois tipos de forças numa pessoa, que são chamados “vasos de
recepção” e “vasos de doação”. Vasos de doação relacionam-se ao Criador, pois o Criador é o
dador e vasos de recepção se relacionam à criatura, que é a receptora.
Os vasos de recepção, que se relacionam ao receptor, vêm antes dos vasos de doação. Nas
palavras da Cabala, os vasos de doação são chamados Kéter, Chochmá, e Gar de Biná e
abaixo deles estão os vasos de recepção, que são Zat de Biná, Zeir Anpin, e Malchut.
Portanto, os vasos de doação são chamados, “Deus caminhou com Noé”, ou seja, que num
lugar de vasos de doação, era possível caminhar em santidade, ou seja, em vasos de doação
que se relacionam ao Criador, que são os vasos de doação. Isto é chamado, “Noé precisava de
assistência que o apoiasse”, uma vez que o superior dá os vasos de doação, que são
considerados Noé precisar de assistência que o apoiasse.
Isto significa que o superior o desperta para trabalhar, chamado “despertar do alto”, como está
escrito em O Estudo das Dez Sefirot (parte 9, página 735, item 6 e em Ór Pnimi): “Contudo,
no princípio, na primeira vez, as MAN que não estavam com ZON em AVI subiram e
então ZON foram feitos dessas MAN. Depois de ZON terem sido estabelecidos, eles
elevaram MAN uma segunda vez. Assim que ele tem os vasos de doação, que ele adquiriu
através do despertar do alto, que é chamado, ‘Noé precisava de assistência que o apoiasse’.
Que vem do superior e este foi o grau de Noé”.
Mas Abraão não precisou de assistência para o apoiar. RASHI faz essa precisão com as
palavras, “Perante quem eu caminhei”. Isso significa, que ele caminhou com vasos de
recepção, que se encontram perante os vasos de doação. Os vasos de doação — que
são Kéter, Chochmá e Gar de Biná — se encontram acima e por baixo deles se encontram os
vasos de recepção, que são Zat de Biná e ZON.
Uma vez que Abraão caminhou com vasos que estão perante ele, perante os vasos de doação,
que se relacionam ao Criador e nós relacionamos os vasos de recepção aos receptores, é por
isso que usar os vasos de recepção é chamado “despertar de baixo”, que é atribuído ao
inferior.
Este é o sentido de Abraão não precisar de assistência que o apoiasse pois ele caminhava com
vasos de recepção. Com esses Kelim [vasos] ele servia o Criador. Mas as palavras, “Deus
caminhava com Noé”, ou seja, os Kelim que são atribuídos a Deus, que são vasos de doação,
que são vasos do Criador e esses Kelim o Criador dá.
77. Sai de Teu País

Artigo 5, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“Sai-te de teu país, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que EU te mostrarei”.
Questiona-se ele sobre isso, pois não é assim que é normalmente porque primeiro uma pessoa
deixa a casa de seu pai, então sua parentela, e então seu país. É isto o que os interpretes
questionam.
Na obra, devemos interpretar que “Teu Éretz [país]” vem da palavra Ratzon [desejo], como
nossos sábios disseram sobre isso, “Que a terra [Éretz] produza grama”, que ela estava alegre
por fazer a vontade de seu Fazedor. Em concordância, “Sai-te de teu país” significa da tua
vontade, que é o desejo com o qual o homem foi criado, chamado “desejo de receber deleite e
prazer”, que é considerado amor-próprio. Foi por isso que lhe foi dito que ele tinha de sair do
amor-próprio.
A respeito de “De tua parentela”, devemos interpretar que o pai e descendência significam
causa e consequência ou causa e efeito. Isto assim é porque a descendência vem de uma gota
no cérebro do pai, pela qual a descendência é trazida em diante, como dissemos em anteriores
ensaios. Isto significa que o trabalho que um está prestes a fazer é para receber recompensa.
Logo, o trabalho lhe gera uma recompensa. Sucede-se que a razão pela qual ele mantém Torá
e Mitzvot [mandamentos] é para gerar um filho, que é chamado “recompensa”.
E a respeito da recompensa, já dissemos que há dois tipos de recompensa: 1) uma recompensa
chamada “este mundo”; 2) uma recompensa chamada “o mundo vindouro”. Isso é trazido em
O Zohar (“Introdução de O Livro do Zohar”), “E o sagrado Zohar diz que aqueles dois não
são considerados a coisa importante”. Lá é explicado, no Comentário Sulam, que isso é
porque eles foram construídos sobre a base do amor-próprio chamada, “vontade de receber
em prol de receber”.
Deste modo, se um se esforça em Torá e Mitzvot em prol de receber recompensa para sua
vontade de receber, sucede-se que tanto o pai, ou seja, o trabalho, e a descendência que
nasceu do seu trabalho, que é chamada “a recompensa”, foram somente baseados em amor-
próprio, e lá estava desde a própria origem do seu trabalho. Naturalmente, o recém-nascido,
ou seja, a recompensa que ele espera receber, é também uma de amor-próprio.
Lhe foi dito, “Sai-te de teu país”, ou seja, da tua vontade de receber, “De tua parentela”
refere-se à descendência que nasceu, “E da casa de teu pai”, ou seja, a recompensa que nasceu
a partir da casa de teu pai, que é o trabalho que produz uma recompensa de amor-próprio. E
ele deve afastar-se de todas elas.
“Para a terra que EU te mostrarei”. Esta terra significa um desejo de doação. Esta terra
significa o desejo de doação, pois esta terra se refere ao desejo de doar. “A terra”, significa o
desejo de doar, ou seja, que ele será recompensado com a revelação do Criador.
“Que EU te mostrarei” significa que o Criador se mostrará a Si Mesmo a ele. Isto assim não é
com a vontade de receber onde a restrição e ocultação foram colocados, e ela se tornou negra
e separada da Vida das Vidas, e isto causa trevas.
Deste modo, EU não me posso mostrar a ti na tua vontade de receber, mas em vez disso no
desejo de doar. Isto é chamado “equivalência de forma, ” e então a restrição e ocultação são
levantados e o Criador aparece para ele.
“E EU Farei de vós uma grande nação”. No Midrash Rabá (Capítulo 39), está escrito, “Rabi
Levi disse, ‘Quando Abraão o patriarca caminhava até Aram-Naharaim [Mesopotâmia] e os
viu imprudentes, comendo e bebendo, ele disse, ‘Desejo que não venha a ter um lote nesta
terra’. Quando ele alcançou Sulam Tzôr e os viu envolvidos a capinar enquanto capinavam, e
a cavar enquanto cavando, ele disse, ‘Desejo que venha a ter um lote nesta terra’. E o Criador
disse para ele, ‘Para tua semente darei EU esta terra’”.
Para compreender suas palavras na obra, devemos interpretar, como acima dissemos, que
Éretz[terra/país] significa desejo. BeAram [em Aram] tem as letras de Abrão. “Quando
Abraão caminhava até Naharaim”, Naharaim vem da palavra Nahor [Aramaico: luz], e então
ele viu que há pessoas cujo único desejo é pelas luzes. Isto é chamado “comer e beber”, que a
meta é a recompensa. Foi por isso que ele disse, “Desejo que não venha a ter um lote nesta
terra”, ou seja, “Que eu não tenha um lote neste desejo” — que a meta é somente pela
recompensa e o trabalho não é valorizado, mas somente a recompensa é valorizada. Foi por
isso que ele disse, “Desejo que não venha a ter um lote neste desejo”.
“Quando ele alcançou Sulam Tzôr”, Tzôr vem da palavra Tzár [estreito/inimigo]. Isso
significa que eles sentiram Tzarut [estreiteza, mas também pode significar Tzarôt—apuros].
Ele viu que eles estavam em Sulam, como em “Uma Sulam [escada] disposta sobre a terra, e
seu topo alcançava os céus”. E ele viu que eles estavam envolvidos em capinar enquanto
capinando e cavar enquanto cavando, ou seja, que todos seus pensamentos eram sobre o
trabalho do homem, que sua principal meta era que seu trabalho fosse adequado, isto é, que os
Kelim [vasos] onde a abundância deve ser colocada sejam adequados. Eles não prestam
atenção aos frutos, à recompensa. Em vez disso, eles observam a ordem do trabalho, como ele
diz, “Capinar enquanto capinavam e a cavar enquanto cavando”.
Então disse ele, “Desejo que venha a ter um lote nesta terra”, ou seja, neste desejo, que
intenciona principalmente que o trabalho seja adequado, e a recompensa, que são os frutos,
não é da sua conta. Diz-se sobre isso, “As coisas secretas pertencem ao SENHOR nosso
DEUS”, ou seja, que não devemos considerar a recompensa, mas estarmos contentes ao
termos sido recompensados até com o mais ligeiro toque desta obra, sob quaisquer
circunstâncias. E este é um grande privilégio para ele. E a única coisa que é revelada a nós é a
ação.
Agora podemos interpretar, “E EU farei de vós uma grande nação”. Grande é precisamente
em respeito à ação. Grandeza, entre aqueles que trabalham, são somente ações que estão
acima da razão. Somente a isso atribuem eles importância. Mas eles não tomam em
consideração as luzes que recebem através de seu trabalho porque as luzes são parte de “As
coisas secretas pertencem ao SENHOR nosso DEUS”, ou seja, que isso é a ação do Criador, e
Ele faz como quer que Lhe apeteça.
Eles não pediram que Ele lhes desse porque isto não era sua meta. Eles só têm uma meta —
de dar contentamento ao Criador sem qualquer recompensa, uma vez que a inteira
recompensa é que eles tenham o privilégio de servir o Rei. Não faz diferença para eles que
espécie de serviço fazem eles pelo Rei, seja importante ou sem importância, porque eles
consideram somente como podem eles deleitar o Rei.
Por exemplo, não há muitas pessoas que se voluntariem para fazerem trabalhos sem
importância. Elas, contudo, imediatamente os assumem porque elas têm alguma coisa pelo
qual podem deleitar o Rei, uma vez que não há muitas pessoas que o queiram.
A lição é que uma vez que não há muitas pessoas que desejem ir na direção de trabalhar
acima da razão, uma vez que todos consideram uma desonra trabalhar e consideram tal obra
como “exílio”, aqueles que desejam ver onde podem eles deleitar ao rei, assumem
especificamente este trabalho. E este trabalho que eles fazem é chamado “levantar a
Divindade da poeira”. Este trabalho é também chamado “Divindade em exílio”, e este é o
único trabalho que eles querem. Mas a respeito de trabalhar em prol de receber luzes e
abundância do alto, há muitos voluntários para isso.
Agora podemos interpretar aquilo que nossos sábios disseram (Shabat, 127), “Rav Yehuda
disse, ‘Rav disse, ‘Hospitalidade é maior que receber a face da Divindade’, como está escrito,
‘E disse, ‘Meu Senhor, se encontrei graça a TEUS olhos, não passes pelo TEU servo sem te
deteres’’’”. RASHI interpreta, “Não passar significa que ele o deixou e foi cumprimentar os
convidados”. Podemos dizer que ele aprendeu este assunto daquilo que o Criador lhe disse, “E
EU farei de vós uma grande nação”, ou seja, que a coisa mais importante é a ação e não as
luzes. Isto significa que a essência do seu trabalho está no amor aos outros e que eles não
tenham consideração por si mesmos. Isto assim é apesar do facto de que a recepção da face
certamente dá maior prazer ao corpo que trabalhar no amor aos outros.
É por isso que aqui, uma vez o Criador lhe disse, “E EU farei de vós uma grande nação”,
vossa grandeza será principalmente nisso, ou seja, em ações, e é por isso que aqui ele tinha
um lugar onde ele se poderia mostrar a si mesmo. Por outras palavras, ele estará certo que não
deseja considerar os lucros. Embora seja verdadeiramente um grande lucro ser recompensado
com acolher a Divindade, ele ainda assim escolhe a ação, ou seja, que ele não visa qualquer
recompensa pelo seu trabalho, mas a coisa mais importante é o trabalho. E é aqui que ele
encontra o lugar de escrutínio, pois é certamente uma grande coisa abdicar da recompensa e
receber trabalho em troca pela recompensa.
Vulgarmente, é ao contrário. As pessoas fazem esforços para receber uma recompensa. Mas
ele faz o oposto, ele dá a recompensa para que ele possa receber trabalho. Ele aprendeu isto
daquilo que o Criador lhe disse, “E EU farei de vós uma grande nação”, ou seja, que a
principal grandeza é a ação.
80. E O Senhor Lhe Apareceu nos Carvalhos de Mamré

Artigo, 6, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


““E o Senhor lhe apareceu nos carvalhos de Mamré”. RASHI interpreta, “Ele lhe deu um
conselho sobre a circuncisão. Desta forma, Ele lhe apareceu parcialmente”. Está escrito em O
Zohar (VaYera, item 17), “‘E o Senhor lhe apareceu nos carvalhos de Mamré.’ Ele pergunta,
‘Por quê nos carvalhos de Mamré e não noutro lugar’? E ele responde, “É, pois, Mamré lhe
deu um conselho sobre sua circuncisão’. Quando o Criador disse para Abraão se circuncidar,
Abraão consultou seus amigos. Anér disse-lhe, ‘Tu tens mais de 90 anos de idade, tu te irás
afligir’.
“Mamré lhe disse, ‘Recorda-te do dia em que os Caldeus te jogaram na fornalha e da fome
que o mundo experimentou, como está escrito, ‘Houve fome na terra e Abraão desceu para o
Egito. ’ E esses Reis que teus homens perseguiram e tu os golpeaste. O Criador te salvou de
todos eles e ninguém te podia prejudicar. Levanta-te e faz como o Senhor te ordena. ’ Disse o
Criador para Mamré, ‘Mamré, tu o aconselhaste sobre a circuncisão, desta forma Eu lhe
falarei somente no teu lugar’”.
Há uma pergunta, “Como pode ser dito que se o Criador lhe disse para se circuncidar, ele
consultou os amigos se eles escutaram ou não o Criador? Como pode tal coisa ser dita”?
Nós devemos interpretar isto na obra. Quando o Criador lhe disse para se circuncidar, ele
consultou os seus amigos, ou seja, o seu corpo, dado que o corpo é aquele que tem de realizar
a ação. Desta forma, ele questionou a seu corpo se ele concordava, ou se ele pensava que não
devia obedecer ao mandamento do Criador. Isto assim é, pois, os amigos do homem estão no
corpo, ou seja, que eles são desejos que estão juntos, conectados ao corpo e ele lhes deve
perguntar pois são eles que têm de manter o mandamento que ele recebeu do Criador. Então,
quando ele soube suas opiniões, ele podia saber o que devia fazer.
Nós temos de saber que há três almas no corpo, como está escrito em O Zohar, VaYera (item
315), “Rabi Yehuda disse, ‘Há três formas de orientação no homem: a orientação do intelecto
e sabedoria é o poder da sagrada alma. A orientação da luxúria, que cobiça a paixão ímpia.
Este é o poder da luxúria. E uma orientação que guia as pessoas e fortalece o corpo é chamada
a ‘alma do corpo’. Estas três formas de orientação são chamadas amigos de Abraão. Isto é, ele
os contém. Abraão foi pedir sua opinião; ele quis conhecer a visão de todo e cada um dos seus
amigos’”.
Anér lhe disse: “Tu tens mais de 90 anos de idade; tu vais te afligir”. Na Gematría, Anér é
320, implicando 320 centelhas que estão presentes lá, incluindo Malchut que é chamada o
“coração de pedra”, que é a vontade de receber em prol de receber, ou seja, amor próprio. Foi
por isso que ele lhe disse: “Tu já tens mais de 90 anos de idade; tu te vais afligir”. O coração
de pedra, que é a alma cobiçadora, lhe disse, “Tu tens sempre de tentar receber a Luz e prazer
e não te afligires”. Desta forma, ela lhe disse que ele não deve obedecer ao mandamento do
Criador.
Mamré lhe disse, “Lembra-te do dia em que os Caldeus te jogaram na fornalha”. Por outras
palavras, ele lhe disse, “Vês que o Criador se comporta contigo acima da razão, pois isso
serve para afirmar que aquele que é jogado na fornalha é queimado, mas tua salvação é acima
daquilo que parece razoável. Desta forma, tu, também, apegas-te às Suas qualidades e tu,
também, avança acima da razão. Isto é, embora pareça razoável que Anér esteja certo, tu
deves avançar acima da razão”.
Eshkol é a alma do corpo e sustenta o corpo. Ela vem da palavra, Eshkol [Eu considerarei], ou
seja, que ele precisa de considerar com quem se unir — com uma alma cobiçadora, que é
Anér, ou com Mamré, que é a alma do intelecto e sabedoria. Este é o poder da alma sagrada,
como está escrito nas palavras O Zohar.
Mamré vem das palavras, “pois ele Himrá [desobedeceu] a Aner”. Ele lhe disse para avançar
acima da razão. Este é o sentido de “E o Senhor lhe apareceu nos carvalhos de Mamré”, pois
precisamente onde um avança acima da razão, onde não há intelecto, precisamente lá o
Criador aparece e um é recompensado com o Dá’at [conhecimento] da santidade. É por isso
que isso é chamado Mamre [desobedecer], que é considerado acima da razão, chamada “a
alma do intelecto e sabedoria”, pois precisamente onde um avança acima da razão o intelecto
e sabedoria aparecem.
Portanto sucede-se, que o sentido do que diz O Zohar, que Abraão foi consultar seus amigos,
refere-se ao próprio corpo de Abraão. O corpo precisa de manter o mandamento, desta forma
ele pediu ao corpo sua opinião em prol de saber o que ele deve fazer. Isto é, se ele o deve
forçar ou ele concordou com o que o Criador lhe havia dito. Quando lá diz que ele consultou
com seus amigos, isso refere-se às três almas que existem no seu corpo, que são seus amigos,
que estão sempre com ele.
Está escrito no Midrash Rabá (fim da porção Lech Lechá e no princípio da porção VaYera):
“Disse Abraão, ‘antes de eu ser circuncidado, transeuntes viriam até mim. Agora que sou
circuncidado, eles não vêm até mim’. O Criador lhe disse, ‘antes de seres circuncidado,
pessoas não circuncidadas vinham até ti. Agora, Eu e minha comitiva te aparecem’”.
Nós devemos entender isto, pois ele não recebeu uma resposta à sua pergunta. Ele perguntou,
“Por que os transeuntes não vêm agora”? Qual foi a resposta? Nenhuma resposta está escrita
sobre porque eles não vêm. Em vez disso, ele recebeu um tipo diferente de resposta — que
anteriormente eles eram não circuncidados e que agora, o Criador vem até Ele. Isto não
responde à pergunta.
Nós devemos interpretar isto na obra. Ele disse que antes de ser circuncidado, a ordem da sua
obra era que transeuntes sempre viriam até ele, ou seja, que tinha pensamentos das pessoas
que vinham e então, pessoas que iam. Isto significa que antes de ele ser circuncidado ele tinha
espaço para trabalhar, pois tinha pensamentos de transgressão. Posteriormente, ele tinha
espaço para aqueles que vêm, ou seja, por arrependimento e então, ele soube que estava a
trabalhar verdadeiramente.
Mas agora ele não tem espaço para transeuntes, todavia ele ansiava por trabalhar. Então o
Criador lhe disse, “Não te deves arrepender disto, pois no fim, teu trabalho é o trabalho das
pessoas que são circuncidadas. Isto é, teu trabalho ainda não era em pura doação pois ainda
não havias sido recompensado com a remoção do prepúcio, que é chamado a vontade de
receber.
Agora, contudo, não precisas de te arrepender da obra que então tiveste, pois no final, era
trabalho das pessoas, que é bom trabalho, mas ainda externo, pois elas não eram
circuncidadas, mas agora que és circuncidado há equivalência de forma, então Eu e minha
comitiva podem vir, que assim não era anteriormente.
82. A Vida de Sara

Artigo,7, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar, na porção, Chayei Sará [A Vida de Sara] (item 17), “Outra
interpretação: ‘Um rei é uma mulher que teme o Senhor, como dizeis, 'Uma mulher que teme
o Senhor, será ela louvada’, ou seja, a Shechiná [Divindade]. ‘…a um campo cultivado’ é
fogo estranho, ou seja, Sitra Achra, como dizeis, ‘para te proteger de uma mulher estranha’,
pois há um campo e há um campo. Há um campo que todas as bênçãos e santidades nele se
encontram, como dizeis, ‘como o cheiro de um campo que o Senhor abençoou’, ou seja, a
Shechiná. Há um campo que toda a ruína, destruição, matança e guerra nele se encontram, ou
seja, o Sitra Achra”, até aqui suas palavras.
De acordo com nosso caminho, o sentido é que temos dois caminhos—ora seguir o caminho
daqueles que chegam ao Criador, cujo caminho é o caminho da doação, ou um caminho que
conduz às pessoas, que é a recepção, uma vez que as criaturas são chamadas “criaturas”
somente em respeito à recepção e amor próprio, que chega até nós do núcleo da criação.
Houve uma Tzimtzum [restrição] e ocultação sobre esse aspecto, pois neste lugar não é
evidente que a terra inteira está cheia da Sua glória, pois é possível alcançar que a terra inteira
está cheia da Sua glória somente quando um sai do lugar da recepção. Mas antes de sair da
recepção, ele pode somente acreditar que isto assim é.
Para sermos capazes de sentir isto, nos é dado o conselho para sair do lugar da recepção, que é
o lugar das trevas e da morte. Isto é, a luz da vida não pode aparecer embora ela esteja
presente, mas ela está coberta do homem e aquele que chega a esse lugar se torna separado da
fonte da vida.
Daí, que esse lugar seja chamado “trevas e morte” e todo o tipo de calamidade lá está
presente. Isto é chamado o Sitra Achra [outro lado], ou seja, que ele é o oposto da Kedushá
[santidade]. Um lugar de Kedushá, chamado um “lugar de doação, ” é um lugar de
equivalência de forma. É por isso que nesse lugar aparece todo o deleite e prazer, pois ele é
um lugar de bênção e santidade. Isto é chamado “uma mulher que teme o Senhor”. Nossa obra
é somente chegar a temer o Senhor, chamado “assumir o fardo do reino dos céus”.
Com isto entenderemos aquilo que disseram nossos sábios sobre o versículo, “não negra como
um corvo” (Iruvin, 22): “Em quem os achais? Disse Rába, ‘Naquele que finge ser tão cruel
como um corvo para seus filhos e para seu agregado’. E alguns dizem, ‘Em quem excluis as
ordens da Torá’”. Interpreta RASHI que um corvo é cruel para os seus jovens, como está
escrito, “para os jovens corvos que choram”.
A palavra Orev [corvo] vem da palavra Arev [agradável], como está escrito, “pois tua voz é
Arev [agradável] ”. Ele é o oposto da pomba, como disseram nossos sábios sobre o versículo,
“A pomba veio até ele … e eis, no seu bico estava uma folha de oliveira acabada de apanhar”
(Iruvin 18). “Rabi Yirmiá Ben Elazar disse, ‘Por que está escrito, ‘e eis, no seu bico estava
uma folha de oliveira acabada de apanhar’? A pomba disse para o Criador, ‘Senhor do
mundo, deixa que minha comida seja tão amarga como uma azeitona, mas que seja dada por
Ti e não as deixes serem tão doces como o mel, mas que sejam dadas aos de carne e osso’’”.
É sabido que quando uma pessoa trabalha em prol de receber, quando sua direção é só o amor
próprio, essa obra é chamada “doce trabalho”. Foi por isso que a pomba disse, “que minha
comida seja tão amarga como uma azeitona, mas seja dada pelo Criador”. Isto se refere à sua
alimentação, da qual um se alimenta a si mesmo, a alimentação do qual um vive. Se sua obra
é dirigida ao Criador, até se for amarga pois o corpo não concorda com sua nutrição, ela será
dependente da medida da sua habilidade de se direcionar para doar, uma vez que isso é contra
a natureza na qual nasceu o corpo.
O corpo nasceu com um desejo de receber. Ele deseja somente aquilo que possa sustentar o
amor próprio. Isto é considerado alimentação que vem da “carne e osso”. O corpo desfruta
desta alimentação e acha-a doce. Isso é considerado Orev [corvo] pois somente o alimento de
carne e osso é Arev [agradável] para ele. Mas ele foge do alimento que lhe é dado do alto —
ou seja, de ser capaz de trabalhar pelo Criador — uma vez que ele sente amargura nas ações
de doação.
Sucede-se deste modo que o corvo é chamado “trabalho de amor próprio”. Uma vez que
houve uma restrição sobre a vontade de receber, que é ocultação e a luz superior lá não
aparece, o trabalho do corvo é negro. Este é o sentido de “tão negro como o corvo”. Isto é,
onde se encontra a Torá? Em quem consegue a luz da Torá brilhar? Somente naquele que vem
entender que um corvo, ou seja, trabalho na recepção, causa somente negrume, que ele só
consegue receber trevas e não luz. Nossos sábios disseram sobre isto que a Torá somente se
encontra “naquele que finge ser tão cruel como um corvo para seus filhos e para seu
agregado”.
É sabido que pai e filho são causa e consequência. Desta forma, devemos interpretar as
citadas palavras significando que aquele que percebeu que ao servir a carne e osso, que é
trabalho no amor próprio, embora seja trabalho doce, que é um corvo. Contudo, com isto ele
sabe o resultado, ou seja, o que resultará de tal trabalho — somente trevas, chamadas
“negrume”. Nessa altura sabe ele que se tornou cruel para seus filhos, ou seja, que não tem
misericórdia sobre os resultados que virão disto.
Sucede-se que se ele souber que se tornou cruel ao caminhar no grau de corvo, ele muda seu
caminho e começa a caminhar no caminho da pomba, ao concordar trabalhar pelo Criador
embora estes alimentos sejam tão amargos como azeitonas. Mas os resultados, ou seja, os
filhos, desfrutarão do seu trabalho, uma vez que por ele ser em prol de doar, abundância fluirá
para esse lugar. Isto é o oposto do corvo, que se torna cruel para seus filhos.
Podemos interpretar que é por isso que Israel são comparados a uma pomba. Esta é a
assembleia de Israel, que é considerada Yashar-El [direta ao Criador]. Significa isto que tudo
o que o povo de Israel faz é com a intenção Yashar-El. Inversamente, as nações do mundo são
consideradas um Deus estranho, não querendo dedicar seu trabalho ao Criador.
Com isto podemos interpretar o versículo, “Ele dá à besta o seu pão e aos jovens corvos que
choram”. Devemos entender a razão para a proximidade da “besta” ao “corvo”. Isso é como
disseram nossos sábios sobre o versículo, “Homem e besta” (Hulin, 5): “Rav Yehuda disse,
‘Rav disse, ‘estas pessoas são astutas e fingem ser como uma besta’’”. Baal HaSulam
interpretou que isso é fé acima da razão, cuja base são vasos de doação.
Os jovens do corvo — quando um olha e vê seus resultados, ou seja, o que resultará do amor
próprio — começam a clamar para o Criador para lhes dar vasos de doação e fé acima da
razão, uma vez que eles perceberam o que resulta do amor próprio, chamado “corvo”, lhes
trará. Podemos dizer que isto é chamado “O Senhor está próximo de todos aqueles que O
invocam em verdade”.
Baal HaSulam interpretou o que está escrito nas canções de Shabat, “Prolonga Tua
misericórdia para aquele que Te conhece, Ó Deus ciumento e vingativo”. Significa isto que
uma vez que um reconheceu que se ele não caminhar no caminho da doação ele
imediatamente sofrerá vingança, ele é garantido de se impedir a si mesmo de cair e entrar na
estrada que conduz ao amor próprio, uma vez que ele sabe que perderá sua vida, ou seja, que
ele cairá para um lugar de trevas e da sombra da morte. Nessa altura diz ele, “Prolonga Tua
misericórdia para aqueles que Te conhecem”, que é “Deus ciumento e vingativo”.
É por isso que eles pedem para o Criador lhes dar misericórdia, pois eles sabem que
inversamente estão condenados. Somente através da misericórdia que o Criador lhes dará
receberão eles vasos de doação. Isto é considerado uma “pomba”. Mas o corvo, ou seja, a
doçura que eles exigem como condição no seu trabalho, que é chamado “corvo”, os torna
cruéis, ou seja, matando todos seus filhos. Isto é, ao medir seu trabalho de acordo com a
doçura que ele sente no seu trabalho, quando sua única consideração é como sua vontade de
receber o guia, ele perde todo o seu futuro.
Este é o sentido de “Ele dá à besta seu pão”. Quando lhes dá ele pão, que é chamado “fé”?
Quando os jovens do corvo choram. Isto é, eles entendem que os resultados, chamados
“filhos”, que nascem do corvo, estão destinados a morrer, pois isso é separação da vida das
vidas. Então, quando eles invocam o Criador para os ajudar, eles invocam o Criador em
verdade. Este é o sentido do que está escrito, “O Senhor está próximo de todos aqueles que O
invocam, de todos aqueles que O invocam em verdade”.
84. Faça para si um Rav e Compre para si um amigo (2)

Artigo 8, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Considerando o que nós discutimos no artigo 1 (1984-5), devemos fazer algumas
considerações:
Nós devemos distinguir entre: a) um homem e o Criador, b) um homem e seu amigo, e c) um
homem e o resto das pessoas, que não são seus amigos, embora exista um ditado: “Todos de
Israel são amigos”.
Ao mesmo tempo, nós descobrimos que as palavras “faça um Rav (professor/pessoa
importante) para si e compre um amigo” são o caminho da correção e, em outro momento, ela
está nas palavras: “E julgue cada pessoa favoravelmente” (Avôt, Capítulo 1). Nós devemos
entender a diferença entre “fazer” e “comprar”, e o significado de julgar favoravelmente.
Nós devemos interpretar o “fazer” como chegar a excluir a razão. Isso ocorre porque quando a
razão não consegue entender se algo merece ser feito ou não, como ela pode determinar o que
é bom para mim? Ou vice-versa, se a razão os considera como iguais, quem determinará à
pessoa o que ela deve fazer? Assim, o ato pode decidir.
Nós devemos saber que existem dois caminhos diante de nós: trabalhar para doar ou trabalhar
para receber. Há partes no corpo do homem que lhe dizem: “Você terá êxito na vida se
trabalhar para doar, e esta é a maneira como você aproveitará a vida”. Este é o argumento da
inclinação ao bem, como nossos sábios disseram: “Se você fizer isso, será feliz neste mundo e
feliz no outro mundo”.
E o argumento da inclinação ao mal é oposto: é melhor trabalhar para receber. Nesse estado,
apenas a força chamada de “ação que está acima da razão” determina, e não o intelecto ou a
emoção. É por isso que fazer é chamado de “ acima da razão” e “acima do raciocínio”, e esta
é a força chamada “fé contrária ao intelecto”.
“Comprar” está dentro da razão. Normalmente, as pessoas querem ver o que elas querem
compram, portanto, o comerciante mostra-lhes as mercadorias e eles negociam se vale ou não
a pena o preço que o comerciante está pedindo. Se a pessoa acha que não vale a pena, ela não
compra. Assim, “comprar” está dentro da razão.
Agora nós vamos explicar a questão do “Rav” e a questão do “amigo”. Um amigo é às vezes
chamado de “sociedade”, quando as pessoas se reúnem e querem unir-se. Isso pode acontecer
através da equivalência de forma, em que cada um cuida do amor dos outros. Por isso, eles se
unem e se tornam um.
Portanto, quando a sociedade é criada para tornar-se um único grupo, nós vemos que as
pessoas que consideram criar tal sociedade procuram normalmente pessoas que são iguais em
opiniões e atributos, que elas possam ver como mais ou menos iguais. Caso contrário, elas
não vão aceitá-las no grupo que pretendem estabelecer. E depois disso começa o trabalho do
amor dos amigos.
Mas se elas não tiverem equivalência com os objetivos da sociedade, desde o início, antes
mesmo de entraram na sociedade, não se pode esperar que algo surja dessa união. Somente se
houver uma aparente igualdade entre elas antes de entrarem na sociedade, pode-se dizer que
elas podem começar a se esforçar no trabalho do amor dos outros.
Entre o homem e o Criador
Entre o homem e o Criador, a ordem começa com "Faça um Rav para si", e depois, "Compre
um amigo". Em outras palavras, primeiro deve-se acreditar acima da razão que o Criador é
grande, como está escrito em O Zohar (p 185, ponto 191 no comentário Sulam), "o medo, que
é o rudimento, significa que o homem deve temer o seu Mestre, porque Ele é grande e
dominante”.
Na medida em que se acredita na grandeza do Criador, que é chamado de "Grande", ele tem a
força para dar ao "comprar", que significa comprar através de sofrer o amor-próprio, a fim de
alcançar equivalência de forma, chamada Dvekút [adesão] com o Criador. E isso é chamado
de Haver [amigo]: aquele que está em Hibur [ligação / conexão] com o Criador.
Ao comprar coisas corpóreas, devemos abrir mão de dinheiro, honra, ou simplesmente fazer
um esforço para obtê-las. Da mesma forma, quando uma pessoa deseja comprar ligação com o
Criador, deve abandonar o amor-próprio, porque senão não pode alcançar equivalência de
forma.
Quando vê que é incapaz de fazer concessões para comprar a equivalência de forma, não é
porque nasceu com um caráter fraco e, portanto, não pode superar o seu amor-próprio. Pelo
contrário, a falha está em "Faça um Rav para si", o que significa que ele não está trabalhando
na fé, uma vez que será capaz de fazer concessões de acordo com a importância da sua fé na
grandeza do Criador.
Além disso, deve-se saber que, se a pessoa deseja medir seu grau de fé, pode vê-lo no grau de
concessões que ele pode fazer no amor-próprio. Em seguida, ele vai saber o seu grau no
trabalho de fé acima da razão. Isto aplica-se entre o homem e o Criador.
Entre um homem e seu amigo
Entre um homem e seu amigo, devemos começar com "Compra-se um amigo", e então "Faça
um Rav para si”. Isto é assim porque quando uma pessoa olha para um amigo, deve examiná-
lo primeiro para ver se realmente vale a pena a conexão com ele. Afinal de contas, vemos que
uma oração especial foi criada com relação a um amigo, que dizemos após as bênçãos na
oração, "Por favor ... Mantenha-nos longe de uma pessoa má e de um amigo ruim”.
Isto significa que, antes de tomar um amigo para si mesmo, se deve examiná-lo em todos os
sentidos possíveis. Nesta hora, ele deve usar sua razão. É por isso que não foi dito, "Faça-se
um amigo", já que "fazer" implica acima da razão. Portanto, relativo a um homem e seu
amigo, ele deve ir com sua razão e examinar tanto quanto possa, se seu amigo está bem,
enquanto oramos todos os dias, "Mantenha-nos longe de uma pessoa má e de um amigo
ruim”.
E quando ele vê que vale a pena para ele se unir-se ao outro, ele deve pagar, a fim de se
relacionar com ele, o que significa fazer concessões no amor-próprio, e em troca receber o
poder do amor dos outros. E então ele pode esperar ser recompensado com amor pelo Criador,
também.
Depois de ter se unido com um grupo de pessoas que desejam alcançar o grau de amor do
Criador, e ele deseja tirar deles a força para trabalhar, a fim de doar e ser movido por suas
palavras sobre a necessidade de obter o amor de o Criador, ele deve considerar cada amigo no
grupo como maior que ele mesmo.
Foi escrito no livro, Matan Torá (A Entrega da Torá, p 143), que se não está impressionado
com a sociedade ou toma a apreciação deles de algo, a menos que considere à sociedade como
maior do que ele mesmo. Esta é a razão pela qual cada um deve sentir que se é o menor de
todos eles, uma vez que aquele que é grande não pode receber de alguém que é menor do que
ele, muito menos ficar impressionado com suas palavras. Pelo contrário, é apenas o menor,
que está impressionado através de apreciar o maior.
Segue-se que, na segunda fase, quando todos devem aprender com os outros, há a questão de
"fazer um Rav para si". Isso porque, para ser capaz de dizer que seu amigo é maior do que ele
mesmo, ele deve usar o "fazer ", o que significa fazer, sem a razão, uma vez que apenas acima
da razão pode ele dizer que seu amigo está em um grau mais elevado do que ele. Por isso,
entre um homem e seu amigo, a ordem é começar com manter, "Compre um amigo", e, em
seguida, "Faça um Rav para si”.
Entre um homem e de cada pessoa
A Mishná nos diz: "Faça um Rav para si, compre para si mesmo um amigo, e julgue cada
pessoa favoravelmente" (Avôt, capítulo 1).
Explicamos que entre um homem e seu amigo, a ordem é que primeiro você vai e compra
para si um amigo, e nós explicamos que a compra é dentro da razão e, em seguida, você deve
envolver-se em "Faça um Rav para si". E entre o homem e o Criador, a ordem é a primeiro
"Faça um Rav para si”, e depois "Compre para si um amigo”.
Devemos compreender o significado de dizer a que a respeito de cada pessoa, "Julgue
favoravelmente”. É isto o comprar ou fazer? De acordo com o exposto, devemos interpretar o
significado de "E julgue cada pessoa favoravelmente" como "fazer", não "comprar".
Por exemplo, suponha que há muitas pessoas na congregação, e um pequeno grupo entre eles
decide que eles querem se unir em uma sociedade que se engaje no amor de amigos. E vamos
dizer, por exemplo, que existem 100 homens na congregação, e dez deles decidem se unir.
Devemos examinar por que esses dez indivíduos específicos decidiram se unir, e excluir os
outros na congregação. Será que é porque eles acham que essas pessoas são mais virtuosas do
que o resto das pessoas na congregação, ou porque são piores do que os outros e que eles
devem tomar algumas medidas para subir na escada da Torá e do medo?
De acordo com o acima mencionado, podemos interpretar que a razão pela qual as pessoas
concordaram em se unir em um único grupo que se envolve no amor de amigos é que cada um
deles sente que eles têm um desejo que pode unir todos os seus pontos de vista, de modo a
receber a força do amor dos outros. Existe uma máxima famosa pelos nossos sábios, "Como
os rostos são diferentes, seus pontos de vista diferentes”. Assim, aqueles que concordaram
entre eles para unirem-se em um grupo entendem que não há uma distância tão grande entre
eles no sentido de que eles reconhecem a necessidade de trabalhar no amor dos outros.
Portanto, cada um deles será capaz de fazer concessões em favor dos outros, e eles podem se
unir em torno disso. Mas o resto das pessoas não têm a compreensão da necessidade de
trabalho sobre o amor dos outros; portanto, eles não podem ligar-se com elas.
Daí que quando se envolve em unidade de amor de amigos, cada um examina o outro, sua
razão e seus atributos, para ver se ele se qualifica ou é digno de se juntar à sociedade que
essas pessoas decidiram permitir entrar. É como oramos, "Mantenha-nos longe de uma pessoa
má e de um amigo ruim", dentro da razão.
Acontece que ele se orgulha sobre o resto das pessoas da congregação. Como isso é
permitido? Afinal de contas, é contra uma regra explícita que diz: "Rabi Levitas, homem de
Yavne, dizia: 'Seja muito, muito humilde" (Avôt, capítulo 4).
Rabino Yehoshua Ben Perachia diz sobre isso: “Julgue cada pessoa favoravelmente "(Avôt,
capítulo 1) significa que, com relação ao resto do povo, ele deve ir acima da razão, o que é
chamado de" fazer", isto é, agir e não raciocínio. Isto é assim porque a sua razão lhe mostra
que eles não são tão adequados como as pessoas a quem ele próprio associado, e é isso que
todo mundo diz para si mesmo. Assim, toda a gente se orgulha sobre os outros. O conselho
para isso é o que ele diz, "e julgar cada pessoa favoravelmente”.
Isto significa que, no que diz respeito ao resto das pessoas na congregação, ele deve julgá-los
favoravelmente e dizer que eles realmente são as pessoas mais importantes do que a si
mesmo, e que é sua própria culpa que ele não pode apreciar a grandeza e importância do
público, chamada pelos nossos sábios, "Todas as pessoas". Por isso, dentro da razão, ele não
vê a sua grandeza, e dissemos que entre um homem e seu amigo deve haver "comprar". No
entanto, ele deve usar o "fazer, "o que é acima da razão. E isso é chamado, "Julgue cada
pessoa favoravelmente”.
87. E As Crianças Lutaram Dentro Dela

Artigo 9, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“E as crianças lutaram dentro dela”. De acordo com a interpretação de RASHI, “Explicaram-
no nossos sábios como correr, quando ela passava pelas portas da Torá de Sem e Éver, Jacob
corria e se agitava para sair. Quando ela passava pelas portas da idolatria, Esaú se agitava para
sair”.
Disse Baal HaSulam que esta é a ordem do trabalho. O princípio do trabalho é chamado
Ibur[impregnação], quando uma pessoa começa o trabalho no caminho da verdade. Quando
ela passa pelas portas da Torá, o Jacó numa pessoa desperta e deseja caminhar no caminho da
Torá. Quando ela caminha pelas portas da idolatria, o Esaú numa pessoa desperta para sair.
Devemos interpretar suas palavras. O homem consiste de vasos de recepção por natureza,
chamados “amor próprio”, que é a inclinação do mal e também consiste de um ponto no
coração, que é a boa inclinação. Quando ele começa a obra na doação, isso é considerado
Ibur, da palavra, Avrá [passou]. É por isso que ele experimenta ascensões e descidas e é
instável. Ele é influenciado pelo meio ambiente e é incapaz de superar.
Por esta razão, quando um se muda para um meio ambiente onde as pessoas se envolvem em
trabalho que nos é estranho, ou seja, amor próprio, o amor próprio numa pessoa desperta e sai
da ocultação para a divulgação e assume controlo do corpo. Nessa altura um é incapaz de
fazer coisa alguma senão aquilo que diz respeito ao seu receptor.
Quando ela passa por um meio ambiente onde as pessoas se envolvem na obra da doação, o
Jacó nela desperta e sai da ocultação para a divulgação. Nessa altura obras de doação
governam o corpo. Isto é, nessa altura, quando ela olha para trás e vê como antes dela ter
alcançado em que está ela estava tão imersa em amor próprio, ela não consegue entender
como um pode ser tão baixo e derivar satisfação de coisas tão basilares que são desadequadas
para um adulto construir sua casa entre desejos e pensamentos baixos e desprezíveis. Ela é
insultada por estes desejos e pensamentos onde sua casa esteve em tempos.
Mas mais tarde, quando ela passa pelas portas da idolatria, ou seja, quando ela chega a um
meio ambiente que se envolve em amor próprio, o Esaú nela desperta novamente e se agita
para sair. Isto continua no obreiro repetidamente, dia após dia. Aquele que trabalhar mais
pode atravessar estes estados intermitentes toda e cada hora.
“E disse ela, ‘Se isto assim é, então por que eu’? E foi ela questionar o Senhor”. RASHI
interpreta “E ela foi questionar” significando ao seminário de Sem, para questionar ao Senhor
de modo a lhe dizer o que será dela. E qual foi a resposta? O versículo diz, “O Senhor disse
para ela, ‘Duas nações no teu ventre estão e dois povos serão separados do teu abdómen e um
povo será mais forte que o outro e o mais velho servirá o mais novo’”, RASHI interpreta “um
povo será mais forte que o outro” significando que eles não serão de igual grandeza; quando
um sobe, o outro cai. Também diz ele, “Ela está assolada; Tsor é preenchido somente pela
ruína de Jerusalém”.
Para entender a resposta do Criador para ela, como está escrito, “Disse o Senhor para ela”,
precisamos de explicar que foi dito que estas duas forças têm de existir, como é sabido que a
criatura é o vaso de recepção, chamado Esaú. Mas posteriormente chega a segunda força,
chamada Jacó, que é o desejo de doar. Cada um quer governar sozinho e esta é a luta entre
Esaú e Jacó.
É por isso que RASHI interpretou, “Quando um sobe o outro cai; Tsor era preenchida
somente pela ruína de Jerusalém”. Isto é, lhe foi dito que devemos claramente saber — ora a
vontade de receber governa, ou a vontade de doar governa. Elas não podem existir ambas
juntas. Desta forma, devemos decidir de uma vez por todas que não é vantajoso habitar nos
desejos e pensamentos abomináveis e baixos.
Então, quando um vê que ele não consegue superar a sua vontade de receber, isso é
considerado como ver que ele nada é, exceto que então ele vê que embora já tenha percebido
que a vontade de receber é o malfeitor, ele ainda não a consegue superar. É por isto
especificamente que então ele vê que precisa da misericórdia dos céus, que sem Sua ajuda é
impossível sair da governança da vontade de receber.
Este é o sentido do que disseram nossos sábios (Kidushin 30), “A inclinação do homem o
supera cada dia. Não fosse a ajuda do Criador, ele não a superaria”. Isto pertence
especificamente a aquele que já começou a obra e já fez tudo o que podia. Nessa altura ele
não precisa de acreditar que somente o Criador o pode ajudar pois agora ele vê que não há
táctica ou estratagema que não tenha tentado e nada o ajudou. Somente o Criador o ajudou.
Apenas então pode ele entender que somente o Criador ajuda. Logo, qual é a diferença entre
ele e outro? Tal como Ele o ajudou, também ele pode ajudar os outros. Por esta razão, não há
razão para estar orgulhoso sobre os outros, uma vez que não está na sua força. Mas aqueles
que começaram a obra sagrada, que é somente doar e não receber, eles não veem que somente
o Criador os ajudou. Em vez disso, dizem eles, “Minha força e o poder da minha mão me
deram estas riquezas”. Naturalmente, eles têm algo com o qual se ostentar sobre os outros que
não trabalham como eles.
Nessa altura sucede-se que a diferença entre o bem e mal não é assim tão grande, uma vez que
o bem também é construído sobre uma base de amor próprio. E embora ele se envolva em
Torá e Mitzvot [mandamentos], a luta entre Jacó e Esaú ainda não é aparente, ele não precisa
de ajuda do alto para o salvar da vontade de receber, ter misericórdia dele e lhe dar o
Kli[vaso] do desejo de doar, uma vez que ele vê que por natureza ele não consegue trabalhar
em prol de doar.
Isto assim é pois ele não pensa que um precisa de trabalhar em Torá e Mitzvot em prol de ser
recompensado com Dvekút [adesão] com o Criador e a questão da doação não lhe interessa de
todo. Desta forma, não pode ser dito que quando um sobe, o outro cai.
Contudo, quando um deseja caminhar no caminho da doação, é então que a questão da “luta”
começa. Posteriormente, um deve fazer aquilo que ele puder e então chega a um estado onde
ele vê a verdade — que ele não se consegue ajudar a si mesmo. Depois ele vê que não tem
escolha e que precisa da misericórdia dos céus. Então as palavras de nossos sábios, “Aquele
que vem para se purificar é ajudado”, se tornam realidade.
Devemos entender o que, “E o mais velho servirá o mais novo”, vem para nos dizer. Devemos
interpretar que não é suficiente que tenha sido recompensado com a boa inclinação ser a
governante e a inclinação do mal ser impotente para lhe resistir, que é considerado ser capaz
de servir o Criador só com a boa inclinação. Em vez disso, um precisa de alcançar o grau de
inteireza, como disseram nossos sábios, “‘E tu servirás o Senhor teu Deus com todo o teu
coração’, com ambas tuas inclinações”, onde a inclinação do mal também é usada para servir
o Criador. Pode isto ser interpretado somente de uma maneira que primeiro precisamos de
saber o que é a inclinação do mal.
Devemos saber que a essência do mal em nós é a vontade de receber, da qual todas as coisas
más vêm até nós, nomeadamente maus pensamentos e desejos. A vontade de doar traz-nos
todas as coisas boas, que são nossos bons pensamentos e desejos. Desta forma, quando a boa
inclinação governa numa pessoa, nomeadamente o desejo de doar, abundância superior
derrama sobre nós do alto, ou seja, que com isto, abundância de Chassadim [misericórdias]
vem do alto.
Contudo, devemos saber que isto é somente a correção da criação. Isto é, para ter equivalência
de forma, chamada Dvekút[adesão] com o Criador. Todavia, o propósito da criação é de fazer
o bem às Suas criações, ou seja, que os inferiores recebam deleite e prazer do Criador e não
doar sobre Ele contentamento, como se o Criador precisasse que os inferiores Lhe dessem
alguma coisa.
Desta forma, quando as criaturas desejam receber do Criador, elas devem usar seus vasos de
recepção, que é a inclinação do mal. Inversamente, quem receberá o prazer? O receptor do
prazer é somente o desejo por essa coisa. O desejo pelos prazeres é chamado “vontade de
receber”. Sucede-se que nessa altura um deve usar a inclinação do mal, mas com uma
correção colocada sobre ela, chamada “em prol de doar”. Acontece que então serve ele o
Criador com a inclinação do mal, também.
A inclinação do mal é chamada “mais velho” pois ela nasceu primeiro. Similarmente, quando
uma pessoa nasce a inclinação do mal vem primeiro e a inclinação do bem chega depois dos
treze anos. Desta forma, quando uma pessoa trabalha com a vontade de receber em prol de
doar, isso é considerado que ela ama o Criador com todo seu coração, ou seja, com ambas
suas inclinações. Este é o sentido do versículo, “e o mais velho servirá o mais novo”, ou seja,
que a inclinação do mal, chamada “mais velho”, servirá o mais novo, ou seja, servirá o desejo
de doar sobre o Criador.
Acontece que o desejo de doar será o governante. Por vezes o desejo de doar usa vasos de
doação, chamados “vasos de Jacó” e então isso é considerado servir o Criador com a
inclinação boa. Por vezes ele usa os vasos de recepção e então é considerado servir o Criador
também com a inclinação do mal. Tudo isto lhe foi dito no seminário de Sem, como está
escrito, “O Senhor disse para ela”.
Com isto entenderemos o que disse Ben Zoma (Avôt de Rabi Natan, Capítulo 23), “Quem é o
herói dos heróis? Aquele que transforma seu inimigo no seu amigo”. Em Masechet Avôt
(Capítulo 4), “Ben Zoma diz, ‘Quem é um herói? Aquele que conquista sua inclinação’”.
Devemos entender a diferença entre se referir a um “herói” quando ele diz, “Quem é um
herói? Aquele que conquista sua inclinação” e a interpretação que ele dá a “herói dos heróis”,
quando diz, “Aquele que transforma seu inimigo no seu amigo”.
De acordo com o citado devemos interpretar as palavras de Ben Zoma, que um herói significa
“e um povo será mais forte que o outro”, como interpretou RASHI, “Quando um sobe, o outro
cai”. Isto é chamado um “herói”, que rendeu o mal nele e somente a boa inclinação governa,
ou seja, que ele serve o Criador somente com a boa inclinação.

Um “herói dos heróis” é considerado como “e o mais velho servirá o mais novo”. Significa
isto que o “mais velho”, ou seja, o mal nele, “servirá o mais novo”, nomeadamente servirá o
desejo de doar. Nessa altura servirá ele o Criador também com a inclinação do mal e então ele
mantém o versículo, “Com todo teu coração”, ou seja, com ambas tuas inclinações.
90. E Jacó Saiu

Artigo 10, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“Jacó saiu”. De acordo com a interpretação de RASHI, “Devia ter sido escrito somente ‘Jacó
foi para Harã’. Por que menciona sua saída? Lá diz que a saída de um justo de um lugar deixa
uma impressão. Quando o justo está na cidade, ele está em esplendor, ele é claridade, ele é
majestade. Quando ele sai dela, seu esplendor sai, sua claridade sai e sua majestade sai”. Até
então suas palavras.
Devemos entender o citado na obra. O que é um justo e o que é a impressão que um justo faz
aquando da sua saída?
Nós devemos interpretar que o Criador é chamado “justo”, como está escrito, “O Senhor é o
justo e eu e meu povo somos os ímpios”. Significa isto que quando uma pessoa é próxima do
Criador, ou seja, que sente que o Criador está próximo dela, ela sente como o Criador lhe faz
bem. Nessa altura ela sente bom sabor na Torá e na oração e em todos os seus envolvimentos,
ela sente que o Criador é próximo dela. O que quer que ela faça, ela faz com alegria e animo.
Posteriormente ela entra numa descida, sentindo insípido o estudo da Torá e boas ações.
Contudo, ela é deixada com a impressão que ela tinha durante a ascensão, quando ela sentiu
bom sabor em Torá e Mitzvot [mandamentos] e estava num estado de alegria. Essa impressão
remanescente a fez ansiar regressar ao estado anterior. Isto é, passado algum tempo ela
desperta através da impressão que foi deixada nela, de modo a procurar conselhos sobre como
regressar ao estado que tinha, que era chamado um “estado de ascensão”, enquanto agora ela
sente sua baixeza — quão afastada ela está de qualquer coisa espiritual.
Isto levanta a questão, “Por que recebeu ela sua ascensão? Quem ganha com isto”? Ou, talvez
ela tenha vindo até ela como punição, pois agora se deve corrigir a si mesma pelo seu pecado.
Contudo, ela não sabe sequer qual foi o pecado pelo qual ela desceu do estado de ascensão em
que estava. Logo, ela não sabe o que corrigir. Sucede-se que por um lado ela não vê qualquer
deficiência em si mesma que pudesse ter lhe causado uma descida, então ela é obrigada a
dizer que ela veio do Criador. Isto pede a pergunta, “O que ganhou Ele de a baixar do seu
grau”?
Com isto podemos interpretar o que nossos sábios disseram, “A saída do justo de um lugar
deixa uma impressão”. Durante a ascensão isso é considerado o Criador estar presente no
lugar, ou seja, no corpo. Nessa altura Ele lhe causa a sensação de excitação da Torá e Mitzvot.
Mas ele não lhe podia dar essa importância—que o Criador estava nele, como está escrito,
“Eu sou o Senhor, que habita no meio deles, no meio da sua impureza—para o valorizar, para
saber quem está nele e prestar o devido respeito. Assim, eles nunca o podiam ajudar a receber
um grau mais elevado, dado que ele estava satisfeito com a obra.
Assim, ele foi baixado dos céus de modo a saber uma vez mais como o valorizar, uma vez que
do alto eles o elevaram e o aproximaram, mas ele não o valorizou. Se questionarem, “Por que
deve um valorizar seu estado de ascensão”? Isso é como eu ouvi de Baal HaSulam, que não
há distinção de graus na luz. Em vez disso a questão de Gadlút [maturidade/grandeza] e
Katnút [infância/pequenez] dependem da realização dos Kelim [vasos]. De acordo com a
realização dos vasos da luz, tal é a medida da luz. Foi por isso que ele disse que se uma
pessoa recebe alguma coisa do alto e ela tem a sensação para o valorizar, a essa medida a
iluminação cresce para ela e ela não precisa de uma luz maior de todo. Em vez disso, por si
mesma, ao valorizar (a iluminação), ela cresce e ilumina para ela cada vez num grau mais
alto.
Sucede-se que o inteiro pecado pelo qual ele caiu do seu grau foi que ele não valorizou sua
condição e estava contentado. Acontece assim que ele teria permanecido no seu grau para
sempre. Portanto, a descida que ele recebeu foi para seu próprio bem, de modo a lhe dar a
habilidade de ascender em graus de santidade.
Logo, “A saída de um justo de um lugar deixa uma impressão. Quando o justo está na cidade,
ele é esplendor, ele é claridade, ele é majestade”, significa que toda a importância estava nela,
mas ele não sabia como valorizar sua importância. Daí “seu esplendor parte, sua claridade
parte e sua majestade parte”.
Acontece que “A saída de um justo de um lugar deixa uma impressão”. Ele deve saber que
quando o justo estava na cidade, ele não prestou atenção a valorizá-lo: seu esplendor, sua
claridade e sua majestade”. Em vez disso, ele se virou, ou seja, que ele não teve a importância
de todos os supracitados graus de importância.
Isto é chamado “deixa uma impressão”, ou seja, que teve de ser impresso nele que a saída do
justo do lugar foi por causa da viragem, ou seja, que de facto, todos os graus estavam lá, mas
ele não reparou nisso pois ele devia ter sabido que não há mudanças na luz, mas tudo depende
dos Kelim [vasos]. Sucede-se que podemos dizer que sua partida não foi devido a um pecado,
mas foi de modo a o permitir subir nos graus de santidade.
Nós devemos também interpretar a respeito do supracitado versículo, que a saída de um justo
do lugar deixa uma impressão se refere a uma pessoa, pois quando o justo está na cidade, isso
significa que uma pessoa pode justificar a Providência. Então, quando ela supera o estado em
que está, “Não há dúvida que o Criador, que é bom e faz o bem, se comporta com
benevolência comigo. Contudo, Ele quer que eu me sinta como sinto”. Acontece que ela está
a justificar a Providência. Nessa altura ela vê imediatamente a importância da obra da doação
e acima da razão. Isto é chamado, “Quando o justo está na cidade, ele é esplendor, ele é
claridade, ele é majestade”, pois então ele (vê) todas as virtudes.
“Quando ele parte de lá” significa que ele abandonou a justificação da Providência e quer ver
tudo dentro da razão. Nessa altura ele não sente sabor na obra da doação. E então, “seu
esplendor parte, sua claridade parte e sua majestade parte” e ele cai uma vez mais no amor
próprio. Por outras palavras, nessa altura ele nada conhece senão trabalho que é construído
sobre uma base de dentro da razão.
Isto é considerado a “saída do justo do lugar deixa uma impressão”. Isso significa que
somente então, através da saída do justo, quando ele pensa, “Agora que sinto bom sabor na
obra, não mais preciso de trabalhar acima da razão”, isso lhe causa a saída do justo do lugar.
Isto cria nele uma impressão, para que ele saiba como se guardar a si mesmo de sair da obra
de acima da razão daqui em diante. Como escutei de Baal HaSulam, quando uma pessoa diz,
“Agora que ela tem apoio e não mais se encontra entre os céus e a terra”, ela deve cair do seu
grau pois então ela macula o discernimento de acima da razão.
Portanto se sucede que precisamente a partida do grau que ela tinha deixa uma impressão nela
para que ela saiba como ser cuidadosa da próxima vez e não macule a fé acima da razão, mas
justifique a Providência sempre.
“E eis que, uma escada foi posta na terra com seu topo alcançando os céus; e eis que, os anjos
de Deus ascendiam e desciam nela”. Os interpretes questionam, “Devia ter dito, ‘desciam’ e
então ‘ascendiam”. Para entender isto na obra precisamos de explicar o que essa escada
implica para uma pessoa: Uma pessoa encontra-se em baixo, na terra, mas a cabeça do
homem alcança os céus. Isto é, quando uma pessoa começa a avançar para cima, ela alcança
os céus e ela não se deve queixar que a escada esteja posta na terra.
Contudo, primeiro precisamos de entender o que “na terra”, significa. Nós vemos que a terra é
a coisa mais baixa. E, todavia, também vemos que todos os edifícios imponentes e frutos
saudáveis vêm especificamente da terra.
É sabido que Éretz [terra] implica a vontade de receber, que é a fundação, dado que toda a
criação e todo o mal que existe no mundo deriva deste desejo, como é sabido que todas as
guerras, assassinatos e assim por diante estão enraizados no desejo de receber. Isto é chamado
“uma escada posta na terra”, pois quando uma pessoa inicialmente vem para o mundo, ela é
colocada na Éretz [terra], da palavra Ertzeh [Eu quererei], ou seja, eu quererei receber. Isto é
considerado baixeza, que não há nada mais baixo que isso. Porém, “seu topo alcançando os
céus”. Isto é, precisamente através da escada estar posta na terra, eu quererei, pois Ertzeh
[“terra”, “Eu quererei”] tem dois sentidos: 1) da palavra, Ertzeh, portanto “Eu quero”, 2) da
palavra Éretz [terra], que é considerada baixeza.
É sabido que a essência da criação é somente o desejo de receber, que no princípio da criação
somente a vontade de receber emergiu. Posteriormente houveram correções, chamadas
“equivalência de forma”, que significa que o inferior, chamado “terra”, alcança equivalência
com os céus, que é chamado o “dador”. Nós podemos interpretar isto como o homem, embora
ele esteja no mundanismo, ainda se pode corrigir, pela sua cabeça—chamada “o fim da
escada”—alcançando os céus, nomeadamente estando em equivalência de forma com os céus,
que é considerado receber em prol de doar.
Como no princípio da criação, o receptor emergiu primeiro e então foi corrigido em prol de
doar, assim é a escada, que é semelhante a uma pessoa que se encontra na terra. O princípio
está na terra e então ela alcança os céus. Isto significa que não devemos ficar impressionados
quando vemos que um homem está cheio de mundanismo e não tem centelhas de doação e
não consegue acreditar que é realista que o seu corpo nunca venha a concordar trabalhar em
prol de doar. Em vez disso, devemos acreditar que esse é o caminho e a ordem da obra que o
Criador o quer especificamente deste modo—que uma escada seja colocada na terra com seu
topo alcançando os céus.
Com isto vamos entender o que está escrito, “Os anjos de Deus ascendiam e desciam nela”.
Os interpretes perguntam, “Anjos estão no céu, então devia estar escrito lá ‘desciam’ e então
‘ascendiam’”. Nós devemos interpretar que isto se refere ao homem, que é o emissário do
Criador, dado que um anjo é chamado um “mensageiro”. Estes homens, que caminham no
caminho do Criador, são chamados “anjos de Deus”. Primeiro eles ascendem, considerado
como “sua cabeça alcançando os céus”. Posteriormente eles descem, ou seja, que todas as
ascensões e descias são pois há duas extremidades na escada: 1) “posta na terra”, ou seja, no
lugar da baixeza, 2) mas “seu topo alcançando os céus”.
Significa isto que à medida que ele valoriza “seu topo alcançando os céus”, consegue ele
sentir a baixeza de estar “posta na terra” e se arrepender de estar no mundanismo. Mas se ele
não faz realmente ideia do “seu topo alcançar os céus”, ele nada tem que o impressione sobre
estar num estado de descida.
Sucede-se que à medida que ele ascende e “seu topo alcançando os céus”, ele consegue
valorizar a medida de baixeza da descida. É por isso que primeiro foi escrito “ascendem” e
então “descem”, uma vez que um consegue sentir que ele está num estado de descida somente
à medida que ele sente a importância de alcançar os céus.
Este é o sentido de “ascender” e depois “descer”, dado que a escada que um deve subir em
prol de levar a cabo sua vocação—pois ele foi enviado a este mundo pelo Criador—começa
do grau de “uma escada posta na terra com seu topo alcançando os céus”, ou seja, o princípio
da baixeza, que é a vontade de receber, que é sua natureza. “Sua cabeça” significa que no fim
da escada ele deve alcançar os céus, que é doar somente. Isto é chamado “céus”, pois a terra é
chamada “receber” e os céus são chamados “dar”.
Nós devemos interpretar também ascender e descer como uma pessoa ter de saber que quando
ela sente que está numa descida, tal como quando ela se envolve em comércio ou trabalha
numa fábrica, ou simplesmente caminha na rua e subitamente desperta do seu sono e se
encontra a si mesma num estado de descida, nessa altura ela deve saber que está numa descida
que veio até ela da ascensão. Isto é chamado “ascender” primeiro e então “descer”, pois se
não houvessem ascensões no grau, devidas ao despertar do alto, ela não teria chegado a sentir
isto. Contudo, ela está a ser evocada do alto.
Portanto de acordo com o citado nosso inteiro trabalho é como “uma escada posta na terra
com seu topo alcançando os céus”. Isto é, a escada do homem tem dois discernimentos e com
esses dois discernimentos ele ascende na escada dos vivos.
1) Da sua perspectiva, a “escada posta na terra”, que é a vontade de receber, está posta na
terra, que é baixeza. Terra significa receber, Nukva [fêmea], que recebe dos céus, onde céus é
chamado “macho”, dador. “Sua cabeça alcançando os céus” significa que a doação, chamada
“céus”, é para ele a cabeça, ou seja, importante. À medida que ele considera a doação como a
cabeça, ele considera a terra, que é a vontade de receber, como “terra”, ou seja, baixeza.
2) Ele considera a Éretz, ou seja, Ertzeh [Eu quererei], como a cabeça e os céus são
considerados como baixeza.
Também, “anjos de Deus” significa que aquele que faz o cálculo que veio a este mundo numa
missão do Criador para corrigir correções é chamado “anjos de Deus ascendendo e descendo”
nela. Isto é, eles veem a escada dos vivos posta na terra, ou seja, que a vontade de receber é
considerada como baixeza.
“Seu topo alcançando os céus” significa que para ele doação significa céus. Isto é, eles
esperam a doação pois a essência de sua obra é doar contentamento sobre o Criador e é por
isso que eles a consideram “cabeça”. Quando recebem um desejo com o qual doar, eles o
consideram exaltação e é por isto que eles esperam. Inversamente, quando são colocados
debaixo do governo da terra, eles sentem humildade e procuram somente doar sobre o
Criador.
94. Sobre o Debate Entre Jacó e Labão

Artigo 11, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Nós vemos que o debate entre Jacó e Labão foi diferente do debate entre Jacó e Esaú. Com
Jacó e Labão, está escrito, (Génesis, 31): “E Labão respondeu e disse para Jacó: ‘As filhas são
minhas filhas e os filhos são meus filhos e os rebanhos são meus rebanhos e tudo o que vês é
meu’”. Com Jacó e Esaú, está escrito (Génesis, 33), “E Esaú disse, ‘Eu tenho bastante, meu
irmão; que o que tu tens te pertença’”.
Devemos entender por que Labão afirmou que tudo era seu e Esaú disse o contrário, “Que o
que tu tens te pertença”.
Explicou Baal HaSulam desta maneira: É sabido que há a garra das Klipot [cascas], e há a
sucção das Klipot. Ele disse que uma garra significa que a Klipá [singular de Klipot] o agarra
e não o deixa fazer coisa alguma em Kedushá [santidade].
Por exemplo, quando uma pessoa precisa de se levantar antes do amanhecer e ir para a
sinagoga para se envolver em Torá, a Klipá vem e diz-lhe, “Por que te estás a atormentar?
Estás cansado; está frio lá fora”, e outros tais argumentos da inclinação que não é vantajoso se
levantar e se envolver na obra. Ele lhe responde, “Como dizeis, mas é vantajoso se envolver
neste mundo em prol de ser recompensado com o mundo vindouro”. Então a inclinação do
mal responde para ele: “Pensas que terás o mundo vindouro em troca pelo teu trabalho neste
mundo. Isto é possível se uma pessoa se envolver na Torá e Mitzvot [mandamentos] pelo
Criador. Mas sei que estás a fazer tudo não pelo Criador. Desta forma, a quem serves tu? Só a
mim”. Com esta alegoria podemos entender suas palavras: Este é o sentido da garra da Klipá,
que não o deixa se envolver em Torá e Mitzvot.
Este foi o argumento de Labão: “As filhas são minhas filhas … e tudo o que vês é meu”. Isto
é, tu trabalhas para mim e não para o Criador, então não podes esperar ter o mundo vindouro.
Assim, por que te incomodas para nada? Com esta força ela agarra uma pessoa e ela não
consegue sair da sua influência e fazer coisa alguma contra sua vontade. Este foi o argumento
de Labão, pois ele pensava que com este argumento ele teria a força para o agarrar e seria ele
incapaz de se envolver em Torá e Mitzvot.
Mas assim que ele superou o argumento de Labão e disse, “Não é verdade, eu realmente me
envolvo pelo Criador, mas devo acreditar que me foste enviado com todos os justos
argumentos só para me desviar da Kedushá. Mas quero simplesmente servir o Criador e tu
não tens garra na minha Torá e Mitzvot. É por isso que te supero e avanço e me envolvo em
Torá e Mitzvot e tu não tens apoio em mim de todo”.
Nessa altura a Klipá se aproxima de uma maneira diferente. Ela lhe diz, “Olha, há alguém
como tu, que consegue superar a inclinação do mal? Olha para a baixeza do resto das pessoas;
elas não têm poder para superar, enquanto tu, graças a Deus, és o mais forte entre os homens.
Certamente não é bom para ti te juntares a eles”. Nessa altura todo o seu envolvimento cai
para a Klipá pois ela o admite no orgulho.
Nessa altura, um deve superar e dizer para a Klipá: “Não é verdade, não sou melhor que as
outras pessoas. Tudo o que fiz em Torá e Mitzvot não foi pelo Criador; tudo foi para ti, agora
estou num estado que é como disseram nossos sábios, ‘Aquele que aprende Torá Lo Lishmá
[não pelo Seu bem] estaria melhor se sua placenta se tivesse revirado de dentro para fora
sobre ele’. Então agora sou pior que o resto das pessoas’”. Este foi o argumento de Jacó
quando disse para Esaú, “’Recebe meu presente’ e eu quero começar a me envolver em Torá e
Mitzvot de novo e até agora é como se nunca tivesse feito coisa nenhuma pelo Criador”.
Mas o que diz ela? “E Esaú disse, ‘Eu tenho bastante, meu irmão; que o que tu tens te
pertença’”. Ele não quis receber dele senão passados vários esforços e grande envolvimento.
Então, “E ele levou dele”, como está escrito, “Ele lhe pediu e ele levou”.
Sucede-se que aqui, ou seja, depois do facto, a questão foi invertida. O argumento de Labão,
que disse, “Tudo o que vês é meu”, significa que tudo pertence à Klipá. Aqui afirma Jacó que
ele lhe enviou tudo como presente. Isto é, ele diz que é uma posse da Klipá. Mas o que Jacó
afirmou com Labão foi que a ação vem primeiro. Jacó argumentou que tudo pertence a
Kedushá e não à Klipá. Agora Esaú afirma, como está escrito, “que o que tu tens te pertença”.
A respeito do versículo, “O acampamento que sobrar escapará”, interpretou RASHI que ele se
havia preparado para três coisas: para um presente, para uma oração e para a guerra. Isto é,
duas coisas pertencem a Esaú, presente e guerra e uma coisa pertence ao Criador, uma oração.
Na obra devemos interpretar que todas as três coisas se referem ao Criador. É como disse
Baal HaSulam sobre o versículo, “Eis, há um lugar Comigo e tu se apoiarás sobre a rocha”
(Êxodo, 33), que disse Moisés para o Criador, “Mostra-me Tua glória”. Para isso chegou a
resposta, “E o Senhor disse, ‘Eis, há um lugar Comigo’”. Interpreta ele que ETY [Comigo] é
um acrónimo de Emuná [fé], Tefilá [oração], Yegiá [trabalho].
Disse ele que para ser recompensado com a glória do Criador um deve acreditar no Criador,
então orar para o Criador o aproximar Dele. Posteriormente um deve trabalhar para subjugar
sua inclinação e querer se anular a si mesmo pelo bem do Criador. Após estas três ações ele é
recompensado com a glória do Criador. Esta é a resposta que o Criador deu para Moisés a
respeito daquilo que Moisés disse para o Criador, “Mostra-me Tua glória”.
Do mesmo modo devemos interpretar o que interpretou RASHI, que ele se preparou a si
mesmo para um presente, para uma oração e para a guerra. “Para a guerra” significa para a
guerra da inclinação; uma oração significa que o criador o vai aproximar, de modo a alcançar
sua completude — o grau que ele deve alcançar. Um presente significa fé, para aquele que
acredita em alguém, isto é considerado dar, como está escrito sobre Abraão, “E ele acreditou
no Senhor e Ele o considerou para ele como retidão” (Génesis, 15). RASHI interpretou que o
Criador o considerou para Abrão como um mérito e retidão pela fé que ele havia tido Nele.
Assim se sucede que todas as três coisas — presente, oração e guerra — são com a intenção
que com estas três coisas ele derrotará Esaú. Também, todas estas três coisas são entre o
homem e o Criador. Não devemos dizer que somente a oração é entre o homem e o Criador,
mas que presente e guerra se referem a Esaú. Em vez disso, ele atribui tudo ao Criador.
Mas a coisa principal que devemos saber é qual é o discernimento de Esaú que devemos
corrigir. É sabido que oposta a Kedushá há uma Klipá. Em geral, ela é chamada “a Klipá de
Esaú”. Contudo, há muitos graus na Klipá e cada discernimento tem seu próprio nome.
Kedushá, também, tem muitos discernimentos e cada um tem seu próprio nome.
Em geral, Kedushá é chamada Sefirot e Partzufim [plural de Partzuf] e mundos. E em geral,
Kedushá significa “em prol de doar”, enquanto Tuma’a [impureza] significa “em prol de
receber”, que é amor próprio.
Quando uma pessoa observa Torá e Mitzvot em prol de receber neste mundo ou no próximo
em troca, estes dois discernimentos são considerados Lo Lishmá. Somente aquele que observa
Torá e Mitzvot pois “Ele é Grande e governador”, ou seja, por causa da grandeza e
importância do Criador, isto é chamado Lishmá (ver O Livro do Zohar, item 190). Isto é
chamado “em prol de doar e não receber qualquer recompensa pelo seu trabalho” e isso é
chamado de “trabalho puro”.
Trabalho em prol de doar pode ser somente à medida que um valoriza o receptor do seu
trabalho. Nessa altura tem ele motivação. Mas se um não aumentar a importância daquele que
recebe, ele não tem energia para trabalhar. Isto assim é pois vemos que na natureza, o menor
se anula perante o maior como uma vela perante uma tocha. Contudo, todo o grande trabalho
é de exaltar o receptor do trabalho, ou seja, reconhecer Sua importância. Se ele nada tem com
o qual O reverenciar dentro da razão, então nossa obra é como disse Baal HaSulam quando
interpretou o versículo, “Aqui está um lugar Comigo”, que a Álef de ETY [Comigo] implica
fé acima da razão.
Sucede-se que a essência do trabalho do homem é de trabalhar acima da razão, para valorizar
o Criador. Em geral, todas as criaturas sentem a Kedushá como Shechiná [Divindade] no pó.
É por isso que é dito em todos os livros que cada pessoa deve direcionar, antes de se envolver
em Torá e Mitzvot, para levantar a Shechiná do pó. Não faz sentido trabalhar sobre o menor
se anular perante o maior, pois é natural para o menor se anular perante o maior. Em vez
disso, o trabalho do homem é somente de se esforçar em reconhecer a grandeza e importância
do Criador.
De facto, uma pessoa entende que ela precisa de trabalhar por tudo aquilo que ela sente que
necessita, exceto pela grandeza e importância do Criador. Aqui, nós não entendemos que é
disto que todos precisamos.
Nós podemos interpretar isto em respeito ao versículo, “O justo pereceu e ninguém repara”. O
Criador é chamado “justo”, como está escrito, “O Senhor é o justo”. Ele perdeu Sua
importância e ninguém repara que precisamos de trabalhar em prol de adquirir Sua
importância.
Quando uma pessoa se sente de algum modo animada, ela entende que é vantajoso trabalhar
pela espiritualidade. Devemos dizer que a razão é que ela sente a importância da
espiritualidade à medida que é vantajoso se esforçar pela espiritualidade e não pela
corporeidade pois nessa altura a corporeidade perde seu valor para ela e a espiritualidade é
valorizada.
Desta forma, nessa altura decide ela que somente a espiritualidade é vantajosa para ela
trabalhar e não pela corporeidade. Sucede-se que todas as ascensões e descidas não se referem
ao homem, mas à Kedushá. Isto é, por vezes o valor da Kedushá é alto, ou seja, que ela se
tornou mais importante para ele e por vezes o valor da Kedushá é baixo e tão desvalorizado
que não é vantajoso sequer pensar nela.

A respeito do menor se anular perante o maior, encontramos o que ele disse (Yalkut Chadash,
Capítulo 1) que depois do Criador promover a reputação de Abraão, uma vez que todos viam
a grandeza de Abraão, Faraó deu a Sara uma menina que era sua filha, para ser serva na casa
de Abraão. Embora um servo seja um grau muito inferior, uma vez que servos e criadas não
têm direitos de humanos de todo. Eles eram como bestas. Ainda assim, ele abdicou de sua
filha para ser criada de Sara e lhe agradou ao dizer, “Minha filha, é melhor para ti seres serva
na Abençoada casa de Abraão que seres rainha na minha casa”.
A diferença entre uma pessoa que faz a obra sagrada por recompensa ou por querer servir o
Rei devido a Sua importância e grandeza é que se um trabalha na corporeidade para obter uma
recompensa corpórea, vemos que se uma pessoa tem um modo de ser recompensada sem
trabalhar tantas horas, se tal coisa é possível ela prontamente escolhe este caminho, uma vez
que o homem adora o repouso e abdica do prazer do repouso em prol de ser pago.
Desta forma, se encontrarmos um modo de não termos de trabalhar, ele considera isto como
felicidade. Mas aquele que trabalha devido à grandeza do Rei e seu prazer é o grande
privilégio em servir o Rei, não pode ser dito que ele não trabalhe e ainda seja pago, uma vez
que sua recompensa está no serviço ao Rei. Este é um claro sinal pelo qual cada um vê o
propósito do seu trabalho — se é por uma recompensa ou por causa da grandeza do Criador.
97. Jacó Habitou na Terra Onde o Seu Pai Havia Vivido

Artigo 12, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“Jacó morou na terra onde seu pai havia vivido, na terra de Canaã”. Está escrito em O
Zohar (Vayeshev, item 11): “Rabi Chiya começou e disse, ‘Muitas são as aflições do justo,
mas o Senhor o liberta de todas elas’. Mas o justo que teme ao seu mestre, quantas aflições
sofre ele neste mundo de modo a não acreditar ou participar na inclinação do mal? E o
Criador o salva de todas elas. Este é o sentido daquilo que está escrito, ‘Muitas são as aflições
do justo, mas o Senhor o liberta de todas elas’. Lá não diz ‘muitas para o justo’, mas ‘Muitas
são as aflições do justo’. Isto indica que aquele que sofre muitas aflições é justo pois o
Criador o deseja, dado que as aflições que ele sofre o removem da inclinação do mal e desta
forma o Criador deseja essa pessoa e a salva de todas elas”.
Devemos entender estas palavras:
1) Isto implica que aquele que sofre muitas aflições é justo e aquele que não sofre muitas
aflições não é justo.
2) Por que deve ele sofrer muitas aflições se ele não quer que a inclinação do mal participe
com ele?
3) As palavras, “E por esta razão o Criador deseja essa pessoa e a salva de todas elas”,
significa que o Criador não salva outras pessoas, Deus nos livre? Pode isto ser?
4) Ainda mais perplexo, por um lado isso diz que os problemas que ele sofre o removem da
inclinação do mal. Por outro lado, ele diz que o Criador o salva de todas elas, ou seja, que o
salva de muitas aflições. Logo, ele se aproximará da inclinação do mal uma vez mais, dado
que a razão que o removeu da inclinação do mal foi cancelada.
Nós devemos interpretar suas palavras. Aqui está um versículo que diz respeito a isto
(Kidushin 30b): “Rabi Shimon Ben Levi disse, ‘A inclinação do mal o supera cada dia e o
procura condenar à morte, como foi dito, ‘O ímpio observa o justo e procura condená-lo à
morte’. Não fosse a ajuda do Criador, ele não a teria superado, como foi dito, ‘Deus não o
deixará na sua mão’’”.
Em Masechet Sucá (p 52), há outro versículo semelhante: “A inclinação do mal tem sete
nomes. Salomão lhe chamou “inimigo”, como foi dito (Provérbios, 25), “Se teu inimigo tiver
fome dá-lhe pão; se ele tiver sede dá-lhe água para beber, pois tu queimas brasas na sua
cabeça e o Senhor te pagará”. Não o pronuncie Yashlim [pagará], mas como
te Yashlimenu[complementará].
De acordo com RASHI, “Se tua inclinação tem fome e deseja transgressão, dá-lhe pão e
incomoda-a com a guerra da Torá, como está escrito (Provérbios, 9): ‘Ide, comei do meu pão’.
‘Dai-lhe a água da Torá para beber’, como está escrito sobre isso (Isaías, 25), “Todos aqueles
que têm sede, vão para água’. ‘Te complementará’ significa que tua inclinação estará
completamente contigo, te amará e não te incitará a pecar a estar perdido do mundo”.
Para entender tudo o citado devemos saber que a essência da inclinação do mal — que é
chamada a “essência da criação”, que o Criador criou em existência a partir da ausência — é a
vontade de receber. É sabido (ver nas introduções) que isto é algo de novo que não existia
antes que Ele o tivesse criado. A obra do homem é somente trabalhar no oposto à sua natureza
— uma vez que por natureza ele precisa de zelar somente pelas necessidades do amor
próprio — ele não tem desejo de trabalhar pelos outros.
Embora vejamos que por vezes as pessoas realmente trabalham pelas outras, isto é possível
ver somente se elas forem recompensadas pelo seu trabalho, nomeadamente que a vontade de
receber fique satisfeita com isso. Isto é, a recompensa deve satisfazer o amor próprio;
inversamente um não pode sair dos vasos de recepção por natureza.
Porém, ser capaz de realizar ações em prol de doar e não receber qualquer recompensa não é
natural. E embora vejamos que há pessoas que se matam a si mesmas pelo seu país e não
querem nada em troca, isso é porque seu país é muito importante para elas e essa importância
é também natural, como disseram nossos sábios, “O favor do lugar está com seus habitantes”.
Porém, há certamente uma diferença na medida do favor, não para todos o favor é o mesmo. É
por isso que há muitos que se voluntariam para o exército devido à importância de sua pátria,
mas penso que isto não é tão perigoso que suas vidas estejam em jogo, “pois Eu vejo que
muitas pessoas regressam ilesas da guerra”.
E se há por vezes um certo perigo, elas não estão dispostas a ir para certa guerra, exceto
alguns escolhidos em quem a pátria é importante. Mas aqui, também, o poder da recompensa
está envolvido, pois ele pensa que depois de sua morte todos saberão que ele foi dedicado ao
público e que ele esteve acima de todos os outros pois se preocupou com o bem-estar do
público.
Mas na obra do Criador, quando uma pessoa caminha no caminho da verdade, ela deve
trabalhar em humildade para que os externos não tenham garra. Isto é, ao servir o Criador ele
não terá a garra de trabalhar para os externos, ou seja, que as pessoas fora dele saibam sobre
sua obra, então ele trabalha devotadamente para que as pessoas no exterior digam que ele
estava acima das pessoas comuns. Isto o assiste na sua habilidade de trabalhar sem
retribuição, para que as pessoas no exterior digam que ele trabalhava somente pelo Criador. O
Criador deu este poder às criaturas pois “de Lo Lishmá [não pelo Seu bem] chegará ele
a Lishmá [pelo Seu bem]”, e não terá ele qualquer assistência do exterior. Ele consegue
concretizar isso se primeiro tiver Lo Lishmá, mas ele não deve permanecer em Lo Lishmá,
Deus nos livre.
Este é o sentido daquilo que nossos sábios disseram (Sucá, 45), “Qualquer um que junte
trabalhar pelo Criador com qualquer outra coisa é desenraizado do mundo, como foi dito,
‘Somente pelo Senhor’”. O sentido de “somente pelo Senhor” é que não haverá mistura de
amor próprio de todo, mas somente pelo Criador. Este é o sentido da palavra, “somente”.
Ainda assim, há um problema fundamental para entender aqui. Devemos discernir se uma
pessoa é devotada em prol de adquirir alguma coisa. Até se ela receber a recompensa pelo
público, isto é certamente uma grande coisa pois se a recompensa que ela recebe não é por
amor próprio mas pelo amor pelos outros, pois ela ama os outros e se condena à morte por
eles, pelo benefício do público, mas não há dúvida que se ela pudesse alcançar a mesma coisa
ao não abdicar de sua vida, ela teria escolhido esse outro caminho. Isto assim é pois para ela a
chave é receber a recompensa pelo público e não o trabalho. O contentamento que ela pode
trazer à sua pátria é o que a faz trabalhar, desta forma ela não considera o meio pelo qual
obter essa coisa pela pátria. Se ela visse que especificamente ao abdicar da sua vida pelo país
(podia ela trazer contentamento ao país), ela está disposta a fazer isto, também.
Reciprocamente, com o amor pelo Criador, nós dizemos que uma pessoa deve trabalhar
somente pelo Criador, ou seja, sem qualquer recompensa. Significa isto que ela está pronta
para a devoção completa sem qualquer recompensa, sem qualquer retorno nascer de sua
devoção. Em vez disso, este é o núcleo — seu propósito, que ela quer anular seu eu perante o
Criador, ou seja, (cancelar) sua vontade de receber, que é a existência para o Criador. É isto o
que ela quer anular perante o Criador. Sucede-se que esta é sua meta, ou seja, que sua meta é
dar sua alma ao Criador.
Isto assim não é na corporeidade em respeito ao amor pelos outros. Embora este seja um
grande grau e nem todas as pessoas conseguem trabalhar pelo público geral, ainda assim,
devoção é somente um meio e não uma meta e ela estaria mais feliz se pudesse salvar o
público sem abdicar da sua vida.
Questionemos todos aqueles que se voluntariam para ir para a guerra pelo seu país. Se alguém
os pudesse aconselhar sobre como salvarem seu país sem perderem suas vidas, certamente
ficariam felizes. Mas quando não há escolha, eles estão dispostos a ir, pelo público, para que o
público receba a recompensa, enquanto eles abdicam de tudo. Embora esta seja uma grande
força, ela nada tem a ver com devoção pelo Criador, onde devoção é a meta e aquilo que
resulta não é seu propósito, pois esta não era sua intenção. Deste modo, devoção na
espiritualidade é o oposto: devoção é a meta.
Com isto vamos entender o sentido de receber em prol de doar. O propósito do homem é
somente doar sobre o Criador, pois este é o sentido da equivalência de forma, “Tal como Ele é
misericordioso, também tu és misericordioso”. Quando ele alcança o grau de devoção ao
Criador por se querer anular a si mesmo em prol de deleitar o Criador, ele vê que o propósito
do Criador, pois foi esse o pensamento da criação, é de fazer o bem às Suas criações. Nessa
altura ele quer receber o deleite e prazer que estava no propósito da criação — de deleitar
Suas criaturas.
Isto é chamado “receber em prol de doar”. Inversamente, ele pode querer receber o deleite e
prazer e é por isso que ele dá tudo, para que ele possa receber. Isto é considerado “doar em
prol de receber”. Mas se seu propósito é doar e ele não tem desejo de receber para seu próprio
benefício de todo, então ele se pode tornar um receptor em prol de doar.
A respeito da devoção, escutei de Baal HaSulam que um deve descrever a devoção como
encontramos em Rabi Akiva (Berachot 61b): Disse ele para seus discípulos, “Minha vida
inteira me arrependi do versículo, ‘Com toda tua alma, até se Ele levar tua alma.’ Eu disse,
‘Quando serei eu capaz de o manter’? E agora que isto se tornou realidade para mim, não o
vou eu manter”?
Certamente com tal desejo de doar, quando uma pessoa diz que quer receber deleite e prazer
pois este é o propósito da criação, ela certamente pretende (somente) receber em prol de doar
sobre o Criador.
Com isto vamos entender as quatro supracitadas perguntas:
Pergunta nº 1) Parece das palavras de O Zohar que somente aquele que sofre muitas aflições é
justo, mas aquele que não sofre aflições não pode ser justo. Pode isto ser? A questão é que as
aflições se referem à inclinação do mal. Isto é, especificamente aquele que sente que a
inclinação do mal lhe causa muitas aflições ao não o permitir se aproximar do Criador é
chamado “justo”. Mas se uma pessoa não sente que ela o remove do Criador e não sente que
com isto ela lhe causa aflições, não é considerada justa pois ela não alcançou o
reconhecimento do mal, ou seja, que ela a prejudica.
Pergunta nº 2) Por que deve ela sofrer muitas aflições se ela quer que a inclinação do mal não
participe nela? Isto significa que não há outra escolha senão sofrer aflições. De acordo com o
supracitado, isto é muito simples: Aflições se referem à inclinação do mal. Se ela não sente
que a inclinação do mal lhe causa muitas aflições, ela não a considera como uma inclinação
do mal que ela não quer que ela participe nela. Em vez disso, ela a considera uma boa
inclinação, que lhe traz somente o bem, então porque não deve ela participar nela? Mas se ela
vê as aflições que a inclinação do mal lhe causa então ela não participa nela.
Pergunta nº 3) Diz O Zohar que o Criador deseja uma pessoa que sofre muitas aflições. Isto
significa que o Criador não deseja aquele que não sofre muitas aflições? Pode isto ser? A
resposta é que se uma pessoa sente que a inclinação do mal lhe causa muitas aflições e a
pessoa clama para o Criador a ajudar, o Criador deseja essa pessoa. Mas quando uma pessoa
não sente que a inclinação do mal a aflige, o Criador não a quer pois ela não tem Kli [vaso],
ou seja, desejo que o Criador a salve.
Pergunta nº 4) Se o Criador o salva das aflições, ele se conectará novamente com a inclinação
do mal.
Resposta: Salvação que vem do Criador é uma questão diferente da salvação que ocorre
na corporeidade. O mal que toma lugar no tempo de Achoraim [dorso], que é o tempo da
ocultação da face, quando ela vê que ela está sob ocultação, pois é sabido que o menor é
anulado perante o maior e certamente aqui, ao servir o Criador, uma pessoa se deve anular
perante o Criador como uma vela perante uma tocha. Todavia, ela vê que seu corpo não se
anula e é difícil para ela o subjugar e assumir sobre si mesma fé acima da razão. Nessa altura
ela vê que o corpo a aflige ao não querer assumir o fardo do reino dos céus, pelo qual ela é
removida de toda a espiritualidade.
Sucede-se que um deve acreditar que o Criador criou o mundo com benevolência e o mal no
seu corpo o remove de todo o bem. Isto é, quando ele vem para aprender Torá, ele acha-o
absolutamente insípido. E também, quando ele chega a realizar certo Mitzvá [boa
ação/correção], ele o acha absolutamente insípido pois a inclinação do mal no seu corpo tem o
poder de não o deixar acreditar no Criador acima da razão ao retirar todo o sabor. Quando
quer que ele comece a se aproximar de algo espiritual, ele sente que tudo é seco e sem a
humidade da vida.
Quando a pessoa começou sua obra, lhe foi dito — e ela acreditou no que lhe foi dito — que a
Torá é a Torá da vida, como está escrito, “Pois eles são tua vida e a duração de teus dias” e
como está escrito (Salmos 19), “Mais desejável que o ouro, mais que muito fino ouro e mais
doce que o mel e a colmeia”.

Mas quando um considera isto e vê que a inclinação do mal é culpada de tudo e sente
fortemente que o mal que ela lhe está a causar, então sente ela em si mesma o que está escrito
(Salmos 34) “Muitas são as aflições do justo”. Isto é, que esse versículo foi dito sobre ele.
Nessa altura olha ele para o que o versículo diz posteriormente, “mas o Senhor o liberta de
todas elas”. Nessa altura em que ele começa a clamar para o Criador o ajudar pois já fez tudo
o que pensou que podia fazer, mas nada ajudou e ele pensa que “Tudo o que aches no teu
poder fazer, faz isso”, foi dito sobre ele. Nessa altura vem o tempo da salvação — a salvação
do Criador o libertar da inclinação do mal — à medida que deste dia em diante a inclinação
do mal se renda perante ele e não seja capaz de o incitar para qualquer transgressão.
Está escrito na “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” (item 54): “Quando o Criador vê que
um completou sua medida de esforço e terminou tudo o que ele tinha de fazer em fortalecer
sua escolha na fé no Criador, o Criador o ajuda. Então, ele alcança Providência aberta, ou
seja, a revelação da face. Então, é ele recompensado com o arrependimento completo, ou seja,
que se apega ao Criador uma vez mais com todo seu coração, alma e força, como se fosse
naturalmente atraído para a realização da Providência aberta”.
Está também lá escrito (item 56): “A que se parece o arrependimento? Quando Aquele que
conhece os mistérios venha a testemunhar que ele não regressará à folia”. As palavras, ‘A que
se parece o arrependimento’? Significam “Quando estará um certo que ele foi recompensado
com o arrependimento completo”? Para isto lhe foi dado um claro sinal: “Quando Aquele que
conhece os mistérios vier a testemunhar que ele não regressará à folia”. Significa isto que ele
foi recompensado com a divulgação da face e então Sua salvação em si testemunhará que ele
não regressará à folia.
Isto responde à quarta pergunta, que se o Criador o salvar da inclinação do mal Ele não o
afligirá. O sagrado Zohar diz que as aflições que o justo sofre são em prol de não participar
nela. Sucede-se que se o Criador o salva e ele vê que Ele não o afligirá, então ele se conectará
novamente com a inclinação do mal, dado que a única razão pela qual a inclinação do mal o
aflige é em prol de não participar nela. Mas dado que a razão foi cancelada, a situação
regressa como antes.
Porém, de acordo com o que explicámos, a salvação do Criador é a revelação da face, até que
o Criador testemunhe que ele não vai pecar. As aflições que o justo sofre são para ele ser
capaz de pedir ao Criador, como acima dito, “Se não há Achoraim [dorso], não há divulgação
da Panim [face]”. Sucede-se que quando há divulgação da face do Criador, tudo é como deve
ser.
101. Poderosa Rocha de Minha Salvação

Artigo 13, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85

Na canção Chanucá nós dizemos, “Poderosa rocha de minha salvação, louvar-Vos é uma
delícia; restaura a minha Casa de Oração, e aí nós traremos uma oferta de ação de graça
s”. A canção começa com palavras de elogio, “Louvar-Vos é uma delícia”, depois começa
com palavras de oração, “Restaura a minha Casa de Oração”.

Depois, retoma as palavras de agradecimento e louvor: “E aí nós traremos uma oferta de ação
de graças”.

Assim, há aqui três coisas, semelhantes à ordem da oração:

1. Os primeiros três do Dezoito [uma sequência de orações] são louvor e de


agradecimento.

2. Os três do meio são fundamentos.

3. Os três últimos são louvor e agradecimento, mais uma vez.

Assim, começamos com o presente, como ele diz, “Louvar-Vos é uma delícia”, o que
significa que Vos agradecemos e Vos louvamos pelo bem que temos recebido de Vós.
É como nossos sábios disseram: “Devemos sempre louvar o Criador e orar “ (Berachot
[Bênçãos], 32).

A razão é que aquele que crê que o Criador é misericordioso e compassivo, e que deseja fazer
o bem para as criações, tem espaço para a oração. É por isso que devemos primeiro
estabelecer o louvor do Criador, ou seja, a pessoa deve estabelecer louvor ao Criador.
Isso não significa que o Criador deve ver que a pessoa o está louvando, pois, o Criador não
precisa de pessoas. Pelo contrário, a própria pessoa deve ver o louvor do Criador e, em
seguida pode pedir a Ele para ajudá-lo, uma vez que Sua conduta é fazer o bem às Suas
criações.

Assim, depois de dizer: “Louvá-Lo é uma delícia”, vem a oração, e nós dizemos, “Restaura a
minha Casa de Oração”.

O que é “A minha Casa de Oração”? Quer dizer, como está escrito, “Mesmo que os traga à
Minha montanha sagrada, e os alegre na Minha casa de Oração” “A Minha montanha
sagrada”. Har [montanha] vem da palavra Hirhurim [pensamentos/ contemplações],
significa que Ele lhes traz pensamentos de Kedushá [santidade]- assim os seus
pensamentos serão de Kedushá.

“E os alegre na Minha casa de oração” é o coração do homem, então aí haverá lugar para a
presença da Divindade. Divindade é chamada “oração”, como é sabido Malchut é
chamada “oração”, como está escrito, “Mas Eu sou toda oração”.

Depois de, “Restaura a minha Casa de Oração”, segue-se “E aí traremos uma oferta de
ação de graças”. Conclui-se que primeiro é um elogio, depois uma oração, e depois
louvor mais uma vez, como a ordem da oração, o que conclui com louvor e ação de graças.

Mas o que pode fazer querendo começar com elogios, mas seu coração está fechado, e
ele sente-se cheio de falhas e não consegue abrir a sua boca, cantar e louvar? O conselho é
ir acima da razão e dizer tudo o que está “coberto Chassadim [misericórdias]”. Em
outras palavras, ele deve dizer que tudo é Chéssed [graça/misericórdia], mas está oculta
dele, porque ele ainda não está qualificado para ver as delícias e prazeres que o Criador
preparou para as Suas criações.

E depois que ele estabelece o louvor do Criador, o que significa que ele acredita acima da
razão, que tudo é bom e misericordioso, ele deve orar para que o Criador conserte o seu
coração para tornar-se “Minha Casa de Oração”, o que significa que as misericórdias do
Criador vão aparecer lá. Isso é chamado, “Chassadim revelado”.

E então, “Nós traremos uma oferta de ação de graças”, o que significa que ele vai dar
graças por ter sido privilegiado com a oferta de vasos de recepção. Isso é chamado de: “E aí
nós traremos uma oferta de ação de graças” por ter sido recompensado com sacrificar a sua
vontade de receber. Em troca, para ele veio a vontade de doar, o que é chamado de “o lugar
do Templo”.

Mas primeiramente o mais importante para uma pessoa, é ter o desejo de sacrificar o
desejo de receber. E sendo que, o desejo de doar é a essência do Criador, a criatura ama
isso, e assim é muito difícil para ela compreender que isso deve ser anulado ou será
impossível ser recompensado com algo espiritual.

Na corporeidade, nós vemos que uma pessoa tem um desejo e uma deficiência que lhe diz
respeito, que vem de dentro do seu corpo, e há um desejo que não é adquirido de fora, não
por si próprio. Ou seja, se não houvessem pessoas no exterior que gerassem esse desejo
nela, ela nunca sentiria a necessidade disso, mas as pessoas de fora geram esse desejo nela.

Por exemplo, uma pessoa sozinha vai querer comer, beber, dormir, e assim por diante,
mesmo sem outras pessoas ao seu redor. No entanto, se existirem pessoas à sua volta, é
uma questão de vergonha, a que os outros o compelem. Então, ela vai comer e beber o que as
pessoas ao seu redor sugerem, a compelem a fazer.

Isto é evidente principalmente nas roupas. Em casa, uma pessoa veste o que para si é
confortável. Mas, quando está entre pessoas, ela veste-se de acordo como os outros veem.
Não tem escolha, já que a vergonha a leva a seguir as suas fantasias.

É o mesmo na espiritualidade. A pessoa tem um desejo dentro de si, que vem dela própria.
Em outras palavras, mesmo quando ela está sozinha e não há ninguém ao seu redor que a
afete, ou de quem absorver um desejo, ela recebe um despertar e implora por ser serva do
Criador. Mas o seu desejo, não é provavelmente suficiente, para que não necessite
trabalha-lo para que possa alcançar o objetivo espiritual. Portanto, há uma maneira-
exatamente como na corporeidade- para reforçar o desejo através de pessoas no exterior,
que o compelem a seguir os seus pontos de vista e espirito.

Isto é feito através da ligação com pessoas que ela vê que também têm necessidade de
espiritualidade. E o desejo que essas pessoas no exterior têm, gera desejo nela, e assim ela
recebe um desejo maior pela espiritualidade. Em outras palavras, para além do desejo
dentro dela, ela recebe um desejo pela espiritualidade que geram nela, e então ela adquire
um grande desejo com o qual pode alcançar o objetivo.

Portanto, a questão do amor de amigos é que cada pessoa do grupo, além de trazer consigo
um desejo, adquire desejo dos amigos. É um grande trunfo que se consegue apenas obter
através do amor de amigos. No entanto, deve-se tomar muito cuidado para não estar entre
amigos que não têm nenhum desejo de examinar-se, a base do seu trabalho- se é para doar
ou receber – e ver se eles estão fazendo as coisas para atingir o caminho da verdade, que é o
caminho de apenas doar.

Somente em tal grupo é possível incutir aos amigos o desejo de doar, o significa que cada um
vai absorver a falta dos amigos, ela mesmo não tem o poder de conceder, e para onde quer
que caminhe, está ansiosa por um lugar onde talvez alguém seja capaz de dar-lhe o poder de
doar.

Assim, quando ela chega a um grupo onde todos estão sedentos pelo poder de doar, cada um
recebe forças de todos os outros. Isto é considerado receber força do exterior em adição à
pequena força dentro dela.

No entanto, em oposição a isso, há uma força do exterior da qual é proibido receber


qualquer assistência, mesmo que esta força, que ela pode receber de fora, lhe dê
combustível para o trabalho. Deve ter-se muito cuidado para não a receber. E é preciso tomar
muito cuidado porque o corpo tende a receber força para o trabalho especificamente de
pessoas do exterior. Isso chega até a pessoa quando ela ouve o que é dito sobre ela, por
exemplo, que é uma pessoa virtuosa, ou um discípulo sábio, ou um homem com medo do céu,
ou quando se diz que é um homem que procura a verdade. Quando uma pessoa ouve estas
coisas, que seu trabalho é apreciado, essas palavras dão-lhe força para o trabalho, porque
está recebendo homenagem pelo seu trabalho.

E então ela não precisa de fé acima da razão e do poder de doação, o que significa que
o Criador a ajudará, e essa será a sua motivação. Em vez disso, ela recebe combustível da
exterioridade. Por outras palavras, os externos compelem-na a envolver-se com a Torá e
Mitzvot [mandamentos].
Esta é a questão de ser humilde- uma das razões para que não haverá enfermagem para
os externos. É por isto que devemos andar em humildade, como está escrito, “E andes em
humildade com o Senhor teu Deus”.

Os externos são pessoas que estão fora dela. Eles cuidam do seu trabalho pela tarde- quer
dizer, após ouvirem que são respeitados- aprendem a trabalhar para os exteriores e não para
o Criador. É assim porque, não precisam mais do Criador para os aproximar à Sua obra, já
que agora ele é o operador, porque as pessoas no exterior dão-lhe combustível para estudar e
trabalhar para eles. Ou seja, são elas quem a compele a trabalhar, e não o Criador, que o
compele a trabalhar para Ele. Pelo contrário, os outros estão obrigando-a a trabalhar para eles,
então eles vão respeitá-la, etc.

Daqui resulta que é semelhante a trabalhar para um deus estranho. Ou seja, elas ordenam-lhe
que trabalhe a fim de respeito e afins, que lhe dará em troca para se dedicar à Torá e
Mitzvot. Quer isto dizer, que se eles não sabem do seu trabalho, e não vê que há alguém que
vê e se dedica à Torá, não há ninguém para obrigá-lo a trabalhar. Isto é chamado “o aperto
dos externos”, e é por isto que a pessoa deve trabalhar de forma escondida.
No entanto, trabalhar de forma oculta, não é suficiente. Embora seja verdade que agora só
o Criador o obriga a fazer o trabalho sagrado, deve haver mais uma coisa: a pessoa não deve
trabalhar para receber recompensa. Este é um assunto completamente diferente, porque é
contra a nossa natureza. Somos criados com uma natureza que se chama “vontade de receber”.
Mas agora temos de trabalhar apenas no trabalho de doação e não receber nada para nós.

Para isso, devemos procurar uma sociedade onde cada um acredita que devemos trabalhar
para doar. Como se trata de uma pequena força dentro da pessoa, ela deve olhar para as
pessoas que estão procurando esses poderes também. Então, unidos, cada um deles pode
receber a força dos outros, e isso é tudo o que precisa. E o Criador irá enviar-lhe ajuda de cima
para que sejamos capazes de andar no caminho da doação.
104. Eu Sou O Primeiro, Eu Sou O Último

Artigo 14, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


O versículo diz, “EU sou o primeiro e EU sou o último, e não há DEUS além de MIM”. É
sabido que de modo a que a obra alcance a meta, que é Dvekút [adesão] com o Criador é
trabalhar em prol de doar. Mas de acordo com a ordem da obra que o homem recebeu na
educação, é na realidade em Lo Lishmá [não em Seu nome], como diz Maimônides (As Leis
da Penitência, Capítulo 10), “Os sábios disseram, ‘Um sempre se deve envolver em Torá, até
em Lo Lishmá, dado que de Lo Lishmá ele chegará a Lishmá [em Seu nome]’. Deste modo,
quando ensinando aos jovens, as mulheres e a populaça, eles são ensinados a trabalhar por
temor e para receber recompensa. Quando seu conhecimento aumentar e eles ganharem muita
sabedoria, lhes é mostrada a secreta pouco a pouco, e eles são acostumados a ela
pacificamente até que O alcancem e O sirvam com amor”. Até então foram suas palavras.
Deste modo, quando uma pessoa deseja caminhar no caminho para alcançar a meta
de Dvekút com o Criador, que se trata de direcionar que todas as coisas sejam em prol de
doar, um primeiro deve adquirir uma carência, ou seja, que ele não encontra satisfação no
trabalho em Lo Lishmá.
Nessa altura ele começa a procurar uma nova ordem no trabalho porque o envolvimento em
Torá e Mitzvot ao qual ele estava habituado a manter até então era sobre a base da vontade de
receber, chamada Lo Lishmá. Agora, contudo, ele precisa de mudar sua inteira base, e sobre
essa base, ele constrói todas suas ordens na vida. E isto depende da medida à qual o estado
de Lo Lishmá que ele vê não é o caminho certo e não o deixa repousar. Ele não consegue
repousar e não consegue ficar quieto até que saia desse estado para o estado de Lishmá.
Mas quem é aquele que o faz sentir que esse não é o caminho certo enquanto ele está ainda
num estado de Lo Lishmá, e além do mais, que ele está afastado da Dvekút com o Criador?
Ele olha para o público, e o inteiro público vai por certo caminho, e porque deve ele ser uma
exceção?
O que é também difícil para ele é que quando ele olha para o público, ele vê pessoas que são
mais dotadas e mais habilidosas que ele. Elas ficam-se pela ordem do trabalho que receberam
quando elas eram pequenas, quando os tutores as ensinaram a trabalhar somente em Lo
Lishmá, como está escrito nas palavras de Maimônides, e ele vê sobre si mesmo que embora
um apuro partilhado seja metade do apuro, ele não consegue chegar a um acordo com o estado
de Lo Lishmá. Então vem a pergunta: “Se ele realmente é menos dotado e menos habilidoso,
de onde vem até ele este estado de Lo Lishmá que não o deixa descansar?
A resposta que vem para isso é, “EU sou o primeiro”. Por outras palavras, o Criador deu-lhe
essa carência para que ele não fosse capaz de continuar neste caminho e não pensasse que ele
obteve com sua própria sabedoria. Em vez disso, o Criador diz, “EU sou o primeiro”, ou seja,
EU dei-te o primeiro empurrão para que começasses a caminhar no caminho da verdade ao te
fazer sentir uma carência, que és carente em respeito à verdade”.
E então começa o trabalho, quando ele começa a antecipar um estado onde ele repele o amor
próprio e todas as suas ações sejam somente em prol de doar. Nessa altura, ele deve dedicar
todos seus pensamentos e recursos a isso, como em “O que quer que tua mão ache a força de
fazer, faz isso”.
Posteriormente, quando ele é recompensado com Dvekút com o Criador, ele pensa que através
do seu esforço em Torá e Mitzvot e superar seu amor próprio, que somente pelo seu trabalho
foi ele recompensado com isso, uma vez que ele foi tão persistente, e somente ele teve a força
para aproveitar ao máximo as oportunidades, que ele fez esta riqueza de ser recompensado
com o que foi recompensado.
O versículo diz sobre isso, “E EU sou o último”. Por outras palavras, tal como EU fui o
primeiro, dando-te a carência, EU sou também o último, ou seja, que EU te dei o
preenchimento para a carência. A carência é chamada “o Kli” [o vaso], e o preenchimento é
chamado “a luz”. E dado que não há luz sem um Kli, tu começas ao fazer o Kli e então
colocar a abundância no Kli. É por isso que primeiro, o Criador deu o Kli, chamado “EU sou
o primeiro”, e então ELE deu a abundância, que é chamado “EU sou o último”.
Agora podemos compreender a diferença entre o trabalho que o obreiro faz numa obra
corpórea em certa empresa e um obreiro que realiza trabalho espiritual. Vulgarmente, um
trabalhador que não trabalha não recebe um salário, mas ele não é punido por não trabalhar.
Mas na obra espiritual, aquele que não trabalha, ou seja, aquele que não mantém Torá e
Mitzvot, recebe uma punição, como disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 5), “O mundo foi
criado em dez Proferimentos”. O que significa isso? Afinal, ele poderia ter sido criado com
um único proferimento. Contudo, ele foi criado em dez proferimentos de modo a vingar os
ímpios e a dar boa recompensa aos justos, que estabelecem o mundo que foi criado em dez
proferimentos.
Isto foi já explicado em anteriores ensaios. Abreviadamente, a questão de “vingar os ímpios”
trata-se de sofrer os tormentos que os ímpios sofrem nas suas vidas. Isto significa que quando
ele olha para os ímpios em si mesmo, ou seja, na sua vontade de receber, se ele vê que tal vida
de fazer tudo para a vontade de receber não lhe dá satisfação, à extensão que ele vê e sente a
desagradabilidade de tal vida, o Kli e o desejo pela espiritualidade que uma pessoa sente nesta
vida devido à desagradabilidade a promove a procurar um lugar do qual receber vida.
Assim, a punição que ele sofre por tomar o caminho errado não é uma vingança por não
querer tomar o caminho do Criador, que um tem de trabalhar em prol de doar. Pelo contrário,
ele é ajuda; ele é empurrado para a felicidade e bondade.
Logo, sucede-se que a punição que ele vê que os ímpios estão a sofrer, ele mesmo deve sentir
o sofrimento que os ímpios têm. Este é o sentido do que está escrito (Salmos 94), “Feliz é o
homem a quem VÓS disciplinais”. Isso significa que o sofrimento que ele sente por tomar o
caminho errado é considerado como o Criador lhe dar um Kli, como dissemos que isto é, “EU
sou o primeiro”.
E, todavia, ELE não lhe dá a sensação do sofrimento quando eles caminham no caminho
de Lo Lishmá para todos, somente “A quem o SENHOR ama ELE repreende”. Isto é
considerado que ele sente esse sabor dos ímpios que estão imersos no amor próprio, e isto
pune-o do caminho da falsidade para o caminho da verdade.
Sucede-se que na corporeidade, quando um trabalhador não trabalha, ele não recebe um
salário, mas ele não é punido por não querer trabalhar. Mas na espiritualidade, aquele que é
indolente na obra é punido, como disseram nossos sábios, “Para vingar os ímpios”. Mas lá
não é considerado que ele esteja a ser punido, mas que ele é colocado no bom caminho. Isto
não é considerado como punição, mas como correção.
Assim, há dois tipos de correções: 1) o caminho da Torá; 2) o caminho do sofrimento.
Contudo, ele não é considerado uma punição; ele é considerado uma correção, e a correção
chega até ele pelo sofrimento.
Posteriormente, quando ele já tem um Kli chamado “vasos de doação”, onde anteriormente
havia somente um desejo de auto recepção, agora ele recebe um desejo, ou seja, que ele
espera que o Criador lhe dê o Kli chamado “desejo de doar”. E agora ele tem o Kli do desejo
de doar, ele é recompensado com o deleite e felicidade que estavam no Pensamento da
Criação, que é chamado “fazer o bem às Suas criações”. Este é o sentido de “E EU sou o
último”, referindo-se ao preenchimento, ou seja, que onde ele antes carecia, agora ele
preenche todas suas carências.
Contudo, isto é somente em respeito à Providência privada. Por outras palavras, no que diz
respeito a ele, uma pessoa deve dizer que tudo depende dela porque ela pode ser
recompensada com a meta para a qual ela foi criada somente de acordo com seus esforços na
obra. Isto é considerado que o homem deve acreditar na recompensa e punição. Mas ao
mesmo tempo, depois dela ter feito seu trabalho, ela deve dizer que tudo está na Providência
privada, como na interpretação de “EU sou o primeiro e EU sou o último”.
Ela deve saber que esta questão de um homem alcançar a meta é principalmente sobre
direcionar todas suas ações e pensamentos para serem Lishmá, como está escrito, “Cada um
que é chamado pelo MEU nome, e a quem EU criei para MINHA glória, EU o formei, sim,
EU o fiz”. Precisamos de compreender o que está escrito, “Cada um que é chamado pelo
MEU nome e a quem EU criei”. Aqueles que não são “Chamados pelo MEU nome”, não os
criou o Criador para Sua glória?
Também, devemos compreender o sentido de “Que é chamado pelo MEU nome”. Devemos
interpretar “Chamado pelo MEU nome” que isso se relaciona a ELE, como está escrito,
“Israel TEU povo” ou “SEU povo Israel”, que significa que se relaciona ao Criador. Então ele
deve estar em equivalência de forma com o Criador, como está escrito, “Como ELE é
misericordioso, também tu, sê misericordioso”, que significa que sua meta é somente doar
sobre o Criador, que todas suas ações são somente pela Sua glória, e que ele não tem
preocupação com seu próprio benefício.
Agora podemos interpretar, “Cada um que é chamado pelo MEU nome”, ou seja, aqueles que
se relacionam a MIM. Estas são as pessoas que dizem que ELE criou o todo da criação
somente para SUA glória e não para SEU próprio benefício. Nessa altura, ele se pode
relacionar a si mesmo a MIM e ele entra no coletivo chamado “SEU povo Israel” ou “Israel”.
Então ele pode sentir o que está escrito, “Que escolhe SEU povo Israel com amor”.
Sucede-se que um deve sentir uma carência, sentir que ele precisa que a ajuda do Criador
chegue a um estado onde todas suas ações sejam em prol de doar, e então começar o trabalho
de Lishmá. E então ele é recompensado com as coisas, como diz Rabi Meir.
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107. E Ezequias Virou Sua Face Para A Parede

Artigo 15, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar (Vayechi, item 386): “Rabi Yehuda começou e disse, ‘E Ezequias
virou sua face para o muro e orou para o Senhor’”. Estas são suas palavras lá
no Sulam[comentário da Escada]: “Um deve orar somente perto de um moro e nada o deve
separar do muro, como está escrito, ‘E Ezequias virou sua face para o muro’”.
Devemos entender o que é o “muro” perto do qual devemos orar. Também, o que é a
“partição” onde ele diz que nada deve separar. O Zohar interpreta lá e no Sulam (item 392):
“Um muro é o Senhor de toda a terra e é a Shechiná [Divindade] ”.
Correspondentemente, devemos interpretar aquilo que ele diz, que devemos orar perto de um
muro, ou seja, perto da Shechiná. Porém, ainda não é conhecida a medida de proximidade do
muro. Interpreta ele que nada o deve separar entre ele e o muro. É por isso que devemos
interpretar o problema da separação, tal como a Tevilá [banho ritual], com Netilat
Yadaim [ritual de lavar as mãos] e as quatro espécies, onde o ramo de palmeira, murta e
salgueiro são atados com uma folha de ramo de palmeira pois são da mesma espécie.
Sucede-se que o separar e o muro é — como a Shechiná doa sobre os inferiores, também o
homem deve remover a força da recepção — que seu desejo seja somente de doar sobre o
Criador. Nessa altura isso é chamado de aproximar e proximidade do muro.
Porém, primeiro devemos saber que é nosso dever tentar entender tanto quanto pudermos com
nossas pequenas mentes pelo que precisamos de orar, ou seja, que deficiência devemos
considerar e dizer que esta é a coisa principal que precisamos e que se pudermos satisfazer
essa deficiência de nada mais precisaremos.
É sabido que a essência da oração é pela Shechiná estar no exílio. Contudo, isto requer
explicação, também. Está escrito que a coisa principal pela qual precisamos de orar é para
elevar a Shechiná do pó. Há muitas interpretações para isso e do pouco que podemos entender
é o reino dos céus. Isto é que um assume sobre si mesmo — que ele nada tem no mundo que
seja seu propósito, senão servir o rei não em prol de receber recompensa. Com isso será ele
recompensado com Dvekút com o Criador e será capaz de deleitar o rei, como em “Como Ele
é misericordioso, também tu és misericordioso”. Nessa altura ele será digno de manter o
pensamento da criação de fazer o bem às Suas criações.
Todavia, o discernimento chamado “doar contentamento sobre o Criador” não tem um lugar
nas criaturas pois elas nascem com um desejo de receber. Por esta razão, elas são
absolutamente incapazes de compreender o conceito da doação. Isto é semelhante a um objeto
deitado no pó e ninguém repara que ele deve ser pegado. Isto é chamado “Shechiná no pó”. É
como está escrito (Os Selichot [perdões] das treze qualidades): “Eu me lembrarei de Deus e
ansiarei por Ele e verei cada cidade construída sobre suas fundações e a cidade de Deus
baixada até ao fundo”.
Uma “cidade” significa como está escrito (Eclesiastes, 9), “uma pequena cidade com poucos
homens nela”. Ebén Ezrá interpreta como se segue, “Os antigos interpretes disseram que isso
é uma alegoria: “uma pequena cidade é o corpo do homem e “poucos homens nela” significa
aqueles com o poder de produzir, os servos da alma.
Desta forma, aqui, também devemos interpretar a “cidade de Deus” significando que o corpo
quer que Deus habite nele, neste corpo, todos os órgãos o resistem. A doação, ou seja,
trabalhar pelo Criador, é trabalho em absoluta humildade e há um sabor de pó neste trabalho.
Está escrito na maldição da serpente (Génesis, 3), “Sois mais maldita que todas as bestas e
mais que todo o animal do campo; caminharás sobre tua barriga e comerás pó todos os dias da
tua vida”. Significa isto que tudo o que ela comerá saberá a pó.
É semelhante aqui: quando uma pessoa começa a trabalhar pelo Criador e ela não vê que o
amor próprio extrairá qualquer benefício disso, esta obra é degradada e tudo o que ela faz nele
sabe a pó. Isto é chamado “A cidade de Deus é baixada até ao fundo”. Isto é, se há uma
partição entre ela e a Shechiná, ou seja, se seu trabalho é construído sobre uma base de amor
próprio, ela pensa que ela está no pico da perfeição.
Mas quando deseja remover a partição entre ela e o muro e quer trabalhar sobre a base de
doação, ela sente que está no próprio fundo, uma vez que não vê que neste trabalho ela nada
terá para receber para sua vontade de receber. Nessa altura todos os órgãos resistem a esta
obra.
Agora entenderemos pelo que precisamos de orar. A oração deve ser principalmente
pela Shechiná estar no pó. Significa isto que o trabalho de doar sobre o Criador é desprezível
e abjeto e pedimos do Criador que abra nossos olhos e remova as trevas que flutuam perante
nossos olhos.
Pedimos sobre isto, como está escrito (Salmos 113), “Ele eleva o pobre da poeira e levanta o
destituído do lixo”. É sabido que a sagrada Shechiná é chamada pobre e magra, como está
escrito em O Zohar, “e é colocada no pó”. “Ele levanta o pobre do lixo” refere-se a aqueles
que se querem apegar a ela mas sentem que são baixos e não veem como podem emergir desta
lama. Nessa altura eles pedem que o Criador os levante.
Onde o corpo concorda com o trabalho, onde ela é sobre a base da vontade de receber, uma
vez que não fazem ideia do que é a doação, seu trabalho é com orgulho, ou seja, que recebem
orgulho por serem servos do Criador enquanto os outros estão em absoluta baixeza e eles
sempre veem os defeitos dos outros.
Mas aqueles que caminham no caminho da verdade, que querem alcançar a doação, são
humildes pois veem que “Não fosse a ajuda do Criador, ele não a teria superado”. Assim, eles
não encontram mérito especial em si mesmos sobre os outros. Estas pessoas são chamadas
“humildes” pois querem se conectar à doação, que é humildade e esta é outra razão pela qual
eles são chamados “humildes”.
Nessa altura eles conseguem dizer o que está escrito, “Ó O Senhor é alto, grande e terrível.
Ele baixa os orgulhosos para o chão e eleva os humildes aos céus”, pois nessa altura eles
podem dizer que aquilo que era humilde anteriormente agora é alto e sublime, grande e
terrível. Isto assim é pois eles sentem que aquilo que anteriormente era trabalho no amor
próprio, que é orgulho, quando se sentiam orgulhosos de seu trabalho, agora se tornou
humildade, uma vez que estão envergonhados de trabalhar pelo amor próprio.
Mas quem lhes deu a força para sentirem isto? Foi o Criador que lhes deu. É por isso que
nessa altura uma pessoa diz, “Baixa os orgulhos para o chão”, enquanto a obra de doação, que
anteriormente era humilde, agora a obra de doação se tornou para ele o mais alto mérito. E
quem fez isto por ele? Somente o Criador. Nessa altura uma pessoa diz, “E levanta os
humildes para os céus”.
Shechiná em exílio significa que um deve sentir que ela está em exílio. Isto é, uma vez que
uma pessoa é chamada um “pequeno mundo”, pois ela consiste de setenta nações e a Israel
nela está em exílio, ou seja, o povo de Israel (nela) está escravizado às nações do mundo e o
povo de Israel são chamados Yashar-El[direito ao Criador], querendo doar sobre o Criador,
enquanto elas querem trabalhar em prol de receber, que é chamado as “nações do mundo”.
De acordo com isso, devemos interpretar “Israel que foram exilados” significando que se
Israel estão no exílio e não conseguem fazer coisa alguma Yashar-El, a Shechiná está com
eles. Ela, também, está no exílio, como se não conseguisse governar sobre eles
pois aparentemente eles governam sobre ela. Este é o sentido daquilo que o Rei David disse
(Salmos, 115), “Não a nós, Ó Senhor, mas ao Teu nome dá glória, por Tua misericórdia, por
Tua verdade. Por que devem as nações dizer, ‘Onde está seu Deus’? E nosso Deus está nos
céus; Ele faz o que Lhe agradar. ”
De acordo com o citado, devemos interpretar que pedimos ao Criador que nos ajude a sair do
exílio. Este é o sentido de “Não a nós”, ou seja, a nossa vontade de receber. Isto é, nós
queremos que nossos pensamentos e desejos e ações não sejam para nossa vontade de receber,
que é considerado que a importância é somente pelas nações do mundo.
Em vez disso, “Ao Teu nome dá glória”, para que a Shechiná não esteja no exílio e seja
considerada pó, mas que a glória dos céus seja revelada, que é “Que Seu grande nome cresça
e seja santificado”. Este é o sentido de “Por que devem as nações dizer”, ou seja, as nações do
mundo numa pessoa, que são chamadas “nações”. Que devem elas dizer? “Onde está o seu
Deus”? Ou seja, que elas se opõem à fé de Israel, pois seu trabalho é na mente e coração e
todo o seu (das nações) trabalho é dentro da razão.
Mas “nosso Deus está nos céus”, ou seja, especificamente acima da razão, chamado “céus”,
que é acima do nosso intelecto. E por que (o Criador) fez nosso trabalho ser acima da razão?
Nós não dizemos que Ele não podia fazer o inverso. Em vez disso, “Ele faz aquilo que Lhe
agrada”, e Ele entendeu que trabalhar acima da razão é um caminho melhor para alcançar a
meta, de ser capaz de receber o deleite e prazer, todavia permanecendo em prol de doar e não
pela autogratificação.
Devemos interpretar “pela Tua misericórdia, pela Tua verdade”, que nós oramos ao Criador,
“Dá glória ao Teu nome”. “Tua misericórdia” significa que a qualidade de misericórdia será
derramada sobre nós para que tenhamos a força para caminhar na qualidade de misericórdia,
chamada “vasos de doação” e com isso teremos equivalência de forma.
Subsequentemente, seremos capazes de receber o deleite e prazer, que é chamado a
“qualidade da verdade”, como interpretado em O Estudo das Dez Sefirot (Parte 13 p 1,419, e
em lá na Ór Pnimi): “É por isso que a divulgação da Sua orientação é chamada ‘verdade’,
uma vez que ela é verdadeiramente Sua vontade. Descobriremos esta verdade na Sua
orientação, que é de fazer o bem às Suas criações e é por isso que essa correção em ZA é
chamada de ‘verdade’”. Este é o sentido de “Tua verdade”.
110. Mas Quanto Mais Eles Os Afligiam

Artigo 16, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85

Está escrito, “Quanto mais eles os afligiam, mais eles se multiplicavam e mais se
espalhavam, para que ficassem com medo dos filhos de Israel” (Êxodo 1:12). O significado
das palavras, “Mas quanto mais eles os afligiam” é que se multiplicarão e se espalharão
na mesma medida que são afligidos. Parece como sendo uma condição – que não possa
haver multiplicação e expansão no trabalho antes que haja primeiro uma base de aflição.
Mas para compreender o que está escrito acima, devemos conhecer o nosso princípio, isto é
conhecer o que é a nossa essência. Como está explicado nas introduções, é somente a nossa
vontade de receber. E certamente, quando a vontade de receber preenche o seu desejo, esse
preenchimento não é considerado trabalho, uma vez que trabalho significa aquilo por que se
é recompensado.

Em outras palavras, o trabalho consiste em ações que o homem evitaria, e somente as


executa porque não tem escolha, uma vez que deseja receber alguma recompensa. A
recompensa é considerada como que se anseia, e o seu único desejo e anseio estão
centrados nesse objetivo. O verdadeiro anseio quer dizer que isto lhe toca o coração tão
profundamente que diz, “Prefiro morrer a viver sem o conseguir. Segue-se que se não há
nenhuma aflição ou dor por não ter o que tanto almejar, não é considerado anseio. E seu
anseio é medido pela dimensão do seu sofrimento.

Por isso sucede que se uma pessoa deseja receber alguma satisfação, deverá haver
primeiro uma carência. Isto é assim, porque não há luz sem um kli [vaso], e ninguém o pode
preencher seja com o que for a menos que exista uma deficiência. Por exemplo, não se
pode comer sem apetite ou apreciar o descanso sem fadiga.

Por isso, não se sofre porque os egípcios no seu corpo o afligem a não ser que não se queira
obedecê-los e deseje seguir por um caminho que lhes desagrada. A raiz de receber no
homem é chamada “amor-próprio”, e isto é considerado como “Egito”. Há muitas nações,
que são geralmente chamadas “as setenta nações”, que são o oposto de Kedushá
[santidade], que são os sete Sefirot, em que cada Sefirá [singular de Sefirot] consiste em
10, daí o número setenta nações. E também, cada nação tem o seu único desejo.

A Klipá (casca) do Egito é uma Klipá geral. É onde as centelhas de Kedushá caem, que o
povo de Israel – que estava no Egito – tinha que corrigir. Por isso, primeiro tem que haver
dor e aflição por não ser capaz de sair do seu domínio, como está escrito, “E os filhos de
Israel suspiravam por causa do labor, e eles choravam, e o seu pranto chegou até Deus por
causa do labor. E Deus ouviu o seu lamento”.
Deveríamos ser precisos acerca das palavras “por causa do labor” estando escrito duas
vezes. Deveríamos explicar que todos os suspiros derivavam do labor, querendo dizer que
não podiam trabalhar para o Criador. Na verdade, o seu sofrimento era por não serem
capazes de fazer o trabalho que estavam fazendo, ser destinado ao Criador, devido a Klipá
do Egito. É por isto que está escrito, “Devido ao labor” duas vezes.

1) Todos os suspiros não eram por que lhes faltasse alguma coisa. Só lhes faltava uma
coisa, querendo isto dizer que o seu desejo não era por luxos ou pagamento. A sua única
carência, pela qual sentiam dor e sofrimento, era por não serem capazes de fazer alguma
coisa para o Criador. Em outras palavras, desejavam ter tido um desejo para dar alegria ao
Criador e não para si mesmos, mas não foram capazes, e isto os afligia. A isto se chama
“querendo ter algum domínio em espiritualidade”.

2) O Segundo “Por causa do labor”, vem ensinar que, “E o seu clamor chegou até Deus”,
que Deus ouviu o seu lamento, foi porque o seu único pedido era trabalho. Isto implica no
outro “Por causa do labor”. Resulta que todo o exílio que eles sentiram era somente porque
estavam sob o governo da Klipá do Egito e não podiam fazer nada para fazer isso somente
com o propósito de doar.

Está escrito em O Zohar (Êxodo, Item 381 no Comentário de Sulam), “Rabi Yehuda
disse, ´Venham e vejam que isto é assim, como Rabi Yehoshua de Sakhnin disse,
‘Enquanto foi dado ao seu ministro domínio sobre Israel, não se ouviu o choro de Israel.
Quando o seu ministro caiu, escreve, ‘O rei do Egito morreu’ e rapidamente, os filhos de
Israel suspiraram por causa do labor, e choraram, e o seu choro chegou até Deus por
causa do labor’. Mas até então não obtiveram resposta ao seu lamento’.

Por esta razão, podemos dizer que se não é hora de destronar o ministro do Egito, não há
lugar para escolha ou para que se arrependam e sejam capazes de ser redimidos do exílio.
Ele diz (Êxodo, Item 380 no Comentário de Sulam), “Naqueles muitos dias. ‘Muitos’”.

Refere-se à estadia de Israel no Egito, isto é, que o fim chegou. E uma vez que o seu exílio
chegou ao fim, o que dizer? “O Rei do Egito morreu. “O que é que isso significa? Significa
que o ministro do Egito foi rebaixado da sua posição e derrubado do seu orgulho. É por
isso que o artigo diz sobre ele, ‘O rei do Egito morreu’.

Uma vez que o declínio é considerado para ele como morte. Como quando o rei do Egito –
que era o ministro deles – caiu, o Criador lembrou-se de Israel e ouviu o seu pranto”.

O Zohar faz esta pergunta acerca do verso, “Em sua agonia, quando todas estas coisas lhe
acontecerem” (Deuteronômio 4). Quer dizer que antes que tudo aconteça, é impossível
alcançar a perfeição. Resulta que você dá uma desculpa, um pretexto de que todas as coisas
pelas quais a pessoa deve passar podem ser experimentadas através do sofrimento, e isto não
é medido quer por tempo ou por quantidade de aflição, mas pela medida do sentimento (veja
em O Zohar).
Podemos compreendê-lo através de uma alegoria. Se uma pessoa tivesse que fazer um
quilo de trabalho digno, que é mil gramas de sofrimento, a recompensa vem para isso também.
Como os nossos sábios disseram, “A recompensa iguala a dor. “ Isto quer dizer que o
labor que se deve exercer antes de receber a recompensa existe porque não há luz sem
um Kli, visto que não há preenchimento sem uma deficiência. E o labor que se dá é a
qualificação para a recepção da necessidade, para depois disso ser capaz de receber nele o
preenchimento.

Digamos que aquela pessoa pode dar as mil gramas de deficiência intermitentemente,
que são discernimentos em quantidade e qualidade. Uma pessoa pode praticar durante dez
minutos por dia, querendo isto dizer lamentar o seu distanciamento do Criador, ou pode
lamentar o seu distanciamento do Criador dez minutos por semana, ou dez minutos por
mês. É semelhante à qualidade do seu sofrimento quando se lembra que está afastado do
Criador. Ainda que lhe doa, não é tão terrível e há coisas que lhe doem ainda mais, coisas por
que anseia. Resulta que também se deve contemplar em qualidade. Assim, uma pessoa pode
escolher, ainda que deva experimentar todo o processo de labor e aflição até ao fim, até que
chegue ao estado de, “E tu voltarás ao Senhor teu Deus e ouvirás a Sua voz”.
Assim, o homem pode escolher encurtar o tempo do processo de aflição prolongando-o em
tempo, que como dissemos, é chamado “quantidade”, e acrescentar em qualidade, que é a
sensação de sofrer por estar longe do Criador.

Mas devemos saber que há uma grande diferença entre quantidade e qualidade da forma de
trabalho. Quando considerando a quantidade de tempo, uma pessoa pode organizar sua
agenda, ou seja, a quantidade de tempo que ele atribui a si mesmo, por coerção. Isto
significa que, mesmo que o corpo não deseje sentar-se durante todo o tempo da aula pelo
qual ele decidiu, ele deve sentar-se por alguns minutos ou horas e se arrepender de
estar longe do Criador. Se ele tem um desejo forte e não for de caráter fraco, ele pode
sentar- se e manter o cronograma ele arranjou para si mesmo, uma vez que este é um ato, e
com ações que uma pessoa pode fazer coisas por coerção.

Mas, com qualidade, isso é muito difícil porque não se pode forçar a si mesmo para se sentir
de forma diferente do que se sente. Se ele vier a examinar seus sentimentos de dor e
sofrimento em estar longe do Criador, ele às vezes chega a um estado onde ele não se
importa. Nesta hora, ele não sabe o que fazer, porque ele não pode alterar como ele se
sente, e então fica perplexo. Isto causa o prolongamento do exílio, porque é difícil para
nós darmos a quantidade necessária, ainda menos a qualidade. E quando ele começa a
controlar a qualidade da deficiência, ele vê que ele não sente dor, que ele é aparentemente
inconsciente, insensível. E embora o afastamento do Criador significa não ter vida, não
causa dor por ele não ter vida. Depois ele não tem outra escolha a não ser orar ao Criador
para dar-lhe alguma vida, então se sentirá gravemente doente e precisa curar a alma. E por
vezes chega-se a um estado em que se está em tal declínio que nem sequer se tem força para
orar. Em vez disso, fica em um estado de completa indiferença. A isto se chama “estar
em estado de quietude”, ou seja, que está completamente parado. Nesse estado, somente a
sua comunidade pode ajudar. Em outras palavras, se ele se acerca dos amigos e não os
critica de nenhuma forma, experimentando se também eles têm as mesmas obstruções e
pensamentos, mas já os ultrapassaram, ou não têm qualquer interesse em introspecção e
esta é a razão porque se empenham na Torá e Mitzvot, como pode ser ele semelhante a eles?

Nessa altura, não pode receber qualquer assistência da sociedade por não ter mesmo
nenhuma Dvekút [adesão] com eles, porque são demasiados pequenos para serem seus
amigos. Assim, naturalmente, ele não é afetado por eles de forma alguma.

Mas se, ele se acerca dos amigos não de nariz empinado, pensando que é sábio e os amigos
são tolos – mas em vez disso lança fora o seu orgulho e segue a regra, “A pobreza
acompanha o pobre”, não somente está num estado de declínio e não sente qualquer
necessidade pela espiritualidade, mas também recebe pensamentos de orgulho,
significando que é mais sábio que toda a sua comunidade.

Agora vamos voltar para a primeira pergunta, sobre o que o Zohar diz: “E desde seu exílio se
concluiu”, o que diz: “O rei do Egito morreu”, uma vez que ele considera morte o
destronamento. E desde que o rei do Egito, que é o seu ministro-caiu, o Criador se
lembrou de Israel e ouviu a sua prece. Acontece que existe um pretexto que nenhuma oração
vai ajudar antes que seja a hora. Assim, não há nada que pode ser feito, porque a Criador não
ouvirá a sua prece.

Com as palavras acima podemos compreender as coisas como são. É a mesma questão que
os nossos sábios descreveram sobre o verso, “Eu o Senhor o apressarei em seu devido
tempo”. Se eles são recompensados, “Eu os apressarei”. Se não forem recompensados,
“No tempo devido”. Em outras palavras, quando o tempo chegar, chegará um despertar do
Criador, e através disso Israel se arrependerá. Resulta que a escolha é em relação ao tempo
como ele diz na “Introdução ao Livro do Zohar” (Item 16).

Assim, do exposto acima conclui-se que não se deve considerar o tempo de redenção –
que está escrito que antes disso, a quantidade e qualidade do sofrimento, que há um
certo tempo em que o sofrimento será completado. Entretanto, podemos encurtar o tempo.
Toda a quantidade e qualidade pelas quais o sofrimento se manifestará pode ser encurtado
de forma que todo o sofrimento chegue em pouco tempo, mas, todo o sofrimento terá surgido
ali.
113. Sabe Hoje e Responde ao Teu Coração

Artigo 17, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar, Vaerá (item 89): “Rabi Elazar começou e disse, ‘Sabe hoje e
responde ao teu coração que o Senhor, Ele é Deus’. Ele pergunta, ‘Deveria ter dito, ‘Sabe este
dia que o Senhor, Ele é Deus’ e no final, ‘E responde ao teu coração’, uma vez que saber que
o Senhor é Deus o qualifica a responder isso ao coração’. Ele responde, ‘Mas Moisés disse,
‘Se queres insistir nisso e saber ‘que o Senhor é Deus’, então ‘responde ao teu coração’.
Logo, não podemos saber ‘que o Senhor, ele é Deus”, senão ao responder ao coração’. É por
isso que o texto traz ‘responde ao teu coração’, para ele saber com isto que ‘o Senhor ele é
Deus. ’”
Devemos interpretar isto na obra. A ordem do trabalho não é o que parece lógico, como a
visão das nações do mundo — primeiro “nós escutaremos”, e então “nós faremos”. Em vez
disso, primeiro “nós faremos” e então “nós escutaremos”, como disse Israel, “Nós faremos e
nós escutaremos”. Nossos sábios disseram (Shabat, 88), “Quando Israel precederam fazer a
escutar, uma voz saiu e lhes disse, ‘Quem contou a meus filhos este segredo, que os anjos
ministradores usaram’”? Sucede-se que ao dizer, “Nós faremos e nós escutaremos”, eles se
tornaram semelhantes aos anjos ministradores e não a pessoas.
Devemos entender a razão para isto: Um anjo é chamado um “mensageiro”. Há dois tipos de
anjos:
1) Aqueles que não se importam com aquilo que o remetente lhes diz e não se importam com
a ação em si mesma. Similarmente, aquele que dá um pacote para dar a outro não está
interessado no conteúdo do pacote ou na conexão entre o remetente do objeto e o mensageiro.
Mas se ele quer levar a cabo as instruções do remetente ele o faz voluntariamente.
Certamente, o mensageiro recebe alguma recompensa por esta ação e isto se chama “servir o
rav [grande/professor] em prol de receber recompensa. ”
2) Por vezes, se o remetente não for uma pessoa importante, sua recompensa é o privilégio de
servir o rav e ele não precisa de qualquer outra recompensa, chamada “prémio. ” Sucede-se
que o mensageiro não tem interesse ou precisa de saber a conexão entre o remetente, que está
a enviar o objeto com o receptor do objeto. Também, ele não precisa de saber o que é o
objeto, ou seja, o que está nesse pacote que ele recebeu do remetente para trazer a esta ou
aquela pessoa.
Este é o sentido de “nós faremos”, como um mensageiro que não está interessado de todo,
uma vez que queremos servir o rei, para lhe dar prazer e nosso prazer está em ter a
possibilidade de o servir. Este é o sentido de ser-se um anjo, ou seja, um mensageiro.
“Nós escutaremos” significa que ele já escuta e entende a questão por completo. Isto é, nessa
altura ele não é considerado um anjo, um mensageiro. Em vez disso, nessa altura ele se torna
o receptor do presente do mensageiro. E então não é considerado mensageiro e remetente,
mas como receptor e dador, uma vez que ele sabe o que está nesse pacote pois o dador quer
que ele receba o pacote e veja a importância do presente que ele lhe dá.
De acordo com o citado podemos interpretar que o sentido de “responde ao teu coração”
sendo “nós faremos”, que é fé acima da razão. Posteriormente podemos ser recompensados
com “o Senhor, Ele é Deus”, que é “nós escutaremos”.
Uma ação significa ação em potencial, quando ele nada tem para responder à pergunta do
corpo. Ele vê que aquilo que o corpo pergunta é uma pergunta correta, para a qual ele não tem
resposta. Nessa altura há somente uma resposta: “acima da razão”. Isto é, embora o corpo
conteste todas as coisas que ele quer fazer pelo Criador, ele deve dizer, “um Mitzvá [boa ação]
induz um Mitzvá. ”
E uma vez que ele tem um Mitzvá, que sempre mantém, o Mitzvá da circuncisão,
um Mitzvá que o corpo não consegue resistir, se ele conseguir estar feliz com uma coisa, até
se mantiver o mandamento do Criador, se ele pensa em manter este Mitzvá, sobre o qual o
corpo não tem opinião, com isso ele consegue despertar novamente sua obra e trabalhar
diligentemente uma vez mais, tal como fez antes da descida.
Porém, devemos saber que cada ascensão é uma coisa nova. Isto é, quando uma pessoa
ascende, ela não regressa ao estado anterior. Em vez disso, é sempre um novo discernimento,
como diz o, “Um dia não é como o outro; e um momento não é como o outro; e um não
consegue corrigir aquilo que seu amigo vai corrigir. ”
Com isso podemos interpretar aquilo que nossos sábios disseram (Minchot 43), “Quando
David entrou no balneário e se viu de pé nu, ele disse, ‘Ai de mim pois me encontro nu,
sem Mitzvot[boas ações/correções]. ’ Quando ele recordou o Mitzvá da circuncisão na sua
carne, sua mente foi apaziguada. Quando ele saiu disse um salmo sobre isso, como foi dito,
‘Para o músico chefe no oitavo’, a respeito da circuncisão, que foi dada no oitavo. ”
Devemos interpretar que um balneário é quando uma pessoa vem para se purificar a si
mesma. Um estado de pureza é chamado “balneário. ” Nessa altura, quando ela olha para si
mesma, para quanta Torá e Mitzvot ela tem e das quais ela possa dizer que fez pelo Criador,
ela se vê a si mesma nua. Isto diz respeito ao passado. Posteriormente ela olha para o presente
e vê que agora, também, ela não quer fazer coisa alguma em prol de doar. Este é o sentido das
palavras, “Ai de mim pois me encontro nu, sem Mitzvot. ”
“Quando ele se lembrou do Mitzvá da circuncisão na sua carne, sua mente foi apaziguada”,
uma vez que devido ao mandamento da circuncisão ele não tinha pensamentos estranhos pois
a visão da criança não participou durante a circuncisão. Agora, sobre a base da circuncisão,
ele começa a construir a ordem do seu trabalho, ou seja, que ele será também, acima da razão.
“Quando ele saiu ele disse um salmo sobre isso. ” Isto é, assim que ele saiu de seu estado, ou
seja, durante a ascensão, considerada sair do balneário, quando ele foi purificado, “Ele disse
um salmo sobre isso”, uma vez que construiu a estrutura inteira daí para a frente sobre a base
de acima da razão, uma vez que o primeiro Mitzvá que ele teve foi acima da sua razão.
É por isso que devemos interpretar que ele “se viu de pé nu” ou seja, que ele não tinha desejo
de fazer Mitzvot. Logo, ele não tinha conexão com Kedushá [santidade], uma vez que o corpo
resistia a qualquer coisa de Kedushá. Mas “ele lembrou o Mitzvá da circuncisão na sua carne”,
ao qual o corpo não consegue resistir. Até aqueles que se circuncidaram, embora tivessem
escolha enquanto se circuncidaram, nessa altura estavam em ascensão, não se circuncidariam.
Posteriormente, durante a descida, eles já não tinham escolha a respeito da circuncisão.
Mas as mulheres, que não precisam de circuncidar seus corpos, com o que podem elas
superar? Isso é possível por causa da Arvut [garantia mútua], que “Israel são responsáveis uns
pelos outros”. Esse Mitzvá foi literalmente cravado na pele dele, ou seja, no seu corpo e não
num Mitzvá prático, que é da externalidade do seu corpo. “Sua mente foi apaziguada”, ou
seja, que em tal estado de descida ele ainda está conectado aos mandamentos do Criador.
Isto lhe pode dar espaço para construir sua estrutura de Kedushá e dizer para seu corpo, “Tu
não me trazes ao desespero, uma vez que vês que estás desconexo da inteira questão da Torá
e Mitzvot e não tens desejo, então por que ainda sonhas que é possível que o Criador te
aproxime mais que aos outros? Vês que és pior que os outros, então de onde recebes esta
insolência de que Ele te deve aproximar mais, para caminhar no caminho da verdade, que é
doar e não receber coisa alguma, quando vês que teu corpo não concorda sequer em se
envolver em Torá e Mitzvot Lo Lishmá [não pelo Seu bem]? ”
Para isto chega a resposta que o Criador deliberadamente deixou um Mitzvá no teu corpo,
para que sejas capaz de ver que há ainda alguma coisa que te conecta ao Criador, ou seja,
o Mitzvá da circuncisão, que não consegues cancelar. Este é o sentido de dizer, “O exilado
não será exilado Dele. ” Em vez disso, todos se aproximarão do Criador. Foi por isso que sua
mente foi apaziguada com isto, pois ele começou a construir toda a sua razão sobre a
circuncisão na sua carne. Esta é a circuncisão que foi dada no oitavo, uma vez que Biná é
chamada “oitavo”, que são Chassadim cobertas, ou seja, acima da razão.
115. A Respeito dos Caluniadores

Artigo 18, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar (Bô, item 1): “Rabi Yehuda começou e disse, ‘Felizes são as
pessoas que conhecem o ânimo. ’ Vede como as pessoas devem seguir o caminho do Criador
e manter as Mitzvot[mandamentos] da Torá para que através disso elas venham a ser
recompensadas com o mundo vindouro e sejam salvas de todos os caluniadores acima e
abaixo. Isto assim é pois tal como há caluniadores no mundo abaixo, há caluniadores no alto
que se encontram prontos para caluniar as pessoas. ”
Devemos entender o que são os caluniadores abaixo. Isto é compreensível em respeito ao alto,
que se queremos dar alguma coisa a uma pessoa, caluniadores venham e se queixem sobre
essa pessoa dizendo que não lhe deve ser dado aquilo que lhe está prestes a ser dado. Mas
abaixo? Isto pede a pergunta, “Perante quem se queixam eles sobre a pessoa? ”
Devemos interpretar que os caluniadores vêm até à própria pessoa. Se uma pessoa quer andar
pelo caminho que ascende para a doação sobre o Criador, caluniadores vêm e lhe dizem: “O
caminho da doação não é para ti; este caminho é adequado somente a uns poucos escolhidos,
com qualidades especiais e talentos, bravos corações, fortes e que são capazes de superar. Mas
não para ti, pois tu não tens as qualidades daqueles que estão acima das pessoas comuns.
Desta forma, é melhor para ti habitares entre tua própria gente, ou seja, seguir o caminho do
público geral e não aspirares a seres exceção. ”
Nesse respeito, vem Rabi Yehuda e diz-nos o versículo, “Felizes são as pessoas que
conhecem o ânimo. ” RASHI interpretou que elas sabem como apaziguar seu fazedor. Como
O apaziguam elas? Com Ele derramar abundância sobre elas. Rabi Yehuda interpreta sobre
isso que elas devem avançar pelo caminho do Criador e observar as Mitzvot [mandamentos]
da Torá. ” Devemos entender o que são os “caminhos do Criador. ” O versículo vem e diz-nos
sobre isso, “Pois Meus pensamentos não são teus pensamentos, nem são Meus caminhos teus
caminhos. ”
Isto é, somente acima da razão pode um caminhar pelo caminho do Criador. Mas dentro da
razão, o próprio corpo é o caluniador e o acusador, o fazendo entender que o caminho de doar
sobre o Criador não é para ele.
Com isto vão entender o versículo (Êxodo, 23): “Não aceitarás tu um suborno, pois um
suborno cega os de clara vista e distorce as palavras dos justos. ” Desta forma vemos que um
chega a escrutinar a ordem do seu trabalho e vê as condições que lhe são exigidas, ele decide
que não consegue assumir sobre si mesmo este caminho, que é a obra da doação, por duas
razões:
1) Ele não está a cem por cento certo da recompensa pelo trabalho, uma vez que ele não vê
ninguém que tenha recebido a recompensa pela qual ele trabalhou. Isto é, quando ele vem
para criticar as pessoas que ele vê que trabalharam e toleraram as condições da obra, ele vê
que elas realmente fizeram grandes esforços. Porém, ele não acha que elas já tenham recebido
a recompensa pelo seu trabalho. Se ele se questiona por que elas não receberam a recompensa,
ele inventa uma grande desculpa: Aquele que mantém todas as condições da obra certamente
recebe recompensa. Todavia, elas fizeram grandes esforços, mas não o cem por cento que lhes
foi exigido. É por isso que estão num estado onde acreditam que Ele as repele (da obra, pois
elas acreditam que estão certas e que a obra da doação não é para elas).
2) Nessa altura uma segunda pergunta surge: “Quem sabe se ele será mais capaz que elas e
que ele venha a ser capaz de dar o completo cem por cento exigido para ser trazido
a Dvekút[adesão] com o Criador”?
Após essas duas razões ele decide que ele está cem por cento certo ao não querer assumir
sobre si mesmo este caminho, que é edificado sobre fé acima da razão e sobre a base da
doação. Ele está tão seguro que está certo que está seguro que ninguém pode criticar sua
involuntariedade de seguir este caminho.
Portanto, aqui está uma pergunta: “Para aquelas pessoas que não começaram neste caminho,
que assumiram sobre si mesmas trilhar sobre o caminho da doação, como superaram elas
essas perguntas? ” Certamente, quando a um é dito, “Vai trabalhar, mas não em prol de
receber recompensa, ” imediatamente ele faz todas essas perguntas, dado que essas perguntas
não lhe dão descanso. Logo, com que força eles emergem do estado das perguntas, que são
chamadas as “águas do mal”?
O único modo é avançar acima da razão e dizer, “Aquilo que vejo, de que estou certo e que
devo tomar o caminho que todos tomam, não é a verdade, como a vejo. Somente aquele cujos
olhos estão abertos pode ver a verdade, mas aquele cujos olhos não estão abertos não
consegue ver a verdade. Quando uma pessoa faz estas perguntas ela é tendenciosa para sua
vontade de receber, uma vez que ela só considera o benefício que consegue derivar para si
mesma. Desta forma, ela já não consegue ver a verdade. O versículo vem e conta-nos sobre
isso: “Tu não aceitarás suborno, pois um suborno cega os de clara vista. ”
Portanto, não se pode dizer que ele esteja certo de acordo com sua visão pois ele está
subornado pela vontade de receber, então ele já não tem olhos abertos para ver a verdade. Em
vez disso, deve ele dizer, “Embora tenha escutado todas tuas questões corretas, agora sou
incapaz de te responder. Mas assim que tenha sido recompensado com o desejo de doar terei
olhos abertos. Então se vieres até mim com todas tuas perguntas, certamente te darei as
respostas certas.
“Mas agora não tenho escolha senão avançar acima da razão pois toda a razão que vejo vem
do lado da tendenciosidade. E embora pense que todos meus cálculos estejam corretos, deve
ser dito sobre eles aquilo que diz o versículo, ‘distorce as palavras dos justos’, que não sou
capaz de ver quem está certo, ou seja, de dizer que tudo o que deve ser feito em prol de doar
não foi dito sobre mim e ‘Eu habito entre meu povo’, tal como todos os outros que se
acomodam a manter Torá e Mitzvot dizendo, ‘Eu faço aquilo que devo fazer’.
“A respeito das intenções, isto diz respeito a aquele que sente que precisa disso. Eu, para
começar, não sinto que precise de ser mais esperto que todos e estou contente com menos”.
Foi dito sobre isto, “distorce as palavras dos justos”, mas eu avanço acima da razão.
Este é o sentido da grande importância da “limpeza”, que é apresentada em todos os livros,
que um deve estar limpo antes de cada Mitzvá [mandamento] que ele está prestes a fazer. E a
respeito da limpeza, disse Baal HaSulam que um deve ser cauteloso que tudo esteja do lado
da verdade e que nenhuma falsidade aqui esteja envolvida. Ele também disse que há uma
diferença entre as pessoas a respeito de se manterem limpas, há pessoas que se certificam que
não há sujidade nas suas roupas e há pessoas que não são tão meticulosas e a sujidade é
claramente visível, então elas a removem. Isto é, isso depende da medida de repugnância que
uma pessoa tem pela sujidade.
Isso é semelhante na espiritualidade: Nenhuma pessoa é igual à outra e depende da medida à
qual um despreza a falsidade. À medida que ele não consegue tolerar a falsidade, ele se
aproxima do caminho da verdade.
Ele também disse que devemos saber que esta sujidade em questões da alma é o
verdadeiro malfeitor. Uma vez que a alma é eterna, um deve ser muito cuidadoso com a
falsidade e manter a sua verdade limpa de qualquer conduta de falsidade.
Com isto entenderemos aquilo que disseram nossos sábios (Shabat 114), “Rabi Chiya Bar
Aba disse, ‘Rabi Yohanan disse, ‘Todo o sábio discípulo que se encontrar com uma mácula
sobre suas roupas deve morrer, como foi dito, ‘Todos aqueles que Me odeiam, amam a
morte’. Não lhe chame ‘Me odeiam’, mas ‘causam o ódio a Mim’. Interpreta RASHI que
‘causam o ódio a Mim’ significar que eles se fazem a si mesmos repugnantes aos olhos das
pessoas e as pessoas dizem, ‘Ai dos discípulos da Torá pois eles são repugnantes e
desonrosos’. Sucede-se que eles tornam a Torá repugnante. ’’”
Superficialmente, isto é difícil de entender. Se ele tem uma mácula nas suas roupas, merece
ele morrer? Ele traz evidência do versículo, “Todos aqueles que Me odeiam, amam a morte. ”
Também aqui, devemos entender: Se ele Me odeia, este é um sinal que ele ama a morte?
De acordo com o que acima explicámos, que a limpeza diz respeito à necessidade de estar
limpo, para que não haja mistura de falsidade lá quando ele quer caminhar no caminho da
verdade. Verdade é chamada Lishmá [pelo Seu bem], tal como diz Maimônides (Hilchot
Teshuva, Capítulo 10), “Aquele que trabalha por amor, se envolve na Torá e Mitzvot e segue
os caminhos da sabedoria não por causa de alguma coisa no mundo, ou por causa do medo de
danos e não em prol de herdar bens. Em vez disso, ele faz a verdade pois ela é a verdade e o
bem finalmente chegará por causa disso”.
Deste modo, isso significa que a respeito de encontrar uma mácula nas suas roupas, que são
consideradas roupas dentro das quais um recebe bondade e a vida, que elas devem ser
purificadas de qualquer mistura de amor próprio e serem somente pelo Criador. De acordo
com isto interpretaremos “Todos aqueles que Me odeiam amam a morte”. Questionámos,
“Por que diz o versículo, ‘Todos aqueles que Me odeiam’, ou seja, a razão pela qual ele Me
odeia é que ele ama a morte?
De acordo com o citado, isto é simples: O sentido da morte é clarificado, uma vez que
precisamente aquele que está aderido à vida das vidas tem vida. Mas aquele que está separado
Dele está separado da vida.
Foi por isso que foi dito, “Todos aqueles que Me odeiam”, ou seja, que não amam o Criador,
trabalhando somente pelo Criador, mas misturam lá um pouco de amor próprio e o amor
próprio é a morte pois ele causa separação da vida das vidas. Por esta razão, aquele que amam
a morte, ou seja, que ama o amor próprio, se torna odioso para o Criador por causa disso.
Interpreta RASHI “causam que Me odeiem” significando que eles se fazem a si mesmos
repugnantes aos olhos das pessoas. As pessoas dizem, “Ai dos discípulos da Torá, pois são
repugnantes e desonrosos”. Sucede-se que eles causam o ódio à Torá.
Isto é difícil de entender. Se há uma nódoa nas suas roupas, é ele já repugnante aos olhos das
pessoas? E também, será que a Torá faz com que as pessoas odeiem a Torá tanto que com isto
ele mereça a punição da morte, como disseram nossos sábios, “Todo o sábio discípulo que se
encontre com uma mácula nas suas roupas deve morrer”?
Na obra, devemos interpretar que “se fazem a si mesmos repugnantes aos olhos das pessoas”
significa aos seus próprios órgãos, desejos e pensamentos. O corpo do homem é chamado
“um mundo em e por si mesmo”. Os órgãos do corpo dizem, “Ai daqueles que estudam a
Torá, pois eles são repugnantes”. Mas está escrito, “Pois eles são nossas vidas e a duração de
nossos dias”, e eles são “Mais desejáveis que o ouro, que muito fino ouro e mais doces que o
mel e que a colmeia”, mas não vemos isto com nossos discípulos da Torá.
A razão pela qual não vemos todas essas coisas preciosas nos discípulos da Torá é que há uma
mácula sobre suas roupas, ou seja, que há amor próprio misturado nos nossos discípulos
durante a obra. Sucede-se que a mácula causa o bem e a vida na Torá não serem capazes de
vestirem essas roupas, dado que elas não estão limpas onde tudo é pelo Criador. Nessa altura
as “pessoas no nosso corpo” caem no desespero. Sucede-se que eles as fazem odiar a Torá.
Isto é, onde os discípulos da Torá deviam ter revelado a preciosidade da Torá, como está
escrito, “Pois ela é tua sabedoria e entendimento aos olhos das nações”, eles veem o oposto. E
quem causou tudo isto? Tudo é porque eles não foram cuidadosos com a limpeza, que é
chamado de uma “mácula”.
Com isto entenderemos porque deve ele morrer se há uma mácula nas suas roupas. Isso diz-
nos que essa mácula que ele faz nas suas roupas o separa da vida das vidas. É por isso que é
considerado que ele se está a forçar a si mesmo a chegar a um estado de morte. E tudo isso é
pois ele não foi cuidadoso com a limpeza, mas a falsidade, chamada Lo Lishmá [não pelo Seu
bem] estava misturada na sua obra. Em vez disso, tudo deve ser feito pelo Criador.
118. Vinde ao Faraó — 1

Artigo 19, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“Vinde ao Faraó”. Isto é perplexo. Não devia ter dito, “Ide ao Faraó”? Explica O Zohar (Bo,
item 36), “Mas Ele permitiu Moisés em salas dentro de salas, até um elevado monstro
marinho. …Quando o Criador viu que Moisés tinha medo … disse o Criador, ‘Eis, Eu estou
contra ti, Faraó Rei do Egito, o grande monstro marinho que reside no meio dos seus rios’. O
Criador teve de travar guerra contra ele e nenhum outro, como dizeis, ‘Eu o Senhor’, e
explicaram eles, ‘Eu e nenhum emissário’”. Sucede-se que “Vinde” significa nós dois juntos.
Para interpretar isto na obra do Criador, primeiro temos de saber qual é nossa exigência ao
nos envolvermos em Torá e Mitzvot [mandamentos]. Isto é, o que pedimos em troca por isso.
A recompensa deve ser clara, de entender que é vantajoso para nós abdicarmos dos prazeres
corpóreos se entendermos que isso interfere com nós alcançarmos a meta, que é nossa
recompensa, de alcançar a meta sublime através de nosso envolvimento em Torá e Mitzvot,
portanto que a meta é uma recompensa por abdicar dos prazeres corpóreos.
Portanto, devemos saber que a principal recompensa que queremos por mantermos Torá
e Mitzvot é Dvekút [adesão] com o Criador, que é equivalência de forma, como em “e te
apegares a Ele”. É como disseram nossos sábios (Bába Bátra, 16), “O Criador criou a
inclinação do mal, Ele criou para ela a Torá como tempero”. Este é o Kli [vaso] no qual
podemos receber o propósito da criação, chamado “fazer o bem às Suas criações”, que é
chamado “a revelação da Sua Divindade às Suas criaturas neste mundo”, como está escrito no
ensaio, Matan Torá [“A Entrega da Torá”].
É sabido que o cerne do trabalho está em fazer o Kli. Mas o preenchimento, que é a
abundância derramada para o Kli, vem do superior, que é Seu desejo de beneficiar Suas
criações. Certamente, da Sua perspectiva, nada O previne de nos dar e todas as deficiências
que sentimos são por não termos os Kelim [vasos] para receber a abundância, uma vez que
nossos Kelim vêm da quebra. Isto assim é pois devido à quebra dos vasos que ocorreu no
mundo de Nekudim, as Klipot[cascas/peles] emergiram, que recebem em prol de receber, pois
na espiritualidade, quebrar é semelhante a quebrar um vaso na corporeidade. Com um vaso
corpóreo, se ele estiver quebrado e você derramar para ele certo líquido, o líquido verte fora.
Similarmente, na espiritualidade, se um pensamento da vontade de receber para si mesmo
entrar no Kli, a abundância derrama fora para os externos, ou seja, para fora
de Kedushá [santidade].
Kedushá significa “pelo Criador”. Qualquer coisa fora de “pelo Criador” é chamado Sitra
Achra [outro lado], nomeadamente o outro lado de Kedushá. É por isso que dizemos
que Kedushá significa doar e Tuma’a [impureza] significa receber.
Por esta razão, nós, que nascemos após a quebra, desejamos somente receber. Portanto não
nos pode ser dada abundância, pois toda ela certamente irá para o lado do Sitra Achra.
Esta é a única razão pela qual estamos longe de receber o deleite e prazer que o Criador
preparou para nós, pois todas as coisas que Ele nos possa dar não permanecerão conosco, mas
serão perdidas, como disseram nossos sábios, “Quem é um tolo? Aquele que perde aquilo que
lhe é dado”. Significa isto que a raiz da razão de o perdermos é que nós somos tolos.
Mas por que deve um tolo o perder e um sábio guardar aquilo que lhe é dado? Devemos
interpretar que um tolo é aquele que permanece na sua natureza, que é o amor próprio e não
trabalha em tácticas para sair da sua natureza, ele permanece tão nu como no dia em que
nasceu, sem outra roupa, uma roupa conhecida como “a vontade de doar”, pois com uma
roupa de doação ele pode vestir o deleite e prazer que deve receber.
Todavia, por vezes uma pessoa começa a obra de doação e explica para o corpo que este é o
inteiro propósito do trabalho, de receber vasos de doação. Porém, depois de todas as suas
discussões com o corpo, o corpo diz para ela, “Tu não consegues mudar a natureza que o
Criador criou. E uma vez que a criação é considerada ‘existência a partir da ausência”, ela é
somente na forma do desejo de receber, então como te atreves a dizer que consegues mudar a
natureza que o Criador criou”?
Foi dito sobre isto, “Vinde ao Faraó”, ou seja, que nós vamos juntos. Eu desejo ir contigo para
que Eu mude a natureza e tudo o que Eu quero é que tu Me peças para te ajudar a mudar a tua
natureza de um desejo de receber para um desejo de doar, como disseram nossos sábios
(Sucá, 52), “A inclinação do homem o supera todos os dias e não fosse a ajuda do Criador, ele
não a teria superado”.
Porém, devemos entender por que o Criador precisa que ele peça Dele. Isto é compreensível
com os de carne e osso, que querem honrar a quem eles pedem, de modo a saberem que ele o
ajudou. Mas como pode tal coisa ser dita sobre o Criador? Contudo, a regra, “não há luz sem
um Kli”, significa que é impossível dar para alguém preenchimento se ele não tiver desejo.
Enquanto não há desejo por alguma coisa, se lhe der, ele não terá fome disso. Portanto, ele
não será capaz de o valorizar e não o impedirá de ser roubado.
Isto é, há pessoas que entendem a importância da questão e a tirarão dele. É por isso que uma
pessoa deve pedir a ajuda do Criador, para que se lhe for dada alguma iluminação do alto ela
saiba como impedir que os externos a roubem dela, pois eles conhecem o valor de qualquer
iluminação de Kedushá.

Por esta razão, quando uma pessoa pede que o Criador a ajude e um verdadeiro pedido
começa precisamente quando se vê que uma pessoa é incapaz de se ajudar a si mesma, então
sabe ela de certeza que não há escolha senão pedir ao Criador que a ajude. Inversamente, ela
permanecerá separada da Kedushá e não terá outra saída do estado de amor próprio. Portanto,
quando o Criador a ajuda, ela já sabe que esse é um bem valioso que deve ser cuidadosamente
guardado para que os externos não o levem.
Similarmente diz o ARI (O Estudo das Dez Sefirot, Parte 7, p 495), “Este é o sentido da
perseguição da inclinação do mal e de Sitra Achra para fazerem os justos pecar e de se
apegarem a Kedushá. Isso assim é pois eles não têm vitalidade outra senão através deles.
Quando o bem e Kedushá aumentam, suas vidas proliferam. Assim, daqui em diante não se
vão admirar por que persegue a inclinação do mal o homem de modo a fazê-lo pecar”.
Portanto, para se impedir de perder aquilo que lhe é dado, um primeiro deve fazer grandes
esforços, pois algo que vem até uma pessoa através de trabalho o faz guardar a coisa e não a
perder. Mas durante o esforço, quando uma pessoa vê que o trabalho ainda está longe de estar
terminado, ela por vezes foge da campanha e cai no desespero. Nessa altura ela precisa de
grande fortalecimento, de acreditar que o Criador a vai ajudar e o facto de que a ajuda ainda
não chegou é porque ela ainda não deu a quantidade e qualidade de trabalho requisitada para
preparar a deficiência em prol de receber o preenchimento, como foi dito (“Introdução ao
Estudo das Dez Sefirot”, item 18), “E se um praticar Torá e falhar remover a inclinação do
mal de si mesmo, é ou porque ele foi negligente em dar o trabalho e esforço necessário na
prática da Torá, como está escrito, ‘Eu não trabalhei e achei, não acredites’, ou talvez ela
realmente tenha feito a necessária quantidade de trabalho, mas foi negligente na qualidade”.
Assim, devemos prestar atenção a “Vinde ao Faraó” e acreditarmos através dos piores estados
e não fugirmos à campanha, mas em vez disso sempre confiarmos que o Criador consegue
ajudar uma pessoa e lhe dará, quer ela precise de ajuda pequena ou de imensa ajuda.
Na verdade, aquele que entende que ele precisa que o Criador lhe dê imensa ajuda, pois ele é
pior que o resto das pessoas, é mais adequado para sua oração ser respondida, como está
escrito, “O Senhor está próximo dos de coração quebrado e salva os de espírito esmagado”.
Portanto, um não deve dizer que ele é desadequado para o Criador o aproximar, mas que a
razão é que ele é ocioso no seu trabalho. Em vez disso, ele deve sempre superar e não deixar
que pensamentos de desespero entrem na sua mente, como disseram nossos sábios (Berachot,
10), “Até se uma afiada espada for colocada sobre seu pescoço não se deve ele negar da
misericórdia”, como foi dito (Jó, 13), “Embora Ele me matasse, Eu esperarei Nele”.

Devemos interpretar a “afiada espada colocada sobre seu pescoço” significar que até se o seu
mal, chamado “amor próprio”, for colocado sobre seu pescoço e o quiser separar
da Kedushá ao lhe mostrar que é impossível sair desta autoridade, ele não deve dizer que a
imagem que ele vê é a verdade.
Todavia, “Ele não se deve negar a si mesmo a misericórdia”, pois nessa altura deve ele
acreditar que o Criador lhe pode dar a misericórdia, ou seja, a qualidade de doação. Isto é, ele
sozinho, é verdade que ele não consegue sair da autoridade da auto recepção. Mas da
perspectiva do Criador, quando o Criador o ajuda, é claro que Ele o consegue trazer para fora.
Este é o sentido daquilo que está escrito, “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do
Egito para ser teu Deus”.
É isto que dizemos na leitura da Shemá—que é assumir o fardo do reino dos céus—que
devemos saber que o Criador é aquele que o tira da autoridade da recepção, chamada
“separação” e o admite para Kedushá. Nessa altura, “para ser teu Deus” é mantido na verdade,
pois então ele é considerado “povo de Israel” e não como “povos da terra”.
Disseram nossos sábios sobre isso (Pesachim, 118): “Rabbi Yehoshua Ben Levi disse,
‘Quando o Criador disse para Adam HaRishon, ‘Espinhos e cardos crescerão para ti’, seus
olhos lacrimejaram. Ele disse para Ele, ‘Mestre do mundo, comerei eu e meu burro da mesma
manjedoura’? Pois Ele lhe havia dito, ‘Pelo suor de teu rosto comerás tu o pão’, sua mente foi
prontamente apaziguada’”.
Contudo, devemos entender o argumento de Adam HaRishon, que questionou sobre a ação do
Criador, por que merecia ele comer da mesma manjedoura como o burro. Esta é uma justa
queixa. A evidência disto é que o Criador o aconselhou a comer pão. Não fosse esta uma
queixa justa, o Criador não teria aceitado seu argumento. Este argumento, dizendo “Comerei
eu e meu burro da mesma manjedoura”, é difícil de entender. Qual é sua vantagem? Afinal,
disseram nossos sábios (Sinédrio, 38), “Nossos sábios disseram, ‘O homem que nasceu na
véspera de Shabat [Sabate] para que caso se torne arrogante, lhe será dito, ‘o mosquito veio
antes de ti na obra da criação’’”.
Respectivamente, se um mosquito veio antes dele, então qual é a queixa sobre comer da
mesma manjedoura como o burro? Todavia, devemos interpretar que após o pecado ele caiu
para o amor próprio. Sucede-se que ele se tornou semelhante a um burro, que nada entende
senão amor próprio. Este é o sentido de “Seus olhos lacrimejaram e disse ele, ‘Comerei eu e
meu burro da mesma manjedoura”, significando do mesmo discernimento de amor próprio?
Foi por isso que lhe foi dado o conselho, “Pelo suor do teu rosto comerás tu o pão”. Pão é
considerado comida humana. Isto é, através do trabalho em “Pelo suor do teu rosto comerás tu
o pão”, que é comida humana, ele emerge de ser “o povo da terra” e é então chamado “o povo
de Israel”, que é Yashar-El [direito ao Criador].
Mas o Egito—que foi o povo de Israel no exílio, pois Egito é chamado “uma nação que é
aparentada de um burro”—significa que a meta era somente pelo amor próprio. Por esta
razão, nessa altura a salvação para Israel foi que o Criador os tirasse do Egito. Este é o sentido
de precisar tencionar sobre a aceitação do fardo do reino dos céus, “Eu sou o Senhor vosso
Deus, que vos tirou da terra do Egito, para ser vosso Deus”, pois precisamente pela força de
Deus podemos nós sair do Egito e sermos recompensados com “para ser vosso Deus”.
121. Aquele que Endurece Seu Coração

Artigo 20, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar (item 186): “Rabi Yitzhak disse, ‘Nós não achámos ninguém que
endurecesse seu coração perante o Criador como Faraó’. Rabi Yosi, disse, ‘Mas Siom e Ogue
também endureceram seus corações’. Respondeu ele, ‘Isto assim não é. Eles endureceram
seus corações contra Israel, mas não endureceram seus corações contra o Criador, como Faraó
endureceu seu coração contra Ele, pois ele viu Seu poder e não se arrependeu’”.
Devemos entender a diferença entre não endurecerem seus corações perante o Criador, ou
endurecerem seus corações contra Israel. Afinal, todo o ódio que as nações sentem para Israel
é só pois eles são o povo do Criador, como disseram nossos sábios (Shabat, 89), “O que é
Monte Sinai? É que Sinaa [ódio] desceu aos idolatras”.
Para regressar a este tema, ou seja, a respeito do ódio por Israel: Faraó odiava o povo de Israel
e os queria escravizar. Moisés veio como mensageiro do Criador, mas ele não escutava e
disse, “Quem é o Senhor que eu deva obedecer à Sua voz”? Siom e Ogue também odiavam
Israel, mas qual é a diferença em respeito a Israel? A razão pela qual eles odeiam Israel. Siom
e Ogue endureceram seus corações pois o povo de Israel era sem importância e foi por isso
que eles os odiavam? Ou eles endurecem seus corações contra o Criador, que o Criador era
sem importância aos seus olhos e foi por isso que odiavam Israel? Nesse caso, qual é a
diferença em respeito a Israel?
Devemos interpretar as citadas palavras de O Zohar na obra. Precisamos de saber que há dois
obstrutores que se encontram frente a uma pessoa não a deixando cruzar a barreira e alcançar
o amor pelo Criador, uma vez que o homem nasce com um desejo de receber para si mesmo e
não consegue fazer coisa alguma sem lucro. Isto é, um pode abdicar da auto recepção em prol
de doar algo sobre alguém se isto lhe der satisfação emocional. Nesse caso ele consegue
abdicar da auto recepção.
Por exemplo, uma pessoa pode trabalhar para uma pessoa importante. Se, digamos, o
ADMOR de Lubavitch chega ao aeroporto com uma mala, dá-a a um dos seus seguidores e
dá-lhe 100 dólares pelo seu trabalho. Certamente, o seguidor não vai querer receber o
pagamento do rabi e o devolverá a ele. Se o seu rabi o questionar, “Por que não queres recebê-
lo? Paguei-te pouco pelo trabalho? O seguidor responderia, “Meu privilégio de servir o rabi
vale para mim mais que qualquer fortuna no mundo que o rabi me possa dar”.
Desta forma vemos que para uma pessoa importante, uma pessoa consegue trabalhar sem
qualquer recompensa. Por esta razão, quando um vem para se envolver em Torá
e Mitzvot [mandamentos] em prol de doar, uma pessoa consegue abdicar do amor próprio pelo
bem do Criador. Nessa altura, o que faz o obstruidor na obra do Criador para que ela não seja
capaz de caminhar no caminho do Criador? Ele faz uma coisa: Ele não deixa a pessoa
descrever a grandeza e importância do Criador. Sucede-se que toda a força que
o Sitra Achra [outro lado] tem é contra o Criador. Ele diz-lhe, “Sei que és muito poderoso, ou
seja, que consegues superar teus luxos, ao contrário das pessoas fracas de cabeça e de coração
mole. Tu és o mais forte entre os fortes. Porém, a razão pela qual não estás a caminhar no
caminho da verdade é que a meta não te é assim tão importante, para te fazer anular a ti
mesmo a ela. Com esta força ele o obstrui de alcançar a meta.
É isto o que O Zohar diz em nome de Rabi Yitzhak: “Não achamos ninguém que endurecesse
seu coração perante o Criador como Faraó”. Isto é, ele não valorizava o Criador e disse,
“Quem é o Senhor para que Eu obedeça à Sua voz”? Este é o primeiro obstruidor.
O segundo obstruidor é que quando um vê que ele tem de superar seus argumentos, vai acima
da razão e não considera aquilo que ele lhe diz, então ele vem com um queixume contra
Israel. Isto é, aquele que quer caminhar no caminho do Criador é chamado Yashar-El [direito
ao Criador], que é diretamente para o Criador. Significa isto que ele quer que todas as ações
que ele faz subam diretamente para o Criador e não quer ter qualquer outra intenção.
Por esta razão, o que faz o obstruidor? Ele degrada a Israel nele e diz-lhe, “A Israel em ti é
muito fraca, tanto em habilidade como em força de superar. Tens caráter fraco e este caminho
por onde queres ir — onde todas as obras são somente pelo Criador — pode ser exigido de
um Israel que tem todas as qualidades requisitadas, nomeadamente boa educação, habilidades
e coragem para combater contra o mal nele. Ele consegue caminhar neste caminho, não tu”.
Logo, com o quê o obstrui ele? Ele não fala mais para ele sobre a importância da meta, como
com o argumento de Faraó, que disputou a importância da meta. Em vez disso, ele lhe diz que
a meta é muito importante, mas “Tu não és importante o suficiente para seres capaz de
caminhar em caminho tão sublime, então caminha no caminho do público geral e não precisas
de ser excepcional. Somente este caminho é adequado para ti”.
Similarmente, encontramos em O Zohar (Shlach, item 63) a respeito dos espiões: “E eles
regressaram de viajar pela terra’. ‘Eles regressaram’ significa que eles regressaram para o
lado mau, regressaram do caminho da verdade, dizendo, ‘O que vamos ganhar com isso? Até
este dia não vimos bem no mundo. Trabalhámos em Torá e a casa está vazia. Quem será
recompensado com esse mundo? Quem chegará e estará nele? Teria sido melhor se não
tivéssemos de trabalhar tanto. Trabalhámos e aprendemos em prol de conhecer a parte desse
mundo, como vós nos haveis aconselhado. ‘Ela também flui com leite e mel’, esse mundo
superior é bom, como sabemos na Torá, mas quem será recompensado com ele? ‘Porém, as
pessoas ... são fortes’, ou seja, as pessoas que foram recompensadas com esse mundo são
fortes, não considerando o resto do mundo de todo — para se envolverem nela, para terem
grande riqueza — quem consegue fazer isso e ser recompensado com ele? ‘Contudo, as
pessoas ... são fortes’. ‘O homem rico responde abruptamente, ‘e também vimos os
descendentes do gigante lá’, ou seja, que vós precisais de um corpo tão forte e tão poderoso
como um leão, dado que a Torá enfraquece a força do homem”.
Sucede-se que o argumento dos espiões, de acordo com a interpretação de O Zohar, é que
Israel é sem importância, como explicámos isso é semelhante ao argumento do segundo
obstruidor, ou seja, que todo o endurecimento é contra Israel.
Com isso podemos interpretar a diferença entre o argumento do Faraó, que endureceu seu
coração contra o Criador e o argumento de Siom e Ogue, que endureceram seus corações
contra Israel. Faraó disse, “Quem é o Senhor para que eu obedeça à Sua voz”, ou seja, que
toda a sua força era para diminuir a importância do Criador, como foi dito, que ele é o
primeiro obstruidor. Siom e Ogue, todavia, endureceram seus corações contra Israel, ou seja,
para diminuir a importância de Israel, que corresponde ao segundo obstruidor.
Para isto, ou seja, para todos esses argumentos, não há outra táctica senão caminhar no
caminho da verdade acima da razão, desconsiderar seus argumentos e confiar no Criador que
Ele consegue ajudar todos e não há força que consiga resistir ao poder do Criador, então
devemos confiar que o Criador ajude.

Encontramos tal como isto em O Zohar (Beshalach, item 187): “Rabi Yehuda disse, ‘Rabi
Yitzhak disse, ‘Faraó era mais sábio que todos seus feiticeiros. …No seu lado inteiro não viu
ele que Israel teria a redenção... E Faraó não pensou que há outro laço de fé que governa todas
as forças do Sitra Achra. Foi por isso que ele endureceu seu coração’’”. Sucede-se das
palavras de O Zohar que Faraó significa dentro da razão, que parece irracional que eles
seriam capazes de sair da sua autoridade, senão através de fé acima da razão, pois este poder
cancela todos os poderes no mundo.
123. Devemos Sempre Discernir Entre a Torá e o Trabalho

Artigo 21, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Sempre devemos discernir entre Torá e trabalho. “Torá” significa a própria. Nessa altura não
podemos falar de uma pessoa, mas é como se o homem não estivesse lá de todo. Em vez
disso, falamos da Torá em si mesma, que é considerada os nomes do Criador e salientamos
sua importância, nomeadamente de quem
Ou seja, sempre devemos nos recordar que falamos do Rei, como Ele colocou ordem e
orientação, como Seus sagrados nomes doam sobre as almas elas os receberão e serão capazes
de existir enquanto os revelam, como está escrito, “Quem subira à montanha do Senhor e
quem subirá ao Seu sagrado lugar”?
Quando um presta atenção e sente de quem ele fala, de que ele fala do Criador, mas nós não
temos o entendimento de modo a termos alguma conexão para que entendamos de que
falamos do Criador e devemos apenas acreditar que a sua inteira Torá são os nomes do
Criador. Porém, Ele está vestido ora nas regras e condutas que ele tem de manter as Mitzvot
entre o homem e Deus ou entre o homem e o homem, ou nas histórias e contos, ou que estão
vestidos na linguagem da Cabala e dos nomes sagrados. Nessa altura devemos lembrar que a
interioridade vestida dentro desses vestidos é somente Divindade. Isto é chamado “a Torá
inteira é os nomes do Criador”.
Portanto, quando aprendemos Torá devemos aprender com maneiras. Isto é, devemos nos
recordar de quem falamos e deste modo podemos atrair a luz da Torá e sentir que “Eles são
nossas vidas e a duração de nossos dias”. Naturalmente, quando aprendemos com a citada
intenção, um pode estar feliz pois agora ele está anexo à vida das vidas, que é chamada “Pois
eles são nossas vidas e a duração de nossos dias”. Isto assim é pois ele começa a sentir o
discernimento de “fazer o bem às Suas criações”, que foi a razão para a criação dos mundos.
Devemos suscitar este bem da Torá e isto é considerado dizer somente o louvor da Torá e não
pensar de todo no homem. Portanto, quando aprendemos Torá, uma pessoa está em inteireza,
de acordo com a regra, “Onde um se pensa, lá ele se encontra”. Um deve receber vitalidade
deste tempo para o resto do dia, pois isto é chamado “Um tempo separado para a Torá e um
tempo separado para a oração”, uma vez que eles se contradizem um ao outro.
Tempo do trabalho é algo por completo diferente. Trabalho relaciona-se especificamente ao
homem, enquanto a Torá relaciona-se especificamente ao Criador, que é chamado “a Torá do
Senhor”. Porém, trabalho relaciona-se ao homem pois o homem deve trabalhar, como está
escrito, “Pois o homem nasce para a labuta”.
Uma vez que o homem é a criação e a criação é deficiência, que é existência a partir da
ausência e essa existência, chamada “desejo de receber”, deve ser satisfeita, uma vez que este
é o propósito da criação. E dado que houve uma Tzimtzum[restrição] sobre esse desejo para o
propósito da equivalência de forma, é necessário corrigir e remover a Tzimtzum sobre esse
desejo para que ele possa alcançar a meta chamada “Seu desejo de fazer o bem”.
Para remover a Tzimtzum, nos foi dado o remédio da Torá e Mitzvot [mandamentos]. Isto é
chamado, “Eu criei a inclinação do mal, Eu criei a Torá como tempero”. E aqui, na questão do
trabalho, devemos discernir que uma pessoa avança para a meta de remover a Tzimtzum, ou
seja, se já há centelhas de doação, ou seja, que ela já recebeu alguma coisa do remédio da
Torá e Mitzvot na forma de purificar o pensamento e desejo e se encontra num estado de
autocrítica em termos do trabalho.
Mas ele não se deve criticar a si mesmo de todo na Torá. Em vez disso, ele deve aprender a
Torá tal como é. Tudo o que precisamos fazer é procurar conselho sobre como valorizar a
Torá, mas a Torá em si mesma é uma realidade chamada “os nomes do Criador”. Sucede-se
que quando aprendemos algumas leis ou ética da Torá, ou até apenas histórias, ou a questão
do trabalho, tudo isto ainda não é considerado Torá. Aprendemos somente isto da Torá, mas a
Torá em si mesma não tem relação à criatura, somente ao Criador, uma vez que ela é os
nomes do Criador.
Ou seja, a Torá é chamada “a revelação da Divindade” e isto é chamado a “interioridade da
Torá”. Aquilo que é revelado no exterior, as leis e ética e questões do trabalho e histórias, isto
são chamados os “vestidos da Torá”. É por isso que eles são chamados a “exterioridade da
Torá”. Mas os nomes do Criador são chamados a “interioridade da Torá”.
De acordo com o citado devemos questionar, “Se a Torá em si mesma se relaciona ao Criador,
que é Divindade, então ela é semelhante somente à interpretação. O que pode uma pessoa
deduzir de aprender Torá se ela não entender coisa alguma em relação a si mesma”? Disseram
nossos sábios sobre isto: “Grande é o aprendizado que conduz à ação”, pois o homem
certamente precisa somente de ações, como está escrito, “Que Deus criou para fazeres”.
Portanto, “O aprendizado não é o mais importante, mas a ação”. Para isto vem a resposta:
“Grande é o aprendizado que conduz à ação”. (Kidushin, p 40, e Bába Kama 207). Em outras
palavras, a luz da Torá, que é a interioridade, brilha para uma pessoa para que ela tenha a
força para fazer boas ações. Isto é feito pelo poder da Torá, que lhe dá a força para ser capaz
de o fazer, tal como está escrito, “Que Deus criou para fazeres”.
Este é o sentido daquilo que disseram nossos sábios, “Um tempo separado para a Torá e um
tempo separado para a oração”, pois eles se contradizem um ao outro. Isto assim é pois
enquanto aprendendo a Torá, um deve pensar somente sobre a importância da Torá e não de
todo sobre si mesmo. Mas durante a oração um deve primeiro de tudo ter suas deficiências
reveladas, para que ele possa pedir para que sejam preenchidas, uma vez que não há
deficiência se ela não for procurada.
Somente na corporeidade há deficiências reveladas, uma vez que as deficiências vêm da
vontade de receber e a vontade de receber é revelada. Isto assim não é na espiritualidade, onde
a inteira estrutura de Kedushá [santidade] é edificada sobre a base do desejo de doar e por
atribuirmos o desejo de doar à criatura.
Foi explicado que Malchut, chamada a “vontade de receber”, deseja equivalência de forma,
chamada “doar”. Portanto, quando esta matéria se propaga até às criaturas, que vêm depois da
quebra dos vasos que ocorreu e também após o pecado da árvore do conhecimento, então essa
deficiência, onde um sente que ele carece do Kli [vaso], chamado “desejo de doar”, ela já não
está presente.
Em vez disso, um se deve esforçar até que ele sinta a falta do desejo de doar. À medida que
ele sentir essa deficiência pode ele orar para o Criador o ajudar, para lhe dar esse Kli, que
todas suas preocupações sejam somente que ele carece desta força chamada “desejo de doar.
À medida que ele está longe desse Kli se deve ele arrepender e pedir a misericórdia do
Criador, que Ele o liberte e lhe dê esse desejo.
Além do mais, podemos dizer que um deve pedir ao Criador que lhe dê essa deficiência, ou
seja, de sentir que ele é desprovido do desejo de doar e que isto é tudo o que o impede de
alcançar a espiritualidade, uma vez que essa deficiência não vem sozinha.
Assim se sucede que o Criador deve dar ao homem tanto o Kli como a luz. Com isto podemos
interpretar o versículo, “Tu me formaste por trás e pela frente”. “Por trás” significa o Kli;
“pela frente” significa a face, que é o preenchimento. Sucede-se que a luz, bem como
o Kli todos vêm Dele.
Este é o sentido daquilo que disseram nossos sábios (Kidushin, 30), “Disseram nossos sábios,
‘Vêsamtém [e colocarás] significa Sam Tam [poção completa]; a Torá é como uma poção da
vida’”. Foi isto que o Criador disse para Israel: “Meus filhos, Eu criei a inclinação do mal; Eu
criei para ela a Torá como tempero. Se vos envolveres na Torá, não sereis dados à sua mão”.
A questão é que a luz na Torá, que é a interioridade da Torá, o reforma. Porém, devemos
tencionar receber a luz da Torá durante o estudo, tal como é explicado na “Introdução para o
Estudo das Dez Sefirot”, item 17.
125. O Todo da Torá É Um Nome Sagrado

Artigo 22, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar (Shmini, item 1): “Rabi Yitzhak começou, ‘A inteira Torá é um
nome sagrado do Criador e o mundo foi criado na Torá’, que foi Seu instrumento de
artesanato para criar o mundo”. Está escrito lá no item dois: “O homem foi criado na Torá,
como está escrito, ‘E disse Deus, ‘Façamos o homem …’ Está escrito na forma plural. Disse
ele para ela, ‘Tu e Eu o estabeleceremos no mundo’. Rabi Chiya disse, ‘A Torá escrita, que
é ZA e a Torá oral, que é Malchut, estabeleceram o homem’’”.
Nós vemos três coisas aqui: 1) a Torá inteira é um nome sagrado; 2) o mundo foi criado com
a Torá; 3) o homem foi criado com a Torá.
Nossos sábios disseram sobre Beresheet [no princípio] que é porque a Torá é
chamada Resheet[princípio] e porque Israel foram chamados Resheet, pois a criação dos
mundos foi em prol e fazer o bem às Suas criações, ou seja, pelas almas, para que as almas
recebessem o deleite e prazer. Sucede-se que da perspectiva do Criador isso é doar e tudo o
que as criaturas precisam é de receber. Aprendemos já que para terem equivalência de forma
as criaturas devem obter o Kli [vaso] chamado “desejo de doar”.
Mas uma vez que não temos o desejo de doar por natureza, precisamos que algo nos dê essa
força chamada “desejo de doar”. Essa força, que o inferior recebe, de modo a ser capaz de
doar, é através da Torá, dado que “a luz nela o reforma”. Sucede-se que como Resheet é
Israel, nós também precisamos da Torá para que possamos receber o deleite e prazer. Desta
forma, a Torá é também chamada Resheet pois uma não trabalha sem a outra.
Sabemos das palavras de O Zohar que “a Torá e Israel e o Criador são um”. De acordo com
isso, pelo esforço de Israel na Torá eles são recompensados com o Criador, ou seja, com os
“nomes do Criador”.
Sucede-se que devemos discernir duas coisas na Torá: 1) a luz da Torá, que vem em prol de o
reformar. Esta é a correção dos Kelim [vasos]. 2) Obter a luz da Torá, que é os “nomes
sagrados”, chamados a “revelação da Sua Divindade às Suas criaturas neste mundo” (ver no
ensaio Matan Torá [“A Doação da Torá]).
Desta forma sucede-se que quando estudamos a Torá devemos discernir as duas citadas
questões: 1) de prolongar a luz para que ela crie para nós vasos de doação. É impossível obter
estes Kelim[vasos] sem a luz da Torá. Desta forma, o que espera ele? De ser recompensado
por estudar Torá. Seu único desejo é obter esse Kli, chamado “vaso de doação”. Isto é
precisamente assim que ele começou a obra de doação e fez grandes esforços para ser capaz
de fazer as coisas somente com a intenção de doar.
Somente então pode ele chegar a saber que essa vontade de receber que foi instalada nele pela
natureza não pode ser cancelada. Nessa altura ele começa a entender que precisa da
“misericórdia dos céus” e somente o Criador o pode ajudar a ser recompensado com vasos de
doação e esta ajuda vem da luz da Torá.
Por esta razão, durante o estudo devemos sempre prestar atenção ao propósito do estudo da
Torá, ou seja, o que devemos exigir do estudo da Torá. Nessa altura nos é dito que primeiro
devemos pedir Kelim, ou seja, ter vasos de doação, chamados “equivalência de forma”, pelos
quais a restrição e ocultação que foram colocadas sobre as criaturas são removidas. À medida
que isto assim é então começa ele a sentir a santidade e começa a ter um sabor pela obra do
Criador. Nessa altura ele pode ser feliz pois a Kedushá [santidade] produz alegria, pois a luz
de fazer o bem às Suas criações brilha lá.
Mas se ele ainda não decidiu que devemos sempre caminhar no caminho da doação, como
disseram nossos sábios, “todas tuas obras serão pelo Criador”, isto é considerado “preparação
dos Kelim” para serem adequados para a recepção da abundância superior. Ele quer ser
recompensado com vasos de doação através do estudo, como disseram nossos sábios, “A luz
nela o reforma”.
E assim que ele foi recompensado com vasos de doação, ele chega a um grau chamado
“realização da Torá”, que são os “nomes do Criador”, como O Zohar lhe chama: “A Torá, o
Criador e Israel são um”.
Com isto vamos entender o que está escrito em O Zohar, item 2: “O homem foi criado na
Torá”. Devemos entender qual é a ligação entre a Torá e o homem, para que digamos que o
homem foi criado da Torá.
Primeiro, devemos trazer as palavras de nossos sábios (Yevamot, 61): “Rabi Shimon Ben
Yochai diria, ‘As sepulturas dos idolatras não são corrompidas na tenda, como foi dito, ‘e vós,
sois Meu rebanho, o rebanho de Meu pastoreio; vós sois homem; vós sois chamados ‘homem’
e os idolatras não são chamados ‘homem’’’”.
Precisamos de saber o que é o discernimento de “homem”, ou seja, o que é o grau de
“homem” que os idolatras não podem ser chamados de “homem”. Nossos sábios disseram
sobre o versículo (Berachot 212b): “‘No fim da questão, tudo tendo sido ouvido, temei a
Deus’, o que é ‘pois este é o homem inteiro’? Rabi Elazar disse, ‘O Criador disse, ‘O mundo
inteiro foi criado somente por isto’’”.
Sucede-se que o homem é alguém em quem há temor aos céus. Uma vez que o homem foi
criado com a inclinação do mal, que o remove do temor aos céus, qual é o conselho que
possamos dizer que com isto seremos recompensados com o temor aos céus? Para isto vem a
resposta que através da Torá ele será capaz de derrotar a inclinação do mal, como disseram
nossos sábios, “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei a Torá como tempero, pois a luz nela o
reforma”. De acordo com isso, podemos interpretar que “O homem foi criado pela Torá”, uma
vez que a razão pelo qual o discernimento de “homem” pode emergir é especificamente
através da Torá. Este é o sentido de “O homem foi criado na Torá”.
Deste modo podemos interpretar o que ele escreveu lá no sagrado Zohar, “O mundo foi criado
na Torá”. Isto, também, é difícil de entender. Qual é a ligação entre a Torá, que é uma coisa
espiritual e a Torá é chamada os “nomes do Criador”, então como o mundo corpóreo pode
derivar dela? De acordo com o citado podemos resolver que isso significa que “o mundo foi
criado” referindo-se ao mundo inteiro, ou seja, um mundo onde há almas, pois, o propósito da
criação foi fazer o bem às Suas criações, às almas, para as criaturas receberem deleite e
prazer. Uma vez que a criação do mundo se refere à vontade de receber, em prol de ter
equivalência de forma entre o ramo e a raiz, houve uma Tzimtzum [restrição], ou seja,
ocultação, para que a luz superior, que é o deleite e prazer, não fossem revelados.
Logo, como pode o mundo existir, para que elas recebam e não morram, como ocorreu com a
quebra dos vasos, que quebraram e morreram pois não conseguiam direcionar para doar?
Através da Torá, cuja luz o reforma, eles recebem vasos de doação e com estes Kelim eles
serão capazes de receber abundância e prazer e existir, pois, serão capazes de receber em prol
de doar.
Este é o sentido de “O mundo foi criado com a Torá”. A criação do mundo, que foi em prol de
“fazer o bem às Suas criações”, foi imediatamente com a intenção de doar e isto foi feito pela
Torá. Sucede-se de tudo o citado que devemos sempre considerar a meta, que é “fazer o bem
às Suas criações”. Se a inclinação do mal vem a uma pessoa e lhe pergunta todas as perguntas
de Faraó, ela não deve responder com desculpas esfarrapadas, mas dizer, “Agora, com tuas
perguntas, eu posso começar a obra da doação”.
Isto significa que não devemos dizer sobre as perguntas da inclinação do mal que ela veio
para nós em prol de nos baixar do nosso grau. Pelo contrário, agora ela nos dá um lugar para
trabalhar, pelo qual vamos ascender nos graus de inteireza. Isto é, qualquer superação no
mundo é chamada “caminhar na obra do Criador”, uma vez que cada centavo se junta a uma
grande soma”. Isto é, todas as vezes que superamos se acumulam numa certa medida
necessária para se tornar um Kli para a recepção da abundância.
Superar significa pegar numa parte de um vaso de recepção e o somar aos vasos de doação. É
como a Massach [tela], que devemos colocar sobre a Aviut [densidade/vontade de receber].
Sucede-se que se um não tem vontade de receber, ele nada tem sobre o qual colocar
uma Massach. Por esta razão, quando a inclinação traz pensamentos estranhos, esta é a hora
de pegar nestes pensamentos e os elevar acima da razão.
Isto é algo que um possa fazer com todos os desejos da sua alma. Ele não deve dizer que ele
recebeu rejeição da obra. Em vez disso, ele deve dizer que lhe foram dados pensamentos e
desejos do alto de modo a ter espaço para os admitir em Kedushá [santidade]. Sucede-se desta
forma que é ao contrário: porque ele é aproximado do alto, lhe foi enviado trabalho.
Diz-se sobre isto: “Os caminhos do Senhor são direitos; justos caminham nele e
transgressores falham nele”. Isto é, se ele for recompensado, ele recebe uma ascensão com
isso. Se não for (recompensado), ele recebe uma descida na espiritualidade. A ordem das
descidas é gradual, cada uma de acordo com sua ordem. Normalmente, uma pessoa se
esquece, ou seja, ela se esquece que há a questão do trabalho de todo, que ela deve ansiar
por Dvekút [adesão] com o Criador”. Em vez disso, toda a energia que ela tinha vai para
coisas corpóreas, ou seja, que nessa altura ela acha mais sabor em coisas corpóreas.
Isto é, quando ela estava conectada à obra do Criador, ela foi ligeiramente removida das
coisas corpóreas. Isto significa que ela não valorizava (coisas corpóreas) como algo a
considerar. Mas quando ele começa a se desviar da obra, toda a coisa corpórea, que ele
considerava sem importância, se torna tão importante para ele que a mais pequena coisa se
torna uma grande perturbação para ele e o bloqueia no meio do caminho e ele não consegue
avançar em frente.
Por vezes, durante a descida que ele recebeu, se recorda que há tal coisa como trabalho
espiritual. Quando ele se lembra ele fica entristecido e esta tristeza o faz querer somente
dormir. Isto é, ele se quer remover a si mesmo da situação em que se encontra e pensa que
através do sono ele se esquecerá das suas situações. Por vezes ele desiste por completo, ou
seja, que diz, “Eu não vejo quaisquer progressos em mim. Pelo contrário, tanto quanto me
esforço — e devia ter feito algum progresso, de acordo com os esforços que fiz em prol de
obter alguma coisa na espiritualidade — eu vejo que continuo a andar para trás. Isso pode
significar que esta obra, ou seja, a obra de doar, não é para mim pois sou desadequado para
ela”.
Frequentemente, as pessoas dizem, “Eu tenho um fraco carácter então não tenho a força para
superar meus desejos”. Por vezes elas ficam mais espertas e dizem, “Eu não vejo ninguém
que tenha sido recompensado com alguma coisa na espiritualidade”. Então após todas as suas
discussões com seu corpo, o corpo o faz ver que ele está cem por cento certo, que o traz a um
estado em que ele quer escapar da campanha, reentrar no mundo corpóreo como todos os
outros e não ser mais esperto que todos, mas ir com a corrente. E mais que tudo, ele está certo
que não pode ser diferente do que ele decidiu.
O que faz o Criador? Assim que (um) se esqueceu de tudo, ele subitamente recebe certo
despertar do Criador e um anseio pela espiritualidade começa a se infiltrar no seu coração
novamente. Ele começa a trabalhar com persistência novamente e a força da confiança
trabalha dentro dele, como se ele estivesse certo de ser recompensado com a aproximação do
Criador. Ele esquece todas as promessas que havia feito com uma mente clara e cálculo
preciso ao ponto que se arrependeu do princípio, ou seja, que seu coração se arrependeu de
alguma vez ter entrado nesta barafunda chamada “trabalho de doação. ” Ele tem cem por
cento de certeza que seu cálculo estava certo a cem por cento, mas o despertar do alto agora o
faz esquecer-se de tudo isso.
A razão porque é assim é a ordem do verdadeiro trabalho: do alto eles querem mostrar-lhe que
o homem nada é, com todo o seu intelecto, a menos que ele peça a ajuda do Criador. Se isto
acontecer, ou seja, que ele sabe de certeza que é impossível que ele seja capaz de sair do
estado em que se encontra, debaixo do governo do amor próprio, chamado “exílio no Egito”,
que se aplica tanto à mente como ao coração.
Contudo, se uma pessoa só disser e não sentir a cem por cento que ela nada consegue fazer,
então a verdadeira aproximação não vem do alto. Em vez disso, o que aconteceu se repete
novamente, nomeadamente esses pensamentos e desejos do corpo vêm até ele uma vez mais e
ele começa os velhos argumentos novamente e cai nesses estados outra vez e decide uma vez
mais escapar à campanha e toma as decisões citadas outra vez. Mais tarde, um despertar do
alto vem até ele uma vez mais, que é chamado um “chamamento”, quando ele é evocado e há
um desejo de o aproximar do Criador uma vez mais. Mas então, se ele não se esforçar na
oportunidade que lhe é dada, a mesma ordem como antes se repete a si mesma.
Isto é semelhante ao que encontramos em O Zohar (Tázria, item 6): “‘Seu preço está de longe
acima das pérolas. Por que diz ‘preço’? Ele responde que ela vende e entrega-se a outras
nações todas as quais ainda não se seguram a ela totalmente e não estão inteiramente com ela,
como dizeis, ‘E os filhos de Israel abandonaram o Senhor e Ele os vendeu para a mão de
Sísera’. E então quando estão todos longe dessas altas e sagradas pérolas, que são os segredos
e a interioridade da Torá, pois não terão parte nelas. Está escrito, ‘Pois seu preço está de longe
acima das pérolas’”.
Desta forma, não devemos ficar assustados que o corpo por vezes nos mostre cores escuras.
Em vez disso, devemos sempre ser fortalecidos acima da razão e não dar atenção ao conselho
do corpo, que nos fala sobre separação da Kedushá. Em vez disso, devemos superar com
verdadeira oração e estarmos certos que seremos salvos e sairemos do governo do Egito e
seremos recompensados com a redenção.
129. Na Minha Cama à Noite

Artigo 23, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


O Zohar (Tazria, item 1) questiona sobre o versículo, “Sobre minha cama”: “Rabi Elazar
começou, ‘Sobre minha cama à noite o procurei a quem minha alma ama’. Ele pergunta, ‘Lá
diz, ‘Sobre minha cama’. Devia ter dito, ‘Na minha cama”. O que está ‘Sobre minha cama’?
Responde ele, ‘A assembleia de Israel falou ante o Criador e O questionou sobre o exílio, uma
vez que ela está sentada entre o resto das nações com seus filhos e se deita no pó. E por ela
estar deitada noutra terra, uma impura, disse ela, ‘Peço na minha cama, pois estou deitada no
exílio’, e exílio é chamado ‘noites’. Assim, ‘Eu o procurei a quem minha alma ama’, para me
libertar dele’”.
É sabido que a assembleia de Israel é Malchut, que contém todas as almas. É também sabido
que todo o homem é considerado um pequeno mundo, como está escrito no sagrado Zohar,
que o homem é composto das setenta nações do mundo. Isto corresponde às Sefirot, onde
cada Sefira [singular de Sefirot] é composta de dez, portanto elas são setenta discernimentos.
Elas são opostas à Kedushá [santidade], pois há sete Sefirot de Kedushá e as setenta nações
das quais o homem é composto. Isto significa que cada nação tem um prazer especial que lhe
diz respeito a ela. O homem consiste de todos os setenta prazeres que existem em geral nas
setenta nações.
Dentro do homem está também Israel, que é o seu eu. Porém, ela é chamada um “ponto no
coração”, ou seja, um ponto de escuridão. Isso significa que a Israel nele não ilumina e ela é
considerada Achoraim [dorso]. A razão é que ela está no exílio debaixo do governo das
setenta nações numa pessoa.
Elas têm a força para governar sobre a Israel nela pelas perguntas que elas fazem a Israel
quando ela quer fazer alguma coisa pelo Criador, que é chamado de Yashar-El [direito ao
Criador]. Nessa altura elas a fazem entender que não é vantajoso trabalhar (senão) somente
pelo amor próprio. Mas a respeito de em prol de doar, elas questionam “O quê”, “O que é este
trabalho para ti”, que aprendemos ser a pergunta dos ímpios. E se um quer superar seu
argumento, então a pergunta de Faraó vem, que disse, “Quem é o Senhor para que eu obedeça
à Sua voz”?
Se estas perguntas não funcionam sobre uma pessoa da primeira vez, elas se repetem a si
mesmas todo o dia, como está escrito (Salmos, 42:11), “Com a matança de meus ossos meus
adversários me injuriam enquanto dizem para mim todo o dia, ‘Onde está teu Deus’”? E um
não consegue sair do seu governo. Elas degradam a Israel no homem para o pó, como está
escrito (Salmos 44), “Pois tua alma se dobrou para o pó; Nossa barriga se apega ao pó”.
Devemos interpretar que nossas almas se dobrarem ao pó faz com que nossa barriga fique
anexa ao solo.

A “barriga” são os nossos vasos de recepção. Este é o sentido do ponto no coração estar no
pó, que faz com que nossos Kelim [vasos] tenham Dvekút [adesão] somente com o
mundanismo, que é amor próprio.
Mas se o reino dos céus fosse honrado, certamente seríamos honrados se tivéssemos a chance
de servir ao Criador com alguma coisa. Consideraríamos até o mais pequeno dos serviços
uma fortuna. Por tal honra, seria vantajoso abdicar de todos os prazeres que chegam até nós
através do amor próprio. Este é o sentido daquilo que dizemos na oração suplementar das
Shalosh Regalim [Três Peregrinações], “Nosso Pai, nosso Rei, mostra a glória do Teu reinado
sobre nós”. Ou seja, nós pedimos ao Criador que uma vez que o reino dos céus está degradado
e num estado de Shechiná [Divindade] no pó, nós queremos que o Criador nos mostre a
importância e glória do reino dos céus e então será nossa grande honra sermos recompensados
com sair do amor próprio e nos ser concedido o amor pelo Criador.
Este é o sentido daquilo que O Zohar interpreta, “Assim, ‘Eu o procurei a quem minha alma
ama’, para me libertar dele”. É sabido que o homem é composto de três almas: 1) uma alma
de Kedushá; 2) uma alma de Klipat [Klipat de] Noga; 3) uma alma das três Klipot [plural
de Klipat] impuras. A alma de Kedushá ilumina somente como um pequeno ponto. Portanto, a
alma de Klipat Noga deve se conectar à alma de Kedushá, como explicámos em artigos
anteriores em nome de Baal HaSulam. Mas uma vez que o principal operador é a alma
de Klipat Noga—dado que a alma das três impuras Klipot não pode ser corrigida e somente a
alma de Kedushá não precisa de ser corrigida por ser sagrada—então todo o trabalho é com a
alma de Klipat Noga.
Quando se realiza Mitzvot [boas ações/correções], Klipat Noga se junta a Kedushá. Quando
ele comete transgressões, a alma de Klipat Noga se junta à alma das três impuras Klipot.
Porém, a alma de Kedushá está em Achoraim [dorso], ou seja, que ela não ilumina e está em
baixeza. É por isso que não nos queremos esforçar em fazer boas ações para que a Klipat
Noga se junte a Kedushá.
Portanto, “Na minha cama à noite o procurei a quem minha alma ama”, para o trazer para fora
dela, pois a alma de Kedushá pertence à assembleia de Israel, mas ela está em outra, terra
impura, pedindo daquele a quem minha alma ama para me tirar da terra impura. Isto é, uma
vez que a alma de Kedushá está em baixeza, a alma de Noga faz coisas que as três impuras
Klipot querem. Sucede-se que nessa altura, quando a alma de Kedushá tem de sofrer o
governo das Klipot impuras que governam nessa altura, a alma de Kedushá pede para ser
liberta deste exílio, chamado de “noites”.
Está escrito lá em O Zohar (item 9 no [comentário] Sulam): “Rabi Aha diz, ‘Nós aprendemos
que o Criador sentencia se uma gota é macho ou fêmea, como dizeis, ‘Uma mulher que
primeiro insemina, dá à luz um macho’. Portanto, a sentença do Criador é redundante’. Disse
Rabi Yosi, ‘Certamente o Criador decide entre a gota de um macho e a gota de uma fêmea. E
por Ele a ter discernido, Ele sentencia se ela vai ser macho ou fêmea’”.
Esta explicação está pouco clara. Pois “Ele a discerniu, Ele sentencia se ela vai ser macho”.
Por que precisa Ele de sentenciar? Obviamente será macho ou fêmea? Ele interpreta lá
na Sulam: “Há três parceiros num homem: o Criador, seu pai e sua mãe. Seu pai dá o branco
nele; sua mãe, o vermelho nele; e o Criador dá a alma. Se a gota é um macho, o Criador dá a
alma de um macho. Se ela é fêmea, o Criador dá a alma de uma fêmea. Sucede-se que quando
a mulher primeiro insemina, a gota não se tornou ainda macho, se o Criador não enviou para
dentro dela uma alma de um macho. Este discernimento que o Criador discerne numa gota,
que ela é adequada para a alma de um macho ou de fêmea, é considerado ‘o sentenciamento
do Criador’. Não tivesse Ele discernido e não tivesse enviado uma alma de macho, a gota não
se teria tornado um macho. Portanto, as duas afirmações não se contradizem uma à outra”.

Para entender tudo o citado na obra devemos interpretar que todos os três parceiros estão
numa pessoa. “Seu pai e mãe” são as causas do nascimento de um filho. Seu “pai” é o macho,
chamado “homem” e “inteireza” pois macho é considerado inteireza. Seu pai dá o branco pois
“branco” é chamado “inteireza”, onde não há sujidade. Sua mãe é chamada Nekeva [fêmea] e
“mulher” e ela é chamada uma “deficiência”, dado que Nekev [buraco] significa deficiência
[carência] e é chamada “vermelho”. É como dizemos que quando há luz vermelha, não se
pode atravessar, que é chamada uma “barreira”, quando não se pode avançar. O Criador dá a
alma, uma vez que o homem pode fazer qualquer coisa, mas o espírito da vida pertence ao
Criador.
A ordem do trabalho é que o homem deve dividir o dia de trabalho em dia e noite. “Dia”
significa inteireza e “noite” significa deficiência. Em prol de um filho nascer e ter uma longa
vida, esse filho precisa de nascer pelo seu pai e mãe, uma vez que o pai dá a brancura e,
considerado o “homem macho” e sua mãe dá-lhe a carência, considerada a “mulher
feminina”. A inteireza e a deficiência devem ser pois uma pessoa precisa de receber
alimentação para o seu sustento e então consegue ela trabalhar. Similarmente, aqui na obra do
Criador, uma pessoa deve receber nutrição espiritual e então consegue ela ver o que precisa de
ser corrigido. Inversamente, sem nutrição, ela não tem a força para trabalhar e nós recebemos
nutrição somente na inteireza.
Portanto, podemos suscitar inteireza enquanto nos envolvemos em Torá
e Mitzvot [mandamentos], pois então não examinamos quanto nos esforçamos para manter
Torá e Mitzvot, para os fazermos perfeitamente e sem defeitos, ou seja, nos examinarmos para
ver se estamos bem ou não. Em vez disso, nessa altura, nós examinamos os próprios Torá e
Mitzvot, ou seja, esses Torá e Mitzvot que mantemos. Devemos pensar sobre o dador da Torá,
pois abençoamos, “Abençoado sejas tu o Senhor, Dador da Torá”. Com as Mitzvot nós
dizemos, “Que nos santificou com Suas Mitzvot”, ou seja, para saber que mantemos
as Mitzvot do Criador.
Deste modo, precisamos de considerar a importância do dador e derivamos disto vitalidade e
alegria por merecer observar aquilo que Ele nos mandou, a alguma medida. Nessa altura
devemos dizer que embora o trabalho ainda não seja “observação concreta”, em prol de doar
de todas as maneiras, devemos acreditar que há pessoas para quem não ocorreu na mente ou
que venham a manter a Torá e Mitzvot até o mais pequeno pedaço. Mas para nós o Criador
nos deu um desejo e vontade de manter um pouco, ou seja, com pouco entendimento, mas
afinal alguma coisa fazemos, enquanto às pessoas não têm sequer esse alguma coisa. Quando
prestamos atenção a isto, recebemos vitalidade e nutrição.
Isto é chamado “seu pai dá o branco”, tal como dissemos que inteireza é chamada “brancura”,
onde não há sujidade. Há ganho a dobrar aqui: 1) Deste modo ele recebe exaltação por estar
aderido ao Inteiro, ou seja, ao Criador e devemos acreditar que aquilo que Ele dá é inteireza.
Inteireza torna um homem inteiro, fazendo-o sentir-se inteiro, também. Naturalmente, ele dá
nutrição disto, para que ele possa viver e persistir e então ter a força para fazer a obra sagrada.
2) De acordo com a importância que ele adquire durante a obra da inteireza, ele mais tarde
terá espaço para sentir a deficiência em respeito ao seu trabalho, que não é verdadeiramente
puro. Isto é, nessa altura ele pode descrever para si mesmo quanto está ele a perder pela sua
negligência na obra, pois ele pode comparar entre a importância do Criador e sua própria
baixeza e isto lhe dará energia para trabalhar.
Todavia, um também se deve corrigir a si mesmo, ou ele permanecerá no escuro e não verá a
verdadeira luz que brilha nos Kelim [vasos] que são adequados para isso, chamados “vasos de
doação”. A correção dos Kelim é chamada Nukva, deficiência, quando ele trabalha sobre
corrigir suas deficiências. Isto é considerado “Sua mãe dar o vermelho”. Isto é, nessa altura
ele vê a luz vermelha, que são as barreiras no seu caminho, que o previnem de alcançar a
meta.
Então chega o tempo da oração, uma vez que o homem vê as medidas do trabalho que ele tem
em termos de “mente e coração” e como ele não progrediu na obra da doação. Ele também vê
como o seu corpo é fraco, que ele não tem grandes poderes para ser capaz de superar sua
natureza. Por esta razão, vê ele que se o Criador não o ajudar, ele está perdido, como está
escrito (Salmos 127), “Se o Senhor não construir a casa, aqueles que
a construíram trabalharam em vão”.
A partir dessas duas, ou seja, da inteireza e da deficiência, que são o “pai e a mãe”, sucede-se
que o Criador é aquele que o ajuda, dando-lhe uma alma, que é o espírito da vida. E então
nasce o recém-nascido. Foi por isso que disseram nossos sábios, “Há três parceiros num
homem”. O recém-nascido que nasceu é considerado descendente sustentável, ou seja, que ele
tem uma longa vida. Inversamente, se ele não tiver a alma que o Criador lhe dá, esse recém-
nascido é chamado de “abordo”, ou seja, que ele é insustentável e “cai do seu grau”. Devemos
saber que o Criador quer dar, como explicado em vários lugares que “a luz superior não para
de iluminar”, mas nós precisamos de Kelim que sejam adequados para receber.
Portanto, há dois discernimentos que precisamos de fazer naquilo que depende da preparação
do homem, uma vez que há duas forças no homem: 1) forças de recepção, 2) forças de
doação. Nós precisamos de corrigir essas duas forças para que elas trabalhem em prol de doar.
A força de doação numa pessoa é chamada “homem” e a força de recepção numa pessoa é
chamada “mulher”, “fêmea. ” Inseminar significa que uma pessoa faz um esforço em prol de
obter alguma coisa. Por exemplo, quando uma pessoa precisa de trigo, ela semeia trigo. Isto
significa que seu trabalho vai produzir trigo. Se ela precisar de batatas ela semeará batatas. Ou
seja, um se esforça de acordo com a espécie que ele quer e é isto que ele obtém.
É semelhante no trabalho do Criador. Se ele quiser corrigir os vasos de doação, chamados
“macho”, “homem”, que é chamado “Se o homem primeiro inseminar”, ou seja, que seu
pensamento inicial é de corrigir os vasos de doação, então ela “dá à luz uma fêmea”, como é
sabido que há uma relação inversa de Kelim e luzes, uma vez que a “luz feminina” é chamada
Katnút [pequenez/infância].
“Se a mulher primeiro inseminar”, ou seja, que ele quer corrigir os vasos de recepção para que
eles trabalhem em prol de doar, então “ela dá à luz um filho”, ou seja, luz masculina, que é a
luz de Gadlút [maturidade/grandeza]. “E o Criador dá a alma”. O Criador distingue sobre a
gota, ou seja, sobre o trabalho do homem, de que espécie foi seu “semear”, ou seja,
preparação. Isto é, se ele quiser que seus vasos de recepção trabalhem em prol de doar então o
Criador lhe dá uma alma de macho, chamada “Neshamá [alma] de Gadlút”. Se ele é
considerado “homem”, ou seja, que quer somente que seus vasos de doação trabalhem em
prol de doar, ele recebe do Criador a luz de Katnút, chamada “fêmea”.
133. Três Tempos no Trabalho

Artigo 24, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Uma pessoa deve discernir três tempos no seu trabalho: 1) passado, 2) presente, 3) futuro.
“Passado” é quando ela começa com a obra do Criador. Nessa altura ela deve olhar para o
passado, ou seja, para a razão pela qual agora quer ela assumir sobre si mesma o fardo do
reino dos céus. Isto é, ela deve escrutinar a razão—se esta razão é suficiente para ela começar
com a obra do Criador ao ponto de “E tu refletirás sobre Ele dia e noite”, quando ela nada tem
em que pensar senão na Torá pois ela chegou à decisão que nada é digno de contemplar senão
a Torá.
Isto deve ser pois ela sente que está num grande apuro e ela nada tem no mundo pelo qual
valha viver e ela nada acha senão Dvekút [adesão] com o Criador. Mas para ser recompensada
com Dvekút com o Criador, ela deve sair do amor próprio. E para sair do amor próprio ela
acredita nas palavras dos sábios: “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei a Torá como
tempero”.
Esta é a razão que a obriga a contemplar a Torá dia e noite, pois inversamente ela não
consegue sair do amor próprio. Sucede-se que a razão para a Torá é Dvekút com o Criador. E
a razão que a obriga a ser recompensada com Dvekút com o Criador deve ser sempre
renovada, uma vez que há muitos opositores para esta razão. Cada vez vem o corpo com
novas perguntas e quer questionar essa razão. Uma vez ele lhe diz que isto é difícil; outra vez
ele lhe diz que isto não é para ela e lhe traz centelhas de desespero; e por vezes ele lhe traz
pensamentos estranhos para sua mente e coração.
Deste modo, devemos olhar para o passado, ou seja, que devemos examinar sempre a razão
que lhe deu o despertar inicial para isso. Isto é, talvez houvessem outras razões que o fizessem
começar a obra do Criador, ou seja, que sua razão inicial não fosse em prol de
alcançar Dvekút com o Criador, mas talvez tivesse sido outra razão. Posteriormente, pois
“de Lo Lishmá [não pelo Seu bem] nós chegamos a Lishmá [pelo Seu bem]”, a segunda razão
foi em prol de alcançar Dvekút com o Criador.
Também pode ser ao contrário, que a primeira razão fosse alcançar Dvekút com o Criador e
então, por várias razões, ela adquiriu outras razões que a obrigaram a assumir sobre si mesma
o fardo da Torá e Mitzvot [mandamentos]. Acontece de tudo o citado que devemos sempre
examinar a razão que nos obriga a caminhar na obra do Criador. Isto é considerado aprender
do passado, ou seja, nos referirmos às razões que rodeiam todos os caminhos da sua obra. Isto
é, a razão é considerada a meta: de acordo com a grandeza e importância da meta, a essa
medida se consegue uma pessoa esforçar.
Porém, há uma diferença naquilo que é considerado “importância”. Em respeito à
importância, isso depende daquilo que uma pessoa considera importante. Habitualmente, as
pessoas valorizam coisas que produzam autogratificação, ou seja, somente aquilo que diz
respeito ao amor próprio. Mas se a meta é doar, não é natural que um a considere como
importante.
Por esta razão, se a razão não for uma verdadeira razão, ele não consegue ir até ao fim, ou
seja, alcançar Dvekút. Isto assim é pois quando ele vê que não terá autogratificação, ele
prontamente foge da campanha pois a razão pela qual ele assumiu sobre si mesmo manter a
Torá e Mitzvot não foi de modo a doar, mas para seu benefício pessoal.
Por esta razão, quando ele não sente autogratificação durante a obra, ele é forçado a ser
negligente na obra, uma vez que ele vê que não sente que esta seja uma recompensa para ele
pois a inteira base do seu trabalho foi em Lo Lishmá. Porém, de Lo Lishmá chegamos a
Lishmá, então a ordem é que lhe é mostrado a que se parece Lishmá, ou seja, não para seu
próprio benefício, mas pelo benefício do Criador e então ele prontamente foge da campanha.
Assim, um sempre deve escrutinar sua meta, ou seja, sua razão. Ele sempre deve recordar que
a meta é doar sobre o Criador. Então, quando lhe é mostrada a sensação da doação, ele não
fica confuso mas sabe que é difícil pois é contra sua natureza.
Somente agora, assim que ele vê que é difícil trabalhar em prol de doar, há espaço para a
oração do fundo do coração pois ele vê que nada consegue fazer exceto orar para o Criador
lhe dar essa força. Por esta razão devemos sempre estudar o passado, ou seja, termos uma
verdadeira razão que nos obrigue a envolver na obra da santidade.
“Presente” é um discernimento que uma pessoa sente durante a obra. Uma pessoa deve fazer a
obra da santidade em vários aspectos. É como disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 1,
Divulgação 2), “Diríamos, ‘O mundo se apoia sobre três coisas—sobre a Torá, sobre o
trabalho e sobre as boas ações’”.
“Mundo” significa “homem”, pois cada pessoa é um pequeno mundo em e por si mesma,
como está escrito no sagrado Zohar. Em prol do homem existir, ou seja, para o homem existir
no mundo e sentir e alcançar o Criador como benevolente, ele precisa das três supracitadas
coisas, dado que o homem foi criado com a inclinação do mal, que é o desejo de receber
somente para si mesmo.
Houve uma Tzimtzum [restrição] sobre essa vontade de receber, ou seja, ocultação da
governação superior, para que o deleite e prazer não sejam sentidos antes de uma pessoa
alcançar equivalência de forma, quando todas suas ações são somente em prol de doar. Por
esta razão, precisamos da Torá, como disseram nossos sábios (Kidushin, 30b), “Eu criei a
inclinação do mal; Eu criei para ela a Torá como tempero”.
Trabalho é necessário pois trabalho é oração. Uma oração é o trabalho do coração. Isto é, uma
vez que a raiz do coração do homem é a vontade de receber e ele precisa do oposto, ou seja,
que ela trabalhe somente para doar e não para receber; sucede-se que ele tem imenso trabalho
para a inverter.
E uma vez que isto é contra a natureza, ele deve orar para o Criador o ajudar a sair de sua
natureza e entrar naquilo que é discernido como acima da natureza. Isto é chamado um
“milagre” e somente o Criador pode realizar milagres. Isto é, que o homem seja capaz de sair
do amor próprio é uma ação milagrosa.
Interpreta RASHI que “boas ações” significam “emprestar seu dinheiro aos pobres. Isto é
maior que a caridade pois ele não tem vergonha. Além do mais, boas ações se aplicam aos
ricos e pobres, aos vivos e aos mortos, ao corpo de um e ao seu dinheiro”. Mas caridade é
como foi dito, “Boas ações são maiores que caridade” e como foi dito, “E a misericórdia do
Senhor é da eternidade a eternidade sobre aqueles que O temem”, “Pois Eu disse, ‘Um mundo
de misericórdia será construído”, para te ensinar que o mundo existe por misericórdia”.
Pois misericórdia é a saída do amor próprio para o amor pelo Criador, como disse Rabi Akiva,
“Ama teu próximo como a ti mesmo, esta é a grande regra da Torá”, no presente”, devemos
ver que os três supracitados discernimentos operam sobre ele no presente. Nessa altura deve
ele também incluir o passado no presente, ou seja, a meta pela qual ele faz todos estes
esforços.
“Futuro”: Ele precisa de ver o futuro, o que pode ser alcançado até que ele alcance sua
inteireza, uma vez que é sabido que Ór Pnimi [Luz Interna] significa aquilo que ilumina no
presente e Ór Makif[Luz Circundante] é aquilo que ele deve receber no futuro.
Frequentemente, quando uma pessoa faz um acordo e investe imenso dinheiro, isso é
certamente em prol de ganhar muito dinheiro. Portanto, entendemos que se ele comprasse
muitos bens isso seria em prol de ganhar imenso dinheiro ao vender os bens imediatamente.
Isto é, o mercador comprou bens na feira. Quando ele comprou os bens e o povo de sua
cidade viu que ele comprou imensos bens, todos eles pensaram que ele em breve arrendaria
muitas lojas em prol de vender os bens de imediato. Mas quando viram que ele colocou todos
os bens em armazéns e não quis vender os bens, ele estava tão feliz como se tivesse ganho
uma fortuna. As pessoas próximas do mercador não o conseguiam entender. Perguntaram para
ele, “Por quê a cara feliz? Afinal, não vendeste uma única coisa e não ganhaste qualquer
dinheiro, então por que estás feliz”?
Ele lhes disse: “Comprei imensos bens barato pois seus preços caíram e todos os
mercadores estavam relutantes em os comprarem pois sei por cálculo que daqui a dois anos
haverá uma grande procura deles pois serão raros. Nessa altura isto me fará rico. Então eu
considero meu futuro, estou feliz, embora neste momento, não tivesse feito qualquer lucro”.
Deste modo, nós vemos que se o futuro brilha no presente, embora ele ainda nada tenha no
presente, isso não é consequente. Em vez disso, ele pode estar feliz com o futuro tal como
com o presente. Porém, isto assim é precisamente se o futuro brilhar no presente. Na
linguagem da Cabala, isso é considerado que ele desfruta da Ór Makif, ou seja, que ele
desfruta da luz que chegará no futuro.
Isto é, se ele vir que há um caminho válido para alcançar a meta, embora ele ainda não tenha
alcançado a inteireza, se a confiança da meta brilha para ele, ele consegue desfrutar no
presente como se a Ór Makif agora brilhasse para ele nos Kelim.
Disse Baal HaSulam similarmente sobre as palavras de nossos sábios, “Justos dizem salmos
sobre o futuro”, ou seja, que os justos podem dizer salmos sobre aquilo que está destinado a
chegar até eles mais tarde. Isto é, eles acreditam que no fim serão recompensados com a
inteireza e baseado nisso dizem eles salmos, embora não tenham ainda alcançado a inteireza.
Esta questão é trazida em O Zohar (Vayelech, item 47): “Rabi Elazar disse, ‘Israel estão
destinados a dizer salmos de baixo para cima e de cima para baixo e atarem o nó da fé, como
está escrito, ‘Então Israel cantarão este cantar’. Lá não diz, ‘cantaram’, mas ‘Cantarão’, ou
seja, no futuro.’” Sucede-se que o homem deve receber iluminação da Ór Makif, que é do
futuro, depois do presente e precisa de a atrair para o presente.
É por isso que todos os três tempos — passado, presente e futuro — estão incluídos no
presente. Porém, o conselho da inclinação do mal é sempre ao contrário, ou seja, dividir os
três tempos para que eles não iluminem juntos. Deste modo, sempre devemos avançar contra
a inclinação do mal e dizer, “Aquilo que ela diz certamente não é a nosso favor, pois não é seu
papel nos assistir na obra”.
Por exemplo, está escrito no artigo nº 11 (Tav-Shin-Mem-Hey) que quando a inclinação do
mal diz para uma pessoa, “Por que tanto te esforças na oração e Torá? Afinal, tua meta não é
pelo Criador. Posso entender por que as pessoas se esforçam na Torá e oração, uma vez que
sua intenção é pelo Criador, mas isto assim não é contigo”. Nessa altura lhe devemos
responder: “Pelo contrário, eu trabalho pelo Criador e eu não te quero escutar”, uma vez que
ela o deseja obstruir na obra, ou seja, fazer com que não se envolva em Torá e Mitzvot.

Posteriormente vem ela e argumenta, “Tu és justo e tua intenção é somente pelo Criador. Tu
não és como as outras pessoas”. Nessa altura um lhe deve dizer: “Pelo contrário, toda minha
obra não é pelo Criador e sei que tudo aquilo que dizes não é para meu benefício”, uma vez
que ela o deseja falhar com a transgressão do orgulho, que é a pior de todas, como disseram
nossos sábios, “Qualquer um que seja orgulhoso, diz o Criador, ‘Ele e Eu não podemos
habitar na mesma abadia”. Deste modo, um não consegue determinar em que caminho ir —
no caminho da humildade ou no caminho da grandeza. Tudo é feito numa base de caso-a-
caso.
136. Em Cada Coisa Devemos Discernir Entre a Luz e o Kli

Artigo 25, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Em cada coisa devemos discernir entre luz e Kli [vaso], ou seja, entre o Dador, que é o
Criador e o receptor, que é a criatura.
E uma vez que não há luz sem um Kli, ou seja, se não há ninguém que o alcance, então quem
pode falar dele? Desta forma, podemos somente falar da luz que está vestida num Kli, ou seja,
da abundância que o Dador dá ao corpo, nomeadamente a medida de impressão do corpo da
abundância que derrama sobre ele. Devemos acreditar que tudo aquilo que uma pessoa recebe
no seu corpo vem Dele, tanto na corporeidade como na espiritualidade, uma vez que é sabido
que não há outra força no mundo que doe sobre ela.
Desta forma, quando uma pessoa começa a entrar na obra do Criador, devemos agradecer e
louvar o Criador, pois este é princípio da entrada do homem na obra. A ordem da obra
começa como disseram nossos sábios, “Um sempre deve estabelecer o louvor ao Criador e
subsequentemente orar. De quem sabemos isto? De Moisés, como está escrito, ‘E eu roguei
ao Senhor nessa altura’ e como está escrito, ‘Deus, Tu começaste’, e ‘posteriormente está
escrito, ‘Deixai-me atravessar, Te rogo, e vê a boa terra’’” (Berachot 32a).
Portanto, quando ele começa a agradecer ao Criador, primeiro ele precisa de agradecer ao
Criador por ter criado o mundo, como dizemos durante a oração, “Abençoado és Tu que
disseste, ‘Haja o mundo’”. E então começa a obra, ou seja, a medida à qual ele consegue
agradecer ao Criador por ter criado o mundo. Por outras palavras, a medida da gratidão é
como a medida do prazer.
Aqui começa o escrutínio de verdadeiro e falso e aqui reside a diferença entre a obra
do indivíduo e a obra do público, ou seja, entre aqueles cuja Torá é sua arte ou não. O sentido
é como explicou Baal HaSulam: Sua Torá é sua arte significa que através da Torá ele quer ser
recompensado com fé. Ou, de acordo com as pessoas que pertencem ao público geral,
significa que elas estudam Torá em prol de serem recompensadas com o mundo vindouro, ou
seja, em prol de receber e não pessoas que pertencem ao individual, nomeadamente se
envolvem em prol de doar.
Quando uma pessoa começa a louvar o Criador, há um escrutínio de verdadeiro e falso. Isto é,
habitualmente, quando um precisa de agradecer a outra pessoa por o ajudar, a medida de
gratidão é de acordo com a medida de sentir que ela o ajudou. Desta forma, quando uma
pessoa começa a agradecer ao Criador por aquilo que Ele lhe deu, o corpo começa a pensar
nos benefícios que Ele lhe fez e à medida que ele é impressionado com o benefício que Ele
lhe fez, tal é a medida da gratidão.
Assim, quando uma pessoa diz, “Abençoado seja Aquele que disse, ‘Haja o mundo’”, isso
também depende da medida à qual ela desfruta do mundo. Nessa altura o corpo começa a
mostrar-lhe que ela carece de corporeidade e carece de espiritualidade e não a deixa
estabelecer os louvores ao Criador. Nessa altura há imenso trabalho pois então precisa ela de
avançar acima da razão e acreditar que o Criador só lhe faz bem e há também um escrutínio
de verdadeiro e falso.
Uma vez que o nome geral do Criador é Bom Que Faz o Bem, há imenso trabalho para
acreditar acima da razão que o Criador é bom e faz o bem. Desta forma se ocorre que quando
uma pessoa começa a estabelecer o louvor ao Criador, ela tem pelo que orar para que possa
avançar acima da razão. Em antemão, não há uma carência tão grande de fé no Criador acima
da razão, mas agora ela sente sua falta de fé e precisa de aprender Torá para que a luz nela a
reforme.
Acontece que seu desejo de estabelecer o louvor ao Criador lhe causa uma deficiência.
Quando ela tem uma deficiência, chamada um Kli, à medida da sua impressão de estar longe
da inteireza ela tem espaço para trabalhar e uma necessidade de oração e Torá.
Porém, há outra deficiência: Por vezes uma pessoa vê sua baixeza, desiste, e foge da
campanha. Nessa altura, todos os prazeres que ela recebe são somente se ela esquecer sobre
sua situação, ou seja, que ela não pensa na espiritualidade ou que consegue dormir, ou seja,
sentir grande prazer no sono. Isto não assim é pois na altura ela derivar do sono algum prazer
especial, mas que quando ela dorme ela não se lembra da obra. Isto é seu prazer, uma vez que
quando quer que ela se lembre da obra, o corpo imediatamente lhe traz desespero e baixeza.
Portanto, uma pessoa deve ser sempre cuidadosa para não cair no desespero, nomeadamente
nesse estado de sofrimento que chegou a ela pois ela vê que não consegue continuar o
trabalho. Foi por isso que Baal HaSulam disse que um deve ser cuidadoso ao se criticar a si
mesmo, exceto quando ele aloca para isto um tempo especial e não quando quer que o corpo
lhe diga para refletir. Em vez disso, ele deve dizer ao corpo: “Eu tenho um tempo especial
para criticar se avanço de acordo com a linha que me foi dada ou se me desviei da linha
correta. Agora me envolvo em Torá e oração e estou certo que o Criador me ajudará pois Ele
ajudou todos os servos do Criador que desejaram avançar pelo caminho certo e alcançar a
meta para a qual foram criados”.
No meu artigo anterior e no artigo nº 11 [Tav-Shin-Mem-Hey], escrevi que devemos dizer o
oposto daquilo que o corpo nos diz. E com isto entenderemos as questões de O Zohar e sua
resposta (Behukotai, item 18): “‘E os faças’. Questiona ele, ‘O que é, ‘E os faças’? Uma vez
que ele já disse ‘caminhais’ e ‘guardes’, por que o ‘faças’, também? Responde ele que aquele
que realiza os Mitzvot da Torá e segue Seus caminhos, é como se ele O fizesse no alto. Disse
o Criador, ‘É como se ele Me tivesse feito’ e O estabelecesse. Assim, ‘E os faças’ como uma
lei e ordenança”, até aqui suas palavras.
Esta resposta parece muito perplexa. Como pode ser dito que ao manter Torá e Mitzvot nós O
fazemos no alto? Afinal, “A terra inteira está cheia de Sua glória”, até antes das criaturas
observarem a Torá e Mitzvot. Logo, o que significa “Como se Me fizesses”?
Como foi dito acima, nós não falamos de uma luz sem um Kli, pois em respeito a quem é
discernido que há luz? Quando há um Kli, o Kli obtém a luz. Desta forma, quando dizemos
que o propósito da criação é fazer o bem às Suas criações isso pertence somente
às criaturas quando elas recebem o deleite e prazer. Isto é considerado ter um Kli e o Kli O
alcança de um modo que elas recebem do Criador somente deleite e prazer. Mas quando as
criaturas não recebem Dele deleite e prazer, levanta-se a pergunta, “Em respeito a quem o
nome do Criador, O Bom Que Faz o Bem, aparece”?
Por esta razão, em prol do nome do Criador, o nome geral de todos os nomes—O Bom Que
Faz o Bem — ser revelado e em prol das criaturas receberem o deleite e prazer do Criador,
para Seu benefício ser completo, ou seja, que não haverá vergonha no presente, assim houve
a Tzimtzum e ocultação, onde não podemos alcançar e sentir o bem antes de nos qualificarmos
com vasos de doação, que é equivalência de forma. Sucede-se que então o nome, Bom Que
Faz o Bem não é revelado, que faz com que as criaturas não sintam o Criador e é por isso que
há ímpios no mundo que não acreditam no Criador.
Em prol de Seu nome ser revelado no mundo perante todos, tudo o que os Kelim precisam é
equivalência de forma. E em prol de terem a habilidade de adquirirem vasos de doação que
são Kelim [vasos] de equivalência de forma, podemos obter isto somente ao manter Torá
e Mitzvot. Isto é, enquanto observando Torá e Mitzvot devemos apontar para que isso seja em
prol de elevar a glória de Israel através da observação da Torá e Mitzvot.

Israel significa as letras Yashar-El [direto ao Criador], onde as ações são diretamente para o
Criador e não para nosso próprio benefício. Isto é chamado “equivalência de forma”. Nas
palavras do sagrado Zohar, isto é chamado “levantar a Shechiná [Divindade] do pó”, uma vez
que a espiritualidade não é honrada aos nossos olhos para que possamos dizer aos nossos
corpos que é um grande privilégio sermos capazes de servir o Criador e então se rende o
corpo e se anula perante a Kedushá [santidade]. Este é o sentido daquilo que diz o
sagrado Zohar, que através de “caminhai nos Meus estatutos e guardai Meus mandamentos”,
através de “E os faças”, ou seja, como se Me fizesses no alto. Por outras palavras, com isto tu
fazes o nome do Criador ser revelado como o bom que faz o bem, ou seja, que todos sentirão
o bem pois tu serás recompensado com equivalência de forma.
138. Mostra-Me Tua Glória

Artigo 26, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“E disse ele, ‘Mostra-me Tua glória ... Então Eu afastarei Minha mão e tu verás Meu dorso,
mas Minha face não será vista’” (Êxodo, 33). Devemos entender o que a questão sobre
Moisés implica para nós e a resposta do Criador a respeito de nossa obra.
Quando uma pessoa começa a obra do Criador, ela anseia ver a glória do Criador. Isto é,
quando o Criador brilha para ela, quando ela tem um paladar por Torá
e Mitzvot [mandamentos] e anseia por espiritualidade, ela pode se envolver na obra sagrada.
Nessa altura ela sabe que caminha no caminho do Criador e sente que está acima das pessoas
vulgares, que o público inteiro é mundano e somente ela sabe e entende o que é a
espiritualidade.
É sabido que nossos sábios disseram (Avôt, Capítulo 4, item 4), “Rabi Levitas, Marido de
Yavne diz, ‘Sê muito, muito humilde’”. Desta forma, ela tem imenso trabalho para achar certa
deficiência em si mesma para que possa dizer que é humilde. Mas uma vez que é
um Mitzvá [mandamento/boa ação] fazer aquilo que nossos sábios disseram, ela assume-o
acima da razão e diz, “É claro que ainda sou incompleto”.
Também, há um tempo de Achoraim [dorso], quando o anseio pela Torá e Mitzvot não brilha
para ela e ela não sente uma carência no sentido que não deseja Dvekút [adesão] com o
Criador. Num estado de Achoraim, uma pessoa consegue ver-se a si mesma, ou seja, sua
verdadeira situação, se ela ainda vê que é mais alta que o resto das pessoas. Nessa altura ela
precisa de trabalhar sobre a baixeza, de assumir sobre si mesma o Mitzvá da humildade acima
da razão, enquanto olha para as outras pessoas, que estão num estado de declínio espiritual,
enquanto ela está numa ascensão. Sucede-se que somente num estado de Achoraim pode ela
ver a verdade, mas durante a Panim [face] ela ainda se pode enganar a si mesma.
Porém, há muitos discernimentos no grau de Achoraim, também. Se uma pessoa já entrou na
obra da verdade, ou seja, no caminho que um tem de trabalhar em prol de doar, somente então
começa ela a sentir verdadeiros estados de Achoraim. Nessa altura ela obtém por vezes uma
imagem de Achoraim, quando ela vê sua queda embora tivesse um estado de Panim antes da
queda para o estado em que agora se encontra. Mas agora ela vê que não tem desejo pela Torá
e Mitzvot, ou pela oração e assim por diante, ela sente que agora ela tem um Kli vazio, que ela
não deriva “humidade” da obra do Criador. Em acréscimo, ela vê-se a si mesma como se
nunca tivesse trabalhado na obra sagrada e não soubesse sequer o que é a obra do Criador.
Por vezes ela entra nas trevas onde se ela começar a dizer para si mesma que deve começar a
obra e que é inútil permanecer sem qualquer propósito na vida, parece-lhe que ela diz para si
mesma algo de novo, que ela nunca ouviu falar de questões espirituais. Nessa altura ela fica
surpresa consigo mesma, que ela consiga sentir tal sensação — que ela está num estado de
principiante que nunca se envolveu na obra — embora haja ainda certa lembrança na sua
memória de quando ela pensava que estava sempre entre os avançados na obra e subitamente
ela se esqueceu de tudo e ela se lembra disso como se estivesse a sonhar.
Sucede-se que ela vê seu estado verdadeiro somente num tempo de Achoraim. Este é o
sentido de “verás tu Meu dorso, mas Minha face não será vista”. Nessa altura ela não tem
espaço para trabalhar, ou seja, para pedir ao Criador que a aproxime Dele e lhe mostre a
iluminação de Sua face. Nessa altura ela chega ao arrependimento: “Até Aquele que conhece
todos os mistérios testemunhe que ele não voltará à folia”.
Está escrito na introdução ao Estudo das Dez Sefirot (itens 53-54): “Devemos saber que a
questão inteira da obra em manter Torá e Mitzvot por meio de escolha se aplica
principalmente aos dois supracitados discernimentos de Providência oculta. E Ben Ha Ha diz
sobre esse tempo: ‘A recompensa é de acordo com a dor’. Uma vez que Sua Orientação não é
revelada, é impossível O ver, mas somente em ocultação da face, ou seja, por detrás. Porém,
quando o Criador vê que um completou sua medida de esforço e terminou tudo aquilo que ele
tinha para fazer em fortalecer sua escolha na fé no Criador, o Criador o ajuda. Então, ele
alcança Providência aberta, ou seja, a revelação da face”.
De acordo com o citado, o princípio da obra no caminho da verdade é em Achoraim. Isto
assim é para que uma pessoa prepare para si mesma Kelim [vasos] onde a luz do Criador
possa estar. Também, Kelim são desejos. Significa isto que antes que uma pessoa passe pelo
estado de Achoraim, ela não sabe que ela precisa que o Criador a ajude, mas pensa que ela
consegue alcançar sua inteireza sozinha e não precisa de ajuda especial do Criador.
Em vez disso, ela sabe e acredita, como é costume em Israel, que embora uma pessoa veja que
faz sentido que o homem seja o operador, ela ainda acredita que o Criador a ajuda a obter seu
desejo. Mas na obra de doação, uma pessoa vê que a mente lhe diz que ela não consegue
alcançar o grau de doação, mas ela em vez disso se senta e espera que o Criador a ajude.
Sucede-se que somente isto é considerado precisar do Criador. Isto é chamado um Kli e
“desejo”.
O caminho da verdade é chamado Lishmá [pelo Seu bem], ou seja, que ela faz tudo em prol
de doar contentamento sobre o Criador. Nessa altura a resistência do corpo vem até ela
quando ele argumenta que entende que todo este trabalho é para satisfazer os vasos do corpo,
que é amor próprio. Nessa altura um começa a ver que ele não consegue ir contra o corpo e
então ele precisa da ajuda do Criador. Isto é considerado que ele já tem um Kli, ou seja, um
desejo e necessidade que o Criador o preencha e então aquilo que nossos sábios disseram,
“Aquele que vem para se purificar é ajuda de” (Zohar, Noé, item 63) acontece nele. Estas são
suas palavras: “Se uma pessoa vem para se purificar, ela é ajudada com uma sagrada alma.
Ela é purificada e santificada e ela é chamada ‘sagrada’”. Desta forma vemos que antes que
ela tenha um Kli, não lhe pode ser dada luz. Mas assim que foi estabelecido no seu coração
que ela precisa da ajuda do Criador, ela recebe ajuda, como foi dito, que precisamente quando
um vem para se purificar mas vê que é incapaz, ela recebe do alto uma alma sagrada, que é
luz que lhe pertence, para o ajudar a ser capaz de avançar e derrotar os vasos de recepção para
que ela possa os usar em prol de doar sobre o Criador.
Agora podemos interpretar aquilo que está escrito, “Paz, paz, para os longínquos e para os
próximos”. “Paz” indica uma divisão completa, uma vez que divisão é como nossos sábios
disseram, “Um sempre deve enfurecer a inclinação do mal sobre a inclinação do bem”.
RASHI interpretou que ele deve travar a guerra sobre ela. Uma pessoa pensa que somente
quando ela se sente próxima do Criador ela é inteira, quando lhe parece que já lhe foi
concedida a Panim [face]. Mas quando ela se sente removida do Criador, ela pensa que não
está a caminhar no caminho da inteireza.
É então que dizemos, “Shalom, shalom (Paz, paz) ”, ou seja, a paz que o Criador diz, como
está escrito (Salmos 85), “Eu escutarei aquilo que o Senhor diz, pois Ele falará paz sobre Sua
nação e sobre Seus piedosos e não os deixará regressarem à folia”. A respeito deste versículo,
devemos acreditar que o Criador diz “paz” até quando ele (uma pessoa) sente que está longe
do Criador. Isto assim é pois quem a fez ver que agora está mais longe do Criador?
Normalmente, uma pessoa começa a sentir que ela está longe quando ela aumenta Torá
e Mitzvot e deseja caminhar mais no caminho da verdade. Nessa altura ela vê que está mais
longe.
Acontece que de acordo com a regra, um Mitzvá induz um Mitzvá”, ela se deveria ter sentido
mais próxima. Porém, o Criador a aproxima ao lhe mostrar a verdade, para que ela preste
atenção à ajuda do Criador. Isto é, Ele lhe mostra que uma pessoa não consegue vencer a
guerra sem a ajuda do Criador. Sucede-se que num tempo de afastamento (quando ela se sente
removida), que é considerado Achoraim, este é o tempo da aproximação do Criador
.
140. Arrependimento

Artigo 27, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar (Nasso, item 28): “Este mandamento é o mandamento
de Teshuvá[arrependimento] e isto é Biná. O que é Biná? Ela é as letras Ben Yod-Hey [Filho
de Yod-Hey]. Esse filho é Vav, que está anexa a ela e recebe de seus Môchin de Yod-Hey.
Qualquer um que se arrependa, é como se ele tivesse devolvido a letra Hey, que é Malchut, à
letra Vav, que é Yod-Hey, com o qual HaVaYaH é completado”.
Em O Zohar (Nasso, item 29), “A letra Hey é certamente uma confissão de palavras. Este é o
sentido de “Levai palavras convosco e regressai ao Senhor. Dizei para Ele, ‘…que possamos
apresentar os frutos dos nossos lábios’”. Certamente, quando um peca, ele faz com que
a Hey abandone a Vav. Foi por isso que o Templo foi arruinado e Israel foram removidos de
lá e foram exilados entre as nações. Por esta razão, qualquer um que se arrependa causa o
retorno da Hey para a letra Vav.
Em O Zohar (Nasso, item 31), “Esta resposta é chamada ‘vida’. Esta resposta, que
é Malchut e Heyde HaVaYaH, é chamada ‘vida’, como está escrito, ‘dela flui a nascente da
vida’, que são as almas de Israel, que são a nascente de Malchut, chamada ‘vida’. Ela é
a Hevel [fumo da boca] que entra e sai da boca de um sem esforço. Este é também o sentido
da Hey de Hibaraam[e foram eles criados], uma vez que a letra Hey é pronunciada pela boca
mais facilmente que todas as outras letras. Foi dito sobre ela, ‘pois o homem vive através
daquilo que procede da boca do Senhor’, pois Malchut é chamada ‘aquilo que procede da
boca do Senhor’. Também, ela está sobre a cabeça de um homem, como em, ‘Sobre minha
cabeça está o Senhor presente’. Foi dito sobre ela, ‘E a imagem do Senhor vislumbra ele’,
uma vez que Malchut é chamada ‘a imagem do Senhor’ e também, ‘Somente na imagem
caminha o homem’”.
Em O Zohar (Nasso, item 32), “E, pois, ela está sobre a cabeça de um homem, ele não deve
caminhar quatro Amot [aprox. um metro e vinte] de cabeça descoberta, pois se ela for
removida da cabeça do homem, prontamente a vida o abandona”.
Também em O Zohar (Nasso, item 34), “Foi certamente sobre esta forma da Hey que
afirmaram eles, ‘Eu tenho um bom presente no meu tesouro, cujo nome é ‘Shabat’ [Sabate] ’.
Shabat é Malchut, quando ela ascende até Biná. Quando esta Malchut, que é Shabat, está
sobre Israel, eles não têm trabalho nem escravidão e nela, a alma trabalhadora e da labuta para
e descansa”.
Precisamos de entender todos esses nomes que o sagrado Zohar dá a Malchut.
1) O que significa que Malchut é chamada Hey e que ela é Hevel sem trabalho e labuta?
Afinal, há uma regra, “Eu achei, mas não trabalhei, não creias”.
2) O que significa que Malchut é chamada de “vida”? Em vários lugares, chama o
sagrado Zohar a Malchut “a qualidade de julgamento”, de onde deriva a morte.
3) O que implica que Malchut seja chamada “a boca do Senhor”?
4) O que significa que ela está sobre a cabeça de um homem?
5) Por que diz ele que Malchut é chamada a “imagem do Senhor”, como está escrito, “A
imagem do Senhor vislumbra ele”?
6) O que significa que Malchut seja chamada “Tzélem [imagem], como está escrito, “Somente
na imagem caminha um homem”?
Para explicar o supracitado, primeiro precisamos de entender o propósito da criação, ou seja, a
conexão que as criaturas devem ter com o Criador. Todo o nosso trabalho revolve este exílio,
bem como as punições que sofremos se não o corrigirmos. É também esta toda a recompensa
que recebemos quando as criaturas se conectarem ao Criador.
É sabido que o propósito da criação é fazer o bem às Suas criações. Porém, em prol de
prevenir o pão da vergonha, que é a questão da equivalência de forma, pois disparidade de
forma na espiritualidade é chamada “afastamento” e equivalência de forma é chamada
“aproximação”, desta forma, embora Seu desejo de fazer o bem às Suas criações seja
ilimitado, ainda assim, a questão da equivalência de forma feito feita, ou seja, de não receber
deleite e prazer a menos que seja em prol de trazer contentamento sobre o Criador.
Disto se propaga até nós a questão do trabalho, ou seja, que devemos fazer
uma Massach [tela] para que possamos receber o deleite e prazer em prol de doar. Esta é a
raiz do trabalho que nós temos, como está escrito no “Prefácio Geral ao Livro, Panim Meirot
Umasbirot” (item 3): “Sabei que a Massach no Kli [vaso] de Malchut é a raiz das trevas por
causa da força de impedimento que existe na Massach, para impedir a luz superior de se
espalhar para Bechiná Dálet. Esta é também a raiz do trabalho em prol de receber
recompensa, uma vez que o trabalho é uma ação involuntária, pois o trabalhador se sente
confortável somente quando descansa. Mas porque o senhorio lhe paga seu salário, ele anula
sua vontade perante a vontade do senhorio”.
Assim, tudo o que precisamos de fazer é trabalhar. A única coisa que nos cabe a nós, como
está escrito, “Que Deus criou para fazer”. “Criou” é aquilo que atribuímos ao Criador, que é o
desejo de fazer o bem às Suas criações. De “criou”, se propaga até nós a questão da separação
e da disparidade de forma. Porém, com “para fazer”, significa através do trabalho que nós
fazemos em prol de alcançarmos o grau de em prol de doar, nos aproximamos do Criador uma
vez mais através de equivalência de forma.
Este é o sentido da parceria entre as criaturas e o Criador, como está escrito em O
Zohar (“Introdução para o Livro do Zohar”, item 67): “‘E dizei para Sião, ‘Vós sois Meu
povo”. Não o pronuncie ‘Vós sois Meu povo [Ami] ’, mas ‘Vós estais Comigo [Imi] ’, que
significa parceiros Comigo”. Isto é, o Criador deu a vontade de receber, que é a deficiência
que Ele criou, que é chamada de “trevas”, como está escrito, “E cria as trevas”. Isto vem do
Seu desejo de fazer o bem. As criaturas devem dar a Massach, já que temos equivalência de
forma, pois somente quando temos Kelim [vasos] que são adequados para receber a
abundância que vem de Ele fazer o bem às Suas criações. Sucede-se que “criou” vem do alto
e “para fazer” vem dos inferiores.
Nós descobrimos duas questões no trabalho: 1) O trabalho e a recompensa são duas questões.
O trabalho não é o lugar da recompensa, ou seja, que o tempo do trabalho e o tempo da
recompensa são separados. 2) O trabalho e a recompensa estão no mesmo lugar e ao mesmo
tempo.
Trabalho significa que um tem de fazer um movimento e movimento também ocorre de três
maneiras: 1) trabalho do corpo, 2) trabalho da mente, 3) trabalho interno, que é o mais difícil.
Isto é feito quando ele deve trabalhar com a mente, enquanto faz coisas que contradizem à
mente e ao intelecto. Isto é, ele deve anular sua mente. Isto significa que a mente manda que
ele faça isto ou aquilo, mas ele faz um movimento e cancela sua mente, que ele entende ser
cem por cento verdadeiro de acordo com sua mente. E, todavia, ele anula-a. Este é o
verdadeiro trabalho.
Regressemos à questão do trabalho. Por exemplo, uma pessoa faz um movimento em prol de
receber uma recompensa pelo movimento. Inversamente, ela permaneceria em repouso, dado
que pela natureza da criação, o homem anseia repousar. A razão para isto é explicada em O
Estudo das Dez Sefirot (Parte 1, Histaklut Pnimi [Reflexão Interna], item 19): “Isto assim é
nossa raiz é estática e imóvel e serena; não há movimento Nele de todo”.
Portanto, nós vemos que à medida do tamanho, importância e necessidade que ele tem pela
recompensa, a essa medida se pode ele esforçar. Todavia, se ele encontrasse uma táctica para
receber a recompensa sem esforço, prontamente abdicaria do esforço pois para ele o esforço é
senão um meio para obter a recompensa. Logo, se ele puder obter a recompensa através de
certo outro meio, ou seja, não através de trabalho, então pensará ele, “Por que devo eu
trabalhar para nada”? Pois ele não recebe qualquer recompensa deste trabalho, uma vez que
ele consegue obter aquilo que lhe será dado pelo trabalho sem o trabalho. Sucede-se que não
lhe é pago e nós dissemos, é impossível trabalhar sem pagamento. Portanto, ele abdica do
trabalho.
Isto é considerado que o trabalho e a recompensa estão em dois lugares e dois tempos, uma
vez que o trabalho é, por exemplo, que ele está numa fábrica e o pagamento é o cheque do
salário que ele recebe no escritório. “Em dois tempos” significa um tempo separado para
trabalhar e um tempo separado para a recompensa, uma vez que o trabalho é a cada hora e a
cada momento e a recompensa é dada somente no final do dia, quando ela termina o trabalho,
como está escrito (Deuteronômio, 24:14), “Tu não oprimirás o contratado … Tu lhe darás
seus vencimentos cada dia até que o sol se ponha”.
Mas por vezes o trabalho e o pagamento são no mesmo lugar e ao mesmo tempo. Isto assim é
quando o trabalho em si mesmo é a recompensa e ele não espera que lhe seja dada qualquer
outra recompensa pelo seu trabalho. Isto é, cada movimento que o corpo faz. Como acima foi
dito, o corpo não consegue fazer um movimento de todo sem recompensa.
Mas aqui, quando seu trabalho é a recompensa, ele recebe a recompensa precisamente onde
ele trabalha. E também, ele recebe a recompensa enquanto trabalha. Isto é, ele não precisa de
esperar por outro tempo para lhe ser dada a recompensa, tal como no fim do dia, mas em vez
disso todo e cada movimento é recompensado precisamente lá e nessa altura.
Por exemplo: Se um grande ADMOR [rabi de alto estatuto] vem para Israel. Se, por exemplo
o ADMOR de Lubavitch vem e todos seus seguidores vêm para o cumprimentar. E ele tem
um pequeno pacote na sua mão, que ele dá a um dos seguidores para o levar até ao táxi.
Posteriormente o ADMOR retira uma nota de $100 e dá-lhe em troca por ter carregado o
pacote até ao táxi. Seu seguidor sem dúvida vai recusar receber o dinheiro. E se o ADMOR
lhe perguntar, “Por que não aceitas o dinheiro? É isto muito pouco? Para um porteiro comum,
que não é seguidor e não sabe o que é um ADMOR e não sabe que sou uma pessoa
importante, se eu lhe desse uma nota de $10, ele me teria agradecido. A ti dei dez vezes mais
que a um porteiro comum e tu não o aceitas”?
O que devemos dizer sobre isto? Seu seguidor não quis receber dele o dinheiro para
transportar pois precisamente ele conhece a grandeza e importância do ADMOR e o ADMOR
o escolheu para o servir. Esta é uma grande recompensa, que vale imenso. Se algum dos
seguidores pudessem comprar dele o serviço que o ADMOR lhe deixou fazer, o seguidor
certamente diria para ele: “Todo o dinheiro no mundo é inútil em comparação com este
serviço, que o ADMOR me deu e me escolheu entre todos os outros”.
Aqui podemos ver que o trabalho e a recompensa estão no mesmo lugar e ao mesmo tempo,
uma vez que durante o trabalho, ou seja, enquanto ele transporta a carga e ele deve ser
recompensado uma vez que é impossível trabalhar sem recompensa, ele não recebe
recompensa de outro lugar, ou seja, que o trabalho é o pacote que ele transporta e sua
recompensa está noutro lugar, nomeadamente o dinheiro, ou noutro tempo, ou seja, que ele é
recompensado quando terminar o trabalho.
Em vez disso, aqui o trabalho e o pagamento estão no mesmo lugar. O trabalho é transportar o
pacote e a recompensa também é transportar o pacote do ADMOR. Ele não precisa que lhe
seja dado qualquer outra coisa que seja considerada recompensa. Em vez disso, o trabalho de
transportar o pacote do ADMOR em si mesmo é sua recompensa.
Isto também é considerado “ao mesmo tempo”, ou seja, que enquanto ele trabalha, ao mesmo
tempo é ele recompensa e não pode aqui ser dito que ele recebe recompensa depois de ter
terminado seu trabalho. Em vez disso, ele recebe seu pagamento nesse preciso momento. O
tempo do trabalho e o tempo do pagamento são inseparáveis aqui pois sua inteira recompensa
é o serviço que ele dá ao ADMOR. Ele desfruta deste serviço mais que qualquer fortuna no
mundo.
Sucede-se que há algo de novo aqui, que não pode acontecer que haja tal coisa como receber
recompensa todo e cada momento do nosso trabalho. Em vez disso, a recompensa vem
sempre após o trabalho, como está escrito, “para os fazeres hoje e receber recompensa por
eles amanhã”. Mas aqui é diferente, ou seja, que o trabalho e a recompensa vêm como um.
Assim ocorre que o trabalho não é considerado trabalho pelo qual receber recompensa. Só
quando o trabalho e recompensa estão em dois lugares e dois tempos é o trabalho considerado
trabalho. Isto é, quando o trabalho é só um meio para receber recompensa. Portanto,
se pudéssemos jogar fora o meio e receber o propósito imediatamente, por
que precisaríamos do meio? Por esta razão, uma vez que o propósito inteiro é a recompensa,
sua atenção está somente na recompensa e ele sempre procura como trabalhar menos e ganhar
mais.
Mas se o trabalho e a recompensa forem simultâneos, este trabalho não é considerado labuta,
do qual possamos dizer que ele se quer livrar do trabalho, uma vez que o trabalho e o
pagamento são no mesmo lugar e ao mesmo tempo, uma vez que ele desfruta de servir uma
pessoa importante.
Respectivamente, o trabalho na Torá e Mitzvot [mandamentos] é somente quando ele
transporta o fardo da Torá e Mitzvot como o porteiro transporta o pacote do ADMOR sem
conhecer a importância do ADMOR. Nessa altura ele está sempre a regatear e quer maior
recompensa que aquela que o ADMOR lhe paga pelo seu trabalho, como dissemos na alegoria
sobre o ADMOR de Lubavitch. Isto é, o seguidor que leva o pacote que o ADMOR lhe deu,
uma vez que o seguidor reconhece a importância e grandeza do ADMOR, ele não quer
recompensa do ADMOR. Em vez disso, o tamanho da recompensa é medido pelo seu
reconhecimento da grandeza e importância do ADMOR; é assim que ele recebe recompensa
adicional.
Embora por natureza derivemos grande prazer quando servindo uma pessoa importante, há
uma diferença na importância, também. Se uma pessoa serve a pessoa mais importante na
cidade, embora isso lhe agrade, não há nada como saber que ela serve a pessoa mais
importante do país. E seu prazer seria ainda maior se ela soubesse que servia a pessoa mais
importante no mundo. Então sua alegria cresceria ilimitadamente.
Acontece que trabalhamos na Torá e Mitzvot porque nos falta a importância e grandeza do
Criador. Nas palavras do sagrado Zohar, isso é chamado que todos nossos pensamentos
devem ser somente para “levantar a Shechiná [Divindade] do pó. Isto é, para nós a
espiritualidade está completamente na ocultação da face e não sentimos a importância do
nosso trabalho. Ou seja, nós não sentimos a importância daquele para quem trabalhamos e a
quem servimos. Portanto, quando superamos na obra, esse trabalho é por coação. Isto é
chamado “labuta”, uma vez que a recompensa não está no lugar do trabalho.
Por outras palavras, ao trabalhar em coação, ele espera receber recompensa passado algum
tempo e num lugar diferente. Uma vez que a recompensa está longe do tempo do trabalho, ele
tem tempo para pensar que agora ele trabalha e mais tarde vamos receber recompensa. Desta
forma, há um tempo em que há trabalho lá e isto é chamado “labuta”.
Isto assim não é quando ele sente a importância do trabalho, ou seja, quando ele sente a quem
ele serve. Nessa altura a recompensa está no lugar do trabalho. Tal trabalho não é considerado
labuta pois o trabalho e a recompensa estão no mesmo tempo e no mesmo lugar e isto não é
labuta.
Nós podemos discernir este quando aqui, se o trabalho e a recompensa estão no mesmo lugar,
o próprio trabalho é a recompensa. Portanto, ele não vai querer abdicar do trabalho pois
naturalmente, tu não abdicas da meta, tu só abdicas do meio. Portanto, quando a recompensa e
o trabalho estão no mesmo lugar e ao mesmo tempo, uma pessoa não consegue abdicar do
trabalho. Se ela abdicar do trabalho, ela abdica da recompensa, uma vez que elas estão no
mesmo lugar.
Mas se uma pessoa trabalha como o porteiro, tal como na citada alegoria, uma vez que aqui,
há labuta, pois, o trabalho e a recompensa estão em dois lugares diferentes, então a pessoa
quer abdicar do trabalho, que é apenas um meio para a recompensa e ela quer a recompensa.
Por exemplo, uma pessoa que trabalha para obter o mundo vindouro está disposta a abdicar do
trabalho, ou seja, se lhe for dado o mundo vindouro sem trabalho, dado que ela precisa
somente da meta e não do meio.
Nós podemos discernir o mesmo a respeito de um presente. Se uma pessoa importante dá a
alguém um presente, o recipiente distingue duas coisas no presente: 1) que ela o ama, ou não
lhe teria dado o presente, 2) o próprio presente.
Aqui, também, devemos fazer os mesmos discernimentos, ou seja, qual é a meta e qual é o
meio. Também devemos determinar a importância do dador, se o dador for uma pessoa
importante então o amor é a meta e o presente é somente um meio, onde através do presente o
amor aqui aparece. Sucede-se que aqui, também, está ele disposto a abdicar do presente, mas
não do amor. Mas se o dador for uma pessoa vulgar então o presente é a meta e o amor é o
meio e ele consegue abdicar do amor desde que ela lhe der presentes. Sucede-se que se ela dá
ou recebe, há sempre o mesmo cálculo da importância da pessoa.
Até então falámos sobre a recompensa e o trabalho. Porém, há outra questão, nomeadamente a
punição. Isto é, se ela não mantiver a Torá e Mitzvot, ela é punida por isso. Mas aqui, também,
devemos discernir se a punição é onde ela quebrou as leis ou noutro lugar e noutro tempo.
Tomemos como exemplo, recompensa e punição a respeito das regras do estado. Aquele que
viola as leis do estado é punido. Sua punição não está no mesmo lugar e no mesmo tempo.
Uma pessoa que roubou as posses de outro homem e que foi apanhada recebe uma punição,
digamos o encarceramento ou uma multa. Contudo, tudo isto não é no mesmo lugar ou no
mesmo tempo. Mas se não for sabido que ela é o ladrão, ela nunca será punida.
A mesma coisa se aplica aos transgressores das regras da Torá. E, todavia, há uma grande
diferença entre violar a lei da Torá e violar as leis do estado. Na parte revelada, ou seja, no
trabalho na Torá e Mitzvot, toda a pessoa pode ver o que a outra faz. Aqui a transgressão e
punição também não são no mesmo lugar e no mesmo tempo. Se uma pessoa cometeu uma
transgressão e há testemunhas que o viram, ela é punida pela sua transgressão. Por exemplo,
se ela comeu porco e as pessoas viram-no, posteriormente o tribunal sentencia que por esta
transgressão ela merece ser açoitada. Sucede-se que a transgressão e a punição estão em dois
lugares e dois tempos, tal como quando violando as leis do estado.
Porém, no trabalho do homem, aproximar-se da interioridade da Torá, que é chamada a “parte
oculta”, lá a questão está oculta e ninguém consegue ver o trabalho interno do homem, uma
vez que ninguém sabe o que está no seu coração. Se, por exemplo, um homem vem e diz, “Eu
quero fazer um grande donativo para um seminário onde as pessoas aprendam Torá. Contudo,
eu quero que haja uma grande placa de identificação em pedra no seminário onde lá será
inscrito que eu dei o grande donativo e publicitar nos jornais que eu dei tamanho grande
donativo, para que onde quer que eu vá eu seja respeitado”.
Nós podemos dizer que ele é um grande filantropo, mas não podemos dizer que sua intenção
seja especificamente apoiar os aprendizes da Torá, mas essa busca de honra, chamada “amor
próprio”, também está misturada no apoio aos aprendizes da Torá. Todavia, sua verdadeira
intenção está escondida de nós pois talvez tudo o que ele queira seja realmente só apoiar os
aprendizes da Torá. E em prol de prevenir os recipientes do seu dinheiro de o respeitarem ele
finge querer respeito, que ele quer pagar para a caridade pois quer trocar o desejo de dinheiro
por um desejo de honra. Naturalmente, ele não será respeitado.
Entre o homem e homem podemos discernir a parte revelada e a parte oculta. Mas entre o
homem e Deus há certamente uma grande diferença. Disseram nossos sábios, “Um sempre se
deve envolver em Torá e Mitzvot, até se Lo Lishmá [não pelo Seu bem], uma vez que
de Lo Lishmá chega ele a Lishmá [pelo Seu nome]” (Pesachim, 50b). Portanto, na ação
das Mitzvot e no estudo da Torá há uma grande diferença entre a parte revelada, ou seja, a
ação e aparte, oculta, ou seja, a intenção, uma vez que nenhuma pessoa consegue olhar para a
intenção, pois a ação que um faz entre homem e Deus não tem uma pessoa no meio que possa
criticar sua intenção. Normalmente, cada um está ocupado consigo mesmo e não tem tempo
para pensar nos cálculos de seu amigo. Sucede-se que somente ele pensa na intenção.
Isto é, quando ele se envolve em Lo Lishmá, portanto esperando recompensa, o trabalho e a
recompensa não estão no mesmo lugar e no mesmo tempo. Mas aqui, quando falamos de
punições, a transgressão e a punição não estão no mesmo lugar e no mesmo tempo, dado que
ele recebe a punição depois de cometer a transgressão e posteriormente sofre a punição, uma
punição neste mundo ou uma punição no mundo vindouro. Isto se aplica somente à parte
de Lo Lishmá.
Porém, naqueles que trabalham sobre a intenção, para serem capazes de direcionar suas ações
somente para doar, a recompensa e punição são no mesmo lugar e no mesmo tempo, uma vez
que sua incapacidade de doar contentamento sobre o Criador é sua punição e ele não precisa
que lhe sejam dadas outras punições, pois nada o atormenta mais que ver que está ainda longe
do Criador.
A evidência é que ele não tem o amor pelo Criador, que ele O quer respeitar. Tudo isto é pois
ele está num estado de Achoraim [dorso] e ocultação do Criador. É isto o que lhe dói e isto é
sua punição. Mas aqui está sua recompensa, se ele tiver amor pelo Criador e quiser doar
contentamento sobre ele. Todavia, tudo isto preocupa especificamente aqueles que querem
chegar a trabalhar somente pelo Criador e não em Lo Lishmá. Pode ser dito sobre eles que a
punição e a recompensa estão no mesmo lugar e no mesmo tempo.
Mas normalmente, punição é quando estão em dois lugares diferentes. Isto assim é pois
geralmente, observar a Torá e Mitzvot é na parte revelada, ou seja, somente na ação. E isto é
chamado “revelado pois em termos da ação, é revelado a todos aquilo que um faz e aquilo que
ele diz. Na parte revelada, nós explicámos acima que lá a recompensa e punição estão em dois
lugares diferentes.
Com tudo o citado chegaremos a clarificar as palavras do sagrado Zohar, onde fizemos seis
perguntas. É sabido que Malchut é chamada “a última Hey no nome HaVaYaH”,
chamada Bechiná Dálet de Ór Yashar [quarto discernimento na Luz Direta]. Sua qualidade é
receber em prol de receber. Todas as correções que precisamos de fazer através de Torá
e Mitzvot são para a corrigir, para que a recepção nela seja em prol de doar, que é
chamada Dvekút [adesão] com o Criador. Mas se sua intenção não é doar ela torna-se
removida do Criador.
Também, é sabido que tudo o que aprendemos sobre os mundos superiores diz respeito às
almas, como disseram nossos sábios (Vayikra, 36:4), “Rabi Birkiya disse, ‘Os céus e a terra
foram criados somente pelo mérito de Israel, como está escrito, ‘No princípio Deus criou’ e
não há princípio senão Israel, como foi dito (Jeremias, 2), ‘Israel foi sagrada para o Senhor, a
primeira de Sua colheita’’”.
Portanto, tudo o que aprendemos nos mundos superiores é somente para que as almas
recebam a abundância superior, como é sabido que o propósito da criação é de fazer o bem às
Suas criações. Em prol de corrigir a disparidade de forma que governa a própria Malchut, que
é chamada “receber em prol de receber”, uma vez que disparidade de forma causa separação
na espiritualidade e este Kli, chamado Malchut, é o Kli de todas as almas das quais o homem
foi criado. Ele o deve corrigir para que todos os vasos de recepção trabalhem em prol de doar.
Vejam o que está escrito na introdução ao Livro do Zohar (itens 10-11): “E em prol de
remendar essa separação, que reside no Kli de todas as almas, Ele criou todos os mundos e os
separou em dois sistemas, tal como no versículo: ‘Deus os fez um oposto ao outro’. Estes são
os quatro mundos puros ABYA e opostos a eles os quatro mundos impuros ABYA. E Ele …
removeu a vontade de receber para eles mesmos deles e a colocou no sistema dos mundos
impuros ABYA. …E os mundos cascatearam para a realidade deste mundo corpóreo, para um
lugar onde há um corpo e uma alma e um tempo de corrupção e um tempo de correção. Pois o
corpo, que é a vontade de receber para si mesma, deriva da sua raiz no Pensamento da Criação
e passa pelo sistema dos mundos impuros, como está escrito, “um homem nasce o porto de
um asno selvagem’. Ele permanece sob a autoridade desse sistema durante os primeiros treze
anos, que é o tempo da corrupção. Ao se envolver em Mitzvot dos treze anos de idade para a
frente, quando ele se envolve em doar contentamento sobre seu Fazedor, ele começa a
purificar a vontade de receber para si mesmo impressa nele e lentamente a transforma para ser
em prol de doar. Com isto ele propaga uma alma sagrada da sua raiz no Pensamento da
Criação. Ela passa pelo sistema dos mundos puros e se veste no seu corpo. …E assim
acumula ele graus de santidade do Pensamento da Criação em Ein Sof [Infinito], até que eles
o ajudem em transformar a vontade de receber para si mesmo nele para ser inteiramente na
forma de recepção em prol de doar contentamento sobre seu Fazedor”.
De acordo com o que ele lá apresenta na introdução ao Livro do Zohar, nós vemos que tudo o
que dizemos sobre os mundos superiores diz respeito somente às almas. Portanto, quando
dizemos que Malchut se afastou do nome HaVaYaH, isso diz respeito às almas, que precisam
de a corrigir para que ela se conecte ao nome HaVaYaH, pois em respeito às almas, ela se
afastou.
Porém, quando uma pessoa assume sobre si mesma o fardo do reino dos céus acima da razão
e ela está em doação, isso causa à raiz do homem, que é Malchut, a também estar em doação,
que é equivalência de forma. Nessa altura é considerado que Malchut, que era afastada do
dador, em disparidade de forma, agora que o homem se envolve em doação, chamada
“equivalência de forma”, isso é considerado que Malchut se aproxima a si mesma do
nome HaVaYaH, ou seja, do dador. Este é o sentido de “Devolver a Hey à Vav”, onde Yod-
Hey-Vav são chamadas as “nove superiores”, que são o dador e a letra Vav é considerada dar
a Malchut, uma vez que agora Malchut é considerada dar, tal como a Vav. É por isso que o
sagrado Zohar chama a Malchut pelo nome Hey. Esta é a resposta à primeira pergunta que
fizemos.
Por um lado, na sua raiz, Malchut é a raiz dos seres criados. Ela é chamada Malchut devido a
sua raiz de receber em prol de receber. Deste aspecto se propaga a morte, dado que recepção
causa separação da vida das vidas. Por esta razão, a morte deriva daí. É também por isso
que Malchut é chamada a “árvore da morte” (Zohar, Behaalotcha, item 96), como está
escrito, “Disse Rabi Yehuda, ‘Rabi Chiya disse, ‘O texto testemunha que qualquer um que dê
caridade aos pobres desperta a árvore da vida, que é ZA, para acrescentar vida à árvore da
morte, que é Malchut. Então há vida e alegria no alto, em Malchut’’”.
Assim vemos que por um lado, Malchut é chamada a “árvore da morte”, da perspectiva de sua
raiz, mas quando as almas se envolvem na doação, ela está em equivalência de forma e então
a Tzimtzum [restrição] e ocultação que estavam sobre ela são removidas. Especificamente
daqui, ou seja, de Malchut, a vida se propaga para o mundo e nesse respeito Malchut é
chamada “vida”.
Com isto explicámos a segunda pergunta, por que Malchut é chamada “vida”, uma vez
que Malchut é chamada a “árvore da morte”. A resposta é que depois de ela ser corrigida,
como em “Trabalho abaixo desperta trabalho no alto”, isso significa que as obras dos
inferiores despertam as raízes superiores, pelas quais elas causam a unificação do Criador e
Sua Shechiná e dessa unificação a vida vem para o mundo.
A terceira pergunta é o que significa que Malchut é a boca do Criador. Nós vemos que na
corporeidade, a boca revela aquilo que está na nossa mente. HaVaYaH é chamada “a
qualidade de misericórdia”. Isto significa que o Criador concede deleite e prazer sobre as
criaturas. Quando Malchut é chamada “vida”, que é quando os inferiores se envolvem em
doação, a vida superior vem de Malchut. O propósito da criação é chamado “luz
de Chochmá”, que é Ór Chaiá. Quando Malchut a revela, ela é chamada “a boca do Senhor”,
revelando o pensamento da criação, que é fazer o bem às Suas criações.
Com isto chegamos a interpretar aquilo que perguntamos na quarta pergunta: o que significa
que por ela estar na cabeça de um homem, um homem não pode caminhar
quatro Amot [aprox. um metro e vinte] de cabeça descoberta. É sabido que Malchut é
chamada “fé” e fé é sempre acima da razão. A mente do homem é referida como a “cabeça”
de um homem. Respectivamente, o reino [Malchut] dos céus que um deve assumir sobre si
mesmo deve ser acima da razão e acima da mente. É por isso que é considerado
que Malchut está sobre a cabeça de um homem.
É por isso que é proibido caminhar quatro Amot de cabeça descoberta, ado que se ela
abandona a cabeça de um homem, a vida prontamente o abandona. Cabeça descoberta
significa que Malchut, que é considerada fé, não está na sua mente e razão. É como dissemos,
que fé é considerada estar acima da sua cabeça, ou seja, acima da razão. E porque ele não tem
fé, a luz da vida, que vem de Malchut, certamente o abandona, dado que Malchut é chamada
“vida” somente ao corrigir os vasos de doação. Mas nos vasos de recepção, Malchut é
chamada a “árvore da morte”. É por isso que a vida o abandona.
A quinta pergunta, por que Malchut é chamada “a imagem do Senhor”, é porque “imagem”
significa como dizemos, “Eu quero ter uma imagem geral da questão”. Desta forma, quando
querendo conhecer a imagem geral da espiritualidade, nos é dito, “E a imagem do Senhor
vislumbra ele”. Isto é, ver a imagem geral da espiritualidade depende da medida à qual foi ele
recompensado com fé no Criador. Fé é expressa na mente e no coração e de acordo com a fé
com a qual um foi recompensado, também assim recebe ele a imagem dela. Portanto, uma vez
que Malchut é chamada “fé”, Malchut é chamada “a imagem do Senhor”, ou seja, que de
acordo com sua fé, tal é a imagem da espiritualidade que ele recebe.
Também, na supracitada maneira podemos responder à sexta pergunta: por que Malchut é
chamada Tzélem[imagem], como está escrito, “Somente na imagem caminha o
homem”? Tzélem também significa fé, dado que “sol” é chamado razão [conhecimento]
e Tzél [sombra] é algo que esconde o sol. Isto é a fé, que é chamada “vestimenta”. Se uma
pessoa tem vestimenta, a luz superior se veste nele, como está escrito em O Zohar (Vayechi,
item 201), “Se a Tzélem [imagem] parte, os Môchin partem e os Môchin se vestem de acordo
com a Tzélem”.
147. Os Espiões

Artigo 28, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Interpreta o sagrado Zohar a questão dos espiões que Moisés enviou para viajar pela
terra (Slach, itens 56-58) a respeito da terra espiritual: “Por que está escrito que o Criador lhes
diz, ‘Ide lá para cima para o Neguev’, mergulhar na Torá e com isso conhecereis esse mundo.
‘Ver a que se parece a terra’, ou seja, que verás o mundo que Eu te trago. ‘E as pessoas que
habitam nele’ são os justos no Jardim do Éden.

“‘O forte é o débil’, ou seja, que nela verás se eles foram recompensados com tudo isso pois
superaram sua inclinação pela força e a quebraram, ou pela fraqueza, sem esforço. Ou, se eles
são fortalecidos na Torá, para se envolverem nela dia e noite, ou a deixaram e ainda assim
foram recompensados com tudo isso. ‘Se eles são poucos ou muitos’, significa que se muitos
se envolverem na Minha obra e se fortalecerem a si mesmos na Torá e são recompensados
com tudo isto ou não.

“‘E a que se parece a terra, se ela é gorda ou magra’. Sabereis a que se parece a terra na Torá,
ou seja, o que é esse mundo, se a abundância superior é bastante para seus moradores ou se
alguma coisa lá falta.

“‘E eles subiram para o Neguev e chegaram a Hebron’. Subir no Neguev significa que as
pessoas ascendiam nele, na Torá. ‘No Neguev” significa num coração ocioso, como aquele
que tenta em vão, secamente, pensando que não há recompensa nela. Ele vê que a riqueza
deste mundo é perdida por isso e pensa que tudo é perdido. ‘No Neguev’ significa que a água
secou. ‘E chegaram a Hebron’ significa que ele vem para se conectar com a Torá. Hebron foi
construído em sete anos, que são as setenta faces da Torá.

“‘E eles desceram a corrente de Eshkol’ são as palavras da lenda e interpretação, que vêm do
lado da fé. ‘E cortai um ramo de lá’, ou seja, subtítulos de capítulos de lá, cabeçalhos.
Aqueles que são fieis são felizes com as palavras e as palavras são abençoadas dentro deles.
Eles olham para elas serem de uma raiz e um cerne e não há separação nelas. Aqueles que não
são fieis e não aprendem Torá Lishmá [pelo Seu bem] separam a fé, que é Malchut, de ZA,
uma vez que eles não acreditam que são de um cerne e de uma raiz. Este é o sentido de ‘e eles
a carregaram numa estaca entre dois’, ou seja, que eles separaram entre a Torá escrita e a Torá
oral.

“‘Com as romãs e com os figos’, ou seja, que eles colocam estas palavras completamente com
o Sitra Achra [outro lado], para o lado da idolatria e o lado da separação. Rimonim[Romãs]
vem da palavra, Minim [idolatras], e Te’enim [figos] vêm das palavras, ‘E o Senhor não está
do seu lado’, ou seja, que eles não acreditam na Providência e dizem que tudo é incidente e
separam o Criador do mundo.
“‘E eles regressaram de viajar pela terra’ significa que eles regressaram para o lado mau,
regressaram do caminho da verdade, dizendo, ‘Como saímos dele? Até este dia não vimos
bem no mundo; trabalhámos na Torá e a casa está vazia. Habitámos entre os mais baixos da
nação. Quem será recompensado com esse mundo? Quem chegará a ele? É melhor não
trabalharmos tanto’.
“‘Eles lhe contaram e disseram’, nós trabalhámos e aprendemos em prol de conhecer uma
parte desse mundo, como nos haveis aconselhado. ‘E ela também flui com leite e mel’, esse
mundo superior é bom, como sabemos da Torá, mas quem o pode merecer? ‘Porém, o povo
… é forte’, o povo que foi recompensado com esse mundo é forte, dispensando o mundo
inteiro como algo em que se envolver e ter grande riqueza. Quem consegue fazer isso e ser
recompensado com ele? É claro o povo que mora nessa terra é forte. Aquele que deseja ser
recompensado com ele deve ser forte em riqueza, como diz a escritura, ‘O homem rico
responde duramente’.

“‘E as cidades são grandes e fortificadas’, ou seja, casas cheias abundantemente; nada falta
nelas. E todavia, ‘nós também vimos os descendentes do gigante’, ou seja, que isso requer um
corpo tão forte e tão poderoso como um leão, dado que a Torá esgota a força do homem,
quem pode ser recompensado com ele?

“Também, ‘Amaleque vive na terra do Neguev.’ Se um disser que até com tudo isto será ele
recompensado com a superação, ‘Amaleque vive na terra do Neguev’, ou seja, a inclinação do
mal, o acusador escarnecedor de uma pessoa está sempre no corpo.

Com estas palavras, ‘eles desencorajaram os corações dos filhos de Israel’, dado que eles lhe
deram um mau nome. “Estes fieis, o que disseram eles? ‘Se o Senhor ficar agradado conosco,
Ele … a dará a nós.’ Isto é, quando um tenta com o desejo do coração para o Criador, será ele
recompensado com ela pois tudo o que Ele quer dele é o coração.

“‘Mas não vos revoltais contra o Senhor.’ Não nos devemos revoltar contra a Torá pois a Torá
não precisa de riqueza ou vasos de ouro e prata. ‘E vós, não temeis o povo da terra’, pois se
um corpo quebrado se fosse a envolver na Torá, haveria curativo para todos e todos os
escarnecedores do homem se tornarão seus ajudantes”. Até aqui são suas palavras.

De acordo com como interpreta o sagrado Zohar a questão dos espiões em relação à entrada
do homem na obra sagrada, é geralmente chamado “assumir sobre si mesmo o fardo do reino
dos céus”. Com isto, é um recompensado com a recepção da Torá, tal como foi no pé do
Monte Sinai, quando eles disseram, “Nós faremos e nós escutaremos”. É tal como todo e cada
um que quer ser recompensado com a Torá deve atravessar um período de “nós faremos” e
então pode ele ser recompensado com “nós escutaremos”.

Há muitos graus em “nós faremos”, que geralmente se dividem em dois caminhos:


1) A parte revelada é considerada como manter a Torá e Mitzvot [mandamentos] na prática,
aprendendo dia e noite e sendo meticuloso com todos os detalhes dos Mitzvot, até que nada
haja que ele possa somar no que diz respeito às ações. Sua intenção é que ele faz tudo pelo
Criador, para manter o mandamento do Rei e em retorno ele receberá recompensa neste
mundo e no mundo vindouro. Neste respeito é ele considerado justo.

2) A parte escondida se refere à parte escondida na Torá, que é a intenção. Ao que uma pessoa
se direciona enquanto praticando está escondido das pessoas. Mas maioritariamente, está
escondido da própria pessoa pois este trabalho deve ser acima da razão. Logo, a razão não
consegue criticar seu trabalho — se ela está no caminho que ascende para Dvekút [adesão]
com o Criador, ou seja, se ela está no caminho chamado “em prol de doar”, chamado “não em
prol de receber recompensa”. Desta forma, está escondido pois ela trabalha sem recompensa,
então a recompensa está escondida dela.
Significa isto que uma pessoa que trabalhe por recompensa sabe que ela trabalha bem pois ela
está a receber uma recompensa. Mas aquela que trabalha em prol de doar contentamento sobre
seu Fazedor, para que o Criador desfrute, não consegue ver se o Criador desfruta da sua obra.
Em vez disso, ela deve acreditar que o Criador fica agradado. Sucede-se que a recompensa,
também, é chamada “em prol de doar”, e ela, também, é acima da razão.

Há outras razões, chamadas “a parte escondida”. Esta obra não pertence ao público no geral,
mas aos indivíduos, como diz Maimônides (no fim de Hilchot Teshuvá), “Disseram os sábios,
‘Um sempre se deve envolver em Torá, até se for Lo Lishmá [não pelo Seu bem], dado que
de Lo Lishmá ele chega a Lishmá [pelo Seu bem]. Deste modo, quando ensinando a crianças,
mulheres e incultos, eles devem ser ensinados a trabalhar por temor e em prol de receber
recompensa. Até que ganhem conhecimento e adquiram muita sabedoria, lhes deve ser
ensinado este segredo pouco-a-pouco e devem ser acostumados a fazê-lo gentilmente até que
O alcancem e O sirvam por amor”.

A questão dos espiões começa principalmente numa pessoa que quer caminhar no caminho
da Dvekút, que é doar. Nessa altura os espiões vêm até ela com seus justos argumentos de
acordo com suas visões. Através da racionalização, eles fazem com que um entenda que eles
estão certos.

É sabido que o sagrado Zohar diz, “Todo o homem é um pequeno mundo”, consistindo de
setenta nações, bem como de Israel. Significa isto que uma vez que há sete qualidades, que
são sete Sefirot e frente a elas estão sete qualidades no Sitra Achra. Cada um consiste de dez,
logo elas são setenta. Também, cada nação tem sua própria paixão e quer ordenar sua paixão
sobre todos. E o povo de Israel numa pessoa também tem sua própria paixão, que é aderir ao
Criador.
Há uma regra que um não consegue lutar contra si mesmo. Em vez disso, isto requer um
poder especial para uma pessoa ser capaz de ir contra suas visões. Mas ela tem o poder e a
força para lutar contra outro se entender que sua visão é verdadeira e que ela nunca vai querer
se render perante a visão do outro.

De acordo com isso, se as setenta nações estão dentro da pessoa, como pode ela lutar consigo
mesma? Isto é, assim que uma certa nação prevalece sobre as setenta nações com sua paixão e
então uma pessoa é governada por essa paixão. Então, quando uma pessoa pensa sobre si
mesma, ela vê que esta é sua paixão. Ela não diz que alguém das setenta nações a quer
governar, mas pensa que isto é ela, ela mesma e é muito difícil lutar contra si mesma.

Deste modo, uma pessoa deve retratar para si mesma que ela tem setenta nações no seu corpo,
bem como o povo de Israel. Ela deve determinar para si mesma a que povo ela pertence. Isto
é, há uma regra: cada pessoa ama sua pátria e luta pela sua pátria. Desta forma, ela deve
determinar se ela pertence ao povo de Israel ou a uma nação das setenta nações. Se ela
determinar que pertence ao povo de Israel, então ela pode lutar contra as setenta nações
quando vir que elas vêm para lutar.
Nessa altura ela vê que as setenta nações querem exterminar o povo de Israel, como está
escrito na Hagadá [história] de Pessach, “Ela se levantou pelos nossos pais e por nós, pois
não só uma se levantou contra nós para nos exterminar. Em vez disso, toda e cada geração, há
aqueles que se levantam contra nós para nos exterminar e o Criador nos salva das suas mãos”.
Se ela sabe que ela pertence ao povo de Israel, ela tem a força para combater contra as setenta
nações, dado que há força na natureza para lutar pela sua pátria, pois ela sabe que é “Israelita”
e elas a querem exterminar. Sucede-se que é como se houvessem dois corpos a lutar um
contra o outro e então tem ela a força para lutar.

Logo, aqui, quando falamos da obra do Criador, o “povo de Israel” é chamado aquele que é
Yashar-El [direito ao Criador]. Ele quer aderir ao Criador, quer Malchut, ou seja, assumir
sobre si mesmo o fardo do reino dos céus. Malchut é chamada El [Deus], como está escrito no
sagrado Zohar (Korach, item 14): “É por isso que está escrito, ‘Um Deus tem indignação cada
dia’, ou seja, Malchut, enquanto as setenta nações nele resistem e lutam com a Israel nele.
Com todos os tipos de tácticas, elas desejam anular e exterminar Israel no corpo de um
homem”.

Aqui, no trabalho com a intenção — quando ele quer avançar especificamente num modo de
doação — começa o argumento dos espiões, que o sagrado Zohar interpreta seus argumentos
de acordo com os versículos na Torá, que disputam e lutam com a Israel nele e querem
exterminá-los da face da terra.

Isto é, ele não deve pensar que ele vai alcançar aquilo que ele alcançaria com todos os tipos de
argumentos, pois elas combatem contra ele, dado que a base das setenta nações é a vontade de
receber e Israel é precisamente anular-se perante Ele sem qualquer recompensa de todo. Desta
forma, precisamente quando uma pessoa quer ir contra suas visões começa o argumento dos
espiões, que o fazem entender racionalmente que ele não tem chance de alcançar a meta que
ele planeia alcançar.

Todavia, por vezes os espiões fazem uma pessoa entender algo que é mais duro que qualquer
coisa que os espiões reivindiquem. Eles dizem para uma pessoa, “Sabei que o Criador não
pode ajudar uma pessoa ignóbil tal como tu”. Isto é o mais duro de tudo pois frequentemente,
quando uma pessoa está em apuros ela consegue orar. Mas quando eles vêm a uma pessoa
dizendo “Desperdiças teus esforços pois o Criador não pode ajudar”, eles lhe negam a oração,
dado que pode fazer ele então? Para quem se pode voltar para ajudar?

Está escrito no sagrado Zohar (item 82): “Rabi Yosi diz, ‘Eles assumiram sobre si mesmos
escarnecer de tudo. O que é ‘tudo’? É a terra e o Criador.’ Rabi Yitzhak disse, ‘Com a terra, é
verdade. Com o Criador, como sabemos’?Ele disse-lhe: ‘Está implícito nas palavras,
‘Contudo, o povo … é forte.’ Isto é, quem os pode derrotar? ‘O povo é forte’ é exato, ou seja,
que até o Criador não os pode derrotar e eles escarneceram o Criador.’”

Uma pessoa não pode discutir com as palavras dos espiões com a sua razão, ou esperar até
que ela tenha resposta para eles e entretanto estar debaixo de seu governo. Em vez disso, ela
deve saber que nunca será capaz de responder às suas dúvidas com a mente externa. Mas
especificamente quando ela é recompensada com a mente interna, terá ela as palavras para
lhes explicar. Entretanto ela deve avançar acima da sua mente, ou seja, dizendo que embora o
intelecto seja muito importante, a importância da fé é ainda mais alta que o intelecto. Desta
forma, ela não deve avançar de acordo com o intelecto, mas de acordo com o caminho da fé,
de acreditar naquilo que nossos sábios nos disseram, que o homem deve assumir sobre si
mesmo o fardo do reino dos céus como acima da razão. Nessa altura não há lugar para o
argumento dos espiões pois eles falam somente dentro da razão da mente externa.

Este é o sentido de Israel dizerem no tempo da preparação para a recepção da Torá, “Nós
faremos”, e então “Nós escutaremos”. “Fazer” significa sem o intelecto externo. Em vez
disso, ele calcula de acordo com o Comandante, pois o Comandante provavelmente sabe o
que é bom para ele e o que não é, ou seja, o que é bom para uma pessoa e o que não é. Mas
uma grande pergunta permanece, “Por que o Criador nos dá um intelecto externo, que usamos
em toda e cada coisa, enquanto na obra do Criador devemos avançar contra este intelecto e
não com o intelecto com o qual nascemos”?

Isto vem pois o Criador quis que lhe pedíssemos ajuda. A ajuda que Ele dá é a luz da Torá e
se eles pudessem avançar sem a ajuda do Criador não teriam necessidade da luz da Torá,
como disseram nossos sábios, “Eu criei a inclinação do mal; Eu criei a Torá como tempero”.
Desta forma, em prol de ele precisar de prolongar a luz da Torá, nos foi dado este trabalho em
ocultação sobre a intenção, para que o homem precise de uma mente interna.

Da perspectiva do intelecto externo, o Criador o fez de modo a não dar qualquer ajuda para a
obra. Pelo contrário, é para o obstruir de trabalhar em prol de doar. Este é o sentido do que
está escrito no sagrado Zohar (Noé, item 63): “Se uma pessoa vem para se purificar, ela é
ajudada com uma alma sagrada. Ela é purificada e santificada e ela é chamada ‘sagrada.’”

Com isso um chega a necessitar de ser recompensado com as NRNCHY que pertencem à raiz
da sua alma. Assim, houve uma correção de ocultação, que é o Dá’at, ou seja, que a mente
externa de uma pessoa esteja contra trabalhar em prol de doar. Isto é chamado “dentro da
razão da mente externa”, que faz todos os cálculos do homem de que não é vantajoso para ele
trabalhar em prol de doar.

Quando ele supera e não foge da campanha e ora ao Criador para o ajudar avançar acima da
razão, ou seja, a não estar debaixo do governo da vontade de receber, então, quando o Criador
o ajuda ele recebe uma mente interna chamada “razão interna”. Nessa altura, através desta
razão, o corpo concorda em trabalhar em prol de doar sobre o Criador, como está escrito,
“Quando os caminhos de um homem são agradáveis para o Senhor, Ele até faz seus inimigos
estarem em paz com ele”, se referindo à inclinação do mal.

Sucede-se que enquanto ele está dentro da razão, ou seja, que o intelecto lhe diz que é
vantajoso fazer este trabalho, ele se consegue esforçar na obra. Desta forma, quando ele tem
um intelecto externo, a razão o obriga, ou seja, a intenção de receber. Isto é chamado “dentro
da razão”. Quando ele é recompensado com a mente interna, ou seja, a razão interna, a mente
o obriga de que é vantajoso doar contentamento sobre o Criador.
151. O Senhor Está Perto de Todos Que Recorrem à Ele

Artigo 29, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar, Chukat (item 78): “Disto aprendemos que qualquer um que deseje
invocar coisas no alto — numa ação ou numa palavra — se essa ação ou palavra não forem
feitas adequadamente, nada é evocado. Todas as pessoas no mundo vão para a sinagoga
invocar uma questão no alto, mas poucas são aquelas que sabem como invocar. O Criador
está próximo de todos aqueles que sabem como O invocar e sabem invocar uma questão
adequadamente. Mas se eles não sabem O invocar, Ele não está próximo, como está escrito,
‘O Senhor está próximo de todos aqueles que O invocam, de todos aqueles que O invocam em
verdade.’ O que é ‘em verdade’? ‘Em verdade’ significa que eles sabem como invocar
adequadamente uma verdadeira questão. Para que ela esteja em todas as coisas”.
Significa isto que aquele que não sabe como O invocar não deve ir para a sinagoga pois se ele
não sabe como O invocar, isso significa que sua oração não é aceita. Logo, há uma desculpa
aqui, assim ele explicou que não é suficiente ir para a sinagoga pois ele que não sabe como O
invocar. Desta forma, um deve fazer o que fazer em prol de saber como O invocar e estar
próximo do Criador.
O Zohar vem e explica-nos que o que devemos saber e então devemos nos esforçar para
chegar a conhecê-lo. Ele diz que conhecer é somente verdade, que aquele que O evoca em
verdade é próximo do Criador. Igualmente, se conhecer significa que ele O invocou em
verdade, o que há de novo aqui quando ele diz que com o Criador isso significa que deve
haver um conhecimento especial em prol de invocar o Criador? O sentido do versículo que
diz, “O Senhor está próximo de todos aqueles que O invocam”, é que isso é sem exceções, ou
seja, que Ele está próximo de todos, sem excepções. Posteriormente o versículo termina com
uma condição, que parece ser uma grande estipulação. Qual é a condição? Ele O deve invocar
em verdade! Esta é a principal condição requisitada do homem.
A respeito desta condição principal requisitada do homem, que é chamada “verdade”,
frequentemente quando alguém evoca outra pessoa, se a outra pessoa sabe que ele a chama
falsamente, está destinada a ignorar seu chamamento pois ela sabe que ele a chama
falsamente, então ela finge não o escutar falsamente.
Assim, qual é a principal condição requisitada do homem? Certamente, quando diz respeito
ao Criador devem haver requisitos especiais que nãos e aplicam a pessoas, mas a esta
condição, que O devemos invocar em verdade, este é o mais pequeno requisito que pode
haver. Certamente, há uma intenção especial aqui na estipulação da verdade e esta intenção é
chamada “em verdade”.
Para entender o sentido da verdade devemos preceder com as palavras de nossos
sábios: “Qualquer um que seja orgulhoso, diz o Criador, ‘Ele e Eu não podemos morar na
mesma abadia.’” Devemos questionar, “Por que se deve preocupar o Criador se ele é
orgulhoso”? Se uma pessoa entra num galinheiro e vê que um galo mostra vaidade sobre
outro, a pessoa fica impressionada com isso? Baal HaSulam disse que o Criador ama a
verdade e não consegue tolerar a falsidade, como está escrito, “Aquele que fala mentiras não
será estabelecido perante Meus olhos”.
Certamente, o Criador criou o homem com um desejo de receber, que é amor próprio que está
dentro dele. Esta é a fonte de todas as luxurias do mal que existem no mundo,
nomeadamente roubos, assassinatos e guerras, todas elas derivam da vontade de receber do
homem. Sucede-se que o Criador criou o homem em absoluta baixeza e ele toma orgulho, ou
seja, que diz que não é como os outros. Sucede-se que ele está a mentir e a verdade não tolera
mentiras.
De acordo com o citado, se uma pessoa vai para a sinagoga e pede ao Criador que escute sua
oração pois ela merece ser escutada pelo Criador — para lhe ser dado pois ela merece, para
lhe ser dado pelo Criador mais que Ele dá aos outros, até quando isto diz respeito à
espiritualidade — então ela está longe do Criador, dado que a falsidade está longe da verdade.
É por isso que é considerado que ela não sabe como O invocar, uma vez que ela evoca o
Criador com uma mentira e isto é chamado “longe” e não “perto”, de acordo com a lei
espiritual que “proximidade significa equivalência de forma e afastamento significa
disparidade de forma”.
Uma vez que não há maior disparidade de forma que entre a verdade e falsidade, é
considerado que ela não sabe como invocar o Criador. O Criador não está próximo dela pois
quando ela pede durante a oração, ela está em falsidade pois ela sente que é mais virtuosa que
os outros pois vê todos os seus defeitos nos outros. Por esta razão, ela quer que o Criador a
ajude.
Mas na verdade, como disseram nossos sábios (Kidushin, p 70), “Qualquer um que ponha
defeito é defeituoso e não fala em louvor do mundo. E disse Shmuel, ‘culpa no seu próprio
defeito.’” Pois há pessoas que sempre olham para as outras. Se a outra aprende como
compreende ou ora como compreende, então a outra está óptima. Se ela não estiver óptima
então ela encontrou um defeito na outra.
Isto é semelhante a aquilo que disse Baal HaSulam, que entre os invejosos há um costume
onde se alguém é mais meticuloso que ele [em observar os mandamentos], ele se chama
“frumér” [termo depreciativo: demasiado devoto], ou seja, demasiado extremista. Não faz
sentido mencionar esta pessoa e é um desperdício até pensar sobre ela. Mas se ela é menos
devota que ele ele diz que a outra pessoa é demasiado branda e deve ser perseguida até ao
ponto de ser banida, para que ela não corrompa as outras.
Essa pessoa, que vem para orar ao Criador para a aproximar por ser virtuosa, está afastada
do Criador, ou seja, em disparidade de forma do Criador, dado que a qualidade do Criador é a
verdade e que a qualidade do homem é a falsidade. Desta forma, isso é considerado que o
Criador está longe dela e desta forma não a escuta.
Devemos questionar, “Se ‘a terra inteira está cheia da Sua glória’, o que significa que o
Criador está longe dela” É como aquele que está longe de outro e não escuta sua voz. Desta
forma, na espiritualidade, é sabido que a medida de afastamento e proximidade depende da
equivalência ou disparidade de forma.
Mas se uma pessoa vem para orar ao Criador e diz para Ele, “Deveis me ajudar mais que aos
outros, dado que os outros não precisam da Tua ajuda tanto pois eles são mais qualificados
que eu e não estão tão imersos no amor próprio como eu estou e têm uma auto-disciplina
melhor que eu e vejo que preciso da Tua ajuda mais que o resto das pessoas, dado que sinto
minha baixeza, que estou mais longe de Ti que qualquer um e cheguei a sentir como está
escrito, “Nós não temos redenção e libertação Rei senão Tu”.
Sucede-se que seu argumento é verdadeiro e tais argumentos o Criador tolera pois eles são
verdadeiros. Diz-se sobre isto, “Eu sou o Senhor, que habita com eles no meio da sua
impureza”. Isto é, embora estejam imersos em amor próprio, que é a fonte da impureza, dado
que ele faz um argumento verdadeiro, o Criador está próximo dele pois a verdade com a
verdade significam equivalência de forma e equivalência de forma significa “perto”.
Com isto vamos entender a questão do sagrado Zohar, que insinua que aquele que não sabe
como invocar sobre ele não tem razão para ir para a sinagoga pois o Criador não escutará sua
voz pois ele está longe do Criador se não souber como O invocar. E outra perplexidade é que
isto contradiz o versículo, “O Senhor é alto e o baixo verá” (Salmos 138). E qual é o sentido
de “baixo”? É aquele que nada sabe, nem sequer como O invocar; ele, também, verá.
Com o citado vamos cuidadosamente entender que ele não precisa de saber coisa alguma, mas
somente do seu verdadeiro estado espiritual — que ele não conhece qualquer sabedoria e
qualquer palavra moral que o ajudem e ele está no pior estado possível que pode haver no
mundo. E se o Criador não o ajuda, ele está perdido. Esta é a única coisa que ele precisa saber
— que ele não sabe coisa alguma e que é o mais baixo de todos. Se ele não o sente, mas pensa
que há pessoas piores, então ele já está em falsidade e já está em afastamento do Criador.
Com isto vamos entender a segunda questão que colocámos, “O que podemos fazer em prol
de sabermos como O invocar e estarmos próximos Dele? O que devemos aprender em prol de
saber? Nesse estado, lhe é dito que ele nada precisa de aprender em especial, mas
simplesmente tentar caminhar no caminho da verdade e então ele terá pelo que orar, ou seja,
pelas necessidades e não por luxos, como está escrito (Salmos, 33), “Eis, o olho do Senhor
está sobre aqueles que O temem, sobre aqueles que esperam Sua misericórdia, para libertar
suas almas da morte e as manter vivas na fome”, ou simplesmente, que ele precisa de vida
espiritual.
Com isto vamos interpretar o versículo, “O Senhor está próximo de todos aqueles que O
invocam”, sem exceção. E a condição que ele afirma, “para todos aqueles que O invocam em
verdade”, não é considerada uma condição especial. Mas entre crianças, se uma chama a outra
e ela sabe que ela mente, ela não se vai importar com ela. Mas aqui, com o Criador, devemos
saber ao que diz respeito a questão da verdade. É difícil que um saiba por si mesmo o que é
um estado de verdade e o que é um estado de falsidade, dado que não conseguimos ver a
verdade. Assim, ele precisa de um guia que o guie e lhe diga o que ele carece e o que ele tem
e até redundâncias que interfiram em ele alcançar a verdade.
Este é o sentido de “Procurai o Senhor enquanto Ele está presente; evocai-O enquanto Ele
está perto”. Certamente, O encontramos quando Ele está perto. Mas onde é lugar chamado
“perto”? É como foi dito acima, “para todos aqueles que O invocam em verdade”. Se uma
pessoa O evoca do seu verdadeiro estado, ela O acha.
154. Três Orações — 1

Artigo 30, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar, Balaque (item 187): “Três são aquelas chamadas ‘oração’: uma
oração por Môshé, uma oração por Dávid, uma oração pelo pobre. Destas três, qual é a mais
importante? Uma oração pelo pobre. Esta oração precede à oração de Moisés e precede à
oração de David. Qual é a razão? Isso é, pois, o pobre tem o coração quebrado e está escrito,
‘O Senhor está próximo daqueles de coração quebrado.’ O pobre sempre discute com o
Criador e o Criador escuta e ouve suas palavras, ‘uma oração pelo pobre quando está ele fraco
[também: embrulha].’ Devia ter dito, ‘quando ele está embrulhado’; o que é ‘quando ele
embrulha’? Isso significa que ele cria um atraso, atrasando todas as orações no mundo, que
não entram até que sua oração entre. Somente o Criador é unificado com estas reivindicações,
como está escrito, ‘e derrama suas palavras ante o Senhor.’ Todos os exércitos dos céus
questionam-se uns aos outros, ‘O que faz o Criador? No que se esforça Ele’?Lhes é dito, ‘Ele
se está a tornar apaixonadamente unificado com Seus Kelim [vasos]’, ou seja, com os de
coração quebrado. Esta oração causa atraso e adiamento de todas as orações no mundo”.
A respeito destas três orações, devemos entender a diferença entre as orações de Moisés,
David e do pobre. Qual é a importância do pobre, em que ele tem reivindicações contra o
Criador e pelas quais ele atrasa todas as orações? Devemos também entender o que significa
que ele atrasa todas as orações no mundo? O Criador é incapaz de responder a todas as
orações de uma só vez? Precisa Ele de ocupar o tempo, como se elas precisassem de estar em
linha uma após a outra?
Vamos interpretar isto na obra, pois todas estas três orações se aplicam a uma pessoa. Estas
são três estados consecutivos na ordem da obra. Descobrimos que há três deficiências que um
deve pedir ao Criador para satisfazer para ele: 1) Torá, que é chamada “Moisés”, 2) o reino
dos céus, 3) um pobre, que está de coração quebrado, se referindo a seus Kelim.
Devemos entender por que ele diz, “O Senhor está próximo daqueles de coração quebrado”,
que é chamado de “próximo”. Aprendemos que “perto” significa equivalência de forma. Mas
como podemos falar de equivalência de forma com o Criador se ele está de coração quebrado?
Devemos também entender daquilo que aprendemos, “O Senhor está próximo de todos
aqueles que O invocam em verdade”. Isto é, o que é “perto”? “Verdade” é chamada “perto” e
os de coração quebrado não são chamados de “próximos”. Devemos entender a reivindicação
que o pobre tem contra o Criador, como se o Criador dissesse que o pobre tem razão, pois
vemos que por causa das reivindicações Ele o escuta mais que aos outros, como foi dito nas
citadas palavras do sagrado Zohar.
Mas está escrito em O Zohar (“Introdução para o Livro do Zohar”, item 174): “Rabi Shimon
começou, ‘Aquele que jubila nos feriados e não dá sua quota para o Criador.’” Em O Zohar
(item 175), explica ele o que é a quota do Criador: “A quota do Criador é deleitar o pobre
tanto quanto ele puder, pois nos feriados o Criador vem para ver Seus Kelim quebrados”.
Interpreta ele na Sulam [comentário da Escada sobre O Zohar] por que a quota do Criador é
pelo pobre, se referindo aos vasos quebrados que precederam à criação do mundo. Nas suas
palavras: “Pela quebra dos Kelim de Kedushá [santidade] e sua queda para os separados BYA,
centelhas de Kedushá caíram para as Klipot [cascas/peles]. Delas, todos os tipos de prazeres e
tendências entram no domínio das Klipot, pois as centelhas as transferem para a recepção do
homem e para seu prazer. Com isso, elas causam todos os tipos de transgressões, tais como
furto, roubo e matança”.
Respectivamente, devemos interpretar o que significa que o queixume do pobre é com uma
reivindicação. Diz ele, “Por que é minha culpa que Ele me tenha criado de vasos quebrados,
por causa dos quais tenho dentro de mim todos os tipos de luxos e pensamentos do mal? Tudo
isto veio até mim somente por ter derivado dos vasos quebrados, que foi o primeiro lugar
onde eles quiseram propagar a abundância superior para os vasos de recepção com a intenção
de receber em prol de receber e não de todo com a intenção de doar. Por causa disso, amor
próprio foi instalado em mim e por essa razão eu estou longe de qualquer coisa espiritual e
não tenho parte em Kedushá, que é fundada somente em vasos que tenham a intenção de doar.
Sucede-se que todo meu sofrimento por não ter acesso a Kedushá e ver que estou longe de Ti
devido à disparidade de forma que tenho como resultado do amor próprio, que é o inteiro
inimigo que está no meu coração, é Ele que causa todos meus maus estados. Tudo veio pois
Tu me criaste deste modo”!
Por esta razão, vem ele com queixumes e diz, “Eu não consigo mudar a natureza com a qual
Tu me criaste, mas eu quero que tal como Tu me criaste com amor próprio, agora Tu me dês
uma segunda natureza, tal como Tu me deste a primeira, ou seja, um desejo de doar, pois eu
não consigo lutar contra a natureza que Tu imprimiste em mim. Além do mais, eu tenho
provas que é Tua culpa que não tenho a força para superar. Disseram nossos
sábios (Kidushin 30), ‘Rabi Shimon Ben Levi disse, ‘A inclinação do homem o supera todos
os dias e o procura condenar à morte, tal como foi dito, ‘O ímpio observa o justo e procura
condená-lo à morte.’ Não fosse a ajuda do Criador, ele não a teria superado, ‘Deus não o
deixará na sua mão.’”
Sucede-se que as reivindicações do pobre são justificadas. Isto é, ele não tem a força para a
superar se o Criador não o ajudar, tal como disseram nossos sábios. Portanto, ele vem com
uma queixa para o Criador que somente Ele pode ajudar, e não outro, tal como
está implícito nas palavras de nossos sábios que “O Criador espera a oração do justo”, ou seja,
aqueles que oram que querem ser justos. A razão para isto foi explicada nos anteriores ensaios
de Baal HaSulam.
Assim se sucede que sua reivindicação para o Criador por o ter criado em tal baixeza é
justificada, ou seja, que o Próprio Criador o fez de tal modo que ele não consiga esperar
qualquer coisa que o ajude senão o Criador. É por isso que a oração do pobre é chamada “de
coração quebrado”, ou seja, que ela vem da quebra dos vasos. Sucede-se que o argumento dos
de coração quebrado é um argumento verdadeiro e a verdade é chamada “próxima” pois ela
está em equivalência de forma com o Criador. É por isso que esta oração é respondida
primeiro, uma vez que aqui começa a ordem do trabalho.
Com isto vamos entender aquilo que questionamos, que aqui ele diz que “próximo” significa
de coração quebrado e lá aprendemos que “perto” é verdadeiro, como está escrito, “O Senhor
está perto (chamado) de todos aqueles que o invocam em verdade”. A resposta é que o
argumento dos de coração quebrado é um verdadeiro argumento. Sucede-se que as duas são a
mesma, ou seja, que devemos saber que quando vamos orar para o Criador nós lhe falamos
palavras da verdade.
Foi isso que explicámos no artigo anterior [29, Tav-Shin-Mem-Hey], que quando ele vem
para orar para o Criador ele precisa de pedir ao Criador que o ajude: “Uma vez que estou
verdadeiramente no pior estado do mundo, pois embora possam haver pessoas mais baixas
que eu, tanto na Torá como na obra, elas não sentem a verdade tal como eu vejo na minha
situação. Desta forma, elas não têm a deficiência que eu tenho e portanto não precisam tanto
da Tua ajuda. Mas eu realmente vejo meu verdadeiro estado, que estou completamente
desconectado da espiritualidade depois de todo o trabalho que fiz tanto em tempo como em
esforço. E, todavia, agora vejo que ‘os dias anteriores foram melhores que estes’ e por muito
que tente avançar em frente, sinto que estou a andar para trás.’” Isto é chamado “um
verdadeiro argumento” e para tal é possível atribuir equivalência de forma com o Criador no
sentido que ele faz um verdadeiro argumento.
Com isso vamos entender a pergunta, “Por que a oração do pobre atrasa todas as orações? É o
Criador incapaz de responder a todas as orações de uma só vez? ” Precisamos de aprender
todas as três orações num só corpo. Significa isto que é impossível responder a tudo aquilo
que uma pessoa pede, exceto pela ordem que uma pessoa o possa receber. Isto é, se ela
receber isto, isso será para o bem dela. Mas se ela receber alguma satisfação que ela quer isso
será para seu detrimento e seu desejo certamente não será concedido pois o Criador quer
beneficiá-la e não a prejudicar.
Portanto, o inferior deve receber do alto de acordo com aquilo que o inferior precisa
realmente. É por isso que ele deve orar pela sua pobreza, que ele tem reivindicações que Ele o
criou com tal vontade de receber, que ele sente que lhe causa todo o mal e causa todos os seus
problemas. Posteriormente pode ele pedir para lhe ser dado o reino dos céus, pois lhe foram
dados vasos de doação e já consegue receber fé, chamada “reino dos céus”.
Isto é, um não consegue alcançar o fardo do reino dos céus, chamado de “fé”, antes que ele
tenha vasos de doação, tal como ele diz na Sulam (“Introdução ao Livro do Zohar”, p 138): “É
uma lei que a criatura não consegue receber mal aparentando Dele, pois é um defeito na Sua
glória que a criatura O perceba como malfeitor, pois isso é desadequado do Operador perfeito.
Assim, quando um se sente mal, à essa medida há negação da Sua orientação sobre ele e o
Operador está escondido dele”.
Portanto, primeiro um deve receber força do alto para ter uma segunda natureza, que é o
desejo de doar. Subsequentemente, pode ele pedir outro grau, que é David, ou seja, o reino
dos céus. Sucede-se que a oração do pobre atrasa todas as outras orações, ou seja, que antes
que o pobre receba seu desejo, um não consegue adquirir graus mais altos. É por isso que está
escrito, “Uma oração pelo pobre quando ele está fraco [também “embrulha”]”.
Então vem a segunda oração, que é a oração por David, sendo o reino dos céus, quando ele
pede para ter fé, para sentir o Operador que opera com Sua orientação sobre o mundo inteiro.
Isto assim é pois agora ele já consegue percepcionar o Criador como fazendo o bem, como
escrito na Sulam, uma vez que ele já tem vasos de doação. Assim, ele já consegue ver como
Ele faz o bem.
Ocorre que é impossível obter a fé, que é o reino dos céus, antes que um tenha adquirido a
correção das qualidades, de sempre estar pronto para doar e não receber em prol de receber.
Inversamente do alto não lhe é permitido obter a fé. Isto é considerado a oração do pobre
atrasar todas as orações. Isto é, antes que uma pessoa revele sua deficiência, que ela está
imersa em amor próprio e que ela quer emergir dele, é inútil pedir outras coisas.
Posteriormente vem o tempo da oração de Moisés, que é considerada a Torá. Isto assim é pois
é impossível ser recompensado com a Torá antes que ele obtenha a fé, pois “É proibido
ensinar a idolatras a Torá”, como foi dito, “Esta é a lei [Torá] que Moisés dispôs ante os filhos
de Israel”. E está escrito em O Zohar: “É proibido ensinar a idolatras a Torá” e “Aquele que
se circuncidou, mas não mantém os mandamentos da Torá é como se ele não tivesse sido
circuncidado, como está escrito (Jetro), ‘Se Me fizeres um altar de pedra, o construirás de
pedras cortadas, pois se empunhares tua espada sobre ela, a profanarás.’ Embora tenhas
empunhado tua espada sobre ela, significando que ele se circuncidou, ele a profana, que
significa que ele profanou a circuncisão”.
Significa isto que até aquele que é circuncidado e tenha pais Judeus ainda não é considerado
“Israel” em respeito à Torá, ou seja, que lhe é permitido aprender Torá, se ele não mantiver os
mandamentos da Torá. Isto é o que é implícito nas supracitadas palavras de O Zohar.
Está escrito em O Zohar (Pinehás, item 68): “‘E vinho faz o coração do homem alegre.’ Este
é o vinho da Torá, pois vinho é o mesmo número que Sod [secreta]. Pois o vinho deve ser
ocultado e selado para que ele não seja derramado na idolatria, assim é a Torá: ela deve ser
ocultada e selada e todos seus segredos são derramados somente sobre aqueles que O temem”.
Portanto, a oração de Moisés, que é a Torá, é um grau que vem depois do reino dos céus,
chamado temor. Este é o sentido da Torá ser dada especificamente a aqueles que O temem.
Este é também o sentido daquilo que disseram nossos sábios, “Os Tefilin da mão precedem
aos Tefilin da cabeça”, uma vez que está escrito, “Os atareis como sinal na vossa mão e eles
serão como frontais entre vossos olhos”.

Interpreta o sagrado Zohar que os Tefilin da mão são Malchut e os Tefilin da cabeça são ZA.
Os Tefilin da mão devem ser cobertos pois está escrito, “E eles serão como um sinal para vós
na vossa mão”, e está escrito “Para vós como um sinal e não para outros como um sinal”
Disse Baal HaSulam que Malchut é chamada “fé”. Por esta razão, deve ela ser ocultada, que
significa que Malchut está acima da razão, ela é chamada “ocultação”. Desta forma, assim que
ele adquire fé, que é chamada “reino dos céus”, pode ele ser recompensado com a Torá,
chamada ZA, que implica os Tefilin da cabeça, onde já há divulgação da Torá. Foi por isso
que disseram nossos sábios sobre o versículo, “E todos os povos da terra verão que vós sois
chamados pelo nome do Senhor e eles vos temerão”, que estes são os Tefilin da cabeça, onde
há visão.
158. Não se considera a si mesmo um Ímpio

Artigo 31, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


A respeito de “Um não se considera a si mesmo ímpio”, está escrito em O Zohar (Balaque,
item 193): “Rei David se considerava a si mesmo em quadro modos. Ele se considerava a si
mesmo com os pobres, se considerava a si mesmo com os Chassadim [piedosos/seguidores
devotos]. Se considerava a si mesmo com os Chassadim, como está escrito, ‘Preservai minha
alma, pois eu sou pio’, pois um não se deve considerar a si mesmo ímpio. E caso você diga,
‘Se assim é ele nunca confessará seus pecados’, isto assim não é. Em vez disso, quando ele
confessa seus pecados, então ele será um Chassid, pois ele chegou para receber
arrependimento e se retira a si mesmo do lado do mal, em cuja imundice ele até então se
encontrava. Mas agora ele se apegou à direita superior, que é Chéssed que está estendida para
o acolher. E porque ele se apegou a Chéssed, ele é chamado Chassid [pio/seguidor devoto].
Não diga que o Criador não o aceita até que ele detalhe todos seus pecados desde o dia em
que veio ao mundo, ou até aqueles que estavam escondidos dele. Isto assim não é. Em vez
disso, ele só precisa de detalhar os pecados dos quais se recorda. Se ele dispuser sua mente
sobre eles para se arrepender durante a confissão, todos os outros pecados os seguem”, até
aqui foram suas palavras.
Nós devemos entender o seguinte:
1) Como pode um dizer sobre si mesmo que ele é um Chassid? Isto já é um grau de
importância, então como se louva ele a si mesmo por si mesmo?
2) Ele diz que um não se deve considerar a si mesmo ímpio. Por outro lado, ele diz que um
deve detalhar os seus pecados, mas diz que ele não precisa de detalhar todos os seus pecados
desde o dia em que veio ao mundo, mas somente detalhar os pecados dos quais se lembre.
Logo, quando ele detalha os pecados que cometeu, ele já é ímpio. Então por que diz ele que
um não se deve considerar a si mesmo ímpio? Há uma diferença entre dizer que ele fez más
ações, mas não dizer sobre si mesmo que é ímpio? Se ele diz que fez más ações então está a
dizer sobre si mesmo que é um ímpio de qualquer modo. É como achamos nas palavras de
nossos sábios (Sinédrio 9b): “Rav Yosef disse, ‘Uma pessoa veio para o forçar; ele e outro se
juntaram para o matar. Pela sua vontade, ele é ímpio. A Torá disse, ‘Não faças de um ímpio
testemunha.’ Rába disse, ‘Uma pessoa é próxima de si mesma e não se considera a si mesma
ímpia.’”
Assim, significa isto que se dizemos que ele pecou, ele não pode ser de confiança pois é
ímpio. Mas aqui, quando ele confessa seus pecados, devemos dizer que só com isto ele é
chamado “ímpio”, uma vez que estás a dizer, “Como um não se considera ímpio”. Logo, a
pergunta permanece, como pode ele detalhar seus pecados durante a confissão?
Devemos saber o por quê de eles terem dito, que “Um não se considera a si mesmo ímpio”.
Isto assim é “uma pessoa é próxima de si mesma”. Com isso devemos dizer que uma vez que
o “Amor cobre todas as transgressões”, não conseguimos ver quaisquer defeitos naqueles que
amamos, dado que um defeito é algo mau e um não se consegue prejudicar a si mesmo, pois
ele é parcial devido ao amor próprio. Por esta razão, “Um não se considera a si mesmo ímpio”
e não é de confiança testemunhar alguma coisa má sobre si mesmo, como um parente, que é
desqualificado.
Devemos saber que quando um vem para pedir arrependimento do Criador e pede a ajuda do
Criador para que ele se possa arrepender, a pergunta se levanta, “Se ele se quer arrepender,
quem o está a impedir”? Ele pode escolher se arrepender, então por que precisa ele de pedir
ajuda ao Criador para se arrepender? Na Oração das Dezoito (Shmonei Eszre/Amidá) oramos,
“Traz-nos de volta, nosso Pai, à Tua lei, e aproxima-nos, nosso Rei, à Tua obra, e devolve-nos
completo arrependimento perante Ti”. Significa isto que sem Sua ajuda, um não se consegue
arrepender. Devemos entender por que isto assim é, que um não se consiga arrepender
sozinho.
Nos artigos anteriores explicámos que por que o Criador criou em nós um desejo de receber e
esse desejo inicialmente emergiu em prol de receber, só posteriormente, aprendemos, houve
uma correção para não receber em prol de receber, mas em prol de doar. Isto é chamado a
“correção da Tzimtzum [restrição]”. Significa isto que antes que o inferior seja digno da
direção de doar, esse lugar esteja vazio de luz. O que deriva desta correção até às criaturas é
que antes que um saia do amor próprio, ele não consegue sentir a luz do Criador. Por esta
razão primeiro devemos sair do amor próprio, ou a Tzimtzum está sobre nós.
Porém, uma pessoa não consegue sair da natureza que o Criador criou, pois, o Criador criou
essa natureza. Desta forma, não há outro modo senão pedir ao Criador que lhe dê uma
segunda natureza, que é o desejo de doar. Logo, a escolha que atribuímos ao homem está
somente na oração, de pedir ao Criador que o ajude e lhe dê essa segunda natureza. Por esta
razão, quando um se quer arrepender, ele deve pedir ao Criador que o ajude a sair do amor
próprio para o amor pelos outros. É por isso que pedimos ao Criador e dizemos e oramos,
“Traz-nos de volta, nosso Pai”.
Mas quando é que um pede verdadeiramente ao Criador para o trazer de volta com
arrependimento? Isto pode ser somente quando ele sente que se deve arrepender. Antes que
ele chegue à decisão de que ele é ímpio, não há lugar para a oração de ser reformado. Afinal,
ele não é assim tão ímpio para precisar da misericórdia do Criador. O sentido das orações que
devem ser concedidas é precisamente que a pessoa precisa de misericórdia, como dizemos na
Oração das Dezoito, “Pois Tu escutas a oração de cada boca (assim é insinuado, mas
quando?) de Teu povo, Israel”.
Correspondentemente, quando escuta o Criador a oração de cada boca? Se uma pessoa sente
que precisa de misericórdia. Isto pertence especificamente a quando ela está em grande
aflição e ninguém a consegue ajudar. Pode então ser dito que ela vai até ao Criador para pedir
misericórdia. Mas anteriormente, quando ela foi até ao Criador para pedir luxos, ou seja,
quando o estado em que ela estava não era assim tão mau, que haviam pessoas cujo estado ela
via como piores que o seu, então sua oração para o Criador não era por que ela precisava da
misericórdia dos céus, mas porque ela queria estar num estado melhor, superior aos outros.
Isto é considerado pedir ao Criador uma vida de luxos, ou seja, que ela queria ser mais feliz
que os outros.
Deste modo, quando um pede ao Criador para conceder sua oração, primeiro ele precisa de
ver que ele precisa que lhe seja dada vida mais que aos outros, ou seja, que ele vê que todos
estão a viver no mundo, mas ele vê que ele não tem vida pois se sente a si mesmo como ímpio
e vê que está mais imerso em amor próprio que os outros. Nessa altura ele vê que precisa da
misericórdia dos céus não porque ele quer viver uma vida de luxos, mas porque ele não tem
vida de Kedushá [santidade].
Sucede-se que nessa altura realmente ele está a pedir misericórdia, algo para reanimar sua
alma. Ele clama para o Criador, “Uma vez que ‘Tu dás pão aos famintos; o Senhor liberta os
prisioneiros.’” Isto é, ele vê que simplesmente precisa de fé, chamada “pão” e vê que ele está
sentado na prisão, chamada “amor próprio” e não consegue sair de lá, pois somente o Criador
o pode ajudar. Isto é considerado orar uma verdadeira oração.
Nós devemos saber que a oração diz respeito a uma deficiência. Uma deficiência não significa
não ter. Em vez disso, uma deficiência é uma necessidade. Desta forma, uma grande
deficiência significa que ele tem uma grande necessidade pela coisa que ele pede. Se ele não
tem uma grande necessidade isso significa que ele não tem uma grande deficiência e assim
sua oração não é assim tão grande, pois ele não é tão necessitado da coisa que ele pede. É por
isso que o pedido também não é tão grande.
Sucede-se de tudo o citado que um não consegue ver uma coisa má em si mesmo.
Correspondentemente, devemos questionar, “Se uma pessoa sabe que está doente e estar
doente é certamente mau, ela vai ao médico para curar sua doença. Se o médico lhe diz que
nada vê de errado com seu corpo, ela não pode confiar nele. Ela deve ir a um especialista, que
lhe dirá que achou alguma coisa de errado com seu corpo e ela precisa de atravessar por uma
cirurgia. Essa pessoa será certamente feliz por ele ter achado o que havia de mal nela e ela lhe
paga uma grande soma por ter achado sua enfermidade e por saber como curar seu corpo para
que ela possa desfrutar da vida.
Nós vemos que se acharmos o mal, isso é uma coisa boa, tal como com a doença. Nessa altura
não pode ser dito que uma pessoa não vê o mal em si mesma, dado que nessa altura ela quer
corrigir o mal, então o mal é considerado como uma coisa boa. Sucede-se que nessa altura
uma pessoa consegue achar o mal em si mesma.
De acordo com isso, podemos entender as palavras de O Zohar quando questionámos sobre
como por um lado ele diz “Ele não se considera a si mesmo ímpio”, e então diz que ele deve
detalhar seus pecados? Afinal, quando ele detalha os pecados que havia cometido ele se vê a
si mesmo como ímpio ao dizer que ele fez esta ou aquela transgressão. Nós podemos
responder a isto diferentemente: Quando ele vem para pedir ao Criador, Ele o aproxima pois
ele está imerso em mal, ou seja, amor próprio. Se ele quer que sua oração seja concedida, ele
sabe que deve orar ao Criador do fundo do coração, ou seja, que ele precisa de mais
misericórdia que o resto das pessoas pois se sente a si mesmo pior que elas.
Nessa altura ele deve ver por si mesmo o mal que ele tem mais que no resto das pessoas.
Inversamente isso é considerado dizer uma mentira que ele é pior que elas e está escrito, “O
Senhor está próximo de todos aqueles que O invocam em verdade”. Desta forma, se ele achar
mal em si mesmo, então pode ver sobre si mesmo que tem uma grande necessidade que o
Criador o ajude, isso é considerado para ele como uma coisa boa. Desta forma, quando ele
detalha seus pecados, isso não é considerado “se considerar a si mesmo ímpio”. Pelo
contrário, agora ele pode fazer uma oração honesta para que o Criador o aproxime Dele.
Acontece que ao achar o mal em si mesmo ele se torna muito necessitado do Criador e uma
necessidade é chamada “deficiência”. Também, a oração que ele ora deve ser do fundo do
coração, dado que “do fundo” significa que a oração que ele ora é sobre
sua deficiência não ser superficial. Em vez disso, essa deficiência toca no ponto no seu
coração, ou seja, que todos os órgãos sentem sua deficiência e somente então é ela chamada
uma “oração”.
Com isto vamos entender a pergunta que fizemos, “Como pode ele dizer sobre si mesmo que
é um Chassid, dado que um Chassid já é um grau, nem todos são chamados Chassid, então
como pode ele dizer sobre si mesmo que é um Chassid? De acordo com o que eu escutei de
Baal HaSulam, disse ele, “Ele dará sabedoria aos sábios.’ Mas devia ter dito, ‘Ele dará
sabedoria aos tolos.’” Ele disse sobre isto: “Um ‘sábio’ recebe seu nome segundo o futuro.
Isto é, aquele que deseja ser sábio já é considerado sábio”.
Desta forma, quando ele disse “Eu sou pio [Chassid]”, isso significa que ele quer ser pio, que
é chamado “amor pelos outros”. Primeiro ele disse uma oração pelo pobre, ou seja, que ele
estava em amor próprio e “Eu quero ser um Chassid”. É por isso que o sagrado Zohar acaba
lá: “Nessa altura ele é um Chassid, pois ele chegou a receber arrependimento e ele se retira do
lado do mal, em cuja imundice ele estava até agora. Mas agora ele se apegou à direita superior
que é Chéssed que está estendida para o acolher. E porque ele se apegou a Chéssed, ele é
chamado Chassid [pio/seguidor devoto]. Isto é, agora ele chegou a se apegar a Chéssed, então
ele é chamado Chassid, segundo o futuro.
Com isto também entenderemos o que o sagrado Zohar diz, “Não digas que o Criador não o
aceita até que ele detalhe todos os pecados desde o dia em que veio para o mundo”. Isto assim
não é. “Se ele colocar sua mente em se arrepender deles durante a confissão, todos os pecados
os seguem”. Devemos dizer que se ele ora pelo público e pela raiz, dos quais todos os pecados
vêm, nomeadamente da vontade de receber, naturalmente todos os pecados os seguem, ou
seja, seguem o amor próprio.
161. Sobre a Recompensa dos Receptores

Artigo 32, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


É sabido que o homem não consegue trabalhar sem recompensa. Significa isto que se não for
dada recompensa a um, ele não faria um movimento. Isto deriva da raiz das criaturas, que é
absolutamente estática, como está escrito em O Estudo das Dez Sefirot (Parte 1, item 19):
“Nós adoramos repousar e odiamos veementemente o movimento, ao ponto que não fazemos
um único movimento se não acharmos repouso. Isto é nossa Raiz é estática e serena; não há
movimento Nele que se pareça. Por esta razão, é também contra nossa natureza e odiado por
nós”.
De acordo com isso, devemos saber qual é a recompensa pela qual é tão vantajoso trabalhar.
Para explicar isto devemos olhar para o que sabemos — que há o propósito da criação e a
correção da criação.
Esse propósito da criação é da perspectiva do Criador. Isto é, nós dizemos que o Criador criou
a criação por causa do Seu desejo de fazer o bem às Suas criações. Isto levanta as perguntas
famosas, “Por que as criaturas não estão a receber deleite e prazer, pois quem pode ir contra
Ele e dizer que não quer deleite e prazer se Ele instalou nas criaturas uma natureza onde toda
e cada uma quer receber”?
Aprendemos que somente a vontade de receber é chamada “criação” e “criação” significa algo
novo, que é chamado “existência a partir da ausência”. Desta forma, Ele criou esta natureza
nas criaturas, que significa que todos querem receber e Ele quer dar. Então quem o atrasa?
A resposta para isto é apresentada nas palavras do ARI (no princípio do livro, Árvore da
Vida): “Para trazer à luz a perfeição de Suas ações, Ele se restringiu a Si Mesmo”. Ele explica
lá, na “Reflexão Interna”, que isso significa que dado que há uma diferença entre dador e
receptor, isso causa disparidade de forma, ou seja, desagradabilidade para os receptores. Para
corrigir isto houve uma correção que a abundância brilha somente num lugar onde haja uma
direção de doar, pois isto é chamado “equivalência de forma” e “Dvekút [adesão] com o
Criador”.
Então, quando ele recebe o deleite e prazer, ele não sente desagradabilidade e a abundância
pode chegar até ao receptor pois o receptor não sentirá qualquer deficiência aquando da
recepção da abundância. Isto é, ele não se sentirá deficiente pois ele é um receptor, uma vez
que sua meta é doar contentamento sobre o Criador e não porque ele quer receber prazer para
si mesmo.

Sucede-se que se refletirmos sobre o que devemos fazer em prol de receber o deleite e prazer,
é somente obter os Kelim[vasos], que são uma segunda natureza, chamada “vasos de doação”.
Isto é chamado a “correção da criação”. Desta forma, devemos saber que a recompensa que
devemos exigir que o Criador nos dê em retorno pelo nosso trabalho em Torá e
Mitzvot [mandamentos]: é que Ele nos dê vasos de doação.
Está escrito na introdução ao livro, Panim Masbirot [Face Acolhedora], a raiz da recompensa
é a Massach [tela] e a Ór Chozêr [Luz Refletida]. Desta forma, não precisamos de exigir
prazer e abundância em retorno pelo nosso trabalho, mas vasos de doação, pois isto é tudo o
que precisamos em prol de receber o deleite e prazer. Antes que um obtenha os vasos de
doação, ele sofre na sua vida, pois ele não tem os Kelim adequados para receber deleite e
prazer.
Nós vemos que devemos fazer três discernimentos nas nossas ações na ordem do nosso
trabalho: 1) coisas proibidas, 2) coisas permitidas, 3) Mitzvot. Com coisas proibidas é
impossível falar de intenções pelo Criador, que eu posso fazer algo proibido até
em Lishmá [pelo Seu bem]. Nós não podemos falar de as fazermos. Nossos sábios chamam a
isto um “Mitzvá[mandamento] que vem através de transgressão”. Somente com as coisas
permitidas pode ser dito que devemos direcionar pelo Criador, ou que ele não consegue
direcionar e então ele não tem Mitzvá. Contudo, quando ele não consegue direcionar para
doar, esta ação é considerada um Mitzvá.
Com ações de Mitzvá, tais como comer um Matzá [Pão de Pessach], comer
numa Sucá [cabana de Sucot], etc., até quando um não direciona para doar com elas, isso
ainda é considerado um Mitzvá, dado que Lo Lishmá [não pelo Seu bem] também é
um Mitzvá. Mas quando ele direciona em prol de doar, esse Mitzvá o faz ser recompensado
com a luz no Mitzvá.
Quando ele não consegue mais direcionar, mas faz o Mitzvá Lo Lishmá, nossos sábios
disseram, “Um sempre deve se envolver em Torá e Mitzvot Lo Lishmá e de Lo
Lishmá chegará ele a Lishmá”. Sucede-se que até quando ele não direciona, ele observa
as Mitzvot do Criador. Mas quando ele faz coisas permitidas, isso é chamado “opcional” e isto
não pode ser somado à conta de Mitzvot.
Porém, quando ele comete coisas proibidas a transgressão é inscrita na sua conta. Nessa altura
ele regride do caminho da Torá, se tornando mais afastado do Criador. Quando ele
observa Mitzvot Lo Lishmá ele também se aproxima do Criador, mas este é um longo
caminho, ou seja, que com isso ele se está a aproximar do Criador por um percurso longo até
que se possa apegar ao Criador.
Mas quando ele realiza os Mitzvot Lishmá, com isto ele se torna mais aderido ao Criador toda
e cada vez, até que seja recompensado com os sabores da Torá e Mitzvot.
Também podemos discernir disto se ele desfruta do Mitzvá ou não. Isto é, quando ele come
um minúsculo pedaço de Matzá, ele não consegue observar o Mitzvá se ele não está a
desfrutar, pois aquele que come um minúsculo pedaço de Matzá, abaixo do limiar do prazer,
não faz o seu dever. Em vez disso, ele deve desfrutar, inversamente ele não pode abençoar.
Também, o deleite no Shabat [Sabate] é um Mitzvá. Se ele não gostar de comer uma refeição
de Shabat, ele também não fez seu dever. Desta forma, a regra é que na Véspera do Shabat,
perto da oração da tarde, um não deve comer até que seja escuro, para que ele desfrute da
refeição. Nossos sábios disseram sobre isso (Pesachim, p 99): “‘Um não deve comer na
véspera de Shabat e bom dia da oração da tarde em diante, para que ele chegue com fome ao
Shabat’, as palavras de Rabi Yehuda”.
Ainda assim, até se ele não conseguir direcionar em prol de doar, ele ainda observa
o Mitzvá de comer um Matza etc. Também, com coisas permitidas, até se ele não conseguir
direcionar em prol de doar, isso ainda é considerado não ser mais materializado ao comer
coisas permitidas quando são necessárias, ou seja, que sem elas uma pessoa não pode viver. É
permitido receber estas coisas em qualquer caso, ou seja, até quando ele não conseguir
direcionar para doar com elas.
Mas com coisas permitidas que não são necessárias, quando um as usa ele se torna mais
materializado até se ele não cometer transgressão ao comê-las. Por um lado, podemos dizer
que as necessidades se encontram um grau abaixo das Mitzvot quando são feitas em Lo
Lishmá.
Desta forma se sucede que devemos discernir de baixo para cima: 1) coisas proibidas, 2)
coisas permitidas com as quais não conseguimos direcionar para doar, 3) permitidas, mas
coisas necessárias, 4) Mitzvot com as quais ele não direciona em prol de doar, 5) coisas
permitidas com as quais ele direciona em prol de doar. (Porém, um Mitzvá sem a direção e
coisas permitidas em prol de doar requerem escrutínio, quais delas são mais importantes pois
há espaço para enganos aqui. É por isso que não o quero escrutinar), 6) Mitzvot com as quais
ele direciona em prol de doar.
Acontece que a recompensa é somente obter vasos de doação. Quando um alcança estes vasos
ele tem tudo.
163. Os Criminosos de Israel

Artigo 33, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“Rish Lakish disse, ‘Os criminosos de Israel, a luz do Inferno não os governa, muito menos
do altar de ouro, etc., Os criminosos de Israel estão cheios de Mitzvot [mandamentos/boas
ações] como uma romã, como está escrito, ‘Teu Templo é como a fatia de uma romã.’ Não o
pronuncie Rakatech [teu Templo], mas Reikanin [vazio] pois vós estais cheios
de Mitzvot como uma romã, tanto quanto o mais” (fim de Hagiga [Maséchet]).
A respeito dos criminosos de Israel, devemos entender em respeito a quem são eles chamados
os “criminosos de Israel” : 1) É em respeito à Torá, 2) ou em respeito ao todo de Israel que
eles são considerados os criminosos de Israel, 3) ou em respeito ao próprio indivíduo? Isto é,
se ele vê e sente sobre si mesmo que ele é os criminosos de Israel. Superficialmente, é difícil
ver como pode um estar cheio de Mitzvot como uma romã, todavia ser considerado como os
criminosos de Israel.
Se interpretarmos isto em respeito à própria pessoa, podemos dizer e interpretar, “Embora
estejam cheios de Mitzvot como uma romã”, ele vê que é ainda como os criminosos de Israel.
Nós devemos interpretar Rimon [romã] da palavra Rama’ut [engano]. Isto é, ele vê que se está
a enganar a si mesmo, ou seja, que embora esteja cheio de Mitzvot, nomeadamente ele vê que
nada tem a acrescentar em quantidade e de acordo com seus esforços, ele certamente já devia
ser Israel agora, ou seja, Yashar-El [direto ao Criador], onde tudo é pelo Criador. Todavia,
depois de seu auto escrutínio, ele vê que se engana a si mesmo, que a principal razão pela qual
ele se envolve em Torá e Mitzvot é o amor próprio e n~~ao em prol de doar contentamento
sobre seu Fazedor, que é chamado Yashar-El, ou seja, que todo seu trabalho vá diretamente
para o Criador.
Uma vez que ele viu que todo o seu trabalho era somente em prol de receber, ele viu que era
um criminoso em respeito a Israel. Isto é, que ele não quer que seu trabalho seja pelo citado,
chamado “em prol de doar contentamento sobre o Criador”. Em vez disso, todo o seu trabalho
é sobre a base de manter tudo abaixo, que é considerado ser de inferior importância e o dador
é de importância superior.
Isto deriva da raiz. Uma vez que o Criador é o dador, Ele é considerado estar “acima”. A
criatura, que recebe do Criador é considerada ser de inferior importância. Assim, se sua obra é
em prol de receber, é considerado que ele quer que seu trabalho em Torá e Mitzvot permaneça
abaixo, ou seja, na recepção.
Isto é chamado “transgredir no aspecto de Israel”, pois em vez de servir o Criador, onde ele
quer trabalhar para doar sobre o Criador, ele faz o oposto — querer que o Criador sirva o
homem. E uma vez que eles disseram que nada é dado de graça, mas a recompensa é dada de
acordo com o trabalho, tal como é feito no mundo físico, é assim que ele quer trabalhar. Ele
trabalha pelo Criador sob a condição que o Criador pague pelo seu trabalho. Inversamente ele
não terá força para fazer qualquer movimento sem recompensa.
Porém, como pode um ver a verdade, que ele se engana a si mesmo a respeito da qualidade da
meta e não consegue fazer a obra sagrada na verdade? Nossos sábios disseram que em
respeito a isso um não consegue ver a verdade antes que ele tenha luz. Isto é, um vê que ele
faz muitas Mitzvot, ou seja, que ele está cheio de ações e não vê lugar onde possa fazer mais
ações que o ajudem a se tornar “Israel”, ou seja, somente para doar, sem qualquer necessidade
de amor próprio. Ele não vê que alguma vez venha a alcançar isto sozinho a menos que tenha
ajuda do alto e é impossível que o homem seja capaz de fazer isto.
Sucede-se que as Mitzvot que ele fez o fizeram ver a verdade, que até então ele se enganava a
si mesmo pensando que uma pessoa consegue obter a força que muda a intenção para doar
sozinha. Agora ela chegou a perceber que não é este o caso.
Agora podemos interpretar, “até os vazios entre vós estão cheios de Mitzvot como uma romã”.
Significa que embora eles estejam cheios de Mitzvot, eles sentem que estão vazios pois veem
que são como uma romã, das palavras, “Eu chamei aos meus amores; eles me enganaram”
(Lamentações, 1), ou seja, engano, cuja obra em Torá e Mitzvot era somente para seu próprio
benefício e não para beneficiar o Criador.
Mas quem o fez saber isto? É precisamente por ele estar cheio de Mitzvot. Isto o fez ver que
ele não se deve enganar a si mesmo ao pensar que ele se pode tornar “Israel”. Em vez disso,
agora ele vê que é os “criminosos de Israel”.
Sucede-se que é impossível obter verdadeiro conhecimento do seu grau na espiritualidade, a
menos que ele esteja cheio de Mitzvot. Nessa altura ele vê o seu estado, que até agora ele
estava em engano e agora ele está no grau de “criminosos de Israel”. Mas sem Mitzvot é
considerado estar sem luz e então um não consegue ver a verdade, que ele precisa que o
Criador o ajude para se tornar “Israel”.
Porém, devemos saber que ao dizer que se ele está cheio de Mitzvot então ele vê que é como
uma romã chega a estipulação: Diz-se especificamente quando se trata de uma pessoa que
procura a verdade. Nessa altura se diz que aquele que procura a verdade não consegue ver a
verdade até que esteja cheio de Mitzvot, mas não antes.
Assim, isto requer duas coisas: 1) Por um lado ele precisa de se envolver em Torá
e Mitzvot tanto quanto puder, sem qualquer criticismo se é o caminho da verdade ou não.
Somente depois do facto pode ele criticar, mas não enquanto se envolvendo em Torá
e Mitzvot, pois nessa altura ele precisa de se sentir a si mesmo em inteireza, como disseram
nossos sábios, “Um sempre se deve envolver em Torá e Mitzvot Lo Lishmá [não pelo Seu
bem], pois de Lo Lishmá nós chegamos a Lishmá [pelo Seu bem]”. Logo, por enquanto não é
importante como ele se está a envolver pois qualquer modo de envolvimento ele mantém as
palavras de nossos sábios. 2) Depois do facto ele deve se criticar a si mesmo para ver se as
ações foram pelo Criador, ou seja, algo mais estava envolvido nisso. Dos dois ele pode chegar
a ser “como uma romã”, de acordo com o que explicámos acima.
Com isto vamos entender as palavras de nossos sábios (Avodá Zara, p 17): “Nossos sábios
disseram, ‘Quando Rabi Eilezer Ben Parta e Rabi Hanina Ben Tardion foram apanhados, …
‘Ai de mim pois fui apanhado por uma coisa e não sou salvo. Tu te envolveste em Torá e boas
ações e eu me envolvei somente na Torá.’ É como Rav Huna disse, ‘Qualquer um que se
envolva somente na Torá é como aquele que não tem Deus, como foi dito, ‘e muitos dias por
Israel sem um verdadeiro Deus, sem um sacerdote que ensine e sem Torá.’ O que é ‘sem um
verdadeiro Deus’? Rav Huna disse, ‘Qualquer um que se envolva somente em Torá é como se
ele não tivesse Deus.’’”
Devemos entender por que se ele não se envolve em boas ações é como se ele não tivesse
Deus. Outra perplexidade: por quê especificamente o Mitzvá [mandamento] de boas ações?
Afinal, há outras Mitzvot que precisam de ser observadas, então por quê especificamente boas
ações é idêntico a estar sem um Deus verdadeiro? É como se pelas boas ações fosse possível
dizer se a Torá que ele aprende é sem um Deus verdadeiro.
De acordo com o que aprendemos, todo o nosso trabalho é em prol de alcançar equivalência
de forma, considerada como “como Ele é misericordioso, também tu és misericordioso”. Por
esta razão durante o estudo da Torá um não deve criticar sua Torá, ou seja, de quem está ele a
aprender a Torá e então ele pode até aprender em Lo Lishmá, que também é um Mitzvá, como
disseram nossos sábios, “Um sempre se deve envolver em Torá e Mitzvot, até Lo Lishmá [não
pelo Seu bem], uma vez que de Lo Lishmá ele chegará a Lishmá [pelo Seu bem]”.
Isto assim é quando ele se testa a si mesmo, sua situação em respeito à equivalência de forma,
quão afastado ele se tornou do amor próprio e quão próximo ele se tornou do amor pelos
outros, que é o sentido de “apegar-se às Suas qualidades”. É por isso que ele faz a precisão
que a coisa principal é se testar a si mesmo através da qualidade de Chéssed [misericórdia],
quanto ele se envolve nela, se envolve por ela e contempla várias tácticas e truques para
alcançar equivalência de forma, ou ele não alcançará o caminho da verdade.
Sucede-se que nessa altura ele não tem um “Deus verdadeiro”, pois “verdade” significa como
é explicado (O Estudo das Dez Sefirot, Parte 13), “A sétima correção das treze correções
de Dikna é chamada ‘e verdade.’” Ele interpreta lá na “Reflexão Interior”: “Nessa altura
aparece a qualidade do Criador, que criou o mundo com a intenção de fazer o bem às Suas
criações, uma vez que nessa altura aparece a Ór Chochmá [Luz da Sabedoria], que é a luz do
propósito da criação, quando todos sentem o deleite e prazer. Nessa altura todos dizem com
claro reconhecimento que isto, ou seja, a meta, é verdadeiro”.
Sucede-se que se ele não se envolve em boas ações, que é o poder que pode trazer ao amor
pelos outros, com o qual ele vai adquirir vasos de doação, pois a abundância superior
é atraída somente para estes vasos e se ele não tem vasos de doação ele não
consegue adquirir deleite e prazer que o Criador criou em prol de deleitar Suas criaturas.
Sucede-se que nesse estado uma pessoa é considerada estar “sem um Deus verdadeiro”. Que
esta realidade da Sua orientação, que é de fazer o bem às Suas criações, é Deus nos livre falsa.
Isto é chamado “sem um Deus verdadeiro”.
Isto pode ser obtido precisamente ao se envolver em boas ações. Porém, sem Torá, é
impossível conhecer o seu estado, ou seja, onde ele se encontra, uma vez que sem luz é
impossível ver alguma coisa. Em vez disso, para ver que ele é um criminoso de Israel ele
precisa de estar cheio de Mitzvot, ou seja, tanto de Mitzvot de aprender a Torá e o resto
das Mitzvot. O teste é que passado algum tempo de se envolver na Torá e Mitzvot ele precisa
de examinar, mas não durante o seu trabalho.
166. E Eu Supliquei Com o Criador

Artigo No. 34, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


“E eu supliquei com o Senhor”. RASHI interpretou que em todos os
lugares, Chanun [“gracioso”, da raiz, Chanan, a mesma raiz de Etchanan (supliquei)]
significa Matnat Hinam [presente gratuito]. Embora os justos se possam referir a suas boas
ações, eles só pedem ao Criador um presente gratuito.
Está escrito no Midrash Rabá: “‘E eu supliquei com o Senhor.’ Entre todos eles, Moisés orou
somente com uma língua de suplica. Rabi Yohanan disse, ‘Vós disto aprendeis que um nada
tem com o seu Fazedor, pois Moisés, o maior dos profetas, veio somente com palavras de
suplica.’ Rabi Levi disse, ‘Por que veio Moisés somente com palavras de suplica’?A alegoria
diz, ‘Tende cuidado que o lugar de vossas palavras não seja apanhado.’ Como assim? O
Criador disse isso para Moisés: ‘E sê gracioso para quem Eu serei gracioso.’ Disse Ele para
ele: ‘Com aquele que tem na Minha mão serei Eu misericordioso; Eu trabalho com ele com a
qualidade de misericórdia. E aquele que não tem na Minha mão Eu perdoarei; Eu trabalho
com ele com um presente gratuito.’”
Devemos entender o supracitado: 1) Como pode ser dito, “Serei Eu misericordioso” em
relação a alguém que tem na Minha mão? As palavras, “Aquele que tem na Minha” vêm das
palavras de nossos sábios, “Contam para Mim na tua mão”, ou seja, que lhe deve pagar uma
dívida. Portanto, o que significa que o Criador disse que aquele para quem o Criador
está endividado, o Criador lhe diz, “Serei Eu misericordioso”. Ele devia ter dito, “Eu vou
pagar”, como está escrito, “Quem Me precedeu para que Eu lhe pague”? Além do mais, como
pode ser dito que pagar uma divida tenha a ver com ser-se misericordioso? 2) Devemos
entender como é possível ter duas visões tão conflituosas, onde uma visão é que ele merece
uma dívida do Criador, como diz ele, “Aquele que tem na Minha mão” e a outra é que ele
nada tem na sua mão. De que modo são seus argumentos tão afastados um do outro? Qual é o
ponto do qual eles chegam a visões tão opostas?
Para entender o citado devemos discernir dois tipos naqueles que se envolvem em Torá
e Mitzvot[mandamentos]. Embora não haja diferença nas ações, ou seja, em termos das ações
isso não se pode reconhecer, mas há uma enorme diferença na intenção entre os dois citados
tipos.
O propósito que o primeiro tipo quer alcançar através de seu envolvimento em Torá
e Mitzvot é receber recompensa pelo trabalho, uma vez que há uma regra na natureza de que é
impossível trabalhar sem recompensa. Portanto, o que os obriga a manter Torá e Mitzvot é o
medo de não obterem o preenchimento para as deficiências que eles sentem. Eles são
deficientes disto e daquilo e têm um forte desejo e um grande anseio de o satisfazer.
Portanto, eles fazem tudo o que puderem em prol de obterem aquilo que querem. Por esta
razão, este temor os obriga a se envolverem em Torá e Mitzvot. Isto é considerado não
observar o temor por causa do mandamento do Criador, mas por causa de benefício pessoal,
como é apresentado na Sulam[comentário] (“Introdução para o Livro do Zohar”, item 191):
“Sucede-se que seu inteiro benefício pessoal é a raiz e o temor é um ramo derivado do seu
benefício pessoal”.
Acontece que este tipo se envolve em Torá e Mitzvot para que o Criador lhes pague. Portanto,
o Criador está endividado para eles, dado que eles fizeram esforços tão grandes no
envolvimento em prol de dar frutos. Por esta razão chegam eles até ao Criador com uma
exigência: “Paga-nos pelo nosso trabalho”. Com isto podemos interpretar as palavras do
supracitado sermão [Midrash], quando Rabi Levi disse que o Criador disse, “Com aquele que
tem na Minha mão”, ou seja, aquele que merece que lhe paguem uma dívida, nomeadamente
que desde o início, sua intenção era que o Criador pagasse o seu trabalho em Torá e Mitzvot.
Sucede-se que ele vem com um queixume, como é dito pelos nossos sábios, “Conta para Mim
na tua mão”. Com isto podemos explicar as palavras do citado sermão. Porém, devemos ainda
clarificar por que disse o Criador sobre este argumento, “Serei Eu misericordioso”. Que mercê
há aqui se ele merece que lhe seja paga uma dívida? Como se pode dizer aqui, “Eu trabalho
com ele com a qualidade de misericórdia”?
O segundo tipo são aqueles que têm uma intenção completamente diferente, uma vez que
querem servir ao Criador em prol de doar contentamento sobre o Fazedor sem qualquer
recompensa. De acordo com a regra que o homem foi criado com um desejo de receber para si
mesmo, como pode ele trabalhar sem qualquer recompensa? Como eu disse em anteriores
artigos, há aqueles que trabalham em prol de receber uma recompensa e há aqueles que
trabalham pois consideram o próprio trabalho a recompensa e pagamento e eles não têm
recompensa maior que lhes ser permitido trabalhar.
Isto é semelhante a servir uma pessoa importante. Deriva da natureza que não há maior
recompensa que servir uma pessoa importante. Isto significa que ela pode dar tudo aquilo que
tem em prol de ter o privilégio de servir ao Rei. Sucede-se que o trabalho em si é a
recompensa e ela não espera outro pagamento. Em vez disso, ela espera ter o privilégio de
sempre servir ao Rei, incessantemente e isto é sua vida inteira, o inteiro propósito da sua vida
e isso está impresso na natureza.
Todavia, devemos entender por que criou o Criador tal natureza, onde se o inferior souber a
importância do superior ele O quer servir sem qualquer recompensa. Disse Baal HaSulam
sobre isto que uma vez que o Criador criou os mundos em prol de deleitar Suas criaturas, Ele
criou nas criaturas desejo e anseio de receber deleite e prazer. Caso contrário, sem um desejo
de desfrutar, a criatura não pode receber deleite e prazer, uma vez que não há preenchimento
sem uma carência.
Contudo, juntamente com isso veio a questão do pão da vergonha, que não
há Dvekút [adesão] aqui devido à disparidade de forma que nasceu. Por esta razão, houve a
correção da Tzimtzum [restrição], ou seja, de não receber, a menos que seja por ele querer
trazer contentamento ao Criador. É por isso que ele recebe Dele e inversamente ele abdica do
prazer.
Porém, isto levanta a pergunta, se ele nasceu com uma vontade de receber e esta é sua
natureza, de onde pode ele receber um desejo de doar? Isto é contra a natureza? Foi por isso
que ele criou uma segunda natureza, que o menor se anula perante o maior e deriva deleite e
prazer de servir ao maior. Então, quando ele tem um desejo de doar sobre o maior, ele pensa,
“Que posso eu dar ao Criador que o Criador desfrute”? uma vez que ele Lhe quer conceder
prazer para que Ele desfrute. Nessa altura ele vê que tudo o que ele pode dar ao superior, que
se possa dizer que o superior careça, é somente uma coisa: que o inferior derive deleite e
prazer. Isto dá prazer ao Criador pois foi este o propósito da criação, que é de fazer o bem às
Suas criações.
Portanto ocorre que tudo o que o homem carece em prol de ter o desejo de doar é da grandeza
do Criador, pois assim que ele obtiver a grandeza do Criador imediatamente ele quer doar
sobre Ele devido à natureza do menor, que é mais pequeno, ser anulada perante o maior.
Foi por isso que nos foi dada a questão de lamentar pelo exílio da Shechiná [Divindade].
Significa isto que a inteira questão da espiritualidade é degradada, que é chamado
de “Shechiná no pó”, quando sua importância é como aquela do pó, que é pisado e é
insignificante. Este é o sentido do que é apresentado, que com cada Mitzvá [mandamento] nós
devemos tencionar levantar a Shechiná do pó. Isto é, com cada ação um deve tencionar que
com isto a glória da Shechiná cresça. É como nós dizemos (Nas Dezoito na Oração
Suplementar de Rosh Hashaná[princípio do ano]), “Nosso Pai, nosso Rei, revela a glória do
Teu reino sobre nós”, nomeadamente que o reino dos céus não seja para nós como pó, mas em
vez disso glorificado.
Acontece que o que este tipo de pessoas exige do Criador é que Ele revele para elas a gloria
do Seu reinado e nada tenham com o Criador uma vez que elas não requerem qualquer
recompensa do Criador. Em vez disso, tudo o que elas querem é servir ao Rei e O agradar.
Elas pedem que o Criador lhes mostre a glória do reino dos céus.
Portanto, elas nada têm nas mãos do Criador que possam dizer que dão algo ao Criador com o
qual exijam que Ele satisfaça sua necessidade, uma vez que qualquer coisa que elas possam
fazer em prol de doar isso é o Criador revelou para elas alguma importância, quando elas
sentem um pouco da sublimidade do Criador. Sucede-se que essas pessoas que nada têm que
lhes pertença nas mãos do Criador, o que quer que Ele lhes dê é somente pois “Eu perdoarei”,
Eu trabalho para ele com um presente gratuito”.
Mas aqueles que trabalham em prol de receber recompensa dizem que têm alguma coisa nas
mãos do Criador. Isto é, eles Lhe dão trabalho e pedem que o Criador lhes pague a
recompensa pelo seu trabalho em troca. E uma vez que o Criador não nega a recompensa a
qualquer ser, Ele lhes paga de acordo com o seu trabalho.
Todavia, devemos entender as palavras, “Terei Eu misericórdia”, “Eu trabalho com ele com a
qualidade de misericórdia [Rachamim]”, dado que o Criador diz que Ele
sente misericórdia para aqueles que caminham neste caminho. E todavia, o Criador não nega a
recompensa de qualquer ser, portanto Ele lhes paga de acordo com sua exigência.
Com isto entenderemos aquilo que perguntamos, “Como pode haver tão grande diferença
entre as duas citadas visões. A questão é que da perspectiva do Criador, aprendemos que o
propósito da criação é de fazer o bem às Suas criações, mas as próprias criaturas o
transformam em dois discernimentos, uma vez que aquelas que não entendem a importância
da grandeza do Criador não terão modo de começar o trabalho, senão em prol de receber
recompensa, como disseram nossos sábios, “Um sempre se deve envolver em Torá e Mitzvot,
até em Lo Lishmá (Pesachim 50). Eles sentem que estão a dar alguma coisa ao Criador.
Mas aqueles que querem trabalhar em prol de doar veem que nada podem dar ao Criador. Isto
é considerado nada terem. Sucede-se que aquilo que eles querem é que o Criador lhes mostre
um pouco da Sua grandeza. Eles pedem isto para o propósito de perdoar e então o Criador
lhes diz, “Eu perdoarei”, “Eu trabalho com ele com um presente gratuito”.
169. Quando Uma Pessoa Sabe o que é Temor ao Criador

Artigo No. 35, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Na porção, Vaetchanan (item 68), o santo Zohar escreve, “Posteriormente em particular ou
seja, que quando uma pessoa sabe o que é o temor ao Criador, quando ela alcança a qualidade
da própria Malchut, que é temor por amor, a essência e a base do amor pelo Criador, este
temor a faz manter todas as Mitzvot [mandamentos] da Torá, assim é uma pessoa um servo
leal do Criador, como deve ser”.
Devemos entender o que significa quando ele diz, “quando ela alcança a qualidade da
própria Malchut, que é temor por amor”. Isso significa que uma vez que ela foi recompensada
com a própria Malchut, ela é considerada amar e que esse amor a faz temer. Mas por que esse
amor a faz temer? E também, devemos entender o que é o temor assim que ela é
recompensada com amar?
Devemos interpretar isto de acordo com o que escutei que Baal HaSulam interpretou sobre o
versículo, “E houve uma contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado
de Ló” (Génesis, 13:7). Abraão é chamado “pai da fé”, cujo trabalho foi baseado inteiramente
em fé acima da razão sem qualquer apoio, ou seja, apoiar o edifício inteiro que ele iria
construir na sua vida. Ele foi de todo o coração e precisamente através de fé acima da razão se
podia ele aproximar do Criador, quando ele viu somente isto como o propósito da vida.
Para ser recompensado com Dvekút [adesão] com o Criador dentro da razão, ele viu que sua
mente mandava o inverso, pois para onde quer que se voltasse ele via contradições na
Providência, em como o Criador se comporta com as criaturas. Então entendeu ele que o
Criador quer que ele O sirva precisamente acima da razão. Ele entendeu que se o caminho de
dentro da razão era mais adequado para trazer o homem à Dvekút com o Criador, o Criador
certamente se comportaria diferentemente, “pois quem Te dirá o que deves fazer”?
Em vez disso, ele acreditava que ele não tinha qualquer outro caminho senão avançar acima
da razão e que o Criador assim o fez deliberadamente pois precisamente este caminho é para o
benefício do homem. Deste modo, decidiu ele que queria servir ao Criador especificamente
acima da razão. Significa isto que se ele consegue alcançar Sua orientação dentro da razão, ele
vai se opor a ela pois ele considerava seu trabalho acima da razão, que isto era mais certo que
sua direção fosse somente doar contentamento sobre o Criador. Mas o que podia ele fazer se
via que Sua orientação se vestia nele dentro da razão e ele não mais tinha a opção de avançar
acima da razão pois tudo lhe era revelado?
Baal HaSulam explicou que quando ele viu alguma divulgação de luz e abundância lhe
aparecendo ele não disse sobre isso que agora estava feliz e que não mais tinha de avançar
acima da razão pois isto é trabalho com o qual o corpo não concorda, pois, o corpo desfruta
mais se ele tiver algum apoio sobre o qual confiar. Isto é, sobre que base é seu inteiro esforço
construído? Todos os edifícios que o homem constrói são fundados sobre o intelecto, ou seja,
que o intelecto o obriga que assim ele o deve fazer. Por esta razão, onde o intelecto não
consegue dizer que tudo o que ele faz está bem, é certamente difícil para ele caminhar deste
modo.
Desta forma, onde ele tem uma chance de alcançar alguma coisa dentro da razão, ele
prontamente joga fora sua fundação de acima da razão e começa a trabalhar sobre uma nova
base, edificada sobre o intelecto. Então tem ele apoio sobre o qual seu trabalho possa confiar e
não mais precisa da ajuda do Criador. Pois é difícil avançar acima da razão, ele sempre
precisa da ajuda do Criador, para ter a força para avançar acima da razão.
Mas agora que a mente lhe diz, “Agora que tens o apoio da mente e razão, podes avançar
sozinho, sem a ajuda do Criador e alcançar aquilo que há para alcançar. Então seu conselho,
quando ele disse, “Agora vejo que o verdadeiro caminho é avançar especificamente acima da
razão pois precisamente ao avançar acima da razão, um caminho que agrada ao Criador, agora
fui recompensado com a aproximação do Criador. A evidência disto é que agora ele sente um
sabor pela obra do Criador tanto na Torá como na oração.
Sucede-se que ele não toma ser recompensado com a aproximação do Criador e sentir o amor
pelo Criador como uma base para o trabalho, ou seja, apoio para a obra do Criador, uma vez
que o intelecto necessita que seja vantajoso manter Torá e Mitzvot e ele não mais precisa de
avançar com fé acima da razão. Em vez disso, é agora ele cuidadoso para não macular a fé, ou
seja, aceitar o caminho de dentro da razão e jogar fora a fé.
Fé é chamada Malchut. Deste modo, isso é considerado que ele degradou e maculou a fé, pois
agora é evidente que para começar, ele não tinha escolha e desta forma assumiu a fé, mas
inversamente ele não a teria assumido. E assim que ele vê que se pode livrar dela ele
prontamente a degrada e a joga fora e pega no conhecimento no seu lugar. Foi dito sobre isto,
“Eu honrarei aqueles que Me honram e aqueles que Me desprezam serão desgraçados”. Está
também escrito, “Os caminhos do Senhor são direitos; os justos caminham neles e os ímpios
neles falham”.
De acordo com isso, podemos entender o que questionámos, uma vez que ele já foi
recompensado com Malchut, isso é considerado temor por amor. Perguntámos, “Se ele já tem
amor, como podemos ainda falar de temor e como podemos falar de temor quando ele já foi
recompensado com amor”?
Correspondendo à interpretação de Baal HaSulam, que explicou a respeito dos pastores do
gado de Abraão, podemos facilmente compreender isto. Ele disse que os pastores do gado de
Abraão significam que Abraão pastava a fé. Miknê [gado] vem da palavra Kinyan[posses], ou
seja, que todas as posses com as quais ele havia sido recompensado eram pastar sua fé. Isto é,
disse ele, “Agora vejo que o caminho da fé é o verdadeiro caminho pois fui recompensado
com a aproximação do Criador. Por esta razão, assumo sobre mim mesmo doravante avançar
somente pelo caminho de fé acima da razão.
Isto assim não foi com os pastores do gado de Ló. Ele levou nas posses que havia adquirido
para o discernimento de Ló. O sagrado Zohar chama a Ló pelo nome de “terra da maldição”,
ou seja, que ela não é um lugar de bênção, chamado um “campo que o Senhor abençoou”. Em
vez disso, ela é um lugar de maldição, que é dentro da razão, ou seja, que ele faz aquilo que a
mente manda. Porém, quando ele começou a caminhar no caminho do Criador, ele também
começou com fé acima da razão, mas sempre esperou um tempo em que pudesse se livrar
deste trabalho de acima da razão.
O corpo sempre exige alguma base sobre a qual basear seu esforço em Torá e Mitzvot, uma
vez que quando o trabalho é edificado sobre o intelecto e o intelecto o deixa entender que a
obra é vantajosa, o corpo faz grandes esforços e é muito persistente pois o intelecto o obriga.
Por exemplo, uma pessoa foi para a cama à meia-noite, ela está muito cansada, com febre e
está proibida de sair da cama pois ela treme. Mas um incêndio irrompe em quatros próximos e
lhe é dito para rapidamente sair da cama pois em breve ela não será capaz de sair da casa e
pode se queimar. Nessa altura, o intelecto manda sem qualquer dúvida, se ela considera sua
situação, que é inconveniente para ela sair da cama por várias razões, então ela se pode
queimar. Seguramente, ela salta fora da cama pois a base sobre a qual ela tem de se esforçar, o
intelecto, manda sua rentabilidade. Deste modo ela está segura de fazer todos os esforços.
Sucede-se que onde o intelecto prende o esforço, um não considera o esforço, mas somente o
lucro, ou seja, aquilo que ele pode obter através do esforço. Porém, quando trabalhando acima
da razão ele está sempre sob a pressão do corpo, que questiona, “O que te faz certo que estás
no caminho certo? Será que o esforço que fazes em prol de alcançar a meta é realmente
vantajoso? É isto sequer praticável? Poderás alcançar a meta que procuras”?
Desta forma, ele sempre avança através de sobes e desces, onde o intelecto prevalece e uma
vez mais a acima da razão prevalece. Ele sempre pensa, “Quando serei eu capaz de
estabelecer meu trabalho dentro da razão e ter uma base sólida, uma vez que serei capaz de
construir tudo sobre o intelecto? Seguramente, nessa altura não terei quaisquer descidas na
obra do Criador, tal como é com todas as coisas que são construídas sobre o senso comum”.
Porém, ele não sabe que aquilo que ele espera alcançar não lhe dará uma bênção, mas uma
maldição, dado que dentro da razão é o lugar da garra do Sitra Achra [outro lado] e o Criador
escolheu que aqueles que querem alcançar Dvekút com o Criador, especificamente acima da
razão é o caminho verdadeiro para se aproximar do Criador.
Este é o grau de Ló, a terra maldita, uma terra onde há uma maldição e não uma bênção. Isto é
chamado os “pastores do gado de Ló”, que sempre procurava posses para dentro da razão,
chamadas Ló, ou seja, uma maldição. Este é o sentido do versículo, “E houve uma contenda
entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló”. Isto é, a contenda foi que
cada um disse que tinha razão.
Aqueles que estavam no estado dos pastores do gado de Ló diziam, “Se nós conseguimos
construir nossa base sobre o intelecto, chamada ‘dentro da razão’, não teremos sobes e desces
pois sempre estaremos num estado de ascensão”. Isto assim é pois onde o intelecto prende
fazer as ações não há ninguém que as interrompa. Deste modo, quando não temos escolha
devemos avançar acima da razão. Mas quando podemos escolher avançar dentro da razão,
isso é ao contrário: devemos dizer que há contentamento no alto em que deste dia em diante
não tenhamos mais descidas na obra. Desta forma, nosso caminho é certamente melhor.
Mas os pastores do gado de Abrão são pessoas cuja base era precisamente sobre fé acima da
razão. Disseram eles, “Se o Criador nos quisesse que trabalhássemos sobre a base do
intelecto, Ele não estaria oculto de nós para começar. Em vez disso, este deve ser o melhor
caminho. Desta forma, não precisamos de procurar oportunidades para nos livrarmos da fé
acima da razão. Em vez disso, se recebermos algum intelecto e aproximação para o Criador
não o assumiremos como base para jogar fora a fé, mas para dizer, ‘Agora vejo que este é o
verdadeiro caminho pois com isto fui recompensado com a aproximação.’” Desta forma, ele
se deve apoiar e aceitar que daí para a frente ele não procurará quaisquer oportunidades de se
livrar da fé, mas pelo contrário, se tornar mais forte com fé acima da razão.
Com isto entenderemos as palavras do sagrado Zohar, que assim que ele foi recompensado
com a própria Malchut, que é amor, sendo temor por amor, perguntámos, “Como se pode
falar de temor se já há amor lá”? E também, “O que é temor”?
De acordo com o supracitado, sucede-se que assim que ele foi recompensado com amor, não
há nada maior que mande a obra pois essa é uma base dentro da razão, pois agora o intelecto
manda o trabalho para ele. Isto assim é pois naturalmente, queremos servir aquele que
amamos. Portanto, não há mais espaço para a fé pois nessa altura como podemos falar de fé
acima da razão então?
Assim, ele tem medo que possa macular a fé pois agora o corpo desfrutará da obra mais dado
que ele tem uma base dentro da razão. E se ele macular a fé, então é revelado que a fé acima
da razão que ele tinha era por necessidade para começar, não por respeito, mas que ele
ansiava constantemente por um tempo que se pudesse livrar de toda ela e trabalhar com
conhecimento em vez de fé.
Então, pois ele maculou a fé, prontamente cai do seu grau e rapidamente parte do Criador,
dado que conhecimento é receber. É sabido que entendemos receber, que é o amor próprio, de
duas maneiras: 1) com a mente, 2) com o coração.
Sucede-se que quando ele foi recompensado com amor, o próprio amor lhe causa temor. Ele
tem medo para que não venha a ser atraído ao conhecimento. Portanto nessa altura ele precisa
de grande cuidado para que não caia para a vontade de receber. Nessa altura podemos
entender que o próprio amor causa o medo. Agora já sabemos o que é o temor, que o amor
causa, ou seja, que ele tem medo que através deste amor ele caia no amor próprio.
Com isto podemos entender a grande regra que disse Baal HaSulam, que embora faça sentido
que o pecado induza a punição, na interioridade, é um sentido muito diferente, que é um
pouco difícil de perceber. Ele disse que devemos saber que o pecado é a punição e a punição
já é a correção!
Devemos questionar sobre isto: Se o pecado é a punição, o que é o pecado? Através do
supracitado podemos interpretar que o pecado foi na realidade durante a ascensão, que
precisamente quando foi ele recompensado com o amor, ele teve um desejo de pegar no amor
como base e jogar fora a fé, tal como é a visão dos pastores do gado de Ló.

Nessa altura sofreu ele uma descida e caiu uma vez mais no amor próprio, do qual toda a
espécie de pecado deriva. Acontece que ele falhou precisamente durante a ascensão, quando
ele pensou que ao pegar no amor como uma base e apoio sobre o qual se esforçar e pensou
que com isto ele não teria mais descidas, dado que o intelecto manda um caminho saudável e
ele nunca cairá, este foi o verdadeiro pecado. Isto é chamado “Todos aqueles que somam,
subtraem”. Sucede-se que sua queda para o amor próprio é a punição por macular a fé e a
punição que ele recebeu é uma correção para que ele uma vez mais suba para um grau do
caminho direito.
173. E Houve Noite e Houve Manhã

Artigo 36, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


O Zohar diz sobre o verso: “E houve tarde e houve manhã” (Génesis 3, pág. 96, e item 151 no
Comentário Sulam), “E houve tarde”, que escreve o texto, significa que se estende do lado das
trevas, ou seja, Malchut. “E houve manhã” significa que se estende do lado da luz, que é ZA.

“É por isso que escreve sobre eles: ‘Um dia’, indicando que a tarde e a manhã são como um
corpo, e ambos fazem o dia. O rabino Yehuda disse: ‘Qual é a razão’? Ele pergunta: ‘Dado
que ‘E houve tarde e houve manhã”’ aponta para a unificação de ZON, que a luz do dia sai de
ambos, então porque, depois do texto o anunciar no primeiro dia, diz sobre cada dia: ‘E houve
tarde e houve manhã’”?

“E ele responde: ‘É para saber que não há dia sem uma noite e noite sem dia, e eles nunca se
separarão um do outro. É por isso que o texto se repete e nos informa todo e cada dia, para
indicar que jamais será possível haver luz do dia sem a escuridão da noite. Da mesma forma,
nunca haverá escuridão da noite que não traga um dia a seguir, pois nunca se separarão um do
outro’”. As suas palavras até o momento.

Devemos entender o que foi escrito anteriormente no trabalho, nomeadamente o que significa
luz e que significa escuridão, e porque é impossível ter um dia a menos que seja a partir de
ambas juntas, ou seja, que a luz e a escuridão produzem um único dia, isto é, são ambas
necessárias para construir um único dia. Isto significa que o dia começa quando a escuridão
começa, porque é neste momento que a sequência de produção de um novo dia começa.

Devemos também compreender como a palavra “dia” pode ser aplicada a escuridão, visto que
a partir do momento em que a escuridão começou, já podemos começar a contar o dia.

É sabido que depois das restrições e a partida da luz que ocorreu nos mundos superiores-
depois da segunda restrição e da quebra- o sistema de Klipot (cascas) emergiu, até BYA,
dividida em dois discernimentos. De sua metade e acima dele, estava BYA de Kedushá
(santidade), e a partir do suam metade para abaixo, tornou-se uma seção permanente da
Klipot, como explicado no TES (Parte 16, p 1983, Item 88).

Consequentemente, neste mundo, “Um homem nasce filho de uma jumenta selvagem”, e não
tem desejo pela espiritualidade. Assim, de onde vem a sensação de necessidade da
espiritualidade a uma pessoa, ao ponto de dizer que sente a escuridão, que ela chama “noite”,
pelo sentimento de que está afastado do Criador? Nós devemos saber que ao mesmo tempo
que ela começa a sentir que está longe do Criador, está começando a acreditar na existência
do Criador na mesma medida, ou então, como pode dizer que está afastada de algo que não
existe? Em vez disso, ela deve dizer que tem um pouco de iluminação de longe, que brilha
para ela na medida em que ela sente que está afastada do Criador.

Por isso, logo que a escuridão começa, significa a consciência da existência da escuridão, a
luz começa imediatamente a brilhar na mesma medida. E a medida da iluminação da luz só é
reconhecida através da negação. Quer dizer que a pessoa sente uma falta, que não tem a luz do
Criador a brilhar para ele de forma positiva. No entanto, a luz brilha para ela na forma de
carência, significando agora que ela começa a sentir a ausência da luz do Criador, que é
chamado de “dia”.

Mas aqueles para quem a luz do dia não brilha, não sabem que existe essa realidade, onde
uma pessoa deve sentir a ausência da luz do Criador, chamada “dia”. Vamos falar de uma
única pessoa, ou seja, dentro do mesmo corpo. Às vezes sente que está na escuridão, o que
significa que está afastado do Criador e anseia aproximar-se do Criador. Ela sente sofrimento
por estar distante do Criador.

A questão é esta, “Quem é que o faz sofrer pela espiritualidade”? E algumas vezes ele sente
escuridão e sofrimento quando vê que outrem é bem-sucedido materialmente em posses e
com as pessoas, enquanto a ele lhe falta sustento e respeito. Ele reconhece acerca de si próprio
que na verdade, é mais dotado que o outro, tanto em termos de talento como de descendência,
e que merece mais respeito. Mas na verdade, está muitos níveis abaixo do outro, e isto dói-lhe
terrivelmente.

Nessa altura, não tem qualquer ligação à espiritualidade, e nem sequer se lembra de alguma
vez ter estado ligado, e que ele próprio considerou todos os amigos com quem estava a
estudar no seminário, que quando os via sofrer pelas suas preocupações para alcançar
santidade na vida, eles lhe pareciam como crianças que não conseguem fazer um cálculo
intencional, e tudo o que os seus olhos veem é o que querem ver. Numa ocasião veem que a
coisa mais importante na vida é dinheiro, e noutra ocasião veem que a coisa mais importante
na vida é ter uma posição respeitável entre as pessoas, etc. E agora está no meio das próprias
coisas de que desdenhava, e sente que a sua vida é desprovida de sabor a menos que se decida
por toda a esperança e paz na vida ao mesmo nível que eles decidiram, que é chamado “o
propósito da vida”.

E o que é a verdade? É que agora o Criador apiedou-se dele e iluminou a percepção do dia
para ele, e este dia começa com negação. Em outras palavras, quando o dia começa a brilhar
no seu coração na forma de escuridão, é designado “o começo do nascer do dia”, e então os
Kelim começam a ser formados nele, nos quais a luz poderá brilhar de forma positiva. Isto é a
luz do Criador, quando se começa a sentir o amor do Criador, e se começa a sentir o aroma da
Torá e o sabor das Mitzvot.

Daqui podemos compreender as palavras anteriores do Zohar, que um dia surge


especificamente de ambos, como escreve, “É por isso que escreve acerca deles, “Um dia”,
indicando que noite e manhã são como um corpo, e ambos fazem o dia”. Também, quando
Rabi Yehuda diz ser por isso que o texto refere cada dia de novo – para indicar ser impossível
que possa alguma vez haver luz sem a escuridão da noite que a precede. E também, não
haverá a escuridão da noite que não traga a luz do dia depois dela, assim nunca se separarão
uma da outra. É como mencionado acima, 1) seguir a regra de que não há luz sem Kli, e 2)
também necessita luz, que é chamada “dia”, para fazer uma Kli.
Mas devemos entender o porquê, se já tiver sido concedido um pouco do dia na forma
negativa e sente que sua vida inteira é somente se ele é recompensado com Dvekút com o
Criador e ele começa a atormentar-se de estar distante do Criador, que, então, faz com que ele
caia de seu estado de ascensão? Em outras palavras, toda a sua vida deve ser na vida
espiritual, e esta é toda a sua esperança, e de repente ele cai em um estado de humildade, um
estado onde ele sempre ri das pessoas cuja esperança de vida era obter o cumprimento de
paixões terrenas. Mas agora ele próprio é um deles, alimentado pelos desejos que os outros se
alimentam.

Além disso, devemos saber como ele se esqueceu que ele estava uma vez em um estado de
ascensão. Agora ele está em um estado de amnésia de tal ordem que nem sequer lhe ocorreu
que ele agora considera as pessoas que estão ao seu redor, o que significa que suas ambições
são apenas em um nível tão baixo e ele não tem vergonha de si mesmo, que ele ousou entrar
em tal atmosfera que ele sempre evitou. Em outras palavras, esse ar que eles respiram com
tanta boa vontade, ele sempre dizia que sufoca a Kedushá [santidade], e agora ele está no
meio deles e sente que não há culpa neles.

A resposta é como a escrita diz (Salmos 1), “Feliz é o homem que não anda segundo o
conselho dos ímpios”. Devemos entender o que é o conselho dos ímpios. Sabe-se que a
questão daquele que é ímpio que é trazida na Hagadá [narrativa da Páscoa] é “o que significa
através deste serviço”? Baal HaSulam explicou que isso significa que quando uma pessoa
começa a trabalhar a fim de doar, a pergunta do ímpio vem e questiona: “O que você vai
conseguir ao não trabalhar para si mesmo”?

E quando uma pessoa recebe tal pergunta, ela começa a contemplar que talvez ela esteja certa.
E então cai na sua rede. Concordantemente, devemos interpretar, “Feliz é o homem que não
caminhou no conselho dos ímpios” que quando os ímpios vêm até ele e o aconselham que não
é vantajoso trabalhar se ele não vê certo benefício e ganho disso para si mesmo, ele não os
escuta. Em vez, ele fortalece-se a si mesmo no trabalho e diz, “Agora eu vejo que avanço no
caminho da verdade, e eles desejam confundir-me”. Segue-se que quando esse homem supera,
ele é feliz.

Posteriormente, os escritos dizem, “Nem se meteu no caminho de pecadores”. Nós devemos


interpretar “Caminho de pecadores”. Ele diz, “Nem se meteu”. Um pecado é como
explicamos no ensaio anterior (35, 1984-85), que o pecado é se a pessoa quebra “Tu não
acrescentarás”. Em outras palavras, o verdadeiro caminho é que temos de avançar acima da
razão, chamado fé. E o oposto disso é saber – o corpo compreende que ele não tem outra
escolha exceto acreditar acima da razão.

Assim, quando ele sente certo sabor no trabalho e o toma como apoio, e diz que agora ele não
precisa de fé, uma vez que ele já tem alguma base, ele imediatamente cai do seu grau. E
quando a pessoa é cuidadosa com isso e não fica durante sequer um minuto a observar e ver
se é possível mudar a sua base, é considerado que ela é feliz porque ele não se meteu no
caminho de pecadores, para olhar o caminho deles.

E posteriormente, o escrito diz, “Nem se sentou no banco dos escarnecedores”, referindo-se a


essas pessoas que passam seus dias inativas, que não tomam suas vidas seriamente e
consideram cada momento precioso. Nós devemos saber a que “O banco dos escarnecedores”
se refere. Os que acalentam cada momento e se sentam e pensam nos outros – se outras
pessoas estão bem e quanto os outros devem corrigir suas ações, e não têm pena de si
mesmos, preocupando-se com suas próprias vidas, isto causa-lhes todas as descidas. O
RADAK interpreta escarnecedores como sendo uma mente distorcida de uma maneira má,
achando defeitos nas pessoas e divulgando segredos uns aos outros. Esta questão é para
pessoas preguiçosas, inativas. Foi por isso que dissemos, “Nem se sentou no banco dos
escarnecedores”, e esta é a razão para as descidas.
176. Quem Testemunha a Uma Pessoa?

Artigo 37, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Está escrito em O Zohar, Shoftim [juízes] (e no Comentário Sulam p 8, Item 11), “É uma
Mitzvá [mandamento/ boa ação] testemunhar em tribunal para que o seu amigo não perca
dinheiro por ele não testemunhar. É por isso que os autores do Mishná disseram, ‘Quem
testemunha por uma pessoa’? As paredes da sua casa.

“O que significa “As paredes da sua casa”? Estas são as paredes do seu coração, como está
escrito, ‘Então Ezequias voltou a face para a parede’. Os autores do Mishná afirmaram que
isto mostra que Ezequias orou das paredes do seu coração. Além disso, a sua casa testemunha
por ele. A sua casa são os seus 248 órgãos, uma vez que o corpo é chamado ‘casa’.

“Isto é o que os autores do Mishná afirmaram: Em um ímpio, as suas iniquidades estão


gravadas nos seus ossos. De igual forma em um justo – os seus méritos estão gravados nos
seus ossos. “ É esta a razão porque David disse, ‘Todos os meus ossos dirão’. Mas porque
razão as iniquidades estão mais gravadas nos ossos que na carne, tendões e pele? É porque os
ossos são brancos, e uma grafia a preto é visível somente a partir do branco. É como o Torá,
que é branco por dentro, significando o pergaminho, e preto por fora significando a tinta.
Preto e branco são escuridão e luz. E além disso, o corpo está destinado a elevar-se nos ossos,
assim os pecados e méritos estão gravados nos seus ossos. Se for recompensado, o corpo
elevar-se-á nos ossos. Se não for recompensado, não se elevará e não haverá uma ressurreição
dos mortos “ Daí as suas palavras.
71
Deveríamos compreender porque O Zohar interpreta que uma pessoa deveria testemunhar
perante um tribunal para que o seu amigo não perca dinheiro. Isto é interpretado na obra do
Criador. Assim, deveríamos compreender o que se pede, e de quem se pede. E para o tornar
confiável, uma pessoa deve testemunhar.

Na obra do Criador, uma pessoa pede ao Criador para lhe dar o que quer do Criador. Assim,
para mostrar que o seu argumento é verdadeiro, não sabe o Criador se uma pessoa está ou não
a dizer a verdade? Contudo, se o homem testemunha, então ele sabe que o seu argumento é
verdadeiro. Além disso, como pode alguém ser confiável para testemunhar por ele? E também
deveríamos compreender porque o testemunho deve ser das paredes do seu coração, uma vez
que traz evidência ao significado de “paredes do seu coração de Ezequias nas palavras, “Então
Ezequias voltou a sua face para a parede” que interpretámos como “as paredes do seu
coração”. Assim o testemunho de uma pessoa deveria também ser das paredes do seu coração.
Contudo, sabe-se que um testemunho deve ser da sua boca, como os nossos sábios disseram,
“Das suas bocas, não das suas escritas”, e aqui diz que deveria ser das paredes do seu coração
e não da boca.

Devemos também compreender porque diz, “ Isto é o que os autores do Mishná afirmaram:
Em um ímpio, as suas iniquidades estão gravadas nos seus ossos. E da mesma forma, um
justo – os seus méritos estão gravados nos seus ossos”. Mas estão pecados e méritos gravados
nos ossos físicos? Como uma matéria espiritual, que são pecados e Mitzvot, são gravadas nos
ossos? E é ainda mais difícil compreender a sua resposta, “Isto é porque os ossos são brancos,
e uma escrita negra é visível somente no branco”.
Também, deveríamos compreender porque ele diz, “E além disso, o corpo está destinado a
elevar-se em seus ossos”. Porque razão especialmente, “Nos seus ossos”, que significa que ser
ou não ressuscitado depende dos seus ossos? Para compreender o acima exposto no trabalho,
devemos lembrarmo-nos da conhecida regra que “Não há luz sem um Kli [vaso]”,
significando que é impossível receber qualquer preenchimento se não houver nenhum buraco
ou deficiência ali, onde o preenchimento possa entrar. Por exemplo, uma pessoa não consegue
comer uma refeição se não estiver com fome. Além disso, a quantidade de prazer que a pessoa
pode obter da refeição é medida pela quantidade de desejo que tem pela refeição.

Sendo assim onde não se sente qualquer carência, não experimentará qualquer prazer, que
será capaz de receber, por não haver espaço para receber qualquer preenchimento. Assim,
quando falamos da sequência do trabalho, quando uma pessoa começa a entrar no trabalho,
querendo isto dizer quando deseja fazer o trabalho de santidade com o desejo de doar
contentamento ao seu Autor, de acordo com a regra acima, deve sentir necessidade por isso –
sentir que necessita doar ao Criador. E podemos dizer que tem um Kli na grandeza da sua
necessidade de doar ao Criador. E o preenchimento desse Kli dá-se enquanto ele dá ao
Criador, significando quando ele deseja levar contentamento até Ele.

Isto significa que o corpo já concorda em doar ao Criador. E uma vez que o homem nasceu
com uma natureza para receber e não para doar, se alguém deseja empenhar-se em doar
certamente o corpo resistirá. E se uma pessoa quer empenhar-se em doar, significando que
deseja obter tal kli, e um Kli significa um desejo e deficiência, então o corpo vem
imediatamente e pergunta “Por que queres mudar a natureza em que foste criado? Qual é a
carência que sentes e que te está a faltar? Tens a certeza absoluta que compreendes que
precisas trabalhar para doação? Olha como a maioria faz o trabalho espiritual; são rigorosos
sobre o que fazem. Por outras palavras, no seu empenhamento na Torá ou Mitzvot, veem em
primeiro lugar que o ato será correto, com toda a sua exatidão e detalhes, mas não a intenção.
Eles dizem, “Certamente fazemos o que podemos”. Não prestam nenhuma atenção à intenção
porque dizem que o trabalho Lishmá [pelo Seu nome] pertence a poucos escolhidos, e não a
todos”.

Segue-se que o corpo, que vem e faz as suas perguntas, está provavelmente perguntando sobre
o tópico. E uma vez que não é dada uma resposta suficiente, não permite que a pessoa tenha
pensamentos para desejar doar, porque está certo, não há luz sem um Kli. Por outras palavras,
“Se não sentires necessidade de te empenhares em doar, para que estás fazendo tal alarido”?
Assim primeiro diz-lhe, “dá-me esta precisão, o desejo de doar, e então falaremos”. Mas de
acordo com o acima dito, a necessidade do desejo deve estar presente, significando que
deveria sofrer por não ser capaz de doar. Assim, uma vez que não tem nenhum Kli,
certamente não lhe pode ser concedida a luz, que significa o preenchimento.

Por isso, uma pessoa deveria experimentar ter uma grande deficiência porque é incapaz de
doar ao Criador. E é sabido que uma deficiência é determinada pela sensação de sofrimento
que sente devido a essa deficiência. Por outro lado, ainda que não tenha aquilo por que pede,
ainda não é considerado uma deficiência porque uma verdadeira carência é medida pela dor
que sente por não ter. De oura forma, não é nada mais que palavras ocas.

Agora podemos compreender o que os nossos sábios disseram (Taanit, 2ª), ´”Amar o Senhor
teu Deus e para O servir com todo o teu coração. ‘Qual é o trabalho do coração? É uma
oração. Deveríamos compreender a razão porque ampliaram a oração além do seu significado
literal. Geralmente, quando alguém quer que outra pessoa lhe dê algo, pede-lhe que o faça,
verbalmente, como está escrito, ´Para que Tu ouças a oração de todas as bocas’. Então porque
dizem que uma oração é chamada ‘o trabalho do coração’”?
Dissemos acima que uma oração é chamada “uma deficiência”, e quer que a sua deficiência
seja preenchida. E, contudo, não é sentida nenhuma deficiência na boca de uma pessoa; antes,
todas as sensações do homem são sentidas no coração. É por isso que se uma pessoa não
sentir uma carência no seu coração, o que profere da sua boca não tem qualquer valor, assim
poderíamos dizer que ela necessita verdadeiramente o que está pedindo através da sua boca. É
assim porque o preenchimento que está pedindo deveria entrar em um lugar de carência, que é
o coração. É por isso que os nossos sábios disseram que uma oração deveria ser do fundo do
coração, querendo isto dizer que todo o coração sentirá a carência pela qual está pedindo.

Sabe-se que luz e Kli são chamados “deficiência” e “preenchimento” [ou “satisfação”].
Atribuímos à luz, que é o preenchimento, ao Criador, e o kli que é a carência, às criaturas.
Assim, uma pessoa deveria preparar o Kli para que o Criador derrame aí a abundância, ou não
haverá espaço para a abundância.

Por esta razão, quando uma pessoa pede ajuda ao Criador para que possa desejar que suas
ações sejam para doar, o corpo vem e pergunta-lhe, “Porque estás fazendo esta oração? O que
é que te falta sem ela”?

Por esta razão, devemos estudar e examinar com cuidado os livros que discutem a
necessidade do trabalho de doação até que compreendamos e sintamos que se não tivermos
este Kli, não poderemos entrar em Kedushá. Não deveríamos olhar para a maioria, que diz
que a coisa mais importante é o ato e aqui é para onde toda a energia deveria ir, e que os atos
de Mitzvot e firmar-se na Torá que fazemos é suficiente para nós.

Em vez disso, ele deve executar todos os atos da Torá e Mitzvot para o levar para o desejo de
doação. Depois disso, quando alcançar completa compreensão de quanto necessita empenhar-
se para doar, e ao sentir dor e sofrimento por não ter esta força, então considera-se que já tem
algo pelo que orar – pelo trabalho no coração – uma vez que o coração sente o que ele
necessita.

Para tal oração vem a resposta à oração. Isto quer dizer que lhe foi dada esta força de cima
para que ele possa almejar doar, porque então já tem a luz e o Kli.

Contudo, o que podemos fazer se, depois de todos os esforços que fez, ainda não sente a
carência de não ser capaz de doar como dor e sofrimento? A solução é pedir ao Criador para
lhe dar o Kli chamado, “Uma carência por não sentir”, e que está inconsciente, sem qualquer
dor por não ser capaz de doar.

Segue-se que se, se pode lamentar e sentir dor por não ter a deficiência, por não sentir quão
longe está da Kedushá [santidade], que é absolutamente mundano e não compreende que a
vida que está vivendo – querendo satisfazer as necessidades do corpo – não é mais importante
do que a de qualquer outro animal que vê, e se prestar atenção para ver quanto se lhes
assemelha com todas as suas aspirações, e que a única diferença é a astúcia humana e a sua
habilidade para explorar os outros enquanto os animais não são suficientemente espertos para
explorar os outros.
Algumas vezes, mesmo que veja que está estudando a Torá e a guardando as Mitzvot, não
consegue lembrar-se – enquanto guardando as Mitzvot ou enquanto estudando a Torá – que
deveria conseguir conexão com o Criador empenhando-se na Torá e Mitzvot. É como se
fossem coisas separadas para ele – a Torá e Mitzvot são uma coisa, e o Criador é outra.
E se lamenta não ter qualquer sensação de deficiência, que é como os animais, a isto se chama
também “trabalho no coração”. É chamado, “uma oração”. Isto significa que para esta
deficiência, já tem um lugar no qual receber preenchimento do Criador, para que lhe dê a
sensação de deficiência, que é o Kli que o Criador enche com um preenchimento.

Agora podemos compreender a pergunta, “porque razão é uma oração no coração e não na
boca? É porque uma oração é chamada “uma deficiência”, e não se pode dizer que ele tenha
uma deficiência na boca. Antes, a deficiência é uma sensação no coração. Agora deveríamos
explicar porque perguntámos sobre a sua afirmação que os méritos e os pecados estão
gravados nos ossos, e pode ressuscitar dos ossos ou não. O Zohar compara os ossos, que são
brancos, à Torá, que é preta sobre o branco, em que o preto é escuridão e o branco é luz.

Devemos explicar o significado dos ossos serem brancos. Está é a razão de tanto os méritos
como os pecados estarem escritos neles, uma vez que no que respeita ao trabalho do Criador,
deveria ser interpretado que uma pessoa que se empenha na Torá e Mitzvot é chamada “um
osso”. A primeira parte da Torá e Mitzvot é considerada branca, uma vez que algo em que não
existem deficiências é chamada “branco”.

E uma vez que não há nada a acrescentar aos atos que uma pessoa faz, porque está dito sobre
isso, “Tu não deves acrescentar nem subtrair, o seu empenho na Torá é chamado “ossos”. São
brancos porque os méritos e pecados de uma pessoa estão gravados neles. Contudo, se uma
pessoa critica as suas ações – a razão pela qual está construindo o seu alicerce (a razão que o
impulsiona a empenhar-se na Torá e Mitzvot, o seu objetivo enquanto praticando as ações) – e
tenta ver se está verdadeiramente praticando essas ações pelo Criador, para doar
contentamento ao seu Autor, então pode reconhecer a verdade: está dentro da natureza em que
nasceu, receber para receber”, e não quer empenhar-se na Torá e Mitzvot sem qualquer
recompensa.

E a verdadeira razão porque não pode sair da sua natureza é que não reconhece ser necessário,
assim teria que mudar a natureza que foi impressa nele, que é chamada amor-próprio”, e
assumir o amor dos outros para alcançar o amor do Criador. Isto é assim porque uma pessoa
sente que lhe falta o amor dos que lhe estão próximos, isto é a família o amará as pessoas da
sua cidade, etc., mas o que ganhará em amar o Criador? Também, o que ganhará por amar os
seus amigos? Apesar de tudo, está sempre considerando os lucros relativos ao amor próprio.
Assim como pode ele sair deste amor?

E se ele se pergunta porque guarda Torá e Mitzvot em seus atos, e até é meticuloso sobre
todos os seus preceitos e detalhes, então responde a si próprio que recebeu fé através da
educação. Na educação, começas a guiar uma pessoa a empenhar-se na Torá e Mitzvot em Lo
Lishmá [não pelo seu nome], como Maimônides diz (fim de Hilchot Teshuva [Leis de
Arrependimento]). Segue-se que tomou para si acreditar no Criador, que ao servir no trabalho
sagrado, e de volta será recompensado neste mundo e no seguinte.

É por isso que se diz que o verdadeiro trabalho é acreditar no Criador que nos deu Torá e
Mitzvot para guardar, e através disso, alcançaremos equivalência de forma, chamada “Dvekút”
[adesão] com o Criador”. Isto quer dizer que se deveria abandonar o amor próprio e aceitar o
amor aos outros. E na medida em que deixa o amor próprio, ele pode ser recompensado com
fé plena. Por outro lado, ele está separado como está escrito no Comentário Sulam
(“Introdução ao Livro de Zohar”, p 138), “É lei que a criatura não pode perceber o Criador
como que fazendo mal a ele, pois é inapropriado para o Operador perfeito. Entretanto, quando
a pessoa se sente mal, na mesma medida que há uma negação de Sua orientação sobre ele e o
Operador está oculto dele, este é o maior castigo no mundo”.

Se uma pessoa se observa e reconhece a verdade que a Torá e Mitzvot deveriam ser pelo
Criador, sente quão distante está da verdade, e o exame detalhado o leva à dor e sofrimento
por seguir constantemente no caminho errado de ser chamado um “servo do Criador”. Antes,
todo o seu trabalho é para si próprio, o que é chamado, “trabalhar para si”, que é o caminho de
todos os animais, mas impróprio para os humanos.

Segue que através desses sofrimentos, recebe um Kli, isto é uma deficiência. E uma vez que
vê que é incapaz de deixar o amor próprio por si mesmo, pois não tem a força para ir contra a
natureza, a solução é pedir ao Criador que o ajude, como os nossos sábios disseram, “Aquele
que vem para ser purificado é ajudado”. Segue-se que então tem espaço para preencher a
deficiência, uma vez que não há luz sem Kli.

Isto levanta a pergunta que fizemos antes: “O que pode alguém fazer se, ainda que
compreenda que vale a pena trabalhar para doar, ainda não tem a dor e sofrimento ao não ser
capaz de ansiar por doar? Nesse caso, ele deveria saber que isto não significa que não tenha
plena fé no Criador, somente que não pode almejar doar. Ele deveria saber que lhe falta plena
fé, pois quando ele tiver plena fé no Criador, há uma lei natural que o pequeno se anula
perante o grande.

Assim, se tivesse verdadeiramente fé plena na grandeza do Criador, seria naturalmente


anulado perante o Criador, e desejaria servi-Lo sem qualquer recompensa.

Segue-se que não há nenhuma deficiência aqui, pois não pode sobrepor-se à natureza. Antes,
há uma carência de fé plena aqui, ainda que tenha fé. A evidência disso é que está a guardar
Torá e Mitzvot. Contudo, não é fé plena, como deveria ser. Por outras palavras, a integridade
total é que eles acreditam na Sua magnificência, e se alguém deseja saber se tem fé plena,
pode observar quanto está disposto a trabalhar para doar e quanto o corpo é anulado perante o
Criador. Assim, uma incapacidade de uma pessoa de trabalhar para doar é a deficiência, mas
há uma deficiência maior aqui – que lhe falta fé plena - e esta é a principal.

Mas o que pode fazer se, ainda que veja que lhe falta fé total, essa deficiência ainda não lhe
causa dor e sofrimento ao ser deficiente? A verdadeira razão é que ele está olhando para a
maioria, e vê que são pessoas importantes de influência e posição, e não é visível que lhes
falte fé plena. Ao falar com eles, dizem que isto é somente para alguns escolhidos, que é a sua
visão bem conhecida. Esta é a grande divisão, que se torna uma barreira para a pessoa,
impedindo o seu progresso no caminho certo.

Esta é a razão porque precisamos de um ambiente, ou seja, um grupo de pessoas com a


intenção comum de que deve alcançar fé plena. Isto é a única coisa que pode salvar uma
pessoa da visão do coletivo. Nessa altura, cada um dá força a todos os outros para ansiarem
alcançar a fé total, que pode doar satisfação ao Criador, e que essa será a sua única aspiração.
Contudo, isto não conclui a solução de alcançar uma carência por fé plena.

Antes, deve praticar ações mais do que está habituado tanto em quantidade como qualidade. E
o corpo resistirá certamente a isso e pergunta, “ Como é que o dia de hoje é diferente dos
outros”? E responderá, “Estou me imaginando como um servo do Criador, como serviria o
Criador se tivesse fé plena. É por isso que quero servi-Lo da mesma forma como se já tivesse
sido premiado com fé plena.

“Isto cria nele uma deficiência e dor por não ter fé plena, uma vez que a resistência do corpo
causa nele uma necessidade de fé plena. Mas certamente que isto é dito especificamente onde
vai contra o corpo, em coerção, quando trabalha com o corpo em desacordo com a sua
vontade.

Segue-se que aquelas duas ações, o seu trabalho acima do que está habituado, e a resistência
do corpo, originam que necessite de fé plena. Só então se forma um Kli para que depois a luz
penetre nele, visto que agora ele tem espaço para a oração no seu coração, isto é um local de
deficiência. E então o Criador, que ouve uma oração, dá-lhe à luz da fé pela qual pode servir o
Rei não para ser recompensado.

Agora podemos compreender o que perguntamos sobre o significado dos méritos e pecados
serem gravados nos ossos físicos. “Ossos” referem-se ao cerne da questão [“cerne da questão”
é uma expressão idiomática em hebraico], referindo-se à Torá e Mitzvot que ele está
observando. Recebemos ambos para conservar em ação, e não há nada a acrescentar a isso,
como está escrito, “Não deverás nem acrescentar nem subtrair”.
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E nestas ações, os pecados e os méritos estão gravados, querendo dizer que se ele quiser
seguir pelo caminho da verdade e criticar as suas ações – quer sejam com a intenção de doar
ou não – e ele é um homem que ama a verdade e não está interessado no que os outros fazem,
mas quer saber se, se está se empenhando na Torá e Mitzvot Lishmá (pelo Seu nome) ou é
tudo para ele próprio, então compreende que está imerso em amor-próprio e não pode sair
dele por si próprio. Então chora para que o Criador o ajude e sair do amor próprio e a ser
premiado com o amor pelos outros e o amor pelo Criador, e “O Senhor está próximo de todos
os que clamam a Ele, a todos os que clamam a Ele em verdade. “É por isso que é premiado
com Dvekút [adesão] com o Criador.

Segue-se que então, os méritos estão gravados nos seus ossos, isto é que a Torá e Mitzvot que
são guardados são chamados “branco”, uma vez que em termos de atos, tudo é branco,
positivo, e não há nada a acrescentar-lhes. Mas depois, ele examinou com cuidado e viu que o
objetivo não era correto, e que havia escuridão neles porque estava separado e não tinha
Dvekút, chamada “equivalência de forma”, que fará tudo com o objetivo de doar. Em vez
disso, é governado pelo amor próprio.

Assim, ele tem escuridão colocada por cima do branco. Que são os ossos brancos, como
escrito nas palavras do Zohar. Isto significa que ele vê que há escuridão na Torá e Mitzvot que
ele cumpria, que está separado da luz, uma vez que a luz quer doar, enquanto ele faz tudo para
receber e não pode fazer nada a não ser o que é relativo ao amor próprio.

Segue-se que os seus ossos, que significa a Torá prática e Mitzvot, são brancos.
O que significa que não há qualquer deficiência no ato que requeira quaisquer adições. Mas
através da crítica que põe neste branco, ele vê que há escuridão ali. E se presta atenção em
corrigi-la porque lhe causa dor e sofrimento porque ele está na escuridão, e ora ao Criador
para que o ajude e o liberte do amor próprio, por isso é mais tarde premiado com a adesão ao
Criador.

A isto se chama, “Um justo – os seus méritos estão gravados nos seus ossos”, significando
que a sua crítica dos seus ossos brancos fez com que fosse recompensado com a ressurreição
dos mortos, uma vez que “os ímpios nas suas vidas são chamados ‘mortos’, porque estão
separados da Vida das Vidas. Assim, quando são premiados em se apegar ao Criador, é
considerado que foram premiados com a ressurreição dos mortos.

Mas, “em um ímpio, as suas iniquidades estão gravadas nos seus ossos”, uma vez que um
ímpio é aquele que ainda está imerso em amor próprio, e um justo é chamado “bom” e “bom”
é chamado “doação”, como está escrito, “O meu coração transborda com uma coisa boa: Eu
digo, “O meu trabalho é para o Rei’”.

Em outras palavras, o que é uma coisa boa? É quando se pode dizer, “O meu trabalho é para o
Rei”, significando que todas as suas ações são para o Criador e não por sua causa.

É por isto que, “Aquele que tem bom olho será abençoado”. Por esta razão, aquelas pessoas
que têm a Torá e Mitzvot práticos que é considerado o âmago, que a Torá e Mitzvot, foram
dados pelo Criador para os salvarem, a isto se chama “brancos”, porque a ação não tem
deficiências, como está escrito. “Não acrescentarás nem subtrairás”. É por isso que os seus
ossos são brancos.

“As suas iniquidades estão gravadas nos seus ossos”, que são brancos, porque não criticou os
seus atos, se são ou não para doar. Em vez disso acreditava na maioria e como guardam Torá
e Mitzvot. E eles dizem que trabalhar para o Criador é trabalho que pertence a poucos
escolhidos, e que nem todos devem assumir este caminho de se preocupar com o fato do seu
trabalho ser com o objetivo de doar.

A isto se chama “a visão dos proprietários”. Mas “a visão da Torá” é diferente. Sabe-se que
“a visão dos proprietários é oposta a visão da Torá”, dado que a visão dos proprietários é que,
por uma pessoa se empenhar na Torá e Mitzvot, as suas posses crescem e expandem, porque
se torna dono de uma casa maior. Em outras palavras, tudo o que faz é a favor do amor
próprio.

Mas a visão da Torá é como os nossos sábios disseram acerca do verso, “Quando um homem
morre numa barraca”. Eles disseram, “A Torá só existe naquele que morre por Ela”. Isto
significa que ele se entrega à morte, querendo dizer que é o amor próprio que ele entrega à
morte. Assim, ele não tem posses, porque não há qualquer proprietário a quem possamos
relacionar posses, dado que o seu único objetivo é doar, não para receber. Assim anula o seu
ego.

Segue-se que “Em um ímpio, as suas iniquidades estão gravadas nos seus ossos” quer dizer
que ele não segue o caminho da Torá, uma vez que a Torá é chamada “preto sobre branco”. O
Zohar diz ser esta a razão dos seus méritos estarem gravados nos seus ossos, “Dado que os
ossos são brancos, e uma grafia preta só é visível a partir do branco. “Como a Torá, que
significa que se há branco, o que quer dizer que ele guarda Torá e Mitzvot, pode dizer-se que
ele é como a Torá, que tem preto sobre o branco. Então, está tentando alcançar Dvekút ou fica
com os ossos brancos e não escreve nada neles.

É por isso que é chamado “ímpio” pelas suas iniquidades estarem gravadas nos seus ossos.
Mas aqueles que não têm nenhum branco neles, que não têm prática na Torá e Mitzvot não
pertencem ao discernimento dos “ímpios”. Antes, pertencem ao discernimento dos animais,
significando que são somente bestas.
.
182. Um Justo Que é Feliz, Um Justo que Sofre

Artigo 38, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


O sagrado Zohar interpreta a questão de “um justo que é feliz, um justo que é infeliz (Ki
Tetze, item 13): “Aquele que é justo e infeliz, significa isso que ele é da árvore do
conhecimento do bem e do mal, dado que o mal está com ele. Não há justo que não peque
neste mal pois ele está com ele. Um ímpio que é feliz é aquele cuja inclinação do mal superou
sua inclinação do bem e foi dito sobre isso, ‘Ele é feliz’, pois o bem está sob a autoridade do
mal. E porque o mal governa o bem, ele é ímpio, pois aquele que prevalece assume o nome.
Se o bem supera o mal, ele é chamado “um justo que é infeliz, pois o mal está sob sua
autoridade. Se o mal prevalece sobre o bem, ele é chamado um ímpio que é feliz”, até então
suas palavras.
Para entender a questão do bem e do mal em geral, precisamos de saber que dado que a raiz
das criaturas deriva da Sefira de Malchut e Malchut na sua raiz é chamada “receber em prol
de receber” esta é a raiz de todo o mal que há nas criaturas. Isto assim é pois esse desejo nos
separa da raiz, pois aprendemos que o pensamento da criação é fazer o bem às Suas criações e
criou uma deficiência em existência a partir da ausência, chamada “desejo de receber deleite e
prazer”.
Mas uma vez que na espiritualidade Dvekút [adesão] e separação dizem respeito à
equivalência de forma e uma vez que o Criador é o dador e as criaturas são os receptores, há
disparidade de forma entre eles e essa disparidade de forma nos separa do Criador. Logo, não
podemos receber o deleite e prazer que Ele nos quer dar e que foi o propósito da criação. Por
esta razão, para receber o bem, precisamos de qualificar os Kelim [vasos] para trabalharem em
prol de doar e então receberemos o bem.
Sucede-se que nosso mal, pelo qual não temos deleite e prazer, é nada mais e nada menos que
amor próprio dentro de nós. É isto o que interfere com nós recebermos o deleite e prazer e é
isto o que nos causa a morte, pois ele nos separa da vida das vidas. É por isso que somos
chamados de “mortos”, como disseram os nossos sábios, “Os ímpios, nas suas vidas, são
chamados ‘mortos’”.
Quando consideramos nosso mal, o modo como ele fala para nós e nos quer controlar, com
que força ele vem até nós para escutarmos seus argumentos, devemos fazer quatro
discernimentos aqui: 1) Nós podemos nos assemelhar e atribuir ao arrependimento por amor
(embora o arrependimento por amor é uma grande questão, aqui falamos somente em respeito
à atribuição). 2) De nos assemelharmos proximamente do arrependimento por temor. 3) Ele
não consegue superar e se arrepender, mas permanece quebrado e estilhaçado pois não se
consegue arrepender. 4) Ele não é impressionado pela sua incapacidade de superar o mal e se
arrepender.
Vamos explicá-los um de cada vez. É sabido que quando um quer avançar no caminho de
fazer todas as coisas pelo Criador, onde tudo o que ele faz ele pensa que benefício o Criador
vai derivar disto e não pensa no seu próprio benefício, então o corpo vem até ele com
argumentos. Ele começa a zombar deste caminho, chamado “o caminho da doação e não pelo
seu benefício próprio” e argumenta os argumentos de Faraó e o argumento dos ímpios, que
são considerados “mente e coração”, nomeadamente “quem e o quê”.
Quando uma pessoa começa a escutar seus argumentos, ela começa a questionar-se pois ela
nunca ouviu falar de tais fortes argumentos vindos do seu corpo como aqueles que agora ela
escuta. Quando ela começou a obra ela pensava que cada vez avançaria mais além para a
meta, ou seja, que cada vez ela veria que é vantajoso trabalhar para o Criador.
Mas subitamente ela vê que onde ela devia ter tido um desejo maior para servir o Criador, ela
escuta rejeição do corpo, que lhe diz agora, “Por que não queres avançar pelo caminho que o
mundo inteiro avança, onde devias ser meticuloso com os pormenores das ações e a respeito
da intenção deverias dizer, “Que seja como tencionei”. “Mas agora”, diz o corpo, “Vejo que
prestas atenção especificamente às intenções, ou seja, que consigas direcionar para que tudo
seja pelo Criador e não para ti mesmo. Será que serás diferente? Não queres ser como todos
os outros, que dizem que este é o caminho mais seguro? E a evidência disto é olhar para todos
os outros, como eles se comportam”.
Nessa altura começa o trabalho de superar. Isto é, ela precisa de superar seus argumentos e
não se render a suas exigências. Ela deve certamente lhes dar claras respostas para aquilo que
elas a fazem ver, isto é que seu desejo de direcionar que todas suas obras sejam somente para
doar e não para seu próprio benefício é contra a razão, uma vez que a razão manda que uma
vez que o homem foi criado com uma vontade de receber deleite e prazer e há uma exigência
natural de o satisfazer—caso contrário, por que precisa ele dá vida senão para desfrutar dela,
para satisfazer as exigências do corpo—e então ele deixa-o entender que isto faz perfeito
sentido e não há desculpa para responder aos seus argumentos.
A clara resposta deve ser que ela acredita nas palavras dos sábios, que nos ensinaram que
devemos avançar acima da mente e da razão. Isto é, verdadeira fé é especificamente acima da
razão e aquilo que a mente entende não é de todo verdade, dado que em respeito ao Criador,
aprendemos que “Meus pensamentos não são teus pensamentos, nem Meus caminhos são teus
caminhos”.
Aqui começam discernimentos na ordem do trabalho:
O primeiro grau é quando ela diz para seu corpo, “Todos os argumentos que me dizes fazem
sentido e concordo contigo. Contudo, deves saber que uma vez que o verdadeiro caminho,
como eu o recebi da fé nos sábios, é acima da razão, mas eu não tenho chance de demonstrar
que o caminho é realmente assim, de que avanço acima da razão. Mas agora que vens até mim
com teus argumentos que devemos avançar dentro da razão e zombar do caminho da doação e
da fé, fico feliz que venhas até mim com teu escarnecimento pois agora posso mostrar meus
pensamentos, que a base sobre a qual construo a obra do Criador é sobre o caminho da
verdade. Isto é, agora posso dizer que avanço acima da razão. Mas antes de teres vindo até
mim eu não tinha oportunidade de mostrar meu caminho.
“Desta forma, gosto dos teus argumentos pois me fizeste um grande favor ao zombar perante
mim. Que é o escarnecer que ouvi de ti que me fez arrepender, uma vez que agora devo
superar com fé acima da razão. Sucede-se que aquele que me faz assumir o fardo do reino dos
céus em doação e acima da razão é especificamente o teu escarnecer. Não tivesses tu vindo
até mim com queixas, não teria eu a necessidade de assumir sobre mim mesmo o mandamento
da fé. Mas agora eu devo me arrepender”. Logo, ela não fica irritada com o escarnecer que ela
havia escutado.
Nós podemos comparar isto a como nos relacionamos ao arrependimento por amor (embora
na verdade, arrependimento por amor e arrependimento por temor sejam dois grandes graus),
como disseram nossos sábios, “Arrependimento por amor—pecados se tornam para ele como
méritos”. Agora podemos também interpretar aqui que os pecados se tornaram para ela como
méritos.
Devemos entender como os pecados se tornaram méritos. Pecados significa que uma pessoa
está zangada que os pecados tenham vindo até ela. Méritos são quando uma pessoa desfruta
de ter adquirido méritos. Então como pode ser dito que os pecados se tornaram méritos? Qual
é o pecado aqui que o corpo vem com seus queixumes sobre a fé, que ela assumiu sobre si
mesma acima da razão? Também, como pode haver maior pecado que aquele que zomba da
sagrada fé?
Porém, se ela se arrepender por amor, ou seja, que agora ela se arrepende e assume sobre si
mesma fé acima da razão com uma mente clara, ela decide avançar especificamente pelo
caminho da fé, uma vez que agora ela tem dois caminhos na sua frente e ela decide. Logo, ela
tem espaço para a escolha. Mas antes que ele viesse até ela com escarnecer, embora ela
assumisse sobre si mesma fé acima da razão, não era assim tão evidente que ela tinha dois
caminhos na sua frente. Mas agora ela toma uma verdadeira escolha, determinando que ela
deve avançar especificamente com a fé acima da razão.
Sucede-se deste modo que ela está feliz com o escarnecer que ela escutou e gosta do
escarnecer que eles falaram sobre a fé, embora sejam pecados. E uma vez que eles a fizeram
ter espaço para a escolha, então torna-se revelado para ela que ela realmente quer caminhar no
caminho da fé acima da razão, sucede-se que estes pecados são tão importantes para ela como
méritos, pois sem eles ela não teria espaço para a escolha.
Acontece que com o arrependimento que ela agora faz, ela está feliz com o trabalho que
chegou até ela agora e isto é considerado arrependimento por amor. Isto é, ela ama a ação de
arrependimento que agora ela realizou. Nessa altura, suas causas, que são os pecados, são
considerados por ela como méritos, ou seja, que ela os ama como méritos, pois um não anda
sem o outro. Ela tem aproximadamente a relação que a luz e o Kli [vaso] têm. Isto é, a
deficiência que os pecados lhe causaram é chamada de Kli e o arrependimento, que ela tomou
a escolha, é semelhante à relação da luz. Este é o primeiro grau na ordem do trabalho.
O segundo grau é que embora ela supere o zombar que o corpo fala sobre o caminho da
verdade, que é doação e fé e ela se arrependa, ou seja, responde ao corpo, “Tudo o que escuto
de ti é somente aquilo que dizes, que a mente dita, mas de acordo com o que eu escutei, que a
base da obra do Criador é fé acima da razão. Isto é, eu não avanço de acordo com a mente,
mas acima da mente”. Desta forma, este é o verdadeiro arrependimento.
Contudo, ela diz que seria mais feliz se não escutasse seu escarnecer pois ela estava em perigo
de talvez não ser capaz de tomar a escolha. Sucede-se que este arrependimento é considerado
temor. Isto é, ela teme o trabalho de superar, pois esse é trabalho duro, dado que quando uma
pessoa é testada é muito difícil escolher o bem.
Acontece que este arrependimento está relacionado ao arrependimento por temor, quando os
pecados se tornam para ela como erros. Porque ela se arrependeu dos pecados, eles se tornam
erros, mas não como méritos, dado que méritos significa que ela é semelhante a méritos.
Logo, uma pessoa anseia por méritos, ela está feliz com seu trabalho, com lhe ser dada uma
chance de tomar uma escolha. Mas quando ela teme o escarnecer, ela mesma está a dizer que
isso não são méritos, mas em vez disso semelhantes a erros.
Sucede-se que embora ela tenha elevado o mal para Kedushá [santidade], ou seja, corrigiu o
mal ao se arrepender, esse grau é mais baixo que o arrependimento por amor, dado que ela
mesma não os transformou em méritos. Desta forma, isto é considerado o segundo grau no
trabalho.
O terceiro grau que devemos discernir na obra é que quando o corpo vem até ela com seus
conhecidos argumentos, quando ele zomba, a mente e o coração e ela se rende a eles e não os
consegue superar, ela deve descer do seu grau. Isto é, onde ela pensava anteriormente que era
considerado estar entre os servos do Criador, agora ela vê que está longe disso, uma vez que
antes do corpo ter vindo até ela com seus conhecidos argumentos, ela pensava que ela estava
bem, ou seja, que não tinha desejos de amor próprio e ela estava completamente em prol de
doar.
Mas agora ela vê que não consegue superar suas queixas. Embora agora ela não esteja na
realidade a ser testada — pois agora todos os argumentos são somente em potencial—ela
ainda vê que ela se rende aos seus argumentos e não consegue assumir sobre si mesma fé
acima da razão e dizer, “Eu quero caminhar somente num caminho de doação”.
Agora um homem se senta e questiona-se a si mesmo, como a situação foi invertida. Parece-
lhe que é um ciclo repetitivo e agora ele que sempre olhou para sua baixeza, caiu para lá ele
mesmo e não consegue sair desse lugar embora ele se lembre como ele sempre desprezou
essas pessoas e as considerou pequenas e infantis e sempre ficou longe delas. Agora ele está
lá e não consegue sair de lá sozinho.
Agora ele vê similaridade com a história que é contada sobre Rabi Yonatan, que teve uma
discussão com um padre. O padre dizia que ele conseguia mudar a natureza e Rabi Yonatan
dizia que era impossível mudar a natureza que o Criador criou. Somente o Próprio Criador a
pode mudar, mas o próprio homem não consegue.
O que fez o padre? Ele levou alguns gatos e lhes ensinou a serem criados. Eles os vestiu em
roupas de criados, foram até ao rei e lhe disse sobre seu problema com Rabi Yonatan. O padre
preparou uma refeição e convidou o rei e os ministros. Antes da refeição, o padre reiterou a
questão de ser capaz de mudar-se para uma segunda natureza e Rabi Yonatan disse que
somente o Criador a consegue mudar, mas não o homem.
Subsequentemente, o padre ordenou e disse, “Deixai-nos comer primeiro e então
concluiremos nosso debate”. Prontamente, os criados, ou seja, os gatos, entraram, vestidos
como tal como verdadeiros criados e puseram a mesa. Eles trouxeram os pratos a todo e cada
um e o padre e o rei e os ministros estavam atónitos com as ações maravilhosas dos criados.
Agora todos viam que não havia sentido em discutir depois da refeição e todos estavam
surpresos com Rabi Yonatan sentando-se tão calmamente, não impressionado com o ato que
havia provado inequivocamente que o homem consegue mudar a natureza.
O que vez Rabi Yonatan então? Diz-se que assim que terminaram a refeição e os criados se
levantaram e serviram os convidados, Rabi Yonatan tirou para fora uma caixa de tabaco.
Quando todos pensaram que ele ia cheirar tabaco, ele abriu a caixa e dela saíram vários ratos.
Quando os criados viram os ratos a saírem da caixa e a fugirem, prontamente abandonaram
eles os convidados e perseguiram os ratos, tal como na sua natureza. Então todos viram que
Rabi Yonatan estava certo.
A mesma coisa se aplica a nós. Quando o corpo vem e começa seu escarnecer, mostrando
tangivelmente o sabor do amor próprio, ele prontamente abandona a Torá, a obra e o Criador
e corre para obter o amor próprio, onde o corpo lhe mostra o prazer disso. Então vê ele que é
impotente para sair do amor próprio.
Sucede-se que aqui, nesta situação — quando ele vê que como está imerso no amor próprio
devido a nossa natureza — isso é considerado ter-se alcançado um certo grau na obra.
Significa isto que ele alcançou o grau da verdade, chamado “reconhecimento do mal”. Agora
sabe ele que deve começar seu trabalho de novo, pois até agora ele caminhava no caminho e
se enganava a si mesmo, pensando que estava acima de todos, mas agora ele vê seu
verdadeiro estado.
Desta forma, agora tem ele um lugar de deficiência para orar ao Criador do fundo do coração,
uma vez que agora ele vê quão afastado estava ele da obra de doação, que ele não consegue
sair, mas somente o Criador consegue ajudar nisso. Este é o terceiro grau, que é mais baixo
que os dois graus anteriores.
O quarto grau é o mais baixo em comparação com os primeiros três graus. Por vezes o corpo
vem até ele com todos os seus argumentos e ele escuta, mas não responde de todo. Porém, ele
leva seus argumentos a sério e até vê que é natural que não consiga realizar ações de doação.
E ele permanece no amor próprio como está acostumado, sem qualquer excitação. Ele fica
muito sereno com isso e esquece-se do lugar e estado que tinha há um momento atrás, antes
do corpo ter vindo até ele com suas questões, quando ele pensava que não era como o resto
das pessoas, cujo trabalho é edificado em amor próprio. Em vez disso, agora ele sente que
este é o modo de trabalhar, o mesmo como todos trabalham.
Sucede-se que de todas as perguntas que vieram até ele — que deve ter sido um arauto do alto
em prol de lhe dar uma chance de subir no seu grau, seja como o primeiro discernimento, que
é semelhante ao arrependimento por amor, ou como o segundo discernimento, que é
arrependimento por temor, ou como o terceiro discernimento, que é de ter uma deficiência, ou
seja, que ele ainda conseguia orar ao Criador — agora ele vê que é impossível que o homem
seja capaz de se ajudar a si mesmo sozinho.
Agora chega ele a um estado onde acredita e vê aquilo que disseram nossos sábios (Sucá, 52),
“Rabi Shimon Ben Lakish disse, ‘A inclinação do homem o subjuga cada dia e o procura
condenar à morte, como foi dito, ‘O ímpio observa o justo e procura condená-lo à morte.’ Não
fosse a ajuda do Criador, ele não a teria superado, como foi dito, ‘Deus não o deixara na sua
mão, nem o condenará quando for julgado.’’”
Ele vê que o corpo realmente procura condená-lo à morte, ou seja, que ele quer separá-lo da
vida das vidas com seus argumentos. Agora ele vê que não o consegue superar sozinho e
espera que o Criador o ajude. Sucede-se que as perguntas que vieram até ele não foram em
vão. Em vez disso, elas lhe deram espaço para orar do fundo do coração. Mas no quarto grau,
quando ele assume tudo como fortuito, é como se as perguntas tivessem vindo até ele em vão,
desnecessariamente.
Porém, devemos saber que para uma pessoa que começou a caminhar no caminho da doação e
da fé, nada passa em vão. Em vez disso, passados alguns dias ou horas, ele chega a sua
situação depois de ouvir o escarnecer e ver algo novo: como uma pessoa pode cair de um alto
grau para um grau que é a absoluta baixeza em comparação com o estado no qual ele estava.
E ainda assim, ele tinha sensação disso. Em vez disso, ele sentia como se nada tivesse
acontecido e encarou-o tudo muito pacificamente, concordando permanecer no seu presente
estado. Ele está calmo e num humor razoável, onde anteriormente ele pensava que se não
pudesse avançar na espiritualidade preferia morrer que viver. Ele estava sempre a tremer e
agitado sobre como avançar e olhava sempre para as pessoas calmas que secamente se
envolvem em Torá e Mitzvot, sem qualquer pensamento ou mente, mas simplesmente indo
pelo hábito.
Mas agora ele não sente que deve receber apoio de ninguém, ou que lhe falta uma carência.
Em vez disso, é simplesmente natural que uma pessoa queira viver em paz e não procure
defeitos em si mesma, mas se sentencie a si mesma a uma escala de mérito. Isto é, ele tem
muitas desculpas para tudo aquilo que pensa ser um defeito. Mas principalmente, ele quer
viver sem dor pois se recorda que antes, quando pensava sobre a espiritualidade, ele estava
cheio de sofrimento e sempre preocupado. Agora, graças a Deus, ele não tem preocupações
com a espiritualidade e vive como todas as outras pessoas.
Mas mais tarde, quando certo despertar vem até ele do alto, ele fica preocupado outra vez com
a espiritualidade. Nessa altura ele vê algo novo—o homem não é seu próprio patrão. Em vez
disso, ele está numa catapulta, jogado do alto como lhes apetece e ele está nas mãos daqueles
no alto. Isto é, em certa altura lhe são dados pensamentos que ele deve jogar fora todas as
questões corpóreas que pertencem ao seu próprio benefício. Noutra altura ele é jogado para
baixo para o mundo corpóreo, ou seja, que se esquece de todas as questões espirituais.
Sucede-se que até o quarto grau é um grau, pois lhe é dada uma chance de aprender disto para
ver a verdade, pois com isto pode ele chegar a se apegar ao Criador ao ver que ele é
dependente do Criador. Nessa altura despertará ele para pedir ajuda do Criador a o tirar do
amor próprio e alcançar o amor pelo Criador.
Porém, este é um caminho longo. A ordem é como disse Baal HaSulam, que um deve dizer,
“Se eu não sou por mim, quem é por mim”? Ele deve dizer que tudo depende do homem, uma
vez que a escolha é dada inteiramente ao homem e não deve esperar até que um despertar
venha até ele do alto.
Mas depois do facto ele deve acreditar que tudo é Providência Privada e que o homem não
consegue somar coisa alguma à Sua obra. Em vez disso, ele deve fazer como é desejado do
alto e ele não tem livre arbítrio. Este é o melhor e mais curto caminho, dado que ele poupa
tempo e sofrimento, pois ele não sofre devido ao prolongamento do tempo.
Acontece que encontramos quatro discernimentos quando uma pessoa começa a caminhar na
ordem do trabalho de doação e fé:
1) Quando o corpo vem até ela com seus argumentos de escarnecer, ela aceita-os com amor.
Ela diz, “Agora tenho uma chance de manter o mandamento da fé acima da razão, pois
inversamente estaria a trabalhar somente dentro da razão”. Isto pertence ao arrependimento
por amor, ou seja, ela ama este arrependimento.
2) Quando o corpo vem até ela com seus argumentos de escarnecer, embora ela os supere, ela
não gosta deste trabalho, dado que é trabalho duro superar quando ouve escarnecimento. Isto
é semelhante ao arrependimento por temor, quando os pecados se tornam para ela como erros,
pois ela ficaria feliz se eles não viessem até ela.
3) Quando o corpo vem até ela com seu escarnecer, ela se rende abaixo dos seus argumentos e
não tem a força para superar. Nessa altura ela se sente mal sobre si mesma pois anteriormente
ela pensava que já era considerada estar entre os servos do Criador, mas agora ela vê que nada
tem. Ela se arrepende disso, mas não o consegue impedir. Sucede-se que a situação em que
ela se encontra lhe dói.
4) Quando o corpo vem até ela com seu escarnecimento, ela se desmorona debaixo da sua
carga, faz tudo aquilo que o corpo lhe diz e leva tudo calmamente. Ela se esquece
prontamente que alguma vez foi serva do Criador e se sente bem acerca de si mesma, como se
nada tivesse acontecido. Em vez disso, ela desfruta da sua situação pois agora ela não tem
sofrimento de não pensar na obra do Criador e quer continuar toda a sua vida neste estado.
Por vezes ela nem sequer pensa nisso, ou seja, que ela não pensa de todo sobre o propósito da
vida, mas está simplesmente feliz como está.
Estes quatro estados podem ser comparados aos quatro graus que disseram nossos sábios: 1)
um justo que é feliz, 2) um justo que sofre, 3) um ímpio que sofre, 4) um ímpio que é feliz.
Embora nossos sábios se refiram a altos graus, em respeito à relação, ainda assim podemos
comparar. Vamos chamar ao primeiro estado, que é semelhante ao arrependimento por amor,
“um justo que é feliz”. Significa isto que ele nada sente como mau pois os pecados se tornam
para ele como méritos.
Chamaremos ao segundo estado, que é semelhante ao arrependimento por temor, “Um justo
que sofre”, como interpreta O Zohar acima: “Um justo que sofre—quando o mal está sob da
sua autoridade”. Isto é, ele o controla, pois ele se arrependeu do escarnecimento que escutou
do seu corpo. Mas uma vez que os pecados não se tornaram méritos, sucede-se que ele tem
pecados, mas eles são como erros, uma vez que o mal está sob a autoridade do bem. Acontece
que ele ainda tem mal, mas o bem o controla.
O terceiro estado é quando ele se rende sob o mal quando ele escuta escarnecimento do corpo.
Ele não tem a força para se arrepender sobre o escarnecimento e o aceita. Contudo, ele
se arrepende de não ser capaz de o superar. Chamamos a isto “um ímpio que sofre”. Embora
ele seja ímpio, ou seja, que ele não se arrepende, ele sente desagradabilidade nesta situação,
que significa que ele sofre por não ter a força para superar.
O quarto estado é quando ele aceita o escarnecimento calmamente e não sente sequer que
escutou escarnecimento. Podemos chamar a isto “um ímpio que é feliz”. Isto é, embora
ele seja ímpio, ele está feliz desta maneira e não sente qualquer defeito em si mesmo.
188. Escuta A Nossa Voz

Artigo 39, Tav-Shin-Mem-Hey, 1984-85


Nos Slichot [orações pelo perdão], nós dizemos, “Escuta nossa voz, Senhor nosso Deus, tem
misericórdia de nós e piedade de nós e aceita nossa oração misericordiosa e voluntariamente”.
Nas ladainhas de Segunda-Feira e Terça-Feira dizemos, “Tem piedade de nós, Ó Senhor, com
Tua misericórdia e não nos dês para as mãos dos cruéis. Por que devem as nações dizer,
‘Onde está o seu Deus’?Escuta nossa voz e perdoa-nos e não nos abandones nas mãos de
nossos inimigos para exterminarem nosso nome. No fim, não esquecemos Teu nome; por
favor não nos esqueças”.
Devemos entender por que termina, “No fim, não esquecemos Teu nome; por favor não nos
esqueças”. Isto implica que é esta a razão pela qual pedimos que o Criador nos ajude, pois lá
diz, “No fim, não esquecemos o Teu nome”. Que razão e que causa há ali em “No fim, não
esquecemos Teu nome”, pelo qual dizemos, “por favor não nos esqueças”?
Para entender o citado, devemos saber como as nações fazem perguntas heréticas, dado que
dizemos, “Por que devem as nações dizer, ‘Onde está seu Deus?’” Também precisamos de
entender por que dizemos para o Criador, “Não nos dês para as mãos dos cruéis”. Quem são
os cruéis? Também, parece que se não fossemos colocados nas mãos dos cruéis no exílio, não
teria sido assim tão terrível e não precisaríamos de orar para sermos libertos do exílio entre as
nações.
Vamos explicar isto de acordo com nosso caminho. Uma vez que nascemos após
a Tzimtzum [restrição] e a ocultação e somente a vontade de receber para nós mesmos é
revelada em nós, isso deixa-nos entender que devemos trabalhar somente para nosso próprio
benefício. Ao nos tornarmos escravizados ao nosso benefício pessoal, nos tornamos afastados
do Criador. É sabido que perto e longe se relaciona a disparidade de forma e equivalência de
forma.
Por esta razão, quando uma pessoa está imersa em auto recepção, ela está separada da vida
das vidas. Naturalmente, ela não consegue sentir o sabor da Torá e Mitzvot [mandamentos],
pois somente quando ela acredita que mantém o mandamento do Criador não para seu próprio
benefício consegue ela aderir ao Dador da Torá. Uma vez que o Criador é a fonte da vida,
nessa altura uma pessoa sente o sabor da vida e chama à Torá, Torá da vida”, e o versículo,
“Esta é tua vida e a duração de teus dias”, se torna realidade.
Mas durante a separação tudo é escuro para ela. Embora nossos sábios tivessem dito, “Um
sempre se deve envolver em Torá e Mitzvot Lo Lishmá [não pelo Seu bem] e
de Lo Lishmá chegará ele a Lishmá [pelo Seu bem]”, há muitas estipulações para isto.
Primeiro ele precisa de ter uma necessidade de alcançar Lishmá. Uma pessoa pensa, “Que
estou eu a perder ao me envolver em Lo Lishmá, pelo qual me devo sempre lembrar da razão
por estar a aprender Lishmá? Não é em prol de receber uma recompensa corpórea ou
espiritual. Em vez disso, a razão pela qual estou a aprender Lo Lishmá é para deste modo
alcançar o grau de Lishmá.
Nessa altura a pergunta, “Por que preciso de trabalhar por algo de que não preciso”? Desperta
nele. O corpo vem até ele e diz, “Que ganharei com o teu desejo de trabalhar em prol de doar,
chamado Lishmá, que se me esforçar em Lo Lishmá, vou receber algo importante
chamado Lishmá”?
Na verdade, é ao contrário. Se ele diz para o seu corpo, “Trabalha em Torá e Mitzvot Lo
Lishmá, que são a razão pela qual vais alcançar Lishmá”, o corpo certamente o vai perturbar,
se este é seu propósito, de alcançar Lishmá. Ele traz muitas desculpas para uma pessoa sobre
porque ela não pode fazer a obra de Lo Lishmá.
Talvez seja essa a razão pela qual o corpo perturba as pessoas que aprendem Lo Lishmá para
que isso as conduza a Lishmá e não as deixa se envolver sequer em Lo Lishmá, dado que o
corpo tem medo “caso o homem venha a alcançar Lishmá”.
Isto assim não é para a espécie de pessoas que não aprendem com a intenção de
alcançar Lishmá e se envolvem em Torá e Mitzvot pois o Criador nos mandou manter Sua
Torá e Mitzvot, em troca pelo qual seremos recompensados no mundo vindouro. Durante o
estudo da Torá elas não visam sair do amor próprio e serem capazes de manter Torá
e Mitzvot em prol de doar. Sucede-se que ele não vai contra o corpo, ou seja, contra o amor
próprio, o corpo não contesta assim tanto em manter Torá e Mitzvot, dado que a visão do
corpo é que ele vai manter tudo na sua própria autoridade, ou seja, no amor próprio.
Mas para aqueles que tencionam durante seu envolvimento em Torá e Mitzvot ser
recompensados com Lishmá, é difícil observar até em Lo Lishmá, uma vez que o corpo tem
medo que ele possa perder todo o amor próprio e faça tudo pelo Criador, não deixando nada
para o corpo. Sucede-se que há uma diferença até em Lo Lishmá, ou seja, na intenção da
própria Lo Lishmá. Se a intenção é permanecer em Lo Lishmá e não avançar mais, ou seja,
alcançar Lishmá, uma pessoa consegue persistir em aprender Torá pois seu corpo não
apresenta muita resistência.
Mas se uma pessoa visa, enquanto se envolvendo em Lo Lishmá, deste modo
alcançar Lishmá, isso contradiz a visão do corpo. Embora seja verdade que ela ainda se
envolve em Lo Lishmá, mas dado que a direção é alcançar Lishmá, o corpo vai resistir a todo
e cada momento e vai apresentar obstruções sobre toda a pequena coisa.
Significa isto que quando não avançamos pela meta de alcançar Lishmá olhem para as
obstruções que as pessoas que caminham no caminho para alcançar Lishmá, elas riem-se
delas. Elas dizem que não as entendem, que elas levam toda a pequena coisa como uma alta
montanha e toda a pequena coisa se torna uma enorme barreira para elas e elas têm de reunir
grande força para todo e cada movimento. Elas não as entendem e dizem-lhes: “Olhem para
vocês e vejam quão malsucedido é o vosso caminho. Nós, graças a Deus, estudamos e oramos
e o corpo não tem poder para nos impedir de nos envolvermos em Torá e Mitzvot. Mas a
vocês, com vosso caminho, vós mesmos dizeis que toda a pequena coisa que fazeis é como se
tivessem conquistado uma alta montanha”.
Nós podemos comparar isto ao que nossos sábios disseram (Sucá, 52), “No futuro [referindo-
se aos dias do Messias], o Criador levará a inclinação do mal e a chacinará perante os justos e
perante os ímpios. Para os justos, ela parece uma alta montanha. Para os ímpios, ela vai
parecer da grossura de um cabelo”. Embora aqui discuta os dias do Messias, podemos retirar
um exemplo daqui, ou seja, explicar que aqueles que tencionam alcançar Lishmá são
considerados justos, dado que sua meta é serem justos, ou seja, que sua intenção seja somente
pelo Criador. Para eles a inclinação do mal é considerada como uma alta montanha
Aqueles que não têm a meta de alcançar Lishmá, ou seja, de saírem do amor próprio, são
considerados “ímpios” pois o mal, chamado “receber em prol de receber”, permanece neles.
Eles mesmos dizem que não querem sair do amor próprio e para eles a inclinação do mal
parece da grossura de um cabelo.
Isto é semelhante à história que é contada sobre Rabi Bonim: Foi-lhe perguntado na cidade de
Danzig, na Alemanha, por que os Judeus Polacos eram mentirosos e usavam roupas sujas,
enquanto os Judeus alemães são verdadeiros e usam roupas limpas. Rabi Bonim respondeu
que é como disse Rabi Pinhas Ben Yair (Avodá Zára, 21), “Rabi Pinhas Ben Yair disse, ‘Torá
conduz à cautela, limpeza conduz à abstinência e medo do pecado conduz à santidade.’”
Desta forma, quando os Judeus da Alemanha começaram a adoptar a limpeza, o mal veio até
eles e lhes disse, “Eu não vos vou deixar envolver em limpeza pois limpeza conduz a outras
coisas até que finalmente cheguem à Kedushá [santidade]. Sucede-se que querem que eu vos
permita alcançar Kedushá. Isto não vai acontecer”! O que fizeram eles? Porque ansiavam a
limpeza, eles prometeram que se ele deixasse de interferir com o seu trabalho em limpeza não
avançariam mais e que ele não tem razão para temer que eles possam alcançar Kedushá, pois
eles são verdadeiros. Por esta razão os Judeus da Alemanha são limpos, dado que a inclinação
do mal não os perturba.
Quando a inclinação do mal viu que os Judeus Polacos se envolviam em limpeza, ela foi até
eles, também e quis obstruí-los pois eles alcançariam Kedushá e ela se opõe a isso. Eles lhe
disseram, “Não avançaremos mais”. Mas que fizeram eles? Quando ela os deixou, eles
continuaram até que alcançaram Kedushá. Quando a inclinação do mal viu que eles eram
mentirosos, ela prontamente lutou contra eles pela limpeza. Desta forma, porque os
Judeus Polacos são mentirosos, é difícil para eles caminharem em limpeza.
Do mesmo modo, devemos entender aqueles que se envolvem em Lo Lishmá e que dizem que
nossos sábios nos prometeram que de Lo Lishmá chegamos a Lishmá e desta forma não
precisamos de fazer grandes esforços para o alcançar, mas que isto chegará eventualmente.
Portanto, não temos assunto com a visão de que sempre nos devemos lembrar que tudo o que
fazemos em Torá e Mitzvot é em prol de alcançar Lishmá e esta é nossa recompensa e é isto o
que esperamos.
Em vez disso, nos envolveremos em Lo Lishmá e no final, ela chegará, como nossos sábios
nos prometeram. Foi por isso que a inclinação do mal não vem para os desviar de se
envolverem em Lo Lishmá, dado que ela vê que eles não têm desejo que se pareça para
alcançar Lishmá, então ela não os incomoda de todo, tal como na história sobre Rabi Bonim.
Mas com aqueles que anseiam alcançar Lishmá, a inclinação do mal vê que eles se envolvem
em Lo Lishmá pois não há outro modo senão começar em Lo Lishmá, tal como disseram
nossos sábios, “Nós não nos devemos envolver em Lo Lishmá a menos que de Lo
Lishmá cheguemos a Lishmá” e eles se sentam e esperam, “Quando vou eu
alcançar Lishmá agora”?
Quando a inclinação do mal vê que eles se esforçam para alcançar Lishmá através do remédio
de Lo Lishmá, ela prontamente vai até eles e faz todos os tipos de coisas para os perturbar,
para que eles não alcancem Lishmá. Ela não os deixa fazer até as mais minúsculas
coisas Lo Lishmá por ter medo, dado que eles se envolvem para alcançar Lishmá, tal como na
resposta de Rabi Bonim.
Correspondendo a isso, há dois discernimentos em Lo Lishmá: 1) Seu propósito
em Lo Lishmá é de alcançar Lishmá. Ele sempre examina se já deu um passo na sua obra para
chegar a Lishmá. Quando ele vê que não se moveu um milímetro, ele se arrepende e finge que
não começou sequer a obra do Criador, dado que a medição em Torá e Mitzvot é de quanto ele
consegue direcionar ao Criador. Por esta razão, quando ele vê que não consegue direcionar
sequer a mais pequena das coisas pelo Criador, ele sente como se não tivesse feito uma única
coisa na obra do Criador e se considera a si mesmo uma ferramenta inútil.
Nessa altura começa ele a contemplar seu propósito. Dias passam e ele não consegue sair do
seu estado; tudo o que ele quer é amor próprio! Pior ainda, cada dia, em vez de olhar para as
perturbações na obra como se elas nada fossem, ele vê-as como altas montanhas; ele sempre
vê uma grande barreira na sua frente que ele não consegue superar.
Disse Baal HaSulam sobre tais estados que uma pessoa avança precisamente nesses estados,
chamados “estados de Achoraim [dorso]”. Contudo, não lhe é permitido vê-lo para que ela
não o considere Panim [face], pois quando uma pessoa vê que ela avança, seu poder de oração
enfraquece pois ela vê que a situação não é assim tão má uma vez que ao fim ela está a
avançar, embora em passos pequenos. Pode levar um pouco mais, mas ela está a mover-se.
Mas quando ela vê que está a regredir, então quando ele ora a oração é do fundo do coração,
de acordo com a medida de sofrimento que ele sente devido ao seu pobre estado.
Com isto vão entender o que dizemos na ladainha, “Tende piedade de nós, Ó Senhor, com
Tua misericórdia e não nos dês para as mãos dos cruéis”. Devemos saber quem são
os cruéis. Devemos saber que quando falamos do trabalho individual, então o homem é
o coletivo. Isto é, ele contém dentro dele as nações do mundo, também. Significa isto que ele
tem luxurias e visões das nações do mundo e que ele está em exílio entre as nações do mundo
que existem dentro dele. Isto é chamado “as mãos dos cruéis”.
Pedimos ao Criador, “Não nos dês para as mãos dos cruéis”. Na corporeidade, uma pessoa
cruel é aquela que dá problemas às pessoas sem misericórdia, não se preocupando que ela está
a magoar as outras. Similarmente, na obra do Criador, quando uma pessoa quer assumir sobre
si mesma o fardo do reino dos céus, as visões das nações do mundo nela vêm e atormentam-
na com o escárnio que ela escuta delas. Ela as deve combater, mas elas são mais fortes que ela
e ela se rende e é obrigada a escutá-las.
Isto dói e atormenta-a, tal como está escrito, “E os filhos de Israel suspiraram do trabalho e
clamaram, e seu clamor do trabalho subiu até Deus e Deus escutou seu gemido”. Logo, vemos
que o sofrimento do homem da inclinação do mal é a razão pela qual devemos ter espaço para
a oração. Sucede-se que precisamente quando ele está em guerra com a inclinação do mal e
pensa que não consegue avançar, precisamente aqui ele tem espaço para progredir.
Disse Baal HaSulam que uma pessoa não consegue valorizar a importância do tempo em que
ela tem contato sério com o Criador. Sucede-se que uma pessoa sente que ela está nas mãos
dos cruéis e que sua crueldade contra ela é especialmente quando lhe perguntam como está
escrito, “Por que devem as nações dizer, ‘Onde está seu Deus?’” Esta é uma pergunta de
heresia, que elas querem exterminar o nome de Israel dela, como está escrito, “Não nos
abandones nas mãos dos nossos inimigos para exterminarem nosso nome”.
Sucede-se que a coisa principal que elas querem é desenraizar a fé de Israel no Criador. Com
estes argumentos elas separam-na do Criador para que ela não se possa conectar ao Criador,
para aderir à vida das vidas e sentir o sabor da vida espiritual. É por isso que ela diz que
embora escute cada dia seu espírito de heresia, como está escrito, “Por que devem as nações
dizer, ‘Onde está seu Deus?’” Mas “nós não esquecemos Teu nome”, ou seja, que eu ainda me
lembro da morada para onde me voltar.

Isto é, embora somente o Criador reste dentro de nós e não o que está no nome, uma vez que
elas fazem com que o nome que permanece em nós fique seco e insípido, ainda assim, “nós
não esquecemos Teu nome. É por isso que pedimos, “Por favor não nos esqueças”, ou seja,
que Ele nos dê a força para nos aproximarmos Dele para que possamos alcançar o que está
contido no nome sagrado.
195. Moisés Foi

Artigo 1, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito em O Zohar (itens 1-3): “‘Foi Moisés.’ Rabi Chizkiya começou, ‘Conduzindo
para a direita de Moisés o braço da sua glória, dividindo a água perante eles.’ Três irmãos
sagrados caminhavam entre eles. Quem são eles? Moisés, Aarão e Miriam. Nós
estabelecemos que Aarão é o braço direito de Israel, como está escrito, ‘Quando o Cananeu,
Rei de Arade … ouviu que Israel vinha pelos lugares.’ ‘Pelos lugares’ significa que Israel
eram como um homem caminhando sem um braço, se apoiando em cada local, dado que
‘lugares’ significa ‘local.’ Então ‘ele lutou contra Israel e levou alguns deles para o cativeiro’,
dado que eles estavam sem um braço direito. Vinde e vede, Aarão era o braço direito do
corpo, que é Tiféret, assim está escrito, ‘Conduzindo para a direita de Moisés o braço da sua
glória.’”
Devemos entender a alegoria que ele dá sobre o versículo, “Quando o Cananeu … escutou”.
RASHI interpretou que ele havia escutado que Aarão havia morrido e as nuvens de glória
haviam partido, como um homem que caminha sem um braço. O que significa que Aarão era
o braço direito? Devemos também entender da alegoria que quando um não tem braço
caminha, ele se apoia a si mesmo em todos os lugares. Devemos saber que tudo o que
queremos fazer deve ter uma razão que o necessite fazer. De acordo com a importância da
razão, assim é a habilidade de nos esforçarmos em prol de obter o nosso desejo.
Por esta razão, quando uma pessoa começa a caminhar na obra do Criador e quer trabalhar em
fé e doação, ela quer saber qual é a razão pela qual deve caminhar especificamente neste
caminho. Cada um entende que se o trabalho foi baseado em recepção e conhecimento, o
trabalho seria melhor e mais bem-sucedido. Isto é, o corpo, chamado “amor próprio”, não
resistiria a este trabalho com tanta força, uma vez que embora o corpo deseje repousar e não
queira trabalhar de todo, se fosse na base da recepção e conhecimento, certamente seria mais
fácil e mais pessoas se envolveriam em Torá e Mitzvot.
Baal HaSulam disse que o Criador quis que o corpo resistisse para que o homem tenha de
receber Sua ajuda. Sem ajuda do Criador, é impossível alcançar a meta e isto foi em prol do
homem ser capaz de se elevar a um grau mais alto cada vez, como disseram nossos sábios,
“Aquele que vem para purificar é ajudado”. O sagrado Zohar questiona, “Com o que é ele
ajudado? Com uma sagrada alma. Quando um nasce lhe é dada uma alma. Se ele for
recompensado com mais …” Deste modo, ao homem é dado trabalho para que ele possa
ascender em graus de santidade.
Mas na ordem da obra, ou seja, em prol de uma pessoa pedir a ajuda do Criador, precisamos
de ser cuidadosos pois quando um vem para trabalhar, o corpo lhe diz, “Por que estás tão
chateado? Em qualquer dos casos, não conseguirás superar tua natureza, chamada ‘amor
próprio.’ Não consegues sair dela e somente o Criador pode ajudar. Então por que te esforças,
fazendo tais tremendos esforços para sair do amor próprio? Estás a trabalhar para nada! Por
que precisas desta obra”?
Baal HaSulam disse sobre isto que antes de todo e cada trabalho que um queira fazer ele deve
dizer que a escolha só depende dele. Nessa altura ele não deve dizer que o Criador o ajudará.
Em vez disso, ele deve fazer todos os esforços que puder e ele precisa do Criador somente
para completar o trabalho e ele não consegue terminar o trabalho pela supracitada razão.
Disseram nossos sábios sobre isto (Avôt, Capítulo 5, tratado 21): “Diria ele, ‘Não é sábio para
ti terminares a obra.’” Desta forma pode ser dito, “Por que preciso de trabalhar? Se eu não o
consigo terminar, de que serve meu trabalho”? É por isso que o tratado continua, “Nem estás
tu livre de o abandonar”.
Logo, vemos duas coisas que parecem se contradizer uma à outra: Por um lado, é dito a uma
pessoa para trabalhar “como um boi para o fardo e como um burro para a carga”. Isto implica
que a obra sagrada depende do homem, ou seja, que ele a consegue terminar. Por outro lado,
dizemos que está escrito, “O Senhor terminará por mim”.
A questão é que ambos são necessários. Por um lado, uma pessoa deve tomar uma escolha, ou
seja, ter um desejo de trabalhar pelo Criador. Se ela pudesse terminar seu trabalho
permaneceríamos no seu presente estado pois ela sentiria que é completa pois veria que todas
as suas ações são pelo Criador, então o que mais falta? Desta forma, não há mais qualquer
necessidade de atrair a luz da Torá.
Contudo, em prol de ter uma necessidade de progredir na Torá, dado que a Torá é os nomes
do Criador, que o Criador desejou revelar às criaturas e de acordo com a regra, “Não há luz
sem um Kli [vaso]”, como pode um então receber a luz da Torá quando ele não tem o Kli,
chamado “necessidade e deficiência”? Por esta razão, quando ele começa a trabalhar e vê que
não consegue terminar a obra, ele adquire uma necessidade e deficiência pela luz da Torá.
É como disseram nossos sábios, “A luz nela o reforma”. E então, cada vez que ele se quer
tornar mais puro, ele deve receber ajuda do alto. É por isso que precisamos de ambos e não há
contradições entre eles, dado que cada um tem seu papel único.
Isto é semelhante ao que vemos na corporeidade, pois toda a conduta que se aplica à
espiritualidade se propaga para a corporeidade. Podemos ver que a ordem é que quando uma
pessoa se encontra na rua transportando uma pesada carga e ela pede aos transeuntes que o
ajudem a levantar o saco para as suas costas, todos lhe dizem que não têm tempo e “Por favor
peça a outra pessoa, dado que há muitas pessoas aqui que o podem ajudar e você não precisa
realmente da minha ajuda”. Mas se uma pessoa transporta um saco pesado nas suas costas e o
saco está a cair e está prestes a cair no chão e as pessoas passam por ele e ele pede sua ajuda
para colocar o saco de volta nas suas costas para que não caia, nós vemos que nessa altura, em
que o saco está prestes a cair das suas costas, ninguém lhe dirá, “Não tenho tempo; peça a
outra pessoa para o ajudar”. Em vez disso, o primeiro perto dele imediatamente o ajudará.
Nós devemos entender a diferença entre se o saco se encontra no chão e se ele pede ajuda, em
que caso todos têm sua própria desculpa para não o ajudar e se o saco está nas suas costas e se
está prestes a cair, para que a primeira pessoa perto dele o ajude. Devemos entender que é
diferente com alguém que está no meio da obra, que já começou a obra e que podemos ver
que pede ajuda de modo a continuar a obra, ou seja, que a carga nas suas costas está prestes a
cair e então o ajudamos.
Mas se ele só quer começar a obra agora, lhe dizemos, “Sem pressa. Finge que o desejo de
começar a trabalhar veio um pouco mais tarde; isto não é assim tão terrível”. Por esta razão,
todos veem que ele não precisa de ajuda imediata, mas pode esperar até que encontre alguém
com tempo livre para o ajudar.
A lição é que quando uma pessoa espera que o Criador a ajude e diz, “Agora eu posso
trabalhar, mas antes que o Criador me dê um desejo e anseio, não consigo superar os desejos
do meu corpo e me sento e espero que o Criador me ajude para que possa começar a obra do
Criador”.
Isto é semelhante a uma pessoa que espera que qualquer pessoa que passe por ela coloque o
saco pesado nas suas costas. Similarmente, esse homem espera que o Criador lhe dê força e o
ajude e coloque o fardo do reino dos céus nas suas costas, como está escrito, “como um boi
para o fardo e como um burro para a carga”. Ele quer que o Criador o ajude com estes fardo e
carga e então ele começará a obra. Nessa altura lhe é dito, “Espera por uma oportunidade e
entretanto fica com o saco de assumir o fardo do reino dos céus em baixo na terra”.
Isto assim não é com aquele que já começou a obra e não diz que vai esperar até que o
Criador lhe dê o desejo para fazer a obra sagrada e então começará ele a obra. Em vez disso,
ele não quer esperar pois o anseio de trabalhar e alcançar a verdade o empurra para a frente
embora ele não veja que venha a ter a habilidade de avançar sozinho, como Naassom.
Contudo, ele vê que não consegue continuar este trabalho e tem medo que o fardo do reino
dos céus, que agora ele carrega, comece a cair dele então ele começa a clamar por ajuda, dado
que ele vê que cada vez, o fardo que ele assumiu sobre si mesmo começa a cair. É como uma
pessoa que carrega um saco nas suas costas e vê que o saco começa a cair. Nós vemos que na
corporeidade, cada um a quem ele pede ajuda o ajuda imediatamente e ninguém o adia para
mais tarde.
Similarmente, na espiritualidade, aquele que começa a ver que o fardo e carga estão a
começar a cair dele, ou seja, essa obra que ele anteriormente havia assumido, de ser “como
um boi para o fardo e como um burro para a carga” e ele vê que em breve terá uma descida,
então ele clama para o Criador e recebe ajuda. Isso é como nossos sábios disseram, “Aquele
que vem para se purificar recebe ajuda”, como está escrito em O Zohar.
Inversamente, Baal HaSulam disse sobre aquele que espera que o Criador o ajude primeiro e
então ele terá a força para trabalhar que é como o que está escrito (Eclesiastes, 11), “Aquele
que guarda o vento não semeará e aquele que olha para as nuvens…” ou seja, que ele está de
pé e espera que o Criador envie um espírito de arrependimento. Este homem nunca alcançará
a verdade.
Agora regressemos à questão que questionámos, “O que é a alegoria sobre uma pessoa que
caminha sem um braço e se apoia a si mesma em todo o lugar e quando Aarão morre o braço
parte e então o Cananeu consegue lutar contra Israel”? Precisamos de saber que o braço
direito é considerado Chéssed[misericórdia], que é o vaso de doação. Isto é, ele quer fazer
misericórdia e doar. Pelo seu poder, Aarão atraiu este poder para o povo de Israel. Por causa
disso ninguém conseguia lutar contra o povo de Israel, dado que é a conduta do corpo que ele
vem a uma pessoa e a faz ver que se ela o escutar, ele lhe dará muitos prazeres. Mas se o
corpo escutar que seu único desejo é doar, ele vê que não tem a força falar com ela.
Eles receberam o poder de doação de Aarão o sacerdote, que é a qualidade de Chéssed e
foram aderidos a ele. Desta forma, eles estavam debaixo de seu governo. Assim, quando
Aarão morreu, ele perdeu o poder de doação e a guerra da auto recepção começou, pois o
corpo podia agora encontrar um lugar para discutir com ele. É por isso que ele dá a alegoria
de um homem que caminha sem um braço, tendo de se apoiar em todo o lugar em que ele
encontre apoio.
Aqui a lição é que dado que eles careciam do poder de acima da razão, chamado “mente”,
bem como o poder da doação, chamado “coração”, o corpo exigiu apoio por todo o esforço
que ele fazia. Isto é, ele questionou, “Sobre que base exiges que eu te dê força para
trabalhar”? Dado que ele não tinha Chéssed para que pudesse dizer, “Eu avanço acima da
razão”, dado que esta é a qualidade de Aarão, que é considerado Chéssed, chamada “doação”
e “acima da razão”.
Isto é chamado, “pendura a terra sobre nada”. Baal HaSulam interpretou que fé acima da
razão significa que ele não tem apoio, mas tudo está pendente no meio do ar. Ele diz,
“Pendura a terra”, onde “terra” significa o reino dos céus. “Sobre nada” significa sem
qualquer apoio.
Desta forma, quando Aarão morreu eles não tinham ninguém para atrair este poder então eles
avançaram dentro da razão e naturalmente se apoiaram em todo e cada lugar. Isto é, onde quer
que vissem que podiam receber apoio para que o corpo quisesse trabalhar na Torá
e Mitzvot [mandamentos] o aceitariam. Isto é chamado “pelos lugares”, como uma pessoa que
caminha sem um braço. Naturalmente, o Cananeu veio para lutar contra Israel pois dentro da
razão eles têm o domínio para lutar. Mas acima da razão não conseguem discutir com este
caminho pois ele não precisa de qualquer apoio.
Sucede-se que o esforço inteiro começa quando uma pessoa quer avançar acima da razão e
precisa de receber esse poder do alto. Isto vem até eles através da qualidade de Aarão, mas
agora ele mesmo deve atrair essa força, ou seja, pedir que o Criador o ajude.
Nessa altura começa ele a discernir entre duas coisas: 1) aquele que espera que o Criador o
ajude a receber este poder e fica de pé e espera por isso e 2) aquele que não têm a paciência
para esperar que o Criador o ajude, mas em vez disso começa a obra e então grita por ajuda do
Criador e diz, “Pois, as águas ameaçam minha vida. ” E porque ele já se aproximou de um
claro entendimento de que somente o Criador o pode ajudar ele recebe a ajuda.
A ordem da oração não deve ser como hipocrisia. Em vez disso, quando ele é enfrentado pelo
perigo ele não deve render-se perante a governança do mal que vem até ele com fortes
argumentos e o quer distrair de querer assumir sobre si mesmo o fardo do reino dos céus. Eles
fazem todo o esforço para o corromper com tudo o que conseguem fazer.
Nós vemos como o poeta nos dá uma clara imagem do mal que se encontra perante nós. Está
escrito nos Selichot (Selichot [orações pelo perdão] pelo quarto dia dos Dez Dias
Penitenciais), “A Ti, Ó Senhor, Eu chamo, Ó medonho e terrível. Não escondas Tua face no
dia de apuros, quando os malditos se levantam contra nós … dizendo, ‘Não deveis aceitar
Deus, te curvar perante Ele divididos e sem santificar Aquele que faz muitos perdões, nem
temer o pavor Divino. Quando escuto isto, meu coração treme; isto responderei eu ao meu
adversário: ‘Deus nos livre de me esquecer e deixar a porção do Deus do meu pai.’”
Sucede-se que quando um deseja assumir sobre si mesmo o fardo do reino dos céus e fardo
significa “como um boi para o fardo e como um burro para a carga”, ou seja, que tanto o burro
como o boi resistem assumir esta obra, mas o fazem em coação. Por que resistem eles quando
sentem que trabalham, mas quando desfrutam do trabalho, ou seja, quando comem, embora
isto também seja trabalho, eles desfrutam durante a ação e então ela não é considerada
“trabalho”?

Quando uma pessoa não tem braço direito, considerado desejar misericórdia, nessa altura ela
desfruta do trabalho, o Sitra Achra [outro lado] não tem contato com este trabalho para que
possa lutar. Mas quando Aarão morre, nomeadamente quando ele não foi recompensado com
a qualidade de Chéssed de Aarão, os externos vêm até ele e lhe dizem todos os tipos de
palavras de heresia e então é trabalho para os dois lados.
199. Dai Ouvidos, Ó Céus

Artigo 2, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


“‘Dai ouvidos, Ó céus.’ Começou Rabi Yehuda, ‘Eu abri para o meu amado. ‘A voz do meu
amado bate.’ Diz ele, ‘A voz do meu amado bate’ é Moisés, que advertiu Israel em várias
discussões, em várias contendas, como está escrito, ‘Estas são as palavras’, ‘Vós haveis sido
rebeldes’, e ‘Em Horebe haveis provocado’, como está escrito, ‘bate.’”
(Na Sulam [comentário da Escada], itens 1-2) “Embora Moisés tivesse advertido Israel, todas
suas palavras foram com amor, como está escrito, ‘Pois vós sois uma sagrada nação para o
Senhor vosso Deus’ e ‘O Senhor vosso Deus vos escolheu para serem Seu povo’, ‘mas por
que o Senhor vos amou’, como está escrito, ‘Abre para mim, minha irmã, minha
esposa’, afetuosamente”.
Devemos entender as palavras do sagrado Zohar.
1) Se ele dá tantos louvores ao povo de Israel, como está escrito, “Pois vós sois uma sagrada
nação para o Senhor vosso Deus”, e “O Senhor vosso Deus vos escolheu para ser Seu povo”,
como se pode falar de advertir? Se eles são um povo sagrado, que mais falta neles?
2) O que isso nos ensina para a posteridade, uma vez que ambos são dois opostos no mesmo
portador? Isto é, ora são uma sagrada nação, ora não são!
3) Há uma regra: “Amor todas as transgressões cobre”. Diz a escritura (Deuteronômio, 7:7),
“O Senhor não vos desejou nem vos escolheu por serem mais numerosos que todas as nações,
pois vos foste os menores de todos os povos … mas pelo amor do Senhor por vós”. Portanto,
como é possível encontrar transgressões neles, dado que o “Amor todas as transgressões
cobre”?
A questão é que é sabido que há a questão das duas escrituras que se negam uma à outra até
que uma terceira escritura venha e dedica. “Linhas” na espiritualidade significam que a
qualidade de Chéssed [misericórdia] é chamada “linha direita”. Chéssed significa que ele só
quer fazer o bem aos outros e nada quer em troca. Ele anseia pelo amor pelo Criador e não
tem preocupação por si mesmo. Em vez disso todas suas aspirações são somente para doar
contentamento sobre seu Fazedor e para si mesmo ele fica contente com pouco. Isto é, ele não
tem consideração por aquilo que ele tem, nomeadamente bons sabores na Torá, na oração, ou
nas Mitzvot [mandamentos], mas está feliz com sua quota.
Aqui, na espiritualidade, quando uma pessoa reflete e diz que ela acredita na Providência
Privada, que tudo vem do alto, ou seja, que o Criador lhe deu um pensamento e desejo de
servir ao Criador e se envolver em Torá e Mitzvot embora ela não sinta sabor em Torá
e Mitzvot. Ainda assim, ela não se importa e diz que ela está satisfeita com ser capaz de
manter o mandamento do Criador. Apenas isto, é para ela como se ela tivesse feito uma
fortuna. E embora ela não alcance a grandeza do Criador, o que quer que ela faça a satisfaz e
ela acredita que é um presente dos Céus que lhe foi dado o pensamento e desejo.
Ele vê que aos outros não foi dado isto. Em vez disso, tudo aquilo ao que aspiram é alcançar
coisas corpóreas, ou seja, serem favorecidas pelas pessoas ou deleitar o corpo com coisas que
os animais usam, também. Mas a ele, por outro lado, lhe foi dado um pensamento e desejo de
servir ao Criador “e quem sou eu que Ele me tenha escolhido”? É como dizemos, “Abençoado
sejas Tu, Ó Senhor, que escolhe Seu povo, Israel, com amor”.
Acontece que abençoamos o Criador por nos escolher, ou seja, que nos foi dado um
pensamento e desejo para manter a Torá e Mitzvot. Desta forma, quando ele olha para os
outros, que não têm esse desejo pela Torá e Mitzvot que ele nos deu, ele diz que Ele o
escolheu sobre os outros para O servir. Embora Ele lhe tenha dado somente um pequeno
serviço, sem qualquer intelecto e razão, ele diz que até este serviço, o mínimo dos mínimos, é
mais que seu próprio valor pois quando olha para si mesmo através da grandeza de Deus, ele
diz que ele não merece até isto. Desta forma, ele está certamente feliz como se tivesse sido
recompensado com um serviço digno de grandes homens.
A linha direita vem das Sefirot superiores. Este discernimento é chamado a Sefira [sing.
de Sefirot]Chéssed, pertencendo a equivalência de forma com o Criador, tal como Ele dá,
também o inferior deseja dar aos superiores. Isto é considerado equivalência de forma, onde
ele não considera o que ele tem nos vasos de recepção. Em vez disso, sua única medição de
inteireza é sua habilidade de doar.
Até se ele não conseguir doar muito, ele se acomoda com isto pois examina sua baixeza em
comparação com o Dador e em comparação com outras pessoas que ele vê como mais
virtuosas que ele. Ainda assim, lhe foi dado do alto um pensamento e desejo que não lhes foi
dado e ele não diz sobre coisa alguma, “Meu poder e a força da minha mão”.
Por esta razão, ele está sempre satisfeito e nada tem para acrescentar ao seu trabalho. Em vez
disso, ele agradece e louva ao Criador tanto quanto possa e agradece e louva-O em todos os
tipos de louvores. E até quando ele não dá o louvor e gratidão que pensa que deveria dar ao
Criador, ele não se arrepende disto pois diz sobre si mesmo, “Quem sou eu para falar para o
Rei, como é adequado das pessoas importantes e não dos humildes como eu”? Sucede-se que
ele está sempre em inteireza e nada tem para acrescentar.
E se ele por vezes se esquece das questões da obra e sua mente está imersa em questões
mundanas e passado algum tempo ele se recorda da espiritualidade e vê que o tempo inteiro
lidava com questões corpóreas deste mundo, ele ainda assim não pensa no tempo em que
esteve separado. Em vez disso, está feliz que o Criador o tenha evocado de entre todas as
pessoas e lhe tenha dito, “Onde estás tu”? Prontamente começa ele a agradecer ao Criador por
o relembrar que deve pensar sobre a espiritualidade.
Sucede-se que até nesse estado não pensa ele sobre deficiências e se arrepende que se
esqueceu completamente sobre questões da obra este tempo inteiro, mas está feliz que pelo
menos agora possa ele pensar sobre a obra do Criador. Sucede-se que agora, também, está ele
num estado de inteireza e não chegará a um estado onde está enfraquecido da obra, mas
sempre estará em inteireza. Isto é chamado “linha direita”, Chéssed, que é inteireza.
Porém, isto depende da medida à qual uma pessoa acredita na Providência Privada, ou seja,
que o Criador dá todas as coisas, a luz, bem como o Kli [vaso], ou seja, tanto o desejo do
homem e deficiência por isto, que ele não está assim tão aderido ao Criador e também a
sensação no seu corpo de carência de manter a Torá e Mitzvot. O Criador dá tudo. A luz é
certamente algo que o Criador deve dar pois o sabor na Torá e Mitzvot certamente pertence ao
Criador. É como dizemos sobre a noite de Yom Kippur [Dia da Expiação], “Pois ela é como
barro nas mãos do oleiro. Quando Ele deseja dar abundantemente; quando Ele dá com
moderação. Assim somos nós nas Tuas mãos, Guardião da misericórdia”.
Sucede-se que se uma pessoa vê que um desejo para estudar desperta nela, até uma hora por
dia e quando ela ora ela vê que durante uns poucos minutos ela sabe que ora e não se esquece
que está embrulhada numa Talit [xaile de oração] e Tefilin e seu coração pensa todo o
pensamento no mundo e então se lembra ela durante alguns minutos que ela está coroada
na Talit e Tefillin e que agora ela está no meio de uma oração e então começa a pensar para
quem ela fala durante a oração. Ela sente que não fala simplesmente, mas que se encontra ante
o Rei e ela acredita em “Tu escutas a oração de toda a boca”. Embora ela veja que já orou
muitas vezes e que sua oração não foi respondida, ela ainda acredita, acima da razão, que o
Criador realmente escuta a oração e a razão que sua oração não foi concedida é porque
provavelmente ele não orou do fundo do coração. Portanto, assume ele sobre si mesmo orar
com mais intenção “e o Criador certamente me ajudará e concederá minha oração”. Então
prontamente começa ele a agradecer ao Criador por o recordar que ele está agora coroado
com Talit e Tefilin. Ele sente-se bem uma vez que ele olha para as outras pessoas, como elas
ainda estão adormecidas, enquanto comigo, “o Criador me despertou no meio da oração”,
então ela está alegre.
Se uns poucos minutos passam e ele se esquece uma vez mais onde se encontra e pensa sobre
o boi e o burro e subitamente é desperto uma vez mais do alto, faz sentido que ele se
queixasse que se esqueceu de toda a coisa, que agora está na sinagoga. Todavia, ele não quer
ouvir falar disso. Em vez disso, está feliz que tenha sido recordado. Sucede-se que deste modo
ele olha para “fazer o bem”, ou seja, que ele está feliz que agora seja capaz de fazer o bem e
não repare que até agora ele deambulava no mundo da separação.
Ele consegue sentir tudo isto à medida que reconhece o seu valor, de que ele não é melhor que
as outras pessoas e até daquelas que têm o espírito da heresia e não têm afinidade ao
Judaísmo. Ele também vê que há pessoas que não prestam sequer atenção ao Judaísmo, mas
que vivem como todos os outros animais, sem preocupação com qualquer propósito na vida.
em vez disso, elas pensam que suas vidas inteiras, que consideram estar num nível mais alto
que ao dos animais, é que também estejam preocupadas com o respeito e entendem que por
vezes é melhor abdicar do prazer em prol de obter respeito. Mas no que diz respeito ao
Judaísmo, até se forem circuncidadas pelos seus pais elas mesmas não prestam atenção a isso
pois outras coisas lhes interessam mais.
Quando ele olha para elas, ele vê que não sabe por que foi ele privilegiado mais que elas com
o Criador lhe dar um pensamento e desejo para se envolver na Torá e Mitzvot até se só em
ação. Isto é, ele vê que ainda está longe de alcançar o grau de Lishmá [pelo Seu bem], mas ele
diz, “Em qualquer dos casos, fui privilegiado com Lo Lishmá [não pelo Seu bem], como
disseram nossos sábios, ‘De Lo Lishmá chegamos nós a Lishmá.’ Portanto, pelo menos estou
na primeira fase de Kedushá[santidade]”. Ele contempla quão feliz é ele que o Criador o
impulsionou para o primeiro grau de Kedushá, chamado Lo Lishmá, quanto deve ele
agradecer e louvar ao Criador, especialmente se uma pessoa é recompensada e lhe é dado um
pensamento para se envolver nos segredos da Torá, embora ela não entenda uma única
palavra do que lá está escrito, ainda assim é um grande privilégio que agora ela está aderida
ao estudo da interioridade da Torá.
Por outras palavras, ela acredita que elas falam somente da Divindade e que ela tem espaço
para se mergulhar no seu pensamento, dado que “tudo aquilo que aprendo é dos sagrados
nomes, então devo ser muito afortunado. Portanto, tudo o que preciso de fazer é agradecer e
louvar ao Criador. Isto é, a vitalidade do mundo inteiro vem somente do absurdo, enquanto eu
fui recompensado com entrar na primeira fase da Kedushá, chamada Lo Lishmá”. Isto é
considerada a “linha direita”, ou seja, inteireza, que não requer correção.
Porém, está escrito, “direita e esquerda e entre elas uma noiva”. Isto é, também precisamos de
uma linha esquerda. Realmente precisamos de entender isto: se ele sente que está em inteireza
e consegue agradecer e louvar o Criador todo o dia e toda a noite, de que mais precisa ele?
Todavia, ele mesmo sabe que isso é Lo Lishmá e o propósito do homem é trabalhar para o
Criador e ele diz que não alcançou este grau. Então como pode um subir nos graus se ele não
se sente deficiente?
Há uma regra que se uma pessoa pede alguma coisa do Criador, isso deve ser do fundo do
coração. Significa isto que ela deve sentir a deficiência no coração e não como hipocrisia. Isto
assim é pois quando ela pede luxos, sem os quais se pode viver, ninguém tem misericórdia
sobre essa pessoa quando ela grita e chora por não ter algo que muitos outros não têm. E
embora ela grite e chore que ela lhe seja dada, é invulgar que hajam pessoas que tenham
piedade dela. Contudo, quando um grita e chora por uma deficiência que ela tem, mas o resto
do mundo tem essa coisa e ela não, então quando ela grita e chora pela misericórdia das
pessoas, então é ela escutada e qualquer um que possa ajudar tenta ajudá-la.
É o mesmo aqui na obra do Criador. Quando ela tenta achar inteireza na linha direita, embora
ela saiba que tem de tentar fazer todas suas obras serem pelo Criador, ela também sabe que o
homem deve manter aquilo que está escrito, “Seu deleite está na terra do Senhor e na Sua lei
medita ele dia e noite” (Salmos 1). Ele não observa isto mas tenta com toda a sua força sentir
inteireza na linha direita. Nessa altura, embora ele saiba que ainda não têm inteireza, ele ainda
não consegue pedir ao Criador para lhe dar a força para ser capaz de manter “E na Sua lei
medita ele dia e noite” e clama para o Criador o ajudar a alcançar Lishmá, a menos que seja
como luxos e não como necessidades.
Isto assim é pela supracitada razão que quando um pede alguma coisa e grita e chora por não
a ter, mas a pessoas na sua cidade também não a têm, ele não pode dizer que isto é uma
necessidade, em vez disso é um luxo e um não chora ou implora luxos. Mas aqui, quando ele
caminha sobre a linha direita e vê que aquilo que tem, as outras pessoas não têm, uma vez que
somente uma minúscula porção do mundo têm aquilo que ele tem na espiritualidade, então
como pode ele dizer sua exigência que o Criador o aproxime para que se possa envolver
em Lishmá? Isto é um luxo e um não pode pedir luxos do fundo do coração, ou seja, que essa
deficiência vai alcançar o fundo do coração. Ele mesmo diz que aquilo que ele tem já é uma
grande coisa, então como pode ele pedir ao Criador para ter misericórdia sobre ele a respeito
de um luxo, para lhe dar a força para se envolver em Lishmá, ou seja, em prol de doar
contentamento sobre seu Fazedor?
Sucede-se que é impossível que se peça ao Criador para o guiar sobre como caminhar no
caminho da verdade, uma vez que ele não tem tal necessidade, pois dizemos sobre os luxos,
ou seja, sobre algo que os outros não têm, “problema compartilhado é metade do problema”.
Portanto, ele não tem chance de alguma vez alcançar o reconhecimento do mal, que o facto de
não se conseguir envolver em Torá e Mitzvot pelo Criador é mau. Sucede-se que ele aceita o
estado de Lo Lishmá e embora este caminho seja chamado um “caminho de falsidade” e não o
“verdadeiro caminho”, ele nunca sentirá que marcha no caminho da falsidade, como está
escrito na “introdução de O Livro do Zohar” (item 175).
Deste modo, um deve também caminhar na linha esquerda. Porém, ele deve alocar somente
uma pequena porção de tempo para escrutinar a linha esquerda. A maioria do tempo deve ele
estar na linha direita, uma vez que somente aqueles que têm uma atração interior para
alcançar Lishmá são permitidos caminhar também, na linha esquerda. Por esta razão, até
aqueles com uma atração interior para alcançar Lishmá, embora possam caminhar na linha
esquerda, eles precisam de ser cautelosos para não caminhar na linha esquerda durante mais
que um curto período de tempo e somente num tempo definido. E não em qualquer altura mas
de acordo com o tempo que cada um se permite a si mesmo escrutinar a linha esquerda.
O horário deve ser que ora ele define o seu horário diário, ou um horário semanal, ou um
mensal. Isso é de acordo com a sua sensação, mas ele não deve mudar o horário que decidiu a
meio. Se ele quiser mudar a meio por o corpo vir até ele e o deixar entender que “é mais do
teu género que tenhas uma programação diferente que aquela que ordenaste para ti mesmo”,
então deve ele dizer para seu corpo, “Eu tenho o meu horário. Quando fizer outro horário, ou
seja, se fizer uma programação para a semana inteira, quando a semana terminar começarei a
fazer um novo horário, então podes vir até mim e dizer-me para fazer outro horário que aquele
que quero. Mas não posso mudar o horário a meio.
Porém, devemos saber o sentido da linha esquerda, uma vez que há muitos discernimentos na
linha esquerda. Há a linha esquerda que é a escuridão absoluta. Isto é chamado “Malchut ser a
qualidade de julgamento e subir em toda e cada Sefira e se tornar trevas”. Isto é, nenhuma luz
lá brilha. Há também uma linha esquerda chamada “Chochmá sem Chassadim”. Isto também
é chamado “trevas”, mas as trevas aqui são somente em respeito à luz. Em respeito aos Kelim,
seus Kelim já entraram em Kedushá, ou seja, que ele já consegue se direcionar quando usa os
vasos de recepção em prol de doar, também.
Ocorre que a esquerda é um grande grau. Ela é chamada “trevas” devido à abundância
abastada que então aparece. Desde que ele não tenha roupagem de Chassadim, está proibido
de usar essa luz pois enquanto a usa pode cair para receber em prol de receber devido à
abundância abastada que não consegue superar e receber em prol de doar. É por isso que
precisamos da linha esquerda; é por isso que a linha esquerda é muito importante.
Primeiro precisamos de saber que não há tempo ou espaço na espiritualidade. Portanto, qual é
o sentido das linhas direita e esquerda?
A questão é que qualquer coisa que não exija correção é chamada “linha direita” e alguma
coisa que exija correção é chamada “linha esquerda”. Encontramos esta questão a respeito da
colocação de Tefilin. Disseram nossos sábios (Minchot 37), “Rabi Yosi Hachorem: ‘Como
sabemos o que colocamos na esquerda? Aprendemos onde Rav Natan aprendeu: Rav Ashi
disse que está escrito, ‘da tua mão’, com uma brusca Hey implica fêmea, esquerda, como ele
disse que ela é impotente como uma fêmea”.
Significa isto que “esquerda” é considerada fraca e impotente e que lhe deve ser dada força. É
por isso que vemos que onde quer que queiramos dar um exemplo de algo que exija correção
lhe chamamos “esquerda”. É por isso que depois da linha esquerda precisamos da linha
média, que corrige a linha esquerda. E é por isso que chamamos a aquilo que precisa de
correção pelo nome “esquerda”, de modo a saber que agora precisamos de fazer correções.
As correções que corrigem a esquerda são chamadas “meio”, ou seja, que a linha demonstra
as deficiências na direita, ou seja, que a própria direita não mostra qualquer deficiência até
que chegue a linha esquerda. Isto é, pelo seu envolvimento na linha esquerda vê ele que há
deficiências na direita. Assim que ele entrou na esquerda ele perde a inteireza que tinha na
direita, portanto agora está ele num estado de deficiência.
Porém, há muitos discernimentos que devemos fazer na deficiência que a linha esquerda
mostra, ou seja, qual é a razão de que há uma deficiência na esquerda. Isto é, a esquerda diz
que há uma deficiência na direita. Mas por vezes não vemos qualquer deficiência na
linha esquerda e então quem mostra que há uma deficiência também na linha esquerda, uma
vez que a esquerda mostrou que há uma deficiência na direita? Portanto, o caminho da
esquerda deve ser inteireza. Assim, qual é a razão que haja uma deficiência na esquerda, pela
qual ele lhe chama, “esquerda”? Há muitos discernimentos acerca disto; tudo é de acordo com
o problema pois em qualquer situação, uma pessoa encontra uma diferente razão e é
impossível determinar a razão. Em vez disso, tudo é numa base de caso-a-caso.
A esquerda no princípio da obra é criticismo da direita, se está certo permanecer na falsidade
pois nos foi dado Torá e Mitzvot por termos o mal, chamado “amor próprio”, ou seja, de nos
preocuparmos com nada, mas em vez disso todos os meios são aceitáveis em prol de obter a
meta de satisfazer nossa vontade de receber com toda a satisfação possível. Ela é chamada
“má” pois ela nos impede de alcançar Dvekút [adesão] com o Criador e sair do amor próprio,
como a mente animal o necessita. Em vez disso, a meta é ser recompensado com Dvekút com
o Criador, após o qual receberá ele o deleite e prazer que existem no pensamento da criação,
chamados “Seu desejo de fazer o bem às Suas criações”. Com isto pode um agradar ao
Criador pois com isto o Criador completa Sua meta de potencial a concreto, para as criaturas
sentirem o deleite e prazer que Ele contemplou a seu favor.
Uma vez que esta vontade de receber, considerada amor próprio, é tudo o que obstrui isto e
ela é chamada “má”. Para sair deste mal Ele nos deu Torá e Mitzvot, para alcançar o grau
chamado “servo do Criador”. Não é que ele trabalhe para si mesmo, mas em vez disso ele tem
de alcançar o grau de Lishmá.
Na direita, ele se deleita com a inteireza de Lo Lishmá, que significa que ele caminha sobre o
caminho da falsidade e lá quer permanecer. Mas embora saiba que está no grau de Lo Lishmá,
por que é considerado que ele quer permanecer em Lo Lishmá?
Isto segue a regra que um não consegue pedir ao Criador do fundo do coração uma deficiência
por luxo, mas em vez disso somente por uma necessidade. Uma vez que ele já está feliz por
estar em Lo Lishmá, até depois de todas as desculpas que tem, que é bom estar feliz até
em Lo Lishmá, independentemente não consegue mais sentir uma deficiência de precisar dela
necessariamente. Em vez disso, ela será como luxo para ele se ele se puder envolver em Torá
e Mitzvot Lishmá. Portanto, ele deve permanecer na linha direita.
Assim, ele deve trabalhar com atenção e criticismo na linha direita, ou seja, ver as
deficiências na linha direita. Por causa disso, à medida que ele sente as deficiências, ou seja,
que as deficiências que ele vê nada significam a impressão do homem das deficiências
depende da medida à qual isso lhe toca no seu coração para sentir a deficiência como
incompleta e sua inclinação para a verdade e seu desprezo de mentiras, então se essa
deficiência tocar no coração, ou seja, que ela lhe dói, então o anterior estado de linha direita,
quando ele tinha inteireza, é invertido nele para sofrimento. Nessa altura pode ele orar para o
Criador do fundo do coração pois agora a Lishmá é tão importante para ele como a vida pois
através dela ele se apega à vida das vidas. Mas quando ele estava anexo à linha direita,
a Lishmá era um luxo aos seus olhos, ou seja, que ele podia viver sem ela, também, mas
aquele que quer melhorar sua vida e estar acima dos outros tem de tentar alcançar o grau
de Lishmá.
Quando ele vê que não considera Lishmá como luxos, ou seja, de estar acima dos outros, mas
agora ele sente que é o pior deles pois vê quão longe está do Criador e da qualidade da
verdade, mais que o resto das pessoas, embora não as veja a avançar no caminho de Lishmá,
isso não muda coisa alguma que ele não veja ninguém a avançar no caminho de Lishmá pois
com questões que dizem respeito ao coração, ele não é impressionado pelos outros. Embora se
diga, “problema compartilhado é metade do problema”, estas máximas não mudam sua
situação.
Pelo caminho da alegoria, se uma pessoa tem uma dor de dentes e chora e grita e lhe é dito,
“Por que gritas? Não podes ver que há outras pessoas aqui, na clínica do dentista, cujos dentes
doem tal como os teus”? Nós vemos que ele não para de chorar por causa da sua dor de
dentes. O facto de que há outras pessoas como ele nada muda para ele. Se está realmente em
sofrimento, ele não consegue olhar para os outros para sentir alivio da sua própria dor, se
realmente lhe dói.
Similarmente, se uma pessoa chegou a sentir que está longe da verdade, ela não será
consolada pelo facto de todos estarem a seguir o caminho da falsidade. Em vez disso, dia e
noite anseia ela sair desse estado. Nessa altura uma pessoa adquire a necessidade de
alcançar Lishmá pois ela já não consegue tolerar mais a falsidade.
Mas uma vez que esse Kli [vaso] não é feito de imediato, ou seja, que o desejo que a pessoa
recebe da linha esquerda não é feito de imediato, mas esse desejo se forma nela gradualmente
até que ela alcance a medida completa e antes disto ela não consegue alcançar Lishmá, uma
vez que não há luz sem um Kli, isso significa que ela não pode ser recompensada
com Lishmá antes que ela o deseje e esse desejo cresce nela lentamente. Tostão após tostão se
junta a uma grande soma, ou seja, que é preenchido num desejo completo e então a Lishmá se
pode vestir nesse desejo pois ele já tem um Kli completo, ou seja, um desejo completo de ser
recompensado com Lishmá.
Contudo, devemos saber que quando ela está na linha esquerda, ou seja, quando ela se critica
a si mesma, ela está em separação. Isto assim é pois ela sente que está imersa no amor próprio
e não se preocupa com ser capaz de fazer alguma coisa pelo Criador. Nesse estado ela não
consegue existir pois o homem consegue viver somente do positivo e não do negativo.
Portanto, uma pessoa deve entrar na linha direita uma vez mais, ou seja, manter Torá
e Mitzvot Lo Lishmá e dizer que há inteireza nisso, como acima explicamos. Precisamos de
saber a regra fundamental de que há uma diferença entre Ór Pnimi [Luz Interna] e Ór
Makif[Luz Circundante]. Ór Pnimi significa que a luz brilha dentro dos Kelim [vasos].
Significa isto que a luz se veste no Kli pois há equivalência entre a luz e o Kli e o Kli já
consegue receber a luz em prol de doar. Mas Ór Makif significa iluminação de longe.
Significa isto que embora o Kli esteja longe da luz, uma vez que o Kli está em prol de receber
e a luz é doação pura, todavia, a luz brilha de longe, como, rodeando os Kelim.
É por isso que quando nos envolvemos em Torá e Mitzvot Lo Lishmá ainda recebemos
iluminação na forma de Ór Makif. Sucede-se que através de Lo Lishmá nós já temos contato
com a luz superior, embora seja iluminação de longe. É por isso que ela é chamada “positiva”
e uma pessoa pode receber vitalidade disto e existir. Ao valorizar a Lo Lishmá, ela valoriza o
serviço ao Criador em geral, que é vantajoso se envolver em Torá e Mitzvot de qualquer
maneira. Disse Baal HaSulam que na verdade, um não consegue valorizar o valor de manter
Torá e Mitzvot em Lo Lishmá, pois no fim nada há para acrescentar nas ações. Em vez disso,
ela mantém o mandamento do Criador e é por isso que ela é considerada a primeira fase da
obra, da qual disseram nossos sábios, “De Lo Lishmá chegamos a Lishmá. ” Por esta razão, o
homem deve receber vitalidade e inteireza da linha direita, tempo no qual ele recebe a luz do
Criador como Luz Circundante.
Posteriormente ele deve criticar suas ações uma vez mais, seu envolvimento na linha esquerda
e uma vez mais alternar para a linha direita. Com isto as duas linhas crescem nele. Porém,
estas duas linhas se contradizem uma à outra e elas são chamadas “duas escrituras que se
negam uma à outra até que a terceira escritura venha e decida entre elas”.

Todavia, devemos saber que o Criador dá a terceira linha, chamada “linha média”, como
disseram nossos sábios, “Há três parceiros no homem: o Criador, seu pai e sua mãe. Seu pai
semeia o branco; sua mãe semeia o vermelho; e o Criador coloca um espírito e uma alma
nele”. De acordo com o citado, sucede-se que duas linhas pertencem ao inferior e a linha
média pertence ao Criador. Isto significa que as duas linhas o fazem ser capaz de orar do
fundo do coração para o Criador o ajudar a sair do amor próprio e alcançar Dvekút com o
Criador, uma vez que quando uma pessoa ora do fundo do coração, sua oração é respondida.
Contudo, devemos saber que há muitos aspectos nas três linhas.
206. O Homem É Recompensado com Retidão e Paz Através da Torá

Artigo 3, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Em O Zohar (Lech Lechá, item 1), Rabi Aba explica porque Abraão foi recompensado com o
Criador lhe dizer Lech Lechá [Ide em frente] mais que todos os seus contemporâneos. Ele
escreve, “Rabi Aba começou e disse, ‘Escuta-Me, tu de coração teimoso, que estás longe da
retidão.’ ‘Escuta-Me, tu de coração teimoso’ significa quão duros são os corações dos ímpios.
Eles veem os trilhos e caminhos da Torá e não olham para eles. Seus corações são duros dado
que eles não regressam ao seu Mestre em arrependimento. É por isso que são chamados
‘Corações teimosos que estão longe da retidão’, ou seja, longe da Torá e portanto longe da
retidão”.
Rabi Chizkiyá disse, “Eles estão longe do Criador. E por estarem longe do Criador são
chamados de coração teimoso”. O sentido do versículo é “longe da retidão”. Por quê? Isso é
porque eles não se desejam aproximar do Criador, pois são de coração teimoso. E por causa
disso, eles estão longe da retidão.
Por estarem longe da retidão, eles estão longe da paz, ou seja, que não têm paz, como está
escrito, “’Não há paz’, disse o Senhor para os ímpios”. Qual é a razão? Isso é porque eles
estão longe da retidão, portanto não têm paz.
Devemos entender por que quando Rabi Aba diz que estar longe da retidão significa que estão
longe da Torá e desta forma longe da retidão. Por um lado, ele diz que a retidão se chama
Torá e então ele diz que ao se afastarem da Torá eles se afastam da retidão. Isto implica que a
Torá é a razão da retidão, mas não vemos qualquer conexão entre a Torá e a retidão.
Nós vemos que as nações do mundo não têm Torá, como disseram nossos sábios, “Ele diz
Suas palavras para Jacó” e ainda assim elas dão Tzedaká [retidão/caridade]”. Será que
dar Tzedaká requer acreditar no Criador e manter a Torá e Mitzvot [mandamentos] e somente
então pode um dar Tzedaká? Em vez disso, ele diz que elas estão longe de Tzedaká por
estarem longe da Torá.
Ele também disse por estarem longe da Torá, elas estão longe da Tzedaká. Implica isto que a
Torá é a razão pela qual elas podem manter Tzedaká. Isto é, a coisa mais importante para nós
é alcançar Tzedaká. Como podemos alcançar grau tão alto? Através da Torá.
Logo, devemos entender a grandeza e importância da Tzedaká, que significa que a Torá é um
grau inferior a Tzedaká pois através da Torá podemos alcançar Tzedaká. Nós precisamos de
entender isto.
Também, é difícil entender as palavras de Rabi Chizkiyá naquilo que ele acrescenta às
palavras de Rabi Aba e diz, “Quem são os de coração teimoso? Aqueles que não se querem
aproximar do Criador pois estão longe de Tzedaká”. Como podemos entender isto? Isso
significa que através da aproximação do Criador serão eles recompensados com um grau mais
elevado, que é Tzedaká?
Também devemos entender por que Rabi Chizkiyá diz, “Dado que estão longe de Tzedaká,
eles estão longe da paz”. Isto é ainda mais perplexo pois assim que ele nos clarificou a
importância da Tzedaká, ou seja, na visão de Rabi Aba, Tzedaká é mais importante que a Torá
e na visão de Rabi Chizkiyá, Tzedaká é maior que a aproximação do Criador. Agora ele vem e
diz que se eles não tiverem o grau de Tzedaká, não conseguem alcançar o grau da paz.
Portanto, devemos entender o que é o grau da paz. É implícito que depois de todo o trabalho
alcançaremos o grau da paz. Isto é, o primeiro grau é ora Torá ou aproximação do Criador, o
segundo é Tzedaká e o terceiro é a paz. Isto requer clarificação.
Descobrimos que Tzedaká é chamada “fé”, como está escrito sobre Abraão, “E ele acreditou
no Senhor e Ele o considerou para ele como retidão”. Logo, por a fé ser considerada Tzedaká,
podemos já saber a importância da Tzedaká. Não é como parece literalmente. Em vez
disso, Tzedaká implica fé.
O que é fé? É ela considerada Tzedaká? Podemos ver que aquele que dá Tzedaká [caridade]
ao pobre não espera que o pobre lhe retribua de alguma maneira a caridade que ele lhe deu.
Isso é especialmente assim com a caridade oculta; ele certamente não planeia receber alguma
coisa em retorno. Desta forma, Tzedaká significa que ele faz alguma coisa sem qualquer
recompensa.
Mas uma vez que a fé que devemos assumir sobre nós mesmos deve ser sem qualquer coisa
em retorno, isso significa que devemos acreditar na grandeza do Criador, a que o
sagrado Zohar chama, “Pois Ele é grande e governante”. Ele não deve ter pensamento de que
está a assumir sobre si mesmo o fardo do reino dos céus e que com isto receberá Dele alguma
recompensa. Em vez disso, ele trabalha inteiramente em prol de doar. É por isso que fé é
chamada Tzedaká, para interpretar para nós a forma que a fé que estamos a assumir deve ter.
Contudo, devemos prestar atenção a como podemos alcançar tal fé, que é em prol de doar.
Nossa natureza é somente receber e não doar. Deste modo, o que pode um fazer em prol de
alcançar a doação? Ele nos diz que isso é precisamente através da Torá, como disseram
nossos sábios (Kidushin30), “Eu criei a inclinação do mal, Eu criei para ela a Torá como
tempero”.
Na “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” (item 11) diz ele, “Porém, descobrimos e vemos
na palavras dos sábios do Talmude que eles fizeram o caminho da Torá mais fácil para nós
que os sábios do Mishná. Isto é pois disseram, ‘Um sempre se deve envolver em Torá e
Mitzvot, até Lo Lishmá e de Lo Lishmá chegará ele a Lishmá.’ Isto é, a luz nela o reforma.
Logo, eles nos forneceram um novo meio em vez da penitência apresentada pelo supracitado
Mishná, Avôt: a ‘Luz na Torá.’ Ela transporta poder suficiente para o reformar e o trazer a se
envolver em Torá e Mitzvot Lishmá. ”
Com isto vamos entender as palavras de Rabi Aba, que disse que “longe de Tzedaká”
significa que se estão a afastar da Torá, daí que estejam longe de Tzedaká. Perguntámos, “É a
Torá a razão para alcançar Tzedaká? É impossível dar Tzedaká sem Torá”? A questão é
que Tzedaká se refere à fé. É impossível alcançar verdadeira fé antes que um tenha
equivalência de forma com o Criador, ou seja, que todas as suas ações sejam em prol de dar
contentamento ao Criador.
Diz ele na “Introdução ao Livro do Zohar” (item 138): “É uma lei que a criatura não consegue
receber mal divulgado do Criador, pois é um defeito na glória do Criador que a criatura O
perceba como malfeitor. Assim, quando um se sente mal, a essa mesma medida, negação da
orientação do Criador repousa sobre ele e o Operador é ocultado dele”.
A razão é que antes que uma pessoa seja recompensada com vasos de doação ela é
desadequada a receber deleite e prazer Dele. Sucede-se que ele se sente mal e desta forma não
pode ser recompensado com verdadeira fé antes que tenha corrigido o mal nele, chamado
“receber em prol de receber”.
Sucede-se que através da Torá, que o reforma, ou seja, que ao receber vasos de doação será
ele recompensado com fé, que é chamada Tzedaká, que é “fé pois Ele é grande e governador”
e não que a base de sua fé seja em prol de receber certa recompensa.
Agora entenderemos o que questionámos sobre as palavras de Rabi Chizkiyá, onde ele explica
o sentido de “coração teimoso”. Ele explica que por se afastarem do Criador, se afastam
da Tzedaká. Perguntámos, “Poderá se aproximar do Criador ser a razão para que tenhamos a
habilidade de fazer Tzedaká? Qual é a ligação entre eles”? Está escrito na Sulam[comentário
sobre O Zohar], “Rabi Chizkiyá não disputa Rabi Aba. Em vez disso, ele interpreta mais que
ele”. Questionámos, “Mas a explicação de Rabi Chizkiyá é ainda mais difícil de entender”!
De acordo com o que acima explicámos, Rabi Chizkiyá explica mais o que significa que são
chamados “de coração teimoso”, pelo qual estão longe da Tzedaká, uma vez que a respeito do
que diz Rabi Aba, que eles se afastaram da Torá, eles pensam que precisam simplesmente de
aprender Torá e que com isto serão recompensados com Tzedaká, chamada “fé”. Todavia, a
intenção de Rabi Aba é que através da Torá eles alcancem equivalência de forma, chamada
“vasos de doação”, uma vez que eles não conseguem alcançar verdadeira fé antes que tenham
vasos de doação, como está escrito na Sulam (“Introdução para o Livro do Zohar”).
É por isso que Rabi Chizkiyá elabora mais e diz mais simplesmente que “de coração teimoso”
são aqueles que se afastam do Criador. Isto é, eles não se querem aproximar do Criador por
serem de coração teimoso, desta forma estão longe da Tzedaká. Isto é como acima dissemos,
que é impossível ser recompensado com fé, que é Tzedaká, antes que sejamos recompensados
com aproximar-nos do Criador, chamado equivalência de forma, que são vasos de doação.
Talvez seja a razão pela qual Rabi Aba não interpreta o mesmo que Rabi Chizkiyá seja que
Rabi Aba nos quer dizer duas coisas de uma só vez, ou seja, a razão e o conselho. A razão é
que não têm fé por não terem vasos de doação. O conselho é que para isto se envolverem na
Torá, onde pela luz da Torá serão recompensados com equivalência de forma, considerada
que todas suas ações são somente para doar. Nessa altura serão eles recompensados
com Tzedaká, que é verdadeira fé.
E a respeito da adição de Rabi Chizkiyá de que através de Tzedaká serão eles recompensados
com a paz, questionámos, “Se Tzedaká é coisa tão grande, que se refere à fé, então o que é a
paz? Isso implica que a paz é ainda mais importante”!
Devemos interpretar que paz é a conclusão do trabalho. Antes que um seja recompensado com
vasos de doação ele não tem espaço para a fé. Assim que ele tenha vasos de doação e tenha
sido recompensado com a fé, ele obtém o propósito da criação, que é fazer o bem às Suas
criações. Significa isto que então ele sente o deleite e prazer que o Criador criou para fazer o
bem às Suas criações. Nessa altura ele é recompensado com a paz.
Mas antes que ele tenha sido recompensado com Tzedaká, que é fé, sobre a base de vasos de
doação, ele não tem os Kelim para obter o deleite e prazer, dado que falta ao bem a correção
de não ser o pão da vergonha, pelo qual houve a correção de Tzimtzum Álef [primeira
restrição]. Somente assim que as criaturas tiverem essa correção, chamada “vasos de doação”,
haverá um lugar onde a luz do Criador, que é para beneficiar Suas criações, pode estar
presente.
Antes disto ele está em contenda com o Criador, como diz ele na Sulam (“Introdução para o
Livro do Zohar”, item 175): “Paz, também, se queixou que ele era todo contenda pois não se
consegue envolver em Mitzvot [mandamentos] em prol de doar, mas com uma mistura de
autogratificação”. Com isto ele está sempre em contenda com o Criador, dado que ele pensa
ser um justo completo e não sente seus defeitos de todo. Isto é, ele não sente que seu inteiro
envolvimento em Torá e Mitzvot é Lo Lishmá[não pelo Seu bem] e está zangado para o
Criador por não o recompensar tanto como um justo completo deve ser recompensado.

Portanto, vemos que antes que um seja recompensado com Tzedaká, que é fé no Criador sobre
a base dos vasos de doação, que traz um a se aproximar do Criador, é impossível ter paz.
Sucede-se que no fim da obra, quando a meta é alcançada, é quando alcançamos o grau da
paz. Essa paz não pode ser alcançada antes que atravessemos as fases preliminares, que são
aproximação do Criador, então fé, chamada Tzedaká e finalmente a meta, que é chamada
“paz”
209. Sobre Chessed[Misericórdia]

Artigo 4, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito no sagrado Zohar a respeito de Chéssed [misericórdia] (Lech Lechá, item 382):
“Por que não foi ele chamado Abraão até agora? Explicámos que até então ele não era
circuncidado e agora ele foi circuncidado. Assim que ele foi circuncidado ele se conecto
à Hey, que é a Shechiná[Divindade] e a Shechiná estava nele. É por isso que ele agora é
chamado Abraão, com uma Hey. Está escrito, ‘Estas são as gerações dos céus e da terra
quando foram criados, em Abraão, ou seja, que BeHibaraam [quando foram criados] tem as
letras de Be Avraham [em Abraão]. Significa isto que o mundo foi criado para Abraão.
“Ele questiona, ‘Que dizem eles’?Isto é, ‘Por que são disputados ao
interpretar BeHibaraam’?Ele responde, ‘Isso é Chéssed. Quando ele diz
que BeHibaraam insinua Avraham, que é Chéssed e o mundo, que é a Shechiná, foi criada
para Chéssed. É por isso que ele diz que Ele os criou com uma Hey, ou seja, à Shechiná.
“Mas aquele que não disputa o outro pois tudo desce junto. Isto é, se há Chéssed no mundo,
a Shechiná está no mundo, também e vice-versa. Assim, os dois sentidos —
Chéssed e Shechiná — são uma coisa e o mundo foi criado para Chéssed e para a Shechiná.
Devemos entender por que ele interpreta que BeHibaraam significa Be Avraham, que
é Chéssed, ou seja, que o mundo foi criado por Chéssed”.
Devemos entender a respeito de Chéssed. Isso não é algo que diga respeito somente ao que há
entre o homem e o homem? Não criou o Criador os mundos superiores—o mundo dos anjos e
os serafins—somente para que cada um lide com misericórdia com seu amigo, para que
Rúben lide com misericórdia com Shimon? O que o Criador vai ganhar com isto? Pode tal
coisa ser dita? De acordo com isso, devemos entender o que é Chéssed [misericórdia], tal
como ele disse que o mundo foi criado para Chéssed.
É sabido que o propósito da criação é de fazer o bem às Suas criações. Desta forma, devemos
questionar, “Por que há duas explicações sobre o versículo, “Estas são as gerações dos céus
… quando eles foram criados”, uma por causa da Shechiná e outra por causa de Abraão, que é
Chéssed?
Devemos dizer que do versículo, “Quando eles foram criados”, explicam eles somente como
alcançar a meta, chamada “de fazer o bem às Suas criações”. Significa isto que as criaturas
devem atingir o completo deleite e prazer. Isto é, quando elas recebem deleite e prazer, elas
não devem sentir qualquer desagradabilidade, chamada “pão da vergonha”.
Para corrigir isto, houve a Tzimtzum [restrição], que é ocultação do deleite e prazer. É por isso
que diz o sagrado ARI ( O Estudo das Dez Sefirot, Parte 1, p 1): “Sabei, que antes das
emanações serem emanadas e as criaturas criadas, uma simples luz superior preenchia a
inteira realidade e não havia lugar vago. … Quando chegou à Sua simples vontade de criar os
mundos … para trazer à luz a perfeição das Suas ações … então Ele se restringiu a Si
Mesmo”.
Sucede-se que a ocultação que vemos na espiritualidade, ou seja, embora devamos acreditar
que “A terra inteira está cheia da Sua glória”, mas se todas as criaturas no mundo sentissem a
glória do Criador, quem se quereria envolver em coisas baixas quando eles veem a
importância da glória da espiritualidade? Afinal, uma pessoa pode receber uma imagem
daquilo que ela teve no passado.
Se, por exemplo, uma pessoa imagina que o período mais importante que ela teve foi quando
ela sentiu que era vantajoso aderir à espiritualidade e ela olhou para si mesma e para o mundo
inteiro, como passa o tempo sem direção e sem sentido e se envolve somente em trivialidades.
Então, quando ela está de ânimos elevados, o mundo lhe parecia a ela como pequenas crianças
brincando com brinquedos.
Similarmente, por vezes vemos uma pequena criança pegando numa corda, a colocando à
volta do ombro de outra e lhe dizendo, “Tu és o cavalo e eu puxo as rédeas”. Ambas
desfrutam do jogo. E se dissermos às crianças”. Por que brincam com coisas falsas? Tu não és
um condutor de carruagens e ele não é um cavalo”, elas não vão entender o que lhes estamos a
dizer.
Quando uma pessoa descreve o tempo em que ela teve o estado mais importante na vida,
olhamos para como as pessoas se envolvem somente na corporeidade como um adulto olha
para pequenas crianças brincando. Sucede-se que tudo o que precisamos para nos envolver em
Torá e Mitzvot [mandamentos] é da revelação. Isto é, de revelar o deleite e prazer neles para
que os vejamos abertamente. Então, quem não iria querer deleite e prazer? Quem seria capaz
de se degradar e caminhar para um galinheiro e debicar no lixo como elas e ficar feliz e alegre
com isso, quando podemos desfrutar da vida de um humano? Isto é, seu sustento seria o que
deleita pessoas e não o que deleita bestas e animais. Tudo isto é dito quando ele sente a
diferença entre a vitalidade das pessoas e a vitalidade das bestas, animais e aves.
Mas durante a ocultação, em que ele não vê qualquer outra vida no mundo senão aquela em
que um desfruta da vitalidade do mundo inteiro, quando ele olha para outras pessoas
abdicando de questões corpóreas na busca da vida espiritual, eles olham para elas como tolas,
crianças inconscientes. Pequenas crianças são permitidas brincar com coisas importantes e
elas jogam-nas fora e pegam em coisas insignificantes no seu lugar.
Enquanto eles podem desfrutar de coisas corpóreas, eles as jogam fora e contemplam alcançar
posses espirituais. Para eles, as questões espirituais são insignificantes, ou seja, coisas que não
têm valor. Mas tudo isso é por causa da ocultação sobre a espiritualidade.
Agora explicaremos as duas interpretações da palavra Hibaraam [quando foram criados],
onde a primeira significa Chéssed e a segunda significa Shechiná. Questionamos, “É
vantajoso criar o mundo vindouro e este mundo por Chéssed”? Tal como acima explicámos,
de acordo com o propósito da criação, que é de fazer o bem às Suas criações, o deleite e
prazer podem ser revelados antes de eles poderem receber em prol de doar. Desta forma, é
impossível alcançar a meta na totalidade.
É por isso que precisamos de explicar o que se diz sobre BeHibaraam, ou seja, que através
deles concretizarão eles o propósito da criação e sem eles é impossível alcançar o propósito da
criação na totalidade. É por isso que interpretar que Be Avraham [em Abraão]
é Chéssed significa que ao se envolverem na qualidade de Chéssed eles conseguem alcançar a
qualidade de doação, após a qual serão capazes de receber o prazer e essa recepção será
considerada doação.
Isso é como ele diz na Sulam [comentário sobre O Zohar] (“Introdução para o Livro do
Zohar”, item 175), onde ele traz as palavras de nossos sábios: “Aquando da criação do
mundo, quando Ele disse para os anjos, ‘Façamos o homem à nossa imagem’, Chéssed disse,
‘Que ele seja criado, pois ele faz misericórdia.’ A verdade disse, ‘Que ele não seja criado,
pois ele é todo mentiras.’”
Ele interpreta lá as palavras de nossos sábios, que Chéssed disse, “Que ele seja criado”:
“Mas Chéssed disse, ‘Que ele seja criado pois ele faz misericórdia’, uma vez que
o Mitzvá [mandamento] de fazer o bem que ele faz é necessariamente uma clara ação de
doação pela qual ele gradualmente se tornará corrigido até que se possa envolver em todas
as Mitzvot [mandamentos] em prol de doar. Logo, ele está garantido a finalmente alcançar sua
meta de se envolver em Lishmá [pelo Seu bem]. Foi por isso que Chéssed argumentou que ele
devia ser criado”.
Acontece que dizer BeHibaraam significa que Hibaraam é necessário somente como meio
mas não como uma meta, como é sabido que o propósito da criação é de fazer o bem às Suas
criações. Em vez disso, são conselhos de como as criaturas podem receber a meta, ou seja,
serem capazes de receber o deleite e prazer. Pois tem de haver equivalência de forma entre o
dador e o receptor e uma vez que eles são opostos em forma, nunca serão capazes de receber o
deleite e prazer.
É por isso que um diz que o meio é Chéssed, onde através da qualidade de Chéssed que cada
um faz com o outro, serão eles recompensados com vasos de doação e serão capazes de
receber o deleite e prazer e o outro diz que é BeHibaraam, ou seja, Hey Beraam [os criou],
nomeadamente à Shechiná. Isto não significa que ele o disputa, mas quando ele diz que Ele os
criou com uma Hey, isso significa que Malchut, que é a Shechiná, está implícita lá em
BeHibaraam, ou seja, uma pequena Hey.
O sagrado ARI interpreta (apresentado na Portaria das Intenções, item 43), “Este é o sentido
de BeHibaraam, BeHey Beraam [os criou com uma Hey], dado que todas as criaturas foram
cinco Partzufim, tanto em Atzilut e em BYA. Este é o sentido da pequena Hey de Malchut de
AK depois dela ter sido diminuída no fim de seus ZAT”.
Ele lá interpreta (na Ór Pashut [comentário abaixo do texto]) que o mundo
da Tikun[correção], chamado ABYA, emergiu de outra Malchut, que foi mitigada pela
qualidade de Rachamim [misericórdia], chamada Tzimtzum Bet [segunda restrição], onde
houve diminuição em Malchut. É por isso que Malchut é chamada “pequena Hey”.
Significa isto que a Hey em BeHibaraam, que é interpretada se referir à Shechiná que recebeu
correção chamada “a associação da qualidade de misericórdia com julgamento”. Significa isto
que Malchut, chamada “a qualidade de julgamento” e que é a raiz das criaturas,
nomeadamente da vontade de receber, o Kli [vaso] que deve receber o propósito da criação —
de beneficiar Suas criações — e é o vaso de recepção do deleite e prazer que é a substância
das criaturas, ou seja, o desejo de receber deleite e prazer Dele. Mas devido à correção de
equivalência de forma houve uma regra que este vaso de recepção não pode ser usado a
menos que ele possa se direcionar para doar. Isto é chamado “restrição e julgamento”.
O mundo não pode existir sem esta correção, chamada “receber em prol de doar”, ou não
poderá haver divulgação da abundância aos inferiores devido à Tzimtzum e julgamento que
foram feitos pelo propósito de corrigir o mundo. Contudo, como é possível mudar a natureza
da criação, que é recepção, para uma de doação?
Desta forma, para sermos capazes de corrigir os vasos de recepção para trabalharem em prol
de doar, teve de haver uma correção chamada “associação da qualidade de misericórdia com
julgamento”, conhecida como Tzimtzum Bet. Isto significa que Biná, a qualidade de
misericórdia, chamada “doação”, se misturou com Malchut, que é recepção. Através dessa
fusão de misericórdia com julgamento que é feita pelo remédio da Torá
e Mitzvot [mandamentos] nós podemos alcançar a abundância embora isso seja contra nossa
natureza.
Esta questão é apresentada no “Prefácio à Sabedoria da Cabala” (item 58): “Este é o sentido
das palavras de nossos sábios: ‘No princípio, Ele contemplou criar o mundo com a qualidade
de Din[julgamento]. Ele viu que o mundo não existe e precedeu a qualidade
de Rachamim [misericórdia] e associou-a com a qualidade de Din.’ …’Ele viu que o mundo
não existe significa que deste modo, era impossível que o homem, que foi criado a partir
desta Bechiná Dálet, assumir ações de doação. …Desta forma, Ele precedeu a qualidade
de Rachamim e a associou com a qualidade de Din. Através desta
associação, Bechiná Dálet— Midat ha Din—foi incorporada com centelhas de doação
no Kli de Biná”.
De acordo com o supracitado, sucede-se que temos o meio pelo qual alcançar o propósito da
criação de fazer o bem às Suas criações, somente graças à pequena Hey. Isto é assim pois o
julgamento na Hey, que é a qualidade de julgamento, se diminuiu para a qualidade de
misericórdia. Significa isto que essa parte do desejo de receber se diminuiu e recebeu nela a
qualidade de Rachamim, como foi acima dito, que nas raízes, os vasos de recepção incluíram
a qualidade de doação, chamada Rachamim.
Com isto vamos entender por que conclui o sagrado Zohar que “um não disputa o outro pois
tudo desce junto. Isto é, se há Chéssed no mundo, a Shechiná está no mundo, também e vice
versa. …e o mundo foi criado para Chéssed e para a Shechiná”.
Isto implica que isso significa que ambos, ou seja, a qualidade de Chéssed e a Shechiná, que
foi corrigida com a qualidade de Rachamim, visam a mesma coisa — que através delas as
criaturas alcançassem o propósito da criação, que é de deleitar Suas criaturas. É por isso que
ele diz, “Se não há Chéssed não há Shechiná”.
Isto é, sem a correção de Chéssed no mundo, onde através da qualidade de Chéssed podem
eles receber em prol de doar, não haveria a Shechiná. Ou seja, a correção que foi feita
em Malchut, chamada “associação da qualidade de misericórdia com julgamento”, não seria
útil. Porém, a qualidade de Chéssed realmente existe no mundo, ou seja, que Malchut foi
corrigida com a qualidade de Chéssed, que é Rachamim e isto ajuda a alcançar a meta.
Contudo, devemos entender por que Malchut é chamada Shechiná. Baal HaSulam disse que o
sagrado Zohar diz, “Ele é Shochen [morador]; ela é Shechiná”. Significa isto que onde o
Criador é revelado é chamado Shechiná. Isto é chamado “instar da Shechiná”, ou seja, que lá
o Criador é revelado.
Por esta razão um sempre deve orar para ser recompensado com o reino dos céus, também
conhecido como “fé”. Isto é, um deve orar para que ele seja recompensado com fé. Mas há
uma pergunta: Se ele sabe que carece de fé no Criador, então para quem está ele a orar, pois
somente quando ele acredita no Criador pode ser dito que ele pede ao Criador que lhe dê
aquilo que ele quer?
Podemos interpretar isto de acordo com o que está escrito na “Introdução ao estudo das Dez
Sefirot” (item 14): “‘Aquele cuja Torá é sua arte.’ A medida de sua fé é aparente na sua
prática da Torá pois as letras de Umanuto [sua arte], são as mesmas [em Hebraico] como em
Emunato [sua fé]. Isso é como uma pessoa que confia no seu amigo e lhe empresta dinheiro.
Ela pode confiar nele com uma libra e se ele lhe pedir duas libras ele vai recusar lhe
emprestar. Ele pode também confiar nele com cem libras, mas não mais. Também, ele pode
confiar nele o suficiente todos os seus bens sem uma pitada de medo. Esta última fé é
considerada ‘fé inteira’ e as formas anteriores são consideradas ‘fé incompleta.’ Em vez disso
é fé parcial, seja mais ou menos”.

Portanto, vemos que há fé parcial. Quando ele tem fé parcial pode ser dito que uma pessoa
deve orar para o Criador a ajudar dado que ela só tem fé parcial, então ela quer que o Criador
a ajude com fé completa. E uma vez que é impossível ser recompensado com fé completa
antes que um seja recompensado com equivalência de forma, como dito nos anteriores artigos
e apresentado na “Introdução ao Livro do Zohar” (p 138), assim há essas correções, como
escrito acima a respeito de BeHibaraam: 1) através da qualidade de Chéssed vão eles alcançar
equivalência de forma, que é considerado Abraão; 2) ele diz que ele é a Hey, ou seja,
a Shechiná. Isto é, Malchut recebeu nela a qualidade de Rachamim pela qual eles chegarão à
doação e então o propósito da criação de fazer o bem às Suas criações se tornará realidade.
213. Sobre Respeitar o Pai

Artigo 5, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito no sagrado Zohar (Vayerá, item 141): “Rabi Shimon começo e disse, ‘Um filho
honra seu pai e um servo ao seu mestre.’ ‘Um filho honra seu pai’ é Isaac em respeito a
Abraão. Pergunta ele, quando ele o honrou? ‘Quando ele o atou no altar... e ele não resistiu
em fazer a vontade de seu pai. ‘E um servo [honra] ao seu mestre” é Eliseu em respeito a
Abraão. Quando ele enviou Eliseu a Harã, que lá fez tudo aquilo que Abraão desejou, ele o
honrou, como está escrito, ‘E o Senhor abençoou meu mestre.’ E está escrito, ‘Disse ele: ‘Eu
sou servo de Abraão”, para honrar Abraão. Certamente, um homem que traz joias de ouro e
prata e camelos e que é respeitável e belo, não disse que ele era amado de Abraão ou seu
parentesco. Em vez disso, disse ele, ‘Eu sou servo de Abraão’, para aumentar o mérito e honra
de Abraão aos seus olhos”.
(No item 145) Diz ele, “É por isso que está escrito, ‘Um filho honra seu pai e um servo ao seu
mestre.’ E vós, Israel, Meus filhos, é uma desgraça que digam que Eu sou vosso pai ou que
vós sois Meus servos. ‘Se Eu sou um pai, onde está Minha honra? E se Eu sou um mestre,
onde está o temor a Mim?’”
Devemos entender as palavras do santo Zohar quando lá diz que “O Senhor diz, ‘E vós,
Israel, Meus filhos, é uma desgraça que digam que Eu sou vosso pai.’” Isto implica que
precisamos de dizer a alguém que o Criador é nosso pai, mas não o podemos dizer pois
estamos envergonhados. Então devemos conhecer a quem devemos dizer que Ele é nosso pai.
Também devemos saber qual é a vergonha pela qual somos incapazes de o dizer, como está
escrito, “É uma desgraça para vós”.
Isto é no geral perplexo. Afinal, todos os dias dizemos, “Nosso pai, nosso Rei”. E durante as
Dezoito Orações dizemos, “Retorna-nos, nosso Pai, à Tua lei”, então a quem mais devemos
dizer que o Criador é nosso pai e que estamos envergonhados de o dizer e pelo qual o Criador
está zangado e diz, “Se Eu sou um pai, onde está Minha honra”?
Nós devemos interpretar isto: Precisamos de dizer que “O Senhor é nosso pai” se relaciona ao
Criador. Sempre dizemos, “Nosso Pai, Nosso Rei” e por isto o Criador está zangado: como
não estais envergonhados de Me dizer que Eu sou vosso pai enquanto vocês não Me mostram
respeito, como foi dito, “Se Eu sou um pai, onde está Minha honra”? Isto é, o Criador diz que
é uma desgraça para vós Me chamarem “Nosso Pai” e Eu vejo que para vós, Minha honra está
no solo, que é chamado “Shechiná [Divindade] no pó”. Logo, como não estais envergonhados
de Me chamar “Nosso Pai”?
“E se Eu sou um mestre, onde está o temor a Mim”? Dizem que todos são servos do Criador,
mas não vejo onde tendes medo, ou seja, o temor dos céus que devem assumir sobre vós
mesmos. Um servo é aquele que não tem autoridade própria, como disseram nossos sábios,
“Aquele que comprou um escravo comprou seu Rav”. Em vez disso, ele está anulado perante
o mestre e tudo o que ele recebe do mestre é somente para que ele possa servir o mestre e não
para si mesmo.
Mas vejo que estão a tomar o caminho oposto. Isto é, vocês querem que Eu vos sirva, ou seja,
que Eu satisfaça o vosso amor próprio e tudo o que vêm para Me pedir é para aumentar a
vossa autoridade. Isto é, vocês são os mestres e Eu sou vosso servo e caminhais todo o dia
com queixumes sobre Mim que Eu vos devo e que se pudessem receber de Mim à força
certamente receberiam.
O que fez o Criador para que eles não recebessem pela força? Ele fez algo pequeno: Ele criou
as trevas no mundo, chamadas “ocultação”, em caso das criaturas estarem indispostas a serem
servas e trabalharem para Ele, chamado “receber em prol de doar contentamento sobre seu
Fazedor”, como disseram nossos sábios, “apega-te aos Seus atributos”. É sabido que enquanto
um estiver em vasos de recepção, quanto mais ele recebe, pior ele é, ou seja, mais longínquo
do Criador. Desta forma, ele fez uma grande correção que quando os vasos de recepção
governam uma pessoa ela não vê coisa alguma de Kedushá [santidade] da qual possa derivar
prazeres.
Em vez disso, ela só vê esses prazeres que consegue ver, chamados “prazeres da separação”.
Isso é como diz o sagrado ARI, que às Klipot [cascas/peles] foi dada uma magra iluminação
para todos os prazeres corpóreos para que elas possam existir. Esta luz da corporeidade é tudo
o que podemos ver como ter-se prazer. Mas sobre a espiritualidade repousa uma nuvem de
trevas que cobre todos os prazeres espirituais. Logo, eles não recebem pela força quando o
senhorio não quer dar pois eles não veem prazeres. Assim, todos aqueles cujo desejo é
somente o amor próprio fogem de qualquer coisa verdadeira onde haja deleite e prazer, pois,
as trevas cobrem a terra.
Por esta razão, uma pessoa não consegue a trabalhar em Lishmá [pelo Seu bem] de imediato,
mas deve começar em Lo Lishmá [não pelo Seu bem]. Em Lishmá, que é o verdadeiro
caminho, o corpo deve fugir desta obra, tal como cada espécie vai para sua espécie. Uma vez
que o homem foi criado com vasos de recepção em prol de receber, quando ele vê um
pensamento, palavra, ou ação que não produza coisa alguma para seus vasos de recepção ele
prontamente foge deles pois isto não é de sua espécie. Sua espécie é a natureza com a qual ele
foi criado — receber em prol de receber e não de dar coisa alguma.
Em prol de uma pessoa que começa a obra do Criador não fugir da obra da doação pois esta
não é da sua espécie, devemos começar com Lo Lishmá. Isto é, ele mantém a Torá e
Mitzvot [mandamentos] que o Criador nos ordenou em troca de recompensa Dele pelo nosso
trabalho. Isto assim é pois podemos trabalhar somente por coisas corpóreas, para ganhar
dinheiro e ganhar respeito e desfrutar do descanso. Abdicamos de obter dinheiro, honra e
outras luxurias que o corpo nos requer fazer e que nos deliciariam e em vez disso mantemos a
Torá e Mitzvot que o Criador nos ordenou.
Nós vemos que quando exigimos alguma coisa do corpo, que ele abdique dos prazeres que
pensa que consegue desfrutar, ele pergunta, “O que vais ganhar com isso”? Isto é, “Estas
novas obras que queres fazer, elas vão te dar maiores prazeres? Se não então por que precisas
de mudar o teu local de trabalho? Estás habituado a trabalhar para este senhorio, mas agora
queres trabalhar pelo Criador pois Ele precisa do teu trabalho? Vai Ele te pagar um salário
mais alto, ou seja, mais prazeres? Vais desfrutar mais do que na obra que estás acostumado a
fazer”?
Nós devemos dizer para ela: “Até agora tivemos pequenos ganhos, ou seja, prazer imaginário,
mas agora vais fazer grande lucro e teu prazer será verdadeiro prazer pois o Criador te deseja
dar uma recompensa espiritual. Contudo, sem trabalho isso será pão da vergonha, que é a
razão de nos ter sido dada a Torá e Mitzvot e devemos acreditar que Ele certamente nos vai
pagar por abdicarmos de nossas necessidades, das quais podíamos desfrutar, em troca de uma
verdadeira recompensa, que é uma recompensa espiritual.
E embora não saibamos o que é ainda a espiritualidade, independentemente acreditamos que é
uma grande coisa em comparação com a qual todos os prazeres corpóreos são senão uma vela
minúscula, como explicado pelas palavras do ARI, que diz que devido à quebra dos vasos e
ao pecado da árvore do conhecimento, centelhas caíram para as Klipot em prol de as sustentar,
para que elas não fossem canceladas enquanto fossem necessárias. Mas a maioria do deleite e
prazer se encontram nos mundos de Kedushá. Desta forma, é vantajoso para nós trabalharmos
em Torá e Mitzvot pelos quais seremos recompensados com o mundo vindouro em troca pelo
nosso trabalho em Torá e Mitzvot.
Porém, assim que uma pessoa começou a obra do Criador e quer conhecer o verdadeiro
trabalho, lhe é dito, “Se Eu sou um mestre, onde está o temor a Mim”? Isto é, a maneira
adequada é que o servo só trabalhe pelo senhorio e não de todo para si mesmo. Todavia, tu
trabalhas somente em prol de ser recompensado no mundo vindouro; tu queres recompensa
pelo teu trabalho. O escravo trabalha sem recompensa e o senhorio fornece suas necessidades
somente para que o servo seja capaz de trabalhar para Ele, mas o servo não tem posses que se
possam dizer pertencerem ao servo. Em vez disso, há somente uma autoridade lá — a
autoridade do senhorio.
Certamente todo o nosso trabalho em Torá e Mitzvot deve ser em prol de alcançar
equivalência de forma, que é Dvekút [adesão] com o Criador. Nós nos envolvermos em Torá
e Mitzvot não é como anteriormente pensávamos — que o Criador quer que mantenhamos Sua
Torá e Mitzvot e que Ele mais tarde nos pague por isso. Em vez disso, a Torá e Mitzvot nos
foram dados para manter pois precisamos disso! Isto é, ao manter Torá e Mitzvot receberemos
a luz da Torá e através dessa luz seremos então capazes de alcançar equivalência de forma
pois a luz nela o reforma.
Logo, quando é a recompensa que devemos pedir em troca pelo trabalho do corpo? É que
abdiquemos das necessidades do corpo pelo propósito de manter Torá e Mitzvot. É impossível
trabalhar sem recompensa, dado que ele questiona imediatamente, “Por que estás a abdicar
dos prazeres que consegues desfrutar? O que vais ganhar”?
A resposta é que todo nosso ganho é que somos recompensados com servir o Criador. Isto é
muito importante pois é verdadeiro, ou seja, que ele será recompensado com se apegar ao Rei
dos Reis. Mas quando todos os prazeres que ele tem são edificados em receber todo o deleite
e prazer ao se servir a si próprio e receber prazer em roupagens de recepção pertence aos
animais e não necessariamente aos humanos, a mais alta de todas as criaturas, então ele
desfruta das mesmas vestes que os animais desfrutam. Isto é impróprio dele.
Em vez disso, todas as vestes onde o homem quer receber prazer devem ser vestimentas de
doação. Isto é, é impossível trabalhar sem prazer, mas ele mede seus prazeres em quanto ele
consegue doar sobre o Rei. Isto é, se ele deseja saber quanto trabalho ele recebe desta obra ele
não deve medir quanto ele desfruta da sua obra, ou seja, quanto prazer deriva ele de servir o
Rei. Em vez disso, ele deve medir pelas ações, ou seja, quanto quer ele que o Rei desfrute do
seu trabalho. Sucede-se que toda a sua importância está em que ele serve o Rei.
Acontece que se um quiser testar se ele está a avançar na obra ele deve fazê-lo de dois modos:
1) ao olhar para a recompensa que ele espera receber do Criador. Se ele está a receber uma
recompensa maior a cada dia então o indicador são os vasos de recepção. 2) Quanto ele
desfruta de deleitar o Criador e que toda sua recompensa é que ele doa sobre o Criador. Por
exemplo, se ele serve o maior homem do país, ele desfruta disso. Mas se ele servir o maior da
geração ele certamente desfruta mais. Deste modo, ele quer que o Criador seja maior e mais
importante aos seus olhos em cada dia. Esta é a verdadeira medição.
216. Confiança

Artigo 6, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito no sagrado Zohar (Toldot, itens 122-125): “Rabi Elazar começou e disse, ‘Feliz é
o homem cuja força está em Ti, feliz é o homem que se fortalece no Criador e coloca sua
confiança Nele.’ Podemos interpretar confiança tal como fez Hananias, Misael e Azarias, que
confiaram e disseram, ‘Se assim for, nosso Deus …’ ou seja, que eles confiaram que o
Criador os libertaria da fornalha. Mas ele diz que isso assim não é. Em vez disso, vinde e
vede, se Ele não os libertar e o Criador não se tornar um para eles, Seu nome não será
santificado aos olhos de todos. Mas depois deles saberem que não falaram adequadamente,
eles reafirmaram, ‘Mas até se Ele não o fizer, que isso seja sabido por ti, Ó Rei.’ Isto é, eles
disseram que quer Ele os salve ou não salve, deveis saber que não nos dobraremos aos
ídolos.’
“Porém, um não deve confiar e dizer, ‘O Criador me salvará’ ou ‘O Criador fará isto e aquilo
por mim.’ Em vez disso, deve ele colocar a sua confiança que o Criador o ajude, tal como
deve ser quando ele se esforça nas Mitzvot [mandamentos] da Torá e se esforça para caminhar
no caminho da verdade. E quando um se vem para purificar, é ele ajudado. Nisso, deve ele
confiar que o Criador o ajude. Ele deve colocar sua confiança Nele e não confiar em mais
ninguém senão Ele. Está escrito sobre isto, ‘Sua força está em Ti.’
“‘Trilhos nos seus corações’ significa que um deve estabelecer o seu coração adequadamente,
para que nenhum pensamento estranho possa entrar nele. Em vez disso, seu coração será
como esse trilho que é construído para passar através dele para todo o lugar que seja
necessário, para a direita e para a esquerda. ‘E seu coração será sincero’, ou seja, que quer o
Criador lhe faça o bem ou o contrário, seu coração estará pronto e corrigido para nunca
questionar o Criador sob quaisquer circunstâncias.
“Outra coisa: ‘Feliz é o homem cuja força está em Ti.’ É como dizeis, ‘O Senhor dará força
ao Seu povo’, ou seja, Torá. ‘Sua força está em Ti’ significa que um se deve envolver na Torá
pelo bem do Criador, ou seja, a Shechiná [Divindade], que é chamada ‘Nome’ pois qualquer
um que se envolva na Torá e não se esforce em Lishmá [pelo Seu bem], era melhor para ele
não ter sido criado. ‘Trilhos nos seus corações’ é como dizeis, ‘Levantai um cântico por
Aquele que monta nas pradarias, cujo nome é o Senhor’, ou seja, exaltar Aquele que monta
nas pradarias.
“Também, ‘Trilhos nos seus corações’ significa que um se deve envolver na Torá com a meta
de exaltar o Criador e O fazer respeitado e importante no mundo, ou seja, direcionar seu
coração para que seu envolvimento na Torá atraia abundância de conhecimento para ele e
para o mundo inteiro, para que o nome do Criador cresça no mundo, como está escrito, ‘E a
terra estará cheia do conhecimento do Senhor.’ Então as palavras, ‘E será o Senhor Rei sobre
toda a terra’ se tornarão realidade”.
De acordo com o citado, é difícil entender a confiança que o sagrado Zohar interpreta para
nós e diz, “Porém, um não deve confiar e dizer, ‘O Criador me salvará’ ou ‘O Criador fará
isto e aquilo por mim’,” uma vez que vemos que se alguém pede ao seu amigo para lhe fazer
um favor, se essa pessoa é sua amiga e sabe que ele tem um coração bondoso então ela confia
nele até se ele não fizer como ela lhe pede, como está escrito, “Um não deve confiar e dizer,
‘O Criador me salvará’”?
Outro ponto perplexo é que ele diz, “Ele deve colocar sua confiança … nenhum outro senão
Ele”. Está escrito sobre isso, ‘Sua força está em Ti.’” Precisamos de entender isto, dado que
por um lado ele diz que ele não deve dizer que o Criador o salvará, ou seja, que deve haver
confiança até se Ele não o salvar, como Hananias. Nesse caso, como podemos falar da dúvida,
de que ele não deve confiar em nenhum outro, que significa que outro certamente virá ajudar
e o salvará?
Isto é, é como se houvesse alguém que o pudesse salvar de certeza e é por isso que há uma
proibição sobre confiar em alguém além do Criador, embora ele não saiba se Ele o vai salvar.
Como pode ser dito que há alguém que o pode salvar? Ele traz o exemplo de Hananias,
Misael e Azarias e lá, como pode ser dito que eles não devem confiar uns nos outros, como se
houvesse alguém no mundo que os pudesse salvar da fornalha? Pode isto ser dito?
Para entender as palavras do sagrado Zohar primeiro precisamos de nos lembrar do propósito
da criação, ou seja, que há uma meta da parte do Criador, que o Criador desejou da Criação. E
também, há um propósito da parte das criaturas, ou seja, o propósito que as criaturas têm de
alcançar, que podemos dizer que elas vieram para seu propósito, ou seja, a razão pela qual
elas foram criadas.
É sabido que da perspectiva do Criador, a meta é que Ele deseja deleitar Suas criações. Foi
por isso que Ele criou as criaturas, de modo a lhes conceder deleite e prazer. E uma vez que
Ele quer que o benefício que Ele lhes dá seja completo, Ele fez uma correção que antes que as
criaturas possam receber em prol de doar, elas não podem receber qualquer abundância,
chamada “deleite e prazer”. Isto é assim pois a natureza do ramo é de se assemelhar a sua raiz.
E porque a raiz das criaturas é doar sobre as criaturas, quando as criaturas se envolvem na
recepção elas sentem desagradabilidade.
Assim, uma correção foi feita, chamada Tzimtzum [restrição] e Massach [tela], onde somente
com estas podem as criaturas receber em prol de doar e então podem elas desfrutar do deleite
e prazer que estavam no pensamento da criação. O propósito das criaturas é que elas têm de
alcançar Dvekút [adesão], chamada “equivalência de forma”. Isto é, tal como o Criador deseja
deleitar Suas criaturas, as criaturas devem também chegar a um estado onde seu único desejo
é doar sobre o Criador.
Por esta razão, aqueles que querem entrar no caminho da verdade, para alcançar Dvekút, se
devem acostumar a si mesmos a fazer todo o pensamento, palavra e ação a ter a meta de trazer
contentamento ao Criador através das Mitzvot que eles fazem e na Torá na qual eles se
envolvem. Eles não devem considerar o que podem receber do Criador por quererem agradar
a Ele. Isto é, eles não devem pensar, “O que me dará o Criador”, ou seja, que eles possam
extrair da autoridade do Criador para a sua própria. Isto os faria criar duas autoridades: uma
autoridade do Criador e uma autoridade das criaturas, que é o oposto da Dvekút,
pois Dvekút significa unificação, quando duas coisas se tornam uma quando se unem uma
com a outra.
Inversamente, duas autoridades é separação. Esta recepção quando elas pensam em si
mesmas, em receber alguma coisa do Criador para sua própria autoridade, as torna mais
separadas do que elas estavam até agora.
Com isto entendemos as palavras do sagrado Zohar que foram ditas sobre o versículo,
“Pecado é uma desgraça para qualquer povo, uma vez que “Todo o bem que eles fazem, eles
fazem para eles mesmos”. Isto levanta a pergunta, “Por que não é suficiente dizer que eles não
estão a ser recompensados quando se envolvem em ações de misericórdia, ou seja, quando
doam, fazem o bem, uma vez que sua intenção não está na ação de misericórdia, mas em vez
disso na recompensa que vão receber em troca, que é chamada “para eles mesmos”? Isto é,
eles se envolvem em misericórdia não com a meta de fazerem o bem ao outro, mas em vez
disso apontam para que o bem que fazem pelo outro lhes traga alguma recompensa. Não faz
diferença se é dinheiro ou honra, desde que recebam recompensa para sua vontade de receber.
Porém, devemos entender que isto significa que dizer “pecado” implica que seria melhor se
eles não fizessem a misericórdia. Pode isto ser dito? Afinal de contas não é crime fazer
misericórdia, então por que é isso considerado um pecado?
De acordo com aquilo que explicámos sobre as pessoas que desejam caminhar no caminho da
verdade, ou seja, para serem recompensadas com Dvekút com o Criador, que aspiram pela
equivalência de forma, quando elas estão em “senta-te e nada faças”, elas não exigem coisa
alguma para seus vasos de recepção. Logo, elas nada fazem para as afastar do Criador.
Mas quando elas realizam uma ação de misericórdia, elas pedem ao Criador que lhes dê certa
recompensa para seus vasos de recepção. Portanto, elas pedem algo que as virá a separar do
Criador. É por isso que a misericórdia é considerada um pecado (mas isto não se refere à Torá
e Mitzvot pois a respeito da Torá e Mitzvot, disseram nossos sábios, “Um sempre se deve
envolver em Torá e Mitzvot Lo Lishmá [não pelo Seu bem] pois de Lo Lishmá nós chegamos
a Lishmá [pelo Seu bem]”).
Todavia, de acordo com a regra de que é impossível fazer coisa alguma sem prazer, como
podemos trabalhar em prol de doar e não receber qualquer recompensa para nossa própria
autoridade, mas em vez disso nos anularmos para Ele e cancelarmos nossa própria autoridade
para que somente a autoridade singular permaneça, nomeadamente a autoridade do Criador?
Quais são os combustíveis que nos darão a força para trabalharmos para que possamos
trabalhar em prol de doar?
O combustível que dá força para trabalhar deve vir de servir ao Rei e de acordo com a
importância do Rei, uma vez que o Criador colocou um poder na natureza que nós derivamos
grande prazer de servirmos a uma pessoa importante. Portanto, o homem sente prazer de
acordo com a importância do Rei. Isto é, se ele sente que serve um grande Rei, a essa medida
seu prazer cresce. Desta forma, quanto mais o Rei é importante, mais ele desfruta do seu
trabalho.
O prazer que ele recebe de servir ao Rei é que quanto maior o Rei, mais ele quer se anular
perante Ele. Sucede-se que todo o deleite e prazer que ele recebe não entra na autoridade do
homem, mas em vez disso ele quer se anular perante o Rei à medida da grandeza e
importância do Rei. Logo, há somente uma autoridade aqui, chamada “autoridade singular”.
Mas quando ele quer receber alguma recompensa do Rei pelo seu trabalho então tem ele duas
autoridades separadas uma da outra. Sucede-se que onde o homem devia alcançar Dvekút com
o Criador, ele alcança separação do Criador, que é o completo oposto da meta que as criaturas
devem alcançar.
Acontece que a razão que lhe dá força para trabalhar é somente que ele possa doar sobre o
Rei. Mas antes de ele ter alcançado um estado onde sinta a grandeza do Criador, ele está em
guerra com o corpo pois ele não concorda trabalhar sem recompensa e não consegue trabalhar
por causa do grande prazer de servir ao Rei pois ele não o sente, uma vez que carece da
sensação da grandeza do Rei. Tanto quanto o mais, isso é porque ele carece de fé, ou seja, de
acreditar que há um Rei no mundo.
Disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 2), “Conhecei o que está acima de vós. O olho vê e a
orelha escuta e todas vossas obras estão escritas no livro. Quando ele tem fé de que há um
supervisor no mundo, os cálculos da Sua grandeza e importância começam. Quando ele tem
fé que há um supervisor no mundo, sua fé lhe traz a sensação da importância até se ele não
considerar a grandeza do Criador. Ainda assim, ele já tem a força para trabalhar em servir ao
Criador”.
Todavia, uma vez que ele carece de fé e tem somente fé parcial (ver “Introdução ao Estudo
das Dez Sefirot”, item 14), quando ele quer trabalhar em prol de doar, o corpo prontamente
vem e grita alto, “Estás louco?! Tu queres trabalhar sem pagamento e dizes que queres servir
ao Rei, que é em si mesmo uma grande recompensa. Isto diz respeito a aqueles que sentem o
Rei e de quem o Rei examina cada movimento que eles fazem. Eles podem dizer que
trabalham pois é um grande privilégio servir ao Rei, mas não tu”!
Isto causa a guerra da inclinação: por vezes ele supera o corpo e outras vezes o corpo o supra.
Ele diz para o corpo: “O facto de não sentir a grandeza do Rei é tua culpa pois tu queres
receber tudo no teu próprio domínio, chamado ‘receber em prol de receber’, mas houve uma
restrição e ocultação sobre este discernimento, então é impossível ver coisa alguma da
verdade. Portanto, deixa-me sair do teu desejo e vamos começar a trabalhar em prol de doar e
certamente verás a importância e grandeza do Rei. Então tu mesmo vais concordar comigo
que é vantajoso servir ao Rei e nada no mundo é mais importante que isto”.
Por esta razão, quando uma pessoa quer trabalhar somente em prol de doar e não receber coisa
alguma e todos seus cálculos se tratam de trazer contentamento ao Criador através do seu
trabalho, que ela quer trazer-Lhe contentamento e ela não se considera a si mesma de todo,
como pode ela saber se está realmente nesse caminho? Talvez ela se esteja a enganar a si
mesma e sua intenção seja só receber? Isto é, ela está a dar em prol de receber e não a
caminhar no caminho da verdade, ou seja, de que tudo aquilo que ela deseja é ser uma dadora
em prol de dar.
Aqui um se pode criticar a si mesmo, ou seja, à sua intenção. Quando ele ora para o Criador o
ajudar com a guerra da inclinação para que a inclinação não venha até ele e deseje controlá-lo
com seus queixumes contra o seu trabalho, o Criador lhe dará um desejo de somente querer
trabalhar para Ele com todo seu coração e alma. E certamente, não há oração sem confiança
que o Criador escuta a oração, pois se ele não tem confiança de que o Criador escutará seu
coração ele não será capaz de orar se não estiver certo de que alguém escuta sua oração.
Isto levanta a pergunta: “Se ele vê que sua oração não é escutada, ou seja, que ela não é
concedida como ele entende que ela deve ser concedida, de que lhe seja dado aquilo que ele
pede, pois, o Criador é misericordioso e gracioso e se Ele escutasse Ele certamente lhe daria
aquilo que ele pede, por que então sua oração não é respondida? Por que o Criador não escuta
a oração? Pode isto ser dito”?
Contudo, ele deve acreditar que o Criador realmente escuta a oração, como dizemos nas
Dezoito Orações, “Pois Tu escutas a oração de cada boca do Teu povo, Israel, com
misericórdia”. Todavia, devemos acreditar no que está escrito, que “Meus pensamentos não
são teus pensamentos”. Isto é, o Criador sabe o que é melhor para o homem, ou seja, para sua
inteireza e o que obstruí sua inteireza.
Portanto, devemos dizer que o Criador sempre escuta e responde de acordo com o melhor
interesse do homem e é isto aquilo que Ele nos dá. Logo, ele deve acreditar que os estados
que uma pessoa sente são aquilo que o Criador quer que sintamos pois isso é a nosso favor.
Ocorre que a confiança que devemos ter no Criador é que o Criador certamente escuta nossas
orações e lhes responde, mas não de acordo com nosso entendimento, mas de acordo com o
entendimento do Criador daquilo que nos deve ser dado. Deste modo sucede-se que a
confiança trata-se principalmente de confiar no Criador que Ele ajuda a todos, como está
escrito, “Sua misericórdia está sobre todas Suas obras”. Porém, a confiança não deve ser tal
que o Criador nos ajude de acordo com nossa compreensão, mas de acordo com o
entendimento do Criador.
Há pessoas que pensam que a confiança é de acordo com aquilo que uma pessoa pensa que
precisa, que a confiança deve ser em respeito a isso e se ela não acreditar que o Criador a deve
ajudar de acordo com o entendimento do homem, isso não é considerado acreditar e confiar
no Criador. Em vez disso, um deve ter confiança precisamente como o homem quer.
Com isto podemos entender as palavras do sagrado Zohar quando questionamos sobre ele
dizer, “Porém, um não deve confiar e dizer, ‘O Criador me salvará’ ou ‘O Criador fará isto e
aquilo por mim.’ Em vez disso, um deve colocar sua confiança no Criador para o ajudar, tal
como deve ser”. Isso traz evidências de Hananias, Misael e Azarias, que disseram, “Quer Ele
salve ou não salve”. O sagrado Zohar diz que quando um vem para ser purificado ele é
ajudado e nisto ele confiará que o Criador o ajude e confiará Nele e não colocará sua
confiança noutro além Dele.
Está escrito sobre isso, “Sua força está em Ti”, Questionamos, “O que significa que ele ‘não
colocará sua confiança noutro’”? Há mais alguém que o possa ajudar, para o qual há um
mandamento de não confiar noutro? Ele fala da confiança em relação a Hananias e quem os
podia salvar da fornalha, pelo qual ele teve de dar uma proibição sobre confiarem em outrem?
A questão é que quando uma pessoa deseja caminhar no caminho da verdade, ou seja, que
todas suas obras sejam pelo Criador, chamado “em prol de doar e não para seu próprio
benefício”, ela deve acreditar que o Criador sabe o que lhe dar e o que não dar. Em prol de um
evitar se enganar a si mesmo e ver cada vez se ele caminha no caminho de doar
contentamento sobre o Criador, ele precisa de se ver a si mesmo em qualquer que seja o
estado, que ele deve estar agradado.
Ele deve confiar que esta deve ser a vontade do Criador, então não me importo em que estado
me encontro. Em vez disso, eu devo trabalhar e orar de acordo com o que entendo e confio no
Criador que Ele me ajudará, para meu próprio benefício. Mas o Criador sabe o que é para o
benefício do homem e não o homem. Aqui pode ele criticar o seu envolvimento na Torá
e Mitzvot [mandamentos], se a sua intenção é que ele quer doar sobre o Criador e não para seu
próprio benefício, ou seja, que sua meta não é doar em prol de receber.
Por esta razão, quando ele estabelece a ordem do seu trabalho e vai orar para o Criador, ele
deve confiar no Criador que Ele receberá sua oração. Nessa altura deve ele confiar no Criador,
ou seja, que a medida de confiança diz respeito à visão do Criador e não que ele deva confiar
noutro.
E quem é o outro? É o próprio homem. Isto é, a medida da confiança de que o Criador o
ajudará deve ser tal como o Criador entende e não como o homem entende.
O homem é chamado de “outro”, como disseram nossos sábios (Sucá, 45b), “Nós aprendemos
que qualquer um que combine trabalho pelo Criador com outra coisa é desenraizado do
mundo, como foi dito, ‘Somente pelo Senhor.’ Significa isto que isso deve ser somente pelo
Criador, sem autogratificação, chamada ‘recepção.’ Isto significa que até se ele direcionar
o Mitzvá [mandamento] pelo Criador mas quiser um pouco para si mesmo, também, ele é
desenraizado do mundo”.
O que significa que ele é “desenraizado do mundo”? Todos aqueles que não são
recompensados com direcionar todas suas obras desenraizam do mundo? Precisamos de
entender a que mundo eles se referem. De acordo com aquilo que aprendemos, eles pretendem
dizer do mundo eterno, chamado “o mundo do Criador”. Significa isto que o nome do
Criador, que é chamado O Bom Que Faz o Bem, lá é aparente. Lá, Seu pensamento é
revelado, de fazer o bem às Suas criações.
Este foi o propósito para o qual Ele criou o mundo e do desse mundo é ele desenraizado. Isto
é, ele não pode ser recompensado com o deleite e prazer lhe serem revelados por causa da
correção da Tzimtzum [restrição], que foi em prol do homem ser recompensado
com Dvekút[adesão], chamada “equivalência de forma”. Por esta razão, quando um quer
receber um pouco para si mesmo, também, a essa medida ele se afasta da Dvekút com o
Criador e desta forma não pode ser recompensado com o deleite e prazer que se encontram no
propósito da criação. Portanto, ele é desenraizado desse mundo.
Sucede-se de tudo o citado que se um quer saber se ele não se engana a si mesmo e quer servir
ao Criador com a intenção de somente doar contentamento sobre o Criador e diz o
sagrado Zohar que quando ele ora para o Criador o ajudar, ele certamente deve ter confiança
de que o Criador o vai ajudar. Inversamente, se ele não tem confiança, com pode ele pedir? Se
ele não confia no Criador para o ajudar, ele não tem espaço para a oração pois um não
consegue orar e pedir um favor de alguém a menos que ele saiba que essa pessoa lhe possa
fazer por ele este favor.
Respectivamente, ele deve certamente estar seguro enquanto ora ao Criador que Ele
certamente o ajudará. E se ele vir que o Criador não o ajudou como ele entende, ele duvida do
Criador, de que Ele possa Deus nos livre não escutar a oração. É por isso que o
sagrado Zohar diz que ele deve orar e confiar no Criador que Ele certamente o ajudará como
Ele entende, uma vez que essa pessoa quer se envolver especificamente em questões que são
somente pelo bem do Criador e não para seu próprio bem.
Portanto, que diferença faz como ela trabalha para doar sobre o Criador? Isto é, ela deve
acreditar que se o Criador vê que isso será para o benefício do homem se ele trabalhar em
qualquer estado em que se encontre, então não importa o que ele pensa trazer ao Criador mais
prazer, se Ele o ajuda de acordo com o entendimento do homem daquilo que traz ao Criador
mais deleite.
Em vez disso, ele deve confiar no Criador para o ajudar de acordo com o Seu entendimento. É
isto a que o sagrado Zohar chama, “Um deve colocar sua confiança no Criador para o ajudar,
tal como deve ser”. Isto significa que aquilo que o Criador entende, que a pessoa deve estar
somente nesse estado. E a respeito do estado em que ela se encontra ela deve pedir. (Ou seja,
no estado em que ela se encontra e ela entende que é disto que ela precisa, o que ela entende é
aquilo que ela vai pedir, mas o Criador fará como Ele achar melhor.)
Quando pode ser dito que ela concorda com a vontade do Criador e não insiste em dizer que
ela quer que o Criador a ajude de acordo com o seu desejo? Isto acontece precisamente
quando ela pede aquilo que ela entende e ora que o Criador a ajude tal como ela entende,
todavia anula seu desejo perante a vontade do Criador. Então pode ser dito que ela colocou
sua confiança no Criador para a ajudar tal como deve ser, ou seja, como o Criador entende e
não como o homem entende.
Isto é chamado “Cancela tua vontade perante Sua vontade”, como disseram nossos sábios
(Avôt, Capítulo 2). Mas se ela não tiver desejo de alcançar qualquer propósito enquanto ela
ora para o Criador a ajudar a alcançar, claramente não pode ser dito que ela anulará sua
vontade perante a vontade do Criador e que diga, “Eu quero aquilo que quero e aquilo que
entendo que preciso, mas Tu farás comigo como Tu achares melhor”. Então pode ser dito que
ela anula sua vontade perante a vontade do Criador.
Mas por que precisa um de anular seu desejo? E se ele não tiver desejo para anular? Isso é
como se não fosse em inteireza, uma vez que faz sentido que se um concordar com a vontade
do Criador é certamente melhor se ele tiver um desejo diferente que aquele do Criador e ele o
deve anular, como se ele tivesse alguma coisa má e ele tem de cancelar o mal. Não seria
melhor se ele não tivesse mal de todo?
A questão é que é sabido que para o Kli [vaso] espiritual ser adequado para receber a
abundância de deleite e prazer ele deve encontrar duas condições: 1) de ter Aviut [densidade],
que é o desejo de receber deleite e prazer, 2) de ter uma Massach [tela] para não receber de
acordo com o seu anseio e desejo pelo deleite e prazer, mas de acordo com o deleite do
Criador. Isto é chamado “receber em prol de doar contentamento sobre seu Fazedor”.
Porém, se ele não tiver vasos de recepção, ou seja, nenhum anseio de receber deleite e prazer,
ele é desadequado para receber abundância do alto pois não há satisfação sem uma
necessidade. Por esta razão, ele deve tentar fazer para si mesmo uma carência, de desejar que
o Criador o aproxime e lhe dê a abundância que o Criador pode dar e que ele deseja receber.
Ao mesmo tempo, ele cancela o seu desejo e confia que o Criador o ajude a lhe dar aquilo que
o Criador entende ser a seu favor. Desta forma, nessa altura ele não tem queixumes de que o
Criador não o ajudou de acordo com o entendimento do homem.
Isto é considerado cancelar o seu desejo e dizer, “Eu faço minha parte”, ou seja, aquilo que eu
entendo ser a meu favor, “e eu entendo e acredito que o Criador provavelmente conhece
melhor minha situação e concordo avançar e me envolver em Torá e Mitzvot como se o
Criador me ajudasse como como eu entendo que Ele devia responder à minha oração. E
embora veja que Ele não me deu qualquer resposta ao meu pedido, ainda acredito que o
Criador escutou minha oração e me respondeu de acordo com o que é bom para mim. Por esta
razão devo sempre orar que o Criador me ajude de acordo com o meu entendimento e o
Criador me ajuda de acordo com aquilo que Ele entende ser bom para mim”
Isto levanta uma pergunta: “Uma vez que o Criador ajuda de acordo com o Seu entendimento
de qualquer modo, para que serve a oração do homem”? O Criador não responde à oração que
uma pessoa ora e faz como Ele entende que deve fazer. Portanto, como ajuda a oração do
homem? Qual é o Seu benefício da nossa oração por aquilo que entendemos que precisamos,
enquanto Ele responde como Ele entende?
Nós devemos saber que a oração que oramos por aquilo que precisamos e certamente sabemos
o que precisamos e queremos que o Criador responda a nossa oração tal como nós o
entendemos, que se Ele conceder nossos desejos seremos pessoas felizes pois Ele nos deu
tudo aquilo que precisamos, devemos saber que há uma regra: não há luz sem um Kli. Isto é,
não pode haver satisfação sem uma necessidade.
Sucede-se que até se uma pessoa souber aquilo que ela precisa, isso ainda não é considerado
uma deficiência que está destinada a ser preenchida, uma vez que aquilo que o homem pensa
que precisa não significa que ele tenha uma deficiência. Uma deficiência significa que ele
está verdadeiramente deficiente de algo. Uma deficiência não é algo que não tenhamos. Há
muitas coisas que nós não temos, todavia elas não são consideradas deficiências que possam
ser satisfeitas.
Por exemplo, se há um cidadão em certo país e há eleições para a presidência nesse país e
alguém foi eleito presidente, enquanto o cidadão permaneceu uma pessoa vulgar. Não lhe dói
que se pareça que ele não se tenha tornado presidente. Mas há outra pessoa no país, que
pensou que se tornaria presidente. Ele exerceu grandes esforços entre amigos e pessoas
famosas para o ajudarem a se tornar presidente, mas no final outra pessoa se tornou presidente
e ele foi deixado somente com o seu desejo.
Há certamente uma diferença entre essas duas pessoas, embora elas tenham a mesma
ausência, nomeadamente que não são presidentes. Porém, há uma enorme diferença entre
aquele que se esforçou para se tornar presidente e foi deixado insatisfeito e o outro, que apesar
de não se tornar presidente não sofre de não se tornar presidente. Isto é, até se eles quisessem
fazer dele presidente, ele não tem Kelim [vasos] para isso, ou seja, conhecimento de como
lidar com a presidência.
Em vez disso, o Kli para o preenchimento é o desejo por alguma coisa e um desejo significa
que ele está atormentado sobre a coisa que ele quer. E até se ele não tiver um desejo por
alguma coisa e pensar que isto já é considerado desejo, ainda não é uma verdadeira carência
que torna este desejo adequado para a recepção do preenchimento.
A razão é que deficiência significa sofrer por aquilo que um não tem e preenchimento
significa prazer de obter aquilo que ele quer. Acontece que de acordo com seu sofrimento da
negação, tal é seu deleite com o preenchimento.
Agora chegaremos a entender o sentido da oração que oramos para o Criador nos ajudar como
nós entendemos e acreditarmos naquilo que está escrito, “Pois Tu escutas a oração de toda a
boca” e ao mesmo tempo confiarmos que o Criador escuta a oração de toda a boca. Porém,
não devemos confiar que o Criador nos deva ajudar de acordo com o nosso entendimento,
mas confiar que o Criador nos ajudará de acordo com o Seu entendimento.
Questionámos, “Então para que serve minha oração, se o Criador fará como Ele entende”?
Porém, a oração aumenta o desejo pelo preenchimento pois quanto mais um ora, mais a
deficiência nele cresce. Isto é, ele começa a sentir uma carência por aquilo que ele ora.
Quando ele começou a pedir preenchimento para sua carência ele ainda não tinha a sensação
de que realmente precisava daquilo que pedia. Ele via simplesmente que os outros pediam
certo preenchimento e ouvia dos amigos que devíamos pedir ao Criador certo preenchimento,
então ele, também, começava a orar para o Criador lhe dar aquilo que ele quer. Porém, ele não
sentia verdadeiramente que ele precisava daquilo que pedia; isso ainda não se estabelecia no
seu coração.
Por causa das muitas orações que ele ora ele começa a examinar se ele realmente precisa
daquilo que ele pede, ou se é só um acessório, ou seja, que ele pede luxos. Isto é, ele faz
aquilo que tem de ser feito enquanto Judeu, mas ele quer luxos, ou seja, ter uma vida melhor
na espiritualidade e não ser uma pessoa vulgar como todos os outros que servem o Criador.
Esta verificação das orações que ele ora o faz perceber que ele realmente precisa da ajuda do
Criador para manter qualquer coisa na espiritualidade, uma vez que as orações que ele ora
cada vez o trazem a reparar que ele se está a começar a examinar a si mesmo, por que está ele
a orar. Estas orações, que nossos sábios estabeleceram para nós, preciso realmente eu daquilo
que elas dizem pelo qual devemos orar, ou preciso eu de outras coisas, ou seja, de coisas que
o meu corpo entende que deve pedir?
Sucede-se que enquanto suas orações se multiplicam ele começa a adquirir uma verdadeira
necessidade até que lhe atormenta que ele é carente. Isto lhe dá um verdadeiro desejo que o
Criador o aproxime e isto é considerado que o Criador o ajuda, tal como está escrito no
sagrado Zohar, “Em vez disso, um deve colocar sua confiança que o Criador o ajude, tal
como deve ser”, ou seja, que a confiança deve ser que o Criador o ajude com as orações tal
como o Criador entende que lhe deve ser respondido.
Agora vamos explicar o resto das palavras do sagrado Zohar: “Outra coisa: ‘Feliz é o homem
cuja força está em Ti’ é como dizeis, ‘O Senhor dará força ao Seu povo’, ou seja, à Torá. ‘Sua
força está em Ti’ significa que um se deve envolver na Torá pelo bem do Criador, ou seja,
pela Shechiná [Divindade], que é chamada de ‘Nome.’”
Devemos entender o que ele diz lá na Sulam [Comentário da escada sobre O Zohar]: “pelo
bem do Criador, ou seja, pela Shechiná [Divindade], que é chamada ‘Nome.’” É sabido que
nossa inteira intenção deve ser doar contentamento sobre o Criador. Portanto, o que significa
que ele diz sobre aquilo que o sagrado Zohar fala, que um se deve envolver na Torá pelo bem
do Criador, ou seja, pela Shechiná, que é chamada ‘Nome”? Isto implica que devemos
direcionar todo o envolvimento na Torá e Mitzvot pela Shechiná. Precisamos de entender o
sentido de “pela Shechiná”. E também, encontraremos em vários lugar no sagrado Zohar que
devemos direcionar o envolvimento em Torá e Mitzvot para “levantar a Shechiná do pó”.
Portanto, precisamos de entender o palavreado diferente entre o Criador e Sua Shechiná.
Em artigos anteriores apresentamos aquilo que explicou Baal HaSulam sobre as palavras do
sagrado Zohar onde ele diz, “Ele é Shochen [morador] e ela é Shechiná”. Ele disse que isso
significa que o lugar onde o Shochen é revelado é chamado Shechiná. Assim, eles não são
duas coisas, mas uma. Isto é, nós temos luz e Kli. Em outras palavras, nós alcançamos o
Criador somente através dos Kelim [vasos] que O alcançam. Desta forma, quando falamos do
Criador, nós falamos somente de como o Criador nos é revelado através dos Kelim.
Mas nós não falamos de luz sem um Kli de todo. Nós chamamos ao pensamento da Criação,
fazer o bem às Suas criações, pelo nome Ein Sof [infinito/sem fim], ou seja, o benfeitor. Isto
é, o benfeitor doa sobre as criaturas. O Kli no qual a abundância aparece é chamado Malchut,
que é chamada Shechiná, em quem o deleite e prazer são revelados.
Assim acontece que o Criador quer doar deleite e prazer sobre as criaturas, mas os inferiores
não têm Kelim para receber devido à disparidade de forma entre os receptores e o dador.
Logo, o deleite e prazer não são revelados. Nessa altura há a inclinação do mal no mundo pois
ela descreve a espiritualidade, ou seja, a doação, como má e somente aquele que pode receber
em prol de doar como bom.
Por esta razão, os inferiores não têm lugar onde possam trabalhar em prol de doar, uma vez
que um não se prejudica a si mesmo. Portanto, uma pessoa não tem a motivação para
trabalhar em prol de doar, assim a abundância superior que é o deleite e prazer não podem ser
revelados aos inferiores.
Sucede-se que o nome do Criador, o nome geral, Bom Que Faz o Bem, está escondido e
oculto dos inferiores. Este nome é chamado Shechiná e este nome está em exílio. Isto é, onde
um começa a trabalhar um pouco em prol de doar, prontamente se sente ele em exílio neste
trabalho, que ele quer escapar de tais estados. Isto assim é pois enquanto um estiver imerso no
amor próprio ele não faz ideia do trabalho de doação e quando ele começa a sentir que
caminha na linha de doar e de não receber coisa alguma, ela se torna escura para ele e ele quer
escapar de tal estado como aquele que quer fugir do exílio que lhe foi dado.
Isto é semelhante a um homem que pecou contra o governo e foi condenado ao exílio. Ele
sempre contempla como fugir de lá. Similarmente, quando um sente que o receptor não
receberá coisa alguma deste trabalho ele não tem desejo para trabalhar e quer fugir por
completo da campanha. É por isso que nessa altura isso é considerado que o nome do Criador,
que é a Shechiná, está no exílio, ou seja, que uma pessoa prova o exílio neste trabalho.
Por esta razão oramos para o Criador e nos envolvemos em Torá e Mitzvot “para levantar
a Shechiná do pó”, ou seja, que este lugar da Shechiná, que é o nome do Criador, portanto o
bom que faz o bem, venha a aparecer nos vasos de doação. Mas uma pessoa que sente o sabor
do pó nesta obra e também isto, é o sentido da Shechiná no exílio, quando ela a prova no
sabor do exílio e quer fugir desta obra, ou seja, da obra sagrada, onde Kedushá [santidade]
significa doar contentamento sobre o Criador.
Por esta razão devemos pedir a redenção pessoal, onde todo e cada um sente que ele sai do
exílio. Isto é, quando ele trabalha em prol de doar ele deve sentir que está na terra de Israel,
ou seja, que seu desejo venha a desejar somente Yashar-El [direito ao Criador], que é
chamado Éretz Ysrael [Terra de Israel].
O sinal para isto é se um consegue ou não dizer de todo o coração aquilo que dizemos na
bênção pela comida: “Vamos agradecer-Te, o Senhor nosso Deus, por legares aos nossos pais
uma desejável, boa e ampla terra”. Isto é, além de termos de orar pela redenção geral,
devemos também orar pela redenção pessoal.
Sucede-se que nesse lugar, quando estava ele no exílio, ou seja, quando ele provou o sabor do
exílio, quando a imagem da doação só pelo Criador e não para si mesmo viria até ele, ele
sentiu o sabor do exílio e do pó. E na hora da redenção, quando ele sai do exílio, ele sente na
obra da doação o sabor de uma desejável, boa e ampla terra.
Portanto, a terra do exílio significa que nós sentimos o sabor do sofrimento e sempre
refletimos como fugir dessa terra. Sair do exílio significa que ele chegou a uma desejável, boa
e ampla terra. Dizemos sobre esta terra: “Vamos agradecer-Te, o Senhor nosso Deus”. Isto é
chamado Éretz Yashar-El [uma terra (desejo) direita ao Criador] e esta é a redenção à qual
devemos aspirar alcançar.
Porém, uma pergunta naturalmente surge, “Por que sentimos o sabor do pó na obra da doação
e queremos fugir dela como aquele que está no exílio”? Embora haja muitas razões para isso,
devemos acrescentar outra: Há uma regra que não há luz sem um Kli, ou seja, que não há
preenchimento sem uma carência. Assim, primeiro devemos entrar no exílio e sentirmos o
tormento nesta obra pois o corpo, que é chamado “vontade de receber”, pontapeia e resiste a
esta obra pois ela é contra sua natureza e através do sofrimento que ele sente no exílio.
Isto é, precisamente aqueles que se envolvem na obra da doação e o corpo resiste, mas eles
não se rendem aos argumentos do corpo e sofrem os tormentos do corpo, ou seja, a resistência
do seu corpo, mas não fogem da campanha, mas sempre estão em guerra com a inclinação.
Nessa altura prevalece ele e noutras alturas prevalece o corpo, então ele está sempre em sobes
e desces e sua alma nunca está em paz.
Então sofre ele por não ser como as outras pessoas, que prontamente fogem da obra quando
veem que o corpo resiste à obra da doação e não sofrem pois elas não estão nesta obra de
provar o exílio quando o corpo lhes resiste pois elas se rendem ao governo do corpo e falam
sobre isso como espiões, que maldisseram da terra de Israel.
Como dissemos nos artigos anteriores onde trouxemos as palavras do sagrado Zohar, eles
naturalmente não têm Kelim [vasos] nos quais receberem a redenção, como explicado no
ensaio, “A Doação da Torá”, que o exílio é uma questão de ausência que precede à existência,
que é a redenção. Desta forma, encontrareis todas as letras de Geulá [redenção]
em Golá [exílio], exceto a letra Álef, que aponta para Alufô Shel Olam [Campeão do mundo/o
Criador], como disseram nossos sábios. Isto nos ensina que a forma da ausência é senão a
negação da existência.
Por esta razão, quando dizemos na bênção pela comida, “Vamos agradecer-Te”, dizemos, “e
por nos libertares, o Senhor nosso Deus, da terra do Egito e por nos redimires da casa dos
escravos”. Isto nos ensina que para alcançarmos a desejável, boa e ampla terra, devemos
primeiro atravessar uma fase de fazer os Kelim, ou seja, de estarmos na terra do Egito e
vermos que fomos escravos servindo a Faraó Rei do Egito e os tormentos do exílio nos
trouxeram uma necessidade de orarmos para o Criador nos libertar do exílio, tal como foi dito
(Êxodo, 2:23), “E os filhos de Israel suspiraram do trabalho e eles clamaram e seu choro subiu
até Deus”. Sucede-se que o exílio é um Kli e a redenção é a luz e abundância.
Ocorre que o nome do Criador, que ele explica lá na Sulam, sendo a Shechiná, que é chamada
“o nome do Criador”, quando perguntámos, “Como se pode dizer que se direcionamos na
Torá e Mitzvot pelo bem da Shechiná, explicámos isto com aquilo que disse Baal HaSulam,
que o Shochen [morador] e a Shechiná [Divindade] são um e o mesmo e o lugar onde
o Shochen é revelado é chamado Shechiná.

Podemos entender isto com um exemplo: se nos referirmos a alguém como esperto, rico ou
generoso, são estes nomes assuntos diferentes, ou seja, um corpo diferente da própria pessoa?
Isto é, aquando da sabedoria de lhe chamarem “sábio”, ou “rico”, ou seja, de acordo com o
que os outros veem. Sucede-se que seu nome é só uma revelação do Criador.
225. A Importância da Prece de Muitos

Artigo 7, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito no Zohar, VaYishlach [e enviou Jacó], (p. 13, Item 45 Comentário do Sulam),
“Vem e vê, disse Rabi Shimon, “a oração de muitos sobe antes do Criador, e o Criador coroa-
se Ele próprio com essa oração porque ascende de várias formas: Uma pergunta para
Chassadim (graça), outra para Gvurot (força), e outra para Rachamim (misericórdia). É
constituída por vários lados - o lado direito, o lado esquerdo, e o meio. E porque consiste em
vários lados e formas, torna-se uma coroa e é colocada na cabeça do Justo, O que vive para
sempre, significa Yessód, que confere todas as salvações para Nukva, e dela para todo o povo.
E, vem e vê Jacó, consistiu em todas as três linhas; é por isso que o Criador queria a sua
oração, pois foi na perfeição absoluta – de todas as três linhas, como uma oração de muitos. É
por isso que está escrito, “Depois Jacó sentiu muito mais medo e aflição”, desde que o
Criador o fez assim para ele, então ele orava porque Ele desejava a sua oração.

Nós vemos nas palavras do Zohar, que a oração de muitos é interpretada como de uma pessoa
só, dizendo que a de Jacó consiste em todas as três linhas. Mas em todos os lugares em que se
escreve acerca da oração de muitos, quer dizer literalmente, muitos oram, como disseram
nossos sábios (Berachot, p 8ª), “Rabi Yochanan disse, em nome de Rabi Shimon Bar-Yochai,
“Porque está escrito, “E, porque é a minha oração um momento bom para vós, Senhor”.
“Quando é um momento de boa vontade? Quando muitos oram”.

Isto quer dizer, quando muitos oram, literalmente. Também, devemos entender o que o Zohar
diz, com “ Uma coroa é colocada na cabeça do Justo, O que vive para sempre”. Quer dizer
que se forma uma coroa na cabeça? Uma coroa, significa a coroa do rei, como a coroa da
realeza. E o que quer dizer que a coroa na sua cabeça é feita de orações? O que nos faz
entender a importância e grandeza de uma oração? Desde que ele deseja revelar-nos a
importância da oração, ele diz-nos, “Sabe que a coroa para o rei é feita da oração”.

Diz que é chamado Yessód e que dá todas as redenções a Nukva, e dela a todo o público.
Deveríamos compreender a razão da coroa ser feita especificamente em Yessód, uma vez que
é sabido que oramos a Ein Sóf, assim o que significa que uma oração de muitos se torna numa
coroa especificamente em Yessód? E também, porque diz que Yessód comunica a Nukva, e de
Nukva ao público?

Baal HaSulam explicou o tema duma oração de muitos como uma pessoa orando pelos
muitos; a isto se chama “uma oração de muitos”. ´É por isso que uma oração de muitos é
chamada “um tempo de boa vontade”. Quando alguém ora por si próprio, fica nervoso e
pergunta-se se a sua oração é verdadeiramente digna de ser aceite. Mas quando ora pelo
público, torna-se irrelevante observar-se e ver se é digno que a sua oração seja respondida,
uma vez que não está a pedir nada para si próprio, mas somente para o público É por isso que
foi dito que uma oração de muitos é chamada “um tempo de boa vontade” e a sua oração é
respondida. E de acordo com o que foi explicado em vários lugares no Comentário Sulam,
uma oração de muitos refere-se a Malchut, que é chamada “a assembleia de Israel” ou ”a
Divindade Sagrada”.

Ela é chamada “muitos” porque contém todas as almas. E porque a Divindade está no exílio,
perguntamos sobre o exílio da Divindade, que é algumas vezes chamada “ Divindade na
poeira”, porque todos aqueles nomes nos indicam o conteúdo do propósito da criação, que era
fazer bem às Suas criações.
É sabido que para que Ele revele a perfeição dos Seus atos, aconteceu a primeira restrição.
Isto significa que num lugar onde somente existe um kli chamado “receber para receber”, a
graça superior estará escondida daquele lugar. A abundância só chega a um lugar onde é
possível ansiar para doar. E como por natureza o homem nasceu apenas para receber, nesse
lugar que ele vê, o seu receptor – chamado “amor próprio” não pode receber. Em vez disso,
deve fazer tudo para a Divindade, isto é para Malchut. Isto é assim porque somente quando o
Criador pode aparecer aos inferiores será vista a sua glória.

Foi escrito que o lugar onde o Shochen [morador] aparece é chamado Shechiná [“habitação”,
mas também ”Divindade”]. Isso é chamado de “Deixai que o Seu grande nome seja
engrandecido e santificado”, já que o nome do Criador, que é chamado de “O Bom quem faz
o bem”, aparece no mundo. Isto é assim porque toda a gente obtém o propósito da criação
chamado “fazer o bem a suas criações”, já que agora há um Kli que está apto para a recepção,
sendo a intenção de doar, chamada Dvekút [adesão] com o Criador.

Acontece que, por natureza, uma vez que as criaturas são sobre recepção, a fim de receber, e
uma vez que elas não podem trabalhar para doar sem superar a sua natureza, causam que
Malchut permaneça na poeira, o que significa que eles não podem ver o seu mérito. Isso
significa que eles não podem ver o que ela pode receber do Criador, porque tudo está
escondido devido à restrição.

No entanto, precisamos de alguma introspecção. Isto é, devemos acreditar no que dizem


nossos Sábios, que todos os prazeres corporais são apenas uma vela pequena em comparação
com os prazeres que existem na espiritualidade. Como está escrito no Comentário Sulam
(“Introdução de O Livro do Zohar”, p 173), “Este é o significado da ruptura dos vasos que
precedeu a criação do mundo.

Através da quebra dos vasos de Kedushá [santidade] e sua queda para os BYA separados,
centelhas de santidade caíram junto com eles para as Klipot [cascas], de onde vieram os
prazeres e o amor de todos os tipos para o domínio das Klipot, que passaram para a recepção
do homem e para o seu deleite. ”

Daí resulta que a maioria dos prazeres estão em Kedushá, enquanto vemos o contrário, que,
em corporeidade todos vêm coisas que podem ser apreciadas. Mas, na labuta da Torá e
Mitzvot [mandamentos], é impossível dizer a uma pessoa que se envolve na Torá e Mitzvot
sem prometer-lhe recompensa por seu trabalho. Isto porque, enquanto se envolve na
manutenção do Mitzvot, que se encontra completamente insípido, mas quando está prometida
uma recompensa e ele acredita, ele pode trabalhar em Torá e Mitzvot, porque ele será
recompensado.

Isto não é assim quando ele se envolve em coisas corpóreas tais como comer, beber, dinheiro,
honra, etc. Uma pessoa não pergunta, “Porque devo eu lidar com estes assuntos mundanos”?
Uma vez que onde um sente prazer, ele não pergunta sobre o propósito de receber o prazer.
Tudo sobre o que ele pode pensar enquanto recebendo o prazer é como aumentar o prazer em
quantidade e qualidade. Deus nos livre que um deva alguma vez contemplar a questão da
recepção de prazer, isto é, “Porque preciso eu de receber prazer”?
Às vezes, uma pessoa recebe prazer de algo pelo qual ela não pagou uma única coisa. Embora
isso lhe dê muito prazer, a pergunta ainda surge nela, “Qual é o propósito desse prazer”? Por
exemplo, um prazer que não custa dinheiro é o prazer de repouso. Não há necessidade de
comprar este prazer, pois se recebe a custo zero. Ainda assim muitas vezes uma pessoa se
pergunta a si mesma, “O que ganharei ao desfrutar deste repouso”?

Mas quando uma pessoa experimenta verdadeiro deleite e prazer, o propósito deste deleite
nunca alguma vez ocorre nela. E se isso acontece que ela deva contemplar o propósito deste
prazer que ela está agora a desfrutar, é um sinal que o prazer que ela está a sentir não é
verdadeiro prazer, dado que ela ainda pode contemplar seu propósito. É um sinal que há uma
deficiência nesse prazer, e onde há deficiência, ela pode contemplar um propósito diferente
que o que ela está a sentir agora.

Do mencionado, segue-se que a maioria de bom sabor e prazer na vida são achados em Torá e
Mitzvot, dado que é aqui que a luz superior está depositada. Está escrito sobre isso no
Comentário Sulam (“Introdução ao Livro do Zohar, pág. 242, “Visões da Escada”, Item 1),
“Quando um é recompensado com escutar a voz de Sua palavra, as 613 Mitzvot se tornam
Pekudin, da palavra Pikadon [depósito]. Isto é assim porque há 613 Mitzvot, e em cada Mitzvá
uma luz de um grau único está depositada, que corresponde a um órgão único nos 613 órgãos
e tendões das almas e o corpo.

Daqui resulta que ao executar o Mitzvá, uma pessoa estende-se ao órgão correspondente na
sua alma e corpo, o grau de luz que pertence a esse órgão e tendão. Isto é considerado o
Panim [face/anterior] dos Mitzvot”- Daqui resulta que, cumprindo a Torá e os Mitzvot, o
propósito da criação: para fazer o bem às Suas criações, torna-se revelado. No entanto, ele diz,
no Comentário Sulam, que isto vem especificamente depois de se ser recompensado com o
cumprimento da Torá e dos Mitzvot na forma de “Escutando a voz da Sua palavra”. Mas
quando ele cumpre a Torá e os Mitzvot na forma de “Que cumpre a Sua palavra”, antes de se
ser recompensado com escutar, os Mitzvot são chamados Eitin (dicas/conselhos) e são
considerados como Achor (dorso/posterior). Significa que a luz superior que pertence a esse
Mitzvá ainda não está brilhando neles, sendo eles considerados como conselhos pelos quais se
chega à luz de Panim, que pertence ao Mitzvá.

E todo o trabalho e o fortalecimento que é preciso para superar o seu desejo e o seu
pensamento, os quais impedem-no de percorrer o caminho da verdade, verifica-se apenas
quando ele está em Achoraim (atrás), sob a forma de “Que cumpre a Sua palavra”. Isto é
assim porque, nesse estado, ele ainda não sente a luz superior que está incorporada na Torá e
nos Mitzvot. Assim, ele faz tudo por acreditar que é um grande privilégio ser-se
recompensado com o envolvimento na Torá e nos Mitzvot, mesmo quando ele não sente a sua
importância, mas faz tudo com fé acima da razão, pois este é o propósito do homem: alcançar
Dvekút com o Criador, e ele faz tudo para alcançá-lo. Como resultado, ele observa tudo e faz
grandes esforços sempre que pode, e a sua única intenção é alcançar a plenitude.

E ele vê que, apesar de todos os esforços e vigor quando ele pretende superar os obstrutores
que estão contra si, ele ainda continua do lado de fora, uma vez que Dvekút significa
equivalência de forma, e ele ainda não se afastou uma polegada do amor-próprio, que é um
ato oposto a Dvekút com o Criador. Nesse estado, ele vai orar ao Criador para iluminá-lo para
que possa elevar a Divindade da poeira. Isso significa que o reino dos céus (como ela parece a
um homem quando ele quer trabalhar só para ela, para divulgar a glória do céu no mundo)
sabe a poeira nesse estado. E ele vê que todos são como ele, desrespeitosos para com a glória
do céu, porque eles não conseguem apreciar a sua importância.

Isto é chamado de “uma oração de muitos”, o que significa que ele reza pelo coletivo.
Devem ser feitos dois discernimentos: 1) Malchut é chamada de “muitos” porque ela contém
todas as almas; 2) Uma oração de muitos, quando ele reza pelo coletivo, significa que o
coletivo será recompensado com a importância da Torá e dos Mitzvot, que eles serão
recompensados com 613 depósitos que a luz superior brilha em cada um dos Mitzvá.

Segue-se que no fim do dia, os dois discernimentos de “muitos” torna-se um. Isto quer dizer
que ele ora para que o público seja recompensado, para que a grandeza e importância de
Malchut – que é chamada “muitos” – possa ser vista, o que acontece quando todos tiverem
sido recompensados com veículos de doação. Nessa altura, os 613 Mitzvot serão revelados,
como em “Escutando a voz da Sua palavra”, altura em que os 613 Mitzvot são chamados 613
depósitos.

O acima mencionado significa que uma oração de muitos não é rejeitada quando se ora pelo
coletivo. O coletivo é chamado “ a totalidade de Israel”, e o coletivo é chamado “a Divindade
Sagrada”. E uma vez que o coletivo engloba vários discernimentos, O Zohar diz que a razão
porque a oração pelo coletivo é aceite é porque nela há unidade. Escreve, “E o Criador coroa-
Se com aquela oração porque ascende de várias formas, uma vez que um pede por
Chassadim, outro por Gvurot, e outro por Rachamim”.

Deveríamos compreender porque uma oração deve consistir de todas elas. A regra é que todos
os discernimentos que conhecemos em espiritualidade são revelações que deveriam ser
expressas com o propósito de corrigir os inferiores. Daqui se depreende que o tema das três
linhas é revelado ali – isto é que o Criador deseja dar aos inferiores a abundância de forma a
que possam usá-las e não haverá nenhuma falha ali. Isto é diferente de como era no mundo de
Nekudim onde aconteceu a quebra dos vasos porque ali não havia nenhuma correção das
linhas, como o santo Ari diz.

Em outras palavras, quando o superior dá alguma abundância para o inferior, ele deseja que a
abundância que o inferior recebe irá beneficiar o inferior. Mas se o Kli onde a abundância
deve ir é imperfeito, toda a generosidade irá para o exterior. Este é o problema com o
rompimento dos vasos que a recompensa caia fora da Kedushá [santidade]. Por esta razão, a
recompensa não é derramada para os mais baixos, e considera-se que a oração não foi aceite.

E aqui vem a questão da correção das linhas no coletivo. Isso significa que muitos, que é
Malchut, consiste no coletivo. Em outras palavras, há uma correção chamada de “três linhas”
pela qual a abundância permanece em Kedushá e não vai para o exterior. Portanto, essa
oração pode ser aceite, o que significa que ela pode dar a abundância.

O Zohar interpreta sobre isso: “Porque Jacó consiste de três linhas”, já que Jacó é chamado
de “linha média”, que inclui a direita e a esquerda. É por isso que o Criador quis a sua oração,
pois é em plenitude completa, que inclui todas as três linhas, como a oração de muitos. Em
outras palavras, não há atrasos por parte do Criador, transmitindo a abundância abaixo, pois
seu desejo é beneficiar Suas criações. No entanto, é como se Ele aguarda os vasos de recepção
dos inferiores para estarem aptos para a recepção.
Assim, quando há uma Kli correto por parte dos menores num sentido de que a oração é o Kli
que está apto para a recepção, ele deve estar na condição de que as abundâncias de espécies
não serão perdidas, o que significa que a abundância não vai para o exterior, para as Klipot. É
por isso que há uma correção sobre a Kli de Malchut que deveria transferir o prémio para os
mais baixos, e essa correção é chamada de “correção das linhas”.

Agora explicaremos o resto das palavras de O Zohar, que nos perguntámos o que ele disse. “E
porque ele consiste de vários lados e maneiras, ele torna-se uma coroa e é colocado sobre a
cabeça do Justo que vive para sempre, isto é, Yessód, que concede todas as salvações à Nukva,
e dela para o público inteiro”.

Nós perguntámos, “Mas não oramos nós a Ein Sof”? Logo, o que significa que a oração de
muitos se torna uma coroa especificamente sobre Yessód? A coisa é que a ordem da
concessão da riqueza que vem a Malchut é chamada Yessód. Isto significa que todas as
primeiras nove Sefirot dão sua essência a Yessód, e ele é chamado “tudo”.

Segue-se que nós falamos sempre da perspectiva do dador e o receptor da riqueza, que é
chamado Malchut. Logo, dado que o Emanador deseja doar e espera pelos inferiores para dar
os adequados Kelim para recepção da abundância quando as orações sobem – quando as
orações estão ordenadas de tal uma maneira que é digno para aceitação – elas são chamadas
“um Kli para recepção da abundância”. Segue-se que o Kli subiu ao dador, e uma vez que o
dador geral é Yessód, é considerado que a oração subiu a Yessód.

Assim, isto segue que aa regra: “o ato abaixo desperta o de cima”. Isto significa que acima do
despertar dos inferiores que desejam se aproximar do Criador e serem recompensados com a
Dvekút com o Criador, eles pedem ajuda ao Criador. É como nossos sábios disseram: “Aquele
que vem para ser purificado é ajudado” (Zohar, Noé, pág. 23 e no Comentário Sulam, item
63). Se uma pessoa vem para se purificar é ajudada com uma alma santa e é purificada e
santificada e é chamada “santa”.

Assim, vemos que quando um homem deseja melhorar as suas ações, ele provoca um Zivug
acima, pelo qual a abundância é derramada para baixo. A isto chama-se elevando MAN, ou
seja, causando uma carência acima. Mas devemos entender como podemos dizer que os
inferiores causam uma deficiência acima. E também devemos conhecer o significado de
“carência”.

Sabe-se que um Kli é chamado de “uma carência”, o que significa que se existir uma carência,
há espaço para ser enchido e preencher a deficiência.
Não existem atrasos na doação por parte do Emanador, pois o Seu desejo é fazer bem. A razão
pela qual vemos que há ocultação da luz é porque os menores não têm Kelim para receber a
abundância. Assim, quando o menor se desperta para purificar-se, mas não tem força, pede ao
Criador que o ajude. Então esta carência sobe, pois agora o superior tem um Kli para dar-lhe
abundância, e isto é chamado de elevar MAN.

Daí que, quando a oração, que é uma carência (o que a menor procura para que a sua carência
seja satisfeita) sobe ao dador, e o dador é chamado Yessód, que doa sobre a assembleia de
Israel, chamada de Malchut, torna-se uma coroa na Sua cabeça. Isto é assim porque uma
coroa significa Kéter (coroa), indicando a coroa do Rei, ou seja, a importância do rei. Isto
significa que quando existe revelação da Sua luz, todo mundo reconhece a importância do
Criador.

No entanto, durante a ocultação da face, Divindade – o lugar onde o rei aparece - é chamado
“exílio” e “poeira”. Isto é assim porque nenhum gosto tem discernimento no mundo da
espiritualidade, mas a Torá e Mitzvot, parecem ter gosto de poeira para eles. E tudo isso é,
porque os menores não têm o Kelim para receber a abundância. E por causa disso, a Sua
glória é profanada entre as nações, o que significa que antes de uma pessoa ser recompensada
com o discernimento de ser judeu, ela é semelhante às nações, pois é sabido que cada pessoa é
um pequeno mundo e consiste de todas as setenta nações, bem como de Israel.

Mas então, durante a ocultação quando a recompensa superior não pode aparecer aos
menores, porque estes não apresentam o Kelim adequado, para receber a abundância, qualquer
iluminação que seja dada é enviada para as Klipot. Por isso, a abundância superior teve de ser
ocultada deles. Isto é chamado, “A coroa caiu da nossa cabeça”, quer dizer que a glória do
Criador foi profanada.

Mas quando uma pessoa vem para purificar-se, quando deseja que o Criador a traga para mais
perto e lhe dê um vaso de doação pelo qual vai ser recompensada pela Dvekút, toda a
recompensa do alto que será revelada será para doar. Por outras palavras, ela deseja receber
do alto a força para ter a capacidade de estar sempre em Kedushá, o que é Dvekút.

Então uma coroa é feita da sua oração, a coroa do Rei, desde então a importância do Rei é
reconhecida. Este é o significado do que diz o Zohar, que a oração “resulta numa coroa
colocada na cabeça do Justo, o que vive para sempre, quer dizer Yessód, que confere todas as
redenções para Nukva, e daí para o público”. Isto é assim porque, através da oração, a
abundância superior é dada aos menores, momento em que é revelado o deleite e prazer. Isto é
chamado, “a coroa”, a coroa do Rei, a importância do Rei.
230. A Respeito da Ajuda Que Vem do Alto

Artigo 8, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Disseram nossos sábios (Sucá, 52), “Rabi Shimon Ben Lakish disse, ‘A inclinação do homem
supera-o todos os dias e procura condená-lo à morte, como foi dito, ‘O ímpio observa o justo
e procura condená-lo à morte.’ Se o Criador não o ajudasse, ele não a superaria, como se diz,
‘O Senhor não o deixará na sua mão ou condenará quando ele for julgado.’’”
Está escrito em O Zohar (Vayishlach, item 10): “Rabi Chizkiya disse, ‘Por que então está
escrito, ‘E Jacob foi deixado sozinho’? Onde estavam todos os acampamentos de mensageiros
que dizeis que o rodeiam e vieram com ele’?Disse Rabi Yehuda, ‘Uma vez que ele trouxe o
perigo sobre si mesmo ao permanecer sozinho de noite e ver o perigo com seu olho. Uma vez
que eles vieram para o guardar somente de um perigo invisível, eles o abandonaram.’ Então
disse ele, ‘Eu não sou digno de todas as misericórdias e de toda a verdade que Tu haveis
mostrado ao Teu servo.’ Estes são os acampamentos de santos mensageiros que o rodearam e
agora o abandonaram pois ele se havia colocado em perigo evidente. Eles o rodearam e agora
o abandonaram pois ele se colocou a si mesmo em perigo evidente.’”
De acordo com isso, há uma questão: “Quando o abandonaram os mensageiros”? Eles o
abandonaram quando ele se colocou a si mesmo em perigo. Isto é, primeiro ele se colocou a si
mesmo em perigo e então os mensageiros o abandonaram. Diz-se sobre isto, “E Jacob foi
deixado sozinho”. Isto é, quando eles viram, eles partiram. Devemos dizer — “tal como um
entra e um sai”.
Devemos entender por quê os mensageiros não vieram guardá-lo na face de perigo evidente. É
como se disséssemos que eram incapazes de o guardar de perigo real e evidente. Se assim for,
quando o podem guardar, quando não é evidente? E se o perigo não é evidente, quem sabe
que se há perigo aqui que necessite de guarda? Isto é, para quem deve ser evidente, para a
pessoa? Ou se os mensageiros veem que não há perigo evidente eles partem embora a pessoa
não saiba?
Para explicar isto na obra, primeiro devemos saber qual é o perigo aqui. Posteriormente
explicaremos o que é “perigo evidente”. É sabido que a obra começa da linha direita.
“Direita” significa alguma coisa que não necessita de correção. Aquilo que requer correção é
chamado “esquerda”, como disseram nossos sábios, “Colocamos os Tefilin na esquerda, como
foi dito, ‘E esse será um símbolo na tua mão.’” Yad-Koh [tua mão]. Como disseram nossos
sábios, “A esquerda afasta e a direita aproxima”.
Por esta razão, quando é ensinada uma pessoa a caminhar nos caminhos da obra ela começa
da direita pois a direita lá não apresenta perigo para a vida espiritual, uma vez que ela pode
sempre somar pois a linha direita é chamada Chéssed [misericórdia]. Significa isto que uma
pessoa valoriza a Torá e Mitzvot[mandamentos] e diz que o Criador foi misericordioso com
ela ao lhe dar um pensamento e desejo para observar a Torá e Mitzvot. E até a intenção mais
simples, ou seja, que ela não sabe que pensamentos pensar durante a realização de Mitzvot e
enquanto se envolve na Torá, mas sabe simplesmente que ela observa o mandamento do
Criador, que nos ordenou através de Moisés, isto é suficiente para a comprometer a observar a
Torá e Mitzvot de acordo com sua habilidade e isto é suficiente para ela.
Desta forma, em toda e cada ação que ela faz na Torá ou no envolvimento em Mitzvot ela
agradece e louva o Criador por ser misericordioso com ela, ao lhe dar um pensamento e
desejo para observar a Torá e Mitzvot. Assim, em todo e cada Mitzvá [singular de Mitzvot] ela
agradece e louva o Criador por lhe conceder um apoio na Torá e Mitzvot, independentemente
de quanto. Em vez disso, o tempo que ela tem quando o corpo a deixa aprender ela aprende e
tanto quanto ela se consegue esforçar ela mantém Mitzvot. Ela é feliz por poder manter a
vontade do Criador, que não foi dada a outras pessoas como ela, ou seja, que o Criador não
lhes deu o entendimento e desejo para manter os mandamentos do Criador.
Aquele que caminha nesta linha ainda não é considerado que caminhe na linha direita pois
vemos que quando há somente uma linha e uma pessoa não vê a outra linha, é impossível
dizer que esta é chamada a “linha direita”. Podemos dizer “direita” somente quando há outra
linha. Então podemos dizer que uma é “direita” e a outra é “esquerda”.
Desta forma, quando guiando uma pessoa para caminhar no caminho do Criador lhe é dito,
“Sabe que o Criador não quer coisa alguma de ti senão que observes somente a Torá
e Mitzvot em absoluta simplicidade. É suficiente para ti. Não precisas de grandes intenções
como os grandes justos. Em vez disso, o Criador requer que o homem observe Torá
e Mitzvot de acordo com o entendimento do homem, de acordo com sua qualidade, ou seja,
com seus talentos inatos. É impossível requerer que o homem se envolva em Torá
e Mitzvot do mesmo modo que aqueles que são muito capazes ou corajosos, mas cada um de
acordo com a qualidade com a qual ele nasceu.
É como diz o sagrado ARI, “Não há um dia que seja como o outro ou um momento que seja
como o próximo e não há homem que seja como outro e o gálbano [tipo de incenso] corrigirá
aquilo que o ólibano [outro tipo de incenso] não vai corrigir”. Isto é, cada pessoa deve corrigir
seu eu e a qualidade com a qual ela nasceu. Um não é requisitado a fazer mais que o poder da
mente e a força com a qual ele nasceu.
Sucede-se que uma linha é quando lhe é dito que ele não precisa de achar deficiências na
obra. Em vez disso, se ele mantiver Torá e Mitzvot em absoluta simplicidade isso é uma
grande coisa dado que ele observa os mandamentos do Rei. O homem deve calcular e
valorizar sua obra em absoluta simplicidade. Isto é, se ele ora e diz um versículo ou uma
bênção, seja a bênção sobre Mitzvot ou abençoar sobre prazer, ele deve pensar então para
quem ele fala. Certamente, à medida que ele imagina perante quem se encontra se sentirá
diferentemente enquanto diz as bênçãos e enquanto ora. Até se não souber o sentido das
palavras, é ainda assim muito importante pois não importa o que ele diz mas para quem ele
fala!
Deste modo, quando observando certo Mitzvá, tal como usar Tzitzit [xale de oração], ele olha
para o facto de que há alguns Judeus no mundo a quem não foi dada a oportunidade de usar
um Tzitzit, mas a ele lhe foi dado o privilégio de manter o mandamento do Criador. Ele deve
ficar muito grato ao Criador por isto!
Deste modo, à medida da sua mente simples, de acordo com sua crença na grandeza do
Criador e que é um grande privilégio que ele possa fazer aquilo que o Criador quer, por estas
razões diz ele a bênção, “Abençoado és Tu, Ó Senhor”. Isto é, ele abençoa o Criador e Lhe
agradece por o recompensar e dar aquilo que Ele não deu a outras pessoas.
Também, quando ele abençoa sobre os prazeres ele também agradece ao Criador por o
recompensar com acreditar que o Criador lhe forneceu os prazeres que as pessoas desfrutam.
Mas outras pessoas não têm esta recompensa de acreditar que o Criador lhes deu todas as
coisas com as quais as pessoas podem desfrutar. E também, uma pessoa diz durante as
Dezoito Bênçãos de manhã, “Abençoado és Tu, Ó Senhor, por não me fazeres gentio”,
agradecendo ao Criador por fazer dele Israel.
Desde modo vemos que devemos agradecer ao Criador pelas mais pequenas coisas que temos
em Kedushá[santidade] e as considerarmos grandes. Embora não o consigamos valorizar,
devemos ainda assim acreditar nisso. Escutei de Baal HaSulam que uma vez disse que tanto
quanto compreendermos a importância da Torá e Mitzvot Lishmá [pelo Seu bem], na
verdade, Lo Lishmá [não pelo Seu bem] é de longe mais importante do que
valorizamos Lishmá.
Significa isto que não conseguimos valorizar o contentamento que o Criador deriva do nosso
desejo de fazer Sua vontade. E cada ação que é feita abaixo, causa despertar no alto, no
mundo superior, como se diz no sagrado Zohar, “Um ato abaixo desperta um ato no alto”.
Uma vez que o homem ainda não foi recompensado com entrar no palácio do Rei e alcançar
as luzes que são renovadas pelas obras dos inferiores, nós devemos acreditar que assim é.
Ou seja, quando uma pessoa vem para a sinagoga e diz lá um versículo pelo Criador, para o
Criador, esta ação é inestimável pois nessa altura em que a pessoa faz a ação e não há nada
mais para adicionar à ação. Este é um sinal que há inteireza na ação e isso é tão importante
para o Criador como se ele a tivesse mantido com todas as intenções do justo completo. Por
outras palavras, lhe é dito que há justos que só somam intenções às ações, mas não há mais
nada a acrescentar à própria ação, como foi dito acima. Diz-se sobre a ação, “Não somes nem
subtraias”.
Contudo, lhe é dito que a obra das intenções não é para ela, que pertence apenas a uns poucos
escolhidos. Logo, se esta é sua inteireza, ela coloca toda a sua energia em manter aquilo que
ela recebeu através da educação. Com isto ela sabe que tudo o que tem de fazer é manter a
quantidade. Quanto à qualidade, ou seja, melhorar as intenções, nomeadamente as razões que
a fazem manter Torá e Mitzvot, ela sabe aquilo que lhe foi dito na sua educação que no geral
ela terá este mundo e o mundo vindouro por observar Torá e Mitzvot. Isto é chamado “uma
linha” e não a “linha direita” pois ainda não há esquerda aqui, a partir da qual podemos dizer
que esta linha é chamada “direita”, dado que não há “direita” sem “esquerda”.
Neste caminho não há perigo que ela possa perder a vida espiritual de Kedushá [santidade].
Em vez disso, ela está sempre a avançar pois seus cálculos são medidos pela ação e todo e
cada dia ela soma novas ações. Deste modo, ela está sempre a avançar pois ela vê que cada
dia ela soma novas ações. Por exemplo, quando ela alcança os vinte anos de idade ela sabe
que tem sete anos de observação da Torá e Mitzvot. E quanto ela alcança os trinta anos de
idade ela adquiriu dezessete anos de Torá e Mitzvot.
Sucede-se que este caminho está assegurado e não há perigo aqui para sua vida espiritual uma
vez que ela tem uma base sobre a qual olhar e medir seu progresso. Assim, este caminho é
considerado um caminho seguro e não há perigo aqui para sua vida espiritual. Isto é, neste
caminho ela não vai cair do seu grau ou até desesperar por ver que não tem sucesso no seu
trabalho. Em vez disso, ela estará sempre em paz. Seu único arrependimento na obra será que
lhe custa que outras pessoas ao seu redor não sirvam o Criador como ela. Este é o único
arrependimento na sua obra. Mas em si mesma ela acha que tem muito sobre o qual se
alegrar, que graças a Deus ela tem posses de Torá e Mitzvot.
Porém, quando lhe é dito que há outro caminho, chamado “linha esquerda”, que significa que
neste caminho uma pessoa vê que embora ela se envolva em Torá e Mitzvot ela ainda se deve
corrigir a si mesma durante a obra e que a correção não está na ação, mas que ela deve
corrigir a intenção, ou seja, com que intenção ela faz aquilo que faz, nomeadamente a razão
que a faz manter Torá e Mitzvot, isto já é considerado um caminho perigoso.
Isto assim é por duas razões: 1) Lhe é dito que é verdade que é impossível trabalhar sem
recompensa. Em vez disso, qualquer pessoa que faça qualquer trabalho, seja grande ou
pequeno, precisa de combustível que lhe dê a força para trabalhar. Se lhe é dito que a
recompensa é que ele trará contentamento para o Criador, ou seja, que “Seu desejo será
comente doar sobre o Criador”, o corpo não entende esta razão como suficiente para lhe dar
força para trabalhar, dado que é contra a natureza humana pois a substância do homem é a
vontade de receber em prol de receber.
Por esta razão, quando ela trabalha numa linha, ou seja, que a base da sua obra neste mundo é
que ela receberá recompensa neste mundo e no mundo vindouro, o corpo consegue entender
que para si mesmo, ou seja, para desfrutar e ser recompensado é vantajoso trabalhar.
Contudo, quando lhe é dito que ele deve trabalhar com intenções e direcionar cada ação que
faz para trazer contentamento ao seu Fazedor, ele é deixado impotente na obra dado que então
seu corpo exige explicações: “Como posso eu trabalhar e abdicar de muitas coisas que o
corpo consegue desfrutar para que o Criador desfrute”? Há perigo neste caminho que ele
possa perder toda sua vida espiritual, até aquela que ele tem enquanto se envolve em uma
linha.
2) A segunda razão para o perigo é que até se ele prevalecer cada vez e quiser trabalhar em
prol de doar, ele vê que não consegue superar na intenção, mas sempre vê o oposto — que
quando ele trabalhava em uma linha ele via que avançava. Isto é, se ele passasse dez anos de
trabalho então ele tinha dez anos de Torá e Mitzvot e se ele se envolvesse vinte anos em Torá
e Mitzvot então ele tinha uma propriedade de vinte anos.
Mas aqui, na linha direita, é ao contrário. Se ele passou três anos e não consegue direcionar
sua obra em prol de doar então ele está mais estilhaçado e quebrado dado que ele tem
trabalhado no caminho da doação durante três anos, mas nada tem para mostrar. Isto é, ele não
tem posse embora tenha colocado três anos de trabalho. É tanto quanto o mais se ele colocou
cinco anos e assim por diante. Desta forma, quanto mais ele se esforçou na obra, mais ele vê
que ele é pior.
Mas Baal HaSulam disse que na verdade, por um lado podemos dizer que uma pessoa
realmente avançou para a verdade, em reconhecer o mal. Antes dele ter começado o trabalho
ele pensava que seria capaz de superar seu mal. É como nossos sábios disseram (Sucá, 52),
“Para os ímpios, a inclinação do mal parece da grossura de um cabelo e para os justos como
uma alta montanha”.
Mas por outro lado uma pessoa precisa de ver a verdade como ela é, ou seja, que com este mal
ela não se moveu um milímetro e isto pode colocá-la no perigo de desesperar pois ela
diria que Lo Lishmá[não pelo Seu bem] é inútil, dado que a essência da obra é trazer
contentamento ao Criador e ela vê que não será capaz de superar. Sucede-se que ao caminhar
na linha direita ela pode Deus nos livre ser completamente repelida da vida espiritual, pois ela
já maculou a Lo Lishmá. Sucede-se que ela está vazia em ambos os caminhos e não tem apoio
na vida de Kedushá.
Por esta razão, as pessoas são guiadas somente por uma linha. Se elas despertam por si
mesmas e têm um impulso seu de começar a procurar a verdade, se elas são guiadas para
caminhar neste caminho para sempre ou não apenas quando no princípio da obra, não lhes é
mostrada a linha esquerda — que elas se devem corrigir para fazer todas suas obras pelo
Criador.
Isto é como o Maimônides diz (fim de Hilchot Teshuva), “Disseram os sábios, ‘Um sempre se
deve envolver em Torá, até em Lo Lishmá, dado que de Lo Lishmá ele virá a Lishmá. Desta
forma, quando ensinando a crianças, mulheres e aos incultos, lhes é ensinado a trabalhar por
temor e para receber recompensa. Até que ganhem conhecimento e adquiram muita sabedoria,
lhes é contado esse segredo pouco a pouco e são acostumados a esta questão com facilidade
até que O alcancem e O conheçam por amor”.
Desta forma, devemos caminhar na linha direita, bem como na linha esquerda, significando
que até se ele souber que há uma verdade chamada Lishmá, ainda assim, o caminho no qual
ele caminhou tinha somente uma linha, agora essa linha recebeu um novo nome e é chamada
“linha direita”. Porém, o que nos acrescenta isso que agora chamemos à linha única, de “linha
direita”? A explicação é que agora há uma intenção na linha direita. Isto é, ao mudar o nome,
“linha única” para “linha direita”, uma intenção especial é anexa ao seu nome, que não existia
quando era chamada “linha única”. É por isso que é proibido cancelar a linha esquerda e
caminhar na linha direita, dado que não há direita sem esquerda. Logo, devemos dizer que
quando ele caminhava na linha única, ele não sabia que havia outro caminho. Mas agora que
há a linha esquerda oposta a ela, a linha única é chamada “linha direita”.
Significa isto que a inteireza que ele agora recebe não é por caminhar sem deficiências mas
pois ele sente-se inteiro e feliz na sua obra tal como antes de ter começado a trabalhar na linha
esquerda, mas por uma razão diferente. Aqui, na linha direita, a inteireza é porque ele vê que é
uma pessoa simples e sabe que há um caminho verdadeiro, ou seja, que você se deve envolver
pelo bem do Criador, mas ele vê que está longe disso. Ou seja, seu corpo não o permite se
anular si mesmo completamente perante o Criador, que sua única direção na vida seja doar. E,
todavia, ele vê que o Criador lhe deu a força para ter algum contato com a santidade e outros
não têm este poder. Sucede-se que ele agradece e louva o Criador por isto. Acontece que em
tal estado ele está em inteireza.
Contudo, agora que ele começou a trabalhar na linha esquerda e entendeu que a obra de
doação é a coisa principal, é difícil para ele estar contente com menos. Se ele tiver de
trabalhar, ele deve trabalhar em prol de alcançar a inteireza. Mas fazer esforços para ser
recompensado com somente um toque na obra sagrada, para isto o corpo não tem
combustível. Isto é chamado como está escrito, “Onde quer que haja uma deficiência
em Kedushá, há uma garra para as Klipot [cascas/peles]”. Isto é, as Klipot o fazem pensar,
“Deves trabalhar tão duro por tão pequena recompensa, ou seja, para ter um pequeno apoio
em Kedushá”?
Sucede-se que as Klipot têm a força para o remover da Kedushá a uma grande medida. Isto é,
não lhe é dito que não é vantajoso se esforçar por Kedushá. “Kedushá, ou seja, servir o Rei, é
certamente uma grande coisa, mas consegues ver por ti mesmo que não tens a força para
isso”. Desta forma, nessa altura desperta o perigo que ele caia da obra completamente pois
agora o corpo tem uma garra na sua obra uma vez que o próprio homem vê suas deficiências
na obra.
Mas na obra na linha única ele sabia que isto era sua inteireza pois ele era instruído desde o
começo que Lishmá pertence a grandes pessoas que nasceram com grandes talentos naturais e
boas qualidades e com grandes poderes para superarem seus corpos. Isto é, elas se controlam
a si mesmas e conseguem levar a cabo o que lhes apetece e ninguém as consegue impedir.
Quanto a ti, o que te é necessitado é somente de acordo com tua habilidade. Isto é, faz o que
puderes e com isso fizeste teu dever, dado que a Torá não foi dada aos anjos ministradores,
mas a todas as pessoas, cada uma de acordo com sua habilidade.
Todavia, assim que ele começa a caminhar na linha esquerda ele sente que ele, também, deve
alcançar Dvekút[adesão] com o Criador e trabalhar em prol de doar e doravante ele não será
capaz de sentir inteireza na obra da linha direita pois a esquerda o vai obstruir. Aqui começa a
obra da fé acima da razão. Isto é, que ele deve acreditar que a obra de Kedushá é um trabalho
muito importante. Deste modo, ele não se importa se é recompensado com verdadeira
inteireza ou inteireza que merece. Isto é, ele ainda não tem o grande privilégio de fazer a obra
sagrada completamente, mas a uma medida muito pequena. Mas a considera como uma
grande fortuna, cujo valor não consegue sequer medir.
Acontece que neste trabalho, quando ele caminha nesta linha, ele valoriza a Kedushá de modo
a que ela aumente constantemente sua importância. Isto assim é pois ele deve acreditar na sua
grandeza acima da razão, embora ele ainda não o sinta na realidade. Ele deve dizer para si
mesmo: “A razão pela qual devo acreditar acima da razão na importância da Torá e Mitzvot é
que ainda não sou digno de sentir sua importância e grandeza, como é sabido que enquanto
um ainda está imerso em amor próprio, ele é desadequado para sentir o deleite e prazer que
está vestido nelas. Mas na verdade, quando eu for digno, verei isso como um fato”.
Assim acontece que a razão pela qual se deve acreditar acima da razão não é por causa da
falta de luz que está vestida na Torá e Mitzvot, mas em vez disso a carência está no Kli [vaso]
do inferior, que ele ainda é desadequado para isso e o Criador sabe quando eu sou adequado e
certamente me deixará sentir o sabor da Torá e Mitzvot”. Sucede-se que devemos acreditar
acima da razão não por não conseguirmos sentir o bem nisso pois a luz está oculta e a não
conseguirmos alcançar. Se assim fosse então o que significa, “Pois eles são nossas vidas”, que
se diz sobre a Torá e Mitzvot? Em vez disso, ele deve acreditar acima da razão enquanto não
tiver corrigido seus vasos de recepção. Mas quando completar sua correção, o deleite e prazer
se espalharão em todas as coisas sagradas nas quais ele se envolve.
Portanto, se ele caminhar na linha direita e acreditar acima da razão na sua importância, à
medida da importância que ele valoriza a Torá e Mitzvot pode ele valorizar até a mais pequena
coisa, ou seja, até um toque, até Lo Lishmá de Lo Lishmá também o conseguem deleitar pois
com esta ação ele observa o mandamento do Criador.
Contudo, posteriormente ele deve alternar para a linha esquerda, ou seja, criticar a obra — se
a obra que ele faz é um caminho para alcançar Dvekút com o Criador, como disseram nossos
sábios, “Eu criei a inclinação do mal, Eu criei a Torá como tempero”, se ele avança realmente
para este propósito. Isto é considerado se colocar a si mesmo em perigo. Quando ele está na
linha esquerda, seu trabalho é principalmente orar, ou seja, clamar para o Criador o ajudar do
alto, como disseram nossos sábios, “Aquele que vem para purificar é ajudado”.
Com isto podemos interpretar o sentido dos anjos que rodearam Jacob, como mencionado nas
palavras do sagrado Zohar, que os anjos vieram para o guardar, ou seja, que é ajuda que vem
do alto para o assistir para que ele possa continuar seu caminho. Porém, ajuda vem do
alto quando uma pessoa já começou a obra e se encontra a meio caminho e clama por ajuda.
Mas antes que ela tenha começado a obra não lhe é dada assistência.

Desta forma, quando Jacob começou a obra e se colocou a si mesmo em perigo e pediu que o
criador o ajudasse, os anjos foram enviados para o guardar para que ele vencesse a guerra na
qual já havia entrado. Mas quando ele completou a obra que começou e recebeu ajuda dos
anjos e queria começar uma nova obra, chamada “pequenas latas” e o começo da obra é em
trevas, chamadas de “noite”, isto é chamado “perigo evidente”, dado que um lugar escuro,
chamado “linha esquerda”, é perigoso, então deve ele começar sozinho. Posteriormente,
quando ele vê que não consegue, ele começa a pedir ajuda do Criador e então ele receberá
ajuda do alto.
236. A Respeito da Vela de Chanucá

Artigo 9, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito em Masechet Shabat (23b): “Raba disse, ‘Claramente, entre ‘uma vela para sua
casa’ e uma ‘vela de Chanucá’, uma vela para sua casa precede devido à paz doméstica”.
RASHI interpreta que “vela para sua casa” se refere ao Shabat [Sabate] e ele é pobre e não
pode pagar para comprar óleo para duas velas. Quanto à paz doméstica, é como é dito abaixo,
“Minha alma foi desprovida de paz”. Este é o acender das velas no Shabat, quando seu
agregado se arrepende de sentar no escuro.
Porém, uma vela de Chanucá não é para a paz doméstica pois é proibido usar sua luz, como
dizemos depois de acender as velas de Chanucá, “Estas velas são sagradas; não temos
permissão para as usar, mas somente para as ver”.
Devemos entender o seguinte: 1) Ele explica que uma vela de Shabat precede a vela de
Chanucá devido à paz doméstica. Isto requer explicação. É razão boa o suficiente cancelar
o Mitzvá [mandamento] das velas de Chanucá, que é tão importante por causa da santidade
nelas, ao ponto em que nossos sábios disseram que é proibido usar sua luz, como dizemos,
“Estas velas são sagradas; não temos permissão para usá-las, mas somente para as ver”?
Cancelamos nós este Mitzvá devido à paz doméstica, que é uma questão corpórea? 2)
Precisamos de entender a conexão entre uma vela de Shabat e a paz doméstica, que
aprendemos do versículo, “Minha alma foi desprovida de paz”, que é acender as velas no
Shabat.
Para entender o citado primeiro devemos explicar as três questões acima: 1) O que é o
Shabat? 2) O que é a paz doméstica? 3) O que é Chanucá?
Nossos sábios disseram que Shabat é uma similitude do mundo vindouro ( Berachot, 57).
Também, está escrito na Oração da Tarde de Shabat: “Vós haveis santificado o sétimo dia em
Seu nome, o propósito da criação dos céus e da terra”. “Propósito” significa que este é o
propósito pelo qual os Céus e a Terra foram criados.
Também, é sabido que o propósito da criação é fazer o bem às Suas criações, ou seja, que as
criaturas recebam deleite e prazer e isto é chamado “o propósito da criação”. O que precede o
propósito é o tempo de trabalhar. Isto levanta a questão, “Se o propósito é fazer o bem, por
quê este trabalho”?
A resposta é que em prol de evitar o pão da vergonha nos foi dado trabalho, que é chamado a
“correção da criação”. Significa isto que através desta correção seremos capazes de receber o
deleite e prazer pois já temos equivalência de forma com o Criador no sentido em que as
criaturas desejam doar sobre o Criador tal como o Criador deseja doar sobre as criaturas.
Sucede-se que trabalhar em prol de doar elimina o pão da vergonha.
De acordo com isto, a obra que nos foi dada refere-se à correção da criação e não ao propósito
pois o propósito é desfrutar e não trabalhar. Assim, nossa necessidade de correção não se
refere ao prazer, uma vez que o Criador o dá, uma vez que esse é o propósito. Mas em prol de
receber o deleite e prazer completos — e completos significa que podemos receber o deleite
sem sentir desagradabilidade — nos foi dado trabalho pois o trabalho é que nós temos de
mudar os Kelim [vasos] que recebemos por natureza e obter diferentes Kelim, chamados
“vasos de doação”. Quando recebemos o deleite e prazer nos vasos de doação não há lugar
para a desagradabilidade aquando recebendo a abundância.
Dois estados nos explicam os dois discernimentos que descrevemos a respeito de alcançar o
completo propósito da criação: 1) A ordem da correção da criação que trabalhamos em Torá
e Mitzvot[mandamentos] em prol de doar é considerada usar vasos de doação. Significa isto
que uma vez que há ações e há intenções, nesse estado nós usamos atos de doação,
considerados Torá e Mitzvot. Estes atos são considerados se envolver na forma de, “Como Ele
é misericordioso, também tu sê misericordioso”.
Isto é, o homem quer doar sobre o Criador tal como o Criador quer doar sobre as criaturas.
Desta forma, se ele agir como o Criador, ou seja, seguir Seus caminhos, então a pessoa quer
que o Criador lhe pague pelo seu trabalho para os seres criados. Porém, aqui há também o
trabalho da intenção, que é direcionar que a intenção seja semelhante à ação pois por vezes,
embora a ação seja dar, a direção é inversa. Isto é, a razão pela qual ele dá é em prol de
subsequentemente receber recompensa. Isto é chamado Lo Lishmá [não pelo Seu bem].
Por esta razão se uma pessoa quer realizar um ato de dar há imenso trabalho. E a razão que a
obriga a se envolver em dar é que ela tem uma razão que a faz dar e não receber, ou seja, que
frequentemente, quando amamos alguém um desejo desperta no coração de dar ao amado,
uma vez que isto exprime nosso amor por essa pessoa.
Alternativamente, uma pessoa importante também desperta nos nossos corações a divulgarem
amor por ela ao lhe dar um presente. Isto é chamado “Sua boca e coração são iguais”, ou seja,
que o ato e a intenção são os mesmos e seu coração não alberga uma intenção diferente do ato
de dar pois a razão é a intenção de doar. Isto é chamado Lishmá [pelo Seu bem].
É explicado que no segundo estado, que é o propósito da criação, nós podemos usar os vasos
de recepção. Isto significa que nos envolvemos na recepção de prazeres, mas a razão pela qual
queremos receber prazer não é em prol de satisfazer nossos desejos, que almejamos prazeres e
é por isso que queremos desfrutar. Em vez disso, há uma razão completamente diferente aqui
— o oposto da nossa ação.
Nós almejamos doar sobre o Criador e para nós mesmos, não queremos receber na nossa
vontade de receber pois isso nos separaria do Criador. Todavia, o que podemos dar ao Criador
para que Ele o desfrute? O que podemos dizer, por assim falar, que Ele necessite? Há somente
uma coisa que podemos dizer: Uma vez que Ele criou a criação em prol de deleitar Suas
criaturas, nós queremos receber o deleite e prazer pois queremos satisfazer Seu desejo, que é
de fazer o bem.
Agora podemos explicar a pergunta, “O que é Chanucá”? Tal como explicámos no primeiro
estado, é o trabalho da correção da criação, que é obter os vasos de doação, com os quais
podemos então alcançar o propósito da criação. Podemos chamar a isto “espiritualidade” pois
não queremos fazer coisa alguma para nós mesmos, mas somente pelo Criador, como
disseram nossos sábios, “Uma oferenda, ou seja, uma oferenda queimada, tudo é pelo Criador,
completamente espiritual”.
O milagre de Chanucá foi sobre espiritualidade, como dizemos (na bênção “Sobre os
Milagres”), “Quando o ímpio reino da Grécia se encontrou sobre Teu povo Israel para os
fazer esquecer Tua lei e os afastar das leis da Tua vontade, Tu, com tuas muitas misericórdias,
o enfrentaste por eles na hora de sua aflição”.
De acordo com o que explicámos, “espiritualidade” significa usar vasos de doação. A
dominação dos Gregos é expressa em proibir qualquer coisa que tenha a ver com os vasos de
doação pois havia controlo sobre a obra de Torá e Mitzvot lá, também.
Isto foi no exterior. É tanto quanto o mais no pensamento — eles governariam o pensamento
para que fossem incapazes de direcionar coisa alguma pelo Criador. Em vez disso, eles
queriam que o povo de Israel estivesse imerso em amor próprio, pelo qual estarão separados
do Criador. Todos os pensamentos do Sitra Achra [Outro Lado] são somente sobre os
remover do Criador e o afastamento e separação vêm somente por disparidade de forma,
conhecida como “amor próprio”.
Baal HaSulam disse sobre aquilo que nossos sábios questionaram ( Shabat, 21b), “O que é
Chanucá”? Explicou ele que a resposta é Chanu [estacionar] Kô [aqui/até então], ou seja, que
eles lá estacionaram. Significa isto que Chaf- Hey [ Kô/25º] de Kislev [a data em que Chanucá
começa] não foi o fim da guerra, mas somente uma pausa. É como um exército que quer
iniciar um novo grande assalto, então ele deixa os soldados repousar e ganhar novamente sua
força para que possam continuar a guerra. Ele disse que há tolos que pensam que receberam
em prol de não avançar para o território inimigo pois terminaram a guerra e não há mais
necessidade de derrotar o inimigo.
Sucede-se que Chanucá não é a conclusão da meta, mas somente a correção da criação. Ela
completa os vasos de doação, ou seja, atos de doação e é por isso que é proibido usar a luz de
Chanucá, uma vez que usar é um ato de recepção e o milagre foi somente sobre atos de dar —
que eles os conseguem fazer e direcionar para doar, que é chamado Lishmá.
O milagre foi que eles emergiram da dominação dos Gregos e podiam avançar com fé acima
da razão. Mas a Klipá [casca/pele] dos Gregos governava Israel de modo a não fazer coisa
alguma a menos que ele saiba por que e que propósito este trabalho lhe trará e especialmente
de direcionar tudo acima da razão.
De acordo com o que explicámos, sucede-se que embora uma vela de Chanucá implique um
milagre espiritual, que é que povo de Israel foi liberado da dominação dos Gregos, isso foi
somente metade da coisa. Isto é, somente os vasos de doação foram corrigidos pelo milagre
de Chanucá e isto é considerado a correção da criação, mas ainda não o propósito da criação.
Mas o Shabat, que é uma similitude do mundo vindouro, é considerado o propósito dos céus e
da terra, considerado o “propósito da criação”, ou seja, a completude do propósito final. Isto
é, uma semelhança daquilo que vai aparecer no fim da correção ilumina no Shabat.
Desta forma, o Shabat é o tempo para a recepção de prazer, ou seja, que usamos os vasos de
recepção e só precisamos de direcionar em prol de doar. Isto é considerado que todas as
pessoas no mundo terem de alcançar esse grau, como está escrito, “Pois nenhum exilado será
exilado Dele”. Em vez disso, todos vão alcançar a meta na totalidade, ou seja, receber, mas
em prol de doar.
Agora vamos explicar aquilo que questionámos sobre a conexão entre o Shabat e a paz
doméstica. É sabido que “casa” é chamada Malchut, que é a receptora da abundância superior
nos vasos de recepção em prol de doar. Porém, Malchut tem muitos nomes e o nome “casa”
indica inteireza, tal como está escrito no Sulam (comentário da Escada sobre O Zohar, Noach,
p 88, item 249): “Deveis saber que quando uma pessoa está em completa inteireza, ela é
considerada habitar na casa. A palavra ‘casa’ implica Nukva de ZA, que ilumina nos Môchin
de GAR, como está escrito, ‘Uma casa será construída com sabedoria.’ Desta forma, aqueles
que recebem dela são considerados habitarem na casa. Porém, quando uma pessoa precisa de
correções pois ela é incompleta, ela precisa de se guardar para que os exteriores não a agarrem
e a façam pecar. Desta forma, ela deve sair da casa pois está proibida de receber estes
elevados Môchin por medo que os exteriores suguem dela. Ela deve sair para o caminho do
Criador, ou seja, receber as correções que ela precisa. Nessa altura ela é permitida
receber Môchin do Zivug de ZA e Lea, pois uma vez que são Ór Chassadim que está coberta
em Chochmá, não há sucção deles para os externos. Estes Môchin são chamados ‘albergue’
pois são destinados aos viajantes. Deste modo, embora Noach fosse justo e de coração inteiro,
ele o compara a um convidado em viagem”.
Assim, vemos que devemos fazer dois discernimentos na ordem da obra: 1) um estado
chamado “casa”, 2) um estado chamado “convidado em viagem”. Quando uma pessoa ainda é
incompleta, ela deve sair e estar num estado de convidado em viagem, que é o caminho do
Criador, em prol de receber correções, pelas quais ela alcançará a inteireza. É por isso que
estas pessoas são chamadas “convidados em viagem”, pois elas estão ainda no meio do
caminho e ainda não alcançaram a meta que devem alcançar.
Embora elas sejam justas, tal como Noach, que era justo e de coração inteiro, ele ainda era
deficiente pois corrigiu somente os vasos de doação, chamados “vasos espirituais”. Como
acima mencionado, isto é chamado a “correção da criação”, uma vez que ele já consegue doar
em prol de doar, que é chamado Lishmá.
Com isto entendemos o que a vela de Hanu-Kôh [Chanucá] chega a implicar — é somente
uma pausa e não o fim do trabalho. Por esta razão, é proibido usar a luz da vela de Chanucá
pois o milagre foi sobre vasos espirituais e vasos de doação não podem ser usados para
desfrutar da luz. É por isso que elas são somente para serem vistas.
Mas uma vela de Shabat — onde o Shabat é considerado “o propósito dos céus e da terra”,
que é uma similitude do mundo vindouro — é chamada o “propósito da criação”, de fazer o
bem às Suas criações: que elas recebam deleite e prazer. Assim, esta luz é recebida nos vasos
de recepção, chamados “receber em prol de doar”. Isto é, eles estão a usar os vasos de
recepção.
Isto é chamado uma “casa”, como em “Uma casa será construída com sabedoria”,
onde Malchut é a raiz das almas, chamada “assembleia de Israel” e recebe abundância para as
almas. Quando os inferiores são adequados para a recepção de Ór Chochmá [Luz da
Sabedoria], isso é chamado Môchin [luz/prazer] de Shabbat, ou seja, Môchin de Chochmá,
e Môchin de Chochmá é a luz do propósito da criação. Sucede-se que vela de Chanucá e vela
de Shabat implicam dois discernimentos dessemelhantes.
Agora explicaremos o que questionámos sobre a conexão entre a paz doméstica e o Shabat,
pela qual nossos sábios disseram que ela precede a vela de Chanucá. A Sefira [singular
de Sefirot] Yessód é chamada “paz doméstica” pois ela doa sobre Malchut, uma vez
que Malchut é a raiz das almas. Quando Malchut é como um ponto, ou seja, que ela ilumina
somente como um ponto minúsculo, as almas não têm a abundância que necessitam. Isto é
chamado “Shechiná [Divindade] em exílio”. Nessa altura as Klipot[cascas/peles] prevalecem
e desejam controlar as matérias de santidade e há imenso trabalho para os inferiores. Isto
criou a divisão entre Kedushá [santidade] e Tum’á [impureza].
Aquando da chegada de Yessód de Gadlút [idade adulta/grandeza], ela concede a abundância
superior a Malchut, ou seja, concede sobre ela a luz de Chochmá. Nessa altura a paz
doméstica é feita, como está escrito, “Quando os caminhos de um homem agradam ao Senhor,
Ele até faz seus inimigos estarem em paz com ele”. É por isso que Yessód é chamada “paz”,
uma vez que ela faz a paz doméstica, quando os poderes da Klipá são cancelados, como está
escrito, “Quando o Shabat começa, ele se torna único e separa do Sitra Achra e todos são
coroados com novas almas” (Kegávna [uma oração] na Véspera de Shabat).
Sucede-se que quando a “casa”, que é Malchut, recebe a abundância de Shabat, paz é feita e
então todos os julgamentos são removidos dela. É por isso que a vela de Shabat implica a
abundância do fim da correção, enquanto a vela de Chanucá indica a luz alcançada no meio
do trabalho, que é em prol de ser capaz de continuar e completar o trabalho. É por isso que a
vela de Shabat é chamada “paz doméstica”, segundo a abundância que vem de Yessód para
Malchut.
240. A Respeito da Oração

Artigo 10, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Nossos sábios disseram em Masechet Taanit (p 2): “Amar o Senhor teu Deus e O servir, isto é
uma oração. Dizeis, ‘Isto é oração’, ou é somente trabalho’? Devemos dizer, ‘com todos os
vossos corações.’ Qual é o trabalho no coração? Ele é oração”.
Devemos entender por que oração é considerada trabalho. E trabalho orar para o Criador para
conceder nossos desejos e pedidos? E se nossos sábios assim disseram então eles pretendem
insinuar para nós que há um sentido especial na oração — que ela é trabalho e não
simplesmente uma oração. Logo, qual é o problema para o qual nossos sábios insinuam?
Certamente, não pode ser dito que uma pessoa ore e peça que lhe seja dado alguma coisa se
ela não tiver desejo por ela. Somente quando uma pessoa sente que ela carece de alguma coisa
vai ela e pede esse preenchimento, relacionado à carência, daquele que a pode preencher,
dado que um pede somente daquele que tem aquilo que ele precisa e também sabe que ele
quer dar e fazer o bem aos outros.
Correspondendo a isso, quando uma pessoa vem parar orar e pedir ao Criador para satisfazer
sua necessidade, sua oração deve ser clara. Isto é, ela deve saber claramente o que ela
necessita. Isto é, quando ela vem para pedir do Criador ela deve imaginar-se a si mesma
falando para o Rei e o Rei pode torná-la o homem mais feliz no mundo de uma só vez pois
nada falta na casa do homem. Logo, primeiro um deve examinar cuidadosamente antes da
oração para que ele saiba do que ele precisa realmente, que se o Rei preencher sua carência
ele não vai necessitar de mais coisa nenhuma e será o homem mais completo no mundo.
De acordo com o que aprendemos — que o propósito da criação é fazer o bem às Suas
criações — sucede-se que da parte do Criador não há impedimentos em doar deleite e prazer
sobre as criaturas. Isto significa que a razão pela qual o Criador criou nas criaturas uma
carência, chamada “desejo de receber”, foi em prol de satisfazer a deficiência. Como
explicámos, uma carência é chamada tormento e aflição se ele não puder satisfazer sua
necessidade.
Deste modo, toda a carência que foi criada foi com a intenção de sentir prazer através dela,
dado que a carência é incluída na intenção de fazer o bem. Isto segue a regra que o desejo
por alguma coisa dá o prazer de a satisfazer. É sabido que até quando damos a uma pessoa
uma refeição digna de Reis, se ela não tiver desejo pela refeição ela não consegue desfrutar
dela.
Desta forma, quando uma pessoa sente uma carência e não tem satisfação para ela, ela vem
para pedir ao Criador para satisfazer seus desejos. Em geral, uma pessoa só pede o deleite e
prazer. Como aprendemos, da parte do Criador, uma pessoa não precisa de orar que o Criador
lhe dê deleite e prazer pois Seu desejo é fazer o bem às Suas criações. Deste modo, não
devemos pedir a ninguém coisa alguma se o Dador deseja dar.
Sucede-se que antes que um vá pedir ao Criador para conceder seus desejos, ele primeiro deve
examinar o que ele necessita. É isto o que ele deve pedir do Criador. Parece que o Criador não
dá a uma pessoa sem primeiro uma pessoa pedir. Isto significa que devido ao pedido não
estar incluído no propósito da criação, que é fazer o bem às Suas criações, mas é algo que
surgiu mais tarde, da criatura, por esta razão a criatura deve pedir que o Criador lhe dê. Mas
não devemos pedir que o Criador queira dar deleite e prazer pois este é Seu desejo, como foi
dito acima, que Seu desejo é dar deleite e prazer aos inferiores.
Contudo, devemos saber que dado que houve a questão da Tzimtzum [restrição], chamada
“correção da criação”, como é sabido que assim é que o presente do Criador não seja
desagradabilidade, chamada “pão da vergonha”. E uma vez que atribuímos esta correção ao
inferior, chamado Malchut de Ein Sof, que é chamada “o Kli [vaso] que recebeu a luz
superior” e uma vez que este receptor recebeu a abundância, um desejo de equivalência de
forma despertou. Foi por isso que ela fez a Tzimtzum.
Ele diz em O Estudo das Dez Sefirot (p 9, “Reflexão Interna): “A luz superior não para de
iluminar as criaturas sequer um minuto e a inteira questão da Tzimtzum e Histalkut[abandono]
da luz que são mencionados aqui se relacionam somente à impressão e recepção do Kli, ou
seja, do ponto médio. Significa isto que embora a luz superior não pare de iluminar, o
Kli ainda não recebe nenhuma da sua iluminação pois ele se diminuiu a si mesmo”.
Como foi dito acima, não receber em prol de receber não se relaciona ao propósito da criação.
Em vez disso, isso é atribuído à correção da criação. Essa é uma ação do inferior que procura
a equivalência de forma. Sucede-se que os inferiores não podem receber deleite e prazer
embora o superior queira dar pois eles precisam de vasos de doação e isto pertence ao
receptor e não ao dador, como dissemos, que o inferior, chamado Malchut de Ein Sof, fez a
Tzimtzum. É por isso que este Kli se relaciona ao inferior, ou seja, que o inferior quererá
receber somente se ele puder se direcionar em prol de doar.
Por esta razão, quando uma pessoa vem para orar para o Criador lhe dar aquilo que ela
necessita, devemos dizer que aquilo que ela na realidade necessita não vem do propósito da
criação. Em vez disso, aquilo que ela necessita é algo que vem dos inferiores. Isto é, Malchut,
que é chamada “inferior” pois ela recebe a abundância do superior, fez um novo Kli para
receber abundância somente neste Kli chamado “vaso de doação. Desta forma, tudo pelo que
devemos orar é que o Criador lhe dê este Kli pois isto é tudo o que ele necessita.
Porém, aqui há espaço para escrutínio. Se o inferior deve fazer este Kli pois ele pertence ao
inferior, como dissemos acima que Malchut o fez, então por que uma pessoa não faz
este Kli sozinha, mas tem de pedir que o Criador lhe dê este Kli? Além do mais, nós dizemos
sobre este Kli que o inferior tem de fazer. Nós lhe dizemos que isto é tudo o que ele precisa de
pedir do Criador, mas se isto pertence ao trabalho do homem por que tem ele a necessidade de
o pedir ao Criador?
A questão é mais clarificada nas palavras de nossos sábios que disseram (Berachot 33b),
“Rabi Hanina disse, ‘Tudo está nas mãos do Criador exceto o temor pelo Criador, como foi
dito, ‘E agora, Israel, o que o Senhor teu Deus te pede senão temor?’”
RASHI interpreta “Tudo está nas mãos do Criador” como se segue, “Justos e ímpios não
visitam os céus. Ele deu isto ao homem e colocou perante ele dois caminhos e ele deve
escolher o temor dos céus”.
A questão do temor é explicada na Sulam [Comentário da Escada sobre O Zohar]
(“Introdução ao Livro do Zohar”, item 203): “Certamente, tanto o primeiro temor como o
segundo temor não são para seu próprio benefício, mas somente por temor vai ele diminuir
trazer contentamento ao seu Fazedor”. De acordo com o citado, parece que temor é que uma
pessoa deve direcionar tudo aquilo que ela faz para ser em prol de doar contentamento sobre o
Criador.
Nós questionámos, se isto assim é e a doação é algo que o homem tem de fazer, por que
dizemos que ele deve pedir isto do Criador, dado que foi dito, “Tudo está nas mãos do
Criador exceto o temor ao Criador”? Devemos saber que o homem não consegue ir contra a
natureza com a qual ele foi criado. Dado que o Criador criou o homem com uma natureza de
querer receber, como dissemos que é impossível desfrutar dos prazeres sem um desejo
pelo prazer e aprendemos que a essência da criação, considerada “existência a partir da
ausência”, é a vontade de receber, assim quando um quer fazer alguma coisa em prol de doar
isso é considerado ir contra a natureza. É por isso que não podemos mudar nossa natureza.
Correspondendo a isso, se o homem não consegue mudar a natureza, por que disseram nossos
sábios, “Tudo está nas mãos do Criador exceto o temor pelo Criador”? Isto insinua que o
homem realmente tem a força para a mudar.
Podemos interpretar que aqui há duas coisas: 1) um desejo, considerado como apenas
potencial, que ele quer doar; 2) que ele também tem a habilidade de levar a cabo seu
pensamento na realidade.
Desta forma, devemos interpretar que a existência do homem escolher caminhar nos
caminhos da doação, ele deve saber que este é o Kli para receber o propósito da criação —
para receber o deleite e prazer — e se ele não tiver estes Kelim ele vai permanecer nas trevas
sem luz. Assim que ele sabe isto com certeza completa e começa a tencionar levar a cabo
ações de doação, ele vê que não consegue ir contra a natureza.
Aqui chega a hora da oração e não antes, dado que não há tal coisa como pedir ajuda urgente
— pedir vasos de doação, que são Kelim nos quais ele possa receber vida e sem os quais ele é
considerado morto, como disseram nossos sábios, “os ímpios nas suas vidas são chamados
‘mortos’”. Isto assim é pois por natureza, o homem pede ajuda somente quando ele não
consegue obter aquilo que ele quer sozinho, dado que antes disto há a questão da vergonha,
como disseram nossos sábios sobre o versículo, “Desfiladeiros de cromo para os filhos dos
homens”. “Quando o homem precisa de pessoas, sua face muda para ser como o cromo. O
que é o cromo? Há um pássaro nas cidades perto do mar, cujo nome é Cromo. Quando o sol
brilha sobre ele, ele se transforma em várias cores” (Berachot, p 6).
É sabido que a natureza corpórea que nos é dada é tal que através dela aprendemos questões
espirituais. Desta forma, antes que um saiba que ele não consegue obter os vasos de doação
sozinho, ele não pede ao Criador que lhes dê. Sucede-se que ele não tem um verdadeiro
desejo que o Criador responda à sua oração.
Por esta razão, um deve trabalhar para obter os vasos de doação por si mesmo e depois de
todo o trabalho que ele colocou nisso sem o obter começa a verdadeira oração do fundo do
coração. Nessa altura pode ele receber ajuda do alto, como disseram nossos sábios, “Aquele
que vem para se purificar é ajudado”.
Mas uma vez que esta oração é contra a natureza, dado que o homem foi criado com um
desejo de receber, que é amor próprio, como pode ele orar que o Criador lhe dê a força de
doação enquanto todos os órgãos se opõem a este desejo? É por isso que este trabalho
é chamado “oração”, ou seja, que ele deve fazer grandes esforços para ser capaz de orar ao
Criador que lhe dê a força de doação e para anular a força de recepção do homem.
Foi por isso que nossos sábios disseram, “‘E tu trabalharás’ é oração, o trabalho no coração”.
Com isto vamos entender por que eles se referem à oração como “obra do coração”. Isso é
pois um deve trabalhar imenso sobre si mesmo para cancelar o amor próprio e para assumir o
trabalho de obter vasos de doação. Sucede-se que pelo desejo de ter os vasos de doação ele
deve trabalhar sobre si mesmo para querer orar, para lhe ser dada a força de doação.
243. Uma Verdadeira Oração é Sobre uma Verdadeira Deficiência

Artigo 11, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


A escritura diz, “Estes são os nomes dos filhos de Israel que saíram do Egito. …E um novo
rei se levantou sobre o Egito, que não conhecia José. …E os Egípcios obrigaram os filhos
de Israel a trabalharem rigorosamente … E veio a passar-se que os filhos de Israel suspiraram
por causa do trabalho e eles clamaram e seu clamor devido à obra subiu até Deus …e Deus
escutou seu gemido”.
Devemos entender por que está escrito, “e seu clamor por causa da obra subiu até Deus”. Não
tiveram eles maiores tormentos no Egito? Aqui parece que seu clamor, ou seja, seus
tormentos, eram somente da obra. Está também escrito, “E Deus ouviu seu gemido”, ou seja,
que escutar a oração foi devido ao seu gemido, que se trata somente do trabalho.
Vamos interpretar isto de acordo com nosso caminho. É sabido que antes que uma pessoa
comece a trabalhar em prol de doar, mas por razões que estão escritas no
sagrado Zohar (“Introdução para o Livro do Zohar”, itens 190-191), que há duas razões para
se envolver em Torá e Mitzvot[mandamentos]: 1) para ter os prazeres deste mundo. Se ele não
observa a Torá e Mitzvot tem medo que o Criador o castigue. 2) Para ter os prazeres do
mundo vindouro. Seu medo que não lhe venha a ser dado o faz observar a Torá e Mitzvot.
Quando a razão que o obriga a observar Torá e Mitzvot é seu próprio benefício o corpo não
lhe resiste assim tanto pois à medida que ele acredita em recompensa e punição ele consegue
trabalhar e sentir que cada dia ele soma mais. E esta é a verdade, que cada dia de
realizar Mitzvot e se envolver na Torá se junta ao dia anterior e então ele soma às suas posses
de manter Torá e Mitzvot.
A razão é que sua intenção esta principalmente na recompensa e ele não pensa sobre a
intenção, ou seja, que sua direção seja doar. Em vez disso, ele acredita na recompensa e
punição e que ele será recompensado por aquilo que ele faz. Desta forma, sua meta é somente
realizar as ações adequadas com todo o detalhe. Inversamente, se as ações forem
desadequadas, está certo que seu trabalho não será aceite de modo a o recompensar por elas.
Quando ele vê que o trabalho que ele faz está bom, ele nada mais tem com que se preocupar.
Por esta razão, sua preocupação é somente com a quantidade, ou seja, que ele deve tentar
fazer mais boas ações. Se ele for um sábio discípulo então ele sabe que se deve mergulhar
mais na sua aprendizagem e ser mais meticuloso com as Mitzvot que ele realiza — para as
manter de acordo com a lei correspondendo à visão de todos. Ele tenta sempre ser rigoroso
com os juízos que são frequentemente tratados mais levemente, enquanto tenta ser
mais rigoroso, mas ele não tem outras preocupações.
Sucede-se que tais pessoas — cuja razão para observar a Torá e Mitzvot e assumir o fardo do
reino dos céus é para ser recompensado neste mundo e no mundo vindouro — não precisam
do Criador para terem a força para se envolverem em Torá e Mitzvot, dado que à medida da
sua fé na recompensa e punição o corpo lhes permite manter, cada um de acordo com o seu
grau.
Isto assim não é com as pessoas que querem fazer a obra sagrada em prol de doar sem
qualquer recompensa e querem observar a Torá e Mitzvot por causa da grandeza do Criador e
é um grande privilégio para elas serem permitidas servir o Rei, como está escrito no
supracitado sagrado Zohar: “Temor, que é o primeiro, é que um deve temer o seu Mestre pois
Ele é grande e governador, a essência e a raiz”.
Ele interpreta lá, na Sulam [Comentário da Escada sobre O Zohar], que há três maneiras de
temer o Criador: 1) medo das punições neste mundo, 2) medo das punições do Inferno,
também. Essas duas não são verdadeiro medo pois ele não mantém o medo devido ao
mandamento do Criador, mas para seu próprio bem. Sucede-se que seu próprio benefício é a
raiz e o temor é um ramo e resulta do seu próprio benefício. Mas temor que é a essência é que
ele temerá o Criador por Ele ser grande e governar sobre todas as coisas.
Sucede-se que a grandeza do Criador é a razão que o obriga a observar a Torá e Mitzvot. Isto é
considerado que seu desejo é somente para doar sobre o Criador, chamado “doar
contentamento sobre seu Fazedor não para seu próprio benefício”.
Aqui começa o exílio, ou seja, que não lhe é permitido direcionar sua obra para ser em prol de
não receber recompensa, dado que isso é contra a natureza. E embora um se consiga forçar a
si mesmo embora o corpo não concorde, tal como um pode praticar a abstenção embora seja
contra a natureza, mas isto diz respeito a ações. Isto é, para fazer coisas contra a vontade do
corpo ele consegue avançar acima da razão, chamado “contra a vontade do corpo”.
Contudo, ele não consegue ir contra sua própria sensação e intelecto, ou seja, dizer que ele
sente o inverso do que ele faz. Por exemplo, se uma pessoa está com frio ou com calor, ela
não pode dizer que sua sensação é falsa e se forçar a si mesmo a dizer que ele entende o
contrário daquilo que sua mente entende, ou que ele sente o contrário daquilo que ele sente.
Sua única opção é dizer aquilo que ele vê.
Acontece que quando ele quer manter Torá e Mitzvot em prol de doar sobre o Criador, é da
natureza do corpo não se mover de todo a menos que ele veja que terá certa recompensa.
Assim, ele não tem modo de trabalhar pelo Criador e para seu próprio benefício.
Aqui começa o exílio, ou seja, os tormentos que tanto quanto ele trabalhe ele não vê
progresso. Por exemplo, se ele tem vinte anos, ele pode dizer que adquiriu posses durante
vinte anos de envolvimento na Torá e Mitzvot. Por outro lado, ele pode dizer que tem mantido
Torá e Mitzvot durante vinte anos, mas não alcançou a habilidade de fazer qualquer coisa em
prol de doar, em vez disso tudo é edificado sobre a base do amor próprio.
Acontece que todos os tormentos e dores que ele sofre são pois não consegue trabalhar pelo
Criador. Ele quer trabalhar em prol de doar, mas o corpo está escravizado
às Klipot [cascas/peles] e não o deixa ter a sua direção. Nessa altura ele clama para o Criador
o ajudar pois vê que está no exílio entre as Klipot, elas o governam e ele não vê modo de ser
capaz de emergir do seu controlo.
Sucede-se que nessa altura sua oração é considerada uma verdadeira oração pois ele não
consegue sair deste exílio, como está escrito, “E Ele trouxe Israel do seu meio, pois Sua
misericórdia é para sempre”. Uma vez que isto é contra a natureza, somente o Criador
consegue libertar Israel deste exílio. Mas uma vez que é sabido que não há luz
sem um Kli [vaso], ou seja, que não há preenchimento sem uma carência e a carência é
o Kli que recebe o preenchimento, por esta razão, antes que ele entre no exílio, ou seja, se ele
não vir que não se consegue libertar a si mesmo do exílio sozinho, não se pode dizer que ele
deve ser retirado de lá. Isto assim é pois embora ele clame, “Tira-me do estado em que estou”,
isso não é uma verdadeira oração pois como sabe ele que não consegue sair sozinho?
Em vez disso, isto pode ser dito precisamente quando ele se sente no exílio, ou seja, que ele
vai orar do fundo do coração. Há duas condições para orar do fundo do coração: 1) Sua obra
deve ser contra a natureza. Isto é, ele quer fazer tudo somente para doar e quer sair do amor
próprio. Nessa altura pode ser dito que ele tem uma carência. 2) Ele começa a sair do amor
próprio sozinho e se esforça nisso, mas não se consegue mover um milímetro do seu estado.
Nessa altura ele se torna necessitado da ajuda do Criador e sua oração é verdadeira pois ele vê
que não consegue fazer coisa alguma sozinho. Então, quando ele clama que o Criador o ajude,
ele sabe isto a partir da obra, como está escrito, “E os filhos de Israel suspiraram por causa da
obra”. Isto significa que ao trabalhar e querer alcançar o grau de ser capaz de doar sobre o
Criador, eles viram que não conseguiam emergir da sua natureza então eles oraram do fundo
do coração.
Com isto nós vamos entender o que questionámos sobre o versículo, “e seu choro por causa
da obra subiu até Deus”. Significa isto que os piores tormentos, sobre os quais se tratou seu
clamor, eram somente sobre o trabalho e não sobre outras coisas. Em vez disso, isso significa
que eles clamavam pela sua situação — que não conseguiam emergir do amor próprio e
trabalharem pelo Criador. Este foi seu exílio, que os atormentou — que eles viram que
estavam debaixo do seu controle.

Sucede-se que no exílio no Egito eles obtiveram Kelim, ou seja, um desejo que o Criador os
ajude a emergir do exílio, tal como dissemos acima que não há luz sem um Kli, pois somente
quando oramos uma verdadeira oração, quando um vê que não pode ser salvo e somente o
Criador o pode ajudar, é isto considerado uma verdadeira oração.
246. Qual é a Principal Deficiência Pela Qual Se Deve Orar?

Artigo 12, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


É sabido que a Criação é chamada “deficiência”. É por isso que ela é chamada “existência a
partir da ausência”. O homem foi criado cheio de deficiências. Desta forma, para o homem ter
sucesso na obra quando ele avança para satisfazer suas deficiências ele deve primeiro saber
qual é a principal deficiência à qual ele deve dar preferência sobre todas as suas outras
deficiências. Uma vez que há deficiências espirituais e deficiências espirituais devemos
primeiro clarificar quais definimos como “espirituais” e quais definimos como “corpóreas. ”
No ensaio, “Prefácio à Sabedoria da Cabala” (item 11) está escrito, “Agora podeis entender a
verdadeira diferença entre a espiritualidade e corporeidade: qualquer coisa que contenha um
desejo completo de receber, com todos seus Bechinot [discernimentos], que é
chamado Bechiná Dálet, é considerado ‘corpóreo’. É isto o que existe em todos os elementos
da realidade perante nós neste mundo. Inversamente, qualquer coisa acima desta grande
medida de desejo de receber é considerado ‘espiritualidade’”.
Sucede-se que corporeidade significa que se relaciona a satisfazer nossa vontade de receber.
Logo, tudo aquilo que um faz para seu próprio benefício é chamado “corporeidade” e aquilo
que ele faz para beneficiar o Criador é chamado “espiritualidade”.
Está deste modo claro que não precisamos de criar o Kli [vaso] para a corporeidade, ou seja, o
desejo de satisfazer a autogratificação, um Kli de querer receber em prol de receber, uma vez
que o Criador nos deu tais Kelim [vasos] no começo da Criação, como é sabido que o
pensamento da criação, chamado “Seu desejo de fazer o bem às Suas criações”, criou a
vontade de receber em existência a partir da ausência, que devemos querer receber deleite
e prazer. Também, o Criador satisfaz esse Kli como Lhe apetece. Logo, não precisamos de
pedir vasos de recepção.
Portanto, a oração que damos para a corporeidade é somente pelo preenchimento, ou seja, que
o criador satisfaça todas as coisas que sentimos que precisamos dado que a sensação de
carência é o que nos faz sofrer. E o sofrimento que sentimos é a razão pela qual fazemos tudo
o que podemos para satisfazermos nossos desejos.
Isto assim não é quando precisamos de orar pela espiritualidade, que o Criador satisfaça
nossas deficiências, dado que a carência pela espiritualidade foi a razão pela oração que o
Criador conceda nossos desejos dado que sofremos, pois, nossa deficiência não foi
preenchida, uma vez que esta deficiência ainda não nasceu em nós, ou seja, a carência de
satisfazer o Kli chamado “vasos de doação”, que é a diferença entre a espiritualidade e
corporeidade. O Kli corpóreo é chamado “vaso de recepção” e quer satisfazer sua
autogratificação. Um Kli espiritual é chamado “um Kli que quer satisfazer o benefício do
Criador”, contrário ao nosso próprio benefício.
Este Kli está ausente na natureza da criação uma vez que por natureza, o homem nasce
somente com um Kli de autogratificação. A razão pela qual dizemos para nossos corpos que
devemos trabalhar para beneficiar o Criador é que ele não entende o que lhe está a ser dito,
pois ele não consegue perceber não considerar seu próprio benefício e pensar todo o dia sobre
beneficiar o Criador. É especialmente assim quando ele escuta que devemos abdicar dos
prazeres que pertencem ao amor próprio em favor de beneficiar o Criador.
Esta coisa é tão estranha para o corpo quando ele escuta que um deve trabalhar somente em
prol de doar que imediatamente se torna um chico esperto e pergunta, “Gostaria de saber se
vês outras pessoas a caminhar nesta linha pelas quais, tu, queres fazer o mesmo? Verdade,
concordaria contigo, mas vê por ti mesmo quantas pessoas vês cujo todo o pensamento na
vida é somente ver o benefício do Criador e não o seu próprio? Se assumirmos que sabes que
há pessoas que caminham nesta linha, quanto tempo e esforço colocaram elas em terem a
habilidade de fazer tudo somente para doar? E especialmente, quanto tempo deve isto levar,
um mês, dois meses, um ano, dois anos”? E ele torna-se ainda mais chico esperto e pergunta,
“Será que todos aqueles que investiram tempo e esforço alcançam este grau de estarem acima
para direcionarem todas suas obras para doar”? Com estas palavras eles conseguem desviar
uma pessoa da obra que pertence ao caminho da doação. Sucede-se de tudo o citado que a
respeito da espiritualidade, chamada “trazer contentamento ao seu Fazedor”, uma pessoa não
tem tal deficiência. Pelo contrário, se ela tiver um pensamento que devemos fazer algo para
doar sobre o Criador sem qualquer recompensa, todos os pensamentos e desejos do corpo
imediatamente protestam e clamam, “Não sejas tolo e uma exceção ao ir contra a maioria,
que sabem que a razão que te obriga a trabalhar é o benefício próprio.
Somente com esta força consegue ele se envolver em Torá e Mitzvot [mandamentos]. Embora
ele saiba que deve se envolver em Lishmá [pelo Seu bem], mas há uma resposta geral para
isto, que ele mantém o que nossos sábios disseram, “Um sempre deve se envolver em Torá
e Mitzvot Lo Lishmá [não pelo Seu bem] pois de Lo Lishmá será ele recompensado
com Lishmá”. Contudo, ele não deve estar preocupado com isto, ou seja, testar se já se
aproximou realmente de Lishmá. Em vez disso, ele sabe que o bem está destinado a chegar,
ou seja, que certamente ele alcançará Lishmá, então ele não precisa de pensar sobre o sentido
de Lishmá pois ele não precisa de escrutinar os detalhes das coisas que é suposto não
escrutinar. Em vez disso, ele vive como a maioria.
Portanto, há uma grande diferença entre a oração que um ora pela corporeidade e a oração que
um ora pela espiritualidade. Pela espiritualidade, ele deve orar primeiro pelo Kli, ou seja, por
uma deficiência, para sentir dor e tristeza por não ter este Kli, chamado “desejo”, ou seja,
desejar trazer contentamento ao seu Fazedor.
Acontece assim que ele não precisa de orar para satisfazer a deficiência, como na
corporeidade quando ele tem uma necessidade e pede pela satisfação da necessidade, dado
que ele ainda não tem Kli pela espiritualidade. Assim, quando ele vem para orar pela
espiritualidade ele deve orar pelo Kli — que o Criador lhe dê um Kli de querer doar sobre o
Criador. Posteriormente, quando ele tiver um Kli que pertença à espiritualidade ele será capaz
de orar para a abundância entrar no Kli espiritual.
Sucede-se do citado que a verdadeira deficiência pela qual um deve orar para o Criador deve
ser o Kli. Segue isto a regra, “Não há luz sem um Kli”. Quando ele ora por uma verdadeira
deficiência que ele carece vem a concessão da oração quando o Criador lhe dá um novo Kli,
como está escrito, “E Eu removerei o coração de pedra da tua carne e te darei um coração de
carne”.
Eu escutei sobre esta deficiência de Baal HaSulam, que disse em nome do seu professor, o
ADMOR de Pursov, sobre o versículo, “Ordenai a Aarão (Levítico, 6:2). “RASHI interpreta,
‘‘Ordenai’ significa apressar prontamente e para a posteridade. Rabi Shimon disse, ‘a escrita
deve apressar principalmente onde os bolsos estão vazios’’”. Ele interpretou significar que
“bolso” é um Kli no qual colocar dinheiro. Normalmente, nos esforçamos e preocupamos com
obter dinheiro. E ele disse, “Um deve estar mais preocupado onde os bolsos estão vazios, ou
seja, onde não há Kli. ”
Isso é como explicámos que na espiritualidade um não precisa de orar que o Criador lhe dê
abundância e luzes. Em vez disso, primeiro ele deve ver se tem um Kli, ou seja, um desejo e
anseio para doar sobre o Criador, dado que por natureza queremos somente receber e não dar.
Sucede-se que quando um entra na obra sagrada e quer receber completude, ele deve se
esforçar com todo o seu poder para obter o desejo de querer trazer contentamento ao seu
Fazedor. É aqui que ele deve focar todas as suas orações — que o Criador o ajude e lhe dê
este novo Kli. Ele deve dizer perante Ele: “Senhor do mundo, tal como Tu me deste quando
vim inicialmente para este mundo um Kli de somente receber para meu próprio bem, agora Te
peço que me dês um novo Kli, para ter um desejo de doar somente contentamento sobre Ti”.
Podemos questionar, “Como pode um orar para lhe ser dado um Kli chamado ‘desejo de
doar’, quando dizemos que ele não precisa deste Kli pois ele não sente que ele lhe vai faltar”?
Como, então, pode um pedir alguma coisa que ele não precise?
Embora ele veja que não tem o Kli chamado “desejo de doar”, isso não significa que ele
precisa de tudo aquilo que ele não tem. Está escrito sobre as Sefirot superiores que
a Sefira [singular de Sefirot] Biná deseja misericórdia embora tenhamos aprendido que
através da Tzimtzum Bet [segunda restrição] ela tenha abandonado a Rosh de AA. Ainda assim
é considerado que ela não partiu, pois embora ela não tenha Chochmá, isso não é considerado
uma deficiência pois ela não precisa dela.
Nós vemos que qualquer coisa que um não tenha é considerado uma carência precisamente
quando ele precisa dela. Além do mais, ele deve sentir dor por não ter. Isto é, até quando ele
sente que precisa dela, mas não está atormentado por não a ter, ainda não é considerada uma
deficiência. Assim, como pode ele orar por alguma coisa para a qual ele não tenha
deficiência?
É por isso que ele deve pensar sobre o propósito da criação, que é como sabemos fazer o bem
às Suas criações. Quando ele começa a criticar esse bem, que está entre as criaturas, ou seja,
seu deleite neste mundo do deleite e prazer que o Criador lhes quer dar, ainda assim ele não o
consegue encontrar entre as criaturas, isso o faz perceber que deve haver uma razão que negue
o deleite e prazer às criaturas e pela qual a abundância superior não é revelada e por que o
propósito da criação não pode ser completado.
Quando ele olha para si mesmo ele diz que tudo aquilo que vê — que as criaturas não
receberam a abundância — deve ser pois elas não observam Torá e Mitzvot como um deve
observar os mandamentos do Rei. É como disseram nossos sábios, “O Criador quis
recompensar Israel, desta forma Ele lhes deu bastantes Torá e Mitzvot [mandamentos]”.
Significa isto que através da Torá e Mitzvot podemos nós ser recompensados com o deleite e
prazer.
Contudo, a questão é, “Por que não estão a observar a Torá e Mitzvot como é apropriado
quando se serve o Rei? Ele diz que isso é porque nos falta a sensação da importância da Torá
e Mitzvot e que nos falta a importância do Mitzvá [mandamento] que Ele nos ordenou de
manter Sua Torá e Mitzvot.
Nessa altura uma pessoa chega a uma resolução de que somente o Criador consegue corrigir
isto. Isto é, se Ele nos revelar um pouco de luz da Torá e Mitzvot para que sintamos o prazer
neles certamente seremos capazes de servir o Rei com nossos corações e almas, tal como deve
ser com aqueles que sentem a grandeza do Rei. Assim, pelo qual oramos para o Criador? Para
dar alguma abundância superior. Então todos se envolverão em Torá
e Mitzvot adequadamente, sem qualquer negligência.
Contudo, nós vemos aquilo que diz o sagrado ARI, que a Nukva era desadequada lá, daí que
houvesse a quebra. A Ór Pnimi [comentário “Reflexão Interna” dentro de O Estudo das Dez
Sefirot] interpreta as palavras do ARI que uma vez que a abundância superior que devia entrar
no Kli para receber a abundância em prol de doar, dado que a luz era maior que o Kli estava
pronto para receber — ou seja, que o Kli devia receber luz precisamente de acordo com sua
habilidade de direcionar em prol de doar e ele não conseguia direcionar para doar com
tamanha grande luz — a luz teve de entrar nos Kelim[vasos] cujo desejo é em prol de receber.
Isto é chamado Klipá [casca/pele]. Sucede-se que os Kelim quebraram. Logo, caso a
abundância entre nestes Kelim ela irá para os externos, para as Klipot [plural de Klipá]. Isto é
semelhante a dizer que o Kli foi quebrado para que não coloquemos coisa alguma nele pois
ele vai derramar tudo para fora.

Deste modo, um não deve orar para que seja dada abundância do alto, dado que toda ela irá
para os externos. Em vez disso, ele deve orar para o Criador lhe dar um Kli, que é um desejo e
anseio para doar sobre o Criador. Quando ele tiver esse Kli, a abundância superior vai
aparecer ao homem e ele sentirá o deleite e prazer que estavam no pensamento da criação de
fazer o bem às Suas criações. Portanto, nós devemos pedir ao Criador pelo que precisamos
realmente, que é um vaso de doação e não precisamos de orar por qualquer outra coisa.
249. Vem ao Faraó – 2

Artigo 13, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


O Zohar pergunta: “Está escrito: 'Venha ao Faraó', mas deveria ter dito: 'Vá ao Faraó', etc. Já
que o Criador viu que Moisés estava com medo e outros emissários designados não puderam
se aproximar dele, o Criador disse: 'Veja, que Eu estou contra você, Faraó, rei do Egito, o
grande monstro que jaz no meio do seu Nilo'. O Criador teve que travar guerra contra ele e,
nenhum outro, como está escrito: 'Eu sou o Senhor', o que eles explicaram: 'Eu e não um
mensageiro.'“ Até então suas palavras (no início da parte: Bo [Venha]).
A diferença entre “venha” e “vá” é que “venha” significa que devemos caminhar juntos, como
uma pessoa diz ao seu amigo: “Venha”.
Devemos entender isso, pois o Zohar pergunta porque o Criador precisava ir com Moisés. É
porque Moisés sozinho não podia lutar contra ele, mas, o próprio Criador e nenhum outro.
Assim, porque ele precisava que Moisés fosse com o Criador? Afinal, ele diz: “Eu e não um
mensageiro”. Assim, qual é o ponto do Criador indo ao Faraó, que é chamado “grande
monstro”, com Moisés? Ele poderia ter ido ao Faraó sem Moisés.
Devemos também entender o que nossos sábios disseram (Kidushin [Matrimônio] 30b): “Rish
Lakish disse: 'a inclinação do homem supera-o todos os dias e procura matá-lo, como é dito:
'O ímpio espreita o justo' e se o Criador não o ajudar, ele não iria superá-la, como é dito: 'O
Senhor não o deixará por conta própria'“.
Aqui, também, surge a pergunta: “Se uma pessoa não pode prevalecer por si mesma e precisa
da ajuda do Criador, porque essa duplicação”? Em outras palavras, ou o Criador dá a uma
pessoa a força para superar sozinha ou o Criador fará tudo. Porque parecem ser necessárias
duas forças aqui, uma, a do homem e, subsequentemente, a força do Criador? É como se só as
duas conseguissem conquistar o mal e, uma força fosse insuficiente.
Sabe-se que a perfeição do homem é que ele deve atingir o propósito da criação para obter o
propósito pelo qual o mundo foi criado, que é chamado “fazer bem às Suas criações”. Em
outras palavras, as criaturas deverão vir a receber o deleite e prazer que Ele contemplou para
deliciá-las.
Antes disso, a criação não é ainda considerada uma criação que condiz com o Criador, pois se
sabe que do Operador perfeito, devem emergir operações perfeitas. Isto significa que todos
devem sentir a beleza da criação e serão capazes de louvar e glorificar a criação, que todos
serão capazes de glorificar e agradecer ao Criador pela criação que Ele criou e que todos serão
capazes de dizer: “Abençoado é Ele que disse: ‘Haja o mundo’”. Em outras palavras, todos
devem abençoar o Criador por ter criado um mundo bom, cheio de prazeres, onde todos estão
alegres e felizes devido ao contentamento que sentem de todos os prazeres que estão
experimentando no mundo.
No entanto, quando uma pessoa começa a examinar se está realmente satisfeita com sua vida
e quanto contentamento está realmente obtendo de si mesma e do seu ambiente, ela vê o
oposto—todos estão sofrendo em tormento e, cada pessoa sofre de modo diferente. Mas deve-
se dizer: “Bendito seja Ele que disse: 'Haja o mundo'“, então ela vê que só está dizendo isso
superficialmente.
No entanto, sabe-se que o deleite e o prazer não podem aparecer no mundo antes que o mundo
tivesse Kelim (vasos) de doação, uma vez que nossos vasos de recepção ainda estão
contaminados com recepção para si mesmos, que está fortemente limitada na sua medida e
nos separa do Criador (ou seja, que houve a primeira restrição nos vasos de recepção para que
a abundância não brilhasse aí, veja na “Introdução ao Livro do Zohar”, pág. 138).
Obtendo os vasos de doação é onde disputas e guerras começam, já que é contra a nossa
natureza. E é por isso que nos foram dados Torá e Mitzvot, para alcançarmos o grau de
doação, como nossos sábios disseram: “Eu criei a má inclinação, Eu criei a tempero da Torá”
(Kidushin 30).
Além disso, nos foi dada a Mitzvá (mandamento/boa ação) de “ame o seu amigo como a si
mesmo”, e Rabi Akiva disse: “Esta é a grande regra da Torá” (Beresheet Rabba, Parashá 24).
Em outras palavras, por trabalhar no amor de amigos, uma pessoa se habitua a sair do amor-
próprio e a alcançar o amor dos outros.
No entanto, devemos entender o que vemos diante de nós, que há pessoas que atuam no amor
dos amigos e ainda não se moveram um milímetro mais próximos do amor do Criador, para
que possam trabalhar em Torá e Mitzvot, devido ao amor do Criador. Isto significa que eles
dizem que, de fato, estão avançando um pouco no amor dos amigos, mas eles não vêm
progresso no amor do Criador. No entanto, devemos saber que no amor dos amigos, também
existem graus, o que significa que devemos contemplar a obrigação do amor dos amigos.
Podemos compará-lo a um prédio de dois andares mais um piso térreo. O Rei está no segundo
andar, e quem queira chegar ao Rei—cujo único objetivo seja conversar com o Rei face-a-
face—lhe dizem que deve primeiro subir ao primeiro andar, já que é impossível subir ao
segundo andar sem antes subir ao primeiro andar.
Certamente, todos entendem que isto é assim. No entanto, há um motivo pelo qual devem
primeiro subir ao primeiro andar—ele é chamado “correções”. Em outras palavras, ao subir ao
primeiro andar, uma pessoa pode aprender como dirigir-se ao Rei face-a-face, e será capaz de
pedir ao Rei o seu desejo.
Essa pessoa, que ouve que primeiro tem de subir ao primeiro andar e, depois, ao segundo
andar, entende isso muito bem. Mas já que seu único desejo é ver o rosto do Rei e não se
preocupa com mais nada, isso faz com o que lhe é dito— que tem que subir ao primeiro
andar—seja um fardo e um trabalho árduo para ele.
No entanto, ele não tem escolha, então ele sobe ao primeiro andar. Ele não está interessado
em ver o que tem lá, embora tenha ouvido que o primeiro andar é onde se aprende a falar com
o Rei. Mas ele não presta atenção a isso, pois não é esta sua meta. Sua meta é o Rei, não o que
ele pode aprender no primeiro andar. Sua meta não é o estudo, mas sim ver o rosto do Rei.
Porque deveria ele perder tempo com trivialidades, já que tudo é nada comparado com o Rei?
Assim, por que deveria ele ter interesse no que é ensinado no primeiro andar?
Assim, quando ele sobe ao primeiro andar, não tem nenhum desejo de ficar lá. Pelo contrário,
deseja subir rapidamente para o segundo, para o Próprio Rei, porque isso é tudo o que ele
quer. No entanto, lhe é dito: “Sem saber as regras que se cumprem no primeiro andar, você
vai certamente manchar a honra do Rei. Por esta razão, você não pode esperar ser capaz de
subir ao segundo andar antes de aprender tudo o que há para aprender no primeiro andar”.
Da mesma forma, com o amor dos amigos, ouvimos que era impossível ser recompensado
com o amor do Criador antes de se ser recompensado com o amor dos amigos, como Rabi
Akiva disse: “amar seu amigo como a si mesmo é a grande regra da Torá”. Assim, ao
envolver-se no amor dos amigos, não considera o amor dos amigos como sendo valioso, mas
como redundante. Ele o mantém porque não tem escolha, mas está constantemente
procurando pelo momento que “serei recompensado com o amor do Criador e serei capaz de
livrar-me do amor dos amigos. Este trabalho é penoso para mim porque dificilmente posso
suportar meus amigos, pois vejo que todos eles têm características diferentes das minhas e
não tenho nada em comum com eles.
Mas não tenho escolha, pois me disseram que sem o amor dos amigos não serei capaz de
alcançar o amor do Criador. Assim, contra a minha vontade, eu sento-me com eles. “No
entanto, posso me perguntar: “O que estou recebendo dos amigos”? Só uma coisa: estou me
corrigindo pelo auto tormento de sentar-me com eles e tolerar as suas conversas, que não
gosto e que são contra a minha natureza. Mas que posso fazer? Disseram-me que preciso
sofrer neste mundo, então eu sofro: sento-me e espero pelo momento em que possa fugir deles
e evito ver a mesquinhez que vejo neles “.
Sucede que ele não está tomando do amor dos amigos o remédio chamado “amor dos outros”,
mas apenas por que lhe foi falado que ele não tem escolha, caso contrário não atingirá o amor
do Criador. Esta é a razão pela qual ele se engaja no amor dos amigos e cumpre todas as
obrigações que os amigos lhe atribuem.
Mas o que deve aprender com eles, está a milhas de distância dele. Isto significa que ele não
está saindo do amor-próprio e não está atingindo o amor dos outros. Ele está observando o
amor dos amigos não por amor, mas por medo, já que não é admitido no amor do Criador
antes que entre no amor dos amigos. Como resultado, ele teme não observar o amor dos
amigos porque não será admitido no amor do Criador.
Isto é semelhante à alegoria sobre não ser admitido ao segundo andar, onde o Rei está
sentado, até que suba ao primeiro andar. A ideia é que aprenderá as regras de como manter a
honra do Rei, então, parece razoável que ele ficasse feliz por subir ao primeiro andar, já que
agora está aprendendo como ser cuidadoso com a honra do Rei.
Iria beneficiá-lo, porque mais tarde, quando entrar no palácio do Rei, ele não manchará a
honra do Rei. Portanto, enquanto estiver no primeiro andar, presta atenção a todas as regras
que se aplicam lá e vai-se acostumando a elas, já que ele quer chegar ao Rei, para doar ao Rei,
e sobretudo, não desdenhar a honra do Rei.
Isto se refere apenas a quem deseja vir ante o Rei para Lhe dar contentamento. Mas quem
deseja vir perante o Rei para auto recepção, considera redundante o que se encontra no
primeiro andar. Não é de seu interesse. Ele vai ao primeiro andar só porque tem medo, pois
sabe que não lhe será permitido subir ao segundo andar antes que suba ao primeiro andar. Ele
não sente necessidade de estudar as leis que são ensinadas lá—como evitar manchar a honra
do Rei— dado que a única razão pela qual ele quer vir ante o Rei é para fins de amor próprio.
Portanto, devemos saber que nos foi dado o amor dos amigos para aprendermos como evitar
manchar a honra do Rei. Em outras palavras, se ele não tem outro desejo exceto dar
contentamento ao Rei, ele certamente manchará a honra do Rei, o que é chamado: “Passando
sobre Kedushá (santidade) para os externos”.
Por esta razão, não devemos subestimar a importância do trabalho no amor dos amigos, pois
por ele, aprenderá como sair do amor-próprio e entrar no caminho do amor dos outros. E
quando ele completar o trabalho de amor dos amigos, será capaz de ser recompensado com o
amor do Criador.
Devemos saber que há uma virtude para o amor dos amigos: não se pode enganar a si mesmo
e dizer que ama os amigos, se de fato não os ama. Aqui ele pode verificar se realmente tem
amor dos amigos ou não. Mas, com o amor do Criador, não se pode examinar a si mesmo para
saber se sua intenção é o amor do Criador, ou seja, que ele quer doar ao Criador ou, seu
desejo é receber a fim de receber.
Mas devemos saber que após todas as correções que é dado ao homem fazer sem a ajuda do
Criador, não lhe será concedido nenhum progresso no trabalho de doação. E perguntamos:
“Porque então, deve-se fazer coisas para depois ser recompensado com a ajuda do Criador?
Afinal, o Criador pode ajudar, mesmo sem o trabalho dos inferiores, e o trabalho do homem
sobre o progresso no trabalho não ajudará em qualquer caso”.
No entanto, se alguém não começa a trabalhar, não sabe que não pode triunfar sobre a
inclinação. Mas quando uma pessoa começa a caminhar na obra do Criador e faz o que pode
fazer, então pode oferecer uma prece verdadeira ao Criador para que o ajude.
Mas porque querer-lhe-ia o Criador para oferecer uma verdadeira oração? Com carne e
sangue, você pode dizer que ele o quer para fazer um apelo genuíno porque quando uma
pessoa faz um apelo genuíno por seu amigo, seu amigo dá-lhe verdadeira gratidão. A carne e
sangue, que perseguem honrarias, a gratidão que ele lhe dá é como se o amigo estivesse se
rebaixando diante dele e ele gostasse.
Mas pelo Criador, Ele precisa receber o respeito das pessoas? Então, porque o Criador
quereria uma pessoa para fazer uma oração sincera? A fato é que é sabido que não há luz sem
um Kli. É impossível para alguém dar algo que é muito importante, e, se não tiver nenhum
desejo por certa coisa, vai desvalorizá-la e descartá-la. Ela será perdida porque a necessidade
por algo se iguala ao que ele precisa; isto dá a importância. Na medida da importância, ele
mantém o presente de se perder, pois caso contrário tudo irá para as Klipot.
Isso é chamado de “amamentando as Klipot”, o que significa que tudo vai para os vasos de
recepção, que tomam sob sua autoridade tudo o que uma pessoa minimiza em termos de
Kedushá. Disso, sabemos porque alguém deve começar o trabalho. Mas porque o Criador não
lhe dá força para completar o trabalho sozinho, sem Sua ajuda?
É sabido que O Zohar interpreta sobre o que nossos sábios disseram: “Aquele que vem para
ser purificado é ajudado”. Ele pergunta: “Com o quê”? E diz: “Com uma alma santa”, ou seja,
que recebe iluminação de cima, que é chamada Neshamá (uma alma), chamada “alcançando
Divindade”, que significa que ele é incluído no pensamento da criação de fazer bem às Suas
criações.
Segue-se que por ter um Kli e um desejo por vasos de doação, ele recebe a luz, chamada
Neshamá. Assim, ambos são necessários. Em outras palavras, uma pessoa deve começar e por
isso recebe um Kli. E por ser incapaz de terminar, implora ajuda ao Criador e então recebe a
luz.
Agora podemos entender o que está escrito: “Vem ao Faraó, pois endureci seu coração e o
coração dos seus servos, para que Eu possa mostrar-lhes Meus sinais no meio deles”.
Uma questão surge: “Porque o Criador endureceu o coração do Faraó”? O texto responde:
“Para que Eu possa mostrar-lhes Meus sinais no meio deles”. E a interpretação é: “Porque o
Criador endureceu o coração do homem e ele não pode vencer a guerra contra a inclinação,
por si mesmo?
A resposta é: portanto o homem implorará ao Criador e, através disso terá um Kli. E então o
Criador será capaz de colocar as letras da Torá nele, dentro do Kli. Esta é a alma que o
Criador lhe dá como ajuda.
Isto é considerado: “A Torá e o Criador são um”. “Meus sinais”, se refere às letras da Torá,
como nos nomes do Criador. Isto é o “fazer bem às Suas criações”, que é o pensamento da
criação, fazer bem às Suas criações. Isto vem a uma pessoa especificamente quando ela tem
um Kli e, este Kli vem através do endurecimento do coração, pois então há um lugar onde ela
pode implorar ao Criador por ajuda e Ele a ajuda com uma alma santa.
Agora podemos ver a questão de “Vem ao Faraó”, significando ambos, juntos. Em outras
palavras, uma pessoa deve começar e então ver que não pode derrotá-lo e isto está implícito
em Moisés ter medo de aproximar-se dele. E então o Criador disse: “Veja, estou contra ti,
Faraó”, significando que, então, vem a ajuda do Criador. E com o quê? Com uma alma santa,
como está escrito no Zohar.
Segue-se que o endurecimento do coração, nas palavras: “Pois Eu endureci o seu coração”, foi
para criar um lugar para uma oração. E esta oração não é como uma de carne e sangue, que
quer respeito, para ser feita, de forma que ele será respeitado. Ao contrário, o propósito da
oração é para ele ter um Kli, uma necessidade da ajuda do Criador, pois não há luz sem um
Kli. E quando uma pessoa vê que não pode ajudar-se de forma alguma, então tem uma
necessidade pela ajuda do Criador.
Este é o significado do que disseram os nossos sábios: “O Criador anseia a oração dos justos”.
Também aqui surge a pergunta: “Mas o Criador precisa que o homem se renda, que ele Lhe
peça”? No entanto, dado que o Seu desejo é beneficiar as Suas criações, mas não há luz sem
um Kli, Ele anseia a oração dos justos, pois através disso eles revelam os Kelim (vasos) nos
quais Ele pode doar.
Daí que, quando uma pessoa vê que não consegue superar o mal em si, este é realmente o
momento para pedir a ajuda do Criador. Agora podemos entender o que o Criador disse
(Êxodo 6): “E Eu vou tomá-los para Mim, como povo, e Eu serei para vocês um Deus; e
saberão que Eu sou o Senhor seu Deus, quem os tirou de debaixo das cargas dos Egípcios”.
Em Masechet Berachot (38a), nossos sábios escreveram sobre isto como segue:
“Quem os tirou de debaixo das cargas dos Egípcios”. Os sábios ... assim disse o Criador à
Israel: “Quando Eu os tirar, farei algo para lhes mostrar que fui Eu que os tirou do Egito,
como está escrito: ‘Que Eu sou o Senhor seu Deus, quem os tirou’”.
Isso significa que não basta que o Criador tire o povo de Israel do Egito, que eles sejam
libertados do tormento que lá sofreram. Quando se fala da obra do Criador, surge a pergunta:
“Isso não bastou”? Agora eles foram libertados da escravidão do exílio, depois de não terem
sido capazes de servir o Criador devido ao domínio do Faraó e, tudo o que eles construíram
por si mesmos, independentemente da posição no trabalho, tudo foi engolido pela terra, como
nossos sábios disseram (Sutá pág. 11): “Pithom e Ramsés. Rav e Shmuel, uma disse que seu
nome era Pithom. E porque era Ramsés o nome dela? Pois sua cabeça Mitroses (estilhaça)
primeiro”. RASHI interpreta: “Quando eles construíram algo, isso se estilhaçaria e cairia. Eles
reconstruiriam e voltaria a cair. E alguém disse: ‘Seu nome é Ramsés e, porque era seu nome
Pithom? É porque primeiro é primeiro, foi engolido pela Pi Tehom (boca do abismo) ’.
Vemos, portanto, que não há disputa entre Rav e Shmuel sobre os fatos, apenas sobre a
interpretação. O fato era que tudo o que eles construíssem cairia. Isto significa que cada vez
que construíram para si mesmos, alguma estrutura no trabalho, os Egípcios vieram, ou seja, os
pensamentos estranhos dos Egípcios e, arruinaram todo o seu trabalho. Em outras palavras,
todo o trabalho que fizeram com todos os seus esforços para superar e servir na obra de
santidade foi engolido pelo chão.
Assim, a cada dia eles tinham que começar novamente, e isso parecia-lhes como se nunca
estivessem envolvidos no trabalho de santidade. Além disso, cada vez que tencionassem
avançar, viam que não só não progrediam como até regrediam, dado que novas questões de
“quem” e “o que” emergiam nas suas mentes.
Assim, devemos entender esse êxodo do Egito, como eles finalmente tendo a capacidade de
servir o Criador sem pensamentos estranhos dos Egípcios. Assim, o que este conhecimento
nas palavras: “E você deve saber” vem nos dizer? Que devemos saber que é o Criador que os
libertou da terra do Egito. E há mais sobre o que devemos ponderar, visto que começamos a
análise na escravidão no Egito, quando eles estavam trabalhando no trabalho duro e foram
libertados disso, portanto que mais eles perdem?
Mas o que é trabalho duro? Nossos sábios explicaram o versículo: “Todos os seus trabalhos
que rigorosamente lhes impuseram” (Sutá 11b). “Rabi Shmuel Bar Nahmany disse: Rabi
Yonatan disse: ‘Eles substituíram o trabalho dos homens pelo trabalho das mulheres e o
trabalho das mulheres pelo trabalho dos homens’. E os Egípcios fizeram os filhos de Israel
servir BeParech (com rigor) ”. Rabi Elazar disse: “Be Pê Rach (com uma boca suave) ”.
Devemos entender também a questão do trabalho duro no trabalho de santidade. Devemos
fazer dois discernimentos:
1. O ato chamado “a parte revelada”, que uma pessoa pode ver e onde ela não pode dizer que
está errando ou iludindo a si mesma, uma vez que não se pode dizer que há um engano sobre
algo que é visivelmente aparente. Isto é assim porque com o ato de Mitzvot e o estudo da
Torá, ele vê, e os outros também podem ver, se ele está ou não realizando ações de Torá e
Mitzvot.
2. A intenção. Isto é chamado “a parte oculta”, visto que os outros não podem ver a intenção
por trás dos atos de alguém. E também ele não pode ver a intenção no ato, já que é possível
estar enganado sobre intenção e enganar a si mesmo, pois só nas coisas aparentes, chamadas
“a parte revelada”, todos podem ver a verdade. Mas que alguém não pode confiar em si
mesmo quando se trata de intenções do coração ou pensamentos pecaminosos da mente.
Segue-se que isto está escondido de si mesmo e dos outros.
Podemos agora interpretar o significado do trabalho duro, que foi dito ser “substituindo o
trabalho de homens por trabalho de mulheres”. “Trabalho de homens” significa que ele já é
um Gever (homem), que consegue LeHitgaber (superar) seu mal e engajar-se, em ação, na
Torá e Mitzvot. Assim, o que deveria ele fazer quando já é chamado “um homem”,
significando um homem de guerra, que pode lutar com o seu mal em ação? Agora é tempo de
ele começar seu trabalho no segundo discernimento, significando no oculto, que é o objetivo.
Em outras palavras, a partir daí ele deve tentar direcionar todas as suas ações para o fim de
dar contentamento ao Criador e não para o seu próprio benefício.
E que fizeram os Egípcios, quando viram que ele era um homem que podia sair dos seus
domínios e entrar na santidade? Trocaram o seu trabalho e deram-lhes trabalho de mulheres.
Isto significa que todo o seu trabalho era trabalho de mulheres, isso é, os Egípcios fizeram-
nos pensar: “Quem precisa de intenções? As ações são o que conta, e aqui, nas ações, você
terá sucesso, como pode ver: você é um homem, você consegue prevalecer sobre o mal em si
e envolve-se em Torá e Mitzvot em cada detalhe e precisão e você deve colocar todos os teus
esforços em ser mais meticuloso em Torá e Mitzvot.
“No entanto, você não deveria se engajar em intenções! Este trabalho não é para você, mas
apenas para uns poucos escolhidos. Se começar com o trabalho de doação, ou seja, notando
que você deve direcionar tudo para o fim de doar, não terá a energia para ser tão meticuloso
na ação revelada, onde não enganará a si mesmo, porque você vê o que está fazendo.
Portanto, é aí que você pode expandir em cada detalhe e precisão nas suas ações.
“Mas com respeito às intenções, você não tem uma prova real. Assim, o aconselhamos para o
seu próprio bem e não pense, Deus proíba, que queremos desviá-lo do trabalho de santidade.
Pelo contrário, queremos que suba os graus de santidade”.
Isso é chamado: “substituindo o trabalho de homens pelo trabalho de mulheres”. Onde
deveriam ter feito trabalho que pertence aos homens, eles explicaram ao povo de Israel que
seria melhor para eles fazerem trabalho das mulheres, ou seja, aquilo que pertence às
mulheres.
“E o trabalho de mulheres pelo trabalho de homens” significa que essas pessoas não têm o
poder de superar. Pelo contrário: “Elas são tão débeis como uma mulher”, significando que
eram fracas em manter Torá e Mitzvot, e não tiveram a força para manter e observar as
Mitzvot, mesmo na forma revelada, que é chamada “só na ação”. E todo o trabalho de
superação foi apenas na ação, não na intenção.
Os Egípcios vieram junto a eles e os fizeram pensar: “Não queremos interromper a sua obra
sagrada. Ao contrário, os queremos para serem verdadeiros servos do Criador. Em outras
palavras, vemos que gostariam de servir na obra de santidade, por isso estamos lhes
aconselhando que a coisa mais importante não é a ação; é a intenção. Portanto, em vez de se
esforçarem para superar na ação, acostumando-se a superar seu corpo, para estudar por mais
uma hora ou para rezar mais meia hora, tentando responder “Bendito seja Ele” e “Bendito seja
o Seu Nome” e “Amém”, para não mencionar no meio da repetição do cantor.
Quem precisa disso?
“O principal objetivo é para o Criador. É onde vocês precisam focar todos os seus esforços.
Porque desperdiçar sua força em coisas insignificantes? Na verdade, a Halachá (lei religiosa)
diz que devem manter todas essas pequenas coisas, mas esse trabalho não é para vocês, é
trabalho para as mulheres. Vocês precisam se envolver em trabalho de homens. O fato que
desejam participar somente em ação é inconveniente para vocês. Devem se focar
principalmente na intenção, ou seja, usar toda a energia que tenham para que tudo será para o
Criador. No entanto, não pensem por um minuto que estamos tentando, Deus proíba,
interromper o seu trabalho do Criador. Nós queremos o contrário, que subam a escada da
santidade e atinjam a perfeição, ou seja, que todas as suas ações sejam apenas para doar
contentamento ao seu Criador”.
E já que estavam no grau chamado “mulheres” e ainda não tinham a força para superar, nem
mesmo no âmbito da ação (considerado que eles eram tão débeis quanto mulheres), os
Egípcios fizeram-lhes ver que o importante era focar Lishmá (em Seu nome). Por isso, os
Egípcios certificaram-se que eles não teriam a força para continuar e superar no trabalho de
santidade.
É como Maimônides diz, quando escreveu (Hilchot Teshuvá [Leis de Arrependimento],
Parashá nº 10): “Os sábios disseram: ‘A pessoa deve sempre envolver-se na Torá, mesmo em
Lo Lishmá (não em Seu nome), já que de Lo Lishmá chegará a Lishmá (em Seu nome) ”.
Portanto, quando ensinando aos pequenos, as mulheres e aos iletrados, em geral, devem ser
ensinados a trabalhar por medo e para receber recompensa. Quando ganharem conhecimento e
adquirirem muita sabedoria, ser-lhes-á mostrado esse segredo pouco a pouco, e devem ser
habituados a isso com facilidade, até alcançarem-no, e conhecerem-No e servirem-No por
amor”.
Os Egípcios aconselharam aqueles que estavam sob o discernimento de mulheres a não seguir
as palavras de Maimônides. Pelo contrário, mesmo que estivessem no grau das mulheres e dos
pequenos, fizeram-nos entender que deveriam imediatamente começar a trabalhar com o
propósito Lishmá. Através disso, os Egípcios certificaram-se que permaneceriam no seu
domínio, fora de Kedushá (santidade).
Assim, isto é chamado de “trabalho duro”, como Rabi Shmuel Bar Nahmany interpretou:
“BaParech (por trabalho esforçado) significa BePricha (frágil/fracionado) ”. E RASHI
interpretou: “no fracionamento e quebrar do corpo e da cintura”. A razão é que ao substituir o
trabalho de homens por trabalho de mulheres e o trabalho de mulheres pelo trabalho de
homens, será como explicamos, já que o trabalho de homens era superar e avançar e
direcionar para a intenção Lishmá, mas eles se enfraqueceram neste trabalho, porque os
Egípcios detiveram este trabalho. Assim, além de terem de labutar em superação para que
pudessem focar no objetivo de doar, tiveram mais trabalho porque os Egípcios fizeram-nos
pensar que todo este trabalho era redundante, que o trabalho de doação não tinha a ver com
eles, mas apenas com uns poucos escolhidos.
Isto é chamado de “trabalho dobrado”: 1) esforçar-se para direcionar para o fim de doar, e 2)
lutar contra eles, dizendo que não é verdade, que eles serão capazes de alcançar Lishmá e, não
como os Egípcios disseram, que eles deveriam fazer trabalho de mulheres. E foi esta a
intenção completa dos Egípcios, impedir-lhes a aproximação do trabalho de doação.
Também, eles substituíram o trabalho de homens com o de mulheres, o qual, como dissemos,
é inútil, porque está mantendo Torá e Mitzvot apenas na ação. Isto significa que toda a sua
guerra contra a inclinação é apenas sobre a ação, e não, como diz Maimônides, que o trabalho
de mulheres deve ser apenas de fazer coisas e não lhes ensinar que elas devem ter a intenção
Lishmá.
Portanto, quando os Egípcios vieram e disseram-lhes que tinham que fazer trabalho de
homens, ou seja, intenção de doar, isso foi trabalho duro para eles:
1) Relativo a Lishmá, vocês são totalmente incapazes disso;
2) Superar o corpo e manter Mitzvot práticos foi mais difícil para eles, antes dos pensamentos
estranhos dos Egípcios chegarem e os terem feito pensar que o ato de Mitzvot sem intenção
era completamente inútil e degradou a importância da Torá e Mitzvot em Lo Lishmá. Assim,
agora, através dos Egípcios, o trabalho na forma de mulheres foi degradado, e isso provocou-
lhes trabalho duro, como foi dito que é a quebra do corpo e da cintura.

Resulta de todo o exposto que há três significados para a palavra Perech (labor/trabalho duro),
contudo não há qualquer contradição entre cada interpretação. Ao contrário, todas as três
coisas estavam lá, e cada um interpretou de acordo com a sua própria visão:
1. Na primeira interpretação de Parech, Rabi Elazar diz que é “em Pê Rach (uma boca
suave)”.
2. Rabi Shmuel Bar Nahmany disse: “Em Perichá”, que significa quebrando.
3. Rabi Shmuel Bar Nahmany: “Rabi Yonatan disse: 'Eles substituíram o trabalho de homens
por trabalho de mulheres e o trabalho de mulheres pelo trabalho de homens”.
Contudo, todos eles interpretam trabalho duro como Perichá (quebradiço), ou seja, a quebra
do corpo. E a razão de ser trabalho duro ao ponto que eles chamavam esse trabalho, “Trabalho
que quebra o corpo e a cintura” é porque eles substituíram o trabalho de homens com o
trabalho de mulheres e o trabalho de mulheres com o trabalho de homens. Isso causou-lhes o
trabalho duro.
E, ainda assim, porque ouviram as opiniões dos Egípcios? É porque eles falaram à Israel com
Pê Rach (uma boca suave), ou seja, que os pensamentos dos Egípcios chegaram à Israel com
uma boca suave. Isso é, tudo o que lhes disseram para fazer não era para desviá-los de servir o
Criador, Deus proíba. Ao contrário, eles queriam orientá-los para andarem nos caminhos do
Criador com êxito, assim não perderiam tempo em vão, ou seja, que não vissem progresso no
trabalho de santidade. E por lhes falarem com uma boca suave, lhes foi difícil superar estes
pensamentos.
Isto implica que quando ele diz que eles substituíram o trabalho de homens com o de
mulheres, ele explica porque eles ouviram aos Egípcios. A resposta é: por causa de Perech,
que falaram à Israel com Pê Rach (uma boca suave). Assim, isso é pelas duas razões
anteriores que vieram a trabalhar em trabalho duro, como Rabi Shmuel Bar Nahmany diz:
Perech significa o trabalho de Perichá (quebra), que é trabalho que quebra o corpo.
Assim, devemos entender por que não é suficiente para o povo de Israel que o Criador os tirou
do Egito, da sua escravidão para que pudessem se envolver em Torá e Mitzvot, cada um de
acordo com a sua realização e a Klipá do Egito não teve a força para resistir ao seu trabalho.
De fato, quão grande é o milagre e quem pode apreciar a importância do assunto? Quando
uma pessoa considera a quantidade de sofrimento e tormento que sente estando no exílio sob
a escravidão de Faraó, Rei do Egito, e na medida da escuridão de Pithom e Ramsés que ele
assume no seu coração, o qual estavam construindo. E agora, os portões da Klipá do Egito
foram abertos diante deles, todos de uma vez, e eles ficaram sob sua própria autoridade. Isto
significa que agora eles ficaram livres para se envolver em Torá e Mitzvot como quisessem,
sem quaisquer interrupções. Que alegria e euforia isso traz para a pessoa quando compara o
tempo da escuridão com o momento em que ele ilumina. É como se diz: “Ele quem separa a
escuridão e a luz”.
De acordo com o anterior, devemos entender a necessidade de saber que somente o Criador os
liberta das cargas dos Egípcios, como os nossos sábios disseram: “Quando eu os tirar, eu farei
para vocês algo para lhes mostrar que fui Eu que os tirei do Egito, como está escrito: 'Que Eu
sou o Senhor seu Deus, quem os tirou de debaixo das cargas dos Egípcios'“.
A questão é que devemos sempre lembrar a meta que devemos alcançar. E já que o propósito
da criação é fazer bem às Suas criações, nossa meta é para recebermos o deleite e o prazer que
Ele contemplou a nosso favor. Mas para o propósito de correção, chamado Dvekút (adesão),
que é sobre equivalência de forma, temos que trabalhar para obter os vasos de doação.
Contudo, isto é apenas a correção da criação, isto não é a totalidade. Totalidade significa
conhecer o Criador, conhecer e alcançar a Torá, que é chamada “os nomes do Criador”.
Assim, não é suficiente que já tenhamos a força para manter Torá e Mitzvot sem quaisquer
interrupções, pois isto é apenas uma correção, não o objetivo completo. O objetivo completo é
obter o conhecimento da Torá, como em: “A Torá, Israel e o Criador são um”. É por isso que
nossos sábios disseram: “Isto é o que o Criador disse à Israel: ‘e você saberá que Eu sou o
Senhor seu Deus, quem o tirou’, Eu e não um mensageiro”. Isto significa que cada um deve
vir a conhecer o Criador, e isto é chamado “Torá”, os nomes do Criador.
257. Qual é a Necessidade de Tomar Emprestado Kelim [Vasos] dos Egípcios?

Artigo 14, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito (Êxodo 11), “Falai agora nas orelhas das pessoas que cada homem levará
emprestado do seu próximo e cada mulher da sua próxima vasos de prata e vasos de ouro. E o
Senhor deu o favor do povo aos olhos dos Egípcios”.
Disseram nossos sábios (Berachot, 9b), “Os discípulos de Rabi Yanai disseram, ‘‘Fazei’
significa por favor. O Criador disse para Moisés, ‘Por favor ide e dizei-lhes, Israel, a por favor
levarem emprestados os vasos de prata e os vasos de ouro dos Egípcios para que os justos não
digam, ‘Ele guardou, ‘E eles os escravizaram e afligiram’ e logo, Ele não manteve ‘E eles
sairão com muitas posses’’’”.
Isto é perplexo. Se o Criador queria manter Sua promessa para Abraão, como está
escrito, “E posteriormente sairão eles com muitas posses”, Ele não podia tornar o povo de
Israel próspero sem tomar emprestado vasos dos Egípcios? Parece uma fraude, pois parece
que inicialmente levaram emprestado por engano, ou seja, sem pretenderem devolver.
Também devemos entender por que o Criador disse para Moisés implorar que Israel levasse
emprestados vasos dos Egípcios, como foi dito acima, que “Faz” significa por favor.
Também, o que é esta imploração? Parece significar que o Criador sabia que eles o
contestariam, então Ele pediu a Moisés que falasse com Israel. Logo, devemos entender a
razão para a contestação de Israel para isto.
Devemos também entender as palavras, “E o Senhor deu o favor do povo aos olhos dos
Egípcios”. Como podemos entender tal coisa, que é completamente contraditória?
Embora qualquer coisa seja possível da perspectiva do Criador, mas da perspectiva literal é
mais difícil perceber, como está escrito (Êxodo, 1:12), “E quanto mais lhes afligiam, mais eles
se multiplicavam e mais se espalhavam e eles detestavam os filhos de Israel”. Disseram
nossos sábios, “Isso mostra que eles eram como espinhos aos seus olhos” (Sutah, 11).
Sucede-se que dos espinhos, ou seja, serem incapazes de suportar o povo de Israel e os verem
como espinhos, agora eles se viravam completamente ao contrário e os Egípcios gostavam do
povo de Israel.
Na promessa do Criador para Abraão, “E posteriormente sairão eles com muitas posses”,
devemos entender a questão inteira que lá é apresentada (Génesis, 15:6), “E disse Ele para ele,
‘Eu sou o Senhor que te trouxe para fora de Ur dos Caldeus para te dar esta terra para a
herdares’. E ele disse, ‘Senhor Deus, com o que saberei que a herdarei’? E disse Ele para
Abrão, ...’Sabei de certeza que teus descendentes serão estranhos numa terra que não lhes
pertence e serão eles escravizados e oprimidos quatrocentos anos ...e posteriormente sairão
eles com muitas posses’”.
Aqui, também, devemos entender a resposta que Abraão recebeu para a pergunta, “Com o que
saberei que a vou herdar”, uma vez que a resposta do Criador foi para esta pergunta, como
está escrito, “E disse Ele para Abrão, ‘Sabei de certeza que teus descendentes serão estranhos
numa terra que não lhes pertence, onde serão escravizados e oprimidos quatrocentos anos ...e
posteriormente sairão com muitas posses’”. Logo a pergunta será sobre garantias sobre a
herança e a resposta foi para garantir que o povo de Israel estaria no exílio. Mas é o exílio
uma garantia para herdar a terra?
Baal HaSulam explicou o sentido desta questão: É sabido que não há luz sem um Kli [vaso].
Isto é, é impossível receber preenchimento se não há carência. Uma carência é chamada
um Kli e quando Abraão viu que o Criador queria dar aos seus filhos disse ele, “Eu não vejo
que meus filhos venham a ter uma necessidade dessa herança espiritual da terra”. Disse ele,
“Se eles receberem uma pequena iluminação ficarão contentes pois o mais pequeno grau na
espiritualidade traz mais prazer que todos os prazeres corpóreos no mundo.
Correspondentemente, quando receberem certa pequena iluminação eles podem pensar que
não há graus maiores que aquele que alcançaram e desta forma não terão necessidade de pedir
mais alguma coisa”.
E por causa disto a pergunta de Abrão para o Criador foi, “Com que saberei eu que eles terão
a necessidade de herdar a terra espiritual”? Assim, ele questionava o Criador para lhe dizer
como pode ocorrer que eles tenham luz sem um Kli. Abrão entendeu que o Criador dá luz,
mas os Kelim, ou seja, um desejo por luzes maiores que eles já receberam, quem os faria ver
que precisavam de alcançar maior ascensão do que eles agora sentem?
Há uma regra na espiritualidade que qualquer coisa espiritual que venha a uma pessoa a faz
sentir inteireza sem igual, uma vez que qualquer coisa espiritual é uma sensação completa,
sem qualquer deficiência. Inversamente, não é considerada “espiritual”, pois somente numa
matéria corpórea pode haver prazer e ainda assim sentimos que há um prazer maior. Isto
assim não é na espiritualidade.
Logo, Abraão questionou-se de como e através do que teriam eles uma necessidade para pedir
ao Criador para lhes dar graus maiores, chamados “herança da terra”. Ele disse que a resposta
do Criador para ele, “Sabei de certeza que teus descendentes serão estranhos numa terra que
não lhes pertence”, ou seja, que daqui, ou seja, do exílio no Egito eles terão uma necessidade
de pedir cada vez ao Criador para lhes dar maior força.
A razão é que quando uma pessoa começa a avançar na obra do Criador e quer que todas as
suas ações sejam em prol de doar, ela vê que não consegue prevalecer. Nessa altura ela pede
que o Criador a ajude, como disseram nossos sábios, “Aquele que vem para se purificar é
ajudado” e o sagrado Zohar pergunta, “Como é ele ajudado? Com uma alma sagrada”.
Certamente, tudo aquilo que superaram na obra se afundou na terra, como ele diz sobre sua
construção de Pitom e Ramessés. Isto é, cada dia eles tinham de começar seu trabalho de novo
pois tudo aquilo que eles construíam ia para o abismo e sempre se viam a si mesmos como se
nunca tivessem começado o trabalho pois não se lembravam de qualquer palavra da Torá que
diga respeito à obra e sempre refletiam sobre si mesmos, “Onde está nosso trabalho, os
esforços que colocámos no trabalho? Para onde foram eles”?
É tanto quanto mais difícil entender como a Klipá [casca/pele] de Faraó podia engolir todo o
seu trabalho ao ponto que não sentiam que alguma vez se tivessem envolvido em servir o
Criador, que sua meta era alcançar a inteireza e que sabiam o que queriam. Subitamente, eles
chegaram a um estado onde se esqueceram de tudo e nenhumas Reshimô [lembranças]
permaneceram neles da sua obra.
Tudo isto foi propositado. O Criador preparou uma Klipá para este propósito de modo a
constantemente os manter num estado de começar. É sabido que todos os princípios são
duros, para que sejam forçados a pedir ao Criador para os ajudar, como dito acima, que
“Aquele que vem para se purificar é ajudado” e como diz o sagrado Zohar que cada vez eles
recebem uma “sagrada alma”, que é uma força do alto, ou seja, que cada vez eles recebem
somas à alma. Isto se acumula numa grande quantia, como é sabido que “Aquilo que é dado
dos céus não é retirado” (Hulin 60).
Porém, embora cada iluminação do alto parta por enquanto, no final, quando ele completar a
quantidade de trabalho que ele deve fazer, como em “Tudo o que está no poder da tua mão
para fazeres, faz isso”, ele recebe de uma só vez tudo aquilo que havia recebido uma de cada
vez. Pensou ele que tudo foi para as Klipot, mas então ele recebe tudo de volta.
De acordo com o citado, sucede-se que a questão inteira do exílio no Egito foi em prol
de receber Kelim [vasos] e uma necessidade pelas grandes luzes, chamadas “herança da terra”.
Foi sobre isto que Abraão ficou perplexo e disse que não via que seus filhos viessem a ter
uma necessidade destas grandes luzes. E uma vez que não há luz sem um Kli, acontece que
até se houver um desejo de as dar, eles não têm Kelim nos quais receber.
Por esta razão lhes foi dado o exílio no Egito onde através das perguntas e argumentos dos
Egípcios eles continuamente serão esvaziados da pequena Kedushá [santidade] que haviam
adquirido, pois eles mamavam deles. Por esta razão eles sempre precisam de pedir ao Criador
para iluminar seu caminho para eles para que possam andar em frente. Mas eles dizem que
não paravam de andar para trás, que é o porquê do ARI ter escrito que na altura do êxodo do
Egito o povo de Israel estava nos quarenta e nove portões de impureza até que o Rei dos Reis
lhes apareceu e os redimiu.
Isto parece contradizer a razão, uma vez que é sabido que Moisés e Aarão vieram para o Egito
e falaram para os filhos de Israel sobre o Criador os querer tirar do Egito. Eles realizaram
todos os símbolos no Egito e viram as dez pragas que os Egípcios sofreram e isto deve ter
aproximado Israel da Kedushá e não o oposto — que eles continuavam a falhar para um
portão mais profundo de Tuma’a [impureza], até ao ponto que era tempo de sair do Egito, ou
seja, quando eles tiveram de ter a melhor preparação para a recepção da luz da redenção, nós
vemos que quando eles receberam a luz da redenção eles estavam nos quarenta e nove portões
de Tuma’a. Isto é possível?
Como explicou Baal HaSulam, o exílio no Egito foi em prol de obter os Kelim dos Egípcios.
Mas isso foi somente para pedir emprestado e mais tarde os devolver. Ele interpretou que esta
questão do Criador dizer para Abraão, “Teus descendentes serão estranhos numa terra que não
lhes pertence”, era uma garantia da herança. Isto significou que eles teriam uma necessidade
para receber a abundância do Criador, uma vez que querer sair da escravidão dos Egípcios só
pode ser através da ajuda de uma alma sagrada. Então eles precisaram da ajuda do Criador
cada vez e disto terão eles uma necessidade de atrair graus mais altos.
Agora explicaremos o sentido do exílio no Egito e o empréstimo dos Kelim dos Egípcios.
Vemos que quando Moisés e Aarão vieram até aos filhos de Israel, como está escrito (Êxodo,
4:29), “E Moisés e Aarão foram e reuniram todos os anciãos dos filhos de Israel e Aarão disse
todas as palavras que o Criador disse para Moisés e realizou os símbolos perante os olhos do
povo e o povo acreditou e escutou”.
Nós vemos disto que assim que Moisés e Aarão chegaram aos filhos de Israel eles aceitaram
todas as palavras que o Criador havia dito para Moisés com fé acima da razão. E tudo aquilo
que os Egípcios os fizeram entender com todas as perguntas e dúvidas sobre a fé de Israel não
contaram de todo pois eles foram acima da razão. Por esta razão, o facto de estarem o tempo
inteiro no exílio não os conseguia influenciar de todo agora.
Isto é, assim que Moisés e Aarão foram até aos filhos de Israel com o desejo do Criador os
tirar do exílio eles prontamente assumiram sobre si mesmos não escutarem daí em diante os
argumentos dos Egípcios, que vinham em nome de Faraó, rei do Egito — de que é melhor
para eles permanecerem debaixo de seu governo e que tentaram fazê-los ver que o caminho
dos Egípcios era verdadeiro e que não deviam escutar aquilo que Moisés e Aarão lhes diziam.
“Nós vemos que gritais, ‘Deixai-nos partir e sacrificar ao nosso Deus’. Isto vos fez pensar que
deverias abandonar o Egito e os seguir. E entendemos que quereis escutar tudo aquilo que eles
vos dizem com os olhos fechados. Pode isto ser, enquanto fazemos perfeito sentido? Não
tendes nada para nos responder, todavia insistes que estais dispostos a ir todo o caminho de
acordo com as palavras de Moisés e Aarão”.
Disto vemos que depois de Moisés e Aarão chegarem com a mensagem da redenção — que
agora eles saiam da escravidão, pois eram incapazes de fazer a obra sagrada, ficaram felizes
com esta mensagem e não precisavam de quaisquer exageros de sabores da Torá e Mitzvot.
Em vez disso, eles estavam felizes precisamente com isto, ou seja, de simplesmente serem
capazes de observar na prática. Isto lhes deu satisfação completa e eles deleitaram-se em fazer
a vontade do seu Mestre, como está escrito, “Antes que eles clamem, ‘Deixai-nos partir e
sacrificar ao nosso Deus’” (Êxodo, 5:8).
Sucede-se que agora eles saem do exílio no Egito com Kelim que não precisam de coisa
alguma, mas como está escrito, “E o povo acreditou e escutou” eles não tinham necessidade
de herdar a terra que o Criador havia prometido a Abraão, como está escrito, “Sabei de
certeza … e posteriormente sairão eles com muitas posses”, ou seja, que o exílio era uma
garantia que teriam a necessidade de receber deleite e prazer, que é a herança da terra que o
Criador procurou dar aos seus descendentes mas eles ainda não tinham os Kelim para isto e
estavam contentes com pouco.
Foi por isso que, “E o Senhor disse para Moisés, ‘Falai agora nos ouvidos do povo que cada
homem levará emprestado do seu próximo e cada mulher da sua próxima vasos de prata
e vasos de ouro’”. De acordo com o que Baal HaSulam interpretou devemos dizer que isso
significa que eles levarão os vasos de prata e os vasos de ouro que os Egípcios têm, ou seja,
levarem seus desejos e anseios, nomeadamente todas as dúvidas que eles tinham sobre o
caminho do povo de Israel.
Os Egípcios estavam sempre a exigir que tudo o que vocês fazem tem de ser com razão e
entendimento e vosso envolvimento em superar em prol de sair do amor próprio e fazer tudo
em prol de doar é o caminho errado pois o Criador é bom e faz o bem. Quando Ele criou o
mundo, Ele certamente o fez para beneficiar Suas criações, ou seja, que nós, criaturas, vamos
desfrutar do deleite e prazer. Mas vocês abandonam o caminho certo e tomam um caminho
que é completamente contra o propósito da criação. Estão a dizer-nos que este é o verdadeiro
caminho, que não precisam de fazer coisa alguma por amor próprio, mas fazer tudo em prol
de doar contentamento sobre o Fazedor.
Mas quando quer que o povo de Israel escutasse o escárnio sobre o caminho da doação eles
fugiriam deles, ou seja, que fugiam destes pensamentos quando eles vinham para confundir os
pensamentos dos filhos de Israel e instar suas visões nos corações dos filhos de Israel.
Por esta razão, o Criador sabia que eles não quereriam escutar as perguntas e dúvidas dos
Egípcios de “quem” e “o quê, ” mas eles não tinham os Kelim nos quais colocar as muitas
posses, dado que não há luz sem um Kli. Isto é, não pode ser dada a uma pessoa coisa alguma
para a qual ela não tenha desejo. Deste modo, se Ele fosse perguntar aos filhos de Israel, “O
que quereis que Eu vos dê”? Eles diriam, ‘Nós não queremos coisa alguma de Ti. Pelo
contrário, nossa única aspiração é dar a Ti e não que Tu nos dês”. Assim, como podem eles
receber o deleite e prazer, chamados “muitas posses”, que é considerado que Ele quer dar-
lhes Néfesh, Ruach, Neshamá, Chaiá, Yechidá? Eles não teriam necessidade disto!
Foi por isso que o Criador queria levar os Kelim dos Egípcios, ou seja, suas perguntas e
dúvidas e todos seus desejos, que são os Kelim dos Egípcios. Mas eles não iam levar
realmente esses Kelim, apenas toma-los emprestados. Isto é, eles levariam os Kelim dos
Egípcios somente para terem uma necessidade de satisfazerem essas deficiências, mas não
para ficarem realmente com esses Kelim pois os Kelim, ou seja, estes pensamentos e desejos
não pertencem ao povo de Israel. É só um empréstimo temporário, de modo a mais tarde os
devolver.
Isto é, posteriormente, ou seja, assim que eles receberam o preenchimento que pertence a
estas perguntas, precisamente através delas será possível doar sobre elas o preenchimento.
Isto é semelhante às luzes que pertencem aos seus Kelim, que são chamados “vasos de
recepção em prol de receber”. Porém, prontamente jogaram fora os Kelim deles e usaram as
luzes que pertencem aos seus Kelim, mas receberam tudo em prol de doar contentamento
sobre o Fazedor.
Isto é semelhante ao que Baal HaSulam interpretou a respeito de Hamã e Marduqueu. Disse
ele que nós vemos quando Assuero quis glorificar Marduqueu, como está escrito (Ester 6:3),
“E o rei disse, ‘Que honra ou dignidade foi doada sobre Marduqueu por isto’? ... e o rei disse
para ele, ‘O que deve ser feito pelo homem a quem o rei deseja honrar’?... Hamã disse para o
rei ... que tragam nobres vestes’”.
Correspondentemente, questionou ele, “Como pode tal coisa ser? Se o Rei quer honrar
Marduqueu, ele pergunta a Hamã ‘O que deve ser feito pelo homem a quem o rei deseja
honrar’”? Ele responde que isto indica a ordem da concessão da abundância sobre os
inferiores. O Criador certamente quer dar honra e grandeza ao justo, que é Marduqueu o justo.
Mas caso Ele pergunte ao justo, “O que quereis que Eu te dê”? O justo dirá que ele não quer
receber coisa alguma. Pelo contrário, tudo o que ele quer é doar sobre o Rei.
Foi por isso que ele teve de perguntar ao Hamã nele, que entende que é bom receber e então
disse ele “E assim fazei a Marduqueu o Judeu”, ou seja, que a vontade de receber a honra e
grandeza não nos Kelim de Hamã, que são chamados “receber em prol de receber”, mas na
recepção em prol de doar.
Similarmente, devemos explicar a respeito do empréstimo dos Kelim dos Egípcios, quando o
Criador pediu a Moisés para pedir que Israel levassem emprestados Kelim dos Egípcios.
Questionou ele, “Por que teria o Criador de pedir a Israel tal coisa? Por que não quereria o
povo de Israel tomar emprestados estes Kelim? A resposta é que quando Moisés e Aarão
vieram como emissários do Criador para trazer o povo de Israel para fora do exílio, está
escrito, “E o povo escutou e ouviu”, ou seja, com fé acima da razão. Eles não precisavam de
coisa alguma ou tinham qualquer desejo pelos altos graus. Eles estavam contentes com serem
capazes de se envolver em Torá e Mitzvot sem quaisquer perturbações dos Egípcios.
Isto é semelhante ao que acima dissemos, que ele disse que se o rei fosse perguntar a
Mardoqueu o justo, “Que honra e grandeza gostarias que te desse”? Ele responderia que não
quer receber coisa alguma do rei, mas pelo contrário, ele quer dar ao rei. Foi por isso que o rei
perguntou a Hamã o que fazer com um homem a quem o rei deseja honrar. Hamã sabia o que
pedir. Ele disse, “Que tragam nobres trajes que o rei usou e o cavalo sobre o qual o rei
montou e sobre cabeça a qual uma coroa real foi colocada”. É por que o rei precisava
dos Kelim de Hamã ou seja, que Hamã entendia que um deve receber do rei.
Por esta razão ele teve de pedir a Moisés para pedir a Israel um favor — que eles levem
emprestados os Kelim dos Egípcios, ou seja, temporários, para que tivessem desejo e anseio
de satisfazer todas as carências que os Egípcios exigiam satisfazer. Eles tiveram de pedir pois
o povo de Israel se acomodaria com aquilo que tinham e sempre fugiriam dos seus
pensamentos e desejos, mas agora eles ouvem as palavras e dúvidas do Ego.
E dado que Ele prometeu a Abraão que posteriormente eles sairiam com muitas posses, Ele
precisava que eles levassem os Kelim dos Egípcios somente como empréstimo e então os
devolver. Ou seja, que eles nada têm a ver com seus desejos e que o que eles levaram foi
somente temporário, para serem capazes de receber as luzes, chamadas “herança da terra”,
que o Criador prometeu a Abraão.
Agora podemos entender aquilo que questionámos sobre como a questão da verdade foi
virada de uma extremidade para a outra, dado que a escritura diz, “e eles detestavam os filhos
de Israel”, ou seja, que eles eram como espinhos e posteriormente, “E o Senhor deu o favor do
povo aos olhos dos Egípcios”. Querer escutar suas perguntas deu “favor” pois eles pensavam
que iam no seu caminho. “E o Senhor deu o favor do povo” ao lhes dizer para levarem
emprestados os Kelim deles, dado que era isto que queriam os Egípcios.
262. A Oração de Muitos

Artigo 15 Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito no Zohar (Beshalach (Quando Faraó Permitiu), e no Comentário Sulam, ponto
11), "E ela disse:" Eu habito no meio do meu povo. "Ele pergunta:" O que significa isso? "Ele
responde: 'quando Din está presente no mundo, não se deve separar do coletivo e estar
sozinho, porque quando Din está presente no mundo, aqueles que são notados e são notados
sozinhos, são apanhados em primeiro lugar, mesmo que sejam justos. Por isso, nunca se deve
afastar-se das pessoas, porque a misericórdia do Criador está sempre sobre todo o povo junto.
É por isso que ela disse: "Eu habito no meio do meu povo ', e não desejo mee separar deles.'"
"Quando Din está presente no mundo" refere-se ao desejo de receber, que é o amor-próprio, a
natureza com a qual as criaturas nascem, devido à sua vontade de fazer o bem às Suas
criações. E porque não havia um desejo de equivalência de forma, então não haveria o pão da
vergonha, uma sentença [Din] que foi passada diz que é proibido usar os vasos de recepção, a
não ser quando a pessoa sabe que pode dirigir a recepção com o intuito de doar. Em seguida, a
pessoa é autorizada a utilizar os vasos de recepção.
Assim, o significado de "Quando Din está presente no mundo" é que, quando o mundo inteiro
está imerso em amor-próprio, há escuridão no mundo, porque não há espaço para a luz atrair
as criaturas para baixo devido à disparidade de formar entre a luz e as criaturas que recebem a
luz. É sobre esta disparidade de forma que a sentença foi passada que a abundância superior
não será dada às criaturas.
Portanto, quando uma pessoa desperta e deseja que o Criador a traga mais perto, ou seja, lhe
dê vasos de doação, o que é chamado de "trazer mais perto", ele pede ao Criador para ajudá-
lo. No entanto, sabe-se que a ajuda que vem do Criador é chamada de "abundância superior",
que é se chama Neshamá, "uma alma". É como diz o Zohar, que o auxílio recebido do alto é,
em uma alma santa.
Por esta razão, quando uma pessoa trata de pedir ao Criador para trazê-la para mais perto
Dele, mas ele é visto sozinho, isso significa que ele entende que o Criador deve trazê-lo mais
perto pessoalmente. No entanto, por que é que ele pensa que o público pode permanecer em
seu estado atual e que só ele deve ser tratado de forma diferente pelo Criador?
É porque ele entende que ele tem méritos que os outros não têm. E embora estes sejam
indivíduos que não pertencem ao coletivo porque eles entendem que eles merecem se
aproximar do Criador mais do que outros e se consideram justos, eles são capturados
primeiro. Em outras palavras, o Din, que é recepção para si, está presente neles mais do que
em todos os outros, e eles se tornam piores do que outros nas qualidades de amor-próprio.
Isto é assim porque ele acha que merece mais do que outras pessoas. Em outras palavras, é o
suficiente para que outras pessoas tenham o que eles têm, mas quando ele se considera, ele
merece mais do que o resto das pessoas. Este pensamento é considerado efetiva recepção, ou
seja, 100% amor-próprio. Segue-se que o amor-próprio começa a se desenvolver nele mais do
que nos outros.
Resulta, portanto, que ele está constantemente trabalhando em amor-próprio. E, no entanto,
aos seus próprios olhos, ele parece justo, já que ele deseja trabalhar como um doador. Ele diz
a si mesmo que o seu pedido do Criador para trazê-lo mais perto é certo, porque o que ele está
pedindo? Para o Criador para dar-lhe força para manter Torá e Mitzvot em prol da doação. E
o que falta poderia haver em querer servir o Rei?
Com isso, podemos interpretar as palavras de O Zohar. Ele aconselha as pessoas que tem uma
demanda interna, que não podem aceitar o estado em que estão em porque não veem nenhum
progresso no trabalho de Deus, e acreditam no que está escrito (Deuteronômio 30:20) "Para
amar o Senhor teu Deus, para ouvir a Tua voz, e se apegar a Ele; para isso é sua vida, e o
comprimento dos teus dias. "Eles veem que eles não têm amor e Dvekút [adesão / clivagem],
e eles não sentem a vida na Torá ou sabem como encontrar conselho para suas almas para
chegarem a sentir em seus órgãos o que o texto nos diz.
O conselho é pedir para todo o coletivo. Em outras palavras, tudo o que se sente que está
faltando e pede o preenchimento, ele não deveria dizer que ele é uma exceção ou merece mais
do que aquilo que o coletivo tem. Pelo contrário, "Eu habito no meio do meu povo", o que
significa que eu estou pedindo para todo o coletivo porque desejo chegar a um estado em que
não terei cuidado algum comigo mesmo, mas apenas para que o Criador tenha contentamento.
Portanto, não faz diferença para mim se o Criador tem prazer em mim ou pode receber o
prazer dos outros.
Em outras palavras, ele pede ao Criador para nos dar um entendimento tal, que é chamado,
"inteiramente para o Criador”. Isso significa que ele vai ter certeza de que ele não está
enganando a si mesmo que ele quer doar ao Criador, que talvez ele realmente esteja pensando
apenas em seu amor-próprio, o que significa que ele vai sentir o deleite e prazer.
Portanto, ele reza para o coletivo. Isto significa que se há algumas pessoas em todo o coletivo
que podem alcançar a meta da Dvekút com o Criador, e isso vai trazer o Criador mais
satisfação do que se ele próprio fosse recompensados com a chegar ao Criador, ele exclui a si
mesmo. Em vez disso, ele deseja que o Criador os ajude, porque isso vai trazer mais
satisfação acima do que de seu próprio trabalho. Por esta razão, ele reza para o coletivo, que o
Criador vai ajudar todo o coletivo e lhes dará esse sentimento-que recebem a satisfação de ser
capaz de doar ao Criador, para trazer a Ele contentamento.
E como tudo requer um despertar de baixo, ele dá o despertar de baixo, e outros irão receber o
despertar de cima, a qualquer um que o Criador saiba que será mais benéfica para o Criador.
Daqui decorre que, se ele tem a força para pedir uma oração, então ele certamente vai
enfrentar um verdadeiro teste, se ele concorda com essa oração. No entanto, se ele sabe que o
que ele está dizendo é apenas discurso, o que ele pode fazer quando vê que o corpo não
concorda com tal oração para ter a doação pura sem um pingo de recepção?
Aqui só há o famoso conselho, orar ao Criador e acreditar acima da razão que o Criador pode
ajudá-lo e a todo o coletivo. E ele não deve ficar impressionado se ele vir que ele já orou
muitas vezes, mas sua oração não foi respondida. Isso leva a pessoa para o desespero e o
corpo zomba dele e lhe diz: "Você não pode ver que você não pode fazer nada? E como você
está completamente sem esperança, você está agora pedindo ao Criador para conceder-lhe
coisas que são inaceitáveis para as pessoas razoáveis ".
Nesta hora, o corpo argumenta: "Diga-me, quem entre as pessoas piedosas e práticas deseja
que o Criador lhes dê algo que é completamente irracional? Além disso, você pode ver por si
mesmo que a você não foram concedidas as coisas ainda menores do que a demanda você está
fazendo agora ao Criador para ajudá-lo, mesmo que você peça ao Criador para ajudá-lo. E
agora você diz que pretende pedir ao Criador para conceder-lhe algo grande. Na verdade, é
uma coisa muito importante, porque não há muitas orações no mundo que peçam ao Criador
para dar-lhes força para fazer as coisas para o coletivo, que todo o público será recompensado
com deleite e prazer pelo seu trabalho. Isso é chamado de 'doação pura e limpa sem um pingo
de amor-próprio. "
"E você acha que a sua oração por pequenas coisas, não foi concedida, mas grandes e
importantes coisas são certamente inestimáveis”. Por exemplo, podemos dizer que vale a pena
ir para uma determinada pessoa que tem essa parafernália preciosa que você teria que
procurar no mundo inteiro para encontrar esses objetos, pois eles são encontrados apenas com
alguns poucos escolhidos. E uma pessoa da classe média veio, que mal tinha os apetrechos
usuais em sua casa, e, de repente, ocorreu-lhe que ele também deveria tentar obter esses
objetos, também, que se encontram entre os poucos escolhidos. Certamente, se alguém ouviu
falar sobre isso iria rir dele.
É o mesmo para nós. Quando uma pessoa não é educada, mas está abaixo da média, mas
deseja pedir ao Criador pelos Kelim [vasos] que são encontradas com alguns poucos
escolhidos no mundo, aqui o próprio corpo zomba dele. Ele lhe diz: "Você se engana, como
você pode pensar em pedir ao Criador por algo que as pessoas, mesmo letradas não têm?
Como eu posso dar-lhe força para trabalhar em tal absurdo? "
E aqui começa o verdadeiro trabalho, uma vez que o trabalho do homem neste mundo é sair
do domínio da inclinação ao mal, que é chamado de "receber, a fim de receber". E agora ele
deseja que o Criador lhe ajude a caminhar no caminho da pura e limpa doação sem uma pitada
de auto recepção.
Segue-se que este trabalho é verdadeiramente contra o mal, já que ele não deseja deixar
quaisquer pertences com ele. Em vez disso, ele quer que o seu trabalho, a partir de agora, não
seja para o desejo de receber. Em vez disso, ele pede ao Criador que, mesmo que ele tenha
trabalhado para isso antes, e o que foi registrado no domínio da vontade de receber, tudo será
movido de sua autoridade para a autoridade do Criador.
Segue-se que agora ele reza para que o Criador lhe dê a força para se arrepender. Ou seja, o
Criador lhe dará a força para trazer todos os atos que eram para o desejo de receber de volta
para o domínio do Criador, tanto os do passado, como os do futuro. É como Maimônides diz
(Leis de Arrependimento, Capítulo 2), "O arrependimento deve ser para o passado, também”.
Ele escreve: "O que é o arrependimento? É para o pecador a deixar o seu pecado e removê-lo
da sua mente, e resolver em seu coração nunca mais fazer isso de novo, como está escrito:
"Deixe o ímpio abandonar o seu caminho”. E ele também deve lamentar o passado, como está
dito, "Pois depois que me virei, me arrependi', e aquele que conhece todos os mistérios
testemunhará que ele nunca vai voltar a este pecado".
Agora podemos compreender a importância de uma oração de muitos, como está escrito: "Eu
habito no meio do meu povo, O Zohar diz: "Nunca se deve afastar-se das pessoas, porque a
misericórdia do Criador está sempre sobre todo o povo junto. "Isso significa que, se alguém
pede ao Criador para dar-lhe vasos de doação, como nossos sábios disseram, "como Ele é
misericordioso, você seja você misericordioso, também", a pessoa deve rezar para todo o
coletivo. Isso ocorre porque, então é evidente que o seu objetivo é que o Criador lhe dê vasos
de doação pura, como foi escrito, "A misericórdia do Criador está sempre sobre o povo todo
junto”. Sabe-se que não há nenhuma doação de metade de uma coisa de cima. Isto significa
que quando a abundância é dada de cima para baixo, é para toda a coletividade.
Por esta razão, deve-se pedir para todo o público, uma vez que qualquer abundância que
venha de cima, sempre vem para todo o povo. É por isso que ele diz: "A misericórdia do
Criador está sempre sobre todo o povo". Assim, há dois significados para isso, uma vez que
ter a doação pura, seria suficiente orar por apenas uma pessoa, além de si mesmo. Mas há uma
outra questão aqui, uma pessoa deve pedir por uma coisa completa, porque é uma regra na
espiritualidade que o que vem é sempre uma coisa completa, e todas as observações são
apenas nos receptores. Por esta razão, deve-se perguntar para todo o coletivo.
E desde que a abundância vem para todo o coletivo, e uma vez que não há luz sem um Kli
[vaso], o que significa que é impossível receber o preenchimento se não houver o vazio para
ele, onde o preenchimento pode entrar, ele recebe, portanto, a resposta por que a oração que
ele estava fazendo era para o público. É como nossos sábios disseram (Baba Kama, 92),
"Qualquer pessoa que implora por piedade para seu amigo é atendido primeiro, pois ele
precisa a mesma coisa”. Isso significa que, embora a abundância venha para o coletivo, o
coletivo não tem o Kelim.
Em outras palavras, a abundância que vem de cima é o suficiente para todo o povo, mas sem
Kelim-deficiências, para que eles possam preencher a cavidade, o público não alcança a
abundância que vem de cima. Ao contrário, ele que tem deficiências é atendido primeiro.
265. O Senhor Escolheu Jacó Para Si Mesmo

Artigo 16, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Em O Zohar, Terumá (item 1), Rabi Chiya interpretou o versículo, “O Senhor escolheu Jacó
para Si Mesmo”. Estas são suas palavras: “Rabi Chiya começou, ‘Pois, o Senhor escolheu
Jacó para Si Mesmo, Israel para Seu mérito’. Quão amados são os filhos de Israel pelo
Criador, que os deseja e deseja se unir com eles e se conectar com eles e Ele os fez uma nação
única no mundo, como está escrito, ‘E que uma nação na Terra é como Teu povo Israel” e
eles O desejaram e se conectaram com Ele. Está escrito sobre isso, ‘O Senhor escolheu Jacó
para Si Mesmo’ e está escrito, ‘Pois a porção do Senhor é Seu povo’. E para o resto das
nações deu Ele ministros e governantes sobre elas enquanto Ele levou Israel para Sua porção”.
Devemos entender o seguinte sobre as citadas palavras de Rabi Chiya:
1) Ele começa a interpretar, “Pois o Senhor escolheu Jacó para Si Mesmo”. Isto significa que
o Criador escolheu Jacó pois ele diz que Ele os queria e se queria unir e conectar com eles.
Posteriormente ele interpreta ao contrário e diz, “Eles O desejaram e se conectaram com Ele”,
como está escrito, “Pois Jacó escolheu o Senhor para si mesmo”.
2) O que significa quando ele diz, “e Ele os fez uma nação única no mundo”, como está
escrito, “E que uma nação na Terra é como Teu povo Israel”? Afinal todos eles são uma
nação entre as setenta nações do mundo, então o que significa “uma nação”? Isso parece
implicar que Ele os fez para serem uma nação.
3) Interpreta ele, “Pois a porção do Senhor é Seu povo”, significando que Ele deu ao resto das
nações ministros e governantes sobre elas e levou Israel para Sua porção. Devemos entender o
que significa que Ele deu ao resto das nações ministros e governantes, mas levou o povo de
Israel para Sua porção.
É sabido que há dois tipos de orientação: o primeiro é chamado “Providência privada” e o
segundo é chamado “orientação através de recompensa e punição”. Elas se contradizem uma à
outra e interpretou Baal HaSulam que um não consegue alcançar isto com a mente externa,
mas somente quando ele alcançar sua inteireza no seu grau interno pode ele alcançar isto.
A ordem da obra do homem é que lhe foi dada a obra do Criador com orientação através de
recompensa e punição. É por isso que um não deve dizer, “Eu espero que o Criador me dê o
desejo e anseio para me envolver em Torá e Mitzvot e quando Ele sentir que tenho uma boa
sensação vou manter a Torá e Mitzvot. É proibido dizer isso dado que nós somos como “barro
nas mãos do oleiro”, nas mãos do Criador. Como é que nossa superação ajuda a trabalhar
contra a visão de nossos corpos? Nos é dito que não devemos olhar para nossos corpos, que
exigem que satisfaçamos seus desejos. Em vez disso, devemos acostumar nossos corpos e
convencê-los a seguirem as regras da Torá quer concordem quer não.
Devemos acreditar em recompensa e punição — que tudo depende das nossas ações, à medida
que persuadirmos nossos corpos a seguirem as leis da Torá. Disseram nossos sábios, “A
recompensa é de acordo com o trabalho (Avôt, Capítulo 5): “Ben Hê, Hê diz, ‘A recompensa é
de acordo com o trabalho’”.
Disse Baal HaSulam que devemos manter os dois citados tipos de orientação da seguinte
maneira: Antes da ação, ou seja, durante a preparação, quando ele está prestes a manter a Torá
e Mitzvot, ele deve acreditar na Providência de recompensa e punição. Então, “Tudo o que
está no poder da tua mão de fazer, faz isso”. Isto é, tudo depende do trabalho do homem: à
medida da sua força de superar em Torá e Mitzvot, para que ele seja recompensado.
Mas depois do trabalho ele deve dizer que acredita na Providência privada. Sucede-se que
uma vez que é difícil para uma pessoa dizer depois de todos os esforços que ela fez, como
pode ela dizer que é a Providência privada? Acontece que posteriormente ela ainda trabalha
em recompensa e punição. Isto é, se ela tentar acreditar que foi a Providência privada ela
receberá recompensa por isto. Se ela não acreditar na Providência privada, ocorre que ela é
punida por não querer acreditar na Providência privada.
Desta forma, ao acreditar na Providência privada e que não lhe cabe a ela, mas o Criador
escolheu se conectar com ela, ela deve louvar e agradecer ao Criador por a escolher. Isto se
aplica a todo e cada discernimento. Isto é, até pela mais pequena ação na espiritualidade que
um seja recompensado em fazer ele deve agradecer ao Criador por lhe dar um pensamento e
desejo para fazer esta coisa.
Um se deve acostumar a si mesmo a este trabalho. Quando ele se levanta antes do amanhecer,
quer ele tenha desperto sozinho ou um amigo o tenha acordado, ele deve acreditar que embora
ele tenha superado sua ociosidade e tenha saído da cama — com grande esforço e certamente
merece gratidão e uma grande recompensa por tão grande esforço — ele ainda assim deve
acreditar que o Criador lhe deu o desejo de superar todos os pensamentos que ele teve quando
se levantou para fora da cama.
Acontece que é o oposto daquilo que um pensa, ou seja, que é o Criador que merece a
gratidão por lhe dar o poder e desejo de superar todos seus pensamentos e desejos. Sucede-se
que por um lado o Criador o escolheu e isto é chamado “Providência privada”. Por outro lado,
Jacó escolheu o Criador e este é o sentido da recompensa e punição.
Agora explicaremos o que questionámos, “O que significa quando ele diz, ‘e Ele os fez uma
nação única no mundo’”? Afinal, há setenta outras nações no mundo e o versículo diz, “E que
uma nação na Terra é como Teu povo Israel”?
É sabido que singular e plural na espiritualidade são interpretados como disparidade e
equivalência de forma, como está escrito (Êxodo, 19:2, “E Israel lá acampou perante a
montanha”. Interpretou RASHI, “Como um homem com um coração”. É por isso que está
escrito, “acampou”, na forma singular [em Hebraico]. Contudo, o resto das pausas são com
queixumes e disputas, é por isso que está lá escrito “acamparam” na forma plural [em
Hebraico]. Sucede-se que singular se refere a equivalência de forma.
Com o supracitado devemos interpretar que o Criador fez o povo de Israel. Embora eles sejam
muitos, como em “Tal como suas faces não são semelhantes uma à outra, suas visões não são
semelhantes uma à outra” (Berachot, 58). Ainda assim, Ele os fez um povo único no mundo,
que é uma grande novidade. Isto é, embora eles sejam uma nação, ou seja, plural, eles ainda
têm a forma singular através de equivalência de forma. Tal como foi no tempo da entrega da
Torá, assim deve ser a inteireza do povo de Israel, ou seja, se tornando um.
Isso é apresentado no artigo “A Arvut (Garantia Mútua) ” (item 23): “É por isso que o texto se
refere a eles na forma singular, como está escrito, ‘e lá Israel acampou perante a montanha’,
que nossos sábios interpretaram ‘como um homem com um coração’. Isto é assim, pois toda e
cada pessoa da nação se separou completamente do amor próprio … Sucede-se que todos os
indivíduos na nação se reuniram e se tornaram um coração e um homem, pois somente então
foram eles qualificados para receber a Torá”.
Desta forma vemos que o Criador fez para que o povo de Israel alcançasse inteireza ao lhes
dar o poder de todos serem de igual forma, que é trazer contentamento ao seu Fazedor.
Devemos também explicar a terceira pergunta. Questionámos sobre Ele dar ao resto das
nações ministros e governantes, enquanto levando Israel para Si Mesmo, para Sua própria
porção. Devemos interpretar isto no trabalho numa pessoa, ou seja, num corpo. Quando uma
pessoa atribui todas as coisas que acontecem no mundo ao Criador, que faz e fará todas as
ações, ela é considerada parte do Criador pois não há outra autoridade no mundo. Nessa altura
ela é considerada uma parte do Criador. Quando ela não atribui todas as coisas que acontecem
no mundo ao Criador, mas diz que elas são outras forças, que não são Kedushá [santidade],
ela está num estado de “nações do mundo”, ou seja, tendo nomeados e ministros. Porém, é
então que ela está num estado de “ao resto das nações do mundo”.
267. A Agenda da Assembleia

Artigo 17, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Em Masechet Berachot (p 32), os nossos sábios escreveram: "Rabi Sanlai disse, A pessoa
deve sempre louvar o Criador, e então orar”. De onde temos isso? De Moisés, como está
escrito: "E eu implorei'". Baal HaSulam interpretou que quando se quer pedir um favor a
outro, ele deve saber, a) se ele tem o que ele pede dele, porque se não tiver, não há nenhum
ponto em pedir, e b) que ele tenha um bom coração. Isto é assim porque ele pode ter o que ele
pede, mas não o tipo de coração que daria.
Por isso, primeiro é preciso louvar o Criador, ou seja, acreditar que o Criador tem tudo o que
se está pedindo, e que o Criador é misericordioso e concede a todos o seu desejo para o
melhor.
Acontece que quando os amigos se reúnem em um só lugar, a assembleia é certamente para
um propósito, uma vez que quando se atribui parte de seu tempo que ele iria usar para suas
próprias necessidades, abandonando seus compromissos e participando de uma assembleia,
ele deseja adquirir alguma coisa. Assim, é importante tentar isso, quando cada um dos amigos
vai para casa, ele deve ver o com que ele veio para a assembleia, e o que ele adquiriu agora
que ele está indo para casa.
Às vezes, durante a assembleia de amigos, todo mundo se sente bem durante a reunião. Nesta
hora, não lhes ocorre contemplar com os que a posse eles vão voltar para casa, o que significa
o que tenho em minha mão, que adquiri na assembleia de amigos e não tinha antes de eu vir
para a sociedade. E então ele vê que ele não tem nada.
Isso é semelhante ao que está escrito (Deuteronômio 23:25), "Quando entrares na vinha do teu
amigo, você pode comer uvas até ter saciado sua alma, mas não coloque nada em seus vasos”.
Devemos interpretar que quando os amigos se reúnem, isso é chamado de "vinha do seu
amigo", quando você se sentar e comer e beber juntos, conversando sobre isso e aquilo, e o
corpo se deleita durante a ação. Isso é semelhante a: "Você pode comer uvas até ter saciado
sua alma”.
Mas quando você vai para casa e gostaria de ver o que você tem em seus Kelim [vasos], levar
algum sustento para casa, quando deixamos a reunião e desejamos examinar o que temos em
nosso Kelim depois de toda a festa, vemos que, "Mas não coloque nada em seus vasos", em
outras palavras, não há nada nos Kelim com o que reavivar a alma após a assembleia.
No entanto, quando se exerce, ele deve ter certeza de que não é sem recompensa. É como
dizemos na oração: "E veio a Sião", "Para que não toque em vão”. Pelo contrário, quando se
vai a uma assembleia, ele deve adquirir nutrição lá para que, quando ele vá para casa, seja
capaz de ver se ele tem algo para colocar nos Kelim. Então ele terá os nutrientes para se
alimentar até a próxima reunião. E até essa hora, ele terá do que foi preparado, ou seja, do que
ele adquiriu durante a assembleia de amigos.
Portanto, em primeiro lugar deve-se louvar a importância do encontro, e depois ver o que
adquirir dessa atividade. É como nossos sábios disseram, "Um deve sempre louvar o Criador,
e então orar”. Em outras palavras, o início da assembleia, ou seja, o início das discussões, que
é o início da assembleia, deve ser para elogiar a sociedade. Todos e cada um devem tentar dar
razões e explicações para o seu mérito e importância. Eles não devem falar de nada além do
elogio à sociedade.
E uma vez que a Segunda Fase for concluída-sugestões sobre o que pode ser feito em favor da
sociedade-começa a Terceira Fase. Trata-se de executar as decisões dos amigos sobre o que
deve ser feito.
E sobre o elogio à sociedade, em Matan Torá (A Entrega da Torá), p 137, que introduz o
assunto do amor de amigos, que por unir-se aos amigos ele pode obter a grandeza do Criador.
O mundo inteiro está imerso em amor-próprio, e ele deseja ir pelo caminho da doação. Mas
isso é contra a visão comum, porque esta é a natureza com a qual nascemos devido à
finalidade da criação, que é, como foi dito ", sua vontade de fazer o bem às Suas criaturas”.
E todo o nosso poder de resistir a ela, para agir em contrário, que não só não quer receber para
nós mesmos, mas sim querer dar, que é considerado que todas as nossas ações serão apenas
para doar contentamento sobre o nosso Fazedor, é porque está dentro da natureza de doação
que quando se dá a uma pessoa importante, ele gosta do que faz. Acontece que sem prazer,
não se pode fazer nada, porque é contra a natureza.
No entanto, podemos substituir o prazer. Isto significa que em vez de receber o prazer de um
ato de recepção, vamos desejar receber prazer de um ato de doação. Isso é chamado de
"equivalência de forma”. Devemos dizer que, como o Criador gosta de dar às criaturas,
devemos gostar de dar ao Criador.
Caso contrário, ou seja, se não temos nenhuma alegria ou prazer enquanto nós damos ao
Criador, estamos maculando a equivalência de forma. É como nossos sábios disseram, "Não
havia alegria diante dele, como no dia em que o céu e a terra foram criados". Não havia
alegria diante do Criador desde o dia em que o mundo foi criado como a alegria à qual Ele
está destinado a ter com os justos no futuro (o Zohar, 1, 115).
Portanto, se não temos alegria enquanto estamos mantendo os mandamentos do Criador, então
se alguém tem como objetivo doar, não é considerado equivalência de forma, porque só se
pode ser feliz onde há prazer. Acontece que, se ele não tem deleite ou prazer em dar ao
Criador, isso ainda não é considerado como equivalência de forma, que ele tem espaço para
receber a abundância superior, já que ainda lhe está faltando o prazer que o Criador tem ao
dar às criaturas.
Resulta, portanto, que toda a base sobre a qual podemos receber deleite e prazer, e que nos é
permitido desfrutar e, até mesmo obrigatório, é desfrutar de um ato de doação. Assim, há um
ponto que devemos trabalhar, a valorização da espiritualidade. Isto é expresso em prestar
atenção à quem eu me dirigir, com quem eu falo, cujos mandamentos estou mantendo, e cujas
leis estou aprendendo, ou seja, na busca de conselhos sobre como apreciar o Doador da Torá.
E antes que se obtenha alguma iluminação de cima por si mesmo, ele deve procurar pessoas
que pensem igual a ele e que também estão buscando melhorar a importância de qualquer
contato com o Criador de qualquer maneira. E quando muitas pessoas o apoiam, todos podem
receber a ajuda de seu amigo.
Devemos saber que "Dois é o menos plural”. Isto significa que se dois amigos se sentam
juntos e contemplam o modo de reforçar a importância do Criador, eles já têm a força para
receber reforço da grandeza do Criador, na forma do despertar de baixo. E por este ato, o
despertar de cima se segue, e eles começam a ter alguma sensação da grandeza do Criador.
De acordo com o que está escrito: "Na multidão do povo está a glória do Rei", segue-se que
quanto maior o número do coletivo, mais eficaz é o poder do coletivo. Em outras palavras,
eles produzem uma atmosfera mais forte de grandeza e importância do Criador. Nesta hora, o
corpo de cada pessoa sente que ele considera tudo o que ele deseja fazer para a santidade ou
seja, doar ao Criador, como uma grande fortuna, que ele tem sido privilegiado em estar entre
as pessoas que foram recompensadas com servir o rei. Nesta hora, cada pequena coisa que ele
faz o enche de alegria e prazer que agora ele tem algo com o qual a servir o rei.
Na medida em que a sociedade se lembra da grandeza do Criador com seus pensamentos
durante a assembleia, cada um segundo seu grau, origina a importância do Criador nele.
Assim, ele pode andar o dia todo no mundo de contentamento e alegria, o que significa que
ele gosta de cada pequena coisa que faz acerca do trabalho do Criador. Isto é assim porque se
ele se lembra que ele deve contemplar a espiritualidade, mesmo por um minuto, ele
imediatamente diz: "Eu já estou grato e louvando e glorificando o Criador", já que ele acredita
que agora o Criador o chamou e deseja falar com ele.
E quando uma pessoa imagina que o rei a está chamando e diz que ele quer brincar com ele,
que alegria que ele iria experimentar então, e que espíritos elevados que ele teria? Certamente,
nesse estado elevado, ele não pensa em qualquer pensamento. Ele estaria apenas um pouco
envergonhado por não saber as leis do rei e costumes, como se comportar quando o Rei fala
com ele.
Mas ele considera o que ele sabe como fazer para o rei como uma grande fortuna, já que ele,
no entanto, sabe algumas regras pelas quais guarda os mandamentos do rei, que ele aprendeu
na escola quando ele era jovem. E agora que ele cresceu e deseja servir o Rei, ele certamente
vai perder o conhecimento das leis do rei.
Acontece que a sua preocupação é que ele não sabe o que dá ao Rei mais prazer, que ato ou
que intenção. E além disso, ele vive em um mundo onde tudo é bom. Ao juntarem-se para a
assembleia, isto é tudo o que a sociedade deve pensar e falar da grandeza da sociedade, como
está escrito: "Deve-se sempre louvar o Criador, e então orar”.
É o mesmo com a sociedade. Quando queremos exigir algo da sociedade, e isso é chamado de
"orar", é preciso primeiro estabelecer o mérito da sociedade e, em seguida, "rezar",
significando a demanda da sociedade para nos dar o que se quer dela.
Assim, primeiro precisamos ver o que a sociedade tem, que bens têm, que nós podemos
receber dela através da união com eles. Talvez nós não precisemos das posses que a sociedade
tem, mas, além disso, corremos o mais longe possível dela.
Assim, quando se trata da assembleia de amigos, ele deve sempre ver se ou não os amigos
têm ou não o objetivo de que ele anseia, que cada um deles tem algum controle sobre essa
meta. E ele acha que por todos se unirem juntos por um objetivo, cada um terá sua própria
parte, bem como as partes de toda a sociedade. Segue-se que cada membro da sociedade terá a
mesma força que toda a sociedade em conjunto.
Cada um deve considerar seriamente o propósito da reunião-que deve levar a uma sensação,
seguindo a assembleia de amigos, que cada um tem algo na mão que ele pode colocar em seus
vasos, e que ele não está na forma de, "mas não colocar nada em seus vasos”. Cada um deve
considerar que, se ele não se sente especialmente atento durante a assembleia, não somente
ele perde, mas ele também corrompe toda a sociedade.
Isso é semelhante ao que está escrito no Midrash (Vayikra Rabá, capítulo 4): "Duas pessoas
entraram em um barco. Um deles começou a perfurar debaixo dele fazendo um buraco no
barco. Ele lhe disse: 'Por que você está perfurando? "E ele respondeu:' Por que você deveria
se preocupar; estou perfuração debaixo de mim, não debaixo de você? "Então ele respondeu:
'Insensato! Ambos vamos nos afogar junto com o barco! "
E depois de falar da importância e necessidade da sociedade, começa a ordem de correção de
como e com o que podemos reforçar a sociedade para se tornar um bloco, como está escrito:
"E lá Israel acampou em frente ao monte" (Êxodo 19), e foi explicado, "como um homem e
um só coração”. A ordem deve ser que qualquer pessoa com uma sugestão que pode melhorar
o amor de amigos, deve ser discutida, mas deve ser aceita por todos os amigos, então não há
nenhum problema de coerção aqui.
Até agora, discutimos a relação entre homem e homem, que é para nos trazer a conexão entre
o homem e Deus, como está escrito na Entrega da Torá (A Entrega da Torá), p 137. Segue-se
que, como eles falam da importância do amor de amigos, e que toda a sua importância é que
ele nos leva ao amor do Criador, eles também devem pensar que o amor de amigos deve
trazer-nos para a importância do amor ao Criador.
270. Quem Causa a Oração

Artigo 18, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Os nossos sábios escreveram (Mesechet Berachot 32), "Deve-se sempre louvar o Criador e
depois orar”. Isto nos mostra que se deve acreditar que quando uma pessoa chega a um estado
onde ele sente a sua falha no trabalho do Criador, quando ele sente que a sua fé não é como
deveria ser, isto é, capaz de acreditar que o Criador é benevolente, e este sentimento, quando
ele vê que ele não pode agradecer ao Criador e dizer sinceramente, "Bendito seja aquele que
disse: 'Que haja o mundo ", o que significa que ele tanto aprecia tanto o mundo que, dá graças
ao Criador por ter criado o mundo por isso ele tem o que apreciar, se ele não sente o deleite e
prazer que podem ser recebidos, é difícil para ele ser grato por isso. E isso lhe dói já que não
pode louvar o Criador pelo o mundo que Ele criou e dizer sinceramente, "Bendito seja Aquele
que disse:" Haja o mundo. "
E que a deficiência dói nele, ou seja, ele diz que esse sentimento deve ter vindo com ele
porque ele está longe do Criador, o que significa imerso em amor-próprio. Isso faz com que
ele se separar do Criador, o que significa que ele não sente a grandeza do Criador, porque o
Criador está escondido dele.
E, portanto, ele não pode ver a verdade, como está escrito: "Pois é a sua vida e o comprimento
de seus dias”. E também, ele não pode sentir a importância da Torá, como está escrito:
"Porque esta é a sua sabedoria e o seu entendimento aos olhos das nações, que ouvirão todos
estes estatutos e dirão: 'Certamente esta grande nação é deveras um povo sábio e entendido. "
Quando uma pessoa examina e pensa: "Onde está esse entusiasmo que as nações estão
dizendo sobre nós, 'Certamente isso ... é um povo sábio e entendido’, por causa da Torá,
porque guardamos o que está escrito:" Observe e faça; pois isso é a vossa sabedoria e o seu
entendimento perante os olhos das nações. "Então por que não sinto a importância da Torá e
Mitzvot?"
Nesse estado de reflexão, quando ele se sente como está distante de qualquer reverência à
obra do Criador, ele começa a despertar e pensar: "Algo deve ser feito. Eu não posso ficar
nesse estado de humildade para o resto da minha vida. "Certamente, este é o momento quando
uma pessoa começa a rezar ao Criador para trazê-lo para mais perto Dele e para ajudá-lo de
cima, como nossos sábios disseram: “Aquele que vem para ser purificado é ajudado”.
Em outras palavras, Ele deve levantar a ocultação da grandeza e da importância de Kedushá
[santidade] dele, para que ele possa superar todos os pensamentos mesquinhos e desejos que
vêm do amor-próprio, e que todas as suas preocupações serão apenas sobre como ele pode
fazer algo para a Kedushá, chamada de “a fim de dar contentamento sobre seu Fazedor”. E,
certamente, isso só pode se dar na medida em que ele acredita na grandeza e importância do
Criador.
Assim, ele pede ao Criador para abrir seus olhos para que ele veja e sinta a grandeza e
importância do Criador, como está escrito (Salmo 88): “Senhor, por que você rejeita a minha
alma? Por que você esconde o seu rosto de mim? “E então é uma oração a partir do fundo do
coração. Ou seja, naquele momento, a pessoa quer que o Criador cure o seu coração, como
está escrito (Salmo 147), “Quem cura o coração partido e liga-se à sua tristeza”.
E então, a pessoa provavelmente pensa que o despertar para a oração de que o Criador vai
trazê-lo para mais perto Dele veio de si mesmo, e ele aguarda a salvação do Criador, que Ele
irá ajudá-lo através da concessão de sua oração. Isto é, que Ele vai trazê-lo para mais perto
Dele, como ele está orando agora, porque agora ele sente que a falta Dele, que ele não sentia
antes.
Portanto, quando uma pessoa não recebe do Criador o que ele acha que o Criador deve dar
ele, torna-se irritado já que o Criador não concede sua oração. Quanto a outras pessoas, ele
acredita que Ele não os aproxima porque eles não têm desejo pela espiritualidade. Mas ele não
é como as outras pessoas que não têm afinidade com o Criador, de modo que o Criador não
precisa aproximá-los de qualquer maneira.
Mas este homem, que rezou para o Criador para ajudá-lo aproximar-se Dele, o próprio
Criador pode ver que ele não é como as outras pessoas. Em vez disso, ele é mais elevado do
que a população; ele entende o mundo e sua finalidade, e ele contempla a finalidade para a
qual ele foi criado e o que ele deve alcançar. Mas quando ele olha para outras pessoas, ele vê
sua humildade-que todos os seus pensamentos e ações são para seu próprio benefício e ele
sente que ele entende de forma diferente porque a sua mente e qualidades são mais virtuosos e
dignos do que os das outras pessoas.

Além disso, às vezes, ele vê que ele é ainda mais virtuoso do que as pessoas de seu grupo. Ele
vê que eles ocasionalmente pensam em espiritualidade, mas ele, seu pensamento cada e todos
os seus desejos são apenas sobre espiritualidade. Ele sempre quer sair amor-próprio, e todas
as suas solicitações ao Criador são apenas para Ele libertá-lo a partir desta baixeza. E ele não
vê que seus amigos são igualmente sérios, pensando apenas sobre a espiritualidade.
Por esta razão, ele está chateado com o Criador por não conceder a sua oração, deixando-o em
seu estado atual, como o resto dos amigos, e não tem consideração por ele, ou seja, com a sua
oração, que é realmente feita do fundo do coração. Assim, no que respeita à concessão da
oração, ele encontra uma falha acima.
E ele se pergunta: "Mas está escrito: 'Pois Tu ouves a oração de toda a boca”, e "toda boca"
significa que toda a boca deve pedir a oração, o que significa que todo o seu corpo exige que
o Criador o ajude. Mas, como para o resto do povo, suas orações não são respondidas porque
não é com "toda a boca. '"
Baal HaSulam disse sobre isso: "Está escrito: 'E deve vir a passar que, antes de clamarem
eles, eu responderei, e enquanto eles ainda falando, eu os ouvirei”. "Ele interpretou que
quando uma pessoa sente sua falta e reza para o Criador para ajudá-lo, não é porque a pessoa
sente a sua falta, e isso dá-lhe razão para orar. Em vez disso, a razão é que ele é favorecido
pelo Criador, e o Criador deseja trazê-lo para perto.
Nesta hora, o Criador envia-lhe a sensação de sua própria culpa e convida-o a juntar a Ele. Em
outras palavras, é o Criador, que lhe aproxima, dando-lhe o desejo de voltar para o Criador e
para falar com o Criador. Segue-se que ele já tinha a concessão da oração antes mesmo de sua
oração. Ou seja, o Criador o trouxe para mais perto, permitindo-lhe falar com o Criador. Isso
é chamado, "Antes que eles chamem, eu vou responder”. Ou seja, o Criador trouxe essa
pessoa perto dele antes que o pensamento surgisse na mente do homem que deveria orar ao
Criador.
Mas por que o Criador o escolheu e deu-lhe a chamada para vir a Ele e orar? Para isso, não
temos resposta. Em vez disso, devemos acreditar acima da razão que isto é assim. Isto é o que
chamamos de "Orientação da Providência Pessoal”. Não se deve dizer: "Eu estou esperando
pelo Criador me dar um despertar de cima, e então eu serei capaz de trabalhar no trabalho da
santidade”. Baal HaSulam disse que, em relação ao futuro, uma pessoa deve acreditar em
recompensa e punição, o que significa que ele deve dizer (Avôt, capítulo 1), "Se eu não for
por mim, quem será por mim, e quando eu for para mim, quem sou eu, e se não for agora,
então quando"?
Assim, não se deve esperar outro momento. Em vez disso, ele deve dizer: "Se não for agora,
então quando?" E ele não deve esperar por um momento melhor, por isso "Então eu vou
levantar-me e fazer o trabalho de santidade”. Pelo contrário, é como nossos sábios disseram
(Avôt, Capítulo 2), "não diga:" vou estudar quando tiver tempo ", pois você não terá tempo”.
Mas após o fato, disse Baal HaSulam, é preciso acreditar na Previdência Pessoal-que não foi a
pessoa que convidou o Criador, mas o Criador que chamou a pessoa e lhe disse: "Eu quero
que você fale comigo”. Segue-se que a razão para a aproximação não veio de o indivíduo,
mas do Criador. Por esta razão, não se deve pensar que o Criador não ouve a oração. Ao
contrário, Ele o trouxe para perto antes mesmo dele se virar para o Criador para trazê-lo de
perto dele.
Isso é chamado, "Antes que eles chamem, eu vou responder”. Decorre do exposto que se uma
pessoa se despertou para sentir seu estado ignóbil, isso não veio do indivíduo. Em vez disso, o
Criador lhe enviou este sentimento que ele iria pedir para ser trazido para mais perto.
Portanto, assim que se tem um pensamento de que se está distante do Criador e desejar rezar
ao Criador para trazê-lo mais perto, ele não deve orar até que ele primeiro dê graças ao
Criador por tê-lo chamado para trazê-lo mais perto.
O Criador quer que o homem ore a Ele. E quando uma pessoa faz a autoanálise sobre por que
ele de repente se lembrou que há espiritualidade e que ele deveria tentar obter algo na
espiritualidade, se ele imediatamente diz que o Criador lhe enviou este pensamento, então ele
pode orar.
Este é o significado do que nossos sábios disseram, "Deve-se sempre louvar o Criador”. Em
outras palavras, assim que se começa a contemplar a sua situação em matéria de
espiritualidade, ele deve imediatamente louvar e agradecer ao Criador por lhe ter dado o
pensamento e desejo pela espiritualidade. Depois, quando ele sabe que o Criador o está
chamando, ele começa imediatamente a agradecer e elogiar o rei por tê-lo trazido para mais
perto. Isto é, quando ele pode orar por sua situação, uma vez que ele vê que lhe falta a Torá e
não sabe fazer qualquer distinção entre o verdadeiro e o falso, e ele reza para que o Criador
lhe mostrar o caminho da verdade.
Agora podemos entender o que nossos sábios disseram (Midrash Rabá, Toldot, 63, Mark 5), "
'E o Senhor respondeu-lhe”. Rabi Levi disse:' Não é uma alegoria sobre um príncipe que
estava se esforçando para tomar uma libra de ouro de seu pai. Ele estava lutando por dentro e
ele estava se esforçando de fora, uma vez que em árabe, 'procura' significa 'pedir.' 'Ele
interpreta lá os dons do sacerdócio, que 'tomar uma libra significa que seu pai, também, quis
dar-lhe, e estava se esforçando frente a ele para apressar a sua tomada".
Pelo que temos explicado, a razão pela qual uma pessoa quer se aproximar vem do Criador. O
Criador não esperar por uma pessoa acordar, mas desperta a pessoa. Em seguida, a pessoa ora
para que o Criador a traga mais perto. Podemos entender isso com a alegoria que ele dá sobre
o verso: "E ... respondeu-lhe", o que significa que Isaac orou ao Criador.
E deu uma alegoria sobre isso, o que significa que o seu pai, isto é, o Criador, conspira de
dentro, o que significa que seu pai lhe deu um pensamento e desejo de orar a Ele, e mais tarde
o príncipe conspira de fora. Em outras palavras, o povo de Israel são príncipes, e eles estão do
lado de fora do palácio do Rei e desejam se aproximar do Criador, ou seja, entrar no palácio
do rei. Isso significa que o seu pai no céu começou primeiro.
273. Sobre a Alegria

Artigo 19, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Diz o Mishná (Taanit, 26), “Desde o princípio de Av nós diminuímos alegria. Desde o
princípio de Adar nós aumentamos alegria. Se ele deliberar com idolatras, deixai-o julga-
lo em Adar”. Devemos entender o sentido de aumentar e diminuir alegria. Afinal, a alegria é
um resultado de certa razão que lhe causou alegria e podemos somente diminuir ou aumentar
as razões. Portanto, devemos saber que razão nos trará alegria.
Nossos sábios, que nos disseram para aumentar a alegria, se referiam à alegria
de Kedushá [santidade]. Respectivamente, devemos considerar que razão eles nos referiram
para que ela nos traga a alegria de Kedushá. Devemos também entender o que disseram eles,
“Se ele deliberar com idolatras, deixai-o julga-lo em Adar”. Afinal, estamos na terra de Israel
e há várias cidades onde não há sequer um único gentio. E até se encontrarmos um gentio na
cidade, qual deve ser a deliberação com ele?
Parece que julgar os idolatras em Adar é um costume perpétuo e não uma questão incidental.
Ou seja, se há um raro incidente onde Israel delibera com um génio ele irá e vai julga-lo no
mês de Adar. Portanto, precisamos de entender a que idolatras se estão eles a referir de com
quem se delibera.
Nós vemos que há uma ordem de duas condutas nas nossas orações: 1) uma ordem de
cantares e louvores para o Criador, 2) uma ordem de orações e ladainhas. Também vemos que
as duas são opostas. Isto assim é pois naturalmente, quando alguém pede ao seu amigo que
lhe dê algo, a medida do pedido depende da medida da sua necessidade dela. Se a coisa que
ele pede ao seu amigo é algo que toca no seu coração e é necessária, à medida da necessidade
da questão ele tenta fazer tudo o que puder para obter aquilo que ele procura.
Respectivamente, quando uma pessoa ora para o Criador conceder seu desejo, ela deve zelar
para que sua oração seja do fundo do coração, ou seja, de sentir sua deficiência. À medida da
sua sensação sua oração pode ser mais sincera. Portanto, sua oração não será como hipocrisia,
mas em vez disso do fundo do coração.
Para sentir sua deficiência, ela deve ver a verdade, de ver que ela tem uma grande carência e
que ela é um Kli[vaso] vazio no que diz respeito às questões de Kedushá. Quando ela sente
que ela é a pior pessoa no mundo, pode ela dizer que sua oração é honesta pois ela sente que
sua deficiência é a maior no mundo e que não há ninguém como ela.
Inverso a isso é o segundo discernimento na ordem da nossa oração, ou seja, salmos, cantares
e louvores. Vemos que frequentemente, a quantia de gratidão que um dá ao outro é medida
pelo benefício que ele recebeu do seu amigo. Por exemplo, quando alguém ajuda outro a obter
algo pequeno que ele precisava, a gratidão é pequena, também.
Mas vemos que se alguém dá a outro um emprego quando é difícil achar um trabalho, ele
esteve desempregado durante meses e está endividado à mercearia e o dono da loja já lhe
disse que terá de deixar de vender bens, ele desistiu de procurar empréstimos para prover para
suas necessidades e subitamente encontra uma pessoa a quem pediu um empréstimo, mas essa
pessoa oferece-lhe um emprego com boas condições e diz-lhe, “Para que procurar
empréstimos? Vou dar-te um emprego. Ouvi falar que és de confiança, então embora tenha
muitos trabalhadores, não tenho ninguém em quem possa confiar. Vou pagar-te tão bem que
pagarás tuas dividas rapidamente, então por que precisas de um empréstimo meu”?
Podemos imaginar a gratidão que ele daria a esta pessoa. Ele não precisa de lhe agradecer
verbalmente pois seu corpo inteiro lhe quer agradecer, como está escrito, “Todos meus ossos
dirão”. Se imaginarmos uma pessoa que foi condenada à prisão perpétua e outra pessoa veio e
libertou-a, que gratidão seus órgãos dariam ao seu salvador?
Sucede-se que se um desejar dar alto louvor ao Criador para que se torne como “Todos meus
ossos dirão, ‘Senhor quem é como Tu, que libertas o aflito daquele que é demasiado forte para
ele”, então um deve imaginar-se a si mesmo como a pessoa mais feliz no mundo, se ele
desejar dar grande louvor ao Criador. Inversamente, se ele sentir que algo ainda falta, que ele
quer que o Criador o ajude, então a gratidão que ele dá para o Criador não será como “Todos
meus ossos dirão”.
Portanto, vemos dois completos opostos na ordem da nossa oração, que levanta a pergunta,
“O que poderá um fazer quando ele vir que são tão afastados um do outro? Normalmente, nós
vemos a disparidade em muitas coisas. Um exemplo é a ordem das luzes que iluminam
os Kelim[vasos]. É sabido que há uma relação inversa entre os Kelim e as luzes. Nos Kelim os
grandes e bons Kelim aparecem primeiro. Isto é, Keter aparece primeiro e a Sefira [singular
de Sefirot] Malchut aparece por último. Nas luzes é o oposto: as pequenas aparecem primeiro:
primeiro Malchut e finalmente Kéter. É sabido que quando falamos da perspectiva
dos Kelim dizemos que a ordem é KCHBZON e quando falamos da perspectiva das luzes
dizemos que a ordem é NRNCHY.
Outro exemplo é aquilo que disse Baal HaSulam que vemos a disparidade na ordem do
trabalho do homem. Por um lado, disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 4), “Sê muito, muito
humilde”. Por outro lado, disseram eles, “E seu coração era alto nos caminhos do Senhor”.
Isto é, se ele realmente se humilha a si mesmo ante todo e cada um ele não será capaz de
superar aqueles que zombam do seu caminhar no caminho do Criador, uma vez que ele se
humilha a si mesmo ante todos. Em vez disso, nessa altura deve ele dizer, “E seu coração era
alto nos caminhos do Senhor”. Isto é, ele não deve ser impressionado pelo que ninguém lhe
diz, “Este trabalho é para que assumiste sobre ti mesmo adapta-se a pessoas hábeis e bravas,
que estão habituadas a superar obstáculos e receberam boa educação. Ou seja, uma vez que
quando eram pequenas foram acostumadas a dar à obra do Criador suprema importância. Mas
tu não és assim. Tu te deves contentar por seres um senhorio importante, ou seja, a zelares que
teus filhos aprendam Torá e a obra do Criador e então serás um senhorio importante e tuas
filhas casarão com discípulos da Torá. É impróprio que tu, homem de meia idade, comeces a
caminhar no caminho da obra que conduz a Torá Lishmá [pelo Seu bem] e completamente
não pelo benefício pessoal. Sai deste caminho e não definhes em questões que estão além do
teu nível”.
Nessa altura não tem ele escolha senão não ser impressionado por eles e manter as palavras de
nossos sábios, “Que ele não fique envergonhado perante os caluniadores”. Sucede-se que
então deve ele avançar pelo caminho do orgulho. Mas por outro lado, ele deve manter “Sê
muito, muito humilde”. Porém, de acordo com a regra, “Não há dois opostos no mesmo
portador”, como podem ambos se encontrar numa pessoa? Há muitos outros exemplos de dois
opostos na obra do Criador, mas podem haver dois opostos no mesmo portador em dois
tempos diferentes, ou seja, um de cada vez.
A raiz da questão é como está escrito na “Introdução ao Livro do” (itens 10-11), “Como é
possível que a carruagem da impureza e Klipot [cascas/peles] emergisse da Sua santidade,
uma vez que ela está na outra extremidade da Sua santidade”?
Diz ele lá: “Esta vontade de receber, que é a própria essência das almas pela criação,
é Tuma’a[impureza] e Klipot. Isto assim é pois à disparidade de forma nelas as separariam
Dele. E em prol de remendar essa separação, que reside no Kli [vaso] das almas, Ele criou
todos os mundos e os separou em dois sistemas, que são os quatro mundos de ABYA de
Kedushá e opostos a eles estão os quatro mundos de ABYA de Tuma’a. Ele imprimiu o desejo
de doar no sistema de ABYA de Kedushá, removeu a vontade de receber para si mesmos deles
e a colocou no sistema de ABYA de Tuma’a”.
Também diz ele lá: “Como é que essas duas coisas, que são opostas em forma uma da outra,
serão corrigidas? Por esta razão, a realidade deste mundo corpóreo foi criada, ou seja, um
lugar onde há um corpo e uma alma e um tempo de corrupção e um tempo de correção. Pois o
corpo, que é a vontade de receber para si mesmo, deriva da sua raiz no Pensamento da
Criação, através do sistema dos mundos de Tuma’a e permanece debaixo da autoridade desse
sistema durante os primeiros treze anos. Ao se envolver em Torá
e Mitzvot [mandamentos/boas ações], quando se envolve em prol de doar contentamento
sobre seu Fazedor, ele começa a purificar a vontade de receber para si mesmo impressa nele e
lentamente a transforma para ser em prol de doar”.
Acontece que assim que a criatura é criada, ela é composta de dois opostos: 1) vasos de
recepção, 2) vasos de doação. Não há maior disparidade que esta. Estes dois opostos vêm num
portador, mas um de cada vez e parece que há uma linha média que contém ambos: 1) a
vontade de receber, 2) a vontade de doar.
A linha média contém ambas quando a vontade de receber é incluída na vontade de doar,
chamada “receber em prol de doar”. Sucede-se que as duas forças são incluídas nesta linha
média, ou seja, recepção e doação juntas.
Respectivamente, a resposta para nossa pergunta, “Como pode estar a obra do homem em
completa inteireza e deficiência em absoluta baixeza no mesmo portador”? É que elas podem
estar em dois tempos. Ou seja, um precisa de dividir a ordem do seu trabalho em
dois caminhos: 1) Um caminho será no caminho da “direita”, chamada “inteireza”. Isto assim
é pois quando ele começa a virar, ele primeiro deve virar para a direita, chamada “inteireza” e
então para a esquerda. Isto assim é pois o homem consegue caminhar especificamente sobre
duas pernas, enquanto que numa perna não se pode falar de caminhar.
“Direita” significa inteireza pois quando ele assume sobre si mesmo a obra do Criador, a
ordem é que ele deve assumir o fardo do reino dos céus “como um boi para o fardo e como
um burro para a carga”. O “boi” refere-se à mente, chamada “boi”, do versículo, “Deixai o boi
conhecer seu dono”, referindo-se à fé acima da razão.
Um “burro” refere-se ao coração, chamado “burro”, como em “e um burro, a manjedoura de
seu mestre”, referindo-se ao amor próprio. Portanto, quando dizendo “trabalhar em prol de
doar contentamento sobre o seu fazedor”, ele o considera uma carga e sempre quer jogá-la
fora de seus ombros. Ele está sempre à procura do que ele pode comer deste trabalho, ou seja,
que prazer sua vontade de receber pode derivar.
Quando ele assume sobre si mesmo esta obra diz ele, “Eu devo ver por mim mesmo, ou seja,
sempre verificar se não me engano a mim mesmo de que estou no caminho certo, de que este
é o apropriado, ou seja, mantendo Torá e Mitzvot por causa do mandamento do Criador e não
por quaisquer outras razões. Porém, mantenho as palavras de nossos sábios, que disseram,
‘Um sempre se deve envolver em Torá e Mitzvot, até se Lo Lishmá [não pelo Seu bem], uma
vez que de Lo Lishmá chegará ele a Lishmá [pelo Seu bem].’ Portanto, porque devo eu pensar
se mantenho a Torá e Mitzvot com todas as intenções para que tudo seja pelo Criador?
“Todavia, tenho um grande privilégio de que o Criador me tenha dado um pensamento e
desejo de manter algo na Torá e Mitzvot. De acordo com a regra, com algo importante nós não
consideramos a quantidade, mas a qualidade. Em vez disso, até se for uma pequena quantia,
se a qualidade é o que importa, até algo pequeno de alta qualidade é muito importante. Por
esta razão, uma vez que o Criador nos ordenou através de Moisés a manter a Torá e Mitzvot,
então eu não me importo de quanto posso mantê-la. Em vez disso, até se tiver as piores e mais
imundas intenções, na ação eu observo tanto quanto o meu corpo me permitir.
E embora seja incapaz de superar os desejos do corpo, ainda fico contente de pelo menos ter a
força para manter os mandamentos do Criador de certa maneira pois acredito que tudo vem da
Providência. Isto é, o Criador me deu o desejo e força para observar Torá e Mitzvot e eu Lhe
agradeço por isto pois vejo que não a todos foi dado este privilégio de observar as Mitzvot do
Criador. Ele deve dizer que não consegue sequer valorizar a grandeza e importância de manter
o mandamento do Criador até sem qualquer intenção.
Podemos compará-lo a uma criança que não quer comer, que não deriva prazer de comer,
então os pais forçam a criança a comer se ela o quiser ou não. E embora a criança não tenha
prazer, no final, até pela coação, isso ajuda a criança, também, para que ela possa viver e
crescer. Porém, seria certamente melhor se a criança quisesse comer ela mesma, ou seja, se
ela desfrutasse da comida. Mas até sem prazer e completamente pela coação isso ainda
beneficia a criança.
Devemos dizer semelhante ao servir o Criador. Até se mantivermos a Torá e Mitzvot por
coação, ou seja, que nos forçamos a manter e nossos corpos resistem a qualquer coisa que seja
de Kedushá [santidade], ainda assim, a ação que ele realiza faz o seu trabalho e com isto ele
pode chegar a um estado onde tem um desejo de observar. Nessa altura, todas as coisas que
ele fez não são em vão. Em vez disso, tudo o que ele fez entra em Kedushá.
Podemos interpretar isto com aquilo que disseram nossos sábios sobre o versículo, “Ele
sacrificá-lo-á ante o Senhor de acordo com sua vontade”. (Arachin, 21). “Disseram nossos
sábios, ‘Sacrificá-lo-á’ indica que ele é forçado. Mas está escrito, ‘de acordo com sua
vontade’. Como pode isto ser? Ele é forçado até que diga, ‘Eu quero’”.
Significa isto que as palavras “ante o Senhor, de acordo com sua vontade” desorientaram
nossos sábios. Isso significa que tudo aquilo que ele faz em respeito a se aproximar do
Criador não é considerado uma ação se ele não quiser trabalhar para o Criador, que é chamado
“de acordo com a vontade do Senhor”. Em vez disso, essa pessoa ainda é desadequada para
fazer coisas que beneficiem o Criador, que significa que suas ações são inúteis, como se ele
nada tivesse feito pois elas não são de acordo com a vontade do Criador.
Porém, está escrito, “Ele sacrificá-lo-á”. Significa isto que ele é forçado, ou seja, até pela
coação. Ou seja, quando ele não quer trabalhar para o Criador isso ainda é chamado
“sacrifício”. Mas isto é perplexo, uma vez que ele não quer sacrificar a oferenda ao Criador,
então o princípio do versículo contradiz o seu final.
Disseram eles sobre isto: “Ele é forçado até que diga, ‘Eu quero’”. Isto é, isto segue a regra
daquilo que disseram nossos sábios, “Um sempre deve se envolver em Torá e Mitzvot até Lo
Lishmá, dado que de Lo Lishmá chega ele a Lishmá” (Pesachim 50b). Significa isto que ao se
subjugar a si mesmo cada vez embora o corpo não concorde trabalhar para o Criador pois
onde ele não vê autogratificação ele não consegue fazer uma única coisa.
Ainda assim, ele não repara nos queixumes do corpo e diz para seu corpo: “Sabei que até pela
força, tu fazes os mandamentos do Criador. Não te ajudará resistir ao trabalho. Diz-se que
as Mitzvot práticas têm o poder de trazer um a Lishmá”. Este é o sentido de “Ele é
forçado”, ou seja, que ele se força a si mesmo e não escuta a qualquer lógica e razão que o
corpo tente lhe explicar, mas lhe diz, “No fim nós vamos alcançar Lishmá”. Este é o sentido
de “até que ele diga, ‘Eu quero’”. Portanto, de Lo Lishmá chegamos a Lishmá, que é chamado
“Eu quero”.
Desta forma, cada vez que ele se lembra enquanto realizando alguma ação de Kedushá,
grande alegria imediatamente desperta nele de que lhe foi concedido ter algum contato com
questões que o Criador lhe ordenou fazer. Embora ele saiba que tudo aquilo que ele faz é Lo
Lishmá, ainda assim está profundamente feliz uma vez que nossos sábios nos prometeram que
de Lo Lishmá chegamos a Lishmá.
Ele está até mais feliz pois disseram nossos sábios, “Aquele que se arrepende por amor,
pecados para ele se tornam como méritos e aquele que se arrepende por medo, pecados se
tornam para ele como erros”. Sucede-se que quando ele é recompensado com trabalhar
em Lishmá, todas as Mitzvot que ele havia realizado em Lo Lishmá entrarão em Kedushá e
serão tão importantes como se ele as tivesse realizado em Lishmá.
Logo, até enquanto ele ainda trabalha em Lo Lishmá, isso é importante para ele como se
trabalhasse em Lishmá. Isto é, ele pensa que todas as coisas que faz certamente são mais
importantes que os pecados e estão destinadas a ser corrigidas para serem boas e ele considera
tudo aquilo que faz, até a mais pequena coisa, como um grande Mitzvá [mandamento]. Isso é
como disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 2), “Sê tão cauteloso com um mandamento
menor como com um maior, pois não conheces a recompensa dos mandamentos”.
Por esta razão, quando ele calcula as obras que faz, de quem são as Mitzvot que ele observa e
quando diz algumas palavras de Torá, ele diz para si mesmo, “De quem é a Torá que
aprendo”? E quando ele abençoa pelo prazer, tal como antes de beber ou antes de comer pão,
pensa ele, “Para quem falo eu agora”?
Sucede-se que então está ele em absoluta inteireza e essa inteireza produz alegria pois nessa
altura está ele aderido ao Criador, tal como ele assume que fala para o Criador, que é o bom
que faz o bem. Naturalmente, recebe alegria da raiz, pois a raiz de todas as criações é o
Criador, que é chamado “o bom que faz o bem”.
Disseram nossos sábios, “Bom para ele e bom para os outros”. Significa isto que nessa altura
consegue ele acreditar que o Criador lhe faz o bem a ele e a todos. Significa isto que então
consegue ele acreditar acima da razão que assim é realmente, embora ele conclua com seu
intelecto externo que não vê o bem em inteireza.
Mas agora, através dos cálculos que ele faz com seu trabalho em Torá e Mitzvot, quando está
de alguma forma aderido a certa medida do Criador, tem ele o poder para acreditar acima da
razão que isto assim é realmente. Naturalmente, “a verdade mostrará seu caminho”. O
resultado dele pensar que agora fala para o Criador é um grande despertar de alegria, como
está escrito, “Majestade e esplendor ante Ele, força e alegria estão no Seu palácio”.
Devemos entender em relação a quem foi dito que há alegria no Seu lugar. Certamente, todos
os nomes que mencionamos são da perspectiva das criaturas, ou seja, de acordo com a
percepção das criaturas. Porém, no Próprio Criador, como disseram nossos sábios, “Não há
pensamento ou percepção Dele de todo”. Em vez disso, tudo é dito somente da perspectiva
das criaturas.
Portanto, significa isto que aqueles que sentem que se encontram ante Ele sentem majestade e
esplendor, bem como aqueles que pensam que se encontram no Seu lugar, dado que “lugar”
significa “equivalência de forma”.
Mas há outro sentido, esse interesse é um espelho, como escutei de Baal HaSulam, que no
lugar onde um se pensa, lá ele se encontra. Portanto, se uma pessoa pensa que se encontra e
fala para o Rei, então ela se encontra onde o Rei está presente e então ela sente como está
escrito, “força e alegria estão no Seu lugar”.
Com isto podemos entender aquilo que questionamos sobre aquilo que disseram nossos
sábios, “Desde o princípio de Adar aumentamos alegria”. Questionámos, “Por que
aumentamos alegria”? Isto é, alegria é um resultado de certa razão, então qual é a razão que
invocaria a razão de nos trazer alegria?
De acordo com o citado, isso diz respeito a aumentar o avanço na linha direita, chamada
“inteireza”. Quando uma pessoa está num estado de inteireza isso é chamado “equivalência”.
Ou seja, o inteiro, que é o homem, está agora aderido ao Inteiro, como está escrito, “O
abençoado se adere ao abençoado e o maldito não se adere ao abençoado”. Portanto, se um
estiver num estado de criticismo, chamado “linha esquerda”, ele está num estado de “maldito”
e então ele está separado do Inteiro. Por esta razão nessa altura ele consegue sentir somente
trevas e não luz, pois somente a luz traz alegria.
Todavia, devemos entender por quê especificamente no mês de Adar devemos aumentar a
alegria e por que não pode ser no caminho da direita o ano inteiro? Devemos responder a isto
que uma vez que o milagre de Purim foi no mês de Adar, quando a luz do fim da correção
iluminou, como está escrito em O Portão das Intenções (O Estudo das Dez Sefirot, Parte 16, p
1813, item 220), “Desta forma, no futuro [fim da correção], todos os sagrados dias serão
cancelados menos o pergaminho de Ester [Purim] ”. A razão é que nunca houve tão grande
milagre, nem em qualquer Shabat ou em qualquer bom dia.
Por esta razão, a preparação para tão grande luz deve ser alegria, que é a preparação para
saudar um estimado convidado, que é a luz do fim da correção. Assim, ao nos prepararmos
aumentando a alegria, propagamos a luz chamada “os dias festivos e de alegria”.
Isto segue a regra que está escrita no sagrado Zohar: “O ato abaixo desperta o ato no alto”. Ou
seja, de acordo com a obra dos inferiores, a obra no alto desperta. Significa isto que quando
os inferiores se envolvem em alegria, do mesmo modo propagam eles a luz da alegria para
baixo, como está escrito (Esther, 9:21), “E escreveu Mordechai, para os obrigar nesses dias
em que os Judeus se livraram a si mesmos dos seus inimigos e isso foi num mês que foi
transformado para eles de tristeza para alegria de luto para um feriado, que eles devem fazer
deles dias festivos e de jubilo”, pelos quais propagam eles a luz do fim da correção que então
iluminou.
Devemos discernir a respeito da propagação da alegria. Dizemos que a razão disto é que nessa
altura uma pessoa agradece ao Criador por a aproximar. Sucede-se que quando ela dá graças,
ela se envolve na doação pois ela agradece e louva ao Criador por lhe dar um pensamento e
desejo de ter algum contato com a espiritualidade.
Mas agora ela não quer que o Criador lhe dê coisa alguma. Portanto, ela não pede coisa
alguma do Criador e agora sua única meta é dar graças ao Criador. Sucede-se que agora ela
tem Dvekút [adesão] com o Criador pois ela se envolve na doação. Portanto, com isto, alegria
e inteireza são atraídas para ela da Dvekút pois agora ela está aderida ao Inteiro. Este é o
sentido de aumentar alegria com isto.
Isso assim não é quando ela se envolve na ladainha, pois uma oração que é do fundo do
coração está cheia de deficiências, uma vez que à medida da sensação de carência também
assim é sua oração mais profunda. Acontece que então ela não pode ser feliz. Portanto, a
razão para a alegria é quando ela se envolve em louvor e gratidão e não quando ela se envolve
em examinar as deficiências.
De acordo com o citado podemos interpretar aquilo que disseram nossos sábios, “Se ele
deliberar com idolatras, deixai-o julga-lo em Adar”. Significa isto que há deliberação com um
estranho como se fosse costume que Israel deliberassem com estrangeiros. Pertence isto a
pessoas que se envolvem em Torá e na obra e que não se envolvem em qualquer emprego ou
profissão?
Na obra, devemos interpretar que isto se refere aos idolatras que estão em toda a Israel, ou
seja, num corpo. Essas pessoas que querem caminhar no caminho do Criador, seus corpos
lhes resistem. É como disseram nossos sábios sobre o versículo, “Não haverá Deus estranho
em vós”. Disseram eles, “Que estranho Deus está no corpo do homem? É a inclinação do
mal”. Isto é chamado “idolatras”, uma vez que ela resiste ser Israel. Isto é considerado
deliberar. E então no mês de Adar, quando foram recompensados com o milagre houve
felicidade e alegria para os Judeus pois eles temeram os Judeus e foi transformado no oposto,
que os Judeus governaram seus inimigos, por esta razão neste mês pode um condenar
o estrangeiro dentro dele e certamente terá sucesso neste mês, pois isso é considerado “virar
ao contrário”, como está escrito, “E os Judeus governaram seus inimigos”.
Devemos lembrar-nos que aquele que delibera com os seus idolatras por cada um
argumentar, “Tudo me pertence”. Israel argumenta que o corpo foi criado somente para ser
Israel e servo do Criador e não para o amor próprio, enquanto o estrangeiro dentro dela
argumenta, “Tudo me pertence”, também, ou seja, que o corpo inteiro foi criado com um
desejo de receber pois o corpo precisa de zelar somente pela sua vontade de receber. Por que
deve ele pensar sobre querer doar? Ele mostra várias provas de que está certo pois é isto o que
todos fazem.
Isto é, ele lhe diz, “Ide ver o que todos fazem. Há aqui alguém que esteja preocupada com os
outros enquanto suas próprias necessidades ainda não foram satisfeitas? Há muito poucas
pessoas, não mais que uma mão cheia, cujas necessidades foram completamente satisfeitas,
então eles começaram a zelar pelo bem-estar dos outros. Porém, até então eles zelam muito
cuidadosamente que sua preocupação com os outros, Deus nos livre, não macule seu amor
próprio. Mas tu dizes, ‘Tudo me pertence’, ou seja, de evitar completamente pensar no amor
próprio. Em vez disso, queres usar toda a tua energia para servir aos outros e desculpas teu
desejo de trabalhar para os amigos, que é chamado ‘amor pelos outros’, ao me dizeres que
este não é o fim, mas que pensas que ao te envolveres no amor pelos outros serás capaz de
alcançar o amor pelo Criador. Isto é, que queres ser completamente anulado ante o Criador.
Mas então, o que será do corpo, se queres dar teu inteiro corpo ao Criador, de te anular
completamente perante Ele? Diz-me tu, como posso eu concordar com isso? Isto é muito
difícil de entender. Portanto, sou forçado a argumentar, ‘Tudo me pertence’ e não te deixarei
dar um passo em frente”.
Nesse estado, há uma grande guerra, pois, cada um diz que está certo. A Israel nele argumenta
que uma vez que o Criador nos criou com a intenção de que Sua vontade é beneficiar Suas
criações, certamente Ele sabe o que é bom para as criaturas. Ou seja, Ele entendeu que
somente ao fazer tudo em prol de doar contentamento sobre o Criador terão elas a força para
receber os mais altos graus, chamados “revelação da Divindade”, que se veste na mente
interna e na sensação interna no coração. Logo, somente deste modo serão eles capazes de
receber todo o deleite e prazer que o Criador quis dar às criaturas.
Isto assim não seria se elas recebessem com vasos de recepção. Além de causar separação, há
a questão de ficar contentado com pouco. Isto é, devemos acreditar no que está escrito no
sagrado Zohar, de que há uma ténue luz que brilha nas Klipot [cascas/peles] para os sustentar.
Isto é, todos os prazeres no mundo corpóreo são como uma ténue luz em comparação com o
deleite e prazer que se encontram em Kedushá [santidade].
Por outras palavras, até um pequeno grau de Kedushá, tal como Néfesh de Assiá, contém mais
prazer que todos os prazeres corpóreos. Se um fosse a receber a abundância no desejo de
receber para seu próprio benefício, ele se contentaria com isto e não seria capaz de avançar e
alcançar graus mais altos devido à autogratificação, esta iluminação de Néfesh de Assiá seria
satisfatória e ele não teria necessidade de acrescentar coisa alguma aos prazeres de que
desfrutava.
Todavia, quando um é ensinado a trabalhar em prol de doar contentamento sobre seu Fazedor,
ele não pode dizer, “Eu me contento com aquilo que me foi concedido”, uma vez que tudo
aquilo que ele recebe é para o benefício do Criador. Portanto, não pode ele dizer, “Eu tenho
que chegue, uma vez que estou agradado com o Criador ao receber uma pequena luz superior
e ela agrada ao Criador então não quero receber mais”.
É proibido dizer, “Eu tenho que chegue pois já Lhe agradei ao receber esta pequena
iluminação Dele”. Em vez disso, um deve tentar doar mais e mais contentamento sobre o
Criador toda e cada vez. E uma vez que cada alegria no alto é quando o propósito da criação,
que é de fazer o bem às Suas criações, na realidade alcança os inferiores e é isto o que agrada
no alto, portanto, no mês de Adar, quando o tempo do milagre desperta, como está escrito, “e
foi transformado no contrário, que os Judeus governaram seus inimigos”, o tempo está
maduro para despertar o estrangeiro dentro dele. É como disseram nossos sábios (Berachot 5),
“Um sempre deve incitar a boa inclinação sobre a inclinação do mal”, como foi dito, “fica
zangado, mas não peques”. Interpreta RASHI “incitar a inclinação do bem”, ou seja, fazer a
guerra com a inclinação do mal.
Aqui isso significa que no mês Adar ele consegue derrotar a inclinação do mal, uma vez que
nessa altura, quando houve o milagre do alto, é como disseram nossos sábios (Shabat 88),
“Eles observaram e receberam”. Eles observaram aquilo que já haviam recebido. Interpreta
RASHI, “Aquilo que disse Rába, que a geração o recebeu nos dias de Achashverosh, foi dito
ao amor do milagre que foi feito a eles”.
Mas sobre o mês de Av, o tempo da ruína do Templo, quando o devemos lamentar, então o
sentido daquilo que disseram nossos sábios “diminuir a alegria”, é o modo no qual nos
envolvemos no mês de Adar, na direita, em prol de despertar o milagre que apareceu no mês
de Adar. É como disseram nossos sábios, “Pelo amor do milagre eles observaram e
receberam”.
Mas no mês de Av, quando temos de lamentar a ruína do Templo, devemos trabalhar sobre a
linha esquerda, ou seja, criticar nossas ações, de que devemos estar no caminho de Kedushá,
que é em prol de doar e quão afastado está um da doação.
Quando ele pensa sobre isto, está ele num estado de afastamento da Kedushá e está imerso no
amor próprio, onde sua inteira base para se envolver em Torá e Mitzvot é em prol
de satisfazer a vontade de receber com toda a satisfação possível.
Portanto, quando considerando a sua baixeza ele consegue despertar a dor da ruína
da Kedushá que há em todo e cada um. E então o versículo, “Todo aquele que lamenta por
Jerusalém é recompensado com ver o conforto de Jerusalém” se torna realidade.
281. Se A Pessoa Pecar E For Culpada

Artigo 20, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito em O Zohar, Vayikra (item 251): “Nós aprendemos o que está escrito, ‘Se um
pecar e for culpado’”. Por que diz ele primeiro, “Se um pecar”, e finalmente, “e for culpado”?
Ele responde que aprendemos que “se um pecar” significa que há transgressões com as quais
as criaturas pecaram, como está escrito, “de todos os pecados do homem”. “E for culpado” é
como dizeis, “a culpa é devolvida ao Senhor”, onde “e for culpado” significa “e for
corrigido”. Isto é, “Se ele pecar” significa se ele corrigir suas obras e devolver aquilo que ele
roubou. Disse Rabi Yosi, “Isto significa que a palavra, “devolver”, significa que ele mesmo
devolve, uma vez que não está escrito “devolverá”, que é imperativo, mais precisamente,
“devolve”, ou seja, por si mesmo.
Devemos entender por que diz ele, “Se um pecar”. Que transgressões são chamadas “pecado”,
onde está escrito, “de todos os pecados do homem”? Devemos entender isto, uma vez que
haverá uma transgressão que não seja considerada pecado? Ele traz uma evidência disto,
como está escrito, “de todos os pecados do homem”. Posteriormente interpreta ele o versículo
“sobre roubo”, que se aplica especificamente entre o homem e o homem.
Mas e quanto às Mitzvot [mandamentos] entre o homem e o Criador? Explicaremos isto na
obra. É sabido que todos os pecados vêm por causa da vontade de receber, que foi impressa
nas criaturas pelo pensamento da criação “de fazer o bem às Suas criaturas”. Depois disso
houve uma proibição sobre receber em prol de receber, que é a correção
da Tzimtzum [restrição] que foi feita em prol de evitar o “pão da vergonha”, por causa desta
correção, os mundos das Klipot [cascas/peles] emergiram pelo cascatear.
Então, através do pecado de Adam HaRishon com a árvore do conhecimento, dois sistemas
emergiram, como em “Deus fez um oposto ao outro”. Logo, há ABYA de Kedushá [santidade]
e oposto a ele ABYA de Tuma’a [impureza].
Daqui derivam todos os pecados—ao querer receber somente em prol de receber. Significa
isto que o homem foi criado pela natureza com amor próprio, ou seja, que ele só se preocupa
com seu próprio benefício. Somente pela Segula [remédio/virtude] da Torá
e Mitzvot [mandamentos] pode ele ser corrigido para trabalhar em prol de doar. Antes de ele
receber esta correção, chamada “em prol de doar”, ele quer engolir todas as coisas para seu
domínio pessoal, ou seja, receber tudo a partir do domínio do Criador e tê-lo no domínio do
homem.
Três discernimentos se propagam disto no nosso mundo: 1) coisas proibidas e coisas
permitidas. 2) Fazemos dois discernimentos em coisas permitidas: mandatárias ou opcionais.
3) A intenção, ou seja, que devemos direcionar com coisas proibidas, também, não as
fazermos, para que seja pelo propósito de doar. Com coisas permitidas, sejam mandatárias ou
opcionais, a intenção deve ser para doar e não para benefício pessoal, mas aquele que mantém
Torá e Mitzvot por causa dos mandamentos do Criador, pois ele acredita no Criador, que Ele
desfrutará de ele manter tudo aquilo que Ele nos mandou. Esta deve ser sua única intenção
com todas as coisas que ele faz, nas Mitzvot positivas [mandamentos de fazer alguma
coisa], Mitzvot negativas [mandamentos de não fazer alguma coisa] e nas questões opcionais.
Ele tenta direcionar tudo pelo Criador enquanto se envolvendo nelas.
Sucede-se que se uma pessoa recebe prazer na sua própria autoridade, seu pecado é que ela
retira do domínio do Criador para seu próprio domínio, uma vez que tudo deve entrar no
domínio do Criador e o homem é somente o servo do Criador e não tem autoridade própria.
Em vez disso, tudo deve estar no domínio de seu Mestre e o servo não tem autoridade própria.
Porém, quando ele recebe os prazeres que existem no mundo no seu domínio pessoal parece
que há dois domínios. Isso é considerado extrair do domínio do Criador, cujo mundo é Seu e
deixar entrar no seu domínio pessoal.
A respeito de extrair do domínio de seu amigo para o seu próprio, devemos discernir duas
condutas: 1) Seu amigo não vê que ele extrai do seu amigo e o deixa entrar no seu domínio
pessoal. Isto é chamado um “roubo”. Isto é, se seu amigo não vê, ele tem a coragem para
deixar entrar a posse de seu amigo no seu domínio pessoal. Mas se ele vê que seu amigo pode
vê-lo a tirar coisas e as deixar entrar no seu domínio pessoal ele não roubará.
2) Por vezes ele tira da posse de seu amigo até se seu amigo resistir. Isto é chamado de
“roubar”. Ele rouba seu amigo até se seu amigo vê, mas ele não é dissuadido pela sua gritaria
que é um roubo e que ele não o permite. Ele insiste, ou seja, que ele não tem o poder para
superar a paixão que ele tem pela posse de seu amigo e é obrigado a roubar. A razão por ele
não ser impressionado pelo outro olhar para ele a tirar é que sua vontade de receber já está
totalmente desenvolvida.
Baal HaSulam disse que a diferença entre um ladrão e um gatuno é que o gatuno tem uma
vontade de receber maior que a do ladrão. Desta forma, quando um ladrão sabe que o dono o
verá na ação, a vergonha dá-lhe a força para superar e abdicar do roubo. Mas a vontade de
receber de um gatuno é tão forte que nada o consegue perturbar de levar a cabo seu esquema.
Seu desejo e paixão são tão grandes que ele não considera coisa alguma e leva a cabo seu
plano.
Agora podemos explicar o que acima questionámos sobre querer insinuar o que ele diz, “Se
um pecar”, ou seja, desses pecados que são chamados, “pecado”, como está escrito “de todos
os pecados do homem”. Devemos interpretar aquilo que ele diz, “desses pecados que são
chamados, ‘pecado’”, e então ele traz a evidência do versículo, “de todos os pecados do
homem”. O que significa “de todos”? Devemos interpretar que ele implica a raiz da qual
todos os pecados vêm, nomeadamente a vontade de receber, com a qual todas as ações do
mundo começam e com a qual todas as obras são concluídas. Isto é, nos foi dado este desejo
para o corrigir para que ele trabalhe em prol de doar. Quando a vontade de receber geral for
corrigida para em prol de doar, ela será chamada o “fim da correção”.
Significa isto que todas as correções em que nos devemos esforçar em Torá e Mitzvot são
somente para corrigir a vontade de receber para que ela trabalhe em prol de doar e então
seremos recompensados com Dvekút [adesão] e seremos capazes de alcançar o propósito da
criação — de fazer o bem às Suas criações.
Sucede-se que no fim da correção, quando tudo é corrigido e nada mais há para corrigir, tudo
deve entrar em Kedushá. Isto é, até pecados devem entrar em Kedushá, ou uma parte da
vontade de receber estará em falta, deixada no exterior sem correção. Dissemos que a
intimação que o versículo, “de todos os pecados do homem”, significa que tudo deriva desta
raiz. Isto é, temos de saber que todos os pecados derivam da rudimentar vontade de receber,
como sabemos que esta é a raiz de todas as criaturas. Desta forma, até se um pecado
permanecer, uma vez que ele deriva da raiz, que é a vontade de receber, ele, também, deve ser
corrigido para trabalhar em prol de doar, ou esta deficiência será aparente na raiz, ou seja,
em Tzimtzum Álef [primeira restrição], que foi feita sobre a rudimentar vontade de receber
para que recebamos tudo aquilo que existe no pensamento da criação de fazer o bem às Suas
criações nos Kelim [vasos] que foram corrigidos para trabalharem em prol de doar.
Podemos entender isto através de uma descrição. Vamos assumir que Seu desejo de fazer o
bem às Suas criações é de cem quilogramas de prazer. Naturalmente, Ele teve de
preparar um Kli [vaso] com cem quilogramas de deficiência. Inversamente, não há lugar para
colocar os cem quilogramas de prazer pois pode haver preenchimento somente num lugar de
carência. Sucede-se que se preenchermos os Kelim [vasos], ou seja, deficiências e Kelim são
deixados de fora — ou seja, alguns dos Kelim que pertencem aos cem quilogramas de
deficiência estão impuros e são desadequados para serem preenchidos com a abundância que
lhes pertence — a abundância que Ele desejou dar, os cem quilogramas de abundância, Seu
desejo não é concretizado pois alguns dos Kelim pertencem à parte da abundância que ainda
não recebeu aquilo que lhes pertence.
Sucede-se que todos os Kelim que emergiram na hora da criação devem entrar
em Kedushá [santidade]. Com isto vamos entender o que o santo Zohar diz, “O anjo da morte
está destinado a ser um anjo sagrado”. Isto é como se diz acima, que uma vez que o mal vem
da vontade de receber que o Criador criou e então restringiu, que é chamado de “correção”,
todos os cem quilogramas de vontade de receber que Ele criou devem ser recebidos através da
correção chamada “receber em prol de doar”. Estes discernimentos que não conseguimos
corrigir antes do fim da correção são chamados Klipot[cascas/peles] e Tuma’a [impureza],
e Sitra Achra [outro lado], mas no fim da correção todos os Kelim têm de entrar
em Kedushá pela supracitada razão. Inversamente, haverá uma carência na abundância, uma
vez que todos os Kelim devem receber a abundância que pertence à sua quota.
Agora podemos entender o que está escrito, “de todos os pecados do homem”. Isto pertence à
raiz dos pecados, chamada “vontade de receber”. É por isso que está escrito, “Se um pecar e
for culpado”. O sentido do versículo, “de todos os pecados do homem”, não são pecados entre
o homem e o homem especificamente, como é interpretado posteriormente sobre o versículo,
“e for culpado”. É como se diz, “o pecado é devolvido ao Senhor”, onde “e for culpado”
significa que ele corrigirá suas obras e regressará o roubo que ele roubou, que implica
especificamente entre o homem e o homem.
Porém, devemos interpretar que a raiz de todos os pecados é a vontade de receber em prol de
receber, que é aquilo que uma pessoa recebe do Criador, ou seja, do Seu domínio e deixa tudo
no seu domínio pessoal, que é chamado “roubo”. Isto é, ela extrai do domínio do Criador
embora a Torá grite e diga que é proibido receber no nosso domínio pessoal ou isso é
considerado ter dois domínios — o domínio do Criador e ele tira os prazeres do domínio do
Criador para o seu próprio. Sucede-se que ele não é considerado um ladrão, mas um gatuno,
pois embora o Criador o veja a tirar, sua vontade de receber é tão forte que ele não consegue
resistir-lhe, que é o porquê dele ser considerado um gatuno e não um ladrão.
E qual é sua correção? Ele revolve o roubo que ele roubou, ou seja, se arrepende e se
corrige para que todas suas obras entrem em Kedushá. Isto é, ele propaga um desejo que todas
suas obras sejam em prol de doar. É por isso que ele interpreta, “Se um pecar e for culpado”,
que “e for culpado” significa correção.
Rabi Yosi acrescenta e diz, “Isto significa o que está escrito, ‘e devolve’, ou seja, devolve ele
mesmo, uma vez que ‘e devolve’ não está escrito no imperativo, mas em vez disso ‘devolve’ é
precisamente ele mesmo. Isto é, há ‘arrependimento por medo’, quando seus pecados se
tornam para ele como enganos e isto é considerado como se ele devolvesse o roubo. Porém,
isto ainda não é considerado voluntariamente. Em vez disso, dado que ele tem medo, ele
devolve o roubo. Mas isto não é considerado “ele mesmo”, ou seja, de sua própria vontade,
para que possamos dizer que ele está feliz ao devolver o roubo. Em vez disso, é como se ele
não tivesse escolha.
Arrependimento por temor ainda não corrige o pecado, uma vez que com arrependimento por
temor, pecados se tornam somente como enganos. Portanto, há Kelim que ainda estão fora
de Kedushá, ou seja, que a abundância superior ainda não se consegue vestir neles. Assim,
Seu desejo que era de fazer o bem às Suas criações, de doar sobre os inferiores, ainda não tem
onde se vestir. É como se houvesse uma deficiência no propósito.
Deste modo, nos foi dada uma correção chamada “arrependimento por amor”. Nessa altura os
pecados se tornam para ele como méritos”. Os Kelim que eram como “pecados”, que são
desejos de receber que pertencem à abundância superior da perspectiva do propósito da
criação, são desadequados para receber a abundância. Mas quando méritos são feitos a partir
destes Kelim, eles são adequados para a vestimenta da abundância superior e então a
completude da meta, que é de beneficiar Suas criações, se pode tornar realidade à medida da
abundância que Ele lhes quis dar. Agora todos os Kelim que pertencem à vontade geral de
receber que se dividiram em sete partes (pois é mais fácil corrigir partes mais pequenas)
entraram.
Isto é como a alegoria que disse Baal HaSulam sobre a correção da árvore do
conhecimento (Panim Masbirot p 56), sobre um rei que queria enviar moedas de ouro para o
estrangeiro ao seu filho, mas seus conterrâneos eram ladrões, então ele mudou as moedas de
ouro para centavos e centavo a centavo se junta a uma grande soma e com isto tudo será
corrigido.
284. Acerca de Acima da Razão

Artigo 21, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Acerca de acima da razão, deveríamos usar esta ferramenta tanto entre amigos e entre um
indivíduo e o Criador. Contudo, há uma diferença entre eles. Entre um indivíduo e o Criador,
esta ferramenta deve permanecer para sempre. Por outras palavras, nunca se deve subestimar
esta ferramenta, chamada, “fé acima da razão”. Mas entre amigos, se ele puder ver a virtude
do seu amigo dentro da razão, tanto melhor.
E, contudo, a natureza do corpo é contrária – vê sempre a falha do seu amigo e não as suas
virtudes. É por isso que os nossos sábios disseram, “Julga todas as pessoas de forma positiva”
Por outras palavras, ainda que dentro da razão vires que o teu amigo está errado, ainda assim
deverias tentar julgá-lo favoravelmente. E isto pode ser acima da razão. Isto é, ainda que
logicamente ele não possa justificá-lo, acima da razão, não obstante, pode justificá-lo.
Contudo, se o puder justificar dentro da razão, certamente que é melhor. Se, por exemplo, vir
que os amigos estão num grau mais elevado que o seu, vê dentro da razão como está numa
inferioridade desqualificada em comparação com os amigos, que todos os amigos guardam o
horário de chegada ao seminário, e têm grande interesse em tudo o que está a acontecer entre
os amigos, para ajudar alguém como puderem, e imediatamente implementarem todas as
recomendações dos professores para o trabalho na ação presente, etc., certamente que isto o
afeta e lhe dá força para ultrapassar a preguiça, tanto quando necessita de acordar antes do
romper do dia, mas também quando está acordado.
Também, durante a lição, o seu corpo está mais interessado nas lições, pois de outra forma
atrasar-se-á em relação aos seus amigos. Também, com tudo o que respeita Kedushá
[santidade], deve tomá-lo mais seriamente porque o corpo não pode tolerar ficar para trás.
Além disso, quando o seu corpo olha para os amigos, vê dentro da razão que todos estão a
trabalhar para o Criador, e então também o seu corpo lhe permite trabalhar para o Criador.
E a razão pela qual o corpo o ajuda a mudar para doação é como mencionado – o corpo é
incapaz de tolerar ficar para trás. Em vez disso, todos têm orgulho, e ele é incapaz de aceitar
uma situação em que o seu amigo é maior que ele. Assim, quando vê que os seus amigos
estão num nível mais elevado que o seu próprio, isto faz com que ele se eleve de qualquer
forma.
Este é o significado do que os nossos sábios disseram, “Opositores´ a inveja aumenta a
sabedoria”. Por outras palavras, quando todos os amigos olham para a associação como
estando num nível elevado, tanto em pensamentos como em ações, é natural que cada um e
todos devam elevar o seu grau para um nível mais elevado do que aquele que tem pelas
qualidades do seu próprio corpo.
Isto significa que mesmo que não tendo uma gana inata por grandes desejos ou não for
intensamente atraído para a honra, ainda assim, através da inveja, pode adquirir poderes
adicionais que não tem na sua própria natureza. Em vez disso, a força da qualidade de inveja
nele procriou novos poderes dentro dele os quais existem na associação. E através deles,
recebeu aquelas novas qualidades, isto é, poderes que não foram instalados nele pelos seus
progenitores. Assim, agora tem novas qualidades que a associação procriou nele.
Resulta que uma pessoa tem qualidades que os pais legaram aos seus filhos, e tem qualidades
que adquiriu da associação, que é uma nova posse. E isto só lhe chega através de se ligar com
a associação e a inveja que sente em relação aos amigos quando vê que eles têm melhores
qualidades que as suas próprias. Isso motiva-o a adquirir as suas boas qualidades, que não tem
e das quais está ciumento.
Assim, através da associação, ganha novas qualidades que adopta ao ver que eles estão num
nível mais avançado que o seu, e fica com inveja deles. É esta a razão porque agora pode ser
maior do que quando não tinha uma associação, uma vez que adquire novos poderes através
da associação.
Contudo, isto pode ser dito se ele realmente vir os amigos num nível mais elevado que o seu.
Mas na mesma altura, a má inclinação mostra-lhe a baixeza da sociedade e fá-lo pensar, “Pelo
contrário, esta associação com que te queres ligar não é para ti. Eles estão muitos graus abaixo
dos teus. Assim, de tal associação, não somente não ganharás nada, mas antes, mesmo as
forças recém-nascidas que tu tens, que são pequenas, são maiores do que aquelas dentro desta
associação.
Assim, deverias de facto ficar longe deles. E se quiseres ligares-te com eles, pelo menos vê
que todos eles te obedecem, isto é, segue a tua compreensão de como a associação se deveria
comportar: como se sentam quando se reúnem, como estudam, e como oram. Por outras
palavras, são todos sérios também, e Deus proíbe que deveriam mesmo sorrir ou sempre
debater os amigos´ assuntos mundanos – se fazem a sua subsistência ou como a fazem,
facilmente ou com dificuldades, se ele tem um trabalho onde não sofre ou tem um patrão que
lhe dá um trabalho árduo, ou se os seus colegas não o zombam por ser ortodoxo, etc.
Todos esses assuntos não têm importância nenhuma e não vale a pena pensar neles, pois são
apenas assuntos materiais. Ele, por outro lado, veio para participar numa assembleia de Israel
por um nobre propósito, que é ser um verdadeiro servo do Criador”
Acontece que quando ele deseja esquecer-se da sua materialidade – quando de facto, a sua
vida material o preocupa profundamente ele a larga e não se quer lembrar – os amigos vêm e
começam a discutir a materialidade dos seus amigos. E ele não se importa com a vida material
dos seus amigos, uma vez que agora quer espiritualidade, “ Assim, porque é que os amigos
estão subitamente a desorganizar a minha mente com coisas mundanas que já não têm
qualquer interesse para mim? É por isso que quero esquecer a minha materialidade, para ter
tempo de pensar nos amigos’, materialidade, pode ser isto? Assim, “O melhor que tens a fazer
é ouvir-me e ficar longe deles, “ diz-lhe o seu corpo, “E serás certamente mais bem-sucedido.
Para quê desorganizar a tua mente com tais absurdos”?
Por isso, quando o corpo lhe mostra a inferioridade dos amigos, o que pode responder ao seu
corpo, quando ele vem com argumentos de justo? Por outras palavras, o corpo não o incita a
virar as costas à associação porque o corpo lhe sugira para ser ímpio. Pelo contrário, o corpo
diz-lhe, “Por ficar longe da associação, serás justo e pensarás unicamente sobre a tua
espiritualidade, e quando necessário também da tua materialidade”.
Por isso, se uma pessoa acreditar que sem uma associação é impossível avançar e alcançar o
amor do Criador, uma vez que este é o trampolim para se sair do amor próprio e entrar no
amor do Criador, não há outra escolha a não ser elevar-se acima da razão. Ele deveria dizer ao
seu corpo, “O facto de veres que eles não estão verdadeiramente no nível de ansiarem atingir
o amor do Criador como o desejas – sendo que és o meu corpo, eu vejo em ti que és mais puro
que o resto dos corpos dos amigos, dado que queres ser um servo do Criador.
“Vejo que me estás a aconselhar a deixar os amigos porque os seus corpos já mostram a sua
inferioridade e não têm força para ocultar as suas características impróprias, uma vez que as
pessoas normalmente escondem o mal que existe nelas umas das outras, para que os outros as
respeitem por terem qualidades elevadas. Mas aí, o seu ego é tão grande que eles são
incapazes de ultrapassar a malignidade e escondem-se para que os outros não os vejam.
Assim, da minha perspectiva, certamente que são ignóbeis.
“Contudo, sem uma associação não ganharei nada, apesar de todas as minhas boas qualidades.
Assim, acima da razão, vou seguir o que os nossos sábios disseram (Avôt, Capítulo 4), ‘Sede
muito, muito humildes’. Por outras palavras, devo elevar-me acima da razão e acreditar que
eles estão num nível mais elevado que o meu. E então, na medida da minha fé, serei capaz de
receber incentivo e força da associação e receber deles o que a associação puder dar”.
Sendo assim a única razão para aceitar o amor dos amigos acima da razão é por necessidade,
por falta de outras opções, mas pela razão vê que está certo.
Contudo, é precisamente aqui, isto é, em relação aos amigos, que pela razão é mais
importante que o nível acima da razão. É assim porque na verdade, quando uma pessoa se
deseja aproximar mais de Dvekút [adesão] com o Criador, através do trabalho que deseja
fazer somente para doação, o mal começa a aparecer nele. E o assunto do reconhecimento do
mal não é um assunto intelectual. Antes, é uma sensação no coração.
Isto significa que ele deveria sentir acerca de si próprio ser pior e inferior a todo o mundo. E
se ainda não chegou a senti-lo, mas pensa que há alguém que é ainda pior do que ele, então
provavelmente ainda não recebeu o reconhecimento do mal, em outras palavras, o mal ainda
está escondido no seu coração e ainda não lhe foi revelado.
Isto é assim porque só é possível ver o mal quando se tem algo de bom. Por exemplo, é
impossível detectar qualquer sujidade na casa se está escuro. Mas quando acendes uma
lâmpada, podes ver que lá há sujidade.
Também, se não se praticam boas ações, não é possível empenhar-se na Torá e oração, e não
se deseja chegar mais perto do Criador, ele não tem luz para iluminar o seu coração e
permitir-lhe ver o mal no seu coração. Resulta que a razão por que ainda não vê que há mais
maldade no seu coração, do que em todos os amigos é que ele necessita de mais bondade.

Por isso resulta que o facto de ele ver que os seus amigos são piores do que ele vem da falta
de luz que brilhará nele, assim ele verá o mal nele próprio. Desta forma, toda a questão do mal
que está no homem não é em encontrar o mal, uma vez que todos têm este mal, chamado
“desejo de receber para receber”, que é amor próprio. Em vez disso, a diferença está
inteiramente na revelação do mal. Por outras palavras, nem toda a gente vê e sente que o amor
próprio é mau e prejudicial, dado que não vê que o empenho em satisfazer o seu desejo de
receber, chamado “amor próprio”, prejudicá-lo-á.
Contudo, quando começa a fazer trabalho sagrado no caminho da verdade, isto é, quando
deseja alcançar Dvekút [adesão] com o Criador, assim todas as suas ações serão para o
Criador, devido a isso recebe um pouco mais de luz que brilha para ele, de vez em quando, e
então começa a sentir o amor próprio como uma coisa má.
É um processo gradual. Cada vez que vê que isto é o que o está a impedir de alcançar Dvekút
com o Criador, ele vê cada vez mais claramente como – o desejo de receber – é o verdadeiro
inimigo, tal como o rei Salomão referiu a má inclinação como “um inimigo”. Está escrito
sobre isso, “se o teu inimigo tem fome, dá-lhe pão, assim acumulas achas frias na sua
cabeça”.
Por isso vemos que na verdade, uma pessoa devia sentir que é pior do que os outros porque
realmente esta é a verdade. E também deveríamos compreender o que os nossos sábios
disseram, “a inveja dos opositores aumenta e sabedoria”. Isto é precisamente dentro da razão.
Mas acima da razão, o mérito do seu amigo não é suficientemente evidente para dizer que é
invejoso do seu amigo, de forma a que isto o levaria a trabalhar e labutar porque o seu amigo
o força, devido à inveja.
Baal HaSulam interpretou uma frase de Rabi Yohanan, “O Criador viu que os justos eram
poucos. Ele perfilou-os e implantou-os em cada e em todas as gerações”. Como está dito.
“Porque os pilares da terra são os do Senhor, e Ele estabeleceu o mundo sobre eles”. RASHI
interpreta, “Espalhem-nos através de todas as gerações, “para serem uma base, suporte e um
alicerce para a existência do mundo (Yoma 78b). “Poucos” quer dizer que se estavam a torna
menos. Assim, o que é que Ele fez? “Ele perfilou-os e implantou-os em cada e em todas as
gerações”. Assim, plantando-os em cada geração, eles multiplicar-se-iam.
Deveríamos compreender como se multiplicariam se Ele os plantasse em cada e em todas as
gerações. Deveríamos compreender a diferença entre todos os justos estarem numa única
geração, e serem dispersos através de todas as gerações, como se depreende das palavras do
comentário de RASHI, que por os espalhar através das gerações os justos aumentariam,

Ele, Baal HaSulam, disse, “Tendo justos em cada geração, haverá espaço para pessoas que
não têm as qualidades inatas para alcançar Dvekút com o Criador. Contudo, ao ligarem-se
com os justos que haverá em cada geração, ao aderirem a eles, aprenderão das suas ações e
poderão adquirir novas qualidades através dos justos que estarão em cada geração. É por isto
que Ele espalhou os justos em cada geração, para que desta forma os justos aumentassem”.
E como foi dito, o mesmo pode ser conseguido pela adesão de amigos –novas qualidades
pelas quais serão qualificados para alcançar Dvekút com o Criador. E tudo isto pode ser dito
enquanto vê os méritos dos amigos. Nessa altura, é relevante dizer que devia aprender das
suas ações. Mas quando vê que é melhor qualificado que eles, não há nada que possa receber
dos amigos.
É por isso que disseram que quando a inclinação do mal vem e lhe mostra a baixeza dos
amigos, ele deveria elevar-se acima da razão. Mas certamente, seria melhor e mais bem-
sucedido se ele pudesse ver dentro da razão que os amigos estão num nível mais elevado que
o seu. Com isso podemos compreender a oração que Rabi Elimelech tinha escrito para nós,
“Deixemos que os nossos corações vejam as virtudes dos nossos amigos, e não as suas
falhas”.

Contudo, entre um indivíduo e o Criador, é uma questão totalmente diferente. Por outras
palavras acima da razão é melhor. Isto significa que se assume a fé acima da razão, o seu
trabalho está na direção certa. Isto não é assim dentro da razão, embora o intelecto duma
pessoa apreenda de forma diferente. Por outras palavras, todas as pessoas sabem e
compreendem que se ele não tivesse que acreditar, mas a Sua Previdência fosse revelada
através do mundo, significando a todas as criaturas, todo o mundo iria certamente empenhar-
se na Torá e Mitzvot, e não haveria lugar para os laicos. Antes todos seriam ortodoxos.
Contudo, a Sua Previdência não é revelada aos mais baixos. Em vez disso, eles devem
acreditar. Contudo, a fé é uma coisa difícil, dado que o Criador nos deu intelecto e raciocínio
para ver cada coisa de acordo com os nossos próprios olhos. Julgamos tudo o que respeita às
relações humanas de acordo com o nosso melhor julgamento, e não há nada que nos mostre
diferenças exceto as nossas mentes, como os nossos sábios disseram, “Um juiz só tem o que
os seus olhos vêm” (Baba Batra 131). Segue que conduzimos todos os nossos assuntos dentro
da razão, não acima da razão.
E por esta razão, quando uma pessoa começa com o trabalho do Criador e lhe é dito que deve
aceitar fé acima da razão, começa a pensar: “Mas vejo que o Criador nos deu raciocínio para
compreender tudo de acordo com o intelecto, significando de acordo com a forma que a nossa
mente apreende. Assim, como posso assumir algo que é contra a minha mente”? É uma coisa
muito difícil para o corpo compreender que é no seu interesse o trabalho de santidade de
forma acima da razão.
Acima da razão aplica-se tanto à mente como ao coração. É por isso que nem toda a gente
pode entrar no trabalho de santidade, que é o trabalho acima da razão. Por isso, ao ensinar o
resto do mundo sobre o trabalho do Criador, a ordem é como Maimonides disse, que
começam em Lo Lishmá [não pelo Seu nome] até que adquiram conhecimento e ganhem
muita sabedoria, e então é-lhes dito que a essência do trabalho é para doação, que é chamada,
“trabalho para o Criador”.
Contudo, deveríamos compreender a razão de acima da razão ser melhor. O contrário parece
fazer mais sentido – que se ao servir o Criador estivessem inseridos dentro da razão, mais
pessoas viriam e quereriam ser servos do Criador. BaalHaSulam disse acerca disso que não se
deveria pensar que quando o Criador nos deu o Seu trabalho na forma de acima da razão, é
um nível baixo. Antes, deveríamos acreditar que é um grau muito elevado, pois somente se
tem uma oportunidade de ser capaz de trabalhar para doação. Doutra forma, ele teria que cair
em para receber.
Por isso, ainda que mais pessoas estivessem a servir no caso do trabalho ter sido dentro da
razão, elas nunca seriam capazes de alcançar Dvekút com o Criador, que é o trabalho para
doação. Assim, ainda que houvesse um aumento na quantidade, em termos de qualidade, seria
impossível para o homem ser capaz de receber o deleite e prazer que o Criador deseja dar às
criaturas, de acordo com o Seu desejo – de fazer bem às Suas criações.
Assim, pelo deleite e prazer que as criaturas receberão por serem sem falta, isto é, por
evitarem ter o pão da vergonha, houve a correção do Tzimtzum [restrição] – que a super
abundância não brilharia a não ser que estivesse onde há equivalência de forma. Isto é
considerado que as criaturas recebem a abundância dos vasos de doação. E quando já não há
vasos de doação nas criaturas, elas têm que permanecer na escuridão, que é chamada, “eles
morrerão sem sabedoria”.

Contudo deveríamos saber que ainda que haja a luz da Torá em Lo Lishmá também, da qual
os nossos sábios disseram, “ Dever-se-ia empenhar sempre na Torá e Mitzvot em Lo Lishmá
porque de Lo Lishmá se chega a Lishmá, porque a luz nela reforma-o”, depois, deve alcançar-
se Lishmá. Por outras palavras, ele deveria chegar a trabalhar acima da razão de mente e
coração.
Mas entre um homem e o seu amigo, se ele puder trabalhar em amor dos amigos dentro da
razão, isto é, se tenta ver os amigos como estando num nível de santidade mais elevado do
que ele próprio, certamente que isto é melhor. Por outras palavras, se ele vir dentro da razão
que os amigos estão mais perto de Dvekút com o Criador do que ele, é certamente melhor do
que se tivesse que acreditar acima da razão.
Assim, na verdade, ele vê que está num nível mais elevado que os amigos. Dentro da razão,
ele sempre vê os amigos como atrasados. Contudo, acredita acima da razão que deveria dizer
– porque é um Mitzvá [mandamento/ boa ação]- que deveria acreditar que não é como ele o
vê. Certamente, se ele puder ver dentro da razão que os amigos estão em graus de santidade, é
bem melhor.
Da mesma forma, podemos interpretar o verso (Samuel, 16:7), “Mas o Senhor disse a Samuel,
“Não olhe para a sua aparência ou para a altura da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque
não é como o homem vê, uma vez que o homem olha para os olhos, mas o Senhor olha para o
coração”.
Por isso vemos que quando o Criador enviou Samuel para ungir um dos filhos de Yishai
[Jesse], Samuel compreendeu pelo que viu nos seus olhos que Eliav, filho de Yishai, estava
apto para ser rei de Israel em vez do Rei Saul, mas o Criador discordou da sua percepção. No
fim, eles trouxeram David, que estava a arrebanhar o gado, e David era ruivo com belos olhos
e boa aparência. “E o Senhor disse, ‘Levantem-se, unjam-no; porque este é ele,’”
O que é que isso nos ensina? Há duas coisas que vemos aqui:
Da perspectiva de Samuel, ele compreende as virtudes de Eliav - de acordo com a sua mente –
como estando pronto para ser rei de Israel. Mas o Criador disse-lhe, não, não sigas o teu
próprio raciocínio”, uma vez que no que respeita ao Criador, a razão é sem valor. Antes,
desde que o Criador queria entronizar um rei, a isto se chama “entre um indivíduo e Criador”,
onde não há espaço para razão, “Porque os Meus pensamentos não são os teus pensamentos,
nem os Meus são os teus caminhos”. Antes, o que lhe disse o Criador? “Pois não é como o
homem vê, porque o homem olha para os olhos, e o Senhor olha para o coração”.
De acordo com o exposto, podemos interpretar que “Porque o homem olha para os olhos” é
bom entre uma pessoa e o seu amigo. Nesse caso, é bom se, se puder ir dentro da razão, que é
de acordo com o que vê.
Isto não é assim com. “E o Senhor olha para o coração”. Por outras palavras, no que diz
respeito às questões do Criador, é acima da razão e não se deve olhar de acordo com os
próprios olhos, mas acima da razão. Assim, dois discernimentos devem ser feitos aqui: 1)
Entre uma pessoa e o Criador, acima da razão é melhor; 2) entre uma pessoa e o seu amigo,
dentro da razão é melhor.
É por isto que o Criador lhe disse, “Não olhes para a sua aparência”, uma vez que seguindo os
seus olhos é bom entre um homem e o seu amigo. Se puderes ver as virtudes do amigo dentro
da razão, tanto melhor. Mas aqui não é assim, quando quero ungi-lo como rei. Esta actividade
pertence-Me. Eu quero-o como rei. A isto se chama “entre uma pessoa e o Criador”. Aqui, o
trabalho apropriado é acima da razão, dado que precisamente desta forma é possível alcançar
recepção para doar. De outra forma, ele cairá em receber para receber, o que causa separação
e afastamento de Kedushá [santidade].
Contudo, aqui surge uma questão, depois de se ter decidido elevar-se acima da razão e não
olhar para todas as perguntas que o corpo começa a fazer. Quando ele começa a trabalhar no
caminho da doação e fé acima da razão, ele ultrapassa os obstáculos – as perguntas que o
corpo lhe traz de todo o mundo – e fecha os olhos e não quer olhar para nada que contradiga a
mente e o coração, mas decidiu elevar-se unicamente acima da razão, depois desta decisão,
algumas vezes subitamente ele levanta grandes desculpas com que o corpo tem que
concordar.
Assim, ele vê que agora está a caminhar dentro da razão. Mas o que pode fazer quando ele
agora vê, através das desculpas que recebeu de cima, que se diz a si mesmo, “O que posso
fazer agora que não tenho onde possa trabalhar acima da razão? Vejo agora que tudo o que
faço para doação é como deveria ser”.
Assim, ele já não tem mais perguntas sobre servir o Criador, que o forcem a trabalhar acima
da razão. Mas dado que o trabalho é principalmente acima da razão, o que pode fazer quando
está em tal estado?
Baal HaSulam disse que quando uma pessoa é premiada com alguma revelação de cima e que
agora sente que vale a pena ser um servo do Criador, segue que até agora ele tinha trabalho na
forma de acima da razão: o corpo discordava com este trabalho e ele tinha sempre que
ultrapassar, e precisava que o Criador lhe desse força acima da razão. Mas agora já não
precisa da ajuda do Criador, uma vez que agora sente que tem uma base sobre a qual construir
a sua estrutura. Por outras palavras, já tem sustentação na qual confiar.
Assim, agora está a manchar a fé que estava a usar primeiro, porque agora já pode dizer,
“Obrigada Deus estou livre do fardo da fé, que era um fardo e carga para mim”. Mas agora já
tenho uma base dentro da razão porque agora recebi algum despertar de cima de forma a que
o corpo concorde que vale a pena guardar Torá e Mitzvot. Resulta que por isso está a manchar
a fé.
E Baal HaSulam disse que naquela altura, deve dizer-se, “Agora digo que o caminho
verdadeiro é realmente acima da razão. E a evidência disso é o facto de que agora fui
premiado com alguma iluminação de cima, só porque assumi elevar-me acima da razão. Foi
por isso que fui premiado em o Criador me trazer para um pouco mais perto Dele e dar-me
algum despertar de cima”.
E esta iluminação que recebeu agora dá-lhe resposta a todas as perguntas. Resulta que isto
justifica o acima da razão. Assim, o que deverei fazer agora para que continue com acima da
razão? Há somente que reforçar e começar a procurar caminhos para estruturar o seu trabalho
em acima da razão.

Resulta que através disso, ele não manchou a sua fé de forma alguma, uma vez que já
caminhava nela antes de ser premiado com qualquer iluminação de cima, dado que mesmo
agora não está a receber a iluminação como base sobre a qual construir a estrutura do seu
trabalho. Antes, está a considerar a iluminação como uma prova de que está no trilho certo,
que está na fé acima da razão. Somente nesta forma de trabalho o Criador traz uma pessoa
para mais perto de Si e lhe dá espaço para morar mais perto Dele, dado que a sua aproximação
não o deixará cair nos vasos de recepção, que são chamados “dentro da razão”, pois o Criador
vê que ele está a tentar ir somente acima da razão.
Resulta de tudo o que foi exposto acima que naquilo que respeita acima da razão, há uma
diferença entre uma pessoa –e -o-Criador e uma pessoa -e- o seu-amigo. Entre uma pessoa e o
seu amigo, se puder ver os méritos do amigo acima da razão tanto melhor. Mas se dentro da
razão ele vir somente os defeitos do amigo, não tem alternativa senão elevar-se acima da
razão e dizer, “O que vejo, ouço, e sinto é completamente errado e falso. É impossível que
estivesse enganado sobre os amigos com que escolhi ligar-me, significando que falhei nos
cálculos.
“Isto é, eu pensava que através deles, tornar-me ia mais rico em espiritualidade, uma vez que
eles tinham posses que eu não tinha. Daí, se me ligasse com eles, podia subir a um nível mais
elevado do que pensava. Mas agora vejo que de facto, estou a compreender doutra forma. E
ouvi dizer que Baal HaSulam disse que a única coisa que pode ajudar uma pessoa a sair do
amor próprio e a ser recompensada com o amor do Criador é o amor dos amigos. Assim. Não
tenho alternativa, mas ligar-me com aqueles amigos, ainda que no meu ponto de vista, faria
melhor em ficar longe deles e evitar ligar-me com eles.
“Contudo, não tenho escolha e tenho que acreditar acima da razão que na verdade, todos os
amigos estão num nível elevado, mas não posso ver a sua virtude com os meus olhos”. Esta é
a razão porque ele deve acreditar acima da razão. Mas quando vê a virtude dos amigos dentro
da razão, pode certamente auferir grandes benefícios dos amigos. Mas o que pode fazer? Ele
não tem escolha.
Contudo, entre uma pessoa e Deus a estrutura é diferente. Num campo onde se possa ir acima
da razão, é melhor. Por isso, onde se possa ser assistido de dentro da razão, sendo
recompensado com alguma iluminação de cima, então pode dizer, “Agora vejo que vale a
pena ser um servo do Criador porque sinto um bom sabor no trabalho”.
Resulta que ele adoptou este sentimento – que encontra significado no trabalho – como uma
base e alicerce sobre o qual construir o seu judaísmo. E agora que compreende com o seu
raciocínio que vale a pena guardar Torá e Mitzvot todo o seu alicerce é construído nesta
condição. Isto quer dizer que quando ele encontra significado no trabalho, deve obedecer à
voz do Criador. Assim, se não encontrar significado no trabalho, não pode guardar o Mitzvot
do Criador
Sabe-se que aceitar o reino dos céus deve ser feito “Com todo o teu coração e com toda a tua
alma”. Por outras palavras, mesmo se Ele tirar a alma de alguém, querendo dizer mesmo que
não tenha subsistência, nem mesmo Néfesh, ainda está dedicado em ser um servo do Criador
e em não apresentar quaisquer condições perante o Criador, dizendo-Lhe, “Se fizeres como
desejo, de acordo com o que penso que necessito – significando que sinto uma falha nisto, e
se satisfizeres a minha necessidade – prometo ser um servo do Criador. Mas se Tu não
satisfizeres todos os meus desejos – aqueles que penso necessitar – não posso assumir tudo o
que me ordenares através de Moisés”.
Contudo, dever-se-ia aceitar o fardo do reino do céu sem quaisquer condições, isto é até acima
da razão. Além disso, deve dizer-se, “Termos que trabalhar acima da razão não é porque o
Criador não nos possa dar raciocínio”. Antes, devemos acreditar que tudo é para o nosso
benefício. Resulta que entre uma pessoa e o Criador deveríamos tentar ficar acima da razão, e
se receber alguma razão, deve fazer como mencionado acima.
291. Se Uma Mulher Inseminar

Artigo 22, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


O sagrado Zohar (Tazria, item 9), questiona, “Aprendemos que ‘Uma mulher que insemina
primeiro, dá à luz um menino’. Rabi Aha disse, ‘Aprendemos que o Criador sentencia se uma
gota será macho ou fêmea e vós dizeis, ‘Uma mulher que primeiro insemina, dá à luz um
menino.’ Portanto, não precisamos da sentença do Criador. Rabi Yosi disse, ‘É claro que o
Criador discerne entre uma gota de um macho e uma gota de uma fêmea. E pois Ele a
discerniu, Ele sentencia se ela será macho ou fêmea.’”
Interpreta ele na Sulam [comentário da Escada]: “Há três parceiros num homem: o Criador,
seu pai e sua mãe. Seu pai dá o branco nele, sua mãe o vermelho nele e o Criador dá a alma.
Se a gota é macho, o Criador dá a alma de um macho. Se ela é fêmea, o Criador dá a alma de
uma fêmea. Este discernimento que o Criador discerne na gota, que ela é adequada para a
alma de um macho ou de uma fêmea, é considerada a sentença do Criador. Se Ele não a
discernisse e não enviasse a alma de um macho, a gota não se tornaria um macho. Portanto, as
duas afirmações não se contradizem uma à outra. Rabi Aha disse, ‘dá à luz um menino’, mas
ela dá à luz por inseminar? Isso depende da gestação! Este versículo devia ter dito, ‘Uma
mulher que concebe dá à luz um menino.’ Disse Rabi Yosi, ‘Uma mulher, desde o dia em que
insemina e concebe até ao dia em que dá à luz não tem outra palavra na sua boca senão se sua
criança será um macho.’”
Devemos entender a questão acima. O que saber se uma mulher insemina primeiro nos dá? E
também, ele nos diz que a grandeza do Criador é que Ele sabe como discernir entre uma gota
de um macho e a gota de uma fêmea. É esta a grandeza da qual um deve ser inspirado e da
qual assumir sobre si mesmo ser um servo do Criador? Devemos também entender o que Rabi
Aha questiona, “Uma mulher que insemina e concebe”. Deveria ter dito “macho”. Explica
Rabi Yosi, “Uma mulher, desde o dia em que insemina e concebe até ao dia em que dá à luz
não tem outra palavra na sua boca senão se sua criança será um macho”. Isto é, que ela está
preocupada se sua criança será macho. O que é que saber o que está na boca de uma mulher
nos dá? O que aconteceria soubéssemos esta preocupação de uma mulher, que ela está
preocupada com sua criança ser macho?
Para entender tudo isto vamos explicar o que está escrito no ensaio, “Prefácio para a
Sabedoria da Cabala” (item 57): “O inteiro propósito do Tzimtzum que se revelou
em Bechiná Dálet foi para a corrigir, para que não houvesse disparidade de forma nela, pois
ela recebe a Luz Superior. Por outras palavras, para criar o corpo do homem
dessa Bechiná Dálet. …Através do seu envolvimento em Torá e Mitzvot em prol de doar
contentamento sobre seu Fazedor ele transformará a força da recepção em Bechiná Dálet para
trabalhar em prol de doar. Com isto ele iguala a forma da recepção à doação completa e então
será o fim da correção, uma vez que isto trará Bechiná Dálet de volta a ser um vaso de
recepção pela Luz Superior, enquanto estando em completa Dvekút [adesão] com a Luz sem
qualquer disparidade de forma. Todavia isto requer que um seja incluído com
as Bechinot superiores, acima de Bechiná Dálet, de modo a ser capaz de realizar boas ações
de doação. …Isto é pois Bechiná Dálet, que devia ser a raiz do corpo do homem, estava
inteiramente na forma de espaço vago e vazio, desprovido de Luz, pois ela era de forma
oposta da Luz Superior. Portanto, ela é considerada morta e separada. Se o homem tivesse
sido criado dela ele não teria sido capaz de corrigir suas ações ou que se pareça, dado que não
haveriam centelhas de doação nele de todo”.
Para corrigir isto houve a questão da associação da qualidade de misericórdia com
julgamento, uma vez que o mundo não pode existir sobre a qualidade de julgamento, como
está escrito (item 58), “‘Ele viu que o mundo não existe’ significando que deste modo era
impossível que o homem, que foi criado a partir desta Bechiná Dálet, adquirir ações de
doação, pelas quais o mundo será corrigido na desejada quantia através dele. Através desta
associação, Bechiná Dálet—a qualidade de julgamento—foi incorporada com centelhas de
doação no Kli [vaso] de Biná. Com isto, o corpo do homem, que emergiu de Bechiná Dálet,
foi integrado com a qualidade de doação, também e pode realizar boas ações em prol de doar
contentamento sobre seu Fazedor até que ele transforme a qualidade de recepção nele para ser
inteiramente em prol de doar. Portanto, o mundo vai alcançar a desejada correção da criação
do mundo”.
Ele interpreta a associação da qualidade de misericórdia com julgamento na Sulam ( Tazria,
item 95): “Vós já sabeis que há dois pontos em Malchut: o primeiro é Malchut de Tzimtzum
Álef [primeira restrição], que não foi mitigada em Biná, a qualidade de misericórdia e desta
forma é desadequada para receber qualquer Luz, uma vez que a força da Massach [tela]
e Tzimtzum [restrição] está sobre ela. O segundo ponto é o ponto de Malchut que foi mitigada
com a qualidade de misericórdia, que é Biná. Todas as luzes que Malchut recebe são do
segundo ponto. Assim, o primeiro ponto está oculto dentro dele e somente o segundo ponto é
revelado e o governa e desta forma é adequado para receber as Luzes Superiores. Por esta
razão, Malchut é chamada ‘a árvore do conhecimento do bem e do mal’, uma vez que se um
for recompensa, isso é bom, pois o primeiro ponto está oculto e somente o segundo ponto
governa. Nessa altura há abundância em Malchut e o inferior recebe dela. Se ele não for
recompensado, por ser pecador, há poder na serpente para revelar o primeiro ponto
em Malchut, que não participou em Biná e então ela é má”.
Agora podemos interpretar as palavras do sagrado Zohar a respeito de, “Se uma mulher
inseminar e dá à luz um menino”. Perguntamos, “O que isso nos ensina se uma mulher que
insemina primeiro dá à luz um menino”? A respeito das palavras do sagrado Zohar, há duas
forças dentro de nós: 1) a qualidade de julgamento, que é considerada fêmea,
chamada Malchut, 2) a qualidade de misericórdia, que é considerada macho, ou seja, doação,
como disseram nossos sábios, “Tal como Ele é misericordioso, também tu sê misericordioso”.
Estas duas forças governam o homem, mas por vezes a qualidade de julgamento está oculta e
a qualidade de misericórdia governa e por vezes a qualidade de misericórdia está oculta e a
qualidade de julgamento governa. Devemos saber que “inseminação” é semelhante a aquele
que semeia trigo no solo. As sementes apodrecem e o trigo que é bom para comer começa a
crescer. Também tentamos fertilizar o solo pelo qual o trigo vai crescer bom para comer.
Com isto podemos explicar o versículo, “Se uma mulher inseminar”. Se uma pessoa começa o
trabalho para alcançar Dvekút [adesão] com o Criador e desejar desfrutar de “comida de
homem”, e não “comida de animal”, sua ordem do trabalho deve ser que ela semeará a
“mulher” nela, chamada “vontade de receber”.
Isto é, ela deve colocar seus vasos de recepção no solo e tentar fazer a auto recepção
apodrecer no solo. Quanto mais ela a fertilizar, ou seja, tentar compreender e sentir que o
amor próprio é desprezível para ela como o estrume e quanto mais ela tentar ver a baixeza do
amor próprio e quiser que o seu amor próprio apodreça, isto é chamado “Se uma mulher
inseminar”, ou seja, a fêmea nela, os vasos de recepção. Ela enterra isto no solo, ou seja, que
ela quer que seu amor próprio apodreça e então ela “dá à luz um menino”, ou seja, vasos de
doação. Ao tentar cancelar seus vasos de recepção, ou seja, amor próprio, ela é recompensada
com vasos de doação.
Isto é semelhante a enterrar trigo no solo para que ele apodreça e com isto ele terá mais tarde
trigo adequado para ser comida para o homem. “Comida” significa que desfrutamos dela. Isto
é, antes que um comece a trabalhar no caminho da verdade ele desfrutava somente naquilo
que entrava nos vasos de amor próprio. Agora ele desfruta de coisas que entram nos vasos de
doação, que são chamadas de “comida para o homem” e não “comida para bestas”, que são os
prazeres animalescos. Isto é chamado “Se ele for recompensado, a qualidade de julgamento é
oculta”. Isto é, a vontade de receber é ocultada e não governa e somente a vontade de doar,
chamada “a qualidade de misericórdia”, governa.
“Recompensado” significa que ele quer ser puro, ou seja, doador. “Denso” significa desejo de
receber. Por ele querer alcançar a qualidade de misericórdia, ele é recompensado com o
desaparecimento dos vasos de recepção. Isto é, eles não governam, mas a qualidade de
misericórdia governa, que é chamada “doação” e “macho”. Isto é chamado “dá à luz um
menino”, onde a criança nasce através da inseminação da mulher, ou seja, ao enterrar a
vontade de receber no solo, portanto que ele quer receber todas as suas alegrias em vasos de
doação.
Isto assim não é se o homem primeiro inseminar, se o princípio do seu trabalho forem os
vasos de doação, dos quais ele consiste da raiz da correção. Através da associação da
qualidade de misericórdia com julgamento, ele deseja enterrar os vasos de doação, chamados
“macho” e então ela “dá à luz uma fêmea”. Significa isto que então a qualidade de julgamento
é revelada nele e governa, enquanto a qualidade de misericórdia, chamada “macho”,
desaparece e ele é impotente para fazer coisa alguma com vasos de doação.
Nessa altura ele come somente comida de animal e ele é colocado somente no amor próprio,
como os animais. Isto é, se ele semear no solo os vasos de recepção, chamados “fêmea”, então
a comida para o homem sai, ou seja, o poder de doar. Mas se ele enterrar as forças de doação
no solo, então ela “dá à luz uma fêmea” e toda sua comida está nos vasos de recepção,
considerados dar à luz uma fêmea. Com isto vamos entender o que Rabi Yosi respondeu à
pergunta de Rabi Aha, que o Criador discerne entre uma gota de macho e uma gota de fêmea
e porque Ele o discerniu, Ele a sentencia para ser macho ou fêmea.
Questionamos, “O que nos ensina isso”? Nossos sábios disseram, “Aquele que vem para se
purificar é ajudado” e o sagrado Zohar diz, “com uma alma sagrada”. Sucede-se que quando a
mulher insemina primeiro, ou seja, que o princípio da sua obra é semear, ou seja, enterrar a
mulher nele no solo, nomeadamente sua vontade de receber para si mesmo e todos seus
pensamentos se tratam de como se livrar do amor próprio e é isto que ele pede do Criador,
então o Criador discerne se a gota é aquela de um macho, ou seja, que ele quer que o Criador
dê vasos de doação. Nessa altura o Criador lhe dá a alma de um macho. Ou seja, Ele dá-lhe o
poder do alto, chamada “alma sagrada”, pela qual ele pode ser um dador, se o Criador vê que
sua intenção na obra de Torá e Mitzvot [mandamentos] é se purificar a si mesmo pois ele quer
sair da Tuma’a [impureza] do amor próprio, então o Criador lhe dá uma alma de macho.
Se o Criador discerne que a gota é aquela de uma fêmea, ou seja, que o homem primeiro
insemina, nomeadamente que o princípio do seu trabalho é de expandir seus vasos de
recepção, que sua raiz, chamada “a associação da qualidade de misericórdia com julgamento”,
mas ele tenciona receber somente maior recompensa através das suas ações, como está escrito
no sagrado Zohar, “eles uivam como cães dizendo ‘Dai-nos a riqueza deste mundo e dai-nos a
riqueza do mundo vindouro’” sucede-se que sua meta era somente expandir as posses que
pertencem ao amor próprio.
Acontece que pelo semear, ou seja, ao enterrar a mistura que ele tem com a qualidade de
misericórdia, ele causa que a qualidade de misericórdia, que é a força da doação seja ocultada.
Isto é chamado “semear”, quando colocamos e ocultamos o trigo no solo e o trigo fica
escondido no solo. Isto nos implica que a força de doação foi ocultada e a força de recepção é
revelada. Isto é chamado, “ela dá à luz uma menina”.
Sucede-se que aquilo que Rabi Yosi disse—que o Criador discerne se uma gota é macho ou
fêmea—vem para nos ensinar que um não deve dizer, “Eu me tenho envolvido com Torá
e Mitzvot durante tanto tempo e tenho observado tudo, ligeiro e sério, mas não vejo que o
Criador me ajuda do alto para que possa ascender os graus de santidade”. Questiona ele,
“Onde está a ajuda do alto, como disseram nossos sábios, ‘Aquele que vem para se purificar é
ajudado’”?
Rabi Yosi vem e diz sobre isto que o Criador discerne o que é a gota, se um macho, se quereis
a obra da doação, ou o trabalho de uma fêmea, ou seja, que todo teu trabalho é receber
recompensa, chamado “dar”, mas em prol de receber. Portanto, ele não pode dizer que o
Criador não escuta sua oração. Em vez disso, o Criador escuta e sabe o que ele está a orar, ou
seja, que ele não quer enterrar seu amor próprio no solo de todo, então como lhe pode o
Criador dar aquilo que ele não quer?
É sabido que não há luz sem um Kli. Um Kli é chamado uma deficiência e “luz” é o
preenchimento da deficiência. Se uma pessoa não tem deficiência para sentir que ela não tem
desejo de doar, esta é a essência da baixeza do homem, pela qual ele é removido
da Kedushá [santidade] e é incapaz de ser recompensado com Dvekút [adesão] com o Criador.
Isto é considerado não ter um Kli para receber o preenchimento. É por isso que diz Rabi Yosi
que o Criador discerne que gota é, ou seja, o que uma pessoa que o Criador lá coloque, que
alma, ou seja, luz que é vestida em vasos de doação, nomeadamente que Ele lhe dá luz de
modo a ter a força de doação, ou a força de recepção. Por esta razão, ele não se deve queixar
para o Criador pois Ele lhe dá aquilo que ele quer.
Isto é como disseram nossos sábios, “Como é o arrependimento? Quando Aquele que conhece
os mistérios venha a testemunhar que ele não regressará à folia”. Significa isto que pelo
Criador lhe dar uma alma de macho, ou seja, luz, de modo a ter o poder de doar, com isto o
testemunho do Criador aparece, quando Ele “testemunhar que ele não regressará à folia”, uma
vez que o Criador lhe deu a alma. Com isto ele está certo que doravante não trabalhará para o
amor próprio, mas somente em prol de doar.
Está escrito similarmente nas palavras do sagrado Zohar, que aquele que vem para se
purificar é ajudado. E foi isto que Rabi Yosi disse, que o Criador certamente discerne se uma
gota é de um macho ou de uma fêmea. E por Ele a ter discernido, Ele sentencia se ela vai ser
macho ou fêmea. Isto é considerado “Aquele que conhece os mistérios venha a testemunhar
que ele não regressará à folia”. Porém, como pode um chegar a querer enterrar seu amor
próprio, ao qual chamamos um Kli e o Criador lhe dê a luz dentro deste Kli, portanto a alma
de um macho num Kli que venha ao enterrar a vontade de receber, chamado “Se uma mulher
inseminar”?
É muito difícil para uma pessoa, assim que ela tenha sido criada, manter a qualidade de
julgamento revelada e a qualidade de misericórdia oculta. O princípio da criação do homem
como em: “Um homem nasce o potro de um asno selvagem” e a misericórdia nele é um ponto
negro, que não brilha. Por esta razão, ele não tem necessidade ou carência que ela venha
engendrar nele um pensamento de que ele precisa de vasos de doação. Em vez disso, sua
única preocupação é como satisfazer tudo aquilo que o amor próprio exige. Se o Criador o
ajudar a satisfazer completamente a vontade de receber, ele vai sentir que é o homem mais
feliz da terra e de que mais precisa ele?
Sucede-se que quem lhe pode dizer que ele precisa de uma carência chamada “desejo de
doar”? Ele escuta uma novidade: é-lhe dito que ele precisa de uma carência. Isto é, o nome
do Kli, chamado “deficiência”, será agora o que ele carece, ou seja, que ele precisa de uma
carência e a satisfação será receber a carência. Ocorre que os nomes Kli e Ór [luz] se referem
somente à deficiência.
Para entender isto, devemos preceder com as palavras de nossos sábios, que uma oração é
chamada “trabalho no coração”. Por que é a oração chamada “trabalho no coração”? Afinal, a
oração é somente com a boca. Devemos interpretar que uma oração é chamada “deficiência”,
quando um quer que seu pedido seja concedido, ou seja, obter uma deficiência no sentido que
ele não tem necessidade de querer doar, mas tudo o que ele quer é amor próprio. Mas como
pode ele exigir alguma coisa para a qual ele não tenha necessidade, embora ele escute o que
lhe é dito, “Isto é tudo o que precisas”? Mas se ele não sente, o que deve fazer em prol de
sentir que é deficiente?
Nossos sábios nos deram um conselho sobre isto, que é chamado “oração”, que é o trabalho
no coração. Isto é, um homem diz, verbalmente, que ele carece do desejo de doar e o coração
diz-lhe que tudo o que ele precisa é satisfazer tudo o que o amor próprio exige e não pensar
em deficiências, mas preenchimentos. Por esta razão, ele tem imenso trabalho a fazer com seu
coração para querer pedir uma deficiência que contradiz completamente a vontade de receber,
que é a própria essência da criatura. Por vezes o coração prevalece e por vezes a boca
prevalece. Sucede-se que então sua boca e coração não são iguais pois precisamos de saber
que no fim é o coração que governa e não a boca.
Foi por isso que foi dito que um homem deve trabalhar com seu coração, para concordar pedir
a carência, ou seja, que o Criador venha a satisfazer sua carência, nomeadamente que aqui o
preenchimento é chamado “carência”. Este é o sentido de “O Criador satisfará sua
necessidade”, ou seja, que a carência é considerada preenchimento.
Agora podemos entender que o único modo de obter uma deficiência, de que carecemos do
desejo de doar, é pela oração, que é um “meio” entre o homem e a deficiência. Isto é, um ora
que o Criador lhe dê algo pelo qual ele não tem deficiência, de que ele venha a carecer disso.
Sucede-se que o Kli que é chamado “deficiência” é uma deficiência em respeito à sensação,
ou seja, que ele não sente sua carência e a oração é que o Criador lhe dê a luz, que é o
preenchimento para sua carência. Sucede-se, portanto, que o preenchimento é uma carência.
Logo, ele não tem outra escolha senão orar ao Criador que lhe dê uma deficiência e é isto o
que conecta o Kli com a luz.
Foi isto que disse Baal HaSulam em nome do ADMOR de Pursov sobre o que disse Rabi
Shimon, “A escrita deve principalmente apressar onde os bolsos estão vazios”. Um “bolso”
significa um Kli onde um coloca dinheiro. Um “bolso” significa deficiência e “dinheiro” é o
preenchimento da deficiência. Assim, se uma pessoa não tem bolso, ou seja, uma deficiência,
é ainda pior que não ter o preenchimento pois isso é considerado estar inconsciente. Ocorre
que onde um não tem sensação de carência de que ele não tem um Kli de desejo de doar, ele
se deve apressar a si mesmo. Com o quê? Com oração, que é o meio entre o Kli e a luz, entre
deficiência e deficiência e o preenchimento, onde ele já sente essa deficiência de que ele não
consegue trabalhar em prol de doar.
Agora vamos explicar aquilo que questionamos sobre a resposta de Rabi Yosi para a pergunta
de Rabi Aha sobre por que está escrito que “Se uma mulher inseminar, ela dá à luz um
menino”, dado que a questão depende da gestação e deveria ter dito, “Se uma mulher
inseminar e conceber um menino”. Rabi Yosi respondeu que “desde o dia em que ela
insemina e concebe, uma mulher não tem outra palavra na sua boca senão se sua criança será
um macho”. Nos perguntamos, “O que nos ensina isso, o que diz a mulher”?
De acordo com o que explicamos sobre a ordem da obra, devemos interpretar “Se uma mulher
insemina” significando a pessoa que enterra o amor próprio no solo para que o macho cresça
daí, ou seja, que ela seja recompensada com um desejo de doar. Acontece que assim que ela
começa a obra de obter o desejo de doar, chamado “Se uma mulher inseminar”, o trabalho
nesta direção começa e ela começa a dizer, “Quem me dera dá à luz um macho”.
Isto é, devemos atravessar um processo de desprezar o amor próprio e sentir a medida do mal
encontrado no amor próprio. Não é suficiente decidir não avançar no caminho no qual um está
habituado a marchar e querer mudar seus hábitos. Em vez disso, para ele a medida de danos
que o amor próprio lhe causa lhe deve ser revelada, pois somente ao ver o que ele está a
perder pode ele estar certo de que não se vai arrepender a meio do caminho.
Isto é semelhante à frase a respeito de um estranho que vem para se converter (Yevamot, 47a),
“Disseram nossos sábios, ‘É dito a um estranho que vem para se converter, ‘O que haveis
visto que tenhas vindo para te converter? Não sabes que nestes dias Israel são afligidos,
empurrados, desprezados e atormentados (RASHI interpretou “desprezados” como “baixos” e
“forçados”, como “destronados e forçados) ’? Se ele disse, ‘Eu sei e não sou digno’, ele é
aceite imediatamente’. O Grande Livro das Mitzvot escreve, ‘A razão é tal que ele não dirá
posteriormente, ‘Tivesse eu sabido, não me havia convertido’’ (Yoré De’á, item 268)”.
Querer sair do amor próprio e começar a obra da doação é semelhante a abandonar todos os
estados nos quais ele havia vivido, largando tudo e entrar numa área onde ele nunca esteve.
Por esta razão, ele deve atravessar a gestação e meses de gravidez até que tenha a habilidade
de adquirir novas qualidades, que são estranhas para o espírito que ele recebeu desde
nascença. Tudo aquilo que ele recebeu do meio ambiente com o qual ele cresceu e que o
educou com suas visões e pensamentos foi inteiramente sobre a base do amor próprio. Ele
sempre pensou em controlar os outros e onde ele pensava que encontraria lugar que pudesse
controlar ele percebia que valia o esforço, uma vez que isso produz prazer para a vontade de
receber e a maioria o apoiava. Isto é considerado receber força para suas aspirações do
público, ou seja, que ele viu que todos se comportavam desta maneira então o corpo sabia que
era vantajoso se esforçar para adquirir poder ou respeito ou dinheiro. Tudo se concentrava
numa linha, chamada “desejo de satisfazer o seu Kli”, que é chamado “amor próprio”.
Mas agora ele veio para se converter, ou seja, para sair do amor próprio, onde ele pensava
acerca de controlar os outros, agora lhe é dito que deve fazer todos os esforços para se
controlar a si mesmo e que está proibido de controlar os outros. E onde cada dia ele
contemplava quanto havia ganho nesse dia, que ele colocou na sacola do amor próprio, agora
lhe é dito que ele deve contemplar cada dia quanto lucro ganhou que possa colocar na sacola
do amor pelos outros.
Respectivamente, devemos interpretar o que é dito para aquele que vem para se converter.
Isso significa que a pessoa que até agora era como um gentio, como está escrito, “E eles se
misturaram com as nações e aprenderam de suas obras”, o sagrado Zohar diz, “Cada pessoa é
um pequeno mundo em e por si mesma”, nomeadamente que cada pessoa consiste de setenta
nações, que correspondem a sete qualidades, cada uma das quais consiste de dez. É por isso
que elas são chamadas “setenta nações” e a Israel nele está em exílio, debaixo do governo das
nações.
Portanto, quando uma pessoa vem para assumir sobre si mesma (o fardo do) reino dos céus e
sair do exílio para o qual ela se rendeu e a quem ela escutou até agora, ou seja, que ela teve de
fazer aquilo que elas pediram e pensavam que assim era como deveria ser, mas o ponto no
coração despertou nela e agora ela chegou à obra pelo Criador, lhe é dito, “Até agora as
nações não humilharam a Israel em ti. Isto significa que teu corpo não resistiu. Mas agora que
queres ser ‘Israel’, enquanto ainda não emergiste do seu governo, elas desprezam a ‘Israel’
em ti, uma vez que o corpo não te deixará trabalhar em prol de doar. Portanto, primeiro deves
pensar se queres assumir sobre ti mesmo este grande trabalho”.
Mas posteriormente as nações do mundo, também, se rendem, ou seja, o corpo. Todavia, antes
que ele complete seu trabalho ele deve atravessar meses de gravidez. Por esta razão, não é dita
a uma pessoa o verdadeiro sentido de anular o amor próprio. Em vez disso, ela deve receber
esta informação pouco-a-pouco, que é chamado “meses de gravidez”. Significa isto que
embora seja dito, “Se uma mulher inseminar e dá à luz um menino”, a verdade é como diz
Rabi Aha, que não é como as pessoas pensam que assim que se insemina, ou seja, assim que
vocês decidem enterrar vossa vontade de receber que “dá à luz um menino”. Em vez disso, a
questão depende da gravidez. Isto significa que embora ele tenha concordado enterrar sua
vontade de receber, ele ainda não sabe sequer o verdadeiro sentido de anular o amor próprio.
Em vez disso, conhecer a verdadeira natureza da vontade de receber não é algo que um possa
sentir de imediato, uma vez que a vontade de receber deve ser preparada e qualificada de
modo a ter a força para abdicar de verdadeiros prazeres, que são prazeres eternos, se ele não
tiver exercícios para se acostumar cada vez com maior amor próprio. Isto é, quando uma
pessoa começa a obra de doação, lhe são dados constantemente do alto prazeres maiores até
em coisas corpóreas, para que ela se acostume a si mesma a abdicar de prazeres e os receba
somente em prol de doar.
Agora podemos entender aquilo que disseram nossos sábios, que para os ímpios, a inclinação
do mal parece da grossura de um cabelo e para os justos como uma alta montanha.
Questionamos, “Há diferença na realidade”? Mas uma vez que uma pessoa deve estar
preparada para ter a habilidade de receber mais prazer em todas as coisas, como exercícios de
aprender como usar seus vasos de recepção, chamados “vontade de receber” e ainda ser capaz
de o receber em prol de doar. Inversamente ela vai abdicar deste grande prazer.
Sucede-se que ela deve atravessar nove meses de gravidez, pelos quais ela adquire força,
chamada “desejo de doar”. Se ela vir que alguma coisa perturba o desejo de doar ela tem o
poder para o repelir e então ela é dita “dá à luz um menino”. Isto é, assim que ela
tenha atravessado o processo dos “meses de gravidez” e não a meio da obra, ou seja, assim
que ela começa a obra ela quer ver o poder de doação que alcançou. Caso contrário fica
zangada e diz, “Eu já comecei o trabalho de semear, então onde estão os frutos que devo
obter”? Explica sobre isso Rabi Yosi que “Uma mulher, desde o dia em que concebe até ao
dia em que dá à luz não tem outra palavra na sua boca senão se sua criança será um macho”.
Isto significa que embora ela não tenha dado à luz, ela não consegue esperar e quer dar à luz
de imediato.
298. Sobre o Temor e a Alegria

Artigo 23, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Questiona o sagrado Zohar (Aharei, item 2 na Sulam [comentário da Escada]), “Rabi Yitzhak
começou, ‘Está escrito, ‘Serve ao Senhor com temor e jubila com tremor’. Está também
escrito, ‘Serve ao Senhor com alegria, aparece ante Ele com cantar’. Estes versículos se
contradizem um a outro. Mas aprendemos, ‘Serve ao Senhor com temor’, uma vez que
qualquer obra pela qual um deseje servir ao seu Mestre requer temor primeiro, de O temer. E
por causa do temor ao seu Mestre será ele recompensado mais tarde com realizar
as Mitzvot [mandamentos] da Torá com alegria. É por isso que está escrito, ‘Aquilo que o
Senhor teu Deus te pede senão temor’ e com isto será ele recompensado com todas as
coisas’”.
Devemos entender o que é o temor. Vemos que temor e alegria são dois opostos e como pode
o temor ser a razão de alegria, como ele diz, “Por causa do temor ao seu Mestre será ele mais
tarde recompensado com realizar as Mitzvot da Torá com alegria”, uma vez que se
contradizem uma à outra?
Também devemos entender por que o Criador quer ser temido. O que é que isso Lhe dá? É
como uma pessoa que entra para um galinheiro e lhes diz, “Se assumirem sobre vocês
mesmas me temerem, eu vos darei comida e água. Eu vos darei tudo o que querem em troca
por me temerem”. Pode ser dito que o homem tem qualquer consideração sobre se as galinhas
o respeitam?
É tanto quanto o mais com as criaturas para com o Criador, que valor e importância podemos
dizer que o Criador tem pelas criaturas O temerem? É muito como disseram nossos sábios que
uma pessoa nada deve fazer senão se envolver no temor, como está escrito, “O que pede o
Senhor teu Deus senão temor? E também está escrito (Eclesiastes, 3), “Deus fez com que as
pessoas O temessem”, que significa que tudo aquilo que o Criador fez, Ele fez de modo a que
Ele fosse temido.
Para entendermos o citado, devemos nos lembrar do propósito da criação, ou seja, o propósito
para o qual o Criador criou a Criação. É sabido que a razão é Seu desejo de fazer o bem às
Suas criações. Todavia, em prol de trazer à luz a perfeição das Suas ações, ou seja, para que
não haja o “pão da vergonha”, Ele fez uma correção chamada “Tzimtzum [restrição] e
ocultação”, onde antes que um tenha vasos de doação é impossível ver ou sentir Sua
existência, chamada o “reconhecimento do Criador”.
Significa isto que embora digamos todos os dias na oração, “A terra inteira está cheia da Sua
glória”, nós ainda não temos sensação disso. Em vez disso, devemos acreditar acima da razão
que isto assim é. A razão é que embora não haja mudanças na luz, pois “não há ausência na
espiritualidade”, há independentemente mudanças da parte dos Kelim [vasos] e
os Kelim limitam a luz. Isto assim é pois nos Kelim nós discernimos a grandeza da
abundância, sua impressão da abundância. Se um não tiver Kelim que possam ser uma
vestimenta para a luz, então nenhuma luz é aparente na realidade, de acordo com a regra:
“Não há luz sem um Kli [vaso]”. Isto é, devemos saber uma coisa: Podemos falar daquilo que
alcançamos nas nossas sensações.
Disse Baal HaSulam numa alegoria sobre a Tzimtzum: É como uma pessoa que se cobre a si
mesma para que ninguém a veja. Pode ser dito que uma pessoa que se esconde a si mesma
para que os outros não a vejam não se vê a si mesma por causa disso? Similarmente, o
Criador fez a Tzimtzum e ocultação para que os inferiores não O vejam enquanto estão
imersos em amor próprio, que é receber em prol de receber, que causa disparidade de forma
entre o Dador, que é o Criador e os receptores, que são as criaturas.
E uma vez que não há recepção na nossa raiz, que é o Criador, quando uma pessoa se envolve
em recepção ela sente desagradabilidade, chamada “pão da vergonha”. Foi por isso que houve
uma correção da parte dos inferiores, que nós atribuímos a Tzimtzum aos inferiores. Isto é, os
inferiores precisam da Tzimtzum e ocultação uma vez que precisamente através desta correção
serão eles capazes de corrigir a recepção direcionando-a em prol de doar. Mas da perspectiva
do superior não há mudanças. Todas as mudanças são somente a qualificação dos
nossos Kelim, de tanto quanto eles conseguirem receber em prol de doar.
Respectivamente, uma vez que o deleite e prazer não iluminam num lugar de separação, uma
pessoa é incapaz de adquirir fé completa antes de corrigir a sua vontade de receber. É como
ele diz (“Introdução ao Livro do Zohar”, item 138), “É uma lei que a criatura não consegue
receber mal divulgado Dele, pois é um defeito na Sua glória que a criatura O perceba como
malfeitor, pois isso é impróprio do Operador completo. Assim, quando um se sente mal,
negação da orientação do Criador repousa sobre ele a essa mesma medida e o Operador
superior é ocultado dele”.
Disto vemos a necessidade da correção da doação: Não só é impossível receber o deleite e
prazer que foi preparado para nós, mas há algo aqui que nos remove da fé Nele e isto é o pior!
Agora podemos entender o sentido do temor. Perguntámos, “Por que precisa o Criador que O
temamos”? De acordo com o que explicámos, temor é como está escrito
na Sulam [comentário da Escada sobre O Zohar], que o homem teme que talvez ele não seja
capaz de superar e receber em prol de doar, tal como deve ser, mas venha a receber em prol de
receber, que lhe causaria separação, não necessariamente do deleite e prazer que ele não será
capaz de receber, mas ele teme que venha a negar a Sua fé. Sucede-se que ele pode realmente
entrar no Sitra Achra [outro lado].

Este é o sentido de “Deus fez com que as pessoas O temessem”. Através deste medo há
grande correção a dobrar: 1) eles terão fé no Criador, 2) eles serão capazes de receber o
deleite e prazer que o Criador lhes quer dar.
Ocorre que o Criador quer ser temido de modo a que tenhamos os Kelim para receber o deleite
e prazer. Com isto teremos fé Nele, como está escrito na Sulam (p 138), “Temor é proteção
para que não sejamos removidos da Sua fé”.
Disto vamos entender aquilo que está escrito, “O que pede o Senhor teu Deus de ti senão
temor”? Isso significa que Ele nos quer dar abundância, mas o que detém é a disparidade de
forma, pois a luz não se consegue vestir em vasos de recepção. Portanto, quando uma pessoa
tem medo e é vigilante de sempre manter sua intenção em prol de doar, o Criador pode dar-
lhe Sua doação em inteireza, sem qualquer desagradabilidade, chamada “pão da vergonha”.

Com isto entendemos o que questionámos, “Como pode o temor ser razão de alegria”? Com o
supracitado, é simples: Ao ter medo, ou seja, ser cuidadoso de sempre usar os vasos de
doação, o Criador lhe pode dar o deleite e prazer pois ele tem vasos de doação. E certamente
nessa altura terá ele alegria da abundância que recebeu em prol de doar. Sucede-se que o
temor causa alegria e se ele não tiver temor é removido de todas as coisas.
300. A Diferença Entre Caridade e um Presente

Artigo 24, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito (Provérbios, 15:27), “Aquele que odeia presentes viverá”. Significa isto que é
proibido receber presentes, pois isso causa o oposto da vida. Logo, como recebem as pessoas
presentes umas das outras? Devemos também questionar sobre o que disse o Criador para
Moisés, “Eu tenho um bom presente no Meu tesouro e seu nome é Shabat. Eu desejo dá-lo a
Israel, ide e notificai-os” (Beitzá, p 16).
Nós vemos que é costume que um possa pedir do outro caridade, mas nunca vimos alguém
pedir do outro um presente. Por exemplo, por vezes vemos que antes de Pessach, quando uma
pessoa tem de preparar Matzot [Pão ázimo de Pessach] e vinho e assim por diante
para Pessach, ela vai ao coletor da caridade ou a certa pessoa rica e pede-lhe para o ajudar a
preparar os comestíveis para Pessach. Ele conta-lhe de seu grave estado e recebe aquilo que
pede.
Contudo, nós nunca vimos alguém se aproximar do seu amigo e pedir um presente. Por
exemplo, agora antes de Pessach, sua esposa lhe pede para lhe comprar um anel de diamantes
que vale pelo menos 200 dólares. Ele diz para seu amigo que uma vez que está em
dificuldades financeiras e não consegue comprar o anel que ela quer, ele quer que seu amigo
lhe dê o dinheiro como presente para comprar o anel para sua esposa em Pessach.
Também nunca ouvimos falar de qualquer cidade onde haja um coletor de presentes, ou seja,
que haverá um coletor de caridade na cidade, bem como um coletor de presentes. Em vez
disso, a conduta habitual é que presentes são dados e não são pedidos. Isto é, quando alguém
ama outro, um desejo de lhe agradar desperta nele e é por isso que ele lhe dá um presente. É
impossível falar de presentes ou de um lugar especial na cidade onde sejam dados presentes.
Contudo, devemos entender a verdadeira razão pela qual não pedimos presentes e pedimos
caridade. Há um acordo em cada cidade para ajudar os necessitados para que eles tenham seu
sustento e possam existir no mundo. Hoje está também estabelecido em cada país que há um
gabinete que atende a aqueles em necessidade.
A razão é muito simples: há uma diferença entre necessidade e luxo. Necessidade é aquilo que
um tem de receber em prol de ser capaz de existir. Inversamente, se ele não recebeu a
necessária assistência, não seria capaz de existir no mundo. Disseram nossos sábios
sobre isto (Sanhedrin 37): “Qualquer um que sustente uma alma de Israel, é como se ele
tivesse sustentado um mundo inteiro”. Isto pertence à necessidade, sem a qual ele não será
capaz de existir. Uma pessoa não consegue abdicar disto e não pedir ajuda, pois “Tudo aquilo
que um homem tem dará ele pela sua vida”.
É por isso que as pessoas não têm vergonha de pedir caridade, uma vez que é mais ou menos
uma questão de vida ou de morte. O outro, o seja o dador, também entende que ele lhe deve
dar aquilo que é pedido. Quanto mais próxima é a questão da vida e da morte, mais
abertamente o receptor exige e mais o dador se interessa na situação do receptor.
Similarmente, quanto mais longe é ela dá vida e da morte, mais friamente o dador se relaciona
ao estado do receptor. Porém, tudo segue o trilho da necessidade.
Isto assim não é com luxos. Aquele que pede luxos tem vergonha de pedir. E o dador,
também, não escuta aquele que pede luxos. Por esta razão, devemos discernir entre caridade e
presente. Com a caridade, a resposta para o pedido do receptor chega. Isto é, se o receptor da
caridade pedir então lhe é dado.
Sucede-se que a caridade vem de um despertar do inferior pois ele sente sua deficiência. Isto
é, quando ele vê que não consegue existir no mundo sem a ajuda do dador, o receptor não tem
vergonha mas avança e se despreza a si mesmo perante o dador, dado que ele não tem outra
escolha.
Mas um presente vem inteiramente do dador. Isto é, se o dador desperta para fazer alguma
coisa, para revelar o amor ao seu amado, ele lhe envia um presente. Deste modo ocorre que
um presente vem pelo despertar do doador superior, mas caridade vem pelo despertar do
receptor.
Aquele que recebe a caridade deve ir até ao dador e fazê-lo ver a necessidade da caridade que
ele lhe pede. À medida que o receptor conseguir clarificar a necessidade de que ele venha à
sua ajuda e à medida que ele o conseguir fazer ver que isto é uma completa obrigação, então
recebe ele aquilo que pede do dador.
Porém, a razão principal é, tal como aprendemos, que quando temos de usar qualquer coisa
que não esteja na raiz nós sentimos desagradabilidade nisso, tal como ele diz (O Estudo das
Dez Sefirot, Parte Um, Histaklut Pnimit [Reflexão Interna], item 19), “É sabido que a natureza
de cada ramo é igual à da sua raiz. Desta forma, toda a conduta na raiz é desejada e amada e
cobiçada pelo ramo também, e qualquer questão que não esteja na raiz, o ramo, também, se
remove a si mesmo delas, não as tolera e as odeia”.
Acontece que não há recepção na nossa raiz. Deste modo, quando um tem de receber ele sente
vergonha, que é desagradabilidade, pois isso não existe na nossa raiz. Por esta razão, quando
ele precisa da ajuda do seu amigo, se for necessário, dizemos que não há escolha pois nada é
mais importante que salvar a sua própria vida.
Todavia, há muitos discernimentos a respeito de arriscar a vida. Portanto, qualquer coisa que
seja necessária nos faz sofrer a vergonha e pedir ajuda. Mas necessidade não é igual para
todos. Cada pessoa tem uma medida diferente de necessidade. Isto é, aquilo que uma pessoa
pode considerar um luxo, outra pode considerar uma necessidade.
Logo, é difícil determinar o limite sobre o que é considerado luxo e o que é considerado
necessidade. Embora possamos dizer sobre alguma coisa que ele queira sem o qual consiga
viver, que é um luxo, se ele não consegue viver sem ela, é uma necessidade. Mas isto,
também, pode não ser uma medição exata a cem por cento.
Por exemplo, escreveram nossos sábios (Ketubot, p 67b), “Um homem veio até Rabbi
Nehemiah e lhe disse, ‘O que comeis’? Respondeu ele, ‘Carne vermelha e vinho antigo.
Quereis comer lentilhas comigo? “Ele comeu lentilhas e morreu”. Nós vemos da história que
embora todos concordem que carne vermelha e vinho antigo são certamente luxos, para este
homem eles eram tal necessidade que por causa dela ele morreu.
Também lá vemos, nas palavras de nossos sábios, “Ensinaram nossos sábios, ‘suficiente para
sua necessidade, o que quer que ele careça’ (Deuteronômio, 15). ‘Suficiente para sua
necessidade’: Vós me comandais a sustentá-lo, mas não me comandais a enriquecê-lo. ‘O que
quer que ele careça’: até um cavalo para montar e um servo para correr na sua frente. Foi dito
sobre Hilel o Ancião que uma vez ele levou para um pobre homem que cresceu rico um
cavalo para montar e um servo para correr na sua frente. Uma vez que, ele não achou um
servo para correr na sua frente então ele correu na sua frente 5 quilómetros”.
Podemos deste modo ver que de acordo com as palavras de nossos sábios sobre o versículo,
“o que quer que ele necessite, ” que até um cavalo para montar e um servo para correr na sua
frente caem na categoria da necessidade e não do luxo, uma vez que falamos de um pobre
homem, como escreve a Guemará, que Hilel levou a um pobre homem que cresceu rico. E
certamente, o que dermos ao pobre é chamado de “caridade”, ou seja, necessidade. Até
quando é um cavalo para montar e um servo para correr na sua frente, isso ainda é
considerado necessidade. Logo, não podemos colocar um limite onde a “necessidade” termina
e o “luxo” começa.
Ocorre que o pobre homem pode pedir que lhe seja dado, como caridade, aquilo que outros
consideram luxos. Isto significa que dissemos que o pobre homem que pede caridade não
sente vergonha pois para ele a caridade é necessidade. Porém, não conseguimos discernir
entre caridade e presente, que é considerado um luxo. Em vez disso, isso depende da natureza
da pessoa.
Cada pessoa tem sua própria medição para determinar a necessidade e luxo, pois ela pode
conseguir viver sem ele. Quando um pobre homem não tem a coragem para pedir do outro,
isso cai na definição de presente, que vem até ele somente como despertar do dador.
Contudo, quem consegue determinar se aquilo que um pede do seu amigo cai na categoria de
caridade ou presente? Somente o Criador conhece a nossa medida, que até aqui é considerado
necessidade e daqui para a frente é considerado luxo.
Agora falaremos daqueles termos em questões da obra. Precisamos de discernir durante a
oração, quando uma pessoa pede que o Criador a ajude na obra, se ela pede ao Criador
caridade, ou seja, a necessidade, sem a qual ela diz que sua vida é inútil, ou seja, que ela se
sente nua e destituída, sem Torá e sem Mitzvot [mandamentos]. Ela sente que não há uma
centelha de verdade nela e que todas suas ações são edificadas sobre hipocrisia e mentiras.
Isto é, que a inteira fundação sobre a qual ela constrói seu edifício de Kedushá [santidade] é
uma de amor próprio.
Ela sente que cada dia ela regride, onde ela deveria ter progredido. Mas ela vê o oposto, ou
seja, que quando ela começou a obra de santidade ela sentia mais importância na Torá e na
obra e que foi por isso que ela assumiu sobre si mesma a Torá e a obra, uma vez que era
vantajoso se retirar das vaidades deste mundo e se apegar à Torá e Mitzvot, pois ela lhe traria
felicidade e sentido para a vida e ela estava muito excitada.
Mas agora ela vê que não entende de onde ela tirou essas forças. Isto é, agora, se alguém lhe
dissesse: “Larga tudo, retira-te das vaidades deste mundo e começa a trabalhar na obra da
santidade”, não há dúvida que ela não seria capaz de lhe escutar no seu presente estado, tanto
intelectual como emocionalmente.
Ela certamente diria para si mesma que então ela tinha fé e confiança, mas agora ela está
longe de tudo isso. Sucede-se que o tempo inteiro em que ela esteve envolvida na obra foi em
prol de se aproximar da verdade, que é Dvekút [adesão] com o Criador, para a qual ela
ansiava. Mas agora recuou dez graus, ou seja, que agora lhe falta o zelo pela Torá e a
importância da Torá.
Isso é tanto quanto o mais com a oração: ela não tem desejo pela oração pois o corpo lhe diz,
“O que ganhas de orar? Podes ver por ti mesmo que quanto mais queres trabalhar, mais
inferior te tornas, então por que preciso eu deste trabalho”? Logo, como se pode um esforçar
onde ele vê que não consegue dar um passo em frente?
O homem gosta de repousar e é incapaz de abdicar do repouso a menos que saiba que terá um
prazer maior ou algo que seja mais necessário. Nessa altura tem ele uma razão para abdicar do
repouso, embora não sem recompensa. Portanto, quando ele vê que sua obra não lhe deu a
ganhar coisa alguma daquilo que ele pensava que ia ganhar, ele perde a força para trabalhar e
permanece impotente.
Ele olha para si mesmo e diz que se alguém viesse até ele e dissesse, “Sabes que dentro de um
pouco, alguns meses ou anos, chegarás a um estado de desespero, ou seja, que não terás
progresso, mas pelo contrário, que cada ano estarás mais baixo que aquilo que agora sentes,
pois agora és baixo, desta forma queres começar a verdadeira obra de modo a alcançar a
verdadeira meta para a qual foste criado. Portanto, eu digo-te que estás a desperdiçar teus
esforços, uma vez que conheço muitas pessoas que pensaram como tu, que se fizeres pelo
menos um pequeno esforço imediatamente verás resultados, ou seja, algum progresso na
verdadeira obra”.
Eu lhe responderia: “Tu pertences aos espiões que caluniaram a terra de Israel. Isso é tal como
o sagrado Zohar interpreta (Shlach, item 63), ‘E eles regressaram de viajar pela terra’.
‘Regressaram’ significa que eles regressaram para o lado do mal, regressaram do caminho da
verdade. Disseram eles, ‘O que obtivemos até então? Ainda estamos para ver o bem no
mundo. Trabalhamos na Torá, mas a casa está vazia e quem será recompensado com esse
mundo e entrará nele’? Seria melhor se não tivéssemos trabalhado tanto. ‘Lhe disseram eles e
disse ele’, etc., ‘Nós trabalhamos e labutamos para conhecer a parte desse mundo, como nos
haveis aconselhado. E ele também flui com leite e mel. Esse mundo superior é bom, como
sabemos da Torá, mas quem poderá ser recompensado com ele’”?
Isto é, agora diz ele que passado algum tempo de trabalho, se estes pensamentos tivessem
vindo até ele no princípio da obra, quando ele assumiu sobre si mesmo que deve sair da
situação vulgar, chamada “avançar pelo hábito” e ser um verdadeiro servo do Criador, ele
diria para estes pensamentos: “Vocês são mensageiros dos espiões. É por isso que vêm até
mim, para me impedir de entrar na terra de Kedushá, chamada ‘obra sagrada’”. Ele não os
escutaria. Mas agora ele vê que ele próprio sente o argumento dos espiões e agora lhe parece
que estes não são argumentos dos espiões, mas seus próprios argumentos, ou seja, que ele
sente que tudo aquilo que ele sente é a verdade.
Como acima dissemos, a questão que desperta é “O que é a verdade”? Estava ele em um grau
mais alto no princípio da obra que agora ele está após vários anos de trabalho e labuta? Se
assim for, o que pode ser dito de tal estado? Todo seu trabalho foi em vão. E não só em vão,
dado que em vão significa que ele não ganhou coisa alguma e ele está no mesmo estado como
antes de ter entrado na obra da santidade em prol de doar.
Mas aqui assim não é. Em vez disso, ele perdeu e declinou do seu anterior estado. Isto é, que
ele carece da importância e zelo para a Torá e Mitzvot, a energia e confiança que ele tinha.
Quando olha para si mesmo hoje, ele está num estado de “Não me poderia importar menos”.
Então é como se ele devesse dizer que declinou do seu anterior estado, quando começou seu
trabalho.
Mas na verdade, assim não é. Há uma regra que não há luz sem um Kli [vaso]. Significa isto
que o Criador não satisfaz a necessidade do inferior se ele não tiver uma verdadeira
necessidade.
Uma necessidade não significa que ele não tenha algo. É como escrevi na alegoria (Artigo Nº
6, Tav-Shin-Mem- Vav), que houveram eleições no país para eleger um presidente. Haviam
dois candidatos para a presidência e vários lobistas, cada um dos quais queria que o presidente
que ele apoiava fosse eleito. No fim um foi escolhido e agora houve um cálculo a respeito da
deficiência. Alguém sentiu que ele não era o presidente, dado que no final há somente um
presidente.
Devemos dizer que todas as pessoas no país têm uma carência, pois devemos dizer que elas
não são presidentes. Porém, devemos distinguir a quantidade de dor que elas sentem por não
serem presidentes. Deveríamos dizer que embora cidadãos vulgares não sejam presidentes,
eles não sentem qualquer deficiência acerca disso.
Aqueles que se envolverem em fazer de alguém presidente, mas que foi outro presidente
eleito, estão em sofrimento por causa desta deficiência que aquele para quem trabalhavam não
conseguiu se tornar presidente. Porém, aquele a quem dói realmente é essa pessoa que
pensava que seria presidente, que se esforçou para vencer as eleições, para fazer seus
conterrâneos o elegerem, mas no final seu rival foi eleito. Ele sente verdadeiro sofrimento.
Podemos dizer sobre ele que teve a verdadeira necessidade de se tornar presidente pois ele se
esforçou por isso e de acordo com os esforços que fez, a essa medida sente ele o sofrimento.
Sucede-se, portanto, que aqui, na obra do Criador, no princípio do seu trabalho ele tinha
energia e confiança e grande importância pela Torá e oração pois nessa altura ele tinha a
graciosidade da santidade e sentia que a obra do Criador era importante. Porém, isto ainda não
era considerado uma “deficiência” que o Criador venha a satisfazer, uma deficiência é
chamada Dvekút [adesão] com o Criador, uma vez que a carência e dor por não
ter Dvekút com o Criador ainda não eram sentidas nele pois ele não se havia esforçado por
isso pois tinha acabado de começar na obra.
Mas quando ele não vê resultados durante um período longo de tempo de fazer esforços e não
vê uma satisfação para sua deficiência, tormentos e dor começam a se formar nele pois ele fez
os esforços, mas não vê progresso no seu trabalho. Nessa altura os pensamentos começam a
chegar um após o outro. Por vez é com centelhas de desespero e outras vezes ele fica mais
forte, mas então vê que uma vez mais caiu do seu estado e assim por diante repetidamente.
Finalmente, uma verdadeira deficiência se forma nele, que ele obteve através do esforço em
ascensões e descidas. Estas ascensões e descidas o deixam com dor cada vez ao não lhe ter
sido concedida a Dvekút com o Criador. Finalmente, quando a taça está suficientemente cheia,
isso é chamado um Kli. Então o preenchimento dela vem do Criador, uma vez que agora ele
tem um verdadeiro Kli.
Acontece que ele ver que agora, passados vários anos de trabalho, ele recuou, isto acontece
deliberadamente para que lhe doa por não ter Dvekút com o Criador. Ocorre que cada vez ele
deve ver que se aproxima de fazer o Kli, chamado “verdadeira deficiência”. Isto é, sua
medição de Katnút [infância/pequenez] e Gadlút [maturidade/grandeza] da deficiência é à
medida do sofrimento que ele sente por não ter o preenchimento, que é chamado
aqui “Dvekút com o Criador”, onde tudo o que ele quer é somente trazer contentamento ao
Criador. Antes que a deficiência seja completada é impossível que o preenchimento chegue na
totalidade. É sabido que aquilo que vem do alto é sempre completo. Logo, a deficiência deve
ser cheia, também, ou seja, que ele sentirá dor e deficiência por não coisa alguma. Isto é, ele
deve sentir que não tem Torá, nem trabalho e nem temor aos céus.
Embora na prática, ele se envolva em Mitzvot, aprenda Torá, se levante antes do amanhecer e
seja cuidadoso com as coisas ligeiras e sérias e se outras pessoas fizessem aquilo que ele faz
elas se considerariam a si mesmas completas justas, mas ele sente que está completamente
vazio. Isto assim é pois ele quer ser recompensado com Dvekút com o Criador e para isto ele
só pode ter um pensamento, ou seja, que todas suas obras sejam em prol de doar e ele vê que
está muito longe disto.
Portanto, ele diz para si mesmo, “O que ganho ao me envolver em Torá e Mitzvot? Meu
inteiro cálculo era que através disto eu alcançasse Dvekút com o Criador. Todavia, não vejo
que me tenha movido um pouco mais perto. Pelo contrário”! Logo, esta pessoa não pede
luxos, mas somente a necessidade, para ter algo com o qual reanimar sua alma com alguma
espiritualidade para que ela não esteja imersa no amor próprio.
Sucede-se que ela sente que é completamente desprovida de espiritualidade. Porém, as outras
pessoas não têm esta sensação de estarem longe da espiritualidade. Em vez disso, vemos que
o resto das pessoas, se elas puderem orar o dia inteiro num Minyan [um mínimo de dez
participantes] elas se sentem completas. É tanto quanto o mais com pessoas que vêm estudar
sua página diária depois do emprego, elas se sentem a si mesmas inteiras e não têm exigência
que o Criador as ajude para terem força para caminhar no caminho do Criador. Em vez disso,
elas oram que o Criador as ajude a continuar sua rotina. Logo, elas já estão satisfeitas com a
vida.
Tanto quanto o mais, com aqueles “cuja Torá é seu trabalho” certamente se sentem inteiros e
sempre louvam o Criador por lhes dar a mente e desejo para não se sentarem entre os ociosos.
Embora orem que o Criador os ajude com a questão de Lishmá [pelo Seu bem], que escutaram
que existia, eles a consideram um luxo. Eles observam a essência da Torá e Mitzvot, mas não
têm esta questão de trabalhar em Lishmá. É verdade que um se deve envolver em Lishmá, mas
isto diz respeito a uns poucos escolhidos.
Portanto, até quando oramos que o Criador lhes conceda aprenderem Torá Lishmá, eles o
consideram um luxo e não uma necessidade, pois graças a Deus eles sentem que estão entre
os escolhidos na nação, que eles estão na “luz das vaidades da Torá” e que para eles, “sua
Torá é sua arte”.
Assim, sucede-se o mesmo, que duas pessoas pedem que o Criador conceda seus pedidos.
Devemos discerni-las não pela oração, mas pela razão para a oração: uma quer, pois, sua alma
deseja luxos, então ela pede um presente. Mas é indelicado pedir presentes. Desta forma, seu
pedido não pode ser concedido uma vez que um não pede presentes, mas isso vem somente do
dador, ou seja, que o dador desperta para dar o presente ao receptor. Por esta razão sucede-se
que o inferior está cheio de reivindicações para o Criador por não escutar sua oração, uma vez
que ele ora por presentes cada dia, mas não é escutado. Portanto, ele argumenta que há algo
de errado, Deus nos livre, com o superior.
Mas o superior argumenta que o inferior está errado, dado que ele chora acerca de receber
presentes. Aquilo que ele precisa é somente um luxo para ele. Desta forma, se ele se corrigir a
si mesmo e vir a verdade, ou seja, que ele deve exigir necessidade, que é caridade, então
caridade é dada pelo despertar do inferior, como é habitual para os pobres pedirem. E quanto
mais o pedido é necessidade, mais ele é aceite.
É isto o que é explicado acima (Ketubot, p 67b), que carne e vinho podem ser luxos para cada
pessoa, mas para aquela que veio até Rabi Nehemiah isso era uma necessidade. A evidência é
que ele lhe deu lentilhas para comer e ela morreu.
Com isto vamos entender porque vemos que assim que uma pessoa fez grandes esforços para
alcançar Dvekút com o criador, no fim ela vê que se tornou pior que quando ela começou a
fazer a obra sagrada para se corrigir a si mesma. Isto é, é como se as correções que ela tivesse
feito tivessem sido em vão, mas pelo contrário.
A resposta é que na verdade, ela avançou um grande bocado em frente, mas devemos
discernir entre progresso na direção da luz e progresso na direção do Kli. É da natureza
humana considerar o progresso na direção da luz, uma vez que a luz é tudo aquilo que o
homem quer. Sucede-se que as coisas que não iluminam não lhe interessam de todo, pois o
que isso lhe poderá dar se ele tem uma grande deficiência? Há uma regra que o homem quer
que as coisas lhe tragam prazer, então quando ele quer saber se ele avançou, ele examina quão
próximo ele está da luz.
Mas a verdade é que não há luz sem um Kli. Deste modo, primeiro deve ele avançar para
o Kli. Isto é, não há tal coisa como avançar em deficiência. No princípio do seu trabalho sua
deficiência não lhe era revelada e ele desejava a luz, embora nessa altura, também, ele tivesse
uma deficiência, que ele não tinha a luz.
Mas isto é semelhante a aquilo que as pessoas fazem: Por vezes uma pessoa perde certo
objeto importante que vale uma hora do seu trabalho de acordo com o que ela ganha por dia.
Se, por exemplo, ela ganha oito dólares por dia, ela não trabalhará por menos que um dólar
por hora. Em vez disso, o repouso será mais importante para ela. Mas se ela perder um objeto
que valha um dólar, ela o procurará durante duas horas até que ela o encontre. Isto levanta a
pergunta: “Por que é que ela acabou de trabalhar uma hora para ganhar meio dólar”?
A resposta é que há uma diferença entre negar lucro e perder do capital. Aquilo que ela possui
e então perde, até se for uma coisa pequena, ela é importante para ela pois ela já a tinha, mas
então a perdeu. Isto assim não é com algo que ela não obteve. Uma grande coisa vale a pena
se esforçar por ela, mas inversamente o descanso é mais importante para ela.
A mesma regra se aplica a nós. Quando tínhamos um desejo de alcançar Dvekút com o
Criador, essa deficiência é chamada “prevenção de lucro”. Isto é, ele está deficiente que talvez
não venha a lucrar, então ele vai trabalhar. Mas isto ainda não é considerada uma verdadeira
deficiência, digna de vestir a abundância superior.
Mas se ele já investiu vários anos de trabalho é como se perdesse do capital. Isto é, ele perdeu
vários anos de trabalho sem ganhar coisa alguma. Então sua deficiência é considerada como
tal pois esta deficiência cria nele tormentos e dores.
Portanto, nós vemos que os grandes esforços que ele fez, pensando que em breve o Criador o
viria a ajudar e seria recompensado com Dvekút com Ele, tal que ele avançava a respeito do
desejo por Dvekút por causa dos grandes esforços que fez, então quanto mais ele vê que se
esforça, mais ele vê o oposto, que o corpo resiste à questão da doação por completo.
Nessa altura o entendimento de que ele precisa da Sua ajuda se forma nele. Nesse momento
ele não pede luxos, mas quer ser um simples Judeu que acredita no Criador, que Ele, o
Abençoado, Seu nome é “Bom Que Faz o Bem”. Ele quer louvar ao Criador e dizer para Ele:
“Abençoado seja Aquele que disse, ‘Haja o mundo’”, de igual modo, sem grandes realizações
na Torá e Mitzvot com intenções, mas muito simplesmente ser capaz de louvar ao Criador e
agradecer a Ele por o ter criado.
Uma vez que agora ele vê que não tem sequer o desejo pela Torá e pelo trabalho que ele tinha
quando começou a trabalhar, isso assim é por duas razões, que são uma: 1) A razão que ele
começou a assumir o fardo da Torá e Mitzvot foi edificada em vasos de recepção. Nessa altura
o corpo ansiava receber o deleite e prazer pois ele sentia que podia receber da espiritualidade
mais satisfação na vida, ou seja, que a vontade de receber teria o que receber, dado que os
prazeres corpóreos não lhe davam satisfação na vida. Mas agora que ele começou a trabalhar
em prol de doar, seu corpo lhe resiste.
O corpo concorda trabalhar onde ele possa ganhar. Mas agora que ele disse ao corpo,
“Mantém a Torá e Mitzvot e com isso, ou seja, ao manter a Torá e Mitzvot, serás capaz de não
dar ao corpo qualquer prazer ou recompensa pelo teu trabalho”. Por causa disso, quando o
corpo escuta que terá recompensa para si mesmo, mas que sua recompensa será ter a força
para não dar ao corpo qualquer recompensa pelo seu trabalho, esta é a razão pela qual agora
ele não tem força para trabalhar como ele tinha antes de começar a trabalhar em prol de doar,
quando o corpo esperava prazeres maiores que aquilo que ele recebia dos prazeres corpóreos.
Desta forma, para isto tinha ele combustível e não encontrava quaisquer prevenções do corpo,
uma vez que o corpo esperava que o desejo de receber ganhasse mais prazeres agora.
Contudo, agora ele deve saber que o corpo não tem qualquer outra linguagem, para que ele
queira trabalhar na obra sagrada. Nossos sábios disseram sobre isto, “Um sempre se deve
envolver em Torá e Mitzvot Lo Lishmá [não pelo Seu bem] pois com isso chegará ele
a Lishmá [pelo Seu bem]”. Sucede-se que o começo da sua entrada na obra estava
simplesmente óptima. Isto é, nós devemos prometer ao corpo que Deus nos livre devermos
macular sua vontade de receber. Pelo contrário, ao manter Torá e Mitzvot, a vontade de
receber terá verdadeira satisfação na vida e sua vontade de receber sentirá que
especificamente ao manter Torá e Mitzvot ela sentirá que por todo o mundo, ele é o homem
mais feliz na sua geração.
Mas depois de ele ter começado a obra e ter começado a saber que a coisa principal é
alcançar Dvekút com o Criador, chamado “fazer tudo em prol de doar”, o corpo começa a
resistir a este trabalho. Todavia, há grande benefício na resistência do corpo, uma vez que
com isto uma pessoa desenvolve uma grande deficiência, ou seja, que ela sofre por estar
distante da Dvekút com o Criador. Nessa altura, quanto mais ela se arrepende, mais ela fica
necessitada da ajuda do Criador, uma vez que então ela vê que não consegue sair do amor
próprio sozinha, mas que somente o Próprio Criador a pode ajudar. Isto não é uma questão de
entendimento, mas uma questão de sensação. É como está escrito (Salmos, 127), “Se o Senhor
não construir a casa, aqueles que a construíram trabalharam nela em vão”.
Sucede-se que um deve acreditar que todas as reviravoltas que o trouxeram ao seu presente
estado foram para que ele tivesse a habilidade de dar uma oração honesta do fundo do
coração. Porém, a inclinação do mal traz visões opostas ao homem, para que onde um possa
pedir ao Criador do fundo do coração, ou seja, quando a mente e coração chegaram a uma
decisão de que agora somente o Criador o pode ajudar, pois agora ele pode orar uma
verdadeira oração, a inclinação do mal vem e o leva ao desespero, como argumentam os
espiões. Dizemos sobre isto, “Os caminhos do Senhor são retos; os justos caminham neles e
os ímpios neles falham”.
Com o supracitado vamos entender aquilo que questionamos sobre o versículo, “Aquele que
odeia presente viverá”. Isso não significa que ele não deve receber presentes. Porém, se ele
odeia presentes por querer trabalhar em prol de doar, logo odeia ser receptor mas recebe os
presentes por o Criador o pretender. Isto é chamado “receber em prol de doar”, dado que ele
não despertaria o Criador para lhe dar luxos. Em vez disso, ele pede ao Criador a necessidade.
E não faz diferença se para um isso for considerado um luxo, uma vez que cada um trabalha
de acordo com a sua própria sensação e não se importa com aquilo que seu amigo tem. Se
mais tarde o Criador lhe der um presente, ele o recebe em prol de doar.
Sucede-se que se uma pessoa pedir ao Criador para lhe dar vasos de doação, isso depende do
carácter da pessoa. Isto é, podemos dizer que para uma isso são luxos e para outra é a
necessidade.
307. A Medida de Praticar Mitzvot [Mandamentos]

Artigo 25, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Nos foram dados 613 Mitzvot [mandamentos] para realizar na prática. Até sem a intenção, se
ele meramente direcionar que agora realiza uma das Mitzvot que o Criador nos ordenou, se
nos contentarmos por observar o Mitzvá [singular de mandamentos] sem pensar sobre
qualquer intenção, mas simplesmente direto, então ele fez o seu dever.
Contudo, devemos manter todas as Mitzvot de acordo com as condições em cada Mitzvá. Por
exemplo, uma pessoa pode manter o Mitzvá de Tzitzit [borlas — adornos que consistem de
cortas atadas numa extremidade], tal como está escrito, “Eles farão para si mesmos borlas nas
extremidades das suas vestes”. Porém, há distinções a respeito do material do qual o Talit
[xale de oração que é usado durante os serviços matinais judaicos (em cada extremidade
há Tzitzit] é feito, bem como o comprimento e largura do Talit. Também, há distinções no
próprio Tzitzit — o material do qual é feito — lã, linho, ou outros materiais — bem como o
número de franjas, seu comprimento e assim por diante.
As condições no Mitzvá de Tzitzit devem certamente ser aplicadas. Inversamente isso é
considerada uma prática incompleta do Mitzvá e é uma deficiência na ação. Também, há
adorno na prática das Mitzvot, como disseram nossos sábios sobre o versículo, “Este é meu
Deus e eu O louvarei” e há muitas outras precisões a fazer.
Esta questão se aplica a cada realização de Mitzvot, sejam Mitzvot da Torá, dos nossos sábios,
ou Mitzvot que mantemos devido aos costumes, como disseram nossos sábios, “Os costumes
de Israel são Torá” (Minchot, 20b) “e os costumes de nossos pais são Torá”.
A medida das precisões, ou seja, de quão meticulosos devemos ser com as Mitzvot, nos foi
dado no Mitzvá de não comer pão fermentado em Pêssach. Um exemplo de quão meticulosos
devemos ser: Isto nos foi dado em Pêssach, uma vez que fermentado implica a inclinação do
mal. Por esta razão temos muitas restrições e precisões. Isto nos foi dado como exemplo de
como devemos ser cautelosos para não chegarmos, Deus nos livre, a realmente
transgredirmos. Portanto, nos foram dadas precisões que nos farão nos manter afastados da
própria transgressão, bem como manter o próprio Mitzvá.
Porém, disse o Baal Shem Tov, “Não o deixais ser demasiado meticuloso”. Ou seja, que um
não deve dedicar todos os seus sentidos e tempo às precisões. Em vez disso, tanto quanto ele
puder, ele deve manter as Mitzvot com todos seus detalhes e precisões, mas sem excesso.
Talvez seja por isso que não aplicamos a mesma rigidez e precisões a todas as Mitzvot que
fazemos em Pêssach, pois precisamos da nossa energia para as intenções nas ações, também.
Inversamente não teremos muito tempo para a intenção.
Significa isto que devemos também pensar na intenção, como está escrito, “Eu criei a
inclinação do mal, Eu criei a Torá como tempero”. Portanto, devemos dedicar tempo e esforço
à intenção, também, ou seja, ver até que medida a intenção do mal é corrigida através da Torá
e Mitzvot. Ou seja, devemos criticar nosso desejo, chamado “vontade de receber”, para ver se
nos tornámos mais distantes de usar a vontade de receber e nos afastamos dela e quanto
entrámos na obra da doação. Isto é, constantemente devemos verificar de modo a ter a certeza
da medida de ódio que adquirimos ao odiar nossos vasos de recepção e desejar vasos de
doação.

Portanto, quando um se envolve em certo Mitzvá, primeiro ele deve saber que ele mantém
o Mitzvá de uma maneira direta — que agora ele não pensa em coisa alguma senão
o Mitzvá que está a realizar, ou seja, de saber que está a observar o mandamento
do Criador e acreditar que o Criador nos ordenou através de Moisés a manter Seu
mandamento. Ao manter as 613 Mitzvot que Ele nos deu, bem como através das Mitzvot de
nossos sábios e ao manter os costumes de Israel, que também são Torá, tudo aquilo que ele
faz deve ser com a intenção de que ele quer deleitar ao Criador. Foi-lhe dado um grande
privilégio do alto de ser capaz de falar com o Criador. Portanto, quando ele abençoa, tanto
bênçãos sobre prazeres e bênçãos sobre Mitzvot, deve ele pensar e saber um pouco a Quem
está ele a dar a bênção, a Quem está ele a dar graças.
Um deve descrever que se ele fosse permitido ver o homem mais importante na cidade, a
quem nem todos são permitidos de se aproximar, como se sentiria ele quando falasse para ele?
Ou se ele fosse permitido ir até à pessoa mais importante no país, que alegria teria ele. E
também, se ele imaginar que se fosse permitido falar com a pessoa mais importante do
mundo, que só fala com alguns poucos escolhidos, quão feliz e animado ele estaria de lhe ter
sido dada esta grande importância, que outros não são assim tão afortunados de ter? Vemos
que no nosso mundo, isto nos dá satisfação e contentamento na vida.
Respectivamente, a pergunta é, “Por que não podemos descrever este cálculo e descrição de
importância que temos por uma pessoa, se ela é respeitada na corporeidade, de que possamos
falar para alguém tão importante, enquanto a respeito da espiritualidade, quando falamos para
o Criador não temos esta sensação de sentir com quem falamos, de modo a dizermos para nós
mesmos, ‘Repara quantas pessoas no mundo não têm o privilégio de falar para o Rei do
mundo’? Mas para nós, o Criador deu um pensamento e desejo de ir falar com Ele”.
Todavia, uma pessoa deve acreditar naquilo que disseram nossos sábios, “Se o Criador não o
ajudasse, ele não a superaria” (Kidushin, 30). Portanto devemos dizer que agora o Criador se
aproximou de nós e nos ajudou, então por que não estamos inspirados pelo Criador e nossos
corações não jubilam?
Porém, quando se fala palavras de Torá e ora para o Criador, ou quando ele abençoa, ele deve
imaginar que fala para uma pessoa honorável, para o Rei do mundo e deseja que o ajude. Ou
seja, após todas as descrições, ainda não é o mesmo que falar para uma pessoa honorável na
corporeidade e a sensação que ele nessa altura teve, quando sente a importância sem qualquer
trabalho. Mas na espiritualidade, ele tem de trabalhar com várias descrições até que sinta
alguma importância de que fala para o Criador.
Contudo, a questão é muito simples: Na corporeidade, ele vê que as pessoas o respeitam.
Portanto, o indivíduo é influenciado pela importância que o público tem e que assume sobre si
mesmo o servir devido à importância do público em respeito a essa pessoa.
Mas no que diz respeito ao Criador, uma pessoa não consegue ver a verdadeira medida da
valorização das pessoas do Criador. Em vez disso, tudo é edificado sobre fé. Quando ele tem
de acreditar é quando o trabalho começa, pois então dúvidas nascem e ele tem de decidir se
sim ou se não.
Há imenso trabalho na espiritualidade quando uma pessoa tem de valorizar o Criador e para
isto abdicar de várias coisas que o corpo desfruta. Ela sente que é tão doloroso como quando
ela abdica dos seus prazeres e tudo em prol de ganhar a aprovação do Criador e ser permitida
entrar e falar com Ele, para que Ele a deixe sentir com Quem ela fala, ou seja, que o Criador
seja revelado para ela e não esteja assim tão oculto.
Mas se ela pudesse receber a importância do Criador de outras pessoas, tal como é na
corporeidade, ela não teria trabalho. Todavia, há uma questão especial
na Kedushá [santidade], chamada “Shechiná [Divindade] no exílio” ou “Shechiná no pó”. Ela
nos mostra a irrelevância, que é o oposto da importância.
Naturalmente, não conseguimos receber importância do público pois vemos que o público não
tem valorização ou consideração pela espiritualidade, da qual ele consegue receber apoio para
confiar e avançar com aquilo para o qual lhe foi dada importância, para que possa abdicar da
vida mundana, chamada “vida corpórea”, em prol de assumir sobre si mesmo servir ao
Criador em prol de doar e não para seu próprio bem.
Isto assim é pois ele não vê que os outros valorizam a espiritualidade o suficiente que seja
vantajoso abdicar do amor próprio. Isto assim é pois quando ele começa a olhar para os outros
aprendizes da Torá e observantes das Mitzvot, ele não os vê com importância suficiente que os
cause trabalhar em prol de doar. Naturalmente, ele não recebe a importância da espiritualidade
tal como recebe a importância da corporeidade do público.
Na corporeidade ele vê que há um público que valoriza alguém. Não importa quem ou o que
eles valorizam, mas ele é influenciado por eles. Mas na espiritualidade ele não vê que alguém,
nem sequer indivíduos, valorizem a espiritualidade. Então o que pode ele fazer para adquirir a
importância para que seja vantajoso para ele trabalhar em prol de doar?
Disto se sucede que o homem tem imenso trabalho a exercer para fazer aquilo que ele possa
em prol de obter alguma importância, para que ele entenda que é um grande privilégio que ele
tenha sido recompensado com servir ao Criador e manter Suas Mitzvot em absoluta
simplicidade, ou seja, sem grandes intenções. Em vez disso, ele deve simplesmente sentir
felicidade e vitalidade ao manter aquilo que o Criador nos ordenou.
Ou seja, ele deve pensar que agora faz a vontade do Rei e o Rei desfruta de eu fazer a Sua
vontade. Ele deve acreditar acima da razão que o Criador lhe enviou os seus pensamentos e
desejos, que o fizeram observar as Mitzvot e que isso veio até ele como um despertar do alto.
Isto é, agora o Criador o chama: “Vem até Mim; Eu quero dar-te um serviço no Meu palácio”.
Quando ele pensa isto, o coração fica animado e enche-se de alegria e ele se sente muito
inspirado.
Assim ocorre que não importa o que ele faz. É tudo o mesmo, como está escrito, “Sê
cuidadoso com um Mitzvá ligeiro tal como com um sério, pois tu não conheces a recompensa
das Mitzvot”. Pode ser dito que não importa que Mitzvá do Criador uma pessoa mantém seu
único pensamento e trazer contentamento ao Criador.
Portanto, uma pessoa pode derivar grande alegria de pequenas ações, uma vez que a coisa
principal não é a grandeza do Mitzvá, mas a medida e importância do Dador do Mitzvá. Ou
seja, é de acordo com sua valorização do Rei.
Quando uma pessoa reflete, ela vê que tem de satisfazer o desejo, de ter preenchimento.
Porém, há aqueles que trabalham para satisfazer seus próprios desejos, ou seja, aquilo que o
coração exige. Isto é chamado “cobiça”. Inversamente, há aqueles que precisam de satisfazer
a vontade dos outros, aquilo que eles exigem dele, ou seja, de se vestir, ter um apartamento,
como eles requerem, etc. Isto cai sob a categoria da honra. E há também concretizar o desejo
do Criador, aquilo que Ele exige, que é manter a Torá e Mitzvot.
Todavia, um se deve questionar a si mesmo: “É servir ao Criador realmente assim tão
importante para mim que eu sinta tão grande importância? Então depois de todos os cálculos,
eu me esqueço de tudo, entro no mundo corpóreo, paro tudo relacionado a Kedushá e assumo
sobre mim mesmo concretizar os desejos dos outros e não o do Criador, embora tenha dito
que a vontade do Criador é assim tão importante, mais importante que satisfazer meu próprio
desejo?
“Quando me preocupo com satisfazer meu próprio desejo, isso cai na categoria da luxúria.
Quando tento satisfazer os desejos dos outros isso cai na categoria da honra. Eu quero
satisfazer esses dois por amor próprio. Mas quando quero fazer a vontade do Rei, esse estado
é muito importante pois nessa altura eu saio do amor próprio, chamado ‘besta’ e entro na
categoria do ‘homem’, tal como disseram nossos sábios, ‘Tu és chamado ‘homem’ e as
nações do mundo não’”.
Portanto, assim que ele sai do estado da Torá e oração ele diz que até a mais pequena coisa
que faz na Kedushá é tão importante para ele que o faz muito feliz que tenha sido
recompensado com entrar no domínio da Kedushá e que tolo quereria sair do estado de
satisfação emocional e ânimo? Ele sente que é o homem mais feliz no mundo pois teve o
grande privilégio de sair da bestialidade em que se encontrava a toda a hora.
Subitamente ele é evocado a chegar ante o Rei e falar para Ele. Nessa altura ele olha para si
mesmo, como ele está imerso em prazeres mundanos tal como todas as outras bestas. Mas
agora ele vê que se tornou um verdadeiro homem. Ele torna-se muito crítico do seu meio
ambiente, de quão baixos eles são, ao ponto que quase não consegue suportar estar perto deles
e falar para eles pois não consegue curvar-se tão baixo de modo a falar para pessoas
desprovidas do espírito da Kedushá, que estão tão imersas no amor próprio que quase não as
consegue suportar.
Depois disto, passado algum tempo, até um momento mais tarde, após todo o criticismo que
ele passou ao seu meio ambiente, ele se esquece completamente da espiritualidade em que
se encontrava e entra no mundo corpóreo com todas os prazeres animalescos. Ele não se
lembra sequer quando saiu, do momento em que saiu do estado espiritual para o estado
corpóreo no qual se encontra agora.
Portanto, a pergunta é, “Quando ele estava no estado espiritual e estava deleitado com sua
situação, isso era uma mentira? Era só um sonho? Ou é ao contrário, que o estado anterior é o
seu verdadeiro estado e aquilo que agora ele sente, que está imerso em prazeres animalescos,
é um sonho”?
A verdade é que uma pessoa deve acreditar que quando o Criador aparece para ela um pouco,
ela começa a sentir a importância do Rei e é atraída para Ele e se anula como uma vela ante
uma tocha. Se ela continuar a valorizar o arauto que escutou do alto e à medida que ela o
conseguir considerar, a essa medida sua aspiração para a espiritualidade cresce e ela começa a
sentir que emergiu do mundo corpóreo e entrou num mundo que é somente bom.
Mas se ela se esquece de valorizar esse chamamento, que ela foi chamada para falar para o
Rei e começar a desfrutar e instar a alegria que tem nos vasos de recepção e ela não é
cuidadosa de agradecer e louvar ao Criador por a aproximar Dele, ela é prontamente repelida
e ejetada do palácio do Rei.
Isto acontece tão rápido que ela não tem tempo para sentir que foi ejetada. Só passado algum
tempo ao qual ela chega e vê que foi jogada fora. Mas quando ela é ejetada do palácio do Rei
ela fica inconsciente e, portanto, não consegue sentir o momento da ejecção.
É sabido que na corporeidade, também, se uma pessoa cai de um piso elevado para o chão, se
lhe perguntar como ela se sente ela não se lembra de nada. Tudo o que ela sabe é que agora
está no hospital, mas ela não se lembra de nada: quem pegou nela, quem a trouxe ao hospital,
tudo é esquecido.
É o mesmo na espiritualidade. Quando ela é ejetada do palácio do Rei ela não se lembra de
quem a ejetou, ou seja, o que a causou cair do seu estado onde ela estava em absoluta
inteireza, cheia de alegria com a sua situação. Ela também não se lembra quando caiu do seu
estado tão alto para o chão, de modo a dizer, “Até esse ponto eu estava bem e nesse momento
eu caí”. Ela não se consegue lembrar do momento em que caiu do seu estado. Mas passado
algum tempo ela abre os seus olhos e começa a ver que agora ela está no mundo corpóreo.
Esta recuperação, a consciência que ela ganhou novamente quando vê que agora está fora do
palácio, pode acontecer passadas várias horas ou até passados vários dias. Subitamente, ela vê
que está imersa em prazeres mundanos e que em tempos teve um estado de ascensão.
Agora regressemos à questão da qual começámos, nomeadamente a grandeza da qualidade da
prática de Mitzvot e palavras da Torá e oração em absoluta simplicidade, sem quaisquer
intenções a não ser de aprender a Torá, uma vez que a inteira Torá é os nomes do Criador e
quer ele entenda que a conexão que ele tem, que ele aprende, nomeadamente o facto de ele
estar a aprender com a pessoa.
Ou seja, um não deve dizer, “O que isto nos ensina”? Em vez disso, cada palavra que ele
aprende é uma grande coisa para a sua alma. E embora ele não o entenda, ele deve acreditar
nos sábios, que assim nos instruíram.
É semelhante na oração. Devemos saber e acreditar que toda e cada palavra que nossos sábios
ordenaram para nós foi dita no espírito da santidade. Por esta razão, devemos considerar toda
e cada palavra, ou seja, que ele tem o privilégio que o Criador lhe deu o pensamento e desejo
de observar Seus mandamentos e agradecer ao Criador por isso. Ele deve acreditar que tudo
aquilo que ele faz na espiritualidade, enquanto outros não tenham merecido isto, é porque o
Criador o escolheu para O servir.
Uma pessoa deve refletir sobre como o Rei a chama e lhe dá algum entendimento de pelo
menos manter Seus mandamentos de modo a ter algum contato com o Criador. Similarmente,
ela deve descrever a importância do Rei tanto quanto ela conseguir e derivar disto alegria e
ânimo. Este é o caminho da verdade.
Ou seja, devemos acreditar na importância do Criador embora o corpo ainda não esteja
impressionado com a medida que ele serve aparentemente a um Rei de carne e osso, uma vez
que o público reverencia o Rei e o indivíduo é influenciado pelo público. Mas na
espiritualidade uma pessoa não consegue ver que o público reverencia o Rei e o valor de se
anular ante Ele está escondido dela. Em vez disso, devemos acreditar que isto assim é. Isto é
chamado “linha direita”, ou seja, sem quaisquer intenções. Em vez disso, até se ela se
envolver com o mais pequeno entendimento, ela o deve considerar como se fizesse um grande
serviço.
Isso é como disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 2, Mishná 1), “Sê cuidadoso com
um Mitzvá ligeiro tanto como com um sério, pois não conheceis a recompensa das Mitzvot”.
Ou seja, não importa para nós que serviço fazemos pelo Rei, com que serviço trazemos
contentamento ao Rei. Em vez disso, temos um pensamento: que o Criador fique agradado
com aquilo que faço.
Portanto, não importa se este trabalho é importante ou não, dado que não tenho consideração
de mim mesmo. Pode ser um trabalho desimportante que não muitas pessoas queiram,
portanto ele quer fazê-lo por ser mais necessário que o trabalho importante que muitas
pessoas querem.
Todavia, a pergunta é, “Por que não consegue uma pessoa sentir a luz que brilha na Torá
e Mitzvot assim que ela começa o trabalho”? Em vez disso, ela tem de acreditar que há luz
oculta lá, que ela não consegue ver. Certamente deve ser melhor se a importância sobre ela
fosse revelada a todos, pois então todos podiam observar a Torá e Mitzvot.
Portanto, por que há uma ocultação sobre a Torá e Mitzvot ao ponto que todo e cada um tem
de labutar e trabalhar e realizar todos os tipos de obras em prol de ser capaz de dizer que o
inteiro mundo corpóreo não é vantajoso em comparação com a Torá e Mitzvot, como disseram
nossos sábios (Avôt, Capítulo 4, 22), “Uma hora de arrependimento e boas ações neste mundo
é melhor que a vida inteira no mundo vindouro e uma hora de contentamento no mundo
vindouro é melhor que toda a vida deste mundo”.
Porém, nos foi dada esta ocultação de forma a termos espaço para a escolha, ou seja, para
termos a habilidade de trabalhar na Torá e Mitzvot pelo Criador, ou seja, em prol de doar.
Inversamente, se a luz que está escondida na Torá e Mitzvot fosse revelada, ele trabalharia
somente por amor próprio. Mas então não seria capaz de se criticar a si mesmo e ver se sua
meta é doar ou se é para o seu próprio bem.
Mas porque nos foi dada a Torá e Mitzvot para manter durante a ocultação, podemos mantê-
los em absoluta simplicidade e dizer, “Se minha direção é doar, por que me devo preocupar
com que sabor sinto”? Assim, se um quer ser recompensado com alguma coisa, ele deve
assumir sobre si mesmo manter a Torá e Mitzvot em simplicidade absoluta.
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312. Um Caminho Perto e Um Caminho Longe

Artigo 26, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Na porção, Beshalach [Quando Faraó Foi], descobrimos que o texto nos conta, “Deus não os
conduziu através da terra dos Filisteus, pois era perto; a menos que o povo mudasse suas
ideias quando vissem uma guerra e regressarem ao Egito”. Significa isto que um caminho
perto não é bom. A respeito da segunda Pessach, vemos (Números, 9:10), “Falai para os
filhos de Israel, dizendo, ‘Caso qualquer homem for impuro para a alma, ou num caminho
longe para vós, ele deve fazer uma Pessach pelo Senhor no segundo mês”. Significa isto que
se ele estiver num caminho longe, ele não consegue fazer a Pessach no seu tempo.
Vemos que a porção, Beshalach, conta-nos que o caminho perto não é bom, como está escrito
lá que Ele não os conduziu pois era perto, mas que o longe é melhor. Na porção,
Behaalotcha [Quando Levantais (as velas) ], está escrito que aquele que está num caminho
longe é adiado para uma segunda Pessach. Implica isto que o caminho longe é pior que o
caminho perto.
Primeiro devemos saber que os caminhos aos quais a Torá se relaciona seguramente implicam
um caminho longe e um caminho perto em respeito a alcançar a completude da meta. Assim,
é difícil entender como pode ser dito que o caminho perto não é bom. Isto é, a razão que a
Torá nos dá para isto é que eles verão uma guerra e regressarão para o Egito. Mas perto
significa próximo do Criador. Se ele está próximo do Criador, como se pode dizer que eles se
arrependerão e voltarão para o Egito? Nós entendemos o oposto — se o povo se tivesse
arrependido num caminho que é longínquo do Criador, podia se dizer, “a menos que o povo
mude suas ideias quando virem uma guerra e regresse ao Egito”.
Na porção, Re’é [Ver] (Deuteronômio, 14:24), as escrituras dizem, “Se a distância for tão
grande para vós que não consigais suportar, uma vez que o lugar onde o Senhor teu Deus
escolhe colocar Seu nome é demasiado longe para ti”. Baal HaSulam deu uma explicação
sobre isto e questionou, “Qual é a razão pela qual o texto nos dá a razão pois ‘Se a distância
for tão grande para vós que não a consigais suportar’”? Ele disse que o homem deve assumir
o fardo do reino dos céus e deve ser como um “boi para o fardo e como um burro para a
carga” e o homem não a consegue suportar, ou seja, que é difícil para ele transportar a carga,
que é o sentido de, “não a consigais suportar”, por esta razão a estrada será longe para vós.
Isto assim não é se um não assumiu sobre si mesmo o fardo do reino dos céus. Ele veria que
tudo está perto dele. Isto é, uma pessoa vê que “o lugar onde o Senhor teu Deus escolhe
colocar Seu nome”, ou seja, o lugar onde Deus escolheu colocar Seu nome, está longe dela. É
como está escrito, “E deixai-os fazerem-Me um Templo e Eu habitarei dentro deles”. Esse
lugar está longe da pessoa, ou seja, ser capaz de fazer no seu coração espaço para instar
a Shechiná [Divindade]. Ela está longe de entender tal coisa — que um terá a força para fazer
espaço para instar a Shechiná no seu coração. Isto assim é pois ela não será capaz de a
suportar, ou seja, que ela não quererá assumir sobre si mesma o caminho aceitável, “como um
boi para o fardo e como um burro para a carga”.
Sucede-se deste modo que um deve empenhar toda a sua energia somente nisto. Isto é, ele
deve sempre procurar conselho sobre como assumir sobre si mesmo o supracitado fardo. Um
deve focar todo o seu trabalho, ou seja, tudo aquilo que ele faz na Torá
e Mitzvot [mandamentos], ele deve desejar que estas obras o tragam a assumir o fardo do
reino dos céus e não em prol de receber recompensa e é aqui que “o Senhor teu Deus escolheu
colocar Seu nome”.
É sabido que Seu nome é chamado Malchut, que é chamada Shechiná. Isto é como o
sagrado Zohar escreve, “Ele é Shochen [morador]; ela é Shechiná [Divindade/onde Ele
mora]”. É como diz Baal HaSulam, que o lugar onde o Criador é revelado é
chamado Shechiná e o Criador é chamado Shochen. Porém, quando é Ele chamado Shochen?
Quando há alguém que alcança o Shochen. Nessa altura ele diz que Shochen e Shechiná não
são duas coisas, mas uma. Isto é, o Shochen é chamado “luz sem um Kli [vaso]” e
a Shechiná é chamada o lugar onde o Criador é revelado. Sucede-se que tudo o que há no
lugar onde o Criador é revelado é o Criador e nada mais. Porém, há luz e Kli, ou seja, que há
um Kli que alcança a luz.
Desta forma sucede-se que o lugar onde o Criador escolheu colocar Seu nome é como
aprendemos, que precisamos de corrigir nossos vasos de recepção para serem em prol de doar
contentamento sobre o Criador. Este é o sentido da equivalência de forma. Então, nesse lugar,
o nome do Criador aparece.
Assim, como pode ser dito sobre um caminho perto, “E Deus não os conduziu, pois era
perto”? Afinal, um caminho longe significa como está escrito sobre a segunda Pessach, que
aquele que estava num caminho longe é adiado para uma segunda Pessach. É como está
escrito na porção, Re’é (Deuteronômio, 14:24): “Se a distância for tão grande para vós que
não a consigais suportar”. De acordo com a interpretação de Baal HaSulam, afastamento de
localização deriva de ser incapaz de a transportar, ou seja, de tolerar o fardo do reino dos
céus. Desta forma, como pode ser que o caminho longe seja melhor que o caminho perto?
Em Masechet Iruvin (p 53b), ele escreve no nome de Rabi Yehoshua Ben Hananiah, que
disse, “Assim que caminhava pela estrada vi uma criança sentada numa encruzilhada. Eu
disse para ele, ‘Meu filho, que caminho conduz à cidade’? Ele me disse, ‘Este é longo e curto
e este é curto e longo’. Eu segui o curto e longo. Quando cheguei à cidade, estava rodeado de
jardins e pomares. Regressei a ele lhe disse, ‘Meu filho, por que não me disseste, este é
curto’? Ele respondeu, ‘Meu Rav, eu não disse ‘Curto e longo’’”? Isto significa que há um
problema de perto e longe e longe e perto.
Está escrito na porção, Nitzavim [De Pé] (Deuteronômio, 30:11): “Pois este mandamento que
eu vos ordenei hoje não está além de vós, nem está longe. Pois a questão está muito perto de
vós — na vossa boca e nos vossos corações para a fazerem”. Significa isto que “perto” é um
bom caminho, como está escrito, “Na vossa boca e no vosso coração para a fazerem”, e não
como na porção, Beshalach.
Para entender o citado devemos interpretar isto em respeito ao começo da obra. Há uma
questão de trabalhar na prática e há uma questão de trabalhar na intenção. Isto é, um deve
trabalhar na intenção, também. Isto significa que enquanto observando
as Mitzvot [mandamentos], ele deve ter uma boa intenção, ou seja, com que intenção ele
realiza as Mitzvot, nomeadamente a razão que o faz manter as Mitzvot.
Uma vez que devemos direcionar as ações para não serem em prol de receber recompensa
uma vez que o homem nasce com vasos de recepção, que significa que é impossível fazer
coisa alguma sem receber recompensa pelo seu trabalho, pois está na nossa natureza não fazer
qualquer movimento a menos que vejamos que é vantajoso, que teremos mais prazer ao
abdicar do repouso.
Isto é, nós abdicamos do estado em que nos encontramos, em prol de receber mais prazer do
que temos agora, antes temos de abandonar o prazer e ir fazer outra coisa qualquer. Assim, é
certamente importante que ao realizar um novo ato recebamos mais prazer.
Assim, devemos fazer e manter a Torá e Mitzvot não porque o Criador quer que os
mantenhamos e queremos fazer Sua vontade para que Ele derive prazer da nossa obediência
para Ele. Em vez disso, uma vez que Ele nos promete uma grande recompensa por O escutar,
tentamos manter aquilo que Ele quer de nós, uma vez que olhamos para a boa recompensa
que Ele nos pagará pelo nosso trabalho.
Isto é semelhante a pessoas que trabalham para um dono numa fábrica. Um dia de trabalho
normal dura oito horas. Pelos trabalhadores trabalharem para ele, o dono ganha dinheiro.
Desta forma, o dono desfruta de ter trabalhadores que façam sua vontade.
Alguns de trabalhadores abordam o dono e dizem-lhe que uma vez que eles veem que ele está
incomodado com o facto de ter prometido a alguém para entregar produtos numa certa data,
mas eles veem que de acordo com o ritmo do trabalho a que os trabalhadores produzem em
oito horas, ele não será capaz de ir ao encontro dos termos do contrato e fornecer toda a
mercadoria a tempo. Desta forma, eles concordam trabalhar horas extra para ele. Embora eles
devam estar em casa imediatamente após o dia de oito horas laborais, uma vez que eles têm
crianças para cuidar e um deles tem uma esposa que está um pouco doente, então eles tentam
ir para casa imediatamente após o trabalho, mas porque eles veem sua aflição, estão dispostos
a trabalhar horas adicionais para ele.
Naturalmente, quando o dono ouve da dedicação dos seus trabalhadores para ele, que eles não
conseguem suportar sua tristeza e desta forma concordam em trabalhar horas-extra porque
eles sabem que ele está enervado por ter de ir ao encontro do contrato que prometeu ao
comprador de fornecer certa quantia de mercadoria em certa data, mas de acordo com o ritmo
de trabalho de oito horas ele será incapaz de manter sua promessa.
Desta forma, a sensação nos seus corações para o dador do trabalho não os deixa descansar
sem fazer alguma coisa pelo dono, então eles concordam trabalhar mais do que são capazes.
Isto é, embora tenham passado as horas laborais e tenham famílias com muitos filhos e um
deles tenha uma esposa que está um pouco doente e ele deve fazer tarefas domésticas,
também, sua consciência não os deixa abandonar o dono em aflição.
Desta forma, eles se aproximam dele e lhe dizem, “Nós decidimos trabalhar horas-extra para
você”. Quando o dono ouve a devoção dos trabalhadores, ele vê uma coisa nova: antes estes
trabalhadores vieram até ele para lhe mostrar que simpatizam com sua aflição, ele pensou que
todos os trabalhadores não tinham emoções ou consciência. Em vez disso, eles trabalhavam
para ele e não para outros só porque ele paga mais que os outros, então eles trabalham para
ele. Mas agora ele vê o contrário — que ele estava errado acerca dos trabalhadores.
Mas posteriormente eles lhe dizem: “Porém, você deve saber que por horas-extra, ou seja,
trabalhar de noite, também, queremos que nos pague o dobro do que nos paga por horas
normais”. Então o dono começa a pensar novamente: “É a razão pela qual eles dizem que
querem trabalhar horas-extra realmente como dizem, que me querem ajudar no meu apuro?
Ou é o oposto, eles veem que estou em aflição e desta forma exigem mais dinheiro por horas-
extra pois sabem que não tenho escolha? Eles deixam-me ver que preciso de lhes dar aquilo
que eles querem pois me falam do meu estado crítico, para que eu saiba que eles sabem da
minha situação e assim eles querem pressionar-me para lhes pagar pelas horas-extra o
dinheiro que pedem”.
Disto podemos tomar um exemplo para nosso trabalho em manter Torá e Mitzvot, ou seja,
discernir entre ação e intenção. Uma ação significa que ele pretende fazer a ação que Ele nos
ordenou através de Moisés de manter Torá e Mitzvot em todos os seus detalhes e que devemos
direcionar que o Mitzvá [mandamento] que fazemos é em prol de fazer Sua vontade, que Ele
quis que mantivéssemos Torá e Mitzvot.
Sucede-se que a intenção que uma pessoa deve tencionar é que devemos direcionar as ações
que fazemos sendo para manter aquilo que Ele nos ordenou. Isto é considerado tencionar que
a ação seja boa, como Ele nos disse através de Moisés. É como o julgamento a respeito de
soprar o Shofar [chifre especial soprado em dias especiais], que “Se ele sopra o Shofar em
prol de aprender, ou sopra em prol de cantar e não pelo propósito do Mitzvá, então não fez seu
dever” (como está escrito no Caminho da Vida, Regras de Rosh Hashaná, item 589).
Assim acontece que se dizemos que as Mitzvot requerem intenção, isso significa que ele deve
direcionar para que o ato que realiza seja pois ele quer manter o mandamento do Criador.
Certamente, o ato deve ser de acordo com a lei que nossos sábios determinaram as medidas de
Torá e Mitzvot— como e de que modo deve ser na prática de Mitzvot.
Por exemplo, a Sucá [a cabaça do Festival dos Tabernáculos] tem várias regras nela em
termos da forma. O mesmo se aplica a estudar Torá e quanto
aos Mitzvot negativos [mandamentos de evitar certas ações]. Há muitas regras a respeito
deles. Se ele não mantém as leis a respeito deles então há uma deficiência na obra de Mitzvot.
Até se ele fizer tudo de acordo com a lei, ele deve ainda direcionar que realiza o Mitzvá pois o
Criador nos ordenou a fazer Sua vontade ao manter os Mitzvot que Ele nos ordenou através de
Moisés.
Tudo isto é considerado somente como “a prática dos Mitzvot”, mas não a intenção. Isto assim
é pois tudo aquilo que ele pensa sobre fazer o ato que o Criador nos ordenou e todas as obras
que trabalhamos em Torá e Mitzvot, são como todas as pessoas no mundo, que trabalham e
obram para serem recompensadas e nada mais.
Também, aqui precisamos de atenção adicional pois quando dizemos que todo o trabalho está
na prática dos Mitzvot, isso significa que o trabalho está na prática e não pode ser dito aqui
que há trabalho pela recompensa. Em vez disso, em prol de receber recompensa pelo trabalho,
nós não vemos que uma pessoa precise de esforço para receber recompensa, uma vez que a
única razão pela qual trabalhamos e abdicamos de muitas coisas é que estamos a considerar a
recompensa, pois somente a recompensa nos obriga a fazer trabalho duro, sem nos
importarmos com a qualidade do trabalho ou o tempo do trabalho, pois a recompensa
determina tudo.
Assim, devemos entender por que dizemos que há trabalho na intenção, ou seja, trabalho
sobre a recompensa. Afinal, como podemos falar de trabalho aqui? Porém, a questão é que
quando uma pessoa se envolve em Torá e Mitzvot e quer que sua recompensa seja que o
Criador lhe dê o pensamento e o desejo para trabalhar não em prol de receber recompensa, o
corpo não concorda com tal recompensa, uma vez que normalmente nós recebemos uma
recompensa pelo trabalho. Isto é, a obra está em concessões das necessidades que ele desfruta,
em troca que ele venha a receber maiores prazeres que aqueles que está a conceder. Por
exemplo, ele abdica do repouso e por vezes de sono e assim por diante e recebe em retorno
maiores e mais necessários prazeres.
Isto assim não é quando ele abdica de prazeres por coação, quando o corpo discorda e quer
trabalhar em prol de concordar abdicar todos os tipos de prazeres. Sucede-se que o trabalho
são ações de doação e a recompensa será a intenção de somente doar, sem qualquer
recompensa de recepção. Por esta intenção, ou seja, por esta recompensa, um tem de trabalhar
imenso.
Isto é mais difícil que trabalhar na prática, embora ele não precise de diferentes coisas num
tempo diferente para a intenção da recompensa. Em vez disso, o mesmo trabalho que ele faz e
ao mesmo tempo em que ele trabalha, são suficientes para ele e ele não necessita de outras
ações, mas meramente do pensamento e da intenção. O que é a intenção? É que seu
pensamento e desejo sejam como a ação.
Isto é, tal como ele faz o trabalho pois o Criador o ordenou a assim fazer, também a intenção
será somente que ele quer manter os mandamentos do Criador somente pelo Criador, sem
qualquer recompensa. O facto de que tudo o que é exigido do homem enquanto realizando a
ação — quando ele faz a vontade do Criador — é de direcionar enquanto realizando o Mitzvá,
não porque ele considera a recompensa, o obriga a trabalhar dia e noite. Isto é, ele mantém o
que está escrito, “E vós O contemplareis dia e noite” não porque ele considera a recompensa e
isto o faz trabalhar dia e noite. Em vez disso, seu desejo de trazer contentamento ao Criador é
a razão pela qual ele se esforça na obra.
Isto é semelhante à supracitada alegoria sobre os trabalhadores que concordaram trabalhar
horas extraordinárias para o dono à noite, mas exigiram que ele lhes pagasse o dobro que eles
recebiam durante horas normais. Nós vemos a diferença entre trabalhar em prol de receber
recompensa e trabalhar não em prol de receber recompensa. Ninguém consegue dizer que os
trabalhadores são fiéis ao dono e que é por isso que eles concordam trabalhar para ele dia e
noite. Em vez disso, eles dizem o oposto sobre eles, que uma vez que o dono precisa do seu
trabalho eles o usam e querem que ele duplique seu pagamento.
É o mesmo com a obra. Embora Lo Lishmá [não pelo Seu bem] seja trabalho e nada há a
adicionar em termos de ações, mas há a questão da intenção aqui, ou seja, que os
trabalhadores tencionam ao trabalhar — se é para seu benefício ou para o benefício do
Criador.
É necessário imenso trabalho duro para que o corpo concorde trabalhar pelo Criador, ou seja,
para dizer ao corpo o que esperar, que recompensa eu quero receber do Criador por te forçar a
trabalhar tão duro — para que o Criador me dê a recompensa que tu não serás capaz de me
obstruir quando eu quero fazer tudo em prol de doar.
Naturalmente, o corpo grita bem alto e faz tudo o que puder para evitar perder o seu controle.
Desta forma, ele não os deixa fazer a mais simples das coisas pois tem medo que pelo mérito
da ação ele alcance Lishmá, que é inteiramente pelo Criador e ele não tenha parte que seja
capaz de receber por amor próprio.
Devido a isso, nós vemos que para aqueles que querem manter Torá e Mitzvot em prol de
doar, toda a pequena coisa é muito difícil pois o corpo tem medo em cada ação que realiza
que talvez através do trabalho que ele faz a pessoa alcance Lishmá e todo o controlo da
vontade de receber sobre a pessoa seja revogada. Isto é considerado ter de trabalhar sobre a
recompensa, também. Isso significa que se ele tem de trabalhar para escolher a recompensa
que quer para seu trabalho em Torá e Mitzvot — se é recompensa que pertence ao amor
próprio ou recompensa que é “somente pelo Criador” e ele não quer dar ao amor próprio
qualquer parte do seu trabalho e sempre pensa, “Quando me será concedido ter um desejo de
somente doar contentamento sobre o Criador”?
Agora podemos entender o que questionámos, “Como pode haver um mau caminho perto”,
como está escrito, “E Deus não os conduziu, pois era perto”. Podemos entender o que a
criança disse para Rabi Yehoshua Ben Hananiah, que “Há um caminho longe e curto e um
curto e longe”, ou seja, perto, mas longe. Isto significa que embora seja perto, ele é longínquo
da meta.
É sabido que o Maimônides diz que não devemos divulgar a questão de Lishmá, como diz
ele (Hilchot Teshuvá[Regras do Arrependimento], Capítulo 10), “Os sábios disseram, ‘Um
sempre se deve envolver em Torá, até em Lo Lishmá, pois de Lo Lishmá ele chegará
a Lishmá’. Desta forma, quando ensinando os pequenos, mulheres e pessoas comuns, lhes é
ensinado a trabalhar por medo e para receber recompensa. Até que ganhem mais
conhecimento e adquiram muita sabedoria, lhes é contado esse segredo pouco-a-pouco e são
acostumados a ele calmamente até que O alcancem e O sirvam por amor’”.
Isso implica das palavras do Maimônides que há um caminho perto, ou seja, que está perto do
coração do homem, ou seja, em prol de receber recompensa. Sucede-se que ele é chamado
“perto” pois está perto do coração do homem. Mas há outra interpretação de “caminho perto”,
que é que a pessoa vê cada vez que ela se está a aproximar da meta e para ela a meta é
chamada “recompensa” e ela espera que quando tiver certa quantia de Torá e Mitzvot,
prontamente receberá recompensa pelo seu trabalho, como é sabido que ao ser trabalhador a
contrato lhe é pago somente no final (Baba Metzia, 65).
Desta forma, ele acredita que quando terminar o seu trabalho neste mundo receberá sua
recompensa no mundo vindouro, além de ter Mitzvot cuja recompensa é neste mundo,
também, como está escrito, “Estas coisas que o homem come, seus frutos estão neste mundo e
o capital espera por ele no mundo vindouro”.
Desta forma sucede-se que cada dia ele sente que tem alguma coisa na sua mão, ou seja, a
recompensa de um dia de trabalho e cada dia se junta a um ano e um ano a um ano. Por
exemplo, uma pessoa que começa a observar Mitzvot aos treze anos de idade, que é o tempo
em que as Mitzvot se tornam mandatárias, aos vinte está feliz que graças a Deus, ela já tem
sete anos de trabalho inscritos na sua conta. Aos trinta ela está extremamente feliz pois já tem
dezessete anos de trabalho escritos no seu livro. Sucede-se que cada vez que ela trabalha ela
consegue estar feliz que sua recompensa cresce de dia para dia. Este trabalho é chamado
“perto do seu coração”, uma vez que ela está certa sobre sua recompensa em avançar.
Este caminho é chamado “caminho perto” pois é aceitável ao coração, uma vez que se um vê
progresso neste caminho, esse caminho se senta bem com o coração pois ela tem o que
examinar. Na obra ela que ela faz, ela vê que cada dia tem uma certa quantidade de trabalho
em Torá e Mitzvot e tudo é escrito no seu livro, como está escrito (Avôt, Capítulo 3), “Diria
ele, ‘Tudo está em depósito e uma fortaleza se espalha sobre toda a vida. A loja está aberta e o
lojista vende por pagamento deferido; o livro está aberto e a mão escreve”. Desta forma, ele
está certo que tem um grande bem de recompensa que acumulou ao trabalhar cada dia e de
ano para ano. Por esta razão, este caminho é chamado um “caminho perto”. Isto é chamado
“um caminho curto” pela citada razão, uma vez que ele não precisa de um tempo longo para
uma pessoa entender que é vantajoso caminhar neste caminho pois este caminho está perto do
seu coração. É por isso que ele é um caminho curto.
Porém, ele é um caminho longo, ou seja, para alcançar a verdade, para a Torá e Mitzvot o
trazerem a ter a intenção de somente doar. É muito longe pois este caminho é oposto ao
caminho de Dvekút [adesão] com o Criador, que é inteiramente para doar. Aqui ele começa a
caminhar num caminho que sua intenção será somente para receber recompensa. Mas o
propósito que um deve alcançar através deste trabalho em Torá e Mitzvot é o trazer a trabalhar
em prol de doar, como disseram nossos sábios, “Eu criei a inclinação do mal, Eu criei para ela
a Torá como tempero”. Ele precisa de ver que através de Torá e Mitzvot, o mal nele, chamado
“receber em prol de receber”, será corrigido e ele será capaz de fazer tudo pelo bem do
Criador e não pelo seu próprio bem. A respeito do seu próprio bem, é como nossos sábios
disseram sobre o versículo, “Se um homem morre numa tenda”, que a Torá existe somente
naquele que se condena a si mesmo à morte por ela”, e não por seu próprio benefício.
Isto é chamado “perto e longe”. É perto do seu coração pelas duas citadas razões, mas longe
da verdade, como o Maimônides diz (Hilchot Teshuva, Capítulo 10), “Aquele que trabalha
por amor, se envolve em Torá e Mitzvot e caminha nos caminhos de sabedoria não por causa
de alguma coisa no mundo e não por causa do medo do mal e não em prol de herdar
abundância, mas faz a verdade porque é ela é a verdade”.
Sucede-se de acordo com as palavras de Maimônides que o supracitado caminho perto está
longe da verdade. De acordo com isso, podemos interpretar, “Deus não os conduziu pela terra
dos Filisteus, pois ele era perto; a menos que o povo mudasse suas ideias quando vissem uma
guerra e regressassem para o Egito”. A questão de “quando eles vissem uma guerra” deve ser
interpretada significar que ao se envolverem em Lo Lishmá, o caminho é aquele que ilumina
iluminação que um deve alcançar Lishmá. E uma vez que o princípio do trabalho é em Lo
Lishmá, eles não vão querer ir para a guerra com a inclinação pois vão temer perder seu grau
de envolvimento em Torá e Mitzvot.
Este é um caminho longe. O Criador quis avançar com eles no caminho direito para Monte
Sinai e lhes dar a Torá. Foi por isso que Ele lhes disse imediatamente que devem avançar pelo
caminho longe. Isto é, embora este trabalho esteja longe do coração, ele está perto da verdade
e com isto eles serão adequados para receber a Torá no pé do Monte Sinai.
Sucede-se desta forma, que podemos interpretar “longo e curto caminho” significando curto e
perto. Assim, o sentido será “longe do coração”, ou seja, que requer um longo tempo para
fazer o coração ver até que ele possa entender que é vantajoso trabalhar pelo propósito da
verdade, ou seja, manter Torá e Mitzvot em verdade pois o Criador nos ordenou a manter a
Torá e Mitzvot e nós queremos mantê-la para que Ele possa desfrutar de nós fazermos Sua
vontade.
Sucede-se que a causa e razão para manter Seus mandamentos é o Criador e não a pessoa.
Significa isto que a importância do Criador o obriga a ter um desejo e anseio de O servir e lhe
trazer contentamento. Isto é chamado um “caminho longe”, que é por ser longe do coração,
mas perto da verdade, onde ao ser mostrada a verdade, ele está perto de tocar na verdade.
Contudo, “perto e longe” significa “curto e longo”. Isto significa “perto do coração”, pois
uma vez que o corpo deseja prazeres e ele lhe promete que através do seu trabalho em Torá
e Mitzvot ele receberá recompensa, sucede-se que o corpo é a razão para manter Torá
e Mitzvot. Isto é, se ele pudesse receber maior prazer noutro lugar, por que trabalharia ele
onde o salário é baixo? É por isso que é chamado “perto e curto”, pois ele não requer imenso
tempo para fazer o corpo entender que ele deve assumir o fardo da Torá e Mitzvot.
É como ele diz no Sulam ([comentário da Escada sobre O Zohar] (“Introdução ao Livro do
Zohar”, item 191): “1) Temor ao Criador e manter Suas Mitzvot para que seus filhos possam
viver e ele seja guardado da punição corpórea ou de uma punição ao seu dinheiro. Este é o
temor de punições neste mundo. 2) Quando temendo punições do Inferno, também. Esses dois
não são verdadeiro temor, pois ele não mantém o temor devido ao mandamento do Criador,
mas por causa de seu próprio benefício. Sucede-se que seu próprio benefício é a raiz e o temor
é um ramo derivado do seu próprio benefício”. Acontece que isto é chamado “longo e curto,
longe e perto” por causa do que está escrito na porção, Beshalach, “Deus não os conduziu
através da terra dos Filisteus, pois era perto”.
Todavia, na porção, Behaalotchá, está escrito a respeito da segunda Pessach, “ou um que
estava num caminho longe é adiado para uma segunda Pessach”. Nós questionámos, “Isto
significa que o caminho longe não é bom e é por isso que ele foi adiado para uma segunda
Pessach”? Devemos interpretar que quando uma pessoa caminha no caminho perto, ou seja,
perto do seu coração, ela sente que é mais próxima da Kedushá[santidade] que os outros, que
caminham no caminho longe, uma vez que cada dia ela sente que a Torá e Mitzvot que ela
realiza se estão a acumular e a aumentar.
Assim, ela nada tem para corrigir em si mesma em prol de estar perto de Kedushá, pois ela
consegue ver com seus próprios olhos e não precisa de acreditar acima da razão que ela
ascende nos níveis da santidade. Afinal, ela mantém a Torá e Mitzvot em cada detalhe, tão
naturalmente que sua Kedushá cresce a cada dia. Ela sente que ela é uma justa completa e
questiona-se como podemos manter o que nossos sábios disseram, “Sê muito, muito
humilde”.
Acontece que tal pessoa, do estado em que ela se encontra em respeito à prática, é inútil
alguma vez ser capaz de fazer um sacrifício para o Criador, ou seja, se aproximar Dele em
respeito à equivalência de forma pois ela não sente que está imersa em autogratificação.
Porém, se ela sente que está longe do Criador, ou seja, que ela vê que está ainda imersa em
autogratificação e grita para o Criador a deixar sair do benefício próprio para beneficiar o
Criador, então ela pode ser corrigida, ou seja, que ela é adiada para uma segunda Pessach e
então ela faz um sacrifício, ou seja, que então ela se aproxima do Criador.
Sucede-se que devemos discernir dois tipos na obra do Criador: Um tipo são aqueles que
ainda pertencem a Lo Lishmá. O segundo tipo são aqueles que já pertencem a Lishmá. Eles
são dois tipos e um não consegue entender o outro. Isto é chamado “longo e curto, longe e
perto”.
319. O Criador e Israel Foram Para O Exílio

Artigo 27, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito em O Zohar, BeHukotai [Nos Meus Estatutos] (item 49), sobre o versículo, “E
Eu, também, te atormentarei sete vezes pelos teus pecados”: “Vinde e vede, o amor sublime
do Criador por Israel é como um rei que tinha somente um filho que pecou perante o rei. Um
dia, ele pecou perante o rei. O rei disse, ‘Todos esses dias te tenho golpeado, mas não
recebeste. Doravante, vê o que te farei. Se eu te expulsar da terra, ursos podem te atacar no
campo, ou lobos selvagens ou assassinos te exterminar do mundo. O que devo fazer? Em vez
disso, tu e eu sairemos para a terra’. Assim, Eu, também, pois o que está escrito significa que
tu e Eu sairemos para a terra, ou seja, iremos para o exílio, ‘E eu te punirei’, para ires para o
exílio. E se eu disser que te abandonarei, eu, também, estou contigo”.
Devemos entender o sentido da saída do povo de Israel para a terra no estrangeiro, que
é chamado “exílio entre as nações”. O que significa isso na obra? Isto é, o que é “terra” e o
que é a “saída da terra”? Também, o que significa quando os pecadores punem uma pessoa e
lhe dão exílio entre as nações no mundo? Ou seja, qual é a correção em sair para o exílio
debaixo do governo das nações do mundo?
Devemos entender também como pode ser dito que o Criador, também, deixa a terra com o
povo de Israel para o exílio, uma vez que “a terra inteira está cheia da Sua glória” e está
escrito, “Seu reinado governa sobre todas as coisas”. E ele até sustenta
as Klipot [cascas/peles], então como pode ser dito que Ele sairá para o exílio com o povo de
Israel como se Ele não estivesse na terra?
Para entender o citado na obra primeiro precisamos de saber o que é a terra de Israel e o que é
o estrangeiro e por que sair para a terra do estrangeiro é considerado exílio entre as nações.
Devemos entender que o exílio é uma correção por pecados. Isto é, ao sofrer o exílio, os
tormentos do exílio os farão se arrepender e então será possível os trazer de volta para a terra.
Mas está escrito, “E eles se misturaram com as nações e aprenderam suas obras”, então que
tormentos do exílio estão eles a sentir, que podem ser uma causa para que eles se arrependam
e regressem para a terra? Isto é, o que podemos nós saber sobre o que é bom na terra de Israel
de modo a desejá-la e que esta terra venha a ser uma razão que os obrigue a se arrependerem
pelo amor à terra?
É sabido que a terra é chamada Malchut e a “sagrada Shechiná [Divindade]. Ela é também
chamada “a assembleia de Israel”, que é a inclusão de todas as almas. Isto significa que ela
deve receber o deleite e prazer que estava no pensamento da criação de fazer o bem às Suas
criações, ou seja, que as almas receberão o deleite e prazer.
A ordem da cascata foi do mundo de Ein Sof [sem fim/infinito] até ao mundo
da Tzimtzum[restrição] e então até à linha na qual os cinco Partzufim [plural de Partzuf]
de AK estão vestidos e então os cinco Partzufim de Atzilut.
Posteriormente, Malchut de Atzilut foi emanada dos três mundos BYA e então Adam
HaRishon foi criado e a exterioridade do seu corpo, que é semelhante ao presente corpo
material, foi feita de Biná de Malchut de Assiá, como está escrito em O Estudo das Dez
Sefirot (Parte 16, p 1912, item 43), “Posteriormente ele teve NRN de BYA e então NRN de
Atzilut.
Sucede-se desta forma que a terra é chamada Malchut de Atzilut e está escrito sobre o mundo
de Atzilut, “Mal não morará convosco”, ou seja, que não há mal lá de todo, mas somente
em BYA há escrutínios de bem e mal. Em vez disso, o deleite e prazer que Ele contemplou dar
às almas é revelado. É como nossos sábios disseram sobre o versículo, “‘No princípio Deus
criou’: não há princípio senão Israel, pois tudo é por Israel, ou seja, pelas almas de Israel”.
Depois de Adam HaRishon ter pecado com a árvore do conhecimento ele foi expulso
de Atzilut e desceu para BYA. Então ele começou a se arrepender a corrigir aquilo que ele
havia pecado. Com isto ele entrou novamente no Jardim do Éden, ou seja, Atzilut. A correção
foi que ele foi expulso do Jardim do Éden, como está escrito (Génesis, 3:22), “E o Senhor
disse, ‘E agora, ele pode estender sua mão e levar também da árvore da vida e comer e viver
para sempre’. E o Senhor Deus o enviou para fora do Jardim do Éden, para lavrar a terra da
qual ele foi tirado”.
Baal HaSulam explicou o medo pelo qual ele foi expulso do Jardim do Éden, pois está escrito,
“Ele pode estender sua mão e levar também da árvore da vida e comer e viver para sempre”.
Disse ele que uma vez que o homem pecou com a árvore do conhecimento, se uma pessoa é
punida, ou seja, sofre da punição que lhe foi dada, este sofrimento a faz se arrepender e
corrigir o defeito que ela havia causado.
Mas se ela não for punida e não sentir sofrimento do pecado que ela cometeu, certamente não
entenderá que ela se deve arrepender por isso. É como O Zohar escreve (“Introdução para o
Livro do Zohar”, item 192), “Rabi Shimon chorou e disse, ‘Ai se eu digo, ai se eu não digo.
Se eu digo, os ímpios saberão como servir seu mestre’”.
Ele interpreta na Sulam [comentário sobre O Zohar] como se segue, “Com isto ele implica
que não podia revelar suas palavras na totalidade neste lugar de modo a não prejudicar os
ímpios. Isto assim é pois ele veio para divulgar como se apegar à árvore da vida e nunca tocar
na árvore da morte e somente aqueles que já corrigiram o discernimento da árvore do
conhecimento do bem e do mal são dignos disso. Mas os ímpios, que ainda não corrigiram o
pecado da árvore do conhecimento do bem e do mal, não o devem saber, pois eles primeiro
precisam de trabalhar em todos os trabalhos até que corrijam o pecado da árvore do
conhecimento. Você também descobre isto no versículo, ‘A menos que ele estendesse sua
mão e levasse também da árvore da vida e comesse e vivesse para sempre’ Génesis, 3).
Depois de Adão ter pecado com a árvore do conhecimento, foi ele expulso do Jardim do Éden
por medo que se agarraria à árvore da vida e vivesse para sempre e o defeito que ele causou
na árvore do conhecimento permaneceria para sempre por corrigir”.
Deste modo se sucede que quando levando uma pessoa para fora da terra, ou seja, do reino
dos céus que ela tinha, uma vez que ela não consegue sentir a importância da espiritualidade
que ela tinha antes de ser retirada do reino dos céus e ela vai para o exílio, como está escrito,
“E eles se misturaram com as nações e aprenderam suas obras”, isto é considerado cair
debaixo da escravidão dos idolatras. Isto é, todos os prazeres que existem nas nações do
mundo também governam Israel que foram exilados. Nessa altura eles não têm conexão com
a espiritualidade, senão aquilo que estão habituados a manter por hábito, é isto o que
observam, mas além deles, não lhes ocorre que possam ter alguma coisa para corrigir.
Sucede-se que devemos fazer dois discernimentos a respeito do exílio: 1) Eles estão exilados
debaixo da governação das nações. A mente e intelecto que tinham enquanto na terra, quando
estavam no reino dos céus e pensavam todo o dia sobre como sair do amor próprio e alcançar
o amor pelo Criador, quando pecaram e foram para o exílio, podemos interpretar isto na obra
do indivíduo, como é sabido que o geral e o particular são iguais. Significa isto que se uma
pessoa pecar enquanto estando na terra, ou seja, se ela receber certa iluminação do alto e a
usar para seu próprio benefício, portanto dizendo, “Agora que tenho algum sabor na Torá
e Mitzvot[mandamentos], não preciso da fé acima da razão”, isto é chamado um “pecado”
pois ela maculou a fé acima da razão.
Por esta razão, ela é expulsa da terra e cai debaixo da governação dos prazeres das nações
do mundo. Assim que ela está no exílio, prontamente sofre de esquecimento excessivo e não
se recorda que alguma vez esteve na terra, que ela estava num estado de “reino dos céus” e
pensavam somente sobre como alcançar Dvekút [adesão] com o Criador. Ela quer continuar
este caminho sua vida inteira, ou seja, cuidar somente sobre satisfazer as necessidades que o
corpo exige para seu próprio benefício e não se preocupar com coisa alguma.
Passado algum tempo e cada um tem um cálculo diferente com Ele (ou seja, que quando uma
pessoa é julgada do alto, cada um tem seu próprio cálculo sobre quanto tempo ele deve ser
mantido no exílio até que receba um despertar do alto) e ele recebe um despertar do alto e
começa a sentir que está no exílio e começa a se recordar a si mesmo que caiu de um alto
telhado para um profundo abismo.
Isto é, quando ele estava na terra, ele se lembra que olhou para o mundo inteiro como
redundante e sempre pensava, “Por que criou o Criador os ímpios no mundo? Que alegria
podem estes ímpios trazer ao Criador”? Em vez disso, agora ele olha para si mesmo, que ele
está no exílio e o que pode ele dar ao Criador de modo a trazer contentamento no alto? Ele
começa a sentir o sofrimento que ele desceu de homem para besta, ou seja, que vê que agora
ele deseja prazeres animalescos, que ele não tinha antes de ser expulso da terra.
Agora ele começa a desejar o Criador, que Ele o aproxime e o admita novamente na terra e
saia dos prazeres animalescos e lhe dê prazeres e nutrições dignos do homem, ou seja, de
ações de doação e não que esta nutrição seja de alimento de uma besta. É como disseram
nossos sábios (Peshachim, 118), “Quando o Criador disse para Adam HaRishon, ‘Tanto
espinhos como cardos crescerá para ti’, seus olhos lacrimejaram. Disse ele, ‘Vou eu e meu
burro comer da mesma manjedoura? ’ Uma vez que Ele lhe havia dito, ‘Pelo suor da tua testa
comerás tu o pão’, sua mente foi imediatamente apaziguada”.
Soa que é como se o Criador lhe tivesse dado o conhecimento quando Ele disse, “Tanto
espinhos como cardos crescerá para ti”. Antes o Criador lhe havia dito que, ele não via que
sua nutrição era somente de espinhos e cardos, que é somente alimentos de animal. Podemos
interpretar que o despertar do alto veio até ele e o recordou do que ele tinha antes do pecado,
que altos graus tinha ele e com a saída do Jardim do Éden é como se ele tivesse esquecido
tudo.
Isso é considerado como o Criador falasse para ele, ou seja, que ele recebeu um despertar do
alto do Criador e então ele se lembrou daquilo que ele tinha. No tempo em que começou a
sentir o sofrimento de ser expulso do Jardim do Éden e começou a chorar sobre estar no
mesmo grau de uma besta. Isto é, sua nutrição é somente aquela que pertence ao amor
próprio, que é chamada “alimento de besta”. Este é o sentido de “Seus olhos lacrimejaram e
disse ele, “Vou eu e meu burro comer da mesma manjedoura”? Isto é, comer, que o alimenta,
será semelhante a aquele de uma besta e ele não será capaz de suscitar alegria dele, senão em
matérias que pertençam ao amor próprio.
Porém, quando lhe foi dito, “Pelo suor de tua testa comerás tu o pão’, sua mente foi
imediatamente apaziguada”. Interpreta RASHI “Pelo suor de tua testa” significando após de
teres muitos problemas nisso. Devemos interpretar o sentido de “problemas”. De acordo com
o que aprendemos, se um já chegou a sentir que ele está num grau que é semelhante ao de
uma besta, isso significa que a sensação também deve ser à medida que ele traz ao sofrimento,
que ele derrame lágrimas sobre seu humilde e pobre estado, como nossos sábios disseram,
“Seus olhos lacrimejaram”.
Deste modo, o sofrimento que ele sente sobre ser semelhante a uma besta dá-lhe a força para
querer fazer grandes esforços para sair do amor próprio, que e considerado como uma besta e
ser recompensado com alimento de homem. Isto é, que agora ele consiga desfrutar de ações
de doação.
Sucede-se desta forma que devemos fazer dois discernimentos a respeito do citado exílio:
1) Ele está no exílio, mas não sabe que está no exílio. Em vez disso ele está feliz como está.
Em vez disso, ele procura quantidade — mais dinheiro, mais respeito, etc., porém, já
esqueceu que em tempos esteve no grau humano, chamado “terra”, que é o reino dos céus.
Não lhe ocorre sequer que ele deve mudar seu sustento. Em vez disso, ele não pensa que as
nutrições que recebe nos vasos de amor próprio, chamados de “alimento de animal”, precisam
de ser substituídas, ou seja, ter pensamentos sobre dar.
Acontece que ele não quer mudar a origem da provisão, onde ele está a ser alimentado
somente com aquilo que entra nos vasos de amor próprio. Em vez disso, ele quer substituir as
matérias que entram nos vasos de amor próprio. Por exemplo, ele gostaria de mudar seu
apartamento pois já não desfruta do apartamento em que vive e quer um apartamento
diferente, uma vez que um novo apartamento é algo que ele consegue desfrutar. Também,
mudanças na mobília pois não consegue ter prazer daquelas que tem. Ao ter nova mobília, sua
vontade de receber terá algo para desfrutar.
2) Todavia, ele não quer mudar a fonte da sua provisão, ou seja, dizer que sua provisão deve
vir de uma fonte que dá somente aos vasos de doação. Isto ele, Deus nos livre, não contempla,
como é sabido que os receptores não conseguem compreender como pode haver provisão de
ele dar. O dador é ao contrário. Quando ele vê que se envolve em recepção tem vergonha de si
mesmo por fazer algo que ele considera ser baixo. Mas na verdade, nós devemos mudar a
fonte da nutrição, uma vez que há nutrição que derrama em vasos de amor próprio e esta
nutrição vem das Klipot. Contudo, há nutrição que entra em vasos de doação e esta vem dos
mundos de Kedushá [santidade].
Portanto, de acordo com os dois supracitados discernimentos no exílio, a questão é, “Quem
faz com que a pessoa sinta que está no exílio, como foi dito sobre o exílio no Egito, ‘E os
filhos de Israel suspiraram da obra’” Temos de dizer que este despertar veio do Criador, ou
seja, para que eles não permaneçam no exílio, ou seja, num estado de esquecimento, o Criador
envia o despertar.
Deste modo acontece que eles sentem que há espiritualidade, mas que a espiritualidade está
num estado de baixeza e seus corações doem sobre o facto de que a Shechiná está no exílio e
por que a espiritualidade tem o sabor de pó. Isto é, quando querem trabalhar em prol de doar,
não conseguem valorizar esta obra como deviam sentir que agora ele faz a obra sagrada e não
a obra de pessoas que são semelhantes a bestas.
Mas a questão é ao contrário, que quando ele trabalha para o benefício do homem, sente ele
bom sabor na obra. Mas quando ele trabalha para o Criador, ele não sente qualquer sabor. Isto
é, o mesmo ato que ele faz, se ele vê que sua vontade de receber tem algo para receber, que a
recompensa ilumina para ele durante a obra e é por isso que ele sente bom sabor, se ele
substitui a intenção durante a obra e diz que faz este trabalho não em prol de receber
recompensa, prontamente sente ele sua fraqueza, que não consegue fazer um esforço e o
trabalho começa a abrandar imediatamente.
De acordo com o citado, se sucede que o Criador aparentemente vem até ele e lhe diz, “Olha
para o baixo estado em que te encontras. És tal como uma besta”. Então começa ele a sofrer
por não ter quaisquer sentimentos de seres humanos. Dói-lhe e ele sente o sofrimento e dor de
estar no exílio debaixo do governo das nações do mundo. Portanto, agora sente ele que tem
maus prazeres, adequados para as setenta nações.
Mas antes desta revelação chegar até ele, em prol de sentir sua baixeza, ele vivia num mundo
que tudo era Deus, ou seja, que não lhe causava qualquer deficiência de que estivesse num
estado de baixeza. Ele não sentia que isso era baixeza, mas em vez disso ele se comportava
como todos os outros, cujas únicas aspirações são cobiça, respeito e dinheiro. Mas agora que a
revelação lhe chegou do Criador, que ele verá que é como uma besta e não como um homem,
ele sofre, uma vez que estaria feliz se saísse do exílio.
Mas dado que agora está no exílio, ele vê que não vê um caminho para fora do exílio. Sucede-
se que estes tormentos lhe causam instabilidade. Isto é, ele não sabe o que fazer. Por um lado,
agora ele vê que sente a verdade, ou seja, o tipo de pessoas a quem ele pertence, uma vez que
há pessoas que pertencem à animalidade e há pessoas que pertencem a pessoas. E se
queremos ser mais precisos, devemos discernir três tipos: 1) pessoas que nada têm a ver com
o Judaísmo, 2) pessoas que se envolvem na Torá e Mitzvot, mas em prol de receber
recompensa, 3) pessoas que trabalham não em prol de receber recompensa.
Acontece que por um lado, agora pode ele estar muito feliz por ver a verdade, ou seja, com
que tipo de pessoas ele se encontra e por que grau deve ele se esforçar por alcançar. Mas ao
mesmo tempo ele sente dor e sofrimento por ver quão longe ele está da Dvekút [adesão] com
o Criador. Ou seja, ele vê que não consegue fazer coisa alguma pelo Criador e que tudo aquilo
que faz é pois ele quer receber recompensa pelas suas ações, mas em respeito ao desejo de
doar, ele não consegue ver que virá a ser capaz de sair delas sozinho.
Sucede-se que ele deseja o estado de quando ele pertencia ao segundo tipo, quando ele tinha a
força para trabalhar porque a recompensa iluminava para ele e na sua mente ele estava num
estado que é próximo do Criador. Sele sempre falaria para o Criador e Lhe pediria
recompensa pelo seu trabalho e ele sentia-se completo e que não precisa de coisa alguma pois
estava certo da recompensa, ou seja, que ele mantinha os mandamentos do Criador. E o
Criador certamente via que não muitas pessoas desejam manter Seus mandamentos, mas ele
se esforça em manter Seus mandamentos, então o Criador certamente o favorecerá e lhe dará
uma grande recompensa por isso.
Naturalmente, após tal cálculo, uma pessoa sente que está alto no céu entre as nuvens e que
elas olham para o mundo, pois indubitavelmente o mundo existe através da sua Torá, como
disseram nossos sábios, “O mundo não fica de pé sem a Torá” (Tavo). Sucede-se que então
ele estava verdadeiramente entre as pessoas mais felizes do mundo.
Mas agora que ele emergiu do segundo estado, o Criador iluminou a verdade para ele, que a
obra do Criador é principalmente doar contentamento sobre o Criador e não para o seu
próprio benefício e ele vê quão longe está ele da verdade e sente o oposto. Isto é, onde ele
pensou que em vez de Lo Lishmá [não pelo Seu bem] tivesse eu Lishmá [pelo Seu bem],
sentiria o bem, que estou bem com o Criador, ou seja, que tento Lhe obedecer tanto quanto o
possível e que sou considerado um “servo do Criador”. E certamente, toda a recompensa que
o Criador nos prometeu está pronta para mim, então de que mais preciso eu?
É tanto mais assim quando começo a avançar em prol de doar. Prontamente serei elevado.
Porém, isto assim não é. Em vez disso, agora que ele chegou a sentir a verdade, que a coisa
principal é trabalhar pelo benefício do Criador e certamente ele deve estar feliz que, graças a
Deus, ele chegou ao caminho certo que conduz à proximidade do Criador, então eu devo estar
constantemente animado e dizer, “Graças a Deus, vejo que o Criador tem misericórdia sobre
mim e não me deixa trabalhar em vão. Em vez disso, todo meu trabalho será agora em prol de
alcançar a meta, chamada “Dvekút com o Criador”.
Todavia, ele sente que seu estado é o oposto, ou seja, que ele não tem a mesma alegria que
tinha enquanto trabalhando em prol de receber recompensa. Isto assim é pois agora ele vê que
não tem apoio do seu corpo, dado que agora diz ele ao seu corpo, “Sabe que deste dia em
diante eu não te darei quaisquer lucros na obra, pois agora não trabalho para meu próprio
benefício. Em vez disso, eu quero trabalhar somente para beneficiar o Criador. Então o corpo
não concorda lhe dar a força para trabalhar. Sucede-se que agora ele está num estado de
baixeza.
Contudo, antes da revelação da verdade chegar até ele, ele estava sempre animado, vendo
como cada dia ele somava nas ações e a recompensa estava garantida. Mas agora é a
verdadeira hora, em que ele pode dar e orar honestamente ao Criador para o tirar do exílio,
uma vez que ele recebeu a revelação do alto — que ele está no exílio, controlado pelas nações
do mundo, chamadas “vontade de receber em prol de receber. Assim, ele não tinha deficiência
que o Criador preenchesse, ou seja, para o conduzir para fora do exílio. Acontece que o
Criador lhe deu o Kli [vaso], ou seja, a deficiência e então Ele lhe deu a luz e ambas a luz e
o Kli vêm do alto.
Com isto podemos interpretar aquilo que questionámos sobre o que diz o sagrado Zohar para
Israel quando pecaram, o Criador disse, “E Eu vos punirei, para irem para o exílio. E se
disseres que Eu vos abandonarei, Eu, também, estou convosco”. Questionámos como era
possível que o Criador saísse da terra no estrangeiro, para o exílio, dado que “a terra inteira
está cheia da Sua glória” e como se pode dizer que Ele sai? Também questionámos o que a
punição de sair do exílio nos acrescenta, ou seja, que certamente, tudo aquilo que faz o
Criador, Ele faz somente em favor do homem, então o que ganha o homem ao ir para o exílio
debaixo do governo das nações do mundo?
De acordo com o que explicámos acima, sucede-se que ao dizer “A terra inteira está cheia da
Sua glória” vem para nos ensinar que da perspectiva do Criador não há mudanças no mundo.
Em vez disso, é como está escrito, “Vós estais antes do mundo ser criado, e Vós estais depois
do mundo ser criado”. Assim, todas as mudanças são da perspectiva da qualificação dos
receptores. Isto é, à medida que eles conseguem atribuir seu trabalho somente para doar sobre
o Criador, a essa medida a Tzimtzum [restrição] é removida e a luz que está escondida dos
inferiores é revelada e os inferiores recebem o deleite e prazer.
Isto é considerado o povo de Israel estar na terra, ou seja, sentirem que o Criador é a terra de
Israel. Isto é, uma vez que o povo de Israel está na terra de Israel, o Criador é chamado
segundo a ação de se fornecer a si mesmo às criaturas para que elas O reconheçam e
conheçam quando forem dignas disso. Se elas pecarem e possam macular, ou seja, receber
abundância superior do superior e a passar às Klipot, que são amor próprio, então Ele deve ser
“retirado” da terra de Israel, ou seja, que a Tzimtzum se levanta uma vez mais e a luz parte.
Isto é considerado abandonar a terra, que é o lugar do reino dos céus, chamado Shechiná e sair
para o exílio debaixo do governo das nações do mundo.
A correção de sair para o exílio é 1) que primeiro, eles não estraguem a abundância. 2) Que ao
estarem no exílio, o Criador não os deixa no exílio, como explicámos acima que por vezes
uma pessoa está no exílio, mas não sabe o que é o exílio, que um deve correr desse lugar, ou
seja, do estado em que ela está e recebe nutrição desse lugar chamado “amor próprio”. Em
vez disso, é ao contrário, que ela sofre somente porque não consegue satisfazer aquilo que as
nações do mundo requerem dela, dado que elas a controlam, ou seja, que ela não consegue
satisfazer todos os prazeres que pertencem ao amor próprio.
É por isso que o sagrado Zohar diz, “Se Eu vos expulsar da terra, ursos podem atacar-vos, ou
lobos selvagens ou assassinos vos podem exterminar do mundo”. Isto é, eles vos removerão
completamente do mundo espiritual e permanecerão somente no mundo corpóreo, chamado
“amor próprio”.
Desta forma, em prol de não ficar perdido no exílio, o Criador, também, vai para o exílio com
eles. Isto é, Ele lhes aparece numa forma de exílio. Isto é, o Criador é chamado “Seu nome”,
segundo o trabalho que Ele faz. Dado que Ele lhes dá o exílio, ou seja, que eles sentem que
estão no exílio, isto é considerado o Criador ter saído para o exílio com eles. Ele lhes dá a
sensação de que foram expulsos da terra e que agora estão debaixo do governo das nações do
mundo.

Agora entenderemos o que questionámos, “Qual é a correção de ser expulso da terra”? 1) Que
eles não estraguem aquilo que alcançaram. Isto é considerado conhecer seu Mestre e
tencionarem se revoltar. Sucede-se que ele conhece seu Mestre mas não consegue estar num
estado de somente doar. 2) Ao estarem no exílio elas sentirão a necessidade de estarem
somente num estado de doação, pelo qual serão recompensados com Dvekút com o Criador.
Assim, o sofrimento do exílio os reformará. E devemos interpretar o que questionámos, “O
que significa que o Criador saiu para o exílio”? Uma vez que o Criador lhes dá o sabor do
exílio, isso é considerado que o Criador saiu da boa e agradável terra”, lhes dando, aquilo que
é para seu benefício.
325. Uma Congregação Não São Menos que Dez

Artigo 28, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito em O Zohar, Nasô (par. 31, e Item 105 no Comentário Sulam), “Rabi Elazar
começou, ‘Porque quando cheguei EU, não havia homem’? Quão amados são Israel pelo
Criador, onde quer que estejam, o Criador está entre eles.

“‘E deixai-os fazerem-ME um santuário, para que EU possa morar entre eles’. Isto assim é
porque toda a sinagoga no mundo é chamada “um santuário”. ‘Para que EU possa morar entre
eles’ porque a Divindade é a primeira a chegar à sinagoga. Feliz é o homem que está entre os
primeiros dez a chegar à sinagoga porque neles, aquilo que é completado é completado, ou
seja, a congregação, que não é menos que dez. E devem haver dez na sinagoga ao mesmo
tempo, e não alguns agora e alguns mais tarde, dado que todos os dez são como órgãos de um
único corpo, no qual a Divindade mora. Isto assim é porque o homem foi feito pelo Criador
de uma vez, e construiu todos seus órgãos juntos, como está escrito, ‘ELE vos fez e vos
estabeleceu’”.
Devemos fazer distinções nas citadas palavras:
1. O que significa que onde quer que Israel estejam, o Criador está entre eles? Isto
implica que nenhum lugar especial é necessário. E então ele diz, “E deixai-os fazerem-ME um
santuário, para que EU possa morar entre eles”, ou seja, especificamente na sinagoga.
2. As palavras, “E deixai-os fazerem-ME um santuário, para que EU possa morar entre
eles” significa que primeiro deve haver certa preparação, ou seja, “Fazerem-ME um
santuário”, e então, “Para que EU possa morar”, e não sem razão.
3. Qual é a questão que ele coloca, “Porque quando cheguei EU, não havia homem”? Se
dizeis que a Divindade é a primeira a chegar à sinagoga, é claro que ainda não há homem.
4. É difícil compreender aquilo que ele diz, que devem haver dez dentro da sinagoga ao
mesmo tempo e não alguns agora alguns mais tarde. Pode ser dito que aqueles que vêm à
sinagoga devem ficar no exterior até que hajam dez homens e então todos eles entrarão ao
mesmo tempo? Pode ser isto dito? Nunca vimos tal cosia. Então qual é o sentido de não virem
alguns agora e alguns mais tarde?

Para compreender as palavras acima, explicamos na obra, como começar no caminho da


doação, que é chamado, “Não em prol de receber recompensa”. Primeiro, devemos recordar-
nos de duas coisas: dador e receptor. Isto é uma descendência do Seu desejo de fazer o bem às
Suas criações. Foi por isso que Ele criou criaturas, para que elas recebessem o deleite e o
prazer que Ele desejou dar-lhes. E o receptor, ou seja, o Kli [vaso] que o Criador criou,
o Kli no qual receber deleite e prazer, é chamado “um desejo de receber deleite e prazer”. E
um pode desfrutar de alguma coisa à extensão que um a desejar. Isto significa que o Kli no
qual o prazer é recebido é chamado “anseio”.
Atribuímos estes Kelim [plural de Kli] ao Criador. Isto significa que o primeiro vaso de
recepção é do Criador, e ele é chamado Malchut, ou Bechiná Dálet [quarto discernimento],
que significa que ele é um desejo de receber deleite e prazer. Isto é
chamado Kli de Ór Yashar [um vaso da Luz Direta]. Esse é o Kli que foi usado antes
da Tzimtzum [restrição], e ele é chamado Malchut de Ein Sof [Malchut do Infinito].
Posteriormente, houve uma correção para prevenir o “pão da vergonha”, uma vez que há uma
regra na natureza que o Criador fez, que o ramo deseja se assemelhar à sua raiz. Não temos
permissão para questionar, “Porque há tal natureza”? Porque em respeito ao Criador,
diz O Zohar, “Não há pensamento, nem percepção NELE ou que se pareça”. Significa isto
que os inferiores não conseguem alcançar os pensamentos do Criador.
Tudo o que dizemos é somente na forma de, “Pelas TUAS ações, TE conhecemos”. Por outras
palavras, falamos somente a partir das ações que aparecem diante de nós, isto é, conseguimos
discernir razões e explicações através daquilo que vemos, mas não antes da ação nos aparecer.
Esta é a razão pela qual começamos a falar a partir da primeira conexão que o Criador tem
com as criaturas, que é chamada “Seu desejo de fazer o bem às Suas criações”. Antes disso,
nada há para falar uma vez que não temos realização NELE. Logo, vemos somente que há
uma natureza onde o ramo deseja se assemelhar à sua raiz.
Para corrigir isso—que se o receptor fosse a receber, ele sentiria desagradabilidade porque ele
deseja igualar em forma com a raiz—uma Tzimtzum [restrição] foi feita, chamada “não querer
receber em prol de receber”. Em vez disso, ele receberá somente se ele conseguir recebê-lo
em prol de doar. Como resultado, somos incapazes de receber abundância com o Kli chamado
“vontade de receber”, mas somente com um novo Kli, chamado Ór Chozêr [Luz
Refletida]. Ór Yashar [Luz Direta] é a abundância que o Criador dá aos inferiores,
e Ór Chozêr é o oposto—aquilo que os inferiores desejam dar ao Criador.
É por isso que Ór Yashar é chamada “de cima para baixo”, ou seja, que o superior, o dador,
ou seja, o Criador, dá aos inferiores. Ór Chozêr é chamada “de baixo para cima”, portanto
aquilo que o inferior, o receptor, deseja dar ao Criador.
Atribuímos o Kli chamado “em prol de doar”, ao inferior porque o inferior o fez em prol de se
corrigir a si mesmo, uma vez que ele deseja se assemelhar à sua raiz. É como aprendemos,
que no mundo de Ein Sof, o Kli de Malchut recebeu a luz num Kli de Ór Yashar, ou seja,
no Kli que veio do superior. Mas o Kli de Ór Chozêr é um Kli que o inferior tem de fazer.
Depois desta correção ter sido feita—receber somente em Kelim de Ór Chozêr—todos os
mundos e os muitos graus se prolongaram disso. Isto assim foi porque o Kli que se prolonga
do inferior não consegue ser completado todo de uma vez, mas pouco a pouco, de acordo com
a força dos inferiores. Logo, uma vez que os Kelim foram multiplicados, as luzes, também, se
dividiram em muitos graus. Isto não foi enquanto o Kli brilhava no Kli que relacionamos ao
Criador, chamado “receber em prol de receber”. O Criador criou esse Kli uma vez e em
inteireza, e ele era deste modo uma, luz simples, sem distinção de graus.
Como está escrito em A Árvore da Vida (apresentada também em O Estudo das Dez Sefirot,
parte 1), “Sabei, que antes das emanações serem emanadas e as criaturas criadas, a Luz
Simples Superior havia preenchido o todo da realidade. ...E tudo era Uma, Luz Simples,
equilibrada uniforme e igualmente, e ela foi chamada ‘a Luz de Ein Sof (Infinito) ’”. A razão é
que o Kli que nós atribuímos ao Criador é completo e perfeito. É por isso que eles receberam
uma única luz, sem distinção de graus.
Mas o Kli que nós atribuímos ao inferior não pode ser completado todo de uma vez. Em vez
disso, a obra que devemos exercer é somente uma—fazer o Kli chamado Ór Chozêr. Significa
isto que o inferior quer receber deleite e prazer do Criador somente porque ele deseja doar
sobre o Criador, e isto é chamado Ór Chozêr. E quando o inferior chega a perceber que ele
não tem desejo de receber para si mesmo, mas que ele quer deleitar o Criador, ele contempla o
que pode ele dar ao Criador que o Criador venha a desfrutar.
E então ele vê que há somente uma coisa que ele pode dar, que o Criador venha a desfrutar: O
propósito da criação é beneficiar as Suas criações, isto é, o Criador deseja conceder deleite e
prazer sobre as criaturas, ele deste modo diz, “Eu quero receber deleite e prazer porque eu
quero deleitar o Criador”. Logo, quanta mais abundância ele possa receber, ou seja, quanto
mais prazer ele sinta da abundância que ele recebe, aumentará o deleite do Criador.
Isso é semelhante a uma pessoa que convidou uma pessoa importante para seu lar, e ela e seu
agregado trabalharam todo o dia e noite para o convidado importante desfrutar da comida. O
convidado comeu nessa refeição—que lhe custou grandes esforços, e ele fez tudo para que o
convidado desfrutasse dela—e posteriormente ele perguntou ao convidado, “O que achaste de
nossa refeição? Alguma vez havias provado tal refeição”?
E ele respondeu, “Para dizer-te a verdade, faz pouca diferença para mim aquilo que como.
Nunca dei muita importância ao prazer que posso receber da comida, então não me faria
muita diferença se me preparasses uma refeição mais simples, uma vez que ouvi que colocaste
grandes esforços nela”. Claramente, quando o anfitrião o ouve, que prazer tem ele de lhe fazer
este grande festim?
A moral é que se uma pessoa recebe deleite e prazer do Criador porque ela quer deleitar o
Criador ao O ajudar a levar a cabo o propósito da criação—o desejo do Criador de fazer o
bem às Suas criações—mas diz que ela não tem prazer no deleite e prazer que ela recebe do
Criador, que contentamento traz ela ao Criador, ao dizer que ela não discerne coisa alguma no
Seu deleite e prazer e que tudo é o mesmo para ela?
Sucede-se que se uma pessoa conseguir tentar constantemente aumentar aquilo que ela recebe
do Criador e valorizar a dádiva do REI, com isso, ela tem uma razão para dizer ao Criador,
“Eu recebo grande prazer de VÓS pois sei que esta é a única maneira como VOS posso
agradar. É por isso que desejo aumentar a recepção dos prazeres”.
Contudo, devemos recordar-nos que depois do pecado da árvore do conhecimento
que Adam HaRishon pecou, o homem se tornou aquilo que é discernido como “poeira”, ou
seja, receber em prol de receber. Isto se prolonga dos mundos impuros de ABYA, como está
escrito na “Introdução ao Livro do Zohar” (Item 25), “Através de Torá e Mitzvot, um homem
deve receber a força do alto para ter o desejo de doar. Isto é chamado Ysrael [Israel], ou seja,
Yashar El [diretamente ao Criador], portanto que todos seus pensamentos e desejos são
somente para trazer contentamento ao Criador. Mas se ela ainda não tem este desejo, ela é
considerada como exilada entre as nações do mundo, que a escravizam para trabalhar somente
pelo amor próprio, que é chamado ‘receber em prol de receber’. Isto pertence
às Klipot [cascas], e não a Kedushá [santidade], como está escrito, ‘Vós sereis sagrados pois
EU sou sagrado’, que significa que como o Criador é todo doação, vós também, vos
direcionareis somente para doar”.
Mas o oposto disso, quando a intenção não é para doar, isto é chamado o oposto de Israel.
Isso é chamado “diretamente às nações do mundo”, uma vez que elas são o oposto do Criador,
cujo desejo é somente doar. Mas se há Yashar El nesse lugar, então vem a Divindade, como
está escrito, “Em todo o lugar onde EU causo MEU nome ser mencionado, eu irei até vós e
vos abençoarei”. Significa isto que o Criador diz, “Se posso dizer que somente há Meu nome
neste lugar, e não há autoridade da criatura nele, uma vez que o inferior deseja somente doar
sobre o Criador, então ‘Eu irei até vós e vos abençoarei’, ou seja, que neste lugar, EU insto
MINHA Divindade”.
Agora podemos compreender aquilo que questionámos sobre aquilo que diz O Zohar, que
onde quer que eles estejam, o Criador está com eles, que significa que nenhum lugar especial
é necessário. E posteriormente diz, “E deixai-os fazerem-ME um santuário, para que EU
possa morar entre eles”, que significa especificamente num santuário e não noutro lugar.
Devemos interpretar que quando diz, “Onde quer que estejam”, isso significa “Onde quer que
eles”, Israel, “estejam”. Israel significa Yashar El [diretamente ao Criador], portanto que eles
estão em equivalência de forma com o Criador. Isto é, como o Criador
doa Chéssed [graciosidade/misericórdia], eles, também, desejam somente doar sobre o
Criador. E uma vez que há equivalência de forma, a essa extensão a Tzimtzum é levantada,
assim a Divindade está nesse lugar.
Isto é chamado, “E ... fazei-ME um santuário, como está escrito, “Vós sereis sagrados pois
EU o SENHOR sou sagrado”. Sucede-se que Israel e “E deixai-os fazerem-ME um santuário”
são um e o mesmo. Por outras palavras, quando lá diz, “E deixai-os fazerem-ME um
santuário” é uma preparação e grande esforço para fazer o lugar, que é o desejo, como Baal
HaSulam disse, que na espiritualidade, um “lugar” é um desejo, ou seja, desejo que é sagrado,
que é em prol de doar contentamento sobre o Criador. Isto é chamado “Israel”, ou
seja, Yashar El.
Agora explicaremos a segunda pergunta de sobre porque questiona ele, “Porque quando
cheguei EU, não havia homem”? Porque se ele diz que a Divindade é a primeira a chegar à
sinagoga é claro que ainda não há ninguém. Logo, porque diz ele, “Porque ... não havia
homem”?
Contudo, primeiro devemos compreender o que é “homem”. Devemos interpretar o que
significa “homem”, como está escrito, “Feliz é o homem que não caminhou no conselho dos
ímpios”. Isto significa que há um discernimento de “homem” e um discernimento de “besta”.
Uma besta é aquela que está imersa em amor próprio e age como uma besta. Logo, o sentido
de “Porque quando cheguei eu” é que eu cheguei antes de vós. Contudo, isto, também, exige
explicação, ou seja, como pode ser dito que o Criador era o primeiro na sinagoga? Afinal, “A
terra inteira está cheia da Sua glória”, então o que significa que o Criador chegou à sinagoga
antes das pessoas oram.
Devemos interpretar que é como Baal HaSulam sobre o versículo, “Antes que eles chamem,
EU responderei”. Isto significa que quando uma pessoa vai orar, isso vem de um pensamento
e um desejo de ir e orar que EU lhe dei. Correspondentemente, o sentido de “EU fui o
primeiro na sinagoga” é, “EU os fiz vir para a sinagoga de modo a serem um homem, e no
fim, EU encontro-o na sinagoga orando por amor próprio, como uma besta”.
Sucede-se que a razão pela qual ele diz, “Porque quando cheguei eu” é “Porque lhe dei EU
um desejo de ir para a sinagoga orar por questões de Kedushá [santidade]”, que é considerado
um santuário, “e para serem Israel, e no fim ‘Não havia homem’, uma vez que EU vejo que
todos eles oram pelas necessidades de uma besta”.
Agora explicaremos aquilo que questionámos sobre aquilo que ele diz, que devem haver dez
na sinagoga ao mesmo tempo e não alguns agora e alguns mais tarde. Questionámos, “Têm
eles de ficar no exterior até que hajam dez homens e então todos eles entrarão juntos? Alguma
vez vimos tal coisa”? E ele traz evidência do Criador que o Criador fez o homem de uma vez.
Mas também devemos compreender a própria evidência.
Certamente, para interpretar isso, primeiro devemos compreender porque é necessário ter dez
pessoas na sinagoga ou então isso significa que a Divindade lá não pode estar. A razão que ele
dá é que uma congregação não são menos de dez. Também devemos compreender porque dez
e não mais ou não menos? Isto é, se há nove pessoas, isso não é considerada uma
congregação, e se há onze, isso nada me acrescenta. É como dizemos sobre o testemunho,
“Dois é como uma centena, e uma centena são como dois” (Shavuot p 42). Logo, são
precisamente dez, como disseram nossos sábios (Sanhedrin 39), “Em cada dez há Divindade”.
É sabido que a Malchut é chamada “décima”. É também sabido que o Kli que recebe é
também chamado “a Sefirá de Malchut”, que é a décima Sefirá que recebe a abundância
superior. Também, ela é chamada “vontade de receber”, e todas as criaturas se prolongam
somente dela. Esta é a razão pela qual uma congregação não é menos que dez, uma vez que
todos os ramos corpóreos se prolongam das raízes superiores. Correspondentemente, seguindo
a regra que não há luz que não contenha dez Sefirot, na corporeidade, uma congregação—que
é reconhecida como uma coisa importante—não pode ser considerada como tal se não
houverem lá dez pessoas, semelhante aos graus superiores.
Agora podemos compreender o assunto dos dez, quando questiona o Criador, “Porque quando
cheguei EU, não havia homem”? Isto refere-se a um homem, não a uma besta. Isso se refere
ao discernimento do reino dos céus, que é a décima Sefira, ou seja, que devemos orar pelo
exílio da Divindade, ao qual O Zohar chama, “Divindade na poeira”. Logo, se o Criador vem
e não encontra lá dez participantes, isso significa, “EU cheguei primeiro e dei-vos um desejo e
despertar para virem à sinagoga e orar em ladainha pelo exílio da Divindade, que é chamada
‘dez’, a décima Sefirá, e não encontrei ninguém para orar pela décima. Em vez disso,
descubro que todos eles oram por coisas que têm a ver com bestas e não com pessoas”.
Similarmente, devemos interpretar aquilo que ele diz, que eles devem todos estar presentes de
uma vez e não chegarem alguns agora e alguns mais tarde. Devemos explicar que a recepção
do reino dos céus deve ser toda de uma vez, e não que ele diga, “Hoje quero levar um pouco
do fardo do reino dos céus sobre mim mesmo”, ou seja, somente enquanto eu estou na
sinagoga, “E posteriormente, quando vou para casa, eu me quero envolver no amor próprio”.
Isto significa que ele diz que ele concorda trabalhar em prol de doar algum do seu tempo, e
não dar todo o seu tempo somente pela glória dos céus. Em vez disso, quando uma pessoa
assume sobre si mesma o fardo do reino dos céus, ela deve pedir ao Criador para que seja para
toda a eternidade, e não só enquanto ela está na sinagoga. Podemos interpretar que seu sentido
em precisarem de ter dez presentes na sinagoga de uma vez, e não alguns agora alguns depois,
é que não devemos dizer, “Agora assumo um pouco do reino dos céus, e mais tarde um pouco
mais”. Em vez disso, a aceitação do fardo do reino dos céus deve ser de uma só vez, ou seja,
toda de uma vez, sobre sua vida inteira, e não algum agora e algum mais tarde.
Deste modo, se a recepção do fardo do reino dos céus é uma coisa completa, então embora ele
desça de seu grau, porque a recepção foi na totalidade, chamada “dez de uma vez”, e “uma
vez” significa “sobre sua vida inteira”—cada tostão é acumulado numa grande conta.
Finalmente, ele é recompensado com fé, que é o reino dos céus permanente.
Mas se a aceitação do reino dos céus é somente parcial, ou seja, que ele aceita o reino dos
céus só por um tempo e não permanentemente, isto não é considerado para ele como inteireza.
Logo, como se pode ele acumular numa grande conta, para que ele seja recompensado com fé
completa? Deste modo, quando uma pessoa assume sobre si mesma o fardo do reino dos céus,
ela deve ver que ele é uma coisa completa. Quando ele diz que devem estar na sinagoga de
uma só vez, isso significa de uma vez por todas, ou seja, que ele quer que o seu reino dos céus
seja para toda a eternidade.
330. Lishmá e Lo Lishmá

Artigo 29, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Encontramos quatro tipos de pessoas que mantêm a Torá e Mitzvot [mandamentos]:
O primeiro tipo: Por vezes uma pessoa observa o Shabat pois seu patrão a força. Ou seja, a
regra é que se uma pessoa tem um empregado que corrompe o Shabat, se ela disser ao seu
empregado, “Se não parares de corromper o Shabat eu vou despedir-te”, a regra é que ele tem
de dizer que vai observar o Shabat ou então ela o vai despedir do seu emprego. E onde não há
outros empregos, ele promete ao patrão observar o Shabat. Sucede-se que ele observa o
Shabat pois o patrão o obrigou.
Isto levanta a pergunta, “De quem é o Shabat que ele observa? É o Shabat que o Criador
ordenou observar”? Respectivamente, está ele a manter as Mitzvot do Criador ou
as Mitzvot do patrão, uma vez que o patrão o ordenou a observar o Shabat ou ele não terá
sustento? Independentemente, de acordo com a Halachá [Lei Judaica], ela é considerada
“observar o Shabat”.
A mesma regra se aplica ao resto das Mitzvot. Podemos colocá-lo diferentemente: Se um pai
sabe que se ele disser ao seu filho que ele deve observar Torá e Mitzvot ou ele não o vai
apoiar, uma vez que o pai sabe que se ele não o apoiar ele não terá sustento e de acordo com
a Halachá, o pai tem de zelar que o filho observe a Torá e Mitzvot, aqui, também, há a
questão, “De quem é a Torá que ele observa? É a do Criador que nos ordenou observar Torá
e Mitzvot, ou está ele a observar a Torá e Mitzvot de seu pai”?
Qualquer que seja o caso, ele pertence às pessoas que observam Torá e Mitzvot. Estas são as
palavras de Maimônides (Hilchot De’ot, Capítulo 6): “Aquele que adverte seu amigo
primeiro, não falará duramente para ele”. De que se trata isto? Trata-se de questões que dizem
respeito entre o homem e homem. Contudo, com questões Divinas, se ele não se arrepender
secretamente, é envergonhado em público e seu pecado é dado a conhecer. Ele é amaldiçoado
na sua cara e é denegrido e amaldiçoado até que se reforme”.
Aqui, também, há a questão, “De quem são as Mitzvot que ele observa, aquelas do Criador ou
aquelas das pessoas que o amaldiçoam”? Porém, aqui, também, vemos que no fim do dia ele é
considerado “observar Torá e Mitzvot”. Ou seja, quando consideramos a ação que ele realiza,
descobrimos que nada há a acrescentar à ação. A única questão diz respeito à intenção, ou
seja, à razão que o obriga a observar a Torá e Mitzvot. Este é o primeiro tipo de observação da
Torá e Mitzvot.
O segundo tipo: Ele observa Torá e Mitzvot devido à educação, uma vez que nasceu num
meio ambiente ortodoxo, ou não nasceu num meio ambiente ortodoxo, mas mais tarde entrou
num e eles o influenciaram para observar Torá e Mitzvot. A razão pela qual ele observa Torá
e Mitzvot é que lhe foi dito que com isto terá ele tanto a vida deste mundo como a vida do
mundo vindouro. Posteriormente ele começou a ver que as pessoas que são meticulosas com a
Torá e Mitzvot são respeitadas e valorizadas e viu como os outros falam para tais pessoas que
oram com mais entusiasmo e dedicam mais tempo a estudar Torá. O respeito que elas
recebem dá-lhe um impulso, isso é combustível para ele e também ele, começa a orar com
mais entusiasmo e é mais meticuloso com cada mandamento e gesto. Com isto tem ele força
para acrescentar tempo para o estudo da Torá.
Este é já o segundo tipo de observação da Torá e Mitzvot, uma vez que ele quer observar Torá
e Mitzvot por escolha, dado que entende que com isto o Criador o recompensará por ele
manter Seus mandamentos. Porém, ele soma outro nome para a razão que o compromete a
observar a Torá e Mitzvot. Isto é, o respeito que ele vê que essas pessoas recebem que
observam a Torá e Mitzvot mais diligentemente que as outras. Isso pode ser dinheiro
ou qualquer coisa, mas há outra razão pela qual ele deve observar Torá e Mitzvot.
Sucede-se que por um lado ele é mais elevado que o primeiro tipo, uma vez que observa a
Torá e Mitzvot do Criador, dado que acredita no Criador. Isso é ao contrário do primeiro tipo,
que não acredita no Criador e observa Torá e Mitzvot a partir do conhecimento, ou seja, da
punição, que o patrão o pode despedir e foi por isso que ele assumiu sobre si mesmo observar
Torá e Mitzvot.
Todavia, o segundo tipo foi educado para acreditar no Criador e observar Torá e Mitzvot pois
o Criador nos ordenou a observar Torá e Mitzvot. A recompensa e punição não estão no
conhecimento. Em vez disso, ele deve acreditar na recompensa e punição que o Criador é
aquele que paga a recompensa, como disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 2, 21), “Podeis
confiar no teu senhorio que te pague pelo teu trabalho e sabei que a recompensa do justo está
no futuro”.
Portanto, ele deve acreditar na recompensa e punição. Isto não é como no primeiro tipo. Eles
não têm de acreditar na recompensa e punição, mas a recompensa e punição estão como que
reveladas. Isto significa que se ele não obedecer ao patrão em observar a Torá e Mitzvot,
certamente será punido, ou seja, que será despedido e será deixado sem emprego.
Também, de acordo com as supracitadas palavras de Maimônides que ele deve ser degradado,
etc., aqui, também, ele não precisa de acreditar na recompensa e punição pois sente o
sofrimento de ser perseguido para assumir sobre si mesmo observar a Torá e Mitzvot. Isto é
outra coisa pois ele na realidade observa o mandamento do patrão e não por causa do
mandamento do Criador, então é considerado somente sendo o primeiro tipo de trabalho para
o Criador.
No segundo tipo ele observa os mandamentos do Criador mas acrescenta outra coisa, ou seja,
que acrescenta outra razão de modo a ter combustível para observar a Torá e Mitzvot, tal
como honra ou dinheiro, ou outras coisas. Isto é, ele tem outras razões pelas quais observa
Torá e Mitzvot. Nas palavras de nossos sábios (Sucá 45b), isto é chamado “Qualquer um que
se junte a obra do Criador com outra coisa é desenraizado do mundo, como se diz, ‘Somente
pelo Senhor’”.
Devemos interpretar o que significa juntar o Criador a outra coisa. De acordo com nosso
caminho, devemos interpretar que se ele receber outra razão que o obriga a observar a Torá
e Mitzvot, isso é considerado ser desenraizado do mundo, uma vez que a razão que é a causa
de observar Torá e Mitzvot deve ser “somente pelo Senhor”, ou seja, que ele observe a Torá e
Mitzvot pois esse é o mandamento do Criador, sem somar outra razão.
Portanto ocorre que o principal defeito com a ação é que ele macula Lishmá [pelo Seu bem],
uma vez que a observação de Mitzvot deve ser pois ele trabalha e observa os mandamentos do
Criador e por trabalhar e servir ao Criador é por isso que mais tarde vem até ao Criador pedir
que o recompense pelo seu trabalho. Nessa altura lhe é dito, “Mas tu também trabalhaste para
outros, então tiveste outros que te obrigaram a trabalhar para eles. Ide até eles para que te
paguem a recompensa do trabalho que fizeste para eles”.
Isto é semelhante a alguém que trabalha para a Dan [Empresa de transportes israelita] e pede
um salário à EGED [uma empresa diferente de transportes]. Eles não querem pagar o seu
salário uma vez que ele não trabalhou para eles. É semelhante aqui. Quando uma pessoa exige
que o Criador a recompense pelo seu trabalho, lhe é dito, “Trabalhaste para as pessoas, para
que elas te deem honra ou dinheiro. Vai até elas para que te paguem”. E certamente, elas lhe
pagam. À medida do seu trabalho, ele é bem respeitado.
Ocorre que ao juntar o Criador a outra coisa, ou seja, que as pessoas, também, o
comprometem a trabalhar, com isso ele macula a Lishmá. É por isso que isto é considerado
somente o segundo tipo e este trabalho ainda não é completo, perfeito e limpo.
O terceiro tipo: ele trabalha somente para o Criador e não para as pessoas. Ele trabalha
humildemente e ninguém sabe quanto ele ora e quanto ele aprende. Portanto, não podemos
dizer que ele trabalha para pessoas de fora de todo, para que lhe deem algo pelo seu trabalho.
Em vez disso, ele trabalha somente para o Criador, ou seja, que a única razão que o obriga a
observar a Torá e Mitzvot é que ele quer manter a vontade do Criador.
Todavia, ele só trabalha por uma recompensa. É como disse Maimônides, “Para que
nenhumas calamidades venham até ele e para receber recompensa neste mundo”, ou seja, para
que o Criador lhe dê saúde, sustento e contentamento dos filhos, etc., ou para que Ele lhe dê o
mundo vindouro. Esta é a razão que lhe dá combustível para que ele possa fazer a obra
sagrada. Por esta razão, este trabalho é considerado Lishmá, uma vez que a razão que o faz
observar Torá e Mitzvot é somente o Criador, ou seja, que ele trabalha somente para o Criador
e não soma outras coisas a isso.
Ou seja, ele não tem outra razão que o cause observar a Torá e Mitzvot. Isto é considerado o
terceiro tipo pois ele não tem desejo de trabalhar para ninguém; somente para o Criador. Mas
a razão que o obriga a observar os mandamentos do Criador é o medo da punição, ou amor,
ou seja, o amor da recompensa.
Isto é como está escrito na Sulam [comentário sobre O Zohar] (“Introdução para o Livro do
Zohar”, item 190): “Há uma pessoa que teme ao Criador para que seus filhos vivam e não
morram, ou que teme uma punição corpórea, ou uma punição ao seu dinheiro, assim ela
sempre O teme. Sucede-se que o temor que ela teme do Criador não é colocado como raiz,
pois seu próprio benefício é a raiz e o temor é o resultado dele. E há uma pessoa que teme ao
Criador por temer a punição daquele mundo e a punição do Inferno. Esses dois tipos de temor,
temor da punição neste mundo e temor da punição no mundo vindouro, não são a essência do
temor e sua raiz”.
Por esta razão, uma vez que não são principalmente pelo temor aos céus, discernimentos isto
como o terceiro tipo. Acontece que este trabalho é chamado Lishmá, uma vez que ele trabalha
para o Criador e não para os outros, também. Ou seja, ele não tomou mais ninguém para quem
trabalhar, ou seja, para outros, para que os outros o respeitem. Em vez disso, ele vem até ao
Criador com a queixa que “Uma vez que tenho trabalhado somente para Ti e mais ninguém
sabe o que eu fiz ao observar a Torá e Mitzvot pois tenho trabalhado humildemente, então só
está certo que Tu me devas recompensar pelo meu trabalho”.
Deste modo devemos interpretar aquilo que nossos sábios disseram, “Aquele que dá uma
pedra para a caridade para que seus filhos vivam é um justo completo”. Por que o Criador nos
ordenou a dar caridade, nós damos. Ocorre que em respeito a dar não há deficiências aqui,
uma vez que ele observa o Mitzvá [mandamento]Lishmá, ou seja, pelo Criador e não há
ninguém a obrigá-lo a dar caridade.
Em vez disso, ele pede recompensa do Criador, que Ele pague pelo Mitzvá que ele observa e
lhe pague pelo trabalho que ele deu somente pelo Criador e não para mais alguém. Ou seja,
não é como o segundo tipo, onde ele combinou com outra pessoa, ou seja, com pessoas do
mundo exterior que o causassem observar e ser meticuloso ao observar Torá e Mitzvot.
É como dizem eles (Pesachim, 8a), “O Tania, que diz, ‘Esta pedra é para a caridade, para que
seus filhos viviam, ou para que eu vá para o mundo vindouro’, então ele é um completo
justo”. Interpreta RASHI “ele é um completo justo” nisto. Eles não disseram que ele
trabalha Lo Lishmá, mas que ele manteve o mandamento do seu Criador, que o ordenou a dar
caridade e até se ele tencionar o seu próprio prazer, para ser recompensado com o mundo
vindouro ou para que seus filhos vivam.
Significa isto que embora ele peça a recompensa por observar o Mitzvá, ou seja, para que seus
filhos vivam ou porque ele quer a recompensa do mundo vindouro por este Mitzvá, ele é um
justo. O facto de ele querer o mundo vindouro também é considerado querer recompensa, tal
como para que seus filhos vivam. É como as citadas palavras do sagrado Zohar, “Quer ele
queira uma recompensa neste mundo ou no mundo vindouro em troca pelas Mitzvot, isso não
é considerado temor essencial”, uma vez que seu próprio benefício é a causa para observar
as Mitzvot e não o Criador. Ainda assim dizem nossos sábios aqui, “Ele é um justo completo”.
Isso é como interpreta RASHI, que “uma vez que ele observa as Mitzvot do seu Criador, que o
mandou dar caridade e também tenciona para seu prazer pessoal, portanto ele é chamado de
‘justo completo’”.
Isto é como explicamos, que por ele trabalhar devido ao Criador o ter ordenado a observar a
Torá e Mitzvot e ele não tem ninguém que o obrigue a observar Torá e Mitzvot, isto é
chamado Lishmá, como interpretou RASHI acima. É como na supracitada alegoria, ou seja,
que ele trabalha para Reuvén mas pede o salário de Shimon. Isto certamente é chamado Lo
Lishmá, pois ele trabalhava para outros ao mesmo tempo, que é chamado Lo Lishmá, e
também “o segundo tipo”.
(Escutei que há aqueles que tentam explicar nossos sábios, que disseram, “Aquele que diz,
‘esta pedra é para a caridade, para que meus filhos vivam’, ele é um completo justo”. Afinal,
ele vai ao encontro das condições de observar o Mitzvá. Portanto, eles tentam dizer que isso
foi escrito nas iniciais, “ele é um JC”. Posteriormente, quando eles escreveram em palavras
explicitas, transformaram o JC em Justo Completo. Todavia, estavam errados ao interpretar as
iniciais, uma vez que Tzadi-Guimel [Tzadik Gamur (Justo Completo) ] significa Tzedacá
Gedolá [Grande Retidão/Caridade] e não Tzadik Gamur [Justo Completo]. Todavia,
provavelmente não foi este o caso, uma vez que não conseguem explicar o outro versículo,
que diz, “Ou que eu tenha o mundo vindouro”, dado que pelo “mundo vindouro” ele também
visa se agradar a si mesmo, o mesmo que em “para que meus filhos vivam”, como nas citadas
palavras do sagrado Zohar.)
Porém, o terceiro tipo significa que ele trabalha pelo Criador, como o Criador nos ordenou
através de Moisés a observar Torá e Mitzvot e nós pedimos a recompensa Dele, uma vez que
trabalhamos somente para Ele, devido ao mandamento do Criador e não para mais ninguém. É
por isso que é chamado Lishmá. Todavia, esse é somente o terceiro tipo.
O quarto tipo observa Torá e Mitzvot não em prol de receber recompensa. É como disseram
nossos sábios (Avôt, Capítulo 1, 3), “Antiganos, Homem de Socho, recebeu de Shimon o
Justo. Diria ele, ‘Não sejam como servos que servem o mestre em prol de receber
recompensa, mas sejam como serviços que servem o mestre não em prol de receber
recompensa e deixai que o temor aos céus esteja sobre vós’”.
Significa isto que isso é especificamente não em prol de receber recompensa que é
considerado “pelo Criador”, como conclui ele e diz, “e deixai que o temor aos céus esteja
sobre vós”. Significa isto que o verdadeiro temor aos céus é especificamente em Lishmá [pelo
Seu bem] sem qualquer recompensa. Isto é, ele não tenciona pela autogratificação, mas sua
única intenção é trazer contentamento ao Criador. Isto é considerado “Lishmá limpa”, sem
qualquer mistura de autogratificação. Isto é chamado o “quarto tipo”.
Porém, conhecemos a pergunta, “É o Criador deficiente que precise das criaturas que
trabalhem somente para Ele e não de todo para si mesmas, mas somente para o Criador sem
uma migalha de autogratificação? E se elas querem desfrutar do seu trabalho, também, este
trabalho é desqualificado e não aceite no alto como Mitzvá que seja digno de ser recebido pelo
Rei? Por que se deve o Criador importar que o homem também tenha algum prazer na obra”?
A resposta é que isto é pois precisa de haver equivalência de forma de modo a que não haja o
pão da vergonha. A regra é que o ramo quer se assemelhar à sua raiz e tal como o Criador é o
dador, quando uma pessoa tem de receber de alguém ela sente-o como desagradável. Sucede-
se que a restrição e ocultação sobre nossos vasos de recepção para que não trabalhemos em
prol de receber recompensa foram feitas a nosso favor.
Inversamente, seria impossível ter escolha. Isto é, o homem nunca seria capaz de fazer e
manter a Torá e Mitzvot em prol de doar, uma vez que o homem não seria capaz de superar o
prazer que ele provou na Torá e Mitzvot, não fosse a restrição e ocultação, como é sabido que
quanto maior o prazer, mais difícil é abdicar dele.
Por esta razão, nos foram dados prazeres corpóreos onde há somente luz muito ténue, a que o
sagrado Zohar chama “fina luz”, que caiu para as Klipot na hora da quebra dos vasos.
Também, as centelhas de divindade foram somadas a elas depois do pecado da árvore do
conhecimento quando pecou Adam HaRishon. Estes são os prazeres que todos os seres
criados perseguem. Todas as guerras, matanças, furtos e assim por diante, que existe no
mundo são pois cada um aspira receber prazer.
Estamos destinados a superar estes prazeres e receber tudo pelo Criador. Mas uma pessoa que
vê quão difícil é sair do amor próprio e abdicar dos pequenos prazeres. Por esta razão, não
fosse a Tzimtzum [restrição], tivesse o verdadeiro prazer que existe na Torá e Mitzvot sido
revelado, não há dúvida que não seriam capazes de abdicar dos prazeres e dizer que ele
observa Torá e Mitzvot pois ele quer trazer contentamento ao Criador.
Porém, o homem não consegue concordar observar Torá e Mitzvot sem qualquer prazer por
causa da nossa natureza, de que nascemos com um Kli [vaso] chamado “desejo de receber
deleite e prazer”, então como pode ele trabalhar sem qualquer recompensa?
Todavia, nos foi dado um lugar sobre o qual conseguimos trabalhar sem qualquer
recompensa. Isto é, até se ainda não tivemos um sabor da Torá e Mitzvot devido à Tzimtzum,
há um conselho, que é trabalhar na grandeza do Criador, quão privilegiados somos
ao servirmos ao Rei.
Isto, temos na nossa natureza, que o menor se anula ante o maior. Nós temos a força e
motivação para trabalhar para o maior, a quem a geração considera o mais importante e
venerável no mundo. À medida da sua importância, desfrutamos de o servir. Este prazer é
permitido receber pois desfrutar de dar não é considerado doar em prol de receber, pois doar
em prol de receber significa que ele deseja especificamente uma recompensa pelo serviço que
ele lhe presta.
Respectivamente, se ele trabalhar numa fábrica e souber que o dono gosta que todos sejam
produtivos e qualquer um que produza mais que o habitual dá ao dono grande alegria.
Portanto, ele tenta produzir mais que os outros trabalhadores de modo a deleitar o dono.
Porém, posteriormente ele quer que o dono o recompense por o tentar agradar. Isto é
considerado que por um lado ele dá, mas por outro lado ele quer recompensa. Isto é chamado
“doar em prol de receber recompensa”.
Isto assim não é se uma pessoa servir ao rei e diz para o rei, “Eu não quero coisa alguma em
troca pelo serviço pois desfruto do próprio serviço e não preciso de receber qualquer
recompensa, uma vez que sinto que qualquer coisa que me dês pelo serviço que faço para ti
vai macular meu serviço. Tudo o que quero é o serviço. Não me dês qualquer recompensa e
este é o meu prazer, pois é uma grande honra para mim ser recompensado com servir ao rei”.
É claro que ele não consegue dizer que está a doar em prol de receber, uma vez que ele não
quer receber coisa alguma em troca. E por que ele não quer? Isso é porque ele deriva grande
prazer de servir ao rei. Sucede-se que isto é considerado “doar em prol de doar a uma pessoa
importante” e uma pessoa mede a importância do rei de acordo com a medida da sua alegria
de servir ao rei, uma vez que quando mais o rei é importante, mais ela desfruta, pois ela não é
como aquele que serve o maior da cidade, ou o maior do país, ou o maior do mundo.
Isto é considerado verdadeira doação. Ou seja, ele desfrutar de dar em si mesmo, uma vez que
o ponto principal de doar foi pelo propósito da equivalência de forma. Isto é, tal como o
Criador é o dador, também as criaturas querem ser dadoras e devemos certamente dizer que o
Criador desfruta da Sua doação.
Sucede-se que se as criaturas doarem sobre o Criador e Ele não derivar alegria, ainda não há
equivalência de forma aqui, dado que o Criador desfruta quando Ele dá aos inferiores.
Significa isto que a alegria resulta da ação de doação e se temos de receber algo em troca pela
ação, então estamos a macular a ação e a dizer que não há inteireza na ação. Em vez disso,
para ter inteireza temos de somar algo, ou seja, algo em troca pela ação, enquanto a ação em si
não é assim tão importante.
Mas a verdade é que se quisermos fazer uma ação de doação sobre o Criador devemos tentar
desfrutar pois a alegria de uma ação de doação diz respeito à ação. Isto é assim pois toda e
cada coisa que uma pessoa queira fazer e que é importante para ela, ela dá-lhe prioridade de a
fazer primeiro. E a medição pela qual a pessoa escolhe o que é mais importante é que aquela
na qual tem mais prazer.
Assim sucede-se que se um quiser valorizar o trabalho que ele faz pelo Criador, ele consegue
valorizá-lo somente ao receber grande alegria. Isto é, se ele conseguir tentar derivar grande
alegria então ele já consegue saber que está a dar grande contentamento ao Criador ao dar ao
Criador quando observa Seus mandamentos.
Ou seja, se um homem desejar doar contentamento sobre o Criador e não souber o que ele
pode dar ao Criador que O deleite. Por esta razão, quando nos é revelado que Ele nos deu
Torá e Mitzvot e se os observarmos Ele terá alegria, certamente estamos felizes de que agora
sabemos o que fazer por Ele. Portanto vemos que nos foi dada a bênção de fazer enquanto
observamos Torá e Mitzvot, e enquanto dizemos, “Abençoado sejas Tu o Senhor, Dador da
Torá”.
Está escrito nas Mitzvot que Lhe agradecemos por nos dar, por exemplo, o Mitzvá da Sucá [a
cabana da Festa dos Tabernáculos]. Por exemplo, todos estamos felizes que Ele nos instrua a
fazer aquilo que O vai deleitar e não precisamos de procurar coisas que venham a deleitar ao
Criador. Mas a questão é, como podemos aumentar nosso prazer enquanto realizamos
as Mitzvot?
Resposta: Há somente uma maneira, de tentar alcançar a grandeza do Criador. Isto é, em que
tudo aquilo que fazemos na Torá e Mitzvot, queremos que nossa recompensa seja a sensação
da grandeza do Criador e que todas as nossas orações devem ser para “levantar
a Shechiná [Divindade] do pó”, uma vez que o Criador está escondido de nós devido
à Tzimtzum que tomou lugar e não conseguimos valorizar Sua importância e grandeza.
Portanto, nós oramos para o Criador remover Sua ocultação de nós e para levantar o mérito da
Torá. Como dizemos nas Dezoito Orações de Rosh Hashaná [serviço do Ano Novo],
“Certamente, dai a glória ao Teu povo”. Isto é, “Dai a glória do Senhor ao Teu povo”, para
que eles sintam a glória do Rei.
Por esta razão um sempre se deve tentar lembrar da meta enquanto estuda Torá, para que
sempre esteja na frente dos seus olhos o que ele quer receber do estudo, que o estudo lhe
conceda a grandeza e importância do Criador. Também, enquanto observa as Mitzvot, de não
se esquecer da intenção pela qual ele mantém as Mitzvot. Graças a isto o Criador levantará a
ocultação sobre a espiritualidade dele e ele receberá uma sensação de grandeza do Criador.
Porém, é trabalho duro observar Torá e Mitzvot com a intenção de deste modo ser
recompensado com a aproximação do Criador, de obter a grandeza do Criador para que ele
Lhe traga contentamento por causa da importância do Criador, que esta seja sua recompensa e
que ele não tem qualquer desejo de qualquer outra recompensa por este trabalho. O corpo não
concorda trabalhar com esta intenção.
O sagrado Zohar (Nasso, itens 102-104) diz, “Fortes homens deambulam de cidade em cidade
e não são perdoados. O banimento da multidão misturada está entre eles e em muitos lugares
lhes são dadas somente rações. Portanto, onde estiveram não haverá subida para sua queda,
nem sequer momentaneamente. E todos os sábios e fortes homens que temem o pecado estão
afligidos, pressionados e em mágoa. Eles são considerados como cães, crianças pesadas
contra fino ouro, como são eles considerados jarras de barro em toda a rua, etc. Estes da
multidão misturada são ricos, pacíficos, alegres, sem tristeza ou aflição que se pareça, ladrões
e subornadores e são os juízes, as cabeças (chefes) do povo”.
Vemos nas palavras de O Zohar que ele distingue entre sábios e fortes homens que temem o
pecado e juízes e chefes do povo, que são considerados a multidão misturada. Diz ele que os
sábios e fortes homens que temem o pecado estão afligidos e agitados, enquanto os juízes e
chefes do povo são ricos, pacíficos e alegres. Por quê? Porque eles são a multidão misturada.
Devemos entender o sentido da multidão misturada, que por serem a multidão misturada eles
têm alegria e paz. Vemos que no argumento que Jacó teve com Esaú, Esaú disse para Jacó,
tenho quanto baste e Jacó respondeu, “Eu tenho tudo”. Precisamos de entender a diferença
entre quanto baste e tudo.
É sabido que a Sefira Yessód é chamada “tudo”, que ela é considerada Yessód Tzadik[justo],
como dizemos na oração, “Para Ti, Senhor é a grandeza, a força, a grandiosidade, eternidade e
esplendor”. Isso assim é pois “tudo” é Yessód e o justo, chamado Yessód, só dá. A Sefira
Yessód dá a Malchut, como é sabido e como está escrito no sagrado Zohar. Significa isto que
o grau de Yessód é Tzadik, que nada recebe para si mesmo, mas que todas suas obras são em
prol de doar.
Certamente, quando uma pessoa começa a obra de ser justa, ou seja, de não receber qualquer
recompensa para si mesma e trabalhar somente em prol de dar contentamento sobre seu
Fazedor, o corpo discorda e dá-lhe obstáculos. Ele faz tudo o que pode para interferir com seu
trabalho. Nessa altura uma pessoa é afligida constantemente e não tem paz com a situação em
que se encontra pois ela vê que ainda não chegou a ser dadora sobre o Criador. Em vez disso,
tudo aquilo que ela faz é ainda sem a habilidade de o direcionar em prol de doar.
Ela está sempre afligida com isso por causa da tristeza da Shechiná, chamado
de “Shechiná no exílio”. Ela está em sofrimento que pelo amor próprio tem ela força para
trabalhar, mas onde ela vê que sua vontade de receber não terá coisa alguma ela é negligente
no trabalho.
Sucede-se que passado algum tempo de se esforçar na obra e querer ver alguma proximidade
ao Criador, ela sente cada vez mais a verdade acerca de si mesma: de que ela está
verdadeiramente afastada do Criador. Ou seja, em respeito à equivalência de forma, tal como
em, “Como Ele é misericordioso, tu, também, és misericordioso”, ela é o oposto.
Anteriormente ela pensava que queria trazer contentamento ao Criador e que haveria alegria
nisto. Ela esperava que receberia pelo seu trabalho a recompensa deste mundo, bem como a
recompensa do mundo vindouro. Mas agora vê ela que está impotente para trabalhar pelo
Criador, mas que tudo é em prol de receber para si mesma e não de todo para doar.
Aquilo que ela agora vê é que ela é pior que quando começou a obra. Quando ela começou a
obra no terceiro tipo, ela não tinha alegria e paz e sabia e acreditava que cada dia suas posses
se acumulavam numa grande soma, dado que cada dia quando ela faz boas ações, a
recompensa de cada Mitzvá é registada na sua conta. Essa fé a causou alegria e paz pois ela
viu que avançava na obra, ou seja, que suas posses cresciam todo e cada dia.
Mas agora que ela se afastou do terceiro tipo e começou a obra do quarto tipo, que é trabalhar
não em prol de receber recompensa, ela está afligida e pressionada pois ela se examina a si
mesma com vasos de doação de quanto ela já adquiriu deste Kli.
Nessa altura vê ela o oposto, que cada dia enquanto se esforça e quer alcançar proximidade ao
Criador, ou seja, ter um desejo de doar, ela vê a verdade, que cada dia ela se tornou mais e
mais afastada. De acordo com aquilo que disse Baal HaSulam, por que é que um vê que ele se
está a tornar mais e mais afastado, uma vez que cada dia ele faz boas ações e respectivamente,
as ações deveriam o ter aproximado?
Disseram nossos sábios, “Eu criei a inclinação do mal, Eu criei para ela a Torá como
tempero”. Portanto, por que é que aquele que começou a obra de doação vê que está a tornar-
se pior cada dia? Ele diz que assim não é, que na verdade, ele não está a regredir cada dia
como pensa. Em vez disso, cada dia ele está a avançar. A razão de ver que se tornou pior é
que primeiro ele precisa de ver a falsidade e mal e então podem elas ser corrigidas.
Mas quando uma pessoa simplesmente quer bloquear um buraco ou uma racha num edifício e
pensa que o buraco e racha têm vinte centímetros de amplitude e trabalha e labuta e
finalmente vê que há mais vinte para tapar. Sucede-se que enquanto ela não vir a verdadeira
deficiência ela trabalha em vão, ou seja, que não corrige coisa alguma.
A lição é que uma pessoa pensa que tem, por exemplo, um quilograma de mal e ela quer
concertá-lo. Ela começa a concertar, mas então vê que há outro quilograma de mal. Sucede-se
que ela não corrigiu coisa alguma. Mas se ela vir a medida completa de mal nela e então a
concerta, isto é chamado de “correção completa”.
Foi por isso que Baal HaSulam disse que cada dia quando ela se envolve na obra em prol de
doar ela se aproxima mais da verdade, ou seja, de ver o tamanho do mal nela. Numa casa
escura é impossível ver que há sujidade e lixo lá. Mas se você levar alguma luz para o interior
então pode ver onde estão a sujidade e o lixo.
Similarmente, quando uma pessoa começa a se envolver na Torá e Mitzvot em doação, a Torá
e Mitzvot iluminam para ela cada vez mais, para ver a verdade sobre o tamanho do mal nela.
Sucede-se, portanto, que cada dia ela anda em frente até que alcance o mal completo dentro
dela. Então, quando nos começarmos a corrigir, uma correção completa é feita, para que
posteriormente ela possa colocar nos seus Kelim [vasos] o deleite e prazer que o Criador
contemplou dar às criaturas, tal como está escrito que o propósito da criação é de fazer o bem
às Suas criações.
Descobrimos esta questão no êxodo do Egito. O sagrado ARI disse que na altura do êxodo do
Egito, Israel estavam em 49 portões de Tuma’a [impureza], até que o Rei dos Reis apareceu
para eles e os redimiu. Todos questionam sobre isto: Poderá ser que o povo de Israel, que
escutaram a missão do Criador de Moisés e de Aarão, a quem Ele enviou para libertar do
exílio no Egito, tal como interpreta o sagrado ARI, que o exílio no Egito significa que a visão
de Kedushá [santidade] estava em exílio. Moisés e Aarão prometeram ao povo de Israel que
sairiam do exílio e entrariam em Kedushá. É como dizemos na leitura da Shemá [Ouve], “Eu
sou o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito para ser teu Deus”.
Respectivamente, isso serve para afirmar que cada dia eles deviam ter subido de grau em grau
em Kedushá, especialmente que viram as dez pragas que ocorreram no Egito. Ainda assim,
diz o sagrado ARI que no tempo do êxodo do Egito o povo de Israel estava em 49 porões
de Tuma’a.
Porém, cada dia eles ascenderam no grau da verdade e se aproximaram de ver a medida de
mal que tinham nos vasos de recepção. Isto é, antes de Moisés e Aarão virem até eles lhes
dizer que tinham de sair do exílio no Egito, que é a Klipá [casca/pele] que suga da Kedushá,
tal como diz o sagrado ARI, o povo de Israel começou a se afastar deles. Nessa altura
a Klipá do Egito começou a combatê-los com forças poderosas.
Ou seja, a Klipá do Egito deixou o povo de Israel ver que não era vantajoso sair da auto
recepção. E a respeito da obra da doação, deixou-os ver que era difícil e que não era vantajoso
trabalhar para nada, que eles não seriam recompensados com isso de qualquer modo, uma vez
que isso requer forças especiais. E quanto mais o povo de Israel recebeu o fortalecimento de
Moisés e Aarão, mais a Klipá do Egito veio e os enfraqueceu.
Foi tanto assim que cada vez que superaram o argumento dos Egípcios que entrou nas suas
mentes, para que pudessem ver que não era o argumento do Egito, mas para que o povo de
Israel pensasse que estes pensamentos eram dos próprios Israel. Isto é chamado “Qualquer um
que seja maior que seu amigo, seu desejo é maior que o dele”.
Significa isto que à medida do seu fortalecimento em Kedushá, a essa medida as Klipot se
fortaleceram contra eles. À medida do poder do desejo de fugir, a essa medida o outro lado
tem de mostrar mais poder de modo a mantê-lo no seu domínio, para que eles não fujam.
Sucede-se que de facto, o povo de Israel se aproximou de Kedushá cada dia e a evidência
disto é que se é dito que estavam nos 49 portões de Tuma’a, isso é porque já haviam
ascendido através de 49 portões de Kedushá, assim teve de haver o oposto da Kedushá, os 49
portões de Tuma’a.
Porém, antes que uma pessoa complete a obra e saia do domínio das Klipot[cascas/peles], ela
não vê a medida da sua entrada em Kedushá. Tudo o que ela vê é que cada vez ela está mais
longe pois o oposto de Kedushá revela o mal nela e antes que haja luz de Kedushá, uma
pessoa não consegue ver a verdadeira forma de mal nela. Tal como acima dito, precisamente
onde há luz podemos ver a sujidade que está na casa.
Assim acontece que um não consegue saber o que ele considerava como bom estado. Ou seja,
pode ser que uma pessoa sinta que está numa descida, ou seja, que ela vê que não tem desejo
pela Torá e Mitzvot. Ela vê que agora tem mais paixão pelo amor próprio que, por exemplo,
ontem. Portanto, uma pessoa deve provavelmente dizer que ontem ela estava num estado onde
considerava as pessoas que se preocupavam com questões corpóreas, com satisfazerem sua
vontade de receber, ela ficava afastada delas e não conseguia ver adultos inteligentes a se
degradarem a si mesmos para estarem em estado tão baixo.
Mas agora ela vê que ela é uma delas e que não tem vergonha de sentir a sua baixeza. Em vez
disso, é uma coisa comum para ela, como se ela nunca tivesse pensado sobre a espiritualidade.
Mas o entendê-lo melhor, vamos tomemos como exemplo, quando uma pessoa se tem de
levantar antes do amanhecer. Quando ela é desperta pelo despertador ou por uma pessoa, ela
sente que tem de se levantar para servir ao Criador. Ela começa a sentir a importância da
questão e, portanto, se levanta rapidamente por causa da sensação da importância de servir ao
Criador lhe dar força para se levantar rapidamente.
Indubitavelmente, nessa altura ela está num estado de ascensão. Ou seja, não é a corporeidade
que lhe dá força para trabalhar, mas para ela a espiritualidade, esta sensação de que agora ela
terá contato com o Criador, seja qual for a maneira, é suficiente para lhe dar força para
trabalhar e ela não pensa em coisa alguma senão no Criador. Ela sente que agora é
considerada como viva, mas sem espiritualidade ela é considerada morta. Naturalmente, ela
sente que está num estado de ascensão.
Na verdade, uma pessoa não consegue determinar seu estado, de ela sentir que está afastada.
Ou seja, se ela é uma pessoa que deseja caminhar no caminho da doação, ela deve entender
que do alto lhe é dado um tratamento especial, que ela foi baixada do estado anterior para que
começasse realmente a contemplar a meta, ou seja, o que é exigido do homem e o que o
homem quer que o Criador lhe dê. Mas quando ela está num estado de ascensão, quando ela
tem desejo pela Torá e Mitzvot, ela não tem necessidade de se preocupar com a
espiritualidade. Em vez disso, ela vê que permanecerá deste modo sua vida inteira pois está
feliz deste modo.
Portanto se sucede que a descida que ela recebeu é para seu próprio bem, ou seja, que ela está
a receber tratamento especial, que ela foi baixada do seu estado anterior onde ela pensava que
tinha alguma inteireza. Isto é aparente em ela concordar permanecer no presente estado sua
vida inteira.
Mas agora que ela vê que está longe da espiritualidade, ela começa a pensar, “O que é
realmente exigido de mim? O que devo eu fazer? Qual é o propósito que devo alcançar”? Ela
vê que não tem poder para trabalhar e encontra-se a si mesma num estado de “entre os céus e
a terra”. Então, o único fortalecimento do homem é que somente o Criador pode ajudar, mas
ele sozinho, está condenado.
Foi dito sobre isto (Isaías, 4:31): “Todavia aqueles que esperam pelo Senhor ganharão nova
força”, ou seja, aquelas pessoas que esperam pelo Criador. Significa isto que elas veem que
não há mais ninguém no mundo que as possa ajudar a ganhar novamente força cada vez.
Sucede-se que esta descida é na realidade uma ascensão, ou seja, que sua descida que eles
sentem lhes permite subir em grau, uma vez que “não há luz sem um Kli”.
Sucede-se que quando ele pensava que estava num estado de ascensão, onde não tinha desejo
no qual o Criador poderia colocar alguma coisa, uma vez que seu Kli estava cheio e não havia
espaço lá para colocar alguma coisa no interior. Mas agora que ele se sente num estado de
descida, começa a ver suas deficiências e as razões principais que interrompem sua
concretização de Dvekút com o Criador. Nessa altura sabe ele que ajuda pedir ao Criador pois
ele vê a verdade, o verdadeiro obstruidor.
De acordo com o citado, sucede-se que um não consegue dizer que o Criador o afastou da
obra do Criador e a prova disto é que ele está num estado de descida, ou seja, que o Criador o
jogou fora da obra e não o deixa trabalhar para Ele. Pelo contrário, por o Criador o querer
aproximar, quando ele sentia que estava numa ascensão, Ele não o conseguia aproximar pois
ele não tinha Kelim.
Em prol de lhe dar Kelim, o Criador teve de o tirar do seu estado e o admitir num estado onde
ele se sinta deficiente. Então o Criador lhe pode dar ajuda do alto, tal como disseram nossos
sábios, “Aquele que vem para se purificar é ajudado. Questiona o sagrado Zohar, ‘Com que’?
E responde ele, ‘Com uma sagrada alma’”. Ou seja, estão a fazê-lo sentir que a alma é uma
parte de Deus no alto e então entra ele naKedusha. Nessa altura pode ele avançar de grau em
grau até que complete sua alma em respeito a aquilo que ela precisa de corrigir.

Portanto se sucede que no primeiro tipo. A razão e causa de observar a Torá e Mitzvot são as
pessoas do exterior. No segundo tipo, o Criador juntamente com as pessoas do exterior o
comprometem à Torá e Mitzvot. No terceiro tipo, somente o Criador o compromete a observar
Torá e Mitzvot. Pessoas no exterior não o comprometem, mas ele mesmo também causa Torá
e Mitzvot. No quarto tipo, somente o Criador é a causa da observação da Torá e Mitzvot e não
há outro parceiro, que participe em o comprometer à Torá e Mitzvot. Isto é chamado “somente
o Senhor” e isto é chamado "somente para o Senhor” e isto é chamado “multidão misturada
dentro da Kedushá”.
339. A Klipá [Casca/Pele] que Precede o Fruto

Artigo 30, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Na porção, Balaque, O Zohar escreve (item 15), “Se dizeis que assim desejou o Criador — de
dar o património a Israel e isto é desadequado, vinde e vede: Esaú era uma Klipá [casca/pele]
e Sitra Achra. É sabido que a Klipá precede a medula, daí que ela tenha saído primeiro. Assim
que a Klipá emergiu e foi removida, a medula se encontrou. O primeiro prepúcio, que é Esaú,
está fora. Assim, ele saiu primeiro. A aliança, que é a mais preciosa, ou seja, Jacob, apareceu
a seguir. Desta forma, o surgimento inicial de Esaú não considera seu património, pois ele é
uma Klipá e prepúcio, completamente inútil em comparação com a medula e a aliança. Ele só
veio primeiro pela razão que a Klipá precede o fruto”.
Nós devemos entender por que precisa ele de responder. Afinal, nossos sábios já responderam
a esta pergunta (apresentada por RASHI no começo da porção, Beresheet [no princípio]):
“Rabbi Yitzhak disse, ‘A Torá devia ter começado de ‘Este mês é para vós …’ que é o
primeiro Mitzvá [mandamento] que Israel foram ordenados. Qual é a razão de ela começar
com Beresheet? É porque ‘Ele fez conhecer Seu povo o poder das Suas obras, para lhes dar a
herança das nações’, para que as nações do mundo dissessem para Israel, ‘Vós sois ladrões,
pois vós haveis conquistado as terras das sete nações’, para que eles lhes digam, ‘A terra
inteira pertence ao Criador. Ele a criou e a deu a quem Lhe apetece. À Sua vontade a levou
deles e a deu a nós’’”.
O mesmo se aplica ao património. Primeiro Ele o deu a Esaú, então Ele o levou de Esaú e o
deu a Jacob. Não podemos dizer que o património não é o mesmo que as terras pois uma terra
pode ser vendida e dada, enquanto o património se trata de factos, ou seja, que aquele que
nasceu primeiro é chamado “primogénito” e isso não pode ser mudado. E, todavia, nós vemos
que o património também pode ser vendido, então podemos dizer que ele pode ser levado de
um e dado ao outro. Inversamente, como poderia Jacob comprar seu património a Esaú, como
está escrito, “E ele vendeu seu património a Jacob”?
Disto podemos ver que o património é semelhante a uma terra, que pode ser dada. Logo, o
que implica esta resposta que ele nos dá aqui, dado que uma Klipá precede ao fruto, ser-se
nascido primeiro não conta como ter o património.
Para entender a questão primeiro devemos saber o que é uma Klipá, o que é medula e o que é
o prepúcio, pois ele chama Esaú pelo nome “prepúcio”. Primeiro devemos afirmar qual é o
propósito da criação e posteriormente seremos capazes de explicar o que é principal e o que é
secundário, de modo a saber a questão do fruto e Klipá, que deve preceder ao fruto. Que
necessidade é essa, que implica que não pode ser o inverso?
É sabido que o propósito da criação é de fazer o bem às Suas criações. Por esta razão, Ele
criou uma criatura, para que a criatura possa receber o deleite e prazer que Ele lhes quer dar.
Essa criatura é chamada “vontade de receber em prol de receber”. Sucede-se que podemos
falar somente de algo que tenha um desejo de receber, caso contrário isso não é considerado
uma criatura da qual possamos falar, pois uma criatura é chamada um Kli [vaso] e não pode
haver luz sem um Kli. Significa isto que podemos falar de luz somente quando ela está vestida
num Kli.
Porém, não há este Kli, chamado “desejo de receber deleite e prazer”, “recepção”, assim que a
correção chamada “equivalência de forma” tenha sido feita, de modo a não ter o pão da
vergonha. É sabido que há vergonha quando um tem de receber alguma coisa, como disseram
nossos sábios, “Falésias de cromo para os filhos dos homens”. Quando uma pessoa é forçada
a receber das pessoas, sua face muda e ela torna-se como o cromo. É por isso que houve a
correção chamada “Tzimtzum [restrição] e ocultação”, para receber prazer somente com a
intenção de doar.
Assim se sucede que devemos discernir duas coisas: 1) O mais importante é o Kli, chamado
“desejo de receber o deleite e prazer”. Sem este desejo não há nada de que falar. Contudo,
o Sitra Achra e as Klipot [plural de Klipá] derivam deste discernimento. A ordem da cascata
dos mundos chega até nós como raiz, ou seja, que deste ponto deriva aberta expansão com
todo o mal. É como disse o ARI, que a Tzimtzum é a raiz do julgamento, ou seja, que com isto
houve uma Tzimtzum para não receber em prol de receber, mas somente em prol de doar. A
ordem foi como explicado em O Estudo das Dez Sefirot (Parte 1), que inicialmente, a
Tzimtzum foi voluntária, ou seja, que ainda não havia a proibição de receber. Mas
posteriormente houve uma proibição de receber, mas ainda não havia ninguém que quisesse
receber em prol de receber. Isto é, não havia ninguém que quisesse violar a proibição
da Tzimtzum. Contudo, através da Tzimtzum Bet [segunda restrição], uma nova coisa nasceu
— alguém que quis receber em prol de receber, embora ainda não houvessem Klipot.
As Klipot nasceram após a quebra dos vasos que ocorreu no mundo de Nekudim, mas não
havia estrutura delas. Em vez disso, nessa altura as Klipot foram chamadas “Vav e um ponto”
e não havia ainda estrutura de mundos nelas. Somente depois do pecado de Adam HaRishon
com a árvore do conhecimento, quando as Levushim [vestimentas/roupagens] caíram para
as Klipot, as Klipot receberam a estrutura dos quatro mundos tal como a Kedushá [santidade]
e eles foram chamados “os quatro mundos ABYA de Tuma’a [impureza]”. Esta é a questão
apresentada na “Introdução ao Livro do Zohar” (item 29): “Sabei que vosso trabalho durante
os setenta anos de vossas vidas está dividido em quatro:
A Primeira Divisão é para obter a excessiva vontade de receber sem restrições, na sua
completa, corrompida medida de baixo das mãos dos quatro mundos impuros ABYA. Se nós
não temos essa corrompida vontade de receber, nós não seremos capazes de a corrigir, pois
“um não pode corrigir o que não está nele”. Então, a vontade de receber impressa no corpo à
nascença é insuficiente. Em vez disso, ela deve também ser um veículo para as Klipot impuras
durante não menos que treze anos. Isto significa que as Klipot a devem dominar e dar-lhe suas
luzes, pois suas luzes aumentam sua vontade de receber. Isto é porque os preenchimentos com
que as Klipot providenciam à vontade de receber apenas expandem e aumentam as exigências
da vontade de receber. Por exemplo, à nascença, ele tem um desejo de só uma centena, e não
mais. Mas quando o Sitra Achra providencia a uma centena, a vontade de receber
imediatamente cresce e quer duas centenas. Então, quando o Sitra Achra providencia
preenchimento para as duas centenas, o desejo imediatamente expande para querer quatro
centenas. E se um não o supera através de Torá e Mitzvot, e purifica a vontade de receber para
a transformar em dar, a sua vontade de receber expande ao longo da sua vida.
A Segunda Divisão é dos treze anos para a frente. Nesse ponto, ao ponto no seu coração, que
é o dorso da santidade, é dada força. Embora ele esteja revestido na sua vontade de receber à
nascença, ele começa apenas a despertar passados treze anos, e então um começa a entrar no
sistema dos mundos puros, à extensão que um observa Torá e Mitzvot. A principal direção
desse tempo é de obter e intensificar a vontade de receber espiritual. Então, este grau, que
vem passados os treze anos, é considerado santidade. Isto é considerado a sagrada criada que
serve sua patroa, que é a Sagrada Shechiná (Divindade). Isto é porque a criada traz um
a Lishmá, e ele é recompensado com a inspiração da Divindade. E o grau final nesta divisão é
que ele irá apaixonar-se profundamente com o Criador, como um se apaixona profundamente
por um amor corpóreo, até que o objeto da paixão se encontra perante seus olhos todo o dia e
toda a noite, como o poeta diz, ‘Quando me lembro D'Ele, Ele não me deixa dormir’”.
Agora podemos entender o que é Kedushá e o que é Klipá. Kedushá vem das palavras Kodesh
le Hashem [dedicado ao Criador]. Significa isto que ela não nos pertence, ou seja, que ela não
pertence ao nosso domínio, mas que a dedicamos ao Criador. Isto é, ele retira-a do domínio
dos leigos e a admite para o domínio da Kedushá. Contudo, não pode ser dito que ele a admite
no domínio de Kedushá se ela não estiver anteriormente no seu domínio e então pode ser dito
que ele a retirou do seu próprio domínio e a admitiu para o domínio de Kedushá.
Desta forma, uma pessoa deve primeiro estar no domínio da Klipá até aos treze anos de idade,
como está escrito na “Introdução ao Livro do Zohar”, nessa altura ela sente que tem sua
própria autoridade porque a Klipá, chamada “vontade de receber em prol de receber”, é
chamada “disparidade de forma”, que a separa do Criador. Esta questão dos vasos de recepção
que um adquire enquanto estando sob o domínio da Klipá até aos treze anos de idade a deixa
sentir que ela é a senhoria, ou seja, que ela pode fazer o que lhe apetecer pois ela não sente
qualquer outra autoridade senão a sua própria.
Por esta razão, quando lhe é dito, depois dos treze anos de idade, que agora é o tempo em que
deves anular tua autoridade, que há somente a autoridade do Criador, ela começa a pensar e a
contemplar, “Por que preciso eu de anular minha autoridade e dizer que somente o Criador é o
senhorio e eu sou Seu servo e eu não tenho posses, mas como disseram nossos sábios,
“Aquele que compra um servo compra seu mestre”. Isto é, eu preciso de servir o Criador de
modo a Lhe trazer contentamento.
Nessa altura, o corpo do homem, chamado “vontade de receber”, faz um argumento forte:
“Primeiro devo acreditar que há uma conexão entre o Criador e as criaturas e então devo ver
que é vantajoso acreditar que o Criador é o dono. Mas para isso preciso de anular minha
autoridade e ver que há somente contentamento para o Criador. O que ganho eu com isto”?
Todavia, ele entende — assim que ele acreditar que há uma conexão entre o Criador e as
criaturas — ou seja, que tudo o que Ele quer é fazer o bem às Suas criações e tudo o que ela
precisa de ver no seu estado é como o Criador a serve. Isto é, o Criador é o servo e o homem é
o dono. Ela é a dona e o Criador deve servir o homem, pois o homem é o mestre e o Criador é
o escravo.
Contudo, quando é dito a uma pessoa que ela deve saber que a verdade é que o Criador é o
senhorio e nós, criaturas, não temos palavra a dizer no mundo e se aceitamos Seu reino sobre
nós ou se somos seculares que não querem assumir Seu reino, nada nos ajuda. Ele faz o que
Ele quer e as criaturas devem obedecer às Suas ordens contra sua própria vontade, como
disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 3), “A dívida do homem é coletada seja o sabendo ou
o desconhecendo”.
Acontece que até se um não concordar com o que lhe está a ser dito, o facto de ele não querer
acreditar não muda a realidade — de que o Criador é o senhorio e faz aquilo que Ele quer.
Contudo, uma pessoa não consegue ver a verdade e é por isso que ela não quer acreditar.
Mas quando uma pessoa não acredita ela não pode assumir sobre si mesma ser uma serva do
Criador, ou seja, acreditar que o Criador é o mestre e que nós somos Seus servos. Em vez
disso, isto se aplica especificamente a aqueles com fé.
Porém, isto não é fé verdadeira. Há um tipo de pessoas que acreditam que o Senhor é o
Criador e que Ele criou o mundo com um propósito chamado “fazer o bem às Suas criações”.
Elas também acreditam que o Criador nos comandou através de Moisés a observar a Torá
e Mitzvot, que Ele nos deu. Mas podemos acreditar em tudo isto para lucrar, ou seja, que Ele
nos pagará por nos esforçarmos na obra de manter Torá e Mitzvot. Também, elas têm no que
confiar, como disseram nossos sábios (Avôt, Capítulo 2, 16), “Se aprendeste muita Torá, te é
dada uma grande recompensa. Podes confiar que teu senhorio te pague teu trabalho e sabe que
a recompensa do justo é no futuro [implicando o fim da correção]”.
Desta forma nós vemos que há a questão de acreditar no Criador e na Sua lei e manter todo e
cada Mitzvá, sério ou ligeiro. Contudo, tudo é medido pela rentabilidade, que é em prol de
receber recompensa, chamado Lo Lishmá [não pelo Seu bem]”. Contudo, devemos lembrar o
que disseram nossos sábios, “De Lo Lishmá chega um a Lishmá”. Logo, isto já é considerado
um grau de Kedushá. Mas quando nos é dito, passados treze anos, que agora é a hora em que
deves anular tua autoridade e dizer que não há outra autoridade no mundo e que és somente
como um escravo não em prol de receber recompensa, o corpo resiste a isso. Nessa altura
começa o trabalho principal, dado que é contra a natureza.
Desta forma, uma pessoa deve acreditar acima da razão e dizer ao seu corpo: “Deves saber
que não podes trabalhar em doar contentamento sobre o Criador sem qualquer recompensa,
dado que nasceste com uma vontade de receber e essa natureza é necessária, pois somente isto
é o todo da criação, como é sabido que somente a vontade de receber, chamada “anseio e
desejo de receber prazer” é chamada “existência a partir da ausência”.
Sucede-se desta forma que somos chamados “criaturas” precisamente pertencendo à vontade
de receber, à qual chamamos “criação”. Esse desejo se encontra em todos os graus e mundos
de Kedushá. Contudo, em Kedushá, essa vontade de receber é corrigida com uma correção de
intenção de doar. Sucede-se que a base é a vontade de receber e a diferença
entre Kedushá e Tuma’a entre a vida e a morte está somente na intenção.
Significa isto que se a recepção for em prol de doar, ela é chamada Kedushá, dado que isso é
equivalência de forma. Equivalência de forma é chamada Dvekút, como disseram nossos
sábios sobre o versículo, “E te apegues a Ele”. Interpretaram eles, “apega-te aos Seus
atributos: tal como Ele é misericordioso, também tu és misericordioso” e por esta razão ele é
aderido à vida das vidas. Acontece que a vida se prolonga até ele do alto.
Mas se ele não conseguir colocar a intenção de doar sobre a ação, então ele está em
disparidade de forma do Criador, dado que Ele é o dador e as criaturas querem receber. Por
esta razão, estão elas separadas da vida das vidas e naturalmente só têm morte. Isto é
chamado Klipá, embora isso venha na base da criação. Inversamente, se não há vontade de
receber lá, não há ninguém de quem falar. E, todavia, se não há correção de doação sobre ela,
ela é chamada Klipá, Sitra Achra, “o anjo da morte”, etc.
De acordo com a ordem da correção, nós vemos que deve primeiro haver um desejo e um
anseio para receber os prazeres e então dizemos que devemos saber que não devemos receber
com a intenção de amor próprio. E embora haja um grande desejo de receber o prazer, ainda
assim devemos superar a luxúria e trabalharmos com nós mesmos de tal maneira que
queremos receber o prazer desde que possamos direcionar para que a recepção seja somente
pois o Criador quer que eu receba o prazer e é por isso que estou a receber, dado que eu quero
agradar ao Criador.
Ele já cancelou sua própria autoridade, ou seja, que ele não quer receber coisa alguma dentro
do Kli chamado “amor próprio”. Mas dado que o Criador quer que ele receba, ele diz, “Agora
eu quero receber deleite e prazer pois o Criador o quer e eu quero satisfazer a vontade do
Criador”. Desta forma, agora recebe ele o deleite e prazer.
Mas em prol do homem alcançar este grau, considerado “Seu único desejo é doar
contentamento sobre o Criador”, aqui começa o verdadeiro trabalho, dado que há dois
discernimentos a fazer nas questões da obra: 1) A ação. É difícil para nós abdicar de prazeres,
independentemente do tipo de prazer. Tomemos, como exemplo, o prazer do repouso. Quando
uma pessoa tem de ir trabalhar em prol de receber um salário, ela vai trabalhar na construção
ou numa fábrica, então é certamente difícil abdicar do prazer do repouso. Mas dado que ela
sofrerá mais se não tiver nada para comer, ela abdica do repouso e assume sobre si mesma o
trabalho, dado que com isto ela alcançará um prazer maior.
No que é ele maior? Ele ganha duas coisas aqui: não sofrer de não ter nada para comer, ou o
sofrimento da vergonha quando nada tem para vestir. Também, ele terá o prazer de comer e a
alegria de ter roupas bonitas. Isto assim não é quando ele abdica do prazer do repouso, mas
não sofre por não ter repouso, embora possamos dizer que quando ele abdica do repouso ele
sente o sofrimento do sono, além de lhe faltar o prazer do sono. Também, quando ele trabalha,
podemos dizer que em acréscimo a abdicar do prazer do repouso, ele também tem o
sofrimento do movimento. Isso é especialmente assim quando uma pessoa faz trabalho físico
— ela sofre durante o trabalho, também.
Contudo, este sofrimento não é como o sofrimento que ela sente quando tem fome, ou quando
tem de ir ter com pessoas num lugar de celebração como numa briss [cerimónia de
circuncisão] ou num casamento e nada tem para vestir. Isto facilita-lhe ter de abdicar do
repouso e assumir o incomodo do trabalho, dado que vemos o que todos fazem — desistir do
repouso e ir trabalhar. Logo, o sofrimento de não ter deve ser maior.
O mesmo se aplica quando é dito a uma pessoa, “Abdica do repouso e começa a trabalhar em
Torá e Mitzvot”. Imediatamente pergunta ela, como na corporeidade: “Qual vai ser minha
recompensa por abdicar do repouso? Eu quero ver o lucro”. Maimônides diz sobre isto (fim
de Hilchot Teshuva): “Tua recompensa será neste mundo e no mundo vindouro e tu serás
salvo da aflição e de todo o infortúnio”. Nessa altura consegue ela acreditar naquilo que lhe é
dito e mantém Torá e Mitzvot na prática pelo Criador. Isto é, ao manter Torá e Mitzvot, ela
aponta para aquilo que o Criador nos ordenou através de Moisés em retorno receberemos
recompensa pelo nosso trabalho e labuta por abdicar muitos prazeres dos quais a Torá nos
proibiu. Em retorno, nós recebemos recompensa, tal como aqueles que trabalham numa
fábrica ou na construção, pois nos é pago.
A mesma coisa se aplica à espiritualidade. Isto é, nós trabalhamos pelo senhorio. Não é que
ele seja o dono de alguma fábrica. Em vez disso, nós acreditamos que ele é o dono do mundo
inteiro e nós trabalhamos para Ele. Nos é dito, “Abdica do emprego que tens para uma
pequena empresa que te paga muito pouco e trabalha para o grande patrão, o dono do
mundo”.
Contudo, isto levanta a questão: Porque todos não trabalham para o dono do mundo”? A
resposta é simples: eles não veem a recompensa instantânea. Em vez disso, eles têm de
acreditar na recompensa. Eles têm de acreditar que no final lhes será pago e é por isso que não
há muitas pessoas que o queiram. Porque normalmente, as pessoas trabalham por uma
recompensa garantida e não por uma questionável, há uma diferença grande entre a
corporeidade e espiritualidade, todavia, devemos saber que a única diferença está em que aqui
na espiritualidade, a recompensa não é instantânea, mas que devemos acreditar. Esta é a única
diferença.
Contudo, nós vemos que as pessoas vêm e querem manter a Torá e Mitzvot, embora o tempo
inteiro até terem vindo elas estavam entre as pessoas seculares e elas vêm e dizem que se
querem arrepender. Quando lhes é questionada a razão pela qual elas se querem mudar o
caminho ao qual estavam habituadas, elas dizem que já não encontram sentido na vida, ou
seja, no amor próprio. Porque ele (uma pessoa) não tem coisa alguma para receber e para
colocar neles (nos seus desejos de amor próprio), dado que ele nada tem para lhes dar (aos
desejos de amor próprio), desta forma quer ele manter a Torá e Mitzvot.
Ele ouviu que um pode receber prazer da Torá e Mitzvot, então ele terá algo com o qual
deleitar sua vontade de receber. Isto é, constantemente ele vê que deve nutrir a vontade de
receber com prazeres corpóreos; ele não tem necessidade de mudar seu caminho. Mas se ele
ouve que há uma questão de fé e que há um mestre que conduz o mundo, que não criou o
mundo sem razão, mas em vez disso para certo propósito e a meta é chamada “fazer o bem às
Suas criações”, quando ele ouve isto, se está insatisfeito com os prazeres corpóreos uma vez
que não consegue achar o sentido da vida neles, pelo qual seja vantajoso viver e sofrer no
mundo, uma vez que cada um sofre de acordo com o seu grau, então quando ele ouve que há
um lugar onde há algo que ilumina alguma coisa na vida, então consegue ele sair dos prazeres
corpóreos, embora acima disséssemos que nos prazeres corpóreos ele não precisa de acreditar.
Mas na espiritualidade, está ele em dúvida e deve acreditar que no fim, a glória chegará, ou
seja, que no fim ele receberá recompensa. Mas dado que está insatisfeito com os prazeres
corpóreos ele consegue alternar para o lado da Kedushá e observar a Torá e Mitzvot.
Porém, quando um está imerso em luxúrias corpóreas e acha satisfação nelas, até se
temporária e então ele vê que não tem satisfação, ele já é como uma criança capturada pelos
idolatras, impotente para emergir do seu controlo.
Porém, até após tais pessoas assumirem o fardo da Torá e Mitzvot, por vezes luxurias
corpóreas despertam nelas e o trabalho lhes é difícil. Contudo, devemos saber que o facto das
luxurias corpóreas terem despertado nelas, ou seja, que elas estão a começar a sentir sabores
nelas que não haviam provado anteriormente e também todas essas pessoas que cresceram
com educação religiosa, que têm mantido a Torá e Mitzvot desde a infância, quando começam
a obra de doação lá desperta nelas um sabor maior pela corporeidade que quando inicialmente
começaram a se envolver no trabalho da doação. Isso é como disseram nossos
sábios (Sanhedrin, p 75b), “Rabbi Yitzhak disse, ‘Desde o dia em que o Templo foi
arruinado, o sabor do coito foi levado e dado aos transgressores’”.
Nós devemos interpretar “Desde o dia em que o Templo foi arruinado” significando quando
a Kedushá no coração do homem foi arruinada. “O sabor do coito foi levado”: O termo,
“coito”, incorpora todos os prazeres. “E foi dado aos transgressores”: Isto é perplexo. Por que
os transgressores merecem sentir prazer nas coisas corpóreas mais que aqueles que não são
transgressores? Isso é como se eles merecessem a recompensa de sentirem mais prazer por
cometerem as transgressões.
Para entender isto precisamos de ver o que é costume no mundo. Se uma pessoa consegue
contratar uma pessoa por um baixo salário, ela não lhe paga mais. Certamente, toda a pessoa
procura ter trabalhadores que trabalhem para elas e façam tudo o que ela lhes pede enquanto
ela lhes pede para pagar menos. É irrelevante dizer que ela lhe pagará mais que aquilo que o
trabalhador pede. Sucede-se que quando falamos da obra do Criador, quando a inclinação do
mal vem até uma pessoa e lhe diz, “Trabalha sobre as Mitzvot da Torá”, a pessoa lhe diz, “O
que me darás”? Então a inclinação do mal diz-lhe: “Em retorno por me obedeceres, eu te
darei, digamos duzentas gramas de prazer”. Então ela diz-lhe, “Por duzentas gramas de prazer
eu não trabalho por violar os mandamentos do Criador”. Então a inclinação do mal deve
somar outras duzentas gramas até que a pessoa não consiga mais abdicar de tal deleite e tenha
de obedecer à inclinação do mal.
Sucede-se que à medida que uma pessoa valoriza o pecado, a essa medida é difícil para ela
transgredir o Mitzvá. E uma vez que é difícil violar os mandamentos do Criador e há uma
regra que pelo trabalho duro se paga bem, à medida que é difícil para ela cometer a
transgressão, a essa medida a inclinação do mal tem de dar uma grande recompensa, ou seja,
um grande prazer em retorno pela transgressão. Mas quando não é assim tão difícil violar o
mandamento do Criador, a inclinação do mal não precisa de lhe dar uma recompensa tão
grande.
Acontece que as pessoas seculares, que não mantêm a Torá e Mitzvot de todo, não sentem que
cometem qualquer transgressão, como disseram nossos sábios (Yoma, 86b), “Se uma pessoa
comete uma transgressão e a repete, ela torna-se para ela permitida”. Assim, a inclinação do
mal não precisa de lhes dar um sabor para a transgressão, dado que não é difícil para elas
transgredir de modo a precisar de pagamento em retorno por violar as Mitzvot. É por isso que
elas não sentem um grande sabor na transgressão, dado que ela sempre encontra trabalhadores
que queiram trabalhar para ela, então ela não precisa de lhes pagar grandes prazeres.
Isto assim não é com as pessoas que não desejam cometer transgressões, que sentem durante o
ato que vão cometer uma transgressão e é difícil para elas o fazer. Devido a isso, a inclinação
do mal as tem de deixar sentir um grande sabor na transgressão, ou elas não a vão escutar e
manter suas ordens. Assim, ela lhes deve pagar com grandes prazeres.
Com isto podemos interpretar as palavras, “Desde a ruína do Templo”. Isto é, quando não há
obra de Kedushá no coração do homem, “o sabor foi levado”, ou seja, o sabor geral dos
prazeres, chamado “coito”, “e foi dado aos transgressores”, ou seja, que enquanto um sente
que comete uma transgressão, ele sente o sabor. Mas “Se uma pessoa comete uma
transgressão e a repete, ela torna-se para ela permitida” e a inclinação do mal já não lhe dá
prazer, dado que ela trabalha sem qualquer recompensa pois ela não sente peso em cometer as
transgressões.
Desta forma, os ortodoxos têm um grande engano ao pensar que os seculares desfrutam dos
prazeres corpóreos. Pois eles servem a inclinação do mal sem qualquer recompensa, dado que
sua inteira vitalidade está na sua rejeição da religião e não têm os prazeres que os religiosos
pensam, pois, a inclinação do mal não recompensa por nada.
Desta forma, não fiquem surpresos de uma pessoa vir que quando ela começou a obra de
doação recebeu mais prazer pelas luxurias corpóreas. Isso assim não é por ter sofrido uma
descida. Pelo contrário, porque agora ela não quer receber em prol de receber, mas só quer
doar, quando a inclinação do mal vem para a distrair da obra de doação ela lhe dá um sabor
maior pelos prazeres corpóreos para que ela a escute e não seja capaz de superar sua vontade
de receber.
Mas antes de ela ter começado a obra da doação, quando ela se envolveu nas luxurias
corpóreas, ela não tinha desejo tão grande pelas luxurias corpóreas, dado que ela se envolvia
nas luxurias corpóreas sem muito prazer. Mas agora que ela começou a obra da doação, se ela
não sente um grande sabor, a inclinação do mal não será capaz de fazer coisa alguma pois ela
não a vai escutar. Sucede-se que à medida que um se afasta do amor próprio começa ele a
sentir maior sabor (nas luxurias corpóreas), dado que inversamente ele não lhe obedecerá (à
inclinação do mal) de todo.
Assim se sucede que ele não precisa de ficar alarmado se no meio da obra ele receber uma
paixão pelas luxurias corpóreas, até se anteriormente não tivesse tais luxurias. Mas agora, pois
precisa de corrigir constantemente os vasos de recepção, isso significa que quanto maior o
prazer, maior é o seu desejo. Quando ele corrigir o desejo, ou seja, o superar, ele examina um
desejo chamado Kli, cada vez, ao o retirar das Klipot e o admitir em Kedushá. Por esta razão,
cada vez lhe é dada uma luxúria maior.
Porém, cada vez deve ele orar para lhe ser dada a força do alto para superar este Kli, chamado
“desejo”. Isto é chamado “correção dos Kelim na raiz da sua alma”. Estes Kelim que ele deve
corrigir, (sua correção) começa dos Kelim, ou seja, de um desejo de receber corporeidade e
finalmente chega a corrigir os Kelim, ou seja, os desejos de receber coisas espirituais. E ele
deve pedir ao Criador que lhe dê a força da Massach [tela] sobre todos eles, ou seja, a
assistência do alto, como disseram nossos sábios, “Aquele que vem para se purificar é
ajudado”.
Agora vamos clarificar o que questionámos, 1) sobre aquilo que explica o sagrado Zohar, que
ele deu o património a Jacob embora Esaú tivesse nascido primeiro. Isso explica que Esaú é
uma Klipá e foi por isso que ele saiu primeiro e Jacob saiu depois. Isto é assim pois a ordem é
que a Klipá preceda ao fruto. Questionámos, “Mas há uma resposta simples, como apresenta
RASHI no começo da porção, Beresheet [No princípio], como está escrito, “Ele deu a
conhecer ao Seu povo o poder das Suas obras’, para que caso as nações digam, ‘Vós sois
ladrões’, eles lhes digam, ‘A terra inteira pertence ao Criador. Ele a criou e a deu a quem Ele
escolhe. À Sua vontade ele a deu a elas e à Sua vontade Ele a levou delas e a deu a nós’”.
Assim, ele acrescenta outra razão aqui.
2) Por que deve a Klipá preceder ao fruto? Com o supracitado, é simples: dado que o Criador
criou o mundo e a Criação é somente um Kli. É sabido que a luz não é considerada Criação,
mas em vez disso “existência a partir da existência”. Desta forma, não pode ser dito que ele
primeiro teve de criar uma correção para a Criação, antes de Ele ter alguma coisa para
corrigir. Isto é, primeiro Ele criou o Kli, chamado “vontade de receber” e então uma correção
chamada “Tzimtzum [restrição] e ocultação” emergiu sobre esse Kli. Posteriormente as nações
do mundo se propagaram para o mundo, que é a vontade de receber em prol de receber,
nomeadamente um Kli sem correção. Um Kli sem correção é chamado Klipá.
Desta forma, não pode ser de qualquer outra maneira pois é impossível corrigir alguma coisa
que não tenha nascido no mundo. Sucede-se que ao dizer “Ele a criou” isso significa que Ele
criou o mundo de acordo com a ordem aplicada, ou seja, que primeiro surge uma deficiência e
então é possível corrigir a deficiência. Por esta razão, de acordo com a regra da raiz e ramo, o
receptor em prol de receber tem de emergir primeiro, que é o oposto do Criador, ou seja,
disparidade de forma, chamada “nações do mundo”, tal como está escrito no sagrado Zohar,
“Entre as nações do mundo, todo o bem que elas fazem, elas fazem por si mesmas”. Isto é
chamado uma “Klipá que precede ao fruto”, ou seja, que a Klipá é considerada aquilo que é
desadequado para comer pois a abundância entra nos vasos de recepção depois da correção
da Tzimtzum.
Mas posteriormente vem a correção chamada “em prol de doar, que é considerada Jacob. Isto
é chamado um “fruto” pois agora há uma correção sobre a vontade de receber, para doar
contentamento sobre o Criador. Agora é possível comer frutos dado que há equivalência de
forma aqui entre a luz e o Kli e então o Kli é recompensado com frutos. Mas a respeito
do Sitra Achra, o sagrado Zohar diz, “Outro Deus é estéril e não dá fruto”. É por isso que ele
diz que Jacob é chamado uma “aliança”, onde fazer uma aliança significa que há equivalência
de forma entre eles. Como está escrito, “Pois ela é um sinal entre Mim e os filhos de Israel
para sempre; ela é um sinal para sempre”.
Sucede-se que a resposta que deu Rabbi Yitzhak, pois é “o poder das Suas obras”, é a mesma
resposta que Ele a criou de acordo com a ordem de que a Klipá precede ao fruto. O ramo e
raiz saíram, onde a Klipá tem de vir primeiro, que é receber em prol de receber e então
emerge a correção, que é Israel ou Jacob. Sucede-se que quando diz, “Ele a levou delas e a
deu a nós”, isso significa para corrigir, dado que tal é a ordem.
347. Sobre Yenika [Amamentação] e Ibur [Impregnação]

Artigo 31, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Ibur [gestação/impregnação], Yenika [amamentação], Mochin [maturidade/grandeza] são três
graus. Assim que uma pessoa tenha sido recompensada com entrar em Kedushá [santidade],
ela começa a alcançá-los. Eles são chamados Néfesh em Ibur, Ruach em Yenika,
e Neshamá em Môchin.
Contudo, até durante a preparação para a obra, antes de um ter sido recompensado com
admissão permanente em Kedushá, estas questões ainda se aplicam. Ibur significa que uma
pessoa temporariamente Maavir [alterna/remove] seu egoísmo e diz, “Agora não quero pensar
no meu próprio benefício ou que se pareça e também não quero usar meu intelecto, embora
para mim ele seja a coisa mais importante. Isto é, dado que não consigo fazer algo que não
compreendo — ou seja, que consigo fazer qualquer coisa, mas que devo compreender o
benefício nisso — ela ainda assim diz, “Agora posso dizer temporariamente que assumo sobre
mim mesmo nesta altura que determino não usar meu intelecto. Em vez disso, acredito acima
da razão, acredito na fé nos sábios, acreditando que há um encarregado que zela por todo e
cada um no mundo em Providência Privada”.
Mas por que devo acreditar nisso e não consigo sentir que assim é? Faz sentido que se eu
pudesse sentir a existência do Criador certamente trabalharia para Ele e desejaria O servir. Por
que então há esta ocultação? O que ganha o Criador ao se esconder a Si Mesmo das criaturas?
Também, ele não fornece uma resposta para isto, mas em vez disso resposta com esta
pergunta, também, ele avança acima da razão e diz que se o Criador soubesse que não fazer a
ocultação seria melhor para as criaturas, Ele não faria a ocultação.
Acontece que para todas as perguntas que surgem na sua mente ele diz que vai avançar acima
da razão e que agora ele avança com olhos fechados e somente com fé. É como disse Baal
HaSulam sobre o versículo (Salmos, 68:32): “Cush correrá para estender suas mãos para
Deus”. Disse ele que se um puder dizer, “Cush”, ou seja, que suas Kushiot [perguntas] são
respostas, isso significa que ele não precisa de respostas, mas a pergunta em si dá-lhe a
resposta. Isto é, agora ele diz que tem uma pergunta que pode avançar acima da razão. Então,
“suas mãos são para Deus”, ou seja, que suas mãos, nomeadamente seus vasos de recepção —
das palavras, “Que uma mão alcance” — então uma pessoa é considerada inteira, com Deus.
Desta forma, o começo da entrada na obra do Criador é considerada Ibur [impregnação],
quando ele cancela seu eu e se torna impregnado no ventre de sua mãe, como está escrito,
“Escuta, meu filho, a instrução de teu pai e não esqueças o ensinamento de tua mãe”. Isto vem
do versículo, “Pois se chamares a mãe, ‘entendimento [Biná]’”, ou seja, que ele cancela o
amor próprio, chamado Malchut, cuja essência original é chamada “vontade de receber em
prol de receber” e entra nos vasos de doação chamados Biná.
Um deve acreditar que antes de ter nascido, ou seja, antes da alma ter descido para o corpo, a
alma estava aderida a Ele e agora ele anseia aderir a Ele como antes de sua descida. Isto é
chamado Ibur, quando ele anula completamente o seu eu. Contudo, embora seu coração lhe
diga que somente agora ele concorda com a anulação, mas mais tarde ele se vai arrepender,
podemos dizer sobre isto, “Não te preocupes com o amanhã”.
Também, amanhã pode não ser no dia seguinte. Em vez disso, amanhã pode ser no presente
ou no futuro. A diferença no tempo pode até ser de uma hora mais tarde.
É como disseram nossos sábios, “Qualquer um que tenha o que comer hoje e disser, ‘Que
comerei eu amanhã’? Isso é por falta de fé” (Sutah, 48). Devemos interpretar que isto
significa que se ele tiver o que comer hoje, ou seja, que ele está disposto a assumir sobre si
mesmo fé acima da razão e só pensa, “O que acontecerá mais tarde”, ou seja, que ele já
tem Reshimô[recordações] de estados em que ele pensou que permaneceria nesse estado de
ascensão para sempre, mas então desceu uma vez mais para o estado de baixeza, que é o lugar
do lixo, onde lixo significa onde todo o desperdício é jogado.
Isto é, durante a ascensão ele pensou que a inteira questão do amor próprio nada mais é senão
desperdício que deve ser jogado no lixo. Isto é, ele sentiu que a vontade de receber é lixo.
Mas agora, durante a descida, ele mesmo desce para o lugar do lixo de modo a receber
nutrições de lá, como os gatos que vasculham o lixo para achar alguma coisa para comer e se
sustentar. Similarmente, durante a descida ele é como um gato e não como pessoas mimadas
que sempre selecionam o que devem comer e o que não devem.
Este é o sentido daquilo que dizemos no Halél [Louvor]: “Ele levanta os pobres do pó,
levanta os pobres do lixo”. Correspondendo, sucede-se que quando uma pessoa se consegue
anular a si mesma um pouco e nessa altura diz, “Agora eu me quero anular perante
a Kedushá”, ou seja, não pensar sobre o amor próprio. Em vez disso, agora quer ela trazer
contentamento ao Criador e acredita acima da razão que embora ainda não sinta coisa alguma,
ela acredita acima da razão, que o Criador escuta a oração de cada boca e perante Ele,
pequenos e grandes são iguais e como Ele consegue libertar o maior dos maiores, Ele
consegue também ajudar o mais pequeno dos pequenos.
Isto é chamado Ibur, ou seja, que ele passa do seu próprio domínio para o domínio do Criador.
Contudo, ele é temporário. Isto é, se ele deseja verdadeiramente se anular a si mesmo para
sempre, mas não consegue acreditar que haja anulação para sempre agora uma vez que já
pensou muitas vezes que assim seria, mas então desceu do seu grau e caiu no lugar do lixo.
Porém, ele não precisa de se preocupar com o que comer amanhã, como foi acima dito, mais
tarde provavelmente ele cairá do seu grau, e isto é por falta de fé. Em vez disso, ele deve
acreditar que a salvação do Senhor é como um piscar de olhos. Sucede-se que dado que ele se
anula a si mesmo por enquanto e quer permanecer assim para sempre, acontece que ele tem o
valor da Ibur.
Todavia, na verdade, um deve acreditar que seu desejo de começar a obra do Criador em
anular seu eu é um chamamento do alto, pois isso não está dentro da sabedoria do homem. A
evidência para isto é que durante este chamamento, todas as perguntas que ele tinha antes de
ser chamado do alto — ele tinha muitas perguntas e cada vez que ele quis fazer alguma coisa
em prol de doar o corpo resistia e não conseguia entender se há uma pessoa no mundo que
pudesse anular seu eu perante o Criador e não se preocupar de todo com seu próprio
benefício. Ele sempre esteve sob certo medo sobre se poderia se anular a si mesmo ao
Criador.
Mas agora ele vê que todos os pensamentos e dúvidas arderam completamente e ele sentiria
grande prazer se pudesse se anular a si mesmo perante o Criador. Agora ele vê que toda a sua
razão é inútil, embora anteriormente pensasse que ninguém no mundo o poderia convencer a
se anular a si mesmo perante o Criador e ele diria que isto é trabalho difícil que não é
qualquer um que consegue entrar nele. Mas agora ele vê que nada há que interfira com sua
adesão e anulação perante o Criador.
Em vez disso, tal como foi dito acima, uma vez que isso é uma iluminação do alto, todas as
obstruções que vieram e lhe disseram o argumento dos espiões se renderam a ele e
desapareceram da vista.
Isso é como está escrito (Salmos, 103:16), “Pois o vento passou sobre ele e ele não é mais e
seu lugar não mais o conhecerá”. É como está escrito, “Pois o vento passa sobre ele”. Quando
uma pessoa recebe Ruach [espírito/vento] do alto, todas as obstruções desaparecem e até seu
lugar não é aparente. Isto é, durante a ascensão, quando ele recebe o espírito do alto, nessa
altura ele não entende como pode haver um lugar onde os ímpios possam fazer alguma coisa
com seus argumentos.
Sucede-se que durante a Ibur, quando vemos que há um tempo de aborto, ou seja, que se o
feto nasce antes do tempo das correções da Ibur ter sido completada, como alguma fraqueza
na impregnação causa um aborto, quando o feto emerge prematuramente e não consegue
existir ele morre, é o mesmo na espiritualidade. Se há uma fraqueza então uma pessoa sai
da Ibur e vem para o ar deste mundo e todos os pensamentos que existem neste mundo caem
na sua mente e todos os desejos deste mundo se apegam a ela. Isto é considerado que
a Ibur morreu.
Em O Estudo das Dez Sefirot, Parte 9 (p 788, item 83), escreve o ARI, “Devem haver portas
numa mulher, para as fechar e segurar o feto no interior para que ele não saia até que seja
completamente formado. E deve haver nela uma força que retrata a forma do feto”.
Ele explica lá na “Luz Interna” que há duas forças na Ibur: 1) Uma força de descrição, onde a
descrição do feto é Katnút [infância/pequenez], pois em prol de obter Katnút há uma ordem,
dado que a Katnút é preparação para Gadlút [idade adulta/grandeza] e sem Katnút no grau não
há Gadlút. E enquanto ele estiver em Katnút ele é ainda incompleto e onde quer que haja uma
deficiência em Kedushá há um apoio para o Sitra Achra, que pode estragar o Ibur para que ele
não seja completado. Com isto ele é abortado, ou seja, que ele nasce antes do estado
de Ibur ter sido completado.
Isto assim é pois há vinte e cinco Partzufim [plural de Partzuf] na Ibur, ou seja, NRNCHY e
em cada um deles há também NRNCHY. Portanto, deve haver uma força de impedimento, ou
seja, que até em Katnút deve haver inteireza lá. Ele recebe isto através da sua mãe, embora o
feto em si mesmo não tenha Kelim [vasos] nos quais receber Gadlút em prol de doar. Ainda
assim, ao anular-se perante a mãe ele consegue receber Gadlút dos Kelim da sua mãe. Isto é
considerado como “Um embrião é a coxa de sua mãe; ele come aquilo que sua mãe come”.
Isto é, uma vez que ele não tem escolha sua, mas em vez disso come aquilo que sua mãe
come, ou seja, aquilo que sua mãe sabe que é permitido comer, ele come, também, isso
significa que ele mudou a escolha do que é bom e do que é mau em si mesmo. Em vez disso,
tudo é atribuído à mãe. Isto é chamado “a coxa de sua mãe”, ou seja, que ele mesmo não
merece um nome.

Lá isso fala das luzes superiores, mas a mesma coisa se aplica durante a preparação, quando
querendo entrar no palácio do Rei — as mesmas ordens se aplicam. Tal como há muitos
discernimentos lá e o Ibur não é completado todo de uma vez e se diz que há nove meses de
gravidez até que ele obtenha vinte e cinco Partzufim, na preparação, também, devem haver
muitos discernimentos até que ele obtenha o completo Ibur durante a preparação. Desta
forma, há muitas subidas e descidas e por vezes o Ibur fica corrompido, que também é
chamado “aborto” e nós devemos começar a ordem o trabalho de novo.
Expliquemos a força de descrição que existe no período de preparação. A força de descrição
do Ibur é Katnút, que significa que somente em vasos de doação, quando ele se envolve em
Torá e na obra, pode ele se direcionar para fazer tudo com a intenção de doar.

Isto é, a razão pela qual ele agora se envolve em Torá e Mitzvot é pois ele acredita no Criador
e na Sua grandeza. Ele assume sobre si mesmo e doravante, todo seu prazer será que ele tenha
um desejo de servir o Rei e ele considera isto como se tivesse feito uma fortuna e como se o
mundo olhasse para ele e o invejasse que ele tivesse sido privilegiado com subir aos mais
altos graus, com os quais nenhum outro foi recompensado. Naturalmente, ele está deleitado e
não quer sentir qualquer mal no mundo, mas em vez disso que ele vive num mundo que é
todo bom.
Porém, toda a importância e alegria está naquilo que ele dá, ou seja, naquilo que ele quer dar
ao Criador. Ou seja, durante o dia ele tem um pensamento: “O que devo fazer que agrade ao
Criador”? Isto é, por um lado dizemos que uma pessoa precisa de trabalhar não em prol de
receber recompensa, mas somente pelo Criador. Por outro lado, dizemos que ela deve
desfrutar e imaginar como pode ela desfrutar.
Significa isto que ela deve descrever imagens de grandeza e importância de como
valorizamos Reis de carne e osso ou outros líderes mundiais e ver como o público os
valoriza. Posteriormente devemos aprender do mundo como eles desfrutam de servir os
líderes mundiais e usar isto para a grandeza do Criador, que quando ela serve o Criador ela
deve sentir o mesmo prazer como eles desfrutam de servir líderes mundiais.
Inversamente, se ela não derivar grande prazer de se envolver em Torá e Mitzvot, esse é um
sinal que ela não valoriza o Criador como eles valorizam e recebem deleite e prazer de
servirem líderes mundiais.
Portanto, quando ela fala para o Criador, ela primeiro deve descrever de quem fala ela, ou
seja, a Sua grandeza e importância. Isto é, de que maneira e que reverência falo eu para Ele e
Ele escuta e olha para mim quando falo para Ele.
Por exemplo, quando uma pessoa come um bolo ou certo fruto, sabemos que devemos
acreditar que o Criador criou todos estes e agora desfrutamos do que foi preparado para nós
desfrutarmos. Nós nos voltamos para Ele e Lhe agradecemos por isto e dizemos,
“Agradecemos e Te louvamos por este prazer e dizemos, ‘Abençoado sejas Tu, Ó Senhor,
criador do fruto da árvore’”.
Nessa altura uma pessoa consegue monitorizar o que ela acaba de dizer ao Criador, que
reverência sentiu ela enquanto falava para Ele e o que ela sente depois de ter falado para Ele,
ou seja, que impressão é deixada nela, que exaltação, dado que se ela acredita
verdadeiramente que ela falou para o Rei, onde estão a excitação e exaltação? Está escrito
sobre isso: “Se Eu sou um pai, onde está Minha honra? Se Eu sou um mestre, onde está o
temor de Mim”?
Se olharmos mais de perto podemos detectar dois discernimentos nesta ação: 1) ela desfruta
do fruto que come. Esta alegria que ela tem do fruto pertence à vontade de receber animal.
Isto é, os animais também gostam de comer e beber. Não há necessidade que o homem receba
tal prazer e é por isso que este prazer é chamado “prazer animalesco”.
Mas na bênção e gratidão que ela dá ao Criador por isso, nisto devemos fazer vários
discernimentos. No segundo discernimento da citada ação, ou seja, a alegria de agradecer ao
Criador, isto pertence especificamente ao homem e está ausente nos animais. Há muitos
discernimentos aqui pois nesta ação, que pertence ao homem, há muitos graus para discernir.
Por exemplo, no homem devemos discernir a medida de fé — quanto acredita ele que o
Criador lhe deu todos os prazeres para desfrutar. Posteriormente devemos discernir, na fala
que ele diz para o Criador — a que medida ele acredita que fala para o Criador.
Posteriormente devemos discernir a que medida ele acredita na grandeza e importância do
Criador. Nisso, está certo que cada pessoa é diferente. E na própria pessoa devemos discernir
de acordo com seu presente estado, pois uma vez que uma pessoa está a caminhar, ela pode
estar a ascender ou a descer. Logo, numa pessoa podemos discernir vários estados, como está
escrito, “E Eu te darei movimentos entre aqueles que estão de pé”.
Acontece que na vontade de receber prazer, que no geral pertence à besta, nada há para
discernir, dado que ela é prazer em geral. Isto assim não é com o prazer que pertence ao
homem. Lá devemos ter feito já vários discernimentos. Sucede-se que a base da alegria que
pertence ao homem não é atribuída aos vasos de recepção. Em vez disso, ela pertence
à doação pois todo o seu prazer é construído sobre o Criador. Isto é, todo o combustível do
qual ele tem Kelim [vasos] para trabalhar depende da grandeza do Criador e não da medida do
prazer do homem. Significa isto que a medida do prazer depende da medida à qual ele assume
a grandeza do Criador.
Isto se chama “prazer que vem até uma pessoa indiretamente”. Ela quer doar sobre o Rei
diretamente e à medida que ela descreve a grandeza do Rei, a essa medida ela está mais feliz
por estar a deleitar um grande Rei. Ela recebe prazer indireto disto. Sucede-se que o prazer é
permitido somente desta maneira, pois ela não tenciona o prazer pessoal quando serve o Rei,
mas a importância do Rei a compromete a servir o Rei.
Sucede-se que sua intenção é deleitar o Rei, fazer o Rei feliz, então acontece naturalmente que
ela desfruta. Tal prazer é permitido pois quando ela recebe este prazer não há questão de
vergonha aqui, chamada “pão da vergonha”, pois seu prazer é de dar e não de algo que ela
recebe diretamente do Criador.
Quando ela desfruta de algo que o Criador lhe dá isso é considerado prazer que chega
diretamente do Dador, como luzes. Isto é chamado Ór Chochmá [Luz da Sabedoria], que vem
até ao receptor diretamente. Isto é, o receptor desfruta da recepção e isto requer uma
correção, chamada “direcionar para doar”. Mas se seu prazer é porque ele dá ao Criador e ele
desfruta de O servir, este prazer é considerado chegar indiretamente pois sua intenção é que o
Rei desfrute e ele não pensa desfrutar disto.

Foi dito sobre isto: “Serve o Senhor com alegria”. Isto é, a alegria deve vir até uma pessoa de
servir o Criador. Porém, se ela serve sem alegria isso é por falta de fé na grandeza e
importância do Rei. Inversamente, deve haver alegria e animo sem qualquer preparação para
isso, ou seja, que ela não precisa de ver que ela vai desfrutar da obra, mas precisa zelar por se
preparar a si mesma para saber a Quem ela serve e qual Sua importância. A alegria é o
resultado. Logo, se ela não tiver alegria na obra esse é um sinal de que ela não faz ideia da
importância do Criador e então se deve corrigir a si mesma em questões de fé.
Portanto, ela não precisa de trabalhar para ter alegria em servir o Criador. Em vez disso ela
deve trabalhar para obter a importância e grandeza do Criador. Isto é, em todas as coisas que
ela faz, aprende e se envolve em Mitzvot [mandamentos], ela quer recompensa pelo seu
trabalho — de ser recompensada com a grandeza e importância do Criador. À medida que ela
recebe a importância do Criador ela será naturalmente atraída a se anular perante Ele e vai
desejar servir a Ele.
Tudo o que dissemos até agora é considerado Ibur pois ela deve acreditar que tudo vem do
Criador, lhe dando o pensamento e desejo de se anular perante Ele. Em tal altura ela deve
encontrar um lugar de descrição, ou seja, de como ela é inspirada por este despertar e criticar
e certamente encontrará deficiências para corrigir lá. Mas quando ela vê o que lá falta, ela não
consegue estar feliz pois toda a deficiência lhe causa sofrimento, então como pode ela ser
feliz? Por outro lado, não é bom ser tão deficiente, de acordo com a regra de onde há uma
deficiência na Kedushá [santidade] há um apoio para as Klipot[cascas/peles] e ela pode cair
do seu grau e receber desta fraqueza na obra.
Desta forma, uma pessoa deve ver-se a si mesma em inteireza, de que ela não tem deficiência.
Ela vê-se a si mesma como feliz com sua vida e tendo onde achar prazer de ver que há muitas
pessoas como ela que não desfrutam da vida que ela desfruta e se elas tivessem o prazer que
ela tem, todas elas a invejariam.
Digamos, por exemplo, que há prisioneiros e ninguém é permitido sair da prisão para respirar
algum ar, mas um homem ganha o favor do diretor e ninguém sabe disso, mas ele o deixa em
liberdade uma hora por dia. Ele vai a casa visitar e então regressa à prisão. Quão feliz é esse
homem? 1) Ele é feliz pois ele visita o seu lar. 2) Quando ele olha para o resto dos
prisioneiros, a quem não é dada esta liberdade, ele deriva imenso deleite e prazer de olhar
para os outros, que se sentam na prisão sem verem qualquer luz que há no exterior.
Significa isto que além do seu próprio prazer, ou seja, do prazer que ele mesmo desfruta, ele
consegue receber prazer daquilo que está fora dele. Ele desfruta de ver que ele tem e que os
outros não têm. Sucede-se que este prazer vem do exterior, ou seja, de olhar para o exterior e
ver como eles sofrem de não terem quaisquer saídas, enquanto ele desfruta de suas saídas.
Acontece que devemos discernir dois prazeres aqui: 1) o prazer que ele recebe de desfrutar, 2)
o prazer que ele recebe de ter aquilo que os outros não têm, que é chamado “receber alegria
do exterior”. A lição é que uma vez que estamos encarcerados, isso é como dizemos
(nas Kaparot [expiações] da véspera de Yom Kippur [Dia da Expiação]), “Habitantes das
trevas e da sombra da morte, prisioneiros da pobreza e do ferro, Ele os libertará das trevas e
da sombra da morte”.

Nós pecámos e fomos colocados na prisão onde são colocados todos aqueles
que pecaram perante o Rei, onde eles não veem luz sua vida inteira, ou seja, que lhes é dada
uma sentença de prisão perpétua. Eles são desconectados dos pais, chamados “pais do
mundo”, como disseram nossos sábios (Tana de Bei Eliyahu Rába, Capítulo 25), “Quando
irão minhas ações alcançar as ações de meus pais”?
Isto é, onde está a conexão com os pais, onde um conhece as boas ações dos pais, pode-se
dizer que ele questiona, “Quando alcançarão minhas ações as ações de meus pais”? Ou seja,
que ele, também, tenha a habilidade de fazer boas ações como os pais. Pois por causa do
pecado — como foi dito, “Pelos nossos pecados fomos exilados de nossa terra” — nós fomos
colocados na prisão, completamente desconectados dos pais, ou seja, que não sabemos que
tivemos pais que estiveram aderidos ao Criador e não fazemos ideia que também nos pertence
dizer que queremos fazer coisas pelas quais possamos aderir ao Criador.
Se sucede que as pessoas que foram sentenciadas à prisão perpétua não veem luz suas vidas
inteiras e aceitam sua situação. Elas se acostumam a desfrutar só daquilo que o diretor pensa
que lhes deve dar como sustento e o hábito as faz esquecer daquilo que em tempos tiveram —
uma vida fora da prisão, onde desfrutaram da vida que escolheram para si mesmas e não
tinham de aceitar sustento de acordo com os termos da prisão. Contudo, elas se esqueceram
de tudo.
A lição é que um deve estar feliz que o diretor o ame e desta forma lhe tenha dado alguma
liberdade para cada dia caminhar fora da prisão e desfrutar aquilo que as pessoas inocentes
desfrutam, ou seja, como se ele nunca tivesse pecado contra o Rei. Ele caminha até casa e
participa com todos na sua família e com o resto de seus amigos e amados, mas então ele tem
de regressar à prisão.
Isto acontece cada dia. Isto é, quando um desejo vem até uma pessoa de entrar na sinagoga e
orar e aprender um pouco e sentir um pouco que há vida espiritual, que ela finalmente acredita
nisso, ou seja, que ela tem fé, isso é chamado “sensação diminuta sobre todas as coisas
em Kedushá”, que ela recebe iluminação de longe. Isto é, embora ela ainda esteja longe da
equivalência de forma, pois uma vez que ela pecou com o amor próprio, chamado
“disparidade de forma”, ela foi sentenciada à prisão perpétua. Prisão é onde não há vida
espiritual, mas um lugar para os ímpios que pecaram contra o Rei.
Mas ela foi favorecida pelo diretor, que lhe dá um pensamento e desejo de desfrutar de uma
vida de humanos, como em “Vós sois chamados ‘homem’ e as nações do mundo não são
chamadas ‘homem’”, uma vez que eles desfrutam de comida de homem, chamada uma “vida
espiritual”, quando eles estão conectados ao Rei dos Reis, ou seja, que eles sentem
temporariamente que estão a falar com o Rei.
Quando uma pessoa imagina que ela é favorecida pelo diretor, que lhe deu uma saída
temporária, embora ela saiba que mais tarde ela terá uma descida e terá de regressar à prisão,
até enquanto na prisão ela ainda pode ser feliz pois ela sabe de experiência passada que há
sobes e desces. Assim, até quando ela regressou à prisão ela sabe que por vezes é favorecida
pelo diretor que lhe dará outra saída temporária e nesse breve momento ela será capaz de ver e
rogar com seus amigos para a libertarem completamente.

Significa isto que até durante uma descida ela por vezes recebe pensamentos de que já está
habituada a ser ejetada dos pensamentos e desejos dos pecadores que estão imersos em amor
próprio. Mais tarde, quando ela recebe um chamamento do alto, pois assim ela acredita os
pensamentos e desejos que ela tem durante a descida, ela sente que é impossível que alguma
vez seja capaz de sair do amor próprio, pois ela vê a resistência do corpo. Cada vez a
resistência assume formas diferentes e cada argumento é diferente do outro, mas todos eles
são o mesmo para a fazer ver que é difícil e que não há tal coisa na realidade como uma
pessoa que possa sair deles.
Ainda assim, ela vê que quando um despertar do alto vem até ela, ela se esquece de todos seus
argumentos e todos eles ardem como se nunca tivessem existido. Agora ela quer somente uma
coisa — se anular perante o Criador e agora ela sente prazer especificamente nisto.
Devido a isto, quando um tem algum apoio na espiritualidade, até se for o mais pequeno dos
pequenos, ele já consegue se sentir feliz e completo, por duas razões: 1) Lhe foi dada uma
saída. Ele desfruta de estar temporariamente fora da prisão, ou seja, fora da Torá e Mitzvot. 2)
Ele desfruta de ver que todos os outros estão na prisão. Ele olha para eles com pena e por
vezes quer pedir misericórdia por eles, que o Criador os permita sair da prisão.
Agora podemos entender que durante a Ibur, quando sua força de descrição é somente Katnút,
quando ele consegue com dificuldade observar Torá e Mitzvot com qualquer intenção, ele
deve acreditar que é muito importante que o Criador lhe tenha dado um lugar para abandonar
o resto das pessoas no mundo, que não têm conexão ao Judaísmo e cujas aspirações estão
vestidas somente em prazeres animalescos, ou seja, que elas se acomodam com aquilo que
alimenta e sustenta as bestas. Quanto à espiritualidade, elas se orgulham a si mesmas de não
serem estupidas como os religiosos, que dizem que há uma questão de vida espiritual.
Certamente, elas têm um sentido forte e claro de que estão certas. Elas dizem para si mesmas,
“Nós somos as mais espertas na geração no sentido que não acreditamos na espiritualidade e o
propósito de nossa vida é somente nossa vida corpórea”.
Elas sabem de certeza que não há espiritualidade no mundo, a tal medida que querem fazer os
religiosos saberem também que o senso comum dita que não há nada no mundo senão vida
corpórea, tal como os animais. Elas são ainda mais chicos espertos que — por viverem como
os animais — chegaram à conclusão que não devemos comer animais pois o falante não tem
um sentido mais elevado que o animal, então porque os devemos comer se todos estamos no
mesmo grau e temos o mesmo propósito?
Sucede-se que por um lado, um deve valorizar o pensamento e desejo de fazer coisas simples
sem qualquer entendimento ou intelecto, mas completamente acima da razão e acreditar que
até o mais pequeno desejo de observar Torá e Mitzvot também lhe foi dado pelo Criador pois
Ele o favorece. Contudo, ele não sabe que mérito tem ele sobre as outras pessoas a quem o
Criador deixou na vida corpórea enquanto o escolhendo do meio de todas as pessoas, como na
alegoria da prisão. Esta questão lhe deve trazer alegria e inteireza e porque ele sente inteireza
ele pode agradecer ao Criador por isso. Isso é como disse Baal HaSulam, “À medida que uma
pessoa agradece ao Criador por a ter aproximado um pouco mais, a essa medida ela sempre
recebe ajuda do alto”.

Nós podemos interpretar que a razão é que se uma pessoa entende que deve agradecer ao
Criador, isso não significa que o Criador lhe deva agradecer como na carne e osso. Em vez
disso, a questão é a medida à qual ela entende que deve agradecer a Ele. Nessa altura, ela
começa a pensar sobre quanta gratidão eu devo dar a Ele.
Há uma regra que à medida da dádiva é a medida da gratidão. Por exemplo, se alguém ajuda
outra pessoa, que não tinha emprego de modo a ganhar a vida e ela foi e trabalhou por ela e
achou-lhe um emprego, naturalmente ela sente profunda gratidão.
Mas se, por exemplo, uma pessoa comete um crime contra o governo e o juiz a condena a
vinte anos de prisão e ela deve abandonar sua família e já tem filhos e filhas que deve casar e
acaba de começar um negócio, ou seja, começou uma empresa com cem trabalhadores, mas
entretanto só tem cinquenta trabalhadores e agora de acordo com o crime pelo qual foi
apanhado terá de ser encarcerado durante vinte anos, ele fica preocupado com o resultado dos
seus planos e sobre sua família enquanto ele está separado do mundo. Ele diz que agora
preferia morrer que viver na prisão e se preocupar com tudo.
E junto com isso vem um homem que lhe dá algumas dicas pelas quais ele é absolvido de
todas as acusações e é liberto. Então a pessoa certamente começa a pensar sobre o que ela
pode dar a este homem que salvou sua vida. Indubitavelmente, agora este homem tem senão
uma preocupação: “Com o que posso mostrar a este homem meu coração, que todos os meus
ossos lhe agradecem e o louvam”. Está escrito, “Todos meus ossos dirão” canções e louvores
por este homem.
Ocorre que ao lhe agradecer ele começa a contemplar a medida de salvação que ele lhe deu
de modo a saber que tipo de gratidão ele lhe deve dar. Por causa disso, quando uma pessoa
agradece ao Criador isso depende da medida à qual ela valoriza a importância do Criador a
libertar da prisão por um momento para respirar um pouco mais do ar do mundo de Kedushá.
Assim ocorre que uma pessoa sofre uma descida pois ela não valorizou se aproximar do
Criador e não o valorizar causou sua perda. Isso é como disseram nossos sábios, “Quem é um
tolo? Aquele que perde aquilo que lhe é dado”. Significa isto que ela não tem o intelecto
para valorizar a medida de se aproximar da Torá e Mitzvot, ou seja, que uma pessoa deve
acreditar que até a mais minúscula coisa em Torá e Mitzvot é também muito importante
embora ela ainda não sinta sua importância.
Acontece que fé está nas coisas que o homem ainda não consegue sentir ou alcançar. Nessa
altura ele deve acreditar nos sábios, naquilo que nossos sábios nos disseram para acreditarmos
que assim é, ou seja, como nossos sábios nos disseram e não como nós sentimos. Isto é assim
pois nossas sensações ainda não estão desenvolvidas em nós de modo a sentirmos esses
sentimentos que se propagam quando sabemos que falamos com o Rei. Isto é simples: Se um
sabe que ele fala com o Rei, ele não precisa de se preparar a si mesmo para sentir a
importância do Rei pois isso é uma coisa natural e ele não precisa de trabalhar sobre isso
desnecessariamente.
De acordo com isso, qual é a razão que uma pessoa não está excitada enquanto diz palavras de
gratidão e palavras de Torá quando ela acredita que é a Torá do Criador? A razão é que sua fé
ainda não é fé completa, ou seja, que sua fé será como claro conhecimento, mas em vez disso
sua fé ainda é deficiente.

Em vez disso, ela deve trabalhar em acreditar que fala para um Rei importante e sensação é
algo que vem sem trabalho, uma vez que a sensação é somente um resultado de algo novo que
inspira uma pessoa. Sucede-se que o trabalho principal é o trabalho sobre a fé, de acreditar
que Ele é um grande Rei.
Esta é a questão apresentada em vários lugares no sagrado Zohar, que um deve orar pelo
exílio da Shechiná [Divindade], ou em outras palavras, a “Shechiná em exílio” ou
“Shechiná no pó”. Isto é, nós não temos a importância de perante quem oramos ou falamos,
ou agradecemos tanto pelos prazeres como Mitzvot. Também, nós não contemplamos o valor
sobre de quem são as Mitzvot nós mantemos. Tudo isto é chamado “Shechiná no exílio”.
Naturalmente, não podemos ter uma sensação para observar a Torá e Mitzvot pois há uma
regra que uma pessoa não é inspirado por algo pequeno, até à medida que certa excitação
venha até ela.
Assim acontece que um deve servir o Criador com alegria, ou seja, em qualquer que seja o
estado em que esteja, até se estiver num estado de baixeza e se sinta completamente sem vida
enquanto se envolve em Torá e Mitzvot, ele deve imaginar para si mesmo que agora observa
o Mitzvá [singular de Mitzvot] da fé acima da razão. Isto é, embora o corpo lhe mostre que ele
está em baixeza, ainda assim ele se consegue fortalecer e dizer, “Minha observação de Torá
e Mitzvot sem qualquer intenção é muito importante” pois de facto, ele observa tudo na
prática, mas carece da direção. Isto é, se ele também tivesse a intenção certa, o corpo ficaria
satisfeito e ele se sentiria um ser humano completo.
Mas agora que o corpo não consegue desfrutar de Torá e Mitzvot, então tudo que aqui falta é o
prazer do corpo. Mas dado que ele quer trabalhar pelo Criador, sucede-se que especificamente
agora, em que o corpo não tem prazer, ele consegue trabalhar mais em prol de doar. Se ele
acreditar acima da razão que isto assim é, esta superação é chamada “despertar de baixo”.
Posteriormente ela deve receber sustento pois agora ela realmente está aderida ao Criador e
quer servir o Criador sem nada em troca.
Porém, se ele não conseguir avançar acima da razão, então dois guardas veem até ele e o
colocam na prisão junto com todos os que pecam contra o Rei. Esses dois guardas são
“mente” e “coração”. Nessa altura ele é condenado por quanto tempo for condenado e então
lhe é dada uma saída breve para examinar seu comportamento. Isto continua até que tenham
piedade dele do alto e é liberto da prisão.
Sucede-se que precisamos de duas coisas: a primeira é a força de descrição, que é Katnút e a
segunda é a força de impedimento para prevenir o aborto, ou seja, para não mimar o Ibur. Nós
precisamos da força de descrição pois há uma regra que não há luz sem um Kli, ou seja, não
há preenchimento sem uma carência, então se não há Katnút, nunca haverá Gadlút.
Contudo, nós precisamos de força para nos segurarmos enquanto nos sentimos deficientes
pois a deficiência significa que ela lhe dói e que ele é ainda incompleto. É sabido que é difícil
tolerar o sofrimento. Se ele não vê um fim para o sofrimento, ele foge da campanha. Sucede-
se que devemos dar-lhe inteireza para que ele se consiga segurar e não fuja da guerra da
inclinação. Porém, não lhe deve ser dada uma mentira, ou seja, para se enganar a si mesmo e
dizer que ele é inteiro, uma vez que está escrito, “Aquele que fala falsidade não será
estabelecido perante Mim”.
Deste modo, quando dizemos para uma pessoa, “Tu vês que todos estão encarcerados”, tal
como na citada alegoria, “E esqueces que eles até têm amigos e pais”, que são pessoas que se
envolvem em Torá e Mitzvot e que são amigas com suas almas. Elas se esquecem de tudo e
pensam que tudo o que há no mundo são pessoas encarceradas e um diretor que as controla,
ou seja, que elas estão sob julgamento da inclinação do mal e elas se consideram aquele que
vai contra sua visão como louco, ou seja, que elas abandonam a vida corpórea de desfrutar da
prisão e procuram algo acima da razão, ou seja, de acreditar que há maior prazer que as
alegrias da vida corpórea.
Mas ele calcula para si mesmo que é muito privilegiado por ter sido favorecido pelo Criador e
que Ele o libertou até momentaneamente da vida corpórea para respirar algum ar de Kedushá.
Ele deve estar tão feliz quando as considera e a si mesmo. Certamente, esta inteireza é
considerada verdadeira inteireza pois vemos na corporeidade que uma saída temporária, da
citada alegoria da prisão, dá tanta alegria a uma pessoa quando ela vê que foi favorecida pelo
diretor e que todos os prisioneiros não foram privilegiados com isso.
Além desta inteireza ser verdadeira, uma pessoa deve fazer grandes esforços para o valorizá-
lo, uma vez que este trabalho levanta a importância do trabalho ao valorizar um pequeno
serviço na espiritualidade. Com isto mais tarde somos recompensados com aumentar a
importância até um ponto em que um pode dizer que ele não tem modo de valorizar a
importância de servir o Rei. Isto é chamado Ibur.
Ibur significa que o despertar vem do superior. Mas durante a preparação, que é antes que um
seja recompensado com a admissão no palácio do Rei, onde Ibur é quando ele é
recompensado com NRNCHY de Nefesh, há muitos sobes e desces. Porém, tudo entra
no Ibur uma vez que tudo vem do despertar do alto.
Da perspectiva da preparação, Yenika significa que ele se desperta a si mesmo e quer mamar
alguma coisa de Kedushá através de livros e autores, para que possa reanimar o espírito com
vida espiritual. Por esta razão, quando ele se envolve em Torá e Mitzvot ele deseja suscitar
deles a luz da Torá que o reforma, como disseram nossos sábios, “Eu criei a inclinação do
mal; Eu criei a Torá como tempero”.
Porém, em prol de suscitar a luz da Torá nós temos de ter fé, como está escrito na “Introdução
para o Livro do Zohar”. A razão é que ele acredita no Criador e na Sua Torá e quer aderir a
Ele, mas vê que não consegue devido ao mal nele, que é a vontade de receber e esta forma o
faz ser removido do Criador. Por esta razão, sua fé é também inconsistente, como está escrito
na Sulam [comentário sobre O Zohar], que a fé não pode estar numa pessoa permanentemente
pois enquanto ele não tiver temor — que é considerado temer constantemente que possa não
ser capaz de doar, mas que venha a desejar receber em prol de receber, que é disparidade de
forma—a luz da fé não pode estar nele permanentemente.
Acontece assim que não pode haver fé permanente se ele não tiver Dvekút [adesão], chamada
“equivalência de forma”. Mas de onde irá buscar esta força que consiga superar sua natureza,
que está somente em disparidade de forma? Foi dito sobre isto, “Um sempre se deve envolver
em Torá e Mitzvot, até Lo Lishmá [não pelo Seu bem] e de Lo Lishmá chega ele a Lishmá
[pelo Seu nome] pois a luz nela o reforma” (Pesachim, 50). Ocorre que a luz na Torá é o que
o reforma, mas isto foi dito especificamente quando ele quer a luz na Torá de modo a o
reformar, ou seja, para direcionar todas suas ações para doar sobre seu Fazedor.
Logo, ao reformá-lo, que significa que ele tem Dvekút, então será ele recompensado com fé
permanente. Mas uma pessoa que não está preocupada com ter somente fé parcial e aprenda
Torá somente quando ela consegue derivar prazer que entrará nos vasos de recepção e não
está preocupada com os vasos de doação, ela não tem necessidade da luz da Torá para lhe dar
o remédio para a reformar. Isto é, para lhe dar a força para corrigir suas obras para que sejam
somente para doar contentamento sobre seu Fazedor, que é chamado Dvekút e com a qual
será ele recompensado com fé permanente.
Isto assim não é se ele não precisar de fé permanente e não precisar de Dvekút e ele espera a
luz pois a luz na Torá vem do superior e há deleite e prazer nesta luz. Sucede-se que ele
deseja a luz não em prol de o ajudar a transformar seus vasos de recepção em vasos de
doação. Em vez disso, ele quer a luz para fazer o oposto daquilo que é suposto ela fazer.
O propósito da luz é para o reformar. “Boa” como está escrito, “Meu coração transborda de
uma coisa boa; Digo, ‘Minha obra é pelo Rei’” (Salmos, 45). Isto é, “boa” significa aquilo
que concede ao homem os vasos de doação. Mas ele quer a luz em prol de desfrutar dela, ou
seja, que esta luz aumentará seus vasos de recepção. Isto é o exato oposto daquilo que a luz
deve dar. Ele quer receber dela e desta forma a luz não virá até ele.
Na “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” (item 15), escreve ele que um não deve esperar
que o envolvimento em Torá e Mitzvot Lo Lishmá o traga a Lishmá, a menos que saiba no seu
coração que foi recompensado com fé no Criador e Sua Torá adequadamente, pois então a luz
nela o reforma e ele será recompensado com o dia do Senhor, que é todo luz, dado que a
Kedushá da fé purifica os olhos do homem para que eles desfrutem da Sua luz até que a luz na
Torá o reforme. Similarmente, os olhos daqueles sem fé estão cegos para a luz do Criador.
Nós devemos interpretar aquilo que ele diz, que a luz da fé aparece para aqueles que têm fé.
De acordo com o que explicámos, aqueles que foram recompensados com fé permanente já
têm abundância. Contudo, isto é, como disse Baal HaSulam sobre o que está escrito, “Trará
sabedoria aos sábios”. As pessoas questionam, “Devia ter dito, ‘Trará sabedoria aos tolos’”. E
ele disse que uma vez que não há luz sem um Kli [vaso], a sabedoria não pode ser dada aos
tolos, dado que eles não têm a necessidade. De acordo com isso, o que significa “Dará
sabedoria aos sábios”? Isso é para aquele que tem o desejo de ser sábio, que tem um Kli. Ele
pode receber o preenchimento, dado que não há preenchimento sem uma carência.
Devemos deste modo interpretar desta maneira a respeito das questões da fé, também. Isto é,
aquele que tem uma necessidade de fé pois ele vê que só tem fé parcial, como acima dito (Na
“Introdução”, item 14) — e deseja ter fé completa—é chamado “fiel”. Significa isto que ele
tem um desejo e necessidade da luz da fé. Aquelas pessoas que procuram a fé, para elas a luz
da Torá aparece. É por isso que está escrito que a Kedushá da fé purifica os olhos do homem
para que também eles possam desfrutar da Sua luz até que a luz na Torá o reforme.

Assim ocorre que Ibur significa o despertar do alto que uma pessoa recebe. Tal como
o Ibur corpóreo depende dos pais, aqui, também, ele depende do chamamento que vem do
alto, quando um é evocado a se arrepender e ele começa a pensar outros pensamentos. Então,
todos os desejos que ele tinha antes do arauto que recebeu do alto são queimados e não
merecem um nome.
Reciprocamente, Yenika significa que ele começa a procurar por si mesmo
que Yenika [amamentação] receberá ele dos livros e autores. Ele quer mamar a luz da Torá
deles em prol de ter a habilidade de se apegar ao Criador e ser recompensado com fé
completa.
357. A Razão para Endireitar as Pernas e Cobrir a Cabeça Durante a Oração

Artigo 32, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito em O Zohar (Vaetchanan, item 10): “Vinde e vede, aquele que se põe de pé
durante a oração deve endireitar suas pernas e cobrir sua cabeça como aquele que está de pé
ante o Rei e ele deve cobrir seus olhos de modo a não olhar para a Shechiná [divindade]”.
Em O Zohar (Vaetchanan, item 11) questiona ele, “Dizeis, ‘Aquele que olha para a Shechiná
enquanto ora’. Mas como pode ele olhar para a Shechiná? Ele responde, ‘Isso é para verificar
que a Shechiná se encontra na sua frente durante sua oração. É por isso que ele não deve abrir
seus olhos’”.
Devemos entender o que implica a questão de endireitar as pernas, pois parece ser uma
condição na oração, ou seja, que isso implica um assunto importante, então qual é? Devemos
também entender por que devemos cobrir a cabeça durante a oração. Não pode ser dito que
isso significa que devemos cobrir a cabeça com o Talit [xaile de oração] durante a oração,
pois isto diz respeito somente à oração matinal. Mas nas orações da tarde e da noite, que
oramos sem um Talit, como podemos falar de cobrir a cabeça? Então como podemos falar de
cobrir a cabeça? O que implica isso?
Também, o que significa cobrir os olhos? Nós cobrimos nossos olhos quando fazemos a
leitura da Shemá, mas aqui diz ele que durante a oração também devemos cobrir nossos olhos,
então devemos saber o que implicam estas palavras. Também devemos entender a resposta do
sagrado Zohar à pergunta, “Como pode ele olhar para a Shechiná”?
Ele explica que isso é para verificar que a Shechiná se encontra na sua frente durante sua
oração. Mas a resposta é pouco clara: Qual é a ligação entre fechar os olhos e saber que
a Shechiná se encontra na sua frente? Para entender o citado devemos regressar à questão
inteira da obra da criação, para que serve e qual é o grau que a Criação deve alcançar?
É sabido que o propósito da criação foi fazer o bem às Suas criações. Isto vem com a famosa
pergunta, “Por que então o deleite e prazer não são evidentes para toda e cada uma das
criaturas? Em vez disso, vemos o oposto: o mundo inteiro sofre e é atormentado antes que
obtenham algum deleite e prazer. Na maioria, quando uma pessoa reflete, ela diz aquilo que
disseram nossos sábios, “Teria sido preferível que o homem não nascesse a ter nascido”
(Iruvin, 13). Nas suas palavras, “Teria sido preferível que o homem não nascesse a ter
nascido”.
É sabido que a resposta é que em prol de não ter vergonha, chamada “pão da vergonha”, nos
foi dada uma correção chamada “equivalência de forma”. Significa isto que todo o deleite e
prazer que um recebe deve ser com a intenção de doar. Em prol de ser capaz de se habituar a
si mesmo a receber prazeres em prol de doar. Em prol de ser capaz de se habituar em prol de
doar teve de haver uma Tzimtzum [restrição] e ocultação, para que não víssemos os grandes
prazeres vestidos na Torá e Mitzvot [mandamentos] imediatamente.
Podemos aprender a ordem da obra em prol de doar nas questões corpóreas, onde há somente
pequenos prazeres, que chama o sagrado Zohar uma “luz muito ténue”. Isto é, centelhas
divinas caíram nas Klipot [cascas/peles] para que elas possam existir. Nessa luz, que se
encontra nos prazeres corpóreos, podemos aprender como os receber em prol de doar pois
sobre pequenos prazeres é mais fácil nos habituarmos a recebê-los somente em prol de doar.
Isto é, é mais fácil dizer, “Se eu não conseguir direcionar para doar eu abdico deles e não
quero receber estes prazeres pois com eles me torno separado do Criador”.
É sabido que Ele trabalha somente para doar e o inferior quer receber especificamente.
Portanto, não há equivalência de forma aqui. Por esta razão, ou seja, uma vez que ele quer
aderir ao Criador, a ação da recepção o separa da sensação do Criador devido à Tzimtzum e
ocultação que tomaram lugar para que ele se pudesse habituar a si mesmo a ser capaz de fazer
coisas e as direcionar para doar. Mas se a Providência do Criador estivesse revelada, o deleite
e prazer seriam revelados e o homem não seria capaz de superar seus vasos de recepção.
Com isto vamos entender aquilo que disseram nossos sábios, que durante a oração um homem
deve endireitar suas pernas. Raglaim [pernas] vem da palavra Meraglim [espiões]. Isto é, o
argumento dos espiões vem até uma pessoa. Eles viram que não era vantajoso começar a obra
para alcançar a terra santa, que é a terra de Israel, por duas razões: 1) O que ganharia a
vontade de receber se ela caminhasse sobre o caminho que alcança somente o Rei? Isto é, ela
trabalharia com seu trabalho que faz pelo Criador e a vontade de receber não beneficiaria, mas
perderia e o desejo de doar ganharia. Mas que terá a vontade de receber, que é o coração do
ser criado? 2) Até se dissermos que é vantajoso servir ao Rei, que isso traz ao homem grande
prazer, nem toda a pessoa é adequada para isto. Isto deve exigir estipulações especiais, que
são especificamente para pessoas nascidas com grandes talentos e coragem, que conseguem
superar todos os obstáculos que se encontram quando se querem aproximar
da Kedushá [santidade].
Em vez disso, é suficiente para nós permanecermos no mesmo nível que o todo de Israel. Por
que devemos procurar graus mais elevados que o público geral? Eu não preciso de ser uma
exceção e estou contente ao simplesmente manter Torá e Mitzvot, sem quaisquer intenções.
Este trabalho certamente será mais fácil pois é mais próximo de nossos vasos de recepção.
Por que devo eu olhar para uma mão cheia de gente que diz que o mais importante é trabalhar
pelo Criador? Seguramente, o público inteiro trabalha para o Criador, então eu serei como um
deles. Isto é chamado “espiões”.
Foi dito que durante a oração ele deve fortalecer suas pernas. Significa isto que ele deve dizer
aquilo que os espiões lhe mostram, deste modo, que somente uma mão cheia de pessoas
dizem que devemos caminhar neste caminho, que somente este caminho é a verdade e não os
outros caminhos, embora eles sejam caminhos de verdade.
Isto é como disseram nossos sábios, “Um sempre se deve envolver em Torá e Mitzvot Lo
Lishmá [não pelo Seu bem] e de Lo Lishmá chegará ele a Lishmá [pelo Seu bem]”. Aquilo
que dizem nossos sábios deve ser verdade, mas este caminho de tentar caminhar no caminho
que conduz diretamente ao Criador é chamado “a verdade completa”. Significa isto que ele
deve responder aos espiões que lhe dizem que aquilo que ele fazia estava errado, “Agora vou
pedir ao Criador para me ajudar a caminhar no meu caminho, que eu agora escolhi e dizer que
este é um caminho reto”.
Este é o sentido de ter de endireitar as pernas durante a oração. Sucede-se que a oração que
ele vai orar para o Criador é por uma deficiência, ele nada tem pelo qual pedir e orar. E qual é
minha deficiência? É que eu vejo que os espiões não me deixam em paz e não quero caminhar
nos seus caminhos. Porém, eu vejo que todos meus pensamentos e desejos são para meu
próprio benefício e vejo que não consigo fazer coisa alguma pelo Criador.
Portanto, tudo o que agora preciso e pelo qual devo pedir ao Criador, é que Ele me dê
um Kli [vaso], chamado “desejo”. Ou seja, que sou deficiente de uma deficiência, ou seja, de
um desejo de querer servir ao Rei e que este seja todo o meu desejo e aspiração e não me
preocupar com coisas que não dizem respeito a servir o Criador.
Todavia, a verdadeira razão pela qual uma pessoa não deseja servir ao Rei não é que ela não
queira servir ao Rei. Em vez disso, disse Baal HaSulam que a razão é que ela não acredita que
ela se encontra ante o Rei. Mas quando ela sente que se encontra ante o Rei, sua escolha é
anulada e ele se anula ante o Rei como uma vela perante uma tocha.
Assim se sucede que a coisa principal sobre a qual um deve trabalhar no seu trabalho é para
ser recompensado com fé, ou seja, de sentir que o Criador existe, tal como disseram nossos
sábios (Pirkey Avôt), “O olho vê e a orelha ouve”, uma vez que há ocultação sobre nós. Mas
antes de sairmos do amor próprio, estamos ainda debaixo da Tzimtzum que foi feita, para que
o lugar da recepção esteja escuro, sem luz, que é chamado “um lugar vago de luz superior”.
Por esta razão, ele pede ao Criador para abrir seus olhos para que ele possa sentir que se
encontra ante o Criador. Ele precisa disto não por querer desfrutar de se encontrar perante o
Criador. Em vez disso, ele quer doar sobre o Criador e não consegue fazer coisa alguma pois
ainda não sente a importância do Criador. Em vez disso, para ele, a Shechiná está em exílio.
Isto é, quando lhe ocorre fazer alguma coisa pelo Criador e não pensar no seu benefício
pessoal, o mundo escurece para ele. Parece-lhe que agora ele faleceu no mundo e morreu.
Isto é, ele começa a sentir que sua inteira existência é anulada e já não mais merece um nome.
Por esta razão, bem no princípio da sua entrada nesse estado ele quer fugir dele pois nessa
altura ele sente a desagradabilidade que esta situação lhe causa e que ele não consegue
continuar neste caminho. Ele entende que se começar a caminhar no caminho de “Somente
pelo Criador”, ele deve sentir vida e felicidade. Mas subitamente ele vê o oposto.
Isto levanta a pergunta, “Por que é assim”? A resposta é que neste estado, quando ele se sente
deste modo, ele consegue sentir o sentido da “Shechiná no pó”. Ou seja, ele sente que caiu tão
baixo que realmente se esbarrou no chão. Posteriormente, quando ele sabe o que é a
“Shechiná no pó”, consegue ele orar para o Criador e fazer boas ações para que o Criador
levante a Shechiná do pó.
Ou seja, onde ele sentiu que assumir o reino dos céus, ou seja, trabalhar somente pelo Criador
e não para si mesmo, sabe a pó, ele pede ao Criador que remova Sua ocultação dele para que
ele seja recompensado com ver que a Shechiná é chamada a “terra dos vivos”. Isto é,
precisamente ao querer fazer tudo pelo Criador e não para seu benefício pessoal, precisamente
daqui é ele recompensado com a verdadeira vida. Este é o sentido da “terra dos vivos”, uma
terra da qual a vida nasce para todos. Inversamente, a terra do Sitra Achra [outro lado] é
chamada uma “terra que consome seus habitantes”.
É sabido que a questão da recepção causa separação da Kedushá. Por esta razão, “os ímpios
na sua vida são chamados de mortos”. Doação é chamada Dvekút, como está escrito, “E vós
que vos apegais ao Senhor vosso Deus estão vivos todo e cada um de vós neste dia”. Significa
isso que uma pessoa que quer que o Criador abra seus olhos e ser recompensada com fé, ou
seja, sentir Sua existência, não significa que ela deseja o prazer de sentir que se encontra ante
o Rei. Em vez disso, ela deseja não ser ímpia não observando o mandamento de amar ao
Criador. E embora não possa haver amor sem prazer, há uma questão que aquele que o quer
direta e indiretamente, algo mais é atraído.
Por exemplo, uma pessoa quer amar seus filhos pois ela quer desfrutar disso. Embora não
possa ser dito que ela ama a questão e não sente prazer acerca disso, pois onde ela sente
sofrimento não podemos falar de amor. Somente por vezes dizemos que estamos felizes com
o sofrimento, uma vez que com isto podemos ganhar alguma coisa. Isso é como uma pessoa
que passa por uma cirurgia num hospital.
Ela paga ao médico imenso dinheiro e ela não lhe diz que o ama, mas ela está feliz com isso
pois com isto ela ganhará algo importante, a sua vida.
Portanto, não podemos dizer que ela quer amar seus filhos e trabalhar para eles de modo a
desfrutar. Em vez disso, o facto de ela querer amar é amor que vem naturalmente e nada tem a
ver com prazer. Mas seu amor por eles lhe dá alegria. Sucede-se que o prazer derivado do
amor pelos filhos é derivado indiretamente.
É o mesmo quando uma pessoa pede ao Criador para a aproximar e lhe dar a luz da fé, para
sentir a existência do Criador. Naturalmente, nessa altura em que ela se anula ante o Criador e
certamente desfruta. Todavia, não é isto que ela pretende. Em vez disso, sua intenção é que
ela quer que o Criador a aproxime pois ela quer ver que é ímpia e que não consegue fazer
coisa alguma, senão para seu próprio benefício. Portanto, ela quer verdadeiramente sair do
amor próprio.
Acontece que sua intenção é sair do amor próprio e não receber prazer maior. Ou seja, uma
vez que ela não desfruta de prazeres corpóreos assim tanto, para dar mais prazer à sua vontade
de receber, sendo esta sua finalidade, ou seja, que ela quer anular seu amor próprio para que
tenha mais prazer. Certamente que não! Pelo contrário, ela quer sair do amor próprio por
completo.
Mas a razão que a causa pedir ao Criador para a tirar do amor próprio e lhe dar a luz da fé é
somente porque ela é judia e tem de observar a Torá e Mitzvot pois o Criador assim nos
ordenou a observar Sua vontade. Mas ela vê que ela nada tem a ver com doar sobre o Criador.
Em vez disso, todas suas preocupações são como aquelas dos gentios, somente por amor
próprio. Isto a motiva a ir e pedir algo, de ser capaz de ser judia e não um gentio que pertence
às nações do mundo.
Porém, devemos lembrar-nos que é impossível sentir a existência do Criador sem sentir
prazer. E, contudo, isto assim é quando o prazer vem até ela indiretamente, ou seja, quando
ela não o pretende, mas que ele vem até ela por si só pois é natural que quando sentimos que
nos encontramos ante o Rei sentirmos a importância do Rei e a essa medida somos
preenchidos de prazer.
Assim ocorre que não pode ser dito que ela se encontra ante o Rei e sente que se quer anular
ante o Rei e ao mesmo tempo sente desagradabilidade por ela se querer anular. Portanto,
quando uma pessoa vê, se ela começar a obra em prol de doar e sentir que ao ela se anular
ante o Criador sente desagradabilidade, ela deve dizer que isto não vem do Rei, mas que tal
sensação veio até ela para ela saber o sentido da “Shechiná no exílio” ou “Shechiná no pó”.
Então o tempo é certo para orar para o Criador a aproximar, dado que inversamente ela vê que
não há modo de ser capaz de entrar em Kedushá sozinha, uma vez que ela sente que todos os
órgãos do corpo resistem a servir ao Rei e anular sua existência, para que todas suas
aspirações sejam somente para servir ao Rei. Nessa altura é ela chamada “deficiente”, quando
não há ninguém no mundo que a possa ajudar senão o Próprio Criador.
Porém, a respeito da deficiência, devemos fazer vários discernimentos em prol de sermos
adequados para o preenchimento quando orando para o Criador a ajudar:
1) Ela tem aquilo que precisa, mas ela não sente sua ausência. Por exemplo, um homem tem
uma família de seis e seus amigos têm uma família tão grande como a sua e vivem em três
quartos, enquanto ela vive num apartamento com dois quartos. Ela fica contente com pouco e
não se sente deficiente de outro quarto. Naturalmente, quando ela não se sente deficiente ela
não faz esforços para obter outro quarto. Sucede-se que com tal deficiência não podemos falar
de oração, portanto a concessão da oração é irrelevante pois “não há luz sem um Kli, uma vez
que não há preenchimento sem uma carência”.
2) Ela sente sua deficiência e começa a tentar obtê-la. Porém, passado algum tempo de fazer
esforços para satisfazer sua necessidade ela vê que não a consegue obter tão facilmente e
desespera. Ela começa a dizer para si mesma que ela não tem de estar entre as pessoas
proeminentes no público e se consegue contentar com aquilo que tem. Segundo a natureza do
homem, a preguiça o ajuda a justificar sua falta de esforço a uma grande medida. Portanto,
agora ele fica descansado e descuidado pois agora ele não quer coisa alguma.
Todavia, uma vez que antes de ter desesperado fez grandes esforços para obter aquilo que
queria, pensamentos das deficiências, o preenchimento que esperava alcançar, não param de ir
até ele. E tanto quanto ele se esforço para as obter, é como se o próprio preenchimento
estivesse agora a despertá-lo para recomeçar o trabalho.
Nessa altura uma pessoa chega a um estado onde ela pede ao Criador que remova todos os
pensamentos que a despertam para se sentir deficiente e trabalhar sobre eles. Em vez disso,
ela ora que não há carência que não venha até sua mente. Tudo o que ela quer agora e se ela
alcançar isto será um estado que ela chama de “bem”, é não sentir qualquer carência.
Assim se sucede que o preenchimento pelo qual ela espera é de não ter a sensação de
deficiência. Este é o inteiro preenchimento pelo qual ela espera. Agora ela quer desfrutar da
ausência de sentir deficiências e não espera pelo preenchimento das deficiências. Em vez
disso, a inteira satisfação está na ausência da sensação de carência. É isso que ela quer agora,
que este seja o melhor estado da sua vida.
Significa isto que caso seu amigo venha e lhe pergunte, “Precisas de alguma coisa? Vou tentar
conceder teu desejo”, ela vai responder para ele, “Acredito que agora estou num estado onde
não preciso de coisa nada. Agora quero descansar, não me preocupar com nada. Fico
embaraçado de te dizer que uma vez que vieste até mim provavelmente vieste em prol de me
dares prazer, mas para te dizer a verdade, até tu interrompes meu repouso ao tentar pensar
sobre o que te dizer. Então para te dizer a verdade, vai em paz e faz-me um favor, diz a todos
teus amigos para não me virem visitar se virem que não estou contigo, uma vez que o único
bem que o único bem que sinto na minha vida é repouso de todos os problemas”.
Certamente, quando uma pessoa ora que o Criador satisfaça uma deficiência que ela não
consegue receber satisfação de tal oração, que é edificada sobre a fundação do desespero e
ociosidade. Ela quer que o Criador a ajude a ser preguiçosa e tal deficiência não se trata de ser
preenchida pois tais preenchimentos não edificarão o mundo. Todas as orações devem ser
pela construção e não o contrário. Devemos orar pela correção do mundo e ociosidade não
produzirá qualquer construção.
3) Ela sente sua deficiência e todos os pensamentos de ociosidade e desespero não conseguem
satisfazer sua carência. Por esta razão ela tenta procurar conselho sobre como obter aquilo que
ela quer. Sucede-se que ela ora para o Criador satisfazer sua deficiência pois ela quer a
construção do mundo. Ela vê que no estado em que se encontra, ela também está a construir,
mas todos os edifícios que ela constrói são como as pequenas crianças que brincam
e constroem casas de brinquedo então as desmontando, somente em prol de construir
novamente. É de as construírem que elas desfrutam.
Similarmente, ela olha para a vida corpórea. E como os jogos das crianças
que constroem não edificarão o mundo, prazeres corpóreos não serão a construção do mundo,
que deve ter sido criado por um propósito e não para pequenas crianças. Então como pode ela
permanecer entre as pequenas crianças?
E embora as crianças se riam dela por ela não querer brincar com elas e não a entenderem,
pensando que provavelmente ela não tem um sentido na vida e não quer saber que nós
podemos desfrutar da vida, mas ela não é como todas as outras, mas aparentemente se quer
retirar do mundo e ir para o deserto para viver como os animais do deserto.
E, todavia, ela não lhes consegue dar respostas uma vez que ela não tem linguagem comum
com elas. Em qualquer dos casos, ela sofre devido a sua carência, que ela quer ser
recompensada com a vida espiritual. Sucede-se que somente no terceiro discernimento de uma
deficiência podemos dizer que sua oração é chamada de “oração”, uma vez que ela exige
preenchimento, para que ela possa corrigir o mundo, de modo a ter a habilidade de receber o
propósito da criação, que é de fazer o bem às Suas criações. Ela acredita que toda a ocultação
e restrição que existem no mundo são pois não temos os instrumentos adequados para a
abundância da Divindade, que é um vaso de doação.
Por esta razão, pele ela do Criador para lhe dar vasos de doação. Podemos obter isto ao sentir
a grandeza e importância do Rei. Mas quando a Shechiná está no exílio e quando a obra sabe
a pó, como podemos continuar este trabalho? É por isso que uma oração tal como esta é
aceite.
Agora podemos interpretar as palavras do sagrado Zohar, quando questionamos sobre a
intenção de dizer que devemos cobrir a cabeça e fecharmos nossos olhos como se
nos encontrando ante o Rei. É sabido que a cabeça é chamada de “mente do homem”.
Similarmente, os olhos são considerados a mente, como está escrito, “Os olhos da
congregação”, que significa os anciãos da congregação.
Cobrir e fechar significam não olhar para aquilo que a mente lhe diz. Significa isto que
quando uma pessoa está de pé na oração, ela deve acreditar que se encontra ante o Rei.
Embora ela não sinta o Rei, ela deve orar que o Criador lhe dê o poder da fé para sentir que
ela se encontra na frente do Rei. Ou seja, ela quer que o poder da fé seja tal como o
conhecimento, ou seja, que o corpo seja impressionado pela fé que ela acredita, como se visse
o Rei e estivesse impressionada com o Rei. Esta é a fé pela qual ela ora.
É por isso que se diz que é proibido abrir os olhos durante a oração pois é proibido olhar para
a Shechiná. Questiona o sagrado Zohar, “Como pode ela olhar para a Shechiná”? Ele
responde que é para verificar que a Shechiná se encontra na sua frente durante sua oração, que
é o porquê de estar proibida de abrir seus olhos.
Questionamos, “Qual é a resposta”? A questão é que a fé que uma pessoa acredita deve ser
exatamente como se ela estivesse a ver a Shechiná. Inversamente, se sua fé não alcançou este
nível, isso não é considerado fé verdadeira. Este é o tipo de fé pelo qual um deve orar, que a
fé trabalhe para ele como se ele visse tudo com os seus olhos.
363. Quais são os Mandamentos que uma Pessoa Atropela com Seus Pés

Artigo 33, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito na porção, Ekev [Porque]: “E virá a passar-se que porque escutais … o Senhor
vosso Deus manterá convosco a aliança e a misericórdia que Ele jurou aos vossos pais”.
Interpreta RASHI “E virá a passar-se que porque escutais”: “Se mantiveres as
leves Mitzvot [mandamentos] que uma pessoa atropela com seus pés. Escutarás e o Senhor
manterá, etc., manterá Sua promessa”.
Devemos entender a estipulação do Criador: “Se mantiveres as leves Mitzvot, Eu manterei as
promessas que dei aos pais. Inversamente eu não as posso manter”. Seguramente, as
condições que o Criador quer não são semelhantes às de um rei de carne e osso, que apresenta
estipulações em favor do dador. Seguramente, aqui elas são a favor das criaturas,
inversamente elas não podem receber aquilo que ele prometeu. Portanto, devemos entender a
condição das leves Mitzvot.
Para entender a condição primeiro devemos entender a promessa que o Criador prometeu aos
pais. Claramente, isto não diz respeito à corporeidade, pois a promessa foi certamente que o
Criador desse ao povo de Israel que fossem recompensados com o propósito da criação,
chamado “fazer o bem às Suas criações”, que é que as almas obtenham a raiz de suas almas,
consideradas as cinco partes da alma, chamadas NRNHY.
De modo a que as almas obtenham aquilo que foi preparado para elas receberem e de modo a
não sentirem o pão da vergonha enquanto recebem o deleite e prazer, nos foi dado o trabalho
chamado “obra da doação”. Significa isto que primeiro, um se deve acostumar a si mesmo no
seu trabalho. Em prol de ter espaço para a escolha, ou seja, para ser capaz de escolher a
intenção com a qual ele observa Torá e Mitzvot teve de haver uma Tzimtzum [restrição] e
ocultação, pois então há espaço para a escolha.
Porém, se o prazer fosse revelado nessa altura ele teria de observar Torá e Mitzvot em prol de
receber. Ele faria tudo para satisfazer seu amor próprio pois não se pode dizer que ele faz tudo
em prol de doar, uma vez que quando há divulgação da luz, o prazer é maior que todos os
prazeres corpóreos.
Na corporeidade vemos uma regra: Quanto mais pequeno o prazer, em prol de abdicar do
prazer, menos trabalho há. Também, não pode ser dito que o prazer que ele recebe é com a
intenção de somente doar se ele não conseguir abdicar dele. Isto é, ele deve estar certo que se
ele não conseguir direcionar para doar ele estará disposto a abdicar do prazer. Portanto,
quando menos o prazer mais fácil é de desistir dele.
É por isso que nos foi dada a ocultação sobre o sabor da Torá e Mitzvot e nos foi dado um
sabor dos prazeres corpóreos. Devemos acreditar nas palavras do sagrado Zohar que todo o
deleite e prazer que existe nas coisas corpóreas é somente uma fina luz, ou seja, uma luz ténue
em comparação com a luz do prazer que está vestida na Torá e Mitzvot. Por esta razão, há
uma realidade onde um faz exercício sobre prazeres corpóreos e posteriormente consegue ele
sair da Tzimtzum e ocultação a certa medida, pois consegue já escolher e dizer que está a
receber este deleite somente porque quer doar.
Depois, se ele passar na provação e receber o pequeno discernimento que alcançou na obra do
Criador, lhe é dado um grau maior sobre o qual direcionar para doar. Portanto ele avança de
grau em grau até que alcance todas suas NRNCHY da raiz da sua alma. E as NRNCHY que
uma pessoa alcança são os 613 caminhos da Torá, que são as 613 Mitzvot na Torá e as
sete Mitzvot de nossos grandes sábios, que, em Gematría, são 620 nomes que ela consegue
alcançar.
Está escrito no livro, O Fruto de um Sábio: Cartas de Baal HaSulam (Carta nº 17): “Está
escrito na Árvore da Vida, ‘Os mundos foram criados somente para divulgar os nomes do
Criador. ’ Portanto, consegue ver que desde que a alma desceu para vestir esta imunda
substância, ela não mais se conseguiu apegar à sua raiz, ao seu próprio mundo, como ela
estava na sua raiz antes de ter vindo para este mundo. Em vez disso, ela deve aumentar sua
estatura 620 vezes mais que como ela era anteriormente na raiz. Este é o sentido da perfeição
inteira, as inteiras NRNCHY até Yechidá, pelo qual Yechidá é chamada Kéter, implicando o
número 620”.
Agora podemos ver qual é a promessa que o Criador prometeu aos pais e como é possível
alcançar tamanha inteireza. Essa pergunta é feita de dois lados:
1) A necessidade desta grande inteireza. Sabemos que não há luz sem um Kli [vaso], ou seja,
não há preenchimento sem uma carência. Isto levanta a pergunta, “Como podemos ter esta
sensação de que precisamos de obter as NRNCHY”? De acordo com aquilo que explicámos,
todos os prazeres corpóreos que o mundo inteiro persegue nada são senão uma minúscula
centelha em comparação com o prazer em Kedushá [santidade] e quando um é recompensado
com ter sequer uma minúscula iluminação de Kedushá ele sentirá grande satisfação com isso.
Então quem lhe dirá que ele ainda é deficiente ao ponto que tem de obter a luz de Yechidá, ou
que venha a sentir que ainda não alcançou inteireza? Quem o notificará disto?
2) Como pode um superar tão grandes prazeres e dizer que se ele não conseguir direcionar a
recepção destes prazeres para o Criador então ele abdica dos prazeres? De onde vai ele buscar
tal força? Afinal, nós vemos que até nos prazeres corpóreos, dos quais dissemos que são
senão uma minúscula luz, centelhas que caíram nas Klipot, é difícil superá-los e dizer que
abdicamos destes prazeres se não conseguirmos direcionar em prol de doar. E uma vez que a
respeito dos prazeres corpóreos vemos que se dividem em grandes prazeres e pequenos, tanto
quanto o mais é na espiritualidade, onde há muitos graus e discernimentos. Então a pergunta é
de onde vai ele tirar tão grandes poderes para superar?
Para entender as duas citadas perguntas, 1) De onde vai ele retirar a necessidade da grandeza e
2) De onde vai ele buscar a força para abdicar dos prazeres para que possa ter a certeza que os
prazeres que recebe são somente em prol de doar contentamento sobre seu Fazedor, devemos
preceder com as palavras de nossos sábios (Kidushin, 30): “Rabbi Shimon Ben Levi disse, ‘A
inclinação do mal o supera cada dia e o procura condenar à morte’, como foi dito, ‘O ímpio
observa o justo e procura condena-lo à morte e se o Criador não o ajudasse, ele não a
superaria, como foi dito, ‘O Senhor não o deixará na sua mão.’”
Dissemos que há duas perguntas aqui:
1) Se ao homem foi dada a inclinação do mal, por que é ele incapaz de a superar, mas o
Criador o ajuda? Afinal, escolher significa que uma pessoa consegue superar, mas aqui isso
implica que ele não tem escolha de superar, mas somente com a ajuda do Criador. Isto levanta
a pergunta, ‘Por que o Criador não deu ao homem a força para a superar”?
2) Se o homem não consegue superar, por que diz ele que o Criador o ajuda? Significa isto
que uma pessoa deve começar a superar e ver que não consegue superar e então o Criador a
ajuda. Por que o Criador não a ajuda assim que a inclinação do mal vem até ela? O que é que
nos acrescenta que uma pessoa comece o trabalho, uma vez que ela não consegue prevalecer
de qualquer modo?
Portanto, por que é que o Criador tem de esperar até que uma pessoa comece o trabalho e
então chega a ajuda. Qual é o benefício de perder tempo com o Criador esperar que uma
pessoa comece o trabalho? Quem ganha desta perda de tempo? Afinal, o Criador deveria ter
dado a ajuda assim que a inclinação do mal vem até à pessoa, antes da pessoa começar a obra.
Por que deve Ele esperar pela pessoa começar o trabalho e então o Criador a ajuda?
A questão é, como dissemos em artigos anteriores, que a Tzimtzum e restrição foram em prol
de corrigir o mundo. Inversamente não haveria qualquer possibilidade que o homem fosse
sequer capaz de começar a obra de superar o amor próprio, uma vez que por natureza, a
vontade de receber o controla e este é o eixo da Criação. O que vem posteriormente é somente
uma correção, para corrigir a vontade de receber.
Sucede-se que a vontade de receber é a coisa principal e o resto das coisas que vêm mais tarde
são somente para a corrigir. Sucede-se que a vontade de receber permanece, mas correções
são acrescentadas a ela. Porém, quem é aquele que atravessa todas as correções? Isso tem de
ser a vontade de receber.
É sabido que até quando dizemos que há um grau que quer o desejo de doar, ainda assim isso
significa não usar a vontade de receber que está no grau, mas superar seu desejo e se envolver
no desejo de doar. Sucede-se que as correções que um deve fazer são somente sobre seus
vasos de recepção, ou seja, de colocar sobre ele a intenção de doar. E dado que quanto maior
o prazer, mais difícil é abdicar dele e dizer que ele não consegue direcionar para doar e não
quer receber o prazer, portanto as duas coisas devem ser aqui corrigidas:
1) Aviut [densidade], ou seja, vontade de receber, para que não seja demasiado grande,
nomeadamente que o inferior não consiga superar. Por esta razão, lhe deve ser dado prazer
mais pequeno. Posteriormente, quando ele vê que consegue superar um pequeno prazer, lhe é
dado um prazer maior. Se virmos que ele consegue superar este prazer, lhe é dado um prazer
maior, etc., mas como o ordenamos?
Portanto, ao homem foi dado o trabalho de fé acima da razão, que o homem desrespeita, da
palavra “superficial” [em Hebraico]. Significa isto que uma pessoa não respeita este trabalho
e considera o tempo que ela deve servir com fé como um estado de baixeza. Isto é, ela
entende que este trabalho é para mulheres e crianças, mas não para pessoas inteligentes e
perspicazes.
Inversamente, eles devem entender tudo o que veem a acontecer no mundo, para que isso
corresponda à sua visão e espírito. E quando precisam de fazer alguma coisa, mas não veem
que é para seu benefício, como podem eles concordar fazer coisas que são adequadas de tolos,
ou seja, para pessoas que não examinam seus pensamentos ou ações?
Por esta razão, eles sempre tentam evitar tal escolha, uma vez que a razão está longe deles,
constantemente esperam para quando possam ser libertos de tais estados. Afinal, é impróprio
que vivamos no ar, quando o intelecto não entende todas as coisas que faz como necessárias
para aquilo que ele quer alcançar e ele quer alcançar um grau onde está com os proeminentes
no público.
Quando ele olha para o público, como eles se envolvem na Torá e Mitzvot sem qualquer
criticismo, diz sobre eles que eles podem observar tudo entusiasticamente e serem
meticulosos com cada detalhe pois não têm sensação do criticismo. É por isso que são assim,
com os olhos fechados. Isto é, se tivessem algum cérebro seriam como eu. Isto é, eu observo a
Torá e Mitzvot mas vejo que este trabalho não é digno de mim. Porém, não tenho escolha uma
vez que inversamente não terei conexão ao Judaísmo e, portanto, para mim tudo será forçado
e involuntário.
Por esta razão, enquanto eu me esquecer que avanço acima da razão posso fazer todas as
coisas tal como o resto das pessoas. Mas quando recebo pensamentos sobre a base sobre a
qual meu Judaísmo é edificado e não tenho resposta para o meu corpo de que é somente
como, “A terra pende sobre nada”, não consigo superar e dizer que a fundação do Judaísmo é
baseada precisamente em fé acima da razão. E especificamente agora posso eu manter o
mandamento da fé, dado que agora vejo que não tenho base. Mas frequentemente, uma pessoa
cai e se encontra por baixo do peso destas perguntas.
Certamente, esta é a pergunta de Faraó, o Rei do Egito, que disse, “Quem é o Senhor para que
eu obedeça à Sua voz”? Por esta razão uma pessoa diz que o caminho da fé que o Criador nos
deu para trabalhar, este caminho nunca terá sucesso. E se o Criador ao menos me tivesse
escutado Ele nos teria deixado trabalhar sobre a base do conhecimento e não da fé.
Certamente muitas pessoas se juntariam para manter Torá e Mitzvot. Mas neste caminho da fé,
há muitas pessoas que embora tenham começado este trabalho, elas fugiram da campanha.
Disse Baal HaSulam que o Criador escolheu que deveríamos caminhar no caminho da fé não
porque o homem é de grau inferior, que não possa ser guiado senão pelo caminho da fé. Em
vez disso, este é o caminho mais bem-sucedido. Foi por isso que o Criador escolheu este
caminho, para que eles assumam sobre si mesmos a ordem do seu trabalho, pela qual serão
capazes de alcançar a meta chamada “fazer o bem às Suas criações”, para que as criaturas
recebam deleite e prazer e também estejam em completa Dvekút, ou seja, em equivalência
com o Criador. E embora as criaturas não o entendam, esta é a verdade.
Assim ocorre que embora a fé seja uma questão baixa e desrespeitada e interpretámos que
desrespeito vem de superficial, ou seja, que ela não é valorizada, ela é ainda assim o caminho
pelo qual podemos ter sucesso em alcançar a meta.
Com isto vamos entender aquilo que interpretou RASHI, “Se observares
leves Mitzvot [mandamentos] que uma pessoa atropela com seus pés, Tu escutarás; sobre
isto”. Ou seja, ele referiu-se à fé, que uma pessoa atropela com seus calcanhares. Tu escutarás
sobre isto e então terás os Kelim [vasos/instrumentos] para alcançar a meta.
Foi isto que RASHI interpretou: “E mantém; manterá sua promessa”. Significa isto que a
condição que ele definiu não é pelo bem do Criador, como na conduta dos de carne e osso,
que definem condutas a favor do dador. Mas com o Criador, a condição de observar as
leves Mitzvot visa o bem do homem, pois precisamente com isto pode ele alcançar inteireza e
ser recompensado com aquilo que foi preparado para ele pelo pensamento da criação.
Agora explicaremos aquilo que questionámos:
1) Por que o Criador não ajuda uma pessoa quando a inclinação do mal o supera, mas espera
até que a pessoa comece a obra de superação e então a ajuda, como disseram nossos sábios,
“se o Criador não o ajudasse”? Isso é semelhante a uma pessoa que transporta uma pesada
carga que ela não tem a força para carregar, então ela pede ajuda e as pessoas vêm para a
ajudar. Mas quando ela não pede ajuda, ninguém vem para a ajudar. Isto pode ser dito entre o
homem e homem. Mas por que deve o Criador esperar que uma pessoa comece a obra e clame
para o Criador a ajudar quando o Criador sabe que ela não consegue superar a inclinação do
mal sozinha, uma vez que o Criador não lhe deu a força para isso?
2) Qual é a razão que o Criador não lhe deu a força para superar sozinha, mas aparentemente
lhe disse, “Eu te dei a escolha para superar a inclinação do mal”? Devemos dizer que o
Criador lhe deu a força para superar o mal e ao mesmo tempo dizemos que sem a ajuda do
Criador uma pessoa não a consegue superar. Sucede-se que estas duas questões se
contradizem uma à outra.

Vamos entender estas duas questões com as duas perguntas que fizemos:
1) Quando uma pessoa é recompensada com o mais pequeno grau na espiritualidade, ela sente
nele um prazer maior que em todos os prazeres corpóreos, como nas palavras do ARI, que
todos os prazeres que encontramos nos prazeres corpóreos, que vemos que o mundo inteiro
persegue estes prazeres e recebem através deles satisfação nas suas vidas, todo o prazer neles
deriva de Kedushá, onde através da quebra dos vasos e do pecado de Adam HaRishon com a
árvore do conhecimento, centelhas divinas caíram para as Klipot [cascas/peles]. O
sagrado Zohar chama a esta luz, “ténue luz”, que desceu em prol de sustentar as Klipot. Todos
os prazeres corpóreos derivam disto e o mais pequeno grau na espiritualidade, que é Kedushá,
onde a essência da luz se encontra, ela está certa de derivar satisfação disto e não terá
necessidade de Gadlút [grandeza/maturidade]. Portanto, quem lhe dirá que ela precisa
de Gadlút?
2) De onde receberá ela tais grandes poderes que sejam capazes de receber os grandes
prazeres em prol de doar, caso contrário ela estará disposta a abdicar deles?
Ocorre que uma vez que não há luz sem um Kli, ou seja, preenchimento sem deficiência, por
esta razão uma pessoa deve começar a obra. Quando ela quer superar a inclinação do mal,
mas não consegue, ela fica deficiente. Quando ela vê que não consegue superar ela pede ajuda
do Criador. Nessa altura o Criador pode dar o preenchimento pois ela já tem um Kli para
receber o preenchimento.
A razão do Criador não lhe ter dado a força para superar sozinha é que quando uma pessoa
tem algum preenchimento, ela se contenta com aquilo que tem. Então a pessoa não tem
necessidade de ser recompensada com NRNCHY da alma pelo Criador a ajudar, como está
escrito no sagrado Zohar, “Aquele que vem para se purificar é ajudado. E diz ele, ‘Com que é
ele ajudado’? Responde ele, ‘Com uma sagrada alma’. Quando ela é recompensada lhe é
dada Nefesh. Quando ela é recompensada com mais lhe é dado Ruach”.
Sucede-se que recebendo ajuda do alto a faz precisar de propagar suas NRNCHY. Isto é, cada
vez que ela quer superar seu mal, mas não consegue, o Criador a ajuda com uma sagrada
alma. Mas se a pessoa pudesse superar sozinha, onde teria ela a necessidade de pedir ao
Criador que lhe desse um grau mais alto que aquele que ela tem?
Mas agora que ela pede ao Criador que a ajude, ela não pede graus. Em vez disso, ela
simplesmente pede ao Criador para não estar sobre o controlo do mal. Sucede-se que a razão
pela qual uma pessoa quer que o Criador a ajude é para ter a força para direcionar em prol de
doar e não para estar no domínio do Sitra Achra [outro lado], mas que ela quer estar no
domínio de Kedushá [santidade], ou seja, que seu único desejo seja doar sobre o Criador e isto
é tudo aquilo que ela precisa e não de quaisquer graus elevados, mas simplesmente de servir
ao Criador e não a si mesma, esta é a força que ela pede ao Criador. Quando o Criador a
ajuda, o sagrado Zohar diz que é com a ajuda de uma sagrada alma. Cada ajuda é através de
uma alma que o Criador lhe dá. Portanto, com isto avança ela de grau em grau até que ela
alcance a completude da alma, chamada NRNCHY.
Agora podemos entender aquilo que disseram nossos sábios, “A inclinação do homem o
supera cada dia”. Isto levanta a pergunta, “Por que precisa ele de superar a inclinação cada dia
se ele já recebeu ajuda do Criador e a derrotou? Por que precisa ela de vir até à pessoa
novamente? E para que propósito vem ela cada dia”?
Com o citado vamos entender que uma vez que através da ajuda que ele recebe do Criador,
ele recebe uma alma, então com cada superação, quando uma pessoa quer superar e ser mais
pura, ela deste modo recebe uma alma. É por isso que estas superações fazem com que o
homem seja capaz de alcançar as NRNCHY da sua alma.
E a segunda pergunta, “De onde retirará ele a força para superar”? Não é pela sua própria
força. Em vez disso, esta é a ajuda que o Criador dá para que ele consiga superá-la. Sucede-se
que através de uma coisa há a correção de duas coisas.
368. Juízes e Guardas

Artigo 34, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


A escritura diz, “Colocarás para ti mesmo juízes e guardas em todos teus portões que o
Senhor teu Deus te dá”. Para entender o citado de acordo com a regra que a Torá é eternidade
e se aplica a todas as gerações, devemos interpretar o versículo acima na nossa geração,
também. Por esta razão, toda e cada palavra requer sua própria explicação: 1) O que são
“juízes”? 2) O que são “guardas”? 3) “Colocarás para ti mesmo” é forma singular. Significa
isto que toda e cada pessoa deve assim fazer? 4) “Em todos teus portões”. Precisamos de
entender como os “portões” estão relacionados ao nosso tempo. E também, o que insinua “Em
todos teus portões”? Isso significa que se há um portão prontamente devemos tentar colocar
juízes e guardas lá. 5) Especialmente, o que isso implica quando ele diz, “Que o Senhor teu
Deus te dá”? O que isso implica? Há mais alguém além do Criador que dê ao povo de Israel?
Para entender o citado, primeiro precisamos de mencionar aquilo que dissemos nos artigos
anteriores: 1) O propósito da criação da perspectiva do Criador. 2) O propósito da criação em
manter Torá e Mitzvot [mandamentos], ou seja, a que grau devemos nós alcançar ao observar
a Torá e Mitzvot.
É sabido que o propósito da criação é de fazer o bem às Suas criações, ou seja, que as
criaturas receberão Dele o deleite e prazer de acordo com Sua habilidade, sem quaisquer
limitações. Porém, porque Ele quis que Suas obras fossem completas, ou seja, que não haja o
pão da vergonha, houve uma Tzimtzum [restrição] e ocultação. Significa isto que não há
divulgação da luz nos Kelim [vasos] que trabalham em prol de receber. Somente assim que
o Kli [vaso] chamado “vontade de receber” tenha sido corrigido para trabalhar em prol de
doar, então de acordo com sua habilidade de doar, a essa medida a abundância aparece. Antes
disto eles veem o inverso da divulgação — sentindo somente ocultação.
Assim acontece que aqui, ou seja, após a Tzimtzum ter tomado lugar, a obra do inferior
começa. A meta deve ser que todos nossos pensamentos e ações sejam somente com uma
intenção — de doar.
Porém, isto levanta a questão, “Como pode haver tal coisa”? Isto é, uma vez que o homem
nasce um potro selvagem, onde irá ele buscar a força para ser capaz de chegar à natureza da
qual ele foi criado?
Para este propósito, nos foi dado trabalho em observar Torá e Mitzvot. Isto é, o homem deve
visar enquanto observando Torá e Mitzvot, que isso lhe traga o poder de concordar em
transformar todas suas paixões e ambições para serem somente sobre como e com o que
poderá ele doar contentamento ao Criador.
Antes de ele ter começado a obra de doação ele pensava que esta questão de observar a Torá
e Mitzvot lhe traria sucesso e bênção para que ele possa deleitar seu corpo, ou seja, que ao
observar Torá e Mitzvot o corpo terá este mundo e o mundo vindouro. Esta era sua base, sobre
a qual ele construiu uma fundação para si mesmo, para essa fundação ser a razão que o obriga
a observar Torá e Mitzvot em todos os seus detalhes e ele tinha o poder para superar a
preguiça no seu corpo e prevalecer em prol de obter a recompensa.
Isso é como as pessoas que trabalham na corporeidade em prol de ganhar a vida. O corpo
resiste a trabalhar na corporeidade, também, dado que o corpo preferiria descansar, mas o
pagamento corpóreo que ele vê, que é para o benefício do corpo, lhe dá a força para superar.
Em semelhança, quando a recompensa da obra é recompensa para o seu corpo, ele tem a força
para superar todos os obstáculos no seu caminho. Porque a recompensa que ele espera é
somente para suas próprias necessidades, o corpo não o contesta.
Isto é, embora o corpo goste do repouso, quando lhe é dito, “Abdica do teu repouso e terás
prazer de uma maneira que o prazer que vais receber através da obra será maior que o
repouso, ou que o prazer que recebes ao abdicar do repouso é mais necessário que o prazer
que encontras no repouso, dado que através destes prazeres serás capaz de existir no mundo,
inversamente serás incapaz de existir”. Em todas estas questões o corpo tem a força para
superar e abdicar de pequenos prazeres em prol de obter recompensa maior na sua obra. Isto
é, a recompensa compensa pelas suas concessões, que ele exige que o corpo faça, em prol de
ser mais feliz do que agora ele se sente, antes de ter abdicado dos prazeres.
Mas quando é dito ao corpo, “Trabalha em doação”, ou seja, que ao observar Torá
e Mitzvot ele será recompensado com deleitar o Criador, nomeadamente que é dito a uma
pessoa, “Abdica do teu amor próprio”, qual será a recompensa? Que o Criador desfrutará da
obra de observar Torá e Mitzvot. Nessa altura, o corpo vem prontamente e questiona com o
argumento de “quem” e “o quê”. Isto é, “O que ganharei eu com o Criador desfrutar do meu
trabalho? E como podes tu trabalhar sem recompensa”? Este é o argumento “Quem”, que não
quer trabalhar. O corpo diz, “Eu estou disposto a trabalhar como todos os outros, mas não
segundo estes termos. Isto é, se eu abdicar do meu amor próprio e fizer tudo para que o
Criador desfrute, qual será meu ganho deste trabalho”?
Quando uma pessoa supera todos os argumentos do corpo e pensa que ela já tem a força para
superar a natureza do corpo, ou seja, que agora ela sente que consegue concentrar seus
pensamentos somente em prol de doar, subitamente o corpo vem até ela com novos
queixumes: “Não tem problema que queiras trabalhar pelo Criador e não do modo que todos
os outros trabalham, em prol de receber recompensa. Porém, seria bom se, uma vez que já te
esforçaste um pouco, recebesses força do alto para que pudesses caminhar no caminho da
doação. Mas como vês, deste muito trabalho e não te moveste um pouco. Então podes ver por
ti mesmo que não consegues caminhar neste caminho. Estás a desperdiçar tua energia,
trabalhando para nada. Sai deste caminho, foge da campanha”.
Se uma pessoa supera todos estes argumentos do corpo, o corpo vem e revela para ela novas
coisas, para as quais uma pessoa não tem resposta. Com isto ele quer separá-la da sua obra. O
corpo lhe diz: “É sabido que quando uma pessoa começa a aprender alguma ciência, ela
avança cada vez. Se ela for talentosa ela avança mais rápido e se ela for menos talentosa ela
avança mais devagar. E quando uma pessoa vê que ela não avança de todo na ciência lhe é
dito, ‘Esta ciência não é para ti. Precisas de aprender alguma profissão; não és adequado para
aprender ciências’. Nós vemos que isto é costume e razoável”.

Mas aqui o corpo argumenta, “Tu vês de acordo com teus esforços que fizeste na obra da
doação, que não só não avançaste um passo em frente, que é ao contrário”. Isto é, antes de ela
ter começado a obra de doação ela não estava tão imersa em amor próprio. Mas agora que ela
fez esforços para superar o amor próprio, ela recebeu um desejo maior e sente que agora ela
está mais imersa em amor próprio.
Sucede-se que aqui, nesta obra, nós vemos que avançamos para trás e não para a frente. Ela vê
isto claramente e na realidade sente-o. Isto é, que anteriormente, antes dela começar a superar
o amor próprio, ela pensava que era bastante fácil abdicar do amor próprio em prol de ser
recompensada com espiritualidade. Ela sempre pensou, “Como posso achar um modo de
caminhar pelo qual vou obter alguma espiritualidade”? Porém, ela nunca pensou que se deve
preocupar para emergir do amor próprio, pois isto é algo sobre o qual não é aconselhável
pensar. Em vez disso, todas as preocupações eram sobre achar o caminho certo que conduza a
entrar no palácio do Rei e merecer o propósito pelo qual o homem foi criado.
Mas agora chegou ela a um estado sobre o qual nunca havia sonhado, ou seja, que o amor
próprio seria um obstáculo interferindo em alcançar a verdade. Ela sempre pensou que estava
disposta a se sacrificar em prol de alcançar a verdade, mas agora ela vê que andou dez graus
para trás, ou seja, que ela não está disposta a fazer quaisquer concessões sobre seu amor
próprio pelo bem de Kedushá [santidade].
Quando o corpo vem até ela com tais argumentos, ela “cai debaixo da sua carta”. Nessa altura
chega ela a um estado de desespero e ociosidade e quer fugir da campanha, dado que agora vê
ela que todos os argumentos do corpo são verdadeiros argumentos.
Mas a verdade é tal como dissemos muitas vezes. Como disse Baal HaSulam, há uma questão
de avançar para a verdade. Isto é, antes que um comece a obra de doação, ele está longe da
verdade, ou seja, de sentir a medida do seu mal. Mas mais tarde, quando ele se esforçou em
superar o amor próprio, ele avança para a verdade. Isto é, cada vez ele vê mais quão imerso
está no mal, da cabeça aos pés.
Porém, devemos entender por que precisamos de tudo isto. Isto é, por que é que antes de ele
ter começado a obra da doação ele não tinha tamanha medida de sensação do mal, mas assim
que se esforçou para superar, o mal se tornou mais claramente sentido nele. Por que tudo deve
ser revelado mais tarde e não revelado imediatamente, mas em vez disso apareceu em fases,
pouco-a-pouco?
A questão é que a superação é gradual. É como aquele que pratica levantamento de pesos. Ele
começa, digamos ao levantar 50 kg e gradualmente soma pois através de exercícios ele pode
continuar a acrescentar. É o mesmo com servir o Criador e é por isso que não nos é dado um
grande sabor de amor próprio para começar, dado que provavelmente não seremos capazes de
o superar. Nos é dado um sabor de prazer adicional no amor próprio de acordo com nosso
trabalho. Isto é, à medida que eles veem que conseguem superar, lhes é dado mais sabor de
prazer no amor próprio, para que sejam capazes de superar. Com isto vamos entender o que
nossos sábios disseram (Sucá, 52), “Aquele que é maior que seu amigo, seu desejo é maior
que o dele”.

Isto levanta a pergunta, “Por que é assim”? De acordo com o supracitado, isso é simples.
Também esta é a ordem na corporeidade: Avançamos do leve ao pesado. Desta forma, antes
que um comece a trabalhar em superação, lhe não é dada grande força de amor próprio, que
ele não será capaz de superar pois ele ainda não começou a obra de superação. Desta forma,
ele não sente um grande sabor no amor próprio.
Mas quando ele começa a superar, que é dado maior prazer e importância no amor próprio
para que ele tenha o que superar. Quando ele supera certa medida de amor próprio, lhe é dada
uma medida ainda maior de importância no amor próprio. Desta maneira ele se acostuma
gradualmente a superar os prazeres para que possa dizer que tudo o que ele recebe é somente
em prol de doar.
Sucede-se que o amor próprio se torna para ele cada vez mais difícil de superar pois cada vez,
é dada à sua vontade de receber mais importância para que ele tenha um lugar para trabalhar
em superar. Contudo, devemos entender por que lhe é dada do alto mais importância e mais
prazer para ser mais difícil superar. A respeito desta superação da corporeidade, seria melhor
se não fosse dada maior importância, mas a importância que sentíamos sobre o amor próprio
no começo da nossa obra seria suficiente para superarmos a corporeidade e podíamos
prontamente começar a obra espiritual. Mas por que devo eu fazer esta obra de graça,
superando o amor próprio e questões corpóreas? Embora cada vez tenhamos maior superação,
por que preciso de trabalhar sobre o amor próprio, que diz respeito à corporeidade?
Contudo, essa é uma grande correção. É sabido que os numerosos prazeres que sentimos nos
prazeres corpóreos são somente uma “minúscula luz” em comparação com o que se encontra
nos prazeres espirituais. Desta forma sucede-se que até aquele que passou o testo de superar
os prazeres corpóreos, que ele consegue corrigir para somente em prol de doar, este teste é
suficiente somente em pequenos prazeres que ele consiga superar e não receber sob a
condição que ele consiga direcionar em prol de doar. Todavia, isto assim não é com grandes
prazeres e não podem ser dados prazeres espirituais a um que ele esteja destinado a tomar em
prol de receber.
Desta forma, primeiro devemos atravessar o trabalho nos prazeres corpóreos. Lá, lhe são
dados sabores maiores cada vez que quando ele começou a obra. Antes de ele ter começado a
obra, ele conseguia provar o sabor do prazer como vulgarmente dado nos prazeres corpóreos.
Mas a aquele que começou a obra de doação e quer ser recompensado com a espiritualidade
lhe é dado mais sabor na corporeidade que o habitual. Isto assim é deliberadamente, para que
ele se acostume aos grandes prazeres que aqueles que há nos prazeres corpóreos. Esta é uma
preparação para estar imunizado na obra de superar os grandes prazeres encontrados na
espiritualidade.
Agora podemos ver que a aqueles que querem trabalhar na obra sagrada lhes são dadas
adições. Isto é, lhes é dado sabor adicional no amor próprio. Isto assim não é com as pessoas
que não têm interesse em caminhar no caminho da doação. Isso é como disseram nossos
sábios, “Qualquer um que seja maior que seu amigo, seu desejo é maior que o dele”. Isto
assim é em prol de os acostumar na obra da superação, dado que quanto aos múltiplos
prazeres que se encontram nos prazeres espirituais, sua superação habitual dos prazeres
corpóreos nãos era suficiente pois o prazer está neles como uma constante, enquanto lhes é
dado cada vez mais importância em prol de se tornarem acostumados a superar cada vez.
Agora podemos entender o que questionámos sobre o versículo onde está escrito, “Colocarás
para ti mesmo juízes e guardas em todos teus portões”. Como se aplica colocar juízes e
guardas à atualidade? Contudo, quando uma pessoa quer começar a obra do Criador nós
devemos fazer dois discernimentos: 1) Potencial. Isto é, primeiro ela faz para si mesma um
plano daquilo que ela deve e daquilo que ela não deve fazer, ou seja, um escrutínio de bem e
mal. Faz isto em potencial e chamado “juiz”, que diz o que deve ser feito. 2) Posteriormente
nós devemos executar aquilo que estava em potencial. A execução é chamada “guarda”.
Uma vez que as questões da obra não são uma coisa única, mas em vez disso cada dia deve
ele se esforçar na obra, assim, o texto usa forma plural, ou seja, “juízes e guardas”.
Dizendo, “Colocarás para ti”, na forma singular, vem para nos dizer que esta obra pertence a
todo e cada indivíduo.
É por isso que diz, “em todos teus portões”. Nós devemos interpretá-lo literalmente, ou seja,
que um portão é o lugar da entrada. Significa isto que quando quer que uma pessoa queira
começar a obra do Criador, ela deve ordenar a obra de duas maneiras: em potencial e na
realidade, que são “juízes” e “guardas”.
Porém, a respeito do seu dizer, “Em todos teus portões”, devemos interpretar de acordo com o
que vemos — que há dois tipos de vida no nosso mundo: 1) vida corpórea, 2) vida espiritual.
Disto se sucede que temos dois portões: 1) um portão que é semelhante a um portão de prisão.
Isto é semelhante ao que está escrito (na oração, “Graças”, que dizemos na véspera de Shabat
na oração da tarde): “Habitantes das trevas e a sombra da morte; prisioneiros da pobreza e do
ferro”. A Metzudat David [interpretação da Fortaleza de David] lá interpreta: “Pessoas que se
sentam num lugar de escuridão estão atadas por laços de aflição e correntes de ferro”. 2) Um
portão que é semelhante ao portão do Rei, como está escrito, “E Marduqueu se sentou no
portão do Rei”.
Em cada portão há guardas que se encontram a guardar, mas cada um dos guardas atua da
forma oposta. Isto é, os guardas da prisão zelam que nenhum dos prisioneiros escape da
prisão, enquanto os guardas do portão do Rei zelam para que ninguém passe pelo portão do
Rei.
A questão é que aqueles que estão imersos no amor próprio e não têm entendimento ou
sensação de coisa alguma mais que dos prazeres corpóreos são considerados como estarem na
prisão e os guardas não os deixam sair. Com que força os guardam eles e não os deixam sair?
No momento em que um guarda vê que ele quer sair do amor próprio e começar a obra de
doação ele lhes acrescenta mais prazer no amor próprio. Com isto eles os atam com correntes
de ferro para que eles não queiram sair de lá.
Depois de toda a superação, quando os guardas veem que os prisioneiros querem escapar ao
amor próprio e começar e entrar no amor pelo Criador, prontamente lhes dão mais sabor e
mais importância, à medida que nunca ninguém pensou que era tão vantajoso permanecer no
amor próprio como agora eles sentem, que o amor próprio não é uma questão simples, como
está escrito, “Qualquer um que seja maior que seu amigo, seu desejo é maior que o dele”.
Com isto os guardas têm o poder para zelar que ninguém escape da prisão.
Mas o papel dos guardas que se encontram no portão do Rei é não deixar que ninguém passe
pelo portão do Rei. Qual é o poder pelo qual eles conseguem superar aqueles que querem
entrar no palácio do Rei? É como está escrito na “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” (item
133), “É como um rei que desejou selecionar para si mesmo os mais leais dos
seus súbditos no país e os trazer para trabalharem dentro do seu palácio. Que fez ele?
Ele emitiu um decreto que qualquer um que desejasse, jovem e velho, entraria no seu palácio
para se envolver nas obras dentro do seu palácio. Contudo, ele nomeou muitos dos seus
servos para guardar o portão do palácio e lhes ordenou para astutamente desviarem todos
aqueles que se aproximassem do seu palácio. Naturalmente, todas as pessoas no país
começaram a correr para o palácio do rei. Mas os guardas diligentes astutamente os
rejeitaram. Muitos deles os dominaram e se aproximaram do palácio do rei, mas os guardas
no portão foram mais diligentes e se alguém se aproximasse do portão, eles o desviavam e o
afastavam com grande astúcia, até que ele desesperasse e regressasse tal como havia chegado.
E então eles foram e vieram. Somente os heróis entre eles, cuja paciência perdurou,
derrotaram os guardas e abriram o portão. Instantaneamente foram recompensados em ver a
face do rei, que nomeou cada um deles para o seu lugar certo”.
Acontece desta forma que os portões que se encontram no portão do Rei desviam todos os
tipos de argumentos que “Isto não é para ti” para entrar no palácio do Rei. Para cada um eles
inventam razões para que estas pessoas entendam que não é vantajoso para elas trabalharem
em vão. Especialmente, todos os tipos de argumentos, eles têm o poder de as desviar e as
afastar da campanha da obra sagrada. Este é o sentido e “em todos teus portões”, ou seja, o
portão da prisão e o portão do Rei.
Agora explicaremos o versículo onde ele termina, “que o Senhor teu Deus te dá”.
Questionámos, “O que isto nos vem para dizer”? É sabido que tudo vem do Criador. Porém,
tal como acima explicámos, uma pessoa que quer ser salva de todos estes argumentos dos
guardas tem somente um conselho: fé acima da razão. Isto significa que tudo aquilo que os
guardas dizem é verdadeiro. Contudo, o Criador é misericordioso e gracioso e escuta a oração
de toda a boca. Ele dá o poder para superar todos os obstáculos.
Todavia, há uma regra que um deve dizer, “Se eu não sou por mim, quem é por mim”? Isto é,
uma pessoa não deve esperar que o Criador a ajude a superar. Em vez disso, ela deve superar
sozinha e fazer tudo aquilo que ela possa fazer pedir somente que o Criador a ajude a superar,
ou seja, que a ajude. Se uma pessoa tentar de qualquer maneira que puder, então ela deve
pedir ao Criador que seu esforço dê frutos. Porém, uma pessoa não deve dizer que o Criador
deve trabalhar por ela, mas que o Criador a ajude na sua obra para ter sucesso em adquirir o
bem.
Desta forma se sucede que uma vez que o homem é o obreiro e o Criador só o ajuda, uma
pessoa reflete sobre por que foi ela recompensada com a proximidade do Criador mais que as
outras. Isso é, outras pessoas não conseguiriam se esforçar tanto na obra acima da razão e não
olharem para o argumento do corpo como ela constantemente prevaleceu na sua obra e nunca
olhou para seus pensamentos de desespero com os quais o corpo lhe quis falhar.
Acontece que uma pessoa consegue dizer, “Minha força e o poder da minha mão me
obtiveram estas riquezas”. Nesse respeito, diz o versículo que devemos saber que “o Senhor
teu Deus te dá”, que isso é certamente só presente de Deus. Isto é, o facto de teres tido a força
para colocar juízes e guardas em todos os teus portões foi senão um presente de Deus.
373. Quinze de Av

Artigo 35, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


Está escrito no Mishná (Taanit, p 26b): “Rabbi Shimon Ben Gamliel disse, ‘Nenhuns dias
foram melhores para Israel que o quinze de Av [11º mês Hebraico], e Yom Kipur [Dia do
Perdão], quando as filhas de Jerusalém viriam vestidas em vestes brancas emprestadas, de
modo a não envergonhar aquelas que não têm. As filhas de Jerusalém sairiam e dançariam nas
vinhas. O que diriam elas? “Jovem homem, levantai teus olhos e vede o que haveis escolhido
para ti. Não lançais teus olhos para a beleza; jogai teus olhos na família’”. (E na página 31)
“Aqueles que não tinham esposas lá foram. Nossos sábios ensinaram, ‘O que diriam as
belezas entre eles? ‘Voltai teus olhos para a beleza, pois uma mulher é somente para a
beleza’. O que diriam as de boa família entre eles? ‘Jogai teus olhos na família, pois uma
mulher é somente para filhos’. Em O Olho de Jacob acrescenta ele, ‘As prosperas entre eles
dizem, ‘Jogai teus olhos nas prosperas’. O que diriam as feias entre eles? ‘Levai o que levais
pelo Criador, desde que nos coroes com moedas de ouro’”.
Nós devemos entender a conexão entre bons dias e as filhas de Jerusalém saírem para dançar
nas vinhas e falarem aos jovens homens sobre casamentar. Que modéstia há aqui? Isso
implica que os bons dias que Israel haviam causado fizeram as filhas de Jerusalém sair e
dançar nas vinhas. Nós devemos entender a conexão entre eles.
É sabido que Malchut é chamada “filha”, como em “Pai criou a filha”. Nós fazemos quatro
discernimentos em Malchut. Estes são chamados Chochmá, Biná, ZA, e Malchut, que são
chamadas “quatro Bechinot [discernimentos] na Aviut [densidade]”.
A primeira Bechiná [discernimento], que é Chochmá, é chamada “beleza”, pois é sabido
que Chochmá é chamada “ter olhos bonitos”.
A segunda Bechiná é Biná. Ela é chamada “mãe das crianças” e ela gerou ZON. A qualidade
de Biná é que ela quer equivalência de forma, para ser semelhante ao Dador. Por esta razão, o
mérito de Biná é que a atribuímos a Kéter, ou seja, que ela quer se assemelhar a Kéter, que é o
Dador.
A terceira Bechiná é ZA. Ela é chamada “rica”, como está escrito, “Os ricos não darão mais”.
Está escrito (Zohar, Ki Tissa, item 4), “‘Os ricos não darão mais’ é o pilar médio, ZA, que não
deve dar demasiada Yod. ‘Os ricos não darão mais’ é o pilar médio, que, da Sua essência,
pende para a direita, para Chassadim e não necessita de Chochmá, daí seu título, ‘rico’”.
A quarta Bechiná, que é Malchut, é chamada “pobre e magra”, como está escrito, “Ela nada
tem seu exceto aquilo que seu marido lhe dá”. É sabido que Malchut é chamada “fé”. É como
foi dito sobre Abraão, “E ele acreditou no Senhor e Ele o considerou para ele como retidão”.
Fé é chamada Tzedaká [retidão/caridade], como um dá caridade aos pobres sem pedir coisa
nenhuma em retorno. Tal é a fé acima da razão: ele não pede coisa nenhuma em retorno, mas
somente pelo Senhor. Sucede-se que é como se a fé fosse chamada “magra”, como o pobre,
que não devolve coisa nenhuma pela caridade que lhe é dada.
Com o supracitado podemos interpretar o excerto sobre as filhas de Israel saírem. É sabido
que bons dias são quando há ascensões dos mundos e sua divulgação. Desta forma, então é o
tempo para a divulgação e então as filhas de Jerusalém saem. Sair significa da ocultação para
a divulgação e cada Sefirá mostra sua importância.
É sabido que há quatro Bechinot [discernimentos/fases] de Ór Yashar [Luz Direta]. Isto
significa que quatro fases são discernidas na própria Malchut —na vontade de receber, que
é Malchut em respeito à Ór Yashar, cuja qualidade é receber em prol de receber.
Quatro Bechinot são lá discernidas, como está escrito (“Prefácio para a Sabedoria da Cabala”,
item 20), “Os cinco discernimentos da recepção em Bechiná Dálet são chamados pelos nomes
das Sefirot KCHB TM pois antes da Tzimtzum [restrição], enquanto Bechiná Dálet ainda era o
vaso de recepção para as dez Sefirot incluídas na Luz Superior pelo meio de ‘Ele é Um e Seu
Nome Um’, …sua vestimenta das dez Sefirot daí se seguiram estas Bechinot. Cada uma das
cinco Bechinot nela se vestiram na sua correspondente Bechiná nas dez Sefirot na Luz
Superior”.
Estas supracitadas Bechinot aparecem nos bons dias, ou seja, que cada Bechiná revela seu
mérito. A ordem é que Bechiná Alef, chamada Chochmá, diz, Bachur [Jovem homem
solteiro], ou seja, aquele que é digno de ser Bachur [também “escolhido”] de entre a nação.
Nessa altura ela revela seu mérito—que há beleza nela. Isto é, Chochmá é chamada “a beleza
dos olhos”, como se diz, “Os olhos da congregação”, referindo-se aos sábios da congregação.
Desta forma, Chochmá é chamada “belezas”. É por isso que elas disseram que uma mulher é
só para a beleza. A respeito dos vasos de recepção em geral—onde o desejo de fazer o bem às
Suas criações criou um Kli [vaso] para receber o deleite e prazer—isso pertence à luz
de Chochmá. É por isso que uma mulher é chamada “vaso de recepção somente
de Chochmá”.
“O que diriam os de boa família entre eles”? Boa família significa que ele tem uma raiz
elevada. Por exemplo, quando dizemos que este homem é o neto de um grande homem,
queremos dizer que sua raiz é uma raiz muito elevada. A Sefira, Biná, chamada Bechiná Bet,
mostra seu mérito — que ela almeja equivalência de forma, pela qual podemos chegar a aderir
à raiz, que é o Emanador e Kéter. Sucede-se que a Sefira Biná mostra que ela está anexa à
raiz. Isto é chamado “pedigree”, ou seja, que os filhos que ela vai gerar terão uma natureza
com a mesma qualidade que a sua, uma vez que ela tem equivalência com a raiz. É por isso
que está escrito, “O que diriam os de boa família entre eles? Uma mulher é só para os filhos”.
Significa isto que os vasos de recepção, chamados “mulher”, devem almejar gerar filhos, ou
seja, que os filhos que eles vão gerar serão filhos importantes. Foi por isso que foi dito “Jogai
teus olhos sobre a família”, ou seja, pedigree de família. Isto é, Biná mostrou-lhe seu
mérito — que ela está aderida à raiz, que é chamado “equivalência de forma”, pois a raiz
de Biná é Kéter, que é um desejo de fazer o bem e doar. Desta forma, seu mérito é que ela
gere poder de doação para os filhos, que mais tarde vão gerar.
“As ricas entre eles diriam, ‘Jogai teus olhos sobre as ricas’”. Bechiná Guimel, que é ZA, é
chamada “rica”, uma vez que aquele que tem Chassadim é considerado rico pois ele está
contente com sua porção e não precisa de Chochmá. Ele também tem a iluminação
de Chochmá, mas ele pende para Chassadim. Nesse respeito ele é semelhante a Biná, que é a
fonte de Chassadim, que se prolonga da raiz, Kéter. Ela quer se assemelhar a sua raiz, mas ela
tem iluminação de Chochmá.
Está escrito no sagrado Zohar (Ki Tissá, item 4): “‘Os ricos não darão mais’ é o pilar médio,
ZA, que não dará demasiada Yod”. E está escrito, “‘Os ricos não darão mais’ é o pilar médio,
que, de Sua essência, pende para a direita, para Chassadim, e não necessita Chochmá, daí seu
título, ‘rico’”. Lhe foi dito para não dar demasiada Yod, ou seja, para não dar demasiada Yod,
mas em vez disso receber Ór Chassadim [luz de misericórdia] com iluminação de Chochmá.
É por isso que está escrito, “As ricas entre eles”, ou seja, Bechiná Guimel, que é
a Bechiná de ZA, chamada luz de Chassadim em iluminação de Chochmá, pois ZA é chamado
“rico”. Essa Sefira em Malchut mostra seu mérito, como está escrito, “Jogai teus olhos nas
ricas”.
“As feias entre eles” são a própria Malchut, chamada Bechiná Dálet em Dálet, sobre quem
houve a Tzimtzum [restrição]. Assim, esta Bechiná é chamada “pobre e magra”, como está
escrito no sagrado Zohar, que Malchut é chamada “pobre e magra pois ela nada tem seu
exceto aquilo que seu marido lhe dá”. É sabido que devemos assumir o reino dos céus acima
da razão. Isto é chamado “fé”, de acreditar no Criador embora o corpo venha com muitas
perguntas, queixas e exigências. Nessa altura devemos dizer, “Eles têm olhos, mas não veem,
ouvidos, mas não escutam”. Em vez disso, devemos aceitar tudo acima do sentido e da razão.
Além do mais, isto deve ser como Tzedaká, como foi dito sobre Abraão, “E ele acreditou no
Senhor e Ele o considerou para ele como retidão”.
A razão é que quando você dá caridade ao pobre, você não pede ao pobre, coisa alguma em
retorno pois o pobre nada tem para devolver exceto aquilo que lhes é dado. Assim deve ser
assumir o fardo do reino dos céus — sem dar nada em troca, mas somente pelo Criador,
embora o Criador nada tenha para devolver ao homem em retorno pelo seu trabalho em
assumir o fardo do reino dos céus.
Certamente, por que deve a fé ser especificamente deste modo? É por causa da conhecida
razão que houve uma Tzimtzum sobre os vasos de recepção para que não houvesse lugar para
trabalhar e pelo qual alcançar equivalência de forma, chamada Dvekút [adesão].
Especificamente nestes Kelim [vasos], chamados “anulação dos vasos de recepção”, nós
obtemos vasos de doação, onde um pode se direcionar em prol de doar.
Nestes Kelim iluminam todo o deleite e prazer que o Criador quis doar sobre Suas criações.
Porém, nas criaturas, que foram criadas com vasos de recepção e que lhes é dito que devem
trabalhar acima da razão, esta obra é chamada “obra sem importância”. Ela é considerada sem
importância pois é desadequado para uma pessoa razoável fazer coisas com as quais o
intelecto não concorda.
É como Baal HaSulam disse sobre o versículo que o Criador disse para Moisés (Êxodo, 4:2):
“E o Senhor disse para ele: ‘Que é isso na tua mão’? E ele disse, ‘Uma vara’. E Ele disse,
‘Joga-a no chão’, e ela se tornou uma serpente e Moisés fugiu dela”. Ele disse que as mãos de
Moisés são chamadas “fé”. Ela é considerada de “pouca importância”, uma vez que o homem
almeja somente conhecimento. Onde ele vê que não há conhecimento que ele possa obter, ele
não consegue alcançar a matéria. Ele argumenta que já se esforçou nesta obra para que
possamos fazer tudo pelo Criador, mas ele não se mexeu um bocadinho. Assim, o corpo lhe
diz, “Desiste disto e não penses que alguma vez serás capaz de o alcançar. Então sai deste
caminho”. Nessa altura o Criador diz para ele, “Joga-a no chão”, ou seja, que é isto o que
você deve fazer perante o povo de Israel. Devemos saber que Faraó e Egito implicam que o
Faraó e Egito existem num coração Israelita. “E ela tornou-se uma serpente”. Isto é, assim que
abandonamos a fé, chamada “de pouca importância”, prontamente caímos
nas Klipot [cascas/peles] pois especificamente através de fé acima da razão podemos nós ser
recompensados com toda a inteireza.
Sucede-se que a maioria da obra é quando uma pessoa não tem base intelectual sobre a qual
construir. Também, fé não tem base no seu intelecto. Por esta razão, onde um não vê que
qualquer benefício venha a surgir disto para si mesmo, ele prontamente perde a energia para
trabalhar e torna-se como um tronco, sem qualquer desejo ou força.
Mas, precisamente onde se consegue ver a verdade — se ele tem ou não fé acima da razão,
para que ele possa dizer ao seu corpo, que vem até ele com argumentos que fazem sentido. O
corpo lhe diz: “Não é suficiente para ti que vejas a verdade, que é impossível avançar à tua
maneira? Por favor me diga, quanta mais prova você precisa em prol de me escutar, desistir e
dizer, ‘Agora, eu entendi que este caminho de trabalhar somente pelo Criador não é para mim.
Eu não sei para quem é, mas o que eu sei é que não é para mim’”.
Embora nossos sábios dissessem o inverso (Sanhedrin, p 37a), “Desta forma, cada um deve
dizer, ‘O mundo foi criado para mim’. Mas que posso fazer se vejo que na realidade, não
consigo manter esta realidade de dizer que devo fazer tudo pelo Criador’”? É por isso que a
obra da fé é considerada um trabalho sem importância.
Com o supracitado vamos interpretar aquilo que as feias diriam, “Leva o que leves pelo
Criador, desde que nos coroes com moedas de ouro”. Bechiná Dálet em Malchut é chamada
“pobre e magra”. Como acima dito, um considera esta obra feia pois aqui ele não consegue
olhar para a beleza da espiritualidade, nem para o pedigree na espiritualidade, ou a riqueza na
espiritualidade.
Em vez disso, o que aqui temos são coisas que a razão e intelecto não conseguem tolerar. É
como um objeto feito que mantemos à distância, como está escrito, (Hulin, 44), “Afasta-te da
feiura e sua semelhança”. O que elas dizem para um jovem homem que quer ser escolhido,
“Leva o que levares pelo Criador”, ou seja, “Nós não te podemos prometer coisa alguma para
o benefício pessoal. Porém, se quereis ser os escolhidos na nação, deveis levar aquilo que
levais somente para o Criador. Isto é, se você conseguir concordar com estas condições,
podeis levar-nos. Caso contrário, nada há para falar”.
Contudo, também isso, não é simples. Em vez disso, “Nós queremos que tu ‘nos coroes em
moedas de ouro’”. RASHI interpretou “coroe-nos em moedas de ouro” significando que
depois do casamento você nos dará joias e belas vestes. Baal HaSulam disse que embora uma
pessoa concorde assumir sobre si mesma o negócio pelo bem do Criador, ou seja, até se ela
for feia, ele não olha para coisa alguma, mas é como “uma noiva ela é”, ela ainda exige que
posteriormente atraiamos para ela a luz da Torá. Isto é, que devemos tentar obter os sabores
da Torá e os sabores das Mitzvot, ou ela não vai concordar, uma vez que “Aquele que não
conhece o mandamento do superior, como O servirá ele”? É por isso que elas disseram,
“desde que nos coroes com moedas de ouro”. Isto é, embora em termos de fé seja acima da
razão, posteriormente nós devemos prolongar a luz da Torá.
Desta forma vemos duas coisas que são opostas uma da outra. Por um lado, fé deve ser acima
da razão, complemente infundada. E por outro lado devemos obter os sabores da Torá e
Mitzvot.
Similarmente, Baal HaSulam disse sobre o que dizemos na bênção, “Quem criou nele,
buracos sobre buracos, vazios sobre vazios, etc., para que caso um deles se abra ou caso um
deles se feche, seja impossível existir e se encontrar perante Vós”. Ele disse que fechar diz
respeito à fé, que deve permanecer fechada. Este é o sentido de “Caso [um deles] se abra”.
Em vez disso, ela deve permanecer fechada. “Ou caso [um deles] se feche” refere-se aos
sabores da Torá e Mitzvot. Em vez disso, a fé permanecerá acima da razão e os sabores da
Torá e Mitzvot serão revelados.
377. O Que é Preparação para Selichot [Perdão]

Artigo 36, Tav-Shin-Mem-Vav, 1985-86


É sabido que para qualquer coisa que queiramos, devemos preparar os meios para a
obter. Correspondentemente, o que um deve preparar em prol de receber Selichot [perdões]?
Na corporeidade nós vemos que um não diz para o outro, “Desculpe”, a menos que ele tenha
feito algo que tenha prejudicado a outra pessoa em termos de dinheiro, honra, ou danos
corpóreos, ao lhe causar certa ferida. Nesse caso pode ser dito que um deve pedir o perdão do
outro, para perdoar o mal que ele lhe fez.
Há duas coisas a discernir aqui: 1) Se ele não lhe fez nenhuma coisa, mas lhe pede perdão, a
outra pessoa olhará para ele como se ele fosse louco. Se víssemos alguém caminhando na rua
dizendo para todos, “Desculpe, desculpe”, certamente pensaríamos que é louco. Perdão diz
respeito somente a certo crime. 2) Se outra pessoa causa grande perda a outra pessoa e pede
desculpa como se ela tivesse feito algo pequeno, ela certamente não receberia aquilo que ela
pediu, uma vez que ela fez uma grande ofensa, mas ela pede desculpa como se tivesse feito
algo pequeno. É inconcebível que ela a perdoe. Em vez disso, um mede a severidade dos
danos que fez ao seu amigo e a essa medida ele escolhe o meio que fará com que seu amigo o
perdoe.
Nós vemos nas condutas corpóreas como as pessoas se comportam a respeito do perdão entre
as pessoas e dessa conduta entre o homem e homem devemos aplicar a mesma ordem entre o
homem e Deus. Isto é, quando um vem para pedir ao Criador perdão, para perdoar seus
pecados, os dois citados discernimentos se aplicam, também: 1) que você não pede desculpa
por nada, mas por prejudicar o outro, ou será percepcionado como louco, ou que está a
zombar o outro ao pedir seu perdão. 2) O pedido de perdão deve corresponder à medida de
danos ao outro.
Desta forma, quando um vem para pedir ao Criador que perdoe seu pecado contra Ele, que ele
maculou Sua honra, um deve pensar sobre este pecado contra o Criador. Isto assim é pois se a
pessoa não sente qualquer pecado e, todavia, pede perdão, é como se ela estivesse a zombar.
Ela grita e chora e pede o perdão do Criador quando ela não sente que prejudicou a honra do
Rei ou que se pareça.
A razão pela qual a pessoa não sente seus pecados é como disseram nossos sábios (Yoma, 86),
“Se uma pessoa comete uma transgressão e a repete, esta torna-se para ela permitida”. Esta é a
razão pela qual a pessoa não sente seus pecados quando vem para pedir ao Criador o perdão.
Sucede-se que, de acordo com o segundo discernimento, ou seja, discernir a medida do
pecado, primeiro um deve reconhecer a medida do defeito que ele maculou na glória do Rei.
Inversamente não se pode falar de perdão. Assim, um deve tentar tanto quanto o possível para
ser capaz de pedir que Ele perdoe seus pecados de acordo com seus pecados, ou seja, que eles
sejam de igual peso.
Nossos sábios também disseram (Sucá, 52), que para os ímpios, os pecados parecem da
grossura de um cabelo e para os justos eles parecem uma alta montanha. A questão é, o que
significa este “parecem”? Isto é, eles disseram, “Parecem-lhes”, mas qual é a verdade?
A questão é que quando um não repara perante quem ele peca e não sente a importância e a
grandeza do Criador, ele não tem fé. Nessa altura, quando ele começa a pensar, “Mas eu sou
Judeu, também” e uma vez que agora é o mês de Elul e é costume em Israel durante as
gerações e uma vez que é um mês de misericórdia e qualquer um que é considerado “Israel”
sabe que agora é o tempo de pedir perdão ao Criador pelos pecados da casa de Israel.
Também, nós sopramos o Shofar [chifre festivo] para que o coração do homem comece a
contemplar o arrependimento pelos pecados. Nessa altura um acredita que ele, também, deve
ter pecado e deve pedir ao Criador perdão.
Porém, qual é a medida do defeito que ele maculou no Rei? Uma pessoa não consegue sentir
esta sensação. Em vez disso, à medida da sua fé na grandeza do Criador ela pode assumir a
medida do defeito que ela causou pelos seus pecados. Desta forma, todos aqueles que vêm
pedir o perdão sem qualquer preparação quanto a aquilo pelo qual são perdoados são como
aquele que perde perdão de alguém, todavia ele lhe fez coisas terríveis, que requerem
verdadeiro remorso pelas suas ações, contudo ele pede perdão como se tivesse feito
algo insignificante. Naturalmente, o pedido de perdão é também sem valor real como deveria
ser para um verdadeiro pecado.
Sucede-se que antes que um venha para pedir perdão ele primeiro deve refletir sobre o núcleo
do pecado. Posteriormente pode ele considerar os pecados que foram causados pelo núcleo do
pecado. Um deve saber que o núcleo do pecado com o qual ele macula e do qual todos os
pecados se estendem, é que ele não tenta ter fé permanente. Se ele tem fé parcial ele se
acomoda com isto.
É como está escrito na “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” (item 14), que se ele tivesse fé
permanente, essa fé não o deixaria pecar. Isto é, ele pede perdão do Criador uma vez que ele
vê que a razão verdadeira por todos os pecados é que ele carece de fé permanente. Desta
forma, ele pede ao Criador que lhe dê essa força, ou seja, para ter a habilidade de sempre ter
fé firme no seu coração. Naturalmente, ele não virá e cometerá pecados e maculará a glória do
Criador pois ele não tem sensação da grandeza do Criador e porque ele não sabe como
valorizar a glória dos céus e como não a prejudicar.
Deste modo, ele pede perdão ao Criador, para o ajudar e lhe dar a força para assumir sobre si
mesmo o fardo do reino dos céus acima da razão, ou seja, para ter o poder para superar e se
fortalecer na fé no Criador e saber como se comportar entre homem e Deus, com alguma
reverência.
Significa isto que quando um reflete, ele verá que ele precisa somente de uma coisa, de
refletir sobre a diferença entre Judeu e gentio, pela qual abençoamos cada dia, “Abençoado
sois Vós, Ó Senhor, por não me fazeres um gentio”. Mas um não presta muita atenção a
aquilo que ele diz, “Por não me fazeres um gentio”. Isto é, ele não se considera a si mesmo:
de que modo é ele Israel e não um gentio. Devemos saber que distinção principal está na fé,
Israel acredita no Criador e um gentio não tem fé no Criador.
Assim que ele conhece essa diferença deve verificar sua medida de fé no Criador, ou seja,
como está escrito na “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot” (item 14), quanto está ele
disposto a fazer concessões pela sua fé no Criador. Então será ele capaz de ver a verdade, ou
seja, se ele está disposto a fazer coisas pelo bem do Criador e não pelo seu próprio bem, ou se
ele está disposto a trabalhar pelo Criador somente a uma pequena medida, caso contrário ele
não será capaz de fazer coisa alguma.
Assim acontece que é então a hora em que ele pode ver a verdade: sua verdadeira medida de
fé no Criador. Disto podemos ver que todos os pecados derivam somente desta razão. Ao
receber preparação e qualificação quando ele vem para pedir ao Criador para perdoar seus
pecados ele consegue assumir a verdadeira medida do defeito, ou seja, de que modo maculou
ele a glória do Rei e ele saberá o que pedir do Criador, ou seja, que pecados fez ele e que deve
corrigir de modo a não pecar novamente.
Agora podemos entender o que está escrito na porção, Nitzavim [De Pé] (Deuteronômio,
30:11): “Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está
longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que não o traga, e
não o faça ouvir, para que o cumpramos? Nem tampouco está além do mar, para dizeres:
Quem passará por nós além do mar, para que não o traga, e não o faça ouvir, para que o
cumpramos? Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a
cumprires”.
As palavras, “Porque este mandamento”, a que mandamento se está ele a referir? Também
devemos entender o sentido de “Não está longe de ti”. A questão é que o núcleo
do Mitzvá[mandamento] é o Mitzvá da fé, ou seja, acreditar no Criador. Posteriormente
podemos manter Suas Mitzvot [plural de Mitzvá]. Todos os escarnecedores e todas as
obstruções vêm até ao Mitzvá da fé. O corpo começa a fazer muitas perguntas, tanto perguntas
que o próprio corpo faz e perguntas sobre fé que o corpo escuta das outras pessoas.
Elas vêm até uma pessoa quando ela quer assumir sobre si mesma o fardo do reino dos céus
“como um boi para o fardo e como um burro para a carga”, ou seja, tudo acima da razão.
Subitamente, o corpo fica esperto e começa a pesquisar e a questionar “Quem” e “O quê”?
Sob circunstâncias algumas ele nos deixa assumirmos o Mitzvá da fé. As questões do corpo
são tão fortes que um não consegue responder às suas perguntas. Então uma pessoa fica
aturdida e não tem a força para superar seus justos argumentos, de acordo com a razão pela
qual ele questiona. As perguntas do corpo são uma verdadeira maravilha.
A escritura nos conta sobre isto: “Porque este mandamento”, ou seja, o mandamento da fé,
“não está longe de ti”. Isto é, que você não precisa de responder às perguntas do corpo, que
ele faz dentro da razão, uma vez que o Mitzvá da fé é edificado especificamente acima do
intelecto. Isto é, a mente externa, que foi dada ao homem, não o consegue alcançar. É por isso
que você não precisa de responder a suas questões desconcertantes.
Em vez disso, um deve acreditar que todas as perguntas que o corpo faz não vêm em prol de
você lhes responder. É pelo contrário: Estas perguntas vêm a uma pessoa de modo a lhe dar
um lugar para acreditar acima da razão. Caso contrário, se o corpo entendesse com seu
intelecto que uma pessoa quer trabalhar para o Criador, isso seria dentro da razão. Isto seria
chamado “saber”, não “acreditar”, pois precisamente onde a mente de um não consegue
perceber, se ele faz alguma coisa, se isso é puramente à base de fé.
Desta forma acontece que um não precisa de ser muito talentoso de modo a ser capaz de
responder às perguntas do corpo, uma vez que todas as respostas estão “Acima da razão”,
chamado “fé”. Isto é considerado “Não está nos céus, nem tampouco está além do mar”,
exigindo grandes tácticas. Em vez disso, é absolutamente simples e isso é chamado “está mui
perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires”, ou seja, que se há somente um
desejo no coração então o podemos superar.
Mas a questão de “acima da razão” requer clarificação, uma vez que há muitos discernimentos
para fazer aqui / Baal HaSulam disse que acima da razão significa que um deve descrever
para si mesmo como ele manteria Torá e Mitzvot se sua razão determinasse que é vantajoso se
envolver em Torá e Mitzvot. Portanto, se ele sentisse o sabor que está em todo e cada
grande Mitzvá.
Um deve saber que há prazeres corpóreos, tais como prazeres de comer, beber e respeito,
onde cada coisa tem um sabor diferente, também devemos acreditar que há um sabor especial
em cada Mitzvá. De acordo com isso, se ele provasse a mudança de sabores durante seu
envolvimento em Torá e Mitzvot, que excitação e vitalidade sentiria ele durante seu trabalho?
A razão o obrigaria a criar para si mesmo uma imagem na obra que seja adequada de um
servo do Criador. Ele olharia para todas as coisas que o querem desconectar da sua obra como
inconsequentes, indignas de sua atenção.
De acordo com a descrição citada, que ele descreve para si mesmo dentro da razão, ele deve
fazer a mesma descrição acima da razão. Isto é embora ele não sinta que haja alguma coisa
que a razão apoie, ele ainda assim trabalha precisamente como se ele tivesse forte razão e
sensação. Quando ele faz isto, isso é considerado trabalhar acima da razão.
Porém, enquanto ele sentir que se ele tivesse razão ele serviria o Criador com mais prontidão
e consistência, então ele ainda trabalha dentro da razão, uma vez que ainda há uma diferença
entre razão e acima da razão. Precisamente quando não lhe faz diferença, isso é considerado
“acima da razão”.

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