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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FLUMINENSE

CAMPUS CAMPOS GUARUS


COORDENAÇÃO DO CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA
AMBIENTAL

JULIANA PESSANHA DE SOUZA DA SILVA

ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQANSF) EM TRECHO DO RIO ITABAPOANA -


BOM JESUS DO ITABAPOANA-RJ E A PCH PEDRA DO GARRAFÃO

Campos dos Goytacazes – RJ


2023
JULIANA PESSANHA DE SOUZA DA SILVA

ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQANSF) EM TRECHO DO RIO ITABAPOANA -


BOM JESUS DO ITABAPOANA-RJ E A PCH PEDRA DO GARRAFÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado co-


mo parte das exigências para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Ambiental, do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Flumi-
nense Campus Campos Guarus.

Orientador: Vicente de Paulo Santos de Oliveira, D. Sc.


Coorientadora: Hérika Chagas Madureira, D. Sc.

Campos dos Goytacazes – RJ


2023
Biblioteca Anton Dakitsch
CIP - Catalogação na Publicação

Silva, Juliana Pessanha de Souza da


S586Í Índice de Qualidade da Água (IQA NSF) em Trecho do Rio Itabapoana -
Bom Jesus do Itabapoana-RJ e a PCH Pedra do Garrafão / Juliana Pessanha
de Souza da Silva - 2023.
58 f.: il. color.

Orientador: Vicente de Paulo Santos de Oliveira


Coorientadora: Hérika Chagas Madureira

Trabalho de conclusão de curso (graduação) -- Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus Guarus, Curso de
Bacharelado em Engenharia Ambiental, Campos dos Goytacazes, RJ, 2023.
Referências: f. 50 a 56.

1. Índice de Qualidade da Água. 2. Rio Itabapoana . 3. Contaminação


Hídrica. I. Oliveira, Vicente de Paulo Santos de, orient. II. Madureira,
Hérika Chagas, coorient. III. Título.

Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Biblioteca Anton Dakitsch do IFF
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
JULIANA PESSANHA DE SOUZA DA SILVA

ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQANSF) EM TRECHO DO RIO ITABAPOANA -


BOM JESUS DO ITABAPOANA-RJ E A PCH PEDRA DO GARRAFÃO

Trabalho de conclusão de curso apresentado co-


mo parte das exigências para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Ambiental, do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Flumi-
nense campus Campos Guarus.

Aprovado em: 31/07/2023.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________
Vicente de Paulo Santos de Oliveira, D. Sc. (Orientador) – IFF

_________________________________________________________
Hérika Chagas Madureira, D. Sc. (Coorientadora) – IFF

_________________________________________________________
Carolina Ramos de Oliveira Nunes, M. Sc. – IFF

_________________________________________________________
Verônica Ribeiro Ramos de Carvalho, M. Sc. – IFF
RESUMO

O planeta Terra é abundante em água, com vastos oceanos e extensos corpos


hídricos. Entretanto apenas uma pequena fração é adequada para o consumo
humano. A insuficiência de água com boa qualidade, a legislação brasileira, o alto
índice de uso de adubos e agrotóxicos na bacia hidrográfica, a poluição aquática e
as doenças de veiculação hídrica estabelecem a necessidade de realizar o
monitoramento hídrico. Desta forma, o objetivo desse estudo é determinar o Índice
de Qualidade da Água do Rio Itabapoana entre a cidade de Bom Jesus do
Itabapoana e a Pequena Central Hidrelétrica Pedra do Garrafão. Para isso, foram
escolhidos 6 pontos para coleta de água ao longo do rio Itabapoana. Os parâmetros
analisados foram oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio
(DBO5,20), coliformes termotolerantes, temperatura, pH, nitrogênio total, fósforo total,
turbidez e resíduo total. Utilizou-se a metodologia do IQA NSF, o qual é calculado
através do produtório ponderado da qualidade de água correspondente aos 9
parâmetros. Seu resultado pode variar de 0 a 100, sendo considerado excelente a
muito ruim. Os resultados apontaram que os parâmetros oxigênio dissolvido,
demanda bioquímica de oxigênio e coliformes termotolerantes não estão de acordo
com a Resolução CONAMA 357/2005. Aponta-se também que apenas os pontos 1 e
6 obtiveram IQA bom. Após o rio atravessar os centros urbanos o IQA classificou-se
como ruim e posteriormente o rio sofreu diluição e autodepuração, o que explica o
fato dos outros pontos resultarem na classificação média. Desta forma, presume-se
que o Rio Itabapoana recebe efluentes não tratados com alta carga orgânica, além
de ser influenciado pela criação de gado e pelo empreendimento hidrelétrico. Apesar
de haver uso intensivo de adubos e agrotóxicos nas lavouras presentes na bacia
hidrográfica, não foram encontrados altos índices de nutrientes no rio. Conclui-se
também que é urgente a realização de ações para combater a poluição e preservar
a qualidade da água do rio Itabapoana, de modo que os ecossistemas aquáticos
sejam protegidos e haja a garantia de disponibilidade de água segura para as
comunidades próximas.
Palavras-chave: Índice de Qualidade da água. Rio Itabapoana. Contaminação.
ABSTRACT

The planet Earth is abundant in water, with vast oceans and extensive bodies of
water. However, only a small fraction of it is suitable for human consumption. The
scarcity of good quality water, Brazilian legislation, high usage of fertilizers and
pesticides in the watershed, water pollution, and waterborne diseases highlight the
need for water monitoring. Thus, the objective of this study is to determine the Water
Quality Index (WQI) of the Itabapoana River between the city of Bom Jesus do
Itabapoana and the Pedra do Garrafão Small Hydroelectric Power Plant. For this
purpose, six water sampling points were chosen along the Itabapoana River. The
parameters analyzed were dissolved oxygen (DO), biochemical oxygen demand
(BOD5,20), thermotolerant coliforms, temperature, pH, total nitrogen, total
phosphorus, turbidity, and total residue. The NSF WQI methodology was used, which
is calculated through the weighted product of the water quality corresponding to the
nine parameters. Its result can range from 0 to 100, with values considered excellent
to very poor. The results indicated that the parameters dissolved oxygen, biochemical
oxygen demand, and thermotolerant coliforms do not comply with CONAMA
357/2005. It was also observed that only sampling points 1 and 6 obtained a good
WQI. After the river passes through urban areas, the WQI was classified as poor, and
subsequently, the river experienced dilution and self-purification, explaining why the
other points resulted in an average classification. Therefore, it is presumed that the
Itabapoana River receives untreated effluents with a high organic load, in addition to
being influenced by livestock farming and the hydroelectric project. Despite the
intensive use of fertilizers and pesticides in the agricultural fields within the
watershed, high nutrient levels were not found in the river. It is also concluded that
urgent actions are needed to combat pollution and preserve the water quality of the
Itabapoana River, ensuring the protection of aquatic ecosystems and the guarantee
of safe water availability for nearby communities.
Keywords: Water Quality Index. Itabapoana River. Contamination.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Curvas de Qualidade dos Parâmetros do IQA............................................33


Figura 2: Localização dos pontos de amostragem no rio Itabapoana........................35
Figura 3: Fotografias das vistas dos pontos 1 (a), 2 (b), 3 (c), 4 (d), 5 (e) e 6 (f) de
amostragem............................................................................................................... 36
Figura 4: a) Variação da temperatura e b) Variação da concentração do oxigênio dis-
solvido........................................................................................................................40
Figura 5: a) Variação do pH e b) Variação da turbidez..............................................41
Figura 6: a) Variação do resíduo total e b) Variação da demanda bioquímica de oxi-
gênio.......................................................................................................................... 42
Figura 7: Variação da concentração de coliformes termotolerantes..........................43
Figura 8: a) Variação da concentração de nitrato e b) Variação da concentração de
fósforo total................................................................................................................ 45
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Usos previstos para classes de água doce...............................................17


Quadro 2: Origem dos principais poluentes...............................................................26
Quadro 3: Parâmetros do IQA e seu respectivo peso................................................32
Quadro 4: Identificação dos pontos de amostragem.................................................34
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação do IQA..................................................................................34


Tabela 2: Resultado da análise dos parâmetros do IQA e o limite determinado pela
Resolução CONAMA 357/2005 para águas doces de classe 2.................................38
Tabela 3: IQA nos pontos de coleta e sua respectiva categoria.................................45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agência Nacional das Águas


CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CONAMA Trabalho de Conclusão de Curso
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
IAP Índice de Qualidade da Água Bruta para fins de Abastecimento Público
IQA NSF Índice de Qualidade da Água da National Sanitation Foundation
IVA Índice de Proteção da Vida Aquática
OD Oxigênio Dissolvido
OMS Organização Mundial da Saúde
PCH Pequena Central Hidrelétrica
pH Potencial Hidrogeniônico
PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos
SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SAVEH Sistema de Auto Avaliação da Eficiência Hídrica
SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11
1.1 PROBLEMA......................................................................................................... 11
1.2 HIPÓTESES........................................................................................................ 12
1.3 OBJETIVOS.........................................................................................................12
1.3.1 Geral.................................................................................................................12
1.3.2 Específicos......................................................................................................12
1.4 JUSTIFICATIVA................................................................................................... 13
1.5 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO TRABALHOS...........................................14
2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................15
2.1 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL.................................................................................15
2.2 QUALIDADE DA ÁGUA.......................................................................................18
2.3 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQA)...........................................................19
2.3.1 Parâmetros físico-químicos e biológicos.....................................................19
2.3.1.1 Potencial Hidrogeniônico (pH).......................................................................20
2.3.1.2 Temperatura...................................................................................................20
2.3.1.3 Turbidez......................................................................................................... 21
2.3.1.4 Oxigênio dissolvido........................................................................................21
2.3.1.5 Resíduos Totais............................................................................................. 22
2.3.1.6 Demanda Bioquímica de Oxigênio.................................................................23
2.3.1.7 Coliformes termotolerantes............................................................................23
2.3.1.8 Nitrogênio Total..............................................................................................24
2.3.1.9 Fósforo Total..................................................................................................25
2.4 CONTAMINAÇÃO HÍDRICA................................................................................25
2.5 MONITORAMENTO AMBIENTAL........................................................................27
3 METODOLOGIA.....................................................................................................30
3.1 ÁREA DE ESTUDO............................................................................................. 30
3.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQA)...........................................................31
3.3 AMOSTRAGEM................................................................................................... 34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................38
4.1 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS.....38
4.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQA)...........................................................45
5 CONCLUSÃO.........................................................................................................48
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 50
ANEXO A – EQUAÇÕES REPRESENTATIVAS DAS CURVAS DE QUALIDADE DO
IQA NSF.....................................................................................................................57
11

1 INTRODUÇÃO

O planeta Terra é coberto em sua maioria por água, porém grande parte não
pode ser utilizada para determinados fins por estar contida nos oceanos,
correspondendo a 96,5% de sua totalidade. As águas contidas nas geleiras também
têm um volume considerável, mas do mesmo modo, é de difícil aproveitamento.
Desta forma, as fontes de água mais comuns são os rios e os reservatórios
subterrâneos (SAVEH, 2016).
O Brasil está em uma posição privilegiada entre os países com maior
disponibilidade de água doce. Possui uma ampla e densa hidrografia com uma rede
de drenagem que cobre mais de 90% do território nacional. Apesar disso, apresenta
crises de abastecimento e doenças relacionadas a falta de saneamento básico
(DINIZ et al., 2021; REBOUÇAS, 2003).
A qualidade da água é um dos principais aspectos avaliados para que seu uso
seja realizado de forma satisfatória, principalmente no abastecimento humano e
atividades agrícolas e industriais. Entretanto, devido a ações naturais e,
especialmente, antrópicas, as características das águas são alteradas e a qualidade
reduzida, trazendo restrições para o seu uso (SOUZA et al., 2014).
Devido ao desenvolvimento demográfico e industrial desordenado ao longo
dos anos, houve o aumento pela demanda de água e sua contaminação. Essas
alterações no meio aquático trouxeram problemas relacionados a saúde da
população e o desequilíbrio biológico (QUEIROZ et al., 2012). Além disso,
reservatórios para geração de energia elétrica também pode trazer danos para o
curso hídrico através da diminuição de seu fluxo, causando comprometimento na
diluição de efluentes (SOUZA et al., 2014).

1.1 PROBLEMA

Assim, essa pesquisa visa responder a seguinte questão: Levando em


consideração o desenvolvimento das cidades, o uso intensivo de adubos e
agrotóxicos nos cultivos agrícolas e a instalação de empreendimentos hidrelétricos
na bacia hidrográfica do rio Itabapoana, qual é o Índice de Qualidade da Água deste
12

rio no trecho entre Bom Jesus do Itabapoana e a Pequena Central Hidrelétrica Pedra
do Garrafão?

1.2 HIPÓTESES

O Índice de Qualidade da Água (IQA) do rio Itabapoana entre a cidade de


Bom Jesus do Itabapoana e a PCH Pedra do Garrafão classifica-se como ruim e os
parâmetros se apresentam fora do padrão estabelecido pela legislação, de acordo
com a classificação do rio.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Determinar o Índice de Qualidade da Água através da avaliação de


parâmetros físico-químicos e microbiológicos no trecho entre a cidade de Bom Jesus
do Itabapoana e a PCH Pedra do Garrafão.

1.3.2 Específicos

• Coletar amostras da água em seis pontos ao longo da área estudada;


• Realizar análise laboratorial das amostras;
• Confrontar os resultados dos parâmetros analisados com a Resolução
CONAMA 357/2005, a fim de verificar se os mesmos estão dentro do limite
estabelecido;
• Calcular o IQANSF;
• Verificar quais parâmetros têm maior influência no IQA do corpo hídrico
estudado;
• Relacionar os resultados obtidos com o uso e ocupação do solo na bacia
hidrográfica.
13

1.4 JUSTIFICATIVA

Ao longo do tempo a água sofre constantes mudanças que podem causar


contaminações, principalmente quando essas alterações são de origem antrópica.
Essa degradação causa danos a vida aquática e a população que faz o uso da água
para abastecimento, irrigação ou lazer (VON SPERLING, 2011). Atividades urbanas
e industriais, que podem ocasionar a geração de efluentes de diversas naturezas,
estão presentes ao redor do rio Itabapoana. Além disso, a bacia hidrográfica possui
como uma de suas principais atividades econômicas a agricultura, onde ocorre a
aplicação intensiva de defensivos agrícolas no solo, comprometendo a qualidade da
água (BORGES, 2021).
Segundo a OMS (1984) cerca de 85% das doenças conhecidas são de
veiculação hídrica, ou seja, estão relacionadas à água. Ainda, é estimado que 80%
de todas as moléstias e mais de um terço dos óbitos dos países subdesenvolvidos
sejam causados pelo consumo de água contaminada. Apenas no ano de 2020 no
Brasil foram registradas mais de 167 mil internações e 1.898 óbitos por doenças de
veiculação hídrica, totalizando mais de 70 milhões em gastos com internações
(BRASIL, 2020). Os efluentes sem tratamento recebidos pelos rios podem conter
alta taxa de material orgânico e substâncias tóxicas como metais pesados e
produtos industriais. Isso traz consequências graves para a saúde da população que
faz uso da água (MATOS, 2013).
A Resolução CONAMA 357/2005 determina a classificação e o
enquadramento dos corpos de água superficiais, além de definir os padrões de
lançamento de efluentes. Para isso, considera que “o enquadramento dos corpos de
água deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis
de qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades da comunidade”
(BRASIL, 2005, p. 02). Além disso, a Política Nacional de Meio Ambiente tem por
objetivo o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para
o uso racional de recursos ambientais (BRASIL, 1981, p. 19).
O IQANSF é uma importante metodologia para mensurar o padrão de qualidade
da água. Desempenha um papel fundamental na proteção da saúde pública, na se-
gurança do abastecimento de água e na preservação do meio ambiente, proporcio-
14

nando informações essenciais para a gestão adequada dos recursos hídricos. Seu
uso é justificado pela sua reputação, abrangência e facilidade de interpretação. Além
disso, o IQA possibilita uma avaliação comparativa dos diversos cursos de água pre-
sentes em uma bacia hidrográfica, assim como suas contribuições individuais para
cada parâmetro analisado (CASTRO JUNIOR; SOBREIRA; BORTOLOTI, 2007).
Desta forma, dado o fato das cidades pertencentes a bacia hidrográfica terem
se desenvolvido e o uso intensivo de adubos e agrotóxicos nos cultivos agrícolas da
região, se faz necessário analisar o rio Itabapoana. A pesquisa também pode
contribuir na investigação da origem de possíveis doenças de veiculação hídrica na
população. Além disso, o monitoramento da água bruta tem papel preventivo,
cooperando para tomada de ações para proteção de mananciais.

1.5 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DO TRABALHOS

Além desta introdução, o referencial teórico é apresentado no capítulo 2,


abordando a legislação referente a qualidade da água e seus aspectos físico-
químicos e biológicos como pH, temperatura, turbidez, oxigênio dissolvido (OD),
demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes termotolerantes, resíduos totais,
nitrogênio total e fósforo total. Além disso, neste capítulo é discutido o conceito de
contaminação hídrica e monitoramento ambiental.
No capítulo 3 é descrita a metodologia do trabalho. Nesta seção é
apresentado sobre a área de estudo, a coleta de amostras de água, os métodos e
equipamentos utilizados em cada parâmetro analisado e os cálculos utilizados para
determinação do IQA.
Os resultados e discussão são apresentados no capítulo 4. Nesta seção são
explicitados os resultados das análises laboratoriais da água do rio Itabapoana,
determinando o IQA, analisando a capacidade de autodepuração do rio e
comparando os dados com a legislação. Desta forma, é definido de que forma o uso
e ocupação do solo afetou o rio. No capítulo 5 é realizada a conclusão, ligando os
objetivos do trabalho com os resultados encontrados.
15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

De acordo com Aleixo e colaboradores (2016), a água é um elemento


fundamental para a conservação do meio ambiente e possui relevância estratégica
para a manutenção da integridade da vida humana. Deste modo, o recurso hídrico é
caracterizado por possuir alguma finalidade de uso para a sociedade, sendo
indispensável para sua sobrevivência. Em contrapartida, atualmente os recursos
ambientais possuem uma configuração vulnerável, causada pela degradação e
escassez (CANTELLE; LIMA; BORGES, 2018).
O conceito de estresse hídrico está diretamente relacionado as necessidades
básicas da população, de modo a garantir uma qualidade de vida digna com as
necessidades domésticas atendidas e um estado de saúde adequado. A distribuição
espacial dos recursos hídricos no planeta não é uniforme, como também a
distribuição populacional. Isso gera diferentes cenários como a escassez devido a
alta demanda mesmo em locais com alta disponibilidade; ou abundância em locais
poucos habitados, como é o caso da Amazônia; ou baixa disponibilidade em
momentos específicos (SILVA et al., 2016).
O Brasil possui vantagem em possuir recursos hídricos em abundância. Ao
mesmo tempo, a população possui hábitos que remetem ao desperdício desse
recurso, que apesar de renovável, é finito (ALMEIDA et al., 2019; CIRILO, 2015). A
sua demanda de uso é crescente principalmente na agricultura, em contrapartida,
sua disponibilidade com boas qualidades é cada vez menor. Existem poucas regiões
no mundo onde não haja problemas relacionados a qualidade da água devido a
poluição. Assim, estima-se que atualmente mais de um bilhão de pessoas não
possui acesso à água potável e, portanto, suas necessidades mais básicas não são
atendidas (CARVALHO, 2012).

2.1 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Dentre outros objetivos, a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 6.938 de


1981, dispõe o estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de
normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais. Além disso, criou o
16

Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e definiu as competências do


Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, incluindo o estabelecimento de
normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do
meio ambiente, com o objetivo de consolidar o uso racional dos recursos ambientais,
principalmente os hídricos (BRASIL, 1981).
Em 1986, a Resolução CONAMA Nº 20 definiu a classificação das águas no
território brasileiro, contemplando as águas doces, salobras e salinas. Levou-se em
consideração que o enquadramento dos corpos d’água deve estar baseado no nível
de qualidade necessário para atender às necessidades da comunidade. Considerou
também que a saúde, o bem-estar da população e o equilíbrio ambiental não devem
ser afetados pela deterioração da qualidade hídrica (BRASIL, 1986).
A Lei 9.433 de 1997, conhecida como Lei das Águas, instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos – PNRH e instaurou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos. Definiu para a PNRH os objetivos:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de


água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais;
IV - incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de
águas pluviais (BRASIL, 1997, p. 01).

Em 2005, a Resolução CONAMA Nº 20 de 1986 foi substituída pela


Resolução CONAMA 357. A partir deste momento, esta Resolução passou a
regulamentar a qualidade de águas superficiais, a classificação dos corpos d’água e
as diretrizes para o enquadramento. Neste caso, de acordo com o uso predominante
de cada curso hídrico, foram estabelecidos os limites aceitáveis de cada parâmetro.
Na classificação, os cursos hídricos foram divididos em nove classes, sendo cinco
classes de água doce, duas de água salina e duas de água salobra. As águas doces
são classificadas em classe especial, classe 1, classe 2, classe 3 e classe 4, sendo
a classe especial considerada ideal para usos mais nobres e a classe 4, para usos
menos nobres e mais restritos devido à presença de substâncias que oferecem
17

riscos a saúde humana. O Quadro 1 indica os diferentes usos para cada classe de
água doce (BRASIL, 2005).

Quadro 1: Usos previstos para classes de água doce

Classe Uso previsto


a) abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas;
Especial
c) preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação
de proteção integral.
a) abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) proteção das comunidades aquáticas;
c) recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA n° 274/2000;
1
d) irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção
de película;
e) proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
a) abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) proteção das comunidades aquáticas;
c) recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA n° 274/2000;
2
d) irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins,
campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter
contato direto;
e) aquicultura e à atividade de pesca.
a) abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional
ou avançado;
b) irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
3
c) pesca amadora;
d) recreação de contato secundário;
e) dessedentação de animais.
a) navegação;
4
b) harmonia paisagística.
18

Fonte: Brasil (2005)

O enquadramento dos corpos d’água é a principal ferramenta de


planejamento entre o uso da água, o zoneamento de atividades e o estabelecimento
de medidas para o controle da poluição. De acordo com a Agência Estadual de
Recursos Hídricos do Espírito Santo, o enquadramento dos corpos d'água refere-se
à definição da meta ou objetivo de qualidade da água (classe) que deve ser
obrigatoriamente alcançado ou mantido em uma determinada área de um corpo
hídrico, de acordo com os principais usos pretendidos ao longo do tempo (AGERH,
2023b).
O enquadramento do rio Itabapoana ainda não foi proposto, assim como os
rios de domínio estadual da Região Hidrográfica de abrangência do Comitê Baixo
Paraíba do Sul e Itabapoana. Assim, exceto os casos em que as condições de
qualidade do rio forem melhores, como determina a Resolução CONAMA 357/2005,
estes rios são considerados Classe 2 (BRASIL, 2005; CBH BAIXO PARAÍBA DO
SUL E ITABAPOANA, 2023; FARIA, 2005).

2.2 QUALIDADE DA ÁGUA

Merten e Minella (2002) defendem que a qualidade da água pode ser definida
como características químicas, físicas e biológicas que estabelecem limites para
cada uso deste recurso. Sendo assim, de acordo com as propriedades da água, são
definidas suas diferentes finalidades. Para Tundizi e Tundizi (2011) citado por Viegas
(2021), ao longo do desenvolvimento econômico da sociedade, a água obteve usos
cada vez mais diversos. Suas diferentes aplicações, como irrigação, dessedentação
de animais, abastecimento e recreação, demandam qualidade e quantidades
específicas. Essa variabilidade causa impactos e conflitos de diferentes proporções,
exigindo o monitoramento a longo prazo, através de análises qualitativas e
quantitativas.
No Brasil, a Agência Nacional das Águas – ANA coordena e acompanha a
qualidade das águas através do Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das
Águas – PNQA. O programa possui o intuito de acompanhar e orientar as iniciativas
relacionadas a conservação da qualidade da água e a recuperação de cursos
19

hídricos. Também faz toda a gestão e contribui para a divulgação de informações


acerca dos recursos hídricos. Para isso, em conjunto com a ANA, instituições de
monitoramento ambiental utilizam indicadores de qualidade da água, como o Índice
de Qualidade das Águas (IQA), o Índice de Qualidade da Água Bruta para fins de
Abastecimento Público (IAP) e o Índice de Proteção da Vida Aquática (IVA), sendo o
IQA o principal indicador qualitativo (BRASIL, 2023a).

2.3 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQA)

Para estabelecer um sistema de monitoramento, é essencial utilizar métodos


que sejam simples e capazes de fornecer informações claras e passíveis de
interpretação. Desta forma, o Índice de Qualidade da Água torna-se uma ferramenta
eficaz para acompanhar a potencial degradação dos corpos d'água, através de
dados concisos e objetivos (BRASIL, 2023a).
Um dos índices de qualidade mais utilizado por pesquisadores é o IQA NSF -
Índice de Qualidade da Água da National Sanitation Foundation, criado em 1970 nos
Estados Unidos. Em uma pesquisa de opinião desenvolvida por Brown et al. (1970)
reunido a 142 especialistas, foram selecionadas 9 variáveis consideradas mais
representativas em relação à qualidade de água.
No Brasil, o índice também passou a ser utilizado através da CETESB,
tornando-se o principal indicador de qualidade no país. Seu principal propósito é
avaliar a água bruta que pretende-se utilizar para abastecimento público após
tratamento convencional, embora haja parâmetros importantes para o abastecimento
publico que não são analisados como metais pesados e pesticidas. De acordo com o
resultado do IQA, pode-se definir que a água não pode ser utilizada para
abastecimento, porém considera-se outros usos menos exigentes como navegação
e umidificação de vias (BRASIL, 2023a).

2.3.1 Parâmetros físico-químicos e biológicos

A Resolução Nº 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente define que


parâmetros de qualidade da água são “substâncias ou outros indicadores
20

representativos da qualidade da água”. Desta forma, há uma faixa de valores


definidos para cada parâmetro analisado, de acordo com a classe do corpo hídrico.
Para que haja equilíbrio ecológico de modo a garantir saúde e bem-estar para a
população, é necessário que esses parâmetros estejam de acordo com o padrão
estabelecido (BRASIL, 2005, p. 04).
O IQA NSF é composto por nove parâmetros: Potencial hidrogeniônico,
temperatura, turbidez, oxigênio dissolvido, resíduo total, demanda bioquímica de
oxigênio, coliformes termotolerantes, nitrogênio total e fósforo total. Em sua maioria,
são indicadores de contaminação por lançamento de efluentes domésticos (BROWN
et al., 1970).

2.3.1.1 Potencial Hidrogeniônico (pH)

O pH representa o potencial hidrogeniônico, ou seja, a concentração de íons


hidrogênio, indicando o nível de acidez (pH<7), neutralidade (pH=7) ou alcalinidade
(pH>7) da água. Os sólidos e gases dissolvidos provenientes de fontes naturais,
como a oxidação de matéria orgânica, a dissolução de rochas, absorção de gases
atmosféricos e a fotossíntese, ou antrópicas, como despejos de efluentes
domésticos e industriais, são os responsáveis por sua variação (VON SPERLING,
2011).
Divergências muito bruscas podem comprometer a vida aquática da flora e da
fauna, a saúde da população e afetar tubulações de abastecimento devido à
corrosividade ou incrustações. Além disso, diferentes valores de pH provocam
diferentes resultados quando produtos químicos como coagulantes são utilizados em
estações de tratamento de água (VON SPERLING, 2011). De acordo com a
Resolução CONAMA 357/2005, os rios de classe 1, 2, 3 e 4 devem possuir pH entre
6,0 e 9,0 (BRASIL, 2005).

2.3.1.2 Temperatura

Naturalmente, a temperatura de um corpo hídrico pode ser modificada por


meio da atmosfera ou solo em trocas de calor por radiação, condução ou convecção.
21

Fatores como a latitude, altitude, estações do ano, taxa de fluxo, período do dia e
profundidade também pode ocasionar alterações e estratificação vertical da
temperatura no corpo hídrico. Além disso, despejos industriais, com temperatura
discrepante do curso hídrico, também podem alterar o meio. Essa poluição térmica
dos rios pode afetar a vida aquática e a concentração de gases como o oxigênio
dissolvido (VON SPERLING, 2011).
Neste cenário, a variação de temperatura influencia os organismos aquáticos
uma vez que esses seres possuem limite de tolerância térmica e limite de
temperatura para migração e reprodução. Desta forma, pode ocorrer asfixia de
peixes devido a diminuição da solubilidade do oxigênio em águas com alta
temperatura, comprometimento dos procedimentos em estações de tratamento de
água, aumento de reações e crescimento da taxa de transferência de gases,
podendo originar mau cheiro. Destaca-se que este parâmetro deverá ser analisado
em cursos d’água e em efluentes, conjuntamente ao parâmetro oxigênio dissolvido
(VON SPERLING, 2011).

2.3.1.3 Turbidez

O conceito de turbidez é baseado no “grau de interferência com a passagem


de luz através da água, conferindo uma aparência turva à mesma”. A origem da
turbidez pode ser através de algas, partículas de solo, erosão, despejos industriais e
domésticos, entre outros. Portanto, os constituintes responsáveis por alterar esse
parâmetro são sólidos em suspensão de origem natural e antropogênica, podendo
ser abrigo para organismos patogênicos ou ligados a compostos tóxicos. Este é um
parâmetro importante em termos de caracterização para abastecimento público, pois
afeta as operações do tratamento da água (VON SPERLING, 2011, p. 28).
De acordo com a legislação brasileira, a Resolução CONAMA 357/2005, as
águas doces de classe 1, 2 e 3 devem ter turbidez menor que 40, 100 e 100 UNT,
respectivamente (BRASIL, 2005).

2.3.1.4 Oxigênio dissolvido


22

A análise de oxigênio dissolvido torna-se essencial uma vez que o oxigênio


permite a perpetuação da vida aquática, através da respiração dos organismos
aeróbios que ali vivem. O despejo de esgoto é uma das principais ações que afetam
a concentração de oxigênio dissolvido, causando sua diminuição já que o processo
de decomposição da matéria orgânica presente no esgoto é aeróbico (BRASIL,
2023a).
Segundo a CETESB (2015), com o aumento da concentração de matéria
orgânica, o nível de oxigênio dissolvido chega a níveis muito baixos, podendo
alcançar a anoxia dependendo das características do lançamento e do rio. Em meio
aeróbico, ocorre a decomposição da matéria orgânica carbonácea e da matéria
orgânica nitrogenada, sendo esta última convertida em nitrato. Caso a degradação
da matéria orgânica consuma todo o oxigênio e haja degradação em meio
anaeróbio, haverá como subproduto substâncias voláteis odoríferas que incomodam
a circunvizinhança.
Além disso, o oxigênio dissolvido é diretamente ligado a movimentação do rio.
Sua introdução pode ocorrer através da fotossíntese e do contato com ar
atmosférico, principalmente em regiões com fortes ventos ou quedas que provocam
o aumento de velocidade do rio (MACEDO; SIPAÚBA-TAVARES, 2010). De acordo
com a Resolução CONAMA 357/2005, os rios de classe 1, 2, 3 e 4 devem possuir
concentração de oxigênio dissolvido acima de 6, 5, 4 e 2 mg/L, respectivamente
(BRASIL, 2005).

2.3.1.5 Resíduos Totais

A Agência Nacional das Águas define os resíduos totais como “a matéria que
permanece após a evaporação, secagem ou calcinação da amostra de água durante
um determinado tempo e temperatura” (BRASIL, 2023a). A origem natural desses
resíduos é principalmente o intemperismo das rochas, detritos orgânicos e
organismos, podendo também originar-se por processos erosivos e devido aos
despejos de efluentes domésticos e industriais. É um parâmetro muito influenciado
pelo uso e ocupação do solo, pois, principalmente em períodos chuvosos, a retirada
23

de vegetação e exposição do solo provoca o carregamento de material para o curso


hídrico (FUNASA, 2014).
Quando esses resíduos se depositam nos leitos dos rios, acontece o
processo chamado de assoreamento, ou seja, há a diminuição da profundidade do
rio. Com isso, impossibilita a navegabilidade do rio e ocasiona alagamentos nas
regiões ao redor (BRASIL, 2023a). Além disso, a presença desses resíduos provoca
danos as espécies aquáticas, podem promover a retenção de bactérias e resíduos
orgânicos no fundo dos rios causando a decomposição anaeróbica. Também podem
gerar problemas relacionados à corrosão de sistemas de distribuição de água devido
aos elevados teores de sais minerais presentes na água (FUNASA, 2014).

2.3.1.6 Demanda Bioquímica de Oxigênio

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) está diretamente relacionada ao


parâmetro oxigênio dissolvido. Quando um corpo d’água recebe uma volumosa
carga orgânica, geralmente proveniente de esgoto doméstico, é necessária uma
grande quantidade de oxigênio para degradar essa matéria, ou seja, elevados
valores de DBO (VON SPERLING, 2007).
O aumento da DBO causa a redução de oxigênio dissolvido no corpo d’água,
o que pode resultar na morte de organismos aquáticos por asfixia. Desta forma, a
demanda bioquímica de oxigênio é a quantidade de oxigênio que será necessária
para que ocorra a estabilização da matéria orgânica existente no ambiente através
da decomposição microbiana aeróbia (BRASIL, 2023a). Segundo a Resolução
CONAMA 357/2005, em rios de classe 1, 2 e 3 a DBO em 5 dias a 20°C deve ser de
até 3, 5, 10 mg/L O2, respectivamente (BRASIL, 2005).

2.3.1.7 Coliformes termotolerantes

Os coliformes termotolerantes são definidos como microrganismos do grupo


coliforme capazes de fermentar a lactose a 44-45°C, sendo representados
principalmente pela Escherichia coli e por algumas bactérias dos gêneros Klebsiella,
Enterobacter e Citrobacter (CETESB, 2019a).
24

A presença de bactérias coliformes termotolerantes caracteriza um corpo


hídrico contaminado por material fecal. São organismos que estão presentes no trato
intestinal de animais endotérmicos, os chamados animais de sangue quente e,
portanto, são indicadoras de contaminação por esgoto doméstico. Embora não
sejam patogênicas, sua existência indicam que há a possibilidade de presença de
microrganismos patogênicos provenientes do esgoto, que transmitem doenças de
veiculação hídrica (BRASIL, 2023a).
Ainda de acordo com Von Sperling (2007), a análise e detecção de agentes
patogênicos como bactérias e protozoários em uma amostra de água é de alto nível
de complexidade. Desta forma, a análise de organismos indicadores se torna viável
para atingir esse objetivo, prevendo a presença de organismos que causam doenças
como cólera, hepatite e disenteria.
Segundo a Resolução CONAMA 357/2005, em rios de classe 1, 2 e 3 a
quantidade máxima de coliformes termotolerantes em 100mL deve ser de 200, 1000
e 4000 NMP a depender do tipo de uso da água (BRASIL, 2005).

2.3.1.8 Nitrogênio Total

Segundo Libânio (2010) citado por Galhote (2019), o nitrogênio é a substância


em maior concentração no planeta e pode ser encontrado de diversas formas e
estados de oxidação. Nesse sentido, o nitrogênio orgânico e nitrogênio amoniacal
são formas reduzidas da substância. Já o nitrato e nitrito são formas oxidadas. De
acordo com Oliveira (2006) citado por Lima (2010), é possível associar as formas de
nitrogênio com o tipo de poluição. Desta forma, quando são encontradas
predominantemente formas reduzidas, há um indício que o foco de poluição se
encontra por perto. Por outro lado, se forem encontradas formas oxidadas, significa
que o foco de poluição encontra-se distante.
Quando em meio aquático, o nitrogênio pode se originar principalmente
através de despejos domésticos, industriais e fertilizantes oriundos de lavouras e
outras práticas agrícolas, provocando danos ao meio ambiente e doenças.
Nutrientes em excesso, como o nitrogênio, provocam um processo chamado de
eutrofização, onde há o favorecimento do desenvolvimento de florações de
25

microalgas e cianobactérias. Esse fenômeno causa a diminuição da concentração de


oxigênio dissolvido, o aumento excessivo de plantas aquáticas e a morte de peixes.
Além disso, traz alterações de cor, sabor, odor e turbidez, impossibilitando também o
uso para lazer (SMITH e SCHINDLER, 2009 citado por BARRETO et al., 2013).
Nesse estudo, foi analisado o nitrato e para determinação do IQA, foi utilizado o
nitrogênio do nitrato. De acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, em rios de
classe 2 a concentração máxima de nitrato deve ser de 10,0 mg/L N (BRASIL, 2005).

2.3.1.9 Fósforo Total

Segundo Von Sperling (2011), assim como o nitrogênio, o fósforo está


presente no meio ambiente de diversas formas: ortofosfato, polifosfato e fósforo
orgânico.

Os ortofosfatos têm como origem os fertilizantes fosfatados utilizados na


agricultura, os polifosfatos são provenientes de despejos de esgotos
domésticos e de alguns despejos industriais que utilizam detergentes
sintéticos à base de polifosfatos. O fósforo total, o ortofosfato e a amônia
formam o principal grupo de nutrientes com relação direta com o processo
de eutrofização de um corpo d'água (CEBALLOS, 1998, p. 09).

O fósforo possui origem natural, através de decomposição da matéria


orgânica, mas também origina-se através de processos antropogênicos como
despejos domésticos e industriais, fertilizantes, detergentes e excrementos de
animais. Por ser um nutriente indispensável para o crescimento de algas, quando em
excesso também provoca a eutrofização (VON SPERLING, 2011). Nesse estudo, foi
analisado o fósforo total e fosfato total. Segundo a Resolução CONAMA 357/2005,
em rios de classe 2 a concentração de fósforo total em ambientes lóticos e lênticos
deve ser de até 0,1 e 0,030 mg/L P, respectivamente (BRASIL, 2005).

2.4 CONTAMINAÇÃO HÍDRICA

Na análise da qualidade da água, através dos resultados obtém-se


informações acerca de possíveis estados de poluição e contaminação hídrica. Neste
sentido, a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938 de 1981, define a poluição
como:
26

III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades


que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos (BRASIL, 1981, p. 01).

Segundo Von Sperling (2011), alterações das características da água, seja de


forma natural ou antrópica, são consideradas poluição. Essas alterações podem
ocorrer através de inclusões de formas de energia ou substâncias que de alguma
forma altere ao corpo hídrico e afete o seu uso. As principais fontes de
contaminantes em um curso d’água são os efluentes domésticos, despejos
industriais, despejo de resíduos sólidos e escoamento superficial.
Assim, existem diferentes formas que poluentes podem atingir o corpo hídrico:
a poluição pontual e poluição difusa. Quando um poluente atinge o corpo hídrico em
um local específico, como em um lançamento de efluentes de uma indústria, trata-se
da poluição pontual. A poluição difusa é caracterizada por poluentes que adentram o
corpo hídrico ao longo de sua extensão como na drenagem pluvial (VON
SPERLING, 2011).
De acordo com Braga e colaboradores (2005) citado por Pedrozo e Kapusta
(2010), os poluentes são classificados de acordo com sua origem e os impactos que
podem causar ao serem lançados em meio aquático. O Quadro 2 descreve os
principais tipos de poluentes e sua respectiva origem.

Quadro 2: Origem dos principais poluentes.

Poluente Origem
Poluentes orgânicos biodegradáveis Principalmente de efluentes orgânicos
Poluentes orgânicos recalcitrantes Defensivos agrícolas, detergentes sintéticos
ou refratários e petróleo
Metais (arsênico, bário, cádmio, cro-
Efluentes industriais
mo, chumbo e mercúrio)
Nutrientes (especialmente nitrogê-
Efluentes domésticos
nio e fósforo)
Organismos patogênicos (bactérias, Efluentes domésticos
27

vírus, protozoários, helmintos)


Processos de erosão, dragagens, entrada de
Sólidos em suspensão
efluentes nos ambientes aquáticos, etc
Calor Principalmente efluentes industriais
Radioatividade Principalmente usinas nucleares
Fonte: Adaptado de Pedrozo e Kapusta (2010)

Em países em desenvolvimento como o Brasil, doenças de veiculação hídrica


causadas por bactérias, vírus, protozoários, helmintos e outros microrganismos
estão entre os maiores problemas de saúde pública. São enfermidades transmitidas
por meio de excrementos humanos e animais através de ingestão da água, preparo
de alimentos, higiene pessoal, agricultura, indústria ou lazer. Entre os
microrganismos mais comuns em cursos hídricos contaminados estão a Salmonella
spp., Shigella spp., Escherichia coli e Vibrio cholerae que são atribuídos a casos de
enterites, diarreias e doenças epidêmicas, provocando risco para a saúde humana.
Além disso, entre as infecções causadas por contaminação de protozoários e
helmintos estão a amebíase (Entamoeba hystolitica), a giardíase (Giardia lamblia) e
a balantidíase (Balatindium coli) (FUNASA, 2014).
Outra grande disfunção de países em desenvolvimento como o Brasil é o fato
de que grande parte dos efluentes domésticos, industriais e de irrigação são
lançados nos cursos hídricos sem tratamento prévio. Com isso, grandes cargas de
matéria orgânica e poluentes alcançam a água, agravando o processo de
eutrofização e gerando um alto grau de contaminação e de custo para tratamento da
água (ALMEIDA, 2021). Smith e Schindler (2009) citado por Barreto et al. (2013)
defendem que a eutrofização é o maior problema de contaminação de águas
superficiais, sendo um dano antropogênico visível a sociedade.

2.5 MONITORAMENTO AMBIENTAL

A Agência Nacional de Águas define o monitoramento da seguinte forma:

O monitoramento é o conjunto de práticas que visam o acompanhamento de


determinadas características de um sistema. No monitoramento da
qualidade das águas naturais são acompanhadas as alterações nas
28

características físicas, químicas e biológicas da água, decorrentes de


atividades antrópicas e de fenômenos naturais. As práticas relacionadas ao
monitoramento incluem a coleta de dados e de amostras em locais
específicos, feita em intervalos regulares de tempo, de modo a gerar
informações que possam ser utilizadas para a definição das condições
presentes de qualidade da água (BRASIL, 2023d).

Para Tundisi e Matsumura-Tundisi (2011), o monitoramento consiste na coleta


de dados e amostras em locais previamente determinados, assim como os
parâmetros a serem analisados. As coletas devem ser realizadas regularmente e,
deste modo, pode-se acompanhar as mudanças das características analisadas e
correlacioná-las com a origem dessas alterações. Segundo Lima (2016), o
monitoramento produz informações sobre a situação do recurso hídrico e possibilita
a associação dos resultados com possíveis problemas relacionados a contaminação.
Há uma crescente demanda de uso da água nos centros urbanos dado o
crescimento populacional e concentração demográfica que ocorrem atualmente.
Essa situação contribui para a deterioração da qualidade da água dos receptores.
Ou seja, ao passo que há maior demanda de água para a população, mais
contaminado se torna o curso hídrico após receber efluentes não tratados. Desta
forma, há a necessidade de manter o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico
e demográfico e a disponibilidade de água em boa quantidade e qualidade. Um
recurso é o monitoramento hídrico quali-quantitativo, de modo que com os
resultados seja possível realizar a tomada de ações de gerenciamento de recursos
hídricos (BRASIL, 2023d).
Ainda, de acordo com a ANA, uma rede de monitoramento de qualidade de
água é constituída por uma série de componentes: pontos de coleta, em que a
localização deverá ser definida de acordo com os objetivos da rede e identificados
por coordenadas geográficas; instrumentos utilizados na determinação de
parâmetros; equipamentos para utilização durante a coleta como baldes, frascos,
caixa térmica e barcos; protocolos para a determinação de parâmetros em campo,
de modo que haja preservação e identificação das amostras até a análise
laboratorial; e estrutura logística de envio das amostras, através de disponibilidade
de transporte e encaminhamento das amostras para laboratório (BRASIL, 2023d).
Portanto, o monitoramento dos corpos hídricos através da avaliação dos
aspectos de qualidade e quantidade possui relevância em relação a recuperação de
29

ambientes altamente degradados, à saúde pública e à preservação do meio


ambiente, conduzindo o desenvolvimento sustentável (BARRETO et al., 2013).
30

3 METODOLOGIA

Considerando os objetivos, o trabalho refere-se a uma pesquisa descritiva e


exploratória na determinação do IQA NSF em seis pontos do rio Itabapoana. No que
diz respeito aos procedimentos técnicos, é um estudo de campo, possuindo uma
abordagem qualitativa, onde foram avaliados aspectos físico-químicos e
microbiológicos através de parâmetros previamente determinados (GIL, 2009).

3.1 ÁREA DE ESTUDO

Tomou-se como objeto de estudo o rio Itabapoana, que é o principal rio de


sua Bacia Hidrográfica e que, por sua vez, possui uma área de drenagem de 4.875
km². Sua nascente localiza-se na Serra do Caparaó em Alto Caparaó – MG e
abrange municípios dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro,
sendo um corpo hídrico de domínio da União (AGERH, 2023).
Segundo Soares e Pinheiro (2014) citado por Borges (2021), a bacia do rio
Itabapoana possui grande diversidade geomorfológica e, por isso, é dividido em três
microrregiões. O alto Itabapoana possui predomínio de quedas d’água e corredeiras;
o médio Itabapoana é uma região montanhosa e com rios encaixados; e o baixo
Itabapoana possui áreas com planícies aluviais que alagam em épocas de chuva,
aumentando a capacidade de retenção de água subterrânea.
A Bacia do rio Itabapoana possui uma população aproximada de 720 mil
habitantes, sendo 82% predominantemente urbana. Portanto, possui grande
influência do processo de urbanização (IBGE, 2010). Segundo a Agência Estadual
de Recursos Hídricos do Espírito Santo, os principais usos do rio são para irrigação,
setor industrial, criação de animais e abastecimento urbano, com 49,6%, 33,1%,
18,8% e 8,5% de demanda respectivamente (AGERH, 2023a). Em relação aos
efluentes sanitários, entre os 18 municípios abrangidos pela bacia hidrográfica do rio
Itabapoana, apenas 3 possuem tratamento de esgoto (BRASIL, 2023c).
A bacia também apresenta problemas no que diz respeito aos resíduos
sólidos, pois a maioria dos municípios não fazem a gestão correta dos resíduos,
realizando a disposição final em lugares inadequados. Isso contribui para a
31

contaminação dos recursos hídricos e proliferação de doenças. Além disso,


aproveitando o seu potencial energético, o rio Itabapoana possui 1 Usina Hidrelétrica
e 4 Pequenas Centrais Hidrelétricas. Esses empreendimentos causam danos a
fauna e flora local, além de provocar conflitos sociais (AGERH, 2023a).
Tornou-se também objeto de estudo a PCH Pedra do Garrafão, a qual está
inserida no Complexo Hidrelétrico do rio Itabapoana. A PCH possui um projeto de
aproveitamento de derivação, no qual o fluxo do rio é interrompido a montante das
corredeiras e, após a casa de força, o rio retoma seu curso natural. Além disso, a
PCH Pedra do Garrafão possui duas unidades geradoras, cada uma com 8,5 MW,
totalizando 17 MW (WATER MARK, 2002).

3.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQA)

O Índice de Qualidade da Água utilizado neste estudo segue as


determinações da National Sanitation Foundation. Este método permite uma
classificação comparativa dos diferentes corpos d'água em uma bacia hidrográfica,
levando em consideração as contribuições individuais de cada parâmetro observado.
Neste estudo, adotou-se uma escala comumente utilizada para o IQA, com
valores variando de 0 a 100. Valores mais altos indicam uma melhor qualidade da
água, seguindo uma ordem crescente. Assim, o IQA é calculado pelo produtório
ponderado da qualidade de água correspondente aos 9 parâmetros que integram o
índice: temperatura, pH, turbidez, oxigênio dissolvido (OD), resíduo total, demanda
bioquímica de oxigênio (DBO5,20), coliformes termotolerantes, nitrogênio total e
fósforo total, conforme a Equação 1 (BROWN et al., 1970).

n
IQA=∏ qi wi (1)
i=1

Onde,
IQA - Índice de Qualidade da Água;
qi - qualidade do i-ésimo parâmetro obtido da respectiva “curva média de
variação de qualidade”, em função de sua concentração ou medida (entre 0 e
100);
32

wi - peso correspondente do i-ésimo parâmetro, atribuído em função da


importância para conformação global de qualidade (entre 0 e 1);
n - número de parâmetros do IQA..
Como apresentado no Quadro 3, de acordo com a função sobre a qualidade
da água de cada um dos parâmetros, especialistas determinaram um peso a ser
considerado no cálculo (BRASIL, 2023a).
Quadro 3: Parâmetros do IQA e seu respectivo peso

Unidade de
Parâmetro Peso
medida
Temperatura ºC 0,10
pH - 0,12
‍Turbidez NTU 0,08
Oxigênio dissolvido % saturação 0,17
Resíduo total mg/L 0,08
Demanda bioquímica de oxigênio
mg/L 0,10
(DBO)
Coliformes termotolerantes NMP/100mL 0,15
Nitrogênio total mgN/L 0,10
Fósforo total mgPO4/L 0,10
Fonte: Brasil (2023a)

De acordo com a condição dos parâmetros, foram estabelecidas curvas de


variação da qualidade das águas, sendo sintetizadas em um conjunto de curvas
médias para cada parâmetro, como mostra a Figura 1. Desta forma, obtém-se a
qualidade (qi) de cada um dos parâmetros (CETESB, 2019b).
33

Figura 1: Curvas de Qualidade dos Parâmetros do IQA

Fonte: CETESB (2019b)

Por meio destas curvas, a CETESB propôs equações, de modo que


facilitasse o cálculo deste índice. Assim, tendo-se os valores das concentrações,
seleciona-se a equação mais adequada dentro da faixa de valores para cada
parâmetro e calculam-se as respectivas notas de qualidade (qi). As equações estão
dispostas no Anexo A.
Tendo-se os valores de qualidade de cada parâmetro (qi) e os cálculos
efetuados de acordo com seu peso, determina-se a qualidade da água, variando em
uma escala de 0 a 100. A Tabela 1 mostra as classificações do IQA variando desde
excelente até muito ruim.
34

Tabela 1: Classificação do IQA

Nível Faixa de IQA


Excelente 90 < IQA ≤ 100
Bom 70 < IQA ≤ 90
‍Médio 50 < IQA ≤ 70
Ruim 25 < IQA ≤ 50
Muito ruim 0< IQA ≤ 25
Fonte: Von Sperling (2007)

3.3 AMOSTRAGEM

Foram coletadas no dia 22 de mês de maio de 2023 seis amostras no rio


Itabapoana. As amostras foram colhidas na superfície do rio através de um pequeno
recipiente com uma haste. Posteriormente, as amostras foram transferidas para os
frascos e permaneceram em caixa térmica com bolsas de gelo. Salienta-se que não
choveu na semana anterior a coleta, a média de precipitação anual e no mês de
maio na região é de 1204,6 e 41,5mm, respectivamente (INMET, 2023). Portanto, as
coletas foram realizadas em um período de estiagem.
A localização dos pontos de coleta são a montante de Bom Jesus do
Itabapoana; a jusante da cidade, próximo ao IFF Campus Bom Jesus do Itabapoana;
a montante de Ponte do Itabapoana, em uma área com pouca mata ciliar; após
Ponte do Itabapoana, em um curso secundário que deságua no rio; na barragem da
PCH Pedra do Garrafão; e a jusante da PCH, próximo a comunidade pesqueira de
Limeira. As coordenadas geográficas dos pontos estão indicados no Quadro 4.

Quadro 4: Identificação dos pontos de amostragem

Pontos Descrição Latitude Longitude


Antes da cidade de Bom Jesus
P1 21° 7'21.43"S 41°41'17.31"O
do Itabapoana
Após a cidade de Bom Jesus
P2 21° 8'9.05"S 41°39'32.20"O
do Itabapoana
Antes d‍a cidade de Ponte do
P3 21°11'58.58"S 41°28'15.87"O
Itabapoana
35

Após ‍a cidade de Ponte do Ita-


P4 21°12'7.44"S 41°25'23.96"O
bapoana
No barramento da PCH Pedra
P5 21°11'43.92"S 41°22'27.00"O
do Garrafão
P6 Após a PCH Pedra do Garrafão 21°12'3.48"S 41°21'31.98"O
Fonte: Autoria própria

Esses pontos foram escolhidos com o intuito de comparar como o rio se


comporta antes e depois das cidades e do empreendimento hidrelétrico. A Figura 2
indica a localização dos pontos de coleta e a Figura 3 ilustra os pontos de coleta.

Figura 2: Localização dos pontos de amostragem no rio Itabapoana

Fonte: Google Earth (2023)


36

Figura 3: Fotografias das vistas dos pontos 1 (a), 2 (b), 3 (c), 4 (d), 5 (e) e 6 (f) de amostragem

Fonte: Autoria Própria (2023)


De acordo com o portal HidroWeb, uma ferramenta pertencente ao Sistema
Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos – SNIRH, a vazão do rio
Itabapoana em Ponte do Itabapoana, a montante e a jusante da PCH Pedra do
Garrafão na data da coleta foi de 24,6, 115 e 28,9 m 3/s, respectivamente (SISTEMA
NACIONAL DE INFORMAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS – SNIRH, 2023).
As análises ocorreram no Laboratório de Análises de Águas (Labfoz) do Polo
de Inovação Campos dos Goytacazes do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Fluminense. Para avaliação da temperatura e do oxigênio dissolvido foi
utilizada a sonda portátil Alfakit AT 160, no momento da coleta, e os dados
registrados em uma ficha padrão. O pH e a turbidez foram medidos no laboratório
utilizando os equipamentos de bancada, pHmetro Instrutherm pH2000 e
turbidímetro Digimed DM-TU-EBC, respectivamente.
37

A determinação da DBO foi feita através do método respirométrico com o


equipamento de DBO respirométrico Lovibond BD 600 e a incubadora Cienlab. O
método Colilert foi utilizado para determinação do número mais provável de
coliformes termotolerantes em 100 mL da amostra. Para realização deste método
foram utilizados os materiais: frasco estéril com 100 mL de capacidade, substrato
cromogênico e cartela Quanty Tray, e os equipamentos: Seladora Quanty Tray e
Estufa Bacteriológica Ethik.
O nitrato total foi determinado pelo método de cromatografia iônica com a
utilização do Cromatógrafo de Íons Metrohm 883 Basic IC Plus acoplado ao 863
Compact Autosampler. A amostra foi filtrada com filtros de seringa de acetato de
celulose 0,45μm. A partir da concentração de nitrato, foi encontrada a quantidade de
nitrogênio.
O método espectrofotométrico com comprimento de onda em 880 nm foi
utilizado para determinação do fósforo total através da utilização do
espectrofotômetro UV Vis Gehaka UV-380G, após tratamento da amostra com
concentração, a partir da redução do volume em chapas de aquecimento, e reação
com solução combinada de diversos reagentes químicos.
Os resíduos totais foram determinados através do método de evaporação em
estufa de secagem SolidStell SSD. Para realização deste método uma alíquota
conhecida da amostra foi transferida para uma cápsula de porcelana previamente
seca, fria e pesada em balança analítica Shimadzu ATX224. Após secagem da
amostra, foi realizada a diferença de massas entre as capsulas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS E MICROBIOLÓGICOS

Foram selecionados seis pontos de amostragem com o objetivo de representar diferentes trechos do rio Itabapoana. Os
resultados das análises da água estão dispostos na Tabela 2.

Tabela 2: Resultado da análise dos parâmetros do IQA e o limite determinado pela Resolução CONAMA 357/2005 para águas doces de classe 2

Demanda Bi- Coliformes


Tempe- Oxigênio Resíduo Fosfato
Turbidez oquímica de Termotoleran- Nitrato Fósforo total
Pontos ratura dissolvido pH Total total
(UNT) Oxigênio tes (NMP/ (mg/L) (mg/L)
(ºC) (mg/L) (mg/L) (mg/L)
(mg/L) 100mL)
P1 23,4 7 7,5 8 188 1 272 3,1 0,041 0,013
P2 23,5 2 7,5 9 196 9 >2420 3,1 0,061 0,020
P3 22,5 7 7,5 10 160 6 2420 3,3 0,095 0.031
P4 22,5 2 6,6 15 180 2 141 <LQ 0,047 0,015
P5 24,5 3 7,3 7 144 1 74 3,1 0,054 0,018
P6 22,6 7 7,8 9 112 1 517 3,2 0,080 0,026
CONA- < 0,030 (ambi-
MA 6,0 a entes lênticos)
- >5 < 100 - <5 < 1000 < 10,0 -
357/200 9,0 < 0,100 (ambi-
5 entes lóticos)
Fonte: Autoria Própria
39

A temperatura de um corpo hídrico possui grande relevância, pois este


parâmetro é responsável pelo aumento das taxas de reações químicas e biológicas,
altera a solubilidade dos gases e intensifica sua taxa de transferência, o que pode
contribuir na produção de maus odores (VON SPERLING, 2011). Além disso, a
temperatura da água desempenha um papel crucial no crescimento dos
microrganismos e são essenciais para a reprodução das espécies de peixes que são
sensíveis às mudanças de temperatura durante seu processo reprodutivo (RÖPKE,
2016). Nos pontos estudados no rio Itabapoana, pode-se verificar que a temperatura
variou entre 22,5°C e 24,5°C, portanto, não houve grande discrepância (Figura 4a).
O oxigênio dissolvido desempenha um papel vital para os organismos
aquáticos aeróbios, sendo um dos gases dissolvidos mais importantes na dinâmica e
caracterização do ecossistema. Suas principais fontes são a atmosfera e a
fotossíntese. Por outro lado, as perdas de oxigênio ocorrem devido ao consumo
durante a decomposição da matéria orgânica (oxidação), transformação da amônia
do esgoto bruto em nitrato (nitrificação), difusão para a atmosfera, respiração dos
organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos, como ferro e manganês
(ESTEVES, 2011). Portanto, é o principal indicador dos efeitos da poluição da água
devido a despejos de materiais orgânicos de origem sanitária, causados pela
atividade humana (NAIME; NASCIMENTO, 2009).
Nos pontos analisados, este parâmetro variou entre 2 e 7 mg/L (Figura 4b).
Observa-se que os pontos 2, 4 e 5 não expressaram concordância com os valores
de referência da Resolução CONAMA 357/2005 para águas de classe 2 (> 5 mg/L),
apresentando 2, 2 e 3 mg/L O 2, respectivamente (BRASIL, 2005). Destaca-se que
nesses pontos, a água do rio Itabapoana apresenta valores críticos para a
sobrevivência de organismos aeróbicos.
40

Figura 4: a) Variação da temperatura e b) Variação da concentração do oxigênio dissolvido

Fonte: Autoria Própria


A baixa quantidade de oxigênio dissolvido está diretamente relacionada ao
despejo de esgoto não tratado em corpos d'água presentes em áreas urbanizadas
(FIA et al., 2015). Isso justifica o baixo valor desse parâmetro no ponto após as
cidades de Bom Jesus do Itabapoana e Bom Jesus do Norte (P2).
No estudo elaborado por Garcia et al. (2018) também foram observadas
concentrações de oxigênio dissolvido inferiores ao exigido pela Resolução CONAMA
357/2005 na bacia do Ribeirão das Pedras em Campinas/SP, com valor mínimo de
1,62 mg/L. Isso foi explicado pela baixa espessura da lâmina de água, o que diminui
a concentração de OD. Esse fator também pode justificar o baixo valor desse
parâmetro no ponto 4. Além disso, nesse local pode não haver estímulo a reaeração
atmosférica, dado que a água não é corrente.
Para Esteves (2011) a diminuição da concentração de oxigênio dissolvido
pode ocorrer devido às temperaturas mais elevadas do corpo hídrico, isso pode
explicar a baixa concentração de oxigênio dissolvido no ponto 5, já que neste ponto
foi encontrada a maior temperatura entre as áreas estudadas. Ressalta-se que o
ponto 5 se localiza na represa da PCH Pedra do Garrafão, demonstrando que o
represamento pode contribuir para a diminuição de OD.
Os valores de OD encontrados nos pontos 3 e 6 indicam que, em
determinados momentos, o rio alcançou os limites estabelecidos para as classes 1 e
2 da Resolução CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005). Isso pode ocorrer devido ao
processo de autodepuração do rio, um processo de sucessão ecológica no qual a
restauração do equilíbrio no ambiente aquático ocorre por meio de mecanismos
predominantemente naturais (VON SPERLING, 2011).
41

Os valores de pH encontrados estão de acordo com o limite estabelecido pela


Resolução CONAMA 357/2005, que estabelece que rios de classe 2 devem possuir
pH entre 6,0 e 9,0 (BRASIL, 2005). Houve uma pequena variação de valores entre
os locais estudados (Figura 5a). Observa-se que no ponto 4, onde encontrou-se um
ambiente lêntico com presença de macrófitas aquáticas, foi obtido um valor de pH li-
geiramente mais baixo. Isso pode ser ocasionado pela interferência das florações de
algas ou macrófitas no ambiente (BUCCI; OLIVEIRA, 2014).
Os resultados de turbidez variaram entre 7 e 15 UNT, como demonstra a
Figura 5b. Os valores são menores que o limite máximo aceitável para as águas de
classe 2, de acordo com a Resolução CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005). O ponto
com maior valor de turbidez foi o 4, onde a área possui ambiente lêntico com
atividade econômica predominante sendo a pecuária. Entretanto, de modo geral, os
resultados de turbidez encontrados foram relativamente baixos, especialmente
levando em consideração o uso do solo na bacia. Devido à falta de cobertura vegetal
e mata ciliar, espera-se um maior transporte de material por escoamento superficial.
Figura 5: a) Variação do pH e b) Variação da turbidez

Fonte: Autoria Própria


A determinação de turbidez da água é diretamente influenciada pela presença
de material sólido em suspensão, o que afeta a transparência da mesma. Autores
como Ucker, Cristian e Kemerich (2009) também registraram valores baixos de
turbidez, os quais não excederam a faixa de 12,40 UNT, na Bacia Hidrográfica do
Arroio Esperança, no município de Santa Maria/RS.
Os valores obtidos de resíduos totais variaram de 112 a 196 mg/L, sendo os
pontos 1 e 2 com maiores concentrações, 188 e 196 mg/L, respectivamente (Figura
6a). Esses pontos de coleta encontram-se antes e após o rio percorrer o centro das
cidades de Bom Jesus do Itabapoana e Bom Jesus do Norte, sugerindo o transporte
42

de partículas de areia, despejos, falta de vegetação ciliar e presença de conjuntos


habitacionais nas proximidades do rio (FREITAS, 2000 apud BARROS, SOUZA E
SOUZA, 2011).
Em ambientes aquáticos naturais, a demanda bioquímica de oxigênio (DBO)
representa a quantidade de oxigênio molecular dissolvido que pode ser consumida
devido à estabilização dos compostos orgânicos biodegradáveis (LIMA, 2010). Em
relação a esse parâmetro, os valores mantiveram-se entre 1 e 9 mg/L de O 2 (Figura
6b). Os pontos 2 e 3 excederam o valor limite de 5 mg/L de O 2 estipulado pela
Resolução CONAMA 357/2005 e indicaram 9 e 6 mg/L de O 2, respectivamente
(BRASIL, 2005).
Esse resultado sugere uma elevada quantidade de matéria orgânica
proveniente de despejos de efluentes domésticos não tratados, principalmente ao
levar em consideração que esses pontos se encontram a jusante da cidade de Bom
Jesus do Itabapoana. Isso pode resultar na diminuição dos níveis de oxigênio na
água, ocasionando a extinção de peixes e outras formas de vida aquática (CETESB,
2015).
Figura 6: a) Variação do resíduo total e b) Variação da demanda bioquímica de oxigênio

Fonte: Autoria Própria


A diminuição da demanda bioquímica de oxigênio no corpo principal do rio
(ponto 6) sugere novamente que o rio foi capaz de restaurar suas características
ambientais naturalmente, o que caracteriza o processo de autodepuração. Silva et
al. (2019) também verificou que a bacia hidrográfica do Utinga no município de
Belém/PA, recebe grande carga orgânica através do lançamento de esgoto
doméstico in natura e possui diversas áreas de autodepuração. Desta forma, aponta-
se a ambos os cursos hídricos a importância de receber um esgoto cujo tratamento
43

alcance o estágio secundário, com alta taxa de remoção de DBO, a fim de garantir
que as águas mantenham sempre uma demanda bioquímica de oxigênio inferior a 5
mg/L.
A avaliação da concentração de coliformes termotolerantes assume uma
importância significativa como um indicador da possibilidade da presença de
microrganismos patogênicos, os quais são responsáveis pela transmissão de
doenças relacionadas à água. Por esta razão, a legislação determina os limites de
concentração de coliformes termotolerantes em cada classe de cursos hídricos
(CETESB, 2015).
Nos pontos avaliados, a quantidade de coliformes termotolerantes apresentou
variações (Figura 7), alcançando a taxa > 2420 NMP/100mL, principalmente devido
a fatores espaciais, com valores mais elevados a jusante da região de crescimento
urbano. Os pontos com maior concentração de coliformes termotolerantes são os
pontos 2 e 3, onde foi detectada a taxa, respectivamente, de >2420 e 2420
NMP/100mL, ultrapassando o limite de 1000 NMP/100mL da Resolução CONAMA
357/2005 (BRASIL, 2005).
Figura 7: Variação da concentração de coliformes termotolerantes

Fonte: Autoria Própria


A elevação dos níveis de coliformes nos pontos mencionados é atribuída à
contribuição de fezes de animais e esgotamento sanitário, provenientes das áreas
situadas ao longo das margens do rio (PESSOA; ORRICO; LORDÊLO, 2018).
Justifica-se pelo fato do ponto 2 se localizar após os centros urbanos de Bom Jesus
do Itabapoana e Bom Jesus do Norte e o ponto 3 situar-se próximo a área com
manejo de rebanhos. Souza e Nunes (2008), ao realizar um estudo sobre o Córrego
Figueira na microbacia do Queima-Pé de Tangará da Serra/MT, observou que o
aumento do escoamento superficial da água e a lixiviação nessas áreas podem
44

contribuir para o aumento do número de coliformes termotolerantes, cenário também


encontrado no ponto 3.
No ponto 6 foi detectado um valor superior de coliformes termotolerantes em
comparação aos pontos 1, 4 e 5, com 517 NMP/100mL. Destaca-se que nesse ponto
se situa a comunidade pesqueira de Limeira, que pode ter contribuído para o
aumento do valor deste parâmetro. Ressalta-se ainda que neste ponto, a quantidade
de coliformes termotolerantes manteve-se no limite da Resolução CONAMA
357/2005 para águas doces de classe 2 (BRASIL, 2005).
No Estudo de Impacto Ambiental do Complexo Hidrelétrico do Rio Itabapoana
em 2002, foi realizada a análise da qualidade da água no eixo da PCH Pedra do
Garrafão. Nesse estudo foi encontrada uma alta quantidade de coliformes
termotolerantes, chegando a 24000 NPM/100mL no período seco e 11000
NPM/100mL no período chuvoso. Ressalta-se que no atual estudo este parâmetro
obteve resultados significativamente menores, o que pode ser explicado pela adoção
de formas de tratamento de esgoto mais eficientes pela população próxima, se
comparado ao ano de 2002 (WATER MARK, 2002).
O valor médio do nitrato encontrado foi de 3,16 mg/L, sem levar em
consideração o ponto 4 cujo resultado foi menor que o limite de quantificação pelo
método utilizado. O ponto 3 obteve a maior concentração, alcançando 3,3 mg/L
(Figura 8a), portanto, todos as amostras ficaram abaixo dos níveis exigidos de 10,0
mg/L para águas doces de classe 2 determinados pela Resolução CONAMA
357/2005 (BRASIL, 2005).
Todos os valores de fósforo total encontrados estão dentro do limite de 0,1
mg/L e 0,030 mg/L da Resolução CONAMA 357/2005 para ambientes lóticos e
lênticos, respectivamente, como demonstra a Figura 8b (BRASIL, 2005). De acordo
com Brooks (1992) citado por Borges (2021), o fósforo total é um indicador
significativo da atividade agropecuária, a qual é amplamente praticada na região.
Entretanto, pode-se considerar que as concentrações de fósforo total permaneceram
estáveis, sem causar alterações significativas no ambiente aquático.
45

Figura 8: a) Variação da concentração de nitrato e b) Variação da concentração de fósforo total

Fonte: Autoria Própria


Os resultados apresentados para os nutrientes nitrato e fósforo caracterizam
corpos de água doce classificados como classe 1, conforme a Resolução CONAMA
357/2005 (BRASIL, 2005). Apesar da bacia hidrográfica possuir como uma de suas
principais atividades econômicas a agricultura, com uso intensivo de adubos, não
foram encontrados altos índices desses nutrientes.

4.2 ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA (IQA)

Após realizar os cálculos através da Equação 1, chegou-se aos resultados


expostos na Tabela 3.

Tabela 3: IQA nos pontos de coleta e sua respectiva categoria

Pontos IQA Categoria


P1 75,58 Bom
P2 47,82 Ruim
P3 64,19 Médio
P4 55,90 Médio
P5 65,49 Médio
P6 73,97 Bom

Fonte: Autoria Própria


Pode-se verificar que o ponto 1, a montante das cidades de Bom Jesus do
Itabapoana e Bom Jesus do Norte, foi classificado com bom índice de qualidade. Já
o ponto 2, a jusante dos centros urbanos, obteve classificação ruim. A diferença
entre dois pontos próximos é um indicativo da poluição causada pelas cidades
através de despejo de efluentes não tratados adequadamente.
46

A baixa concentração de oxigênio dissolvido e a grande quantidade de


coliformes termotolerantes avaliados no ponto 2 contribuíram intensamente para a
redução do índice, uma vez que esses parâmetros possuem maior influência na
metodologia utilizada.
Medeiros, Moreira e Lopes (2014) avaliaram a qualidade da água em
diferentes pontos do Riacho da Bica, localizada no município de Portalegre/RN. Os
resultados indicaram que a diminuição da qualidade da água na microbacia, medida
pelo Índice de Qualidade da Água (IQA), é resultado dos lançamentos de esgoto, da
água proveniente da drenagem urbana e da erosão nas áreas rurais, devido ao
manejo inadequado dos solos e à degradação das matas ciliares. Esses problemas
também são encontrados na bacia do rio Itabapoana.
O ponto 3 e o ponto 4 atingiram o nível médio de qualidade, sendo o resultado
do ponto 4 um pouco mais baixo. Esse fato pode ser explicado pela influência do
corpo hídrico lêntico de pouca profundidade e do uso do solo no ponto 4, causando
novamente a diminuição da concentração de oxigênio dissolvido e alcançando a taxa
de 2 mg/L.
Observa-se que o ponto 3 obteve o IQA similar ao ponto 5, cuja característica
principal é estar localizado na área de barragem da Pequena Central Hidrelétrica
Pedra do Garrafão. A maioria dos parâmetros convergiram para resultados
semelhantes entre esses pontos, excetuando o oxigênio dissolvido que variou de 7
mg/L a 3 mg/L e a DBO que variou de 6 mg/L a 1 mg/L no ponto 3 e no ponto 5,
respectivamente. Verificou-se também que houve grande diferença de quantidade de
coliformes termotolerantes, diminuindo drasticamente de 2420 NMP/100mL para 74
NMP/100mL.
Entre os pontos 5 e 6, nota-se que houve uma melhora no IQA, sendo o
último classificado como bom. A amostra coletada próxima a comunidade pesqueira
de Limeira possui a maior concentração de oxigênio entre os pontos, contribuindo
para este resultado. Em contrapartida, o ponto 5 obteve baixa concentração de
oxigênio dissolvido, o parâmetro que contribuiu significativamente para a diminuição
do IQA nesse ponto.
Foi observado que os parâmetros com pesos mais significativos, como o
oxigênio dissolvido e os coliformes termotolerantes, apresentam uma sensibilidade
47

maior do que os outros parâmetros, especialmente em ambientes poluídos, como no


caso deste estudo.
A Agência Estadual de Recursos Hídricos do Espírito Santo faz o
monitoramento do IQA em alguns pontos do rio Itabapoana. Em um ponto 2 Km a
montante do bairro Macário em Bom Jesus do Norte, sob coordenadas geográficas,
24 K 220585.16 m E 7662483.74 m S, próximo ao ponto 1 do presente estudo, foi
encontrado um IQA de 69,49, classificado como médio em 25/05/2023. Apesar da
classificação média, o valor encontrado não foi muito discrepante em relação ao
ponto 1 deste estudo (AGERH, 2023a).
Nesta mesma data, a AGERH também avaliou o índice em Ponte do
Itabapoana, sob coordenadas geográficas 24 K 244323.67 m E 7653052.47 m S,
próximo ao ponto 3 deste estudo. A avaliação obteve o IQA de 68,66, valor
semelhante ao IQA de 64,19 obtido neste trabalho (AGERH, 2023a).
48

5 CONCLUSÃO

Constata-se que a hipótese de que o Índice de Qualidade da Água classifica-


se como ruim não foi comprovada, pois houve pontos classificados como bom e
médio. Além disso, os resultados apontam que os parâmetros que ultrapassaram os
valores determinados pela legislação para rios de classe 2 foram o oxigênio
dissolvido nos pontos 2, 4 e 5, demanda bioquímica de oxigênio nos pontos 2 e 3 e
os coliformes termotolerantes também nos pontos 2 e 3.
Em relação ao coliforme termotolerante, devem ser feitas análises bimestrais
em um período de um ano para que seja possível determinar se o rio está no limite
determinado pela Resolução CONAMA 357/2005 em relação a esse parâmetro.
O Índice de Qualidade da Água da National Sanitation Foundation mostrou-se
adequado e satisfatório para a análise da qualidade da água no rio Itabapoana. A
variação do IQA entre bom, ruim e médio demonstrou a alteração da qualidade da
água quando está sob influência dos centros urbanos como Bom Jesus do
Itabapoana e Bom Jesus do Norte em relação às áreas mais preservadas.
Nos rios os parâmetros de qualidade da água variam naturalmente devido aos
seus efeitos originários. Porém a grande diferença de quantidade de coliformes
termotolerantes e a diminuição brusca de OD entre pontos é um grande indicador de
poluição proveniente de lançamentos pontuais de esgoto doméstico ou industrial.
Juntamente com a carga de poluentes provenientes das fontes domésticas, o uso
desordenado do solo na região da bacia desempenha um papel significativo na
degradação.
Embora o uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica estudada seja
predominantemente a agricultura, não foi identificada a ocorrência de altos índices
de nutrientes. Os parâmetros analisados também não permitiram a identificação dos
agrotóxicos utilizados intensivamente nos cultivos.
Nesse estudo não foi possível identificar a qualidade da água a montante do
ponto 1, onde o rio obteve o maior IQA entre os pontos estudados. Desta forma, não
foi constatado se o IQA tem níveis altos de qualidade em todos os pontos a
montante ou se há ocorrências de diluição e autodepuração nessa área.
49

Ressalta-se que neste estudo foram avaliados apenas alguns parâmetros,


portanto não é possível determinar em qual classe o rio Itabapoana poderia ser
enquadrado. Além disso, nesse estudo foi realizada apenas uma coleta no período
de seca, sendo assim, não há dados de períodos chuvosos.
Diante dos resultados obtidos, é notória a urgência de ações para combater a
poluição e preservar a qualidade da água do rio Itabapoana, a fim de proteger os
ecossistemas aquáticos e garantir a disponibilidade de água segura para as
comunidades próximas. Para isso, é relevante a conscientização e participação ativa
de todos os setores da sociedade, de modo que esses objetivos sejam alcançados e
seja possível garantir um futuro sustentável para a região.
É previsto que nos próximos trabalhos seja realizado o monitoramento do rio
Itabapoana através da determinação do IQA em outros pontos e em diferentes
períodos do ano, de modo que seja possível visualizar como o rio se comporta
próximo a sua nascente e em estações chuvosas.
Também poderão ser analisados outros parâmetros que não estão inseridos
no IQA, de forma que seja observado se os agrotóxicos utilizados na agricultura da
bacia hidrográfica influenciam na qualidade da água. Outra atividade recorrente que
pode interferir no recurso hídrico é o setor industrial. As formas como esses
empreendimentos impactam o rio Itabapoana e como essa situação pode ser
solucionada podem ser objeto de estudo em trabalhos futuros.
50

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ANEXO A – EQUAÇÕES REPRESENTATIVAS DAS CURVAS DE QUALIDADE DO


IQA NSF

Limite máxi- Limite mínimo


Parâmetro Equação de qi
mo (>) (≤)
0 1 100-33*logC
Log10(coliformes ter-
1 5 100-37,2*logC + 3,60743*logC2
motolerantes)
5 3
0,0 2,0 2
2,0 4,0 13,6-10,6*pH+2,4364*pH2
4,0 6,2 155,5-77,36*pH+10,2481*pH2
6,2 7,0 657,2+197,38*pH-12,9167*pH2
7,0 8,0 -427,8+142,05*pH-9,695*pH2
pH
8,0 8,5 216-16*pH
8,5 9,0 1415823*EXP(-1,1507*pH)
9,0 10,0 50-32*(pH-9)
10,0 12,0 633-106,5*pH+4,5*pH2
12,0 14,0 3
0 5 99,96*EXP(-0,1232728*C)
5 15 104,67-31,5463*LOG10(C)
DBO 15 30 4394,91*C-1,99809
30 2
0 10 100-8,169*C+0,3059*C2
Nitrogênio total 10 60 101,9-23,1023*LOG10(C)
(mgN/L) 60 100 159,3148*EXP(-0,0512842*C)
100 1
0 1 99*EXP(-0,91629*C)
1 5 57,6-20,178*C+2,1326*C2
Fósforo (mgPO4/L) 5 10 19,8*EXP(-0,13544*C)
10 5
Diferença de tem- 94 (assumindo o valor constan-
peratura te de 94 pela CETESB, por se
considerar que, nas condiçoes
58

brasileiras, a temperatura dos


corpos d’água não se afasta da
temperatura de equilíbrio)
100,17-
0 25
2,67*Turb+0,03775*Turb2
Turbidez
25 100 84,76*EXP(-0,016206*Turb)
100 5
0 150 79,75+0,166*C-0,001088*C2
Resíduos totais 150 500 101,67-0,13917*C
500 32
3+0,34(%sat)
0 50 +0,008095*(%sat)2+1,35252*0,
00001*(%sat)3
3-1,166(%sat)+0,058*(%sat)2-
50 85
3,803435*0,0001*(%sat)3
85 100 3+3,7745*(%sat)0,704889
Percentagem de
3+2,9*(%sat)-
saturação de OD
100 140 0,02496*(%sat)2+5,60919*0,00
(%)
001*(%sat)3
140 3+47
CS=(14,62-
Concentração de saturação 0,3898*temp+0,006969*temp2-
de OD (mg/L) 0,00005896*temp3)*(1-
0,0000228675*altitude)5,167
Percentagem de saturação
100*OD/CS
(%)
Fonte: CETESB (2004) citado por Von Sperling (2007)

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